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Saúde Soc. São Paulo, v.26, n.4, p.1071-1086, 2017 1071 DOI 10.1590/S0104-12902017170861 Uma contribuição da metodologia Peir para o estudo de uma pequena cidade na Amazônia: Ponta de Pedras, Pará 1 A contribution from the DPSIR methodology to the study of a small town in the Amazon: Ponta de Pedras, Pará, Brazil 1 Pesquisa financiada pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) e pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp). Correspondência Viviana Mendes Lima Laboratório de Estudos das Cidades. Rua Shishima Hifumi, 2911. São José dos Campos, SP, Brasil. CEP 12244-000. Resumo Este artigo objetivou analisar a contribuição da metodologia Peir para estudo de uma pequena cidade da Amazônia a partir da análise do modo de vida da população. Como procedimento metodológico procurou-se entender a relação entre aspectos de urbanização conectados à globalização e saúde da população dessa cidade. Foram obtidos dados em campo, os quais permitiram analisar a situação de saúde em dois setores urbanos. A metodologia Pressão-Estado-Impacto-Resposta (Peir), desenvolvida pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma) e adaptada pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), servirá de suporte para a compreensão dos impactos na saúde da população a partir do acesso a infraestruturas disponíveis, entre elas o abastecimento de água. O local de estudo é cidade de Ponta de Pedras, situada na Ilha do Marajó, estado do Pará, Brasil. Como resultado nota-se a necessidade de intervenções imediatas por parte do poder público para minimizar os impactos das condições de vulnerabilidade sobre as populações. Palavras-chave: Cidades Pequenas; Saúde; Ambiente; Peir. Viviana Mendes Lima Universidade de São Paulo. Faculdade de Saúde Pública. Departamento Saúde Ambiental. São Paulo, SP, Brasil. E-mail: [email protected] Sandra Maria Fonseca da Costa Universidade do Vale do Paraíba. Planejamento Urbano e Regional. Laboratório de Estudo das Cidades. São José dos Campos, SP, Brasil. E-mail: [email protected] Helena Ribeiro Universidade de São Paulo. Faculdade de Saúde Pública. Departamento Saúde Ambiental. São Paulo, SP, Brasil. E-mail: [email protected]

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Saúde Soc. São Paulo, v.26, n.4, p.1071-1086, 2017 1071 DOI 10.1590/S0104-12902017170861

Uma contribuição da metodologia Peir para o estudo de uma pequena cidade na Amazônia: Ponta de Pedras, Pará1

A contribution from the DPSIR methodology to the study of a small town in the Amazon: Ponta de Pedras, Pará, Brazil

1 PesquisafinanciadapelaCoordenaçãodeAperfeiçoamentodePessoaldeNívelSuperior(Capes)epelaFundaçãodeAmparoàPesquisadoEstadodeSãoPaulo(Fapesp).

Correspondência Viviana Mendes LimaLaboratório de Estudos das Cidades. Rua Shishima Hifumi, 2911. São

José dos Campos, SP, Brasil. CEP 12244-000.

Resumo

Esteartigoobjetivou analisara contribuiçãodametodologiaPeirparaestudodeumapequenacidadedaAmazôniaapartirdaanálisedomododevidadapopulação.Comoprocedimentometodológico procurou-seentenderarelaçãoentreaspectosdeurbanizaçãoconectadosàglobalizaçãoesaúdedapopulaçãodessacidade.Foramobtidosdadosemcampo,osquaispermitiramanalisara situaçãodesaúdeemdoissetoresurbanos.AmetodologiaPressão-Estado-Impacto-Resposta (Peir ) ,desenvolvidapeloProgramadasNaçõesUnidasparaoMeioAmbiente (Pnuma) eadaptadapelaOrganizaçãoparaaCooperaçãoeDesenvolvimentoEconômico (OCDE), servirá de suporte para acompreensãodosimpactosnasaúdedapopulaçãoapartirdoacessoa infraestruturasdisponíveis,entre elas o abastecimentode água.O local deestudoécidadedePontadePedras,situadanaIlhadoMarajó,estadodoPará,Brasil.Comoresultadonota-seanecessidadede intervenções imediataspor parte do poder público paraminimizar osimpactosdascondiçõesdevulnerabilidadesobreaspopulações.Palavras-chave: Cidades Pequenas; Saúde;Ambiente;Peir.

Viviana Mendes LimaUniversidade de São Paulo. Faculdade de Saúde Pública. Departamento Saúde Ambiental. São Paulo, SP, Brasil.E-mail: [email protected]

Sandra Maria Fonseca da CostaUniversidade do Vale do Paraíba. Planejamento Urbano e Regional. Laboratório de Estudo das Cidades. São José dos Campos, SP, Brasil.E-mail: [email protected]

Helena RibeiroUniversidade de São Paulo. Faculdade de Saúde Pública. Departamento Saúde Ambiental. São Paulo, SP, Brasil.E-mail: [email protected]

1072 Saúde Soc. São Paulo, v.26, n.4, p.1071-1086, 2017

Abstract

Thisarticleaimed toanalyzeDPSIRapproach’scontributioninanAmazoniansmalltown,accordingto the local people’s lives. Asmethodologicalprocedure,wesought tounderstand the relationbetween urbanization aspects connected toglobalization and the population health ofsaid small town. For this research, datawereobtained in field,which allowedananalysis ofthehealth situation in twourban sectors. TheDPSIRmethodology – Driving force-Pressure-State-Impact-Response, developed by UnitedNationsEnvironment (UNE)andadaptedby theOrganization for Economic Cooperation andDevelopment (OECD),will serve as support fortheunderstandingofimpactsonthepopulation’shealth, analyzing issues as access to availableinfrastructure,includingwatersupply.Asaresult,PontadePedras town, located inMarajó Island(PA),Brazil–wheretheresearchwasperformed–,requiresanimmediateinterventionfromthepublicauthorities tominimize impactsofpopulation’sexposuretovulnerableconditions.Keywords: Small Towns;Health;Environment;DPSIR.

