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UNESAV/Fase Pós-graduação Lato sensu: Violência Doméstica contra a Mulher, Crianças e Adolescentes. Disciplina: Introdução de debates e estudos sobre Violência Doméstica contra a Mulher, Crianças e Adolescentes . Professor: COSTA, Carlos Eduardo Batista. Gestão, Docência e Pesquisa. Doutorando Administração (PUC Minas). Mestre Ciências Sociais (PUC Minas). Especialista Comunicação Interna para Relacionamentos Estratégicos (IEC/MG). Bacharel em Serviço Social (PUC Minas).

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UNESAV/Fase

Pós-graduação Lato sensu: Violência Doméstica contra

a Mulher, Crianças e Adolescentes.

Disciplina:

Introdução de debates e estudos sobre Violência Doméstica

contra a Mulher, Crianças e Adolescentes.

Professor:

COSTA, Carlos Eduardo Batista.

Gestão, Docência e Pesquisa.

Doutorando Administração (PUC Minas).

Mestre Ciências Sociais (PUC Minas).

Especialista Comunicação Interna para Relacionamentos Estratégicos (IEC/MG).

Bacharel em Serviço Social (PUC Minas).

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DEBATES E ESTUDOS SOBRE VIOLÊNCIA DOMÉSTICA

CONTRA A MULHER, CRIANÇA E ADOLESCENTE.

O medo vai ter tudo, tudo...

Penso no que o medo vai ter e

Tenho medo que é justamente o que o medo quer...

Alexandre O’Neill

Quando o mal se banaliza, há um momento de profunda barbárie dominando a sociedade, e que neste

momento a sociedade tem duas opções, ou se encaminha para a civilização ou parte direto para a barbárie e

aí não há direito que dê jeito. Porque a ideia de justiça se terá perdido nessa sociedade e a ideia de justiça só

se concretiza com a solidariedade dominando todas as formas de relações sociais.

Hannah Arendt, “a pensadora da liberdade”

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A “ponta de um Iceberg ”...

O número de casos não notificados – será maior ou menor conforme seja mais ou menos amplo o “complô de

silêncio” de que muitas vezes participam os profissionais, os vizinhos, os parentes, familiares e até a própria vítima.

A Violência

doméstica

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A violência é um fenômeno que se desenvolve e dissemina nas

relações sociais e interpessoais, implicando sempre uma relação de

poder que não faz parte da natureza humana, mas que é da ordem

da cultura e perpassa todas as camadas sociais de uma forma tão

profunda que, para o senso comum, passa a ser concebida e aceita

como natural a existência de um mais forte dominando um mais fraco,

processo que Vicente Faleiros (1995) descreve como a “fabricação da

obediência”.

A Violência Doméstica

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Quando se fala de violência, necessariamente está se remetendo para

a maneira como a sociedade e a cultura lidam com a questão do

poder. E a marca que mais ressalta nas relações de poder,

estabelecidas em nossa sociedade, é a “naturalização” do seu abuso.

Para o brasileiro, de modo geral, é “normal“ o patrão abusar do seu

empregado; o homem abusar da mulher; a mulher abusar de outra

que socialmente esteja em uma posição inferior; os pais abusarem de

seus filhos etc. E é essa “normalidade” que precisa urgentemente ser

desmistificada.

A Violência Doméstica

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Uma característica da Violência doméstica e familiar é o silêncio instalado

à sua volta, geralmente rompido apenas quando atinge os limites da

crueldade.

Comumente as pessoas não querem se envolver em questões desta

natureza, seja por medo das ameaças que são feitas ou mesmo por terem

a opinião de que não devem se intrometer em assuntos familiares.

Isso contribui não só para a subnotificação do problema, mas

principalmente para o agravamento do abuso, revelando um

descompromisso com o bem-estar do outro que pode trazer sérias

consequências para sua vida.

A Violência Doméstica

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A violência é definida pela Organização Mundial de Saúde (OMS)

como qualquer ato de agressão ou negligência à pessoa que produz

ou pode produzir dano psicológico, sofrimento físico ou sexual,

incluindo as ameaças, coerção ou privação arbitrária de liberdade,

tanto em público como em privado.

É o uso intencional de força ou poder em uma forma de ameaça ou

efetivamente, contra si mesmo, outra pessoa, grupo ou comunidade,

que ocasiona ou tem grande probabilidade de ocasionar lesão,

morte, dano psíquico, alterações do desenvolvimento ou privações

A Violência Doméstica

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A violência acomete toda a sociedade sem distinção de raça, sexo,

idade, educação, religião ou condição socioeconômica. É um

fenômeno presente na vida de muitas pessoas, seja como vítimas ou

agressores.

