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Confronto Doutrinário Autor: João de oliveira Editora: CPAD

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CONFRONTO DOUTRINÁRIO

João de Oliveira

Digitalizado por: Ale.vera Santos

Editado e Revisado por: Escriba Digital

Page 3: Confronto Doutrinário

Índice

Prefácio..........................................................................................4

Apresentação..................................................................................5

Introdução......................................................................................6

1. É bíblica a vocação ministerial do pastor...................................8

2. A ordem divina quanto ao sustento do pastor..........................12

3. Bebedores de vinho..................................................................16

4. O uso do véu à luz da Bíblia....................................................20

6. Coletas, dizimes e ofertas.........................................................30

7. Como e quando deve alguém ser batizado...............................34

8. A oração - como e quando deve ser feita.................................38

9. É bíblica a confissão de pecados em público...........................44

10. A única regra que rege a igreja..............................................51

11. Pecado, arrependimento e perdão..........................................58

12. O pecado fora do corpo..........................................................63

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Prefácio

"Confronto Doutrinário", que o leitor tem diante dos olhos, não é uma obra volumosa, destinada a comentar assuntos que requerem esclarecimentos mais amplos.

Contudo, este livrinho esclarece muitos pontos doutrinários com os quais o cristão se defronta diariamente e que, por parecerem tão simples, nem sempre se lhes dá a interpretação certa.

O autor escolheu um determinado número de assuntos para interpretá-los à luz da palavra de Deus, e o fez de forma prática e clara, de maneira a ajudar o leitor a entendê-los com a simples leitura das páginas deste livro.

Emílio Conde

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Apresentação

Não era minha intenção, quando saíram d luz os primeiros artigos sob a epígrafe "Confronto Doutrinário”, torná-los um livro. Recebi, porém, incentivo da parte de vários colegas de ministério, para que fossem os referidos trabalhos publicados em um livro.

Assim, animado por esses apelos, resolvi, pela graça de Deus e após o preparo de novos capítulos, lançar o presente trabalho como boa semente na seara, esperando do Senhor os resultados.

Confio em que Deus abençoará este livrete, a fim de que sirva para esclarecimento de muitos, e para glória do nome do nosso Mestre.

O autor

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Introdução

Têm surgido ultimamente no campo do evangelismo muitos entraves e perturbações causados pelo que, na Palavra de Deus, é chamado de outra doutrina (1 Tm 6.3). Essas anomalias são oriundas de um conjunto de erros introduzidos por falsos doutrinadores das verdades bíblicas (1 Tm 1.20; 4.1-4; 2 Tm 2.14-18; Tt 1.9-15).

O mais lamentável é que, às vezes, até mesmo alguns crentes sinceros, por causa dessas irregularidades, chegam ao estado de desespero e ficam desapontados a ponto de vacilarem quanto à fé e galardão que há em Cristo (2 Jo 2.8). Felizmente isso não acontece com todos: aqueles que estão em Cristo, a Rocha dos Séculos, não se abalam, pois, acerca deles está escrito que as portas do Inferno não prevalecerão contra eles (Mt 16.18).

O apóstolo Paulo, já nos primórdios do cristianismo, teve de lutar contra esses perturbadores, designados por "bestas", "cães", "falsos obreiros", e "falsos apóstolos", o que demonstra cabalmente o seu caráter (1 Co 15.32; 2 Co 11.13; Fp 3.2).

Portanto, não é de admirar que em nossos dias surjam pessoas com as mesmas características e sentimentos perturbadores.

Com a Bíblia aberta, não teremos dúvida em responder aos que desejarem, sinceramente, receber luz, esclarecendo-os sobre todos os pontos errados, doutrinas esdrúxulas e textos em que os falsos doutrinadores se apóiam para semearem suas idéias.

Paulo declarou que ao servo do Senhor não convém contender, e que devemos ser pacientes com todos, prontos a ensinar. Por essa razão, desejamos não contender, mas ensinar e

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esclarecer, conforme determina a Palavra do Senhor (1 Co 11.16; 1 Tm 4.6).

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É bíblica a vocação ministerial do pastor

"Cada um fique na vocação em que foi chamado" (1 Co 7.20).

O primeiro ponto que desejamos focalizar é o do título. Seja qual for o ponto de vista que os homens defendam com relação à vocação do obreiro, a chamada ministerial é genuinamente bíblica, tem apoio tanto no Antigo como no Novo Testamento, que mostram pessoas que deixaram tudo para obedecerem à vocação divina e dedicarem suas vidas inteiramente ao serviço do Senhor, quer se tratasse de profetas, reis ou sacerdotes (Êx cap. 3; Nm cap. 17; 1 Rs 19.18-21; Is 6.6-9). No Novo Testamento, a chamada dos servos de Deus está colocada num plano mais claro, pois é ordenada por Cristo diretamente aos seus discípulos, conforme se lê em Mateus 10.10; Lucas 10.2,3; João 21.15-17; Efésios 4.11; Hebreus 13.7-17. Portanto, a vocação do obreiro, isto é, do ministro, está apoiada na Palavra de Deus; por essa razão é bíblica; é certa à luz da Bíblia.

É bom saber que essa vocação, essa chamada para o ministério do Evangelho vem do próprio Deus e é sentida pelo vocacionado, que é conduzido e guiado pelo Espírito Santo (At 13.1-4; 1 Tm 1.12; 3.2; 4.6). Não é exagero afirmar-se que onde não há pastor, aí há somente meio ministério, pois faltando a parte principal, o ministério está incompleto.

A vocação de pastor depende do Senhor, pois nenhum de nós pode vocacionar outrem como pastor ou evangelista, porque o dom e a vocação vêm de Deus. Podemos consagrar ao ministério homens em quem reconhecemos a chamada divina, porém esse ato não transforma tais pessoas em pastores, ou evangelistas,

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automaticamente. O dom e a vocação que faz um verdadeiro pastor não é o ato exterior de consagração ao ministério, é o preparo que Deus outorga, é a graça e a unção que o Senhor concede. A própria Palavra de Deus declara que o Senhor mesmo "deu uns para apóstolos, e outros para profetas, e outros para evangelistas e outros para pastores e doutores" (Ef 4.11). Tudo isso de conformidade com o que está escrito: "Há diversidade de ministérios" (1 Co 12.5).

Quanto ao êxito, isto é, consagração e dedicação à causa do Senhor, pertence ao obreiro propor em seu coração realizar, fazer a parte que lhe toca, voluntariamente, ama vez que Deus cumpre o que promete. O exemplo que temos na Bíblia, a começar p r Aarão, é de que o servo vocacionado dedica-se e esforça-se para cumprir fielmente o ministério que lhe foi confiado. Consagração quer dizer separação para determinado fim; neste caso, separação é dedicação inteira e completa ao serviço do Senhor. Ora, não se compreende que alguém se consagre à obra de Cristo e permaneça preso e embaraçado com as coisas desta vida, isto é, com assuntos alheios ao ministério (2 Tm 2.4).

Conforme acima citamos, há diversidade de ministérios. Essa diversidade, porém, é o complemento de uma obra, pois não existe diversidade para os servos de Deus se prejudicarem uns aos outros.

O pastorado é um cargo distinto do presbítero. O presbítero pode auxiliar no pastorado. No Antigo Testamento, os anciãos auxiliavam Moisés na tarefa de conduzir o povo, mas não prescindiam da presença e do ministério de Moisés.

Portanto, à luz da Palavra de Deus, o ministério de pastor é bíblico, a vocação de pastor é bíblica, a chamada é bíblica, enfim, foi o Senhor quem "deu uns para profetas..., pastores", etc. Tudo isso está de acordo com a doutrina apostólica, de acordo com os

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ensinos de Pedro e os demais apóstolos, e ninguém pode contestar estes fatos com a Palavra de Deus.

Infelizmente, em muitos lugares, estão se manifestando idéias e interpretações errôneas acerca do pastorado. Há presbíteros que, desconhecendo a verdadeira doutrina, levantam-se contra o ministério do pastor, depreciando a autoridade divina, querendo usurpar o lugar do pastor, sobrepondo-se a qualquer autoridade na igreja. Tais pessoas laboram em erro, estão em desacordo com os ensinos da Bíblia, a qual mostra que cada ministério tem seu lugar definido. Portanto, confrontando essas doutrinas com a Palavra de Deus, torna-se evidente que o ministério de pastor é bíblico, é uma instituição divina e tem a aprovação de Deus, mesmo que alguns desordenados se insurjam contra isso. Devemos desejar um ministério completo, de acordo com as Escrituras. O apóstolo Pedro disse: "E quando aparecer o sumo Pastor, alcançareis incorruptível coroa de glória" (1 Pe 5.4). Ora, é lógico que, se há um sumo pastor, é porque há outros pastores, se assim não fosse a linguagem bíblica seria diferente. Ainda para reforçar este confronto de doutrinas e demonstrar que é bíblico o que afirmamos, leiamos mais o que está escrito: "Obedecei a vossos pastores" (Hb 13.17). Não é possível supor que alguém tenha dúvida ou creia que aqui se trata do sumo Pastor; não, trata-se pura e simplesmente daqueles que Deus vocacionou, chamou e colocou na igreja para apascentarem o seu rebanho. Neste confronto, fiquemos com o que ensinam as Escrituras.

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2 A ordem divina quanto ao

sustento do pastor

“Digno é o obreiro do seu salário" (1 Tm 5.18).

O segundo ponto do confronto doutrinário que estamos apresentando é o do titulo. A Palavra de Deus é muito clara a esse respeito, quando diz: "Digno é o obreiro do seu salário" (1 Tm 5.18).

O assunto de que tratamos neste capítulo merece um esclarecimento maior, por ser de caráter controvertido, principalmente entre certos grupos evangélicos que não aceitam o ministério nem o pastorado na igreja tal qual é ensinado nas Escrituras. Para combaterem o ministério do pastor, tais pessoas se apóiam em alguns fatos e na forma como o apóstolo Paulo procedeu em relação aos coríntios, sem, entretanto, atentarem para o modo como agiu com outras igrejas. A fim de não ser pesado aos coríntios, isto é, para favorecê-los, teve de receber de outras igrejas, quiçá mais necessitadas. Paulo mesmo declarou aos coríntios, ao sentir o espírito mesquinho e avaro de alguns: "Outras igrejas despojei eu para vos servir, recebendo delas salário" (2 Co 11.8). Eis aí a reprovação do apóstolo ao egoísmo e à avareza de alguns da igreja de Corinto, em cujo exemplo se baseiam aqueles que rejeitam o sustento do pastor pela igreja. Portanto, saibam esses que Paulo não apoiou tal ensino nem o apoiaria em nossos dias.