Introdução

A globalização, entendida como fase deinternacionalizaçãodocapitalismo,étambémosímbolodavidamodernadiantedasmodificaçõeseconômicasesociaisqueseestabelecemapartirdeummodelodedesenvolvimento.Essasmodificaçõesforaminiciadasdurantearevoluçãotecnológicaquetransformouomododeprodução,assimcomoasrelaçõesdetrabalho,emmercadoriasfacilmentenegociáveis,oqueserefletiunaorganizaçãodoespaçourbano.Nessesentido,Corrêa(1999,p.44)analisaque:

aglobalizaçãocausavigoroso impactosobreas

esferaseconômicas,social,políticaecultural,mas

também,esimultaneamentesobreaorganização

espacialquetantorefletecomocondicionaaquelas

esferas.[…]Trata-sedeumareestruturaçãoespacial

quesemanifesta,noplanomaisgeral,narecriação

dasdiferençasentreregiõesecentrosurbanos,assim

comonasarticulaçõesentreamboseentreoscentros.

Bauman(1999,p.8)explicaque“serlocalnummundoglobalizadoésinaldeprivaçãoedegradaçãosocial”.O autor avalia que as transformaçõesadvindasdaglobalizaçãotrouxeramnovosmodelosde desenvolvimento, e umanova sociedade seconsolidouempaísesdesenvolvidoscomosavançosdatecnologiaapartirdaindustrialização.

Essainternacionalizaçãodaeconomiatrouxeproblemas que emergiram em alguns setoresdasociedade,comomeioambienteesaúde.Emdeterminadoscasosessesproblemasseassociamaparâmetrosqualitativos,porexemplo,aperdadapaisagem,apartirdadegradaçãoambiental.Osimpactosàsaúdesãodiversos,emespecialquandorelacionadosàscondiçõesderenda,acessoàeducação,infraestrutura,alimentaçãoeexpectativadevida.

Apartirdainternacionalizaçãodaeconomiaedoprocessodeglobalizaçãoproblemasepreocupaçõesmaioresvinculadasàsaúdeemergiram.Recentesdoençasglobaistransmitidasporfronteirasaéreasouterrestres,comoaSarsnaÁsia,oebolaeafebrehemorrágicanaÁfrica,sãoexemplosdeaçõesurgentesempolíticasglobaisparaprevençãoediagnósticocadavezmaisprecocesnaatençãoemsaúde,afimdeevitarqueospaísesdeeconomiaperiféricasejam

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devastadosporepidemias,poisnãopossuemcondiçõeseconômicasetécnicasdeatuar,compresteza,nessescasos.Nota-sequepermaneceanecessidadedevacinaspreventivas,tratamentodeágua,saneamentobásicoadequado,vigilâncianaproduçãodealimentosfrescosouindustrializados,facilmentetransportadosecomercializados.Nessaperspectiva,“asaúdedeveserencaradahojecomoproblemaglobal,equesuaglobalizaçãoéumbempeloqualhádesetrabalhardemodoexplícitoeprogramado”(Berlinguer,1999).Ressalta-sequenãoapenasasdoençasinfecciosasseespalharamcomaglobalização,mastambémascrônicas,ligadasaomododevida,àcultura,aoshábitosalimentareseàfaltadehigiene.

Umdoscaminhosquepodecontribuirparaacompreensãodosproblemasqueseestabelecemnessarelação“globalizaçãoeconômicaesaúde”éaproposiçãoouutilizaçãodemetodologiasdepesquisaquepermitamperceber,comrobustez,essas relações. Amatriz, oumetodologiaPeir(Pressão-Estado-Impacto-Resposta),foipensadaparaproporcionarummecanismogeralparaanalisarproblemasambientais,trazendoaideiadequeoambienteéumsistemademúltiplasinterações,deacordocomArizaeAraujoNeto(2010).Segundoosautores,“ametodologiaévantajosaporqueéfacilmenteajustáveladiferentesrealidadese,assim,podeserumimportanteinstrumentonagestão pública, principalmente pormostrar aligaçãoentreosdiversoselementosquecompõemosistemaambiental”(Ariza;AraujoNeto,2010,p.133).Alémdessespesquisadores,outrostêmutilizadoametodologiaPeircomfocoambiental(Bottoetal.,2005;Nakagomi,2012;Silva;Cândido,2012).Nesteartigo,propõe-seapresentarametodologiacomabordagemnasaúde,ouseja,mostraroqueestáacontecendocomessaáreapormeiodeanálisesdasaçõesdoEstado,emâmbitolocalenacional,bemcomoidentificarasforçasepressõesqueestãoatuandonessecontexto,qualimpactotêmgeradoemtermosdesaúde/qualidadedevidadapopulação,

1 AAmazôniaLegal,tambémdenominadadeAmazôniaBrasileira,foiinstituídapelaLeinº1.806,de6dejaneirode1953(Brasil,1966a),estabelecidanoartigo2ºdaleinº5.173,de27deoutubrode1966(Brasil,1966b),duranteoGovernoVargas.Aregiãorepresenta59%doterritóriobrasileiro,distribuindo-sepor771municípios.

2 EstapesquisafoiaprovadapeloComitêdeÉticadaFaculdadedeSaúdePúblicadaUniversidadedeSãoPaulo(USP)sobonúmero099377/2015.

3 DeacordocomoIBGE(2011),ossetoresestudados,20e22,possuíamnoCensode2010279e268domicílios,respectivamente.

quaisasrespostasdapopulaçãoedoEstadoaessassituaçõeseoquepodeacontecersenãohouveração.

Parademonstrarnossaproposiçãoutilizamoscomo estudo de caso uma pequena cidade daAmazôniaLegal1,PontadePedras,Pará,porserumlaboratórioinesgotáveldesituaçõesurbanastípicasdepaísesdeeconomiaperiférica.Apesquisapartiudelevantamentosdedadosprimáriossobreoacessodosmoradoresainfraestruturabásicaeserviçosbásicosdesaúdeeprocurouentenderarelaçãoentreaspectosdeurbanizaçãoeasaúdedapopulaçãonessacidade.

Paradesenvolveresteestudoforamcoletadosdadosdecampo2noperíodoentrejaneiroejulhode2016,pormeiodaaplicaçãodequestionáriosaosmoradoresdaáreaurbanadePontadePedras,edeinformaçõesdoInstitutoBrasileirodeGeografiaeEstatística(IBGE),assimcomodadosdeoutrosórgãosdopoderpúblicolocal.Emumprimeiromomento,foramaplicadosformuláriosem10%dosdomicíliosurbanos,emtodosossetorescensitáriosurbanos,distribuídosporsetorproporcionalmenteaonúmerodedomicíliosexistentes.Entretanto,nesteartigoapresenta-seumacomparaçãoapenasentreosdoisambientespredominantesnacidade,deterrafirmaedevárzea,quefazempartededoissetorescensitários,ouseja,foramutilizadososdadosreferentesapenasadoissetorescensitárioscomoexemplodosdoisambientescitados.

