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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” INSTITUTO A VEZ DO MESTRE EDUCAÇÃO DE ADULTOS – UM OLHAR ANDRAGÓGICO SOBRE A PEDAGOGIA EMPRESARIAL Por: Aline Cavagnari Caldas Orientador Prof. Vilson Sérgio de Carvalho Niterói 2006

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

EDUCAÇÃO DE ADULTOS – UM OLHAR ANDRAGÓGICO

SOBRE A PEDAGOGIA EMPRESARIAL

Por: Aline Cavagnari Caldas

Orientador

Prof. Vilson Sérgio de Carvalho

Niterói

2006

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

EDUCAÇÃO DE ADULTOS – UM OLHAR ANDRAGÓGICO

SOBRE A PEDAGOGIA EMPRESARIAL

O objetivo desta monografia é compreender como o

enfoque andragógico auxilia o Pedagogo

Empresarial no desenvolvimento da educação

permanente de adultos.

Por: Aline Cavagnari Caldas

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AGRADECIMENTOS

Aos familiares e a todos os amigos que

estiveram sempre presentes durante a

elaboração deste trabalho.

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DEDICATÓRIA

Aos meus alunos da EJA pela força de

vontade e esperança que dedicam ao

voltarem aos bancos escolares, depois de

adultos, buscando conhecimento para se

atualizarem e capacitarem.

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RESUMO

No limiar do terceiro milênio, vivendo a economia digital, o emprego

passou a ser um produto escasso. Daí o espanto e a perplexidade com o medo

do fim do emprego e da perda de seu significado. Quanto mais céleres as

mudanças, maior o seu impacto sobre os acadêmicos, porque eles têm que se

adaptar rapidamente à nova situação. É esse processo de adaptação contínua

que garante a sobrevivência e o desenvolvimento acadêmico. No entanto este

estudo tem como finalidade identificar os conceitos de aprendizagem;

diferenciar criança / adulto; conceituar andragogia; descrever metodologias de

aprendizagem de adultos e perceber a exigência do mercado de trabalho na

formação / atualização de profissionais.

Palavras-chave: Andragogia, Pedagogia Empresarial; Educação e

Adulto.

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METODOLOGIA

Tentando compreender como o enfoque andragógico auxilia o

Pedagogo Empresarial no desenvolvimento da educação permanente de

adultos este trabalho metodológico foi desenvolvido tendo como base a

pesquisa bibliográfica e consulta à Internet. Realizou-se, inicialmente, pesquisa

em sites especializados na área para um evidenciação e delimitação do tema

pesquisado. Como base teórica conceitual foram utilizados livros e revistas

com edições atualizadas.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 08

CAPÍTULO I - Andragogia 10

CAPÍTULO II – Pedagogia Empresarial 24

CAPÍTULO III – Andragogia na Pedagogia Empresaroial 34

CONCLUSÃO 44

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 46

WEBGRAFIA 47

ÍNDICE 49

FOLHA DE AVALIAÇÃO 51

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INTRODUÇÃO

Considerando que se vive na era do conhecimento, com grande

avanço nos campos das ciências e das técnicas, onde a informação gerada é

mais rápida do que a captação de conhecimento acumulado pelo ser humano,

a educação se torna uma mercadoria valiosa para o desenvolvimento e

transformação social. Sendo assim, se faz necessário compreender a

aprendizagem como um processo contínuo por toda a vida e aberto não

restrito ao ambiente escolar.

A idade adulta traz a independência. O indivíduo acumula experiências

de vida, aprende com os próprios erros, apercebe-se daquilo que não sabe e o

quanto este desconhecimento faz-lhe falta. Escolhe uma namorada ou esposa,

escolhe uma profissão e analisa criticamente cada informação que recebe,

classificando-a como útil ou inútil.

Educar é assinalar como de relevância a presença de forte identidade

e ou intercessão conceitual, quanto à importância dada à experiência, e na

ênfase à reflexão e à solução de problemas, características operativas comuns

a andragogia ativa da descoberta ou por projeto e que denotam idêntico

privilégio à idéia de aprendizagem como processo prazeiroso de investigação

ativa, proativa, contextualizada e criativa, que valoriza a autonomia,

autodireção e a motivação intrínseca do sujeito, como ator/autor de seu

processo de aprendizagem.

Adultos que não freqüentam a escola no período regular ou

ingressaram no mercado de trabalho precocemente, voltam aos “bancos

escolares”, seja para fazer cursos de capacitação, atualização ou, até mesmo,

de conclusão do ensino “perdido” devem ser tratados como tal. O ensino deve

respeitar a natureza desse ser complexo, compreendê-lo em todas as suas

dimensões: biológicas, psicológica, histórica e social. O modelo andragógico

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9 propicia uma aprendizagem permanente, tanto para o ser humano como para a

organização. O aprender a aprender é um processo ativo de criação e

percepção. Os múltiplos ambientes de aprendizagem são essenciais para a

incorporação de novas competências e habilidades que aumentam o

posicionamento do indivíduo na sociedade.

A andragogia está baseada na relação permanente de interação entre

os sujeitos da aprendizagem, ensinante e aprendente, no ato de aprender a

aprender. Desenvolver suas habilidades e atuar como sujeitos ativos no

processo coletivo de construção da sociedade em que vive. Cabe ao

Pedagogo Empresarial ser o mediador e articulador de atividades educativas

contínuas que favoreçam o processo de gestão do conhecimento humano e

organizacional.

Neste sentido o objetivo principal da pesquisa descrita nesta

monografia é compreender como o enfoque andragógico auxilia o Pedagogo

Empresarial no desenvolvimento da educação permanente de adultos.

Esta pesquisa se desenvolverá em etapas que irão constar de: coleta

de material bibliográfico (pesquisas em internet; artigos indexados e catálogos

de bibliotecas); leituras, fichamentos e seleção do material pesquisado; início

das leituras e da redação da monografia, fundamentado nas leituras e na

bibliografia específico.

O procedimento metodológico escolhido para sistematizar os estudos

foi o método hipotético-dedutivo, que permite um diálogo com a discussão

teórica, tendo como objetivo demonstrar as diversas possibilidades da

pedagogia empresarial através da andragogia.

Este trabalho monográfico foi baseado em levantamento bibliográfico,

no qual será abordado no primeiro capítulo a andragogia. No capítulo 2 será

abordado a pedagogia empresarial. Já no terceiro capítulo será abordada a

andragogia na pedagogia empresarial.

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CAPÍTULO I

ANDRAGOGIA

1.1 – Em Busca do Conceito

A andragogia é a grande revolução tecnológica para obtenção da

excelência organizacional, uma vez que ela trata do desenvolvimento da

pessoa adulta. As relações infantilizadoras, responsáveis pela reatividade dos

profissionais, devem ser substituídas pelas relações andragógicas, que

buscam a conscientização da maioridade dos empregados e os conduzem à

pró-atividade responsável.

Conforme Felix Adam (apud Vicentini, 2006), o conceito de andragogia

fundamenta-se na etimologia, anner, homem, agogus, conduzir. Indo adiante

complementa este conceito afirmando que a andragogia busca:

“Manter, consolidar e enriquecer os interesses do adulto para abrir-lhe

novas perspectivas de vida profissional, cultural, social, política e

familiar; Orientar o adulto na busca de novos rumos de caráter

prospectivo, que levem à idéia de aperfeiçoar e progredir; Atualizar o

adulto, renovar seus conhecimentos para que siga aprendendo,

investigando, reformulando conceitos e enriquecendo suas vidas

culturais,científicas e tecnológicas e; Projetar o conhecimento para a

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11 dimensão humana para que chegue a interpretar-se em sua essência

e reconhecer seu papel de participante responsável pela vida no

planeta.” (Adam apud Vicentini, 2006:5)

Os conceitos inerentes ao modelo andragógico têm subentendida uma

definição de adulto que vê a capacidade de este ser responsável por si próprio

nos diferentes contextos de vida.

Knowles (ibid, 2006), nos apresenta os seguintes conceitos: Conceito

de aprendente, que é aquele que aprende, que é autodirigido - responsável

pela sua própria aprendizagem e que estabelece e delimita o seu percurso

educacional; Experiência do aprendente, os adultos entram num processo

educativo com diferentes quantidades e qualidades de experiências. Uma

diversidade que deve ser aceita e servir de base à formação. Deve ser

considerada uma importante fonte de recursos a partilhar e valorizar;

Disponibilidade para aprender, o adulto começa a ter disponibilidade para

aprender quando sente a necessidade de conhecer ou quando pretende

melhorar a sua performance em determinado aspecto da sua vida; Orientação

para aprender, o adulto tem uma orientação pragmática, atividade centrada na

vida, na tarefa ou no problema concreto a resolver. A experiência de

aprendizagem (currículo) deve ser organizada de acordo com conteúdos que

tenham sentido e sejam adequados às tarefas a serem realizadas nos

diversos contextos de vida e; Motivação para aprender, leva em conta as

motivações externas, melhor trabalho, aumento salarial, mas valoriza,

particularmente, as motivações internas, auto-estima, reconhecimento, melhor

qualidade de vida, autoconfiança, atualização das potencialidades pessoais.

