uma modelagem para implementaÇÃo de um apl
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PPGEP – Gestão Industrial (2005)
MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO
CENTRO FEDERAL DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA DO PARANÁ UNIDADE DE PONTA GROSSA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA DE PRODUÇÃO
JOÃO CARLOS CHIOCHETTA
UMA MODELAGEM PARA IMPLEMENTAÇÃO DE UM APL – ARRANJO PRODUTIVO LOCAL – O CASO
DO SETOR METAL MECÂNICO DA REGIÃO SUDOESTE DO ESTADO DO PARANÁ
PONTA GROSSA 2005
PPGEP – Gestão Industrial (2005)
JOÃO CARLOS CHIOCHETTA
UMA MODELAGEM PARA IMPLEMENTAÇÃO DE UM APL – ARRANJO PRODUTIVO LOCAL – O CASO
DO SETOR METAL MECÂNICO DA REGIÃO SUDOESTE DO ESTADO DO PARANÁ
Dissertação apresentada como requisito parcial à obtenção do título de Mestre em Engenharia de Produção, do Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção, do Departamento de Pesquisa e Pós-Graduação, da Unidade de Ponta Grossa, do CEFET-PR.
Orientador: Prof. Kazuo Hatakeyama, Dr.
PONTA GROSSA 2005
PPGEP – Gestão Industrial (2005)
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Centro Federal de Educação Tecnológica
do Paraná – Unidade de Ponta Grossa Departamento de Pós-Graduação
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA DE PRODUÇÃO
TERMO DE APROVAÇÃO
Título de Dissertação Nº 004
Uma modelagem para implementação de um APL – Arranjo Produtivo Local – O
caso do setor metal mecânico da região Sudoeste do Estado do Paraná
por
João Carlos Chiochetta
Esta dissertação foi apresentada às noves horas da manhã do dia 03 de
setembro de 2005 como requisito parcial para a obtenção do título de MESTRE EM
ENGENHARIA DE PRODUÇÃO, Linha de Pesquisa em Gestão da Manutenção e
Produção, Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção. O candidato
foi argüido pela Banca Examinadora composta pelos professores abaixo assinados.
Após deliberação, a Banca Examinadora considerou o trabalho aprovado.
___________________________________
Profº Drº Nelson Casarotto Filho
UFSC - SC
________________________________ _____________________________
Prof. Dr. João Luiz Kovaleski Prof. Dr. Paulo Cezar Dondoni
CEFET-PR CEFET-PR
_________________________________
Profº Dr. Kazuo Hatakeyama
CEFET-PR
Orientador
Visto do Coordenador:
___________________________________
Prof.º Dr. Kazuo Hatakeyama
Coordenador do PPGEP
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DEDICATÓRIA
A Deus,
pois acredito que Ele tenha uma participação importante.
A Santa Paulina,
pelas intermediações necessárias para conclusão dos trabalhos.
A minha família,
Luciana, Cesar Augusto e Lenita,
pois são a razão da conclusão deste trabalho.
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AGRADECIMENTOS
Ao Professor Dr. Kazuo Hatakeyama por ter acolhido a solicitação para ser meu orientador e pelas constantes provas de apoio, orientação e contribuição na
elaboração e conseqüente conclusão desta dissertação.
Ao Professor Dr. João Luiz Kovaleski, também meu professor no curso, pela determinação na condução dos processos de instalação do Programa de Pós-
Graduação em Engenharia de Produção do CEFET-PR, Unidade de Ponta Grossa e pelo apoio nas fases iniciais do curso, que foi fundamental para o coroamento nessa
oportunidade.
Aos Professores, Dr. Paulo Cezar Dondoni, Dr. Osni Hoss e M.Sc. Nádia Sansovo, colegas de trabalho, pelo empréstimo de seus conhecimentos, pela sua amizade e
colaboração, tendo sido muito importantes no processo de construção desta dissertação.
Aos membros da Banca de Defesa, pelas contribuições na melhoria do trabalho.
A todos os professores e servidores técnicos administrativos que atuam no
Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção do CEFET-PR, Unidade de Ponta Grossa, pelo conhecimento, carinho e amizade dispensada.
Ao Senhor Cláudio Petrycoski e sua equipe, Diretor do SINDIMETAL-
PR/SUDOESTE e Coordenador Regional da FIEP-PR – Federação das Indústrias do Estado do Paraná - pelo empenho e apoio dispensado na busca de informações
e conhecimentos sobre o setor, na região Sudoeste do Estado do Paraná.
Aos Consultores Técnicos do SEBRAE-PR, Gerência Regional Sudoeste, localizada na cidade de Pato Branco, pelo apoio na definição do tema da pesquisa, bem como no andamento dos trabalhos, apoiando com dados e informações sobre a região.
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RESUMO
CHIOCHETTA, J. C. Uma modelagem para implementação de um APL – Arranjo Produtivo Local – O Caso do setor metal mecânico da região Sudoeste do Estado do Paraná. 2005. Dissertação (Mestrado em Engenharia de Produção) - Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção, CEFET-PR, Ponta Grossa.
A partir da necessidade de se estabelecer um programa de desenvolvimento regional que busque a integração do setor industrial envolvendo o segmento da área metal mecânica, colocou-se como um problema de pesquisa: Como chegar a um possível Arranjo Produtivo Local, a partir de um aglomerado de empresas do setor metal mecânico, instaladas na região Sudoeste do Estado do Paraná? A partir desta indagação, o presente trabalho de pesquisa teve por objetivo elaborar uma proposta de modelagem de um Arranjo Produtivo Local – APL -, envolvendo o setor metal mecânico, por meio de um possível processo cooperativo e interativo, visando ao aumento da qualidade e da produtividade das empresas para fazer frente à competitividade do setor.
Palavras chave: Arranjos Produtivos Locais; Cluster; Desenvolvimento Regional.
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ABSTRACT
CHIOCHETTA, J. C. A modeling for implementation of a LPA - Local Productive Arrangement – The Case of the metal mechanic sector of the Southwest region of the State of the Paraná. 2005. Dissertation (Master Degree in Engineering of Production) - Program of Post Graduation in Engineering of Production, CEFET-PR, Ponta Grossa.
From the necessity to establish a program of regional development that seeks the integration of the industrial sector involving the segment of the metal mechanic area, was placed as a research problem: How arrive at a possible Local Productive Arrangement, from an accumulation of companies of the metal mechanic sector, installed in the Southwest region of the State of the Paraná? From of this indagation, the present work of research had for objective to elaborate a proposal of modeling of a Local Productive Arrangement – LPA -, involving the metal mechanic sector, by means of a possible cooperative and interactive process, aiming at to the increase of the quality and of the productivity of the companies to make front to the competitiveness of the sector. Key Words: Local Productive Arrangements; Cluster; Regional Development.
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LISTA DE FIGURAS
Figura 01 - Tecnologia X Sobrevivência....................................................................34
Figura 02 – Fluxograma de como o SEBRAE seleciona e desenvolve APLs...........42
Figura 03 - Condições levadas em conta para um APL ............................................46
Figura 04 – Natureza jurídica das empresas pesquisadas........................................76
Figura 05 – Classificação das empresas pesquisadas..............................................77
Figura 06 – Demonstração da divisão de eixos para análise da pesquisa ................80
Figura 07 – Formas de treinamentos oferecidas .......................................................83
Figura 08 – Áreas em que são necessários treinamentos ........................................84
Figura 09 – Dificuldades encontradas no quadro de colaboradores .........................85
Figura 10 – Utilização de normas técnicas na qualidade .........................................86
Figura 11 – Técnicas de organização da produção utilizadas pelas empresas.........87
Figura 12 – Etapa do processo produtivo em que se situa o controle de qualidade 87
Figura 13 – Meios que as empresas se utilizam para solução de problemas de
ordem tecnológica ..................................................................................88
Figura 14 – Condições atuais dos equipamentos utilizados no processo produtivo..89
Figura 15 – Local de desenvolvimento de novos produtos e/ou modelos .................92
Figura 16 – Formas de aquisição de tecnologia........................................................93
Figura 17 – Dificuldades para aquisição de matéria prima........................................97
Figura 18 – Serviço de atendimento aos clientes.....................................................98
Figura 19 – Canais para comercialização de seus produtos ...................................100
Figura 20 – Limitações para atender mais clientes ................................................101
Figura 21 – Localização dos principais concorrentes dos produtos ........................102
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Figura 22 – Potencial de crescimento para novos mercados..................................103
Figura 23 – Investimento necessário e/ou pretendido.............................................104
Figura 24 – Possível Modelagem para identificação e implementação de um APL 111
Figura 25 – Mapa da região Sudoeste do Estado do Paraná..................................113
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LISTA DE TABELAS
Tabela 01 – Atividades desenvolvidas pelas empresas ............................................78
Tabela 02 – Fontes de informação tecnológica utilizada pelas empresas em seus
processos de Pesquisa e Desenvolvimento ...........................................90
Tabela 03 – Principais atividades de P&D desenvolvidas nas empresas..................91
Tabela 04 – Principais critérios de seleção dos fornecedores...................................94
Tabela 05 – Origem da principal matéria prima utilizada ..........................................95
Tabela 06 – Mercado atendido pela empresa ...........................................................99
Tabela 07 – A empresa é associada a alguma entidade classista ..........................105
Tabela 08 – Grau de satisfação em relação aos serviços prestados pelas entidades
de classe...............................................................................................106
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LISTA DE QUADROS
Quadro 01 - Produtos das empresas pesquisadas ...................................................75
Quadro 02 - Outras Atividades desenvolvidas nas empresas...................................79
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LISTA DE SÍMBOLOS, ABREVIATURAS E SIGLAS
AMSOP Associação dos Municípios do Sudoeste do Paraná APL Arranjo Produtivo Local APLs Arranjos Produtivos Locais BNDES Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social CD Centros de Distribuição CGEE Centro de Gestão e Estudos Estratégicos COPEL Companhia Paranaense de Energia Elétrica DI Distrito Industrial EURADA Rede Européia de Agências de Desenvolvimento FIEP-PR Federação das Indústrias do Estado do Paraná IE-UFRJ Instituto de Economia da Universidade Federal do Rio de
Janeiro IEDI Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial IEL-PR Instituto Euvaldo Lodi - Paraná IPARDES Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social IPECE Instituto de Pesquisa e Estratégias Econômicas do Ceará MCT Ministério de Ciência e Tecnologia MDIC Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio MPEs Micro e Pequenas Empresas PR Paraná P&D Pesquisa e Desenvolvimento RedeSist Rede de Sistemas Produtivos e Inovativos RSEP Região Sudoeste do Estado do Paraná SEBRAE Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas SEED-PR Secretaria de Estado da Educação do Paraná SEIM-PR Secretaria de Estado da Indústria, Comércio e Assuntos do
Mercosul do Paraná SENAI Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial SESI Serviço Social da Indústria SETI-PR Secretaria de Estado da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior
do Paraná SETP-PR Secretaria de Estado do Trabalho, Emprego e Promoção Social
do Paraná SIMECS Sindicato das Indústrias metalúrgicas, mecânicas e de material
elétrico do Estado do Rio Grande do Sul SINDIMETAL-PR Sindicato das Indústrias metalúrgicas, mecânicas e de material
elétrico do Estado do Paraná SLP Sistema Local de Produção/Inovação SLPs Sistemas Locais de Produção/Inovação SPILs Sistemas Produtivos e Inovativos Locais VAF Valor Adicionado Fiscal
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SUMÁRIO
CAPÍTULO 1 INTRODUÇÃO....................................................................................17
1.1 Contextualização...............................................................................................18
1.2 Definição do Tema ............................................................................................20
1.3 Apresentação do Problema ..............................................................................20
1.4 Objetivos............................................................................................................20
1.4.1 Objetivo Geral ..................................................................................................21
1.4.2 Objetivos Específicos .......................................................................................21
1.5 Importância e Justificativa do Trabalho..........................................................21
1.6 Procedimentos Metodológicos ........................................................................22
1.6.1 Delimitação da Pesquisa ..................................................................................27
1.6.2 Universo da Pesquisa.......................................................................................27
CAPÍTULO 2 NOÇÕES E CONCEITOS SOBRE APL ............................................29
2.1 APL – Uma estratégia de inovação organizacional ........................................29
2.2 Sistema Local de Produção/Inovação – SLP ..................................................38
2.3 Arranjos Produtivos Locais – APLs.................................................................39
2.4 CLUSTERS .........................................................................................................46
2.4.1 O Cluster e o Desenvolvimento Regional.........................................................49
2.4.2 Aglomeração de empresas em atividades similares ou relacionadas ..............56
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2.5 Aglomerações e APLs......................................................................................57
2.6 Vantagens Competitivas Locacionais e APLs ...............................................59
2.7 Considerações sobre o Capítulo .....................................................................59
CAPÍTULO 3 POTENCIAL PARA UM APL.............................................................61
3.1 Experiências do setor implementadas em duas regiões distintas do País..63
3.1.1 APL Metal Mecânico de Tabuleiro do Norte – CEARÁ.....................................63
3.1.2 APL Metal Mecânico da Serra-Rio Grande do Sul (Caxias do Sul) ..................66
3.2 Potencial do Setor Metal Mecânico na Região Sudoeste do Estado do
Paraná ......................................................................................................................68
3.3 – Considerações sobre o Capítulo ..................................................................69
CAPÍTULO 4 ESTUDO DE CASO...........................................................................71
4.1 Estrutura de apoio às organizações integrantes do Arranjo.........................71
4.1.1 Passos a serem seguidos para a caracterização do Arranjo............................72
4.1.2 Necessidades para implementação de um APL no Sudoeste do Paraná ........73
4.2 Entendendo o Caso...........................................................................................74
4.2.1 – Atividades de Gestão – Análise do Questionário em 5 eixos ........................80
4.2.2 – 1º. Eixo – Recursos Humanos das Organizações .........................................81
4.2.3 – 2º. Eixo – Gestão Tecnológica e P&D ...........................................................85
4.2.4 – 3º. Eixo - Fornecedores.................................................................................94
4.2.5 – 4º. Eixo - Mercadológica................................................................................97
4.2.6 – 5º. Eixo – Definições Estratégicas...............................................................103
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4.3 – Considerações sobre o Capítulo ................................................................107
CAPÍTULO 5 POSSÍVEL MODELAGEM PARA IMPLEMENTAÇÃO DE UM APL110
5.1 – Identificação das Potencialidades do Setor...............................................111
5.2 – Análise do Ambiente....................................................................................112
5.3 – Construção de Cenários ..............................................................................112
5.4 – Definição da Área e Segmento....................................................................112
5.5 – Elaboração do Plano de Ação .....................................................................113
5.6 – Gestão e Desenvolvimento..........................................................................114
5.7 – Avaliação.......................................................................................................116
5.8 Considerações sobre o Capítulo ...................................................................116
CAPÍTULO 6 CONCLUSÃO E RECOMENDAÇÕES .............................................117
6.1 - Conclusão......................................................................................................117
6.2 Recomendações..............................................................................................120
REFERÊNCIAS.......................................................................................................122
ANEXO - QUESTIONÁRIO APLICADO ÀS EMPRESAS .....................................127
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CAPÍTULO 1 INTRODUÇÃO
A internacionalização dos mercados, provocada pela globalização, faz com
que as organizações sejam instadas por desafios.
A competição, os avanços tecnológicos estão transformando os modelos de
empresas e até mesmo os modelos de negócios. O conhecimento surge nas
organizações com base nas informações. Desse conjunto, por certo, surge o
crescimento econômico.
A questão do desenvolvimento econômico tem raízes nas crises econômicas
mundiais com reflexos nas conjunturas locais.
O tema crescimento econômico emergiu a partir da obra de Adam Smith, A
Riqueza das Nações. Nele, Smith (1983) procura explicar como o mercado opera e
qual a importância do tamanho desse mercado.
Já Schumpeter (1982) diferencia crescimento e desenvolvimento. Segundo o
autor, só há crescimento se a economia funcionar em um sistema de fluxo circular
de equilíbrio, cujas variáveis aumentam apenas em função da expansão
demográfica. Por outro lado, o desenvolvimento ocorre com inovações tecnológicas,
por obra de empresários inovadores.
Assim, há desenvolvimento quando há mudanças de estruturas.
Para Souza (1997), “o desenvolvimento econômico é um conjunto de
transformações, que se produzem na estrutura de uma economia”.
Contudo, sem questionar os modelos econômicos existentes, acredita-se que
uma das formas de se conseguir o desenvolvimento são os aglomerados locais, os
chamados APLs – Arranjos Produtivos Locais.
De acordo com o Centro de Gestão e Estudos Estratégicos (CGEE) do
Ministério de Ciência e Tecnologia (MCT), a percepção atual é de que são
necessárias ações orientadas para a constituição e fortalecimento de APLs no país,
visando ao fortalecimento da cooperação e do aprendizado para a inovação. Esses
“Arranjos”, segundo o MCT, podem ser definidos como aglomerados de agentes
econômicos, políticos e sociais, localizados em um mesmo território, que
apresentam, real ou potencialmente, vínculos consistentes de articulação, interação,
cooperação e aprendizagem.
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Sob esta perspectiva, a região Sudoeste do Estado do Paraná (RSEP), não
ficaria distante dessa possibilidade, pois, de acordo com o relatório anual da FIEP-
PR – Federação das Indústrias do Estado do Paraná (2003), dispõe de um parque
industrial significativo no segmento de indústrias metal mecânica.
Assim, a pesquisa desenvolvida aponta um estudo para o desenvolvimento de
um APL para o setor metal mecânico, com a finalidade de visualização da
cooperação e inter-relação entre as empresas, na possibilidade de, além do
relatado, difundir a idéia de cooperação e inter-relação, buscando a produtividade e
a competitividade entre as organizações do setor.
No Capítulo I, faz-se uma contextualização da pesquisa, definindo tema,
apresentação do problema, estabelecimento dos objetivos, importância e justificativa
do trabalho e os procedimentos metodológicos utilizados.
No Capítulo II, faz-se uma pesquisa bibliográfica sobre os temas principais, ou
seja, Arranjos Produtivos Locais e Clusters.
No Capítulo III, faz-se uma contextualização do potencial da região,
envolvendo as entidades de classe, governamentais, setores de apoio à cooperação
e organismos de fomento. Apresentam-se, também, alguns exemplos de APLs já
implementados.
No Capítulo IV, faz-se a apresentação do Estudo de Caso, envolvendo as
empresas pesquisadas, com os dados de identificação de um APL.
No capítulo V apresenta-se a modelagem sintética para identificação e
implementação de um APL.
1.1 Contextualização
Desenvolvimento econômico e social pode-se dizer que é fruto do universo de
riqueza ou de conhecimento, podendo, inclusive, ser fruto da conjugação de ambos.
O Estado do Paraná, no contexto histórico atual, quando experimenta a
passagem gradual das atividades eminentemente extrativas e produção agrícola
para as de indústrias de transformação e manufatureira, apresenta condições
favoráveis para o desenvolvimento desses modelos inovadores ou sistemas
produtivos e, principalmente, um APL, metodologia de aglomerados industriais que
buscam a cooperação e competitividade.
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De acordo com Lastres & Cassiolatto (2004), Sistemas Produtivos e
Inovativos Locais – SPILs – designam:
“...aglomerados de agentes econômicos, políticos e sociais, localizados em um mesmo território, com foco em um conjunto específico de atividades econômicas e que apresentam vínculos expressivos de interação, cooperação e aprendizagem”.
Geralmente, incluem empresas produtoras de bens e serviços, fornecedoras
de equipamentos e outros insumos, prestadoras de serviços, representantes
comerciais, revendedoras, clientes, cooperativas, associações e demais
organizações, que se dedicam à formação e treinamento de recursos humanos,
informação, pesquisa e desenvolvimento, promoção e financiamento.
Nesse contexto, APL designa aglomerações produtivas que ainda não
apresentam significativa articulação entre os agentes acima mencionados. Nesse
sentido, faz-se necessária a articulação desse “aglomerado” com sua efetiva
organização, aumente sua competitividade de forma globalizada.
Assim, os clusters, segundo Lastres & Cassiolatto (2004), referindo-se à
aglomeração territorial de empresas, com características similares, que, em algumas
situações, enfatiza mais o aspecto da concorrência do que o da cooperação, como
fator de dinamismo, não contemplam necessariamente outros atores, além de
empresas, organizações de ensino, pesquisa e desenvolvimento, apoio técnico,
financiamento e promoção.
Já um Distrito Industrial (DI), conceito introduzido por Marshall (1890), deriva
de um padrão de organização comum na Inglaterra em fins do século XIX, onde
pequenas firmas especializadas na manufatura de produtos específicos
aglomeravam-se em centros produtores. O modelo clássico de DI indica: alto grau
de especialização e forte divisão do trabalho; acesso à mão-de-obra qualificada;
existência de fornecedores locais de insumos e bens intermediários; sistemas de
comercialização e troca de informações entre os agentes.
Diante da situação descrita, a presente pesquisa pretende apresentar uma
proposta de implementação de um possível APL, aglutinando indústrias do setor
metal mecânico, situadas no Sudoeste do Estado do Paraná.
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1.2 Definição do Tema
Esta realidade de implementação de APLs é um desafio para as empresas do
setor e até mesmo uma necessidade para o aumento da competitividade e do nível
de cooperação entre as organizações. Este modelo, também, pode-se aplicar para
as demais entidades envolvidas no setor, bem como para outros atores que poderão
estar inseridos no processo. Assim sendo, tem-se como tema definido para o
presente trabalho:
Apresentar uma proposta para implementação de um APL – Arranjo
Produtivo Local – O caso do setor metal mecânico da região Sudoeste do
Estado do Paraná.
1.3 Apresentação do Problema
Empresas e sociedades que se organizam possibilitam um crescimento
ordenado e um ganho em competitividade. Para que isto ocorra, é necessário
investimento em metodologias para um desenvolvimento regional, baseado em
normas e procedimentos que busquem este crescimento. Ferreira (2004) afirma que
a Inovação é a chave para o crescimento e desenvolvimento econômico e social de
qualquer empreendimento ou região. Neste contexto, ganharam destaque as ações
sobre APLs. Desta forma, coloca-se o seguinte problema:
Como chegar a um possível Arranjo Produtivo Local, a partir de um
aglomerado de empresas do setor metal mecânico, instaladas na região
Sudoeste do Estado do Paraná?
1.4 Objetivos
Diante do exposto, evidenciando a relevância do tema e do problema
levantado, parte-se da premissa de que o processo de inovação passa pelo
desenvolvimento regional de forma ordenada e participativa.
Assim, colocam-se os seguintes objetivos:
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1.4.1 Objetivo Geral
Elaborar uma proposta de modelagem para implementação de um APL –
Arranjo Produtivo Local – para o setor metal mecânico, envolvendo as indústrias
situadas na região Sudoeste do Estado do Paraná.
1.4.2 Objetivos Específicos
a) Identificar o potencial industrial do setor metal mecânico do Sudoeste do
Paraná;
b) Identificar o relacionamento existente entre as empresas do setor metal
mecânico da região e as instituições de pesquisa disponíveis na RSEP.
c) Desenvolver um estudo para implementação de um APL do setor metal
mecânico da região Sudoeste do Estado do Paraná.
1.5 Importância e Justificativa do Trabalho
O mundo, em suas constantes transformações, muda também o foco das
organizações e dos empreendimentos. Esse status quo organizacional estava
restrito à busca de eficiência nos processos e nas atividades rotineiras. A evolução
das formas de gestão, tanto nas instituições públicas quanto privadas, motivadas por
requisitos cada vez mais apurados da sociedade, e pela impossibilidade de errar nas
suas ações, engendrou uma alteração no foco, isto é, a informação para a tomada
de decisão passou a ser uma nova variável nos processos de gestão.
Nesse contexto, a troca ou a busca por informações para a tomada de
decisões em clusters foram intensificadas no final dos anos 1990 e início da atual
década, principalmente partindo de aglomerados de empresas, que possibilitam a
implantação desses modelos de desenvolvimento regional. Nesse sentido, Hoffmann
(2004) diz que esses modelos de desenvolvimento podem ser os responsáveis pela
competitividade de suas localidades em relação à geração e distribuição de riquezas
daquele grupamento.
Ainda, segundo Hoffmann (2004), o desenvolvimento regional, deve passar
pelo amadurecimento nas discussões das relações entre os elos de uma cadeia
produtiva, pelo processo decisório cada vez mais complexo, requerendo informações
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cada vez mais confiáveis e em tempo hábil.
A troca de informações, em sistemas de aglomerados industriais, APLs ou
clusters, acontece de duas maneiras: formal ou informal. A maneira formal ou tácita
ocorre através de uma organização estruturada em seu meio; já a informal ou
implícita ocorre de maneira indireta, ou seja, sem um procedimento ordenado. Os
atores, mesmo aqueles sem definição no processo organizacional, como por
exemplo, os funcionários das fábricas ou seus familiares, são os repassadores das
informações para o coletivo.
Assim, este trabalho justifica-se na medida em que contribui para as
empresas situadas na RSEP, na busca da organização das atividades do setor,
envolvidas em um sistema de cooperação empresarial, na reorganização de suas
atividades industriais, visando ao aumento na competitividade do setor, de forma a
inserir-se no mercado mundial, para consequentemente, aumentar sua
produtividade.
Também contribuirá como ciência, mesmo que de forma incipiente, pois, com
os conceitos demonstrados, possibilitará um entendimento para o desenvolvimento
regional, baseando-se em questões científicas, aplicadas nos processos
empresariais.
1.6 Procedimentos Metodológicos
A investigação científica depende de um conjunto de procedimentos
intelectuais e técnicos para que seus objetivos sejam atingidos. Segundo afirmação
de Gil (2000), o método científico é o conjunto de processos ou operações mentais
que se devem empregar na investigação. É a linha de raciocínio adotada neste
processo de pesquisa.
Berto e Nakano (1998) salientam que a dificuldade na escolha, ou opção por
um determinado método, está fundida à dificuldade em se estabelecer ou identificar
claramente o problema (ou solução) que se quer verificar ou conhecer. Isso é
particularmente difícil se o problema em análise não é novo e está longe de ser
resolvido.
