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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” PROJETO A VEZ DO MESTRE O GRAFISMO INFANTIL COMO FORMA DE EXPRESSÃO. CONTRIBUIÇÕES DE JEAN PIAGET E LEV VYGOTSKY Por: Daiana Aparecida Silveira Gonçalves Orientador Prof. Ms. Fabiane Muniz Niterói 2007

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

PROJETO A VEZ DO MESTRE

O GRAFISMO INFANTIL COMO FORMA DE EXPRESSÃO. CONTRIBUIÇÕES DE JEAN PIAGET E LEV VYGOTSKY

Por: Daiana Aparecida Silveira Gonçalves

Orientador

Prof. Ms. Fabiane Muniz

Niterói

2007

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

PROJETO A VEZ DO MESTRE

O GRAFISMO INFANTIL COMO FORMA DE EXPRESSÃO. CONTRIBUIÇÕES DE JEAN PIAGET E LEV VYGOTSKY

Apresentação de monografia à Universidade Candido

Mendes como requisito parcial para obtenção do grau

de especialista em Psicopedagogia.

Por: Daiana Aparecida Silveira Gonçalves

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AGRADECIMENTOS

... primeiramente a Deus, que é o grande

inspirador as minhas conquistas, aos

grandes amigos professores da

Universidade, Ana Paula Lettieri e Dina

Lúcia, as amigas professoras de São

Paulo e as amigas do curso, por receber

tão bem, uma paulista cheia de manias e

costumes ao universo carioca.

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DEDICATÓRIA

...dedico este trabalho em sumo, com todo

amor e carinho a minha fortaleza nos

momentos de queda, meu marido Ronaldo,

minha mãe Isabel e minha tia Ricardina, pela

insistência na minha vida escolar e a todos

os meus familiares que acreditaram e

acreditam em meu potencial.

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RESUMO

Como analisar o desenho infantil, integrado ao meio de comunicação, nas

respectivas visões pedagógicas do construtivismo e sócio interacionismo?

O desenho foi a primeira manifestação histórica da escrita. E ainda hoje,

continua sendo a primeira forma de expressão da criança com o mundo.

Os interesse científico por este assunto, surgiu no final do século XIX,

sendo os primeiros trabalhos, relacionados à Psicologia Experimental. Mas com a

rapidez dos estudos, eles se diversificaram, afetando a Psicologia, Sociologia,

Estética e a Pedagogia. A Pedagogia foi influenciada pelas contribuições de

Rousseau, que defendia que a criança não era mais um adulto em miniatura e a

Psicologia Infantil, no século XX começava a contribuir consideravelmente com

suas pesquisas no assunto. A partir daí, viu-se que o modo de classificar o

desenho infantil seria diferente conforme suas etapas, pois é por meio dele que, a

criança lê o mundo, enxerga a vida e se expressa.

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METODOLOGIA

Os métodos utilizados para a realização deste trabalho foram, por meio de

pesquisas bibliográficas em livros, revistas, consultas em sites, trocas de

saberes (oralmente) e coletas de dados. Onde os capítulos com embasamento

bibliográfico, tiveram fontes de livros e textos das histórias dos desenhos, a

importância do desenho infantil, defesa e ponto de vista de Piaget e seu

construtivismo, Vygotsky expondo sua posição dentro do sócio interacionismo

e diversas visões de outros defensores sobre o mesmo assunto.

Quanto à coleta de dados, anexados a monografia como desenhos, figuras

dicas e fatos foram obtidos por meio de contribuições de alunos da Instituição

de ensino AEN, sites de internet, comunidades confiáveis com os temas “Eu

estudo Jean Pìaget” e “Vygotsky e Arte na Educação Infantil” e desenhos feitos

por familiares como minha afilhada de 3 anos e alunos de diferentes faixas

etárias.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 08

CAPÍTULO I – Jean Piaget 10

CAPÍTULO II – Lev Vygotsky 21

CAPITULO III – O Desenho Infantil 29

CAPÍTULO IV – A visão dos Pensadores e Especialistas sobre

o Desenho Infantil 38

CONCLUSÃO 52

BIBLIOGRAFIA 53

ANEXO 56

ÍNDICE 58

FOLHA DE AVALIAÇÃO 60

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INTRODUÇÃO

“O desenho fala, chega mesmo a

ser uma espécie de escrita, uma

caligrafia”. Mario de Andrade

O objetivo deste trabalho é comprovar o desenho como a primeira

manifestação da escrita humana, constituindo também para a criança, uma

atividade integradora, que eleva a inter-relação do ver, do pensar e do fazer.

Permitindo avanços dos domínios perceptivos, cognitivos, afetivos e motores.

Sendo assim, o trabalho a ser apresentado, analisará a perspectiva do ato

de desenhar da criança, dentro de duas abordagens, valorizadas por Piaget e

seus seguidores e Vygotsky, com seus idealizadores.

Piaget considera que a interação do sujeito com o objeto é o fator primordial

para a construção do conhecimento, visualizando no desenho, uma forma de

representação, que revela o conteúdo da imagem mental da criança. Observando

se o objeto a ser representado, necessita ou não estar presente para a

representação. Tal observação encontra-se em destaque, nas diferentes faixas

etárias evolutivas.

Vygotsky aborda o desenho, enquanto expressão e imaginação criadora.

Sendo esta última, considerada por ele, uma importante função psíquica cultural.

Caracteriza também, um recorte no desenvolvimento cultural do grafismo infantil,

destacando os aspectos visuais, abordados por etapas mútuas dentre este

desenvolvimento gráfico.

O ato de defender o desenho infantil e seus significados, defendido no

trabalho, concebe aos pais, escola e comunidade, a auto valorização da arte, ali

representada pela criança. Respeitando sua criatividade e liberdade, na

construção do seu objeto.

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Quanto ao ambiente educacional, cabe ressaltar que, durante o avanço da

alfabetização, não é necessário afastar a criança do desenho, pois ele assim

como a escrita, também é uma forma de expressão, dentre as diferentes faixas

etárias, não sendo expresso somente, na educação infantil.

Antes de dar início ao assunto em destaque, o Desenho infantil,

elucidaremos as Biografias e as Teorias dos teóricos já citados. Jean Piaget e Lev

Vygotsky.

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CAPÍTULO I

JEAN PIAGET

A Psicologia da Criança estuda o educando, sua formação, seu

desenvolvimento físico e mental, e suas funções psíquicas. Sendo ela, à parte da

psicologia que se ocupa com o estudo do comportamento infantil, integrada a

Psicologia Educacional.

Tais estudos tiveram percussores a mais de 500 anos atrás, em todas as

partes do mundo, sendo assim, também na Suíça. Que é o local considerado a

terra da Pedagogia, por excelência. Este País é o local de origem de um dos

grandes estudiosos do assunto, Jean Piaget.

Antes de interessar-se pela psicologia, Piaget, já possuía outras formações,

que o inspiraram para a conclusão de seus futuros estudos. Que era a evolução

do pensamento dos bebês até a adolescência, procurando entender os

mecanismos mentais que o individuo utiliza para captar o mundo.

1.1 – Piaget e seus Primeiros Estudos

No ano de 1896, na cidade Suíça de Neuchântel, nasceu Jean Piaget. Um

jovem intelectualmente precoce, como ele mesmo admite (1997, p.05), que aos

dez anos de idade, publicou o seu primeiro artigo em uma revista local, relatando

sobre o pardal branco.

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Após se formar em Biologia, Piaget tornou-se Bacharel e Doutor em

Ciências Naturais, tendo como tese, a Vida dos Moluscos. Analisando o

comportamento dos mesmos, quando transferidos de um ambiente para o

outro.Tal estudo foi crucial para seus seguintes trabalhos. Envolvendo o

desenvolvimento mental humano, como um processo de adaptação ao meio em

que se insere. “A essência da idéia de Piaget, é que a natureza do homem

funciona para se organizar e se adaptar, quer física ou mentalmente, quer

biológica ou intelectualmente”.(Helen Bee, 1992, p.01).

Para chegar a tal conclusão, Piaget passou da Biologia, para a Filosofia e

Psicologia, trabalhando em clínicas psicológicas, onde avaliava, por meio de

experimentação (estudo formal e sistemático), combinada com os métodos

informais da psicologia (entrevistas, conversas e análise dos pacientes), a

inteligência infantil. Concluindo posteriormente que, a criança tem um pensamento

singular, por isso, é agente do seu próprio desenvolvimento.

“Afinal encontrei meu campo de pesquisa. Antes de tudo, ficou

claro, para mim, que a teoria das relações entre o todo e as

partes pode ser estudada experimentalmente, através da

análise do processo psicológico subjacente às operações

lógicas (raciocínio lógico). Isto marcou o fim do meu período

“teórico” e o início de uma fase indutiva e experimental no

campo da psicologia que eu sempre quis entender, mas para o

qual, até então, eu não tinha encontrado os problemas

apropriados (Piaget 1997, p. 07).

Em 1919, Piaget mudou-se para França, onde foi convidado a trabalhar no

laboratório de Alfred Binet, um famoso psicólogo infantil, que havia desenvolvido

testes de inteligência, padronizados para crianças. Durante este período, Piaget

notou que as crianças francesas da mesma faixa etária cometiam erros

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semelhantes nestes testes e concluiu que, o pensamento desenvolve-se

gradualmente.

