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1 UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” PROJETO A VEZ DO MESTRE GESTÃO DE RECURSOS HUMANOS A RESPONSABILIDADE SOCIAL COM O CLIENTE INTERNO DA EMPRESA Apresentação de monografia à Universidade Cândido Mendes como condição prévia para a conclusão do Curso de Pós-Graduação “Lato Sensu” em Gestão de Recursos Humanos. Por: Venus de Carvalho Domingues Orientador: Prof.Ms.André Gustavo Guimarães da Cunha Rio de Janeiro 2004

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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

PROJETO A VEZ DO MESTRE

GESTÃO DE RECURSOS HUMANOS

A RESPONSABILIDADE SOCIAL COM O

CLIENTE INTERNO DA EMPRESA

Apresentação de monografia à Universidade Cândido Mendes como condição prévia para a conclusão do Curso de Pós-Graduação “Lato Sensu” em Gestão de Recursos Humanos.

Por: Venus de Carvalho Domingues

Orientador: Prof.Ms.André Gustavo Guimarães da Cunha

Rio de Janeiro 2004

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OBJETIVOS

O presente estudo tem como objetivo geral analisar a

importância dos princípios de responsabilidade social

para as organizações.

O objetivo específico é investigar o que as empresas,

através da ação estratégica de gestão de pessoas,

tem feito pelos seus funcionários, no sentido de

preservar as relações interpessoais, melhorar a

qualidade de vida, favorecer a preservação de um

ambiente confortável para o trabalhador, tanto no

sentido físico como emocional e qual é a postura que

a empresa deve ter perante seus colaboradores,

mantendo e aprimorando sua responsabilidade

social, baseado nos princípios da Ética, da Cidadania

e entendendo que a empresa pode se tornar um

negócio valorizado através das pessoas que nela

trabalham.

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Agradecimentos

Muitas pessoas contribuíram para que eu realizasse esse trabalho, cedendo amavelmente material para pesquisa, compartilhamento de idéias, orientação na elaboração do trabalho, estímulo de muitos companheiros de sala de aula, entre várias outras coisas Tenho uma enorme gratidão por antigos e novos colegas de trabalho da Cia Docas do Rio de Janeiro que constituíram grande motivação para que eu buscasse ampliar conhecimentos que pudessem esclarecer meus pensamentos sobre Gestão de Recursos Humanos e, especialmente, sobre a Responsabilidade Social da empresa para com os seus empregados. Essa gratidão também se estende às estagiárias Márcia e Letícia, pelo incentivo de vencer mais uma etapa a cada dia; à psicóloga, Maria Carmem Tatagiba, por colaborar com a minha proposta de desenvolver conhecimento,aos professores, ao orientador, Mestre André e a todos aqueles que torceram por mim. Meu esposo Cléber Domingues e meus filhos: Kleber Vinícius e Vítor, eles merecem mais gratidão do que lhes posso oferecer;... privilegiada sou por ter os pais que tenho. E aqui estou, agradecendo a Deus por este momento que tenho, exultante pela realização de mais um sonho, sabendo que com toda a sobrecarga do atribulado dia-a-dia, família e trabalho, ousei mostrar que cada um de nós, a seu modo, do seu jeito, com a determinação e crença necessárias, se torna corajosamente um construtor de sonhos.

Venus de Carvalho Domingues

Julho de 2004

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DEDICATÓRIA

Dedico essa monografia a todos os trabalhadores excluídos ou não no processo de “modernização” da Cia. Docas do Rio de Janeiro e a todos aqueles que contribuíram para que eu pudesse realizá–la. Também à minha família, minha grande responsabilidade social.

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RESUMO

Muito se fala e pouco se sabe da atuação das

empresas brasileiras nas atividades consideradas de

responsabilidade social em benefício de seus

empregados.

Através desse estudo monográfico pretendemos

investigar o que as empresas, através da Gestão

Estratégica de Pessoas, tem feito no sentido de

preservar as relações interpessoais, melhorar a

qualidade de vida, favorecer a preservação de um

ambiente confortável para o trabalhador, tanto no

sentido físico quanto no emocional e qual é a postura

que a empresa deve ter perante seus colaboradores,

mantendo e aprimorando sua Responsabilidade

Social, baseada nos princípios da Ética, da

Cidadania e entender que a empresa pode se tornar

um negócio valorizado através das pessoas que nela

trabalham.

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METODOLOGIA

Para a elaboração desse trabalho será utilizado

como método de estudo a pesquisa exploratória

através de um vasto conteúdo literário a respeito do

assunto. Por esse motivo optamos pela pesquisa

bibliográfica como instrumento para elucidação do

tema a ser desenvolvido neste trabalho e para

coletânea do assunto, em biblioteca, revistas e

arquivos.

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SUMÁRIO INTRODUÇÃO 7 CAPÍTULO I 13 A RESPONSABILIDADE SOCIAL NO BRASIL 14 CAPÍTULO II 20 O MODELO DE GESTÃO EMPRESARIAL E A RESPONSABILIDADE SOCIAL 21 2.1–Ética e Cidadania – dever de todos 24 2.2 - Custos e Ganhos da Responsabilidade Social 28 CAPÍTULO III 31 RESPONSABILIDADE SOCIAL: PATRIMÔNIO DO PAÌS 32 3.1 – O Balanço Social das Empresas 34 3.2 – Os Diferentes Estágios da Cidadania Empresarial 36 CONCLUSÂO 42 BIBLIOGRAFIA 46

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INTRODUÇÃO

O tema do presente estudo refere-se à responsabilidade social das

empresas com seu cliente interno. E não seria possível aborda-lo sem

comentar que a globalização vem expondo as organizações a uma

competição sem precedentes na história econômica. Recentemente, fatos

como os atentados aos Estados Unidos, pelo papel que este país

desempenha no cenário internacional, e ainda, a guerra contra o Afeganistão

mobilizaram a atenção de todo o mundo para o desenrolar dos

acontecimentos. Críticas aos atentados a ação militar norte-americana,

temor de novos atentados, guerra biológica, massacre civil num país

miserável foram alguns dos temas que dominaram a arena política

internacional. Na Economia, ficou a incerteza provocada por uma crise sem

perspectiva de fim, o que fez empresas reverem seus investimentos, suas

estratégias de mercado. E a responsabilidade social, como ficou num

panorama de corte de custos? Num cenário como esse, parece difícil

convencer de que a melhor estratégia não é o salve-se quem puder.

Empresas socialmente responsáveis não cortaram seus planos e projetos na

área, porque entendem que um fator de sucesso para seus negócios é

estabelecer laços de comprometimento, confiança com os vários públicos,

alimentando um círculo virtuoso na economia, em vez apenas de buscar um

bom desempenho imediato.

O atual tabuleiro de xadrez global vem colocando em pauta

discussões sobre a responsabilidade social como um fator decisivo de

competitividade no cenário internacional.Vale ressaltar que durante a 9ª

Conferência do Business for Social Responsability (BSR) – parceiro do

Instituto Ethos, juntamente com várias organizações similares em várias

partes do mundo -, realizada em novembro em Seattle, o sr. Howard Schultz,

dono de uma das maiores redes de coffee shops do mundo, a Starbucks,

pediu para que as empresas não alterassem seus investimentos em

responsabilidade social. Ninguém pode acusar Schultz de demagogia ou de

militar em trincheira diferente do ambiente empresarial. Suas lojas são um

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sucesso nos Estados Unidos, no Canadá, no Japão. Ele garante que o

sucesso deriva em boa parte da confiança que seus funcionários têm na

atividade e no envolvimento com a comunidade. Ninguém suspeitaria de que

sua forma de administração busca sucesso econômico. É, porém, um

sucesso que leva em conta valores. O mesmo conselho de Schultz poderia

ser dado ao Brasil: crises significam oportunidades para reforçar o

comprometimento e reafirmar a responsabilidade social.

