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Universidade Federal de Pernambuco Centro de Filosofia e Ciências Humanas Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento e Meio Ambiente Área de Concentração: Gestão e Políticas Ambientais UNIDADES DE CONSERVAÇÃO COMO FORNECEDORAS DE SERVIÇOS AMBIENTAIS Fábio Adônis Gouveia Carneiro da Cunha Recife Fevereiro de 2014

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Universidade Federal de Pernambuco Centro de Filosofia e Ciências Humanas Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento e Meio Ambiente Área de Concentração: Gestão e Políticas Ambientais

UNIDADES DE CONSERVAÇÃO COMO FORNECEDORAS DE SERVIÇOS

AMBIENTAIS

Fábio Adônis Gouveia Carneiro da Cunha

Recife

Fevereiro de 2014

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FÁBIO ADÔNIS GOUVEIA CARNEIRO DA CUNHA

UNIDADES DE CONSERVAÇÃO COMO FORNECEDORAS DE SERVIÇOS

AMBIENTAIS

Prof. Dr. Ricardo Augusto Pessoa Braga Orientador

Recife, 2014

Dissertação submetida ao programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento e Meio Ambiente – PRODEMA, da Universidade Federal de Pernambuco – UFPE, como requisito necessário para a obtenção do Titulo de Mestre em Desenvolvimento e Meio Ambiente.

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Catalogação na fonte

Bibliotecária, Divonete Tenório Ferraz Gominho CRB4- 985

C972u Cunha, Fábio Adônis Gouveia Carneiro da.

Unidades de conservação como fornecedoras de serviços ambientais

/ Fábio Adônis Gouveia Carneiro da Cunha. – Recife: O autor, 2014.

183 f. : il. ; 30 cm.

Orientador: Prof. Dr. Ricardo Augusto Pessoa Braga.

Dissertação (mestrado) - Universidade Federal de Pernambuco.

CFCH. Programa de Pós–Graduação em Desenvolvimento e Meio

Ambiente - PRODEMA, 2014.

Inclui referências.

1. Gestão ambiental. 2. Conservação da natureza. 3. Biodiversidade – Conservação. I. Braga, Ricardo Augusto Pessoa. (Orientador). II. Título.

CDD 363.7 (22. ed.) UFPE (CFCH2014-57)

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Universidade Federal de Pernambuco Centro De Filosofia e Ciências Humanas Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento e Meio Ambiente Área de Concentração: Gestão e Políticas Ambientais

“UNIDADES DE CONSERVAÇÃO COMO FORNECEDORAS DE

SERVIÇOS AMBIENTAIS”

Fábio Adônis Gouveia Carneiro da Cunha

Data de aprovação: 26/02/2014

Orientador:

Prof. Dr. Ricardo Augusto Pessoa Braga (UFPE)

Examinadores:

Prof. Dr. Gilberto Gonçalves Rodrigues (UFPE)

Profº Drª Ana Lúcia Candeias (UFPE)

Profª Drª Kênia Valença Correia (UFPE)

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A Deane, Gabi e João,

Dedico.

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AGRADECIMENTOS

Inicialmente gostaria de agradecer a Deus por tudo de bom que tenho em minha vida,

inclusive a força e a saúde necessárias para concluir este trabalho.

A minha esposa, Deane, cujo amor e incentivo incondicionais foram pra mim

reservatório inesgotável de força e incentivo; aos meus filhos, Gabriela e João Miguel,

que são a luz do meu caminho; enfim, a todos em minha família, que nas horas

ininterruptas de trabalho duro souberam entender a necessidade da minha ausência.

Ao meu orientador, professor Ricardo Braga, por aceitar me orientar e por

compartilhar suas já notórias experiência e saber. Sem ele, este trabalho não teria sido

possível.

Aos meus pais, pelo amor e ensinamentos que carregarei por toda a minha vida e

pelos imensos sacrifícios para educar da melhor forma a mim e a meus irmãos.

Aos professores do Curso de Pós-Graduação em Desenvolvimento e Meio Ambiente

(PRODEMA-UFPE), em especial aos professores Marlene Maria, Gilberto Gonçalves e

Vanice Selva, sempre incansáveis na dedicação a todos nós, mestrandos e à instituição

PRODEMA.

Aos meus colegas do PRODEMA, que me ajudaram a reviver os prazeres de estar numa

sala de aula.

A chefia da Reserva Biológica de Saltinho, na pessoa de Pedro Lins, colega de trabalho

e dileto amigo, pelo apoio necessário para a realização dos trabalhos de campo.

Ao Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade, pela licença concedida

durante o curso das disciplinas necessárias, sem a qual seria impossível desfrutar dos

conhecimentos a que tive acesso com o foco e a imersão necessários.

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“A força não é instrumento do sábio. O poder está na doçura.”

Jorge E. Adoum

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RESUMO

As unidades de conservação, além de contribuir para a proteção da biodiversidade, são também fornecedoras de uma série de benefícios para as pessoas. Estes benefícios, conhecidos como serviços ecossistêmicos ou serviços ambientais, passam despercebidos para muitos, inclusive para alguns economistas, gestores e tomadores de decisão. O estudo destes serviços ambientais faz, portanto, parte de uma estratégia que busca evidenciá-los, fazendo com que sejam levados em conta nos estudos de viabilidade de empreendimentos que tragam impactos ao meio ambiente. Neste sentido, esta pesquisa busca analisar o potencial de fornecimento de serviços ambientais pela Reserva Biológica de Saltinho, unidade de conservação federal sob a responsabilidade do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade, com área de 548 ha e localizada no município de Tamandaré-PE. A análise foi realizada focando em três tipos de serviços ambientais fornecidos por Saltinho: culturais, hídricos e de biodiversidade. Para os serviços culturais, o conhecimento dos serviços ambientais fornecidos por Saltinho, bem como a importância dada à reserva pelos usuários destes serviços, foram obtidos a partir da aplicação de entrevistas com alguns destes atores sociais, escolhidos entre os membros do conselho gestor da unidade e entre moradores do seu entorno; além disso, fez-se um levantamento do volume e características da visitação realizada na unidade. A partir das entrevistas, foi possível identificar uma gama considerável de serviços fornecidos pela unidade, bem como se constatou que é evidente para os usuários a importância de Saltinho como fornecedora de serviços ambientais; do levantamento da visitação, constatou-se que se trata de um volume de visitantes considerável, feito em sua maioria por estudantes e pesquisadores provenientes de localidades situadas dentro e além da área de influência da reserva. Para a compreensão sobre os serviços hídricos, foram mapeadas e estudadas algumas das numerosas nascentes existentes na reserva, incluindo análise de qualidade das águas das nascentes, das vazões geradas e do estado de conservação destes mananciais, do que se concluiu que são nascentes muito bem preservadas, embora as variáveis indicadoras da qualidade destas águas nem sempre tenham atingido os padrões desejáveis de potabilidade; ainda dentro do estudo dos serviços hídricos, foi analisado também o abastecimento de água para o município de Tamandaré garantido pelos açudes também existentes na unidade, deixando clara a importância destes recursos para a sustentabilidade hídrica daquele município. E, finalmente, a importância da biodiversidade da unidade foi avaliada a partir de um levantamento das pesquisas científicas até então realizadas em Saltinho, tomando como referência o banco de dados do Sistema de Autorização e Informação em Biodiversidade do ICMBio, constatando-se a considerável quantidade, variedade de temas e instituições de ensino superior envolvidas na geração de novos conhecimentos científicos sobre a biodiversidade existente na reserva. Desta pesquisa chegou-se à conclusão que a REBIO de Saltinho apresenta grande dimensão e importância, já que não só possibilita a conservação da biodiversidade contida em seus limites, mas também garante o bem-estar de muitos usuários dos serviços ambientais por ela fornecidos.

Palavras-chave: serviços ambientais, unidades de conservação, reserva biológica, Saltinho, nascentes.

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ABSTRACT Conservation units, besides their contribution for biodiversity protection, are

also suppliers of a range of benefits for people. These benefits, known as ecosystem services or environmental services, stand unnoticed for many people, including some economists, managers and decision makers. The study of these environmental services, therefore, is part of a strategy that seeks to evidence them, turning them relevant in the feasibility studies of projects that cause environmental impacts. In this sense, this research aims to analyze the potential for providing environmental services of the Biological Reserve of Saltinho, federal protected area under the responsibility of the Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade, with an area of 548 ha and located in the city of Tamandaré, state of Pernambuco. The analysis was done focusing on three types of environmental services provided by Saltinho: cultural, hydrous and biodiversity. For cultural services, the knowledge of the environmental services provided by Saltinho, as well as the importance given to the reserve by the users of these services, were obtained from the application of interviews with some of these social actors, chosen among the members of the management council of the unit and also among residents of its neighborship; besides that, a survey of the volume and characteristics of visitation in the unit was made. From the interviews, it was possible to identify a considerable range of services provided by the unit and it has found out that it is clear to users of these services the importance of Saltinho as a provider of environmental services; from the survey of visitation, it has found out that there is a considerable volume of visitors, composed mainly of students and researchers from localities within and beyond the area of influence of Saltinho. For the understanding of water services were mapped and studied some of the numerous existing springs in the conservation unit, including analysis of water quality, the flow generated and the conservation status of these springs; it has concluded that the springs are well preserved although the variables indicating the quality of these waters have not always achieved the expected standards of potability; in the study of hydrous services, it has also analyzed the water supply for the city of Tamandaré, also guaranteed by existing dams in the unit, highlighting the importance of these resources for water sustainability of that city. And finally, the importance of biodiversity unit was evaluated by a survey of scientific researches done until now in Saltinho; this survey was made in the database of Authorization and Biodiversity Information System from ICMBio and it has found a considerable quantity, variety of themes and university institutions involved in the generation of new scientific knowledge about the biodiversity in the conservation unit. This research came to the conclusion that REBIO Saltinho has great value and importance, because it not only enables the conservation of biodiversity contained within its limits, but also ensures the welfare of many users of environmental services that it provides.

Keywords: environmental services, conservation units, biological reserve, Saltinho, springs.

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LISTA DE FIGURAS

Figura Pág.

Figura 1 – concepção das atividades econômicas segundo a economia neoclássica....45

Figura 2 – Valor econômico total de bens e serviços dos ecossistemas segundo a

economia ambiental.......................................................................................................48

Figura 3 – Tipos de serviços ecossistêmicos...................................................................49

Figura 4 – localização da REBIO Saltinho........................................................................70

Figura 5 – Zona de amortecimento da REBIO Saltinho...................................................73

Figura 6 - perfil dos entrevistados por faixa etária........................................................83

Figura 7 - Perfil dos entrevistados por gênero...............................................................84

Figura 8 - Perfil dos entrevistados por nível de escolaridade........................................84

Figura 9 - Perfil dos entrevistados por local de residência............................................84

Figura 10 - Perfil dos entrevistados por local de residência..........................................86

Figura 11 – Paridade de representação entre os entrevistados....................................86

Figura 12 - Serviços de fornecimento oferecidos pela REBIO.......................................87

Figura 13 - Serviços culturais fornecidos pela REBIO....................................................88

Figura 14 – Serviços de regulação fornecidos pela REBIO.............................................88

Figura 15 – Serviços de suporte fornecidos pela REBIO................................................89

Figura 16 - Gráfico-resumo dos serviços ambientais fornecidos pela REBIO................89

Figura 17 – REBIO fornece serviços ambientais hídricos para as comunidades do seu

entorno?........................................................................................................................90

Figura 18 – Que serviços ambientais hídricos a REBIO fornece?..................................90

Figura 19 – Contribuição da REBIO para a oferta de serviços ambientais hídricos pode

ser melhorada?.............................................................................................................91

Figura 20 – Como a oferta de serviços ambientais hídricos pode ser melhorada?......91

Figura 21 – REBIO fornece serviços ambientais culturais?............................................92

Figura 22 – Que serviços ambientais culturais a REBIO fornece?.................................92

Figura 23 – Contribuição da REBIO para fornecer serviços ambientais culturais pode ser

melhorada?...................................................................................................................93

Figura 24 – Como a oferta de serviços ambientais culturais pode ser

melhorada?....................................................................................................................93

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Figura Pág.

Figura 25 – Como a REBIO contribui para a conservação da

biodiversidade?..............................................................................................................94

Figura 26 – Contribuição da REBIO para a conservação da biodiversidade pode ser

ampliada?”......................................................................................................................95

Figura 27 – Como a contribuição da REBIO para a conservação da biodiversidade pode

ser ampliada?.................................................................................................................95

Figura 28 – Quais os potenciais de serviços ambientais que a UC de Saltinho possui e

que não estão sendo valorizados?.................................................................................96

Figura 29 – Mudança na categoria de Saltinho melhorará sua capacidade de fornecer

serviços ambientais?......................................................................................................97

Figura 30 – Qual a categoria mais adequada para melhorar a capacidade de Saltinho

fornecer serviços ambientais?.......................................................................................98

Figura 31 – Que medidas você tomaria para ampliar a oferta de serviços ambientais

pela UC?........................................................................................................................100

Figura 32 - Volume anual de visitantes na REBIO Saltinho no período 2007-2013......101

Figura 33 – Volume anual de visitantes na REBIO Saltinho por categoria no período

2007-2013.....................................................................................................................103

Figura 34 - Volume anual de visitantes na REBIO Saltinho vindos de escolas de nível

fundamental, médio e técnico por município no período 2007-2013.........................104

Figura 35 - Volume anual de visitantes na REBIO Saltinho vindos de escolas de nível

fundamental, médio e técnico por localização em relação à zona de amortecimento no

período 2007-2013.......................................................................................................104

Figura 36 – Localização de nascentes na REBIO...........................................................107

Figura 37 - Nascente N1 (A - medição de variáveis físicas e químicas; B - medição de

vazão)...........................................................................................................................108

Figura 38 - Nascente N2 (A – coleta de amostra de água; B – medição de variáveis

físicas e químicas)........................................................................................................109

Figura 39 - Nascente N3 (A – vista da nascente; B – vista da nascente; C – medição de

OD; D – torneira de saída da água de N3)...................................................................111

Figura 40 - Nascente N4 (A – medição de variáveis físicas e químicas; B – medição de

vazão)...........................................................................................................................112

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Figura Pág.

Figura 41 - Nascente N5 (A – medição de variáveis físicas e químicas; B – medição de

vazão)...........................................................................................................................113

Figura 42 - Nascente N6 (A – medição de variáveis físicas e químicas; B – medição de

vazão)...........................................................................................................................114

Figura 43 - Nascente N7 (A e B – vista da nascente; C – medição de pH; D – medição de

vazão)...........................................................................................................................115

Figura 44 - Nascente N8 (A – medição de variáveis físicas e químicas; B – medição de

vazão)...........................................................................................................................116

Figura 45 - Nascente N9 (A – vista da nascente; B, C e D - medição de variáveis físicas e

químicas)......................................................................................................................117

Figura 46 – Localização dos pontos de coleta 1 e 2 e nascentes.................................122

Figura 47 - Valores de condutividade elétrica para as nascentes analisadas e para os

pontos de coleta 1 e 2..................................................................................................123

Figura 48 – Valores de sólidos totais dissolvidos (STD) para as nascentes analisadas e

para os pontos de coleta 1 e 2......................................................................................124

Figura 49 – Valores de oxigênio dissolvido para as nascentes analisadas e para os

pontos de coleta 1 e 2..................................................................................................125

Figura 50 - Valores de temperatura para as nascentes analisadas.............................126

Figura 51 - Valores de pH para as nascentes analisadas e para os pontos de coleta 1 e

2....................................................................................................................................127

Figura 52 - Valores de turbidez para as nascentes analisadas e para os pontos de coleta

1 e 2..............................................................................................................................128

Figura 53 - Valores de coliformes totais para as nascentes analisadas e para os pontos

de coleta 1 e 2..............................................................................................................130

Figura 54 - Valores de E-coli para as nascentes analisadas e para os pontos de coleta 1

e 2.................................................................................................................................131

Figura 55 – Traçado da adutora que abastece Tamandaré com água vinda dos açudes

de Saltinho....................................................................................................................133

Figura 56 - Açudes de Saltinho – imagens e localização (A – açude menor; B – açude

maior)...........................................................................................................................135

Figura 57 – O Centro de Endemismo Pernambuco......................................................137

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Figura Pág.

Figura 58 – Bacia hidrográfica do rio Mamucabas.......................................................139

Figura 59 - Cachoeira de Saltinho.................................................................................140

Figura 60 - Vinte e duas das 40 áreas prioritárias para a conservação da diversidade

biológica do CEPE.........................................................................................................141

Figura 61 - Status das pesquisas em saltinho...............................................................142

Figura 62 - Pesquisas realizadas em saltinho por categoria........................................143

Figura 63 – Quantidade de pesquisas realizadas por instituição.................................144

Figura 64 – Sugestões dos pesquisadores entrevistados para melhorar ou facilitar a

realização de pesquisas em Saltinho............................................................................145

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LISTA DE QUADROS

Quadro Pág.

Quadro 1 - Serviços ecossistêmicos florestais................................................................50

Quadro 2 - Descrição do critério turbidez para a análise do estado de conservação no

corpo das nascentes.......................................................................................................61

Quadro 3 – Descrição do critério Escherichia coli, para a classificação do estado de

conservação no corpo das nascentes.............................................................................62

Quadro 4 – Status ou descrição dos indicadores para a classificação do estado de

conservação no corpo das nascentes.............................................................................63

Quadro 5 – Status ou descrição dos indicadores para a classificação do estado de

conservação no entorno das nascentes.........................................................................64

Quadro 6 – Avaliação dos critérios (notas) do estado de conservação das nascentes no

corpo das nascentes.......................................................................................................65

Quadro 7 – Avaliação dos critérios (notas) do estado de conservação das nascentes no

entorno das nascentes...................................................................................................65

Quadro 8 – Lista de entidades conselheiras da REBIO Saltinho....................................82

Quadro 9 – Resumo dos indicadores determinantes do estado de conservação das

nascentes......................................................................................................................119

Quadro 10 - Pontuação de cada indicador e estado de conservação das nascentes...120

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LISTA DE TABELAS

Tabela Pág.

Tabela 1 – Lista consolidada de unidades de conservação no Brasil..............................37

Tabela 2 - Lista consolidada de unidades de conservação, por bioma, no Brasil...........38

Tabela 3 – Representatividade das REBIOs no SNUC (em quantidade)..........................39

Tabela 4 - Representatividade das REBIOs no SNUC (em área – km²)............................39

Tabela 5 – Lista consolidada de unidades de conservação em Pernambuco.................40

Tabela 6 – Lista consolidada de unidades de conservação, por bioma, em

Pernambuco...................................................................................................................41

Tabela 7 – Representatividade das REBIOs no SNUC em Pernambuco (em

quantidade)....................................................................................................................42

Tabela 8 - Representatividade das REBIOs no SNUC em Pernambuco (em área–

ha)...................................................................................................................................42

Tabela 9 - Visitantes na REBIO Saltinho por categoria no período 2007-2013.............102

Tabela 10 - Volume anual de visitantes na REBIO Saltinho vindos de escolas de nível

fundamental, médio e técnico por município..............................................................103

Tabela 11 - Variáveis físicas, químicas e microbiológicas das nascentes......................118

Tabela 12 - Variáveis físicas, químicas e microbiológicas dos pontos 1 e 2..................121

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LISTA DE ABREVIATURAS

ADIN Ação Direta de Inconstitucionalidade

AFCP Associação dos Fornecedores de Cana-de-açúcar de Pernambuco

AMANE Associação para Proteção da Mata Atlântica do Nordeste

APA Áreas de Proteção Ambiental

ARIEs Áreas de Relevante Interesse Ecológico

ASPAN Associação Pernambucana de Defesa da Natureza

BPM Batalhão da Polícia Militar

CELPE Companhia Energética de Pernambuco

CEPAN Centro de Pesquisas Ambientais do Nordeste

CIPOMA Companhia Independente de Policiamento ao Meio Ambiente

CNUC Cadastro Nacional de Unidades de Conservação

CNUMAD Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e

Desenvolvimento

COMPESA Companhia Pernambucana de Saneamento

CONAMA Conselho Nacional de Meio Ambiente

CPRH Agência Estadual de Meio Ambiente

DELEMAPH Delegacia de Repressão a Crimes Contra o Meio-Ambiente e

Patrimônio Histórico

DER Departamento de Estradas de Rodagem de Pernambuco

EFLEX Estação Florestal de Experimentação

ESEC Estação Ecológica

ETA Estação de Tratamento de Água

FAEPE Federação da Agricultura do Estado de Pernambuco

FAMASUL Faculdade de Formação de Professores da Mata Sul

FIEPE Federação das Indústrias do Estado de Pernambuco

FUNTEPE Fundo de Terras do Estado de Pernambuco

GERE Gerência Regional de Educação

IBAMA Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais

Renováveis

IBDF Instituto Brasileiro de Desenvolvimento Florestal

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ICMBio Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade

IFPE Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de

Pernambuco

INCRA Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária

INPA Instituto de Pesquisas da Amazônia

IPA Empresa Pernambucana de Pesquisa Agropecuária

MMA Ministério do Meio Ambiente

MS Ministério da Saúde

OD Oxigênio dissolvido

ONGs Organizações Não-Governamentais

PARNA Parque Nacional

PRODEMA Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento e Meio

Ambiente

REBIO Reserva Biológica

RPPN Reserva Particular do Patrimônio Natural

SA Serviços Ambientais

SEMA Secretaria Especial de Meio Ambiente

SEMAS Secretaria de Meio Ambiente e Sustentabilidade

SINDAÇUCAR/PE Sindicato da Indústria do Açúcar e do Álcool do Estado de

Pernambuco

SINDICAPE Sindicato dos Cultivadores de Cana de Pernambuco

SINTRAF Sindicato de Trabalhadores Rurais da Agricultura Familiar

SISNAMA Sistema Nacional de Meio Ambiente

SNUC Sistema nacional de unidades de conservação

SPU/PE Superintendência do Patrimônio da União em Pernambuco

STD Sólidos Totais Dissolvidos

SUDEPE Superintendência de Desenvolvimento da Pesca

SUDHEVEA Superintendência da Borracha

UC Unidade de Conservação

UEFS Universidade Estadual de Feira de Santana

UERJ Universidade do Estado do Rio de Janeiro

UFLA Universidade Federal de Lavras

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UFPB Universidade Federal da Paraíba

UFPE Universidade Federal de Pernambuco.

UFRJ Universidade Federal do Rio de Janeiro

UFRPE Universidade Federal Rural de Pernambuco

UFSC Universidade Federal de Santa Catarina

UFSCAR Universidade Federal de São Carlos

UFV Universidade Federal de Viçosa

UICN União Internacional pela Conservação da Natureza

UNICAMP Universidade Estadual de Campinas

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ........................................................................................................... 22

2. REFERENCIAL TEÓRICO ............................................................................................ 25

2.1. UNIDADES DE CONSERVAÇÃO .......................................................................... 25

2.1.1. Histórico da criação de unidades de conservação no Brasil ........................ 25

2.1.1.1. A política nacional de meio ambiente e a constituição de 1988 .......... 27

2.1.1.2. A criação do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos

Naturais Renováveis (IBAMA) e a integração da gestão ambiental ..................... 29

2.1.1.3. A lei de crimes ambientais .................................................................... 30

2.1.1.4. O sistema nacional de unidades de conservação (SNUC)..................... 30

2.1.1.5. A criação do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade

(ICMBio).. .............................................................................................................. 35

2.1.2. Panorama das UCs no Brasil ......................................................................... 36

2.1.3. O panorama das UCs em Pernambuco ........................................................ 39

2.2. ECONOMIA ECOLÓGICA: UMA TENTATIVA DE CONCILIAÇÃO ENTRE ECONOMIA

E NATUREZA ................................................................................................................ 43

2.3. SERVIÇOS AMBIENTAIS...................................................................................... 48

3. METODOLOGIA ........................................................................................................ 55

3.1. Identificação e Avaliação dos serviços ambientais culturais ............................ 55

3.1.1. As entrevistas: definição do universo de entrevistados e dos sistemas de

análise e tabulação dos dados ................................................................................. 55

3.1.2. Perfil dos visitantes da REBIO Saltinho ........................................................ 57

3.2. Identificação e avaliação dos serviços ambientais hídricos .............................. 57

3.2.1. Análise do estado de conservação das nascentes ....................................... 58

3.2.2. Medição de vazão das nascentes ................................................................. 66

3.2.3. Análise de variáveis físicas, químicas e microbiológicos das nascentes ...... 66

3.3. Identificação e avaliação dos serviços ambientais de biodiversidade na REBIO

Saltinho ........................................................................................................................ 67

4. CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA ..................................................................................... 69

4.1. HISTÓRICO E LOCALIZAÇÃO .............................................................................. 69

4.2. RECURSOS NATURAIS EM SALTINHO ................................................................ 71

4.3. ÁREA DE INFLUÊNCIA DE SALTINHO ................................................................. 71

4.4. EQUIPE E INFRAESTRUTURA ............................................................................. 72

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4.5. PROBLEMAS E CONFLITOS ................................................................................ 74

4.6. GESTÃO DA UC .................................................................................................. 74

5. RESULTADOS ............................................................................................................ 76

5.1. SERVIÇOS AMBIENTAIS CULTURAIS NA REBIO SALTINHO ................................ 76

5.1.1. Resultados das entrevistas ........................................................................... 76

5.1.1.1. Procedimentos adotados ...................................................................... 76

5.1.1.2. Análise e tabulação dos dados .............................................................. 79

5.1.1.3. Informações sobre os entrevistados .................................................... 83

5.1.1.4. Caracterização da instituição a que pertencem os entrevistados ........ 85

5.1.1.5. Informações sobre serviços ambientais ............................................... 86

5.1.2. Perfil dos visitantes da REBIO Saltinho ...................................................... 100

5.2. SERVIÇOS AMBIENTAIS HÍDRICOS NA REBIO SALTINHO ................................. 106

5.2.1. As nascentes em Saltinho ........................................................................... 106

5.2.1.1. Avaliação do estado de conservação das nascentes .......................... 106

5.2.1.2. Avaliação da qualidade das águas das nascentes ............................... 121

5.2.1.2.1. Variáveis físicas e químicas ............................................................. 123

5.2.1.2.2. Variáveis microbiológicas ............................................................... 129

5.2.2. Reservatórios Hídricos de Saltinho ............................................................ 132

5.2.3. Análise dos resultados das entrevistas com os conselheiros de Saltinho . 134

5.3. SERVIÇOS AMBIENTAIS DE BIODIVERSIDADE NA REBIO SALTINHO ............... 136

5.3.1. O Bioma Mata Atlântica ............................................................................. 136

5.3.2. Recursos naturais em Saltinho ................................................................... 138

5.3.3. Análise dos resultados das entrevistas com os conselheiros de Saltinho . 141

5.3.4. Levantamento das pesquisas realizadas em Saltinho ................................ 142

5.3.5. Resultados do questionário enviado aos pesquisadores ........................... 144

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................................................ 146

7. REFERÊNCIAS .......................................................................................................... 150

APÊNDICE 1 – TERMO DE CONSENTIMENTO ............................................................... 156

APÊNDICE 2 – FORMULÁRIO DE ENTREVISTA .............................................................. 157

APÊNDICE 3 – INFORMAÇÕES FORNECIDAS AOS ENTREVISTADOS SOBRE UNIDADES DE

CONSERVAÇÃO ............................................................................................................. 161

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APÊNDICE 4 – INFORMAÇÕES FORNECIDAS AOS ENTREVISTADOS SOBRE SERVIÇOS

AMBIENTAIS .................................................................................................................. 165

APÊNDICE 5 – QUESTIONÁRIO APLICADO A PESQUISADORES ..................................... 166

APÊNDICE 6 – LISTA DE PESQUISAS REALIZADAS EM SALTINHO CADASTRADAS NO

SISBIO ............................................................................................................................ 167

APÊNDICE 7 – MODELO DE FORMULÁRIO PARA CONTROLE DE VISITAÇÃO ............... 179

ANEXO 1 – ART. 5º DO REGIMENTO INTERNO DO CONSELHO DA REBIO SALTINHO .. 180

ANEXO 2 – RESULTADO DA ANÁLISE DA ÁGUA REALIZADA QUANDO DA ELABORAÇÃO

DO PLANO DE MANEJO DA REBIO SALTINHO – PONTO 1 ............................................ 182

ANEXO 3 – RESULTADO DA ANÁLISE DA ÁGUA REALIZADA QUANDO DA ELABORAÇÃO

DO PLANO DE MANEJO DA REBIO SALTINHO – PONTO 2 ............................................ 183

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UNIDADES DE CONSERVAÇÃO COMO FORNECEDORAS DE SERVIÇOS AMBIENTAIS

1. INTRODUÇÃO

A crise mundial em torno da escassez e degradação dos recursos naturais,

especialmente dos florestais e dos hídricos, tem preocupado os governantes, a

comunidade científica e a sociedade de modo geral. A poluição dos corpos d’água, a

extinção de espécies, o desmatamento desenfreado, a exaustão de estoques

pesqueiros, a destruição de ambientes únicos e insubstituíveis são as faces mais

evidentes da chamada crise ambiental que se manifesta tanto local como globalmente,

ameaçando a manutenção da vida em todas suas manifestações.

A busca por soluções que possam minimizar os efeitos causados pela escassez

desses recursos, seja através da implementação de novas políticas, de novos modelos

de gestão ou mesmo da adoção de novos paradigmas, tornou-se um grande desafio,

inclusive no Brasil.

Para a conservação da biodiversidade in situ, a criação e implementação de

Unidades de Conservação (UC) torna-se indispensável para que o país consiga fazer

frente a este desafio, além de cumprir os compromissos constitucionais internos e os

diversos acordos internacionais firmados. Além do mais, é primordial para a

preservação dos bens naturais e para a promoção da qualidade de vida da sociedade

(WWF, 2008).

Por outro lado, a forma pela qual as sociedades se relacionam com o meio

ambiente e seus recursos tem considerado a natureza como uma fonte ilimitada de

serviços e recursos, os processos econômicos como ciclos fechados e isolados e os

impactos ambientais como meras externalidades àqueles processos. Nestes preceitos

se baseiam as condutas predatórias e insustentáveis que têm pautado as intervenções

humanas sobre o meio ambiente. A ideia de estudar os chamados serviços ambientais

fornecidos pela natureza “gratuitamente” às pessoas fundamenta-se na constatação

da necessidade de superar os antigos paradigmas, buscando uma real valoração destes

benefícios, aparentemente sem custos, e sua internalização aos processos

econômicos.

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Estudar os serviços ambientais numa unidade de conservação tem implicações

multidisciplinares e complexas; de fato, não é difícil perceber que uma UC, além de

apresentar valor intrínseco inquestionável, fornece uma multiplicidade de serviços

ambientais que trazem benefícios para o bem-estar, para a sobrevivência e para a

conscientização e educação das comunidades do seu entorno. O que faz concluir que

neste estudo forçosamente terá que se adotar uma postura tal que perceba a

complexidade da realidade da UC em seus múltiplos laços e interações com as

comunidades do seu entorno.

Desta forma, este estudo tem como objetivo principal avaliar o potencial de

fornecimento de serviços ambientais da Reserva Biológica (REBIO) de Saltinho, unidade

de conservação federal localizada no município de Tamandaré – PE, em especial às

comunidades residentes no entorno da UC. O objeto deste estudo foi escolhido devido

à ligação profissional e afetiva do autor com a REBIO, já que, como analista ambiental,

esteve lotado na UC de novembro de 2002 a fevereiro de 2013, tendo sido testemunha

e protagonista da história da REBIO como área de fundamental importância para a

preservação do patrimônio ambiental brasileiro.

Buscando atingir este objetivo geral, foram definidos três objetivos específicos:

Caracterizar a REBIO Saltinho e sua zona de amortecimento.

Identificar os serviços ambientais fornecidos pela REBIO Saltinho no

cenário atual, com ênfase nos serviços de biodiversidade, hídricos e

culturais.

Estimar a importância dada à REBIO pelos atores sociais beneficiários dos

serviços ambientais fornecidos pela UC.

O presente estudo procurará analisar a unidade de conservação do ponto de

vista dos serviços que ela fornece, como uma forma de valorizar o seu papel na

proteção dos ecossistemas e dos recursos hídricos, bem como na conscientização das

pessoas para a importância da conservação destes espaços protegidos.

Para buscar atender aos objetivos acima, a presente dissertação foi estruturada

em cinco capítulos: o primeiro, introdutório; o segundo tratará do Referencial Teórico

no qual se embasará esta pesquisa e onde serão analisados os temas Unidades de

Conservação, a Economia Ecológica e os Serviços Ambientais.

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O terceiro capítulo será dedicado a abordar os procedimentos metodológicos

adotados na pesquisa. Estes procedimentos estão divididos em três partes:

metodologias de avaliação dos serviços ambientais culturais, metodologias de

avaliação dos serviços ambientais hídricos e metodologias de avaliação dos serviços

ambientais de biodiversidade na REBIO Saltinho.

O capítulo quatro será dedicado à caracterização da REBIO e da sua zona de

amortecimento.

O capítulo cinco apresenta os resultados obtidos na pesquisa, para os três tipos

de serviços ambientais analisados na REBIO: culturais, hídricos e de biodiversidade.

E, por fim, o capítulo seis será utilizado para apresentar as Considerações Finais

encontradas na presente pesquisa.

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2. REFERENCIAL TEÓRICO

2.1. UNIDADES DE CONSERVAÇÃO

2.1.1. Histórico da criação de unidades de conservação no Brasil

A história das unidades de conservação no Brasil remonta o século 19 e se

confunde com a própria luta pela causa ambiental. Segundo Araújo (2012), data de

1876 a primeira proposição para a criação de uma UC, feita pelo engenheiro André

Rebouças, inspirada na criação em 1872 do Parque Nacional de Yellowstone nos

Estados Unidos. Rebouças, que também era proprietário da primeira companhia

privada especializada em corte de madeira a ter autorização para funcionamento no

Brasil, sugeriu dois lugares para a criação de Parques Nacionais: a ilha do Bananal, no

rio Araguaia, e Sete Quedas, no rio Paraná. Ocorre que nesse período, ainda no Brasil

imperial, não havia as condições necessárias para se pensar a preservação da natureza

como uma prioridade; pelo contrário, a mentalidade do colonizador português era a

de maximizar os ganhos advindos da exploração dos recursos naturais da colônia, com

mínimo esforço. Desta forma,

em vez de promover o replantio dos pastos, pois os campos naturais se degradavam após um ou dois ciclos de pastoreio, optou-se por incendiá-los, na expectativa de que o fogo impedisse o crescimento das ervas não comestíveis e garantisse alguma sobrevida ao rebanho. Em vez de alimentar as caldeiras dos engenhos-de-açúcar com o próprio bagaço da cana, prática rotineira até mesmo em outras colônias de exploração, optou-se por queimar a Mata Atlântica primária para servir de lenha (PÁDUA, 2004).

Esta mentalidade, aliada à opção preferencial pelas culturas exóticas como a

cana-de-açúcar e o café, direcionadas para a exportação da produção para a matriz

portuguesa ajudam a explicar o que o mesmo autor chama de “nomadismo

predatório”, definido pela busca incessante de novas áreas intactas de mata na medida

em que os solos agrícolas e pastoris tornavam-se estéreis.

Foi só no período da Segunda República, a chamada Era Vargas, a partir de

1930, que se deu início a um intenso processo legislatório que incluiu a defesa das

riquezas naturais nacionais; foi deste período a promulgação do Código de Águas, do

Código de Minas e do Código Florestal Brasileiro, todos de 1934 (MACIEL, 2011).

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O Código Florestal, instituído pelo Decreto-lei nº 23.793/34, foi “o primeiro

diploma legal brasileiro a tratar de forma um pouco mais sistêmica os recursos

florestais” (MACIEL, 2011). Nele foram conceituados pela primeira vez os parques

nacionais, florestas nacionais, florestas protetoras e áreas de preservação permanente

(BRITO, 2003).

