uma justa homenagem a joaquim nabuco · malefícios ao nosso país. isso, ... as mensagens 1890)....

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Abril de 2011 Ano XV Número 186 Uma justa homenagem a Joaquim Nabuco Pág.3 Museu Imperial integra ranking internacional de exposições mais visitadas Pág.7 Guerra do Prata, o sonho de um vice-reinado - Parte III Pág.5 Da necessária separação entre Estado e Governo Pág.8 Unesp e Biblioteca Nacional lançam "Impresso no Brasil - Dois séculos de livros brasileiros” Pág.6

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Abril de 2011 Ano XV Número 186

Uma justahomenagem a Joaquim Nabuco

Pág.3

Museu Imperial integra ranking internacional de exposições mais visitadas

Pág.7

Guerra do Prata, o sonho de um vice-reinado - Parte III

Pág.5

Da necessária separação entre Estado e Governo

Pág.8

Unesp e Biblioteca Nacional lançam "Impresso no Brasil - Dois séculos de livros brasileiros”

Pág.6

Tenho sempre escrito nestes editoriais o quanto o descaminhos

proporcionados por essa república presidencialista tem trazido

malefícios ao nosso País. Isso, somado ao socialismo pregado

pelos partidos políticos, tem colaborado para enfraquecer as

instituições, criando uma sensação de insegurança. Não esperem

uma revolução, porque esses que estão no poder não seguirão este

caminho. Eles preferem, como diz no popular, “comer pelas

beiradas”, atacando e dominando todas as esferas do poder e da

sociedade civil, corroendo cada instância da forma mais vil e

covarde. A nossa grande dúvida sempre foi saber sobre onde os

partidos que estão no poder poderão chegar. Hoje já sabemos. Eles

querem se perpetuar no poder, a custa da nossa liberdade

democrática, a custa da destruição das nossas instituições. Nós,

monarquistas, temos grandes trunfos na mão, mas enfrentamos

todos os dias uma dominação esquerdista dos meios de

comunicação e da sociedade civil, que sufoca o debate e nos deixa

relegados a condição de folclóricos. O desafio é superar isso!

Precisamos unir o movimento e definir metas palpáveis a serem

alcançadas. Foi durante o Império que o Brasil solidificou e

consolidou-se como grande nação, conquista que a república vem

destruíndo a cada governo que passa. Nunca houve um estadista

que tenha superado ou chegado perto de D.Pedro II. Precisamos

desnudar isso para aqueles que estejam dispostos a conhecer a

história sem véu esquerdista que domina a nossa academia há

décadas.

Junte-se a nós nesta luta e vamos contar a verdadeira história do

Brasil e aumentar a corrente de pessoas que querem um grande

País, sem mazelas de hoje. Acesse www.brasilimperial.org.br,

clique no banner e faça seu cadastramento ou

recadastramento, indicando ali o valor de sua

contribuição para que possamos dar sustentação

às nossas campanhas.

Saudações Monarquistas!

Eles estão destruindoas instituições

Imperial ImperialGazetaGazeta

02

Prezados Monarquistas,

Imagem do MesImagem do Mes^

Imperial ImperialGazetaGazeta

Jornal editado pelo Instituto Brasil ImperialAno XV Número 178

www.brasilimperial.org.br

A Gazeta Imperial é uma publicação do

Instituto Brasil Imperial. Artigos, sugestões de

reportagens, divulgação de eventos

monárquicos e imagens podem ser enviados

para [email protected]

Alessandro Padin Editor e jornalista responsável

[email protected]

Faleceu no dia 18 de abril, em Portugal, com 92 anos

incompletos, a princesa Dona Thereza de Orleans e

Bragança Martorell y Calderó. Dona Theresa

Teodora Micaela Gabriela Raphaela Gonzaga de

Orléans e Bragança e Dobrzensky de Dobrzenicz

nasceu na França no castelo D'Eu, Normandia,

propriedade de seu avô o Conde D'Eu, que era

casado com a princesa D. Isabel. Na foto, a princesa

com o Rei da Espanha, Juan Carlos

Primeira reunião do InstitutoBrasil Imperial é um sucessoArtigo do economista Luís Severiano Soares Rodrigues sobre esta grande figura da história do Brasil

Com 2010 se findou o Ano Nacional

Joaquim Nabuco, em memória do

transcurso dos cem anos do seu

falecimento. Cabe-nos prestar mais

u m a h o m e n a g e m a e s t e

personagem que por sua trajetória

política e intelectual, desperta os

maiores preitos de admiração.

Muito foi lembrado o grande tribuno

da abolição, que com sua ação e

o r a t ó r i a e s c r e v e u p á g i n a s

memoráve is do pa r lamento

brasileiro, bem como liderando um

grupo de não poucos grandes

abolicionistas, na campanha que

gerou as condições necessárias

para que a Nação sob o comando da

Princesa Imperial Regente Dona

Isabel, pudesse por um fim à

escravidão no Brasil. Fiel a D. Pedro

II, Nabuco manteve-se fiel à Dona

Isabel, posto que coerente, jamais

trairia aquela que não mediu

esforços na esfera do Trono para

fechar essa chaga na terra

brasileira. Ela que tão amada pelo

povo, os oportunistas que num

momento fú lg ido golpearam

covardemente a Pátria e retribuíram

o seu gesto com a decretação do seu

desterro e a sua morte no exílio.

Nabuco, coerentemente quis

distância do regime quê, em nome

da l iberdade, impõe a sua

supressão. Nos diz, ele “(...)suprimir

a liberdade provisoriamente para

torná-la definitiva é como a medicina

que matasse o doente para

ressuscitá-lo são. A liberdade uma

vez confiscada não pode ser

restituída íntegra, ainda mesmo que

a aumentem; ficará sempre o medo

de que ela seja suprimida outra vez e

com maior facilidade (...)”(Resposta

Luís Severiano Soares RodriguesEconomista, pós-graduado

em história, sócio

correspondente do Instituto

Histórico e Geográfico de

Niterói e Artista Plástico

as Mensagens 1890). Estas

palavras de Nabuco foram

premunitórias, basta vermos os

vários golpes de Estado ao longo

da república até 1964, sendo que

este duraria uma geração, e hoje

temos a democracia formal, da

qual se locupleta uma classe

política em sua maioria corrupta e

patrimonialista, as custas da

miséria e da ignorância do povo

brasileiro. Assim Nabuco não podia

acreditar na república e era

enfático “para acreditar nela, eu só

peço, como os árabes para

acreditar em Maomé, que ela faça

um milagre; o de governar com a

m e s m a l i b e r d a d e q u e a

monarquia” (idem op. cit.). João

Ribeiro em suas Cartas Devolvidas

(pag. 190), classifica Nabuco junto

com Taunay, como monarquista

protestário, e assim o foi, mas

nesses eventos decorrentes do

centenário de sua morte, pudemos

ouv i r a lgumas co locações

questionando, como um espírito

liberal como Nabuco pode se

m a n t e r f i e l a m o n a r q u i a .

Certamente tal colocação, como

não poderia deixar de ser, se

baseia no preconceito sobre a

monarquia e na falácia de que a

república é uma evolução. Nabuco

que viveu na monarquia, e tinha

contato direto com o chefe do

Estado, tem o arcabouço para

fundamentar a sua opção, e

c r e m o s q u e a r e a l i d a d e

republicana, que nós passageiros

do futuro vivemos, é o suficiente

para comprovar que Nabuco

estava certo.

Já no período dos ânimos

serenados, a república carecendo

de quadros capazes, chama

Nabuco para atuar no campo

diplomático, o qual Nabuco não

recusa, pois fiel ao Imperador,

A Coerência de Joaquim NabucoArtigoArtigo

seguia-lhe o conselho, o Brasil em

primeiro lugar. Assim manteve sua

profissão de fé monarquista ao

servir sempre a Pátria. Seu

monarquismo não ficou diminuído

por servir a república, e como

exemplo, temos numa conferência

na Universidade de Yale, em 15 de

maio de 1908 (O Espírito de

Nacionalidade na História do Brasil),

onde Nabuco do pedestal de sua

erudição após fazer um belo resumo

da evolução histórica brasileira, com

destaque para as liberdades de

imprensa e política sob o cetro de D.