Assim, se faz necessário registrar que os modernos métodos científicos de
pesquisa têm suas raízes por volta do começo do século XVII, principalmente pelo
PPGEP – Gestão Industrial (2005)
23
pensamento de Descartes, Bacon e Galileu. Deste modo, evidencia-se que tanto os
problemas pesquisados, quanto os métodos para investigá-los estão, ou pelo menos
deveriam estar, em constante evolução, de acordo com Orssatto (2002).
Em Descartes, continua Orssatto (2002), repousa a crença fundamental de
que através da razão é possível chegar-se à certeza sobre um fato. Descartes
seguiu em parte a lógica de Aristóteles, que estabeleceu um método dedutivo,
baseado nos princípios da igualdade entre verdade e evidência, da divisão de um
problema em partes para sua análise e do uso da lógica para a obtenção de
conclusões (VARGAS, 1985).
Assim, pela lógica dedutiva, as conclusões são baseadas em princípios e leis
e, a partir do raciocínio lógico, procura-se observar as conseqüências específicas de
uma teoria formulada.
O planejamento da pesquisa envolve tanto o plano quanto a estrutura que foi
empregada na investigação, com a finalidade de se obterem respostas para o
problema de pesquisa. Segundo Gil (1991), o delineamento refere-se ao
planejamento da pesquisa em sua dimensão mais ampla, envolvendo tanto a sua
diagramação quanto a previsão de análise.
O processo lógico adotado para se chegar à análise final de determinada
situação é chamado método científico. Dentre as classificações, destaca-se a divisão
das pesquisas entre qualitativas e quantitativas. Sua diferença está ligada à forma
de abordar o problema, o que determina qual o melhor método para estudar um
caso. Ainda, a abordagem qualitativa difere da quantitativa por não empregar dados
estatísticos para analisar um problema.
Ainda, de acordo com Gil (1991), “a abordagem qualitativa é adequada para
entender a natureza de um fenômeno social”. Neste sentido, a pesquisa qualitativa
tem em mira as características e a natureza do problema que se procura estudar,
analisando os resultados de forma descritiva, visando ao entendimento do fenômeno
como um todo e desenvolvendo uma interpretação crítica. Ela refere-se, de forma
abrangente, à pesquisa que produz dados descritivos, ou seja, palavras escritas ou
faladas pelas pessoas e o comportamento observável dessas pessoas.
Para Thiollent (1997), a pesquisa qualitativa parte de questões que irão
definindo-se na medida em que os estudos são desenvolvidos, envolvendo os dados
descritivos através de processos interativos pelo contato do pesquisador com a
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24
situação pesquisada.
Merrian (1998), identifica outras características comuns a todos os tipos de
pesquisa qualitativa, entre as quais destaca que o pesquisador constitui o
instrumento primário para coleta e análise de dados.
A partir dos anos de 1970, houve um considerável crescimento de interesse
na pesquisa qualitativa ou interpretativa, baseada em métodos associados às
ciências sociais. Apesar de a primeira impressão levar a idéia de que a diferença
entre pesquisa quantitativa e qualitativa seja referente à presença ou ausência de
quantificação de dados, Orssatto (2002), diz que é um engano. Na pesquisa
qualitativa, o pesquisador procura reduzir a distância entre a teoria e os dados, entre
o contexto e a ação, usando a lógica da análise fenomenológica, isto é, da
compreensão dos fenômenos pela sua descrição e interpretação.
As dificuldades encontradas quando da opção pela pesquisa qualitativa ficam
por conta do trabalho exaustivo necessário à coleta de dados, da grande quantidade
de dados que devem ser coletados e, principalmente pela falta de métodos
estabelecidos para a análise de dados coletados, afirma Miles (1979). Apesar disso,
o enfoque qualitativo tem obtido crescente popularidade na pesquisa organizacional,
pelo seu caráter rico, holístico e “real”, afirma Miles (1979).
Outro procedimento bastante utilizado é o estudo de caso.
Segundo Yin (1989, p.23),
o estudo de caso é uma inquirição empírica que investiga um fenômeno contemporâneo dentro de um contexto da vida real, quando a fronteira entre o fenômeno e o contexto não é claramente evidente e onde múltiplas fontes de evidência são utilizadas.
Esta definição, apresentada por Yin (1989), auxilia em compreender e
distinguir o método do estudo de caso de outras estratégias de pesquisa como o
método histórico e a entrevista em profundidade, o método experimental e o survey.
Ao comparar o método do Estudo de Caso com outros métodos, Yin (1989)
afirma que para se definir o método a ser usado é preciso analisar as questões que
são colocadas para investigação. De modo específico, como salienta Orssatto
(2002), o estudo de caso é adequado para responder às questões “ o como” e “ o
porquê”, que são questões explicativas e tratam de relações operacionais que
ocorrem ao longo do tempo, registrando-se mais do que as suas simples freqüências
PPGEP – Gestão Industrial (2005)
25
ou incidências.
De acordo com Vergara (2003), estudo de caso é o circunscrito a uma ou
poucas unidades, entendidas como pessoa, família, produto, empresa, órgão
público, comunidade ou mesmo país. Tem caráter de profundidade e detalhamento,
que pode ou não ser realizado no campo.
Isto também se aplica ao Método Histórico e ao Método Experimental que
também objetivam responder a essas questões. Contudo, o Método Histórico será
recomendado quando não houver acesso ou controle pelo investigador aos eventos
comportamentais, tendo que lidar com um passado "morto" sem dispor, por exemplo,
de pessoas vivas para darem depoimentos e tendo que recorrer a documentos e a
artefatos culturais ou físicos como fontes de evidências, conforme Yin, (1989, p. 19).
No caso do Método Experimental, as respostas a essas questões são obtidas
em situações onde o investigador pode manipular o comportamento de forma direta,
precisa e sistemática, sendo-lhe possível isolar variáveis, como no caso de
experimentos em laboratório. Ao fazer isto, deliberadamente se isola o fenômeno
estudado de seu contexto. (ORSSATTO, 2002).
De acordo com Yin (1989), a preferência pelo uso do Estudo de Caso deve
ser dada no estudo de eventos contemporâneos, em situações onde os
comportamentos relevantes não podem ser manipulados, porém deve ser possível
se fazer observações diretas e entrevistas sistemáticas. Apesar de ter pontos em
comum com o método histórico, o Estudo de Caso se caracteriza pela "(...)
capacidade de lidar com uma completa variedade de evidências - documentos,
artefatos, entrevistas e observações" (YIN, 1989, p. 19).
Este método, assim como os outros métodos qualitativos, também são úteis,
segundo Bonoma, (1985).
(...) quando um fenômeno é amplo e complexo, onde o corpo de conhecimentos existente é insuficiente para permitir a proposição de questões causais ou quando um fenômeno não pode ser estudado fora do contexto no qual ele naturalmente ocorre.
Os objetivos do método de Estudo de Caso, segundo McClintock et al. (1983)
(apud BONOMA, 1985), são:
capturar o esquema de referência e a definição da situação de um
dado participante;
PPGEP – Gestão Industrial (2005)
26
permitir um exame detalhado do processo organizacional; e
esclarecer aqueles fatores particulares ao caso que podem levar a um
maior entendimento da causalidade.
Bonoma (1985), ao tratar da coleta dos dados, coloca como objetivos do
Método do Estudo de Caso não a quantificação ou a enumeração, mas, ao invés
disto:
descrição;
classificação (desenvolvimento de tipologia);
desenvolvimento teórico; e
teste “limitado” da teoria, ou seja, o objetivo é a compreensão.
Partindo dessas premissas, entende-se que o presente trabalho é um estudo
de caso, pois, é um estudo dentro do contexto onde ele ocorre.
Para o desenvolvimento deste trabalho foram utilizados:
a) Pesquisa bibliográfica;
b) Diagnóstico do setor, com seu potencial instalado na RSEP;
c) Diagnóstico da RSEP quanto à disponibilidade de organismos
empresariais, governamentais, de consultorias, instituições de ensino e órgãos de
fomento que possam participar do APL;
d) Aplicação de questionário com questões fechadas e abertas.
A utilização de questionário com questões fechadas facilita a compreensão e
a interpretação dos dados necessários à pesquisa. Algumas questões abertas,
inclusas no questionário, fizeram-se necessárias em razão da particularidade.
Os dados coletados referentes às empresas, situadas geograficamente na
região estudada, são inerentes a sua atividade econômica, perfil das empresas,
número de funcionários, abrangência de mercado: local, regional, estadual, nacional
ou atinge o exterior pelas exportações. Também está inserida no questionário uma
forma de se saber qual o grau de cooperação ou inter-relação entre as empresas
pesquisadas.
O questionário, aplicado aos administradores das empresas, refletiu uma
realidade após terem sido devidamente debatidos: o tipo, objetivos de pesquisa e
finalidade da pesquisa. Esse instrumento foi encaminhado para as empresas para
ser respondidos, de forma individual. Decorrido um período de 10 dias, após a
remessa dos referidos questionários aos empresários, o pesquisador retomou
PPGEP – Gestão Industrial (2005)
27
contato com as empresas que não haviam devolvido o questionário com as
respostas, na expectativa de que todos pudessem retornar.
Além das indústrias localizadas na RSEP, foram utilizados os dados do
SINDIMETAL-PR/SUDOESTE – (Sindicato das Indústrias metalúrgicas, mecânicas e
de material elétrico do Estado do Paraná, Núcleo do Sudoeste), cujos dados
serviram de subsídios para identificação do potencial do setor na RSEP.
A Federação das Indústrias do Estado do Paraná – FIEP-PR, também
disponibilizou seus dados para elaboração e análise da pesquisa.
1.6.1 Delimitação da Pesquisa
A pesquisa teve como objetivo construir um estudo para implementação de
um APL do setor metal mecânico, baseando-se nos dados das indústrias do setor,
instaladas na RSEP, bem como em mecanismos de interação com as instituições de
ensino e pesquisa da mesma região, associações de classes empresariais
representativas do setor, organismos governamentais e instituições financiadoras e
de fomento.
1.6.2 Universo da Pesquisa
O Universo compreende empresas do segmento metal mecânico instaladas
na RSEP, totalizando 362 empresas.
Em diversas reuniões realizadas com o SINDIMETAL-PR/SUDOESTE e
Coordenadoria Regional da FIEP-PR, concluiu-se que o envio de 100 (cem)
questionários representaria uma amostra significativa, principalmente envolvendo
todas as subáreas do setor envolvido.
O número de questionários enviados, representou aproximadamente 30% da
amostra e, concluiu-se que a amostra representa as empresas mais atuantes junto
ao SINDIMETAL-PR/SUDOESTE e a Coordenadoria Regional da FIEP-PR.
Em virtude disso, e do fato dessas empresas terem ampla participação na
definição e discussão dos interesses do setor, acredita-se que terão uma maior
facilidade na formação da cultura sobre os APLs. Daí a decisão de tomar como
amostra essas 100 empresas como objeto da pesquisa.
PPGEP – Gestão Industrial (2005)
28
PPGEP – Gestão Industrial (2005)
29
CAPÍTULO 2 NOÇÕES E CONCEITOS SOBRE APL
A comunidade global está assistindo a uma profunda reestruturação do mapa
produtivo mundial, cujo processo é denominado Globalização. O que havia, há
aproximadamente uma década, de planejamento da produção para servir ao
mercado local ou até regional foi ponto decisivo das transformações, ou seja,
mudando o cenário, de endógeno (local), para exógeno (global).
Esta fase leva os países a buscarem novas formas de inserção no mercado,
por meio de políticas e estratégias baseadas em processos de descentralização e de
desenvolvimento regional. Uma das possíveis formas de programas de
desenvolvimento regional é a implementação de APLs.
2.1 APL – Uma estratégia de inovação organizacional
A hipótese básica da origem dos APLs está na adoção de inovações radicais
para o processo organizacional, combinando as condições locais que podem criar
novos paradigmas de produção, com economia de escala superior àquelas
existentes. Machado (2003) menciona que as condições locais necessárias, é a
oferta de matéria prima e outros insumos, existência de capacitação nas áreas em
que estão sendo utilizadas, bem como a disponibilidade de capital social adequado.
Inicialmente, os APLs atenderiam demandas próximas e, ao evoluírem, passariam a atender mercados mais distantes. A estratégia competitiva das empresas inicia-se com a competição por custo, evoluindo para produtos de maior valor agregado (MACHADO, 2003).
Desta forma, o processo evolutivo de um APL pode ocorrer de forma gradual,
agregando as forças disponíveis para sua implantação, produzindo para mercados
regionais e, como em um espiral, passa a atender demandas variadas e
diversificadas.
Na atualidade, a globalização representa fator determinante nos países
subdesenvolvidos, uma vez que este processo exige, das empresas nacionais, um
esforço cada vez maior para se adaptarem à nova realidade mundial. Segundo De
Luca (2001), a nova exigência de métodos cada vez mais apurados de
PPGEP – Gestão Industrial (2005)
30
administração empresarial, de controle eficaz de capital financeiro, de novas
tecnologias, de baixos custos de produção, de mão-de-obra altamente qualificada,
entre outros, são requisitos para os quais as empresas nem sempre estão
devidamente preparadas.
Ainda, segundo De Luca (2001), a principal característica da globalização é
que as empresas atuam no mercado da economia mundial, e, reduzir tal definição à
engenharia de produção significa instituir uma competência mundial entre as
empresas, de modo que a competência e a competitividade entre as empresas
tornem-se questões de sobrevivência.
Porter (1986) afirma que as fontes da vantagem competitiva global originam-
se basicamente de quatro causas: vantagem comparativa convencional, economias
de escala ou curvas de aprendizagem que extrapolam a escala, vantagens
decorrentes da diferenciação do produto e o caráter de bem público da tecnologia e
das informações do mercado.
Considerando que o bem público, assim como a inovação tecnológica, é algo
que pode ser utilizado repetidas vezes sem nenhum custo, uma vez feito o
investimento inicial. A partir das colocações acima, feitas por Porter (1986), passa-se
a estudar de uma forma mais intensa os mercados.
Spínola e Troster (1998) afirmam que o preço e a quantidade de equilíbrio nos
mercados é o resultado da ação da oferta e procura.
Entretanto, a oferta e a procura interagem de modo a apresentar resultados muito distintos em cada mercado, pois cada um tem características específicas de produtos, condições tecnológicas, acesso, informação, tributação, regulamentação, participantes, localização no espaço e no tempo que o torna único. Porém, existem características comuns que permitem classificar as diferentes estruturas de mercado (SPÍNOLA e TROSTER, p. 181, 1998)
As estruturas de mercado são formas que captam aspectos que envolvem a
forma de como os mercados se organizam. Spínola e Troster (1998) preconizam que
cada estrutura de mercado destaca alguns aspectos essenciais de interação da
oferta e da demanda, baseando-se em algumas hipóteses e no realce de
características observadas em mercados existentes, tais como: o tamanho das
empresas, a diferenciação dos produtos, a transparência do mercado, os objetivos
dos empresários.
PPGEP – Gestão Industrial (2005)
31
Reis e Carvalho (2002), afirmam que todas as empresas deveriam que um
produto sem mercado não tem futuro, que é necessário vender. Igualmente
deveriam saber que para vender é necessário produzir com qualidade e no tempo
que o cliente pretende.
Ainda, “a produção com qualidade e no tempo que o cliente pretende faz
imperiosa a necessidade de utilização das melhores tecnologias no produto ou no
processo”. (REIS e CARVALHO, 2002, p. 53).
Para essa produção com qualidade e no tempo exigido, é mister a
capacitação, que se refere à acumulação de conhecimentos e habilidades, por
indivíduos e organizações, partindo de processos formais e informais de
aprendizado.
A capacitação permite-lhes desenvolver e reproduzir padrões produtivos e
inovativos avançados, possibilitando o aprimoramento e crescimento de sua dotação
de recursos tangíveis como equipamentos, infra-estrutura e intangíveis como
conhecimentos, habilidades, competências e, deste modo, o aumento de sua
competitividade, conforme Lastres e Cassiolatto (2004).
Por sua vez, Bastos e Bueno (2002) afirmam que a produção moderna, em
contato maior com a evolução e as transformações tecnológicas, mobiliza
enormemente uma heterogeneidade de saberes e conhecimentos que ultrapassa os
modelos tradicionais de “trabalho qualificado”.
Ainda tratando do assunto capacitação/informação, Bastos e Bueno (2002),
descrevem que o processo de informação permeia pela cooperação, competência e
comunicação, que gera conhecimento e inovação.
Para gerar a inovação se faz necessária a busca pela informação,
capacitação e aprendizado, possibilitando a pesquisa que visa à inovação.
A inovação é reconhecida como fator básico de competitividade econômica
sustentável, associada às transformações de longo prazo na economia e na
sociedade. Segundo Lastres e Cassiolatto (2004), de uma forma genérica, existem
diferentes tipos de inovação:
Inovação radical: refere-se ao desenvolvimento de um novo produto, processo ou forma de organização da produção inteiramente nova. Tais inovações podem originar novas empresas, setores, bens e serviços; e ainda significar redução de custos e aperfeiçoamento em produtos existentes (LASTRES e CASSIOLATO 2004).
PPGEP – Gestão Industrial (2005)
32
Inovação tecnológica de produto e processo significa a utilização do
conhecimento sobre novas formas de produzir e comercializar bens e serviços. E
ainda, segundo os autores Lastres e Cassiolatto (2004), a inovação organizacional
significa a introdução de novos meios de organização da produção, distribuição e
comercialização de bens e serviços.
Quando se trabalha com a situação de inovação em processos e produtos,
partindo do princípio do conceito de inovação, segundo Longo (1996),
significa a solução de um problema tecnológico, utilizado pela primeira vez, descrevendo o conjunto de fases que vão desde a pesquisa básica até o uso prático, compreendendo a introdução de um novo produto no mercado, em escala comercial, tendo em geral, fortes repercussões socioeconômicas.
Acontecendo a globalização dos mercados, o processo de inovação, para
conquistar espaços nesse novo mercado, é algo inerente à entrada em novos grupos
econômicos. As regras, sob as quais as empresas se submetem no processo de
globalização, beneficiam por igual as empresas brasileiras, pois, necessário se faz
inovar para competir.
Reis e Carvalho (2002) afirmam que a empresa tem o desafio de encontrar as
tecnologias do futuro, assegurar-se de que a sua estratégia de desenvolvimento está
em consonância com tais tecnologias e deve vir a dominá-las o suficiente para
manter o seu avanço ou partir em busca de objetivos mais ambiciosos. Por
conseguinte, segundo os autores citados, tecnologia e estratégia de
desenvolvimento estão interligadas.
Por estarem interligadas, se faz necessário um planejamento tecnológico.
Reis e Carvalho (2002) que o planejamento tecnológico configura-se como uma das
atividades mais importantes para a criação, sustentação e maximização da
vantagem competitiva. Por essa razão, a aplicação de novas tecnologias na
empresa deve ser cuidadosamente planejada para que a inovação nos processos
gere novas tecnologias, gerando mudanças nos processos. Para Sáenz e Garcia
Capote (2002), antes de mencionar mudança e inovação tecnológica, se faz
necessário conceituar mudança tecnológica.
Mudança tecnológica é o processo pelo qual novos produtos, equipamentos, processos de produção e distribuição de bens e serviços, e métodos gerenciais se introduzem em nível macro na
PPGEP – Gestão Industrial (2005)
33
economia (SÁENZ e GÁRCIA CAPOTE, p. 69, 2002).
Assim, é um processo que afeta a um ou vários setores da economia e, em
determinadas ocasiões, a toda a economia, como foi o caso da introdução de
computadores em praticamente todas as esferas econômicas e sociais de um país,
completam Sáenz e Gárcia Capote (2002).
Daí, que processos de inovação é a integração de conhecimentos novos e de
outros existentes para criar produtos, processos, sistemas ou serviços novos ou
melhorados. “Inovação tecnológica é a primeira utilização – incluindo a
comercialização nos casos em que se aplica – de produtos, processos, sistemas ou
serviços, novos ou melhorados”. (SÁENZ e GÁRCIA CAPOTE, p. 69, 2002).
Já a tecnologia é igual à ciência, segundo Sáenz e Gárcia Capote (2002),
pode ser definida sob dois pontos de vista diferentes: como um conjunto de
conhecimentos ou como uma atividade.
Tecnologia é o conjunto de conhecimentos científicos e empíricos, de habilidades, experiência e organização requeridos para produzir, distribuir, comercializar e utilizar bens e serviços. Inclui tanto conhecimentos teóricos como práticos, meios físicos, know how, métodos e procedimentos produtivos, gerenciais e organizacionais, entre outros. (SÁENZ e GÁRCIA CAPOTE, 2002).
Sob o ponto de vista da tecnologia como atividade, os autores definem como:
“a busca de aplicações para conhecimentos já existentes”.
Diante das definições de Sáenz e Gárcia Capote (2002), pode-se dizer que a
competência para sobreviver passa pela inovação constante, que, por sua vez,
depende de avanços tecnológicos também constantes. A figura 01 mostra a
seqüência da competência para sobrevivência, passando pelo domínio tecnológico.
PPGEP – Gestão Industrial (2005)
34
CONHECIMENTO DO MERCADO
O que fazer
Para que
COMPETÊNCIAS PARA A
SOBREVIVÊNCIA
GESTÃO DOS PROCESSOSComo fazer melhor
DOMÍNIO TECNOLÓGICO
Como fazer
Figura 01 - Tecnologia X Sobrevivência
Fonte:Revista SEBRAE N. 4 MAI/JUN/2002 P. 122
Para Lastres e Cassiolatto (2004), as formas de competitividade sustentadas
e dinâmicas dependem, principalmente, da capacidade de aprendizagem e de
criação de competências.
São sinergias coletivas geradas pelas interações entre empresas e dessas
com os demais atores do ambiente onde se localizam, envolvendo cooperação e
processos de aprendizado e capacitação produtiva e inovativa. Daí, afirmam Lastres
e Cassiolatto (2004), que tal abordagem vem sendo crescentemente adotada em
políticas orientadas para ampliação da competitividade de organizações, regiões e
países.
Já para Guimarães (2000), competitividade é a capacidade que os produtos
gerados internamente têm de competir com seus similares produzidos no exterior,
tanto no que se refere à importação quanto à exportação. No curto prazo, a
competitividade se traduz em preços, e é influenciada, sobretudo, pelas políticas
cambial, fiscal e monetária e pelo crescimento econômico, já que esse gera
modernização. No médio e longo prazo, no caso dos produtos diferenciados, a
qualidade e a confiabilidade dos produtos, em geral, são expressas no prestígio da
PPGEP – Gestão Industrial (2005)
35
marca.
De um modo geral, as empresas são talentosas no que tange ao uso de
meios para aumentar o apelo e persistem na tentativa de explorar os pontos fracos
dos mercados dos outros.
Independentemente da intensidade da disputa entre as organizações, toda
empresa depende de uma estratégia bem sucedida para competir, de uma maneira
ideal, de uma estratégia que crie vantagem competitiva e reforce a posição da
empresa com seus clientes.
Thompson Jr. e Strickland III (2003) apontam que a grande complicação, na
maioria das indústrias, é que o sucesso da estratégia de qualquer organização
depende das estratégias que seus concorrentes desenvolvem e de como estas são
implementadas. Ainda, segundo os autores, a melhor estratégia para uma empresa
depende da capacidade competitiva e das estratégias das empresas concorrentes.
Os autores afirmam, também, que essa interdependência significa que
sempre que uma empresa realiza uma mudança estratégica, as demais,
freqüentemente contra atacam. Esse padrão de ação e reação faz a rivalidade
competitiva parecer-se como um jogo de guerra que obedece às regras da
competição honesta.
Desta maneira, as estratégias bem definidas, a partir do planejamento
estratégico adequado, e estabelecidas de maneira participativa nas empresas,
poderão ser instrumentos de sucesso nas organizações.
A necessidade de planejar torna-se, então, mais evidente quando se tem a
afirmação: “as empresas nunca podem parar de aprender sobre o setor em que
atuam, seus concorrentes ou formas de melhorar ou modificar sua posição
competitiva” (PORTER, 1986, p.9).
Porém, quando se dispõe de informação, será possível gerar a inovação
baseada em novas tecnologias, competindo no mercado, com um planejamento
estratégico definido, cuja ação avaliada, para ser posta em prática, surge de uma
nova preocupação: de um desenvolvimento ordenado, de um crescimento baseado
em um plano e suas políticas claras para o que se quer alcançar. Desenvolvimento
ordenado depende, pois, de todos os setores da sociedade para alcançar a
competitividade.
Sob esta perspectiva, a chave para gerar desenvolvimento é a
PPGEP – Gestão Industrial (2005)
36
industrialização, segundo Vasconcelos e Garcia (1998), baseados no processo de
desenvolvimento dos países industrializados, que foi iniciado com um grande
diferencial no aumento da produtividade agrícola, o que permitiu liberar a mão-de-
obra e recursos para as áreas urbanas, para construir o parque industrial. Como
conseqüência, o aumento da produtividade agrícola ocorreu a partir de
implementação de novas tecnologias destinadas ao campo.
Um dos integrantes nos processos de planejamento estratégico é a
identificação de cenários, que poderiam ser comparados a modelos mentais,
visualizando possibilidades de ocorrência de determinada situação. O uso de
cenários para a tomada de decisões estratégicas exige uma considerável dose de
habilidade e sofisticação. Por isso, as organizações que desejam fazer experiências
de planejamento de cenários devem começar por uma abordagem “passo a passo”
para transformar os cenários em estratégias. (WILSON, 2002).