Muitas foram as discussões na conferência do BSR que poderiam

ser válidas para o Brasil. Frances Hesselbein, representante da Peter

Drucker Foundation, citando o próprio Peter Drucker, acredita que o setor

social, que ela prefere não identificar diretamente com o terceiro setor,

deverá ser o responsável pela grande mudança nas relações de trabalho e,

de maneira mais ampla, sociais. Este setor social seria a aliança entre as

organizações não-governamentais e empresas, capazes de levar adiante

mudanças e políticas públicas que contemplem as necessidades sócio-

ambientais. Na opinião de Frances, o grande trauma provocado nos Estados

Unidos pelos atentados despertaram novos laços para articulação

comunitária, inclusive entre diferentes classes sociais, etnias e profissionais.

Despertou-se ainda para a reflexão de que a enorme disparidade entre ricos

e pobres produz um ambiente de violência em termos globais. As empresas

com preocupação social precisam pensar, juntamente com a sociedade e

públicos envolvidos, em estratégias que levem a um desenvolvimento

sustentável a longo prazo e gerem benefícios para todos. Não é utopia se

observarmos a experiência internacional e de algumas empresas que já

perceberam o valor de ações transparentes, éticas e responsáveis. Grandes

corporações mostraram como empresas podem compor planos de negócios

a partir de diálogo com a comunidade, respondendo ao mesmo tempo aos

anseios de mercado e de desenvolvimento social. A aplicação dessas idéias

nem sempre é fácil, porque é necessário adotar a transparência e a ética

como parâmetro das relações, conciliando uma enorme gama de interesses.

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Santos (1993),considera que a responsabilidade social como cultura

da gestão empresarial, abarcando todas as relações da empresa, suas

práticas e políticas, deve nortear a organização em todo os momentos, nas

crises e em épocas de expansão econômica. E é exatamente em momentos

de crises e incertezas que ela retorna mais importante e estratégica. É nesta

hora que é testado o real compromisso dos dirigentes com os valores da

empresa.

Ao preservar o emprego dos seus funcionários, procurando

implementar soluções criativas que possibilitem o enfrentamento das crises,

a empresa cria um ambiente de reconhecimento nos seus colaboradores

que resultam em melhoras significativas de desempenho. A lealdade e a

segurança geradas garantem o desenvolvimento da organização a médio e

longo prazo. Atitudes precipitadas provocam desconfiança por parte das

pessoas que abandonarão a empresa na primeira oportunidade.

Se todas as empresas agissem desta forma, o emprego e a renda

preservados garantiriam a manutenção do poder aquisitivo fundamental para

a retomada econômica. Mas, acima de tudo, é uma atitude ética em relação

às pessoas e suas famílias, que sempre confiaram nas empresas e em

reconhecimento à sua dedicação. Em meio a esse contexto, surge a questão

norteadora desse estudo: Qual é a real responsabilidade social das

empresas em relação ao seu cliente interno?

A idéia defendida é a de que a responsabilidade social não deve ser

interpretada como peça à parte do modelo de gestão da empresa. Deve ser

sua extensão. Um modelo sustentável de responsabilidade social é aquele

que a empresa define em seu planejamento estratégico, pois a empresa-

cidadã incorpora o relacionamento com seus stakeholders, com a

comunidade em geral e a defesa do meio ambiente no cotidiano de suas

atividades. É a cidadania empresarial fundamentada no comprometimento

organizacional.

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Sendo assim, o presente estudo tem como objetivo geral analisar a

importância dos princípios de responsabilidade social para as organizações.

O objetivo específico é investigar o que as empresas têm feito pelos seus

funcionários, no sentido de preservar as relações interpessoais, melhorar a

qualidade de vida, favorecer a preservação de um ambiente confortável para

o trabalhador, tanto do sentido físico como no emocional e qual é a postura

que a empresa deve ter perante seus colaboradores, mantendo e

aprimorando sua responsabilidade social, baseada nos princípios da ética e

da cidadania.

A proposta do estudo é a de realizar um trabalho de cunho

exploratório sobre a contribuição da responsabilidade social das empresas

em relação ao seu cliente interno. A responsabilidade social passa cada vez

mais a ser compreendida como estratégia empresarial. A multivariedade de

suas formas facilita a adequação e a conformidade com o modelo de gestão

praticado e a cultura organizacional, considera também os valores

compartilhados.

O estudo justifica-se por levantar subsídios para que os

administradores possam buscar a melhoria da empresa através da

responsabilidade social. O ambiente de trabalho deveria ser o lugar onde os

funcionários desenvolvessem a arte do diálogo e os valores morais:

pensados e refletidos; não meramente impostos ou fruto de hábitos. O alvo

de um enfoque holístico para a formação do caráter, aponta no sentido de

levar os funcionários a terem maior respeito por si mesmos e pelos outros;

adotarem uma postura de maior responsabilidade pessoal e social;

valorizarem sua própria identidade; apreciarem e participarem do mundo;

celebrarem sua própria cultura e individualmente; valorizarem outros colegas

e pessoas; comprometerem-se com a excelência pessoal, profissional e

humana; agirem com cortesia e gentileza; demonstrarem empatia e

compaixão.

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Para o estudo da responsabilidade social como fator essencial para

o desenvolvimento de uma organização, será utilizado como método de

estudo a pesquisa exploratória.

Através desse tipo de pesquisa, o objetivo será o de aprimorar os

conceitos de responsabilidade social e expor os aspectos do processo,

fazendo uma revisão de literatura eficaz sobre autores que defendem a

responsabilidade social como um processo que a empresa deve definir em

seu planejamento estratégico, pois a empresa-cidadã incorpora o

relacionamento com seus stakeholders, com a comunidade em geral e a

defesa do meio ambiente no cotidiano de suas atividades. É a cidadania

empresarial fundamentada no comprometimento organizacional.

A partir da formulação da contribuição da ética para com a

responsabilidade social das empresas, serão examinadas as partes do

fenômeno e suas principais características, buscando-se alcançar a afirmação

do pressuposto formulado.

Atualmente, mais e mais empresas dos mais diversos segmentos

percebem o quanto é importante se responsabilizar socialmente por seus

funcionários para que estes possam desempenhar suas funções com mais

qualidade, desenvolvendo os recursos humanos da organização. Devido a

isso, existe um vasto conteúdo literário a respeito do assunto. Por esse

motivo, optou-se pela pesquisa bibliográfica como instrumento para a

elucidação do tema a ser desenvolvido neste trabalho e para a coletânea do

assunto, em bibliotecas, revistas e artigos.

Os dados serão tratados através do método dialético que busca,

através dos meios de investigação, maiores informações sobre o tema

abordado, pautando-se na visão crítica dos autores estudados.

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Os dados coletados serão lidos, analisados e os aspectos mais

importantes serão selecionados e incluídos no trabalho monográfico, após

passar por uma reestruturação e junção com outros dados coletados através

da experiência e do conhecimento da pesquisadora na área de Recursos

Humanos.

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CAPÍTULO I

A RESPONSABIBLIDADE SOCIAL NO BRASIL

O futuro não é uma coisa Escondida na esquina.

O futuro a gente constrói no presente.

Paulo Freire

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CAPÍTULO I

A RESPONSABIBLIDADE SOCIAL NO BRASIL

Este capítulo pretende investigar a retrospectiva histórica da

responsabilidade social no mundo e no Brasil, os procedimentos de definição

de problemas, avaliação de alternativas e escolha de uma diretriz de ações

e/ou soluções..

