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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU INSTITUTO A VEZ DO MESTRE Apoio Social com famílias acompanhadas pelo Centro de Referência de Assistência Social /Programa de Atenção Integral à Família (CRAS/PAIF) Por: Priscila Pereira de Assis Orientador Prof. a Fabiane Muniz Niterói 2009

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

Apoio Social com famílias acompanhadas pelo Centro de

Referência de Assistência Social /Programa de Atenção

Integral à Família (CRAS/PAIF)

Por: Priscila Pereira de Assis

Orientador

Prof.a Fabiane Muniz

Niterói

2009

2

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

Apoio Social com famílias acompanhadas pelo Centro de

Referência de Assistência Social /Programa de Atenção

Integral à Família (CRAS/PAIF)

Apresentação de monografia ao Instituto A Vez do

Mestre – Universidade Candido Mendes como

requisito parcial para obtenção do grau de

especialista em Terapia de Família

Por: Priscila Pereira de Assis

3

AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus, ao meu

conjugue e a minha família, por terem

me possibilitado chegar até aqui.

4

DEDICATÓRIA

Dedico esse trabalho a Deus, ao meu

conjugue e a minha família.

5

RESUMO

Este trabalho tem como objetivo analisar a relevância das relações sociais na qualidade de vida das classes populares no âmbito do Centro de Referência de Assistência Social/Programa de Atenção Integral à Família (CRAS/PAIF). Demonstando o conceito-histórico da família, definindo os princípios do Centro de Referência de Assistência Social/Programa de Atenção Integral à Família (CRAS/PAIF) e examinando a importância dos vínculos sociais na promoção da qualidade de vida nas camadas populares. Busca-se entender o que é o apoio social e o que ele representa nessa mudança de subjetividade dos dias atuais, enfatizando a importância da comunidade, da família e do Centro de Referência de Assistência Social/Programa de Atenção Integral à Família (CRAS/PAIF) e seu papel na promoção da saúde, propiciando o exercício do apoio social fazendo com que as pessoas se sintam queridas, amadas, elevando assim a auto-estima. Pois cada vez mais a população vem buscando novas alternativas para aliviar problemas físicos e psicológicos. Com a necessidade de moderar ou prevenir o stress das classes populares, que pode causar várias doenças, deve-se estimular o contato social e familiar permitindo uma reação mais favorável dos indivíduos ao enfrentar a vida cotidiana, quebrando com a cultura individualista, propiciando um novo sentido a vida. Logo, as famílias de classes populares, através do apoio social são capazes de experenciar um senso de controle sobre suas vidas, aumentando a autoconfiança, a capacidade de enfrentamento de seus problemas e uma maior satisfação com a vida.

6

METODOLOGIA

O trabalho foi realizado através de pesquisa bibliográfica, feita através

de livros, sites procurados na Internet, trabalhos acadêmicos e artigos

científicos que exploraram adequadamente o assunto, proporcionando a

obtenção de relevantes informações a cerca do tema proposto.

Os principais teóricos utilizados foram Szymansky, Alda Maria Costa,

Regina Helena de Freitas Campos, dentre outros.

7

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 08

CAPÍTULO I - O Conceito Histórico de Família 10

CAPÍTULO II - Centro de Referência de Assistência 17

Social/Programa de Atenção Integral às Famílias

(CRAS/PAIF)

CAPÍTULO III – Apoio Social 30

CONCLUSÃO 40

BIBLIOGRAFIA 43

WEBGRAFIA 44

ÍNDICE 45

8

INTRODUÇÃO

Este trabalho é sobre o Apoio Social com famílias acompanhadas pelo

Centro de Referência de Assistência Social/Programa de Atenção Integral à

Família (CRAS/PAIF), que tem como objetivo geral analisar a relevância das

relações sociais na qualidade de vida das classes populares no âmbito do

Centro de Referência de Assistência Social/Programa de Atenção Integral à

Família (CRAS/PAIF) e como objetivos específicos os de demonstrar o

conceito-histórico da família, definir os princípios do Centro de Referência de

Assistência Social/Programa de Atenção Integral à Família (CRAS/PAIF) e

examinar a importância dos vínculos sociais na promoção da qualidade de vida

nas camadas populares.

As famílias de baixa renda, por meio do apoio social possuem

capacidade de experenciar um senso de controle sobre suas vidas,

aumentando a autoconfiança, a capacidade para enfrentar os seus problemas

e uma maior satisfação com a vida.

As classes populares por causa de suas condições de vida estão

sujeitas ao stress. Com a necessidade de moderar ou prevenir o stress que

pode causar várias doenças, deve-se estimular o contato social permitindo uma

reação mais favorável dos indivíduos ao enfrentar a vida cotidiana, quebrando

com a cultura individualista, proporcionando um novo sentido a vida.

Portanto, busca-se entender o que é o apoio social e o que ele

representa nessa mudança de subjetividade dos dias atuais, enfatizando a

importância da comunidade, da família e do Centro de Referência de

Assistência Social/Programa de Atenção Integral à Família (CRAS/PAIF) e seu

papel na promoção da saúde, propiciando o exercício do apoio social fazendo

com que as pessoas se sintam queridas, amadas, elevando assim a auto-

estima. Pois cada vez mais a população vem buscando novas alternativas para

aliviar problemas físicos e psicológicos onde possa ser compreendida ao

9expressar o que sente, ter atenção, receber apoio e solidariedade. Neste

trabalho assumimos o conceito de apoio social como fio condutor de uma

reflexão específica sobre a atuação do Centro de Referência de Assistência

Social/Programa de Atenção Integral à Família (CRAS/PAIF) que focaliza as

relações de reciprocidade entre as pessoas e famílias em vulnerabilidade

social. O tema e abordagem estabelecidos no trabalho é de acordo com o

desejo, concepção de homem e de mundo da autora – uma pesquisa de um

tema novo e desconhecido por muitas pessoas da área, o que o torna

interessante e dentro de uma nova perspectiva de uma psicologia mais

deselitizada, uma forma de entender a sociedade e o ser humano,

proporcionando um respeito mútuo entre o usuário e o profissional.

10

CAPÍTULO I

O CONCEITO HISTÓRICO DE FAMÍLIA

Conceituar família é algo complexo, pois os parâmetros sociais

sofrem mudanças de acordo com o momento vivenciado. Mas, a noção de

família em qualquer contexto social refere-se à posição desempenhada por

cada um de seus membros no interior da instituição familiar, conforme o

conjunto de valores determinados pela sociedade.

Hoje se define uma família nuclear conjugal moderna como mãe, pai e

filhos, mas não foi sempre dessa forma. Com mudanças na maneira de

atuação de outras instituições, como a Igreja e o Estado, que há

aproximadamente três séculos iniciaram a valorização do “sentimento de

família”.(Szymansky,1992).

“Foi por volta do século XVIII que a família começou a

delimitar uma área maior de vida particular, e os

costumes contemporâneos foram fortemente

influenciados por esse sentimento de família que se

desenvolveu na Europa a partir do século XVI,

especialmente nas classes mais abastadas. Entre esses

costumes está o de família morar na sua casa e ser

responsável pela educação de seus filhos. Além disso, a

comunidade tem diminuída a sua interferência em

assuntos domésticos.” (Szymansky, 1992, p.5).

11No final do século XIX e início do século XX, as famílias de classes

trabalhadoras também seguiram o modelo de família nuclear burguesa, quando

foram obrigados a deixar o campo e entrar para o mercado de trabalho em

indústrias nas cidades. (Szymansky,1992).

