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1 a UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PRÓ-REITORIA DE PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO DIRETORIA DE PROJETOS ESPECIAIS PROJETO “A VEZ DO MESTRE” DIFICULDADE DA APRENDIZAGEM HELIETE DE MELLO GOMES ORIENTADORA: PROF ª.FABIANE MUNIZ DA SILVA RIO DE JANEIRO MARÇO / 2004

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PRÓ-REITORIA DE PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO

DIRETORIA DE PROJETOS ESPECIAIS

PROJETO “A VEZ DO MESTRE”

DIFICULDADE DA APRENDIZAGEM

HELIETE DE MELLO GOMES

ORIENTADORA: PROF ª.FABIANE MUNIZ DA SILVA

RIO DE JANEIRO MARÇO / 2004

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PRÓ-REITORIA DE PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO

DIRETORIA DE PROJETOS ESPECIAIS

PROJETO “A VEZ DO MESTRE”

Trabalho monográfico apresentado comorequisito parcial para obtenção do Grau deEspecialista em Psicopedagogia.

RIO DE JANEIRO MARÇO / 2004

DIFICULDADE DA APRENDIZAGEM

HELIETE DE MELLO GOMES

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AGRADECIMENTO

Agradeço a Deus primeiramente, por estar presenteem todos os momentos de minha vida, abençoando-me e fazendo-me acreditar que tudo é possívelquando se luta com objetivos. Ao meu querido esposo Carlos Alberto que muitome apoiou na trajetória dessa difícil caminhada. A professora Fabiane Muniz pelo carinho e apoio narealização desse trabalho.

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DEDICATÓRIA

Dedico aos meus filhos e esposo, Fabrício, Fábio,Priscila e Carlos, pela compreensão e pelapaciência que demonstram nas muitas horas emque estive ausente para estudar.

5

EPÍGRAFE

“Educar é um ato de amor. Professor você é uexemplo, mesmo nos momentos em que gostaria denão ser”.

(Dr. Homer Adams)

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RESUMO

Tanto nas escolas particulares, quanto às de redes públicas, o

profissional da educação se depara com dificuldades no desenvolvimento da

criança que pode ser de forma biológica ou social.

Trataremos como as dificuldades da aprendizagem se produzem, como

surgem, como reconhecê-las no campo educacional; ou seja, dentro da sala de

aula.

É de fundamental importância para o aluno e para os que vivem com o

mesmo detectar as alterações na aprendizagem, pois o ato de não aprender

envolve a própria história da criança ou o meio social em que ela vive.

Percebendo que as dificuldades na leitura e na escrita surge a partir da

alfabetização, creio que, muitos professores desejam tirar dúvidas e como

resolver como os pais e equipe pedagógica as limitações de seus alunos.

Muitos professores deparam-se com alunos no ensino fundamental que

enfrentam dificuldades no processo de ensino-aprendizagem, que não envolvem

somente a relação aluno e professor, mas também, outros fatores que são difíceis

de detectar, enfrentando resistências por parte dos profissionais da educação, por

não obterem um embasamento teórico sobre como trabalhar.

Assim trabalharemos em cada capítulo conteúdos que visam

esclarecer dúvidas do leitor.

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SUMÁRIO INTRODUÇÃO 00

CAPÍTULO I

A CONSTRUÇÃO DA INTELIGÊNCIA 00

CAPÍTULO II

DEFINIÇÃO DE DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM 00

CAPÍTULO III

CONSEQÜÊNCIA DA CARÊNCIA AFETIVA 00

CAPÍTULO IV

NECESSIDADES ESPECIAIS EDUCACIONAIS 00

CAPÍTULO V

TRATAMENTO PARA AS DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM 00

CONCLUSÃO 00

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 00

FOLHA DE AVALIAÇÃO 00

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INTRODUÇÃO

O problema das dificuldades de aprendizagem é uma das questões

que os educadores e pais deparam-se constantemente nos dias atuais.

Dificuldades de aprendizagem é um tema que desperta a atenção para a

existência das crianças que freqüentam a escola e apresentam problemas de

aprendizagem. Por muitos anos, tais crianças têm sido ignoradas, mal

diagnosticadas e mal tratadas.

A dificuldade de aprendizagem é uma das maiores preocupações dos

educadores, pois na maioria das vezes não encontram soluções para tais

problemas.

Acreditamos que as crianças com problemas de aprendizagem

constituem em desafio em matéria de diagnóstico e educação. No entanto, não é

raro encontrar educadores, que consideram, à priori, alguns alunos preguiçosos e

desinteressados. Essa atitude não só rotula o aluno, como também esconde a

prática docente do professor, que atribui ao aluno certos adjetivos por falta de

conhecimento sobre o assunto em questão. Muitos desses professores

desconhecem, por completo, que essas mesmas crianças podem apresentar

algum problema de aprendizagem, de ordem orgânica, psicológica, social, ou

outra. Enfim, são tantas as variáveis, que é imprescindível ao professor, antes de

rotular os seus alunos, conhecer os problemas mais comuns no processo de

ensino-aprendizagem. Dessa forma, conseguirá ampliar o seu horizonte de

reflexão e, conseqüentemente, também as suas percepções e a visão do todo.

A forma de ensinar abrange a observação da criança na sala ou em

outras atividades como Educação Física, Educação Artística, Corporal, Musical e

nos momentos de lazer. Devemos verificar como a criança brinca, ouvir o que ela

tem a dizer, ouvis as conversas das crianças entre si, tentar perceber como ela vê

o mundo, como organiza o seu modo de pensar, qual a sua lógica, permitir que

ela manipule objetos diversos, que movimente e aprenda os diferentes conteúdos,

utilizando o seu corpo.

