uma breve análise da inserção do protestantismo no brasil

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UMA BREVE ANÁLISE DA INSERÇÃO DO PROTESTANTISMO NO BRASIL

Possíveis fatores que levaram o protestantismo brasileiro a um distanciamento da sociedade

civil e a uma alienação da cultura local

INTRODUÇÃO

Ao analisar o protestantismo brasileiro atual, verifica-se um certo grau de descompasso

com a sociedade civil, bem como um certo preconceito para com a cultura brasileira. Parece que

ele vive uma freqüência diferente da sociedade, chegando em alguns momentos a uma total

alienação.

Diferentemente da tradição católica, que apesar de sua diversidade conseguiu manter

uma certa unidade institucional, o protestantismo que surgiu da Reforma do século XVI gerou

várias tradições e instituições. Segundo Mendonça1 o correto é falar “protestantismos” e não

“protestantismo”.

Ao abordar o tema da inserção do(s) protestantismo(s) na sociedade brasileira, nos

deparamos com uma questão mais complexa ainda, pois verifica-se a implantação de várias

tradições e instituições, em momentos históricos diferentes.

Primeiramente pode-se destacar duas tentativas fracassadas de inserção do

protestantismo no território brasileiro: A primeira foi no Rio de Janeiro, quando os calvinistas

franceses liderados por Nicolau Duránd de Villegaignon se instalaram na Bahia de Guanabara no

período de 1555-1559. A segunda com os holandeses no Nordeste, de 1630-1654.

1 MENDONÇA, Antônio Gouveia: VELASQUES, Prócoro Filho. Introdução ao Protestantismo no Brasil.

São Paulo: Loyola/IEPG/Umesp-Ciências da Religião, 1990. p. 11

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As duas tentativas foram frustradas. Somente em meados do século XIX o

protestantismo foi inserido de forma definitiva no território brasileiro. Ao abordar este tema,

pode-se dividir em três movimentos diferentes: 1) Protestantismo de Imigração, 2)

Protestantismo de Missão e 3) Pentecostalismo.

Neste trabalho abordaremos apenas os dois primeiros movimentos (protestantismo de

imigração e protestantismo de missão) procurando detectar alguns fatores presentes no

protestantismo histórico, desde sua implantação, que o possam ter levado a um certo

descompasso da sociedade civil e a da cultura brasileira.

PROTESTANTISMO DE IMIGRAÇÃO

Com a mudança da família real, da nobreza e dos funcionários da corte para a Colônia

em 1808, os rumos da religião no Brasil foram alterados. A tripulação de 15 mil pessoas que

embarcou em Lisboa, foi escoltada pela frota marítima da Inglaterra. Isto fez com que Portugal

se aproximasse mais da Inglaterra e se afastasse da França.

Este fator fez com que Portugal e Brasil em 1810 assinassem o Tratado de Comércio e

Navegação. No artigo XII deste tratado, a coroa portuguesa concede aos ingleses a liberdade de

culto e tolerância religiosa.

XII. Sua Alteza Real o príncipe regente de Portugal declara, e se obriga no seu próprio nome, e no de seus herdeiros e sucessores, que os vassalos de sua Majestade Britânica, residentes nos seus territórios e domínios, não serão perturbados, inquietados, perseguidos, ou molestados por causa da sua religião, mas antes terão perfeita liberdade de consciência e licença para assistirem e celebrarem o serviço divino em honra do Todo-Poderoso Deus, quer seja dentro de suas casas particulares, quer nas suas igrejas e capelas, que Sua Alteza Real agora, e para sempre graciosamente concede permissão de edificarem e manterem dentro dos

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seus domínios. Contanto porém que as sobreditas igrejas e capelas sejam construídas de tal modo que externamente se assemelhem a casas de habitação; e também que o uso dos sinos não lhes seja permitido para o fim de anunciarem publicamente as horas do serviço divino.2

Segundo Reily, este tratado traçou linhas mestras que seriam inseridas na primeira

Constituição do império do Brasil (1823). No campo religioso pode-se destacar o artigo 5:

Art. 5. A religião católica apostólica romana continuará a ser a religião do Império. Todas as outras religiões serão permitidas com seu culto doméstico ou particular, em casas para isso destinadas, sem forma alguma exterior de templo.3

Foi em decorrência da abertura dos portos brasileiros aos países amigos de Portugal

(1808) e do incentivo do governo à imigração européia, que chegaram ao Brasil luteranos,

anglicanos e episcopais.

Do ponto de vista institucional os luteranos foram os pioneiros na implantação do

protestantismo no Brasil. Seu marco inicial foi a comunidade de nova Friburgo no Rio de Janeiro

fundada pelo pastor Friederich O. Sauerbronn, com 334 membros. Neste mesmo ano na cidade

de Rio dos Sinos, foi fundada outra comunidade luterana, chamada São Leopoldo4.

