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UNIP UNIVERSIDADE PAULISTA CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM PSICOLOGIA DO TRÂNSITO SONIA REGINA DE LIMA GIACCHERI PERCEPÇÃO COGNITIVA DE USUÁRIOS SOBRE A COMUNICAÇÃO E SINALIZAÇÃO DE VIAS DE TRÂNSITO MACEIÓ - AL 2013

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UNIP UNIVERSIDADE PAULISTA

CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM PSICOLOGIA DO TRÂNSITO

SONIA REGINA DE LIMA GIACCHERI

PERCEPÇÃO COGNITIVA DE USUÁRIOS SOBRE A COMUNICAÇÃO

E SINALIZAÇÃO DE VIAS DE TRÂNSITO

MACEIÓ - AL

2013

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SONIA REGINA DE LIMA GIACCHERI

PERCEPÇÃO COGNITIVA DE USUÁRIOS SOBRE A COMUNICAÇÃO E

SINALIZAÇÃO DE VIAS DE TRÂNSITO

Monografia apresentada à Universidade Paulista/UNIP, como parte dos requisitos necessários para a conclusão do curso de Pós-Graduação “Lato Sensu” em psicologia do trânsito. Orientador: Prof. Dr. Manoel Ferreira de Nascimento Filho

MACEIÓ - AL

2013

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SONIA REGINA DE LIMA GIACCHERI

PERCEPÇÃO COGNITIVA DE USUÁRIOS SOBRE A COMUNICAÇÃO E

SINALIZAÇÃO DE VIAS DE TRÂNSITO

Monografia apresentada à Universidade Paulista/UNIP, como parte dos requisitos necessários para a conclusão do curso de Pós-Graduação “Lato Sensu” em psicologia do trânsito.

APROVADO EM ____/____/_______

________________________________________________________

PROF DR. MANOEL FERREIRA DE NASCIMENTO FILHO

ORIENTADOR

_______________________________________________________

PROF. DR. LIÉRCIO PINHEIRO DE ARAÚJO

BANCA EXAMINADORA

________________________________________________________

PROF. ESP. FRANKLIN BARBOSA BEZERRA

BANCA EXAMINADORA

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DEDICATÓRIA

Dedico, este trabalho ao meu pai, Wanderlei Borges de Lima,aos meus filhos, Leandro

de Lima Giaccheri e Daniel de Lima Giaccheri

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AGRADECIMENTOS

Agradeço a todos os colegas e colaboradores que de alguma forma contribuíram

para trazer subsídios para realizar a pesquisa.

Aos meus entes queridos que foram privados de minha presença,

compreendendo que era importante para mim a execução do trabalho.

Ao meu supervisor e orientador Prof. Dr. Manoel Ferreira do Nascimento Filho,

pela sua inteira dedicação e empenho durante a realização de todo o curso.

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RESUMO

O universo das informações visuais nas grandes cidades é massivo, a cultura do séc. XXI é amplamente consumista, poluidora e visual. A população das grandes cidades depara-se com informações múltiplas e instantâneas, e no trânsito a quantidade de informações são acentuadas através das propagandas e dos sinais de trânsito. Com isso, a busca pela atenção dos usuários das vias urbanas adquiriu um tipo de competição urbana, e isso torna certas condições de atenção máxima dos usuários das vias comprometida. Diante desse possível comprometimento da atenção os fatores de cognição devem ser analisados para que as condições de trânsito não piorem. Assim, o presente trabalho avalia alguns aspectos dessas relações informacionais e as possíveis conseqüências que podem desencadear. Palavras-chave: Comunicação Visual; Sinalização; Cognição, Percepção; Semiótica; Psicologia do Trânsito.

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ABSTRACT

The universe of visual information in large cities is massive, the culture of the century XXI is largely consumist and visual pollution. The population of the big cities faced with multiple and instant information, and the amount of traffic information are accentuated through advertisements and signs. Thus, the search for the attention of users of urban roads acquired a kind of urban competition, and that makes certain conditions of maximum attention of road users compromised. Given this possible impairment of attention factors of cognition should be analyzed so that traffic conditions do not worsen. Thus, this paper assesses some aspects of these relationships informational and possible consequences that may trigger. KEY WORDS: Visual Communication; Signalling; Cognition, Perception; Semiotics; Traffic psychology.

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1. Exemplo de função conativa. (Manual Brasileiro de Sinalização de Trânsito – CONTRAN............................................................................................. 17

Figura 2. Índice dos sinais de regulamentação - CONTRAN 2007........................ 23

Figura 3. Conjunto de sinais de regulamentação - CONTRAN 2007..................... 25

Figura 4. Características dos sinais. CONTRAN................................................... 26

Figura 5. Sinais de regulamentação - CONTRAN 2007......................................... 27

Figura 6. Sinal de parada obrigatória R-1. CONTRA 2007..................................... 28

Figura 7. Sinal dê a preferência R-2. CONTRAN 2007.......................................... 29

Figura 8. Reforço com mensagem "dê a preferência". CONTRAN 2007............... 30

Figura 9. Ilustrações dos questionários submetidos aos alunos do 9º ano da Escola EMEF, em Mongaguá – SP........................................................................ 33

Figura 10. Número de acertos, erros e proximidades as respostas sobre o significado do sinal R-1 dos quatro grupos participantes da pesquisa aos respectivos questionários submetidos.................................................................... 35

Figura 11. Número de acertos, erros e proximidades as respostas sobre o significado do sinal R-2 dos quatro grupos participantes da pesquisa aos respectivos questionários submetidos.................................................................... 36

Quadro 1 Pergunta colocada para os entrevistados com relação a sinalização R-1 e as respostas mais utilizada consideradas como corretas, próximas da correta e incorretas................................................................................................. 38

Quadro 2. Pergunta colocada para os entrevistados com relação a sinalização R-2 e as respostas mais utilizada consideradas como corretas, próximas da correta e incorretas................................................................................................. 42

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 10

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ................................................................................. 13

2.1 Breve Panorama Histórico da Linguagem Visual-Origem da Formulação

do Pensamento Simbolizante. ......................................................................... 13

2.2 Perspectiva Teórica do Processo de Comunicação Humano ....................... 16

2.2.1 Semiótica: Conceito de Signo ...................................................................... 17

2.2.2 Representação Icônica .................................................................................. 18

2.2.3 Do Estímulo À Forma - Percepção Visual e Atividade Integradora ............ 19

2.2.4 Caráter Funcional do Objeto ......................................................................... 20

2.2.5 Construção do Signo - Elaboração do Modelo Mental ................................ 20

2.2.6 A Sintaxe da Linguagem Visual .................................................................... 20

2.2.7 Sinalética ......................................................................................................... 22