Por meio dessa comparação foi possívelquestionarseasituaçãodoambiente,associadaàscondiçõesdeinfraestruturaehabitabilidade,interferenoperfildesaúdedosmoradores.Dessaforma,analisaram-seosdadosobtidosapenasnessesdoissetores,20e22,emqueforamaplicadosformulários em 31 e 30 domicílios urbanos,respectivamente,querepresentaramemtornode10%dototaldedomicíliosdessessetores3.

Osformulárioscontinhamdadoscomosituaçõessocioeconômicas,condiçõesdesaúdeeserviçosdeinfraestruturadisponíveis,entreeles,osrelativosaoacessoasaúde,saneamentobásicoeáguapotável.

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AmatrizPeirfoiutilizadacomoinstrumentodeanálise,adaptadapararealidadedeumapequenacidade,comoseráexplicadoposteriormente.

O urbano das pequenas cidades da Amazônia

AsrealidadesdaspequenascidadesdaAmazôniarevelamespecificidades.SegundoOliveira(2006p.27-29),“avidanascidadesAmazônicasestáligadaaorioeàfloresta.Transpondo-os,surgemosaglomeradosdecasassimplesque,vistaumavez,nuncamaisserãoesquecidas”.Em2010aspequenascidadesrepresentavam78,2%dototaldecidadesdaAmazôniaLegal,segundodadosdoIBGE(2011).Elaspossuemprecariedadededesenvolvimentodevidoàbaixacapacidadedegeraçãoderecursos,comumafortedependênciaderepassesdaUnião.Contudo,essascidadescontinuamaatrairpopulação,emespecialdascomunidadesribeirinhas,poisseapresentamcomopossibilidadesdeacessoaserviçoseoportunidadedeempregosemumaregiãoondeoruralsemostracarentedeinfraestruturaeserviçosbásicos,alémdenãoapresentaroportunidadesdegeraçãoderenda(Costa;Brondízio,2009).ParaCastro,(2008,p.11)“ainteraçãoentreosprocessoslocaiseglobaisnaAmazôniaLegalbuscaconexõeslógicasquepermitamentender comoos efeitosdaglobalização, cujadinâmicaprincipalsedáemumcomplexomercadotransnacional,podeinterferirnasaçõesdeatoreslocaisenapressãosobreosrecursosnaturais”.

OprocessohistóricoeaconsolidaçãodascidadesdaAmazônianoBrasilcontamcomaparticipaçãodeportugueses,inglesesefranceses.Aregiãovivenciouumimensofluxocomercialdemercadoriastípicas,comoervasmedicinaisaromáticas,drogasdosertãoefrutas,muitasdelasnativas.NesseaspectoageografiadaBaciaAmazônicacontribuiuparaoprocessoexploratório.“Portugalpercebendoopotenciallucrativofundouacidadenaquelelocalparaseapropriardestesrecursosnaturais”(Andrade,2014,p.97).

A região amazônica sempre teve um papelimportantenaeconomiaextrativista.Duranteaexpansãoecomercializaçãodaborracha,umanovaclasseeconômicaseestabilizounaregião:seringueiros,fazendeiroseatravessadores.EssecicloinseriuaAmazônianaeconomiamundial,oque

resultouemgrandesconflitosfundiáriosesociais,sobretudonocasodaproduçãodoaçaí.SegundoAndrade(2014,p.102),“começounofinalde1990,comaexportaçãoeinternacionalizaçãodoprodutoparaosEUA,pordoisturistasamericanosqueaolevaroprodutoparaoexteriorfizeramsucesso”.

ParaOliveira(2006,p.28),“aspequenascidadesamazônicas apresentam essa contradição: sãoarticuladasarelaçõespretéritascaracterizadaspelainérciae,aomesmotempo,articuladasadinamicidadescontemporâneasqueasligamaomundo,especialmenteapartirdabiodiversidadeedasociodiversidade”.Oprocessodeglobalizaçãopossibilitainserções,contudoexigeumdinamismoquemuitasvezesnãocondizcomarealidadelocal,oquepredispõedesgastesambientais,sociaise,porvezes,econômicosqueimpactamdemaneiradiretaouindiretaapopulação.AmetodologiaPeiréuminstrumentodeanálisequesubsidiaaavaliaçãodessetipodeprocesso.

A metodologia Peir nos estudos da saúde das pequenas cidades da Amazônia: Ponta de Pedras

AmetodologiaPeirfoiadaptadapeloProgramadasNaçõesUnidasparaoMeioAmbiente(Pnuma)einicialmentedesenvolvidacomoinstrumentodeanáliseteóricaambientalpelaOrganizaçãoparaCooperaçãoeDesenvolvimentoEconômico(OCDE).Essaorganizaçãoécompostapormaisdetrintapaísesdesenvolvidoseindustrializadosquetiveramumpapelpioneiro,em1979,naelaboraçãodeumapropostadeestadodomeioambiente,combasenosindicadoresambientais(OECD,2003).Kristensen(2004),aopesquisaressametodologia,afirmaque

Na recomendação à Agência Europeia do

Ambiente (AEA) sobre como devem proceder

comodesenvolvimentodeumaestratégiapara

a AvaliaçãoAmbiental Integrada, o Instituto

NacionaldeSaúdePúblicaeMeioAmbientepropôs

ousodeumquadro,quedistinguiuforçasmotrizes,

aspressões,estados, impactose respostas. Isso

ficouconhecidocomooquadroPeiredesdeentão

temsidomais amplamente adotadopelaAEA,

agindo como uma abordagem integrada para

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geraçãoderelatórios,porexemplo,emrelatórios

sobreasituaçãodoAmbientedaAEA.Oquadroé

vistocomodandoumaestruturanaqualapresenta

os indicadores necessários para permitir um

feedback para os decisores políticos sobre a

qualidadeambientaleo impactoresultantedas

escolhaspolíticasfeitas,ouaadoptarnofuturo

(Kristensen,2004,p.1,traduçãonossa)4.

PhilippiJunioreMalheiros(2012)comentamqueomodeloPeirfoidesenvolvidopeloestatísticocanadenseAnthonyFriendsnadécadade1970econsisteemavaliarumsistemaapartirdetrêsaspectos:oestadodasituação;asforçaseatividadesqueestãomantendooucausandooestadoatual;easmedidasqueestãosendotomadasparamelhoria,manutençãooureversãodoquadroencontrado.