Pedro II, não esquece Nabuco do

tributo à Dona Isabel, vinte anos

depois, do 13 de maio, diz ele para

sua platéia americana, “ e por falar

em idealismo no trono, não

apresenta a história muitos e

xemplos, mais br i lhantes e

impressivos, que o da Princesa

Imperial Dona Isabel, que enquanto

Regente do Império, em 1888,

provocou, de seu motu próprio, a

queda de um gabinete, a fim de

chamar um estadista resolvido a

propor ao Parlamento a abolição

imediata da escravidão. E ela o fez

s a b e n d o q u e o s a n t i g o s

conservadores desamparariam o

trono diante do progresso da

agitação republicana no país”.

Palavras que são o testemunho

insuspeito de um homem cuja honra

é inquestionável, da ação daquela

mulher que para sempre será a

redentora dos escravos.

Diferentemente de outro grande

abolicionista, que foi José do

Patrocínio, e que traiu Dona Isabel

no 15 de novembro, ao proclamar

sua república na Câmara dos

Vereadores do Rio de Janeiro, e

morreu, em 1905, na miséria e

esquecido pela república, e que só

teve um funeral com grandes

honras, porque um grande

monarquista, que foi o barão do Rio

Branco, exigiu que a república o

fizesse. Nabuco ao morrer em

Washington, em 1910,teve as

maiores homenagens que um

homem pode asp i rar como

testemunho da sua importância e

valor, desde a capital americana, à

capital do Brasil e a capital da sua

província natal, Recife. A república

não poupou honras àquele que

coerentemente foi fiel ao Império até

o fim.

Pedro, o grande

Roma, Basílica de São João de

Latrão, 21 de abril de 2011: Papa

Bento XVI lava os pés de sacerdotes

durante a celebração de Quinta-feira

Santa:

“Desejei ardentemente comer

convosco esta Páscoa, antes de

padecer» (Lc 22, 15): com estas

pa lavras Jesus inaugurou a

celebração do seu último banquete e

da instituição da sagrada Eucaristia.

Jesus foi ao encontro daquela hora,

desejando-a. [...]

Jesus deseja-nos, aguarda-nos. E

nós, temos verdadeiramente desejo

d’Ele? Sentimos, no nosso interior, o

impulso para O encontrar? Ansiamos

pela sua proximidade, por nos

tornarmos um só com Ele, dom este

que Ele nos concede na sagrada

Eucaristia? Ou, pelo contrário,

sentimo-nos indiferentes, distraídos,

inundados por outras coisas?

Sabemos pelas parábolas de Jesus

sobre banquetes, que Ele conhece a

realidade dos lugares que ficam

vazios, a resposta negativa, o

desinteresse por Ele e pela sua

proximidade. Os lugares vazios no

banquete nupcial do Senhor, com ou

sem desculpa, há já algum tempo que

deixaram de ser para nós uma

parábola, tornando-se uma realidade,

justamente naqueles países aos

quais Ele tinha manifestado a sua

proximidade particular. Jesus sabia

também de convidados que viriam

sim, mas sem estar vestidos de modo

nupcial: sem alegria pela sua

proximidade, fazendo-o somente por

costume e com uma orientação bem

diversa na sua vida. São Gregório

Magno, numa das suas homilias,

perguntava-se: Que género de

pessoas são aquelas que vêm sem

hábito nupcial? Em que consiste este

hábito e como se pode adquiri-lo? Eis

Da Redação

ReligiaoReligiao

a sua resposta: Aqueles que foram

chamados e vêm, de alguma

maneira têm fé. É a fé que lhes abre a

porta; mas falta-lhes o hábito nupcial

do amor. Quem não vive a fé como

amor, não está preparado para as

núpcias e é expulso. A comunhão

eucarística exige a fé, mas a fé exige

o amor; caso contrário, está morta,

inclusive como fé.

[...] Só pode haver a unidade dos

cr is tãos se estes est iverem

intimamente unidos com Ele, com

Jesus. Fé e amor por Jesus: fé no seu

ser um só com o Pai e abertura à

unidade com Ele são essenciais.

Portanto, esta unidade não é algo

somente interior, místico. Deve

tornar-se visível; tão visível que

constitua para o mundo a prova do

envio de Jesus pelo Pai. [...] Em

cada comunidade, o Senhor está

presente de modo total; mas Ele é um

só em todas as comunidades. Por

isso, fazem necessariamente parte

da Oração Eucarística da Igreja as

palavras: «una cum Papa nostro et

cum Episcopo nostro». Isto não é um

mero acréscimo exterior àquilo que

acontece inter iormente, mas

expressão necessária da própria

r e a l i d a d e e u c a r í s t i c a . E

mencionamos o Papa e o Bispo pelo

nome: a unidade é totalmente

concreta, tem nome. Assim, a

unidade torna-se visível, torna-se

sinal para o mundo, e estabelece

para nós mesmos um critério

concreto.

São Lucas conservou-nos um

elemento concreto da oração de

Jesus pela unidade: «Simão, Simão,

Satanás reclamou o poder de vos

joeirar como ao trigo. Mas Eu roguei

por ti, para que a tua fé não

desfaleça. E tu, uma vez convertido,

confirma os teus irmãos» (Lc 22, 31-

32). Com pesar, constatamos

novamente, hoje, que foi permitido a

Satanás joeirar os discípulos

visivelmente diante de todo o mundo.

E sabemos que Jesus reza pela fé de

Pedro e dos seus sucessores.

Sabemos que Pedro, que através das

águas agitadas da história vai ao

encontro do Senhor e corre perigo de

afundar, é sempre novamente

sustentado pela mão do Senhor e

guiado sobre as águas. Mas vem

depois um anúncio e uma missão.

«Tu, uma vez convertido…». Todos os

seres humanos, à excepção de Maria,

têm continuamente necessidade de

conversão. Jesus prediz a Pedro a

sua queda e a sua conversão. De que

é que Pedro teve de converter-se? No

i n í c i o do seu chamamen to ,

assombrado com o poder divino do

Senhor e com a sua própria miséria,

Pedro dissera: «Senhor, afasta-Te de

mim, que eu sou um homem pecador»

(Lc 5, 8). Na luz do Senhor, reconhece

a sua insuficiência. Precisamente

deste modo, com a humildade de

quem sabe que é pecador, é que

Pedro é chamado. Ele deve

reencontrar sem cessar esta

humildade. Perto de Cesareia de

Filipe, Pedro não quisera aceitar que

Jesus tivesse de sofrer e ser

crucificado: não era conciliável com a

sua imagem de Deus e do Messias.

No Cenáculo, não quis aceitar que

Jesus lhe lavasse os pés: não se

adequava à sua imagem da dignidade

do Mestre. No horto das oliveiras,

fe r iu com a espada; quer ia

demonstrar a sua coragem. Mas,

diante de uma serva, afirmou que não

conhecia Jesus. Naquele momento,

isto parecia-lhe uma pequena

mentira, para poder permanecer perto

de Jesus. O seu heroísmo ruiu num

jogo mesquinho por um lugar no

centro dos acontecimentos. Todos

nós devemos aprender sempre de

novo a aceitar Deus e Jesus Cristo

como Ele é, e não como queríamos

que fosse. A nós também nos custa

aceitar que Ele esteja à mercê dos

limites da sua Igreja e dos seus

ministros. Também não queremos

aceitar que Ele esteja sem poder

nes te mundo . Também nos

escondemos por detrás de pretextos,

quando a pertença a Ele se nos torna

demasiado custosa e perigosa. Todos

nós t emos necess i dade da

conversão que acolhe Jesus no seu

ser Deus e ser-Homem. Temos

necessidade da humildade do

discípulo que segue a vontade do

Mestre. Nesta hora, queremos pedir-

Lhe que nos fixe como fixou Pedro, no

momento oportuno, com os seus

olhos benévolos, e nos converta.

Pedro, o convertido, é chamado a

confirmar os seus irmãos. Não é um

facto extrínseco que lhe seja confiado

este dever no Cenáculo. O serviço da

unidade tem o seu lugar visível na

celebração da sagrada Eucaristia.

Queridos amigos, é um grande

conforto para o Papa saber que, em

cada Celebração Eucarística, todos

rezam por ele; que a nossa oração se

une à oração do Senhor por Pedro. É

somente graças à oração do Senhor

e da Igreja que o Papa pode

corresponder ao seu dever de

confirmar os irmãos: apascentar o

rebanho de Cristo e fazer-se garante

daquela unidade que se torna

testemunho visível do envio de Jesus

pelo Pai.

