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UNIDADE CURRICULAR DE GERIATRIA Faculdade de Medicina - Universidade de Coimbra. Regente: Prof. Doutor Manuel Teixeira Veríssimo. Ano Letivo: 2012 - 2013. Sumário das aulas. Definição, teorias e demografia do envelhecimento Anatomofisiologia do envelhecimento e suas relações clínicas - PowerPoint PPT PresentationTRANSCRIPT
UNIDADE CURRICULAR DE GERIATRIA
Faculdade de Medicina - Universidade de Coimbra
Regente: Prof. Doutor Manuel Teixeira Veríssimo
Ano Letivo: 2012 - 2013
Sumário das aulas1. Definição, teorias e demografia do envelhecimento 2. Anatomofisiologia do envelhecimento e suas relações
clínicas3. Tipos de envelhecimento / envelhecimento saudável4. História clínica do idoso5. Avaliação multidimensional do idoso6. Particularidades clínicas do idoso7. Síndromes geriátricas18. Síndromes geriátricas 29. Farmacologia do idoso10. Nutrição do idoso11. Atividade física no idoso
DISCIPLINA DE GERIATRIA Aula teórica 1
Definição, teorias e demografia do envelhecimento
Manuel Teixeira Veríssimo
Definições
GeriatriaRamo da medicina que estuda as doenças do idoso
• Interessa essencialmente médicos e outros técnicos de saúde
GerontologiaCiência que estuda o processo do envelhecimento
• Abarca todas as áreas com interesse no envelhecimento– Sociólogos, biólogos, médicos, epidemiologistas,
antropologistas, etc.
Definição de envelhecimento
• Processo intrínseco dinâmico e progressivo no qual há modificações morfológicas, fisiológicas, bioquímicas e psicológicas que determinam perda progressiva da capacidade de adaptação do indivíduo ao meio ambiente, ocasionando maior vulnerabilidade e maior incidência de processos patológicos que terminam por levá-lo à morte.
Definição de envelhecimento
• Ladislas Robert (1994):
É a perda progressiva e irreversível da capacidade de adaptação do organismo às condições do ambiente.
Características dos mecanismos implicados no envelhecimento
Características dos mecanismos implicados:
- são progressivos - são nocivos - são irreversíveis - São comuns a todos os seres vivos,
embora variem de espécie para espécie.
Teorias sobre envelhecimento
Existem mais de 300 teorias para explicar o envelhecimentoMuitas estão ultrapassadas eTodas as outras são incompletas na sua explicação
O envelhecimento não pode ser reduzido a uma
única causa, dependente de um único mecanismo biológico
O envelhecimento é multifactorial devendo ser visto como um intrincado de mecanismos para os quais ainda não há explicação completa.
Teorias do envelhecimento
Teorias EstocásticasLesão/reparação do ADNOxidação/radicais livresADN mitocondrialRadiações
Teorias DeterministasMutações somáticasGenéticaNeuroimunoendócrinaTelomerases
O envelhecimento é consequ-ência de lesões sucessivas que conduzem ao desgaste, disfunção celular e morte bemtraduzidas pela expressão “desgaste e ruptura”.
O envelhecimento é consequ-ência directa de um programa genético, sendo o genoma um
tipo de relógio molecular, biológico.
- Hayflick defende que o nº de vezes que uma - célula se reproduz está geneticamente determinado
Idade de início do envelhecimento
Controversa. Segundo a maioria dos Autores: - Período seguinte à fase de maturidade - Fim da 2ª década de vida, mantendo-se pouco perceptível
por mais uma década - Cerca dos 23 A - Dependendo dos órgãos, aceita-se que haja uma perda de
função de 1%/ano depois dos 30A O timo e os ovários são os órgãos que mais
rapidamente envelhecem
Demografia do Envelhecimento
O aumento crescente do nº de idosos e sobretudo de muito idosos é uma realidade universal.
Existem actualmente cerca de 400 milhões de idosos em todo o Mundo prevendo-se que em 2020 sejam mais de 1000 milhões.
60-70% dos idosos pertencem aos países desenvolvidos.
Envelhecimento no Mundo
Idosos no Mundo
Demografia do envelhecimento
II
Envelhecimento em PortugalVI
INE - 2007
Homens Mulheres
0,01,02,03,04,05,0
0,0 1,0 2,0 3,0 4,0 5,0
100+95-9990-9485-8475-7970-7465-6960-6455-5950-5445-4940-4435-3930-3425-2920-2415-1910-145-90-4
0,01,02,03,04,05,0 0,0 1,0 2,0 3,0 4,0 5,0
100+95-9990-9485-8475-7970-7465-6960-6455-5950-5445-4940-4435-3930-3425-2920-2415-1910-14
5-90-4
0,01,02,03,04,05,0 0,0 1,0 2,0 3,0 4,0 5,0
100+95-9990-9485-8475-7970-7465-6960-6455-5950-5445-4940-4435-3930-3425-2920-2415-1910-145-90-4
00,01,02,03,04,05,06,0 0,0 1,0 2,0 3,0 4,0 5,0 6,
100+95-9990-9485-8475-7970-7465-6960-6455-5950-5445-4940-4435-3930-3425-2920-2415-1910-14
5-90-4
Homens MulheresHomens Mulheres
Homens Mulheres
1960 2005
2025 2050
Envelhecimento em Portugal
Census de 2011:19,1% da população tem mais de 65 A> 1.9 milhão de idosos
Previsão para 2050:1/3 da população > 3 milhões de idosos
Esperança de vida em Portugal
Masc. Fem.
1981 68.2 75.2
1990 70.5 77.5
1995 71.5 78.6
2001 73.4 80.4
2006 75.2 81.7
2011 ± 76 ± 82
Evolução da esperança de vida em Portugal
1920 1930 1940 1950 1960 1970 1980 1990 1995 2000 2005 201130
40
50
60
70
80
90
35.8
44.8
48.6
55.5
60.7
64.2
69.170.2
71.573.4
75.2 75.3
40
49.2
52.8
60.5
66.4
70.8
76.7 77.378.6
80.481.7 82
masculino feminino
Causas do envelhecimento demográfico
Melhoria das condições sócio-económicas
Melhoria dos cuidados de saúde
Migrações e guerras
Diminuição da natalidade
Consequências do Envelhecimento Demográfico
Económicas
Sociais
Sanitárias
Éticas
Consequências Económicas
< % de população produtiva
> % de população dependente
> despesa com a segurança social
Consequências Sociais
< mobilidade social
Alterações das relações profissionais
Alterações das relações familiares
Conflito de gerações
> necessidade de instituições de assistência ao idoso
Consequências Sanitárias
> nº de doentes ou em risco.
> consumo de cuidados primários.
> consumo de cuidados diferenciados.
> consumo de medicamentos.
> necessidade de pessoal especializado.
Necessidade de instituições especializadas.
Consequências Éticas
Problemas do doente crónico e terminal.
Problemas da morte.
Disciplina de Geriatria Aula teórica 2
Anátomo-fisiologia do envelhecimento e suas implicações clínicas
Manuel Teixeira Veríssimo
Anátomo-fisiologia do envelhecimento
O envelhecimento pode ser entendido como um processo dinâmico e progressivo, no qual há: Alterações morfológicas, funcionais e bioquímicas Que vão alterando progressivamente o organismoTornando-o mais susceptível ás agressões
extrínsecas e intrínsecasQue terminam por levá-lo à morte
Quais são essas alterações?
Alterações com o envelhecimento
Alterações celulares NúcleoCitoplasmaMembranaOutros componentes celulares
Matriz extracelular ColagénioElastina
Alterações dos tecidos e órgãos
Velocidade de envelhecimento dos órgãos e sistemas
O envelhecimento afecta de modo desigual as funções dos tecidos.
- Declínio mais rápido nos tecidos elásticos *Aparelho circulatório *Aparelho respiratório *Pele - Declínio mais lento nos tecidos nervosos *O envelhecimento só anularia a condução nervosa por
volta dos 400A
Variação Inter-Individual do Envelhecimento
A idade cronológica não afecta de igual modo todos os indivíduos.
Razões da variabilidade individual: - Genéticas - Doenças - Condições de vida
Condicionam diferentes tipos de
envelhecimento
Tipos de envelhecimentoNormal ou Fisiológico - Usual ou comum - Bem sucedido ou saudávelPatológico - Associado e acelerado por doenças
durante a vida
Envelhecimento usual ou comum
Os factores extrínsecos intensificam os efeitos do próprio envelhecimentoMá alimentação Sedentarismo AlcoolismoConsumo de drogas PoluiçãoTabagismo StressSono inadequado
Envelhecimento bem sucedido ou saudável
O envelhecimento é apenas influenciado pelos factores intrínsecosSem efeito negativo dos factores extrínsecos
Algumas práticas podem mesmo atrasar o envelhecimentoActividade física regular Alimentação adequadaHábitos higiénicos de vida em geral
Envelhecimento patológico
Situação em que as doenças ao longo da vida aceleram o envelhecimento
Hereditárias Crónicas Acidentais
Progeria
Doenças reumáticas - Artrite reumatóide - Esclerodermia Doenças infecciosas - SIDA - TuberculoseTumores D. cardiovasculares
ParaplégicosTetraplégicosLesões C.E.
ALTERAÇÕES ANÁTOMOFISIOLÓGICAS COM O ENVELHECIMENTO
Modificação a nível da composição corporal
Alterações a nível dos aparelhos e sistemas
Alterações com envelhecimento
Efeito do envelhecimento na composição corporal:
Diminuição da massa magra• Água• Músculo• Osso• Vísceras
Aumento da massa gorda• Predominância da gordura abdominal
Modificação da composição corporal com o envelhecimento
GeraisAlterações farmacodinâmicas
Específicas Relacionadas as modificações
• Da massa gorda• De cada componente da massa magra
Consequências
Consequências da modificação da composição corporal com o envelhecimento
Consequências anatómicas e clínicas da diminuição da massa magra: Tamanho dos órgãos
• Capacidade de reserva funcional dos órgãos Massa muscular
• Força muscular capacidade funcional Água corporal
• Maior risco de desidratação Massa óssea
• Osteoporose fracturas
Consequências da modificação da composição corporal
• Consequências do aumento da massa gorda• Principalmente a nível abdominal
risco de diabetes risco cardiovascular risco cancro do cólon e mama Problemas ortopédicos Outros
Estatura, peso e envelhecimento
A estatura diminui cerca de 1cm por cada 10 anos dos 40 até aos 70, acentuando-se depois essa redução:achatamento das vértebras (osteoporose) redução dos discos inter-vertebrais cifose dorsalarqueamento dos membros inferiores achatamento do arco plantar
O peso aumenta ao longo da idade adulta até atingir um “plateau” por volta dos 60-65 A, tendo depois tendência a diminuir.