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Talvez a maior dificuldade no relacionamento entre educadores e

crianças com problemas de aprendizagem seja justamente a falta desta visão

global do ser humano, pois a tendência atual é analisar a criança parte por parte

como se ela fosse um cérebro, um ouvido, um nariz ou par de olhos.

É fácil atribuir a uma criança uma deficiência cognitiva a partir de uma

resposta imprópria que ela dá, mas se a mesma resposta fosse dada por um

adulto bem colocado socialmente, a interpretação seria bem diferente.

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CAPÍTULO I

A CONSTRUÇÃO DA INTELIGÊNCIA

11

Para Piaget, inteligência e adaptação e seu desenvolvimento está voltado

para o equilíbrio. Sendo assim, a ação humana visa sempre a uma melhor

adaptação ao ambiente. Para que ela seja possível, ocorrem constantes

organizações das experiências voltadas para a equilibração. As experiências da

criança, por sua vez, são conduzidas por sua ação em contato com o objeto. Essa

ação é concomitantemente sensório-motora, cognitiva e afetiva. (Costa, 2003)

1.1. O QUE SABEMOS SOBRE APRENDIZAGEM?

A aprendizagem é contínua. A compreensão continua a desenvolver-se

ao confrontar-se com novas idéias. As idéias anteriores podem ser mudadas a luz

de novas experiências. É um processo individual e social.

O que é aprender?

Para discutir a temática dificuldade de aprendizagem é necessário que

se compreenda o que quer dizer aprender, conhecendo a importância e a

hierarquia dos diversos tipos de aprendizagem. Primeiramente o que é o

aprender? Aprender é progredir, é adquirir novos hábitos de reação, é assegurar

o exercício das relações interpessoais do indivíduo. Desde que nasce, a criança

apresenta uma tendência natural de desenvolver-se e expandir-se aproveitando a

oportuna e devida apresentação dos estímulos. O ato de aprender engloba

determinantes sociais psicológicos, culturais, pedagógicos e genéticos, se

desenvolvendo sempre dentro de um campo de relações.

O aluno que não aprende e não realiza nenhuma das funções sociais

da educação é visto como portador de dificuldades. Dificuldades, transtornos e

problemas de aprendizagem são expressões muito usadas para refletir às

alterações que muitas crianças apresentam na aquisição do conhecimento, de

habilidades motoras e psicomotoras, no desenvolvimento afetivo e emocional.

Os princípios fundamentais e Núcleos Conceituais da Multieducação

devem ser os mesmos para todos os alunos, sendo necessários promover

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adaptações curriculares de modo que os alunos portadores de necessidades

educativas especiais sejam atendidos em suas especificidades.

A construção se inicia, se realiza e se transforma, em sua abrangência,

nos permite refletir sobre os caminhos alternativos a serem trilhados com os

alunos portadores de necessidades educativas especiais, de forma que tenham

oportunidades, tanto quanto os demais, sem perder de vista o ponto de chegada.

Se alguns destes meninos ou meninas não vão atingir este ponto, isto não

significa que não continuemos buscando alternativas que os aproximem ao máximo das

demais crianças. (Multieducação 1996)

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CAPÍTULO II

DEFINIÇÃO DE DIFICULDADES

DE APRENDIZAGEM

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O que é uma criança ou jovem com dificuldade de aprendizagem?

Das inúmeras definições da dificuldade de aprendizagem já avançadas

por ilustres investigadores e por relevantes associações científicas (Fonseca,

1987), a definição do National Joint Committee of Learning Disabilities - NJCLD,

1988, é presentemente a que reúne internacionalmente maior consenso.

A sua definição compreende o seguinte conteúdo: Dificuldades de

aprendizagem (DA) é um termo geral que se refere um grupo heterogêneo de

desordens manifestadas por dificuldades significativas na aquisição e utilização

da compreensão auditiva, da fala, da leitura, da escrita e do raciocínio

matemático. Tais desordens, consideradas intrínsecas ao indivíduo, presumindo-

se que sejam devidas a uma disfunção do sistema nervoso central, podem ocorrer

durante toda a vida. Problemas na auto-regulação do comportamento, na

percepção social e na interação social podem existir com as DA. Apesar das

dificuldades de aprendizagem ocorrem com outras deficiências (por exemplo,

deficiência sensorial, deficiência mental, distúrbios sócio-emocionais) ou com

influências extrínsecas (por exemplo, diferenças culturais, insuficiente ou

inapropriada instrução, etc) elas não são o resultado dessas condições.

De fato, o termo DA, como podemos avaliar por essa definição, tem

sido usado para designar um fenômeno extremamente complexo (Torgesen,

1990). O campo das DA agrupa afetivamente uma variedade desorganizada de

conceitos critérios, teorias, modelos e hipóteses.

Para Senf, 1981, as dificuldades de aprendizagem têm sido uma área

obscura situada entre a “normalidade e a defectologia”. No âmbito educacional os

que ensinam as crianças ou jovens ditos “normais” não raramente sugerem uma

“colocação ou encaminhamento especial” para os seus problemas, sem contudo

perspectivarem modelos dinâmicos de avaliação e de intervenção.