Recuando no tempo, nos deparamos com os primeiros pilares da

ética no pensamento filosófico de Sócrates, considerado por muitos como o

fundador da ética, pensamento este compartilhado por Platão e Aristóteles.

A filosofia socrática, neste particular, partiu da descoberta da “Psyché”, o

interior humano, sobre a qual dirigia-se o bem proposto pela razão, tornando

sede da virtude e construindo, provavelmente, a partir desta concepção a

idéia de uma consciência moral.

Em tempos de globalização, principalmente em setores onde o

gerenciamento dos custos, os avanços qualitativos e os incrementos de

produtividade já não são, isoladamente ou em seu conjunto, suficientes para

a geração de diferenciais competitivos significativos, surgem critérios

auxiliares na diferenciação para a conquista ou para a perda de importantes

mercados.

O atual cenário de conflito de interesses atravanca o

estabelecimento de relações comerciais mais efetivas entre os mercados de

economias fortes e os emergentes, com clara vantagem para países com

maior poder econômico. Isso consolida a necessidade de eliminação, por

parte das economias emergentes, com clara vantagem para países com

maior poder econômico.

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A clara posição de fragilidade das empresas que têm as economias

fortes como principais mercados consumidores, faz com que elas, em um

primeiro momento, procurem assegurar-se de que a ética e a transparência

norteiem a sua interação com o meio onde estão estabelecidas. Passando a

enxergar-se como promotoras da melhoria do contexto social que as

envolve; como parte ativa desse processo de evolução.

Quanto maior a diferença entre a realidade do contexto intra-

empresarial e o ambiente em que estão inseridas essas empresas, maiores

os fatores de risco que poderão justificar estas sanções.

O comprometimento com a responsabilidade social, mantidas as

ações sobre os outros fatores condicionantes da competitividade, resguarda

a economia nacional e prepara-nos para a cobrança, que em conseqüência

de uma atuação socialmente responsável, surgirá dos consumidores dos

mercados onde estão situadas. Desta vez, como um disfarce para o

protencionismo.

No Brasil, existem problemas sociais que fazem com que políticas

e práticas das organizações sejam revistas, pois estas ações não

devem tão somente envolver os empregados, mas também, seus

familiares e a comunidade em que a empresa esta inserida. Além

disso, mudanças econômicas, acúmulo de trabalho, horas extras e

dificuldades com tecnologia, concorrem para potencializar

problemas de saúde, emocionais e de relacionamento interpessoal

dentro das organizações. Esses fatores provocam a diminuição da

produtividade e comprometem a motivação para o trabalho,

refletindo na imagem da organização e até interferindo nos seus

negócios. (LIMONGI, 1995, p. 30)

No Brasil, várias são as empresas que desenvolvem, nos mais

diferentes campos, projetos socioculturais: educação, meio ambiente,

crianças de rua, geração de renda, cinema, teatro, música, literatura,

patrimônio, artes plásticas, entre outros. “As empresas enquanto

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empregadoras, retentoras e promotoras de pessoal qualificado, já

contribuem para o aumento da renda de milhões de brasileiros” (MELO

NETO & FROES, 2001. p. 49). Cada vez mais elas se mobilizam para

cumprir sua missão junto à sociedade. É uma questão estratégica que não

se resume apenas a dar dinheiro a quem precisa. “Responsabilidade social é

a soma das ações internas e externas de uma companhia, o produto daquilo

que se faz dentro e fora dos seus portões” (TOLOVI Jr. 1999, p. 38).

Conceitualmente, Ashley, Coutinho e Tomei asseguram:

O conceito de responsabilidade social corporativa vem

consolidando-se como um conceito intrinsicamente interdisciplinar,

multidimensional e associado à uma abordagem sistêmica, focada

nas relações entre stakeholders associados direta e indiretamente

ao negócio da empresa. (ASHILEY et. al., 2000, p. 134)

Para a American Accouting Association, "existe responsabilidade

social quando a empresa reconhece que é responsável não apenas perante

seus acionistas, mas perante toda a sociedade" (DUARTE e DIAS, 1986, p.

55). Assim, é possível perceber através destas definições, que a empresa

deixa de ser um sistema fechado, voltado somente para si e para seus

lucros e passa a interagir com a sociedade de um modo geral, sendo esta

sociedade composta pelos empregados, fornecedores, colaboradores,

comunidade, governo, enfim, todos aqueles envolvidos,direta e/ou

indiretamente, com a empresa. A prática de ações de responsabilidade

social por parte das empresas pode ser vistas como uma importante

mudança nos modelos de gestão, sendo imperativo afirmar que as

mudanças sociais aparecem na medida em que as pessoas resolvem

problemas e enfrentam desafios, descobrem novos processos de ver, pensar

e ser.

É imperativo observar que, por sua origem e natureza, as empresas

estão diretamente ligadas à região onde estão situadas e, sendo assim, os

problemas inerentes à comunidade também afetam e influenciam estas

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unidades comerciais. Um outro fato importante se dá no relacionamento

destas empresas com seus clientes, uma vez que este comércio é feito de

forma direta e pessoal, o que possibilita uma grande interação entre

empresa e comunidade. Não menos importante é o convívio entre patrão e

empregados, que se dá de forma nominal e, em muitos casos, ambos

acabam por se envolver em problemas de ordem pessoal. Assim, ações de

responsabilidade social, por menores que sejam, agem diretamente no

universo composto por todos àqueles que se relacionam com as

organizações empresariais.

O Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas (IPEA), realizou,

com a colaboração do BID e do escritório do CEPAL no Brasil, a Pesquisa

AÇÃ SOCIAL DAS EMPRESAS nas cinco regiões do país.

O trabalho do IPEA é inovador, pois revela a existência de uma teia de

proteção social, até recentemente, pouco visível. Os estudos antes

realizados eram pontuais, não permitindo comparações, e geralmente,

referiam-se a empresas de maior porte. Pouco se conhecia sobre a

magnitude desse atendimento e sobre o perfil das empresas que realizam

ações sociais.

Iniciada em l998, a Pesquisa Ação Social das Empresas, foi

concluída no Sudeste em 2000, nas regiões Nordeste e Sul em 2001 e nas

regiões Norte e Centro-Oeste em 2002. Foram consideradas como ações de

responsabilidade social, atividades não obrigatórias realizadas para atender

comunidades em geral, em áreas como assistência social, alimentação,

saúde e educação, dentre outras.Essas ações abrangem desde atividades

eventuais a grandes projetos mais estruturados, podendo estender-se ou

não aos empregados e seus familiares. Foram excluídas atividades

executadas por obrigação legal, como cumprimento de normas

ambientalistas ou contribuições de caráter compulsório.

Dentre o universo pesquisado, concluiu-se a elevada participação do

empresariado do sudeste na realização de atividades sociais voltadas para a

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comunidade: dois terços das empresas da região, o que corresponde a ll50

organizações. Contrariando as expectativas as empresas que se voltam para

fora (67% delas) são mais numerosas, ainda que por pequena margem do

que aquelas que atendem aos seus empregados (63%); um percentual

significativo das empresas da região (45%), entretanto, combina as duas

formas de atuação, isto é, atuam tanto para fora (desenvolvem ações para

atendimento às comunidades em geral ) como para dentro (ações voltadas

para os empregados).

A pesquisa ainda demonstra que, 61% das microempresas, do

universo pesquisado, localizadas na região Sudeste, executaram ações de

Responsabilidade Social no ano de 1998. O IPEA relata que as ações

internas, realizadas pelas empresas pesquisadas são fragmentadas

distribuindo-se de forma equivalente entre alimentação (30%), saúde (25%),

qualificação profissional (24%), educação (22%) e lazer (22%). Esta

pesquisa comprova que Responsabilidade Social e ética nos negócios são

temas ainda em desenvolvimento no Brasil, porém, há um movimento

ascendente no sentido de valorização destes.