Ressalte-se também que este código florestal representou o início da limitação

ao direito de propriedade, ressaltando a função social da mesma, como ressalta seu

artigo 1º:

Art. 1º - As florestas existentes no território nacional, consideradas em conjunto, constituem bem de interesse comum a todos os habitantes, do país, exercendo-se os direitos de propriedade com as limitações que as leis em geral, e especialmente este Código, estabelecem (BRASIL, 1934).

O ano de 1934 também foi marcado pela promulgação de uma nova

Constituição Federal que também teve importância para a causa ambiental, na medida

em que atribuía concorrentemente aos governos federal e estaduais a competência de

“proteger as belezas naturais e os monumentos de valor histórico ou artístico [...]”

(BRASIL, 1934); esta nova Constituição, junto com o Código Florestal, lançou as bases

legais para a criação de outras unidades de conservação no Brasil (ARAÚJO, 2012).

No mesmo ano foi realizada a Primeira Conferência Brasileira de Proteção à

Natureza, realizada no Rio de Janeiro no mês de abril; este evento foi de grande

importância para a causa ambiental, já que seu principal objetivo foi o de pressionar o

governo a fazer cumprir o código florestal e a criar o Sistema Nacional de Parques

Nacionais (FRANCO; DRUMMOND, 2009 apud ARAÚJO, 2012, p. 64). Mas só em 14 de

junho de 1937 é que foi criado o Parque Nacional (PARNA) de Itatiaia, primeira

unidade de conservação federal brasileira; em seguida, em 1939, foram criados os

PARNAs de Foz do Iguaçu e o da Serra dos Órgãos.

Em 1940, em Washington, foi realizada a Conferência para a Proteção da Flora,

da Fauna e das Belezas Cênicas Naturais dos Países da América, a chamada Convenção

Panamericana; nela foram definidos os conceitos de Reserva Nacional, Monumento

Natural e Reserva Silvestre (MACIEL, 2011). Dez anos depois, em 1950, foi enviado ao

Congresso Nacional o projeto Daniel de Carvalho propondo um novo Código Florestal

que corrigisse as deficiências do Código de 1934. Esse novo código passou por um

longo período de debates no Congresso, tendo sido aprovado só em 1965, através da

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lei nº 4.771/65, prevendo a criação de parques nacionais, florestas nacionais e reservas

biológicas (BRASIL, 1965).

Em 1979 e 1982 o Instituto Brasileiro de Defesa Florestal - IBDF, órgão federal

criado em 1967 para cuidar das políticas florestais e das relativas às unidades de

conservação, e a Fundação Brasileira para a Conservação da Natureza – FCBN,

propuseram o Plano do Sistema de Unidades de Conservação do Brasil. Este

documento, baseado no documento preliminar da Comissão de Parques e Áreas

Protegidas da União Internacional pela Conservação da Natureza (UICN1) - que definia

objetivos, critérios e categorias para áreas protegidas - foi elaborado em duas etapas.

A primeira, em 1979, visava

a) escolher, por meio de critérios técnico-científicos, e inventariar, em nível nacional (particularmente na Amazônia), as áreas de potencial interesse para criação de unidades; b) identificar as lacunas e as áreas protegidas de maior importância no sistema de parques; c) rever a conceituação geral, principalmente no que se referia aos objetivos de manejo e às categorias de manejo, precisando-as e aumentando-as, se aconselhável (ARAÚJO, 2012).

Segundo o mesmo autor, como resultado desta primeira etapa do plano, foram

apontadas 34 áreas potenciais para criação de UCs, das quais 9 foram efetivamente

criadas; entre estas estão a Reserva Biológica (REBIO) de Atol das Rocas, criada em

1979 e o PARNA de Lençóis Maranhenses, criado em 1981. Este processo é continuado

na segunda etapa do plano em 1982, na qual 30 novas áreas foram propostas para

criação de UCs. Estas duas etapas do plano representam a primeira tentativa de

instituir um sistema brasileiro de unidades de conservação (ARAÚJO, 2012).

2.1.1.1. A política nacional de meio ambiente e a constituição de 1988

Em 1981 é promulgada a Lei 6.938 que institui a Política Nacional de Meio

Ambiente. Esta política tem como objetivo

a preservação, melhoria e recuperação da qualidade ambiental propícia à vida, visando assegurar, no País, condições ao desenvolvimento sócio-econômico, aos interesses da segurança nacional e à proteção da dignidade da vida humana, atendidos os seguintes princípios: [...]IV - proteção dos ecossistemas, com a preservação de áreas representativas; [...] (BRASIL, 1981).

1 Na sigla em inglês, IUCN. Trata-se de uma ONG de atuação mundial em prol do meio ambiente.

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Como se pode notar, a política tem um objetivo amplo e ambicioso, buscando

conciliar desenvolvimento com proteção ambiental; além disso, pauta-se por diversos

princípios entre os quais se destaca “a preservação de áreas representativas” por meio

da criação de unidades de conservação; para isso, previu, como instrumentos da

Política Nacional do Meio Ambiente, a criação de Áreas de Proteção Ambiental (APAs),

Áreas de Relevante Interesse Ecológico (ARIEs) e Reservas e Estações Ecológicas

(ESECs).

Outras importantes contribuições da lei 6.938/81 foram a instituição do

Sistema Nacional de Meio Ambiente (SISNAMA) e do Conselho Nacional de Meio

Ambiente (CONAMA). O SISNAMA, segundo o art. 6º da referida lei, é composto pelos

“órgãos e entidades da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Territórios e dos

Municípios, bem como as fundações instituídas pelo Poder Público, responsáveis pela

proteção e melhoria da qualidade ambiental” (BRASIL, 1981). O CONAMA foi então

primeiramente incumbido de ser o órgão superior na estrutura do SISNAMA,

encarregado de “assistir o Presidente da República na formulação de diretrizes da

Política Nacional do Meio Ambiente” (BRASIL, 1981); esta função foi posteriormente

passada ao Conselho de Governo, enquanto que o CONAMA passou a ser o órgão

consultivo e deliberativo do SISNAMA,

com a finalidade de assessorar, estudar e propor ao Conselho de Governo, diretrizes de políticas governamentais para o meio ambiente e os recursos naturais e deliberar, no âmbito de sua competência, sobre normas e padrões compatíveis com o meio ambiente ecologicamente equilibrado e essencial à sadia qualidade de vida (BRASIL, 1981).

Em 1988 é promulgada uma nova Constituição Federal, que passa a ser uma

poderosa aliada da causa ambiental. No seu art. 225, a Carta Magna garante que

Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao poder público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações (BRASIL, 1988).

O aspecto notável do texto do art. 225 está no fato de que ele, a um só tempo,

democratiza o direito ao meio ambiente equilibrado e impõe ao poder público e a toda

a sociedade a obrigação de proteger o meio ambiente, não só para as presentes, mas

também para as futuras gerações. Para isso, entre outras coisas, obriga o poder

público a “definir, em todas as unidades da Federação, espaços territoriais e seus

componentes a serem especialmente protegidos”, o que consagra a prioridade que

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deve ser dada à criação de unidades de conservação. É importante ressaltar também

que este artigo eleva o status da Floresta Amazônica brasileira, da Mata Atlântica, da

Serra do Mar, do Pantanal Mato-Grossense e da Zona Costeira ao nível de patrimônios

nacionais2.

2.1.1.2. A criação do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais

Renováveis (IBAMA) e a integração da gestão ambiental

No ano seguinte à promulgação da nova Carta Magna, em 22 de fevereiro de

1989, foi promulgada a Lei nº 7.735, que criou o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente

e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA), representando um esforço no sentido de

integrar a gestão ambiental, já que o IBAMA foi criado a partir da fusão de quatro

órgãos: o Instituto Brasileiro de Desenvolvimento Florestal (IBDF), a Superintendência

de Desenvolvimento da Pesca (SUDEPE), a Superintendência da Borracha (SUDHEVEA)

e a Secretaria Especial de Meio Ambiente (SEMA), vinculada ao Ministério do Interior.

Segundo IBAMA (2013), estes órgãos tinham, diferentemente da SEMA, uma atuação

de preservação ambiental reduzida a ilhas dentro de suas estruturas, já que foram

criados para dar incentivos fiscais e fomentar o desenvolvimento econômico, o que

reforçava a importância de integrar a política ambiental brasileira; essa integração era,

inclusive, objeto da pressão nacional e internacional desde a participação do Brasil na

Conferência das Nações Unidas para o Ambiente Humano, realizada em Estocolmo

(Suécia), em 1972 (IBAMA, 2013).

Após a sua criação, o IBAMA assumiu a função de órgão executor do SISNAMA,

com “a finalidade de executar e fazer executar, como órgão federal, a política e

diretrizes governamentais fixadas para o meio ambiente” (BRASIL, 1990). O instituto

conseguiu também exercer uma forte influência na opinião pública e no imaginário da

sociedade brasileira, relacionada com a causa ambiental, transformando-se numa

marca respeitada até nos recantos mais distantes do Brasil, a despeito dos grandes

problemas que sempre enfrentou, como a falta de recursos e estrutura, típicos do

serviço público brasileiro.

2Embora, inexplicavelmente, deixe de elevar ao mesmo nível biomas importantíssimos como a Caatinga

e o Pampa.

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2.1.1.3. A lei de crimes ambientais

Em 1998, foi promulgada a Lei 9.605, a chamada Lei de Crimes Ambientais.

Considerada um avançado dispositivo legal em defesa do meio ambiente, esta lei

trouxe importantes inovações, como a possibilidade de responsabilização de pessoas

jurídicas por crimes ambientais, conforme redação do seu artigo 3º,

as pessoas jurídicas serão responsabilizadas administrativa, civil e penalmente conforme o disposto nesta lei, nos casos em que a infração seja cometida por decisão de seu representante legal ou contratual, ou de seu órgão colegiado, no interesse ou benefício da sua entidade (BRASIL, 1998).

Para concretizar essa responsabilização, esta lei prevê, além das sanções

convencionais, algumas outras sanções aplicáveis às pessoas jurídicas: as sanções

restritivas de direitos, tais como “proibição de [...] contratar com o Poder Público, de

receber incentivos fiscais ou quaisquer outros benefícios, bem como de participar de

licitações”, além da possibilidade de suspensão de atividades (BRASIL, 1998).

No que tange à proteção destinada às unidades de conservação, o artigo 40 da

lei trata especificamente da proteção legal destinada a elas; segundo este artigo, quem

“causar dano direto ou indireto às Unidades de Conservação [...]” terá pena de

reclusão, de um a cinco anos (BRASIL, 1998).

2.1.1.4. O sistema nacional de unidades de conservação (SNUC)

Conforme detalhado anteriormente, a proposição e execução do Plano do

Sistema de Unidades de Conservação do Brasil, baseado num documento da IUCN,

entre 1979 e 1982, representou a primeira tentativa de instituir um sistema brasileiro

de unidades de conservação.

Em 1994, numa tentativa de uniformizar os tipos de áreas protegidas nos

diversos países, a IUCN elaborou o documento “directrices para las categorias de

manejo de areas protegidas”, que usava os objetivos de gestão como critério para a

categorização destas áreas (ESTIMA, 2008). Ainda segundo esta autora, a IUCN

procurou elaborar este documento de forma participativa, em conjunto com

pesquisadores e gestores de áreas protegidas de todo mundo; buscou com isso, não

ditar normas para a criação dos sistemas de áreas protegidas para todos os países, mas

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apenas criar uma base de comparação entre categorias destas áreas para todo o

mundo, facilitando a comunicação sem, no entanto, perder de vista as especificidades

de cada local. Desta forma, podemos tomar como exemplo a categoria de Parque

Nacional, definida no documento da IUCN de forma muito semelhante a que foi

posteriormente definida no Brasil.

Em 2000, após uma década de tramitação no Congresso Nacional, é aprovada a

Lei 9.985 que instituiu o Sistema Nacional de Unidades de Conservação – SNUC - que

“estabelece critérios e normas para a criação, implantação e gestão das unidades de

conservação.” (BRASIL, 2000). Esta lei, que passou a ser conhecida como a lei do SNUC,

define unidade de conservação como

espaço territorial e seus recursos ambientais, incluindo as águas jurisdicionais, com características naturais relevantes, legalmente instituído pelo Poder Público, com objetivos de conservação e limites definidos, sob regime especial de administração, ao qual se aplicam garantias adequadas de proteção (BRASIL, 2000).

O SNUC, como o próprio nome indica, busca a gestão sistêmica das unidades de

conservação; para isto, tem como objetivos:

I - contribuir para a manutenção da diversidade biológica e dos recursos genéticos no território nacional e nas águas jurisdicionais; II - proteger as espécies ameaçadas de extinção no âmbito regional e nacional; III - contribuir para a preservação e a restauração da diversidade de ecossistemas naturais; IV - promover o desenvolvimento sustentável a partir dos recursos naturais; V - promover a utilização dos princípios e práticas de conservação da natureza no processo de desenvolvimento; VI - proteger paisagens naturais e pouco alteradas de notável beleza cênica; VII - proteger as características relevantes de natureza geológica, geomorfológica, espeleológica, arqueológica, paleontológica e cultural; VIII - proteger e recuperar recursos hídricos e edáficos; IX - recuperar ou restaurar ecossistemas degradados; X - proporcionar meios e incentivos para atividades de pesquisa científica, estudos e monitoramento ambiental; XI - valorizar econômica e socialmente a diversidade biológica; XII - favorecer condições e promover a educação e interpretação ambiental, a recreação em contato com a natureza e o turismo ecológico; XIII - proteger os recursos naturais necessários à subsistência de populações tradicionais, respeitando e valorizando seu conhecimento e sua cultura e promovendo-as social e economicamente. (BRASIL, 2000).

A categorização das unidades de conservação apresentada no SNUC divide

primeiramente as UCs em dois grandes grupos: as unidades de proteção integral ou de

uso indireto e as unidades de uso sustentável ou de uso direto. O primeiro grupo, que

tem como “objetivo básico [...] preservar a natureza, sendo admitido apenas o uso

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indireto dos seus recursos naturais, com exceção dos casos previstos nesta Lei”

(BRASIL, 2000), conta com as seguintes categorias: Estação Ecológica; Reserva

Biológica; Parque Nacional; Monumento Natural e Refúgio de Vida Silvestre. O

segundo grupo, cujo “objetivo básico [...] é compatibilizar a conservação da natureza

com o uso sustentável de parcela dos seus recursos naturais” (BRASIL, 2000) reúne as

seguintes categorias: Área de Proteção Ambiental; Área de Relevante Interesse

Ecológico; Floresta Nacional; Reserva Extrativista; Reserva de Fauna; Reserva de

Desenvolvimento Sustentável e a Reserva Particular do Patrimônio Natural. Cada

categoria tem suas características e restrições específicas, condizentes com seus

objetivos.

Entres estas categorias de unidades de conservação, destacamos:

A Reserva Extrativista e a Reserva de Desenvolvimento Sustentável que

foram, em grande parte, categorias criadas como resultado das lutas do líder

seringueiro e ambientalista Chico Mendes contra os desmatamentos dos

seringais da Amazônia e incluídas na categorização trazida pelo SNUC; são

categorias semelhantes, pois ambas buscam proteger os meios de vida de

populações tradicionais, sejam eles o extrativismo ou “sistemas sustentáveis de

exploração dos recursos naturais”.

A Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN) que é uma unidade

constituída em propriedade privada, oportunizando aos proprietários

particulares de terras ricas em recursos naturais e biológicos uma proteção

definitiva destes recursos, já que a RPPN é criada a partir de um gravame

perpétuo; tem como objetivos favorecer a pesquisa científica e o turismo

ecológico. Criada somente a partir de iniciativas voluntárias, a RPPN representa

uma oportunidade para proprietários comprometidos com a proteção ao meio

ambiente de proteger perpetuamente as riquezas naturais presentes em suas

propriedades.

A Reserva Biológica, objeto desta pesquisa, que é a mais restritiva das

categorias de UCs. Tem como objetivo “a preservação integral da biota e

demais atributos naturais existentes em seus limites, sem interferência humana

direta ou modificações ambientais.” Esta categoria só permite a pesquisa

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científica e atividades de educação ambiental, vetando atividades voltadas ao

turismo.

Outros dispositivos trazidos pela lei do SNUC são dignos de destaque:

A obrigatoriedade de realização de audiência pública previamente à

criação de qualquer UC (com exceção das Reservas Biológicas e Estações

Ecológicas), onde “o Poder Público é obrigado a fornecer informações

adequadas e inteligíveis à população local e a outras partes interessadas”,

contribuindo para a gestão ambiental participativa desde as primeiras etapas

de criação de uma UC.

A restrição a desafetações ou reduções nas áreas de UCs, as quais só

poderão ser feitas por lei específica.

A obrigatoriedade de existência de uma zona de amortecimento3 no

entorno de qualquer UC, com exceção das Áreas de Proteção Ambiental e

Reservas Particulares do Patrimônio Natural. Essa zona restringe atividades no

entorno das UCs, buscando amortecer possíveis impactos diretos às unidades.

A possibilidade de estabelecer mosaicos de UCs próximas, justapostas

ou sobrepostas, de categorias diferentes ou não, a serem geridos de forma

compartilhada, integrada e participativa, harmonizando biodiversidade,

sociodiversidade e desenvolvimento sustentável no contexto regional.

Como exemplos de mosaicos legalmente reconhecidos, destacam-se o Mosaico

do Capivara-Confusões, abrangendo o Parque Nacional da Serra da Capivara e o

Parque Nacional da Serra das Confusões, no Estado do Piauí; o Mosaico Mico-

leão-dourado, no Estado do Rio de Janeiro, abrangendo três UCs federais, uma

UC estadual, quatro UCs municipais e 13 RPPNs, entre outros.

A obrigatoriedade de elaboração, para cada UC, de um Plano de

Manejo4, documento direcionador de todas as ações de gestão da UC, que

3 A zona de amortecimento é definida no SNUC como “o entorno de uma unidade de conservação, onde as atividades humanas estão sujeitas a normas e restrições específicas, com o propósito de minimizar os impactos negativos sobre a unidade” (BRASIL, 2000). 4

Segundo o SNUC, o Plano de Manejo é definido como o “documento técnico mediante o qual, com fundamento nos objetivos gerais de uma unidade de conservação, se estabelece o seu zoneamento e as normas que devem presidir o uso da área e o manejo dos recursos naturais, inclusive a implantação das estruturas físicas necessárias à gestão da unidade” (BRASIL, 2000).

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deverá “estar disponível para consulta do público na sede da unidade de

conservação e no centro de documentação do órgão executor” (BRASIL, 2002).

A obrigatoriedade de existência em cada unidade de conservação, com

exceção das Áreas de Relevante Interesse Ecológico, das Reservas de Fauna e

das Reservas Particulares do Patrimônio Natural, de um conselho formado por

representantes do poder público e da sociedade civil que possuam algum tipo

de interface ou objetivos comuns com a UC em questão; estes conselhos serão

em geral consultivos, com exceção das Reservas Extrativistas e nas Reservas de

Desenvolvimento Sustentável, onde serão deliberativos. Segundo o IBASE

(2006), os conselhos das UCs são os instrumentos responsáveis pela gestão das

unidades de forma participativa, o que implica no fortalecimento da

democracia brasileira.

A obrigatoriedade de pagamento, por parte do empreendedor

responsável por empreendimento que cause significativo impacto ambiental,

de uma compensação financeira 5 destinada a “apoiar a implantação e

manutenção de unidade de conservação do Grupo de Proteção Integral” ou de

unidade diretamente afetada pelo empreendimento, mesmo que não seja de

proteção integral.

A obrigatoriedade de contribuição financeira para a proteção e

implementação da unidade de conservação por parte do “órgão ou empresa,

público ou privado, responsável pelo abastecimento de água ou que faça uso

de recursos hídricos”, ou “responsável pela geração e distribuição de energia

elétrica”, que sejam beneficiários da proteção proporcionada por uma unidade

de conservação. Na prática, esta obrigatoriedade configura um mecanismo de

pagamento pelos recursos hídricos e de biodiversidade eventualmente

fornecidos gratutitamente por uma UC àqueles órgãos ou empresas que, afinal

5Esta compensação, conhecida como compensação ambiental, foi inicialmente definida de forma a “não

[...] ser inferior a meio por cento dos custos totais previstos para a implantação do empreendimento, sendo o percentual fixado pelo órgão ambiental licenciador, de acordo com o grau de impacto ambiental causado pelo empreendimento” (BRASIL, 2000). No entanto, este percentual mínimo foi considerado inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal, através da Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADIN) nº 3.378-6 de 2008. Hoje a compensação ambiental deve ser calculada caso a caso, com base no nível de impacto de cada empreendimento detalhado no respectivo estudo de impacto ambiental.

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de contas, cobram do consumidor final pelos serviços que prestam, o que

justifica que parte do que recebem retorne para as UCs.

Estes dois últimos mecanismos introduzidos pelo SNUC constituem,

virtualmente, significativos aportes de recursos para auxiliar a gestão e a

implementação das UCs, embora a contribuição financeira detalhada no último item

acima ainda careça de regulamentação para ser posto em prática como obrigação

legal.

2.1.1.5. A criação do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade

(ICMBio)

Em 28 de agosto de 2007 é criado pela Lei 11.516 o Instituto Chico Mendes de

Conservação da Biodiversidade (ICMBio), autarquia vinculada ao Ministério do Meio

Ambiente e integrante do Sistema Nacional do Meio Ambiente (SISNAMA). O ICMBio

tem como atribuição principal a execução das ações do Sistema Nacional de Unidades

de Conservação, ou seja, a implantação e gestão das UCs instituídas pela União. Cabe

ainda ao ICMBio, segundo a lei nº 11.516 de 28 de agosto de 2007 que o criou

II - executar as políticas relativas ao uso sustentável dos recursos naturais renováveis e ao apoio ao extrativismo e às populações tradicionais nas unidades de conservação de uso sustentável instituídas pela União; III - fomentar e executar programas de pesquisa, proteção, preservação e conservação da biodiversidade e de educação ambiental; IV - exercer o poder de polícia ambiental para a proteção das unidades de conservação instituídas pela União; e V - promover e executar, em articulação com os demais órgãos e entidades envolvidos, programas recreacionais, de uso público e de ecoturismo nas unidades de conservação, onde estas atividades sejam permitidas (BRASIL, 2007).

O ICMBio foi criado a partir de quadros e parte da estrutura do IBAMA, órgão

que até então detinha as atribuições acima.

Embora tenha sido objeto de antigas reinvindicações, a criação de um órgão

destinado exclusivamente à gestão das UCs federais não foi um processo tranquilo.

Servidores do IBAMA entraram em greve para tentar reverter a divisão do IBAMA e a

criação do ICMBio por estarem insatisfeitos com a forma como o ICMBio foi criado,

sem consulta e discussões prévias. A questão foi também levada ao Supremo Tribunal

Federal, onde foi impetrada ação direta de inconstitucionalidade contra a medida

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provisória que criou o Instituto, a qual foi, ao fim, indeferida pelo STF, mantendo a

criação do ICMBio.

2.1.2. Panorama das UCs no Brasil

Com o objetivo de disponibilizar ao público em geral um banco de dados com

informações oficiais do Sistema Nacional de Unidades de Conservação, o Ministério do

Meio Ambiente (MMA) criou o Cadastro Nacional de Unidades de Conservação

(CNUC), contendo as características físicas, biológicas, turísticas, gerenciais e os dados

georreferenciados das unidades de conservação. Além de possibilitar a democratização

das informações sobre as UCs brasileiras, o CNUC representa também um poderoso

subsídio na tomada de decisões na área ambiental, tais como quais devem ser as

prioridades para alocação de investimentos na proteção ambiental, como deve se dar

o direcionamento dos esforços de criação de novas áreas protegidas, entre outros.

Segundo dados deste cadastro, hoje o Brasil possui 1.783 unidades de conservação,

distribuídas segundo as tabelas 1 e 2.

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Tabela 1 – Lista Consolidada de Unidades de Conservação no Brasil.

GRUPO/CATEGORIA ESFERA

TOTAL FEDERAL ESTADUAL MUNICIPAL

PROTEÇÃO INTEGRAL Nº ÁREA (Km²) Nº ÁREA (Km²) Nº ÁREA (Km²) Nº ÁREA (Km²)

Estação Ecológica 31 68.034,29 63 47.603,13 1 8,72 95 115.646,14

Monumento Natural 3 442,86 27 881,02 9 67,80 39 1.391,68

Parque Nacional / Estadual / Municipal 69 252.259,34 190 94.366,32 79 195,35 338 346.821,01

Refúgio de Vida Silvestre 7 2.018,41 22 1.695,83 1 21,76 30 3.736,00

Reserva Biológica 30 39.046,67 23 13.506,96 4 59,52 57 52.613,15

Total Proteção Integral 140 361.801,56 325 158.053,26 94 353,15 559 520.207,97

USO SUSTENTÁVEL Nº ÁREA (Km²) Nº ÁREA (Km²) Nº ÁREA (Km²) Nº ÁREA (Km²)

Floresta Nacional / Estadual / Municipal 65 164.044,69 38 136.024,68 - - 103 300.069,37

Reserva Extrativista 59 123.333,20 28 20.205,47 - - 87 143.538,67

Reserva de Desenvolvimento Sustentável 1 644,41 29 115.878,96 3 146,45 33 116.669,83

Reserva de Fauna - - - - - - - -

Área de Proteção Ambiental 32 99.876,87 184 334.812,22 55 7.284,00 271 441.973,09

Área de Relevante Interesse Ecológico 16 447,99 25 445,27 6 26,95 47 920,21

RPPN 574 4.728,01 108 673,82 1 0,03 683 5.401,86

Total Uso Sustentável 747 393.075,18 412 608.040,42 65 7.457,43 1.224 1.008.573,03

TOTAL GERAL 887 754.876,74 737 766.093,68 159 7.810,58 1.783 1.528.781,00

ÁREA CONSIDERANDO SOBREPOSIÇÃO MAPEADA 887 749.279,84 737 754.107,90 159 7.734,65 1.783 1.486.511,46

Fonte: CNUC/MMA - www.mma.gov.br/cadastro_uc (atualizada em 30/08/2013).

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Tabela 2 - Lista Consolidada de Unidades de Conservação, por Bioma, no Brasil.

ÁREA TOTAL DO BIOMA (Km²)

AMAZÔNIA CAATINGA CERRADO MATA ATLÂNTICA PAMPA PANTANAL ÁREA CONTINENTAL ÁREA MARINHA

4.196.943 844.453 2.036.448 1.110.182 176.496 150.355 8.514.877 3.555.796

GRUPO/CATEGORIA AMAZÔNIA CAATINGA CERRADO MATA ATLÂNTICA PAMPA PANTANAL ÁREA CONTINENTAL ÁREA MARINHA

PROTEÇÃO INTEGRAL Nº

ÁREA (Km²) % Nº

ÁREA (Km²) % Nº ÁREA (Km²) % Nº

ÁREA (Km²) % Nº

ÁREA (Km²) % Nº

ÁREA (Km²) % Nº ÁREA (Km²) % Nº

ÁREA (Km²) %

Estação Ecológica 18 101.070,20 2,41 4 1.303,01 0,15 32 11.404,21 0,56 40 1.505,82 0,14 1 107,59 0,06 1 115,55 0,08 96 115.506,38 1,36 7 139,76 0,00

Monumento Natural - - 0,00 5 580,50 0,07 12 314,02 0,02 19 493,43 0,04 1 0,01 0,00 1 2,58 0,00 38 1.390,54 0,02 3 1,14 0,00

Parque Nacional/ Estadual / Municipal 45 260.687,35 6,21 19 7.461,21 0,88 65 48.411,33 2,38 207 21.728,67 1,96 3 372,72 0,21 5 4.282,31 2,85 344 342.943,59 4,03 36 3.877,41 0,11

Refúgio de Vida Silvestre 1 63,69 0,00 2 285,76 0,03 4 2.488,07 0,12 21 689,08 0,06 1 26,05 0,01 - - 0,00 29 3.552,66 0,04 5 183,34 0,01

Reserva Biológica 13 49.269,99 1,17 2 69,76 0,01 6 155,63 0,01 30 2.465,24 0,22 3 96,96 0,05 - - 0,00 54 52.057,58 0,61 8 555,57 0,02

Total Proteção Integral 77 411.091,23 - 32 9.700,23 - 119 62.773,26 - 317 26.882,24 - 9 603,34 - 7 4.400,44 - 561 515.450,75 - 59 4.757,22 -

USO SUSTENTÁVEL Nº ÁREA (Km²) % Nº

ÁREA (Km²) % Nº ÁREA (Km²) % Nº

ÁREA (Km²) % Nº

ÁREA (Km²) % Nº

ÁREA (Km²) % Nº

ÁREA (Km²) % Nº

ÁREA (Km²) %

Floresta Nacional/ Estadual/Municipal 58 298.636,70 7,12 6 541,84 0,06 10 534,40 0,03 31 356,43 0,03 - - 0,00 - - 0,00 105 300.069,37 3,52 - - 0,00

Reserva Extrativista 68 136.721,88 3,26 3 18,43 0,00 6 882,86 0,04 11 711,94 0,06 - - 0,00 - - 0,00 88 138.335,12 1,62 17 5.203,56 0,15

Reserva de Desenvolvimento Sustentável 21 115.736,67 2,76 1 95,41 0,01 1 587,80 0,03 10 211,83 0,02 - - 0,00 - - 0,00 33 116.631,71 1,37 4 38,11 0,00

Reserva de Fauna - - 0,00 - - 0,00 - - 0,00 - - 0,00 - - 0,00 - - 0,00 - - 0,00 - - 0,00

Área de Proteção Ambiental 31 155.177,00 3,70 31 52.247,87 6,19 65 108.497,65 5,33 163 78.060,51 7,03 3 4.215,19 2,39 - - 0,00 293 398.198,22 4,68 59 43.774,87 1,23

Área de Relevante Interesse Ecológico 6 445,90 0,01 5 198,40 0,02 16 79,96 0,00 18 160,97 0,01 1 29,63 0,02 - - 0,00 46 914,86 0,01 5 5,35 0,00

RPPN 52 464,80 0,01 49 455,70 0,05 145 972,45 0,05 414 954,14 0,09 7 4,08 0,00 17 2.550,69 1,70 684 5.401,86 0,06 - - 0,00

Total Uso Sustentável 236 707.182,96 - 95 53.557,64 - 243 111.555,13 - 647 80.455,82 - 11 4.248,90 - 17 2.550,69 - 1.249 959.551,14 - 85 49.021,89 -

TOTAL GERAL 313 1.118.274,19 - 127 63.257,88 - 362 174.328,39 - 964 107.338,05 - 20 4.852,24 - 24 6.951,13 - 1.810 1.475.001,89 - 144 53.779,11 -

Fonte: CNUC/MMA - www.mma.gov.br/cadastro_uc (atualizada em 30/08/2013).

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Das Tabelas acima podemos extrair interessantes informações sobre a

participação da categoria Reserva Biológica no atual panorama do SNUC. O número de

REBIOs brasileiras representa apenas 10,20% do número total das UCs de proteção

integral e 3,20% do total de UCs do país; quase os mesmos números são encontrados

quando calculamos os percentuais em área, ou seja, quanto da área total protegida é

categorizada como REBIO; assim, temos que 10,11% da área total de UCs de proteção

integral é categorizada como REBIO e somente 3,44% da área total protegida por UCs é

categorizada como REBIO. As tabelas 3 e 4 abaixo detalham melhor a participação da

categoria REBIO no SNUC, por esfera federativa.

Tabela 3 – Representatividade das REBIOs no SNUC (em quantidade).

ESFERA REBIO PROTEÇÃO INTEGRAL

TOTAL UCs REBIO/PROTEÇÃO

INTEGRAL (%) REBIO/TOTAL

UCs (%)

FEDERAL 30 140 887 21,43 3,38

ESTADUAL 23 325 737 7,08 3,12

MUNICIPAL 4 94 159 4,26 2,52

TOTAL 57 559 1.783 10,20 3,20

Tabela 4 - Representatividade das REBIOs no SNUC (em área – Km²).

ESFERA REBIO PROTEÇÃO INTEGRAL TOTAL UCs

REBIO/PROTEÇÃO INTEGRAL (%)

REBIO/TOTAL UCs (%)

FEDERAL 39.046,67 361.801,56 754.876,74 10,79 5,17

ESTADUAL 13.506,96 158.053,26 766.093,68 8,55 1,76

MUNICIPAL 59,52 353,15 7.810,58 16,85 0,76

TOTAL 52.613,15 520.207,97 1.528.781,00 10,11 3,44

O CNUC nos permite também extrair informações acerca da gestão das REBIOs

brasileiras; o cadastro informa que, do total de REBIOs:

21 (vinte e uma) possuem conselho gestor (o que representa 36,8% do

total); destas, 17 (dezessete) são federais, 3 (três) são estaduais e 1 (uma) é municipal;

23 (vinte e três) possuem plano de manejo (o que representa 40,4% do

total); destas, 18 (dezoito) são federais, 4 (quatro) são estaduais e 1 (uma) é municipal.

2.1.3. O panorama das UCs em Pernambuco

Em Pernambuco, as UCs existentes estão listadas nas tabelas 5 e 6 abaixo:

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Tabela 5 – Lista Consolidada de Unidades de Conservação em Pernambuco.

GRUPO/CATEGORIA ESFERA

TOTAL FEDERAL ESTADUAL MUNICIPAL

PROTEÇÃO INTEGRAL Nº ÁREA (ha) Nº ÁREA (ha) Nº ÁREA (ha) Nº ÁREA (ha)

Estação Ecológica - - 3 10.225,70 - - 3 10.225,70

Monumento Natural - - - - 3 77,80 3 77,80

Parque Nacional/Estadual/Municipal 2 73.221,70 4 1.707,34 5 1.160,41 11 76.089,45

Refúgio de Vida Silvestre - - 27 6.119,48 1 512,00 28 6.631,48

Reserva Biológica 3 6.061,00 - - 1 174,42 4 6.235,42

Total Proteção Integral 5 79.282,70 34 18.052,52 10 1.924,63 49 99.259,85

USO SUSTENTÁVEL Nº ÁREA (ha) Nº ÁREA (ha) Nº ÁREA (ha) Nº ÁREA (ha)

Floresta Nacional / Estadual / Municipal 1 3.004,52 - - - - 1 3.004,52

Reserva Extrativista 1 6.676,68 - - - - 1 6.676,68

Reserva de Desenvolvimento Sustentável - - - - - - - -

Reserva de Fauna - - - - - - - -

Área de Proteção Ambiental 3 1.377.761,95 18 145.143,82 6 5.569,70 27 1.528.475,47

Área de Relevante Interesse Ecológico - - - - 2 18,93 2 18,93

Reserva Particular do Patrimônio Natural 12 3.468,00 11 1.430,13 - - 23 4.898,13

Reserva de Floresta Urbana - - 8 1.194,66 - - 8 1.194,66

Total Uso Sustentável 17 1.390.911,14 37 147.768,61 8 5.588,63 62 1.544.268,38

TOTAL GERAL 22 1.470.193,84 71 165.821,13 18 7.513,26 111 1.643.528,23

Fonte: CNUC, CPRH e Site da Prefeitura da Cidade do Recife.

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Tabela 6 – Lista Consolidada de Unidades de Conservação, por Bioma, em Pernambuco.

