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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PÓS GRADUAÇÃO “LATO SENSU” PROJETO VEZ DO MESTRE A IMPORTÂNCIA DA UTILIZAÇÃO DOS USOS SOCIAIS DA ESCRITA NO PROCESSO DE ALFABETIZAÇÃO Daniela Azevedo de Santana Orientador: Fabiane Muniz Rio de Janeiro Abril - 2004

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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES

PÓS GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

PROJETO VEZ DO MESTRE

A IMPORTÂNCIA DA UTILIZAÇÃO DOS USOS SOCIAIS DA

ESCRITA NO PROCESSO DE ALFABETIZAÇÃO

Daniela Azevedo de Santana

Orientador: Fabiane Muniz

Rio de Janeiro

Abril - 2004

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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES

PÓS GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

PROJETO VEZ DO MESTRE

A IMPORTÂNCIA DA UTILIZAÇÃO DOS USOS SOCIAIS DA

ESCRITA NO PROCESSO DE ALFABETIZAÇÃO

Apresentação de monografia à Universidade

Candido Mendes como condição prévia para a

conclusão do Curso de Pós-Graduação “Lato

Sensu” em Psicopedagogia.

Por: . Daniela Azevedo de Santana

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AGRADECIMENTOS

Agradeço aos meus pais e irmã que estiveram sempre

presentes nessa caminhada. A todos meus amigos, em

especial Marlon Leandro. A professora Fabiane Muniz

pela orientação e a professora Carly Machado pelas aulas

maravilhosas. E a Deus que me deu a vida, saúde e

persistência para não desistir dos meus sonhos.

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DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho à minha família que sempre me

deu apoio nos estudos. Também aos alunos e

professores que convivi e trabalhei, por terem

despertado em mim o interesse pelo tema abordado

nesta Monografia.

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RESUMO

Este trabalho monográfico trata de um estudo sobre a importância da

utilização dos usos sociais da escrita no processo de alfabetização, abordando como

eles podem ser usados como instrumentos para contribuir na formação de leitores

ativos, ou seja, leitores que têm o gosto pela leitura.

Neste contexto, será analisado, de maneira breve, o histórico da alfabetização,

dando ênfase ao início do uso das cartilhas, aos métodos utilizados e a sua

abordagem nos dias de hoje.

Será observada, também, a necessidade de o educador ajudar a tornar a leitura

prazerosa, através da busca pela construção e compreensão do significado do texto.

Dando destaque a necessidade de ele estar atento ao verdadeiro conceito de texto, a

utilização dele na vida cotidiana e como ele pode ser utilizado na escola.

Essa contribuição que a escola pode dar ficará apontada através da sua

interação com os usos sociais da leitura e da escrita e de exemplos de algumas

maneiras de trabalhar com eles na sala de aula.

Com base nesses aspectos, será feita uma abordagem de como o educador, a

família, podem ajudar a tornar a leitura atraente. Sem deixar de mostrar a grande

colaboração da literatura, principalmente a infantil.

Não existe a pretensão de fazer um aprofundamento de qualquer aspecto

observado. Apenas será iniciada uma discussão sobre cada um deles, o que não quer

dizer que algum será tratado de forma incoerente.

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METODOLOGIA

O trabalho foi realizado através de pesquisa bibliográfica, envolvendo livros e

revistas sobre o assunto. Ainda, foram utilizados sites científicos disponíveis na

Internet. Não houve a repetição de autores, para que fique disponibilizado um maior

número de opiniões diferentes.

O procedimento de coleta de dados aconteceu através da leitura seletiva dos

instrumentos e fontes citadas acima.

Conforme os dados eram analisados e comentados, foram sendo apresentados

a Orientadora Fabiane Muniz.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO

CAPÍTULO I - ALFABETIZAÇÃO

CAPÍTULO II - A BUSCA DO SIGNIFICADO DO TEXTO

CAPÍTULO III - A INTERAÇÃO COM OS USOS SOCIAIS DA ESCRITA

CAPÍTULO IV - A FORMAÇÃO DO LEITOR ATIVO

CONCLUSÃO

ANEXOS

BIBLIOGRAFIA

ÍNDICE

FOLHA DE AVALIAÇÃO

ATIVIDADES CULTURAIS

08

10

19

29

35

41

43

49

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INTRODUÇÃO

O tema em estudo na presente monografia é referente à importância de

trabalhar com as diferentes maneiras que a leitura e a escrita são utilizadas pela

sociedade desde as primeiras etapas da alfabetização. E como essa utilização pode

tornar a leitura significativa e atraente, contribuindo para a formação de bons

leitores. Logo, esta pesquisa tem por objetivo realizar um trabalho de investigação

que discuta estes temas, abordando-os pelo olhar psicopedagógico e não lingüístico.

A opção por abordar o tema partiu da percepção, através da pesquisa de

muitos autores, que a leitura não é uma tarefa simples como se podia imaginar, pelo

contrário, é uma tarefa complexa que cada vez mais gera pesquisas para descobrir

seus mistérios. Dentro dessas pesquisas muitos autores descrevem a leitura como

uma interação entre o leitor e o autor, onde o leitor constrói e compreende os

significados do texto.

Essa interação mencionada por autores como CAGLIARI, CARVALHO,

CAVALCANTI, entre vários outros, não é construída só na escola, até porque o

leitor tem conhecimentos que nem sempre obtém nas situações que acontecem dentro

dela.

As experiências anteriores de leitura e, obviamente, de vida podem

influenciar as atitudes do leitor. Por isso, torna-se questionável o processo de

aprender a ler e a escrever como se fosse um ato mecânico, isolado da compreensão.

Fazer com que a leitura passe a ser significativa, atraente e familiar desde os

primeiros passos da alfabetização, contribuindo para a formação de bons leitores é

um desafio que o alfabetizador precisa ter no seu cotidiano.

Porém, como fazer isso com alunos oriundos de diferentes realidades (já que

mesmo nas cidades as experiências com leitura podem variar de acordo com a classe

social a que pertencem) é uma tarefa ainda mais desafiadora.

Com isso, contribuir para que os alunos possam ‘enxergar’ o mundo da

palavra escrita, percebendo os seus vários usos sociais, pode ser uma importante

alternativa.

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Neste trabalho pretende-se fazer uma discussão que leve em consideração

desde o processo histórico da alfabetização até a menção de algumas alternativas que

podem contribuir para a formação de leitores ativos, ficando assim organizado:

No Capítulo I, Alfabetização, será feito um breve histórico sobre a

alfabetização, demonstrando que ela surgiu de forma concomitante ao surgimento da

leitura e da escrita e que através da história o processo de alfabetização aconteceu de

diferentes maneiras em diversas partes do mundo. Serão descritas, de maneira

resumida, as várias estratégias utilizadas aqui no Brasil para conduzir esse processo.

Haverá, também, a descrição da contribuição de autores como Ferreiro, Teberosky,

Vygotsky e Paulo Freire. O surgimento e a validade da cartilha serão comentados,

assim como ocorre a alfabetização nos dias de hoje.

No Capítulo II, A Busca do Significado do Texto, será discutida a

importância de buscar a construção e a construção do significado do texto, tentando

mostrar uma conceituação fidedigna sobre o que é um texto, como deve ser a

relação da escola, do trabalho do professor com o texto e como o texto é utilizado

fora dela.

No Capítulo III, A Interação com os Usos Sociais da Escrita, será mostrado

como a diversidade de textos deve ser utilizada dentro da escola a favor da

construção do conhecimento e da construção da cidadania, promovendo uma real

interação com a linguagem escrita e abordando algumas formas de trabalhar em sala

de aula que podem contribuir para isso.