No universo de 445 mil, a pesquisa na região fora composta por

amostra de 1.750 empresas, desde as micro até as de grande porte. O

surgimento de outras entidades representativas como o Instituto Ethos de

Responsabilidade Social, o Instituto de Cidadania Empresarial, o Conselho

de Cidadania Empresarial da Federação das Indústrias do Estado de Minas

Gerais (Fiemg) e o Grupo de Intitutos, Fundações e Empresas (Gife), além

da ADCE-Brasil (Associação dos Dirigentes Cristãos de Empresas), da

Fundação Instituto de Desenvolvimento Empresarial Social (Fides) e, ainda,

o Instituto Brasileiro de Análise Sociais e Econômicas (IBASE), mostram o

crescimento das ações socialmente responsáveis.

Observando o desenvolvimento da responsabilidade social no

Brasil, é oportuno o momento de consolidação do papel social das

empresas. Sua função social não pode ser somente se preocupar

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em oferecer produtos e serviços bons, mas ampliar o escopo de

atuação e intervenção para estágios mais avançados. (ASHLEY,

et. al., 2002. p. 79).

A responsabilidade social como cultura da gestão empresarial,

abarcando todas as relações da empresa, suas práticas e políticas, deve

nortear a organização em todo os momentos, nas crises e em épocas de

expansão econômica. E é exatamente em momentos de crises e incertezas

que ela retorna mais importante e estratégica. É nesta hora que é testado o

real compromisso dos dirigentes com os valores da empresa.

Ao preservar o emprego dos seus funcionários, procurando

implementar soluções criativas que possibilitem o enfrentamento das crises,

a empresa cria um ambiente de reconhecimento nos seus colaboradores

que resultam em melhoras significativas de desempenho. A lealdade e a

segurança gerados garantem o desenvolvimento da organização a médio e

longo prazo. Atitudes precipitadas provocam desconfiança por parte das

pessoas que abandonarão a empresa na primeira oportunidade.

Se todas as empresas agissem desta forma, o emprego e a renda

preservados garantiriam a manutenção do poder aquisitivo fundamental para

a retomada econômica. Mas, acima de tudo, é uma atitude ética em relação

às pessoas e suas famílias, que sempre confiaram nas empresas e em

reconhecimento à sua dedicação configurada como parte integrante do

modelo de gestão da organização.

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CAPÍTULO II

O MODELO DE GESTÃO EMPRESARIAL E A RESPONSABILIDADE

SOCIAL

Se as coisas são inatingíveis ... ora! Não é motivo para não querê-las ... Que tristes os caminhos, se não fora

A mágica presença das estrelas

Mário Quintana

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CAPÍTULO II

O MODELO DE GESTÃO EMPRESARIAL E A RESPONSABILIDADE

SOCIAL

O ambiente de negócios atual (pós década de 1990) apresenta

oportunidades e desafios bastante distintos daqueles encontrados até bem

pouco tempo atrás. Para serem efetivas em seus mercados, as empresas

devem buscar novas formas de gestão. Várias propostas têm sido

implementadas nesse sentido, dentre os quais são destacados:

• Gestão Estratégica, que trata da necessidade de a empresa estar

permanentemente em sintonia com seu ambiente competitivo;

• Gestão Participativa, relacionada ao aumento da autonomia, do

comprometimento e da participação dos funcionários, visando

fornecer respostas rápidas às demandas ambientais;

• Gestão Holística, que representa um passo além da teoria dos

Sistemas, visualizando o executivo e a empresa como parte de um

todo que se influencia mutuamente, e

• Gestão Empreendedora, que diz respeito à busca da

transformação de planos e sonhos em realidade. A melhoria dos

processos de gestão empresarial está diretamente relacionada à

forma com que seu desempenho é avaliado. Na gestão moderna é

fundamental avaliar o desempenho dos processos organizacionais

por meio de medidas não financeiras, apesar de estarem atrelados

ao desempenho financeiro, tendo em vista que as práticas que

garantiram bons resultados no passado podem não ser mais

suficientes. Por meio do uso dessas técnicas, as empresas podem

orientar seus investimentos e suas ações para seu crescimento e

sobrevivência no longo prazo, melhorando sua gestão de forma

contínua e estabelecer programas próprios no âmbito da

responsabilidade social.

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A busca de modelos para definir suas atuações e estabelecer

programas próprios no âmbito da responsabilidade social vem se tornando

uma preocupação das organizações.Cabe ressaltar que as bem sucedidas

experiências empresarias destacadas pela mídia, sobretudo durante todo o

Ano Internacional do Voluntariado, ampliaram a conscientização de que as

empresas são agentes determinantes na iniciativa de se atenuar as

diferenças sociais.

Ao se organizar para um trabalho social, as empresas devem

estabelecer um foco, pois suas atitudes não devem ter como

objetivo (ou pretensão) a substituição das empreitadas de porte

macro - que são obrigação do Estado-, devem representar uma

contribuição dirigida às enormes carências da coletividade e para

a preservação do meio ambiente. (BERGER e LUCKMAN, 1986,

p. 75)

A falta desse foco pulveriza as ações sociais da empresa, tornando-

as sem vínculos de identificação organizacional e emocional com seus

executores, no caso, os funcionários. Isso pode acabar sendo entendido

apenas como patrocínio, o que desvirtua o sentido da responsabilidade

social.

O foco faz parte do modelo de gestão. Muitas vezes, ao abordar

temas ligados ao core business da empresa, sobretudo aqueles que

envolvem práticas cidadãs, os administradores não se atentam à

necessidade de um modelo de gestão para tratá-los. A responsabilidade

social não deve ser interpretada como peça à parte do modelo de gestão da

empresa. Deve ser sua extensão.

A uniformidade das práticas de gestão, tanto para os negócios como

para a responsabilidade social, é o que diferencia uma empresa-cidadã, no

stricto sensu, daquelas que praticam atividades sociais sem maiores

compromissos. É transformar e consolidar seus programas sociais em

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processos, com referenciais de qualidade, de produtividade, de desempenho

e de melhoria contínua, dentre outros.

A responsabilidade social passa cada vez mais a ser compreendida

como estratégia empresarial. A multivariedade de suas formas facilita a

adequação e a conformidade com o modelo de gestão praticado aliado à

cultura organizacional, são considerados também como valores

compartilhados.

Um modelo sustentável de responsabilidade social é aquele que a

empresa define em seu planejamento estratégico, pois a empresa-cidadã

incorpora o relacionamento com seus stakeholders, com a comunidade em

geral e a defesa do meio ambiente no cotidiano de suas atividades. É a

cidadania empresarial fundamentada no comprometimento organizacional.

Para ilustrar a importância crescente da responsabilidade social, os

Critérios de Excelência do Prêmio Nacional da Qualidade dedicam um tópico

de avaliação exclusivo para o tema: Interação com a sociedade, Assim,

como parte do modelo de gestão, a responsabilidade social deve buscar a

excelência.

Dessa forma, a criação de mecanismos que permitam dimensionar e

comparar as ações sociais corporativas, por meio de indicadores, é uma

tendência que reforça a qualidade dos modelos de gestão.

A prática da cidadania empresarial deve ser estruturada e ao mesmo

tempo funcional, o que amplia a sinergia com o negócio da empresa, une

competências e otimiza recursos.

A profissionalização do terceiro setor é uma realidade. As

universidades mais renomadas do País estão lançando cursos de

formação de gestores para o segmento, buscando capacitá-los

para agir de modo empresarial sobre os recursos disponíveis.

