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Uma Lição Extraterrestre

Wagner Borges

Prefácio De antemão, o meu sincero agradecimento fraterno ao autor deste conto profundamente substancial, fruto da lucidez já costumeira. As imagens e o sentido embargado das palavras nos remete ao convívio mais íntimo acerca do nosso real significado. Um silêncio gritante marejou meus olhos ao ler as páginas deste livro inspirado! Era como se houvesse sido banhado nas águas sórdidas da minha inconsciência pretérita, na auto culpa de antanho e nos resíduos de agora. Era como se um tufão de resplandecência límpida e emoliente varresse a banalidade do meu pensamento pueril e irresponsável. O homem necessita de palavras amargas que façam despertar a sua vã e rústica sobrevida. As preocupações imediatistas e iminentes da humanidade tangem às futilidades do seu dia-a-dia insípido. As necessidades primordiais da existência humana são verdadeiras olimpíadas de sobrevivência e luxúria, na competição melancólica da estagnação terrena. A importância sacramentada pelas tradições vulgares e inconseqüentes faz com que os homens passem o tempo ao redor das vidas, consumindo nacos e porções levianas de ignorância. Assim, sucumbimos à sedução das mazelas e cravamos no peito as lâminas da rudeza do nosso conhecimento parco, burlando a nossa visão com as viseiras da incompreensão. Na sobrevida dos atos protagonistas em desmedidos excessos e cultos às supostas necessidades biológicas, o homem vai gastando a sua carga vital como coadjuvante amador do teatro da vida. Por conseqüência, pelo baixo teor de sabedoria e raciocínio lógico, escapa-lhe a intuição e ele morre de medo da morte, como se esta fosse o último ato da vida. Quando vamos parar de representar o nosso próprio personagem no mundo, desempenhando o verdadeiro papel de nós mesmos?

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Quando poderemos estancar as feridas da hipocrisia, sendo honestos com a nossa divina existência? Quando iremos divisar o olhar de algum animal e perceber o brilho mais translúcido do Criador na expressão da criatura? Quando teremos a noção e a percepção que certifica que "irracionais" somos nós ontem e que "racionais" serão eles amanhã? E quantas vidas mais arrancaremos da terra, do ar, das águas e coziremos no fogo brando da nossa involução? O autor da obra focaliza a petulância daqueles que se consideram eleitos no pleito existente. A que partido limitante elespertencem? Qual a plataforma de seus desgovernos? Quem de nós é o "Moisés da nova era", e quantos mandamentos devemos seguir? Quem deve arbitrar segundo os preceitos das novas tábuas da lei? Quem abrirá o Mar Vermelho, já tingido de sangue? Quem poderá colher a semeadura e arar a terra prometida? Não se discute mais acerca da existência de orbes extraterrestes povoados. As inteligências extraplanetárias já são realidades quase palpáveis nas pautas das discussões humanas. A incidência e a propaganda dos irmãos siderais atestam e comprovam seus planos de expansão na nossa esfera. O intercâmbio e a comunicação entre a nossa civilização e outros mundos mais avançados já são quase viáveis no nosso contexto. Mas é preciso conter os passos mais estreitos e amortecidos de respeito, para não assustar o "bicho humano", acuado por seus próprios temores. Atualmente, várias correntes ufológicas, místicas e pseudocientíficas querem abocanhar o filão desse mercado expansivo. Tal divisão demonstra o estágio da incapacidade do homem em unir-se a ideais mais altruístas. Ao invés de estreitar relacionamentos e integrar-se em novas experiências, o egocentrismo ilusório faz provocar injúrias e discórdias pela ilustre pecha de ignorantes especialistas da área, representantes exímios da raça terráquea. A honra de autoproclamar-se "ufólogo" deveria para alguns transmutar-se em "ufanistas" de si mesmos ou "ufólatras" por incapacidade própria! Muitos entoam a mesma indagação no tocante à possibilidade de naves faraônicas pousarem em plena Avenida Paulista, sobre os