Segundo Wilson, 2002, é possível encontrar quatro abordagens para o
problema de identificação de cenários, da mais elementar a mais sofisticada:
a) Avaliação de risco – Essa abordagem pode ser usada para avaliar
determinada decisão estratégica, um investimento industrial de porte,
por exemplo, ou uma iniciativa de desenvolvimento de negócios;
b) Avaliação de estratégia - Outro papel bastante claro dos cenários é
agir como “central de testes” para avaliar a viabilidade de uma
estratégia existente. Ao testar a estratégia em vários cenários, é
possível chegar a uma percepção de sua eficácia nas diferentes
condições e, a partir daí, identificar alterações ou planos de
contingência;
c) Desenvolvimento da estratégia utilizando um cenário como “foco de
planejamento” – Essa abordagem é uma tentativa de criar uma ponte
para superar o “fosso cultural” existente entre o planejamento
tradicional, apoiado em uma previsão de ponto único, e o planejamento
de cenários;
d) Desenvolvimento da estratégia sem usar um cenário como “foco de
planejamento” – Nessa abordagem os executivos aceitam todas as
possibilidades propostas pelos diferentes cenários sem questioná-las e
sem avaliar suas probabilidades, com o objetivo de criar uma estratégia
PPGEP – Gestão Industrial (2005)
37
elástica que possa lidar com grandes variações nas condições dos
negócios.
De acordo com Schawartz, 2000, os cenários permitem analisar a longo prazo
em um mundo onde reina a incerteza. Tal como em sua origem teatral, equivalem a
histórias sobre um futuro possível e ajudam a reconhecer e adaptar-se às mudanças
que ocorrem no meio em que se vive, definindo os caminhos alternativos da
evolução e permitindo escolher as manobras apropriadas para cada um deles.
Atualmente, no entanto, segundo Vasconcelos e Garcia (1998), o sucesso da
adoção de estratégia de crescimento nos pólos industriais deve contemplar as novas
economias da Ásia, os chamados Tigres Asiáticos, como: Coréia do Sul, Taiwan,
China e Cingapura, além de outros países muito próximos como a Malásia, Tailândia
e Indonésia, não esquecendo, obviamente, do Japão.
Todas essas economias cresceram rapidamente nas duas últimas décadas,
com base no rápido crescimento das exportações de produtos manufaturados.
Essa política adotada pelos países asiáticos demonstra que o caminho a ser
perseguido para o desenvolvimento é o aumento de produtividade, abrindo novos
mercados internacionais, de forma competitiva, gerando emprego e renda para o
país produtor. Para que uma situação similar aconteça, necessária se faz a
organização dos atores, sejam empresários, entidades de classe, poder público e
financiadores, na busca do crescimento, com aumento da produtividade e conquista
de novas áreas, competindo sempre para se manter no mercado.
Assim, diante de definições e iniciativas ainda incipientes, é verdade,
apresenta-se uma situação bastante favorável em relação ao contexto de
desenvolvimento local e regional para o setor industrial, como conseqüência, a
qualidade de vida das pessoas e organizações que participam do meio poderá ter
também suas condições alteradas ou afetadas na possibilidade de se lançar mão de
estratégias e políticas de abertura de novos mercados, com aumento da
produtividade.
Esse desenvolvimento local e regional, no entanto, deve partir de segmento
específico, numa organização em rede, visando a novos empreendimentos, gerando
novas possibilidades de negócios, emprego e renda.
Diante das diversas possibilidades de estratégias de desenvolvimento
regional, apresenta-se uma proposta emergente, que são os APLs – Arranjos
PPGEP – Gestão Industrial (2005)
38
Produtivos Locais, que vêm se destacando em diversos segmentos, gerando
desenvolvimento para diversos setores econômicos, com metodologias possíveis de
serem implantadas, desde que se tenha uma vontade política, empresarial e de
classe, para cumprir suas etapas.
2.2 Sistema Local de Produção/Inovação – SLP
As aglomerações de empresas e instituições em clusters ou sistemas locais
de produção/inovação (SLPs) têm merecido atenção na literatura econômica desde
os trabalhos pioneiros de Alfred Marshall sobre os distritos industriais ingleses, no
final do século XIX.
Na transição do século XIX para o XX, o economista Alfred Marshall (1982.
pp. 231 e segs) colocaram-se as seguintes questões teóricas: por que em algumas
regiões manifesta-se uma forte aglomeração de empresas de um mesmo setor? Que
vantagens as empresas extraem da proximidade de suas concorrentes? Não seria
mais racional que empresas concorrentes buscassem o maior afastamento possível
uma das outras, distribuindo-se de forma homogênea por todo território?
Segundo o autor, a aglomeração de uma determinada indústria ou serviço em
um espaço regional pode ter as mais diversas origens.
são muitas as causas que determinam a localização de indústrias, mas as principais são as condições físicas, tais como a natureza do clima e do solo, a existência de minas e pedreiras nas proximidades ou um fácil acesso por terra ou mar (MARSHALL, 1982).
Mas o que origina uma aglomeração é distinto do que a sustenta e a faz
desenvolver-se. Uma vez originada, uma aglomeração tende a se reproduzir e a se
aprofundar por determinações distintas daquelas que lhes deram origem. São as tais
vantagens que as pessoas que seguem uma mesma profissão especializada obtêm
de uma vizinhança próxima, que desde que uma indústria escolha uma localidade
para se fixar, aí permanece por longo espaço de tempo. (MARSHALL, 1982).
Conforme Paiva (2004), contemporaneamente, toda uma vertente da
Economia voltada ao estudo do desenvolvimento regional sistematizou os
“momentos marshallianos” do desenvolvimento das aglomerações produtivas em
novas categorias. O primeiro momento é o da aglomeração. Uma vez constituída,
ela tende a se desenvolver, deixando de ser uma mera aglomeração, e passa a ser
PPGEP – Gestão Industrial (2005)
39
um arranjo produtivo. E quando o arranjo produtivo toma consciência de si e
coordena racionalmente o seu desenvolvimento, ele se transforma em um sistema
local de produção (SLP).
2.3 Arranjos Produtivos Locais – APLs
Conforme definição desenvolvida e proposta pela RedeSist – Rede de
Sistemas Produtivos e Inovativos do Instituto de Economia da Universidade Federal
do Rio de Janeiro –, o
Arranjos Produtivos Locais são aglomerações territoriais de agentes econômicos, políticos e sociais, com foco em um conjunto específico de atividades econômicas e que apresentam vínculos e interdependência. Geralmente envolvem a participação de empresas – que podem ser desde produtoras de bens e serviços finais até fornecedores de insumos e equipamentos, prestadoras de consultoria e serviços, comercializadoras, clientes, entre outros – e suas variadas formas de representação e associação. Incluem, também, diversas outras instituições públicas e privadas voltadas para: formação e capacitação de recursos humanos, como escolas técnicas e universidades; pesquisa, desenvolvimento e engenharia; política, promoção e financiamento. (REDESIST, 2004).
Nesse sentido, o Sistema SEBRAE (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro, e
Pequenas Empresas), por exemplo, vem atuando fortemente no incentivo,
sensibilização e parcerias nos projetos de APLs, no Brasil, para simplificar o
entendimento dos seus conceitos, redigiu e sintetizou da seguinte forma:
Arranjos Produtivos Locais são aglomerações de empresas localizadas em um mesmo território, que apresentam especialização produtiva e mantêm algum vínculo de articulação, interação, cooperação e aprendizagem entre si e com outros atores locais tais como governo, associações empresariais, instituições de crédito, ensino e pesquisa. (SEBRAE, 2004).
Os esforços, envidados para o desenvolvimento em APLs, buscam
potencializar ações de promoção de desenvolvimento, atuando de forma
complementar às políticas para o desenvolvimento de cadeias de empresas, regiões
e, até mesmo, do país. O foco de atuação é no sentido de convergir iniciativas
PPGEP – Gestão Industrial (2005)
40
institucionais locais de forma a minimizar a multiplicidade de esforços, otimizando a
alocação de recursos, promovendo o compartilhamento de objetivos comuns e a
consolidação de boas práticas de desenvolvimento local.
Na mesma perspectiva, Machado (2003) apresenta uma definição de APL do
Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social – BNDES em que são
evidenciados exemplos de entidades que podem fazer parte desse contexto:
... uma concentração geográfica de empresas e instituições que se relacionam em um setor particular. Inclui, em geral, fornecedores especializados, universidades, associações de classe, instituições governamentais e outras organizações que aportam educação, informação, conhecimento e ou apoio técnico e entretenimento (BNDES, 2003).
Desta forma, quando se trata de um APL, deve-se considerar, em primeiro
lugar, a existência de uma aglomeração de um número significativo de empresas
que atuam em torno de uma atividade produtiva principal. Considerando a dinâmica
do território, levando-se em conta, por exemplo, o número de postos de trabalho
ocupado nas empresas envolvidas, seu faturamento, mercado, potencial de
crescimento, diversificação, etc.
A especialização produtiva envolve, além da produção de bens e serviços em
si, conhecimento, tácito ou explícito, que as pessoas e organizações de um território
possuem em torno de uma atividade econômica principal, seja ela do segmento da
indústria, do comércio, dos serviços, do turismo, do artesanato ou do agronegócio.
(SEBRAE, 2003).
Conceitualmente, conforme o Termo de Referência para Atuação do Sistema
SEBRAE em APL, território é um espaço definido e delimitado por e a partir de
relações jurídicas, políticas ou econômicas, instituídas sempre por conformações
explícitas ou implícitas do poder. Assim, território é sinônimo da idéia de domínio
coletivo.
A idéia de território não se reduz à sua dimensão material ou concreta. É
também um campo de forças, uma teia ou rede de relações sociais que se projetam
em um determinado espaço.
O Sistema SEBRAE (2003) complementa afirmando que o território é
constituído historicamente por meio de relações políticas, sócio econômico e cultural,
remetendo a diferentes contextos e escalas: a casa, o trabalho, o bairro, a cidade, a
PPGEP – Gestão Industrial (2005)
41
região, a nação, o planeta. Nesse sentido, o APL também é um território onde a
dimensão constitutiva é econômica por definição, apesar de não se restringir a ela.
Os atores envolvidos – empresários, bancos, associações, entidades de apoio,
universidades etc. – se inserem, produzem e se reconhecem nesses territórios.
Porém, segundo o Sistema SEBRAE (2003), em seu Termo de Referência
para Atuação em APL, o Arranjo Produtivo Local compreende, também, um recorte
do espaço geográfico – parte de um município, um município, conjunto de
municípios, bacias hidrográficas, vales, serras etc. – que:
Possua sinais de identidade coletiva (sinais sociais, culturais,
econômicos, políticos, ambientais, históricos, etc.);
Mantenha ou tenha capacidade de promover uma convergência em
termos de expectativa de desenvolvimento;
Estabeleça parcerias e compromissos para manter e especializar os
investimentos de cada um dos atores no próprio território; e
Promova, ou seja, passível de uma integração econômica e social no
âmbito local.
O sentimento de pertencer a um APL passa a ser o mecanismo central de
fortalecimento da dinâmica local/regional, cuja personalidade diferenciada é
reconhecida ou possa vir a ter reconhecimento dentro e fora do APL.
O Sistema SEBRAE ainda ressalta que a configuração espacial do APL é
definida pela distribuição das redes de atores capazes de estabelecer perspectivas
comuns de negócio e, nesse sentido, independe das divisões geopolíticas: fronteiras
regionais, de estados, bacias hidrográficas ou acidentes naturais.
Além de tudo, o aspecto de aprendizagem e inovação se aplica em um APL.
Manifesta-se pela existência de iniciativas, ações, atividades e projetos realizados
em conjunto entre as empresas, entre empresas e suas associações, entre
empresas e instituições técnicas e financeiras, entre empresas e poder público,
dentre outras possíveis combinações entre os atores possíveis no APL.
Segundo o Termo de Referência para Atuação em APL, editado pelo Sistema
SEBRAE (2003), as combinações e ações de aprendizagem e inovação podem
ocorrer por meio de:
Intercâmbio sistemático de informações produtivas, tecnológicas e
mercadológicas (com clientes, fornecedores, concorrentes e outros);
PPGEP – Gestão Industrial (2005)
42
Interação envolvendo empresas e outras instituições, por meio de
programas comuns de treinamento, realização de eventos/feiras,
cursos e seminários, entre outros; e
Integração de competências, por meio da realização de projetos
conjuntos, incluindo desde melhoria de produto e processos até
pesquisa e desenvolvimento propriamente ditos, entre empresas e
destas com outras instituições.
Além do mencionado, em APLs identificam-se diferentes tipos de cooperação,
incluindo a cooperação produtiva visando à obtenção de economias de escala e de
escopo, bem como a melhoria dos índices de qualidade e produtividade; e a
cooperação inovativa, que resulta na diminuição de riscos, custos, tempo e,
principalmente, no aprendizado interativo, dinamizando o potencial inovativo do APL.
O Termo de Referência para Atuação em APL, enfatiza que a cooperação no
APL ocorre em diferentes momentos e entre diferentes atores, dentro de um
processo interativo e dinâmico. Cooperação e competição coexistem no interior do
arranjo produtivo.
O Sistema SEBRAE criou uma metodologia própria de selecionar e
desenvolver os APLs. A figura 02 demonstra como se realiza o processo.
Figura 02 – Fluxograma de como o SEBRAE seleciona e desenvolve APLs Fonte: ( SEBRAE, 2004)
O referencial metodológico, proposto para identificar APLs, possui um caráter
flexível, aberto e adaptável, visando a contemplar a multiplicidade e a complexidade
das realidades locais. A referida metodologia considera três dimensões para análise
PPGEP – Gestão Industrial (2005)
43
competitiva de um APL, de maneira a formular estratégias de atuação e definir
ações: Empresarial, Estrutural e Sistêmica.
Conforme a seqüência, mostrada na figura 02, o processo de seleção e
desenvolvimento do APL inclui cinco componentes e uma ação mobilizadora inicial:
Identificação dos APLs: Esse componente tem o objetivo de fornecer
informações que permitam tomar decisões acerca de onde atuar.
Estarão aptos a aderir ao programa aqueles arranjos que atenderem
aos seguintes critérios:
1. Apresentarem, no mínimo, vinte estabelecimentos vinculados a
uma mesma especialização produtiva;
2. Ocuparem, no mínimo, cem pessoas nesses estabelecimentos;
3. O produto final, produzido pelo APL, apresente características
mínimas de homogeneidade. Será também considerada a
capacidade do arranjo em contribuir efetivamente para o
aumento das exportações, ou substituição competitiva das
importações e, ainda, a potencialidade de mercado e a
capacidade de geração de trabalho e renda.
Conhecimento do Ambiente Competitivo: Esse componente diz respeito
à coleta de dados e informações para compor os Diagnósticos de
Competitividade do APL.
Fortalecimento da Dinâmica do APL: O conjunto das ações de
articulação, sensibilização e mobilização visam a desencadear o
processo de envolvimento e aproximação entre os atores locais e a
construção de políticas de relacionamento, bem como de nivelar
conceitos com relação à atuação do Sistema SEBRAE em APLs. As
ações desse componente podem ser agrupadas em três grandes
dimensões:
a. – governança;
b. – identidade territorial; e
c. – interação e cooperação.
Ação mobilizadora inicial (Projeto Piloto): O projeto-piloto é uma etapa
mobilizadora de um projeto mais amplo para o desenvolvimento do
APL, que poderá ocorrer em diferentes momentos. Ele estabelece um
PPGEP – Gestão Industrial (2005)
44
conjunto de ações de curto prazo que objetiva a consolidação das
parcerias com as empresas e também com os demais atores locais. O
projeto piloto deverá contemplar, além dos mecanismos de
treinamentos e consultorias, a realização de ações e eventos que
gerem impacto imediato como: estabelecer indicadores de satisfação
dos clientes, medir a produtividade das Micro e Pequenas empresas
(MPEs), promover rodadas de negócios com compradores potenciais
domésticos e estrangeiros, promover visitas técnicas e organizar
missões para prospecção de mercado e tecnologia.
Elaboração do Plano: O objetivo dos planos de desenvolvimento é
definir os principais elementos estratégicos e ações decorrentes para
interação entre os atores do APL visando ao aumento sustentável da
competitividade das empresas do arranjo.
Gestão Desenvolvimento e Avaliação: Esse componente se refere à
execução das ações previstas no plano de desenvolvimento, bem
como a avaliação dos resultados alcançados.
Também, ao pensar APLs, é imprescindível lembrar da presença dos vários
atores que possuem ações voltadas diretamente ao desenvolvimento da atividade
produtiva local, ou ligadas indiretamente a esse desenvolvimento. Segundo o
SEBRAE (2003), são exemplos de atores locais as instituições de promoção,
financiamento e crédito, de ensino e pesquisa, os centros tecnológicos, as
associações empresariais, os prestadores de serviços, as organizações do terceiro
setor e os governos em todos os âmbitos, fisicamente localizados no APL ou
próximos.
O Sistema SEBRAE justifica também a razão pela qual apóia os APLs,
segundo a qual, a visão que sustenta as ações é a de que o desenvolvimento não é
apenas sinônimo de crescimento econômico, posto que o Brasil precisa responder
ao seu maior desafio, que é o de aprofundar a democracia e erradicar a pobreza,
combinando, desta forma, crescimento econômico com redução da desigualdade.
Ou seja, a manutenção da estabilidade econômica é condição necessária, mas não
suficiente, para que essas transformações possam se dar.
É preciso ir além, evitando reeditar modelos do passado, nos quais
PPGEP – Gestão Industrial (2005)
45
desenvolvimento se reduziu ao crescimento da acumulação e concentração do capital – em detrimento do bem estar do conjunto da população, do equilíbrio das contas externas, do poder de compra da moeda, do meio ambiente e da própria democracia. (SEBRAE, 2004).
Não se terá sucesso se as ações deixarem de contemplar crescimento, pois,
não se pode investir no desenvolvimento de iniciativas empresariais sem levar em
conta outros pressupostos do desenvolvimento, tais como:
O capital humano – os conhecimentos, habilidades e competências da
população local, as condições e a qualidade de vida;
O capital social – os níveis de confiança, cooperação, reciprocidade,
organização social e empoderamento da população local;
A governança – a capacidade gerencial do governo e os níveis de
participação e controle social; e
O uso sustentável do capital natural.
Ainda, para fortalecer a decisão em apoiar ou não um APL, empresas
dinâmicas e eficientes terão mais oportunidades de florescer sustentavelmente se as
condições sociais, culturais, ambientais, físico-territoriais e político-institucionais
forem adequadas.
Para o SEBRAE, a atuação em APL, portanto, só tem sentido dentro de
processos de desenvolvimento integrados e compartilhados com redes locais
(empresariais, sociais e institucionais), conforme demonstrado na figura 03, se essas
condições forem levadas em conta da mesma forma que a dimensão econômica.
PPGEP – Gestão Industrial (2005)
46
Governos
Associações
Local
Regional
Redes
Núcleos
Internacional
Nacional
Empresários APLs
Fornecedores
TERRITÓRIOORGANIZAÇÃO DA DEMANDA MERCADO
Instituições
Estado - Mercado - Sociedade
Figura 03 - Condições levadas em conta para um APL Fonte: SEBRAE, 2004
Assim, também, não é possível ignorar que o APL constitui um tipo particular
de cluster, formado por pequenas e médias empresas, agrupado em torno de uma
profissão ou de um negócio, que enfatiza o papel desempenhado pelos
relacionamentos – formais e informais – entre empresas e demais instituições
envolvidas. As empresas compartilham uma cultura comum e interagem como um
grupo, com o ambiente sócio cultural local.
2.4 CLUSTERS
Michael Porter, da Universidade de Harvard, pode ser considerado o criador
do termo e um dos estudiosos no assunto de desenvolvimento dos clusters. Seu
enfoque é orientado para a competitividade:
Verifica-se que, em todo o mundo, o êxito na competição não ocorre em casos singulares e isolados. Há algumas exceções mas, normalmente, o êxito competitivo ocorre no que eu chamo de
PPGEP – Gestão Industrial (2005)
47
clusters: várias indústrias e empresas relacionadas, todas bem sucedidas, atuando num mesmo local. Tenho em mente o caso da Itália, que lidera as exportações mundiais de calçados, e estes de alta qualidade. Porém, o que talvez muitos não saibam, é que a Itália também é líder mundial de muitos outros produtos relacionados com o calçado, como máquinas para fabricação de calçados, curtição e tratamento de couros e serviços de design e criação de sapatos e acessórios. Estas indústrias se reforçam mutuamente. Conhecem-se umas às outras e dialogam constantemente entre si. Pressionam-se mutuamente e são invejosas umas das outras. E estão todas situadas na região Norte da Itália. De fato, elas fixam as tendências mundiais que são, depois, seguidas pela maior parte das indústrias de calçados de outros países. É isto que se precisa para ser competitivo, e estes clusters dão uma grande força. (PORTER, 1990)
Porter (1990) define um cluster, por conseguinte, como um aglomerado ou
agrupamento, geograficamente concentrado, de empresas inter-relacionadas e
instituições de apoio e correlatas, numa determinada área de atividades, e
vinculadas por elementos comuns e complementares. Como toda definição é
rigorosa e restrita, um objeto está compreendido pela definição de se atender a
todos os seus termos. No entanto, a concentração geográfica pode abranger apenas
uma cidade, algumas cidades vizinhas, uma região de um país, o país todo ou até
uma rede de países próximos.
O cluster, segundo Andrietta (2004), inclui empresas de produtos ou serviços
finais, fornecedores de produtos especializados, componentes, equipamentos e
serviços. Também podem incluir distribuidores e clientes, fabricantes de produtos
complementares, fornecedores de infra-estrutura especializada, instituições
governamentais e outras, dedicadas ao treinamento, educação, informação,
pesquisa e suporte técnico. Andrietta (2004) complementa, mencionando que cluster
inclui associações empresariais e outras entidades associativas do setor privado que
apóiam seus participantes.
Segundo a Monitor Co., empresa de consultoria liderada por Michael Porter, o
sucesso de qualquer empreendimento regional depende de cinco pré- condições:
10. - Uma atmosfera de tensão na região; a maior parte da população deve
reconhecer a necessidade de mudanças significativas do estado passado e atual;
20. - Uma base de conhecimento, que permita fazer escolhas com fundamento
em dados e informações precisos;
30. - Receptividade a novas idéias e abordagens por parte das lideranças
PPGEP – Gestão Industrial (2005)
48
públicas e privadas;
40. - O compartilhamento dos mesmos objetivos por parte de todos na região,
com uma visão comum de como lidar com os problemas;
50. - A liderança de personalidades das áreas pública e privada, que tenham o
poder de promover mudanças e que se comprometam a fazer o que for necessário
para transformar idéias em ações.
A revista Fortuna, editada em Portugal, em novembro de 1993, publicou
matéria a respeito das idéias de Porter, dirigida a representantes do governo e
empresários daquele país.
A questão é esta: como é se tornar competitivo na moderna economia global de hoje? Uma premissa muito importante de nossos estudos e observações é que os paradigmas de 20 ou 30 anos atrás estão ultrapassados e se tornaram obsoletos, devido ao desenvolvimento da competição global. Um exemplo é o paradigma das vantagens comparativas, segundo o qual uma empresa era competitiva por causa de custos mais baixos de mão-de-obra ou de matérias primas. Este paradigma foi rapidamente ultrapassado pela globalização e pela tecnologia. Existia ainda outro antigo paradigma, segundo o qual as empresas vencedoras eram as de maior porte. Naquele tempo, as economias em grande escala eram consideradas como fundamentais para o sucesso. É evidente que as economias em grande escala continuam a ser importantes em algumas indústrias e que há certa dimensão mínima para que as empresas possam competir. Mas, depois de termos examinado indústria após indústria, em país após país, chegamos à conclusão que”. economias em grande escala já não garantem o sucesso. Ser grande, por si só, não proporciona mais uma vantagem comparativa. Já não é importante ser grande, mas ser sofisticado, inovador e saber usar as novas tecnologias e métodos de competir. As grandes companhias perdem em face de companhias menores, mais ágeis, que conseguem ser mais produtivas. A nova tecnologia permite também que as pequenas empresas sejam eficazes. O novo paradigma exige assim que modifiquemos nossa mentalidade e o método de competir. A sua base está no desenvolvimento e na inovação. As empresas de classe mundial deixam de ser, necessariamente, as maiores ou as que têm mão-de-obra mais barata, e passam a ser as que sabem se desenvolver mais rapidamente. (PORTER, 1993).
Ao ser questionado e, em seguida, ter respondido sobre quais as condições
que permitem a uma indústria ser inovadora, Porter insistiu nos ingredientes da
especialização. Ilustrou com sua clássica comparação do mercado mundial de flores
naturais.
Segundo a antiga teoria das vantagens comparativas relativas de David
PPGEP – Gestão Industrial (2005)
49
Ricardo, a Colômbia deveria ser a primeira produtora mundial de flores. Pois, possui
um solo fértil, sol abundante, localização estratégica e mão-de-obra barata. E a
Holanda tem um solo que é fundo de mar, céu cinzento e clima frio. Na Holanda, as
flores são produzidas em estufas e com mão-de-obra muito cara. Entretanto, exporta
seis vezes mais flores que a Colômbia.
Nessa linha, Andrietta (2000) diz que a chave do sucesso, no mundo
globalizado, está na especialização em todas as áreas relacionadas a um negócio. A
Holanda tem 33 institutos de pesquisa em floricultura, a Colômbia nenhum.
Enquanto o país sul-americano exporta apenas rosas e cravos, as commodities do
mercado, a indústria holandesa utiliza engenharia genética para criar flores maiores,
de cores mistas e com maior tempo de duração nos vasos. Além dessa
especialização, na Holanda, as flores são comercializadas em enormes edifícios de
leilões, especialmente construídos, onde todos os registros e processos são
informatizados e um leilão se concretiza em apenas três segundos. Uma hora após,
as flores estão no aeroporto para serem transportadas ao país de destino. Em
menos de três horas depois de cortadas, as flores já estão no mercado em Londres,
por exemplo.
2.4.1 O Cluster e o Desenvolvimento Regional
Clusters estão ligados a mercados. Para subsistir em uma concorrência
globalizada, é necessário estar ligado a políticas de desenvolvimento regional, para
minimizar as desigualdades regionais. (ANDRIETTA, 2004).
Para Garáfalo e Carvalho (1992), mercado constitui o local onde os ofertantes
expõem suas mercadorias para vender e os compradores vão adquiri-las. Parte
dessa simplificação foi superada quando os pesquisadores descobriram um grupo
que inclui todos os competidores, tanto vendedores como compradores de um
produto particular ou um conjunto de produtos, associados a duas importantes
dimensões: o produto e a área geográfica (BRUMER, 1981).
