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Faculdade Joaquim Nabuco Licenciatura em História Nilton Andrade Ribeiro Ma. Juliana Lucena Fichamento de Citação: BERMAN, Marsahall. TUDO QUE É SÓLIDO SE DESMANCHA NO AR A AVENTURA DA MODERNIDADE Cap. II

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Fichamento de citação do cap. II " Todo que é sólido se desmancha no ar..."

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Faculdade Joaquim NabucoLicenciatura em Histria

Nilton Andrade RibeiroMa. Juliana Lucena

Fichamento de Citao: BERMAN, Marsahall. TUDO QUE SLIDO SE DESMANCHA NO AR A AVENTURA DA MODERNIDADE Cap. II

So Loureno da MataMai./2015II TUDO QUE SLIDO SE DESMANCHA NO AR: MARX, MODERNISMO E MODEERNIZAO (pp. 86-124 / cap. II).BERMAN, Marshall. TUDO QUE SLIDO SE DESMANCHA NO AR AAVENTURA DA MODERNIDADE. So Paulo; Ed. Companhia das Letras (), 1986.

... Fausto de Goethe, universalmente reconhecido como expresso primrio do moderno esprito inquiridor, atinge sua realizao mas tambm sua trgica derrocada na transformao da moderna vida material. (...) fora e originalidade do materialismo histrico de Marx est na luz que lana sobre a moderna vida espiritual. Ambos partilham uma perspectiva muito mais aceita ento do que hoje: a crena de que a vida moderna implica um todo coerente. (...) Isso se pressupe uma da vida moderna. Isso pressupe uma unidade de vida e experincia, que envolve a poltica e a psicologia, a indstria e a espiritualidade, as classes dominantes e as classes operrias, na modernidade. (...) Este captulo uma tentativa de captar e reconstruir a viso da vida moderna como um todo, segundo Marx. (p. 85).

(...) O pensamento atual sobre a modernidade se divide em dois compartimentos distintos,...: modernizao em economia e poltica, modernismo em arte, cultura e sensibilidade. (...) Marx em relao a esse dualismo, isso no, (...) ele comparece em larga escala na literatura sobre modernizao. (...), Marx no reconhecido, em nenhuma instncia, pela literatura sobre modernismo. (...) modernistas quase sempre remontam sua gerao, a gerao de 1840 Baudelaire, Flaubert, Wagner, Kierkegaard, Dostoievski (...). (p. 86).

(...) Alguns escritores (como Vladimir Nabokov) acusam o marxismo de ser um peso morto que sufoca o esprito modernista; j outros (como Georg Lukcs, em sua fase comunista) (...) muito mais razovel, mais sadio e mais real que o dos modernistas; mas todos concordam em que estes e aquele so mundos parte. (p. 87).

(...), quanto mais perto chegamos do que Marx de fato disse, menos sentido faz esse dualismo. (...) A ambio csmica e a grandeza visionria da imagem, sua fora altamente concentrada e dramtica, seus sub tons vagamente apocalpticos, a ambiguidade (sic) de seu ponto de vista o calor que destri tambm energia superabundante, um transbordamento de vida (...) so em princpio traos caractersticos da imaginao modernista. (...), essa imagem vem de Marx: (...), mas direto do Manifesto Comunista. Essa imagem coroa a descrio que Marx faz da moderna sociedade burguesa. As afinidades entre Marx e os modernistas (...) Tudo o que slido desmancha no ar, tudo o que sagrado profanado, e os homens so finalmente forados a enfrentar com sentidos mais sbrios suas reais condies de vida e sua relao com outros homens. (...), de acordo com a qual se destri tudo o que sagrado, (...) assertiva materialista do sculo XIX segundo a qual Deus no existe. Marx se move na dimenso do tempo.(...).juntos, ao mesmo tempo agentes e pacientes do processo diluidor que desmanchano (sic) ar tudo o que slido. (p. 87). Se acompanharmos essa modernista viso esfumaante, veremos que elaressurge ao longo de toda a obra de Marx. Aqui e ali ela. (p.87).

(...) contraparte de vises marxistas mais slidas, (...) no Manifesto Comunista, abrindo nova perspectiva que permite compreend-lo como o arqutipo de um sculo inteiro de manifestos e movimentos modernistas que se sucederiam. O Manifesto expressa algumas das mais profundas percepes da cultura modernista e,... mais profundas contradies internas. (p. 88).

precisamos de um Marx modernista, (...) porque tem algo distinto e importante a dizer. (...), Marx pode dizer-nos do modernismo tanto quanto este nos diz do prprio Marx. O pensamento modernista, to brilhante e iluminador (...) Marx pode fazer incidir nova luz. (...) a relao entre a cultura modernismo e a sociedade burguesa(...) modernismo e burguesia tm em comum mais coisas do que gostariam de admitir. (...) marxismo, modernismo e burguesia.... estranha dana dialtica (...) (p.88).