SegundoKristensen (2004), ametodologiaPeirapresentaestágiosderelaçõescausaisquecomeçamcomforçamotriz(dossetoreseconômicos,dasatividadeshumanas),pormeiodepressões(emissões,faltadeabastecimentodeágua)eestados(físico,químicoebiológico),causandoimpactossobreecossistemas,saúdeefunçõeshumanaserespostasdaspolíticas(sociedade,fixaçãodemetas,

indicadores,poderpúblico),relaçõesessasqueestãodemonstradasnaFigura1.

DeacordocomArizaeAraujoNeto(2010),nomodelopropostonametodologiaPeir

as atividades humanas exercem pressão no

ambientequealteramaqualidadeequantidade

dos recursos naturais. As pressões induzem

mudançasna situaçãodo ambiente, comopor

exemplo,aumentononíveldepoluente,alteração

deusodosoloetc.Entãoasociedaderespondea

essasmudançaspormeiodepolíticasambientais,

econômicaseprogramasparamitigarourecuperar

osdanoscausados.(Ariza;AraujoNeto,2010,p.133)

Embora esse modelo metodológico possaindicarumainteraçãolinearentreasatividadesdesenvolvidaspelasociedade,deve-selevaremconsideraçãooníveldeimportânciadosindicadoresestudados, assim como as especificidades doterritório.Essametodologiacontribuiuedeveserutilizadanosestudosdevidoasuasimplicidadeefacilidadedeinterpretação,oquepermiteaplicaçãoemdiferentesanálisesdevariáveiseatividadeshumanas(Carvalhoetal.,2009).

Figura 1 – Quadro conceitual da metodologia Peir

Forças Motrizes

Pressão

Causas Políticas e objetivos

Saúde, Ecossistemas, Materiais

Poluentes

Respostas

Impacto

Estado

4 InrecommendationtotheEuropeanEnvironmentAgency(EEA)onhowtheyshouldproceedwiththedevelopmentofastrategyforIntegratedEnvironmentalAssessment,RIVM–NationalInstituteofPublicHealthandEnvironment,proposedtheuseofaframework,whichdistinguisheddrivingforces,pressures,states,impactsandresponses.ThisbecameknownastheDPSIRframeworkandhassincebeenmorewidelyadoptedbytheEEA,actingasanintegratedapproachforreporting,e.g.intheEEA’sStateoftheEnvironmentReports.Theframeworkisseenasgivingastructurewithinwhichtopresenttheindicatorsneededtoenablefeedbacktopolicymakersonenvironmentalqualityandtheresultingimpactofthepoliticalchoicesmade,ortobemadeinthefuture.

Qualidade

Fonte: Adaptado de Kristensen, 2004

1076 Saúde Soc. São Paulo, v.26, n.4, p.1071-1086, 2017

Quadro 1 – Metodologia Peir

Metodologia Peir

Impactos ocasionados e avaliados pela metodologia Peir

Adaptação para a área de estudo – dados utilizados

Força motriz

São as necessidades da população,

caracterizadas como básicas e

secundárias.

Número de habitantes urbanos, estrutura etária, nível

educacional, sistema de esgoto, abastecimento de água,

uso de energia pública e por domicílios.

Pressão

Pressões das atividades humanas sobre

o ambiente (água, ar), incluindo a

quantidade e qualidade dos recursos

naturais disponíveis e utilizados, que

podem causar problemas ambientais.

Ocupação urbana >≤≤≤ crescimento urbano desordenado;

emissão de resíduos sólidos (esgoto e lixo)5.

Estado

Mostram a atual situação do meio

ambiente e as consequências para a

saúde.

Referem-se à qualidade do ambiente e à quantidade dos

recursos naturais disponíveis e utilizados.

Impacto

Fatores socioambientais e biológicos que

afetam a saúde e qualidade de vida.

Permite analisar a interferência na condição de saúde dos

moradores, como as doenças relacionadas à falta de água

tratada e saneamento básico comprometem a saúde da

população exposta.

Resposta

São atuações coletivas ou individuais

que resultaram em diferentes medidas e

políticas para esse cenário

As mobilizações da população para tentar resolver seus

problemas, a fim de gerar melhorias no sistema de saúde.

Fonte: Adaptado de Kristensen, 2004

5 Resíduossólidossão“material,substância,objetooubemdescartadoresultantedeatividadeshumanasemsociedade,acujadestinaçãofinalseprocede,sepropõeprocederouseestáobrigadoaproceder,noestadosólidoousemissólido,bemcomogasescontidosemrecipienteselíquidoscujasparticularidadestorneminviáveloseulançamentonaredepúblicadeesgotosouemcorposd’água,ouexijamparaissosoluçõestécnicaoueconomicamenteinviáveisemfacedamelhortecnologiadisponível”(Oliveira,2015,p.48).

ParaNettoetal.(2009),aspectosambientaiscombinamdiferentesmodosdeusodaterra,masassociadosaosdeterminantessociaiscontribuemparacompreenderasiniquidadesemrelaçãoaoperfildesaúdedeumapopulação.

Nessesentido,ametodologiaPeirpossibilitaumainterconexãoentreambienteesaúdeaoseestudaraintegraçãodeumoumaisindicadoresdequalidadedevidaemsaúderelacionadosàsquestõesambientaisesocioeconômicas.SegundoOliveiraeFaria(2012,p.451),compreenderasrelaçõesdasaúdehumanacomomeioambiente,apartirdoreconhecimentodosefeitosdaaçãoantrópicaedosreflexosdascondiçõesambientaisnasaúdedapopulação,éindispensávelparasubsidiaradefiniçãodepolíticaseestratégiasdediversossetores.

Nesteartigonãoseráaprofundadaaabordagemsobreindicadores.Noentanto,ressalta-sequeelesnosmostramvaloreseinformaçõessobrecertosfenômenosqueocorremnosambientesurbanos,osquaisprecisamserponderadosemestudosdesaúdeeambiente.A

OCDEdesenvolveutrabalhoscomváriascategoriasdeindicadores,cadaumdeacordocomopropósitoeaestruturaespecíficaparaametodologiaPeir.