A violência pode acontecer de várias formas, mas consideram-se

como principais tipos: a violência física, a sexual, a psicológica ou por

negligência, sendo as crianças, adolescentes, mulheres, idosos,

portadores de alguma deficiência e homossexuais suas mais

frequentes vítimas.

A Violência Doméstica

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Violência Doméstica: Definida nos artigos 5º e 7º da Lei Maria

da Penha, significa dizer que é qualquer tipo de agressão

ocorrida dentro do espaço caseiro, envolvendo pessoas com

ou sem vínculo.

Violência familiar: Também definida nos artigos 5º e 7º da Lei,

é qualquer tipo de agressão ocorrida entre pessoas que

tenham vínculo (ligação) familiar, seja este vínculo conjugal

(pelo casamento ou união estável – viver junto – marido,

companheiro), por parentesco (pai, tio, irmão, primo, genro,

sogro, sobrinho...) ou por vontade expressa (quando se

adota uma criança).

Violência doméstica e Violência Familiar

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no âmbito da UNIDADE DOMÉSTICA, compreendida como o espaço de

convívio permanente de pessoas, com ou sem vínculo familiar, inclusive

as esporadicamente agregadas.

no âmbito da FAMÍLIA, compreendida como a comunidade formada

por indivíduos que são ou se consideram aparentados, unidos por laços

naturais, por afinidade ou por vontade expressa. Aqui, há a exigência

de vínculo de parentesco e não há a exigência da coabitação;

e em qualquer RELAÇÃO DE ÍNTIMA DE AFETO, na qual o agressor

conviva ou tenha convivido com a ofendida, independentemente de

coabitação. Neste caso, a lei se contenta apenas com a relação

íntima de afeto entre agressor e a ofendida a exemplo, dos

namorados, ex-namorados, maridos e ex-maridos.

Formas de Violência – espaços de ocorrência:

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Violência contra a Mulher

O medo, muitas vezes, paralisa as ações e

impede a mulher de transformar o cotidiano

vivido. A manifestação do medo parece

transformar as vítimas em constantes reféns

da violência.

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Considerando-se o gênero, a violência contra mulheres constitui-se em um

grande problema de saúde pública, levando à violação de direitos

humanos.

Para compreender a temática da violência doméstica contra a mulher

como uma das formas de violência de gênero, consideram-se, nesse

conceito, as relações de poder e a distinção entre papéis culturalmente

atribuídos a cada um dos sexos e suas peculiaridades biológicas. Os fatos

têm demonstrado que dificilmente esse poder beneficia as mulheres,

majoritariamente alvo da violência de gênero.

A Violência doméstica contra a mulher

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Por ser um fenômeno complexo, com causas culturais, econômicas e sociais,

aliado à pouca visibilidade, à ilegalidade e à impunidade.

A violência doméstica contra mulheres é a tradução real do poder e da força

física masculina e da história de desigualdades culturais entre homens e

mulheres que, por meio dos papéis estereotipados, legitimam ou exacerbam a

violência.

A violência doméstica contra a mulher deve ser considerada em toda a sua

extensão, não apenas em sua dimensão física, mas principalmente no âmbito

da família, da sociedade, da legislação, da cidadania e dos direitos humanos,

hoje objetos de tratados internacionais, dos quais o Brasil faz parte.

A Violência doméstica contra a mulher

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Para os efeitos da Lei, violência doméstica e familiar contra a mulher é

qualquer AÇÃO ou OMISSÃO baseada no GÊNERO que lhe cause morte, lesão, sofrimento físico, sexual ou psicológico e dano moral ou patrimonial.

Violência baseada no gênero é violação de direitos humanos e ocorre quando se

identifica na relação, o poder de dominação do homem contra a mulher que revele uma

concepção masculina de dominação social, propiciada por relações culturalmente

desiguais entre os sexos, nas quais o masculino define sua identidade social como superior

à feminina, estabelecendo uma relação de poder e submissão que chega mesmo ao

domínio do corpo da mulher.

São agressões, a lesão corporal, o homicídio, o induzimento ao suicídio, as humilhações,

desonra, torturas física e psicológica, exploração, controle da vida pessoal, abandono

material, divisão desigual das responsabilidades com a família e com a casa, abuso de

poder, bem como violência sexual, etc.

Violência doméstica contra a mulher

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Física, entendida como qualquer conduta que ofenda sua integridadefísica ou saúde corporal (empurrar, bater, atirar objetos, sacudir,esbofetear, estrangular, chutar, envenenar, ferir com qualquer tipo dearma), condutas estas caracterizadoras dos crimes de homicídio, aborto,induzimento ao suicídio, lesão corporal.