GRUPO/CATEGORIA CAATINGA MATA ATLÂNTICA CONTINENTAL MARINHO

Proteção Integral Nº ÁREA (ha) Nº ÁREA (ha) Nº ÁREA (ha) Nº ÁREA (ha)

Estação Ecológica 1 7.598,70 2 2.627,00 3 10.225,70 - -

Monumento Natural 2 25,00 1 52,80 3 77,80 - -

Parque Nacional/Estadual/ Municipal 2 63.181,31 8 1.648,96 10 64.830,26 2 11.259,19

Refúgio de Vida Silvestre - - 28 6.631,48 28 6.631,48 - -

Reserva Biológica 1 1.044,00 3 5.136,77 4 6.180,77 - -

Total Proteção Integral 6 71.849,01 42 16.097,00 48 87.946,01 2 11.259,19

Uso Sustentável Nº ÁREA (ha) Nº ÁREA (ha) Nº ÁREA (ha) Nº ÁREA (ha)

Floresta Nacional/ Estadual/ Municipal 1 3.004,52 - - 1 3.004,52 - -

Reserva Extrativista - - 1 4.340,60 1 4.340,60 1 2.336,08

Reserva de Desenvolvimento Sustentável - - - - - - - -

Reserva de Fauna - - - - - - - -

Área de Proteção Ambiental 1 972.590,45 25 155.504,64 26 1.128.095,09 2 400.380,37

Área de Relevante Interesse Ecológico - - 2 18,93 2 18,93 - -

Reserva Particular do Patrimônio Natural 8 2.589,48 15 2.308,65 23 4.898,13 - -

Reserva de Floresta Urbana - - 8 1.194,66 8 1.194,66 - -

Total Uso Sustentável 10 978.184,45 51 163.367,48 61 1.141.551,93 3 402.716,45

TOTAL GERAL 16 1.050.033,45 93 179.464,49 109 1.229.497,94 5 413.975,64

Fonte: CNUC, CPRH e Site da Prefeitura da Cidade do Recife.

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42

Das tabelas acima também podemos extrair informações sobre o peso da

categoria Reserva Biológica no atual panorama do SNUC no Estado de Pernambuco. O

número de REBIOs pernambucanas é ainda menos significativo em comparação com os

números nacionais: representa apenas 8,16% do número total das UCs de proteção

integral e 3,60% do total de UCs do Estado; quando calculamos os percentuais em

área, temos que só 6,28% da área total de UCs de proteção integral é categorizada

como REBIO e somente 0,38% da área total protegida por UCs é categorizada como

REBIO. As tabelas 7 e 8 detalham melhor a participação da categoria REBIO no SNUC

por esfera federativa.

Tabela 7 – Representatividade das REBIOs no SNUC em Pernambuco (em

quantidade).

ESFERA REBIO PROTEÇÃO INTEGRAL

TOTAL UCs REBIO/PROTEÇÃO

INTEGRAL (%) REBIO/TOTAL

UCs (%)

FEDERAL 3 5 22 60,00 13,64

ESTADUAL - 34 71 0,00 0,00

MUNICIPAL 1 10 18 10,00 5,56

TOTAL 4 49 111 8,16 3,60

Tabela 8 - Representatividade das REBIOs no SNUC em Pernambuco (em área –

ha).

ESFERA REBIO PROTEÇÃO INTEGRAL TOTAL UCs

REBIO/PROTEÇÃO INTEGRAL (%)

REBIO/TOTAL UCs (%)

FEDERAL 6.061,00 79.282,70 1.470.193,84 7,64% 0,41%

ESTADUAL - 18.052,52 165.821,13 0,00% 0,00%

MUNICIPAL 174,42 1.924,63 7.513,26 9,06% 2,32%

TOTAL 6.235,42 99.259,85 1.643.528,23 6,28% 0,38%

A conclusão óbvia é que as Reservas Biológicas não constituem uma categoria

muito frequente no Brasil nem em Pernambuco, provavelmente devido ao fato de esta

ser a categoria mais restritiva dentro do sistema de UCs, o que desanimaria gestores

públicos a criar este tipo de UC, a despeito da sua importância para a conservação dos

recursos ambientais e para a manutenção da oferta de serviços ambientais.

Quanto às informações acerca da gestão das REBIOs pernambucanas, ressalte-

se que das quatro REBIOs pernambucanas, só as 3 federais possuem conselho gestor:

Saltinho, Serra Negra e Pedra Talhada; só duas delas possuem plano de manejo:

Saltinho e Serra Negra, também federais.

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2.2. ECONOMIA ECOLÓGICA: UMA TENTATIVA DE CONCILIAÇÃO ENTRE ECONOMIA

E NATUREZA

Foi sobretudo a partir dos anos 70 que se passou a reconhecer a existência de

uma crise ambiental, cujos sintomas tinham sua origem numa concepção da economia,

que encarava a natureza como fonte inexaurível de recursos e matéria-prima para

sustentar as atividades humanas (CAVALCANTI, 2004). A constatação da necessidade

de mudança deste paradigma foi sendo historicamente construída e pode ser descrita

a partir de alguns marcos históricos fundamentais:

A publicação do Relatório Meadows, também conhecido como "The

Limits to Growth", a partir do trabalho do chamado Clube de Roma, de 1972, que

identificava o crescimento desenfreado como causa da crise ambiental e que, por isso,

receitava o “crescimento zero” como solução.

A Conferência de Estocolmo (1972), onde se defendeu o conceito do

Ecodesenvolvimento que defende que desenvolvimento econômico e preservação

ambiental não são incompatíveis e sua interdependência é que levaria ao efetivo

desenvolvimento.

A introdução do conceito de Desenvolvimento Sustentável, a partir do

chamado Relatório Brundtland de 1987 (“Our Common Future”), segundo a qual o

Desenvolvimento deve ser entendido como um compromisso intergeracional pelo

equilíbrio entre eficiência econômica, equilíbrio ambiental e eqüidade social.

A Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e o

Desenvolvimento (CNUMAD), conhecida também como A Eco-92 ou Rio-92, realizada

no Rio de Janeiro em 1992, onde se consolida o uso do conceito de Desenvolvimento

Sustentável, que, embora ainda seja uma ideia ambígua e em construção, foi

transformada em verdadeiro mantra para qualquer um que, independente de suas

reais intenções, quer adotar um discurso “verde”, ainda que às custas da conveniente

distorção do espírito do conceito.

O fato é que, pouco a pouco, chegou-se à conclusão de que a “mão invisível” da

economia neoclássica não seria suficiente para dar aos mercados um padrão

sustentável e garantir o bem-estar humano. Pelo contrário,

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[...] na opinião dos críticos da visão ortodoxa, a economia global, entregue a suas próprias forças, estaria levando a uso perdulário e esgotamento de recursos naturais, promovendo, na periferia do sistema, uma reprodução insustentável de padrões de consumo/desperdício dos países do centro (sem nenhum benefício efetivo quanto ao bem-estar humano das massas desfavorecidas, porquanto a pobreza absoluta não diminui, ao contrário, expande-se de maneira que assusta). Ou seja, passivo ambiental crescente e sempre mais infelicidade humana (CAVALCANTI, 2004).

Como ressalta Abramovay (2012), a concepção da vida social na economia

neoclássica corresponde a um “ciclo fechado e autossuficiente” de renda e produtos

circulando entre pessoas, empresas, domicílios e governos, sem que se levem em

consideração as demandas energéticas do sistema nem os resíduos e impactos

gerados por ele; ou seja, poluição e usos dos recursos da biodiversidade são

considerados externalidades6 aos processos produtivos, segundo esta concepção. Na

figura 1 está sintetizada esta concepção de uma economia que não interage com os

ecossistemas, sendo apenas um ciclo fechado de trocas comerciais sem comunicação

com o exterior.

Decorre desta concepção que o pressuposto da economia neoclássica foi,

historicamente, o da exploração predatória da natureza como projeto civilizatório.

Muito contribuiu também para este projeto a racionalidade científica e cartesiana que

segmentava o saber em compartimentos disciplinares incomunicáveis, levando

também a uma separação entre natureza e cultura, separação esta também

identificada como uma das raízes da problemática ambiental. Mas, à medida que a

humanidade expandia seu projeto de dominação da natureza, principalmente a partir

da revolução industrial, construía, reflexivamente, cada vez mais uma sociedade

exposta aos riscos que ela mesma criava, gerando-se o conceito de “sociedade de

risco” (PORTO GONÇALVES, 2006). A problemática ambiental, ao se tornar cada vez

mais evidente e generalizada, vem também ressaltar a importância de evolução das

bases teóricas da economia.

6 Segundo Guedes & Seehusen (2011), “externalidades são efeitos não intencionais da decisão de produção ou consumo de um agente econômico, que causam uma perda (ou um ganho) de bem-estar a outro agente econômico. Esta perda (ou ganho) não é compensada e é comumente excluída dos cálculos econômicos dos agentes”.

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45

Figura 1 – Concepção das atividades econômicas segundo a economia

neoclássica.

Fonte: Abramovay (2012).

Porto Gonçalves (2006) ressalta que houve economistas, como os fisiocratas,

que consideravam a importância da natureza na criação e produção de riquezas. Este

mesmo autor lembra, citando Aristóteles, que a origem da palavra economia – oikos,

do grego, que significa casa – remete à sua concepção original, isto é, a administração

da casa com toda a logística necessária para isto, incluindo a energia e a matéria

necessárias para esta manutenção. Abramovay (2012) ressalta também que esta é

uma abordagem estranha à grande maioria das ciências sociais, exceção feita a Marx,

que já reconhecia que não só o trabalho humano, mas também a natureza gera

riqueza; para ele o trabalho é o pai e a natureza, a mãe na produção de riquezas

(MARX, 1996). Mais ainda, Marx ressaltou a relação dialética entre homem e natureza:

o homem modifica-a através do seu trabalho e, neste processo, é também o homem

modificado pela natureza (SCHIMDT, 1977).

Talvez a melhor analogia pra explicar o funcionamento correto da economia

seja a dos processos metabólicos que ocorrem no nosso corpo, com suas necessidades

de aportes energéticos e de eliminação de resíduos, num constante processo de troca

com o mundo exterior. Neste sentido, Abramovay (2012) chama a atenção para a

importância do conceito de metabolismo social, por meio do qual a economia é

analisada não como um sistema estanque e impermeável, mas por meio das trocas de

matéria e energia com o meio ambiente, processo este que não é apenas bioquímico.

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No entanto, distanciada desta ideia, a concepção neoclássica da economia, ao

desconsiderar os impactos ao meio ambiente, considerando-os como externalidades

ao processo produtivo, tem contribuído para promover o uso predatório destes

recursos. A partir da constatação das falhas desta concepção, vem surgindo novas

abordagens econômicas que tentam considerar as variáveis ambientais: a primeira, de

origem neo-clássica, chamada de economia ambiental, reconhece a importância dos

recursos naturais, embora não os veja, no longo prazo, como um limite absoluto à

expansão da economia. Nesta concepção, a suposição é a de que os limites impostos

pela disponibilidade de recursos naturais podem ser indefinidamente superados pelo

progresso técnico e científico (MARTINS, 2007). Uma outra característica da economia

ambiental é a tentativa de traduzir as externalidades negativas (impactos ambientais,

recursos exauridos etc.) em valores financeiros a serem levados em consideração – ou

internalizados - pelos processos produtivos como forma de buscar o desenvolvimento

sustentável (CAVALCANTI, 2004).

Esta concepção apresenta algumas falhas: 1ª, a ideia de que todo e qualquer

recurso ambiental (inclusive a vida humana ou animal) é passível de valoração, o que

é, no mínimo, discutível; 2ª, a confiança absoluta na capacidade da tecnologia de

superar as limitações ambientais, mesmo através da substituição de recursos

exauridos, já que estes, por sua natureza, podem ser insubstituíveis.

A partir destas constatações, vem-se buscando uma evolução para uma

economia que não só internalizasse os impactos ambientais das atividades humanas,

antes consideradas como meras externalidades desprezadas na contabilidade de

custos dos processos produtivos, mas também que promovesse uma conjugação com

a ecologia e a física através da introdução de conceitos oriundos da termodinâmica,

tais como entropia e neguentropia7, essenciais para entender os balanços energéticos

e o funcionamento dos sistemas naturais. Mais do que isso, esse novo conceito de

economia define esta como um subsistema aberto inserido nos sistemas naturais, dos

quais tira matéria-prima e para os quais devolve resíduos. Aqui “o caminho abre-se

para a unificação, sobre bases biofísicas, dos sistemas ecológicos e econômicos como

7 A entropia é a grandeza termodinâmica que procura medir a dissipação irreversível de energia em

forma de calor existente em toda transformação da matéria (BRAGA et al., 2002); já a neguentropia aponta no sentido contrário, indicando a geração solar contínua de energia conjugada com a fotossíntese realizada por plantas, algas e fitoplâncton (PORTO GONÇALVES, 2006).

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formas interdependentes e coevolutivas. Essa é a principal tarefa e o desafio central da

Economia Ecológica” (CAVALCANTI, 2004). Isso pressupõe também a necessidade de

uso de instrumentos multidisciplinares, não só para valoração, mas também para

entendimento da oferta de benefícios advindos dos ecossistemas.

Autores como Romero e Gonzalez (2012) ressaltam as diferenças entre

economia ambiental e ecológica: na primeira, busca-se traduzir o valor de um recurso

natural ou de um benefício trazido pela natureza em termos monetários numa

perspectiva reducionista e muitas vezes arbitrária, o que acaba por levar à

subvalorações; nesta concepção, mais utilitária e antropocêntrica, calcular o valor

econômico total de bem ou serviço gerado pelo ecossistema é somar as partes que

constituem este valor total; Figueroa (2005) divide este valor total nos chamados

valores de uso e valores de não-uso; os valores de uso estão associados à satisfação de

preferências e necessidades derivadas do uso de recursos ambientais, e, por sua vez,

estão subdivididos em valores de uso direto, valores de uso indireto e valores de opção

(FIGUEROA, 2005). Segundo Malta (2008), os valores de uso direto são aqueles

referentes a bens e serviços diretamente usados pelas pessoas, tais como madeira,

água ou atividades culturais e recreativas; já os valores de uso indireto correspondem

às funções ecossistêmicas que trazem benefícios indiretos para as pessoas, tais como

controle de erosão, manutenção da quantidade e qualidade da água, preservação da

biodiversidade, enquanto que os valores de opção referem-se aos valores que as

pessoas estariam dispostas a pagar para manter bens para uso direto ou indireto das

gerações futuras, o que equivale a dar a estas futuras gerações a opção do uso destes

bens ou serviços.

Ainda segundo Malta (2008), os valores de não-uso não estão associados ao uso

efetivo, presente ou futuro, de um recurso natural ou de um benefício trazido pela

natureza, mas sim a valores altruístas e sentimentais. Romero e Gonzalez (2012) e

Figueroa (2005) identificam estes valores com valores intrínsecos destes bens ou

serviços. Estão divididos em valor de existência, que deriva do valor que as pessoas

dão a mera existência de ecossistemas e espécies ameaçadas, estando associado a

valores éticos, culturais e morais de valorização da vida; e valor de herança, que se

refere à disposição das pessoas a pagar pela manutenção para as gerações futuras do

benefício da existência de bens ou recursos ambientais.

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Valorar um bem ou serviço fornecido pela natureza equivaleria a somar cada

um destes valores parciais daquele bem ou serviço. A figura 2 resume a teoria do valor

econômico total de acordo com a concepção da Economia Ambiental.

Figura 2 – Valor Econômico Total de bens e serviços dos ecossistemas segundo a

Economia Ambiental.

Fonte: Romero; Gonzalez (2012).

Ainda segundo os mesmos autores, a Economia Ecológica, por sua vez, faz uma

crítica da visão antropocêntrica e unidimensional que caracteriza a Economia

Ambiental, procurando construir, através de uma visão multidisciplinar, uma interação

entre os sistemas socioeconômicos e ecológicos tal que possibilite uma gestão

sustentável da biodiversidade; reconhece a importância da valoração dos recursos

naturais ou de benefícios trazidos pela natureza, mas sem perder de vista as limitações

insuperáveis desta tentativa de traduzir, em termos monetários, valores tais como os

de existência ou valores de opção, que por sua própria natureza dependem de valores

culturais e éticos que podem variar no tempo e no espaço (FIGUEROA, 2005). Por isso,

também se utiliza da valoração, embora o faça por meio de métodos que busquem dar

conta da complexidade inerente aos ecossistemas.

2.3. SERVIÇOS AMBIENTAIS

Nesta nova concepção da economia é fundamental o conceito de Serviços

Ecossistêmicos e de Serviços Ambientais. Os serviços ecossistêmicos são definidos

como todos os benefícios gerados gratuitamente pelos ecossistemas, referindo-se

tanto a bens quanto a serviços propriamente ditos (MEDEIROS et al, 2011). Desta

forma, são exemplos destes serviços os produtos florestais como a madeira, os fluxos

VALOR ECONÔMICO

TOTAL

VALORES DE USO

VALOR DE USO DIRETO

VALOR DE USO

INDIRETO

VALOR DE OPÇÃO

VALORES DE NÃO-USO

VALOR DE EXISTÊNCIA

VALOR DE HERANÇA

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de água limpa e segura, solo produtivo, condições meteorológicas relativamente

previsíveis, ciclagem de nutrientes, controle de inundações, entre outros (FOREST

TRENDS et al., 2008).

Segundo a Avaliação Ecossistêmica do Milênio (MEA, 2003), estes serviços

podem ser divididos da seguinte forma:

Serviços de suporte: são os serviços necessários para a produção de todos os

outros serviços ambientais como, por exemplo, a formação dos solos e os

ciclos de nutrientes.

Serviços de Fornecimento: são os bens ou produtos obtidos dos

ecossistemas, como alimento, madeira e água.

Serviços de regulação: são os benefícios obtidos através da regulação dos

processos dos ecossistemas, como regulação de enchentes, de secas, da

degradação dos solos e de doenças.

Serviços culturais: são os benefícios não materiais obtidos dos ecossistemas,

como por exemplo, o recreio, a educação, o valor espiritual, o valor religioso

e outros benefícios não-materiais.

A figura 3 resume a classificação acima.

Figura 3 – Tipos de serviços ecossistêmicos.

Fonte: MILLENNIUM ECOSYSTEM ASSESSMENT (MEA), 2003 (adaptado).

Braga et al (2002) detalham mais especificamente os múltiplos serviços

ecossistêmicos gerados por fragmentos florestais, como o que é protegido pela REBIO

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Saltinho, objeto deste estudo. O quadro 1 detalha estes serviços.

Quadro 1 - Serviços ecossistêmicos florestais.

Serviços Hídricos

Regularização de vazão -controle de enchentes no período chuvoso -disponibilidade de água durante a estiagem Melhoria da qualidade da água -recreação e banhos -abastecimento público -dessedentação de animais -irrigação a jusante

Conservação da Biodiversidade

-ligação de fragmentos florestais (conectividade) -proteção de espécies da flora e da fauna -produção de recursos não madeireiros (fitoterápicos, materiais para artesanato, flores, frutos) -produção de plantas ornamentais (sementes, propágulos) -refúgio de fauna e flora -proteção da diversidade genética -controle biológico de pragas

Beleza Cênica

-manutenção da paisagem natural -conservação dos acidentes geográficos -bem estar e contemplação

Turismo, Lazer e Esportes Náuticos

-banhos recreacionais -ecoturismo (trilhas, caminhadas, observação de pássaros) -esportes náuticos -pique-niques e passeios

Educação e Cultura

-educação ambiental

-ritos e práticas religiosas

Controle de Erosões e Ciclagem de Nutrientes

-redução do desmoronamento de encostas

-redução do desbarrancamento da margem de cursos d’água -redução do assoreamento dos cursos d’ água

-formação de solo e estabilização dos ciclos biogeoquímicos

Clima e Retenção de Carbono

-melhoria do microclima local (sombra e temperatura)

-manutenção do poço de carbono

Resiliência

Fonte: BRAGA et al., 2002.

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Há autores, como Guedes e Seehusen (2011), que entendem serviços

ambientais e ecossistêmicos como sinônimos. Outros autores, como Tôsto et al.

(2012), diferenciam estes dois tipos de serviços; para estes autores, serviços

ecossistêmicos são os benefícios diretos e indiretos providos pelo funcionamento dos

ecossistemas, sem a interferência humana; já os serviços ambientais são os benefícios

gerados por ações de manejo do homem nos sistemas naturais ou agroecossistemas, o

que serviria para manter a oferta de serviços ecossistêmicos pela natureza. Como

exemplo, pode-se citar a ação do agricultor que conserva a vegetação no entorno de

uma nascente em sua propriedade (serviço ambiental) buscando preservar esta

nascente e os recursos hídricos que ela provê (serviço ecossistêmico). Este também é o

entendimento contido no Projeto de Lei nº 792/2007, em tramitação na Câmara

Federal, que Institui a Política Nacional de Pagamento por Serviços Ambientais.

Considerando esta diferenciação, observa-se que, tanto na classificação de

MEA (2003) quanto na lista de Braga et al (2002), os serviços listados podem ser

classificados como serviços ecossistêmicos, com exceção de alguns: é o caso dos

serviços culturais, como por exemplo o serviço educacional, que necessita da ação

humana – do educador que desempenha sua atividade pedagógica tendo a natureza e

sua conservação como foco e pano de fundo – para se concretizar; desta forma,

estaria, a rigor, mais correto afirmar que o serviço cultural educacional é de fato um

serviço ambiental, e não um serviço ecossistêmico como os demais. Raciocínio análogo

pode ser aplicado aos serviços culturais religiosos e recreacionais, embora estes não

sejam foco desta pesquisa.

No entanto, o objeto deste estudo é uma unidade de conservação, espaço que

proporciona condições especiais e únicas para o exercício de atividades de educação

ambiental (ou religiosas, ou recreacionais) justamente por causa da presença do

ecossistema protegido e da possibilidade de realizar estas atividades em contato direto

com este ecossistema; neste sentido, ao prover estas condições, a unidade de

conservação provê um serviço ecossistêmico, o que torna válidas as categorizações

feitas por Braga e MEA.

Considerando esta forma de pensar, esta diferenciação entre serviços

ecossistêmicos e serviços ambientais não terá, portanto, importância decisiva para o

escopo do presente estudo. Desta forma, no âmbito desta pesquisa serviços

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ecossistêmicos e serviços ambientais serão considerados sinônimos, de modo que,

buscando simplificar a terminologia utilizada, doravante, só serão feitas referências a

serviços ambientais.

No mundo todo vêm sendo desenvolvidos estudos buscando evidenciar os

serviços ambientais como argumento em favor da conservação. Constanza (1997)

procurou estimar o valor destes serviços a nível planetário como forma de ressaltar o

seu real valor para o bem-estar humano e para o planejamento das políticas públicas;

Rojas e Aylward (2003) descrevem diversas experiências de mercados estabelecidos

para valoração destes serviços na Costa Rica; no Brasil, outros autores tentaram

valorar os serviços ambientais oferecidos por unidades de conservação: Malta (2008)

estudou a valoração econômica dos serviços recreativos e ecoturísticos do caso do

Parque Nacional da Tijuca no Rio de Janeiro; Medeiros et al. (2011) analisaram a

contribuição das unidades de conservação brasileiras para a economia nacional. Em

comum entre estes estudos está o uso de instrumentos de valoração dos serviços

ambientais buscando traduzir os benefícios e os ganhos em bem-estar trazidos pelos

serviços ambientais em linguagem monetária.

No entanto, a valoração ambiental nem sempre é fácil. Embora diversos

métodos de valoração tenham sido desenvolvidos nas últimas décadas - o relatório “A

Economia dos Ecossistemas e da Biodiversidade8” (TEEB, 2010) lista mais de uma

dezena de métodos diferentes - constata-se da análise da literatura sobre o tema que

não há um método único para avaliar todos os tipos de serviços ambientais, havendo

métodos que são mais adequados para determinados tipos de serviços, sendo

inadequados para outros; e há casos, segundo o mesmo relatório, em que mesmo a

valoração é inviável pelo montante de recursos financeiros e humanos que tem que

mobilizar. Entre os métodos listados pelo relatório TEEB, citam-se como exemplos o

8“The Economics of Ecosystems and Biodiversity”; trata-se de um relatório gerado por cientistas

do mundo todo a partir de uma demanda do G8+58 e lançado pela Alemanha e pela Comissão Europeia

em 2007 cuja abordagem, como o próprio nome diz, visa a tornar visível o valor econômico dos serviços

ecossistêmicos fornecidos pela natureza como forma de subsidiar “escolhas políticas, ações práticas,

decisões de negócios e o comportamento dos consumidores” (TEEB, 2010). A abordagem TEEB é dirigida

para diferentes públicos: formuladores de políticas locais, nacionais e internacionais, empresários e

consumidores em geral.

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método do custo evitado, que avalia o valor de um serviço pelos danos que sua

preservação evitou; ou o método da valoração contingente, que avalia a disposição das

pessoas para pagar por determinado serviço; há também, conforme Romero e

Gonzalez (2012), métodos de análise mais complexos, com análises multi-critério, que

buscam valorações levando também em consideração os conflitos socioambientais que

envolvem o uso do serviço em análise.

Essa dificuldade na valoração se deve primeiramente ao fato de que a maioria

dos serviços ambientais tem características de bens públicos, com propriedades como

não rivalidade e não exclusividade. A não rivalidade diz respeito ao fato de que o uso

de um serviço – contemplar uma bela paisagem natural, p.ex. - por um indivíduo não

reduz a disponibilidade daquele serviço para outro indivíduo; já a não exclusividade

significa a dificuldade ou mesmo impossibilidade de excluir alguém do uso de

determinado serviço – o uso da água da chuva, p. ex. Estas duas características básicas

dificultam uma valoração dos bens públicos, levando a uma subvaloração destes.

Ocorre então que a disposição a pagar por tais bens tende a zero, o que leva as

pessoas a ver estes serviços com valor nulo (ou “dádivas”), levando a sua

sobreutilização (GUEDES; SEEHUSEN, 2011). Segundo estas autoras, a forma de

contornar esses problemas na gestão dos recursos ambientais reside em dois

instrumentos: os instrumentos de comando e controle e os instrumentos econômicos.

Os instrumentos de comando e controle são instrumentos normativos que

determinam um padrão de uso individual de determinado recurso ambiental e um

padrão ambiental, que é o uso total permitido do recurso natural. Toda vez que o

padrão ambiental é excedido, há que se reduzir o padrão individual. Assim, todos os

usuários são obrigados a atingir esse novo padrão, sob pena de punição (como uma

multa, p.ex.) Estas políticas se baseiam no princípio do poluidor-pagador9 (SEROA DA

MOTTA, 2005).

Os instrumentos econômicos, por sua vez, visam à internalização das

externalidades, ou seja, a incorporação pelos agentes econômicos dos custos das

atividades impactantes ou os benefícios vindos da natureza. Enquadram-se nesta

categoria, entre outros, o ICMS Ecológico, a compensação ambiental e o pagamento

9 O Princípio do Poluidor-Pagador é um dos princípios basilares do Direito Ambiental e tem por objetivo

imputar a responsabilidade do dano ambiental ao causador deste dano.

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por serviços ambientais – PSA (GUEDES; SEEHUSEN, 2011). Este último é definido

como “mecanismos e processos de transferência de benefícios e incentivos a atores

sociais, setores econômicos ou instituições que contribuam para a conservação ou

aumento do fluxo e da qualidade de serviços ambientais para a sociedade” (MAY et al.,

2005). Trata-se de uma aplicação do princípio do protetor-recebedor10. Desta forma, o

agricultor que protege sua nascente estaria apto a ser remunerado pela sociedade

que, em última instância, é também beneficiada pela ação de preservação dos

recursos hídricos fornecidos pela nascente protegida11. Os instrumentos econômicos,

notadamente o PSA, implicam, necessariamente, no uso de metodologias para

valoração dos serviços ambientais.

10

O Princípio do Protetor-Recebedor objetiva compensar financeiramente aqueles que contribuem para a preservação ambiental. Para alguns representa uma evolução do Princípio do Poluidor-Pagador. 11

Aqui vale a pena diferenciar o serviço ambiental – a ação do agricultor, passível de remuneração – do serviço ecossistêmico – o recurso hídrico protegido; desta forma, só faz sentido falar em pagamento por serviços ambientais e não pagamento por serviços ecossistêmicos.

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3. METODOLOGIA

3.1. IDENTIFICAÇÃO E AVALIAÇÃO DOS SERVIÇOS AMBIENTAIS CULTURAIS

Esta parte da pesquisa visa atender a três objetivos: os dois primeiros são dois

dos objetivos específicos: 1º, “Identificar os serviços ambientais fornecidos pela REBIO

Saltinho [...]”; 2º, “estimar a importância dada à REBIO pelos atores sociais

beneficiários dos serviços ambientais fornecidos pela UC”. O 3º é analisar a visitação

realizada na REBIO, através da elaboração de um perfil dos visitantes.

Os dois primeiros objetivos foram buscados através da realização de entrevistas

com os usuários destes serviços ambientais oferecidos pela UC. Estas entrevistas

também fornecerão subsídios para a análise dos serviços ambientais hídricos e de

biodiversidade fornecidos por Saltinho, como será visto a seguir.

3.1.1. As entrevistas: definição do universo de entrevistados e dos sistemas de

análise e tabulação dos dados

A entrevista é definida por Marconi e Lakatos (2009) como o encontro entre

duas pessoas onde uma delas busca informações sobre determinado assunto através

de uma conversa de natureza profissional. Trata-se de uma técnica utilizada muito

comumente na pesquisa social e que se prestou muito bem para dar conta da tarefa

buscada pelos objetivos acima citados.

Os usuários dos serviços ambientais fornecidos pela REBIO representaram o

universo a ser estudado nesta parte da pesquisa; como se trata de um grupo

numeroso, buscou-se o que, para Marconi e Lakatos (2009), é a solução do “problema

da amostragem”, ou seja, definir uma amostra representativa daquele universo, de

forma que a partir dos resultados obtidos possam ser inferidos resultados aplicáveis à

população total, se esta fosse censitariamente investigada. Desta forma, os usuários a

serem entrevistados foram escolhidos entre os membros do Conselho Gestor da REBIO

Saltinho e entre assentamentos situados no seu entorno que não têm cadeira no

conselho, devido a sua interface direta com a UC. Esta forma de proceder configura

uma categoria de pesquisa classificada também pelos mesmos autores de amostragem

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não probabilista – na qual não se fazem uso de técnicas aleatórias de seleção – e

intencional, na qual o pesquisador utiliza seu próprio julgamento para decidir quais

membros do universo pesquisado estão mais aptos a fornecer as informações mais

relevantes para atingir os objetivos da pesquisa (LAKATOS; MARCONI, 1991).

Trata-se de uma amostra bastante heterogênea, o que é, segundo Rosa &

Arnoldi (2008), uma característica desejável, na medida em que possibilita a obtenção

de uma quantidade maior de dados para a pesquisa.

A REBIO Saltinho possui hoje um Conselho Gestor que foi criado no final do ano

de 2007 e oficializado pela Portaria ICMBio nº 50/2008 (ICMBio, 2008). O conselho

conta com representantes das comunidades do entorno e demais atores sociais cuja

atuação tenha alguma interface mais direta com a REBIO. Esta interface, como já dito,

justificou a escolha do conselho como uma das bases da amostra de atores escolhidos

para serem entrevistados. O anexo 1 apresenta o artigo 5º do Regimento Interno do

conselho da REBIO onde está detalhada a composição do conselho.

A grande quantidade de assentamentos no entorno da REBIO – são 13 ligados

ao Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA) dentro da zona de

amortecimento, alguns inclusive como confrontantes diretos dos limites da UC -

justificou também a inclusão deste segmento na base da amostra de atores escolhidos

para serem entrevistados.

Segundo Biasoli-Alves (1998 apud ROSA; ARNOLDI, 2008, p. 62-66), há três

sistemas de análise de dados nas entrevistas feitas na pesquisa qualitativa: o sistema

quantitativo-descritivo, no qual se trabalham com as respostas às questões da forma

como elas aparecem, calculando-se a frequência simples de ocorrência de cada

resposta, com posterior cálculo de porcentagem e tabulação; o sistema quantitativo-

interpretativo, no qual as respostas são interpretadas, agrupadas e categorizadas antes

do cálculo de frequências e tabulação; e o sistema qualitativo, no qual a análise e

sistematização dos dados obtidos com as entrevistas seguem critérios unicamente

qualitativos e subjetivos.

Como o agrupamento e categorização das respostas no sistema quantitativo-

interpretativo envolve considerável grau de subjetividade, o mesmo autor recomenda

que esta atividade seja realizada mediante a obediência a três critérios fundamentais:

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A exaustividade, ou seja, a preocupação de não deixar nenhuma

resposta de fora da categorização correspondente;

A exclusividade, ou seja, a preocupação de que cada categoria agrupe

respostas distintas de outras agrupadas em outras categorias;

A manutenção do mesmo nível de interpretação ou inferência, ou seja, a

preocupação de manter a coerência de critérios para criação de cada categoria de

respostas.

Na presente pesquisa, foram usados dois sistemas de análises dos dados

obtidos: o quantitativo-descritivo e o quantitativo-interpretativo, este buscando

atender aos três critérios listados acima.

3.1.2. Perfil dos visitantes da REBIO Saltinho

O perfil dos visitantes da REBIO será feito a partir da análise do livro de

registros de visitas utilizado para controle da visitação na UC. Os visitantes serão

contados e categorizados de acordo com sua instituição de origem (se são visitantes

vindos de escolas, de universidades etc.) e com seu município de origem. Os resultados

serão tabulados.

3.2. IDENTIFICAÇÃO E AVALIAÇÃO DOS SERVIÇOS AMBIENTAIS HÍDRICOS

Para avaliar a oferta de Serviços Ambientais Hídricos na REBIO Saltinho optou-

se por realizar um mapeamento e caracterização de algumas das nascentes existentes

no interior da UC, bem como uma avaliação dos seus estados de conservação. Tal

iniciativa é pioneira e poderá gerar valiosas informações e subsídios para a gestão da

REBIO.

Segundo Braga (2011), as nascentes são locais onde a água surge do solo,

passando a contribuir para os pequenos riachos, e esses para os maiores, até formar o

rio principal de uma bacia hidrográfica.

A caracterização das nascentes constou de três etapas: análise do estado de

conservação das nascentes; medição de vazão das nascentes; análise de variáveis

físicas, químicas e microbiológicos da água das nascentes.

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58

3.2.1. Análise do estado de conservação das nascentes

Para avaliação dos estados de conservação das nascentes, foi utilizada a

metodologia idealizada por Braga et al. (2013a). Esta metodologia permite classificar o

estado de conservação de cada nascente e do seu entorno como Bom, Regular ou

Ruim. Para isto, utiliza-se um sistema de pontuação associado ao status de vários

indicadores, tais como variáveis físicas e microbiológicas, obtidas através das análises

laboratoriais, e indicadores ambientais, obtidos a partir do exame in loco das

condições físicas da nascente e seu entorno. As notas para cada parâmetro variam de 0

(zero) a 3 (três) em função do seu status. No caso das variáveis físicas e

microbiológicas, a análise dos resultados foi feita através da comparação dos valores

medidos com os valores preceituados nas seguintes normas:

Portaria do Ministério da Saúde (MS) nº 2.914 de 12 de dezembro de 2011,

que dispõe sobre padrões de potabilidade da água (MINISTÉRIO DA SAÚDE,

2011);

Resolução CONAMA nº 357 de 17 de março de 2005, que dispõe sobre a

classificação dos corpos de água e diretrizes ambientais para o seu

enquadramento (CONAMA, 2005);

Resolução CONAMA nº 274 de 29 de novembro de 2000, que define os

critérios de balneabilidade em águas brasileiras (CONAMA, 2000).

São os seguintes os indicadores utilizados na avaliação do estado de

conservação das nascentes:

A. Turbidez da água: A turbidez é a medida da interferência à passagem da

luz na água provocada por partículas sólidas nela suspensas, tais como partículas de

rocha, argila e silte, bem como algas e outros microorganismos (VON SPERLING, 2005).

De acordo com a Portaria nº 2.914/11 do Ministério da Saúde, o valor máximo

permitido de turbidez para a água potável é 5,0 uT. O quadro 2 descreve os valores

característicos de turbidez para cada classe de águas (Especial, 1, 2, 3 ou 4) de acordo

também com a Resolução CONAMA n° 357 de 2005. Desta forma, os resultados

obtidos nas análises serão utilizados para enquadrar as amostras nas classes de águas

correspondentes e assim obter a pontuação referente a este parâmetro.

