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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES INSTITUIÇÃO A VEZ DO MESTRE PÓS-GRADUAÇÃO LATO-SENSO A EDUCAÇÃO BRASILEIRA E SEU PAPEL NO DESENVOLVIMENTO INFANTIL HELEN TEIXEIRA PEDRENHO ORIENTADORA: PROF: SIMONE FERREIRA RIO DE JANEIRO 2011

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Page 1: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES ... - Pós-Graduação · Através do percurso político e social da educação no Brasil colônia, ... os Jesuítas tem como objetivo realizar a premissa

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

INSTITUIÇÃO A VEZ DO MESTRE

PÓS-GRADUAÇÃO

LATO-SENSO

A EDUCAÇÃO BRASILEIRA E SEU PAPEL NO

DESENVOLVIMENTO INFANTIL

HELEN TEIXEIRA PEDRENHO

ORIENTADORA: PROF: SIMONE FERREIRA

RIO DE JANEIRO

2011

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

PÓS-GRADUAÇÃO

LATO- SENSO

A EDUCAÇÃO BRASILEIRA E SEU PAPEL NO

DESENVOLVIMENTO INFANTIL

Monografia apresentada junto ao curso de psicopedagogia da Universidade Candido Mendes como requisito parcial para obtenção do

grau de especialista em Psicopedagogia Institucional.

Por: Helen Teixeira Pedrenho

RIO DE JANEIRO

2011

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AGRADECIMENTOS

Aos meus professores e amigos

que me ajudaram nessa empreitada

e nas minhas dificuldades que foram

muitas, e ao meu esposo que nas

horas difíceis me auxiliou.

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DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho para as

pessoas que trabalham na

área educacional e lutam por

uma qualidade de ensino mesmo

encontrando muitas dificuldades.

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RESUMO

A educação brasileira se constituiu a partir de contextos de produções pedagógicas, e através de cada época com suas respectivas conjunturas econômicas e sociais. Cada momento histórico, representado com seus padrões e valores sociais, trouxeram situações configuradas numa ideologia que visava à condição de exploração do indivíduo. Esta condição foi se transformando, porém a educação sempre esteve subjugada pela situação econômica e social de cada época. Mesmo nesta condição social ela é capaz de viabilizar um processo de transformação e humanização através da apropriação crítica, criativa e significativa da cultura, construindo espaços para formação da identidade e o desenvolvimento humano. Condiciona as ações do sujeito, limitando ou expandindo suas possibilidades. Permite a apropriação dos valores, da linguagem, das habilidades e do saber de seu grupo social. Está aprendizagem apresenta grande diversidade em função das diferentes vivências socioculturais, apresenta também a capacidade de tornar possível a compreensão do mundo e a possibilidade de se questionar sobre si e a realidade social em que se encontra, para que se possa descobrir como ser capaz de transforma - lá. Desta forma, perante os múltiplos desafios para o futuro, é a educação um triunfo indispensável à humanidade na sua construção dos ideais da paz, liberdade e da justiça social.

Palavras-chave: Relação desenvolvimento – aprendizagem, Evolução, História

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METODOLOGIA

O trabalho foi realizado com base na leitura de livros, de textos na internet e vídeos. Obtido por uma pesquisa dos valores e modos de atuar na sociedade a partir de um contexto histórico, tendo a educação como condição do desenvolvimento cognitivo, social e cultural.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO

CAPÍTULO I

– O PERCURSO POLÍTICO E SOCIAL DA EDUCAÇÃO

NO BRASIL COLÔNIA

Período Jesuítico – 1549 a 1759

A Reforma Pombalina – 1759 a 1808

A Educação no Período Joanino- 1808 a 1821

Período da Independência – 1821 a 1889

CAPÍTULO II

- O NOVO REGIME

A Primeira República – 1889 a 1930

Período da Era Vargas - 1930 a 1945

Nova República - 1946 a 1963

A Ditadura Militar - 1946 a 1985

Período da Nova República – 1985 até os dias atuais

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CAPÍTULO III

- EDUCAÇÃO: O PILAR DO DESENVOLVIMENTO DA

CIDADANIA

A Educação como Propiciadora do Desenvolvimento da

Cidadania

A Educação e o Desenvolvimento Infantil

CONCLUSÃO

BIBLIOGRAFIA

WEBGRAFIA

ÍNDICE

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INTRODUÇÃO

Este trabalho tem por finalidade clarificar o papel da educação na

sociedade, enquanto fenômeno observável em todas as situações de

aprendizagem, e nos processos de socialização, a partir da história da

educação e no processo do desenvolvimento infantil. Sendo assim, contempla-

se a importância da educação nos diversos espaços de convívio social, para

adequação do indivíduo na sociedade, e nas possibilidades de intervenção no

social.

A análise do processo educacional desenvolveu-se, adentrando-se no

contexto histórico em que o Brasil fazia parte. Nas suas descobertas e

colonizações, no conceito de colônia, nos meandros político, econômico e

religioso que incluíram e transformaram a terra descoberta numa Colônia

portuguesa; adentrar no processo e nas relações entre o modelo colonizado

português na terra descoberta e a Igreja Católica. Ou seja, deslizar por todo

percurso histórico da educação demarcada pelo contexto social e cultural de

cada época.

Percebe-se que a educação brasileira foi evoluindo através de cada

período determinado, com suas características sociais próprias, construindo-se

todo um contexto de produções educativas, com sua respectiva ideologia.

Influenciando a maneira de ser e viver das pessoas. Sua evolução na história

trouxe outro olhar para o desenvolvimento infantil, o que favoreceu a

construção das capacidades cognitivas e afetivas, em cada etapa da vida da

criança.

Observa-se que a educação é extremamente necessária, pois é

considerado um importante instrumento impulsionador da transformação social.

Ela é uma via para a mobilidade social e a chave de progresso individual e

social. É um dos fatores mais importante do desenvolvimento de um país.

Através dela a sociedade atinge melhores desempenhos, ajuda a diminuir a

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10 desigualdade social, melhora a qualidade de vida e reduz a criminalidade de

um país.

A educação pode provocar modificações sociais que exigem diversas

justificações teóricas para as reformas educativas propostas ou postas em

prática em cada momento histórico. Diante dos múltiplos desafios do futuro, ela

surge como um trunfo indispensável à humanidade na sua construção dos

ideais da paz, da liberdade e da justiça social. Ela fornece conteúdos

significativos necessários à apropriação pela criança dos valores, da

linguagem, das habilidades, do saber e de seu grupo social. Seu processo de

desenvolvimento e aprendizagem apresenta grande diversidade em função das

diferentes vivências socioculturais.

Conclui-se, então, que a visibilidade social da criança, ou seja, o lugar e

o papel que a criança ocupa em cada momento na sociedade, bem como a

percepção de suas peculiaridades, decorrem do contexto histórico, social e

ideológico de cada época e que o atendimento às suas necessidades de

desenvolvimento e educação, evolui na medida em que sua realidade vai se

ajustando ao contexto social.

O processo de educação é fundamental para o desenvolvimento

humano. Ela torna possível à criança a compreensão do mundo, por meio das

experiências vividas. Vivências que ocorrem paulatinamente levando à

necessária interiorização das regras afirmadas pela sociedade. Nesse início de

vida a família e a escola serão os mediadores primordiais, apresentando e

significando o mundo social. As idiossincrasias estarão determinando as

diferenças pessoais, pois esse processo não é simplesmente ensinado, ou

seja, a criança se mostra também um parceiro ativo, podendo procurar novas

informações em outros lugares. Está condição torna possível uma convivência

mais ética e solidaria entre os indivíduos, o que é primordial para construção da

cidadania.

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CAPÍTULO I

O Percurso Político e Social da Educação no

Brasil Colônia

Período Jesuítico (1549 – 1759)

Através do percurso político e social da educação no Brasil colônia,

percebe-se que o primeiro século de colonização do Brasil foi a “preparação de

terreno” para o que viria a se configurar como educação durante todo o período

colonial. O período quinhentista foi o palco de atuação da missão

evangelizadora jesuítica na colônia, e trazia no seu bojo um caráter

educacional e evangelizador. A companhia de Jesus foi oficializada pela Igreja

em 1540. Era uma época de divisão e conflito dentro da Igreja, devido a

Reforma Protestante. Também foi um período da expansão marítima, com a

descoberta da América e a abertura de novas rotas comerciais na Ásia. Além

de uma revolução no campo das ciências e das letras. A partir dessas

mudanças política e social a Companhia de Jesus vai atuar no serviço ao povo

cristão na defesa e promoção da fé; propagação da fé nas Missões e a

educação da juventude.

Quando chegam à Terra Nova, com um padrão educacional próprio

da Europa, os portugueses se deparam com Índios, que tinham outra forma de

viver, e consequentemente de Educar. Os Curumis (pequenos índios)

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12 aprendiam através da observação e orientação dos adultos - A Educação era

Oral – Eles aprendiam sobre a realidade da vida da Tribo em todos os seus

aspectos sociais e religiosos. A educação indígena foi interrompida com a

chegada dos Jesuítas, que consideraram a cultura indígena como inferior e

grosseira, então era preciso convertê-los ao cristianismo.

Para eficácia da catequese era imprescindível seguir a orientação

que constava nas constituições da Companhia de Jesus, apresentada por

Inácio de Loiola, em 1550, aos padres e irmãos que estavam em Roma. A

partir daí, com seus métodos pedagógicos, os Jesuítas tem como objetivo

realizar a premissa medieval do primado da fé defendida pela Igreja e pela

Coroa portuguesa, a qual sobrepõe os interesses político religiosos aos

interesses econômicos do lucro. A educação da população fica a cargo dos

jesuítas, ou seja, da companhia de Jesus. Eles se organizavam no trabalho

educacional atuando contra a expansão do Protestantismo.

Num primeiro momento chefiado por Manuel da Nóbrega, os

Jesuítas chegam com a missão de converter os indígenas à fé católica pela

catequese e pela instrução. Neste momento, em Portugal, Igreja e Estado

estão unidos por interesses comuns. Nobreza e Clero querem defender a

estrutura social tripartite e hierarquizada – os que lutam os que rezam e os que

trabalham – definida pelos teólogos do século XII - e manter seus privilégios,

aceitando as restrições da igreja à acumulação de capital, à livre produção e

livre contratação da força de trabalho praticada pela burguesia. Essa hierarquia

configura uma ordenação estamental da sociedade, com grupos fechados,

definidos por direitos de sangue, ou seja, uma ordem senhorial, em que ainda

predominam os valores medievais da fé e da honra pela posse e domínio

políticos (Hilsdorf. 2003).

A atuação dos Jesuítas é a ordem religiosa exemplar do século XVI,

eles representavam a igreja, a força dos poderes locais. Eram ativos,

missionários, iam ao encontro de novos fiéis, faziam catequeses e se

colocavam a serviço do Papado, para reforçar a centralização institucional e a

unidade doutrinária da Igreja Católica, que estavam sendo definidas no

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13 Concílio de Trento (1545-63). O objetivo era tornar o outro, o não cristão (seja

indígena, seja infiel ou herege), em cristão, para tornar os homens o mais

possível iguais. Com suas práticas missionárias e catequistas, a partir de um

discurso universalista; na sujeição do índio às normas e mentalidades do

branco, inclusive a sua inserção no trabalho organizado; na criação da Aldeia,

um espaço físico e mental estruturado segundo a lógica e a racionalidade do

branco para substituir as aldeias indígenas e suas formas culturais, como meio

de garantir a total semelhança entre homens brancos e índios. Uma prática de

dominação cultural.

O missionarismo heróico, segundo Hilsdorf. (2003), para os

primeiros jesuítas, era viver nas aldeias com os índios e adotar seus costumes.

Os Índios em um primeiro momento eram considerados como papel em branco,

isto é, eles registravam sem resistências ensinamentos dos Evangelhos e da

cultura portuguesa. Esta catequese – divulgação da doutrina cristã - se fazia

por contato e convencimento, forma tradicional de aproximação. Porém está

visão dos indígenas começa a mudar a partir da identificação de resistências

por parte dos mesmos. Eles agora começam a ser representados pelos

jesuítas como “feras bravas”, “boca infernal” (antropófagos), “maliciosos” (seres

racionais), ou seja, com reconhecimento (mas não aceitação) da alteridade

indígena, do índio como o Outro.

Os padres percebem que a catequese ensinada, segundo modelo de

aproximação e convencimento não funciona, não dá resultados permanentes,

ou seja, ela não resulta em aculturação e conversão (Hilsdorf. 2003). Os

Jesuítas, então, mudam a sua prática. Começam a ser realizados os

aldeamentos de adultos e os recolhimentos de crianças.

Os recolhimentos de meninos foram planejados a partir da

necessidade de incluir os filhos de colonos brancos dos povoados, em regime

de externato; juntamente a educação dos mamelucos, os órfãos e os filhos dos

caciques da terra. Estruturou-se em “casas de meninos” (recolhimentos) com

um programa de atividades diversificado para atender às diversidades de

interesses e capacidades. Incluía o aprendizado oral do português e do contar,

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14 do cantar, do tocar flauta e outros instrumentos musicais, do catecismo e da

doutrina cristã, além das práticas ascéticas; em seguida, ler e escrever -

alfabetização - em português e gramático latino para os postulantes à

companhia, o ensino profissional artesanal e agrícola nas oficinas para os

demais. E também viagens de estudo para Europa. As missões começam a se

organizar, segundo formas institucionais. Era preciso formar a burguesia e

catequizar os colonos.

Os Jesuítas fundaram colégios que recebiam subsídios do Estado

Português relativos às missões. Ou seja, ficavam obrigados juridicamente a

formar gratuitamente sacerdotes para catequeses. Sendo assim, os colégios

instalados nas principais vilas das colônias foram viabilizados porque, em troca

dessa tarefa de educar colonos brancos, a Coroa, já dominada pela burguesia

mercantil, ofereceu para o sustento da ação missionário nessas instituições o

recurso da redízima, uma taxa que era arrecadada sobre 10% das dízimas que

recolhia. (Hilsdorf. 2003)

Os colégios deveriam receber alunos com objetivo da atividade

missionária, estando aberto a todos, mas na prática os jesuítas ficavam apenas

com os alunos brancos, recusando os mamelucos, mestiços e índios.

Justificando-se que seu objetivo era formar os padres da companhia. Isto é,

foram instrumentos para formação da elite colonial. No século XVI os primeiros

“padrões de redízima” foram aplicados às casas da Bahia (1564), Rio de

Janeiro (1568) e Olinda (1576), transformando-as em colégios para oferecer

gratuitamente ensino secundário de humanidades. Visando, sobretudo a

formação de sacerdotes que pudessem se somar aos jesuítas em seu trabalho

catequético.