Embora a conceituação de mercado leve em consideração a área geográfica,
Garófalo e Carvalho (1992) afirmam que nem sempre o espaço geográfico, que
envolve uma noção de continuidade, coincide com o espaço econômico, que admite
descontinuidade física. Conforme os autores, o que define o mercado são as
PPGEP – Gestão Industrial (2005)
50
mercadorias transacionadas e não o espaço físico.
Por essa razão, a literatura econômica vem destacando a importância da
nova forma de organização da produção, os chamados clusters, em que, segundo
Santos (2001), reconhece-se a relevância da proximidade física entre empresas na
geração de externalidades ou economia de aglomeração, na resolução de
problemas comuns através de interação cooperativas e também da possibilidade de
criação de “eficiência coletiva”. O autor, no entanto, procura diferenciar cluster de
redes. Diz que cluster é um conceito puramente espacial, uma concentração de
empresas no espaço, enquanto redes descrevem relações de cooperação formais
ou informais entre firmas.
Os aglomerados ou os já mencionados APLs são definidos, segundo Britto
(2000), como concentrações geográficas de atividades econômicas similares e/ou
fortemente inter-relacionadas ou interdependentes.
Essa aglomeração espacial econômica já formulada por Marshall em 1920,
originariamente costumava ser caracterizada a partir dos desdobramentos da análise
dos Distritos Industriais e, posteriormente, vista como sistemas flexíveis de produção
estruturada em nível local, de acordo com Suffi (2002).
O modelo implantado na Itália, por exemplo, e que foi denominado de Terceira
Itália, tornou-se conhecido como uma das experiências bem sucedidas por ter
consolidado o exemplo mais paradigmático e freqüentemente recorrido como modelo
de sucesso deste novo padrão de organização espacial de atividades produtivas.
Esse tipo de análise ressalta os possíveis ganhos de eficiência proporcionada pela
especialização produtiva de empresas localizadas em uma mesma região
geográfica, atribuindo particular importância a institucionalidades subjacente às
relações entre agentes econômicos e indutores de colaboração implícita e explícita
e/ou entre elas.
Segundo Casarotto Filho & Pires (2001), a Itália é pródiga em consórcios para
valorização do produto, como, por exemplo, os consórcios dos queijos Reggiano
Parmeggiano e Grana Padano.
O processo de organização da Itália é um exemplo a ser seguido, de acordo
com os autores Casarotto Filho e Pires (2001), pois, todas as organizações privadas
e órgãos públicos com atuação regional devem dedicar atenção e direcionar suas
ações para os Fóruns de Desenvolvimento Locais, para receber destes orientações
PPGEP – Gestão Industrial (2005)
51
voltadas à interação de suas atividades a um projeto de organização participativa e
integração regional.
Na organização italiana da valorização de determinados produtos, no entanto,
desde sua origem até o estágio de pólo de excelência, transcorre-se meio milênio de
história, mesmo período do descobrimento do Brasil.
Os autores Casarotto Filho e Pires (2001) afirmam, porém, que o processo de
integração dos setores até a fase de maturação pode levar até quinhentos anos, não
sendo um processo que se cria hoje e colhe resultados amanhã. Mas desconhecer
que existem condições de rapidamente seguir o exemplo italiano é perder tempo e
deixar passar uma oportunidade ímpar de mudar a cultura e o processo de
organização da sociedade de inúmeras microrregiões no Brasil. “O esforço de cada
um e uma pequena parcela de contribuição na difusão das necessidades regionais
irão auxiliar para o desencadeamento de um modelo econômico mais adequado e
menos vulnerável” (CASAROTTO FILHO e PIRES, 2001).
No Brasil, também, há regiões que se sobressaem em determinados
produtos. Por exemplo, o feijão no oeste do Estado de Santa Catarina, plantação
típica de minifúndios numa região que justamente está passando por uma redução
do número e raio de localização dos produtores integrados de suínos e aves junto
aos grandes frigoríficos, “a valorização do feijão local pode ser uma boa alternativa
de manutenção e desenvolvimento do produtor rural local”. (CASAROTTO FILHO e
PIRES, 2001).
A eficiência da tecnologia aliada à capacidade produtiva e inovativa adquire
especial importância em função das mudanças observadas na dinâmica da
concorrência de mercados crescentes globalizados, nos quais a integração oferece
ganhos no processo produtivo, utilizando competências complementares que se
articulam através de práticas cooperativas. A sinergia proporcionada pela
combinação de competências complementares engendra inovações tecnológicas
que podem converter em fator crucial para o aumento da competitividade dos
agentes produtivos.
Conforme Suffi (2002), alguns autores chegam a conjecturar sobre a
possibilidade de evoluir-se na direção de um novo estágio de desenvolvimento dos
sistemas econômicos, baseados na co-existência de relações de cooperação e
competição, as quais são moldadas a partir dos impactos decorrentes dos processos
PPGEP – Gestão Industrial (2005)
52
de globalização e liberalização, por um lado e, de outro, do crescente número de
relações em rede e alianças estratégicas estruturadas para permitir um enfretamento
do novo contexto.
Assim, é possível mencionar, também, a ênfase atribuída ao componente
local da dinâmica inovativa, a partir de análises que ressaltam a importância de
mecanismos interativos de aprendizado entre agentes integrados a sistemas
nacionais e locais de inovação, com certa consistência institucional, no interior dos
quais a presença de clusters adquire importância, afirmam Lastres e Cassiolatto
(2004).
Segundo Suffi (2002), a experiência de diversos clusters bem sucedidos,
como o Silicon Valley, na Califórnia, e a Terceira Itália, demonstra que, geralmente,
esses clusters têm surgido espontaneamente e que, à medida que os mesmos
evoluem e se fortalecem, é comum o surgimento de instituições responsáveis pela
estruturação de mecanismos de suporte e pela definição de diretrizes para o
desenvolvimento comum das atividades. Isto não diminui a importância do papel a
ser desempenhado pelo poder público na estruturação desses arranjos ou
aglomeração, atuando como facilitador, na implementação da infra-estrutura e
catalisador desse processo.
Britto (2000) defende a importância desses aglomerados em relação ao
desenvolvimento regional, por que geram benefícios sociais, não apenas devido ao
surgimento de um conjunto de serviços e fornecedores especializados em escala
local, mas também pelo fato de que boa parte desse aparato é composta de
pequenas e microempresas que encontram nichos e reforçam sua posição
competitiva, auxiliando a competitividade do conjunto do cluster.
Neste sentido, o cluster promove o desenvolvimento regional elevando a um
aumento da competitividade, com novas políticas industriais e inovações
tecnológicas. O cluster aprofunda o tema de desenvolvimento regional, fazendo com
que as empresas que participam deste modelo sofram processos de inovação
mesmo que não tenham sido planejados.
Pela importância que tem para o sucesso dos APLs, e porque mantém uma
atração forte por novos investimentos a atividade econômica regional e o nível de
emprego mantêm-se dentro de curvas ascendentes, pois, com o crescimento desse
modelo de desenvolvimento, diminui o desemprego, o que muito mais do que uma
PPGEP – Gestão Industrial (2005)
53
preocupação essencial das sociedades locais, tem-se tornado uma busca dos
governos como mecanismo para elevação de renda. (LEMOS, ALBAGI e SZAPIRO,
2004).
Assim, se houver abundante oferta de trabalho, os demais problemas sociais
resolvem-se por ação conjunta com a gestão pública local que deve se comportar
como agente promotor de ambientes favoráveis à competição das empresas. De
acordo com Suffi (2002), essas novas técnicas estarão incorporando práticas,
estratégicas e instrumentos que sempre foram muito mais afetos à lógica
empresarial privada do que às burocracias públicas, como por exemplo, agilidade,
competência, competitividade, competição, empreendedorismo, inovação
tecnológica e marketing.
Suffi (2000) afirma, ainda, que a existência do clustering (política de promoção
de cluster) é uma demonstração clara do fato de que o mercado, apesar de ser o
melhor instrumento disponível para alocação de recurso, também tem falhas, que
demandam políticas públicas para que a eficiência econômica seja mais elevada. As
externalidades associadas aos investimentos em infra-estrutura por parte do poder
público são um exemplo de benefícios que se apropria a coletividade, transferindo a
política dos clusters (BARROS, 2001).
Desta forma, a competição, bastante estimulada pelo clustering, deve ser
vista como uma forma de exploração de vantagens específicas para produção de
bens e serviços, sendo que seus efeitos são positivos sempre que ela atuar como
incentivo à eficácia e à inovação, refletindo-se em novas tecnologias, em novos
produtos ou em serviços prestados de forma mais ágil e eficiente.
Sob esta perspectiva, as localidades terão de ser cada vez mais capazes de
produzir bens e serviços de qualidade adequada; receptivos às necessidades de
seus usuários e ágeis no oferecimento de serviços menos padronizados. O que se
pode concluir é que cada comunidade terá de encontrar soluções próprias para
orientar o seu desenvolvimento. Desconsiderar as particularidades locais significa,
por outro lado, desfigurar aquilo que cada lugar tem de mais precioso, ou seja, sua
identidade. Assim, cada comunidade local, ao enfrentar as mudanças sociais em
curso, deve buscar a sua própria forma de empresariamento, conforme Suffi (2002).
A opção pelo empresariamento urbano implica, necessariamente, assumir
riscos de disputar uma competição entre cidades que tem se tornado a cada dia
PPGEP – Gestão Industrial (2005)
54
mais acirrada por recursos, por empregos, enfim, por capital.
Neste sentido, o cluster, sendo uma forma de organização de produção
regional que se estrutura a partir da identificação das complementaridades e das
sinergias entre as empresas de um mesmo ramo de atividade, faz com que a
competição e a cooperação coexistam, seja entre empresas ou entre cidades.
Suffi (2002) enfatiza que, sob ponto de vista de pequenas e médias
empresas, elas estão se conscientizando de que empresas envolvidas nos clusters
se tornam mais competitivas, uma vez que têm seus custos de produção reduzidos,
na medida em que existe um compartilhamento na oferta de componentes ou
execução de etapas do processo produtivo.
Deve-se reconhecer, então, segundo Santos (2001), que o acesso aos
equipamentos e matérias primas é relativamente fácil, uma vez que representantes
dos fornecedores se fazem presentes no cluster, devido a economias de escala.
Essa é uma externalidade positiva do cluster. A existência de uma economia
parcialmente consolidada, de uma cultura produtiva na região e de uma mão-de-obra
capacitada são elementos indicadores do potencial existente no arranjo.
Uma organização regional comporta cluster de cidade próximas ou regionais,
fortalecendo suas relações cooperativas.
Nesse sentido, pode-se citar o exemplo das cidades do Sul do Estado de
Minas Gerais: Itajubá, Santa Rita do Sapucaí e Pouso Alegre. Itajubá direcionou
suas atividades para a área de geração de novas tecnologias da informação, já
Santa Rita do Sapucaí é conhecida como “O vale da Eletrônica”, e, Pouso Alegre
centrou o foco em Centros de Distribuição (CD) e Logística, criando, desta forma,
uma cooperação entre as três cidades e regiões. As vantagens locacionais de cada
uma para determinada atividade econômica se complementam entre alas, dando
consistência à idéia do cluster de cidades, o que ali está se formando.
Segundo Haddad (1999), isto demonstra que os lugares estão reassumindo
uma importância que haviam perdido na medida em que as transformações são
observadas e sendo sentidos os impactos das estratégias empresariais globais em
seu âmago, e não espaços virtuais, o que sensibiliza as comunidades, aguçando o
senso de oportunidade e estimulando no seu interior a criação de capacidades
produtivas especializadas para promoção de seu desenvolvimento econômico
ambiental e social.
PPGEP – Gestão Industrial (2005)
55
Porter (1999) sintetiza o significado de aglomerado como sendo uma:
“concentração geográfica e setorial de empresas e instituições que em sua interação
geram capacidade de inovação e conhecimento especializado”.
As definições sobre aglomerados, colhidas no relatório da EURADA (Rede
Européia de Agências de Desenvolvimento) são elucidativas e objetivas:
“aglomerados são concentrações geográfica de firmas e instituições interconectadas
em um campo ou setor particular. Os aglomerados englobam uma coleção de
indústrias e outras entidades vitais para a competição”. Esse relatório inclui, por
exemplo, os fornecedores de insumos especializados tais como os de componentes,
maquinaria e serviços, além de provedores de infra-estrutura especializada.
“Aglomerados são massas críticas de informações, qualificações e de
relacionamentos e de infra-estrutura num dado setor”. Considera, ainda, que cada
país e região desfrutam de condições locais que são propícias para a
competitividade de suas empresas.
O aglomerado-cluster –, também é considerado como uma aglomeração básica de pequenas e médias empresas, concentradas em áreas geográficas sobre um determinado setor de atividade, podendo ser composto por fornecedores de insumos ou provedores de infra-estrutura especializada e vincular-se a políticas regionais de desenvolvimento. (EURADA, 1999).
O mesmo relatório frisa, ainda, que “em muitos países, pequenas e médias
empresas estão se aglomerando em locais e regiões e passando a desenvolver uma
diversidade de relações sociais, baseadas na complementaridade, interdependência
e na cooperação.”
Porter (1999), por sua vez, observa que
a teoria dos aglomerados atua como uma ponte entre a teoria das redes e a competição. O aglomerado é uma forma que se desenvolve dentro de uma localidade geográfica, na qual a proximidade física de empresas e instituições, asseguram certas formas de afinidades e aumenta a freqüência e os impactos das interações. (PORTER, 1999).
Neste particular, ele se aproxima das posições de Britto (2000) que afirma que
as redes de empresas, comumente presentes nos aglomerados e, muitas vezes,
correspondendo a um mesmo fenômeno, é um recorte meso-econômico da dinâmica
industrial.
PPGEP – Gestão Industrial (2005)
56
Porter (1999), referindo-se à experiência de promoção de aglomerados na
Catalunha, Espanha, utiliza-se do conceito de micro-aglomerados para enquadrar
aglomerados específicos, de definição restrita. Porém, em seguida, frisa que os
aglomerados foram estudados, levando-se em conta empresas, fornecedores,
universidades e uma ampla gama de outras partes interessadas, ampliando o restrito
conceito inicial.
Na possibilidade de elucidar, Cunha (2002) traz alguns conceitos:
- Clusters ou aglomerados industriais são conjuntos de indústrias interligadas
através de relações “comprador e fornecedor” e “fornecedor e comprador”, ou por
tecnologia de propriedade comum, por compradores comuns ou por mesmo canal de
distribuição ou concentração de trabalhadores;
- Clusters ou aglomerados regionais são dentre todas as denominações
estudadas a que apresenta a maior amplitude para descrever a aglomeração
geográfica de firmas e têm como pressupostos uma mesma localização geográfica e
as empresas situarem-se próximas umas das outras,
- Distritos industriais correspondem à concentração geográfica de firmas
envolvidas em processos de produção interdependentes, freqüentemente
pertencentes à mesma indústria ou ao mesmo segmento industrial, as quais estão
envolvidas com a comunidade local e delimitadas pela distância da viagem diária
dos seus trabalhadores;
- Redes de negócios são constituídas por várias firmas que mantêm
comunicação e interação, podendo ter certo nível de interdependência, porém não
necessitam operar numa mesma indústria ou estar geograficamente concentradas
num mesmo espaço.
2.4.2 Aglomeração de empresas em atividades similares ou relacionadas
O cluster deve necessariamente caracterizar-se como uma aglomeração
geográfica de grande número de empresas de portes variados, com presença
significativa de pequenas empresas não integradas verticalmente, fabricantes de um
mesmo tipo de produto, ou produtos similares, e seus fornecedores e prestadores de
serviços. (IEDI, 2003).
Essa característica estrutural é determinante da divisão de trabalho entre as
PPGEP – Gestão Industrial (2005)
57
empresas locais, o que permite a realização de economias de escala e de escopo,
independentemente do tamanho da empresa e, por conseqüência, da estrutura de
governança do cluster, segundo o relatório IEDI (2003).
Ainda, segundo o relatório IEDI (2003), há várias configurações possíveis:
empresas líderes operando redes de empresas terceirizadas, redes autônomas de
pequenas empresas, estruturas dominadas por grandes empresas externas de
comercialização, predominância de alguma forma de governança pública ou privada
- associações de classe - local. De todo modo, alguma forma de coordenação –
relações de mercado, estrutura de governança, liderança local – está presente.
Conforme o mesmo relatório IEDI (2003), a proximidade geográfica entre os
agentes, empresas, instituições, centros de pesquisa, é essencial para a
coordenação, bem como para o aproveitamento das economias externas locais e a
disseminação de novos conhecimentos.
2.5 Aglomerações e APLs
A ação de um pólo de desenvolvimento, ao atrair investimentos para um dado
local, geralmente cria ou reforça aglomerações de empresas, as quais, na medida
em que se exportam para outras regiões, reforçam o próprio pólo de
desenvolvimento. Conforme Santos et all (2004), as aglomerações e APLs, elevam a
renda, atraem pessoas e induzem investimentos públicos em infra-estrutura. Como
conseqüências, atraem mais empresas, em particular do setor de serviços, para
atender à crescente demanda produtiva, pessoal e pública da região e de regiões
anexas.
Existem diversos tipos de aglomerações de empresas, os quais são conceitos
criados historicamente, de forma geral, em associação com determinadas políticas
públicas. Santos et all (2004) citam como exemplos máximos de aglomerações de
empresas os centros industriais característicos das grandes metrópoles. Para eles,
centros industriais são grandes e diversificadas aglomerações industriais em que as
grandes empresas costumam ter papel muito importante, mas não necessariamente
havendo grandes sinergias e relações entre elas. Como exemplo, pode ser citada a
região do ABC paulista, a região metropolitana de Belo Horizonte e a região
metropolitana de Porto Alegre.
PPGEP – Gestão Industrial (2005)
58
Santos et all (2004) afirmam que, ancorado no sucesso comercial das
empresas instaladas nos chamados distritos industriais italianos e no Vale do Silício,
na Califórnia, e principalmente na elevada renda per capita alcançada nesses
lugares, foi se consolidando nas décadas de 1980 e 1990 um outro conceito para
denominar determinados tipos de concentração de empresas, ou seja, o conceito de
APL foi criado tendo como paradigma e meta de política essas duas experiências.
Esse conceito deve parte de seu sucesso, nos últimos 15 anos, ao fato de ter
sido praticamente o único nicho de ação de política industrial aceita dentro do meio
neoliberal, reconhecidamente crítico à intervenção estatal, que dominou a política
econômica, e principalmente a teoria que a fundamenta, no período. A política
industrial era aceitável e até louvável no APL porque seu foco é no aproveitamento
de externalidades positivas localmente difundidas, produzidas, muitas vezes, por
entidades de direito privado.
O sucesso desse conceito também se fundamenta em sua utilidade,
independentemente do posicionamento ideológico.
Já para quem acredita e formula a política industrial e de desenvolvimento, os
distritos industriais italianos se mostram realmente sedutores, pois são geralmente
caracterizados por setores com pequenas barreiras à entrada e, a princípio, de
relativamente fácil aplicação a regiões ou países menos desenvolvidos. Estes
distritos também possuem outras características muito interessantes, cuja principal é
a cooperação, que tem, nessas experiências, uma considerável importância
econômica, competitiva, política e social. E esse é o principal aspecto que se busca
no incentivo ou na replicação dessa experiência.
Santos et all (2004) afirmam que é atribuída à cooperação desenvolvida pelas
empresas desses distritos parte dos enormes ganhos competitivos obtidos, os quais
podem ser constatados pela elevada taxa de crescimento das exportações e pela
grande capacidade inovadora da Itália nas décadas de 1980 e 1990.
À cooperação, também, é atribuída à existência de um maior nível de
democracia e de envolvimento dos entes públicos com as necessidades econômicas
e sociais daquela região.
PPGEP – Gestão Industrial (2005)
59
2.6 Vantagens Competitivas Locacionais e APLs
Como já apresentado, o conceito de APL surge de experiências empíricas
muito específicas. Com o passar do tempo, este evoluiu, vindo a indicar também
experiências nos mais diversos lugares do mundo. Apesar de existirem diversas
visões sobre o que sejam os APLs, é consensual uma característica comum a todas
elas, isto é, os APLs representam aglomerações de empresas de um determinado
setor ou cadeia de produção.
Santos et all (2004) enfatizam que não é trivial que, em um mundo globalizado
ou em economias nacionais integradas, existam aglomerações tão densas, sólidas e
resistentes a crises e com produção tão concentrada em determinados produtos.
Tais aglomerações desafiam os princípios que indicam que a localização
ótima a partir dos menores custos relativos de transporte, de mão-de-obra e fiscais.
Santos et all (2004) continuam afirmando que a única explicação para isso é que
existem importantes vantagens competitivas que as empresas podem ter acesso por
estarem localizadas em tal aglomeração que não são nem custos de transporte, de
mão-de-obra ou fiscais.
2.7 Considerações sobre o Capítulo
A convivência com a forma globalizada de enxergar novas metodologias de
desenvolvimento, bem como a necessidade de ganho em competitividade, por se
participar de um mercado sem limite de fronteiras depreende que é necessário
alternativo de implementar esses processos metodológicos diferenciados como uma
questão de sobrevivência e permanência das organizações empresariais na disputa
cada vez mais acirrada por fatias de mercado.
Na busca por novas metodologias, encontram-se os clusters, por exemplo,
atualmente desenvolvidos em território brasileiro com a denominação de APL –
Arranjo Produtivo Local -, uma estratégia de inovação organizacional desenvolvida
em territórios específicos que aponta uma diferença competitiva em relação às
atividades individualizadas. São os sistemas locais de produção, caracterizando-se
como uma metodologia de cooperação e inovação.
PPGEP – Gestão Industrial (2005)
60
O conceito de APL possibilita a compreensão sobre a aplicação de sistemas
de produção em cooperação e inovação, aproveitando esta forma de gestão para
que, além de abertura de novos mercados, ocorra ganho em escala, quando
algumas ações possam ser realizadas em conjunto, agregando valor aos processos.
A estratégia é apontada como uma grande possibilidade de desenvolvimento
regional, possibilitando que setores da economia se agreguem buscando
qualificação e ganhos em produtividade e competitividade. A ocorrência de
aglomeração de empresas, com atividades similares e relacionadas, possibilita o
desenvolvimento da estratégia.
Desta forma, foi possível apontar os componentes necessários para identificar
um possível arranjo. Os mecanismos propostos pelos autores asseguram formas de
cooperação e interação entre os agentes empresariais, classistas e de assessoria,
visando a um maior grau de competitividade entre as organizações.
PPGEP – Gestão Industrial (2005)
61
CAPÍTULO 3 POTENCIAL PARA UM APL
Cooperação e interação entre os organismos, que irão compor um possível
APL identificado, poderão ser o diferencial para o funcionamento bem sucedido. O
elo entre os participantes definirá o grau do sucesso a ser alcançado. Dentre outras,
as vantagens da cooperação passa pelo aprendizado coletivo, estímulos ao
empreendedorismo, troca de informações, redução de custos, aumento da
competitividade e a eficiência coletiva.
Um sistema adequado de administração das ações do arranjo, conhecido
como Sistema de Governança, facilitará o intercâmbio das informações bem como
as articulações entre os componentes, no sentido de viabilizar as ações cooperadas
e integradas.
Além de um território definido de atuação do potencial APL, necessária se faz
a especialização produtiva, ou seja, quando se busca um aumento na produtividade
e, conseqüentemente, um aumento na competitividade é indispensável uma
qualificação especializada da mão-de-obra.
Nesse sentido, é importante a troca de informações e conhecimento tácito –
subentendido implícito nas relações próprias –, para que os elementos-chave que
compõem o corolário básico dos APLs, se estabeleçam:
• Aglomeração produtiva local, economias externas, complementaridade
nas atividades e vantagens locacionais;
• Eficiência coletiva;
• Conhecimento tácito local;
• Localidade, articulação local, importância da identidade cultural e do
protagonismo dos atores na formação do capital social e na
governança.
Segundo publicação do IPARDES (2004), o primeiro elemento a ser
considerado diz respeito aos fenômenos vinculados às economias de aglomeração,
associadas à proximidade física das empresas fortemente ligadas entre si.
A eficiência coletiva, objetivo final e vital de um APL, advem do hibridismo e
da combinação dessas forças atuando simultaneamente. Ou seja, as empresas que
se organizam em redes desenvolvem sistemas de integração e esquemas de
PPGEP – Gestão Industrial (2005)
62
cooperação, solidariedade e valorização do esforço coletivo.
O resultado dessas mudanças é o aumento da competitividade das empresas
em comparação às firmas que atuam isoladamente.
Desta forma, o desafio de um APL é, por conseguinte, fazer com que as
firmas rivais locais, por meio da confluência de interesses e da perspectiva de
ganhos mútuos, celebrem uma “aliança capitalista”. (IPARDES, 2004).
No desenvolvimento dos APLs está circunscrita a importância dos
conhecimentos tácitos locais – aqueles que não estão codificados, mas estão
implícitos e incorporados nos indivíduos e nas organizações, porque decorrentes
tanto da proximidade geográfica quanto das identidades culturais, sociais e
empresariais, em razão da especificidade local, o que proporciona uma vantagem
competitiva para aqueles que o detêm.
As questões de localidade, a não articulação local, quando se fala em
globalização, na mesma oportunidade trazem os problemas para próximo das
atividades de cada empresa, segundo Cassiolato, Lastres e Szapiro (2000), e
desencadeiam, em vez de homogeinização dos espaços econômicos nacionais, o
aumento das diferenças entre as regiões de um mesmo país e da competição entre
as localidades.
A formação dos APLs está vinculada tanto a aspectos históricos de
identificação quanto territoriais de âmbito regional ou local, a partir da mesma base
socioeconômica. Dessa forma, a identidade cultural baliza a amplitude do
protagonismo local, da imersão sociocultural e dos impactos no espaço local dos
processos de relacionamentos econômicos e sociais acumulativos forjados
localmente.
