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UNIP UNIVERSIDADE PAULISTA CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM PSICOLOGIA DO TRÂNSITO FRANTINETE ARAÚJO DE OLIVEIRA O PERFIL DO PSICÓLOGO PERITO EXAMINADOR DE TRÂNSITO NA CIDADE DE MACAPÁ - AP MACEIÓ - AL 2013

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UNIP UNIVERSIDADE PAULISTA

CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM PSICOLOGIA DO TRÂNSITO

FRANTINETE ARAÚJO DE OLIVEIRA

O PERFIL DO PSICÓLOGO PERITO EXAMINADOR DE TRÂNSITO

NA CIDADE DE MACAPÁ - AP

MACEIÓ - AL

2013

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FRANTINETE ARAUJO DE OLIVEIRA

O PERFIL DO PSICÓLOGO PERITO EXAMINADOR DE TRÂNSITO NA CIDADE

DE MACAPÁ - AP

Monografia apresentada à Universidade Paulista/UNIP, como parte dos requisitos necessários para a conclusão do Curso de Pós-Graduação “Lato Sensu” em Psicologia do Trânsito. Orientador: Prof.Dr. Liércio Pinheiro de Araújo

MACEIÓ - AL

2013

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FRANTINETE ARAÚJO DE OLIVEIRA

O PERFIL DO PSICÓLOGO PERITO EXAMINADOR DE TRÂNSITO NA CIDADE

DE MACAPÁ - AP

Monografia apresentada à Universidade

Paulista/UNIP, como parte dos requisitos

necessários para a conclusão do Curso

de Pós-Graduação “Lato Sensu” em

Psicologia do Trânsito.

APROVADO EM ____/____/____

____________________________________________________

PROF.DR. LIÉRCIO PINHEIRO DE ARAÚJO

ORIENTADOR:

____________________________________________________

PROF. DR. MANOEL FERREIRA DO NASCIMENTO FILHO

BANCA EXAMINADORA

____________________________________________________

PROF. ESP. FRANKLIN BARBOSA BEZERRA

BANCA EXAMINADORA

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DEDICATÓRIA

Dedico especialmente aos meus pais, pessoas adoráveis e inesquecíveis, muito

importantes para o desenvolvimento de meus nortes sociais e motivação de vida.

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AGRADECIMENTOS

A Deus pelo prazer de viver, de sentir, de andar e de respirar e por estar em

família com pessoas que amo e me amam.

Agradeço inicialmente aos meus pais e familiares, pelas horas roubadas de

seu convívio em prol da dedicação ao curso de Especialização em Psicologia do

Trânsito.

Agradeço aos psicólogos peritos de transito de Macapá que colaboraram

respondendo ao questionário e fornecendo suas opiniões sobre os procedimentos

que realizam para avaliar psicologicamente os candidatos a CNH.

Aos amigos que ao longo desse trajetória se tornaram inesquecíveis e únicas

pessoas capazes de me compreender e me auxiliar em minhas duvidas.

A todos que contribuíram direta e indiretamente na construção desse trabalho.

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“O Trânsito de um país é, provavelmente,

o espelho das normas de conduta da

sociedade.”

(Taizamara de Oliveira Duarte)

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RESUMO

Essa monografia analisou o perfil do Psicólogo-perito examinador de trânsito na cidade de Macapá - AP. O objetivo foi analisar o perfil do Psicólogo-perito examinador de trânsito na cidade de Macapá - Ap. E especificamente, analisar os fundamentos conceituais e teóricos da função de psicólogo-perito examinador de transito; descrever a atuação do psicólogo-perito examinador de transito; investigar o perfil do psicólogo-perito examinador de transito nas Clínicas de Avaliação dos Candidatos a CNH de Macapá - AP. Os resultados demonstram que o processo de trabalho dos psicólogos peritos de transito em Macapá são voltados para a aplicação de testes e avaliação psicológica. A maioria é formada por mulheres que atuam por mais de três a dez anos na cidade e possuem formação em Psicologia de Transito. Concluiu-se assim que os psicólogos peritos usam recursos tecnológicos que são representados por método e procedimentos que garantem uma inteligibilidade para as informações que serão obtidas indiretamente por meio dos instrumentos de medida, dos depoimentos e da observação direta ao avaliar no candidato as condições psicológicas para dirigir.

Palavras-chave: Psicologia do Trânsito- Avaliação Psicológica- Peritos.

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ABSTRACT

This thesis analyzed the profile Psychologist-expert examiner of traffic in the city of Macapa - AP. The aim was to analyze the Psychologist-expert examiner of traffic in the city of Macapa - Ap And specifically analyze the conceptual and theoretical role of psychologist-expert examiner traffic; describe the psychologist-expert examiner traffic; investigate the profile of the psychologist-expert examiner traffic in Clinical Evaluation of Candidates CNH Macapa - AP. The results demonstrate that the working process of expert psychologists traffic in Macapa are meant for application testing and psychological assessment. Most are women who work for more than three to ten years in the city and have training in psychology Transit. It was thus concluded that psychologists experts use technological resources that are represented by methods and procedures that ensure intelligibility for the information to be obtained indirectly by means of the measuring instruments, the depositions and direct observation to assess the candidate for psychological conditions driving.

Keywords: Traffic Psychology-Psychological Assessment-Experts.

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Perfil sócio demográfico da amostra ....................................................... 42

Tabela 2 – Bateria de testes e re-testes mais utilizadas ........................................... 43

Tabela 3 – Médias mensais no trabalho do psicólogo perito de transito ................... 44

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LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS

AP. – Amapá

CFESP – Centro Ferroviário de Ensino e Seleção Profissional

CFP – Conselho Federal de Psicologia

CNH – Carteira Nacional de Habilitação

CNS – Conselho Nacional de Saúde

CONTRAN – Conselho Nacional de Trânsito

CRP – Conselho Regional de Psicologia

CTB – Código de Trânsito Brasileiro

IDORT – Instituto de Organização Racional do Trabalho

ISOP – Instituto de Seleção e Orientação Profissional

SENAI – Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial

TACOM-A – Teste de atenção concentrada para motorista – Forma A

TACOM-B – Teste de Atenção Concentrada para motorista – Forma B

TADIM – Teste de atenção difusa para motorista

TADIM-2 – Teste de atenção difusa para motorista – Forma 2

TADIS-1 – Teste de Atenção discriminativa para motorista – Forma 1

TADIS-2 – Teste de Atenção discriminativa para motorista – Forma 2

TEDIF – 2 – Teste de Atenção Difusa – Forma 2

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 12

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ................................................................................. 15

2.1 A Psicologia do Trânsito ................................................................................. 15

2.2 Avaliação Psicológica e sua Origem .............................................................. 28

3 MATERIAIS E MÉTODOS .................................................................................... 40

3.1 Ética ................................................................................................................... 40

3.2 Tipo de Pesquisa .............................................................................................. 40

3.3 Universo ............................................................................................................ 40

3.4 Sujeitos e Amostra ........................................................................................... 41

3.5 Instrumento de Coleta de Dados .................................................................... 41

3.6 Procedimentos para Coleta dos Dados .......................................................... 41

3.7 Procedimentos para Análise dos Dados ........................................................ 41

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO ............................................................................ 42

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................................. 46

REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 47

APÊNDICE ................................................................................................................ 52

ANEXO ..................................................................................................................... 53

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1 INTRODUÇÃO

A psicologia do trânsito representa uma área científica que tem desvendado

inúmeros eventos importantíssimos no que concerne o comportamento humano seja

como pedestre, seja como motorista no dia-a-dia desse trânsito confuso que se

percebe atualmente no mundo, de forma, que tem se mostrado um elemento

imprescindível para desnudar caracteres relacionados aos indicadores que

representam algum tipo de risco nesse arranjo dinâmico, do qual se faz parte

cotidianamente, cada vez mais frequentemente, com a evolução cada vez mais

rápida das tecnologias que envolvem veículos motorizados.

Essa área científica da qual se faz referência tem conseguido colocar em

suspensão extraordinariamente aqueles fatores significativos que muito bem

sinalizam todos os fatores que envolvem o ser humano se comportando no trânsito e

para isso apresenta em seu estudo as várias vertentes que traduzem os reais

elementos que constituem esse ambiente tão complexo e ao mesmo tempo nômade,

que conforme o contexto temporal vai assumindo diferentes roupagens,

acrescentado ou mesmo subtraindo e reformulando, de acordo com o cenário

vivenciado.

Ao se seguir esse contexto mutante, se pode facilmente encontrar os

conceitos daquela que rege e afunila mais ainda o assunto explorado, que vem a ser

a avaliação psicológica incluindo seu surgimento mundial e em um ciclo mais

restrito, que aponta seu surgimento no Brasil, bem como seu desenvolvimento e

conquista de caráter válido e fidedigno mediante não somente a classe na qual

surgiu, mas em uma visão universal, constituindo padrões delimitadores de condutas

e diretrizes seguidas mundialmente.

Se trata de uma abordagem que mostra a cada dia que passa a importância

de se considerar a influência do mundo interno de alguém interferindo nas

interrelações diárias, mas acima de tudo que existe um mundo interior dentro de

cada ser humano que funciona independente de determinações de padrões

socialmente aceitos e que se precisa conhecer essas nuances para que se tenha

esclarecimento o suficiente para que se possa elaborar padrões indicadores e

avaliativos do que pode ser nocivo ou não a conduta de um motorista.

Em se tratando de uma abordagem complexa e muito completa da visão do

ser humano enquanto comportamento dinâmico, não se pode deixar de evidenciar o

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aspecto também externo que propõe-se estudar não só a Psicologia do Trânsito,

mas também a avaliação psicológica, uma vez que nada mais é do que uma rede

que está interligada seja pelo método científico utilizado, seja, pela interpretação

dada aos dados coletados, a técnica avaliativa utilizada, ou ainda aos próprios

prospectos emergentes das possibilidades ou potencialidades advindas do

comportamento humano.

Se considera ainda que a aliança entre essas duas feras da ciência

psicológica constitui um termômetro por assim displicentemente dizer do estado

patológico ou mesmo das capacidades singulares de cada pessoa. Sim porque a

estreita ligação percebida entre essas duas áreas termina equalizando

possibilidades muito proveitosas para aquele profissional que precisa de padrões

avaliativos de confiança mediante o exercício da peritagem, mais especificamente

no conhecimento de uma breve leitura acerca das condições das funções mentais

de um candidato a carteira nacional de habilitação e saúde de suas funções mentais.

Pode-se entender dessa maneira, que analisar a eficácia da avaliação

psicológica na identificação de candidatos a CNH que apresentam algum indicativo

de comportamento de risco na direção, poderia contribuir e muito para a

identificação e redução da inserção desse risco para a sociedade em geral, não

somente considerando a ligação direta dos motoristas das vias, mas também do

ambiente como um todo, incluindo aquelas pessoas envolvidas indiretamente, mas

que podem sofrer em grande escala com um possível prejuízo desses indivíduos

que venha a apresentar algum risco.

