variáveis e mensuração
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Psicologia Experimental
Aula 2
Variáveis e Mensuração
Prof. Dr. Caio Maximino
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Objetivos da aula● Conceituar variável e definição operacional
● Definir variável independente e variável dependente e escalas de mensuração
● Discriminar os principais tipos de relação entre variáveis
● Descrever as vantagens e desvantagens dos diferentes métodos de estudo em Psicologia
● Analisar o papel do método experimental na definição de causalidade
● Definir validade, reatividade e fidedignidade em relação à mensuração em Psicologia
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Conceito de variável
Variáveis
Mensuração
ValidadeFidedignidadeReatividade
A escolha dométodo
● “Qualquer evento, situação ou comportamento que tem pelo menos dois valores” (Cozby, p. 83)
● “Uma quantidade ou qualidade que varia entre pessoas ou situações” (Price, 2016)
● Podem ser– Quantitativas – Apresentam valores
● Desempenho em tarefa cognitiva, escore em um teste de inteligência, comprimento de palavras, tempo de reação, &c.
– Qualitativas – Apresentam níveis/categorias● Gênero, Etnia, Estado civil, Tratamento, &c
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Tipos de variáveis em Psicologia
● Variáveis situacionais: Descrevem as características de uma situação ou ambiente
● Variáveis de resposta: Respostas ou comportamentos do indivíduo / participante / sujeito
● Variáveis do participante: Diferenças individuais e idiossincrasias do participante que podem ou não influir nos resultados
● Variáveis intervenientes: Processos psicológicos que medeiam os efeitos de uma variável situacional sobre uma resposta particular
Variáveis
Mensuração
ValidadeFidedignidadeReatividade
A escolha dométodo
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Dois exemplos
● Darley e Latané (1968): Comportamento de ajuda numa situação de emergência é menos provável quando há maior número de espectadores. Variável interveniente: Difusão de responsabilidade
● Tolman & Hoznik (1930): Animais que recebem recompensas toda vez que chegam ao final de um labirinto diminuem o número de erros em função do número de tentativas. Variável interveniente: Aprendizagem
Variáveis
Mensuração
ValidadeFidedignidadeReatividade
A escolha dométodo
Número de espectadores
Comportamento deajuda
Diluição deresponsabilidade
Número de espectadores
Comportamento deajuda
Diluição deresponsabilidade
Número de tentativas ErrosAprendizagem
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Relação com definição operacional● Variáveis intervenientes são estudadas através de definições
operacionais, “definição de uma variável em termos das operações ou técnicas que o pesquisador usa para medi-la ou manipulá-la” (Cozby, p. 83)
● De um ponto de vista realista, variáveis intervenientes não tem existência independente em relação às variáveis observáveis – são interpretações de fatos
● “A tarefa de definir operacionalmente uma variável força o cientista a discutir conceitos abstratos em termos concretos.”
● O método utilizado para a pesquisa depende intimamente da operacionalização; “Há uma variedade de métodos, cada um deles com vantagens e desvantagens. Os pesquisadores precisam decidir qual deve ser usado, em função do problema a ser estudado, dos objetivos da pesquisa e de outras considerações, tais como ética e custo.”
Variáveis
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Dois exemplos● Agressão pode ser definida operacionalmente como (Cozby):
– O número ou a duração de choques aplicados numa pessoa
– O número de vezes que uma criança esmurra um palhaço de brinquedo inflável
– O número de vezes que uma criança briga com outra no recreio
– As estatísticas de homicídio obtidas de registros de ocorrências policiais
– Um escore numa escala para avaliar agressividade
– O número de vezes que um jogador é atingido por um “carrinho” durante um jogo de beisebol
● O estresse pode ser definido operacionalmente como:– O nível de cortisol circulante em uma amostra de sangue ou saliva
– Respostas emocionais em contexto de fala pública
– Respostas comportamentais e fisiológicas após estresse de contenção em animais
– Escore na Escala de Estresse Percebido
– Escore no Inventário de Sintomas de Stress
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Exercício
● Em trios, operacionalizar as seguintes variáveis1.Entusiasmo
2.Amor
3.Popularidade
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Variáveis intervenientes e raciocínio circular
● Como explanações sobre o comportamento, as variáveis intervenientes podem levar a um erro lógico, o raciocínio circular– Explicar algo em termos de si mesmo, sem ir
além dos fatos originais
● Para evitar o raciocínio circular, é importante dispor de pelo menos duas definições operacionais correlacionadas do mesmo estado interno
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Um exemplo
● Dois animais recebem uma recompensa (alimento) quando chegam ao final de um labirinto
● Os dois animais são expostos ao mesmo número de tentativas, e a velocidade com a qual completam a tarefa é estatisticamente igual
● Um dia, observa-se que um dos animais completou o labirinto muito mais rápido do que o outro. Por quê?
