unicamp universidade estadual de campinas faculdade de ciências médicas ana lucia de...

121
UNICAMP UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS Faculdade de Ciências Médicas ANA LUCIA DE OLIVEIRA NASCIMENTO DOR CERVICAL NA SOBRECARGA DA LÍNGUA EM SUJEITOS CLASSE I E CLASSE II/2ª. DIVISÃO DE ANGLE CAMPINAS 2017

Upload: dinhnguyet

Post on 10-Jan-2019

214 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

UNICAMP

UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS

Faculdade de Ciências Médicas

ANA LUCIA DE OLIVEIRA NASCIMENTO

DOR CERVICAL NA SOBRECARGA DA LÍNGUA EM SUJEITOS

CLASSE I E CLASSE II/2ª. DIVISÃO DE ANGLE

CAMPINAS

2017

ANA LUCIA DE OLIVEIRA NASCIMENTO

DOR CERVICAL NA SOBRECARGA DA LÍNGUA EM SUJEITOS

CLASSE I E CLASSE II/2ª. DIVISÃO DE ANGLE

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em

Saúde, Interdisciplinaridade e Reabilitação da

Faculdade de Ciências Médicas da

Universidade Estadual de Campinas

como parte dos requisitos exigidos para a

obtenção do título de Mestra

em Saúde Interdisciplinaridade e Reabilitação,

na Área de Concentração Interdisciplinaridade e Reabilitação

Orientadora: PROFª DRª MIRIAN HIDEKO NAGAE ESPINOSA

ESTE EXEMPLAR CORRESPONDE À VERSÃO FINAL DISSERTAÇÃO DEFENDIDA

PELA ALUNA ANA LUCIA DE OLIVEIRA NASCIMENTO, E ORIENTADA PELA

PROF (A). DR (A) MIRIAN HIDEKO NAGAE ESPINOSA

CAMPINAS

2017

BANCA EXAMINADORA DA DEFESA DE MESTRADO

ANA LUCIA DE OLIVEIRA NASCIMENTO

Orientador (a) PROF(A). DR(A). MIRIAN HIDEKO NAGAE ESPINOSA

MEMBROS:

1. PROF(A). DR(A). MIRIAN HIDEKO NAGAE ESPINOSA

2. PROF(A). DR(A). MARIA CECÍLIA MARCONI PINHEIRO LIMA

3. PROF(A). DR(A). IRENE QUEIROZ MARCHESAN

Programa de Pós-Graduação em Saúde, Interdisciplinaridade e Reabilitação da

Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Estadual de Campinas.

A ata de defesa com as respectivas assinaturas dos membros da banca examinadora

encontra-se no processo de vida acadêmica do aluno.

Data: 31 de janeiro de 2017

Dedico este trabalho à minha família:

Meu pai José (in memoriam), Minha mãe Maria,

Meu marido Joaquim,

Minhas filhas Ana Carolina, Carla Daniela e Maria Gabriela,

Que sempre me incentivaram, apoiando nos momentos difíceis e celebrando cada conquista.

Agradeço

À minha Orientadora Professora Mirian Nagae que teve a paciência em encarar o desafio de

lapidar meu conhecimento e produzir aprendizagem, sempre com atenção, cordialidade, proteção

e amizade. Que continue sendo essa pessoa maravilhosa e ímpar!

À minha filha Ana Carolina pela paciência em tornar fundamentos complicados em conceitos

simples, sendo minha auxiliar primorosa.

Ao Gerente do INSS-Campinas, Odair Cremasco por ter me permitido adequar o trabalho ao

estudo, sem impor barreiras, obrigada também pelo cuidado dispensado com os servidores .

Ao meu Co-Orientador Professor Fabiano Reis que sempre foi gentil, esclarecedor e dedicado.

À Professora Maria Cecília Marconi Pinheiro Lima por toda a gentileza, educação impecável e

ser profissional nos momentos mais delicados.

Ao Professor Carlos Carranza López por ter me ensinado sobre o RDC com domínio e

capacidade.

A Karina Virgílio por ter aplicado o RDC e pela parceria.

Ao Setor de Radiologia por ter recebido tão bem aos voluntários e ter cooperado com a pesquisa,

em especial agradeço ao Dr. Roger e a Técnica Ângela.

Aos professores da Pós-Graduação que tanto ensinaram e com imenso carisma.

A todos os funcionários do CEPRE por ter dividido o espaço e pelo respeito aos voluntários.

Aos funcionários da Pós-Graduação pelo atendimento prestimoso.

Agradeço especialmente aos voluntários que se doaram integralmente na realização da pesquisa.

Sem eles nada seria feito.

Deus me deu sorte! A sorte de encontrar essas pessoas maravilhosas em meu caminho! Agradeço

a todos vocês!!!

“Pensar sem aprender torna-nos caprichosos, e aprender sem pensar é um desastre.”

Confúcio

“A mente que se abre para uma nova ideia jamais volta ao seu tamanho original.”

Albert Einstein

RESUMO

Introdução: dor muscular cervical é uma condição que pode restringir funções significativas na

vida do indivíduo. Sua etiologia nem sempre é decorrente de danos locais e sim de sobrecarga

muscular irradiada de outras áreas, denominada ponto gatilho. Nos desarranjos dentários e

esqueléticos mandibulares a musculatura pode estar hiperativada para manter o equilíbrio do

sistema estomatognático e assim gerar dor em várias regiões, como na região cervical. Objetivo:

investigar e comparar o comportamento dos sujeitos com diferentes padrões oclusais (Classes I e

II/2ª divisão de Angle) e esqueléticos frente à dor e relacionada à atividade de fortalecimento

muscular da língua. Metodologia: amostra constituída por 30 voluntários, gênero masculino e

feminino, faixa etária média de 33,6 anos (desvio padrão 14,2), subdividida em Grupo Controle e

Grupo Experimental. O comportamento muscular foi mensurado por meio da análise da postura e

da eletromiografia, e a análise das sensações foi mensurada a partir do relato dos voluntários, nos

músculos suboccipitais e grupo muscular dos supra-hióideos bilateralmente no repouso e durante

a sucção de água. Análise Estatística: os dados revelaram que a postura da cabeça tendeu à

lateralização a partir do alinhamento vertical no grupo experimental mais que no grupo controle

(p<0,001). O comportamento muscular em relação a atividade elétrica apresentou diferenças

significativas entre as classes na fase de segunda sucção, com sujeitos Classe II/2a divisão de

Angle apresentando maior assimetria (p<0.05) no grupo dos músculos supra-hioideos. Nesta fase,

também foi detectada a maior atividade e menor simetria do grupo dos músculos suboccipitais.

Houve diferenças estatisticamente significativas nas sensações relatadas entre as duas classes

durante a realização do exercício (p<0,01). Conclusão: Os sujeitos Classe II/2a divisão de Angle

apresentaram maior assimetria na postura da cabeça e na atividade mio elétrica que os sujeitos

Classe I. Apresentaram ainda, relatos de dor na região cervical e da língua que podem estar

associados à dificuldade em realizar o exercício de sucção decorrente do desequilíbrio muscular.

Palavras-chave: má oclusão, língua, cervicalgia

ABSTRACT

Introduction: Cervical muscle pain is a condition that can restrict significant functions in the

individual's life. Its etiology is not always due to local damage, but also to muscular overload

radiated from other areas, called trigger point. In dental and skeletal disorders, the musculature

may be hyperactivated to maintain the balance of the stomatognathic system and thus generate

pain in several regions, such as in the cervical region. Objective: to investigate and compare the

behavior of subjects with different occlusal patterns (Classes I and II/2ª Division Angle ) and

skeletal pain related to the muscular strengthening activity of the tongue. Methodology: sample

consisting of 30 volunteers, male and female, with a mean age of 33.6 years (standard deviation

14.2), subdivided into Control Group and Experimental Group. Muscular behavior was measured

by posture and electromyography analysis, and sensory analysis was measured from the

volunteers' report on the sub occipital muscles and muscle groups of the suprahyoids bilaterally at

rest and during water suction. Statistical Analysis: the data revealed that the head posture tended

to lateralization from the vertical alignment in the experimental group more than in the control

group (p <0.001). The muscular behavior in relation to the electrical activity presented significant

differences between the classes in the second suction phase, with Class II/ 2nd division Angle

subjects presenting greater asymmetry (p <0.05) in the group of supra-hyoid muscles. At this

stage, the higher activity and lower symmetry of the sub-occipital muscle group were also

detected. There were statistically significant differences in the reported sensations between the

two classes during exercise (p <0.01). Conclusion: Angle Class II / 2nd division subjects

presented greater asymmetry in head posture and electrical activity than Class I subjects. They

also presented reports of pain in the cervical region and tongue that may be associated with

difficulty in performing the exercise suctioning due to muscle imbalance.

Key words: malocclusion, tongue, neck pain.

Lista de Figuras

Figura 1. Inervação da Face: Nervo Trigêmeo. ...............................................................23

Figura 2. Músculos Hioideos....................................................................................... ....26

Figura 3. Músculo Digástrico ..........................................................................................27

Figura 4. Retificação Cervical .........................................................................................28

Figura 5. Músculos Suboccipitais.....................................................................................29

Figura 6. Alavanca Atlanto-Occipital...............................................................................30

Figura 7. Músculos Acessórios da Respiração ................................................................32

Figura 8. Vias Aéreas................................................................................................. ......33

Figura 9. Sistema Crânio-Mandibular: encaixe correto dos dentes........................... ......47

Figura 10. Maloclusão Classe II de Angle.......................................................................49

Figura 11. Análise Oclusal ..............................................................................................59

Figura 12. Fotogrametria (SAPO). ..................................................................................62

Figura 13. Cefalometria padrão Rocabado. Determinação da postura ortostática do crânio

sobre a coluna e osso hioideo. .........................................................................................63

Figura 14. Exame de eletromiografia ..............................................................................64

Figura 15. Box Plot para a distribuição do ângulo de simetria vertical da cabeça...........72

Figura 16. Box Plot para a distribuição do alinhamento horizontal da cabeça com relação a

C7, perfis direito e esquerdo.............................................................................................73

Figura 17. Médias (desvio padrão), limites de confiança da média e teste de Tukey para

comparação da simetria do grupo dos músculos suboccipitais. .......................................77

Figura 18. Médias (desvio padrão), limites de confiança da média e teste de Tukey para

comparação das médias de RMS do grupo dos músculos suboccipitais. .........................77

Figura 19. Médias (desvio padrão) limites de confiança da média e teste de Tukey para

comparação das médias de RMS do grupo dos músculos supra-hioideos. ......................79

Figura 20. Médias (desvio padrão) limites de confiança da média e teste de Tukey para

comparação das simetrias dos músculos supra-hioideos dentro de cada fase. .................80

Figura 21. Médias (desvio padrão) limites de confiança da média e teste de Tukey para

comparação das simetrias dos músculos supra-hioideos dentro de cada fase. .................80

Figura 22. Frequência (porcentagem) e teste de Qui-quadrado para comparação das

proporções de sensações referidas pelos voluntários .......................................................82

Figura 23. Porcentagem de ocorrência (sim) e de não ocorrência de normalidade e de dor de

acordo com o tipo de oclusão ...........................................................................................85

Figura 24. Porcentagem de ocorrência (sim) e de não ocorrência de cansaço e de incômodo

de acordo com o tipo de oclusão ......................................................................................85

Lista de Quadros

Quadro 1. Cálculos empregados para obtenção dos valores de Índice de Simetria e de Valor

Médio de RMS ................................................................................................................66

Quadro 2. Gráfico para estudo da aderência dos resíduos de RMS à distribuição gaussiana

.........................................................................................................................................75

Quadro 3. Diagrama dos relatos das sensações dos voluntários durante o exercício de sucção

..........................................................................................................................................81

Quadro 4. Locais de ocorrência das sensações relatadas pelos voluntários ....................86

Lista de Tabelas

Tabela 1. Comparativo das variáveis numéricas em relação ao gênero entre os

grupos ..............................................................................................................................69

Tabela 2. Comparativo das variáveis numéricas em relação à idade entre os grupos .....69

Tabela 3. Comparativo das variáveis numéricas em relação à escolaridade entre os

grupos ..............................................................................................................................70

Tabela 4. Comparativo das variáveis numéricas em relação à renda entre os grupos .....70

Tabela 5. Médias, desvios padrão, mediana e valores de mínimo e máximo das variáveis de

ângulo de simetria postural da cabeça na posição anterior (ASV) e de alinhamento horizontal

(AH C7), perfis laterais direito e esquerdo. ....................................................................71

Tabela 6. Análise de variância pelo teste de Wilcoxon-Mann-Whitney dos valores de ângulo

de simetria postural da cabeça na posição anterior (ASV) e de alinhamento horizontal (AH

C7), perfis laterais direito e esquerdo...............................................................................72

Tabela 7. Médias, desvios padrão, limites de confiança da média (95%) e valores mínimo e

máximo das variáveis primárias da análise eletromiográfica (RMS) ..............................73

Tabela 8. Coeficientes de assimetria e curtose e teste de Shapiro-Wilk para teste da aderência

dos resíduos derivados do modelo de análise de variância baseado em postos, à distribuição

gaussiana dos dados de RMS médio e simetria da análise de eletromiografia (RMS) ...74

Tabela 9. Análise de variância baseada em postos dos dados de RMS (Média e Simetria) dos

grupos dos músculos supra-hioideos e suboccipitais .......................................................76

Tabela 10. Médias (desvios padrão) das combinações de classes e fases para comparação do

efeito significativo da interação dos efeitos de Simetria dos supra-hioideos pelo teste de

Tukey com nível de significância de 5%..........................................................................79

Tabela 11. Frequências e porcentagens simples e acumuladas das sensações referidas pelos

voluntários e teste de qui-quadrado para igualdade de proporções ..................................82

Tabela 12. Frequências (porcentagens) da ocorrência de sensações nos tipos de oclusão e

teste de Cochran, Mantel e Haenszel para igualdade de proporções nos tipos ................84

Lista de Siglas

AD analógico digital

Ag prata

AgCl . cloreto de prata

AH alinhamento horizontal

ASV ângulo de simetria vertical

ATM articulação temporomandibular

C0-C1 articulação atlanto-occipital

C1 primeira vértebra cervical Atlas

C2 segunda vértebra cervical

C3 terceira vértebra cervical

C4 quarta vértebra cervical

CEP Comitê de Ética em Pesquisa

CEPRE Centro de Estudos e Pesquisa em Reabilitação

CMH estatística de Cochrane

CMRR modo de rejeição comum

DB decibel

DP desvio padrão

DTM disfunção temporomandibular

EMG eletromiografia

FCM Faculdade de Ciências Médicas

freq. Frequência

GC grupo controle

GE .grupo experimental

GL .graus de liberdade

HC Hospital das Clínicas

Hz hertz

IASP .International Association of the Study of Pain

IS índice de simetria

lim conf limite de confiança

LTP lotado

Max máximo

MGP. Plano McGregor

min mínimo

OP Plano Odontoide

RGn retrognatismo

RMS root means square

Sal min salário mínimo

SAPO Software de Avaliação Postural

SAS Statistical Analysis System

TCLE Termo de Consentimento Livre Esclarecido

USP Universidade de São Paulo

V nervo Trigêmeo

VII nervo Facial

XI nervo Acessório

XII .nervo Hipoglosso

Lista de Anexos

ANEXO I: Termo de Consentimento Livre e Esclarecido – TCLE ................................108

ANEXO II: Ficha de Anamnese ......................................................................................114

ANEXO III: Avaliação Postural ......................................................................................115

ANEXO IV: CAEE.........................................................................................................121

Sumário

1. Introdução ........................................................................................................................18

2. Objetivos...........................................................................................................................19

2.1. Objetivo geral.................................................................................................................19

2.2. Objetivos específicos .....................................................................................................20

3. Revisão da Literatura........................................................................................................ 20

3.1. Sistema Crânio Cervical................................................................................................ 20

3.2. Morfologia .................................................................................................................... 21

3.3. Inervação ....................................................................................................................... 22

3.4. Língua ........................................................................................................................... 23

3.5. Osso Hioideo e sua Relação Muscular ......................................................................... 25

3.6. Considerações Gerais sobre o Sistema...........................................................................29

3.6.1. Respiração....................................................................................................................31

3.6.2. Sucção..........................................................................................................................34

3.6.2.1 Terapia Mio Funcional................................................................................................35

3.6.3. Postura .........................................................................................................................38

3.6.4. Biomecânica do Sistema Crânio Facial ......................................................................39

3.7. Oclusão Normal e Maloclusão .......................................................................................45

3.7.1. Oclusão Tipo I de Angle..............................................................................................46

3.7.2. Maloclusão ..................................................................................................................47

3.8. Dor..................................................................................................................................51

3.8.1. Definição ....................................................................................................................51

3.8.2. Fisiologia da dor .........................................................................................................51

3.8.3. A dor e o exercício físico.............................................................................................53

3.8.4. Estudos sobre a diversidade de conceitos de dor.........................................................55

4. Materiais e Métodos .........................................................................................................58

4.1. Delineamento do Estudo................................................................................................58

4.2. Procedimentos ...............................................................................................................59

4.2.1. Anamnese ...................................................................................................................59

4.2.2. Análise Oclusal ..........................................................................................................59

4.2.3. Avaliação Fisioterapêutica..........................................................................................60

4.2.4. Radiografias................................................................................................................62

4.2.5. Eletromiografia de Superfície ....................................................................................63

4.2.6. Análise Estatística ......................................................................................................65

5. Resultados ........................................................................................................................68

5.1. Análise exploratória.......................................................................................................68

5.1.1. Gênero ....................................................................................................................... 69

5.1.2. Idade............................................................................................................................69

5.1.3. Dados socioeconômicos .............................................................................................70

5.2. Postura ...........................................................................................................................70

5.3. Atividade Mio-elétrica (RMS) .......................................................................................73

5.4. Sensações relatadas pelos voluntários.............................................................................81

6. Discussão ..........................................................................................................................87

7. Referências Bibliográficas ...............................................................................................96

ANEXOS ...........................................................................................................................108

18

1. Introdução

Dor é uma condição que pode restringir e até mesmo tornar inacessível, funções

gerais e específicas exercidas pelos indivíduos. Dentre as síndromes álgicas, a cervicalgia, dor

localizada na região posterior do pescoço ou nuca segundo Teixeira 1, acometerá 55% da

população em algum momento.

A coluna cervical é uma região suscetível, pois os músculos localizados nessa região

são responsáveis pelo equilíbrio da cabeça e coordenação do sistema estomatognático2. A posição

ideal da cabeça é aquela em que seu volume maior fica anterior à coluna cervical com os planos

ótico, oclusal e bi-pupilares paralelos e horizontais entre si. Seu equilíbrio é garantido graças ao

seu próprio peso que atua sobre o centro de gravidade junto à sela túrcica e a potência que vem

dos músculos da nuca, tais como os músculos suboccipitais, retos posteriores e oblíquos, que se

opõem a queda da cabeça para frente, assegurando com isso, a estabilidade postural do crânio 3,4

.

A cabeça consegue se movimentar graças a esse sistema de alavancas em que o

crânio é considerado um ponto fixo conectado a um ponto móvel, a mandíbula. 3,5,6

Ambos estão

interligados por meio da articulação temporomandibular (ATM) que favorece a abertura e

fechamento oral para que funções orais como a fala, deglutição e mastigação possam ocorrer.

Desvios, entretanto, na conformação dentária e esquelética maxilo-mandibular podem afetar o

sistema muscular crânio-cervical devido à movimentação da oclusão dentária e fixação do

músculo no osso. 7

A oclusão dentária Classe I de Angle é determinada pela posição das cúspides dos

primeiros molares mandibulares que ficam posicionados à frente e para dentro das cúspides dos

dentes correspondentes na arcada maxilar, com bom encaixe entre as duas arcadas.

Em alterações como sobre mordida (Classe II/2a

divisão de Angle) e retrognatismo

em que ocorre um trespasse vertical exacerbado da arcada dentária superior em relação à inferior

e hipo desenvolvimento mandibular, respectivamente, é frequente a retificação cervical, ou seja,

não manter a lordose (curvatura) fisiológica para manter o equilíbrio crânio cervical e do sistema

estomatognático. O crânio se desloca para frente, os ombros se elevam, a musculatura pré e para

19

vertebral retrai, as inserções dos músculos flexores do crânio se aproximam de forma acentuada,

com recuo do osso hioideo. 8-11

A retrusão do osso hioideo associada à retificação cervical desestabiliza o sistema

estomatognático que pode sobrecarregar músculos como o digástrico (ventre posterior) para

garantir a execução de funções, como a deglutição. A hiperatividade dessa musculatura por sua

vez, pode irradiar para os músculos suboccipitais, podendo causar sobrecarga nestes1.

A fonoaudiologia atua nesses casos, por exemplo, com exercício de fortalecimento da

musculatura da língua por meio da sucção. Alterações na estrutura ou função crânio-cervical

promovem compensações fisiológicas. Quando repetitivas as compensações podem provocar

fadiga e lesões em todo o sistema músculo esquelético. 12

Assim, a investigação da presença da

dor cervical decorrente da sobrecarga na musculatura da língua em sujeitos com distintas Classes

oclusais, por meio da avaliação postural e eletromiografia de superfície, pode auxiliar a prevenir

possíveis quadros de dor irradiada.

A abordagem multiprofissional pode melhorar a qualidade de vida de pessoas com

quadro clínico disfuncional e a fisioterapia pode contribuir oferecendo o ponto de vista

cinesioterápico na avaliação da dor cervical de origem no processo mastoideo, exacerbada pelo

fortalecimento lingual, observando a relação das estruturas ósseas e musculares, o mecanismo

biomecânico e postural e a posição da língua durante a sucção.

2. Objetivos

2.1. Objetivo geral: investigar e comparar o comportamento dos sujeitos (Classes I e II/2ª

divisão de Angle) com diferentes padrões oclusais e esqueléticos frente à dor relacionada à

atividade de fortalecimento muscular da língua.

20

2.2. Objetivos específicos:

a)Investigar se sujeitos de Classe I e II/2ª. Divisão de Angle apresentam comportamento

distinto em relação à presença de dor nos músculos suboccipitais e grupo muscular dos supra-

hioideos ao fazer exercícios de fortalecimento da língua por meio da sucção.

b)Investigar se a ativação muscular é diferente nos sujeitos de Classe I e II/2ª. Divisão de

Angle nos músculos suboccipitais e grupo muscular dos supra-hioideos na situação de repouso,

início, meio e fim dos exercícios de fortalecimento da língua por meio da sucção.

HIPÓTESE: suspeita-se de diferença significativa em relação à dor e atividade muscular entre

sujeitos com diferentes padrões oclusais e esqueléticos devido à diferença do tamanho da

mandíbula.