Relação peso/estatura e envelhecimento
O IMC (peso/altura²m) é o índice de avaliação nutricional mais usado no Mundo
No idoso tem limitações Sobrevalorizado em relação ao não idoso
• Devido à diminuição da altura
IMC Classificação<18.5 Desnutrição> 18.5 < 25 Normal 25<30 Pré-obesidade 30 ObesidadeOMS - 1998
IMC Classificação<21 Desnutrição 21<25 Risco desnutrição 25 <30 Normal> 30 Obesidade Ferrry e Alix - 2002
Normal Idoso
Alterações morfológicas associadas ao envelhecimento
circunferência do crânio tamanho do nariz e pavilhões auriculares diâmetro antero-posterior e redução do
diâmetro transverso do tórax diâmetro antero-posterior do abdómen e do
diâmetro bi-ilíaco pregas cutâneas dos membros
Distribuição centrípeta da gordura
Alterações morfológicas associadas ao envelhecimento
Despigmentação, perda e enfraquecimento do cabelo
pilosidade corporal, com excepção: No homem: aumento dos pêlos das narinas,
pavilhão auricular e sobrancelhasNa mulher: crescimento dos pelos no lábio superior
e mento Edema da pálpebra inferior
Herniação de gordura e retenção de líquido
Alterações morfológicas associadas ao envelhecimento
A nível da pele: Tendência para a palidez
– Devido à diminuição da quantidade de melanócitos Manchas hiperpigmentadas acastanhadas
• Presentes especialmente nas mãos e face – Devido a alterações do funcionamento dos melanócitos
Equimoses por pequenos traumas • Mais frequentes nas superfícies de extensão
– Devido à menor elasticidade da pele e adelgaçamento da epiderme
Secreção glandular sebácea e sudorípora• Pele mais seca e mais sensível às variações de temperatura e
infecções
Alterações osteoarticulares associadas ao envelhecimento
Fracturas associadas a pequenos traumatismos Vértebras Colo do fémur Rádio
Cifose dorsal Fractura em cunha do corpo vertebral
Artrose com deformação articular Mãos Joelhos Pés
Associadas a osteporose
Alterações musculares associadas ao envelhecimento
Massa muscular Tamanho e n.º de fibras musculares Força muscular
Capacidade funcional Independência
Qualidade de vida Importante a prática regular de actividade física
Contraria esta tendência
Disciplina de Geriatria Aula teórica 3
Anátomo-fisiologia do envelhecimento e suas implicações clínicas (continuação)
Manuel Teixeira Veríssimo
Alterações cardiovasculares associadas ao envelhecimento
Ao contrário dos outros órgãos o coração aumenta de tamanho e de peso com a idade Aumento da espessura das paredes do ventrículo
esquerdo (cerca de 30% entre os 25 e 80A)
Há diminuição do nº de miócitos cardíacos Há aumento do tecido fibroso
Duplicação relação à idade jovem
Diminuição da reserva cardíacaInsuficiência cardíaca
Alterações cardiovasculares associadas ao envelhecimento
A aterosclerose está virtualmente presente em todos os idosos
Espessamento e calcificação valvular Mitral e aórtica mais atingidas
pressão arterial principalmente a sistólica
• 35 mm entre idade jovem e avançada
reflexos barorreceptores A hipotensão postural está presente em a 30-50%
dos idosos acima dos 75A
Sopros Estenose
InsuficiênciaEndocardite
Envelhecimento do aparelho respiratório
O envelhecimento influencia anatómica e funcionalmente o aparelho respiratórioAos 60 anos a resistência elástica da parede torácica
é o dobro da do adulto jovemAlterações torácicas- diâmetro antero-posterior
- diâmetro transverso- altura do tórax
- calcificação das cartilagens condro-costais- rigidez da caixa torácica
- capacidade dos músculos respiratórios
Deterioraçãoda elastina
Volume corrente: =Capacidade vital:Volume residual:
CRI: CRE: VEMS
Envelhecimento do aparelho respiratório
Alterações anatómicas+
Alterações brônquicas- produção de muco- actividade ciliar
+ reflexo da tosse
+ Frequência de aspiração de alimentos
+ defesas imunológicas
Grande vulnerabilidade dos idosos às infecções respiratórias
Envelhecimento do aparelho digestivo
Apresenta grande capacidade de reserva, mas- Disfagia
- - Regurgitação- - Dor retro-esternal- - Engasgamento- - Desnutrição
Perda de dentes quantitativa e qualitativa da saliva
coordenação neuro-muscular do esófago
Estômago produção de ácido clorídrico produção de factor intrínseco
Anemia- ↓Absorção de Vit. B12
- ↓Absorção de ferro
Cólon motilidade
pressão intra-luminal
- - Obstipação- Divertículos
Envelhecimento renal
À medida que a idade avança o rim vai sofrendo alterações anatómicas e estruturais: tamanho e volume (280 220 g aos 80 A)Redução do n.º de glomérulos (30-50% aos 70 A)
Menor capacidade de reserva funcional- Mais fácil a insuficiência renal aguda Alterações farmacodinâmicas- Ajuste na posologia medicamentosa
Envelhecimento do sistema reprodutor Mulher
Órgãos atrofiam-se e diminuem de pesoÚtero
• aos 50 A pesa ½ do que pesa aos 30 • a sua elasticidade diminui com invasão por fibrose• o útero desce por fraqueza dos ligamentos
Ovários: os quistos são mais frequentesVagina
• diminui de comprimento e de largura• o revestimento torna-se mais seco e atrófico
– mais fácil as infecções – por vezes dores nas relações sexuais– Prolapso uterino
Envelhecimento do sistema reprodutor Homem
No homem as alterações são menos evidentesnão há diminuição do peso e tamanho dos testículos,
embora as células envolvidas na reprodução diminuam e sejam menos activas
o n.º de espermatozóides diminui para metade aos 60 A, mas mantêm-se férteis
A próstata aumenta de volume (>40A), havendo: Atrofia do tecido prostáticoAumento do tecido fibroso
• Retenção vesical• Disúria e • Infecção urinária • Hidronefrose• Insuficiência renal
Sangue e envelhecimento
Em idosos saudáveis não se encontram diferenças significativas nestes parâmetros
Quando é necessário um aumento de produção a resposta é mais lenta do que no jovem
A anemia, que é frequente nos idosos, tem sempre uma causa patológica e não deve ser atribuída ao envelhecimento isoladamente
Envelhecimento do do sistema endócrino
Hormona do crescimento: diminui com o envelhecimento importante acção na síntese proteica e lipólise
Hormona anti-diurética: aumenta ligeiramente do idoso opondo-se à tendência do rim para perder sódio e água
Podem observar-se níveis ligeiramente aumentados de cortisol e ACTH, mas a resposta ao stress pode estar diminuída nas situações mais agressivas
Produzem também aldosterona – diminuída no idoso devido à diminuição da renina
Envelhecimento do sistema endócrinoTiróide
Diminui de tamanho com o envelhecimento e tornando-se mais fibrótica e nodular
Há diminuição da produção de T3 e T4, mas os níveis séricos mantêm-se devido a menor utilização
O hipotiroidismo e o hipertiroidismo são muitas vezes confundidos com a velhice
Produzem hormona paratiroideia (PTH) que é importante para o equilíbrio do cálcio
Aumentam de volume com a idade devido a infiltração de gordura
Alguns estudos mostram que a PTH aumenta nos idosos para manter o nível de cálcio
Os hiper e hipoparatiroidismos podem ser mais difíceis de diagnosticar nos idosos
Envelhecimento do sistema endócrino
Com o envelhecimento a capacidade do pâncreas produzir insulina altera-se
Mais de 50% das pessoas com mais de 60 A têm alterações do metabolismo dos hidratos de carbonoCausas: - défice de produção de insulina
- aumento da resistência à insulina A glicemia em jejum aumenta 1% por década depois dos
20 A enquanto a glicemia pós-prandial aumenta cerca de 9-10 mg por década
A diabetes acelera o envelhecimento
Envelhecimento do sistema imunitário
Com o envelhecimento verifica-se essencialmente diminuição dos linfócitos T - CD8, enquanto os T- CD4 e os linfócitos B se mantêm estáveis e os NK aumentam
Não só o n.º mas também a função podem estar alterados
As alterações do sistema imune estão na base da maior frequência de infeções, cancro e doenças autoimunes verificadas no idoso
Envelhecimento do sistema autoimune
O envelhecimento do sistema autoimune conduz a imunodeficiência – designada como imunosenescência
Alguns autores pensam que a imunossenescência é mais devida a doenças do que ao envelhecimento em si
Defendem por isso que nos saudáveis existe imunorremodelação e não propriamente imunodeficiência
A nutrição e o exercício físico têm grande importância na prevenção do envelhecimento do sistema imunitário
Envelhecimento do sistema nervoso
peso do cérebro 5% aos 70A e 20% aos 90A
n.º neurónios (10 milhões à partida)↓cerca de 50.000 a 100.000 por dia
neuromediadores (quantidade e qualidade)
Lentificação das funções cerebraisAlterações cognitivas
Coordenação neuro-muscular Diminuição dos reflexos
Perturbações do equilíbrio
↓Capacidade cognitiva aos 100 A = 20% Perdas significativas significam patologia Algumas são patologias reversíveis - défice vitamínico - hipotiroidismo
Síndromes de desaferenciação
“SÍNDROMES DE DESAFERENCIAÇÃO” ou
“SÍNDROMES DE DIMINUIÇÃO NEURO-SENSORIAL“
• Decorrem da diminuição dos estímulos sensoriais que informam o indivíduo sobre as condições do ambiente e da consequente diminuição ou desadequação das respostas a esses estímulos
• Resultam das alterações determinadas pelo envelhecimento, a nível central ou periférico, no sistema neuro-sensorial (órgãos dos sentidos)
Desaferenciação neuro - sensorial
S. N. C.
Resposta sensorio-motora
Síndromes de desaferenciação
CONSEQUÊNCIAS Diminuição do desempenho intelectual Alterações da perceção e alucinações Desorientação temporo-espacial Perturbações do esquema corporal Perturbações afectivas (ansiedade, depressão,
agressividade) Fadiga Somatização
GOSTO
Síndromes de desaferenciaçãoGOSTO
As alterações da sensação gustativa decorrem da elevação do limiar de estimulação central
A discriminação do doce e do salgado é a mais afectada, sendo menos atingida a discriminação do amargo e do ácido
Isso explica a utilização exagerada do açúcar e do sal, pelos idosos. Estas alterações podem ter implicações sérias na sua saúde, pelo que devem ser tidas em conta pelos nutricionistas e por quem tem responsabilidades nesta área
OLFACTO
Síndromes de desaferenciação OLFATO
Com o envelhecimento diminui a acuidade olfactiva e o poder de discriminação dos odores
O limiar de estimulação pode chegar a elevar-se 10 vezes
Isto deve-se à diminuição do nº de recetores olfativos das vias respiratórias altas e à atrofia da mucosa orofaríngea
Pode ser agravado por alguns medicamentos
TATO
Síndromes de desaferenciaçãoTATO
A atrofia cutânea, a diminuição e a degenerescência dos recetores táteis e o atraso na transmissão do influxo nervoso decorrentes do envelhecimento, explicam a diminuição da resposta aos estímulos táteis e a elevação do limiar da dor após os cinquenta anos
Carências vitamínicas, alcoolismo, diabetes e arterioesclerose agravam o défice de transmissão do influxo nervoso
Estes factos, particularmente no que se refere à elevação do limiar da dor, devem ser tidos em consideração pelas implicações que têm na expressão da doença, no diagnóstico e na prescrição medicamentosa
VISÃO
Síndromes de desaferenciação VISÃO
5 % dos indivíduos com mais de 65 anos e 15 % dos maiores de 80 anos sofrem de diminuição visual significativa com implicações importantes na sua funcionalidade
A prevenção e o diagnóstico em tempo oportuno podem corrigir e evitar situações de compromisso visual que poderão comprometer seriamente a autonomia e qualidade de vida do idoso
Síndromes de desaferenciação VISÃO
- Causas Alterações anatómicas do aparelho ocular Degenerescência de diversas estruturas (cristalino, córnea, retina, mácula)
Arterioesclerose dos vasos retinianos Hemorragias e tromboses Alterações do vítreo Diminuição da secreção lacrimal Doenças extra-oculares (diabetes, hip. arterial, nefropatia)
Síndromes de desaferenciação Patologias oftalmológicas mais frequentes
nos idosos
• inflamações• infecções • entropion• ectropion • presbiopia• catarata senil
• degenerescência
macular• glaucoma • retinopatia diabética
• tumores • perdas de visão súbitas
• Tromboses vasos retina• Descolamento da retina, etc.
Perda de visão no idoso
SÚBITA Hemorragia ocular Oclusão da artéria ou da
veia central da retina Hemorragia do vítreo Glaucoma de ângulo
fechado Descolamento da retina Nevrite ótica Traumatismo A.V.C.
PROGRESSIVA Presbiopia Opacificação do cristalino
(catarata) Degenerescência macular Glaucoma de ângulo
aberto Atrofia da córnea Retinopatia diabética
AUDIÇÃO
Síndromes de desaferenciação AUDIÇÃO
30 % dos indivíduos com mais de 65 anos e 60 % dos maiores de 85 anos têm perda
significativa da audição
Além de sérias implicações na capacidade decomunicação do idoso, com reflexos na suaautonomia e independência, a diminuição da audição aparece com frequência nestas idadesassociada a psicoses paranoides
Síndromes de desaferenciaçãoAUDIÇÃO
CAUSAS envelhecimento do aparelho auditivo cerumen / corpos estranhos rotura do tímpano lesão do nervo auditivo otite traumatismo craniano a.v.c./ tumores exposição ao ruído fármacos
Síndromes de desaferenciaçãoAUDIÇÃO
PATOLOGIAS FREQUENTES NOS IDOSOS presbiacusia otosclerose otites tumores zumbidos e acufenos ototoxicidade medicamentosa vertigens
Síndromes de desaferenciação AUDIÇÃO
TIPOS DE SURDEZ SURDEZ DE CONDUÇÃO (SURDEZ PERIFÉRICA)
Ouve a voz normalTolera o ruído ambiente Discrimina as palavrasLesão do ouvido externo / tímpano
SURDEZ DE PERCEPÇÃO (SURDEZ NEURO-SENSORIAL)Só ouve a voz alta Tolera mal o ruído ambienteDiscrimina mal as palavrasLesão do ouvido interno ou central
Síndromes de desaferenciação AUDIÇÃO
Reabilitação da surdezPossível e importante na qualidade de
vida dos idososAmplificação dos sonsAparelhos / próteses auditivasEstratégias de comunicação
Disciplina de Geriatria Aula teórica 4
História clínica do idoso
Manuel Teixeira Veríssimo
Particularidades da Propedêutica do Idoso
Consequência do envelhecimento AnatómicoFisiopatológicoFuncional
A pesquisa e interpretação dos dados da anamnese e exame físico deverão ter em conta as particularidades do idoso
História clínica dos idosos
Grupo heterogéneo Necessário conhecimentos médicos e não só
Os idosos pertencem, geralmente, a uma ou duas gerações anteriores ao médico
• Realidades sociais e culturais diferentes (Vocabulário e hábitos próprios)
A expressão semiológica é frequentemente fraca A forma de expressar as queixas é por vezes
confusa e difícil de entender Os idosos apresentam, frequentemente várias
doenças crónicas que confundem a sintomatologia aguda
História clínica dos idosos Os idosos queixam-se por vezes do que os
incomoda mais, mas que não é o mais importanteÉ preciso ter perícia para procurar o mais importante para
o diagnóstico Deve-se ter em atenção que alguns défices podem
ser omitidos porPudor (incontinência urinária, prolapso uterino, hemorróidas, patologias genitais, etc.)