O autor nos fornece outros conceitos de aplicação dos princípios da

andragogia para o modelo de treinamento. As instruções precisam ser

orientadas para o trabalho, a atividade de aprendizado deve estar no contexto

de tarefas comuns a serem realizadas; As instruções devem considerar a

grande faixa de diferentes níveis de experiências anteriores; As instruções

devem permitir que aprendizes descubram as coisas por si sós, fornecendo

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orientação e ajuda quando erros são cometidos; Os aprendizes precisam estar

envolvidos no planejamento e avaliação de suas instruções; Experiência

(inclusive erros) fornece a base para as atividades de aprendizado; Os

aprendizes tem mais interesse em aprender conteúdos que têm relevância

imediata para seu trabalho ou vida pessoal e; O aprendizado em vez de ser

orientado para o conteúdo é centralizado no problema. Soma-se a estes

conceitos a compreensão da concepção do adulto para desencadear um

processo de ação formativa no mercado.

O aprendiz é definido como ser histórico, sua infância e adolescência

fazem parte do passado e caminho para a velhice, o processo de socialização

do seu ser e da sua personalidade. É este ser que dia-a-dia procura completar-

se por ser um ser inacabado. Neste sentido, busca a sua autonomia individual,

fruto de uma conquista progressiva pela vida.

Paulo Freire (1996), afirma que ninguém educa ninguém, e nem

aprende sozinho, nós aprendemos através do mundo. O mesmo autor, ainda,

diz que ensinar é criar as possibilidades para a produção ou a construção do

conhecimento.

Lindeman (apud Goecks, 2004), pressupõe para a educação de

adultos cinco pontos. Hoje, fundamentam a moderna teoria de aprendizagem

de adulto: 1º Adultos são motivados a aprender à medida que suas

necessidades e interesses serão satisfeitos. Por isto é apropriado se iniciar na

organização atividades práticas, com experiências de aprendizagem do adulto;

2º A vida é o centro da orientação de aprendizagem do adulto; assim os

conteúdos apropriados para a organização do programa de aprendizagem são

as situações de vida e não disciplinas; 3º A mais rica fonte para o adulto

aprender é a experiência, a metodologia da educação do adulto é centrada na

análise das experiências; 4º Adultos têm necessidade de serem autodirigidos,

ao professor cabe orientar os alunos no processo de mútua investigação e não

apenas transmitir-lhes seu conhecimento e depois avaliá-los e; 5º com a idade

crescem as diferenças individuais entre as pessoas, sendo assim, a educação

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13 de adultos considera as diferenças de tempo, lugar, estilo e ritmo de

aprendizagem de cada um.

1. 2 – A Evolução Histórica

Oliveira (2006) nos demonstra que a educação de adultos é uma

prática tão antiga quanto a história da humanidade, mas só recentemente tem

sido objeto de estudo científico.

Na antiguidade, os gregos inventaram o que se chama de Diálogo de

Sócrates, onde o líder, ou outro membro do grupo, apresenta seu pensamento

e experiência e, a partir daí, os liderados buscam soluções para o assunto. Por

outro lado, os romanos, foram mais confrontadores. Usavam desafios para

forçar os membros do grupo a tomarem posição em defesa própria. Apesar

dessas referências citadas acima, a história da Andragogia baseia-se na

pedagogia e por isso devemos resgatar um pouco desta memória evolutiva.

Na Europa, no início do século VII, a escola para o ensino de crianças,

tinha o objetivo de preparar jovens rapazes para o serviço religioso,

conhecidas como Catedrais ou Escolas Monásticas. A missão dos professores

dessas escolas era a doutrinação dos jovens na crença, fé e rituais da igreja.

Eles ajuntaram uma série de pressupostos sobre aprendizagem, ao que

denominaram de "pedagogia" - palavra, que significa literalmente, "a arte e

ciência de ensinar crianças" - Etimologicamente a palavra é grega e significa:

"paido", criança e "agogus", educar. Esse modelo de educação foi mantido até

o século XX, pois não havia estudos aprofundados sobre sua inadequação

para outras faixas etárias que não a infância. E assim, este modelo veio a ser a

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base organizacional de todo o nosso sistema educacional, incluindo o

empresarial. Mas, após a Primeira Guerra Mundial, surgiu nos Estados Unidos

e na Europa uma estrutura de concepções diferenciadas sobre as

características do aprendiz adulto.

Sendo, após duas décadas, o suporte das concepções que baseiam a

teoria da aprendizagem dos adultos Lindeman em 1926 (apud Oliveira, 2006)

contribuiu para pesquisa da educação de adultos publicando "The Meaning of

Adult Education" onde expunha suas idéias e sua filosofia influenciada por

John Dewey, onde afirma que:

“a educação de adulto será através de situações e não de disciplinas.

Nosso sistema acadêmico cresce em ordem inversa: disciplinas e

professores constituem o centro educacional. Na educação

convencional é exigido do estudante ajustar-se ao currículo

estabelecido; na educação de adulto o currículo é construído em

função da necessidade do estudante. Todo adulto se vê envolvido

com situações específicas de trabalho, de lazer, de família, da

comunidade, etc. - situações essas que exigem ajustamentos. O

adulto começa nesse ponto. As matérias (disciplinas) só devem ser

introduzidas quando necessárias. Textos e professores têm um papel

secundário nesse tipo de educação; eles devem dar a máxima

importância ao aprendiz.” (Lindeman, apud Oliveira, 2006:1)

Enfatiza a experiência do aprendiz como a fonte de maior valor na

educação de adulto. A psicologia nos ensina que aprendemos o que fazemos e

a genuína educação deve manter o fazer e o pensar juntos. A experiência é a

base do aprendiz adulto.

Na educação de adultos não há espaço para ensino autoritário,

exames que predeterminam o pensamento original, fórmulas pedagógicas

rígidas. Adultos aprendem através do confronto das situações pertinentes.

“Buscam seus referenciais nos reservatórios de suas experiências, antes

mesmo das fontes de textos e fatos secundários.” (ibid, 2006) Os professores

devem conduzi-los a discussões, pois não são referenciais/ oráculos de saber.

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15 Isto tudo constitui a fonte para a educação de adultos, um sistêmico

questionamento sobre o significado da vida.

A grande distinção entre a educação convencional e a educação de

adultos encontra-se no processo de aprendizagem em si mesmo. O professor

deve ter humildade para compreender que a experiência do aluno tem o

mesmo peso que o conhecimento dele. Não há distinção entre quem aprende

mais: se o professor ou o aluno. Um caminho duplo que se reflete na divisão

de autoridade. O aluno ajuda na formulação do currículo. Democraticamente, a

autoridade é do grupo. Uma lição nada fácil, mas se não for aprendida, a não

haverá sucesso.

Conscientes de suas decisões de vida os adultos esperam ser tratados

pelos demais como indivíduos capazes de se autogerir. O professor deve

engajar o educando em todas as etapas de sua formação e utilizar as energias

do grupo como tal, a identidade é construída a partir da experiência e as

pressões internas que são os maiores fatores de motivação.

Esses conceitos estavam dispersos e necessitavam de uma unificação

teórica. Assim, entre 1940 e 1950 esses princípios, através de conhecimentos

oriundos de várias disciplinas, foram esclarecidos e reelaborados. A

Psicoterapia contribuiu muito para a Andragogia. Isto porque os

psicoterapeutas estão essencialmente voltados para a reeducação

especialmente dos adultos.

Freud contribuiu com seus estudos sobre o "subconsciente e

comportamento". Com os conceitos sobre ansiedade, repressão, fixação,

regressão, agressão, mecanismos de defesa, projeção e transferência. Jung,

com sua visão holística, introduz na noção da consciência humana quatro

maneiras de extrair informações das experiências para a internalização da

compreensão: sensação, pensamento, emoção e intuição. (ibid, 2006)

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Para Freire (1996), os seres humanos são os únicos capazes de

aprender com alegria e esperança, na convicção de que a mudança é possível.

Aprender é uma descoberta criadora, aberta ao risco e a aventura do ser.