3. Revisão da Literatura

3.1. Sistema Crânio Cervical

O sistema mastigatório é uma unidade estrutural e funcional que intervém na

mastigação, fonação, deglutição, respiração, na modulação das ondas sonoras, porque estas

atividades ocorrem no mesmo espaço como funções superpostas das vias aéreas e digestivas

humanas. 6

Deste sistema fazem parte ossos importantes que são o crânio, ossos da face, a

mandíbula e o osso hioideo. Ossos da coluna cervical superior, 1º e 2º vértebras cervicais

também têm atuação considerável no sistema estomatognático, além da articulação

temporomandibular (ATM), articulação alvéolo dentária, peças dentárias (dentes), ligamentos e

músculos que se coordenam entre si. 7

21

Dessas estruturas, uma apresenta mobilidade essencial ao sistema: a ATM. Ela

permite os seguintes movimentos da mandíbula: abaixamento/elevação, protrusão/retração, e

lateralização do osso, num padrão rotatório tridimensional. 13, 14

As articulações alvéolo dentárias fixam os dentes na mandíbula e nos maxilares. Os

dentes transmitem informações sensoriais através do nervo trigêmeo, que ajudam a modular

força, velocidade, amplitude e duração dos movimentos orais. 13, 14

3.2. Morfologia

Crânio é um osso formado pela junção de 21 ossos fixos e um móvel. Tem formato

de caixa arredondada, que abriga e protege o encéfalo. Todos os ossos cranianos, exceto a

mandíbula, estão unidos por junturas fibrosas praticamente imóveis, chamadas de suturas. 15

Alguns dos ossos cranianos servem de apoio e ponto de ligação para os músculos da

deglutição, como o osso temporal, os ossos maxilares e a mandíbula. 5,15

Osso Temporal é um osso de formato irregular, que recobre a lateral do crânio,

protege os órgãos da audição e do equilíbrio e serve de apoio para a ATM. 5,15

Apresenta uma proeminência palpável atrás da orelha, onde se insere o músculo

digástrico, chamada de Processo Mastoideo. 5, 15

Processo Mastoideo é uma projeção óssea cônica que pode variar de tamanho e

forma localizada na parte posterior do osso temporal (porção mastoidea). Fixa os músculos

esternocleidomastoideos, esplênio da cabeça, dorsal longo da cabeça e digástrico. 5, 15

Osso Occipital é o osso que recobre a porção póstero inferior do crânio. Serve de

inserção para diversos músculos, dentre eles os músculos suboccipitais. Faz articulação com o

osso temporal através da sutura occipitomastoidea. 5,15

Mandíbula é um osso ímpar em forma de U, semelhante a uma ferradura horizontal

com abertura posterior (corpo), de cujas extremidades livres saem dois prolongamentos (ramos).

Na mandíbula inserem-se todos os músculos da mastigação: o músculo masseter o músculo

temporal e os músculos pterigoides medial e lateral. 5,15

22

Na parte posterior, há uma articulação sinovial, com os ossos temporais através do

processo condilar, designada articulação temporomandibular (ATM). 5,15

Maxila é um osso par, que constitui parte da face. Possui uma borda alveolar onde se

encaixam os oito dentes de cada quadrante superior da boca. Forma ponto de contato para a

língua durante a fase oral da deglutição. 5,15

Osso Hioide é um osso ímpar que fica na parte anterior do pescoço, abaixo da

mandíbula e à frente da porção cervical da coluna vertebral. Funciona como suporte da

musculatura da base da língua.5,15

Atlas é um osso que articula o crânio com a coluna vertebral, através da articulação

atlanto-occipital. É a 1º vértebra da coluna cervical. Possui uma projeção lateral chamada massa

lateral do Atlas. 5,15

Áxis é um osso que se articula com o Atlas e com a terceira vértebra cervical. É a

segunda vértebra da coluna cervical. 5,15

3.3. Inervação

A inervação dos músculos supra-hioideos é distinta da inervação dos músculos infra-

hioideos. Enquanto que nos primeiros músculos, a inervação emerge do crânio, através dos

forames, por onde passam os nervos cranianos Trigêmeo - V, e Facial - VII, nos músculos infra-

hioideos, a inervação se origina do entrelaçamento dos ramos dos nervos espinhais da primeira à

terceira vértebras cervicais, de C1 a C3.5

A musculatura crânio-cervical é inervada por alguns dos nervos cranianos (Trigêmeo,

Facial (Figura 1), Hipoglosso - XII, e Acessório -XI) e por parte dos nervos cervicais. O músculo

gênio-hioideo é inervado pelo primeiro nervo espinhal cervical. Os demais músculos supra-

hioideos são inervados pelos nervos cranianos. O músculo milo-hioideo e o ventre anterior do

músculo digástrico são inervados pelo nervo Trigêmeo, V par craniano. O músculo estilo-hioideo

e músculo digástrico posterior são inervados pelo nervo Facial, VII par craniano. 5,16,17

23

Figura 1: Inervação da Face: Nervo Trigêmeo (Fonte: elaboração própria)

Os nervos cervicais são nervos originados da primeira a quarta vértebras cervicais, de

C1, C2, C3 e C4. Ao emergirem pelos forames vertebrais, eles se entrelaçam irregularmente,

formando alças. Fibras que emergem de C1 e de C2 formam a raiz superior da alça cervical,

enquanto que ramos que emergem de C2 e C3 se unem para formar a raiz inferior da alça

cervical. Por sua vez, ramos da alça cervical inervam os músculos infra-hioideos. Ao mesmo

tempo, ramos cervicais que emergem de C1 a C4 inervam a parte sensorial do músculo

esternocleidomastoideo e do músculo trapézio e, a parte motora dos músculos escalenos. 5,16, 17

A área cutânea suprida com fibras sensitivas de um único nervo recebe o nome de

dermátomo, que se sucede no tronco em faixas circulares e sobrepostas, irregularmente e que

pode corresponder a uma ou mais raízes nervosas. 15,17

Os dermátomos podem referir dor quando a raiz nervosa correspondente estiver

lesionada. No entanto, às vezes é difícil localizar a dor em determinado local, porque as áreas

cutâneas de distribuição dos nervos nem sempre correspondem às áreas de distribuição das raízes

nervosas. 15,17

Já a parte motora do nervo tende a acompanhar o músculo em seu desenvolvimento e

no movimento que executa. 15, 17

24

O ventre posterior do músculo digástrico tem um padrão de dor referida que irradia

para a parte superior do músculo esternocleidomastoideo, podendo atingir a região da garganta,

do mento e occipital, e mesmo ser confundida e atribuída à sua lesão. Desta forma, a dor na

região do processo mastoideo pode referir lesão tanto do músculo esternocleidomastoideo quanto

do músculo digástrico. 1,16,18

O ventre anterior do músculo digástrico tem seu padrão de dor referida direcionado

aos dentes incisivos inferiores, para a crista alveolar inferior desses dentes e para a língua, devido

à sua inserção na região do mento, na linha mediana. 1, 16,18

3.4. Língua

A língua é um órgão muscular revestido por uma mucosa que está localizada na

cavidade oral e orofaríngea. Assume vários formatos e posições por ser composta por vários

músculos extrínsecos (genioglosso, estiloglosso, hioglosso e palatoglosso) e intrínsecos

(longitudinais superior e inferior, transverso e vertical). Os músculos da língua não funcionam

isolados, alguns têm funções múltiplas. Nessa “massa” revestida por mucosa, cuja ação é

miscelânea de todos os músculos, os músculos intrínsecos alteram o formato da língua e os

músculos extrínsecos estão associados à posição e movimento. 19

A língua apresenta quatro partes: o ápice, o dorso, a face inferior e a raiz. Fixa-se no

osso hioideo por um septo fibroso. Possui músculos intrínsecos e extrínsecos. Os músculos

intrínsecos apresentam fibras longitudinais, transversais e verticais. As fibras longitudinais

contraem a ponta da língua, levando-a para cima e para trás. As fibras transversais estreitam,

espessam e alongam a língua. As fibras verticais tornam a língua larga e longa. 5,6,15

Dentre os músculos extrínsecos da língua estão o genioglosso e o hioglosso. O

músculo genioglosso tem formato de leque e é protrusor da língua, podendo deprimir e retrair

sua ponta. O músculo hioglosso abaixa a língua. Com a boca aberta, ele age na depressão e

retrusão da língua. 5,15

25

Apenas uma parte da língua pode ser visualizada na cavidade oral, a sua ponta até

uma região em formato de V, rica em papilas circunvadas, descendente pela faringe, formando

ângulo de 90º, onde sua raiz se prende ao osso hioideo. 5,15

3.5. Osso Hioideo e sua Relação Muscular

O osso hioideo não se articula com nenhum outro osso e sua fixação é feita através

dos músculos que se agrupam em supra e infra-hioideos (Figura 2), mantendo-o posicionado

anteriormente no pescoço. Os músculos supra-hioideos induzem tensão na mandíbula quando a

cabeça está em equilíbrio. 4,7

O equilíbrio da cabeça é mantido pelos músculos cervicais, que agem coordenados

com os músculos do sistema estomatognático. Intervenção em qualquer desses níveis pode

ocasionar mudanças no sistema inteiro. 2, 20

Mudanças na atividade dos músculos da mastigação alteram a biomecânica crânio-

cervical-mandibular porque desestabilizam a postura do crânio sobre a coluna cervical, e

favorecem compensações musculares para manter a função. 4,8,20

Anatomicamente, não há músculo vertical abaixo da mandíbula que a puxe para

baixo. 3 Sua depressão é feita pelos músculos pterigoideos e músculos digástricos. Estes

músculos desempenham função antagônica e estão situados em níveis diferentes um em relação

ao outro, posição que favorece a rotação anterior da mandíbula. Quando a boca abre, o osso

hioideo se movimenta pouco por estar fixado pelos músculos gênio-hioideo e milo-hioideo.

Assim, os músculos digástricos direito e esquerdo tem a liberdade de abaixar a mandíbula. 3

Os músculos pterigoideos laterais fazem as cabeças mandibulares deslizarem para

frente, num movimento de protrusão. Concomitantemente, os músculos digástricos rodam a

mandíbula e a boca se abre. 3

Os músculos infra-hioideos abaixam o osso hioideo, enquanto que os músculos

supra-hioideos o elevam. Quando o osso hioideo está fixado pela musculatura infra-hioidea, os

26

músculos supra-hioideos conseguem movimentar a mandíbula. São antagonistas dos músculos da

mastigação porque promovem a retrusão e o abaixamento da mandíbula. 6

O músculo milo-hioideo forma o assoalho muscular da boca, elevando-o juntamente

com a língua e o osso hioideo. Auxilia o músculo digástrico na retrusão e no abaixamento

mandibular quando o osso hioideo está fixado. 6, 15

Figura 2: Músculos Hioideos (Fonte: elaboração própria).

O músculo digástrico possui dois ventres carnosos, unidos por um tendão, em forma

de ângulo obtuso. Fixa-se na área mastoidea do osso temporal e no corpo da mandíbula. Seu

ventre muscular posterior nasce na incisura mastoidea e desce com obliquidade anterior,

profundamente às inserções do músculo longuíssimo da cabeça, do músculo esplênio da cabeça e

dos músculos esternocleidomastoideos, estando oculto em parte por estes. O ventre anterior do

músculo digástrico, que emerge da margem inferior da mandíbula, se posiciona sobre o músculo

milo-hioideo e se insere na fossa digástrica. É preso ao osso hioideo por uma alça fibrosa da

fáscia cervical, onde desliza. Ao se contrair, traciona a mandíbula para trás. 6,15

27

O músculo digástrico trabalha na depressão máxima ou na abertura forçada da boca.

É inibido durante a depressão da mandíbula quando esta é protruída ao mesmo tempo, porque

este músculo entra em retração. Os músculos digástricos direito e esquerdo estão ativos durante a

tosse, a deglutição, a retrusão mandibular e no contato dental. Neste último, os músculos

elevadores da mandíbula são inibidos reflexamente à atividade dos músculos digástricos. 6

A fisiologia dos músculos digástricos evidencia o predomínio de fibras tipo II que

indica a função de abrir a boca com rapidez, sem manter tensão. A escassez de fusos musculares

evidencia o controle destes músculos por proprioceptores do fechamento mandibular. 14

Músculo Digástrico: os dois ventres musculares estão ligados por um tendão

intermediário que é preso ao osso hioide (Figura 3).

Figura 3: Músculo Digástrico (Fonte: elaboração própria).

Os músculos mandibulares tendem a atuar em grupo, associados. Os movimentos

mandibulares ocorrem em todos os planos e direções, tendo como ponto de apoio, a articulação

temporomandibular. 3, 20

A lordose cervical fisiológica é mantida em função da distribuição de forças dos

músculos estabilizadores suboccipitais e esternocleidomastoideos. Quando ocorre a protração da

28

cabeça, os músculos estabilizadores passam a facilitar a atividade do músculo platisma,

favorecendo a tendência de abertura da boca. A deglutição em protração da cabeça é mais difícil,

porque os músculos hioideos estão em desvantagem mecânica, ou seja, alongados e necessitam

de mais força para se contraírem. 21

Segundo Dufour 22

, na retificação cervical (Figura 4), realizada pelos músculos pré-

vertebrais, (principalmente o músculo longo do pescoço), os músculos hioideos, que também são

anteriores a coluna cervical, facilitam este movimento e empurram as vértebras para trás,

enquanto os músculos masseterinos por sua vez, retificam os tubos mastigadores.

Figura 4: Retificação Cervical (Fonte: elaboração própria).

A deglutição em retificação cervical também é difícil, porque os músculos hioideos

estão contraídos e não conseguem relaxar totalmente após o movimento, aumentando ainda mais

a tensão dos músculos pré-vertebrais (anteriores), ou seja, dos músculos longos da cabeça e do

pescoço, músculos retos anterior e lateral da cabeça, músculos escalenos e músculos

esternocleidomastoideos. 22

Os músculos pós-vertebrais (posteriores) são solicitados a manter a retificação

cervical. Estão divididos em profundos, intermédios e superficiais. Os músculos posteriores

29

profundos são os músculos suboccipitais (Figura 5), músculos inter-espinhais e músculos inter

transversais. Os músculos posteriores intermédios são os músculos semi espinhais do tórax, do

pescoço e da cabeça. Os músculos posteriores superficiais são os músculos iliocostal cervical e

dorsal longo, músculos esplênios da cabeça e do pescoço, músculo elevador da escápula e

músculo trapézio. 3

Figura 5: Músculos Suboccipitais (Fonte: elaboração própria)

3.6. Considerações Gerais sobre o Sistema

Considerando o crânio com relação à coluna cervical, existe uma articulação que

permite a movimentação da cabeça, que é a articulação atlanto-occipital. 3,15

A cabeça está em equilíbrio quando o plano mastigatório fica horizontal. 3

Pode ser

considerada uma alavanca interfixa, onde o ponto de apoio situa-se nos côndilos occipitais, e a

resistência é seu próprio peso sobre seu centro de gravidade (junto a sela túrcica) na articulação

atlanto-occipital (Figura 6). Os músculos da nuca geram potência que contrabalanceia este peso,

uma vez que a cabeça tende a pender para frente. 3

30

Considerando o crânio com relação à mandíbula, existe outra articulação que permite

o movimento da mandíbula, que é a articulação temporomandibular (ATM). Desta forma, o

crânio é considerado o ponto fixo, a origem muscular, enquanto que a mandíbula é o ponto

móvel, o ponto de inserção muscular. 3,5,6

A mandíbula trabalha como uma alavanca interpotente, e seu ponto de apoio é a

articulação que mantém com o osso temporal. 3

Madeira 6 chama atenção para a fragilidade óssea, afirmando que o osso é mais fraco

sob tensão que sob pressão. Existe interdependência entre a estrutura interna do osso e sua

função. Tecidos são organizados para resistir a forças às quais estão sujeitos, tendo resistência

com o mínimo de material celular. Forças mecânicas como a tração tendem a aumentar o volume

ósseo, exemplificado pela tração muscular ao nível das linhas nucais. Já a maioria das forças

compressivas tende a ser absorvidas pelos próprios ossos e dispersadas em cadeia aos ossos

adjacentes. 6,23

Figura 6: Alavanca Atlanto-Occipital (Fonte: elaboração própria).

A situação anterior do centro de gravidade da cabeça explica a potência relativa da

musculatura posterior da nuca em relação aos músculos flexores do pescoço, já que os extensores

31

lutam contra a gravidade, enquanto que os flexores são por ela auxiliados. Esta situação mantém

um tônus permanente dos músculos da nuca, os músculos suboccipitais, que se opõem a queda da

cabeça para diante. 3

Para mover a cabeça, os músculos cervicais devem fixar-se por uma das

extremidades no crânio, enquanto a outra extremidade se prende em partes esqueléticas de

vértebras, costelas, clavícula e esterno. Desta forma, estes músculos são capazes de agir sobre a

cabeça ou sobre a porção cervical da coluna vertebral. 5

A extensão da cabeça induz ao relaxamento da musculatura cervical posterior e

contração da musculatura infra-mandibular. Neste movimento, o crânio se desloca para trás e os

ombros para frente, interferindo na posição de repouso mandibular e na oclusão dental. 8

3.6.1. Respiração

As vias aéreas superiores aquecem, umidificam e filtram o ar inspirado. Os músculos

auxiliam também na deglutição, na tosse, na fala e nos esforços expulsivos abdominais. A

contração e o relaxamento dos músculos das vias aéreas superiores estão ligados aos movimentos

dos músculos da parede torácica. 16

As vias aéreas superiores consistem em um duto nasal e de

um duto oral que convergem na faringe, formando um duto único até à laringe. Nestes locais, o

fluxo de ar das vias aéreas pode ser controlado. A resistência nasal ao fluxo de ar é produzida

pela contração dos músculos das asas nasais e da ereção do tecido vascular interno do nariz. 16

Em situação normal de respiração, o diafragma é o principal músculo da inspiração,

que é ativa, sendo auxiliado pelos intercostais internos. A expiração, que é passiva, apresenta

contração abdominal e dos intercostais externos. 16

Quando ocorre interferência de qualquer ordem, seja patológica, postural ou

obstrutiva, o indivíduo tende a usar a musculatura acessória, situada no pescoço, para manter a

fisiologia mais importante para sua sobrevivência que é a respiração. Dentre os músculos

32

acessórios mais utilizados estão os músculos escalenos anterior, médio e posterior (Figura 7) e os

músculos esternocleidomastoideos. 16

Figura 7: Músculos Acessórios da Respiração (Fonte: elaboração própria).

O músculo escaleno médio origina-se nos processos transversos da segunda à sétima

vértebra cervical e se insere na 1° costela, sendo inervado pelas raízes do terceiro ao oitavo nervo

cervical. Sua contração eleva o gradil costal em direção à cabeça. Sua atividade elétrica pode ser

detectada mesmo em respiração suave, o que o coloca entre os músculos primários da respiração.

16

O músculo esternocleidomastoideo tem origem no esterno e na parte medial da

clavícula, inserindo-se no processo mastoide e no osso occipital. É inervado pelo segundo nervo

cervical. 17

Trabalha sinergicamente com seu contralateral para fletir e inclinar a cabeça. 3,5

Na respiração forçada, o músculo o esternocleidomastoideo se contrai elevando o

osso do esterno e aumentando o diâmetro ântero-posterior do tórax, a partir de um ponto fixo que

é a cabeça. Os músculos infra e supra-hioideos se encurtam, e a boca se abre. 16

33

Figura 8: Vias Aéreas (Fonte: elaboração própria).

A respiração oral promove menor resistência ao fluxo de ar, embora não ocorra a

filtração, umidificação e aquecimento adequado desse ar. A respiração normal depende da

capacidade global dos músculos em manter as vias aéreas superiores permeáveis e regulares à

resistência ao fluxo de ar (Figura 8). 16

A respiração influencia a posição da cabeça, como é observado na obstrução nasal

que induz às adaptações fisiológicas e posturais crânio-cervicais para facilitar o processo

respiratório, tais quais a adaptação postural mandibular, a modificação do crescimento ósseo e a

compensação dento-alveolar. A cabeça pode se inclinar para cima e a face aumentar

verticalmente. 24

Exercícios extenuantes tendem a alterar a contração dos músculos respiratórios,

causando fadiga e ativando a musculatura acessória. 24

34

3.6.2. Sucção

A sucção inicia-se reflexamente no recém-nascido no início da amamentação, após o

reflexo da procura promover a "pega" do mamilo, desencadeando os movimentos da língua e

mandíbula. Na sucção a parte anterior da língua veda a boca em torno da auréola, enquanto que

sua porção posterior fecha a cavidade oral contra o palato mole e a faringe. A língua se desloca

ântero-posteriormente, em movimentos peristálticos que levam o bolo alimentar em direção à

faringe. A mandíbula sustenta os movimentos da língua e movimenta vertical e horizontalmente,

acompanhando os movimentos mandibulares, e a língua faz movimentos de acanulamento e

peristaltismo, provocando alternância entre pressão positiva e negativa na cavidade oral. 24

A sucção movimenta os lábios, a língua, a mandíbula, a maxila, as bochechas, os

palatos duro e mole, o assoalho da boca, a musculatura oral e as arcadas dentárias, com ritmo,

força e sustentação. No vedamento labial promovido pela sucção, a movimentação da língua e da

mandíbula é coordenada entre a deglutição e a respiração, promovendo variação da pressão intra-

oral. O movimento correto dos lábios e bochechas favorece a abertura da boca e protusão da

língua. O lábio inferior se everte e a língua avança até a gengiva. 25

Na sucção, como dito antes, a língua se movimenta para frente e para trás, aderida à

superfície a ser sugada. Seu deslocamento ântero-posterior promove acanulamento de suas

bordas laterais, que se aderem ao palato. Isto produz um sulco em sua porção medial com

movimento peristáltico, que leva o líquido em direção à faringe. 25

A mandíbula oferece base estável para os movimentos da língua ao mesmo tempo se

movimenta. Quando a mandíbula se eleva, a ponta do dorso da língua move-se para cima e, por

sua vez, se adere à superfície, de modo que não fica espaço vazio entre a língua, palato duro e

superfície oral. Nesse ponto, a língua fica aplainada. A mandíbula ao se mover para baixo amplia

a cavidade oral, já que a língua muda seu formato para acanulada. A pressão intra-oral fica

negativa, o líquido penetra na boca e ocupa o espaço entre o dorso lingual e o palato. 25

A língua inicia um peristaltismo com elevação de sua parte medial e de seu dorso,

que por sua vez, provoca elevação mandibular. A alternância do acanulamento e do peristaltismo

provocam sucessivas pressões positivas e negativas na cavidade oral, facilitando a sucção. 25

35

A sucção correta da mama pelo bebê tende a desenvolver os órgãos fonoarticulares e

estimular corretamente a função estomatognática, quanto aos aspectos de mobilidade, força,

postura, respiração, mastigação, deglutição e articulação dos sons da fala. 24

A deglutição é uma fase involuntária e está presente no período pré-natal na forma de

ingestão de líquido amniótico 26

. Na criança, a língua completa toda a cavidade oral, se

interpondo entre o processo alveolar do endotélio. Ao redor da língua, ocorre bom vedamento

labial e contração dos lábios e bochecha. Depois do desmame, a situação muda, a língua empurra

atrás dos arcos dentais, a ponta toca a papila incisiva, e o corpo toca o palato duro, os músculos

perorais se contraem sem o lugar de apoio. Se esta fisiologia da maturação do mecanismo de

deglutição não se desenvolve, causa um padrão infantil chamado deglutição atípica que persiste

além dos limites fisiológicos. Em muitos casos, a língua se posterioriza ao nível da superfície

palatal dos incisivos superiores, ou se interpõe entre os arcos dentários, acompanhando a

contração dos músculos da mimica facial. A persistência desse padrão requer reeducação

funcional. 27

Neiva24

diz que o aleitamento materno, além dos benefícios nutricionais,

imunológicos, emocionais e econômico-sociais, tem efeitos positivos na saúde fonoaudiológica,

uma vez que está relacionado ao crescimento e desenvolvimento craniofacial e motor-oral do

recém-nascido.

3.6.2.1 Terapia Mio Funcional

A Fonoaudiologia é a ciência que reabilita as alterações mio funcionais orofaciais, de

fala e de deglutição, incluindo os distúrbios de ATM, apneia obstrutiva do sono, paralisia facial,

disfagia, hipernasalidade, distúrbios de articulação, entre outros. Para isto, os terapeutas utilizam

exercícios que envolvem a musculatura dos lábios, bochechas, língua, palato mole, faringe e

laringe, tratando as disfunções do sistema estomatognático através de exercícios para melhorar a

força e o tônus. 28

36

Ao utilizar estes exercícios é importante saber que as alterações na força são

resultantes, de forma geral, das modificações na forma em que o sistema nervoso é ativado e não

de mudanças estruturais no músculo em si. A melhora no desempenho pode resultar de um

recrutamento de um número maior de unidades motoras do músculo ou de uma melhora na

velocidade e coordenação do recrutamento motor. 28

A origem da terapia mio funcional pode ser devida a Alfred Paul Rogers29

que usava

ferrramentas como Rogers' rubber band, para exercícios de hipotonia labial.