Nesse contexto, forma-se o capital social – conjunto de instituições formais e
informais, incluindo normas e hábitos sociais – que se desenvolvem em ambientes
mais favoráveis à cooperação, à interação e à confiança entre os diversos agentes. (
IPARDES, 2004).
Daí que a governança refere-se aos diferentes modos de coordenação,
intervenção e participação dos diversos agentes – Estado, em seus diversos níveis,
empresas, cidadãos, e trabalhadores, organizações não-governamentais – nos
processos de decisão locais e nas diversas atividades que envolvem a organização
dos fluxos de produção, assim como o processo de geração, disseminação e uso de
PPGEP – Gestão Industrial (2005)
63
conhecimentos.
Esse processo caracteriza a possibilidade de articular e possibilitar a
participação e atuação conjunta - capital social - e a coordenação e controle das
ações e projetos de encaminhamento – governança -. ( IPARDES, 2004).
As etapas de construção dessa governança passam, em primeiro lugar, pela
identificação dos atores e lideranças, por sua conscientização, sensibilização e
motivação, em um processo de aclimatização para se criar um ambiente de
convergência e confiança mútua, consolidando percepções, gerando consenso,
compartilhando decisões e acordando investimentos. Conseqüentemente, define-se
uma “massa crítica local” consolidada, passando para níveis de decisões e de
autonomia do APL, construindo, assim, mecanismos de coordenação e gestão.
(IPARDES, 2004).
3.1 Experiências do setor implementadas em duas regiões distintas do País
Algumas experiências em APLs, do setor metal mecânico, já foram
identificadas no Brasil. Dentre elas, podem ser citados dois exemplos distintos. O
APL Metal Mecânico de Tabuleiro do Norte, no Ceará, identificado como de pequeno
porte, de acordo com Rocha (2004), e, o APL Metal mecânico da Serra - Rio Grande
do Sul, pelas informações obtidas junto ao SIMECS (2005), considerado como de
médio a grande porte, cuja governança está situada na cidade de Caxias do Sul.
3.1.1 APL Metal Mecânico de Tabuleiro do Norte – CEARÁ
Um artigo, publicado pelo IPECE (Instituto de Pesquisa Estratégia Econômica
do Ceará), em sua home page, sobre a identificação de APLs no Estado do Ceará,
aponta um estudo de autoria de Glauter Rocha, intitulado Arranjo Produtivo Local
Metal Mecânico de Tabuleiro do Norte.
Rocha (2004), afirma que:
Existe no município uma vocação natural para o setor metal mecânico originada, talvez, na reconhecida tradição de Tabuleiro do Norte na atividade de transporte de cargas, existindo uma excepcional quantidade de pessoas envolvidas nessa atividade e, consequentemente, uma elevada demanda de serviços de reparos e manutenção de caminhões pesados no município, o que pode ter
PPGEP – Gestão Industrial (2005)
64
dado origem a atividade metal mecânica do município. (ROCHA, 2004).
As empresas do arranjo produtivo metal mecânico de Tabuleiro do Norte são
tradicionais na região e, até mesmo no Estado do Ceará, conforme define o autor,
pois, já atuam nesse mercado há mais de 20 anos, havendo um reconhecimento
conquistado naquela região da qualificação dessas empresas e qualidade de seus
produtos e serviços. O articulista define que a estratégia de sobrevivência daquele
arranjo produtivo é a elevada flexibilidade e a boa reputação de suas empresas.
Os produtos identificados na publicação são caracterizados como serviço de
usinagem, fresagem, soldagem, calandragem, fabricação de engrenagens e serviços
em geral; fabricação de máquinas para indústria de cerâmica vermelha, fabricação
de máquinas para suporte à agricultura, tais como: debulhadores de feijão,
forrageira, etc.; fábricas de bombas de sucção, fábricas de carregadores eólicos de
baterias e fabricação de molas para veículos utilitários.
Em empresas menores, as atividades básicas são de prestações de serviço,
de manutenção e de reparos em geral em veículos leves e pesados; confecção de
portões, grades de ferro, bancos e postes de jardins, janelas metálicas.
A principal matéria prima utilizada é o aço, que é fornecida, na maioria dos
casos, por um fornecedor local, complementada por fornecedores da capital,
Fortaleza.
Não existe divisão de trabalho. Os produtores trabalham isoladamente em
suas oficinas, onde executam o produto ou serviço completo que, geralmente, é
produzido sob encomenda.
O município possui aproximadamente 6 produtores (oficinas) de maior porte e
cerca de 40 oficinas menores que se dedicam, principalmente, para a prestação de
serviços de manutenção de veículos leves e pesados.
Segundo estimativas desse artigo, o arranjo metal mecânico de Tabuleiro do
Norte gera cerca de 200 empregos diretos e 800 empregos indiretos.
Para as empresas maiores, o mercado consumidor é composto, basicamente,
pelos Estados da Região Nordeste do Brasil. As empresas menores têm como
mercado consumidor o município de Tabuleiro do Norte e os demais municípios da
PPGEP – Gestão Industrial (2005)
65
Região Jaguaribana Cearense.
A cooperação entre os produtores não é sistemática e bastante reduzida.
Existe, entretanto, relações comerciais regulares e freqüentes entre o principal
fornecedor de matéria-prima da localidade (a empresa Tabuleiro Aço) e a maioria
das oficinas.
No entanto, há problemas identificados como: dificuldade de acesso ao
mercado; falta de cooperação entre os produtores; articulação institucional precária;
baixa qualificação gerencial dos empresários; deficiência no treinamento técnico dos
trabalhadores, dentre outros.
Poucos casos de realização de financiamentos foram constatados entre as
empresas partícipes do arranjo, havendo inclusive a manifestação de insatisfação
generalizada sobre o acesso e condições de crédito ofertado pelas instituições
bancárias existentes na região e no Estado.
De acordo com o articulista Rocha (2004), a especialização da produção é
média, a cooperação entre os atores é fraca, a concorrência entre os atores é média,
o grau de empreendedorismo é médio e a complementaridade entre vida social e
econômica é forte.
A metodologia de identificação e implementação utilizadas no arranjo é a que
o SEBRAE utiliza nos arranjos aos quais trabalha com assessoria. No intuito de
solucionar problemas encontrados naquele arranjo, as instituições de apoio e de
assessoria direcionam suas atividades em necessidades de treinamento e
consultoria técnica e gerencial do arranjo, como por exemplo:
• Ajudar as empresas a padronizarem seus produtos e processos de
produção;
• Apoiar as empresas no controle de qualidade de produtos e processos por
meio da realização de testes, análises, aferições, etc.;
• Elaborar, junto com as empresas, manuais de montagem, utilização e
manutenção de seus produtos;
• Aperfeiçoar o layout de seus sistemas produtivos.
Além de apoiar as empresas em projetos de viabilidade para obtenção de
financiamentos com recursos subsidiados junto às instituições de financiamento e
fomento.
PPGEP – Gestão Industrial (2005)
66
Complementando com um programa de educação formal e de qualificação
para os trabalhadores do arranjo.
3.1.2 APL Metal Mecânico da Serra-Rio Grande do Sul (Caxias do Sul)
O APL mecânico da Serra-Rio Grande do Sul tem suas ações voltadas aos
processos de desenvolvimento do setor de autopeças e outros componentes metal
mecânicos. Sua atuação é a partir da cidade de Caxias do Sul, no Estado do Rio
Grande do Sul, sendo a cidade pólo, abrangendo mais 18 municípios vizinhos, os
quais participam de todos os processos do arranjo.
Segundo informações obtidas do SIMECS (Sindicato das Indústrias
Metalúrgicas, Mecânicas e de Material Elétrico de Caxias do Sul), organismo
responsável pelo Conselho Gestor do Arranjo Produtivo, foi estabelecido como visão
de futuro “Ser referência mundial de produtos competitivos que, permanentemente,
agreguem inovação tecnológica, com integração das entidades Públicas e Privadas,
melhoria dos processos de gestão, gerando qualidade de vida com preservação do
meio ambiente”. (SIMECS, 2005).
Para implementar e continuidade às ações, foi estabelecido um Programa de
Desenvolvimento Integrado do Setor Metal Mecânico – PDI/MM – SERRA/RS, que
se compõe de prioridades a serem enfrentadas, tendo como plano de
desenvolvimento integrado do setor metal mecânico da Serra Gaúcha, o destaque
para duas demandas importantes: centro tecnológico e central de negócios.
A metodologia de identificação e implementação utilizadas no arranjo é a
desenvolvida pelo SEBRAE, inclusive, tendo como articulador na região, juntamente
com o SIMECS, o escritório regional do SEBRAE, com apoio técnico do Ministério do
Desenvolvimento, Indústria e Comércio – MDIC.
Foram realizados fóruns de discussão, tendo como tema: nivelar o
conhecimento sobre cada localidade a partir das diferentes experiências
institucionais em relação a sua estratégia de mobilização e sensibilização dos atores
locais, bem como a identificação e definição dos canais de interlocução em âmbito
federal, estadual e local de cada instituição parceira e, a capacidade de mobilização
dos interlocutores locais, sobretudo do setor produtivo.
PPGEP – Gestão Industrial (2005)
67
A gestão do PDI/MM – SERRA-RS ficou a cargo de um Conselho Gestor,
composto por instituições como SIMECS (Sindicato das Indústrias Metalúrgicas,
Mecânicas e de Material Elétrico de Caxias do Sul), SEBRAE-RS, UCS
(Universidade de Caxias do Sul), PM/SDE (Prefeitura Municipal de Caxias do Sul-
RS, Secretaria de Desenvolvimento Econômico), CIC (Câmara da Indústria,
Comércio e Serviços de Caxias do Sul), e SENAI. Cabendo a Presidência do
Conselho Gestor ao SIMECS.
O programa de desenvolvimento integrado do setor metal mecânico –
PDI/MM – SERRA-RS, definiu priorizações em projetos, dividindo-os em grupos de
trabalho, buscando resultado de curto e médio prazo. Dentre os grupos de trabalho,
os projetos priorizados, conforme SIMECS (2005), tiveram a seguinte ordenação:
a. Escola de Metalurgia – sendo que a escola já existe, mas carece de
professores especializados , de equipamentos e laboratórios
apropriados para a formação profissional que a região demanda;
b. Projeto de Gestão Ambiental – destinos de resíduos sólidos, um
problema enfrentado por todas as empresas, principalmente no que
tange ao cumprimento de nova legislação inerente ao tema;
c. Organizar missões empresariais para o exterior – projeto
permanente – inserção anual, mudando somente locais e foco
quando necessário;
d. Formar banco de dados único de produtos e serviços – em março
de 2005, conforme dados do SIMECS, sua base continha 2.517
empresas, em 19 municípios componentes do arranjo;
e. Programa Capacitação e Desenvolvimento de Fornecedores –
programa que visa atender as necessidades de capacitação de
micro e pequenas empresas fornecedoras do setor metal mecânico
e automotivo regional;
f. Incentivar a formação de consórcios de empresas similares no
arranjo produtivo – programas de atuação em redes de cooperação;
e
g. Criação de Centro Tecnológico para homologação, certificação,
testes-partes e produtos – mapeamento das necessidades das
grandes empresas efetuado, estudos de viabilidade em
PPGEP – Gestão Industrial (2005)
68
desenvolvimento para suprir carências locais e regionais;
h. Pesquisa para desenvolvimento de novos materiais com tecnologias
limpas – ações locais com empresas já em desenvolvimento;
i. Centro de referência automotiva a gás natural – parceria rede gás e
energia – investimento em um centro de inovação para resultados
rápidos – pesquisa aplicada e encomendas de pesquisa e
identificação de outras aplicações e necessidades de uso do gás
natural. (SIMECS, 2005).
Para coordenação e encaminhamento de todos os projetos priorizados, foi
determinadas atribuições ao Conselho Gestor, cabendo, entre outras tarefas, as
seguintes atribuições:
- Promover a execução dos programas e projetos;
- Monitorar a elaboração dos Planos de Ação e acompanhar sua execução;
- Propor e/ou integrar novos Programas e Projetos;
- Identificar novos potenciais parceiros;
- Divulgar periodicamente os resultados obtidos;
- Garantir o crescimento e a qualificação do setor metal mecânico.
3.2 Potencial do Setor Metal Mecânico na Região Sudoeste do Estado do
Paraná
A área do estudo para um possível APL na RSEP, contempla os 42
municípios de abrangência da AMSOP – Associação dos Municípios do Sudoeste do
Paraná.
A região está localizada sobre a bacia hidrográfica do rio Iguaçu, composta
por 42 municípios e ocupa uma área de 17.102,75 km2, com população 557.443
habitantes. (AMSOP, 2005).
Dos 42 municípios, os municípios pólos considerados são: Pato Branco,
Francisco Beltrão e Dois Vizinhos, devido aos critérios de sua população, de
disponibilidade de instituições de ensino superior, do número de empresas
comerciais e das industriais localizadas nessas três cidades.
O setor industrial da região de Francisco Beltrão-Pato Branco contava, em
2002, com 1.413 estabelecimentos. Registrou-se crescimento da mão-de-obra
PPGEP – Gestão Industrial (2005)
69
industrial ocupada que passou de 9.833 postos de trabalho, em 1995 para 17.672,
em 2002, apresentando uma evolução positiva de 80%, com a participação no total
de trabalhadores industriais ocupados no Estado com índice de 3,2%, em 1995 e
4,3%, em 2002. A região apresentou uma redução na sua participação no Valor
Adicionado Fiscal (VAF) industrial total do Estado, passando de 1,7%, em 1995 para
1,6%, em 2002. (OLIVEIRA, 2004, p.162).
Os três principais municípios em termos de participação no VAF da indústria
da região, em 2002, perfazendo um total 65,5%, foram: Francisco Beltrão (27,9%);
Dois Vizinhos (18,9%) e Pato Branco (18,7%). Na participação municipal no total de
empregos industriais da região, em 2002, acumulando 52,8% da mão-de-obra
industrial ocupada, os 3 municípios com maiores participações foram: Francisco
Beltrão (20,8%), Pato Branco (17,5%) e Dois Vizinhos (14,5%). Em relação ao
parque industrial instalado, Francisco Beltrão reúne o maior número de unidades. No
período 1995-2002, com exceção de Manfrinópolis e Bela Vista da Caroba
(municípios novos), os demais municípios da região contaram com a ampliação de
seus parques industrias com a instalação de novas empresas. (OLIVEIRA, 2004).
O setor metal mecânico no Sudoeste do Estado do Paraná envolve 362
empresas, distribuídas pelos seguintes ramos de atividades: 238 serralherias; 08
fundições de metais; 31 fábricas no segmento de chapas e perfilados de alumínio;
57 tornearias e fábricas de maquinários; 05 indústrias de fogões; 04 empresas de
aramados; 19 fábricas de pias, móveis tubulares, tanques e recipientes de metal.
Essas empresas, em conjunto, geram 4.500 empregos diretos e mais de 2.300
empregos indiretos (SINDIMETAL-PR/SUDOESTE, 2004).
O setor metal mecânico, entre os anos de 1990 e 2000, foi o que mais
apresentou desenvolvimento de valor agregado fiscal na RSEP. Do percentual total
do Estado que era de 0,935%, aumentou para 9,536%, gerando um crescimento de
2.284,38% no período, uma alta em retorno para o Estado e, conseqüentemente
avanço de 919,89%. (IPARDES – Instituto Paranaense de Desenvolvimento
Econômico e Social, 2004).
3.3 – Considerações sobre o Capítulo
No estudo de uma proposta de identificação de características para
PPGEP – Gestão Industrial (2005)
70
implementação de um sistema de produção que envolva as organizações
empresariais aliadas, parceiros institucionais distintos, se faz necessário conhecer
as partes integrantes do processo para, então, pôr em prática a metodologia.
De acordo com o levantamento realizado foi possível identificar o potencial da
RSEP do setor metal mecânico quanto à capacidade instalada, bem como dos sub
setores de atuação no segmento. De acordo com a gama de informações
disponíveis para implementação do arranjo na RSEP, existe a possibilidade,
também, de dispor da cooperação de parceiros em potencial que participariam na
governança do APL, como os que aparecerão citados no próximo capítulo.
O conhecimento de experiências já acumuladas possibilita uma mensuração
do que estaria sendo proposto em relação ao que já existe na RSEP. Os exemplos
distintos, abordados o APL de Tabuleiro do Norte, no Estado do Ceará e o APL da
Serra/Rio Grande do Sul, apontam duas dimensões bem díspares, porém, com
aplicabilidade semelhante, cujas políticas de desenvolvimento regional devem ser
voltadas à cooperação, à inovação e à competitividade.
PPGEP – Gestão Industrial (2005)
71
CAPÍTULO 4 ESTUDO DE CASO
O setor metal mecânico no Sudoeste do Estado do Paraná envolve 362
empresas, distribuídas pelos seguintes ramos de atividades: 238 serralherias; 08
fundições de metais; 31 fábricas no segmento de chapas e perfilados de alumínio;
57 tornearias e fábricas de maquinários; 05 indústrias de fogões; 04 empresas de
aramados; 19 fábricas de pias, móveis tubulares, tanques e recipientes de metal.
Essas empresas, em conjunto, geram 4.500 empregos diretos e mais de 2.300
empregos indiretos (SINDIMETAL-PR/SUDOESTE, 2004).
O estudo para implementação de um APL passa pela análise dos fatores que
envolvem a participação dos atores no processo de desenvolvimento. A estrutura de
apoio às organizações, disponível na RSEP, bem como a análise específica do
questionário, aplicado às empresas inseridas no setor metal mecânico, apontam
para ações, que, se planificadas e implementadas adequadamente, traduzirá em
resultados satisfatórios para o setor.
As atividades de mobilização, ocorrerão a partir da cidade de Pato Branco –
PR. Sendo que será o possível centro da governança do APL em estudo, podendo
aproveitar o conhecimento em tecnologia e estrutura de empresas, de instituições de
ensino e pesquisa, neste segmento, para servirem de base de apoio para inovações
tecnológicas que possibilitem o avanço do segmento metal mecânico.
4.1 Estrutura de apoio às organizações integrantes do Arranjo
Para o desenvolvimento e melhor aproveitamento do potencial de um possível
arranjo, o setor conta com uma gama de instituições parceiras:
• SINDIMETAL-PR/SUDOESTE, Regional Sudoeste do Paraná;
• Sistema FIEP-PR – Coordenadoria Regional da FIEP-PR, mais SESI,
SENAI e IEL-PR;
• SEBRAE-PR, - Gerência Regional do Sudoeste do Estado;
• Prefeituras Municipais, através da AMSOP – Associação dos Municípios
do Sudoeste do Estado do Paraná;
• Instituições de Ensino Superior - dentre elas o CEFET-PR, Unidade do
PPGEP – Gestão Industrial (2005)
72
Sudoeste, com os campi de Pato Branco e Dois Vizinhos, a UNIOESTE,
Campus de Francisco Beltrão, a FADEP e MATER DEI de Pato Branco, a
UNIPAR e CESUL de Francisco Beltrão, a UNISEP de Dois Vizinhos,
dentre outras, totalizando um número de 15 (quinze) instituições de ensino
superior, que ofertam um total de 86 cursos superiores na RSEP (CEPAD,
2005);
• Instituições bancárias, públicas e privadas;
• Associações comerciais e empresariais das diversas cidades e da
coordenadoria regional do Sudoeste do Estado do Paraná;
• Governos Estadual e Federal, através de suas secretarias e núcleos
representativos na RSEP, dentre elas a SETI-PR - Secretaria de Estado
da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior do Paraná, a SEED-PR -
Secretaria de Estado da Educação do Paraná, a SETP-PR - Secretaria de
Estado do Trabalho, Emprego e Promoção Social do Paraná e a SEIM-PR
- Secretaria de Estado da Indústria, Comércio e Assuntos do Mercosul do
Paraná.
4.1.1 Passos a serem seguidos para a caracterização do Arranjo
Para a caracterização e/ou a implementação de um APL, deverão ser
seguidos passos ou fases como: a identificação do arranjo propriamente dito, o
estabelecimento do Planejamento Estratégico, a execução do Plano de Ação,
avaliação dos resultados do plano de ação, partindo, então, para ações mais
específicas.
A partir de debates já realizados no SINDIMETAL-PR/SUDOESTE, bem como
na comunidade regional, há a aspiração para algumas ações a serem desenvolvidas
em cooperação, as quais, segundo os representantes do SINDIMETAL-
PR/SUDOESTE, são estratégicas para um APL que se quer implementar na região:
a) - Criação de uma central de compras de matérias primas;
b) - Trabalho de reivindicação junto à COPEL – Companhia Paranaense de
Energia Elétrica – para adequação energética;
c) - Criação da Agência de Exportação, Compras e Intercâmbio Internacional;
d) - Proposta para viabilização de área específica para depósito e reciclagem
PPGEP – Gestão Industrial (2005)
73
de resíduos sólidos.
Além dessas estratégias defendidas como ações imediatas na implementação
do Arranjo, necessário, também, se faz a discussão e implementação de ações
imediatas quanto à viabilização de recursos subsidiados para o financiamento de
novos investimentos e produção, treinamento de mão-de-obra especializada, equipe
de vendas treinada para novos desafios. É necessário também gestionar junto aos
organismos federais, estaduais e municipais no sentido de otimizar o uso dos
incentivos fiscais para que possam ser concedidos aos integrantes do Arranjo.
4.1.2 Necessidades para implementação de um APL no Sudoeste do Paraná
Conforme as estratégias defendidas pelo SINDOMETAL-PR/SUDOESTE,
acrescenta-se divisão em níveis de ação:
I. Nível empresarial:
• Foco no cliente – Produtos melhores; mais competitivos, que respeitem
o meio ambiente e alcancem novos mercados.
• Estratégias e planos - Criação de uma central de compras de matérias
primas; criação de um aterro para reciclagem e depósito de resíduos
sólidos; e criação de uma cooperativa de exportações.
• Conhecimento – Aproveitamento de conhecimentos de nível médio e
superiores na RSEP para otimizar o aproveitamento da mão-de-obra
disponível.
• Pessoas – Membros de entidades organizadas do meio empresarial
(FIEP-PR, SEBRAE e SINDIMETAL-PR/SUDOESTE) e lideranças
públicas.
• Resultados –Redução nos custos de aquisição de matérias primas,
inserção das organizações no processo de exportação, e, maior
viabilidade da atividade e da adequação ambiental para tratamento dos
resíduos industriais.
II. Nível sistêmico
• Acesso à educação e conhecimento – através das Instituições de
Ensino e consultorias.
• Infra-estrutura – Apoio das Escolas técnicas na área de metal
PPGEP – Gestão Industrial (2005)
74
mecânica, como do CEFET-PR e do SENAI.
• Fatores Econômicos – Necessidades de incrementar o setor e trazer
para a região mais conhecimento, mais esforço conjunto, para gerar
novos empregos e novas fontes de renda.
• Fatores financeiros – Diminuição de custos operacionais de compras e
abertura de novos mercados.
• Fatores fiscais – Criação de esforços conjuntos para redução de
tributos e taxas que oneram a atividade, com a interveniência de
entidades como a FIEP-PR, junto aos órgãos públicos.
III. Nível estrutural
• Mercado – Região Sudoeste do Estado do Paraná.
• Conexões da cadeia produtiva – inter-relacionamento das empresas de
forma a privilegiar fornecedores regionais para alavancar, ainda mais, o
desenvolvimento do Arranjo.
• Articulação setorial – Envolvimento do órgãos e instituições IEL-PR,
FIEP-PR, SESI, SENAI, SEBRAE e SINDIMETAL-PR/SUDOESTE.
• Dinâmica da concorrência – Áreas similares com alto potencial de
desenvolvimento de capital humano, técnico e estrutural, como
acontece no APL de Caxias do Sul, no Rio Grande do Sul.
• Interação com instituições de apoio – Direta, com imediata extensão do
ensino à prática. Também com apoio de instituições de pesquisa, bem
como de organismos financiadores e de fomento.
4.2 Entendendo o Caso
Para identificação do possível APL, foi necessária o levantamento de dados
por meio de uma pesquisa de campo, realizada pelo pesquisador, na RSEP,
envolvendo empresas do setor metal mecânico. O instrumento de coleta constituiu-
se em um questionário, contendo 34 perguntas enumeradas, mais questões iniciais
de identificação das empresas respondentes.
Conforme demonstrado nos procedimentos metodológicos já citados, foi
enviado um total de 100 (cem) questionários; havendo o retorno de 65.
PPGEP – Gestão Industrial (2005)
75
As perguntas iniciais submetidas aos entrevistados dizem respeito a questões
de interesse comum, como os tipos de produtos que as empresas produzem, a
natureza jurídica das mesmas, bem como sua classificação.
Quanto aos principais produtos das empresas, conforme o Quadro 01, há
uma variedade de itens produzidos pelo setor metal mecânico da RSEP.