Ensinando se aprende e aprendendo se ensina pois educar é como viver:

exige a consciência do inacabado. A história se faz quando me faço com os

outros, não é um tempo de determinismo e sim de possibilidades. (VICENTINI,

2006)

1. 3 - Proposições da Andragogia

Oliveira (2006) demonstra que Malcolm Knowles ao tentar formular a

teoria de aprendizagem de adultos entre 1950 e 1960 constatou que, a cerca

do aprendiz, resumem-se algumas premissas pedagógicas: 1- a necessidade

de conhecer, o que o professor tem a ensinar; 2- o autoconceito do aprendiz,

uma pessoa dependente; 3- o papel da experiência, pouco valorizada; 4-

prontidão para aprender, o que o professor determina; 5- orientação para

aprendizagem, voltada para disciplinas, aquisição de conteúdos programáticos

e; 6- motivação, externa.

Diante destes pressupostos pedagógicos mencionados acima, a

Andragogia questiona a validade, dos mesmos, para o relacionamento

educacional com adultos. Pois, o respeito à maioridade é o ponto fundamental

para se estabelecer uma relação efetiva de aprendizagem. Compreende-se

que o adulto é sujeito da educação e não o objeto da mesma. Por isso, Paulo

Freire (1987) nos aponta como inconveniente o professor ser a principal

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17 referência do conhecimento a ser depositado no aprendiz. Para se trabalhar

com adultos deve-se estabelecer um mesmo plano de aprendizagem, uma

mútua relação a ser compartilhada, com humildade, com os aprendizes.

Considerando-se que na relação educacional o aprendiz adulto

interage de modo diferente da criança, as premissas pedagógicas

mencionadas anteriormente, devem ser substituídas pelas Andragógicas nos

seguintes termos: 1- Necessidade de conhecer, adultos sabem da sua

necessidade de conhecimento e prática de tal conhecimento no seu dia-a-dia

é fator determinante; 2- Autoconceito do aprendiz, o adulto tem consciência de

sua necessidade de conhecimento e ação de forma independente. Tem

capacidade plena de se autodesenvolver; 3- O papel da experiência, base de

aprendizagem; 4- Prontidão para aprender, o adulto está pronto para aprender

o que decide aprender. Seleção de aprendizagem é natural e realista; 5-

Orientação para aprendizagem, tem significado para o seu dia-a-dia e não

apenas retenção de conteúdos para futuras aplicações e; 6- Motivação, interna

– centrada na própria vontade de crescimento.

1. 4 - Princípios Andragógicos

É defendido o conceito de adulto de forma simplificada e resumida de

que o indivíduo será maduro o suficiente para assumir as responsabilidades

por seus atos diante da sociedade. Porém, a maturidade humana apresenta

uma certa complexidade para a definição dos seus limites e, por isso, varia de

cultura para cultura.

Para elaborar um conceito mais completo e objetivo devemos

considerar, segundo Knowles (apud Oliveira, 2006), quatro aspectos da

capacidade humana: sociológico, biológico, psicológico e jurídico.

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“A capacidade sociológica diz respeito aos padrões que a sociedade

estabelece para reconhecer a independência do indivíduo para

assumir sua responsabilidade produtiva. É relacionada, portanto, ao

plano econômico. A capacidade biológica refere-se à potencialidade

de reprodução da espécie. Essa fase é marcada pela puberdade, ou

seja, o menino é capaz de ejacular e a menina de menstruar, o que

anuncia a maturidade física, e conseqüente capacidade de

procriação. A capacidade psicológica está ligada à independência

psíquica do indivíduo. É caracterizada pela competência auto-

administrativa, que permite o indivíduo estabelecer seu próprio

equilíbrio, resultante dos conflitos cognitivos que são gerados pelas

forças dissonantes e consonantes do seu processo mental. A

capacidade jurídica é relacionada às normas legais para o

relacionamento público do cidadão. Nessa esfera ele é considerado

apto ou não para responder por seus atos que, por ventura venham a

infringir os padrões morais de convivência social.” (Knowles, apud

Oliveira, 2006:4)

Expandindo o conceito que foi apresentado anteriormente, poderíamos

elaborá-lo da seguinte forma: “Adulto é aquele indivíduo que ocupa o status

definido pela sociedade, por ser maduro o suficiente para a continuidade da

espécie e auto-administração cognitiva, sendo capaz de responder pelos seus

atos diante dela.” (ibid, 2006).

Tal conceito não deve ser separado conceito do contexto social, sob o

risco de sua alienação, pois é o acordo entre os indivíduos de uma certa

sociedade que estabelece o padrão de vida comunitária. Por isso, o conceito

poder variar de sociedade para sociedade.

Podemos ainda refletir sobre os princípios que norteiam o

relacionamento com a pessoa madura. Foram elaborados quatorze princípios,

em louvor aos 14 pontos de Deming (ibid, 2006), expressados para a essência

da Andragogia, sendo ao mesmo tempo fornecido um referencial para o

relacionamento de cunho educacional numa organização.

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19 1- O adulto é dotado de consciência crítica e consciência ingênua. Sua

postura pró-ativa ou reativa tem direta relação com seu tipo de consciência

predominante;

2- Compartilhar experiências é fundamental para o adulto, tanto para

reforçar suas crenças, como para influenciar as atitudes dos outros;

3- A relação educacional de adulto é baseada na interação entre

facilitador e aprendiz, onde ambos aprendem entre si, num clima de liberdade

e pró-ação;

4- A negociação com o adulto sobre seu interesse em participar de

uma atividade de aprendizagem é chave para sua motivação;

5- O centro das atividades educacionais de adulto é na aprendizagem

e jamais no ensino;

6- O adulto é o agente de sua aprendizagem e por isso é ele quem

deve decidir sobre o que aprender;

7- Aprender significa adquirir: Conhecimento, Habilidade, Atitude. O

processo de aprendizagem implica na aquisição incondicional e total desses

três elementos;

8- O processo de aprendizagem do adulto se desenvolve na seguinte

ordem: Sensibilização (motivação), Pesquisa (estudo), Discussão

(esclarecimento), Experimentação (prática), Conclusão (convergência) e,

Compartilhamento (sedimentação);

9- A experiência é o melhor elemento motivador do adulto. Portanto, o

ambiente de aprendizagem com pessoas adultas é permeado de liberdade e

incentivo para cada indivíduo falar de sua história, idéias, opinião,

compreensão e conclusões;

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10- O diálogo é a essência do relacionamento educacional entre

adultos, por isso a comunicação só se efetiva através dele;

11- A práxis educacional do adulto é baseada na reflexão e ação,

conseqüentemente os assuntos devem ser discutidos e vivenciados, para que

não se caia no erro de se tornar verbalistas – que sabem refletir, mas não são

capazes de colocar em prática; ou ativistas - que se apressam a executar, sem

antes refletir nos prós e contras;

12- Quem tem capacidade de ensinar o adulto é apenas Deus que

conhece o íntimo da pessoa e suas reais necessidades. Portanto se você não

é Deus, não se atreva a desempenhar esse papel;

13- O professor tradicional prejudica o desenvolvimento do adulto, pois

o coloca num plano inferior de dependência, reforçando, com isso, seu

indesejável comportamento reativo próprio da fase infantil;

14- O professor que exerce a "Educação Bancária" – depositador de

conhecimentos – cria a perniciosa relação de "Opressor X Oprimido", que pode

influenciar, negativamente, o modelo cognitivo do indivíduo pela vida inteira.

1. 5 - Andragogia – A Arte e Ciência de Orientar Adultos a

Aprender

Kevin Milher (apud Cavalcanti, 2006), “afirma que estudantes adultos

retêm apenas 10% do que ouvem, após 72 horas. Entretanto serão capazes de

lembrar de 85% do que ouvem, vêm e fazem, após o mesmo prazo.” E as

informações mais lembradas serão aquelas recebidas nos primeiros 15

minutos de uma aula ou palestra. Então, para melhorar estes dados, faz-se

necessário conhecer as peculiaridades da aprendizagem no adulto e, adaptar

ou criar métodos didáticos para serem usados nesta população específica.

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21 Segundo Knowles (ibid, 2006), as pessoas, sofrem transformações a

medida que amadurecem. Passam a ser indivíduos independentes,

autodirecionados. Acumulam experiências de vida que vão fundamentando seu

aprendizado futuro. Seus interesses, pelo aprendizado, se direcionam para o

desenvolvimento das habilidades que utiliza no seu papel social, na sua

profissão. Esperam uma aplicação prática imediatada do que aprendem.

Preferem aprender para resolver problemas e desafios, do que aprender

simplesmente um assunto. Passam a apresentar motivações internas mais

intensas que motivações externas como notas em provas, por exemplo.