Straub30

relacionou a má posição da língua com a alteração da fala e mau

posicionamento do arco dentário, observando que a correção da língua, diminuindo sua contra

força, melhorava a disfunção.

Garliner 31

chamou a atenção para a importância da função muscular orofacial na

oclusão, uma vez que o exercício melhorava a posição do arco dentário.

Segundo Cottingham32

a Terapia Mio Funcional surgiu em consequência da

necessidade de associar exercícios musculares ao tratamento ortodôntico acelerando os

resultados e corrigindo os hábitos para funcionais dos pacientes, com a reativação da língua e

alinhamento dental.

Garliner33

inicia o conceito moderno de terapia mio funcional através de sua

publicação, Myofunctional Therapy in Dental Practice, que analisava a prevalência de anomalias

na função de músculos orofaciais e fatores etiológicos nas pacientes pediátricos, correlacionando

as funções anormais dos músculos orofaciais com mal oclusões, além de verificar o efeito dos

protocolos mio funcionais, compostos de exercícios que corrigiam a função anômala e a posição

da língua.

Smithpeter e Covell34

concordam com a possibilidade de recidiva após tratamento

ortodôntico ou ortognático, relatando a dificuldade em obter e manter a condição oclusal

adequada nos casos de mordida aberta devido a língua. Mesmo sem evidências científicas

suficientes, a OMT promovia estabilidade no fechamento da mordida aberta, referindo a

necessidade de associar a terapia mio funcional.

37

Svensson et al 35

demonstra que o sucesso da terapia mio funcional está associado à

plasticidade no controle cortiço-motor da língua induzida por treinamento de tarefas orofaciais.

Marchesan e Furkin36

dizem que exercícios isométricos e isotônicos melhoram a

mobilidade, a propriocepção e a força da língua, além de serem atividades voluntárias, realizadas

com a participação do paciente que deve exercer controle sobre sua musculatura.

Estudos 37- 40

dizem que a terapia mio funcional é capaz de remover hábitos para-

funcionais, além de devolver a função das estruturas orais prejudicadas por aumentar a força

muscular , prevenir desvios morfológicos e proporcionar melhora da postura estática e

dinâmica.

Felício, Melchior e Silva 41

concluíram que exercícios terapêuticos para a DTM, que

são movimentos ativos e passivos da mandíbula, contribuem para a correção postural através de

técnicas de relaxamento e educação do paciente que melhoram a função estomatognática e

diminui a dor.

Ferreira28

, em seu artigo de revisão, elencou preocupação com a questão da

efetividade dos exercícios mio funcionais orofaciais, questionando sua eficácia quanto à

dosimetria e à indicação patológica. Concluiu que os exercícios melhoram a força muscular,

acurácia e controle da língua nas suas funções orais e que é fundamental o conhecimento sobre

as propriedades do exercício como força, intensidade e duração, por exemplo, para determinar a

relevância de aplicação de um exercício ativo ou passivo porque promovem reações adversas na

fisiologia da língua humana.

Terapias mio funcionais orais devem levar em consideração a fadiga muscular

induzida pela ativação muscular potencializada no exercício isotônico e isométrico. 28

Isso é

importante porque os exercícios de fortalecimento da língua são comuns em terapia mio

funcionais orofaciais. São exercícios associados à deglutição, à propriocepção, ao uso de

instrumentos, à força em isometria e/ou isotonia, nos quais ocorre participação de vários grupos

musculares. 42, 43, 36

38

Kubo, Nascimento e Dantas 44

usaram a metodologia baseada na sucção para avaliar

esta função em pessoas com diferentes idades e sexo, na ingestão de líquido por meio de um

canudo, indicando diferenças significativas entre elas. Usaram 40 ml de água por ser o limite do

volume líquido tolerado na cavidade oral por pessoas normais, sem necessidade de deglutição e

um canudo com tamanho de 6 e 3ml porque o diâmetro menor causa maior a atividade muscular.

Este trabalho propõe analisar um dos exercícios que estimulam os músculos perorais,

a sucção de líquido por meio de um canudo para avaliar a diferença comportamental entre

classes.

3.6.3. Postura

A Fisioterapia, segundo o Conselho Federal que rege o órgão, tem o dever de

“restaurar, desenvolver e conservar a capacidade física do paciente tem como melhorar a função

motora.” 45.

Conforme o Conselho Regional (9ª Região), Fisioterapia “é a ciência que estuda,

diagnostica, previne e recupera pacientes com distúrbios cinéticos funcionais intercorrentes em

órgão e sistemas do corpo (...) cujo objetivo é preservar, manter desenvolver ou restaurar

reabilitar a integridade de órgãos, sistemas ou funções. (...) Fundamenta-se em ações em

mecanismos terapêuticos sistematizados pelos estudos de ciências morfológicas fisiológicas, da

biomecânica e da sinergia funcional (...)”. 46

Uma dos objetivos fisioterapêuticos é busca do reequilíbrio corporal por meio da

correção da postura.

A postura humana estática é considerada normal quando há boa posição da cabeça no

espaço, com os olhos mantendo uma linha horizontal adiante, paralela ao chão e equilíbrio

muscular simultâneo em ambos os lados do corpo, com perfeita distribuição do peso corporal. 12

Nesta posição, a linha da gravidade, que tem sentido vertical, passa por determinados

pontos anatômicos, que podem ser identificados e aferidos com um simples fio de prumo. 12

A

39

linha da gravidade cruza o centro de massa corporal, que se localiza ao nível da região umbilical.

Este cruzamento deve coincidir tanto na vista ântero-posterior do corpo humano, quanto numa

vista lateral. 12, 23

Em vista anterior, a linha da gravidade deve passar na sutura sagital, entre os olhos,

na ponta do nariz, no mento, na fossa esternal, no apêndice xifoide, na sínfise púbica, entre os

joelhos e entre os maléolos mediais. 12, 22, 23

Em vista posterior do corpo humano, iniciando pela cabeça, a linha gravitacional

deve passar na sutura sagital do crânio, entre os processos mastoideos, na 7º vértebra cervical,

entre as escápulas, na 3° vértebra lombar, na linha glútea, entre os joelhos na linha poplítea, entre

os maléolos, terminando entre os pés. 12,23

Em vista lateral, iniciando pela cabeça, a linha gravitacional deve passar na frente do

ouvido externo, na articulação têmporo-mandibular, à frente da terceira vértebra cervical C3,

articulação acrômio clavicular, processo transverso da quinta vértebra lombar, no centro do

acetábulo (trocanter maior), linha articular do joelho e maléolo lateral. 12,23

A postura ideal é uma referência, que pode ser difícil de alcançar, devido aos infinitos

aspectos pessoais de cada indivíduo. Por isso, a boa postura se refere àquela situada o mais

próximo possível da idealizada, que apresente menos desvios deletérios do corpo humano, e que

proporcione pouco gasto energético. 12,23

3.6.4. Biomecânica do Sistema Crânio Facial

A conformação dentária e esquelética maxilo-mandibular possui uma relação direta

com o comportamento exercido pelo sistema muscular devido à fixação do osso no músculo. O

encaixe equilibrado das faces dentárias é crucial no processo mastigatório, por possibilitar o

movimento correto na trituração e cisalhamento dos alimentos. Os ossos, por sua vez, possuem

conformações esqueléticas distintas que podem influenciar na intensidade de contração exercida

pela musculatura durante as atividades. 3, 20, 47

40

Desvios morfológicos, como mordida aberta dentária e retrognatismo, podem

comprometer não só o estado do tônus como funções exercidas pela musculatura, principalmente

da língua, devido à necessidade de compensações musculares em função da estrutura alterada2.

Sintomas, tais quais desconforto, fadiga muscular e/ou dor irradiada na região cervical, podem

ser gerados e até ocasionar restrição dos movimentos. 2

Entretanto, para a compreensão da etiologia desses sintomas é necessário o

entendimento da cinesiologia, ou seja, estudo do movimento do sistema musculoesquelético.

A cavidade oral e os músculos da região da cabeça e pescoço fazem parte do sistema

estomatognático, que é a unidade estrutural funcional responsável pela abertura e fechamento da

boca, devido à participação crucial da mandíbula. Para que os movimentos ocorram, é necessário

que o músculo apresente um ponto fixo e um ponto móvel. 3, 24

Os músculos movimentam os

ossos nos quais estão inseridos, ocasionando um sistema de alavancas dinâmico. 3,22,23, 24,47

A movimentação crânio-mandibular ocorre em duas articulações distintas: a

articulação temporomandibular e a articulação atlanto-occipital. A articulação

temporomandibular está situada ântero-lateralmente na face e permite o movimento mandibular.

A articulação atlanto-occipital está localizada posteriormente no crânio, entre o osso occipital e a

primeira vértebra cervical, Atlas, e permite a movimentação da cabeça. O equilíbrio da cabeça

ocorre por meio das alavancas simples que têm a função de distribuir as cargas de maneira

econômica e sem esforço. 3, 23

Uma alavanca é constituída por ponto de apoio, resistência e força, podendo ser de

três tipos: a alavanca interfixa, a alavanca interpotente e a alavanca inter-resistente. A localização

do ponto de apoio, da resistência a ser vencida e da potência muscular que executa o movimento,

define o tipo de alavanca apresentada num segmento muscular. Na alavanca interfixa ou de

primeira classe, o ponto de apoio ou fulcro, está localizado entre a potência e a resistência, ou

seja, entre o músculo e a força a ser vencida. Na alavanca inter-resistente ou de segunda classe, a

resistência está localizada entre a potência (músculo) e o ponto de apoio. Na alavanca

interpotente ou de terceira classe, é a potência que está localizada entre a resistência e o ponto de

apoio. As alavancas procuram naturalmente manter o equilíbrio corporal com maior

funcionalidade e menor gasto de energia. 3,5,22. 23

41

A posição crânio-encefálica em equilíbrio e ideal é aquela em que seu maior volume

permanece anterior à coluna cervical, na qual os planos bi-pupilar, óptico e oclusal, ficam

paralelos e horizontais entre si, para assegurar a estabilidade postural do crânio. 4

O plano bi-pupilar se refere a um ponto imaginário que liga as bases dos lóbulos das

orelhas esquerda e direita, devendo estar horizontal e paralela à linha oclusal que é marcada, por

sua vez, pelo contorno dos dentes incisivos. 48

O plano óptico une as pupilas dos olhos em uma linha horizontal que passa no centro

da retina. A cabeça e a região facial apresentam atividades sensoriais e motoras complexas que

influenciam a mobilidade crânio-cervical, como na integração óculo cerebral, que é automática,

onde o movimento ocular propicia a ação conjugada da coluna cervical, que o acompanha em

qualquer direção no espaço, na linha horizontal ou na linha vertical, na rotação e na inclinação.22

No sistema estomatognático, o crânio é considerado o ponto fixo e a mandíbula o

ponto móvel. 3,5,6

A cabeça consegue se movimentar graças a esse sistema de alavancas, cujo

ponto de apoio se situa nos côndilos occipitais, e a resistência é o peso da própria cabeça sobre

seu centro de gravidade junto à sela túrcica, na articulação atlanto-occipital. A potência vem dos

músculos curtos da nuca, o músculo reto posterior maior, o músculo reto posterior menor da

cabeça, músculo oblíquo superior e músculo oblíquo inferior, bilaterais, considerados músculos

posturais ou cibernéticos, situados inferiormente à base do crânio, que contrabalanceiam, em

movimento de extensão, o peso da cabeça que tende a pender para frente. 1,2

Outros músculos que trabalham igualmente na movimentação da cabeça estão

divididos em pré-vertebrais, para vertebrais e pós-vertebrais. Os músculos pré-vertebrais estão

situados anteriormente à região cervical, e são o músculo longo da cabeça, músculo longo do

pescoço, músculo reto anterior da cabeça e músculo reto lateral da cabeça. Os músculos para

vertebrais estão situados na região lateral da coluna cervical, e são os músculos escalenos

anterior, médio e posterior. Os músculos pós-vertebrais situam-se na região posterior da coluna

cervical, e são os músculos multífido, semi-espinhais da cabeça e do pescoço, esplênio da cabeça

e esplênio do pescoço. 3

A ação de estabilização postural de toda esta musculatura da cabeça e do pescoço

permite a movimentação ativa da boca. 3

42

A partir da articulação têmporo-mandibular, tem-se os dois pontos de apoio, o fixo,

que é o osso temporal, parte do crânio, e o móvel, a mandíbula, que se movimenta para abrir e

fechar a boca. A potência dessa alavanca é proporcionada, bilateralmente, pelos músculos

masseterinos, temporais, pterigoideos laterais e mediais. 3

Para manter a cabeça em uma posição de equilíbrio em relação ao restante do corpo,

a mandíbula trabalha na abertura e fechamento da boca como uma alavanca interpotente, onde o

ponto de apoio é a própria articulação têmporo-mandibular (ATM). Ao abrir e fechar a boca,

entretanto, um dos órgãos diretamente influenciados é a língua que em geral acompanha o

movimento da mandíbula e possui fixação no osso hioideo. 3,5,6.

Quando a mandíbula necessita retruir, o músculo responsável por facilitar sua

posteriorização é o músculo digástrico posterior, que faz parte do grupo dos músculos supra-

hioideos. 3,5,6

Os músculos digástricos direito e esquerdo trabalham em sinergia, mantendo o osso

hioideo fixo lateralmente. Estes músculos apresentam dois ventres musculares, o anterior e o

posterior, separados por um tendão que se prende a uma alça fibrosa, a alça hioideana, que por

sua vez, está inserida no osso hioideo. O ventre anterior do músculo digástrico possui inserção na

região do mento da mandíbula, e o ventre posterior desse músculo, está inserido no processo

mastoideo do osso occipital. Devido ao desenvolvimento embriológico, o ventre anterior do

músculo digástrico é formado antes do ventre posterior. Por esse motivo, eles possuem inervação

diferenciada. O primeiro ventre é inervado pelo nervo Hipoglosso - V, enquanto que o ventre

posterior tem inervação do nervo Facial - VII. 3, 5, 17

O nervo Facial emite ramificações, ou fibras,

de diversas funções para o músculo digástrico. Entre as ramificações, estão as fibras tônicas e as

fibras fásicas. As fibras tônicas são necessárias para manter a postura e as fibras fásicas são

necessárias para realizar movimentos rápidos, como o que acontece ao abrir e fechar a boca na

mastigação e na fala. 16, 22

O músculo digástrico possui ainda, estruturas aferentes ao longo de suas fibras, como

por exemplo, os fusos musculares, os órgãos tendinosos de Golgi e as terminações nervosas

livres, que respondem a estímulos específicos de proteção a integridade do próprio músculo. Os

fusos musculares se localizam entre as fibras musculares e respondem aos estímulos de

distensão. Os órgãos tendinosos de Golgi se localizam nos tendões, e respondem aos estímulos

de tensão. As terminações nervosas livres estão por todo o tecido muscular e reagem aos

estímulos dolorosos17

. Quando um músculo se contrai e aumenta sua tensão, os órgãos

43

tendinosos de Golgi se sensibilizam e mandam informações às regiões superiores do encéfalo

que responde graduando esta tensão para que não se torne nociva. A boca se move a partir da

contração dessa musculatura. 22

Nas pessoas com oclusão dental normal ocorre uma relação muscular sinergética e

uma relação maxilo-mandibular adequada, ou seja, os músculos permitem que cada peça dentária

se articule com duas outras peças antagonistas. Ocorre em todos os dentes, exceto com os

incisivos centrais inferiores e os últimos molares superiores que se articulam apenas com seus

antagonistas, porque os incisivos superiores têm o tamanho maior, em relação aos outros

dentes.9,10, 49

Nestas, o exercício de isometria com elevação da língua apresenta bom desempenho

devido à elasticidade muscular da boca e pescoço, favorecida pela boa postura lordótica e

flexibilidade muscular da região da coluna cervical e da articulação têmporo-mandibular. A

lordose cervical corresponde ao bom funcionamento e equilíbrio na região. 3,5

Em pessoas com mordida normal e curvatura cervical normal, o abaixamento da

mandíbula é feito pela competência do braço de alavanca dos músculos supra e infra-hioideos.

Estes músculos auxiliam a flexão da cabeça, realizada principalmente pelo músculo

esternocleidomastoideo, que mantém a coluna cervical em lordose. 3, 23

No entanto, em pacientes que apresentam a oclusão dentária Classe II/2ª Divisão de

Angle, ou seja, quando a mandíbula é retrognada, os incisivos superiores se inclinam para fora,

com aumento exagerado do trespasse sobre os incisivos inferiores, é frequente a retificação

cervical, com retração da musculatura pré e para vertebral, e aproximação acentuada das

inserções dos músculos flexores do crânio. 9,10

No retrognatismo mandibular e na interposição excessiva da arcada dentária superior

em relação a inferior, a musculatura da língua fica posicionada em uma região mais posterior na

cavidade oral. 6

Esta posteriorização promove recuo de ossos como o hioideo associada à

retificação da coluna cervical. Na elevação da mandíbula e com a contração da língua, como na

sucção isométrica, o ventre posterior do músculo digástrico faz maior tração na inserção

mastoidea. O ventre anterior do músculo digástrico continua fixado na mandíbula, exercendo

tração sobre o osso hioideo por um lado e tracionando o ventre posterior pelo outro lado.

44

Em consequência, os ventres posteriores dos músculos digástricos ficam tensos além

de seu padrão normal de contração e não se movimentam devido à diminuição do braço de

alavanca sobre o osso hioideo, que está fixado. Desta forma, suas fibras tendem a tracionar as

inserções nos processos mastoideos no sentido inverso, ou seja, da região do processo mastoideo

para a alça hioideana, baseada na posição anatômica de referência. 3,5

Em pessoas com oclusão dentária tipo II de Angle, a mandíbula se apresenta fixada

pela contração exagerada do músculo masseter e do músculo temporal, e a coluna cervical se

apresenta retificada pela ação do músculo longo do pescoço. Ao se contrair em cadeia com a

flexão da cabeça iniciada pelo esternocleidomastoideo, o grupo hioideo tende a aumentar ainda

mais a retificação cervical porque o braço de alavanca entre essa musculatura e a língua,

encontra-se diminuído. 3

A musculatura da língua tem uma relação significativa com o músculo digástrico

posterior, pois ambos estão fixados no osso hioideo. 3, 5, 6

Intervenções terapêuticas que têm por

objetivo o fortalecimento da musculatura da língua, em que movimentos de isometria, por

exemplo, são solicitados, recrutam também o músculo digástrico posterior, que pode resistir ao

movimento, tracionando o osso hioideo para trás.

A contração isométrica pode desencadear aumento de tensão por todo o ventre

muscular ativando em demasia os órgãos tendinosos de Golgi. Estímulos sucessivos

desencadeiam resposta de todas as fibras aferentes do sistema, inclusive das estruturas que tem

respostas mais lentas, como as terminações nervosas livres. Em vez de fortalecimento, esta

estimulação pode promover um reflexo monossináptico do músculo, cuja resposta pode ser

desconforto ou dor. 22

Desta forma, os movimentos isocinéticos com apoio lingual no palato, que tem o

objetivo de fortalecimento, também podem desencadear reações adversas às esperadas,

dependendo da conformação dento-esquelética em que estejam inseridas. Ao apoiar no palato, a

língua torna esse contato um ponto fixo, fazendo-a contrair suas fibras naquela direção. Em

decorrência, o osso hioideo é tracionado para cima, alterando a cadeia funcional normal dos

músculos adjacentes.

45

A cadeia cinética do músculo digástrico, com isso estará prejudicada, aumentando a

possibilidade da ocorrência dolorosa. Este músculo pode ser sensibilizado pela tensão adicionada

na execução do movimento de isometria, até com possível rompimento de suas fibras

musculares. Adicionalmente, o músculo digástrico posterior pode causar compressão sobre o

nervo hipoglosso durante a isometria, porque está posicionado sobre o mesmo, o que exacerbaria

o quadro álgico nas estruturas inervadas por este nervo. 18

Isto ocorre porque a região do pescoço é subdividida didaticamente em trígonos. Um

desses trígonos é conhecido como Trígono de Beclard, onde estão contidos o ventre posterior do

músculo digástrico, o nervo Hipoglosso e o osso hioide. 17

O nervo Hipoglosso emerge do

crânio, se junta às fibras nervosas espinhais da 1ª vértebra cervical, passa entre a artéria carótida

e a veia jugular, depois continua sob o músculo digástrico até chegar à língua, onde é responsável

por sua motricidade. 5,18

Alterações na estrutura ou função crânio-cervical promovem compensações

fisiológicas, que podem ocorrer em qualquer parte do corpo, como por exemplo, na coluna, na

pelve e até no membro inferior. Essas alterações, quando repetitivas podem provocar fadiga e

lesões em todo o sistema músculo esquelético. 22

Estudos eletromiográficos50-55

foram desenvolvidos e aperfeiçoados para verificar

lesões, prevenindo e atenuando os efeitos de alterações posturais cervicais e mandibulares, com o

intuito de melhorar a qualidade de vida de pessoas de diversas faixas etárias e com quadro

clínico disfuncional.

A fisioterapia pode contribuir oferecendo o ponto de vista cinesioterápico na

avaliação da dor cervical, que ocorre em sujeitos que possuem a sobre mordida, ao realizar

movimentos fortalecedores da língua que, neste caso pode estar hipotônica e com pouca função.

3.7. Oclusão Normal e Má Oclusão

A classificação mais comum de má oclusão foi apresentada em 1899 por Angle, que

apresentou o primeiro conceito de oclusão da dentição natural. A partir de observações de

crânios, percebeu que uma perfeita oclusão se baseava no encaixe dos primeiros molares

superiores, considerando-os a chave da oclusão; dessa forma, a posição dos molares superiores

46

em relação aos inferiores determinava se o paciente possuía oclusão dentária normal (Classe I de

Angle) ou alguma má oclusão (Classes II e III de Angle). 47,56

A classificação de Angle define a posição demarcada das arcadas dentárias, uma em

relação à outra, no sentido ântero-posterior, observando a relação mesio distal da mandíbula com

as arcadas dentárias e com o crânio. 47, 56

Desta forma, a oclusão foi dividida em três Classes: Classe I, Classe II e a Classe III.