O quadro das dificuldades de aprendizagem é cada vez mais uma

“espoja sociológica”, que cresceu muito rapidamente, exatamente porque foi

utilizado para absorver uma diversidade de problemas educacionais acrescidos

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de uma grande complexidade de acontecimentos externos a eles inerentes (Senf.

1990).

2.1. FAMÍLIA: GRUPO PRIMÁRIO

A família é um dos grupos sociais mais antigos que ainda tem vigência.

Pode-se dizer que a família é quase um fenômeno universal presente no tempo e

no espaço na maioria das sociedades. A família primitiva é muito numerosa,

formando uma verdadeira unidade de culto. Já a família moderna é mais restrita.

É o grupo social estável formado por pessoas ligadas por vínculos de

consangüinidade – parentesco – ou, então, o grupo constituído do pai, da mãe e

dos filhos, unidos por laços de parentesco.

A família tem por finalidade a prole e a educação dos filhos.

A família começa com casal e a satisfação ou não nessa relação;

espera-se um casamento perfeito, porém se esquece de que a felicidade é

construída no dia-a-dia e não simplesmente um presente divino. É sempre

necessário o uso do carinho e da sensibilidade entre os companheiros, disposição

para ouvir e compreender. A família tem como função a educação e a formação

da criança para a vida, começando com o exemplo dos pais.

2.2. DISTÚRBIOS DE APRENDIZAGEM ORIGINADO PELA

FAMÍLIA

Vive-se hoje, uma transformação de valores, onde considera-se que os

padrões familiares estão ultrapassados. A própria família, instituição integrante da

sociedade, encontra diversas dificuldades para sobreviver dentro dos novos

conceitos e tipos de vida, esbarrando-se, a cada momento em situações que

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geram conflitos e desavenças, causando sérios transtornos a harmonia do lar e

aos seus integrantes.

“Uma grande parte dos distúrbios de comportamento reflete o desequilíbrio social emocional das relações existentes na família. A família é a primeira unidade com a qual a criança tem (ou deveria ter) contato contínuo e é também o primeiro contexto no qual se desenvolvem padrões de socialização e problemas sociais”.

(Myklebust, 1968, pág.28)

Com base em Myklebust (1954, pág.142), existem os mais variados

tipos de família. Entre eles citamos:

• A família encabeçada por um dos pais devidos à separação ou

morte de um deles: a criança sente falta do outro ser (mãe ou pai) para

se identificar, mas a ausência pode ser substituída por avós, tios,

primos, etc.

• A família constituída por avós (um ou ambos) que moram juntos:

desenvolve na criança uma relação diferente de que ela tem com os

pais e traz muitas vezes problemas sérios no que diz respeito à sua

educação (avós muito permissivos e pais muito autoritários ou vice-

versa).

• A família formada de um segundo casamento do um dos pais: exige

uma adaptação muito delicada da criança ao novo pai ou nova mãe.

Dentro da família existem problemas que afetam direta ou

indiretamente a criança, refletindo-se no desempenho escolar. Como vimos, são

várias situações que interferem e abalam a estrutura psicológica dos alunos

causando sérios bloqueios que impedem a ascensão do mesmo na meio escolar.

Os problemas mais comuns existentes na família e que podem interferir

na aprendizagem são:

• Separação dos pais. Pode trazer um desajustamento social muito

grande para a criança, levando-a à agressividade, angustia, sentimento

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de abandono nos casos em que ela se sente perdida, dividida e sem

saber se continua ou não sendo amada.

• Morte. A morte dos pais, de um parente ou de um amigo especial,

pode causar sérias conseqüências para a criança, dependendo do grau

de maturidade e das atitudes da família em relação ao fato.

As reações da criança poderão desencadear-se rápida ou lentamente,

de acordo a importância que ela atribui à pessoa que agora está ausente,. Podem

também se manifestar das mais diferentes formas: uma criança torna-se irritada,

agressiva, intolerante (exige a satisfação de seus desejos); outra torna-se solitária

e desinteressada pela vida e outra ainda pode tornar-se demasiadamente

eufórica, passando a contar vantagens que não retratam a realidade.

• Superproteção: filho único. A superproteção dos pais e sobretudo da

mãe ou dos avós impede a criança de tomar qualquer iniciativa,

tornando-a aos poucos, completamente passiva, dependente da

vontade dos adultos.

No entanto, a criança também pode manifestar atitudes “malcriadas”

(falta de cortesia, desobediência, uso de palavrões), provenientes do excesso de

mimo e liberdade dado em casa. Isto acontece na grande maioria das vezes com

a criança que é, filho único.

Esta criança na escola provavelmente pode apresentar um

comportamento de choque ou de retraimento, pois terá que dividir seu espaço,

sua atenção com outras pessoas.

“Os primeiros anos e vida são os mais importantes para o desenvolvimento do quadro de hábitos emotivos. Durante esse período, se lança um fundamento que influirá em toda vida anterior. Se durante esse período, a uma pessoa ocorrem consecutivamente coisas desagradáveis para perturbar a confiança própria, fazendo sentir-se que não era apreciada nem amada, produzirão dificuldades no funcionamento de sua personalidade, que aparecerão mais tarde em forma de alguma deficiência da adaptação mental. Em alguns casos os sintomas podem ser simples e fáceis de

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corrigir. Em outros não. Tudo depende, em grande parte da natureza e da severidade dos incidentes desagradáveis experimentados então”.