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braços do Cristo Redentor, na cabeça da Estátua da Liberdade, no ápice da Torre Eiffel ou equilibrar-se no cume da Pirâmide de Queóps. Por que não participam de talk-shows televisivos, programas de auditório ou dos mega-espetáculos pelos coliseus do mundo afora? Qual o motivo crucial dessa imaginária antipatia pela nossa coletividade, já que estamos abertos a novas propostas no duro processo da evolução da espécie? A resposta parte do princípio da nossa obscuridade histórica. O que sabemos nós sobre as sementes plantadas pelas mãos ancestrais dos nossos aliados galáticos ao longo da jornada? Qual a dimensão da colheita professada por estes semeadores de vida e de amor à nossa humanidade? Por fim, aos que pleiteam incessantemente esse encontro inusitado, esse contato imediato sem escala, a réplica só pode ser de autoria desses fraternos pensantes irmãos do espaço, que não se cansam de afirmar, com compaixão e sabedoria, a frase mais verdadeira sobre a nossa falsidade: -Quando vocês se encontrarem, nós nos encontraremos!

Maurício Santini São Paulo, 21 de novembro de 1996.

Passadas E Trilhas Nascemos por um bem cósmico e evoluímos pelo bem que fazemos. A necessidade nos impõe um crescimento e nos direciona para um bem maior. Nossa consciência é muito mais do que aparenta ser. Somos deuses, mas agimos como homens. As estrelas estão à nossa espera, entretanto, olhamos para o chão. O sol nos aquece, porém somos frios no sentimento. A vida nos preenche de experiência a cada instante que vivemos, no entanto, sentimos um vazio profundo. A estrada está aberta! Por que não entramos com firmeza?

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Não adianta tergiversar na frente do portal, o caminho é esse mesmo. A história mostra a rota correta. Basta observar os caminhos anteriores. Vários seres já caminharam neles antes. Seus passos luminosos deixaram marcas na poeira dessas trilhas. Suaram sangue para chegar ao objetivo, mas esse sangue se transformou em luz e esse brilho ainda está lá, estimulando os novos andarilhos do destino. Nos momentos de infortúnio, lembremos da rota dos imortais. Acionando a tecla cósmica do amor, ativemos um bem maior, pois a trilha gloriosa está aberta. Quem vai passar? Forças nobres estão em ação para deflagrar um trabalho melhor. Os esquemas espirituais estão traçados, e é hora de cada um pegar a sua trilha. Que o caminhar do buscador seja coerente, pois nas trilhas da espiritualidade só consegue sucesso quem tem os passos luminosos, o coração brilhante e a alma cheia de amor.

Rama (psicografado por Wagner D. Borges)

Uma Lição Extraterrestre

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Certo dia, uma nave espacial, oriunda de uma Galáxia muito distante, onde vivia uma raça bastante evoluída, chegou à Terra. Estava em missão de pesquisa e expansão das suas relações com os habitantes de outros mundos. Penetrando na atmosfera da Terra, os cientistas da nave logo perceberam, pelo alto grau de poluição, que era um mundo bastante primário. Por precaução, acionaram um dispositivo de segurança que os tornaria invisíveis e intangíveis. Assim, poderiam observar melhor o temperamento do ser humano no seu dia-a-dia, sem serem endeusados ou atacados por ninguém. Mudança De Planos

Durante anos, eles pesquisaram a vida no planeta em todos seus aspectos. Desde o comportamento do ser humano até a qualidade dos elementos da natureza, bem como a relação entre ambos. O resultado dessas pesquisas revelou que os terráqueos eram primitivos e não dominavam suas emoções. Além disso, a falta de consciência ecológica da humanidade estava destruindo o ecossistema do planeta. O comandante da expedição espacial, após avaliar os dados da pesquisa, resolveu então mudar seu programa de ação. A sua missão inicial era apenas pesquisar e estabelecer relações amistosas com os terráqueos, porém isso não seria possível, pois seu povo era pacífico e os terráqueos eram muito violentos. Após muito pensar, o capitão extraterrestre resolveu aplicar uma tática

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psicológica, antes de abandonar a Terra, a fim de dar uma lição espiritual nos terráqueos. Comunicação Secreta Com Os Governos