3.7.1. Oclusão Tipo I de Angle

A oclusão normal e a Classe I compartilham a mesma relação molar, mas diferem no

arranjo dos dentes quanto à linha de oclusão. 47,56

Oclusão de Classe I é considerada neutra ou

normal, e os dentes maxilares (incisivos e caninos superiores) ultrapassam ligeiramente os dentes

mandibulares correspondentes (Figura 9). As cúspides dos primeiros molares mandibulares ficam

posicionadas à frente e para dentro das cúspides dos dentes correspondentes na arcada maxilar. A

mandíbula fica em posição estática condicionada pela oclusão entre as arcadas inferiores e

superiores. Ocorre relação normal dos molares, mas a linha de oclusão está incorreta pelo mau

posicionamento dentário, por rotações ou outras causas, sendo considerada um tipo de má

oclusão ( normo oclusão). 47, 56

Na Classe I de Angle tem-se bom encaixe entre as duas arcadas. Os caninos

superiores se encaixam bem atrás dos caninos inferiores, criando uma situação na qual os

incisivos superiores se relacionam com uma pequena diferença sobre os inferiores. .47, 56

A Classe I consiste na correta relação mesio distal, enquanto que a má oclusão

consiste no mau posicionamento dos dentes. O perfil vertical da face do paciente é reto devido ao

encaixe esquelético normal. 47, 56, 57

47

Figura 9: Sistema Crânio-Mandibular: encaixe correto dos dentes (Fonte: elaboração própria)

Os primeiros molares superiores e inferiores devem relacionar-se de forma que a

cúspide mesiobucal do molar superior oclua no sulco bucal do molar inferior, formando uma

linha de oclusão de curva suave, que passa nas cúspides bubais e bordas incisais dos dentes, na

fossa central de cada molar superior e através do cíngulo dos dentes caninos e incisivos

superiores. 47,56, 57

3.7.2. Má Oclusão

Má oclusão pode ser definida como a presença de anomalias na relação entre os

dentes superiores e inferiores. Os tipos de má oclusão podem ser classificados em Classe II (disto

oclusão) e Classe III (meso oclusão), com ou sem alteração maxilar. Estas alterações podem ser

associadas a repetição de maus hábitos como chupar o dedo, respiração oral, deglutição atípica,

entre outras, que tendem a causar anomalias na função da musculatura orofacial. O tratamento

ortodôntico associa, nestes casos, a terapia funcional para ser efetivo. É essencial a colaboração

do paciente e do apoio familiar. 58

48

Os distúrbios na relação oclusal provocam alterações como sobre mordida (má

oclusão de classe II), prognatismo (má oclusão de classe III) ou mordida cruzada (quando os

arcos dentários ficam deslocados lateralmente). Disfunções dessa classe estão relacionadas a

alterações da posição e tamanho dos dentes, giro-versões, entre outras. 47, 56, 57

A má oclusão aumentou na população após a sua transição de áreas rurais para a

cidade simultaneamente com a transição da sociedade agrícola primitiva para sociedade moderna

urbanizada. Atualmente, é comum encontrar o apinhamento e o desalinhamento dental. 47

A má oclusão pode comprometer a função oral causando alterações adaptativas para

deglutir, produzir certos sons; mastigação compensatória, difícil, menos eficiente e com mais

esforço; pode haver fala distorcida, dor, DTM, fadiga muscular e espasmo. 47, 48

Pinto59

explica que a má oclusão significa “todos os desvios dos dentes e dos

maxilares do alinhamento normal. Em geral, se trata de uma alteração clinicamente significativa

do campo normal de crescimento e morfologia da face, causando uma relação alternativa de

partes desproporcionadas”. 59

Essa relação desproporcionada tende a atingir os órgãos estomatognáticos ao mesmo

tempo em seus quatro sistemas: dentes, ossos, músculos e nervos. 47

A má oclusão não deriva exclusivamente de fatores genéticos ou ambientais, mas sim

da interação gene/ambiente, na qual determinados fenótipos craniofaciais são susceptíveis a

determinados fatores ambientais e pode estar associada à disfunção temporomandibular. O

crescimento dos músculos, variações da função neuromuscular e funções anormais estão

diretamente relacionados à origem de uma oclusopatia. 60

Má Oclusão Classe II de Angle

A Classe II de Angle ou disto oclusão consiste na oclusão distal do primeiro molar

inferior em relação ao primeiro molar superior, ao mesmo tempo em que ocorre retrognatismo

mandibular e/ou prognatismo maxilar. Devido à alteração esquelética, o paciente adquire perfil

convexo da face. 11,47, 59

A Classe II de Angle marca diferença visível na oclusão, pois a arcada superior fica

bem à frente da arcada inferior, e os caninos superiores ficam bem à frente dos caninos inferiores

49

criando um degrau entre os incisivos superiores e inferiores, chamado o trespasse horizontal.

Esta alteração pode estar acompanhada de diminuição da inclinação axial dos incisivos

superiores. A linha de oclusão está sem definição e existe discrepância ântero-posterior dos

dentes. 57, 59

A Classe II de Angle possui duas divisões, dependendo da inclinação dos incisivos

centrais superiores, que podem estar vestibularizados (1ª Divisão) ou voltados para a língua (2ª

Divisão). 57

Na má oclusão de Classe II/1ª divisão (Figura 10) a inclinação está aumentada, os

incisivos inferiores não mantêm contato com os superiores e estruem, aumentando o trespasse

vertical11

. Esta alteração acomete a maior parte da população que procura tratamento. Sua

etiologia é multifatorial, e é associado entre outros problemas, à atresia de maxila, à mordida

aberta e à má postura cervical. 2, 25

Caracteriza-se pelo relacionamento distal da mandíbula em

relação à maxila e/ou do processo alveolar mandibular em relação ao maxilar. 9, 11, 61

Na má oclusão de Classe II/ 2ºDivisão, está o paciente com a mordida profunda, na

qual os incisivos tendem a estruir pela sobre saliência, aprofundando a oclusão. Esta má oclusão

inclui as oclusões sem sobres-saliência dos incisivos superiores, sendo que a musculatura é

equilibrada ou com suave alteração. Devido ao perfil levemente convexo da face, esta alteração

permite a correção da má oclusão através de tratamento precoce. 9

Figura 10: Má Oclusão Classe II de Angle (Fonte: elaboração própria)

50

A definição de má oclusão diz respeito aos desvios dos dentes e maxilares que

alteram o alinhamento normal, às condições distintas como discrepâncias entre os dentes e os

ossos de suporte, e às relações anormais entre os arcos dentários. 9

Em condições normais, os dentes incisivos superiores cobrem um terço da altura da

coroa dos dentes incisivos inferiores. Quando esta relação se altera, e os incisivos superiores

cobrem completamente os incisivos inferiores, ocorre o que é denominado de mordida profunda.9

A mordida profunda é uma má oclusão de tipo vertical, com sobre passe excessivo, e

pode ser medida em milímetros tanto na cavidade oral quanto em cefalometrias. 47,59

Devido a esta alteração, a face pode apresentar diminuição em seu terço inferior,

caracterizando a desproporção típica da Classe II de Angle, o retrognatismo mandibular. 9

A sobre mordida pode ser classificada em leve, quando as bordas incisivas centrais

inferiores ocluem no terço incisivo das coroas centrais superiores; média, quando os incisivos

centrais inferiores ocluem na metade da coroa dos incisivos centrais superiores; e exagerada,

quando os incisivos centrais inferiores ocluem na borda lingual dos incisivos centrais superiores

ou na gengiva palatina.9

Má Oclusão Tipo III de Angle

A Classe III (mesio oclusão) consiste na oclusão distal do primeiro molar superior em

relação ao primeiro molar inferior, porém, diferentemente da Classe II, ocorre simultaneamente o

prognatismo mandibular e/ou o retrognatismo maxilar. A posição anteriorizada da mandíbula

confere um perfil côncavo à face do paciente. 47,59

51

3.8. Dor

3.8.1. Definição:

A Associação Internacional do Estudo da Dor-IASP (International Association of the

Study of Pain) (1994), define a dor como uma “desagradável experiência sensorial e emocional,

relacionada a uma lesão atual ou potencial dos tecidos”. A dor pode adquirir aspecto crônico e

não mais estar relacionada à proteção. Os mecanismos de defesa e afetivos ficam exacerbados e

o indivíduo pode entrar em sofrimento. A dor aguda tende a proteção e a crônica pode levar ao

sofrimento. 62

O Ministério da Saúde, através do Protocolo Clínico e Diretriz Terapêutica- PCDT

(Portaria SAS/MS 1083, de 02/12/ 2012), dispõe sobre a classificação e a duração da dor crônica,

dor mio fascial e fibromialgia. 63

A dor é classificada conforme seu mecanismo fisiopatológico em nociceptiva,

neuropática e mista. A dor nociceptiva decorre da ativação dor receptores de dor, relacionada à

lesão dos tecidos, como os musculares, ósseos, ligamentos. A dor neuropática está relacionada a

lesão das vias aferentes, por ativação anormal do sistema nervoso. A dor mista é a junção das

duas anteriores.63

A dor aguda tem duração inferior a 30 dias, enquanto que a dor crônica apresenta

duração superior a 30 dias. O IASP (1994) define dor crônica como aquela que persiste por mais

de 06 meses. 62

A dor mio fascial é considerada uma síndrome e é caracterizada pela presença de

pontos gatilho, distribuídos ao longo de músculos vulneráveis. 63

A dor fibro-miálgica está associada à dor crônica e a sintomas múltiplos como a

fadiga, distúrbio do sono, disfunção cognitiva e depressão. 63

3.8.2. Fisiologia da Dor

Guyton 64

afirma que a dor é um mecanismo de defesa para o organismo, que ocorre

frente a uma potencial lesão para que a pessoa reaja a este estímulo.

52

Posturas mantidas por longo tempo, por exemplo, tendem a causar lesão tecidual no

epitélio, por compressão do fluxo sanguíneo nos locais pressionados pelo peso corporal. Neste

caso, a dor promove o deslocamento do peso corporal para outro lado inconscientemente, e assim

o fluxo sanguíneo é liberado. 64

Quando o sistema protetor da dor não funciona perfeitamente, a diminuição do fluxo

sanguíneo pode causar ulceração no tecido devido à compressão. Este fato pode ser observado

em pessoas que ficam muito tempo acamadas e não conseguem fazer mudança de decúbito,

sofrendo ulceras de pressão (escaras). Essa isquemia muscular tecidual tende a provocar dor nos

tecidos sem oxigenação. 64

Outro exemplo de dor é aquela associada ao acúmulo de ácido lático que foi

produzido pela ausência de oxigênio, quando a célula tem que utilizar a via secundária, a

anaeróbica, para manter seu metabolismo. 64

Quanto ao tipo, a dor pode ser definida como em pontada, em queimação e contínua.

Dor em pontada provoca a sensação de agulhamento ou de corte e de irritação. A dor em

queimação é semelhante àquela na qual a pele sofre queimadura. A dor contínua é sentida na

profundidade e provoca incômodo e sensação desagradável. 64

A percepção de dor é feita por meio de diversos receptores, que são as terminações

nervosas livres extremantes sensíveis, espalhados nos tecidos superficiais, como a pele e em

outros tecidos mais profundos como o periósteo. Estes receptores são estimulados por sinais de

estresse mecânico, estresse térmico, como o frio ou calor e estresses químicos. 64

Nocicepção se refere aos mecanismos neurofisiológicos que detectam um estímulo

lesivo através dos receptores nociceptivos, ou nocirreceptores, enquanto que dor se refere a um

estado subjetivo. 65,66

Os nocirreceptores estão localizados na pele, nos tecidos músculos esqueléticos e nas

vísceras. Os nocirreceptores cutâneos são neurônios menos diferenciados que convertem

estímulos mecânicos, térmicos e químicos em potencial de ação que chega rapidamente ao córtex

cerebral. 65,66

Quando os nocirreceptores são ativados, fatores endógenos, externos e afetivos pode

influenciar a forma pela qual o indivíduo vai sentir e suportar a dor. 65, 66

53

Os nocirreceptores têm capacidade de localizar e discriminar a dor, como uma

sensação somática quanto à sua intensidade e natureza. Os receptores de dor têm como

característica especial uma ativação progressiva ao estímulo doloroso, o que diminui sua resposta

protetora e permanecendo mais tempo em excitação. 17, 64

Guyton 64

afirmou que a dor é sentida quando a lesão está sendo feita e, não é mais

sentida depois que ocorreu a lesão. Um estímulo intenso pode gerar sensação aguda conhecida

como primeira dor, e sensação desagradável, ou segunda dor. 65, 66

Dor referida é uma dor sentida numa parte do corpo que está longe dos tecidos que

estão causando dor. A dor pode se originar em um ponto e ser irradiada a outro, devido às

sinapses entre os neurônios destes tecidos, que conduzem os impulsos dolorosos. 17, 18, 64

Quanto à manifestação, pode haver a dor aguda, a dor crônica e a dor tardia. 65, 66

A dor aguda está relacionada ao comportamento protetor reativo a um estímulo uni-

fatorial, que pode ter um componente afetivo de ansiedade. A dor crônica tem caráter destrutivo,

de causa multifatorial, que pode reforçar hábito para-funcional de depressão. A dor tardia pode

aparecer horas após o tecido ter sofrido lesão por esforço intenso. 65, 66

3.8.3. A dor e o exercício físico

A lesão decorrente de exercício ou atividade de alta intensidade pode proporcionar

necrose celular devido a rupturas das fibras e a processos inflamatórios, causando dor muscular

tardia e perda de força. As sobrecargas mecânicas e metabólicas geradas pelo exercício excessivo

podem danificar as mio fibrilas, produzindo radicais livres. Este processo pode acontecer durante

o período de adaptação a um novo exercício. 66

Autores64, 67, 68

afirmaram que a intensidade do esforço quantifica a sobrecarga sobre

o metabolismo, enquanto que o repouso permite recuperação do organismo. Os intervalos entre

os exercícios permitem que o fluxo sanguíneo remova o ácido lático, melhore o metabolismo e a

força muscular. 64, 67,68

A lesão tecidual provocada pelo estímulo nocivo produz acúmulo de substâncias

algogênicas que sensibilizam as terminações nervosas livres gerando potenciais de ação e,

54

despolarizando a membrana do neurônio. 68

A dor gerada atinge os sistemas e dificultam reação

do organismo. O indivíduo pode apresentar prostração, fadiga e falta de motivação, o que

repercute em seu estado físico, emocional e comportamental. 68

A dor aguda decorre do estímulo nociceptivo causado por lesão, promovendo

experiências sensitivas, cognitivas e emocionais. À medida que a inflamação diminui e a

cicatrização acontece, a dor aguda pode reduzir de intensidade gradualmente. 68

Almeida 67

buscou conhecer os efeitos deletérios do exercício através de marcadores

químicos de dor no sangue após atividade intensiva.

Armstrong 69

referiu que dor tardia ocorre geralmente de 1 a 5 dias após o exercício

intenso ao qual não se está acostumado, se manifesta como sensação de dor, rigidez muscular,

implicando tanto na diminuição intencional do movimento muscular quanto na incapacidade do

músculo em produzir força. Afirma ainda que a dor tardia pode ser decorrente da contração

mecânica excêntrica por si só, além de ser resultado do efeito tóxico dos radicais livres.

Lieber e Friden 70

disseram que o exercício excêntrico intenso que ocorre a partir da

tensão de um músculo que esteja em estado de alongamento, pode proporcionar lesão precoce na

fibra deste músculo, com manifestação fisiológica e celular. Perda da integridade, fadiga e

inflamação decorrentes do exercício ocorrem pelo rompimento das fibras glicolíticas rápidas, que

são menos oxigenadas. 70

Tricoli71

disse que experimentar padrão de movimento diferente do habitual pode

causar dor. A dor tardia tem como característica sensação de desconforto e\ou dor na musculatura

esquelética que ocorre horas após a execução da atividade física. Varia de intensidade com o

passar do tempo, podendo durar até 72 horas e, desaparece completamente.

Os músculos podem estar rígidos, sensíveis ao toque, com baixa capacidade de gerar

força e menor amplitude de movimento. Isto pode ocorrer pela tendência protetora de não

contração voluntária como preservação da integridade. 71

Estudos 71, 72

definem a dor tardia como mecanismo de dano físico causado pelo

aumento de tensão muscular decorrente do estresse mecânico, pelo o acúmulo de radicais livres

tóxicos proporcionando estresse metabólico e pela temperatura elevada. A intensidade do

exercício é mais danosa que sua duração. A contração muscular excêntrica é mais lesiva ao

55

sistema muscular porque a força utilizada nestas contrações é geralmente o dobro da força gerada

na contração isométrica, e tem menos participação das fibras musculares. A alta intensidade

dessa atividade resulta em aumento significativo da tensão na estrutura do músculo. 71

A contração excêntrica promove elevação do estresse mecânico na arquitetura das

mio fibrilas porque recruta menos unidades motoras que a contração concêntrica, e ao mesmo

tempo provoca aumento de tensão por área de secção transversa. Este mecanismo por si só é

capaz de lesionar o tecido muscular e provocar dor. 71

Azevedo et al49

estudaram o efeito do exercício excêntrico como potencial causador

de lesão tecidual por proporcionar maior intensidade da atividade muscular em menor área da

fibra muscular, o que é conhecido como estresse mecânico. Este estresse pode estimular as

terminações nervosas livres e desencadear dor.

O exercício excêntrico, de alta intensidade, pode causar lesão tecidual não

acompanhada de percepção de dor imediata. O processo lesivo causado pela intensidade deste

movimento pode estar associado à presença de dor tardia, edema e espasmo muscular. 72

Devido à plasticidade muscular, a manutenção e repetição do exercício, seja

excêntrico, concêntrico e isométrico, produz resposta adaptativa do organismo, que é

caracterizada com resistência ao próprio exercício imposto. 72

3.8.4. Estudos sobre a diversidade de conceitos de dor

Afetivamente, a dor pode provocar alteração do comportamento e a funcionalidade

do indivíduo, motivando a aversão às atividades que a provocam, com a finalidade relacionada à

sobrevivência.

Sabe-se que uma dor aguda pode evoluir para cronicidade quando não é bem tratada,

devido ao mecanismo de plasticidade neural. 68

Pimenta et al 68

estudaram o alívio inadequado e insuficiente da dor, que gera

sofrimento e riscos desnecessários ao indivíduo. Estes autores mostraram preocupação com

pacientes no pós-operatório com relação ao controle da dor aguda, e com a dificuldade dos

56

profissionais em avaliar e tratar esta dor. Preocuparam-se também com a cronificação da dor e as

implicações nos diversos setores da vida. 68

Kreling et al 73

afirmaram que a dor crônica é discutida como um problema de saúde

pública e causa problemas sociais e pessoais. O conceito de dor e a descrição da dor são

complementares, enquanto o primeiro diz respeito à "experiência sensorial e emocional

desagradável", sua descrição refere que houve ou existe potencial de haver lesão tecidual. 73

Para Kreling et al73

, a dor tem perfil cultural, a partir do momento que é caracterizada

como subjetiva, e desencadeia formas pessoais de aprendizado ao lidar com ela conforme as

experiências de vida.

A dor provoca alterações no sono, apetite, libido, concentração, restrições na vida

social e familiar, e atinge mais a região da cabeça. Sua prevalência é maior em mulheres devido

aos ciclos biológicos, o que a deixa mais suscetível. 73

Souza 74

e Chaves 75

afirmaram que a dor é considerada como um sinal vital pela

sociedade americana da dor, e deve ser mensurada como os demais sinais, temperatura, pulso,

respiração e pressão arterial.

É importante mensurar a percepção de dor em suas diferentes dimensões sensorial,

afetiva, avaliativa, podendo ser utilizados indicadores fisiológicos, comportamentais, contextuais

e de auto registros. Porque a dor é uma experiência subjetiva pessoal multidimensional, sua

complexidade não permite que seja medida objetivamente através de instrumentos físicos. 75

A mensuração da dor permite que o tratamento ocorra de forma eficiente, uma vez

que embasa a conduta terapêutica e determina o melhor procedimento, equacionando os riscos. A

dor é conhecida em sua natureza e correlacionada com suas características pessoais em termos de

emoção, motivação e cognição. 75

A dor não é apenas um sintoma, mas um fenômeno. Compreendê-lo facilita a

intervenção terapêutica. 75

Escalas visuais, de aplicação rápida, e escalas multidimensionais de avaliação da dor

e similares, mensuram as diferentes características da dor, com a sensorial, a afetiva, os

indicadores fisiológicos, comportamentais e contextuais. Instrumentos unidimensionais e

57

tridimensionais foram criados para avaliação da dor e o relato pessoal é muito importante na

avaliação. 75

Estas medidas afirmam que a análise da dor é confiável e válida, pois a preocupação

em avaliar eficientemente sua complexidade por meio de instrumentos mais eficientes, direciona

e torna seu tratamento mais rápido e ampliado. 75

Bottegaz e Fontana76

consideraram a dor como o quinto sinal vital e também

relacionaram a dor como problema de saúde pública, que causa sofrimento humano, pode gerar

incapacidades, influenciar negativamente a qualidade de vida pessoal, social e laboral.

Afirmaram ainda que a dor tem fatores agravantes e atenuantes, significados que

devem ser conhecidos dos profissionais de saúde durante o cuidado de quem a sente. Este

cuidado deve ser desenvolvido de forma humanizada, solidária e inovadora, para satisfazer as

necessidades e proporcionar bem-estar, essenciais ao paciente. Este cuidado deve ser qualificado,

compreendido e aprendido por aquele que o pratica. 76

A subjetividade da dor permite exclusivamente a quem a sente, descrevê-la da forma

na qual é sentida, e deve ser respeitada. 76

A manifestação da dor através do "choro, resmungos, gritos, e proteção" podem

entrar na avaliação da dor como fatores externos de expressividade. É fenômeno

multidimensional e deve ser avaliada em suas várias dimensões. 76

Weber et al 77

disseram que a dor e disfunção têmporo-mandibular está relacionada à

dor cervical, por apresentarem aspectos biomecânicos e neurológicos em interdependência no

sistema sensório motor-cervical e trigeminal. A hiper excitabilidade neuronal nociceptiva

desencadeada pela disfunção temporomandibular gera dor em outras regiões do corpo,

principalmente a região cervical. 1, 18, 77

58

4. Materiais e Métodos

4.1. Delineamento do Estudo

Estudo experimental, quantitativo, prospectivo sobre o impacto da dor e atividade

muscular na sobrecarga da musculatura lingual em sujeitos Classe II/ 2ª Divisão de Angle.

Realizado no Ambulatório de Motricidade Orofacial do Centro de Estudos e Pesquisa

em Reabilitação da Faculdade de Ciências Médicas da Faculdade Estadual de Campinas

CEPRE/FCM/UNICAMP, no período de maio de 2015 a fevereiro de 2016. Aprovado pelo

Comitê de Ética em Pesquisa-CEP/UNICAMP sob nº 239.765.0004.5404.

Amostra: constituída por 30 sujeitos, sendo 11 do grupo de controle (GC) e 19 do grupo

experimental (GE), gênero masculino e feminino, faixa etária entre 18 e 59 anos.

Critérios de inclusão:

Participantes maiores de 18 anos, saudáveis, oclusão Classe I ou Classe II 2ª Divisão

de Angle com todos os elementos dentários.

Critérios de Exclusão

Participantes com síndrome, doença crônicas sistêmicas, trauma ou má formação

esquelética, dor muscular, agenesia dentária, fazendo uso de medicamentos neurológicos e/ou

mio relaxantes, portadores de prótese dentária. Os voluntários foram submetidos ao Protocolo

RDC/DTM 78

para exclusão daqueles que possuíssem disfunção têmporo-mandibular.

Limitação do Estudo

A quantidade pequena de voluntários ocorreu devido à necessidade de tricotomia da

região da nuca para colocação dos eletrodos, causando desistência.

59

4.2. Procedimentos

Após assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido-TCLE/ CEP/

UNICAMP, os sujeitos realizaram os procedimentos na sequência a seguir (ANEXO I).

Para atingir aos objetivos, foram realizados os seguintes procedimentos: anamnese, análise

oclusal, avaliação fisioterapêutica (análise da postura, fotogrametria), radiografia,

eletromiografia de superfície, estudo das sensações.

4.2.1 Anamnese

Utilizada para determinar o estado de saúde geral do paciente em relação ao uso de

medicamento, presença de dor, modo de vida, coleta de dados pessoais e de avaliação inicial, e

caracterização do perfil sócio demográfico. (Anexo II).

4.2.2. Análise Oclusal

A determinação da Classe oclusal (Figura 11) foi realizada por meio de avaliação

clínica odontológica no Serviço de Odontologia/HC/UNICAMP. O critério utilizado foi a

classificação de Angle.