Para tanto necessário faz-se compreender que o trânsito é uma atividade

que está profundamente articulada ao sistema socioeconômico de uma cidade. Num

país terceiro-mundista, como é o caso do Brasil, o trânsito expressa uma profunda

desigualdade na apropriação do espaço urbano, refletindo o conflito entre pedestres

e condutores de veículos. Nesse conflito, o pedestre costuma ser o grande

prejudicado, pois o tráfego de veículos ê privilegiado em detrimento do tráfego dos

pedestres.

Na avaliação psicológica de trânsito, as investigações dos fenômenos

psicológicos, ou seja, das capacidades gerais, bem como das específicas do

indivíduo, são de suma importância, pois proporcionam indicadores para a tomada

de decisões em relação às condições de esse indivíduo estar apto ou inapto para

dirigir. Essa constatação remete à necessidade de uma preocupação, por parte dos

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profissionais de psicologia, em atuar de forma preventiva e preditiva no processo de

avaliação psicológica, buscando interferir para que os motoristas não se exponham

a situações de perigo a si e aos outros (LAMOUNIER; RUEDA, 2005).

Interessantemente, o que se pode notar, na prática, é a predominância de

estudos que avaliam determinados construtos (inteligência, personalidade, atenção)

e um número ainda muito pequeno de estudos voltados especificamente à

investigação de como dirige o condutor, e ainda da relação entre o desempenho nos

instrumentos e sua capacidade de predição do comportamento de dirigir.

Os exames psicológicos têm sido utilizados como medida de adequação do

condutor para o trânsito, portanto, não deveria se restringir a classificar apto ou

inapto, mas, preocupar-se em atuar de forma preventiva e preditiva no processo de

avaliação psicológica, com o propósito de interferir para que os motoristas não se

exponham a situações de perigo a si e aos outros.

No entanto, o que se observa é que isso não ocorre na maior parte das vezes.

O problema ocorre, de acordo com Rocha (2005), porque os programas de

prevenção no trânsito são praticamente inexistentes e falham na busca por

explicações e providências referentes aos casos de mortos e feridos no trânsito.

Assim, busca-se responder a seguinte problemática: Qual o perfil do psicólogo-perito

examinador de trânsito que atua para avaliar os candidatos a CNH na cidade de

Macapá/AP?

Como hipótese do estudo, sobre o perfil, são poucos os estudos que

demonstram que nessa atividade, o psicólogo perito precisa conhecer o que está

avaliando, ou seja, quais são as condições psicológicas necessárias para dirigir e

construir uma inteligibilidade na avaliação de tais fenômenos, definindo critérios

adequados à aprovação ou não do candidato, com fins de preservar aqueles que

circulam pelo sistema trânsito. Ao se tomar a noção de que dirigir é um

comportamento.

Assim, nesse estudo tem-se o objetivo geral de analisar o perfil do Psicólogo-

perito examinador de trânsito na cidade de Macapá - AP. E de modo específico,

pretende-se analisar os fundamentos conceituais e teóricos da função de psicólogo-

perito examinador de transito; descrever a atuação do psicólogo-perito examinador

de transito; e investigar o perfil do psicólogo-perito examinador de transito nas

Clínicas de Avaliação dos Candidatos a CNH de Macapá-AP.

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2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1 A Psicologia do Trânsito

Ao iniciar-se uma análise sobre a psicologia do trânsito, deve-se

primeiramente partir da análise de seu objeto conceitual principal, o Trânsito, o qual,

na perspectiva do estudo do termo, descreve o dicionário Michaelis (2010), como o

sentido e entendimento de tratar-se de ação ou efeito de transitar, em outras

palavras, significa o ato caracterizado pelo movimento de pessoas e veículos que

vem e vão, numa cíclica de buscar chegar a um destino ou a pé ou utilizando de um

dos vários tipos de veículos automotores existentes e que circulam nas vias públicas

de todas as cidades ou estradas rodoviárias.

Consta no § 1º do art. 1º da Lei nº 9.503, de 23 de Setembro de 1997, a qual

regulou e instituiu o Código de Trânsito Brasileiro (CTB), a descrição conceitual do

termo trânsito. Segundo a lei maior de trânsito no Brasil, o trânsito representa o meio

que pessoas, veículos, animais, de modo solitário ou coletivo, fazem uso do que

comumente se chama de vias. Pessoas essas que podem estar a pés ou com algum

meio de transporte, e visam dessa forma, realizar atividades de circulação para

conquistarem seus objetivos de chegar a um determinado local. Acresça-se a tal

conceito, os aspectos das vias, podendo estar destinadas às pessoas (circulação

humana ou paradas em um só lugar), também podem ser utilizadas como

estacionamento e ainda no manejo dos automóveis para realizarem carga e

descarga.

De acordo com Ferreira (2006), o trânsito possui várias vertentes científicas

de estudo, todas confirmam uma característica essencial, a da complexidade em ser

definido e analisado, ao se requerer uma constante atualização teórica em estudos e

pesquisas para elucidar de forma específica, as características científicas e

conseqüências aos seres humanos que o trânsito pode acarretar.

Nesse sentido, Rozestraten (1988), apresenta uma análise conceitual bem

esclarecedora sobre uma das finalidades científicas de se analisar as consequências

biofísicas do trânsito nos seres humanos, ou seja, como impactam o ser humano

que eventualmente participa desse contexto, e terminam por enfatizar a esfera da

Psicologia, um sentido, que valoriza o ato das pessoas se deslocarem de um lugar

para o outro, com total integridade e responsabilidade. Trata-se de um conceito que

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insere diretivamente as ferramentas utilizadas para que tal finalidade seja

conquistada, no caso, do uso de automóveis.

Sobrinho (2010) e Ferreira (2006), dispensam conclusões similares ao

sistema do trânsito e o deslocamento humano, pois enfatizam ser o trânsito o meio

pelo qual acontecem todos os deslocamentos realizados por pessoas, mesmo que

elas estejam ou não uso das vias públicas, incluindo-se no conceito de pedestres

que se utilizam das calçadas (beira das vias) para se locomoverem e se deslocarem

de um lugar para outro.

Trata-se de uma sistemática um tanto complexa, como salienta Rozestraten

(1988), pois, nesse viés do deslocamento há sempre interesses envolvidos. Em

outras palavras, existem diferentes intenções com que cada pessoa utiliza para se

deslocar que podem ser: para irem trabalhar ou para realizar alguma forma de lazer,

o que demonstra uma série de possibilidades intencionais que podem contribuir ou

não para o desenvolvimento de patologias para o corpo humano. No entanto, o

objeto da Psicologia de Trânsito ainda busca o equilíbrio entre os inúmeros desejos

e intenções que os humanos têm para se deslocarem, o que evidencia um

estabelecer de equilíbrio com a criação de regras e legislações para orientar

comportamentos emanados durante o trânsito.

Marín-León; Vizzotto (2003), apontam algumas divergências que os conceitos

apresentados pelos autores anteriores demonstram, pois enfatizam que todos os

conceitos são coerentes, mas entram em dissonância por não definirem

explicitamente que, o sentido do trânsito aquilata a locomoção, ou seja, expõe o

desejo de se movimentar, de circular, de se mover para o cidadão, tornando-se

participante de uma mudança espacial, expondo sua liberdade de ir e vir. De forma

que, termina por priorizar a proteção dos que estão consigo sobrepondo em todo o

seu trajeto de mobilidade, a aplicação de uma série de tratados de segurança, de

satisfação e de direitos conquistados.

Pastore (2006), ao comentar sobre as contribuições do trânsito expõe que são

gerados mais problemas do que benefícios, já que importa uma ideia causal do caos

urbano nos dias atuais e expõe que movimentar-se e deslocar-se é essencial para

os indivíduos realizarem suas principais atividades cotidianas, desde uma simples

ida à casa de um vizinho até a visita de parentes em outra cidade, todo o processo

de locomoção e os utensílios usados para se movimentar como carros, ônibus, trens

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e outros auxiliam a esboçar um conceito claro e conciso, cientificamente, de trânsito

nos referenciais teóricos.

Como foi assinalado anteriormente, o trânsito desencadeia um considerável

quantitativo de desordem urbana, e segundo Tebaldi & Ferreira (2004), não deve ser

visto como um problema técnico, mas como um tema chave de um dos inúmeros

problemas sociais e políticos que circundam a vida dos cidadãos em suas vidas diárias.

Os autores sublinham que essa visão sociopolítica de trânsito deve ser estimada

justamente por esboçar uma série de características e comportamentos da sociedade

que vão desde o trânsito, ao se considerar congestionamentos e acidentes, até a

sua gestão mais profunda, ao levar em conta a análise e criação de políticas

específicas para o trânsito, o que reforça, uma constante análise pela sociedade civil

e pelos representantes do governo das cidades, estados e da nação, de uma linha

de pensamento que aborda uma constante reavaliação dos processos que são

inerentes ao trânsito, às pessoas, aos automóveis, enfim, todos que participam do

ato de locomover-se.

E para se falar em trânsito e avaliação do trânsito, deve-se compreender que

trata-se de um mecanismo gerador de problemas de várias ordens, os quais

precisam ser tratados e avaliados, com um olhar voltado para uma intervenção

multidisciplinar coerente com cada problemática desencadeada pelo trânsito. Dessa

forma, o aspecto multidisciplinar reforça a necessidade de compreensão dos

problemas gerados pelo trânsito e tratados por várias ciências, entre as quais,

aquelas que buscam descrevê-lo pela suas influências no meio ambiente, nos

aspectos da qualidade de vida dos cidadãos e nas inúmeras patologias endêmicas

causadas na saúde, ou seja restrito a esse ambiente do trânsito ou a essa contexto

mais específico (MORETZSOHN & MACEDO, 2005).

Tebaldi & Ferreira (2004) e Pastore (2008), compartilham a mesma opinião,

ao relatarem que no Brasil, o trânsito tem gerado diversos problemas na saúde dos

brasileiros, haja vista ser considerado um problema que afeta todas as cidades de

forma preocupante e com dados avassaladores e representativos do constante

crescimento de número de mortes causadas essencialmente durante o percurso

realizado no trânsito. O Brasil, estatisticamente, possui um dos trânsitos mais

perigosos do mundo. Não há segurança nas vias públicas, e sim a falta de

sinalização, falta de consciência dos condutores, falta de responsabilidade no

manuseio da condução veicular, dentre outras questões, são inúmeros os problemas

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motivados essencialmente por condutores descompromissados com a lei e com as

regras sociais, muitas vezes, quando assumem a direção de um veículo sob efeito

de álcool e drogas ilícitas, ou então, em momentos de circulação no trânsito com alta

velocidade, ou até mesmo, no desrespeito aos pedestres.