A não adequação do índio para formação sacerdotal católica foi logo

percebida, e com a proposição de um ensino profissional (trabalho manual) e

agrícola imprescindível para formação de pessoal capacitado em outras

funções essenciais a vida da colônia, verifica-se, então que instruir os índios

estava distante da realidade dos jesuítas. Os descendentes dos colonizadores

serão os instruídos, enquanto os indígenas serão os catequizados. Está

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15 catequese interessava como fonte de novos adeptos do catolicismo, pois

tornava os índios mais dóceis e, portanto, mais fácil de ser aproveitado como

mão de obra.

Nem todos os filhos da elite da colônia queriam se tornar padres,

porém esses grupos da época não tinham outra opção para seus filhos, pois

estes eram os únicos colégios que existiam. Então era preciso submeter seus

filhos à orientação jesuítica. Está orientação constitui-se em um sistema de

ensino que passa a ter uma organização do que ser estudado. Como manual

provisório, foi feito a elaboração de um plano nas bases do que ensinar; porque

ensinar e a quem ensinar. Este plano de estudo fica definido no documento

Ratio Studiorum (1599 Ordens dos estudos).

Os colégios de ensino secundário ofereciam o plano de estudo

constituído no Ratio Studiorum, ou seja, o método pedagógico dos Jesuítas,

constituído por uma programação modelar que abrangia aulas de gramática

latina, humanidades, retórica e filosofia. Sendo cumprida em oito ou nove anos,

de forma gradativa, e que levaria à formação de letrado. A educação neste

momento histórico era sinônima de catequese e evangelização. Sua meta era a

formação do bom cristão e do homem perfeito, a partir de um currículo de

educação literária e humanista voltada para elite colonial.

Nessas condições educacionais, pode-se observar a instalação da

pedagogia cristã de orientação católica, na primeira versão do plano de

Nóbrega, que procurava se adequar as condições da colônia, e depois, no

programa do Ratio Studiorum, cujos cânones foram adotados em todos os

colégios jesuíticos. Construíram a escola de primeiras letras (aulas

elementares de ler e escrever), como ensino elementar utilizado para difusão

da fé católica entre os senhores de engenho, colonos, negros, escravos e

índios. A escola de ensino secundário (aulas de gramática latina,retórica,

filosofia, moral, matemática, ciências físicas e naturais), onde negros e índios

não poderiam freqüentar, e a escola teológica, o ensino superior com aulas de

teologia e ciências sagradas, destinado a formação de padres. Assim, a

pedagogia cristã teve sua hegemonia no ensino brasileiro, ou seja, detiveram o

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16 monopólio da educação até 1759, data em que foram expulsos com a Reforma

Pombalina. Pois nesse momento político e social a Companhia de Jesus seria

um fator de empecilho às reformas econômicas e educacionais de Pombal.

A Reforma Pombalina (1759-1808)

A política colonial portuguesa tinha como objetivo a acumulação de

capital necessário à passagem da etapa mercantil para a industrial. Porém este

objetivo não foi alcançado. Portugal encontrava-se, assim como vários países

no mundo, absorvido pelo processo de industrialização na Inglaterra. Pode-se

dizer que o mercado interno, por exemplo, de Portugal foi massacrado diante

da desvantagem dos preços dos produtos agrícolas em relação aos

manufaturados. Dentro deste aspecto econômico, Portugal perde o comércio

asiático, sobrando algumas posses na África e no Brasil. E também com a

dominação espanhola, Portugal sairia arruinado, com sua marinha destruída e

seu império colonial esfacelado. A partir dessa realidade era preciso aumentar

o aparato material e humano, descriminando-se aqueles que nasciam na

colônia daqueles que nasciam na metrópole, pois estes últimos deveriam

ocupar posições superiores. Nesta perspectiva exigia-se um pessoal com

preparo elementar, sendo necessário o ler e o escrever, surgindo assim, a

instrução primária dada nas escolas que antes era da competência da família.

A sistematização do ensino de nível elementar e secundário era útil aos

interesses do Estado. E para os estudos maiores reformulou inteiramente a

universidade de Coimbra para que o Estado português pudesse contar com

uma elite bem preparada como base da modernização pretendida.

A Reforma Pombalina trouxe para o país a primeira reforma

educacional, estruturando-se nos aspectos econômico, administrativo e

educacional. Necessário aos moldes da conjuntura econômica do momento,

pois existia o processo de industrialização na Inglaterra que inundou o mundo

com suas manufaturas e ideologias, e a decadência econômica de Portugal.

Neste período de mudanças políticas e sociais, as idéias Iluministas estavam

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17 em pleno fervor, o Rei de Portugal, D. JOSÉ I, nomeia então Sebastião José de

Carvalho e Melo como Primeiro Ministro do Estado, tornando-se o mesmo

Marquês de Pombal.

O Marquês orienta-se no sentido de recuperar a economia com a

preocupação de industrializar Portugal e obter mudanças na cultura

portuguesa, ou seja, trabalha no sentido de reerguer Portugal da decadência

que se encontrava em relação às outras potencias da época. Uma de suas

ações reformadoras foi à expulsão dos jesuítas (1759) de Portugal e de suas

colônias, pois acreditava que a Companhia de Jesus agia como um poder

autônomo dentro do Estado português e suas ligações era um bloqueio ao

fortalecimento do poder régio. Tira a educação do comando dos jesuítas, com

o objetivo de substituir a escola que servia aos interesses da igreja, por uma

escola útil aos interesses do Estado. Passa a educação para as mãos do

Estado, extinguindo as escolas e os colégios jesuíticos de Portugal e de todas

as colônias, destruindo o único sistema de ensino organizado existente no país.

A educação fica sem parâmetro e consequentemente fica a cargo do governo

suprir o vazio que se instalou na vida educacional tanto de Portugal quanto de

suas colônias. Fica a necessidade da implantação de um novo sistema

educacional.

Pombal organiza a escola, a partir dos interesses do Estado e tem

como base, as ideias laicas inspiradas no iluminismo, porém não um

iluminismo que pregava a autonomia. Pombal precisava colocar Portugal a

altura das outras nações esclarecidas da época, sendo assim, suas ações

constitui-se na relação entre o iluminismo e o exercício do poder do estado, o

despotismo esclarecido. Não acolhe todas as ideias Iluministas na reforma

educacional, porém trava uma ruptura parcial com a tradição Medieval, ou seja,

viabiliza a reforma não por um espírito libertador, mas pela necessidade de

formar homens capazes de assumir postos de comando no Estado absolutista,

e preenchendo a enorme lacuna deixada com a saída dos Jesuítas.

A reforma contemplava todos os graus de ensino, era preciso

formar o perfeito nobre (o negociante); simplificar e abreviar os estudos para

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18 aumentar o número de interessados no ensino superior; propiciar o

aprimoramento da língua portuguesa; diversificar o conteúdo, incluindo o de

natureza científica e torná-los o mais prático possível. Daí o surgimento do

ensino público, não mais aquele financiado pelo Estado que formava o

indivíduo para Igreja, mas aquele financiado pelo e para o Estado. Ou seja, a

Reforma consistia na criação de escolas menores (onde se ensinava a ler, a

escrever, a contar, o catecismo e regras de boa educação) e de escolas

Régias, onde se ensinavam as disciplinas de Grego, Latim, Filosofia e Retórica.

Porém o antigo sistema da educação jesuítica era mais bem estruturado que o

novo sistema de aulas régias.

Funda-se o Real Colégio dos Nobres, para instrução dos filhos da

nobreza, preparando-os para o exercício das funções diplomáticas e

administrativas. Tem-se a reforma da Universidade de Coimbra como outra

ação de Pombal, constituída de novos estatutos e a criação das faculdades de

matemática e filosofia natural (ciência da natureza). A universidade foi também

dotada de laboratórios de física e química, onde se começou a fazer

dissecação de corpos.

As aulas régias ou avulsas secundárias para meninos eram

autônomas e isoladas, com um único professor e uma não se articulavam com

as outras. O ensino secundário era organizado em forma de curso no tempo

dos jesuítas, tornando-se aulas avulsas com Pombal, originando um

retrocesso pedagógico – o ensino passou a ser fragmentado e disperso. Estas

escolas passaram a substituir os extintos colégios jesuíticos, por aulas e

professores régios controlados pelo Estado. Cada professor selecionado e

pago pelo Estado deveria prover sua própria aula ou escola, sendo subsidiado

para isso, através de uma verba adicional para o aluguel do espaço utilizado.

Contudo, nem sempre isso acontecia, muitos professores não recebiam e

outros recebiam com atraso o subsidio. Neste momento têm-se professores

que passam a ser contratados como funcionários do Estado.

O Alvará de 28/06/1759 criava a figura de um Diretor Geral dos

Estudos, para nomear e fiscalizar a ação dos professores, que eram pagos

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19 pela coroa portuguesa com recursos do subsídio literário. Isto é, o professor

tem direito a um salário pago pelo Estado para manutenção do mesmo e da

casa escola e seu recrutamento passa a ser feito através de um exame

rigoroso, perante os comissários indicado pelo Diretor Geral dos Estudos. Cada

professor era responsável pela sua cátedra/matéria proibindo-se a qualquer

pessoa ensinar tanto no âmbito privado como no público, implicando na

aprovação de um exame público.

O critério de aprovação do professor configurava-se na moralidade,

no conhecimento científico e na vocação para o magistério. Com as Instruções

no alvará régio de 28/06/1759, mudam-se os programas e os métodos de

ensino, como a proposição de um novo método para ensinar Latim, mais

resumido e mais simplificado. As aulas de gramática da língua portuguesa

passam a ser ensinada também nas aulas de latim, sendo assim, era proibido

falar a língua geral, o tupi. Configurou-se a uniformidade da educação na

colônia para que não houvesse choques de interesse, ou seja, que não

houvesse nenhum outro poder, como o dos jesuítas, a afrontar as

determinações da coroa.

Existia também a fiscalização do aluno no sentido de averiguar se

estavam bem nas aulas. Eles não poderiam largar as aulas, realizavam cada

matéria de cada vez, no tempo que fosse necessário para a sua completa

realização.

Num primeiro momento da instrução pública na educação colonial

formaram-se escolas mantidas por ordens religiosas e subsidiadas pelo reino

português, combinando-se com aulas ministradas de maneira privada e

providas no seio de família mais abastarda. Numa segunda etapa surgem as

reformas pombalinas e consequentemente o ensino estatal materializado nas

aulas régias. Pedagogicamente esse novo sistema não representou avanços,

não ofereciam um currículo regular, com suas aulas isoladas ministradas por

professores leigos e mal pagas.

Historicamente as reformas pombalinas do ensino constituíram-se

numa renovação pedagógica, com o início do ensino laico e a libertação do

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20 ensino em relação à influência dos princípios da igreja. Sua política

educacional perdurou 27anos durante seu governo, estando caracterizado por

uma tentativa de modernização da sociedade e da economia portuguesa. Ela

serviu aos interesses do Estado para garantir o poder absolutista, tentando

mantê-lo forte e centralizado nas mãos de uns poucos preparados para tais

tarefas.

Quando o rei morreu em 1777. A rainha Maria I, mãe de D. João,

acusa Pombal por abuso de poder e manda julgá-lo, porém não o condenou

atendendo aos serviços prestados ao rei D. José I, mas deixou no seu exílio de

Pombal. O reinado dona Maria I representou um movimento conservador dos

setores da nobreza combatidos por pombal. A rainha procurou restaurar a

plenitude do regime absolutista. Encarregou-se de tomar medidas com

princípios liberais, mercantilistas e também medidas representadas na velha

prática mercantil reafirmando a função da economia brasileira complementar a

de Portugal. Em 1792 a rainha é atingida por uma doença mental sendo

afastada da chefia do Estado. Em seu lugar o príncipe herdeiro D. João, futuro

D. João VI, assume o governo na qualidade de regente.

A Educação no Período Joanino 1808 – 1821

Este período, marcado pela conquista de quase toda Europa por

Napoleão, menos a Inglaterra. Dentro desta realidade Napoleão exigiu que D.

João declarasse guerra à Inglaterra. Porém Portugal, aliado fiel do império

britânico, viu-se, portanto no meio de um conflito internacional. Não podia dar

as costas para a Inglaterra e nem afrontar o bloqueio napoleônico. A partir

desta conjuntura política Portugal vai amadurecendo a idéia, que agradava

muito a Inglaterra, da transferência da Corte Portuguesa para o Brasil. Assim

no dia 27 de novembro de 1807 com tropas francesas batendo a porta de

Lisboa, cerca de 10 mil pessoas embarcavam com destino ao Rio de Janeiro,

sob a guarda inglesa. Na existência da conjugação de interesses dos grupos

coloniais e ingleses, obriga D. João a decretar a abertura dos portos em 1808.

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A necessidade de instalação imediata do governo português em

território colonial provocou inúmeras mudanças na vida da colonia, como

desenvolvimento da vida urbana em algumas cidades, como Vila Rica,

Salvador, Recife e Rio de Janeiro. Houve transformações na arquitetura, na

habitação, no plano dos costumes, na vinda de pintores que vieram embelezar

a Corte e etc. No plano das relações internacionais um dos fatos mais

importante e o reconhecimento da liberalização do comercio internacional,

propiciando um maior contato com povos e ideias diferentes. Ou seja, o Brasil

tinha os seus portos abertos às nações amigas, como a Inglaterra que teve

acesso direto aos portos, ao comércio com o Brasil.

No campo educacional, diante desta nova realidade, o Brasil como

sede da Coroa portuguesa, foi preciso uma série de medidas no campo

intelectual. Porém, a ação Joanina no campo da educação escolar acompanha

a tendência caracterizada nos séculos XVIII e XIX, da perda Igreja como

gestora da educação escolar para os funcionários do Estado, isto é, concentra

o controle da educação escolar dos níveis secundários e superior nas mãos do

Estado, e oferece conhecimento científico utilitário, profissional, em instituições

de ensino avulsas, isoladas, segundo modelo ilustrado. A partir dessas

diretrizes foram criadas várias aulas avulsas de nível médio e superior para

formar os quadros superiores da política e da administração da Coroa

portuguesa sediados na colônia. Tais medidas englobavam a criação de cursos

para pessoal diversificado; em razão da defesa militar e para a formação de

oficiais e engenheiros civis e militares a Academia Real da Marinha (1808) e a

Academia Real Militar (1810), que em 1858 passou a chamar-se Escola

Central, em 1874 Escola Politécnica, e hoje é chamada Escola Nacional de

Engenharia. Foram criados cursos de cirurgia, anatomia e medicina para

formação de médicos e cirurgiões para o Exército e a marinha.