No capítulo IV, A Formação do Leitor Ativo, ficará destacado que realmente

deve haver preocupação com a produção de leitores ativos, buscando meios para

tornar a leitura atraente, sendo um processo realizado em todas as fases da

escolarização e destacando que o contato com a literatura, inclusive a infantil, deve

ser feito, mas respeitando critérios.

Por isso, esta pesquisa de investigação pretende trazer uma contribuição, não

no sentido de aprofundamento do tema ou na abordagem de coisas novas, mas de

discutir, mais uma vez, um tema que têm grande relevância na construção da cultura,

da autonomia e da consciência crítica de um povo.

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CAPÍTULO I

ALFABETIZAÇÃO

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Quando se fala em alfabetização, se pensa logo em aprender a ler e a

escrever. Mas cabe questionar o que é alfabetizar, como é essa aprendizagem, de que

maneira ocorre e quais são os tipos de leitura e escrita utilizados.

Ler e escrever não são apenas exercícios de cópia e memorização. São

exercícios que envolvem também reflexão e compreensão.

Existe uma relação entre um símbolo, neste caso, uma letra e um som. O que

não significa que alfabetizar seja apenas ensinar a fazer esta relação. Mesmo porque

não há uma ligação perfeita entre eles. LEMLE (2003, p. 16) afirma que “(...) as

coisas que acontecem entre sons e letras são um pouco mais complicadas do que

essa perfeição de casamento monogâmico entre uma letra e um som. Há poligamia,

há poliandria, há rivalidades, há abandonos.” A alfabetização envolve a relação

entre sons e letras, a ortografia, a morfologia etc. Porém, esta pesquisa não pretende

trazer um aprofundamento nesta parte mais lingüística.

Como a abordagem pretendida é mais psicopedagógica institucional, a

alfabetização será discutida através do paradigma da construção do significado do

texto (oral ou escrito).

1.1 – Um breve histórico

As regras que permitem compreender o funcionamento e a utilização

apropriada do sistema de escrita foram inventadas concomitantes a escrita. Portanto,

a alfabetização é tão antiga quanto os sistemas de escrita.

Para que a escrita se perpetue e continue sendo usada é necessário ensinar

para as novas gerações como funciona o seu sistema.

Na Antigüidade, a alfabetização se dava através de leitura e cópia. Só depois

começavam a escrever seus próprios textos.

Os semitas, os gregos e os romanos deixaram alguns alfabetos, que serviram

de guia para as pessoas aprenderem a ler e a escrever.

Na Idade Média aprender a ler e a escrever não era uma atividade escolar,

“ quem não sabia ler ensinava a quem não sabia, mostrando o valor fonético das

letras do alfabeto em determinada língua, a forma ortográfica das palavras e a

interpretação da forma gráfica das letras e suas variações”, como afirma

CAGLIARI (2002, p. 18).

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Nos séculos XV e XVI, com o uso da imprensa na Europa, passou-se a ter a

preocupação com a alfabetização. Com isso, houve o surgimento das primeiras

cartilhas e gramáticas das línguas neolatinas.

Após a Revolução Francesa passou-se a ter a responsabilidade com a

educação das crianças, começando a ter a alfabetização como matéria escolar. O

ensino começou a ser dividido em lições e não mais com simples esquemas das

antigas cartilhas. O ensino alfabético passou a ser silábico. A alfabetização passou a

ser feita através desses tipos de cartilhas.

A primeira gramática portuguesa foi escrita por João de Barros em 1540,

junto com a Cartinha que era uma publicação como a cartilha. Depois, surgiram

outras publicações desse tipo, como: A Cartilha do ABC, o Método Portuguez para o

Ensino do Ler e do Escrever etc.

No Brasil surgiram várias outras. Continuamente, apareceram estratégias

diferentes de conduzir o processo de alfabetização, como mostra CAGLIARI:

“O mais antigo (até a Cartilha maternal) foi chamado de

método sintético. Partia-se do alfabeto para a soletração e

silabação, seguindo uma ordem hierárquica crescente de

dificuldades, desde a letra até o texto. Com a Cartilha

maternal, começa o método analítico, que vai assumir

importância maior na década de 30, quando a psicologia

passa a fazer testes de maturidade psicológica e a

condicionar o processo a resultados obtidos nesses estudos.

(...)

Com o passar do tempo, apareceram mais obras que

seguiam o método misto, ou seja, cartilhas que misturavam

estratégias do método sintético e do analítico. (...) No final

dos anos 90, têm surgido obras que se classificam como

construtivistas e que se propõem a aplicar os ensinamentos

da psicogênese da língua escrita de Emília Ferreiro e Ana

Teberosky ao processo de alfabetização programada através

de livro didático.” (2002, p.25)

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È oportuno enfatizar que alfabetização não significa aprender a ler como um

ato mecânico separado da compreensão, não é apenas decodificação como acontecia

até cerca de 1950. E apesar de a partir daí, aparecerem as palavras-chave, as sílabas

geradoras e os textos feitos com as palavras já estudadas, ainda não havia a

preocupação com o significado, com o contexto.

Como foi dito o paradigma começou a se transformar. Começou a ser

difundida a idéia de que desde as primeiras etapas da alfabetização é preciso mostrar

os benefícios que a leitura oferece. Esta idéia não foi logo compreendida, aceita e

colocada em prática, como afirma a MINGUES (2003, p.14), que discorda de Luiz

Carlos Cagliari quanto à década do início dessa mudança: “Durante muito tempo, a

escola priorizou a cópia e a decoreba como estratégia de aprendizagem. A situação

começou a mudar no final da década de 1970, com as pesquisas de Ana Teberosky e

Emilia Ferreiro.”

Esta última teórica citada acima discutiu algumas concepções, como a de que

num primeiro momento há a conceitualização da escrita como um conjunto de

formas arbitrárias, para que depois comecem a elaborar as condições de

interpretabilidade e a buscar uma relação entre o som e a escrita. Contudo, fez

questão de ressaltar que:

“O mais importante não é discutir sobre as etiquetas nem

discutir se as etapas são três, quatro ou seis; o mais

importante, creio, é entender esse desenvolvimento como um

processo e não como uma série de etapas que se seguiriam

umas às outras quase automaticamente.” (FERREIRO,1993,

p.86-87)

A teoria de Ferreiro e Teberosky com pressupostos interacionistas, na

perspectiva psicogenética “contribuiu para romper as concepções tradicionais de

alfabetização e possibilitou que os professores alfabetizadores começassem a refletir

sobre a participação da criança no processo de aprendizagem e sobre o trabalho

que realizavam para ensinar a ler e escrever”, segundo GONTIJO(2002, p.3).

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Vygotsky foi outro teórico que trouxe novas concepções, como a importância

da interação sujeito-objeto, que enxerga o homem como ser biológico e social que

faz parte de um processo histórico e que não pode ser dissociado do seu contexto

sociocultural.

Não quer dizer que foi encontrada a maneira ideal de alfabetização. Surgiu o

paradoxo da produção de cartilhas construtivistas ou socioconstrutivistas ou

sociointeracionistas.

Houve também a grande contribuição de Paulo Freire que se dedicou à

alfabetização, construindo sua obra baseando-se, principalmente, nas questões

políticas educacionais e na pedagogia em geral.

Mesmo com tantas outras contribuições, ainda não é possível , e talvez nunca

será, afirmar que esse processo de construção de conhecimento sobre a leitura e a

escrita tem um método ou receita infalível. De acordo com as convicções que se

tem, o que era negativo pode ser positivo; o que era dito difícil, nem sempre vem

depois do considerado fácil. Essa relatividade existente de acordo com o ‘modelo’

que cada um acredita é confirmada por CARVALHO:

“É difícil comprovar a superioridade absoluta de um método

sobre outro: no máximo, chega-se à conclusão de que, num

determinado contexto, a turma alfabetizada pelo método x

obteve melhores resultados do que outra, submetida ao

método y. E resta ainda saber o que o pesquisador

considera “bons resultados” em matéria de leitura:

capacidade de decodificar quaisquer novas combinações de

letras? Leitura oral fluente? Interpretação do significado?