Partindo destes princípios foram realizadas várias pesquisas sobre o

assunto. Em 1980, Brundage e MacKeracher identificaram trinta e seis

princípios de aprendizagem em adultos. Wilson e Burket, em 1989

identificaram inúmeros conceitos que dão suporte aos princípios da

Andragogia. E Robinson, em 1992, comprovou vários dos princípios da

Andragogia, em pesquisa por ele realizada entre estudantes secundários,

principalmente o uso da experiência de vida e a motivação intrínseca em

muitos estudantes. (ibid, 2006)

Fontes (2006) apresenta um quadro comparativo das principais

características / diferenças entre crianças (pedagogia) e adultos (andragogia):

Características

da

Aprendizagem

Pedagogia Andragogia

Relação

Professor

/Aluno

Professor é o centro das

ações, decide o que

ensinar, como ensinar e

avalia a aprendizagem

A aprendizagem adquire uma

característica mais centrada no

aluno, na independência e na

auto-gestão da aprendizagem

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Razões da

Aprendizagem

Crianças devem aprender

o que a sociedade espera

que saibam, seguindo um

currículo padrão

Pessoas aprendem o que

realmente precisam saber – visam

a aplicação prática na vida diária

Experiência do

Aluno

O ensino é didático,

padronizado e a

experiência do aluno tem

pouco valor e utilidade

A experiência dos adultos é rica

fonte de aprendizagem, através da

discussão e da solução de

problemas em grupo

Orientação da

Aprendizagem

Aprendizagem por assunto,

tema ou matéria. É

dominante a lógica dos

conteúdos

Aprendizagem baseada em

resolução de problemas e tarefas,

exigindo ampla gama de

conhecimentos para se chegar a

solução

Motivação

A motivação para a

aprendizagem é

fundamentalmente

resultado de estímulos

externos ao aluno, como

notas, classificações

escolares e apreciações

do professor e pressões

familiares

Os adultos são sensíveis a

estímulos de natureza externa,

mas são os fatores de ordem

interna que os motivam para a

aprendizagem (satisfação, auto-

estima, qualidade de vida, etc)

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23

Vontade de

Aprender

A finalidade é obter o êxito

e progredir em termos

escolares

Os adultos estão dispostos a iniciar

um processo de aprendizagem

desde que compreendam sua

utilidade para melhor enfrentar

problemas reais de sua vida

pessoal e profissional

Estes princípios já foram explorados para a administração de recursos

humanos. Trazem vantagens para as empresas pois a capacidade de

autogestão do próprio aprendizado, de auto-avaliação, de motivação intrínseca

podem ser usados como bases destes programas onde os empregados

assumam o comando de seu próprio desenvolvimento profissional. Uma

gestão baseada nestes modelos aumentará o comprometimento, a auto-

estima, a responsabilidade e a capacidade de grupos de funcionários para

resolverem seus problemas no trabalho.

Na atividade andragógica percebe-se que o ponto de vista cultural,

profissional e social é a confrontação de experiências de dois adultos, daquele

que educa (facilitador) e daquele que é educado (aprendiz). Ambos são

adultos com experiências igualadas no processo dinâmico da sociedade. Deixa

de existir o conceito tradicional, onde um ensina e o outro aprende, um sabe e

o outro não sabe, passa a existir uma ação recíproca onde, em algumas

vezes, é o facilitador quem aprende (FAVA, 2006).

“O professor necessita ter a humildade suficiente para, além de se

tornar um aprendiz, transformar-se em tutor eficiente para demonstrar

a importância prática do assunto a ser estudado; transmitir o

entusiasmo pelo aprendizado; mostrar como aquele conhecimento

fará diferença na vida dos alunos; e, enfatizar que aquele aprendizado

irá mudar suas vidas e a de outras pessoas.” (Fava, 2006:3).

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24

Para iniciar um processo de mudança o aprendiz necessita mudar seus

próprios valores, suas crenças (desaprender para aprender) e ser flexível, para

aumentar sua capacidade de aprendizado. Só conseguirá isso mudando as

suas atitudes.

Estes princípios já estão sendo empregados nas empresas através dos

departamentos de Relações Humanas. Métodos administrativos de CQT

(controle de qualidade total) aproveitam estas características dos adultos. Em

reuniões periódicas são estimulados a discutir os problemas nos diferentes

setores, os processos de suas responsabilidades, as causas e as possíveis

soluções que serão implementadas e reavaliadas posteriormente.

Deve-se preservar as características positivas da Pedagogia e

introduzir as inovações eficientes da Andragogia. O aprendiz deve perceber a

necessidade para uma aprendizagem contínua ao longo de sua vida e buscar

constante atualização e capacitação, para se tornar um profissional mais

competente, com auto-estima elevada, seguro de suas habilidades e

comprometido com a sociedade que irá servir.

O Eixo Andragógico constitui-se do Participante e do Facilitador,

direcionados pelos princípios da Horizontalidade e Participação. O sucesso

deste tipo de aprendizagem beneficia a todos. A Andragogia é aprendizado em

mão dupla, nos dois sentidos.

Alcalá (apud Goecks, 2004) nos exemplifica isso quando afirma que:

“a Andragogia é a ciência e a arte que, sendo parte a Antropologia e

estando imersa na Educação Permananente, se desenvolve através

de uma prática fundamentada nos princípios da Participação e da

Horizontalidade, cujo processo, orientado com características

sinérgicas pelo Facilitador do aprendizado, permite incrementar o

pensamento, a autogestão, a qualidade de vida e a criatividade do

participante adulto, com o propósito de proporcionar uma

oportunidade para que se atinja a auto-realização.” (Alcalá, apud

Goecks, 2006:3)

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25

CAPÍTULO II

PEDAGOGIA EMPRESARIAL

2.1 – Em busca do Conceito

No contexto brasileiro caracteriza-se como uma das possibilidades de

atuação do pedagogo bastante recente. Surge vinculado à idéia da

necessidade de formação e/ou preparação dos Recursos Humanos nas

empresas (RIBEIRO, 2003).

Nem sempre as empresas preocuparam-se com o desenvolvimento de

seus recursos/capitais humanos, entendidos como principal fator do êxito

empresarial. Essa preocupação surgiu nas empresas como uma necessidade,

ao mesmo tempo, interna e externa por melhor desempenho e formação

profissional.

A partir daí o pedagogo passou a ganhar espaço nas empresas como

profissional que atua na área de Desenvolvimento de Recursos Humanos.

Especificamente em treinamento de pessoal, responsável pela preparação e

formação de empregados para o atendimento das especificidades da

organização. Nas empresas a Pedagogia visa qualificar todo o pessoal da

organização elevando a qualidade e produtividade.

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26

A atuação do pedagogo na empresa tem como meta principal a

filosofia e a política de recursos humanos adotadas pela Organização. O

treinamento não tem um fim em si mesmo e a postura adotada na empresa é

diferente da adotada em uma escola.

Essencialmente a Empresa é considerada um espaço educativo.

Estruturado como uma combinação de pessoas em torno de uma mesma

atividade com objetivos específicos, como um espaço aprendente. Cabe a

Pedagogia buscar de estratégias e metodologias que garantam uma melhor

apropriação de informações e conhecimentos, tendo como plano a realização

de ideais e objetivos precisamente definidos. Como Ribeiro (2003) podemos

considerar que a Pedagogia Empresarial “tem como finalidade principal

provocar mudanças no comportamento das pessoas de modo que estas

melhorem tanto a qualidade do seu desempenho profissional quanto pessoal”.

Observa-se que a Pedagogia Empresarial se ocupa basicamente em

desenvolver conhecimentos, competências, habilidades e atitudes

diagnosticados como imprescindíveis à melhoria da produtividade. Para tal,

introduz programa de qualificação/requalificação profissional, produz e

transmite conhecimento, organiza o setor de treinamento, promove programas

de levantamentos de necessidades de treinamento, cria e adequa

metodologias da informação e da comunicação às práticas de treinamento.

“O Pedagogo Empresarial precisa de uma formação filosófica,

humanística e técnica sólida a fim de desenvolver a capacidade de atuação

junto aos recursos humanos da empresa” (ibid, 2003:3).

Segundo Amaral (2006) a sociedade contemporânea sofre profundas

mudanças nas organizações, no modo de produção e nas relações humanas

com o desenfreado desenvolvimento científico e tecnológico das últimas

décadas.

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27 Muitos conceitos têm sido questionados, mitos, verdades e

comportamentos derrubados e o conhecimento tem ultrapassado os limites

geográficos, sociais e educacionais com uma vertiginosa velocidade com a

globalização. As novas tendências sociais e os novos rumos impostos pela Era

da Informação tecnológica e virtual influenciam diretamente a educação e o

conhecimento. Atualmente é uma tarefa extremamente difícil administrar a

quantidade de informações veiculadas e estar especializado e atualizado.