Figura 11: Análise Oclusal

60

4.2.3. Avaliação Fisioterapêutica (ANEXO III)

O exame foi realizado no laboratório de Eletromiografia/CEPRE/FCM/UNICAMP.

Constou dos seguintes procedimentos:

a) Avaliação Postural

A avaliação postural foi realizada conjuntamente com a fotogrametria.

Durante a avaliação física foi observada a postura ortostática do voluntário na vista

lateral direita, vista lateral esquerda, vista anterior e vista posterior. Foi realizada a investigação

da flexibilidade através da posição Roda da Bicicleta, na qual o voluntário foi orientado a colocar

as mãos no chão, a partir da flexão anterior do tronco, conforme a metodologia de Souchard. 12

Para a avaliação postural e a fotogrametria, o voluntário ficou disposto sobre uma

plataforma de madeira (30cmx30cm) colocada a 20 cm de distância e atrás do Simetógrafo (200

cm x 180 cm), marca Sanny, para acompanhamento das variações posturais. A postura foi

orientada a partir da colocação de um fio de prumo. 25

Um triângulo de 30º graus foi colocado entre os pés do voluntário para manter a

angulação de rotação dos quadris neutra. 12

O voluntário estava vestido com roupa que permitiu a visualização dos acidentes

corporais do ombro, quadril, coluna, joelhos, ombros, pés.

Foi observada a postura da cabeça, ombros, tronco, quadris, joelhos, pés e coluna

vertebral na visão anterior, lateral esquerda, lateral direita e posterior. As variações foram

anotadas na ficha de avaliação da postura.

61

b) Fotometria - Software de Avaliação da Postura (SAPO)79

O exame de avaliação postural por fotogrametria (Figura 12) foi realizado a partir da

plataforma SAPO – Software de Avaliação da Postura79

, desenvolvido na Universidade de São

Paulo/USP.

Consistiu em localizar pontos no corpo humano, e calibrá-los a partir da linha de

gravidade, mostrando os graus de simetrias e assimetrias na postura. 25, 74

O sujeito teve as protuberâncias ósseas sobressaídas por marcadores que foram

facilmente identificados na imagem fotográfica. A pele foi previamente higienizada nos pontos

anatômicos para melhor aderência do marcador. Após a marcação, o voluntário teve as imagens

realizadas com uma máquina fotográfica da marca Nikon, Coolpix L830, colocada sobre tripé,

que permaneceu a 03 metros de distância e a 01 metro de altura do solo. Foram colhidas quatro

imagens na posição ortostática: anterior (de frente), em perfil direito, em perfil esquerdo, e

posterior (de costas).

Os marcadores foram elaborados com bolas de isopor de 2,5 mm, mantendo as

seguintes cores:

Vermelhos – colocados no dimidio direito do corpo;

Azuis – colocados no dimidio esquerdo do corpo;

Brancos – colocados na face;

Pretos - colocados na coluna vertebral.

Esta diferenciação nas cores dos marcadores facilitou a visualização de rotações dos

membros e sobreposições das imagens.

62

Figura 12: Fotogrametria (SAPO). A: vista anterior; B: vista posterior; C: vista lateral esquerda;

D: vista lateral direita.

O protocolo do SAPO foi seguido conforme a referência da USP. 79

4.2.4. Radiografias

Os exames radiográficos foram realizados no Setor de Radiologia HC/UNICAMP.

Foram realizadas radiografias, vista lateral para análise postura do crânio em relação à coluna

cervical e posição do osso hioide (Figura 13).

63

Figura 13 Cefalometria padrão Rocabado. Determinação da postura ortostática do crânio sobre a

coluna e osso hioideo. 1= ângulo posterior-inferior, 2= C0-C1 distância, 3= osso triângulo do

osso hioide, 4= curvatura cervical. MGP= Plano McGregor (linha que liga a base do crânio à

espinha nasal posterior), OP= Plano Odontoide, RGn= Retrognatismo.80

4.2.5. Eletromiografia de Superfície

O exame foi realizado no laboratório de Eletromiografia/CEPRE/FCM/UNICAMP. O

equipamento utilizado foi o eletro-miógrafo Myosystem I acoplado a um computador Pentium®

4 (Intel) de 650 Mhz e software Myosystem BR81

, versão 2.52 (Data Hominis Tecnologia Ltda).

Condicionador de sinal com 12 bits de resolução e CMRR (Modo de Rejeição Comum) de

112dB @ 60 Hz. O sinal eletromiográfico foi obtido com um conversor Analógico Digital (A/D)

da Myosystem Prosecon Ltda, modelo PCI-DAS 1200 com 12 bits de resolução. A frequência de

amostragem para coleta foi de 2000hz com eletrodos bipolares descartáveis de Ag/AgCl modelo

Chicopee MA011 (Meditrace®, Kendall-LTP) com 1cm de diâmetro.

64

Figura 14: Exame de eletromiografia. A: grupo dos músculos supra-hioideos e eletrodos de

referência; B: grupo dos músculos suboccipitais.

a) Coleta do Sinal de EMG:

Previamente à fixação dos eletrodos, os voluntários realizaram, quando necessário,

tricotomia, ou seja, rasparam a superfície de coleta quando havia presença de pêlo ou cabelo. Em

seguida, limparam a pele com álcool etílico. O registro foi realizado com os sujeitos sentados e a

cabeça posicionada paralela ao plano de Frankfurt (que é uma linha que liga um ponto da parte

mais baixa da margem orbitária ao trágus). O eletrodo de referência foi posicionado junto ao osso

esterno do voluntário e os eletrodos para captação do sinal biológico foram fixados no ventre dos

músculos supra-hioideos e suboccipitais bilateralmente 82

(Figura 14). A distância inter-eletrodo

foi de 1 cm e a amplificação do sinal realizada de maneira a ocupar 2/3 da tela com a finalidade

de se obter a melhor resolução do sinal. A coleta dos sinais foi realizada durante o repouso por 5

segundos e sucção de água.

b) Recrutamento da musculatura da língua

Foi obtido com paciente sugando água. Para sucção foi utilizado uma sonda

nasogástrica descartável siliconada, marca Mark Med, curta no04 acoplada a uma seringa

descartável sem agulha, marca BD Plastipak, 10 ml. Após o preenchimento da seringa com água

mineral, a sonda foi posicionada entre a língua e a região da papila atrás dos dentes incisivos

centrais superiores.

65

A avaliação foi dividida em quatro fases: Repouso, Sucção Inicial, 2ª Sucção e

Sucção Final, com intervalo de 02 minutos de descanso entre as fases. No repouso, foram obtidos

os sinais iniciais da atividade muscular. Cada uma das demais fases (Sucção Inicial, 2ª sucção e

Sucção Final) correspondeu à sucção de uma seringa de 10 ml, sem controle de tempo,

completando o volume final de 30 ml, referente às três seringas. Ao longo do exame foram

realizadas anotações quanto à presença de desconforto, fadiga e dor. Nessas situações foi

solicitado que o sujeito definisse o local do sintoma e também foi anotado o momento em que

ocorreu.

4.2.6. Análise Estatística

As análises foram conduzidas independentemente em cada um dos compartimentos

(Estudo da Amostra, Postura, Eletromiografia e Relatos das Sensações), separados conforme a

natureza das variáveis (paramétrica e não-paramétrica), e em cada um serão apresentados os

resultados na sequência definida pelo tipo de análise.

Utilizou-se o software Excel83

para a tabulação e transferência dos dados. Em

seguida, os dados foram organizados, padronizados e importados pelo sistema SAS84

onde foram

desenvolvidas as duas etapas finais da análise: o pré-processamento e o processamento final por

meio de métodos estatísticos.

a) Análise Exploratória

A comparação estatística dos grupos por gênero, idade, escolaridade e renda foi realizada

pelo método de Mann-Whitney, com correção de Yates.85

Foi escolhido este método em virtude

do grupo amostral não possuir distribuição normal. Foi adotado o nível de significância de 5%

(p: 0,05).

66

b) Análise da Postura

Para as análises de postura, foram utilizadas as medidas resumo de posição (mínimo,

máximo, média, mediana e assimetria) e de dispersão (desvio padrão), além de boxplots, a fim de

ajudar a conhecer o conjunto de dados e facilitar as análises estatísticas. Para ambas as análises

foi utilizado o teste não paramétrico de Wilcoxon-Mann-Whitney85, 86

, para comparar os pares de

médias de grupos e detectar possíveis diferenças significativas. Foi adotado o nível de

significância de 5% (p: 0,05).

c) Eletromiografia

Uma vez tabulados os valores de Root Means Square (RMS) 87

por meio da

eletromiografia na fase de pré-processamento, foi feita a transformação das variáveis originais

em indicadores mais apropriados para a análise e interpretação dos resultados. No pré-

processamento dos dados oriundos da eletromiografia, foi efetuado o cálculo do índice de

simetria88

(Quadro 1). Esse indicador varia de 0 (zero) indicando ausência de simetria, até

1(um), que indica simetria perfeita nas quantidades de ativações dos músculos, ou seja, valores

exatamente iguais observados no lado direito e esquerdo.

Foram calculados os valores médios de RMS para cada músculo, conforme descrito

Quadro 1.

Quadro 1. Cálculos empregados para obtenção dos valores de Índice de Simetria e de Valor

Médio de RMS

Índice de Simetria:

Valor médio de RMS:

IS músculo: índice de simetria de cada grupo de músculos estudado (supra-hioideos e suboccipitais);

RMS Direito: valor da raiz do quadrado médio (Root Mean Square) do músculo posicionado do lado direito;

RMS Esquerdo: valor de RMS do músculo posicionado do lado esquerdo.

67

Foi analisada a lateralidade, calculando-se a média dos valores correlatos observados

no mesmo músculo do lado direito e do lado esquerdo.

Os indicadores obtidos na fase de pré-processamento foram submetidos à análise de

variância baseada em postos (Rankbased ANOVA), com base no ajuste de um modelo linear

generalizado misto para teste dos efeitos da Classe Oclusal e da Fase na forma de medidas

repetidas uma vez que o mesmo voluntário foi avaliado nas diferentes fases.

A necessidade da adoção da técnica de análise de variância baseada em postos apenas

foi percebida após o início da condução das análises dos dados originais já que se frustraram as

tentativas de ajuste de um modelo com resíduos aderentes à distribuição gaussiana o que obrigou

a aplicação de método híbrido paramétrico/não paramétrico. Foi definida na fase de

planejamento da análise, a aplicação do teste de Tukey para as comparações múltiplas de médias.

Em todos os testes estatísticos foi adotado o nível de significância de 5% (p: 0,05).

d) Estudos das Sensações Relatadas pelos Voluntários

Diante da natureza nominal das medidas, a análise das sensações se baseou na construção

de tabelas de contingência unidimensionais com objetivo meramente descritivo e em tabelas de

contingência bidimensionais associadas ao teste de Cochran, Mantel e Haenszel86, 89-91

para

comparação da igualdade de escores nos grupos e foi adotado o nível de significância de 5% para

interpretação dos resultados.

68

5. Resultados

A análise estatística foi dividida em quatro partes: análise exploratória da amostra,

análise da postura, eletromiografia, e sensações relatadas durante o exercício.

A análise exploratória dos voluntários consistiu em comparar os dois grupos em

relação ao gênero, idade, escolaridade e renda.

A análise da postura consistiu na avaliação dos ângulos de simetria vertical (ASV) e

de alinhamento horizontal da cabeça em relação a C7, nos perfis direito (AH C7 D) e esquerdo

(AH C7 E). Foi utilizado o método de Wilcoxon-Mann-Whitney 86, 89-91

em virtude do número

amostral e da natureza não-paramétrica das variáveis.

A eletromiografia foi analisada a partir das médias de RMS, sendo aplicada a análise

de variância baseada em postos para comparação das médias e dos coeficientes de simetria.

Foram aplicados outros métodos estatísticos complementares à medida que eram detectadas

diferenças significativas entre as classes e as fases, que exigiram uma abordagem diferenciada

para a comparação.

Por fim, a partir das sensações relatadas pelos voluntários durante o exercício de

sucção, foi feita a análise de frequência e de ocorrência dos relatos das duas classes, sendo

realizada a comparação estatística através dos métodos de qui-quadrado para as frequências e de

Cochran, Mantel e Haesnzel 86, 89-91

para a ocorrência.

5.1. Análise exploratória

O grupo 1 foi composto por pessoas que apresentavam oclusão Classe I de Angle (Tipo I),

constituído por 11 voluntários de ambos os gêneros e faixa etária de 18 a 58 anos.

O grupo 2 foi composto por pessoas que apresentavam má oclusão Classe II/2ª divisão de

Angle (Tipo II), constituído por 19 voluntários de ambos os gêneros e faixa etária de 18 a 59

anos.

69

Houve diferença de número amostral entre os dois grupos em decorrência de ser um

estudo randomizado.

5.1.1. Gênero

A análise do gênero comprovou a equivalência entre os grupos (p=0,9405), não

influenciando no processamento dos dados de postura, eletromiografia e relatos de sensações

(Tabela 1).

Tabela 1. Comparativo das variáveis numéricas em relação ao gênero entre os grupos.

Gênero Grupo

TOTAL Tipo I Tipo II

Feminino (freq.) 5 9 14

(%) 45,45% 47,37%

Masculino (freq.) 6 10 16

(%) 54,55% 52,63%

TOTAL 11 19 30

freq..: Frequência. Estatística do teste de Mann-Whitney: W=106,5; p-valor=0,9405.

5.1.2. Idade

A análise da idade também comprovou a equivalência entre os dois grupos (p=0,3003),

não influenciando nos resultados (Tabela 2), embora a mediana e a média do grupo do Tipo II (23

e 30,4 respectivamente) indique que há uma maior predominância de voluntários mais jovens em

comparação com o grupo do Tipo I (mediana=38, média=36,5).

Tabela 2. Comparativo das variáveis numéricas em relação à idade entre os grupos.

Grupo N Média Mediana DP Mínimo Máximo

Tipo I 11 36,5 38 14,1 18 58

Tipo II 19 30,4 23 14,2 18 59

N: número amostral; DP: Desvio padrão. Estatística do teste de Wilcoxon: W=129; p-valor=0,3003.

70

5.1.3. Dados Socioeconômicos

Quanto à escolaridade, houve predominância do nível superior nos dois grupos,

principalmente do Tipo II, em função do local onde foi realizada a pesquisa (meio universitário)

(Tabela 3). Já em relação à renda, não houve diferença entre os grupos (Tabela 4).

Tabela 3. Comparativo das variáveis numéricas em relação à escolaridade entre os grupos.

Escolaridade Fundamental Médio Superior

freq. (%) freq. (%) freq. (%)

Tipo I 3 27,27% 2 18,18% 6 54,55%

Tipo II 0 0,00% 0 0,00% 19 100,00%

TOTAL 3 2 25

freq.: Frequência, Estatística do teste de Mann-Whitney: W=57; p-valor=0,001812.

Tabela 4. Comparativo das variáveis numéricas em relação à renda entre os grupos.

Renda

0 a 4 sal. mín. 5 a 9 sal. mín. Acima de 10 sal. mín.

freq. (%) freq. (%) freq. (%)

Tipo I 9 81,82% 0 0,00% 2 18,18%

Tipo II 9 47,37% 6 31,58% 4 21,05%

TOTAL 18 6 6

Sal. Mín. Salários mínimos. Estatística do teste de Mann-Whitney: W=74,5; p-valor=0,1476.

5.2. Postura

Os dados encontrados para as variáveis de postura estão na Tabela 5

Os valores encontrados de alinhamento de simetria vertical da cabeça (ASV) devem estar

mais próximos de 0 para demonstrar simetria. A média do grupo 1 (0,72) em comparação com a

média do grupo 2 (2,53) demostra que o primeiro grupo é mais simétrico que o segundo no valor

de ASV (Figura 15). No entanto, comparando-se as médias de alinhamento horizontal da cabeça

71

com relação a C7, perfil direito e esquerdo, ambos os grupos apresentam a simetria pareada,

apresentando valores próximos a 45° (Figura 16).

Concluindo, foi comprovada diferença significativa entre as classes I e II apenas no ângulo

de simetria vertical da cabeça (p<0,001), porém não na análise de alinhamento horizontal da

cabeça (Tabela 6).

Tabela 5. Médias, desvios padrão, mediana e valores de mínimo e máximo das variáveis de

ângulo de simetria postural da cabeça na posição anterior (ASV) e de alinhamento horizontal

(AH C7), perfis laterais direito e esquerdo.

Variável Grupo Média Mediana DP Mín. Máx.

ASV

T1 0,72 0,20 1,35 0,0 4,6

T2 2,53 2,45 1,30 0,2 4,8

AH C7 D

T1 47,57 48,40 6,87 32,5 61,5

T2 48,68 49,20 5,46 35,9 56,5

AH C7 E

T1 47,15 45,55 7,92 32,90 63,00

T2 48,60 48,55 5,27 38,20 60,30

DP: desvio padrão; ASV: ângulo de simetria vertical; AH C7 D: alinhamento horizontal da cabeça com

relação a C7, perfil direito; AH C7 E: alinhamento horizontal da cabeça com relação a C7, perfil esquerdo.

72

Tabela 6. Análise de variância pelo teste de Wilcoxon-Mann-Whitney dos valores de ângulo de

simetria postural da cabeça na posição anterior (ASV) e de alinhamento horizontal (AH C7),

perfis laterais direito e esquerdo. Resultados com p-valor menor ou igual a 0,05 (5%) indicam

que há diferença significativa entre os grupos.

Variável Grupo Mediana DP Estatística de Teste Valor p

ASV

T1 0,20 1,35

38 > 0,001 (*) T2 2,45 1,30

AH C7 D

T1 48,40 6,87

74 0,1032 T2 49,20 5,46

AH C7 E

T1 45,55 7,92

116 0,3655 T2 48,55 5,27

DP: desvio padrão; ASV: ângulo de simetria vertical; AH C7 D: alinhamento horizontal da cabeça com

relação a C7, perfil direito; AH C7 E: alinhamento horizontal da cabeça com relação a C7, perfil esquerdo.

(*) Diferença significativa entre os grupos.

Figura 15. Box Plot para a distribuição do ângulo de simetria vertical da cabeça.

73

Figura 16: Box Plot para a distribuição do alinhamento horizontal da cabeça com relação a C7,

perfis direito (A) e esquerdo (B).

5.3. Atividade Mio-elétrica (RMS)

Os valores de RMS encontrados estão descritos na Tabela 7.

Tabela 7. Médias, desvios padrão, limites de confiança da média (95%) e valores mínimo e

máximo das variáveis primárias da análise eletromiográfica (RMS).

Variável Média DP Lim. Conf. (95%)

Mín. Máx. Sup. Inf.

Suboccipitais Lado direito 8,76 9,73 10,58 6,94 1,37 56,65

Lado esquerdo 13,32 15,49 16,22 10,42 1,48 93,28

Supra-hioideos Lado direito 15,69 10,97 17,75 13,64 1,30 53,02

Lado esquerdo 12,72 10,83 14,75 10,69 2,46 59,69 DP: Desvio Padrão; Lim. Conf.: limite de confiança a 95% de significância; Mín. Mínimo; Máx. Máximo.

74

Os valores de média de RMS de ambos os grupos musculares não se apresentaram

discrepantes em relação à distribuição gaussiana segundo o teste de Shapiro-Wilk (assimetria e

curtose menores que 1) (Quadro 2). Entretanto, na análise de simetria, houve divergência

(p<0,01) em relação à distribuição gaussiana para o grupo dos músculos supra-hioideos. A

simetria do grupo muscular dos suboccipitais teve boa aproximação com a curva gaussiana,

indicando que não houve diferença entre as classes e fases (p próximo a 0,05) (Tabela 8).

Tabela 8. Coeficientes de assimetria e curtose e teste de Shapiro-Wilk para teste da aderência dos

resíduos derivados do modelo de análise de variância baseado em postos, à distribuição gaussiana

dos dados de RMS médio e simetria da análise de eletromiografia (RMS).

Variáveis Coeficientes Teste de Shapiro-Wilk

Assimetria Curtose Estatística Valor-p

Suboccipitais Média 0,2933 0,4901 0,9877 0,4038

Simetria 0,6770 0,7976 0,9697 0,0119

Supra-hioideos Média -0,2705 0,8862 0,9827 0,1583

Simetria 0,6534 2,1421 0,9658 0,0057 (*) (*) Divergência em relação à curva gaussiana.

75

Quadro 2. Gráfico para estudo da aderência dos resíduos de RMS à distribuição gaussiana.

Medida Região

Supra-hiodeos Suboccipitais

Média

Simetria

Houve diferença significativa (p<0,01) entre as médias de RMS dos grupos

musculares dos supra-hioideos e dos suboccipitais em, pelo menos, duas das quatro fases

estudadas (Tabela 9). Mas não houve comprovação estatística de diferença entre as classes.

Resultado similar foi observado nas médias de simetria do grupo dos suboccipitais (p<0,01),

apresentando diferenças entre as médias de simetrias nas fases.

Todavia, houve diferença entre as fases e as classes na análise da simetria do grupo

muscular dos supra-hioideos (p<0,01), gerando efeitos decorrentes da combinação entre elas.

76

O teste de Tukey 86, 90, 91

comprovou que a média de simetria no grupo muscular dos

suboccipitais foi significativamente inferior na fase Sucção 2 em relação às médias das demais

fases (Figura 17). É interessante observar que ao mesmo tempo em que esta fase apresentou um

maior RMS, ocorreu concomitantemente uma redução da simetria (Figura 18).

Tabela 9. Análise de variância baseada em postos dos dados de RMS (Média e Simetria) dos

grupos dos músculos supra-hioideos e suboccipitais.

Variáveis/Efeito Graus de liberdade Teste de F

Numerador Denominador Estatística Valor-p

Média dos suboccipitais

Classe 1 26 0,07 0,7913

Fase 3 78 6,83 0,0004 (*)

Classe*Fase 3 78 0,19 0,9005

Simetria dos suboccipitais

Classe 1 26 2,05 0,1643

Fase 3 78 19,52 0,0001 (*)

Classe*Fase 3 78 1,08 0,3641

Média dos supra-hioideos

Classe 1 26 0,12 0,7369

Fase 3 78 8,57 0,0001 (*)

Classe*Fase 3 78 0,17 0,9146

Simetria dos supra-hioideos

Classe 1 26 26,34 0,0001 (*)

Fase 3 78 14,21 0,0001 (*)

Classe*Fase 3 78 6,00 0,0010 (*)

(*) Existência de interação significativa classe-fase (p<0,05).

77

Figura 17. Médias (desvio padrão), limites de confiança da média e teste de Tukey para

comparação da simetria do grupo dos músculos suboccipitais. Barras com letras iguais (A e B)

indicam médias que não diferem entre si no nível de significância de 5%.

Figura 18: Médias (desvio padrão), limites de confiança da média e teste de Tukey para

comparação das médias de RMS do grupo dos músculos suboccipitais. Barras com letras iguais

(A e B) indicam médias que não diferem entre si no nível de significância de 5%.

78

Quanto ao grupo dos músculos supra-hioideos, o teste de Tukey comprovou que a

média de RMS no repouso foi significativamente inferior à média de todas as demais fases

(p<0,01), porém não ocorreram diferenças significativas entre as demais fases (Figura 19). A

média de RMS na fase de sucção 2 foi significativamente maior que as médias de todas as

demais fases estudadas (p<0,01).

Por fim, a análise da simetria dos músculos supra-hioideos revelou uma interação

significativa entre a fase e as classes (p<0,01), necessitando da execução de um desdobramento

das médias para comparação, conforme apresentado na Tabela 10.