Vaidade (negação da velhice)
Quando se interroga um doente idoso deve-se ter em mente que: “O médico foi treinado para exercer o seu mister, mas os
doentes não foram treinados para ser enfermos”
Particularidades clínicas do doente idoso
Manifestações clínicas do idosoManifestações clínicas de doença?
ouManifestações do próprio envelhecimento?
Importante fazer o diagnóstico diferencial entre o que é patológico e fisiológico
Senescência versus senilidade
Senescência, eugeria ou envelhecimento primário:
- Efeitos naturais do envelhecimento - Processo fisiológicoSenilidade, patogeria ou envelhecimento
secundário: - Alterações produzidas pelas doenças
Senescência versus senilidade
O diagnóstico diferencial evita dois erros de interpretação frequentes:Alterações patológicas serem erradamente atribuídas ao envelhecimento natural• Negligenciando processos patológicos passíveis de
tratamentoSinais e sintomas explicados pela senescência serem erradamente atribuídos a doenças• Realização de exames e tratamentos desnecessários
Normas para a colheita da anamnese
Nem sempre é fácil e credívelNecessidade, por vezes, de recorrer a familiares ou
pessoas com quem vive Ter em atenção os défices sensoriais e cognitivos
que dificultam a recolha de dados É importante conhecer a pluripatologia e
polimedicação, habitual no idoso Ter em atenção que os familiares podem ter
motivações capazes de influenciar a informação que dão
Condições para a colheita da anamnese
Interrogatório com o doente vestido, comodamente sentado à frente do médico ou se deitado com o médico sentado de modo a estar ao seu nível
Ambiente calmo, aquecido e com boa luz
A palavra não deve ser gritante O idoso sofre de presbiacúsia e não houve sons de alta frequência
A palavra deve ser cadenciada O idoso por vezes requer mais tempo para a intuir
Particularidades da anamnese
Deverá reforçar alguns aspectos, como:Perfil do idoso
• Interesses, “hobbies”, estilo de vida, ocupações, etc.• História dos problemas correntes • Listagem dos principais problemas
Revisão por sintomas e sistemasHistória da medicação
O interrogatório não deverá exceder os 20 min
Para além disto a história é frequentemente fruto do cansaço do doente e da imaginação do médico
Particularidades do exame físico
Semelhante ao do não idoso, podendo contudo tornar-se mais difícil:Exigindo mais tempoNecessitando de colaboração
• Família • Profissionais de saúde
Pressupõe o conhecimento das alterações decorrentes do envelhecimento a nível dos aparelhos e sistemas
Única maneira de não desvalorizar ou, pelo contrário,
sobrevalorizar certos achados semiológicos
Particularidades do exame físico
Dificuldade em pôr-se na posição necessáriaNecessário mais tempo
Mais difícil avaliar a desidrataçãoPesquisar a prega na zona do esterno
Tons cardíacos são menos audíveis 4º tom está mais vezes presente Sopros sistólicos audíveis em cerca de ½ dos
idosos Espessamento valvular e endurecimento e dilatação
da aorta - sem grande significado patológico Endurecimento arterial periférico
Particularidades do exame físico Em decúbito dorsal para a palpação abdominal,
não esquecer de pôr uma pequena almofada por baixo do pescoço A cifose impede o relaxamento muscular abdominal
Pesquisa sistemática de sopros abdominaisEstenose aterosclerótica da artéria renal
Pesquisa de alterações músculo-esqueléticasArtrosesFracturas osteoporóticas (pequenos traumatismos)Deformações da coluna vertebral
O tremor pode ser fisiológico
Particularidades do exame físico Pupilas pequenas e irregulares. Reacção à luz Postura em flexão Tendência para o tremor Marcha com passos curtos Dismetria; atrofia dos músculos interósseos tónus muscular e força muscular sensibilidade vibratória distal e propioceptiva limiar à dor e da temperatura reflexos músculo-tendinosos
Disciplina de Geriatria Aula teórica 5
Avaliação multidimensional do idoso
Manuel Teixeira Veríssimo
Avaliação multidimensional do idoso Os idosos apresentam problemas relacionados
com:O próprio envelhecimento fisiológicoAs doenças que frequentemente os atingemA sociedade onde estão inseridos
Estes problemas obrigam à utilização de métodos e estratégias que permitam: Uma avaliação correcta e completaUma visão global do complexo bio-psico-social que é o idoso
Avaliação multidimensional do idoso
Deverá utilizar instrumentos de natureza diversa, numa perspectiva multidisciplinar e interdisciplinar
Deverá fazer o levantamento, o mais completo possível de:Estado de saúdeProblemas sociais, económicos, familiares, etc.
Que condicionem a qualidade de vida do idoso
Avaliação multidimensional do idoso
Deverá ir para além da avaliação clínicaDeverá avaliar áreas onde há habitualmente
défices no idoso como: Estado físicoEstado nutricionalEstado mentalEstado funcionalEstado social
Com vista à elaboração de um plano queresponda às reais necessidades do idoso
Avaliação multidimensional do idoso
A quem cabe a responsabilidade desta avaliação?Médico de família (deverá ser o principal responsável, em ambulatório), mas apelando em maior ou menor grau a outros profissionais:• Enfermeiro• Assistente social• Psicólogo• Fisioterapeuta• Noutro plano, a própria família
Porquê e para quê a avaliação multidimensional do idoso?
O idoso é um indivíduo física, psíquica e socialmente diminuído, cuja capacidade de recuperar e repor o seu equilíbrio é mais lenta e difícil.
O padrão da doença no idoso decorre de um terreno diminuído, de uma patologia múltipla e frequentemente inexpressiva, tendo uma estreita relação com o social.
As soluções para os problemas do idoso têm quase sempre um carácter multi e interdisciplinar e envolvem sectores diversos.
Torna-se assim necessário usar metodologias, estratégias e instrumentos que só um trabalho de equipa pode recolher e descodificar, para encontrar a melhor solução para cada caso.
Objectivos da avaliação multidimensional do idoso
Aumentar a precisão do diagnóstico Diminuir o risco iatrogénico Adequar o prognóstico Facilitar condutas preventivas Orientar os tipos de intervenção Seleccionar medidas assistenciais Facilitar o acompanhamento Melhorar a qualidade de vida
Como fazer a avaliação multidimensional do idoso?
Usando metodologia própria e instrumentos adequados
Avaliando o idoso nos planos físico, nutricional, mental e funcional
Enquadrando o idoso na sua realidade familiar e social
É importante notar que muitas vezes não é a doença detectada que condiciona a qualidade de vida do idoso ou o seu futuro, mas sim a sua autonomia e independência
A avaliação multidimensional deverá ser composta por:
Anamnese Exame físico Avaliação nutricional Exame mental Avaliação funcional Exames laboratoriais
Anamnese do idoso
Nem sempre é fácil e credível Necessidade, por vezes, de recorrer a familiares
ou pessoas com quem vive Ter em atenção os défices sensoriais e cognitivos
que dificultam a recolha de dados É importante conhecer a pluripatologia e
polimedicação a que frequentemente o idoso está sujeito
Ter em atenção que os familiares podem ter motivações capazes de influenciar a informação que dão
Exame físico do idoso
Semelhante ao do não idoso, podendo contudo tornar-se mais difícil:Exigindo mais tempoNecessitando da colaboração da família ou outros profissionais de saúde
Pressupõe o conhecimento das alterações decorrentes do envelhecimento a nível dos aparelhos e sistemas
Única maneira de não desvalorizar ou, pelo contrário, sobrevalorizar certos achados semiológicos
Avaliação nutricional do idoso
Os métodos são semelhantes aos dos não idosos
Algumas particularidades, por poderem interferir com a avaliação, deverão ser tidas em conta: Diminuição da alturaModificação da composição corporalAs doenças crónicasPolimedicaçãoProblemas cognitivosMenor cooperação, etc.
Avaliação nutricional do idoso
A avaliação completa á constituída por História clínica
• Sinais e sintomas de desnutriçãoInquérito alimentar
• Vários métodos Avaliação da composição corporal
• Peso, IMC, pregas cutâneasAvaliação bioquímica
• Albumina, Pré-albumina e Transferrina
Avaliação nutricional do idoso
Na prática é necessário um método :RápidoBarato Fácil aplicação
“Mini Nutritional Assessment” é a resposta:Instrumento de rastreio da desnutriçãoCriado especificamente para idososPermite classificar em:
• bem nutridos• em risco de desnutrição• desnutridos
Exame mental
Quase sempre esquecido na prática habitual é fundamental na avaliação geriátrica
Não deve ser um exame aprofundado, o qual está reservado ao Psiquiatra, se necessário
Deve avaliar o estado afectivo e cognitivo usando instrumentos simples, mas que permita detectar, se realizado periodicamente:Mudanças comportamentaisDeterioração mental em fases incipientesFazer o diagnóstico diferencial de situações de
confusão mental
Avaliação do estado mental
Existem diversos instrumentos de avaliação, contudo, dada a sua fidedignidade e facilidade de execução os mais usados no idoso são:“Mini Mental State Examination” de Folstein (avalia as capacidades cognitivas)“Escala de Depressão Geriátrica” (avalia o estado depressivo)
Digitalizar0001.jpg
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Escala de depressão geriátrica (short form)
1 – Satisfeito com a sua vida? 2 – Teve de abandonar muitas
das suas actividades? 3 – Acha que a sua vida é
vazia? 4 – Aborrece-se muitas vezes? 5 – Está alegre a maior parte
das vezes? 6 – Tem medo de que lhe
aconteça algo de mau? 7 – Sente-se feliz a maior parte
do tempo? 8 – Sente-se frequentemente
sem auxílio?
9 – Prefere ficar em casa a sair para a rua e fazer coisas novas?
10 – Acha que tem mais problemas de memória que os outros?
11 – Acha que é bom estar vivo?
12 – Acha que a sua vida, como está agora, já não tem valor?
13 – Acha-se cheio de energia? 14 – Acha que a sua situação
não tem remédio? 15 – Acha que a maior parte
das pessoas está melhor que você?
Avaliação funcional Componente habitualmente ignorada no exame do
idoso Importante no idoso: por vezes, mais que a doença
é a perda de autonomia funcional que condiciona o futuro do idoso, podendo estar na origem de situações patológicas
Os instrumentos de avaliação mais usados são:Escala de Barthel: avalia as actividades da vida diária
(comer, vestir-se, lavar-se, etc.)Escala de Lawton: avalia as actividades instrumentais da
vida diária (telefone, ir às compras, escrever, etc.)Testes de performance de Reuben: avalia as capacidades
físicas para a vida usual (caminhar, rotação, extensão, etc.)