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Um exemplo● A diferença no desempenho dos dois animais poderia ser explicada
em termos de motivação, definida operacionalmente como um estado interno que faz com que um organismo se desloque até um objetivo– Poderíamos dizer que o animal que se deslocou mais rápido está com mais
“fome” do que o animal que se deslocou mais lentamente
● Não há problema em definir “fome” em termos da velocidade com que o animal se desloca até o objetivo, mas usar a “fome” como explicação da diferença nas velocidades é circular
● Uma segunda definição operacional de “fome” é necessária para “quebrar o ciclo”– P. ex., é possível que o animal mais rápido estivesse privado de alimento
por mais tempo do que o animal mais lento; “horas de privação” poderiam ser usadas como definição operacional de fome
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Relações entre variáveis
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Relações espúrias e afirmações causais
● Relação em que dois eventos ou variáveis não apresentam relação causal, mas podem ser erroneamente interpretadas como tal
● É mais fácil detectar relações espúrias em pesquisas experimentais → Utilização de variáveis de controle e método comparativo
● Em pesquisas não-experimentais, relações espúrias podem ser causadas pelo problema da terceira variável
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Controle experimental e randomização
● Formas de reduzir a ambiguidade na interpretação dos dados
● Controle de variáveis estranhas: Todas as variáveis são mantidas constantes entre os grupos, variando somente a variável de interesse
● Randomização: Alocação aleatória de participantes em grupos experimentais– Assegura que alguma terceira variável não-controlada
tenha a mesma probabilidade de afetar grupos experimentais
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Variáveis dependentes e variáveis independentes
● Variável independente - “x”– Em relação de causa (direta ou indireta) da variável
dependente– Manipulada em um desenho experimental– Em estudos não-experimentais, é a variável preditora
● Variável dependente - “y” – Variável de “efeito”– Variável de “resposta” ou “medida”– Em estudos não-experimentais, é a variável de
resultado
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Inferências causais● Em pesquisas de associação com interferência, a inferência é causal – VI
causa a VD
● Critérios mínimos:– Ordem temporal
– Covariação– Eliminação das explicações alternativas
● Critério de necessidade e suficiência – A causa deve estar presente para que o efeito ocorra (necessidade)
– A causa sempre deverá produzir o efeito (suficiência)
● Via de regra, o estudo experimental do comportamento não busca causas necessárias e suficientes, mas à compreensão de uma “'rede causal' na qual diferentes variáveis estão envolvidas num padrão complexo de causa e efeito” (Cozby, p. 97)
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Exercício
● Psicólogos educacionais estão interessados em examinar o efeito da aprendizagem cooperativa (trabalhar em grupo) sobre a aprendizagem de matemática. Eles comparam estudantes que trabalham em duplas com aqueles que trabalham sozinhos em relação ao desempenho em um teste matemático específico
● Qual é a variável independente?– Quais são os níveis/categorias dessa variável?
● Qual é a variável dependente?
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Mensuração
● A mensuração é a atribuição de escores a indivíduos de forma que esses escores representam alguma característica do indivíduo– Pesar-se em uma balança– Checar a temperatura axilar– Medir a energia potencial de um objeto no campo gravitacional da
terra– Medir a capacidade da memória de trabalho de uma pessoa– Quantificar o quão intensos são os sintomas de depressão
● Stevens (1946): “podemos dizer que a mensuração, no sentido mais amplo, é definida como a atribuição de numerais objetos e eventos de acordo com certas regras” (p. 677)
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Variáveis e escalas de mensuração
● As conclusões a que chegamos a respeito do significado de um escore dependem do tipo de escala utilizado
● Stevens (1946), On the theory of scales of measurement: Toda a mensuração científica é conduzida usando quatro tipos diferentes de escalas – nominal, ordinal, intervalar, de razão.