Comparando-se os efeitos dentro de cada fase (letras maiúsculas), observou-se que

na fase de repouso não houve diferença significativa entre as médias da simetria dos sujeitos de

classe I e II. Nas fases de sucção inicial e sucção final, foram observadas diferenças

significativas entre as médias de simetria de forma que os sujeitos classe I apresentaram maior

simetria que os sujeitos classe II (Figura 20). Na fase de sucção II ocorreu uma inversão desse

comportamento, sendo perceptível uma simetria significativamente maior nos sujeitos de classe

II.

Na comparação das médias de fases, observou-se que tanto nos sujeitos classe I como

nos sujeitos classe II, a fase de sucção 2 foi a que revelou menor simetria, apresentando diferença

significativa em relação às demais fases. Todavia, a média de simetria da fase sucção 2 nos

sujeitos classe I foi significativamente menor que a simetria de todas as demais fases (p<0,01). Já

nos sujeitos de classe II, a média de simetria na fase de sucção 2 foi significativamente inferior,

apenas, em relação à média de simetria da fase repouso (Figura 21).

79

Figura 19. Médias (desvio padrão) limites de confiança da média e teste de Tukey para

comparação das médias de RMS do grupo dos músculos supra-hioideos. Barras com letras iguais

(A e B) indicam médias que não diferem entre si no nível de significância de 5%.

Tabela 10. Médias (desvios padrão) das combinações de classes e fases para comparação do

efeito significativo da interação dos efeitos de Simetria dos supra-hioideos pelo teste de Tukey

com nível de significância de 5%.

Fase Classe

I II

Repouso 0,93 (0,04) A a 0,86 (0,08) A a

Sucção inicial 0,89 (0,14) A a 0,62 (0,24) B a b

Sucção 2 0,47 (0,15) B b 0,51 (0,30) A b

Sucção final 0,96 (0,04) A a 0,66 (0,23) B a b

80

Figura 20. Médias (desvio padrão) limites de confiança da média e teste de Tukey para

comparação das simetrias dos músculos supra-hioideos dentro de cada fase. Barras com letras

iguais (A e B) indicam médias que não diferem entre si no nível de significância de 5%.

Figura 21. Médias (desvio padrão) limites de confiança da média e teste de Tukey para

comparação das simetrias dos músculos supra-hioideos dentro de cada fase. Barras com letras

iguais (a e b) indicam médias que não diferem entre si no nível de significância de 5%.

81

Conclui-se dessa forma que os sujeitos de classe I e II apresentam uma dinâmica

diversa de manutenção da simetria do grupo dos músculos supra-hioideos.

5.4. Sensações relatadas pelos voluntários

Durante o exercício de sucção foram registradas as sensações vivenciadas pelos

voluntários (Quadro 3), possibilitando uma análise estatística própria.

Quadro 3. Diagrama dos relatos das sensações dos voluntários durante o exercício de sucção.

82

As sensações relatadas foram analisadas a partir da frequência em que apareceram (Figura

22). Os dados para análise estatística estão na Tabela 11.

100

(47,62)

A

34

(16,19)

B

32

(15,24)

B

23

(10,95)

BC

12

(5,71)

CD

6

(2,86)

DE

3

(1,43)

E0

10

20

30

40

50

60

Normal Cansaço Fadiga Dor Incômodo Compensação Dificuldade de

engolir

Porc

enta

gem

Sensação

Figura 22. Frequência (porcentagem) e teste de Qui-quadrado para comparação das proporções

de sensações referidas pelos voluntários. Barras com letras iguais (A, B, C, D e E) indicam

proporções que não diferem entre si no nível de significância de 5%.

Tabela 11. Frequências e porcentagens simples e acumuladas das sensações referidas pelos

voluntários e teste de qui-quadrado para igualdade de proporções. Proporções com letras iguais

(A, B, C, D e E) indicam frequências que não diferem entre si no nível de significância de 5%.

Sensações 2

Simples Acumulada

Freq. (%) Freq. (%)

Normal A 100 47,62 100 47,62

Cansaço B 34 16,19 134 63,81

Fadiga B 32 15,24 166 79,05

Dor B C 23 10,95 189 90,00

Incômodo C D 12 5,71 201 95,71

Compensação D E 6 2,86 207 98,57

Dificuldade de engolir E 3 1,43 210 100,00

* Teste de qui-2:219,93 – Graus de Liberdade: 6 – Valor-p:0,0001.

83

A proporção de ocorrência da condição “Normal” foi significativamente maior que a de

todas as outras sensações registradas já que esta ocorreu em 47,62% dos casos.

O registro de “Cansaço” e “Fadiga” ocorreu, respectivamente, em 16,19% e 15,24% dos

casos e o teste estatístico permite concluir no nível de significância de 5%, que essas sensações

são significativamente mais recorrentes que a ocorrência de “Incômodo” que ocorre em 5,71%

dos casos, de “Compensação” com 2,86% de ocorrência e de “Dificuldade de Engolir”, referida

em apenas 1,43% dos casos.

A ocorrência de “Dor” (10,95%) também se mostrou mais recorrente que a

“Compensação” e que a “Dificuldade de engolir” e, por fim, observa-se uma recorrência

significativamente maior de “Incômodo” que de “Dificuldade de Engolir”.

A partir dos relatos, também pôde ser analisada a ocorrência ou não das sensações entre as

duas classes (Tabela 12).

84

Tabela 12. Frequências (porcentagens) da ocorrência de sensações nos tipos de oclusão e teste

de Cochran, Mantel e Haenszel para igualdade de proporções nos tipos.

Sensações Classe Tipo

II I

Normal (CMH: 33,83 – GL: 1 – Valor-p: 0,0001) (*)

Não 90 (81,82) 20 (18,18)

Sim 43 (43,00) 57 (57,00)

Cansaço (CMH: 6,29 – GL: 1 – Valor-p: 0,0121) (*)

Não 105 (59,66) 71 (40,34)

Sim 28 (82,35) 6 (17,65)

Fadiga (CMH: 0,09 – GL: 1 – Valor-p: 0,7707)

Não 112 (62,92) 66 (37,08)

Sim 21 (65,63) 11 (34,38)

Dor (CMH: 14,88 – GL: 1 – Valor-p: 0,0001) (*)

Não 110 (58,82) 77 (41,18)

Sim 23 (100,00) 0 (0,00)

Incômodo (CMH: 4,37 – GL: 1 – Valor-p: 0,0364) (*)

Não 122 (61,62) 76 (38,38)

Sim 11 (91,67) 1 (8,33)

Compensação (CMH: 0,03 – GL: 1 – Valor-p: 0,8638)

Não 129 (63,24) 75 (36,76)

Sim 4 (66,67) 2 (33,33)

Dificuldade de engolir (CMH: 1,75 – GL: 1 – Valor-p: 0,1854)

Não 130 (62,80) 77 (37,20)

Sim 3 (100,00) 0 (0,00)

CMH: Estatística de Cochran, Mantel e Haesnzel para diferenças entre tipos; GL: Graus de Liberdade; Dif.:

Dificuldade. (*) Diferença significativa a um grau de 5% de significância entre os grupos.

A recorrência de normalidade foi ligeiramente maior nas pessoas de Classe I (57,00%) que

nas pessoas da Classe II (43,00%). Por outro lado, a não normalidade foi muito mais frequente

(81,82%) nas pessoas classe II que nas pessoas classe I (18,18%), evidenciando que as classes se

comportam de maneira significativamente diferente (p<0,01) de acordo com a classe de oclusão

dentária (Figura 23). Entretanto, em relação à Dor, todas as suas ocorrências (100%) foram com

indivíduos Classe II.

Em relação ao cansaço e ao incômodo, ocorreu diferença (p<0,05) nas proporções das

sensações de acordo com a classe de oclusão (Figura 24). Ambas as sensações evidenciaram uma

maior frequência de ocorrência nos indivíduos classe II e de não ocorrência nas pessoas com

classe I, identificando uma diferença maior o suficiente para não ser casual.

85

43,00 81,82 100,00 58,82

57,00

18,18

41,18

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

Sim Não Sim Não

Normal Dor

Po

rcen

tage

m (

%)

Ocorrência / Sensação

II I

Figura 23. Porcentagem de ocorrência (sim) e de não ocorrência de normalidade e de dor de

acordo com o tipo de oclusão.

59,66 82,35 91,67 61,62

40,34

17,653,33

38,38

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

Sim Não Sim Não

Cansaço Incômodo

Po

rcen

tage

m (

%)

Ocorrência / Sensação

II I

Figura 24. Porcentagem de ocorrência (sim) e de não ocorrência de cansaço e de incômodo de

acordo com o tipo de oclusão.

86

As sensações foram referidas em várias regiões. O Quadro 4 resume os locais que foram

mais relatados pelos voluntários. Houve maior incidência de relatos referentes à região da língua,

músculos supra-hioideos e região cervical.

Quadro 4. Locais de ocorrência das sensações relatadas pelos voluntários.

Tipo I Tipo II

Língua Cervical Pescoço

Cabeça Costas Cabeça

Supra-hioideos Escaleno Supra-hioideos

Língua Suboccipitais

Palato Mandíbula

ATM Infra-hioideos

87

6. Discussão

Este estudo identificou diferença significativa entre os sujeitos Classe I e Classe II/2

Divisão de Angle na postura da cabeça, no comportamento e no relato das sensações, com relação

ao comportamento durante um exercício de fortalecimento da musculatura da língua. .

Conforme a literatura sobre amostras paramétricas86, 89-91

a amostra apresentou

similaridade na variância do n, o que justifica a quantidade diferente de sujeitos encontrados

neste estudo. Os resultados mostraram ainda que houve homogeneidade na caracterização quanto

ao Gênero, à Idade e à Renda (tabelas 1, 2 e 4), e heterogeneidade com relação à Escolaridade

(tabela 3).

Para atingir os objetivos, foram realizados exames da postura da cabeça através da

plataforma SAPO 79

que avaliou sua simetria vertical e horizontal, exame de eletromiografia de

superfície dos grupos musculares supra-hioideos e suboccipitais que avaliou o comportamento

destes músculos durante o exercício de isometria da língua e estudo das sensações a partir das

considerações dos próprios indivíduos desencadeadas durante a eletromiografia.

Conforme os resultados, a análise de alinhamento horizontal da cabeça em vista lateral

não apresentou diferença significativa (tabela 6) entre os sujeitos de ambos os grupos, embora

tenha demonstrado uma postura anterior do crânio com tendência à flexão, que pode estar

relacionada com a ocupação, visto a maioria dos voluntários ser estudante e adotar a

inferiorização do olhar diariamente, ao escrever. Estudos atuais relacionam a postura de flexão de

cabeça com o uso inadequado de smartfones. 92-95

A análise da simetria vertical que afere a inclinação lateral da cabeça mostrou diferença

significativa entre os grupos. Segundo os dados (tabela 6), houve uma tendência do sujeito

Classe II /2ª Divisão de Angle em inclinar a cabeça para um dos lados, mostrando assimetria de

postura se comparado com o Classe I. Este se mostrou mais simétrico, comprovando distribuição

de forças equilibradas lateralmente na manutenção vertical da cabeça conforme a literatura 7, 12

que refere a postura ideal ser aquela na qual a linha de gravidade passa em pontos anatômicos

específicos na face (glabela e mento) e no esterno inter-relacionando o equilíbrio da cabeça, da

região cervical, da mandíbula e do osso hioideo como elementos de um sistema de influência

88

recíproca para manutenção da boa postura e da função mastigatória eficiente , que são

características inerentes a essa classe oclusal.

Os sujeitos Classe II /2ª Divisão de Angle por sua vez, apresentaram segundo os dados, má

postura em desvio lateral da cabeça, o que pode demonstrar que as forças dos músculos bilaterais

estão desarmonizadas, com predomínio de um dos lados em movimentos que deveriam estar

igualmente balanceados. Estes resultados concordam com Hugare 96

ao observar que o desvio

cranial estava correlacionado ao desvio das primeiras vértebras cervicais para manter a

estabilidade da cabeça e por outros estudos que relacionaram a má postura da cabeça e coluna

cervical com a má oclusão. 2, 61,77, 80, 97, 98

O exame de eletromiografia evidenciou a diferença significativa no desempenho dos

músculos supra-hioideos e suboccipitais de ambos os grupos (tabela 8), cujas características

estruturais proporcionaram a execução mais simétrica do sujeito Classe I e mais assimétrica do

sujeito Classe II/2ª Divisão de Angle, mostrando que os grupos apresentam dinâmicas diferentes

para a manutenção da simetria.

A Eletromiografia de Superfície é uma ferramenta sensível em medir a função fisiológica.

É uma técnica reprodutível, segura, eficaz e um processo que quantifica de forma precisa

aspectos funcionais da língua que interferem na postura. 99

O exercício proposto é comumente executado em terapia orofacial e baseado na sucção

normal. 100, 101

No exame de eletromiografia foi mais incisivo, executado na linha média e em

trabalho conjunto dos músculos supra-hioideos caracterizando um trabalho de força em isometria,

com objetivo principal de fortalecimento muscular da língua. Considerando a harmonia do

desempenho, o movimento deve ser simétrico e não tender à lateralidade. Essa simetria deve estar

próxima ao valor de 1 (fórmula) que é o padrão normal do movimento em equilíbrio, com

economia energética e divisão eficiente do trabalho. 88

Os resultados (tabela 9) mostraram que as fases de repouso e Sucção Inicial dos grupos

foram similares, caracterizando o início da atividade com fácil realização para ambos. O

equilíbrio do repouso referiu-se à ausência de atividade 82, 102

. Na Sucção Inicial os grupos

permaneceram discretamente equilibrados, apesar do grupo Classe II realizar o exercício com

mais assimetria se comparada à Classe I, mostrando que a função muscular apresentou diferenças

significativas no modo de realizar o exercício de sucção. Os sujeitos Classe I, segundo os dados,

89

mantiveram boa execução da tarefa no uso dos músculos bilaterais e na funcionalidade da língua

na sucção e na deglutição. Por outro lado, os resultados evidenciaram que os sujeitos Classe II\2ª

Divisão iniciaram o exercício com assimetria na função, demonstrando a forma de uso habitual

da musculatura em suas atividades diárias.

Conforme os resultados (figura 20), a partir da 2ª sucção a diferença entre as Classes

cresceu proporcionalmente à demanda muscular, evidenciando como cada uma utiliza suas

ferramentas osteomusculares. À medida que os exercícios foram repetidos na 2ª sucção e sucção

final, a exigência sobre a musculatura aumentou nos sujeitos Classe II\2ª Divisão, de forma que

eles tiveram dificuldade em responder, concomitante ao aparecimento das compensações e dos

relatos de dor, com queixas em diferentes regiões. Nesta fase, os dados mostraram que os grupos

musculares supra-hioideos diferiram significativamente em atividade, com queda acentuada da

simetria da Classe I, bem inferior à Classe II (figura 21). Os sujeitos Classe II, que já vinham em

comportamento assimétrico, também apresentaram grau maior de assimetria do mesmo grupo

muscular que nas outras fases.

Os resultados da 2ª sucção (figura 20) mostraram claramente que ambas as classes

procuraram algum tipo de compensação para continuar o exercício, uma resposta peculiar de cada

grupo que confirma a diferença no desempenho da função osteomuscular. Os músculos supra-

hioideos apresentaram uma queda acentuada na atividade; ao mesmo instante dessa queda, os

músculos suboccipitais mostraram contração entrando em atividade num comportamento

desequilibrado, aparentemente não saudável, com um lado mais ativado que o outro. Este

comportamento gerou uma fase assimétrica e de instabilidade.

Segundo a literatura3,4,5

, os músculos suboccipitais estão relacionados à extensão da

cabeça, embora Davies103

já havia relacionado a ativação da musculatura do pescoço a partir do

movimento mandibular.

Autores 104-106

estudaram a mastigação, a deglutição e a língua, inter-relacionando com os

músculos do sistema estomatognático. Nosso estudo pesquisou a atividade dos músculos

suboccipitais adicionalmente aos músculos supra-hioideos, por considerar sua importância como

estabilizadores craniais.

Nossos dados (figura 18) mostraram estreita relação dos músculos suboccipitais com a

sobrecarga da língua, que pode estar relacionado ao fato de existir inserção comum do músculo

90

digástrico ventre posterior e dos músculos cibernéticos: a nuca. O osso temporal está ligado ao

osso occipital por uma artrodese, a sutura occipitomastóidea 15

, funcionando como uma unidade.

O ventre posterior do músculo digástrico está inserido no processo mastoideo do osso temporal,

lateralmente na nuca, enquanto que os músculos suboccipitais estão inseridos no osso occipital,

medialmente na nuca15

. O osso é uma estrutura resistente à tração, mas, é elástico e sofre as ações

de contração que os músculos exercem sobre ele. 23

Quando a mandíbula desvia lateralmente, ela

traciona o músculo digástrico (ventre anterior) que traciona o osso hioideo (alça hioidea) e o

processo mastoideo (ventre posterior), com desvio da nuca neste mesmo sentido. Os músculos

suboccipitais (inserção no osso occipital) são tracionados e atuam no movimento porque também

são rotadores laterais da cabeça quando agem no plano horizontal (inserção em C1 e C2). Assim,

é possível compreender a cadeia circular do mecanismo que une o sistema estomatognático e

entender os desvios que ocorreram durante o exercício.

Os resultados comprovaram que o grupo muscular supra-hioide perdeu o equilíbrio de

contração diante da dificuldade da tarefa, ativando o grupo muscular suboccipital (figura 17) que

respondeu igualmente desequilibrado, para manter o movimento de sucção e proporcionando ao

grupo supra-hioide um momento de descanso para se reequilibrar. Os dados corroboraram a

sinergia entre os músculos, já que os músculos suboccipitais apresentaram igualmente uma

atividade intensa e assimétrica na 2ª sucção.

Os dados mostraram que o sujeito Classe II/2ª Divisão de Angle modificou menos sua

atividade que o Classe I, pela menor variação mio elétrica durante todo o exercício. A assimetria

persistiu desde o inicio do exame e variou nos índices (figura 20), demonstrando dificuldade em

utilizar a musculatura bilateral com a mesma capacidade que o Classe I, ao mesmo tempo em que

evidencia o domínio muscular de um lados por todo o movimento, com menor sinergia e sem

dividir a carga do exercício com os outros grupos musculares.

Ferrario107

associou a assimetria oclusal à alteração postural, afirmando que a alteração na

postura influencia a posição mandibular e, a alteração mandibular influencia a postura do

pescoço.

Motoyoshi108

comprovou que modelos diferentes de alteração oclusal provocavam

assimetria no sistema estomatognático devido aos pontos de estresse na região cervical gerados

pela contração excessiva da musculatura mastigatória.

91

Rahal, Goffi-Gomes55

e Oncins, Freire, Marchesan109

, estudaram a assimetria de ação

muscular orofacial em sujeitos normais devido ao apertamento dentário decorrente da mastigação

habitual. A assimetria da mastigação pode ser refletida em outras funções estomatognáticas como

a sucção e a fala.

Borges110

observou a assimetria mandibular durante fala em sujeitos com má oclusão

Classe II/1ª Divisão de Angle, mostrando um dado significativo que deve ser considerado na

terapia.

Nossa pesquisa demonstrou (tabela 8) que a assimetria existe normalmente nos sujeitos, e

comprovou ainda (figura 21) que o sujeito Classe I é completamente diferente do sujeito Classe

II/2ª Divisão de Angle. O sujeito Classe I apresenta sinergia muscular, coordenação, adaptação e

modulação muscular rápida. Seu sistema parece ter alta capacidade de adaptação para se ajustar

às alterações quando elas surgem por apresentar múltiplas inserções musculares que se inter-

relacionam, com músculos em vantagem e desvantagem de desempenho, existindo atividade

coordenada e simultânea entra o pescoço e a mandíbula.111

Em situações com alteração

morfológica, a pesquisa comprovou que a assimetria pode dificultar a realização de movimento,

como no sujeito Classe II/2ª Divisão de Angle, desencadeando desconforto.

Os resultados da Sucção Final (figura 21) revelaram que o sujeito Classe I retomou seu

equilíbrio: o grupo muscular suboccipital ficou mais inativo, tendendo ao repouso, enquanto que

o grupo muscular supra-hioide retomou a atividade, otimizando o processo. Os dados da Classe

II\2ª Divisão, desarmonizada durante toda a atividade, indicaram que o mecanismo de sinergismo

também esteve presente, porém, a ação dos músculos suboccipitais compensando o desequilíbrio

dos músculos supra-hioideos foi insuficiente e não conseguiu reequilibrar sua atividade porque

eles têm uma questão funcional mais frágil, devido à sobrecarga desencadeada na má postura

retificada da coluna cervical.

Os dados evidenciaram que a Classe I é mais saudável que a Classe II\2ª Divisão, o que

vai de acordo com a literatura 6, 112

Sua musculatura supra-hioidea direita e esquerda trabalhou

conjuntamente em todas as fases. Quando a dinâmica diminuiu entre estes músculos supra-

hioideos bilaterais, a parceria dos músculos suboccipitais foi ativada para auxiliá-la. Melo 111

afirma que a flexibilidade dos mecanismos mastigatórios se adapta às alterações e compensações

do sistema. Na Sucção Final, os sujeitos da Classe I retomaram o equilíbrio, voltando a

92

apresentar simetria, inclusive acima daquela apresentada na Sucção Inicial, mostrando que seus

músculos retomaram o comando do movimento, ou seja, aprenderam o mecanismo. Nessa fase do

exame o desempenho muscular da Classe II\2ª Divisão diminuiu à medida que os relatos de dor

surgiram, explicando a insuficiência mostrada no RMS significativo na fase dos grupos

musculares supra-hioideos e suboccipitais.

Woda13

afirma que muitas forças trabalham no controle da posição mandibular.

A vantagem desenvolvida no hábito mastigatório pode influenciar no fortalecimento de

uma musculatura em detrimento de outra. O simples fato de ter mastigação habitual favorece a

escolha unilateral. A desvantagem que ocorre devido ao tamanho reduzido da mandíbula, por

exemplo, implica em maior deslocamento do músculo pterigoideo lateral durante a mastigação

para fazer o encaixe da arcada dentaria inferior sob a arcada dentária superior, os músculos do

lado de preferência fatalmente estarão mais fortalecidos que o outro, o que por si só manterá essa

musculatura em desequilíbrio quando comparada a contralateral. Takada 113

disse que alimentos

mais duros, tendem a estimular mastigação unilateral, do lado da preferência, facilitando o desvio

lateral da mandíbula. Esse desequilíbrio no encaixe e na força muscular pode levar a assimetria.

113

O sinergismo muscular fica comprometido, o equilíbrio dinâmico mostra-se assimétrico.

O músculo com maior potência contrai levando os ossos em sua direção. O músculo menos

potente cede ao movimento. Um músculo que é formado por fibras musculares, possui

elasticidade que é a capacidade de retornar ao seu tamanho original após sofrer tração.114

A falta

de flexibilidade muscular ou a presença de estrutura óssea deficitária ativa músculos secundários,

compensatórios, para continuar o movimento. No caso, a mandíbula retrognada relacionada à

Classe II\2ª Divisão 115-117

favorece ao encurtamento de músculos que estão inseridos nela e em

ossos próximos.

Shimazaki 98

fala que o estresse causado pela assimetria gerada na mastigação unilateral

tende a provocar alteração na coluna cervical, devido à interação desse sistema.

A assimetria tende a forçar musculatura além de seu desempenho, onde uns músculos

executam maior força que outros. Esse trabalho desigual prejudica o músculo e toda a cadeia de

ligamentos, ossos, articulações, nervos e vasos da qual ela participa. Compensações são geradas

para substituir as funções normais, que podem ser refletidas em todo o sistema.