“A família, a partir desse modelo, organizou-se em torno

da figura do pai, fechada em sua intimidade e com um

determinado padrão de educação para seus filhos. Se

com essa mudança a família fortaleceu-se como

instituição social, para as mulheres e crianças,

especialmente as que viviam em comunidades no campo,

a situação afetou em muito a sua autonomia – no sentido

de diminuí-la.” (Szymansky, 1992, p.5 e 6)

Foi trazido para o Novo Mundo esse modelo, dos quais os habitantes já

possuíam um outro tipo de organização social, e, posteriormente, às pessoas

de origem negra, sendo alguns grupos de origem de sociedade matriarcal.

Porém foi o modelo europeu dos colonizadores que determinou o modelo social

de família. (Szymansky, 1992).

“Em nosso país, assim como em outras colônias que

receberam escravos, o modelo matrifocal tornou-se o

mais comum. (Modelo matrifocal é aquele que se

organiza em torno da mulher quando não há um

companheiro, mas assume uma forma patriarcal quando

há). Tanto a herança matriarcal de alguns grupos, como

a proibição de formação de famílias durante a escravidão

contribuiu em algumas camadas da nossa sociedade

para a marginalização da figura do homem.” (Szymansky,

1992, p.6).

12Percebe-se que a família urbana de classe baixa numa perspectiva

matrifocal, é uma diversificação de parceiros da pessoa do sexo feminino,

de maneira que ela conserva-se em torno de si o núcleo familiar (ela e os

filhos) que não se dissipa com a saída do homem. (Szymansky, 1992).

Portanto, cada membro e cada família como um todo vive as etapas de

maneira diferente de acordo com o contexto, história e particularidade de

cada um.

Diferente das famílias de classe média, no período da adolescência, nas

famílias pobres há um alto índice de gravidez e abandono dos estudos,

tendo que ser sustentado pelo responsável. Por isso, há uma necessidade

de cumprir responsabilidades que ainda não está amadurecido. Geralmente

as meninas cuidam da casa, dos filhos e irmãos, ou seja, as etapas da pré-

adolescência e a juventude adulta se misturam.

Não há uma preparação para o mercado de trabalho, ocasionando, ás

vezes, em outras gravidezes na juventude e se tem com quem deixar as

crianças o jovem começa a trabalhar. Se não tem como se sustentar a mãe

ou o companheiro sustenta.

Enquanto na classe média os adolescentes e jovens estudam mais, têm

relacionamentos sérios e filhos mais tarde, se preparam com maior

intensidade para o mercado de trabalho e com isso, se dedicam mais tempo

ao trabalho, em busca de estabilidade financeira.

A família de baixa renda tem transições pouco delineadas, famílias

monoparentais chefiadas por mulheres, muitos eventos imprevisíveis e

poucos recursos de ajuda governamental. Por isso, estes itens forçam os

integrantes da família pobre ao cumprimento de papéis aos quais ainda não

tem amadurecimento adequado, o que proporciona uma modificação nos

estágios do ciclo vital familiar (um conjunto de etapas que definem cada

momento da existência da família, sua organização e funcionamento) e

conseqüentemente uma falta de estabilidade na família.

No Ciclo de Vida da família pobre é modificado e eliminado alguns

estágios por motivo de gravidez e morte prematuramente, abandono dos

13estudos e o ingresso do mercado de trabalho antecipado. Proporcionando a

entrada despreparada no mercado de trabalho e sem condições de

crescimento.

Para as famílias pobres são considerados integrantes delas aqueles com

quem convivem e confiam, não se restringe apenas a laços

consangüíneos, mas sim ao cumprimento também de obrigações e a laços

de afeto.

.1.1 - Famílias entrelaçadas

Segundo Sarti (2008) estamos vivendo em uma época em que a família

tem sofrido abalos internos e intervenções externas.

Scavone (apud, Sarti, 2008) ressalta que a partir da revolução industrial,

que dividiu o mundo do trabalho do mundo familiar e formou a dimensão

privada da família, confrontada ao mundo público, alterações significativas a

ela referentes relacionam-se ao choque do desenvolvimento tecnológico.

“Estas dificultam sustentar a ideologia que associa a

família à idéia de natureza, ao evidenciarem que os

acontecimentos a ela ligados vão além de respostas

biológicas universais às necessidades humanas, mas

configuram diferentes respostas sociais e culturais,

disponíveis a homens e mulheres em contextos históricos

específicos” (Scavone apud, Sarti, 2008, p.21).

Desde de 1960, mundialmente, propagou-se a pílula anticoncepcional,

que dividiu a reprodução da sexualidade e foi um fato decisivo na sexualidade

feminina. Portanto, criou condições materiais para que a vida e a sexualidade

14da mulher não estejam atadas à maternidade como um “destino”, aumentou as

possibilidades de atuação da mulher no mundo social, como a inserção no

mercado de trabalho remunerado (Sarti, 2008).

A partir disso, Strathern (apud, Sarti, 2008) diz que introduziu no

universo da família, a questão da “escolha”. Depois dos anos 80, as

tecnologias reprodutivas (inseminações artificiais, fertilizações em vitro dentre

outras) dissociaram a gravidez do sexo entre o homem e a mulher. Isso causou

outras “mudanças substantivas”, as quais afetaram novamente a identificação

da família com o mundo natural, que estabelece o sistema de família e

parentesco do mundo ocidental judaico-cristão (Stratern, apud, Sarti, 2008).

Scavonne (apud, Sarti, 2008) focaliza as mudanças no discurso

feminista francês em resposta às tecnologias médicas. Na década de 1970,

dadas as possibilidades de contracepção, protestava-se o direito à maternidade

espontânea; na próxima década, reinvidica-se sua não determinação, defronte

da pressão social desempenhada pelas novas tecnologias reprodutivas como

expressão do controle médico sobre a família.

Portanto, tanto as intervenções tecnológicas relativas à concepção

quanto à reprodução assistida exigem, em algum nível, a introdução da idéia

de “escolha”, seja para impedir a gravidez, seja para estimulá-la por meios “não

naturais”. Em vista disso, o rompimento com a “concepção naturalizada” da

família, reforçada pelas tecnologias, ainda que não assegure, no mínimo

contribui, a começar dos mais cotidianos, como passíveis de negociações e

interrogações, possibilitando a ocorrência de uma nova intimidade (Guiddens,

apud, Sarti, 2008).

A família organiza-se em um “terreno ambíguo”. Apesar das tecnologias

de anticoncepção de reprodução assistida possibilitaram uma abertura para

novas experiências em relação à sexualidade e a reprodução humana, ao

deflagrar ações de modificações subjetivas e objetivas, que permanecem em

curso, não conseguiram dissociar a idéia de família da “natureza biológica do

ser humano”(Sarti, 2008).

15Nos anos 90, continua ocorrer mudanças no percurso da família, com a

propagação do exame de DNA (Fonseca, apud, Sarti, 2008).

Essa maneira de interferência tecnológica é imprescindível no que se

atribui a laços e responsabilidades das famílias, pois se refere ao homem no

seu lugar de pai. A confirmação da paternidade amplia a possibilidade de

reivindicação, provocando inevitavelmente um impacto no modo de proceder

tradicionalmente à figura masculina em relação aos filhos, muitas vezes de

irresponsabilidade, o que pode ser um recurso para a proteção da mulher e a

criança (Sarti, 2008). “Não à toa, Bilac (1998) argumenta que os homens nunca

foram tão responsáveis por sua reprodução biológica como no momento atual

de nossa história”. (Fonseca, apud, Sarti, 2008, p.24).