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B. Presença de Escherichia coli (E-coli): indicador de contaminação das

águas por fezes humanas ou animais, onde este tipo de bactéria está presente. A

ausência de E-coli na água torna-a boa para beber, segundo a Portaria n° 2914/11 do

Ministério da Saúde. Também aqui os resultados obtidos nas análises serão utilizados

para enquadrar as amostras de águas de acordo com a Resolução CONAMA nº 274 de

2000 (quadro 3).

C. Presença de resíduos sólidos: resíduos produzidos pelas pessoas ao

fazerem suas necessidades que comprometem a qualidade da água. A presença ou não

foi verificada a partir de observações diretas in loco quando da realização das coletas

de campo.

D. Suspeita de presença de agrotóxicos (no corpo da nascente): A lei

federal nº 7.802, de 11 de julho de 1989 define agrotóxicos como

os produtos e os agentes de processos físicos, químicos ou biológicos, destinados ao uso nos setores de produção, no armazenamento e beneficiamento de produtos agrícolas, nas pastagens, na proteção de florestas, nativas ou implantadas, e de outros ecossistemas e também de ambientes urbanos, hídricos e industriais, cuja finalidade seja alterar a composição da flora ou da fauna, a fim de preservá-las da ação danosa de seres vivos considerados nocivos (BRASIL, 1989).

A avaliação deste parâmetro foi feita a partir de observações diretas in loco

quando da realização das coletas de campo.

E. Uso direto da água: verificado a partir de possíveis captações de água

realizadas na nascente, tais como uso de baldes, bombas, recipientes etc. A avaliação

deste parâmetro foi feita a partir de observações diretas in loco quando da realização

das coletas de campo.

F. Proteção Física: parâmetro que identifica a presença ou não de

barreiras protetoras nas nascentes que podem ser naturais, como pedras, ou

construídas, como proteções de concreto e colocação de tampas. A avaliação deste

parâmetro foi feita a partir de observações diretas in loco quando da realização das

coletas de campo.

G. Predominância de cobertura vegetal: diz respeito à presença de

vegetação preservada na área de preservação permanente do entorno da nascente. A

avaliação deste parâmetro foi feita a partir de observações diretas in loco quando da

realização das coletas de campo.

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H. Ocorrência de Processos Erosivos no Solo: este parâmetro avalia a

presença ou não de danos erosivos no entorno da nascente, ou seja, intemperização

causada ao solo desprotegido de vegetação pela ação das chuvas principalmente. A

avaliação deste parâmetro foi feita a partir de observações diretas in loco quando da

realização das coletas de campo.

I. Uso de agrotóxicos (no entorno da nascente): identificado a partir da

observação da presença ou não de lavouras no entorno da nascente que façam uso de

agrotóxicos.

J. Presença de Animais de Criação: avaliação feita a partir de observação

direta in loco nas proximidades (entorno) da nascente de presença ou não de animais

de criação ou de vestígios destes, tais como pegadas ou fezes.

K. Evidências de Queimadas ou Corte da Vegetação: avaliação feita a

partir de observação direta in loco no entorno da nascente.

L. Ocorrência de Edificações: a presença de edificações no entorno da

nascente, tais como fossas, pocilgas ou casas, pode trazer impactos à nascente devido

aos resíduos produzidos nestas edificações. A avaliação deste parâmetro foi feita a

partir de observação direta in loco no entorno da nascente.

Os quadros 4 e 5 mostram a situação ou status de cada indicador in loco, sendo

que o quadro 4 refere-se aos indicadores para a classificação do estado de

conservação no corpo das nascentes, enquanto o quadro 5 refere-se aos indicadores

para a classificação do estado de conservação no entorno das nascentes.

Os quadros 6 e 7 relacionam a situação ou status de cada indicador com a

pontuação correspondente, que varia de 0 a 3, segundo a metodologia de Braga et al

(2013a), sendo o quadro 6 refere-se aos indicadores para a classificação do estado de

conservação no corpo das nascentes, enquanto o quadro 7 refere-se aos indicadores

para a classificação do estado de conservação no entorno das nascentes.

Finalmente, a classificação do estado de conservação de cada nascente é obtida

a partir do somatório das pontuações de cada indicador. Para somatório de

pontuações que ficarem no intervalo de 0 a 5, temos uma nascente com estado de

conservação Ruim; para somatórios que ficarem no intervalo de 6 a 11, temos uma

nascente com estado de conservação Regular; e, para somatórios que ficarem no

intervalo de 12 a 18, temos uma nascente com estado de conservação Boa.

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Quadro 2 - Descrição do critério turbidez para a análise do estado de conservação no corpo das nascentes.

ORDEM VARIÁVEL DESCRIÇÃO DA SITUAÇÃO IN LOCO

A

Turbidez (em unidades nefelométricas de turbidez - UNT)

≤ 5. De acordo com o Ministério da Saúde, Portaria 2.914 de 2011.

≤ 40. De acordo com a Resolução CONAMA 357/2005.

≤ 100. Segundo a Resolução CONAMA 357/2005.

> 100. Segundo com a Resolução CONAMA, 357/2005.

Classes exigidas para atender os usos múltiplos da água, para a turbidez.

Classe especial12. Águas próprias para beber após desinfecção.

Classe 113. Classes 214 e 315.

Classe 416.

Fonte: Braga et al., (2013a). Adaptado.

12

Águas destinadas “ao abastecimento para consumo humano, com desinfecção; à preservação do equilíbrio natural das comunidades aquáticas; à preservação dos ambientes aquáticos em unidades de conservação de proteção integral” (CONAMA, 2005). 13

Águas destinadas “ao abastecimento para consumo humano, após tratamento simplificado; à proteção das comunidades aquáticas; à recreação de contato primário, tais como natação, esqui aquático e mergulho, conforme Resolução CONAMA nº 274 de 2000; à irrigação de hortaliças que são consumidas cruas e de frutas que se desenvolvam rentes ao solo e que sejam ingeridas cruas sem remoção de película; e à proteção das comunidades aquáticas em Terras Indígenas” (CONAMA, 2005). 14

Águas destinadas “ao abastecimento para consumo humano, após tratamento convencional; à proteção das comunidades aquáticas; à recreação de contato primário, tais como natação, esqui aquático e mergulho, conforme Resolução CONAMA nº 274, de 2000; à irrigação de hortaliças, plantas frutíferas e de parques, jardins, campos de esporte e lazer, com os quais o público possa vir a ter contato direto; e à aqüicultura e à atividade de pesca” (CONAMA, 2005). 15

Águas destinadas “ao abastecimento para consumo humano, após tratamento convencional ou avançado; à irrigação de culturas arbóreas, cerealíferas e forrageiras; à pesca amadora; à recreação de contato secundário; à dessedentação de animais” (CONAMA, 2005). 16

Águas destinadas “à navegação; e à harmonia paisagística” (CONAMA, 2005).

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Quadro 3 – Descrição do critério Escherichia coli, para a classificação do estado de conservação no corpo das nascentes.

ORDEM VARIÁVEL DESCRIÇÃO DA SITUAÇÃO IN LOCO

B Presença de Escherichia coli

Ausência. Água própria para beber17 quando o resultado da análise bacteriológica for < 1.

≤ 200 (NMP). A água estará excelente para banho de acordo com a Resolução CONAMA 274 de 200018.

> 200 ≤ 400. A água estará muito boa para banho de acordo com a Resolução CONAMA 274 de 200019.

> 400 ≤ 800. A água estará satisfatória para banho de acordo com a Resolução CONAMA 274 de 200020.

Fonte: Braga et al., (2013a). Adaptado.

17

Segundo a Portaria 2.914/11 do Ministério da Saúde. 18

Quando em 80% ou mais de um conjunto de amostras obtidas em cada uma das cinco semanas anteriores, colhidas no mesmo local, houver no máximo 200 Escherichia coli, por 100 mililitros. 19

Quando em 80% ou mais de um conjunto de amostras obtidas em cada uma das cinco semanas anteriores, colhidas no mesmo local, houver no máximo 400 Escherichia coli, por 100 mililitros. 20

Quando em 80% ou mais de um conjunto de amostras obtidas em cada uma das cinco semanas anteriores, colhidas no mesmo local, houver no máximo 800 Escherichia coli, por 100 mililitros. Água imprópria para banho quando E-Coli ultrapassar 2.000.

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Quadro 4 – Status ou descrição dos indicadores para a classificação do estado de conservação no corpo das nascentes.

ORDEM INDICADOR DESCRIÇÃO DA SITUAÇÃO IN LOCO

C Presença de resíduos sólidos.

Ausência. Quando for observada a ausência de resíduos sólidos no corpo da nascente.

Pequena. Se for verificada presença de pequena quantidade de qualquer tipo de resíduo, presente no corpo nascente.

Grande. Se for observada uma quantidade muito considerável de resíduos sólidos no corpo da nascente. Por exemplo: garrafas, baldes, sacos plásticos.

Muito grande. Será considerada muito grande se a nascente for um local de descarte de resíduos sólidos, com presença de vários tipos de resíduos.

D Suspeita de agrotóxico na água

Ausência: quando não houver suspeita alguma.

Pequena. Se for comentado por algum usuário da nascente, mas sem sintomas, ou cheiro que possam gerar alguma suspeita.

Grande. Quando forem confirmados por alguns usuários, algum cheiro desagradável e sintomas como dores abdominais após ingestão da água.

Muito grande. Quando além de sintomas como cheiro desagradável e dores de barrigas frequentes, houver o cultivo próximo à nascente de culturas com uso de agrotóxicos.

E Uso direto da água

Ausência. Nenhum uso é feito da nascente.

Eventualmente. Se eventualmente alguém fizer uso da água diretamente no corpo da nascente, contudo, não sendo uma prática rotineira.

Frequentemente. Quando for uma prática de rotina, com utilização de baldes, ou vasilhames, diretamente no corpo da nascente.

Muito frequentemente. Os diversos usos são feitos diretamente na nascente como: lavagens de louças, pratos, dessedentação e banho de animais, muito frequentemente.

F Proteção física

Estrutura de proteção lateral e superior completa. Quando a nascente estiver bem protegida, tanto lateralmente como por alguma tampa superior em boas condições.

Estrutura de proteção lateral e ou superior incompleta ou danificada. Quando a proteção lateral e ou superior estiver comprometida, como por exemplo, buracos, rachaduras e oxidações.

Ausência de cobertura superior ou grave comprometimento na estrutura lateral. Quando a nascente for totalmente exposta na parte superior e sua estrutura lateral estiver bastante danificada.

Ausência de qualquer estrutura de proteção. Quando a nascente estiver totalmente exposta sem alguma proteção no seu entorno.

Fonte: Braga et al., (2013a).

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Quadro 5 – Status ou descrição dos indicadores para a classificação do estado de conservação no entorno das nascentes.

ORDEM INDICADOR DESCRIÇÃO DA SITUAÇÃO IN LOCO

G Predominância de cobertura vegetal

Vegetação arbórea: Quando houver a predominância da vegetação arbórea.

Vegetação arbustiva: Quando houver a predominância da vegetação arbustiva.

Pasto agricultura de ciclo longo: Quando houver a existência de pasto ou agricultura de ciclo longo.

Agricultura de ciclo curto. Quando houver a existência de agricultura de ciclo curto.

H Ocorrência de processos erosivos

Ausência. Quando o solo estiver coberto por vegetação, sem evidencias de processos erosivos.

Pequena. Quando no solo com cobertura vegetal, houver poucas evidências de processos erosivos.

Grande. Quando o solo estiver com pouca cobertura vegetal, com grandes processos erosivos tais como: rachaduras, voçorocas etc.

Muito grande. Quando o solo estiver totalmente exposto, apresentando grandes processos erosivos.

I Uso de agrotóxico

Ausência. Quando não houver nenhuma utilização na área.

Pequeno. Quando o uso for feito esporadicamente.

Grande. Quando o uso for realizado frequentemente nas plantações cultivadas nas áreas próximas as nascentes.

Muito grande. Uso intensivo de agrotóxico nas plantações cultivadas nas áreas do entorno da nascente.

J Presença de animais de criação

Ausência. Quando não houver presença de animais na área.

Pequena. Quando houver poucas evidencias de animais na área.

Grande. Quando houver presença frequente de animais na área.

Muito grande. Quando houver presença frequente e em grande quantidade de animais na área.

L Evidências de queimadas e corte da vegetação

Ausência. Quando não houver nenhuma queimada, ou corte da vegetação.

Pequeno. Quando houver poucas evidencias dessas atividades na área.

Grande. Quando a queima e o corte da vegetação forem realizados de forma esporádica.

Muito grande. Quando as queimadas e a retirada da vegetação forem realizadas com frequência.

M Ocorrência de edificações

Ausência. Quando não houver presença de alguma edificação na área.

Pequeno. Quando houver existência de residências próxima a nascente.

Grande. Quando houver existência de algum criadouro próxima a nascente.

Muito grande. Quando houver existência de alguma fossa próxima a nascente.

Fonte: Braga et al., (2013a).

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Quadro 6 – Avaliação dos critérios (notas) do estado de conservação das nascentes no corpo das nascentes.

ORDEM INDICADOR AVALIAÇÃO DOS CRITÉRIOS (NOTAS)

3 2 1 0

A Turbidez da água ≤ 5 ≤ 40 ≤ 100 ≥ 100

B Presença de E-coli 0 ≤ 200 >200 ≤ 400 >400

C Presença de resíduos sólidos.

Ausência Pequena Grande Muito grande

D Suspeita de agrotóxico na água

Ausência Pequena Grande Muito grande

E Uso direto da água Ausência Eventualmente Frequentemente Muito frequentemente

F Proteção física Estrutura de proteção lateral e superior completa.

Estrutura de proteção lateral e ou superior incompleta ou danificada.

Ausência de cobertura superior ou grave comprometimento na estrutura lateral.

Ausência de qualquer estrutura de proteção.

Fonte: Braga et al. (2013a).

Quadro 7 – Avaliação dos critérios (notas) do estado de conservação das nascentes no entorno das nascentes.

ORDEM INDICADOR AVALIAÇÃO DOS CRITÉRIOS (NOTAS)

3 2 1 0

G Predominância de cobertura vegetal

Vegetação arbórea

Vegetação arbustiva Pasto agricultura de ciclo

longo Agricultura de ciclo curto

H Ocorrência de processos erosivos

Ausência Pequena Grande Muito grande

I Uso de agrotóxico Ausência Pequeno Grande Muito grande

J Presença de animais de criação Ausência Pequena Grande Muito grande

L Evidências de queimadas e corte da vegetação

Ausência Pequeno Grande Muito grande

M Ocorrência de edificações Ausência Pequeno Grande Muito grande

Fonte: Braga et al. (2013a).

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3.2.2. Medição de vazão das nascentes

As medições de vazão foram feitas in loco utilizando um método que envolve

o uso de um recipiente calibrado e da captação do volume de água fornecido pela

nascente durante um intervalo tempo cronometrado; para isto, em cada nascente

foram improvisados pequenos barramentos nas saídas de água e construção de um

único pequeno vertedouro que concentrava todo o fluxo da água a ser medido.

Quando este procedimento não foi possível – por exemplo, nos casos de olhos d’água

com fluxo quase imperceptível e em terreno muito plano – os barramentos foram

feitos no córrego d’água logo à jusante da nascente. Para cada nascente foram feitas

três repetições de medida do volume de água por unidade de tempo; ao final das

medições, a vazão média da nascente foi calculada utilizando a fórmula abaixo:

Q = ( )/3, onde:

Q = vazão média da nascente em litros por segundo (l/s);

V = volume de água medido em litros (l);

t = tempo necessário para obter o volume de água medido em segundos (s).

3.2.3. Análise de variáveis físicas, químicas e microbiológicos das nascentes

As medições das variáveis físicas, químicas e microbiológicos foram feitas in

loco e em laboratório; foram medidas os seguintes variáveis físicas e químicas:

temperatura (em °C), condutividade elétrica (em μS/cm), pH, oxigênio dissolvido (OD,

em mg/L), estes in loco e turbidez (em uT), em laboratório. As variáveis biológicas,

analisados em laboratório, foram: coliformes totais (em NMP/100ml) e Escherichia

coli 21 (em NMP/100ml). As medições da temperatura, condutividade elétrica e

oxigênio dissolvido foram obtidas através do uso de medidor multiparâmetro portátil

HACH de referencia HQ30d. Para a aferição do pH, utilizou-se um pHMetro PH-200 de

bolso digital 0,00~14,00pH, tipo caneta. Na leitura da turbidez, utilizou-se

21

“Escherichia coli (E.Coli): bacteria pertencente a familia Enterobacteriaceae caracterizada pela atividade da enzima β-glicuronidase. Produz indol a partir do aminoacido triptofano. E a unica especie do grupo dos coliformes termotolerantes cujo habitat exclusivo e o intestino humano e de animais homeotermicos, onde ocorre em densidades elevadas” (CONAMA, 2005).

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67

Turbidímetro portátil Thermo Scientific Orion, modelo AQUAfast AQ3010, que utiliza o

padrao ISO 7027 para medição de turbidez pelo método nefelométrico.

Para a análise microbiológica (coliformes totais e E-coli) foi utilizado o método

Colilert -18R® da IDEXX que usa a tecnologia de substrato definido para a identificação

de bactérias coliformes e Escherichia coli em associação com cartelas e seladora marca

Quanti-TRAY® modelo 2X e lâmpada UV 365 nm modelo EA-160 da marca

SPECTROLINE® e estufa de cultura bacteriológica marca ORION® modelo 502.

Para as análises em laboratório, amostras de água foram coletadas e

acondicionadas em recipientes adequados e esterilizados em autoclave que foram

transportadas em caixa térmica com gelo.

Foram também resgatados os resultados das análises de água feitas na REBIO

quando da elaboração do plano de manejo da UC, visando à comparação com os

resultados atuais.

A análise dos resultados foi feita através da confrontação dos resultados

obtidos nas medições com os valores preceituados na Portaria do Ministério da Saúde

n° 2.914 de 12 de dezembro de 2011, e nas Resoluções CONAMA nº 357 de 18 de

março de 2005 e nº 274 de 29 de novembro de 2000.

3.3. IDENTIFICAÇÃO E AVALIAÇÃO DOS SERVIÇOS AMBIENTAIS DE BIODIVERSIDADE

NA REBIO SALTINHO

Segundo Braga et al. (2013b), serviços ambientais são primordialmente gerados

por ambientes protegidos, tais com áreas de preservação permanente, reservas legais

e unidades de conservação. Além disto, analisando a classificação dos serviços

ambientais adotada nesta pesquisa, veremos que uma parcela significativa destes

serviços depende da existência de ambientes naturais biodiversos; pode-se citar como

exemplos alguns dos serviços listados por Braga et al (2002) no quadro 1: proteção e

refúgio de fauna e flora, proteção da diversidade genética, controle biológico de

pragas, produção de recursos não madeireiros, entre outros. Podemos concluir então

que o objetivo básico das Unidades de Proteção Integral, como as REBIOs, é preservar

a natureza, a biodiversidade e, consequentemente, os serviços ambientais por ela

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fornecidos, em especial, neste tipo de UC.

A contribuição da REBIO Saltinho para a proteção da biodiversidade da Mata

Atlântica e para a oferta de serviços ambientais associados a esta biodiversidade está

evidenciada nos diversos estudos e pesquisas científicas que vêm sendo desenvolvidas

na UC. Por isso, a avaliação dos serviços ambientais de biodiversidade será feita

através da descrição dos recursos naturais da UC com base nos levantamentos

realizados no Plano de Manejo e de um levantamento dos estudos e pesquisas

desenvolvidos na REBIO. Este levantamento será feito a partir da base de dados do

Sistema de Autorização e Informação em Biodiversidade – SISBIO22 e através de

questionário enviado por e-mail aplicado aos pesquisadores cadastrados no SISBIO,

constante no apêndice 5.

As pesquisas cadastradas no SISBIO serão listadas, categorizadas e tabuladas

em função dos seus objetivos e resultados obtidos ou esperados (Apêndice 6); serão

também listadas as publicações (teses, dissertações, artigos etc.) resultantes destas

pesquisas. Para elaborar esta listagem, foram analisados os relatórios destas pesquisas

cadastrados no SISBIO, os currículos Lattes dos pesquisadores responsáveis por cada

pesquisa e as respostas ao questionário enviado por e-mail aos pesquisadores,

especificamente as respostas à pergunta “desta pesquisa resultou alguma publicação

(artigos, dissertações, teses)? Qual (ou quais)?”.

Sugestões para melhorar ou facilitar a realização de pesquisas em Saltinho

também foram solicitadas aos pesquisadores no questionário enviado por e-mail; as

respostas foram analisadas, categorizadas e tabuladas.

Foram feitas também análises a partir dos resultados das entrevistas realizadas

com os conselheiros de Saltinho para avaliar os serviços ambientais culturais

oferecidos pela REBIO, focando especificamente as questões relativas aos serviços

ambientais de biodiversidade. Nestas análises também foram usados dois sistemas: o

quantitativo-descritivo e o quantitativo-interpretativo.

22

O SISBIO é um sistema automatizado gerido pelo ICMBio que permite a pesquisadores solicitarem online autorizações para a realização de pesquisa em unidades de conservação federais ou em outras áreas do território nacional, da plataforma continental, do mar territorial e da zona econômica exclusiva que envolvam coleta ou transporte de material biológico; captura ou marcação de animais silvestres in situ; manutenção temporária de espécimes de fauna silvestre em cativeiro; transporte de material biológico e recebimento e envio de material biológico ao exterior(IBAMA, 2007). O sistema exige dos pesquisadores a publicação de relatórios anuais das pesquisas realizadas.

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69

4. CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA

4.1. HISTÓRICO E LOCALIZAÇÃO

A Reserva Biológica de Saltinho foi criada pelo Decreto Federal nº 88.744, de 21

de setembro de 1983, com o objetivo de primordial proteger um dos últimos

remanescentes de Mata Atlântica do nordeste brasileiro (IBAMA, 2003); tem 548 ha e

está sediada no Município de Tamandaré-PE (Figura 4) localizado na Mata Sul do

Estado de Pernambuco, a cerca de 100 Km da capital Recife; o território de Tamandaré

é quase totalmente ocupado – cerca de 80% - por assentamentos rurais de reforma

agrária, que apresentam grandes passivos ambientais (é sintomático o fato de que

nenhum deles conta com licenciamento ambiental), representando uma ameaça aos

recursos ambientais da REBIO e da sua zona de amortecimento.

O histórico de degradação da Mata Atlântica da região, iniciado pela cultura da

cana-de-açúcar, tem sido continuado pelas comunidades de assentados que adotam

práticas agrícolas pouco sustentáveis, como o uso do fogo sem qualquer controle

(prática também adotada por alguns proprietários rurais particulares do entorno da

REBIO) e também práticas predatórias como a produção de carvão, a caça e o

desmatamento.

Por outro lado, a REBIO é cercada por propriedades rurais onde predomina o

cultivo da cana-de-açúcar e que também possuem passivos ambientais: carecem de

áreas de preservação permanente ou reservas legais preservadas e fazem uso

indiscriminado do fogo, utilizado comumente nas culturas agrícolas; tudo isso contribui

para “ilhar” a REBIO, deixando-a isolada e desconectada de outros fragmentos de

Mata Atlântica da região. Neste contexto, trata-se de uma área sujeita a grandes

pressões antrópicas.

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Figura 4 – Localização da REBIO Saltinho.

Fonte: Plano de manejo da REBIO Saltinho (IBAMA, 2003).

REBIO

Saltinho

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71

Segundo o Plano de Manejo da REBIO, a área correspondente à Saltinho era

originalmente um engenho que foi adquirido pela União em 1905 para garantir o

abastecimento de água do antigo lazareto de Tamandaré; em 1943 a União

transformou a área em Horto Florestal; em 1967 a área foi recategorizada para Estação

Florestal de Experimentação (EFLEX), sob a administração do antigo IBDF (Instituto

Brasileiro de Desenvolvimento Florestal), com a justificativa de oferecer boas

condições ao desenvolvimento de pesquisas, iniciadas aí desde 1959 (IBAMA, 2003).

De fato, foram identificados cerca de 45 experimentos florestais realizados na área

naquela época.

4.2. RECURSOS NATURAIS EM SALTINHO

Os recursos naturais e a biodiversidade da REBIO serão detalhados no item 5.3

que trata dos serviços ambientais de biodiversidade na UC.

4.3. ÁREA DE INFLUÊNCIA DE SALTINHO

Segundo o Plano de Manejo de Saltinho, a área de influência da REBIO Saltinho

se estende aos três municípios mais próximos: Tamandaré, Rio Formoso e Barreiros.

No entanto, é preciso considerar que, pelo seu potencial para visitação educativa e de

realização de pesquisas científicas, a REBIO estende sua influência por uma área bem

maior, abrangendo inclusive a capital Recife, que é sede das maiores universidades do

Estado.

Toda Unidade de Conservação, com exceção das categorias chamadas Áreas de

Proteção Ambiental e Reserva Particular do Patrimônio Natural, deve possuir uma

Zona de Amortecimento, definida como “o entorno de uma unidade de conservação,

onde as atividades humanas estão sujeitas a normas e restrições específicas, com o

propósito de minimizar os impactos negativos sobre a unidade” (BRASIL, 2000).

A zona de amortecimento da REBIO Saltinho foi estabelecida pelo seu Plano de

Manejo e é mostrada na figura 5. Abrange treze assentamentos rurais sob

responsabilidade do Instituto Nacional de Reforma Agrária – INCRA: Brejo,

Mascatinho, Laranjeiras, São João e Ilhetas, localizados no município de Tamandaré;

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72

Mato Grosso, Minguito e Amaraji, no município de Rio Formoso; Mascate, Piaba de

Baixo, Baeté, Una e Serra d’Água do Una, em Barreiros. Há também na zona de

amortecimento outros assentamentos não ligados ao INCRA, como o Fazenda do Porto

e Monte Santo, ambos ligados ao Fundo de Terras do Estado de Pernambuco

(FUNTEPE).

Dentro da zona de amortecimento também são encontradas propriedades

particulares, das quais se destacam: a Fazenda União, onde predomina a lavoura de

cana-de-açúcar, que é confrontante da REBIO pelo lado sul ao lado do assentamento

Laranjeiras; o engenho Paquevira, hoje arrendado à Usina Trapiche para cultivo de

cana-de-açúcar, confrontante pelo lado norte; a fazenda Santo Antonio, que se destina

à criação de gado, confrontante a nordeste da REBIO; a leste, a Granja União, onde se

encontram cultivos de cana-de-açúcar e seringueiras e a Fazenda Santa Maria, onde se

encontra a cachoeira da Bulha d’Água; e a Fazenda Saltinho, confrontante pelo sul.

Importante ressaltar também que a REBIO está inserida na APA estadual de

Guadalupe, sob responsabilidade da Agência Estadual de Meio Ambiente (CPRH),

sendo classificada pelo plano de manejo da APA como zona de preservação da vida

silvestre desta (CPRH, 2011). Esta superposição possibilitou também ações de

fiscalização e educação ambiental conjuntas entre as equipes das duas UCs.

4.4. EQUIPE E INFRAESTRUTURA

A REBIO conta com dois funcionários efetivos: um analista ambiental e um

técnico ambiental; 11 funcionários terceirizados, sendo 3 responsáveis pela limpeza e

manutenção e 8 vigilantes, atuando em escalas, em duplas.

Possui uma sede administrativa e um Centro de Educação Ambiental, além de

contar com guarita de entrada e com 7 antigas residências funcionais, em estado

razoável de conservação; dispõe ainda de 3 veículos tracionados. O acesso é feito pela

PE-60 e, após a entrada pela guarita, por uma estrada de serviço de pouco mais de 2

km, que leva até às proximidades dos açudes, em seu interior.

A REBIO possui conexão com Internet via satélite, mas não possui telefone;

possui água encanada vinda do açude localizado no interior da REBIO e saneamento

básico por meio de fossas sépticas.

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73 Figura 5 – Zona de Amortecimento da REBIO Saltinho.

Fonte: plano de manejo da REBIO Saltinho (IBAMA, 2003).

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74

4.5. PROBLEMAS E CONFLITOS

Além dos problemas gerados pelas comunidades e proprietários rurais do

entorno por práticas como uso incorreto do fogo nas lavouras, desmatamento,

produção de carvão e caça (inclusive dentro da REBIO), há, no interior da UC, vários

empreendimentos que são conflitantes com os objetivos da unidade. São eles:

As rodovias estaduais PE-60 e PE-76, que cortam a REBIO nos sentidos

norte-sul e leste-oeste, respectivamente; além de dividir a UC em três grandes

fragmentos, as estradas trazem outros impactos negativos, como atropelamentos de

animais, aumento na quantidade de lixo e aumento nos efeitos de borda;

As linhas de transmissão de energia, administradas pela Companhia

Energética de Pernambuco (CELPE) que cortam a REBIO no sentido norte-sul, levando

energia até o Município de Barreiros e no sentido leste-oeste, esta destinada a levar

energia para a própria REBIO; estas linhas de transmissão necessitam, a título de

manutenção, de podas periódicas na sua faixa de domínio, com óbvios impactos locais;

Os açudes existentes dentro da REBIO, que abastecem Tamandaré

através de uma antiga adutora de fibrocimento em estado precário, que corta quase

toda a área de Saltinho. Em função da precariedade, é frequente a ocorrência de

vazamentos que exigem reparos bastante impactantes para a vegetação da UC;

Outro grande problema em Saltinho é a grande presença de espécies exóticas

invasoras; muitas destas espécies vegetais, como o dendê, a jaqueira e o jambo rosa

ocorrem em altíssimas densidades em algumas áreas, o que hoje representa “a maior

ameaça à conservação da diversidade biológica na Reserva Biológica de Saltinho”

(DECHOUM, 2010). O mesmo ocorre com animais, como o mico-de-cheiro, macaco

amazônico introduzido na REBIO por volta dos anos 1980 – num grupo de cerca de 20

indivíduos - e que hoje também é considerado invasor, competindo diretamente com o

sagüi nativo e contando com uma população estimada em cerca de 200 indivíduos.

4.6. GESTÃO DA UC

A gestão da REBIO Saltinho está a cargo do Instituto Chico Mendes de

Conservação da Biodiversidade, autarquia do Governo Federal criada em 2007 para

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gerir as unidades de conservação do país. Esta gestão tem sido compartilhada com a

sociedade através do Conselho Gestor da UC, criado em 2007 e oficializado pela

Portaria ICMBio nº 50/2008; o conselho conta com representantes da comunidade do

entorno e demais atores sociais cuja atuação tenha alguma interface com a REBIO, tais

como sindicatos e associações de assentados rurais; universidades; prefeituras e

representantes do setor produtivo (usinas e proprietários rurais), entre outros.

As ações de gestão têm focado principalmente no incentivo à pesquisa

científica (atualmente são 56 projetos de pesquisa aprovados na REBIO desde 2007);

no controle e erradicação de espécies exóticas invasoras; na fiscalização em parceria

com a APA estadual de Guadalupe (que também atua em parceria com a REBIO em

ações de educação ambiental), com a Companhia Independente de Policiamento ao

Meio Ambiente (CIPOMA) e com a Delegacia de Repressão a Crimes Contra o Meio-

Ambiente e Patrimônio Histórico (DELEMAPH), da Polícia Federal. Tem se procurado

valorizar também as atividades de educação ambiental promovidas durante a visitação

de escolas do entorno e do projeto Ciranda de Saberes, desenvolvido em parceria com

o Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento e Meio Ambiente (PRODEMA) da

Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). Estas ações de educação ambiental são,

no entanto, ainda incipientes, e precisam ser intensificadas em parceria com as

prefeituras do entorno e com a participação ativa do conselho da UC.

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76

5. RESULTADOS

5.1. SERVIÇOS AMBIENTAIS CULTURAIS NA REBIO SALTINHO

Neste tópico serão analisados os resultados das entrevistas realizadas com

usuários dos serviços ambientais fornecidos por Saltinho, bem como será analisado o

volume e características da visitação realizada na REBIO.

5.1.1. Resultados das entrevistas

A seguir são detalhados os procedimentos adotados para a realização das

entrevistas, como foi feita a análise e tabulação dos dados obtidos, para em seguida

apresentar a tabulação e representação gráfica destes dados.

5.1.1.1. Procedimentos adotados

Ressalte-se inicialmente que, como funcionário lotado na REBIO Saltinho por

cerca de 10 anos e participante de quase todas as reuniões do conselho da UC,

algumas vezes como presidente, outras como secretário, bem como atuante em

diversas ações de fiscalização, monitoramento e de educação ambiental nos

assentamentos do entorno da UC, o pesquisador pode realizar uma observação livre e

participante 23 das atividades do Conselho da UC e da realidade daqueles

assentamentos. Isso foi de grande valor para estabelecer previamente com os

entrevistados, como recomendam Rosa & Arnoldi (2008), uma relação afetiva pautada

pela confiança e seriedade, o que gerou dados mais confiáveis.

Uma parte importante desta confiabilidade foi obtida pela explicitação aos

entrevistados do teor e objetivos da pesquisa, bem como das implicações da sua

23

A observação livre ou assistemática é aquela na qual o pesquisador pode recolher informações sobre a realidade sem precisar para isso de técnicas especiais ou perguntas diretas; já a observação participante é aquela na qual ocorre a interação do pesquisador com os atores sociais pesquisados visando “coletar informações diretamente do contexto ou situação específica do grupo” pesquisado (MARCONI & LAKATOS, 2004).

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participação, o que foi obtido através da assinatura, por cada entrevistado, de um

termo de consentimento (constante do apêndice 1).

As entrevistas foram conduzidas a partir das perguntas listadas no apêndice 2.

Foram 28 perguntas divididas em três partes: a primeira parte, que inclui as perguntas

1 a 4, coleta informações pessoais do entrevistado; a segunda, que inclui as perguntas

5 a 10, coleta informações que visam à caracterização da instituição a que pertence o

entrevistado; e a terceira, que inclui as perguntas 11 a 28, investiga a percepção dos

entrevistados sobre Serviços Ambientais fornecidos pela REBIO Saltinho. Visando

facilitar a posterior tabulação dos dados, buscou-se o máximo possível a elaboração de

perguntas objetivas, na sua maioria com respostas de múltipla escolha, onde havia a

possibilidade de optar por apenas uma das respostas ou que eram de múltipla escolha,

mas permitiam ao entrevistado escolher mais de uma das opções de respostas. Todas

estas opções de resposta foram explicitadas a todos os entrevistados.

A entrevista contou também com perguntas que permitiam respostas abertas.

Os contatos prévios e consulta da disponibilidade para participar foram feitos

por telefone ou pessoalmente, a partir da lista dos conselheiros disponibilizada pela

chefia da REBIO Saltinho.

Como já mencionado, inicialmente foi realizada uma entrevista-teste, na qual

foi utilizado um formulário impresso com todas as perguntas; para cada pergunta foi

lida para o entrevistado e, no momento da resposta, foi feita a transcrição manuscrita

literal das respostas, quando necessário, no formulário de perguntas. O teste foi de

grande importância para checar procedimentos e corrigir possíveis falhas na

formulação das pergunta.

Seguiu-se o mesmo procedimento para as entrevistas, mas houve uma

modificação posterior: passou-se a utilizar o laptop para fazer a transcrição literal da

resposta. Buscou-se com isso agilizar a etapa posterior de tabulação dos dados, já que

desta forma as respostas já estavam em meio digital, facilitando a transposição para a

tabulação. Isso não impediu o entrevistador de continuar utilizando eventualmente a

transcrição manuscrita quando havia algum impedimento ao uso do laptop.