93

O estudo das sensações comprovou (tabela 12) diferença significativa entre os sujeitos

Classe I e Classe II\2ª Divisão, com ausência de queixas no primeiro grupo e presença

significativa de queixas no segundo grupo (figura 24), expressando a consequência do

comportamento motor em palavras. O relato verbal é um instrumento importante para quantificar

a subjetividade de sensações do indivíduo. 76,

118

O esforço excessivo da musculatura estomatognática levou ao aparecimento da dor, o que

foi visto nos relatos dos sujeitos Classe II/2ª Divisão de Angle (tabela 12) ao realizarem o

exercício, referindo inclusive outros sintomas em diversas regiões como cabeça, pescoço, costas,

que são locais de inserção de músculos estabilizadores do sistema estomatognático. A dor é

inicialmente protetora, um aviso do sistema sobre a possibilidade de lesão eminente 64

, e deve ser

compreendida como um alerta, uma manifestação compensatória do corpo à falta de flexibilidade

muscular associada à presença de estrutura óssea deficitária, onde a mandíbula pequena favorece

ao encurtamento de músculos que estão inseridos nela, modificando a direção e a contração das

suas fibras. Bondi119

fala que existe um sistema crânio-mandibular influenciado por uma cadeia

mio-fascial fechada, e que o mau funcionamento desta, está relacionado à disfunção. A força

excessiva produzida por um músculo além de sua capacidade ou, um alongamento excessivo de

suas fibras musculares além de seu limite fisiológico, pode causar uma lesão conhecida como

distensão muscular, que pode ou não vir acompanhada de ruptura, lesão de nervo e de vasos

sanguíneos. 114

As sensações relatadas (quadro 3) podem ser referentes à maior solicitação de atividade

muscular durante o exercício, embora a região cervical não seja usualmente relacionada a sucção.

Esses achados vão em direção do estudo de Murray, Larson e Longemam 120

que observaram que

sorver quantidade significativa de líquido através de canudo aumentava a ativação muscular para

fechamento anterior da boca, ativando a musculatura da face para manter pressão sobre o bolo

alimentar, além da ativação da língua ao sustentar e transportar posteriormente o bolo alimentar,

enquanto alterava seu formato e posição para manter sua superfície côncava na linha média e

reter esse líquido antes de ser engolido.

Mendonça121

realizou pesquisa sobre a fadiga na musculatura mastigatória e apontou a dor

após o esforço em mastigar como consequente da redução do fluxo sanguíneo e acúmulo de

metabólitos, que diminuem a resposta muscular.

94

Pasinato122

relacionou a dor mio-fascial e da DTM à hipermobilidade articular que

proporciona sobrecarga da musculatura no sistema.

Ries e Berzin 123

relacionaram a dor cervical à mecanismos compensatórios em pacientes

com DTM que são utilizados como estabilizar o sistema e minimizar a ação do sistema

trigeminal.

Estruturas nobres como o nervo hipoglosso e a alça cervical podem ser prejudicadas por

manterem íntima relação com a região de sobrecarga muscular, sofrendo compressão da

contração muscular excessiva com diminuição da vascularização. A compressão foi notada por

Simons e Travell18

, quando relacionaram esta dor ao ponto gatilho do músculo digástrico na

região mastoidea.

Os relatos (figura 23; quadro 4) evidenciaram que os pontos dolorosos são regiões

sobrecarregadas durante o movimento de isometria visto que a dificuldade em realizar a sucção

desencadeou respostas da cadeia motora crânio-cérvico-mandibular para terminar a tarefa

proposta. Esta situação expressa significativamente o sofrimento dos sujeitos Classe II/2ª Divisão

de Angle em executar a mesma atividade que os sujeitos Classe I.

Os voluntários da pesquisa são indivíduos saudáveis, sem queixa de dor, que

apresentaram, entretanto, manifestações dolorosas na execução do exercício. Este fato evidencia

o potencial lesivo da sucção isométrica se não for levada em consideração a morfologia e a

percepção do próprio indivíduo durante sua execução. Tratar a Classe II como se fosse Classe I,

ao invés de resolver, pode aumentar a problemática. Além da individualidade, essas Classes têm

respostas diferentes devido a distintas estruturas morfológicas.

Os relatos do paciente devem sempre ser levados em consideração na evolução do

tratamento 76

, pois demonstram que a apresentação típica do sujeito Classe II/2ª Divisão de Angle

deve ser bem compreendida, avaliando a continuidade e a eficácia da terapia aplicada.

O tratamento pode incluir a multidisciplinaridade com parceria de profissionais de

diversas áreas complementando as várias necessidades do indivíduo em sua totalidade. A

fisioterapia pode melhorar a resposta ao exercício de sucção aumentando a resistência, a

flexibilidade e a coordenação, mesclando a correção postural com a terapia mio funcional e a

correção ortodôntica.

95

A eficiência do conjunto de terapias não visa diminuir a assimetria morfológica do sujeito

Classe II/2ª Divisão de Angle, mas, aprender a conviver proveitosamente com ela, objetivando

melhorar a sua qualidade de vida.

Conclusão:

Os resultados encontrados comprovaram diferenças significativas entre os sujeitos de

Classe I e Classe II/ 2ª Divisão de Angle em relação à postura da cabeça, ao comportamento

muscular e na descrição dos relatos de sensações, submetidos ao exercício de fortalecimento da

língua , corroborando a literatura que afirma que a harmonia do sistema crânio-mandibular-

cervical pode ser prejudicado devido à alteração da morfologia, o que pode ocorrer mesmo em

indivíduos sem queixa de disfunção.

A alteração morfológica promove uma alteração postural induzente de movimento

compensatório, que é prejudicial ao indivíduo na mesma medida que se esforça em realizar este

movimento.

96

7. Referências Bibliográficas

1 - Teixeira JM, Barros Filho T, Lin TY, Hamani C, Teixeira WGJ. Cervicalgias. Rev. Med 2001;

80( esp. Pt 2): 307-16.

2 - Huggare JAV, Raustia AM. Head posture, cervicovertebral and craniofacial morphology in

patients with craniomandibular dysfunction. J Crâniomand Pract 1992;10:173-7.

3 - Kapandji IA. Fisiologia Articular: Coluna Vertebral. 5. ed. São Paulo: Guanabara Koogan;

2000.

4 - Rocabado M. Biomechanical relationship of the cranial, cervical, and e hyoid regions.

Physical Therapy 1983 June-Aug;1:62-6.

5 - Dangelo JG, Fattini CA . Anatomia Humana Sistêmica e Segmentar 2. Rio de Janeiro:

Atheneu; 2005.

6 - Madeira MC. Anatomia da Face: bases anátomo-funcionais para a prática odontológica. 7. ed.

São Paulo: Sarvier; 2010.

7 - Latyn K, Benìtez CC. Interrrelacion de las estructuras crâneo-mandibulares e hióideas.

8 - Rocabado M. Analisis biomecânico crâneo-cervical através de um teleradiografia lateral. Ver.

Chilena Ortod 1984;1:42-52.

9 - Salas AC, Ysla RF. Efectividad del Equiplán en el tratamiento de la mordida profunda.

Revista Habanera de Ciencias Médicas 2013;13(1):85-93 http://scielo.sld.cu

10 - Gimenez CMM, Bertoz AP, Bertoz FA. Tratamento da má oclusão de Classe II, divisão I de

Angle, com protrusão maxilar utilizando-se recursos ortopédicos. R Dental Press Ortodon Facial

Maringá;12(6):85-100.

11 - Brito HHA, Leite HR, Machado AW. Sobremordida Exagerada: diagnóstico e estratégias de

tratamento. R Dental Press OrtodonOrtop Facial Maringá 2009 Maio\Jun;14(3):128-157.

97

12 - Souchard P, Ollier M. As Escolioses, seu tratamento fisioterapêutico e ortopédico. São Paulo:

É Realizações; 2010.

13- Woda A, Piachon P, Palla S. Regulation of mandibular postures: mechanisms and clinical

implications. Crt Rev Oral Biol Med 2001;12(2):166-178.

14 - Fernandes Neto AJ. Oclusão e Disfunções Temporomandibulares. Uberlândia: FOUFU;

2008.

15 - Norton NS. Netter, Atlas da Cabeça e Pescoço. 2.ed. Rio de Janeiro: Elsevier; 2007.

16 - Slutzky LC. Fisioterapia Respiratória nas enfermidades Neuromusculares. Rio de Janeiro:

REVINTER; 1997.

17 - Baehr M, Frotscher M. Duss' Topical Diagnosis in Neurology: Anatomy, Physiology, Signs,

Symptoms. 5th ed. New York: Thieme; 2012.

18 - Simons DG, Travell JG, Simons LS. Dor e disfunção mio fascial: manual dos pontos-gatilho.

2. ed. Artmed; 2006.

19 - Campos D, Ellwanger JH, Costa Rosa JP, Santos IP, Silva TH, Piazza JL, Kraether Neto L.

palatoglossus muscle neuroanatomy - a review. J. Morphol. Sci. 2012; 29(3):123-124.

20 - Graber TM. The "three M's": Muscles, malformation, and malocclusion. Am. J. orthodontics

1963 June; 49(6):418-450.

21 - Vig PS, Showfety KJ & Phillips C. Experimental manipulation of head posture. Am J Orthod

1980 Mar;77:258-68.

22 - Dufour M et al. Cinesioterapia Tronco e Cabeça Avaliações Passivas e Ativas. São Paulo:

Panamericana;1987.

23 - Sarro KJ. Corpo, Movimento e conhecimentos anatômicos e cinesiológicos. Universidade

Federal do Espirito Santo, Núcleo de Educação Aberta e à Distância. Vitória 2010. 115p:11

ISBN: 978-85-99510-82-7.

98

24 - Neiva FCB, Cattoni DM, Ramos JLA, Issler H. Desmame Precoce: implicações para o

desenvolvimento motor-oral. J Pediatr(RJ) 2003;79(1):07-12.2.

25 - Iunes DH, Bevilaqua-Grossi D, Oliveira AS, Castro FA, Salgado HS. Análise comparativa

entre avaliação postural e por Fotogrametria computadorizada. Rev Bras Fisioter 2009;13(4):308-

15.

26 - Ferrante A. La deglutizione atipica. Dentista Moderno 1995, 2:227-239.

27 - Giuca MR, Pasini M, Pagano A, Mummolo S, Vanni A. Longitudinal study on a reabilitative

model for correction of atypical swallowing. European Journal of Paediatric Dentistry 2008;

9(4)170-174.

28 - Ferreira TS, Mangili LD, Sassi FC, Fortunato-Tavares T, Limongi SCO, Andrade CRF.

Fisiologia do exercício fonodiológico: uma revisão crítica da literatura. J Soc Bras Fonoaudiol.

2011;23(3):288-96.

29 - Rogers AP. Muscle training and its relation to the orthodontia. Int J Orthod 1918; 4:555-577.

30 - Straub WJ. The etiology of the perveted swallowing habit.American Journal of orthodontics

, Elsevier August 37(8) 603-610.

31 - Garliner D . The deviant swallow: a functional approach. J. Mass. Dent. Soc. 1964;13:26-

30.

32 - Cottingham LL. Myofunctional therapy orthodontics - tongue thrusting -speech therapy.

American Journal of Orthodontics June 1976 69(6):679-687.

33 - Garliner D. Myofunctional Therapy in Dental Practice. Bartel dental Book, 1971.

34 - Smithpeter J, Covell D. Relapse of anterior open bites treated with orthodontic appliances

with and without orofacial myofunctional therapy. American Journal of ortohodontics

Dentalfacial Orthopedics ; 137(5): 605–614.

99

35 - Svensson P, Romaniello A, Arendt-Nielsen L, et al. Plasticidade in corticomotor control of

the human tongue musculature induced by tongue-task training. Experimental brain research

2003 September; 152(1):42-5. doi:10.1007/s00221-003-1517-2

36 - Marchesan IQ, Furkin AM. Manobras utilizadas na reabilitação da deglutição. In Costa M,

Castro LP. Tópicos em deglutição e disfagia. Rio de Janeiro Medsi 2003; 375-84.

37 - Degan VV, Puppin-Rontani RM. Remoção de hábitos e terapia miofuncional:

restabelecimento da deglutição e repouso lingual. Pró-Fono Revista de Atualização

Científica,Barueri São Paulo set-dez 2005,17(3):375-382.

38 - Haruki T, Kishi K, Zimmerman J. The importance of orofacial myofunctional therapy in

pediatrtic dentistry: Reports of two cases. J. Dent. Child. 1999; 84(8):103-109.

39 – Pascal HHM, Van Lieshout P H, Bose A, Namasivayam A K. Physiological effects of an 8-

week mechanically aided resistance facial exercise program. Int. J. Orofacial Myology. 2002

nov.; 28:49-73.

40 - Degam VV, Puppin -Rontani RM. Terapia Miofuncional e hábitos orais infantis. Revista

CEFAC - Atualização Científica em Fonoaudiologia, São Paulo out.-dez. 2004, 6(4):396-404.

41 - Felício CM, Melchior MO, Silva M. Effects of orofacial myofunctional therapy on

temporomandibular disorders. Cranio 2010. 28:249-259. Iss. 4.2010

42 - Zickefoose W, Hanson M. Programa de terinamento do Manual de Zickefoose-Hanson. Oral

Myotherapy The OMT Company, Sacramento, Calf. 1974.

43 - Ochucci Jr GAM. Predominância natural da lateralidade: consequências antropométricas de

força, de flexibilidade e de coordenação. Campinas SP[sn] 2004. tese mestrado

44 - Kubo LS, Nascimento WV, Dantas RO. Edeito da idade, do sexo, da altura e do índice de

massa corporal no tempo d e sucção oral de líquido.Rev. Bras. Geriatr. gerontol.., Rio de Janeiro,

2013; 16(1): 7-17.

45 - Brasil, Conselho Federal de Fisioterapia e Terapia Ocupacional. Decreto Lei nº 938 de 1969.

Art. 3.

100

46 - Brasil. Conselho Regional de Fisioterapia e Terapia Ocupacional da 9ºRegião. Diretrizes,

2017.

47 - Proffit WR. Ortodontia Contemporânea: A má oclusão e a deformação dento facial na

sociedade contemporânea. 5. ed. Elsevier; 2013.

48 - Figún ME, Garino RR. Anatomía Odontológica Funcional y Aplicada. Panamericana; 2003.

49 - Bastos LVW, Tesch R, Denardin OVR. Alterações cefalométricas presentes em crianças e

adolescentes com desordens da ATM nas diferentes classificações sagitais de má oclusão Dental

Press OrtodonOrtop Facial Maringá 2008 mar. /abr; 13(2): 40-48.

50 - Nagae MH, Alves MC. Estudo eletromiográfico da deglutição na musculatura supra-hioidea

em sujeitos Classe I e Classe III de Angle. Rev. CEFAC 2009;11(Supl3):355-362.

51 - Belo LR, Lins SC, Cunha DA, Lins O, Amorim CF. Eletromiografia de superfície da

musculatura supra-hioidea durante a deglutição de idosos sem doenças neurológicas e idosos com

Parkinson. Rev. CEFAC 2009 Abri-jun; 11(2) 268-280.

52 - Bortolazzo GL, Pires PF, Dibai-Filho AV, Berni KCS, Rodrigues BM, Rodrigues-Bigaton D.

Efeitos da manipulação cervical alta sobre a atividade eletromiográfica dos músculos

mastigatórios e amplitude de movimento de abertura da boca em mulheres com disfunção

temporo-mandibular: ensaio clínico randomizado e cego. Fisioter Pesq. 2015:22(4);426-34.

53 - Coriolano MGWS, Lins OG, Belo LR, Menezes DC, Moraes SRA, Asano AG et al.

Monitorando a deglutição através da eletromiografia de superfície. Rev. CEFAC 2010 mai-

jun;12(3).

54 - Rodrigues AMM, Bérzin F, Siqueira VCV. Análise eletromiográfica dos músculos masseter e

temporal na correção da mordida cruzada posterior. R. Dental Press Ortodon Ortop Facial.

Maringá, 2006 maio-jun.; 11(3): 55-62.

55 - Rahal A, Goffi-Gomez MVS. Estudo eletromiográfico do músculo masseter durante o

apertamento dentário e mastigação habitual em adultos com oclusão dentária normal. Rev Soc

Bras Fonoaudiol 2009; 14(2):160-4.

101

56 - Tanaka O. Edward Hartley Angle: O homem, o profissional e o professor. Rev. de Clin. Pesq.

Odontol 2005 abr.\jun.;1(4).

57 - Corbin-Lewis K, Liss JM, Sciortino KL. Clinical anatomy & physiology of the swallow

mechanism. New York: Cengage Learning; 2009.

58 - Saccomanno S, Antonini G, D'Alatri L, D'Angelantonio M, Fiorita A, Deli R. Patients treated

with orthodonticmyiofunctional therapeutic protocol. European Journal of Paediatric Dentistry

2012. 13(3).

59 - Pinto EM, Gondim PPC, Lima NS. Análise Crítica dos diversos métodos de avaliação e

registro das más oclusões. Rev Dent Press Ortodon e Ortopedi Facial 2008; 13(1): 82-91.

60 - Lemos JBD, Amorim MG, Correia FAZ, Procópio ASF. Incidência de sinais e sintomas de

disfunção da articulação temporomandibular em pacientes que procuram tratamento ortodôntico.

RPG 1997 out-dez; 4(4):306.

61 - Solow B, Sandham A. Crânio-cervical posture: a factor in the development and function of

the dentofacial structures. European Journal of Orthodontics 2002; 24(5): 447-456.

62 - Associação Internacional do Estudo da Dor-IASP (1994) International Association for Study

of Pain – IASP. Washington DC, USA www.iasp-pain.org

63 - Brasil. Ministério da Saúde. Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas -PCDT. Dor

Crônica. Portaria SAS/MS 1083 de 02/12/ 2012.

64 - Guyton AC, Hall EJ. Tratado de Fisiologia Médica. 12. Ed. Elsevier;2011.

65 - Kopf A, Patel NB. Guia para o tratamento da dor em contextos de pouco recursos Seattle:

International Association for the Study Pain, Associação para o Estudo da Dor e a Sociedade

Brasileira para o Estudo da Dor; 2010 [citado 2014 jan 12]. Disponível em: http://www.iasp-

pain.org/files/Content/ContentFolders/Publications2/FreeBooks/GuidetoPainManagement_Portug

uese.pdf

66 - Junqueira L. Anatomia Palpatória e seus aspectos clínicos. Rio de Janeiro: Guanabara

Koogan; 2010.

102

67 - Almeida E, Gonçalves A, El-Khatib S, Padovani CR. Lesão Muscular após diferentes

métodos de treinamento de musculação. Fisioterapia em Movimento, Curitiba 2006 out. /dez;

19(4):17-23.

68 - Pimenta CAM, Santos EMM, Chaves LD Martins LM, Gutierrez BAO. Controle da dor no

pós-operatório. USP Rev Esc Enf 2001 jun; 35(2):180-3.

69 - Armstrong BR. Mechanisms of exercise-induced delayed onset muscular soreness: a brief

review. Medicine and Science in Sports and Exercise 1984;18(8):529- 38.

70 - Lieber RL, Fridén J. Clinical significance of skeletal muscle architecture. Clinical

Orthopedics and Related Research. 2001; 383:140-151.

71 - Tricoli V. Mecanismos envolvidos na etiologia da dor muscular tardia. Rev. Bras. Ciên. e

Mov. Brasília 2001 abril; 9(2): 39-44.

72 - Azevedo MG, Souza A, Silva PA, Curty VM. Correlação entre volume total e marcadores de

dano muscular após exercícios excêntricos com diferentes intensidades no efeito protetor da

carga. Revista Brasileira de Prescrição e Fisiologia do Exercício, São Paulo, 2012 Set/Out;

6(35):455-464. ISSN 1981-9900.

73 - Kreling MCGD, Cruz DALM, Pimenta CAM. A Prevalência de dor crônica em adultos. Rev

Bras Enferm 2006 jul-ago; 59(4): 509-13.

74 - Sousa FAEF. Dor: o quinto sinal vital. Rev Latino-Am Enfermagem 2002 maio-junho;

10(3):446-7.

75 - Chaves LD. Dor pós-operatória: aspectos clínicos e assistência de enfermagem. In: Chaves

LD, Leão ER. Dor: 5º sinal vital. Reflexões e Intervenções de Enfermagem. Curitiba: Maio,

2004;151-68.

76 - Bottegaz FH, Fontana RT. A dor como quinto sinal vital: utilização da escala de avaliação

por enfermeiros de um hospital geral. Texto Contexto Enferm, Florianópolis, 2010 Abr-Jun;

19(2): 283-90.

103

77 - Weber P, Corrêa ECR, Bolzan GP, Ferreira FDS, Soares JC, Silva AMT. Mastigação e

deglutição em mulheres jovens com desordem temporomandibular. CoDas - Santa Maria RS,

2013. 1-7.

78 - Pereira Jr FJ. Critérios de Diagnóstico para Pesquisa das Desordens Temporomandibulares

RDC / DTM. Dworkin SF, Le Resche L, Huggins KH, Ohrbach R. Research Diagnostic Criteria

for Temporomandibular Disorders (translation at website: RDC-TMDinternational.org). Favilla

E. Back-translation. Revised April 8, 2009.

79 - Software de Avaliação Postural–SAPO. Portal do Projeto Software para Avaliação

Postural[homepage na internet] São Paulo: Incubadora Virtual Fapesp. Available from:

<htp:\\sapo.incubadora.fapesp.br\portal>[2008 Out 24].

80 - Garcia N, Sanhueza A; Cantin M, Fuentes R. Evaluation of cervical posture of adolescent

subjects in skeletal Class I, II, and III. Int J Morphol. 2012; 30(2) 405-410.

81- Myosystem BR Software. Data Hominis Tecnologia Ltda. Uberlândia MG.

www.datahominis.com.br

82 - Cram JR, Kasman G, Holtz J. Introduction to Surface Electromyography. Static Assement

and Clinical Protocol. Aspen Press, Gaithersberg, MD, 1997.

83 - Microsoft Corporation. Microsoft Excel, versão 15.0. Microsoft Corporation, Redmond:

WA: EUA. 2013.

84 - SAS Institute Inc. The SAS System, release 9.3. SAS Institute Inc., Cary: NC: EUA. 2012.

85 - Siegel S, Castellan J . Nonparametric statistics for the behavioral sciences. 1988.

apis2.com.br/?page_id=262

86 - Conover WJ. Practical nonparametric statistics. 2nd ed. Nova York: John Wiley; 1980, 493 p.

87 - Basmajian JV, De Luca CJ. Muscles alive : their functions revealed by electromyography.

Willians & Wilkins; Baltimore, 1985.

104

88 - Ferrario VF, Sforza C, Colombo A, Ciusa V. An electromyographic investigation of

masticatory muscle symmetry in normo-occlusion subjects. J Oral Rehabil 2000; 27:33-40.

89 - West SG, Finch JF, Curran PJ. Structural equation models with nonnormal variables:

problems and remedies. In: Hoyle RH(ed) (1995). Structural equation modeling: Concepts, issues

and applications.( 56-75). Thousand Oaks, CA, US: Sage Publications, Inc, xxii, 289 pp.

90 - Vidal PM. Estatística prática para ciências da saúde. Lidel São Paulo, 2005.

91 - Normando D, Tjäderhane L Quintão CCA. A escolha do método estatístico – Um tutorial em

forma de apresentação em Power Point. Dental Press J Orthod. 2010, Jan/Fev; 15(1):101-106.

92 - Yang CY , Wang JC. An unusual case of rapidly progressed cervical compression

myelopathy caused by overnight inappropriate usage of smartphone device. J Clin Neurosci

2017. pii: S0967-5868(16)30970-5. doi 10.1016/jpts.2016.12.050.