«Desejei ardentemente comer

convosco esta Páscoa». Senhor, Vós

tendes desejo de nós, de mim.

Tendes desejo de nos fazer

participantes de Vós mesmo na

Sagrada Eucaristia, de Vos unir a

nós. Senhor, suscitai também em nós

o desejo de Vós. Reforçai-nos na

unidade convosco e entre nós. Dai à

vossa Igreja a unidade, para que o

mundo creia. Amém”.

Da homilia do Santo Padre, o Papa

Bento XVI, na missa in coena

Domini - 21 de abril de 2011,

Basílica São João de Latrão

´

Roma, Basílica de São João de Latrão, 21 de abril de 2011: Papa Bento XVI lava os pés de sacerdotes

durante a celebração de Quinta-feira Santa

Guerra do Prata, o sonho de um vice-reinado - Parte IIIUm exército composto por 16.200 soldados em quatro divisões, com 6.500 de infantaria, 8.900 de cavalaria,

800 artilheiros e 26 canhões, incluindo mercenários europeus - os Brummer -, sob o comando de Luís Alves de Lima

e Silva, então conde de Caxias, cruzou a fronteira entre Rio Grande do Sul e Uruguai em 4 de setembro de 1851

Um exército composto por 16.200

soldados em quatro divisões, com

6.500 de infantaria, 8.900 de

cavalaria, 800 artilheiros e 26

canhões, incluindo mercenários

europeus - os Brummer -, sob o

comando de Luís Alves de Lima e

Silva, então conde de Caxias,

cruzou a fronteira entre Rio Grande

do Sul e Uruguai em 4 de setembro

de 1851. Cerca de 4.000 soldados

permaneceram no Brasil para

proteger sua fronteira, além de

outros 17.000 homens espalhados

pelo território nacional, de forma

que o efetivo total do exército

brasileiro era superior a 37.000

homens. O Exército Brasileiro

entrou no território uruguaio dividido

em três grupos: a 4.ª Divisão sob o

c o m a n d o d o c o r o n e l D a v i

Canabarro que partiu de Quaraim e

Da Redação

protegeu o flanco direito do grupo

principal (a 1.ª e 2.ª divisões com

12.000 homens) sob o próprio

Conde de Caxias que havia saído

de Santana do Livramento. Um

terceiro grupo, a 3.ª Divisão

liderada pelo general-de-brigada

José Fernandes Leite de Castro,

partiu de Jaguarão e protegeu o

flanco esquerdo das forças de

Caxias. A 4.ª Divisão de Canabarro

uniu-se às tropas de Caxias pouco

após a cidade uruguaia de San

Fructuoso. A 3.ª Divisão de

Fernandes se juntou à força

p r i n c i pa l p o u c o a n t e s d e

Montevidéu. Enquanto isso, as

tropas de Urquiza e Eugenio

Garzón cercaram o exército de

M a n u e l O r i b e p r ó x i m o a

Montevidéu. As tropas sob o

comando do caudilho argentino

Urquiza e do general uruguaio

Garzón eram naquele momento

cerca de 15.000 homens e o

exército de Oribe em torno de 8.500

pessoas. Após descobrir que os

brasileiros se aproximavam e

acreditando não restar outra

alternativa, Oribe pediu para suas

tropas se renderem sem luta em 19

de outubro. Derrotado e sem

nenhuma possibilidade de continuar

a guerra, Oribe recolheu-se à sua

fazenda em Paso del Molino. A

esquadra brasileira, com os navios

dispostos ao longo do Rio da Prata e

afluentes, impediu que o exército

vencido de Oribe pudesse escapar

para a Argentina. Urquiza sugeriu

simplesmente a Grenfell matar os

prisioneiros de guerra, mas este se

r e c u s o u a m a c h u c á - l o s .

Consequentemente, os soldados

argentinos no exército de Oribe

foram incorporados ao exército de

Urquiza e os uruguaios, ao de

Garzón. O exército brasileiro

conseguiu cruzar o território

uruguaio em segurança após

derrotarem as tropas de Oribe que

atacaram seus flancos em vários

combates. No dia 21 de novembro,

em Montevidéu, os representantes

do Brasil, Uruguai, Entre Rios e

Corrientes assinaram um tratado de

aliança tendo como objetivo "libertar

o povo argentino da opressão que

suporta sob o domínio tirânico do

Governador Rosas".

Passagem dos brasileiros por

Tonelero Pouco após a rendição de

Oribe, o exército aliado composto

de tropas uruguaias, infantaria e

artilharia argentinas de Urquiza e a

1ª divisão brasileira comandada

pelo Brigadeiro Manuel Marques de

Sousa, futuro conde de Porto

Alegre, se concentrou em Colônia

do Sacramento, no sul do Uruguai e

defronte a Buenos Aires. Em 17 de

dezembro de 1851, sete navios

brasileiros, sendo quatro a vapor

(Dom Afonso, Dom Pedro II, Recife

e Dom Pedro) e três à vela (as

corvetas Dona Francisca e União, e

o brigue Calíope), sob o comando

de Grenfell, forçaram passagem

pelos obstáculos opostos à

navegação do Rio Paraná onde, no

p a s s o d o To n e l e r o , n a s

proximidades da barranca Acevedo,

fora instalada uma poderosa

fortificação dispondo de 16 peças

de artilharia e 2 mil fuzileiros, sob o

comando do general Lucio Norberto

HistoriaHistoria´

A frota brasileira passando por Tonelero

Duque de Caxias, na

época ainda um conde

Mansilla. As tropas argentinas

trocaram tiros com os navios de

guerra brasileiros, mas acabaram

falhando em barrar sua passagem.

No dia seguinte, outros navios

brasileiros forçaram a passagem

por Tonelero conduzindo as tropas

restantes da divisão comandada

por Marques de Sousa, o que

causou a retirada desordenada de

Mans i l la e seus so ldados,

abandonando as peças de

artilharia, pois acreditaram que o

desembarque ocorreria em seu

forte. A operação de travessia do

Rio Paraná pelo exército aliado

durou de 24 de dezembro de 1851 a

8 de janeiro de 1852.

Enquanto isso, a maior parte das

tropas brasileiras, cerca de 12 mil

homens sob o comando de Luís

Alves de Lima e Silva, manteve-se

em Colônia do Sacramento. O

comandante brasileiro logo partiu a

bordo do vapor Dom Afonso e

adentrou o porto de Buenos Aires a

fim de escolher o melhor local para

desembarcar suas tropas na

cidade. Ele esperou entrar em

conflito com a esquadrilha argentina

ali ancorada. Entretanto, esta nada

fez para impedí-lo e ele retornou em

segurança para Sacramento. O

a taque fo i p rematuramente

abortado com a notícia da vitória

aliada em Caseros.

Unesp e Biblioteca Nacional lançam "Impresso no Brasil - Dois séculos de livros brasileiros"

LivrosLivros

A trajetória da produção editorial

no país está presente no livro

Impresso no Brasil – Dois séculos

de livros brasileiros, lançamento

em conjunto da Editora Unesp

e da Fundação Biblioteca

Nacional. A obra reúne diversos

ensaios sobre o percurso da

produção editorial brasileira,

durante seus duzentos anos de

história.A primeira parte da obra,

intitulada “Uma nova história

editorial brasileira: editores,

tipógrafos e livreiros” apresenta

22 capítulos, que focalizam os

aspectos da produção editorial

nacional. Na segunda parte,

“Cultura letrada no Brasil:

autores, leitores e leituras”, 13

trabalhos analisam e interpretam

a formação do leitor e do

público para qual se dirigiam

nossas produções editoriais, ao

longo das décadas. A obra constrói

um panorama, entre outros

assuntos, da produção de livros

escolares e de alfabetização,

literatura de cordel, da produção

em jornais e periódicos, e analisa a

história de editoras como

Garnier, Melhoramentos,

C i v i l i z a ç ã o B r a s i l e i r a ,

Companhia das Letras, Abril. O

direito de autor e casos como

Harry Potter e Paulo Coelho

recebem análises especiais, na

composição de um panorama

sobre mercado e consumo

recentes. Impresso no Brasil

c o n s t r ó i u m r e t r a t o

multifacetado, que expõe as

peculiaridades da origem, os

desafios do transcurso e o

panorama que se descortina

para esse elemento essencial

da vida cultural do país: o livro. O

lançamento conta, ainda, com

introdução escrita pelo bibliófilo

José Mindlin, através de um

texto produzido em 2007,

sobre o centenário da Impressão

Régia.