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Tipos de escala de mensuração
Tipo de variável
Valores Características da escala
Descrição simples
Exemplos Mensuração numérica
Tendência central
Nominal DiscretaAtributoQualitativa
N/A Nenhuma Agrupar em categorias
CategoriasClassesCerto / Errado
Não Moda
Ordinal DiscretaAtributoQuanti
Somente positivo
Nºs. inteiros
Contagem ou ranqueamento
Escalas LikertQI
Sim, com cautela
ModaMediana
Intervala ContínuaQuanti
Positivos ou negativos
Incrementos de subdivisão
Medidas Medidas psicométricas
Sim, com cautela
ModaMedianaMédia
De razão ContínuaQuanti
Positivos ou negativos
Incremento de subdivisão + zero absoluto
Medidas diretamente proporcionais
Tempo de reaçãoTaxa de respostaDuração da resposta
Sim ModaMedianaMédia
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Validade
● Refere-se à “verdade” e à representação correta daquilo que se pretende testar– Validade de construto – Adequação de uma
definição operacional da variável → congruência entre definição teórica e definição operacional
– Validade interna – Capacidade para tirar conclusões sobre relações de causa e efeito a partir dos resultados observados
– Validade externa – Grau em que os resultados podem ser generalizados para outras populações ou situações
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Medidas da validade de construto● Validade aparente/valor de face – A medida parece medir aquilo que
pretende?– Critério fraco; pode estar subordinado à teoria
● Validade convergente – A medida relaciona-se da forma prevista com outras variáveis– Apoiada em previsões feitas por uma teoria
– Depende de investigação experimental
– Pode ser aumentada se utilizamos outras medidas voltadas para o mesmo construto
● Validade discriminante – A medida é capaz de discriminar o construto que está sendo medido de outros não-relacionados
● Validade de critério – O grau com que a medida está relacionada com um resultado/VD
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Fidedignidade das medidas
● Consistência ou estabilidade de uma medida do comportamento
● Componentes estatísticos da medida:– Escore real– Erro de mensuração
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Tipos de fidedignidade● Interna – Grau com o qual a medida é consistente consigo
mesma– Fidedignidade das metades – Mede a extensão com a qual todas
as partes de um teste contribuem igualmente para a mensuração
– α de Cronbach – Correlação de cada item com todos os demais
– Correlação item-total – Correlação de cada item com o escore total baseado em todos os itens
● Externa – Grau com o qual a medida varia de uma aplicação para outra– Fidedignidade teste-reteste – Mede a estabilidade de um teste com
o tempo
– Fidedignidade entre avaliados – Mede o grau com o qual dois observadores diferentes produzem estimativas consistentes do mesmo comportamento
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Fidedignidade e validade
Both Reliable & ValidReliable, Not Valid
Unreliable & Unvalid Unreliable, But Valid
"Reliability and validity" by © Nevit Dilmen. Licensed under CC BY-SA 3.0 via Commons - https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Reliability_and_validity.svg#/media/File:Reliability_and_validity.svg
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Reatividade
● Uma medida é reativa se a consciência de estar sendo submetido a uma mensuração mudar o comportamento de um indivíduo
● Medidas reativas diminuem a validade ecológica do teste
● Soluções– Utilização de medidas não-obstrusivas
(frequentemente indiretas)
– Utilização de mascaramento
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Métodos experimentais e semi-experimentais
● O método experimental tem a vantagem de estabelecer controle sobre as variáveis e, portanto, estabelecer relações de associação com interferência (causais)
● O método experimental tem menor validade ecológica e pode ser mais vulnerável à reatividade
● Experimentos de campo: Manipulação da variável independente em ambiente natural– Maior validade ecológica; Menor controle sobre as covariáveis
● Considerações éticas também podem favorecer um estudo correlacional/observacional– Delineamento ex post facto: Alocação a grupos formados com base em diferenças da
amostra, ao invés de alocação randômica → método semi-experimental
● Via de regra, a pesquisa observacional utiliza medidas que estarão sujeitas e critérios de validade, fidedignidade e reatividade
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Exercício (Cozby, p. 104)
● Considere a hipótese de que o estresse no trabalho causa conflito familiar em casaa) Que tipo de relação é proposta entre as variáveis?
b) Represente graficamente a relação proposta
c)Identifique variáveis independentes e dependentes na formulação da hipótese
d) Como você poderia investigar essa hipótese usando o método experimental?
e) De que formas essa hipótese poderia ser investigada usando métodos não-experimentais?
f) Que fatores um pesquisador deve considerar ao decidir se irá usar o método experimental ou métodos não-experimentais para estudar as relações entre estresse no trabalho e conflito familiar?
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Guias para o projeto de pesquisa● Em relação aos objetivos
– Definir os objetivos do estudo● O que o estudo pretende demonstrar?● Quais são os objetivos primários e secundários?
● Em relação às variáveis– Identificar as variáveis e quantidades / categorias diferentes que serão mensuradas (podem
ser diferentes para cada hipótese● Qual é a variável dependente principal?● Existem variáveis dependentes secundárias a serem medidas e/ou avaliadas?● Quais são as variáveis independentes (grupos, intervenções ou preditores) principais?
● Em relação ao problema de pesquisa– Liste as perguntas de pesquisa que serão analisadas e/ou quaisquer hipóteses que você
gostaria de testar● O problema de pesquisa deve ser definido de forma que
– Relacione-se diretamente com os objetivos do estudo– Relacione-se com uma (ou mais) VD específica e com VI específico
● Cada hipótese deve– Ser claramente testável– Indicar o que deve sinalizar um resultado positivo