(Johnson e Myklebust, 1967, pág.56)

A família é o primeiro espaço que possibilita a construção da saber. É

ela quem cria a relação concreta do crescimento com a evolução, estabelecendo

padrões de socialização e problemas sociais. Sendo assim, fica claro que a

prevenção da dificuldade de aprendizagem deva começar no meio familiar. À

medida que esta se constitui como organizador de condutas e comportamentos

da criança, fica mais fácil de se trabalhar, pois a família é a matriz dos pré-

requisitos necessários para que haja aprendizagem e adaptação em tal âmbito,

ou seja, é de fundamental importância considerar de que maneira tais problemas

familiares afetam o sistema psicológico do educando, pois a relação de

aprendizagem está altamente ligada à questão do desejo e do querer que foi

constituída na família.

A família enquanto primeiro espaço de socialização do indivíduo, deve

rever seus valores, seus conceitos criando, na medida do possível, uma relação

confiante que não deixe este com uma formação tão indefinida.

Estabelecer limites e revelar com realidades as situações já é um

grande começo para que o ser cresça confiante. Buscar outros caminhos e

soluções também pode ser uma alternativa para aqueles pais que vêem seus

filhos com algum problema de aprendizagem.

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A família que se interessa e que busca dentro de suas próprias

dificuldades uma solução, pode evitar que seu filho ou filha tenha a sua atuação

interferida, encontrando recursos que fortalecem a construção do saber,

superando expectativas.

A enorme influência da família no desenvolvimento da criança é um

fato indiscutível. A atmosfera que rodeia a criança será uma variável decisiva em

seu processo.

Especialmente quando a criança apresenta dificuldades de

aprendizagem, os pais devem prover aos seus filhos suporte emocional,

informação e conselhos, se desejarem que a criança tenha recordação de sua

infância como período feliz e frutífero.

Uma criança que apresenta baixo rendimento escolar pode ser

portadora de um transtorno específico da aprendizagem ou seu problema pode

ser, também a expressão de um sistema familiar disfuncional, que não permite à

criança a maturidade necessária para conseguir um bom desempenho

acadêmico.

Um dos primeiros objetivos do diagnóstico feito pelos especialistas é

discriminar se a criança é portadora de um problema de aprendizagem ou se o

baixo rendimento é uma manifestação de uma problemática familiar.

É por isso, que escola e família devem caminhar juntos, a escola não

pode ser tão imparcial, é preciso que cuide das especificidades de cada indivíduo.

Vendo que estes são seres humanos.

E a família, deve buscar na escola uma aliada para colaborar na

construção deste ser.

Se o baixo rendimento escolar da criança é o produto de problemas

familiares específicos, se faz necessário esclarecer qual o seu comprometimento

em termos de sistema familiar. Desde esta perspectiva, pode-se avaliar que

20

mudanças podem ser introduzidas na família para que se encontre, alternativas

mais produtivas e saudáveis para resolver o conflito.

O rendimento escolar, dentro de um enfoque sistêmico, supõe que o

problema de aprendizagem e a conseqüente ansiedade na criança não somente a

afeta, mas também repercute nos pais e irmãos. Estes por sua vez, respondem

de uma maneira específica como por exemplo, castigando, tirando o afeto,

desvalorizando a criança, o que por sua vez, produzirá mais mudanças negativas.

A família enquanto mantenedora dos filhos, deve reconhecer sua

responsabilidade, deve propiciar uma boa relação verdadeira de amor,

compreensão, colaboração e principalmente deve se posicionar como uma

família, com alguns problemas sim, mas uma família que quer acertar, que quer

crescer e que quer vencer as dificuldades.

2.3. DIFICULDADES CAUSADAS PELAS DEFICIÊNCIAS

Muitos consideram que a palavra “deficiente” tem um significado muito

forte carregado de valores morais, contrapondo-se a “eficiente”. Levaria a supor

que a pessoa deficiente não é capaz; e sendo assim, então é preguiçosa,

incompetente e sem inteligência. A ênfase recai no que falta na limitação, no

“defeito”, gerando sentimentos como desprezo, indiferença, chacota, piedade ou

pena.

Esses sentimentos, por sua vez, provocam atitudes carregadas de

paternalismo e de assistencionalismo, voltadas para uma pessoa considerada

incapaz de estudar de se relacionar com os demais, de trabalhar e de constituir

família.

No entanto, à medida que vamos conhecendo uma pessoa com

deficiência, e convivendo com ela constatamos que ela não é incapaz. Pode ter

dificuldades para realizar algumas atividades mas, por outro lado, em geral tem

extrema habilidade em outras. Exatamente como todos nós. Todos nós temos

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habilidades e talentos característicos; nas pessoas com deficiências essas

manifestações são apenas mais visíveis e mais acentuadas.

Diante disso, hoje em dia se recomenda o uso do termo “pessoa

portadora de deficiência”, referindo-se, em primeiro, lugar, a uma pessoa, um ser

humano que possui entre suas características (magra, morena, brasileira, etc.)

uma deficiência-mental, física (locomoção), auditiva ou visual (Gil, 2000).

2.4. A PARCEIRA FAMÍLIA / ESCOLA, NAS

DIFICULDADES POR DEFICIÊNCIA

A participação da família é fundamental para todos o processo de

atendimento à criança portadora de deficiência. Os pais precisam entender as

dificuldades do filho portador de deficiência, comunicando-se com ele em atitude

positiva diante dos desafios impostos pela deficiência.

O trabalho de integração na escola depende centralmente da

colaboração dos pais, dos quais cabe fornecer informações a respeito das

condições do aluno e de seu desenvolvimento global, da necessidade de

adaptação do material, da utilização de recursos que possam facilitá-lo em seu

desenvolvimento.