Ficha Técnica:Título: Impresso no Brasil - Dois

Séculos de Livros BrasileirosOrganizadores: Aníbal Bragança

e Márcia AbreuPáginas: 663 Preço: RS 59,00Assunto: História do Livro e da

Le i tu ra , H is tó r ia Cu l tu ra l

Brasileira, Mercado EditorialReferênciaEdição: 1ª

Da Redação

Da redação

A revista br i tânica The Art

Newspaper divulgou, este mês, o

resultado de um ranking anual sobre

os museus e exposições de arte

mais visitados do mundo. Pela

primeira vez, o Brasil aparece na

pesquisa, ganhando bastante

destaque. E, entre as exposições

apresentadas, está a mostra

t e m p o r á r i a “ R e t r a t o s n o

estrangeiro: o Brasil imperial nos

ateliês franceses”, realizada pelo

Museu Imperial. A exposição esteve aberta ao

público entre outubro de 2009 e

fevereiro de 2010, fazendo parte

das comemorações pelo Ano da

França no Brasil. A mostra – com

curadoria das historiadoras e

pesquisadoras do Museu Imperial

Maria de Fátima Moraes Argon e

Maria Inez Turazzi – reuniu imagens

assinadas por pintores, gravadores,

litógrafos e fotógrafos franceses do

século XIX. O diretor do Museu Imperial,

Maurício Vicente Ferreira Jr.,

destaca a importância dessa

citação. "A ocorrência da exposição

Retratos no estrangeiro nesse

ranking é um ativo para a imagem

institucional do Museu Imperial e da

cidade de Petrópolis justamente em

um período em que iniciamos a

preparação para os eventos

internacionais que o Rio de Janeiro

e arredores estão prestes a

receber", afirmou. O ranking –

cujas informações sobre o Brasil

foram fornecidas pelo Instituto

B r a s i l e i r o d e M u s e u s

Museu Imperial integra ranking internacional de exposições mais visitadasA revista britânica The Art Newspaper divulgou, o resultado de um ranking anual sobre os museus e exposições

de arte mais visitados do mundo. Pela primeira vez, o Brasil aparece na pesquisa, ganhando bastante destaque

(Ibram/Ministério da Cultura) após

pesquisa – inclui ainda exposições

do Museu de Arte de São Paulo

(MASP), Centro Cultural Banco do

Brasil (CCBB do Rio de Janeiro,

São Paulo e Brasília) e Museu de

Artes e Ofícios (Belo Horizonte),

entre outros. A 29ª Bienal de São

Paulo, ocorrida de 19 de setembro

a 12 de dezembro, aparece como a

12ª exposição de arte mais visitada

em 2010, com um público de 535

mil pessoas. O Brasil também é citado como

detentor de cinco dos museus de

arte mais visitados do mundo: os

CCBB do Rio de Janeiro, Brasília e

São Paulo, o MASP e a Pinacoteca

do Estado de São Paulo. A matéria da revista sobre o

ranking pode ser acessada no site

da publicação, através do link

http://www.theartnewspaper.com/a

rticles/Japanese-old-master-tops-

the-attendance-tree/23408, onde

também está disponível a lista

completa em PDF.

A exposição Notáveis e anônimos da sociedade

brasileira deixaram o registro de

viagens e temporadas vividas na

França em seus “retratos no

estrangeiro”. Outros tiveram a

expressão de seus rostos

registrada em ateliês franceses

estabelecidos no Rio de Janeiro. A

criação dessas imagens ajudou a

promover o intercâmbio de

experiências e a compartilhar

imaginár ios d is t in tos entre

brasileiros e franceses da época.

Entre os destaques da exposição,

encontraram-se retratos de d.

Pedro II e da família imperial

exibidos pela primeira vez ao

público; obras de Édouard Vienot,

artista que se anunciava em Paris

“peintre de l’empereur du Brésil”

(“pintor do imperador do Brasil”);

a l g u n s d o s p r i m e i r o s

daguerreótipos (fotografias sobre

metal) realizados no Brasil;

estampas das “ imprimeries”

Lemercier e Didot, duas das mais

f a m o s a s c a s a s e d i t o r i a i s

parisienses no século 19; e retratos

assinados por Félix Nadar, um dos

maiores nomes da fotografia

francesa de todos os tempos.

MemoriaMemoria´

Imagem de D.Pedro II que faz parte da exposição

Da necessária separação entre Estado e GovernoA existência de um órgão acima das disputas político-partidárias poderia ser um bom caminho para o

desenvolvimento político e institucional de nosso sistema político

ArtigoArtigo

Marcus Boeirapublicado no site Mídia

sem Máscara (www.midiasem

mascara.org)

Sabe-se que, diferentemente dos

Estados Unidos, em que a

separação tripartite dos Poderes

representa um arranjo adequado de

instituições para a sociedade

americana, fortemente consensual

em sentido social, o Brasil adentrou

na era da axiologia constitucional

sem um projeto coerente e racional

de instituições políticas. Para a

realidade americana, a tripartição

de poderes aparece como um

modelo de consagração histórica,

existente desde a fundação do país

e que, por isso, mostra-se

ex t remamen te adequado à

rea l i dade no r te -amer i cana ,

f i rmemen te sus ten tada em

princípios tais como o common law e

o self-government, próprios da

cultura anglo-saxônica. O self-

government, enquanto princípio,

refere que a sociedade americana é

uma sociedade formada da base

para o topo, isto é, uma sociedade

que precede a formação do Estado,

razão pela qual é uma sociedade

f o r t e m e n t e d e t e n t o r a d a

capacitação para empreender

projetos políticos e sociais a partir

de si mesma, sem a necessidade de

uma intervenção massiva do

governo. Desta manei ra, a

tripartição de poderes, nos Estados

Unidos, representa um modelo

acidental de instituições políticas,

uma vez que a maior parcela de

poder é concentrada na própria

sociedade e esta, organizada na

base, possui condições sociais e

políticas suficientes para controlar

os poderes políticos, equilibrando-

os. A democracia social americana,

de que falou TOCQUEVILLE,

representa um modelo político em

que o monopólio da legitimidade de

poder e de controle não se situa

dentre os poderes, mas na própria

base social. A sociedade, assim,

possui condições de controlar o

poder e, ao assim proceder,

vivenciar na prática a democracia

constitucional. Em um certo

sentido, é apropriado dizer que nos

Estado Unidos, a sociedade, e não

o Estado, é o verdadeiro centro de

poder. Tanto é, que ROBERT

DAHL chama tal sistema de

Poliarquia.Este forte caráter de autogoverno

presente na sociedade americana

é devido ao processo histórico que

resultou na revolução americana,

verdadeira fundação do país. A

América foi formada por um

processo de emigração de famílias

inglesas que se organizaram

socialmente, em comunidades

coloniais. Os Estados Unidos não

conheceram um passado feudal, o

que afastou o país das heranças

baseadas nos ideários sociais de

estratificação e sustentação

tradicional do poder. Por estas

razões, o consenso na América

não é um atributo das instituições

polí t icas, mas uma função

desempenhada pela própria

sociedade americana que, por

meio do consenso social e do alto

grau de poder que concentra e

controla efetivamente o poder

político (poliarquia). Sobre isto,

CEZAR SALDANHA SOUZA

JUNIOR demonstra que "nos

Estados Unidos, a fonte sócio-

política do poder está no povo, na

comunidade. Lá a afirmação de

que 'o poder emana do povo' não

soa como simples princípio

jurídico, um 'dever-ser' inscrito na

Constituição, mas corresponde ao

que foi, na realidade histórica, a

f o r m a ç ã o a m e r i c a n a .

Conseqüentemente, o povo é

politicamente forte em relação ao

poder estatal que ele próprio criou".Tais características da sociedade

p o l í t i c a a m e r i c a n a s ã o

diametralmente diferentes da

realidade brasileira. A formação de

nossa sociedade ocorreu de modo

distinto daquele sucedido entre os

norte-americanos. No entanto, a

partir de 1891, com a adoção do

modelo republicano em território

brasileiro, transportamos para

nossa realidade as instituições

consagradas nos Estados Unidos.

Tais instituições, em sua gênese,

consist iam em dois pontos:

primeiro, na adoção de um

presidencialismo de estirpe norte-

americana, em que as funções de

chefia de estado e chefia de governo

passariam, de imediato, a ser

compreendidas em uma mesma

pessoa que, ocupando o poder

executivo (a presidência da

república), exerceria duas funções

distintas: a função de Estado e a

função de Governo; o segundo

ponto seria a transplantação de um

arranjo tripartite de poderes, em que

Executivo, Legislativo e Judiciário

estariam em posições eqüidistantes

e eqüipotentes, sem a presença de

um poder acima destes para

estabelecer o equilíbrio e a

manutenção moderadora da

integridade política.A Constituição republicana de 24 de

fevereiro de 1891, assim, fez tabula

rasa das instituições do Império e

c o n s a g r o u e n t r e n ó s u m

presidencialismo forte, bem como

uma separação de poderes à moda

clássica (vigente nos Estados

Unidos). Com isto, derrubou o

sistema tradicional do Império, em

que existia um quarto poder, a

saber, o poder moderador,

responsável pela função de chefia

de Estado e de árbitro dos demais

poderes. Este, em suas atribuições

constitucionais, controlava e

limitava a atuação dos demais em

função da manutenção da unidade

política e da integridade do

consenso.JOÃO CAMILO DE OLIVEIRA

TÔRRES é claro a esse respeito:

"Depois do Poder Legislativo, isto é,

do poder que tem a nação de

determinar regras gerais para o

comportamento de seus membros e

de autoconstituir-se, vem o Poder

Régio, aquele que possui a nação

de reger-se a si mesma, de auto-

determinar-se. Pela Constituição,

tal função cabia ao Imperador, que

exercia o Poder Moderador, o poder

de manter em equilíbrio a máquina

do Estado e de representar a nação

perante o mundo. Uma prova da

consciência toda especial que

tinham os homens da primeira fase

da história do Império do caráter

essencialmente moderador das

funções imperiais dá-nos a

educação ministrada a D. Pedro II

em menino. Pretendiam (e, no caso,

conseguiram-no) fazer dele um

homem em quem as paixões não

deveriam nunca ter lugar e que, em

tudo e por tudo, se fizesse inspirar

pelos princípios abstratos da razão.

E que pusesse os ideais espirituais

e éticos acima de tudo. A grandeza e

a fraqueza dos tediosos e quase

tétricos educadores do 'pupilo da

Nação' estava em que, no século do

capitalismo e na América, criaram

um chefe de Estado que colocava

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os fins morais do Estado acima dos

valores econômicos. Daí a ditadura

da moralidade e a tacha de inimigo

do progresso que muitos deram a D.

Pedro II. A Constituição de 1824, ao

tratar do Poder Moderador,

reproduzia em suas linhas mestras

o conceito tradicional da realeza

medieval. O Imperador, como chefe

de Estado, continuava gozando das

p r e r r o g a t i v a s d e s e u s

antepassados".Nesse sentido, o art. 98 da

Constituição do Império brasileiro

de 1824 falava que "o Poder

Moderador é a chave de toda a

organização política, e é delegado

privativamente ao imperador como

chefe supremo da nação e seu

primeiro representante, para que

incessantemente vele sobre a

manutenção da independência,

equilíbrio e harmonia dos mais

poderes políticos". Como se

observa, o Poder Moderador era, à

é p o c a i m p e r i a l , o p o d e r

responsável pela manutenção do

consenso político, a saber, pela

manutenção da ordem política

brasileira e, assim, da unidade da

nação em seus valores comuns.O fim da era imperial brasileira e o

advento da República entre nós

representou, portanto, a adoção de

um modelo consagrado em território

norte-americano, em que as

características de formação social e

política diferem em muito do caso

brasileiro. Estas diferenças de

formação, em razão de distintas

posturas das sociedades políticas

norte-americana e brasileira frente

ao poder, ocasionaram também

diferenças nos resultados em cada

um dos países. Por que isso

aconteceu?SEYMOUR MARTIN LIPSET diz

que "deve-se atentar para o fato de

que o caráter dos regimes

d e m o c r á t i c o s p o d e v a r i a r

consideravelmente, dependendo

dos diversos elementos na

estrutura social das nações com os

quais as instituições políticas

d e v e m e n t r e l a ç a r - s e " .

Completando,OLIVEIRA TÔRRES é salutar, ao

referir que "em países diferentes as

instituições serão diferentes,

mesmo fundadas em leis iguais.

Talvez que, se as Constituições

t i v e s s e m t i d o r e d a ç õ e s

dessemelhantes, os resultados se

assemelhassem. Importa, pois,

apurar a diferença, isto é, a razão

pela qual os países da América

Ibérica diferem, quanto à política,

dos Estados Unidos".Parece claro que a diferença

substancial entre os dois países

reside na formação de suas

sociedades políticas. Enquanto nos

Estados Unidos a Sociedade

precede a Política, havendo um

consenso social forte e efetivo, a

saber, um self-government, no

Brasil, assim como em todos os

países da América Ibérica, o

Estado precede e forma a

Sociedade, sem o qual esta não

e x i s t i r i a . N a v e r d a d e , a

precedência do Estado sobre a

formação social, entre nós,

caracteriza na sociedade brasileira,

um forte apego às coisas do

Estado, anteriormente à sociedade

em si mesma. Por essa razão, a

sociedade brasileira é uma

sociedade altamente dissensual na

base e ausente em forças sociais

que possam mobilizá-la em direção

a um projeto comum. Este apego às

coisas do Estado intensifica-se

com a herança de uma cultura

altamente patrimonialista ofertada

pela civilização lusitana, formadora

do Brasil.Por esse motivo, viu-se a adoção

de uma versão republicana à moda

n o r t e - a m e r i c a n a s e n d o

transportada para o Brasil, uma

realidade social em que o Estado é

forte, patrimonialista e precedente

em relação à sociedade. Quais as

conseqüências desse fato?Primeiro, o presidencialismo

brasileiro acabou com a função

moderadora do chefe de Estado,

como era vigente na Constituição

do Império. Assim, a partir da

República, o presidente passa a

concentrar duas funções: chefia de

Estado e Chefia de Governo.

Segundo, com a versão tripartite

dos poderes, tal como temos hoje,

não há um órgão para estabelecer

o consenso político acima dos

d e m a i s . E m r a z ã o d i s s o ,

pressupunha-se que a sociedade

brasileira pudesse realizar um forte

controle efetivo sobre os poderes.

Porém, tal não sucedeu. A

sociedade brasileira, por herança

patrimonialista e concebida pelo

E s t a d o , n ã o o c o n t r o l a

efetivamente. Muito pelo contrário.

Po r e le age e po r e le é

condicionada. A conseqüência

disso foi uma inadequação das

instituições americanas ao nosso

contexto, que começou com a

República e perpassa até os dias

atuais.A importação indevida das

instituições americanas para o

Brasil e também para toda a

América Ibérica em geral, acabou

assim, por concentrar uma alta

carga de poderes nas mãos do

Poder Executivo, o que durante o

século XX se agravou com diversas

ondas de golpes de Estado e de

Autoritarismos que marcaram a

região nesse período.Este agravamento se deve ao fato

de que, diferentemente dos

Estados Unidos, a sociedade

brasileira e latino-americana de um

modo geral não possui forças

s o c i a i s c a p a c i t a d a s p a r a

estabelecer um controle eficaz e

poliárquico sobre o Poder do

Governo, razão pela qual os golpes

e regimes de exceção são

facilitados frente ao fraco caráter

controlador das sociedades da

América Ibérica.Assim, na realidade, a adoção do

p r e s i d e n c i a l i s m o e s u a

perpetuação na histór ia da

República brasileira representou e

continua a representar uma

paulatina inviabilidade para todo e

qualquer projeto político sério e

comprometido com o bem comum.

A saber: o sistema presidencialista

e a tripartição clássica dos poderes

demonstra um anacronismo em

relação ao que a democracia

constitucional brasileira aspira em

termos práticos.Os bens e valores do sistema

democrá t i co b ras i le i ro são

postados em nossa Constituição de

1988 como fins da democracia

constitucional. Todavia, como

vimos, ta is f inal idades são

realizadas de modo mais concreto e

eficiente quando o Estado de Direito

e o arranjo de suas instituições

e s t ã o o r g a n i z a d o s p a r a

corresponder às exigências do bem

comum.Ora, diante disso, qual o problema

sociológico evidente que atrapalha

para a melhor concretização da

d e m o c r a c i a c o n s t i t u c i o n a l

brasileira, na realidade social? Ou

melhor, como podemos pensar um

caminho eficaz para a efetividade

social das normas constitucionais

que t ratam da composição

ontológica de nosso sistema

político?Se a sociedade brasileira foi

fundada de cima para baixo, como

ficou evidenciado, sendo o Estado e

não a sociedade o verdadeiro pólo

de poder entre nós, fato é que o

caminho para um melhor arranjo de

instituições rumo ao consenso não

pode começar na sociedade, mas

no Estado, gênese da existência

nacional. O consenso, em razão

disso, deve ser primeiro político,

para depois almejar a comunidade.Por essa razão, o presidencialismo

e a tripartição clássica dos poderes

não ofertam terreno sadio para

nossa democracia constitucional.

Isso por duas razões. Primeiro, ao

elevar o caráter unipessoal do

presidente da república na figura de

chefe de estado e de chefe de

governo confunde na mesma

p e s s o a , d u a s f u n ç õ e s

diametralmente diferentes. Como

define SOUZA JUNIOR, "estado

não é o mesmo que governo.

Enquanto o primeiro é a sociedade

política global - o todo -, governo é

um dos elementos do Estado, ou

seja, o elemento diretor ou o

conjunto de órgãos que detém o

poder na sociedade política. E, em

sentido mais estrito (...) governo é o

g r u p o q u e e x e r c e , n u m

determinado Estado e em dado

momento, a 'função executiva'. Se o

Estado, como unidade social,

permanece no tempo, os governos,

ao contrário, passam, sucedem-se

uns aos outros. Ademais, o Estado,

como sociedade global, não se

identifica com raças, classes,

regiões ou partidos, mas os

transcende; já os governos devem

exprimir, o melhor possível, a

o p i n i ã o p o l í t i c o - p a r t i d á r i a

dominante. Enfim, o Estado tem

objetivos próprios que não se

confundem com os objetivos

próprios dos governos".Enquanto o Estado cuida do

consenso político, a saber, da

unidade integral acerca dos valores

éticos comuns partilhados na

comunidade política, o governo, por

ser produto de uma disputa político-

partidária, representa interesses e

aspirações de cunho ideológico e

setorial, sendo controlado por uma

Imperial ImperialGazetaGazeta

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oposição institucionalizada. Assim,

como se vê, as funções de chefia de

Estado e de chefia de Governo são

diferentes, pois enquanto o primeiro

cuida do consenso, o segundo,

nasce do conflito ideológico.Por isso, quando se misturam no

mesmo órgão unipessoal duas

funções tão distintas, acaba-se por,

não raras vezes, confundir-se

Estado com Governo, a saber,

valores e consenso, com partidos e

ideologias. Além disso, os objetivos

setorizados do governo dificilmente,

são partilhados com a oposição, o

que não acontece com a chefia de

Estado, que busca a integração nos

valores do bem comum. Sendo

a s s i m , r e s t a c l a r a a

impresc indib i l idade de uma

separação funcional e institucional

entre tais funções, no sentido de que

a manutenção dos valores e do

consenso político não sejam

instados por objetivos ideológicos

presentes nas aspirações de um

chefe de governo.SOUZA JUNIOR, acerca disso,

sustenta que "como corolário dessa

d is t inção, extra i -se que os

processos de preenchimento da

chefia de Estado e da chefia de

Governo não podem ser idênticos,

mas devem se conformar à

natureza específica de cada uma. A

forma de designação do titular da

chefia de Estado vede propiciar a

escolha de alguém que seja, o

máximo possível, desvinculado das

correntes partidárias disputantes do

poder. Já, ao contrário, a forma de

indicação do ocupante da chefia de

Governo deve conduzir à escolha

de um líder de partido que esteja

identificado com as aspirações da

opinião pública dominante. Esses

os critérios que nos devem orientar

na busca da forma de designação

ou de eleição mais conveniente à

sociedade política, uma vez que a

função de chefia de Estado exige,

como condição para bom exercício,

a imparcialidade e a neutralidade

partidárias, ao passo que a chefia de

Governo requer a condição de líder

da corrente partidária prevalecente.

Nomear o chefe de Estado segundo

critérios político-partidários não

quer dizer democracia política, mas

p a r c i a l i z a ç ã o d a s u p r e m a

magistratura do Estado, aliás

perigosíssima para a sobrevivência

da democracia.Eleger o chefe de governo

segundo critérios avessos à

opinião política, isto sim, é limitar

ou negar o princípio democrático

de participação popular no

governo".Diante disso, é fundamental ter

presente a necessidade de se

construir um caminho para uma

nova engenharia de instituições

políticas que assegure o consenso

p o l í t i c o . E n t r e n ó s , o

presidencialismo acabou por

concentrar alta carga funcional

para o Poder Executivo, pois que

lhe conectou as necessárias

funções de chefiar o estado e

chefiar o governo. Além disso,

resultou em outra conseqüência

própria do regime presidencialista:

a de que o presidente é eleito

diretamente pelo povo e, por isso,

só a ele presta contas.Fa to é que , con fo rme j á

obse rvamos , a soc iedade

brasileira é passiva e paternalista,

pois tudo espera do Estado. Isso é

assim porque em nossa formação,

o Estado cria, concebe e forma a

sociedade de cima para baixo,

tornando-a dependente das castas

políticas que formam o Estado

brasileiro.Ora, diante de uma sociedade

fraca, com baixos fatores de

consenso internos, paternalista e

dependente do Estado, é evidente

que ela não consiga estabelecer

modos efetivos de controle sobre o

poder político de baixo para cima,

tal como a sociedade americana.

Nesta, o self-government faz com

que o meio social, tal como vimos

em TOCQUEVILE , exe rça

efetivamente, um controle rigoroso

sobre o poder. Diferentemente, a

sociedade brasileira, formada de

cima para baixo, não possui

condições sociais e de formação

h i s tó r i ca su f i c i en tes pa ra

estabelecer um controle efetivo

sobre o poder.Dessa forma, quando nossas elites

políticas importaram o regime

presidencialista e a tripartição

clássica dos poderes, logo no

a d v e n t o d a R e p ú b l i c a ,

desconheciam os resultados que

tal decisão poderia resultar para o

futuro do Estado brasileiro. Sim,

pois se a sociedade brasileira é

pa te rna l i s ta e f r aca pa ra

estabelecer controles eficazes

sobre o poder político, como poderia

controlar o poder do presidente da

república e fazer com que o mesmo

lhe prestasse contas? Ou ainda:

como tal sociedade, sem caráter

consensual de base, poderia

estabelecer um controle sobre os

três poderes políticos entre si,

arbitrando-os em situação de

conflitos? Ou mais: como podemos

almejar o consenso se nem a

s o c i e d a d e b r a s i l e i r a , n e m

tampouco as instituições do

presidencialismo possuem, na

tripartição clássica, condições

funcionais para um verdadeiro

consenso político?Se o Brasil é um país em que o

Estado precede a formação social, a

gênese de nossa existência política

nacional perpassa os quadros

burocráticos e patrimoniais do

Estado brasi le iro. Assim, a

construção de um consenso efetivo

sobre valores partilhados em

comum pela sociedade brasileira

não pode começar no próprio seio

social, mas na arquitetura das

instituições políticas do Estado,

razão pela qual o consenso entre

nós não pode ser "social", como nos

Estados Unidos, mas "político",

respeitando-se aí o processo de

formação histórica brasileira.Um país marcado por diferenças

culturais e regionais, deve organizar

as suas instituições políticas para

garantir o consenso político sobre

os valores éticos comuns. E esse

consenso só é possível, conforme

vimos, quando se institucionaliza

um órgão acima das disputas

ideológicas partidárias, a saber: um

poder político suprapartidário e

localizado acima das ideologias e

interesses setoriais. Enfim, uma

instituição política (com funções

políticas bem definidas), que

assegure a preservação dos valores

e assim, do consenso. Por essa

razão, tal poder não pode ser o

P o d e r E x e c u t i v o , ó r g ã o

governamental de direção política

que, dinamizado pelos conflitos

ideológicos e plurais ocorridos no

espaço público em que partidos e

t endênc ias d i ame t ra lmen te

opostas, competem em vista desse

cargo. O órgão de que estamos

falando é um poder que tem como

função chefiar o Estado como um

todo, buscar a unidade do país e a

integração dos bens partilhados em

comum por toda a sociedade

brasileira. Por isso, sua principal

missão é manter o consenso e

assegurar a existência dos demais

poderes políticos do Estado.Separar Estado e Governo e,

assim, dividir as funções hoje

p r e s e n t e s e m n o s s o

presidencialismo, em atribuições

cabíveis para dois órgãos distintos,

parece ser o primeiro caminho para

a construção de um modelo

institucional mais eficiente e

comprometido com o bem comum.Vemos essa necessidade porque,

diferentemente dos Estados

Unidos, em que o consenso é

social, motivo pela qual o governo é

um mero acidente e não representa

ameaça ideo lóg ica para a

integração que já existe na base

social (pois os partidos políticos

norte-americanos não possuem

diferenças ideológicas, mas

apenas estratégicas diante do

consenso que já existe na

sociedade), o Brasil é um país em

que o consenso só é possível por

intermédio da política estatal. Para

isso, o Estado deve arranjar suas

instituições e conceber um poder

acima das disputas ideológicas

partidárias para manter a unidade

da nação e a integração sobre os

valores comuns. Eis porque, a

chefia de Estado e a chefia de

Governo devem estar em campos

separados.Ademais, dentro da estrutura

política da tripartição de poderes

brasileira, o presidente não poderia

exercer o papel de um poder

moderador, uma vez que nesse

arranjo institucional há uma rígida

separação entre os órgãos, não

p o d e n d o , e m t e s e , h a v e r

interferência de um poder sobre o

outro. Assim, não há possibilidade

de existir um controle efetivo sobre

os poderes, uma vez que, nem a

sociedade (fraca) e nem o

E x e c u t i v o ( i m p o s s i b i l i t a d o

f u n c i o n a l m e n t e ) , p o d e m

estabelecer um controle efetivo

sobre os poderes entre si. Daí, a

necessidade de um poder acima

dos demais para representar o

consenso político e manter a

integridade da nação, os valores

comuns e, assim, cuidar do bem

Imperial ImperialGazetaGazeta

11

comum.P a r a n o s s a d e m o c r a c i a

constitucional se dinamizar em

direção ao seu fim (bem comum), é

importante que todas as demais

causas estejam em sintonia. Assim,

a comunidade política é mais

soberana quando a cidadania é

mais plural e mais universal. A

cidadania é plena quando a

dignidade da pessoa é assegurada

d e m o d o c o n c r e t o p e l a s

instituições do Estado de Direito. E

estas, quando melhor arquitetadas,

facilitam a realização do bem

comum. E, o melhor arranjo

institucional para nosso sistema

político é aquele que fomenta o

consenso político, entendendo que

a sociedade brasileira não é ativa

para organizar por si própria, um

consenso social. E, o consenso

político só subsiste quando há um

poder do Estado institucionalizado

para manter a unidade e a

integração, que esteja acima dos

interesses partidários e dos grupos

de pressão, enfim, que não

comprometa o bem comum com

posições ideológicas (típicas do

ó rgão de d i r eção po l í t i ca

governamental).K A R L L O E W E N S T E I N ,

constitucionalista alemão, tratou

das diferenças entre democracias e

autocracias dizendo que a marca

das primeiras está na distribuição

do poder. No presidencialismo, o

poder é fortemente concentrado

nas mãos do presidente da

república, que concentra funções

de Estado e de Governo que, em

princípio, são incompatíveis.Diferentemente disso, sugerimos

que a distribuição política das

funções indicadas em poderes

d i s t i n t o s o c a s i o n a r i a t r ê s

resultados satisfatórios para a

efetivação prática e sociológica das

normas const i tucionais que

constituem nossa democracia

constitucional: 1º) o surgimento de

um órgão - chefia de Estado- para a

preservação do consenso político;

2º) a divisão do poder executivo

que, no modelo anacrônico do

pres idencia l ismo bras i le i ro ,

concentra várias funções políticas,

tais como funções de Estado,

Governo, Administração e Exército;

3º) a separação entre Estado e

Governo, assim, acarretaria um

distanciamento entre as duas

funções que, agora ajustadas em

d o i s p o d e r e s d i s t i n t o s ,

c o r r e s p o n d e r i a m a d u a s

atividades antagônicas: com

relação ao Estado, haveria um

órgão para a defesa do consenso

político, para a preservação da

unidade nacional e para a

manutenção da integridade

política dos demais poderes. Já

com relação ao governo, existiria

um órgão de direção política

embasado em uma determinada

ideologia representativa das

aspirações sociais no momento

eleitoral oportuno, em que o

partido vencedor procuraria

dinamizar o país rumo às

ex igênc ias da soc iedade ,

empreendendo a direção política

em virtude das tendências

legitimadas pela sociedade política

no período eletivo.A chefia do Estado, então, se

jus t i f i ca r ia como meio de

manutenção da integridade dos

va lores comuns f rente ao

plural ismo de ideologias e

interesses. Ao mesmo passo,

porém, ter-se-ia um órgão

institucionalizado - chefia de

governo - para o conflito do

pluralismo ideológico entre grupos,

partidos, grupos, associações e

t o d o s o s c i d a d ã o s q u e

participassem na esfera pública.Todavia, hoje, verificamos no

Brasil um arranjo de instituições

que une a mesma pessoa e o

mesmo poder, funções estas que

deveriam ser distintas. Apesar

disso, a manutenção do modelo

anacrônico de separação de

poderes e do presidencialismo não

i m p e d e " t o t a l m e n t e " a

concretização do bem comum

ent re nós. Par i passu ao

inadequado arranjo de instituições

p o l í t i c a s , a d e m o c r a c i a

constitucional brasileira ainda

assim procura, na medida do

possível, realizar os valores

consag rados no t ex to da

Constituição de 1988.As causas do sistema democrático

constitucional brasileiro estão em

sintonia normat iva (Dire i to

Constitucional) e justificativa

(Filosofia Política), mas precisam

corresponder de modo mais

empírico à realidade democrática

nacional. E isso é possível quando

a s i n s t i t u i ç õ e s p o l í t i c a s ,

r esponsáve i s pe l a p róp r i a

existência do Estado de Direito e,

assim, da própria matéria prima

d e m o c r á t i c a , m o s t r e m - s e

arquitetadas de modo coerente e

realista com as finalidades éticas da

ordem polít ica postadas na

Constituição.RAMOS diz que "é verdade que não

se pode conceber uma Democracia

sem as divergências de opiniões,

i n e r e n t e s á l i b e r d a d e d e

pensamento. Entretanto, não é

menos verdadeiro que qualquer

sistema democrático implica

sempre em um mínimo de

consenso: exatamente no que toca

valores e instituições fundamentais

da própria Democracia. As lutas

político-partidárias, expressão do

choque ideológico entre os

diferentes segmentos sociais,

devem ser travadas no plano da

ação governamental, sem colocar

em risco os pilares sobre os quais

está assentado o edifício político".No caso brasileiro, o sucesso real

de nossa democracia constitucional

somente irá caminhar de modo

mais seguro em direção aos valores

e ao consenso quando nossas

inst i tu ições po l í t icas forem

arranjadas de maneira a garantir o

próprio consenso e a preservação

dos valores. A existência de um

órgão acima das disputas político-

partidárias poderia ser um bom

caminho para o desenvolvimento

político e institucional de nosso

sistema político. O advento de

órgão responsável pelo Estado -

chefia de Estado - não apenas

asseguraria o consenso político e a

integridade nacional, como também

impediria instabilidades e possíveis

golpes de Estado que formam o

caráter genético das instituições de

praticamente, todos os países

latino-americanos, sobretudo, o

Brasil. Além disso, facilitaria um

jogo equilibrado e interativo entre os

demais poderes políticos, uma vez

que existiria, a partir de então, um

poder funcional responsável pela

harmonia dos demais.

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Anibal de Almeida Fernandes

8) Teorias: Darwin: os milhões de

espécies de plantas, animais e

micro-organismos que vivem e já

viveram sobre a Terra descendem

todos de um ancestral comum, que

surgiu há mais de três bilhões de

anos. O DNA, a substância presente

no núcleo de todas as células

portadora de hereditariedade, torna

essa idéia real em sua simplicidade.

Os organismos não são como são

em obediência a um desígnio

super ior. Ao cont rár io , sua

d i v e r s i f i c a ç ã o r e s u l t a d o

e n t r e c h o q u e d e e v e n t o s

inteiramente naturais, sobretudo

mutações genéticas e modificações

na natureza, ao longo do tempo.

É imperativo para se entender o

fluxo genealógico e sua importância

na história da humanidade analisar

que cada um de nós tem 2 pais, 4

avós, 8 bisavós, 16 trisavós, 32 4ºs

avós, 64 5ºs avós etc. etc., numa

progressão geométrica que nos dá

500 milhões de 28ºs avós, ou seja,

cada um de nós, hoje vivo, tem um

número maior de 28ºs avós do que a

população da terra meros 800 anos

atrás! Racionalizando este fato

científico/matemático pode-se

afirmar que esse fluxo contínuo de

avós nos transforma a todos em

parentes com um ancestral comum

através do qual somos primos em

algum grau de todos os seres

humanos existentes na terra no dia

A genealogia como fator básicona formação da Pátria - Parte IV

ArtigoArtigo

Imperial ImperialGazetaGazeta

12

de hoje nestas três hipóteses:

1a A famosa Eva mitocondrial

considerada tecnicamente a

ancestral comum a todas as

linhagens femininas existentes

hoje em dia teria vivido há 140.000

anos atrás.Nota: DNA mitocondrial, ou

mtDNA, material genético presente

nas mitocôndrias, as usinas de

energia das células. É mais fácil

extrair mtDNA de ossos antigos

porque há 8.000 cópias dele em

cada célula, contra apenas uma do

DNA "principal", o do núcleo.

2a Rhode/Olson/Chang (Nature,

Set/04): primos de centésimo grau,

apenas 100 gerações atrás, ao

tempo entre Akhenaton 1450 a.C. e

o Império Romano.

3a R icha rd Dawk ins (The

Ancestor ’s Tale): primos de

milésimo grau, 1.000 gerações

atrás, em 30.000 a.C. por

considerar que algumas linhagens

humanas ficaram isoladas na

Oceania e Américas o que atrasou

e dificultou a miscigenação entre

elas.

Uma reflexão mais cuidadosa

sobre isso, nos remete à origem

d o s t e m p o s , a u m a

consangüinidade inicial já provada

cientificamente uma vez que, foi

traçada geneticamente através do

cromossomo masculino Y passado

de pai para filho, sem interferência

da mãe, e que nos remete para um

ancestral masculino comum,

apelidado de Adão que saiu da

África 60.000 anos atrás e de quem

descendem todos os homens

modernos. É esse Adão Homo sapiens real e

primevo, que se renova, se

combina, se adapta, se aprimora, se

supera, sempre sem degenerar,

numa seqüência contínua e

inesgotável em sua marcha

dinâmica para o futuro sem fim,

formando um tecido humano

comum a todos nós o qual, sob certo

enfoque, dá a imortalidade a cada

um de nós que tenha um filho por

conter, em si próprio, e em sua

descendência, essa herança

genética, esse cromossomo Y, que

irá perpetuá-lo até o fim dos tempos,

não importando a que raça e

segmento sociocultural pertença.

Obs: (1) Genoma do neandertal e

Competição: Neandertais > viveram

na Europa e em parte da Ásia e os

seres humanos considerados

modernos a divergência entre eles

o c o r r e u h á 5 0 0 m i l a n o s

aproximadamente. De forma geral,

podemos dizer que houve uma

p e q u e n a c o n t r i b u i ç ã o d o s

neandertais para a variação

encontrada na espécie humana, o

genoma desse hominídeo é 99,5%

semelhante ao dos humanos

modernos. # Folha São Paulo,

Ciências, 31/10/08: O DNA

mitocondrial é aquele contido nas

mitocôndria, as usinas de energia

da célula. Como só é passado de

mãe para filhos, é uma boa

ferramenta para revelar linhagens

genéticas. Ötzi, a múmia da Idade

do Bronze achada nos Alpes

italianos, não tem nenhum parente

vivo, segundo um estudo publicado

hoje. O veredicto foi dado por

cientistas italianos e britânicos, que

seqüenciaram parte do DNA do

homem do gelo. O grupo liderado

por Franco Rollo, da Universidade

de Camerino, Itália, seqüenciou o

genoma mitocondrial completo da

múmia de 5.300 anos. É a

seqüência do tipo mais antiga já

obtida de um ser humano moderno.

O que o genoma mitocondrial de

Ötzi revelou foi que a múmia

pertence a uma linhagem própria.

Apesar de se encaixar do chamado

haplogrupo (conjunto de linhagens)

K1, que deu origem a diversas

linhagens humanas na Europa, ele

é d i f e r e n t e d e t o d a s a s

sublinhagens existentes hoje (K1a,

K1b e K1c). Rollo e seus colegas

afirmam que ele pertence a um

ramo até agora desconhecido, que

eles chamaram de K1ö, ou "ramo

de Ötzi".

Obs: (1) Agora é oficial: neandertais

e humanos anatomicamente

modernos se acasalaram e

produziram descendentes férteis há

mais de 50 mil anos. A descoberta

d e i x o u o s p e s q u i s a d o r e s

surpresos. Embora a ciência já

Monarquista, anuncie seusprodutos e serviços aqui

Ministério Público proíbe mineração no Santuário do Caraça em Minas Gerais

PatrimonioPatrimonio

O Ministério Público de Minas Gerais

(MPMG) proibiu, por meio de um

recomendação, a exploração de

minério na Reserva Particular do

Patrimônio Natural (RPPN) Santuário

do Caraça, localizada nos municípios

de Barão de Cocais, Santa Bárbara,

Catas Altas, Mariana, Itabirito e Ouro

Preto. A Serra do Caraça, tombada

pela Constituição Estadual, tem área

de 31.521 hectares, dos quais 11.233

fazem parte da área patrimonial. A

reserva fica entre as bacias

hidrográficas dos rios São Francisco e

do Rio Doce. O Caraça tem importante

conjunto histórico e arquitetônico que

atrai, anualmente, cerca de 60 mil

turistas. De acordo com os promotores

de Justiça, responsáveis pela

recomendação, a atividade minerária

não é permitida dentro dos limites de

uma RPPN.

Estado de Minas

´

13

soubesse que homens modernos e

Neandertais coexistiram no período

de 30 mil a 45 mil anos atrás,

nenhum sinal de cruzamento foi

detectado na análise do DNA

mitocontrial de nossos parentes

evolutivos, nem em qualquer outro

estudo genético. Tanto que muita

gente julgava que as espécies não

eram capazes de gerar, juntas,

descendentes viáveis. O dado vem

da primeira análise do genoma dos

neandertais, a ser publicada na

revista "Science" por uma equipe

internacional de pesquisadores,

com mais de 60% do material

genético dos neandertais "lido" em

laboratório, após a extração de DNA

de três mulheres neandertais da

Croácia, ficou claro que ao menos

algum grau de mistura aconteceu.

Isso porque, ao comparar os dados

dos neandertais com o genoma de

pessoas de hoje, a semelhança em

várias trocas de "letras" de DNA é

elevada. Isso aparece, no entanto,

a p e n a s e m p e s s o a s d e

ascendência européia ou asiática.

A explicação: é provável que os

neandertais e os humanos

modernos tenham se encontrado

no Oriente Médio entre 80 mil e 50

mil anos atrás, antes de o Homo

sapiens se espalhar mundo afora.

Os descendentes seriam os

humanos da Ásia e da Europa, cujo

DNA carregaria entre 1% e 4% de

contribuição neandertal. Na África,

a mistura não teria ocorrido.

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14

Retrato por Victor Meirelles,

D. Pedro II em trajes militares