Índice de Barthel Avalia as actividades da vida diária
*Comer (10; 5; 0) *Tomar banho (5; 0)*Vestir-se (10; 5; 0) *Toilette (5; 0) *Defecação (10; 5; 0) *Micção (10; 5; 0)*Ir à sanita (10; 5; 0) *Deambulação(15;10;5;0)*Entrar e sair da cama (15; 10; 5; 0)*Subir e descer escadas (10; 5; 0)
Pontuação máxima: 100 independente em todas as
actividades
Actividades instrumentais da vida diária
Avaliam níveis mais elevados da capacidade funcional
A escala de Lawton é a mais utilizada * Escrever * Arrumar a casa * Ler * Fazer compras *Telefonar * Utilizar os transportes *Cozinhar * Lidar com o dinheiro *Tomar a medicação * Lavar a roupa
Teste de performance física de Reuben
Escrever uma frase Simular comer Apanhar um livro e pô-lo em cima de um
armário Vestir e despir o casaco Apanhar um lápis do chão Fazer uma rotação de 360 graus Andar 15 m Subir escadas
Avaliação Social Conhecimento genérico dos problemas diários do
idoso Condições domiciliares Disponibilidade e aptidões das companhias Possibilidade de cuidados urgentes História ocupacional e aptidões Necessidade de serviços de apoio e acolhimento Falta de transportes Situação financeira
Exames laboratoriais Embora se aceite que alguns valores aumentem:
VS, glicemia, creatininemia, globulinas séricas e fosf. alcalina
E outras diminuam:Albumina, hemoglobina, nº de leucócitos
Em condições normais os seus valores andam sempre próximos dos limites máximo ou mínimo do jovem
Valores anormais nos idosos devem ser primariamente atribuídos a patologia e não à idade
Exames aconselhados habitualmente
Hemograma completo - Albuminemia Creatininemia - Transaminases Glicemia --glutamil transpeptidase Ionograma sérico - Fosfatase alcalina Uricemia - Bilirrubinas Ficha lipídica - Velocid. sedimentação
PSA no homem - Mamografia na mulher Sumária de urina - Electrocardiograma RX tórax
Quando fazer a avaliação multidimensional?
Quando o idoso é avaliado pela 1ª vez (retrato tão fiel quanto possível dos seus problemas)
Periodicamente a intervalos regulares, particularmente depois dos 75 A, aceitando-se que se faça anualmente nos idosos estáveis
Sempre que o idoso se encontre em situação de risco:Perdas de qualquer tipoAlterações significativas do seu modo de vidaInstitucionalização, hospitalar ou assistencial
Conclusão Os idosos, fruto dos problemas multivariados que
geralmente os afectam, devem ser avaliados
sistematicamente numa perspectiva global e
multidisciplinar que permita a elaboração de um
plano geral que responda não só aos seus
problemas de doença, mas também aos problemas
físicos, psíquicos e sociais relacionados com as
suas incapacidades e necessidades.
Disciplina de Geriatria Aula teórica 6
Particularidades clínicas do idoso
Manuel Teixeira Veríssimo
Doenças dos idosos
Não há doenças exclusivamente dos idosos
Há doenças próprias do envelhecimento
A incidência de algumas doenças aumenta com o envelhecimento
Há doenças que mais frequentemente se apresentam de modo inespecífico no idoso
Doenças próprias do envelhecimento
D. AlzheimerD. ParkinsonPolimialgia reumática Arterite de células gigantes ou arterite temporalMieloma múltiploAmiloidose
Doenças cuja frequência aumenta com o envelhecimento
Degenerativas osteoarticulares (Artroses, Osteoporose)
Infecciosas (Pneumonia, Infecção urinária)
Neoplásicas (Próstata, Mama, Cólon, etc.)
Doenças cardiovascularesAVCEnfarte do miocárdioHipertensão arterial Insuficiência cardíacaArritmias cardíacas
Diabetes Mellitus Etc.
Doenças que mais frequentemente se apresentam de modo inespecífico no idoso
Pneumonia Enfarte do miocárdio Embolia pulmonar Hipotiroidismo Depressão Meningite Tuberculose Alcoolismo
Apresentação da doença no idoso
A frequente pluripatologia e polimedicação podem confundir o quadro clínico
Os idosos doentes apresentam-se com frequência angustiadosComparação com outros que tiveram má evoluçãoSensação de estar no fim da vida
Apresentação inespecífica da doençaPor vezes sem sintomas directamente relacionadosOutras com sintomatologia pobre
Evolução das doenças no idoso
Maior duração Maior probabilidade de complicações Maior perda funcional Recuperação mais demorada Pior prognóstico Prognóstico mais dependente do doente do
que da doença IdadeDoenças concomitantesFármacos
Características gerais do Doente Idoso Importante variação individual > vulnerabilidade ao stress < capacidade de adaptação > dependência funcional < expressão semiológica > gravidade da patologia Declínio funcional mais acelerado > tempo de recuperação > morbilidade e mortalidade perante a mesma doença Prognóstico mais dependente do doente do que da
doença
Quadros patológicos
Em todas as áreas patológicas existe alguma especificidade na clínica do idoso
A mesma doença tem, por vezes, manifestações clínicas diferentes no idoso
A mesma doença tem repercussões diferentes no idoso, justificando, por vezes, terapêuticas diferentes ou adaptadas
Diabetes Mellitus
Alt. Metabólica Jovem IdosoOsm. Sérica Polidipsia Desidratação Confusão; Delírio acuidade visual
Glicosúria Poliúria Incont. Urinária
Hipercatabolismo Polifagia Anorexia Perda de peso
Pneumonia
Eventual ausência de febre, tosse produtiva, dor tipo pontada, etc.
Começo insidioso e inespecífico com anorexia, hipodipsia, quedas, incontinência, etc.
Estado confusional; deterioração rápida Proeminência das doenças subjacentes Condensação pulmonar discreta e não homogénea Discretas alterações auscultatórias Resolução lenta; frequentes as complicações
Enfarte do miocárdio
Silencioso em 15% dos casos (Framingham) Frequentemente quadro clínico atípico: - Sem dor ou opressão - Estado confusional - Queda - Queixas abdominais - Síncope - sensibilidade dos meios auxiliares diagnóstico
Infecção urinária
Prevalência muito maior nos idososPrincipal causa de bacteriémia no idoso
Declínio do predomínio da Escherichia ColiMais frequentes outras enterobacteriáceas
Pielonefrite frequente 50% mulheres institucionalizadas
Muitas vezes sem a clínica habitual, mas apenas: Febre Confusão mental Deterioração geral
Frequente a resistência ao tratamento
Patologia da tiróide
O hipotiroidismo, cujo quadro clínico é muitas vezes confundido com demência:
- Confusão mental - Amnésia - Alterações afectivas e comportamentais - Fraqueza muscular Hipertiroidismo apático
Depressão
Muitas vezes entendida como demência Tem aspectos muito próprios no idoso - Marcada perda de interesse - Minimização da disforia - Apatia em vez de melancolia - Perda de auto-estima - Alcoolismo - Diminuição da memória
Caso clínico 1
A.P.G., mulher, 85 A Prof.ª Primária Reformada Vivendo só na sua casa Saudável e activa antes Veio à consulta porque a
família notou que tinha edemas periorbitários
Refere desde há 1 ano astenia e apatia, que a família atribuía à idade
Interrogada referiu, peso, rouquidão, obstipação e maior sensibilidade ao frio
Ex. objectivo: Tumefacção périorbitária Edemas pré-tibiais ligeiros
TA: 125/70 FC: 52/min AC: hipofonese AP: N Restante EO: NRX Tórax: s. cardíacaECG: amplitude complexosHemograma: Hb- 11,4 VGM – 114; CPK: 312; CT-295VS: 21; f. renal e hepática – N;DIAGNÓSTICO?
Diagnóstico?
Hormonas da tiróide:T3: 0,2μg/dl T4: 1,2 μg/dl TSH: 41 μg/dl ↑
HIPOTIROIDISMO
TRATAMENTOLevotiroxina 25mg/dia com aumento de 25mg de 15
em 15 dias até à dose adequada
Caso clínico 2
M.J.O.; 78 A; Agricultor reformado; refere astenia, anorexia, emagrecimento (5kg desde há 6M) e dores nas regiões coxo-femurais, obrigando-o a usar muletas.
Tomava 2xdia 100mg de diclofenac, receitado pelo Médico de Família que lhe disse tratar-se de coxartroses, o que foi confirmado com RX.
História de HTA, medicado com Lisinopril 20 1id. Foi enviado a uma consulta de Medicina Interna
por causa das queixas gerais, acompanhadas de VS elevada e anemia NN.
CASO CLÍNICO 2
Sem outras queixas para além das mencionadas anteriormente
Ex. Objectivo: dor à mobilização das articulações coxo-femurais e dos ombros; restante - N
Exames complementares:Rx tórax: N ECG: NHb: 10,2; VGM: 89; restante hemograma NVS: 110mm 1ª hBioquímica (f. renal, hepática, ionograma): NCintigrama ósseo: N
DIAGNÓSTICO?
POLIMIALGIA REUMÁTICA
TRATAMENTO:PREDNISOLONA 20mg/dia
Resultado ao fim de 3M: Fazia vida normal sem muletasTinha engordado 4kgHg: 13,2VS: 35
Caso clínico 3
M.J. T., 89 A, residente em Lar, é trazida ao SU por apatia e perturbações do comportamento
AP: HTA, I. cardíaca e Diabetes medicada com ADO, furosemido, enalapril e aspirina.
Pouco colaborante e desorientada Temp. 37 ºC Ex. Neur. Sumário – sem alterações significativas AC – N PA: 123/73 FC: 76/min AP - Base direita Restante ex. objectivo: N
Caso clínico 3
M.J. T., 89 A, residente em Lar, é trazida ao SU por apatia e perturbações do comportamento
AP: HTA, I. cardíaca e Diabetes medicada com ADO, furosemido, enalapril e aspirina.
Pouco colaborante e desorientada Temp. 37 ºC Ex. Neur. Sumário – sem alterações significativas AC – N PA: 123/73 FC: 76/min AP - Base direita Restante ex. objectivo: N
CASO CLÍNICO 3
Hemograma: leucocitose (17000/mm3) com neutrofilia
PCR: 16 Restante bioquímica: N Diagnóstico? RX Tórax: pneumonia da base dtª
Caso clínico 4
A.R.P., 82 A, residente no domicílio, acamada desde há 1 A após AVC.
É trazida ao SU por apresentar febre e desorientação desde o dia anterior, não apresentando outra sintomatologia.
AP: AVC há 1A; HTA Medicação: amlodipina 10mg id; Losartan 50 +
HCT 12,5 id; AAS 100 mg id AP – N AC – N PA: 110/67 FC: 98/min Abdómen – N Restante Ex. Objectivo: N
Caso clínico 4
RX tórax – N Hemograma: 14000 L/mm3 com 88% N PCR: 8,9 Restante bioquímica: N Combur: nitritos; vestígios de Sangue
DIAGNÓSTICO?
INFECÇÃO URINÁRIA
Requerem particular atenção no idoso
Acidentes
Quedas Iatrogenia
Malnutrição Alterações do sono
Depressão Suicídio
Institucionalização Imobilidade
Instabilidade Alterações motoras e
sensitivas Luto Alterações psíquicas
e comportamentais
Disciplina de Geriatria Aula teórica 7
Síndromes geriátricas
Manuel Teixeira Veríssimo
Síndrome Geriátrica
Conjunto de sintomas relacionados com o estado de saúde de idososConceito mal definido, não havendo uniformidade quanto
á definição e temas nele incluídosTermo usado em quadros clínicos de idosos que não se
enquadram em categorias de doenças distintas Síndrome: conjunto de manifestações clínicas que
ocorrem em simultâneo associados a um processo mórbido, dependentes de uma só causa
Síndrome Geriátrica: conjunto de manifestações clínicas dependentes de várias causas
SÍNDROMES GERIÁTRICAS
Imobilidade desequilíbrio e queda desnutrição deterioração cognitiva obstipação incontinência fecal e
urinária depressão e ansiedade distúrbio do sono
isolamento úlceras de pressão iatrogenia / polifarmácia déficit sensorial : visão
e audição problemas de
comunicação disfunção sexual déficit de recursos Etc.