Pastore (2008), dedica-se a compreender que políticas sociais para o trânsito

tem sido criadas, assim como as legislações estão em estado de evolução e em

mutação constante, mas ainda cabe ao bom senso, o entendimento e

conscientização do valor da vida por parte de quem está no trânsito, ora como

pedestre, ora como condutor. Então, como bem demonstrado por Marín-León &

Vizzotto (2003), vê-se o fator humano como principal causador dos acidentes no

trânsito. Dessa forma, segundo os autores, após essa compreensão, surgiram os

primeiros estudos que puderam fazer descrições dos comportamentos no trânsito

como principal objeto de estudo, entre esses campos, consta a Psicologia de

Trânsito.

A Psicologia do Trânsito surgiu com Hugo Münsterberg em 1910, que foi

convidado por William James para ocupar o cargo de diretor do laboratório de

psicologia experimental nos Estados Unidos em Harvard. Também tem em seu

Curriculum ter sido aluno de Wundt e ser o primeiro responsável por aplicar testes

de habilidade nos profissionais que trabalhavam como motoristas de bondes na

cidade de Nova York (HOFMANN; CRUZ; ALCHIERI, 2011).

Sabe-se que houve boa aceitação e ótimos resultados dos testes utilizados no

período correspondente a Primeira Guerra Mundial, com a justificativa da

contribuição para o aumento da produtividade e redução nos níveis de acidentes de

trabalho. Este ambiente constituiu-se em um solo fértil para a introdução da técnica

psicométrica nas indústrias e pouco a pouco no ambiente do trânsito. Que já nessa

época, tinha o intuito de regular os quantitativos de ocorrência de acidentes ao fazer-

se a aplicação de testes com possíveis motoristas e os motoristas das empresas a

julgar-se suas aptidões mentais de modo a embasar as funções do intelecto, frente

às reações, questões motoras e emocionais.

De acordo com Hofmann; Cruz; Alchieri (2011), a Psicologia do Trânsito

mantém estreita ligação com outras áreas, como com a Psicologia Ambiental, além

de outras áreas imprescindíveis para a possibilidade de esclarecimento acerca da

aplicação da Psicologia do Trânsito de forma adequada. Julga-se uma disciplina

ligada a Psicologia Ambiental por representar o arranjo no qual desenrolam-se

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todos os acontecimentos pertinentes a Psicologia do Trânsito, de maneira que são

reconhecidos como subsistemas que inter-relacionam-se, como veículos e vias, por

exemplo.

Qualquer transformação que seja realizada em um dos participantes

automaticamente outras subsequentes mudanças ocorrerão, como num efeito em

cadeia, contribuindo inclusive para alteração do comportamento de um indivíduo, já

que entende-se que a via significa um ambiente que ao sofrer mudança

obrigatoriamente contribuirá para uma reação também que deverá sofrer

transformação, que está ligada a uma reação segura ou não de um indivíduo. A se

entender que seja uma relação estreita entre ambos (HOFMANN; CRUZ; ALCHIERI,

2011).

Por isso, Hofmann; Cruz; Alchieri (2011), afirmam que a Psicologia do

Trânsito vem esclarecer que um modelo automotivo em movimento, ou o ato de

andar de uma pessoa – mesmo que em uma calçada – são elementos que

precisam estar ordenados e afinados com o ambiente, por isso, em frações de

segundos, pode ser desencadeada uma quebra de equilíbrio, por falta de atenção,

que facilmente pode ser transformada em um acidente. Nesse sentido, esses

autores pontuam que ao iniciar-se uma explanação sobre um assunto tão complexo

e importante, requer que saiba-se o ponto de partida. Assim, a Psicologia iniciou seu

processo de atuação mediante o estudo dos transportes terrestres em meados da

década de 1920, quando então passou a evoluir constituindo quatro pilares que

pautam o discurso de sua história.

Pode-se começar a ressaltar uma área restrita as primeiras aplicações

psicotécnicas, como eram chamadas nessa época as avaliações realizadas, o que

aponta para o reconhecimento da Psicologia como uma profissão científica, para o

estabelecimento e afirmação, mesmo que inicial da Psicologia do Trânsito, inclusive,

também, um caráter científico e atingindo uma terceira fase vista como o

acompanhamento do crescimento e difusão dessa área de atuação e estudo, além

de sua culminância num quarto ponto advinda do estabelecimento do Código de

Trânsito Brasileiro por meio da lei 9.503, de 23/09/1997 (HOFFMANN; CRUZ;

ALCHIERI, 2011).

A formação e desenrolar da Psicologia no Brasil iniciou-se num período que

corresponde aos anos entre 1920 e 1930, período reconhecido como fase em que a

Psicologia passou a ser vista com uma ciência e profissão. De forma que através de

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estudos tomou-se conhecimento de que trata-se do berço do surgimento do título

que foi empregado a esse capítulo, A Psicologia do Trânsito, marco inicial da

instrumentalização teórico-técnica em meio à classe afim, por meio de um grupo

pedagógico inserido nesse contexto (HOFFMANN, CRUZ e ALCHIERI, 2011).

Ao seguir-se esse raciocínio de implantação da Psicologia no Brasil, pode-se

citar a fase de produtividade científica dentro das faculdades, concomitante a sua

criação, o que possibilitou de pronto o desencadeamento de capacidades de

intervenção, fosse nos manicômios ou mesmo em hospitais e áreas de saúde

ligadas a essa extensão de atividade. Não pode-se deixar de concluir que esse

pensamento faz reverência as consequências do trabalho e aprendizado

provenientes da psicologia industrial, trazida pelas marcantes heranças deixadas

pelo taylorismo forte na época (HOFFMANN; CRUZ; ALCHIERI, 2011).

Os arranjos citados acima, nada mais são do que o cerne e a ideia originária

que incitou as demandas acerca de educação, saúde mental e trabalho que

estruturaram a Psicologia no Brasil, que moldaram os caracteres necessários ao

exercício da Psicologia, tanto de cunho diagnóstico, como de orientação e

assistência.

Ao utilizar-se de um apontamento mais específico observa-se que o setor que

primeiro experimentou a atuação prática da Psicologia do Trânsito foi a do

transporte, com o Laboratório de Psicotécnica na Estrada de Ferro em Sorocaba,

com a criação do Instituto de Organização Racional do Trabalho (IDORT), o Centro

Ferroviário de Ensino e Seleção Profissional (CFESP) e o Serviço Nacional de

Aprendizagem Industrial (SENAI), comandados, conforme Carelli (1975 apud

Hofmann; Cruz; Alchieri, 2011) por Roberto Mangue, conhecido como o precursor da

Psicologia do Trânsito no Brasil. E posteriormente a instalação do Serviço

Psicológico voltado diretamente para os condutores de veículos.

A história continua então construindo o cenário da concretização da

Psicologia no âmbito da prática no Brasil, seguindo com o surgimento do Instituto de

Seleção e Orientação Profissional (ISOP), pelas mãos da Fundação Getúlio Vargas,

que posteriormente tornou-se referência para toda a América Latina, dirigida por

Emilio Mira y López.

Como essa monografia abarca questões como a prevenção, não pode-se

deixar de pontuar que Emilio Mira y López significou e significa para a comunidade

científica ligada a essa área de estudo, o pai da atividade preventiva na classe dos

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condutores e profissionais da condução. Além de ter sido o Primeiro Instituto a

utilizar a vertente da avaliação da personalidade aliada a provas de aptidão e técnica

da entrevista para a investigação avaliativa de condutores da década de 1950.

Ações como essas foram possíveis após o CONTRAN em 8 de Junho de 1953

aprovar a resolução que tornava obrigatório o então conhecido Exame Psicotécnico

para aqueles que almejavam a profissão de motoristas, mas que de imediato só

conseguiu adesão do DETRAN de Minas Gerais, único capaz de obedecer tais

exigências, o que contribuiu para que este Estado se tornasse nome referência na

avaliação de condutores e para que em 27 de Agosto de 1962 a Psicologia fosse

regulamentada como profissão, dando início a expressiva batalha pela busca de

melhoras nessa área de atuação (HOFFMANN; CRUZ; ALCHIERI, 2011).

Segundo Hoffman; Cruz; Alchieri (2003), no Brasil a década de 1950

representou o início do investimento sério e mais rigoroso quanto a valorização do

comportamento dos motoristas. De forma que através da lei n.º 9545, foi instituída a

hoje conhecida avaliação psicológica para aqueles candidatos a CNH, que foi

inserida através do chamado ISOP (Instituto de Seleção e Orientação Profissional)

que ficara com a responsabilidade de fazê-la.

A Psicologia então passou a trilhar por um novo rumo, o da ciência que

estuda o comportamento humano no trânsito, seja ele no âmbito dos processos

internos ou externos (CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA, 2000, p.10.).

Com a Psicologia do Trânsito já iniciada, passou-se a outra etapa, que foca

seu processo de estabelecimento no país, com pontapé inicial a partir de 1963, bem

próximo ali do golpe militar em 1964. De forma que, pôde-se acompanhar sua

transformação, já que passou de um olhar mais técnico, prático e aplicado

restritivamente ao contexto tradicional, para alcançar níveis mais amplos e

generalistas, muito através também de sua interseção por meio das disciplinas da

área da psicologia que levaram ás pessoas conhecimento acerca das suas teorias e

mais ainda, sua relevância para a sociedade (HOFFMANN; CRUZ; ALCHIERI,

2011).

O exame psicotécnico então passa a ser chamado de avaliação psicológica,

com o propósito de que se entenda a importância de considerar uma avaliação mais

completa, e menos técnica no sentido literal da palavra e mais aprofundadas ao

levar-se em conta a avaliação da personalidade do ser humano em questão, o que

oferece uma proposta de conhecimento mais exata do comportamento dessa

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pessoa. Ou seja, deixa-se de investigar apenas o caráter de capacidade e eficiência,

para considerar-se questões mais intrínsecas, estruturais e múltiplas relevantes.

O cruzamento do ranço deixado pela Psicologia Industrial, mais as áreas de

atuação da psicologia, agora difundidas, como foi dito em parágrafos anteriores,

possibilita que nessa época seja iniciado um projeto de aperfeiçoamento das

práticas da psicologia ao seu campo de estudo. E como consequência já podia-se

observar que a área clínica passou a atrair grande investimento em termos de

estudo e disseminação de posturas de intervenção para a produção cada vez mais

qualitativa de tratamentos psicológicos efetivos, o que provocou pesquisas

apontadas para os exames psicológicos, considerando mais do que nunca, a sua

veracidade através dos testes psicológicos.

Nesse momento percebe-se a inserção da psicologia na comunidade, porque

percebe-se as tentativas dos órgãos governamentais de introduzir ações que

envolvessem a participação de profissionais ligados a uma conduta psicossocial.