1. Viso diluidora e sua dialtica

O ponto bsico que fez a fama do Manifesto o desenvolvimento da modernaburguesia e do proletariado e a luta entre ambos. (...) esse enredo, uma luta dentro da conscincia do autor (...) e a respeito do que a luta maior significa (...) a tenso entre a viso slida e a viso diluidora de Marx sobre a vidamoderna. (p. 89).

A primeira seo do Manifesto, Burgueses e Proletrios, apresenta uma viso geral do que hoje chamado o processo de modernizao e descreve o cenrio daquilo que Marx acredita venha a ser o seu clmax revolucionrio. (...). Antes de tudo, temos a a emergncia de um mercado mundial. (...) Produo e consumo e necessidades humanas tornam-se cada vez mais internacionais e cosmopolitas. (p. 88).

(...) A escala de comunicaes se torna mundial, (...) concentra cada vez mais nas mos de poucos. Camponeses e artesos independentes no podem competir com a produo de massa capitalista e so forados a abandonar suas terras e fechar seus estabelecimentos. (...) (No campo acontece o mesmo: fazendas se transformam em fbricas agrcolas e os camponeses que no abandonam o campo se transformam em proletrios campesinos.) (...) pobres so despejados j cidades, que crescem como num passe de mgica (...) Para que essas grandes mudanas ocorram com relativa uniformidade, alguma centralizao legal, fiscal e administrativa precisa acontecer; e acontece onde quer que chegue o capitalismo. (...), trabalhadores da indstria despertam aos poucos para uma espcie de conscincia de classe e comeam agir contra a aguda misria e a opresso crnica em que vivem. (...) (p.89).

(...) Marx no est apenas descrevendo, mas evocando e dramatizando o andamento desesperado e o ritmo frentico que o capitalismo impe a todas as facetas da vida moderna. (...) Aps algumas pginas disso, sentimo-nos excitados mas perplexos; sentimos que as slidas formaes sociais nossa volta se diluram. (...) como se o inato dinamismo da viso diluidora corresse com ele e o carregasse (...). (p.89).

(...) no interior do Manifesto (...) Marx comea a descrever burguesia. A burguesia, afirma ele, desempenhou um papel altamente revolucionrio na histria. (...) Marx parece empenhado no em enterrar a burguesia, mas em exalt-la (...)ele exalta a burguesia com um vigor e uma profundidade que os prprios burgueses no seriam capazes de expressar. (p.90).

[Burgueses] eles foram os primeiros a mostrar do que a atividade humana capaz. (...) No Manifesto, a idia (sic) de Marx que a burguesia efetivamente realizou aquilo que poetas, artistas e intelectuais modernos apenas sonharam, em termos de modernidade. (p.90).

(...) burguesia realizou maravilhas que ultrapassam em muito as pirmides do Egito, os aquedutos romanos, as catedrais gticas; (...) se expressa em primeiro lugar nos grandes projetos de construo fsica moinhos e fbricas, pontes e canais, ferrovias, todos os trabalhos pblicos que constituem a realizao final de Fausto (...), que a burguesia algumas vezes inspirou, algumas vezes forou com brutalidade, algumas vezes subsidiou e sempre explorou em seu proveito. (...) (p.90)

Marx no o primeiro, nem o ltimo, a celebrar os triunfos da moderna tecnologia burguesa e sua organizao social (...). O que lhe interessa so os processos, os poderes, as expresses de vida humana e energia: homens no trabalho, movendo-se, cultivando, comunicando-se, organizando e reorganizando a natureza e a si Mesmos; (...) o que o atrai so os processos ativos e generativos atravs dos quais uma coisa conduz a outra, sonhos se metamorfoseiam em projetos, fantasias embalano, as idias (sic) mais exticas e extravagantes se transformam continuamente em realidades (...) (p. 91).

A ironia do ativismo burgus, como o v Marx, est em que a burguesia obrigada a se fechar para as suas mais ricas possibilidades, que s chegam a ser vislumbradas por aqueles que rompem com o seu poder. (...), a nica atividade que de fato conta, para seus membros, fazer dinheiro, acumular capital, armazenar excedentes; (...), os burgueses se estabeleceram como a primeira classe dominante cuja autoridade se baseia no no que seus ancestrais foram, mas no que eles prpri efetivamente fazem. (...) (p. 92).

(...) burgueses, (...) Eles s podem continuar a desempenhar seu papel revolucionrio se seguirem negando suas implicaes ltimas e sua profundidade. (...) (p. 91).

A atividade revolucionria, atividade prtico-crtica que destrona o domnio burgus ser a expresso de energias ativas e ativistas que a prpria burguesia deixou em liberdade. Marx comea por exaltar a burguesia, (...), motivo de exaltao a levar, no fim, a ser enterrada. (p.92).