SINDROMES GERIÁTRICAS
“ OS 4 GIGANTES DA GERIATRIA” ( Isaacs, 1975)
IMOBILIDADE
INSTABILIDADE
INCONTINÊNCIA
INSUFICIÊNCIA CEREBRAL+
SÍNDROME DA FRAGILIDADE
Os “Gigantes da Geriatria”
CARACTERÍSTICAS COMUNS Etiologia múltipla Evolução crónica Interdependência Tratamento complexo Perda de autonomia Necessidade de prevenção
SÍNDROME de
IMOBILIDADE
SÍNDROME DE IMOBILIDADE
• DIMINUIÇÃO DA CAPACIDADE PARA DESEMPENHAR
ACTIVIDADES AS ACTIVIDADES DA VIDA DIÁRIA
DEVIDO A DETERIORAÇÃO DAS FUNCÕES MOTORAS
OU• INCAPACIDADE PROGRESSIVA DE DESLOCAÇÃO
DO IDOSO NO SEU ESPAÇO VITAL ATÉ À SUA
CONFINAÇÃO AO LEITO •
IMOBILIDADE
“ UMA CRIANÇA LEVA UM ANO A ADQUIRIR O MOVIMENTO E DEZ A ADQUIRIR A MOBILIDADE
UM IDOSO PODE PERDER AMBOS NUM SÓ DIA”
ISAACS
Causas da imobilidade
FÍSICAS• Neurológicas • Osteo-mio-articulares• Cardio-respiratórias• Metabólicas • Iatrogénicas
PSICOLÓGICAS• Medos • Desorientação • Ansiedade• Depressão• Alterações
cognitivas
SOCIAIS • Familiares • Socio - económicas • Arquitectónicas • Climáticas
Consequências da imobilidade
PSICOLÓGICAS• Instabilidade emocional• Perda de identidade• Desorientação• Depressão • Morte
SOCIAIS • Alteraçâo do ambiente
familiar • Rejeição/proteccionismo • Isolamento social• Necessidade de ajuda • Institucionalização
FÍSICAS• Agravamento da patologia• Desequilíbrio homeostático• Desequilíbrio nutricional • Diminuição sensorio-motora • Incontinência • Úlceras de pressão • Perda da marcha e equilíbrio
Factores de risco da imobilidade
Viver sóAusência de contactos sociaisLuto recenteMudança de residênciaDiminuição sensorio – motoraAlterações da marcha / equilíbrioDeterioração intelectualDoençaHospitalização recente Iatrogenia
Tratamento da imobilidade
EtiológicoApoio psicológico e emocionalEstimulação sensorialPrevenção das complicaçõesReabilitação precoceReeducação da marchaUso de ajudas técnicas Suporte nutricional
Prevenção da imobilidade
Programas de educação para a saúde, estimulando a actividade física
Detecção precoce de factores de risco intrínsecosDoençasPerturbações do equilíbrio Idoso sedentário Idoso frágil
Diminuição dos riscos ambientaisEscadas com boas condiçõesPortas e mobiliário adaptadasAltura da cama, etc.
O
Síndrome
de
Instabilidade
Síndrome de instabilidade
“ DIMINUIÇÃO OU PERDA DA CAPACIDADE DE MANTER OU RESTABELECER O EQUILÍBRIO, NA MARCHA OU NO REPOUSO “
Síndrome de instabilidade
Pode ser de causa central ou periférica:Descordenação da informação a nível periférico Integração incorrecta da informação a nível central Resposta periférica alterada
Desequilíbrio (instabilidade)
O medo de cair (imobilidade) A QUEDA
Causas de instabilidade
Alterações anatomofuncionais do envelhecimento
Alterações neurológicas e neuro-sensoriais
Alterações da marcha e do equilíbrio
Patologias (aparelho locomotor; cardiovasculares;
neurológicas; etc.)
Fármacos
Marcha senil
Encurtamento dos passos
Alargamento dos passos (afastamento dos pés)
Diminuição da altura dos passos
Aumento da superfície do pé no chão
Flexão das ancas e dos joelhos
Diminuição dos movimentos dos braços
QUEDAS
Quedas Idosos com > 65 anos NO DOMICÍLIO 35 % caiem pelo menos 1 vez no ano 40 % destes são hospitalizados 50% destes falecem no prazo de 1 ano
Idosos com > 65 anos EM INSTITUIÇÃO 50 % caiem pelo menos 1 vez no ano 20 % têm consequências graves
Idosos com > 75 anos 40 % caiem pelo menos 1 vez no ano
A mulher, até aos 75 anos, cai mais do que o homem
QuedasCausas Intrínsecas Causas Extrínsecas
Sem causa evidente
Doença Fármacos
Diminuição visual Factorese auditiva ambientais
Alterações neuro- Prescrição / uso
musculares do incorrecto de ajudas
envelhecimento mecânicas
Quedas
Consequências das quedas
Lesões dos tecidos moles (feridas, hematomas, roturas)
Fraturas: anca, fémur, úmero, punho, costelas, crânio (hematoma subdural)
Imobilidade Iatrogenia Hospitalização Incapacidade física e psicológica Perda e autonomia Institucionalização Morte
Prevenção das quedasDETECTAR AS CAUSAS E CORRIGI-LAS
Circunstâncias da queda → o que aconteceu: Antes - Durante - Depois
Exame clínico
Procura de causas clínicas (Anemia, hipotensão, arritmia cardíaca, défices neuro-sensoriais, problemas do ap. locomotor, etc.)
Avaliação da marcha e do equilíbrio Prova de Reuben; Prova de Tineti
Revisão da medicaçãoPrevenção dos riscos arquitetónicos e ambientaisReabilitação física e psicológica
Avaliação do risco de queda ESCALA DE MORSE
1. HISTÓRIA DE QUEDAS NÃO - 0 SIM - 25
2. DIAGNÓSTICOS MÉDICOS ( > duas patologias) NÃO - 0 SIM - 15
3. AJUDA NA MARCHA Nenhuma / Ajuda cuidador / acamado _________________ 0 Bengala / canadiana / andarilho ______________________ 15 Apoio nos móveis ________________________________ 20
4. TERAPÊUTICA I.V. ou CATETER PERMANENTE_____________ 20
5. MARCHA Normal / cadeira de rodas / acamado __________________ 0 Com dificuldade, mas sem ajuda ____________________10 Incapaz, sem ajuda ________________________________ 20
6. ESTADO MENTAL Orientado__________________________________________ 0 Dificuldade de orientação ___________________________ 15 Morse JM, Morse RM, Tylco SJ. “ Development of a scale to identify the fall prone patient “. Canadian Journal on Aging 1989; 8 : 366 – 377.
Avaliação do risco de queda ESCALA DE MORSE
Classificação do nível de risco e recomendações 0 – 24: sem risco
Nenhuma 25 – 50: baixo risco
Implementar medidas de prevenção standard para quedas
> 50: alto risco Implementar medidas de prevenção para alto risco de
quedas
Disciplina de GeriatriaAula teórica 8
Síndromes geriátricas (continuação)
Manuel Teixeira Veríssimo
Síndrome de incontinência
Incontinência urinária
Incontinência fecal
Incontinência urinária
“Perda involuntária de urina que, pelo volume ou pela frequência, se torna para o idoso um problema social ou de saúde“
Incontinência urinária Consequências FÍSICAS
infeção, risco de queda, imobilidade
PSICOLÓGICAS ansiedade, depressão
ECONÓMICAS custos em cuidados
FAMILIARES rejeição, institucionalização
SOCIAIS marginalização, institucionalização
Incontinência urinária
PREVALÊNCIA
No Domicílio: 10 a 20 % No Hospital : 30 a 35 % Nos Lares : 50 %
- A prevalência aumenta com a idade
- Prevalece na mulher
- Não é inerente ao envelhecimento
Incontinência urináriaCAUSAS
Envelhecimento do aparelho urinário Atrofia dos tecidos e órgãos do excretor urinário Alterações do Sistema Nervoso Autónomo Diminuição da hormona antidiurética Aumento do peptido natriurético, ↓ capacidade vesical; ↑ volume vesical residual Aumento da frequência das contrações, etc.
Doença urológica Prostatismo Infecção Apertos Algaliação
Doença ginecológica Prolapso Tumores Alterações do pavimento pélvico
Incontinência urináriaCAUSAS (continuação)
Doença neurológica Avc; epilepsia; lesões medulares; parkinson
Doença mental Alteração cognitiva; doença de Alzheimer; ansiedade
Doença cardiovascular Insuficiência cardíaca
Doença metabólica Diabetes mellitus; diabetes insípida
Fármacos Diuréticos; anticolinérgicos; psicofármacos; anti-depressivos;
antagonistas do cálcio
Incontinência urinária AVALIAÇÃO
EXAME CLÍNICO (geral e urológico) MEDICAÇÃO (fármacos e outros) EXAMES LABORATORIAIS (urina e sangue)
EXAMES IMAGIOLÓGICOS (ecografia; urografia e outros)
ESTUDO URODINÂMICO (cistometria; resíduo vesical; fluxo; pressão do detrusor)
Deve ser enviado ao urologista se houver:- PROLAPSO GENITAL - AUMENTO DA PRÓSTATA - RESÍDUO VESICAL > 200 ml - HEMATÚRIA- CIRURGIA OU RADIOTERAPIA ANTERIORES - DIAGNÓSTICO INCONCLUSIVO OU DUVIDOSO
Incontinência urinária
TRATAMENTO MÉDICO (fármacos)
REEDUCAÇÃO DA MUSCULATURA PÉLVICA
CIRURGIA
PSICOLÓGICO e COMPORTAMENTAL As fraldas, cuecas, cateteres e outros meios de
contenção só devem ser introduzidos após a avaliação e o diagnóstico da situação
INCONTINÊNCIA FECAL
Incontinência fecal
“ Perda involuntária e continuada de
fezes, líquidas ou sólidas, pelo ânus“
Incontinência fecal
Prevalência (E U A)
É a segunda causa de institucionalização
7 a 10 % dos idosos têm Incontinência fecal pelo
menos uma vez por semana
> 50 % dos idosos institucionalizados sofrem de
Incontinência Fecal Aumenta com a idade É mais frequente no homem É mais frequente para fezes líquidas
Incontinência fecalCAUSAS
Cirurgia ano-rectal
fissuras; hemorróidas; episiotomia Prolapso rectal completo Neuropatia diabética Lesões do parto
lesão dos nervos pudendos Doença inflamatória intestinal Radioterapia Lesão medular a nível L5 – S4 Alterações cognitivas
Incontinência fecal
Consequências Declínio físico Declínio das atividades Perda de contactos sociais Isolamento Institucionalização
Incontinência fecal
AVALIAÇÃO EXAME CLÍNICO
EXAME ANO-RECTAL (eritema; prolapso; hemorróidas;
fecaloma; tumor)
EXAMES LABORATORIAIS (sangue e fezes)
RECTOSIGMOIDOSCOPIA
MANOMETRIA RECTAL
CONTENÇÃO DOS ESFÍNCTERES (externo e interno)
Incontinência fecal
TRATAMENTO MÉDICO
fibra alimentar; fármacos
TERAPÊUTICA COMPORTAMENTALBiofeedback
CIRURGIA reparação pélvica; reconstrução dos esfinteres;
ileocolostomia
Conclusão
A incontinência Não é inerente ao envelhecimento
Compromete a independência do idoso
Afecta significativamente a qualidade de vida
É preditor de risco de institucionalização
É controlável em grande parte dos casos
Síndrome de insuficiência cerebral
Insuficiência cerebral
“O CORAÇÃO É UMA BOMBA E QUANDO FALHA, É UMA BOMBA AVARIADA.