O mundo transforma-se a todo momento impactando nosso formato

social e o resultado mais visível desse processo é que o conhecimento se

torna obsoleto obrigando-nos à uma atualização constante e contínua.

Gerenciar processos de mudança exige novas posturas e novos

valores organizacionais, características fundamentais para empresas que

pretendem manter-se ativas e competitivas no mercado. Uma das tarefas do

Pedagogo Empresarial é a de ser o mediador e o articulador de ações

educacionais na administração de informações dentro do processo contínuo de

mudanças e de gestão do conhecimento.

O profissional da educação pode atuar na área de Recursos Humanos

orientando seus conhecimentos para os colaboradores da empresa com o

objetivo da melhoria de resultados coletivos. Tem como tarefas: desenvolver

projetos educacionais, selecionar e planejar cursos de aperfeiçoamento e

capacitação, representar a empresa em negociações, convenções, simpósios,

realizar palestras, conduzir novas tecnologias, pesquisar a utilização e a

implantação de novos processos, avaliar o desempenho e desenvolver projetos

para o treinamento dos funcionários.

Outra modo de a capacitação e treinamento dos recursos humanos no

mercado empresarial é a Universidade Corporativa. Essas Universidades

contribuem para a aquisição dos conhecimentos dos novos processos de

produção e valores organizacionais harmônicos com a missão da empresa.

Desenvolvendo um sistema de aprendizado contínuo voltado para as

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necessidades específicas das empresas e de seus colaboradores. Esse novo

espaço educacional tem crescido e inclina-se a intensificar-se gerando uma

nova procura social de Pedagogos Empresariais.

São as pessoas que formam as organizações. As organizações

precisam das pessoas e as pessoas precisam das organizações, numa relação

simbiótica elas são úteis as empresas como as empresas são úteis para elas.

Dentro do novo paradigma de competitividade edessa interdependência em

mercados globais, são imprescindíveis o treinamento e o aprendizado para o

aproveitamento das oportunidades pessoais e organizacionais e para a

neutralização das ameaças ambientais. As medidas do crescimento da

aprendizagem organizacional são a criatividade e a inovação.

São os diferenciais das empresas para a competitividade, qualidade e

lucratividade, a aprendizagem e o treinamento de pessoas. Sendo assim,

investir no conhecimento contínuo e coletivo do capital intelectual das

empresas tende progressivamente ao crescimento.

Evidencia-se, hoje, que a palavra de ordem é Gestão do

Conhecimento. As instituições devem repensar seus modelos e conceitos e

não agarrarem-se a velhos paradigmas do aprendizado e das relações

humanas. A austeridade da reestruturação sócio-econômica obriga que as

instituições de ensino desenvolvam competências nos alunos que atendam às

exigências do mercado de trabalho e que as organizações reestruturem-se e

transformem o ambiente de trabalho num ambiente de contínua aprendizagem,

contribuindo não só para a formação das pessoas, mas para a construção de

pessoas que se antecipem aos acontecimentos, sejam atualizadas e saibam

como nos apresenta Delors (2006) nos quatro pilares da educação: aprender a

conhecer, a fazer, a conviver e a ser, ou seja, constantemente aprender a

aprender.

Libâneo (2005) relata que no campo da Pedagogia, inúmeras

possibilidades são abertas para além do espaço escolar, dentre elas a atuação

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29 do profissional no campo empresarial, nos movimentos sociais, nas

Organizações Não-Governamentais. Segundo o autor: “ o campo de atuação

do profissional formado em Pedagogia é tão vasto quanto são as práticas

educativas na sociedade. Em todo lugar onde houver uma prática educativa

com caráter de intencionalidade, há uma pedagogia” (ibid, 2005:51).

Adota-se uma perspectiva de pesquisa no processo de formação do

pedagogo para que o próprio construa elementos que conduzam sua atuação

profissional. Este pensamento está relacionado a idéia de autonomia, ética,

comprometimento, competência e autoridade por parte do profissional da

educação. Quando este profissional tiver noções claras a respeito do que seja

cidadania poderá possibilitar a ampliar sua visão e a dos seus aprendizes, a

respeito de cidadania. A busca constante de informações e inquietações a

respeito das mesmas propiciará um caminhar na efetivação da cidadania,

noção que está para além das noções de direitos humanos. A cidadania, aqui

entendida, está vinculada à idéia de participação e de ação coletiva, pois é nas

relações sociais que surgirão identidades, reivindicações, desvelamento de

idéias, etc. No campo educativo da Pedagogia constituem-se possibilidades

para a efetivação da cidadania ativa, como construção de conhecimentos, de

atitudes, de posturas e valores, além da possibilidade de romper paradigmas.

No mundo do Ter precisamos aprender a ser. Os Pedagogos

enfrentam o desafio de orientar e despertar nos seres humanos todo o seu

potencial (suas habilidades e competências) que será utilizado no mundo do

trabalho, de acordo com ideais adequados a uma concepção de vida que zele

pelo interesse de autogestão e evolução de toda a humanidade, mantendo

uma convivência de mútuo respeito e ética.

2. 2 – Um Breve Histórico

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Segundo Holtz (2006) durante muitos séculos, a formação do caráter e

da personalidade das pessoas foi objeto de estudo e de meditação, sem que

houvesse dado a este conjunto de conhecimentos, mais ou menos

sistematizados, qualquer nomeação específica. Filósofos estudavam os

problemas educativos mas entre a teoria filosófica e realidade prática havia

uma grande distância. Aos poucos, foram surgindo os pedagogos, pessoas

que começaram a se relacionar diretamente com as práticas educativas.

Na antiguidade, chamava-se pedagogo o escravo que conduzia e

acompanhava as crianças. O termo significa, aquele que conduz a criança. De

simples condutor ou guardião da criança, acabou por se transformar num

Preceptor, um mestre encarregado da educação no lar.Após Roma conquistar

a Grécia, entregaram a educação dos seus filhos a gregos, seus escravos,

muitos dos quais eram sábios, filósofos, sofistas, oradores, ...

Com o o advento do Cristianismo e o fim da escravatura, o Pedagogo-

escravo deixou de existir. Assim receberam o nome de pedagogos, os pobres,

aprendizes dos filósofos que serviam de preceptores dos filhos dos fidalgos e

dos grandes senhores. Enquanto estudavam, ensinavam. Com o tempo estes

pedagogos/estudantes começaram a reunir aos filhos do palácio onde

trabalhavam, outras crianças de famílias conhecidas das redondezas. Surgindo

assim as primeiras escolas particulares. A palavra pedagogo, nessa época,

começou a ser usada como sinônimo de Mestre-escola.

Foi da palavra pedagogo que resultou o termo pedagogia, palavra que

aparece para designar uma ciência e uma arte que tem raízes quase tão

antigas como a história da humanidade.

No século XVIII surge o vocábulo pedagogia, que já se usava na

linguagem corrente, como designação da Ciência da Educação. O vocábulo se

enobreceu e enobreceu a profissão de pedagogo.

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31 Hoje, o pedagogo é, além de especialista em pedagogia - Ciência e

Arte da Educação também, especialista em conduzir o comportamento das

pessoas (e não mais só conduzir crianças), para uma mudança de

aprendizagem em direção aos objetivos da Educação.

2. 3 – Atribuições do pedagogo Empresarial

Holtz (ibid, 2006) nos indica as seguintes:

1. Conhecer as soluções para as questões que envolvem a

produtividade das pessoas humanas - o objetivo de toda Empresa;

2. Conhecer e trabalhar na direção dos objetivos particulares da

Empresa onde trabalha;

3. Conduzir as pessoas que trabalham na Empresa - dirigentes e

funcionários - na direção dos objetivos definidos, humanos e empresariais;

4. Promover as condições necessárias (treinamentos, eventos,

reuniões, festas, feiras, exposições, excursões), para o desenvolvimento

integral das pessoas, influenciando-as positivamente (processo educativo),

com o objetivo de otimizar a produtividade;

5. Aconselhar, de preferência por escrito, sobre as condutas mais

eficazes das chefias para com os funcionários e destes para com as chefias, a

fim de favorecer o desenvolvimento da produtividade empresarial;

6. Conduzir o relacionamento humano na Empresa, através de ações,

que garantam a manutenção do ambiente positivo e agradável, estimulador da

produtividade.

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2. 4 – O Pedagogo Empresarial como Líder Educador

Para a formação e a atuação do pedagogo empresarial uma questão

importante é o entendimento dos comportamentos humanos no contexto

organizacional, pois toda a sua atuação está pautada na dimensão humana.