Os colegas da classe também devem ser informados a respeito do

colega portador de deficiência. O ideal é que o professor crie situações em que a

participação e a cooperação acorram espontaneamente por exemplo, no trabalho

em grupo – sem que a criança com deficiência seja exposta, a situações difíceis

ou constrangedoras.

É preciso avaliar se as atividades propostas contribuem de fato para

criar relações de amizade, evitando a rejeição ou a superproteção. (Gil,2000)

2.5. QUAL É O PAPEL DA ESCOLA? E DA SOCIEDADE?

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Além da família, a escola e a sociedade também podem (e devem)

contribuir no sentido de ajudar a enfrentar os obstáculos colocados pela

deficiência. A escola é uma das grandes aliadas na luta pela integração. Nesse

espaço, as questões relacionadas a preconceitos, mitos e estigmas podem ser

debatidas e analisadas por todos: professores, alunos, e funcionários.

Ao abrir suas portas igualmente para os deficientes, a escola deixa de

reproduzir a separação entre deficientes e não-deficientes que há na sociedade.

Os portadores de deficiência freqüentemente ficam segregados,

escondidos, e a maioria das pessoas não entra em contato direto com eles. Por

isso, ao encontrar uma pessoa com deficiência, esses indivíduos ficam inseguros,

sem saber o que fazer, e às vezes acabam tomando atitudes defensivas e

preconceituosas.

Aprender é aqui entendido como a capacidade humana de receber,

colaborar, organizar novas informações e, a partir desse conhecimento

transformado, agir de forma diferente do que se fazia antes. Aprende-se numa

relação como outro ser humano e/ou com as coisas a seu redor. Masini. (1993).

2.6. DISFUNÇÕES NO PROCESSO DE INFORMAÇÃO

Quando a nós, trata-se do problema central das dificuldades de

aprendizagem áreas deveras complexa e extremamente difícil e avaliar. As

dificuldades de aprendizagem sugerem um comprometimento no processo de

informação (input, integração, elaboração e output), sutil desordem

psiconeurológica que afeta a função cognitiva (Feuerstein, 1985; Fonseca, 1987,

1990 e 1992).

Como o cérebro aprende é um dos grandes enigmas da ciência atual,

pois não sabemos precisamente como o faz, apenas se assumem inferências e

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conhecimentos clínicos de casos patológicos inerentes ao importante capítulo das

incapacidades de aprendizagens (por exemplo, agnosias, afasias, apraxias), sem

o qual a compreensão das dificuldades de aprendizagem pode ser concebida.

Para aprender é necessário perceber, compreender, analisar,

armazenar, chamar, elaborar e exprimir informação, concomitantemente torna-se

indispensável avaliar e observar quais as áreas fortes e fracas do indivíduo nas

seguintes funções de processamento: atenção, percepção (visual, auditiva,

tatilquinestésica), memória (curto, médio e longo tempo), planificação e

psicomotricidade. Com uma avaliação dinâmica dessas funções, torna-se talvez

mais compreensível o porquê das dificuldades de aprendizagem da criança ou do

jovem, e por essa via provavelmente mais fácil poderão nascer estratégicas de

intervenção mais adequadas aos seus estilos cognitivos de aprendizagem.

2.7. O NORMAL E O PATOLÓGICO

Os problemas de aprendizagem que podem ocorrer tanto no início

como durante o período escolar surgem em situações diferentes para cada aluno,

o que requer uma investigação no campo em que eles se manifestam.

Qualquer problema de aprendizagem implica amplo trabalho do

professor junto à família da criança, para analisar situações e levantar

características, visando descobrir o que está representando dificuldade ou

empecilho para que o aluno aprenda.

É importante ressaltar que, se o professor não conhece as

manifestações próprias do pensamento infantil para as várias faixas etárias, terá

dificuldade em identificar o estágio em que o aluno se encontra, podendo incorrer

em erros de, por exemplo, considerar o animismo e o egocentrismo de um pré-

escolar como problemas.

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Contando com seus conhecimentos na área da Psicologia e da

Didática o professor deve ter em mente uma noção bastante clara do que é

normal, problemático e anormas (ou patológico) no comportamento infantil. (José

e Coelho, 1999).

2.8. KATRINA DE HIRSCH

Outro importante vulto no estudo das Dificuldades de Aprendizagem é

Katrina de Hirsch.Com a influência dos gestaltistas (Goldestein, Werthein, etc) e

com formação em patologia da fala no hospital de Doenças Nervosas de Londres,

Katrina de Hirsch desenvolve intensa atividade com crianças afásicas, com uma

grande prática nos domínios das disfunções neurológicas. Tendo sido o

fundadora da primeira clínica de desordens da linguagem os Estados Unidos (

Pediatria Language Disorder Clinic - Clumbia Medical Center) essa pioneira pode

ser considerada, como Orton e Myklebust, uma especialista da patologia da fala,

tendo nessa linha investigado os déficits receptivos e expressivos da linguagem

em crianças disléxicas.

Dentro de tais déficits, conseguiu detectar os seguintes:

• Dificuldade em processar verbalizações lingüísticas complexas;

• Problemas de formulação;

• Disnomia;

• Tendência ao Cluttering (confusão na produção);

• Desorganização do output verbal;

• Dificuldades espaço-temporais;

• Dificuldades em formar esquemas de antecipação do conteúdo de

frase;

• Limitação da compreensão da leitura. Além desses aspectos

marcados essencialmente pela sua formação inicial, Katrina também se

debruçou sobre variáveis psicomotoras das crianças disléxicas

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caracterizando-as com um perfil diferenciado nas seguintes

dificuldades: desorientação especial, problemas visuomotores e de

figura-fundo; hiperatividade e padrões motores primitivos. A autora é da

mesma opinião que Bender, associando esses aspectos ora a uma

disfunção do sistema nervoso central (SNC), ora a problemas de

desenvolvimento e de imaturidade.