Dentro desta perspectiva criou-se a Imprensa Régia em 1808, que

produziu o primeiro jornal do país; a Biblioteca Pública ( 1810); o Jardim

Botânico do Rio (1810); O Museu Nacional (1818). Cursos de economia (1808),

de agricultura (1812), o de química (1817) e desenho técnico (1818). No Rio o

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22 laboratório de química (1812) e o curso de agricultura, que se viabiliza formar

técnicos em economia, agricultura e indústria.

Todo este aparato educacional, estruturado a partir de uma nova

realidade política no Brasil, tinha um caráter utilitário e profissional, visando a

formação especializada para atender ao serviço público preenchendo os

quadros exigidos devido carências surgidas durante o longo período colonial.

O Reino Unido (Colônia) agora, com toda esta formação rompe com

o período colonial (1815), e está nova situação desenvolve o sentimento de

insatisfação nos lusitanos que viviam em Portugal, este fato, de o Brasil passar

a ser a sede administrativa do governo português, culminou em um movimento

revolucionário para acabar com a condição politicamente secundária de

Portugal. Diante deste movimento D. João VI retorna para Portugal temendo

pela perda de seu poder e deixa seu filho D. Pedro I como príncipe regente do

Brasil.

Período da Independência – 1822 a 1889

A presença de D. Pedro I no Brasil e o fato das pressões das elites

do Rio de Janeiro, sobretudo, acabaram levando a uma situação progressiva

de atrito com as Cortes portuguesas. E diante de um contexto de contradição

entre a política econômica portuguesa e a política econômica internacional

ocorreu à conquista da autonomia política e econômica do Brasil. A

Independência brasileira (1822) que foi gerada através de acordos políticos de

interesse da classe dominante, composta da elite brasileira que se utilizava do

capitalismo europeu. Esse processo de Independência, realizado através de

uma linha conservadora da elite, objetivou um processo de transição sem

muitos abalos no Brasil, o que politicamente constitui-se uma monarquia entre

repúblicas. Embora muitos países tenham se tornado Repúblicas, o Brasil

continuava a ser uma monarquia.

Segundo HILSDORF (2003), a Independência foi moderada, ou seja,

foi um movimento contra revolucionário que altera a superestrutura político

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23 jurídica do novo país, mas não a infraestrutera econômica social. O que

resultou em um movimento de assistência e educação de massas com duas

marcas: ser ativo, no sentido de ir ao encontro das necessidades da população,

e ser de responsabilidade pública, ao invés de atribuição das igrejas. A ênfase

na educação popular será, portanto uma das características das lideranças

políticas e culturais da geração da Independência, que nas décadas de1820

e1830, organizam asilos de órfãos, casas de correção e trabalhos, rodas de

expostos, jardins botânicos, escolas de educação popular, aulas de francês,

bibliotecas e cursos superiores, adoção do sistema métrico decimal, enfim,

uma rede de instituições e práticas civilizatórias, direcionada à guarda,

proteção e formação da população. Entretanto, a sociedade brasileira nesta

época formava uma hierarquia, com camadas diferentes e desiguais, divididas

em coisas (escravos e índios) e pessoas, que compreendiam a plebe (massa

dos homens livres e pobres) e o povo (a classe senhorial dos proprietários) e a

preocupação com o povo não representava preocupação com a plebe. Têm-se

também idéias filantrópicas disseminadas pelos ingleses que influência

educação popular no sentido de não ser oferecida apenas pelo Estado

(Governo Monárquico), e deixavam muitas iniciativas aos particulares.

Após a proclamação da Independência constitui-se a Assembléia

Constituinte e legislativa que logrou nossa primeira Constituição (1824) e o

início dos trabalhos propondo uma legislação particular sobre a instrução, para

organização da educação nacional, sob a influência da revolução francesa que

empregava conceitos nacionais e liberais. De orientação liberal, mas não

democrática, assegurava direitos civis aos brasileiros brancos, mas não aos

índios e escravos. Quem é coisa não tem direitos, quem é povo ou plebe tem

direitos políticos e civis diferenciados, dependendo da renda.

Essa Constituição promete garantir instrução primária gratuita para

todos e determina ensino de Ciências e Belas Artes em colégios e

universidades, porém, esse Governo não dá garantias de sua efetivação. Os

resultados dessa lei fracassam por questões econômicas, técnicas e políticas e

não corresponderam aos intuitos do legislador.

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Sem recursos necessários para criação de escolas e para o trabalho

dos professores, desencadeiam-se muitas denúncias de falta de recursos e de

escassez de escolas. Pois o estabelecimento e ampliação do ensino, de

responsabilidade dos municípios, mostravam-se ineficientes na administração e

fiscalização. A partir deste contexto propagou-se a criação de aulas avulsas

públicas de primeiras letras de origem pombalina, para meninos e também para

meninas, o que configurou uma inovação (1827 – 15 de Outubro).

Para organização das aulas de primeiras letras das localidades

mais populosas, em consonância com países de governos liberais e

mentalidade filantrópica, instalou-se o Método Lancaster como alternativa mais

viável à tradicional forma de ensino individual, e também na tentativa de suprir

a falta de professores. Baseava-se no ensino mútuo, onde um aluno treinado e

mais adiantado (decurião) ensina um grupo de dez alunos (decúria) menos

adiantados, sob a rígida vigília de um instrutor, que poderiam ser pessoas sem

experiência no magistério.

Tal situação representava uma organização mínima para educação

nacional. Cada província deveria se responsabilizar pelas diretrizes do ensino

elementar e secundário, cabendo ao Governo Central a primazia e o monopólio

do ensino superior. Sendo assim, nas escolas de primeiras letras em todos os

lugares mais populosos da cidade deve ser ensinados princípios da moral

cristã, a doutrina da religião católica, a preferência aos temas, no ensino de

leitura, sobre a constituição federal e a história do Brasil e aulas de aritmética.

Nessa primeira legislatura instala-se também, em 1827, as

academias de Direito de Olinda e São Paulo, para formação da classe

senhorial que irá manter a ordem do e no império. O objetivo dessas

academias era para manter a monarquia centralizada diante das pressões

externas por uma organização mais descentralizada que atendesse as

necessidades das populações locais.

Ao longo dos anos várias medidas descentralizadoras, propiciadoras

das forças locais e das reivindicações populares foram levadas a aprovação a

partir de acordos com os radicais, inclusive o Ato Adicional de 1834 à

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25 constituição de 1824, que institui as Assembléias Legislativas nas Províncias.

Dentro desse contexto, uma ameaça republicana, desencadeou-se com alguns

liberais moderados um movimento regressista, que prejudicou de vez a

educação brasileira, pois se procurou restaurar a ordem do Império dentro de

uma ideologia conservadora. Ou seja, Atribui-se a Coroa a função de promover

e regulamentar o ensino superior, enquanto as províncias (futuros estados) são

destinadas o ensino elementar, o ensino secundário e os cursos de formação

de seus professores, para manter a ordem (escravista) e colocar o Império ao

lado das nações civilizadoras.

A existência dessa divisão de competências do ensino entre a

Coroa, as províncias e a iniciativa privada promoveram em relação ao ensino

secundário uma aparente responsabilidade das províncias, pois na verdade

estava o tempo todo controlado pelo poder central para controlar a procura

pelos cursos superiores. Visando manter esse resultado criou-se um único

estabelecimento de ensino secundário o colégio Pedro II (1837), na tentativa de

controlar o ingresso nos cursos superiores, pois os liceus e ginásios

secundários criados pelas províncias e pelas iniciativas privadas não poderiam

ter acesso direto as Academias, como era o caso do Pedro II, que era

frequentado pela aristocracia, onde era oferecido o melhor ensino, a melhor

cultura, com o objetivo de formar a elite dirigente, e considerada uma escola

modelo para as demais em todo país.

As províncias abandonam seus liceus e ginásios, desobrigando-se

do ensino secundário por falta estrutura para o estabelecimento do ensino,

sendo oferecido pelos particulares na forma de cursos avulsos das disciplinas

preparatórias aos exames de ingresso aos cursos superiores e carreiras

comerciais e industriais controlados pelo poder público central.

Segundo HILSDORF (2003) o secundário funcionava como

propedêutico ao superior, retendo apenas um terço dos alunos que se dirigiam

às academias do Império, ou seja, a barreira antidemocrática da escola

brasileira do Império conservador estava instalada antes, entre a escola

elementar e o colégio secundário.

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Pra aqueles que a escola não alcançava, a ação se deu pela

reordenação do Estado da rede de instituições criadas pela geração da

Independência e voltada para os que estavam a margem da sociedade, como

os criminosos, os doentes, os indígenas e os órfãos, sendo em si mesma

educativas, pois estavam cheias de controle. Para os níveis que visavam

constituir os cidadãos ativos, isto é, o ensino secundário e superior, houve

movimentos mais sutis de controle, como o realizado pela ordem médica, que

gestou um modelo de organização escolar em nome da racionalidade científica

médico higiênica, e também as condições para monopolizar em proveito

próprio os homens que garantiriam a ampliação da classe senhorial.

A partir desse momento histórico na defesa da unidade nacional, o

seu contexto social e cultural definido pelo regresso conservador, afastou a

influência da filantropia ilustrada das primeiras décadas. Porém algo do

discurso progressista e ideias iluministas retornaram (1860), formando um

quadro mental de inconformismo, defendendo o trabalho livre, a abolição e a

integração dos negros a sociedade. Para esses liberais os princípios

reguladores para a configuração de um país moderno (1870), estava na

abolição, no crescimento da indústria, no voto universal, no regime da pequena

propriedade, no ensino estatal e gratuito e na liberdade de ensino para

iniciativa privada. Paralelamente apontava para o fim do Império. No campo da

educação surge um ambiente social e cultura rica em debates e polêmicas

acerca da educação necessária para o desenvolvimento de um país moderno e

livre e movimentos de escolarizações da sociedade brasileira.

Muitas iniciativas contra o alto índice do analfabetismo, o descaso do

governo central com o ensino primário, e a ausência de políticas educacionais

que visassem atender ao conjunto da população em condições de

analfabetismo, fizeram com que Leôncio de Carvalho, liberal extremado na

defesa dos direitos individuais, decretasse em 1979, quando ministro do

Império e professor de direito, institui a liberdade de ensino primário e

secundário no município da Corte e a liberdade de ensino superior em todo

país.

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Nas proposições de ausência do Estado na obra educativa

posiciona-se Rui Barbosa, ao reafirmar nos seus pareceres em 1882 às

medidas decretadas por Leôncio de Carvalho, a superação do atraso e a

modernização do país mediante ação ampliada do Estado. Para Rui Barbosa o

Estado é que deve praticar uma ação educativa caracteristicamente

garantidora, protetora, ampla, sistematizadora e múltipla. Ele resolveu estudar

a fundo a situação da educação no país, e a partir desse estudo propôs

mudanças num escrito que ficou conhecido como Reforma do Ensino Primário.

Coloca que a educação da população é à base do progresso econômico do

país, do seu desenvolvimento. Critica a prática pedagógica que não considera

as necessidades concretas dos alunos.

Historicamente ocorreram diversos fatos importantes no Brasil, o

surto industrial, o fortalecimento da burguesia urbano industrial, a política

imigratória, a abolição da escravatura e por fim a queda da monarquia e a

proclamação da republica. No campo das ideias o pensamento católico começa

a sofrer oposição do positivismo e da ideologia liberal, que influência o

movimento de libertação dos escravos e a proclamação da República. Na área

educacional o positivismo influência a luta pelo ensino público, leigo e gratuito,

bem como o ensino das ciências.

As inovações pedagógicas, associadas na Europa e nas Américas à

educação escolar atualizada, possibilitaram todo um conjunto de diretrizes,

métodos, procedimentos e conteúdos modernos, posto em circulação;

discutido; experimentado e aprovado, desde a década de 1870. Essas idéias

alimentaram por muito tempo as esperanças por mudanças da sociedade

através da educação universal, porém o fato é que até o final do Império as

coisas no quadro educacional continuaram muito precárias.

Vários fatores concorreram para a crise do Império, e no fim para

derrubada de D. Pedro II em 1889, que partiu com a família exilada para

Europa. Um dos fatores é o fim da escravidão, um fator de peso, pois os

proprietários de escravos acabam se decepcionando muito com D. Pedro II e

sua política de abolição. Mas o fator talvez mais importante tenha sido a

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28 pressão pela a autonomia por parte de um grupo da elite civil e a pressão por

um novo tipo de regime que vinha a partir do exército. É decretada a deposição

da dinastia Imperial e consequentemente a extinção do sistema monárquico

representativo. A República, proclamada por Marechal Deodoro da Fonseca, é

o resultado dessas duas forças que se uniram por algum tempo, que eram de

um lado o exército e do outro a elite política do Estado de São Paulo que tinha

se organizado no partido republicano paulista.

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CAPÍTULO II

O Novo Regime

A Primeira República – 1889 a 1930

O novo regime, com governo provisório de Deodoro da Fonseca, institui-se por meio de um movimento militar com apoio variado da economia cafeeira. O fim da Monarquia acontece, pois o Império não consegue sobreviver às transformações ocorridas neste momento, como mudanças na relação de trabalho do regime escravo para a do trabalho livre e assalariado, defendida e praticada pelos cafeicultores e empresários do centro oeste paulista; o crescimento dos setores da prestação de serviço e da pequena indústria; o início da urbanização associado ao crescimento da classe média e ao surgimento do proletário urbano formados pelos imigrantes que passam a trabalhar nas cidades. E uma intensa circulação de novas ideias, como o positivismo e o industrialismo cosmopolita.

Mesmo que não tenha sido uma conquista popular, o novo regime trouxe alguns ganhos, como o fim do poder moderador do Imperador, havendo assim certa descentralização do poder. A República proclamada, e em seguida a elaboração da constituição de 1891, que adota o modelo político americano baseado no sistema presidencialista e representativo, de caráter federalista onde determina que os estados possam ter constituições próprias; códigos judiciais, eleitorais e forças militares públicas. Nesse primeiro momento os militares predominaram, mas logo depois se formou uma República Civil, com o predomínio das elites civis formadoras da Constituição de 1891, criando uma divisão de três poderes, pelo menos na teoria, o poder executivo, o poder legislativo e o poder judiciário. Pode-se dizer que neste momento realizam-se diversas reformas educacionais, onde cada estado elaborava a sua de acordo com a necessidade e a realidade local. Estas reformas tentam reconduzir a educação para novos métodos de ensino

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Este período apresenta um sistema político representado pela República Velha, uma República Oligárquica, que significa um governo de poucos, onde a escolha dos governantes não se realiza de maneira democrática, mas controlada por uma elite. E dependendo do lugar e situação vai prevalecer à opinião dos Coronéis ou os interesses dos fazendeiros de café ou de gado – constituindo a famosa política café com leite, ou seja, a alternância no poder dos líderes mineiros e paulistas - A República do Café, República dos Coronéis. Este tipo de governo leva a República a se tornar uma política estagnada e viciada. Esse sistema político se torna refém da situação econômica, onde a reorganização de poder não muda em nada a ordem econômica nacional, ou seja, o monopólio dos cafeicultores no poder estatal.