Atenção especial foi pedida a cada entrevistado na hora de responder as

perguntas de múltipla escolha de respostas onde era possível a escolha de mais de

uma das opções de resposta. Ao fazer a pergunta 12, por exemplo, que pedia para o

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entrevistado escolher quais os serviços ambientais fornecidos pela REBIO dentre uma

lista de 26 opções de serviços, o entrevistador pedia que o entrevistado lesse com

atenção toda a lista e fosse assinalando as opções corretas para ele à medida que lia

cada opção de resposta.

O universo de entrevistados é um grupo bastante heterogêneo, sob diversos

aspectos. Esta diversidade na representação manifesta-se também nos diferentes

níveis de escolaridade e possibilidade de acesso à informação, o que ensejou no

pesquisador o cuidado com o nivelamento das informações acerca da temática da

pesquisa, ou seja, acerca do tema dos serviços ambientais e das unidades de

conservação.

Este nivelamento de informações24 foi feito a partir da apresentação a cada

entrevistado das informações contidas nos apêndices 3 e 4. O apêndice 3 apresenta

duas definições de Serviços Ambientais e a classificação destes serviços utilizada neste

estudo, contando com exemplos práticos. Este apêndice era apresentado a cada

entrevistado antes de responder à pergunta 11, visando a embasar, quando

necessário, as respostas para esta pergunta e as seguintes que introduziam o tema dos

serviços ambientais na entrevista.

O apêndice 4 contém informações acerca das unidades de conservação: a

definição de UC, os tipos de UC – de Proteção Integral ou de Uso Sustentável – e as

categorias de UC, com a definição e objetivos de cada uma delas; este apêndice era

apresentado a cada entrevistado antes de responder à pergunta 26, visando a embasá-

lo, quando necessário, para responder esta pergunta e a seguinte, a 27. A pergunta 26

indaga ao entrevistado se Saltinho deve mudar de categoria para melhorar sua

capacidade de ofertar serviços ambientais e a 27 indaga, em caso de resposta

afirmativa à questão anterior, qual seria esta nova categoria.

Em ambos os casos, era dado o tempo necessário pra que os entrevistados

lessem os anexos e tirassem todas as dúvidas que porventura surgissem sobre o

conteúdo destes. No caso de entrevistados com dificuldade de leitura, os anexos eram

lidos pelo entrevistador, que se certificava da clareza das informações.

24

O objetivo deste nivelamento não foi induzir respostas “corretas” nos entrevistados, mas apenas familiarizá-los com a terminologia empregada na pesquisa.

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79

5.1.1.2. Análise e tabulação dos dados

Como já mencionado, na presente pesquisa foram usados dois sistemas de

análise dos dados obtidos: o quantitativo-descritivo e o quantitativo-interpretativo. O

primeiro foi utilizado para analisar as questões fechadas de múltipla escolha; neste

caso, foram apenas calculadas as frequências de ocorrência de cada resposta, com

posterior cálculo de percentuais e construção dos gráficos de frequência

correspondentes.

Para as questões abertas, que permitiam ao entrevistado maior liberdade para

desenvolver suas respostas, utilizaram-se os dois sistemas: o quantitativo-descritivo

num primeiro momento, no qual foi feita a contagem das respostas iguais; num

segundo momento, foi usado o sistema quantitativo-interpretativo para separar em

categorias as respostas diferentes, mas similares entre si. As categorias foram criadas

pelo pesquisador, com base em inferências sobre o significado de cada resposta,

permitindo e facilitando a fase posterior de cálculo de frequências, porcentagens e

tabulação. Em outras palavras, o resultado final foi o cálculo de frequências e

tabulação aplicado não a cada resposta individual, mas às categorias criadas para

agrupar as respostas.

Importante ressaltar que a escolha do sistema de análise quantitativo-

interpretativo para as questões abertas foi antes uma necessidade prática do que uma

escolha metodológica. Isto porque muitas das questões abertas possibilitaram uma

grande variedade de respostas que, se não fossem agrupadas, impossibilitariam uma

análise estatística das respostas que tivesse algum significado prático.

Para explicar melhor e exemplificar, tem-se o caso da questão 28 que

perguntava “que medidas você [entrevistado] tomaria para ampliar a oferta de

serviços ambientais pela UC”. O que se verificou, previsivelmente, foi uma gama

enorme de respostas, ainda mais considerando que cada entrevistado pôde dar mais

de uma resposta. Foram então primeiramente contadas as respostas iguais;

posteriormente foram criadas categorias de respostas para agrupar as respostas

diferentes, mas similares. Só depois foram feitos os cálculos de frequência de

ocorrência de cada categoria de respostas, tabulação e montagem dos gráficos. Assim,

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para este caso foram criadas diversas categorias para agrupar as respostas, algumas

das quais exemplificadas abaixo:

Intensificar ações de educação ambiental;

Aumentar nº de servidores/fiscalização;

Estratégias de conservação/restauração;

Promover/intensificar/divulgar pesquisa científica etc.

No final, cada categoria agrupava uma certa quantidade de respostas, iguais ou

similares; a quantidade destas respostas agrupadas em cada categoria correspondeu à

frequência calculada para a respectiva categoria. A partir destas frequências, foi feita a

tabulação e construção dos gráficos.

Nos casos em que havia respostas que não se enquadravam em qualquer

categoria, nem guardavam nenhuma similaridade com outra resposta ou grupo de

respostas e buscando evitar criar categorias que contivessem uma só resposta, criou-

se uma categoria denominada “Outros”.

A etapa do cálculo das frequências das respostas – ou categorias de respostas,

tabulação destes dados e construção de gráficos e tabelas foi feita através do uso do

software Microsoft Excel®.

É importante ressaltar dois pontos: primeiro, não foram entrevistados todos os

conselheiros da REBIO. Buscando otimizar esforços sem perdas para a

representatividade da amostra, usou-se como critérios de seleção dos conselheiros a

serem entrevistados, nesta ordem: (1) ser conselheiro titular; (2) ser conselheiro; (3) a

capacidade do entrevistado de fornecer informações relevantes para a pesquisa e (4) o

nível de assiduidade e participação nas reuniões. Observando a composição do

conselho no anexo 1, vê-se que na verdade o conselho da REBIO é composto de 41

instituições, das quais 23 são titulares, 16 são suplentes – que compõem o grupo dos

conselheiros propriamente ditos - e 2 são convidados especiais, sem direito a voto. A

diferença entre o número de titulares e suplentes explica-se pelo fato de que algumas

instituições são ao mesmo tempo titulares e suplentes. É o caso da Universidade

Federal Rural de Pernambuco (UFRPE), do Departamento de Estradas de Rodagem de

Pernambuco (DER), da Companhia Pernambucana de Saneamento (COMPESA), do

INCRA, do IBAMA, da CIPOMA e do próprio ICMBio, que preside o conselho. Deste

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total, foram entrevistados 31 conselheiros, representando 31 instituições diferentes,

dos quais 21 são titulares, 9 são suplentes e 1 é convidada especial.

Segundo, foram entrevistados também representantes de dois assentamentos

rurais que não tem cadeira no conselho da REBIO: os assentamentos Amaraji, em Rio

formoso, e Brejo, em Tamandaré, ambos situados parcialmente dentro da zona de

amortecimento da REBIO. Optou-se por incluí-los entre os entrevistados devido ao seu

alto nível de participação e liderança nas questões ambientais da região, inclusive

dentro do conselho de Saltinho, bem como devido à importância dos assentamentos

que eles representam.

Desta forma, foram entrevistados, no total, 33 pessoas (N=33), das quais 31 são

conselheiros; houve um esforço amostral de 75,6% se consideramos apenas as

instituições representadas no conselho (31/41) e para 91,3% se considerarmos apenas

os conselheiros titulares (21/23). Ressalte-se que os únicos conselheiros titulares não

entrevistados foram o representante da Faculdade de Formação de Professores da

Mata Sul (FAMASUL), devido a sua baixíssima frequência nas reuniões do conselho e o

representante da Prefeitura de Tamandaré, a secretária de meio ambiente do

município, recém-empossada no cargo e que por isso não compareceu ainda a

nenhuma reunião do conselho da REBIO. Ainda assim, foram feitas várias tentativas de

entrevistá-la, todas frustradas por impossibilidades na agenda da secretária. Assim,

atenderam-se os critérios de seleção de entrevistados citados acima. O quadro 8

resume o esforço amostral das entrevistas.

Quadro 8 – Lista de entidades conselheiras da REBIO Saltinho.

CONSELHEIROS POR SEGMENTOS CONDIÇÃO FOI ENTREVISTADO?

Presidência

ICMBio T SIM

Segmento Municípios

Prefeitura Municipal de Tamandaré T NÃO

Câmara Municipal de Tamandaré S NÃO

Prefeitura Municipal de Rio Formoso T SIM

Prefeitura Municipal de Barreiros S NÃO

Segmento Ensino e Pesquisa

Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE) T/S SIM

Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) T SIM

Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Pernambuco (IFPE) / Campus Barreiros S SIM

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CONSELHEIROS POR SEGMENTOS CONDIÇÃO FOI ENTREVISTADO?

Faculdade de Formação de Professores da Mata Sul – FAMASUL T NÃO

Gerência Regional de Educação (GERE) de Barreiros S NÃO

Segmento Meio Ambiente e Reforma Agrária

Agência Estadual de Meio Ambiente (CPRH) T SIM

Secretaria de Meio Ambiente e Sustentabilidade (SEMAS) S SIM

Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA) T/S SIM

Segmento Empreendimentos

Departamento de Estradas de Rodagens de Pernambuco (DER-PE) T/S SIM

Companhia Pernambucana de Saneamento (COMPESA) T/S SIM

Segmento Entidades Civis Ambientalistas

Associação para Proteção da Mata Atlântica do Nordeste (AMANE) T SIM

Centro Sabiá S SIM

Centro de Pesquisas Ambientais do Nordeste (CEPAN) T SIM

Associação Pernambucana de Defesa da Natureza (ASPAN) S SIM

Segmento Colegiados de Gerenciamento de Recursos Naturais

Conselho Municipal de Meio Ambiente de Rio Formoso T SIM

Conselho Municipal de Meio Ambiente de Tamandaré S SIM

Segmento Assentamentos Rurais

Assentamento Laranjeiras T SIM

Assentamento Baeté S NÃO

Assentamento Mato Grosso T SIM

Assentamento Sauezinho S SIM

Segmento Trabalhadores Rurais

Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Tamandaré T SIM

Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Barreiros S SIM

Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Rio Formoso T SIM

Sindicato de Trabalhadores Rurais da Agricultura Familiar (SINTRAF) S NÃO

Segmento Produtores Rurais

Usina Trapiche T SIM

Federação da Agricultura do Estado de Pernambuco (FAEPE) S SIM

Engenho Onça Velha T SIM

Granja União S NÃO

Segmento Setor Sucro-alcooleiro

Sindicato da Indústria do Açúcar e do Álcool do Estado de Pernambuco (SINDAÇUCAR/PE) T SIM

Federação das Indústrias do Estado de Pernambuco (FIEPE) S NÃO

Associação dos Fornecedores de Cana-de-açúcar de Pernambuco (AFCP) T SIM

Sindicato dos Cultivadores de Cana de Pernambuco (SINDICAPE) S SIM

Segmento Proteção à Unidade

Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA) T/S SIM

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CONSELHEIROS POR SEGMENTOS CONDIÇÃO FOI ENTREVISTADO?

Companhia Independente de Polícia do Meio Ambiente (CIPOMA) T/S SIM

Convidados Especiais

Superintendência do Patrimônio da União em Pernambuco (SPU/PE) - SIM

10° Batalhão da Polícia Militar (BPM) Palmares - NÃO

Entrevistados de Fora do Conselho Assentamento Amaraji - SIM

Assentamento Brejo - SIM

TOTAIS TITULARES ENTREVISTADOS - 21

SUPLENTES ENTREVISTADOS - 9

CONVIDADOS ESPECIAIS ENTREVISTADOS - 1

ENTREVISTADOS DE FORA DO CONSELHO ENTREVISTADOS - 2

UNIVERSO DE ENTREVISTADOS 33

T: Titular; S: Suplente; T/S: Titular e suplente.

A seguir são apresentados os resultados da tabulação dos dados obtidos nas

entrevistas. A apresentação dos dados seguirá o roteiro da entrevista, ou seja, será

dividida em três partes: (A) Informações Pessoais; (B) Caracterização da Instituição a

que Pertence e (C) Sobre Serviços Ambientais.

5.1.1.3. Informações sobre os entrevistados

Esta parte dos resultados traça um perfil dos entrevistados no que diz respeito

à distribuição quanto à faixa etária, sexo, nível de escolaridade e local de residência (se

fora ou dentro da zona de amortecimento da REBIO). As figuras 6 a 9 apresentam as

frequências das respostas obtidas em gráficos por percentual.

Figura 6 - Perfil dos entrevistados por faixa etária.

0%

27%

15%

15%

34%

9%

PERFIL DE IDADES

18 a 24 anos

25 a 34 anos

35 a 44 anos

45 a 54 anos

55 a 64 anos

Mais de 65 anos

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Figura 7 - Perfil dos entrevistados por gênero.

Figura 8 - Perfil dos entrevistados por nível de escolaridade.

Figura 9 - Perfil dos entrevistados por local de residência.

76%

24%

PERFIL DE GÊNERO

Masculino

Feminino

9% 9%

12%

44%

26%

PERFIL DE ESCOLARIDADE

Fundamental

Médio

Curso técnico

Curso superior

Pós-graduação

73%

27%

LOCAL DE RESIDÊNCIA

Fora da ZA

Dentro da ZA

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85

A partir dos dados apresentados, evidencia-se que temos entrevistados em

praticamente todas as faixas de idade (considerando os acima de 18 anos, pré-

requisito pra ser conselheiro), com exceção da faixa dos 18 a 24 anos, sem nenhum

entrevistado; interessante notar que a maioria dos entrevistados (11, correspondendo

a 34% do total) está na faixa dos 55 a 64 anos. Já na distribuição por gênero, percebe-

se que a paridade de gênero na amostra analisada está longe de ser atendida, já que

76% (25) dos entrevistados são homens; a maioria tem curso superior completo (19,

correspondendo a 44% do total) e a grande maioria mora fora da zona de

amortecimento da REBIO (24, correspondendo a 73% do total) 25.

5.1.1.4. Caracterização da instituição a que pertencem os entrevistados

Esta parte traz a tabulação das seguintes informações: nome da instituição;

cargo ocupado pelo entrevistado na instituição; ano de início do funcionamento da

instituição; área geográfica de atuação da instituição; natureza da organização; e

quanto tempo representa a instituição no Conselho da REBIO. Foram tabulados apenas

os dados referentes às naturezas de cada instituição, que podem ser públicas,

privadas, mistas ou ONGs. Estes resultados foram depois agrupados, separando as

instituições em governamentais e não-governamentais, divisão esta tradicionalmente

levada em conta no cálculo da paridade para conselhos de unidades de conservação;

no presente caso, as governamentais englobaram as instituições públicas e a

COMPESA que, apesar de ser uma companhia mista, é predominantemente estatal; e

as não-governamentais englobaram as instituições privadas, as organizações não-

governamentais (ONGs) e a Federação de Agricultura do Estado de Pernambuco

(FAEPE), que apesar de ser de natureza mista, foi considerada como uma instituição

não-governamental. As figuras 10 e 11 apresentam estes dados tabulados em gráfico

por percentual.

25

Este desequilíbrio na paridade de gênero na amostra analisada é representativo da realidade do conselho, que só conta com 11 mulheres do total de 41 conselheiros representantes de instituições titulares e suplentes, o que corresponde a apenas 26,8 % do total. O mesmo acontece com o local de residência: somente 8 dos 41 (18,6%) representantes moram dentro da zona de amortecimento da REBIO.

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86

Figura 10 - Perfil dos entrevistados por natureza da instituição que

representam.

Figura 11 – Paridade de representação entre os entrevistados.

Os dados mostram um número quase igual de instituições públicas e privadas

entrevistadas (14 públicas e 13 privadas); como foram entrevistadas 4 ONGs e duas

instituições de natureza mista, houve um desequilíbrio quanto à paridade, tendo sido

entrevistados representantes de instituições, em sua maioria, não-governamentais

(18, incluindo as 13 privadas, as 4 ONGs e a FAEPE ou 55% do total).

5.1.1.5. Informações sobre serviços ambientais

Aqui começa a parte da entrevista que trata especificamente da questão dos

Serviços Ambientais e onde se buscou de fato atender aos objetivos específicos da

pesquisa já mencionados acima.

43%

39%

6% 12%

NATUREZA DA INSTITUIÇÃO

Pública

Privada

Mista

ONG

45%

55%

PARIDADE DE REPRESENTAÇÃO

Governamental

Não-governamental

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87

A primeira pergunta desta parte foi “Você acha que a REBIO fornece Serviços

Ambientais (SA)?”; a esta pergunta, 100% dos entrevistados responderam sim (razão

pela qual não foi necessário apresentar a tabulação para as respostas a esta pergunta).

Em seguida, perguntou-se: “Se sim [ou seja, em caso de ter respondido

afirmativamente a pergunta anterior], que serviços ou produtos a REBIO fornece?”

Esta pergunta, como já explicado, permitia escolher mais de uma resposta dentre a

lista apresentada ao entrevistado e permitia também que o entrevistado acrescentasse

outros serviços não contemplados na lista. A lista de serviços estava agrupada por tipo

de serviço (de Fornecimento, Culturais, de Regulação e de Suporte). As figuras 12 a 15

apresentam em gráficos os resultados tabulados e ordenados, da maior para a menor

frequência de ocorrência e separados por tipo de serviços. Em seguida é apresentado

um gráfico-resumo (figura 16) onde são apresentados os totais das frequências de

ocorrência para cada tipo ou categoria de serviço. Estes totais também estão

ordenados do maior para o menor.

Figura 12 – Serviços de fornecimento oferecidos pela REBIO.

1

3

3

4

6

8

10

11

11

12

13

23

30

Outros

Carvão

Têxteis

Cordas

Pescado

Madeiras

Lenha

Mel

Produtos medicinais

Caça

Raízes

Frutos

Água

0 5 10 15 20 25 30 35

SERVIÇOS DE FORNECIMENTO OFERECIDOS PELA REBIO

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88

Figura 13 - Serviços culturais fornecidos pela REBIO.

Figura 14 – Serviços de regulação fornecidos pela REBIO.

31

15 13

3

0

5

10

15

20

25

30

35

Educação ambiental Recreio Valor espiritual/religioso

Outros

SERVIÇOS CULTURAIS FORNECIDOS PELA REBIO

1

9

12

15

22

27

29

30

0 5 10 15 20 25 30 35

Outros

Tratamento de resíduos

Desintoxicação

Controle de pragas e doenças

Controle de enchentes e de erosão

Purificação e regulação dos ciclos das águas

Regulação do clima

Purificação do ar

SERVIÇOS DE REGULAÇÃO FORNECIDOS PELA REBIO

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89

Figura 15 – Serviços de suporte fornecidos pela REBIO.

Figura 16 – Gráfico-resumo dos serviços ambientais fornecidos pela REBIO.

As perguntas seguintes abordaram o tema dos serviços ambientais hídricos. Foi

feita a pergunta “Você acha que a REBIO fornece serviços ambientais hídricos para as

comunidades do seu entorno?” e, em seguida “Se sim, quais?”. Todos reponderam

afirmativamente à primeira pergunta, com exceção de um entrevistado que respondeu

que não sabia. As respostas à segunda pergunta foram agrupadas, conforme já

explicado na metodologia, em duas categorias de respostas: “Água para

abastecimento humano” e “Manutenção de mananciais”. As figura 17 e 18 apresentam

em gráfico a tabulação dos dados referidos acima.

30

22

19

0

5

10

15

20

25

30

35

Polinização Ciclagem de nutrientes Formação dos solos

SERVIÇOS DE SUPORTE FORNECIDOS PELA REBIO

145 135

71 62

0

20

40

60

80

100

120

140

160

Regulação Fornecimento Suporte Culturais

SERVIÇOS AMBIENTAIS FORNECIDOS PELA REBIO

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90

Figura 17 – REBIO fornece serviços ambientais hídricos para as comunidades do

seu entorno?

Figura 18 – Que serviços ambientais hídricos a REBIO fornece?

Ainda dentro do tema dos Serviços Ambientais Hídricos, foram feitas as

perguntas “Você acha que a contribuição da REBIO para a oferta de serviços

ambientais hídricos pode ser melhorada?” e, em seguida, “Se sim, como?”; as

respostas à segunda pergunta, que é uma pergunta aberta, foram agrupadas,

conforme já explicado na metodologia, em oito categorias de respostas: “Ações de

conservação” e “Educação ambiental”, “Investimentos em infraestrutura”, “Ampliação

de reservatórios”, “Articulação interinstitucional”, “Implementação de PSA com

32

0 1

0

5

10

15

20

25

30

35

Sim Não Não sei

REBIO FORNECE SERVIÇOS AMBIENTAIS HÍDRICOS?

23

12

0

5

10

15

20

25

Água para abastecimento humano Manutenção de mananciais

QUE SERVIÇOS AMBIENTAIS HÍDRICOS A REBIO FORNECE?

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91

COMPESA26”, “Retirada da captação da COMPESA27” e “Outros”. As figura 19 e 20

apresentam, em gráfico, a tabulação dos dados refridos acima.

Figura 19 – Contribuição da REBIO para a oferta de serviços ambientais hídricos

pode ser melhorada?

Figura 20 – Como a oferta de serviços ambientais hídricos pode ser melhorada?

As perguntas seguintes abordaram o tema dos Serviços Ambientais Culturais.

Foi feita a pergunta “Você acha que a REBIO fornece serviços ambientais culturais?” e,

em seguida “Se sim, quais?”. A grande maioria (87,9%) dos entrevistados respondeu

afirmativamente à primeira pergunta, apenas três responderam que não e um

26

Neste caso, os entrevistados apontaram como meio de melhorar a oferta de Serviços Ambientais Hídricos a implementação de um projeto de pagamento por serviços ambientais (PSA) tendo a COMPESA como pagadora. 27

Neste caso, os entrevistados se referem à presença de açudes e captação de água para abastecimento do município de Tamandaré, a princípio incompatíveis com os objetivos de uma Reserva Biológica.

23

4 6

0

5

10

15

20

25

Sim Não Não sei

OFERTA DE SERVIÇOS AMBIENTAIS HÍDRICOS PODE SER MELHORADA?

2

1

1

2

3

4

5

12

0 2 4 6 8 10 12 14

Outros

Implementação de PSA com COMPESA

Retirada da captação da COMPESA

Articulação interinstitucional

Ampliação de reservatórios

Investimentos em infraestrutura

Educação ambiental

Ações de conservação

COMO A OFERTA DE SERVIÇOS AMBIENTAIS HÍDRICOS PODE SER MELHORADA?

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92

respondeu que não sabia. As respostas à segunda pergunta, que é uma pergunta

aberta, foram agrupadas, conforme já explicado na metodologia, em oito categorias de

respostas: “Educação ambiental”, “Espiritual/Religioso”, “Recreação”, “Visitação”,

“Contemplação”, “Pesquisa e formação científica”, “Etnoecologia” e “Eco-turismo”. As

figuras 21 e 22 apresentam a tabulação dos dados, também ordenados da maior para a

menor frequência.

Figura 21 – REBIO fornece serviços ambientais culturais?

Figura 22 – Que serviços ambientais culturais a REBIO fornece?

Ainda sobre Serviços Ambientais Culturais, perguntaram-se “Você acha que a

contribuição da REBIO para fornecer serviços ambientais culturais pode ser

melhorada?” e, em seguida, “Se sim, como?”; 87,9% dos entrevistados respondeu sim

29

3 1

0

5

10

15

20

25

30

35

Sim Não Não sei

REBIO FORNECE SERVIÇOS AMBIENTAIS CULTURAIS?

1

1

3

3

6

7

10

22

0 5 10 15 20 25

Etnoecologia

Eco-turismo

Pesquisa e formação científica

Contemplação

Visitação

Recreação

Espiritual/Religioso

Educação Ambiental

QUE SERVIÇOS AMBIENTAIS CULTURAIS A REBIO FORNECE?

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93

à primeira pergunta, enquanto quatro responderam que não sabiam; as respostas à

segunda pergunta, foram agrupadas, conforme já explicado na metodologia, em sete

categorias de respostas: “Ampliando ações de educação ambiental”, “Investindo em

infraestrutura e Recursos Humanos”, “Aumentando a visitação”, “Melhorando a

divulgação”, “Parceria interinstitucional e com entorno”, “Mudando a categoria da UC”

e “Outros”. As figuras 23 e 24 apresentam, em gráfico, a tabulação dos dados.

Figura 23 – Contribuição da REBIO para fornecer serviços ambientais culturais

pode ser melhorada?

Figura 24 – Como a oferta de serviços ambientais culturais pode ser

melhorada?

As perguntas seguintes abordaram o tema dos serviços ambientais de

biodiversidade. Foi feita a pergunta “você acha que a REBIO contribui para promover a

conservação da biodiversidade?” e, em seguida “Se sim, como?”. 100% dos

29

0 4

0

10

20

30

40

Sim Não Não sei

OFERTA DE SERVIÇOS AMBIENTAIS CULTURAIS PODE SER MELHORADA?

3

1

3

5

6

9

10

0 2 4 6 8 10 12

Outros

Mudando a categoria da UC

Estabelecendo parcerias interinstitucionais e com entorno

Melhorando a divulgação

Aumentando a visitação

Ampliando ações de educação ambiental

Investindo em infraestrutura e Recursos Humanos

COMO A OFERTA DE SERVIÇOS AMBIENTAIS CULTURAIS PODE SER MELHORADA?

Page 94: UNIDADES DE CONSERVAÇÃO COMO FORNECEDORAS DE … · 2019-10-25 · estudos de viabilidade de empreendimentos que tragam impactos ao meio ambiente. Neste sentido, esta pesquisa busca

94

entrevistados responderam afirmativamente à primeira pergunta (razão pela qual não

foi apresentada a tabulação para as respostas a esta pergunta). As respostas à segunda

pergunta, que é uma pergunta aberta, foram agrupadas, conforme já explicado na

metodologia, em sete categorias de respostas: “Protegendo à biodiversidade”,

“Fornecendo SA ligados à biodiversidade”, “Promovendo a educação ambiental”,

“Erradicando espécies exóticas invasoras”, “Restringindo a presença humana”,

“Promovendo a pesquisa científica” e “Restaurando áreas degradadas”. A grande

maioria dos entrevistados identificou que é a proteção dada pela REBIO a sua maior

contribuição para a conservação da biodiversidade. A figura 25 apresenta a tabulação

dos dados, também ordenados da maior para a menor frequência.

Figura 25 – Como a REBIO contribui para a conservação da biodiversidade?

Ainda dentro do tema dos Serviços Ambientais de biodiversidade, foram feitas

as perguntas “Você acha que a contribuição da REBIO para a conservação da

biodiversidade pode ser ampliada?” em seguida, “Se sim, como?”; 27 (81,8%) dos

entrevistados responderam sim à primeira pergunta; as respostas à segunda pergunta,

que é uma pergunta aberta, foram agrupadas em sete categorias de respostas:

“Promovendo/intensificando/divulgando pesquisa científica”, “Melhorando a

integração com o entorno”, “Estratégias de conservação/restauração”, “Intensificando

fiscalização”, “Melhorando a infraestrutura/recursos financeiros e humanos”,

1

1

2

3

3

4

8

32

0 5 10 15 20 25 30 35

Restaurando áreas degradadas

Implementando o plano de manejo

Promovendo a pesquisa científica

Erradicando espécies exóticas invasoras

Restringindo a presença humana

Promovendo a educação ambiental

Fornecendo SA ligados à biodiversidade

Protegendo à biodiversidade

COMO A REBIO CONTRIBUI PARA A BIODIVERSIDADE?

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95

“Formando corredores ecológicos”, “Intensificando ações de educação ambiental”,

“Retirando empreendimentos conflitantes”, “Usando recursos advindos da

compensação pelo uso de SA da REBIO” e “Outros”. As figuras 26 e 27 apresentam a

tabulação dos dados.

Figura 26 – Contribuição da REBIO para a conservação da biodiversidade pode

ser ampliada?

Figura 27 – Como a contribuição da REBIO para a conservação da

biodiversidade pode ser ampliada?

27

2 4

0

10

20

30

Sim Não Não sei

A CONTRIBUIÇÃO DA REBIO PARA A CONSERVAÇÃO DA BIODIVERSIDADE PODE SER AMPLIADA?

3

2

2

2

2

3

5

5

6

6

10

0 2 4 6 8 10 12

Outros

Intensificando ações de educação ambiental

Retirando empreendimentos conflitantes

Usando recursos da compensação pelo uso de SA da REBIO

Ampliando os limites da REBIO ou do entorno

Formando corredores ecológicos

Melhorando a infraestrutura/recursos financeiros e humanos

Intensificando fiscalização

Melhorando a integração com o entorno

Estratégias de conservação/restauração

Promovendo/intensificando/divulgando pesquisa científica

COMO A CONTRIBUIÇÃO DA REBIO PARA A CONSERVAÇÃO DA BIODIVERSIDADE PODE SER AMPLIADA?

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96

A pergunta seguinte diz respeito aos potenciais de Serviços Ambientais não

explorados na REBIO; desta forma, foi perguntado aos entrevistados “Quais os

potenciais de serviços ambientais que a UC de Saltinho possui e que não estão sendo

valorizados?”. A figura 28 apresenta a tabulação das respostas, ordenadas da maior

para menor frequência de ocorrência.

Figura 28 – Quais os potenciais de serviços ambientais que a UC de Saltinho

possui e que não estão sendo valorizados?

As respostas a esta questão mostram que a maioria dos entrevistados acha que

a questão turística ainda permanece como um potencial de Saltinho a ser melhor

explorado, o que sugere a existência de uma demanda por mudanças na categoria da

UC, uma vez que uma REBIO não permite, a princípio, atividades turísticas.

Em seguida foi perguntado a cada entrevistado “Você acha que uma mudança

na categoria de Saltinho melhorará sua capacidade de fornecer SA?”. A figura 29

apresenta o resultado da tabulação das respostas a esta pergunta.

24 24

16 16 15 13

3 2

0

5

10

15

20

25

30

QUAIS OS POTENCIAIS DE SERVIÇOS AMBIENTAIS QUE A UC DE SALTINHO POSSUI E QUE NÃO ESTÃO SENDO

VALORIZADOS?

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97

Figura 29 – Mudança na categoria de Saltinho melhorará sua capacidade de

fornecer serviços ambientais?

Os resultados apresentados demonstram que, a despeito da demanda

identificada nas respostas à questão anterior, a maioria (45,5%) dos entrevistados não

acha que uma mudança de categoria da UC trará melhorias para a oferta de Serviços

Ambientais; esta maioria, no entanto, está longe de uma unanimidade, o que mostra

que esta questão é ainda controversa, a despeito dos debates já realizados sobre o

assunto nas últimas reuniões do Conselho de Saltinho. De fato, analisando mais

profundamente estes resultados, evidencia-se mais a controvérsia: entre os

representantes de órgãos públicos e colegiados ligados à questão ambiental, apenas

dois foram contra a mudança de categoria, enquanto que cinco representantes

acharam que uma mudança de categoria melhoraria a capacidade de oferta de SA por

Saltinho; entre as ONGs ambientalistas, duas foram contra a mudança, e uma foi a

favor, enquanto que uma não soube responder. Entre os representantes de

trabalhadores e proprietários rurais e outras entidades ligadas à questão rural, sete

foram contra; duas foram a favor, enquanto que seis não souberam responder. Entre

as instituições de ensino e pesquisa, uma foi contra e uma foi a favor da mudança,

enquanto que uma outra não soube responder. Entre os órgãos públicos responsáveis

por empreendimentos impactantes à UC todos foram contra. Entre as prefeituras do

entorno, uma foi também contra a mudança de categoria. E entre os convidados

especiais, um foi a favor da mudança.

Como complemento à questão anterior, foi perguntado a quem respondeu

afirmativamente à questão anterior “qual você acha que deveria ser a categoria mais

adequada para melhorar a capacidade de Saltinho fornecer SA?”. A figura 30 apresenta

os resultados tabulados e ordenados.

15

10 8

0

5

10

15

20

Não Sim Não sei

MUDANÇA DE CATEGORIA MELHORARÁ OFERTA DE SERVIÇOS AMBIENTAIS ?

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98

Figura 30 – Qual a categoria mais adequada para melhorar a capacidade de

Saltinho fornecer serviços ambientais?

Ressalte-se que foram colocadas aos entrevistados apenas as opções de

categorias de UCs possíveis para Saltinho, no caso de uma recategorização28.

Embora o gráfico acima apresente a categoria “Reserva Biológica”, esta não foi

apresentada aos entrevistados entre as opções de resposta para esta pergunta, já que

o objetivo desta era saber qual seria a melhor categoria no caso de mudança, ou seja,

no caso de Saltinho deixar de ser uma REBIO. No entanto, optou-se por apresentar

esta categoria na tabulação dos dados para ressaltar o contraste entre os

entrevistados que foram contrários a uma mudança na categoria da UC e os que foram

a favor da mudança. Desta forma, foi inserida na tabulação das respostas a esta

pergunta o número de entrevistados que responderam “não” à questão anterior, o

que corresponde ao número de entrevistados que “optou” pela REBIO como melhor

categoria para Saltinho. Apesar de identificada uma demanda por mudança na

categoria da UC, o que se vê pelos resultados é que não só a maioria achou que a

melhor opção para Saltinho era permanecer como REBIO, mas também a diferença 28Categorias como Área de Proteção Ambiental, Reserva de Desenvolvimento Sustentável, Reserva Extrativista, Reserva Particular do Patrimônio Natural têm objetivos e características incompatíveis com a realidade de Saltinho.

0

0

1

1

2

2

6

15

0 2 4 6 8 10 12 14 16

Monumento Natural

Refúgio de Vida Silvestre

Floresta Nacional

Reserva de Fauna

Estação Ecológica

Área de Relevante Interesse Ecológico

Parque Nacional

Reserva Biológica

QUAL A MELHOR CATEGORIA PARA SALTINHO?

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99

entre esta opção de categoria e a segunda opção mais “votada” – Parque Nacional –

foi significativa: o número de “votos” da REBIO foi 2,5 vezes o número de “votos” da

categoria Parque Nacional. Além disso, não houve consenso entre os que foram

favoráveis à mudança de categoria a respeito de qual seria a melhor opção, já que as

respostas dadas ficaram distribuídas entre cinco categorias de UCs, como também

mostra a figura 30.

Por outro lado, o fato de que a maioria dentre os que acharam que Saltinho

deveria ter sua categoria mudada escolheu o Parque Nacional – categoria muito

voltada para o turismo - como a melhor opção de categoria, aliado ao fato de que,

conforme já mencionado, na sua maioria os entrevistados também identificaram os

serviços turísticos entre os serviços potenciais não explorados em Saltinho (ver figura

28), demonstra que há entre os conselheiros uma demanda significativa para dotar a

UC de maior e melhor capacidade de visitação.

Por fim, foi feita uma pergunta aberta, também destinada a ajudar a responder

a questão levantada pelo objetivo específico citado acima. Foi pedido a cada

entrevistado que se imaginasse administrador de Saltinho e, assim, listasse livremente

“que medidas você tomaria para ampliar a oferta de serviços ambientais pela UC?”.

Como se tratava de questão aberta, foram também as respostas agrupadas de acordo

com a metodologia em 13 categorias: “Intensificar ações de educação ambiental”,

“Intensificar fiscalização”, “Melhorar a infraestrutura de visitação e recursos

humanos”, “Estratégias de conservação/restauração”, “Promover/intensificar/divulgar

pesquisa científica”, “Aumentar a divulgação da REBIO e seus atrativos”, “Parcerias

interinstitucionais”, “Melhoria na gestão de recursos hídricos”, “Diagnóstico e

cobrança pelo uso dos sa fornecidos pela REBIO”, “Mudar a categoria de Saltinho”,

“Retirar estradas de dentro da REBIO”, “Buscar maior apoio do ICMBio” e “Outros”. A

figura 31 apresenta a tabulação dos dados, que foram também ordenados da maior

para a menor frequência.