A segunda grande realizao burguesa foi liberar a capacidade e o esforo humanos para o desenvolvimento: (...). Esse esforo, Marx o mostra, est embutido no trabalho e nas necessidades dirias da economia burguesa. Quem quer que esteja ao alcance dessa economia se v sob a presso de uma incansvel competio, seja do outro lado da rua, seja em qualquer parte do mundo.(...). Isso significa que a burguesia, tomada como um todo, no pode subsistir sem constantemente revolucionar os meios de produo. Mas as foras que moldam e conduzem a moderna economia no podem ser compartimentalizadas e separadas da totalidade da vida. A intensa e incansvel presso no sentido de revolucionar a produo tende a extrapolar, impondo transformaes tambm naquilo que Marx chama de condies de produo (ou relaes produtivas), e, com elas, em todas as condies e relaes sociais.* (p. 92).

(...) Nossas vidas so controladas por uma classe dominante de interesses bem definidos no s na mudana, mas na crise e no caos. (...). Catstrofes so transformadas em lucrativas oportunidades para o redesenvolvimento e a renovao;(...). O nico espectro que realmente amedronta a moderna classe dominante e que realmente pe em perigo o mundo criado por ela sua imagem aquilo por que as elites tradicionais (e, por extenso, as massas tradicionais) suspiravam: uma estabilidade slida e prolongada. Neste mundo, estabilidade significa to-somente entropia, (...). (p. 93).

(...) Para que as pessoas sobrevivam na sociedade moderna, qualquer que seja a sua classe, suas personalidades necessitam assumir a fluidez e a forma aberta dessa sociedade. Homens e mulheres modernos precisam aprender a aspirar mudana: no apenas estar aptos a mudana sem sua vida pessoal e social, mas ir efetivamente em busca das mudanas, procur-las de maneira ativa, levando-as adiante. (...) (p, 93).

Marx absorve esse ideal desenvolvimentista da cultura humanstica alem de sua juventude, do pensamento de Goethe e Schiller e seus sucessores romnticos. (...). Marx perfeitamente cnscio de seus vnculos com esses escritores, a quem ele cita e faz aluses, com frequncia,, bem como sua tradio intelectual.(...), Marx adota com entusiasmo a estrutura de personalidade produzida por essa economia. O problema.do capitalismo que, aqui como em qualquer parte, ele destri as possibilidades humanas por ele criadas.(...), tudo o mais que no atraente para o mercado reprimido de maneira drstica, ou se deteriora por falta de uso, o nunca tem uma chance real de se manifestar.[footnoteRef:1]5 (p. 94). [1: ]

A soluo irnica e feliz,... diz Marx, quando o desenvolvimento da moderna indstria se separar do prprio solo, logo abaixo dos seus ps, em que a burguesia produz e se apropria de produtos (...) esse movimento dialtico tanto na esfera do desenvolvimento pessoal como na do econmico: em um sistema no qual todas as relaes so volteis, como podem as formas capitalistas devida propriedade privada, trabalho assalariado, valor de troca, a insacivel busca de lucro (...) Quantomais furiosamente a sociedade burguesa exortar seus membros a crescer ou perecer, mais esses vo ser impelidos a faz-la crescer de modo desmesurado, mais furiosamente se voltaro contra ela como uma draga impetuosa, mais implacavelmente lutaro contra ela, em nome de uma nova vida que ela prpria os forou a buscar.(...) (p.94).

do pesadelo em que foi transformado pela sociedade burguesa, poder tornar-se fonte de alegria e beleza para todos. Gostaria de recuar para um pouco antes do Manifesto Comunista, por um breve momento, a fim de mostrar como crucial para Marx o ideal desenvolvimentista, dos(...) Em A Ideologia Alem (1845-46), o objetivo do comunismo o desenvolvimento de toda a capacidade dos indivduos enquanto tais. Porque somente em comunidade com os demais cada indivduo consegue os meios para cultivar seus prprios dons em todas as direes; s em comunidade, portanto, possvel a liberdade pessoal7 (...) (p.95).

Essa viso do comunismo inquestionavelmente moderna (...) Aqui Marx est mais prximo de alguns de seus inimigos burgueses e liberais que dos expoentes tradicionais do comunismo, que, desde Plato e os Padres da Igreja, valorizaram o auto-sacrifcio (sic), desencorajaram ou condenaram a individualidade e sonharam com um projeto tal em que s a luta e o esforo comuns atingiriam o almejado fim. (...) (p.95).