Tudo isso junto e mais o gosto, o interesse, a curiosidade

pela leitura?” (2002, p.41)

Por isso, há a necessidade de escolher princípios que levem em consideração

os fundamentos teóricos, as etapas de aplicação, o material necessário e os resultados

esperados.

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Para que essa escolha seja consciente, o professor deve conhecer ou estar

disposto a conhecer a teoria, o sujeito que está construindo conhecimento, a língua

escrita e as possíveis mediações entre eles.

1.2 – A alfabetização e as cartilhas

O processo de produção de livros didáticos feitos por brasileiros e adequado à

realidade brasileira a partir do século XIX, incentivou o movimento de escolarização

das práticas de leitura e escrita. A cartilha consolidou-se como instrumento de

concretização dos métodos propostos e das concepções de alfabetização, cuja

finalidade e utilidade limitava-se à escola.

Iniciaram-se as normatizações sobre a cartilha, onde se encontravam o

método e a matéria a serem seguidos, de acordo com o que era estabelecido

previamente. Elas davam ênfase à leitura, ao ensino do abecedário, primando pela

relação entre som e letra, a fala e a pronúncia. Escrever bem era imitar a escrita dos

bons escritores.

Mais tarde, o ensino da leitura passou a ser feito através da apresentação das

letras e dos seus respectivos nomes, de acordo com uma ordem crescente de

dificuldade: as letras eram reunidas em sílabas, e seqüencialmente, vinham as

famílias silábicas, as palavras formadas com elas e frases. Já a escrita era direcionada

a caligrafia, cópia, ditados, formação de frases e ortografia. MORATTI explicita essa

sistematização:

“Acompanhando o movimento histórico das tematizações,

normatizações e concretizações sobre a questão dos

métodos, as primeiras cartilhas brasileiras, produzidas

sobretudo por professores fluminenses e paulistas através de

sua experiência didática, baseavam-se nos métodos de

marcha sintética (processos de soletração e silabação).”

(2000, p.2)

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Só na década de 50 quando a escola passou a alfabetizar alunos pobres, que

não utilizavam a norma culta para falar, passou-se a enfatizar a escrita no lugar da

leitura. Apareceram as palavras-chave, as sílabas geradoras e os textos elaborados

apenas com as palavras estudadas. A partir de então, as cartilhas foram sendo

baseadas em:

• método de marcha analítica (palavração e setenciação);

• métodos mistos ou ecléticos (analítico sintético e vice-versa);

• construtivismo ou socioconstrutivismo ou sociointeracionismo (apesar de

já ter sido iniciada a necessidade dos métodos e cartilhas de alfabetização

e parecer uma contradição).

Os resultados mostravam que a cartilha não era o caminho ideal. Os altos

índices de reprovação, mesmo com o início do ciclo básico na década de 80,

denunciavam esta falha, como comprova CAGLIARI:

“Pode-se dizer que a experiência escolar da alfabetização

com cartilhas foi desastrosa. Os dados estatísticos mostram

que a escola não consegue alfabetizar mais de cinqüenta por

cento de seus alunos. A repetência e a evasão escolar foram

sempre um monstruoso fantasma para as crianças, pais e

professores.” (2002, p.27)

Concluiu-se que a cartilha era muito esquemática, dificultando a sua

aplicação, comprometendo o processo educativo. Resolveram dar uma ajuda aos

professores. Assim, a cartilha passou a ter o manual do professor.

Os índices altos de repetência continuaram e os alunos começaram a ser os

culpados pelas dificuldades. Algo neles não estava certo.

Surgiram os exercícios de prontidão, o período preparatório, que preparariam

os alunos para a alfabetização. Porém, eles não resolveram o problema.

A cartilha sofreu várias mudanças quanto ao método, o suporte material e os

temas abordados, mas continua sendo, até hoje, instrumento de operacionalização de

um determinado método, com seqüência de passos predeterminados. Por sua vez,

parece tratar a alfabetização como um processo de ensino/aprendizagem do conteúdo

da cartilha (de acordo com o método inserido) e o texto como um monte de palavras

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agrupadas por nível de dificuldade, como se a leitura e a escrita estivessem

confinadas a vida escolar.

1.3 – A alfabetização nos dias de hoje

Apesar do fracasso da cartilha, essa prática ainda é muito comum atualmente.

Alguns professores não a utilizam, mas continuam usando o mesmo método.

As interferências recentes no processo de alfabetização incentivaram um

número crescente de professores a apostar na capacidade de todos os alunos

aprenderem a ler e a escrever. Esses profissionais estão cada vez mais estudando e se

dedicando ao estudo da linguagem, realizando discussões sobre a alfabetização, a

formação e a instrução do aluno.

A alfabetização ligada a autoridade de mestres, métodos e livros não é mais

tão valorizada. Está havendo uma valorização do indivíduo e do seu trabalho, uma

interação entre professor e aluno.

Porém, as normas pedagógicas ditadas por meio de leis e decretos de órgãos

da administração pública, a formação de professores guiada por modismos de cada

época, provocam nos professores o medo ao novo. Muitos não sabem avaliar o que

seria bom ou não para alfabetizar e ficam acomodados na zona de conforto, não

procurando estudar o que não foi ensinado anteriormente.

Conseqüentemente, além de analfabetos, há os mal alfabetizados. Pois, a

suposta garantia de bons resultados não está num método, mas na competência do

professor. Para isso, há a necessidade de uma melhor formação pedagógica,

metodológica, psicológica e lingüística.

Mesmo assim, percebemos que apesar de algumas resistências, está havendo

uma busca pela alfabetização que construa a compreensão do significado da

aprendizagem, usando-a no cotidiano.

“Se a cartilha é um tipo de leitura tão bom, por que não há uma entre os

livros de sua estante?” PELEGRINNI, 2001,p. 12). Esta pergunta formulada pela

alfabetizadora Maria Ferreira dos Santos à um pai que questionava a substituição dos

livros didáticos por textos variados, ilustra bem como os usos sociais da leitura e da

escrita têm sido incorporados a alfabetização e que não é simples ou fácil incorporar

essa mudança de prática.

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Aí está o desafio do educador: tornar a leitura prazerosa. A leitura de textos

formados por palavras agrupadas por semelhança de letras, talvez não seja o melhor

meio. A alfabetização está cada vez mais fazendo uso de vários tipos de textos. “E

pode-se ler tudo ou quase tudo na escola. Desde as revistas, jornais, enciclopédias,

textos de autor... até o que a imaginação permitir.” (CAVALCANTI,2002, p.8)

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CAPÍTULO II

A BUSCA DO SIGNIFICADO DO TEXTO

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Alguns autores defendem a idéia de que a leitura é, ou deveria ser, uma troca

entre o leitor e o autor, onde o leitor constrói os significados do texto e os

compreende. Mas faz-se necessário enfatizar que cabe ao leitor um papel ativo, sem

ser só um receptor. A intenção é de construir significados, não apenas captá-los.

Raramente as situações ou atividades escolares oferecem a construção de

conhecimentos necessários que possibilitem essa interação leitor-autor. Muitas vezes,

apesar do objetivo ser a compreensão do texto, “pode-se ler linha por linha, palavra

após palavra, mesmo conhecendo o significado de cada uma delas, e chegar ao fim

da tarefa sem a mínima idéia do sentido global do texto.” (CARVALHO, 2002, p.9)

Essa busca pela construção do significado do texto deve acontecer desde as

primeiras etapas da alfabetização.

2.1 – O que é um texto?