2.3 Manual Brasileiro de Sinalização de Trânsito ................................................ 22

2.3.1 Sinalização Vertical ........................................................................................ 23

2.3.2 Princípios da Sinalização de Trânsito .......................................................... 24

2.3.3 Considerações Gerais Sobre Sinalização de Regulamentação ................. 25

2.3.4 Aspectos Legais ............................................................................................. 26

2.3.5 Informações Complementares ...................................................................... 26

2.3.6 Sinais de Regulamentação ............................................................................ 27

2.3.7 Regulamentação de Preferência de Passagem ........................................... 27

2.3.8 Sinal Parada Obrigatória R-1 ......................................................................... 28

2.3.9 Princípios de Utilização do Sinal R-1............................................................ 28

2.3.10 Sinal Dê a Preferência - R-2 ......................................................................... 29

2.3.11 Princípios de Utilização do Sinal R-2.......................................................... 30

3 MATERIAIS E MÉTODOS .................................................................................... 31

3.1 Ética .................................................................................................................... 31

3.2 Tipo de Pesquisa ............................................................................................... 31

3.3 Universo/Cenário ............................................................................................... 31

3.4 Sujeito da Amostra ............................................................................................ 32

3.5 Instrumento de Coleta de Dados ..................................................................... 32

3.6 Plano de Coleta de Dados ................................................................................ 33

3.7 Plano para Análise dos Dados ......................................................................... 34

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO ............................................................................ 35

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................................. 39

REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 40

APÊNDICE ................................................................................................................ 42

ANEXO ..................................................................................................................... 44

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1 INTRODUÇÃO

Para compreender esse fenômeno que envolve comunicação, sinalização e

cognição o presente trabalho analisa o contexto geral de duas placas de sinalização R-

1 e R-2 -- respectivamente, "parada obrigatória" e "dê a preferência". -- Segundo o

Código Nacional de Trânsito atual. Partindo da observação de um pequeno grupo que

representa uma parcela dos usuários da via urbana, e como aspectos da cognição

ocorrem nessa percepção específica que possam influenciar o trânsito seguro dos

indivíduos. Como preconiza o Código Nacional de Trânsito.

A questão proposta é relacionada a comunicação visual e ao processo cognitivo

humano desses dois sinais de trânsito. Apesar desse fenômeno ser muito comum no

dia-a-dia das cidades, poucos estudos foram feitos a seu respeito e pouco foi

investigado pela psicologia.

Para uma maior segurança no trânsito torna-se necessária uma observação do

funcionamento ou fração do funcionamento em termos de comunicação e cognitivo que

envolve o usuário da via urbana. É pertinente, decorrente desta conjectura, colocar

algumas questões: A) As sinalizações R-1 e R-2 permitem uma leitura o mais

abrangente possível? -- Ultrapassando barreiras lingüísticas e tendo em atenção

diferenças culturais? B) É possível aperfeiçoar a sinalética para o espaço real e

urbano?

O recurso à linguagem visual se faz desde sempre ao longo da história do

trânsito, como meio de comunicar um código. É preciso delinear um processo que

fundamenta a comunicação por signos gráficos, e mais concretamente, a comunicação

das placas R-1 e R-2.

Pretende-se que esta análise introdutória e específica associe o

desenvolvimento dos conceitos/imagens, que permita ou não um fácil reconhecimento

da mensagem, que independentemente da reserva emocional do receptor incite-o a

interagir com segurança. É preciso tentar saber se a sinalética funciona amplamente e

que permita uma melhor orientação dos transeuntes e conseqüentemente uma maior

eficácia comunicacional. Um sistema que resulte numa tecnologia cognitiva adequada.

A resposta cognitiva rápida é fator primordial para um eficaz funcionamento do trânsito.

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Não se trata de solucionar um possível problema, mas apontar alguns princípios

semióticos e cognitivos que possam contribuir para a melhoria dos objetos

comunicacionais apresentados. O estudo se propõe como ferramenta inicial para novas

pesquisas sobre sinalização e comunicação inter-relacionadas. O presente trabalho tem

por objetivo contribuir de tal maneira que, áreas relacionadas à comunicação visual e

psicologia possam encontrar uma introdução ao problema que os permitam encontrar

os parâmetros minimamente necessários para essa empreitada.

O projeto visa apontar possíveis diretrizes comunicacionais para uma maior

segurança no trânsito, especificamente no aspecto informacional em sinalização. A

pesquisa se propõe a investigar se as placas de sinalização de trânsito vertical de

regulamentação R1 e R2 possuem comunicação eficaz em si e também à percepção

cognitiva de observadores específicos, adolescentes ainda não habilitados a dirigir.

Uma sinalização adequada que se propõe a ser eficaz como preconiza o manual de

sinalização do CONTRAN deve transmitir uma mensagem de rápida assimilação, pois a

comunicação eficaz dependerá do menor tempo gasto na observação, decodificação e

compreensão.

Segundo o dicionário de lingüística, "código" é um sistema de sinais - ou de

signos, ou de símbolos - que, por convenção prévia, se destina a representar e a

transmitir a informação entre a fonte dos sinais - ou emissor - e o ponto de destino - ou

receptor. O código pode ser formado de sinais de natureza diferente: sons (códigos

lingüísticos), signos escritos (código gráfico), sinais gestuais (como o movimento de um

guarda de trânsito), símbolos como painéis de sinalização de trânsito e outros sinais.

O Manual de Trânsito do CONTRAN afirma que: “Na concepção e na

implantação da sinalização de trânsito, deve-se ter como principio básico as condições

de percepção dos usuários da via, garantindo a real eficácia dos sinais”. (CONTRAN,

2007). O Manual assevera "garantia de uma real eficácia dos sinais".

Considerando a relevância da interpretação comunicacional da sinalização viária

para a produção da segurança no trânsito, o tema proposto pretende avaliar a

percepção da comunicação da sinalização por usuários da via (não condutores de

veículos).

Com base na fundamentação teórica será constatado que haverá uma possível

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ineficiência na comunicação, tanto do ponto de vista da sinalização em si, como do

observador usuário da via. A importância da pesquisa para a comunidade cientifica da

área em questão é apontar diretrizes de redução de possíveis barreiras de

comunicação, visando uma maior segurança no trânsito relacionada às sinalizações R-1

e R-2.

Características variantes da comunicação do signo e da percepção cognitiva

referentes a sinalização viária vertical (R1 e R2) podem influenciar a capacidade

EFICAZ (objetivo do Manual do CONTRAN) da percepção por condutores e usuários da

via.

A metodologia básica da pesquisa segue a linha exploratória, ou seja, conhecer

as características de um fenômeno. Este estudo é do tipo revisão de literatura. A

pesquisa bibliográfica pode ajudar a apontar respostas para as diversas questões

relacionadas à segurança do trânsito, podendo até mesmo orientar as indagações

pertinentes sobre o desenvolvimento e apresentação de sinalização.

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2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1 Breve Panorama Histórico da Linguagem Visual-Origem da Formulação do

Pensamento Simbolizante.

Desde signos pintados em pedras com milhares de anos encontradas em

cavernas há uma evidente tentativa humana de dominar a realidade que o cerca. Numa

fase posterior as figuras surgem já mais desenvolvidas, mas a sua evolução dá-se, ao

contrário das representações de animais, que perseguem o realismo, num sentido cada

vez mais abstrato, fazendo uso do ponto, da linha, do triângulo, quadriláteros e

bastonetes como elementos de substituição.