OQuadro 1 apresenta comoametodologiaPeir,quepermiteumdiálogoentreageografiadasaúdeeasdemaisciências,foiutilizadacomoobjetivodeavaliarosimpactosdasalteraçõesdo ambiente nomodo de vida e na saúde dapopulaçãoestudada.Nesteartigoutilizamosainterconexãodeambienteesaúde,analisadacombaseemforçamotriz,pressãoeestadoapartirdosdadosobtidosnacidadedePontadePedras,localizadanaIlhadoMarajó(PA).Dentrodogrupodeimpactossobreambienteesaúde,deacordocomaOECD(2003),oscomponentesdaPeirsãoconsideradosparaomunicípiopesquisado.TendoemvistaquetratamosdeumapequenacidadedaAmazônia,aqualapresentaproblemastambémvislumbradosemoutrasrealidadesurbanas,foramincorporadasadaptaçõesàmetodologiaemrelaçãoaosindicadoresdeforçamotriz,pressãoeestado.

Saúde Soc. São Paulo, v.26, n.4, p.1071-1086, 2017 1077

Emrelaçãoàforçamotriz,incorporaram-seosdadosdeacessodosdomicíliosurbanosàrededeáguaeesgoto,considerandoosdadosprimários,coletadosemcampo.Nessaanálise,compararam-seosdadosprimárioscomossecundários,doCensode2010.Quantoàpressão,emvezdemapearousodaterra,optou-seporutilizarummapadecrescimentourbanodossetoresestudadosnasúltimasquatrodécadas,comparandoessecrescimentocomoacessodosdomicíliosàrededeabastecimentodeáguaedecoletadeesgotoelixo.Emrelaçãoaoestado,optou-seporutilizardadossobreadisponibilidadedeáreasparaocupação,considerandoseosetorestáounãoesgotadoemtermosdeofertadeterra,aqualidadedessaterraecomoissopodeinfluenciarnocrescimentodacidade.Todasessasinformaçõessãodeterminantesdascondiçõesdesaúdedosmoradores.Porexemplo,adistribuiçãodeáguaéumcondicionantedepolíticapúblicadesaneamentobásico,queinterferedemaneirasignificativanasaúde.

Resultados e discussões

Ponta de Pedras: uma pequena cidade da rede urbana da Amazônia

Desdeoiníciodosanos1970,aAmazôniaLegalpassouporgrandesmodificaçõesurbanas,emespecialdevidoaoaumentodapopulação.Dessaforma,asforçasmotrizeseaspressões,definidasnametodologiaPeirparaocasoanalisado,tambémsofremalterações.DadosdorelatóriodaOrganizaçãoPan-AmericanadaSaúde(Brasil,2004)mostramqueapopulaçãodaAmazôniaLegalcresceu44,3%,ao passo quenopaís o aumento populacionalfoide28,9%.Aoavaliaraevoluçãodapopulaçãourbananaregiãoamazônica,dadosdemonstramumcrescimentoconsiderávelnosúltimoscinquentaanosemváriosmunicípios.OsdadosdemográficosapontamumprocessocrescentedaocupaçãourbananaregiãoNortedoBrasil.PontadePedraséumexemplodessasmuitascidadesquepassarampor

transformaçõesaolongodasdécadas.DeacordocomCostaetal.(2016),

Esseprocessodeurbanização, daproduçãodo

espaçourbanonaRegiãoAmazônicapode ser

consideradaigualmenteportadoradecontradições

e geradora de conflitos entre a população e o

ambientesobreoqualseinstala.Muitascidades

dessaRegiãoseinstalaramsobreáreasdevárzea,

ambiente esse acessívelnanavegabilidadeda

Regiãoequecompõemodiaadiadapopulação

ribeirinha.

LocalizadanaIlhadeMarajó,naregiãoestuarinadoRioAmazonas,PontadePedras(Figura2)seinserenocontextodaspequenascidadesdaAmazônia.Éconsideradapequenaemtermosdemográficos,dopontodevistadeinfraestruturaedaofertadeserviçosurbanos.DeacordocomCostaetal.(2016,p.121),esse“crescimentourbanofoi,particularmente,expressivoentre1991e2010,quandoaáreaurbanacresceu126%,eapopulaçãourbanamaisque111%.Observa-se,nesseperíodo,umaintensificaçãodaimportânciadoaçaínomercadomundialedesuaproduçãonomunicípio”.

OaumentodapopulaçãodacidadedePontadePedraséacompanhadopeloaumentonaproduçãodeaçaínomunicípio.DadosestatísticosdoIBGE(2010)demonstramqueaproduçãodeaçaínoanode2001atingiu123miltoneladas,comvalortotaldemercadoem83,5milhõesdereais,sendoquearegiãoNorteeoestadodoParáforamosgrandesresponsáveisporesseresultado.Em2011aproduçãofoide215.381toneladas,gerandodivisasdeR$304,6milhões;aregiãoNortecontribuiucom203.112toneladas,eoParácom109.345.OhábitodeconsumiraçaívirouummodismotantonoBrasilquantonoexterior,segundodadosdaSecretariadeEstadodeAgriculturadoSAGRI(2013)6.NoMarajópoucosmunicípiossedestacampelaproduçãode açaíepalmito.PontadePedrasfoiresponsávelpor30,21%dototaldessesprodutosnoestadodoPará(Barbosa,2012).Contudo,mesmosendoumrecurso

6 NoParáháregistrosdeaumentodaáreaplantadanaúltimadécada,passandode18.479haem2001,para80.092haem2011(Sagri,2013).OmercadoatualdefrutosestáemplenaexpansãonoBrasilenoexterior,oquevemestimulandomuitosplantioscomerciaisnoPará,naregiãoamazônicaeemoutrasregiõesbrasileiras(Sagri,2013).

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Figura 2 – Município de Ponta de Pedras por setor censitário

valiosoecomercializadonomercadonacionaleglobal,naIlhadoMarajóeemPontadePedrasaproduçãoecomercializaçãodoaçaícomoprodutoextrativistanãoserefleteemmelhoriaseconômicasousociaissignificativasparaostrabalhadoreslocais.EstudorealizadoporVedoveto(2008,p.4)corroboraaimportânciadoaçaínabasealimentareparaaeconomiadoParáedopaís.

OEstadodoParáéomaiorprodutoreconsumidor

deaçaí,apolpadoaçaíé itemcomplementarse

não básico das refeições diárias do paraense,

principalmenteentreasfamíliasdebaixarenda.

APalmeiraéumadasespéciesmaispromissoras

das áreas de várzea do estuário amazônico e

rendemonetariamentevaloresacimadamedida

salarialdoEstado.Nasáreasondeseconcentram

seus estoquesnaturais, é o principal produto

extrativistaemnívelalimentaresocioeconômico.

OmunicípiodePontadePedraséformadoporterrafirmeevárzea,aqualsofreinfluênciadoRioMarajó-Açu.Amalhahídricaligadaaesseriosofre

alteraçõesduranteoverãoeoinvernonaregião,oquealteraadinâmicadacidadeedeseusmoradores.

DeacordocomoCensode2010(IBGE,2011),omunicípiocontabilizava26milhabitantes,sendoque49%residiamnaáreaurbana.AcidadedePontadePedras,apesardeapresentarumadinâmicaespacial,nãotempolíticaspúblicasqueproporcionemaosmoradoresumatendimentoadequadodeserviçosurbanos de infraestrutura básica, conformeconstataramosestudosdeCostaetal.(2012,p.58).

Ossetorescensitáriosutilizadosnestapesquisasãorepresentantesdedoisambientesdacidade:avárzeaeaterrafirme.Estaseconstituideáreasquenãosofreminterferênciadiretadavariaçãodoníveldorioedamaré.Emcontraposição,aáreadevárzeaéalagadaconstantemente,comoresultadodadinâmicadevariaçãodamaré.Avárzea,segundoCostaetal.(2016,p.115),“nascidadesdaAmazôniatorna-seumespaçodesobrevivênciaedisseminahábitosecomportamentos”.NaFigura3épossívelobservarfotografiasobtidasemcampodossetores20e22,paraexemplificarcomoessesdoisambientes,fisicamente,sãodiferenciados.Na

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várzeaosmoradorespossuemcontatodiretocomaáguadasmarés,epredominamcasasdepalafita.Naterrafirmeasconstruçõessãodiferenciadas,epredominaoconcretocomomaterialconstrutivo.

Figura 3 – Fotografias dos setores 20 e 22, nas quais é possível observar que o setor 20 não está exposto às variações da maré como o setor 22, que está sobre a várzea

Setor 20 Setor 22

Forças motrizes

Nesta pesquisa foram consideradas comoforçasmotrizesasnecessidadesdapopulação,

1080 Saúde Soc. São Paulo, v.26, n.4, p.1071-1086, 2017

caracterizadascomobásicasesecundárias.SegundoKristensen(2004,p.2),algunsexemplosdeforçasmotrizesprimáriasparaumindivíduoseriamanecessidadedeabrigo,comidaeágua,esecundárias,anecessidadedemobilidadeecultura.

Nessesentido,embasadosnasdiscussõesdeSilvaeCândido(2012),Bottoetal.(2005),Nakagomi(2012)eKristensen(2004),definimosasvariáveisnúmerodehabitantesurbanos,faixaetária,níveleducacional, acesso à rede de esgoto, tipo deabastecimentodeáguaeousodeenergiapúblicapordomicílioscomofatoresqueatenderiamessasnecessidadesbásicas.

Emrelaçãoàpopulaçãoresidente,ossetores20(terrafirme)e22(várzea)possuem9%e10%dototaldosmoradoresresidentesnaáreaurbana.Ouseja,osetor22,quepossuiocupaçãomaisantiga(após1990),ocupa9%daáreatotalurbanaeassenta-senaáreadevárzea.Osetor20,deocupaçãomaisrecente(apósmeadosdosanos1990),possuiumaáreafísicamaioredetém9%dototaldemoradoresurbanos.Aáreaocupadaporambosossetoresésignificativamente diferente. O setor 20 temumaáreade0,78km2,eo22possuiumaáreade0,42km2.Considerandoaáreaurbanaexistenteem cada setor, observa-se que ainda há umadisponibilidadedeterrenoaserocupado,ouseja,aindaexisteárealivrenosdoissetores:72%e71%,respectivamente.Apenasumamençãoàsituaçãodosetor22,considerandoseressaumaáreadevárzea,oquetornasuaocupaçãopreocupante.Háaindamata,muitoaçaizeiro,eolocalestásujeitoaalagamentosdiáriosemfunçãodavariaçãodamaré.Portanto,apesardadensidadedemográficanãoserumaforçamotriznessemomento,aocupaçãoeascaracterísticasfísicasdossetoresprecisamserconsideradas.

Tendo em vista o perfil socioeconômicodosentrevistadosnosdoissetorescensitáriosestudados,amaioriadasfamílias(87%e93%,respectivamente)possuirendamensalabaixodedoissalários-mínimos.Háumadependênciamuitograndeporpartedessesmoradoresdosbenefíciosgovernamentaisdetransferênciaderenda,comooBolsaFamíliaeoSeguroDefeso,paracomplementararenda.Paraoníveleducacional,osdadoscoletadosmostramumasituaçãode

carência.Nosetor20,29%dosentrevistadossãoanalfabetose45%possuemoensinofundamentalincompleto.Nosetor22asituaçãoseapresentaumpoucodiferente,sendoque7%sãoanalfabetose47%possuemoensinofundamentalincompleto.Considerandoessaforçamotrizdecaracterísticasocioeconômica,osetor22apresentaumasituaçãosocialmaisprecáriadoqueo20.Ouseja,háfamíliascomsituaçãoderendaeníveleducacionalnãotãocríticasnosetordeterrafirme,secomparadoàáreadevárzea,apesardeosresultadosnãoseremconsideradosexcelentes.

Quando se observa a faixa etária dosentrevistados (chefes de família), ressalta-seoutrasituaçãointeressante:nosetor20,71%dosentrevistadospossuementrevinteequarentaanos,enquantonosetor22,paraessamesmafaixa,há50%dosentrevistados;entretanto,44%doschefesdefamíliadosetor22possuemmaisdecinquentaanos,enosetor20,elessomam19%.Ouseja,háumapredominânciadepessoasmaisvelhasnosetor22,oqualpossuimaiorvulnerabilidadesocialeeconômica.Ressalta-sequeaáreadevárzeaémaisfrágileexpostaaproblemasambientaisdoqueosetordeterrafirme.

Outraforçamotrizimportante,quesetornacrítica quando associada às outras forçasapresentadas,éoacessoàinfraestruturabásica,aqualémuitoprecáriaemambosossetores,compequenasdiferenças.Osetor20possui13%dosdomicílioscomacessoàrededeáguaCompanhiadeSaneamentoBásicodoPará(Cosanpa),eosetor22,93%.Umarazãoparaadiferençanoacessoaoserviçodosistemadeabastecimentodeáguarefere-seaotempodeocupaçãodossetoreseconsequenteinvestimentoeminfraestruturabásica.Nosetor20,13%dosdomicíliospossuemacessoàaguacoletadaempoço,ocorrênciainexistentenosetor22emfunçãodascaracterísticasfísicasdosítio,poisoconstantealagamentodavárzeaimpedeaobtençãodeáguaporessavia.

Emrelaçãoaoacessoaosistemadecoletadeesgoto–coletaapenas,poisnãohátratamentodeesgotonacidade–,osdadosapresentadostambémdesenhamumquadropreocupante:apenas3%e7%dosdomicíliosdossetores20e22,respectivamente,estãoconectadosaosistemadecoletadeesgoto.Paraessesmesmos

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setores,87%e30%dosdomicíliospossuemfossaséptica.Segundorelatosdosentrevistados,100%dosdomicíliospossuemenergiaelétrica.

Os dados primários, coletados em campo,aproximam-sedosdisponibilizadospeloCensode2010,compoucasdiscrepâncias.Paraossetores20e22,54%e74%dosdomicíliospossuemacessoàrede

Figura 4 – Imagens do setor 22 que exemplificam a situação alagamento periódico da várzea (a) e banheiro localizado fora de domicílio, sem acesso à rede de esgoto (b)

(a) (b)

deágua,e0%e11%dosdomicíliosestãoconectadosàrededecoletadeesgoto.

NaFigura4sãoapresentadasalgumasfotografiasobtidasduranteotrabalhodecamponacidadedePontadePedras,asquaismostramossetoreseoacessoàinfraestruturacomoexemplodessasforçasmotrizesnacidade.

Pressão

SegundoKirstensen(2004),apressãoédefinidacomoaçãodasatividadeshumanasqueinterferemnoambiente(água,ar),incluindoaquantidadeequalidadedos recursosnaturaisdisponíveis eutilizados.Paraestapesquisa,osindicadoresdepressãodescrevemocrescimentourbanodossetoresdevárzeaeterrafirme,oquepodedesencadeardesestabilizaçõesambientais,socioeconômicasenacondiçãodesaúdedapopulação.

Nessesentido,ossetorescensitários20e22(Figura2)cresceram,entre2000e2014,emtornode461%e370%,respectivamente,apresentandoaexpansãourbanamaissignificativadetodosossetores.Assim,osaumentospopulacionaiseemáreaverificadosnacidade,emparticularnessessetorescensitários,atuamcomoforçasmotrizes,mas aomesmo tempo como pressões sobre oambiente.

Umaspectorelacionadoàpressãoserefereàformadedescartederesíduossólidosnoambiente

pelosmoradores.DeacordocomdadosdoCenso2010(IBGE,2011),nosetor20–deterrafirmeemaisdistantedaáreacentraldacidade,comparando-seaosetordevárzea–,2%dosdomicíliospossuemcoletadelixo.Nosetor22essasituaçãoéobservadaem61%dosdomicílios.

ApesardessesdadoscoletadospeloCenso,deacordocomOliveira (2015)os resíduossólidosproduzidospelasfamíliasresidentesemáreasdevárzeadacidadedePontadePedras,incluindoosetor22,segundoosmoradores,sãojogadosdiretamentenavárzeaouqueimados.Umajustificativaparaessecomportamentoéofatodeacoletaderesíduosnãoacontecerou,quandoacontece,nãoincluiamaioriadapopulaçãodaregião(Figura5).Segundooautor,“Essaatitude,juntamentecomumapartedapopulaçãoqueacreditaqueamarélevaolixoembora,dificultaacriaçãodeaçõesquepossamamenizaroproblemadolixonavárzea”(Oliveira,2015,p.47).Comodemonstradonoitemanterior,osefluentesdomésticosexercemtambémumaimportantepressãosobreoambiente.

1082 Saúde Soc. São Paulo, v.26, n.4, p.1071-1086, 2017

Estado

Osindicadoresdeestadoretratamasimplicaçõesquali-quantitativasdoambiente,ressaltandoosprincipaisproblemasobservadosparaoambienteeapopulação.

Paraestapesquisaassumiu-seestadocomoaquiloqueestáacontecendocomomeioambienteeasconsequênciasdissoparaasaúde.SegundoKristensen(2004),refere-seàqualidadedoambienteeàquantidadedosrecursosnaturaisdisponíveise utilizados. Neste artigo, considera-se umaintersecçãoentrepressãoeestadonacidadedePontadePedras,poisaspressõesapresentadasanteriormenteinterferemnaqualidadedoambientee,dessaforma,trazemconsequênciasàsaúdedapopulação.

Quandoseanalisamosdadosdeágua,rededeesgotoefossa,observa-seumafortecarênciadeinfraestruturaedesaneamentobásico.Oesgotofrequentementelançadonosigarapés,innatura,éumarealidadee,conformeobservaçõesemcampo,reafirmaanecessidadedeinvestimentosempolíticasdesaneamentoedeabastecimentodeágua.Nessesentido,estadoeambientesecaracterizampelamáconservaçãodosrecursoshídricospotáveis,o

queserefletenaqualidadedesaúdedapopulação,assim comoa existênciade lixo a céu aberto,áreasdesmatadas,animaisdecriaçãodomésticacirculandolivremente.

Impacto

Para Saunders (1983), as doenças estãorelacionadasaclima,geografia,cultura,hábitosdehigiene,alémdasformasdedespejodedejetos.Afrequênciaeexposiçãodeagentespatológicospresentes na água aumentamàmedida que apopulaçãocrescenosambientesurbanos,assimcomoseintensificaousodesserecursoessencialàvida.ParaRibeiro(2006),aspatologiasresponsáveisporumnúmeroelevadodeóbitossãoindicativasdascondiçõesdevida,meioambienteesaúde.

AsdoençastransmitidasporveiculaçãohídricanacidadedePontadePedrasforamcitadasnasentrevistasemcampo(Gráfico1).Observandoessesresultadoseaspossibilidadesdeatransmissãodedoenças7pormeiodaáguaserumagravante,percebe-seaprecariedadedasaúdedapopulação.

Paraasduasdoençasmencionadas,observou-seummaiornúmerodecasosnosetor22(Figura4).Asáreasestudadasreúnemindicadoreseconômicos,

7 Háváriostiposdedoençasquepodemsercausadaspelaágua.Sãoassimdenominadasquandocausadaspororganismosououtroscontaminantesdisseminadosdiretamentepormeiodaágua.Emlocaiscomsaneamentobásicodeficiente(faltadeáguatratada,derededeesgotoe/oudealternativasadequadasparaadeposiçãodedejetoshumanos),doençaspodemocorrerdevidoàcontaminaçãodaáguaporessesdejetos,assimcomopelocontatocomesgotodespejadonasruasounoscórregoserios.Aescassezdeáguatambémpodecausardoenças,poisimpedeumahigieneadequada.Incluem-seaindanalistadedoençasdetransmissãohídricaaquelascausadasporinsetosquesedesenvolvemnaágua.Algumasdessasdoençaspossuemaltopotencialdedisseminação,comtransmissãodepessoaparapessoa(viafecal-oral),aumentandoassimsuapropagaçãonacomunidade.Podemtambémsertransmitidasporalimentos,devidoamãosmallavadasdepreparadores,portadores/assintomáticosoudoentes(SãoPaulo,2009).

Figura 5 – Lançamento de resíduos sólidos na várzea, no setor 22

Saúde Soc. São Paulo, v.26, n.4, p.1071-1086, 2017 1083

educacionaiseinfraestruturaisdiferentes.Osetor20éumaáreadeterrafirmecujamaioriadascasas(70%)édealvenaria;contudo,oabastecimentodeáguacontinuaumadasprincipaisreclamaçõesdosmoradores.Osentrevistadosrelataramqueumdosgravesproblemasdomunicípioé,emespecialna

Gráfico 1 – Doenças relacionadas à água, de acordo com a visão dos moradores de Ponta de Pedras, 2016

áreaurbana,osaneamentobásico.Osmoradoresacreditamqueaprecariedadedessainfraestruturaéoprincipalfatordaexistênciadedoençasporveiculaçãohídrica,taiscomodengue,viroseediarreia,quecontaminamouexpõemcriançaseidosos,gruposmaisvulneráveis.

AmetodologiaPeirapresentaasinter-relaçõesentremodificaçõesambientaiseseusefeitosdiretossobreasaúde.Osdadosrelacionadosàinfraestruturareforçamasreclamaçõesdosmoradoresresidentesnos dois setores e expõem a precariedade doabastecimentoetratamentodeágua,bemcomodoshábitosdehigiene.Noformulário,naquestãosobrelimpezadacaixad’água,observa-sequeháumabaixafrequênciaderespostasquedemonstremcuidadonesseimportanteitemdehigiene(menosde3%).

Emjaneirode2016,duranteumaentrevista,oengenheiroresponsávelpelasupervisãodeserviçosdaCosanpanaIlhadoMarajórelatouquehátrêsanosacompanhianãofazaanálisedaágua;alegoumotivosdelogístico(dificuldadeealtocustodoserviço),alémdadistânciageográficadosmunicípiosribeirinhosdascidadescentraiscomoBelém,entreeles,PontadePedras.

Resposta

Perguntou-seaosmoradoresseaáguaconsumidaeradeboaqualidade.Osentrevistadosnosdoissetoresapresentaramrespostasdiferenciadas(Figura5).Paraosetor20,osmoradorescomentaramquepossuemcondiçõesdehigieneesaneamentobásicoprecárias,eacreditamqueaáguatratadapelaCosanpanãoéboa.Portanto,comorespostaaessasituação,muitosmoradoresoptampelotratamento da água comhipoclorito de sódio,distribuídonasUnidadesBásicasdeSaúde(UBS);outros,porém,acreditamqueaáguachegatratadaasuaresidência;eváriosdecidemfiltrarorecurso,comopodeserobservadonográficodoGráfico2.Ométododefiltragemeousodohipocloritosãoopçõesdetratamentodaágua,considerandoarelaçãodecusto/benefício.

1084 Saúde Soc. São Paulo, v.26, n.4, p.1071-1086, 2017

Considerandoasituaçãoanalisada,infere-sequeosetor22podeapresentarimpactosmaioresemrelaçãoàsaúdedapopulaçãoporserumaáreadevárzeaeporapresentarmaiorpressãosobreoambiente,comoocrescimentourbanoeoprecárioacessoàinfraestruturabásica.Observou-seduranteotrabalhodecampoquenãohárespostasdapopulaçãoàproblemática,nãohámobilizaçãodosmoradoresno

sentidodeformarassociaçõesoupromoverreuniõescomopoderpúblico,deformaorganizada,paralutarpormudanças.Ressalta-setambémumainoperânciadopoderpúblicopararesolveressasquestõesdeformaimediata.

Nessecontexto,arespostaseresumeapequenasações,individuais,comoamencionadaanteriormentesobreotratamentodaágua.

Considerações Finais

AanálisedosfatoresapresentadosnospermitiuelaborarumaavaliaçãointegradadeapenastrêselementosdametodologiaPeir.EmPontadePedras,asforçasmotrizessãorepresentadaspelocrescimentodaáreaurbana,aqualpossuicarênciasdeinfraestrutura,comoacessoàáguapotáveldequalidadeesistemadecanalizaçãoetratamentodeesgoto.Considerandoqueapopulaçãopossui,predominantemente,baixopoderaquisitivo,essasituaçãointerferenasoluçãoimediatadosproblemasapresentados.

Apesardeacidadeestarinseridaemumadasmaioresbaciashidrográficasdomundo,nota-seumaprecariedadeno fornecimentodeágua.Adisponibilidadehídricadolugarnãogaranteumabastecimentoadequadoàpopulação,porrazõesdiversasquenãoforammencionadasnesteartigo,umavezquenãoéesseofoco.

Essas forçasmotrizes seapresentamcomoelementos definidores das pressões sobre as

condiçõesdoambienteedasaúdedapopulação,influenciadostambémporumcrescimentoemáreadossetoresepelodestinodosresíduossólidos,lançados,muitasvezes,noscórregos.

AmetodologiaPeirpermitiuobservararelaçãoessencialentresaúdeeambiente.Pretende-seampliaraanálisesobreacidade,àluzdametodologiaPeir,eacrescentaroutrasvariáveisparaquesejapossívelmelhorarosinstrumentosdeavaliaçãodascondiçõesdesaúde.Deacordocomasdiretrizesadotadas,oambienteestudadoévulnerávele,dessaforma,asintervençõesdoPoderPúbliconascondiçõesdevidadapopulaçãoexpostasetornamnecessáriaspararestringiraescaladeproblemas.

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Gráfico 2 – Respostas sobre o tipo de tratamento de água para consumo utilizado pelos moradores

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AgradecimentosOs autores agradecem à Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e à Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), pelo apoio ao desenvolvimento

desta pesquisa.

Contribuição dos autoresLima foi responsável pela concepção do estudo. Costa e Lima realizaram a análise dos dados. Todos os autores contribuíram para a redação do artigo.

Recebido: 07/11/2017Aprovado: 16/11/2017