O método educacional do antigo regime é questionado, pois privilegiava a educação da elite deixando à margem da educação a maioria de analfabetos. Os republicanos agrupavam-se com o objetivo da defesa dos princípios liberais e democráticos. Porém, o que a primeira República fez foi manter o voto só para as pessoas alfabetizadas, e ao mesmo tempo a inexistência do voto secreto. Há urgência em utilizar a escola e a educação como meio de salvaguardar o novo regime.

Grandes transformações urbanas acontecem como o aumento das favelas no RJ, o surgimento de muitas fábricas de fundo de quintal nas grandes cidades, mas também grandes construções fabris que mudaram a fisionomia das cidades, vivenciado através da atividade cafeeira, o que gerou uma grande expansão econômica, um crescimento das cidades e a criação do mercado interno para os produtos industriais, e por essa via as indústrias começaram a crescer no país. A imigração foi um dos fatores que favoreceu a industrialização, com grupos compostos de italianos, espanhóis, alemães, dentre outros.

Neste momento, a organização escolar sofre influência do positivismo, que postula a superação das idades teológicas e metafísica para ingressar na idade positiva da ciência, onde nas ações de Rui Barbosa pelo Ministério da Fazenda e a de Benjamim Constant no Ministério da Educação promovem iniciativas econômicas e educacionais. Esta influencia positivista na Primeira República na área educacional foi passageira, além de que muitos projetos não foram implementados. Rui Barbosa até crítica alguns positivistas por não conhecerem a fundo a doutrina pedagógica de Comte.

A prioridade era instalar o ensino leigo nas escolas públicas em detrimento ao ensino religioso, que predominou durante todo período colonial, e se fez presente na primeira Constituição de 1891. Foi um momento de grandes reformas, como a organizada por Benjamim Constant. Ele foi

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31 responsável pela Reforma da Instrução Pública de 1890 enquanto Ministro da Instrução, Correios e Telégrafos (1890 – 1892) no Governo Provisório de Marechal Deodoro da Fonseca. Fiel seguidor do positivismo aprovou o regulamento da instrução primária e secundária, viabilizando o crescimento do ensino publico e do desenvolvimento das instituições culturais. Acreditava que só pela educação um povo poderia construir sua cidadania, com um ensino popular constituído de princípios de liberdade, gratuidade e laicidade. Este ensino deveria ser executado no país através de uma diretriz educacional que abrangia todos os níveis de ensino. O Método empregado na reforma de Benjamim Constant era o intuitivo, com uma lógica de aquisição de pensamento pela observação direta dos objetos visando à cultura dos sentidos, valorizando o conhecimento do mundo obtido. Desenvolvem-se, então, processos de ilustração com objetos, animais ou duas figuras.

Está reforma introduziu um currículo baseado no princípio científico de Comte, um currículo mais enciclopédico, com a inclusão de disciplinas científicas e a inserção do ensino seriado. Definindo um modelo para educação nacional. Promovem-se mudanças no currículo da escola secundária que acrescenta o estudo das ciências através das disciplinas de sociologia, moral, direito e economia política. Pode-se dizer que mesmo com todas essas mudanças, a reforma atende aos interesses de modernização e expansão do ensino da elite brasileira. Então por um lado temos uma intensa parcela de analfabetos ou semianalfabetas, e de outro a elite nacional.

Soma-se aos méritos de Constant o fato de ter dividido as escolas primárias em dois graus, o primeiro para crianças de 7 a 13 anos, e o segundo para crianças de 13 a 15 anos, exigindo também o diploma da Escola Normal para o exercício do magistério em escolas públicas e para as escolas particulares é solicitado um atestado de idoneidade moral para os professores.

Outra reforma ocorrida neste período foi a Reforma de Epitácio Pessoa (1901), que surgiu para adaptar e corrigir a Reforma de Constant as realidades regionais. Na perspectiva dessa reforma a educação nacional deveria priorizar o ensino secundário, com estrutura seriada, tendo em vista que até aquela data não existia uma freqüência obrigatória para o ensino, prevalecendo os exames preparatórios. Já a Reforma de Rivadávia Corrêa ocorrida em 1911 postula um ensino secundário formador do cidadão e não mais uma passagem as faculdades, ela incentivava a liberdade de ensino, e a abolição do diploma pelo certificado de freqüência e aproveitamento, transferindo os exames de admissão para o ensino superior às faculdades. Ou seja, acaba com o controle do Estado na concessão de diplomas, volta com os exames de admissão nas

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32 faculdades e desqualifica o ensino secundário. A duração desta Reforma foi muito breve, já em 1915, a Reforma Maximiliano muda a conjuntura do ensino.

A Reforma de Carlos Maximiliano (1915) ocorre pela não continuidade da Reforma de Rivadávia Corrêa, reoficializando o ensino no Brasil, isto é, inclui a proposta de seriação escolar, retoma o exame vestibular tornando-o extremamente rigoroso, reforma o colégio Pedro II e regulamenta o ingresso no ensino superior, sendo um dos critérios a apresentação do diploma do ensino superior. Retoma a tradicional educação elitista brasileira e apresenta algumas possibilidades na expansão do ensino. Retoma vários pontos do ensino superior

Em 1925, nessa corrente, ocorre a última Reforma de Rocha Vaz que introduz a cadeira de Moral e Cívica com objetivo de combater os protestos do presidente Arthur Bernardes. A proposta aqui era que o currículo preparasse o aluno para vida e não para o ensino superior, instituindo bancas examinadoras de composição idônea. Durante seis anos tentou romper com o ensino parcelado ou preparatório, deixando como única opção o ensino seriado, o que consequentemente forçou a continuidade dos estudos obrigatórios por cinco anos no secundário. Buscou a moralização do ensino, sem nenhum sentido inovador, sendo mais uma reforma com características administrativas, tal como as demais que caracterizaram a época. Esta Reforma não foi totalmente efetivada, pois ainda em 1929, ainda existia escolas com exames preparatórios sem currículo definido.

A educação republicana é marcada pela valorização e continuidade do ensino superior, por um espaço reservado à educação da elite; pelo surgimento da discussão mais acirrada acerca da educação e democratização do ensino que aparece junto com as reivindicações das classes médias progressistas e com o aparecimento das associações operárias. Nessa época temos um país eminentemente de analfabetos tanto em sua escolaridade quanto nos novos meios de produção cobrados pela sociedade. A década de 20 é caracterizada por diversos fatos relevantes nas mudanças das características políticas do país. Como o Movimento dos 18 do Forte (1922), a Semana da Arte Moderna (1922), a fundação do partido comunista Partido Comunista (1922), a Revolta Tenentista (1924) e a coluna Prestes (1927). Também temos um movimento renovador que visa transformar as condições de ensino. Um movimento chamado de Escola Nova que foi liderado por grandes educadores, como Francisco Campos, o empreendedor das Reformas em Minas Gerais.

Está febre no otimismo pedagógico através dos grandes educadores, realizaram-se diversas reformas de abrangência estadual, como a de Lourenço Filho no Ceará (1923), a de Anísio Teixeira na Bahia em 1925, a de Francisco

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33 Campos e Mario Casassanta em Minas (1927) a de Fernando Azevedo no Distrito Federal (atual RJ) 1928, e Carneiro Leão em Pernambuco (1928). Essas reformas tentam reconduzir a educação para novos métodos de ensino. Cada Estado poderia organizar um sistema completo de ensino desde o primário até o superior, porém tais reformas limitaram-se a uma estrutura do ensino primário e normal, porque o ensino superior estava nesta época no âmbito do Governo Federal, e o ensino secundário não era um ensino obrigatório para admissão aos cursos superiores, constituía-se como cursos preparatórios com exceção do colégio Pedro II. A ênfase literária e clássica tem seus dias contados.

Acumulam-se sinais de crise na Primeira República, sendo um deles o Movimento Tenentista que representou um sentimento de insatisfação com militares em relação ao sistema oligárquico. Em 1927 esse movimento termina e começa a aliança entre São Paulo e Minas Gerais formadores dos acordos e disputas políticas, não esquecendo a influência do Rio Grande do Sul. Para as eleições de 1930 aconteceu uma quebra na aliança entre São Paulo e Minas, em conseqüência Minas se aliou ao Governo do Sul e lançou Getulio Vargas Como Presidente da República. Porém na disputa á presidência Julio Prestes ganha as eleições e constitui-se a revolução de 1930, onde Prestes foi deposto e Getúlio Vargas chega ao poder. Inicia-se a era Vargas, que se torna autoritário, centralizador e ao mesmo tempo modernizador.

Período da Era Vargas – 1930 a 1945

O ambiente desta época propiciou uma tomada do poder por Getúlio Vargas como presidente provisório. Criam-se novos Ministérios, como o do Trabalho, Comércio e Indústria, o Ministério da Educação e Saúde e interventores do estado. Os Estados perderam grande parte de sua autonomia política para o presidente. Em seu Governo, Vargas teve que lidar com problemas relacionados à disputa política com os Tenentistas, grupo militar que o apoio na aquisição do poder. E com problemas externos que vinham das elites regionais dos estados que não aceitava o governo centralizador. Isso deu origem a muitas resistências o que acabou gerando a revolução de 1932.

A revolução de 1932 foi chamada de revolução constitucionalista, porque os revolucionários queriam acabar com a ditadura (o governo provisório) de Getúlio Vargas, e implantar a convocação de uma Assembléia Constituinte para aprovar uma Constituição e construir um país democrático. Nesse sentido a revolução foi vitoriosa, pois despertou a necessidade de se dar uma forma legal (legalidade) para o país, interrompendo o governo provisório de Vargas.

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34 Então houve convocações em Maio de 1933 para uma Assembléia Constituinte. Essa Assembléia aprovou a sua segunda Constituição em 16 de Julho de 1934 criando jornada de oito horas, proibição do trabalho a menores de 14 anos, repouso semanal obrigatório, férias remuneradas, a instituição do voto secreto, dentre outras. Essa Assembléia foi quem elegeu Getulio Vargas por voto indireto.

Até o final dos anos 30, economicamente o Brasil já tinha condições de produzir café numa escala muito maior do que o mercado mundial em crise podia absorver. Sendo necessária a implantação de uma política de queima de café, para regular a oferta no mercado nacional. Outra mudança importante foi à expansão da produção do algodão. O crescimento industrial brasileiro em detrimento ao modelo agroexportador foi proporcionado pelas condições da crise mundial, incentivando o país a se modernizar, consequentemente o aumento de empregos e a criação dos direitos dos trabalhadores fizeram Getúlio Vargas se popularizar. Todo esse desenvolvimento necessitou de profissionais cultos e mão de obra especializada.

Assim foi implementado na área educacional, o ensino técnico, visando à melhora da qualidade de ensino e a padronização nos níveis secundários e universitários. A educação escolar foi considerada instrumento de inserção social. Nesse período assumi o Ministério da Educação e Saúde Pública, Francisco Campos que viabiliza a organização educacional, e seus decretos dispõem sobre o regime universitário, trata da organização da Universidade do RJ, da criação do Conselho Nacional de Educação e do ensino secundário e comercial. Tenta tirar do ensino secundário a conotação de ponte para o ensino superior, criando um corpo de inspetores especializados por grupos de matérias e estabelecimentos, reforçando a estrutura curricular desses estabelecimentos, a partir de um suporte técnico e administrativo. Dessa maneira, as escolas abandonam os cursos preparatórios e aulas avulsas, implantando um currículo que na sua maioria era enciclopedista.

Observaram-se muitos problemas no campo de ensino na Reforma de Francisco Campos, como na área do ensino primário, e a falta de professor para aplicar o conteúdo enciclopédico. Declaradamente elitista essa Reforma não mencionou o ensino primário e os problemas da educação popular, mas traçou algumas diretrizes e soube dar uma organização ao ensino secundário. Caracterizada pelo predomínio do ensino científico sobre o clássico e pela duração de cinco anos do curso ginasial (1931). Essas questões deram base para Reforma de Gustavo Capanema. Em 1934 Vargas nomeou Gustavo ministro da educação e saúde pública, permanecendo no cargo durante 11 anos, até o final do Estado Novo (1945). Por iniciativa deste ministro

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35 começaram a ser realizadas algumas reformas (nem todas realizadas no período do Estado Novo) na área educacional que foram chamadas de Leis Orgânicas do Ensino, que englobaram o primário e o ensino médio.

Tem-se então num primeiro momento o decreto lei n° 4.073, 30 de Janeiro de 1942, que fala sobre a Lei Orgânica do Ensino Industrial; o decreto lei n° 4.048, 22 de Janeiro de 1942, que criou o SENAI (Serviço Nacional de Aprendizagem Nacional); o decreto lei n° 4.244 de 09 de Abril de 1942, da Lei Orgânica do Ensino Secundário; e o decreto lei n° 6.141 de 28 de Dezembro de 1943, que dispõe sobre a Lei Orgânica do Ensino Comercial.

Pode-se dizer que a Reforma Capanema, ou Leis Orgânicas, constitui-se sob seis decretos lei que ordenavam o ensino primário, secundário, industrial, comercial, normal e agrícola. Foi uma Reforma elitista que, como os Jesuítas, só apresentavam dois caminhos. Um para as elites, no ensino primário, ginásio, o colégio e o curso superior. E outros para classes populares, constituído no ensino primário, o ginásio e o ensino profissionalizante. Com o modo de seriação, não foi identificado nenhuma recomendação com relação à sua obrigatoriedade de sua realização dentro das instituições escolares. O curso secundário passa a ser constituído por ginásio de quatro anos e o colegial por três anos. O primário só passa a ser regulamentado após o Estado Novo (1946). Ele também cria a universidade do Distrito Federal (RJ).

Ainda no espírito da Reforma de Capanema, e já no fim do Estado Novo, durante o governo provisório (1946), foram baixados outros decretos lei com o ministro Raul Leitão da Cunha. O decreto lei n° 8.529 de 02 de Janeiro de 1946 – Lei Orgânica do Ensino Primário; Decreto Lei 8.530 de 02 de Janeiro de 1946 – Lei Orgânica do ensino Normal; Decreto Lei 8.621 de 10 de Janeiro de 1946 - que criou o SENAC (Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial); Decreto Lei 9.613 de 20 de Agosto de 1946 – Lei Orgânica do Ensino Agrícola.