Geralmente, as pessoas não falam palavras isoladas. Só o fazem quando estão

num contexto que é necessário ou possível. As pessoas falam querendo passar

alguma informação ou mensagem completa que se dá através de um texto. Assim, é

possível perceber que “um texto não é um amontoado de palavras”. (CAGLIARI,

2002, p.98)

O uso da linguagem obriga a produzir um texto. Tudo que se diz forma um

texto. Quando as pessoas estão falando, estão organizando o texto de acordo com a

sua vontade. Apesar de alguns acharem que só construções orais que revelam traços

literários são considerados textos, toda produção oral pode ser considerada um texto.

Porém, pode variar o modo como o texto é apresentado e a finalidade que ele tem,

como afirma CAGLIARI :

“A literatura nada mais é do que um dos possíveis usos da

linguagem ou uma das possíveis finalidades para esse uso.

Um texto literário precisa ter um toque de arte, um texto

científico precisa ter uma apresentação especial, uma carta

é escrita com outro estilo. Resumindo, os textos têm estilos

diferentes. Há diferenças notáveis entre o modo como

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produzimos nossos textos orais e nossos textos escritos,

dentro das exigências escolares ou em determinadas

circunstâncias culturais.” (2002, p. 201)

No uso da linguagem oral, as pessoas não ficam tão preocupadas se estão

falando certo ou errado, estão mais preocupadas em passar suas idéias. Só começam

a se preocupar, quando as situações sociais de uso da linguagem despertam para a

importância que a sociedade dá para o ato de falar.

Quando a pessoa inicia sua vida escolar, começa a tentar falar mais de acordo

com os anseios culturais da sociedade, e até mesmo, da escola e do professor.

As pessoas que só utilizam a linguagem oral preocupam-se primeiramente

com o significado, só depois se preocupam como o significado é dito. Com a

utilização dos sistemas de escrita e com os estudos sobre a linguagem, as pessoas

fazem com mais facilidade os tipos de segmentação da fala.

Quando as crianças entram na escola a linguagem é um texto dito ou ouvido

por uma ou mais pessoas. Perceber a linguagem dividida em unidades e com

diferentes valores é possível depois de anos de estudo.

É injusto que o professor fique preocupado com a capacidade de uma criança

que está iniciando sua alfabetização tem para produzir textos com estilos

culturalmente exigidos. Pelo contrário, não ficam atentos para o fato da criança saber

construir um texto no sentido amplo.

A escola deve discutir o conhecimento que a criança traz. O professor não

precisa negar a linguagem da criança, mas precisa trabalhar também com outras

linguagens, principalmente a escrita porque “o bom educador transformar qualquer

coisa em material de sala de aula.” (MACHADO apud RAMALHO, 2001, p.23)

2.2 – O texto na escola e na vida

Por algum tempo acreditou-se que a grande dificuldade da alfabetização eram

as crianças carentes ( de alimentação, estímulos ambientais, de emoções, entre outras

coisas). Onde se pode perceber um enorme preconceito contra a pobreza e as

crianças que vêm dela.

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As histórias de vida das crianças pobres são diferentes das crianças ricas, elas

dispõem de recursos também pobres e têm uma quantidade maior de coisas para

aprender, o que não significa que tenham alguma incapacidade mental. Mas significa

que o professor precisa percber que tem responsabilidade e importância ainda

maiores, como enfatiza Angela Kleiman: “Nos casos de alunos cujas famílias têm

pouca ou nenhuma escolaridade, o professor, por ser letrado, assume um papel

crucial para o letramento deles.” (PELLEGRINNI, 2001, p.15)

As experiências anteriores à escola, incluindo as experiências com leitura

influenciarão nas atitudes do leitor. Essa diferença de experiências dependendo da

classe social a que cada um pertence é confirmada por CARVALHO:

“Mesmo nas cidades, no entanto, as experiências das

pessoas com a leitura e a escrita variam muito conforme a

classe social a que pertencem. Em certas famílias, a leitura

e a escrita fazem parte da vida cotidiana: jornais e cartas

são lidos e comentados, bilhetes e listas de compras são

escritos, cheques são preenchidos. Na maioria das famílias

pobres,porém, os atos de leitura e de escrita são raros ou

mesmo inexistentes, seja porque as pessoas não aprenderam

a ler, seja porque suas condições de vida e de trabalho não

exigem o uso da língua escrita.” (2002, p.13)

A classe social também pode interferir na motivação das pessoas. As pessoas

que pertencem da classe média para cima na pirâmide social, quando iniciam a

alfabetização dão o primeiro passo para chegar a universidade. Geralmente, adultos

analfabetos têm a alfabetização como soluções imediatas, como ler e assinar

documentos. É um engano da escola supor que a leitura e a escrita têm a mesma

importância para todos.

A alfabetização deve demonstrar que a leitura e a escrita têm função no

presente, tornando o indivíduo mais atento ao mundo da palavra escrita, percebendo

seus vários usos sociais. SOARES apud PELLEGRINNI (2001, p.13) afirma que “O

ideal é alfabetizar letrando”, interagindo com a sociedade.

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Porém, quando o ensino das letras não faz ligação com os usos da leitura na

vida social, a aprendizagem da leitura e da escrita tende a servir para passar de ano e

para fazer as atividades escolares.

Trazer para a sala de aula a linguagem oral usada no cotidiano é importante

para que a pessoa perceba que está trabalhando com as mesmas coisas da vida. A

escola tem o papel de enriquecer a habilidade oral.

O trabalho com textos orais na alfabetização, serve para que ele compare o

que diz com outros tipos e estilos de textos. Assim, construirá textos orais e escritos

dentro das expectativas da escola e da cultura, lidando com conceitos e regras sem

perder o ‘sentido’ do contexto.

Quando a criança aprende a falar, não estuda separadamente os sons da fala e

depois faz a união, não segue seqüência do mais fácil para o mais difícil. Aprende

porque usa a linguagem do seu contexto natural.

A aprendizagem da escrita não deveria ser muito diferente. Entretanto, a

escola costuma reduzir a linguagem a grupos de palavras isoladas, sem elementos

básicos do discurso lingüístico. O aluno vai aprendendo letra por letra ou sílaba por

sílaba e a linguagem não vai fazendo sentido. Suas produções de textos,

provavelmente, serão conjuntos de palavras ou frases sem muita coesão. Não são

raras as vezes que a escola destrói o que o aluno traz com ele.

Há muitas regras de coerência e coesão que fazem relação entre as palavras.

Como essas regras não estão em palavras isoladas, mas na relação das palavras de

um texto, essas relações não aparecerão no ensino de sílabas ou letras isoladas.

Muitas vezes são usadas palavras-chave geradoras que representam um

personagem central de alguma história, que provavelmente não tem graça, pra que

seja feita uma análise em sílabas, letras e sons. Apesar de estar dentro de um

contexto, continua sem sentido, já que geralmente é um uso de linguagem típico da

escola, que não precisamos fora dela.

O contrário pode acontecer. Algumas palavras isoladas podem ter um uso

apropriado, como o nome de algum rótulo ou estabelecimento comercial. É

necessário que seja levado em consideração o uso de palavras isoladas. Mas o ensino

e a aprendizagem da leitura e da escrita não podem ficar presos só em um ou em

outro. “Trabalhar só com palavras isoladas é tão errado quanto trabalhar somente

com textos. As duas coisas são indispensáveis.” (CAGLIARI, 2002, p. 204)

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São vários os papéis da escola e, principalmente, do professor. Abaixo,

estarão explicitados alguns caminhos, sugeridos por vários autores que fundamentam

esta pesquisa, que podem levar a um dos papéis da escola e do professor que é a

integração dos textos da vida com a escola. Para melhor organização ficarão

separados em duas partes.