Katrina de Hirsch, em outra publicação editada na Europa (Folia

Phoniatria), determinou na criança disléxica os seguintes fatores não-lingüísticos:

• Dificuldades na rememorização visual;

• Características dispráxicas;

• Problemas de reprodução e configuração especiais;

• Problemas de confusão figura-fundo quer em aspectos visuais, quer

auditivos;

• Problemas na reconstrução de forma (gestalts) visuoaditivos;

• Problemas emocionais, como hiperatividade, distratibilidade,

desinibição, desorganização, alteração do eu, alteração da auto-

imagem, fobia escolar e cultural, etc.

Pedagogicamente, Katrina de Hirsch, recomenda que os métodos se

centrem fundamentalmente na criança.

Os métodos deverão ser, segundo ela, perspectivos de acordo com as

necessidades específicas e individuais das crianças. A sua visão eclética integra

ainda os trabalhos de Zangwill e de Kimura, pondo em destaque a importância da

dinâmica cortical e da disfunção maturacional provocada pela patologia da

linguagem. A mesma autora, com outros colaboradores, encontrou mais crianças

prematuras num grupo experimental do que num grupo de controle, evidenciando

a importância da maturação e do desenvolvimento harmonioso na origem das

dificuldades de aprendizagem. (Hisrch apud Fonseca, 1995)

26

CAPÍTULO III

CONSEQÜÊNCIA DA CARÊNCIA AFETIVA

27

A carência de não obter conhecimentos necessários e os inúmeros

fracassos levam a criança a um sofrimento diário, às vezes, mesmo que

inconsciente, a afasta, desorganiza e desorienta levando-a a ter baixa estima.

Segundo o texto “A criança da Escola Pública: deficiente, diferente ou

mal trabalhada?” (Patto, 1985 ).

“A dificuldade da aprendizagem escolar é encontrada em crianças com atrasos no desenvolvimento psicomotor, perceptivo, lingüístico, conetivo e psicológico.”

(Seber 1997)

A constatação que a criança apresenta dificuldade da aprendizagem

começa quando passa a fazer parte de um grupo escolar, tornando conhecimento

de um saber mais formal e sistemático distante daquele que estava familiarizado.

A relação familiar no mundo globalizado sofreu modificações.

Para sobrevivência da familiar, o responsável passa a maior parte do

tempo ausente do lar. Muitos trabalhando em serviços de baixa remuneração,

viajando em condições precárias.

Essas pessoas são tomadas pelo cansaço e pela irritabilidade entre

outros aspectos.

Neste contexto, as crianças permanecem sozinhas sendo que

geralmente o filho mais velho, e quem assume a responsabilidade de cuidar da

casa.

Como os pais passam um longo período distante dos filhos, o diálogo

que favorece a educação, torna-se raro ou inexistente. O convívio familiar é difícil.

Os pais não orientam os filhos e estes não obedecem os pais.

28

Quando acontece uma ruptura familiar, problemas de alcoolismo,

drogas, e maus tratos, essas situações agravam, provocando uma série de

problemas em família.

Por essas e outras razões, concorda-se com Isabel Adrados quando

salienta que:

“é preciso assinalar que é muito difícil que uma criança.”

Que é consciente ou inconscientemente rejeitada pelos pais possa ter

confiança em si mesma para enfrentar o ambiente social com tranqüilidade. A

incorporação da figura humana se faz o lar, através da incorporação das figuras

parentais; inadequação desse processo perturba e dificulta a socialização da

criança. (Adrados, 1983).

3.1. FATORES QUE PODEM PREJUDICAR O ENSINO

Inúmeros são os fatores que desencadeiam dificuldades na

aprendizagem e no relacionamento de muitas crianças.

Nas crianças com problemas de aprendizagem a causa determinante,

muitas vezes não é clara.

A professora da Universidade de Barcelona Joana Sancho especifica

que as dificuldades são atribuídas ao universo social como a pobreza, a

desnutrição, a composição familiar, ao ambiente em que vive, a violência da

sociedade atual, a influência da televisão etc.

Pais superprotetores que impedem a autonomia da criança ou ao

contrário: os pais ausentes também influenciam bastante neste processo. Outro

fator relevante é à entrada da criança muito cedo no mercado de trabalho.

29

No caso de família desestruturada, é preciso descobrir os motivos

desse problema fora da escola. A criança pode não estar tendo a devida atenção

em casa.

“Certamente a afetividade ou sua privação pode ser a causa de

aceleração ou atraso no desenvolvimento cognitivo” (Piaget 1973).

A escola não tem como substituir o papel da família que é fundamental,

pois tem muito mais influência na formação moral da criança. É necessário que a

sociedade seja convocada a resolver o problema. A criança vai para a escola

aprender a conviver na sociedade. É na sala de aula que a sua cidadania é

desenvolvida. As crianças com dificuldade da aprendizagem tendem a ficar

perdida em sala de aula.