O apóstolo recebeu salário de outras igrejas para servir aos coríntios. A declaração que ele fez, condenando-lhes a atitude de

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recusarem sustento aos obreiros, atinge também os desordenados que, em nossos dias, possuem o mesmo espírito.

- Acaso não basta essa declaração tão explícita de Paulo para provar que o obreiro é digno de sustento?

O argumento que apresentam os que não concordam no sustento do ministério da igreja é que o obreiro deve trabalhar e ganhar o pão com suor e esforço. - Ora, acaso o trabalho de pastor, o seu constante interesse pela igreja, sua atividade incessante para atender a tudo e a todos, não é ama função espinhosa e dura a de suportar? Às vezes não é só o suor, são também as lágrimas, o preço que o obreiro paga para servir a Deus e à igreja (1 Co 9.26,27; Fp 2.17).

Note-se que Paulo, nesse caso de sustento de obreiros, não louvou os coríntios; ao contrário, censurou-os. - Como, então, proceder contra o ensino do apóstolo para justificar a recusa de sustento ao obreiro? Quando Paulo expressou seu pensamento acerca desse assunto em 1 Coríntios 9.6, deixou perceber que na igreja de Corinto a avia obreiros remunerados. Esse pensamento mais se acentua nos versículos 12 e 13 onde ele declara ter o mesmo direito que outros têm de participar do sustento.

Se Paulo não recebeu sustento dos coríntios, foi por causa da dureza e cegueira de alguns, mas teve de receber salário de outras igrejas, teve de despojá-las para cuidar dos coríntios.

"Outras igrejas despojei eu para vos servir, recebendo delas salários", foi o que Paulo disse aos coríntios, quando alguns manifestaram certas objeções. Essa declaração não deixa qualquer dúvida quanto aos ensinos de Paulo acerca do sustento do obreiro, e é completada por esta outra: "Assim ordenou o Senhor aos que anunciam o Evangelho que vivam do Evangelho" (1 Co 9.14). Não há argumentos nem suposições que destruam o que Paulo

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ensinou. Se acaso Paulo não usou do direito que tinha de viver do Evangelho, por causa da dureza de alguns, contudo, não cessou de recomendar e ensinar que o obreiro é digno do seu salário (Mt 10.10-12; Lc 10.7; 2 Tm 2.4-6; Tt 3.13).

Por outro lado, o obreiro deve ocupar-se inteiramente do seu ministério e consagrar-se ao serviço para o qual foi chamado: essa é a vontade de Deus, porque agrada àquele que o chamou e está de acordo com o que Paulo recomendou a Timóteo: "Ninguém que milita se embaraça com os negócios desta vida, a fim de agradar àquele que o alistou para guerra" (2 Tm 2.4). Ora, aquele que se alistou para a guerra tem de dedicar sua atividade a esse mister: não se pode ocupar com atividades estranhas. Assim também o obreiro cristão: alistou-se para servir a Deus, não deve dedicar-se a outros ministérios para não prejudicar a causa de Cristo. Portanto, assim como o soldado recebe o sustento para servir, o obreiro deve ser sustentado, a fim de poder dedicar-se inteiramente à obra do Senhor.

O apóstolo Paulo usa uma comparação para ilustrar e ensinar que o obreiro é digno de viver do seu trabalho, isto é, de receber o sustento. Escrevendo a Timóteo, disse: “O lavrador que trabalha deve ser o primeiro a gozar dos frutos" (2 Tm 2.6). Com isso, Paulo queria dizer que o obreiro que trabalha tem direito a gozar do fruto de seu trabalho.

A ordem do Senhor ao povo de Israel foi no sentido de trazer mantimentos à sua casa. É claro que a ordem visava à abundância para aqueles que ministravam no templo, pois Deus nada toma para si. Quando o povo deixou de obedecer à ordem do Senhor, os sacerdotes deixaram o templo e foram trabalhar com suas próprias mãos (Ne 10. 38,39: 13.10,11). Isso aconteceu porque faltou o sustento aos obreiros, aos sacerdotes, aqueles que ministravam. Por fim, mais uma comparação do apóstolo para

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mostrar que o obreiro deve receber seu sustento: “Não ligarás a boca do boi que debulha" É claro que Paulo se referia aos obreiros.

Portanto, no confronto bíblico das doutrinas que alguns desordenados pregam, é claro que a Palavra de Deus esclarece o que muitos procuram obscurecer.

Portanto, não há dúvida quanto ao sustento dos obreiros ser doutrina bíblica. Deus mesmo ordenou isso. Jesus Cristo confirmou e os apóstolos proclamaram. De acordo com o que está escrito, digno é o obreiro do seu salário.

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Bebedores de vinho

Não vos embriagueis com vinho, no qual está a devassidão" (Ef 5.18).

A abstinência é uma das grandes virtude proclamadas nas Escrituras e os filhos Deus devem cultivá-la, para obedecer ao que está escrito, e para honra e glória do Senhor (l Co 9.25).

O homem ou a mulher que persiste em beber vinho, quando alguém condena biblicamente essa bebida e aponta os males que pode causar, constitui-se advogado dos seguidores de Baco. Argumentam erradamente que a Bíblia não condena o uso de vinho, e que nela há exemplos de uso dessa bebida, e dizem, que o crente deve usar o vinho como parte de sua alimentação; alegam que Jesus Cristo transformou água em vinho, e que o apóstolo Paulo aconselhou Timóteo a usar um pouco de vinho misturado com água, por causa de enfermidade do estômago (1 Tm 5.24). Esses fatos não podem, todavia, ser considerados uma porta aberta à embriaguez. Convém conhecer, também, os trechos bíblicos que condenam o uso do vinho como bebida forte. Só depois de um confronto é que se deve julgar se é lícito ou é perigoso acostumar-se a beber vinho.

A Bíblia condena o uso do vinho como geralmente é usado: com elevado teor alcoólico; há vários tipos de vinhos, mas os advogados do uso dessa bebida não querem ver a distinção que há entre vinho e vinho. Todos sabem que o vinho é fruto da vide, e pode ser conservado sem o álcool que embriaga. O suco da uva, isto é, o vinho sem fermentação, é alimento: não embriaga, não faz mal, não prejudica nem altera o estado mental do homem.

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Esse é o vinho que alegra o coração do homem (SI 104.15) - contentamento natural pela colheita abundante; não se trata de embriaguez.

Entretanto, o vinho como bebida forte e perturbadora é condenado nas Escrituras como veremos a seguir: "Mas também estes erram por causa do vinho, e com bebida forte se desencaminham; até o sacerdote e o profeta erram por causa da bebida forte são absorvidos pelo vinho" (Is 28.7; Os 4.11). "O vinho é escarnecedor, e a bebida forte alvoroçadora; e todo aquele que neles errar, nunca será sábio" (Pv 20.1; 23.20,30,35; Is 5.20-22; 23.29,30).

A advertência da Palavra de Deus é no sentido de nos afastarmos da bebida forte, a fim de não sermos arrastados à ruína. Conheço casos de pessoas que começaram por tomar um pequeno cálice para "curar a gripe", mas o resultado foi à ruína.

Mas vejamos ainda o que a Palavra de Deus insiste em declarar: "Não é próprio dos reis. ó Lemuel, não é próprio dos reis beber vinho, nem dos príncipes desejar bebida forte" (Pv 31.4). No versículo acima, estão incluídos reis, príncipes, juízes, sacerdotes, sábios e fariseus: eles não deviam beber bebida forte, a fim de conservarem sempre lúcidas as faculdades de julgar, pensar e agir. Os cristãos estão incluídos nessa recomendação, pois eles também possuem certas responsabilidades, que é necessário honrar. Tratando-se de obreiros de evangelho, é claro que se devem abster de tudo quanto possa toldar a mente e impedir a comunhão com Deus. O vício é pecado e todo o pecado é iniqüidade (Is 59.2; 1 Jo 3.4).

O apóstolo Paulo inclui os bebedores na lista de pecadores, sobre os quais depois escreveu: "Os que cometem tais coisas não herdarão o reino de Deus" (G1 5.21). Ora, se a Palavra de Deus

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declara que os obreiros devem ser exemplo dos fiéis, é claro que não devem usar tais coisas (1 Tm 3.3-8; 4.12; Tt 1.7).

No dizer do profeta, "a incontinência, o vinho e o mosto tiram a inteligência "(Os 4.11). - Ora, se o vinho tolda a inteligência, como se justifica seu uso? Tenho ouvido alguns se justificarem desta forma: "Eu bebo moderadamente, com temperança". Mas tenho observado que tais pessoas não raro se embriagam, apesar de afirmarem que bebem com método.

A primeira maldição que pesou sobre a terra foi causada pela desobediência, isto é, pela transgressão à ordem divina, no É-den, mas a segunda que a Bíblia registra, foi por causa do vinho (Gn 9.20-26).

Neste confronto doutrinário poderíamos acrescentar muitos outros argumentos da Bíblia em contraposição ao uso e costume de alguns que vivem desordenadamente. Entretanto, apenas mais um para encerrar o assunto deste capítulo: o rei Belsazar e seus grandes, num banquete, em Babilônia, beberam vinho, embriagaram-se, perderam a razão, deram louvores aos ídolos e Deus ali mesmo lavrou a sentença de condenação desses beberrões (Dn 5.1-31). A bebida forte não prejudica somente aqueles que bebem: prejudica e desgosta os pais, é um mau exemplo para os filhos; a bebida causa desgraças, incomoda vizinhos. é um mal para a sociedade, é uma ameaça para todos. Para o Evangelho, é desonra e vergonha, e causa de tristeza sem fim. Os prejuízos econômicos que a embriaguez impõe são elevados. Saúde abalada, dinheiro desperdiçado, famílias arruinadas, vidas inutilizadas é o balanço trágico do holocausto oferecido ao deus Baco, o vinho. Apenas uns poucos lucram na transação: o taberneiro, Satanás e o Inferno. Foi por isso que Isaías fez esta lamentação: "Ai da coroa de soberba dos bêbados (Is 28.1). A alegria produzida pelo vinho dura pouco, porém os

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males que causa perduram pela eternidade, pois o fim dos bebedores é fora do Céu (1 Co 6.9,10). A recomendação da Palavra de Deus é essa: “Não vos embriagueis com vinho, em que há contenda, mas enchei-vos do Espírito (Ef 5.18).