Aliada a essa descrição, mas ainda na linha de desenvolvimento da psicologia do

trânsito, avalia-se que a renovação do Código de Trânsito Brasileiro que gerou a

introdução por lei da realização de avaliação psicológica (HOFFMANN; CRUZ;

ALCHIERI, 2011).

A criação do Conselho Federal de Psicologia (CFP) e Conselhos Regionais

de Psicologia (CRP’S) assumiram um papel imprescindível para o fortalecimento da

Psicologia de trânsito. Foram então nomeados em meados de 80, estudiosos no

assunto para chefiarem uma comissão ligada a avaliação desses condutores, sendo

eles: Reinier Rozestraten, Efrain Rojas-Boccalandro e J.A. Della Coleta

(HOFFMANN; CRUZ; ALCHIERI, 2011).

Segundo Hofmann; Cruz; Alchieri (2011), foi com a atuação e contribuição

ímpar do Psicólogo Reinier Rozestraten que a Psicologia do Trânsito deu um grande

salto e firmou-se no Brasil, devido uma aplicação efetiva e direcionada aos padrões

que tem-se hoje do que seja a linha de trabalho da Psicologia do trânsito,

conjuntamente a uma Segurança Viária, já que Rozestraten diferencia-se dos tantos

outros colaboradores, por considerar o estudo da origem e desenvolvimento dos

processos mentais ou psicológicos da mente ou da personalidade, geradoras de

alterações no comportamento humano.

A história da Psicologia levou a uma mudança em cadeia tanto no olhar da

sociedade, quanto no olhar da administração pública que aprenderam a considerar

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uma visão mais humanizada dos acidentes, bem como na própria conduta daqueles

profissionais psicólogos ligados diretamente aos DETRANS, que chamou-os a

responsabilidade de seus papéis como os respondentes pela segurança viária, em

virtude de uma etapa caracterizada pelo descrédito atribuído a classe, em

consequência de suas condutas nem sempre adequadas (HOFFMANN; CRUZ;

ALCHIERI, 2011).

Para Hofmann; Cruz; Alchieri (2011), foram lançados eventos importantes

para tratar de questões relevantes ao quadro vivenciado pela psicologia do trânsito,

como o III Congresso Brasileiro de Psicologia do Trânsito ocorrido no Estado de São

Paulo, com a participação e mais com a direção científica de Dr. Renier Rozestraten;

que, segundo Baruki (1987), incitou a reformulação da Resolução 584/81, que

tratava da Habilitação dos Condutores de Veículos, referente ao "Exame de

Sanidade Física e Mental", no sentido de propor que houvesse um profissional

habilitado especificamente na área de medicina do trânsito.

Sem contar com outros acontecimentos, como a ocorrência de concursos

públicos para psicólogos atuantes nos DETRAN’S, novas Resoluções como a

670/87 que refletia propostas emanadas por psicólogos antigos na área, como a

entrevista psicológica de condutores envolvidos em acidentes, ou que estivessem

envolvidos em ações que deliberassem o recolhimento da CNH e imputassem

pontuações na sua carteira, além de Congressos Internacionais e Nacionais como o

ocorrido em Uberlândia, que contou com a participação daquela que hoje pode ser

considerada uma das maiores conhecedoras da Psicologia no Trânsito Maria Helena

Hoffman ou ainda o 5º Congresso Brasileiro de Psicologia no Trânsito e o 1º

Congresso de Educação e Fiscalização do Trânsito que aconteceram no ano de

1989 em Goiânia e representaram um debate interdisciplinar (HOFFMANN; CRUZ;

ALCHIERI, 2011).

Pôde-se notar que eclodiram nessa época inúmeras manifestações inclusive

provenientes do Ministério da Justiça através do reconhecimento de que o ano de

1989 foi um ano ímpar e representativo visto como o “Ano Brasileiro de Segurança

no Trânsito”. Como também a inauguração da Associação Nacional de Psicologia do

Trânsito pelos direcionamentos de Rozestraten, vigoração do primeiro curso

interdisciplinar de trânsito em Minas Gerais e nova proposta de Código de Trânsito

Brasileiro, que chegou até o Congresso Nacional (HOFFMANN; CRUZ; ALCHIERI,

2011).

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Em 1997 foi aprovado o novo Código de Trânsito Brasileiro que passou a

vigorar em Janeiro de 1998, que trouxe no seu conteúdo um comprometimento de

uma visão mais ampla, que passou a considerar o circuito humano, não apenas do

prisma dos veículos motorizados, mais acima de tudo partindo do próprio homem

(HOFFMANN; CRUZ; ALCHIERI, 2011).

Desde então, tem sido mais fácil enxergar que a questão da circulação

humana no trânsito passou a ser discutida nas salas de aula das universidades, por

meio das disciplinas ministradas que retratam uma realidade que exige políticas

públicas de saúde e educação, o que inagurava diferentes áreas antes impensadas,

mas que em virtude do crescente número de casos de acidentes de trânsito

emergentes, rompantes socioeconômicos e psicológicos sob um ponto de vista

caótico, não puderam ser deixados de lado e que funcionaram como uma mola

propulsora para a entrada da Psicologia do Trânsito nas discussões diárias no Brasil

(HOFFMANN; CRUZ; ALCHIERI, 2011).

Picolotto; Wainer; Picolotto (2007), acentuam que a Psicologia de Trânsito

preocupa-se com o deslocar dos homens e veículos. Durante esse ato, descreve a

existência de comportamentos, que para essa ciência, através de métodos

científicos e válidos, mensura de que forma podem ser afetados os comportamentos

dos condutores, tanto incluindo questões externas e internas, conscientes e

inconscientes que podem facilitar a ocorrência de acidentes, e assim, mediante os

resultados dos seus testes, comprovar a existência de fatores preditivos de

anormalidades que possam vir a impedir a concessão de um indivíduo locomover-se

por meio de um veículo.

A Psicologia de trânsito carrega consigo um status de uma ciência nova,

descoberta somente em 1920 com a finalidade de estudar sobre os transportes

terrestres e a circulação. Em seu contexto, existem os comportamentos dos

condutores, que são caracterizados pela ciência como comportamentos simples,

mas que, se não forem vistos, sob o viés científico, e considerados adequados,

poderão contribuir para ocorrência de acidentes e crescimento dos índices que estão

em observação e não param de crescer nos dias atuais com a estatística de casos

de mortes e acidentes no trânsito cada vez mais notável.

Dessa forma, segundo Rozestraten (1981), os comportamentos para a ciência

representam um quê, de importância tal, que são descritos através das condições

ideais do indivíduo para locomover-se no trânsito ao utilizar-se veículos. Entre seus

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comportamentos, são enumerados a atenção do indivíduo e seus principais

processos de detecção de objetos, diferenciação dos sinais de trânsito e percepção

dos pedestres e demais veículos em um congestionamento por exemplo, sem contar

também que pode-se enumerar aspectos da memória do indivíduo, aspectos da

aprendizagem da educação de trânsito; a motivação, a tomada de decisões e uma

série de automatismos percepto-motores, no que tange as aptidões do ser humano

nesse ambiente do trânsito, de manobras rápidas, reflexos e de mecanismos de

reação prontamente ligados ao feedback.

Nesse sentido Belina (2005), contribui com a análise ao dizer que o ato de

dirigir, significa um dos objetos de pesquisa da Psicologia de Trânsito e não se

relaciona única e exclusivamente com o ato de dirigir um veículo, mas em âmbito

psicossocial, possui vários significados, especialmente no momento em que a

direção é tomada pelo condutor.

Faz-se preciso entender que na individualidade de cada ser humano existe

uma história de vida, personalidades singulares, buscas pessoais norteadas por

motivações, interesses e necessidades únicas, de um modo geral, um constante

buscar de sentir-se bem e feliz consigo e com os demais ao seu redor. Em matéria

de trânsito, geralmente, esses aspectos entram em conflito, pois cada pessoa possui

uma linha idiossincrásica, e consequentemente uma visão distinta de obediência das

regras e das leis, ou seja, estabelecem uma interpretação subjetiva que deturpa os

valores conscientes em algum momento (BELINA, 2005).

Tebaldi; Ferreira (2004), entendem que essa busca individual, torna o

condutor susceptível quanto à tomada de uma decisão durante sua locomoção no

trânsito. É imperioso afirmar que a escolha tomada toca a necessidade própria para

seu benefício, mas a ciência já conseguiu identificar nos comportamentos as razões

que podem justificar pôr a própria vida em risco, ao desfazer-se dos princípios da

segurança no trânsito e tornar-se alvo de acidentes. É nesse liame, que os autores

esclarecem existir a justificativa para a inoperância da lei nos condutores. Alguns

agem coerentemente, outros não, e comportam-se como se a lei não existisse,

estabelecendo uma lei pessoal própria, que não condiz com os termos oficiais

descritos nos sinalizadores e arcabouços de trânsito e até mesmo na Lei de Trânsito

Brasileira.

Nesse contexto, o papel do psicólogo do trânsito segundo Moretzsohn;

Macedo (2005), gira em torno de ampliar sua atuação para conseguir avaliar

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psicologicamente os candidatos dispostos a obter sua Carteira Nacional de

Habilitação (CNH). Desta feita, implanta métodos e técnicas capazes de descrever a

multiplicidade de comportamentos dos indivíduos propensos a impedi-los de obter a

CNH. Nesse sentido, esse profissional deve ter ciência da suma importância que

possui para a melhora do sistema de planejamento urbano, do trânsito, da saúde

pública e para o convívio dos indivíduos condutores em sociedade e em momentos

de circulação e locomoção.

De modo resumido e breve, Rozestraten (1981), apresenta os principais

objetivos da Psicologia do Trânsito, ao enfatizar a análise dos processos

psicológicos, psicofísicos e psicossociais relacionados aos problemas do trânsito,

realização de exames psicológicos de aptidão profissional em candidatos a

habilitação para dirigir veículos automotores, construção de estudos das implicações

psicológicas e outros distúrbios no contexto do trânsito, além da análise da relação

causa-efeito na ocorrência de acidentes de trânsito.

Ainda segundo Rozestraten (1981), podem ser elencados como objetivos da

psicologia de trânsito o desenvolvimento de ações sócio-educativas com pedestres,

ciclistas, condutores infratores e outros usuários das vias, como professores, entre

outros. A elaboração e implantação de programas de saúde, educação e segurança

no trânsito, a participação de equipes multiprofissionais no planejamento e

realização das políticas de segurança para o trânsito e estudos de campo e em

laboratórios sobre o comportamento individual e coletivo em diferentes situações no

trânsito a fim de sugerir medidas preventivas quanto a esse certame.