Psicológica ou Emocional, entendida como qualquer conduta que lhecause dano emocional e diminuição da autoestima. A violênciapsicológica consiste em um comportamento (não-físico) específico porparte do agressor, num dado momento ou situação. Muitas vezes, otratamento desumano, tal como rejeição, intimidação, depreciação,xingamento, indiferença, discriminação, desrespeito e isolamento deamigos e parentes, deixa marcas visíveis na mulher, levando-a a gravesestados psicológicos e emocionais, muitas vezes estados que se tornamirrecuperáveis.

Formas de Violência - suas manifestações contra a mulher:

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Sexual, entendida como qualquer conduta que constranja

presenciar, manter ou participar de relação sexual não desejada,

mediante intimidação, ameaça, coação ou uso da força. Fazer

chantagem, pegar à força, humilhar uma pessoa e ter com ela

relação sexual é conduta reconhecida por lei como agressão punível

(crime contra a liberdade sexual), ainda que haja casamento, união

estável ou namoro.

Patrimonial, entendida como qualquer conduta que configure

retenção, subtração, destruição parcial ou total de bens pertencentes

à ofendida, ou quando por medo, coagida ou induzida a erro, a

mulher transfere bens ao agressor ou ainda, quando o agressor retém

ou tira o dinheiro da vítima ou esconde seus objetos pessoais.

Formas de Violência - suas manifestações contra a mulher:

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Moral, entendida como qualquer conduta que atinja a honra e a

imagem das mulheres, em forma de calúnia (acusando-a falsamente de

ter cometido crime), difamação (relatando fatos ofensiva à sua pessoa)

ou injúria (ofendendo-a diretamente).

A violência contra as mulheres é uma questão de ordem pública.

Com isso, deixam de valer os ditos “roupa suja se lava em casa” e “em briga de marido e mulher, ninguém

mete a colher”.

Agora, o Estado, ao tomar conhecimento por meio da autoridade policial (delegado, policial militar ou civil),

deve adotar as providências legais.

A Lei propõe um atendimento acolhedor e humanizado!

Formas de Violência - suas manifestações contra a mulher:

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o tempo todo fico nervosa, angustiada, com muito medo, pois o agressor já meameaçou de morte, tenho que continuar a trabalhar para o meu sustento, masquando saio na rua fico com medo de morrer conforme prometido por ele (E4);no fundo tenho medo dele [...] medo de acontecer novamente.

ele sempre deixou bem claro que se eu denunciar, ele me mata; ele disse quevai sumir com a minha filha se eu separar dele ; ameaçou me matar e matarminha filha, mas também tem outro motivo: eu não tenho trabalho

(Relatos, entrevistadas pesquisa).

O agressor é um manipulador perverso, aquele que as consume em sua integridade, mediante a imposição, intimidação, humilhação e, portanto, gerador do sentimento de medo. Ameaçador, ele

provoca na vítima atitudes de subordinação, entorpecimento ou mesmo de agressão. Isso depende, contudo, do conjunto de normas e regras tecidas nesses contextos e dos sentidos apreendidos e

internalizados pelas pessoas envolvidas.

Experiências de Violência contra a mulher:

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após várias cirurgias para recuperar os danos causados pelas perfurações, fiquei comdanos físicos irreversíveis. Uma das balas retirou meu olho esquerdo e não consigomovimentar meu braço esquerdo (E8); a última vez que ele me espancou deixou essamarca. Ele me jogou da janela, vou mancar dessa perna para sempre (E1); meu primeirofilho, eu perdi, estava grávida de oito meses. Foi por causa de socos na barriga que eleme deu [...]

tenho vergonha de sair de casa com estas marcas no meu corpo. Se alguém pergunta,falo que foi acidente de carro. Mudei até de emprego, hoje trabalho só com serviçointerno para ter contato com menos pessoas (E8); evito sair de casa, eu manco (E1).

(Relatos, entrevistadas pesquisa).

Mediante o fenômeno violência e as mutilações referidas, as mulheres tendem a se excluir da convivência social, de seu direito de ir e vir, são privadas de sua liberdade.

A partir do momento em que essas mulheres, mesmo estando em dependência financeira ou emocional com a desestruturação da própria vida e da família, percebem a situação concreta de possível morte, surge a

capacidade . e enfrentamento dessa situação, uma vez que tomam “a decisão de denunciar após a violência vivida.