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Como há longo tempo ocorre nos países mais desenvolvidos, de

forma consistente e sistêmica, a cidadania empresarial brasileira

está expandindo sua contribuição para a redução das disparidades

sociais, que deve ser administrada com competência, qualidade e

visão gerencial para garantir a regularidade das ações

comunitárias e assistir parcela maior da população socialmente

excluída. (DEMO, 1994, p. 118)

Essa conduta, aliada aos projetos governamentais,

caracteristicamente de maior envergadura, formam a estratégia mais

sensata para o resgate da dívida social.

2.1 Ética e cidadania - dever de todos

Algumas situações da vida nos levam a pensar em crenças, valores e

a tomar (ou não) novos rumos. Situações limites, que nos fazem rever:

Quem somos, porque estamos aqui e qual a nossa missão?

O desemprego (ou "estar no mercado") faz parte da lista destas

situações. Considerado um dos maiores agente causador de estresse, pode

ocorrer a qualquer indivíduo sadio e em plena atividade profissional.

Normalmente, costuma acometer suas vítimas no início de uma sexta-feira à

tarde, não perdoa (algumas vezes) sequer as festas natalinas ou a Páscoa.

Pode causar uma tremenda sensação de solidão, de incapacidade,

incompetência...

Após o impacto inicial, surgem as dúvidas de como gerir os escassos

recursos, como otimizar o tempo disponível de forma a conseguir uma nova

colocação. Neste momento, tudo que foi visto sobre empregabilidade pode

ser de grande utilidade, ou simplesmente causar um pânico, por não se

sentir capaz de administrar a própria carreira. Além disso, há de decidir se

contrata uma empresa de recolocação, se cadastra currículos em meios

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pagos na Internet ou se madruga em peregrinação pelas agências de

emprego (ou a somatória de tudo isso).

Revistas como Exame (dez/01) e Veja (jul/02) publicaram estatísticas

com a média do período de desemprego individual, em sua maioria não

menos de quatro meses... Novamente dúvidas, insegurança...

Desta forma, como pensar em Qualidade de Vida, quando a vontade

que se tem é a de não tirar o pijama? Porém, a Qualidade de Vida

independe da situação financeira e deve fazer parte do dia-a-dia do

indivíduo. É salutar que se procure ter uma alimentação regrada (mesmo

que simples), que faça algum esporte, que tenha lazer (ir ao shopping ver

gente diferente, lojas e tomar um cafezinho – não custa muito), que faça

programas com a família...

Não existe uma única alternativa para resolver tais questões, mas o

profissional de Recursos Humanos como integrante da sociedade, deve

estar a par desta situação que o mercado vive. Até mesmo para entender

quando o "candidato" parece apreensivo, ansioso pela vaga, assim o

Recursos Humanos poderá conduzir o processo seletivo com tranqüilidade,

tentando deixar o candidato à vontade.

A questão do desemprego, bem como a pobreza não é um mal

exclusivo que atinge a uma pequena camada da sociedade representada por

um percentual, do qual quem está fora possa se sentir imune. A sociedade

precisa mobilizar-se para atuar ativamente em prol da recuperação da

cidadania e dos direitos de todos os indivíduos que a compõem. De nada vai

adiantar meia dúzia deter o poder e as riquezas do país, ou do mundo, e a

grande maioria continuar padecendo, sem haver quem olhe por ela. Se o

Estado omite-se, mesmo que não intencionalmente e as entidades privadas

auxiliam quem lhes é conveniente, de acordo com o retorno que este

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"Marketing" vai lhe trazer, uma parcela da sociedade fica relegada à própria

sorte.

Assim, cabe a cada um de nós, mobilizar-se para encontrar soluções

para a questão do desemprego e da pobreza, que são – também-

globalizados. Atuar neste sentido é ser ético, deixar de lado o próprio

“umbigo” e lembrar que não somos "uma ilha", que não encerramos nossa

existência em nós próprios, mas fazermos parte de algo maior.

O desemprego por si só já é algo complexo, estressante, mas nos

dias atuais parece estar intensificado, principalmente quando olhamos

nossos vizinhos de fronteira. Apesar de tudo que se falou sobre

empregabilidade, a maioria da sociedade ainda não está preparada para

esta nova realidade, para se tornar empreendedor, administrador da própria

carreira. Além disso, é necessário que haja um fundo de reserva para o

momento de transição e nem sempre ele existe.

O que isso tem a ver com os “Recursos Humanos?” Tem tudo a

ver, não apenas como um departamento que deve focar o Ser

Humano, seus colaboradores, mas a sociedade como um todo.

Não dá para fechar os olhos para a realidade que atravessamos.

Desta forma, o RH deve aliar medidas que possam minimizar a

insegurança de quem vai estar entrando no mercado de

“empregáveis. (NEWSTRON, 1992, p. 117)

Algumas empresas têm adotado medidas bastante salutares,

disponibilizando pacotes de recolocação profissional a seus ex-

colaboradores, incluindo-se um aumento às verbas rescisórias, manutenção

por alguns meses dos planos de saúde, etc.

Há alguns anos atrás, podia-se contar com o vale-transporte, em uma

atitude positiva das entidades governamentais. Infelizmente, no momento

não há esta ajuda, que era útil tanto para o funcionário considerado chão-de-

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fábrica, quanto para o executivo que podia economizar despesas de

gasolina.

Os Recursos Humanos podem participar na mobilização de seus

colaboradores para uma nova visão social, incluindo-se a preparação para

se tornar empregável, para sobreviver em tempos de crise, incentivar o

“network”, cursos de atualização em áreas específicas do saber, e, também,

de conhecimentos gerais.

Através de informativos internos, de painéis, “times”, mostrar que o

mundo passa por transformações, que estas atingem aos indivíduos da

sociedade, e que podem trazer novas possibilidades, seja com um emprego

fixo, temporário, consultor, prestador de serviço, etc. Todos os recursos

disponibilizados nesta fase de transição fazem parte de uma nova visão do

ser humano, uma visão holística. Apesar de ser um paliativo, é de grande

valia em um momento tão delicado.

Na realidade, a sociedade como um todo, deve preparar-se para

ajudar quem está no mercado. Não com um olhar crítico ou de piedade, mas

com uma vontade real de ajudar ao indivíduo, implementar as redes de

relacionamentos, procurar saber como a pessoa está sentindo-se, se precisa

de alguma ajuda, etc. Muitas vezes, uma palavra amiga ajuda a dar uma

guinada e a sair dos momentos de crise, da fase depressiva que o

desemprego gera.

Apesar do desemprego ser uma fase delicada, estressante, deve ter-

se em mente que é apenas uma "fase", e assim, vai passar. A vida retoma

seu ritmo, como o rio busca o mar... E quando se encontram, a bonança das

novas águas é tão abundante, que qualquer mágoa ou ressentimento é logo

deixado para trás. Percebe-se que o que importa realmente na vida é fazer

parte do processo, que viver é um risco, um jogo, mas que é muito

prazeroso. Quando a tempestade passa, percebemos que saímos

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amadurecidos, que o crescimento pessoal, mesmo doloroso, valeu a pena.

Atravessamos o arco-íris e encontramos o "pote de ouro" do outro lado e

acabamos por descobrir que ele sempre esteve dentro da gente, aparecendo

e escondendo seu brilho, mas sempre instigando sua busca.

2.2 Custos e ganhos da responsabilidade social

A responsabilidade social empresarial é a gestão da empresa

baseada em princípios e valores, expressos formalmente em seu código de

ética e que devem nortear todas as suas relações, planos, programas e

decisões. A empresa precisa mapear todos os públicos impactados por suas

atividades (funcionários, clientes, fornecedores, governo, comunidade,

acionistas, meio ambiente, concorrentes e credores) e traduzir seus valores

em normas que balizam as relações.