USINADOS DE ALÚMINIO E LATÃO. PIAS DE AÇO INÓX ESTRUTURAS E ESQUADRIAS METÁLICAS, PRÉ-MOLDADOS E CONSTRUÇÃO CÍVIL. RESFRIADOR DE LEITE E TANQUE RODOVIÁRIO ISOTÉRMICO CARRINHOS DE MÃO PRODUÇÃO DE ARAMADOS PARA ELETRODOMÉSTICOS E LINHA DE CAMPING. QUEIMADOR I, QUEIMADOR U, COPO ESPALHA CHAMA, FOGÃO SINHAZINHA, ESTAMPAGEM E POLIMENTO EM ALÚMINIO. FABRICAÇÃO DE ACESSÓRIOS EM ARAMADOS PARA MÓVEIS TUBULARES E LINHAS MOVELEIRAS DE ELÉTRO DOMÉSTICOS UTILIDADES DOMÉSTICAS EM ALUMÍNIO. TORNOS, GUILHOTINA E FAQUEADEIRA. ESQUADRIAS DE ALUMÍNIO. ESTANTE METÁLICA. INDUSTRIALIZAÇÃO (EM CORTES E DOBRAS DE AÇO) DISTRIBUIÇÃO EM FERROS (CANTONEIRAS, CHAPAS E.T.C.) MÁQUINAS E FERRAMENTAS. FORNOS, CALHAS, TELAS, CANOS E PRESTAÇÃO DE SEVIÇOS. FOGÕES Á LENHA E PANELA DE FERRO. ESQUADRIAS E ESTRUTURAS METÁLICAS. PRODUTOS COM FIBRA E METALURGICA. MÓVEIS RÚSTICOS E TUBOLARES. SILOS SECADORES; MÁQUINAS PRÉ-LIMPEZA; CORREIAS TRANSPORTADORAS; EXAUSTORES; ELEVADORES-GRÃOS/CEREAIS. FUNDIÇÃO DE PEÇAS EM GERAL. METALURGICA, TOLDOS E VIDROS. MATRIZES E MANUTENÇÃO DE MÁQUINAS. IMPLEMENTOS AGRÍCOLAS PAINÉS E ARMÁRIOS PARA INSTALAÇÕES INDUSTRIAIS ELÉTRODOMÉSTICOS (FOGÕES E LAVADORAS) DISCOS E CHAPAS DE ALUMÍNIO. PANELAS DE PRESSÃO. EQUIPAMENTOS FRIGORÍFICOS DE BOI,FRANGO E FÁBRICA DE RAÇÕES E ÓLEO COMÉRCIO E PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS.
Quadro 01 - Produtos das empresas pesquisadas
Fonte: o pesquisador
PPGEP – Gestão Industrial (2005)
76
Esse quadro permite visualizar a variedade de itens produzidos na região.
Quanto à questão formulada para identificação da natureza jurídica das
organizações industriais, a Figura 04 mostra a distribuição: natureza jurídica
Individual, Sociedade Limitada, Sociedade Anônima e Mista.
Figura 04 – Natureza jurídica das empresas pesquisadas
Fonte: o pesquisador
Percebe-se, conforme a Figura 04, uma quantidade superior de empresas
definidas como sociedade limitada, ou seja, 93,85% das empresas pesquisadas se
identificam como sociedade limitada; 3,08% como empresas individuais e apenas
1,54% como empresa sociedade anônima.
A classificação das empresas quanto ao seu porte, entre elas a micro,
pequena, média, grande empresa e não classificado é apresentado na Fig. 05.
PPGEP – Gestão Industrial (2005)
77
Figura 05 – Classificação das empresas pesquisadas Fonte: o pesquisador
Para a classificação das organizações, conforme demonstrado na Figura 05,
utilizou-se da escala estabelecida para o segmento industrial, adotada pelo SEBRAE
(2004), cujo enquadramento se dá:
• De 01 a 19 empregos – Micro Empresa;
• De 20 a 99 empregos – Pequena Empresa;
• De 100 a 499 empregos – Média Empresa;
• Acima de 500 empregos – Grande Empresa.
A apresentação da classificação das empresas, conforme demonstra a Figura
05, está bastante adequada ao que preconiza o conceito de APL, em sua grande
maioria, ou seja, 40% das empresas pesquisadas se enquadram como micro
empresas e 35,39% como pequena empresa, perfazendo um total de 75,39% das
organizações pesquisadas de micro e pequena empresa. Percebe-se, então, uma
grande necessidade de cooperação entre essas organizações para um maior
desenvolvimento e competitividade, pois, em geral, micro e pequenas empresas
preocupam-se mais com os afazeres do dia-a-dia, deixando as questões sobre
avanços tecnológicos e melhorias em segundo plano. Essa situação demanda
mecanismos para alavancar o desenvolvimento de forma mais visível.
O percentual apresentado de 16,92% de média empresa e 3,08% de grande
empresa demonstra que o setor também tem algumas expressões em crescimento
empresarial.
Para início dos questionamentos propriamente ditos, foi estabelecida uma
PPGEP – Gestão Industrial (2005)
78
pergunta para definir as atividades desenvolvidas pelas empresas, dentro de seu
segmento.
Na Tabela 01, na seqüência, pode-se verificar as respostas das empresas,
que, distribuídas em 12 quesitos fechados, mais um quesito aberto, assim
responderam:
Tabela 01 – Atividades desenvolvidas pelas empresas
Alternativa Contagem Freqüência(%)
Laminadora 8 12,308
Estamparia/repuxe 20 30,769
Ferramentaria 11 16,923
Fundição 12 18,462
Tornearia 19 29,231
Cromagem 2 3,077
Esmaltação 3 4,615
Aramados 8 12,308
Esquadrias metálicas e/ou alumínio 18 27,692
Polimentos de alumínio 8 12,308
Dobras em tubo de aço e alumínio 13 20,000
Calandragem 12 18,462
Outros 21 32,308
Responderam 65 100,000
Total de entrevistados 65 100,000
Fonte: o pesquisador
No total de questionários respondidos, em número de 65 entrevistados,
conforme demonstra a Tabela 01, pode-se perceber diversas atividades
desenvolvidas pelas organizações, apontando um horizonte bastante favorável em
relação às operações desenvolvidas no setor pelas empresas envolvidas.
Os ramos de atividades desenvolvidos pelas empresas representam uma
PPGEP – Gestão Industrial (2005)
79
diversificação favorável, atendendo a característica de um Arranjo.
Quanto à pergunta aberta, do quesito anterior, verifica-se uma
complementação aos itens fechados perguntados. No Quadro 02 pode-se identificar:
USINAGENS.
COMPACTAÇÃO e BAQUELITE.
MONTAGENS.
CORTES E DOBRAS ESPECIAIS EM AÇO.
VIDROS TEMPERADOS.
PRODUTOS COM LÂMINA E FIBRA DE METAL.
LETREIROS.
SILOS.
METALÚRGICA E AGRICULTURA.
FUNDIÇÃO, FERRO E ALUMINIO.
INDUSTRIALIZAÇÃO COM AÇO.
PINTURA ELÉTROSTÁTICA.
SOLDA; MONTAGEM; JATIAMENTO.
FUNILARÍA.
SOLDA.
Quadro 02 - Outras Atividades desenvolvidas nas empresas
Fonte: o pesquisador
As demais atividades desenvolvidas nas empresas, conforme demonstra o
Quadro 02, referem-se ao item “outros”, constante da Tabela 01, onde houve uma
freqüência de 21 respondentes indicando as outras atividades desenvolvidas, além
das relacionadas naquela tabela.
Pode-se verificar que as outras atividades desenvolvidas pelas empresas do
setor, também estão próximas do contexto das demais organizações, produzindo
bens que fazem sentido de complementaridade aos demais já produzidos.
PPGEP – Gestão Industrial (2005)
80
4.2.1 – Atividades de Gestão – Análise do Questionário em 5 eixos
Para identificação da divisão das atividades de gestão das organizações
respondentes, as demais questões seguiram uma perspectiva em 5 eixos, de acordo
com modelo de questionário definido por Campos (2004), conforme especificado na
Figura 06:
1º. Eixo – Recursos Humanos das Organizações;
2º. Eixo – Gestão Tecnológica e P&D;
3º. Eixo – Fornecedores;
4º. Eixo – Mercadológica;
5º. Eixo – Definições Estratégicas.
Os eixos representam atividades de gestão diferenciadas, possibilitando uma
visualização adequada.
Figura 06 – Demonstração da divisão de eixos para análise da pesquisa
Fonte: o pesquisador
No primeiro eixo, conforme demonstrado na figura 06, enquadram-se
questões referentes a Recursos Humanos das organizações: quantidade, formação,
1º. Eixo Recursos
Humanos das Organizações
2º. Eixo Gestão
Tecnológicae P&D
3º. Eixo
Fornecedores
4º. Eixo
Mercado- lógica
5º. Eixo
Definições Estratégicas
PPGEP – Gestão Industrial (2005)
81
especialização, e, qualificação dos colaboradores.
No segundo eixo, apresentam-se as questões de Gestão Tecnológica e
Pesquisa e Desenvolvimento. Como qualidade da produção, definições de ordem
tecnológica, condições dos equipamentos de produção e projetos de pesquisa e
desenvolvimento para novos produtos e/ou modelos.
O terceiro eixo referente a Fornecedores: critérios de seleção de
fornecedores, origem da principal matéria prima, dificuldades para aquisição da
matéria prima.
Já o quarto eixo aponta para a questão de ordem Mercadológica: o
atendimento a clientes, identificação de local do mercado, canais de distribuição,
limitações no atendimento, até os principais concorrentes.
O quinto eixo identifica os problemas de cunho estratégico. Definições
Estratégicas: possível expansão, novos investimentos, apoio técnico e algumas
posições individuais.
Pelas respostas obtidas, no questionamento, envolvendo os cinco eixos,
pode-se identificar a qualidade e a quantidade de relacionamento de cooperação e
envolvimento entre as organizações.
4.2.2 – 1º. Eixo – Recursos Humanos das Organizações
Para identificação das questões que envolvem dados de Recursos Humanos,
foram levantadas seis questões.
A primeira questão do eixo aponta o número de colaboradores e sua
distribuição nas diversas áreas das empresas pesquisadas. Concluindo-se que o
montante de colaboradores, envolvendo os setores de produção, administração e
pesquisa e desenvolvimento, soma um total de 2.692 empregos diretos, assim
distribuídos:
• 2.110 empregados na produção direta;
• 517 empregados envolvidos na Administração; e
• 65 empregados envolvidos em pesquisa e desenvolvimento, lotados
em 28 empresas diferentes.
Levando-se em consideração as 65 empresas que responderam ao
questionário, verifica-se uma média de 32,46 empregos na produção; 7,95 empregos
PPGEP – Gestão Industrial (2005)
82
na administração e apenas 1 emprego específico, em média, por empresa para área
de pesquisa e desenvolvimento.
Como somente 28 empresas dispõem de pessoal para pesquisa e
desenvolvimento, percebe-se, assim, uma grande carência nessa área, apontando,
então, para a necessidade de trabalhos cooperados, envolvendo pesquisa e
desenvolvimento para novos produtos.
Na segunda questão do eixo, referente ao grau de instrução dos funcionários
envolvidos por setor, obteve-se a seguinte situação:
1 – Na Produção:
• 2o. grau incompleto – 1.556 empregados;
• 2o. grau completo – 775 empregados;
• Ensino Superior – 26 empregados.
2 - Na Administração:
• 2o. grau incompleto – 80 empregados;
• 2o. grau completo – 317 empregados;
• Ensino Superior – 120 empregados.
3 - Em Pesquisa e Desenvolvimento:
• 2o. grau incompleto – 6 empregados;
• 2o. grau completo – 48 empregados;
• Ensino Superior – 11 empregados.
O grau de instrução apresentado na pesquisa é preocupante no sentido de
que poucos empregados conseguiram atingir a formação de nível médio, ou seja,
73,5% dos empregados do setor de produção não concluíram o nível médio, muitos
dos quais, ainda, sequer concluíram o nível fundamental. Evidencia-se, portanto, a
necessidade de qualificação não só em nível profissional como, também, na
formação geral.
Por outro lado, apenas 17% dos empregados do setor de P&D detêm diploma
de nível superior, e, por envolver um segmento que exige criatividade e
produtividade, é necessário investir para que seja ampliado esse universo.
Quanto às principais formas de qualificação e/ou treinamento dos Recursos
Humanos, a Figura 07 aponta a seguinte situação:
PPGEP – Gestão Industrial (2005)
83
Figura 07 – Formas de treinamentos oferecidas Fonte: o pesquisador
Nesse quesito um número expressivo apontou que oferece treinamento aos
funcionários durante o trabalho, ou seja, concomitantemente ao processo produtivo
da empresa, conforme ilustra a Figura 07.
Outra forma de treinamento oferecida é na empresa e/ou em instituições, mas
fora do horário de trabalho. Geralmente treinamentos oferecidos por fornecedores ou
clientes.
O que preocupa no entanto, o número expressivo de respostas apontando
empresas que não oferecem nenhum treinamento, o que prejudica o processo
produtivo, pois há a possibilidade de travar o fluxo ou ocasionar perdas significativas.
Ainda quanto aos Recursos Humanos, foi perguntado em que áreas seria
necessário ofertar treinamento aos empregados. Na Figura 08, observa-se a
demonstração dos resultados obtidos.
PPGEP – Gestão Industrial (2005)
84
Figura 08 – Áreas em que são necessários treinamentos Fonte: o pesquisador
Nas necessidades de treinamentos, identificadas, conforme aponta a Figura
08, fica evidente a carência de qualificação e a expectativa das empresas quanto a
treinamento no processo produtivo.
Aproximadamente 90% das respostas apontam para essa necessidade, nos
mais variados setores. Em primeiro lugar a necessidade de treinamento no processo
produtivo, em seguida com relação à qualificação do setor administrativo e do
atendimento a clientes, identifica-se, também, uma falta de atuação de entidades de
representação industrial. As informações, obtidas nesse quesito, apontam para
abertura do empresário para um trabalho cooperativo, de forma que, entidades de
classes associando-se aos empresários, poderão minimizar as dificuldades com
menor esforço.
As informações, sobre dificuldades encontradas no quadro de empregados
colaboradores, apontam uma clara necessidade de qualificação e conscientização
do quadro de funcionários, de acordo com o que mostra a Figura 09.
PPGEP – Gestão Industrial (2005)
85
Figura 09 – Dificuldades encontradas no quadro de colaboradores Fonte: o pesquisador
Quanto às dificuldades encontradas no quadro de colaboradores, tem-se uma
preocupação aflorada, pois, pelas respostas, conforme demonstra a Figura 09, todas
as questões arroladas mereceram o mesmo grau de atenção: baixo nível de
escolaridade, falta de motivação, falta de treinamento, pontualidade/assiduidade.
Ainda, com referência às dificuldades é importante e necessário um trabalho
em cooperação para conscientizar o quadro de pessoal envolvido nos processos,
com o objetivo de minimizar essas dificuldades.
Conforme foi apontado pelas fontes consultadas, para atuação em
conglomerado de empresas em sistema cooperativo, necessário se faz a
qualificação e capacitação dos recursos humanos para se obter, com mão-de-obra
especializada, capacidade de produtividade e competitividade para fazer frente ao
atual mercado consumidor.
4.2.3 – 2º. Eixo – Gestão Tecnológica e P&D
Trata da Gestão Tecnológica e Pesquisa e Desenvolvimento, o segundo eixo,
que corrobora a necessidade da qualidade na produção. Pela qualidade da
produção, as organizações poderão identificar seu grau de competitividade, ou seja,
quanto maior a utilização de mecanismos de controle, inovação tecnológica e
pesquisa e desenvolvimento, mais preparadas estarão para o enfrentamento da
competitividade e produtividade.
Quanto ao quesito da utilização de normas técnicas, as informações obtidas
configuram a situação apresentada na Figura 10.
PPGEP – Gestão Industrial (2005)
86
Figura 10 – Utilização de normas técnicas na qualidade Fonte: o pesquisador
A implantação de atendimento às normas técnicas de qualidade aos
processos produtivos, representa um grande diferencial nos resultados. Das
empresas pesquisadas, conforme demonstrado na Figura 10, 80% não utilizam
normas técnicas em seus processos, somente 20% utilizam-se desses métodos de
controle, uma média muito baixa em relação a países altamente industrializados.
Dentre os métodos implementados pelas empresas, que afirmaram utilizar
esses sistemas, foram as normas da família da ISO 9000 e ABNT.
Está comprovado, segundo o que apontava a literatura consultada, que,
processos de gestão da qualidade, quando acompanhados, monitorados e
auditados, refletem em resultados altamente positivos nos processos de produção.
As técnicas de organização da produção utilizadas pelas empresas
pesquisadas, conforme demonstrado na Figura 11, refletem outro indicador da
qualidade nos processos.
PPGEP – Gestão Industrial (2005)
87
Figura 11 – Técnicas de organização da produção utilizadas pelas empresas
Fonte: o pesquisador
Na organização da produção, 44,76% das empresas pesquisadas, conforme
demonstra a Figura 11, utilizam-se do Controle de Qualidade.
Para organizações industriais de pequeno e médio porte, considerando que
80% não utilizam norma técnica de qualidade, a introdução dessa prática, o uso,
minimizaria ou solucionaria as questões de falhas em produto final.
Em relação ao controle de qualidade, as empresas identificaram as etapas do
processo em que se situa tal procedimento. Na Figura 12, visualizam-se as etapas
relevantes em que é feito esse controle.
Figura 12 – Etapa do processo produtivo em que se situa o controle de qualidade Fonte: o pesquisador
PPGEP – Gestão Industrial (2005)
88
As etapas em que se situam os controles de qualidade representam uma
constante preocupação de muitas empresas quando se apresentam, conforme
demonstrado na Figura 12. Tendo em vista que 33,98% afirmam ter o controle de
qualidade em todas as fases do processo.
Nessas condições é bastante satisfatório, por que, quando há o controle no
processo e não somente no resultado, é possível identificar falhas, corrigi-las,
minimizando as necessidades de retrabalho.
Porém ainda deve-se considerar preocupante a situação quando 30,10%
afirmam que o controle de qualidade ocorre apenas no produto final e 22,33%
afirmam que seus controles acontecem quando do recebimento da matéria prima.
Mesmo considerando que a freqüências de controle possa ser feita em mais
de uma fase, poderá ter ocorrido uma implementação errônea na utilização do
processo.
Na questão de busca por novas tecnologias, ou simplesmente por suporte
tecnológico, as empresas pesquisadas apontaram a seguinte situação, conforme
demonstra a Figura 13:
Figura 13 – Meios que as empresas se utilizam para solução de problemas de ordem tecnológica
Fonte: o pesquisador
Conforme se pode observar, as empresas, situadas na região, estão
usufruindo minimamente das possibilidades de aporte de novas tecnologias por meio
acadêmico. Como demonstra a Figura 13, somente 7,25% das entrevistadas se
utilizam desta possibilidade.
PPGEP – Gestão Industrial (2005)
89
Mesmo com a estrutura instrucional e acadêmica disponível na região,
possibilitando projetos de pesquisa integrados, a participação e cooperação ainda
são insignificantes. O que pode estar ocorrendo é que as empresas não procuram as
instituições de pesquisas e/ou essas não estão conseguindo se inserir nesse
processo de integração.
A solução de problemas de ordem tecnológica apontada, 60,87% das
respostas, é atribuída às assistências técnicas. Essa situação aponta que se
transferindo a responsabilidade ao acesso de novas tecnologias aos fornecedores
de equipamentos e/ou de matéria prima. Dessa forma, as inovações ocorrerão de
acordo com as estratégias do fornecedor e não da empresa produtora.
Para uma produção com qualidade e competitividade, as condições dos
equipamentos utilizados são de suma importância. Perguntados sobre o grau de
atualização de equipamentos utilizados, obteve-se a situação demonstrada na
Figura 14.
Figura 14 – Condições atuais dos equipamentos utilizados no processo produtivo Fonte: o pesquisador
Os equipamentos utilizados nos processos produtivos das organizações do
setor metal mecânico da RSEP, conforme Figura 14 é satisfatório, ou seja, 67,69%
das respostas são de que os equipamentos utilizados encontram-se parcialmente
atualizados; 26,15% estão totalmente atualizados e, apenas 6,15% encontram-se
desatualizados.
O parque de máquinas utilizado nos processos produtivos encontra-se em
boas condições, portanto, preparado para novos processos, novas tecnologias e
novos desafios. Isto demonstra que o ambiente é favorável ao crescimento.
PPGEP – Gestão Industrial (2005)
90
Mais de 50% dos equipamentos têm idade média entre 4 a 7 anos de uso, o
que corrobora a atualização recente.
Para projetos de cooperação entre as organizações, envolvendo entidades de
classe, necessário se faz, ao menos, conhecimento de projetos dessa natureza para
acreditar em seus resultados.
Entre as empresas pesquisadas, a grande maioria, ou seja, 66,15% das
entrevistadas afirmaram não ter conhecimento de projetos cooperativos entre
parceiros; 12,31% afirmaram ter algum conhecimento em projetos cooperados entre
empresas e segmentos representativos do setor e, apenas 10,77% conhecem algum
projeto entre empresas.
Diante da realidade, se faz necessário um trabalho intenso de integração das
empresas do setor, envolvendo organismos de classe representativos da área.
Ainda no que diz respeito ao segundo eixo dos questionamentos, encontra-se
uma questão relevante quanto à Pesquisa e Desenvolvimento.
No processo de P&D, as empresas apontaram as principais fontes de
informação tecnológica pesquisadas ou utilizadas. Na tabela 02 é possível identificar
as fontes utilizadas pelas empresas.
Tabela 02 – Fontes de informação tecnológica utilizada pelas empresas em seus processos de Pesquisa e Desenvolvimento
Alternativa Contagem Freqüência(%)
Revista especializada 29 44,615
Feiras e congressos 39 60,000
Consultoria especializada 12 18,462
Centros de pesquisa 1 1,538
Pesquisas próprias 30 46,154
Contatos com outros empresários 28 43,077
Universidades 4 6,154
continua
PPGEP – Gestão Industrial (2005)
91
Alternativa Contagem Freqüência(%)
Não recorre a fontes de informação 10 15,385
Outras 7 10,769
Responderam 65 100,000
Total de entrevistados 65 100,000
Fonte: o pesquisador
Em Pesquisa e Desenvolvimento, as empresas afirmam buscar formas de
desenvolvimento, conforme demonstrado na Tabela 02, ou seja, um número
significativo, ou seja, 46,15% das ocorrências promovem pesquisa própria, o que
demonstra interesse em desenvolvimento de novos processos de produção. Um
outro indicador favorável é a afirmação de 28 ocorrências que contactam com outros
empresários. Neste quesito, de alguma forma, está ocorrendo a cooperação entre as
empresas, mesmo que de maneira informal.
Nas organizações que desenvolvem alguma atividade de P&D, apresentam-
se diversas formas, conforme o demonstrado na Tabela 03:
Tabela 03 – Principais atividades de P&D desenvolvidas nas empresas
Alternativa Contagem Freqüência(%)
Concepção de novos produtos 36 55,385
Concepção de novos processos de produção
(máquinas e equipamentos) 28 43,077
Concepção de novos materiais 7 10,769
Concepção de novas técnicas de marketing 9 13,846
Concepção de novas formas de controle de qualidade 17 26,154
Nenhum 15 23,077
Responderam 64 98,462
Não responderam 1 1,538
Total de entrevistados 65 100,000
Fonte: o pesquisador
PPGEP – Gestão Industrial (2005)
92
A maior freqüência apresentada, conforme a Tabela 03, está a que se refere à
concepção de novos produtos. A preocupação pela inovação se faz sentir em
questões de resultado em P&D.
A concepção de novos processos de produção recebeu a freqüência de
43,07%, consolidando a preocupação com novos produtos e processos otimizados.
Controle de Qualidade também aparece com ênfase, demonstrando a preocupação
das organizações em produzir com qualidade.
A concepção de novas técnicas de marketing aparecer somente em 9
respostas. Isto pode ser um indicador de que as empresas necessitam de
aprimoramento nos processos administrativos. Há preocupações nos processos
produtivos envolvendo produto e processo, porém, quando o assunto é gestão,
percebe-se a necessidade de se fazer intervenção para melhorar esses processos.
Quanto ao desenvolvimento de novos produtos e/ou modelos, conforme
apresentado na Figura 15, encontra-se a seguinte situação:
Figura 15 – Local de desenvolvimento de novos produtos e/ou modelos Fonte: o pesquisador
O desenvolvimento de novos produtos e/ou modelos para produção, em sua
grande maioria, como demonstrado na Figura 15, é feito na própria empresa, ou
seja, 46,67% dos entrevistados afirmam que o desenvolvimento de seus produtos ou
de novos modelos é realizado na própria empresa, o que demonstra uma
preocupação e iniciativa da organização em lançamentos de novidades para novos
mercados.
A expectativa do cliente, ou seja, novos produtos ou modelos somente são
desenvolvidos a pedido dos clientes por 27,78% das empresas, demonstrando uma
PPGEP – Gestão Industrial (2005)
93
fraca atividade empreendedora, esperando a reação da clientela para depois
desenvolver novos produtos ou modelos.
Aquisição de tecnologia pode acontecer de diversas maneiras. Nas empresas
entrevistadas, conforme demonstrado na Figura 16, acontece da seguinte forma:
Figura 16 – Formas de aquisição de tecnologia Fonte: o pesquisador
A grande maioria das organizações, conforme demonstrado na Figura 16,
afirmou não possuir alguma forma de aquisição de tecnologia, ou seja, 46,78% das
empresas não se utilizam de novas tecnologias, mantendo processos e
procedimentos produtivos em forma de repetição, repetindo formas e técnicas já
consagradas e de domínio público, não buscando aperfeiçoamento e qualificação.
A dependência e o comprometimento com a assistência técnica ficam
patentes em mais esta questão. As empresas, ao se utilizarem ou adquirirem novas
tecnologias de seus fornecedores, por meio de assistência técnica, passam a utilizar
procedimentos já experimentados e atualizados, mas ficam na dependência desses
fornecedores. Não se tornam ultrapassados, porque esses fornecedores trazem
novidades para junto dos parques fabris.
A aquisição de tecnologias de agências de comercialização de tecnologias e
patentes alcançou um percentual de 12,50% das organizações pesquisadas. Assim,
também, com o mesmo percentual, ou seja, 12,50% dos entrevistados afirmam
adquirir novas tecnologias através de assistência de organismos empresariais, o que
demonstra um alto grau de confiabilidade nas entidades de representação da classe.
Observa-se, então, ambiente favorável a programas de desenvolvimento em
cooperação entre as empresas e as entidades de classe do segmento.
PPGEP – Gestão Industrial (2005)
94
Desta forma, o segundo eixo, envolvendo Gestão Tecnológica e P&D, deixa
claro que há a necessidade de trabalho dos organismos de classe no intuito de
interferir junto aos empresários no sentido de organização, cooperação e troca de
informações. Situações tais como sistemas de gestão de qualidade, questões de
ordem de desenvolvimento de tecnologia entre Universidades, instituições de
pesquisa e as organizações, P&D e, principalmente, as ações de transferência de
tecnologias. Podem ser tratados e desenvolvidos pelas entidades classistas
representantes do setor. A situação é favorável, necessitando porém, de mais ação
por parte das entidades de classe.