Que Deus nos guarde do vício e do vinho! Amém.

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4 O uso do véu à luz

da Bíblia

“Pois o cabelo lhe é dado [à mulher] em lugar do véu!" (1 Co 11.15).

O véu é uma das muitas peças do vestuário feminino; foi muito usado nos tempos antigos entre os orientais, e ainda o é no tempo atual.

Na Inglaterra e nos países do Norte da Europa, o que predomina entre as mulheres é o uso do chapéu, até mesmo no sentido religioso, como sinal de respeito.

Lendo atentamente a Palavra de Deus, encontramos que a primeira mulher a usar véu foi Sara, mulher de Abraão; quem a aconselhou, foi Abimeleque, isso como advertência, a fim de evitar certos abusos (Gn 20.16).

O véu também era usado na presença de pessoas estranhas, como sinal de respeito (Gn 24.65; Ct 5.7).

Contudo, o uso do véu, no tempo presente não pode ser feito dogmaticamente como procedem alguns julgando que, dessa forma, estão em melhores condições espirituais do que aqueles que não usam um pedaço de pano sobre a cabeça. Para tratar deste assunto seria necessário ir muito longe, a fim de demonstrar àqueles que dogmatizam acerca do véu que há muitas coisas que as mulheres no Antigo Testamento usavam, mas que hoje ninguém mais usa. O véu era usado de outra forma, para cobrir o rosto também. - Será que alguém usará o véu dessa forma, hoje? Se escolhemos somente uma peça do vestuário antigo e

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desprezamos o restante, parece-nos que pouco valor terá, senão como ornamento.

Quando o apóstolo Paulo falou acerca do véu, no sentido doutrinário, ele o fez como sinal de obediência e submissão da mulher ao marido; esse sentido se percebe claramente nas seguintes frases: "A mulher é a glória do varão" (1 Co 11.7); "Deve a mulher ter o sinal de autoridade sobre a cabeça por causa dos anjos." Tudo isso tem um fundo doutrinário muito apreciável pois os anjos estão em plena sujeição e nada fazem sem permissão de Deus (por isso estão com os rostos cobertos - Is 6.3). Assim, também, deve a mulher trazer o sinal de sujeição sobre sua cabeça - pois estando ela descoberta, desonra o próprio marido, ao qual a mulher está ligada com inteira submissão e obediência (Rm 7.1-3; Ef 5.22-24; 1 Pe 3.1-6).

- Mas qual seria, então, a situação da mulher solteira, visto não ter marido para desonrar? Argumentará alguém: Neste caso, certamente trata-se do próprio Cristo. O texto, porém, não dá margem a essa interpretação. Paulo aqui trata exclusivamente da mulher casada. Até mesmo no Antigo Testamento, quando a mulher fazia um voto, só era obrigada a cumpri-lo quando o marido era informado e consentia que a mulher o fizesse (Nm 30.6-8).

Se alguém quiser argumentar que Cristo e a cabeça da mulher, está em desacordo com a Palavra de Deus, que diz mui claramente ser Cristo o cabeça do varão, por isso sua cabeça não pode ser coberta. Entretanto, sendo o homem cabeça da mulher, então a cabeça dela deve estar coberta por causa do marido. O que parece contradição no ensino de Paulo é exatamente a harmonia do ensino. Por exemplo, no versículo 13 ele diz: "Julgai vós mesmos: é decente que a mulher ore a Deus descoberta?" Mas no versículo 14 faz alusão ao cabelo, dizendo: "Não ensina a própria

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natureza que se o homem tiver cabelo crescido, é para ele desonra?" Entretanto, o complemento do assunto está neste versículo: "Mas se a mulher tiver cabelo comprido, é para ela uma glória, pois o cabelo lhe foi dado em lugar de véu" (1 Co 11.15).

Notem bem o que o apóstolo declara: "O cabelo lhe foi dado em lugar de véu" (1 Co 11.15).

- Ora, se à mulher foi dado por Deus o cabelo em lugar de véu, por que não deve ela dar preferência ao legítimo véu: o cabelo, o véu que, além de honroso, é uma glória?

Neste confronto doutrinário desejamos fique bem claro o que a Palavra de Deus diz acerca dos assuntos que focalizamos em contraste com os costumes e tradições sem apoio bíblico. Se a mulher tem o cabelo como véu que valor terá diante de Deus um pedacinho de pano no alto da cabeça, tal qual fazem os povos pagãos? Temos a certeza de que em muitos casos usam o véu porque é costume, costume ensinado pelos homens, mas não têm convicção do que estão fazendo. Melhor que tudo é obedecer ao que está escrito, honrar a Palavra, usar cabelos em sinal de obediência e fé, conforme doutrina o apóstolo Paulo.

No Brasil, as mulheres em geral desconhecem o uso do véu, a não ser algumas da alta sociedade, assim mesmo não fazem por motivos religiosos, mas por questões de moda, adicionando-o ao chapéu para ficar mais vistoso. O véu, tal como alguns o usam com fins religiosos, e que em certos casos é tão pequeno, que nem cobre a cabeça, não pode dar qualquer virtude ou santidade, pelo contrário, pode até encobrir pecados horrendos. (Ver Gênesis 38.14,15.)

O cabelo da mulher é parte indispensável de seu ornamento, foi-lhe dado como um "diadema de glória" pelo Criador. E, também, como já dissemos, sinal de submissão.

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Quando Maria, irmã de Lázaro, ungiu os pés do Senhor Jesus, certamente não trazia um pano na cabeça, pois se o tivesse, com ele enxugaria os pés do Senhor, e não com os cabelos, como aconteceu. Igualmente fez a mulher pecadora: em vez de enxugar os pés do Mestre com um véu de pano, fê-lo com o "véu" natural: o próprio cabelo.

Portanto, neste confronto, fica demonstrado que santidade não vem pelo uso ou aplicação de ornamentos exteriores, cobrindo a cabeça com um pano, mas cobrindo o coração com a fé, com um espírito manso, com o sangue de Cristo (1 Pe 3.3-6).

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O cristão e o ósculo

"Saudai a todos os irmãos com o ósculo santo"; "Permaneça o amor fraternal" (1 Ts 5.26; Hb 13.1).

Queiramos ou não, somos forçados a reconhecer que, para existir a união fraternal, nada é mais necessário do que o amor: nenhuma manifestação exterior, seja ósculo, seja lá o que for, pode substituir o amor.

A vida vitoriosa dos primitivos cristãos foi exemplificada pelo amor, e de tal maneira, que o odor de Cristo espalhou-se por toda a parte: alcançou a Roma dos Césares, e conquistou as multidões. Note-se que era o amor, e não os atos exteriores de ósculo ou outros quaisquer, que prendia os corações.

Paulo fez esta observação acerca dos crentes primitivos: "Porquanto ouvimos da vossa fé em Cristo Jesus e do amor que tendes para com todos os santos" (Cl 1.4). Note-se que era o amor que sobressaía, era 0 amor que dava testemunho: não eram os costumes exteriores. Um costume pode esconder alguma coisa, mas o amor nada encobre, tudo revela. O amor cristão é luz.

O amor não guarda só para si, mas beneficia e reparte com os outros: dá-se a si mesmo (G1 6.6).

A maior força espiritual na igreja é o amor; o amor equilibra todas as coisas em Cristo. O perdão divino está baseado no amor de Deus (Jo 3.16) e aquele que é perdoado, também ama (Lc 7.47).

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Portanto, examinando qual a nota predominante na vida da igreja primitiva, constatamos que era o amor, e não este ou aquele costume. A perda do amor representava a perda de tudo, embora alguém conservasse algum costume exterior: "Lembra-te de onde caíste" - é a admoestação àqueles que perdem o amor (Ap 2.5).

Infelizmente, em nossos dias, como em todos os tempos, há os que pretendem dar mais valor às manifestações exteriores do que à existência do amor. É uma anomalia que entrou em algumas comunidades cristãs assim como entram outros erros doutrinários.

Através da história da Igreja, verificamos que alguns usos antigos entraram como bagagem, e agora são matéria dogmática, quando, na verdade, não passam de costumes de ordem puramente exterior e sem qualquer valor espiritual. Entre alguns grupos de cristãos, quem não faz uso beijo, não tem amor. Para esses, o ósculo é lei, é ordem, é dogma que deve ser usado em todos os cultos, em todas as reuniões: é lei, por isso têm de se beijarem uns aos outros.

Entretanto, há uma verdade que todos devem conhecer: À luz da Palavra de Deus pode existir ósculo sem amor, assim com pode haver, o que é mais importante, o amor sem ósculo. Em muitos casos, o que vimos entre os que usam o "ósculo santo" não passa de um ato sem valor, pela forma superficial como é aplicado. Em algumas reuniões, são os moços ricos e de boa aparência os candidatos a essa forma de saudação, da mesma forma que o são as jovens posses e bem trajadas. As pessoas idosas feias e pobres, que esperem, e, às vezes, só de longe. E, mesmo assim, tratam o óculo dado de pouca vontade, de "ósculo santo".

Num confronto com a Bíblia, em certos casos, o ósculo não fica muito bem acentuado. Há o exemplo daqueles que tinham o beijo nos lábios e a traição no coração. No caso de Joabe e

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Amassa, um beijo precedeu à morte pela espada (2 Sm 20.9,10). O caso de Judas é do conhecimento de todos: um beijo precedeu a traição (Lc 22.47).

- De que vale o ósculo como saudação, se logo após se engana o próximo, se são enganados os irmãos? Muita iniqüidade há escondida nos corações de certas pessoas que usam o beijo como saudação. Aos tais, o apóstolo trata de falsos irmãos (2 Co 11.26).

Num confronto entre o amor e o ósculo, não há paralelo, o ósculo não resiste ao menor exame: pode ser usado para encobrir traições e despeito, ao passo que o amor atravessa as adversidades, retribuindo o bem àqueles que procedem mal.