Praticamente todos os dias os dirigentes tomam decisões que

afetam a organização. Numa empresa que busca implementar uma gestão

socialmente responsável as decisões devem ser permanentemente

confrontadas com seu código de ética. Decisões e formas de relacionamento

implicam em escolhas.

Podemos sempre fazer qualquer coisa de várias formas diferentes.

O ser humano nasceu com o dom da liberdade e com a felicidade e muitas

vezes com a angústia de poder ou de ter que fazer escolhas. Premidos pelo

tempo ou amortecidos pela rotina, pelo automatismo, pela pressão coletiva e

pelo medo do risco, nem percebemos que existem alternativas para cada

ação e cada forma de relação.

As pessoas reagem na maioria das vezes pela forma como são

tratadas. Na medida em que a empresa depende cada vez mais do apoio de

diversos públicos, a responsabilidade social é retribuída com o engajamento

dos funcionários, a preferência dos consumidores e dos investidores e o

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reconhecimento da comunidade. Inúmeras pesquisas comprovam que as

empresas éticas são em média mais bem sucedidas e mais duradouras. Mas

uma empresa que pretende adotar uma gestão socialmente responsável

atraída, com justa razão, pela perspectiva do sucesso deve estar preparada

a arcar com os custos que muitas vezes devem ser assumidos por posturas

éticas. As perdas de curto prazo devem ser encaradas como investimentos

que trarão retorno a médio e longo prazo.

“A empresa que cumpre a legislação trabalhista e que investe na

saúde, educação e segurança dos seus funcionários tem um custo de

pessoal maior que seus concorrentes que não desenvolvem a mesma

política” (BENEVIDES, 1991, p. 49). Por outro lado pode auferir uma

produtividade muito maior, reter e contratar pessoas talentosas e engajadas

e não correr o risco de um grande passivo trabalhista. Ao procurar poupar,

resguardar e apoiar seus funcionários em época de crise, a empresa arca

com custos que certamente serão compensados pela lealdade e

reconhecimento dos colaboradores, consumidores e comunidade. Ao

procurar oferecer produtos e serviços de qualidade, ao implementar

programas de preservação ambiental, ao assumir a responsabilidade pelos

resíduos e lixo gerados por suas atividades, a empresa muitas vezes incorre

em custos maiores que seus concorrentes não tão responsáveis e perde

mercado a curto prazo, mas certamente ganhará credibilidade no futuro. Ao

manter seus investimentos sociais mesmo em época de crise, a organização

sacrifica seus resultados financeiros imediatos, mas fortalece sua imagem e

marca. Ao não compactuar com a corrupção, ao obedecer a legislação fiscal

a empresa pode perder negócios ou facilidades a curto prazo, mas

certamente se livra de um passivo fiscal e legal que poderia destruí-la a

médio e longo prazo. Uma empresa que pretende de verdade ser

socialmente responsável sabe que é preciso recusar negócios, perder

oportunidades e revogar decisões que contrariam os seus valores porque

acredita que a ética é uma postura que acaba recompensando a

organização, seus dirigentes e funcionários.

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Pelo imenso poder do setor empresarial, a responsabilidade social

das empresas possui um grande poder de transformação social desde que

assumida de forma séria, realista, coerente e consistente. Ao flexibilizar seus

valores na primeira dificuldade, ao não estar preparada para tomar decisões

que implicam em perdas, a empresa corre enormes riscos de perder sua

credibilidade e distorcer o entendimento por parte da sociedade sobre a

cultura da responsabilidade social. Apenas decisões pautadas em critérios

éticos e não vantagens ou desvantagens de curto prazo por parte de

empresas, sindicatos, organizações sociais, organismos internacionais,

partidos políticos e governantes, poderão construir um mundo melhor. Sendo

assim, a responsabilidade social é considerada atualmente patrimônio do

país.

No próximo capítulo, esse patrimônio nacional será investigado a

partir de seus estágios de desenvolvimento, que são a corporação amoral,

corporação legalista, corporação receptiva, corporações éticas nascentes e

finalmente, quando a empresa chega ao estágio de maior desenvolvimento

em termos de responsabilidade social: as corporações éticas.

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CAPÍTULO III

RESPONSABILIDADE SOCIAL: PATRIMÔNIO DO PAÍS

Nenhum país é melhor que seu povo

Hiram Castelo Branco

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CAPÍTULO III

RESPONSABILIDADE SOCIAL: PATRIMÔNIO DO PAÍS

Seguindo uma tendência mundial, cresce a cada ano o número de

instituições que investem em projetos sociais, adotando uma postura mais

sensível aos problemas da comunidade ou assumindo responsabilidade

sobre os impactos causados por seus processos produtivos.

Segundo a concepção empresarial que se firma, a função da

empresa não fica mais limitada à satisfação dos acionistas e a uma gestão

de políticas fechadas. Ela passa a exercer interação e comprometer-se com

todos os stakeholders - empregados, consumidores, fornecedores,

comunidade e meio ambiente, bem como com os próprios acionistas. As

empresas regidas sobre essa filosofia têm um forte compromisso com a

promoção do desenvolvimento pessoal dos envolvidos, direta ou

indiretamente, por meio da responsabilidade social e ambiental assumida.

Para Megginson et al. (1998), essa mudança de paradigma

empresarial representa uma transição de um modelo calcado sobre ações

empresariais voltadas exclusivamente para os ganhos financeiros e

materiais, para um modelo que considera também os valores sociais e

espirituais, que transcendem o ganho material. Nesse sentido, o progresso

passa a não ser mais avaliado apenas sob o ponto de vista do produto ou do

lucro, mas também sobre o processo e o contexto nos quais o trabalho

ocorre ou tem reflexos. Desenvolve-se, cada vez mais, a visão de que o

homem não pode mais se subordinar à tecnologia, a qual passa a ser tida

como um instrumento que deve servir a interesses sociais amplos.

A partir de um modelo empresarial criado por Reidenbach e Robin,

Chiavenato (1999) identificou cinco estágios do desenvolvimento ético das

corporações:

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(1) O estágio menos desenvolvido seria a “corporação amoral”, que

busca o sucesso a qualquer custo, inclusive violando normas e valores

sociais, e considerando os empregados como meras unidades econômicas

de produção;

(2) No segundo estágio de desenvolvimento está a “corporação

legalista”, que, apegada à lei, adota códigos de conduta. Porém, esses são

“produtos de departamentos legais”;

(3) Em uma terceira etapa está a “corporação receptiva”, que se

mostra responsável socialmente por conveniência, por acreditar que as

decisões éticas podem ser do interesse da companhia, a longo prazo, ainda

que envolvam perdas econômicas imediatas. Os códigos de conduta das

corporações receptivas começam a tomar forma de “códigos de ética”;

(4) Em um estágio um pouco mais desenvolvido, no qual se

encontram cada vez mais empresas, estão as “corporações éticas

nascentes”. Estas reconhecem a existência de um contrato social entre os

negócios e a sociedade e procuram generalizar essa atitude em todos os

setores da corporação. Nesses casos há um equilíbrio entre as

preocupações éticas e a lucratividade;

(5) O estágio mais desenvolvido, que nenhuma empresa parece ter

atingido completamente, seria o da “corporação ética”. O perfeito equilíbrio

entre lucros e ética envolveria recompensa aos empregados que se

afastassem de ações comprometedoras, consideraria os problemas éticos

no processo de seleção e disporia de mentores para dar orientação moral

aos empregados. Trata-se de uma instância moral que permearia toda a

cultura corporativa.

Nesses termos, uma empresa socialmente responsável é aquela

pautada por uma política institucional firme, ética, dinâmica e

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empreendedora. É aquela que, com criatividade e gerência contribui com

projetos sociais bem administrados, atuando ao lado de entidades da

sociedade civil e do poder público, na busca de alternativas para a melhoria

da qualidade de vida. E, por isso, ela é duplamente beneficiada: primeiro

porque consolida sua imagem como uma empresa moderna e, segundo,

porque produtividade e competitividade estão diretamente relacionadas à

qualidade de vida da comunidade na qual a organização está inserida.