Desde o início da alfabetização:

• incentivar o aluno a ler (na maior parte das vezes é necessário usar textos

ao invés de palavras soltas);

• nas primeiras produções de textos, incentivar a escrever o que quiserem,

do jeito que quiserem, sobre o que quiserem ou um determinado assunto;

• ensinar os alunos a passar os conhecimentos que possui da linguagem oral

para a escrita;

• dar explicações, dizer o que está fazendo e o que pretende fazer, mostrar o

funcionamento da linguagem (utilizando, principalmente, discurso oral);

• mostrar que os alunos não estão acostumados a refletir sobre a linguagem,

mas sabem muito sobre ela;

• explicitar a segmentação da fala (utilizando mais regras sintáticas que

semânticas);

• utilizar textos de bons autores, provavelmente, escritores famosos

(escrever textos como os deles é difícil, mas lê-los ou ouvi-los não é);

• apresentar diferentes tipos de textos, mostrando o que caracteriza um tipo

e o diferencia dos outros, conseqüentemente, comparando-os;

• analisar o que os aluno elaboram, tentando descobrir as hipóteses e regras

que utilizaram;

• exigir que os trabalhos tenham boa apresentação, no sentido de que sejam

bem acabados;

• ficar atento, observando o que acontece com os alunos nas diferentes

atividades e o que pode ajudá-los ou atrapalhá-los;

• ter consciência de que o aluno pode fazer uma leitura oral diferente

daquilo que ele mesmo escreveu, de que alguns alunos gostam de

sugestão e outros não, de que alguns temas despertam mais interesse que

outros e que alguns temas até desagradam;

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• ter a preocupação de que os textos produzidos pelos alunos tenham

como interlocutores e leitores pessoas que não sejam apenas o

professor (apesar de algumas vezes fazerem anotações em sal que não

precisam interessar a outras pessoas).

Depois disso:

• ensinar a planejar textos (organizar as idéias, prever as reações dos

possíveis leitores, perceber que pode voltar atrás _ apagando e

recomeçando, completar o seu discurso, corrigir e revisar),para que os

alunos possam ter visão do resultado final;

• despertar para a necessidade de escrever preocupando-se com o

destinatário;

• discutir as exigências da cultura e da sociedade em relação ao texto;

• mostrar como proceder em relação à norma culta;

• apresentar as diferenças existentes quanto à forma _ poesia, prosa etc.;

• apresentar as diferenças existentes quanto ao estilo _ formal ou informal,

mais arcaico ou com gírias, se tem características regionais etc.;

• apresentar as diferenças existentes quanto ao tipo _ dissertativo, narrativo,

carta, descrição, propaganda, informativo com instruções etc.;

• alertar para as diferentes maneiras que podem ser transmitidos _ de

maneira mais teatral ou mais próxima da fala comum;

• enfatizar que o texto escrito tem características próprias de organização

espacial sobre o material em que se escreve, principalmente sobre o papel;

• ensinar a ter dúvida, a desconfiar se é/está certo ou errado;

• ensinar a fazer autocorreção (coletiva, em dupla ou individual),

observando a coerência e a ortografia;

• analisar o texto e mostrar o que precisa melhorar;

• pedir para o aluno fazer o texto primeiro e depois ilustrá-lo.

Esses caminhos, não pretendem servir de receitas infalíveis. Mas servem para

elucidar a necessidade urgente da escola respeitar o que o aluno sabe, o que ele

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aprende e os esforços que ele faz para melhorar. Para reforçar o quanto precisamos,

também, aprender e estudar continuamente. Rosaura Soligo deixa claro como isso é

bom para o professor: “Quem conhece o processo de aprendizagem e sabe

encaminhar as propostas de ensino alcança resultados sempre próximos de 100%”.

(PELLEGRINNI, 2001, p.13)

Faz-se urgente que a escola crie, construa a consciência de que o texto da

escola não é/deveria/precisa ser diferente dos textos da vida para que acriança

aprenda a ler e a escrever. Quanto mais a escola utilizar a realidade, mais próxima ela

estará do aluno e da sua aprendizagem.

Para isso, ela pode utilizar vários tipos de textos:

• literários (conto, novela, obra teatral, poesia etc);

• jornalísticos (notícia; artigo de opinião, reportagem, entrevista. etc);

• de informação científica (definição, nota de enciclopédia, relato de experimento

científico etc.);

• instrucionais (receita, instrutivo etc.);

• epistolares (carta, solicitação etc);

• humorísticos (histórias em quadrinhos etc);

• publicitários (aviso, folheto, cartaz etc).

2.3 - Como explorar um texto

A utilização de cartilhas não incentiva a produção de textos e muito menos

textos espontâneos. Como a escrita e a leitura são iniciadas através de palavras

isoladas, o trabalho inicial com textos é feito através da junção, do emprego das

palavras já dominadas.

Uma outra ‘técnica’ utilizada pelas cartilhas é a produção de textos através de

roteiros. Os alunos recebem uma série de perguntas que devem ser respondidas

através dos seus textos.

A exploração de textos é feita através do preenchimento de lacunas com

verbos, adjetivos (entre outras coisas) que fazem parte do texto, reescrita de textos

existentes com suas palavras, tipos de cópia que não ajudam o aluno a progredir,

questionários para interpretação de textos etc.

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Os exemplos citados acima são apenas alguns dentre muitos outros que não

promovem reflexão, criatividade ou originalidade. Não contribuem para que haja a

marca de cada pessoa na produção de texto, desrespeitando a individualidade.

Neste momento, é necessário mostrar que existem outras maneiras de

incentivar a produção de texto e a exploração dos textos já existentes.

Mesmo que os alunos ainda não saibam ler é necessário explorar os

conhecimentos que eles já traziam ao entrar na escola. A seguir, serão detalhadas

duas atividades que servem de exemplo:

Ü Desafiá-los a olharem e tentarem adivinhar o que está escrito em

diferentes lugares. Primeiramente, é preciso deixá-los pensar. Ouvir e

comparar suas respostas são ações imprescindíveis para perceber

quais refletiram e fizeram deduções sobre a escrita. Só depois se deve

ler para eles.

Ü Pedir para que os alunos tragam diferentes tipos de materiais escritos,

como rótulos, jornais velhos. Deixá-los observar e comparar o que

trouxeram é necessário. Depois de observar os comentários o

professor pode fazer várias coisas para explorar os conhecimentos,

provocar o desejo de saber mais, como incentivar a análise dos

diversos usos da escrita, a percepção de que letras e números são

diferentes, a comparação dos tipos de letras existentes.

Após o momento de exploração de seus conhecimentos prévios, deve-se

trazer outros estímulos. Até para que os alunos que quase não possuem esses tipos de

estímulos em casa ou nos seus ambientes fora da escola, sejam também

contemplados. CARVALHO mostra, como exemplos, materiais (que apresentados

um de cada vez) podem ser utilizados para dirigir a atenção para aspectos formais da

escrita e para ampliar as noções sobre os diversos tipos de leitura:

“- um envelope endereçado e a carta que ele contém: é

uma carta pessoal ou comercial? O que pode estar

escrito numa carta?

- livros variados: de histórias, didáticos, de cozinha,

dicionários, etc;

- contas de gás, luz e telefone;

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- dinheiro (notas e moedas) e cheques;

- documentos pessoais: carteira de trabalho, de

identidade, título de eleitor, etc.” (2002, p.16)

Ler textos em voz alta diariamente, é outra excelente maneira de explorá-los.

Nesse momento, o que mais importa é o prazer, a conversa sobre diversos tipos de

assunto. Porém, nem só a literatura faz parte. Vários outros tipos de textos podem

ser lidos: anedota, adivinhação, material de propaganda, anúncios variados, receitas

de cozinha, notícias de jornal etc. Mas há recomendações para esse tipo de atividade:

ter lido o texto anteriormente;

fazer a leitura respeitando a pontuação, sem alterar a pronúncia ou

o tom da voz (as emoções devem aparecer sem exageros);

não mudar as palavras (quando necessário, dar explicações);

evitar interromper o texto várias vezes (os alunos entendem o

sentido global de um texto bem escolhido);

não ler durante muito tempo (respeitar a capacidade de atenção da

turma);

explorar as possíveis ilustrações existentes.