Usando seus instrumentos avançados, comunicou-se através de uma freqüência secreta de rádio com os governos dos principais países do planeta, convocando-os para uma reunião secreta na sede da ONU (Organização das Nações Unidas). No dia e na hora marcados, eles se materializaram no centro da sala de convenções. Presentes à reunião estavam os governos dos países convocados, os grandes líderes políticos, os cientistas, os militares, os religiosos e os ufólogos. Todos estavam muito nervosos, pois seria a primeira vez que uma raça extraterrestre se comunicaria com os terráqueos. Alguns nem acreditavam que aqueles seres extraterrestres fossem reais. Outros tremiam de medo. Outros ainda, choravam de emoção, pois aquele contato já era esperado havia muito tempo. A Aparência Dos ET’s

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A aparência dos extraterrestres chocou alguns, já que era muito diferente da dos seres humanos. Tinham pequena estatura (cerca de um metro de altura). Eram magros e delicados. Estavam vestidos com um tipo de roupa espacial futurística. Suas cabeças eram grandes e não tinham cabelos. A pele era acinzentada-clara, parecendo meio enrugada e porosa. Tinham as faces largas e o rosto um pouco ovalado. A boca era apenas um ligeiro traço e o nariz bem pequeno. Os olhos eram grandes e negros, oblíquos, ligeiramente amendoados para cima. Emitiam um olhar profundo, magnético, que exprimia um ar de serenidade e doçura. Comunicando-se Telepaticamente

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Todos esperavam que eles se comunicassem no idioma inglês, que era a língua normalmente usada nas reuniões da ONU, porém, quando o comandante extraterrestre iniciou sua mensagem, seus pequenos lábios não se moviam. Ele usava a telepatia, que é uma linguagem universal e dispensa idiomas convencionais. Todos entendiam perfeitamente sua "voz mental", calma e pausada, ecoando dentro de suas mentes. Eis, na íntegra, o diálogo (mental por parte dos extraterrestres e vocal por parte dos terrestres), que se travou naquele dia memorável: -Povo da Terra! Nós os saudamos com muito amor, em nome da F.G.S. (Federação das Galáxias Superunidas). Não sei como me dirigir direito a vocês. Não sei se é melhor chamá-los de "Senhores da Terra" ou de "homo sapiens"! Digam-me, como deve ser chamado o ser humano? O Cientista

Um dos cientistas se levantou imediatamente e respondeu com toda pompa e vaidade:

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-Nós não somos mais homo sapiens; somos agora "homo sapientíssimus". Dominamos a energia nuclear, nossos veículos são cada vez mais velozes, nossos prédios cada vez mais modernos, nossos computadores cada vez mais sofisticados e, a cada dia, novas invenções são criadas. Dito isso, sentou-se o cientista com um largo sorriso de satisfação e orgulho, como se houvesse dado uma lição no comandante extraterrestre. O Militar

Logo após, um militar levantou-se e também falou: -Além de "sapientíssimus", também somos "poderosíssimus". A cada dia criamos novas armas sofisticadíssimas. Temos, em nossos arsenais, bombas e armas para todas as finalidades. Desde guerras químicas a guerras nucleares. Mesmo nosso armamento convencional, como revólveres, metralhadoras, granadas e tanques é bastante desenvolvido. Dito isso, sentou-se o militar com um largo sorriso arrogante, como se houvesse intimidado o comandante extraterrestre.

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O Político

Logo após, levantou-se um político e pediu a palavra: -Além de "sapientíssimus" e "poderosíssimus", também somos "carismáticus". Dominamos muito bem o uso da palavra, o magnetismo pessoal e em nossas mãos está o destino dos povos. Dito isso, sentou-se o político com um largo sorriso de falsa modéstia, como se houvesse convencido o comandante extraterrestre. O Religioso

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A seguir, levantou-se um religioso e também pediu a palavra: -Além de "sapientíssimus", "poderosíssimus" e "carismáticus", também somos "religiosus". Acreditamos em Deus e sabemos que ele protege o nosso povo. Já sabemos que existe um céu e um inferno, para premiar ou castigar as consciências além da morte. Somos tão crentes em Deus que, se for preciso, até brigamos por essa crença. Como vê, além de tudo, somos muito determinados em relação àquilo que acreditamos. E lhe digo mais, não sei se no seu planeta existe alguma religião, mas aqui na Terra quem manda é o Nosso Senhor Jesus Cristo. Só ele é o caminho, a verdade e a vida, e ninguém vai ao Pai se não for por ele! Se vocês quiserem, poderemos enviar alguns missionários para convertê-los à boa nova do evangelho. Se acreditarem nas verdades sagradas da bíblia, alcançarão o reino dos céus! Os Orientais