A experiência vivida e contida em seus corpos pode possibilitar uma avaliação sobre a existência dessas mulheres, suscitando nelas o desejo de sair desse revolto, no qual estavam presentes os medos, a angústia, a

dor, o sofrimento que transcende o concreto da existência – o corpo, o veículo do ser no mundo.

Experiências de Violência contra a mulher:

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A violência sofrida pelas mulheres, em suas múltiplas formas de expressão, faz de

suas vidas uma existência repleta de percalços e sofrimentos, em função da relação

de subserviência, com a dominação absoluta do agressor que desencadeia a

desestruturação da própria vida e da família.

A assistência à mulher vítima de violência deve articular ações intersetoriais para

uma atenção integral, implicando a interdisciplinaridade de vários setores como o

jurídico, o de saúde, o familiar, as organizações não governamentais, num enfoque

humanizado.

A atenção integral só é possível se houver acolhimento, uma escuta qualificada e

um acompanhamento a essas mulheres vitimizadas, para assim facilitar o

empoderamento e diminuir as ocorrências e o impacto dessa violência na saúde e

na vida da mulher.

A Violência doméstica contra a mulher.

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Violência contra

crianças e adolescentes

A infância pobre, vítima de violência social mais

ampla; a infância explorada, vítima de violência no

trabalho; a infância torturada, vítima da violência

institucional; a infância fracassada, vítima da

violência escolar; a infância vitimizada, vítima da

violência doméstica.

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Por sua amplitude e disseminação vem, nos últimos trinta anos, adquirindo

gradativa visibilidade desde que passou a ser discutida e estudada por

diferentes setores da sociedade brasileira, preocupados em compreendê-la,

em identificar os fatores que a determinam, buscando encontrar soluções de

enfrentamento que possam reduzi-la a níveis compatíveis com a ordem social

estabelecida.

Minayo (1994) refere que as formas de violência contra crianças e

adolescentes acontece em um contexto fundamentado na própria

estruturação da sociedade, marcadas pelos processos culturais que lhe são

próprios.

A Violência contra crianças e adolescentes

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As formas de violência contra crianças e adolescentes não é uma expressão da

modernidade; faz parte da própria história cultural das sociedades desde os tempos mais

antigos de que se têm registro. (FERREIRA, 1983, p.9).

O que tem contribuído para que hoje ela seja mais visível talvez seja o que Deslandes

chama de “...desenvolvimento de uma consciência social em torno do tema da proteção à

infância”. (1994, p.178); e também a crescente mobilização em torno dos direitos humanos,

nos últimos vinte anos.

Daí não ser mais possível ignorar sua presença no cotidiano de milhares de crianças e

adolescentes, o que demanda a concretização de propostas e programas interdisciplinares,

sensibilização, prevenção, e tratamento dos seus desastrosos efeitos, além da

responsabilização e tratamento dos seus agentes, como uma tentativa de reduzir a sua

incidência e de possibilitar o verdadeiro reconhecimento da criança e do adolescente

como sujeitos de direitos.

A Violência contra crianças e adolescentes

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Atos e/ou omissões praticados por pais, parentes ou responsável em relação à

criança e/ou adolescente que sendo capaz de causar à vítima dor ou dano de

natureza física, sexual e/ou psicológica implica:

de um lado, uma transgressão do poder/dever de proteção do adulto e,

de outro, numa coisificação da infância. Isto é, numa negação do direito que

crianças e adolescentes têm de ser tratados como sujeitos e pessoas em

condição peculiar de desenvolvimento.

A Violência Doméstica contra crianças e adolescentes – conceito:

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E para caracterizar as diferentes formas de violência das quais as crianças e os adolescentes são

vítimas, Azevedo e Guerra (1989), referem-se a dois processos que não são excludentes:

a VITIMAÇÃO, consequente das situações de desigualdades sociais e econômicas. Acontece

com crianças e adolescentes que vivem mais agudamente os efeitos das desigualdades

socioeconômica.

a VITIMIZAÇÃO, consequente das relações interpessoais abusivas adulto-crianças. Atinge

aquelas vítimas da violência doméstica que estão em todas as camadas sociais.

Crianças e adolescentes vitimados podem estar sendo também vitimizados e vice-versa.

A Violência Doméstica contra crianças e adolescentes:

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Com relação às formas como a violência doméstica se apresenta, a tipificação parece ter

mais um efeito didático visto que, na prática, geralmente os vários tipos estão presentes na

mesma vítima.