É fundamental trocar experiências com os alunos, buscando saber o que eles

compreenderam sobre o texto e ajudá-los a identificar o gênero do texto.

Observar os aspectos formais da escrita, apresentando informações como

direção da escrita, limites gráficos das frases, números de frases, uso de maiúsculas e

minúsculas, pontuação, espaços entre palavras ajudam os alunos a se envolverem

com a escrita. Quando os objetos de leitura são livros há a necessidade de

apresentação de título, autor e a numeração das páginas.

Também pode ser feita uma leitura didática apontando as palavras uma a

uma. Assim, a turma acompanhará e poderá repetir . A repetição pode ser feita por

um único aluno ou todos juntos.

Só após a exploração do texto deve-se partir a decomposição do texto, a

análise das frases, a análise das palavras...

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CAPÍTULO III

A INTERAÇÃO COM OS USOS SOCIAIS DA ESCRITA

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Na ‘vida real’, fora da escola, circulam vários tipos de textos. Textos

dirigidos a interlocutores reais. Essa diversidade de textos deve ser utilizada a favor

da construção do conhecimento do aluno, servindo como fonte de familiarização com

as características próprias de cada um de seus tipos e como base para a atividade

intertextual. Para isso, a escola precisa contribuir trazendo-os para a escola.

3.1 – A leitura e a escrita socialmente

É muito difícil imaginar a evolução humana sem a escrita e a leitura. Imaginar

como viveríamos hoje sem elas, torna-se quase insuportável. Supor que não

poderíamos fazer o tipo de pesquisa realizada neste momento (com bibliografia para

consultar), a dificuldade de comunicação e de transmissão de informações, sem

mencionar o que seria do desenvolvimento tecnológico, é apenas o começo de um

provável desespero de quem vive num mundo letrado e não é consciente da

importância disso. PÉREZ e GARCÌA confirmam a importância da leitura e da

escrita socialmente e, ainda, mostra o papel da escola, dizendo que:

“(...) é difícil pensar no desenvolvimento cultural do mundo

ocidental sem a intervenção da escrita alfabética, assim

como também é difícil conceber esse desenvolvimento sem

levar em consideração o que é matéria para outro trabalho,

seu instrumento de propagação mais importante, a

imprensa, e a instituição que permitiu sua socialização entre

as novas gerações, a escola.” (2001, p.42)

Assim, fica de fácil constatação que a escrita e a leitura têm grande relevância

cultural, sendo instrumentos fundamentais na construção da autonomia e da

consciência crítica. Com toda a sua “dimensão cognitiva, social, cultural e política”

(PEREZ E GARCÍA, 2001, p.46), as duas contribuem bastante para a construção da

cidadania.

Falar em situações públicas, escrever textos fora do uso doméstico e aprender

a língua das classes dominantes (a norma culta), são apropriações da leitura e da

escrita que contribuem como fator de inclusão social. Há ainda um outro fator de

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grande relevância social: falar de acordo com a norma culta não é pré-requisito para

aprender a escrevê-la, como afirma CAGLIARI:

“Não é necessário que os alunos aprendam a pronunciar

bem as palavras, sílabas ou outros elementos fonéticos para

aprenderem a escrever as palavras. Uma coisa não é

condição para a outra.

Tampouco quando um aluno é falante de um dialeto não

aceito como norma culta pela escola, não precisa

abandonar seu dialeto para aprender a norma padrão.”

(2002, p. 105)

Como há uma rede de práticas sociais de leitura e escrita, dentro e fora da

escola, na qual a pessoa vai se constituindo num mundo letrado, ignorar isso pode

significar a diminuição do acesso à cultura e ao conhecimento já construídos pela

sociedade.

Mais que isso, cabe a escola estimular a compreensão das funções sociais da

escrita, desde o início da escolarização, promovendo uma real interação com esse

tipo de linguagem.

3.2 – Seus usos na escola

A escola deve oferecer um ambiente alfabetizador. O que não significa

apenas pendurar pelas paredes coisas escritas ou utilizar textos. Significa possibilitar

o maior contato possível com a enorme variedade de práticas sociais de leitura e

escrita.

Não basta a escola utilizar qualquer tipo de texto, texto que só faça parte do

contexto escolar. O texto tem que ser de uso social, podendo ser conto, bilhete,

poesia, receita, parte de jornal, entre tantos outros. AFONSO apud CAVALCANTI

confirma como os diversos usos sociais da escrita no cotidiano escolar podem trazer

benefícios:

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“Tudo pode servir para ‘ler o mundo’ (...). Porque ler o

mundo é, também, descobrir que esse mundo é feito de

pessoas. E que elas são todas diferentes porque cada uma

única. Descobrir esse mundo que habita na profundeza do

outro é também algo que se consegue com a leitura. É

perceber que existem sensibilidades distintas e tanto para

descobrir. (2002, p. 10)

A leitura de textos criados unicamente para o universo escolar, agrupados por

dificuldades lingüísticas, sem a preocupação com todos os outros fatores que

envolvem um bom texto e um texto do cotidiano social, provavelmente não trariam

esses tipos de benefícios

Há, também a importância da escola apresentar para os alunos textos

clássicos. Textos que ficam na história podem ser utilizados em diferentes etapas do

processo de aprendizagem e de diferentes maneiras. BENCINI explica algumas das

vantagens da utilização desse tipo de texto:

“Só as obras bem escritas passam para a posteridade,

tornam-se fonte de conhecimento – e não apenas de

entretenimento – e, enfim, podem ser chamadas de clássicos.

Seus autores são verdadeiros artistas. Eles conseguem

organizar bem seus pensamentos, esculpem a língua com

cuidado e estilo e põem em foco os principais conflitos da

existência humana. Assim, ao experimentar as emoções de

diversos personagens consagrados, o leitor busca respostas

para a própria vida, compreende melhor o mundo e se torna

um escrito mais criativo.” (2003, p. 50)

A familiaridade que o leitor tem com o tema abordado por uma obra clássica

pode facilitar a sua utilização e ser um atrativo a mais para a leitura.

Entretanto, com qualquer texto social é possível trabalhar os conhecimentos

prévios sobre o assunto ou sobre o tipo de texto escolhido, aproveitando várias outras

estratégias interessantes para provocar o interesse e a curiosidade dos alunos.

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Os Parâmetros Curriculares Nacionais mostram através das habilidades que

são sugeridas para serem desenvolvidas durante todo o Ensino Fundamental, como a

utilização de textos está inserida nesse contexto de ensinar a criança a ler, a escrever

e a se expressar. Abaixo estarão as oito habilidades propostas:

“1- Expressar-se em diferentes situações.(...)

2- Saber expressar-se de diferentes maneiras.(...)

3- Conhecer e respeitar as variedades lingüísticas do

português falado.(...)

4- Saber distinguir e compreender o que dizem diferentes

gêneros de texto.

5- Entender que a leitura pode ser uma fonte de

informação, de prazer e de conhecimento.(...)

6- Ser capaz de identificar os pontos mais relevantes de um

texto, organizar notas sobre esse texto, fazer roteiros,

resumos, índices e esquemas. (...)

7- Expressar seus sentimentos, experiências, idéias e

opções individuais.(...)