Nos países desenvolvidos, o debate sobre responsabilidade

social toma importância, na medida em que parece surgir um

novo paradigma das relações negociais, ou seja, uma nova forma

de se exercer a ação empresarial. No Brasil, embora o tema

esteja em discussão desde o início da década, ainda é tímida a

mudança do empresariado (POCHMANN, 2001, p. 53).

Mesmo que as ações empresariais não sejam suficientes para

resgatar a dívida social brasileira, qualquer iniciativa nesse sentido deve ser

aplaudida e incentivada. O Instituto de Estudos Avançados acredita que

ninguém comete erro maior do que não fazer nada porque só pode fazer um

pouco. Seguindo essa filosofia, desenvolve projetos voltados à educação

empresarial e à formação de líderes com o propósito de colaborar na

formação de pessoas e de empresas sólidas e competitivas, porém

socialmente responsáveis.

3.1 O Balanço Social das Empresas

Segundo Bretãs e Fonseca (1997), as empresas estão percebendo

que o respeito ao meio ambiente e a preocupação com a valorização do

homem estão se tornando determinantes do sucesso mercadológico.

Procuram vincular sua imagem à noção de responsabilidade social

corporativa e com isso cresce o número daquelas que fazem uso do balanço

social (BS) para divulgar suas ações sociais.

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De acordo com Torres (2000), o BS é um documento publicado

anualmente reunindo informações sobre as atividades desenvolvidas por

uma empresa, em promoção humana e social, dirigidas a seus empregados

e à comunidade onde está inserida. É um instrumento valioso para medir

como vai o exercício da responsabilidade social em seus empreendimentos.

Embora tenha sua origem na contabilidade, não deve ser visto como

um demonstrativo contábil, mas como uma forma de explicitar a

preocupação com o cumprimento de sua responsabilidade social. Fazer e

publicar o BS é mudar da concepção tradicional, de produzir e obter lucro

sem se preocupar com a satisfação de sua força de trabalho e com o

ambiente externo, para uma visão moderna em que os objetivos da empresa

incorporam sua responsabilidade social.

No Brasil, Megginson et al. (1998, p. 102) relatam que:

A idéia da publicação do BS começa a ser discutida ainda nos

anos sessenta com a criação da Associação dos Dirigentes

Cristãos de Empresas – ADCE, mas o tema só ganha destaque

quando Betinho, criador do Ibase, lança em junho de 1997 a

campanha pela divulgação do BS. Em novembro do mesmo ano,

o IBASE lança o Selo Balanço Social-Ibase Betinho que é

oferecido às empresas que divulgam o BS no modelo sugerido

pela instituição.

O modelo apresenta duas características: simplicidade e

predominância de indicadores quantitativos. A simplicidade garante o

envolvimento de mais empresas e é fundamental para que nenhuma delas

se sinta desestimulada pelo custo de fazê-lo. Um quadro simples tem a

vantagem de levar as empresas a divulgarem seu BS independente do porte

e do setor onde atuam. Já a predominância de indicadores quantitativos

evita que este instrumento se torne apenas uma peça de marketing. Sendo

simples e quantitativo, o mercado pode exercer o papel de auditor das

empresas. Quem divulgar dados falsos poderá ter sua imagem deteriorada

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junto ao público. Hoje são quase 100 empresas de um universo de cerca de

350 que publicam o BS no modelo sugerido pelo Ibase.

3.2 Os diferentes estágios de Cidadania Empresarial

Segundo Sucupira (2000), as empresas estão cada vem mais

envolvidas e preocupadas em contribuir com a área social. Na verdade, este

engajamento do 2º Setor (termo empregado para diferenciar as empresas do

1º Setor, que é conferido ao Estado, e 3º Setor que é o segmento que

congrega as ONGs, Fundações e Institutos, etc.), no Brasil, ainda é algo

recente, pois a história nos mostra que as intervenções feitas no campo

social sempre foram de responsabilidade do Estado. Porém, as mudanças

no contexto sócio-econômico mundial e o novo modelo participativo

outorgado à sociedade pela Constituição Federal, de 1988, abriu a

possibilidade das empresas também serem agentes de transformação

social.

Uma prática estratégica do mundo empresarial consiste em socializar

conhecimento da legislação avançada contida na carta cidadã de 88,

fundamentados no capítulo “Da Ordem social” e despertar a atenção, tanto

das organizações quanto de seus clientes internos, para os níveis

assustadores de pobreza e miserabilidade existentes num país como um

Brasil, e o quanto esse conjunto de princípios e artigos, postos em prática na

realidade brasileira, pode reduzir desigualdades sociais.

Para materialização destas orientações faz-se necessária a citação

das principais políticas públicas, constituindo assim um importante canal de

organização e mobilização da sociedade na direção da participação dos

processos de implementação de programas e ações estruturadas visto

serem essas políticas de vital importância. Trata-se de um conjunto de

princípios e artigos que, se posto em prática na realidade social brasileira,

pode reduzir suas brutais desigualdades sociais. Essas políticas existem em

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função do capítulo “Da Ordem Social” da Constituição e colocá-los é uma

estratégia fundamental.

Destacamos o Título VIII da Constituição, com seus respectivos

capítulos, por se tratar de um instrumental para ações estruturadas de

responsabilidade social:

Da Ordem Social

Capítulo I – art. 193 – Disposição geral

Capítulo II – da Seguridade Social

Seção I – Disposições gerais – art. 194 e 195

Seção II- Da Saúde –art. 196 a 200

Seção III – Da previdência Social

Seção IV – Da Assistência Social

Capítulo III – Da Educação, da Cultura e do Desporto

Seção I – Da Educação

Seção II – Da Cultura

Seção III – Do Desporto

Capítulo IV – Da Ciência e Tecnologia

Capítulo V – Da Comunicação Social

Capítulo VI – Do Meio-Ambiente

Capítulo VII – Da Família, da Criança, do Adolescente e do Idoso

Capítulo VII – Dos Índios

Leis que traduzem o desejo de ter concretizado o que preconiza a

constituição:

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Lei 8069/90 - Dispõe sobre o Estatuto da Criança e do Adolescente

Lei 8080/90 - Dispõe sobre as condições para proteção e recuperação da

saúde, a organização e o funcionamento dos serviços correspondentes.

Lei 8142/90 Dispõe sobre a participação da comunidade na gestão do

Sistema Único de Saúde (SUS)

Lei 8742/93 - Dispõe sobre a organização da Assistência Social (LOAS)

Lei 7853/89 - Dispõe sobre o apoio às pessoas portadoras de deficiência,

sua Integração Social e dá outras providências

Lei 8842/94. Dispõe sobre a política nacional do Idoso e cria um Conselho

Nacional Do Idoso.

A empresa socialmente responsável, ao divulgar o conhecimento

dessas políticas fortalece o trabalho do endomarketing por ganhar a

admiração e seu público interno – funcionários e colaboradores – que

passam a assumir seu papel no processo de mudança e a entender que o

governo não resolve tudo sozinho. Conforme afirma Palma (1999).

Pelo conceito moderno de responsabilidade social, uma empresa

deve ter uma estratégia envolvendo todos os seus funcionários

em programas de repercussão comunitária [...] o exercício do

voluntariado aumenta o espírito de equipe, a motivação e a

confiança para resolver os seus problemas, e os funcionários

passam a ter maior respeito e admiração pela organização em

que trabalham. Tudo isso contribui para o bem da própria

empresa, da sociedade e do país. (Palma, 1999: 13.15)

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O movimento de Cidadania Empresarial pode ser visto como um

grande “guarda-chuvas” que tem sob a sua égide três estágios de

posicionamento das empresas quanto ao envolvimento com as causas

sociais. Foram definidos estes três níveis mais como um processo didático

de esclarecimento conceitual, com o objetivo de mudar as percepções

existentes do que efetivamente vem a ser Responsabilidade Social

Corporativa.