4.2.4 – 3º. Eixo - Fornecedores
Outro eixo, de suma importância para o setor produtivo, se localiza a questão
de envolvimento com os fornecedores. Apresentado como terceiro eixo desta
análise, é representado por três questões, envolvendo os entrevistados.
A seleção dos fornecedores poderá ser um dos itens mais definitivos para o
processo. Quando perguntados sobre os processos de seleção, conforme demonstra
a Tabela 04, possível identificar as preocupações dos empresários.
Tabela 04 – Principais critérios de seleção dos fornecedores
Alternativa Contagem Freqüência(%)
Preço 54 83,077
Recomendado por alguém 4 6,154
Confiança 26 40,000
Condições de pagamento 26 40,000
Qualidade 57 87,692
São os únicos fornecedores 2 3,077
Prazo de entrega 29 44,615
continua
PPGEP – Gestão Industrial (2005)
95
Alternativa Contagem Freqüência(%)
Atendimento 19 29,231
Pontualidade 24 36,923
Responderam 65 100,000
Total de entrevistados 65 100,000
Fonte: o pesquisador
Qualidade foi o item mais considerado na seleção de fornecedores. Conforme
a Tabela 04, pode-se identificar que 57 dos 65 entrevistados consideram o quesito
qualidade como o mais importante quando da seleção de seus fornecedores.
Como é uma questão de múltipla escolha, é possível que o item que aparece
em segunda posição de destaque, com freqüência de 54 aparições, o preço como
critério, possa ter sido escolhido por uma mesma empresa em mais de uma
situação.
As demais possibilidades de escolha: confiança, condições de pagamento,
prazo de entrega, atendimento e pontualidade, também, merecem atenção dos
fornecedores, pois um número significativo de empresas afirmou serem estas
questões importantes na seleção de seus parceiros.
Os itens “recomendados por alguém” e “são os únicos fornecedores”, não
mereceram maior interesse, demonstrando um grau de maturidade satisfatório por
parte dos empresários que preferem a possibilidade de opções próprias de escolha
na busca de uma melhor seleção.
A matéria prima utilizada nas organizações oriundas das mais variadas
regiões do Brasil e do exterior, estão representadas na Tabela 05, demonstrando a
origem da principal matéria prima utilizada.
Tabela 05 – Origem da principal matéria prima utilizada
Alternativa Contagem Freqüência(%)
Próprio município 15 23,077
Outros estados da região 16 24,615
continua
PPGEP – Gestão Industrial (2005)
96
Alternativa Contagem Freqüência(%)
Próprio estado 29 44,615
Outros estados do Brasil 34 52,308
Exterior 1 1,538
Responderam 65 100,000
Não responderam 0 0,000
Total de entrevistados 65 100,000
Fonte: o pesquisador
As matérias primas utilizadas pelas organizações do setor metal mecânico
situadas na RSEP, conforme demonstrada na Tabela 05, são oriundas, em sua
grande maioria, de outros estados do Brasil, ou seja, 34 empresas afirmaram que
sua principal matéria prima é oriunda de outros estados do Brasil.
Também um número significativo de empresas afirmaram serem as matérias
primas oriundas do próprio estado, isto é, 29 respostas. Já 16 empresas afirmam
que sua matéria prima vem de outros estados da região (Santa Catarina, Rio Grande
do Sul) e, 15 afirmam que são oriundas do próprio município em que estão
instaladas, ou seja, de empresas fornecedoras da mesma RSEP.
Somente uma empresa afirmou ser importadora de sua principal matéria
prima.
Nesta perspectiva, encontra-se uma situação bastante favorável para se
iniciar um trabalho de desenvolvimento regional, pois o ciclo produtivo é próximo das
partes.
Para aquisição das matérias primas, as organizações enfrentam algumas
dificuldades. Na Figura 17, apresentam-se essas limitações.
PPGEP – Gestão Industrial (2005)
97
Figura 17 – Dificuldades para aquisição de matéria prima Fonte: o pesquisador
A principal dificuldade apresentada para aquisição de matéria prima é a
questão da confiança na qualidade. Conforme a Figura 17, qualidade confiável
atinge 36,55% das respostas.
Na seqüência, aborda-se a limitação das quantidades. Muitas organizações,
pelo seu porte, não têm possibilidade de compra de quantidades mínimas
estabelecidas pelo fornecedor, tendo de comprar de intermediários, o que encarece
os custos totais. Para 32,41% o limite de quantidade é uma grande dificuldade.
Dificuldades financeiras também inviabilizam algumas negociações para
aquisição de matéria prima, ou seja, 31,03% encontram dificuldades no
financiamento da aquisição. A falta de programas para financiamento de aquisição
de matéria prima também se apresenta como uma dificuldade no processo de
custos.
Diante do exposto, a questão de relacionamento com fornecedores merece
uma atenção especial por parte de organismos de representação empresarial, pois
se as organizações não obtiverem suporte de negociação, seus processos
encarecem e não se tornam competitivas no mercado.
4.2.5 – 4º. Eixo - Mercadológica
Para identificação do arranjo produtivo, objetivo principal do trabalho, todos os
eixos da pesquisa são de suma importância e apresentam particularidade. Em
PPGEP – Gestão Industrial (2005)
98
especial o quarto eixo, que trata da Questão Mercadológica. Pelo que foi apontado,
depreende-se preocupação acentuada por parte das organizações que compõem a
estrutura da governança do APL.
Este eixo foi dividido em sete questões para melhor abordar as questões
mercadológicas.
A primeira questão trata sobre o serviço de atendimento aos clientes,
conforme demonstrado na Figura 18.
Figura 18 – Serviço de atendimento aos clientes
Fonte: o pesquisador
Conforme se observa na ilustração, o atendimento aos clientes, para as
empresas pesquisadas, é um assunto que diz respeito direto à satisfação em relação
aos seus produtos. No universo da pesquisa, aproximadamente 70% dispõe desse
serviço, seja através de pessoal próprio, como a grande maioria respondeu, ou até
por meio de serviço subcontratado de atendimento a clientes. Essa percentagem
pode ser considerada satisfatória, tendo em vista que o maior número de empresas
é formado de micro e pequeno porte.
Quanto aos mercados atendidos por essas empresas, a grande maioria
atende o mercado regional, porém, há, conforme aponta a Tabela 06 uma grande
participação em outros tipos de mercado.
PPGEP – Gestão Industrial (2005)
99
Tabela 06 – Mercado atendido pela empresa
Alternativa Contagem Freqüência(%)
Local 30 46,154
Regional 36 55,385
Estadual 12 18,462
Nacional 24 36,923
Internacional 9 13,846
Responderam 65 100,000
Total de entrevistados 65 100,000
Fonte: o pesquisador
Por ter sido uma questão que possibilitava mais de uma resposta, 36
empresas responderam estarem inseridas no mercado regional, numa percentagem
de 55,38% de freqüência, conforme demonstra a Tabela 06. O mercado local por
sua vez, está presente numa freqüência de 46,15%, sendo apontado por 30
empresas. Já 24 empresas atendem também o mercado nacional, num percentual
de 36,92%, e somente 9 empresas estão inseridas no mercado internacional,
representando 13,84% dessas empresas.
Se o propósito de um APL é propor uma melhor competitividade e
possibilidades de abertura para novos mercados, inclusive uma maior participação
na distribuição no mercado externo, os organismos gestores do processo de um
possível arranjo terão um campo fértil de atividades a serem desenvolvidas.
Quanto aos canais utilizados para a comercialização dos produtos, há uma
boa participação das empresas que utilizam loja própria, porém, conforme a Figura
19, outros canais também são bem utilizados.
PPGEP – Gestão Industrial (2005)
100
Figura 19 – Canais para comercialização de seus produtos Fonte: o pesquisador
Um canal utilizado de forma bastante expressiva é ponto de comercialização
em loja própria. A Figura 19 demonstra essa maior freqüência. Porém, em segunda
opção, como também fica demonstrado há um empate entre duas das opções:
representantes comerciais e vendedores, funcionários próprios, que são bastante
utilizados para atender a comercialização dos produtos oferecidos pelas empresas.
Ainda, como opção de comercialização, mas com uma ocorrência menor, são
utilizadas redes de atacadistas e/ou redes ou empresas individualizadas de
varejistas.
Conforme a situação apresentada, há, muitas limitações para atendimento
aos clientes.
Já o capital de giro e qualificação de pessoal são as dificuldades com maior
freqüência apontada pelos pesquisados. A Figura 20 possibilita uma análise da
dimensão do problema enfrentado pelos empresários do setor.
PPGEP – Gestão Industrial (2005)
101
Figura 20 – Limitações para atender mais clientes Fonte: o pesquisador
Para que haja aumento da clientela, o que significa aumento também da
capacidade de produção, as questões de maior grau de limitação apresentadas
pelos pesquisados, conforme demonstrado na Figura 20, referem-se à falta de
pessoal qualificado e de capital de giro, seguidos da questão de quantidade de
máquinas e de espaço físico.
Esse quadro mostra que há carência de interferência de organismos
responsáveis por programas de desenvolvimento ordenado.
Quando a limitação de pessoal qualificado, fica patente, também, a carência
de treinamento ofertado pelos organismos responsáveis para tal. Existe uma
estrutura disponível para qualificação, mas, pelas informações, não está sendo bem
empregada ou bem utilizada.
A falta de capital de giro, por sua vez, poderá ser minimizada se o setor se
organizar no sentido de viabilizar empréstimos com aportes financeiros de
instituições de crédito com linhas de juros subsidiados, já que com a interferência
desses organismos de classe do arranjo, torna-se possível a participação de agentes
de fomento.
Estando sanada a questão de recursos financeiros, as outras duas
dificuldades apontadas: aumento no atendimento a mais clientes, quantidade de
máquinas e dificuldade de espaço físico se resolvem com aporte financeiro e
projetos de expansão.
PPGEP – Gestão Industrial (2005)
102
As demais dificuldades, como aumento na capacidade de atendimento a
novos clientes, dizem respeito a aumento de produção, como também abertura de
novos mercados, possibilidade que com a identificação e possível implementação de
um APL poderá vir a ser atendida.
A questão que se refere a principais concorrentes, também, foi levantada e,
segundo dados, os pesquisados identificam bem a sua origem, conforme
demonstrado na Figura 21.
Figura 21 – Localização dos principais concorrentes dos produtos Fonte: o pesquisador
A maior freqüência apontada, referindo-se aos principais concorrentes de
seus produtos, conforme demonstrado, é de empresas locais, 35,62%, seguida de
empresas regionais 31,51%; de empresas nacionais, 27,40%; e 5,46% de empresas
multinacionais.
Quando as empresas se colocam no mercado, mesmo que no início das
atividades não exista muita perspectiva de crescimento ou de aumento em seu
tamanho, há, sempre, a expectativa de crescimento e ampliação de novos
mercados.
Perguntados sobre o potencial de crescimento para novos mercados, os
pesquisados, assim, responderam conforme ilustrado na Figura 22:
PPGEP – Gestão Industrial (2005)
103
Figura 22 – Potencial de crescimento para novos mercados
Fonte: o pesquisador
Com relação à potencial de crescimento, na totalidade dos questionários
houve respostas a esta indagação. Conforme demonstra a Figura 22, a grande
maioria, ou seja, 83,08%, respondeu que sim. Há potencial de crescimento para
novos mercados. Apenas 16,92% responderam que não há potencial de crescimento
para novos mercados.
4.2.6 – 5º. Eixo – Definições Estratégicas
Para se atingir novos mercados, exigem-se investimentos, e para dar clareza
às questões de investimento e crescimento, no quinto eixo desta análise,
denominado como Definições Estratégicas, é possível dar uma visão do pensamento
dos empresários da região.
Perguntados se a empresa tem planos de expansão para os próximos cinco
anos, 52 empresas responderam que sim; 12 responderam que não e apenas uma
deixou de preencher a resposta. Denota-se, assim, uma expectativa e uma
confiança, por parte dos empresários, no crescimento de seu negócio.
Para as empresas que respondessem afirmativamente, foi solicitado que
apontassem se há e, se houvesse, que fosse indicado o percentual que desejam
aplicar em seus planos de expansão. A média de expectativa de aumento no plano
de expansão variou entre 5% a 20% sobre o faturamento anual, deixando explícito
que há o aquecimento, no setor metal mecânico da RSEP, o que encorajam
empresários a definir estrategicamente uma expansão real de suas atividades,
PPGEP – Gestão Industrial (2005)
104
baseadas em relação a seu faturamento.
Ainda, as empresas, com definições para expandir suas operações,
indicaram, conforme demonstra na Figura 23, que tal investimento será utilizado.
Figura 23 – Investimento necessário e/ou pretendido Fonte: o pesquisador
A maior parcela, em relação à intenção de investimento, conforme
demonstrado na Figura 23, será efetivada em máquinas e equipamentos para
expansão do processo produtivo, 32%; melhoria e ampliação de espaço físico para
produção, como desenvolvimento de novos produtos, também, mereceu destaque,
21,60%.
Esse resultado corrobora com a expectativa de crescimento no setor, pois os
três itens com maior freqüência de indicações para investimento pretendido,
demonstram, com clareza, a confiança dos empresários no setor, bem como uma
expectativa de ampliação no conjunto de operações, possibilitando, desta forma, um
trabalho cooperado por parte de organismos que poderão administrar o arranjo.
Essas empresas, através do resultado apontado, entendem que é necessário
desencadear diversas ações para realização de plano de seu investimento, dentre
as mais imediatas destacam o apoio técnico e capital.
A expectativa, por parte dos empresários, para crescimento do setor é no
sentido de que o apoio técnico e de capital sejam múltiplos e que venham
alicerçados por um acompanhamento, como assessoria em todos os níveis, desde
qualificação até prospecção de fornecedores e de novos mercados.
PPGEP – Gestão Industrial (2005)
105
Como essa assessoria esperada poderá ser prestada por ações
desencadeadas pela administração do provável APL, foi indagado essas empresas
já participam de alguma entidade de classe, as quais responderam, conforme aponta
a Tabela 07, sendo possível vislumbrar um ambiente favorável.
Tabela 07 – A empresa é associada a alguma entidade classista
Alternativa Contagem Freqüência(%)
Sim 50 76,923
Não 13 20,000
Responderam 63 96,923
Não responderam 2 3,077
Total de entrevistados 65 100,000
Fonte: o pesquisador
Das empresas que retornaram o questionário, duas deixaram de responder,
conforme os dados da Tabela 07. Treze empresas responderam não ser associadas
a alguma entidade classista, porém, 50 empresas, o que representa 76,92%,
afirmaram fazer parte de alguma das diversas organizações de entidade classista.
Há nesse sentido, um clima favorável, pois, de alguma forma, as empresas já estão
ligadas a certas formas de agrupamentos, possibilitando uma melhor compreensão
de atividades cooperativas que venham a ser desencadeadas, buscando o
desenvolvimento ordenado do setor.
Às empresas, que responderam positivamente a questão de estarem
associadas a entidades de classe, solicitou-se que fosse apontado o grau de
satisfação em relação aos serviços prestados por essas entidades de que
participam.
Os dados, conforme Tabela 08, apontam para uma possível necessidade de
melhoria dos serviços prestados por parte das entidades de classe.
PPGEP – Gestão Industrial (2005)
106
Tabela 08 – Grau de satisfação em relação aos serviços prestados pelas
entidades de classe Alternativa Contagem Freqüência(%) Satisfeito 14 21,538 Parcialmente satisfeito 25 38,462 Insatisfeito 9 13,846 Responderam 48 73,846 Não responderam 17 26,154 Total de entrevistados 65 100,000
Fonte: o pesquisador
Das 65 respostas, 14 demonstram satisfação em relação aos serviços
prestados pelas suas entidades representativas, porém 25 estão parcialmente
satisfeitas; 9 revelaram insatisfação e 17 preferiram não responder a essa questão.
Nessas 17 empresas, que é um número bastante expressivo, pode estar ocorrendo
algum descontentamento, ou seja, a omissão na resposta pode revelar insatisfação.
Esses dados podem ser um termômetro considerável para que as entidades de
classe do setor se preocupem em diagnosticar as razões de possíveis insatisfações.
Também, no questionamento, foi perguntado quais os benefícios esperados
por uma organização em relação a sua entidade de representação? Esses
benefícios deveriam ser para a empresa diretamente ou para o setor, e que
indiretamente estaria beneficiando as empresas.
A maior freqüência, pelas respostas obtidas, nas questões da expectativa em
relação às atividades das entidades de classe do setor, foi para treinamento e
qualificação da mão-de-obra para atuar em empresas do setor metal mecânico da
região. Os entrevistados acreditam que muito mais poderia ser realizado em se
tratando a qualificação de mão-de-obra especializada para o setor.
A expectativa dos empresários do setor também é significativa em relação às
questões de políticas que envolvem o desenvolvimento das atividades do setor.
Segundo as respostas, há uma carência nas atualizações de questões de legislação
e normatizações.
Além das questões de caráter individual, as respostas passam por questões
do grupo de empresários. Há expectativa de estabelecimento de um grande projeto
e conseqüentemente, de implementação de desenvolvimento regional,
impulsionando as atividades desenvolvidas pelo setor, de forma conjunta e dinâmica.
Em relação a certa cultura de que “o Sindicato do setor só está para cobrar
PPGEP – Gestão Industrial (2005)
107
mensalidade e não faz absolutamente nada”, requer um certo depreendimento por
parte dos dirigentes da entidade no sentido de conscientizar os sindicalizados de
que o verdadeiro papel da instituição é se dispor a realizar ações de maneira
conjunta, acordadas pela maioria dos sindicalizados.
E, finalizando o grupo do eixo de Definições Estratégicas, perguntou-se se
seriam parceiros em um projeto de desenvolvimento regional, de modo a aumentar a
produtividade e competitividade, trabalhando de forma cooperada com os
organismos de classe, órgãos governamentais, instituições financeiras, instituições
de ensino, dentre outros organismos de fomento e, qual seria a expectativa no
desenvolvimento de um projeto desta envergadura.
Das empresas pesquisadas, cinco afirmaram não ter interesse em um projeto
desta envergadura, porém as respostas foram seguidas de complementos que
demonstra um alto grau de desconfiança. Desta forma, verifica-se a necessidade de
um intenso trabalho de convencimento e de persuasão, no sentido de conscientizar
os empresários e mostrando-lhes os resultados que poderão advir se houver
aumento de competitividade e de produtividade.
Porém, 60 (sessenta) empresas responderam que participariam e que
estariam abertas para desenvolver atividades em regime cooperado que visasse ao
crescimento das atividades do setor e, conseqüentemente, delas próprias.
Do total das respostas positivas a iniciativas em conjunto, 52% dessas
empresas demonstraram interesse, principalmente em relação a projetos
cooperados que possibilitem a oportunidade das decisões estratégicas do setor vir
ao encontro de expectativas como aquisição de matéria prima, redução de custos
com novos procedimentos nos processos de produção, prospecção de novos
mercados, notadamente o internacional, captação de recursos com juros
subsidiados e facilidades na transferência de tecnologia.
4.3 – Considerações sobre o Capítulo
Neste capítulo, foram analisados os aspectos quanto à estrutura disponível
para implementação do possível APL, tanto no potencial das entidades parceiras,
quanto nas suas estruturas instaladas do setor metal mecânico instaladas na RSEP.
A estrutura disponível das entidades de classe das organizações, das
PPGEP – Gestão Industrial (2005)
108
instituições de ensino, dos organismos de assessoria, dos órgãos governamentais,
seja de nível municipal, estadual ou federal, bem como as instituições de fomento,
que estariam envolvidas no processo, asseguram o mínimo de governança
necessária ao projeto.
O aporte de apoio desses organismos atende aos requisitos de
funcionamento de um programa de desenvolvimento regional, em busca da
competitividade através de melhoria da qualidade e produtividade.
As ações deverão concentrar-se inicialmente na formação de mão-de-obra
qualificada, item indispensável para um ambiente de inovação, até a abertura ao
mercado globalizado.
As discussões, já ocorridas junto aos organismos líderes do processo,
apontam um clima favorável de cooperação e de encaminhamento a mudanças para
o setor, direcionando a organização do segmento para atividades possíveis de
serem realizadas em comum.
A diversidade de produtos industrializados pelas empresas do setor é
considerável, uma vez que representa praticamente toda a gama de bens passíveis
de serem industrializados pelo setor metal mecânico de uma forma geral.
A amostragem de 75,39% entre micro e pequenas empresas, representa um
fator favorável para a realização de trabalhos de forma cooperativa. A disposição
dessas empresas é propícia a atender projetos dessa natureza, pois, se bem
conduzidos, sabem que em cooperação a possibilidade de atingir níveis de
crescimento e organização é infinitamente maior.
Os recursos humanos das organizações demandam uma necessidade
urgente de capacitação e qualificação, conforme já citado, seja de modo pontual ou
continuada.
Já processos que envolvam melhoria na gestão de novas tecnologias e P&D
ainda são incipientes nas organizações e demandam ações imediatas. Como as
organizações, pelo seu porte, maioria micro e pequena, não dispõem de recursos
individuais, uma resposta imediata pode ser a atuação em cooperação no sentido de
minimizar esta dificuldade, assim como nos processos produtivos, e em informações
em relação a novas tecnologias.
Quanto a fornecedores e estratégias de mercado desenvolvidas pelas
organizações do setor metal mecânico instaladas na RSEP, o porte define a
PPGEP – Gestão Industrial (2005)
109
característica, ou seja, micro e pequena empresa raramente têm oportunidade a
formas diferenciadas de acesso a novos fornecedores como também a canais de
distribuição.
Nas empresas pesquisadas na RSEP, a realidade não é diferente.Por isso,
necessário se faz a interferência por parte das entidades de classe das empresas
industriais, por intermédio de ações, no sentido de oportunizar o acesso para que
passem a usufruir de oportunidades com novos fornecedores, obtendo melhores
condições de comercialização em suas aquisições, e, consequentemente
possibilitando-lhes melhores oportunidades de mercado. As organizações afirmam,
que têm potencial para novos mercados, mas que necessitam de otimização em
suas práticas de gestão.
As indicações de caráter estratégico, assumidas pelas organizações do setor
caracterizam uma ansiedade em expandir seus negócios. Pelas respostas positivas
em relação à expectativa de crescimento de suas operações destaca-se o espírito
empreendedor dominante nas empresas do setor metal mecânico situadas na
RSEP.
PPGEP – Gestão Industrial (2005)
110
CAPÍTULO 5 POSSÍVEL MODELAGEM PARA IMPLEMENTAÇÃO DE
UM APL
Com base no referencial teórico levantado, para que determinada região
possa contemplar um projeto de desenvolvimento regional, nos moldes de um APL,
é necessário que haja as condições indispensáveis, como:
Possua sinais de identidade coletiva (sinais sociais, culturais,
econômicos, políticos, ambientais, históricos, etc.);
Mantenha ou tenha capacidade de promover uma convergência em
termos de expectativa de desenvolvimento;
Estabeleça parcerias e compromissos para manter e especializar os
investimentos de cada um dos atores no próprio território; e
Promova, ou seja passível de uma integração econômica e social no
âmbito local.
De acordo com essas premissas, a possível modelagem poderia ser utilizada
para identificação e implementação de um APL. Baseado nos modelos propostos
pelo SEBRAE (2004), sendo que com sua metodologia própria de selecionar e
desenvolver os APLs, através de um fluxograma, sugerindo atividades seqüenciais,
demonstrada, conforme figura 02.
Partindo do modelo apresentado pelo SEBRAE (2004), apresenta-se com a
perspectiva de simular uma possível ferramenta a ser utilizada.
Conforme se visualiza na Figura 24, a modelagem aponta a seqüência de
possíveis ações as quais possam ser utilizadas para identificação e implementação
de um APL.
PPGEP – Gestão Industrial (2005)
111
7 - AVALIAÇÃO
6 - GESTÃO
E DESENVOL-
VIMENTO
5 - ELABORA-
ÇÃO DO PLANO DE
AÇÃO
4 - DEFINIÇÃO
DO SEGMENTO
/ ÁREA
3 - CONSTRU-
ÇÃO DE CENÁRIOS
2 - ANÁLISE DO AMBIENTE
1 - IDENTIFI-CAÇÃO DASPOTENCIA-
LIDADES DO SETOR
APL
Figura 24 – Possível Modelagem para identificação e implementação de um APL
Fonte: o autor
Esta modelagem, conforme demonstrada, procura facilitar os processos para
identificação e implementação de um APL.
A seqüência apresentada das etapas da modelagem procura atender às
expectativas para implementação de um APL.
5.1 – Identificação das Potencialidades do Setor
Quando se trata de identificar potencialidades, em um estudo, de implantação
de uma modelagem diferenciada, é mister dispor de dados que possibilitem tomadas
de decisão em relação ao potencial de determinado setor produtivo ou localização
regional.
No caso específico, tratam-se das potencialidades instaladas na região
PPGEP – Gestão Industrial (2005)
112
quanto à junção das organizações empresariais bem como as entidades de classe,
instituições de ensino, institutos de pesquisa, entidades de assessoria, organismos
financiadores e de fomento.
5.2 – Análise do Ambiente
A análise ambiental delineia as variáveis críticas que alavancam ou
estacionam os processos de inovação instalados ou em instalação.
As variáveis críticas, analisadas sob a ótica de ameaças e oportunidades,
pontos fortes e pontos fracos de um determinado setor, abrem os olhos dos gestores
na perspectiva de arregimentar-se em torno de uma melhor tomada de decisão no
grupo.
A necessidade de conhecer as forças restritivas, bem como as fortalezas que
envolvem determinado projeto ou empreendimento contribui para a identificação do
diferencial competitivo das organizações, fornecendo informações necessárias que
permitem uma consistente avaliação do ambiente interno e dos impactos do
ambiente externo, coerente com os recursos disponíveis.
5.3 – Construção de Cenários
A arte da construção de cenários possibilita a visualização de possíveis
situações que as organizações poderão encontrar em relação a algumas posições
assumidas pelos gestores.