Dito isso, sentou-se o religioso com um largo sorriso moralista e hipócrita, como se houvesse convertido o comandante extraterrestre. A essa altura, a bancada oriental, amante de Buda e de Krishna, bem como a bancada muçulmana, amante de Zoroastro e Maomé,

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já se encontrava em pé de guerra, protestando em altos brados contra o radical discurso cristão. Antes que a reunião virasse uma guerra santa, o comandante extraterrestre emitiu um raio pela sua mão direita que paralisou imediatamente os religiosos brigões. Impressionados com o poderio do visitante, todos prometeram se acalmar e respeitar democraticamente o ponto de vista diferente dos outros. O Místico

Por último, levantou-se um místico e gritou fortemente: -Meus mestres extraterrestres! Não liguem para o que esses idiotas estão dizendo! Nós, os místicos, os esotéricos, os espiritualistas e os ufólogos, sabemos que vocês vieram para nos salvar. Há muito estamos esperando sua chegada. Estamos vivendo a Nova Era e nos encontramos às portas do terceiro milênio. Sabemos das catástrofes que irão sacudir o planeta, neste final de século. Portanto, estamos esperando suas orientações quanto à evacuação e o resgate dos eleitos espirituais da Terra. E esses eleitos não podem ser os materialistas, mas nós os ufólogos,

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místicos, esotéricos e espiritualistas que sempre acreditamos em vocês! Dito isso, sentou-se o místico com um largo sorriso de fanatismo. A Lição Do Comandante

A essa altura, o comandante extraterrestre já estava arrependidíssimo de haver comparecido àquela reunião. Se aquelas pobres criaturas eram incapazes de ter um relacionamento maduro entre elas mesmas, como poderiam estabelecer uma relação madura e produtiva com seus vizinhos cósmicos? Disposto a dar uma lição memorável naquelas pessoas tão tacanhas, o comandante espacial voltou a se comunicar por telepatia e expressou o seguinte: -Caros senhores, devo dizer-lhes que a vossa raça não é nada sábia. Vocês estão muito mais para "homens das cavernas" do que para "homo sapiens".

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As Lições À Cada Um

O vosso alegre time de cientistas está muito mais para "orgulhosíssimus" do que para "sapientíssimus". A vossa alegre tropa de militares está mais para "belicosíssimus" do que para poderosíssimus". A vossa alegre bancada de políticos está muito mais para "corruptíssimus" do que para "carismáticus". A vossa alegre legião de beatos conservadores está muito mais para "hipócritus moralíssimus" do que para religiosos altruístas. A vossa entusiasmada turma de místicos está mais para "mumias espirituais" do que para eleitos de alguma coisa. As Perguntas do ET

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Já que vocês se acham tão importantes, eu gostaria de fazer algumas perguntas: Quem de vocês é feliz? Quem de vocês não tem problemas? Quem de vocês domina as emoções?" Um grande silêncio se fez no ambiente. Todos sabiam como era difícil responder a tais perguntas. Vendo que ninguém respondia, o ET continuou sua mensagem: -Vocês sempre se queixam dos problemas que a vida lhes impõe. Entretanto, criam muito mais problemas para a vida do que ela para vocês. Constatamos um grande amigo da vida na Terra: o "Dr. Ar".

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O Ar

Ele nos disse que só gera benefícios para vocês e, em troca, recebe como pagamento sujeira na sua casa, a atmosfera planetária. Disse-me que o seu contato com o ser humano é tão ruim que logo ele se transforma em gás carbônico. Chegou ao ponto de usar como exemplo uma história escabrosa, que reflete bem a dualidade do ser humano. É a história do médico e do monstro, na qual um tal de Dr. Jekyll se transformava em um tal de Mr. Hyde. Pois bem, segundo o "Dr. Ar", ele é o médico que ao entrar em contato com os pulmões do digníssimo ser humano, transforma-se em gás carbônico, o monstro. Como podem observar, basta o rico ar entrar em contato com vocês para se transformar em veneno. A Camada De Ozônio