Uma criança ou adolescente que é espancado, por exemplo, já sofreu negligência e abuso

psicológico; assim como aquela que é abusada sexualmente sofreu também negligência,

abuso psicológico e maus-tratos. Existe ainda um grande número de autores que utilizam o

termo Maus Tratos, para conceituar esta maneira de relacionamento. GABEL (1997, p. 10)

afirma que Maus-Tratos “...abrange tudo o que uma pessoa faz e concorre para o sofrimento

e a alienação do outro”, utilizando o termo em seu sentido amplo.

Existe atualmente “um consenso na ciência quanto à nomenclatura a ser utilizada – Maus

Tratos”, incluindo como categorias de maus-tratos os abuso físicos, os abusos psicológicos, os

abusos sexuais e as negligências.

Formas de violência doméstica contra a criança e o adolescente:

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Abuso/Violência física: toda ação que causa dor física numa criança,

desde um simples tapa até o espancamento fatal. são atos de agressão

praticados pelos pais e/ ou responsáveis que podem ir de uma palmada

até ao espancamento ou outros atos cruéis que podem ou não deixar

marcas físicas evidentes, mas as marcas psíquicas e afetivas existirão. Tais

agressões podem provocar: fraturas, hematomas, queimaduras,

esganaduras, etc.

Formas de violência doméstica contra a criança e o adolescente:

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Abuso/Violência sexual: configura-se como todo ato ou jogo sexual, relação

hétero ou homossexual, entre um ou mais adultos (parentes de sangue ou

afinidade e/ou responsáveis) e uma criança ou adolescente, tendo por

finalidade estimular sexualmente uma criança ou adolescente ou utilizá-los

para obter uma estimulação sexual sobre sua pessoa ou outra pessoa.

Ressalta-se que em ocorrências desse tipo a criança é sempre vítima e não

poderá ser transformada em ré.

Geralmente praticada por adultos que gozam da confiança da criança ou do adolescente, tendo também a

característica de, em sua maioria, serem incestuosos. Nesse tipo de violência, o abusador pode utilizar-se da

sedução ou da ameaça para atingir seus objetivos, não tendo que, necessariamente, praticar uma relação

sexual para configurar o abuso, apesar de que ela acontece, com uma incidência bastante alta. Mas é comum

a prática de atos libidinosos diferentes da conjunção carnal como toques, carícias, exibicionismo, etc., que

podem não deixar marcas físicas, mas que nem por isso, deixam de ser abuso grave devido às consequências

emocionais para suas vítimas.

Formas de violência doméstica contra a criança e o adolescente:

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Abuso/Violência Psicológica: esta é uma forma de violência doméstica que

praticamente não aparece nas estatísticas, por sua condição de

invisibilidade. Manifesta-se na depreciação da criança ou do adolescente

pelo adulto, por humilhações, ameaças, impedimentos, ridicularizações, que

minam a sua autoestima, fazendo com que acredite ser inferior aos demais,

sem valor, causando-lhe grande sofrimento mental e afetivo, gerando

profundos sentimentos de culpa e mágoa, insegurança, além de uma

representação negativa de si mesmo, que podem acompanhá-lo por toda a

vida.

A violência psicológica pode se apresentar ainda como atitude de rejeição ou de abandono afetivo;

de uma maneira ou de outra, provoca um grande e profundo sofrimento afetivo às suas vítimas,

dominando-as pelo sentimento de menos valia, de não-merecimento, dificultando o seu processo de

construção de identificação-identidade.

Formas de violência doméstica contra a criança e o adolescente:

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Negligência ou abandono: representa uma omissão em termos de prover as

necessidades físicas e emocionais de uma criança ou adolescente. Configura-se

quando os pais (ou responsáveis) falham em termos de alimentar, de vestir

adequadamente seus filhos etc. e quando tal falha não é o resultado de

condições de vida além do seu controle.

A negligência pode se apresentar como moderada ou severa. Nas residências em que os pais

negligenciam severamente os filhos observa-se, de modo geral, que os alimentos nunca são

providenciados, não há rotinas na habitação e, para as crianças, não há roupas limpas, o

ambiente físico é muito sujo, com lixo espalhado por todos os lados. As crianças são, muitas

vezes, deixadas sozinhas por diversos dias, chegando a falecer em consequência de acidentes

domésticos. A literatura registra, entre esses pais, um consumo elevado de drogas ilícitas e de

álcool e uma presença significativa de desordens severas de personalidade.

Formas de violência doméstica contra a criança e o adolescente:

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A violência estrutural atinge particularmente aqueles indivíduos em

situação de risco pessoal e social, ou seja, os vitimados, na

diferenciação feita por Guerra e Azevedo (1997), que sofrem

cotidianamente a violência das ruas, da falta de uma educação de

qualidade, das precárias condições de moradia e de saúde.