93 - Kim SY Koo SJ. Effect of duration of smartphone use on muscle fatigue and pain caused by

forward head posture in adults. J Phys Ther Sci 2016, Jun; 28(6):1669-72. doi:

10.1589/jpts.28.1669. Epub 2016 Jun 28.

94 - Lee S, Lee D, Park J. Effect of the cervical flexion angle during smartphone use on muscle

fatigue of the cervical erector spinae and upper trapezius .J Phys Ther Sci 2015 Jun;27(6):1847-9

doi: 10.1598/jpts.27.1847. Epub 2015 Jun 30.

95 - Shin H, Kim K. Effects of Cervical flexion on the flexion - relaxation ratio during

smartphone use. J Phys Ther Sci2014 Dec; 26(12):1899-901. doi: 10.1589/jpts.26.1899.Epob

2014 Dec 25.

96 - Hugare J, Pirttiniem P, Serlo W. Head posture and dentofacial morphology in subjects treated

for scoliosis. Proc Finn Soc 1991: v87: 01

97 - Lopatienè K, Smaillenè D, Sidlauskienè M, Cekanauskas E, Valaikaitè R, Pribuisienè R. An

Interdisciplinary Study of Orthodontic, Orthopedic, and Otorhinolaryngological Findings in 12–

14-Year-Old Preorthodontic Children. Medicina( Kaunas) 2013; 49(11):479-86.

98 - Shimazak T, Motoyoshi M, Hosoi K, Namura S. The effect of occlusal alteration and

masticatory imbalance on the cervical spine. Tokyo, Japan 2003;

105

99 - Montoni NPC. Avaliação instrumental da deglutição e qualidade de vida em pacientes

submetidos à tireoidectomia. Fundação Antonio Prudente, São Paulo 2012;Tese Doutorado -

Orientador José Guilherme Vartanian

100 - Felício CM, Mazzetto M O. Desordens musculares e intra-auriculares: características,

metas e condutas terapêuticas. In: FELÍCIO CM. (Org.) Fonoaudiologia aplicada a casos

odontológicos: motricidade oral e audiologia. São Paulo: Pancast, 1999; 127-153.

101 - Bianchini EMG. Ajuda fonoaudiológica. In: BIANCHINI EMG. (Org.) Articulação

temporomandibular: implicações, limitações e possibilidades fonoaudiológicas. 2ed. Rev. Atual.

Ampl. Barueri: Pró-Fono, 2010; 323-363.

102 - Hermes HJ, Frenks B, Merletti R, Stegeman D, Blok J, Rau G, Disselhorst-Klug C, Hägg G.

Seniam Biomedical and health research program . European recommendations for surface

electromyography . Roessingh research and development 8.2 (1999): 13-54.

103 - Davies PL. Electromyographic study of superficial neck muscles in mandibular function.

Journal Dental Research 1979; 58(01):537.

104 - Trevisan ME, Weber P, Ries LGK, Corrêa ECR. Relação da atividade elétrica nos músculos

supra e infra hioideos durante a deglutição e cefalometria. Rev CEFAC 2013 Jul-Ago; 15(4):895-

903.

105 - Bérzin F. Electromyography analysid of the sternohyoid muscle and anterior belly of the

digastric muscle in head and tongue movements. Jornal of Oral Rehabilitation 1995; 22:825-9.

106 - Shiau YY, Peng CC, Hsu CW. Evaluation of biting perfomance with standardized test

foods. J Oral Rehabil. 1999 May; 26(5):447-54.

107 - Ferrario VF, C Sforza, CE Poggio , Serra O. American Journal of Orthodontics and

Dentofacial Orthpedics January1996 ElsevierFacial three-dimensional morphometry 109(1):86-

93 doi: 10.1016/S889-5406(96)70167-1.

108 - Motoyoshi M, Shimazaki T, Sugai T, Namura S. Biomechanical influences of head posture

on occlusion: an experimental study using finite element analysis. Tokyo, Japan. European

Journal of Orthodontics 2002 (24): 319–326.

106

109 - Oncins MC, Freire RMAC, Marchesan IQ. Mastigação: análise pela eletromiografia e

eletrognatografia: seu uso na cl nica fonoaudiológica. Distúrb Comun. 2006;18(2):155-65.

110 - Borges GRL, Socorro TCS, Noronha W, César CPHAR, Guedes-Granzotti RB, Oliveira-

Barreto AC. Análisis de los desvios fonéticos en escolares con presencia de maloclusión de Angle

Classe II, División 1. RevMOF 2013 Ago-Oct;4(3):408-37.

111 - Mélo TMA, Carvalho CC, Cavalcante AS, Dourado Filho MG, Pinheiro Junior PF, Silva

HJ. Estudo das relações entre mastigação e postura de cabeça e pescoço – revisão sistemática.

Rev. CEFAC. 2012 Mar-Abr; 14(2):327-332.

112 - Steenks MH, De Wijer A. Disfunções da articulação do ponto de vista da fisioterapia e da

odontologia: diagnóstico e tratamento. São paulo: Santos, 1996.

113 - Takada K, Miyawaki S, Tatsuta M. The effects of food consistency on jaw movement and

posterior temporalis and inferior orbicularis oris muscle activivities during chewing in children. J

Anat. 1994 Apr;184( Pt 2):335-45. PMID: 7802615[PubMed – indexed for Medline]

114 - Fernandes TL, Pedrinelli A, Hernandez AJ. Lesão muscular- fisiopatologia, diagnóstico,

tratamento e apresentação clínica. Rev Bras Ortop. 2011;46(3):247-55.

115 - Pereira JCM, Lederman HM, Yamashita HK, Pereira DQ, Aidar LAA. Estudo comparativo

cefalométrico dos padrões dentofaciais de indivíduos portadores de oclusão normal e de más

oclusões de Angle. Dental Press J Orthod. 2011 Sept-Oct; 16(5):62-73.

116 - Maltagliati LA, Montes LAP, Bastia FMM, Bommarito S. Avaliação da prevalência das seis

chaves de oclusão de Andrews, em jovens brasileiros com oclusão natural. R Dental Press

Ortodon Ortop Facial. Maringá 2006 jan/fev ; 11(1) 99-106.

117 - Janson R, Giesbrecht S, Battié MC. A comparison of pressure pain detection thresholds in

people with chronic low back pain and volunteers without pain. Phys Ther. 2005; 85(10): 1085-

1092. Downloaded from http://ptjournal.apta.org

118 - Pimenta CAM. Escalas de avaliação de dor. In: Teixeira MJ, Corrêa CF, Pimenta CAM,

organizadores. Dor: conceitos gerais. São Paulo (SP): Limay; 1994.

107

119 - Bondi M.Muscular "Modus Agendi" and craniomandibular dysfunction. International

journal of orofacial myology Rome, Italy 1995; 21:61-65.

120 - Murray K, Larson C, Logemann J. Electromyographic Response of the Labial Muscles

during Normal Liquid Swallows Using a Spoon, a Straw, and a Cup. Dysphagia. 1998 June;

13(3):160-6 doi:10.1007/PL00009567

121 - Mendonça CM, Oliveira AS, Pedroni CR, Bérzin F, Gastaldi. Electromyography assessment

of chewing induced fatigue in temporomandibular disorders patients - a pilot study. Braz J Oral

Sci. Oct-Dec 2005; 4(15):894-8.

122 - Pasinato F, Souza JA, Corrêa ECR, Silva AMT. Temporomandibular disorder and

generalized joint hypermobility: application of diagnostic criteria.

Braz J Otorhinolaryngol. 2011 Jul-Ago. 77(4):418-25.

123 - Ries LGK, Bérzin F. Cervical pain in individuals with and without temporomandibular

disorders. Braz J Oral Sci. January-March 2007; 6(20):1301-1307.

108

ANEXOS

ANEXO I – TCLE

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

DOR CERVICAL NA SOBRECARGA DA LÍNGUA EM SUJEITOS CLASSE II/2a DE

ANGLE

Título da Pesquisa

Pesquisadora Responsável: Ana Lucia de Oliveira Nascimento

Número do CAAE: 39597414.2.0000.5404

Você está sendo convidado a participar, como voluntário, de um estudo. Este

documento, chamado Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, visa assegurar seus direitos e

deveres como participante e é elaborado em duas vias, uma que deverá ficar com você e outra

com a pesquisadora.

Por favor, leia com atenção e calma, aproveitando para esclarecer suas dúvidas. Se

houverem perguntas antes ou mesmo depois de assiná-lo, você poderá esclarecê-las com o

pesquisador. Se preferir, pode levar para casa e consultar seus familiares ou outras pessoas antes

de decidir participar. Se você não quiser participar ou retirar sua autorização, a qualquer

momento, não haverá nenhum tipo de penalização ou prejuízo.

Justificativa e Objetivos:

Este estudo é importante, pois auxiliará terapeutas que trabalham com fortalecimento

da musculatura da língua a detectarem se pessoas que apresentam uma oclusão em que os dentes

estão muito sobrepostos e com pouco crescimento da mandíbula, também chamados Classe II de

Angle, apresentam dor na região do pescoço. Essa informação é importante pois ajudará no

planejamento dos tratamentos fonoaudiólogos e fisioterapêuticos. O objetivo do estudo será

comparar pessoas sem nenhuma alteração dentária e mandibular com pessoas Classe II de Angle

em relação a possíveis desconfortos na região do pescoço ao realizarem exercícios de

109

fortalecimento da língua. A pesquisa também obedecerá a resolução 466/12 da CONEP, que é

responsável pelas resoluções em pesquisa junto a seres humanos.

Procedimentos:

Participando do estudo você está sendo convidado a:

a) Realizar uma radiografia frontal e lateral da face no Serviço de Radiologia-

HC/UNICAMP.

b) Realizar um exame denominado eletromiografia de superfície, em que será

colocado eletrodos descartáveis no pescoço para captar a atividade dos músculos nessa região

durante a sucção de água por 10 segundos. Não é um exame invasivo e também não acarreta dor,

pois os eletrodos serão colocados na superfície dos músculos e os sinais registrados virão dos

músculos, não sendo induzidos por meio de corrente elétrica. O exame terá duração de 15

minutos.

c) Realizar uma avaliação fisioterapêutica, que constará das seguintes etapas: 1-

Avaliação da postura ortostática (de pé) nas posições de frente, de lado e de costas, com o uso de

um simetógrafo e máquina fotográfica para verificar ocorrência de desvios da cabeça e da

coluna. O voluntário será convidado a usar trajes de banho ou similares para melhor visualização

da postura. Esta avaliação poderá durar de 30 minutos. 2- Avaliação do movimento da cabeça e

do pescoço, através da medição da amplitude realizada por meio de uma “régua” (flexímetro). 3-

Avaliação da amplitude de movimento da mandíbula através do paquímetro. Esta avaliação terá

duração de 15 minutos. 4- Avaliação do limiar de pressão do voluntário através do uso do

algômetro. A avaliação fisioterapêutica terá duração total prevista de 01 hora e 30 minutos.

d) Exercícios de fortalecimento da língua. Serão realizados uma vez por semana, com

duração de 15 minutos e ocorrerá por um mês. Você terá que sugar um canudo por 10 segundos,

cerca de 4 vezes. Tudo será realizado no ambulatório localizado no serviço de odontologia da

UNICAMP.

Desconfortos e Riscos:

Você não deve participar deste estudo se for portador de alguma síndrome, doença

neurológica, fazer uso de medicamentos mio relaxantes, se apresentar em estado de gravidez e/ou

ter realizado exame radiográfico ou tomográfico a menos de 06 meses. O desconforto que pode

ocorrer é, após o exame de eletromiografia, na retirada dos eletrodos que possuem uma cola

adesiva. Nessa hora você pode sentir um repuxão na pele, mas isso não ocasionará nenhum

110

ferimento. Pode também se sentir cansado durante os exames ou nos exercícios, nesse caso

aguardaremos que você descanse ou retomaremos a atividade em outro dia. Há o risco de você

sentir dor durante os exercícios de fortalecimento da língua, nesse caso as manobras serão

interrompidas. As radiografias são necessárias para avaliação da alteração estrutural crânio

mandibular e, serão realizadas com mínima dosagem. O que oferece risco é a repetição de

exames radiográficos em curto espaço de tempo, porque as doses de RX são cumulativas no

corpo humano e podem desenvolver alterações nas células. No restante das atividades propostas

não há riscos previsíveis.

Benefícios: Com a melhora no fortalecimento da musculatura da língua, você

conseguirá se expressar melhor ao falar e ao engolir os alimentos. Os dados coletados também

possibilitarão a redação de artigos científicos.

Acompanhamento e Assistência:

Caso ainda haja necessidade de fortalecer a musculatura da língua, o tratamento será

mantido até que a possível flacidez melhore. No caso de também encontramos alguma alteração

na avaliação fisioterapêutica ou nos exames, você será encaminhado para o serviço de

Fisioterapia do HC/UNICAMP, bem como para outros serviços necessários, dependendo da

alteração radiográfica. No caso de alteração oclusal você será encaminhado para o serviço de

odontologia da Faculdade de Odontologia do HC/UNICAMP.

Sigilo e Privacidade: Você tem a garantia de que sua identidade será mantida em

sigilo e nenhuma informação será dada a outras pessoas que não façam parte da equipe de

pesquisadores. Na divulgação dos resultados desse estudo, seu nome não será citado. Todos os

resultados dos exames estarão disponíveis tanto em seu prontuário, como também poderão ser

esclarecidos pela pesquisadora.

Desistência:

Você poderá desistir ou interromper sua participação a qualquer momento,

sem que isso lhe cause nenhum prejuízo ou constrangimento a qualquer tratamento que esteja

realizando na instituição.

111

Ressarcimento:

Não haverá ressarcimento financeiro, pois tudo ocorrerá nos dias em que terá que

comparecer ao serviço de odontologia para realizar seu tratamento dentário.

Armazenamento de Material:

Os dados coletados serão utilizados exclusivamente para o estudo referido, sendo

com isso descartados após seu uso ou mantidas em seu prontuário no caso das radiografias.

Contato: Para esclarecimento de todas as dúvidas relacionadas ao estudo,

você deverá entrar em contato com a pesquisadora responsável:

Pesquisadora Responsável: Ana Lucia de Oliveira

Nascimento Rua Tessália Vieira de Camargo, 126, no setor de

Pós-Graduação

e pelo telefone (19) 984171195

[email protected]

A Orientadora do Estudo:

Prof.ª Dra. Mirian Hideko Nagae Espinosa

Rua Tessália Vieira de Camargo 126,

CEP 13083-887 Campinas – SP; telefone (19) 3521-8817

[email protected]

Importante:

Em caso de denúncias ou reclamações sobre sua participação neste estudo, você deve

entrar em contato com a secretaria do Comitê de Ética em Pesquisa (CEP). Este órgão é o

responsável direto para receber denúncias e reclamações sobre os aspectos éticos da pesquisa,

visando a sua proteção e o seu bem-estar.

O Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) pode ser contatado pessoalmente no

endereço abaixo: Rua Tessália Vieira de Camargo, 126; CEP 13083-887 Campinas – SP;

112

Ou pelo telefone (19) 3521-8936; fax (19)

3521-7187; e ainda através do email:

[email protected]

Consentimento Livre e Esclarecido:

Após ter sido esclarecido sobre a natureza da pesquisa, seus objetivos, métodos,

benefícios previstos, potenciais riscos e o incômodo que esta possa acarretar, aceito participar.

Autorizo ainda o uso de minha imagem em todo e qualquer material entre imagem de

vídeo, fotos e documentos para serem utilizados no estudo.

Nome do (a) participante:

________________________________________________________

Cédula de Identidade: ______________________________________

__________________________________________________

Data:____/_____/______.

(Assinatura do participante)

Responsabilidade do Pesquisador:

Asseguro ter cumprido as exigências da resolução 466/2012 CNS/MS e

complementares na elaboração do protocolo e na obtenção deste Termo de Consentimento Livre

113

e Esclarecido. Asseguro, também, ter explicado e fornecido uma cópia deste documento ao

participante. Informo que o estudo foi aprovado pelo CEP perante o qual o projeto foi

apresentado e pela CONEP, quando pertinente. Comprometo--me a utilizar o material e os dados

obtidos nesta pesquisa exclusivamente para as finalidades previstas neste documento ou

conforme o consentimento dado pelo participante.

__________________________________________________Data: ____/_____/______.

(Assinatura do pesquisador)

114

ANEXO II

Anamnese

Identificação do Voluntário Nº: __________

Nome:

__________________________________________________________

Nascimento: _______________ Idade: ____________ Sexo: ________

Identidade: ____________________ Prontuário:__________________

Escolaridade: _______________________ Profissão: ________________

Endereço:

_______________________________________________________

Telefone: __________________________ Celular: __________________

E-mail:

___________________________________________________________

Grupo de pesquisa:

_____________________________________________

Diagnóstico Radiológico:

_______________________________________

Local: _______________________________ Data: ________________

Responsável:_____________________

Voluntário:________________________

História do Voluntário

• Quadro Clínico Geral: (saúde e estresse) Antecedentes Patológicos: (Infecção

recente?) Práticas e ritmo de vida:

• Mastigação:

• Queixa postural:

• Uso de celular/ computador: tempo e modo:

• Observações:

115

ANEXO III

Avaliação Fisioterapêutica

Avaliação Postural __/ __/____

Nome:__________________________________________ Idade:

_______

Tipo Físico: Ectomórfico ( ) Mesomórfico( ) Endomórfico ( )

Peso: ____________ Altura: ___________ IMC: __________ Sexo: ____

Vista Lateral

• Articulações dos Tornozelos (Ângulo tíbio-társico) :

Preservado Aumentado D/ E Diminuído D/ E

• Articulações dos Joelhos:

Alinhadas Fletidos D/ E Hiperestendidos D/ E

• Articulações dos Quadris:

Alinhadas Fletida D/ E Estendida D/ E

• Pelve:

Alinhada Com anteversão Com antepulsão

Com retroversão Com retropulsão

• Alinhamento do Tronco: Cinturas Escapular e Pélvica

Alinhado Rotação pélvica D/ E

Rotação escapular D/ E Rotação de cintura escapular e pélvica

D/ E

• Coluna Lombar:

Normal Hiper lordose Retificada

Aumento da lordose tóraco-lombar.

• Coluna Torácica:

Normal Hiper cifose Retificada

• Articulação do Cotovelo:

Alinhada Com hiperextensão D/ E

Aumento da flexão D/ E ( Ângulo de Carregamento);

• Articulações dos Ombros:

116

Com protração D/ E Com rotação

medial D/ E

Com retração D/ E Com rotação

lateral D/ E

Coluna Cervical:

normal Hiper lordose

Cabeça:

Alinhada Com retração

Vista Posterior:

Articulações dos Tornozelos:

Alinhadas Com varo D/ E

Retro pé ( Tendão de Aquiles) :

Alinhado Desalinhado

• Apoio do Retro Pé: Bordo Medial e Lateral

homogêneo > apoio medial D/ E > apoio lateral D/ E

• Articulações dos Joelhos:

Alinhadas Com valgo D/ E Com varo D/ E

• Espinhas Ilíacas Póstero-Superiores ( EIPS):

Alinhadas Desalinhadas, mais alta D/ E

• Altura das Cristas Ilíacas:

Alinhadas Desalinhadas, mais alta D/ E

• Coluna Lombar:

Alinhada Convexidade D/ E

• Coluna Torácica:

Alinhada Convexidade D/ E

• Ângulos Inferiores da Escápula:

Alinhados Desalinhados, mais alto D/ E

• Posição das Escápulas:

Alinhadas Abduzida D/ E Aduzida D/ E Alada D/ E

117

• Distância entre Bordo Medial da Escápula e Coluna Vertebral:

Simétrica Assimétrica

• Triângulo de Tales:

Simétrico Maior D/ E.

• Articulações dos Ombros:

Alinhados Ombro mais alto D/ E.

Coluna Cervical:

Alinhada Convexidade D/ E

• Cabeça:

Alinhada Rotação D/ E Inclinação lateral D/ E

Vista Anterior:

Hálux: Alinhado Valgo D/ E

Ante Pé: Alinhado Aduzido D/ E Abduzido D/ E

Arco Longitudinal Medial: Plano D/ E Cavo D/ E

• Apoio do Ante Pé: Bordo Medial e Bordo Lateral

Apoio homogêneo no bordo medial e lateral

> apoio medial D/ E

• Articulações dos Joelhos:

Alinhadas Valgo D/ E Varo D/ E

• Patelas:

Alinhadas Patela mais alta D E

Patela rodada

Lateralmente ( rotação lateral do fêmur) D E

Medialmente ( rotação medial do fêmur). D E

• Espinhas Ilíacas Ântero-Superiores ( EIAS):

Alinhadas Desalinhadas, mais alta D/ E

• Alturas das Cristas Ilíacas:

Alinhadas Desalinhadas, mais alta D/ E

• Alinhamento do Tronco:

Alinhado Inclinação lateral D/ E

Rotação de cintura escapular D/ E

Rotação de cintura pélvica D/ E

118

Rotação de cintura escapular e pélvica D/ E

• Tórax:

Simétrico Assimétrico

• Articulações dos Membros Superiores:

Alinhados

Ombros elevados

Rotação medial D/ E

Cotovelos:

Alinhados Valgo D/ E

Aumento da flexão D/ E Hiperextensão D/ E

Clavículas:

Simétricas Clavícula mais verticalizada D/ E

Clavícula mais horizontalizada D/ E

Fossas Supra Claviculares:

Simétricas Assimétricas – aumentada D/ E

Cabeça:

Alinhada Rotação D/ E Inclinação lateral D/ E

Teste da Flexibilidade Geral:

cifose vertebral

harmônica

cabeça abaixada cabeça levantada

retificação dorsal joelhos hiperestendidos joelhos semi flexionados

retificação lombar abertura tíbio-társica

Avaliação da Cervical

Posição de Dormir:

de lado de bruços decúbito dorsal

Apresenta Dor: ( ) sim ( ) não

Pescoço Cabeça Face

Padrão de Dor:

enxaqueca irradiada queimação

119

profunda contínua superficial

Outros sintomas ( ) sim ( ) não

parestesia formigamento tontura

Padrão e Tipo Respiratório:

Abdominal Misto Oral

Torácico Acessória Nasal

Avaliação da Amplitude Articular

Coluna Cervical

Movimento Ativo Passivo

Flexão

Extensão

Inclinação Lateral D

Inclinação -Lateral E

Rotação D

Rotação E

Abdução do Ombro - Articulação Escapulo - Umeral

Ativo Passivo

Direita

Esquerda

Palpação

7

Região Posterior

Processos Espinhosos 0 1 2

Áxis 0 1 2

Protuberância Occipital Externa 0 1 2

Direita Esqu

erda

0 1 2 3 0 1

Processos Articulares

Processo Mastoideo

Lateralmente

Processos Transversos do Atlas

Processos Transversos

Região Anterior

120

1°Costela

Fossa Supra Clavicular

2º Costela

Músculos Cervicais e do Entorno

Dimídio Direito Esqu erd

Músculos 0 1 2 30 1

Digástrico Anterior

Digástrico Posterior

Milo-hioideo

Omo-hioideo

Esterno-hioideo

Esterno-tireoideo

Escalenos

Peitoral Menor

Dimídio Direito Esqu

erdo

Músculos 0 1 2 30 1

Esternocleidomastoideo

Elevador da Escápula

Esplênio da Cabeça

Semi espinhal da Cabeça

Supra-Espinhoso

Infra-Espinhoso

Redondo Menor

Romboides

Trapézio

0 = sem dor 1 = dor leve 2 = dor moderada 3 = dor forte

Análise da Postura:

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

________________

Responsável: ________________

121

Anexo IV