A visualização de situações futuras, através da prática de construção de
cenários, possibilita também o experimento de quanto as decisões de longo prazo
terão influência sobre os destinos das organizações. Outra razão da qualidade deste
procedimento é a sensação de que será necessário saber no momento exato de
uma tomada de decisão adequada. As sensibilizações para identificar as tendências
motrizes em determinadas situações também serão bastante exercitadas. É o
“ensaio do futuro” que contribuirá para uma melhor tomada de decisão.
5.4 – Definição da Área e Segmento
A definição de área geográfica para implementação de um APL, bem como a
PPGEP – Gestão Industrial (2005)
113
segmentação dentro de um determinado setor é fator preponderante em relação ao
sucesso do arranjo. Quanto maior a área geográfica da abrangência, maior será o
grau de dificuldades de gestão do projeto, bem como da homogeneidade de
interesses.
A segmentação dentro de um setor abrangente também exerce um papel
importante. A escolha por determinado segmento em um horizonte de possibilidades
não poderá falhar, pois a falha nesse processo implicará no fracasso do projeto.
A área de abrangência do estudo, a RSEP, contempla os 42 municípios de
abrangência da AMSOP – Associação dos Municípios do Sudoeste do Paraná.
Na Figura 25 é possível visualizar os pontos limítrofes da proposta.
Figura 25 – Mapa da região Sudoeste do Estado do Paraná Fonte: AMSOP, 2005
Conforme, fica demonstrado na Figura 25, a área está localizada sobre a
bacia hidrográfica do rio Iguaçu, composta por 42 municípios e ocupa uma área de
17.102,75 km2, com população 557.443 habitantes. (AMSOP, 2005).
5.5 – Elaboração do Plano de Ação
Na oportunidade de trabalhar com clareza na identificação das
potencialidades do setor em uma determinada área de abrangência, definindo a
participação tanto das organizações empresariais, entidades de classe, assessoria,
instituições representativas do poder público, ensino e pesquisa bem como
PPGEP – Gestão Industrial (2005)
114
instituições financiadoras e de fomento; uma análise de ambiente que possibilite
explorar devidamente as oportunidades, eliminando ou minimizando as ameaças, a
partir do conhecimento dos pontos fortes das organizações envolvidas, da correção
dos pontos fracos existentes; construção de cenários que possibilitem enxergar
diversas situações de futuro, na perspectiva de minimizar as tomadas de decisão
imprecisas; a área geográfica de implementação, bem como o segmento a ser
trabalhado estar de acordo com os diversos atores do processo, o plano de ação
tem um pano de fundo de “conseqüência”.
As estratégias, a serem definidas em conjunto, no plano de ação de
implementação do APL darão o rumo para o sucesso com desenvolvimento,
competitividade e melhor produtividade.
5.6 – Gestão e Desenvolvimento
É a implementação do APL propriamente dita, cujas ações de funcionamento
do arranjo, visam às expectativas dos atores do processo.
A gestão e o desenvolvimento deverão seguir as estratégias definidas quando
da elaboração do plano de ação. Há, então, necessidade iminente de se definir um
grupo gestor, que será o responsável pela implementação das ações e do
funcionamento do APL planificado.
O grupo gestor será constituído de um Conselho de Administração e um
Diretor com a sua equipe.
No processo de gestão e desenvolvimento, o grupo gestor deverá ter
autonomia para as questões operacionais, Já as definições de nível estratégico,
diferentes das que já estiverem contidas no plano de ação, demandarão consulta ao
Conselho de Administração.
As diversas atividades previstas no plano de ação, evidentemente serão
distribuídas entre diversos participantes do projeto, porém cabe ao grupo de gestão
e desenvolvimento o controle e monitoramento no andamento dessas ações.
O grupo gestor será o responsável pelo assessoramento e poderá prestar
serviços às empresas integrantes do APL, como:
a. Serviços tecnológicos e técnicos – Teste de qualidade dos produtos,
certificação de qualidade de produtos, assistência para implantação de
PPGEP – Gestão Industrial (2005)
115
programas de qualidade e certificação, desenvolvimento de novos
produtos, P&D, utilização de máquinas e equipamentos de alta
tecnologia, assistência para inovação tecnológica, dentre outros
serviços tecnológicos e técnicos;
b. Promoção e marketing – viabilização de participação em feiras
internacionais, identificação de parceiros comerciais nacionais e
internacionais, pesquisa e acompanhamento de mercado no setor,
confecção de material promocional, feira e exposições em conjunto,
vendas em conjunto, criação de um consórcio de exportações, dentre
outros serviços de promoção e marketing;
c. Capacitação – possibilidade de realização de capacitação
especializada e direcionada, capacitação administrativa e gerencial,
especialização profissional, outros serviços de capacitação;
d. Financeiros – garantia de crédito (fundo de aval), informações sobre
fonte de financiamento, informações sobre as entidades financiadoras
parceiras do arranjo, dentre outros serviços de ordem financeira;
e. Infra-estrutura – oportunidades para reaproveitamento e/ou depósito de
resíduos industriais, tratamento de efluentes, dentre outros assuntos de
infra-estrutura que resultem positivamente às organizações;
f. Administrativos – criação de uma central de compras de matéria prima,
Assistência jurídica, sindical, trabalhista, previdenciária e social,
informações sobre normas técnicas, ambientais e comerciais,
assistência no registro de patentes, acompanhamento estatístico do
setor, identificação dos indicadores para o setor, dentre outros serviços
de ordem administrativa;
g. Outras atividades de prestação de serviços aos participantes do APL,
caso demandem em áreas não listadas.
As atividades do grupo gestor, responsável pela gestão e desenvolvimento de
um APL, não cessam por aqui. Toda e qualquer nova situação deverá ser resolvida
pelo grupo e cuja solução informada aos integrantes do processo.
PPGEP – Gestão Industrial (2005)
116
5.7 – Avaliação
Com as primeiras ações de implementação do arranjo, já se inicia o processo
de avaliação. Com a definição de indicadores sempre que se planificam as ações ou
correções, o que possibilitará a avaliação no processo. Sempre que ações são
implementadas, automaticamente deve estar instalado o processo de avaliação, de
forma a buscar a apuração dos resultados em relação aos indicadores pré-
estabelecidos.
Com essa atividade, avaliação nos processos, as possíveis correções de
rumo serão implementadas instantaneamente.
5.8 Considerações sobre o Capítulo
Atendendo ao objetivo geral da pesquisa que é de “Elaborar uma proposta de
modelagem para implementação de um APL – Arranjo Produtivo Local – para o setor
metal mecânico, envolvendo as indústrias situadas na região Sudoeste do Estado do
Paraná”, criou-se uma modelagem que, com sua seqüência atendida, poderá
possibilitar a identificação e implementação de um APL.
A proposta, de maneira geral, poderia ser implementada em qualquer
segmento empresarial, pois define uma seqüência genérica, atendendo a
possibilidade de tomada de decisão no processo, derivando para uma sub-área
inclusa em cadeia produtiva diversificada, com uma maior abrangência.
A modelagem proposta procura contemplar todas as possibilidades de
programas de desenvolvimento, que visem à competitividade, por meio da busca de
maior qualidade e produtividade.
PPGEP – Gestão Industrial (2005)
117
CAPÍTULO 6 CONCLUSÃO E RECOMENDAÇÕES
Para responder à problemática proposta: “como chegar a um possível APL, a
partir de um aglomerado de empresas do setor metal mecânico, instalado na região
Sudoeste do Paraná?”, considerando um referencial teórico que trata do tema e
exemplos de APLs em funcionamento — atentando para as dificuldades e
vantagens aferidas de um arranjo desses —, construiu-se uma modelagem que
possibilitasse essa resposta.
6.1 - Conclusão
Se as empresas, em países de industrialização tardia, como o Brasil, buscam
a auto-sustentabilidade, a promoção de arranjos locais, conforme foi defendida por
várias fontes pesquisadas, pode representar um novo paradigma para o
desenvolvimento sustentado de uma localidade, região e/ou país.
Porém, foi apontado, também, que não é recomendável se criar um arranjo
produtivo essencialmente por mecanismos artificiais, mas a partir da presença de
atividades produtivas com algumas características em comum e com um grau de
especificidade suficiente para garantir sua subsistência.
Assim, de acordo com os objetivos específicos, foram levantadas essas
condições e estruturada a modelagem em sete identificadores, conforme
demonstrado no Capítulo 5, de acordo com a Figura 24, perpassando por: a)
identificação das potencialidades do setor; b) análise do ambiente; c) construção de
cenários; d) definição da área e segmento; e) elaboração do plano de ação; f) gestão
e desenvolvimento; g) avaliação.
O primeiro objetivo específico: “Identificar o potencial industrial do setor metal
mecânico do Sudoeste do Paraná”, fica contemplado quando se levanta no Capítulo
3, item 3.2, a capacidade instalada na RSEP, envolvendo 362 empresas, distribuídas
pelos seguintes ramos de atividades: 238 serralherias; 08 fundições de metais; 31
fábricas no segmento de chapas e perfilados de alumínio; 57 tornearias e fábricas de
maquinários; 05 indústrias de fogões; 04 empresas de aramados; 19 fábricas de
pias, móveis tubulares, tanques e recipientes de metal.
PPGEP – Gestão Industrial (2005)
118
Essas empresas, em conjunto, conforme apontado, também, geram 4.500
empregos diretos e mais de 2.300 empregos indiretos. É um potencial importante,
considerando que essas empresas estão subsistindo de maneira quase que
individual, sendo que a possibilidade de melhoria em seus processos, agregando
mão-de-obra devidamente capacitada, e, organização adequada, é iminente,
gerando ganho em produtividade, com reflexos imediatos na competitividade.
Quanto ao segundo objetivo específico: “Identificar o relacionamento existente
entre as empresas do setor metal mecânico da região e as instituições de pesquisa
disponíveis na RSEP”, os dados levantados, apresentados no Capítulo 4, na Figura
05, apontam que, em sua grande maioria, ou seja, 75,39% das organizações são de
micro e pequena empresa, resultando daí, apesar de sinergias e de externalidades
positivas, os conflitos de interesses e/ou o interesse centrado apenas em si mesmo,
para resolver os problemas cotidianos, num baixo grau de coordenação e de visão
estratégica.
Assim, há necessidade de maior participação das instituições de pesquisa
disponíveis na região em colaborar para que essas organizações possam ter
atividades de pesquisa e de desenvolvimento aplicadas a seus processos, tendo em
vista que os meios mais utilizados, conforme demonstrado na Figura 13, do Capítulo
4, apenas 7,25% se utilizam-se de universidades, 5,80% utilizam-se de institutos de
pesquisa isolados, 18,84% de empresas de consultoria, e, a grande maioria, ou seja,
60,87% utilizam-se da assistência técnica de fornecedores para solução de
problemas de ordem tecnológica.
Conforme ficou demonstrado, também, na pesquisa sobre o potencial de
parceiros envolvidos no processo de desenvolvimento na RSEP, há estrutura
instrucional e acadêmica disponível na região, que possibilita projetos de pesquisa
integrados, porém, a participação e cooperação ainda são insignificantes. O que
pode estar ocorrendo é que as empresas não procuram as instituições de pesquisa
e/ou essas não estão conseguindo se inserir nesse processo de integração.
O terceiro objetivo específico: “Desenvolver um estudo para implementação
de um APL do setor metal mecânico da região Sudoeste do Estado do Paraná”,
também foi atendido, quando da apresentação de todo referencial teórico, buscando-
se aprofundar o estudo da questão, ou seja, dos Arranjos Produtivos Locais, o que
culminou com a proposta de uma possível modelagem para implementação de um
PPGEP – Gestão Industrial (2005)
119
APL.
Sob essa perspectiva, entende-se que o objetivo geral da pesquisa: “Elaborar
uma proposta de modelagem para implementação de um APL – Arranjo Produtivo
Local – para o setor metal mecânico, envolvendo as indústrias situadas na região
Sudoeste do Estado do Paraná”; é atingido e poderá servir, não somente aos atores
envolvidos desse setor pesquisado, mas também a outros setores que apresentem
as condições básicas, um caminho para se promover o desenvolvimento regional,
pela presença de vantagens comparativas naturais, como matéria-prima, e
condições físicas favoráveis, ou de vantagens competitivas, como mão-de-obra
qualificada e/ou com grande possibilidade de qualificação, infra-estrutura, logística,
canais de escoamento, cooperação das várias esferas governamentais.
Como a literatura aponta, o tema sobre APLs é, ainda, pouco explorado no
país, ou melhor, não há um conceito ou uma cultura bem definida, só poucos
entendem suas dimensões. Desta forma, a modelagem proposta aponta um
entendimento mais fácil, inclusive como uma ferramenta de gestão, para viabilizar a
implementação desse processo.
Esta modelagem propõe mecanismos que possam estimular essas empresas,
isoladas entre si, a transformarem-se em sistemas produtivos locais com economia
de escala, para enfrentarem um mercado cada vez mais competitivo.
Desta forma, a expectativa do pesquisador é que os resultados do trabalho
sejam relevantes para o avanço do conhecimento científico da área.
E, sem ter a pretensão de criar uma receita infalível ou um rol de regras,
entende que podem contribuir com aquelas organizações, isoladas entre si, mas
localizadas numa mesma localidade ou região, com as associações empresariais ou
com entidades técnicas que pretendem fazer uso dessas informações para a
implementação de APL, no sentido de alavancar o desenvolvimento sustentado, no
longo prazo, cujos empreendimentos tenham dimensões econômicas (capacidade
de sustentação); social (incorporação de populações marginalizadas); ambiental
(conservação dos recursos naturais) e política (estabilidade dos processos
decisórios e política de desenvolvimento). Ao finalizar este trabalho, fica-se, no entanto, com a sensação de que se tem
muito a andar, ou seja, iniciar realmente a implementação de um processo de APL,
na RSEP, a partir de um conjunto acumulado de empresas isoladas, instituições
PPGEP – Gestão Industrial (2005)
120
informais, comportamentos, valores, normas, conhecimentos tácitos hábitos sociais,
construídos historicamente, que afetam os níveis de confiança num sistema local, de
forma cooperativa, na busca de complementariedades voltadas ao aprendizado que
levam à inovação, fator determinante para sustentar a competitividade da empresa a
longo prazo.
6.2 Recomendações
Com a conclusão da etapa do trabalho de pesquisa, apresentando a
modelagem, percebe-se a necessidade de continuidade das pesquisas na busca de
verificação dos modelos para identificação, implementação e acompanhamento de
programas de desenvolvimento para aglomerados empresariais existentes, efetuar
as devidas comparações, propor mudanças quando necessário e, realizar o
experimento da modelagem proposta.
Como há uma concentração de indústrias do setor metal mecânico, na RSEP,
com características de se trabalhar em uma cadeia produtiva, despontam dois
grupos distintos.
O primeiro grupo inserido no setor metal mecânico pode ser o que envolve a
cadeia de produção de fogões. Essas organizações trabalham em parcerias, muitas
produzindo parte de equipamentos utilizados na montagem de fogões que está
centralizada em uma das empresas âncora. Essas atividades mobilizam empresas
desde a fundição de ferro e aço, até a fabricação de embalagens para o produto
acabado.
O segundo grupo do setor, que também se destaca pelas características de
cadeia produtiva é o responsável pelo segmento de “metal leve”, mais
especificamente a laminação de alumínios e, conseqüentemente, a industrialização
de panelas e outros derivados do alumínio.
Pelo número de produtos industrializados, conforme apresentado no Quadro
01, caracterizam-se como importantes, na definição, naquela etapa, pelos
organismos responsáveis pela organização do arranjo, pois, com a oferta
diversificada de produtos, poderão ser abertas discussões no sentido de eleger o
segmento que possibilite um melhor desenvolvimento para a região, dentro da
PPGEP – Gestão Industrial (2005)
121
perspectiva do arranjo.
Não somente estes segmentos no setor metal mecânico da RSEP poderão
ser passíveis de estudo para implementação de um possível APL, mas sim, com o
aprofundamento das pesquisas e análise mais segmentada do setor, poderá emergir
segmentos tão ou mais significantes.
A possibilidade da ampliação da pesquisa, em nível de Doutoramento, poderá
trazer respostas mais definitiva à problemática de implementação de um modelo de
desenvolvimento regional baseado em aglomerados empresariais.
PPGEP – Gestão Industrial (2005)
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127
ANEXO - QUESTIONÁRIO APLICADO ÀS EMPRESAS
PPGEP – Gestão Industrial (2005)
128
QUESTIONÁRIO APLICADO ÀS EMPRESAS
{Identificação }
Empresa: ........................................................................................................... Endereço:........................................................................................................... CEP .................................... Cidade: ................................................................. Nome de Fantasia: ............................................................................................ Tel. .................................................... FAX: .................................................... e-mail: ............................................................................................................... Pessoa de contato: ..................................................................................... Cargo: ........................................................................................................ Grau de instrução: ( ) Fundamental ( ) Nível médio ( ) Superior
{Questões de interesse comum (caracterizando as empresas)}
a) Produtos da Empresa: ...............................................................................
Data de fundação da Empresa: ........./......../..............
b) Natureza jurídica da Empresa:
( ) Individual ( ) Sociedade limitada ( ) Sociedade anônima ( ) Mista
c) A Empresa é classificada como: ( ) Micro ( ) Pequena ( ) Media ( ) Grande
QUESTIONÁRIO
d) 1 – As atividades desenvolvidas na Empresa, no setor metal-mecânico, são: (permite mais de uma resposta). ( ) – Laminadora ( ) – Estamparia/repuxe ( ) – Ferramentaria ( ) – Fundição ( ) – Tornearia ( ) – Cromagem ( ) – Esmaltação ( ) – Aramados ( ) – Esquadrias Metálicas e/ou alumínio ( ) – Polimentos de Alumínios ( ) – Dobras em tubo de aço e alumínio ( ) – Calandragem ( ) – Outros ______________________ ____________________
{ Questões de 02 a 07 – Recursos Humanos }
PPGEP – Gestão Industrial (2005)
129
2 – O número de pessoal empregado na Empresa:
Total _________ 3 – O número de pessoal está lotado nos seguintes setores:
( ____ ) – Produção ( ____ ) – Administração ( ____ ) – Projetos de Pesquisa & Desenvolvimento
4 – O grau de instrução dos colaboradores são:( em n.)
Produção: - ( ____ ) – Até 2o. Grau incompleto - ( ____ ) – 2o. Grau completo - ( ____ ) – Superior Administração - ( ____ ) – Até 2o. Grau incompleto - ( ____ ) – 2o. Grau completo - ( ____ ) – Superior Projetos de Pesquisa & Desenvolvimento - ( ____ ) – Até 2o. Grau incompleto - ( ____ ) – 2o. Grau completo - ( ____ ) – Superior
5 –As principais formas de treinamento oferecidas aos colaboradores são: (permite mais de uma resposta)
( ) – Não oferece treinamento ( ) – Na empresa, fora do processo de trabalho ( ) – Durante o trabalho (no processo de trabalho) ( ) – Na empresa e em instituições especializadas ( ) – Promovido por fornecedores ou clientes ( ) – Outro ________________________________
6 – Em que áreas é necessário ofertar treinamento aos colaboradores? (permite mais de uma resposta)
( ) – nenhuma das áreas ( ) – processo produtivo ( ) – administrativo Se a resposta ( ) – atendimento a clientes ( ) – outros _______________ ___________________
7 –Em dificuldades encontradas no quadro de colaboradores, enumere em ordem crescente:
( ) – Baixo nível de escolaridade ( ) – Falta de treinamento ( ) – Falta de motivação ( ) – Pontualidade/assiduidade { Questões de 08 a 18 – Gestão Tecnológica e Pesquisa e
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130
Desenvolvimento – P&D } 8 – Empresa utiliza alguma norma técnica (ex.: ISO 9000 – ISO 14000 – ABNT )
( ) – SIM (qual:____________________) ( ) – NÃO.
9 – As técnicas de organização da produção utilizadas na Empresa são: (permite mais de uma resposta) ( ) – Just in time ( ) – Controle Estatístico do Processo ( ) – Controle de qualidade ( ) – Rodízio dos colaboradores ( ) – Polivalência nos postos de trabalho ( ) – Outra ________________________ 10 – Em qual etapa situa o controle de qualidade? (permite mais de uma resposta) ( ) – Recepção da matéria prima ( ) – Produto final ( ) – Setor de embalagens ( ) – Setor de expedição ( ) – Em todas as fases ( ) – outra específica:__________ 11 – Para a solução de problemas de ordem tecnológica a Empresa utiliza-se de: (permite mais de uma resposta) ( ) – Universidades ( ) – Institutos de pesquisa isolados ( ) – Associação de empresas ( ) – Empresas de consultoria ( ) – Assistência técnica
12 – As condições atuais de equipamentos utilizados no processo produtivo são:
( ) – Totalmente atualizados ( ) – Parcialmente atualizados ( ) – Desatualizados 13 – A idade média dos equipamentos utilizados na produção variam entre:
( ) – de 1 a 3 anos ( ) – de 4 a 7 anos ( ) – de 8 a 12 anos ( ) – mais de 12 anos
14 – Em sua área, são de seu conhecimento projetos cooperativos entre: ( ) – empresas ( ) – empresas e instituições de pesquisa ( ) – Associações de empresas ( ) – empresas e segmentos representativos do setor ( ) – não tem conhecimento
15 – No processo de Pesquisa e Desenvolvimento a Empresa utiliza a fonte de informação tecnológica, entre as quais: (permite mais de uma resposta)
( ) – Revista especializada ( ) – Pesquisas próprias ( ) – Feiras e congressos ( ) – Contatos com outros empresários ( ) – Consultoria especializada ( ) – Universidades
PPGEP – Gestão Industrial (2005)
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( ) – Centros de Pesquisa ( ) – Não recorre a fontes de informação ( ) – outras ____________________ __________________________
16 – As principais atividades de P&D desenvolvidas na empresa são:
( ) – Concepção de novos produtos ( ) – Concepção de novos processos de produção (máquinas e equipamentos) ( ) – Concepção de novos materiais ( ) – Concepção de novas técnicas de marketing ( ) – Concepção de novas formas de controle de qualidade ( ) – nenhum
17 – Os novos produtos e/ou modelos de sua produção são desenvolvidos:
( ) – Na empresa ( ) – Por empresas especialistas ( ) – Adaptados na empresa ( ) – Por indicação de fornecedores ( ) – Por solicitação dos clientes
18 – As principais formas de aquisição de tecnologia são através de: ( ) – Licenças ( ) – Assistência técnica ( ) – Agência de comercialização de tecnologias e patentes ( ) – Assistência de organismos empresariais (FIEP, SINDIMETAL, etc) ( ) – nenhuma
{ Questões 19 a 21 – Envolvimento com Fornecedores }
19 – Os principais critérios de seleção dos fornecedores são: (permite mais de uma resposta)
( ) – Preço ( ) – Condições de pagamento ( ) – Prazo de entrega ( ) – Recomendado por alguém ( ) – Qualidade ( ) – Atendimento ( ) – Confiança ( ) – São os únicos fornecedores ( ) – Pontualidade
20 – A origem da principal matéria prima utilizada é oriunda do:
( ) – próprio município ( ) – próprio Estado ( ) – outros Estados da região ( ) – outros estados do Brasil ( ) – exterior
21 – As principais dificuldades para aquisição de matéria prima em ordem crescente:
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( ) – Qualidade confiável ( ) – Limite de quantidade ( ) – Financiamento da aquisição
{ Questões 22 a 27 – Questões Mercadológicas }
22 – A empresa possui serviço de atendimento aos clientes:
( ) – Através de pessoal próprio ( ) – Através de serviços terceirizados ( ) – Não tem tal serviço 23 – O mercado atendido pela empresa é predominantemente: (permite mais de uma resposta)
( ) – Local ( ) – Regional ( ) – Estadual ( ) – Nacional ( ) – Internacional
24 – Os canais utilizados para a comercialização do produto são: (permite mais de uma resposta)
( ) – Loja própria ( ) – Vendedores funcionários (próprios) ( ) – Atacadistas ( ) – Varejistas ( ) – Representantes Comerciais ( ) – Outros
25 – As principais limitações para atender mais clientes são: (permite mais de uma resposta)
( ) – espaço físico ( ) – quantidade de máquinas ( ) – pessoal qualificado ( ) – capital de giro ( ) –outros ________________ ( ) – nenhum
26 – Os principais concorrentes para os produtos são: ( ) – empresas locais ( ) – empresas regionais ( ) – empresas nacionais ( ) – empresas multinacionais
27 – Sua empresa tem potencial de crescimento para novos mercados? ( ) – SIM ( ) – NÃO
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{ Questões 28 a 34 – Definições Estratégicas }
28 – Sua empresa tem planos de expansão para os próximos 5 anos? ( ) – SIM ( ) – NÃO
29 – ( se a resposta da 28 for positiva) - O investimento pretendido será em: ( ) – Máquinas e equipamentos ( ) – Aumento do espaço físico ( ) – Melhoria e ampliação de espaço físico de produção ( ) – Desenvolvimento de novos produtos ( ) – outros ____________________________
30 – Para realização de seu plano de investimento, será necessário apoio técnico ou de capital? Enumere:..................................................................
31 – Sua empresa é associada a alguma entidade classista?
( ) – sim ( ) – não
32 – Se a resposta da pergunta anterior for positiva, como é seu grau de satisfação com os serviços prestados pela(s) entidade(s)?
( ) – satisfeito ( ) – parcialmente satisfeito ( ) – insatisfeito
33 – No seu ponto de vista, quais os benefícios que uma entidade associativa, organismo de classe empresarial, associativa e cooperativa, deveria proporcionar para sua empresa ou para o segmento que seu grupo representa?
34 – Sua empresa seria parceira de um projeto de desenvolvimento regional para o seu segmento de mercado, vislumbrando aumento de produtividade e competitividade, trabalhando de forma cooperativa com os organismos de classe, órgãos governamentais, instituições financeiras, instituições de ensino, dentre outros organismos de fomento?
E qual seria sua expectativa?