Hoje, o modelo de família está muito diferenciado e diversificado, ou

seja, não há um padrão único e rígido. Mas, as formas apresentam aspectos

diversos, pois em cada organização familiar há regras e normas distintas que

precisam ser respeitadas.

A família é o grupo humano mais estendido, e as relações que dão á ela

caráter dinâmico são as mais complexas, pois elas são afetivas (Gabar&

Teodore, 2000).

Cada integrante da família está ligado ao comportamento de todos os

outros. Dessa maneira, qualquer mudança do sistema por um membro do

grupo ocasiona reações em cadeia. (Gabar & Teodore, 2000).

O primeiro objetivo da família deve ser conservar a estabilidade de

equilíbrio, já que a instabilidade gera ansiedade e até mesmo angústia.(Gabar

& Teodore, 2000)

Pode-se entender que no modelo atual de família houve uma diminuição

da quantidade de filhos em todas as classes sociais.

Segundo Sarti (2008), a propagação dos anticoncepcionais teve impacto

na sociedade em geral, o que não quer dizer que essa propagação teve o

significado semelhante para todas as partes, pois a maternidade e filhos têm

16diferentes significados. Portanto, o exame de DNA tem sido pedido em diversas

camadas sociais. (Fonseca, apud, Sarti, 2008).

As transformações nas famílias têm, vários sentidos para os

diversificados segmentos sociais, e seu impacto ocorre de diversas formas

sobre eles, pois o acesso a recursos é de forma não igualitária numa sociedade

dividida em classes (Sarti, 2008). “Portanto, para abordar o tema das famílias e

das políticas sociais, não se pode partir de um único referencial”. (Sarti, 2008,

p.26) Necessitamos reconhecer que há diversos tipos de "famílias", que os

papéis maternos e paternos são multidimensionais e complexos e que pais e

mães cumprem diferentes papéis em contextos culturais diferentes. Para

entender como é o funcionamento da "família", é indispensável, principalmente,

estudar as interações e conexões desenvolvidas entre os diferentes

subsistemas familiares, o contexto histórico, social e econômico no qual as

"famílias" estão introduzidas e a "família" em diferentes contextos culturais.

Estudar a diversidade cultural ajuda o desenvolvimento de teorias mais claras e

a construção de conceitos mais verídicos de “família” (Dessen & Neto, 2000).

17

CAPÍTULO II

CENTRO DE REFERÊNCIA DE ASSISTÊNCIA SOCIAL/PROGRAMA DE ATENÇÃO INTEGRAL ÀS FAMÍLIAS (CRAS/PAIF)

A política de assistência social exercida pela Secretaria Municipal de

Desenvolvimento e Assistência Social tem como importante argumento à

família, seus membros e indivíduos no seu contexto comunitário, para tanto

tem incentivado a intersetorialidade com a finalidade de que as demais

secretarias, assim como outros setores do Governo Municipal, planejem suas

políticas de atendimento de maneira articulada, dando oportunidade a ações

estruturadas que tornam possível o enfrentamento expressivo das mazelas

gerado pela exclusão social vivenciada pelas famílias vulnerabilizadas pela

ocorrência de pobreza.

O programa tem o intuito de instrumentalizar a família e o indivíduo em

ocorrência de exclusão social para que esteja preparado para superar, ou no

mínimo amenizar as situações determinadas pela situação de pobreza.

“A segurança de renda, através dos programas de transferência de

renda; e a garantia da segurança de convivência e autonomia às famílias,

através dos serviços, programas, projetos e benefícios socioassistencias,

tornam-se fundamentais para efetivar o direito à assistência social.”(Ministério

do Desenvolvimento Social e Combate à Fome - OC, 2006, p.27).

O Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (2006)

relata que o atual modelo de gestão da assistência social, o Sistema Único de

Assistência Social (SUAS), tem como princípio reestruturar e regular no Brasil,

os serviços, programas, projetos e benefícios socioassistenciais, estabelece o

Centro de Referência de Assistência Social (CRAS), um órgão que tem como

foco ser uma referência local da assistência social; e ser a concretização dos

direitos socioassistenciais, ofertando e coordenando em rede os serviços,

18programas e projetos que previnam situações de riscos por meio do

crescimento de potencialidades e aquisições, e do ato de fortalecer os vínculos

comunitários e familiares.

O CRAS tem a necessidade de pôr em ordem a vigilância social em sua

área de abrangência. Isto se manifesta na produção e na sistematização de

informações que se tornam possíveis na construção de guias e índices

territorializados das situações de vulnerabilidade e riscos que ocorrem sobre

pessoas/famílias nos variados ciclos de vida. Esses indicadores são

fundamentais para pôr em ordem o que se oferece de serviços

socioassistenciais e reforçar a rede de proteção social básica do Sistema

Único de Assistência Social (SUAS) no território de acordo com sua

necessidade. (Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, 2006)

Nos locais de abrangência dos CRAS, há famílias em situação de

vulnerabilidade proveniente da pobreza (falta de renda, difícil ou nenhum

acesso aos serviços públicos, dentre outros) e/ou de vínculos de afetos

relacionais ou de pertencimento social fragilizados. (Ministério do

Desenvolvimento Social e Combate à Fome, 2006).

“O CRAS atua com as famílias e indivíduos em seu contexto

comunitário, visando à orientação e ao convívio sociofamiliar e comunitário.

Nesse sentido, é responsável pela oferta do Programa de Atenção Integral às

Famílias (PAIF).” (Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome-

OC, 2006, p.28).

“O PAIF é ofertado através dos serviços

socioassistenciais, socioeducativo e de convivência, e de

projetos de preparação para a inclusão produtiva voltada

para as famílias, seus membros e indivíduos, conforme

suas necessidades identificadas no território. Ainda,

quando implantado nas comunidades tradicionais,

indígenas, quilombolas, rurais e ribeirinhas, entre outras,

deverá respeitar as diversidades, especificidades e

19características socioculturais das famílias e seus

territórios.” (Ministério do Desenvolvimento Social e

Combate à Fome - OC, 2006, p.28).

Primeiramente deve-se focar o atendimento assegurado às famílias

inseridas no Programa Bolsa Família, como está determinado na Política

Nacional de Assistência Social (PNAS/2004) e na Norma Operacional Básica

do SUAS (NOB/SUAS). Estas famílias são priorizadas para que o Programa

possa dar sentido e busca de soluções às necessidades das famílias, que

mesmo tendo acesso à renda, precisa garantir o direito à saúde e à educação

através do acesso aos serviços socioassistenciais. (Ministério do

Desenvolvimento Social e Combate à Fome, 2006)

Ao executar essa integração, o PAIF estará produzindo requisitos para

prevenir casos de risco, impedindo que as famílias precisem de proteção social

de média e alta complexidade do Sistema Único de Assistência Social (SUAS).

(Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, 2006)

“Esse programa é co-financiado pelo Governo Federal através do Piso

Básico Fixo, instituído pela Portaria número 442/2005, que define as atividades

a serem desenvolvidas pelo PAIF”. (Ministério do Desenvolvimento Social e

Combate à Fome - OC, 2006, p.28).

