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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” INSTITUTO A VEZ DO MESTRE A IMPORTÂNCIA DA GOVERNANÇA CORPORATIVA NO MODELO DE GESTÃO DAS EMPRESAS Por: Herica da Silva Cabral Orientador(a) Prof. Ana Cláudia Morissy Rio de Janeiro 2011

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

A IMPORTÂNCIA DA GOVERNANÇA CORPORATIVA

NO MODELO DE GESTÃO DAS EMPRESAS

Por: Herica da Silva Cabral

Orientador(a)

Prof. Ana Cláudia Morissy

Rio de Janeiro

2011

2

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

A IMPORTÂNCIA DA GOVERNANÇA CORPORATIVA

NO MODELO DE GESTÃO DAS EMPRESAS

Apresentação de monografia à Universidade

Cândido Mendes como requisito parcial para

obtenção do grau de especialista em Finanças e

Gestão Corporativa

Por: Herica da Silva Cabral

3

AGRADECIMENTOS

Agradeço à Deus, aos meus pais Helio

e Luzia Cabral, meu companheiro

Osmar, e aos meus amigos e

professores da turma de Finanças e

Gestão Corporativa.

4

DEDICATÓRIA

.....dedico aos meus pais Helio e Luzia

Cabral, que sempre permitiram que eu

chegasse onde estou hoje, ao meu

companheiro Osmar Albuquerque, que

me apoiou ao longo desta caminhada, e a

todos os meus amigos e professores da

turma de Finanças e Gestão Corporativa,

que fazem parte desse momento tão

especial da minha vida acadêmica.

5

RESUMO

O tema governança corporativa têm sido objeto de vários estudos em

todo o mundo, e é amplamente reconhecido como um fator essencial para o

acesso das empresas ao mercado de capitais.

A governança corporativa cuida dos interesses dos acionistas em

relação

aos seus relacionamentos com os conselhos de administração e com a direção

executiva das corporações, mas pode também atingir outras partes

interessadas (empregados e terceirizados) quanto externas (credores,

fornecedores, clientes, consumidores, governo, sociedade,e meio ambiente) as

quais têm interesse nas ações e nos resultados das corporações.

Neste contexto, o trabalho objetiva disseminar a idéia das empresas

priorizarem um sistema de governança corporativa de qualidade. É importante

que as empresas consigam recuperar e garantir a confiança para com os seus

acionistas, assegurando que o comportamento dos executivos esteja sempre

alinhado com o interesse destes acionistas.

Espera-se que este trabalho possa mostrar a importância das

empresas repensarem sempre seu modelo de gestão, refletindo sobre a

viabilidade do seu negócio, e procurando adotar boas práticas de governança

corporativa e ferramentas que assegurem o controle da propriedade sobre a

gestão (Conselho de Administração, Auditoria Independente, e Conselho

Fiscal).

6

Palavras – chave: Governança corporativa, transparência, equidade,

prestação de contas, sustentabilidade corporativa.

METODOLOGIA

A pesquisa do trabalho será realizada através de livros, revistas,

artigos, internet, entre outros, ao longo do estudo; trazendo uma visão bem

atualizada do tema.

Segundo Descartes, metodologia científica refere-se à forma como

funciona o pensamento científico. Ele propôs chegar à verdade através da

dúvida sistemática e da decomposição do problema em pequenas partes,

características que definiram a base da pesquisa científica.

Portanto, este trabalho fundamenta-se em na busca e captação de

informações, seja através de elementos teóricos ou práticos, para a formação

da base de dados desta pesquisa.

De um modo geral, podemos classificar a metodologia deste trabalho

como explicativa e descritiva, pois procura descrever a funcionalidade de um

modelo de gestão, suas características, sua aplicabilidade nas empresas e no

mercado como um todo.

7

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 08

CAPÍTULO I - Governança Corporativa 09

CAPÍTULO II - As Melhores Práticas

de Governança 13

CAPÍTULO III – Governança Corporativa no Brasil 17

CONCLUSÃO 27

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 28

ÍNDICE 29

FOLHA DE AVALIAÇÃO 31

8

INTRODUÇÃO

Na abordagem conceitual, governança corporativa é um conjunto de

práticas que têm por finalidade otimizar o desempenho de uma companhia,

protegendo investidores, empregados e credores, objetivando facilitar o acesso

ao capital ; explica CORDEIRO (p. 18, 2010).

Trata-se de um tema muito importante, de aspecto moderno e que

tornou-se foco de grandes discussões em diversos setores da economia,

ambientes de mercado, empresarial, e no meio de forma geral.

Apesar de ser considerado como um tema moderno, o conceito de

governança corporativa é proveniente dos anos 90, sendo observado por Berle

e Means (1932) e Ronald Coase (1937), que ao se depararem com a questão

de que o proprietário e controlador de uma grande corporação geralmente

encontravam-se separados, questionaram as conseqüências desse método. A

causa dessa preocupação, era o resultado observado da falta de alinhamento

entre acionistas e gestores.

Apontado como um modelo de gestão, na visão mercadológica e

empresarial, em função da sua transparência na gestão de negócios, tal

aspecto criou um diferencial competitivo no mercado para seus proprietários

(acionistas majoritários, minoritários e cotistas), seus agentes (executivos),

stakeholders (empregados, credores e clientes) e sociedade.

Chamando a atenção para os “stakeholders” ou modelo de

governança, na análise conceitual é considerado outros participantes das

empresas (consumidores, fornecedores, trabalhadores, e a comunidade em

geral), que de alguma forma são impactados com as práticas de governança

estabelecidas.

9

CAPÍTULO I

GOVERNANÇA CORPORATIVA

O termo governança corporativa vem da expressão inglesa corporate

governance. Segundo a OCDE1, a governança corporativa é o sistema

segundo o qual as corporações de negócio são dirigidas e controladas. A

estrutura da governança corporativa especifica a distribuição dos direitos e

responsabilidades entre os diferentes participantes da corporação, tais como

os conselhos de administração, os diretores executivos, os acionistas e outros

interessados, além de definir as regras e procedimentos para a tomada de

decisão em relação às questões corporativas. CORDEIRO.(P.18-19, 2010).

Dentre as principais definições de governança corporativa, segundo o

IBGC2 :

governança corporativa é o sistema pelo qual as organizações são dirigidas, monitoradas e incentivadas, envolvendo os relacionamentos entre proprietários, conselho de administração, diretoria e órgãos de controle. As boas práticas de governança corporativa convertem princípios em recomendações objetivas, alinhando interesses com a finalidade de preservar e otimizar o valor da organização facilitando seu acesso ao capital e contribuindo para a sua longevidade.

___________________________

10

1 OCDE - Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico . 2 IBGC – Instituto Brasileiro de Governança Corporativa

1.1 - O Que é Governança Corporativa

O termo governança corporativa existe há muito tempo, porém só foi

notado após os escândalos financeiros ocorridos nos EUA, o que fez com que

as organizações sentissem a necessidade de desenvolver uma administração

mais transparente com relação aos processos de tomada de decisão e dos

atos praticados pelos seus administradores. (IBGC, 2010).

“A governança Corporativa é uma resposta à Antiga administração

centralizadora e autoritária, que ignorava totalmente os colaboradores da

instituição , os sócios, os acionistas minoritários e a sociedade, tendo como

principal objetivo agradar a um controlador majoritário, em detrimento de tudo

e de todos. Porém, percebeu-se com o tempo que agradar a um controlador

“em detrimento de tudo e de todos” pode ser mais prejudicial do que benéfico à

vida da empresa ou instituição” 1 (IBGC, 2010).

Existem diversas definições para o termo governança corporativa. A

CVM (Comissão de Valores Mobiliários) a define como “ o conjunto de práticas

que têm por finalidade melhorar o desempenho de uma companhia ao proteger

todas as partes interessadas, por exemplo, investidores, empregados e

credores, facilitando o acesso ao capital”. (Cordeiro, 2010). Lodi (2010), “é um

novo nome para o sistema de relacionamento entre os acionistas, auditores

independentes, e executivos da empresa, liderado pelo conselho de

administração”. Witherell (2010), “é o sistema pelo qual as empresas são

dirigidas e controladas, distribuindo direitos e responsabilidades entre os

diferentes participantes da empresa, tais como conselho de administração,

diretoria, proprietários e outros stakeholders”. 1

11

Fazendo análise uma mais detalhada da governança corporativa,

encontramos as origens que servem como referencial para as práticas da

mesma.

_________________________ 1 Stakeholders - Modelo de governança corporativa que apresenta os resultados com transparência aos acionistas minoritários e majoritários.

1.2 – A Origem da Boa Governança

“A boa governança teve a sua origem nos EUA, na primeira metade

dos anos 90, quando os acionistas realizaram um movimento buscando

proteção contra os abusos da diretoria executiva das empresas, da inércia de

conselhos de administração inoperantes e das omissões das auditorias

externas”. (IBGC, 2010).

Conceitualmente:

“A governança corporativa surgiu para superar o “conflito de da agência”, decorrente da separação entre a propriedade e a gestão empresarial. Nesta situação, o proprietário (acionista) delega a um agente especializado (executivo) o poder de decisão sobre a propriedade. No entanto, os interesses do gestor nem sempre estarão alinhados com os do proprietário, resultando em um conflito de agência ou conflito agente principal”. (Cordeiro, 2010).

A empresa que opta pelas boas práticas de governança corporativa

adota como linhas mestras a transparência, a prestação de contas

(accountability), a equidade e a responsabilidade corporativa. Para tanto, o

conselho de administração, representante dos acionistas deve exercer seu

papel, estabelecendo estratégias para a empresa, elegendo e destituindo o

principal executivo, fiscalizando e avaliando o desempenho da gestão e

escolhendo a auditoria independente. As principais ferramentas que

asseguram o controle da propriedade sobre a gestão são: O Conselho de

Administração, a Auditoria Independente, e o Conselho Fiscal.

12

“A ausência de conselheiros qualificados e de bons sistemas de

governança corporativa tem levado empresas a fracassos decorrentes de:

abusos de poder; erros estratégicos; e fraudes”. ( MELLO, 2008).

1.3 – Conflitos de Agência

O Chamado problema de agência, que ocorre quando os executivos

tomam decisões com o intuito de maximizar sua utilidade pessoal e não a

riqueza dos acionistas, motivo pelo qual são contratados, gerou uma discussão

sobre a necessidade de aprimoramento da governança corporativa nas

empresas como uma resposta ao grande número de registros de expropriação

da riqueza dos acionistas por parte dos gestores.

“Jensen e Meckling (1976), definem um relacionamento de agência

como um contrato “onde uma ou mais pessoas – o principal – engajam outra

pessoa – o agente – para desempenhar alguma tarefa em seu favor,

envolvendo a delegação de autoridade para tomada de decisão pelo agente.

Segundo os autores, se ambas as partes agem tendo em vista a maximização

das suas utilidades pessoais, existe uma boa razão para acreditar que o

agente não agirá sempre no melhor interesse do principal. No caso da relação

entre acionistas e gestores, os acionistas podem limitar as divergências

monitorando as atividades dos executivos e estabelecendo incentivos

contratuais apropriados a eles. Desta forma, os acionistas incorrem em custos

para alinhar os interesses dos gestores aos seus, que são chamados custos

de agência:

1. Custos de criação e estruturação de contratos entre o

principal e o agente;

13

2. Gastos de monitoramento das atividades dos gestores pelo

principal;

3. Gastos promovidos pelo próprio agente para mostrar ao

principal que seus atos não serão prejudiciais aos mesmos;

4. Perdas residuais, decorrentes da diminuição da riqueza do

principal por eventuais divergências entre as decisões do

agente e as decisões que iriam maximizar a riqueza do

principal”.

CAPÍTULO II

AS MELHORES PRÁTICAS

DE GOVERNANÇA

Em 1995, foi criado o IBCA – Instituto Brasileiro de Conselheiros de

Administração, o qual contribuiu bastante no processo de desenvolvimento e

difusão de boas práticas de governança corporativa no Brasil. Reunindo

profissionais com alto grau de qualificação, este instituto promovia a formação

destes para atuar em conselhos, com o propósito de proporcionar o

desenvolvimento dos negócios e da gestão das empresas.

A mudança de denominação do IBCA para Instituto Brasileiro de

Governança de Corporativa (IBGC) ocorreu em 1999. E em maio do mesmo

ano, divulgou-se o primeiro código de melhores práticas de governança,

causando intenso debate sobre os principais modelos e práticas de

governança, porém, houve um grande avanço no sentido institucional e

empresarial para o nosso país.

Observou-se nos últimos anos, que a adoção das melhores práticas de

governança corporativa tem se expandido tanto nos mercados desenvolvidos

quanto nos em desenvolvimento. Mas não há uma completa convergência

sobre a correta aplicação das práticas de governança nos mercados. O

emprego das boas práticas de governança apresenta diferenças quanto ao

14

estilo, estrutura e enfoque. Entretanto, pode-se afirmar que todos se baseiam

nos princípios da transparência, independência, e prestação de contas

(accountability) como meio para atrair investimentos aos negócios e ao país.

2.1 – Os Pilares: Princípios e Objetivos

De acordo com o IBGC, através da criação do Manual das Melhores

Práticas de Governança Corporativa, existem quatro pilares que sustentam a

teoria: Transparência, Equidade, Prestação de contas e Responsabilidade

Corporativa.

Transparência: Mais do que “a obrigação de informar”, a

administração deve cultivar o “desejo de informar”, pois quando se tem uma

boa comunicação interna e externa resulta em clima de confiança, tanto

internamente, quanto nas relações da empresa com terceiros.

Enfatiza a importância da comunicação não se restringir apenas ao

desempenho econômico-financeiro, mas também contemplar outros fatores

relevantes ao desempenho empresarial, que geram valor.

Equidade: Caracteriza-se pelo tratamento justo e igualitário de todos os

grupos minoritários, sejam do capital ou das demais partes relacionadas

(stakeholders), como colaboradores, clientes, fornecedores ou credores.

Prestação de Contas com Responsabilidade: Os agentes da

governança devem prestar contas de sua atuação a quem os elegeu e

15

respondem integralmente por todos os atos que praticarem no exercício de

seus mandatos.

Responsabilidade Corporativa e Ambiental: Conselheiros e executivos

devem zelar pela perenidade das organizações (visão de longo prazo,

sustentabilidade) e, portanto, devem incorporar considerações de ordem social

e ambiental na definição dos negócios e operações.

2.2 – Modelos de Governança

No nosso estudo, identificamos dois modelos clássicos de governança

corporativa: o Anglo-Saxão (Estados Unidos e Japão), e o Nipo-Germânico

(Japão e Alemanha).

O modelo Anglo-Saxão caracteriza-se pela pulverização das

participações acionárias e pelo desenvolvimento de bolsa de valores que

garantam a liquidez dessas participações, reduzindo o risco dos acionistas.

Dessa forma, não há necessidade de um monitoramento direto, já que o

mercado sinaliza a aprovação ou não em relação às administrações por parte

dos investidores, através da variação no preço das ações. Prioriza a

transparência periódica de informações.

No modelo Nipo-Germânico, a propriedade é mais concentrada, a

liquidez não é priorizada, e os acionistas reduzem seu risco buscando

informações suficientes às suas decisões junto às administrações.

Portanto, esses modelos refletem objetivos diferenciados em relação

às suas empresas seguidoras. Enquanto no Anglo-Saxão as empresas

priorizam a criação de valor para os acionistas, no modelo Nipo-Germânico as

16

empresas devem equilibrar os interesses dos acionistas com aqueles de outros

grupos ligados às suas atividades (Stakeholders).

17

2.3 – Conselhos de Administração: Diretrizes

A missão do Conselho de Administração é proteger o patrimônio e

maximizar o retorno do investimento dos acionistas agregando valor ao

empreendimento .

O Conselho de Administração deve zelar pela observância dos valores,

crenças e propósitos dos acionistas, nas atividades da empresa.

COMPETÊNCIAS DO CONSELHO DE ADMINISTRAÇÃO

O Artigo 142 da Lei das Sociedades por Ações ( Lei 6404/76 )

determina a competência do Conselho de Administração. Devem se destacar a

determinação de estratégias, a eleição e destituição de diretores, a fiscalização

da gestão dos diretores e a eleição e destituição dos auditores independentes.

As atividades de competência do Conselho de Administração devem

estar normatizadas em um regimento interno, tornando claras as suas

responsabilidades e atribuições, e prevenindo situações de conflito com a

Diretoria Executiva, notadamente com o Executivo Principal (CEO).

O Conselho de Administração não deve imiscuir-se nos assuntos

operacionais da Diretoria Executiva, porém deve haver um equilíbrio decisório

entre os atos de deliberação e de gestão ( segregação de funções e

responsabilidades ).

18

CAPÍTULO III – GOVERNANÇA CORPORATIVA NO

BRASIL

O Cenário da Governança Corporativa no Brasil se transformou em

pouco tempo. Nos anos 50 e 60 a figura do controlador familiar era a tônica nas

empresas, cujo papel desempenhado era o principal na corporação.

Nos anos 70 surgem os primeiros Conselhos de Administração

(LODI, 2000). Em 76, surge a Lei das S.A. (6.404) que objetivava a prática da

divisão de poderes entre a Diretoria e o Conselho de Administração e, e oferece

ainda 5 Linhas Básicas de orientação.: responsabilização do acionista

controlador; proteção do acionista minoritário; ampla diversificação dos

instrumentos de fiscalização postos à disposição dos acionistas; definição dos

interesses fundamentais que a Sociedade Anônima representa; e diferenciação

entre Companhia aberta e fechada ( BORGES; SERRÃO, 2009).

Nos anos 80, nascem o Fundo de Pensão, o Fundo de Investimento,

atuação da BM&F BOVESPA e da Bolsa do Rio, da CVM, e enfim, o CADE

(LODI, 2000).

No Brasil, os conselheiros profissionais e independentes surgiram em resposta ao movimento pelas boas práticas de governança corporativa e a necessidade das empresas modernizarem sua alta gestão, visando tornarem-se mais atraentes para o mercado. O fenômeno foi acelerado pelos processos de globalização, privatização e desregulamentação da economia, que resultaram em um ambiente corporativo mais competitivo. (IBGC, 2010).

Em 1999, o IBGC elaborou o primeiro código sobre governança

corporativa., como resposta à necessidade de adoção às boas práticas de

governança. O código abrange informações sobre os conselhos de

Administração e sua conduta esperada (IBGC, 2010).

19

Em 2001, a Lei das S.A. foi reformulada, e em 2002, a CVM lançou

sua Cartilha sobre Governança Corporativa. Esta Cartilha enfatizava os administradores, conselheiros, acionistas controladores, minoritários e

auditores, visando orientar e tratar de questões que viessem afetar o

relacionamento entre eles ( IBGC, 2010).

Por mais que os debates sobre Governança e a pressão pelo

crescimento para adoção das boas práticas de Governança Corporativa

tenham se aprofundado, o Brasil ainda concentra o controle acionário e a baixa

participação dos conselhos de administração. Portanto, isto demonstra

claramente que ainda é necessário ampliar o campo de incentivo ao

conhecimento, ações, divulgação e importância das boas práticas de

governança.

20

3.1 - Níveis Diferenciados e o Novo Mercado

“Foram criados (em Dez. de 2000), pela Bolsa de Valores de São

Paulo (BOVESPA), os Níveis Diferenciados: Nível 1 e Nível 2 e o Novo

Mercado de governança corporativa, cujo objetivo é fornecer um ambiente de

negociação que desperte o interesse dos investidores e a valorização das

Empresas” (CORDEIRO, 2010).

Enquanto o Novo Mercado é direcionado para empresas que

objetivam abrir capital na Bolsa de Valores, os Níveis Diferenciados (1 e 2) são

voltados para empresas possuidoras de ações negociáveis na BOVESPA.

A BM&FBOVESPA criou os níveis de governança corporativa com o

objetivo de destacar as empresas que apresentam maior transparência,

comprometimento, e melhores práticas de governança corporativa

proporcionando maior credibilidade perante o mercado e acionistas”

(BM&FBOVESPA, acesso Dez. 2010).

Empresas que são registradas com Níveis Diferenciados, além dos já

previstos em legislação, assumem os chamados compromissos de CG, ou

seja, prestação de informações que facilitam o acompanhamento e a

fiscalização dos atos da administração e dos controladores da companhia e a

adoção de regras societárias que melhor harmonizam os direitos de todos os

acionistas.

“A adesão à esses níveis diferenciados de governança corporativa é

feita de forma voluntária, porém faz-se necessário a adesão de um contrato

envolvendo controladores, administradores e a bolsa de valores, onde as

empresas assumem também regras e obrigações contratuais que exigem a

adoção de práticas corporativas superiores, fazendo com que o Novo Mercado

e os Níveis 1 e 2 funcionem como um selo de qualidade, aumentando sua

21

transparência, e com isso reduzindo incertezas no processo de avaliação e

risco” (BM&FBOVESPA, 2010).

3.2 – Nível 1 de Governança Corporativa

“As empresas pertencentes ao mercado tradicional da BOVESPA e

que passam para o Nível 1 ficam comprometidas a fornecer informações

adicionais de interesse dos investidores, além das obrigatórias exigidas por lei.

(CORDEIRO, 2010).

Além disso, as empresas listadas nesse segmento oferecem aos seus

investidores acionistas melhores práticas de governança corporativa, maior

transparência e acessibilidade às informações das companhias, com maior

qualidade, proporcionando um acompanhamento eficaz, conferindo maior

credibilidade e aumento da confiança ao mercado acionário, fazendo com que

os investidores sintam-se mais atraídos pelas ações e se disponham a pagar

mais por elas (BM&FBOVESPA, acesso Dez. 2010).

Podemos observar abaixo os requisitos para a adesão ao Nível 1 de

governança corporativa:

• Informações adicionais nas Informações Trimestrais, que já são

obrigatórias por lei (ITRs) – documento que é enviado pelas

companhias listadas à CVM e à BMFBOVESPA, disponibilizado

ao público e que contém demonstrações financeiras trimestrais

– entre outras: demonstrações financeiras consolidadas e a

demonstração dos fluxos de caixa da empresa e do balanço.

• Informações adicionais nas Demonstrações Financeiras

Padronizadas (DFPs) – documento que é enviado pelas

companhias listadas à CVM e à BM&FBOVESPA,

disponibilizado ao público e que contém demonstrações

financeiras anuais – entre outras: o Regulamento exige que a

22

empresa deve incluir também nas DFPs os fluxos de caixa da

companhia e do consolidado.

• Informações adicionais nas Informações Anuais (IANs) –

documento que é enviado pelas companhias listadas à CVM e à

BMFBOVESPA, disponibilizado ao público e que contém

informações corporativas – entre outras: a quantidade e

características dos valores mobiliários de emissão da

companhia detidos pelos grupos de acionistas controladores,

membros do Conselho de Administração, diretores, e membros

do Conselho Fiscal, bem como a evolução dessas posições.

• Realização de reunião pública anual com analistas de mercado

e investidores com o propósito de expor a sua situação

econômico-financeira, projetos e perspectivas, de forma a

aproximar mais os investidores.

• Divulgação de um calendário anual com as datas dos principais

eventos corporativos, tais como: assembléias, divulgação dos

resultados financeiros trimestrais e outros

• Divulgação dos termos dos contratos firmados entre a empresa

e os acionistas, com o propósito de fornecer elementos que

sirvam de base comparativa entre os acordos e as condições

normais de mercado.

• Comunicação aos Funcionários e Administradores sobre os

programas de opções de aquisição de ações destinados à eles.

• Divulgação mensal das negociações de valores mobiliários de

emissão da empresa e seus derivativos por parte dos

controladores, administradores e membros do conselho fiscal.

23

• Pulverização das ações da empresa no mercado secundário

para melhorar a liquidez; exigindo que: a companhia conserve

percentual mínimo de 25% de ações em circulação; e na época

das distribuições, a companhia deve criar procedimentos

especiais de distribuição.

• Distribuição de prospectos ao público, contendo informações

que aumentem a precisão da análise, de forma a facilitar a

precificação das ações. Tais como: descrição de fatores de risco

e dos negócios, processos produtivos e mercados, entre outras.

E por fim,

• As companhias não podem ter partes beneficiárias em

circulação.

24

3.3 – Nível 2 de Governança Corporativa

“As empresas registradas no Nível 2, além de atender a todas as

normas do Nível 1, fornecem maior transparência de informações”

(CORDEIRO, 2010). Foram observados os seguintes requisitos abaixo:

• Demonstrações financeiras anuais seguindo as normas US GAAP

(Generally Accepted Accounting Principles) ou IAS (International

Accounting Standard). Neste requisito, existe um prazo de carência de 2

anos em função da sua complexidade;

• Demonstrações financeiras trimestrais (ITRs) de acordo com os padrões

internacionais ou divulgá-las no padrão do nível 1 (traduzidas na língua

inglesa).

• Conselho de administração formado, no mínimo, por cinco membros e

mandados unificados de um ano.

• Direito de voto às ações preferenciais em certas ocasiões, como

transformação, incorporação, cisão e fusão da companhia e aprovação

de contratos entre a companhia e empresas do mesmo grupo, entre

outras;

• Extensão da oferta de compra para todos os demais acionistas, em

caso de venda de controle, pagando 100% do valor (pago ao

controlador vendedor) aos detentores das ações ordinárias e, no

mínimo, 70% do valor aos titulares das ações preferenciais.

25

• Obrigatoriedade de realização de uma oferta de compra de todas as

ações em circulação, pelo valor econômico da empresa, nas hipóteses

de fechamento de capital ou cancelamento do contrato do nível 2. E por

fim,

• Adesão à Câmara de Arbitragem para a resolução de conflitos

societários. (Art. 109, parágrafo 3º, Lei nº 6.404/76).

Em julho de 2001, foi instituída pela BOVESPA, a Câmara de

Arbitragem do Mercado, com base na Lei 9.307/76 (Lei de Arbitragem). Esta

Câmara proporciona aos seus participantes um grupo de árbitros especialistas

em assuntos societários e legais, visando economia de tempo e de recursos.

A Câmara compreende os seguintes membros participantes:

controladores, administradores, membros do conselho fiscal da companhia

listada no Nível 2 e a BOVESPA, porém, todos os investidores poderão aderir

também ao Regulamento da Arbitragem, mediante a assinatura de um termo

de anuência à este Regulamento. Na sua composição, temos no mínimo, 30

árbitros escolhidos pelo conselho de administração da BOVESPA. Os tipos de

procedimentos arbitrais são três: ordinário, sumário e ad hoc.

26

3.4 – Novo Mercado

“Inspirado em parte no Neuer Markt Alemão, criado em 1997, o Novo

Mercado é um segmento da BOVESPA, com regras de listagem diferenciadas,

destinado à negociação de ações emitidas por empresas que se

comprometem, voluntariamente, com a adoção de práticas de governança

corporativa e disclosure adicionais e de vanguarda em relação ao que é

exigido pela legislação” (CORDEIRO, 2010).

Seu objetivo é oferecer um ambiente diferenciado, como maior

transparência, confiabilidade e segurança das informações aos seus

investidores e ter como retorno redução de custos de captação de recursos

(BM&FBOVESPA, acesso Dez. 2010).

“Observou-se que para contribuir com o crescimento econômico era

necessário aperfeiçoar o mercado de capitais (BM&FBOVESPA, acesso Dez.

2010).

A premissa básica do Novo Mercado é de que a valorização e a liquidez das ações são influenciadas positivamente pelo grau de segurança oferecido pelos direitos concedidos aos acionistas e pela qualidade das informações prestadas pelas companhias (BM&FBOVESPA, acesso Dez. 2010).

A principal inovação do Novo Mercado, em relação à legislação, é a

exigência de que o capital social da empresa seja integralmente composto por

ações ordinárias. São exigidos também, alguns dos mesmos requisitos já

definidos para as empresas que aderem ao Nível 2 da BOVESPA. E mais os

seguintes:

27

• Extensão para todos os acionistas das mesmas condições

obtidas pelos controladores quando da venda do controle da

companhia (tag along).

• Realização de uma oferta pública de aquisição de todas as

ações em circulação, no mínimo, pelo valor econômico, nas

hipóteses de fechamento do capital ou cancelamento do registro de

negociação no Novo mercado.

Dessa forma, podemos afirmar as seguintes vantagens do Novo

Mercado:

Sob o aspecto das companhias, para aquelas que aderirem as regras

do Novo Mercado, como conseqüência poderão obter do mercado uma melhor

precificação das suas ações, reduzindo com isso seus custos de captação

(BM&FBOVESPA, acesso Dez. 2010).

Sob o aspecto dos investidores, O Novo Mercado, representa a

oportunidade de adquirir um “produto ação” diferenciado, já que no Novo

Mercado são negociadas apenas ações com direito à voto, que permitem ao

investidor uma presença mais ativa (BM&FBOVESPA, acesso, Dez. 2010).

Por fim, o que o Novo Mercado realmente deseja é oferecer maiores

garantias para os investidores através de elevados padrões de governança

corporativa, com mais transparência, oferecendo maior credibilidade,

mantendo os investidores e atraindo cada vez mais o mercado a aderir à esse

nível diferenciado (BM&FBOVESPA, acesso Dez. 2010).

28

CONCLUSÃO

As boas práticas de governança corporativa desde seu surgimento,

vem buscando proporcionar melhoras significativas na gestão das empresas e

no ambiente regulatório, além de mais proteção aos investidores. O estudo das

definições da Governança Corporativa enfatiza as práticas de boas políticas

para proteger as partes interessadas em uma Sociedade, mitigando os

conflitos decorrentes de interesses divergentes.

No Brasil, com um desenho empresarial mais de terceiro mundo, fora

dos modelos Anglo-Americano e Nipo-Germânico, só na última década, o tema

vem ganhando relevo em função da sofisticação advinda dos movimentos dos

grandes conglomerados, dos efeitos da privatização e da importação de regras

globais e pela busca de recursos em outros mercados. O foco maior do tema

tem sido a proteção dos sócios minoritários de modo a gerar confiança no

investidor.

Os 4 pilares das boas práticas da Governança Corporativa – Equidade,

Prestação de Contas, Transparência e Sustentabilidade Corporativa são

assuntos obrigatórios do gestor de uma empresa, sejam eles o CEO, um

membro da Gerência ou qualquer outro profissional.

Portanto, compreende-se que a missão de qualquer empresa é a

maximização dos lucros, e nesse contexto observamos a importância da

adoção das boas práticas de governança corporativa e aos níveis

diferenciados da BM&FBOVESPA, uma vez que transparência e equidade são

requisitos básicos para que as empresas se mantenham no mercado.

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Finalmente, o objetivo deste Estudo foi o demonstrar a importância

das empresas repensarem sempre seu modelo de gestão, refletindo sobre a

viabilidade do seu negócio, e procurando permanentemente adotar boas

práticas de governança corporativa.

BIBLIOGRAFIA

DA SILVA, Edson Cordeiro. Governança Corporativa nas Empresas. São

Paulo: Ed. Atlas S.A., 2010.

LODI, João Bosco. O Governo da Empresa e o Conselho de Administração.

Ed. Rio de Janeiro: Campos, 2000.

ROSSETI, José Paschoal. Governança Corporativa: Fundamentos

Desenvolvimento e Tendências. 1. Ed. São Paulo: Atlas, 2004.

MELLO, Gilmar Ribeiro de. Governança Corporativa e Governança na Gestão

Pública. 1. Ed. São Paulo: Atlas, 2008.

SERRÃO, e outros. Aspectos de Governança Corporativa Moderna no Brasil.

Revista do BNDES, Rio de Janeiro, Disponível em : < http://www.ibgc.org.br /

> Acesso: em Dez/2010

IBGC – Instituto Brasileiro de Governança Corporativa. Governança

Corporativa. Disponível em: < http://www.ibgc.org.br / > Acesso: em Dez. 2010.

BM&FBOVESPA – Governança Corporativa Nível 1 e Nível 2. Disponível

em: < http: // www.bmfbovespa.com.br/> Acesso: Dez. 2010.

BM&FBOVESPA – Governança Corporativa Novo Mercado. Disponível em:

< http: // www.bmfbovespa.com.br/> Acesso: Dez. 2010.

30

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ÍNDICE

CAPA 1

FOLHA DE ROSTO 2 AGRADECIMENTO 3

DEDICATÓRIA 4

RESUMO 5

METODOLOGIA 6

SUMÁRIO 7

INTRODUÇÃO 8

CAPÍTULO I – GOVERNANÇA CORPORATIVA 9

1.1 – O que é Governança Corporativa 10

1.2 – A origem da Boa Governança 11

1.3 – Conflitos de Agência 12

CAPÍTULO II – AS MELHORES PRÁTICAS

DE GOVERNANÇA 13

2.1 – Os Pilares: Princípios e Objetivos 14

2.2 – Modelos de Governança 15

2.3 – Conselhos de Administração: Diretrizes 16

CAPÍTULO III – GOVERNANÇA CORPORATIVA

NO BRASIL 17

3.1 - Níveis Diferenciados e o Novo Mercado 19

3.2 – Nível 1 de Governança Corporativa 20

3.3 – Nível 2 de Governança Corporativa 23

3.4 – Novo Mercado 25

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CONCLUSÃO 27

BIBLIOGRAFIA 28

ÍNDICE 29

FOLHA DE AVALIAÇÃO 31

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FOLHA DE AVALIAÇÃO

Nome da Instituição: UNIVERSIDADE CÃNDIDO MENDES – INSTITUTO A

VEZ DO MESTRE

Título da Monografia: A Importância da Governança Corporativa no

Modelo de Gestão das Empresas

Autor: Herica da Silva Cabral

Data da entrega: 07/02/2011

Avaliado por: Ana Cláudia Morrissy

Conceito:

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