A família que incentiva e apóia, que se interessa pela criança, contribui

para o seu desempenho na escola. A criança não aprende se não tiver:

“... interesse, motivação, afetos, facilidade, esforço. A afetividade é o motor das condutas. Ninguém se esforçará para resolver um problema de matemática, por exemplo, se não se interessa em absoluto por tal disciplina.”

(Seber, 1997).

3.2. A AFETIVIDADE CONTRIBUI E É FUNDAMENTAL

PARA A APRENDIZAGEM

“Com a psicanálise de Freud e seus seguidores, descobriu-se a importância dos afetos, dos desejos, das motivações, que são determinantes na esfera do inconsciente. A partir das descobertas no âmbito da Psicologia e da Psicanálise, a Educação começou a ver a aprendizagem como resultante dos problemas emocionais”.

(Ferreira 1993) Encontra-se na dinâmica familiar uma explicação mais concreta para

crianças que não aprende e tem problemas de aprendizagem. Geralmente são

mães autoritárias, pais ausentes, agressivos e desatentos.

30

31

CAPÍTULO IV

NECESSIDADES ESPECIAIS EDUCACIONAIS

32

Sob a ótica tradicional, educandos com necessidades educacionais

especiais são os alunos da educação especial; isto é, os deficientes e os que

apresentam condutas típicas de síndromes. Criou-se, no imaginário coletivo dos

educadores, a idéia de que há uma relação biunivoca entre necessidades

educacionais especiais e deficiências, tal modo que se incluem na condição de

deficientes todos aqueles que apresentem necessidades educacionais.

4.1. A DEFICIÊNCIA VISUAL

A visão é o canal mais importante de relacionamento do indivíduo com

o mundo exterior. Tal como a audição, ela capta registros próximos ou distantes e

permite organizar, no nível cerebral, as informações trazidas pelos outros órgãos

dos sentidos.

Estudos recentes revelam que enxergar não é uma habilidade inata, ou

seja, ao nascer ainda não sabemos enxergar: é preciso aprender a ver. Não é um

processo consciente. Embora nem pensemos nisso, estamos ensinando um bebê

a enxergar, ao carregá-lo no colo e ir mostrando: Olha o gatinho; Onde está seu

irmão?

O desenvolvimento das funções visuais ocorre nos primeiros anos da

vida. Graça a testes de acuidade visual recentemente desenvolvido, hoje é

possível fazer a avaliação funcional da visão de um recém-nascido, ainda no

berçário.

À família, base do desenvolvimento do ser humano abe a tarefa de

oferecer ao portador de deficiência condições para seu crescimento como

indivíduo, tornando-o capaz de ser feliz e produtivo, dentro de sua realidade, de

suas potencialidades e de seus limites. (Gil, 2000)

33

4.2. A DEFICIÊNCIA AUDITIVA

A deficiência auditiva traz muitas limitações para o desenvolvimento do

indivíduo. Considerando que a audição é essencial para a aquisição da linguagem

falada, sua deficiência influi no relacionamento da mãe com o filho e cria lacunas

nos processos psicológicos de integração de experiências, afetando o equilíbrio e

a capacidade normal de desenvolvimento da pessoa.

No Brasil existem muitas leis voltadas para os portadores de

deficiência, indicando a necessidade de diferenciação em relação aos demais

cidadãos. No entanto, mesmo após decretadas, as leis são implantadas de modo

lento e parcial, sendo ignoradas pela maior parte da população. Os portadores de

deficiência precisam sempre recorrer à legislação para reivindicar seus direitos de

cidadão.

4.3. DEFICIÊNCIA NA PRÉ-ESCOLA

Entre os 4 e 6 anos, toda criança aprende a calçar sapatos, se vestir,

tomar banho e adquire várias outras habilidades, se encaminhando para a

autonomia. Ao mesmo tempo, constrói conceitos e utiliza forma de expressão que

serão fundamentais para o futuro aprendizado da leitura e da escrita. Mas para

isso, ela precisa ser orientada e estimulada.

A ausência de estímulo vindos a família e do grupo social e a limitação

da aquisição de experiências por meio da privação de um dos órgãos dos

sentidos prejudica o desenvolvimento.

No caso da criança com deficiência visual é mais importante ainda

desenvolver os órgãos dos sentidos de que ela dispõe, já que lhe falta a visão,

principal canal de apreensão do mundo exterior.

34

São muitas as carências da criança portadoras de deficiência visual. É

importante que o professor e a família levem em conta as inevitáveis diferenças

em relação à criança que enxerga, evitando fazer comparações.

35

CAPÍTULO V

TRATAMENTO PARA AS

DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM

36

A identificação da Dificuldade de Aprendizagem, geralmente notada no

primeiro momento da escolarização da criança nos permite a elaboração de

intervenções pedagógicas adequadas com o fim de minimizar e, até, desbloquear

tais dificuldades, modificando o potencial de aprendizagem da criança.

A responsabilidade dos professores em notar indícios de dificuldades

de aprendizagem é significativa, já que estas são reveladas, principalmente, na

escola. Porém, a integração de profissionais de diferentes áreas contribui não só

para os estudos de etiologia das Dificuldades de Aprendizagem, mas também

para o diagnóstico, o estabelecimento e a execução de práticas específicas junto

a criança com dificuldades. Neste propósito, Correia (1991) define a formação de

uma “equipe multidisciplinar” que envolve professores, pais, psicólogos,

terapeutas, fonoaudiólogos e médicos.