“O Programa de Atenção Integral à Família (PAIF)

expressa um conjunto de ações relativas à acolhida,

informação e orientação, inserção em serviços da

assistência social, tais como socioeducativos e de

convivência, encaminhamentos a outras políticas,

promoção de acesso à renda e, especialmente,

acompanhamento sociofamiliar. Esse programa é

desenvolvido no Centro de Referência de Assistência

Social (CRAS).” (www.mds.gov.br).

20

2.1- Espaço físico do CRAS/PAIF

O espaço físico do CRAS deve ter como base, o trabalho social com

famílias, operacionalizado por intermédio do PAIF. Portanto, O CRAS precisa

ter, no mínimo, os determinados espaços: (www.mds.gov.br).

Espaços Atividades

Hall aberto Espera e transição

Recepção Acolhimento e encaminhamentos

Sala de Atendimento Entrevistas e atendimento individualizado (famílias

e/ou indivíduos)

Sala Socioeducativo com

Famílias

Grupos socioeducativos e atividades

coletivas/comunitárias

Sala Administrativa Coordenação, produção de informações, arquivo,

equipe técnica

(www.mds.gov.br)

Os espaços considerados necessários destinam-se unicamente às

ações do Programa de Atenção Integral à Família (PAIF). Portanto, caso se

escolha a oferta de serviços socioeducativos de convívio geracionais, bem

como de projetos de inclusão produtiva no CRAS, o espaço físico neste caso

precisará ser ampliado e adequado, de acordo com as orientações exclusivas

21de cada serviço socioeducativo, e de forma a não lesar o desenvolvimento do

PAIF. (www.mds.gov.br).

“O município e o Distrito Federal comprometem-se com a estruturação e

manutenção do espaço físico do CRAS, como cumprimento do requisito de

habilitação ao nível básico ou pleno de gestão do SUAS.” (Ministério do

Desenvolvimento social e Combate à Fome - OT, 2006, p.17).

2.2- Profissionais que atuam no CRAS/PAIF

O CRAS é uma unidade sócioassistencial que deve contar com uma

equipe de trabalhadores da política de assistência social (equipe de referência)

pela implementação do PAIF, de projetos e serviços de proteção básica e pela

administração articulada na localidade de abrangência, em todo tempo sob

orientação do gestor do município.Portanto, essa equipe de referência do

CRAS é regulamentada pela Norma Operacional Básica de recursos Humanos

do SUAS (NOB-RH/SUAS, está sujeito a quantidade de famílias referenciadas

ao CRAS, de acordo com o quadro a seguir: (www.mds.gov.br)

22

Porte dos municípios Pequeno Porte I Pequeno Porte II Porte Médio

Grande Porte Metrópole

Famílias referenciadas e capacidade de atendimento

2.500 famílias referenciadas e capacidade de atendimento anual de 500 famílias

3.500 famílias referenciadas e capacidade de atendimento anual de 750 famílias

5.000 famílias referenciadas e capacidade de atendimento anual de 1000 famílias

Equipe de referência

2 técnicos de nível médio e 2 técnicos de nível superior, sendo 1 assistente social e outro preferencialmente psicólogo

3 técnicos de nível médio e 3 técnicos de nível superior, sendo 2 assistentes sociais e preferencialmente 1 psicólogo.

4 técnicos de nível médio e 4 técnicos de nível superior, sendo 2 assistentes sociais, 1 psicólogo e 1 profissional que compõe o SUAS

As equipes de referência do CRAS devem contar sempre com um coordenador com nível superior

(www.mds.gov.br)

As atividades realizadas pelos profissionais atuantes nos CRAS/PAIF

são executadas sob a forma de cursos de geração trabalho e renda, grupos

operativos, reuniões, palestras, visitas domiciliares, entrevistas, campanhas

socioeducativas, ações com a comunidade, dentre outras. Portanto, visa à

capacitação profissional, a emancipação das famílias, estimular a convivência

interpessoal, os relacionamentos familiares, potencializar a rede de ações

23socioassistenciais do município que está inserido, tornar realizável a formação

para a cidadania, mobilizar as redes e recursos da comunidade com a

perspectiva ao maior desenvolvimento e inclusão das famílias e indivíduos,

valorizando suas heterogeneidades, as singularidades de cada grupo familiar e

o fortalecimento dos vínculos familiares e comunitários.

“A metodologia proposta de trabalho com famílias

parte do reconhecimento da pluralidade de arranjos

familiares presentes na sociedade, bem como do respeito

à diversidade cultural. Da mesma forma, reconhece na

história das formações familiares que as relações com o

contexto social e cultural são determinantes no

cumprimento, pelas famílias, de suas funções de

proteção e de desenvolvimento de seus membros.

O fortalecimento de possibilidades de proteção

social na própria família não restringe as

responsabilidades públicas de proteção para com os

indivíduos e a sociedade. Assim, trabalhar com famílias é

trabalhar com uma rede de vínculos dentro de um

contexto sociocultural. É trabalhar no binômio

família/comunidade.

As ações com famílias envolvem o reconhecimento

da organização do cotidiano, o exercício dos papéis e

funções na família, as relações de geração e de gênero,

de autoridade e afeto; os valores, as representações e

práticas de cuidado e socialização de seus membros; e,

ainda, a convivência, a participação e a ação na

comunidade.” (Ministério do Desenvolvimento social e

Combate à Fome - OC, 2006, p.31e 32).

24

2.3- O Psicólogo no CRAS/PAIF

O CRAS possui como objetivo o desenvolvimento local, procurando, de

modo geral, potencializar o território. O ponto central da atuação do CRAS é

prevenção e promoção da vida, devido a isso o trabalho do psicólogo deve

focalizar as potencialidades, mas não pode desconsiderar as vulnerabilidades

sociais. O profissional deve entender que o seu trabalho precisa ter como foco

a valorização dos aspectos saudáveis encontrados nos indivíduos, nas famílias

e comunidade. (CREPOP, 2008)

É necessário ver fora dos consultórios, dos settings convencionais. Ter a

perspectiva de estabelecer vários olhares, várias conexões, várias redes. Ter o

princípio de trabalhar com a vida, não com o pobre, o pouco, o menos. Ter o

dever de devolver para a sociedade a contestação, a oposição, quando muitas

pessoas não usufruem de um lugar de cidadania, que as mesmas deveriam ter

a garantia, como direito. Portanto, é preciso que ocorra a ocupação profissional

de todos os casos, pois eles estão ali, pedindo algo, e às vezes, porque há

uma grande espera, nem pedindo estão mais. Mais há motivos para a

retomada e aproximação do que deve ter ficado perdido nos fragmentos dos

atendimentos segmentados dos encaminhamentos especificados nos papéis,

mas ainda não registrados na vida (CREPOP, 2008).

O trabalho do CRAS tem como argumento organizar-se enquanto

espaço de referência e porta de entrada para os serviços da Assistência Social,

portanto suas atuações são dentro da perspectiva de rede (CREPOP, 2008).

“Com base nesses conhecimentos, intervenções

psicológicas com a finalidade da promoção da autonomia

têm envolvido a participação efetiva da comunidade,

parcerias com instituições como igrejas e movimentos

sociais, ações comprometidas com o bem-estar, com a

diversidade e as subjetividades de todos. Como afirma

25Lane (2001), a Psicologia deve recuperar o indivíduo na

interseção de sua história coma história de sua

sociedade, pois é somente este conhecimento que

permite compreender o homem como produtor de sua

história. Assim, a participação social é condição básica à

cidadania”(CREPOP,2008,p.19- http://crepop.pol.org.br.).