O ósculo, apesar de ser bíblico, é, como se vê, um costume da época em que viveram os primitivos cristãos. Naturalmente que era usado sem o costumeiro abuso, mas simplesmente entre os familiares, quando se despediam para longas viagens, como algumas famílias o fazem ainda hoje. Nas poucas referências que encontramos nas Epístolas, quando diz: "Saudai-vos uns aos outros com o ósculo santo" tem o mesmo sentido de uma saudação nossa, quando escrevemos a pessoas íntimas e pedimos para dar um beijo nas crianças e um abraço neste ou naquele. (Ver Romanos 16:16; 1 Coríntios 16.20; 2 Coríntios 13.12; 1 Tessalonicenses 5.26; 1 Pedro 5.14.) Como se vê, o ósculo não tem a força de lei que alguns lhe querem dar: não há nas referências das Epístolas qualquer mandamento ou dogmatismo: era simplesmente uma referência afetuosa.

- Sendo assim, de que vale o ósculo sem amor? Que significação tem um ato que se pratica unicamente por tradição? De nada vale, em confronto com o amor. O que tem valor na vida espiritual, no dizer de Paulo, é o amor (1 Co 13.1-8). O amor não faz mal ao próximo, mas o ósculo pode fazer.

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O autor destas linhas, em certos casos de despedida ou chegada de longas viagens às vezes, faz uso do ósculo, pois não há inconveniente nisso. Entretanto, estabelecer o uso e generalizá-lo na igreja como lei ou dogma, isso é coisa diferente: a Bíblia não autoriza impor-se esse costume, embora a família cristã, em casos especiais, o possa usar, sem dele abusar.

Seria ir longe com este assunto, se quiséssemos continuar confrontando os costumes de outrora, mas perguntamos: por que os defensores de certos costumes não usam todos os costumes que havia na igreja primitiva? Por que não vendem suas propriedades e dão o produto à igreja? Por que não se vestem de túnica e turbante como era costume naquela época, em vez de se trajarem de acordo com a última moda? Por que não usam a mesma forma de barba e cabelo que se usava naquele tempo? Tudo isso eram costumes menos prejudiciais do que o beijo.

- Por que escolher o que mais agrada? Gostaríamos que os apologistas do ósculo conhecessem as regras perfeitas de higiene que havia entre os judeus, em contraste com a série de enfermidades infecciosas e contagiosas de nossos dias. Entre eles não havia qualquer perigo ou suspeita de contágio; o cuidado que a lei exigia para a conservação do corpo, proibia muitas vezes qualquer contato com outras pessoas ou animais (Lv caps. 14 e 15). Hoje, o que se vê é de horrorizar.

Se as condições daquele tempo não fossem de tanta segurança para a saúde; se fossem como atualmente, certamente o apóstolo não teria permitido o uso do ósculo.

Mas além dos males de ordem moral que o ósculo pode encobrir, além dos já mencionados e registrados na Bíblia, há ainda o de Absalão,. que se revoltou contra o próprio pai, Davi. Para furtar o coração do povo, beijava todos quantos dele se aproximavam. É claro que muitos julgavam tratar-se de um

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"príncipe amoroso" porém o ósculo escondia falsidade e traição (Ver 2 Samuel 15.5,6).

Quando Paulo fez menção do ósculo santo, é claro que foi para traduzir seu afeto por todos a quem se dirigia, e não para encontro forçado de rostos, coisa que tratam de ósculo santo! O ósculo, como já dissemos, pode traduzir boas ou más intenções; pode ser reverente ou profano, fictício ou real, porém mais clara que tudo é esta recomendação do apóstolo, não acerca do óculo, mas em relação ao amor. "Permaneça o amor fraternal" (Hb 13.1).

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Coletas, dízimos e ofertas

“Trazei todos os dízimos à casa do tesouro”; “e o depositavam aos pés dos apóstolos” (Ml 3.10; At 4.34).

No presente capítulo trataremos de um assunto por alguns muito combatido – dízimo, coletas e ofertas. Infelizmente, o ensino sobre contribuir tem sido desprezado por uns, combatido por outros, mas aceito pela maioria.

Mas até mesmo entre nós há obreiros que entraram por caminhos diferentes no que respeito ao ensino sobre contribuição para o trabalho, abstendo-se de tirar coletas em cultos públicos, temerosos de escandalizarem os avarentos e os desobedientes à fé.

Desejamos acentuar, neste confronto doutrinário, que coletas, dízimos e ofertas são as formas de contribuição usadas em nossas igrejas, ensino genuinamente bíblico praticado tanto no tempo dos patriarcas e profetas como também entre os apóstolos. Não desejo estender-me sobre o dízimo, pois o espaço é pequeno; mas se alguém deseja conhecer mais sobre isso, pode adquirir uma obra sobre mordomia cristã, que trata do assunto.

Apenas falaremos acerca de coletas - se podemos fazê-las publicamente na congregação e se têm apoio nas Escrituras.

No que diz respeito às ofertas, de acordo com o que encontramos na Bíblia, não se trata de dízimos. Oferta diz respeito a uma contribuição extra, independente do dízimo, isto é, uma dádiva de gratidão que se oferece a favor do trabalho. Na Bíblia encontramos estas três palavras de que estamos tratando: dízimos, ofertas e coletas. Dízimo é a décima parte do que se

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ganha e que é entregue ao legítimo dono, que é o Senhor, o possuidor de tudo. Oferta, como já explicamos, é uma contribuição à parte, além do dízimo. Coleta é a forma de recolher dízimos, ofertas, ou qualquer espécie de donativo. O que estamos focalizando é o fato de saber se é bíblica a forma pública das coletas. Embora alguns julguem a forma sem importância, nos tempos da igreja primitiva tinha importância (1 Co 16.1-3).

No Antigo Testamento, o ato de coletar, arrecadar os valores para a manutenção do trabalho, era feito publicamente (Ver Êxodo 25.1-9; 35.5,20-29; 36.6,7; 2 Reis 31.1-7). Seria longa a lista das referências que poderíamos citar para demonstrar que o ato de receber, coletar ou arrecadar era público.

- Ora, se à luz das Escrituras todas as formas de contribuição eram públicas, a não ser nos casos de ofertas que o ofertante fizesse em caráter particular, como pode alguém escandalizar-se por serem as coletas feitas publicamente?

No Novo Testamento temos o exemplo daqueles que vendiam até as propriedades e traziam o valor delas e o depositavam aos pés dos apóstolos, de forma pública, à vista de todos. Se tais coisas acontecessem em nossos dias, muitos se escandalizariam com a liberdade ou com o ato público da oferta, mas naquele tempo não havia esses ensinadores desordenados. Maior escândalo é colocar dinheiro no bolso de alguém que o recebe e finge que não sabe de nada.

Jesus Cristo não ordenou que fizéssemos coletas às ocultas; ensinou, isso sim, que o fizéssemos com singeleza e sinceridade (Lc 21.1-4).

Quando Jesus estava diante do Gazofilácio do templo, onde se faziam coletas públicas, não criticou a forma, criticou a intenção, o espírito com que os ricos ofertavam. O fato de todos

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verem as duas pequenas moedas da viúva e as dos ricos, prova que a coleta era um ato público, e não há qualquer palavra de reprovação por parte de Jesus.

O apóstolo Paulo, na recomendação aos coríntios, escreveu: "Ora, quanto à coleta que se faz para os santos, fazei vós também o mesmo que ordenei às igrejas da Galácia (1 Co 16.1). Ora, lendo-se com atenção o que o apóstolo recomenda, verifica-se que as coletas eram periódicas e nada tinham de reservado, eram recomendadas publicamente, nas cartas a serem lidas em público.

Somente aqueles que começam a declinar da graça é que encontram desculpas para não contribuírem, e, por isso, escandalizam-se com as coletas públicas, entram então no caminho mesquinho do le-galismo dogmático, e dizem que tudo é contrário à Palavra de Deus.

Ora, aquele que entra por semelhante caminho tem o coração endurecido, é ava-rento; o que não dá publicamente também não contribui de forma particular. Entretanto aqueles que contribuem liberal, generosa e publicamente, recebem bênçãos de Deus e concorrem para que aumentem as ações de graças entre os salvos.

A ordem do Senhor é esta: "Trazei todos os dízimos à casa do tesouro... à minha casa" (Ml 3.10).

- Se nos dias apostólicos as ofertas, dízimos, etc., eram depositadas aos pés dos apóstolos, de forma pública, por que não deve a igreja, hoje, seguir o exemplo: receber ofertas e dízimos publicamente? Os argumentos daqueles que são contrários a contribuição, não resistem a um confronto doutrinário à luz da Palavra de Deus.

Portanto, os cristãos devem continuar a atribuir, dar, ofertar ao Senhor, com alegria e louvor (2 Co 8.5).

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Que o Senhor nos ajude a contribuir, com graça e pela graça! Amém.

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7 Como e quando deve alguém ser batizado

Ide fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo"; "os que receberam a Palavra foram batizados" (Mt 28.19; At 2.4).

É evidente que o batismo deve ser ministrado aos que são crentes em Cristo Jesus, aos que receberam a Palavra de Deus, aqueles que se tornaram discípulos. Um discípulo é um aprendiz, um aluno matriculado na escola espiritual e, para ser discípulo, necessita de espírito de renúncia (Lc 14.25-33). Na escola espiritual, o aluno adquire mais e mais conhecimento do caminho do Senhor, conforme se pode ler em Mateus 28.20; Colossenses 1.28 e 2 Timóteo 3.14-17.

Primeiramente vejamos quem deve ser batizado. É assunto claro na Bíblia que o candidato ao batismo deve ser um crente, aquele que deu o passo inicial de fé, que publicamente aceitou a Cristo e deseja continuar recebendo mais do conhecimento espiritual.

Temos vários exemplos na Bíblia para ilustrar o assunto. Um dos mais salientes é o do eunuco: "Indo eles pelo caminho, chegaram a um lugar onde havia água, então ele disse: Que me impede de ser batizado? Filipe porém respondeu: É lícito, se crês de todo o coração!" (At 8.36,37). Também temos o caso de Cornélio, que creu no Senhor ao ouvir a Palavra de Deus. Ele recebeu o batismo com o Espírito Santo, e em seguida foi batizado juntamente com todos os que creram (At 10.44-48). Naturalmente, há exceções a anotar, há candidatos que logo após aceitarem Jesus estão aptos a serem batizados; mas a maioria tem

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de esperar certo tempo para adquirir conhecimento e convicção mais profunda.