Durante o período de 1930 a 1940 o desenvolvimento do ensino primário e secundário ganha proporções nunca alcançadas e o número de escolas técnicas se multiplicam. O ensino primário passa a ser reformado após a queda de Getúlio Vargas com o decreto lei 8.529 (1946). Antes o ensino estava ligado à administração dos Estados, sujeitos as condições destes para legislar e inovar, essa era uma herança da tradição colonial. Após a reforma o ensino primário ficou dividido em duas categorias, Ensino primário fundamental, subdividido em elementar (quatro anos) e complementar (um ano) para crianças de 7 a 12 anos. E o ensino supletivo (dois anos) para jovens e adultos que não receberam essa educação com idade adequada.

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Conclui-se que o Estado Novo (1937 a 1945) se instaura sem nenhuma resistência por forças policiais que fecharam o congresso e iniciou um novo regime intitulado Estado Novo. Esse foi o regime que assumiu o caráter de uma ditadura militar (1937), foram suprimidas as eleições, os partidos e a liberdade de expressão. A ideologia era o poder do chefe supremo – Getúlio Vargas. A nova Constituição de 1937 enfatiza o ensino prévocacional e profissionalizante. Propõe que a ciência a arte e o ensino sejam livres, tirando do Estado o dever da Educação. Mantém a gratuidade e obrigatoriedade do ensino primário e dispões como obrigatório o ensino dos trabalhos manuais, em todas as escolas Normais, Primárias e Secundárias. Tem-se o ensino em cinco anos para curso primário, quatro do curso ginasial e três para o colegial, podendo ser na modalidade clássico ou científico. A predominância do ensino secundário se da no caráter científico.

No início da segunda guerra mundial Getúlio precisou se definir, e acabou se inclinando pelas forças democráticas. A ideia de democracia de direitos da nação se tornou muito forte, onde nesse momento Getúlio tenta encontrar apóia na população. Essa mobilização de Getúlio desagradou os militares que haviam implantado o Estado Novo, sendo assim, Getúlio Vargas foi deposto (1945).

Nova República – 1946 a 1963

Getúlio Vargas foi afastado do poder, mas não do jogo político, colocando sua candidatura a presidência. Tornando-se senador pelo Rio Grande do Sul. Para presidência do Brasil surgiram dois candidatos militares, sendo que um o General Eurico Gaspar Dutra recebeu apoio de Getúlio Vargas, o que favoreceu a sua vitória. Nesse período se concebeu também uma assembléia constituinte encarregada de construir uma nova Constituição. A Constituição de 1946 ficou em vigor até 1964 tinha características de liberal democráticas, isto é, estabeleceu a divisão entre os poderes Legislativos, Executivos e Judiciários e garantia a liberdade de expressão e o voto para as mulheres, dentre outras. Neste Governo havia um maior controle do Estado.

Nas eleições de 1950, lançado pelo PTB Getúlio Vargas obteve vitória mais uma vez pela via democrática enfrentando o Brigadeiro Eduardo Gomes Pela UDN e o candidato Cristiano Machado pelo PSD. Getúlio Vargas volta ao poder em circunstâncias muito diferentes, pois o ambiente era mais democrático, tinha-se um quadro mais complicado com o agravamento da inflação e de lutas, como a do petróleo. As principais proposta de Vargas foram

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37 à criação da Eletrobrás, fundamental para o desenvolvimento industrial e a criação da Petrobrás para diminuir a importação do produto.

Havia um Jornalista chamado Carlos Lacerda que acusava o presidente de acumular privilégios. Foi tramada uma emboscada feita por Gregório Fortunato para matar o jornalista Carlos Lacerda, porém no momento do atentado Lacerda estava acompanhado de um Major da Aeronáutica, sendo o Major morto por Fortunato. Neste momento a crise ganhou dimensão, é preso Gregório Fortunato e os homens que haviam sido contratados para o atentado. Isso leva a pressionarem Vargas a renunciar novamente.

No que tange na área educacional, o Ministro Clemente Mariani, baseado nas Cartas Magna de 1946, cria uma comissão para elaborar um anteprojeto de reforma da educação nacional. A comissão era organizada em três subcomissões uma para o Curso Primário, para Ensino Médio e outra para o Curso Superior. E em 1948 este anteprojeto foi encaminhado à câmara.

Desenvolveu-se um debate nunca visto, como a da Lei de Diretrizes e Bases (LDB), que leva 13 anos para entrar em vigor. Se as discussões sobre a Lei de Diretrizes e bases para educação nacional foi fato marcante, por outro lado muitas iniciativas (1950), onde Anísio Teixeira inaugura o Centro Popular, dando início a idéias como da escola parque e escola classe. Em 1952 o educador Lauro de Oliveira começa uma didática com base nas teorias de Jean Piaget (Método Psicogenético); em 1953 a educação passa a ser administrada pelo Ministério da Educação e Cultura; em 1961 Paulo Freire cria uma campanha de Alfabetização, onde propunha alfabetizar adultos em 40 horas; em 1962 é criado o Conselho Federal de Educação o Plano Nacional de Educação e o Programa Nacional de Alfabetização, inspirado no Método de Paulo Freire.

Pode-se dizer que a educação na década de 30 apresentava um quadro crítico em relação ao acesso e a permanência da criança na escola, sendo também precária a oferta do ensino público a população. Já em 1940 o censo revela uma alta taxa de analfabetismo no Brasil, 56,17% da população com idade superior a 15 anos, o que deixa claro que está situação é fruto de um contexto histórico que vinha perpetuando-se ao longo dos anos.

Em 1959 educadores progressistas e o Jornal “O Estado de São Paulo” fizeram uma campanha em defesa da Escola Pública, no interior invocando as ideias do “Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova” de 1932, que consolidava a visão de um seguimento da elite educacional, embora com diferentes posições ideológicas procurasse interferir na organização da educação brasileira. Regido por Antônio Ferreira de Almeida Junior, Fernando

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38 de Azevedo, dentre 26 intelectuais, entre os quais Afrânio Peixoto, Anísio Teixeira, Roquette Pinto, Lourenço Filho, Delgado de Carvalho, Hermes Lima e Cecília Meireles. É lançado um documento em meio ao processo de reorganização política resultante da revolução de 1930, que inaugurou a renovação educacional do país. Propunha que o Estado organiza-se um plano geral de educação e defendia uma escola única, pública, laica, obrigatória e gratuita. Sendo divulgado então o “O Manifesto dos Educadores Mais uma vez Convocados” representou a esfera política educacional do país, expressaram-se educadores, intelectuais liberais, liberais progressistas, socialistas, comunistas e nacionalistas. Neste manifesto procurou-se focar as questões gerais da política educacional, deixando em segundo plano a questão didática pedagógica. Concomitante ao processo dessa manifestação é apresentado um substituto ao projeto LDBEN, cujo autor foi o Deputado Carlos Lacerda (UDN).

Aprovada na Lei 4024 de 1961, a LDBEN – Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional teve como principais características a garantia de igualdade no tratamento do Poder Público para os estabelecimentos oficiais e particulares; a unificação do sistema escolar e sua descentralização; a autonomia do Estado para exercer sua função educadora e o da distribuição de recursos para educação.

O desenvolvimento caminhava na expansão do capitalismo industrial no Brasil, e a educação continuava a estruturar-se em bases, valores e técnicas próximas da ideologia précapitalista. A LDBEN não desencadeou um avanço na legislação educacional, no sentido de ampliar o atendimento das necessidades de classes populares, ocorrendo uma frustração nas expectativas dos grupos progressistas. Essa decepção fez com que esses grupos lançassem campanhas da educação popular. Os Movimentos mais significativos foram os Movimentos de Base (MEB) e o Movimento Paulo Freire de Educação de Adultos. Na deposição de João Goulart pelo Golpe Militar de 1964, se desencadeou a perseguição aos movimentos populares e de estudantes até serem instintos.

A Ditadura Militar – 1964 a 1985

A ditadura civil militar vigorou no Brasil entre 1964 a 1984 caracterizando-se ao padrão capitalista em que se traduziu num padrão de autoritarismo do Estado – Atos Institucionais, censura de toda ordem, repressão, torturas, grande perseguição a opositores, feitos sob a regência da segurança nacional. Ou seja, com os militares no poder chega-se a conclusão que não se poderia reestruturar o país pela via do congresso, então eles

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39 lançaram mão do poder executivo para essa reestruturação. Isso foi então feito através dos Atos Institucionais, na extinção dos partidos políticos (AI 2 1965), cassaram pessoas, mandato de deputados, aposentaram funcionários públicos, dentre outros. Esses atos partiam do Marechal Humberto de Alencar Castelo Branco.

Existia um grupo mais intelectualizado chamado grupo da sorbonia (democratas conservadores) que pretendia eliminar a corrupção, os populistas os comunistas, acreditando que com isso poderia se chegar à reinstalação de um regime democrático baseado na ordem. Oposto a esse grupo da sorbonia estava à chamada linha dura que acreditava que o país estava vivendo uma ameaça muito grande comunista, que a democracia era incompatível com os tempos do momento. Então defendiam total dureza contra as forças de oposição e sustentavam a ideia de que para mudar o Brasil era preciso manter a ditadura por longo período.

No campo da educação as ações e projetos governamentais apontavam para uma direção do capital internacional, onde sob os auspícios da ditadura militar foram assinados os acordos da MEC USAID – Ministério da Educação e Cultura e United States Agency for International Developement. Os acordos tinham como objetivos adequar o sistema educacional brasileiro aos interesses político dos militares, e deram a USAID um poder de atuação em todos os níveis de ensino (primário, secundário e superior), nos cursos acadêmicos e profissionalizantes, no funcionamento do sistema educacional através da reestrutura administrativa, no controle do ensino a partir do controle da publicação e distribuição de livros técnicos e didáticos e no planejamento e treinamento de pessoal docente e técnico.

Essa abrangência de atuação demonstra a importância atribuída à educação pelos países centrais na integração e no posicionamento das sociedades periféricas no contexto do capitalismo internacional. A partir daí surgem reformas educacionais sob a ditadura culminadas com as leis 5.540/68 e 5.692/70, a primeira fixa normas de organização e funcionamento do ensino superior e sua articulação com a escola média, a segunda fixa diretrizes e bases para os ensinos de primeiro e segundo graus (o que hoje se chama Ensino Fundamental e Médio).

Essas reformas acabaram com os movimentos de alfabetização baseado no método de Paulo Freire. O Plano Nacional de Alfabetização (PNA) foi substituído pela ditadura, sendo a CRUZADA ABC (Cruzada da Ação Básica Cristã) instalada a fim de neutralizar ações das ligas camponesas e depois ao MOBRAL (Movimento Brasileiro de Alfabetização) como instrumento político para controlar as massas. Inspiradas na Teoria do Capital Humano, as

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40 reformas se constitui no intuito de estabelecer uma relação direta entre educação e sistema produtivo, pretendendo viabilizar uma “escola empresa” formador de mão de obra, consumidores e etc.

A política Educacional da ditadura mostrou-se repressora, proporcionou uma débil formação escolar, treinamento na formação escolar básica para integração nos processos produtivos e o objetivo de enfraquecer o ensino público e crítico, o que viabilizou enormes espaços para a iniciativa privada no ensino superior.

O grupo do Castelo Branco não conseguiu fazer um sucessor, fazendo com que o grupo da linha dura pudesse impor o General Arthur da Costa e Silva (1967). E no ano de 1968 houve uma explosão cultural, onde se vislumbrou grandes movimentos de classe média como a passeata dos 100 Mil pela democracia após a morte de um estudante chamado Edson Luís. Porém, o que mais caracterizou esse ano foi à ideologia de que qualquer abertura política acabaria em desordem, então era necessário endurecer, usar de poderes excepcionais no combate ao que os militares chamavam de subversão, consequentemente se instala o AI 5 (produto da linha dura) que estabelece medidas que a constituição de 1967 havia suspenso, então voltaram as cassações, o fechamento político geral que estabelecido pelo AI 5 foi feito sem prazo, onde o regime militar mostrou sua fase mais obscura.

O período posterior ao AI 5, foi o da luta armada (1969/70), pois por métodos pacíficos seria impossível derrotar a ditadura. Em 1969 toma posse Emílio Garrastazu Médici prometendo restabelecer a democracia, porém o que aconteceu foi o período mais obscuro e repressivo de toda história do Brasil independente. Médici como representante da linha dura não conseguiu fazer seu sucessor, quem toma posse é o General Ernesto Geisel (1974) e este ligado ao grupo da Sorbonia. No Governo Geisel modificou com muitas ressalvas e restrições a promoção da abertura política no país, de maneira lenta, gradual e segura no país. Porém ainda apresentou em seu governo alguns atos repressivos que de certa forma era uma justificativa ao grupo da linha dura. Ao longo desse processo tem-se a possibilidade do Brasil amanhecer sem o AI 5. Aqui se pode dizer também que a igreja mudou muito, e sua posição era de oposição ao regime militar. E em 1978/79 surgiram grandes movimentos grevistas por várias reivindicações e, sobretudo reivindicações salariais na região do Grande ABC, onde se destacaram alguns dirigentes, como Lula.

O último presidente militar foi João Batista de Oliveira Figueiredo (1979), sucessor de Geisel, tinha como missão continuar a abertura política, e ele continuou, porém o curioso é que ele veio de um órgão de grande repressão

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41 nos tempos ditatoriais, o SNI (Serviço Nacional de Informação). O Figueiredo estendeu essas medidas de liberalização e concederam a anistia aos presos políticos. Acaba com o bipartidarismo e surgem partidos como PMDB, PDT, PT.

Um dos movimentos sociais mais importantes nos anos 80 foi o movimento das Diretas Já (1984) para as eleições do Presidente da República, sendo que o mesmo não foi aprovado. Em 1985 foi eleito por voto indireto de um colégio eleitoral Tancredo de Almeida Neves para Presidência da República. Esse momento simboliza o fim do regime autoritário e desperta grandes esperanças no povo brasileiro. Uma grande frustração toma conta do país, Tancredo adoece e morre sem ter sido oficialmente empossado. Então o Vice Presidente José Sarney assume o poder, é o início dos tempos democráticos.

O período de 1964 a 1984 foi significativo na história da educação brasileira, marcada pela intervenção militar, pela burocratização do ensino público, por teorias e métodos pedagógicos que restringiam à autonomia dos educadores e educandos, reprimindo qualquer oposição, conduzindo o sistema educacional a submissão. Nesta época não houve benefícios a educação e a cultura brasileira.