A atuação do psicólogo a partir de uma relação com a Assistência

Social, precisa começar dentro de cada um de nós, como profissionais e seres

humanos, em respeito ao próximo e no ato de se colocar no lugar do outro, na

busca de entender o seu sofrimento. Pode possibilitar um relacionamento

mútuo com a finalidade de resgatar sua autonomia, autoconfiança, auto-estima,

capacidades de decisão, responsabilidade pela própria vida. E através das

intervenções, buscar mudar situações de desigualdades e violências vividas

por essas pessoas na conquista de direitos.

A Psicologia tem compromisso com a autonomia dos indivíduos, com a

crença no potencial da comunidade e das famílias referenciadas pelos CRAS,

para que ocorra uma quebra no processo de exclusão/marginalização,

assistencialismo e tutela. (CREPOP, 2008).

“As atividades desenvolvidas no CRAS estão

voltadas para o alívio imediato da pobreza, para a ruptura

com o ciclo intergeracional da pobreza e o

desenvolvimento das famílias. Os psicólogos no CRAS

devem promover e fortalecer vínculos sócio-afetivos, de

forma que as atividades de atendimento gerem

progressivamente independência dos benefícios

oferecidos e promovam a autonomia na perspectiva da

cidadania.”(CREPOP,2008,p.24- http://crepop.pol.org.br).

26O profissional deve entender as demandas dos indivíduos, em seus

contextos históricos, sociais, pessoais e contextuais na formação do diálogo

como base na demanda planejada e espontânea.(CREPOP,2008)

“Na relação com as famílias é importante também

estar atento ao processo de culpabilização da família. A

extrema valorização da família e a idealização do núcleo

familiar contribuíram para se pensar que “(...) se tudo se

remete à família, tudo é culpa da família” (MEMAN, 2002,

p.38). Respeito mútuo, respeito a si próprio e

reconhecimento do outro são importantes para a

construção de relações de confiança entre profissionais e

população atendida e para se possibilitar uma postura

autônoma, contribuindo para a re-significação do lugar do

indivíduo, empoderando-o enquanto sujeito cidadão de

direitos.” (CREPOP, 2008, p.25- http://crepop.pol.org.br).

O Profissional precisa ser ouvinte desta família considerando o ponto de

vista do outro, valorizando o saber particular de cada família, priorizando o

bem-estar. O Psicólogo em particular deve ter uma escuta e acolhimento

dessa subjetividade

Atualmente, como já foi explicado, o modelo de família está muito

diferenciado e diversificado. Com isso, o profissional não deve ter

discriminação relacionada a estruturas de famílias, ou seja, não tentar

buscar nela o modelo de família que tem como representação.

Pode-se ressaltar a relevância do comprometimento e a vontade do

profissional em ampliar seus conhecimentos e a sua “visão” para entender a

força da família na transformação de nossa sociedade e com isso, buscar

ações voltadas para a família, não apenas no indivíduo.

27 Para o trabalho com famílias de baixa renda através de políticas públicas

é importante o acolhimento dessas famílias como estratégia fundamental

para a criação e fortalecimento do vínculo entre o serviço, o técnico, a

família e a comunidade. Com isso, as famílias identificam o local de trabalho

e os profissionais como referência na procura de apoio e acesso aos

serviços socioassistenciais e sua participação nas atividades em grupos e

em comunidades.

Portanto, o psicólogo também deve pretender construir com a família um

vínculo de confiança e empatia, além de informá-la sobre seus direitos e

deveres; sensibilizando-a, convidando-a e motivando-a a refletir sobre como

garantir e executar e vencer as dificuldades do dia a dia.

O profissional que trabalha com estas famílias deve ter como foco

fortalecer e apoiar a família no ato de enfrentar as vulnerabilidades, na

potencialização de suas capacidades e no progresso de sua autonomia.

“O CRAS é responsável pela oferta de serviços

continuados de proteção social básica e de Assistência

Social às Famílias, grupos e indivíduos em situação de

vulnerabilidade social são realizados os seguintes

serviços, benefícios, programas e projetos (BRASIL,

2006a):

1- Serviços: socioeducativos-geracionais,

intergeracionais e com famílias; sócio-comunitário;

reabilitação na comunidade; outros;

2- Benefícios: transferência de renda (bolsa família e

outra); Benefícios de Prestação Continuada – BPC;

benefícios eventuais- assistência em espécie ou material;

outros;

3- Programas e Projetos: capacitação e promoção da

inserção produtiva; promoção da inclusão produtiva para

beneficiários do programa Bolsa Família – PBF e do

28Benefício de Prestação Continuada; projetos e

programas de enfrentamento à fome; grupos de produção

e economia solidária; geração de trabalho e renda.

O Psicólogo pode participar de todas essas ações,

articulando a sua atuação a um plano de trabalho

elaborado em conjunto com a equipe interdisciplinar.”

(CREPOP, 2008, p.28 – http://crepop.pol.org.br).

O Psicólogo deve fazer parte da equipe de trabalho em igualdade de

condições e com liberdade para atuar e contribuir no processo de uma forma

de promoção que não está centrada no assistencialismo, na caridade, no favor

e nem na tutela. (CREPOP, 2008).

“Em se tratando do trabalho do psicólogo, que,

conforme sugerido alhures, deve enfatizar as relações da

pessoa com os seus contextos, sustentar para a

prevenção de situações de risco e contribuir para o

desenvolvimento de potencialidades pessoas e coletivas,

este profissional deve pautar sua atuação pelos marcos

normativos da Assistência Social, como Guia de

Orientação Técnica-SUAS N.1 (BRASIL,2005), que versa

sobre as diretrizes metodológicas para o trabalho com

famílias e indivíduos, bem como sobre os serviços e

ações do PAIF ofertado pela equipe de profissionais do

CRAS.” (CREPOP, 2008, p.30 - http://crepop.pol.org.br).

29Logo, se houver casos que necessitam de ações e serviços não

identificados nestes aparatos normativos (exemplo: o caso clínico de natureza

psicoterapêutica), o profissional precisa buscar em outros pontos da rede de

serviços públicos que se dispõe no território de abrangência, para assegurar os

direitos dos usuários a serviços de qualidade. (CREPOP,2008)

A equipe e o usuário devem buscar a parceria, a socialização e a

construção do conhecimento e, especificamente o psicólogo deve atuar dentro

dos princípios do Código de Ética Profissional do psicólogo. (CREPOP,2008).

30

CAPÍTULO III

APOIO SOCIAL

Segundo Valla (apud, Costa, 2002), apoio social pode ser definido do

seguinte modo: qualquer informação falada ou não, e/ou auxílio de material,

oferecidos por grupos ou pessoas, com os quais teríamos contatos

sistemáticos, que resultam em efeitos emocionais. Trata-se de um processo

recíproco, que gera efeitos positivos tanto para o sujeito que recebe quanto

para quem oferece apoio, permitindo que ambos tenham mais sentido de

controle sobre suas vidas. Desse processo se apreende que as pessoas

necessitam uma das outras.