Os cursos na área do trânsito hoje oferecidos sejam eles de pós-graduação

(lato senso), Psicólogo Perito Examinador de Trânsito, Núcleos de estudos e

pesquisas detentores de grandes discussões do assunto, ou a produção científica de

teses e dissertações voltadas ao trânsito, inclusão de matérias opcionais

interdisciplinares em cursos de graduação e maior proximidade e acompanhamento

dos Conselhos tanto Federal como os Regionais com a questão da responsabilidade

social da Psicologia com a participação no planejamento e arquitetura urbana, vêm

corroborando para uma mudança positiva e constante da conduta adequada do

profissional dessa área.

Contudo vive-se numa era de construção, reengenharia, em que pode-se criar

partindo do arcabouço já fabricado e deixado pelos antecessores mestres no

assunto, para que assim os profissionais que se seguem em desenvolvimento

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possam repensar valores concernentes a um fazer profissional descente, pautado na

ética e comprometimento com vidas, pois podem partir de um contexto dinâmico e

científico, já que somente assim pode-se elaborar condutas sérias, eficientes,

técnicas, porém aprofundadas e coerentes (HOFFMANN; CRUZ; ALCHIERI, 2011).

Para a Psicologia Ambiental, tudo aquilo que tende a influenciar o

comportamento humano no trânsito vem a ser visto como indispensável para seu

estudo, o que deixa claro que o centro da atenção de um profissional que eleja esse

objeto como foco de análise, deva se constatar que todo aquele ambiente

considerado vivo que exerça uma ação sobre o Homem, também obrigatoriamente

irá sofrer influência (HOFFMANN, CRUZ e ALCHIERI, 2011).

O homem que é transportado se serve de um elemento do ambiente; um animal ou um automóvel constitui seu ambiente em movimento, seu ambiente mais próximo (HOFFMANN; CRUZ; ALCHIERI, 2011, p. 31-32).

Tudo aquilo, ou todo aquele que usado for no ambiente do trânsito para a

facilitação ou apenas contribuição da dinâmica do ser humano nessa teia de

acontecimentos sejam eles ambientes em movimento em uma via , sejam rolantes

como carros ou ambulantes, como as pessoas como é dito por Hofmann; Cruz;

Alchieri (2011), precisam estar conectados de alguma forma para o perfeito

obedecimento das exigências de cada via, o que provavelmente consequenciará

num resultado harmonioso.

O que comumente conhece-se como via, no estudo da Psicologia do Trânsito

vê-se como um ambiente repleto de determinações a serem seguidas para que seja

alcançado um equilíbrio de funcionamento. E essa via juntamente com suas

diretrizes mostra ao motorista o que pode, deve ou não fazer. Esse conceito tão

simples representa um pilar para um condutor veterano ou recente na arte de dirigir

seguramente. Pois fatores emocionais e comportamentais intelectuais e reacionais,

também fazem parte desse quadro mesmo que silenciosamente sejam os

responsáveis talvez por essa onda crescente de mortes ocorridas todos s anos

(HOFFMANN; CRUZ; ALCHIERI, 2011).

Para tanto, o trabalho do psicólogo de trânsito para ser realizado de forma

adequada e correta, precisa estar coerente com os métodos e técnicas

implementados no processo de avaliação psicológica, o qual é o próximo item da

revisão bibliográfica a ser analisado.

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2.2 Avaliação Psicológica e sua Origem

Nesse momento de análises, pretende-se realizar uma leitura da avaliação

psicológica, ou seja, em matéria de Psicologia do Trânsito este item torna-se um

componente alvo que merece atenção, justo que naturalmente contribui para a

explosão de questões de cunho psicológico durante todo o momento de circulação e

locomoção dos seres humanos no trânsito, segundo os comentários de Pasquali

(1999), Gouveia (2002) entre outros.

A vertente histórica da avaliação psicológica tem data recente, Pasquali

(1999), ao versar sobre o resgate de memórias associadas a esse tema expõe que

desde as primeiras vivências e trocas entre os organismos vivos, já se observava

que suas relações eram mediadas pela utilização de códigos reguladores de

condutas e que funcionavam como grandes diferenciais para uma convivência

harmônica, ou no mínimo dentro de um padrão aceitável de vivência.

Só no final do século IX, que os psicólogos atuaram de forma sine qua non,

para a implantação da avaliação ainda com uma característica mais informal, mas

que, com o avanço dos anos, chegou ao que se conhece hoje como a avaliação

psicológica, assim, enquadra-se sua condição ímpar de importância dentro desse

universo que é a Psicologia do Trânsito, até atingir o conceito científico que possui

atualmente (GOUVEIA, 2002).

A avaliação psicológica segundo Damian (2008), significa um saber técnico.

Em uma linguagem mais simplificada, capaz de gerir não somente as relações

estabelecidas, como também a história de vida de uma pessoa. Mas que justamente

por ser um saber científico e técnico, conta com uma análise profunda de dados

coletados e interpretados a luz de todos os prospectos considerados importantes

nessa área, como características de personalidade, indicativos comportamentais

subsidiados por métodos construídos ao logo dos tempos, que possuem um foco e

objetivo final para que se tenha a segurança de classificar apto ou inapto um

determinado avaliando.

De acordo com os resultados listados em pesquisas realizadas pelo Conselho

Regional de Psicologia – 8.ª Região em 2011, ao se considerar avaliação psicológica

para a retroalimentação do que entende-se sobre a inter-relação dessa área com o

trânsito, logo pode-se começar a tratar de sua origem no Brasil, que dependeu

quase que estritamente da aprovação do Código de Trânsito Brasileiro. O que sabe-

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se a esse respeito gira em torno de um conceito que representa diversos autores e

estudiosos no assunto, que podem exibir suas nuances singulares sobre um mesmo

ponto (CRP, 2011).

Tais definições abarcam delimitações acerca de um conjunto de técnicas

científicas especializadas relacionados a coleta de dados, estudos e interpretação

de informações provenientes do conhecimento de funcionamentos psicológicos

incitados pelo estudo e avaliação de um ser humano que seja submetido a testes

psicológicos, entrevista psicológica, questionário e observação como afirma o site de

pesquisa (CRP, 2011).

Como o passar do tempo o comportamento humano no trânsito passou a ser

enxergado por meio de estudos, como um elemento de alta complexidade, já que

representa a articulação de fatores distintos como habilidades, capacidades,

atividades e atitudes, bem como nível adequado de amadurecimento intelectual e

emocional, o que proporcionou que se pudesse conhecer atualmente a real

importância de ter-se técnicas como as avaliativas no contexto do trânsito como uma

forma de decifrar possíveis reações humanas pertinentes para as ações nesse

ambiente (CRP, 2011).

O universo participativo dessa teia relacional que faz-se aqui referência,

acolhe num mesmo sentido que seja dado ao Homem a permissão de que exerça o

direito de dirigir, caso reúna as condições necessárias e imprescindíveis para tal, se

assim ficar comprovado por meio da avaliação psicológica que esse indivíduo possui

condições para o exercício de sua cidadania, com responsabilidade e visando a

segurança de todo aquele que de alguma forma possa vir a ser atingido pelo simples

ato de dirigir. Para tanto há que se considerar todos os fatores importantes para que

se conceda tal privilégio, trabalho esse do psicólogo perito examinador do trânsito

(CRP, 2011).

Na visão de Noronha (1999), a inter-relação da avaliação psicológica e

psicologia do trânsito têm a capacidade de juntar em um mesmo arranjo ciência,

técnica, interpretação dos dados coletados provenientes do que pode-se chamar de

estudos das informações elencadas por meio das diretrizes psicológicas que

orientam a construir, seja pela instrumentação ou metodologia utilizada que

constroem um arcabouço acerca dos fatores diretamente relacionados com

indicadores concernentes e elucidativos a respeito das capacidades significativas do

comportamento humano no contexto da capacidade cognitiva ou sensório-motoras,

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assim como aspecto social, afetivo, motivacional, ou mais direto ainda, indicadores

de aptidões específicas e psicopatológicas.

No caso da avaliação psicológica, possibilita ao profissional especializado na

peritagem conhecer as reais condições do candidato em termos das funções

importantes para a sua avaliação, favorecendo também a construção de um

diagnóstico embasado cientificamente, ou ainda um respaldo fidedigno acerca das

condições, construído em cima de bases seguras de orientação e tomada de

decisão quanto a possibilidades de estar apto ou não para critérios imprescindíveis a

um condutor saudável biopsicossocialmente.

Faz-se necessário esclarecer que essa discussão passeia pelos meandros de

um contexto restritivo com um foco de discussão, que vai verificar dentro de cada

caso, as condições reais que possuem e representam a saúde psicológica, que leva

ao conhecimento da capacidade de conduzir de forma adequada, tanto para a sua

vida, quanto para todo aquele que possa mesmo que momentaneamente

estabelecer relação com esse condutor, seja ele outro condutor ou pedestre por

exemplo (CADERNO DE PSICOLOGIA DE TRANSITO E COMPROMISSO SOCIAL,

2000).

Entende-se como de suma importância que a avaliação psicológica nesse

âmbito tem a função de agir como mais uma ferramenta de prevenção, ou seja, de

evitar que determinado candidato, possa se tornar um risco em potencial para a

ocorrência de uma situação de periculosidade no trânsito, o que exime qualquer

ideia preditiva, já que não se sabe a existência da possibilidade de antecipar,

através de um teste que um ou outro indivíduo se envolva em um acidente (PIRES;

MANERA, 2005).

A avaliação psicológica representa um arranjo científico que tem por objetivo

avaliar um indivíduo e suas funções psicológicas, ao fazer uso de instrumentais

técnicos adequados e específicos para uma determinada função. Cabe somente ao

psicólogo a tarefa de avaliar, já que somente ele reúne condições quanto a

compreensão técnica necessária para a interpretação correta de elementos

elencados durante a avaliação e devolução do resultado por meio do que se

conhece como feedback da pessoa avaliada, o que automaticamente deixa recair

sobre esses profissionais como responsabilidades éticas e sigilosas (PIRES;

MANERA, 2005).

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A postura que deve assumir o profissional psicólogo mediante o uso da

avaliação psicológica num determinado caso avaliado, condiz com uma conduta

humanizada, porém técnica que englobe no decorrer do conteúdo avaliativo as

informações psicossociais desse indivíduo para que assim se possa com clareza

emitir um laudo fidedigno de suas condições (DAMIAN, 2008).

Trata-se então de uma técnica científica que pode ser feita individualmente ou

em grupo, o que depende da área de conhecimento explorada e que portanto

determina padrões de aplicação. Através da avaliação obtém-se com clareza e

veracidade informações imprescindíveis para o entendimento do funcionamento dos

fenômenos psicológicos que se quer explorar, para que seja alcançado um trabalho

avaliativo final de excelência (CFP, 2013).

Contudo, parece interessante desmistificar a semelhança criada no senso

comum entre avaliação psicológica e testagem psicológica, que em uma discussão

mais aprofundada consegue-se entender que são diferentes, partindo do

pressuposto de que a primeira significa uma teia emaranha de informações

indispensáveis que são conseguidas por diversos caminhos, entrevista psicológica,

uso de teste, dinâmicas, observações feitas durante um determinado período e a

análise final desse conjunto de informativos. E a outra representa uma dessas

possibilidades dentro de um quadro maior de atividade (CFP, 2013).