O caso de Simão, referido em Atos 8.9-13, é um exemplo. Talvez se ele tivesse esperado mais um pouco, teria adquirido maior convicção espiritual, porém assim não sucedeu. Portanto antes de batizar aqueles que vêm do mundanismo idolátrico e das práticas ocultas (espiritismo, etc. deve-se aguardar algum tempo, a fim de darem eles realmente um testemunho de verdadeira fé no Senhor.

É um crime espiritual o fato de batizar nas águas uma pessoa que não possui conhecimento bíblico nem convicção do pecado; é falta grave batizar aqueles que bebem, fumam, e dão mau testemunho do Evangelho.

Pode acontecer que pessoas sejam batizadas sem estarem preparadas para isso. Essa falta pode ser nossa, por negligência e descuido na observação que fazemos; por isso é bom estarmos sempre atentos.

E conveniente esperar que os candidatos saibam o que vão fazer. Melhor que a precipitação é orar pelos candidatos e instruí-los no caminho.

O batismo é um ato de obediência, e ao mesmo tempo capacita o crente a tornar-se ativo do corpo visível de Cristo, a Igreja. O batismo não é para salvar, como alguns supoem. O batismo é, na verdade, uma ordenança que faz parte da salvação, mas não salva; o que salva é o batismo de regeneração e renovação pelo lavatório do Espírito Santo (Tt 3.5); no dizer de Pedro, é a indagação duma boa consciência diante de Deus (1 Pe 3.21). O que salva é a graça e a fé em Cristo (Ef 2.8).

Para que se é batizado. - Somente pelo arrependimento ou para a fé em Cristo? O batismo ordenado por Jesus é diferente do

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batismo de João Batista, pelo seguinte: João Batista batizava para arrependimento. (Ver Mateus 3.11; Marcos 1.4.) Esse batismo era preparatório para esperar aquele que vinha - o Cristo! Tanto assim que o batismo de João Batista não teve ordem sucessória. Nesse caráter, sem elemento de fé, esse batismo findou com a morte do Batista. Isso é claro em Atos 19.1-7. Portanto batismo do Batista foi para esperar o Cristo; foi especialmente uma ordem para os judeus e para os gentios (prosélitos). Porém o batismo ordenado por Jesus Cristo foi diferente. Além de exigir arrependimento, é também uma ordem de fé para os que crêem em seu nome. O batismo de João era da Antiga Dispensação, válido até a morte do Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo. Mas o batismo da ordem evangélica, ordenado por Jesus Cristo, é para os que crêem em seu nome e o aceitam por Salvador (Mt 28.19; Lc 24.47; At 10.43).

No batismo, o candidato declara sua fé na morte expiatória do Cordeiro, tendo já deixado o mundo, tudo, enfim (Rm 6.1-6).

Portanto, é claro que não se deve batizar qualquer pessoa que desconheça estes princípios, mas só aquelas que, publicamente, alcançaram testemunho de fé em Cristo de acordo com a Bíblia. (Ver Atos 8.35-39)

Quando devem ser batizados. Ninguém está a altura de marcar limite ao batismo; contudo sempre vemos sinais visíveis na conversão de alguém, após o arrependimento e convicção do pecado. (Ver Lucas 19.7-18). O caso do eunuco está enquadrado nesta exigência, pois ele alcançou testemunho pelo Espírito Santo (At 8.37).

No confronto com a Palavra de Deus, cremos haver respondido às três teses apresentadas.

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1) Quem deve ser batizado. O discípulo que deseja mais e mais receber as verdades evangélicas, e que dá prova desse desejo ( Ler Atos 2.41.)

2) Porque ser batizado. O batismo é para um Testemunho público de obediência e fé ao nome de Jesus Cristo. (Ver Mateus 3.15).

3) Quando se deve receber o batismo. É assunto por demais claro na Bíblia, que o batismo deve ser ministrado quando a consciência é despertada pela convicção plena do pecado (At 2.37-41.)

A Palavra de Deus esclarece que o batismo somente deve ser ministrado aos que morreram para o pecado (Rm 6.2) e se uniram, pela fé, a Jesus (v. 5), aqueles sobre os quais não mais reina o pecado, porém Cristo.

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8 A oração - como e

quando deve ser feita

“Encheu toda a casa em que estavam assentados" - "Orai sem cessar." (At 2.2; 1 Ts 5.17).

-A ração é um dos assuntos magnos da doutrina bíblica e não se compreende cristianismo sem oração. A oração é a única via de comunicação do homem com os céus. A oração é a válvula de respiração da alma, isto é, o veículo através do qual a alma recebe a vida do Espírito.

É bom lembrar que todos os heróis da Bíblia foram homens de oração; foram heróis de oração, pela qual mantiveram íntima comunhão com Deus.

Alguém classificou a oração como sendo a mais linda arte espiritual. De fato, se é permitido tratar a oração de arte, então não há dúvida de que é a verdadeira arte divina. A oração é também uma arma poderosa e eficiente na guerra espiritual.

Há um sem-número de coisas que prejudicam e impedem a oração; dentre elas podemos citar:

a) A desobediência (Dt 1.4; 1 Sm 14.37,38).

b) O pecado oculto - o mal em embrião no coração (SI 68.18).

c) O indiferentismo (Pv 1.28).

d) O desprezo à Palavra (Pv 21.9).

e) A falta de misericórdia (Pv 21.13).

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f) As mãos criminosas (Is 1.15).

g) A obstinação (Is 7.13).

h) A iniqüidade (Is 59.2).

i) A inconstância (Tg 1.6,7).

O que parece incomodar algumas pessoas é a forma de orar, isto é, como se deve orar. Porém, conforme acima declaramos, o que perturba e impede a oração, são motivos de ordem moral e espiritual; a forma ou posição do corpo não é o fator que prejudica a oração. Na Bíblia não há regra estabelecida para orar: se de joelhos, se em pé, se assentado, se prostrado. - Portanto, se não há exigência, por que condenar aqueles que oram na mesma posição que nós o faremos? Teremos nós maior autoridade do que a Bíblia para exigir que a oração somente deve ser feita de joelhos? Se fomos ensinados assim, e se nos sentimos bem orando de joelhos, continuemos a fazê-lo; porém não nos assiste o direito de impor aos outros a mesma forma de orar, já que a Bíblia não determina esta ou aquela forma.

Mesmo que pareça estranho a alguns, devemos declarar aqui que no dia de Pentecoste quando o Espírito Santo desceu num som como de um vento impetuoso e encheu toda a casa em que estavam assentados, Deus com isso não os condenou, ao contrário, confirmou o seu beneplácito, dando-lhes a bênção.

Pagãos, budistas, maometanos, e outros oram prostrados. A Bíblia ordena "Orai sem cessar!", sem determinar se de joelhos assentado, prostrado ou em pé. - Se eu sentir necessidade de orar em espírito, enquanto estou andando ou viajando, por que não devo fazê-lo?

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Não é a posição que determina a aceitação ou a rejeição da oração: "A um coração purificado da má consciência, Deus não desprezará" (SI 51.17; Hb 9.14; 1 Jo 1.7).

Nas Escrituras encontramos homens e mulheres de vida consagrada, orando de várias formas: Abraão, orando em pé diante de Deus (Gn 18.22); Moisés, orando em pé (Êx 17.11; 1 Sm 1.12). No Evangelho de Lucas 2.27-32, na apresentação da criança no templo, tudo indica que oravam em pé: pela lógica, a referência do versículo 37 indica que Ana devia estar sentada e não de joelhos.

O próprio Senhor Jesus, conforme se lê no Evangelho de João 11.14, estava em pé, quando orou, e Lázaro saiu do sepulcro; no mesmo Evangelho, capítulo 17 quando Jesus proferiu a formosa oração, tudo indica que estavam em pé. O apóstolo Pedro, quando orou pelo coxo que esmolava à porta formosa, fê-lo em pé (At 3.6). A Bíblia também registra outras formas de oração:

Orando de joelhos (Ef 3.14).

Orando sentados (At 2.2).

Orando prostrados em terra (Mt 26.39: Mc 14.35).

Orando com o rosto entre os joelhos (1 Rs 18.42).

Orando deitado (SI 4.1-4). Aqui usa a forma de oração consultiva: Davi orou sentado diante do Senhor (2 Sm 7.18).

Neste confronto de textos bíblicos com o costume de alguns que aprenderam uma forma de orar, e julgam ser essa a única e verdadeira, concluímos que ninguém tem autoridade para impor ou dogmatizar acerca da forma de oração. O que ora em pé, não pode julgar o que ora de joelhos; o que ora de joelhos não critique o que ora em pé. Quer seja sentado, em pé ou de joelhos, se a

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oração for sincera, será aceita por Deus. A postura na oração não deve ser motivo de vangloria de uns sobre outros, mesmo porque a Bíblia não especifica posição para orar.

Orar caracteriza-se como questão íntima e espiritual e ninguém pode impedir outrem de orar como deseja. A ordem bíblica é orar sem cessar, sem outra exigência não ser orar no Espírito, orar com o coração puro, orar em sinceridade, orar sempre.

Façamos, pois, como a Bíblia ensina e não como ensinam os homens, sem terem perfeito conhecimento da Bíblia.

Orai sem cessar, orai em todo o tempo, orai não por formalidade, mas por necessidade; orai para serdes ouvidos por Deus, e não para agradar aos homens; orai da forma que puderdes, mesmo que estejais deitados no leito, pois Deus não é injusto para desprezar a oração do enfermo que não se pode erguer.

Há tempos, quando escrevemos sobre as formas de orar, alguém, após nos haver lido, ficou um tanto embaraçado em relação ao que está escrito em 2 Samuel 7.18 e nos Salmos 4.1-6; 77.6, onde se menciona Davi orando deitado e sentado.

A pessoa a que nos referimos achou impossível orar em tais posições, diante do Senhor. Entretanto o que está escrito é exatamente o que afirmamos, pois é a seguinte a declaração de Davi: "Consultei no meu leito" (SI 4.1-4); "Consultei com meu coração..." (SI 77.6). Ora, tratando-se de uma pessoa que está diante do Senhor para o consultar, pedir e receber, é claro que tem de suplicar.

Orar é suplicar, pedir é falar; quem consulta a alguém, fala com esse alguém. -Como pode alguém consultar sem falar? Logo, se Davi, no leito, consultava a Deus, estava falando com Deus.

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Essa é a dedução lógica. Outros homens de Deus também oraram da mesma forma diante do Senhor.