"Diversas definições de apoio social têm

sido propostas, enfatizando diferentes aspectos

funcionais (Bowling,1997; Due et al.,1999;

O'Reilly, 1988). Para Caplan (1974), trata-se de

um sistema de relações formais e informais

pelas quais indivíduos recebem ajuda

emocional, material ou de informação, para

enfrentarem situações geradoras de tensão

emocional. Outros autores definiram apoio

social como o grau com que relações

interpessoais correspondem a determinadas

funções (por exemplo, apoio emocional, material

e afetivo) em situações de necessidade

(Bowling, 1997; Cohen & Wills, 1985;

Sherbourne & Stewart, 1991). Segundo esta

31definição, é aspecto fundamental a percepção

do indivíduo sobre a disponibilidade de apoio

por parte de sua rede social; portanto, apoio

social diz respeito aos recursos disponibilizados

por outras pessoas em situações de

necessidade (Due et al., 1999).

Estudos epidemiológicos identificaram

associação entre ligações sociais e a ocorrência

de diversos desfechos relacionados à saúde.

Dentre esses desfechos, a associação entre

maior apoio social e menor mortalidade geral

(consideradas todas as causas) é o que

apresentou, até agora, maior consistência, já

que diversos estudos identificaram que

indivíduos isolados socialmente apresentaram

risco entre duas e cinco vezes maior de morrer,

comparados aqueles que mantêm vínculos

fortes com amigos, parentes ou grupos

(Berkman & Syme, 1979; Ho,1991; House et

al.,1982; Kaplan, 1988; Kawachi et al., 1996;

Orth-Gomér & Johnson, 1987).” (Griep, 2003).

O apoio social é uma prática de promoção da saúde, prevenção à

doença e tratamento, relacionando saúde em um bem-estar físico e mental.

Entende-se que o apoio social aumenta a imunidade do corpo.

Segundo Chor (2001), apoio social não possui uma definição rígida, não

há um consenso quanto a esta definição.Trata-se do quanto as relações entre

as pessoas retribuem a determinadas funções, como: apoio emocional,

material e afetivo, tendo como fator principal o quanto o indivíduo ficou

satisfeito com a disponibilidade e qualidade dessas funções. Aquilo que vai

32proporcionar a pessoa acreditar que é querido, amado e que pertence a uma

rede social e que as pessoas tem compromissos entre elas. Portanto o apoio

social é um processo de reciprocidade, ocasionando efeitos positivos para

quem dá quanto para quem oferece o apoio, fazendo com que ambos tenham a

sensação de controle sobre suas próprias vidas.

O apoio social favorece a realização da prevenção através da

solidariedade e o apoio entre as pessoas e proporciona a busca do senso-

crítico.

3.1- Apoio social, redes e comunidade

Segundo Andrade e Valtsman (2002) usando os termos rede social,

apoio social e empowerment (empoderamento), pode-se notar que a

valorização de uma cultura participativa na sociedade em geral servem para

aumentar a auto-estima e autonomia, proporcionado uma melhor qualidade de

vida.

“De acordo com Sluzki (1997), as redes sociais

apresentam expressiva importância na medida em que

influenciam a auto-imagem do indivíduo e são centrais

para a experiência de identidade e competência, muito

particularmente na atenção à saúde e adaptação em

situações de crise. As redes sociais são definidas como

as relações que compreendem não apenas a família

nuclear ou extensa, mas aos vínculos interpessoais

ampliados como, os amigos, os colegas de trabalho ou

de estudo, e as relações que são estabelecidas na

comunidade. Assim elas “sustentam e fazem parte do

universo relacional do indivíduo” (Sluzki,1997, p.40).

33Klefbeck (2000) ressalta que as redes sociais vêm

se tornando foco de muitos estudos devido a sua

importante significação no bem-estar e cuidado em

situações de crise. Esses trabalhos têm como

precursor o Modelo Bioecológico do Desenvolvimento, de

acordo com o qual os contextos ambientais são

concebidos como uma série de estruturas encaixadas

que se interpõem e que vão desde o microssistema que é

mais interno e próximo à pessoa, até o macrossistema

que é mais geral e externo à pessoa (Bronfenbrenner &

Morris, 1998). As redes sociais são encontradas nos

diversos sistemas, desde o micro, o qual é definido como

o ambiente imediato da pessoa, onde se instauram as

interações interpessoais que exercem influência direta

sobre as mesmas, até os sistemas mais amplos como o

mesossistema e exossistema, por exemplo, (Sluzki,

1997).” (Andreani, Custodio e Crepaldi, 2006).

Outro efeito do apoio social seria a contribuição no sentido de criar uma

sensação de coerência e controle da vida, o que beneficiaria o estado de saúde

das pessoas. É nessa idéia, na qual as pessoas passam ter um maior controle

sobre suas vidas, ou seja, o apoio social favorecendo empowerment

(empoderamento) dos indivíduos. Esse conceito, aumenta a capacidade das

pessoas em situação de fragilidade, se sentirem influentes nos processos que

determinam suas vidas, muitas vezes uma força para que eles posam

novamente se sentir ativos no mundo.

Portanto, na participação de um grupo, uma rede de solidariedade e

apoio, retoma-se os laços sociais quando mais se precisa deles. Pode ser até a

união de pessoas com o mesmo problema, com o mesmo objetivo, trocando

informações, quebrando o isolamento, além de sentir produtivo, saindo da

34posição daquele que está impossibilitado, sem condições de gerir sua própria

vida.

“As redes de apoio são definidas por Brito e Koller

(1999), pela disponibilidade de apoio e reforço por

pessoas significativas ou sistemas, diante de situações

de crise, propiciando estratégias de enfrentamento

através de carinho, encorajamento ou assistência. Para

Dessen e Braz (2000), o apoio social é fundamental ao

longo do desenvolvimento humano, tendo destaque

durante períodos de transição e de mudanças.”

(Andreani, Custodio e Crepaldi, 2006).

As sociedades atuais propiciam o individualismo à perda da força e do

significado da realidade local. Logo, se percebe a precariedade e o

distanciamento dessa relação afetiva entre as pessoas, que no meio de tanta

gente sentem-se sozinhas e indefesas .

Portanto, a união das pessoas ou de grupos voluntários seria a forma de

estreitar e ativar as redes sociais, evitando o isolamento, e assim promovendo

saúde.

Andrade e Vatsman (2002) afirma que o conceito de rede faça referência

a realidades diferentes entre si, apresenta uma idéia de pontos conectados por

fios, formando a imagem de uma teia. Através de estudos das redes pode-se,

por exemplo, mapear as relações dos indivíduos ou grupos. Conceber uma

sociedade em rede é entendê-la em sua interdependência.

Segundo Andrade e Valtsman (2002) estudos mostram que a falta e a

pobreza de relações sociais é risco à saúde comparando a fatores de risco

como: o fumo, a pressão arterial elevada, a obesidade e a ausência de

atividade física, os quais provocam implicações clínicas para a saúde pública.

35Nas relações sociais existe a necessidade de troca entre as pessoas;

portanto numa situação de doença as pessoas reduzem as iniciativas de trocas

com seus contatos afetivos e pessoais, fazendo com que aqueles que estão

inseridos na rede também minimizem a sua interação.

Para a classe popular, essas relações se tornam muito mais claras, pois

geralmente é a única forma de ajuda em que as pessoas podem contar, além

de serem o único suporte para ajudar a aliviar os problemas e as dificuldades

do dia a dia.

A condição de estar doente, por exemplo, já coloca as pessoas diante de

limitações e situações que interferem na relação da pessoa com o trabalho,

com os amigos e a família. Experimentando, ás vezes, fragilização da

identidade, do próprio sentido da vida e da doença, prejudicando sua

capacidade de resolver problemas, pois tudo que organizava essa identidade é

alterado pela doença.