Período da Nova República – 1985 até os dias atuais

Este período é marcado por grandes movimentos sociais, configurando-se um período de intensa mobilização social e de conquistas importantes na história da educação. Pode-se vislumbrar uma intensa participação social nos processos decisórios do Poder Legislativo Brasileiro, o que culminou na elaboração da Constituição Federal de 1988.

No Governo de José Sarney obtém-se um clima de liberdades democráticas e no plano econômico o Brasil já carregava problemas anteriores, como o descontrole financeiro , a inflação enorme , déficit público e déficit externo, consequentemente Sarney teve uma queda enorme na sua popularidade levando-o na elaboração de um plano, que foi o Plano Cruzado. Propôs-se um aumento imediato de salário e o congelamento de preços, o que não deu certo, o que levou a um aumento enorme de consumo da população. Esse consumo poderia levar a uma inflação desenfreada. Era preciso consumir menos para que as empresas pudessem produzir um pouco mais. Porém o plano fracassa.

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Em Outubro de 1988 foi promulgada a nova Constituição Brasileira que assegura os direitos dos cidadãos de forma ampla. Mas não garantiu exclusividade de recursos públicos para os estabelecimentos de ensino mantido pelo Estado. O governo de Sarney perde popularidade com seus planos, e no fim de seu Governo o Brasil acabou decretando uma moratória, ou seja, deixou de pagar sua dívida externa, o que representou sérios golpes nas finanças brasileiras. Na sucessão do Presidente Sarney surgiu vários nomes, porém a disputa das eleições de 1989 acabou ocorrendo entre Luiz Inácio Lula da Silva e Fernando Collor de Mello, sendo Collor o eleito ao cargo da Presidência em 1990. Fernando Collor encontra a economia num desarranjo total e programa um plano no combate a inflação, uma medida que se configurou no congelamento dos depósitos bancários, onde Collor foi muito criticado e levado ao impeachment. Seu sucessor Itamar Franco (1992) fez basicamente um Governo de transição, ele completou o período do Collor. Um dos feitos mais importante no seu Governo foi à implantação da URGE (Unidade Real de Valor) para instalação do Plano Real.

A política educacional nos anos 90 sofreu a incorporação cada vez maior do setor privado, consagrando uma nova tendência que marcou todo processo Legislativo no país, isto é, legislar de forma fragmentada, sem tratar de grandes questões num mesmo processo, por exemplo, a LDB de 1996 / L.9.394 (Estabelece as diretrizes e bases da educação nacional), elaborada durante oito anos foi aprovada com lacunas a serem preenchidas por legislação complementar.

Em 1994 a disputa pela Presidência da República se deu essencialmente entre Lula e Fernando Henrique Cardoso, e nessa disputa sai vencedor Fernando Henrique (1995), que permanece por oito anos e no seu governo viabiliza-se importantes privatizações. Essas privatizações são fenômenos da mudança do papel do Estado em relação ao passado. Nesse Governo houve a projeção do Brasil no Exterior, a consolidação das instituições, e a afirmação da consolidação da democracia no país, continuando com grandes níveis de desigualdades sociais. As eleições de 2002 representaram um fenômeno novo na história do Brasil, com a vitória de Lula. Em seu Governo observa-se o fim das privatizações das empresas estatais, o país avança na redução, na pobreza e na distribuição da renda. Um relatório do IBGE (2005) mostra que o Brasil se tornou um país menos desigual.

A Reforma da Educação no Governo de Fernando Henrique ganhou contornos com a criação de um Ministério específico, o MARE – Ministério da Administração Federal e da Reforma do Estado. Está criação mostra que o governo brasileiro converteu-se aos desígnios da economia internacional,

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43 tendo como meta o desenvolvimento do setor privado. Observou-se nesse sentido uma expansão volumes crescentes de recursos públicos para o mercado privado da educação. Uma ideologia que representa o Estado como incapaz de se responsabilizar pela educação.

A educação necessitava de reestruturação e expansão, assim como outros setores, como o Trabalhista, a área da saúde, a previdência social, e etc. Essas áreas foram sendo estimuladas e orientadas sob formas de programas de ajuda financeira nos mais diversos setores, e nas diretrizes de reformas no aparelho do Estado como um todo. Resumidamente as principais diretrizes na área da educação se dão com o gasto público no ensino básico, com ênfase no ensino fundamental; na descentralização do ensino fundamental, através do processo de municipalização; estímulo nas privatizações dos serviços educacionais; a garantia ao Governo Central de maior controle e poder de intervenção sobre os níveis de ensino, sem que ele mesmo participe diretamente da execução dos serviços.

Com a Constituição de 1988 observaram-se muitos confrontos e pressões, inclusive da escola particular, no sentido de manter ás verbas públicas adquirida na Constituição anterior. Nesta Constituição, destacam-se alguns pontos através da definição e regularização da educação brasileira, como a gratuidade do ensino público em estabelecimentos oficiais; ensino obrigatório e gratuito; extensão do ensino gratuito e obrigatório, progressivamente ao ensino médio; atendimento em creches e préescolas às crianças de zero a seis anos; acesso ao ensino obrigatório e gratuito como direito público subjetivo, ou seja, o não oferecimento ou uma oferta irregular do poder público acarreta responsabilidade da autoridade competente, podendo ser processada; valorização dos profissionais da educação, com planos de carreira para o magistério público; aplicação anual da união de 18%, e os estados, Distrito Federal e municípios de 25%, no mínimo da receita resultante dos impostos; distribuição dos recursos públicos assegurando prioridade ao atendimento das necessidades do ensino obrigatório nos termos do plano nacional de educação; recursos públicos destinados as escolas públicas podem ser dirigidos a escolas comunitárias confessionais ou filantrópicas, desde de que comprovada a finalidade não lucrativa; plano nacional de educação à articulação e ao desenvolvimento do ensino em seus diversos níveis e a integração das ações do poder público que conduzam à erradicação do analfabetismo, universalização do atendimento escolar, melhoria na qualidade do ensino, formação para o trabalho, promoção humanística, científica e tecnológica no país.

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No bojo da nova Constituição (1988) um Projeto de Lei para uma nova LDB foi encaminhado pelo Deputado Otávio Elísio à Câmara Federal, e em 1989 o Deputado Jorge Hage enviou à Câmara um substituto ao projeto. Em 1992 o Senador Darcy Ribeiro apresenta um novo projeto que acabou sendo aprovado em 1996, oito anos depois após o primeiro encaminhamento. Resta agora elaborar uma Lei complementar que possa tratar das diretrizes e bases da educação nacional.

Conclui-se que o atual Governo de Lula busca, a partir do Ministério da Educação promover ensino de qualidade com o lançamento do Plano de Desenvolvimento da Educação (PDE), definindo que investir na educação básica significa investir na educação profissional e superior. Porém, segundo Hilsdorf (2003) embora o mais recente processo de redemocratização do país tenha se iniciado há cerca de 20 anos e produzido uma nova Constituição (1988), no que concerne a educação escolar é como se apenas tivéssemos acabado de sair da vigência das leis do período da ditadura militar, pois a nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação (1996) teve longa tramitação no Congresso Nacional e começou a ser posta em execução muito recentemente, com reformulação da legislação ordinária concernente ao sistema educacional.

A educação no Brasil foi atravessada por momentos historicamente delineados a partir dos interesses de poucos, ou seja, de quem estava no poder sem levar em consideração as verdadeiras necessidades daqueles que ali estavam para aprender, e também daqueles que iriam oferecer o ensino. O ensino era produzido para manter os indicados a sucessores no poder, com o ensino elementar para o povo. Muitas Reformas delinearam o quadro da história da educação, sempre de uma forma que se adaptasse a conjectura econômica e social, presa aos ideais econômicos. Consequentemente, um desenvolvimento educacional feito por muitas lutas e desgastes sociais por aqueles que visualizam a educação como dignidade humana e liberdade de conhecimento para evolução de uma condição social e cultural para todos. Essas profundas transformações operadas ao longo da história da educação determinaram grandes mudanças no sistema de ensino e objetivaram no plano de organização bases mais sólidas e democráticas para educação nacional.

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CAPÍTULO III

Educação: O Pilar do Desenvolvimento da Cidadania

A Educação como propiciadora do Desenvolvimento da Cidadania

A educação exige um processo de aprendizagem, e está vincula-se a fatores biológicos, psicológicos e culturais. Ela se desenvolve e começa no meio familiar de maneira informal e rica para todo processo de aquisição de conhecimento que se seguirá ao longo da vida. Segundo Vera Barros de Oliveira (Revista Psique edição especial/ nº 2), a família imprime as primeiras disposições mentais com as quais a criança perceberá o mundo social, que mais tarde vão ser complementadas e formalizadas pela escola. Para serem desenvolvidos e interiorizados, os comportamentos infantis não dispensão a atenção dos familiares, por meio de exemplos e repetições constantes, até se tornarem uma norma de conduta.

Pode-se dizer que tanto a escola, como a família, os meios de comunicação, a igreja e o meio social influenciam a educação das novas gerações. A família, e a escola em particular apresentam profunda influência na formação da personalidade da criança. Em relação à família pode-se dizer que existem a necessidade da mesma estar disponível e ser consciente de sua responsabilidade para o desenvolvimento de um comportamento adequado e que vise à socialização de seus filhos, para que a criança em sua experiência familiar aprenda a assumir seu lugar no meio social, personalizando a cultura ao longo das gerações.

Em relação à educação formal e sua importância no desenvolvimento da cidadania, pode-se dizer que durante todo seu processo histórico viabilizaram-se mudanças profundas em sua prática tendo um saber que se tornou privilégio dos mais abonados, passando a colaborar com o fortalecimento do poder da elite. Nesse momento a escola ainda muito primitiva e restrita a esse grupo

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46 social já delineava seu papel de transmissora do conhecimento acumulado pela cultura. Apesar das transformações ocorridas através dos tempos, a educação formal sempre representou para uma parcela significativa da população da maioria das culturas, um grande desafio devido ás dificuldades de aprender que, em uma fase ou por anos de vida escolar as crianças enfrentam. De uma forma geral, pode-se dizer que os bons professores podem tornar-se modelos a serem imitidos pelas crianças. Já os professores arbitrários, extremamente rígidos ou que dispensam exatamente o mesmo tipo de tratamento a todos os alunos, sem se preocupar com as diferenças individuais, podem ter uma péssima influência para a criança. O bom relacionamento entre professor e aluno favorece a aprendizagem e o bom desempenho. O verdadeiro educador é aquele que respeita as diferenças, vendo-os como são e não como deveriam ser. Da mesma forma, o conteúdo da educação é fundamental, pois se o ensino é preconceituoso, de visão estreita e elitista, não apenas leva à criança á desorientação, como também lhe fornece uma saída para sua hostilidade reprimida, o que fixará sua capacidade de imaginação em um nível muito baixo.

Profissionais da educação e da saúde têm estudado e pesquisado com afinco, formas para minimizar o impacto que as dificuldades de aprendizagem têm na vida das pessoas, no âmbito familiar, social, escolar, pessoal e profissional. O investimento nesta questão, que traz tanto prejuízo á comunidade, trouxe movimentos políticos educacionais como a Educação Especial, Educação Integrativa e Educação Inclusiva que prescindem de um profissional especialista em aprendizagem, como por exemplo, o psicopedagogo. Este profissional qualificado surgiu para construir a diminuição dos problemas na dificuldade de aprendizagem, que irão prevenir à evasão escolar, o analfabetismo, a ignorância e, consequentemente a marginalidade. Está prevenção trará condições de socialização e invariavelmente o desenvolvimento da cidadania.

A importância da psicopedagogia nestas situações encontra-se no manejo psicopedagógico que permite a apropriação do conhecimento, assim como o diagnóstico e a intervenção psicopedagógica acarreta na melhoria das condições de aprendizagem, na recuperação da autoestima e na socialização da criança. Pois o fracasso escolar gera o aparecimento de problemas emocionais, comportamentais, familiares e sociais em diferentes graus de gravidade. É na escola, além de outros agentes sociais, que a criança experimenta um espaço de socialização em que se aprendem regras de convivência e o respeito ás diferenças. Também na escola a psicopedagogia surge como um trabalho de prevenção e intervenção das dificuldades de aprendizagem.

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47 Este processo educativo acontece o tempo todo, sendo necessária a construção de espaços de aprendizagem contextualizada na transformação do sujeito como um ser social que exige a presença do outro disponível (um adulto, quase sempre), como veículo para o estabelecimento dos vínculos básicos e essenciais entre a criança e o mundo social, através dos quais ela passa a se reconhecer e a reconhecer o outro numa relação de reciprocidade. Hoje quando se observam mais velhos agindo na perspectiva educativa em relação aos mais novos, visualiza-se uma crise onde pessoas mais velhas se chocam com mais pessoas mais novas.

O choque entre essas duas gerações, entre os modos de pensar sentir e agir geram um novo olhar para educação, o que marca as relações entre pais e filhos. É preciso que as relações entre os homens não se configurem como relações de dominação e sim como relações de cooperação. Pois nas relações de dominação os poderosos não vêem os outros como seus iguais, mas como objetos necessários para satisfação dos seus interesses. A desconfiguração desta relação deve ser constante para novos processos de internalização e vínculos sociais. Para a releitura da condição social da criança é muito importante que a mesma seja percebida como seres sociais, que possuem uma história, que pertencem a uma classe social, que estabelecem relações segundo seu contexto de origem, e que apresentam uma linguagem e ocupam um espaço geográfico. São pessoas enraizadas num todo social que as envolve e que nelas imprime padrões de autoridade, linguagem e costumes. É imprescindível estar atento a todas estas características para que a educação formal e familiar desenvolva seu papel no desenvolvimento humano e social, para que as relações entre os homens não se desumanizem.

Historicamente, isto se deu através daqueles que detinham o poder e passaram a abusar dele e obter privilégios para si e para seus iguais, em prejuízo dos outros. Originando opressores que colocavam sacrifícios e restrições para seus próprios privilégios. Aos poucos, estas relações opressoras foram se institucionalizando, passando a ser considerada como naturais. Segundo Paulo Freire (1998), aos oprimidos restou conformar-se com a situação e adaptar-se a ela. Nasceu à educação domesticadora, destinada a contribuir para perpetuar está ordem injusta e desumanizante favorável a minorias, educação que deixou de ser instrumento para ser mais humano, para tornar-se agente de ser menos.