Outro fato que se deve destacar como ponto facilitador para a inserção do

protestantismo (de imigração) no Brasil, foi o enfraquecimento e a vulnerabilidade da Igreja

Católica da época. Mendonça afirma:

Ao vazio protestante de quase dois séculos correspondeu meio século de estagnação do catolicismo no Brasil,

2 REILY, Duncan A. História Documental do Protestantismo no Brasil. São Paulo: ASTE, 1984. p. 26-27

3 Ibid., p.28

4 São Leopoldo foi o nome dado à comunidade luterana em homenagem à Imperatriz Leopoldina.

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provocado, no período colonial, pela política iluminista do Marquês de Pombal e, no período imperial, pela política do padroado. Entre 1759 e 1855 diversos eventos e fatores – como a suspensão das relações diplomáticas com o Vaticano (1759-1808); as influências jansenistas vindas da Europa; a escassez de bispos, e estes, na maioria, ocupados com assuntos temporais; o clero moralmente desprestigiado e a proibição de entrada de noviços nas ordens religiosas (1855) – constituíram um quadro pouco favorável à Igreja Católica. 5

Pode-se afirmar que com a chegada ao Brasil dos imigrantes de tradição protestante

(luterana, anglicana e episcopal) seja o início da implantação efetiva do protestantismo no

território brasileiro.

Ainda que estas tradições protestantes tenham sido pioneiras, elas não influenciaram e

nem promoveram impactos na sociedade brasileira, pois tinham como objetivo principal dar

continuidade à tradição denominacional e familiar, sem fins missionários.

Verifica-se, portanto, que já no seu início, o protestantismo brasileiro apresenta uma

certa apatia da sociedade brasileira. Por ser um protestantismo étnico, este protestantismo de

imigração, não leva em conta a sociedade e a cultura brasileira, mas sim os valores sociais e

culturais de seu povo.

PROTESTANTISMO DE MISSÃO

No decorrer do século XIX, o Brasil passou por grandes transformações sociais, políticas e

econômicas. Vários acontecimentos o fizeram passar do domínio colonial português ao

estatuto de país politicamente independente; depois, de Monarquia à Republica.

5 MENDONÇA & VELASQUES, Op. Cit. p. 27

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A partir de 1870, estas transformações foram intensas. “O crescimento da economia

norte-americana, a necessidade de mão de obra estrangeira e as novas relações econômicas e

comerciais com a Inglaterra são consideradas fontes influenciadoras nestas mudanças”.6

Segundo Mesquida, neste mesmo momento

as elites intelectuais e políticas nacionais sofriam a influência da onda de “Modernidade”, embalada pelos ideais e valores da sociedade burguesa européia e americana. Não é sem razão que o positivismo, o republicanismo, o individualismo, a maçonaria animavam as conversas, as conferências, as publicações da imprensa, as alianças, as tomadas de posição políticas no Parlamento, assim como os conchavos para a formação dos gabinetes ministeriais.7

Outro fato a ser destacado é que, também, neste momento, fora criado o Partido

Republicano vindo a se tornar a força mais ativa de oposição ao regime vigente (Monarquia).

Os republicanos almejavam um sistema federalista, reivindicado pelas classes dominantes das poderosas províncias da região sudeste (São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro), desejosas de exercer e de perpetuar, em nível nacional, sua hegemonia política e econômica.8

Para os que desejavam a queda da monarquia e a substituição por uma república

(republicanos e liberais), os EUA passaram a ser o paradigma preferencial. Ao mesmo tempo, os

EUA desenvolviam uma enérgica ação político-diplomática com a finalidade de estabelecer sua

6 BASBAUM, Leôncio. História sincera da República. 4ª ed. São Paulo: Editora Alfa-Omega, 1976, p. 233.

7 MESQUIDA, Peri. Hegemonia norte-americana e educação protestante no Brasil. Juiz de

Fora/SBCampo: EDUFJF/EDITEO, 1994, p. 19 8 FELIZARDO, Joaquim J. História Nova da República Velha - Do manifesto de 1870 à Revolução de

1930. 2ª ed. Petrópolis: Vozes, 1980, p. 12

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hegemonia cultural, econômica e política sobre o conjunto dos países do continente latino-

americano, justificada pela doutrina do “Destino Manifesto”9.

As tensões políticas e sociais suscitadas no seio da sociedade brasileira pela circulação

dos ideais liberais e pela relação de força de grupo de opiniões divergentes que queriam exercer

a hegemonia política sobre a nação, tiveram como atores, de um lado, aqueles que desejavam

manter o status quo e, de outro, os que haviam sido seduzidos pela visão de um sistema político

(o sistema norte-americano) cuja lógica e coerência conduziam, segundo acreditavam, na

direção do progresso e da felicidade. Para estes últimos, os elementos culturais constitutivos da

sociedade norte-americana eram as forças capazes de ajudá-los a atingir os seus objetivos

pessoais e/ou coletivos.