Segundo Minkler (apud, Andrade e Valtsman, 2002) o apoio social que

as redes proporcionam refere-se ao mecanismo de ajuda mútua, tendo uma

força maior quando a rede é forte e integrada. Ao se referir em apoio social

fornecido pelas redes, dá-se ênfase aos aspectos positivos das relações

sociais, como dar apoio em momentos de crise, trocar informações e presença

em eventos sociais. A participação na comunidade pode aumentar a

autoconfiança, o sentimento de estar bem com a vida, aumenta a capacidade

para enfrentar problemas. Na situação em que a pessoa se encontra debilitada

até mesmo pelo adoecimento, o apoio social faz com que a pessoa queira viver

e aumenta a auto-estima, contribuindo para o sucesso do tratamento.

A comunidade proporciona ao indivíduo um sentimento de

pertencimento, lugar de identidade. Ela possibilita que as pessoas tenham um

relacionamento mais próximo, podendo, promover saúde nesses

relacionamentos, onde as pessoas se sentem queridas, tendo uma vida social

mais digna e justa.

Comunidades e indivíduos, através do apoio social, são capazes de

experenciar um senso de controle de suas vidas, aumentando a auto-estima, a

36autoconfiança, sendo capazes de resolver os seus próprios problemas, tendo

autonomia para mudar suas próprias vidas e ambientes.

Segundo Campos (2000), é na comunidade onde a maior parte da vida

diária é vivida, seja um bairro, com os colegas de profissão, dentre outros.

Portanto, a idéia de comunidade relaciona-se intimamente com a de

apoio social, das pessoas se ajudarem, aceitarem as diferenças, não acharem

que são melhores que as outras pessoas ou os sabedores da verdade, mas

aceitar o outro não com pior ou melhor, mas simplesmente diferentes. Um bom

relacionamento entre com as pessoas promove saúde.

Silva e Dalmaso (2002), o apoio social ou suporte social é formado por

um conjunto de ações que podem ser cumpridas por parentes, amigos,

voluntários, membros da equipe de trabalho (profissionais). Um aspecto seria o

de fornecer informação favorecendo que as pessoas ou grupos possam por si

mesmas decidir o que é melhor, saberem aonde podem procurar ajuda para

resolver os problemas, se proteger e se defender melhor, aprender a se cuidar.

Um outro tipo de suporte é o apoio emocional: é conversar, encorajar, mostrar

que a pessoa está lá para fornecer ajuda quando necessário, fazendo com que

a pessoas se sintam fortalecidas, mais confiantes para decidir e lutar pelo o

que desejam. Um outro tipo de suporte é o instrumental, que tem como

finalidade oferecer recursos técnicos e ou materiais para ajudarem a pessoa ou

ao grupo a cuidarem de si mesmos de maneira mais eficaz, desenvolvendo

habilidades pessoais. Esses recursos materiais podem ser: cesta básica, renda

mínima, dentre outros que poderão ajudar a manter a qualidade de vida

As relações sociais incentivam as pessoas a cuidar mais da saúde,

dando sentido á vida, favorecendo a organização da identidade a partir dos

olhos dos outros, tendo alguém que se importe com a outra e necessita de uma

certa maneira que a outra melhore, proporcionando uma força interior pela luta

pela vida. Ou seja, as relações sociais influenciam positivamente na saúde.

Pode-se ressaltar a questão da rede social quando esta se encontra

numa situação de vulnerabilidade e risco social, o que acontece nas famílias de

baixa renda. Hoje as ações voltadas para o atendimento dessas famílias muitas

vezes é a porta de entrada dessas situações também de saúde-doença, mas

37não é uma rede fortalecida, conseqüentemente, esta afeta diretamente o

indivíduo. Isto também se dá numa relação contrária pois, quando este

indivíduo não tem família, meio social, ou qualquer outra estrutura fortalecida

ele estando em “desequilíbrio biopsicossocial” fatalmente também afetará

negativamente a rede social.

A idéia de comunidade é a de melhorar a qualidade de vida, vendo o

sujeito como um todo, pois pessoas ficam doentes devido ao estilo de vida a

que estão expostas, certas questões sociais geram condições que vão interferir

no processo saúde-doença. Portanto essa idéia de comunidade implica-se

diretamente na de apoio social, das pessoas se ajudarem, aceitarem as

diferenças, não acharem que são melhores que as outras pessoas ou os

sabedores da verdade, mas aceitar o outro não como pior ou melhor, mas

simplesmente diferentes. Portanto, um bom relacionamento com as pessoas e

com o ambiente também promove saúde e uma melhor qualidade de vida.

Se de um lado o apoio social favorece realizar a prevenção através da

solidariedade e o apoio entre as pessoas, por outro lado favorece que as

pessoas tenham mais senso crítico, de acordo com a nova visão do homem

como ser total, favorecendo a autonomia das pessoas. Essas discussões se

dariam dentro das escolas através de até mesmo disciplinas que permitam

pensar no homem como unidade e sua relação com o ambiente, nas

associações de moradores, nos Centros de Referências de Assistência

Social/Programa de Atenção Integral à Família (CRAS/PAIF) nos trabalhos

com as famílias e comunidades, dentre outros.

O apoio social entre as pessoas permite que possa haver uma união na

comunidade, formando uma força, no sentido das pessoas acreditarem que são

capazes de lutar, mudar, ir atrás de seus direitos. Portanto o apoio social faz

com que as pessoas tenham maior senso de controle sobre suas vidas.

As relações comunitárias têm como base a igualdade de diretos e

deveres, reconhecendo as respectivas singularidades e respeitando as

diferenças. Todos têm voz ativa, além das pessoas se considerarem amadas e

benquistas nessas relações.

38Essa união das pessoas na comunidade é mais do que reivindicar o

poder público, a idéia de militância, é a de também promover saúde. Através

dessa força do grupo, possam ajudar umas as outras em benefício da

comunidade, percebendo que são capazes de melhorar a qualidade de vida.

A idéia de comunidade hoje na imaginação das pessoas, relaciona-se às

populações pobres, moradores de favelas. Mas, isso tem se modificado não só

na idéia, mas pelas mudanças sócio-econômicas devido ao crescimento

acelerado e desorganizado das cidades urbanas brasileiras. Esse crescimento

das favelas está no ponto de não comportar mais apenas uma comunidade,

mas sim várias, dificultando o desenvolvimento de organizações populares,

além do crescimento da violência.

Uma comunidade de periferia urbana, por exemplo, tem um modo de

relação entre si, de vivência particular, podendo sofrer certo tipo de

preconceito, sendo estigmatizadas como pessoas de menor valor humano,

associando-os assim, muitas vezes, á delinqüência, à violência e a

desintegração social. A partir disso, pode-se focar a importância da

necessidade das classes populares em estar na comunidade, devido à

significação de valor afetivo entre as pessoas. Essas pessoas já possuem uma

vida muito difícil, expostas a um estresse contínuo. É necessário, muitas vezes,

acordar de madrugada para trabalhar, enfrentar a condução lotada em péssimo

estado, dentre outros. Geralmente o acesso ao hospital público é dificultoso, ás

vezes precisa enfrentar uma fila enorme durante a madrugada para ser

atendido e quando consegue a maioria dos médicos mal as ouve, por

considerá-las inferior e acaba sendo mais autoritário, menos tolerante,

prescritivo e pouco explicativo. Por isso, para as classes populares procurarem

o médico precisa ser em situações extremas, pois essas pessoas , na grande

maioria, só se sentem doentes quando começa atrapalhar as suas condições

de trabalho. E quando se sentem propícias ao trabalho, continuam seus

afazeres interrompendo o tratamento; assim a doença pode voltar mais forte e

mais resistente aos medicamentos.