Para a realização de uma avaliação qualificada faz-se necessário

implementar algumas noções primordiais para o trabalho. Ter um foco motivacional

para essa tarefa, sem deixar de incluir características peculiares a cada caso a ser

explorado, como as necessidades que precisam ser atingidas na atividade fim, o que

promoverá escolhas sábias quanto ao material e conduta a ser utilizada pelo

profissional competente (CFP, 2013).

Considera-se ainda nessa avaliação que seja feito um arrecadamento de

informações que possa subsidiar um resultado final, ao utilizar-se testes, entrevistas,

observações e a análise desses dados para conseguir-se alcançar provavelmente o

objetivo traçado por meio da inter relação e interpretação dessa coletânea e nunca

somente fazer uso de apenas uma única ferramenta (CFP, 2013).

Sabe-se que com essa socialização de informações que pode-se desenvolver

as hipóteses tanto iniciais desse processo como diagnósticas ao fazer-se referência

a um resultado final e quem sabe se necessário lançar mão de outras técnicas que

possam reforçar o padrão de qualidade e tornar a avaliação ainda mais técnica e

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confiável. Ao término faz-se a devolução, a resposta as perguntas e hipóteses

levantadas no início do processo com o candidato e a certeza da realidade

apresentada pelo estudo feito com uma pessoa (CFP, 2013).

Por meio da avaliação psicológica o profissional responsável pelo

direcionamento da dinâmica, ou seja, o psicólogo fica a par de informações

extremamente importantes e responsáveis por montar ou desenvolver hipóteses

acerca de tendências psicológicas desse ou desses candidatos em questão, o que

sinaliza como uma determinada pessoa possivelmente agirá mediante uma dada

situação, ou ainda apontará seu nível interrelacional com outros indivíduos em um

acontecimento a ser estudado. Vale lembrar que pode-se dizer que trata-se de uma

regra proporcional, ou seja, que depende dos mecanismos e técnicas utilizadas com

um candidato, que quanto mais ou menos profunda a avaliação proporcional é seu

resultado (CFP, 2013).

No final de tudo pode-se entender que a avaliação psicológica tem a intenção

de abranger aqueles apontamentos que fazem referência ao estado e

funcionamento psicológico de uma pessoa, bem como qual sua interferência em

situações estipuladas, como atenção, concentração, fatores estruturais e etc, no

entanto o profissional da área precisa entender e enxergar os limites da sua

atuação, já que pode-se compreender a complexidade do funcionamento humano,

também se entende que há um limite a se respeitar, ao se acreditar que nem tudo

que faz parte da psiquê facilmente se revela (CFP, 2013).

O artigo 11, pertencente a resolução CFP nº 002/2003, orienta que a escolha

de um teste psicológico deve seguir estudos realizados dentro desse universo e que

possam comprovar por meio da publicação de dados condizentes com a pesquisa a

comprovação e padronização de tais resultados, de forma que mostrem que

realmente existem resultados concernentes ao que se faz referência (CFP, 2013).

Essa escolha precisa ser orientada por critérios que possam oferecer

fidedignamente a possibilidade de responder aos problemas elencados nesse

sentido e ainda apresentar uma capacidade plena de classificação diagnóstica,

descrição, predição, planejamento de intervenções e acompanhamento. Assim como

também não se pode deixar de fazer uma citação acerca de que quanto mais

afinada estiverem o objetivo que se quer alcançar, juntamente com o contexto

vivenciado e os melhores estudos desenvolvidos nessa área, maior precisão se terá

para a escolha adequada do teste (CFP, 2013).

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No ambiente do trânsito em que seja focado a avaliação psicológica,

comumente busca-se chegar a um caráter de previsão de comportamento de risco,

comportamentos que reflitam atuação inadequada dentro desse contexto, que

possam trazer a ideia de insegurança. Dessa forma, percebe-se como, mais

plausível que utilize-se todo aquele instrumento que tenha seus estudos apontados

para essas características, o que certamente irá justificar a sua escolha (CFP, 2013).

No momento da escolha do material precisa-se lembrar sempre do padrão de

qualidade que deseja-se alcançar com essa avaliação, por isso desde o início do

processo, não pode-se perder o foco e precisão. Em consequência disso alguns

critérios foram criados para orientar o psicólogo, dentre eles pode-se destacar o

conhecer a fundamentação teórica da psicologia, suas abordagens, bem como da

psicopatologia, já que ambas estruturam esse profissional no sentido de ter a noção

do significado e importância de desenvolvimento, inteligência, memória,

emotividade, atenção e suas ramificações, além das problemáticas que podem ser

consequência de determinados quadros de personalidade, conhecer questões

ligadas a psicometria, capacidade de entendimento do que envolve a aplicação da

avaliação e todos seus complicadores para que em qualquer situação tenha a

capacidade de agir pontualmente, não deixar aberta nenhuma lacuna (CFP, 2013).

Na conduta desse profissional também não pode-se deixar de considerar que

tenha uma leitura ampla e clara de tudo que acontece e pertence ao momento da

avaliação. Precisa conseguir sentir-se à vontade e deslocar-se com tranquilidade

nesse ambiente não somente físico, mas psíquico, o que contribui para a extinção

de atitudes impensadas, desmedidas e improvisadas, mas espontâneas e seguras.

Junto a isso tudo, estar bem informado acerca do material utilizado, da área na qual

desempenha seu trabalho, através de reciclagens constantes, ser o responsável por

uma ambientação adequada, adquirir materiais bem conceituados e aprovados pelo

CFP, construir e sustentar uma conduta ética e respaldada (CFP, 2013).

Trabalhar incessantemente para alcançar a excelência, a ética, o

comprometimento, a eficácia não somente no atendimento e oferecimento do

serviço, ao candidato em avaliação, mas trata-se de exercitar e promover um

trabalho amplo, que ao mesmo tempo que é feito em uma sala de avaliação, atinge

o restante da sociedade que poderá fazer uso e colher bons frutos. Esse conceito

transpõe-se no objetivo e função de todo aquele psicólogo perito do trânsito, que

possui responsabilidade social e com a vida (CFP, 2013).

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O ato de avaliar psicologicamente é uma tarefa que requer constante atenção

do psicólogo responsável, pois representa um trabalho de investigação do tipo

intervencionista, ou seja, o psicólogo irá pesquisar a vida do candidato a obtenção

da CNH, e consequentemente, em paralelo, irá analisar a aptidão psicológica para

tal anseio ser conquistado. E essa constatação só ocorrerá mediante a utilização de

conteúdos, técnicas e métodos capazes de estudar e intervir no comportamento do

indivíduo, especificamente em momentos que apontem alguma relação de

identidade com a condução do ser humano no contexto do trânsito (ALCHIERI;

CRISTO E SILVA& CARLOS GOMES, 2006).

Segundo Alchieri; Moraes; Cruz (2003), a avaliação psicológica reproduz um

meio pelo qual o psicólogo irá contribuir, independentemente, do processo

multidisciplinar de concessão da CNH, ao implantar estratégias avaliativas através

de métodos e técnicas que possuem a finalidade de observar e medir os fenômenos

e processos psicológicos ou funções mentais, de forma a enquadrá-los nos

conformes estipulados em teorias gerais psicológicas, para que então, possa

conceder parecer favorável a aptidão ou não ao indivíduo candidato.

No Brasil, percebe-se que a avaliação psicológica significa uma área da

psicologia que muito tem participado o psicólogo do trânsito como bem expressa

Hoffmann (1996). Essa área de trabalho lança mão de exames psicológicos

obrigatórios pelo Departamento Nacional de Trânsito, amparado pelo CTB para

obter e renovar a sua CNH. Dessa forma, a finalidade do antigo exame psicotécnico,

exame realizado pelo psicólogo perito examinador de trânsito, hoje conhecido e

adotado pelo nome de avaliação psicológica é evidenciado em toda a história dos

psicólogos, pela evolução das técnicas e pela diversidade de testes existentes e

validados para que sejam utilizados no processo avaliativo dos indivíduos em

questão, marcando sua capacidade elucidativa quanto sua aptidão.

Esse processo de avaliação é caracterizado pela coerência dos

procedimentos contidos em lei, que assim, configuram um rol de itens a serem

avaliados pelo psicólogo do trânsito, o qual, deverá intervir com situações práticas

para confirmar a existência ou não de problemáticas ligadas ao estado psíquico

humano. Assim, poder identificar transtornos e descompensações psicológicas

relacionadas ao seu funcionamento psíquico, avaliar a qualidade da interação social

e a adaptação na atividade de trabalho, ambos calcados em um formalismo teórico

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abraçados pela classe de psicólogos e baseados no uso extensivo de técnicas de

exames representam o objetivo estabelecido para esse perito.

Dessa forma, a avaliação psicológica sustenta-se essencialmente no que

Alchieri; Moraes; Cruz (2011), denominam de delimitação dos critérios avaliativos, ou

seja, pode-se representar a avaliação psicológica como resultado de três critérios ou

aspectos interdependentes, vistos como medida, instrumento e o processo de

avaliação. Cada um deles possui representação teórica e metodológica própria e

que concebe assim, de forma constitutiva, uma via própria de compreensão do seu

objeto de investigação, denominado de fenômenos ou processos psicológicos.

Pode-se compreender que o processo de avaliação psicológica precisa estar

totalmente fundamentado nos preceitos contidos nos documentos publicados pelo

Conselho Nacional de Trânsito, especialmente as suas diversas resoluções que

tratam sobre a sua realização assim como, quais instrumentos deve o psicólogo de

trânsito fazer uso. Entre os quais, consta a Resolução nº. 0267/2008/CONTRAN que

trata especificamente do processo avaliativo psicológico, realizado por psicólogo

com formação e visa, única e exclusivamente, propor ao candidato, meios cabíveis

legalmente para se enquadrar no perfil oficial de um condutor que receberá sua

CNH.

A Resolução nº. 0267/2008/CONTRAN ainda elenca em seu bojo, algumas

observações específicas aos candidatos a CNH. Por exemplo, realizar uma

avaliação de processos psíquicos, a maturação da mente, a atenção, os reflexos,

enfim, toda uma sistemática de prioriza a manutenção da visão, a atenção (difusa,

concentrada, distribuída), a detecção, discriminação e identificação. Outra

importante contribuição da resolução citada, é o processo de obtenção de dados

sobre o candidato, que se fundamenta na orientação espacial e avaliação de

distância, na capacidade de aprender, memorizar e respeitar as leis e as regras de

circulação e de segurança no trânsito entre outros aspectos. E por fim, identifica a

importância da tomada de decisão, expondo ser fundamental para escolher dentre

as várias possibilidades que são oferecidas no ambiente de trânsito, o

comportamento seguro para a situação que se apresenta.

Dessa maneira, entende-se que a Resolução 267/2008 do CONTRAN foi

criada com o intuito de elencar itens essenciais para auxiliar o psicólogo de trânsito

a examinar e avaliar psicologicamente o candidato no que concerne a obtenção da

CNH. Assim, seu conteúdo deve ser todo obtido durante o processo avaliativo, para

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que, coerentemente, possa ser exposto fidedignamente, um perfil psicológico do

avaliado.

A característica essencial do processo de avaliação psicológica é a

demonstração de dados que indiquem com clareza, segurança e confiança dados

confiáveis e capazes de tornar aptos a obter a CNH os candidatos que os realizam.

Dessa forma, o CONTRAN preocupou-se em desenvolver e conceituar as técnicas e

métodos de avaliação psicológica para, cada qual a seu modo e implementação,

possam expor subsídios para o desenvolvimento de um parecer por parte do

psicólogo responsável pela avaliação do candidato.

Consta na Resolução nº. 07/2009/CFP a definição de um dos principais

instrumentos para a realização da avaliação psicológica, que ressalta os aspectos

essenciais da entrevista psicológica, que caracteriza-se formalmente como o

primeiro momento de diálogo entre psicólogo e candidato. Pressupondo-se obter

subsídios técnicos capazes de auxiliar prematuramente na construção de conceitos

a nível de comportamentos e reações às questões do candidato, é um meio para

que se consiga visualizar os comportamentos por parte do candidato, capazes de

auxiliar a compreender o agir, o pensar, o falar, as reações, os reflexos.

Segundo o Conselho Federal de Psicologia (2005), tem-se a finalidade de

completar os dados obtidos, e juntá-los com os resultados que serão conquistados

nos demais testes a serem aplicados seguidamente. Ao comentar sobre os demais

resultados obtidos com outros instrumentos de avaliação, a Resolução citada é

enfática ao abordar em seu art. 1.º o seguinte conteúdo:

Art. 1º - Ficam aprovadas as normas e procedimentos para avaliação psicológica de candidatos à Carteira Nacional de Habilitação e condutores de veículos automotores, que dispõe sobre os seguintes itens: I Conceito de avaliação psicológica II Habilidades mínimas do candidato à CNH e dos condutores de veículos automotores III Instrumentos de avaliação psicológica IV Condições da aplicação dos testes psicológicos V Mensuração e avaliação VI Do resultado da avaliação psicológica (BRASIL, 2009).

De acordo com Cristo; Silva (2009), a entrevista faz parte das atividades

iniciais da fase que avalia psicologicamente as aptidões do candidato. Para esses

autores a competência do psicólogo na realização de seu trabalho, fica evidente na

forma de atuar, do fazer referência e uma atuação ética e coerente com o

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planejamento e sistemática propostos pelo CONTRAN. Ainda conforme essa linha

de raciocínio, compreende-se que a avaliação psicológica possui vários

instrumentos capazes de realizar tal tarefa, aos quais, denominam-se testes

psicológicos, inventários e questionários.

Cristo; Silva (2009), baseiam-se nos estudos a respeito dos testes

psicológicos, e esboçam conceitualmente a finalidade de medir, aferir e padronizar

aspectos comportamentais dos candidatos, ou seja, são instrumentos criados com a

finalidade de aferirem cientificamente os aspectos comportamentais dos candidatos

a CNH. Nesse sentido, são os testes quem irão expor as diferenças ou semelhanças

entre indivíduos ou, ainda, discrepâncias entre as reações de um mesmo indivíduo

em diferentes momentos.

Para Damian (2008), os testes psicológicos são essenciais para a realização

do processo de avaliação psicológica, por diversas razões, como fazer o psicólogo

implantar procedimentos com regras e situações bem definidas e um código

operacional de tal forma que seja possível chegar ao resultado obtido por outro

psicólogo dentro do mesmo período. Outro sim, a autora enumera os instrumentos

de avaliação psicológica para se atribuir status científico às observações do

psicólogo de trânsito:

1. Que seja comprovada a existência de dados científicos sobre os

instrumentos, sobretudo validade e precisão;

2. Que hajam evidencias de registro preciso e objetivo de todas as respostas

do sujeito, que em concordância com o tipo de prova podem ser gráficas, de

execução ou verbais;

3. Que sejam apresentadas a existência de uma situação padronizada tanto

para a aplicação quanto para as condições do material do teste, demonstrando

objetividade e clareza nas instruções, de modo que o teste possa ser administrado

igualmente para todos os sujeitos;

4. Que evidencie a presença de normas padronizadas para avaliação e

classificação das respostas que o sujeito apresentou, em relação a um grupo de

referência.

Machado; Souza (2000), analisam a questão, esboçando certa preocupação

que o psicólogo, ao ministrar avaliação psicológica, deve ter em relação aos

aspectos técnicos de sua atuação antes, durante e depois da realização dos testes.

Assim, recomenda-se ao profissional que possua um know how acerca do manuseio

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das principais técnicas e métodos de avaliação psicológica, deve também ter uma

consciência crítica para não ser legalista ou antiético na relação dos resultados de

suas avaliações com os testes ministrados, e deve-se sempre buscar atualizar-se

profissionalmente, em busca de novas técnicas e novos métodos capazes de

melhorar a eficácia da avaliação em questão.

Essa preocupação do psicólogo deve também surgir com algumas dimensões

de sua atuação. Iniciando-se com a dimensão relacional, Machado; Souza (2000)

dizem ser uma das mais importantes na atuação do psicólogo de trânsito, pois

informa sobre mecanismos transferenciais e contra-transferenciais que sempre estão

presentes no momento da avaliação. Sem um conhecimento amplo nessa área, o

psicólogo poderá ver-se influenciado por atitudes dos candidatos (simpatia, sedução

e educação) que irão descrebilizar o seu trabalho e sua avaliação de futuro a médio

e longo prazos. Para tanto, recomenda-se realizar constantemente exercícios de

auto percepção e autocrítica que, muitas vezes, vem acompanhado de um processo

psicoterapêutico.

Na sequência do estudo das dimensões do psicólogo na avaliação

psicológica, segue-se a apresentação da dimensão ética, a qual relaciona-se

estritamente com os valores e com a avaliação das condutas por parte dos

psicólogos. A ética, em um contexto dimensional da atuação do psicólogo de

trânsito, refere-se especificamente ao processo de entendimento do próximo, ou

seja, do respeito ao semelhante, à sua dor, às obrigações de causar o menor dano

possível com a sua intervenção e à sustentação dos resultados, mesmo que hajam

pressões de todos os tipos (pais, chefias e outros) (MACHADO; SOUZA, 2000).

Em seguida, no aspecto da dimensão legal, Machado; Souza (2000), alertam

quanto a necessidade do psicólogo atuar com a compreensão investigativa da vida

de um cidadão, que está à sua frente para realizar um objetivo, um desejo, um

anseio de obter sua CNH.

Consequentemente, há também a dimensão profissional, nesse caso, os

psicólogos devem ser coerentes com a realidade dos candidatos, ao lançar mão da

ética e respeito, mas sem deixar de observar implicações e consequências de ordem

profissional no momento de uma avaliação, da entrega de um laudo ou da devolução

de resultados. Por isso, não considera-se como fácil um processo de avaliação

psicológica, haja vista que possui uma série de consequências para o psicólogo

caso venha expor uma decisão infundada, inconclusiva e inoperante em seu

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resultado final no que tange a aptidão do candidato que está em avaliação

(MACHADO; SOUZA, 2000).

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3 MATERIAIS E MÉTODOS

3.1 Ética

Foram utilizados nesta pesquisa questionários que foram aplicados a 17

Psicólogos-peritos examinadores de Trânsito de Clínicas de Avaliação de

Candidatos para obtenção de CNH em Macapá-AP., e por envolver seres humanos,

teve defesa protocolada no registro n,º ___ do CEP.

3.2 Tipo de Pesquisa

Foi desenvolvido um estudo exploratório sobre a prática do psicólogo perito

de trânsito que atuam nas Clinicas de Avaliação Psicológica de Macapá – AP.

atuantes em 2013.

Primeiramente, realizou-se a pesquisa bibliográfica com a finalidade de

construir o referencial teórico da pesquisa, baseando-se nas informações e dados

obtidos em artigos científicos e livros publicados no período de 2000 a 2013. Para a

pesquisa nos bancos de dados do Lilacs, Scielo e Google Acadêmico foram

utilizados os seguintes descritores: psicologia de transito, pericia, psicólogo perito.

Em um segundo momento, foi realizada pesquisa de campo do tipo

exploratório com abordagem qualitativa e quantitativa com 16 psicólogos peritos de

transito atuantes em Clínicas de avaliação psicológica de Macapá.

Escolheu-se a pesquisa exploratória, pois segundo Gil (1999, p. 43) envolve

levantamento bibliográfico, entrevistas com pessoas que tiveram (ou tem)

experiências práticas com o problema pesquisado e análise de exemplos que

estimulem a compreensão. Possui ainda a finalidade básica de desenvolver,

esclarecer e modificar conceitos e ideias para a formulação de abordagens

posteriores.

3.3 Universo

No presente estudo foram levantados aspectos do perfil e da atuação do

psicólogo-perito examinador de transito na cidade de Macapá, portanto, estima-se

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segundo o Conselho Regional de Psicologia 10.ª Região que estejam atuando no

Amapá cerca de 50 psicólogos-peritos de transito.

3.4 Sujeitos e Amostra

Do universo existente e estimado de 50 profissionais, foram participantes

voluntários dessa pesquisa 17 deles, representando uma amostra estimada de 32%,

o que torna os dados contidos nessa pesquisa representativos e esclarecedores das

principais funções que realizam e do perfil profissional desses.

3.5 Instrumento de Coleta de Dados

Compreendeu um questionário estruturado, a partir de um Roteiro de

Entrevista.

3.6 Procedimentos para Coleta dos Dados

Os entrevistados foram convidados a partir como voluntário da pesquisa,

mediante a ida da pesquisadora em 10 clínicas de avaliação psicológica para o

transito. Assim, como procedimentos de abordagem, foram apresentadas as

condições do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) e posteirormente,

se condizente ao voluntário aceitasse participar, então, apresentou-se o questionário

elaborado para as ações específicas.

3.7 Procedimentos para Análise dos Dados

Os resultados foram analisados pelo método qualitativo e quantitativo, de

onde pretende-se realizar uma análise do âmbito qualitativo e inferir as ocorrências

de respostas dos entrevistas sob o enfoque quantitativo, e assim, expor

fundamentos teóricos coerente com a pesquisa estatística.

Os resultados obtidos serão apresentados em Tabelas com dados em forma

estatísticas (porcentagens), elaboradas com o auxilio do Programa Microsoft Excell

2010.