As escritas figurativas dos antigos egípcios, sumérios, chineses evoluíram para

pictogramas e escritas, até chegar aos alfabetos que temos hoje e a facilidade de

criação de logotipos, símbolos e desenhos urbanos da atualidade globalizada.

Os traços pictóricos mais antigos conhecidos remontam a 35.000 anos a.C,

encontram-se gravados em osso ou pedra e parecem afastar--se de qualquer tentativa

de recriar a realidade, sendo entendidas como as primeiras representações rítmicas.

Leroi-Gourhan (1964) justifica-o pela divisão em duas formas distintas de linguagem: a

audição, que se reporta aos sons, e a visão, coordenadora do gesto no sentido de uma

apreensão gráfica - simbólica.

O potencial humano de correspondências a nível simbólico justifica a

propagação de linguagens estritamente visuais. Rosemary Sassoon verifica: "qualquer

que fosse o significado exato desses ícones, eles eram, tais como os escritos,

concebidos para armazenar e comunicar informação importante para aqueles que os

criaram e para aqueles a quem era permitido vê-los ("lê-los")" (SASSOON, 1997).

André Leroi-Gourhan (1964) defende que a verticalidade e a conseqüente

formação de dois pares funcionais - mão/utensílio; face/linguagem - foram decisivos na

modelagem do pensamento e formulação de símbolos sonoros. A expressão seria

numa primeira fase, condicionada e dominada pela motricidade da mão e da face,

tendo no corpo o seu principal veículo de comunicação. O gesto, o contacto, os ruídos,

seriam formas de linguagem e comunicação anteriores a uma fixação pela escrita e

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sinalética. Novas articulações a nível motor, com os pares funcionais face/leitura e

mão/grafia, em que a visão ocupa um lugar preponderante, resultam na capacidade de

reflexão e formulação de um pensamento simbolizante. Emerge deste pensamento,

para o autor, o símbolo gráfico.

Também Ernst Cassirer (1944) considerou serem simbólicas todas as formas de

vida do homem, residindo aqui o núcleo da sua verdadeira diferença. Abandona por

isso a definição de homem como animal rationale, optando pela de animal symbolicum.

O fim da Revolução Industrial dá lugar, na primeira metade do séc. XX a

inúmeras mudanças a nível social, político, econômico, técnico e conseqüentemente

cultural.

É fundado na Alemanha o Werkbund Institut, que refletindo o espírito científico

da época, implanta o racionalismo e funcionalidade associados a um uso capaz do

trabalho artesanal, numa tentativa de solucionar aqueles que consideram serem os

problemas trazidos pela máquina. Peter Behrens, arquiteto, designer gráfico e

industrial, destaca-se neste grupo. Este realiza para a empresa AEG todo o trabalho de

concepção de edifícios, produtos, marcas, logotipos e suportes de divulgação dos

mesmos. É inédita a preocupação com o desenho global da imagem da empresa. O

logotipo que concebe (para a própria AEG) revela uma feliz associação entre formas

geométricas e a tipografia, favorecendo a memorização da imagem e o seu posterior

reconhecimento.

O estilo consolida-se por buscar maior simplicidade, redução, economia de

desenho e utilização de cores planas. Pretende-se assim que "se se expressar por meio

da plástica, não o faça como um sistema individual de representação, mas como um

veículo anônimo de signos, exatamente igual ao que faria um código internacional ou

um alfabeto" (SATUÉ, 1988).

As preferências pela funcionalidade aliada a uma necessidade de

internacionalização explicam as primeiras tentativas de normalização de sistemas de

linguagens baseados em signos visuais. São, entre a comunidade científica,

empregados signos que permitem a compreensão e comunicação além de fronteiras.

Este princípio é válido ainda hoje. Usado desde manuais de instruções de

eletrodomésticos até os sinais de trânsito.

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São criados códigos que regulam o tráfego, como os descritos por Müller-

Brockman (1986), "um livro de sinais internacionais com 26 bandeiras representando

letras, 10 bandeiras para os números e 04 signos auxiliares", e outros, que normalizam

serviços como os telefones, correios e telégrafos (caso do alfabeto Morse, idealizado

por Samuel Finley Breese).

Em 1920 teve início o importante movimento Isotype (International System

ofTypographic Picture Education) que se prolongaria até 1940. O seu realizador, o

sociólogo austríaco Otto Neurath, reconheceu a necessidade de uma comunicação

clara, que desse a conhecer e tornasse acessíveis ao público os fatos de uma época

conturbada. O objetivo desse movimento era democratizar a informação e ultrapassar

barreiras lingüísticas e culturais - "os signos estabelecem conexões enquanto as

palavras produzem divisões" (SATUÉ, 1988).

A opção por imagens com significado universal não impediu, no entanto que esta

"linguagem sem palavras" recorresse em alguns casos à convenção, precisando por

isso, de ser aprendida. Os princípios estilísticos que orientaram a formulação destes

pictogramas (redução, consistência e modernidade), estão na base de muitos dos

sistemas de signos posteriormente elaborados (LUPTON, 1996).

Satué destaca os pictogramas criados para os Jogos Olímpicos de Munique

(1972), por OtlAicher, como manifestação máxima dos princípios que ordenavam o seu

trabalho. Mas se por um lado, se mostra "em todo o seu esplendor e eficácia",

demonstra por outro algumas limitações. São expressões suas: "a rigorosa obediência

à norma implica como contrapartida a tão inflexível disciplina, uma percentagem

inevitável de soluções duvidosas em que o princípio linguístico da forma ou do signo se

ressente de um padrão estrutural tão rígido" (SATUÉ, 1988).

Na Itália, Bob Noorda (que veio da Holanda em 1952), fundou em 1965 uma

"plataforma de design internacional" - a Unimark. A sinalética que criou para o metrô de

Milão é o resultado manifesto da aplicação de uma metodologia científica. Vignelli

desenvolve, no entanto, projetos (em especial na área de imagem de identidade e

sinalética) em que dá atenção às normas metodológicas, mas não se sujeita a elas. Alia

aos seus trabalhos, regras, sentimentos, intuição e valores culturais que assimilou. Os

programas gráficos de sinalética do metrô de Nova York (1971), e o do metrô de

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Washington (1978), são também trabalhos da Unimark. Os signos tornam-se mais

fáceis de memorizar e reconhecer, já que a percepção da forma é mais imediata do que

a leitura do texto (Quental 2000).

Até aqui é visível que comunicar por meios visuais parece ser algo

historicamente essencial ao homem. Os primeiros registros gráficos remontam aos

tempos pré-históricos. (...) “O homem transforma a realidade através da imagem mental

que dela forma” (CLOTTES, 1998). Logo, o homem por definição, é um animal

symbolicum, designação decorrente das possibilidades exclusivas do seu pensamento

de estabelecer associações simbólicas e de imaginar.