Mas, antes de entrarmos em cada um deles, cabe uma consideração

no que tange a utilização, em algumas bibliografias, do termo Cidadania

Empresarial como sinônimo de Investimento Social Privado(um dos estágio

que veremos a seguir). O que vem a ser um equivoco, afinal o primeiro

termo reflete um formato de pensamento organizacional que diferencia o

engajamento social do core business das empresas. Já o segundo termo

demonstra a ação propriamente dita.

Feito este esclarecimento, podemos abordar os três estágios de

Cidadania Empresarial, que são abordados na dissertação de Valle de

Oliveira (2001):

Filantropia: este primeiro estágio é, na maioria das vezes, a porta

de entrada das empresas no universo social. Trata-se daquela ação de

caráter assistencialista, pontual e de cunho caritativo.

Neste estágio as ações geram resultados imediatos e um impacto

transformador muito pequeno (Ex.: campanha do agasalho), a empresa faz

uma simples doação e não tem a preocupação com o monitoramento dos

resultados. A supervisão, geralmente, fica a cargo de um departamento ou

pelo próprio dono do negócio, isto depende do tamanho e da estrutura da

empresa.

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È importante deixar claro que não se trata de uma atitude ruim ou

errônea, mas sim que é um estágio importante para empresas que desejam

ingressar neste ramo.

Investimento Social Privado: este estágio corresponde a ação de

desenvolvimento social feita de forma planejada e sistemática (Ex.: Projeto

Pescar). Neste caso os impactos são mais efetivos.

Neste patamar, as empresas passam a perceber a área social como

uma carteira de investimento que deve gerar resultados, que não são

financeiros, mas sim de melhoria da qualidade de vida da comunidade.

A atuação se da dentro da empresa por um departamento ou através

de uma fundação ou instituto empresarial.

Responsabilidade Social: este é o estágio mais elevado de

Cidadania Empresarial, pois extrapola o simples investimento à comunidade.

A Responsabilidade Social tem como foco a postura ética com que as

empresas se relacionam e se preocupam em atender as necessidades dos

grupos de interesse ou stakeholders que fazem parte da cadeia de negócios

(público interno, fornecedores, consumidores, meio ambiente, acionistas,

governo, comunidade, etc.).

Portanto, o desenvolvimento das organizações dentro da Cidadania

Empresarial passa a ser também uma das tarefas da Alta Administração,

afinal a Responsabilidade Social é um elemento estratégico para a

sustentabilidade das empresas e o seu processo de gestão precisa ser

tratado com profissionalismo e competência.

A transição do hoje para o futuro depende em larga escala da

habilidade da empresa em identificar e satisfazer a necessidade e ter

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capacidade para administrar as turbulências dos desafios ambientais com

arrojo e disposição.

É preciso ainda que a empresa saiba discernir acerca da importância

de ter uma missão claramente definida, consciente com o escopo do seu

negócio e ainda que a cultura da organização não esteja esclerosada a

ponto de inibir a fixação de objetivos e estratégias desafiantes.

Espera-se que no futuro, possamos além de sonhar e planejar,

conseguir concretizar esses sonhos e planos de fazermos das nossas

futuras organizações uma realidade consciente, próspera e bem planejada.

Com isso, e com os conhecimentos adquiridos com o tema abordado,

poderemos nos tornar profissionais mais competentes para enfrentarmos

esse mercado competitivo.

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CONCLUSÃO

(...) que o entusiasmo conserve vivas suas molas, e possa enfim o ferro comer a ferrugem, o sim comer o não.

João Cabral de Melo Neto

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CONCLUSÃO

Os conceitos que definem “responsabilidade social” ainda não estão

claros para as empresas e a sociedade civil organizada. Não está clara,

principalmente, a diferença entre o investimento voltado para o bem-estar da

comunidade e o investimento que determinadas empresas fazem para

melhorar sua imagem, usando estratégias de marketing para vender uma

imagem de atuação social.

O conceito de responsabilidade social corporativa normalmente

trabalha em torno de quatro grandes fatores: a preocupação da empresa

com a qualidade de seus produtos e com sua relação com o consumidor; o

zelo pela relação com seus colaboradores, funcionários, fornecedores; a

preocupação com os danos ao meio ambiente; e por último, suas ações

voluntárias junto à comunidade.

As empresas precisam cumprir a legislação ambiental, respeitar as

leis de proteção ao consumidor, pagar corretamente seus impostos e os

direitos trabalhistas de seus funcionários. O único fator que, dos quatro,

representa verdadeiramente uma opção é a atuação junto à comunidade. A

disposição de participar da melhoria da qualidade de vida da sociedade.

Diante das inúmeras desigualdades sociais que constrangem um

país ainda em desenvolvimento como o Brasil, o empresário tem duas

opções: ou cruza os braços, paga os sues impostos e espera que o setor

público resolva os problemas que afetam a maioria da população, ou resolve

participar e interferir responsavelmente na realidade que o cerca. Esta

segunda opção, que avança de maneira consistente, enquadra-se dentro de

uma nova perspectiva empresarial, de vinculação ampliada com as

necessidades de seus empregados e das comunidades em que atuam.

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Uma empresa não pode mais esperar que os problemas resolvam-

se por si mesmos. Os novos compromissos empresariais são de natureza

interna e externa, Os internos dizem respeito às exigências administrativas e

operacionais da empresa. Quer dizer, a forma como trata os funcionários,

como se relaciona com governos, fornecedores, clientes e ambiente. Do

ponto de vista externo, do relacionamento com a comunidade, as

organizações não podem ficar inertes em função do quadro de

esfacelamento das condições sociais do Brasil. Ou seja, a empresa precisa

participar, constituir programas educacionais, culturais e de saúde, pois o

bem-estar da população é o benefício maior que pode ser atingido por

nossas atividades. Cada vez mais, o empresário descobre que o seu esforço

não pode mais estar concentrado apenas na melhoria do seu negócio. E não

há dúvida de que as organizações devem levar em conta é que dependem

de seus empregados. A qualidade, preços, serviços e marketing deixam de

ser os diferenciais: hoje é necessário que as empresas inspirem simpatia,

que busquem identificação com o público consumidor e que seus

trabalhadores recebam um tratamento para que se sintam aceitos e

valorizados e demonstrem sua satisfação no trabalho.

A ética não é mais uma questão de decisão individual. Ao contrário,

cada vez mais o comportamento ético consolida-se como uma necessidade

coletiva de relacionamento, um imperativo da sociedade.

A base desta guinada é a conciliação de algo que durante muito

tempo esteve desvinculado e imaginou-se ser de difícil aglutinação: lucro e

ética. O mercado demonstrou - principalmente nos anos 90 em que foi tido

quase que como um deus todo-poderoso, capaz de dissolver todos os

impasses - que não oferece respostas a todos os dilemas do crescimento

econômico, principalmente aqueles relacionados à redução das

desigualdades sociais. Esta retomada ética é uma novidade fabulosa no

processo de desenvolvimento do capitalismo.

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FOLHA DE AVALIAÇÂO UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PROJETO A VEZ DO MESTRE Pós Graduação “Lato Sensu” Título da Monografia:A Responsabilidade Social com o Cliente Interno da Empresa Data da Entrega:______________________________________ Avaliado por: __________________________________________ Grau:____________ Rio de Janeiro, ______ de ____________________ de __________