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Perguntei-lhe qual era o nome que dava para vocês, humanos. Ele me respondeu com um nome curiosíssimo: "homo venenosíssimus". Fiz também uma entrevista com a "Dona Camada de Ozônio" e perguntei-lhe que buraco era aquele, em cima da Antártida. Ela me respondeu que havia sido estuprada por alguns gases venenosos emitidos pelos seres humanos. E ela também lhes deu um nome bem apropriado: "homo malcheirosus". A Árvore

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Logo depois, fiz uma entrevista com uma grande amiga da humanidade: a "Dona Árvore". Ela me disse que também só gera benefícios para vocês. Faz a reciclagem parcial do ar, dá sombra, frutos, vitalidade e beleza visual. Mas em troca, só recebe motos-serras a dilacerar-lhe as víceras vegetais, chuva ácida, agrotóxicos e depredações de toda natureza. Disse-me que o seu sofrimento é tanto que as energias venenosas que a agressão humana lhe impõe, ela joga para o interior da Terra. Chorando disse-me que essa é a única maneira de se desintoxicar. Perguntei-lhe qual era o nome que dava para seu agressor humano, e ela também não se fez de rogada: "homo violentíssimus". A Terra

Penetrei então no interior do solo e fui conversar com a "Dona Terra". Muito revoltada, ela estava jurando vingança aos seus filhos humanos da superfície. Disse-me que apesar de oferecer um

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solo rico para a agricultura, nele, o ingrato filho humano faz queimadas e pastagens. Mas o pior mesmo são os testes atômicos subterrâneos, que envenenam sua estrutura íntima. Disse-me que está ficando tão intoxicada com o lixo que jogam nela, que se a situação piorar ela não terá outro jeito a não ser romper-se em represália, criando assim, terremotos e erupções para se defender. Perguntei-lhe o nome que dava para o ser humano. Pois bem, vocês foram mimoseados novamente com uma curiosíssima nomenclatura: "homo sujus". A Água

Saindo dali, fui conversar com a "Dona Água". E ela me disse que, apesar de todo o benefício que gera ao ser humano, só recebe esgoto não tratado, vazamentos de petróleo, contaminação de vários tipos, lixo, e vê seus filhos peixes serem dizimados indiscriminadamente. Perguntei-lhe qual era o nome que ela dava para o ser humano. E mais uma vez ouvi um nome curiosíssimo: "homo malucus".

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Fui então para a selva, conversar com os animais. Deles, ouvi todo tipo de crítica ao ser humano. Apesar de serem irmãos menores na criação, em vez de serem bem tratados pelo seu irmão mais velho, são dizimados em larga escala, para servirem de alimento ou para serem transformados em vestimenta luxuosa e desnecessária. Sabem que nome eles deram para vocês? "Homo truculentus". Os Animais

Diante de tantas queixas dos habitantes da natureza, não sei se devo chamá-los de "sapientíssimus" ou de "burríssimus", pois só mesmo uma raça tão imatura poderia destruir os elementos que lhe fornecem a vida. Enquanto estamos aqui reunidos, muitas formas de vida estão sendo dizimadas neste exato momento, no mundo inteiro. Quantas árvores não estão sendo derrubadas agora?

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Quantos animais não estão sendo exterminados covardemente nesse momento, pela máfia. A Agressão À Natureza

Se as pessoas não comprassem os produtos oriundos do extermínio de animais, os bandidos conscienciais, que se dedicam a esse comércio nefando, não teriam como vender sua sórdida produção para ninguém. É óbvio que, não tendo lucro no trabalho, eles desistiriam e se dedicariam a outras atividades menos perniciosas criminosa dos caçadores e organizações que comercializam as peles para a confecção de casacos que as ilustres damas hipócritas da sociedade humana adoram vestir? Sei que muitos de vocês acharão tudo isso uma bela utopia. Mas uma utopia só existe enquanto não for realizada. Se vocês tomarem providências, essa utopia acabará virando realidade. Se assim não for, a natureza pode perder a paciência, e aí vocês sentirão na própria pele o que é ser agredido. Se a situação continuar do jeito que está, muito cuidado, o resultado poderá ser desastroso.