2.2 Perspectiva Teórica do Processo de Comunicação Humano

Necessitou realizar-se um breve levantamento das teorias mais relevantes da

comunicação, em especial a interação cognitiva do indivíduo-signo. Comunicar significa

"transmitir", ligar. Do latim "communicare", "dividir alguma coisa com alguém".

A função referencial é à base de toda a comunicação já que define as relações

entre a mensagem e o objeto a que se refere. Esta é a função essencial nos códigos

científicos ou sempre que o signo e o objeto denotado tenham que significar

exatamente a mesma coisa, excluindo o mais possível a ambigüidade na linguagem.

Com base nesta perspectiva é preciso detectar se há ambigüidade na linguagem dos

sinais.

A função emotiva determina as relações entre a mensagem e o emissor. Exprime

uma atitude do sujeito no momento em que emite uma idéia. E a função conativa

(Figura 1) ou injuntiva diz respeito às relações entre a mensagem e o receptor, uma vez

que é esperada pela parte deste uma reação (objetivo da comunicação). A injunção

pode envolver a inteligência (nos códigos de sinais de trânsito) ou a emotividade

(códigos sociais e estéticos) do receptor.

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Figura 1. Exemplo de função conativa

Um sinal é "todo o elemento que se origina exclusivamente para a transmissão

de mensagens" (AICHER, 1979).

O interacionismo simbólico é iniciado por Herbert Blumer no seguimento dos

estudos de George Herbert Mead. Tem como objetivo "o estudo da interpretação dada

pelos atores aos símbolos nascidos das suas 'atividades interativas' “(MATTELART,

1999). São três os princípios desta metodologia, citados por Blumer: "(...) os seres

humanos agem em relação às coisas na base dos significados que para eles essas

coisas têm... o significado dessas coisas deriva, ou surgem, da interação social que um

indivíduo tem com os outros atores. (...) esses significados são utilizados num processo

de interpretação, através do qual são também modificados, efetuado pela pessoa na

sua relação com as coisas que encontra" (MATTELART, 1999).

2.2.1 Semiótica: Conceito de Signo

A semiótica ocupa-se dos signos como sua matéria-prima, mas vê-os em relação

a códigos inseridos em unidades mais vastas como o enunciado, a figura retórica, a

função narrativa, etc. A semiótica é a disciplina que estuda as relações entre código e

mensagem e entre signo e discurso" (ECO, 1993).

O signo, no sentido mais geral, designa, assim como o símbolo, o índice, ou o

sinal, um elemento A - de natureza diversa - substituto de um elemento B. O signo,

inicialmente, pode ser um equivalente de índice; o índice - ou signo - é um fenômeno

Fonte: (Manual Brasileiro de Sinalização de Trânsito - CONTRAN 2007)

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mais freqüentemente natural, imediatamente perceptível, que nos faz conhecer

qualquer coisa em relação a um fenômeno não imediatamente perceptível: por

exemplo, a cor sombria do céu é um signo - ou um indício - de uma tempestade

iminente; a elevação da temperatura do corpo pode ser o signo - ou o indício - de uma

enfermidade em vias de manifestar.

O signo, finalmente, pode ser um equivalente de símbolo. O signo-símbolo é

mais freqüentemente uma forma visual (e mesmo gráfica) figurativa. “O signo-símbolo é

o signo figurativo de uma coisa que não tem aquele sentido; por exemplo, o signo

figurativo que representa uma balança é o signo-símbolo da idéia abstrata de justiça”

(DUBOIS et al, 1973).

"As correntes mais recentes da semiótica procuram incluir na categoria de signo

todos os tipos de sinal considerados comunicativos que o homem ou outros seres

recebem de outros seres ou da própria matéria inorgânica, classificando também entre

os signos os sinais atribuídos ao código genético" (ECO, 1973).

2.2.2 Representação Icônica

"Toda a representação icônica é a simbolização de um referente, real ou

imaginário, mediante configurações artificiais (desenho, escultura, etc.), que o

substituem no plano da significação e lhe outorgam uma potencialidade comunicativa"

(GUBERN, 1987).

Henry Dreyfuss propõe três categorias para a divisão dos símbolos

normalizados:

1) Representacionais: imagens precisas ainda que por vezes simplificadas, de

objetos ou ações.

2) Abstratos: reduzidos, em termos gráficos, aos elementos essenciais de uma

mensagem. Podem surgir como simplificação dos representacionais.

3) Arbitrários: são inventados e requerem aprendizagem, como os signos

aritméticos. (GUBERN, 1987).

Tratando-se de códigos que requerem alguma aprendizagem, a representação

deve facilitar a tarefa do utilizador. Deve, portanto, ser econômica em termos

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ergonômicos e adequar-se à idade do destinatário, permitindo que os "detectores de

formas" e a "biblioteca de signos icónicos" deste, funcionem rapidamente e o incitem a

agir.

A escala de iconicidade proposta por Abraham A. Moles (cujos pressupostos e

conclusões vão além deste estudo) sugere uma fórmula que permite avaliar de um

modo quantificado comportamentos que tinham sido já empiricamente analisados. São

assim duas as variáveis:

1) O número de sujeitos que identifica uma forma visual como sendo uma

representação icónica precisa.

2) O tempo necessário para a sua identificação. É da razão entre estes dois fatores

que resulta o grau de iconicidade de uma representação (GUBERN, 1987).

2.2.3 Do Estímulo À Forma - Percepção Visual e Atividade Integradora

Os valores enunciados relativos à informação recebida pelo aparelho visual e

processadas pelo cérebro são indicativos de que se dá uma síntese no decorrer do

processo. Compreende-se assim que à percepção visual esteja associada uma

atividade integradora já exposta pela psicologia da visão. O sistema está preparado

para reconhecer semelhanças entre os dados recebidos.

"Os detectores de motivos devem ser exercitados para cumprir plenamente o seu

papel, de maneira que a percepção da forma (...) chega a ser um fenômeno da

memória, pois na percepção e no reconhecimento das formas os processos cognitivos

intervêm muito mais do que se possa crer" (GROUPE, 1992, p.61).

A emoção e a memória parecem, de fato, influenciar a percepção e facilitar o

reconhecimento: "os seres humanos têm consciência imediata das mínimas alterações

que se produzem nos objetos que conhecem bem. (...) Poucas características notórias

determinam a identidade de um objeto percebido e criam uma figura integrada, também

influenciada por algumas qualidades secundárias" (ARNHEIM, s.d: 529).

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2.2.4 Caráter Funcional do Objeto

As informações provenientes dos diferentes canais sensoriais permitem que seja

atribuída uma série de propriedades associadas a determinada forma. "Captamos a

informação visual de muitas maneiras. As forças, perceptivas e cinéticas, de natureza

fisiológica, são vitais para o processo visual. A nossa maneira de permanecer de pé, de

nos movermos, de mantermos o nosso equilíbrio e de nos protegermos, assim como de

reagir à luz, à obscuridade ou aos movimentos bruscos são fatores importantes para o

nosso modo de receber e interpretar as mensagens visuais" (DONDIS, 1973).