O CÉREBRO É UM MISTÉRIO E QUANDO FALHA, CONTINUA A SER UM MISTÉRIO“
ISAACS
Envelhecimento cerebral
Alterações anatómicas Neurónios Sinapses Neuromediadores Mielina Débito sanguíneo Extracção da glicose Células gliais Lipofuscina
Envelhecimento cerebral
Sensações e perceções
Respostas motoras
Rapidez de decisão
Capacidades de aprendizagem
Capacidade de resolver problemas
1. Lentificação dos processos mentais
Alterações funcionais
Envelhecimento mental
2. Diminuição da memória recente
3. Diminuição da atenção e concentração
4. Diminuição da inteligência fluida
5. Diminuição do pensamento abstrato
Alterações funcionais
Envelhecimento mental
• Perceção• Memória recente• Conceptualização• Capacidade de aprendizagem• Relacionamento causa/efeito• Orientação temporo-espacial
Funções alteradas
Envelhecimento mental
Memória remota
Pensamento lógico
Capacidade verbal
Emoções
Personalidade
Funções conservadas
Insuficiência cerebral
Sinais e sintomas - Desorientação - Errância - Confusão - Diminuição cognitiva - Alterações da linguagem - Incapacidade funcional - Incontinência - Agitação - Violência
Insuficiência cerebral
“Deterioração global do funcionamento
cerebral, consequência de lesões focais
ou generalizadas a todo o cérebro“
Alzheimer Huntington
Creutzfeld- JacobPick
Parkinson Hidrocéfalo de
pressão normalSífilis
Multi-enfartes D. Binswanger
Demências
Mais frequente em idosos mas pode aparecer em adultos e jovens
A demência não é obrigatoriamente progressiva
A demência não é obrigatoriamente decorrente de doença degenerativa do SNS
O envelhecimento não é uma causa de demência
Prevalência das demências
Demência
Memória episódica
= memória n. declarativa
Redução leve da fluência verbal, nomeação, capacidade de compreensão
Leitura preservada
Envelhecimento normal Transtorno cognitivo leve Demência
Queixa em relação à memória
Alteração objetiva da memória
Função cognitiva geral normal
Atividades diárias preservadas
Não preenche critérios parademência
Causas de demência
Neurodegenerativas (50 a 60 %)D. Alzheimer, corpúsculos de Lewy, frontotemporal,
Parkinson, Huntington, outras Não Degenerativas
VascularDistúrbios endócrinosDéficits de vitaminasQuadros infecciososDoenças sistêmicasTraumatismo cranianoToxinas
Classificação das demências
Demências
Primárias Secundárias
Degenerativas Formas Mistas Cérebro-Vasculares
Demência tipo
Alzheimer
Fronto-temporais
Corpúsculos de
Lewy
Parkinson
Outras
Demência tipo
Alzheimer +
Demência por múltiplos infartos
Demência por infarto único
Demência por
múltiplos infartos
Binswanger
Com probabilidades de reversibilidade
Mecânicas
Tóxicas
Infecciosas
Metabólicas
Deficiência de Substâncias
Pseudodemência
(depressão)
PREVALÊNCIA
A forma GRAVE atinge: 5 % da população > 65 A 15 % da população > 85 A
A forma LIGEIRA atinge: 10 % da população > 65 A
30 % da população > 85 A
A incidência duplica cada 5 anos
Não há prevalência de sexo
Demência de alzheimer
Síndrome da Fragilidade
Síndrome da fragilidadeSituação de enfraquecimento físico
generalizado, mesmo na ausência de doenças agudas ou crónicas
Caracterizado por:Perda de peso (espontânea)Sarcopenia (perda de músculo)Falta de forçaLentidão de movimentosDiminuição da capacidade para praticar um mínimo de actividade física
O idoso frágil
É definido como o grupo que apresenta maior risco de:
DEPENDÊNCIA INSTITUCIONALIZAÇÃO QUEDA DOENÇAS AGUDAS HOSPITALIZAÇÃO RECUPERAÇÃO LENTA MORTALIDADE
Características
Idade avançada Disautonomia Presença de múltiplos e complexos problemas
médicos e de enfermagem com manifestações atípicas Alteração no equilíbrio e marcha Déficits cognitivos Incontinência Depressão Incapacidade adquirida recentemente Risco de institucionalização prematura ou inadequada
Importância
A identificação, avaliação e tratamento do idoso frágil constitui ainda grande desafio
Alta prevalência na comuniddadeentre 10 e 25% > 65 anos46% > 85 anos
Representa alto risco de complicações
Consequências da S. Fragilidade Quedas Lesões Doenças agudas Hospitalizações Incapacitação Dependência Institucionalização Morte
Tratamento
Tratar as causas e fatores associados Tratar a dor Estimular capacidade funcional Estimular autonomia Exercícios de resistência e equilíbrio Reposição testosterona no hipogonadismo Suporte nutricional e social
Disciplina de Geriatria Aula teórica 9
Fármacos e envelhecimento
Manuel Teixeira Veríssimo
Importância nos idosos
Os fármacos são fundamentais nos idososTratamento das doenças agudasControlo das doenças crónicasControlo dos sintomas
• Importante na qualidade de vida
Mas também são causa de malefíciosReacções adversasInteracção medicamentosaUso inadequado
Que o envelhecimento facilita e potencia
Problemas relacionados com os medicamentos nos idosos
Indicação não tratada Medicamento utilizado sem indicação Selecção de droga inapropriada Dosagem subterapêutica Superdosagem Erro medicação / não aderência Interação de drogas Reacção adversa a drogas
Reacção adversa a drogas
Resposta nociva e inesperada ao uso de uma
droga que ocorre em associação a doses
normalmente empregadas para profilaxia,
diagnóstico ou tratamento de doenças e para a
modificação de uma função fisiológica
Por várias razões são mais frequentes e graves
no idoso
Reacção adversa a drogas no idoso
Idoso tem 2-3x > probabilidade de reacções adversas a fármacos do que os jovens
Habitualmente toma múltiplos fármacos com potencial de interacção
Sofrem mais com as consequências das iatrogenias
Em cerca de 30% dos internamentos em idosos – há problemas relacionados com fármacos
Factores predisponentes para reacções adversas em idosos
Alterações fisiológicas devido à idade Interacções Fármaco – doenças Interacção fármaco – fármaco (polifarmácia) Problemas de adesão á terapêutica
Cognição (défices)Estado funcional (doenças)CrençasCapacidades financeiras
Alterações fisiológicas devidas á idade
Absorção Embora mais lenta , a capacidade de
absorção mantém-se O pico de concentração do fármaco pode ser
mais baixo no idoso No geral o envelhecimento não afecta a
absorção dos fármacos de modo a haver repercussões clinicamente significativas
Alterações fisiológicas devidas á idade Distribuição
Os idosos têm: Menos água Menos massa magra Mais gordura corporal
Os fármacos hidrossolúveis têm volume de distribuição diminuidoAtingem o pico de concentração mais rapidamenteDigoxina, litio, etanol
Os fármacos lipossolúveis têm volume de distribuição aumentadoAtingem o pico de concentração mais lentamenteFármacos que actuam no sistema nervoso central
Alterações fisiológicas devidas á idade
METABOLISMO O fígado é o principal local de metabolização
dos fármacos Com o envelhecimento verifica-se
diminuição da massa hepática e do fluxo sanguíneo hepático
Redução da clearance dos fármacos
Alterações fisiológicas devidas á idade
Eliminação A via renal é a mais comum
Com o envelhecimento diminui o fluxo sanguíneo renalO nº de nefrónios diminuiDiminui o tamanho dos rins
O declíneo começa a partir da 3ª - 4ª década A creatinina sérica não é um bom meio para
avaliar a clearance no idosoDiminuição da massa muscular
• A medida da depuração da creatinina pode ser útil no cálculo da dosagem• Pode calcular-se a depuração da creatinina com base na fórmula (de Gault-Cockcroft):
Depuração da creatinina
[(140 – idade) x peso corporal (kg)] / [72 x creatinina sérica (mg%)]
(multiplicar por 0,85 na mulher)
CÁLCULO DA DOSE COM BASE NA “CLEARANCE” OU DEPURAÇÃO DA CREATININA
Alterações associadas ao envelhecimento que afectam a farmacocinética
Água corporalMassa magra corporalMassa gorda corporalAlbumina séricaFunção renalFluxo sanguíneo hepáticoFunção das enzimas de metabolização dos fármacos
Medicação potencialmente inapropriada
Lista de Beers - HIGH RISK Analgesics
indomethacin pentazocine trimethobenzamide
Muscle relaxants/antispasmodics
metocarbamol Carisoprodol Chlorzoxazone (paraflex)
Benzodiazepines–long acting Diazepam Chlodiazepoxide Flurazepam
Fick DM, Cooper JW et al. Arch Intern Med 2003;163:2716-24
Antidepressants Tricyclic antidepressants,
Doxepin
Antiarrythmics Disopyramide
Antihypertensives Methyldopa Reserpine
GI antispasmodics Dicyclomine Hyoscyamine Donnatal
Antihistamines Diphenhydramine
Medicação potencialmente inapropriada Lista de Beers – BAIXO RISCO
Digoxin – dose > 0.25mg /day Ferrous sulfate – dose >325mg/day Propoxyphene Dipyridamole Clonidine Cimethidine Chlorpropamide
Fick DM, Cooper JW et al. Arch Intern Med 2003;163:2716-24
INTERACÇÕES FÁRMACOS – DOENÇAS
Quanto maior o peso da doença associada maior o risco de reacções adversas
O uso de medicação inapropriada (40%) é maior nos “idosos frágeis” e nos que têm mais doença
Rigler SK - Am J Geriatr Pharmacother - 01-DEC-2004; 2(4): 239-47
Interacções fármacos – fármacos (Polifarmácia)
Os estudos mostram que os indivíduos com mais de 65 A tomam em média 2-6 medicamentos prescritos e 1-3 de venda livre
É maior nos idosos vivendo no seu domicílio Nos lares verifica-se menos uso potencialmente
inapropriado de fármacos (em Portugal não há estudos)
Em alguns estudos a média de fármacos de idosos à entrada para o lar era de cerca de 11, com variação entre 0 e 30 Aumenta o risco de reacções adversas e interacção
medicamentosaTorna a adesão à terapêutica mais difícil
PAPEL DA IDADE NAS INTERACÇÕES
Idade = aumento do risco Terapêuticas inadequadas Fármacos que deveriam ser evitados nos idosos Doses excessivas Duração excessiva de uso
Interacções a nível farmacêutico, farmacocinético ou farmacodinâmico, entre fármacos, outros compostos, alimentos, poluentes…
Outros factores de risco para reacções adversas
Compliance 43% dos idosos são capazes de identificar
correctamente a sua medicação 32% sabem correctamente as dosesOutros Sexo feminino Baixo nível educacional Baixo nível social
Reacção adversa a medicamentos Idosos (EUA):
12% utilizam ≥ 10 medicamentos23% utilizam pelo menos 5 medicamentos
Hospitalizações em idosos: 2,4 a 6,5% de todas as admissões Idosos: ↑Taxa 4 X (16,6%) Internamentos evitáveis: 88%
R. adversas esperadas e dose-dependentes R. adversas relacionadas com os efeitos
farmacológicos dos medicamentos utilizadosJAMA 2002; 287: 337
REACÇÕES ADVERSAS A FÁRMACOS NO IDOSO
Incidência em > 65 anos:10- 20 % São mais demoradas e aumentam 2 vezes o
risco de morte Idosos:
Consomem mais de 25% dos fármacos dispensados nas farmácias
Consomem > 50% dos fármacos de venda livre
FACTORES DE RISCO PARA REACÇÕES ADVERSAS A FÁRMACOS
Medicação múltipla
Maior número de doenças
Maior gravidade das doenças
Maior sensibilidade aos efeitos dos fármacos
Eliminação alterada
Fármacos com > possibilidade de interacções
FACTORES DE RISCO PARA REACÇÕES ADVERSAS A FÁRMACOS
Idade > 85 anos
≥ 6 Doenças Crónicas Concomitantes
≥ 12 Doses de Medicamentos / Dia
≥ 9 Medicamentos em Uso
Reacção adversa prévia
Baixo Peso ou Baixo IMC
Clearence de Creatinina < 50mL/min
Fármacos mais frequentemente associados a reacções adversas no idoso
Psicotrópicos • Especialmente benzodiazepinas
Anti-hipertensores Digoxina
AINSCorticosteroides
VarfarinaTeofilina
Conceito de Polifarmácia
Não consensual Muitos fármacos
Uso de mais medicação do que o clinicamente indicado ou desejado
5 ou mais fármacos
7 ou mais fármacosA polifarmácia aumenta
o risco de reacções adversas
Aumento de Risco de de reacções adversas com o aumento do nº de fármacos
1
10
100
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20number of drugs taken
perc
ent o
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AD
R
TERAPÊUTICA MEDICAMENTOSA NO IDOSO
Razões a ter em conta aquando da prescrição para idososA elevada prevalência de doenças sintomáticas e
polimedicação nos idosos A variabilidade acentuada no processo de
envelhecimentoPersonalização da terapêutica
Os fármacos devem ser prescritosCom indicações precisasQuando absolutamente necessáriosNa menor dose eficaz
RAZÕES A TER EM CONTA AQUANDO DA PRESCRIÇÃO EM IDOSOS
A maior incidência de múltiplas doenças (co-morbilidade)
Os problemas nutricionais
Os recursos financeiros reduzidos A diminuição do cumprimento das terapêuticas por
várias razões (adesão) A maior tendência para prescrever muitos medicamentos
(polifarmácia) A variação genética que se combina com os efeitos
fisiológicos do envelhecimento na afectação dos resultados dos fármacos
O aumento potencial de interacções com a idade
ALTERAÇÕES FISIO/FARMACOLÓGICAS ASSOCIADAS COM A IDADE
O envelhecimento influencia a farmacocinética
• O que o organismo faz aos medicamentos
a farmacodinâmica • O que os medicamentos fazem ao organismo
As modificações mais relevantes ocorrem na farmacocinética a mais importante das quais é a redução da função
renal
FARMACODINÂMICA
Efeito dos fármacos no organismo Menos estudada no idoso por dificuldades de
realização
Maior sensibilidade do idoso a alguns fármacos> o risco de hemorragia com a varfarina no idoso
• Necessária ½ da dose no idoso
> sensibilidade aos efeitos dos depressores do SNC• analgésicos centrais e ansiolíticos/hipnóticos- BZD)
OS IDOSOS Maior sensibilidade aos efeitos de:
AINEs: têm acrescido o risco de:
- hipercaliémia- insuficiência renal- morte, por hemorragia g.i.