2. AUTODESTRUIO INOVADORA

(...), compreender por que Marx se mostra to excitado e entusiasmado com a burguesia e o mundo por ela criado. (...) . A burguesia e seus idelogos jamais se notabilizaram por humildade ou modstia; no entanto, parecem estranhamente empenhados em esconder muito de sua prpria luz sob um punhado de argumentos irrelevantes.(...). O que que os membros da burguesia tm medo de reconhecer em si prprios? (...). A burguesia, como Marx o sabe, no perde o sono por isso. Antes de mais nada, os burgueses agem dessa forma uns com os outros, e at consigo mesmos; por que no haveriam de agir assim com qualquer um? A verdadeira fonte do problema que a burguesia proclama ser o Partido da Ordem na poltica e na cultura modernas. (...) v, tudo o que a sociedade burguesa constri construdo para ser posto abaixo. Tudo o que slido das roupas sobre nossos corpos aos teares e fbricas que as tecem, aos homens e mulheres que operam as mquinas, s casas e aos bairros onde vivem os trabalhadores, s firmas e corporaes que os exploram, s vilas e cidades, regies inteiras e at mesmo as naes que as envolvem tudo isso feito para ser desfeito amanh, (...) (p. 96).O pathos de todos os monumentos burgueses que sua fora e solidez material na verdade no contam para nada e carecem de qualquer peso em si; que eles se desmantelam como frgeis canios, sacrificados pelas prprias foras do capitalismo que celebram. (...) (p.97).

(...) cenas criadas pelos membros da nossa burguesia, (...) veremos como esses slidos cidados fariam o mundo em frangalhos, se isso pagasse bem. (...) Seu segredo que eles tentam esconder de si mesmos que, sob suas fachadas, constituem a classe dominante mais violentamente destruidora de toda a histria. (...) Nietzsche e seus seguidores iro imputar a traumas csmicos como a Morte de Deus. (p. 97)

(...) Marx nos foram ao confronto (...), a moderna sociedade burguesa, uma sociedade que liberou to formidveis meios de produo e troca, como a feiticeira incapaz de controlar os poderes ocultos desencadeados por seu feitio (p. 478) (...) (p.98).

(...) Os membros da burguesia reprimem tanto a maravilha quanto o terror daquilo que fizeram: os possessos no desejam saber quo profundamente esto possudos. (...) (p.98).

(...) A burguesia de Marx se move dentro dessa trgica rbita. Ele situa o oculto em um amplo contexto mundial e mostra como, atravs de um milho de fbricas e usinas, bancos e escritrios, os poderes sombrios operam em plena luz do dia e as foras sociais so impelidas em direes ameaadoras pelos insaciveis imperativosde mercado, que nem o mais poderoso burgus seria capaz de controlar. A viso de Marx traz o abismo para perto de casa. (p.99).

(...) Marx mostra como ambas essas possibilidades humanas se fundem na vida detodo homem moderno, atravs dos movimentos e presses da economia burguesa. No curso do tempo, os modernistas produziro uma variada mostra de vises csmicas e apocalpticas, vises da mais radiante alegria e do mais rido desespero. Muitos dos mais criativos artistas modernistas sero possudos pelas duas tendncias, simultaneamente, oscilando interminavelmente entre um plo (sic) e outro; seu dinamismo interior ir reproduzir e expressar os ritmos intrnsecos por meio dos quais o moderno capitalismo se move e subsiste. (...) (p.99).

(...) o Manifesto a primeira grande obra de arte modernista. (...) a viso da comunidade revolucionria em Marx. Seus fundamentos sero fornecidos, ironicamente, pela prpria burguesia. O progresso da indstria, cujo involuntrio promotor a burguesia, substitui o isolamento do trabalhador pela sua unio em entidades associativas. (p. 483) (...) (p.100).

(...) a teoria das crises, (...) Marx parece acreditar que essas crises iro minar aos poucos o capitalismo e talvez destru-lo. Contudo, sua prpria viso e anlise da sociedade burguesa mostram com que percia essa sociedade enfrenta crises e catstrofes: de um lado, pela destruio premeditada de grande quantidade de foras produtivas; de outro, pela conquista de novos mercados e a explorao mais aperfeioada dos antigos. Crises podem aniquilar pessoas e companhias (...) podem forar a burguesia a inovar, expandir e combinar seus instrumentos de maneira mais engenhosa que antes: crises podem, portanto, atuar como inesperadas fontes de fora e resistncia do capitalismo. (...)a capacidade burguesa de tirar proveito da destruio e do caos, no h qualquer razo aparente para que essas crises no possam prosseguir numa espiral interminvel, destruindo pessoas, famlias, corporaes, cidades, porm deixando intactas as estruturas e o poder da vida (...) (p.100).

(...) trabalhadores, forando-os a depender uns dos outros e a cooperar em suas tarefas a moderna diviso de trabalho exige uma intrincada cooperao, a cada momento da vasta escala , e isso os ensinar a pensar e a agir coletivamente. Os vnculos comunitrios dos trabalhadores, gerados de forma inadvertida pela produo capitalista, se desenvolvero em instituies polticas militantes, sindicatos que faro oposio e por fim poro abaixo a moldura privada, atomstica das relaes sociais do capitalismo. Assim acredita Marx. (p.101).

(...) Um governo comunista dever tentar conter a inundao impondo restries radicais no apenas a qualquer atividade e empresa econmica (todos os governos socialistas fizeram isso, como todos os Estados capitalistas), mas s manifestaes pessoais, culturais e polticas. Contudo, na medida em que fosse bem sucedida, essa estratgia no estaria traindo o objetivo marxista de livre desenvolvimento para cada um e para todos? Marx vislumbrou o comunismo como o coroamento da modernidade; porm, como pode o comunismo inserir-se no mundo moderno sem suprimir aquelas energias verdadeiramente modernas que ele promete liberar? (...) (p. 101-102).

Portanto, a simples e atenta leitura do Manifesto, que leve a srio a sua viso da modernidade, nos conduz a srias dvidas sobre as respostas de Marx.(...) Podemos perceber ainda como o comunismo, para se manter coeso, precisar sufocar as foras ativas, dinmicas e desenvolvimentistas que lhe deram vida, precisar matar muitas das esperanas pelas quais valeu a pena lutar, precisar reproduzir as iniquidades e contradies da sociedade burguesa, sob novo nome. Ento, ironicamente, veremos a dialtica da modernidade, segundo Marx, reencenando o destino da sociedade que ela mesma descreve, gerando energias e idias (sic) que desmancharo no seu prprio ar. (p.102).

3. NUDEZ O HOMEM DESACOMODADO

(...) explicar algumas das imagens mais poderosas da vida moderna, constantes do Manifesto. (...), Marx tenta mostrar como o capitalismo transformou as relaes das pessoas entre si e consigo mesmas.(...) a burguesia sujeito por fora de suas atividades econmicas responsveis pelas grandes mudanas e os homens e mulheres modernos, de todas as classes, so objetos, j que todos se vem (sic) transformados: (...) (p.102).

A oposio aqui feita por Marx (...) simboliza em qualquer parte a distino entre um mundo real eum mundo ilusrio. (...) (p. 103).

A moderna transformao, iniciada na poca da Renascena e da Reforma, coloca ambos esses universos na Terra, no espao e no tempo, preenchidos com seres humanos.(...) enquanto o universo verdadeiro consiste no mundo fsico e social que existe para ns, aqui e agora (ou est a ponto de existir).(...) (p.103).A dialtica da nudez que culminar em Marx definida logo no incio da era moderna, no Rei Lear de Shakespeare. Para Lear, a verdade nua aquilo que o homem forado a enfrentar quando perdeu tudo o que os outros homens podem tirar-lhe, exceto a prpria vida.(...) (p. 103).

(...) Lear. (...) ele rasga seu manto real... Lear acredita t-lo lanado no patamar mais baixo da existncia (...), pela primeira vez, ele reconhece a conexo entre ele mesmo e outro ser humano. (...) (p.104).

(...) A tragdia est em que a catstrofe que o redime humanamente, politicamente o destri: a experincia que o qualifica de maneira genuna para ser rei torna impossvel tal realizao.(...) (p.104).

No sculo XVIII, as metforas da nudez como verdade e do despir-se como autodescoberta ganham nova ressonncia poltica.(...) (p.104)

... Montesquieu, o vu que as mulheres persas so obrigadas a usar simboliza toda a represso que a sociedade tradicional inflige s pessoas. Por contraste, a ausncia de vus nas ruas de Paris simboliza um novo tipo de sociedade onde reina a liberdade e onde, consequentemente (sic), tudo se manifesta, tudo visvel, tudo audvel.(...) (p. 105)

(...) Rousseau, no Discours sur les arts et les sciences ()o verdadeiro homem um atleta que ama exercitar-se inteiramente nu; despreza todos esses vis ornamentos que tolhem a livre utilizao de suas foras.(...) homem nu(...)mas um homem melhor. Os movimentos revolucionrios liberais que levam o sculo XVIII a seu clmax concretizam essa f: quando os homens se despirem dos privilgios e dos papis sociais herdados, ento podero desfrutar de ilimitada liberdade no uso de suas foras, que eles empregaro em benefcio de toda a humanidade.(...) (p.105).

(...);para Burke, trata-se de um deplorvel desastre antiidlico (sic), uma queda no abismo do qual nada e ningum voltar a erguer-se. Burke no admite que os homens modernos possam aprender alguma coisa,(...) (p.105).(...) As revolues burguesas, arrancando fora os vus da iluso religiosa e poltica, haviam deixado a explorao e o poder desnudos, a crueldade e a misria expostos como feridas abertas, mas ao mesmo tempo tinham descoberto e exposto novas opes e esperanas.(...) (p.106).

A esperana de Marx que, to logo sejam forados a enfrentar (...) suas verdadeiras condies de vida e suas relaes com outros companheiros, os homens desacomodados das classes operrias se uniro para combater o frio que enregela a todos. (...) Um dos objetivos primordiais do Manifesto apontar o caminho para escapar do frio, para nutrir e manter unida a aspirao de todos pelo calor comum. (...) O comunismo, quando chegar, ser uma espcie de manto transparente, que ao mesmo tempo manter aquecidos os que o vestem e deixar mostra sua beleza desnuda, de modo que eles possam reconhecer-se e aos demais em seu pleno esplendor.(...) (p. 106).

(...) a dialtica da nudez, (...) Os homens modernos talvez prefiram o solitrio pathos e a grandiosidade do rousseauniano indivduo liberado, ou o conforto coletivo e bem-vestido da mscara poltica de Burke, tentativa marxista de fundir o melhor de ambos. (...) (p. 106).

(...) A natureza do novo homem moderno, desnudo, talvez se mostre to vaga e misteriosa quanto a do velho homem, o homem vestido, talvez ainda mais vaga, pois no haver mais iluses quanto a uma verdadeira identidade sob as mscaras. Assim, juntamente com a comunidade e a sociedade, a prpria individualidade pode estar desmanchando no ar moderno.(...) (p. 107).

4. AMETARMOFOSE DOS VALORES

O problema do niilismo emerge mais uma vez na ltima linha do texto de Marx: A burguesia transmudou toda a honra e dignidade pessoais em valor de troca; e em lugar de todas as liberdades pelas quais os homens tm lutado colocou uma liberdade sem princpios a livre troca. O primeiro ponto aqui o imenso poder do mercado na vida interior do homem moderno...) (p.107).

(...) Com isso, qualquer espcie de conduta humana se torna permissvel no instante em que se mostre economicamente vivel, tornando-se valiosa; tudo o que pagar bem ter livre curso.(...) (p. 107).

(...) Marx diria que sua base muito mais concreta e mundana: ela se ergue sobre as banais ocupaes cotidianas da ordem econmica burguesa uma ordem que relaciona nosso valor humano ao nosso preo de mercado, nem mais, nem menos, e que fora a nossa expanso empurrando nosso preo para cima, at onde pudermos ir. (p. 107).

(...) O princpio sem princpios da livre troca forar a burguesia a garantir at mesmo aos comunistas o direito bsico de que todo homem de negcios desfruta, o direito de oferecer, promover e vender seus produtos ao maior nmero de consumidores que conseguirem atrai.(p. 108).

... Marx chama de livre competio no campo do conhecimento(...) Marx, assim que as idias (sic) de revoluo e comunismo se tornarem acessveis s massas, haver compradores, e o comunismo, como um movimento autoconsciente, independente, da maioria (p. 482), assumir sua forma prpria. Por isso, aceita conviver com o niilismo burgus, a longo prazo, pois v como ativo e dinmico aquilo que Nietzsche chama de niilismo de fora.(...)(p. 108).

(...) Um padro mais tpico da burguesia clamar por liberdade, quando na oposio, e reprimi-la, uma vez no poder.(...) (p.109).

(...) Isto um problema srio, pois, uma vez que no ligam a mnima para a liberdade, os membros da burguesia trabalharo no sentido de manter fechadas a novas idias (sic) as sociedades sob seu controle, tornando ainda mais difcil o caminho para o comunismo.(...) (p.109).

Outro problema com a dialtica marxista do livre mercado que ela acarreta um estranho conluio entre a sociedade burguesa e seus oponentes mais radicais (...) (p. 109).

(...) conduzir-nos a questionar uma das promessas fundamentais de Marx: a promessa de que o comunismo, ao preservar e, na verdade, ao aprofundar as liberdades trazidas pelo capitalismo, nos libertar dos horrores do niilismo burgus.(...) (p. 110).

5. A PERDA DO HALO

...pensamento de Marx esto cristalizadas em uma de suas imagens mais candentes, a ltima que iremos explorar aqui: A burguesia despiu de seu halo todas as atividades at ento honradas e vistas com reverente respeito. Transformou o mdico, o advogado, o pregador, o poeta, o homem de cincia (Mann der Wissenschaft*) em trabalhadores assalariados (p. 476).(...) (p.110).

Marx acredita que o capitalismo tende a destruir essa modalidade de experincia, em todos: tudo o que sagrado profanado; ningum intocvel, a vida se tornainteiramente dessantificada.(...) (p. 111).

(...) Marx que ele partilha essa mesma f, em seu compromisso com o trabalho intelectual. No entanto, ele sugere a que, de algum modo, trata-se de uma f negativa, uma auto-iluso (sic).(...) (p. 112).

O fato bsico da vida para esses intelectuais, como Marx os v, que eles so trabalhadores assalariados da burguesia, membros da moderna classe trabalhadora, o proletariado. (...) (p.112).

(...) Eles precisam vender-se pea por pea a um empregador desejoso de lhes explorar os crebros com vistas obteno de lucro. Eles precisam esquematizar-se e apresentar-se sob uma luz favoravelmente lucrativa; precisam competir (no raro de forma brutal e sem escrpulos) pelo privilgio de serem comprados, apenas para poder prosseguir em seu trabalho. Assim que o trabalho executado, eles se vem (sic), tal como qualquer outro trabalhador, separados do produto do seu esforo.(...) (p. 113).

fcil ver como os modernos intelectuais, aprisionados nessas ambigidades (sic), imaginam formas radicais de sair da armadilha: no seu caso, as idias (sic), revolucionrias brotaro de modo direto e intenso de suas necessidades pessoais(...). (p.114).

(...) A sociedade burguesa, atravs de seu insacivel impulso de destruio e desenvolvimento e de sua necessidade de satisfazer s insaciveis necessidades por ela criadas, produz inevitavelmente idias (sic) e movimentos radicais que almejam destru-la.(...) (p.114).

A inteno de Marx, ao arrancar os halos de suas cabeas, mostrar que ningum na sociedade burguesa pode ser to puro, to seguro ou to livre. As teias e ambigidades (sic) do mercado so de tal ordem que a todos capturam e emaranham. (...) (p. 115).

(...) Minha nfase, neste ensaio, se volta para as subcorrentes cticas e crticas do pensamento de Marx. Alguns leitores talvez se inclinem a acatar apenas a crtica e a autocrtica, descartando as esperanas como utpicas e ingnuas. Fazer isso, porm, seria negligenciar o que Marx viu como o ponto essencial do pensamento crtico. A crtica, como ele a compreendeu, parte de um incessante processo dialtico. (...) (p.115).

CONCLUSO: A CULTURA E AS CONTRADIES DO CAPITALISMO

Venho tentando definir neste ensaio um espao para o qual o pensamento de Marx e a tradio modernista confluam. Antes de tudo, ambos constituem tentativas de evocar apreender uma experincia peculiarmente moderna. Ambos confrontam o mbito da modernidade com emoes dspares, temor respeitoso e exaltao impregnados de um senso de horror. Ambos vem (sic) a vida moderna como crivada de impulsos e potencialidades contraditrias e ambos endossam uma viso de extremada ou ultramodernidade(...) (p. 116).

... tentei ler Marx como um escritor modernista, para fazer aflorar a vitalidade e a riqueza de sua linguagem, a profundidade e complexidade de suas imagens roupas e nudez, vus, halos, calor, frio e para mostrar, a, como brilhante o desenvolvimento dos temas pelos quais o modernismo viria a se definir: a glria da energia e o dinamismo modernos, a inclemncia da desintegrao e o niilismo modernos, a estranha intimidade entre eles; a sensao de estar aprisionado numa vertigem em que todos os fatos e valores sofrem sucessivamente um processo de emaranhamento, exploso, decomposio, recombinao; uma fundamental incerteza sobre o que bsico, o que vlido, at mesmo o que real; a combusto das esperanas mais radicais, em meio sua radical negao. (p. 116).

... procurei ler o modernismo segundo uma perspectiva marxista, para sugerir como suas energias, intuies e ansiedades mais caractersticas brotam dos 19 movimentos e presses da moderna vida econmica: de sua incansvel e insaciveldemanda de crescimento e progresso; sua expanso dos desejos humanos para alm das fronteiras locais, nacionais e morais; sua presso sobre as pessoas no sentido de explorarem no s aos outros seres humanos mas a si mesmas; a volubilidade e a interminvel metamorfose de todos os seus valores no vrtice do mercado mundial; a impiedosa destruio de tudo e todos os que a moderna economia no pode utilizar quer em relao ao mundo pr-moderno, quer em relao a si mesma e ao prprio mundo moderno e sua capacidade de explorar a crise e o caos como trampolim (...) (p. 116).

No pretendo ser o primeiro a reunir marxismo e modernismo. De fato, ambos tm andado juntos por sua prpria conta, em vrios momentos dos ltimos cem anos, mais dramaticamente nos instantes de crise histrica e esperana revolucionria.(...)(p. 117).

(...) tanto o marxismo quanto o modernismo se estratificaram em ortodoxias e seguiram seus prprios caminhos, separados e mutuamente desconfiados. (...) marxistas ortodoxos(...)ignoram o modernismo,(...) Os modernistas ortodoxos,(...) no despenderam qualquer esforo espiritual no sentido de reformular, para si mesmos, o halo de uma incondicional arte pura, livre da sociedade e da histria.(...) (p. 117).

(...) Uma fuso de Marx com o modernismo poderia derreter o demasiado slido corpo do marxismo ou pelo menos aquec-lo e descongel-lo ; ao mesmo tempo, daria arte e ao pensamento modernistas uma nova solidez e investiria suas criaes de insuspeita ressonncia e profundidade. Mostraria que o modernismo o realismo dos nossos tempos. (p. 117-118).

... idias (sic) at aqui expostas se defrontem com alguns dos debates contemporneos a propsito de Marx, modernismo e modernizao.(...) (p. 118).

Mas o que uns e outros mascaram aqui, tanto modernistas como antimodernistas, o fato de que esses movimentos espirituais e culturais, pelo seu explosivo poder, so apenas bolhas na superfcie de um imenso caldeiro social e econmico, que vem esquentando e fervendo h mais de cem anos.(...) (p. 118).

(...) No Manifesto, Marx toma de Goethe a idia de uma emergente literatura mundial para mostrar como a moderna sociedade burguesa estava trazendo luz uma cultura mundial(...). (p.118).

... descrito por Marx (...) uma cultura que antibitolada e multilateral, que expressa o escopo universal dos desejos modernos e que, a despeito da mediao da economia burguesa, propriedade comum de toda a humanidade(...)foi proposta pela primeira vez, na metade do sculo XIX, pelos populistas russos. Seu argumento era que a explosiva atmosfera de modernizao no Ocidente (...) (p. 119)

(...) Todos esses regimes tentaram, de diferentes maneiras, atingir aquilo que os russos do sculo XIX chamaram de salto do feudalismo para o socialismo (...) (p. 119).(...) a despeito das enormes diferenas entre os sistemas polticos, hoje, muitos deles parecem partilhar um forte desejo de banir de seus respectivos mapas a cultura moderna. (p.119-120).

Agora, seria estpido negar que a modernizao pode percorrer vrios e diferentes caminhos. (...) Quando porta-vozes e propagandistas governamentais proclamam que seus pases esto livres da influncia aliengena, o que de fato est em causa que eles conseguiram, at a, impor um freio poltico e espiritual ao seu povo. Quando o freio retirado, ou expelido, uma das primeiras coisas que vem tona o esprito modernista: o retorno do reprimido. (p. 120).

Os governantes no gostam disso, mas de supor que, a longo prazo, no podero fazer nada a respeito. Na medida em que so obrigados a flutuar ou nadar nas guas do mercado mundial, obrigados a um esforo desesperado para acumular capital, obrigados a desenvolver-se ou desintegrar-se ou antes, como geralmente acontece, desenvolver-se e desintegrar-se (...) (p. 120-121).

No fecho deste captulo, gostaria de tecer breves comentrios sobre duas acusaes feitas a Marx, por Herbert Marcuse e Hannah Arendt, que lanam luzes sobre as linhas centrais deste livro. Marcuse e Arendt formularam suas crticas na Amrica, (...) (p. 121).

A crtica mais penetrante de Marcuse a Marx ocorre em Eros e Civilizao, em que a presena de Marx evidente, a cada pgina, mas curiosamente ele nunca chega a ser mencionado de forma explcita. (...) (p. 121).

(...) Marx pretende abranger Prometeu e Orfeu; ele julga vlido lutar pelo comunismo, pois pela primeira vez na histria os homens se habilitariam a realizar um e outro. E poderia acrescentar que somente sobre o pano de fundo do trabalho prometico que o esforo rfico adquire valor moral ou psquico: luxe, calme et volupt, por si ss,(...) (p. 122).

Hannah Arendt, em A Condio Humana, se d conta de algo que em geral escapa aos crticos liberais de Marx: o verdadeiro problema de seu pensamento no um autoritarismo draconiano mas seu extremo oposto, a falta de uma base para autoridade de qualquer espcie.(...) (p. 123).

(...) a futilidade de uma vida que no se fixa nem se afirma em qualquer objetivo permanente, a qual perdure para alm do esforo despendido. [...] Essa crtica a Marx levanta um autntico e urgente problema humano. Entretanto, Arendt no obtm resultados melhores que os de Marx na sua tentativa de resolv-lo.(...) (p. 123).

(...) Karl Marx.(...) O que de mais valioso ele nos tem a oferecer, hoje, no um caminho que permita sair das contradies da vida moderna, e sim um caminho mais seguro e mais profundo que nos coloque exatamente no cerne dessas contradies. (...) (p.124).

Ele sabia 24 que precisamos comear do ponto onde estamos: psiquicamente nus (sic), despidos de qualquer halo religioso, esttico ou moral, e de vus sentimentais, devolvidos nossa vontade e energia individuais, forados a explorar aos demais e a ns mesmos para sobreviver; e mesmo assim, a despeito de tudo, reunidos pelas mesmas foras que nos separam, vagamente cnscios de tudo o que poderemos realizar juntos, prontos a nos distendermos na direo de novas possibilidades humanas, a desenvolver identidades e fronteiras comuns que podem ajudar-nos a manter-nos juntos, enquanto o selvagem ar moderno explode em calor e frio atravs de todos ns. (p.124).

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