Nós, usualmente oramos de joelhos, porém nada impede que façamos oração se estivermos no leito, quer estejamos enfermos, quer repousando ou pensando nas coisas de Deus. Igualmente, se estamos andando, ocupados com as coisas espirituais, nada impede que oremos em espírito. Está escrito que onde há o Espírito do Senhor, aí há liberdade, não para pecar, mas para buscar a face bendita do Senhor.

O estado físico de Davi era tal, que chegaram a dizer a respeito dele: "Não se levantará mais". Ele, porém, mesmo no leito, orou e o Senhor o ouviu (SI 41.8). No versículo 3, o próprio Davi declara que Jeová sustentará no leito todos aqueles que nEle confiam.

Quanto ao que está escrito em 2 Samuel 7.18-29, Davi estava assentado diante do Senhor quando orou, e Deus ouviu a súplica de seu humilde servo.

Oremos, pois, irmãos, em todo o tempo, em nome de Jesus, segundo ordena a Palavra de Deus!

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9 É bíblica a confissão

de pecados em público

“...pelo contrário, deveis antes perdoar-lhe e consolá-lo..." (2 Co 2.7).

A confissão pública de pecados no Antigo Testamento era assunto que merecia atenção e foi larga e insistentemente ensinada (Lv 5.5; Nm 5.6,7). No Novo Testamento verificamos que esse uso não foi esquecido nem abolido, mas seguiu o mesmo ritmo, isto é, continuou a ser feito em público, como demonstração de arrependimento.

Em Israel era fato comum verem-se, diariamente, pessoas se dirigirem ao local escolhido por Deus, à Tenda da Congregação, levando consigo o objeto do sacrifício pelo pecado, em sinal de humilhação (Lv 4.1-4,22-25,27,28).

Note-se que a entrada no local era pública e tudo era feito publicamente. 0 que dá mais ênfase ao assunto é constatar que as faltas e pecados não eram somente confessados publicamente, mas também eram registrados pela iluminação do Espírito de Deus, a fim de que servissem de exemplo e ensino a todas as gerações (1 Co 10.6-10).

Para melhor entendermos o que significa o registro desses fatos, lembremo-nos de que está escrito que um homem justo (o décimo depois de Adão) Noé, infelizmente embriagou-se. Ora, esse fato Noé jamais o poderia esquecer, e para nós é uma advertência (Gn 9.20-23).

Vejamos ainda outro caso de um homem que foi um exemplo de fé, mas falhou, quando faltou à verdade. Note-se,

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porém, que por causa dessa falta sofreu ele próprio as conseqüências, e os seus descendentes também foram seriamente prejudicados (Gn 12.18; 26.7-10; 27.18-20).

Há ainda outros casos de homens de Deus que falharam; entretanto o plano de Deus não mudou nem mudará. Se a Bíblia fosse um livro idealizado pelos homens, procuraria esconder esses fatos. Porém, sendo divino, nele o dedo de Deus aponta as falhas até dos homens santos, a fim de usar de misericórdia (Rm 11.32). Ante a denúncia e a reprovação da Palavra de Deus, é fácil encontrar Davi a clamar a Deus por misericórdia, e todos estão cientes desse ato (SI 51; 86.3). No tempo do Antigo Testamento, quer se tratasse de profetas, de santas mulheres, ou de outros quaisquer, uma vez que saíssem do padrão espiritual, recebiam o castigo merecido, a fim de que isso servisse de exemplo para todo o povo de Deus (Nm 12.1-15; 20.12). As faltas e os pecados que estamos mencionando, repetimos, eram confessados publicamente e registrados como exemplo do justo juízo de Deus.

Quando Miriã fícou leprosa, por causa do pecado de murmurar contra o seu irmão Moisés, teve de ficar sete dias fora do arraial; houve atraso na marcha do povo Canaã e todos ficaram sabendo do fato. Isso foi também uma advertência para os outros; por certo muitos deles oraram ao Senhor por Miriã, a fim de que o Senhor a restabelecesse espiritualmente, como era costume entre o povo de Deus.

Portanto, o pecado na sua manifestação pública merece, em público, uma confissão sincera. No Antigo Testamento era assim (SI 32.5).

A doutrina da confissão de pecados em público, no Novo Testamento, segue a mesma linha, exceção de alguns casos particulares ou individuais, porém, mesmo assim, após serem tratados pela igreja, ou particularmente, a correção se tornava

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pública; havia a confissão, a fim de haver também perdão (Mt 18.17; Tg 5.20).

A História da Igreja Cristã confirma que no princípio, de fato, era assim: os casos que incluíam pecados eram levados à congregação e julgados publicamente. "Aos que pecam, repreende-os diante de todos". A finalidade da repreensão, está claro, servia como admoestação, para que outros tivessem temor de pecar: a confissão pública lhes servia, também, para alcançarem perdão (1 Tm 5.20).

Os casos de confissão em público eram comuns nos dias de Paulo. Por essa razão, o apóstolo instruiu a igreja acerca desse assunto (1 Co 6.1). Essa instrução e ensino eram no sentido de levar à assembléia todas as dificuldades surgidas entre os cristãos, para serem julgados à luz da Palavra de Deus.

Quando Jesus foi levado a julgamento, quiseram forçá-lo a confessar publicamente o que eles consideravam um grande pecado, isto é, perguntaram-lhe: "És tu o Cristo, o Filho do Deus bendito?" (Mc 14.6). O sumo sacerdote queria ouvir dos próprios lábios de Jesus a confissão pública. Ante a confissão, devia morrer.

Jesus estava ante o inimigo, bem o sabia, mas também estava consciente de sua real e celeste personalidade e por essa razão firmemente declarou: "Eu sou" (v. 62).

Houve, pois, confissão pública: o sumo sacerdote então declarou: "Para que necessitamos mais testemunhas?"

Todos esses acontecimentos nos levam a crer, então, que nos dias dos apóstolos, e mesmo depois da era apostólica, era comum a confissão em público. Só muito mais tarde é que foi introduzida na igreja a cofissão particular e depois a auricular.

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Um exemplo que confirma e ilustra o que afirmamos, é o caso de Ananias e Safíra, registrado no capítulo 5 do livro de Atos dos Apóstolos. Verificou-se repreensão em público, e certamente Ananias já havia fechado o coração à mensagem divina: não entrou pelo caminho do arrependimento, por essa razão recebeu a punição merecida. Ante o acontecido, veio o temor sobre todos. Outro fato, ainda no livro de Atos 19.18, um relato impressionante, dá a entender que, após o tremendo conflito espiritual, vencida a luta com o endemoninhado, veio o temor aos corações daqueles que já haviam crido e confessaram em público os seus pecados.

Está escrito que até os que exerciam artes mágicas fizeram isso, isto é, confessaram em público os seus pecados e queimaram os seus livros (v. 19).

Entre aqueles que João Batista batizava havia confissão pública e arrependimento (Mt 3.6; Mc 1.5). Era, portanto, um fato comum naqueles dias a confissão em público, em conformidade com a tradição.

A confissão de pecados em particular tem trazido inúmeros prejuízos à comunidade cristã e sérios embaraços aos obreiros do Senhor que desejam fazer tudo de acordo com a Palavra de Deus.

Conclusão: biblicamente há várias formas de confissão.

1. Confissão diante de Deus, por meio dum profundo arrependimento e exame de consciência (1 Co 11.28; 2 Co 13.5). A confissão é um dos temas da oração dominical, implícita nesta declaração: "Perdoa-nos'; (Mt 6.12).

2. Fazer confissão ao próximo, o ofensor ao ofendido (Mt 5.24; 18.15; Cl 3.13; Tg 5.16). "Confessai os vossos pecados uns aos outros" é o que está escrito.

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3. Confissão diante da congregação, por causa do mau testemunho e escândalo público (2 Co 2.6,7).

Naturalmente, temos de pedir perdão a quem temos ofendido e quem perdoa deve ter consciência de que perdoou, mas para isso requer-se o pedido de perdão do ofensor ao ofendido.

- Como pode a esposa pecar contra o marido e depois ir pedir perdão em particular, ao pastor? Se ela pecou contra Deus, contra o marido e contra a igreja toda, o perdão tem de vir na base dos itens 1,2 e 3, isto é, dos ofendidos; fora dessa base é antibíblica a forma de tratar do assunto. Exigen-se ainda os seguintes elementos que constituem a base segura do profundo e sincero arrependimento.

a) Humildade (Ed 9.6; Dn 9.7,8; Ef 4.2; Cl 3.12,13).

b) Conversão e arrependimento (1 Rs 8.47; 2 Cr 6.37).

c) Tristeza segundo Deus (SI 38.17,18; 2 Co 7. 10).

d) Abandono do pecado (Pv 28.13; Jo 8.11).

e) Reparação da culpa - concerto (Nm 5.5-8).

f) Plena submissão à disciplina (Lv 26.41: Sl 51.4; Jo 10.15; 2 Co 2.5-7).

Nos grandes avivamentos evangélicos, um dos sinais visíveis da operação do Espírito Santo, é e sempre tem sido a confissão em público dos pecados.

A Igreja é realmente o verdadeiro tribunal espiritual deste mundo, no qual e através do qual já tem começado o julgamento divino (1 Pe 4.17), para o livramento, daqueles que estão em Cristo, de toda e qualquer condenação (Rm 8.1; 1 Co 11.31,32). Desde que não pode haver julgamento sem ter havido confissão do delito, é necessário haver na igreja confissão pública de

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pecados, a fim de que o culpado receba o julgamento, a disciplina e o perdão, da assembléia.

Quem oculta suas transgressões não prospera; mas quem as confessa e as abandona, alcançará misericórdia (Pv 28.13). É verdade que nós nos confessamos a Deus por intermédio de nosso Senhor Jesus Cristo, mas, também devemos fazer confissão diante dos homens, a fim de que todos tenham temor de Deus (1 Tm 5.20).

Que Deus nos ajude a viver no santo temor para permanecer diante dele por misericórdia e graça. Amém!

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10 A única regra

que rege a igreja

“Toda Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para a correção, para a educação na justiça” (2 Tm 3,16 ).

É com convicção e firmeza que declaramos ser a única regra para governar a Igreja a Palavra de Deus. Segundo o versículo acima citado, ela é apta para ensinar, repreender, corrigir e instruir em toda a justiça, sem a intromissão de adendos ou inovações perigosas que matam a espiritualidade.

Portanto, os dons espirituais têm um papel muito importante na igreja, especialmente o dom de profecia; porém o dom nunca poderá tomar o lugar da Palavra de Deus, pois a verdadeira igreja é aquela que é regida tão-somente pela Palavra de Deus.