2.2.5 Construção do Signo - Elaboração do Modelo Mental

A elaboração de um "modelo mental" dá-se pela simplificação ocorrida na

percepção, no sentido de encontrar aquela que é a informação útil para a construção do

signo. Semiotizar traduz-se num processo de abstração, em que e eliminado o

particular e assimilado o comum e essencial a mesma classe de objetos. Esse e o

modelo fixado pela memória e que será posteriormente chamado para ser confrontado

com um estímulo em que se reconhecem as suas características.

2.2.6 A Sintaxe da Linguagem Visual

O ideograma comunica, enquanto signo visual, a dois níveis: pelo sentido ou

dimensão semântica e pela significação plástica do significante. A percepção não é um

processo meramente fisiológico, mas também cognitivo. A percepção envolve antes da

leitura do sentido (interpretação), a leitura da imagem, dependente da leitura visual de

quem a lê.

Por ser a sintaxe da linguagem visual caracterizada pela complexidade

(qualidade que permite que o mesmo conceito possa ter inúmeras formas), só será,

neste estudo, feita a análise dos elementos e princípios que se julguem mais

importantes para a construção de ideogramas.

A linguagem visual e espacial e percebida globalmente, sob um ponto de vista

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tomado pelo observador. A ordem de leitura do campo visual (que e no caso da

ideografia e sinalética) e substancialmente diferente da leitura de uma pagina de texto.

O sistema europeu de sinalização viária começou a ser trabalhado em 1908 com

a normalização de quatro sinais de circulação, mas só em 1949 ficou inteiramente

desenvolvido. No ano de 1927 é organizada uma sessão do Comité de Circulação da

Sociedade das Nações, em Viena, com o objetivo de resolver o problema da

sinalização urbana. Estabelecem-se assim, fundamentalmente, sinais de e proibição.

(Aicher, 1979). Também em Viena, é discutida em 1968 a unificação internacional dos

sinais de circulação. Com o objetivo de regular os "fluxos humanos e motorizados no

espaço exterior" (COSTA, 1987:120), este sistema pretende, mais do que orientar (não

é esse o seu fim), determinar comportamentos. Teria assim que ser inequívoco, ou seja,

a forma teria que ser percebida de modo imediato (a reação por parte do observador

tem que ser instantânea) e não poderia dar lugar a interpretações.

Os procedimentos a adotar são por isso pré-estabelecidos e têm que ser

previamente aprendidos pelos utilizadores. Que gênero de signos teria, neste

panorama, a maior possibilidade de ser selecionado? "ao nível sensorial, os mais

pregnantes; ao nível psicológico, os mais implicantes" (COSTA, 1987, p. 238). Trata-se

por isso de adequar a forma, já que a sensação e percepção são aqui fundamentais, a

necessidades de comunicação. O sistema evita toda a retórica visual, sob o princípio de

uma economia generalizada: "máxima informação e mínimo de esforço de

compreensão para o receptor" (COSTA, 1987). Desenvolve-se assim a nível sintático a

partir de formas básicas - o triângulo, o círculo e o quadrado, figuras muito simplificadas

- representadas em preto pelo recurso à técnica da silhueta, e da cor, utilizada em

estado "puro", com o intuito de provocar sensações. Morris defende ser o sinal

cromático a expressão mais pura do sinal, um estímulo forte, pregnante, dirigida à

sensação óptica e atuante pela sua convencionalidade. A seleção e aplicação das

formas correspondem, como se viu, a um critério de contraste e impacto com o meio

envolvente. Explica-se assim porque é o círculo adotado em sinais que indicam

obrigatoriedade (não são comuns as formas circulares no espaço urbano) e o triângulo

invertido, forma mais agressiva e menos estável, para significar a máxima proibição em

alguns países. Ainda no intuito de acentuar as diferenças com a envolvente, o vermelho

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foi a cor escolhida para alertar para o perigo, sendo o azul usado apenas para

situações em que são oferecidos serviços ou informações.

2.2.7 Sinalética

A sinalética, "ciência da comunicação visual que estuda as relações funcionais

entre os signos de orientação no espaço e os comportamentos dos indivíduos. (...)

Permite outra leitura do espaço de ação. A sinalética torna o mundo mais inteligível,

mais acessível e compreensível, mais simples e por isso, melhor utilizável" (COSTA,

1987:11). Trata-se de um sistema de comunicação predominantemente estável na

linguagem visual (embora combinada com a escrita fonética), com fim utilitário (informa,

orienta e regula) e potencial didático (por permitir aos utilizadores um melhor

entendimento do ambiente com que se relacionam). Da sua interação com os

indivíduos resulta uma ação, um comportamento. A sinalética funciona como uma

interface gráfica entre o homem e o mundo físico. A sinalética de um espaço físico deve

ser construída de maneira a ser rapidamente percebida.

2.3 Manual Brasileiro de Sinalização de Trânsito

Segundo o Conselho Nacional de Trânsito - CONTRAN - em seu documento

Sinalização Vertical de Regulamentação (2007) O Manual Brasileiro de Sinalização de

Trânsito - Volume I foi elaborado em consonância com o Código de Trânsito Brasileiro

(CTB) e com as diretrizes da Política Nacional de Trânsito. Trata-se de um documento

técnico que visa à uniformização e padronização da Sinalização Vertical de

Regulamentação, configurando-se como ferramenta de trabalho importante para os

técnicos que trabalham nos órgãos ou entidades de trânsito em todas as esferas.

O manual foi desenvolvido pela Câmara Temática de Engenharia de Tráfego de

Sinalização e da Via (Gestão – 2004/2005), órgão de assessoramento ao Contran,

composto por técnicos e especialistas de trânsito de todo o Brasil.

O Manual Brasileiro de Sinalização de Trânsito, elaborado pela Câmara

Temática de Engenharia de Tráfego, de Sinalização e da Via, abrange todas as

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sinalizações, dispositivos auxiliares, sinalização semafórica e sinalização de obras

determinadas por Resolução do CONTRAN específica, e é composto dos seguintes

Volumes:

Volume I – Sinalização Vertical de Regulamentação.

Volume II – Sinalização Vertical de Advertência.

Volume III – Sinalização Vertical de Indicação.

Volume IV – Sinalização Horizontal.

Volume V – Sinalização Semafórica.

Volume VI – Sinalização de Obras e Dispositivos Auxiliares.

2.3.1 Sinalização Vertical

A sinalização vertical, Figura 2, é um subsistema da sinalização viária, que se

utiliza de sinais apostos sobre placas fixadas na posição vertical, ao lado ou suspensas

sobre a pista, transmitindo mensagens de caráter permanente ou, eventualmente,

variável, mediante símbolos e/ou legendas preestabelecidas e legalmente instituídas. A

sinalização vertical tem a finalidade de fornecer informações que permitam aos usuários

das vias adotar comportamentos adequados, de modo a aumentar a segurança,

ordenar os fluxos de tráfego e orientar os usuários da via.

