uma herança verde e feliz

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Uma herança verde e feliz Boletim Informativo do Programa Uma Terra e Duas Águas Ano 7 • nº1125 Dezembro/2013 Araripina O jovem casal de agricultores Luciano de Oliveira Nascimento, mais conhecido como Gugu, de 28 anos, e Maria Núbia Nonato Oliveira, de 23 anos, tem uma filha chamada Júlia Beatrice Oliveira Nonato, de 2 anos. A família mora numa propriedade de 4 hectares, que é de herança do avô de Gugu, no Sítio Samambaia, município de Araripina, Sertão do Araripe. Gugu e Núbia se conheceram nas plantações de mandioca na Serra da Boa Vista e estão casados há 4 anos. Na época, a comercialização da mandioca garantia boa parte da renda das duas famílias. Mesmo depois do casamento, Gugu continuou trabalhando com mandioca, mas seu pai, Seu Raimundo Eduardo já desenvolvia um sistema agroecológico na propriedade dele, também localizada no Samambaia. Aos poucos, Gugu começou a ajudar o pai nas tarefas da roça e nos cuidados com os canteiros agroecológicos. Seu Raimundo produzia hortaliças e foi um dos agricultores pioneiros na comercialização de alimentos na Feira Agroecológica de Araripina, criada há quase 10 anos. Gugu conta que no início não dava muita importância ao trabalho com hortas, por isso dedicava a maior parte do seu tempo no plantio de mandioca. A paixão de Gugu pela agroecologia nasceu quando ele começou a tomar conta da barraca do pai na feira, nos dias em que Seu Raimundo não podia ir. Quando isso acontecia, Gugu vendia os produtos do pai, e com isso, aprendia mais sobre a produção de alimentos saudáveis. “No começo a gente não produzia hortas, mas teve um período que meu pai viajou para o Goiás e fiquei indo pra feira. Acabei pegando gosto e não deixei mais de ir, pois a feira é boa demais”, afirma o agricultor. A família de Gugu e Núbia participa da feira há quase 4 anos, e desde então, a vida do casal mudou completamente. Eles começaram a plantar verduras e leguminosas na propriedade, e hoje, se dedicam integralmente à agricultura familiar agroecológica.

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O boletim conta a experiência do jovem casal de agricultores Luciano e Núbia. Antes do casamento, eles trabalhavam no plantio da mandioca, mas desde que casaram e foram morar no Sítio Samambaia, a vida da família mudou completamente. O agricultor começou a se interessar pela agroecologia, a partir da experiência desenvolvida pelo seu pai. Há 4 anos, a família é feliz comercializando o excedente da produção na Feira Agroecológica de Araripina.

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Page 1: Uma herança verde e feliz

Uma herança verde e feliz

Boletim Informativo do Programa Uma Terra e Duas Águas

Ano 7 • nº1125

Dezembro/2013

Araripina

O jovem casal de agricultores Luciano de Oliveira Nascimento, mais conhecido como Gugu, de 28 anos, e Maria Núbia Nonato Oliveira, de 23 anos, tem uma filha chamada Júlia Beatrice Oliveira Nonato, de 2 anos. A família mora numa propriedade de 4 hectares, que é de herança do avô de Gugu, no Sítio Samambaia, município de Araripina, Sertão do Araripe. Gugu e Núbia se conheceram nas plantações de mandioca na Serra da Boa Vista e estão casados há 4 anos. Na época, a comercialização da mandioca garantia boa parte da renda das duas famílias.

Mesmo depois do casamento, Gugu continuou trabalhando com mandioca, mas seu pai, Seu Raimundo Eduardo já desenvolvia um sistema agroecológico na propriedade dele, também localizada no Samambaia. Aos poucos, Gugu começou a ajudar o pai nas tarefas da roça e nos cuidados com os canteiros agroecológicos. Seu Raimundo produzia hortaliças e foi um dos agricultores pioneiros na comercialização de alimentos na Feira Agroecológica de Araripina, criada há quase 10 anos. Gugu conta que no início não dava muita importância ao trabalho com hortas, por isso

dedicava a maior parte do seu tempo no plantio de mandioca.

A paixão de Gugu pela agroecologia nasceu quando ele começou a tomar conta da barraca do pai na feira, nos dias em que Seu Raimundo não podia ir. Quando isso acontecia, Gugu vendia os produtos do pai, e com isso, aprendia mais sobre a produção de alimentos saudáveis. “No começo a gente não produzia hortas, mas teve um período que meu pai viajou para o Goiás e fiquei indo pra feira. Acabei pegando gosto e não deixei mais de ir, pois a feira é boa demais”, afirma o agricultor. A família de Gugu e Núbia participa da feira há quase 4 anos, e desde então, a vida do casal

mudou completamente. Eles começaram a plantar verduras e leguminosas na propriedade, e hoje, se dedicam integralmente à agricultura familiar agroecológica.

Page 2: Uma herança verde e feliz

Boletim Informativo do Programa Uma Terra e Duas Águas Articulação Semiárido Brasileiro – Pernambuco

Realização Apoio

Para produzir uma diversidade de hortaliças e frutas, o casal utiliza a água do poço artesiano construído na propriedade há 12 anos. A segurança hídrica da família está garantida, pois mesmo durante a seca, a produção é permanente. A feira acontece às sextas-feiras à tarde e aos sábados, e atualmente, é a principal fonte de renda da família. “Ela representa um meio de vida melhor com tranqüilidade e confiança, pois não exige sacrifícios e estamos fazendo o que gostamos”, afirma Gugu. O casal se divide nas atividades. Gugu se empenha nos cultivos e na comercialização, enquanto que a agricultora faz a colheita dos alimentos e cuida das tarefas domésticas.

A família diz que a clientela da feira é fiel e o clima é de solidariedade entre os feirantes. “Quando ocorre de uma família não poder ir, ela manda os produtos por outras pessoas que participam, e lá, a gente vende, sem problemas”, conta Gugu. Para combater os insetos mais comuns, Gugu e Núbia, pelo menos uma vez ao mês, fazem preparos naturais e aplicam nos canteiros. Desde que chegou para morar na comunidade, a família recebe assessoria técnica do Centro de Habilitação e Apoio ao Pequeno Agricultor do Araripe (Chapada). Segundo o agricultor, o trabalho da entidade contribuiu para ampliar o conhecimento do casal sobre técnicas e estratégias específicas desenvolvidas na propriedade.

“Pra gente os ensinamentos foram importantes, porque no começo a nossa experiência era somente no plantio de mandioca”, destaca Núbia. Com freqüência, são realizadas visitas de intercâmbio na propriedade da família. A experiência do jovem casal é visitada por agricultores/as de outras regiões e estados. “As pessoas que vêm aqui são bem engraçadas e curiosas, elas perguntam tudo, às vezes confundem os alimentos, mas a gente vai explicando e aprende também”, complementa a agricultora.

Apesar da propriedade da família agricultora oferecer as condições necessárias que garantem estabilidade econômica e qualidade de vida, Gugu e Núbia desejam no futuro, consolidar o

processo desenvolvido na propriedade com muita maturidade. “Acho que o nosso sonho já está bem próximo de acontecer. Queremos casa, vida tranqüila e uma roça sustentável que não cause problemas, pois aqui somos felizes”, resume Gugu.