Quando lemos com atenção o Novo Testamento, notamos que as manifestações dos dons eram visíveis na igreja primitiva; contudo não eram os dons que a regiam, mas o conteúdo da revelação divina consubstanciada nas Escrituras (Jo 7.38).

Nesse sentido temos os inequívocos e grandes exemplos na novel igreja do Novo Testamento, quando, no primeiro concilio apostólico, o apóstolo Pedro demonstrou o valor da Palavra de Deus, dizendo: "Varões irmãos, bem sabeis que já há muito tempo Deus me elegeu dentre vós, para que os gentios ouvissem da minha boca a Palavra do evangelho e cressem" (At 15.7).

Ainda no mesmo concilio notamos mais uma vez a citação da Palavra de Deus, para esclarecer, guiar e orientar (vv. 15-18).

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Portanto, em todas as questões da igreja primitiva, a Palavra foi consultada e as decisões foram baseadas e resolvidas tão-somente de acordo com os ensinos da Palavra de Deus, as Escrituras. Ainda que eles tivessem em grande estima o valor dos dons, e apesar de a revelação e a profecia terem um papel proeminente na igreja primitiva, os dons jamais definiram doutrina, jamais na igreja dos apóstolos a profecia serviu para resolver casos: tudo era resolvido à luz da Palavra de Deus.

Quando o apóstolo Pedro falou sobre a profecia, é lógico que ele não se referia ao dom na acepção restrita, mas à Palavra de Deus dada aos profetas como revelação segura e única da vontade do Senhor (2 Pe 1.19-21).

É pela Palavra de Deus que somos corrigidos e esclarecidos em todos os erros doutrinários, tanto na forma como na prática, conforme 2 Timóteo 3.16.

O apóstolo Paulo, em todas as suas resoluções doutrinárias, dá ênfase à Palavra de Deus, pois por ela, até as profecias na igreja devem ter o seu julgamento doutrinário, a fim de que não sejam usadas erradamente (1 Co 14.29-32; 1 Ts 5.20,21).

“Falem os profetas, dois ou três, e os outros julguem". - Essa é recomendação do apóstolo.

- Julgar o quê? julgar a mensagem do que profetizou, se está segundo a doutrina (1 Tm 3.15; 4.13). - E depois, julgar como? – É lógico: julgar pela Palavra de Deus.

Portanto, não poderemos aceitar uma profecia por mais agradável que seja ou mesmo qualquer revelação, se não tiver o apoio doutrinário na Palavra de Deus. Todas as manifestações e resoluções devem submeter-se ao exame da Palavra de Deus, a única autoridade para julgar.

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Na Epístola aos Hebreus 4.12, assim está escrito: "Pois a Palavra de Deus é viva e eficaz, e mais cortante que qualquer espada de dois gumes, e que penetra até a divisão da alma e do espírito, e juntas e medulas, e pronta para discernir as intenções e pensamentos do coração".

É lógico, pois, segundo o versículo acima citado, que tudo está sujeito à Palavra de Deus. Infelizmente muitos erros doutrinários têm entrado na igreja, através da porta da profecia e dos demais dons espirituais, por não serem confrontados com a genuína fonte de revelação divina - a Palavra de Deus.

Através da história da Igreja, notamos a manifestação de dogmas bárbaros e doutrinas de demônios juntamente com os pensamentos de homens corruptos e privados da verdade de Jesus Cristo (G1 1.6-11; 3.1-5; 4.9-11; 1 Tm 4.1-5; 2 Tm 3.5-9).

Portanto, concluímos que os dons espirituais são realmente maravilhosos, contudo necessitam de permanecer dentro da doutrina e têm de ser examinados pela Palavra de Deus, infalível e imutável!

Podemos ilustrar o assunto da seguinte forma: Estamos edificando um grande edifício - a Igreja (1 Co 3.9; Ef 4.15,16). Ora, para a edificação espiritual, necessitamos de andaimes (andaimes neste caso são os dons). Nas construções há necessidade de que os andaimes estejam bem ajustados e nos devidos lugares. No edifício espiritual, os andaimes, isto é, os dons espirituais, devem estar firmados na doutrina da Palavra, a fim de que não haja desastre espiritual (Dt 32.1,2; Ec 12.11; 1 Co 14.39), etc.

O Senhor Jesus fez uso da Palavra de Deus; venceu todas as tarefas, revelou os problemas difíceis e pôs em fuga o Diabo, tudo porque usou a Palavra de Deus (Mt 4.1-11; 22.23-32).

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Qualquer trabalho evangélico relacionado com a igreja necessita do apoio da Palavra de Deus. Até mesmo as tarefas mais simples: cânticos, festividades que se organizam, e visitas, devem ter o apoio da Palavra, do contrário, não terão aceitação aos olhos do Senhor (SI 119.105; Cl 3.16). "Lâmpada para os meus pés é a tua palavra". Logo, se a Palavra é a lâmpada, claro está que é para nos guiar em toda a verdade de Deus.

Muitos desprezam a Palavra de Deus para receberem a palavra de um homem e a recebem cegamente, muito embora não tenha ela apoio na Palavra de Deus. Dizem outros obviamente: "Nós obedecemos à Bíblia, de capa a capa", contudo estão fora da doutrina da Bíblia. A Palavra de Deus tem por objetivo o seguinte:

Iluminar o espírito (SI 19.8; 119.30).

Instruir para a esperança (Rm 15.4; 1 Co 10.11).

Capacitar para salvação (1 Tm 4.16; 2 Tm 3.15).

Produzir fé (Jo 17.20; Rm 10.17; 1 Jo 5.13).

Regenerar (Ef 5.26; Tg 1.18; 1 Pe 1.23).

Restaurar a alma (SI 19.7; 119.81).

Santificar (Jo 17.17; 1 Tm 4.5; 2 Tm 3.17).

Alimentar espiritualmente (Dt 1 Pe 2.2).

Portanto, a Palavra é a base segura para nossa salvação e governo da Igreja (1 Co 15.1,2; Ef 1.13; Tg 1.21). Não devemos desprezar a Palavra de Deus, pois todas as coisas foram criadas pela Palavra de Deus e por ela subsistem (Gn 1.1-3; Hb 1.3; 2 Pe 3.5-7). Destarte, a disciplina e a ordem dentro da Igreja devem ser apoiadas na Palavra de Deus (1 Pe 2.22-25).

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Tudo tem de ser examinado na "Pedra de Toque" - a Palavra de Deus quer seja doutrina, revelação ou nossa própria vida e trabalho. Assim fizeram os nobres de Beréia (At 17.10,11), porque receberam a Palavra com toda avidez, indagando diariamente nas Escrituras se estas coisas eram assim.

Conclusões:

1. Deus usa a sua Palavra (Gn 1.3).

2. Jesus Cristo usou a Palavra de Deus (Hb 10.7).

3. O Espírito Santo tem a Palavra como espada (Ef 6.17) e pela Palavra Ele revela os planos de Deus no terreno profético (At 1.16).

Infelizmente muitos dizem que esperam a vontade do Senhor, quando já essa vontade se acha revelada no plano de Deus. O que há para fazer é tão-somente obedecer à revelação da Palavra de Deus, tal como fez Cornélio, ao ouvi-la dos lábios de Pedro. Pela obediência, o centurião recebeu a Deus e a bênção (At 10.43,44).

Portanto, é a Palavra de Deus que deve reger todo o curso da vida espiritual, especialmente as reuniões, a fim de recebermos a divina aprovação e apoio da revelação divina - a Bíblia Sagrada.

Exemplifiquemos, para esclarecer: Há congregações que, para celebrarem a Ceia do Senhor, esperam uma profecia, determinando que seja celebrada. Isto está errado, pois o Senhor disse: "Fazei isso em memória de mim". E Paulo acrescenta: "Todas as vezes" (Lc 22.19; 1 Co 11.26). Portanto, para tal ato não há necessidade de revelação, pois já está revelado e ordenado na Palavra de Deus, como se deve fazer.

Outros esperam uma revelação para disciplinar alguém ou para receber em comunhão um membro excluído. Porventura

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estarão agindo conforme manda o Senhor? Não, absolutamente, não. A Palavra de Deus determina a exclusão ou a inclusão, segundo o proceder e o testemunho; até setenta vezes sete, temos de perdoar o nosso irmão; quanto aos resultados futuros, a responsabilidade pertence ao perdoado.

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11 Pecado,

arrependimento e perdão

“E o que vem a mim de maneira nenhuma lançarei fora” (Jo 6.37).

Não desejo tratar de toda a doutrina sobre o pecado, mas, apenas, demonstrar a gravidade de todos os pecados, e o conseqüente perdão, mediante um profundo e sincero arrependimento.

O pecado é a verdadeira imagem do Diabo, e, também é a manifestação dos vários aspectos do seu mau caráter.

Todo o pecado é abominável e todos os pecados são iguais quanto à sua relação com a justiça e o reino dos céus.

Na lista bíblica sobre os vários pecados, "todos" estão na mesma categoria posicionai: "Os que tais coisas praticam (pecado), não herdarão o reino de Deus" (G1 5.21; Ef 5.5). Há várias formas de apresentação de listas de pecados, onde todos figuram debaixo da mesma condenação (Mt 15.19,20; 1 Co 6.9,10; G1 6.19-21; Ef 5.3-6; 2 Tm 2.1-7; Ap 21.8; 22.15).

Qualidades de pecado:

1. A incredulidade é o pecado mãter (isto é, o gerador dos demais).

2. A mentira é o pecado original (Gn cap. 3).

3. A feitiçaria (Ap 22.15) é um pecado que desmente a Deus.

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4. A idolatria (Ap 21.8) é um pecado que provoca a ira divina.

5. A rebelião (1 Sm 16.23; 1 Tm 3.10,11) é um pecado contrariador.

6. A fornicação e o adultério (2 Sm 12.13; SI cap. 51) são pecados de imundícia.

7. O coração duro (Mt 5.21-26; 6.14,15) é o pecado que demonstra a falta de misericórdia (Mt 18.27-35).

João diz: "Todo pecado é iniqüidade" (1 Jo 3.4).

E Isaías confirma: "As vossas iniqüidades fizeram uma separação entre vós e o vosso Deus" (Is 59.2).