A desigualdade na violência doméstica - a violência incide desigualmente sobre crianças e

adolescentes, em função de idade, pobreza, gênero, etnia e outros fatores. Embora não existam

dados sistemáticos para todas essas condições, alguns estudos realizados levam a reflexões.

Formas de violência doméstica contra a criança e o adolescente:

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Trabalho Infantil: este tipo de violência contra crianças e adolescentes tem sido

atribuído à condição de pobreza em que vivem suas famílias, que necessitam da

participação dos filhos para complementar a renda familiar, resultando no processo

de vitimação.

Porém, se considerarmos que muitas dessas famílias obrigam suas crianças e adolescentes a trabalharem,

enquanto os adultos apenas recolhem os pequenos ganhos obtidos e, quando não atendidos em suas

exigências, cometem abusos, podemos dizer que a exploração de que são vítimas essas crianças e esses

adolescentes configura uma forma de violência doméstica

tanto pela maneira como são estabelecidas as condições para que o trabalho infantil se realize,

como pelo fim a que se destina: usufruir algo obtido através do abuso de poder que exercem, para

satisfação de seus desejos, novamente desconsiderando e violando os direitos de suas crianças e de seus

adolescentes.

Formas de violência doméstica contra a criança e o adolescente:

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De acordo com dados referentes ao ano de 2001, foram registradas 920 denúncias

relacionadas à Violência Doméstica, sendo: 662 denúncias de Violência/Abuso Físico; 79

de Violência/Abuso Sexual; 94 de Violência/Abuso Psicológico; e, 85 de Negligência. Esses

dados revelam ainda, que a faixa etária em que ocorre o maior número de Violência

Doméstica é a que compreende dos 0 aos 7 anos de idade, ou seja, na infância, período

da vida em que se constrói a personalidade e acontece o início da socialização , quando

as crianças são mais dependentes de seus pais ou responsáveis, não podendo, por si

mesmas, defender-se.

De acordo com esse levantamento, o pai aparece como o principal agente nos seguintes

tipos de Violência Doméstica: Física, Sexual e Psicológica. A mãe aparece em segundo

lugar, predominando a sua ação violenta nos casos de Negligência. São dados

importantes para se ter ideia do que se passa no espaço familiar, revelando a urgência da

necessidade de políticas públicas e intervenções junto às famílias, de forma que seja

possível facilitar uma convivência saudável as nossas crianças e adolescentes.

Fonte: Diretoria Executiva de Polícia da Criança e do Adolescente – DEPCA, Pernambuco.

Experiências de violência doméstica contra a criança e o

adolescente:

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O estudante A.J.S., 13 anos, cresceu vendo sua mãe e seus irmãos serem espancados

diariamente. No último sábado, ele tentou defender a irmã, M.M., 12, da fúria do pai, o

agricultor José Antônio da Silva. No tumulto, teve parte do seu dedo médio esquerdo

arrancado a pauladas. Também sofreu traumatismo encéfalo-craniano. O crime

aconteceu no Sítio Balança, em Macaparana, Zona da Mata, e engrossa a lista da

violência contra menores no Estado.

(...) A mãe de A.J.S., Maria José Silva, contou que é casada há 16 anos, mas o excesso de

bebida deixou o marido mais violento. No sábado, José Antônio bebeu o dia inteiro e

chegou brigando com todos em casa. Meu marido tem os pés defeituosos e nunca fica

descalço. Quando chegou, pediu para minha filha buscar os chinelos, mas ela não ouviu

e, por isso, apanhou com várias chineladas no rosto, contou.

(Jornal do Commercio, Cidades/Violência, 29/05/2001)

Experiências de violência doméstica contra a criança e o

adolescente:

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A Violência Doméstica Contra a Criança tem suas raízes na maneira

como nossa sociedade percebe a criança e o período de infância,

concepção essa que só pode ser compreendida e transformada

dentro do seu contexto histórico.

Lembrando que (...) dentre as formas de manifestação do fenômeno em

questão, culturalmente a Violência Física é adotada pela sociedade

como método educativo e disciplinar. (SILVEIRA, 1999)

A Violência doméstica contra a criança e o adolescente

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E.F.G.S., 15 anos - Homicida e traficante. Começou a matar aos 12 anos de idade e

assume, desde então, a autoria de 30 homicídios, todos relacionados ao tráfico de

drogas. Participou das duas chacinas de Rio Doce. Assume também ser um dos autores

de um crime que chocou os moradores da região, ao matar um rapaz dentro de uma

igreja durante a missa e outro durante um show no Centro de Convenções.