A sinalização vertical é classificada segundo sua função, que pode ser para:

regulamentar as obrigações, limitações, proibições ou restrições que governam o

Fonte: CONTRAN 2007

Figura 2. Índice dos sinais de regulamentação

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uso da via;

advertir os condutores sobre condições com potencial risco existentes na via ou

nas suas proximidades, tais como escolas e passagens de pedestres;

indicar direções, localizações, pontos de interesse turístico ou de serviços e

transmitir mensagens educativas, dentre outras, de maneira a ajudar o condutor

em seu deslocamento.

Os sinais possuem formas padronizadas, associadas ao tipo de mensagem que

pretende transmitir (regulamentação, advertência ou indicação).

2.3.2 Princípios da Sinalização de Trânsito

Na concepção e na implantação da sinalização de trânsito, deve-se ter como

princípio básico as condições de percepção dos usuários da via, garantindo a real

eficácia dos sinais. Para isso, é preciso assegurar à sinalização vertical os princípios

descritos na Figura 3:

Fonte: CONTRAN 2007

Quadro 1. Princípios básicos para assegurar a eficácia da percepção da sinalização

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2.3.3 Considerações Gerais Sobre Sinalização de Regulamentação

Definição e função: A sinalização vertical de regulamentação (Figura 3) tem por

finalidade transmitir aos usuários as condições, proibições, obrigações ou restrições no

uso das vias urbanas e rurais. Assim, o desrespeito aos sinais de regulamentação

constitui infrações, previstas no capítulo XV do Código de Trânsito Brasileiro - CTB.

Pelos riscos à segurança dos usuários das vias e pela imposição de penalidades

que são associadas às infrações relativas a essa sinalização, os princípios da

sinalização de trânsito devem sempre ser observados e atendidos com rigor.

As proibições, obrigações e restrições devem ser estabelecidas para dias,

períodos, horários, locais, tipos de veículos ou trechos em que se justifiquem, de modo

que se legitimem perante os usuários.

É importante também que haja especial cuidado com a coerência entre

diferentes regulamentações, ou seja, que a obediência a uma regulamentação não

incorra em desrespeito à outra.

Fonte: CONTRAN 2007.

Figura 1. Conjunto de sinais de regulamentação

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2.3.4 Aspectos Legais

As mensagens dos sinais de regulamentação são imperativas e seu desrespeito

constitui infração, conforme capítulo XV do CTB.

As formas, cores e dimensões que formam os sinais de regulamentação são

objeto de resolução do CONTRAN e devem ser rigorosamente seguidos, para que se

obtenha o melhor entendimento por parte do usuário. Os detalhes dos sinais aqui

apresentados constituem um padrão coerente com a legislação vigente.

2.3.5 Informações Complementares

Sendo necessário acrescentar informações para complementar os sinais de

regulamentação, como período de validade, características e uso do veículo, condições

de estacionamento, além de outras, deve ser utilizada uma placa adicional ou

incorporada à placa principal, formando um só conjunto, na forma retangular, com as

mesmas cores do sinal de regulamentação.

Não se admite acrescentar informação complementar para os sinais R-1 -

“Parada Obrigatória” e R-2 - “Dê a Preferência”. Nos casos em que houver símbolos,

estes devem ter a forma e cores definidas em legislação específica.

A forma padrão do sinal de regulamentação é a circular, e as cores são

vermelha, preta e branca. Constituem exceção, quanto à forma, os sinais R-1 – “Parada

Obrigatória” e R-2 – “Dê a Preferência” - Figura 4.

Fonte: CONTRAN 2007

Figura 2. Características dos sinais R-1 e R-2

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O presente trabalho não levará em conta muitos aspectos que contribuem com a

visualização dos sinais, como é de se esperar e devem ser observações obrigatórias,

segundo o Manual do CONTRAN 2007, esperam-se que as dimensões mínimas e

máximas sejam respeitadas, as formas igualmente, o mesmo para os padrões

alfanuméricos do código estabelecido, da retroflectividade e iluminação, dos materiais

das placas, as fixações dos suportes das placas, da manutenção e conservação, do

posicionamento na via etc.

2.3.6 Sinais de Regulamentação

A Figura 5 contém os sinais de regulamentação, seus significados, princípios de

utilização posicionando na via, exemplos de aplicação, relacionamento como outros

sinais, e o enquadramento que caracteriza a infração prevista no CTB por desrespeito a

cada sinal.

Figura 3. Sinais de regulamentação

Fonte: CONTRAN 2007

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2.3.7 Regulamentação de Preferência de Passagem

A Regulamentação de preferência de Passagem refere-se aos sinais que

determinam os fluxos de veículos que devem parar ou dar preferência de passagem em

uma interseção. Suas características são as seguintes: R-1 - “Parada obrigatória” R-2 -

“Dê a preferência”

2.3.8 Sinal Parada Obrigatória R-1

Significado da placa “Parada Obrigatória” (Figura 6) assinala ao condutor que

deve parar seu veículo antes de entrar ou cruzar a via/pista.

2.3.9 Princípios de Utilização do Sinal R-1

O sinal R-1 deve ser utilizado quando se deseja reforçar ou alterar a regra geral

de direito de passagem prevista no art. 29, inciso III, do CTB. Seu uso deve se restringir

às situações em que a parada de veículos for realmente necessária, sendo insuficiente

Fonte: CONTRAN 2007

Figura 4. Sinal de parada obrigatória - R-1

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ou perigosa a simples redução da velocidade, ou quando ocorrer uma das condições

abaixo:

onde o risco potencial, ou a ocorrência de acidentes, demonstre sua

necessidade;

nas interseções sem controle por semáforo, em área que tenha grande número

de interseções semaforizadas;

nas passagens de nível não semaforizadas;

em vias transversais, junto a interseções com vias consideradas preferenciais,

devido suas condições geométricas, de volume de tráfego ou continuidade física;

em interseções em que a via considerada secundária apresenta visibilidade

restrita.

2.3.10 Sinal Dê a Preferência - R-2

O Sinal “Dê a Preferência” (Figura7) assinala ao condutor a obrigatoriedade de

dar preferência de passagem ao veículo que circula na via em que vai entrar ou cruzar,

devendo para tanto reduzir a velocidade ou parar seu veículo, se necessário.

Fonte: CONTRAN 2007

Figura 5. Sinal dê a preferência R-2

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2.3.11 Princípios de Utilização do Sinal R-2

O sinal R-2 deve ser utilizado para controlar o fluxo que vai entrar em uma via

com preferência de passagem somente se houver boa intervisibilidade entre os veículos

que se aproximam e quando ocorrer uma ou mais das condições abaixo:

uso do sinal R-1 “Parada Obrigatória” for considerado demasiado restritivo;

se deseja alterar a regra de direito de passagem, estabelecida no art. 29, Inciso

III do CTB;

nos acessos às vias que têm preferência de passagem, de forma a garantir o

fluxo contínuo dos veículos da via preferencial.

Para reforço do sinal R-2 pode-se utilizar a mensagem “DÊ A PREFERÊNCIA”.

Fonte: CONTRAN 2007

Figura 6. Reforço com mensagem "dê a preferência"

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3 MATERIAIS E MÉTODOS

3.1 Ética

Todos os participantes foram informados sobre os objetivos da pesquisa, que

não incorriam em nenhum tipo de risco, atendendo assim à Resolução 196/96 do

Conselho Nacional de Saúde, do Ministério da Saúde, que tem nos Comitês de Ética

em Pesquisa com Seres Humanos o atendimento aos 4 princípios da Bioética, a saber,

autonomia, beneficência, não-maleficência e justiça.

O entrevistador fez uma breve apresentação à turma e relatou subjetivamente

sobre o propósito do questionário para não influenciar as respostas. Disse tratar de um

trabalho de avaliação de psicologia das formas. A finalidade da pesquisa não pôde ser

revelada até a entrega de todos os questionários. Todos deveriam responder

individualmente e em privacidade espacial como uma aplicação de uma prova, para que

outros participantes não visualizassem o questionário do outro.

3.2 Tipo de Pesquisa

Realizou-se um estudo exploratório através de uma pesquisa de cunho

qualitativo que, segundo Minayo (2005), possibilita que o pesquisador se aprofunde no

mundo subjetivo das ações humanas e nos aspectos não perceptíveis ou captados por

medidas e equações estatísticas.

Esse método de investigação permite aproximar-se de uma gama de

informações (explícitas ou encobertas na vida cotidiana das pessoas), pois as ações

humanas estão baseadas em significados sociais e incorporadas por elas: intenções,

motivos, atitudes e crenças.

3.3 Universo/Cenário

A pesquisa foi realizada no município de Monganguá - SP, na Escola EMEF –

Hortência Quintino de Faria Botelho, situada na Rua Olavo Bilac, 65 – Vila Seabra. A

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Escola oferece Ensino Fundamental de 5ª a 8ª série, (6º ao 9º ano) divididos em 02

períodos manhã e tarde. A equipe escolar é formada por 01 Diretor, 01 Professor

Coordenador, 25 professores. O objetivou é detectar algum tipo de ambigüidade nos

dois sinais de regulamentação R1 e R2. Acredita-se que seja uma contribuição

introdutória para campos de pesquisas cognitivas que visem um melhoramento de

informações e segurança.

3.4 Sujeito da Amostra

Foram entrevistados 33 alunos da 8ª série (9º ano) do período da manhã da

escola supracitada. A turma foi dividida em 04 grupos: grupo 1 (G1), grupo 2 (G2),

grupo 3 (G3) e grupo 4 (G4). O G1 era composto de nove (9) integrantes e os demais

grupos (G2, G3 e G4) com oito integrantes. Os grupos foram separados aleatoriamente,

ou seja, tinham alunos de ambos os sexos. A média de idade da turma foi de 16 anos.

A pesquisa aconteceu após a anuência do Termo de Consentimento Livre e

Esclarecido (TCLE) – Anexo 1.

3.5 Instrumento de Coleta de Dados

No processo de pesquisa de campo, a observação configurou-se sistemática.

Um questionário foi estruturado com controle de tempo de no máximo 10 minutos. Para

obtenção de dados satisfatórios foi usado um método de questionário com imagens

organizadas e construídas como instrumentos de pesquisa.

O teste foi apresentado em folha de papel A4 com uma informação simples no

alto da página e um espaço para anotações. Foi realizado em comum acordo com a

direção da escola e apoio do professor num breve período de 10 minutos. A observação

foi direta com uso de questionário com apenas uma pergunta sem prévio detalhamento

explicativo sobre a pesquisa. As respostas foram abertas.

Foram formulados 04 questionários diferentes fazendo uso de três níveis de

abstrações e uma representação realística para apresentar os dois sinais de

regulamentação. Na Figura 10 estão dispostas as representações gráficas dispostas

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nos questionários submetidos aos alunos do 9º ano da Escola EMEF a fim de

identificarem o significado dos sinais R-1 e R-2, onde, a) representa o desenho simples,

b) representa o desenho com silhueta em preto, c) representa o desenho com a silhueta

com o uso de cor exatamente igual a da sinalização – vermelho - e, d) que representa

o desenho da sinalização propriamente dita, representação segundo o Código Nacional

de Trânsito .

Figura 7. Ilustrações das figuras contidas nos questionários submetidos aos alunos do 9º ano da

Escola EMEF, em Mongaguá – SP

Fonte: CONTRAN 2007

Foram geradas anotações de controle de tempo, variáveis de cruzamento e

recursos técnicos analógicos. O tipo de pesquisa orbitou entre a bibliográfica, descritiva

e experimental, esta com metodologia própria (abordagem qualitativa; pesquisa

amostral).

3.6 Plano de Coleta de Dados

Os dados foram coletados durante todo o mês de novembro de 2012 na Escola

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EMEF, situada na cidade de Mangaguá – SP.

Os grupos G1, G2, G3 e G4 receberam os questionários Q1, Q2, Q3 e Q4,

respectivamente. Os desenhos foram dispostos em conjunto, lado a lado. Do lado

esquerdo a sinalização R-1, do lado direito a sinalização R-2.

3.7 Plano para Análise dos Dados

A partir do teste aplicado a pesquisa teve caráter descritivo e experimental, foi

realizada uma breve analise e interpretações dos fenômenos estudados, identificando

seus fatores relevantes.

A escolha do tema tornou-se desafiador por ser uma área pouco explorada e

pela existência de uma possível contribuição no campo da psicologia cognitiva

relacionada aos sinais de trânsito. Especificamente se há alguma ambigüidade na

informação dos sinais de transito, mais propriamente em dois sinais de regulamentação

apresentados.

Os dados foram digitalizados e colocados em planilhas eletrônicas a fim de ser

realizada uma análise estatísticas dos dados.

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4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

A Figura 12 mostra os resultados obtidos através das respostas dos alunos dos

grupos G1, G2, G3 e G4 ao questionário Q1, Q2, Q3 e Q4, respectivamente,

relacionados à análise da sinalização R-1. Os dados apontam que 67% (6) dos

entrevistados do G1 distanciaram-se demasiadamente da proximidade ou acerto do

significado do sinal R-1, enquanto que 22% (2) acertaram o significado e os 11% (1)

restante se aproximaram da resposta correta. No G2 37,5% (3) dos entrevistados

acertaram o significado do sinal R-1, os 62,5% (5) restantes erraram a resposta, sendo

que, 25% desses (2) chegaram próximo da resposta correta. O G3 foi o segundo grupo

que teve o maior número de acertos com 50% (4) de acertos. Dos demais integrantes

(4), metade deles fugiram totalmente do significado correto do sinal e os demais

chegaram próximos ao resultado adequado. O G4 foi o grupo que mais se destacou em

acertos do sinal R-1, o grupo obteve 100% (8) de acertos.

Fonte: Dados da Pesquisa. Monganguá – SP, 2013.

Figura 8. Número de acertos, erros e proximidades as respostas sobre o significado do sinal R-

1 dos quatro grupos participantes da pesquisa aos respectivos questionários submetidos

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O fato do G4 ter 100% de acertos com relação a sinalização R-1pode ser

atribuído pela presença da legenda na sinalização e também por esse grupo responder

a um questionário onde a sinalização está devidamente no padrão daquelas que

encontramos nas ruas, ao contrário dos outros grupos que se depararam com

desenhos que se assemelhavam a sinalização estabelecida pelo CONTRAN.

Na Figura 13 estão dispostas as respostas dos questionários Q1, Q2, Q3 e Q4

respondidos pelos grupos G1, G2, G3 e G4, respectivamente. As resposta foram com

relação ao significado do sinal R-2. Mais uma vez o G4 se sobressaiu com relação ao

número de acertos, 50% (8) de acertos para o significado da sinalização. Os outros

50% (4) erraram a resposta, mas 25% (2) desses chegaram próximo do acerto. O

Grupo 2 também se manteve em segundo lugar com relação aos acertos do significado

da sinalização, agora o sinal R-2, com 25% (2) de acertos. Dos 75% restantes, 62,5%

fugiram totalmente do resultado correto do sinal e os demais (12,5%) chegaram próximo

do acerto. O G2 e o G1 tiveram cada 1 acerto, 1 resultado próximo do correto e 6 e 7

erros discrepantes da resposta correta, respectivamente.

Fonte: Dados da Pesquisa. Monganguá – SP, 2013.

Figura 9. Número de acertos, erros e proximidades as respostas sobre o significado do sinal R-

2 dos quatro grupos participantes da pesquisa aos respectivos questionários submetidos

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Com relação a sinalização R-2, a qual não é provida de legenda, os resultados

foram mais desastrosos que com relação a sinalização R-1. O Grupo 4 com relação ao

desenho R-1 teve 100% de acertos decrescendo para 50% com relação ao desenho R-

2.

Foram selecionadas algumas respostas consideradas corretas, próximas da

correta e incorreta que ocorreram com mais freqüência com relação à sinalização R-1

(Quadro 1) em suas quatro variações, ou seja, como colocadas nos questionários Q1,

Q2, Q3 e Q4. Nesse mesmo Quadro também está disposta a pergunta feita aos

entrevistados diante do questionário proposto.

Quadro 1. Pergunta colocada para os entrevistados com relação a sinalização R-1 e as respostas

mais utilizada consideradas como corretas, próximas da correta e incorretas

Qual o significado desse desenho?

RESPOSTAS MAIS UTILIZADA PELOS ENTREVISTADOS

CORRETA PRÓXIMA DA CORRETA INCORRETA

Placa de pare Placa de trânsito Arena de UFC

Caixa de pizza

Cabeça de parafuso

Local de pousar

helicóptero

Sanduíche de ovo

Octógono

Simples forma geométrica

Fonte: Dados da Pesquisa. Monganguá – SP, 2013.

Q 1 Q 2 Q 3 Q 4

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O Quadro 2 apresenta a pergunta realizada aos entrevistados, assim como, os

desenhos que representariam a sinalização R-2, em suas quatro formas distintas (Q1,

Q2, Q3 e Q4), e as respostas, consideradas corretas, próximas da correta e incorreta,

que os usuários mais utilizaram para os questionários. Os outros grupos também

apresentaram respostas mais incoerentes com relação a sinalização R-2 quando

comparado com os desenhos do R-1.

Com base nessas análises, nota-se que a mensagem passada pela figura R-2

não é facilmente decifradas pelos entrevistados, por não ser possível ao seu receptor

utilizar o código apropriado à decodificação, ou por falta de uma maior eficácia da

sinalética, ficando claro nesse caso a interpretação ambígua. No caso da sinalização R-

1 o uso da legenda pode ter impactado na interpretação dos entrevistados, mostrando

essa ser uma forma eficaz de transmitir a mensagem e conseqüentemente tornando as

vias mais seguras.

Quadro 2. Pergunta colocada para os entrevistados com relação a sinalização R-2 e as respostas

mais utilizada consideradas como corretas, próximas da correta e incorretas

Qual o significado desse desenho?

RESPOSTAS MAIS UTILIZADA PELOS ENTREVISTADOS

CORRETA PRÓXIMA DA CORRETA INCORRETA

Dê a preferência Placa de trânsito Símbolo de Toblerone

Sinal Doritos

Lápis muito gasto

Fatia de pizza

Símbolo peitoral do Superman

Forma geométrica

Triângulo Fonte: Dados da Pesquisa. Monganguá – SP, 2013.

Q 1 Q 2 Q 3 Q 4

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5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Os resultados da pesquisa indicam que o sinal R-1 é eficaz e não apresentou

resultados ambíguos em sua interpretação pelos entrevistados por seu formato, cor e

legenda. No caso do sinal R-2 quando não associado com sua legenda de "Dê a

preferência", que é considerado pelo CONTRAN um "reforço" opcional, teve uma

interpretação ambígua para os entrevistados. Por ser um símbolo que exige um prévio

aprendizado sobre seu significado, a legenda poderia passar a ser obrigatória em todos

os casos de uso.

Espera-se que esta contribuição introdutória possa oferecer subsídios

construtivos na área da psicologia cognitiva e de trânsito.

A importância do tema estudado e os resultados do presente trabalho indicam a

necessidade de pesquisas sobre o tema. Para novos estudos, recomenda-se:

- Realizar um estudo de campo quantitativo com vários atores das vias urbanas, e

suas principais percepções sejam anotadas pelo pesquisador;

- Realizar pesquisas sobre o uso da sinalização R-2 com legenda "Dê a

preferência" e sem legenda.

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REFERÊNCIAS

Aicher, O. e Bernet R. Krampen, M. (1979). Sistemas de signos em la comunicacion visual. Editora Gustavo Gili. 1979, 155 p. (Coleção GG DISENO).

ARNHEIM,R. (s.d.). Arteypercepciónvisual, psicologia de lavisioncreadora. Editorial Universitária de Buenos Aires.

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Desenho 11

Desenho 12

APÊNDICE

Questionário 1

Local: Escola EMEF – Hortência Quintino de Faria Botelho

Qual o significado do Desenho 1

___________________________________________

Qual o significado desse Desenho 2

___________________________________________

Questionário 2

Local: Escola EMEF – Hortência Quintino de Faria Botelho

Qual o significado do Desenho 1

___________________________________________

Qual o significado desse Desenho 2

___________________________________________

Desenho 10

Desenho 13

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Desenho 15

Desenho 17

Questionário 3

Local: Escola EMEF – Hortência Quintino de Faria Botelho

Qual o significado do Desenho 1

___________________________________________

Qual o significado desse Desenho 2

___________________________________________

Questionário 4

Local: Escola EMEF – Hortência Quintino de Faria Botelho

Qual o significado do Desenho 1

___________________________________________

Qual o significado desse Desenho 2

___________________________________________

Desenho 14

Desenho 16

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ANEXO

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