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A Revolta Da Natureza

O ar poderá sufocá-los. A terra poderá enterrá-los. As águas poderão afogá-los. Os raios solares poderão incinerá-los. O gelo poderá congelá-los. Enfim, a natureza poderá acabar por matá-los. E aí, de que adiantarão as vossas armas? Poderão elas enfrentar a força de vários furacões? E de que adiantaria a vossa propalada lábia política? Serviria ela para enganar um terremoto? Poderia ela falar mais alto contra o trovão? E de que serviria a vossa ciência? Conseguiria ela consolar as pessoas que perderam parentes em tragédias geradas por ela mesma, como a poluição da atmosfera, o envenenamento dos alimentos, através dos agrotóxicos, e a criação de drogas sabidamente danosas? E de que adiantariam os vossos credos religiosos? Poderiam as vossas preces enfrentar a força dos vulcões em erupção? Ou uma chuva de meteoros?

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As Religiões

Vocês falam muito em alcançar o "reino dos céus", através da religião, e tentam converter os outros pela força e pelo fanatismo, mas, com isso, só conseguem manchar a vossa história com o sangue vertido em nome do ódio e da intolerância. Há inúmeras raças, em todo o Cosmos, que já conhecem os "reino dos céus" há muito tempo, pois a toda hora cruzam o espaço sideral em suas "naves-pensamento". Comungam com o Criador através das estrelas e não tentam converter ninguém. Aprenderam a respeitar as leis que regulam a vida em todo o universo e, com isso, valorizam o respeito a todas as criaturas, mesmo que elas tenham tendências e opiniões diferentes. Vocês dizem seguir os ensinamentos de Cristo, de Buda e de vários outros seres iluminados. Porém, na realidade, não observei esses ensinamentos serem sequer assimilados, muito menos praticados. A Depredação Do Meio Ambiente

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Os maiores exemplos de altruísmo que observamos neste planeta foram dados pela própria natureza, que tudo dá e nada pede em troca, ou melhor, só pede um pouco de carinho para poder dar mais. E o que vocês fazem? Dão-lhe em troca apenas bombas, lixo, poluição e venenos em geral. Isso falando apenas do lado material da situação. E do lado espiritual? É lastimável também o alto grau de poluição mental, gerada pelos pensamentos negativos e pelo lado emocional, por meio das emoções desequilibradas. Em todos os níveis (mental, emocional e físico), o ser humano está depredando o ambiente com o qual a evolução o presenteou para o seu crescimento. Relacionamentos Com Outras Raças

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Não sei se choro de desespero, ao observar uma raça tão dramática, ou se morro de rir de atitudes tão patéticas. Se vocês, que são tão truculentos, conseguem matar-se uns aos outros, o que não fariam se tivessem condições de se relacionarem com raças pacíficas de outros mundos? Se vocês já tivessem poderio tecnológico suficiente para poder viajar pelo espaço sideral, as outras raças em evolução já teriam sido escravizadas e violentadas pelo seu barbarismo. Vocês adoram ser respeitados. Mas, se querem respeito, por que não respeitam os outros? Os vossos místicos estão certos: viemos para resgatar os eleitos espirituais deste planeta. E já os escolhemos. Em caso de necessidade, levaríamos para fora do planeta somente os seres evoluídos, e naturalmente não seriam vocês, humanos animalescos e tacanhos. Quem É Mais Evoluído?

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Levaríamos as árvores, o ar, as águas, a terra e os animais, pois eles é que são os reis deste planeta, que é azul visto de fora, mas cinza, se visto pela ótica humana. Para terminar esse nosso encontro, gostaria de lhes deixar alguns questionamentos que, se forem examinados com atenção, poderão ajuda-los a encontrar o caminho mais coerente. São eles: Quem é mais evoluído? O homem civilizado, que perante a aproximação da morte se desespera pelo medo do desconhecido, ou o indígena inculto e supersticioso, que enfrenta naturalmente a morte, sustentado pelas suas crenças? Quem É Mais Evoluído...