8- Ser capaz de identificar e analisar criticamente os usos

da língua como instrumento de divulgação de valores e

preconceitos de raça, etnia, credo ou

classe.(...)”(REVISTA NOVA ESCOLA, 2004, p.5)

3.2.1 – Algumas formas de trabalhar em sala de aula

Em quase todas as fontes bibliográficas utilizadas nesta pesquisa foi

encontrado um grande número de sugestões de atividades ou formas de trabalhar em

sala de aula. Porém, ficou enfatizado que nenhuma delas era uma ‘receita’ que

deveria ser seguida à risca. É necessário que haja consciência que o educador deve

estar atento a sua realidade e aos desafios que ela aponta.

Com isso, será colocado o resumo de algumas sugestões, sem mencionar a

exata fonte porque as sugestões se repetem em várias delas, mudando apenas a forma

como são mostradas. Vejamos algumas delas:

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Explorar a expressão oral, fazendo com que as crianças ouçam e participem

com atenção das conversas, sem fugir do assunto tratado; narrem fatos

respeitando a temporalidade; contem histórias conhecidas, mantendo relação

com o texto original; descrevam situações, observando cenário, objetos e

personagens; relatem experiências, idéias etc.

Utilizar os nomes dos alunos na alfabetização, além de ajudar na leitura e na

escrita, ajuda a melhorar a auto-estima. Antes de saber ler, reconhecerão seu

nome e os dos colegas, fazendo comparações. Neste momento, descobertas,

como a existência de palavras com poucas letras e outras com muitas letras,

palavras que começam ou acabam com a mesma letra, o tamanho da palavra

não tem relação com o nome da pessoa ou do objeto, que as palavras podem

ser agrupadas de diferentes maneiras, contribuirão para a aprendizagem de

novas palavras.

Fazer pequenos grupos de trabalho, usando materiais que possuam, ao mesmo

tempo, letras e números. Crianças ou adultos em processo de alfabetização,

não percebem algumas diferenças sutis existentes entre letras e números

parecidos.

Pedir a colaboração dos ‘alunos mais adiantados’, fazendo um trabalho de

cooperação e de solidariedade entre eles. Além disso, uma criança pode

ajudar o outro a construir o conhecimento, já que possuem a mesma

linguagem.

Depois, em anexo, algumas sugestões estarão colocadas de forma mais

detalhada.

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CAPÍTULO IV

A FORMAÇÃO DO LEITOR ATIVO

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A produção de leitores ativos não é uma preocupação exclusiva dos educadores

brasileiros. Esta preocupação deve ser mantida no trabalho com todos os níveis de

escolaridade, desde a Educação Infantil até o mais elevado nível. CARVALHO

mostra o motivo dessa necessidade de preocupação:

“Da escola primária à universidade, professores se

queixam de que a maioria dos alunos lê mal e não sabe usar

os livros para estudar. Pais, educadores e editores

lamentam que o gosto pela leitura esteja desaparecendo. No

Brasil, milhares de livros de Português, obedecendo à

mesma fórmula - textos acompanhados de exercícios de

interpretação – são consumidos anualmente, mas nem por

isso os alunos se tornam bons leitores.” (2002, p. 9)

Fica explícita a necessidade de buscar meios para que esse quadro seja

mudado. Não será colocado em questão o papel governamental, mas apenas a

contribuição que os educadores podem, e precisam, dar.

4.1 – Como tornar a leitura atraente

Há muitas discussões sobre como tornar a leitura atraente. Considera-se que

esse processo pode ser iniciado desde o nascimento da criança, ou até mesmo antes

dele, através do contato com a ‘contação’ de histórias e com a sociedade letrada.

Porém, é preciso lembrar que a alfabetização também tem um papel

fundamental PERÉZ e GARCÍA enfatizam tal importância:

“(...) apesar da evidente relevância da língua escrita, ainda

prevalece concepções instrumentalistas e práticas em que a

instrução descontextualizada e a avaliação como medição

impedem qualquer outra atividade significativa e relevante.

Isto reduz a alfabetização a algo rotineiro, artificial,

descontextualizado e trivial para os alunos, deixando pouco

tempo para atividades criativas que exigem o uso do código

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escrito em experiências situadas e pertinentes para os fins

desejados.” (2201, p. 47)

Os mesmos autores ainda reforçam como a alfabetização pode ser mal

utilizada e provocar problemas para a formação de leitores ativos.

“E embora corresponda a todas as instituições educativas

estimular a capacidade, o desejo e a necessidade de ler, a

capacidade de escrever e o prazer de se comunicar por

escrito também é verdade que as primeiras aproximações

sistematizadas têm grande importância na hora de despertar

no aluno atitudes positivas com relação à leitura e à escrita

como meios e ferramentas de comunicação e aprendizagem.

Infelizmente, muitas crianças vivem com angústia e com

fracasso estes primeiros momentos; experiências negativas

que podem originar aversão e rejeição com meios tão

valiosos.” (2001, p. 49)

O alfabetizador que utiliza apenas textos descontextualizados em nada, ou em

muito pouco, contribui para a formação de leitores ativos - leitores que no decorrer

de toda a sua vida encontrarão, além de todos os benefícios que ela pode oferecer, o

prazer; leitores consumidores de livros, mas não pelo fato de comprá-los, pois há

aqueles que vão à biblioteca apenas para se deleitar com o que a leitura oferece.

Não só as experiências vividas na escola contribuirão para a formação desse

tipo de leitor. Todas as experiências do indivíduo com a leitura, até fora da escola,

influenciarão nas suas atitudes e na sua capacidade de interpretação. TOLCHINSKY

faz uma exemplificação desse difícil princípio:

“Imagino que muitos leitores devem estar pensando em

alguma exceção a este destino aparente, a esta

aparentemente inevitável herança. É claro que houve (e

certamente haverá) grandes autores literários filhos de

famílias analfabetas, mas, por um lado, eles constituem a

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exceção e, por outro, quando analisamos suas vidas,

costumam aparecer circunstâncias sociais – não-familiares

– de uso privilegiado da língua, ou, como afirma Hébrard,

algum adulto significativo disposto a responder perguntas.”

(2001, p.141)

É preciso mostrar, o quanto antes, os benefícios da leitura. Antes mesmo de

ter boas experiências na alfabetização, de aprender a ler e a escrever, é importante

que desde a infância o indivíduo tenha contato com a literatura infantil.

4.2 – O contato com a literatura infantil

A leitura sempre representou uma das mais importantes ligações entre o

sujeito e o mundo. E desde criança, ele pode ter uma vivência com a leitura. Mais

ainda, pode ter contato com o texto literário. CAVALCANTI destaca a importância

desse tipo de texto:

“A literatura se faz da palavra e além dela. Algo não

possível de dizer, ausente no espaço vazio ds entrelinhas,

pronto para fazer-se presente no sentido do inesgotável. A

escrita literária que perpassa pelo real, torna-se o real,

ocorre antes do dito verbal, já que a sua existência é

marcada por um ‘possível’ anterior de ser dito porque

coloca-se na ordem do indizível. De acordo com Roland

Barthes em O grão da voz, a fala das idéias; então a palavra

materializada no texto literário também faz parte de um

espetáculo, de uma encenação, de algo que existe antes

mesmo da fala materializar-se.” (2002, p. 16)

Os textos literários buscam nos leitores uma parceria para desvendar os

sentimentos, captar os sentidos das coisas não ditas. Convidam o leitor a

compartilhar do jogo da imaginação. Proporcionam o desenvolvimento de um espaço

de liberdade de linguagem. Permitem o uso da imaginação, da emoção, da fantasia.

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Através do texto literário, o autor expressa sua imaginação e fantasia, com

recursos lingüísticos que combinam o padrão estético com os diferentes elementos da

língua. Esse tipo de texto abrange o conto, a poesia, a novela e a obra teatral.

Para que seja alimentado o desejo de conviver com esse tipo de texto, é

preciso que haja provocação desde a infância. Daí, a grande valia da Literatura

Infantil.