Esta efervescência política e social que caracterizou o período que precedeu e preparou

a abolição da escravatura e a proclamação da República (1889), não era alimentada somente no

parlamento e nos clubes onde se encontrava a aristocracia; sua fonte situava-se sobretudo nas

salas e altares das lojas maçônicas, onde as elites intelectuais e políticas da época se reuniam.

As lojas funcionavam como centros de difusão dos ideais liberais e republicanos que circulavam

numa parte considerável da imprensa.10

É neste contexto sócio-político-econômico que se deu a chegada dos protestantes

estadunidenses com o objetivo de implantar suas missões. Chegaram, portanto, as igrejas:

Congregacional, Presbiteriana, Metodista, Batista e Episcopal. Não reconhecendo o trabalho

missionário promovido pelo catolicismo, estas denominações tinham como objetivo claro o

pregar a fé protestante/evangélica.

9 O Destino Manifesto é a frase no qual expressa a crença de que o povo dos Estados Unidos é eleito por

Deus para comandar o mundo, e por isso o expansionismo americano é apenas o cumprimento da vontade Divina. Os defensores do Destino Manifesto acreditaram que expansão não só era boa, mas que era óbvia ("manifesto") e inevitável ("destino"). Originalmente uma frase de propaganda política do século XIX, o Destino Manifesto se tornou um termo histórico padrão, freqüentemente usado como um sinônimo para a expansão territorial dos Estados Unidos pelo Norte da América e pelo Oceano Pacífico. (http://pt.wikipedia.org/wiki/Destino_Manifesto) 10

MESQUIDA, idem, p. 19

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A crença na possibilidade da realização do reino de Deus na terra intensificou a cooperação entre todas as denominações protestantes que, embora mantivessem suas características próprias assim como suas formas específicas, nivelaram-se numa teologia mais ou menos uniforme como produto dos reavivamentos e do metodismo. As denominações dispunham-se a cooperar para a reforma do mundo a partir da visão de uma população religiosa, livre, letrada, industriosa, honesta e obediente às leis.11

Continua Mendonça:

Durante todo o século XIX imperava a idéia de que a religião e civilização estavam unidas na visão da América cristã e que Deus tem sempre agido através de povos escolhidos. Os de língua inglesa, escolhidos mais do que quaisquer outros, são obrigados a propagar as idéias cristãs e a civilização cristã. Alguns autores escreveram que a mais alta expressão da civilização anglo-saxônica eram os Estados Unidos. Um ministro metodista disse: “ Deus está usando os anglo-saxões para conquistar o mundo para Cristo a fim de despojar as raças fracas e assimilar e moldar outras”. O destino religioso de mundo esta nas mãos dos povos de fala inglesa. À raça anglo-saxã Deus parece ter entregue a empresa de salvação do mundo.12

Imbuídos dessa visão, os missionários, juntamente com a pregação da fé evangélica,

apresentavam também, o estilo americano de vida (american way of life). Ou seja, a cultura

estadunidense era apresentada como superiora. Através dela o convertido seria um melhor

cristão. Portanto, um dos fatos ocorrentes no protestantismo de missão foi a rejeição da cultura

local (brasileira) para a assimilação da cultura estrangeira (estadunidense). O que muitas igrejas, 11

MENDONÇA, A. G. – O celeste porvir: a inserção do protestantismo no Brasil: São Paulo: Ed Paulinas,

1984, p. 55

12 MENDONÇA, Op. Cit. p. 56

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ainda hoje, chamam de “doutrinas”, na realidade são “usos e costumes”. O padrão cultural das

vestimentas, do lazer, da música e outros, foram impostos pelas denominações missionárias,

reproduzindo no Brasil o jeito de ser e de se viver nos Estados Unidos.

Para Mendonça as igrejas nascentes do protestantismo de missão, ainda hoje, seguem

sendo um projeção do protestantismo estadunidense. Afirma ele:

Direta ou indiretamente ou indiretamente, as igrejas brasileiras, ao menos as de origem missionária, alimentam-se do ideário da religião civil norte-americana. Como nem sempre as igrejas norte americanas são fiéis ao antigo ideário dos fundadores da sua nação, consubstanciado na religião civil, há choques e atritos que se propagam como que em ondas até as igrejas brasileiras. Este fator é um dos pontos importantes para se compreender o comportamento das igrejas brasileiras em relação à sociedade civil, já que elas tendem, talvez por serem minoritárias e, portanto, sujeitas ao reforço constante de sua auto-identificação, a acompanhar as ondas de conservadorismo das igrejas norte americanas. É por isso que há um visível descompasso com a sociedade, descompasso que é historicamente explicável: no momento em que o protestantismo foi inserido na sociedade brasileira, esta se achava num estágio de desenvolvimento significativamente anterior à sociedade norte-americana; por isso o protestantismo foi recebido como vanguarda do progresso a da modernidade. Hoje, quando movimentos neoconservadores e reformistas atingem a sociedade e as Igrejas norte-americanas, tentando recuperar os antigos valores, as igrejas brasileiras, na esteira desses movimentos, agitam-se na busca de valores que nunca fizeram parte da sociedade brasileira. Assim, se no passado o protestantismo brasileiro apontou para o futuro, hoje ele aponta para o passado – aliás, um passado inexistente. Nesse caminhar, o descompasso entre protestantismo histórico brasileiro e sociedade tende a se agravar.13

13

Mendonça & Velasques, ibid, p. 13

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O protestantismo de origem missionária existente no Brasil, tende a reproduzir no

interior de suas comunidades, os traços da religião civil norte-americana, o que tem contribuído

para aumentar seu distanciamento da sociedade brasileira.

Na medida em que esse protestantismo reforça a sua auto-identificação ao preço de seu relacionamento com a sociedade, torna-se pouco atraente para as camadas populares ao defender valores burgueses de colorido estranho ao spectrum cultural brasileiro. A assimilação dos valores da religião civil norte-americana, expressos em termos religiosos protestantes, dá se através de três canais principais: a mídia, a literatura e as missões modernas que se movem especialmente nos parâmetros da organizações paraeclesiásticas.14

A sociedade brasileira, ao olhar para esse protestantismo proveniente dos Estados

Unidos, com um forte ideário messiânico e representante de sua religião civil, o vê como um

corpo estranho, pois, ele não consegue interagir com a cultura brasileira. Este protestantismo

acaba se fechando denominacionalmente por não conseguir dialogar com uma cultura estranha

(a brasileira).

APONTAMENTOS FINAIS

Verifica-se através destes breves relatos que desde sua implantação, os protestantismos

de imigração e de missão, implantados no Brasil apresentam um certo distanciamento da

sociedade civil e da cultura brasileira.

14

Idem, p. 14

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Quanto ao protestantismo de imigração , pode-se destacar o fato de que a chegada dos

luteranos, anglicanos e episcopais, não tenham influenciado e nem promovido impactos na

sociedade brasileira, pois tinham como objetivo principal, apenas dar continuidade à tradição

denominacional e familiar, sem fins missionários. Por ser um protestantismo étnico, não levou

em conta a sociedade e a cultura brasileira, mas sim os valores sociais e culturais dos países de

origem.

Quanto ao protestantismo de missão destacam-se os seguintes fatores: 1) o

protestantismo de origem missionária, implantado no Brasil, foi uma extensão da cultura

estadunidense, calcada no ideário do “Destino Manifesto”, onde os outros povos recebem a

salvação através desta cultura; 2) a teologia conversionista pregada pela maioria dos

missionários, apresentava a conversão como algo individual, que consistia no rompimento do

indivíduo com o seu meio cultural através da adoção de novos padrões de condutas (american

way of life); 3) por ser minoritário, o protestantismo de missão, fecha-se em si mesmo, em

busca de auto-afirmação, quando saí de sí, como vimos, tende a acompanhar as ondas de

conservadorismo da igreja e da sociedade estadunidense.

Ainda que possam existir muitos outros fatores que tenham determinado, ou mesmo

que estejam determinando ainda hoje, o distanciamento do protestantismo histórico da

sociedade civil brasileira e de sua cultura, este trabalho se limita a apresentar apenas estes. O

que não significa um reducionismo, mas sim um corte didático para se ressaltar alguns pontos

presentes neste protestantismo desde sua implantação no território brasileiro.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BASBAUM, Leôncio. História sincera da República. 4ª ed. São Paulo, Editora Alfa-Omega, 1976. FELIZARDO, Joaquim J. História Nova da República Velha - Do manifesto de 1870 à Revolução de

1930. 2ª ed. Petrópolis, Vozes, 1980. LAKATOS, E M & MARCONI, M A. Metodologia Científica. 5ª ed. São Paulo, Atlas, 2007. MENDONÇA, Antonio Gouveia – O celeste porvir: a inserção do protestantismo no Brasil: São

Paulo: Ed Paulinas, 1984. MENDONÇA, Antonio Gouveia; VELASQUES, Prócoro Folho. Introdução ao Protestantismo no

Brasil. São Paulo: Loyola/IEPG/UMESP-Ciências da Religião, 1990. MESQUIDA, Peri. Hegemonia norte-americana e educação protestante no Brasil. Juiz de

Fora/SBCampo, EDUFJF/EDITEO, 1994. REILY, Duncan A. História Documental do protestantismo no Brasil. São Paulo:ASTE, 1984.