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Quem é mais evoluído? O cão que dá a vida pelo seu dono ou o dono que não é capaz de dar um pouco de sentimento para seu semelhante? Quem é mais evoluído? O animal que só mata para comer, ou o homem que é a única criatura do planeta que mata por esporte? Quem é o mais evoluído? A cobra que, para se defender, morde alguém e injeta seu veneno, ou o homem que como "cobra humana" injeta sem necessidade seu veneno na natureza? Quem é o mais evoluído? O pássaro que enche o ambiente com seu canto, ou o ser humano que enche o ambiente com sua poluição sonora? Quem é mais evoluído? Um golfinho com sua alegria ebrincadeira, ou o ser humano com seu mau humor? Um Grande Silêncio

O grande silêncio existente por parte dos humanos ali presentes continuou. Ninguém se atrevia a responder nada, pois embora as afirmações do extraterrestre fossem duras, eram bastante reais. Então o extraterrestre se desmaterializou, deixando todo mundo com uma imensa auto-culpa, uma pressão no peito e os olhos marejados de lágrimas.

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No céu, antes de sair da atmosfera terrestre, a nave dos extraterrestres deixou escrito em fogo o seguinte verso: As Palavras Finais

Sobre A Fábula Dos Extraterrestres Dentro de cada um de nós habita um pequeno E.T. que quer abraçar o companheiro e sorrir, oferecendo-lhe uma palavra otimista. Há, dentro de nós alguém que quer construir e tornar o mundo aconchegante e pacífico. No entanto, na maior parte do tempo, mesmo quando estamos participando de uma causa nobre, atuamos de modo pequeno. Nessa fábula, cada especialista de seu setor, nessa fábula, demonstrou claramente o que acabo de dizer: o cientista orgulhoso das grandes descobertas da humanidade, mas totalmente cego às conseqüências negativas de tais realizações. O

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religioso defendendo sua opinião diminuta a respeito de uma causa incomensurável. Somos assim o tempo todo, quando tentamos reduzir a simples palavras um sentimento que o coração tenta expressar. Incapazes de traduzi-lo, nossos cérebros agitam os nossos estômagos e transformam em emoção o que deveria ser ação sublime. É preciso que comecemos por nós mesmos a mudança que o mundo necessita ter. Não se pode esperar por um dia mais promissor para começar a lutar. Sempre haverá algo "urgente" para fazermos, no intuito de sustentar a ordem da nossa vida no mundo físico. Isso não quer dizer que a ordem do mundo não se harmonize com a nossa vida. Se isso não está ocorrendo, porém algo está errado. Vida confortável não é sinônimo de negligência. Em cada tarefa a cumprir, na profissão, no convívio com os amigos, com a família, devemos descobrir o que é preciso transformar em nós mesmos para que o melhor venha à tona. Então, conforme nos lapidamos, a transformação do mundo começa. Essa pequena fábula traz um alerta. Deixe seu coração guiar seus passos na vida de maneira mais leve. E se você procura ouvir o que seu coração murmura, preste atenção ao que ele diz. Nunca tente transformar sua opinião numa verdade, mas procure permitir que a verdade seja a sua opinião, mesmo que, algumas vezes, ela não lhe favoreça. Tendo abraçado uma causa humana, nobre e verdadeira, teste-a, lapide-a, fortaleça-a, fundamentando-a no Amor, na Verdade e na busca sincera e pacífica por esses fundamentos. Faça isso desenvolvendo o discernimento, ampliando sua lucidez, promovendo a Paz e nunca radicalizando nenhuma postura. Não dá para implantar uma mudança mundial, mas se nos encontrarmos na trilha da transformação interior, é provável que, de mãos dadas consigamos um dia viver num mundo equilibrado e harmonioso. Estou tentando realizar essa transformação desde o dia em que alguém me sussurrou que, se eu quisesse viver num mundo mais agradável, bonito e equilibrado, teria que transformá-lo até

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torná-lo realidade, a partir daquilo que expressasse com o coração. Mas que para realizar tal façanha seria preciso me equilibrar, passando pela lapidação do ego que seduz e deturpa a ação verdadeira.

Glória Costa São Paulo, 21 de novembro de 1996.

Alienígenas Luzes cruzam os céus. Viajores cósmicos em ação. Esses seres são chamados de alienígenas. Porém, alienígenas somos nós. Somos estranhos para nós mesmos. Aliás, nem sabemos quem somos na verdade. Sabemos apenas o nosso próprio nome. Somos espíritos encaixados na carne, porém, pensamos e agimos como carne sem espírito!

Wagner D. Borges São Paulo, 22 de novembro de 1996.

Fim.