É importante destacar que o processo da educação se dá nas relações que os seres humanos mantém entre si e com o mundo. Relação que é diferente de um simples contato, que é próprio do humano, por ser consciente e implicar em mútua transformação. O contato é passivo enquanto a relação é

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48 ativa. É nas relações que os sujeitos vão se completando e ajudando os outros a se completarem. É necessário que a transmissão da educação seja uma construção da cidadania que busque romper com a opressão e reconquistar a liberdade de ser mais humano.

Através de seu caráter permanente, a ação educativa no seu processo de tornar as pessoas cidadãos ativos, informados e responsáveis para assumir seu papel na comunidade, contribui para o processo político que se solidifica numa educação para cidadania. É preciso uma educação integral, inclusiva e ao longo da vida. Os instrumentos para a realização da cidadania plena estão na família disponível, na escola através da alfabetização, no desenvolvimento da socialização, na promoção da melhoria das condições de aprendizagem através dos profissionais específicos de educação e saúde, e na participação do processo político - incluindo o direito de votar e ser votado, na participação da vida econômica - incluindo o desempenho de uma atividade produtiva e o pagamento de impostos; e o conhecimento de todos os direitos do ser humano.

Dentro da perspectiva da condição social da criança, educar para cidadania é semear um conjunto de valores universais que se realizam em cada cultura, como ter projetos pessoais e realizar sua liberdade ao procurar realizar seus projetos; ter a liberdade de ir e vir; respeitar a condição de que todos são iguais perante as leis; que todos devem ter direito a propriedade; ao trabalho e etc. E isso só se consegue ao longo de um processo no aprender com seus respectivos recursos educativos para minimizar desvantagens e otimizar suas reais capacidades que aumentam sua integração ao meio. Nesse sentido a luta social pelo saber elaborado, que perpassou ao longo de nossa história social pelos movimentos de massa é fundamentalmente uma questão política, já que a posse crítica do saber elaborado possibilita ampliar as disputas pelos espaços de poder.

A quebra do monopólio do saber se efetivará no exercício da cidadania em toda sua plenitude. Uma cidadania emancipatória efetivada na produção de uma cidadania que vai além da transmissão, cópia e reprodução do conhecimento. Dentro do espaço escolar a educação é condição necessária para desenvolver a cidadania com vistas à formação do sujeito em desenvolvimento num contexto de direitos e deveres, um espaço de oportunidade, de uma vivência transformadora no papel do professor através da educação, tendo como um dos objetivos o desenvolvimento da cidadania.

Numa sociedade em que convivem segmentos da população com interesses opostos e contraditórios, é impossível existência de uma única educação que sirva, da mesma maneira, a todos os grupos sociais. Estará sempre a favor de alguém, e em conseqüência disso, contra alguém. Então a

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49 contribuição da educação e para que as pessoas se acomodem ao mundo em que vivem ou se envolvam na transformação dele. Ela poderá ser conservadora ou transformadora, representando uma politicidade da educação que exige do educador a necessidade de se perguntar a quem está servindo com a educação que pratica. A negação de servir a um grupo, isto é, a crença na neutralidade é uma atitude conservadora que serve aos que se beneficiam com esta situação.

Em conseqüência disto a principal função da escola é viabilizar o acesso da população independentemente de sua condição social, ao conhecimento socialmente produzido e historicamente acumulado. Nesse sentido a escolarização formal torna possível a existência do cidadão para vida democrática. E a família, paralelo a escola, constrói os alicerces do desenvolvimento da cidadania, pois em seu lar a criança experimenta importantes estímulos para sua formação e seu equilíbrio, ou desequilíbrio emocional. A família é a pedra angular da sociedade, como um ambiente perfeito no qual se desenvolvem os futuros adultos equilibrados, dependendo da dinâmica familiar. Os pais representam ponto de sustentação do ser humano e marcam sua existência, ou seja, se a criança se sente amada, estimulada e compreendida, tenderá a ser um adulto seguro. Se for desprezada e repreendida, tenderá ao desajuste e á insegurança em relação a si própria. A transmissão cultural e afetiva favorece o desenvolvimento de valores como a ética, cidadania, solidariedade, respeito ao próximo, autoestima, respeito ao meio ambiente e etc. Levando a criança a viver em sociedade.

Finalizando pode-se dizer que o exercício para cidadania depende do lugar e da maneira como se transmite. É preciso estar voltada para a construção da mesma democraticamente, ela não pode se orientar apenas nos valores advindos das forças de mercado. Ao contrário, deve centrar-se em um meio familiar de bom senso e com responsabilidade para o futuro de seus filhos, em um currículo, com conteúdos e estratégia, que capacite o ser humano para o desempenho de atividades na vida em sociedade, na atividade produtiva, na experiência subjetiva, na integração dos homens no universo do trabalho, na simbolização subjetiva e nas relações políticas. Todos os agentes sociais devem perceber que a educação infantil de qualidade coloca-se como desafio urgente, pois diante da diversidade das populações infantis e das contradições da sociedade contemporâneas, a educação deve cumprir seu papel social. Sendo a família e a escola as estruturas para a internalização de comportamento socialmente aceito e para o desenvolvimento de normas e valores.

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Muitos são os desafios das políticas sociais para infância. Questões relativas á situação política e econômica, a pobreza das nossas populações, questões urbanas e sociais, problemas educacionais que assumem proporções graves e exige respostas firmes e rápidas, nunca fáceis. Muitas são também as possibilidades de enfrentar a questão. Hoje, vivemos o paradoxo de ter um conhecimento teórico avançado sobre infância, enquanto assistimos perplexos a incapacidade da nossa geração em lidar com as populações infantis e juvenis. Neste contexto, a educação infantil realizada democraticamente, eticamente e acolhida por profissionais dedicados aos distúrbios da aprendizagem, se configura como uma das áreas educacionais que mais retribui á sociedade os recursos nela investidos, favorecendo para um desempenho posterior, sua cidadania.

É necessário que o processo de socialização da criança seja tratado dentro da perspectiva da análise dialética das relações de reciprocidade estabelecidas entre a criança e a sociedade. O processo de socialização só pode ser tratado como um processo evolutivo da condição social da criança, considerando sua origem de classe.

A Educação e o Desenvolvimento infantil

O historiador Philippe Ariès (1981) coloca que o sentimento de infância se deu a partir de uma construção social, uma inovação na estrutura da sociedade. Um novo conceito surgiu através de uma nova forma de organização da sociedade. Está nova mentalidade, passa a ver a criança como alguém que precisa ser cuidada, educada e preparada para vida futura. A ideia de infância que se tem hoje surge simultaneamente ao sentimento de família e ao desenvolvimento da educação escolar. Tais transformações resultaram da organização das relações sociais de produção da sociedade industrial. Pode-se dizer que anteriormente á sociedade industrial, a duração da infância se limitava a tenra idade em que ela necessitava dos cuidados físicos para sua sobrevivência.

Antes do século XVIII, a criança não tinha está importância, não existia nenhuma intenção de cuidado ou atenção específico para com ela. Este sentimento traz configurações históricas, como as altas taxas de mortalidade infantil, que eram vivenciadas com uma naturalidade pela sociedade, e na indiferenciação entre crianças e adultos. Por exemplo, nas atividades e nas vestimentas, comum a todos. A criança participava de jogos, trabalho, festas e etc., tudo que estava relacionado aos espaços dos adultos. Esta convivência direta com os adultos, compartilhando todos os momentos da vida social,

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51 definia a aprendizagem das crianças antes da Idade Média. A aprendizagem dos valores e costumes se dava a partir do contato com os adultos, a criança aprendia ajudando aos mais velhos. Nesta forma de vida coletiva se misturava idades e condições sociais distintas, não havendo lugar para intimidade e privacidade. A socialização acontecia no convívio com a sociedade, não sendo determinada ou controlada pela família.

A família moderna, que se estabeleceu na burguesia a partir do século XVIII, veio instalar a intimidade, a vida privada, o sentimento de união afetiva entre o casal e entre pais e filhos. A consolidação desta nova forma de vida aconteceu a partir da destruição das formas comunitárias tradicionais, reorganizando-se em função das necessidades da ordem capitalista. Segundo Ariès, a aprendizagem social vai deixando de acontecer no convívio direto com os adultos, sendo substituída pela educação escolar, a partir do fim do século XVIII. Gradativamente, sob a influência dos reformadores moralistas se admitia que a criança não fosse preparada para a vida, cabendo aos pais a responsabilidade pela formação moral e espiritual dos filhos, acarretando o aparecimento de sentimentos novos nas relações entre os membros familiares, um sentimento moderno de família.

Os pais começam a enviar seus filhos para as escolas, certos de que os mesmos receberiam a sólida formação proclamada pelo pensamento moralista da época, assim segundo Ariès, “a família e a escola retiraram juntas a criança da sociedade dos adultos” (1981, p. 277). Ariès coloca que o sentimento de infância e de família surge do mesmo processo pelo qual se desenvolveu o sentimento de classe social da burguesia ascendente. Por exemplo, no século XVII as crianças ricas costumavam freqüentar as escolas de caridade. Já no século XVIII, não se admitia tal situação, passando os filhos da burguesia a freqüentar os colégios, garantindo o seu monopólio.

Frente a essas mudanças históricas aparece um novo sentimento de infância, a criança passa a ser vista como alguém muito importante na família, e sua vida precisa ser preservada. É compreendida agora como um ser inocente e frágil, e ao mesmo tempo irracional e imperfeito, cabendo a educação transformar estes seres em homens educados e inteligentes para o futuro da nação. A infância passa a ser reconhecida através de uma fase específica, um ser composto de estágios de desenvolvimento necessários para tornar-se adulto nas suas relações com a sociedade. Estas relações constituirão sua subjetividade, isto é, a forma pelo qual irá agir sentir e pensar sobre o mundo.

A criança é um ser em formação biológica que sofre as determinações da condição social a que está inserida. Pode-se dizer que independentemente

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52 de sua origem social, ela passa por uma maturação onde seu desenvolvimento depende da mediação do adulto. Sendo assim, a partir dos tempos modernos a forma como o ser humano se coloca no mundo atualmente depende de todo processo de desenvolvimento e aprendizagem pelo qual passou contextualizada pela família e a escola, que se diversifica a partir das diferentes vivências sócio culturais de cada época. Cada cultura organiza-se através de uma imensidão de conteúdos significativos que leva a criança na sua apropriação dos valores, da linguagem, de suas habilidades e do saber de seu grupo social. A criança vai construindo seu mundo no seu espaço, com sua afetividade, dentro de seu conhecimento, suas percepções, na sua imaginação, nos seus sentidos, em tudo aquilo que lhe foi oferecido e conquistado por ela.

Ao nascer, a criança já se encontra inserida numa classe social, num grupo cultural e numa comunidade linguística e esse próprio caminho percorrido, será determinante para o seu processo de desenvolvimento e aprendizagem, ou seja, para seu comportamento. Neste sentido a educação precisa oferecer ao ser humano equipamentos necessários para a vida em sociedade, viabilizando o processo civilizatório de cada sociedade. Para que a educação auxilie o desenvolvimento infantil é necessário considerar a presença de uma dimensão vivida nos primeiros anos de vida do ser humano, onde se encontram experiências afetivas de interações com os pais, com membros da família e outros adultos que irão influenciar a maneira como a mente de uma criança se desenvolve. O impacto desta experiência é tão grande quanto outras experiências ligadas a sobrevivência, como nutrição, higiene e saúde.

Portanto a educação é um instrumento privilegiado para a prevenção das iniquidades presentes na sociedade, ela produz nas crianças hábitos duradouros desde os primeiros anos de vida, hábitos que irão viabilizar alterações nas relações para o convívio social embasado na ética, respeito e solidariedade. O ato de educar deve ser feito com afeto e não apenas como transmissão de informações e conhecimento. Está experiência nos primeiros anos de vida, com seus principais vínculos precisam oferecer afeto, cuidados e estímulos necessários ao crescimento e desenvolvimento. Estes cuidados devem contemplar os aspectos físico, afetivo e social, e decorrer de condições estáveis da vida, tanto sócio econômico, como psicossociais.

O desenvolvimento das funções psíquicas superiores da criança está intimamente ligado a essas vivências, estando à inteligência ligada ao desenvolvimento da linguagem. Dentro desta perspectiva é necessário um ambiente facilitador e estimulador que promova a interseção entre ela e o mundo que a cerca. Neste papel de mediadoras entre a criança e a sociedade, estão a família e a escola como importantíssimas no desenvolvimento da

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53 educação infantil, pois neste tempo da primeira infância eles irão produzir a oportunidade de desenvolver capacidades para sua socialização, propiciando o desenvolvimento das necessidades fisiológicas e psicológicas, permitindo uma aprendizagem significativa para que ela seja capaz de se desenvolver e humanizar-se.

Este investimento na primeira infância foi se construindo ao longo do tempo e sua importância foi sendo resgatada historicamente com novos conceitos e com a construção de sua especificidade. Está evolução no conceito da educação desencadeou algumas ideias a cerca do seu investimento, como a redução e prevenção da produção da marginalidade, promovida pelo crescimento econômico e pela diminuição das desigualdades sociais. O ser humano precisa utilizar a natureza para fazer cultura, agindo sobre a mesma a o homem produz conhecimento. Ela é um dos fatores mais importante para o crescimento de um país, investir nela obtém-se a possibilidade de atingir melhores desempenhos, tanto em áreas da saúde e tecnologia, como aumento da renda. Ela é a base para o desenvolvimento social e político, dando ao homem oportunidade para uma condição mais humana, mais digna e com qualidade em sua inserção na sociedade.

O desenvolvimento infantil pleno produz nas crianças uma diversidade de estratégias de compreensão e ação sobre o mundo, o que acarreta diferentes inserções sociais e condições culturais. Essas diferenças devem ser consideradas e exploradas como propiciadora de novos conhecimentos, pela riqueza de experiências que podem ser trocadas. No espaço das diferenças entre as crianças, e as crianças com os adultos, que se constrói a capacidade de argumentar, criticar, de transformar e inventar. Neste espaço é importante viabilizar condições para colocá-la em contato com diferentes conteúdos e formas de encontrá-los e ajudá-las a processá-los criticamente. Inerente ao desenvolvimento infantil, a educação contribui para que cada pessoa seja responsável pelo seu próprio destino e para o progresso da sociedade em que vive.