Alguns anos depois, Piaget foi convidado a assumir a direção de estudos do

Instituto Jean – Jacques Rousseau, onde se sentiu totalmente integrado ao

ambiente. Que seria, perfeito para seus futuros estudos, sobre o conhecimento

infantil.Piaget passa então, a observar as crianças brincando e registra

meticulosamente suas palavras, ações e processo de raciocínio, das mesmas e,

também tem como base, estudos de observação de seus três filhos, auxiliado por

sua esposa Valentine. Com quem se casou no ano de 1923.

Enquanto prosseguia com suas pesquisas e publicações de trabalhos, entre

elas 75 livros e centenas de trabalhos científicos, Piaget lecionou em diversas

Universidades européias, sendo o único suíço a ser convidado a lecionar na

Universidade de Sorbonne (Paris), no período de 1952 a 1963.

No ano de 1980, em Genebra, Piaget vem a falecer, deixando como

herança, o Centro Internacional para Epistemologia Genética. O qual fundou e

dirigiu até os últimos dias de sua vida.

1.2 – Piaget e como as Crianças Adquirem Conhecimento

(Construtivismo)

Até o início do século XX, assumia-se que a criança pensava e raciocinava

como um adulto, em que, a maior parte da sociedade, acreditava que a diferença

entre o processo cognitivo entre a criança e o adulto, era sobre tudo de graus.

Onde os adultos eram superiores mentalmente e fisicamente, mas os processos

cognitivos básicos, eram os mesmos ao longo da vida.

Piaget, ao contrário, conclui que, as crianças e os adultos pensam

diferentes, pois para a criança, ainda falta certas habilidades e a maneira de

pensar, é diferente. Não somente em graus, mas também em classe.

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Para chegar a tal confirmação, Piaget executou estudos cuidadosos com

seus filhos e com diversas crianças, que o auxiliou a concluir o desenvolvimento

cognitivo, em uma teoria de etapas. Que enfoca que os seres humanos, passam

por uma série de mudanças ordenadas e previsíveis.

O construtivismo é uma das correntes teóricas empenhadas em explicar

como a inteligência humana se desenvolve, partindo do princípio que, o

desenvolvimento da inteligência, é determinado pelas ações mútuas, entre o

indivíduo e o meio em que se insere. Desde de seus primeiros momentos de

vida.Tal concepção destaca que, o homem não nasce inteligente, mas também

não é passivo sob a influência do meio, isto é, ele responde aos estímulos

externos, agindo sobre eles, para construir e organizar o seu próprio

conhecimento, de forma cada vez mais elaborada (1996).

Com isto, Piaget afirmou que, o conhecimento não é uma cópia da

realidade (como pensavam os empiristas), pois, para conhecer um objeto, é

preciso agir sobre ele. A criança tem que ser concebida como um ser dinâmico,

que a todo o momento interage com a realidade (ambiente), fazendo com que ela

construa estruturas mentais e adquira maneiras de funcioná-la.

“Conhecer é modificar, transformar o objeto e, em

conseqüência disso, compreender de que modo o objeto é

construído. A operação é, portanto, a essência do

conhecimento: ela é uma ação interiorizada, que modifica o

objeto do conhecimento” (Piaget, 1992.p.01).

Em sua teoria, chamada de Epistemologia Genética, ou Teoria

Psicogenética, Piaget afirma haver duas noções básicas para o desenvolvimento

do pensamento humano: a adaptação ao meio (desenvolvimento da inteligência) e

a organização interna (equilíbrio ou adaptação). Que se dividem em dois

importantes aspectos no processo, a Assimilação e a Acomodação.

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Assimilação é o processo cognitivo de incorporação e integração de

experiências e vivências em suas estruturas e sistemas já existentes. O bebê

nasce com o reflexo de sugar, mas não sabe lidar com o seio da mãe e para que

isto ocorra, é necessário interagir com o objeto em destaque e buscar então, uma

maneira de utiliza-lo. Ou seja, sugando.

Acomodação é o processo complementar, onde o organismo transforma

sua própria estrutura para adequar-se à natureza dos objetos que são aprendidos.

No caso do bebê, quando ele já aprendeu a sugar, há uma acomodação.

Estes processos são distintos e opostos, embora na maioria das vezes

simultâneas. No entanto, ao longo do processo, pode haver ocasiões em que um

deles prepondere sobre o outro.

Considera-se ainda, que o processo de desenvolvimento, é influenciado por

fatores como a maturação (crescimento biológico dos órgãos), exercitação

(funcionamento dos esquemas e órgãos que implicam na formação de hábitos),

aprendizagem social (aquisição de valores, linguagem, costumes e padrões

culturais e sociais) e equilibração (processo de auto-regulação interna do

organismo, que se constitui na busca sucessiva de reequilíbrio, após cada

desequilíbrio sofrido).

1.3 – Piaget e as etapas do desenvolvimento cognitivo

Piaget identificou quatro estágios de evolução mental de uma criança, onde,

em cada período, o pensamento e o comportamento infantil, são caracterizados

por uma forma específica do conhecimento e raciocínio.

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Primeiro estágio - Sensório – motor ou pré-verbal: Durante esta etapa, a criança

desenvolve o conhecimento prático, que constitui a subestrutura do conhecimento

representativo. Tem também, uma conduta inteligente, mas ainda não possui

pensamento, pois não é capaz de planejar suas ações, que são dirigidas pelos

reflexos e pelo acaso.

As principais observações desta fase são, a construção do eu, noção de

tempo e espaço e causalidade. Onde para conhecer o mundo, o bebê mexe nos

objetos, morde, bate e pega. Por meio destas muitas explorações, o bebê vai

construindo a diferenciação, para que mais tarde, construa também, a noção de

permanência do objeto.

Os esquemas sensórios - motores, vão se tornando cada vez mais

complexo, permitindo o aparecimento da função simbólica, que muda radicalmente

o modo da criança lidar com este meio.

Segundo estágio – Pré-operatório: Surge a linguagem oral, que possibilita a

construção dos esquemas representativos ou simbólicos.

O funcionamento simbólico da criança nesta fase é demonstrado, por meio,

de alguns comportamentos. Como imitação, brincadeiras de faz-de-conta, jogos

dramáticos, linguagem quanto expressão, pintando e desenhando. Onde a criança

expressa aquilo que conhece e tem significado para ela.

Neste estágio, algumas características são marcantes, como o

egocentrismo (característica fundamental desta fase, onde segundo Piaget, a

criança tem o pensamento rígido e a si própria como ponto de referência),

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animismo (a criança dá “alma” as coisas e objetos, atribuindo-lhes sentimentos e

intenções de seres - humanos), antropoformismo (característica semelhante a

anterior, onde se é atribuído forma humana a objetos e animais),

transdedutividade (a criança invés de partir de um princípio geral, para entender

um fato particular, ela parte do particular para outro particular), a não conservação

(para a criança, ao mudar a aparência dos objetos, muda-se também a

quantidade, o volume, a massa e o peso dos mesmos) e a reversibilidade (o

pensamento da criança não retorna a ponto de partida).

Terceiro estágio - Operatório Concreto: O pensamento lógico passa a

predominar, tornando-se mais reversível e menos egocêntrico.

O pensamento baseia-se muito mais no raciocínio do que na percepção,

possibilitando não só a noção de conservação de quantidade, mas também de

massa, peso e volume.

A criança desenvolve noções de tempo, espaço, velocidade, ordem e

causalidade. Sendo capaz de relacionar diferentes aspectos e abstrair dados da

realidade, mas ainda depende do mundo concreto para chegar a abstração.

Piaget chama esta fase de operatório – concreto, porque as crianças ainda

operam sobre objetos e não sobre hipóteses verbalmente expressas.

Quarto estágio – Operatório Formal: O pensamento vai superando as

limitações do concreto e a criança alcança o nível hipotético-dedutivo, que lhe

possibilita raciocinar sobre hipóteses e não somente, sobre o objeto.

As estruturas cognitivas da criança alcançam o nível mais elevado do

desenvolvimento, tornando-se aptas a aplicar o raciocínio lógico, as todas as

classes do problema.

Nesta fase, a criança se torna capaz de construir hipóteses, raciocinar

sobre elas, verificar soluções alternativas de um problema, considerar vários

aspectos de um problema simultâneo e apresenta um pensamento que opera com

sentenças ou enunciados verbais.

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Segundo Piaget, as etapas, tem uma ordem constante, porque sempre se

apóiam na anterior, integrando-as e modificando-as. Uma fase não é mero

prolongamento da outra, porque em cada uma delas, há uma grande mudança no

pensamento da criança. Todas são importantes e encontradas em todas as

sociedades, por Piaget estudadas, mas, no entanto, as idades previstas, sofrem

variações de uma sociedade para a outra.

A maturação, a experiência física com o objeto (sendo ela física ou lógico –

matemática), a transmissão social e a equilibração, são fatores responsáveis pela

passagem de uma etapa de desenvolvimento para a outra. Favorecendo assim, o

desenvolvimento e a aprendizagem da criança na construção de seus

conhecimentos.

1.4 - Piaget e o Desenvolvimento, Aprendizagem, Pensamento,

Linguagem e a Autonomia da Criança.

Piaget em seus estudos, não propôs um método de ensino, mas ao

contrário, elaborou uma teoria do conhecimento e desenvolveu muitas

investigações, que contribuíram para os estudos de psicólogos e

pedagogos. Assim como a significância do Desenvolvimento e da

Aprendizagem.

O Desenvolvimento é um processo referente à totalidade das

estruturas do pensamento, estando ligado a embriogênese e ao

desenvolvimento do sistema nervoso, como funções mentais. Para explicar

o desenvolvimento intelectual, Piaget partiu da idéia que os atos biológicos

são atos de adaptação ao meio físico e organizações do meio ambiente,

sempre procurando manter um equilíbrio. Assim, Piaget entende que o

desenvolvimento intelectual age do mesmo modo que o desenvolvimento

biológico. Para ele, a atividade intelectual não pode ser separada do

funcionamento total do organismo.

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A Aprendizagem, esta em um pólo oposto, pois na maioria das

vezes, é ocasionada por situações provocadas (pelo professor, por

psicólogos ou determinadas situações), estando ligada a equilibração e a

maturação.

Para Piaget, a aprendizagem esta subordinada ao desenvolvimento.

Em sua Teoria, Piaget cita algumas implicações para a ocorrência da

aprendizagem. Sendo elas:

• Os objetos pedagógicos necessitam estar centrados no aluno, partir das

atividades do aluno;

• Os conteúdos não são concebidos como fins em si mesmos, mas como

instrumentos que servem ao desenvolvimento evolutivo natural;

• Primazia de um método que leve ao descobrimento por parte do aluno,

ao invés de receber passivamente através do professor;

• A aprendizagem é um processo construído internamente;

• A aprendizagem depende do nível de desenvolvimento do sujeito;

• A aprendizagem é u m processo de reorganização cognitiva;

• Os conflitos cognitivos são importantes para o desenvolvimento da

aprendizagem;

• A interação social favorece a aprendizagem;

• As experiências de aprendizagem necessitam estruturar-se de modo a

privilegiarem a colaboração, a cooperação e intercâmbio de pontos de

vista na busca conjunta do conhecimento.

Piaget não aponta respostas sobre e como ensinar, mas permite

compreender, como a criança e o adolescente aprendem, favorecendo um

referencial para a identificação das possibilidades e limitações de ambos.

Oferecendo aos mestres, uma atitude de respostas às condições intelectuais do

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aluno e um modo de interpretar suas condutas verbais e não verbais, para melhor

trabalhar com elas.

Quanto ao pensamento e a linguagem, Piaget afirma que, o pensamento

procede à linguagem, que se limita a transformar e a dar forma ao pensamento. “A

formação do pensamento depende basicamente da coordenação dos esquemas

sensórios motores e não da linguagem” (Hellen Bee, 1992, p.06).

A linguagem só acontece depois que a criança desenvolveu certas

habilidades mentais, como o jogo simbólico, que é independente da linguagem e

as esquematizações individuais (cognitivas e afetivas). Mas, Piaget, estabelece

que, há uma separação entre as informações, que podem ser transmitidas através

da linguagem e aquelas operações cognitivas que a linguagem não resolve

sozinha, como a seriação, classificação, e a adição, a criança precisará, agir sobre

diversos objetos.

Em suas obras, Piaget discute com muito cuidado, a questão da autonomia

e seu desenvolvimento. Onde para ele, a autonomia não esta relacionada ao

isolamento (capacidade de aprender sozinho e respeito ao ritmo próprio da escola

comportamentalista) e sim, ao florescer do pensamento autônomo e lógico

operatório, sendo paralelo ao surgimento da capacidade de estabelecer relações

cooperativas.

Ser autônomo significa estar apto a cooperativamente construir o sistema

de regras morais e operatórias, necessárias à manutenção de relações,

permeadas pelo respeito mútuo.

Piaget caracteriza a Autonomia como a capacidade de coordenação de

diferentes perspectivas sociais, com o pressuposto do respeito recíproco.

“A essência da autonomia é que, as crianças se tornam

capazes de tomar decisões por elas mesmas.

Autonomia não é a mesma coisa que liberdade

completa. Autonomia significa ser capaz de considerar

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os fatores relevantes, para decidir qual deve ser o

melhor caminho da ação. Não pode haver moralidade,

quando alguém considera somente o seu ponto de

vista. Se também consideramos o ponto de vista das

outras pessoas, veremos que não somos livres para

mentir, quebrar promessas ou agir irrefletidamente”

(Kammi, 1992, p.16).

Em seus estudos sobre crianças, Jean Piaget descobriu que elas não

raciocinam como os adultos. Esta descoberta levou-o a recomendar aos adultos

que adotassem uma abordagem educacional diferente ao lidar com crianças. Ele

modificou a teoria pedagógica tradicional que, até então, afirmava que a mente de

uma criança é vazia, esperando ser preenchida por conhecimento. Na visão de

Piaget, as crianças são as próprias construtoras ativas do conhecimento,

constantemente criando e testando suas teorias sobre o mundo.

Piaget forneceu uma percepção sobre as crianças que serve como base de

muitas linhas educacionais atuais. De fato, suas contribuições para as áreas da

Psicologia e Pedagogia são imensuráveis.

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CAPÍTULO II

LEV SEMENOVICH VYGOTSKY

No ano de 1986, na pequena cidade Orsha da Beelorrusia, nascia Lev

Vygotsky, também conhecido como o Mozart da Psicologia. Um professor e

pesquisador, preocupado com o desenvolvimento do indivíduo, tendo como

resultado, o processo sócio - histórico. Um professor de ginásio, que amava as

artes e que sempre fazia -se uma pergunta fundamental. Como o homem cria

cultura? Para concluir a resposta de sua dúvida, Vygotsky, passou por uma série

de formações, estudos e pesquisas.

O início da formação de Vygotsky deu-se na Universidade de Moscou, onde

no primeiro momento, matriculou-se no curso de Medicina, mas acabou cursando

Direito e paralelamente, estudou também, Filosofia, Psicologia, Literatura e

História, em outra Universidade. A Universidade Popular de Shanyaviskii.

Após formar-se, Vygotsky retornou a cidade Gomei, a cidade onde cresceu

e passou a lecionar Literatura, Estética e História da Arte. Fundando também,

ainda neste período, um laboratório de Psicologia, na Escola de Professores local.

O ano de 1924 foi muito marcante para a vida do psicólogo, pois neste

período, casou-se com Rosa Smekhova, com quem teve duas filhas e foi

convidado a trabalhar, no Instituto de Psicologia de Moscou. Unindo-se a

Aleksandr Luria (1902 – 1977) e Aleksei Leontiev (1904 – 1979), seus principais

colaboradores.

Em seus primeiros estudos, Vygotsky voltou-se para a Psicologia da Arte

(Tese baseada em Hamlet de Shakespeare), mas para explicar suas teorias, ele

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buscou respostas na própria Psicologia. Elaborando a Teoria do Desenvolvimento

Intelectual, sustentada e construída socialmente.

Vygotsky foi autor de várias obras importantes, entre elas, o livro

Pensamento e Linguagem e a tradução russa de A linguagem e o Pensamento da

Criança de Jean Piaget, mas infelizmente não teve tanto tempo para aproveitar e

aprofundar suas idéias, pois aos 37 anos, no ano de 1934, morreu precocemente

de tuberculose. Deixando para os jovens pesquisadores, que o acompanhava, tal

aprofundamento e a divulgação dos ideais do psicólogo. Entre eles, Luria e

Leontiev.

“(...) sua produção escrita não chega a constituir um sistema

explicativo completo, articulado, do qual pudéssemos extrair uma

teoria vygotskyana bem estruturada. Não é constituída, tampouco, de

relatos detalhados dos seus trabalhos de investigação científica, nas

quais o leitor pudesse obter informações precisas sobre seus

procedimentos e resultados de pesquisa. Parecem ser, justamente,

textos jovens, escritos com entusiasmo e pressa, repletos de idéias

fecundas que precisariam ser canalizadas num programa de trabalho

a longo prazo para que pudessem ser explorados em toda a sua

riqueza” (Oliveira, 2002, p.54).

Suas produções foram densas e marcantes, por reflexões e dados

empíricos e também, por muitas idéias em um único texto. Obras qual,

enfrentaram décadas de silêncio (20 anos), imposto pelo Regime Stalinista e só

em meados dos anos 60, seus livros começaram chegar ao Ocidente e ganhar o

Mundo.

Em seu contexto, Vygotsky, ajudou a explicar o rumo que seu trabalho iria

se direcionar, pois seu trabalho, foi desenvolvido na União Soviética, recém saída

da Revolução Comunista de 1917, que era o reflexo e o desejo de reescrever a

psicologia, com um olhar político. Tendo por base, o materialismo marxista,

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construindo uma educação adequada ao mundo novo, que emergia dos

escombros da Revolução.

2.1 – Vygotsky e a Teoria Sócioconstrutivista

Em sua teoria, Vygotsky teve como base, o desenvolvimento do indivíduo,

com resultado do mesmo, em um processo sócio-histórico, enfatizando o papel da

linguagem e da aprendizagem, no processo. Sendo esta teoria, caracterizada por

histórico - social. A questão central da mesma foi à aquisição do conhecimento, na

interação do sujeito com o meio.

O teórico, não chegou a formular uma concepção estruturada do

desenvolvimento humano, a partir da qual se pudesse interpretar o processo da

construção psicológica, desde o nascimento até a idade adulta. Ainda que o

desenvolvimento (das espécies, dos grupos culturais e indivíduos), fosse o objeto

privilegiado de suas investigações, ele não ofereceu uma interpretação completa

do processo psicológico do ser humano, mas sim, reflexões e dados de pesquisas

sobre o aspecto do desenvolvimento.

A importância dos processos de aprendizagem é enfatizada por ele, desde

o nascimento da criança, na qual, o aprendizado está relacionado ao

desenvolvimento e é, um aspecto necessário e universal do processo de

desenvolvimento das funções psicológicas, culturalmente organizadas e

especificamente humanas.

Para explicar a teoria, Vygotsky baseou-se em três idéias centrais:

• As funções psicológicas são produto da atividade cerebral – o cérebro

não é um sistema fixo e imutável, mas aberto de grande plasticidade. O

homem nasce com uma estrutura básica, que foi sendo moldada ao

longo da história da humanidade e do desenvolvimento individual. A

plasticidade do cérebro permite servir a diferentes funções, sem

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transformações morfológicas.“O cérebro, é o substrato material da

atividade cerebral” (Alexandroff, 1992, p. 07).

• O funcionamento psicológico está fundamentado nas relações sociais

entre o indivíduo e o meio – o funcionamento psicológico, não é um

processo abstrato e descontextualizado, mas fundamenta-se na

inserção sócio – histórica do ser. Assim como os grupos sociais

influenciam no modo de pensar e de agir, Vygotsky afirma que, as

diferentes culturas, produzem diferentes funcionamentos psicológicos.

“O homem não é apenas um produto de seu ambiente, é também um

agente ativo no processo de criação deste meio” (Alexandroff, 1992, p.

07).

Desde os primeiros dias de vida da criança, é o outro (mãe ou outras

pessoas que a cercam) que atribuem significados para o choro, o balbuciar

e os gestos. Com isso, o outro não atende a necessidade da criança, mas

sim, interpreta por si só, as manifestações.

Para Vygotsky, o processo de internalização de formas culturais e do

funcionamento psicológico, é fundamental, pois envolve uma atividade

externa, que deve ser modificada, para tornar-se uma atividade interna.

Passando de interpessoal, para intrapessoal. Não que o processo de

socialização seja recebido de forma pronta pelo indivíduo, mas que haja

constantes interações do homem e de suas construções. “Ao longo do seu

desenvolvimento, o indivíduo internaliza formas culturais de

comportamento, num processo em que as atividades externas, funções

interpessoais, transformando-se em atividades internas, intrapessoais”

(Alexandroff, 1992, p. 08).

• A relação homem mundo é mediada por sistemas simbólicos – os

sistemas de representação servem de filtros, pois qualquer coisa

pensada, não é ela própria, mas sim, sua representação.

Ainda dentro do contexto sócioconstrutivista, Vygotsky ressalta a

linguagem como algo fundamental, pois é um sistema simbólico básico. Sistema

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simbólico dos grupos humanos, representando um salto qualitativo na evolução

das espécies. É ela que forma os conceitos, forma a organização, media o sujeito

e o conhecimento do objeto e auxilia nas funções mentais superiores. Que são,

socialmente formadas e culturalmente transmitidas.Quando a linguagem se

converte em fala interior, torna-se uma função mental interna e é ela que

diferencia os seres humanos das outras espécies. Fazendo uma ligação com os

processos psicológicos.

”Ao operarmos com a linguagem, estamos

possibilitando pensamento de uma forma que não seria

possível sem ela: a generalização e a abstração só se

dão pela linguagem” (Oliveira, 1992, p 10).

Nesse sentido, a linguagem é fundamental para o pensamento, pois

sistematiza as experiências da criança e serve para orientar suas ações.

A relação fala externa e pensamento, modifica-se ao longo do

desenvolvimento da criança. Onde primeiro, a fala acompanha a ação, em

segundo, a fala desloca-se para o início da ação e em terceiro, a fala procede à

ação (função planejadora de fala). Nesta perspectiva, na Teoria de Vygotsky,

afirma-se que, pensamento e linguagem, embora sejam processos diferentes,

estão interligados e interagem-se desde os primeiros dias de vida dos seres

humanos.

2.2 – Vygotsky, Desenvolvimento e Aprendizado.

Para exemplificar as duas questões aqui citadas, Vygotsky analisou três

teorias de desenvolvimento e aprendizado, tais quais, ele considerava, as mais importantes e com o seu modo de vista. O Construtivismo, defendido por Jean

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Piaget, o Comportamentalismo Behaviorista, defendido por William James e a

Gestaltista, defendida por Koffka.

Na teoria Construtivista, o desenvolvimento precede a aprendizagem, tendo

base no desenvolvimento genético, com um caráter universal e independente da

aprendizagem. Para aprender a criança precisa estar pronta, ter maturação

biológica e condições psicológicas para a aquisição de informações, de acordo

com a prontidão.

Na teoria Behaviorista, aprendizagem, é desenvolvimento, ou seja, estão

interligados. A aprendizagem e o desenvolvimento são simultâneos, pois a partir

de uma resposta inata, pode-se instalar comportamentos aprendidos, por

condicionamento.

Já na teoria defendida pelos Gestaltistas, o desenvolvimento e a

aprendizagem, são considerados processos independentes, que interagem

influenciando-se mutuamente. Ou seja, o desenvolvimento provoca a

aprendizagem e vice e versa.

Para Vygotsky, a aprendizagem está relacionada ao desenvolvimento

desde o início da vida humana, sendo “um aspecto necessário e universal do

processo de desenvolvimento das funções psicológicas culturalmente organizadas

e especificamente humanas” ( Vygotsky, 2002, p.55).

Mas Vygotsky, em sua analise sobre o assunto, rejeita estas três posições.

Embora concorde que, a aprendizagem, ou como ela a coloca, o aprendizado

(tentativa de alertar que este conceito tem um significado mais abrangente,

sempre envolvendo interação social) e o desenvolvimento sejam processos

distintos e interdependentes, um tornando o outro possível. Eles estão

relacionados, desde os primeiros dias de vida de uma criança.

Vygotsky, diferentemente de Piaget, considera que o desenvolvimento

ocorre ao longo da vida e que as funções psicológicas superiores são construídas

ao longo dela. Ele não estabelece fases para explicar o desenvolvimento como

Piaget e para ele o sujeito não é ativo nem passivo: é interativo.

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Segundo ele, a criança usa as interações sociais como formas privilegiadas

de acesso a informações. Elas aprendem a regra do jogo, por exemplo, através

dos outros e não como o resultado de um engajamento individual na solução de

problemas. Desta maneira, aprende a regular seu comportamento pelas reações,

querem elas pareçam agradáveis ou não.

É pela aprendizagem, que nas relações com os outros constroi-se o

conhecimento, que permite o desenvolvimento mental. Segundo o psicólogo, a

criança nasce dotada, apenas de funções psicológicas elementares, como o

reflexo e a tenção involuntária, presentes em todos os animais mais

desenvolvidos. Mas com o aprendizado cultural, no entanto, parte destas funções

básicas, transforma-se em funções Psicológicas Superiores. Como a consciência,

o planejamento e a deliberação. Essa evolução, característica exclusiva dos seres

humanos, acontece apenas pelas informações recebidas pelo o meio.

Para exemplificar tal defesa, Vygotsky elaborou um novo conceito sobre o

assunto. A Zona do Desenvolvimento Proximal.

2.3 – Vygotsky e a Z.D.P.

“Ela é à distância entre o nível de desenvolvimento real,

que se costuma determinar através da solução independente

de problema, e o nível de desenvolvimento potencial,

determinado através da solução de problemas sob a

orientação de um adulto ou em colaboração com

companheiros mais capazes” (Alexandroff, 1992, p. 09).

O Desenvolvimento Real é determinado por aquilo que a criança é capaz de

fazer sozinha, porque já possui um conhecimento consolidado.

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A ZDP é à distância entre o desenvolvimento real e o potencial, que está

próximo, mas ainda não foi atingido plenamente.

O Mediador é aquele que ajuda a criança a concretizar um

desenvolvimento, que ela ainda não atingiu. Sendo ele, um professor, colegas

mais experientes, pais e entre outros.

O Desenvolvimento Potencial é determinado por aquilo que a criança ainda

não domina, mas é capaz de realizar, com o auxílio de alguém mais experiente.

Por de trás dessa nomeação diferenciada, dita por Vygotsky, há uma idéia

extremamente simples, que é “o que a criança faz hoje em conjunto com outros,

poderá fazer sozinha amanhã” (2006).

Na Pedagogia, o conceito de ZDP, tem várias implicações, assim como na

avaliação, em que normalmente, se avalia o que o aluno sabe fazer sozinho e já

na nova teoria, passa-se a avaliar, a capacidade que o aluno tem de fazer as

coisas, colaborando com os outros e até recebendo informações e instruções.

A Autonomia, também tem outras perspectivas, na visão de Vygotsky, na

qual, só uma criança que foi bem regulada pelos outros, poderá um dia, assumir o

papel de reguladora (passa a si mesma a orientação que recebeu dos outros),

idéia de parentesco, do superego de Freud.

“O aprendizado desperta vários processos internos de

desenvolvimento, que são capazes de operar somente quando

a criança interage com pessoas em seu ambiente e quando

em cooperação com seus companheiros. Uma vez

internalizados tornam-se parte das aquisições do

desenvolvimento independente da criança” (Alexandroff, 1992,

p. 09).

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CAPÍTULO III

O DESENHO INFANTIL

Em sentido muito largo, toda forma de expressão é uma linguagem; ora, o

desenho é uma forma de expressão; logo, nesse sentido lato, pode-se considerar

o desenho como uma linguagem. É a linguagem pictórica, a linguagem a duas

dimensões, enquanto a escrita é a linguagem a uma dimensão e a escultura é a

linguagem a três dimensões.

Essa incontida tendência para o desenho se explica pela necessidade que

a criança tem de se expressar, não sabendo fazê-lo por outra forma, visto que

ainda não sabe escrever. É por meio do desenho, que a criança cria e recria

individualmente formas expressivas, integrando percepção, imaginação, reflexão e

sensibilidade, que podem então ser apropriadas pelas leituras simbólicos de

outras crianças e adultos.

“... é interessante notar que as crianças nas

primeiras idades gostam em geral, de desenhar, porque

o desenho é uma linguagem, que serve de escoamento

para a sua atividade psíquica” (Gonçalves Viana, 1971,

p.252).

“Antes eu desenhava como Rafael, mas precisei de toda uma existência

para aprender a desenhar como as crianças”. (Picasso, 2006, p.01).

O interesse pelo desenho infantil data dos fins do século passado. A

princípio relacionados com os primeiros trabalhos da psicologia experimental, os

estudos sobre o desenho diversificaram-se rapidamente, e disciplinas tão

diferentes como a psicologia, a pedagogia, a sociologia e a estética beneficiaram-

se com essa contribuição. Primeiro, de 1880 a 1900, descobre-se à originalidade

da infância, depois as idéias de Rousseau em pedagogia leva a distinguir

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diferentes etapas no desenvolvimento gráfico da criança e em seguida, o desenho

é introduzido no tratamento psicanalítico.Paralelamente, acontecem estudos

também sobre o sentido estético da criança.Quanto aos sociólogos, inclinaram-se

desde logo pela comparação entre os desenhos infantis oriundos de diversos

países.

As concepções relativas à infância modificaram-se progressivamente: a

criança não é mais aquela maquete do adulto, aquele adulto miniaturizado que

queriam ver nela. A descoberta de leis próprias da psique infantil, a demonstração

da originalidade de seu desenvolvimento, levou a admitir a especificidade desse

universo. Nesse sentido, é inegável que os psicólogos contribuíram amplamente

para a colocação de conceitos básicos que permitissem a abordagem da

mentalidade infantil. A maneira de encarar o desenho evolui paralelamente: antes

considerados unicamente em relação com a arte adulta, os desenhos infantis

apareciam como malogros ou fracassos, quando muitos como exercícios

destinados a preparar o futuro artista.

“... Nunca será demais repetir: o meio em que a

criança se desenvolve é o universo adulto, e esse

universo age sobre ela da mesma maneira que todo o

contexto social, condicionando-a ou alienando-a”

(Mèridieu, 2006, p.03).

O desenho infantil adquiriu com o tempo um valor exemplar, pois a criança

realmente pinta e desenha pela primeira vez: “ainda se produzem inícios primitivos

na arte, como os que são encontrados nas coleções etnográficas, ou

simplesmente no quarto das crianças” (Klee, 2006, p.05).

O desenho está também intimamente ligado com o desenvolvimento da

escrita. Parte atraente do universo adulto, dotado de prestigio por ser secreta, a

escrita exerce uma verdadeira fascinação sobre a criança, e isso é bem antes de ela própria poder traçar verdadeiros signos. Muito cedo ela tenta imitar a escrita

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adulta. Porém, mais tarde, quando ingressa na escola verifica-se que diminui a

produção gráfica, já que a escrita passa a ser concorrente do desenho. Para

melhor exemplificar tal colocação, dar-se-á embasamento ao histórico da escrita,

sendo influenciada pelos diversos tipos de expressão por meio do desenho.

“... entre as várias formas de comportamento

infantil é o desenho uma das mais ricas e elucidativas.

A linguagem e o desenho constituem o mais seguro

caminho para atingir-se à estrutura do pensamento

infantil, a marcha do seu raciocínio, as formas da sua

lógica”. (Silvio Rabelo, 1943p. 252).

3.1 – A Importância dos Desenhos para a História da Escrita

Humana.

Ao usar marcas, desenhos e sinais, o homem começou a construir a

história da escrita, há mais de 10 mil anos (Lia Zatz).

Homens, mulheres e crianças viviam nas cavernas, vestindo e se

alimentando de animais, frutos e raízes. Tendo também uma necessidade de

mostrar o que estavam pensando e sentindo de alguma forma para os outros

homens. Foi assim que, depois de várias tentativas, que eles acharam a pintura.

Que foi o primeiro passo ao caminho da escrita.

A pintura foi utilizada não somente para mostrar um acontecimento ou um

fato, aos quais os homens de antigamente passavam, mas também para lembrar

de alguma coisa. A lembrança de uma pessoa, de um dia, um objeto e entre

outros.

Com as novas atividades do homem, assim como, plantar, criar animais e

construir, o registro passou a ser um instrumento necessário e importante. Assim

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como exemplo, a escrita dos povos sumérios, que viveram a cerca de 5 mil anos, na antiga Mesopotâmia.A qual demonstrava o controle dos rebanhos.

As necessidades de registrar, também afetaram outros povos, assim como

os sumérios, os egípcios e os chineses. No começo, eles inventaram sinais para

poucas palavras, mas no geral, eram desenhos representando seres e objetos do

mundo em torno deles.

E também, representar com um mesmo sinal, palavras que possuíam um

mesmo som, mas com significados completamente diferentes, usados pelos

sumérios.

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“... é uma espécie de magia em poder alinhar signos, ligá-los entre si, e

estão muito conscientes de que querem dizer e comunicar alguma coisa”

(Bernson, 2006, p.11).

Aos poucos, alguns povos passaram a usar um só sinal para representar

vários sons, tornando assim, mais fácil escrever e registrar.

Os desenhos da escrita foram simplificados ao longo da história, permitindo

assim, escrever cada vez mais fácil e rapidamente. Assim também, como os

materiais e objetos que eram feitos os desenhos.

Os povos sumérios desenhavam em pranchas de argila úmida, na época

que o papel ainda não existia. Os egípcios usavam a pedra para escrever, fazendo

a escrita em forma de desenho. Com o passar do tempo, descobriu-se o papiro,

que era uma planta, cuja haste, era cortada em tiras finas, estendidas sobre uma pedra plana e batida como uma espécie de martelo, até que formasse uma única

folha. A descoberta do papiro levou os egípcios a simplificar os sinais (desenhos)

da sua escrita.

Contudo, muitos povos foram aos poucos, abandonando os sinais para

representar as palavras, amadurecendo os desenhos, transformando-os em letras.

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Mas há uma cultura, que até hoje usa os sinais que representam os sons. A

cultura japonesa. Que relembra a origem dos desenhos, como uma forma de

representação das relações da própria vida humana. Com sua realidade social,

construtivista e a comunidade onde se insere.

O limite entre o desenho e a escrita é flutuante. Foi necessário o longo

trabalho do racionalismo para que cindisse aquilo que de início constituía uma

unidade: “Quatro mil anos de história linear nos fizeram separar a arte e a escrita”

(Gouhran, 2006, p.12).

Os primeiros signos gráficos foram estilizações da figura humana, onde foi

observado por sua vez que, a imagem do boneco está subjacente a todas as

principais figuras do desenho infantil.Na origem, escrita e desenho poderiam

derivar de uma projeção inconsciente do esquema corporal, o que explicaria pelo menos parcialmente, as constantes estilísticas e as homologias estruturais.

Um elo profundo une, portanto o desenho infantil e as escritas primitivas,

em particular as escritas pictográficas. E é provável que, se tomassem esse

caminho, as pesquisas sobre a arte infantil dariam um grande passo.

3.2 – A Linguagem Gráfica

“Minha tarefa pode ser comparada à obra de um

explorador que penetra numa terra desconhecida.

Descobrindo um povo, aprendendo sua língua, decifro

sua escrita e compreendo cada vez melhor sua

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civilização. Acontece o mesmo com todo o adulto que

estuda a arte infantil” (Stern, 2006, p. 14).

Modo de expressão próprio da criança, o desenho constitui uma língua que

possui seu vocabulário e sua sintaxe, daí a tentativa de incluí-lo no quadro da

semiologia, aquela ciência geral dos signos. A criança utiliza um verdadeiro

repertório de signos gráficos, como o sol, boneco, casa e navio, que são signos

emblemáticos, cujo número aparece idêntico através de todas as produções

infantis, a despeito das variações próprias de cada idade. Mas o tema não é o

mais importante; sob as diferentes imagens encontram-se analogias formais

carregadas de expressão, ao passo que o tema constitui quase sempre um álibi,

um pretexto para a utilização de uma forma.

O desenho infantil procede assim de formas simples, como círculos,

quadrados. Triângulos, imagens da abóboda, do funil, signos em V e entre outros

elementos que, combinando-se, geram as diversas figuras do vocabulário infantil.

Apesar de fortemente condicionada pelo o que o adulto espera dela no

plano figurativo, apesar de aproveitar a herança de uma língua gráfica já

constituída, a expressão infantil não cessa de encontrar formas novas, e existe

uma grande distância entre, de um lado, profusão e o humor dos desenhos, e de

outro, os esquemas a que os reduzimos. Obedecendo a leis que lhe são próprias,

essa língua constitui um sistema fechado e suficiente.

A distinção dos diversos signos só intervém com a idade escolar, portanto

sob a influência de um adulto. É neste momento que se precisa o aspecto

narrativo e figurativo do desenho, já que o adulto concede prioridade de valor a

tudo aquilo que apresente um sentido e se mostre legível. Inicialmente, sentido ou

não – sentido apresentam um interesse mínimo para a criança, tão absorvida que

ela está no manejo de matérias e de formas. Querer então descobrir a significação

de um desenho infantil equivale àquela mesma atitude de procurar compreender a

qualquer preço o que quer dizer uma tela abstrata. Nem por isso, se deve

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descartar toda abordagem semiológica. Existe até certo número de razões que

parecem tornar explicáveis a produção infantil.

3.3 – Características do Desenho Infantil

De um modo geral, existe algumas características insistentes na grafia

infantil, que são marcantes e visíveis em tais produções:

• Espontaneidade: Talvez a mais marcante característica do desenho

infantil seja a sua espontaneidade, pois a criança não precisa aprender

a desenhar, como precisa, como, por exemplo, aprender a escrever.

Somente o desenho espontâneo tem um valor psicológico, pois de nada

adianta mandar a criança copiar, servilmente, modelos, quadros,

cartazes. É preciso que o desenho sirva para dar vasão à imaginação

criadora da criança;

• Primitivismo: A atividade pictórica da criança muito se assemelha à dos

primitivos, provando assim “a ontogênese repete a filogênese” (Stanley

Hall), ou seja, cada indivíduo repete, no seu desenvolvimento, a própria

história do desenvolvimento da humanidade;

• Fantasia: É o que diferencia por completo o desenho infantil da

produção de um adulto, pois a criança não desenha somente apenas o

que vê, mas também o que imagina;

• Limite de idade: O característico de espontaneidade que já foi referida

marca o desenho da criança até mais ou menos doze anos. Daí em

diante, plenamente consciente da realidade das coisas, a criança só

continua a desenhar se sente vocação pelo desenho, o que se chama

de jeito, queda ou tendência.

De um modo geral, o desenho infantil assume, pois, uma tríplice

importância. A imprescindível forma de atividade e expressão da criança,

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conhecer melhor o psiquismo infantil, com sua inteligência, suas tendências, sua

capacidade de observação, sua lógica e também, conhecer os sentimentos

profundos da criança, suas preocupações, manias e fobias, seus recalques e

complexos. Por essas e outras razões que, aos educadores, não interessa, no

desenho infantil, tanto a perfeição do traço, a beleza da forma, a segurança do

colorido, mas principalmente o que o desenho representa, poder-se-ia dizer, o que

está por detrás do desenho, isto é, a inteligência da criança, seu desenvolvimento

mental, suas vivências, sua personalidade, enfim, seus problemas. Para tal

conclusão, dar-se-á ênfase nas visões dos pensadores sobre este assunto, entre eles, Jean Piaget, visualizando os pensamentos de Luquet e Vygotsky com seus

seguidores.

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CAPITULO IV

A VISÃO DOS PENSADORES E ESPECIALISTAS SOBRE

O USO DO DESENHO INFANTIL

Rousseau já gostava de repetir que a criança não é um pequeno adulto,

mas que ela tem necessidades próprias, e uma mentalidade adaptada a estas

necessidades. Os estudos contemporâneos sobre a linguagem ou o desenho

infantil sublinharam um sem–número de vezes a justeza deste ponto de vista. Karl

Groos, ao elaborar a teoria do jogo, deu a esta mesma afirmativa um peso

especial, e Claparède desenvolveu-a exaustivamente do ponto de vista funcional.

Parece chegado o momento, portanto, de pesquisar se o pensamento da criança,

que se diferencia de qualquer outro pelos interesses que o dirigem, bem como por

seus meios de expressão.

“Descrever, portanto, a evolução do pensamento

unicamente do ponto de vista biológico, ou, como isto

corre o risco de tornar-se uma moda, unicamente do

ponto de vista sociológico, é expor-se a deixar na

obscuridade a metade da realidade. O importante,

portanto, é não perder de vista estes dois pólos, e nada

sacrificar” (Piaget, 1967, p.189).

A estética do grafismo infantil deve referir o estudo das condições de

produção e efeitos da criação gráfico-plástica infantil. Tratando-se de um campo

de estudo que busca conhecer as condições materiais deste grafismo.

Muitos pedagogos, psicólogos e arte-educadores buscaram conhecer

melhor e entender, sob diferentes enfoques, a estética do grafismo infantil.Entre

eles pode-se relacionar Ana Angélica Albano Moreira, Analice Dutra Pillar, Arno

Stern, Celestin Freinet, Esteban Levin, Florence de Méredieu, Georg

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Kerschensteiner, Jean Piaget, K. Buhler, Herbert Read, Liliane Lurçat, Luquet,

Luria, Rolando Valdés Marin, Rhoda Kellogg, Rudolf Arnheim, Schaefer-Simmern,

Sueli Ferreira, Victor Lowenfeld, W. Lambert Briittain e Lev Vygotsky

Esses estudiosos sem exceção, reconheceram haver no grafismo infantil

determinadas fases, etapas ou períodos que são comuns aos sujeitos em

processo de apropriação do desenho enquanto sistema de representação.

Para tal conclusão do trabalho, assim como já foi dito, dar-se-á uma maior

ênfase as implicações de Piaget e Vygotsky sobre o tema principal.

4.1 – Piaget e o Desenho Infantil

Privilegiando o desenho numa perspectiva construtivista é inegáveis a

importância dos estudos de Piaget e seus seguidores, dentre eles Luquet, onde

ambos buscaram elucidar os mecanismos de expressão infantil. Portanto, para

analisar a representação gráfica infantil, à perspectiva construtivista considera

que, o conhecimento se constrói mediante a interação da criança com o objeto.

Para Piaget, a origem do conhecimento está na ação do sujeito quando

interage com o objeto e como o objeto percebido pelo sujeito depende das

estruturas mentais que ele possui num determinado momento. Nesta perspectiva,

ele considera também que, a interação do sujeito e objeto é fator primordial para

construção do conhecimento, para tanto, a representação gráfica da criança, é

realizada de acordo com estas possibilidades. Onde a criança, parte de uma

imagem mais realista e significativa, para avançar até conseguir uma abstração que per representação que pode revelar o conteúdo da imagem mental da criança,

podendo-se perceber se o objeto a ser representado necessita ou não estar

presente, para que ocorra a representação, ou se o desenho é apenas uma

tentativa de imitação.

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O desenho é uma forma de função semiótica que se inscreve a meio -

caminho entre o jogo simbólico, cujo mesmo prazer funcional e cuja mesma

autotelia apresenta, e a imagem mental, com qual partilha o esforço de imitação

do real.

Antes dos estudos de Luquet sobre o desenho infantil, sustentavam os

autores duas opiniões contrárias sobre o assunto. Uns admitiam que os primeiros

desenhos das crianças são essencialmente realistas, visto que se limitam a

modelos efetivos sem desenhos de imaginação até muito tarde e outros insistiam,

pelo contrário, na idealização que revelavam os primitivos.

“... Luquet parece haver liquidado definitivamente a

questão mostrando que o desenho da criança até 8-9

anos é essencialmente realista na intenção, mas que o

sujeito começa desenhando o que sabe de um

personagem ou de um objeto, muito antes de exprimir

graficamente o que vê” (Piaget, Inhelder, 1973, p. 57).

Como a elaboração do sistema gráfico é paralela à evolução psicomotora,

convém adotar um processo progressivo e evolutivo que leve em conta o fato de

que a criança está em perpétua mutação, “tudo o que diz respeito à criança (suas

experiências, sentimentos, crescimento...) atua sobre essa evolução dos signos da

linguagem plástica” (Stern, 2006, p. 18). Tal evolução se faz por etapas, assim

defendida por Piaget e Luquet, no decorrer das quais observam-se regressões a

um estágio anterior do grafismo, regressões significativas de um distúrbio

profundo ou de uma crise passageira.

Nos seus célebres estudos sobre o desenho infantil, Luquet, propôs estádios e

interpretações, distinguindo-os em quatro estágios na evolução do grafismo

infantil. Entre ele, estão:

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- Realismo Fortuito: o da garatuja com significação descoberta em seu

desenrolar (Piaget, Inhelder, 1973, p. 57), onde este estágio começa por

volta dos dois anos e põe fim ao período chamado de rabiscos aleatórios;

- Realismo Fracassado: onde os elementos da cópia estão justapostos em

vez de estarem coordenados num todo. Geralmente se apresentam em

crianças da faixa etária de 3 e 4 anos, que tendo descoberto a identidade

forma-objeto, ela procura produzir esta forma;

- Realismo intelectual: estende-se dos 4 aos 10- 12 anos, caracterizando-se

pelo fato de a criança desenhar do objeto não aquilo que vê, mas aquilo

que sabe sobre ele. Nesta fase ela mistura diversos pontos de vista, tendo

como recurso dois processos, o Plano Deitado (objetos são representados

deitados em torno de um ponto ou de um eixo central) e a Transparência

(onde a criança mistura vários pontos de vista, representando um objeto ao

mesmo tempo, de dentro e de fora);

- Realismo Visual: geralmente por volta dos doze anos e às vezes desde os

oito ou nove anos, aparecendo o fim do desenho infantil, marcado pela

perspectiva e a submissão às suas leis, daí um empobrecimento, um

enxugamento progressivo do grafismo que tende a se juntar às produções

adultas.

“... o desenho infantil, enquanto manifestação da

atividade da criança, permite penetrar na sua psicologia

e, portanto, determinar em que ponto ela se parece ou

não com o adulto” (Luquet, 2006, p.20).

A terminologia de Luquet, na medida em que subordina o desenho à noção

de realismo, pra alguns especialistas deixa a desejar. Embora tenha sido o

primeiro a distinguir as grandes etapas do grafismo infantil, etapas retomadas

depois pela maioria dos especialistas, sem grandes modificações, “sua análise é

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insuficientemente explicativa” (Mèredieu, 2006, p. 22). Não explica o nascimento

da representação figurativa e tampouco a passagem de um estágio para o outro.

Particularmente, não se fica sabendo porque o desenho, em certos momentos

empobrece-se. Tais estágios formam planos fixos, para fixar características

facilmente reconhecíveis. Mas restaria situar todos esses dados numa perspectiva

genética que pudesse não apenas descrever, mas explicar.

Para Piaget, os níveis da evolução do desenho infantil, além de

constituírem uma introdução ao estudo da imagem mental, revelam uma

convergência com a evolução da geometria espontânea da criança, ou seja, o

desenvolvimento do desenho é solidário com a estruturação do espaço pela

criança. As considerações de Piaget reafirmam os estudos de Luquet sobre o

desenho infantil, que lhes foi permitido fazer uma série de críticas às idéias que

pautavam o cenário daquela época sobre o assunto.

Assim como a etapa do desenvolvimento, Piaget também retrata, em uma

análise piagetiana o desenho infantil, com suas fases, características e distinção.

Afirmada pela autora Thereza Bordoni. São elas:

*Garatuja – Faz parte da fase sensório motor (0 a 2 anos) e parte da fase pré-

operacional (2 a 7 anos), onde a criança demonstra extremo prazer nesta fase. A

figura humana é inexistente ou pode aparecer de maneira imaginária. A cor tem

papel secundário, aparecendo o interesse pelo contraste, mas não há intenção

consciente. Ela também pode ser dividida em Desordenadas (movimentos amplos

e desordenados/ imitação sem representação) e Ordenada (movimentos

longitudinais e circulares/ exploração do traçado e interesse pelas formas). Neta

fase a expressão é o jogo simbólico, onde a afirmação é, eu represento sozinho;

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*Pré - Esquematismo- Dentro da fase pré-operatória, aparece à descoberta da

relação entre desenho, pensamento e realidade. Quanto ao espaço, os desenhos

são dispersos inicialmente, não relaciona entre si, Então aparecem as primeiras

relações espaciais, devido a vínculos emocionais. A figura humana torna-se uma

procura de um conceito que depende do seu conhecimento ativo, inicia a mudança

de símbolos. As cores podem ser usadas, mas não há relação ainda com a

realidade, dependente do interesse emocional. Dentro da expressão, o jogo

simbólico é, nós representamos juntos;

*Esquematismo – Faz parte da fase das operações concretas (7 a 10 anos), onde

nos esquemas representativos, a afirmação de si mediante repetições flexíveis do

Criança com 3 anos de idade

Criança com 7 anos de idade

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esquema, as experiências novas são expressas pelo desvio do esquema. Quanto

ao espaço, é o primeiro conceito definido do mesmo e na figura humana,

aparecem desvios do esquema, onde encontra-se exagero, negligência, omissão

ou mudança de símbolo. Nesta fase, descobre-se a relação quanto às cores e a

expressão do jogo simbólico é coletivo ou jogo dramático e regras;

*Realismo – Também faz parte da fase das operações concretas, mas já no final

desta fase, onde existe uma consciência maior do sexo e autocrítica pronunciada.

O espaço é descoberto, a figura humana tem o abandono das linhas, as formas

geométricas aparecem, há uma maior acentuação nas roupas diferenciando os

sexos, Ocorrendo também, o abandono do esquema de cor e acentuação será de

enfoque emocional;

*Pseudo Naturalismo – Fase das operações abstratas (10 anos em diante), onde

ocorre o fim da arte como atividade espontânea, iniciando a investigação de sua

própria personalidade. Aparece ai, dois tipos de tendência, a visual (realismo,

objetividade) e háptico (expressão subjetividade). Quanto ao espaço, a

profundidade ou preocupação com experiências emocionais, na figura humana as

Criança com 8 anos de idade

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características sexuais são exageradas, há maior consciência no uso das cores,

podendo ser objetiva ou subjetiva. A expressão já é, eu represento e você vê,

estando presentes o exercício, símbolo e a regra.

4.2 – Vygotsky e o Desenho Infantil

Segundo Vygotsky, a arte é uma forma de linguagem e expressão dos

sentimentos, uma verdadeira catarse psicofísica, o sentimento é inicialmente

individual, e através da obra de arte torna-se social ou generaliza-se. Ele faz-se

refletir sobre a natureza simbólica da linguagem, mostrando os pontos importantes

do seu desenvolvimento nas crianças que aparece com o aparecimento do gesto

como signo visual, como por exemplo, quando a criança faz as garatujas e

demonstra por gestos o que desenha, completando-se em relação ao que querem representar.

Criança com 11 anos de idade

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Alguns pontos importantes para Vygotsky para esta representação, são a

utilização de objetos substituindo e representando outros nas brincadeiras, pelas

suas dramatizações gestuais (atividade representativa simbólica, brinquedo

simbólico e brincadeira de faz-de conta) e quando o desenho deixa de ser o objeto

mesmo, ou parecido, ou ainda, do mesmo tipo do objeto real para surgir o

desenho que tem por base a linguagem verbal, contendo aspectos essenciais

sobre o que querem simbolizar.

“... o brinquedo de faz - de conta, o desenho e a

escrita devem ser vistos como momentos diferentes de

um processo essencialmente unificado de

desenvolvimento da linguagem escrita” (Vygotsky,

2006, apud educacaoonline. pro.br).

Vygotsky também foi um dos pensadores que deu enfoque ao desenho

infantil na evolução da escrita na criança, sendo muito importante no conjunto de

colocações sobre o desenvolvimento e aprendizado. Sendo uma de suas razões,

a escrita enquanto sistema simbólico de representação da realidade, estando

estritamente ligada a questões centrais em sua teoria (linguagem, mediação

simbólica e uso de instrumentos).

Em sua concepção sobre o desenvolvimento psicológico, Vygotsky tem

uma abordagem genética da escrita, preocupando-se com o processo de sua

aquisição, o qual inicia-se antes da entrada da criança na escola estendendo-se

por vários anos. Considera então que é preciso compreender o desenvolvimento

da escrita, é necessário estudar o que ele chama de “a pré - história da linguagem

escrita” (1997).

Dentro do vasto programa de pesquisa do grupo de Vygotsky, Luria foi o

seu colaborador, que desenvolveu o estudo experimental sobre o desenvolvimento

da escrita. Defendidas por ele, em algumas fases aqui descritas:

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• Rabiscos Mecânicos – imitação do formato da escrita do adulto;

• Marcas Topográficas – distribuição dos registros no espaço do papel;

• Representações Pictográficas – desenhos estilizados como forma de

escrita;

Na passagem da segunda fase para a terceira, neste ponto do desenvolvimento, a criança já descobriu a necessidade de trabalhar com marcas

diferentes em sua escrita, que possam ser relacionadas com o conteúdo do

material a ser memorizado.Descobrindo, portanto, a natureza instrumental da

escrita. Depois ela começa a utilizar os desenhos, mas neste caso, “os desenhos

não são utilizados como forma de expressão individual, como atividade que se

encerra em si mesma, mas como instrumentos, como signos mediadores que

representam conteúdos determinados” (Oliveira, 1997, 71).

• Escrita Simbólica – inventando formas de representar informações

difíceis de serem desenhadas.

Vygotsky também enfatizou o desenho infantil enquanto um sistema de

representação da criança, tendo ela a participação guiada do sujeito no meio

social no qual ele se encontra imerso. Abordando-o enquanto expressão,

imaginação criadora humana e criação artística infantil. Ele também fez um recorte

no desenvolvimento cultural do grafismo infantil, desprezando a pré-história do

desenho, destacando aspectos visuais deles, que caracterizavam etapas mútuas

nítidas no processo de desenvolvimento do grafismo.

O autor trabalha com a etapização do grafismo infantil formulada por ele

como, deixar de fora todo um período da aquisição do sistema de representação

do desenho. O que se conhece-se então até aqui sobre tal etapização em língua

portuguesa, da expressão psicográfica infantil formulada por Vygotsky resulta de

traduções livres - “a bem da verdade traduções da tradução do russo para o espanhol” (Japiassu,2006, apud www.educacaoonline.pro.br, p. 03).

Vygotsky abordou com uma maior clareza a problemática da construção do

sistema semiótico do desenho, no livro de titulação espanhola La Imaginación Y el

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em la Infância, mas o mesmo, ainda não trouxe interesses em qualquer editora em

língua portuguesa, por isso o mesmo não é de fácil encontro ou entendimento.

Segundo a afirmação do autor Japiassu na citação acima e na maioria das

citações seguintes, ele sintetiza de forma clara a interpretação do livro acima

citado de maneira esclarecedora na interpretação e tradução do mesmo.

Em seu livro, Vygotsky não se propõe a investigar ali, de modo sistemático,

o processo de apropriação do desenho como processo semiótico. Na verdade, o

que ele faz é, sinalizar a matriz conceitual que deve ser utilizada na colaboração

de conhecimentos a respeito do grafismo infantil numa perspectiva histórico-

cultural e também, destacar aspectos visuais invariantes do desenho da criança

que caracterizam etapas muito nítidas do processo do grafismo. Em um dos

capítulos, Vygotsky aborda o grafismo como expressão observável da imaginação

criadora humana, demonstrando a tese da constituição social da imaginação

enquanto função psicológica cultural redimensionada pelo pensamento verbal

(Japiassu).

“... a teoria de Vygotsky apresenta um avanço no modo de

interpretação do desenho porque a figuração reflete o

conhecimento da criança e seu conhecimento refletido no

desenho, é o da sua (da criança) realidade conceituada,

constituída pelo significado da palavra” (Sueli Ferreiro, apud

www.educacaoonline.pro.br, p. 05)

Sueli Ferreiro foi a primeira autora brasileira que referiu-se as

nomenclaturas utilizadas por Vygotsky para caracterizar as etapas do processo de

colaboração do desenho. Em seu livro intitulado, Imaginação e Linguagem no

desenho da Criança. Nele ela traduziu as etapas às quais Vygotsky se refere. Sendo elas respectivamente:

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• Escalão de Esquemas – é a fase dos conhecidos bonecos cabeça-pés

que representam, de modo resumido, a figura humana. Trata-se da

etapa na qual a visão do sujeito encontra-se totalmente subordinada ao

seu aparato dinâmico-táctil. Vygotsky descreve esta etapa como o

momento que a criança desenha os objetos de memória sem aparente

preocupação com a fidelidade à coisa representada;

• Escalão de Formalismo e Esquematismo – é a etapa na qual já se

percebe maior elaboração dos traços e formas do grafismo infantil. É o

período em que a criança começa a não se limitar apenas a enumeração dos aspectos concretos do objeto que representa,

buscando estabelecer maior número de relações entre o todo

representado e suas partes. O desenho ainda permanece simbólico,

mas já pode-se identificar nele, os indícios de uma representação mais

próxima da realidade;

• Escalão da Representação mais aproximada do Real – é o período em

que o simbolismo que se encontrava presente nas representações

anteriores, definitivamente fenece. È a fase, na qual as representações

gráficas são fiéis ao aspecto observável dos objetos representados, mas

a criança ainda não faz uso das técnicas projetivas;

• Escalão da Representação propriamente Dita - nesta fase a plasticidade

da figuração é enriquecida e ampliada, porque a coordenação viso

motora do sujeito já lhe permite o uso vitorioso das técnicas projetivas e

das convenções realistas. O grafismo deixa de ser uma atividade com fim em si mesmo e converte-se em trabalho criador.

Quanto à fase dos rabiscos, garatujas e da expressão amorfa de elementos

gráficos isolados, não interessam aos objetivos de ensaio psicológico de Vygotsky,

pois de fato, o desenho, enquanto sistema semiótico, só começa a existir

efetivamente após o período dos rabiscos e também a intenção de Vygotsky no livro é demonstrar as inter-relações entre imaginação criadora e criação artística

infantil conforme elas se apresentam, sendo observadas de três formas de

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expressão estética na escolarização, a Literatura, Teatro e Artes Visuais e

Desenho.

“Vygotsky está a discutir ali... a imaginação criadora. Seu objetivo de estudo não é

o grafismo infantil em si, mas, sobretudo, as relações entre a imaginação criadora

e a criação artística em geral da criança” (Japiassu, 2006, p. 07).

“... a arte é uma forma de linguagem e expressão dos

sentimentos, uma verdadeira catarse psicofísica, o sentimento

é inicialmente individual, e através da obra de arte torna-se

social ou generaliza-se...Devemos reconhecer que a ciências

não só prolonga o braço do homem , do mesmo modo, a arte

é uma espécie de sentimento social prolongado ou uma

técnica de sentimentos” (Vygotsky, apud

www.educacaoonline.pro.br, p. 10).

4.3- A Psicopedagogia e o Desenho Infantil

O uso do desenho infantil é defendido no olhar psicopedagógico, pois o

grafismo tem a grande vantagem de ser fácil administrado, pois não exige muitos

materiais, além de papel e lápis e pode ser usado em qualquer lugar de poucos

recursos econômicos.É bem recebido pelas crianças, e às vezes com restrições

pelos adolescentes e adultos. Não existe contra-indicação ou limite de idade,

sexo, classe social ou nível de inteligência.

O uso do desenho nesta área aproveita a forma de a criança expressar-se

espontaneamente, satisfazendo seus desejos de atividades lúdicas. Por isso, o desenho livre é o mais freqüente entre as crianças.

Os temas mais pesquisados no grafismo são as figuras humanas, a árvore

e a casa, onde estes temas podem constituir isoladamente um teste, chamado de

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HTP (House, Tree and Person).Neste teste esses três temas são usados numa

seqüência mobilizadora e analisados em conjunto.

Essa área psicopedagogica, ainda indica que é importante durante a

realização do desenho, o especialista do momento, observar aspectos do sujeito,

como a postura corporal, motricidade fina, ritmo de trabalho, forma de elaborar as

figuras e a cena, por onde se inicia a figura humana, a necessidade do uso da

régua, o uso exagerado de borracha e o amassar de várias folhas. Pois uma boa

análise do grafismo oferece dados da área cognitiva do sujeito, dentro do

processo simbólico considerado normal ou com desvios patológicos, dando a

compreensão global dele.

Não se pode confundir na análise de desenho aspectos evolutivos com os

aspectos pedagógicos, com dados que exprimem uma possível regressão,

dissociação, fratura nacional. Como por exemplo, a transparência no desenho de

uma criança de 4 anos é normal, mas num adolescente, exige-se um estudo mais

detalhado.

“O desenho é uma forma de função semiótica que se inscreve

a meio caminho entre o jogo simbólico, cujo mesmo prazer

funcional e cuja mesma autotelia apresenta, e a imagem

mental, com a qual partilha o esforço de imitação do real”

(Piaget, apud Psicopedagogia Clínica, p. 122).

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CONCLUSÃO

Concluir um trabalho é uma árdua tarefa a se realizar, pois para tanto,

foram necessárias várias etapas de realização até chegar a esta fase de

finalização.

Foram necessários vários estudos, leituras, pesquisas, disposição, ajudas,

tempo e principalmente muita força de vontade e insistência para a defesa do

tema escolhido.

Com essa insistência foi confirmado que o Desenho é a primeira

manifestação da escrita humana sim e que até hoje continua sendo a primeira

forma de expressão usada pala criança.

Garatujas, girinos, sóis, desenhos transparentes, ou qualquer outra

intitulação para as fases, são as representações de como a criança lê o mundo,

enxerga a vida, expressa o que sente.

Infelizmente à medida que vai sendo alfabetizada, a maioria das escolas se

encarregam de afastar a criança desta forma de expressão e ela, como muitos dos

indivíduos, diz que não sabe desenhar e se afasta deste “meio de comunicação”.

Expressar-se através do desenho é colocar a vida no papel, com toda a

emoção e é através do desenho livre que a criança desenvolve noções do

conhecimento do mundo. Aprende também a função social da escrita, pois sua

comunicação, feita através do desenho, é o início desta nova etapa.

Enfim, mesmo que os desenhos não possam ser interpretados com

significado pelos adultos, mesmo que a criança mude de idéia cada vez que

perguntarmos o que ela desenhou, nunca a menospreze e valorize o seu trabalho,

pois ele é um meio de comunicação dela com o seu eu, meio emocional e com o

seu social. Respeite!

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ANEXOS

INDICE DO ANEXO

Anexo 1 – Cupons de Eventos Culturais 57

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57

ANEXO 1

Eventos Culturais

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58

INDICE

FOLHA DE ROSTO 2

AGRADECIMENTO 3

DEDICATÓRIA 4

RESUMO 5

METODOLOGIA 6

SUMÁRIO 7

INTRODUÇÃO 8

CAPÍTULO I

JEAN PIAGET 10

1.1 – Piaget e seus Primeiros Estudos 10

1.2 – Piaget e como as Crianças adquirem Conhecimento

(Construtivismo) 12

1.3 – Piaget e as Etapas do Desenvolvimento Cognitivo 14

1.4 – Piaget e o Desenvolvimento, Aprendizagem, Pensamento,

Linguagem e a Autonomia da criança 17

CAPITULO II

LEV SEMENOVICH VYGOTSKY 21

2.1 – Vygotsky e a Teoria Sócioconstruvista 23

2.2 – Vygotsky, Desenvolvimento e Aprendizado 25

2.3 – Vygotsky e a Z.D.P. 27

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CAPITULO III

O DESENHO INFANTIL 29

3.1 – A Importância dos Desenhos para a História da Escrita Humana 31

3.2 – A Linguagem Gráfica 34

3.3 – Características do Desenho Infantil 36

CAPITULO IV

A VISÃO DOS PENSADORES SOBRE O USO DO DESENHO INFANTIL 38

4.1 – Piaget e o Desenho Infantil 39

4.2 – Vygotsky e o Desenho Infantil 45

4.3 – A Visão dos Pensadores e Especialistas sobre o

Desenho Infantil 50

CONCLUSÃO 52

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 53

ANEXOS 56

ÍNDICE 58

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FOLHA DE AVALIAÇÃO

Nome da Instituição: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

Título da Monografia: O GRAFISMO INFANTIL COMO FORMA DE

EXPRESSÃO. CONTRIBUIÇÕES DE JEAN PIAGET E LEV VYGOTSKY

Autor: Daiana Aparecida Silveira Gonçalves

Data da entrega: 27/ 01/2007

Avaliado por: Fabiane Muniz Conceito:

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