As políticas de Recursos Humanos não garantem mudanças ou

comprometimentos mais ou menos efetivos por si só, mas a efetiva atuação

profissional do pedagogo se dará quanto mais conhecimento se puder

disponibilizar acerca do comportamento humano no ambiente organizacional.

O pedagogo empresarial é um articulador de interesses, um líder na

dinâmica organizacional. Ocupar seu espaço de líder subentende-se

reconhecer que as relações interpessoais implicam o trato com diferentes tipos

humanos e, conseqüentemente, de lideranças, se considerados os papéis que

desempenham dentro de um determinado grupo. Segundo Ribeiro (2006),

auma das tarefas do Pedagogo Empresarial é fazer/ser um líder educador que

vê com nitidez, que o seu ideal de vida, suas aspirações e objetivos

correspondem a uma questão social e ética.

A liderança envolve influência de palavras mas, principalmente de

atitudes e exemplos. Uma habilidade de transformar situações, modificando ou

tranformando as pessoas.

Conforme Holtz (2006) o líder educador obterá resultados eficazes

porque suas atitudes são tomadas de acordo com os objetivos a seguir:

1 – Agir apenas por virtude das suas intenções e dos seus exemplos.

Uma ação importante e a eficaz. Ser líder educador,é um dom, uma qualidade,

que pode ser cultivada e treinada;

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33 2 – Afirmar-se, acima de tudo, pela sua maneira de ser. Conquista a

autoridade por intermédio desta, antes de toda e qualquer análise;

3 – Provocar o entusiasmo, estimular a imitação e o treino, através do

exemplo e do prestígio que são os principais meios que emprega;

4 – Influenciar e convencer as pessoas, levando-as a viverem os

conhecimentos que transmite;

5 – Empregar técnicas com eficácia não dando sermões ou lições

ineficientes;

6 – Promover oportunidades de preparação e treino para uma vida

realizadora, espontaneamente.

O líder educador é naturalmente admirado, respeitado e imitado pelas

suas idéias, pela sua energia, pela coerência das suas atitudes, pela lição

constante do seu exemplo; É um estimulador das qualidades das pessoas, um

sugestionador positivo, pois a vida social é feita de recíprocas sugestões.

2. 5 – A Didática como Ferramenta de Treinamento nas

Organizações

Hoje, a Gestão de Pessoas procura tratar as pessoas como

importantes recursos organizacionais, e não meramente como meios de

produção/insumos para alcançar o lucro. Até a pouco tempo, elas eram

tratadas como objetos e meros agentes passivos da organização.

A tendência atual, então, é fazer com que todas as pessoas, em

qualquer nível dentro da organização, sejam administradoras de suas tarefas.

Além de executar suas atividades, a pessoa deve conscientizar-se de que ela

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é um elemento de diagnóstico e de solução de problemas para obter constante

melhoria do seu trabalho dentro da organização.

A cultura está pautada num ambiente de crenças e valores, costumes

e tradições, conhecimentos e práticas de convívio social e relacionamento

entre as pessoas. Um comportamento convencional aceito pela sociedade

provoca grande influência e condicionamento sobre todas as ações e

comportamentos das pessoas. Sendo assim, cultura organizacional é este

clima gerado dentro das instituições ao redor dos funcionários ali inseridos.

Nem sempre é fácil a união entre pessoas e organizações, pois se as

organizações são diferentes entre si, ocorre o mesmo com as pessoas que por

serem diferentes individualmente possuem suas próprias características e

objetivos separadamente.

Na sociedade atual a Didática é tida como principal instrumento de

garantia de bons resultados e melhores progressos na área educacional e

empresarial. Avanços a este respeito trazem resultados por meio de uma

aplicabilidade adequada de tal instrumento na capacitação de profissionais. A

didática se define por meio de estudos de técnicas de ensino em todos os

aspectos práticos, sendo possível colaborar para um bom planejamento,

favorecendo um meio inovador na aplicação de treinamentos. Libâneo (2005)

nos indica que a didática

“define-se como direção do processo de ensinar, no qual estão

envolvidos, articuladamente, fins imediatos (instrutivos) e mediatos

(formativos) e procedimentos adequados ao ensino e à

aprendizagem. Ou seja, a atividade teórica e a atividade prática que

se unificam na práxis de quem ensina.” (Libâneo, 2005:144)

A aprendizagem no treinamento visa a qualificação e o conhecimento

dos seres humanos tornando-os livres e reflexivos. Capazes de visualizar além

dos obstáculos que na maioria das vezes são colocados por nós mesmos.

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35 A didática nos aponta o caminho que conduz ao desenvolvimento

global. Somos conduzidos por pontos norteadores e planejamentos,

organizações de idéias e contextos, seguindo objetivos e metas. Tendo a

flexibilidade do planejamento um ponto chave para obtenção de resultados

positivos.

Adquirindo novos conhecimentos o indivíduo jamais terá a mesma

visão de antes. E, conseqüentemente, contribuirá com o seu desenvolvimento

para um avanço maior da empresa na qual trabalha. Na atualidade é

necessário inovar, motivar e buscar sempre algo novo, pois evidencia-se a

existência de cobrança do mercado por profissionais qualificados e treinados

para exercer o seu cargo com autonomia.

Treinar significa provocar o outro para uma busca maior de uma prática

autônoma ao cargo que ocupa. Reconstruindo significados, metas, objetivos,

e empenho a favor de si e da empresa na qual trabalha.

É preciso estar aberto ao conhecimento, as novas informações e a

aprendizagem contínua, pois somente ela poderá nos incluir e destacar nosso

diferencial de mercado. Garantir a troca de experiências vale muito quando se

trata de capacitação, qualificação e requalificação do trabalhador, renovando

sempre os conhecimentos e as idéias a serem compartilhadas por um mesmo

objetivo.

CAPÍTULO III

ANDRAGOGIA NA PEDAGOGIA EMPRESARIAL

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Uma das intenções da Pedagogia na Empresa é a qualificação de todo

o pessoal da organização nas áreas administrativas, operacional, gerencial,

elevando a qualidade e produtividade organizacional. Pois investimentos em

educação se fazem necessários hoje, constituindo um paradigma emergente

na busca constante da qualidade de vida, emancipação humana e cidadã.

O pedagogo empresarial ao atuar na área de desenvolvimento de

Recursos Humanos estará treinando os funcionários e auxiliando na formação

destes, objetivando atender aos Propósitos da Organização.

Deste modo, na sua atuação na empresa busca modificar o

comportamento dos trabalhadores, fazendo com que estes melhorem tanto

suas qualidades no desempenho profissional, como no desempenho pessoal.

Assim, o pedagogo empresarial em sua busca pela qualidade e

produtividade no trabalho deve ter como perspectiva transmitir conhecimentos,

identificar as habilidades e competências realizando um levantamento das

necessidades de Treinamento.

A sociedade contemporânea apresenta modificações significativas em

todos os aspectos do conhecimento. E o mundo do trabalho sofre com as

sucessivas modificações nas suas relações, tornando-se cada vez mais

exigente, em decorrência de certos fatores como: a globalização, contínua

competitividade, a demanda de profissionais criativos e eficazes.

Neste contexto, cabem as contribuições de Perrenoud (2000) a cerca

dos novos perfiz exigidos pela sociedade. As preocupações do pedagogo

empresarial, tem como objetivo estimular de forma contínua e atualizada os

profissionais da empresa, desenvolver técnicas de habilidades e competências

essenciais para uma boa qualificação profissional, principalmente,

relacionadas a capacidade de resolver situações-problema. Competências

consideradas como potências, aspectos pessoais a serem desenvolvidos.

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37 Essas competências se referem a Competência na atuação, uma idéia

instrumental de aprendizagem, que consiste em utilizar ferramentas que

possibilitem o trabalhador a por em prática os conhecimentos que foram

adquiridos. Caracteriza-se pela transmissão-ação da aprendizagem;

Competência técnica, ênfase nas técnicas onde são utilizados recursos como

debates, simulações, audiovisuais, dando a oportunidade do trabalhador

elaborar e apresentar projetos individuais; Competência para a auto-

aprendizagem, utiliza-se de técnicas e recursos que auxiliam na forma de

como aprender a trabalhar e; Competência social que estimula a formação de

trabalhos em equipes para a concretização das tarefas. Enfatizando a troca de

experiências possibilitando o enriquecimento do trabalho e uso de métodos de

comunicação.

Com isso sua atuação na empresa, precisa claramente identifica quais

serão os métodos utilizados, evitando o desperdício de recursos que não serão

úteis para a empresa. Na elaboração de um treinamento, os recursos são

estabelecidos de forma que sejam envolvidas tanto a competência técnica

como a competência social. Deve-se levar em conta algumas necessidades

como: modificação da rotina de trabalho, de forma que não prejudiquem as

ações estratégicas, elaboração de objetivos claros e precisos e ações onde

todos participem.