(in Folha de Pernambuco, Polícia, p.03, 19/02/2002)

De um modo geral, a mídia se revela preconceituosa, superficial e mal informada,

quando em suas matérias sensacionalistas, que não conseguem prever uma trajetória de

vida, refere que menino de rua é vítima, criança abusada é vítima, pequeno trabalhador

é vítima, mas adolescente que comete algum delito é apenas bandido, dando ênfase à

imagem de um facínora que ameaça cidadãos desprotegidos e pagadores de seus

impostos.

Experiências de violência doméstica contra a criança e o

adolescente:

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No entanto, uma outra boa parte de jovens não descobre meios alternativos e acaba sendo alvo fácil

para a forma de violência física mais sórdida e intangível: a morte.

Quando, em um crime de homicídio, a vítima ou o autor é um adolescente, com raras exceções,

encontraremos dados biográficos diferenciados. Uma vida marcada pela violência, com total

carência de apoio afetivo, espiritual e mesmo material de um ambiente familiar, propício ao seu

desenvolvimento, somada, na maioria das vezes, à falta de habitação em condições dignas e da

alimentação indispensável ao seu crescimento sadio, além da absoluta falta de perspectiva de um

futuro decente, contribuem para um provável direcionamento ao mundo do crime.

Ao se discutir essa realidade, há um agente institucionalizado da violência que não pode ser

esquecido: o Estado, que por suas omissões e abusos, sempre presentes em nosso dia-a-dia, permite

que crianças e adolescentes estejam sujeitos à violência em todas as suas variáveis.

A Violência doméstica contra a criança e o adolescente

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Todavia, a violência doméstica contra crianças e adolescentes é um

fenômeno disseminado, mantido com a complacência da sociedade,

que estabelece com as famílias um acordo tácito, o que dificulta o

acesso ao que realmente acontece com relação ao problema.

Os dados estatísticos, que se têm hoje registrados, representam uma

pequena parte da incidência do fenômeno, devido principalmente a

essa banalização da violência, que dificulta a denúncia, e também à

maneira como são tratadas as situações de violência doméstica de

acordo com a classe social a que pertence a família.

A Violência doméstica contra a criança e o adolescente

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Prof. Carlos Eduardo Costa

[email protected]

99183 7152

Obrigado por (re) pensarmos os debates e estudos sobre a Violência

Doméstica,

e quem sabe assim germinar a semente de um novo paradigma:

Uma vida sem violência é direito de toda mulher, de toda criança e de todo

adolescente, enfim, de toda a família!

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Anexos

A violência contra crianças e adolescentes na legislação

brasileira

Art. 226.A família, base da sociedade, tem especial proteção do

Estado. § 8°. O Estado assegurará a assistência à família, na pessoa

de cada um dos que a integram, criando mecanismos para coibir a

violência no âmbito de suas relações. Art.227.É dever da família, da

sociedade e do Estado assegurar à criança e ao adolescente, com

absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à

educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade ao

respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além

de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação,

exploração, violência, crueldade e opressão. § 4°. A lei punirá

severamente o abuso, a violência e a exploração sexual da criança

e do adolescente.

Constituição

Federal 1988

(05 de outubro)

Brasil ratifica a Convenção dos Direitos da Criança

de 20/11/1989 (Cf. art. 19.1) em 26/01/1990.

Convenção dos

Direitos da Criança

1990

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Anexos

A violência contra crianças e adolescentes na legislação

brasileira

Art. 5. Nenhuma criança ou adolescente será objeto de qualquer

forma de negligência, discriminação, exploração, violência,

crueldade e opressão, punido na forma da lei qualquer atentado por

ação ou omissão, aos seus direitos fundamentais. Art. 13. Os casos de

suspeita ou confirmação de maus-tratos contra crianças e

adolescentes serão obrigatoriamente comunicados ao Conselho

Tutelar da respectiva localidade, sem prejuízo de outras providências

legais. Art. 18. É dever de todos zelar pela dignidade da criança e do

adolescente, pondo-os a salvo de qualquer tratamento desumano,

violento, aterrorizante, vexatório ou constrangedor. Art. 232.

Submeter criança ou adolescente a vexame ou a constrangimento.

Art. 233. Revogado pela Lei da Tortura. Submeter criança ou

adolescente sob sua autoridade, guarda ou vigilância a tortura:

Pena: reclusão de 1 a 5 anos. § 1º. Se resultar lesão corporal grave:

Pena: reclusão de 2 a 8 anos. § 2º. Se resultar lesão corporal

gravíssima: Pena: reclusão de 4 a 12 anos. § 3º. Se resultar morte:

Pena: reclusão de 15 a 30 anos.