É indispensável que se forneça o mais cedo possível, condições para que as crianças conheçam melhor a si mesmo e os outros, assim desenvolvem sua participação neste espaço coletivo da vida em sociedade. Elas precisam aprender a construir o autoconhecimento, a conhecer suas habilidades, seus afetos, suas emoções, suas limitações, seus desejos e suas fantasias; construir sua autoestima para ser capaz de estabelecer uma relação afetuosa e compreensiva consigo mesmo e com os outros de sua realidade; desenvolver sua autoconfiança para acreditar em si mesmo e buscar o que deseja. Confiar em si mesmo contribui para que a pessoa se torne mais flexível diante de si e

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54 dos outros, podendo ainda aprender com os erros e ajudá-la ampliar suas possibilidades de reparação ou solução. E finalmente, a autoconfiança faz com que o ser humano olhe para o futuro de forma desejosa para projetar novas realidades e assumir novos riscos, saindo do imediatismo e aprendendo a lidar com as incertezas, mobilizando o melhor de si para enfrentá-las.

O desenvolvimento humano será bem sucedido se também o Estado garantir uma educação de boa qualidade e inclusiva, para que o desenvolvimento viabilize a realização do ser humano enquanto tal, e não enquanto meio de produção. A educação básica deve se constituir de todos os conhecimentos requeridos para que as pessoas, se assim desejarem, terem acesso a todos os níveis de escolaridades. O trabalho na educação infantil deve ser realizado através da prevenção de futuros problemas de aprendizagem, oferecendo meios para que seja melhor trabalhado o desenvolvimento infantil, oferecendo atividades a serem realizadas com as crianças e sinalizar eventuais dificuldades que as crianças possam ter. Este trabalho contribui para constituição do processo de organização psíquica. Pois como foi visto, a necessidade de integração surgiu com a exclusão das crianças do mundo dos adultos. A família e a escola ficaram encarregadas da socialização da mesma, tendo como objetivo educar para o desenvolvimento infantil, o que significa propiciar situações de cuidados, brincadeiras e aprendizagens orientadas de forma integrada que contribui para o desenvolvimento das capacidades infantis de relação interpessoal, de ser e estar com os outros em uma atitude básica de aceitação, de confiança e respeito e com acesso aos conhecimentos mais amplos do meio social e cultural.

Para efetivação do desenvolvimento integral das crianças, a educação deve depender de cuidados relacionais na sua dimensão afetiva e dos cuidados com a saúde, tanto quanto pela forma como esses cuidados são oferecidos e nas oportunidades de acesso ao conhecimento. Cuidar engloba auxiliar a criança nas suas descobertas, ajudando-a no desenvolvimento de suas capacidades e incentivando sua criatividade. A criança precisa sentir amor em seus vínculos, precisa deste cuidado e desta educação para desenvolver sua capacidade de conhecer-se e valorizar-se. Compreendendo e respeitando o diferente, aprendendo valores de solidariedade, amizade e solidariedade.

Está ação pedagógica configura-se tanto no cuidar quanto no educar, quando existe uma conscientização do professor sobre o desenvolvimento da criança de forma integrada, individualizada e respeitando os momentos característicos da infância. O professor precisa atuar de forma criativa e

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55 dinâmica onde a vivência na escola favoreça a construção da aprendizagem e autonomia em um ambiente de oportunidades e possibilidades interativas e lúdicas. O aprender se desenvolve a partir do vínculo humano, seja nos primeiros vínculos da criança, pai, mãe e/ou irmão que impõe um espaço de aprendizagem e crescimento ou em outros espaços sociais, como a escola.

Esta aprendizagem pode apresenta entraves em seu processo e deve receber uma avaliação terapêutica ancorada por referenciais teóricos e técnicos aplicadas na situação diagnóstica. A psicopedagogia como uma ciência nova, estuda o processo de aprendizagem e suas dificuldades. Ela muito tem contribuído para explicar a causa destes distúrbios, pois estuda o processo do conhecimento, seus padrões evolutivos normais e patológicos, bem como a influência da família, escola e sociedade no desenvolvimento infantil. A presença do psicopedagogo tanto clínico, quanto institucional, tem sido de grande importância para o processo de aprendizagem e nos entraves destes. Sua atuação dentro da escola orienta o educador infantil nas suas diferentes modalidades funcionais, como professor, diretor, recrecionista e berçarista na sua ação junto às crianças. O papel do psicopedagogo se constitui em revalorizar as ações educacionais dos educadores, dando condições para tomada de consciência de sua identidade profissional e sua ação pedagógica.

Através de seu caráter preventivo a psicopedagogia na educação infantil, trabalha na formação do professor, pois o mesmo possuí um papel fundamental no desenvolvimento das capacidades cognitivas e afetivas das crianças, importantes para socialização das mesmas. Ela busca alternativa nas ações educativas dos educadores, através de investigações e análises das situações de aprendizagem. Procura por em prática novas ideias para formação dos educadores, para que os mesmos aprendam a estabelecer relações mais maduras e conscientes com as crianças e com a equipe escolar.

O psicopedagogo compreende a influência da afetividade no desenvolvimento infantil e observa como a criança aprende como se desenvolve emocionalmente e intelectualmente, também investiga fatores que contribuem ou que dificultam o processo de aprendizagem. A educação infantil é um período de grande importância no desenvolvimento intelectual e afetivo, é onde se encontra a base para o desenvolvimento da cidadania, incluída em um contexto através do exercício de uma ação docente com dignidade e respeito pelas crianças. Hoje a criança deve ser vista como parte de uma dinâmica, entre família, escola e sociedade, onde se reproduz relações de afeto, considerado necessário para construção de conhecimento e no desenvolvimento de sua percepção como parte do meio social em que vive.

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A construção da conscientização dos pais, bem como dos educadores e da comunidade escolar em relação a esta fase da primeira infância é primordial para o estabelecimento de vínculos, para aprendizagem e afetividade na formação do ser social. Neste contexto o psicopedagogo considera importante contribuir com os familiares e profissionais no processo de aprendizagem como um todo, orientando que conheça bem as características específicas da criança e fazer com que entendam que a educação deve ser vista através de duas características indissociáveis, o cuidar e o educar.

A psicopedagogia obteve uma contribuição de várias áreas do conhecimento, como a Psicologia, Sociologia, Antropologia e outros, ela assume um papel de desmistificadora do fracasso escolar, pois percebe que o erro na aprendizagem faz parte do processo de conhecimento, e as interações sociais são importantes para o desenvolvimento das habilidades cognitivas. Para Weiss (2000), a prática pedagógica considera o sujeito como ser global composto pelos aspectos cognitivos, orgânicos, social, afetivo e pedagógico. Cada aspecto tem sua influência na compreensão da dificuldade de aprendizagem. O aspecto afetivo mostra a afetividade do indivíduo e sua relação com o aprender, com o desejo de aprender, pois pode ser um sujeito que não consegue estabelecer um vínculo afetivo com a aprendizagem. O aspecto orgânico fala da construção biológica do indivíduo, então a dificuldade de aprender de causa biológica está ligada ao corpo. O aspecto social diz respeito à relação do sujeito com a família, com a sociedade, seu contexto cultural e social. Por exemplo, um aluno pode não aprender porque apresenta privação cultural em relação ao contexto escolar. O aspecto cognitivo está relacionado ao funcionamento das estruturas cognitivas. Aqui o problema de aprendizagem reside nas estruturas do pensamento do sujeito. Por último, o aspecto pedagógico, relacionado à forma como a escola organiza seu trabalho, seus métodos, conteúdos, na forma de ministrar a aula entre outros. Para a autora a aprendizagem é uma constante interação de todos os aspectos apresentados e a dificuldade de aprendizagem é um funcionamento insatisfatório ou o não funcionamento de um dos aspectos apresentados, ou ainda, uma relação inadequada entre eles.

Conclui-se que o problema da dificuldade de aprendizagem, não é exclusivamente do aluno, ou da família, ou somente da escola, está é uma atitude ingênua perante a grandiosidade que é a complexidade do aprender. Não existe um único culpado para o problema. Deve-se intervir pedagogicamente sobre o problema de aprendizagem como um processo no qual se constitui a construção do conhecimento. Busca-se antever para onde caminha o processo de aprendizagem, pois a educação é um processo adquirido em longo prazo que requer planejamento, metas e estratégias.

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Educação é um processo vitalício e inacabado. É necessária uma constante atenção nas ações pedagógicas e incansáveis pesquisas na área educacional, com espaços para uma aprendizagem democrática e ética. É imprescindível a tarefa de educar, pois ensinar uma habilidade nova aumenta o potencial de funcionamento do cérebro, isso porque aprender exige necessariamente planejar novas maneiras de solucionar desafios, atividade que estimula diferentes áreas cerebrais a trabalhar na sua máxima capacidade de eficiência. Essa habilidade deve ser investida e trabalhada visualizando a socialização da criança e seu pleno desenvolvimento.

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CONCLUSÃO

A partir desta pesquisa em relação à História da e Educação e o desenvolvimento infantil, conclui-se que a educação é uma prioridade nacional, presente em discursos políticos, na voz de educadores, sociólogos, economistas, e em todos aqueles que buscam superar as mazelas e a violência de cada sociedade, que buscam o crescimento econômico, trabalha a questão ambiental, o combate a miséria e a desigualdade social. Consequentemente a melhora da educação e sua qualidade é uma solução para problemas complexos, ela é um elemento importante, porém nem sempre o único, para quase todas as grandes limitações enfrentadas por uma nação.

Sabe-se, por exemplo, que a educação tem um importante papel na superação da pobreza, pois quanto maior a escolaridade do trabalhador maior sua remuneração e menor o risco de desemprego. Também é fundamental para explicar a iniqüidade, pois as diferenças de renda entre os mais ricos e mais pobres no Brasil são em grande parte do acesso desigual às escolas, em termos quantitativos e qualitativos.

Segundo o Guia de Referência para Cobertura Jornalística (2009), os impactos da educação são visíveis também na saúde. Especialistas declaram que filhos de mães com mais escolaridade tem menos chances de morrer antes de completar um ano de vida. E que a escolaridade dos pais constitui ainda um indicador relevante, e para muitos pesquisadores o mais importante, no sucesso escolar das novas gerações. Sabe-se que em todas as classes sociais, quanto maior o nível de ensino dos pais, melhor o rendimento de seus filhos em sala de aula.

Então é pertinente afirmar que a importância de investimento na área da educação é um aspecto unânime em qualquer análise da situação brasileira. Porém foi percebido ao longo de sua história, que do discurso a prática tem-se uma longa distância. Pois por ser uma área onde os resultados são colhidos em longo prazo e que neste momento histórico, por exemplo, nem sempre é fácil convencer administradores públicos ou a própria sociedade da importância do investimento em educação de qualidade. Entre construir uma ponte em uma cidade ou aplicar recursos públicos na educação, é tentador para o político e às vezes para boa camada da sociedade optar por privilegiar a ponte que trará resultados imediatos e boas votações. Inverter nesta lógica exige trabalho árduo ajudando a sociedade a refletir sobre o que é mais importante para seu futuro.

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Segundo o Guia de Referência para Cobertura Jornalística (2009), o Brasil chega ao século 21 com um contingente de 16 milhões de analfabetos (14% de nossa população adulta em 2000). Além disso, os índices de repetência estão entre os maiores do mundo, e as avaliações nacionais e internacionais mostram que ainda permanecemos distante dos patamares mínimos de qualidade para garantir uma boa educação para todos.

Este atraso educacional em nosso país foi produzido por decisões tomadas ao longo de sua história, por um processo histórico que se revela na falta de uma prioridade na educação e que ainda hoje refletem no prejuízo do desenvolvimento econômico e social do país. Por exemplo, somente com a chegada da Família Real ao Brasil, em 1808, que os primeiros cursos de nível superior surgiram. No século XIX já existiam mais de 20 universidades na América Espanhola, mas nenhuma no Brasil, isto é, o Brasil só chegou a ter instituição desse porte no início do século XX, já como nação republicana.

Este cenário leva a educação a ter outra característica, a da desigualdade, pois o modelo presente hoje é com uma pequena elite com acesso as escolas particulares e a grande maioria da população em instituições públicas de menor qualidade. Está configuração foi produzida por escolhas ao longo do tempo governastes do país. Parte-se do princípio que a educação brasileira é um direito de todos, então ela deve se constituir no favorecimento do pleno desenvolvimento infantil, na inserção da criança no seu mundo cultural para se humanizar e se tornar uma pessoa com as mais diferentes possibilidades de apropriação e de expressão da individualidade, formando sua própria personalidade e compreendendo o mundo e suas relações.

O trabalho educativo deve ser de qualidade para todos, oportunizando a descoberta do mundo, dos objetos, das relações, dos afetos, do próprio corpo, da natureza, da vontade e das possibilidades de expressão. O entorno das crianças e o ser pessoa integrada nesse entorno são os grandes e fundamentais conteúdos da educação infantil. Ela é um dever e necessário para sociedade. Está presente na escola, na família e em ações educativas que transmitem valores, costumes e regras. Essa transferência cultural é importante para adaptação do indivíduo a sociedade, dentro de uma ética e responsabilidades contribui para evolução de um país.

O objetivo da educação para o desenvolvimento infantil representa a formação de capacidades especificamente humanas como o desenvolvimento da memória e da linguagem, a capacidade de perceber de forma compreensiva os objetos, entender os sistemas sociais e expressar-se de forma adequada.

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60 Esta ação educativa deve ser prioridade para todos, para que todos os homens possam se questionar sobre si e sobre a realidade social que está inserida, para depois ser capaz de transforma – lá. Desta forma, a educação atingiu seu principal objetivo como um processo pedagógico sistematizado de intervenção na dinâmica da vida social, considerada hoje como objeto priorizado de estudos científicos com vistas à definição de políticas estratégicas para o desenvolvimento integral das sociedades. Entendida como mediação básica da vida social de todas as comunidades humanas

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WEBGRAFIA

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ÍNDICE

AGRADECIMENTOS 03

DEDICATÓRIA 04

RESUMO 05

METODOLOGIA 06

SUMÁRIO 07

INTRODUÇÃO 09

CAPÍTULO I

– O PERCURSO POLÍTICO E SOCIAL DA EDUCAÇÃO NO BRASIL

COLÔNIA

Período Jesuítico – 1549 a 1759 11

A Reforma Pombalina – 1759 a 1808 16

A Educação no Período Joanino- 1808 a 1821 20

Período da Independência – 1821 a 1889 22

CAPÍTULO II

- O NOVO REGIME

A Primeira República – 1889 a 1930 29

Período da Era Vargas - 1930 a 1945 33

Nova República - 1946 a 1963 36

A Ditadura Militar - 1946 a 1985 38

Período da Nova República – 1985 até os dias atuais 41

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CAPÍTULO III

- EDUCAÇÃO: O PILAR DO DESENVOLVIMENTO DA CIDADANIA

A Educação como Propiciadora do Desenvolvimento da Cidadania 45

A Educação e o Desenvolvimento Infantil 50

CONCLUSÃO 58

BIBLIOGRAFIA 61

WEBGRAFIA 62

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