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4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

De acordo com a tabela 1, a maioria das participantes da pesquisa é

composta por mulheres, possuem idade em torno de 30 a 39 anos e atuam como

psicólogos peritos examinadores de transito no Amapá há menos de 5 anos.

Tabela 1 – Perfil sócio demográfico da amostra

N %

Sexo

Masculino 2 22%

Feminino 15 88%

Faixa Etária

25 – 29 anos 2 22%

30 – 39 anos 10 59%

Acima de 40 anos 5 19%

Atua como Perito examinador de transito há

1 – 5 anos 15 88%

Acima de 6 anos 2 22%

Fonte: Dados da Pesquisa. Macapá/Amapá. 2013.

No que se refere aos psicólogos que atuam na área do trânsito, cabe ressaltar

a importância da pesquisa científica como forma de elucidação de questões

importantes da mobilidade humana, bem como, com o propósito de produzir

conhecimentos que venham a contribuir para a melhoria da qualidade de vida da

população por meio de práticas norteadoras às políticas públicas voltadas à

prevenção dos acidentes de trânsito e à promoção de um trânsito mais seguro. E no

que se refere em especial ao psicólogo perito-examinador do trânsito, sua atuação

reflete consonância com os pressupostos da Psicologia da Saúde à medida que faz

uso dos testes e demais procedimentos técnicos de avaliação visando a

identificação de fatores de risco à segurança do indivíduo no trânsito, como a

detecção de capacidade atentiva e senso perceptiva prejudicada, ou dificuldades no

plano relacional com níveis acentuados de ansiedade, apontando para a

manifestação de possíveis comportamentos impulsivos no trânsito (ARMÔA &

PETTENGILL, 2010).

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Na tabela 2, apresenta os testes e re-testes mais utilizados pelas clínicas em

Amapá. Neste contexto, Tonglet (2002), em sua introdução, sublinha que os testes

psicológicos compõem o estudo da psicometria, que constitui-se na teoria e nos

métodos de medidas em ciências do comportamento, a qual tem recebido

questionamentos dentro e fora do contexto psicológico. Nesse sentido, o ato de

avaliar o psicológico passa por um momento de reflexão e transição e ao receber a

influência da atuação multidisciplinar do trânsito deverá apresentar novos

desdobramentos, de forma a assumir um enfoque educacional, normativo, formativo

e preventivo.

Tabela 2 – Bateria de testes e re-testes mais utilizadas

%

Testes utilizados com mais frequência

TACOM A-B-C 9%

TADIS 1-2 6%

TADIM I-II 9%

PALOGRÁFICO 19%

Bateria BFM 12%

TEAD I-II 15%

AC 9%

Destreza 3%

R1 6%

D2 3%

TEACO 6%

Re-testes mais utilizados

TACOM A-B 12%

TADIS 2 18%

BETA III 6%

AC 18%

Beta III 6%

Tead II 12%

Tadim 2 12%

TEALT 12%

Palográfico 6%

Fonte: Dados da Pesquisa. Macapá/Amapá. 2013.

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A avaliação psicológica no contexto dos testes deve ser encarada como um

momento dentro do processo de formação do candidato a obtenção da CNH e como

uma possibilidade de revisão periódica das funções mentais do condutor

profissional. Os testes psicológicos passam a ser considerados não apenas do ponto

de vista de seleção, mas como termômetros avaliadores ou ainda tarefas que fazem

parte de um estágio preparatório na formação do condutor e parte de uma etapa

preventiva na reciclagem do motorista profissional (TONGLET, 2002).

Cabe ao teste psicológico ser um medidor objetivo e padronizado para

demonstrar de que formas o sujeito se comportará, no sentido de revelar as

diferenças, as hipóteses confirmadas ou refutadas, enfim, todo um estudo de

reações do mesmo indivíduo em diferentes momentos. No entender de Pasquali

(2001), todos os testes psicológicos que possam ser utilizados, conduzem a

reflexões sobre sua objetividade e subjetividade.

Lamounier; Rueda (2005), relatam que a avaliação psicológica e seus testes

são eficazes, pois além de auxiliarem na identificação de comportamentos preditivos

a acidentes nos candidatos, também demonstram uma preocupação, em relação

aos profissionais de psicologia que os ministra, por tornarem agentes que irão atuar

em pelo modo da prevenção e pelo meio preditivo, ou seja, identificando problemas

psicológicos e auxiliam na redução da exposição a situações de perigo que possam

vir a se tornar acidente de trânsito.

De acordo com a tabela 3, que apresenta os dados das médias mensais dos

candidatos a CNH no momento de atuação do psicólogo-perito, constatou-se que

cerca de 47% dos entrevistados afirmaram que atendem em média até 20

candidatos ao mês e 53% atendem entre 21 a 40 candidatos ao mês.

Tabela 3 – Médias mensais no trabalho do psicólogo perito de transito

N %

Candidatos a CNH atendidos

Até 20 candidatos 8 47%

21 até 40 candidatos 9 53%

Media considerada inapta

1 a 2 candidatos 6 35%

3 a 10 candidatos 10 75%

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Carga horária mensal de avaliação psicológica

4 – 19 horas 2 12%

20 – 40 horas 11 65%

50 – 160 horas 4 23%

Fonte: Dados da Pesquisa. Macapá/Amapá. 2013.

Das pericias e avaliações que são realizadas, aproximadamente 75% da

amostra participante afirmou que mensalmente a média de candidatos a CNH

considerada inapta é de 3 a 10 candidatos e 35% entre 1 e 2 candidatos.

Por fim, analisando-se ainda a Tabela 3, ao se relacionar a carga horária

mensal de avaliação psicológica, 12% da amostra afirmou que realizada de 4 a 19

horas mensais de avaliações, em seguida, 23% realizam de 50 a 160 horas mensais

e a maior parcela, cerca de 65% da amostra, afirma que realiza mensalmente de 20

a 40 horas de avaliação psicológica em suas clinicas.

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5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Os testes psicológicos coexistem para auxiliar na identificação de

comportamentos que representem algum risco para o ambiente do trânsito, mais

conhecido na classe de psicólogos como avaliação psicológica e num cenário mais

específico e científico faz-se referência ao teste de atenção difusa, como elemento

importante, fidedigno e integrante de uma rede disponível para que se possa apontar

comportamentos indicativos de risco no trânsito não somente do ponto de vista dos

motoristas, mas em relação a todos os envolvidos nesse ambiente.

Assim, os resultados demonstrados no corpo da pesquisa responderam os

objetivos da pesquisa e confirmaram a hipótese, sobre o perfil, são poucos os

estudos que demonstram que nessa atividade, o psicólogo perito precisa conhecer o

que está avaliando, ou seja, quais são as condições psicológicas necessárias para

dirigir e construir uma inteligibilidade na avaliação de tais fenômenos, definindo

critérios adequados à aprovação ou não do candidato, com fins de preservar

aqueles que circulam pelo sistema trânsito. Ao se tomar a noção de que dirigir é um

comportamento.

Nesse sentido, conhecer os fenômenos psicológicos que os psicólogos

peritos priorizam, ao avaliar os candidatos para obtenção da Carteira Nacional de

Habilitação (CNH), contribui na caracterização dos fenômenos psicológicos

presentes na atividade de dirigir.

Por fim, para avaliar todas as funções básicas e precondições essenciais, a

avaliação psicológica precisa de informações sobre a interação das capacidades

com as atitudes e os hábitos. Assim, recomenda-se uma constante re-avaliação dos

procedimentos realizados pelo psicólogo de trânsito, especialmente em relação a

identificação dos dois fatores de risco específicos, como um perfil nitidamente

negativo de personalidade como o desmantelamento de estratégias criadas para

dificultar a identificação dos traços da personalidade e problemas emergentes ou

fatores existentes que impedem o desenvolvimento de enfrentamento e

compensação.

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REFERÊNCIAS

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ALCHIERI, João Carlos; CRISTO E SILVA, Fábio Henrique Vieira de; CARLOS GOMES, Joseane Maria Nóbrega. Estágio curricular como desenvolvimento e atualização da psicologia de trânsito no Brasil. Psicol. pesqui. Transito. Belo Horizonte, v. 2 n. 1, jun. 2006. Disponível em: <http://pepsic.bvs-psi.org.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1808-91002006000100008&lng=es&nrm=>. Acesso em: 23 nov. 2010.

ALMEIDA, Nemésio Dario Vieira de et al . As relações de gênero e as percepções dos/das motoristas no âmbito do sistema de trânsito.Psicol. cienc. prof., Brasília, v. 25, n. 2, June 2005 .

ANASTASI, A.; URBINA, S. Testagem Psicológica. Porto Alegre: Artes Médicas, 2000.

BARBOSA J. Informe sobre a Conferência Pan-Americana sobre Segurança no Trânsito. Respostas do setor saúde ao desafio para um trânsito seguro nas Américas. Brasília, DF: OPAS/OMS; 2005.

BARUKI, Salomão. Exame de sanidade física de candidatos à habilitação para motoristas. Processo consulta nº 1467/86; PC/CFM/Nº. 07/1987. Disponível em: <http://www.portalmedico.org.br/pareceres/CFM/1987/7_1987.htm>. Acesso em: 15 mar. 2013.

BELLINA, C. C. O. Dirigir sem medo. 1 ed. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2005.

BRASIL. Resolução CFP n.º 007/2009. Revoga a Resolução CFP Nº 012/2000, publicada no DOU do dia 22 de dezembro de 2000, Seção I, e institui normas e procedimentos para a avaliação psicológica no contexto do Trânsito.

BRASIL. Resolução nº 267 de 15 de Fevereiro de 2008. Dispõe sobre o exame de aptidão física e mental, a avaliação psicológica e o credenciamento das entidades públicas e privadas de que tratam o art. 147, I e §§ 1º a 4º e o art. 148 do Código de Trânsito Brasileiro.

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APÊNDICE

QUESTIONÁRIO PARA OBTENÇÃO DE DADOS A RESPEITO DE PSICÓLOGO PERITO EXAMINADOR DE TRÂNSITO NA CIDADE DE MACAPÁ/AP.

Nome: Sexo: ( ) F ( ) M Idade: anos

1) Você concluiu sua Graduação em Psicologia em qual ano? _________

2) Possui pós-graduação em que área?__________________________

3) Desde que ano você atua como Perito examinador de trânsito? ________

4) Você possui Pós-graduação concluída em Psicologia do Trânsito?

( ) Sim ( ) Não

5) Quais os testes ou bateria, utilizados com mais frequência?

6) Qual a bateria de teste utilizada para re-teste?

7) Qual a sua Média de candidatos à CNH, atendidos mensalmente por você?

8) Destes candidatos, qual a média mensal de candidatos considerados inaptos?

9) Qual a Carga horária mensal dedicada à Avaliação Psicológica para o Trânsito?

10) Tem outra ocupação profissional, e é como Psicólogo?

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ANEXO

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