Estatuto da

Criança e do

Adolescente – ECA

(Lei nº 8.069 de 13

de julho)

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Anexos

A violência contra crianças e adolescentes na legislação

brasileira

Art.245. Deixar o médico, professor ou responsável por

estabelecimento de atenção à saúde e de ensino fundamental, pré-

escolar ou creche, de comunicar à autoridade competente os casos

de maus-tratos contra criança ou adolescente. Art. 263. Agrava a

penalidade para maus-tratos (art. 136 do Código Penal).* * Maus-

tratos: Art. 136. Expor a perigo a vida ou a saúde de pessoa sob sua

autoridade, guarda ou vigilância, para fim de educação, ensino,

tratamento ou custódia, quer privando-a de alimentação ou

cuidados indispensáveis, quer sujeitando-a a trabalho excessivo ou

inadequado, quer abusando de meios de correção ou disciplina:

Pena: detenção de 2 meses a 1 ano ou multa; § 1º. Se do fato resulta

lesão corporal de natureza grave: Pena: reclusão de 1 a 4 anos. § 2º.

Se resulta morte: Pena: reclusão de 4 a 12 anos. § 3º. Aumenta-se a

pena de um terço se o crime é praticado contra pessoa menor de 14

anos. Fonte: Código Penal – Decreto-Lei nº 2.848 de 07/12/1940.

Estatuto da

Criança e do

Adolescente – ECA

(Lei nº 8.069 de 13

de julho)

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Anexos

A violência contra crianças e adolescentes na legislação

brasileira

a. Altera o art. 263 do Estatuto da Criança e do Adolescente no caso

das penas impostas aos crimes de estupro, atentado violento ao

pudor. b. Altera também os artigos 213 e 214 do Código Penal de

1940, ficando assim estatuído: Estupro: reclusão de 6 a 10 anos.

Atentado violento ao pudor: reclusão de 6 a 10 anos. c. Se da

violência resultar lesão grave ou morte, as penas serão as seguintes

acrescidas de metade (respeitado o limite superior de 30 anos) se a

vítima estiver em condições de violência presumida pelo art. 224 do

CP (for menor de 14 anos, alienada ou débil mental). c1. Se resultar

lesão corporal grave: reclusão de 8 a 12 anos. c2. Se resultar morte:

reclusão de 12 a 25 anos.

1990 - Lei dos

Crimes Hediondos

(Lei nº 8.072 de 25

de julho)

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Anexos

A violência contra crianças e adolescentes na legislação

brasileira

Art. 1º. Constitui crime de tortura: II – Submeter alguém sob sua

guarda, poder ou autoridade, com emprego de violência ou

grave ameaça, a intenso sofrimento físico ou mental, como

forma de aplicar castigo pessoal ou medida de caráter

preventivo. Pena: reclusão de 2 a 8 anos. § 2º. Aquele que se

omite em face dessas condutas, quando tinha o dever de

evitá-las ou apurá-las, incorre na pena de detenção de 1 a 4

anos. § 4º. Aumenta-se a pena de um sexto até um terço: II – Se

o crime é cometido contra criança, gestante, deficiente e

adolescente. Revoga art. 233 do ECA.

1997 - Lei da

Tortura (Lei nº 9.455

de 07 de abril)

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Anexos

A violência contra crianças e adolescentes na legislação

brasileira

Art. 1634. Compete aos pais, quanto à pessoa dos filhos

menores: VII. Exigir que lhes prestem obediência, respeito e os

serviços próprios de sua idade e condição.

Código Civil (Lei nº

10.406 de

10/01/2002)

Lei nº 10.886, de 17 de

junho de 2004

(acrescenta parágrafos

ao Código Penal,

criando o tipo especial

denominado “Violência

Doméstica”)

O Art. 129 do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 -

Código Penal passa a vigorar acrescido dos seguintes parágrafos

9º e 10º: § 9º. Se a lesão for praticada contra ascendente,

descendente, irmão, cônjuge ou companheiro, ou com quem

conviva ou tenha convivido, ou, ainda, prevalecendo-se o

agente das relações domésticas, de coabitação ou de

hospitalidade: Pena: detenção, de 6 (seis) meses a 1 (um) ano. §

10º. Nos casos previstos nos §§ 1º a 3º deste artigo, se as

circunstâncias são as indicadas no § 9º deste artigo, aumenta-se

a pena em 1/3 (um terço). (NR)