A divulgação da Literatura pode acontecer de várias maneiras. A forma oral

pode enriquecer a forma escrita. Ela pode ser dramatizada, ilustrada..., interpretada

através de diferentes linguagens.

O profissional deve estar preparado para fazer esse tipo de trabalho. Não

basta criar um ambiente que promova a interação com o imaginário, com o lúdico.

Não deve utilizar a literatura para reproduzir valores ou padrões, conteúdos

curriculares. O educador deve gostar de ler e ser encantado pelo mundo do faz de

conta, deve saber e sentir a importância da literatura, deve buscar conhecer a

Literatura infanto-juvenil. O cuidado necessário com a literatura é explicitado por

CAVALCANTI (2002, p.79):

“Não basta que a escola promova o lúdico, a brincadeira e

a leitura dentro de um clima de prazer. É fundamental que

aprender a ler e a gostar de ler tenha um sentido na vida de

cada um. Que o leitor se sinta identificado com o lido, que

possa exercitar-se numa aprendizagem importante sobre o

mundo, as pessoas, a natureza, as lutas, a dor e o amor.

Parece curioso que muitas pessoas afirmem que adoravam

escutar e ler histórias durante o período que antecede o

indicado nos estudos escolar (sic), mas que de repente não

se sabe bem porquê passaram a detestar os livros de

histórias. Entretanto, essa é a reação provável de qualquer

pessoas que sofra imposição.”

Vários tipos de atividades podem ser realizadas com textos literários,

servindo como recurso dinâmico para entrar no mundo da leitura. O objetivo de cada

atividade deve ser “o de despertar o prazer e a consciência da importância da

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leitura na vida de cada pessoa.” (CAVALCANTI, 2002, p. 85) O que não pode mais

acontecer é a utilização de atividades como questionários.

Os educadores devem buscar constante reconstrução de seus conhecimentos e

construção de novos para que não utilizem atividades que inviabilizem o prazer de

ler. Pelo contrário, precisam buscar situações de aprendizagem que possibilitem o

máximo de integração como texto literário, como mostra JOSÉ (2003, p.101):

“A criança deve escrever e ler sua produção da maneira mais

solta, para seus colegas ouvirem. Deve fazer varais de

poemas, agrupar poemas do grupo ou da classe em

livrinhos, fazendo gostosas antologias. Deve enviar aos

autores os seus poemas modificados em produtivas formas

de intertextualidade. Deve incentivar a produção em

variados tipos de linguagem: leitura expressiva,

dramatização, criação de cartazes, ilustrações, bichinhos e

personagens de massa, colagens, mímicas, danças e

cantos.”

A literatura precisa ter lugar na escola, mas não de qualquer maneira. Deve

haver a percepção de que o texto literário pode ajudar a promover a liberdade de

expressão, a busca pelo lúdico, ou seja, o gosto pela leitura.

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CONCLUSÃO

A escola tem o importante papel de oferecer recursos aos seus alunos para que

eles possam participar da sociedade enquanto cidadãos de plenos direitos.

Para isso, é necessário, que através da sua prática educatica, desenvolva

competências e habilidades, destacando o domínio da escrita e da leitura, ajudando a

promover a inserção sociopolítica e cultural desses sujeitos.

Todos, independentemente de classe social ou lugar onde vivem, participam da

nossa sociedade letrada. Logo, faz-se necessário que tenham acesso aos

conhecimentos já socialmente elaborados, como o caso da leitura e da escrita.

Não é possível negar que as diferenças socioculturais podem influenciar nas

experiências com a linguagem escrita, fazendo com que os sujeitos possam precisar

de estímulos diferenciados. Porém, há a necessidade de considerar que todas elas,

sejam de qual classe for, são capazes de aprender. Sem esquecer de considerar a

individualidade de cada um.

Sabemos que o processo de letramento acontece desde antes da entrada na

escola, mas cabe a ela, trabalhar com as funções e os usos sociais da escrita. Para que

não aconteça um processo de alfabetização dissociado dessas vivências sociais.

Segundo todos os autores utilizados nesta pesquisa, não é possível continuar fazendo

trabalhos que utilizem textos exclusivos da escola, que não fazem parte do contexto

real da vida.

Isso, não significa que a escola esteja impedida de usar textos fictícios. Pelo

contrário, ela precisa fazer uso de vários tipos de textos, incluindo os fictícios.

Fictícios que fazem parte da sociedade.

Percebendo que a língua deve ser trabalhada em situações do uso real, deve-se

utilizar diferentes tipos de textos, como: literários, jornalísticos, de informações

científicas, instrucionais, epistolares, humorísticos, publicitários. Todos eles estão

presentes em nossas vidas, cumprindo diversas funções.

Assim, a inesgotável capacidade criativa do aluno será estimulada, levando-o

para além do cotidiano, ampliando sua visão de mundo.

O educador precisa estar consciente do seu papel, procurando fazer uma

formação contínua, para que possa estar atento as necessidades de seus alunos e

procurando o melhor meio de trabalhar com eles.

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Assim, ele reconhecerá a importância de trabalhar com o que é significativo,

com a diversidade de textos existentes na sociedade, com as experiências que

antecedem a escola e que estão fora dela.

Alfabetizar promovendo a interação com os usos sociais da escrita vai além de

uma prática metodológica, de um instrumento pedagógico. Alfabetizar deve

significar possibilitar o contato com as experiências reais, favorecer a construção do

sujeito autônomo.

Como desde o início da criação da leitura e da escrita, o homem criou formas

de perpetuar esse tipo de linguagem, seria um absurdo que em pleno século XXI ele

continuasse alfabetizando com práticas que fujam da nossa realidade letrada atual,

como se pudéssemos observar na nossa sociedade o uso de letras ou sílabas

estanques, sem ter um sentido. É preciso usar os instrumentos que a nossa sociedade

oferece.

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ANEXOS (CARVALHO, 2002)

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LEMLE, Miriam. Guia teórico do alfabetizador. 15ª ed. São Paulo: Ática, 2003.

LERNER, Delia. Ler e escrever na escola: O real, o possível e o necessário. Porto

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ÍNDICE FOLHA DE ROSTO

AGRADECIMENTOS

DEDICATÓRIA

RESUMO

METODOLOGIA

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO

CAPÍTULO I

ALFABETIZAÇÃO

1.1 - Um breve histórico

1.2 - A alfabetização e as cartilhas

1.3 - A alfabetização nos dias de hoje

CAPÍTULO II

A BUSCA DO SIGNIFICADO DO TEXTO

2.1 – O que é um texto?

2.2 – O texto na escola e na vida

2.3 - Como explorar um texto

CAPÍTULO III

A INTERAÇÃO COM OS USOS SOCIAIS DA ESCRITA

3.1 – A leitura e a escrita socialmente

3.2 – Seus usos na escola

3.2.1 – Algumas formas de trabalhar em sala de aula

CAPÍTULO IV

A FORMAÇÃO DO LEITOR ATIVO

02

03

04

05

06

07

08

10

10

15

19

19

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26

29

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31

33

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4.1 – Como tornar a leitura atraente

4.2 – O contato com a literatura infantil

CONCLUSÃO

ANEXOS

BIBLIOGRAFIA

ÍNDICE

FOLHA DE AVALIAÇÃO

ATIVIDADES CULTURAIS

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38

41

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49

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FOLHA DE AVALIAÇÃO

UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES

PROJETO A VEZ DO MESTRE

Pós-Graduação “Lato Sensu” em Psicopedagogia

A importância da utilização dos usos sociais da escrita

no processo de alfabetização

Daniela Azevedo de Santana

Data da entrega:__________________________________________

Avaliado por:________________________________ Conceito:_____

Avaliado por:________________________________ Conceito:_____

Avaliado por:________________________________ Conceito:_____

Conceito Final:________

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ATIVIDADES CULTURAIS

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