Page 100: UNIDADES DE CONSERVAÇÃO COMO FORNECEDORAS DE … · 2019-10-25 · estudos de viabilidade de empreendimentos que tragam impactos ao meio ambiente. Neste sentido, esta pesquisa busca

100

Figura 31 – Que medidas você tomaria para ampliar a oferta de serviços

ambientais pela UC?

Os resultados confirmam a percepção dos entrevistados sobre a carência tanto

de mais ações de educação ambiental quanto de fiscalização, bem como a necessidade

de melhorar a capacidade da UC de receber visitantes, como pré-requisitos prioritárias

para melhorar a oferta de serviços ambientais pela REBIO.

5.1.2. Perfil dos visitantes da REBIO Saltinho

O resultado da análise do livro de registro de presença da REBIO trouxe

importantes informações sobre a quantidade e o perfil dos visitantes na UC. A análise

foi feita a partir do ano de 2007 (já que o início dos registros no livro data de

5

2

3

5

5

5

7

7

7

8

9

13

17

0 2 4 6 8 10 12 14 16 18

Outros

Buscar maior apoio do ICMBio

Retirar estradas de dentro da REBIO

Mudar a categoria de Saltinho

Melhoria na gestão de recursos hídricos

Diagnóstico e cobrança pelo uso dos SA fornecidos pela REBIO

Promover/intensificar/divulgar pesquisa científica

Aumentar a divulgação da REBIO e seus atrativos

Parcerias interinstitucionais

Estratégias de conservação/restauração

Melhorar a infraestrutura de visitação e recursos humanos

Intensificar fiscalização

Intensificar ações de educação ambiental

QUE MEDIDAS VOCÊ TOMARIA PARA AMPLIAR A OFERTA DE SERVIÇOS AMBIENTAIS PELA UC?

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101

04/08/2006, o que impediu a contabilização completa deste ano) até o dia

30/10/2013, último registro do livro.

A falta de padronização no registro das informações no livro de visitação

causou dificuldades para a análise. Em função da importância da geração de dados

consolidados sobre a visitação em Saltinho, recomenda-se a adoção de um novo livro

de registro de visitantes composto por formulários a serem preenchidos por cada

visitante ou grupo de visitantes, os quais devem exigir o preenchimento de, no

mínimo, informações como nome e município da instituição de origem dos visitantes,

data e objetivo da visita, bem como a assinatura e número do CPF ou RG de cada

visitante. O apêndice 7 apresenta uma sugestão de formulário. Recomenda-se também

que estas informações alimentem um banco de dados de visitação em meio digital.

Analisando primeiramente os volumes totais de visitação por ano, constatou-se

que o ano de 2011 foi o que registrou o maior número de visitantes para o período

estudado; e o ano de 2013 (até a data do último registro no livro) foi o que apresentou

o menor volume de visitação até o final de outubro, o que deve se confirmar até o final

do ano. A figura 32 detalha os volumes de visitação para o período estudado.

Figura 32 - Volume anual de visitantes na REBIO Saltinho no período 2007-2013.

Chama atenção no gráfico acima a flutuação dos volumes de visitação, onde se

observam, após os anos de 2007 e 2011, quedas nestes volumes; embora sejam

necessárias análises mais aprofundadas que expliquem estes números, é interessante

observar que nestes anos ocorreram, respectivamente, a criação do ICMBio e a

744 686

408

536

821

560

312

0

100

200

300

400

500

600

700

800

900

2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013

Qu

anti

dad

e d

e v

isit

ante

s

Ano

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102

mudança da chefia da REBIO, o que sugere uma associação entre mudanças na forma

de gestão da UC e diminuição da visitação; de qualquer forma, asserções conclusivas a

este respeito carecem de análises mais aprofundadas.

A partir de uma análise mais detalhada dos visitantes em cada ano, foi possível

dividi-los em 6 (seis) categorias: visitantes de escolas (abrangendo escolas de nível

fundamental, médio e técnico); de universidades ou faculdades; visitantes

participantes de cursos ou oficinas realizados na REBIO; visitantes de empresas ou

ONGs; pesquisadores (abrangendo os responsáveis por pesquisas em realização na

REBIO e suas respectivas equipes); e diversos (abrangendo visitantes só eventualmente

presentes na REBIO, tais como representantes de órgãos públicos, participantes de

solenidades ou reuniões de trabalho ocorridas na REBIO e representantes de

assentamentos do entorno da UC29). A tabela 9 e a figura 33 detalham os volumes de

visitação por categoria e por ano para o período estudado.

Tabela 9 - Visitantes na REBIO Saltinho por categoria no período 2007-2013.

ORIGEM DOS VISITANTES QUANTIDADE DE VISITANTES POR ANO

2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013

Escolas 487 269 165 259 476 193 167

Universidades/Faculdades 102 200 57 154 180 216 111

Cursos/Oficinas 49 57 8 77 - 36 -

Empresas/ONGs 38 2 59 - - 13 -

Pesquisadores 22 97 44 44 60 94 26

Diversos 46 61 75 2 105 8 8

29

A visita de representantes de assentamentos do entorno da REBIO só foi registrada no dia 15/06/2011, quando um grupo de 36 assentados visitou a UC. Este volume inexpressivo de visitantes, a despeito da grande quantidade de assentamentos no entorno da REBIO, é uma indicação de que a REBIO precisa se aproximar mais deste segmento.

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103

Figura 33 – Volume anual de visitantes na REBIO Saltinho por categoria no

período 2007-2013.

Os dados mostram claramente que, em todos os anos analisados, o maior

volume de visitantes vem, em 1º lugar, de escolas e, em 2º lugar, de universidades;

entre os visitantes das escolas, a grande maioria vem de escolas de municípios

localizados dentro da zona de amortecimento da REBIO, ou seja, Tamandaré, Barreiros

ou Rio Formoso, como mostram a tabela 10 e as figuras 34 e 35.

Tabela 10 - Volume anual de visitantes na REBIO Saltinho vindos de escolas de

nível fundamental, médio e técnico por município.

MUNICÍPIOS SEDE DAS ESCOLAS

VISITANTES

QUANTIDADE DE VISITANTES POR ANO

2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013

Tamandaré 279 47 0 93 192 81 92

Barreiros 77 0 0 0 97 56 40

Rio Formoso 35 94 89 81 0 0 0

Região Metropolitana do Recife 42 54 41 0 154 56 0

Diversos 54 74 35 85 33 0 35

0

50

100

150

200

250

300

350

400

450

500

550

2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013

Qu

anti

dad

e d

e vi

sita

nte

s

Ano

Escolas

Universidades/Faculdades

Cursos/Oficinas

Empresas/ONGs

Pesquisadores

Diversos

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104

Figura 34 - Volume anual de visitantes na REBIO Saltinho vindos de escolas de

nível fundamental, médio e técnico por município no período 2007-2013.

Figura 35 - Volume anual de visitantes na REBIO Saltinho vindos de escolas de

nível fundamental, médio e técnico por localização em relação à zona de

amortecimento no período 2007-2013.

Os municípios de origem dos visitantes localizados fora da zona de

amortecimento são Recife, Jaboatão, Cabo, Sirinhaém, Nossa Senhora do Ó, São José

da Coroa Grande, Garanhuns, Paudalho, Paranatama e Maceió. Estes dados

0

50

100

150

200

250

300

2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013

Qu

anti

dad

e d

e vi

sita

nte

s

Ano

Tamandaré

Barreiros

Rio Formoso

Recife (RMR)

Diversos

391

141

89

174

289

137 132

96

128

76 85

187

56 35

0

50

100

150

200

250

300

350

400

450

2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013

Qu

anti

dad

e d

e vi

sita

nte

s

Ano

Dentro da ZA

Fora da ZA

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105

demonstram que, mesmo com poucas ações de divulgação da REBIO, a zona de

influência da UC se estende para além de sua zona de amortecimento, abrangendo

não só os municípios da região metropolitana de Recife, como também vários

municípios do interior do estado de Pernambuco e de fora do estado.

Com relação aos visitantes vindos de universidades, tratam-se de estudantes,

na grande maioria, de universidades de Recife, tais como UFPE, UFRPE, UNINASSAU,

UPE, UNICAP, FAFIRE; mas também houve visitantes de universidades de outras

cidades como a FAPE e FUNESO, de Olinda; a FAINTVISA, de Vitória de Santo Antão; a

FAMASUL de Palmares; a Faculdade dos Guararapes, de Jaboatão e a UFPB, de João

Pessoa-PB, o que reforça as conclusões já mencionadas acerca do alcance da influência

da REBIO

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106

5.2. SERVIÇOS AMBIENTAIS HÍDRICOS NA REBIO SALTINHO

5.2.1. As nascentes em Saltinho

O número de nascentes na interior de Saltinho ainda é desconhecido. Sabe-se

apenas, a partir de relatos do Sr. José Cícero da Silva, funcionário terceirizado da UC

que nos serviu como guia nas expedições de coleta de campo e morador da região

desde a infância, que podem ser catorze nascentes no total, embora esse número

represente, muito provavelmente, uma estimativa muito aquém da quantidade real de

nascentes no interior da REBIO, isto porque, durante os trabalhos de coleta de campo,

o próprio José Cícero se deparou com nascentes por ele desconhecidas até então.

Diante do tempo limitado para realizar as coletas e da dificuldade de acesso às

nascentes mapeadas, optou-se por analisar uma amostra de 9 nascentes – chamadas

de N1, N2, N3, N4, N5, N6, N7, N8 E N9 - no interior da UC. Os únicos critérios de

escolha foram o conhecimento do Sr. Cícero e a facilidade de acesso. Ressalte-se

também que nenhuma das nascentes mapeadas e analisadas está sendo explorada

nem sofreu quaisquer intervenções ou obras civis, com exceção de uma – a nascente

N3 - que foi protegida com uma manilha de concreto e teve suas águas canalizadas até

uma torneira, sendo a única fonte de água para beber da REBIO.

O mapeamento, conforme já mencionado, foi feito a partir da localização a

partir das indicações do Sr. José Cícero, com posterior georreferenciamento com uso

de GPS; a metodologia de análise foi aplicada no mês de agosto de 2013, durante o

período chuvoso na região.

A seguir vão os resultados deste trabalho para cada uma das nascentes.

5.2.1.1. Avaliação do estado de conservação das nascentes

A determinação do estado de conservação das nascentes e de suas áreas de

entorno foi feita a partir da inspeção visual e da análise das variáveis físicas, químicas e

biológicas medidos em cada uma delas. Além disso, foram feitas, quando possível,

medição das vazões. A figura 36 mostra a localização de cada nascente analisada na

REBIO.

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107 Figura 36 – Localização de nascentes na REBIO.

Fonte: ICMBio.

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108

A seguir o resultado desta avaliação para cada nascente.

Nascente N1: localizada nas coordenadas 260.213 mE e 9.034.200 mN, esta

nascente está no lado esquerdo da trilha que vai até a cacimba da REBIO e, segundo o

mapa do zoneamento de Saltinho, está também dentro da zona de recuperação da UC.

Esta trilha é um caminho de serviço da REBIO por onde passa a tubulação que vem da

cacimba até a sede da REBIO, tratando-se de uma área com sinais de antropização. A

nascente, entretanto, está localizada dentro de uma área de mata preservada,

apresentando bom estado: não há sinais de resíduos sólidos, suspeita de presença de

agrotóxicos, nem é feito nenhum uso direto da água; não foi construída também

nenhuma obra de proteção no corpo desta nascente.

Em relação ao seu entorno, a nascente N1 também apresenta bom estado: sua

área de preservação permanente está preservada e com vegetação arbórea; não há

ocorrência de processos erosivos, nem sinais de uso de agrotóxicos, já que se trata de

área de mata sem presença de lavouras; não há nenhum sinal de presença de animais

de criação; não há quaisquer evidências de queimadas e corte da vegetação, nem há

quaisquer edificações.

Na nascente N1 foram feitas, no dia 19/08/2013, medições in loco e coletas

d’água para medições em laboratório de todos as variáveis físicas, químicas e

microbiológicas citados na metodologia; foi feita também a medição de vazão, cerca

de 10m à jusante de N1, no córrego por ela originado, já que não havia declividade

suficiente para medição na própria nascente. Abaixo as fotos da nascente N1.

Figura 37 - Nascente N1 (A - medição de variáveis físicas e químicas; B -

medição de vazão).

Fonte: pesquisa de campo, agosto de 2013.

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109

Nascente N2: localizada nas coordenadas 260.153 mE e 9.033.989 mN, esta

nascente está localizada na margem esquerda da trilha que vai até a cacimba da

REBIO, dentro da zona de recuperação da UC. Como já mencionado, esta trilha e a

nascente estão em uma área com sinais de antropização, onde predominam espécies

arbustivas e capim; no entanto, no corpo na nascente não há sinais de resíduos

sólidos, suspeita de presença de agrotóxicos, nem é feito nenhum uso direto da água;

não foi construída também nenhuma obra de proteção no corpo desta nascente.

Em relação ao seu entorno, a nascente N2 apresenta uma área de preservação

permanente não tão preservada: a nascente não está cercada por vegetação arbórea,

predominam arbustivas e há presença de espécies exóticas como o dendê (Elaeis

guineensis); não há ocorrência de processos erosivos, nem sinais de uso de

agrotóxicos, já que se trata de área de mata sem presença de lavouras; não há

nenhum sinal de presença de animais de criação; também não há quaisquer evidências

de queimadas e corte da vegetação, nem há quaisquer edificações.

Na nascente N2 foram feitas, no dia 19/08/2013, medições in loco e coletas

d’água para medições em laboratório de todos os variáveis físicas, químicas e

microbiológicas citados na metodologia; foi feita também a medição de vazão, mas à

jusante de N2, no córrego por ela originado, já que não havia declividade suficiente

para medição na própria nascente; a medição de vazão foi feita nas coordenadas

260.253 mE e 9.034.237mN, portanto a 267m de N2. Abaixo as fotos da nascente N2.

Figura 38 - Nascente N2 (A – coleta de amostra de água; B – medição de

variáveis físicas e químicas).

Fonte: pesquisa de campo, agosto de 2013.

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110

Nascente N3: localizada nas coordenadas 259.970 mE e 9.034.361 mN, esta

nascente é uma cacimba que serve como fonte de água de beber para a REBIO; está

localizada na zona de recuperação da UC. Apesar de grande parte da trilha que leva a

esta nascente ter claros sinais de antropização, o local onde ela se encontra está bem

preservado, apresentando a nascente um bom estado: as águas são transparentes e

não há sinais de resíduos sólidos nem suspeita de presença de agrotóxicos; não é feito

nenhum uso direto da água, mas a nascente foi protegida por uma manilha tampada

com placa de concreto, de onde sai uma canalização até uma torneira na sede da

REBIO.

Em relação ao seu entorno, a nascente N3 apresenta bom estado: sua área de

preservação permanente está relativamente preservada e com alguma vegetação

arbórea; não há ocorrência de processos erosivos, nem sinais de uso de agrotóxicos, já

que se trata de área de mata sem presença de lavouras; não há nenhum sinal de

presença de animais de criação; não há quaisquer evidências de queimadas e corte da

vegetação, nem há quaisquer edificações.

Na nascente N3 foram feitas, no dia 21/08/2013, medições in loco e coletas

d’água para medições em laboratório de todos variáveis físicas, químicas e

microbiológicas citados na metodologia; a medição de vazão foi feita na torneira de

saída da água de N3 na sede da REBIO, já que toda a água de N3 estava canalizada para

esta torneira, localizada nas coordenadas 260.585 mE e 9.034.284 mN, portanto a

cerca de 620m de N3. Abaixo, as fotos desta nascente.

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Figura 39 - Nascente N3 (A – vista da nascente; B – vista da nascente; C –

medição de OD; D – torneira de saída da água de N3).

Fonte: pesquisa de campo, agosto de 2013.

Nascente N4: localizada nas coordenadas 260.585 mE e 9.033.902 mN, esta

nascente está localizada ao lado esquerdo da guarita de entrada da REBIO, dentro da

zona primitiva da UC. Esta nascente está próxima de uma área densamente povoada

por espécie exótica de pinus (Pinus caribea). A nascente, entretanto, está localizada

dentro de uma área de mata preservada, apresentando bom estado: não há sinais de

resíduos sólidos, suspeita de presença de agrotóxicos, nem é feito nenhum uso direto

da água; não foi construída também nenhuma obra de proteção no corpo desta

nascente.

Em relação ao seu entorno, a nascente N4 também apresenta bom estado: sua

área de preservação permanente está preservada e com vegetação arbórea; não há

ocorrência de processos erosivos, nem sinais de uso de agrotóxicos, já que se trata de

área de mata sem presença de lavouras; não há nenhum sinal de presença de animais

de criação; não há quaisquer evidências de queimadas e corte da vegetação, nem há

quaisquer edificações.

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Na nascente N4 foram feitas, no dia 21/08/2013, medições in loco e coletas

d’água para medições em laboratório de todas as variáveis físicas, químicas e

microbiológicas citados na metodologia; foi feita também a medição de vazão. Abaixo

as fotos da nascente N4.

Figura 40 - Nascente N4 (A – medição de variáveis físicas e químicas; B –

medição de vazão).

Fonte: pesquisa de campo, agosto de 2013.

Nascente N5: localizada nas coordenadas 261.528 mE e 9.033.455 mN, esta

nascente está localizada do lado direito da rodovia PE 76 que corta a REBIO em direção

a Tamandaré, dentro da zona primitiva da REBIO. Por sua proximidade com a rodovia,

o entorno desta nascente mostra sinais de antropização, como a presença de trilhas. A

nascente, entretanto, está localizada dentro de uma área de mata preservada,

apresentando bom estado: não há sinais de resíduos sólidos, suspeita de presença de

agrotóxicos, nem é feito nenhum uso direto da água; não foi construída também

nenhuma obra de proteção no corpo desta nascente.

Em relação ao seu entorno, a nascente N5, apesar da presença de trilhas,

também apresenta bom estado: sua área de preservação permanente está preservada

e com vegetação arbórea; não há ocorrência de processos erosivos, nem sinais de uso

de agrotóxicos, já que se trata de área de mata sem presença de lavouras; não há

nenhum sinal de presença de animais de criação; não há quaisquer evidências de

queimadas e corte da vegetação, nem há quaisquer edificações.

Na nascente N5 foram feitas, no dia 21/08/2013, medições in loco e coletas

d’água para medições em laboratório de todas as variáveis físicas, químicas e

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microbiológicas citados na metodologia; foi feita também a medição de vazão, nas

coordenadas 261.548 mE e 9.033.445 mN, cerca de 22m à jusante de N5, ponto onde

havia declividade suficiente para a medição. Abaixo as fotos da nascente N5.

Figura 41 - Nascente N5 (A – medição de variáveis físicas e químicas; B –

medição de vazão).

Fonte: pesquisa de campo, agosto de 2013.

Nascente N6: localizada nas coordenadas 260.501 mE e 9.035.205 mN, esta

nascente está próxima à margem da rodovia PE 60 que corta a REBIO no sentido norte-

sul. Está dentro da zona primitiva da REBIO. Mesmo com a proximidade da rodovia, o

estado desta nascente apresenta-se bem preservado: no seu corpo também não há

sinais de resíduos sólidos, suspeita de presença de agrotóxicos, nem é feito nenhum

uso direto da água; não foi construída também nenhuma obra de proteção no corpo

desta nascente.

Em relação ao seu entorno, a nascente N6, apesar da presença de trilhas,

apresenta bom estado: sua área de preservação permanente está preservada e com

vegetação arbórea; não há ocorrência de processos erosivos, nem sinais de uso de

agrotóxicos, já que se trata de área de mata sem presença de lavouras; não há

nenhum sinal de presença de animais de criação; não há quaisquer evidências de

queimadas e corte da vegetação, nem há quaisquer edificações.

Na nascente N6 foram feitas, no dia 23/08/2013, medições in loco e coletas

d’água para medições em laboratório de todas as variáveis físicas, químicas e

microbiológicas citados na metodologia; foi feita também a medição de vazão. Abaixo

as fotos da nascente N6.

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Figura 42 - Nascente N6 (A – medição de variáveis físicas e químicas; B –

medição de vazão).

Fonte: pesquisa de campo, agosto de 2013.

Nascente N7: localizada nas coordenadas 260.308 mE e 9.035.101mN, esta

nascente está, como a anterior, também próxima à margem da rodovia PE 60 que

corta a REBIO no sentido norte-sul. Mas encontra-se muito mais bem preservada do

que a N6 e cercada de vegetação; está localizada na zona de recuperação da REBIO;

aqui também não há sinais de resíduos sólidos, suspeita de presença de agrotóxicos,

nem é feito nenhum uso direto da água; não foi construída também nenhuma obra de

proteção no corpo desta nascente.

Em relação ao seu entorno, a nascente N7 apresenta ótimo estado: sua área de

preservação permanente está preservada e com vegetação arbórea; não há ocorrência

de processos erosivos, nem sinais de uso de agrotóxicos, já que se trata de área de

mata sem presença de lavouras; não há nenhum sinal de presença de animais de

criação; não há quaisquer evidências de queimadas e corte da vegetação, nem há

quaisquer edificações.

Na nascente N7 foram feitas, no dia 23/08/2013, medições in loco e coletas

d’água para medições em laboratório de todas as variáveis físicas, químicas e

microbiológicas citados na metodologia; foi feita também a medição de vazão. Abaixo

as fotos da nascente N7.

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Figura 43 - Nascente N7 (A e B – vista da nascente; C – medição de pH; D –

medição de vazão.

Fonte: pesquisa de campo, agosto de 2013.

Nascente N8: está localizada nas coordenadas 260.407 mE e 9.034.962 mN,

esta nascente está, como a anterior, também próxima à margem da rodovia PE 60 que

corta a REBIO no sentido norte-sul e dentro da zona de recuperação da REBIO; aqui

também não há sinais de resíduos sólidos, suspeita de presença de agrotóxicos, nem é

feito nenhum uso direto da água; não foi construída também nenhuma obra de

proteção no corpo desta nascente.

Em relação ao seu entorno, a nascente N8 está num local cercado de vegetação

arbórea, embora ela esteja localizada na base de uma pequena voçoroca, o que mostra

sinais de ocorrência de processos erosivos; por outro lado, não há no entorno sinais de

uso de agrotóxicos, já que se trata de área de mata sem presença de lavouras; não há

também nenhum sinal de presença de animais de criação, nem quaisquer evidências

de queimadas e corte da vegetação, nem há quaisquer edificações.

Na nascente N8 foram feitas, no dia 23/08/2013, medições in loco e coletas

d’água para medições em laboratório de todas as variáveis físicas, químicas e

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microbiológicas citados na metodologia; foi feita também a medição de vazão. Abaixo

as fotos da nascente N8.

Figura 44 - Nascente N8 (A – medição de variáveis físicas e químicas; B –

medição de vazão).

Fonte: pesquisa de campo, agosto de 2013.

Nascente N9: localizada nas coordenadas 260.415 mE e 9.034.925 mN, esta

nascente está também próxima à margem da rodovia PE 60 que corta a REBIO no

sentido norte-sul. Está dentro da zona de recuperação da REBIO. Esta nascente bem

preservada está localizada numa área rica em nascentes ou olhos d’água; pode-se

identificar mais dois olhos d’água nas proximidades de N9.

O bom estado desta nascente também se verifica na ausência de sinais de

resíduos sólidos e de suspeita de presença de agrotóxicos; nela também não é feito

nenhum uso direto da água e não foi construída também nenhuma obra de proteção

no corpo desta nascente.

Em relação ao seu entorno, a nascente N9 apresenta bom estado: sua área de

preservação permanente apresenta vegetação arbórea; não há ocorrência de

processos erosivos, nem sinais de uso de agrotóxicos, já que se trata de área de mata

sem presença de lavouras; não há nenhum sinal de presença de animais de criação;

não há quaisquer evidências de queimadas e corte da vegetação, nem há quaisquer

edificações.

Na nascente N9 foram feitas, no dia 23/08/2013, medições in loco e coletas

d’água para medições em laboratório de todas as variáveis físicas, químicas e

microbiológicas citados na metodologia; mas não foi feita medição de vazão porque a

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área era muito plana e sem ressaltos, o que impossibilitou a construção de

barramentos. Abaixo as fotos da nascente N9.

Figura 45 - Nascente N9 (A – vista da nascente; B, C e D - medição de variáveis

físicas e químicas).

Fonte: pesquisa de campo, agosto de 2013.

A seguir são apresentados, para todas as nascentes, os resultados de todas as

análises de variáveis físicas, químicas e microbiológicas (tabela 11), bem como um

quadro-resumo com os indicadores do estado das nascentes (quadro 9), enquanto o

quadro 10 apresenta a pontuação correspondente a cada indicador do quadro 9, bem

como o somatório destas pontuações e o estado de conservação de cada nascente de

acordo com a metodologia adotada.

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Tabela 11 - Variáveis físicas, químicas e microbiológicas das nascentes.

NASCENTE DATA DA COLETA

COORDENADAS (UTM)

CONDUTIVIDADE (µS/cm)

OD (mg/l)

% TEMPERATURA

(0C)

pH TURBIDEZ

(uT)

COLIFORME TOTAL

(NMP/100ml)

E-coli (NMP/100ml)

VAZÃO (l/s)

N1 19/08/2013 260.213 38,5 6,01 72,3 25,0 7,00 10,22 1011,2 18,7 2,987 9.034.200

N2 19/08/2013 260.153 57,0 4,01 43,7 23,5 5,80 6,99 1011,2 114,5 0,832 9.033.989

N3 21/08/2013 259.970 102,6 2,74 32,8 24,7 5,5 0,81 201,4 <1 0,124 9.034.361

N4 21/08/2013 260.585 59,5 1,34 15,8 23,9 5,5 16,03 1011,2 214,2 0,137

9.033.902

N5 21/08/2013 261.528 69,6 3,04 36,1 23,8 5,7 7,56 1011,2 24,6 0,147 9.033.455

N6 23/08/2013 260.501 41,7 0,55 6,5 23,5 5,1 7,78 791,5 26,5 0,115 9.035.205

N7 23/08/2013 260.308 71,3 2,54 29,8 23,7 5,4 10,45 960,6 193,5 0,050 9.035.101

N8 23/08/2013 260.407 81,1 2,49 29,4 23,8 5,6 15,71 1011,2 14,5 0,023 9.034.962

N9 23/08/2013 260.415 55,5 0,63 7,5 23,6 5,3 3,49 960,6 30,9 - 9.034.925

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119

Quadro 9 – Resumo dos indicadores determinantes do estado de conservação das nascentes.

NASCENTE Turbidez

(uT) E-coli

(NMP/100ml)

Presença de

resíduos sólidos

Suspeita de

agrotóxico na água

Uso direto

da água Proteção física

Predomi-nância de cobertura

vegetal

Ocorrência de

processos erosivos

Uso de agrotóxico

Presença de

animais de

criação

Evidências de

queimadas e corte da vegetação

Ocorrência de

edificações

N1 10,22 18,7 Ausência Ausência Ausência Nenhuma estrutura

de proteção Vegetação

arbórea Ausência Ausência Ausência Ausência Ausência

N2 6,99 114,5 Ausência Ausência Ausência Nenhuma estrutura

de proteção

Vegetação arbustiva

Ausência Ausência Ausência Ausência Ausência

N3 0,81 0 Ausência Ausência Ausência Estrutura de

proteção lateral e superior completa

Vegetação arbórea

Ausência Ausência Ausência Ausência Ausência

N4 16,03 214,2 Ausência Ausência Ausência Nenhuma estrutura

de proteção

Vegetação arbórea

Ausência Ausência Ausência Ausência Ausência

N5 7,56 24,6 Ausência Ausência Ausência Nenhuma estrutura

de proteção

Vegetação arbórea

Ausência Ausência Ausência Ausência Ausência

N6 7,78 26,5 Ausência Ausência Ausência Nenhuma estrutura

de proteção

Vegetação arbórea

Ausência Ausência Ausência Ausência Ausência

N7 10,45 193,5 Ausência Ausência Ausência Nenhuma estrutura

de proteção

Vegetação arbórea

Ausência Ausência Ausência Ausência Ausência

N8 15,71 14,5 Ausência Ausência Ausência Nenhuma estrutura

de proteção

Vegetação arbórea

Pequena Ausência Ausência Ausência Ausência

N9 3,49 30,9 Ausência Ausência Ausência Nenhuma estrutura

de proteção

Vegetação arbórea

Ausência Ausência Ausência Ausência Ausência

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120

Quadro 10 - Pontuação de cada indicador e Estado de Conservação das nascentes.

NASCENTE Turbidez E-

coli

Presença de

resíduos sólidos

Suspeita de

agrotóxico na água

Uso direto da

água

Proteção física

Predominância de cobertura

vegetal

Ocorrência de

processos erosivos

Uso de agrotóxico

Presença de

animais de

criação

Evidências de

queimadas e corte da vegetação

Ocorrência de

edificações SOMA

ESTADO DE CONSERVAÇÃO

N1 2 2 3 3 3 0 3 3 3 3 3 3 27 BOM

N2 2 2 3 3 3 0 2 3 3 3 3 3 26 BOM

N3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 30 BOM

N4 2 1 3 3 3 0 3 3 3 3 3 3 27 BOM

N5 2 2 3 3 3 0 3 3 3 3 3 3 27 BOM

N6 2 2 3 3 3 0 3 3 3 3 3 3 27 BOM

N7 2 2 3 3 3 0 3 3 3 3 3 3 27 BOM

N8 2 2 3 3 3 0 3 2 3 3 3 3 26 BOM

N9 3 2 3 3 3 0 3 3 3 3 3 3 27 BOM

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121

5.2.1.2. Avaliação da qualidade das águas das nascentes

A avaliação da qualidade das águas das nascentes será feita a partir da análise

de cada uma das variáveis físicas, químicas e microbiológicas medidas para todas as

nascentes mapeadas; além disso, serão apresentados, a título de comparação30, os

resultados das análises de qualidade d’água feitas por ocasião da elaboração do plano

de manejo da REBIO, quando foram feitas coletas de águas superficiais em dois pontos

localizados no riacho Mamucabas, no interior de Saltinho: o ponto 1, localizado a

jusante do açude menor da UC (coordenadas aproximadas 259.465 mE e 9.035.104

mN) e o ponto 2, localizado no limite leste da REBIO, pouco antes da cachoeira da

Bulha d’Água (coordenadas aproximadas 261.476 mE e 9.033.966 mN). As coletas

foram feitas no dia 16/08/2002, portanto, nos mesmos mês e estação do ano em que

foram realizadas as coletas atuais. Os resultados das análises feitas em 2002 constam

do anexo 2 e estão resumidos na tabela 12. A localização dos pontos de coleta 1 e 2 é

mostrada na figura 46.

Tabela 12 - Variáveis físicas, químicas e microbiológicas dos pontos 1 e 2.

PONTO DE

COLETA

DATA DA COLETA

COORD. (UTM)

CONDUTIVIDADE (µS/cm)

OD (mg/l)

Ph TURBIDEZ

(uT)

COLIFORME TOTAL

(NMP/100ml)

E-coli (NMP/100ml)

Ponto 1 16/08/2002 259.421

59 6,2 6,7 2,4 110 13 9.035.025

Ponto2 16/08/2002 261.788

77 6,1 6,6 3,1 2400 110 9.033.718

30

Obviamente, trata-se de uma comparação meramente ilustrativa e sem maior rigor científico, já que há duas diferenças fundamentais entre os pontos de coleta atuais e os do plano de manejo: a primeira é que, enquanto nestes as amostras são provenientes de águas superficiais, naqueles as amostras vêm de águas subterrâneas; e a segunda diferença é, obviamente, referente aos diferentes locais de coleta, ou seja, não foram feitas coletas atuais nos mesmos locais onde foram feitas coletas no passado.

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122 Figura 46 – Localização dos pontos de coleta 1 e 2 e nascentes.

Fonte: ICMBio.

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123

5.2.1.2.1. Variáveis físicas e químicas

Condutividade elétrica

Segundo Di Bernardo e Sabogal Paz (2008), a condutividade elétrica é “a

medida da capacidade que tem a água de conduzir corrente elétrica devido aos

minerais nela presentes”. Embora não haja restrições a valores máximos permitidos de

condutividade na legislação, é possível relacioná-la com a quantidade de Sólidos Totais

Dissolvidos (STD) por meio da aplicação de um fator de conversão que varia entre 0,55

e 0,75 (MACHADO, 2013). O que se verificou nas análises das águas das 9 nascentes

analisadas é que os valores de condutividade ficaram numa faixa que varia entre o

mínimo de 38,5 µS/cm na nascente N1 e o valor máximo de 102,6 µS/cm na nascente

N3. Aplicando a fator de conversão citado acima, verifica-se que os valores máximos

de STD em N3 variaram entre 56,4 mg/l e 77,00 mg/l, portanto, muito abaixo do valor

máximo estabelecido na Portaria do Ministério da Saúde nº 2.914/2011 que é de 1.000

mg/l para o STD.

As mesmas conclusões se aplicam às análises de qualidade d’água realizadas

quando da elaboração do plano de manejo da REBIO (pontos de coleta 1 e 2), já que os

valores de condutividade e STD ficaram entre os valores extremos citados. As figuras

47 e 48 detalham os valores para as nascentes e para os pontos de coleta 1 e 2.

Figura 47 - Valores de condutividade elétrica para as nascentes analisadas e

para os pontos de coleta 1 e 2.

38,5

57,0

102,6

59,5 69,6

41,7

71,3 81,1

55,5 59

77

0

20

40

60

80

100

120

N1 N2 N3 N4 N5 N6 N7 N8 N9 Ponto 1 Ponto 2

Co

nd

uti

vid

ade

(µS/

cm)

Nascentes/Pontos de coleta

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124

Figura 48 – Valores de Sólidos Totais Dissolvidos (STD) para as nascentes

analisadas e para os pontos de coleta 1 e 2.

Oxigênio dissolvido (OD)

Embora não seja de importância essencial para a nós seres humanos que

tiramos o oxigênio mais do ar que da água, a deficiência de OD é um importante

indicador de poluição e impactos ambientais. A quantidade de OD na água é

importante também porque fornece um suporte necessário para a manutenção da

vida aquática (DI BERNARDO; SABOGAL PAZ, 2008).

A análise das 9 nascentes de Saltinho apresentaram resultados baixos de OD,

variando de 0,55 mg/l na nascente N6 a 6,01 mg/l na nascente N1, sendo esta a única

possível de ser enquadrada na classe 1, de acordo com a Resolução CONAMA nº

357/2005. As outras nascentes estariam enquadradas da seguinte forma: N2 na classe

3 (OD=4,01 mg/l); N3 (2,74 mg/l), N5 (3,04 mg/l), N7 (2,54 mg/l) e N8 (2,49 mg/l), na

classe 4; enquanto que N4, N6 e N9 não poderiam ser enquadradas em nenhuma das

classes citadas na referida resolução, por terem valores de OD abaixo de 2 mg/l. No

entanto, estes baixos valores encontrados não seriam, segundo Braga (2011), um fator

de preocupação e sim algo esperado em águas de nascentes devido a sua origem

subterrânea, sendo mais preocupantes quando encontrados em águas superficiais,

21,2

31,4

56,4

32,7 38,3

22,9

39,2 44,6

30,5 32,5

42,4

28,9

42,8

77,0

44,6

52,2

31,3

53,5

60,8

41,6 44,3

57,8

0,0

10,0

20,0

30,0

40,0

50,0

60,0

70,0

80,0

90,0

N1 N2 N3 N4 N5 N6 N7 N8 N9 Ponto 1

Ponto 2

Sólid

os

Tota

is D

isso

lvid

os

(mg/

l)

Nascentes/Pontos de coleta

STD(mín)

STD(máx)

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125

onde baixos valores de OD apontam necessariamente para indícios fortes de poluição

hídrica.

As amostras de água dos pontos 1 e 2, por sua vez, apresentaram valores

compatíveis com a classe 1, ou seja, acima de 6,0 mg/l. Ressalte-se novamente que

estes foram pontos de coleta de águas superficiais. A figura 49 mostra os valores de

OD para todas as 9 nascentes e para os pontos de coleta 1 e 2.

Figura 49 – Valores de oxigênio dissolvido para as nascentes analisadas e para

os pontos de coleta 1 e 2.

Valor mín. classe 1 (CONAMA 357/05)

Valor mín. classe 2 (CONAMA 357/05)

Valor mín. classe 3 (CONAMA 357/05)

Valor mín. classe 4 (CONAMA 357/05)

Temperatura

A temperatura da água tem influência em fatores organolépticos, já que uma

água quente desagrada ao paladar, além de influir em reações químicas e na atividade

biológica. Ela também é importante por sua influência nos métodos de tratamento a

serem adotados para a água (DI BERNARDO; SABOGAL PAZ, 2008).

Como está diretamente relacionada com a ação do calor na água, a

temperatura é influenciada pela presença de árvores que provocam sombreamento

nas nascentes.

6,01

4,01

2,74

1,34

3,04

0,55

2,54 2,49

0,63

6,2 6,1

0

1

2

3

4

5

6

7

N1 N2 N3 N4 N5 N6 N7 N8 N9 Ponto 1 Ponto2

OD

(m

g/l)

Nascentes/Pontos de coleta

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126

As análises das 9 nascentes demonstraram temperaturas variando entre 23,50C

(nascentes N2 e N6) e 25,00C (nascente N1). Nos pontos 1 e 2 as águas coletadas não

tiveram suas temperaturas registradas. A figura 50 mostra as temperaturas

encontradas para cada nascente estudada.

Figura 50 - Valores de temperatura para as nascentes analisadas.

Potencial hidrogeniônico (pH)

O pH é utilizado para expressar o nível de acidez da água. Valores de pH=7 são

considerados neutros; acima de 7, básicos; abaixo de 7, ácidos.

O pH é importante na medida em que, quando assume valores extremos, pode

provocar efeitos negativos nos sistemas de abastecimento d’água: quando o nível de

acidez é alto, temos riscos de corrosão nas tubulações; quando baixo, pode provocar

incrustações nas tubulações (DI BERNARDO et al., 2002).

Segundo os mesmos autores, o pH tem influência na saúde humana também:

valores extremos – abaixo de 4 ou acima de 11 – podem provocar em indivíduos

expostos irritações nos olhos, pele e mucosas; estes casos não são comuns e ocorrem

em águas muito contaminadas, sendo que os valores nas águas naturais ficam

normalmente entre 5,5 e 9,5.

25,0

23,5

24,7

23,9 23,8

23,5 23,7

23,8 23,6

22,5

23,0

23,5

24,0

24,5

25,0

25,5

N1 N2 N3 N4 N5 N6 N7 N8 N9

Tem

per

atu

ra (

0C

)

Nascentes

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127

A Resolução CONAMA nº 357/05 estabelece que a faixa ideal é de 6,0 a 9,0,

limite este que enquadra as águas na classe 1. Entre as nascentes analisadas apenas a

nascente N1 se enquadra nesta faixa, com pH=7,0. Todas as outras ficaram abaixo do

valor mínimo de 6,0, embora não muito distantes deste valor mínimo: variaram de 5,1

em N6 e 5,8 em N2. As amostras dos pontos 1 e 2 ficaram dentro da faixa ideal. A

figura 51 detalha os valores para cada nascente analisada e para os pontos de coleta 1

e 2.

Figura 51 - Valores de pH para as nascentes analisadas e para os pontos de

coleta 1 e 2.

Valor máx. (CONAMA 357/05)

Valor mín. (CONAMA 357/05)

Turbidez

Além da sua influência no aspecto da água, a turbidez pode estar associada a

substâncias prejudiciais à saúde, já que existe a possibilidade de que as partículas

presentes na água protejam os microorganismos da ação de desinfetantes (DI

BERNARDO; SABOGAL PAZ, 2008). Esta preocupação se reflete nas restrições presentes

em duas normas: a Portaria do Ministério da Saúde nº 2.914/11 que estabelece um

limite de 5,0 uT para a turbidez das águas potáveis; e na Resolução CONAMA nº

357/05, que estabelece como limite máximo permitido de turbidez para águas da

classe 1 o valor de 40 uT.

7,0

5,8 5,5 5,5 5,7

5,1 5,4 5,6

5,3

6,7 6,6

0,0

1,0

2,0

3,0

4,0

5,0

6,0

7,0

8,0

9,0

N1 N2 N3 N4 N5 N6 N7 N8 N9 Ponto 1 Ponto2

pH

Nascentes/Pontos de coleta

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128

Das nascentes analisadas em Saltinho, apenas duas estão dentro dos padrões

de potabilidade estabelecidos pela portaria do MS: N3, com turbidez de 0,81 uT e N9,

com turbidez de 3,49 uT. As outras estão acima deste limite, mas estão abaixo do valor

estabelecido como limite máximo na CONAMA 357, estando, portanto, enquadradas,

segundo este parâmetro na classe 1. Já os pontos 1 e 2 ficaram enquadrados nos

padrões de potabilidade da portaria do MS, tais como a nascentes N3 e N9. A figura 52

detalha os valores para cada nascente analisada e para os pontos de coleta 1 e 2.

Figura 52 - Valores de turbidez para as nascentes analisadas e para os pontos

de coleta 1 e 2.

Valor máx. (Port. MS 2.914/11)

Valor máx. (CONAMA 357/05)

Embora as nascentes estejam localizadas em áreas bem preservadas da REBIO,

apresentando bom estado de conservação, o aparecimento de valores de turbidez

acima dos tolerados para águas ditas potáveis era esperado em função do fato de que

todas as nascentes – com exceção de N3 – encontram-se em seu estado natural, sem

qualquer proteção e, portanto, expostas a contaminações provenientes do ambiente

circundante, tais como o pisoteio de animais e a ação das chuvas, mais intensas no

período da coleta.

10,22

6,99

0,81

16,03

7,56 7,78

10,45

15,71

3,49 2,4 3,1

0

5

10

15

20

25

30

35

40

N1 N2 N3 N4 N5 N6 N7 N8 N9 Ponto 1 Ponto2

Turb

idez

(u

T)

Nascentes/Pontos de coleta

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129

5.2.1.2.2. Variáveis microbiológicas

Coliformes totais e Escherichia coli (E-coli)

Por sua facilidade de processamento e pela vasta bibliografia existente a seu

respeito os coliformes totais são amplamente utilizados como indicadores de

qualidade das águas, embora tenham a limitação de que sua presença não indica

certeza de contaminação com matéria fecal na água (DI BERNARDO; SABOGAL PAZ,

2008). São usados como indicadores de eficiência no tratamento das águas.

Já a presença de Escherichia coli, por habitar os intestinos de animais de sangue

quente, é indicador mais seguro de contaminação fecal. Sua presença requer

necessariamente a ação de desinfetantes para tratar a água contaminada.

Neste caso, as análises foram feitas em relação a três normas que tratam das

limitações na presença de coliformes na água: a Portaria do Ministério da Saúde nº

2.914/11 que estabelece que para água ser considerada potável, os coliformes totais e

a E-coli devem estar ausentes em amostras de 100 ml de água; a Resolução CONAMA

nº 357/05, que estabelece como limite máximo permitido para águas da classe 1 o

nível de E-coli de 200 NMP/100 ml de água; e a Resolução CONAMA nº 274/00

estabelece que águas consideradas próprias para a recreação em contato direto

(banho) não poderão ter os níveis de E-coli acima de 800 NMP/100 ml de água.

A partir das análises das nascentes de Saltinho, verificou-se que nenhuma

satisfaz os critérios de potabilidade estabelecidos na portaria MS 2.914/11, já que

todas as amostras apresentaram valores maiores que zero para coliformes totais e E-

coli. Por outro lado, todas as amostras foram consideradas próprias para

balneabilidade segundo a CONAMA 274/00, tendo apresentado valores de E-coli

abaixo dos 800 NMP/100 ml; além disso, ainda segundo a mesma resolução, todas as

amostras podem ser classificadas como excelentes do ponto de vista da

balneabilidade, já que apresentaram níveis de E-coli inferiores a 200 NMP/100 ml, com

exceção da nascente N4, com E-coli de 214,2 NMP/100 ml, estando classificada como

muito boa. Com relação à resolução CONAMA 357/05, todas as amostras satisfizeram

os limites estabelecidos pela para as águas de classe 1 (E-coli abaixo de

200NMP/100ml), com exceção da amostra vinda da nascente N4 que apresentou nível

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130

de E-coli igual a 214,2 NMP/100 ml, estando portanto enquadrada na classe 2,

segundo este parâmetro.

Com relação às amostras correspondentes aos pontos de coleta 1 e 2, verificou-

se também que nenhuma satisfaz os critérios de potabilidade estabelecidos na

portaria MS 2.914/11, já que ambas as amostras apresentaram valores maiores que

zero para coliformes totais e E-coli. Por outro lado, ambas foram consideradas

excelentes para balneabilidade segundo a CONAMA 274/00 e foram enquadradas na

classe 1, de acordo com a resolução CONAMA 357/05, já que apresentaram valores de

E-coli abaixo dos 200 NMP/100 ml.

As figuras 53 e 54 detalham os valores para cada nascente analisada e para os

pontos de coleta 1 e 2.

Figura 53 - Valores de coliformes totais para as nascentes analisadas e para os

pontos de coleta 1 e 2.

Valor máx. (Port. MS 2.914/11)

1011,2 1011,2

201,4

1011,2 1011,2

791,5 960,6 1011,2 960,6

110

2400

0

500

1000

1500

2000

2500

3000

N1 N2 N3 N4 N5 N6 N7 N8 N9 Ponto 1 Ponto2

Co

lifo

rme

Tota

l (N

MP/

10

0m

l)

Nascentes/Pontos de coleta

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131

Figura 54 - Valores de E-coli para as nascentes analisadas e para os pontos de

coleta 1 e 2.

Valor Max. (Port. MS 2.914/11)

Valor máx. classe 1 (CONAMA357/05)

Valor máx. classe 2 (CONAMA357/05)

Valor máx. (CONAMA 274/00)

Os valores encontrados para as nascentes poderiam ser surpreendentes, na

medida em que estão sendo analisadas águas subterrâneas localizadas dentro de uma

unidade de conservação de proteção integral que teoricamente deveriam estar

enquadradas, por definição, na classe especial 31 . No entanto, conforme já

mencionado, embora as nascentes estejam localizadas em áreas bem preservadas da

REBIO, apresentando bom estado de conservação, os valores elevados de coliformes

podem ser explicados pelo fato de que todas as nascentes – com exceção de N3 –

encontram-se em seu estado natural, sem qualquer proteção e expostas a

contaminações resultantes da ação da cadeia detritívora e das fezes de animais que lá

circulam livremente, ou a outros fatores que precisam de mais estudos para ser

determinados.

31

Segundo a Resolução CONAMA nº 357/05, as águas doces na classe especial são águas destinadas, entre outros usos, “à preservação dos ambientes aquáticos em unidades de conservação de proteção integral”.

18,7

114,5

0

214,2

24,6 26,5

193,5

14,5 30,9 13

110

0

100

200

300

400

500

600

700

800

900

1000

N1 N2 N3 N4 N5 N6 N7 N8 N9 Ponto 1 Ponto2

E-co

li (N

PM

/10

0m

l)

Nascentes/Pontos de coleta

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132

5.2.2. Reservatórios Hídricos de Saltinho

No interior da REBIO, no limite oeste da UC, encontram-se dois reservatórios

artificiais, criados a partir de barramentos no córrego Saltinho: um pequeno com

19.000 m³ e outro com 256.000 m³, que são explorados pela COMPESA para

abastecimento da cidade de Tamandaré. Não há registros na COMPESA da data de

construção destes açudes; segundo o plano de manejo da REBIO, documentação do

Ministério da Agricultura, datada de 1964, atesta que a propriedade foi adquirida pelo

Governo Federal com o intuito de garantir a captação de água necessária ao antigo

Lazareto de Tamandaré (IBAMA, 2003). As informações disponíveis na COMPESA32 dão

conta de que a companhia começou a utilizar os açudes para abastecimento da cidade

de Tamandaré em 1976, abastecimento este antes feito por meio de poços artesianos.

Ainda segundo informações da COMPESA, o sistema que fornece água para

Tamandaré conta hoje com duas fontes: os açudes em Saltinho, que fornecem 32 l/s

de água e a ETA Amaraji que capta água do rio União, localizado ao norte da REBIO e

fora da bacia do rio Mamucabas, responsável por fornecer uma vazão de 90 l/s; destes,

50 l/s são utilizados para abastecer as ligações na praia dos Carneiros e os restantes

40 l/s misturam-se aos 32 l/s fornecidos por Saltinho para abastecer a sede de

Tamandaré.

Com relação ao sistema de adução, a água que vem de Saltinho é conduzida

por gravidade até a sede de Tamandaré, por meio de uma adutora que corre no

sentido oeste-leste, conforme mostra a figura 55, abastecendo cerca de 24.000

pessoas. Em Tamandaré, a água vinda de Saltinho passa por tratamento em estação de

tratamento de água (ETA) do tipo compacta aberta, com capacidade de 53 l/s,

constituída por 4 filtros ascendentes e 4 filtros rápidos à gravidade; são ainda

utilizados no tratamento sulfato de alumínio granulado e cloro gasoso. A sede da

REBIO também é abastecida por esta fonte, embora a água utilizada na UC não seja

tratada. A figura 56 mostra imagens dos dois açudes e sua localização.

32

Informações fornecidas pela COMPESA através do ofício nº 005/2014.

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133 Figura 55 – Traçado da adutora que abastece Tamandaré com água vinda dos açudes de Saltinho.

Fonte: plano de manejo da REBIO Saltinho (IBAMA, 2003).

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134

5.2.3. Análise dos resultados das entrevistas com os conselheiros de Saltinho

Os resultados das entrevistas revelaram que os conselheiros da REBIO Saltinho

têm uma visão muito clara da importância da UC para a oferta e manutenção de

recursos hídricos. Isso fica evidente quando são analisadas as repostas às questões

sobre a oferta de serviços ambientais hídricos na REBIO; todos os entrevistados, com

exceção de um, reconheceram que a REBIO fornece serviços ambientais hídricos; além

disso, a água foi o serviço ambiental de fornecimento mais citado pelos entrevistados,

como mostram as figuras 12 e 18.

Os entrevistados não só reconheceram que a REBIO fornece estes serviços,

como também têm clareza quanto à natureza desta contribuição e quanto às formas

pelas quais esta contribuição pode ser potencializada; prova disto é que a pergunta

sobre quais os serviços ambientais hídricos são fornecidos pela REBIO obtiveram

respostas divididas em duas categorias: abastecimento para consumo humano e

manutenção de mananciais (figura 18). Por outro lado, a maioria (69,7% dos

entrevistados) reconhece que a oferta de SA hídricos pode ser melhorada (figura 19)

através de ações que, na sua maioria, puderam ser categorizadas em ações de

conservação e de educação ambiental (figura 20).

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135

Figura 56 - Açudes de Saltinho – imagens e localização (A – Açude menor; B – Açude maior).

Fonte: fotos do autor (2011) e Google Earth (2013).

A

B

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136

5.3. SERVIÇOS AMBIENTAIS DE BIODIVERSIDADE NA REBIO SALTINHO

5.3.1. O Bioma Mata Atlântica

A Mata Atlântica é considerada um dos mais importantes e mais ameaçados

hotspots (áreas mundialmente prioritárias para preservação) de biodiversidade do

planeta. Myers et al. (2000) incluíram este bioma entre os 25 hotspots mundiais de

biodiversidade, que reúnem 44% de todas as espécies de plantas e 35% de todas as

espécies de vertebrados do mundo numa área de apenas 1,4% da superfície terrestre.

A Mata Atlântica é constituída por um conjunto de formações florestais – as

florestas Ombrófila Densa, Ombrófila Mista, Estacional Semidecidual, Estacional

Decidual e Ombrófila Aberta - e por ecossistemas associados - as restingas, manguezais

e campos de altitude - que se estendiam por uma área, à época do descobrimento, de

cerca de 1.360.000km² (Conservation International et al. 2000); é também um dos

mais degradados biomas do mundo, contando hoje com menos de 8% da sua área

original (CAMPANILI; PROCHNOW, 2006). Em Pernambuco, a situação é ainda pior: no

Estado a área remanescente do bioma corresponde a apenas 1,54% da área do Estado

(TABARELLI; MELO; LIRA, 2006).

Segundo o Ministério do Meio Ambiente (2013), além das riquezas de

biodiversidade - cerca de 20.000 espécies vegetais (35% das espécies existentes no

Brasil), 849 espécies de aves, 370 espécies de anfíbios, 200 espécies de répteis, 270 de

mamíferos e cerca de 350 espécies de peixes - a Mata Atlântica é importantíssima para

cerca de 120 milhões de brasileiros que vivem em seus domínios, área na qual são

originados cerca de 70% do PIB nacional. Esta importância vem diretamente da

capacidade deste bioma de fornecer uma vasta quantidade de serviços ambientais.

Do ponto de vista biogeográfico, a Mata Atlântica do Nordeste abriga quatro

dos cinco centros de endemismo que ocorrem no bioma; estes centros são áreas onde

a diversidade biológica da Mata Atlântica está distribuída preferencialmente, com

elevado número de espécies endêmicas, estando entre as áreas mais ricas em espécies

do bioma (TABARELLI; MELO; LIRA, 2006). Dentre eles, destaca-se o chamado Centro

de Endemismo Pernambuco – CEPE (figura 57), que corresponde à área de Mata

Atlântica localizada ao norte do rio São Francisco, onde Saltinho está inserida.

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137 Figura 57 – O Centro de Endemismo Pernambuco.

Fonte: CEPAN, 2013.

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138

5.3.2. Recursos naturais em Saltinho

Embora seja, segundo dados do CNUC, a décima menor REBIO do Brasil,

Saltinho abriga um fragmento de Mata Atlântica bem maior do que a média dos

fragmentos hoje encontrados no Estado de Pernambuco e no Brasil; de fato, segundo

o Ministério do Meio Ambiente (2013), apenas cerca de 7% dos fragmentos

remanescentes de Mata Atlântica no Brasil estão bem conservados em áreas acima de

100 hectares. Os estudos realizados no âmbito do Plano de Manejo comprovaram a

riqueza biológica da REBIO: na flora foram registradas 80 famílias botânicas, 205

gêneros e 325 espécies. Por outro lado, há uma grande presença de espécies exóticas,

explicada pelas atividades de experimentação realizadas na época em que a REBIO era

uma Estação Florestal de Experimentação; a presença de algumas destas espécies

exóticas deram início a processos de invasão biológica.

Quanto à fauna, foram registradas 50 espécies de mamíferos, 128 de aves e 33

de répteis e anfíbios na REBIO e entorno. Há uma espécie introduzida, o mico-de-

cheiro amazônico, que também se tornou uma espécie invasora. Algumas espécies

mencionadas no plano de manejo são endêmicas ou pouco documentadas em outras

áreas, tais como o tamanduá-í (Cyclopes didactylus), a perereca Hyla atlântica e cinco

espécies de pássaros, inclusive o pintor-verdadeiro (Tangara fastuosa), ameaçado de

extinção em nível mundial. Há uma rica entomofauna, muito pouco pesquisada

(IBAMA, 2003). Saltinho pode também ser o habitat da caburé-de-Pernambuco

(Glaucidium mooreorum), coruja rara descrita em 2002, com base em dois exemplares

coletados na UC, embora desde então não tenha sido mais registrado nenhum

exemplar na REBIO (RODA; PEREIRA, 2006).

Um aspecto importante da REBIO são os recursos hídricos: a bacia hidrográfica

do rio Mamucabas, riacho que corta a REBIO, possui aproximadamente 3.851 ha. O rio

Mamucabas nasce fora da área da REBIO e apresenta seu fluxo principal de noroeste

para sudoeste, atravessando a REBIO e desaguando no Oceano Atlântico.

Conforme já mencionado, no interior da REBIO encontram-se dois reservatórios

artificiais, criados a partir de barramentos no rio Mamucabas: um pequeno com

19.000 m³ e outro com 256.000 m³, que são explorados pela COMPESA para

abastecimento da cidade de Tamandaré.

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A REBIO também possui uma grande quantidade de nascentes, cujo número

ainda é desconhecido. O mapeamento de algumas destas nascentes foi um dos objetos

deste estudo.

No limite leste, fora dos limites da REBIO, encontra-se uma queda d’água de

aproximadamente 10 metros, conhecida como cachoeira da Bulha d’Água (Figura 58);

a “cachoeira de Saltinho”, como também é conhecida, atrai a visita de pessoas de toda

a região, o que constitui uma fonte de problemas ambientais: a visitação no local não

segue nenhum tipo de ordenamento ou exploração racional, deixando sempre grande

quantidade de lixo nas proximidades da queda d’água.

A figura 59 apresenta o limite e rede hidrográfica da bacia do rio Mamucabas.

Figura 58 - Cachoeira de Saltinho.

Fonte: IBAMA (2003).

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Figura 59 – Bacia hidrográfica do rio Mamucabas.

Fonte: ICMBio.

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141

Em 1999, o projeto “Avaliação e ações prioritárias para a conservação da

biodiversidade da Mata Atlântica e Campos Sulinos” identificou 182 áreas prioritárias

para a conservação da biodiversidade nestes dois biomas (Conservation International

et al. 2000). Segundo Tabarelli et al. (2005), foram identificadas no CEPE quarenta

áreas prioritárias, das quais 24 são de extrema importância biológica, seis são de muito

alta importância, cinco são de alta importância e cinco são consideradas

insuficientemente conhecidas. A REBIO Saltinho está entre as áreas prioritárias

consideradas de “extrema importância biológica”, conforme mostrado na figura 60.

Figura 60 - Vinte e duas das 40 áreas prioritárias para a conservação da

diversidade biológica do CEPE.

Fonte: Conservation International et al. (2000). Adaptado.

5.3.3. Análise dos resultados das entrevistas com os conselheiros de Saltinho

Os resultados das entrevistas evidenciaram que a função primordial de Saltinho

– proteger a biodiversidade – está clara para todos os entrevistados; de fato, a maior

parte das respostas à pergunta “como a REBIO contribui para promover a conservação

da biodiversidade?” foi enquadrada na categoria de respostas “protegendo a

biodiversidade” (Figura 25). Por outro lado, os entrevistados também deixaram claro

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142

que sabem o quão importante é a pesquisa científica para a geração de conhecimentos

sobre a biodiversidade e sobre os serviços ambientais associados a ela; isto ficou

evidente ao responderem à pergunta “Como a contribuição da REBIO para a

conservação da biodiversidade pode ser ampliada?”, com a maior parte das respostas

sendo agrupada na categoria “promover/intensificar/divulgar pesquisa científica”

(Figura 27). A preocupação dos entrevistados com a questão da biodiversidade fica

ainda mais evidente quando analisamos as respostas à questão “quais os potenciais de

SA que a UC de Saltinho possui e que não estão sendo valorizados?” e vemos que os

serviços de biodiversidade constituíram a terceira categoria mais votada, juntamente

com os serviços hídricos (Figura 28).

5.3.4. Levantamento das pesquisas realizadas em Saltinho

O levantamento realizado no SISBIO revelou que foram cadastradas, desde

2007, 56 pesquisas tendo Saltinho como área de estudo; destas, quarenta e duas (42)

foram (ou estão sendo) efetivamente realizadas na REBIO e catorze (14) não foram33.

Dentre as pesquisas efetivamente realizadas ou em realização, vinte e uma (21) foram

concluídas e vinte e uma (21) estão ainda em andamento. A figura 61 resume os dados

acima.

As pesquisas realizadas foram divididas em categorias criadas em função dos

seus objetivos e resultados obtidos ou esperados. Esta categorização encontra-se

tabulada na figura 62.

Figura 61 - Status das pesquisas em Saltinho.

33

As pesquisas não realizadas em Saltinho não o foram por motivos diversos, tais como falta de recursos, mudanças no planejamento, clima desfavorável ou falta de resposta da chefia da REBIO no caso da aplicação de questionários.

25,0%

37,5%

37,5%

STATUS DAS PESQUISAS EM SALTINHO

Não realizadas

Concluídas

Em Andamento

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143

Figura 62 - Pesquisas realizadas em Saltinho por categoria.

Com relação às instituições às quais estão ligados os pesquisadores

responsáveis pelas pesquisas realizadas em Saltinho, verificou-se que houve 14

(catorze) delas: Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Universidade Federal

Rural de Pernambuco (UFRPE), Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS),

Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Universidade Federal da Paraíba

(UFPB), Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), Universidade Federal de

Lavras (UFLA), Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Universidade Federal de

São Carlos (UFSCAR), Universidade Federal de Viçosa (UFV), Universidade Estadual de

Campinas (UNICAMP), entre as universidades; Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e

dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA), Instituto de Pesquisas da Amazônia (INPA),

Empresa Pernambucana de Pesquisa Agropecuária (IPA) e o Museu Nacional, que é

ligado à UFRJ, estas entre as demais instituições. A maioria das pesquisas – vinte (20)

ou 47,6 % do total - foi realizada por pesquisadores vinculados à UFPE; a segunda

maior quantidade de pesquisas por instituição está ligada à UFRPE – seis (6) ou 14,3 %

1

1

2

2

2

3

4

4

5

18

0 5 10 15 20

Serviços ambientais

Genética da conservação

Geração de conhecimento para atividades econômicas/medicina

Mapeamento genético/processos evolutivos

Estudos filogenéticos e filogeográficos

Gestão de UCs

Espécies Exóticas Invasoras

Regeneração de espécies da Mata Atlântica

Revisão taxonômica

Inventários/Estudos de diversidade e distribuição geográfica

PESQUISAS REALIZADAS EM SALTINHO POR CATEGORIA

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144

do total, seguida pela UEFS, com três (3) pesquisas ou 4,1 % do total. A distribuição das

quantidades de pesquisas realizadas por instituição está detalhada na figura 63.

Figura 63 – Quantidade de pesquisas realizadas por instituição.

5.3.5. Resultados do questionário enviado aos pesquisadores

Foram enviados questionários por e-mail para todos os cinquenta (50)

pesquisadores titulares das cinquenta e seis (56) pesquisas cadastradas no SISBIO (seis

destes pesquisadores tem duas pesquisas cadastradas); destes, apenas vinte e três (23)

responderam. No questionário foi perguntado que publicações resultaram da pesquisa

realizada; as respostas obtidas e pesquisas no currículo Lattes dos pesquisadores

titulares das pesquisas evidenciaram que as pesquisas realizadas em Saltinho

resultaram em diversas publicações científicas. No total, foram contabilizadas quatro

(4) teses de doutorado, catorze (14) dissertações de mestrado e cinco (5) monografias,

além de dez (10) artigos científicos e uma (1) nota científica. O apêndice 6 detalha as

pesquisas realizadas em Saltinho.

20

6

3

2

2

1 1

1 1 1

1 1

1 1

QUANTIDADE DE PESQUISAS POR INSTITUIÇÃO

UFPE

UFRPE

UEFS

UFRJ

UFPB

IBAMA

INPA

IPA

UERJ

UFLA

UFSC

UFSCAR

UFV

UNICAMP

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145

No questionário foi feita também a seguinte pergunta: “tem alguma sugestão

para melhorar ou facilitar a realização de pesquisas em Saltinho?” As respostas

encontram-se categorizadas e tabuladas na figura 64.

Figura 64 – Sugestões dos pesquisadores entrevistados para melhorar ou

facilitar a realização de pesquisas em Saltinho.

44%

8% 8%

24%

16%

SUGESTÕES PARA MELHORAR OU FACILITAR A REALIZAÇÃO DE PESQUISAS EM SALTINHO

Melhorar infra-estrutura para receber pesquisadores

Disponibilizar banco de dados de pesquisas realizadas

Não tem queixas

Não realizou a pesquisa em Saltinho

Não respondeu

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146

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS

É evidente que um importante produto do funcionamento dos ecossistemas é o

fornecimento de benefícios para as pessoas na forma de serviços ambientais, ainda

mais quando analisamos o componente de garantia do bem-estar humano associado a

estes serviços. Desta forma, avaliar o real valor (não só econômico) associado aos

ecossistemas através do reconhecimento da existência dos serviços por eles fornecidos

pode ajudar a evidenciar e dar a real dimensão da importância destes ambientes

naturais.

Para alguns, esta abordagem é passível de crítica, na medida em que considera

a natureza como mero recurso a serviço do homem, ou até mesmo mercadoria.

Embora válida, esta crítica não anula a importância de evidenciar todos os benefícios

providos pela natureza nem a necessidade de proceder algum tipo de valoração dos

recursos naturais – mesmo que invariavelmente estas sejam subdimensionadas, dada

a sua complexidade – como forma de internalizar os custos ambientais dos processos

produtivos e os benefícios advindos dos ecossistemas. Não há dúvida sobre a

importância de se ter uma ideia o mais precisa possível do valor dos benefícios ou

serviços fornecidos pelos ecossistemas tais como a purificação de uma manancial ou a

proteção contra enchentes promovidas por uma floresta; afinal de contas, é essa

valoração que permite saber que é mais vantajoso de qualquer ponto de vista – seja

ecológico, social ou financeiro - proteger do que arcar com os custos – inclusive de

vidas humanas - de uma inundação, ou que permite saber quanto se economizou com

custos de tratamento da água daquele manancial.

No entanto, em função do caráter complexo e multifacetado da oferta de

serviços ambientais, em especial numa UC, é essencial que o estudo destes serviços

em toda sua multiplicidade incorpore uma nova forma de olhar para a natureza que

leve a uma superação da análise cartesiana tradicional. Trata-se de um olhar sistêmico,

holístico, que veja a natureza nas suas múltiplas e complexas interrelações e que

conceba “o mundo como um todo integrado, e não como uma coleção de partes

dissociadas” (CAPRA, 2006, p.25); aqui o todo é mais do que a soma das partes;

procura-se um olhar que possa, “ver o conjunto, selecionar e isolar uma coisa entre

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outras ou passar de uma para outra, indo do todo à parte e da parte ao todo” (MORIN,

2006, p. 11-12). A metáfora perfeita para explicar o mundo é a da teia, a teia da vida.

Toda esta pesquisa foi orientada para o objetivo de analisar o potencial de

fornecimento de serviços ambientais da REBIO Saltinho imbuída do sentido da

complexidade da natureza, buscando demonstrar como, numa unidade de

conservação, a oferta de serviços ambientais se dá de múltiplas formas, não só na

forma de produtos tangíveis como água, mas também na forma de valores imateriais

como a contribuição para a criação de uma consciência ecológica e para a geração de

conhecimentos científicos, e como tudo isso cria laços entre a UC e as comunidades do

seu entorno e com toda a sociedade; o conhecimento deste potencial de oferta de

serviços se constitui, portanto, um importante instrumento de gestão ambiental da

UC. E isso fica evidente quando analisamos os resultados dos estudos realizados.

Evidentemente que não foi a pretensão do presente estudo fazer um

diagnóstico exaustivo de todos os serviços ambientais fornecidos pela REBIO Saltinho.

Buscou-se, antes, evidenciar e resignificar, pela análise de alguns dos mais relevantes

serviços ambientais fornecidos pela UC, a importância da REBIO para as comunidades

do seu entorno e para toda a sociedade.

Foi assim que o presente estudo avaliou, através das entrevistas feitas, a

extensão da influência cultural da presença da REBIO entre os usuários dos serviços

ambientais fornecidos pela UC; das entrevistas pode-se ver como estes usuários

percebem e enxergam os serviços oferecidos pela REBIO e foi possível concluir que,

está muito claro entre estes atores o papel de Saltinho como fornecedora de uma

grande multiplicidade de serviços ambientais, tendo sido possível ainda para muitos

deles enxergar, de forma factível e coerente, diversas alternativas para potencializar

esta oferta de serviços, mesmo a despeito do fato que, para muitos destes usuários, a

terminologia usada nesta pesquisa ainda seja algo novo. Ficou evidente também o

apelo real da REBIO para a visitação com objetivos educacionais, tanto pelos

significativos números atuais da visitação quanto pelo fato de que a origem dos

visitantes indica que a área de influência da REBIO vai bem além dos três municípios

mais próximos da UC – Tamandaré, Rio Formoso e Barreiros – indicados no plano de

manejo da REBIO como sua área de influência. Por outro lado, das impressões dos

usuários entrevistados ficou também evidenciado que o potencial de visitação da

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REBIO ainda está bem além da realidade atual, limitado pelas condições precárias de

infraestrutura de recepção dos visitantes. E do levantamento dos volumes de visitação,

verificou-se que a pequena presença de visitantes vindos dos numerosos

assentamentos do entorno da REBIO também indicam que ações educativas que levem

a uma aproximação com este segmento são necessárias. Recomenda-se, no entanto,

que quaisquer ações no sentido de incrementar o volume de visitação na UC sejam

antecedidas e respaldadas por estudos de capacidade de carga de visitação que levem

em consideração a fragilidade dos ecossistemas protegidos e as restrições de uso

impostas por uma reserva biológica.

Assim foi também que se buscou evidenciar a contribuição da REBIO para a

oferta de serviços ambientais hídricos através das suas numerosas nascentes e dos

açudes existentes em seu interior. As nove nascentes mapeadas e analisadas foram

encontradas em bom estado de conservação, protegidas por vegetação e sem a

presença de lixo ou outros impactos negativos significativos, embora algumas variáveis

físicas, químicas e microbiológicas medidas tenham indicado que as águas destes

mananciais não se enquadram nos padrões de potabilidade previstos na legislação, o

que era de se esperar, dadas as condições naturais em que se encontram. É razoável

supor que as outras numerosas nascentes ainda não mapeadas em Saltinho

encontram-se em estado semelhante de conservação, o que enseja a necessidade de

novos e mais aprofundados estudos acerca do potencial hídrico e da qualidade da água

destes mananciais.

Já os açudes presentes em Saltinho, segundo dados fornecidos pela COMPESA,

têm contribuído para a sustentabilidade hídrica do município de Tamandaré, gerando

uma vazão de cerca de 32 l/s, garantindo o abastecimento de cerca de 24.000 pessoas.

Toda esta oferta hídrica garantida de forma perene pela proteção proporcionada pelas

matas preservadas de Saltinho, mesmo sem qualquer contribuição ou contrapartida

oferecida pela COMPESA, responsável pela exploração econômica destes recursos

hídricos. Coloca-se aí um cenário ideal para a proposição de um projeto que preveja a

remuneração, por parte da COMPESA, pelos serviços ambientais de proteção destes

recursos desempenhados pela REBIO, o que poderia gerar uma importante fonte de

recursos para apoiar a gestão da UC. Esta remuneração está inclusive prevista em lei,

mais especificamente no artigo 47 do SNUC (BRASIL, 2000).

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149

Toda esta riqueza hídrica e sua importância são muito evidentes para os

usuários destes serviços ambientais, como pode ser constatado pela análise dos

resultados das entrevistas realizadas.

E, por fim, este estudo demonstrou a importância não só local, mas global das

riquezas naturais de Saltinho, considerada uma área prioritária para conservação e

hotspot mundial de biodiversidade, além da relevância da REBIO para geração de

conhecimento científico sobre esta biodiversidade, comprovada a partir da grande

variedade de pesquisas científicas lá realizadas e em realização, em diversas áreas do

conhecimento científico, conduzidas por instituições espalhadas por todo o país. Esta

importância é também muito presente nas impressões dos usuários de serviços

ambientais entrevistados, conforme também demonstrado na análise dos resultados

destas entrevistas. E toda esta importância é verificada mesmo a despeito das

condições precárias de infra-estrutura de recepção de pesquisadores, também

evidenciadas nas entrevistas realizadas e no questionário enviado aos pesquisadores.