Logo, o pecado, seja ele qual for, faz um muro de separação entre nós e Deus. Pela ação do pecado, o corpo, a alma e o espírito são expostos ao perigo da condenação. Jesus Cristo deu-nos uma lição importante neste sentido, na parábola do Filho Pródigo, o qual, por cometer toda a sorte de pecados, chegou a ser considerado morto (Lc 15.32). Entretanto, quando "todos" os pecados lhe foram perdoados (Lc 15.30), entrou logo a gozar a comunhão do Pai, obteve restauração completa e imediata: não necessitou entrar em prova, porque no ato do perdão não existe essa exigência.

O apóstolo João diz: O sangue de Jesus Cristo seu Filho nos purifica de todo o pecado (1 Jo 1.7). Ele é o nosso Advogado e propiciação pelos nossos pecados (1 Jo 2.1).

Portanto, há na Bíblia promessa de perdão para todo o pecado, menos para o pecado de blasfêmia contra o Espírito Santo, ou a apostasia, que é um ramo de blasfêmia (Mt 12.31; Mc 3.28; Lc 12.19; Hb 6.6; 10.26,27). É pecado de blasfêmia porque é o Espírito Santo quem convence o pecador (Jo 16.8) e também,

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intercede e ajuda os crentes (Rm 8.26,27) e guia os filhos de Deus (Rm 8.14).

Pecaram contra Deus o Pai. Veio nosso Senhor Jesus Cristo, o Deus Filho, resistiram a Ele, veio o Espírito Santo, a terceira Pessoa do Deus Trino, resistiram e pecaram contra Ele. Então foram abandonados em seus pecados e desamparados de toda a graça (At 7.51; Ef 4.30). Eis o grande perigo!

O pecador, nesta condição, chega ao auge do desespero e não encontra lugar para arrependimento (Hb 12.17). Não havendo arrependimento, também não resta mais sacrifício (Hb 10.26) e não pode haver remissão de pecados, porque a única fonte é o sangue do Cordeiro aplicado pelo Espírito (Hb 9.13-15). Pois bem, _o apóstolo Paulo excluiu da comunhão dos santos alguém que caiu em pecado de imoralidade (1 Co 5.1-5). Entretanto, ele, mais tarde, voltou penitente, e a igreja de Corinto negou-lhe o perdão; porém Paulo, cheio de ternura, e conhecendo o plano de Deus, pede a sua readmissão na comunhão dos santos (2 Co 2.6,7), a fim de que Satanás não ganhasse vantagem (v. 11).

O próprio Deus dá tempo para um sincero arrependimento (Pv 28.13; Mt 5.27; Tg 4.4-10; Ap 2.20,21), porque a vontade de Deus e a reconciliação do pecador (Ez 33.11) e Deus pôs em nós esta gloriosa palavra de reconciliação (2 Co 5.20).

É nosso dever perdoar e ajudar nessa parte; quanto à restauração, depende do penitente diante de Deus. Se o faltoso, como servo de Deus no passado, buscar com todo o coração a face do Senhor, receberá o perdão e ser-lhe-á restituído o gozo da salvação (SI 51.12).

Quanto àqueles que pecaram para morte, isto é, para destruição do corpo (1 Cc 5.5; 1Jo5.16) devemos ter muito cuidado.

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Todos os pecados podem causar morte prematura. A esse respeito há vários exemplos: Ananias e Safira morreram por causa do pecado da mentira (At cap. 5). Acã morreu por causa do pecado de cobiçar o que fora considerado anátema (Js 7.25). Os filhos de Aarão morreram pelo pecado de irreverência: ofereceram fogo estranho diante do Senhor (Lv cap. 10). Uzá morreu pelo pecado de incredulidade e profanação: pôs a mão na Arca do Senhor (2 Sm 6.7). Os dois filhos de Judá morreram por causa do pecado de maldade e torpeza (Gn cap. 38). Coré, Datã e Abirão, por causa do pecado de rebelião, morreram tragicamente (Nm 16.31-35). E os murmuradores, pelo pecado de murmuração também morreram (Nm 16.45-49; 1 Co 10.1-10).

Moisés quase foi punido com a morte prematura, devido ao pecado de falta de circuncisão dos filhos, sinal dado por Deus, a Abraão (Êx 4.24-26).

Miriã quase foi destruída pela lepra, por causa do pecado de murmuração contra seu irmão (Nm 12.1-12).

Enfim, até o pecado de glutonaria traz graves conseqüências (Lc 21.34).

Todos os pecados estão, pois, sujeitos a severa punição (1 Co 11.30), porque o salário do pecado é a morte (Rm 6.23). Pode haver casos em que o pecado traga destruição do corpo para que a alma seja salva no dia do Senhor (1 Co 11.32). Sendo suas obras queimadas, o tal não poderá receber galardão (1 Co 3.14,15) no dia do Senhor, quando se dará a sua volta para a Igreja (1 Ts 4.13-17).

Que ninguém queira passar por essa tremenda experiência! Pois está sujeito a perder tudo (Mt 25.30). O melhor caminho é a humilhação e o arrependimento sincero, fortalecidos pela fé no

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sangue do redentor, para receber o perdão dos pecados. Que Deus nos abençoe. Amém!

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12 O pecado fora

do corpo

"Fugi da fornicação. Todo o outro pecado, qualquer que o homem comete, é fora do corpo; mas aquele que comete fornicação, peca contra o seu próprio corpo" (1 Co 6.18 - Tradução Brasileira).

Infelizmente, muitos exploram certos versículos das Escrituras Sagradas, a fim de manipularem doutrinas. Segundo seus sentimentos depravados e maus, deixam os tais à margem os contextos que fornecem luz para o jornadear cristão e entram pelo caminho enganoso da falsa doutrina (Jd 11-13).

O pecado fora do corpo é o texto de que nos servimos para nossa meditação e ensino.

Em primeiro lugar, façamos algumas considerações sobre o corpo. O corpo é matéria inerte, substância tangível diferente da "carne", que é o estado decaído da personalidade humana. Segundo o apóstolo Paulo, a "carne" é, em si, inimizade contra Deus (Rm cap. 8). Também está escrito que a carne e o sangue não podem herdar o reino de Deus (1 Co 15.50). Mas o corpo é potencialmente redimido pela obra redentora do Calvário e será glorificado no dia do Senhor (1 Co 6.19 e 15.52).

O pecado fora do pecador. Na Primeira Epístola aos Coríntios 6.18, a palavra "ektós" se traduz por exterior ou fora.

Rohdem assim traduz no seu Novo Testamento: Todos os outros pecados que o homem comete não lhe atingem o corpo.

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Parece absurdo, que os apologistas da doutrina filosófica epicurista, achem no versículo supra, o fundamento de sua teoria para cometerem toda a qualidade de pecados, menos a fornicação ou prostituição, que é fora do corpo. Que absurdo! O apóstolo na epístola aos Coríntios não justifica qualquer pecado. Paulo estava demonstrando aos cristãos que todos os pecados são de consequências terríveis, porém, que a prostituição, além de ser um pecado feio, traz para o corpo graves conseqüências. Quem lê a história da prostituição religiosa sabe perfeitamente que foi coisa muito praticada no passado entre os pagãos. Especialmente entre os babilônicos e os fenícios, esse pecado era praticado sob inspiração religiosa, bem como em vários países do mundo. Infelizmente, isso ainda hoje acontece. A prostituição, além de ser um dos grandes pecados, traz para dentro do corpo moléstias que prejudicam não só o corpo do indivíduo mas também os seus futuros descendentes, que podem ser arruinados pelas conseqüências dos pecados dos pais. Quantas pessoas deformadas há por aí, filhos de pais que se arrependem da vida de prostituição que tiveram! Quantas enfermidades passam às gerações futuras, em razão desse pecado! Deveria haver mais cuidado e ordem de saneamento por parte das autoridades nesse sentido.

É com razão que o apóstolo diz: "Fugi da prostituição!"

Com isso não quer dizer que não se deva fugir também dos outros pecados; não, Paulo nessa expressão está salientando o dever de os cristãos se guardarem do pecado, especialmente o da prostituição.

O texto grego diz: "Porneu eis idios soma amartieni", isto é, a prostituição, para dentro de si próprio (ou do seu corpo), comete (ou traz) pecado.

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Isso significa que não se trata de apenas cometer um pecado, mas implica em graves conseqüências desse pecado para o corpo e para os descendentes, conforme acima explicamos.

O pecado se define em errar o alvo, por querer contrariar a suprema vontade divina; portanto, nesse sentido, tudo que se pratica contra a vontade de Deus é pecado; por exemplo: Saul errou por querer sacrificar contra a vontade e a ordem do Senhor (1 Sm 13.8-14; 15.10-24). Esse foi um pecado de desobediência e grande pecado; mas qualquer pecado, nos afasta da comunhão com Deus (Is 59.2; G1 5.19-21; 1 Jo 3.4; Ap 21.8; 22.15). Há outras citações de pecados, nas quais somos advertidos a não cair neles (Lc 21.34; Ef 4.17; 5.18; Cl 3.5-9). Porém Paulo não está discutindo a grandeza do pecado, mas a gravidade dos resultados no corpo daqueles que o cometem. Está escrito que o templo do Espírito Santo é o corpo; ora, se o corpo é um santuário, santificado para a divina morada, somos responsáveis em mantê-lo limpo e asseado pela graça do Senhor Jesus, livre de toda a contaminação e mancha, tal como o requer o Senhor (Ef 5.26,27).

Assim, todo o pecado que concorre para desfigurar o corpo, quer seja a boca defeituosa pelo uso do cachimbo, ou sinais produzidos pelo uso do álcool ou ainda distúrbios causados por doenças infecciosas da prostituição, são pecados cometidos para dentro do próprio corpo, com a agravante de se expor ao perigo de perder aqui o seu galardão no dia de Jesus (Fp 1.10).

Portanto, o pecado fora do corpo é perigoso como é tudo quanto se acha embrionado no coração humano (Mc 7.20-23).

O apóstolo Paulo nos diz: "Tendo, portanto, estas promessas, amados, purifiquemos a nós mesmos de toda a imundícia da carne e do espírito e aperfeiçoemos a santidade no temor de Deus" (2 Co 7.1).

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Porém, devemos fugir muito mais da fornicação, porque não só é um pecado fora do corpo, mas traz também para dentro do corpo as graves conseqüências da desobediência que deve ser evitada em nossa vida.

Que Deus nos ajude, em nome do Senhor Jesus! Amém!

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