Diuréticos:Tornam os idosos mais susceptíveis a alterações
hidro-electrolíticas (depleção do volume, hipocaliémia, hiponatrémia e hipomagnesémia
Lidocaína:pode causar confusão, parestesias, depressão
respiratória, hipotensão e convulsões
IDOSOS - MAIOR SENSIBILIDADE AOS EFEITOS DOS FÁRMACOS
Antipsicóticos:- delírio - síndroma parkinsónica, discinésia tardia, acatísia- arritmias, morte súbita - hipotensão postural
Antidepressivos:- hipotensão postural- retenção urinária- sedação- quedas com fractura do colo do fémur têm sido
associadas com estes dois grupos
Necessidade de:- Doses iniciais reduzidas e administração só
imediatamente antes de ir para a cama
DIFICULDADES DA TERAPÊUTICA70-80% dos idosos não cumprem a
prescrição: Esquecem-se de tomar a medicação Omitem intencionalmente doses Escolhem uma terapêutica descontínua Maior frequência de reacções adversas Dificuldades com a visão, audição e
memória Redução da qualidade de vida Dificuldades económicas
Risco elevado de recaídas e re-hospitalização
Recomendações para prescrição médica em geriatria
Evitar prescrever muitos medicamentos na mesma receita
• Considerar os efeitos do envelhecimento fisiológico• Considerar os efeitos farmacológicos próprios e
adversos• Ter em atenção as interações medicamentosas• Iniciar o tratamento sempre com a dose mais baixa
possível e, se necessário, aumentar progressivamente• Tentar não começar com 2 novos fármacos ao mesmo
tempo• Dar as indicações em letra legível e tamanho grande
Recomendações para prescrição médica em geriatria
Limitar o nº de fármacos e evitar prescrever um medicamento para cada doença, se possível (há fármacos que servem para mais que uma doença)
Evitar mediação potencialmente inapropriada (critérios de Beers)
Evitar fármacos novos/caros cujo benefício não é bem claro Interrogar o doente sobre a medicação que faz, incluindo a de
venda livre e herbanárias Eliminar medicações desnecessárias Simplificar a medicação ao máximo
O menor nº de fármacos e de tomas por dia
Se possível utilizar monitorização informática para detectar interacções medicamentosas e com doenças
Disciplina de Geriatria Aula teórica 10
Nutrição do idoso
Manuel Teixeira Veríssimo
Uma adequada alimentação do idoso é fundamental para:
Evitar a desnutrição ( morbilidade e mortalidade)
Prevenir certas doenças crónicas:
-d. cardiovasculares (aterosclerose,HTA)
-d. Osteoarticulares (osteoporose, artrose)
-d. Metabólicas (diabetes, obesidade, gota)
Prevenir doenças agudas (infecciosas)
Manutenção da capacidade física e funcional
Necessidades nutricionais dos idosos
Alterações fisiológicas do envelhecimento que influenciam as necessidades de nutrientes: ònecessidade de energia
Cerca de 600 calorias entre 20 e 80 anos òmetabolismo basal; òmassa muscular
necessidade de proteínas òsíntese proteica òabsorção
necessidade de micronutrientes òabsorção
Causas dos problemas nutricionais dos idosos
Causas sociaisRecursos económicosFalta de apoio de familiares e amigosFalta de apoio das estruturas oficiais
Causas psicológicasA depressão é uma das principais causas de malnutrição nos idosos
*isolamento * sensação de inutilidade * falta de ocupação *doenças crónicas *problemas económicos *problemas familiares
Causas dos problemas nutricionais dos idosos (cont.)
Causas médicas Polipatologia
• Doenças crónicas e agudas mais frequentes Polifarmacologia
Causas culturais• Religião• Hábitos tradicionais• Alcoolismo• Analfabetismo
Consequências dos problemas nutricionais dos idosos
Obesidade
Carência isolada em micronutrientes
Desnutrição
Consequências dos problemas nutricionais dos idosos
ObesidadeAumento da frequência de:
• Diabetes Mellitus tipo2• Hipertensão arterial• Enfarte do miocárdio• AVC• Insuficiência cardíaca• Artroses• Cancro do cólon e mama
Morbilidade Mortalidade
Obesidade< Importância nos idosos
Consequências dos problemas nutricionais dos idosos
Carência isolada em micronutrientesVitaminasMineraisÁcidos gordos
Pode aparecer em idosos aparentemente bem nutridos:
- Aumento de doenças infecciosas, mentais, neoplásicas, cardiovasculares
Consequências dos problemas nutricionais dos idosos
Desnutrição do risco de doenças infecciosas
da capacidade funcionalAnemiaÚlceras de pressãoQuedas e fracturas da mortalidade
DESNUTRIÇÃO: Principal problema
nutricional dos idosos
Desnutrição no Idoso
1 a 15 % ambulatório
25 a 60 % institucionalizados
35 a 65 % hospitalizados
Problema de saúde Pública
Idoso desnutrido
2 x mais consultas3 x mais inetrnamentos hospitalaresInfecção mais frequente
• 2 - 10 x mais que no normonutrido
Mais tempo para a curaPior prognóstico
Desnutrição: um círculo vicioso
DesnutriçãoApatia, depressão
↓ apetite
↓ força muscular
↓ mobilidade
↓ capacidade de se alimentar
Causas da desnutrição no idoso
dos recursos económicosDificuldade no abastecimentoIgnorância nutricionalPadrão alimentar inadequadoDificuldade na confecção e ingestãoFalta de refeiçõesIsolamento socialSolidão e viuvezAlcoolismoDepressãoIatrogenia medicamentosa
•••••••••••
Causas da desnutrição no idoso Alterações funcionais e metabólicas
Digestivas• Dentição• Xerostomia• Alteração do gosto e cheiro• da actividade secretória• da absorção intestinal
Cardiovasculares Pulmonares Renais Endócrinas Neurológicas Osteoarticulares
Anorexia do envelhecimento
Alterações funcionais da ingestão e assimilação
Alterações patológicas
das necessidades
Doenças agudasDoenças crónicas
+
DESNUTRIÇÃO
•
•
Causas de desnutrição no idoso
Consequências da desnutrição no idoso
Alteração do estado geralAnorexia
• Deficiente ingestão crónica• Carência de oligoelementos
AsteniaApatia
• Carência vitamínicaEmagrecimento
Consequências da desnutrição no idoso
Alterações cardiovasculares risco cardiovascular
• Défice de folatos, Vit B6 e B12
• homocisteína mortalidade por insuficiência cardíaca
Alterações intelectuais e psíquicasDéfice intelectualQuadros depressivos
• Défice de folatos e Vit B12
• homocisteína
Consequências da desnutrição no idoso
Alterações músculo-esqueléticas da massa e força muscular
• Perturbações do equilíbrio• Quedas
da massa óssea• Osteoporose
Alterações da função gastrointestinal
Consequências da desnutrição no idos
Depressão dos mecanismos imunitários da imunidade celular
• Défice proteico e calórico• Défice de folatos, Vit B6, Vit B12, Zinco, Selénio
susceptibilidade às infecções
EnvelhecimentoDéfice imunitárioDesnutrição
Risco infeccioso
Défice imunitário
Risco infeccioso
Infecção
Anorexia
Hipercatabolismo
Desnutrição
InfecçãoCura + difícil
Desnutrição no idoso
Morte
Desnutrição no idoso
incapacidade física
qualidade de vida
morbilidade
mortalidade
Frequentemente
Subdiagnosticada
Reconhecimento precoce - importante
Correcção adequada
Avaliação nutricional do idoso
Baseia-se nos métodos usados para os não idosos, mas com algumas particularidades:
História clínica
Inquérito alimentar
Avaliação antropométrica
Parâmetros bioquímicos
Avaliação nutricional do idosoHistória clínica (dados sugerindo risco de deficiência nutricional)
Sinais/sintomas de carência alimentarPerda de peso recente (>5kg nos últimos 6 M)Dieta restritiva (por problemas médicos ou outro motivo)Problemas psíquicos (depressão, demência)Problemas sociais (isolamento, dificuldades económicas)Problemas de mastigação/deglutiçãoProblemas gastrintestinais (diarreia, malabsorção)Doença interferindo no apetite (cancro, IRC, etc.)AlcoolismoMedicação interferindo com o apetite/nutrientes
Avaliação nutricional do idoso Inquérito alimentar -Retrospectivo: 24h do dia anterior; última semana
( não adequado problemas de memória do idoso)
-Prospectivo: o mais adequado (registo durante 3-7 dias de todos os alimentos
consumidos)
-Frequência de consumo (Avalia padrões de consumo durante meses)
Avaliação nutricional no idoso Antropometria
O índice de massa corporal (peso/altura²m) No idoso o IMC tem limitações:
Sobrevalorizado em relação ao não idoso• Devido à diminuição da altura (1cm por cada 10ª depois dos 40)
Os valores de referência deverão ser diferentes:
IMC Classificação<18.5 Desnutrição> 18.5 < 25 Normal 25<30 Pré-obesidade 30 ObesidadeOMS - 1998
IMC Classificação< 21 Desnutrição 21<25 Risco desnutrição 25 <30 Normal> 30 Obesidade Ferrry e Alix - 2002
Normal Idoso
Avaliação nutricional no idosoAntropometria
Pregas cutâneas- Mais usadas: tricipital, bicipital, supraescapular, suprailíaca- Menos interesse nos idosos por reflectirem mal a gordura
corporal total (deslocação centrípeta da gordura com o envelhec.)
- Não existem tabelas fiáveis para idosos
Perímetros-Perímetro bicipital -Perímetro muscular braquial (PMB)(PMB=Perímetro bicipital-prega tricipital x 3.14)
-Perímetro da barriga da perna
- usados como parâmetros de
desnutrição- Existem critérios para
diagnóstico de desnutrição
Avaliação nutricional no idosoParâmetros bioquímicos de desnutrição
Albumina desnutrição: <3.5g/dl os mais Transferrina “ <200mg/dl usados Pré-albumina “ <14mg/dl
Proteína ligadora do retinol boa precisão Fibronectina > dificuldade técnica 3-Metilhistidinúria pouco usados
Avaliação nutricional no idosoParâmetros bioquímicos de desnutrição
Hemoglobina (anemia)
Linfócitos (<1500/mm3)
Colesterol (<150mg/dl)
T3 baixa
Teste de anergia cutânea
Índice creatinina/altura (problemas da altura)
- Baixa especificidade
- Sem interesse nos idosos
Testes de triagem de desnutrição
Necessidade de métodos que de uma formaRápida SimplesBarata
Identifiquem na prática o risco de desnutrição nos idosos
Mini Nutritional Assessment
Mini Nutritional Assessment (MNA)
Instrumento validado que permite dum modo rápido e simples fazer a avaliação nutricional do idoso.
Objectivo: avaliar o risco de desnutrição, de modo a poder haver uma intervenção precoce, sem necessidade de técnicos especializados.
Duração: <10 min Permite classificar em: *Bem nutrido *Em risco de desnutrição *Desnutrido
Máximo 30 pontos≥ 24: bem nutrido≥ 17 < 24: em risco de desnutrição< 17: desnutrição
MNA – versão curta1. Índice de massa corporal (kg/m2)2. Perda de peso nos últimos 3 meses3. Doença aguda ou stress major nos últimos 3 meses4. Mobilidade5. Demência ou depressão6. Apetite e diminuição da ingestão alimentar nos últimos 3 meses
Rubenstein LZ et al., J Gerontol 2001;56:M366-M372
Máximo 14 pontos≥ 12: normal
≤ 11: possível desnutriçãoFazer MNA completo
Alimentação aconselhada ao idoso Assenta nas bases da alimentação saudável
com algumas particularidades Deve ser:
Energeticamente suficiente (quantidade de calorias)Equilibrada nos seus constituintes
• Proteínas – 15%; Lípidos – 25-30%; Glícidos – 55-60%Variada
• Quanto mais variada menor o risco de carência em micronutrientes
Adaptada ao gosto e eventuais limitações devido a doenças concomitantes e envelhecimento
Regras gerais para a alimentação do idoso
Boa distribuição das refeições3 principais (pequeno almoço, almoço e jantar)3 colações (meio manhã, lanche, ceia)
Intervalo entre refeições não superiores a 3.30-4h Jejum nocturno não superior a 10 h Refeições pouco volumosas Fáceis de digerir Servidas de forma agradável e à temperatura
adequada
Regras gerais para a alimentação do idoso
Carne uma vez por dia De preferência magra (frango, perú, coelho)Não comer as gorduras visíveis das outras carnes
(porco, vaca, etc.) Peixe uma vez por dia
Alternando com a carne 3 ovos por semana
Pode substituir carne ou peixe Ter cuidado com os produtos de charcutaria
Regras gerais para a alimentação do idoso
Consumo regular de legumes/hortaliçasSopa diariamente (pode ser enriquecida se necessário)Arroz de legumes, esparragado, jardineira, etc. (Alguns idosos toleram mal as saladas cruas e legumes cozidos)
Preferir pão e massas pouco refinadasO pão torrado é mais fácil de digerir
2 a 3 peças de fruta por dia Consumo moderado de leguminosas secas
De acordo com os hábitos (feijão, grão, etc.) Preferir os produtos lácteos meio-gordos/magros
Regras gerais para a alimentação do idosoBebidas
Bebidas alcoólicas- Preferível o vinho tinto (não mais que 250 cc/dia)
Chá e caféEfeito protector, mas efeito estimulante sem excessos
Infusões Tília, hipericão, funcho, limonete
Leite 500 ml/dia de preferência magro ou meio gordo
ÁGUA: 1.5 L/diaSob várias formas: Água, leite, vinho, infusão, etc.
Cuidados alimentares no idoso
Confecção dos alimentosPouca gordura
• Retirar as gorduras visíveis da carne• Preferir o azeite
Preferir: cozidos, grelhados, assados sem molho, estufados com pouca gordura
Evitar: fritos, guisados, refogados, assados gordosPouco ou nenhum sal
• Usar ervas aromáticas e especiariasPreferir alimentos frescos ou congelados em vez dos processados e conservados (fumeiro e conservas)
Cuidados alimentares no idoso
Problemas de mastigaçãoBater com varinha mágica os vegetaisRalar as frutas mais durasPicar a carne
- Puré de fruta madura é mais nutritivo que fruta assada / cozida - Peixe ou carne picada é mais adaptado do que bife - Sopa passada de vegetais é melhor tolerada que vegetais crús / cozidos
Conclusões
O principal problema nutricional do idoso é a desnutrição, sendo importante a sua prevenção.
O rastreio do estado nutricional deve ser feito regularmente através do MNA, devendo as situações de desnutrição ser precocemente identificadas e corrigidas.
Na alimentação variada e adequada ao gosto e necessidades do idoso está a pedra angular da prevenção dos problemas nutricionais dos idosos.
Disciplina de Geriatria Aula teórica 11
Actividade física no idoso
Manuel Teixeira Veríssimo
Exercício físico e composição corporal
Os estudos transversais mostram que os idosos exercitados têm mais massa magra e menos massa gorda
Estudos em idosos ex-atletas que continuaram a praticar desporto ao longo da vida mostram que a perda de massa magra e o ganho de massa gorda é mínimo
Saúde e exercício físico no idoso
Em 1995, a OMS lançou um novo programa para os idosos onde destacou a importância da actividade física na manutenção da saúde neste escalão etário
De facto, definindo-se saúde como “ bem estar físico, mental e social” talvez nenhuma outra medida possa contribuir de um modo tão global para este fim como a actividade física
Como é que o exercício físico pode contribuir para a saúde dos idosos?Atrasando a involução dos vários aparelhos
e sistemas: *Estudos demonstram que a diminuição
das capacidades de alguns aparelhos é mais devida ao desuso do que ao envelhecimento em si
Prevenindo doenças agudas e crónicas Promovendo a independência e bem estar
Benefícios da actividade física nos idosos
A nível físico *Composição corporal *Ingestão alimentar *Cardiovascular
*Respiratório *Locomotor *Digestivo *Neurológico *Imunológico
*Sistema endócrino-metabólico
A nível mental*Cognição *Bem estar psicológico
A nível social*Combate ao isolamento
A nível da capacidade funcional e bem-estar A nível da longevidade e mortalidade
Composição Corporal
Efeito do envelhecimentoDiminuição da massa magra -Água -Músculo -Osso -VíscerasAumento da massa gorda, com
predominância da gordura abdominal
Composição Corporal Consequências do envelhecimento
- Desidratação mais fácil e perigosa
- Excesso de gordura abdominal (ñ diabetes,HTA, aterosclerose, gota)
- Osteoporose (ñ do risco de fracturas)
- ò capacidade muscular
*ò rendimento do trabalho muscular *ò capacidade funcional *ò independência e autonomia
Composição Corporal
Efeito do exercício físico Aumento da massa muscular Aumento da água corporal Prevenção da perda de massa óssea Diminuição da gordura corporal
*Aumento do consumo energético
*Aumento do metabolismo basal ò gordura abdominal
Aparelho Locomotor
Efeitos do envelhecimento
ò densidade óssea
Degeneração da cartilagem articular
ò elasticidade das cápsulas e tendões
ò massa muscular
ò força muscular
Aparelho locomotorEfeitos do exercício físico
Previne a osteoporose “ as artroses “ a perda de massa e força musculares
Fundamental para a manutenção da capacidade funcional, autonomia e independência dos idosos
Aparelho Cardiovascular
Efeitos do envelhecimento sobre o aparelho cardiovascular:
Diminuição da elasticidade das artérias Desenvolvimento de aterosclerose Maior estimulação beta- adrenérgia Aumento da pressão arterial (sistólica) Fibrose do miocárdio
Aparelho Cardiovascular
Consequências clínicas do envelhecimentoHTA (sistólica) Insuficiência cardíaca Acidentes vasculares
Enfarte do miocárdioAVCIsquémia periférica
Aparelho Cardiovascular Efeitos do exercício físico
Diminuição da pressão arterial Manutenção da função do músculo cardíaco Controlo dos factores de risco de aterosclerose -HTA -Dislipidemias -Obesidade -Hiperglicémia -Hiperinsulinémia Controlo dos factores de risco trombogénico (Prevenção do acidente isquémico agudo)
-òfibrinogénio - òagregregação plaquetar
-factor VII -PAI-1 -viscosidade plasmática
Exercício físico no tratamento das doenças cardiovasculares no idosoHTACardiopatia isquémica
ReabilitaçãoControlo dos factores de risco
AVCReabilitaçãoControlo dos factores de risco
Insuficiência cardíacaBenefícios nas classes I-III da NYHA
Aparelho Respiratório
Com o envelhecimento verifica-se Alterações da parede
Cifose, calcificação das cartilagens condrocostais, perda de eficacia dos músculos respiratórios etc.
Alterações dos brônquiosAumento do nº e tamanho das glândulas mucosasDiminuição da função ciliarMaior facilidade de colapso brônquico (menos cartilagem)
Alterações dos pulmõesPerda de elasticidade
Alterações da circulação pulmonarAumento de pressão; espessamento capilar
Aparelho Respiratório
Consequências das alterações do envelhecimento
compliance pulmonar volume residual òCapacidade vital òVEMS òCapacidade de trocas gasosas Maior limitação ao esforço Maior susceptibilidade às infecções
Aparelho RespiratórioEfeito do exercício físico
Melhoria da ventilação com repermeabilização das bases
-Mantêm a eficácia dos músculos respiratórios -Mantêm a expansibilidade da caixa torácica Atrasa os efeitos negativos a nível dos valores
espirométricos Melhoria das trocas gasosas Melhoria da limpeza da árvore tráqueo-brônquica
Melhor oxigenação dos tecidos
Aparelho Digestivo
Efeitos do envelhecimentoProblemas de mastigaçãoProblemas de deglutição secreções digestivas motilidade intestinal
ObstipaçãoDiverticulose Maior incidência de cancro
Aparelho Digestivo
Efeitos do exercício físicoÝ secreções digestivas Ý motilidade intestinal
Importante em certas patologias do envelhecimento
*Obstipação *Diverticulose *Cancro *Má absorção
Sistema Imunológico
O sistema imunológico envelhece com a idade, principalmente a imunidade celular Diminuição dos linfócitos T
• Principalmente CD8• Manutenção do nº de D4• Manutenção ou ligeiro aumento de NK
Manutenção do nº de linfócitos BDiminuição da capacidade funcional linfocitária
Sistema Imunológico
Consequências clínicas do envelhecimentoImunológico: Maior susceptibilidade a:
InfecçõesNeoplasiasDoenças auto-imunes
Efeito do exercício físicoOs idosos que praticam exercício mostram
menor grau de imuno-senescência do que os sedentários
Sistema Nervoso
Efeitos do envelhecimentoMorte celularDiminuição da perfusão cerebralDiminuição da secreção de
neuromediadoresModificação da sensibilidade aos neuro-
mediadores
Sistema Nervoso
Consequências clínicas do envelhecimento
Lentificação das funções cerebraisAterações cognitivasò Coordenação neuro-muscular Perda de reflexos Perturbações do equilíbrio
Sistema Nervoso
Efeitos do exercício físicoBeneficia a coordenação neuro-
muscularMantem os reflexos Melhora o equilíbrio Importante na reabilitação do AVC outras
patologias neurológicas
Saúde mental
Problemas frequentes no idososCognitivos Imagem corporal Auto-estima Auto-eficácia SatisfaçãoAnsiedade Depressão
Saúde mental
Efeito do exercício físicoEstudos recentes mostram efeito positivo:
Na manutenção das capacidades cognitivas
Na imagem corporal Na auto-estima Na auto-eficácia Na satisfaçãoNa ansiedade Na depressãoO efeito não é só do aspecto lúdico
Actividade física e longevidade no idoso
Alguns dados apontam para que o exercício físico atrase o envelhecimento e aumente a duração da vida:
O alto nível de actividade física foi o factor comum encontrado em 3 comunidades com grande longevidade (Paquistão, Geórgia, Equador)
Ex-atletas que continuaram a praticar desporto até à 3ª idade mostram melhor capacidade funcional e maior longevidade que os sedentários
Vários estudos mostram menor mortalidade e maior longevidade nos idosos fisicamente activos
Actividade Física e Mortalidade no idoso
Aerobics Center Longitudinal Study• Avaliados 6878 homens e 2054 mulheres• Idade > 50A no início do estudo • Classificados à entrada em 3 níveis de capacidade
física: Baixo, Moderado e Alto, sendo seguidos posteriormente
Conclusão A taxa de mortalidade geral foi inversamente
proporcional ao nível de capacidade física verificado à entrada
Actividade Física e Mortalidade no idoso
Harvard Alumni study Avaliação, durante 16A, de 16936 antigos alunosde Harvard com 35-70A à entrada para o estudo O nível de actividade física foi medido no início e
periodicamente durante o estudoConclusões
A mortalidade nos que dispendiam mais de 2000 cal/sem. em exercício foi 25-30% menor do que nos sedentários
Os que iniciaram a prática de exercício depois da entrada no estudo, apresentaram menor taxa de mortalidade geral do que os sedentários
Actividade física e mortalidade no idoso
Alameda County Study6928 adultos Seguidos de 1965-1985
Conclusão A baixa actividade física associou-se a um aumento da mortalidade a partir dos 70 anos
Actividade física e mortalidade no idoso
Adventist Mortality Study9484 indivíduos Seguidos durante 26 anos
ConclusãoA idade média da morte foi de 76.3 anos para os que tinham um baixo nível de actividade física e de 79.1 para os que tinham elevado nível (+2,8 A)
Actividade física aconselhada
Inserida na vida quotidiana De forma organizada
Exercício programadoDesporto
O importante é que seja: - Praticada com regularidade - Adaptada à capacidade física e disponibilidade
de cada um - Praticada com prazer
Actividade física quotidiana
Utilizar as escadas em vez do elevador Deslocar- se para o trabalho, compras, café, etc..
a pé Quando for necessário utilizar transporte, parar
antes e ir a pé até ao destino Fazer trabalhos manuais *Jardinagem *Horticultura *”Bricolage”
*Limpezas Criar o hábito de passear
Actividade física de forma organizada
Exercício organizadoOrientado por Prof. Educação FísicaPraticado autonomamente (necessário cuidados)
Sob a forma de desportoModalidades mais aconselhadas:
*Marcha *Corrida *Ciclismo *Golfe *Natação *Remo *Dança *Ginástica
Características do exercício físico
Frequência: 3-5 sessões/semanaDuração: 30-60 min Intensidade: 60-80% da frequência
cardíaca máxima * A duração deverá ser inversamente
proporcional à intensidade
Regras gerais para a prática de exercício físico no idoso
Exame médico prévio e observação regular Mínimo de regularidade e intensidade Exercício aeróbico adequado a cada idoso Evitar os desportos de contacto físico Desporto sem fim competitivo (excepto o golf) Não treinar com frio ou calor excessivos Boa hidratação e usar equipamento adequado Parar ao mínimo sinal de alarme:*Cansaço *Tontura*Dor torácica*Dispneia*Perturbação visual
Conselhos práticos
Ser capaz de conversar durante o exercício. Ter a sensação que pode continuar por mais
tempo sem sacrifício. Fazer alguns minutos de aquecimento antes do
exercício e alguns de arrefecimento depois. Para os sedentários começar com intensidade
baixa aumentando depois progressivamente. Preferir maior quantidade em vez de maior
intensidade.
Conclusão
Actividade física e envelhecimento têm efeitos antagónicos.
Os seus benefícios no atraso do envelhecimento, na prevenção de doenças e na manutenção da qualidade de vida está bem demonstrado.
Assim, como forma de manter a saúde e bem-estar, o exercício físico deverá ser estimulado em todos os idosos.