De tudo isto se conclui que unidades de conservação como a REBIO Saltinho,

por sua função precípua de proteção de recursos naturais, são fornecedoras de

serviços ambientais por excelência. E que estudar os serviços ambientais nestes

espaços protegidos leva a uma ampliação de sua importância, na medida em que

evidencia o real valor destes ecossistemas não só como ilhas de riqueza biológica

intocada, mas também como parte essencial da engrenagem de manutenção da vida e

do bem-estar das pessoas. O estudo dos serviços ambientais pode, desta forma,

fornecer mais argumentos em favor da conservação ou mesmo para a criação de novas

áreas protegidas.

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7. REFERÊNCIAS

ABRAMOVAY, Ricardo. Muito além da economia verde. São Paulo: Editora Abril, 2012. 247 p.

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armazenamento, a comercialização, a propaganda comercial, a utilização, a importação, a exportação, o destino final dos resíduos e embalagens, o registro, a classificação, o controle, a inspeção e a fiscalização de agrotóxicos, seus componentes e afins, e dá outras providências. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L7802.htm>. Acesso em 27 ago. 2013, 22:35:00.

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APÊNDICE 1 – TERMO DE CONSENTIMENTO

UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM DESENVOLVIMENTO E MEIO AMBIENTE

TERMO DE CONSENTIMENTO

Eu, ________________________________________________________________________, RG/

CPF/_________________, abaixo assinado, concordo em participar como voluntário (a) da pesquisa

“UNIDADES DE CONSERVAÇÃO COMO FORNECEDORAS DE SERVIÇOS AMBIENTAIS”, conduzida pelo

mestrando Fábio Adônis Gouveia Carneiro da Cunha. Fui devidamente informado (a) e esclarecido(a)

pelo(a) pesquisador (a) sobre a pesquisa, os procedimentos nela envolvidos, assim como os possíveis

riscos e benefícios decorrentes de minha participação. Foi-me garantido que posso retirar meu

consentimento a qualquer momento, sem que isto leve a qualquer penalidade ou interrupção de meu

acompanhamento/ assistência/tratamento.

Local e data ________________________

Nome e Assinatura do participante ou do responsável

legal:_________________________________________________________________________

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APÊNDICE 2 – FORMULÁRIO DE ENTREVISTA

UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM DESENVOLVIMENTO E MEIO AMBIENTE

UNIDADES DE CONSERVAÇÃO COMO FORNECEDORAS DE SERVIÇOS AMBIENTAIS

ENTREVISTA

A. Informações Pessoais

1) Idade:

a) 18 a 24 anos

b) 25 a 34 anos

c) 35 a 44 anos

d) 45 a 54 anos

e) 55 a 64 anos

f) Mais de 65 anos

2) Sexo:

a) Masculino

b) Feminino

3) Onde reside (Cidade/Comunidade/Assentamento):

a) Na zona de amortecimento

b) Fora da zona de amortecimento

4) Escolaridade:

a) Fundamental

b) Médio

c) Curso técnico (Qual?):

d) Curso superior (Qual?):

e) Pós-graduação (Qual?):

B. Caracterização da Instituição a que Pertence

5) Nome da entidade:

6) Que cargo ocupa: presidente

7) Qual o ano de início do funcionamento da instituição?

8) Qual a área geográfica de atuação da instituição?

a) Municipal (Qual?)

b) Litoral Sul

c) Estadual

d) Regional

e) Nacional

f) Internacional

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9) Qual a natureza da organização?

a) Pública

b) Privada

c) Mista

d) ONG

10) Há quanto tempo representa a instituição no Conselho da REBIO Saltinho?

C. Sobre Serviços Ambientais (SA)

11) Você acha que a REBIO fornece SA?

a) Sim

b) Não

c) Não sei

12) Se sim, que serviços ou produtos a REBIO fornece?

a) Frutos

b) Raízes

c) Pescado

d) Caça

e) Mel

f) Lenha

g) Carvão

h) Madeiras

i) Cordas

j) Têxteis

k) Produtos medicinais

l) Água

m) Recreio

n) Educação ambiental

o) Valor espiritual/religioso

p) Purificação do ar

q) Regulação do clima

r) Purificação e regulação dos ciclos das águas

s) Controle de enchentes e de erosão

t) Tratamento de resíduos

u) Desintoxicação

v) Controle de pragas e doenças

w) Polinização

x) Formação dos solos

y) Ciclagem de nutrientes

z) Outros:__________________________________________________________

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13) Você acha que a REBIO fornece serviços ambientais hídricos para as comunidades

do seu entorno?

a) Sim

b) Não

c) Não sei

14) Se sim, quais?

15) Você acha que a contribuição da REBIO para a oferta de serviços ambientais

hídricos pode ser melhorada?

a) Sim

b) Não

c) Não sei

16) Se sim, como?

17) Você acha que a REBIO fornece serviços ambientais culturais?

a) Sim

b) Não

c) Não sei

18) Se sim, quais?

19) Você acha que a contribuição da REBIO para fornecer serviços ambientais culturais

pode ser melhorada?

a) Sim

b) Não

c) Não sei

20) Se sim, como?

21) Você acha que a REBIO contribui para promover a conservação da biodiversidade?

a) Sim

b) Não

c) Não sei

22) Se sim, como?

23) Você acha que a contribuição da REBIO para a conservação da biodiversidade pode

ser ampliada?

a) Sim

b) Não

c) Não sei

24) Se sim, como?

25) Quais os potenciais de serviços ambientais que a UC de Saltinho possui e que não

estão sendo valorizados?

a) Turístico

b) Educacional

c) Religioso

d) Recreativo

e) Hídrico

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f) Biodiversidade

g) Fornecimento de bens (madeira, fibras, ervas etc.)

h) Outros:__________________________________________________________

26) Você acha que uma mudança na categoria de Saltinho melhorará sua capacidade

de fornecer SA?

a) Sim

b) Não

c) Não sei

27) Se a resposta à questão 26 foi sim, qual você acha que deveria ser a categoria mais

adequada para melhorar a capacidade de Saltinho fornecer SA?

a) Estação Ecológica

b) Parque Nacional

c) Monumento Natural

d) Refúgio de Vida Silvestre

e) Floresta Nacional

f) Área de Relevante Interesse Ecológico

g) Reserva de Fauna

28) Imagine agora que você é o novo administrador de Saltinho. Que medidas você

tomaria para ampliar a oferta de serviços ambientais pela UC?

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APÊNDICE 3 – INFORMAÇÕES FORNECIDAS AOS ENTREVISTADOS SOBRE

UNIDADES DE CONSERVAÇÃO

UNIDADE DE CONSERVAÇÃO: área com características naturais importantes e limites bem definidos, que por isso é protegida pelo poder público visando a sua conservação. UNIDADES DE CONSERVAÇÃO DE PROTEÇÃO INTEGRAL são aquelas cujo objetivo é preservar a natureza. Nelas só é permitido o uso indireto dos seus recursos naturais. UNIDADES DE CONSERVAÇÃO DE USO SUSTENTÁVEL são aquelas cujo objetivo é conjugar a conservação da natureza com o uso sustentável de parte dos seus recursos naturais. UNIDADES DE CONSERVAÇÃO DE PROTEÇÃO INTEGRAL: I - ESTAÇÃO ECOLÓGICA; II - RESERVA BIOLÓGICA; III - PARQUE NACIONAL; IV - MONUMENTO NATURAL; V - REFÚGIO DE VIDA SILVESTRE. UNIDADES DE CONSERVAÇÃO DE USO SUSTENTÁVEL: I - ÁREA DE PROTEÇÃO AMBIENTAL; II - ÁREA DE RELEVANTE INTERESSE ECOLÓGICO; III - FLORESTA NACIONAL; IV - RESERVA EXTRATIVISTA; V - RESERVA DE FAUNA; VI - RESERVA DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL; VII - RESERVA PARTICULAR DO PATRIMÔNIO NATURAL.

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UNIDADES DE PROTEÇÃO INTEGRAL

A ESTAÇÃO ECOLÓGICA tem como objetivo a preservação da

natureza e a realização de pesquisas científicas.

RESERVA BIOLÓGICA é uma unidade de conservação de

proteção integral da natureza onde só é permitida a interferência

humana direta com objetivo de: recuperar a parte da natureza que

foi alterada, promover a educação ambiental, a pesquisa científica e

a fiscalização.

O PARQUE NACIONAL tem como objetivo básico a preservação

de ecossistemas naturais de grande relevância ecológica e beleza

cênica, possibilitando a realização de pesquisas científicas e o

desenvolvimento de atividades de educação e interpretação

ambiental, de recreação em contato com a natureza e de turismo

ecológico.

O MONUMENTO NATURAL tem como objetivo básico preservar

sítios naturais raros, singulares ou de grande beleza cênica.

O REFÚGIO DE VIDA SILVESTRE tem como objetivo proteger

ambientes naturais onde se asseguram condições para a existência

ou reprodução de espécies ou comunidades da flora local e da

fauna residente ou migratória.

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163

UNIDADES DE USO SUSTENTÁVEL

A ÁREA DE PROTEÇÃO AMBIENTAL é uma área em geral extensa,

com um certo grau de ocupação humana, dotada de atributos

abióticos, bióticos, estéticos ou culturais especialmente importantes

para a qualidade de vida e o bem-estar das populações humanas, e

tem como objetivos básicos proteger a diversidade biológica,

disciplinar o processo de ocupação e assegurar a sustentabilidade do

uso dos recursos naturais.

A ÁREA DE RELEVANTE INTERESSE ECOLÓGICO é uma área em

geral de pequena extensão, com pouca ou nenhuma ocupação

humana, com características naturais extraordinárias ou que abriga

exemplares raros da biota regional, e tem como objetivo manter os

ecossistemas naturais de importância regional ou local e regular o uso

admissível dessas áreas, de modo a compatibilizá-lo com os objetivos

de conservação da natureza.

A FLORESTA NACIONAL é uma área com cobertura florestal de

espécies predominantemente nativas e tem como objetivo básico o

uso múltiplo sustentável dos recursos florestais e a pesquisa científica,

com ênfase em métodos para exploração sustentável de florestas

nativas.

A RESERVA EXTRATIVISTA é uma área utilizada por populações

extrativistas tradicionais, cuja subsistência baseia-se no extrativismo

e, complementarmente, na agricultura de subsistência e na criação de

animais de pequeno porte, e tem como objetivos básicos proteger os

meios de vida e a cultura dessas populações, e assegurar o uso

sustentável dos recursos naturais da unidade.

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164

A RESERVA DE FAUNA é uma área natural com populações animais

de espécies nativas, terrestres ou aquáticas, residentes ou

migratórias, adequadas para estudos técnico-científicos sobre o

manejo econômico sustentável de recursos da fauna.

A RESERVA DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL é uma área

natural que abriga populações tradicionais, cuja existência baseia-se

em sistemas sustentáveis de exploração dos recursos naturais,

desenvolvidos ao longo de gerações e adaptados às condições

ecológicas locais e que desempenham um papel fundamental na

proteção da natureza e na manutenção da diversidade biológica.

A RESERVA PARTICULAR DO PATRIMÔNIO NATURAL é uma

área privada, gravada com perpetuidade, com o objetivo de conservar

a diversidade biológica.

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165

APÊNDICE 4 – INFORMAÇÕES FORNECIDAS AOS ENTREVISTADOS SOBRE SERVIÇOS

AMBIENTAIS

SERVIÇOS AMBIENTAIS são os benefícios que as pessoas obtêm da natureza.

SERVIÇOS AMBIENTAIS são os processos pelos quais o meio ambiente produz recursos que usualmente tomamos como presentes. SERVIÇOS DE FORNECIMENTO são aqueles relacionados com a capacidade da natureza em prover bens, como alimentos (frutos, raízes, pescado, caça, mel); matéria-prima para a geração de energia (lenha, carvão); fibras (madeiras, cordas, têxteis); produtos medicinais; e água (serviço ambiental hídrico). SERVIÇOS DE REGULAÇÃO são os benefícios obtidos a partir de processos naturais que regulam as condições ambientais que sustentam a vida humana, como a purificação do ar, regulação do clima, purificação e regulação dos ciclos das águas, controle de enchentes e de erosão, tratamento de resíduos, desintoxicação e controle de pragas e doenças. SERVIÇOS CULTURAIS são os benefícios não materiais obtidos da natureza, como por exemplo, o recreio, a educação, o valor espiritual, o valor religioso e outros benefícios não-materiais. SERVIÇOS DE SUPORTE são os serviços necessários para a produção de todos os outros serviços ambientais, como, por exemplo, a polinização, a formação dos solos e os ciclos de nutrientes.

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166

APÊNDICE 5 – QUESTIONÁRIO APLICADO A PESQUISADORES

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167

APÊNDICE 6 – LISTA DE PESQUISAS REALIZADAS EM SALTINHO CADASTRADAS NO SISBIO

Item Título do Projeto

de Pesquisa Pesquisador Instituição

Data licença

Assunto Status Publicações Resultantes

1

Regeneração natural de espécies arbóreas de floresta ombrófila densa em sub-bosque de eucalyptus sp e pinus sp na Zona da Mata Sul de Pernambuco

Antonia Lidiane de Alencar

UFRPE 26/11/2007

Regeneração de espécies da Mata Atlântica

Concluída

Dissertação "Regeneração natural de espécies arbóreas de floresta ombrófila densa em sub-bosque de Eucalyptus saligna Smith. e Pinus caribaea Morelet var. caribaea e estudo alelopático na Zona da Mata Sul de PE"

2

Florística e fitossociologia do componente arbóreo de um fragmento de floresta ombrófila densa em toposseqüência na Zona da Mata pernambucana

Lucineide de Jesus Teixeira

UFRPE 6/12/2007

Regeneração de espécies da Mata Atlântica

Concluída

Dissertação "Fitossociologia e florística do componente arbóreo em toposseqüência na reserva biológica de Saltinho, Pernambuco" e Artigo: "TEIXEIRA, L. J. ; FELICIANO, A. L. P. ; GALINDO, I. C. L. ; MARTINS, C. M. ; ALENCAR, A. L. . Relações entre a florística arbórea e características do solo em um fragmento de Floresta Atlântica, Tamandaré PE. Floresta (Online) (Curitiba), v. 40, p. 625/18924-66912-634, 2010."

3

Interações entre primatas: nativo (Callithrix Jacchus) e introduzido (Saimiri Sp.), na Reserva Biológica de Saltinho, Tamandaré-PE

Fátima Luciana Miranda

Camarotti

UFPE 8/2/2008 Espécies Exóticas

Invasoras Concluída

Dissertação "Interações entre primatas: nativo (Callithrix jacchus) e introduzido (Saimiri sp.), na Reserva Biológica de Saltinho, Tamandaré-PE" .

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168

Item Título do Projeto

de Pesquisa Pesquisador Instituição

Data licença

Assunto Status Publicações Resultantes

4

Insetos galhadores da Caatinga, Brejos de Altitude e Mata Atlântica pernambucana: diversidade e ecologia evolutiva

Jean Carlos Santos

UFPE 20/6/2008

Inventários/ Estudos de diversidade e distribuição geográfica

Concluída

Artigo: SANTOS, J.C., ALMEIDA-CORTEZ, J.S. & FERNANDES, G.W. Gall-inducing insects from Atlantic forest of Pernambuco, Northeastern Brazil. Biota Neotrop. 12(3): http://www.biotaneotropica.org.br/v12n3/en/abstract?inventory+bn00812032012 .

5

Flora, ecologia e relação geográfica das briófitas de remanescentes da Floresta Atlântica

Kátia Cavalcanti Pôrto

UFPE 1/7/2008

Inventários/ Estudos de diversidade e distribuição geográfica

Concluída Sem resposta

6

Estrutura de comunidades de pequenos mamíferos terrestres (roedores e marsupiais) no Nordeste brasileiro.

Alexandre Ramlo Torre Palma

UFPB 9/7/2009

Inventários/ Estudos de diversidade e distribuição geográfica

Concluída

Artigo: Asfora, P. H.; Palma, A. R. T. ; Astúa, D. and Geise, L. Distribution of Oecomys catherinae Thomas, 1909 (Rodentia: Cricetidae) in northeastern Brazil; with karyotypical and morphometrical notes. Biota Neotrop. Apr/Jun 2011 vol. 11, no. 2. Disponível em: http://www.biotaneotropica.org.br/v11n2/en/abstract?inventory+bn00811022011

7

Diversidade, diferenciação e biogeografia de pequenos mamíferos não-voadores da Floresta Atlântica Nordestina ao norte do Rio São Francisco – Centro de Endemismo Pernambuco

Lena Geise UERJ 1/9/2009

Inventários/ Estudos de diversidade e distribuição geográfica

Concluída Tese "Diversidade, diferenciação e biogeografia de pequenos mamíferos não-voadores na Mata Atlântica ao norte do rio São Francisco – Centro de Endemismo Pernambuco"

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169

Item Título do Projeto

de Pesquisa Pesquisador Instituição

Data licença

Assunto Status Publicações Resultantes

8

Inventário faunístico de Ephemeroptera (Insecta) da área de Mata Úmida do Estado de Pernambuco, Brasil

Lucas Ramos Costa Lima

UFPE 11/9/2009

Inventários/ Estudos de diversidade e distribuição geográfica

Concluída

Dissertação "Inventário dos efemerópteros (Insecta: Ephemeroptera) da Zona da Mata de Pernambuco, Nordeste do Brasil". 4 Artigos: 1. Ephemeroptera (Insecta) from Pernambuco State, northeastern Brazil (Revista Brasileira de Entomologia) (2012); 2. Two-winged Cloeodes in Brazil: New species, stage description, and key to South American species (Journal of Insect Science) (2013); 3. A new species and new records of microcaddisflies (Trichoptera: Hydroptilidae) from northeastern Brazil (2013) (Zootaxa); 4. Trichoptera (Insecta) from Pernambuco State, Northeastern Brazil (Journal of Natural History) (2013).

9

Fungos (Ascomycota) da mata Atlântica da Bahia e Pernambuco

Nadja Santos Vitória

UFPE 12/11/2009

Inventários/ Estudos de diversidade e distribuição geográfica

Concluída Dissertação "Diversidade de Ascomycota em palmeiras nativas e exóticas em áreas de Mata Atlântica nos Estados da Bahia e de Pernambuco"

10

Genética da conservação e associação micorrízica em populações de Cattleya labiata Lindl. e C. warneri T.Moore (Orchidaceae)

Paulo Ricardo Machado de Almeida

UEFS 17/12/2009 Genética da conservação

Concluída Tese "Genética da Conservação e Associação Micorrízica em Populações de Cattleya labiata Lindl. e C. warneri T.Moore (Laeliinae, Orchidaceae)".

11

Myrtaceae na Floresta Atlântica de Terras Baixas do Estado de Pernambuco

Bruno Sampaio Amorim

UFPE 15/1/2010 Revisão taxonômica

Concluída Dissertação "Myrtaceae na Floresta Atlântica de Terras Baixas do Estado de Pernambuco"

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Item Título do Projeto

de Pesquisa Pesquisador Instituição

Data licença

Assunto Status Publicações Resultantes

12

Monitoramento populacional de Saimiri na Reserva Biológica de Saltinho

Valdir Luna da Silva

UFPE 24/2/2010 Espécies Exóticas Invasoras

Concluída Sem resposta

13

Levantamento espongiofaunístico da Reserva Biológica de Saltinho, Tamandaré (PE)

Ulisses dos Santos Pinheiro

UFPE 10/6/2010

Inventários/ Estudos de diversidade e distribuição geográfica

Concluída Dissertação "Taxonomia das esponjas de águas continentais do Estado de Pernambuco".

14

Aspectos ecológicos dos Anfíbios Anuros da Reserva Biológica de Saltinho – PE

Edson Victor Euclides de Andrade

IBAMA 15/10/2010

Inventários/ Estudos de diversidade e distribuição geográfica

Concluída

DISSSERTAÇÃO: “Influência das rodovias PE-060 e E-076 sobre a anurofauna de solo na reserva biológica saltinho, Pernambuco.” MONOGRAFIA DE ESPECIALIZAÇÃO: “Proposta de Manejo das Rodovias da REBIO Saltinho para mitigação do impacto sobre a anurofauna de solo.” ARTIGOS: 1. LISBOA, E. B. F.; FIGUEIRÊDO-JÚNIOR, J. M. ; Melo, I.; ANDRADE, E. V. E.; MOURA, G. J. B. . Geographic distribution: Rhinella margaritifera.. Herpetological Review, v. 43, p. 99-99, 2012 2. LISBOA, E. B. F. ; MOURA, G. J. B. ; Melo, I.; ANDRADE, E. V. E.; FIGUEIRÊDO-JÚNIOR, J. M. Aspectos ecológicos de Hypsiboas semilineatus (AMPHIBIA, ANURA, HYLIDAE) em fragmento de Mata Atlântica, Nordeste do Brasil. Revista Ibero-Americana de Ciências Ambientais, v. 02, p. 21-30, 2011. 3. ANDRADE, E. V. E.; MOURA, G. J. B. Proposta de manejo das rodovias da REBIO Saltinho para mitigação do impacto sobre a anurofauna de solo. Revista Ibero-Americana de Ciências Ambientais, v. 02, p. 24-38, 2011.

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171

Item Título do Projeto

de Pesquisa Pesquisador Instituição

Data licença

Assunto Status Publicações Resultantes

15

Distribuição geográfia, revisão taxonômica e sistemática filogenética do complexo Phrynops Geoffroanus Schweigger 1812 (testudines: chelidae)

Richard Carl Vogt

INPA 28/11/2010

Inventários/ Estudos de diversidade e distribuição geográfica

Concluída Sem resposta

16

A Família Lauraceae Juss. na Floresta Atlântica ao Norte do Rio São Francisco

Suellen de Oliveira Santos

UFPE 3/12/2010 Revisão taxonômica

Concluída Dissertação "Lauraceae Juss. ao Norte da Floresta Atlântica".

17

Prevenção de incêndios em unidades de conservação: da formação da equipe técnica ao desenvolvimento de estratégias

Gínia César Bontempo

UFV 27/1/2011 Gestão de UCs Concluída Tese "Impactos e Realidade dos Incêndios Florestais nas Unidades de Conservação Brasileiras"

18

Atividade Antimicrobiana de Plantas da Floresta Atlântica de Pernambuco

Alexandre Gomes da Silva

IPA 28/1/2011

Geração de conhecimento para atividades econômicas/ medicina

Em andamento

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172

Item Título do Projeto

de Pesquisa Pesquisador Instituição

Data licença

Assunto Status Publicações Resultantes

19 Basidiomycota no Nordeste do Brasil

Tatiana Baptista Gibertoni

UFPE 26/8/2013

Inventários/ Estudos de diversidade e distribuição geográfica

Em andamento

Dissertações: 1. Diversidade de Agaricomycetes terricola (clavarioide, estereoides e poroides) em Mata Atlântica de Pernambuco , Brasil. 2. "Fungos agaricóides (agaricales, basidiomycota) da Reserva Biológica Saltinho, Pernambuco: diversidade e aspectos moleculares".

20

Quiropterocoria: a dispersão de sementes de Piper spp. por morcegos em uma reserva de Mata Atlântica de Pernambuco

Enrico Bernard

UFPE 28/6/2011

Regeneração de espécies da Mata Atlântica

Concluída

Monografia "Fenologia e disponibilidade de sementes de três espécies de piper (Piperaceae) na Reserva Biológica de Saltinho (PE) e suas relações com morcegos dispersores (Chiroptera: Phyllostomidae)" e uma nota submetida a Chiroptera Neotropical intitulada "Seed load of Piper marginatum, a bat-dispersed species in the Atlantic Forest of Northeastern Brazil".

21

Diversidade e endemismo das aranhas da família Pholcidae (Arachnida Araneae) a través de um mega-transecto no bioma da Mata Atlântica

Abel Pérez González

UFRJ 22/7/2011

Inventários/ Estudos de diversidade e distribuição geográfica

Em andamento

22

Cyclanthaceae do bioma Mata Atlântica: anatomia foliar e taxonomia

Bernardo Nunes da Silva

Museu Nacional

(UFRJ) 9/9/2011

Revisão taxonômica

Concluída Dissertação "Cyclanthaceae do Bioma Mata Atlântica:Anatomia foliar e Taxonomia".

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173

Item Título do Projeto

de Pesquisa Pesquisador Instituição

Data licença

Assunto Status Publicações Resultantes

23

Dinâmica da regeneração natural em sub-bosque de dois povoamentos florestais de espécies exóticas na Reserva Biológica de Saltinho, Tamandaré-PE

Izabela Souza Lopes

UFRPE 22/12/2011

Regeneração de espécies da Mata Atlântica

Concluída Dissertação "Dinâmica da Regeneração Natural em Sub-Bosque de Eucalyptus saligna Smit. e Pinus caribaea Morelet. var. caribaea na Reserva Biológica de Saltinho, Tamandaré-PE".

24

Análise cromossômica molecular em morcegos da família Phyllostomidae do Estado de Pernambuco: localização dos sítios DNAr 5S, 18S e dos genes de histonas H3 e H4.

Neide Santos UFPE 25/1/2012

Mapeamento genético/ processos evolutivos

Em andamento

Tese "Mapeamento cromossômico de genes ribossomais 45S e 5S e de genes das histonas H3 e H4 em espécies de morcegos Phyllostomidae do Estado de Pernambuco". Monografias: 1)Mapeamento cromossômico de sequências de DNA repetitivo em Carollia perspicillata (PLYLLOSTOMIDAE, CHIROPTERA). 2)Mapeamento cromossômico dos genes ribossomais 45S, 5S e sequência telomérica nos morcegos Artibeus lituratus E Artibeus planirostris (CHIROPTERA: PHYLLOSTOMIDAE) 3)Morcegos do estado de Pernambuco coletados pelo grupo de estudos em genética e citogenética animal da UFPE (1995-2012).

25

Desenvolvimento de estratégias de alimentação e sistemas de cultivo para otimização da larvicultura do camarão pitu Macrobrachium carcinus (LINNAEUS, 1758).

Eudes de Souza Correia

UFRPE 26/11/2012

Geração de conhecimento para atividades econômicas/ medicina

Em andamento

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174

Item Título do Projeto

de Pesquisa Pesquisador Instituição

Data licença

Assunto Status Publicações Resultantes

26

Índices de vegetação como subsídio para a gestão do uso e ocupação do solo na zona de amortecimento da Reserva Biológica de Saltinho, Tamandaré-Pernambuco.

Josemary Santos e Silva

UFPE 30/1/2013 Gestão de UCs Concluída Dissertação "Índices de vegetação (ndvi, ivas, iaf, ndwi) como subsídio à gestão do uso e ocupação do solo na zona de amortecimento da Reserva Biológica de Saltinho, Pernambuco".

27

Estudo da comunidade de Elaeis guineensis Jacq na Reserva Biológica de Saltinho no município de Tamandaré, PE.

Vanessa Silva dos Santos

UFRPE 8/2/2013 Espécies Exóticas Invasoras

Em andamento

28

Efeitos da população de Artocarpus heterophyllus Lam. sobre a estrutura do componente arbóreo na Reserva Biológica de Saltinho, Tamandaré, PE

Sabine Geiseler

UFRPE 8/2/2013 Espécies Exóticas Invasoras

Em andamento

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175

Item Título do Projeto

de Pesquisa Pesquisador Instituição

Data licença

Assunto Status Publicações Resultantes

29

Colonização de macroinvertebrados bentônicos em detritos foliares em riacho de 1ª ordem da Reserva Biológica de Saltinho, Pernambuco.

Gilberto Gonçalves Rodrigues

UFPE 13/2/2013

Inventários/ Estudos de diversidade e distribuição geográfica

Em andamento

30

Biogeografia e sistemática de opiliões da Mata Atlântica

Marcio Bernardino da Silva

UFPB 19/2/2013

Inventários/ Estudos de diversidade e distribuição geográfica

Em andamento

31

Myxomycetes em ambientes restritivos e habitats especiais no estado de Pernambuco

Laise De Holanda Cavalcanti Andrade

UFPE 21/2/2013

Inventários/ Estudos de diversidade e distribuição geográfica

Em andamento

32

Contribuições a Taxonomia e Biogeografia de Ephemeroptera e Trichoptera (Insecta) para o Estado de Pernambuco

Lucas Ramos Costa Lima

UFPE 17/4/2013

Inventários/ Estudos de diversidade e distribuição geográfica

Em andamento

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176

Item Título do Projeto

de Pesquisa Pesquisador Instituição

Data licença

Assunto Status Publicações Resultantes

33

Investigando a riqueza de Agaricomycetes nas regiões norte e nordeste do Brasil através de ferramentas clássicas e moleculares

Victor Rafael Matos Coimbra

UFPE 18/4/2013

Inventários/ Estudos de diversidade e distribuição geográfica

Em andamento

34

Revisão, Filogenia, Evolução e Biogeografia de Amorimia (Malpighiaceae)

Rafael Felipe de Almeida rafael

UEFS 6/5/2013 Revisão taxonômica

Em andamento

35

Padrões de diversidade e estrutura genética do complexo Cryptanthus zonatus (Bromeliaceae)

Geyner Alves dos Santos Cruz

UFPE 22/5/2013 Revisão taxonômica

Em andamento

36

Estudos Filogenéticos e Filogeográficos com as Bromelioideae do Escudo Leste Brasileiro através de Marcadores de DNA, ênfase no gênero Hohenbergia.

Rodrigo César Gonçalves de Oliveira

UFPE 20/6/2013 Estudos filogenéticos e filogeográficos

Em andamento

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177

Item Título do Projeto

de Pesquisa Pesquisador Instituição

Data licença

Assunto Status Publicações Resultantes

37

Distribuição de espécies e conservação da biodiversidade de Scarabaeinae em ecossistema de restinga

Cristiane Maria Queiroz da Costa

UFLA 27/6/2013

Inventários/ Estudos de diversidade e distribuição geográfica

Em andamento

38

Sistemática e Biogeografia de Ficus (Moraceae) no Bioma Mata Atlântica

Anderson Ferreira Pinto Machado

UEFS 28/6/2013 Estudos filogenéticos e filogeográficos

Em andamento

39

Aplicação de informações científicas na gestão de unidades de conservação

Marco Antônio Portugal Luttembarck Batalha

UFSCAR 5/8/2013 Gestão de UCs Em andamento

40

Fungos micorrízicos arbusculares em unidades de conservação do Nordeste do Brasil

Camilla Maciel Rabelo Pereira

UFPE 12/8/2013

Inventários/ Estudos de diversidade e distribuição geográfica

Em andamento

41

A análise de serviços ambientais como ferramenta na aplicação de metodologias de valoração de danos ambientais

João Pedro Pinheiro Vieira

UFSC 16/8/2013 Serviços ambientais

Em andamento

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178

Item Título do Projeto

de Pesquisa Pesquisador Instituição

Data licença

Assunto Status Publicações Resultantes

42

Análise filogeográfica das espécies do gênero Aglaoctenus (Araneae, Lycosidae)

Fernanda von Hertwig Mascarenhas Fontes

UNICAMP 28/8/2013

Mapeamento genético/ processos evolutivos

Em andamento

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APÊNDICE 7 – MODELO DE FORMULÁRIO PARA CONTROLE DE VISITAÇÃO

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ANEXO 1 – ART. 5º DO REGIMENTO INTERNO DO CONSELHO DA REBIO SALTINHO

Art. 5º - O Conselho Consultivo da Reserva Biológica de Saltinho apresenta sua

composição definida por segmentos, totalizando 48 membros, sendo 23 titulares, 23

suplentes e dois Convidados Especiais, a saber:

I - Um representante do Instituto Chico Mendes de Conservação da

Biodiversidade – ICMBio, que o presidirá.

II - Segmento Municípios:

a) Titular: Prefeitura Municipal de Tamandaré; Suplente: Câmara Municipal de

Tamandaré;

b) Titular: Prefeitura Municipal de Rio Formoso; Suplente: Prefeitura Municipal

de Barreiros.

III – Segmento Ensino e Pesquisa:

a) Titular: Universidade Federal Rural de Pernambuco – UFRPE; Suplente:

Universidade Federal Rural de Pernambuco – UFRPE;

b) Titular: Universidade Federal de Pernambuco – UFPE; Suplente: Instituto

Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Pernambuco – IFPE / campus Barreiros;

c) Titular: Faculdade de Formação de Professores da Mata Sul – FAMASUL;

Suplente: Gerência Regional de Educação de Barreiros – GERE Barreiros.

IV – Segmento Meio Ambiente e Reforma Agrária:

a) Titular: Agência Estadual de Meio Ambiente – CPRH; Suplente: Secretaria de

Ciência, Tecnologia e Meio Ambiente – SECTMA [atual SEMAS];

b) Titular: Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária – INCRA;

Suplente: Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária – INCRA.

V – Segmento Empreendimentos:

a) Titular: Departamento de Estradas e Rodagens – DER; Suplente:

Departamento Estadual de Rodagem – DER;

b) Titular: Companhia Pernambucana de Saneamento – COMPESA; Suplente:

Companhia Pernambucana de Saneamento – COMPESA.

VI – Segmento Entidades Civis Ambientalistas:

a) Titular: Associação para Proteção da Mata Atlântica do Nordeste – AMANE;

Suplente: Centro Sabiá;

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b) Titular: Centro de Pesquisas Ambientais do Nordeste – CEPAN; Suplente:

Associação Pernambucana de Defesa da Natureza – ASPAN.

VII – Segmento Colegiados de Gerenciamento de Recursos Naturais:

a) Titular: Conselho Municipal de Meio Ambiente de Rio Formoso; Suplente:

Conselho Municipal de Meio Ambiente de Tamandaré.

VIII – Segmento Assentamentos Rurais:

a) Titular: Assentamento Laranjeiras; Suplente: Assentamento Baeté;

b) Titular: Assentamento Mato Grosso; Suplente: Assentamento Sauezinho.

IX – Segmento Trabalhadores Rurais:

a) Titular: Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Tamandaré – STR Tamandaré;

Suplente: Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Barreiros – STR Barreiros;

b) Titular: Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Rio Formoso – STR Rio

Formoso; Suplente: Sindicato de Trabalhadores Rurais da Agricultura Familiar –

SINTRAF.

X – Segmento Produtores Rurais:

a) Titular: Usina Trapiche; Suplente: Federação da Agricultura do Estado de

Pernambuco – FAEPE;

b) Titular: Engenho Onça Velha; Suplente: Granja União.

XI – Segmento Setor Sucro-alcooleiro:

a) Titular: Sindicato da Indústria do Açúcar e do Álcool do Estado de

Pernambuco – SINDAÇUCAR/PE; Suplente: Federação das Indústrias do Estado de

Pernambuco – FIEPE;

b) Titular: Associação dos Fornecedores de Cana-de-açúcar de Pernambuco –

AFCP; Suplente: Sindicato dos Cultivadores de Cana de Pernambuco – SINDICAPE.

XII – Segmento Proteção à Unidade:

a) Titular: Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais

Renováveis – IBAMA; Suplente: Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos

Naturais Renováveis – IBAMA.

b) Titular: Companhia Independente de Polícia do Meio Ambiente – CIPOMA;

Suplente: Companhia Independente de Polícia do Meio Ambiente – CIPOMA.

Convidados Especiais:

a) Superintendência do Patrimônio da União em Pernambuco – SPU/PE.

b) 10° Batalhão da Polícia Militar – BPM Palmares

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ANEXO 2 – RESULTADO DA ANÁLISE DA ÁGUA REALIZADA QUANDO DA

ELABORAÇÃO DO PLANO DE MANEJO DA REBIO SALTINHO – PONTO 1

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ANEXO 3 – RESULTADO DA ANÁLISE DA ÁGUA REALIZADA QUANDO DA

ELABORAÇÃO DO PLANO DE MANEJO DA REBIO SALTINHO – PONTO 2