O aperfeiçoamento contínuo do indivíduo deve ser feito na perspectiva

do desenvolvimento, onde o pedagogo apóia o aperfeiçoamento individual dos

indivíduos, pois os acervos pessoais representam o maior capital de uma

organização. A capacidade de inovação pode ser percebida como requisito da

organização do trabalho.

A criatividade nas organizações pode ser desenvolvida através de

algumas ações como: encorajar e aceitar a mudança; impulsionar novas

idéias; proporcionar maior interação; tolerar os erros; definir objetivos claros e

liberdade para alcançá-los, oferecendo o reconhecimento. A produção do novo

se apóia na criatividade humana. O pedagogo empresarial deve atuar na

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constante e progressiva capacidade inovativa que é um instrumento central de

adaptação das empresas inseridas num ambiente competitivo. A inovação não

traz só a diferenciação dos produtos mas mantém a empresa no mercado.

É necessário que se estabeleça uma harmonia entre os diferentes

departamentos organizacionais, respeitando os estímulos, as opiniões de cada

pessoa que compõe a equipe. Pois trabalhar em equipe é considerada uma

competência essencial ao perfil de pedagogo empresarial.

Ao pedagogo caberá verificar e realizar um levantamento das

necessidades do trabalhador com o objetivo de identificar se este profissional

precisa ou não de um treinamento. Suprir, se for o caso, carências que o

funcionário apresente e possibilitar uma preparação profissional adequada,

melhorando seu desempenho e qualidade de vida da empresa.

Segundo Ribeiro (2006), treinamento é um procedimento utilizado pela

empresa para facilitar a aprendizagem dos funcionários, objetivando contribuir

para o crescimento da organização. São considerados importantes na

execução do treinamento alguns fatores, como: a cooperação das chefias e

coordenações da empresa, a qualidade e preparo dos instrutores e perfil dos

aprendizes. Dessa forma, o treinamento resultará em uma resposta coerente

as condições ambientais extremamente mutáveis e a novos requisitos para a

sobrevivência e crescimento organizacional.

Observa-se que o pedagogo na empresa, produz e difunde o

conhecimento, exercendo o seu papel de educador. Para atingir seus

objetivos, de atender não só a empresa mas também o seu principal capital

que é o trabalhador, deve realizar uma observação do comportamento dos

seus profissionais. Envolvendo todos os fatores que contribuem para o

sucesso e eficiência das metas estabelecidas pela organização.

Delors (2006) sustenta que o mundo exige uma atualização contínua

de saberes, pois está em plena mutação o tradicional sistema de ensino. São

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39 oferecidas diversas possibilidades de aprender ao longo da vida. É necessária

uma adaptação ao mundo do trabalho para dominar os ritmos e tempos de

cada pessoa. De posse de conhecimentos andragógicos o Pedagogo

Empresarial poderá despertar nas pessoas a vontade e o desejo de continuar

a aprender.

3. 1 - A Importância da Educação no Trabalho

Vivemos numa sociedade mundial centrada no trabalho. Constituído

como forma de realização e transposição de desafios, tornando a pessoa

admirada e respeitada. Como a maioria dos trabalhadores foi encaminhada na

busca do emprego (especialização em desempenhar determinada função,

almejando conquista e estabilidade) não estão preparados para o trabalho

“autônomo”, um viéis multiplicado na sociedade atual – cultivar a competência

da empregabilidade.

O trabalhador necessita estar habilitado de conhecimentos básicos que

lhe permitam crescer e multiplicar e transformar o que foi aprendido

anteriormente. Desenvolver a busca constante em aprender a aprender,

desapender e reaprender, assim, sucessivamente seguindo a crise do

indeterminismo apontado na sociedade.

O pedagogo não ocupa-se apenas da educação infantil. A pedagogia

hoje dispõe de uma vasta área de atuação, que inclui, além de instituições de

ensino em diferentes contextos educacionais, empresas dos mais diversos

setores. Separando-se o que é escolar do que é educativo promove atividades

educativas, como: workshops, seminários, formação inicial, em serviço, pós-

graduação, etc estando sempre disponível como consultor do desenvolvimento

de habilidades e competências..

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Apenas formar-se pedagogo não é suficiente é necessário buscar

outros conhecimentos relacionados à educação corporativa, continuada e a

andragogia - educação de adultos. Deve contribuir para o crescimento pessoal

do trabalhador, agora um cidadão do mundo, seguindo os objetivos da

organização sem perder de vista os conceitos éticos contextualizados na

sociedade na qual está inserido e da qual é atuante.

As funções desempenhadas pelo pedagogo dentro de uma instituição

estão em contínuo movimento, pois são influenciadas por diversos fatores,

como o desenvolvimento tecnológico, a competitividade e as exigências de

mercado. Nesse contexto, o papel do pedagogo é fundamental, pois todo

processo de mudança exige uma ação educacional e gerir o conhecimento é

uma tarefa, antes de tudo, de modificação de valores organizacionais.

No mundo do trabalho a educação não deve perder de vista que a sua

intenção é possibilitar o crescimento dos seres humanos. Torná-los

participantes do processo civilizatório, dos bens produzidos histórica e

culturalmente pelas sociedades passadas e influências para as sociedades

futuras.

3. 2 - Aplicação da Teoria Andragógica na Aprendizagem

de Adultos

Mudar do ensino clássico para os novos enfoques andragógicos é

muito trabalhoso. Os educadores precisam ser bem preparados, ser envolvidos

também através de programas andragógicos, pois são adultos em

aprendizagem. Salienta-se o uso de métodos andragógicos para o treinamento

de educadores de adultos. Cavalcanti (2006) nos indica que:

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41 “O professor precisa se transformar num tutor eficiente de atividades

de grupos devendo demonstrar a importância prática do assunto a ser

estudado, deve transmitir o entusiasmo pelo aprendizado, a sensação

de que aquele conhecimento fará diferença na vida dos alunos; ele

deve transmitir força e esperança, a sensação de que aquela

atividade está mudando a vida de todos e não simplesmente

preenchendo espaços em seus cérebros”. (Cavalcanti, 2006:4)

Os métodos e abordagens utilizados devem ser apropriados as

características dos adultos, pois essas atividades educativas serão mais

eficientes na aprendizagem.

Assim, o Pedagogo deve:

3.2.1 - Tirar proveito da Experiência Acumulada pelos Alunos

O Pedagogo deve estar ciente de que os adultos têm experiências de

vida mais numerosas e mais diversificadas que as crianças. Por isso formam

grupos de interesse heterogêneos em conhecimentos, necessidades e

objetivos. Sendo assim, o somatório das experiências dos participantes é a

fonte de alimentação do crescimento do grupo.. Esta fonte pode ser explorada

através de métodos experienciais, como: discussões de grupo, exercícios de

simulação, aprendizagem baseada em problemas e discussões de casos.

Atividades que permitem a partilha dos conhecimentos já existentes para

alguns e que podem reforçar a auto-estima do grupo. Se houver tendência à

acomodação, com fechamento de parte do grupo para novas idéias, o

professor deverá rompê-las, propondo discussões e problemas que produzam

conflitos intelectuais a serem resolvidos, gerando crescimento eficaz.

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42

3.2.2 - Propor Problemas, Novos Conhecimentos e

Situações sincronizadas com a Vida Real

Vivendo a realidade do dia-a-adia, adultos estão mais inclinados a

aprender algo que contribua para suas atividades profissionais ou para resolver

problemas reais. Por isso novas habilidades, valores e atitudes quando

estiverem conectadas com situações da vida real serão aprendidas. Assim os

métodos de discussão de grupo (aprendizagem baseada em problemas ou em

casos reais) serão úteis e eficientes. Muitas vezes será necessário um

diagnóstico sobre as necessidades do grupo para que os problemas ou casos

propostos estejam de acordo e articulados com o grupo em questão.

3.2.3 - Justificar a necessidade e utilidade de cada

conhecimento

A aprendizagem dos adultos virá se eles se sentirem motivados a

aprender e entenderem as vantagens e benefícios de um aprendizado. Assim,

como perceberem as s conseqüências negativas de seu desconhecimento.

Para produzir essa motivação podem ser utilizados métodos que permitam ao

aluno perceber suas próprias deficiências, a diferença entre o status atual de

seu conhecimento e o ponto ideal de conhecimento e qual habilidade que lhe é

exigida. Cabem aqui as técnicas de revisão a dois, revisão pessoal, auto-

avaliação e detalhamento acadêmico do assunto. O facilitador também pode

explicitar a necessidade da aquisição daquele conhecimento demonstrando a

importância e utilidade no trabalho.

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43

3.2.4 – Envolver os Alunos no Planejamento e na

Responsabilidade pelo Aprendizado

Necessariamente os adultos precisam ser vistos como independentes

e se magoam quando obrigados a concordar com a vontade ou as ordens de

outros. Mas, “devido a toda uma cultura de ensino onde o professor é o centro

do processo de ensino-aprendizagem, muitos ainda precisam de um professor

para lhes dizer o que fazer.” (ibid, 2006) Alguns adultos precisam participar do

planejamento e execução das atividades educacionais e o professor precisa se

valer destas tendências para conseguir mais envolvimento e participação dos

alunos. Através de uma avaliação das necessidades do grupo,podem ser

verificados os resultados que serão utilizados no planejamento das atividades.

A responsabilidade de independência será estimulada pelo uso das

simulações, apresentações de casos, aprendizagem baseada em problemas e

verificada nos processos de avaliação de grupo e auto-avaliação para serem

postos novos métodos que estimulem a independência no trabalho.

3.2.5 - Estimular e utilizar a Motivação Interna para o

Aprendizado

Notas, premiações, perspectivas de promoções ou melhores empregos

são os clássicos estímulos externos utilizados para motivar o aprendizado. Mas

as motivações mais fortes nos adultos serão as internas, relacionadas com a

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satisfação pelo trabalho realizado, com a melhoria da qualidade de vida e a

elevação da auto-estima. Portanto, um programa educacional terá bons

resultados se voltar-se para as motivações pessoais e for capaz de realmente

atender aos anseios íntimos dos alunos.

3.2.6 - Facilitar o Acesso, os Meios, o Tempo e a

Oportunidade

Há algumas limitações impostas a alguns grupos de adultos que

impedem que estes venham a aprender ou aderir a programas de

aprendizagem. O tempo livre, o acesso a bibliotecas, a serviços de lazer e a

Internet são alguns destes fatores limitantes. Disponibilizar esses fatores aos

alunos contribuirá de modo significativo para o resultado final de todo o

processo de trabalho.

3.2.7 - Outros Aspectos da Aprendizagem de Adultos

Ninguém gosta de ficar constrangido na frente de outras pessoas,

principalmente, os adultos. Por isso, nas atividades de grupo muitos adotam

uma postura reservada até se sentirem seguros de que não serão

ridicularizados. Os tímidos levarão mais tempo para se sentirem à vontade e

não gostam de falar em discussões de grupo. Podem ser incentivadas a

escrever suas opiniões e, posteriormente, mudarem de grupos, caso se sintam

melhor com outras pessoas.

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45 O espaço físico, mobiliário, luminosidade no ensino andragógico deve

ser organizado de modo a facilitar discussões em pequenos grupos, como por

exemplo, disponibilizar-se as cadeiras em círculo. O facilitador, pode no início

de cada treinamento escrever uma pergunta provocativa no quadro para

despertar o interesse pelo assunto antes do inicio da atividade.

O facilitador raramente responderá alguma pergunta. Mas a devolverá

ao grupo estimulando-os a formar uma resposta. Nunca deverá dizer que a

resposta dita estava errada. Deve trabalhar em cima do erro. Refazer a

pergunta de modo a esclarecê-la e aproveitar a parte correta da resposta

anterior. Fazer novas perguntas e ir relacionando as respostas até obter uma

informação completa.

Assim, os métodos andragógicos têm sido gradativamente utilizados

em todos os setores de diversas empresas. Os conceitos estão se expandindo.

As empresas já perceberam as vantagens e estão seguindo métodos

baseados em conceitos andragógicos. Rapidamente implantam programas de

formação e treinamento para transformarem seus funcionários em

Facilitadores permanentes dentro da organização. Visto que estamos diante de

uma realidade de constante transformação dos diferentes setores da

sociedade exigindo dos trabalhadores habilidades e competências de

autonomia, flexibilidade, adaptação e transformação das mudanças.

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CONCLUSÃO

A presente pesquisa realizada foi observacional, constatando o avanço

da atuação do Pedagogo nas Empresas através da andragogia.

Muitas já são as empresas que reconhecem a importância de se ter um

Pedagogo por ser uma formação com prática social da educação. Percebeu-se

também que é mais vantajoso e lucrativo manter um funcionário melhor

qualificado, pois assim, o motivará a crescer e a produzir mais dentro da

própria empresa e na vida pessoal.

Hoje, estatisticamente, pode-se observar a diferença de uma pessoa

que possui um Pedagogo no setor de Recursos Humanos e das empresas que

ainda não possui (espera-se que rapidamente elas venham a recorrer a esta

nova idéia, nova visão). O progresso é muito maior, cresce o marketing, a

estabilidade da empresa e dos funcionários, porque essas empresas estão

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47 investindo em conhecimento e acompanhando o avanço tecnológico que o

mercado tem exigido hoje.

Faz-se notório também que o Pedagogo hoje está muito mais

preparado, muito mais capacitado para assumir tal cargo, com uma bagagem

mais completa abordado a vários campos e conceitos que levam ao senso

crítico de estar sempre mudando, transformando e planejando. Há uma

valorização da atividade pedagógica em sentido amplo. Não podemos fechar

os olhos diante da sociedade pedagógica do mundo em que vivemos.

Contudo acredita-se que unindo forças e conhecimentos (pedagogo,

com amplo campo de conhecimento em educação social; o Psicólogo,

conhecendo a mente humana; Assistente Social) será construído empresas de

competências e grande porte formando cidadãos críticos para tal. O pedagogo

assume a função de reordenar e reestruturar a cultura engendrada nos vários

espaços sociais.

Não pode ser improvisado um trabalhador onde o processo produtivo

exige o uso do intelecto. São requeridas novas habilidades e competências,

maior capacidade de abstração, comunicação e atenção; um comportamento

mais flexível e adaptável as mudanças constantes; familiarização com as

novas tecnologias de informação; criatividade, entre outros. Ou seja, essa

constante reavaliação dos processos de aprendizagem decorre das exigências

geradas pela competitividade e reorganização produtiva das instituições. O

pedagogo diante de novas realidades estruturais atua em relação ao

conhecimento e a formação do trabalhador.

Sendo assim, com essa evidente tendência à pedagogização da

sociedade, cabe ao pedagogo, de forma intencional, ocupar-se de práticas

educativas que favoreçam o desenvolvimento dos adultos / trabalhadores por

meio de processos de transmissão, asssimilação e transformação de

experiências, saberes e modos de agir no interior da cultura organizacional.

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ÍNDICE

FOLHA DE ROSTO 2

AGRADECIMENTO 3

DEDICATÓRIA 4

RESUMO 5

METODOLOGIA 6

SUMÁRIO 7

INTRODUÇÃO 8

CAPÍTULO I

ANDRAGOGIA 10

1.1 – Em busca do conceito 10

1.2 – A Evolução Histórica 13

1.3 – Proposições da Andragogia 16

1.4 – Princípios Andragógicos 17

1.5 – Andragogia – a arte e Ciência de Orientar Adultos a

Aprender 20

CAPÍTULO II

PEDAGOGIA EMPRESARIAL 24

2.1 – Em busca do conceito 24

2.2 – Um Breve Histórico 28

2.3 – Atribuições do Pedagogo Empresarial 29

2.4 – O Pedagogo Empresarial como Líder educador 30

2.5 – A Didática como ferramenta de Treinamento nas

Organizações 32

CAPÍTULO III

ANDRAGOGIA NA PEDAGOGIA EMPRESARIAL 34

3.1 – A Importância da Educação no Trabalho 37

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53 3.2 – A Aplicação da Teoria Andragógica na aprendizagem

de Adultos 38

3.2.1 – Tirar proveito da Experiência acumulada

dos alunos 39

3.2.2 – Propor Problemas, Novos Conhecimentos

e Situações sincronizadas com a Vida Real 40

3.2.3 – Justificar a necessidade e utilidade de

cada conhecimento 40

3.2.4 – Envolver os Alunos no Planejamento

e na Responsabilidade pelo Aprendizado 41

3.2.5 – Estimular e utilizar a Motivação Interna

para o Aprendizado 41

3.2.6 – Facilitar o acesso, os meios, o tempo

e a Oportunidade 42

3.2.7 – Outros Aspectos da Aprendizagem

de Adultos 42

CONCLUSÃO 44

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 46

WEBGRAFIA 47

ÍNDICE 49

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FOLHA DE AVALIAÇÃO

Nome da Instituição: Universidade Candido Mendes – Instituto A Vez do

Mestre

Título da Monografia: Educação de Adultos – um olhar Andragógico sobre

a Pedagogia Empresarial

Autor: Aline Cavagnari Caldas

Data da entrega:

Avaliado por: Conceito: