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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES INSTITUTO A VEZ DO MESTRE PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” A PRÁTICA DO DIREITO TRIBUTÁRIO NAS UNIVERSIDADES COMO COMPLEMENTO DA TEORIA Por: Luiz Siqueira Orientador: Prof. Nelson Magalhães Rio de Janeiro 2010

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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

A PRÁTICA DO DIREITO TRIBUTÁRIO NAS UNIVERSIDADES

COMO COMPLEMENTO DA TEORIA Por: Luiz Siqueira

Orientador:

Prof. Nelson Magalhães

Rio de Janeiro 2010

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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO” SENSU”

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

A PRÁTICA DO DIREITO TRIBUTÁRIO NAS UNIVERSIDADES

COMO COMPLEMENTO DA TEORIA

Apresentação de monografia ao Instituto A Vez do Mestre - Universidade Cândido Mendes - como requisito parcial para obtenção do grau de especialista na Complementação da Docência do Ensino Superior. Por: Luiz Siqueira

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AGRADECIMENTOS

Aos autores da publicação “Como

produzir uma monografia”, ao corpo

docente do “Instituto a Vez do Mestre” e

ao Prof. Nelson Magalhães pela

orientação clara, precisa e segura,

sobretudo quando ainda se encontrava

na fase de projeto.

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DEDICATÓRIA

Aos meus pais, Iracema Thomaz

Coelho Siqueira e Ayrton Siqueira, já

passados, porém sempre vivos em meus

trabalhos, pelos incentivos e dedicação.

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RESUMO

Este trabalho aborda o conteúdo da disciplina “Direito Tributário”

na formação dos futuros advogados, no sentido de que haja mais integração

entre os conceitos dos institutos e princípios do ramo, com a prática no

contencioso administrativo e judicial, possibilitando a habilitação ao trabalho do

profissional no campo tributário.

A pesquisa comenta a adequação do conteúdo das disciplinas

Direito Tributário I e Direito Tributário II no curso de direito, distribuindo em

cada capítulo o programa das respectivas avaliações.

Os dois primeiros capítulos comentam uma programação mais

didática, enquanto que os dois últimos exemplificam como determinados

procedimentos podem ser simulados em sala de aula sugerindo, ainda, o

exercício da atividade do aluno nos núcleos de prática jurídica, com situações

fáticas jurisprudenciais e doutrinárias.

Palavras chaves: sistema, institutos, princípios, legislação, prática,

contencioso, formação.

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METODOLOGIA

Haja vista o direito tributário ter um complexo de legislação e

jurisprudência administrativa e judicial, a base metodológica que se

transformou no norte deste trabalho foi a doutrina extraída da bibliografia

técnica e pedagógica e a prática da bibliografia e sites de órgãos judiciais,

fazendários e da OAB.

Assim, os conteúdos buscam refletir um conhecimento

sistematizado no sentido de que se possa buscar o melhor na formação do

advogado tributarista, tanto na parte doutrinária como na praticidade.

A farta bibliografia consultada deu um grande suporte, tanto no

lado técnico como no pedagógico, vez que o objetivo é, além do critério teórico,

proporcionar, ao aluno de direito, fundamentos práticos.

Por sua vez, os sites judiciais, fazendários e da OAB, visam

complementar a formação da parte pedagógica e técnica, ou seja, criar o elo

doutrinário com os resultados dos meios práticos que são utilizados na

advocacia fiscal, quais sejam os resultados de demandas judiciais e

administrativas.

Particularmente, a bibliografia das ciências exatas, utilizada como

complemento das ciências humanas, vêm a preencher um vácuo na formação

dos advogados, eis que a matemática financeira, juntamente com a sua

aplicação na contabilidade e na estatística, é de suma importância nos

contenciosos fiscais administrativos e judiciais.

As consultas a revistas tributárias e de finanças públicas serviram

de ilustração, vez que esse universo é militado por especialistas renomados.

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Enfim, a metodologia utilizada neste trabalho visa a busca de

meios que possam, enfim, chamar a atenção das Escolas de Direito para o

problema da não importância da disciplina “Direito Tributário na formação do

advogado, que, pelo seu conteúdo, deve ser um dos carros-chefes do histórico

do aluno de direito.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 09

CAPÍTULO I

A FORMAÇÃO DOUTRINÁRIA 11

CAPÍTULO II

OS CONCEITOS DA PRÁTICA ADMINISTRATIVA 42

CAPÍTULO III

A ADMINISTRAÇÃO TRIBUTÁRIA 50

CAPÍTULO IV

A PRÁTICA ADMINISTRATIVA E FORENSE 56

CONCLUSÃO 62

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 66

ÍNDICE 69

FOLHA DE AVALIAÇÃO 71

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INTRODUÇÃO

Apesar da unicidade do direito, ele é estudado por meio de

divisões, para fins didáticos. O Direito Administrativo é desdobrado em Direito

Administrativo propriamente dito e em Direito Financeiro e este, por sua vez,

em Direito Tributário. O objetivo deste trabalho está pautado na busca de

meios que aproximem mais o aluno do curso de direito à prática dos

contenciosos tributários administrativo e judicial. Para tanto, faz-se necessário,

inicialmente, uma busca às raízes do Direito Tributário.

É muitíssimo importante que o futuro advogado inicie seus

estudos acerca do Direito Administrativo, pois ele se restringiu ao controle do

funcionamento do Estado, enquanto que o Direito Financeiro se lançou na

tarefa de organização das finanças públicas e suas aplicações, resumidas em

despesas (gastos governamentais), com desempenho voltado para obtenção

de receitas para que o Estado possa cumprir com os seus fins. Essas receitas

podem ser originária, que têm origem nos bens e serviços cuja remuneração é

denominada de preço, e derivadas, obtidas de forma compulsória e que se

constituem nos tributos e penalidades pecuniárias, além de confiscos,

reparações de guerra e outras em que o poder coercitivo da lei venha a impor.

Também é de suma importância que o novo estudante tenha

noção acerca da autonomia do Direito Tributário, pois, segundo a maior parte

da doutrina, os fundamentos a esse favor são: sua inclusão na Constituição

Federal de 1988 em capítulo intitulado “Sistema Tributário Nacional”, que teve

sua origem introduzida pela Emenda Constitucional nº 18, de 1965,

constituindo-se, atualmente, no norte deste ramo do direito; por ter institutos e

princípios próprios, sendo que os mais importantes deverão fazer parte da

prática jurídica dos escritórios modelos nas universidades; e, finalmente, por

possuir legislação própria e específica, que é o Código Tributário Nacional, com

“status” de lei complementar.

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Assim, a teoria do curso de direito tributário nas universidades

deve ter seu maior suporte na bibliografia, a qual, em sua maioria, apóia a

autonomia do direito tributário, entendida, afinal, de forma didática, dogmática e

estrutural, sendo ressalvado somente o fato de tal autonomia ser relativa, em

face da estreita relação com os outros ramos do direito, como o administrativo,

civil, empresarial, penal, internacional público e o processual.

Em primeiro plano, a pesquisa apresentará, de forma resumida,

como o futuro advogado iniciará seus estudos do Sistema Tributário Nacional,

para, a partir de então, poder se familiarizar com a relação dos institutos e

princípios no âmbito do Sistema. Finalmente, ultrapassando a barreira do

direito tributário substantivo, o trabalho reservou o fecho, com relação ao

amadurecimento dos conhecimentos do aluno de direito em sua prática, acerca

do contencioso administrativo e judicial, dívida ativa, certidão negativa e a

possibilidade do contribuinte, não satisfeito com a decisão administrativa, poder

ingressar na via judicial, inclusive de forma direta, ou seja, sem a necessidade

de ingresso inicial na via administrativa.

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CAPÍTULO I

A FORMAÇÃO DOUTRINÁRIA

A formação doutrinária é o ponto de partida para o aluno de direito

tributário. Este trabalho é um estudo inicial para um planejamento acerca do

suprimento de necessidades encontradas no meio dos operadores de direito,

no que tange à atuação no contencioso administrativo e judicial, ou seja, a

busca da praticidade como complemento da teoria.

A primeira parte do primeiro semestre da disciplina direito

tributário é aqui sugerida, no capítulo I, com fundamento na Constituição

Federal, Código Tributário Nacional e bibliografia, através de uma abordagem

do sistema tributário nacional, seu histórico e os tributos. Esta é a base para a

primeira parte do primeiro semestre da disciplina.

Quanto à primeira avaliação semestral, a dificuldade encontrada

por professores sem a devida preparação (notadamente no curso de direito, e,

mais ainda, na disciplina de direito tributário) de captar o grau de integração do

processo de avaliação com o processo de aprendizagem, faz com que o aluno

fique sem a ligação com os objetivos planejados. Mas, ao contrário, este

trabalho não tem o objetivo de servir de cartilha, porém, sim, de estabelecer

critérios de planejamento para o aprendizado da disciplina em foco.

Para maior êxito, ao invés de realizar a aferição somente através

de notas, a humanização da relação professor-aluno, como complemento deste

trabalho, ainda é a melhor solução, para superação dos degraus, porventura,

ainda não galgados e que irão levar aos objetivos. Assim, dentro do possível,

um acompanhamento subjetivo do docente e trabalhos de pesquisa poderão

ajudar no preparo da primeira prova. Espera-se, também, do docente, a

motivação e, sempre que possível, exemplos da prática poderão ilustrar a

aridez das conceituações e dos comentários de longos artigos da legislação

pertinente.

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1.1 – O Primeiro Conceito a ser Trabalhado: Sistema

O primeiro passo a ser dado para um aluno de direito tributário é

o conceito de sistema, que, segundo a doutrina, é a coordenação de partes ou

elementos, segundo uma perspectiva unitária.

Portanto, pode-se conceituar sistema jurídico como a reunião de

regras e princípios com objetivo de esclarecer ou facilitar, por meio de

disposições, a interpretação, aplicação ou execução de determinado regime

jurídico, tomando por base diversas instituições legais, internas ou externas,

públicas ou privadas.

A seguir ao conceito de sistema, exposto acima, pode-se passar

ao aluno uma definição doutrinária, como por exemplo, a de Adilson Rodrigues

Pires:

“...deve ser entendido como o conjunto de tributos

existentes, de instituições dotadas de poder conferido

pelo Direito Tributário, de regras tributárias de caráter

constitutivo ou interpretativo de legislação e, mesmo, de

práticas tributárias aceitas pelos órgãos e entidades da

Administração Pública, desde que, no seu

relacionamento, possam produzir efeitos na vida

econômica das pessoas com conseqüências de ordem

tributária.” (PIRES, Adilson Rodrigues. Manual de Direito

Tributário. Rio de Janeiro: Forense, 2002, p.6).

Outra questão interessante a passar em aula é o fato de que os

recursos arrecadados pelos governos, em quase sua totalidade, em qualquer

país, são originários de sistemas tributários, que são emoldurados de acordo

com o respectivo modelo econômico e que, na atual dinâmica mundial, os

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sistemas tributários estáticos estão ultrapassados, necessitando,

constantemente, de aprimoramento e atualização com o fito de alcançar a

eficiência econômica, com administração simplificada e justiça social.

Como os sistemas tributários são impositivos, há necessidade do

corpo docente demonstrar meios de limitação de tal poder, tendo em vista os

direitos dos contribuintes, ou seja, os tributos devem estar relacionados com a

realidade social e a conjuntura econômica do Estado, havendo, assim,

harmonia entre seus efeitos fiscais e extra-fiscais. Concluir que o sistema

tributário influi na economia e no desenvolvimento do Estado, exigindo

empenho na coordenação das regras que irão nortear, através de tributos, as

finalidades fiscais e extra-fiscais que atendam a política econômica e social e

que o rol de tributos é importante, mas não encerra os objetivos

governamentais, necessitando que haja princípios fiscais e extra-fiscais que

atendam a política econômica e social.

Para tanto, pode-se usar como ilustração as seguintes

afirmações de Ricardo Lobo Torres e Ruy Barbosa Nogueira, que demonstram

em suas obras que o sistema tributário de um determinado Estado deve estar

consubstanciado em premissas fundamentais, como o sistema tributário

brasileiro, que é o objeto de aprendizado do aluno de direito:

“O poder de tributar nasce no espaço aberto pelos

direitos humanos e por eles é totalmente limitado. O

Estado exerce o seu poder tributário sob a permanente

limitação dos direitos fundamentais e de suas garantias

constitucionais.” (TORRES, Ricardo Lobo. Tratado de

Direito Constitucional Financeiro e Tributário, v. III; os

direitos e a tributação: imunidades e isonomia. 1999, p.

14).

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“O conceito de sistema tributário exige certa coordenação

dos diferentes tributos entre si, com o sistema econômico

dominante e com os fins fiscais e extrafiscais da

imposição.” (NOGUEIRA, Rui Barbosa. Curso de Direito

Tributário. 14ª ed.. São Paulo, Saraiva, 1995, p. 37).

1.2 – O Histórico do Sistema Tributário Nacional

A seguir, após trabalhado o conceito de sistema tributário no

geral, passa-se à próxima fase, ou seja, particularizar o conceito, estudando,

inicialmente, o histórico do sistema tributário nacional, iniciando com suas

origens, anteriormente à Emenda Constitucional nº 18/65, que tinha como

anteparo o modelo histórico e que, a partir da referida Emenda, houve a

racionalização do sistema, visto que ocorreu a consolidação dos impostos de

idêntica natureza, justamente com a integração econômica e jurídica nacional,

sendo que o anterior modelo histórico, o qual impunha três sistemas tributários

autônomos (federal, estadual e municipal) foi superado por um modelo

nacional.

È de suma importância já evidenciar nas aulas os tipos de

tributos para buscar a familiarização do aluno, informando que, outrora, o

Sistema Tributário Nacional era composto de impostos, taxas e contribuições

de melhoria, de acordo com o artigo 1º da Emenda Constitucional nº 18/65.

Hoje, compõe-se de taxas, impostos, contribuições de melhoria, contribuições

especiais, empréstimos compulsórios e, para alguns doutrinadores, as

contribuições para-fiscais como a da Previdência, tudo de acordo com a

Constituição Federal de 1988. Embora os tradicionalistas permaneçam

defendendo apenas as três espécies de tributos constantes da Emenda nº 18:

as taxas, os impostos e as contribuições de melhoria. Mas que o Sistema

Tributário Nacional nada mais é, atualmente, que o conjunto de normas e

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princípios gerais acerca de Tributos contidos na Constituição Federal de 1988,

segundo os constitucionalistas.

Levar o aluno a induzir, após raciocínio cronológico, que o

Sistema Tributário Nacional era constituído pelo Código Tributário Nacional, em

seu livro I, hoje incluso no Capítulo I, do Título VI, da Constituição Federal de

1988, onde se encontram os princípios que impõem limitações ao poder de

tributar (que por estarem inseridos na Carta Magna são chamadas de

imunidades), além de indicar a competência tributária das pessoas de direito

público. Estas regras e princípios estabelecidos pela Constituição formam a

base estrutural do direito tributário e, para parte da doutrina, é denominada

como Direito Constitucional Tributário, enquanto que a Lei nº 5.172, de 25 de

outubro de 1966, com alterações subseqüentes, recebeu o nome de Código

Tributário Nacional através do Ato Complementar nº 36/67 e que a mesma

originou-se do projeto de Osvaldo Aranha e Rubens Gomes de Sousa.

Justificar o nome dado à referida lei, de “Código”, pelo fato da

mesma haver sistematizado regras gerais de direito tributário. Quanto ao

adjetivo “Tributário”, porquanto trata de impostos, taxas e contribuições, isto é,

de tributos e não de preços. O substantivo “Nacional”, vez que se aplica à

União, Estados, Distrito Federal e Municípios, pois se fosse restrita sua

aplicação somente à União seria, então, Federal.

Explicar o fato de que a referência feita pelo artigo 1º do Código

Tributário Nacional (CTN) à Emenda Constitucional nº 18, de 1º de dezembro

de 1965, fundamenta-se no fato de que a Constituição em vigor, na data de sua

publicação da Lei nº 5.172/66, era a de 1946. Assim, algumas bibliografias

indicam a Emenda nº 18 como a responsável pela reforma tributária e que,

somente depois, na Constituição de 1967, foi disposto que uma lei

complementar estabeleceria normas gerais de direito tributário.

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Deixar claro ao universitário que, na prática, o Código Tributário

Nacional, de 1966, tem a eficácia de lei complementar, segundo, inicialmente, a

Constituição de 1967 em sua Emenda nº 1 de 1969 e que, em razão desta

inversão cronológica, este artigo 1º seria visto com olhos de 1966. Assim, deve

ficar claro que as Constituições de 1967 e 1988 revogaram diversos dos

dispositivos do CTN, especialmente os do ICMS e ISS, alterando regras das

limitações de tributar (artigos 9º ao 15), da discriminação das receits (art. 83

em diante), dos princípios da legalidade (art. 97) e anualidade (art. 104), entre

outros.

Uma boa dose de doutrina é bastante interessante para

assimilação do aluno de direito, notadamente a de Adilson Rodrigues Pires,

que expõe em sua obra, acerca do Código Tributário Nacional, o qual passou a

ter funcionalidade de lei complementar devido à exigência da Constituição de

1967 para o estabelecimento de normas gerais de direito tributário.

“A Lei nº 5.172, denominada Código Tributário Nacional,

pelo art. 7º, do Ato Complementar nº 36/67, adquiriu o

status de lei complementar quando a Constituição de 67

passou a exigir tal instrumento legal para o fim de

estabelecer normas gerais de direito tributário, dispor

sobre os conflitos de competência nessa matéria entre

União, Estados, Distrito Federal e Municípios e regular as

limitações ao poder de tributar. A exigência, hoje, está

contida no art. 146. Apenas de lei ordinária em seu

aspecto formal, o CTN, hoje, só pode ser revogado ou

alterado por uma lei complementar.” ( PIRES, Adilson

Rodrigues. Manual de Direito Tributário. Rio de Janeiro:

Forense, 2002, p.6).

Demonstrar, com o exposto na Constituição Federal, que, com o

surgimento do Código Tributário Nacional, a codificação do Direito Tributário,

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ocorreu que as normas gerais, de hoje, são provenientes da legislação federal

e, principalmente, da Constituição Federal de 1988, em seu artigo 146, que

dispõe:

“Art. 146. Cabe à lei complementar: I – dispor sobre conflitos de competência, em matéria tributária, entre a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios; II – regular as limitações constitucionais ao poder de tributar; III- estabelecer normas gerais em matéria de legislação tributária, especialmente sobre: a- definição de tributos e de suas espécies, bem como, em relação aos impostos discriminados nesta Constituição, a dos respectivos fatos geradores, bases de cálculo e contribuintes; b- obrigação, lançamento, crédito, prescrição e decadência tributários; c- adequado tratamento tributário ao ato cooperativo praticado pelas sociedades cooperativas.” (Código Tributário Nacional, art. 146, 1966).

1.3 – O Sistema Tributário Nacional

A seguir a apresentação do histórico, deverá ser trabalhado o

ensino do universo de legislação que forma o sistema tributário nacional, para

que o aluno de direito tributário inicie efetivamente os estudos acerca dos

tributos existentes em nosso sistema.

Como enfoque inicial do assunto, o artigo 2º do Código Tributário

Nacional deve ser o primeiro conteúdo a ser enfocado, eis que dispõe o

seguinte:

“Art. 2º. O sistema tributário nacional é regido pelo disposto na Emenda Constitucional nº 18, de 1º de dezembro de 1965, em leis complementares, em resoluções do Senado Federal e, nos limites das respectivas competências, em leis federais, nas

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Constituições e em leis estaduais, e em leis municipais.” (Código Tributário Nacional, art. 2º, 1966).

Deve-se esclarecer que se o Código Tributário Nacional tivesse

sido posterior à Constituição Federal de 67/69, a referência deste artigo à

Emenda Constitucional nº 18, de 1º de dezembro de 1965, deveria ser feito ao

capítulo V da Emenda Constitucional nº 1, de 17 de outubro de 1969 e que, por

outro lado, também, se o Código Tributário Nacional tivesse sido posterior à

Constituição Federal de 1988, a Emenda Constitucional nº 18, de 1º de

dezembro de 1965, deveria ser feita ao capítulo I do título VI da atual Carta

Magna.

Entretanto, vale lembrar que o fato que ainda causa certa

estranheza à doutrina, com relação ao texto do artigo 2º do Código Tributário

Nacional, é a sua alusão a sistema tributário nacional e, ao mesmo tempo, a

leis estaduais e municipais.

Uma excelente ilustração do panorama do sistema tributário

nacional na Constituição Federal de 1988 pode ser divulgado com uma citação

do ilustre professor Ives Gandra da Silva Martins, que o designa pelo termo

frasal de “Sistema Constitucional Tributário”, expondo em sua obra acerca do

assunto da seguinte maneira, conforme se segue:

“É, portanto, o Sistema plasmado mais uma carta do contribuinte do que um Estatuto do Poder Tributante, nada obstante hospedar considerável aumento da carga tributária, que já não era pequena à luz dos velhos sistemas. Tenho para mim que o tributo é uma norma de rejeição social, porque todos os contribuintes de todos os espaços geográficos pagam mais do que deveriam pagar para sustentar o governo naquilo que retorna à comunidade em nível de serviços públicos, mas, também, para sustentar os desperdícios, as mordomias, o empreguismo dos detentores do poder. Esta realidade é maior ou menor conforme o período histórico ou o espaço geográfico, mas é, desgraçadamente, comum a todos os governos.” (MARTINS, Ives Gandra da Silva,

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coordenador. Curso de Direito Tributário. São Paulo: Saraiva, 2001, p.10).

Interessante para o estudante entender que, assim, Ives Gandra

se referiu à rigidez dos sistemas tributários e, como não poderia deixar de ser,

implicitamente ao Sistema Tributário Nacional, na Constituição Federal de

1988, como advertência no sentido de que meios sejam planejados para se

evitar abusos na cobrança de tributos, pois o sistema tributário histórico lé

aquele que resulta da evolução histórica, ou seja, não existe um estudo pré-

elaborado. Com o planejamento, evita-se que o contribuinte não fique obrigado

pelo que não estiver previsto em lei, conquanto que ao Fisco o sistema rígido

só permite o que estiver previsto na lei.Com relação à maior ou menor rigidez

do sistema tributário, a doutrina considera aquele que tenha possibilidade do

legislador ordinário modificá-lo. Se o sistema alcança a total rigidez, significa

que não há a menor possibilidade de alterá-lo, só havendo chance de

regulamentá-lo, em razão de já se encontrar devidamente regulamentado na

Constituição.

Importante frisar, também, que os doutrinadores, em geral,

consideram que os sistemas tributários, porém, variam no espaço e no tempo

mas, em qualquer época, só se pode falar em sistema tributário se os tributos e

as regras que os compõem forem dotados de certa harmonia entre si,

formando um só conjunto para um só fim. No entanto, é visível que, um sistema

tributário elástico é aquele em que o legislador ordinário encontra a

possibilidade de alterá-lo.

Concluir a respeito do assunto “planejamento do sistema” que o

sistema tributário nacional é o nome dado pela doutrina para o sistema que, ao

contrário do sistema histórico, é resultante de estudo pré-elaborado, com fins

de implementação de política financeira.

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Buscar que o aluno de direito perceba que a bibliografia

demonstra, como requisito básico a ser atendido por um sistema tributário, o

alcance dos problemas sociais e econômicos do país com aceitabilidade no

sistema jurídico em geral. Para tanto, há necessidade de uma administração

financeira eficiente, ausência de evasões e bitributações, isenções reduzidas,

progressividade nos impostos, impostos diretos e indiretos atendendo a certa

coordenação, personalidade e eqüidade na distribuição da carga tributária e

sanções penais adequadas.

Antes de entrar na particularidade dos tributos, faz-se necessária

a menção, como reforço e ampliação do que já foi passado anteriormente, de

que o histórico do Sistema Tributário Nacional teve sua coroação no Capítulo I

do Título VI da Constituição Federal de 1988, e compreende os artigos 145 a

162. Entretanto, vale a ressalva de que o Código Tributário Nacional

permanece em vigor, mesmo após a promulgação da Carta Magna de 1988,

tendo em vista o fenômeno jurídico da recepção.

1.3.1 – Os Tributos

O exame do papel dos tributos no sistema tributário nacional na

construção dos conhecimentos do aluno de direito tem grande importância, vez

que a sociedade mobilizou-se na construção de uma nova constituição e,

atualmente, tendo em vista a Carta Magna de 1988, o Sistema Tributário

Nacional é composto pelos seguintes tributos: taxas, impostos e contribuição

de melhoria, conforme estabelece o art. 145 da Constituição Federal de 1988;

contribuições especiais (art. 149 da Constituição Federal de 1988); e

empréstimos compulsórios (art. 148 da Constituição Federal de 1988). Assim

dispõem os referidos artigos com relação aos seus respectivos tributos:

“Art. 145. A União, os Estados, o Distrito Federal e os

Municípios poderão instituir os seguintes tributos:

I – impostos;

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II- taxas, em razão do exercício do poder de polícia ou

pela utilização, efetiva ou potencial, de serviços públicos

específicos e divisíveis, prestados ao contribuinte ou

postos a sua disposição;

III- contribuição de melhoria, decorrente de obras

públicas.

[...]

Art. 148. A União, mediante lei complementar, poderá

instituir empréstimos compulsórios:

[...]

Art. 149. Compete exclusivamente à União instituir

contribuições sociais, de intervenção no domínio

econômico e de interesse das categorias profissionais ou

econômicas, como instrumento de sua atuação nas

respectivas áreas, [...]” (Constituição da República

Federativa do Brasil de 1988, artigos 145, 148 e 149)

Após a apresentação dos dispositivos constitucionais que enfocam

tributos, torna-se necessário a definição de tributo, cujo conceito encontra-se

na legislação infra-constitucional, ou seja, no artigo 3º do Código Tributário

Nacional, qual seja:

“Art. 3º. Tributo é toda prestação pecuniária,

compulsória, em moeda ou cujo valor nela se

possa exprimir, que não constitua sanção de

ato ilícito, instituída em Lei e cobrada mediante

atividade administrativa plenamente vinculada.”

(Código Tributário Nacional, 1966, art. 3º)

Observar, inicialmente, ao aluno que, apesar do Código Tributário

Nacional ter sido elaborado em 1966, foi devidamente recepcionado pela

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Constituição Federal de 1988. Em seguida, passar a tradução dos termos da

conceituação contida no artigo 3º para uma linguagem tributária.

Assim, “prestação pecuniária” é, grosseiramente, pagamento em

dinheiro.

“Compulsória” porque, ao contrário dos preços, que são de

pagamento facultativo, os tributos são obrigatórios.

“Cujo valor nela se possa exprimir” é alusão aos substitutos da

moeda como meio de pagamento: estampilha, papel selado, etc., conforme os

costumes vigentes na época em que foi elaborado o Código.

“Que não constitua sanção de ato ilícito” é modo de evitar que

esta definição sirva, também, às penalidades.

“Instituída em lei” é, no Código Tributário Nacional, a primeira

enunciação do princípio da legalidade.

“Atividade administrativa” significa que só o Poder Público tem

força para cobrar tributo, não podendo, assim, instituições não vinculadas a ele

efetuar cobrança.

“Plenamente vinculada”. A atividade administrativa pode ser

discricionária (quando possui certo grau de liberdade) ou vinculada (regrada

por dispositivos da lei). Na cobrança de tributos, não há aquela liberdade de

mérito ou tempestividade; ao contrário, a atividade é vinculada no lançamento e

na cobrança.

Para uma melhor reflexão, torna-se bastante proveitoso para o

aprendizado, a seguir, as menções doutrinárias dos artigos 4ª e 5º do Código

Tributário Nacional, conjugando-as com outros artigos do Código e da

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Constituição Federal, como também com conceitos de fato gerador, receita

pública e preço-público.

Portanto, a natureza jurídica específica do tributo, de acordo com

o art. 4º do Código Tributário Nacional, é determinada pelo fato gerador da

obrigação. Com isso, a antiga afirmação política de que salário não é renda foi

juridicamente esvaziada por este artigo. A substância jurídica da espécie

tributária está no seu fato gerador, sendo secundários e sem relevância o nome

e o destino da arrecadação do tributo. Estes (os tributos) enunciados pelo

Código Tributário Nacional em seu artigo 5º só inclui contribuições do tipo “de

melhoria”. Apesar disso, não se pode deixar de considerar tributárias as

contribuições para-fiscais que a Constituição faz referência, inclusive a vigente

na ocasião da elaboração do Código já fazia menção. Na época, é bom que se

considere, também, que os empréstimos compulsórios já possuíam regras

legais como se fossem tributos.

Entretanto, deve-se conjugar o estudo do artigo 5º ao dos artigos

16 (definição de imposto), 77 (taxa) e 81 (contribuição de melhoria), todos do

Código Tributário Nacional, além dos artigos 145, 148, 149 e 195, todos da

Constituição Federal de 1988, estes últimos em função do instituto da

recepção.

No tocante às receitas públicas, em função do orçamento,

mencionar que elas podem ser correntes (tributárias, patrimoniais e diversas,

como as multas) e de capital (operações de crédito, alienação de bens,

amortização de empréstimos, transferências). De acordo com a regularidade,

as receitas podem ser: pública ordinária, se a fonte for permanente (como os

tributos) ou extraordinária, se for eventual (imposto de guerra, heranças

vacantes).

Discriminar para discernimento do aluno que, em função do

patrimônio de que se originam, as receitas podem ser: originárias, se elas se

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origina, do patrimônio do próprio Estado; ou derivadas, se elas se originam do

patrimônio do particular. A originária é receita contratual, de direito privado,

sem aplicação do poder de soberania, isto é, facultativa. As derivadas são de

direito público, obrigatórias, têm aplicado o poder da soberania. São os tributos.

Quanto aos preços, é interessante passar ao aluno, como

estratégia de aprofundamento, que quando o interesse é exclusivamente

privado tem-se os preços quase privados. Se apenas ele é prevalente sobre o

público, tem-se o preço-público. Porém, se o interesse público prevalece, trata-

se de tributo (taxa, quando houver vantagem específica e divisível para um

indivíduo; contribuição, se a vantagem é de uma classe ou categoria; imposto,

se a vantagem é genérica e indivisível, acontecendo a um indivíduo apenas

incidentalmente. Explicar, ainda, que nos preços, o pagamento não é

obrigatório, o direito aplicável é o privado, o interesse maior é o privado,

decorre das condições de mercado e, portanto, não aplica-se a soberania.

Quando o Estado age como particular, o preço é quase-privado. Em monopólio,

o preço é público.

Fazer com que o universitário de direito compreenda que nos

tributos a relação é de direito público, havendo aplicação da soberania (jus

imperu). No caso, há obrigatoriedade e o interesse maior é o público. Vale a

ressalva de que a doutrina indica, ainda, o preço político, de valor inferior ao

custo. Neste caso, a diferença entre o custo e o preço político seria coberta

pelo imposto. Invocando a parte lúdica, pode-se citar, hipoteticamente, uma

vacina que tem o custo de R$40,00 (quarenta reais) pela qual o Estado cobra

R$30,00 (trinta reais).

Após a apresentação dos tópicos doutrinários, ampliar a definição

de tributos, pois o Código Tributário Nacional primeiro conceitua tributo e suas

três espécies (artigos 3º, 17, 77 e 81); define taxa e contribuição de melhoria

(artigos 77 a 82). Entretanto diversos artigos deste livro I foram revogados pela

Constituição (ICMS e ISS, arts. 52 a 62) ou modificados, como as limitações da

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competência tributária (arts. 9º a 15) e a distribuição das receitas (arts. 83 a 95)

entre outros.

Como fechamento pedagógico do ensino de tributo, interessante

demonstrar que juridicamente tributo é uma prestação que se reveste de

compulsoriedade em razão do poder de império da pessoa de direito público

interno que o exige.

1.3.1.1 – Os Impostos

O primeiro tributo a ser apresentado ao aluno de direito são os

impostos. Apesar de seu estudo ser extenso, é o mais importante dos tributos

no sistema tributário nacional. Como ilustração inicial, é importante apresentar

os dispositivos da Constituição e do Código Tributário Nacional que inserem

esta espécie de tributo no sistema. Assim, tem-se:

“Art. 145. A União, os Estados, o Distrito

Federal e os Municípios poderão instituir os

seguintes tributos: I – Impostos [...]”

(Constituição da República Federativa do Brasil

de 1988, art. 145).

“Art. 16. Imposto é o tributo cuja obrigação tem

por fato gerador uma situação independente de

qualquer atividade estatal específica, relativa

ao contribuinte.” (Código Tributário Nacional,

1966, art. 16).

Após, iniciar a dinâmica de construção do conhecimento do aluno

acerca do assunto, começando pelo art. 16 do Código Tributário Nacional, que

conceitua imposto por exclusão. Isto porque a taxa é gerada por serviço público

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específico e divisível ou pelo exercício regular do poder de polícia, segundo o

que dispõe o art. 145, II da Constituição Federal de 1988 e o art. 77 do Código

Tributário Nacional. Enquanto que a contribuição de melhoria é gerada pela

valorização de imóvel decorrente de obra pública, de acordo com o dispositivo

do art. 145, III da Constituição Federal de 1988 e o art. 81 do Código Tributário

Nacional. Portanto, o tributo que não é taxa nem contribuição de melhoria, a

princípio, é imposto, levando-se em consideração a exclusão da possibilidade

de ser contribuições especiais e empréstimo compulsório. Outro detalhe que

caracteriza o imposto é que seu fato gerador não pode ser relacionado a

atividade estatal específica relativa ao contribuinte, também de acordo com o

conceito disposto no art. 16 do Código Tributário Nacional. Capacitar, ainda, o

entendimento do aluno para outro detalhe importante que caracteriza o

imposto, que é o seu fato gerador, porque o mesmo não pode ser relacionado a

atividade estatal específica relativa ao contribuinte, também de acordo com o

conceito disposto no art. 16 do Código Tributário Nacional. Passar, ainda, o

entendimento que, por exceção, o imposto se justificaria pela necessidade de

custeio das atividades genéricas, não ligadas diretamente a cada contribuinte,

como aquelas da segurança nacional e de interesse público. Como

complemento, demonstrar que o art. 146, III, “a” da Constituição Federal de

1988 deixa a cargo da lei complementar a definição de tributos e suas

espécies, como também aos impostos nela discriminados, assim como os

respectivos fatos geradores, bases de cálculo e contribuintes.

Dois pontos também merecem ser destacados nesta dimensão,

pois não têm nenhum compromisso pedagógico. O primeiro diz respeito ao art.

17 do Código Tributário Nacional, onde o legislador pretendia que os impostos

do sistema tributário nacional fossem apenas os que estivessem nele definidos.

A Constituição Federal, porém, instituiu diferente rol de impostos, abrindo,

ainda, a possibilidade da instituição de outros pela União, de acordo com o art.

154, incisos I e II (impostos residuais e de guerra, respectivamente).

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O segundo ponto é que o art. 18 do Código Tributário Nacional foi

quase todo recepcionado pela Constituição Federal de 1988, em seu artigo

147, exceto a parte de seu inciso II que se refere à cumulatividade dos

impostos para os Estados sem municípios, naturalmente pelo fato do Brasil não

possuir Estado sem municípios. Tratam os referidos dos 2 (dois) casos de

cumulatividade de impostos estaduais e municipais: para a União, nos seus

Territórios; e para o Distrito Federal. Os Territórios, por não terem

personalidade, os impostos estaduais neles serão instituídos pela União,

enquanto que os seus municípios seriam dotados de personalidade jurídica de

direito público e a correspondente autonomia. Porém, o Brasil, atualmente, não

possui Território.

Paralelamente, desenvolver nos alunos conhecimentos relativos

à doutrina acerca das regras gerais para atender os fins dos impostos como:

acarretar o mínimo possível de sacrifício aos cidadãos; não criar obstáculos à

produção; no mais que possível, impor sacrifício igual aos cidadãos.

Mencionar, também, que tais posturas são apenas teóricas. Regra bastante

difundida é a da justiça de Adam Smith, segundo a qual os impostos, o mais

que possível, devem ser proporcionais à renda auferida com a proteção estatal.

Para ele, os impostos devem seguir também os critérios da certeza,

comodidade e economia. O da comodidade, fundamenta-se no fato de que a

época e o modo devem ser presumíveis e os mais cômodos. O da economia

refere-se à quantia paga pelo contribuinte, a qual deve ser a menor possível.

Outro mecanismo doutrinário bastante difundido é de que o imposto não deve

atingir parte da renda destinada à sobrevivência do contribuinte, como também

não deve afugentar a renda que é tributada.

Induzir o aluno a construir gradualmente a noção de justiça, que

também está presente nos critérios importantíssimos da generalidade e da

uniformidade dos impostos. Neste aspecto o sistema tributário nacional prevê

no art. 153, § 2º, I, da Constituição Federal de 1988, tais critérios, além da

progressividade, para o imposto sobre renda e proventos de qualquer natureza,

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de competência da União. Outro critério a ser passado é o fenômeno da

percussão, que afirma que a lei é que vai indicar quem paga o imposto. Já a

repercussão, por sua vez, ocorre quando um contribuinte legal transfere

economicamente o ônus para outra pessoa. É o que ocorre com os impostos

indiretos, no sistema tributário nacional, ou seja, aqueles que recaem sobre o

consumo ou circulação de riqueza (ICMS, Imposto de Importação-II, IPI e

Imposto de Renda da Pessoa Jurídica - IRPJ), vez que são diferentes o

contribuinte de fato do de direito.

Realimentar os conhecimentos dos alunos acerca dos impostos

com teorias como, por exemplo, a de que os impostos que têm prévio

lançamento são os diretos e que possuem tal características, no sistema

tributário nacional, o IPTU e o Imposto de Renda da Pessoa física (IRPF); a de

que os impostos, segundo outra classificação, podem ser fixos (como o é o ISS

do autônomo no sistema tributário nacional), quando independem de cálculo

para determinação; variáveis proporcionais (II, IPI e ICMS), quando a alíquota

incide diretamente sobre a base de cálculo; variáveis progressivos (IRPFF),

quando a alíquota se eleva com o aumento da base de cálculo; e variáveis

regressivos, quando a alíquota é reduzida com aumento da base de cálculo; e

que esta última característica, porém, não possui, no momento, referência do

sistema tributário nacional. Passar, ainda, as noções de sujeito ativo e sujeito

passivo da obrigação tributária para que os discentes possam absorver que,

quanto ao sujeito ativo da obrigação tributária, os impostos podem ser federais,

estaduais e municipais e que tal classificação baseia-se nas competências

estabelecidas pela Constituição Federal.

Em seguida, apresentar o rol de impostos previstos, citando

inicialmente o artigo 153 da Constituição Federal de 1988 que atribui à União a

competência para instituir os seguintes impostos: importação de produtos

estrangeiros (II); exportação, para o exterior, de produtos nacionais ou

nacionalizados (IE); renda e proventos de qualquer natureza (IRPF e IRPJ);

produtos industrializados (IPI), operações de crédito, câmbio e seguro, ou

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relativas a títulos ou valores mobiliários (IOF); propriedade territorial rural (ITR);

e grandes fortunas, nos termos da lei complementar (IGF). E, no seu art. 154, I

determina que a União poderá instituir mediante lei complementar impostos

não previstos no artigo anterior, desde que sejam não-cumulativos e não

tenham fato gerador ou base de cálculo próprios dos discriminados na

Constituição. É a competência residual. Complementando, o art. 154, II prevê

para a União, na iminência ou no caso de guerra externa, a possibilidade de

instituição de impostos extraordinários, compreendidos ou não em sua

competência tributária, os quais serão suprimidos, gradativamente, cessadas

as causas de sua criação.

Após o estudo dos impostos federais, apresentar o rol de

impostos de competência dos Estados e Distrito Federal, de acordo com o art.

155 da Constituição Federal de 1988, quais são: transmissão causa mortis e

doação, de quaisquer bens ou direitos (ITD); operações relativas à circulação

de mercadorias e sobre prestações de transporte interestadual e intermunicipal

e de comunicação, ainda que as operações e as prestações se iniciem no

exterior (ICMS); e a propriedade de veículos automotores (IPVA).

Por último, citar os impostos de competência dos municípios,

previstos no art. 156 da Constituição Federal de 1988, que são os seguintes:

propriedade predial e territorial urbana (IPTU); transmissão inter vivos, a

qualquer título, por ato oneroso, de bens imóveis, por natureza ou acessão

física, e de direitos reais sobre imóveis, exceto os de garantia, bem como

cessão de direitos a sua aquisição (ITBI); e serviços de qualquer natureza, não

compreendidos no art. 155,II (não compreendidos no ICMS), definidos em lei

complementar (ISS).

Uma vez apresentado o rol de impostos previstos na Constituição

Federal de 1988, registrar aos discentes, como reforço e lembrança do que já

foi estudado no Código Tributário Nacional, que as respectivas competências

tributárias atribuídas à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos

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Municípios, são indelegáveis, pois o seu não exercício não a defere a pessoa

jurídica de direito público diversa daquela a que a Constituição a tenha

atribuído. É o que prevê o art. 6º do Código Tributário Nacional. Complementar,

também, que em razão disso, o poder de tributar atribuído dá aos níveis

federativos de governo força para fixar o valor do tributo, os vencimentos, a

organização fiscal, enfim, tudo quanto não colida com as regras das

Constituições e leis orgânicas. Buscando o lúdico, nada melhor que um

exemplo caseiro, como o da hipótese de que o Estado do Rio de Janeiro não

perderia qualquer fração de sua competência tributária se destinar ao Espírito

Santo parte de sua receita do ICMS. Nem mesmo se a distribuir toda por seus

municípios, seguindo a regra do parágrafo único do referido artigo. Partindo

desse conhecimento e seguindo o raciocínio, citar o artigo 7º do Código

Tributário Nacional, que dispõe que o poder de tributar, que nada mais é que a

competência tributária, é indelegável. Assim, criar o tributo, estabelecendo

alíquotas e cominando penalidades é intransferível. Até mesmo no caso de

inércia da pessoa jurídica titular do poder não há transferibilidade da

competência tributária. Dar outro exemplo, com relação aos impostos, que se a

União não cobrar o Imposto sobre Grandes Fortunas, este nunca poderá ser

instituído ou exigido por Estado ou Município.

Já com o conhecimento dos impostos de competências federal,

estadual e municipal, o discente deve avançar na doutrina mais específica,

como: a que prevê que, de acordo com a duração, os impostos podem ser

ordinários (quando não têm transitoriedade, isto é, sem duração definida) e

extraordinários (aqueles instituídos por algum tempo, como os de guerra

previstos no art. 154,II da Constituição Federal de 1988); a do modo de

determinação do quantum, em que os impostos podem ser proporcionais (de

percentagem constante) ou progressivo (de percentagem progressiva, como o

imposto de renda e proventos de qualquer natureza, atendendo a determinação

do art. 153, § 2º, I da Carta Magna; a de que os impostos podem ser, ainda,

pessoais, quando a tributação incide diretamente na pessoa (como no IRPF,

previsto no art. 153, III da Constituição Federal de 1988); ou reais, com

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incidência indireta, ou seja, sem considerar a pessoa (como o ICMS e o ITBI,

previstos nos artigos 155, II e 156, II da Constituição Federal de 1988,

respectivamente), observando que a doutrina ressalva de que apesar dos

impostos reais serem de mais fácil arrecadação são considerados menos

justos; que quanto à competência dos impostos, atribuídos pela Constituição, a

doutrina os classifica como privativos e residuais, não cabendo aos mesmos

impostos a competência comum, sendo a competência privativa aquela em que

a Constituição Federal permite à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos

Municípios instituírem os tributos expressamente deferidos a cada entidade

federada.

Esclarecer ao aluno de direito que esses conceitos doutrinários

são de muita importância para sua formação, lembrando que a não fixação dos

mesmos deixará fragilizada a competência de entendimento de textos

doutrinários, jurídicos e, até mesmo, mais à frente, de estudo de processos na

prática jurídica. Portanto, há necessidade de novas incursões pela doutrina,

enfocando a competência residual, que é a que permite a instituição de

tributos, especificamente os impostos (como no Sistema Tributário Nacional,

cuja previsão, atribuída exclusivamente à União, encontra-se no art. 154, I da

Constituição Federal), que não os constitucionalmente atribuídos em termos de

exclusividade a cada entidade estatal.

Outros pontos doutrinários importantes a serem mencionados é o

da competência extraordinária, na qual o Sistema Tributário Nacional permite a

instituição dos impostos de guerra externa ou sua iminência, com atribuição

exclusiva para a União, de acordo com o art. 154, II da Constituição Federal de

1988; o da competência cumulativa prevista no art. 147 da Constituição Federal

de 1988, atribuída à União e ao Distrito Federal, relativa aos impostos

estaduais e municipais. Assim, por exemplo, a União, em seus Territórios

poderá cobrar os impostos estaduais e, se estes não forem divididos em

municípios, também os municipais. Entretanto, atualmente, no Brasil não existe

Território Federal. O Distrito Federal, pode cobrar os estaduais e os municipais;

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o da competência especial, que é a que permite a criação de empréstimos

compulsórios (art. 148, I e II da Constituição Federal), por parte da União, como

também de contribuições para-fiscais (artigos 148, 149 e 195 da Constituição

Federal), por parte da União, Estados e Municípios.

Evitar uma massa caudalosa de informações ao discente de

direito, amenizando a aridez da farta gama de conceitos com a classificação

doutrinária de impostos que se baseou no Código Tributário Nacional, pois esta

tem uma abrangência geral e facilita a familiarização com o assunto. Segundo

esta corrente, existem impostos sobre o comércio exterior (Imposto de

Importação-II e Imposto de Exportação-IE); impostos sobre a produção e

circulação (IPI, ICMS, IOF e ISS); e impostos especiais (hoje, somente

existindo para a referida classificação os impostos extraordinários).

Após a menção da doutrina e das espécies de impostos contidos

na Constituição Federal de 1988 e no Código Tributário Nacional, é

interessante passar uma noção mais geral e politizada acerca do valor do

imposto em um sistema tributário, como o seguinte trecho da obra de Ruy

Barbosa Nogueira:

“Para essa partilha dos impostos entre as

diversas esferas de poder dentro da

Federação, o constituinte deve ter em vista não

só a natureza de cada imposto, em espécie,

mas também a sua adequação em relação às

respectivas atribuições e encargos de cada

esfera de governo. O imposto é captação de

riqueza, mas também pode ser instrumento

jurídico de regulatividade.” (NOGUEIRA, Ruy

Barbosa. Curso de Direito Tributário. São

Paulo: Saraiva, 1995, p. 127).

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1.3.1.2 – As Taxas

A segunda espécie de tributo a ser estudada no direito tributário é

a taxa. Da mesma forma que foi sugerido no estudo dos impostos, a definição

inicial a ser apresentada ao aluno de direito é o que dispõem a Constituição

Federal de 1988 e o Código Tributário Nacional:

“Art. 145. A União, os Estados, o Distrito Federal e os

Municípios poderão instituir os seguintes tributos: [...] II –

taxas, em razão do exercício do poder de polícia ou pela

utilização, efetiva ou potencial, de serviços públicos

específicos e divisíveis, prestados ao contribuinte ou

postos a sua disposição. [...]” (Constituição da República

Federativa do Brasil de 1988, art. 145).

“Art. 77. As taxas cobradas pela União, pelos Estados,

pelo Distrito Federal ou pelos Municípios, no âmbito de

suas respectivas atribuições, têm como fato gerador o

exercício regular do poder de polícia, ou a utilização,

efetiva ou potencial, de serviço público específico e

divisível, prestado ao contribuinte ou posto à sua

disposição.

Parágrafo único. A taxa não pode ter base de cálculo ou

fato gerador idênticos aos que correspondam a imposto,

nem ser calculada em função do capital das empresas”

(Código Tributário Nacional, 1966, art. 77)

Sendo a segunda espécie de tributo a ser apresentada ao aluno

de direito, assim como pelo fato de ser um tributo com características e

enfoques doutrinários de menor complexidade que os impostos, pode-se iniciar

seu estudo com a citação das principais características, ou seja: são tributos

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comuns; seu fato gerador é o exercício regular do poder de polícia ou o uso de

serviço público específico e divisível, prestado ao contribuinte ou colocado à

sua disposição; não pode ter base de cálculo ou fato gerador de imposto como

também não pode ser calculada em função do capital das empresas; por serem

tributos comuns, podem ser cobradas pela União, Estados, Distrito Federal e

Municípios, no âmbito de cada atribuição; o interesse predominante deste

tributo é o público, por isso ela (a taxa) é tema de direito público, isto é,

obrigatória. No preço predomina a interesse privado, o direito é privado, pois

não é impositivo, uma vez que decorre das leis econômicas do mercado.

Como parte mais prática e lúdica do estudo, é interessante

passar aos discentes que discute-se na doutrina se o pedágio teria as

características do preço ou da taxa. Os argumentos a favor do enquadramento

como preço são de que só paga o pedágio quem quer usar a ponte ou estrada

e que o uso não é obrigatório pois a pessoa pode tomar outro caminho, com

por exemplo ir para Niterói sem usar a ponte. No entanto, quando administrada

pelo Estado, seria preço público; mas quando a administração e a cobrança

forem transferidas para concessionário, teria todos os elementos definitórios da

tarifa.

Explicar ao aluno de direito tributário que como um dos fatos

geradores das taxas é o exercício do poder de polícia, o art. 78 do Código

Tributário Nacional dá o seu conceito como sendo atividade da administração

pública (discricionária), que limita ou disciplina liberdade em razão do interesse

público concernente à segurança, higiene, ordem costumes,

produção/mercado, atividades de concessão ou autorizadas, tranqüilidade

pública, respeito à propriedade e direitos individuais e coletivos. Ainda, em seu

parágrafo único, o referido artigo cita os casos em que o poder de polícia é

regular: quando o órgão é competente, nos limites da lei, quando se observa o

processo legal e sem abuso ou desvio de poder (apesar da atividade ser

discricionária). Pela definição de poder de polícia, entende-se que a taxa

cobrada em função de seu exercício regular é, quase sempre, um tributo de

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aplicação extra-fiscal, ora limitando direito, ora restringindo liberdade. No

entanto, o exercício do poder de polícia é, às vezes, correspondente atividade

vinculada. Para ser regular, deve ser desenvolvido em atenção à lei que o

vincula.se a atividade é discricionária, só será regular se não tiver abuso ou

desvio de poder, segundo o que dispõe o parágrafo único do artigo 78 do

Código Tributário Nacional.

Fazer com que o aluno pesquise na bibliografia do artigo 79 do

Código Tributário Nacional os seguintes conceitos de serviço público utilizado:

efetivamente (quando usufruídos); potencialmente (postos à disposição por

atividade administrativa em efetivo funcionamento); serviços públicos

específicos (os destacados em unidades autônomas de intervenção, de

utilidade ou necessidade pública); serviços públicos divisíveis (os de uso

separado); unidades autônomas de intervenção (empresas e entidades estatais

que exerçam a atividade autonomamente).

Não deixar que o aluno perceba que os impostos são muito mais

importante que as taxas, pois estas têm muita importância mais na fase de

elaboração da legislação do que na cobrança. Entretanto, para um advogado

tributarista é fundamental que domine não só a legislação como a doutrina

acerca de taxas, pois no que tange à instituição e cobrança, as atribuições da

União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios são as da

Constituição Federal, das Constituições Estaduais e Leis Orgânicas dos

Municípios ou legislação com elas compatível. É o que dispõe o art. 80 do

Código Tributário Nacional.

Para melhor ilustrar a grande discussão acerca da delimitação de

taxas e preços públicos, é fundamental, ao final do estudo deste tributo,

quando o aluno já possuir conhecimentos mais específicos sobre o assunto,

que se apresente uma jurisprudência. Para tanto, nada melhor que a súmula

do STF transcrita abaixo:

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“Preços de serviços públicos e taxas não se confundem,

porque estas, diferentemente daqueles, são

compulsórias e têm sua cobrança condicionada à prévia

autorização orçamentária, em relação à lei que as

instituiu”. (Súmula 145 do STF).

1.3.1.3. A Contribuição de Melhoria

O terceiro tributo a ser apresentado na parte teórica do curso de

direito tributário é a contribuição de melhoria. Inicialmente, da mesma forma

que os impostos e as taxas, deve-se levar ao aluno os dispositivos da

Constituição Federal de 1988 e do Código Tributário Nacional, quais sejam:

“Art. 145. A União, os Estados, o Distrito Federal e os

Municípios poderão instituir os seguintes tributos: [...] III –

contribuição de melhoria, decorrente de obras públicas.”

(Constituição da República Federativa do Brasil de 1988,

art. 145).

“Art. 81 – A contribuição de melhoria cobrada pela União,

pelos Estados, pelo Distrito Federal ou pelos Municípios,

no âmbito de suas respectivas atribuições, é instituída

para fazer face ao custo de obras públicas de que

decorra valorização imobiliária, tendo como limite total a

despesa realizada e como limite individual o acréscimo

do valor que da obra resultar para cada imóvel

beneficiado.” (Código Tributário Nacional, 1966, art. 81).

Por ser a contribuição de melhoria tributo comum, como as taxas,

deve-se frisar o detalhe de que podem ser instituídas pela União, Estados,

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Distrito Federal e Municípios. Além disso, realizar uma comparação dos artigos

145 da Constituição Federal e 81 do Código Tributário Nacional, supracitados,

em que o dispositivo constitucional manteve o fato de que a mesma deve ser

instituída para fazer face ao custo de obra pública porém suprimiu, em relação

ao Código Tributário Nacional, os seguintes detalhes: o termo “de que decorra

valorização imobiliária”; o limite global, que é a despesa realizada; e o limite

individual, que é o acréscimo de valor do imóvel. No entanto, o Código

Tributário Nacional não está revogado, no tocante a esta parte complementar

do conceito de contribuição de melhoria, segundo entendimento doutrinário.

Passar para o estudante de direito a análise da contribuição de

melhoria na Constituição Federal e no Código Tributário Nacional, concluindo

que a contribuição de melhoria tem as seguintes características: é tributo

comum; faz face ao custo de obra pública; deve ocorrer valorização imobiliária

da obra pública; tem como limite individual a valorização do imóvel; tem como

limite global a despesa realizada; e a valorização do imóvel que limita a

contribuição de melhoria deve ser resultado da obra pública; o critério eleito

pela lei para definição da contribuição de melhoria não foi o custo, mas o

benefício, isto é, da valorização do imóvel do contribuinte e, não, o do custo da

obra pública, não obstante a despesa realizada com a obra ser limite à

cobrança deste tributo; o rateio entre os proprietários não pode exceder os dois

limites, total e individual; os requisitos mínimos fixados no art. 82 do Código

Tributário Nacional são publicação do projeto, orçamento, parcela de custo a

ser financiada, zona beneficiada, fator de absorção, prazo de, pelo menos,

trinta dias para impugnação e regulamentação do processo de impugnação.

1.3.1.4 – Os Empréstimos Compulsórios

Nesse tipo de tributo deve-se observar ao estudante de direito

que empréstimo, segundo o enfoque de direito privado, é contrato celebrado

por livre vontade entre as partes onde uma delas cede alguma coisa para que a

outra tire utilidade e, em contrapartida, tenha como obrigação restituição.

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Porém, no direito tributário constitucional, conforme pode-se concluir do artigo

145 (a ser citado e analisado integralmente em sala de aula), empréstimo

compulsório, como o próprio adjetivo “compulsório” exprime, tem a

característica da compulsoriedade, representando, assim, um tributo por ser

prestação pecuniária compulsória, embora restituível. Porém, tal entendimento

não é majoritário pela doutrina, muito embora a Constituição Federal tenha

confirmado tal espécie de empréstimo, atribuindo-lhe natureza jurídica

tributária, conforme segue a citação do referido dispositivo:

“Art. 148. A União, mediante lei complementar, poderá

instituir empréstimos compulsórios:

I – para atender a despesas extraordinárias, decorrentes

de calamidade pública, de guerra externa ou sua

iminência;

II – no caso de investimento público de caráter urgente e

de relevante interesse nacional, observado o disposto no

art. 150, III, b.

Parágrafo único. A aplicação dos recursos provenientes

de empréstimo compulsório será vinculada à despesa

que fundamentou sua instituição.” (Constituição da

República Federativa do Brasil de 1988, art. 148).

Assinalar ao aluno as seguintes características do empréstimo

compulsório: a competência desta espécie de tributo é de inteira exclusividade

da União; somente a lei complementar pode criar tal espécie tributária, sendo

necessária, portanto, para sua aprovação, maioria absoluta do Congresso

Nacional; o inciso II do artigo 148 (supracitado) da Constituição Federal vincula

o empréstimo compulsório ao princípio da anterioridade (só pode ser cobrado

no ano seguinte à instituição); tal como as taxas e as contribuições de

melhoria, o empréstimo compulsório é espécie tributária vinculada à atividade

estatal (arrecadação vinculada aos gastos para atender os investimentos

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públicos e relevantes, ou à calamidade pública, a guerra externa ou sua

iminência; parte da doutrina considera imposto restituível, outra parte como

contribuição para-fiscal, sendo que ainda há os que não o julgam como tributo,

mesmo inserido no art. 148 da Carta Magna.

Seria bastante interessante, para maior domínio e compreensão

do aluno de direito, passar um pequeno histórico de política fiscal, acerca desta

espécie de tributo, pois existia antes da Constituição Federal de 1988 o art. 18,

§ 3º da Emenda Constitucional nº 1, de 17 de outubro de 1969, que autorizava

a União, nos casos excepcionais definidos em lei complementar, instituir

empréstimos compulsórios. Com isso, o Código Tributário Nacional, que é na

verdade uma lei ordinária com eficácia de lei complementar, além de prever os

casos de guerra externa e calamidade pública, em seu art. 15, III, também

previa a instituição desta espécie de tributo para os casos de conjuntura que

exigisse a absorção temporária do poder aquisitivo. Este ponto, muitíssimo

criticado na ocasião por boa parte da doutrina, combatia o fato do CTN suprir a

superveniência, exigida pela Constituição vigente, de exigência de lei

complementar. Porém, a Constituição Federal de 1988 enumerou somente

como situações que podem originar a instituição do empréstimo compulsório,

as seguintes: despesa extraordinária, de calamidade pública ou guerra externa;

e investimento público urgente de interesse nacional. Mas, na situação anterior

à Lei Maior de 1988, poderia ocorrer que o Governo pudesse combater a

inflação da procura via empréstimo compulsório, onde, através de uma redução

do poder aquisitivo do povo, controlaria a demanda e, então, o objeto da

demanda seria exportado. Com isso, o Código Tributário Nacional poderia ser

usado como instrumento de política econômica, vez que o legislador imaginou

a sociedade brasileira a consumir acima do esperado e, com o empréstimo

compulsório, a terrível e ameaçadora curva da demanda estava condenada a

manipulação.

Finalmente, passar ao aluno que, apesar da doutrina ainda

manter pontos divergentes acerca desta espécie de tributo, a Constituição

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Federal de 1988 foi bastante feliz, não pelo fato de manter o empréstimo

compulsório, mas, pelo menos, pela exclusão desta chave de ajuste automático

da política econômica.

1.3.1.5 – Contribuições Especiais

Interessante passar para o estudante de direito este tipo de

contribuição, pois diferencia-se da contribuição de melhoria, pois as chamadas

contribuições sociais são espécies tributárias conhecidas pela doutrina como

contribuições para-fiscais. Seguem as citações dos artigos 149 e 195:

“Art. 149. Compete exclusivamente à União instituir

contribuições sociais, de intervenção no domínio

econômico e de interesse das categorias profissionais ou

econômicas, como instrumento de sua atuação nas

respectivas áreas, observado o disposto nos artigos 146,

III e 150, I e III, e sem prejuízo do previsto no artigo 95, §

6º, relativamente às contribuições a que alude o

dispositivo.

Parágrafo único. Os Estados, o Distrito Federal e os

Municípios poderão instituir contribuição, cobrada de

seus servidores, para o custeio, em benefício destes, de

sistemas de previdência e assistência social.

[...]

Art. 195. A seguridade social será financiada por toda a

sociedade, de forma direta e indireta nos termos da lei,

mediante recursos provenientes dos orçamentos da

União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios,

e das seguintes contribuições sociais:

I – dos empregadores, incidente sobre a folha de

salários, o faturamento e o lucro;

II - dos trabalhadores;

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III – sobre a receita de concursos de prognósticos. [...]”

(Constituição da República Federativa do Brasil de 1988,

artigos 149 e 195).

Após a menção dos supracitados dispositivos constitucionais,

firmar que os tributos para-fiscais têm como característica principal o fato de

que o Estado não figura como sujeito ativo, porque outras entidades públicas

ou privadas tomam tal posição, tendo como exemplo os Conselhos

profissionais e a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB). Assim, as

contribuições especiais se diferencia basicamente da contribuição de melhoria,

sem levar em conta o fato gerador, por ser uma contribuição para-fiscal,

enquanto a segunda se enquadra no conceito de tributo fiscal.

Finalmente, realçar o entendimento de que os tributos ditos

fiscais têm como principal finalidade a arrecadação de recursos para os cofres

públicos, enquanto que os para-fiscais, apesar de sua arrecadação, têm como

missão básica a funcionalidade de determinado sistema ou entidade. Ou seja,

as contribuições para-fiscais, que a lei atribui natureza jurídica de tributos, têm

o objetivo de obter recursos para sustentação de encargos paralelos ao da

administração direta, ou seja, para atividades não-típicas de Estado, mas que

há interesse governamental em desenvolvê-las para o bem da sociedade.

Assim, ocorre, principalmente, com a previdência social e a seguridade social.

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CAPÍTULO II

OS CONCEITOS DA PRÁTICA ADMINISTRATIVA

A partir deste Capítulo II, inicia-se a 2ª parte do 1º semestre da

disciplina direito tributário, onde serão passados ao aluno de direito tributário os

tópicos teóricos que embasarão a prática administrativa.

No que tange à avaliação, sugere-se, além da prova escrita, uma

visita a um dos órgãos administrativos fiscais do executivo federal, estadual ou

municipal, devidamente coordenada (a visita) pelo núcleo prático-jurídico da

Instituição de Ensino, sendo o aluno devidamente encaminhado através de

ofício, o qual poderá ser feito por meio de convênio administrativo.

Após a comprovação do aproveitamento do estudante neste

semestre, estará ele preparado par enfrentar a próxima etapa, qual seja,

aquela que o preparará para a atuação no processo administrativo tributário e

no processo judicial.

2.1 – Os Princípios do Direito Tributário

Os princípios são de fundamental importância na formação do aluno de direito tributário, pois, sem estes, não há como operar na parte

prática. Assim, os mais peculiares princípios do direito tributário, os quais

contribuem para a atuação no estágio a ser realizado nos escritórios-modelos

são: o da legalidade (arts. 5º, II e 150, I da CRFB/88; E 9º, I do CTN); o da

anterioridade (arts. 150, III, b da CRFB/88 e 9º, II do CTN); o da

indelegabilidade da competência tributária (art. 7º do CTN); o da igualdade ou

isonomia (art. 150, II da CRFB/88; o da uniformidade tributária (arts. 151,I da

CRFB/88; E 10 e 11 do CTN); o da liberdade de tráfego (arts. 150,V da

CRFB/88 e 9º,III do CTN); o da irretroatividade de impostos (art. 150,III,a da

CRFB/88; e o da capacidade contributiva (art. 145,§1º da CRFB).

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A estes princípios devem ser também serem somados, a nível de

pesquisa, os princípios da não-invasão de competência (art. 151,III da

CRFB/88), da seletividade e da não - comutatividade do IPI e do ICMS (arts.

153, § 3º; e 155, § 2º I e III da CRFB/88), da exclusão do IPI da base de cálculo

do ICMS (art. 155, § 2º, XI da CRFB/88), da anulação do crédito do ICMS em

face da sua não-exigência (art. 155, § 2º, II da CRFB/88), os da generalidade,

universalidade e progressividade do imposto de renda (art. 153, § 2º, I da

CRFB/88), o que condiciona a concessão de anistia ou remissão à autorização

da lei específica (art. 150, § 6º da CRFB/88, o da não-invasão de competência

pela União para concessão de isenção (art, 151, III da CRFB/88); as

imunidades tributárias (art. 150, incisos e alíneas da CRFB/88, sendo

necessário que se firme os conceitos de incidência, não-incidência, isenção e

imunidades).

2.2 – A Obrigação Tributária

É o conceito primordial da parte fiscal para o entendimento do

aluno. Isto porque a obrigação principal envolve o dinheiro do tributo ou da

multa; enquanto que a acessória (preenchimento de guias e livros, por

exemplo), apesar de não envolver dinheiro, quando descumprida, transforma-

se em obrigação principal. Segue a citação do artigo 113 da CRFB/88:

“Art. 113. A obrigação tributária é principal ou acessória.

§ 1º. A obrigação principal surge com a ocorrência do

fato gerador, tem por objeto o pagamento de tributo ou

penalidade pecuniária e extingue-se juntamente com o

crédito tributário.

§ 2º. A obrigação acessória decorre da legislação

tributária e tem por objeto as prestações, positivas ou

negativas, nela previstas no interesse da arrecadação ou

da fiscalização dos tributos.

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§ 3º. A obrigação acessória, pelo simples fato da sua

inobservância, converte-se em obrigação principal

relativamente à penalidade pecuniária.” (Código

Tributário Nacional, 1966, art. 113 e §s 1º, 2º e 3º).

2.3 – O Lançamento

A partir de então, o estudante de direito já se sente estudando a

parte prática, vez que o instituto do lançamento é considerado pela doutrina

como de grande importância, vez que suas diversas modalidades técnicas,

quando postas em prática, produzem os mais variados efeitos jurídicos. O

entendimento do termo “constituir o crédito”, inserido no caput do art. 142 do

CTN, tem como significado “lançar”, como segue “in verbis”:

“Art. 142. Compete privativamente à autoridade

administrativa constituir o crédito tributário pelo

lançamento, assim entendido o procedimento

administrativo tendente a verificar a ocorrência do fato

gerador da obrigação correspondente, determinar a

matéria tributável, calcular o montante do tributo devido,

identificar o sujeito passivo e, sendo caso, propor a

aplicação da penalidade cabível.” (Código Tributário

Nacional, 1966, art. 142).

Passar para o aluno as 05 (cinco) partes do lançamento citadas

acima no art. 142 do CTN, quais são: verificação do fato gerador; determinação

da matéria tributável; montante do tributo; identificação do sujeito passivo; e, se

for o caso, aplicação da penalidade.

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Encerrar o tópico, assinalando, ainda, que o lançamento tributário

é vinculado porque é regrado e também obrigatório, pois não é o administrador

que decide fazê-lo, sendo ele determinado pela lei nos casos previstos.

2.4 – Capacidade Tributária Passiva

O estudante de direito terá aí a oportunidade de aprender que o

Código Tributário Nacional conceitua dois tipos de sujeito passivo da obrigação

tributária principal: o que se relaciona direta e pessoalmente com o fato

gerador, chamado de contribuinte (art. 121, I), e o substituto, que não se

envolve pessoal e diretamente no fato gerador, mas é obrigado ao tributo por

lei (art. 121, II).

2.5 – Solidariedade Tributária

Este conceito é muito proveitoso para o futuro advogado, vez que

se trata das pessoas solidárias, ou seja, as pessoas de interesse comum no

fato gerador (art. 124, I do CTN) e aquelas designadas na lei (art. 124, II CTN).

Assim, não é apenas presumível. Não decorre de convenção, mas sempre de

lei.

2.6 – Domicílio Tributário

Instituto por demais importante para o futuro advogado, eis que

nele os órgãos do poder executivo fiscal mantêm o contribuinte

cadastrado,deacordo com o art. 127 e seus incisos e parágrafos do Código

Tributários Nacional, sendo os seguintes os domicílios tributários: 1º) o de

eleição, isto é, o escolhido pelo sujeito passivo; 2º) na falta de escolha, a

residência habitual; 3º) se esta for incerta ou desconhecida, o centro habitual

de sua atividade; 4º) para as pessoas jurídicas de direito privado ou firmas

individuais, a sede; 5º) idem, mas para atos ou fatos que originaram a

obrigação, cada estabelecimento; 6º) para as pessoas jurídicas de direito

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público, qualquer das suas repartições no território da unidade tributante; 7º) se

não se puder aplicar qualquer destas regras, o lugar dos bens ou dos atos ou

fatos que originaram a obrigação; 8º) a regra anterior (7º), de novo, no caso em

que a autoridade administrativa recuse o domicílio escolhido (1º), por dificultar

a fiscalização ou arrecadação.

2.7 – Substituição Tributária

O instituto da substituição tributária deve ser passado ao aluno de

direito após o domicílio tributário, tendo sua previsão no art. 128 do Código

Tributário Nacional. Na verdade, trata-se de transferência da responsabilidade

pela dívida tributária. Porém, somente a lei, de modo expresso, pode transferir

a responsabilidade por crédito tributário a 3ª pessoa vinculada ao fato gerador.

O contribuinte pode ter, então, a responsabilidade excluída ou tê-la em caráter

supletivo total ou parcial. Contudo, a vinculação do fato gerador não é direta e

pessoal, porque se definiria, aí, a figura do contribuinte.

2.8 – Consulta

Este instituto é de grande aplicabilidade na vida profissional do

advogado, vez que se refere principalmente ao recolhimento do tributo e ao

prazo. Assim, no § 2º do art. 161 do CTN, a consulta exclui os juros, entretanto,

como bem menciona o referido dispositivo, apenas dentro do prazo legal para

pagamento do crédito.

Porém, parte da doutrina entende que a referida norma é

supérflua, tendo em vista que, após o esgotamento do prazo de pagamento, os

juros são exigíveis.

Tal exigibilidade pode ser explicada pelo fato de que o

contribuinte, buscando ganhar um maior prazo, realizar consulta inócua,

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locupletando-se com o valor que deveria ter pago no vencimento, sobretudo em

ocasiões em que a economia enfrenta o chamado processo inflacionário.

O inciso II do art. 151, do Código Tributário Nacional, justifica a

posição da doutrina, em virtude do referido dispositivo firmar que o depósito

integral do montante suspende a exigibilidade tributária.

Ademais, o Decreto nº 70.235, de 06 de março de 1972, o qual

dispõe sobre o processo administrativo fiscal, em seu Capítulo II, que

normatiza o processo da consulta, consolidando as regras do instituto da

consulta em seus artigos 48 e 49, em função das decisões de primeira e

segunda instância.

O referido decreto, visando minimizar as inúmeras dúvidas

acerca da legislação tributária, nos seus arts. 46 e seguintes, dá ao sujeito

passivo a possibilidade de realizar suas indagações acerca de fato

determinado, podendo, inclusive, formular consultas aos órgãos da

administração pública e às entidades representativas de categorias

profissionais e econômicas.

A consulta ao ser formulada, com a sua defesa, poderá ser

endossada ou não pela autoridade administrativa julgadora. Caso haja

inconformismo por parte do consulente, este poderá recorrer ao judiciário.

Entretanto, no âmbito da Secretaria da Receita Federal, os

processos administrativos de consulta serão solucionados em instância única,

de acordo com o art. 48 da lei 9.430, de 27 de dezembro de 1966, a qual

dispõe sobre o processo administrativo entre outros assuntos tributários, além

das contribuições para a seguridade social.

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2.9 – Declaração Tributária Prévia

Instituto que não pode deixar de integrar a cultura fiscal do aluno

de direito tributário, pois a declaração tributária prévia tem por base a

consciência do contribuinte, no que tange a seus deveres e o conhecimento

das sanções ocasionadas em função de suas violações, originando, daí, a

declaração.

Portanto, uma declaração em que se baseie um lançamento pode

ser apresentada pelo sujeito passivo ou por terceiro, de acordo com o que

prevê o art. 147 do CTN. No entanto, o art. 149 autoriza também, a autoridade

a lançar.

O declarante só pode modificar a declaração para reduzir o

tributo se o fizer antes da notificação e comprovando o erro.

Mas a autoridade que faz a revisão da declaração pode retificar

de ofício erros apuráveis no exame da declaração, como enganos de soma ou

aplicação de alíquota.

2.10 – Jurisdições Administrativas Tributárias

Este deve ser o último tópico a ser estudado no primeiro

semestre da disciplina direito tributário, pois já dá uma visão ao aluno a quem

recorrer administrativamente, ou seja, interpor recurso na via administrativa.

Principalmente pelo fato de que o legislador do Código Tributário Nacional, em

seu art. 100 e seus incisos, não relacionou, entre as normas complementares,

a jurisprudência dos tribunais do país. Apenas o fez com relação à

jurisprudência administrativa tributária.

As fontes secundárias são enunciadas pelo mencionado artigo do

Código Tributário Nacional e, entre elas, estão mencionadas, em seu inciso II,

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as decisões dos Conselhos de Contribuintes e Conselhos Fazendários,

incluindo, aí, os tribunais administrativos - tributários. Esta outorga de decisões

de órgão jurisdicionais -administrativos dão, aos Ministros e Secretários de

Estado, inclusive os municipais, a competência jurisdicional administrativa em

matéria fiscal, podendo eles julgar recursos dos contribuintes.

No entanto, a norma do art. 100 do CTN é bastante clara e

rigorosa quando exige que a lei confira caráter normativo às decisões dos

órgãos administrativos, singulares ou colegiados.

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CAPÍTULO III

A ADMINISTRAÇÃO TRIBUTÁRIA

Este capítulo III do trabalho sugere tópicos que serão, como início

do 2º semestre da disciplina direito tributário II (no caso, a primeira avaliação

de direito tributário II), a base para a atuação do advogado no processo

administrativo-fiscal.

Assim, este capítulo representa a primeira parte (1ª avaliação do

semestre). Sugere-se, então, a segunda visita a um órgão fazendário federal,

estadual ou municipal, com a aplicação de um relatório a ser coordenado e

orientado pelo núcleo jurídico da Instituição.

3.1 – O Poder Público na Administração Tributária

Começa aqui com este tópico a parte realmente prática do aluno de direito, vez que o Poder Público, na administração tributária, conta com

órgãos especializados, ligados às repartições fazendárias, e voltados para a

fiscalização e arrecadação dos tributos de sua competência e controle.

A fiscalização tributária é exercida pelo Poder Executivo, de

forma administrativa, incluindo atos de auditoria, verificação, análise, controle,

testes, exames de livros, documentos e operações econômico-financeiras dos

contribuintes.

A dívida ativa, por sua vez, é o lançamento de tributos atrasados,

com o respectivo registro do sujeito ativo da obrigação, realizada a cada

exercício, na conta pública chamada de “créditos a receber”.

A certidão negativa de débitos fiscais é a afirmação da não

existência de débito do sujeito passivo junto à Fazenda Pública, e será

expedida pelo sujeito ativo à vista de requerimento do interessado.

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3.2 – A Fiscalização

Esta é a parte mais delicada do programa teórico-prático da

disciplina. Assim, serão explicitados os conjuntos de órgãos, legislação e

funcionários que integram o sistema executivo de cobrança de tributos A partir

de então, o estudante de direito ficará munido dos conhecimentos mínimos

necessários para a compreensão e interpretação dos problemas relacionados

com o fisco. Para tanto, nada melhor que iniciar pela citação do artigo 94 e seu

parágrafo único do Código Tributário Nacional (CTN), “in verbis”:

“Art. 194. A legislação tributária, observado o disposto

nesta Lei, regulará, em caráter geral ou especificamente

em função da natureza do tributo de que se tratar, a

competência e os poderes das autoridades

administrativas em matéria de fiscalização da sua

aplicação.

Parágrafo único. A legislação a que se refere este artigo

aplica-se às pessoas naturais ou jurídicas, contribuintes

ou não, inclusive às que gozem de imunidade tributária

ou de isenção de caráter pessoal.” (Código Tributário

Nacional, 1966, art. 194 e parágrafo único).

Informar ao aluno que, conforme o artigo supramencionado, do

Código Tributário Nacional, a legislação regulará a competência e os poderes

das autoridades fiscais. O sujeito ativo, via de regra, é quem estabelece as

normas de competência e os poderes de seus agentes. Já o termo “legislação”

usado no dispositivo, ao invés de lei, explica-se pelo fato das normas

administrativas expedidas pelo Poder Executivo das unidades federadas,

buscando uma adaptação da generalidade das regras em razão,

principalmente, das distorções geográficas e peculiaridade dos tributos. Assim,

o artigo 195 do CTN apresentou uma quebra, para os efeitos tributários, do

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sigilo mercantil ou de bancos. O poder de fiscalizar dilatou-se, a partir deste

artigo, para as autoridades federais e locais. Os livros obrigatórios e sua base

documental devem ser conservados até a prescrição dos créditos tributários.

Deixar os estudantes levantarem questões em torno das

problemáticas dos artigos 196 a 200 do Código Tributário Nacional (CTN), para

que, de início, entendam o art. 196 do CTN, que menciona que cada legislação

tributária dirá com que termos a autoridade documentará o início do

procedimento fiscal, de cuja data começa a correr o prazo de 5 (cinco) anos

para o sujeito ativo da obrigação lançar, assim, também, sempre que possível,

o termo é lavrado em livro fiscal; fora dele, a autoridade entregará ao

fiscalizado cópia do documento, com que se estabelecerá presunção relativa

(pode ser ilidida por prova maior) de tomada de conhecimento de seu teor.

Porém, a aposição de “ciente” não constitui confissão; e a não oposição não

constitui agravante.

Com exceção das informações sobre as quais legalmente se

esteja obrigado ao segredo, o art. 197 do CTN relaciona claramente aqueles

que são obrigados a prestar informações de atividades de terceiros. A lei pode

ampliar a lista. O seu parágrafo único garante o sigilo a segredos como típicos

do confessionário ou do consultório médico, por exemplo.

O art. 198 do CTN proíbe a Fazenda Pública e seus funcionários

de prestar informações sobre situação econômica e financeira de contribuinte,

exceto em caso de mútua assistência das pessoas de direito público (na forma

da lei ou convênio, segundo o art. 199 do CTN) e requisição de autoridade

judicial.

Passar, também, por derradeiro neste tópico de fiscalização que,

mesmo sem haver delito penal, as autoridades administrativas podem requisitar

força pública em caso de embaraço e desacato, consoante o art. 200 do CTN.

Entretanto, a aplicação da força deve ser de absoluta legalidade; ao contrário,

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pode caracterizar-se o ilícito penal, particularmente a violência arbitrária, de

acordo com o que prevê o art. 322 do Código Penal, podendo também

configurar-se o excesso de exação, crime previsto no art. 316, § 1º do Código

Penal, que é a exigência de tributo ou contribuição social indevida ou emprego

na sua cobrança de meio vexatório ou gravoso não autorizado em lei, quando

devido.

3.3 – A Dívida Ativa

A expressão “dívida ativa” deve ser devidamente filtrada para o

aluno de direito, vez que trata-se de crédito para o credor; porém para o

devedor (sujeito passivo da obrigação), é a obrigação jurídica. Após tal

conceituação, passa-se para a sua interpretação como dívida tributária, não

tributária, enfim, a dívida inscrita, abrangendo a atualização monetária, juros e

mora e os encargos previstos em lei ou em contrato, de acordo com o que

dispõe a lei 4.320, de 17 de março de 1964, a qual estatui normas gerais de

direito financeiro para elaboração e controle dos orçamentos e balanços da

União, dos Estados, dos Municípios e do Distrito Federal. Já a lei 6.830, de 22

de setembro de 1980, a qual dispõe sobre a cobrança judicial da Dívida Ativa

da Fazenda Pública, também a define nos mesmos termos da lei 4320/64.

Entretanto a que será enfocada no presente trabalho é a dívida ativa tributária.

É interessante para o aluno de direito a informação de que o art.

201 do Código Tributário Nacional conceitua a dívida ativa, detalhando suas

características: provém de créditos tributários; a inscrição na repartição deve

ser regular; com o prazo para pagamento já esgotado, em relação a lei ou

decisão final; e a liquidez do crédito (determinação rígida do valor) não é

prejudicada pelo fato dos juros fluírem com o decurso do tempo.

Deve-se, ainda, sintetizar para o estudante a seqüência do

processo de cobrança da seguinte forma: a Constituição Federal estabelece a

competência tributária; a lei ordinária cria o tributo; o fato gerador ocorre; nasce

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a obrigação tributária; o sujeito ativo realiza o lançamento, o qual constitui o

crédito tributário, formalizando-o; o sujeito passivo é notificado pelo sujeito

ativo; ocorre o vencimento da obrigação; a dívida ativa é inscrita na repartição;

a inscrição é certificada; e, finalmente, ocorre o executivo fiscal. O art. 202 do

CTN dispõe sobre o procedimento administrativo da inscrição da dívida ativa,

tornando tal ato um comportamento que dá o poder de tributar, a lei ordinária

que cria o tributo, o fato gerador faz nascer a obrigação, o lançamento

formaliza o crédito, enfim, é a certidão da inscrição da dívida ativa o título de

dívida líquida e certa que autoriza o executivo fiscal.

Assim, fica mais preciso o entendimento do art. 203 do CTN,

utilizando-se da lógica, que o vício na forma de inscrição ocasiona a nulidade

da mesma juntamente com a cobrança, sanável até a decisão de 1ª instância.

Desenvolve-se o prazo à defesa, que só pode versar sobre o que se modificou.

Seguindo, também, a lógica jurídica, o artigo 204 do CTN estabelece um

privilégio do Fisco: inscrita a dívida, o ônus da prova de que a dívida não é

líquida e certa cabe ao sujeito passivo. O adjetivo “certa” diz respeito à

existência da dívida. “Líquida” significa que seu valor é bem definido.

3.4 – As Certidões Negativas

Para o prosseguimento dos estudos acerca da praticidade da

fiscalização na disciplina direito tributário, após o tópico “dívida ativa” faz-se

necessário, como complemento, uma abordagem sobre as certidões negativas,

porque a lei pode exigir que a prova de não existência de dívida tributária se

faça através deste tipo de documento, sempre expedido como houver sido

requerido e devendo ser fornecido em l0 (dez) dias do requerimento. Este

direito de obter certidão é prevista no art. 5º, XXXIV, b da CRFB/88. No Código

Tributário Nacional, a referida menção vem contida em seu art. 205.

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55

Já o art. 206 do CTN menciona as certidões que se equiparam à

certidão negativa, inclusive a de crédito tributário suspenso, além dos não

vencidos e em curso de cobrança executiva com penhora.

Contudo, para evitar decadência de direito, será dispensada a

prova de quitação de tributos, mas os participantes no ato respondem pelo

tributo, juros e penalidades , exceto a de responsabilidade pessoal do infrator,

consoante o art. 207 do CTN.

O funcionário que expedir certidão negativa com fraude e dolo (e

erro contra a fazenda pública), conforme o art. 208 do CTN, é responsabilizado

pessoalmente pelo crédito e juros, sem ser excluída sua responsabilidade

criminal e funcional.

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CAPÍTULO IV

A PRÁTICA ADMINISTRATIVA E FORENSE

Finalmente, este capítulo IV do trabalho é dedicado à parte da

prática administrativa e forense. Como o planejamento prevê a atuação no

núcleo jurídico somente no semestre que se sucede, prevalecerão nesta

segunda parte da disciplina de direito tributário II as simulações em grupo em

atuações nos processos administrativo-fiscal e nos processos judiciais.

Para tanto, tais atuações exigem um estudo acerca das

jurisprudências administrativas e judiciais, o que leva a se projetar para a

segunda avaliação da disciplina de direito tributário II, objetivando uma visão

geral acerca do aprendizado dos tópicos apresentados nos quatro capítulos

deste trabalho, constituindo-se de uma prova escrita e um trabalho prático em

grupo, a ser apresentado em sala de aula, simulando atuações em processos

administrativos e judiciais, além de simulação, ainda, pelos grupos de atuação

de fiscais de renda em supostas empresas, com autuações e aplicação de

multas pecuniárias, de acordo com a legislação, utilizando-se em todos os

trabalhos os cálculos ensinados nesta etapa do curso, nas mínimas noções de

matemática financeira.

4.1 – Noções Superficiais de Matemática Financeira e

Contabilidade Fiscal

Não poderia passar em branco este tópico, vez que é o suporte

para o raciocínio de um advogado que, porventura venha a atuar em lides

administrativas e judiciais, vez que, na maior parte das vezes, este profissional

não pode se valer da presença de um especialista em cálculo para auxiliá-lo,

principalmente em audiências de instrução e julgamento, quando nem sempre

o preposto da empresa é qualificado para indicar se há interesse ou não em um

determinado ponto de um acordo ou quando o contribuinte é pessoa física,

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situação em que o advogado se vê na obrigação de esclarecer ao cliente as

vantagens e desvantagens de certos consensos ou acordos.

Assim, como embasamento inicial para as noções de matemática

financeira, vale trazer a citação de Frank Ayres Júnior, de sua obra

“Matemática Financeira”, devidamente traduzida pelo Professor Gastão Quartin

Pinto de Moura, acerca da definição de pagamentos parciais, “in verbis”:

“PAGAMENTOS PARCIAIS

Os compromissos financeiros são, por vezes, satisfeitos

por uma série de pagamentos parciais ao longo do prazo

do compromisso, ao invés de o ser por um pagamento

único na data do vencimento. O problema é, então, achar

a soma devida na data do vencimento, quando foi

efetuado um conjunto de pagamentos parciais.” (AYRES,

Frank Jr., Matemática Financeira: tradução de Gastão

Quartin Pinto de Moura. São Paulo, McGraw-Hill do

Brasil, 1978)

Quanto à parte de noções de contabilidade, propõe-se, para

realçar seu grau de importância, uma citação inicial acerca do conceito de

contabilidade, indicando-se, como referência, a obra “Contabilidade

Introdutória” da Equipe de Professores da USP, seguindo-se “in verbis”:

“A contabilidade é metodologia especialmente

concebida para captar, registrar, resumir e

interpretar os fenômenos que afetam as

situações patrimoniais, financeiras e

econômicas de qualquer ente.” (Equipe de

Profs. USP. Contabilidade Introdutória. São

Paulo, Atlas, 1980, pág. 21).

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Portanto, deve-se firmar o conceito de juros simples e compostos,

razão e proporção, além dos principais índices que norteiam o fisco, como a

UFIR, por exemplo. Além disso, como ilustração importante, apresentar ao

estudante de direito a relação contábil de uma empresa, que diz respeito ao

seu ativo, passivo e patrimônio líquido, com a equação de equilíbrio (ativo +

passivo = patrimônio líquido) e a noção de capital de giro próprio de uma

empresa. Alguns exercícios práticos poderão ser apresentados em sala de

aula, com participação de grupos e simulações de cálculos, sem que seja

exigido em prova tais conhecimentos, mas que se faça entender pelo futuro

advogado que eles serão de grande valia na sua futura atuação em

contenciosos administrativos e judiciais.

4.2– O Processo Administrativo-fiscal

É o último tópico propriamente teórico, mas que fornece

embasamento para a atuação dos trabalhos práticos a serem realizados em

sala de aula. Para tanto, o aluno de direito deve tomar conhecimento que as

Fazendas Públicas, federal, estadual e municipal têm o seu respectivo

contencioso tributário e, algumas, inclusive, o seu regulamento próprio.

Para uma maior abrangência dos cursos de direito em todo o

país, visando uma uniformidade inter-regional, este trabalho toma como

exemplo a Fazenda Pública Federal, cujo processo na área administrativa está

regulamentado pelo Decreto nº 70.235, de 06 de março de 1972, o qual dispõe

sobre o Processo Administrativo Fiscal. Tal norma, apesar de ser

regulamentada por um decreto, possui força de lei, tornando-se o contencioso

administrativo tributário na esfera federal.

Assim, todo processo fiscal tem que vir precedido de um

aperfeiçoamento e progresso da Administração Tributária, buscando adaptar os

princípios, institutos e funções do Sistema Tributário Nacional aos objetivos

propostos, possibilitando a integração fisco-contribuinte.

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59

Como já programado no trabalho para o estudo no semestre

anterior, o estudante de direito tributário II já possui o conhecimento de que a

ocorrência do fato gerador determina o surgimento imediato da obrigação

tributária. A seguir, o sujeito ativo toma providências através do procedimento

administrativo denominado lançamento, onde se determina a matéria tributável,

calcula-se o montante devido e identifica-se o sujeito passivo, para que haja

meios de cobrá-lo. Assim, feito o lançamento, fica o crédito tributário

constituído e formalizado.

Entretanto, se o sujeito ativo não concordar com o lançamento do

tributo, discordância essa que pode se dar tanto pela ocorrência do fato quanto

pela sua imputação como sujeito passivo, então terá o direito constitucional de

discutir, em razão do princípio da ampla defesa e do contraditório, em processo

judicial e administrativo, de acordo com o previsto no art. 5º, LV da Constituição

Federal de 1988. A discordância poderá ocorrer, também, quanto aos cálculos

efetuados pelo fisco. Em razão de tudo isso, surge o que se denomina

contencioso tributário.

Mas a discussão em torno do crédito tributário pode se

desenvolver tanto na esfera administrativa quanto na judicial. O sujeito passivo,

geralmente, inicia com a sua defesa por via administrativa e, quando indeferida

e totalmente esgotada, recorre à judicial, podendo recorrer diretamente a esta.

4.3 – O Processo Judiciário Fiscal

Esta é a parte que exige muito conhecimento do advogado, vez

que este profissional é que examinará se há possibilidade jurídica de impetrar

ação contra o Poder Público ou se o melhor é ingressar na via administrativa,

porque esta não é pré-requisito para ingresso na via judicial, conquanto que a

esta pode-se recorrer diretamente.

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Há necessidade de demonstrar as jurisprudências judiciais mais

recentes ao aluno de direito, para que o mesmo adquira os conhecimentos

necessários para atuar com desempenho nas lides judiciais.

As Varas de competências são as Fazendárias, mas é o

processo civil que o rege. Sendo assim, é importante passar tal entendimento

para o aluno de direito, isto é, que, apesar do direito tributário constituir-se em

disciplina autônoma na ordem jurídica brasileira, como todos os ramos do

direito, ele se relaciona com outros ramos. Portanto, mantém ligação com o

direito constitucional, o qual é norteado pela Carta Magna; com o direito

administrativo, regulando servidores públicos, fiscalização e atos emanados;

com o direito financeiro, de onde provém; com o direito internacional público,

por suas regras alfandegárias; com o direito civil, por institutos de apoio como

domicílio e responsabilidade; com o direito empresarial, nas relações mantidas

com as empresas; com o direito processual civil, que rege os processo

judiciais; e com outros ramos que porventura necessite de suas regras para

atingir seus fins.

Enfim, o direito tributário por ter sua inclusão na Constituição

Federal em capítulo intitulado “Sistema Tributário Nacional”; por possuir

institutos e princípios próprios; e por ter uma legislação própria específica, o

Código Tributário Nacional, tem reconhecida sua autonomia. Contudo, ela é

relativa e deve ser entendida de forma didática, dogmática e estrutural, uma

vez que mantém estreita ligação com outros ramos do direito.

Como parte lúdica, sugere-se o ensaio em sala de aula de um

contencioso judicial com atuação de grupos de estudantes, onde

representantes de um grupo poderiam fazer a vez do juiz de direito e do

promotor público, enquanto outro grupo poderia atuar como procuradores da

Fazenda Pública litigante e um outro como advogado de uma empresa (pessoa

jurídica) ou pessoa física (contribuinte individual). Então seriam apresentados

pelas partes, defesa (advogado e procuradores) jurisprudências

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administrativas e judiciais, com as respectivas peças (documentos) que

compõem o processo, seguida de decisões interlocutórias e sentenças, estas

baseadas em jurisprudências judiciais.

Muito interessante que ao aluno de direito, que chega a este

ponto maior no domínio do direito tributário, seja revisto o conceito de que o

contribuinte pode ingressar diretamente na via judicial, entretanto, os órgãos

fazendários aplicam o previsto no inciso XXXV do art. 5º da CRFB, ou seja, não

poderá mais ingressar na via administrativa. Assim, prevê Pedro Diniz em sua

obra “ICMS do Rio de Janeiro – comentado”, “in verbis”:

“O ingresso do interessado em Juízo, postulando matéria

contida em processo administrativo-tributário, originário

da aplicação do disposto no artigo 220 deste Decreto-Lei,

importará em renúncia ao direito de recorrer na esfera

administrativa e desistência de recurso acaso interposto.

(art. 227)

Aqui se aplica o princípio da proteção judiciária, previsto

no inciso XXXV do art. 5º da CF, que afasta o poder de

fazer coisa julgada na instância administrativa. Quando o

interessado optar pelo ingresso em Juízo, fica

caracterizada a renúncia ou desistência dos recursos

administrativos.” (DINIZ, Pedro. ICMS

do Rio de Janeiro – comentado. Rio de Janeiro, Editora

Ferreira, 2007, pág. 457).

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62

CONCLUSÃO

Na atual dinâmica mundial, envolvendo economias globalizadas,

os sistemas tributários necessitam de constantes aprimoramento e

atualizações objetivando eficiência econômica, administração simplificada e

justiça social. O rol de tributos é importante, mas não encerra o assunto, vez

que do outro lado há de existir um conjunto de instituições, regras e práticas

tributárias, incorporando princípios coordenados e sólidos institutos, a exigir,

cada vez mais dos legisladores um conhecimento aprofundado, o que, como se

sabe, o requisito para tal não é o técnico, mas a escolha democrática, através

do voto.

A princípio, visando um suporte mais político que técnico, os

políticos primam pelo princípio da capacidade contributiva, onde o Estado deve

repartir a carga tributária levando-se em conta as possibilidades econômicas

dos seus habitantes, de acordo com o art. 145, § 1º da Constituição da

República Federativa do Brasil de 1988. Porém, também buscam harmonizar

tal princípio com os interesses dos empresários, o que causa a normatização

do direito tributário bastante eclética. Então, o ensino da disciplina torna-se

árduo, o que desestimula os docentes a buscarem especializações nesta área.

Assim, com este quadro, quase toda legislação que envolve o

Sistema Tributário Nacional é realizada através de tratados e interesses mais

políticos que econômicos, judiciais e, até mesmo, sociais. Isto torna o estudo

do direito tributário bastante complexo, com normas confusas e frágeis,

obrigando uma formação mais apurada dos futuros operadores de direito, como

os juízes, procuradores e advogados. E o que é pior, sabe-se que a grande

oferta de cursos de direito em instituições de ensino superior faz com que a

qualidade dos docentes seja abaixo do razoável. Para tal situação, Selma

Garrido Pimenta, em sua obra “Docência no Ensino Superior” (2002) afirma

que a atividade profissional de todo docente possui uma natureza pedagógica,

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vinculando-se a objetivos educativos de formação humana e a processos

metodológicos e organizacionais de construção e apropriação de saberes e

modos de atuação.

Em complemento aos conceitos pedagógicos de Selma Pimenta,

Maria Eugênia Teixeira Cassoni e Vitorio Cassoni, autores da obra “Processo

Tributário: teoria e prática”, demonstram a exata necessidade do conhecimento

do processo tributário, sendo sua leitura e/ou consulta indispensável para

qualquer aluno de direito ou iniciante na advocacia ou magistratura.

Mas, ao contrário do quadro caótico que perdura nas

Universidades, o ensino superior deve fornecer conhecimentos, estimulando a

formação crítica do sujeito, a pesquisa, a problematização das questões

relacionadas ao contexto social na qual estamos inseridos e a preparação para

o mercado de trabalho.

Em contrapartida, as Escolas de Direito que integram as diversas

instituições de ensino superior em todo o país, não primam pela formação de

um advogado que, sequer, tem a chance de conhecer esta parte importante de

sua profissão, ou seja, os contenciosos tributários fiscais, administrativo e

judicial. Isto pode ser constatado com os pouquíssimos processos impetrados

nas Varas Fazendárias, em relação ao número de contribuintes inscritos em

dívida ativa. Assim, o que este trabalho propõe é uma reflexão que atinja a

busca de uma maior praticidade no ensino do Direito Tributário nas

Universidades, ao invés da disciplina ser passada através de simples estudos

de conceitos superficiais.

Porém, este trabalho não quer se intitular como monografia

padrão para um curso de direito tributário, que faça frente a uma formação

mínima que dê ao futuro advogado a chance de poder se aprofundar nos

estudos da legislação fiscal. Mas, sim, como uma voz no sentido de preencher

um vácuo em que contribuintes tenham para si o princípio da ampla defesa

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frente ao poderoso Estado, quando se trata de litígio fiscal, pelo fato de que,

ainda na prática, advogados e defensores públicos, em sua maioria, não

conhecem e não atuam com o desempenho necessário em tais demandas.

Portanto, para o primeiro semestre do curso de direito seriam

apresentadas as primeiras definições; e no segundo, as definições que

embasariam a prática, com trabalhos em sala de aula, além de conhecimentos

superficiais de cálculos – razão, proporção, juros simples e compostos e

noções de ativo, passivo, patrimônio líquido e capital de giro próprio –

conceitos esses de grande proveito para os futuros advogados tributaristas.

Aos dois semestres, sugere-se que seja aplicado, aos que

optassem pelo ramo, um estágio de 06 (seis) meses em núcleos jurídicos ou

escritórios conveniados com as instituições de ensino, para atuação nos

contenciosos fiscais, administrativo e judicial.

No entanto, há alguns profissionais que, pesquisando por conta

própria conseguem prosperar no ramo, contudo, há os que ainda, por uma

certa discriminação ao direito tributário, o coloca em um plano não muito

importante nas Universidades, não estimulando o estudo mais aprofundado e

as pesquisas científicas e, de forma não inteligente, colocando a disciplina em

um segundo plano, sempre com a alegação que a matéria depende de outros

ramos do direito. Para estes conservadores, os quais só apostam no direito civil

e no direito penal como carros-chefes de um curso de direito, vale a pena

fechar o trabalho com a citação do ilustre doutrinador Ruy Barbosa Nogueira,

que confirma a autonomia do direito tributário, distinguindo a autonomia

didática da autonomia científica, levando os docentes a uma reflexão, acerca

da importância das faculdades de direito do país na formação do advogado

tributarista:

“Toda vez que uma parte do Direito passa a ser estudada

autonomamente, por necessidade científica, por

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diferenciação de princípios, é que podemos realmente

falar de um ramo novo, porque existe u’a matéria a ser

estudada por métodos próprios, constituindo então um

sistema de normas jurídicas regidas por princípios

diferentes dos princípios que regulam outros ramos

jurídicos.” (NOGUEIRA, Ruy Barbosa. Curso de Direito

Tributário. Rio de Janeiro: Saraiva, 1995, p.34).

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de Moura. São Paulo, McGraw-Hill do Brasil, 1978.

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BRASIL. Código Tributário Nacional, 1966.

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CASSONI, Maria Eugênia Teixeira & CASSONI, Vitorio. Processo Tributário:

teoria e prática. 5ª edição. São Paulo: Atlas, 2004.

COELHO, Sacha Calmon Navasco. Sistema Tributário: Comentários à

Constituição de 1988. Rio de Janeiro: Forense, 1990.

DINIZ, Pedro. ICMS do Rio de Janeiro – comentado. Rio de Janeiro: Editora

Ferreira, 2007.

Equipe de Profs. USP. Contabilidade Introdutória. São Paulo, Atlas, 1980,

pág. 21.

FÜHRER, Maximilianus Cláudio Amélio & FÜHRER, Maximilianus Roberto

Ernesto. Resumo de Direito Tributário. 11ª edição. São Paulo: Malheiros, 2002.

MACHADO, Hugo de Brito. Curso de Direito Tributário. São Paulo: Malheiros

Editores, 2004.

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MARTINS, Ives Gandra da Silva. Sistema Tributário na Constituição de 1988.

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MEIRELLES, Hely Lopes. Direito Administrativo Brasileiro. São Paulo:

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MORAES, Bernardo Ribeiro de. Compêndio de Direito Tributário v.1 e v.2. Rio

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NOGUEIRA, Rui Barbosa. Curso de Direito Tributário. 17ª ed., São Paulo,

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TORRES, Ricardo Lobo. Curso de Direito Financeiro e Tributário. Rio de

Janeiro: Renovar, 2004.

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de Janeiro: Renovar, 1999.

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ÍNDICE

FOLHA DE ROSTO 2

AGRADECIMENTO 3

DEDICATÓRIA 4

RESUMO 5

METODOLOGIA 6

SUMÁRIO 8

INTRODUÇÃO 9

CAPÍTULO I

A FORMAÇÃO DOUTRINÁRIA 11

1.1 – O primeiro conceito a ser trabalhado: sistema 12

1.2 – O histórico do sistema tributário nacional 14

1.3 - O sistema tributário nacional 17

1.3.1 – Os tributos 20

1.3.1.1 – Os impostos 25

1.3.1.2 – As taxas 33

1.3.1.3 – A contribuição de melhoria 36

1.3.1.4 – Os empréstimos compulsórios 37

1.3.1.5 – As contribuições especiais 40

CAPÍTULO II

OS CONCEITOS DA PRÁTICA ADMINISTRATIVA 42

2.1 – Os princípios do direito tributário 42

2.2 – A obrigação tributária 43

2.3 – O lançamento 44

2.4 – Capacidade tributária passiva 45

2.5 – Solidariedade tributária 45

2.6 – Domicílio tributário 45

2.7 – Substituição tributária 46

2.8 – Consulta 46

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2.9 – Declaração tributária prévia 48

2.10 – Jurisdições administrativas tributárias 48

CAPÍTULO III

A ADMINISTRAÇÃO TRIBUTÁRIA 50

3.1 – O poder público na administração tributária 50

3.2 – A fiscalização 51

3.3 – A dívida ativa 52

3.4 – As certidões negativas 55

CAPÍTULO IV

A PRÁTICA ADMINISTRATIVA FORENSE 56

4.1 – Noções superficiais de matemática financeira e

Contabilidade fiscal 56

4.2 – O processo administrativo-fiscal 58

4.3 – O processo judiciário-fiscal 59

CONCLUSÃO 62

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 66

ÍNDICE 69

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FOLHA DE AVALIAÇÃO

Nome da Instituição:

Título da monografia:

Autor:

Data da entrega:

Avaliado por: Conceito: