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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO DOUGLAS TADEU DE OLIVEIRA RIBEIRO UMA CONTRIBUIÇÃO PARA MENSURAÇÃO DOS ATIVOS BIOLÓGICOS E PRODUTO AGRÍCOLA SEM MERCADO ATIVO E SEUS REFLEXOS CONTÁBEIS MESTRADO EM CIÊNCIAS CONTÁBEIS E ATUARIAIS PUC-SP São Paulo 2013

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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO

DOUGLAS TADEU DE OLIVEIRA RIBEIRO

UMA CONTRIBUIÇÃO PARA MENSURAÇÃO DOS ATIVOS BIOLÓGICOS E PRODUTO AGRÍCOLA SEM MERCADO ATIVO E SEUS REFLEXOS CONTÁBEIS

MESTRADO EM CIÊNCIAS CONTÁBEIS E ATUARIAIS

PUC-SP São Paulo

2013

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DOUGLAS TADEU DE OLIVEIRA RIBEIRO

UMA CONTRIBUIÇÃO PARA MENSURAÇÃO DOS ATIVOS BIOLÓGICOS E PRODUTO AGRÍCOLA SEM MERCADO ATIVO E

SEUS REFLEXOS CONTÁBEIS.

MESTRADO EM CIÊNCIAS CONTÁBEIS E ATUARIAIS

Dissertação apresentada à Banca Examinadora da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, como exigência parcial para a obtenção do título de Mestre em Ciências Contábeis, sob a orientação do Livre Docente Prof. Dr. José Carlos Marion.

PUC

São Paulo

2013

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FOLHA DE APROVAÇÃO

DOUGLAS TADEU DE OLIVEIRA RIBEIRO

UMA CONTRIBUIÇÃO PARA MENSURAÇÃO DOS ATIVOS BIOLÓGICOS E PRODUTO AGRÍCOLA SEM MERCADO ATIVO E SEUS REFLEXOS

CONTÁBEIS

Dissertação apresentada à Banca Examinadora da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, como exigência parcial para a obtenção do título de Mestre em Ciências Contábeis, sob a orientação do Livre Docente Prof. Dr. José Carlos Marion.

BANCA EXAMINADORA:

__________________________________________________________

Livre Docente Prof. Dr. José Carlos Marion (Orientador) Pontifícia Universidade Católica de São Paulo – PUC-SP

__________________________________________________________

Prof. Dr. Carlos F. Franco Jr. FEA – Universidade de São Paulo – USP

__________________________________________________________

Prof. Dr. Sergio de Iudícibus Pontifícia Universidade Católica de São Paulo – PUC-SP

São Paulo, ___ de ______ de 2013

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Aos meus pais, Elpidio Ribeiro e Isabel Bertozo de Oliveira,

pelos exemplos recheados de ensinamentos sobre a vida.

À minha amada Ludmilla e à minha filha de coração Lorenna,

pelo amor, apoio incondicional e paciência.

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AGRADECIMENTOS

À Deus, pela chance concedida de tentar errar menos e acertar mais.

À minha mãe Isabel, com agradecimento imenso, por dedicar-se praticamente toda a sua vida à formação de seus filhos. Seu trabalho não foi em vão, como pode notar nos frutos que está colhendo. Fique tranquila!

Ao meu pai Elpidio, por todos os exemplos e ensinamentos, sendo o maior deles o valor dos estudos e do conhecimento que, segundo suas palavras, valores os quais ninguém pode se apoderar.

À minha amada, companheira e amiga Ludmilla, por entender que a minha ausência sempre foi e será dolorida, mas nutre o desejo de continuar trabalhando para que seja possível, com o tempo, diminuir as distâncias que nos separam.

À milha filha de coração Lorenna, presente de Deus, que demonstra a cada dia seu amor, independentemente dos laços biológicos e que me conquistou pela pureza e inocência de sua tenra idade. Embora a distância ainda nos separe, ela sempre me recebe com muito amor quando chego em casa.

À PricewaterhouseCoopers, por ter a participação em inúmeros trabalhos relacionados ao tema estudado, bem como a oportunidade e apoio financeiro para a conclusão deste estudo.

Ao meu orientador, Livre Docente Prof. Dr. José Carlos Marion, a quem dirijo um agradecimento especial. Imensa foi e sempre será a alegria de poder dividir alguns momentos para aprender. A sua humildade e empatia, bem como sua grande envergadura acadêmica, conquista a todos que o cercam. Sou grato à Deus por ter proporcionado a oportunidade de desenvolvermos este trabalho.

Ao Prof. Dr. Sergio de Iudícibus, pela honra de participar de suas aulas, por toda a sua contribuição à área contábil e, principalmente, pelas valiosas contribuições quando de sua participação em minha banca, tanto de qualificação quanto de defesa.

Ao Prof. Dr. Carlos F. Franco Jr., pela disponibilidade de participação da minha banca examinadora, bem como pelo apoio a este trabalho.

Aos professores do Mestrado em Ciências Contábeis e Atuariais, pelos ensinamentos preciosos que levarei por toda a minha existência: Prof. Dr. Antonio Benedito Silva Oliveira, Prof. Dr. Carlos Hideo Arima, Prof. Dr. Jose Carlos Marion, Prof. Dr. Juarez Torino Belli, Prof. Dr. Napoleão Verardi Galegale, Profa. Dra. Neusa Maria Bastos Fernandes dos Santos, Prof. Dr. Roberto Fernandes dos Santos, Prof. Dr. Rubens Famá e Prof. Dr. Sergio de Iudicibus.

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Aos meus companheiros de estudos do programa de Mestrado em Ciências Contábeis e Atuariais da PUC-SP, turma de 2011, pelo trabalho conjunto e seriedade em todos os créditos alcançados.

Ao meu amigo Roberto Suguihara, que apesar do pouco contato que tivemos, contribuiu muito para o desenvolvimento dos estudos. Obrigado por compartilhar suas experiências em mais de 20 anos de vivência profissional e dar liberdade para que eu pudesse desenvolver os projetos com seu apoio.

Aos meus clientes e a todos os profissionais exemplares, com os quais pude refletir e discutir durante os trabalhos realizados na área de ativos biológicos, bem como nos demais trabalhos de auditoria. São efetivamente profissionais competentes que contribuem para melhoria da prática contábil.

Agradeço à Deus por permitir que eu conhecesse a Profa. Ms. Juraci C. Beraldi, uma pessoa muito importante e extremamente admirável e competente pela contribuição a este trabalho.

Enfim, a quem de direito, peço sinceras desculpas pela minha frequente ausência, seja estudando ou trabalhando, visando a realização de meu sonho. Mesmo sendo cansativo, certamente, estarei sempre feliz enquanto estiver produzindo e contribuindo para melhorar nosso querido país!

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Embora ninguém possa voltar atrás e fazer um novo começo,

qualquer um pode começar agora e fazer um novo fim.

Chico Xavier

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RESUMO

O presente estudo contribuiu para estabelecer um modelo de fluxo de caixa para mensuração do valor justo para qualquer ativo biológico, por meio de exemplos didáticos, com base nas melhores práticas de avaliação de ativos utilizadas pelo mercado. Embora o Pronunciamento Técnico CPC 29 (equivalente à norma internacional IAS 41) estabeleça um nível de hierarquia para mensuração do valor justo, muitas avaliações são realizadas utilizando-se o fluxo de caixa descontado, seja pela ausência de um mercado ativo ou pela ausência de mercado para o ativo na condição em que ele se encontra, mesmo que exista mercado ativo. Diante dessa dificuldade, a metodologia de fluxo de caixa descontado para obter o valor presente é utilizada para avaliar a maior variedade de ativos biológicos. O principal aspecto analisado foi como traduzir os elementos necessários para uma avaliação de ativos pelo método do fluxo de caixa descontado, aplicado às diferentes culturas agrícolas e também à pecuária. Os reflexos contábeis são diferentes para cada tipo de entidade, seja agrícola ou agroindústria, bem como os seus efeitos sobre a distribuição de dividendos e tratamento fiscal. O estudo avalia, igualmente, a necessidade de alteração dos controles internos para considerar o valor justo do produto agrícola naquelas empresas agroindustriais e suas implicações práticas. Por se tratar de uma estimativa relevante nas demonstrações financeiras, a mensuração deve ser acompanhada de extensa divulgação das premissas relevantes utilizadas, o que ainda não se verifica nas divulgações analisadas das empresas brasileiras de capital aberto. Em muitos casos, a divulgação dificulta a comparação entre empresas que operam no mesmo setor, já que informações importantes não são divulgadas. O estudo também trata dos efeitos do valor justo dos ativos biológicos sobre demonstrações financeiras das entidades abertas e se as divulgações são suficientes para permitir a comparabilidade pelos seus usuários.

Palavras-chave: Ativos Biológicos e Produto Agrícola. Contabilidade Rural. Valor Justo.

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ABSTRACT

The present study contributed to establish a cash flow model to measure the fair value of any biological asset teaching through examples based on best practices in asset valuation used by the market. Although CPC 29 (equivalent to international financial reporting standard IAS 41) establishes a level of hierarchy for measuring fair value, many assessments are performed using the discounted cash flow, in the absence of an active market or in the absence of market for the asset in its present condition, even if there is an active market for the mature biological asset. Given this difficulty, the method of discounted cash flow for the present value is used to evaluate a wider range of biological assets. The main aspect discussed was how to translate the elements necessary for an asset valuation by the method of discounted cash flow applied to different crops and also livestock. The accounting effects are different for each type of entity, farming or agribusiness, as well as its effects on the distribution of dividends and tax treatment. This study also evaluate the need for modification of internal controls to account for the fair value of agricultural produce for industrial entities and its practical implications. Since it is a relevant estimate in the financial statements, the measurement must be accompanied by extensive disclosures of significant assumptions used, which has not yet happened in the disclosures analyzed listed Brazilian companies. In many cases the disclosure makes comparison between companies operating in the same sector, since important information is not disclosed. The study also considers the effects of fair value of biological assets on the financial statements of the public entities and if the notes are sufficient to provide user with enough information to allow comparison.

Key-words: Biological Assets and Agricultural Produce. Rural Accounting. Fair Value.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 Transformação Biológica........................................................... 40

Figura 2 Árvore de Decisão..................................................................... 43

Figura 3 Segregação dos Ativos Biológicos............................................ 49

Figura 4 Estrutura de Capital de uma Entidade....................................... 67

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1 Ranking Brasileiro da Produção e Exportação....................... 18

Quadro 2 Status da Convergência com IFRS......................................... 20

Quadro 3 Contabilização das Atividades Agrícolas................................ 22

Quadro 4 Métodos de Mensuração utilizados pelas Companhias Abertas....................................................................................

26

Quadro 5 Fonte de Informação para Mensuração ao Valor Justo.......... 31

Quadro 6 Ativos Biológicos, Produtos Agrícolas e Produtos Resultantes do Processamento Após Colheita......................

39

Quadro 7 Aspectos Positivos e Negativos dos Métodos de Mensuração do Valor Justo....................................................

47

Quadro 8 Principais Estudos Nacionais Realizados............................... 52

Quadro 9 Principais Estudos Internacionais Realizados........................ 55

Quadro 10 Base para Elaboração do Fluxo de Caixa Descontado......... 66

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 Cálculo do WARA................................................................... 67

Tabela 2 Exemplo de Cálculo do TAB................................................... 71

Tabela 3 Preços Futuros Sugar #11...................................................... 76

Tabela 4 Preços Projetados................................................................... 76

Tabela 5 Projeção Câmbio R$ x Dólar.................................................. 77

Tabela 6 Fórmula Simplificada do CONSECANA.................................. 79

Tabela 7 Área de Colheita por Estágio de Corte e Rendimento Médio por Hectare Projetado.............................................................

80

Tabela 8 Fluxo de Caixa Descontado para Cana-de-açúcar................. 81

Tabela 9 Demonstração do Cálculo do Tax Amortization Benefit......... 81

Tabela 10 Efeito da Adoção do CPC 29 na Liquidez.............................. 85

Tabela 11 Fluxo de Caixa Descontado para Lavoura de Café................ 89

Tabela 12 Apuração do Valor Justo do Café Colhido por Safra............. 91

Tabela 13 Fluxo de Caixa Descontado para Pomar de Laranja.............. 95

Tabela 14 Contabilização do Custo Contábil e Valor Justo do Pomar de Laranja...............................................................................

95

Tabela 15 Custos de Silvicultura............................................................. 99

Tabela 16 Custos de Silvicultura Condução da Rebrota......................... 100

Tabela 17 Fluxo de Caixa Descontado para Floresta de Eucalipto Sem Condução da Rebrota.............................................................

101

Tabela 18 Análise das Divulgações sobre Ativos Biológicos Florestais. 106

Tabela 19 Fluxo de Caixa Descontado para Soja em 31 de Março........ 107

Tabela 20 Comparação Custo e Valor Justo em 31 de Março................ 108

Tabela 21 Fluxo de Caixa Descontado para Soja em 30 de Junho........ 108

Tabela 22 Comparação Custo e Valor Justo em 30 de Junho de 2012.. 108

Tabela 23 Demonstração do Resultado Antes do CPC 29..................... 109

Tabela 24 Demonstração do Resultado Após Adoção do CPC 29......... 110

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LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1 Resultado dos Métodos utilizados pelas Companhias Abertas 27

Gráfico 2 Custo e Valor Justo da Floresta de Eucalipto por Idade/Hectare.............................................................................

69

Gráfico 3 Transformação Biológica e Valor Justo da Floresta de Eucalipto.....................................................................................

70

Gráfico 4 Correlação entre os Preços de Açúcar VHP e Etanol Anidro Carburante.................................................................................

77

Gráfico 5 Correlação entre os preços de Açúcar VHP e Etanol Hidratado Carburante.................................................................

78

Gráfico 6 Correlação entre Anidro e Hidratado e Regressão Linear......... 78

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ATR Açúcar Total Recuperável

BACEN Banco Central do Brasil

BM&FBOVESPA Bolsa de Valores, Mercadorias e Futuros de São Paulo

BR GAAP Brazilian Generally Accepted Accounting Practices

CBOT Chicago Board of Trade

CCT Corte, Carregamento e Transporte

CEEE Companhia Estadual de Energia Elétrica

CFC Conselho Federal de Contabilidade

COFINS Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social

CONAB Companhia Nacional de Abastecimento

CONSECANA Conselho dos Produtores de Cana de Açúcar, Açúcar e Álcool

CPC Comitê de Pronunciamentos Contábeis

CPV Custo dos Produtos Vendidos

CSLL Contribuição Social sobre o Lucro Líquido

CVM Comissão de Valores Imobiliários

DFC Demonstração dos Fluxos de Caixa

DRE Demonstração do Resultado do Exercício

EBITDA Earning Before Interest, Tax, Depreciation and Amortization

ED Exposure Draft

FPI Foreign Private Issuer

FUNRURAL Fundo de Assistência ao Trabalhador Rural

IAS International Accounting Standards

IASB International Accounting Standards Board

ICE IntercontinentalExchange

IEA Instituto de Economia Agrícola

IFRS International Financial Reporting Standards

IMA Incremento Médio Anual

IR Imposto de Renda

IRPJ Imposto de Renda Pessoa Jurídica

IVSC International Valuation Standards Council

MAPA Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento

NYBOT New York Board of Trade

OCPC Orientação do Comitê de Pronunciamentos Contábeis

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PIB Produto Interno Bruto

PIS Programa de Integração Social

PwC PricewaterhouseCoopers

RTT Regime Tributário de Transição

SFAS Statement of Financial Accounting Standards

SUSEP Superintendência de Seguros Privados

TAB Tax Amortization Benefit

TCH Toneladas de Cana por Hectare

TIP Technical Information Paper

UDOP União dos Produtores de Bioenergia

ÚNICA União da Indústria de Cana-de-Açúcar

US GAAP United States Generally Accepted Accounting Practices

USDA: U.S. Department of Agriculture

VHP Very High Polarization

WACC Weighted Average Cost of Capital

WARA Weighted Average Return on Assets

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO………………………………………………………………………….. 17

CAPÍTULO I − ATIVOS BIOLÓGICOS E PRODUTO AGRÍCOLA....................... 35

1.1. Pronunciamento Técnico CPC 29................................................................... 36

1.2. Ativos Biológicos............................................................................................. 37

1.3. Atividade Agrícola e Transformação Biológica................................................ 40

1.4. Métodos de Mensuração................................................................................. 41

1.5. IAS 41 e as Discussões Recentes no IASB.................................................... 47

1.6. IVSC e as International Valuation Standards…………………………………… 50

1.7. Principais Estudos Realizados Sobre Ativos Biológicos ................................ 51

1.7.1. Estudos Nacionais...................................................................................... 55

1.7.2. Estudos Internacionais............................................................................... 56

CAPÍTULO II − FLUXO DE CAIXA DESCONTADO............................................ 59

2.1. Fluxo de Caixa Descontado............................................................................ 59

2.1.1 Entradas de Caixa....................................................................................... 59

2.1.2. Saídas de Caixa......................................................................................... 62

2.2. Perpetuidade................................................................................................... 63

2.3. Antes dos Impostos ou Após os Impostos...................................................... 64

2.4. Termos Nominais ou Termos Reais............................................................... 65

2.5. Taxa de Desconto........................................................................................... 66

2.6. Custo se Aproxima do Valor Justo.................................................................. 68

2.7. Transformação Biológica e Valor Justo.......................................................... 69

2.8. Tax Amortization Benefit................................................................................. 70

2.9. Valor Justo e Distribuição de Dividendos........................................................ 72

2.10. Efeito Tributário da Adoção do Valor Justo................................................... 72

CAPÍTULO III − FLUXO DE CAIXA DESCONTADO APLICADO AOS ATIVOS BIOLÓGICOS.........................................................................................................

74

3.1. Fluxo de Caixa Descontado da Cana-de-Açúcar (Grupo 3)............................ 74

3.1.1. Modelo para Projeção do ATR.................................................................. 76

3.1.2. Entradas de Caixa..................................................................................... 82

3.1.3. Saídas de Caixa........................................................................................ 82

3.1.4. Demais Premissas..................................................................................... 83

3.1.5. Aspectos Contábeis................................................................................... 84

3.1.6. Divulgação das Principais Premissas........................................................ 85

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3.2. Fluxo de Caixa Descontado do Café (Grupo 2)............................................. 86

3.2.1. Entradas de Caixa..................................................................................... 90

3.2.2. Saídas de Caixa........................................................................................ 90

3.2.3. Demais Premissas..................................................................................... 91

3.2.4. Aspectos Contábeis................................................................................... 91

3.2.5. Divulgação das Principais Premissas........................................................ 92

3.2.6. Observações............................................................................................. 93

3.3. Fluxo de Caixa Descontado do Pomar de Laranja (Grupo 2)........................ 93

3.3.1. Entradas de Caixa..................................................................................... 94

3.3.2. Saídas de Caixa........................................................................................ 94

3.3.3. Demais Premissas.................................................................................... 94

3.3.4. Aspectos Contábeis................................................................................... 95

3.3.5. Divulgação das Principais Premissas........................................................ 97

3.4. Fluxo de Caixa Descontado para Floresta de Pinus e Eucalipto (Grupo 2).. 97

3.4.1. Florestas Formadas: Valor de Mercado.................................................... 97

3.4.2. Florestas em Formação: Mensuradas através do Fluxo de Caixa Descontado..........................................................................................................

98

3.4.2.1. Entradas de Caixa................................................................................ 98

3.4.2.2. Saídas de Caixa.................................................................................... 98

3.4.2.3. Demais Premissas................................................................................ 102

3.4.3. Aspectos Contábeis................................................................................... 102

3.4.4. Divulgação das Principais Premissas........................................................ 103

3.5. Fluxo de Caixa Descontado para Soja, Milho, Algodão (Grupo 2)................. 106

CONSIDERAÇÕES FINAIS................................................................................... 111

SUGESTÕES PARA FUTUROS ESTUDOS......................................................... 114

REFERÊNCIAS...................................................................................................... 116

REFERÊNCIAS DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS................................ 125

ANEXOS................................................................................................................ 127

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17

INTRODUÇÃO

Em meio à importância histórica e diante da crescente participação do

agronegócio na economia brasileira, as empresas do setor se preparam para

uma mudança radical em sua cultura, em função das modificações no ambiente

econômico.

A busca por fonte de recursos, para incremento necessário de sua

tecnologia com foco no aumento da produtividade, bem como, otimização desses

recursos, abriu uma nova perspectiva de fontes antes não aproveitadas pelos

empresários do agronegócio, foco deste estudo: o mercado de capitais.

Desafio grande está sendo a busca pela convergência das normas

contábeis brasileiras com as Normas Internacionais de Contabilidade – IFRS que

teve início, de forma contundente, com as Leis nº. 11.638/07 e nº. 11.941/09;

desafio que apresenta necessidade de algumas alterações relevantes e que

foram regulamentadas pelos pronunciamentos contábeis emitidos pelo então

criado CPC – Comitê de Pronunciamentos Contábeis.

Vale ainda ressaltar que o processo de convergência tem apresentado

um ritmo bem rápido, com a velocidade superior à capacidade de adaptação e

adoção em comparação com os demais países, pela publicação dos documentos

do CPC e das Orientações do Comitê de Pronunciamentos Contábeis (OCPCs)

com as respectivas aprovações do Conselho Federal de Contabilidade (CFC), da

Comissão de Valores Mobiliários (CVM), da Superintendência de Seguros

Privados (SUSEP) e do Banco Central do Brasil (BACEN) e aplicação mandatória

nos exercícios findos em 2009 e em 2010, principalmente.

Assim, com base nas normas internacionais de contabilidade

desenvolvidas pelo IASB (International Accounting Standards Board) ou Comitê

de Normas Internacionais de Contabilidade e pronunciamentos contábeis

emitidos pelo Comitê de Pronunciamentos Contábeis, a pesquisa busca analisar

de forma geral, o impacto da adoção destas normas pelas empresas do

agronegócio, com ênfase na aplicação do CPC 29 – Ativos biológicos e produção

agrícola (equivalente à norma internacional IAS 41 Agriculture, emitida pelo IASB

(International Accounting Standards Board).

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18

De acordo com os dados do Ministério da Agricultura, Pecuária e

Abastecimento (MAPA), o Brasil lidera o ranking da produção e exportação de

diversos produtos agropecuários. É líder na produção e exportação de café,

açúcar, etanol de cana-de-açúcar e suco de laranja. Além disso, também lidera o

ranking das vendas externas do complexo soja (farelo, óleo e grão), conforme

demonstrado no Quadro 1.

Produto Produção Exportação

Açúcar Primeiro lugar Primeiro lugar

Café Primeiro lugar Primeiro lugar

Suco de laranja Primeiro lugar Primeiro lugar

Soja Segundo lugar Segundo lugar

Carne bovina Segundo lugar Primeiro lugar

Tabaco Segundo lugar Primeiro lugar

Cana-de-açúcar Etanol Segundo lugar Primeiro lugar

Aves Terceiro lugar Primeiro lugar

Milho Quarto lugar Terceiro lugar

Carne suína Quarto lugar Quarto lugar

Quadro 1 − Ranking Brasileiro da Produção e Exportação Fonte: Adaptado pelo Autor de MAPA (2010)

Em 2010, o agronegócio representou US$ 76 bilhões de exportações,

gerando um superavit da balança comercial do agronegócio de US$ 63 bilhões,

que representa um superávit na balança comercial de US$ 20 bilhões. (MAPA,

2010).

Diante desse cenário, é inegável a participação do Brasil no agronegócio

mundial e também a representatividade do agronegócio na economia do país.

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19

Pela representatividade do agronegócio na economia do país e também

mundial, o CPC 29 Ativo biológico e produto agrícola é aplicável para diversas

empresas brasileiras que atuam no setor.

a) Adoção das Normas Internacionais de Relatório Financeiro − IFRS

As normas internacionais começaram a ser publicadas em 1973 pelo

IASB, mas passaram a ser adotadas após o escândalo envolvendo a Enron em

2002. As normas americanas, baseadas em regras, não foram suficientes para

mitigar a manipulação dos resultados. Por esse motivo, as normas baseadas em

princípios, como as IFRS passaram a ser consideradas como adequadas para

reconhecer os novos eventos da economia atual.

A União Europeia determinou em 2002 que todas as 7.000 companhias

listadas aplicassem as IFRS. Austrália, África do Sul, Hong Kong e alguns países

do leste europeu também aderiram no mesmo momento. Diversos outros países

estão em processo de convergência para as principais economias do mundo,

conforme demonstrado no Quadro 2.

País Status para Companhias Listadas em 31 de dezembro de 2011

Argentina Requerido para os exercícios sociais iniciados em, ou após, 1 de janeiro de 2012

Austrália Requerido para todas as companhias privadas da mesma forma que as companhias abertas desde 2005.

Brasil Requerido para as demonstrações financeiras consolidadas de instituições financeiras e companhias abertas desde 31 de dezembro de 2010 e para as demais progressivamente desde janeiro de 2008.

Canada Requerido desde 1 de janeiro de 2011 para todas as companhias abertas e permitido para companhias fechadas incluindo entidades sem fins lucrativos.

Colômbia Adoção postergada para 2015 diante das dificuldades encontradas.

China Normas nacionais substancialmente em processo de convergência.

União Europeia

Todos os membros da UE são requeridos a usar o IFRS como adotado pelas companhias abertas desde 2005.

França Requerido através da UE desde 2005.

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20

Alemanha Requerido através da UE desde 2005.

Índia Em processo de convergência com IFRS. Transição programada para 2018.

Indonésia Requerido para as demonstrações financeiras dos exercícios iniciados em 1 de janeiro de 2012.

Itália Requerido através da UE desde 2005.

Japão Permitido para 2010 para um número de companhias internacionais; a decisão sobre a adoção requerida foi prorrogada para 2015.

México Requerido para 2012.

Rússia Requerido para 2011.

Arábia Saudita

Requerido para instituições financeiras e seguradoras; convergência total com IFRS em estudo.

África do Sul

Requerido através da UE desde 2005.

Turquia Requerido através da UE desde 2005.

Reino Unido

Requerido através da UE e processo de implementação desde 2005.

Estados Unidos

Permitido para FPIs desde 2007; a primeira norma que foi convergida, reconhecimento de receita, terá sua emissão provavelmente em 2013. Não há definição para as demais.

Quadro 2 − Status da Convergência com IFRS Fonte: Adaptado pelo Autor de The Move Towards Global Standards (2013) – IASB.

Em comparação com as principais economias listadas no Quadro 2, o

Brasil é o país no qual o Agronegócio tem o maior peso na participação do

Produto Interno Bruto (PIB): 22,74% em 2011, segundo dados do MAPA (2011) e

está com o processo de convergência mais adiantado com outros países no qual

o agronegócio é representativo.

O processo de convergência no Brasil foi diferenciado por abranger

também todas as sociedades. Embora a convergência com o IFRS para as

instituições financeiras e companhias abertas tenha sido realizada em 2010 pela

exigência da Instrução CVM n° 457/07, em seu Artigo 1º, todas as empresas

adotaram o CPC em total convergência com o IFRS em 2010.

Page 22: UMA CONTRIBUIÇÃO PARA MENSURAÇÃO DOS ATIVOS … Tadeu de... · mensuração do valor justo para qualquer ativo biológico, por meio de exemplos ... Tabela 14 Contabilização

21

Art. 1º As companhias abertas deverão, a partir do exercício findo em 2010, apresentar as suas demonstrações financeiras consolidadas adotando o padrão contábil internacional, de acordo com os pronunciamentos emitidos pelo International Accounting Standards Board – IASB. Parágrafo único. O disposto no caput deste artigo aplica-se, ainda, às demonstrações consolidadas do exercício anterior apresentadas para fins comparativos.

A Instrução CVM n° 485/10 alterou a instrução CVM n° 457/07, pois,

havia somente referência para que fossem preparadas as demonstrações

financeiras consolidadas em IFRS. Considerando que em 2010 o CPC já havia

emitido todos os pronunciamentos, e as práticas contábeis adotadas no Brasil já

se encontravam em total convergência com o IFRS, as companhias abertas, a

partir de então, deveriam mencionar que as demonstrações financeiras foram

elaboradas e estão apresentadas de acordo com as práticas contábeis adotadas

no Brasil e também o IFRS.

Para as demais companhias, a prática contábil sofreu alteração por meio

da aprovação das respectivas resoluções do Conselho Federal de Contabilidade,

que por meio dos poderes garantidos pela nova lei da Regência (Lei 12.249/10

que alterou o Decreto-Lei n° 9.295/46), aprovaram cada pronunciamento emitido

pelo CPC.

Assim como para as companhias abertas, em 2010 já havia todos os

pronunciamentos publicados em convergência com o IFRS e também as suas

respectivas aprovações, incluindo CFC, CVM entre outros órgãos reguladores.

A maior parte dos países listados no Quadro 2 adotou o IFRS primeiro

para as companhias abertas e posteriormente para todas as companhias.

A dificuldade foi muito grande, já que em menos de dois anos (os

primeiros pronunciamentos foram publicados em 2008), todas as empresas

brasileiras tiveram que adotar o novo padrão contábil brasileiro em total

convergência com o IFRS.

Com mais de 20% do PIB gerado através do agronegócio, diversas

entidades no Brasil possuem atividade agrícola e pecuária que está dentro do

escopo do CPC 29 ativo biológico e produto agrícola.

Antes da adoção do CPC 29 não existia nenhuma norma que tratasse do

reconhecimento, mensuração e divulgação das atividades agrícolas e da

pecuária nas demonstrações financeiras. As entidades então reconheciam o ativo

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biológico como estoque ou imobilizado, dependendo da sua expectativa de

realização e geração de benefícios econômicos futuros.

O Brasil, como também a maioria dos países, adotava o custo histórico

com base de mensuração do ativo biológico e produto agrícola, conforme

demonstrado no Quadro 3.

País Prática Contábil Tradicional Norma Anterior

Argentina Custo histórico ou custo de reposição. Resolucion Tecnica 22

Austrália Custo histórico. Sem norma específica

Brasil Custo histórico menos exaustão acumulada. Sem norma específica

Canada Custo histórico. Sem norma específica

China Ativo biológico: custo histórico menos amortização e perdas por impairment.

Produto agrícola: Custo ou valor realizável líquido.

Sem norma específica

França Custo histórico. Plan Comptable Géneral Agricole

Alemanha Custo histórico. Reavaliação não permitida. Sem norma específica

Índia Custo histórico. Sem norma específica

Indonésia Custo histórico. Deve ser testado por impairment. A Indonésia adotará o IAS 41 após a revisão da norma pelo IASB, pois, o modelo atual não é considerado compatível com o ambiente agrícola na Indonésia.

Sem norma específica

Itália Custo histórico. Sem norma específica

Japão Custo histórico. Sem norma específica

Rússia Custo histórico. Sem norma específica

Reino Unido Custo histórico. Geralmente são contabilizados como ativos tangíveis e estoques.

Sem norma específica

Estados Unidos

Custo histórico ou mercado, dos dois o menor. Deve ser testado por impairment.

Statement of Position 85-3

Quadro 3 − Contabilização das Atividades Agrícolas. Fonte: Pesquisa do Autor na comparação de práticas contábeis divulgada pela PwC, IASB e

Deloitte.

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23

b) Valor Justo

A norma internacional IAS 41 Agriculture exige que os ativos biológicos e

produto agrícola sejam mensurados e reconhecidos nas demonstrações

financeiras a valor justo. Nesta pesquisa, dentre as principais economias do

mundo, não foi identificada qualquer prática contábil anterior que tivesse o

mesmo requerimento que o IAS 41.

Na mesma linha, o Pronunciamento Técnico CPC 29 foi publicado pelo

CPC e por meio da aprovação da Resolução CFC n° 1.186/09, passou a ser

tratado como prática contábil adotada no Brasil, aplicável a todas as empresas,

em convergência total com a IAS 41.

A definição de valor justo contida no pronunciamento transmite a

percepção de que o valor justo poderia ser compreendido como valor de saída,

ou seja, o valor que o ativo ou um passivo são desreconhecidos do balanço

patrimonial, conforme segue:

Valor justo é o valor pelo qual um ativo pode ser negociado, ou um passivo liquidado, entre partes interessadas, conhecedoras do negócio e independentes entre si, com a ausência de fatores que pressionem para a liquidação da transação ou que caracterizem uma transação compulsória. (RES CFC Nº 1.186/09).

Quando se analisa detalhadamente a definição do pronunciamento, tem-

se os seguintes aspectos:

Valor de saída: (...) ativo pode ser negociado, ou um passivo liquidado

(...).

Assimetria informacional no trecho: (...) entre partes interessadas,

conhecedoras do negócio (...).

Valor de continuidade ou liquidação: (...) ausência de fatores que

pressionem para a liquidação da transação (...).

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24

A definição de valor justo através do valor negociado de ativo remete à

conclusão que a base de negociação é o valor da venda, ou seja, o valor de

saída, conforme afirmam Iudícibus e Martins (2007). Também pode ser

compreendido como o valor de mercado, o que torna o assunto mais complexo

quando se trata de ativos biológicos já que não há mercado ativo em sua

condição atual, como é apresentado mais adiante neste estudo.

A assimetria informacional pode provocar alterações no valor que está

sendo negociado, conforme estudos inicialmente realizados por Akerlof (1970).

O valor de continuidade de um ativo considera os benefícios econômicos

futuros gerados e o valor de liquidação não os consideram, já que o valor de

liquidação deve ser o valor com maior grau de liquidez e também que seja

possível de ser realizado imediatamente conforme definições da American

Society of Appraisers − ASA (2009):

- Valor de liquidação (liquidation value): Montante líquido que seria

realizado se o negócio fosse terminado e os ativos vendidos separadamente.

- Valor de continuidade (going concern value): Refere-se aos elementos

intangíveis que resultam de fatores como capital intelectual, planta operacional,

licenças necessárias, sistemas e procedimentos implantados. Também se baseia

na premissa de que o negócio empresarial continue com suas operações.

Em maio de 2011 o IASB publicou a norma internacional IFRS 13 que

trata da definição do valor justo em uma única norma, já que este conceito estava

distribuído em diversas normas. Embora tenha sido emitida em 2011, ela

somente começou a ser aplicável nos exercícios iniciados em 1 de janeiro de

2013.

De acordo com o CPC 43 (R1) – Adoção inicial dos Pronunciamentos

Técnicos CPC 15 a 41, as práticas contábeis adotadas no Brasil não podem ter

diferenças entre as IFRS e, nesse sentido, o CPC emitiu o CPC 46 – Mensuração

do valor Justo (equivalente ao IFRS 13).

O referido pronunciamento estabelece que a mensuração do valor justo

deva seguir uma hierarquia que parte do valor de mercado, considerado como

nível 1. Caso não exista mercado ativo, o valor justo deve considerar outros

dados disponíveis como o preço de mercado não ativo, os preços cotados em

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mercado ativos de ativos similares, sendo tratados como nível 2. Se o valor justo

não puder ser mensurado também com o nível 2, o fluxo de caixa esperado (valor

presente esperado) deve ser utilizado.

O pronunciamento determina claramente que o valor justo deve ser o

valor de mercado do item, no entanto, a norma introduz um novo conceito que é o

melhor uso possível (highest and best use).

Esse novo conceito pode mudar a forma de avaliar alguns ativos

biológicos, como, por exemplo: uma entidade possui vacas holandesas e as

utiliza para produção de leite de alta qualidade. A entidade utiliza o fluxo de caixa

descontado para mensurar o valor justo das vacas considerando a receita obtida

com o leite produzido, bezerros e valor residual de corte no final da vida útil

menos todos os custos estimados para obtenção da receita. Caso as transações

do mercado sejam realizadas com base na qualidade genética das vacas e o

valor de mercado seja maior que o valor determinado pelo fluxo de caixa

descontado, a entidade deve utilizar o valor de mercado.

c) Método utilizado para Mensuração do Valor Justo pelas Companhias Abertas Brasileiras

Ao se analisar as demonstrações das companhias abertas brasileiras,

verifica-se que a maioria delas utiliza o fluxo de caixa descontado para mensurar

o valor justo de seus ativos biológicos, como mostra o Quadro 4.

Companhia Aberta Método de Mensuração Ativo Biológico

Battistellla Fluxo de caixa descontado. Floresta

Brasil Agro Fluxo de caixa descontado. Algodão, milho e cana-de-açúcar.

BRF Foods Custo de formação. Suínos e aves

CEEE Não divulgado. Floresta

Celulose Irani Fluxo de caixa descontado. Floresta

Cosan Fluxo de caixa descontado. Cana-de-açúcar

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Duratex Fluxo de caixa descontado (Custo: florestas com até 1 ano).

Floresta

Eucatex Fluxo de caixa descontado. Floresta

Ferbasa Fluxo de caixa descontado. Floresta

Fibria Fluxo de caixa descontado. Floresta

Karsten Fluxo de caixa descontado. Floresta

Klabin Fluxo de caixa descontado (Custo: florestas com até 3 anos eucalipto e 5 anos para pinus).

Floresta

Melhoramentos Custo. Floresta

Suzano Fluxo de caixa descontado. Floresta

Rasip Agro Fluxo de caixa descontado. Maçãs, uvas e gado.

Renar Custo atribuído. Maçãs

Renaux Fluxo de caixa descontado. Floresta

São Martinho Fluxo de caixa descontado. Cana-de-açúcar

SLC Agrícola Custo. Valor justo somente no ponto de colheita.

Soja, algodão, milho e café.

Vanguarda Agro Fluxo de caixa descontado. Soja, algodão e milho.

JBS Custo de formação. Gado, porco, cordeiro e frango.

Marfrig Aves e suínos a custo e bovinos a valor de mercado.

Bovinos, aves e suínos.

Minerva Valor de mercado. Gado

Tereos Fluxo de caixa descontado para a cana em pé e custo de reposição para a soqueira.

Cana-de-açúcar

Trevisa Não divulgado. Floresta e gado

Quadro 4 − Métodos de Mensuração utilizados pelas Companhias Abertas Fonte: Pesquisa do autor nas demonstrações financeiras padronizadas.

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Com base nos dados disponibilizados no Quadro 4, tem-se o resultado

apontado no Gráfico 1.

Gráfico 1 − Resultado dos Métodos utilizados pelas Companhias Abertas. Fonte: Elaborado pelo Autor

A pesquisa demonstra que o fluxo de caixa descontado é o método mais

utilizado pelo mercado para mensuração do valor de empresas e também do

valor de ativos pelo mercado. Já a utilização do fluxo de caixa descontado para

mensuração do valor justo dos ativos biológicos é relativamente recente por

conta da adoção das IFRS.

Embora não tenham divulgado, as companhias Trevisa e CEEE incluem

informações em suas notas explicativas que podem levar à conclusão que

utilizaram o fluxo de caixa descontado, embora não incluam uma divulgação

específica do método utilizado.

A aplicação do CPC 29 envolve diversas dificuldades, desde o método de

mensuração até a forma de reconhecimento nas demonstrações financeiras do

efeito da adoção do valor justo. Neste contexto é imprescindível que diversos

estudos sejam realizados principalmente naqueles países em que a sua

aplicação seja abrangente como o Brasil.

Fluxo de caixa descontado; 16

Custo; 5

Valor de mercado; 2

Não divulgado; 2

0

2

4

6

8

10

12

14

16

18

Fluxo de caixadescontado

Custo Valor de mercado Não divulgado

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28

Com base no exposto traçou-se o problema de pesquisa levando em

consideração que a mensuração do valor justo de um ativo pode ser realizada

através de diversas metodologias, sendo as três abordagens principais, income

approach, cost approach e market approach. Dentro dessas três abordagens, há

diversas outras metodologias disponíveis.

A mensuração dos ativos biológicos segue também estas três

abordagens, sendo que a norma estabelece uma hierarquia, que parte do valor

de mercado e na sua ausência, define o fluxo de caixa descontado. Nos casos

em que não há possibilidade de elaborar o fluxo de caixa descontado ou caso

não seja confiável, há opção de utilização do custo.

No mercado das commodities, que possuem valor definido em mercado

ativo, somente os produtos agrícolas podem utilizar o valor de mercado. Além

disso, ainda existem alguns ativos biológicos para os quais somente há mercado

ativo para o produto resultante do processamento, que torna a mensuração ainda

mais subjetiva.

Há ainda diversos tipos de ativos biológicos que possuem características

tais como: redução de valor no decorrer da vida útil, utilização como insumos

para outros ativos biológicos ou mesmo como insumos para outros processos

produtivos não relacionados com a área agrícola.

Nesse sentido, esta pesquisa apresenta o seguinte problema de

pesquisa: É possível estabelecer um fluxo de caixa descontado que pode ser

aplicável a qualquer ativo biológico que não possui mercado ativo na sua

presente condição?

Para buscar resposta a esse problema de pesquisa foi traçado o seguinte

objetivo geral:

Estabelecer um modelo de fluxo de caixa descontado que pode ser

utilizado para mensuração do valor justo de qualquer ativo biológico sem

mercado ativo na sua presente condição.

Este estudo enfatiza que a opção pelo tema se deu com base no

interesse pelo estudo, que surgiu da aplicação prática das normas IAS 41 e CPC

29 pelo autor nas mais diversas entidades ao longo de mais de sete anos de

trabalho de auditoria e consultoria em empresas do setor de agribusiness.

As dificuldades encontradas são aqui detalhadamente tratadas em

seções específicas aplicáveis a cada ativo biológico tratado. Embora o objetivo

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do IASB não seja exigir a mensuração do valor justo para todos os ativos e

passivos da entidade, os ativos biológicos foram escolhidos para serem

mensurados a valor justo.

Por serem ativos que são predominantes nas empresas do agronegócio,

os impactos contábeis da adoção do valor justo muda de forma significativa o

paradigma dos contadores que atuam na contabilidade rural, que sempre

tratavam todos os gastos relacionados à lavoura ao custo histórico e possuíam

documentação suporte, notas fiscais etc., para cada gasto incorrido.

O fluxo de caixa descontado envolve elevado grau de julgamento e trata-

se de uma estimativa relevante nas demonstrações financeiras das empresas do

agronegócio. Os elementos que compõem o fluxo de caixa são baseados em

estimativas comumente realizadas com base no histórico, bem como com base

nos tratos culturais e método de manejo atual, que está sujeito a um grande

número de variáveis.

Ao se deparar com tantas variáveis e elementos, os preparados das

demonstrações financeiras não possuem um material de consulta para auxiliá-los

na mensuração dos seus ativos biológicos. Este estudo, além de ser um relato de

todas as dificuldades práticas identificadas durante a aplicação das normas,

possui também o objetivo de descrever os principais elementos que são

necessários para a elaboração do fluxo de caixa.

Embora seja pouco provável que um fluxo de caixa descontado seja

preparado com as milhares de variáveis que afetam os ativos biológicos, tais

como pluviosidade, ventos, pragas e doenças, mudanças climáticas repentinas,

parasitas, efeitos dos transgênicos e produtos químicos, fertilizantes,

desempenho de clones etc., a adoção de um modelo simplificado com os

principais elementos deve ser o objetivo de toda entidade.

Este estudo procura, como justificativa e relevância do estudo, aplicar

as melhores práticas utilizadas pelos avaliadores na elaboração do fluxo de caixa

descontado, para mensurar o valor justo dos ativos e aplicá-las aos ativos

biológicos.

As informações e os temas abordados neste estudo têm o objetivo de

fornecer um guia para mensuração de qualquer ativo biológico e igualmente

demonstrar qual a forma de contabilização de apresentação dos reflexos

contábeis da adoção do valor justo nas demonstrações financeiras.

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Ao analisar os estudos realizados e o material divulgado, tem-se ainda

pouca referência para auxiliar na mensuração do valor justo dos ativos biológicos.

Embora tenha contribuição para o meio acadêmico, por conta da análise

realizada e dos aspectos discutidos, a maior contribuição deste estudo é

destinada ao mercado, para auxiliar os avaliadores e preparadores das

demonstrações financeiras das entidades do agronegócio e também para os

usuários, já que podem compreender com maior profundidade e particularidade

os efeitos da adoção do valor justo.

Como delimitação do estudo se enfatiza que o agronegócio brasileiro

tem um papel relevante na economia e representou em 2010 um superávit na

balança comercial do Brasil no montante de US$ 20 bilhões, conforme dados do

Department of Agriculture dos Estados Unidos − USDA e do Ministério da

Agricultura, Pecuária e Abastecimento − MAPA (2010).

Por possuir dimensões continentais e clima apropriado para agricultura, o

Brasil continuará sendo um país muito importante no fornecimento de produtos

agrícolas e seus derivados para o mundo.

Ao elaborar o estudo, os ativos biológicos foram divididos em três grupos

principais:

Grupo 1 – Valor de mercado para o ativo biológico

Ativos biológicos com preços determinados em mercado ativo. Embora

existam preços disponíveis no mercado, não há preços disponíveis para o ativo

na sua condição atual, o que leva à mensuração do valor justo através do fluxo

de caixa descontado, para projetar o crescimento do ativo biológico para o

momento que existe preço de mercado. Ex. gado de corte.

Grupo 2 – Valor de mercado para o produto agrícola

Ativos biológicos para os quais há preços disponíveis no mercado

somente para o produto agrícola. Neste grupo se enquadram todos os produtores

de commodities que possuem preço cotado em bolsa e, portanto, há preço

disponível em mercado ativo.

No entanto, o preço disponível é para o ativo biológico colhido, ou seja, o

produto agrícola somente. Se a entidade precisar mensurar o valor justo do ativo

biológico, deverá utilizar o fluxo de caixa descontado para obter o valor justo do

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ativo biológico na sua condição atual, ou seja, o valor justo da lavoura que ainda

está em formação para produção. Exemplo: soja, milho, algodão etc.

Grupo 3 – Valor de mercado para o produto resultante do

processamento

Ativos biológicos para os quais somente há preços disponíveis no

mercado para o produto resultante do processamento. Os produtores geralmente

são remunerados com base nos preços cotados dos produtos derivados do

processamento do produto agrícola. Exemplo: cana-de-açúcar.

Ao abordar cada grupo, foram elaborados exemplos de fluxo de caixa

com base na experiência do autor e das empresas pesquisadas com os principais

elementos que podem ser utilizados em cada grupo para mensuração do valor

justo. Ao dividir por grupos, são analisados os impactos contábeis da adoção do

valor justo para cada tipo de entidade.

Este estudo procura contribuir para discussão da mensuração do valor

justo dos ativos biológicos utilizando o fluxo de caixa descontado. Não se espera

definir um modelo ideal já que a sua aplicação é recente e ainda sujeita a

melhorias.

A divisão entre os ativos biológicos pode ser representada como mostra o

Quadro 5.

Quadro 5 − Fonte de Informação para Mensuração ao Valor Justo. Fonte: Elaborado pelo Autor

Exemplos: Ativo biológico Produto agrícola

Produtos

resultantes do

processamento

após a colheita

Grupo 1 FlorestaPreço de

mercado

Grupo 2

Lavoura de soja,

milho, algodão,

laranja, café

Preço de

mercado

Grupo 3 Cana-de-açúcarPreço de

mercado

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O valor justo calculado, por meio do fluxo de caixa descontado, parte

sempre de um valor de mercado, que pode variar de acordo com a condição que

o ativo biológico ou produto agrícola é negociado. O preço cotado em mercado

ativo então é utilizado para determinação do valor justo do ativo biológico na

condição atual, o que implica nas seguintes considerações:

Grupo 1: Projeção da quantidade de m3 de madeira até a maturidade

(ponto de colheita) no qual há preço disponível para valorização.

Grupo 2: Projeção dos frutos advindos da venda do produto agrícola

após a colheita para mensuração do valor justo do ativo biológico de produção,

com base nos preços pagos pelo mercado aos produtores.

Grupo 3: Projeção dos preços futuros dos produtos resultantes do

processamento após a colheita para calcular o preço do produto agrícola,

descontando os custos incorridos e margem incorporadas ao produto pelo

processamento. Após obter o preço do produto agrícola, aplicar a remuneração

paga aos produtores do produto agrícola para obter o valor justo do ativo

biológico.

Os grupos 2 e 3 mensuram o ativo biológico pelos produtos agrícolas, o

que leva a um questionamento, pois é atribuído valor ao ativo biológico que

jamais será vendido (soqueira da cana-de-açúcar e árvore frutífera), com base

nos produtos agrícolas que ainda nem existem (frutos que serão gerados pela

vida útil do ativo).

Para compor a metodologia do estudo fez-se opção pela pesquisa do

tipo exploratória, pois se considera que o problema ainda foi pouco explorado e

há poucos estudos disponíveis. Entende-se que este tipo de pesquisa busca

aprofundamento num assunto específico, por meio de explorações, comparações

e interpretações.

A pesquisa exploratória segundo as concepções de Gil (2005, p.41) tem

por finalidade “desenvolver, esclarecer conceitos e ideias, de modo que possam

servir para estudos futuros, ou seja, um ponto de partida para novas

investigações”. Ainda segundo Gil (2005):

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A pesquisa exploratória é vista como o primeiro passo da pesquisa científica e tem como principal objetivo o aprimoramento de ideias e ou a descoberta de intuições. Esse tipo de pesquisa tem por finalidade proporcionar maiores informações sobre o assunto, facilitar a delimitação da temática de estudo, definir os objetivos ou formular hipóteses de uma pesquisa ou descobrir um novo enfoque que se pretende realizar. Nesse tipo de pesquisa o que conta são as novas informações levantadas (GIL, 2005, p.42).

Para a realização dessa pesquisa exploratória foram realizados

levantamentos bibliográficos, levantamentos em periódicos e em meio eletrônico,

levantamentos estes tanto produzidos no Brasil quanto no exterior, referentes ao

valor justo dos ativos biológicos.

Para Lakatos e Marconi (2003, p.172), a pesquisa bibliográfica pode ser

considerada como “o passo inicial de toda pesquisa cientifica”.

Igualmente foi utilizada a análise documental das demonstrações

financeiras das empresas abertas do agronegócio, arquivadas na Comissão de

Valores Mobiliários − CVM.

De acordo com Lakatos e Marconi (2003, p.174), a pesquisa documental

é “realizada utilizando-se de documentos, escritos ou não, constituindo o que se

denomina de fontes primárias” que, neste caso, se trata das demonstrações

financeiras das empresas.

Para que as demonstrações financeiras se tornem comparáveis, são

apresentadas as divulgações que se julguem necessárias na divulgação da

aplicação do valor justo.

Ressalta-se que é realizado um estudo aprofundado na aplicação do

fluxo de caixa descontado dentro do escopo do IAS 41 e CPC 29 que trata dos

ativos biológicos, no qual se explora:

O conceito de valor justo.

Hierarquia e métodos de valorização.

Contabilização dos ajustes.

Necessidade de adequação dos controles internos.

Aplicação prática em algumas culturas como cana-de-açúcar,

florestas, bovinos, milho, soja, algodão e laranja.

Abordagem dos aspectos tributários e também do conceito de tax

amortization benefit.

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34

Quanto à organização da dissertação tem-se a seguinte estrutura.

Introdução: demonstra o estudo e seus objetivos, o problema da

pesquisa, a justificativa e relevância do estudo, a delimitação do tema e do

estudo, a metodologia, bem como a dissertação foi organizada. O estudo possui

grande relevância ao demonstrar que existem 25 companhias abertas que

possuem ativos biológicos, mas, um número bastante elevado de companhias

fechadas, de grande porte e subsidiárias de companhias estrangeiras, que

também possuem e são obrigadas a mensurar o valor justo dos seus ativos

biológicos.

Capítulo I: Aborda os ativos biológicos e sua mensuração ao valor justo,

a fase atual das IFRS, bem como os estudos realizados sobre o assunto tanto no

brasil como no exterior. Um breve descritivo sobre o histórico da norma e seus

requerimentos é tratado neste capítulo, com o objetivo de apresentar os

principais conceitos e também o atual desenvolvimento da norma pelo IASB,

inclusive sobre a revisão prevista da norma com base nos assuntos e nas

dificuldades apresentadas no presente trabalho. Os estudos realizados no Brasil

e no exterior versam sobre a aplicação do IAS 41 em diversos países e os

principais resultados da aplicação, bem como as dificuldades.

Capítulo II: Apresenta o modelo de fluxo de caixa e sua aplicação aos

ativos biológicos, dificuldades e problemas identificados na sua utilização.

Apresenta-se o modelo de fluxo de caixa aplicado aos ativos biológicos e os

principais pontos de discussão que devem ser adaptados para que esta

metodologia seja aplicada aos ativos biológicos.

Capítulo III: Apresenta os fluxos de caixa aplicado aos ativos biológicos e

os aspectos contábeis O fluxo de caixa é utilizado neste capítulo para mensurar o

valor justo de ativos biológicos que possuem características distintas

Considerações Finais. No final do trabalho é apresentado um resumo

dos principais aspectos tratados e das dificuldades identificadas na mensuração

do valor justo de ativos biológicos sem mercado ativo. Diante do elevado grau de

dificuldade, igualmente são apresentados alguns temas de Sugestão para

Estudos Futuros.

Seguem-se as Referências usadas em toda a dissertação.

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35

CAPÍTULO I − ATIVOS BIOLÓGICOS E PRODUTO AGRÍCOLA

Os ativos são inicialmente reconhecidos na contabilidade com base no

princípio do custo como base de registro inicial. Conforme Iudícibus (2010, p. 42)

“os ativos são incorporados pelo preço pago para adquiri-los ou fabricá-los, mais

todos os gastos necessários para colocá-los em condições de gerar benefícios

para a empresa.”

Os benefícios decorrentes da utilização do ativo devem ser reconhecidos

ao longo de sua vida útil. Embora ainda tenhamos práticas limitadas para

mensuração, a mensuração dos ativos biológicos a valor justo procura

reconhecer o valor de incremento ou a diminuição decorrente da transformação

biológica do ativo, ao longo de sua vida útil.

Damodaran (2004, p. 40) argumenta que o valor da entidade é obtido

pelo desconto do fluxo de caixa esperado para a entidade, ou seja, o fluxo de

caixa residual depois das despesas operacionais e necessidade de investimento

e tributos, mas, antes do pagamento da dívida.

Hendriksen e Van Breda (2007, p.312) ponderam que:

Embora o conceito de fluxo de caixa descontado seja correto na avaliação de uma empresa como um todo, ou na avaliação de empreendimentos isolados por seus proprietários, sua validade é questionável quando aplicável a ativos separados de uma empresa.

Resumidamente, os motivos apresentados por Hendriksen e Van Breda

(2007) são os seguintes:

As entradas de caixa dependem de distribuições de probabilidade não

verificáveis.

Dificuldade na determinação da taxa de desconto do custo de

oportunidade.

Existem outros fatores de produção que contribuem para o fluxo de

caixa e não é possível alocar, de forma lógica, esta sua contribuição ao ativo.

Se todos os ativos fossem mensurados a valor justo, a soma dos

valores justos não representaria o valor da empresa.

Page 37: UMA CONTRIBUIÇÃO PARA MENSURAÇÃO DOS ATIVOS … Tadeu de... · mensuração do valor justo para qualquer ativo biológico, por meio de exemplos ... Tabela 14 Contabilização

36

Cabe ressaltar que os pontos de questionamento também são aplicáveis

aos ativos biológicos.

1.1. Pronunciamento Técnico CPC 29

O CPC 29, equivalente à norma IAS 41 do IASB, trata dos ativos

biológicos e produtos agrícolas e deve ser aplicado pelas entidades que possuem

plantas ou animais vivos. A prática contábil usual era reconhecer os gastos

relacionados com a formação e manutenção dos ativos biológicos a custo até o

momento da colheita.

O pronunciamento técnico CPC 29 foi submetido à consulta pública, por

meio da audiência pública n° 15/2009, em 28 de maio de 2009; publicado em 7

de agosto de 2009 e aprovado pela Resolução CFC nº 1.186/09. Esta entrou em

vigor em 24 de julho de 2009 para os exercícios iniciados a partir de 1º de janeiro

de 2010, sendo recomendada sua adoção antecipada. Dessa forma, o

Pronunciamento Técnico CPC 29, passou a ser considerado prática contábil

adotada no Brasil, aplicável a todas as entidades brasileiras.

Embora o IAS 41 seja denominado Agriculture, a norma é mais

abrangente, uma vez que não abrange somente as atividades agrícolas, mas

também a pecuária ou qualquer outra atividade ligada ao agronegócio com

plantas e animais vivos, ou seja, toda a atividade rural.

Vale ressaltar que apesar do CPC 29 somente mencionar produtos

agrícolas, o produto da pecuária também está no escopo do referido

pronunciamento técnico.

Segundo Marion (2012, p.17), os gastos não identificáveis com a cultura

devem ser apropriados como despesa no resultado do período e não devem ser

acumulados nos estoques.

O principal objetivo da norma é reconhecer − nas demonstrações

financeiras das entidades que possuem ativos biológicos e produtos agrícolas −

as mudanças no valor justo de um ativo biológico à medida que cresce, e não

somente no momento da venda ou colheita.

Page 38: UMA CONTRIBUIÇÃO PARA MENSURAÇÃO DOS ATIVOS … Tadeu de... · mensuração do valor justo para qualquer ativo biológico, por meio de exemplos ... Tabela 14 Contabilização

37

Portanto, diante deste objetivo, faz sentido que todo ativo biológico que

tenha crescimento seja mensurado a valor justo, pois o valor de venda será

reconhecido ao longo do tempo, com base no crescimento físico do ativo.

No entanto, os ativos biológicos estão sujeitos à transformação biológica,

que compreende não só o crescimento, mas degeneração, procriação e morte.

Ao considerar as transformações biológicas que ocorrem além do crescimento, a

norma procura também demonstrar no valor do ativo, os efeitos dessas

transformações.

1.2. Ativos Biológicos

Nem todos os animais e plantas vivos são considerados ativos biológicos

no escopo da norma. Embora biologicamente os ativos biológicos compreendam

tudo que possui vida, a norma contábil estabelece que os ativos biológicos sejam

reconhecidos se, e somente se:

(a) controla o ativo como resultado de eventos passados;

(b) for provável que benefícios econômicos futuros associados com o ativo fluirão para a entidade; e

(c) o valor justo ou o custo do ativo puder ser mensurado confiavelmente. (CPC 29, item 10, p. 4).

Os requisitos são aplicáveis também ao reconhecimento de qualquer

outro ativo.

As relações das entidades nas atividades agrícolas e pecuária são

estabelecidas de diversas formas através de contratos. Para atender ao critério

de reconhecimento que trata do controle, surge forte relevância na essência da

relação entre as entidades.

Por exemplo, algumas entidades celebram contratos de parceria agrícola

nas quais os riscos e benefícios da atividade agrícola são divididos

proporcionalmente aos parceiros. Na prática, o parceiro que recebe o maior

percentual sobre os benefícios gerados pela atividade agrícola possui também o

controle sobre as principais variáveis que afetam os ativos biológicos. Dessa

forma, somente um dos parceiros deveria reconhecer o ativo biológico, deduzindo

Page 39: UMA CONTRIBUIÇÃO PARA MENSURAÇÃO DOS ATIVOS … Tadeu de... · mensuração do valor justo para qualquer ativo biológico, por meio de exemplos ... Tabela 14 Contabilização

38

o valor esperado a ser pago ao outro parceiro, apesar da divisão entre os riscos e

benefícios.

A questão dos benefícios econômicos futuros também leva a uma

dificuldade quando se trata dos ativos biológicos. O reflorestamento, realizado

por uma entidade para recompor a floresta de uma área, pode atender ou não

este critério para reconhecimento.

Caso o reflorestamento seja empregado para futuro corte e produção da

madeira para celulose destinada à fabricação de papel, há possibilidade de

considerar esta floresta como um ativo biológico.

Por outro lado, caso a floresta de reflorestamento seja utilizada para

recomposição de áreas degradadas como área de preservação permanente e

não seja possível auferir os benefícios futuros através do seu corte, não há

possibilidade de considerar esta área como ativo biológico.

Existem áreas que são destinadas à reserva legal, em que há

possibilidade de aproveitamento sustentável da madeira. E existe discussão se

estas florestas devem ou não ser consideradas como ativos biológicos.

O custo é condição necessária para realizar o reconhecimento de

qualquer ativo. Porém, no caso dos ativos biológicos, há profunda alteração com

relação às práticas contábeis até então vigentes e também na comparação com

outros ativos, que é o conceito de valor justo, que é tratado neste estudo.

Iudícibus e Martins (2007) analisaram alguns elementos das

demonstrações financeiras que devem ser mensurados pelo valor justo e citam

ativos biológicos que devem ser mensurados ao valor justo menos a despesa de

venda. Embora seja simplificadamente compreendido como o valor de mercado,

podemos verificar mais adiante neste estudo que inexiste mercado ativo para a

maior parte dos ativos biológicos na sua presente condição, o que levaria à

mensuração do valor justo, através da metodologia do fluxo de caixa descontado.

O CPC 29 também estabelece alguns itens que estão fora do escopo da

norma, quais sejam:

Este Pronunciamento não é aplicável em: (a) terras relacionadas com atividades agrícolas (ver Pronunciamentos Técnicos CPC 27 – Ativo Imobilizado e CPC 28 – Propriedade para Investimento); e

(b) ativos intangíveis relacionados com atividades agrícolas (ver CPC 04 – Ativo Intangível). (CPC 29, item 2, p. 2).

Page 40: UMA CONTRIBUIÇÃO PARA MENSURAÇÃO DOS ATIVOS … Tadeu de... · mensuração do valor justo para qualquer ativo biológico, por meio de exemplos ... Tabela 14 Contabilização

39

Embora esteja diretamente ligado à terra, os ativos biológicos devem ser

mensurados independentemente do valor do terreno. Ainda que os avaliadores

comumente valorizem o imobilizado em conjunto, considerando o terreno,

benfeitorias e lavoura, o valor do ativo biológico deve ser separado e mensurado

de forma independente dos outros ativos.

O mesmo critério de segregação também é aplicável aos ativos

intangíveis que possuem relação com o ativo biológico, mas, que possuem

tratamento diferenciado e devem ser tratados de acordo com pronunciamento

específico, por não possuir existência física, como os ativos biológicos.

Para esclarecimento, a norma também fornece um quadro com exemplos

de alguns ativos biológicos que produzem produtos agrícolas. Os produtos

agrícolas, por sua vez, são utilizados para produção de outros produtos através

de processamento.

Ativos Biológicos Produto Agrícola Produtos resultantes do

Processamento após a Colheita

Carneiros Lã Fio, tapete

Árvores de uma plantação Madeira Madeira serrada, celulose

Plantas Algodão, café, cana colhida

Fio de algodão, roupa, açúcar, álcool, café limpo em grão, torrado ou moído

Gado de leite Leite Queijo

Porcos Carcaça Salsicha, presunto

Arbustos Folhas Chá, tabaco

Videiras Uva Vinho

Árvores frutíferas Fruta colhida Fruta processada

Quadro 6 − Ativos Biológicos, Produtos Agrícolas e Produtos Resultantes do Processamento Após Colheita

Fonte: CPC 29.

Page 41: UMA CONTRIBUIÇÃO PARA MENSURAÇÃO DOS ATIVOS … Tadeu de... · mensuração do valor justo para qualquer ativo biológico, por meio de exemplos ... Tabela 14 Contabilização

40

1.3. Atividade Agrícola e Transformação Biológica

O pronunciamento ainda define atividade agrícola e transformação

biológica:

Atividade agrícola é o gerenciamento da transformação biológica e da colheita de ativos biológicos para venda ou para conversão em produtos agrícolas ou em ativos biológicos adicionais.

Transformação biológica é o processo de crescimento, degeneração, produção e procriação que causam mudanças qualitativa e quantitativa no ativo biológico. (CPC 29, item 5, p.3).

Dessa forma, os ativos biológicos devem ser mensurados a valor justo,

não somente se forem destinados à venda, mas, também, se forem destinados à

produção para alimentos de ativos biológicos adicionais.

Como exemplo, se pode citar a constituição de pasto para alimento do

gado de corte. O capim plantado no pasto é considerado um ativo biológico e

deve ser mensurado a valor justo, mesmo que seja usado internamente e, assim,

não será vendido a terceiros. O capim deve ser mensurado a valor justo e deve

ser assim mensurado até o momento da colheita, quando será destinado para

alimentar outro ativo biológico, que é o gado.

Figura 1 − Transformação Biológica Fonte: Elaborada pelo Autor

Ativo Biológico

Produtos Agrícolas

Ativos Biológicos Adicionais

Venda ou colheita

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As transformações biológicas podem ser observadas e provocam

alteração no benefício econômico futuro do ativo biológico. Se um animal

utilizado para reprodução tem condições de gerar três procriações, o valor justo

deve considerar esta premissa. Ao produzir a primeira procriação, seu valor justo

deve ser reduzido, pois, somente restaram ainda duas procriações, e assim por

diante.

Portanto, é possível depreender que a transformação biológica provoca

um efeito direto no valor justo do ativo biológico, seja para provocar incremento,

quando há crescimento e aumento da capacidade de geração de benefícios

econômicos futuros, quanto a redução quando há perda na capacidade futura de

geração de receita.

Em caso de ausência sobre o controle da transformação biológica, a

entidade não deve reconhecer um ativo biológico. Como exemplo, pode-se citar

um parque temático que possua animais para exposição ao público frequentador.

Considerando que somente haja o controle do número de animais e que a

entidade não possua o controle sobre a transformação biológica, não são ativos

biológicos. Da mesma forma, animais mantidos em zoológicos e aquários para

visitação pública, não são classificados como ativos biológicos (PWC, 2011, p.

32004).

Ainda, que tais animais sejam ativos que tem relação com a geração de

benefícios econômicos futuros da entidade, estes devem ser reconhecidos como

imobilizado (CPC 27 – Ativo Imobilizado).

1.4. Métodos de Mensuração

Existem alguns métodos de valoração econômico-ambiental utilizada

pelos economistas. No entanto, diferem dos métodos de mensuração do valor

justo dos ativos biológicos no escopo do CPC 29.

Para Ortiz (2002, p. 81):

A valoração econômica ambiental busca avaliar o valor econômico de um recurso ambiental através da determinação do que é equivalente, em termos de outros recursos disponíveis na economia, que estaríamos (os seres humanos) dispostos a abrir

Page 43: UMA CONTRIBUIÇÃO PARA MENSURAÇÃO DOS ATIVOS … Tadeu de... · mensuração do valor justo para qualquer ativo biológico, por meio de exemplos ... Tabela 14 Contabilização

42

mão de maneira a obter uma melhoria de qualidade ou quantidade do recurso ambiental. Em resumo, a valoração econômica de recursos ambientais é uma análise de trade-off (escolha entre opções).

A mensuração a valor justo do pronunciamento contábil tem relação com

o benefício gerado pelo ativo para a entidade.

Os métodos utilizados para a valoração econômica ambiental (custo de

viagem, preços hedônicos, custo de reposição, gastos defensivos, produtividade

marginal, transferência de benefícios, capital humano ou produção sacrificada,

valoração contingente e ranqueamento contingente) diferem dos métodos

utilizados para mensuração do valor justo.

O CPC 29 estabelece uma hierarquia para mensuração do valor justo dos

ativos biológicos, em linha com a hierarquia utilizada pelo FASB, órgão emissor

das práticas contábeis norte-americanas, contidas na norma no SFAS 157,

norma que trata da mensuração a valor justo aplicável a todas as normas

contábeis norte-americanas.

A Figura 2 apresenta a árvore da decisão que mostra o caminho a ser

percorrido para determinação do método de mensuração do valor justo dos ativos

biológicos, por meio de algumas perguntas consideradas “chave”.

Page 44: UMA CONTRIBUIÇÃO PARA MENSURAÇÃO DOS ATIVOS … Tadeu de... · mensuração do valor justo para qualquer ativo biológico, por meio de exemplos ... Tabela 14 Contabilização

43

Figura 2 – Árvore de Decisão Fonte: Adaptada pelo Autor de PwC

O CPC 29 estabelece basicamente três métodos de mensuração do valor

justo, sendo:

Preço contado em mercado.

Caso não exista um mercado ativo:

Page 45: UMA CONTRIBUIÇÃO PARA MENSURAÇÃO DOS ATIVOS … Tadeu de... · mensuração do valor justo para qualquer ativo biológico, por meio de exemplos ... Tabela 14 Contabilização

44

o Preço de mercado mais recente (considerando que não houve

mudança nas circunstâncias econômicas entre as datas).

o Preços de mercado para ativos similares (ajustados para refletir as

diferenças).

o Benchmarks do setor.

Se os preços de mercado não estão disponíveis para os ativos

biológicos na sua presente condição, o valor presente dos fluxos de caixa

líquidos esperados do ativo deve ser utilizado na determinação do valor justo.

(CPC 29, itens 17, 18 e 20).

Os níveis estão em linha com o Pronunciamento Técnico CPC 46 –

Mensuração do valor justo, equivalente ao IFRS 13, publicado no final de 2012 e

ainda não aprovado pelo CFC. O valor de mercado é classificado no nível 1, o

valor de transações recentes e ativos similares é enquadrado no nível 2 e o fluxo

de caixa descontado é classificado como nível 3.

De uma maneira geral, os preços cotados em mercado ativo são obtidos

para o ativo biológico maduro ou em algum outro período determinado de sua

vida útil. A utilização do valor de mercado passa a ser limitada, já que a

mensuração a valor justo deve ser realizada para todos os ativos biológicos, que

se encontram em diferentes fases dentro da sua vida útil.

Ao se deparar com esta dificuldade, as entidades devem buscar então

uma transação recente para mensurar o ativo biológico. No entanto, há grande

dificuldade também para obter uma transação recente, pois os ativos biológicos

são pouco negociados antes de sua maturidade e os preços geralmente

negociados envolvem outros aspectos como proximidade logística, terrenos

valorizados etc.

Mesmo que seja obtida uma transação recente de mercado, o ativo

deveria estar na mesma condição que se encontra o ativo que está sendo

avaliado. Além disso, caso exista tempo transcorrido entre a transação e a data

da mensuração a valor justo, esta transação deve ser ajustada. Considerando

que as transações não são realizadas regularmente e não há conhecimento de

um índice que seja apropriado para atualização dos valores negociados de ativos

biológicos, esse método se torna pouco aplicável.

Page 46: UMA CONTRIBUIÇÃO PARA MENSURAÇÃO DOS ATIVOS … Tadeu de... · mensuração do valor justo para qualquer ativo biológico, por meio de exemplos ... Tabela 14 Contabilização

45

Ainda que sejam obtidos valores de transações recentes e que seja

definido um critério para atualização do valor transacionado para a data da

mensuração do valor justo do ativo biológico, esta transação deve ser verificável,

ou seja, um participante do mercado deve ter acesso a essa transação. Esse,

talvez, seja o maior obstáculo para utilização do valor de uma transação recente.

Ainda no segundo nível, existe a possibilidade de utilização de preços de

ativos similares. No entanto, essa possibilidade é praticamente remota, pois os

preços dos ativos biológicos são definidos independentemente do preço de

outros ativos biológicos. Ao se analisar as commodities que, por exemplo, são

utilizadas como parâmetro para definição do preço de alguns ativos biológicos, o

preço de uma commodity tem relação com a oferta e demanda do produto em

questão e não há relação direta entre as demais commodities.

Os preços das commodities são influenciados por diversos fatores de

mercado. Conforme Corrêa e Raíces (2005, p.31), os principais fatores a serem

estudados na análise fundamentalista no mercado de commodities agrícolas são:

Os níveis de produção dos principais países produtores.

O consumo mundial da commodity.

O ritmo das exportações.

Os estoques nos países produtores.

Os estoques nos países consumidores.

As questões econômico-políticas dos países produtores.

Os fatores meteorológicos.

Os preços relativos.

Os ciclos de produção.

Os relatórios de safra dos órgãos governamentais.

Os programas de governos.

A taxa de juros.

O câmbio.

Os acordos internacionais.

As políticas de subsídio.

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46

Pode-se notar que não há influência entre os preços de mercado de uma

commodity com o preço de mercado de outra, embora existam alguns produtos

que podem ser considerados substitutos.

No terceiro nível tem-se a indicação para uma metodologia que é

largamente utilizada pelo mercado de avaliadores para mensuração do valor de

ativos.

Embora existam diversas formas de mensuração do valor de um ativo

disponíveis no mercado, três principais são comumente utilizadas, conforme

IASB (2007):

Income approach: Fluxo de caixa descontado.

Cost approach: Custo de reposição e custo de reprodução.

Market approach: Preço de mercado, opções reais e análise de

múltiplos.

No terceiro nível, a norma já direciona o método que a entidade deve

mensurar o valor justo de seu ativo biológico na presente condição, caso não seja

possível a aplicação dos níveis 1 e 2. Embora outros métodos sejam utilizados

pelo mercado, principalmente em negociações de ativos biológicos, a norma já

estabelece a metodologia a ser usada.

Por exemplo, ao adquirir áreas de plantio de cana-de-açúcar, os

participantes do mercado podem pagar ao vendedor da área o valor que teria que

se incorrer para obter o ativo biológico na condição que se encontra, ou seja,

mais próximo ao custo de reposição. Diante dessa transação, a metodologia do

fluxo de caixa descontado resultaria em um valor justo diferenciado.

Com base nos pontos supracitados, podem ser listados os aspectos

positivos e negativos de cada nível:

Nível Aspectos Positivos Aspectos Negativos

Nível 1 – Valor de mercado

Facilidade na obtenção dos dados.

Os dados são verificáveis e podem ser facilmente atualizados.

Ausência de dados públicos para determinados ativos biológicos na sua presente condição.

Não é possível considerar as características do ativo biológico que está sendo avaliado.

Page 48: UMA CONTRIBUIÇÃO PARA MENSURAÇÃO DOS ATIVOS … Tadeu de... · mensuração do valor justo para qualquer ativo biológico, por meio de exemplos ... Tabela 14 Contabilização

47

Nível 2 – Transações

recentes

As transações refletem a forma que os participantes do mercado valorizam o ativo biológico.

Ausência de dados verificáveis.

Dificuldade na obtenção do índice de atualização das transações até a data da mensuração.

Nível 3 – Fluxo de caixa

descontado

Método aceito mundialmente pelos avaliadores;

Considera aspectos relevantes sobre o ativo biológico (intrínsecos e extrínsecos).

Elevado grau de subjetividade nas premissas utilizadas.

Dificuldade na obtenção de taxa de desconto apropriada.

Quadro 7 – Aspectos Positivos e Negativos dos Métodos de Mensuração do Valor Justo.

Fonte: Elaborado pelo Autor

A norma estabelece que caso a elaboração do fluxo de caixa não seja

confiável, seja permitida a adoção do custo. Considerando que o objetivo da

norma é justamente reconhecer o ganho ou perda decorrente da mensuração a

valor justo, não seria, a princípio, muito lógico mensurar o ativo biológico ao

custo, que está contrário ao objetivo da norma.

Esta análise se direciona a utilização do fluxo de caixa descontado para a

mensuração do valor justo dos ativos biológicos, mesmo para aqueles para os

quais há mercado ativo, uma vez que não há preço de mercado ativo para sua

condição atual.

O item 43 do CPC 29 divide os ativos biológicos em dois grupos:

Consumíveis: Os ativos biológicos consumíveis são aqueles que serão

colhidos no decorrer do tempo como as frutas, por exemplo.

Produção: São considerados os ativos biológicos utilizados na geração

de outros ativos biológicos, tais como as árvores frutíferas.

1.5. IAS 41 e as Discussões Recentes no IASB

A norma IAS 41 Agriculture foi publicada em dezembro de 2000, a ser

adotada para os períodos que se iniciam em 1 de janeiro de 2003. A norma

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48

descreve o tratamento contábil que deve ser dado para as atividades agrícolas,

desde o reconhecimento inicial até o momento da colheita dos ativos biológicos.

Antes da emissão na norma, em julho de 1999, foi publicado e

disponibilizado ao público o Exposure Draft E65 – Agriculture. Embora fosse

aplicável a partir de 2003, na norma IAS 41 já existia a opção de adoção

antecipada e até a encorajava.

Em 22 de maio de 2008, durante o processo anual de melhorias ocorrido

em 2007, foram realizadas algumas alterações na norma IAS 41, especificamente

com relação às taxas de desconto que se tornaram aplicáveis para os períodos

iniciados em 1 de janeiro de 2009.

Em 12 de maio de 2011 foi publicada a norma IFRS 13 – Fair value

measurement, que tem como objetivos: definir valor justo, incluir em único

pronunciamento todos os aspectos relacionados à mensuração a valor justo e

definir quais são as divulgações necessárias.

Em setembro de 2012, o IASB emitiu um staff paper, sobre a reunião

realizada pelo órgão, para tratar das melhorias a serem realizadas na norma IAS

41.

Neste documento, o IASB segrega a discussão da mesma forma que é

segregada a classificação dos ativos biológicos na norma contábil: consumíveis e

para produção, conforme mostra a Figura 3 e cujo original encontra-se no Anexo I

desta dissertação.

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49

Figura 3 – Segregação dos Ativos Biológicos Fonte: Adaptada pelo Autor de IASB (2012)

De acordo com o CPC 29 e IAS 41, as empresas que possuem ativos

biológicos e que são obrigadas a reconhecer o valor justo, mesmo que utilizem os

ativos biológicos como insumos para produção de outros ativos, devem mensurá-

los a valor justo.

Diante de diversos questionamentos da aplicação da norma, o IASB está

estudando a possibilidade de não exigir a mensuração dos ativos biológicos

daquelas empresas que possuem ativos biológicos, mas deles não fazem uso de

forma predominante para geração de benefícios econômicos futuros; estas

devem mensurar o ativo biológico pelo custo histórico como ativo imobilizado.

Em dezembro de 2012, outro staff paper foi emitido contendo algumas

sugestões que foram coletadas e cujas discussões foram aprofundadas sobre

uso alternativo e uso predominante de ativos biológicos para produção.

O staff paper emitido em fevereiro de 2013 analisa se há necessidade de

alteração da norma IAS 16 Property, plant and equipment, que trata do ativo

imobilizado para incorporar os ativos biológicos utilizados para produção.

Ativosbiológicos

Ativos biológicos de produção utilizado como insumo para

outros ativos biológicos ou geração de produto agrícola por

mais de um período

Ativos biológicosconsumíveis ou outros ativos biológicos que não são de produção

Mantido para geração de caixa através davenda do produto

agrícola ou do produto resultante do

processamento

Exemplos:Árvores frutíferasCana-de-açúcar

Escopo:IAS 16 - ImobilizadoMensurado ao custo

de aquisição ou formação.

Capacidade de geração de produto agrícola ou colheita como produto

agrícola

Capacidade de geração de produto agrícola

negociado no mercado

Cultivado para ser colhido como produto

agrícola

Exemplo:Gado etc

Exemplo: Ovelhas etc

Exemplo:Floresta, suínos etc

Cultivado para servendido como ativo

biológico

Exemplo: Gado de corte

Cultivado anualmentepara colheita do produto

agrícola

Exemplo: Soja, milho etc

Escopo:IAS 41 - AgriculturaMensurado ao valor

justo menos despesas de venda.

Page 51: UMA CONTRIBUIÇÃO PARA MENSURAÇÃO DOS ATIVOS … Tadeu de... · mensuração do valor justo para qualquer ativo biológico, por meio de exemplos ... Tabela 14 Contabilização

50

Embora ainda em discussão, o presente trabalho procura tratar os

aspectos que estão sendo discutidos nos modelos propostos, principalmente ao

evidenciar quais são os efeitos contábeis nas entidades que possuem ativos

biológicos e que os utilizam para a produção de outros produtos para venda. A

variação no resultado decorrente da variação no valor justo pode distorcer os

resultados dessas entidades.

Esta possibilidade de contabilizar os ativos biológicos a custo terá

impacto em diversos setores tais como:

Usinas sucroalcooleiras: o produto agrícola cana-de-açúcar é usado

para fabricação de açúcar e etanol. O produto agrícola é a cana-de-açúcar em pé

e sua soqueira (raiz).

Empresas que produzem suco de laranja: Os pomares de laranja são

ativos biológicos e a laranja colhida é o insumo na produção dos sucos.

Empresas do ramo siderúrgico: Os ativos biológicos são as florestas

de eucalipto que não são comercializadas e sim destinadas à produção de

carvão, usado para alimentação dos fornos.

Ao mensurar e reconhecer o valor justo dos ativos biológicos, estas

entidades distorcem seu resultado e não apresentam de forma útil aos usuários

das demonstrações financeiras, o resultado do desempenho de suas atividades.

1.6. IVSC e as International Valuation Standards

Diante das diferentes práticas adotadas pelo mercado para avaliação do

valor justo para reflorestamento o IVSC (International Valuation Standards

Council) emitiu um exposure draft denominado The Valuation of Forests. O

documento foi elaborado pelo grupo de trabalho (Working Group) de

especialistas em florestas reunidos pelo IVSC Standards Board, com o objetivo

de emitir um Technical Information Paper (TIP) para avaliação de florestas.

O ED (Exposure Draft) apresenta, de uma maneira geral, os principais

elementos que devem ser considerados para elaboração do fluxo de caixa

descontado para mensuração do valor das florestas. Os elementos são os

mesmos abordados no presente estudo. No entanto, o estudo menciona que a

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51

norma não é aplicável para atendimento à norma internacional IAS 41 e,

consequentemente, ao CPC 29.

A principal diferença é que o modelo proposto pela norma considera a

perpetuidade, que não é aplicável aos ativos biológicos como se apresenta mais

adiante.

O ED igualmente menciona que a mensuração das florestas, de acordo

com IFRS 13, é mais apropriada para mensuração do valor justo dessas florestas

para elaboração das demonstrações financeiras.

O material divulgado não é tão detalhado a ponto de indicar e aprimorar a

metodologia que está sendo utilizada pelos avaliadores.

1.7. Principais Estudos Realizados Sobre Ativos Biológicos

Em decorrência das alterações realizadas nas normas contábeis de cada

país, tendo em vista o processo de convergência com as IFRS, vários estudos já

foram realizados.

A maioria destes estudos procura demonstrar a comparação das práticas

contábeis adotadas anteriormente no país e a adoção do valor justo para a

mensuração dos ativos biológicos.

Existem ainda poucos estudos que focam na mensuração do valor justo

visando contribuir com o estudo do tema e sua aplicação para os ativos

biológicos que não possuem mercado ativo.

O Quadro 8 apresenta os principais estudos nacionais realizados e suas

conclusões.

Autor (ano) Descrição do Estudo Ativos Biológicos

Nacionais:

RECH et al (2006)

Estudaram a aplicação do valor justo conforme IAS 41 na pecuária de corte

Pecuária

RECH et al (2007)

Analisaram os tributos diferidos originados da avaliação dos ativos biológicos pelo valor justo na atividade agropecuária

Pecuária

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52

BRITO (2010)

Analisou a aplicação do valor justo na atividade pecuária bovina

Pecuária

QUIRINO (2011)

Estudou a utilização do fluxo de caixa para mensuração do valor justo da floresta de eucalipto

Floresta de eucalipto

RECH (2012)

Analisou o fluxo de caixa descontado utilizado por duas empresas de capital fechado para mensuração do valor justo da floresta e pomares

Floresta e pomares

RECH et al. (2006)

Analisaram a taxa de desconto apropriada para trazer o fluxo de caixa descontado ao valor presente e constataram que as taxas obtidas nas teorias de precificação de ativos possuem maior capacidade de refletir as condições econômicas de risco e retorno esperado pelos participantes do mercado

Estudo teórico

CARVALHO et al (2011)

Promoveram análise da divulgação realizada pelas empresas listadas que participam do IBOVESPA, que possuem ativos biológicos florestais.

Floresta

GONÇALVES et al (2012)

Analisaram o nível de evidenciação dos ativos biológicos nas demonstrações financeiras das empresas listadas na BM&FBOVESPA que compõem o setor Econômico de Consumo Não Cíclico

Análise das divulgações de 10 empresas produtoras de

carnes e derivados, agricultura,

grãos e açúcar e álcool.

WANDERLEY et al (2012)

Analisaram o tratamento contábil de ativos biológicos e produtos agrícolas nas principais empresas do agronegócio brasileiro dentre elas: JBF, Marfrig e BRF. Constataram que há necessidade de atuação maior por parte das empresas para atendimento ao CPC 29.

Análise das DFs de 3 empresas abertas

Quadro 8 – Principais Estudos Nacionais Realizados Fonte: Elaborado pelo Autor

O Quadro 9 apresenta os principais estudos internacionais realizados e

suas conclusões.

Page 54: UMA CONTRIBUIÇÃO PARA MENSURAÇÃO DOS ATIVOS … Tadeu de... · mensuração do valor justo para qualquer ativo biológico, por meio de exemplos ... Tabela 14 Contabilização

53

Autor (ano) Descrição do Estudo Ativos Biológicos

Internacionais:

ARGILÉS e SLOF (2001)

Procuraram demonstrar que a norma IAS 41 apresenta melhorias para a contabilidade das empresas rurais europeias

Estudo teórico

ELAD (2004)

Demonstrou a necessidade de alteração das normas francesas para adoção do IAS 41 e também apontou as dificuldades identificadas para compreensão do valor justo

Estudo teórico

PENTINEN et al (2004)

Demonstraram que a adoção do valor justo provoca variações não realistas no resultado e demonstra grande variação entre os métodos de mensuração dependendo das premissas utilizadas.

Floresta

BURNSIDE (2005)

Entrevistou companhias florestais na Suécia e verificou que o IAS 41 exige grande trabalho adicional e que o método utilizado pelo fluxo de caixa descontado. A adoção do valor justo provoca alterações de resultado que as companhias não sabem trabalhar.

Floresta

SCOTT (2005)

Demonstra os impactos da norma NZ IAS 41 Agriculture (equivalente à norma IAS 41) na Nova Zelândia.

Estudo teórico

AZEVEDO (2005)

Analisou o impacto do IAS 41 nas vinícolas portuguesas e constatou que o valor justo é superior ao custo histórico, aumentando o patrimônio das empresas, as maiores empresas e as abertas estão mais adaptadas às mudanças.

Videiras

HERBOHN (2005)

Demonstra ser pouco provável considerar que há mercado ativo e líquido para madeira o que leva à utilização do valor presente como método de mensuração a valor justo da floresta.

Floresta

HERBOHN e HERBOHN

(2006)

Analisaram a implicação da adoção do IAS 41 nas empresas florestais e demonstraram os ganhos futuros reconhecidos nas demonstrações financeiras que variam de 44,5% a 79,9%.

Floresta

LEFTER e ROMAN (2007)

Demonstraram que a aplicação do IAS 41 pode ser relevante para a tomada de decisão, mas está sujeito ao gerenciamento dos resultados. Além disso, o reconhecimento do valor justo no resultado pode trazer maior instabilidade e provocar a distribuição de resultados não realizados.

Estudo teórico

HLACIUC et al (2008)

Mencionaram que os custos são medidas que diferem entre as entidades e que o valor justo mensurado e reportado na mesma base promove maior comparação.

Estudo teórico

SVENSSON et al (2008)

Estudaram se o preço de mercado para mensurar o valor florestas de acordo com o IAS 41 é melhor que o método de

Floresta

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54

fluxo de caixa descontado, atualmente utilizados pelas empresas florestais suíças de capital aberto. Demonstraram em seu estudo que o fluxo de caixa descontado atribui um valor justo menor para a floresta.

PIRES e RODRIGUES

(2008)

Analisaram a necessidade de adaptação do setor agrícola português ao IAS 41 e apontam que a mensuração ao valor justo traz complexidades e sugerem que o valor justo seja divulgado de forma suplementar e não em substituição ao custo.

Estudo teórico

ERNST & YOUNG (2009)

Com base nas demonstrações financeiras de 31 de dezembro de 2008, a E&Y analisou a utilização do valor justo pelas maiores empresas nórdicas florestais.

Floresta

PENTTINEN e RANTALA

(2008)

Analisaram os dados divulgados pelas empresas florestais e o impacto do valor justo reconhecido nas demonstrações financeiras nos índices financeiros.

Floresta

WAINE (2009)

Analisou as implicações da adoção do valor justo e propôs que algumas empresas apresentassem a variação do valor justo no patrimônio líquido e outras no resultado do exercício, dependendo do ramo de atividade.

Estudo teórico

IOANAS et al (2009)

Demonstraram que há uma grande ruptura no modelo de turismo rural, por conta da adoção do valor justo.

Floresta

PWC (2009) Promoveu estudo sobre a adoção do IAS 41 no setor florestal

Floresta

BERN e JOHANSSON

(2010)

Identificaram, a partir de dados divulgados pelas empresas da Europa, África do Sul e Austrália, uma harmonia entre as demonstrações financeiras das empresas florestais na Suécia, Finlândia, África do Sul e Austrália.

Floresta

MAINA (2010)

Pesquisou a percepção dos preparadores das demonstrações financeiras das pequenas e médias empresas agrícolas do Quênia

Ênfase na horticultura

com entrevista

FIROZ e ANZARI (2010)

Analisaram que as IFRS e também o IAS 41 exigem um esforço para adoção mas que possuem capacidade de melhorar as demonstrações financeiras do ponto de vista também ambiental.

Estudo teórico

SEDLACEK (2010)

Estudou os métodos para mensuração no setor agrícola na Republica Checa, baseado no custo incorrido, com a norma internacional, baseado no valor justo.

Estudo teórico

FISHER et al (2010)

Analisaram as percepções dos preparadores das demonstrações financeiras antes e depois da adoção do IAS 41 e demonstraram que as maiores dificuldades são: ausência de mercado ativo e no reconhecimento das variações no valor justo no resultado do exercício.

Entrevista

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55

FERNANDES e AZEVEDO

(2010)

Pesquisaram o conhecimento dos contabilistas do centro de Portugal sobre a NCRF 17, equivalente portuguesa ao IAS 41. Embora considerem que o valor justo apresente uma posição mais verdadeira e apropriada, a sua adoção requer maior custo e complexidade de trabalho.

Estudo teórico e entrevista

GREGE-STALMANE

(2010)

Analisa a adoção do IAS 41 na Letonia e demonstra que não há metodologia comum à norma no país e também demonstra que há carência de profissionais qualificados para mensuração do valor justo das florestas.

Estudo teórico (floresta)

ARYANTO (2011)

Demonstrou que existe um erro conceitual no IAS 41 já que foi elaborada com o objetivo principal de mensuração do valor justo de florestas, que acumula valor com a passagem do tempo. No entanto, existem diversos outros ativos biológicos com diferentes características que devem ser estudados.

Estudo teórico

PWC (2011)

Atualizou o estudo realizado em 2009 no setor florestal com mais empresas

Floresta

ELAD e HERBOHN

(2011)

Demonstraram que o IAS 41 falha ao melhorar a comparação internacional entre as empresas que possuem ativos biológicos; ainda existem empresas que adotam o custo ao invés do valor justo e existem argumentos contrários à utilização do valor justo

Não trata de ativo biológico

específico

Quadro 9 – Principais Estudos Internacionais Realizados Fonte: Elaborado pelo Autor

1.7.1. Estudos Nacionais

Um dos estudos pioneiros sobre aplicação do valor justo foi realizado por

Rech et al. (2006) ao aplicar o valor justo na pecuária de corte.

Os tributos diferidos, originados da avaliação dos ativos biológicos pelo

valor justo na atividade agropecuária foram evidenciados por Rech et al. (2007) já

que o reconhecimento do valor justo provoca uma diferença temporária entre a

base contábil e a base fiscal.

Ao analisar a mensuração do valor justo na atividade pecuária bovina,

Brito (2010) verificou que existe mercado ativo para gado bovino e as

informações estão disponíveis para as diversas fases da vida útil dos bovinos.

Entretanto, na atividade de cria há aplicação de subjetividade, primeiramente pelo

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56

método de mensuração que pode ser utilizado o valor de mercado ou, de outro

modo, a partir da elaboração do fluxo de caixa descontado.

Quirino (2011) analisou a aplicação do fluxo de caixa descontado para

determinar o valor justo das florestas de eucalipto, pois constatou que não existe

mercado ativo de madeira no Brasil. Além disso, demonstrou a possibilidade de

reconhecimento do valor justo da floresta através do fluxo de caixa descontado.

Rech (2012) tratou a formação do valor justo de ativos biológicos (floresta

e pomares) de duas empresas fechadas e quais as principais premissas

utilizadas na mensuração do valor justo, por meio do fluxo de caixa descontado,

já que não há mercado ativo para os ativos biológicos na condição em que eles

se encontram. Demonstra que os modelos de fluxo de caixa utilizados pelas

entidades analisadas ainda necessitam de melhorias, seja na definição da taxa

de desconto, como na definição das receitas e custos projetados.

Carvalho et al. (2011) analisaram as divulgações realizadas pelas

empresas que possuem ativos biológicos que participam do IBOVESPA e

constataram que todas as empresas florestais analisadas reconhecem os ativos

biológicos e produtos agrícolas. Adicionalmente, foram identificadas outras

entidades que mencionavam a aplicação do CPC 29 em outros setores e

evidenciavam no balanço patrimonial as notas explicativas e também os impactos

da adoção inicial.

Apesar da representatividade do agronegócio brasileiro na economia,

tanto nacional como mundial, ainda foram poucos os estudos realizados sobre a

aplicação do valor justo nas atividades rurais.

1.7.2. Estudos Internacionais

Por conta da adoção do IAS 41 pela Europa, nos exercícios iniciados a

partir de 2003, existem diversos trabalhos realizados, principalmente no setor

florestal.

Um dos primeiros estudos de Argilés e Slof (2001), logo após a

publicação do IAS 41, no qual observaram que a norma IAS 41 pode auxiliar na

melhoria do uso da contabilidade pelas fazendas europeias.

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57

Elad (2004) menciona as dificuldades de implementação da norma e

mostra que ela não oferece uma solução satisfatória para a contabilização dos

ativos biológicos.

Apesar de ser importante do ponto de vista dos tomadores de decisão, a

adoção do valor justo pode levar ao reconhecimento de ganhos ainda não

realizados que, por sua vez, podem levar à distribuição de dividendos, causando

impacto no princípio da conservação como destacam Lefter e Roman (2007).

Ioanãs et al. (2009) analisaram o reconhecimento do valor justo dos

ativos biológicos na área de turismo na Romênia. Embora seja considerado ativo

biológico, a mensuração a valor justo não seria apropriada neste caso, pois não

há gerenciamento da transformação biológica.

A melhoria da comparabilidade é mencionada por Hlaciuc et al. (2008),

quando ativos similares são avaliados e reportados utilizando a mesma base.

A Ernst & Young (2008) analisou a aplicação do IAS 41 nas seis maiores

empresas nórdicas de reflorestamento e constatou que todas utilizaram o fluxo de

caixa descontado para mensuração do valor justo dos ativos biológicos. As

premissas utilizadas no cálculo diferiam entre cada uma das empresas, causando

dificuldade para comparação das demonstrações financeiras.

A PwC (2009) realizou um estudo da aplicação do IAS 41 nas indústrias

no setor denominado Forest, Paper & Packing, que possui reflorestamento e

constatou que a maioria das entidades considerou o preço de mercado

inexistente e, por isso, estas utilizaram o fluxo de caixa descontado para

mensuração do valor justo da floresta. Também demonstrou que há grande

variação nas premissas utilizadas nos cálculos, que são abordadas mais à frente

neste estudo como, por exemplo: expectativa de crescimento, plano de corte,

taxas de desconto etc.

Com base no valor justo divulgado pelas empresas florestais europeias

Bern e Johansson (2010) constataram que há obstáculos para buscar a

harmonização, em decorrência das diversas premissas que são utilizadas nos

cálculos, que não são divulgadas e não foram analisadas no estudo.

Maina (2010) pesquisou os desafios na aplicação do valor justo nas

pequenas e médias empresas agrícolas do Quênia. O estudo enfatizou que uma

das principais dificuldades foi a definição do valor de mercado para ser utilizado

como base para mensuração do valor justo. Embora o valor de mercado seja

Page 59: UMA CONTRIBUIÇÃO PARA MENSURAÇÃO DOS ATIVOS … Tadeu de... · mensuração do valor justo para qualquer ativo biológico, por meio de exemplos ... Tabela 14 Contabilização

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mais importante do ponto de vista dos tomadores de decisão, a ausência de

preços cotados em mercado ativo leva à utilização de modelos de precificação

como o fluxo de caixa descontado, que envolve premissas subjetivas.

A atualização do estudo da PwC (2011) demonstrou uma diferença

relevante entre os valores justos divulgados pelas empresas nos mais diversos

países, mostrando que as premissas utilizadas no cálculo são bastante sensíveis

e significativas. Os planos de colheita, expectativa de crescimento, taxa de

desconto e outras premissas importantes são divulgados por poucas empresas.

A maioria dos estudos aqui apresentados procurou demonstrar os efeitos

da adoção do IAS 41 e foram realizados nas empresas de reflorestamento, nas

quais a transformação biológica se dá, basicamente, do crescimento até o

momento da colheita.

A transformação biológica da floresta difere de outros ativos como as

árvores frutíferas, em que há crescimento da árvore e degeneração da

capacidade de geração de frutos ao longo de sua vida útil econômica.

Nenhum dos estudos demonstra os aspectos tributários da adoção do

valor justo dos ativos biológicos após a Lei 11.638/07 e Lei 11.941/09. Também

vale ressaltar que, igualmente, nenhum estudo demonstra os aspectos contábeis

e os lançamentos de adoção do valor justo na contabilidade.

O capítulo que segue apresenta, de modo mais geral, o fluxo de caixa

descontado, ponderando as entradas e saídas de caixa, a perpetuidade, o fluxo

de caixa antes e após os impostos, os termos nominais ou reais, a taxa de

desconto, o custo aproximado do valor justo, a transformação biológica

considerando o valor justo, os benefícios do TAB, o valor justo e a distribuição de

dividendos, bem como o efeito tributário da adoção do valor justo.

Page 60: UMA CONTRIBUIÇÃO PARA MENSURAÇÃO DOS ATIVOS … Tadeu de... · mensuração do valor justo para qualquer ativo biológico, por meio de exemplos ... Tabela 14 Contabilização

59

CAPÍTULO II − FLUXO DE CAIXA DESCONTADO

2.1. Fluxo de Caixa Descontado

Neste capítulo, apresentamos exemplos de fluxos de caixa para alguns

ativos biológicos e também são apresentadas as principais premissas que devem

ser consideradas na elaboração do modelo.

Para Gitman (2002, p. 247) o valor de um ativo “é o valor presente de

todos os futuros fluxos de caixa esperados, durante um período de tempo

relevante”. Trata-se do modelo comumente empregado pelos avaliadores de

ativos e também o mesmo conceito que aplicamos para os ativos biológicos.

Quirino (2011) aborda os elementos do fluxo de caixa descontado, bem

como, os componentes usados na taxa de desconto WACC (Weighted Average

Cost of Capital).

2.1.1 Entradas de Caixa

As entradas de caixa representam as receitas obtidas com a venda do

ativo biológico ao longo de sua vida útil. Para estimativa da receita, deve-se

buscar o preço esperado de venda. Recomenda-se que o preço seja verificável,

ou seja, obtido com base em dados disponíveis no mercado.

O preço esperado deve ser multiplicado pela quantidade de ativos

biológicos.

A divisão por grupos se torna bastante relevante na definição das

entradas de caixa.

Nos casos em que há preços disponíveis para o ativo biológico (grupo 1),

deve-se fazer uso do preço de mercado. No entanto, o fluxo de caixa deve ser

empregado, pois, nem todos os ativos possuem preços disponíveis no mercado

na sua atual condição. Dessa forma, mesmo que existam preços de mercado,

deve-se elaborar o fluxo de caixa para os ativos imaturos que ainda não possuem

Page 61: UMA CONTRIBUIÇÃO PARA MENSURAÇÃO DOS ATIVOS … Tadeu de... · mensuração do valor justo para qualquer ativo biológico, por meio de exemplos ... Tabela 14 Contabilização

60

preços de mercado para projeção de sua transformação biológica, até o momento

em que o preço de mercado considera a sua condição. Exemplo: gado de corte.

Os ativos biológicos que produzem commodities (grupo 2), que possuem

valor de mercado, podem ser mensurados pela expectativa de preço do produto

agrícola. Embora na maioria dos casos não exista preço disponível para o ativo

biológico usado para produção do produto agrícola, o valor deste ativo biológico é

representado pela receita gerada pelos produtos agrícolas produzidos ao longo

de sua vida útil. Exemplo: pomar de laranja.

Os ativos biológicos e os produtos agrícolas que não possuem mercado

ativo (grupo 3), que são insumos para outros processos produtivos, podem

utilizar como parâmetro os preços de mercado dos produtos resultantes do

processamento. Exemplo: cana-de-açúcar.

Mesmo nestes casos, que o objeto social da entidade não seja a venda

do ativo biológico, no escopo atual da norma, deve ser mensurado ao valor justo.

Vale ressaltar que o IASB está discutindo uma possibilidade de exceção neste

caso, conforme mencionado no capítulo I.

O valor justo deve ser determinado, menos as despesas de venda, ou

seja, aquelas que são atribuíveis à venda do ativo biológico. Dessa forma, caso

os preços cotados em mercado ativo sejam brutos de tributos (comumente PIS -

Programa de Integração Social e COFINS - Contribuição para o Financiamento

da Seguridade Social), a receita a ser considerada no fluxo de caixa deveria ser

líquida.

De acordo com a Lei nº. 8.590/92 − que criou o Fundo de Assistência ao

Trabalhador Rural (FUNRURAL) para subsidiar o pagamento aos benefícios

assistenciais aos trabalhadores rurais − os produtores brasileiros devem recolher

um percentual sobre a receita bruta da comercialização de produtos rurais. Por

esse motivo, as receitas devem ser deduzidas também desta contribuição ao

chamado FUNRURAL. Há grande discussão sobre esse tema, pois, existem

entidades que não efetuam o recolhimento por não realizarem a venda de

produtos rurais, portanto, não estariam sujeitas ao recolhimento. No entanto, o

entendimento reforçado pela norma IFRS 13 é que o valor justo deve ser tratado

do ponto de vista de um comprador hipotético, que teria que recolher o

FUNRURAL na venda dos produtos rurais.

Page 62: UMA CONTRIBUIÇÃO PARA MENSURAÇÃO DOS ATIVOS … Tadeu de... · mensuração do valor justo para qualquer ativo biológico, por meio de exemplos ... Tabela 14 Contabilização

61

Nem todas as premissas usadas para determinação das entradas de

caixa podem ser obtidas com base em dados verificáveis de mercado.

As premissas externas geralmente são preços, taxas de câmbio, inflação

etc.

Temos ainda que considerar algumas premissas internas como dados do

inventário físico dos ativos biológicos (quantidade, idade, variedade etc.), dados

de produtividade (m3 de madeira por hectare, toneladas a serem colhidas, peso

dos animais, etc.).

Como exemplo, temos as seguintes fontes externas:

Preço de cana-de-açúcar: o indicador utilizado é o CONSECANA

(Conselho dos Produtores de Cana de Açúcar, Açúcar e Álcool) que é divulgado

semanalmente nos sites da ÚNICA (União da Indústria de Cana-de-Açúcar),

UDOP (União dos Produtores de Bioenergia).

Preço de madeira em pé: Divulgado em estudos de consultoria como

Silviconsult e IEA (Instituto de Economia Agrícola).

Commodities: Bolsa de Mercadorias e Futuros (ICE −

IntercontinentalExchange; NYBOT − New York Board of Trade; CBOT − Chicago

Board of Trade; BM&FBOVESPA − Bolsa de Valores, Mercadorias e Futuros de

São Paulo etc.)

Inflação: Banco Central do Brasil

Taxa de câmbio: Banco Central do Brasil e BM&FBOVESPA.

Alguns pontos devem ser considerados quando há utilização de dados

externos:

Os preços praticados por uma entidade com seus clientes pode não

representar as condições praticadas pelo mercado.

As fontes externas devem ter representatividade em relação ao

mercado.

As fontes devem ser consistentes para todos os períodos analisados.

Page 63: UMA CONTRIBUIÇÃO PARA MENSURAÇÃO DOS ATIVOS … Tadeu de... · mensuração do valor justo para qualquer ativo biológico, por meio de exemplos ... Tabela 14 Contabilização

62

2.1.2. Saídas de Caixa

As saídas de caixa representam os gastos necessários para que o ativo

biológico atinja a condição para que seja negociado no mercado de destino.

Como exemplo, pode-se citar a mão de obra, adubos, fertilizantes, frete etc.

As despesas para reestabelecimento ou replantio do ativo biológico não

devem ser consideradas, pois o fluxo de caixa somente deve mensurar o ativo

biológico existente e na sua presente condição.

As saídas de caixa são basicamente compostas pelos gastos de

manutenção dos ativos biológicos e incluem, principalmente, os tratos culturais e

mão de obra.

As saídas de caixa também devem incluir gastos que não representam

saída efetiva de caixa, tais como o custo de contribuição de outros ativos, como

as terras e imobilizado.

O conceito é que esses custos são necessários para obtenção do ativo.

Ao desconsiderar estes custos, o modelo de fluxo de caixa resultará em um ativo

biológico superavaliado, por não haver necessidade de utilização da terra e

imobilizado para geração do fluxo, o que não é uma verdade.

Portanto, os gastos relacionados com a remuneração dos ativos

chamados contribuintes, devem ser deduzidos do fluxo de caixa do ativo

biológico.

Como sugestão, o parâmetro utilizado para determinação do gasto

atribuído à terra pode ser comparado com o valor pago de arrendamento ao

terreno em um contrato de arrendamento entre partes independentes.

Da mesma forma, pode-se estimar o gasto atribuído aos outros ativos

contribuintes, como tratores utilizados na realização dos tratos culturais,

considerando o valor pago a um terceiro para aluguel do equipamento.

Os custos são geralmente projetados utilizando dados internos, definidos

com base nos dados históricos apurados pela entidade.

Page 64: UMA CONTRIBUIÇÃO PARA MENSURAÇÃO DOS ATIVOS … Tadeu de... · mensuração do valor justo para qualquer ativo biológico, por meio de exemplos ... Tabela 14 Contabilização

63

2.2. Perpetuidade

Ao se comparar o fluxo de caixa para mensuração do ativo biológico, com

o fluxo de caixa para mensuração de uma empresa, têm-se diferenças relevantes

a serem consideradas.

O fluxo de caixa do ativo biológico deve ser obrigatoriamente elaborado

na sua presente condição. Portanto, futuras melhorias não devem ser incluídas

na mensuração do ativo biológico. Da mesma forma, expectativas de

financiamento de ativos, aquisição de novos ativos não devem ser incorporadas.

Os gastos futuros para reestabelecimento do ativo biológico também não

deve ser projetado. Ao analisar o fluxo de caixa do ativo biológico, verifica-se que

sempre será exaurido completamente.

Os gastos referentes ao replantio de uma floresta, em formação ou

madura, que não foi cortada, não devem ser projetados no fluxo de caixa, pois o

plantio não foi realizado e o ativo biológico futuro ainda não existe. Ao se avaliar

o valor justo de matrizes − embora possa ser utilizada em sua mensuração, a

capacidade da futura geração de crias, que tem relação com os benefícios

econômicos futuros que serão gerados pelo animal − não se deve projetar este

benefício indefinidamente.

Existem alguns ativos biológicos, como árvores frutíferas que possuem a

capacidade de gerar benefícios por meio de sua produção de frutos, por período

de vida indefinido. No entanto, a produtividade por árvore reduz a cada safra,

diminuindo a sua capacidade de gerar frutos. Um cafezal tem capacidade de

gerar frutos por períodos indefinidos, mas deve-se estabelecer uma vida útil

econômica. Na definição da vida útil econômica se leva em consideração a

produtividade em cada ano, pois em determinado momento a produtividade não

justifica os custos de manutenção.

Igualmente, se leva em conta que a tecnologia na produção de novas

mudas e clones melhorem a produtividade reduzindo os custos de plantio. Diante

desse cenário, é imprescindível definir a vida útil econômica, que será utilizada

como base para elaboração do fluxo de caixa descontado, mesmo que

biologicamente a vida da árvore seja indefinida.

Page 65: UMA CONTRIBUIÇÃO PARA MENSURAÇÃO DOS ATIVOS … Tadeu de... · mensuração do valor justo para qualquer ativo biológico, por meio de exemplos ... Tabela 14 Contabilização

64

A perpetuidade, que procura demonstrar no fluxo de caixa os retornos

esperados por período indefinido não é aplicável aos fluxos de caixa para

mensuração do valor justo dos ativos biológicos.

2.3. Antes dos Impostos ou Após os Impostos

Matematicamente, ao elaborar fluxos de caixa antes dos impostos e

descontá-lo a uma taxa antes dos impostos é o mesmo que elaborar um fluxo de

caixa após os impostos e descontá-lo a uma taxa após os impostos.

Lonergan (2009) recomenda que a análise do fluxo de caixa descontado

deva ser realizada com a utilização do fluxo de caixa descontado após os

impostos, descontado a valor presente por uma taxa de desconto após os

impostos. Também demonstra que o resultado do valor presente é o mesmo

quando uma taxa antes dos impostos é empregada para desconto de um fluxo de

caixa elaborado antes dos impostos e quando há utilização de taxa após os

impostos para desconto de um fluxo de caixa elaborado após os impostos.

Considerando que no Brasil os gastos relacionados com a constituição do

ativo biológico (custo) são passiveis de dedutibilidade fiscal, por meio da

depreciação, nos casos de árvores frutíferas, na medida em que os fluxos são

colhidos e exaustão nos casos de floresta própria1, é recomendada a elaboração

do fluxo de caixa descontado após os impostos e descontado a uma taxa após os

impostos por se aproximar ao caso real.

Todos os componentes do fluxo de caixa devem considerar esta

premissa. Portanto, se o fluxo de caixa descontado for elaborado após os

impostos, todos os componentes do fluxo de caixa devem ser apurados após os

impostos.

1 BRASIL. Parecer Normativo – Coordenador do Sistema de Tributação – CST n° 18, de 1 de

abril de 1979. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 17 de abril de 1979.

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65

2.4. Termos Nominais ou Termos Reais

Existem muitas dúvidas se o fluxo de caixa deve ser preparado em

termos reais ou em termos nominais. A única diferença é que o fluxo de caixa

nominal inclui a expectativa de inflação.

Damodaran (2004, p. 206) demonstra:

Fluxo de caixa real =

Fluxo de caixa nominal x 1 / (1+taxa de inflação esperada) x período

Nos fluxos de caixa de ativos biológicos com vida útil reduzida, seria

possível estimar, com base em estudos divulgados pelo mercado, a expectativa

de inflação. Neste caso, a elaboração dos fluxos de caixa seria até recomendada.

No entanto, existem ativos biológicos como pomar de laranja, cafezal e

florestas de pinus que possuem um ciclo de vida por vários anos e a estimativa

de inflação é menos confiável. Nestes casos, a elaboração do fluxo de caixa em

termos reais (sem projeção da inflação) torna-se mais apropriada por reduzir a

possibilidade de julgamento.

Dessa forma, pode-se resumir:

Fluxo de Caixa Taxa de Desconto Resultado

Fluxo de caixa após os impostos (pós-impostos)

Taxa após os impostos (pós-impostos)

Valor presente

Fluxo de caixa antes dos impostos (pré-impostos)

Taxa de desconto antes dos impostos (pré-impostos)

Valor presente

Fluxo de caixa nominal Taxa nominal Valor presente

Fluxo de caixa real Taxa real Valor presente

Quadro 10 − Base para Elaboração do Fluxo de Caixa Descontado.

Fonte: Adaptado pelo Autor de Damodaran (2004)

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66

2.5. Taxa de Desconto

Embora não seja determinada pelo CPC 29, a taxa de desconto mais

empregada pelo mercado é o custo médio ponderado de capital – WACC

(Weighted Average Cost of Capital). Dentre os benefícios da taca calculada

através do WACC se pode mencionar a facilidade de preparação, já que é uma

taxa conhecida mundialmente e que é determinada com base na visão dos

participantes de mercado.

Por outro lado, a aplicação desta taxa de desconto para os ativos

biológicos gera algumas dificuldades:

Há poucas empresas listadas que possibilitam a obtenção de

premissas de mercado.

A estrutura de capital das empresas geralmente baseadas para

comparação é diferente.

Em decorrência da diferença entre a estrutura de capital, a taxa de

captação de terceiros é influenciada pelo porte da entidade.

As entidades comparáveis podem incorporar em suas atividades

outros negócios que afetam a sua estrutura de capital.

O WACC calculado para uma entidade considera o retorno esperado

de todos os ativos, sendo o ativo biológico um componente desta taxa.

O WACC pode ser o ponto de partida para a definição da taxa média de

retorno ponderada dos ativos denominada WARA (Wheighted average return on

assets). Embora não seja comumente utilizada pelo mercado, procura

demonstrar qual a taxa específica para o ativo biológico, reduzindo as

dificuldades supramencionadas.

O WARA é calculado com base na taxa de retorno esperada de cada

ativo ponderado, com base na representatividade de seu valor justo no valor justo

total do ativo. O WARA de todos os ativos deve ser igual ou se aproximar ao

WACC conforme citam Mard et al. (2010, p. 123).

Quando comparadas as duas taxas com a estrutura de capital da

empresa, tem-se a Figura 4.

Page 68: UMA CONTRIBUIÇÃO PARA MENSURAÇÃO DOS ATIVOS … Tadeu de... · mensuração do valor justo para qualquer ativo biológico, por meio de exemplos ... Tabela 14 Contabilização

67

Ativos Passivos

Patrimônio líquido

WARA WACC

Figura 4 − Estrutura de Capital de uma Entidade. Fonte: Elaborada pelo Autor

O custo médio ponderado de capital é calculado com base no custo de

capital de terceiros, representado pelos passivos na estrutura de capital e

ponderado com o custo de capital próprio, representado como patrimônio líquido.

O WARA, calculado sobre o retorno médio ponderado de todos os ativos que a

entidade possui será, então, equivalente ao WACC.

A Tabela 1 apresenta um exemplo de sua aplicação.

Tabela 1 − Cálculo do WARA Fonte: Elaborada pelo Autor

Taxa de retorno % do valor justo Retorno

ATIVO 31/12/2012 esperada total ponderado

CIRCULANTE

Caixa e bancos 500 4% 0,27% 0,01%

Aplicações financeiras 2.500 8% 1,37% 0,11%

Contas a receber 10.000 6% 5,46% 0,33%

Estoques 40.000 10% 21,86% 2,19%

53.000

NÃO CIRCULANTE

Ativos biológicos 80.000 8% 43,72% 3,50%

Imobilizado 50.000 10% 27,32% 2,73%

130.000

TOTAL DO ATIVO 183.000 100,00% 8,86%

Page 69: UMA CONTRIBUIÇÃO PARA MENSURAÇÃO DOS ATIVOS … Tadeu de... · mensuração do valor justo para qualquer ativo biológico, por meio de exemplos ... Tabela 14 Contabilização

68

Na entidade apresentada na Tabela 1, o ativo biológico teria uma taxa de

desconto de 8% calculada com base no WARA, enquanto o WACC seria de

8,86%.

Resumidamente, para se calcular a taxa de desconto apropriada para o

ativo biológico com base no WARA, os seguintes procedimentos deveriam ser

realizados:

Calcular o WACC da entidade.

Determinar o valor justo de cada ativo da entidade.

Determinar a taxa de retorno esperada sobre cada ativo.

A taxa de retorno esperada para o ativo biológico seria a incógnita.

2.6. Custo se Aproxima do Valor Justo

O item 24 do CPC 29 trata que, em alguns casos, o custo pode se

aproximar do valor justo. Dois exemplos são apresentados:

Quando os ativos são plantados em data próxima ao encerramento

das demonstrações financeiras e não há transformação biológica significativa.

Estágio inicial da vida útil de um ativo biológico que possui uma vida

útil muito extensa, 30 anos por exemplo.

Os exemplos não devem ser encarados como possibilidade de mensurar

ao custo seus ativos biológicos. Há entidades que determinam uma idade após o

plantio ou nascimento que utiliza o custo. A partir desta idade, o valor justo deve

ser adotado.

Para que o custo seja mantido para um ativo biológico, a mensuração a

valor deve ser realizada, conforme demonstrado no Gráfico 2.

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69

Gráfico 2 − Custo e Valor Justo da Floresta de Eucalipto por Idade/Hectare.

Fonte: Elaborado pelo Autor

Os dados do gráfico são hipotéticos para ilustrar que ao ser calculado, o

valor justo pode ser próximo, ou até menor que o custo. Nesse exemplo,

considerando o estágio inicial da cultura e a incerteza existente nos fluxos, o

custo seria a mensuração mais confiável. A partir do ano 3 de idade da cultura, o

valor justo supera o custo e, obrigatoriamente, deve ser reconhecido.

No entanto, pode-se argumentar que o valor justo seja utilizado desde os

primeiros anos de vida, pois a comparação pode ser afetada dependendo do

gasto efetivo de plantio efetuado pela entidade. Se comparadas as duas

entidades, a primeira realiza o plantio pelo valor de R$ 4.000/hectare e a outra

entidade incorre no plantio o valor de R$ 5.000/hectare. Se todas as premissas

para determinação do valor justo forem iguais, a segunda entidade iniciará o

reconhecimento do valor justo em idade superior à primeira, pois o custo incorrido

é maior.

2.7. Transformação Biológica e Valor Justo

Como já mencionado anteriormente, o objetivo do CPC 29 é o

reconhecimento do valor justo com base na transformação biológica do ativo

biológico. No entanto, a mensuração a valor justo, utilizando o fluxo de caixa

descontado nos ativos biológicos que possuem crescimento ao longo de seu ciclo

4.400

4.900

5.400

5.900

6.400

6.900

7.400

7.900

1 2 3 4 5 6 7

Valor justo

Custo

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70

de vida, não consegue traduzir da melhor forma o incremento de valor decorrente

da transformação biológica.

No Gráfico 3 pode ser vista a comparação do valor justo de uma floresta,

determinado com base no seu preço esperado de venda menos os custos,

trazidos a valor presente por uma taxa de desconto.

Gráfico 3 − Transformação Biológica e Valor Justo da Floresta de Eucalipto.

Fonte: Elaborado pelo Autor

Enquanto que o fluxo de caixa reconhece o valor justo da floresta, com

base no valor do dinheiro no tempo, a transformação biológica ocorre de maneira

não exponencial, provocando um reconhecimento do valor justo no resultado da

entidade que não atende ao objetivo proposto pela norma.

Pode-se concluir que ao utilizar o fluxo de caixa descontado, o ganho é

reconhecido nas demonstrações financeiras, com base no tempo incorrido sem

considerar o real incremento de metros cúbicos da árvore.

2.8. Tax Amortization Benefit

O TAB (Tax Amortization Benefit) refere-se ao benefício fiscal da

amortização do ativo avaliado a valor justo na perspectiva de um comprador

hipotético (independente).

0,00

20,00

40,00

60,00

80,00

100,00

120,00

1 2 3 4 5 6 7

qtde estéreo(7ºano=100)

valor R$/st(7ºano=100)

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71

O ponto central relacionado ao benefício do TAB está no fato de que a

mensuração ao valor justo deve ser sempre calculada no ponto de vista de um

"comprador hipotético", ou seja, através da visão do participante do mercado.

Portanto, do ponto de vista do comprador hipotético, sobre o lucro obtido dos

ativos biológicos, não há impostos a recolher como é realizado do ponto de vista

do vendedor.

Para exemplificar, cita-se o exemplo de um ativo que o custo incorrido

será de R$ 50 e o valor esperado de venda é R$ 150. O ganho obtido pelo

vendedor, no valor de R$ 100 será tributado à alíquota de 34%.

O valor desembolsado por um comprador hipotético, para adquirir o ativo

seria de R$ 100, pois ele terá uma receita de R$ 150 e os custos a incorrer

também seriam de R$ 50.

O vendedor receberia em seu caixa o valor negociado de R$ 100,

contudo, teria que pagar imposto sobre o ganho, no valor de R$ 34. Do ponto de

vista do vendedor, o ativo valeria R$ 66 ao computar o custo tributário da

transação. Porém, o valor justo deve ser o valor negociado entre as partes que é

de R$ 100 e que deve ser considerado o valor justo.

Se as transações fossem realizadas no presente, o fluxo de caixa

considerando o TAB é o mesmo que o fluxo de caixa antes dos impostos. No

entanto, os fluxos de caixa dos ativos biológicos são gerados no decorrer do

tempo e devem ser trazidos a valor presente. Da mesma forma, o benefício do

comprador também deve ser trazido a valor presente.

Tabela 2 − Exemplo de Cálculo do TAB. Fonte: Elaborada pelo Autor.

Valor justo - FC descontado 66

Valor justo + benefício da amortização (34%) 100

Valor do benefício (34)

66

Nom inal Valor presente

Am ortização do Canavial 100,00% 84,40%

Aliquota de IR 34,00% 28,7 0%

Fator de conversão 1,52 1,40

Valor justo do ativo (FC x Fator de conversão) 100 93

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72

2.9. Valor Justo e Distribuição de Dividendos

Um aspecto que deve ser analisado ao adotar o valor justo dos ativos

biológicos é seu efeito na distribuição de dividendos. A Lei das S.A.2 considera a

base de cálculo para distribuição de dividendos o resultado do exercício contábil.

Ao reconhecer a variação no valor justo dos ativos biológicos no resultado,

haverá o efeito na base de cálculo para distribuição dos dividendos.

2.10. Efeito Tributário da Adoção do Valor Justo

Após a adoção das IFRS, realizada em 2010 no Brasil, e em decorrência

da criação do Regime Tributário de Transição – RTT optativo para os anos de

2008 e 2009 e obrigatório para todas as entidades a partir de 2010, houve a

criação da chamada neutralidade tributária.

A contabilidade brasileira, que antes tinha como um dos objetivos

principais a apuração dos tributos, teve um profundo “descolamento” por conta da

alteração das práticas contábeis.

Esse descolamento foi garantido pela neutralidade tributária dos efeitos

advindos da adoção das novas normas, entre elas o CPC 29, ao determinar a

neutralidade do ganho ou perda do valor justo na determinação do lucro real para

tributação das empresas.

A legislação tributária permite a utilização dos custos incorridos na

formação da cultura como dedutível na apuração do lucro real, base de cálculo

para tributação, quando da efetiva realização. Por esse motivo, a diferença

provocada pela adoção do valor justo, em comparação ao valor de custo histórico

incorrido, provoca uma diferença temporária entre a base contábil do ativo e a

base fiscal.

2 BRASIL. Lei n° 6.404, de 15 de dezembro de 1976. Dispõe sobre as sociedades por ações.

Alterada pelas Leis n° 11.638/07 e n° 11.941/09. Disponível em <http://www.planalto.gov.br/ccivil_ 03/leis/l6404consol.htm> Acesso em 27 jan. 2013.

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73

Conforme o CPC 32, a diferença temporária entre a base fiscal e a base

contábil do ativo é considerada o fator gerador para o reconhecimento dos

tributos diferidos.

Cuidados devem ser tomados quando da constituição dos tributos

diferidos em empresas que possuem prejuízo fiscal e base negativa da

contribuição social, já que estes saldos não podem ser impactados pela adoção

do valor justo por conta do RTT.

No entanto, a diferença entre a base fiscal e a base contábil para

reconhecimento dos tributos diferidos se utiliza a taxa efetiva esperada de

realização.

Igualmente, há que se ter cuidado especial ao considerar o valor justo

quando o ativo biológico ou produto agrícola é utilizado pela entidade na

produção de outros ativos biológicos ou outros produtos. A diferença entre o

custo e o valor justo no momento da colheita deve acompanhar o produto

agrícola até o período em que o ativo será reconhecido no resultado, exigindo

que os tributos diferidos também sejam postergados até reconhecimento no

resultado.

O capítulo que segue aborda o fluxo de caixa descontado, aplicado aos

ativos biológicos, mais especificamente, da cana-de-açúcar, café, pomar de

laranja, floresta de pinus e eucalipto, bem como soja, milho e algodão,

considerando em todos esses casos, as entradas e saídas de caixa, as demais

premissas existentes, os aspectos contábeis, dentre outros.

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74

CAPÍTULO III − FLUXO DE CAIXA DESCONTADO APLICADO AOS ATIVOS BIOLÓGICOS

Neste capitulo são apresentados exemplos de fluxo de caixa de alguns

ativos biológicos e os aspectos contábeis da mensuração ao valor justo, com o

objetivo de contribuir na definição de um fluxo de caixa descontado, que pode ser

utilizado para mensuração do valor justo de um número elevado de ativos

biológicos que não possuem mercado ativo.

Foram utilizados os seguintes critérios para escolha dos exemplos de

fluxo de caixa que são abordados neste capítulo:

A posição dos produtos agrícolas no ranking da produção e

exportação.

A ausência de mercado ativo para o ativo biológico produtor do

produto agrícola.

Ao considerar estes critérios, são apresentados os exemplos de fluxo de

caixa descontado para os seguintes ativos biológicos:

Lavoura de cana-de-açúcar.

Lavoura de café e pomar de laranja.

Floresta de eucalipto e pinus.

Lavoura de soja, milho e algodão.

Cultivo de peixes

3.1. Fluxo de Caixa Descontado da Cana-de-Açúcar (Grupo 3)

De acordo com os dados da Companhia Nacional de Abastecimento −

CONAB (2013), a área que será colhida e destinada à atividade sucroalcooleira

na safra 2013/2014 está estimada em 893 milhões de hectares e de acordo com

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75

os dados do MAPA (2010), o Brasil foi líder na produção e exportação de açúcar

e ocupou o segundo lugar da produção e líder na exportação de etanol em 2009.

Os preços da cana-de-açúcar são determinados pelo Conselho dos

Produtores de Cana de Açúcar, Açúcar e Álcool − CONSECANA, associação

formada por representantes das indústrias de açúcar e álcool dos plantadores de

cana-de-açúcar. Com o objetivo de estabelecer uma relação justa e equilibrar os

interesses dos plantadores e das indústrias, o conselho criou um sistema de

pagamento de cana-de-açúcar pelo teor de sacarose, com base em critérios

técnicos.

O sistema de pagamento está baseado em um modelo ATR (Açúcar

Total Recuperável), que corresponde à quantidade de açúcar obtida menos a

perda estimada no processo industrial, e nos preços do açúcar e etanol vendidos

pelas usinas, considerando as vendas realizadas no mercado interno e externo.

De acordo com os dados da União da Indústria de Cana-de-Açúcar − ÚNICA,

mesmo com adoção voluntária, o sistema começou a operar na safra 1998/1999,

com 85% dos produtos de cana-de-açúcar sendo comercializados com preços de

mercado.

Os preços calculados pelo sistema são divulgados por meio de circulares

semanais. Porém, não há projeção de preços futuros do ATR.

Não há mercado ativo para cana-de-açúcar pelos seguintes motivos:

A lavoura de cana-de-açúcar se encontra em diversas fases da sua

vida útil e, portanto, se encontra imatura.

O preço divulgado pelas circulares é para a cana colhida (madura) no

período acumulado pela safra e não há qualquer relação com a cana que ainda

se encontra imatura e será colhida futuramente.

Os preços de ATR são calculados com os preços dos produtos

resultantes do processamento após colheita do açúcar e etanol, sujeitos às

variações de preços no mercado.

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76

3.1.1. Modelo para Projeção do ATR

Os preços futuros de açúcar podem ser obtidos com base no mercado

futuro para, no máximo, duas safras. Os preços foram obtidos na

IntercontinentalExchange − ICE, conforme demonstrados na Tabela 3 e no Anexo

II.

Tabela 3 – Preços Futuros Sugar #11 Fonte: ICE (2012)

Os preços de açúcar projetados para as safras futuras (a partir das telas

disponíveis) foram projetados com base na projeção de inflação norte-americana,

estabelecida em 2,5% a.a., conforme demonstrado na Tabela 4.

Tabela 4 – Preços Projetados

Fonte: BM&FBOVESPA (2012)

Os preços foram convertidos utilizando a projeção de câmbio da

BM&FBOVESPA, conforme demonstrado na Tabela 5.

Nome

Commodity

Volume Volume

Total

SB MAR13  1950 1958 1939 1941 1942 -3 17890 335914 141 0 1,695 398 0 3,547 2539 1470

SB MAY13  1942 1967 1942 1954 1953 -5 5228 126496 -140 0 0 20 0 4,121 2475 1455

SB JUL13  1975 1980 1964 1970 1968 -6 4055 123718 -520 0 0 32 100 2,632 2460 1505

SB OCT13  2003 2008 1993 1998 1999 -3 3409 74925 255 0 0 43 0 2,422 2453 1615

SB MAR14  2055 2060 2045 2052 2051 -3 1357 52448 205 0 0 0 0 1,038 2445 1966

SB MAY14  2042 2045 2035 2036 2036 -5 204 13491 -79 0 0 0 0 171 2410 1963

SB JUL14  2033 2034 2028 2028 2026 -6 107 6497 18 0 0 0 0 23 2388 1959

SB OCT14  2025 2038 2025 2034 2029 -6 68 9468 49 0 0 0 0 21 2379 1970

SB MAR15  2054 2059 2050 2054 2050 -4 129 8348 43 0 0 0 0 85 2300 1988

SB MAY15  2051 2051 2051 2051 2044 -7 24 880 -19 0 0 0 0 0 2185 1990

SB JUL15  0 0 0 0 2040 -7 0 1027 0 0 0 0 0 0 2173 1992

SB OCT15  0 0 0 0 2044 -7 0 462 0 0 0 0 0 0 2035 2000

32471 753674 -47 1,695 493 100 14,06

EFSBlock

TradesMáx. Mín.

Sugar-11-Açúcar- (SB) Cotação: Centavos/libra-Tamanho do contrato: 112.000 Lbs. (50 ton metricas)

Mín. Enc.#

Totals for SB :

Preço Variação OI Var. ADJ** EFP

Contrato

(mês)

Pregão eletrônicoFechamento Volume total Contrato

Preços

Abert# Máx.

Preços médios mar/13 mar/14 mar/15 mar/16 mar/17 mar/18 mar/19 mar/20

Açucar VHP (R$/t) 39,31 40,71 40,94 41,96 43,01 44,09 45,19 46,32

Etanol Anidro (R$/1000 l) 1.212 1.245 1.250 1.274 1.298 1.323 1.349 1.375

Etanol Hidratado (R$/1000 l) 1.032 1.059 1.063 1.082 1.102 1.122 1.143 1.164

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Tabela 5 – Projeção Câmbio R$ x Dólar Fonte: BM&FBOVESPA (2012)

Considerando que não há projeção futura para etanol (hidratado ou

anidro), com base nos preços históricos de açúcar, etanol anidro e etanol

hidratado, de maio de 2004 até 31 de dezembro de 2012, calcula-se a correção

entre os produtos, como mostram os Gráficos 4 e 5.

Gráfico 4 − Correlação entre os Preços de Açúcar VHP e Etanol Anidro Carburante Fonte: Elaborado pelo Autor

Data-base: 31/12/2012 Dias

Real x

dólar

Base: 31/03/2013 90 2,070696

Base: 31/03/2014 455 2,187765

Base: 31/03/2015 820 2,3353

Base: 31/03/2016 1186 2,488851

Base: 31/03/2017 1551 2,628644

Base: 31/03/2018 1916 2,777237

Base: 31/03/2019 2281 2,937255

Base: 31/03/2020 2647 3,106656

y = 22,128x + 337,91 R² = 0,4739

0

500

1000

1500

2000

2500

0 10 20 30 40 50 60

EAC

AVHP

AVHP x EAC

Série1

Linear (Série1)

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78

Gráfico 5 − Correlação entre os Preços de Açúcar VHP e Etanol Hidratado Carburante

Fonte: Elaborado pelo Autor

A correção entre o açúcar VHP e o anidro é forte em comparação com a

correlação entre VHP e hidratado.

A projeção dos preços do etanol hidratado foi realizada com base na

regressão linear definida pela fórmula y: 18,836x + 291,82.

A correlação entre anidro e hidratado foi apurada como mostra o Gráfico

6.

Gráfico 6 − Correlação entre Anidro e Hidratado e Regressão Linear

Fonte: Elaborado pelo Autor

y = 18,836x + 291,82 R² = 0,6119

0

200

400

600

800

1000

1200

1400

1600

0 20 40 60

EHC

AVHP

AVHP x EHC

Série1

Linear (Série1)

y = 1,2339x - 61,306 R² = 0,8543

0

500

1000

1500

2000

2500

0 500 1000 1500

EAC

EHC

EAC x EHC

Série1

Linear (Série1)

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79

A projeção do preço de anidro foi realizada utilizando os preços futuros

do etanol hidratado obtidos através da regressão linear pela fórmula: y = 1,2339x

– 61,306.

Foi efetuado o cálculo do valor do ATR com base nos preços projetados,

líquidos dos impostos e frete, considerando o mix de comercialização divulgado

pelo CONSECANA, conforme demonstrado na Tabela 6.

Tabela 6 – Fórmula Simplificada do CONSECANA Fonte: Elaborada pelo Autor

Preços Líquidos 39,31 40,71 40,94 41,96 43,01 44,09 45,19 46,32

NYBOT 11 - Fixação VHP c / lb 18,98 18,61 17,53 16,86 16,36 15,87 15,39 14,91

Preço com Polarização - VHP US$/ton 435,47 426,85 402,14 386,77 375,35 364,15 352,92 342,02

FX (R$/US$) R$/US$ 2,07 2,19 2,34 2,49 2,63 2,78 2,94 3,11

Preço Bruto - Açúcar VHP - ME R$/Ton 901,73 933,85 939,13 962,60 986,67 1.011,34 1.036,62 1.062,53

Impostos sobre a Venda - INSS % 0,25% 0,25% 0,25% 0,25% 0,25% 0,25% 0,25% 0,25%

Preço Líquido - Açúcar VHP - ME R$/Ton 899,48 931,51 936,78 960,20 984,20 1.008,81 1.034,03 1.059,88

- Variação no preço % 3,6% 0,6% 2,5% 2,5% 2,5% 2,5% 2,5%

Preço Bruto - Álcool Anidro MI R$/m3 1.297,38 1.330,87 1.336,37 1.360,86 1.385,96 1.411,68 1.438,05 1.465,08

Impostos sobre a Venda - PIS/COFINS R$/M³ 48,00 48,00 48,00 48,00 48,00 48,00 48,00 48,00

Impostos sobre a Venda - INSS % 2,85% 2,85% 2,85% 2,85% 2,85% 2,85% 2,85% 2,85%

Preço Líquido - Álcool Anidro MI R$/m3 1.212,40 1.244,94 1.250,29 1.274,08 1.298,46 1.323,45 1.349,07 1.375,32

Preço Bruto - Álcool Anidro ME USD 626,54 608,32 572,25 546,78 527,25 508,30 489,59 471,59

FX (R$/US$) R$/US$ 2,07 2,19 2,34 2,49 2,63 2,78 2,94 3,11

Preço Bruto - Álcool Anidro ME R$/m3 1.297,38 1.330,87 1.336,37 1.360,86 1.385,96 1.411,68 1.438,05 1.465,08

Impostos sobre a Venda - INSS % 0,25% 0,25% 0,25% 0,25% 0,25% 0,25% 0,25% 0,25%

Preço Líquido - Álcool Anidro ME R$/m3 1.294,14 1.327,54 1.333,03 1.357,46 1.382,49 1.408,15 1.434,46 1.461,42

Preço Bruto do Álcool Hidratado MI R$/m3 1.269,40 1.300,39 1.305,48 1.328,14 1.351,36 1.375,16 1.399,55 1.424,56

Impostos sobre a Venda - PIS/COFINS R$/M³ 48,00 48,00 48,00 48,00 48,00 48,00 48,00 48,00

Impostos sobre a Venda - ICMS % 12,00% 12,00% 12,00% 12,00% 12,00% 12,00% 12,00% 12,00%

Impostos sobre a Venda - INSS % 2,85% 2,85% 2,85% 2,85% 2,85% 2,85% 2,85% 2,85%

Preço Líquido - Álcool Hidratado MI R$/m3 1.032,26 1.058,63 1.062,97 1.082,24 1.102,01 1.122,26 1.143,02 1.164,30

Frete

Açúcar VHP - ME R$/Ton 65,20 68,46 71,88 75,48 79,25 83,22 87,38 91,75

Álcool Anidro ME R$/m3 65,91 69,20 72,66 76,30 80,11 84,12 88,32 92,74

MIX - Comercialização

Açúcar - ME % 60,62% 60,62% 60,62% 60,62% 60,62% 60,62% 60,62% 60,62%

Álcool Anidro - MI % 18,54% 18,54% 18,54% 18,54% 18,54% 18,54% 18,54% 18,54%

Álcool Anidro - ME % 6,78% 6,78% 6,78% 6,78% 6,78% 6,78% 6,78% 6,78%

Álcool Hidratado - MI % 14,06% 14,06% 14,06% 14,06% 14,06% 14,06% 14,06% 14,06%

Total % 100,00% 100,00% 100,00% 100,00% 100,00% 100,00% 100,00% 100,00%

Preço ATR

Açúcar VHP - ME R$ / Kg ATR 0,4749 0,4913 0,4923 0,5036 0,5151 0,5269 0,5388 0,5511

Álcool Anidro - MI R$ / Kg ATR 0,4265 0,4380 0,4399 0,4482 0,4568 0,4656 0,4746 0,4839

Álcool Anidro - ME R$ / Kg ATR 0,4321 0,4427 0,4434 0,4507 0,4582 0,4658 0,4736 0,4815

Álcool Hidratado - MI R$ / Kg ATR 0,3790 0,3887 0,3903 0,3974 0,4046 0,4121 0,4197 0,4275

Valor aproximado Consecana R$ / Kg ATR 0,4495 0,4637 0,4649 0,4748 0,4849 0,4952 0,5058 0,5165

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80

As áreas são então divididas por estágio de corte, com base no ano de

plantio e também no estágio atual. O rendimento esperado por safra

considerando o estágio é determinado com base, principalmente, nos dados

históricos realizados e com base na projeção feita pelos agrônomos.

Tabela 7 – Área de Colheita por Estágio de Corte e Rendimento Médio por Hectare Projetado

Fonte: Elaborada pelo Autor

As toneladas totais de cana são obtidas pela multiplicação do rendimento

esperado pela área por estágio de corte.

O exemplo do fluxo de caixa descontado para mensuração do valor justo

é apresentado na Tabela 8.

Area de Cana Total SF 12/13 SF 13/14 SF 14/15 SF 15/16 SF 16/17 SF 17/18 SF 18/19 Total

Cana 18 meses ha 6.000

12 Meses ha 1.280

12 MesesInv ha 548

1º Corte ha 6.000 8.000

2º Corte ha 7.000 7.000 8.000

3º Corte ha 9.000 9.000 7.000 8.000

4º Corte ha 7.000 7.000 9.000 7.000 8.000

5º Corte ha 6.000 6.000 7.000 9.000 7.000 8.000

6º Corte ha 5.000 5.000 6.000 7.000 9.000 7.000 8.000

> 6 Cortes ha 15.000 15.000 11.000 6.000 7.000 9.000 7.000 8.000

Area de Colheita 62.828 57.000 48.000 37.000 31.000 24.000 15.000 8.000

(9.000) (11.000) (6.000) (7.000) (9.000) (7.000)

Rendimento Agricola SF 12/13 SF 13/14 SF 14/15 SF 15/16 SF 16/17 SF 17/18 SF 18/19 Total

1º Corte ton/ha 110,00

2º Corte ton/ha 91,00 91,00

3º Corte ton/ha 83,00 83,00 83,00

4º Corte ton/ha 77,00 77,00 77,00 77,00

5º Corte ton/ha 75,00 75,00 75,00 75,00 75,00

6º Corte ton/ha 70,00 70,00 70,00 70,00 70,00 70,00

> 6 Cortes ton/ha 67,00 67,00 67,00 67,00 67,00 67,00 67,00

Rendimento Médio ton/ha 80,84 76,75 74,86 72,26 70,54 68,60 67,00 75,27

Toneladas de Cana Ton 4.608.000 3.684.000 2.770.000 2.240.000 1.693.000 1.029.000 536.000 16.560.000

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81

Tabela 8 – Fluxo de Caixa Descontado para Cana-de-açúcar.

Fonte: Elaborada pelo Autor

Cálculo do TAB:

O cálculo do TAB foi realizado considerando a quantidade de cana

colhida em cada ano do fluxo de caixa descontado, como mostra a Tabela 9.

Tabela 9 – Demonstração do Cálculo do Tax Amortization Benefit

Fonte: Elaborada pelo Autor

Kgs ATR p/ Ton Kgs/Ton 140,00 140,00 140,00 140,00 140,00 140,00 140,00 140,00

Valor ATR R$/Kg 0,5166 0,5382 0,5358 0,5550 0,5727 0,5984 0,5984 0,5278

R$/Ton Cana R$ 72,32 75,35 75,01 77,70 80,17 83,77 83,77 73,89

INSS 2,85% 2,85% 2,85% 2,85% 2,85% 2,85% 2,85% 2,85% 2,85%

Receita Cana Mil R$ 323.754 269.665 201.845 169.092 131.867 83.746 43.623 1.223.592

(-) CCT p/ Ton R$/Ton (20,00) (21,10) (22,26) (23,48) (24,78) (26,14) (27,58) (29,09)

Custo CCT Mil R$ -92.160 -77.732 -61.662 -52.606 -41.947 -26.897 -14.781 -367.785

(-) Tratos p/ há R$/há (1.100,00) (1.160,50) (1.224,33) (1.291,67) (1.362,71) (1.437,66)

(-) Tratos p/ Ton R$/Ton (14,33) (15,50) (16,94) (18,31) (19,86) (19,86) (11,82)

Custo Tratos Mil R$ -52.800 -42.939 -37.954 -31.000 -20.441 -10.647 -195.781

(11.501)

(-) Parceria Ton (1.382.400) (1.105.200) (831.000) (672.000) (507.900) (308.700) (160.800) (4.968.000)

ATR p/ Ton Kgs/Ton 121,9676 121,9676 121,9676 121,9676 121,9676 121,9676 121,9676 121,9676

R$/Ton Cana R$ 63,01 65,64 65,34 67,69 69,85 72,98 72,98 64,37

Custo Parceria/capital Mil R$ -87.098 -72.547 -54.302 -45.490 -35.476 -22.530 -11.736 -329.179

Resultado antes IR Mil R$ 91.696 76.447 47.927 39.996 34.004 23.671 17.106 330.848

IRPJ e CSLL - 34% Mil R$ -31.176 -25.992 -16.295 -13.598 -11.561 -8.048 -5.816 -112.488

Valor de Mercado Mil R$ 60.519 50.455 31.632 26.397 22.443 15.623 11.290 218.359

Periodo meses 6 18 30 42 54 66 78

Fator de Desconto 9,00% 1,0440 1,1380 1,2404 1,3520 1,4737 1,6064 1,7509

Valor Presente Mil R$ 57.967 44.337 25.501 19.524 15.229 9.726 6.448 178.731

Resultado antes IR R$ 91.696 76.447 47.927 39.996 34.004 23.671 17.106 330.848

IRPJ e CSLL - 34% R$ -31.176 -25.992 -16.295 -13.598 -11.561 -8.048 -5.816 -112.488

Fluxo de caixa líquido R$ 60.519 50.455 31.632 26.397 22.443 15.623 11.290 218.359

Periodo meses 6 18 30 42 54 66 78

Fator de Desconto 9,00% 1,0440 1,1380 1,2404 1,3520 1,4737 1,6064 1,7509

Valor Presente R$ 57.967 44.337 25.501 19.524 15.229 9.726 6.448 178.731

Cálculo do TAB

Percentual de amortização anual 28% 22% 17% 14% 10% 6% 3% 100%

Valor presente da amortização 27% 20% 13% 10% 7% 4% 2% 82%

IR e CS 34%

Benefício fiscal 28%

Fator de cálculo do benefício fiscal 1,3888351

Valor justo do fluxo de caixa 248.228

Valor do TAB 69.497

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82

A primeira etapa de elaboração do fluxo de caixa está na divisão da área

efetiva de plantio pelo estágio de corte (idade).

Cada estágio de corte possui um rendimento esperado expresso em

toneladas de cana por hectare (TCH). O rendimento reduz a cada ano de corte.

As projeções de rendimento são geralmente realizadas de acordo com os dados

históricos e projeções da área agrícola, levando em consideração os fatores

climáticos, análise de solo etc.

Ton. Cana SF = Área (hectares) x TCH

3.1.2. Entradas de Caixa

A receita total é definida com base na quantidade de quilos de ATR

projetados para cada safra, multiplicados pelo valor esperado do ATR líquido das

deduções sobre a receita (FUNRURAL). O valor do ATR foi projetado com base

na fórmula do CONSECANA utilizando os preços futuros de açúcar, disponíveis

nas bolsas de mercadorias e futuros e preço esperado futuro de etanol.

O valor em R$ por tonelada de cana foi multiplicado pela quantidade de

cana esperada para cada safra.

Portanto:

R$ / ton. Cana = Kgs ATR/ton. x Valor ATR

Receita Cana (R$) = R$/ton. Cana x ton. Cana SF.

3.1.3. Saídas de Caixa

As saídas de caixa são representadas pelos custos necessários para

obtenção das receitas: CCT, tratos, custo de arrendamento/capital.

Custo CCT (R$) = Ton. cana SF x CCT p/ton.

Page 84: UMA CONTRIBUIÇÃO PARA MENSURAÇÃO DOS ATIVOS … Tadeu de... · mensuração do valor justo para qualquer ativo biológico, por meio de exemplos ... Tabela 14 Contabilização

83

Os CCT (corte, carregamento e transporte) são deduzidos, pois os

preços são definidos na entrada da indústria. O custo de CCT envolve a

utilização de mão de obra manual na colheita, custos das máquinas

colheitadeiras e transporte da cana cortada no campo até a indústria. Os gastos

são considerados variáveis, pois acompanham a quantidade de cana colhida e,

portanto, projetada sobre cada safra a ser colhida.

Custo tratos (R$) = Ton. cana SF (safra seguinte) x tratos p/ton.

Os tratos são realizados anualmente para obtenção da colheita futura.

Considerando que os tratos são realizados pela área plantada, são expressos em

R$/hectare a ser colhido no próximo ano.

Custo de arrendamento/capital (R$) =

% destinado ao produtor x kg ATR / ton. x ton. Cana SF.

Mesmo que a área total da entidade seja própria, o custo de

arrendamento deve ser deduzido do fluxo de caixa descontado para não atribuir o

valor do terreno ao valor do ativo biológico.

3.1.4. Demais Premissas

O custo dos ativos contribuintes foi somado aos custos de tratos e

CCT.

O imposto de renda foi calculado com base na taxa, conforme a

legislação fiscal, aplicado ao resultado do fluxo de caixa antes do imposto de

renda e contribuição social.

A taxa de desconto utilizada foi o WACC da entidade.

O fluxo de caixa foi calculado do ponto de vista do comprador

hipotético ao considerar o benefício da amortização do valor justo (tax

amortization benefit). O benefício foi calculado com base na colheita anual.

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84

Resultado antes IR =

Receita Cana (R$) – (Custos CCT + Custos Tratos)

Valor de Mercado R$ =

Resultado antes IR – (Resultado antes IR x IRPJ e CSLL)

Valor Presente (R$) =

Valor de Mercado (R$) / (Taxa de desconto + 1) ^ período

Valor justo (R$) =

Valor presente (R$) x 1 / (1-Valor presente da amortização anual x 34%)

3.1.5. Aspectos Contábeis

Balanço Patrimonial

As entidades classificavam os gastos realizados para constituição dos

ativos biológicos no ativo circulante e no ativo não circulante. Os gastos

realizados no ativo circulante eram relacionados aos tratos culturais, realizados

anualmente para colheita do ano seguinte, atribuídos à cana em pé. Os gastos

relacionados com o plantio eram classificados dentro do ativo imobilizado e

exauridos pela vida útil do canavial em torno de seis anos em média.

Com a adoção do CPC 29, esses dois componentes são apresentados

como um ativo único no balanço patrimonial, uma vez que a produção agrícola

não pode ser reconhecida separadamente do ativo biológico a que se refere até a

colheita. Como as soqueiras representam o custo mais relevante da cana-de-

açúcar, e não se enquadram na definição de ativo circulante de acordo com o

item 66 do CPC 26 – Apresentação das demonstrações financeiras, os ativos

biológicos são classificados como não circulantes, como mostra a Tabela 10.

Page 86: UMA CONTRIBUIÇÃO PARA MENSURAÇÃO DOS ATIVOS … Tadeu de... · mensuração do valor justo para qualquer ativo biológico, por meio de exemplos ... Tabela 14 Contabilização

85

Tabela 10 – Efeito da Adoção do CPC 29 na Liquidez Fonte: Elaborada pelo Autor

O impacto da adoção do pronunciamento pelas entidades do setor

sucroalcooleiro não se trata somente da mensuração a valor justo, mas também

há impacto no índice de liquidez, já que os tratos culturais, que antes eram

classificados no ativo circulante não podem ser segregados e devem ser

classificados no ativo não circulante.

As três companhias abertas COSAN, São Martinho e Tereos apresentam

no balanço patrimonial os ativos biológicos em rubrica específica no ativo não

circulante.

Demonstração do resultado

As três companhias abertas apresentam a variação no valor justo dos

ativos biológicos dentro do custo dos produtos vendidos.

3.1.6. Divulgação das Principais Premissas

As três companhias abertas divulgaram as seguintes informações

adicionais em suas notas explicativas:

Área estimada de colheita em hectares.

Produtividade média prevista em toneladas de cana por hectare.

Antes da

Lei 11.638

Após a

adoção

da Lei

11.638

ATIVO 450.000 ATIVO 450.000

CIRCULANTE 50.000 CIRCULANTE -

Estoques

Tratos culturais 50.000

NÃO CIRCULANTE NÃO CIRCULANTE

Imobilizado 400.000 Ativos biológicos 450.000

Lavoura de cana-de-açucar 400.000

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86

Quantidade de açúcar total recuperável – ATR (kg).

Preço do Kg do ATR médio projetado (R$/kg).

Segue sugestão das divulgações adicionais que podem auxiliar no

entendimento da determinação do valor justo e a comparação entre as

demonstrações financeiras das empresas do setor sucroalcooleiro:

Quantidade de anos utilizados na projeção.

Área estimada de colheita por safra.

Taxa de desconto utilizada (percentual).

Custo histórico de tratos culturais e plantio.

Se os fluxos foram elaborados em termos reais ou nominais e qual a

taxa de inflação projetada.

Preços projetados de ATR para cada safra e se estão em termos

nominais ou reais.

Custos projetados (CCT, tratos e arrendamento/capital) por safra.

3.2. Fluxo de Caixa Descontado do Café (Grupo 2)

O Brasil é o maior produtor (35% de participação) e exportador (29%)

mundial de café, conforme MAPA (2010) e, por esse motivo, as empresas

internacionais comercializadoras de café são altamente dependentes do café

brasileiro. Dados da CONAB (2013) demonstram que a área plantada com as

espécies arábica e conilon no Brasil totaliza 2,3 milhões de hectares.

Por ser uma commodity, o café possui valor de mercado cotado em

bolsa. O preço cotado em bolsa é utilizado para projeção da receita na

mensuração do valor justo da lavoura de café, que é traduzida pela quantidade

de receita que será gerada na vida útil.

As principais premissas utilizadas foram:

Vida útil econômica do cafezal: 20 safras após plantio, ou seja, 23

anos de vida útil econômica.

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87

Para os talhões com idade superior a 23 anos a partir da data do

plantio, somente foi projetado mais seis safras de produção.

Primeiro ano de produção: 3º ano após o plantio.

Até a primeira poda, são obtidos 10 anos produtivos.

Se for considerada a recepa, somente 1 deve ser considerada aos 13

anos, pois a segunda teria um novo plantio.

Ao considerar a vida útil de 20 anos, se teria a primeira poda aos 13

anos (safra contínua de 10 anos). Se for decote ou esqueletamento, considerar

também outra poda aos 18 anos.

Após o plantio, o segundo ano é chamado de formação.

Não foi considerada a colheita após a eliminação.

A bianualidade não foi considerada, pois a entidade trabalha com

produção equilibrada com mesmo volume médio por safra, sem considerar os

preços do café no mercado.

Amortização: não está sendo considerada no fluxo de caixa.

Adubos e defensivos não costumam ter variação nos custos, por conta

da colheita ou formação.

As áreas com plantio condensado foram destacadas das áreas com

plantio normal, pois o custo por hectare da colheita é maior e a produtividade,

consequentemente, também é maior.

O fluxo de caixa elaborado segue apresentado na Tabela 11.

Page 89: UMA CONTRIBUIÇÃO PARA MENSURAÇÃO DOS ATIVOS … Tadeu de... · mensuração do valor justo para qualquer ativo biológico, por meio de exemplos ... Tabela 14 Contabilização

88

Av

alia

çã

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2014

2015

2016

2017

2018

2019

2020

2021

2022

2023

2024

2025

Valo

r (%

)4,5

%4,5

%4,5

%4,5

%4,5

%4,5

%4,5

%4,5

%4,5

%4,5

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%4,5

%

Ano

2.0

13

2.0

14

2.0

15

2.0

16

2.0

17

2.0

18

2.0

19

2.0

20

2.0

21

2.0

22

2.0

23

2.0

24

2.0

25

Pre

mis

sas (

R$/h

a):

Adubação

1.0

00

R$

1.0

45

R$

1.0

92

R$

1.1

41

R$

1.1

93

R$

1.2

46

R$

1.3

02

R$

1.3

61

R$

1.4

22

R$

1.4

86

R$

1.5

53

R$

1.6

23

R$

1.6

96

R$

Defe

nsiv

os

500

R$

523

R$

546

R$

571

R$

596

R$

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R$

651

R$

680

R$

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R$

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R$

776

R$

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R$

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R$

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R$

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900

R$

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R$

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R$

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R$

1.1

22

R$

1.1

72

R$

1.2

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R$

1.2

80

R$

1.3

37

R$

1.3

98

R$

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R$

1.5

26

R$

Tra

tos C

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00

R$

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R$

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R$

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31

R$

1.4

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R$

1.5

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R$

1.6

33

R$

1.7

07

R$

1.7

83

R$

1.8

64

R$

1.9

47

R$

2.0

35

R$

Indireto

2.0

00

R$

2.0

90

R$

2.1

84

R$

2.2

82

R$

2.3

85

R$

2.4

92

R$

2.6

05

R$

2.7

22

R$

2.8

44

R$

2.9

72

R$

3.1

06

R$

3.2

46

R$

3.3

92

R$

Áre

a t

ota

l2.6

00

2.6

00

2.6

00

2.6

00

2.6

00

2.6

00

2.6

00

2.6

00

2.6

00

2.6

00

2.6

00

2.6

00

2.6

00

Pro

dução

2.3

40

2.3

40

2.3

40

2.3

40

2.3

40

2.3

40

2.3

40

2.3

40

2.3

40

2.3

40

2.3

40

2.3

40

2.3

40

Á

rea e

m m

anute

nção

-10%

-10%

-10%

-10%

-10%

-10%

-10%

-10%

-10%

-10%

-10%

-10%

-10%

Vo

lum

e c

olh

ido

(sc/h

a)

30,0

0

30,0

0

30,0

0

30,0

0

30,0

0

30,0

0

30,0

0

30,0

0

30,0

0

30,0

0

30,0

0

30,0

0

30,0

0

Vo

lum

e c

olh

ido

(sc)

70.2

00

70.2

00

70.2

00

70.2

00

70.2

00

70.2

00

70.2

00

70.2

00

70.2

00

70.2

00

70.2

00

70.2

00

70.2

00

Pre

ço

(sc 6

0kg

)373

R$

339

R$

410

R$

427

R$

443

R$

459

R$

475

R$

491

R$

507

R$

524

R$

540

R$

556

R$

572

R$

Receita B

ruta

26.1

67.2

86

R$

23.7

64.3

30

R$

28.8

08.9

64

R$

29.9

45.6

18

R$

31.0

82.2

71

R$

32.2

17.3

70

R$

33.3

52.4

69

R$

34.4

89.1

23

R$

35.6

25.7

77

R$

36.7

60.8

76

R$

37.8

95.9

75

R$

39.0

32.6

29

R$

40.1

69.2

82

R$

Fre

te24

(1.7

60.6

16)

R$

(1.8

39.8

44)

R$

(1

.922.6

37)

R$

(2

.009.1

55)

R$

(2

.099.5

67)

R$

(2

.194.0

48)

R$

(2

.292.7

80)

R$

(2

.395.9

55)

R$

(2

.503.7

73)

R$

(2

.616.4

43)

R$

(2

.734.1

83)

R$

(2

.857.2

21)

R$

(2

.985.7

96)

R$

Receita líq

uid

a24.4

06.6

70

R$

21.9

24.4

86

R$

26.8

86.3

27

R$

27.9

36.4

62

R$

28.9

82.7

04

R$

30.0

23.3

23

R$

31.0

59.6

89

R$

32.0

93.1

68

R$

33.1

22.0

04

R$

34.1

44.4

33

R$

35.1

61.7

92

R$

36.1

75.4

08

R$

37.1

83.4

86

R$

Custo

s

Adubação

(2.6

00.0

00)

R$

(2.7

17.0

00)

R$

(2

.839.2

65)

R$

(2

.967.0

32)

R$

(3

.100.5

48)

R$

(3

.240.0

73)

R$

(3

.385.8

76)

R$

(3

.538.2

41)

R$

(3

.697.4

62)

R$

(3

.863.8

47)

R$

(4

.037.7

20)

R$

(4

.219.4

18)

R$

(4

.409.2

92)

R$

Defe

nsiv

os

(1.3

00.0

00)

R$

(1.3

58.5

00)

R$

(1

.419.6

33)

R$

(1

.483.5

16)

R$

(1

.550.2

74)

R$

(1

.620.0

37)

R$

(1

.692.9

38)

R$

(1

.769.1

20)

R$

(1

.848.7

31)

R$

(1

.931.9

24)

R$

(2

.018.8

60)

R$

(2

.109.7

09)

R$

(2

.204.6

46)

R$

Contr

ole

Erv

as D

anin

has

(1.3

00.0

00)

R$

(1.3

58.5

00)

R$

(1

.419.6

33)

R$

(1

.483.5

16)

R$

(1

.550.2

74)

R$

(1

.620.0

37)

R$

(1

.692.9

38)

R$

(1

.769.1

20)

R$

(1

.848.7

31)

R$

(1

.931.9

24)

R$

(2

.018.8

60)

R$

(2

.109.7

09)

R$

(2

.204.6

46)

R$

Colh

eita

(2.1

06.0

00)

R$

(2.2

00.7

70)

R$

(2

.299.8

05)

R$

(2

.403.2

96)

R$

(2

.511.4

44)

R$

(2

.624.4

59)

R$

(2

.742.5

60)

R$

(2

.865.9

75)

R$

(2

.994.9

44)

R$

(3

.129.7

16)

R$

(3

.270.5

54)

R$

(3

.417.7

29)

R$

(3

.571.5

26)

R$

Tra

tos C

ultura

is(3

.120.0

00)

R$

(3.2

60.4

00)

R$

(3

.407.1

18)

R$

(3

.560.4

38)

R$

(3

.720.6

58)

R$

(3

.888.0

88)

R$

(4

.063.0

52)

R$

(4

.245.8

89)

R$

(4

.436.9

54)

R$

(4

.636.6

17)

R$

(4

.845.2

65)

R$

(5

.063.3

02)

R$

(5

.291.1

50)

R$

Indireto

(5.2

00.0

00)

R$

(5.4

34.0

00)

R$

(5

.678.5

30)

R$

(5

.934.0

64)

R$

(6

.201.0

97)

R$

(6

.480.1

46)

R$

(6

.771.7

53)

R$

(7

.076.4

82)

R$

(7

.394.9

23)

R$

(7

.727.6

95)

R$

(8

.075.4

41)

R$

(8

.438.8

36)

R$

(8

.818.5

83)

R$

Tota

l(1

5.6

26.0

00)

R$

(1

6.3

29.1

70)

R$

(17.0

63.9

83)

R$

(17.8

31.8

62)

R$

(18.6

34.2

96)

R$

(19.4

72.8

39)

R$

(20.3

49.1

17)

R$

(21.2

64.8

27)

R$

(22.2

21.7

44)

R$

(23.2

21.7

23)

R$

(24.2

66.7

00)

R$

(25.3

58.7

02)

R$

(26.4

99.8

43)

R$

Resultado o

pera

cio

nal ante

s d

o c

usto

de c

apital

8.7

80.6

70

R$

5.5

95.3

16

R$

9.8

22.3

44

R$

10.1

04.6

00

R$

10.3

48.4

08

R$

10.5

50.4

84

R$

10.7

10.5

73

R$

10.8

28.3

41

R$

10.9

00.2

60

R$

10.9

22.7

10

R$

10.8

95.0

92

R$

10.8

16.7

06

R$

10.6

83.6

43

R$

R$/h

á/a

no

Arr

endam

ento

/custo

de c

apital

150

(390.0

00)

R$

(390.0

00)

R$

(3

90.0

00)

R$

(390.0

00)

R$

(390.0

00)

R$

(390.0

00)

R$

(390.0

00)

R$

(390.0

00)

R$

(390.0

00)

R$

(390.0

00)

R$

(390.0

00)

R$

(390.0

00)

R$

(390.0

00)

R$

Resultado o

pera

cio

nal

8.3

90.6

70

R$

5.2

05.3

16

R$

9.4

32.3

44

R$

9.7

14.6

00

R$

9.9

58.4

08

R$

10.1

60.4

84

R$

10.3

20.5

73

R$

10.4

38.3

41

R$

10.5

10.2

60

R$

10.5

32.7

10

R$

10.5

05.0

92

R$

10.4

26.7

06

R$

10.2

93.6

43

R$

Tributo

s s

obre

a r

enda

34%

(2.8

52.8

28)

R$

(1.7

69.8

08)

R$

(3

.206.9

97)

R$

(3

.302.9

64)

R$

(3

.385.8

59)

R$

(3

.454.5

64)

R$

(3

.508.9

95)

R$

(3

.549.0

36)

R$

(3

.573.4

88)

R$

(3

.581.1

22)

R$

(3

.571.7

31)

R$

(3

.545.0

80)

R$

(3

.499.8

39)

R$

Resultado líq

uid

o5.5

37.8

42

R$

3.4

35.5

09

R$

6.2

25.3

47

R$

6.4

11.6

36

R$

6.5

72.5

50

R$

6.7

05.9

19

R$

6.8

11.5

78

R$

6.8

89.3

05

R$

6.9

36.7

71

R$

6.9

51.5

89

R$

6.9

33.3

61

R$

6.8

81.6

26

R$

6.7

93.8

04

R$

Fato

r de d

esconto

8,2

1%

0,9

24129

0,8

54014

0,7

89220

0,7

29341

0,6

74005

0,6

22867

0,5

75610

0,5

31938

0,4

91579

0,4

54283

0,4

19816

0,3

87964

0,3

58529

Va

lor

pre

se

nte

do

Flu

xo

62.5

31.5

60

R$

5.1

17.6

81

R$

2.9

33.9

74

R$

4.9

13.1

66

R$

4.6

76.2

67

R$

4.4

29.9

30

R$

4.1

76.8

99

R$

3.9

20.8

11

R$

3.6

64.6

82

R$

3.4

09.9

72

R$

3.1

57.9

85

R$

2.9

10.7

33

R$

2.6

69.8

22

R$

2.4

35.7

73

R$

lcu

lo d

e T

AB

- P

wC

Período d

e a

mort

ização

Am

ort

ização -

pro

dutivi

dade a

nual

4,0

0%

4,0

0%

4,0

0%

4,0

0%

4,0

0%

4,0

0%

4,0

0%

4,0

0%

4,0

0%

4,0

0%

4,0

0%

4,0

0%

4,0

0%

Valo

r pre

sente

da a

mort

ização

3,7

0%

3,4

2%

3,1

6%

2,9

2%

2,7

0%

2,4

9%

2,3

0%

2,1

3%

1,9

7%

1,8

2%

1,6

8%

1,5

5%

1,4

3%

,

Som

a d

o v

alo

r pre

sente

41,9

4%

Tota

l de b

enefício

14%

Fato

r de c

onve

rsão

1,1

66330566

lcu

lo d

o T

AB

TA

B10.4

00.9

10

R$

Va

lor

tota

l d

o a

tivo

72.9

32.4

70

R$

Page 90: UMA CONTRIBUIÇÃO PARA MENSURAÇÃO DOS ATIVOS … Tadeu de... · mensuração do valor justo para qualquer ativo biológico, por meio de exemplos ... Tabela 14 Contabilização

89

Av

alia

çã

o d

e a

tiv

os

bio

lóg

ico

s -

ca

fez

al

Te

mp

o p

ara

ta

xa

de

de

sco

nto

14,0

15,0

16,0

17,0

18,0

19,0

20,0

21,0

22,0

23,0

24,0

25,0

To

tal

Pro

jeção

de

in

flação

IP

CA

- F

on

te: 2012 a

2015 F

ocu

s e

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ós 2

015 -

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o d

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eta

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CE

N)

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2027

2028

2029

2030

2031

2032

2033

2034

2035

2036

2037

Valo

r (%

)4,5

%4,5

%4,5

%4,5

%4,5

%4,5

%4,5

%4,5

%4,5

%4,5

%4,5

%4,5

%

Ano

2.0

26

2.0

27

2.0

28

2.0

29

2.0

30

2.0

31

2.0

32

2.0

33

2.0

34

2.0

35

2.0

36

2.0

37

Pre

mis

sas (

R$/h

a):

Adubação

1.7

72

R$

1.8

52

R$

1.9

35

R$

2.0

22

R$

2.1

13

R$

2.2

08

R$

2.3

08

R$

2.4

12

R$

2.5

20

R$

2.6

34

R$

2.7

52

R$

2.8

76

R$

44.5

65

R$

Defe

nsiv

os

886

R$

926

R$

968

R$

1.0

11

R$

1.0

57

R$

1.1

04

R$

1.1

54

R$

1.2

06

R$

1.2

60

R$

1.3

17

R$

1.3

76

R$

1.4

38

R$

22.2

83

R$

Contr

ole

Erv

as D

anin

has

886

R$

926

R$

968

R$

1.0

11

R$

1.0

57

R$

1.1

04

R$

1.1

54

R$

1.2

06

R$

1.2

60

R$

1.3

17

R$

1.3

76

R$

1.4

38

R$

22.2

83

R$

Colh

eita

1.5

95

R$

1.6

67

R$

1.7

42

R$

1.8

20

R$

1.9

02

R$

1.9

88

R$

2.0

77

R$

2.1

71

R$

2.2

68

R$

2.3

70

R$

2.4

77

R$

2.5

88

R$

40.1

09

R$

Tra

tos C

ultura

is2.1

27

R$

2.2

22

R$

2.3

22

R$

2.4

27

R$

2.5

36

R$

2.6

50

R$

2.7

69

R$

2.8

94

R$

3.0

24

R$

3.1

60

R$

3.3

03

R$

3.4

51

R$

53.4

78

R$

Indireto

3.5

44

R$

3.7

04

R$

3.8

71

R$

4.0

45

R$

4.2

27

R$

4.4

17

R$

4.6

16

R$

4.8

23

R$

5.0

40

R$

5.2

67

R$

5.5

04

R$

5.7

52

R$

89.1

30

R$

Áre

a t

ota

l2.6

00

2.6

00

2.6

00

2.6

00

2.6

00

2.6

00

2.6

00

2.6

00

2.6

00

2.6

00

2.6

00

2.6

00

Pro

dução

2.3

40

2.3

40

2.3

40

2.3

40

2.3

40

2.3

40

2.3

40

2.3

40

2.3

40

2.3

40

2.3

40

2.3

40

Á

rea e

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nção

-10%

-10%

-10%

-10%

-10%

-10%

-10%

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-10%

-10%

-10%

-10%

Vo

lum

e c

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ido

(sc/h

a)

30,0

0

30,0

0

30,0

0

30,0

0

30,0

0

30,0

0

30,0

0

30,0

0

30,0

0

30,0

0

30,0

0

30,0

0

Vo

lum

e c

olh

ido

(sc)

70.2

00

70.2

00

70.2

00

70.2

00

70.2

00

70.2

00

70.2

00

70.2

00

70.2

00

70.2

00

70.2

00

70.2

00

1.7

55.0

00

Pre

ço

(sc 6

0kg

)588

R$

605

R$

621

R$

637

R$

653

R$

669

R$

685

R$

702

R$

718

R$

734

R$

750

R$

766

R$

Receita B

ruta

41.3

04.3

81

R$

42.4

39.4

80

R$

43.5

76.1

34

R$

44.7

12.7

88

R$

45.8

47.8

87

R$

46.9

82.9

86

R$

48.1

19.6

39

R$

49.2

56.2

93

R$

50.3

91.3

92

R$

51.5

26.4

91

R$

52.6

63.1

45

R$

53.7

99.7

99

R$

999.9

32.3

86

R$

Fre

te(3

.120.1

57)

R$

(3

.260.5

64)

R$

(3

.407.2

89)

R$

(3

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17)

R$

(3

.720.8

45)

R$

(3

.888.2

83)

R$

(4

.063.2

56)

R$

(4

.246.1

02)

R$

(4

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77)

R$

(4

.636.8

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R$

(4

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R$

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.063.5

56)

R$

(7

8.4

62.2

22)

R$

Receita líq

uid

a38.1

84.2

24

R$

39.1

78.9

16

R$

40.1

68.8

45

R$

41.1

52.1

71

R$

42.1

27.0

42

R$

43.0

94.7

03

R$

44.0

56.3

84

R$

45.0

10.1

91

R$

45.9

54.2

15

R$

46.8

89.6

41

R$

47.8

17.6

37

R$

48.7

36.2

43

R$

921.4

70.1

64

R$

Custo

s

Adubação

(4.6

07.7

10)

R$

(4

.815.0

57)

R$

(5

.031.7

34)

R$

(5

.258.1

62)

R$

(5

.494.7

80)

R$

(5

.742.0

45)

R$

(6

.000.4

37)

R$

(6

.270.4

56)

R$

(6

.552.6

27)

R$

(6

.847.4

95)

R$

(7

.155.6

33)

R$

(7

.477.6

36)

R$

(1

15.8

69.5

46)

R$

Defe

nsiv

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(2.3

03.8

55)

R$

(2

.407.5

28)

R$

(2

.515.8

67)

R$

(2

.629.0

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R$

(2

.747.3

90)

R$

(2

.871.0

22)

R$

(3

.000.2

18)

R$

(3

.135.2

28)

R$

(3

.276.3

14)

R$

(3

.423.7

48)

R$

(3

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16)

R$

(3

.738.8

18)

R$

(5

7.9

34.7

73)

R$

Contr

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as D

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(2.3

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55)

R$

(2

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28)

R$

(2

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67)

R$

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R$

(2

.747.3

90)

R$

(2

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22)

R$

(3

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18)

R$

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.135.2

28)

R$

(3

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14)

R$

(3

.423.7

48)

R$

(3

.577.8

16)

R$

(3

.738.8

18)

R$

(5

7.9

34.7

73)

R$

Colh

eita

(3.7

32.2

45)

R$

(3

.900.1

96)

R$

(4

.075.7

05)

R$

(4

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12)

R$

(4

.450.7

72)

R$

(4

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56)

R$

(4

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54)

R$

(5

.079.0

70)

R$

(5

.307.6

28)

R$

(5

.546.4

71)

R$

(5

.796.0

62)

R$

(6

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85)

R$

(9

3.8

54.3

33)

R$

Tra

tos C

ultura

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.529.2

52)

R$

(5

.778.0

68)

R$

(6

.038.0

81)

R$

(6

.309.7

95)

R$

(6

.593.7

36)

R$

(6

.890.4

54)

R$

(7

.200.5

24)

R$

(7

.524.5

48)

R$

(7

.863.1

52)

R$

(8

.216.9

94)

R$

(8

.586.7

59)

R$

(8

.973.1

63)

R$

(1

39.0

43.4

56)

R$

Indireto

(9.2

15.4

20)

R$

(9

.630.1

14)

R$

(1

0.0

63.4

69)

R$

(10.5

16.3

25)

R$

(10.9

89.5

59)

R$

(11.4

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90)

R$

(12.0

00.8

74)

R$

(12.5

40.9

13)

R$

(13.1

05.2

54)

R$

(13.6

94.9

90)

R$

(14.3

11.2

65)

R$

(14.9

55.2

72)

R$

(231.7

39.0

93)

R$

Tota

l(2

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36)

R$

(28.9

38.4

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R$

(30.2

40.7

23)

R$

(31.6

01.5

56)

R$

(33.0

23.6

26)

R$

(34.5

09.6

89)

R$

(36.0

62.6

25)

R$

(37.6

85.4

43)

R$

(39.3

81.2

88)

R$

(41.1

53.4

46)

R$

(43.0

05.3

51)

R$

(44.9

40.5

92)

R$

(696.3

75.9

74)

R$

Resultado o

pera

cio

nal ante

s d

o c

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0.4

91.8

88

R$

10.2

40.4

25

R$

9.9

28.1

21

R$

9.5

50.6

15

R$

9.1

03.4

16

R$

8.5

85.0

13

R$

7.9

93.7

58

R$

7.3

24.7

48

R$

6.5

72.9

27

R$

5.7

36.1

95

R$

4.8

12.2

85

R$

3.7

95.6

51

R$

225.0

94.1

90

R$

Arr

endam

ento

/custo

de c

apital

(390.0

00)

R$

(390.0

00)

R$

(390.0

00)

R$

(390.0

00)

R$

(390.0

00)

R$

(390.0

00)

R$

(390.0

00)

R$

(390.0

00)

R$

(390.0

00)

R$

(390.0

00)

R$

(390.0

00)

R$

(390.0

00)

R$

(9.7

50.0

00)

R$

Resultado o

pera

cio

nal

10.1

01.8

88

R$

9.8

50.4

25

R$

9.5

38.1

21

R$

9.1

60.6

15

R$

8.7

13.4

16

R$

8.1

95.0

13

R$

7.6

03.7

58

R$

6.9

34.7

48

R$

6.1

82.9

27

R$

5.3

46.1

95

R$

4.4

22.2

85

R$

3.4

05.6

51

R$

215.3

44.1

90

R$

Tributo

s s

obre

a r

enda

(3.4

34.6

42)

R$

(3

.349.1

44)

R$

(3

.242.9

61)

R$

(3

.114.6

09)

R$

(2

.962.5

61)

R$

(2

.786.3

05)

R$

(2

.585.2

78)

R$

(2

.357.8

14)

R$

(2

.102.1

95)

R$

(1

.817.7

06)

R$

(1

.503.5

77)

R$

(1

.157.9

21)

R$

(7

3.2

17.0

25)

R$

Resultado líq

uid

o6.6

67.2

46

R$

6.5

01.2

80

R$

6.2

95.1

60

R$

6.0

46.0

06

R$

5.7

50.8

54

R$

5.4

08.7

09

R$

5.0

18.4

81

R$

4.5

76.9

33

R$

4.0

80.7

32

R$

3.5

28.4

89

R$

2.9

18.7

08

R$

2.2

47.7

29

R$

142.1

27.1

66

R$

Fato

r de d

esconto

0,3

31327

0,3

06189

0,2

82958

0,2

61489

0,2

41650

0,2

23316

0,2

06373

0,1

90715

0,1

76245

0,1

62873

0,1

50516

0,1

39096

Va

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pre

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nte

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Flu

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2.2

09.0

37

R$

1.9

90.6

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R$

1.7

81.2

65

R$

1.5

80.9

67

R$

1.3

89.6

94

R$

1.2

07.8

50

R$

1.0

35.6

77

R$

872.8

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R$

719.2

09

R$

574.6

97

R$

439.3

12

R$

312.6

50

R$

62.5

31.5

60

R$

lcu

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AB

- P

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Período d

e a

mort

ização

Am

ort

ização -

pro

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4,0

0%

4,0

0%

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0%

4,0

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0%

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0%

4,0

0%

4,0

0%

4,0

0%

4,0

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4,0

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4,0

0%

100,0

0%

Valo

r pre

sente

da a

mort

ização

1,3

3%

1,2

2%

1,1

3%

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7%

0,8

9%

0,8

3%

0,7

6%

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0,6

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0,6

0%

0,5

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0%

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ab

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11 –

Flu

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uto

r

Page 91: UMA CONTRIBUIÇÃO PARA MENSURAÇÃO DOS ATIVOS … Tadeu de... · mensuração do valor justo para qualquer ativo biológico, por meio de exemplos ... Tabela 14 Contabilização

90

3.2.1. Entradas de Caixa

O planejamento de poda foi utilizado como base para a projeção da

produção dos talhões.

Em torno de 15% a 20% das áreas não apresentam produção (estaleiro).

Receita (R$) =

Produção por safra (sacas) x preço projetado saca 60 kg.

Produção por safra (sacas) =

Área produtiva x quantidade de sacas de 60 kg produzidas por hectare

Os preços futuros foram obtidos nas bolsas de mercadorias e futuros

nacionais e internacionais (BM&FBOVESPA e ICE). O mercado mais relevante

foi escolhido.

O preço futuro em dólares foi convertido para reais utilizando a projeção

do dólar que foi obtida no Banco Central.

A quantidade de sacas produzidas por hectare foi projetada com base na

produtividade média obtida nas últimas cinco safras.

Os preços cotados em bolsa foram deduzidos do frete para transporte

dos produtos até o porto, estimados em reais por saca produzida e transportada.

3.2.2. Saídas de Caixa

Os custos foram projetados com base nos custos históricos e

compreendem as seguintes atividades por hectare plantado:

Adubação.

Defensivos.

Controle de ervas daninha.

Colheita.

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91

Tratos culturais.

Custos indiretos da equipe da área agrícola.

O custo de arrendamento foi calculado com base nos contratos

realizados na região, determinados em 3,5 sacas produzidas por hectare

plantado.

3.2.3. Demais Premissas

A taxa de desconto utilizada foi o WACC da entidade, pois não há

dados públicos de empresa do mesmo segmento no Brasil.

O benefício da amortização dos tributos foi calculado com base na

produção de sacas por safra.

3.2.4. Aspectos Contábeis

O fluxo de caixa é projetado por mais de 20 anos a partir da data atual e

dependendo do preço de mercado futuro, pode resultar em ganhos e perdas que

devem ser reconhecidas no resultado da entidade. Além disso, ao colher o café,

a entidade precisa mensurá-lo ao valor justo no momento da colheita.

Apresenta-se na Tabela 12 um exemplo de apuração do valor justo do

café colhido.

Tabela 12 − Apuração do Valor Justo do Café Colhido por Safra Fonte: Elaborada pelo Autor

Sacas Reais

Preço

líquido

de

venda

em

07/2009

Valor justo Sacas Reais

Preço

líquido

de venda

em

07/2010

Valor justo

Safras remanescentes9 2.535R$ 269,70 2.427R$ - -R$ -R$ -R$

Safra 2006/2007 41 8.630R$ 269,70 11.058R$ - -R$ -R$ -R$

Safra 2007/20086.473 1.660.259R$ 269,70 1.745.768R$ 657 170.435R$ 269,70R$ 177.193R$

Safra 2008/200952.657 13.291.057R$ 276,42 14.555.448R$ 8.383 2.314.264R$ 276,42R$ 2.317.229R$

Safra 2009/2010 - -R$ - -R$ 52.348 11.924.305R$ 357,89R$ 18.734.826R$

Safra 2010/2011 - -R$ - -R$ - -R$ -R$ -R$

Safra 2011/2012

59.180 14.962.481R$ 16.314.701R$ 61.388 14.409.004R$ 21.229.247R$

Contábil 31/12/2009 Contábil 31/12/2010

Page 93: UMA CONTRIBUIÇÃO PARA MENSURAÇÃO DOS ATIVOS … Tadeu de... · mensuração do valor justo para qualquer ativo biológico, por meio de exemplos ... Tabela 14 Contabilização

92

A entidade possuía 52.657 sacas colhidas na safra 2008/2009 ao custo

contábil de R$ 13.291.057. O valor justo no momento da colheita, calculado com

base no valor de mercado da saca, totalizou R$ 14.555.448, que resulta no

seguinte lançamento contábil:

Débito: estoque safra 2008/2009 R$ 1.264.391.

Crédito: variação no valor justo dos ativos biológicos R$ 1.263.391.

Débito: tributos diferidos DRE: R$ 429.893.

Crédito: tributos diferidos passivos R$ 429.893.

Após efetuar o lançamento contábil, o estoque da entidade foi

reconhecido ao valor de mercado no momento da colheita. As variações no valor

de mercado somente serão reconhecidas se houver redução ao valor realizável

líquido. Dessa forma, a posição patrimonial da entidade fica prejudicada, pois não

há demonstração se a entidade foi eficiente no controle de custo, nem demonstra

o valor de mercado se estiver superior ao valor de mercado atribuído no

momento da colheita.

3.2.5. Divulgação das Principais Premissas

Nenhuma companhia aberta divulgou informações sobre o valor justo dos

ativos biológicos lavoura de café. Portanto, não foram avaliadas as divulgações

realizadas atualmente.

Seguem relacionadas as divulgações adicionais que podem auxiliar no

entendimento da determinação do valor justo, bem como a comparação entre as

demonstrações financeiras das empresas do setor:

Quantidade de anos utilizados na projeção.

Área estimada de colheita por safra e quantidade de sacas.

Taxa de desconto utilizada (percentual).

Custo histórico de tratos culturais e plantio.

Se os fluxos foram elaborados em termos reais ou nominais e qual a

taxa de inflação projetada.

Page 94: UMA CONTRIBUIÇÃO PARA MENSURAÇÃO DOS ATIVOS … Tadeu de... · mensuração do valor justo para qualquer ativo biológico, por meio de exemplos ... Tabela 14 Contabilização

93

Preços projetados para cada safra e se estão em termos nominais ou

reais.

Custos projetados (podas, tratos e arrendamento/capital) por safra.

3.2.6. Observações

O valor justo da lavoura de café é projetado com base na produção

esperada de frutos futura ao longo de uma vida útil extensa (aproximadamente 25

anos). O valor justo calculado considera que haverá colheita em todas as safras

futuras de produtos agrícolas que ainda nem existem. O fluxo de caixa

descontado reconhece no resultado da entidade o ganho do valor justo de

maneira exponencial ao longo da vida útil do ativo, enquanto a produção de

sacas é realizada de maneira linear pelos anos produtivos. Dessa forma, tem-se

a seguinte diferença:

Enquanto o custo de formação é apropriado ao resultado de forma

sistemática, o valor justo é praticamente todo reconhecido na primeira

mensuração a valor justo, logo após o período de crescimento significativo. No

exemplo supracitado, o valor justo foi mensurado a partir do 3º ano após o

plantio, período em que a primeira colheita é realizada.

A mensuração a valor justo antecipa todos os ganhos futuros decorrentes

da produção dos frutos que ainda nem existem.

Os custos foram projetados com base em Teixeira et al. (2001) e o valor

justo foi calculado conforme mostra a Tabela 11.

3.3. Fluxo de Caixa Descontado do Pomar de Laranja (Grupo 2)

Os dados do MAPA (2010) colocam o Brasil na liderança da produção e

exportação de suco de laranja no ano de 2009. A área ocupada com laranja no

estado de São Paulo é de 569 mil hectares, conforme dados divulgados pela

CONAB (2011).

Page 95: UMA CONTRIBUIÇÃO PARA MENSURAÇÃO DOS ATIVOS … Tadeu de... · mensuração do valor justo para qualquer ativo biológico, por meio de exemplos ... Tabela 14 Contabilização

94

O fluxo de caixa do pomar de laranja é muito similar ao fluxo de caixa da

lavoura de café. Por esse motivo, são abordadas somente as principais

premissas.

3.3.1. Entradas de Caixa

A receita foi obtida pela multiplicação do preço da caixa de laranja pelo

volume projetado de caixas de laranja a serem produzidas em cada ano. O preço

utilizado já é líquido de gastos de colheita e frete. (Fonte: Instituto de Economia

Agrícola- IEA – mercado ativo).

3.3.2. Saídas de Caixa

São representadas pelos custos de mão de obra, adubos, defensivos,

custos de combustível, serviços de terceiros e arrendamento de terceiros.

Os custos de ativos que contribuem para elaboração do fluxo de caixa

descontado foram incluídos e são representados pelas terras próprias e

imobilizado (máquinas utilizadas na colheita e tratos culturais).

3.3.3. Demais Premissas

Os impostos foram deduzidos do fluxo de caixa descontado (correntes) e,

inclusive, foi considerado o benefício do valor justo.

O fluxo de caixa do pomar de laranja pode ser apresentado como mostra

a Tabela 13.

Page 96: UMA CONTRIBUIÇÃO PARA MENSURAÇÃO DOS ATIVOS … Tadeu de... · mensuração do valor justo para qualquer ativo biológico, por meio de exemplos ... Tabela 14 Contabilização

95

Tabela 13 − Fluxo de Caixa Descontado para Pomar de Laranja. Fonte: Elaborada pelo Autor

3.3.4. Aspectos Contábeis

A Tabela 14 apresenta um exemplo hipotético demonstra os lançamentos

a serem realizados decorrentes da mensuração a valor justo do pomar de laranja.

Tabela 14 − Contabilização do Custo Contábil e Valor Justo do Pomar de Laranja Fonte: Elaborada pelo Autor

Período de desconto 0,5 1,5 2,5 3,5 4,5 5,5 6,5 7,5 8,5

Taxa de desconto 8,9% a.a. 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020

Produção de laranja Caixas '000 20.997 18.657 19.426 20.113 20.588 20.566 19.737 19.235 19.017

Preço R$/ ca ixa 8,5 8,5 8,5 8,5 8,5 8,5 8,5 8,5 8,5

Receita R$ mi l 178.938 158.995 165.552 171.405 175.454 175.267 168.201 163.925 162.066

Custos e despesas R$ mi l (24.225) (107.341) (106.635) (106.637) (105.731) (103.910) (99.210) (96.494) (95.063)

Ativos que contribuem R$ mi l (40.109) (36.918) (35.790) (34.547) (33.118) (31.351) (29.102) (27.120) (25.350)

Terra própria R$ mil (10.294) (9.625) (9.031) (8.412) (7.771) (7.115) (6.460) (5.831) (5.218)

Imobilizado R$ mil (29.815) (27.293) (26.759) (26.135) (25.347) (24.236) (22.642) (21.289) (20.132)

Lucro bruto R$ mil 114.604 14.735 23.128 30.222 36.605 40.007 39.889 40.311 41.653

IR e CS (34% sobre base para IR e CS) R$ mi l (4.007) - (663) (2.821) (4.815) (5.979) (6.247) (6.576) (7.113)

Fluxo de caixa gerado R$ mil 110.596 14.735 22.465 27.402 31.790 34.027 33.642 33.735 34.540

Valor presente do fluxo de caixa gerado R$ mil 105.981 12.966 18.152 20.332 21.660 21.290 19.329 17.798 16.733

Valor presente dos fluxos de caixa - total R$ mil 352.251

Base para IR e CS R$mil 11.786 (5.603) 1.950 8.296 14.161 17.586 18.373 19.342 20.921Lucro bruto R$mil 114.604 14.735 23.128 30.222 36.605 40.007 39.889 40.311 41.653

Amortização do valor justo R$mil (22.890) (20.339) (21.178) (21.926) (22.444) (22.420) (21.516) (20.969) (20.732)

Custo do ano (apenas 2012) R$mil (92.497) - - - - - - - -

Depreciação contida no estoque de formação R$mil 12.570 - - - - - - - -

Caixa

Ativos

biológicos

(custo)

5.0005.000

Ajuste ao valor

justo (ativo)

Ajuste ao valor

justo (DRE)

35.000

35.000

CPV

3.500

3.500

Receita

5.000

450 500

Contas a

receber

5.000

50

Estoques

500

5003.500

3.500

IRD DREIRD BP

1.190 1.19011.900 11.900

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96

Com base na Tabela 14 observa-se que:

Pelo reconhecimento do custo do plantio o valor foi de R$ 5.000.

Débito: Caixa.

Crédito: Ativos biológicos (custo).

Pelo reconhecimento do resultado do fluxo de caixa descontado realizado

na primeira mensuração ao valor justo foi de R$ 40.000:

Débito: Ajuste ao Valor Justo (Ativos Biológicos).

Crédito: Ajuste ao Valor Justo (DRE).

Débito: Tributos Diferidos (DRE).

Crédito: Tributos Diferidos (Passivo).

Pelo reconhecimento da colheita e mensuração do valor justo após a

colheita resultante em R$ 36.050 e outros custos incorridos de R$ 50 no

momento da colheita:

Débito: Estoques.

Crédito: Ajuste ao valor justo (ativos biológicos).

Crédito: Ativos biológicos (custo).

Crédito: Caixa.

Pela venda total da primeira colheita que estava em estoque pelo valor

de R$ 5.000:

Débito: Contas a receber

Crédito: Receitas

Reconhecimento do custo da venda:

Débito: Custo dos produtos vendidos.

Crédito: Estoques.

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97

Pela baixa dos tributos diferidos:

Débito: Tributos diferidos (passivo).

Crédito: Tributos diferidos (DRE).

3.3.5. Divulgação das Principais Premissas

Nenhuma companhia aberta divulgou informações sobre o valor justo dos

ativos biológicos pomar de laranja. Portanto, não foram avaliadas as divulgações

realizadas atualmente por estas entidades.

3.4. Fluxo de Caixa Descontado para Floresta de Pinus e Eucalipto (Grupo 2)

Em 2010, a área ocupada por plantios florestais de Eucaliptos e Pinus no

Brasil totalizou 6,5 milhões de hectares, sendo 73% de eucalipto e 27% de pinus

segundo a Associação Brasileira de Produtores de Florestas Plantadas − ABRAF

(2011). Entre os ativos biológicos tratados neste estudo, é o setor que possui um

número maior de empresas de capital aberto listadas na BM&FBOVESPA.

Seguem as principais premissas utilizadas.

3.4.1. Florestas Formadas: Valor de Mercado

As florestas formadas devem ser mensuradas pelo valor justo, com base

na quantidade inventariada de m3 de madeira.

Portanto, o valor justo da floresta formada é obtido pela seguinte fórmula:

Valor Justo (R$) = m3 x preço atual de mercado

Page 99: UMA CONTRIBUIÇÃO PARA MENSURAÇÃO DOS ATIVOS … Tadeu de... · mensuração do valor justo para qualquer ativo biológico, por meio de exemplos ... Tabela 14 Contabilização

98

3.4.2. Florestas em Formação: Mensuradas através do Fluxo de Caixa Descontado

3.4.2.1. Entradas de Caixa

Trata-se do preço do metro cúbico da madeira em pé X volume projetado

de metros cúbicos de madeira das árvores acima de 6 anos para eucalipto e

acima de 14 anos para pinus.

A produtividade das áreas é determinado pelo IMA (incremento médio

anual) expresso em m3. Os preços são determinados por regiões e existem

fontes de consulta como IEA e Silviconsult.

3.4.2.2. Saídas de Caixa

Os custos de formação de florestas são estabelecidos com base no

histórico e correspondem ao que é mostrado na Tabela 15.

Page 100: UMA CONTRIBUIÇÃO PARA MENSURAÇÃO DOS ATIVOS … Tadeu de... · mensuração do valor justo para qualquer ativo biológico, por meio de exemplos ... Tabela 14 Contabilização

99

Tabela 15 – Custos de Silvicultura Fonte: Elaborada pelo Autor

Cabe ressaltar que a silvicultura representa a atividade de formação e

cultivo de florestas.

Existem empresas que utilizam a condição da floresta e efetuam uma

colheita adicional através da rebrota. Os gastos com a condução são reduzidos

conforme abaixo:

ANO 0 ANO 1 ANO 2 ANO 3 ANO 4 ANO 5 ANO 6 ANO 7

Manutenção de aceiros 13,50 13,50 13,50 13,50 13,50 13,50 13,50 13,50

Manutenção bacias de contenção 15,00 15,00 15,00 15,00 15,00 15,00 15,00 15,00

Limpeza de área 800,00

1º Combate a formigas (isca + termo) 88,44

Distribuição de calcário 312,38

Gradagem de incorporação 80,00

Subsolagem/fosfatagem 503,20

Repasse as formigas 14,60

Plantio 698,86

Adubação de arranque ou plantio 268,90

Irrigação 224,95

Aplic. de pré emergente na linha 171,00

Aplic. De pos emergente na entre linha 81,25 81,25

Aplicação de pos emergente na linha 152,00 152,00

Capina manual 203,15

Catação Ramos 93,50 93,50

Gradagem 80,00

Replantio 10,63

1ª Adubação de manutenção 272,05

2ª Adubação com manutenção 404,45

3ª Adubação com manutenção 471,45

Aplicação de boro (boro líquido aéreo) 55,00 55,00 55,00

Roçada manual na linha 92,00 92,00

Roçada mecanizada 60,00 60,00

Combate a formigas - Manutenção 46,76 46,76 46,76 46,76 46,76 46,76 46,76

Combate a Formigas com Termo 28,84

Inventário contínuo 17,50 17,50 17,50 17,50 17,50

Despesas Administrativas 284,00 118,42 33,15 15,25 9,50 9,50 9,50 9,50

TOTAL 4.367,40 1.632,17 315,41 163,01 102,26 102,26 102,26 102,26

REFORMA/IMPLANTAÇÃO MANUTENÇÃO

Page 101: UMA CONTRIBUIÇÃO PARA MENSURAÇÃO DOS ATIVOS … Tadeu de... · mensuração do valor justo para qualquer ativo biológico, por meio de exemplos ... Tabela 14 Contabilização

100

Tabela 16 – Custos de Silvicultura Condução da Rebrota Fonte: Elaborada pelo Autor

O fluxo de caixa descontado pode assim ser representado como mostra a

Tabela 17.

ANO 0 ANO 1 ANO 2 ANO 3 ANO 4 ANO 5 ANO 6 ANO 7

Manutenção de aceiros 13,50 13,50 13,50 13,50 13,50 13,50 13,50

Manutenção bacias de contenção 15,00 15,00 15,00 15,00 15,00 15,00 15,00

Aplicação de boro (boro líquido aéreo) 55,00 55,00 55,00

Roçada manual na linha 92,00 92,00

Distribuição de calcário 265,10

Roçada mecanizada 60,00 60,00

Adubação fosfatada 319,75

Adubação com NK 272,05

Adubação com KCL + boro 343,90

Combate a formigas - Manutenção 46,76 46,76 46,76 46,76 46,76 46,76 46,76

Combate a Formigas com Termo 28,84

Inventário contínuo 17,50 17,50 17,50 17,50 17,50

Desbrota de eucaliptos 130,00 130,00

Combate a formigas pré corte 56,10 56,10

Despesas Administrativas 9% 5,21 124,34 43,33 13,82 8,62 8,62 8,62 8,62

TOTAL 61,31 1.761,03 455,59 161,58 101,38 101,38 101,38 101,38

CONDUÇÃO DA REBROTA

Page 102: UMA CONTRIBUIÇÃO PARA MENSURAÇÃO DOS ATIVOS … Tadeu de... · mensuração do valor justo para qualquer ativo biológico, por meio de exemplos ... Tabela 14 Contabilização

101

Ta

be

la 1

7 –

Flu

xo

de C

aix

a p

ara

Flo

resta

de E

uca

lip

to S

em

Co

nd

ão

da

Reb

rota

F

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lab

ora

da

pe

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r

Te

mp

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ara

ta

xa

de

de

sco

nto

0,5

1,5

2,5

3,5

4,5

5,5

Flo

resta

s p

or

ida

de

2013

2014

2015

2016

2017

2018

em

31/1

2/2

012

he

cta

res

Idade 7

0,0

00,0

00,0

01.2

10,1

21.3

62,7

85.9

85,0

9

Idade 6

0,0

00,0

01.2

10,1

21.3

62,7

85.9

85,0

99.9

49,2

0

Idade 5

0,0

01.2

10,1

21.3

62,7

85.9

85,0

99.9

49,2

0

Idade 4

1.2

10,1

21.3

62,7

85.9

85,0

99.9

49,2

0

Idade 3

1.2

10,1

21.3

62,7

85.9

85,0

99.9

49,2

0

Idade 2

1.3

62,7

85.9

85,0

99.9

49,2

0

Idade 1

5.9

85,0

99.9

49,2

0

Idade 0

9.9

49,2

0

To

tal

de

áre

a ú

til

0,5

5

18.5

07,1

918.5

07,1

918.5

07,1

918.5

07,1

917.2

97,0

715.9

34,2

9

To

tal

de

áre

a33.6

49,4

433.6

49,4

433.6

49,4

433.6

49,4

431.4

49,2

228.9

71,4

4

Volu

me t

ota

l estim

ado (

m³)

-

-

-

338.8

34

381.5

78

1.6

75.8

25

Pre

ço (

R$/m

³s)

R$ 4

5,9

5R

$ 4

8,4

2R

$ 5

0,8

7R

$ 5

3,3

8R

$ 5

5,7

8R

$ 5

8,0

2

Re

ce

ita

Líq

uid

a-

R$

-R

$

-R

$

18.0

87.6

05

R$

21.2

86.0

30

R$

97.2

23.8

78

R$

Receit

a a

valo

r p

resen

te-

-

-

13.2

96.2

24

14.3

30.3

04

59.9

44.2

03

Custo

por

idade

Idade 7

-

-

-

(381.1

09)

(4

48.5

01)

(2

.048.5

25)

Idade 6

-

-

(363.2

03)

(4

29.1

87)

(1

.969.7

36)

(3

.405.3

27)

Idade 5

-

(345.6

77)

(4

09.0

22)

(1

.884.9

15)

(3

.274.3

53)

-

Idade 4

(328.0

29)

(3

89.2

86)

(1

.796.3

54)

(3

.133.3

52)

-

-

Idade 3

(377.2

49)

(1

.745.9

48)

(3

.049.4

91)

-

-

-

Idade 2

(5

.640.7

56)

(9

.881.2

76)

-

-

-

-

Idade 1

(9

.213.8

91)

-

-

-

-

-

Cu

sto

Pa

drã

o (

R$/h

a)

(15.5

59.9

25)

(1

2.3

62.1

86)

(5

.618.0

72)

(5

.828.5

63)

(5

.692.5

89)

(5

.453.8

52)

Re

su

lta

do

Op

era

cio

na

l(1

5.5

59.9

25)

(1

2.3

62.1

86)

(5

.618.0

72)

12.2

59.0

42

15.5

93.4

40

91.7

70.0

25

IR/C

S-

-

-

(5

.667.6

59)

(6

.539.1

47)

(2

7.9

26.7

99)

Flu

xo

de

ca

ixa

(15.5

59.9

25)

(1

2.3

62.1

86)

(5

.618.0

72)

6.5

91.3

83

9.0

54.2

94

63.8

43.2

27

Fato

r de d

esconto

9,1

9%

0,9

56989

0,8

76436

0,8

02664

0,7

35101

0,6

73226

0,6

16558

Va

lor

pre

se

nte

do

Flu

xo

(14.8

90.6

71)

(1

0.8

34.6

66)

(4

.509.4

23)

4.8

45.3

35

6.0

95.5

84

39.3

63.0

81

Flo

resta

de

eu

ca

lip

toF

orm

açã

o

Va

lor

pre

se

nte

do

flu

xo

de

ca

ixa

87.5

25.3

13

R$

Benefício

fis

cal

22.4

58.4

94

R$

VP

L /

ha

Valo

r ju

sto

do a

tivo

bio

lógic

o109.9

83.8

07

R$

6.3

58,5

2R

$

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102

3.4.2.3. Demais Premissas

A maturidade foi considerada a partir do sétimo ano de idade a partir

do plantio.

O IMA foi estimado com base na média do mercado e estudo

agronômico da região.

Os preços foram baseados em boletim divulgado pela Silviconsult.

A taxa de desconto utilizada foi o WACC.

O benefício da amortização do valor justo foi considerado com base na

colheita

3.4.3. Aspectos Contábeis

As empresas devem mensurar o valor justo do produto agrícola, que é a

madeira no momento da colheita. Ao mensurar o valor justo, a entidade

reconhece a madeira no estoque pelo mesmo valor que teria que adquirir de um

terceiro.

Portanto, as empresas que utilizam madeira para a produção de outros

produtos, como carvão para geração de energia, fabricação de papel e outros

produtos, investem na floresta como uma maneira de reduzir os custos de seus

produtos. No entanto, ao reconhecer o valor justo, os custos são aumentados em

contrapartida com o ganho de valor justo.

O problema é que o ganho de valor justo é reconhecido no momento da

colheita e a contrapartida somente é reconhecida no momento da venda dos

produtos que utilizaram a madeira como insumo.

Alguns setores como as siderúrgicas, as empresas de geração de

energia e etc., estão sujeitos a este impacto.

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103

3.4.4. Divulgação das Principais Premissas

Com base nas divulgações que foram realizadas pelas companhias

abertas brasileiras que possuem ativos biológicos florestais, foram analisados os

seguintes aspectos:

1. Há apresentação no balanço patrimonial em rubrica específica?

2. Há apresentação na demonstração do resultado em rubrica

específica?

3. Onde foi apresentada a variação do valor justo na demonstração do

resultado?

4. Há apresentação da variação do valor justo em linha específica na

demonstração dos fluxos de caixa?

5. Há apresentação em uma nota explicativa específica?

6. Qual a área plantada?

7. Qual a taxa de desconto?

8. Foi considerada condução da rebrota?

9. Toda a floresta foi mensurada ao valor justo? Até qual idade a partir do

plantio a floresta é mensurada ao custo?

10. Qual é o custo histórico por hectare plantado?

11. O valor justo é base para distribuição de dividendos?

12. Qual é o valor justo total em milhares de Reais?

13. Qual foi o preço utilizado na projeção?

14. Qual IMA foi divulgado?

Com base na análise realizada nos critérios supracitados, as informações

divulgadas pelas companhias abertas que possuem ativos biológicos florestais

não são suficientes para realizar apropriadamente a comparação entre as

companhias.

Entre as principais premissas utilizadas, foram identificadas empresas

que fazem uso do plano de corte para suprimento da necessidade de sua

indústria, sem considerar o período em que a árvore está disponível para corte e

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104

igualmente sem considerar qual preço de mercado pode ser obtido. Essa

premissa gera efeitos relevantes no fluxo de caixa descontado.

As conclusões obtidas com base nestes critérios foram:

1. 92% das (doze) companhias divulgam o valor justo dos ativos

biológicos em uma rubrica específica no balanço patrimonial e somente uma

empresa divulga dentro da rubrica de imobilizado, provavelmente por não adotar

o valor justo para mensuração dos seus ativos biológicos florestais.

2. 46% das empresas divulgam a variação a valor justo na demonstração

do resultado em uma rubrica específica.

3. A apresentação da variação do valor justo difere entre as empresas do

setor florestal. 46% das empresas divulgam a variação do valor justo como um

componente que compõe a margem bruta, classificação mais apropriada, pois, o

custo da floresta quando vendida é contabilizado como custo do produto vendido

(margem bruta). 23% das empresas não divulgam as informações em linha

específica na DRE e outras três empresas divulgam a variação do valor justo

como um componente da rubrica “Outras receitas (despesas) operacionais”,

embora a atividade principal da empresa seja baseada nos seus ativos

biológicos;

4. 69% das empresas divulgam a variação no valor justo separadamente

em linha específica na demonstração dos fluxos de caixa.

5. Em linha com outros estudos realizados, 92% das empresas

divulgaram os ativos biológicos em nota explicativa específica, separada da nota

de estoques ou imobilizado.

6. Menos da metade (46%) das empresas divulgam a área plantada,

considerada uma das premissas mais importantes na elaboração dos cálculos.

7. Apenas 3 empresas (23%) das empresas divulgaram a taxa de

desconto utilizada. A variação entre as taxas divulgadas atinge quase 30%.

Ressalta-se que não há divulgação das premissas utilizadas para determinação

da taxa e nem se as taxas são reais ou nominais e antes ou após os impostos,

prejudicando a comparação.

8. Nenhuma empresa divulgou se realiza a condução da rebrota e

também não divulgou quantos fluxos são previstos no fluxo de caixa descontado.

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105

9. Apenas duas empresas divulgaram que mantém ao custo parte da

floresta. Comumente, as empresas utilizam a possibilidade do item 24 c do CPC

29. As empresas divulgam que as árvores com até três anos para eucalipto e

cinco anos para pinus mensuram ao custo. No entanto, essa premissa é

discutível, pois uma árvore de três e cinco anos já apresenta alto percentual de

sucesso e também crescimento significativo.

10. Apenas 54% das empresas divulgaram o custo incorrido de

formação até o momento da data da demonstração financeira. Vale ressaltar que

esta informação é de grande importância, pois é a base de aproveitamento do

benefício fiscal da companhia e demonstra a eficiência no método de manejo

utilizado pela entidade, uma vez que custos menores podem indicar eficiência no

plantio e formação e podem, por outro lado, indicar pouco investimento na

formação da floresta comprometendo a produtividade futura (IMA). Com base na

divulgação do custo e hectares efetivos de plantio, pode-se verificar que o custo

médio histórico por hectare, de três empresas, gira em torno de R$ 3.700.

Somente uma empresa tem o custo de R$ 1.700 por hectare.

11. A maioria das empresas (77%) não realiza qualquer ajuste no lucro

base para distribuição de dividendos. Somente duas empresas levam em

consideração os resultados não realizados da variação do valor justo dos ativos

biológicos e constituem reserva de lucros não realizados, dentro do princípio de

conservação para evitar a distribuição de dividendos que possuem efeito caixa

dos ganhos apurados que não possuem efeito caixa.

12. O valor justo foi divulgado por todas as empresas e com base na

área efetiva de plantio, pode-se notar grande variação no valor justo por hectare,

que varia de R$ 2.259 até R$ 11.176, representando uma variação de R$ 8.917,

considerada extremamente significativa. As informações divulgadas não

permitem identificar o motivo da grande diferença que pode ser decorrente do

planejamento do plantio, condução ou não de rebrota, preço projetado de venda,

incremento médio anual projetado, idade média da floresta e etc. Nenhuma

destas informações é divulgada.

13. Apenas três empresas divulgaram o preço projetado, que é

considerada uma das premissas mais importantes do fluxo de caixa descontado.

14. Apenas duas empresas divulgaram o IMA projetado, que também é

considerada uma das premissas mais importantes do fluxo de caixa descontado.

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106

Com base nesses itens descritos, torna-se praticamente impossível

realizar a comparação dos ativos biológicos da entidade, por conta da escassa

divulgação de premissas e pelo efeito de diversas premissas relevantes no fluxo

de caixa descontado.

Tabela 18 – Análise das Divulgações sobre Ativos Biológicos Florestais Fonte: Elaborada pelo Autor

3.5. Fluxo de Caixa Descontado para Soja, Milho, Algodão (Grupo

2)

Conforme informações do MAPA (2010), o Brasil figura na segunda

posição na produção e exportação de soja. O fluxo de caixa para mensuração do

valor justo da soja é bem simplificado e pode ser utilizado para qualquer cultura

temporária, como milho, algodão e etc.

Ao invés de ser dividido em períodos anuais, o fluxo de caixa descontado

é dividido normalmente em dias desde o plantio até a colheita efetiva.

Apresentamos aqui um exemplo hipotético:

Pela contabilização do custo de plantio, adubos, sementes, mão de obra

etc. no valor total de R$ 1.000,00.

Companhias 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14

Battistella Sim Sim Margem bruta Sim Sim ND 11,00% ND ND R$ 53.312 Sim R$ 68.469 ND ND

CEEE Sim Não ND Não Sim ND ND ND ND ND Sim R$ 40.027 ND ND

Duratex Sim Sim Margem bruta Sim Sim 138.000 ND ND ND R$ 518.927 Sim R$ 1.094.220 ND ND

Eucatex Sim Sim Margem bruta Sim Sim 26.900 ND ND ND ND Sim R$ 258.337 R$46,64/m3 ND

Ferbasa Sim Sim Margem bruta Sim Sim 62.079 8,13% ND ND R$ 105.304 Sim R$ 140.264 ND ND

Fibria Sim Não

Outras receitas (despesas)

operacionais Sim Sim 551.959 7,90% ND ND ND Sim R$ 3.264.210 51 41

Irani Sim Sim Margem bruta Sim Sim ND ND ND ND R$ 74.107 Não R$ 239.997 ND ND

Karsten Sim Não ND Não Sim 850 ND ND Custo até 3 anos R$ 3.055 Sim R$ 8.541 ND ND

Klabin Sim Sim Margem bruta Sim Sim 243.000 ND ND Custo até 3 e 5 anos R$ 952.455 Não R$ 2.715.769 ND ND

Melhoramentos Não Não NA Não Não ND NA NA Não R$ 22.288 NA NA NA NA

Renaux Sim Não ND Não Sim ND ND ND ND ND Sim R$ 649 ND ND

Suzano Sim Não

Outras receitas (despesas)

operacionais Sim Sim ND ND ND ND ND Sim R$ 2.406.595 R$ 58,72 / m3 42

Trevisa Sim Não

Outras receitas (despesas)

operacionais Sim Sim ND ND ND ND ND Sim R$ 35.234 ND ND

Critérios

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107

Débito: Custo da cultura (ativo biológico) R$ 1.000,00.

Crédito: Caixa/fornecedores R$ 1.000,00.

Antes do crescimento significativo, portanto, o plantio é avaliado a preço

de custo. Já com a cultura em formação, passa-se ao valor justo, sendo estimado

em R$ 1.500. O valor foi estimado com base no fluxo de caixa descontado, pois

não há preço de mercado para o ativo biológico em formação em sua presente

condição, somente há preço de mercado para o ativo biológico no momento da

colheita.

Pelo reconhecimento do valor justo decorrente da transformação

biológica significativa estimada em R$ 1.500.

Preço futuro da saca: R$ 200.

Quantidade de sacas: 10.

Débito: Ajuste ao valor justo (ativo biológico): R$ 500,00.

Crédito: Ajuste ao valor justo (DRE): R$ 500,00.

O fluxo de caixa foi projetado conforme mostra a Tabela 19.

Tabela 19 – Fluxo de Caixa Descontado para Soja em 31 de Março de 2012 Fonte: Elaborada pelo Autor

A diferença entre o custo e valor justo está apresentada em 31 de março,

como mostra a Tabela 20.

Março Abril Maio Junho Julho Agosto Total

Receita Incorrido 2.000 2.000

Custos (1.000) (100) (100) (100) (100) (100) (500)

Fluxo de caixa líquido antes dos tributos sobre o lucro (1.000) (100) (100) (100) (100) 1.900 1.500

Tributos sobre o lucro (34%) (510)

Fluxo de caixa líquido após tributos sobre o lucro 990

TAB 510

Fluxo de caixa líquido após tributos sobre o lucro e tab* 1.500

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108

Tabela 20 – Comparação Custo e Valor Justo em 31 de Março de 2012 Fonte: Elaborada pelo Autor

Em junho não houve alteração do preço futuro e o fluxo de caixa

descontado foi assim apresentado, como mostra a Tabela 21.

Tabela 21 – Fluxo de Caixa Descontado para Soja em 30 de Junho de 2012

Fonte: Elaborada pelo Autor

Em 30 de junho de 2012, a diferença entre o custo histórico e o valor

justo foi representada, como mostra a Tabela 22.

Tabela 22 – Comparação Custo e Valor Justo em 30 de Junho de 2012 Fonte: Elaborada pelo Autor

Diferença entre custo e valor justo em maio: Março

Valor justo 1.500

Custo incorrido (1.000)

Ajuste ao valor justo 500

Julho Agosto Total

Receita 2.000 2.000

Custos (100) (100) (200)

Fluxo de caixa líquido antes dos tributos sobre o lucro (100) 1.900 1.800

Tributos sobre o lucro (34%) (612)

Fluxo de caixa líquido após tributos sobre o lucro 1.188

TAB 612

Fluxo de caixa líquido após tributos sobre o lucro e tab 1.800

Diferença entre custo e valor justo em junho: Junho

Valor justo 1.800

Custo incorrido (1.300)

Ajuste ao valor justo 500

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109

A contabilização foi assim realizada:

Débito: Custo da cultura (ativo biológico) R$ 300,00.

Crédito: Caixa/fornecedores R$ 300,00.

Considerando que não há diferença entre o ajuste ao valor justo

contabilizado em março e o ajuste ao valor justo em junho, não há necessidade

de contabilização adicional.

Em agosto, a colheita foi efetuada e a venda foi realizada pelo valor

futuro projetado. A contabilização foi assim realizada:

Pela contabilização dos custos incorridos:

Débito: Custo da cultura (ativo biológico) R$ 200,00.

Crédito: Caixa/fornecedores R$ 200,00.

Débito: Custo dos produtos vendidos: R$ 2.000,00.

Crédito: Custo da cultura (ativo biológico) R$ 1.500,00.

Ajuste ao valor justo (ativo biológico): R$ 500,00.

Antes da adoção do CPC 29, a demonstração do resultado foi assim

apresentada, conforme Tabela 23.

Tabela 23 – Demonstração do Resultado Antes do CPC 29

Fonte: Elaborada pelo Autor

DRE (antes do CPC 29) Março Junho Agosto Acum.

Receita - 2.000 2.000

CPV (1.000) (1.000)

Ajuste ao valor justo -

Resultado líquido - - 1.000 1.000

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110

Ao adotar o CPC 29, a demonstração do resultado foi assim

apresentada, conforme Tabela 24.

Tabela 24 – Demonstração do Resultado Após Adoção do CPC 29 Fonte: Elaborada pelo Autor

Com base nesse exemplo hipotético apresentado, sem considerar o valor

do dinheiro no tempo e sem considerar a alteração no preço, a margem efetiva é

reconhecida na primeira avaliação ao valor justo.

Quando a mensuração ao valor justo e a subsequente colheita e venda é

realizada no mesmo exercício social, não há impacto no resultado, embora a

variação do valor justo e o custo sejam apresentados em rubricas diferentes

como pode ser visto anteriormente.

No entanto, quando o exercício social da entidade não coincide com o

período da safra, os efeitos são reconhecidos em exercícios diferentes,

distorcendo os resultados das entidades que possuem culturas temporárias.

Foi desconsiderado o efeito do valor do dinheiro no tempo e a alteração

no preço para simplificação da explicação e apresentação do exemplo. Vale

ressaltar que ao considerar o reduzido período de tempo decorrido entre o plantio

e a colheita, não são esperados efeitos significativos ao adotar taxas de

desconto. A maior variação deve ser decorrente da variação dos preços das

commodities no mercado.

DRE (com TAB) Março Junho Agosto Acum.

Receita 2.000 2.000

CPV (1.500) (1.500)

Ajuste ao valor justo 500 500

Resultado líquido 500 - 500 1.000

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111

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Embora já tenha um papel de destaque reconhecido, do ponto de vista

econômico, ainda há poucos estudos realizados no Brasil para a mensuração do

valor justo dos ativos biológicos.

O presente estudo procurou contribuir para preencher esta lacuna e,

principalmente, fornecer mais um passo para o desenvolvimento do tema que

deve ainda ser bastante explorado e pesquisado. Além disso, buscou discutir os

principais assuntos e dificuldades relacionadas à mensuração do valor justo dos

ativos biológicos sem mercado ativo, com o objetivo de despertar o interesse de

conhecimento para outros pesquisadores.

Diante dos aspectos discutidos, há ainda diversidade de prática entre as

empresas que adotam o valor justo, por meio do fluxo de caixa descontado nas

empresas de capital aberto.

Com base nos exemplos de fluxo de caixa apresentados, há

possibilidade de utilização de diferentes premissas relevantes para mensuração

dos ativos biológicos, o que gera grandes dificuldades para comparação das

demonstrações financeiras entre as entidades.

A comparação entre as demonstrações financeiras das entidades

também é agravada pela ausência de divulgação das principais premissas

utilizadas na elaboração do fluxo de caixa descontado, fazendo com que algumas

empresas divulguem nas notas explicativas também o custo dos ativos biológicos

em adição ao valor justo.

O problema de pesquisa, para o qual se buscou resposta, foi se “é

possível estabelecer um fluxo de caixa descontado que pode ser aplicável a

qualquer ativo biológico que não possui mercado ativo na sua presente

condição?”

Em resposta, por meio do presente estudo procurou-se confirmar que

apesar de não haver valor de mercado para os ativos biológicos, o fluxo de caixa

descontado pode ser elaborado considerando algumas premissas significativas.

Igualmente, mostrar o efeito que a utilização do fluxo de caixa

descontado apresenta no reconhecimento dos ganhos ou perdas futuras em

comparação com a transformação biológica, que comprova que apesar do

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112

objetivo da norma, as alterações no valor justo decorrentes da transformação

biológica não são adequadamente reconhecidas com a utilização deste método.

Ressalta-se que o reconhecimento do valor justo requer um nível de

divulgação das premissas utilizadas que não são verificados atualmente, tanto

nas empresas brasileiras quanto nas empresas internacionais.

Os efeitos da adoção do valor justo podem representar um aumento do

custo das matérias-primas naquelas entidades que utilizam os ativos biológicos

ou produto agrícola no seu processo produtivo, para geração de novos ativos

biológicos ou para produção de outros produtos. Ao utilizar o valor justo, uma

vantagem competitiva decorrente de uma produção de matéria-prima

verticalizada não é mais evidenciada nas demonstrações financeiras, pois, o

valor justo que, na maioria das vezes, é maior que o custo, afeta o custo da

entidade como se todo o insumo fosse adquirido de terceiros.

Já a adoção do valor justo nas entidades que comercializam os ativos

biológicos evidencia o resultado esperado futuro, que é reconhecido na

demonstração financeira. No entanto, deve-se considerar que este resultado

pode não se realizar por conta das diversas premissas e variáveis que provocam

alterações nos ativos biológicos.

Também ficou evidenciado que poucas empresas se preocupam com o

principio de conservação já que utilizam o ganho do valor justo como base para

distribuição dos dividendos embora seja ainda um resultado não realizado sem

efeito no caixa.

Tendo em vista a subjetividade e o elevado grau de julgamento utilizado

na elaboração do fluxo de caixa descontado, a divulgação das premissas

utilizadas no cálculo em detalhe é extremamente relevante para a compreensão e

comparabilidade das demonstrações financeiras das entidades. Sem a devida

divulgação, os usuários das demonstrações financeiras podem desconsiderar o

efeito do valor justo nas demonstrações financeiras para avaliação do

desempenho das entidades.

O tratamento dos tributos diferidos originados no reconhecimento do

valor justo e também do reconhecimento do valor justo do produto agrícola −

quando utilizado como insumos em outros ativos biológicos ou processo

produtivo para composição de outros produtos − gera um esforço adicional para

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113

as entidades que devem implementar alteração nos seus sistemas de custeio e

controles internos.

Também vale ressaltar que o estudo foi realizado em empresas de capital

aberto, presumindo-se que estas tenham melhor estrutura de controle e

profissionais qualificados para mensuração e reconhecimento do valor justo nas

demonstrações financeiras. Essa realidade pode não ser comparável às demais

empresas do agronegócio, seja pela carência de profissionais qualificados, seja

pela distância entre os grandes centros formadores destes profissionais. Do

mesmo modo, há de se destacar o processo de profissionalização da gestão e da

área de contabilidade na grande maioria de empresas familiares que atua no

agronegócio, que evidencia a necessidade de estudos práticos na área dos ativos

biológicos.

Ainda há um passo grande para percorrer academicamente, por meio de

pesquisas futuras, visando à compreensão dos efeitos da adoção do valor justo

pelas companhias brasileiras. Este estudo intencionou contribuir para minimizar a

grande lacuna identificada.

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114

SUGESTÕES PARA FUTUROS ESTUDOS

A análise da variação que o valor justo provoca no resultado das

empresas que adotam a norma é um aspecto interessante a ser observado,

principalmente nas empresas de capital aberto que produzem informações

trimestrais e anuais e a disponibilizam ao público em geral.

Ao adotar o valor justo, há expectativa de que os resultados sejam

instáveis por considerar as alterações momentâneas do preço de mercado no

ativo biológico em formação, que ainda não foi colhido.

Há aspectos subjetivos que podem afetar as projeções, seja por

prudência no reconhecimento de ganhos ou perdas advindos da mensuração a

valor justo, seja por dificuldade na previsão dos preços e custos futuros, bem

como as outras premissas utilizadas no cálculo.

O estudo da percepção dos diversos usuários das demonstrações, ao

comparar entidades que adotam o valor justo dos ativos biológicos, também é

desejável para verificar se as práticas de mensuração adotadas pelo mercado

são compreendidas e até utilizadas pelos administradores das entidades no

processo de tomada de decisão.

Algumas empresas já começam a explorar os ativos biológicos de

maneira sustentável. O uso sustentável de florestas plantadas em área de

reserva legal não vem sendo consideradas ativos biológicos atualmente, mas,

são fontes de receita das entidades que a possuem, exigindo sua mensuração

econômica, uma vez que a norma atual não captura o valor nas demonstrações

financeiras.

Estudos devem ser realizados com o objetivo de determinar critérios de

mensuração e divulgação destes ativos biológicos nas demonstrações financeiras

que representam um componente importante na sustentabilidade da companhia e

do meio ambiente.

Estudos também devem ser realizados para avaliar o efeito da adoção do

valor justo nos indicadores financeiros da entidade, já que as demonstrações

financeiras são comumente utilizadas pelos analistas de mercado para

concessão de crédito e decisão de investimento.

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115

Ressalta-se a necessidade de avaliar o efeito do reconhecimento do valor

justo na geração de caixa da entidade, por meio do cálculo do EBITDA (Earning

before interest, tax, depreciation and amortization), que é utilizado largamente

pelo mercado.

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116

REFERÊNCIAS

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117

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ANEXOS

ANEXO I – DIAGRAMA DOS ATIVOS BILÓGICOS

Fonte: IASB (2012)

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95

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47

2539

1470

SB

MA

Y13 

1942

1967

1942

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1953

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00

20

04,1

21

2475

1455

SB

JUL13 

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1980

1964

1970

1968

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123718

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32

100

2,6

32

2460

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SB

OC

T13 

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2008

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1998

1999

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43

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22

2453

1615

SB

MA

R14 

2055

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2051

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52448

205

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1,0

38

2445

1966

SB

MA

Y14 

2042

2045

2035

2036

2036

-5204

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00

00

171

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1963

SB

JUL14 

2033

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2028

2028

2026

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18

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23

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1959

SB

OC

T14 

2025

2038

2025

2034

2029

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49

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00

21

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1970

SB

MA

R15 

2054

2059

2050

2054

2050

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85

2300

1988

SB

MA

Y15 

2051

2051

2051

2051

2044

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-19

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1990

SB

JUL15 

00

00

2040

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2173

1992

SB

OC

T15 

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2044

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2035

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