E as estratégias pedagógicas mencionadas como tratamento das

Dificuldades de Aprendizagem, devem emergir no sentido de criar situações, de

acordo com as necessidades de cada criança, que exporem e privilegiem as

potencialidades do seu próprio desenvolvimento e aprendizado e que, ao mesmo

tempo, estimulem novas formas de percepção e expressão.

Estamos certo de que procedimentos deste tipo (de identificação,

diagnóstico e intervenções apropriadas) impedirão o insucesso escolar e social da

criança e, dessa forma, contribuirá para a diminuição do quadro de evasão

escolar, delinqüência, alcoolismo e uso de drogas que se caracterizam como

decorrência deste insucesso, pois como coloca Correia (1991), a frustração e as

conseqüências de se viver com as Dificuldades de Aprendizagem,

incompreendidas por todos aqueles que nos rodeiam podem ser devastadoras.

A partir disso, torna-se imprescindível estarmos analisando o papel do

educador e da escola enquanto responsáveis pela trajetória escolar da criança e,

principalmente pelo sucesso pessoal deste indivíduo.

CONCLUSÃO

37

Embora haja tentativas de definir e especificar o que, de fato, seria uma

Dificuldade de Aprendizagem, não existe, ainda, uma definição consensual acerca

do termo e nem mesmo dos critérios.

Entretanto, não devemos tratar as dificuldades como se fossem

problemas insolúveis, mas, antes disso, como desafios que fazem parte do

processo de aprendizagem. Também parece ser consensual a necessidade

imperiosa de se identificar e prevenir o mais precocemente possível das

Dificuldades de Aprendizagem, de preferência ainda na Pré-escola. É muito

importante a avaliação global da criança ou adolescente, considerando as

diversas possibilidades de alterações que resultam nas dificuldades de

aprendizagem, para que o tratamento seja o mais específico e objetivo possível.

38

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ADRADOS, Isabel. Orientação Infantil. 5ª ed. Petrópolis: Ed. Vozes, 1983.

COSTA, Maria Luiza Androzzi. Piaget e a Intervenção Psicopedagogia. Olho

D’água, 2003.

FERREIRA, Isabel Neves. Caminhos do Aprender. Brasília: Corde, 1993.

FONSECA, Vitor. Introdução à Dificuldades de Aprendizagem. Porto Alegre:

Artes Médicas, 1995.

GIL, Marta (org.). Deficiência Visual. Ministério da Educação. Secretaria de

Educação a Distancia, 2000.

JOSÉ, Elisabete da Assunção e COELHO, Maria Teresa. Problemas de

Aprendizagem. São Paulo: Editora Ática, 1999.

MACEDO, Lino e SCOZ, B. Psicopedagogia: O Caráter Interdisciplinar na

Formação e Atuação Profissional. Beatriz Judith Lima Scoz, et all. orgs, Porto

Alegre: Artes Médicas, 1987.

MYKLEBUST, H. R. Learning Disordres: Psychoneurological Disturbances

Inchidhood. New York: Reahar, Lit. 1964.

Núcleo Curricular Básica. Secretaria Municipal de Educação, Multieducação,

1996.

PATTO, Maria Helena Souza. A Criança da Escola Pública: Deficiente,

Diferente ou Mal Trabalhada? (texto extraído da palestra proferida no Encontro

do Ciclo Básico em 09/05/1985). São Paulo.

REDONDO, Maria Cristina da F. e CARVALHO, Josefina Martins. Deficiência

Auditiva. Secretaria de Educação a Distancia, 2001.

SEBER, Maria da Glória. Piaget: O Diálogo com a Criança e o

Desenvolvimento do Raciocínio. São Paulo: Scipione, 1997.

39

ÍNDICE

AGRADECIMENTO 03

DEDICATÓRIA 04

RESUMO 06

SUMÁRIO 07

INTRODUÇÃO 08

CAPÍTULO I

A CONSTRUÇÃO DA INTELIGÊNCIA 10

1.1. O que Sabemos sobre Aprendizagem? 11

CAPÍTULO II

DEFINIÇÃO DE DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM 13

2.1. Família: Grupo Primário 15

2.2. Distúrbios de Aprendizagem Originado pela Família 15

2.3. Dificuldades Causadas pelas Deficiências 20

2.4. A Parceria Família / Escola, nas Dificuldades por Deficiência 21

2.5. Qual é o Papel da Escola? E da Sociedade 22

2.6. Disfunções no Processo de Informação 22

2.7. O Normal e o Patológico 23

2.8. Katrina de Hirch 24

CAPÍTULO III

CONSEQÜÊNCIA DA CARÊNCIA AFETIVA 27

3.1. Fatores que Podem Prejudicar o Ensino 29

3.2. A Afetividade Contribui e é Fundamental para a Aprendizagem 30

CAPÍTULO IV

NECESSIDADES ESPECIAIS EDUCACIONAIS 32

4.1. A Deficiência Visual 32

4.2. A Deficiência Auditiva 33

4.3. Deficiência na Pré-Escola 34

40

CAPÍTULO V

TRATAMENTO PARA DIFICULDADE DE APRENDIZAGEM 36

CONCLUSÃO 38

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 39

ÍNDICE 40

FOLHA DE AVALIAÇÃO 42

41

FOLHA DE AVALIAÇÃO

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

Instituto de Pesquisa Sócio-Pedagógicas

Pós-Graduação “Latu Sensu”

Título da Monografia

DIFICULDADE DE APRENDIZAGEM

Data da Entrega: ________________ Avaliado por: Mary Sue Carvalho Pereira Grau: ______

Rio de Janeiro, ____ de _____________ de ____

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Coordenação do Curso