A realidade das pessoas de baixa renda é, muitas vezes, de má

alimentação e de pouco tempo para dormir, muitos sem saneamento básico,

39sem água limpa para beber, dentre outros. Portanto, os mesmos estão sujeitos

a um estresse contínuo relacionado à sobrevivência em ter que enfrentar

problemas como falta de energia, água, não saber se vai se alimentar

adequadamente no dia seguinte, ou seja, um futuro incerto. Os bairros onde

moram as pessoas de baixa renda geralmente são áreas em que há o tráfico

de drogas e aonde não se dispõe de espaços de lazer, aonde há um alto índice

de desemprego, baixa escolaridade, dificuldade para manter os cuidados com

a saúde, dentre outros. As pessoas vivem com medo da violência e falta de

confiança. Mas, a falta de contato humano pode adoecer as pessoas.

O apoio social ou suporte social é realizado em uma ligação entre

indivíduos ou grupos sociais juntamente, por exemplo, com a equipe de

trabalho do Centro de Referência de Assistência Social/ Programa de Atenção

Integral à Família (CRAS/PAIF). Busca-se discussão desse apoio junto com a

comunidade, pois dependendo da necessidade da população, o profissional

juntamente com as pessoas interessadas decide como resolver os problemas

apresentados.

Aquela pessoa ou grupo que recebe o apoio, entende-se que sabe o

que realmente precisa, pois o profissional pode pensar que está ajudando e na

realidade a ajuda ser desnecessária ou até estar atrapalhando. Por isso, o

trabalho se dá através da conversa, e o profissional deve se posicionar como

igual no saber, o que é imprescindível para atuação nessa área. O apoio social

ou suporte social representa uma nova área de prática e de saber.

Este conteúdo leva-nos a discutir sobre a importância das relações

sociais no entendimento do ser humano, tendo como foco não apenas uma

visão fragmentada do indivíduo, mas permitir pensar saúde e o social em sua

complexidade e integrando novos saberes.

40

CONCLUSÃO

Com este trabalho pretendeu-se discutir sobre a importância das

relações sociais na qualidade de vida das classes populares no âmbito do

Centro de Referência de Assistência Social/Programa de Atenção Integral à

Família (CRAS/PAIF).

Nas relações sociais existe a necessidade de troca entre as pessoas;

portanto numa situação de doença, por exemplo, as pessoas reduzem as

iniciativas de trocas com seus contatos afetivos e pessoais, fazendo com que

aqueles que estão inseridos na rede também minimizem a sua interação.

Para a classe popular, essas relações se tornam muito mais claras, pois

geralmente é a única forma de ajuda em que as pessoas podem contar, além

de serem o único suporte para ajudar a aliviar os problemas e as dificuldades

do dia a dia.

Conceituar família é algo complexo, pois os parâmetros sociais sofrem

mudanças de acordo com o momento vivenciado. Mas, a noção de família em

qualquer contexto social refere-se à posição desempenhada por cada um de

seus membros no interior da instituição familiar, conforme o conjunto de valores

determinados pela sociedade.

Hoje, o modelo de família está muito diferenciado e diversificado, ou

seja, não há um padrão único e rígido. Mas, as formas apresentam aspectos

diversos, pois em cada organização familiar há regras e normas distintas que

precisam ser respeitadas.

Para as famílias pobres são considerados integrantes delas aqueles com

quem convivem e confiam, não se restringe apenas a laços consangüíneos,

mas sim ao cumprimento também de obrigações e a laços de afeto.

Portanto, cada membro e cada família como um todo vive as etapas de

maneira diferente de acordo com o contexto, história e particularidade de cada

um.

41Os indivíduos, famílias e comunidades, através do apoio social, são

capazes de experenciar um senso de controle sobre suas vidas, aumentando a

auto-estima, a auto-confiança, sendo capazes de resolver os seus próprios

problemas, tendo autonomia para mudar suas vidas e ambientes. Além de

promover uma maior satisfação com a vida através dos vínculos sociais,

solidariedade e apoio mútuo. O isolamento social e a falta de vínculos sociais

mais fortes favorecem até mesmo o adoecimento.

O apoio social entre as pessoas e famílias permite que possa haver uma

união na comunidade, formando uma força, no sentido das pessoas

acreditarem que são capazes de lutar, mudar, ir atrás de seus direitos.

As relações comunitárias têm como base a igualdade de diretos e

deveres, reconhecendo as respectivas singularidades e respeitando as

diferenças. Todos têm voz ativa, além das pessoas se considerarem amadas e

benquistas nessas relações.

O Centro de Referência de Assistência Social/Programa de Atenção

Integrada à Família (CRAS/PAIF) têm o intuito de instrumentalizar a família e o

indivíduo em ocorrência de exclusão social para que esteja preparado para

superar, ou no mínimo amenizar as ocasiões determinadas pela situação de

pobreza.

Portanto a relação de apoio social, família e CRAS/PAIF têm o propósito

da Psicologia social Comunitária, o de discutir a idéia de tornar a sociedade

mais justa, igualitária e digna através da conscientização das pessoas,

tornando-as mais críticas, fazendo-as pensar sobre a questão que elas vivem

estando atuante na sua comunidade, saindo da alienação, tendo capacidade

de lutar pelos seus direitos, exercendo a cidadania.

O apoio social favorece a realização da prevenção através da

solidariedade e o apoio entre as pessoas e proporciona a busca do senso-

crítico.

Portanto qual Psicologia que queremos? Aquela que propõe a

neutralidade, da psicologia da elite ou a visão da Psicologia Social Comunitária,

que visa às classes menos favorecidas, com um trabalho de cooperação,

respeito, considerando o que as pessoas falam ou sentem, em relação de troca

42de saberes, um aprendendo com o outro.Todavia, ao se propor à questão do

apoio social, não se busca apenas uma resolução pontual para os “excluídos”.

Portanto o discurso do psicólogo comunitário é o de comprometimento com

essas pessoas de baixa renda, a psicologia vai até a necessidade das famílias

e comunidades, fazendo com que o psicólogo se coloque numa posição de

igualdade, como catalisador das mudanças, a iniciativa é da comunidade. A

Psicologia Social Comunitária enfatiza o investimento na solidariedade, contra

a realidade social injusta e pouco digna. É investir nos trabalhos que buscam

uma transformação social, como por exemplo, no CRAS/PAIF.

43

BIBLIOGRAFIA

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44

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45

ÍNDICE

FOLHA DE ROSTO 2

AGRADECIMENTO 3

DEDICATÓRIA 4

RESUMO 5

METODOLOGIA 6

SUMÁRIO 7

INTRODUÇÃO 8

CAPÍTULO I

O Conceito Histórico de Família 10

1.1 – Famílias entrelaçadas 13

CAPÍTULO II

Centro de Referência de Assistência Social/ 17

Programa de Atenção Integral às Famílias

(CRAS/PAIF)

2.1- Espaço físico do CRAS/PAIF 20

2.2- Profissionais que atuam no CRAS/PAIF 21

2.3- O Psicólogo no CRAS/PAIF 24

CAPÍTULO III

Apoio Social 30

3.1- Apoio social, redes e comunidade 32

CONCLUSÃO 40

BIBLIOGRAFIA 43

WEBGRAFIA 44

ÍNDICE 45

46