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Uma Abordagem Empírica do Modelo de Heckscher-Ohlin

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Universidade de BrasliaFaculdade de Economia, Administrao e Contabilidade (Face)Departamento de EconomiaEconomia Internacional II/2014Prof. Renato Coelho Baumann das Neves

Uma Abordagem Emprica do Modelo de Heckscher-Ohlin

Luiz Felipe Dantas GuimaresMatrcula 12/001734225.11.2014Introduo

O estudo abaixo busca apresentar os conceitos necessrios para entender o modelo de Heckscher-Ohlin para, posteriormente, compar-lo com os nmeros reais das economias dos EUA e do Brasil. Para ser feita a anlise, so relaxadas as hipteses originais do modelo com intuito de mostrar que uma ideia geral pode ser extrada e seus resultados so consistentes com as evidncias empricas. Cada pas tem como parceiro comercial o resto do mundo e o critrio de abundncia de fatores comparado com a noo da mdia do resto do mundo.

Vantagem Absoluta

O conceito de vantagem absoluta criado por Adam Smith como uma forma de contrapor a ideia defendida pelos mercantilista. De acordo com o mercantilismo, o comrcio era uma atividade que no poderia ser benfica para ambas as partes, para que algum ganhasse, outro precisava estar perdendo. Dessa forma, defendia-se uma interveno do governo, por meio da qual os interesses nacionais seriam assegurados de maneira que houvesse um supervit da balana comercial.

Adam Smith cria ento o conceito de vantagem absoluta, que defende e elabora uma explicao econmica e matemtica de que as duas partes podem se beneficiar do comrcio. Por meio deste conceito, uma parte que consiga, em um mesmo perodo de tempo, produzir mais de um determinado produto, possui uma vantagem absoluta na produo do mesmo. Sendo assim, dois pases que produzem dois produtos (os mesmos produtos) poderiam se especializar na produo daquele em que tivesse vantagem absoluta e, por meio do comrcio, alcanar uma situao melhor para ambos, que no poderia ser alcanada sem o comrcio.

Vantagem Comparativa

Como um complemento do conceito de vantagem absoluta, David Ricardo introduz o conceito de vantagem comparativa. Este conceito permitia entender de forma mais ampla os motivos do comrcio internacional, mesmo nos casos em que um pas possusse vantagem absoluta nos dois bens.

A vantagem comparativa surge do custo de oportunidade de troca da produo de cada bem. O custo de oportunidade consiste, nesse caso, em quantas unidades de um bem A esto deixando de ser produzidas para se produzir um bem B. Nesse sentido dois pases com propores diferentes de produo sempre encontrariam diferenas em suas vantagens comparativas, e assim um motivo para o comrcio, onde cada pas se especializaria parcialmente na produo do produto em que possui uma vantagem comparativa.

Ganhos com o Comrcio

Para melhor entender os ganhos com o comrcio, traz-se o conceito de curva de possibilidade de produo para expor como os custos de oportunidade na substituio so crescentes e no constantes. Isso, por sua vez, resulta num grfico que uma curva cncava, ao invs de uma reta.

Essa abordagem mais interessante para retratar a realidade, uma vez que torna-se cada vez mais difcil a produo de uma unidade adicional de um dado produto. Sendo assim, consome-se cada vez mais dos fatores que seriam usados para produzir o outro bem, o que implica num aumento do custo de oportunidade.

Outro aspecto importante trazido pelas curvas de indiferena da sociedade. Estas curvas refletem combinaes dos bens que trazem um mesmo bem-estar (uma mesma utilidade) para essa. Nesse contexto, surge a ideia de taxa marginal de substituio, que indica quanto do consumo de um produto pode ser trocado pelo consumo do outro para manter um mesmo nvel de utilidade.

Com esses dois aspectos, considerando que o pas busque maximizar a utilidade de sua populao, pode ser encontrado um nico ponto que trar o maior nvel de utilidade possvel para o pas, sem a existncia de comrcio. A utilidade mxima se dar no ponto de tangncia entre a curva de possibilidade de produo e da curva de indiferena, como pode ser visto na figura abaixo de Salvatore (2000).

A figura mostra o ponto de tangncia que maximiza a utilidade para uma dada curva de possibilidade de produo, ponto em que ambas as curvas possuem mesmo coeficiente angular.

Com o comrcio, no entanto, o pas tem a possibilidade de produzir mais do bem em que possui vantagem comparativa e trocar esse bem, o que o leva a um ponto externo a sua curva de possibilidade de produo. Com o novo ponto, h uma nova tangncia formada pela reta que liga o novo ponto de produo com o ponto aps o comrcio e sua curva de indiferena, que estar num nvel mais alto, como pode ser visto na figura abaixo de Salvatore (2000).

Na figura ao lado, o pas passa do ponto A ao ponto B de produo e em seguida para o ponto E, aps o comrcio, demonstrando um ganho de utilidade.

No novo ponto, os pases encontram-se num equilbrio de preo relativo. Isso demonstra que cada uma das partes est importando tudo aquilo que deseja e exportando o mximo que consegue vender outra parte.

Num caso especial, h o comrcio que deriva da diferena de preferncias de consumo. O pas com menor preferncia pelo consumo de um dado produto ter uma vantagem comparativa nesse bem. Caso o outro pas tenha preferencia pelo outro bem, mesmo que suas curvas de possibilidade de produo sejam idnticas haver ganho de utilidade com o comrcio, que ser derivado das diferenas de preferncia.

O teorema de Heckscher-Ohlin, combinando alguns conceitos citados acima, estabelece que uma nao se especializaria na produo de bens que fossem intensivos no uso do fator mais abundante naquela nao. A ideia herda princpios da teoria ricardiana, uma vez que a abundncia de fatores descrita uma medida relativa de um fator em relao aos demais fatores em questo e no absoluta.

A outra parte do teorema trs o conceito de equalizao de preos dos fatores. Segundo este, o comrcio tende, no longo prazo, a equalizar o preo dos fatores entre as partes do comrcio. Seria ento um substituto para a mobilidade internacional dos fatores.

Testes Empricos

Para a anlise, dados de importao e exportao sero usados (dados encontrados em http://comtrade.un.org/pb/CountryPagesNew.aspx?y=2013 e referentes ao ano 2013). Primeiramente, ser analisado o caso dos Estados Unidos e, em seguida, do Brasil. A inteno destacar os padres de troca de ambos os pases para que seja possvel testar a veracidade do modelo.

Estados Unidos

Considerando os grficos abaixo referentes ao comrcio dos Estados Unidos, algumas concluses podem ser tomadas. O primeiro grfico (Graph 1) ilustra as exportaes e importaes de produtos, assim como o resultado do balano para os mesmos, ilustrado pela linha vermelha. A ilustrao nos mostra uma constncia negativa no balano, que significa importaes superando as exportaes constantemente.

Por outro lado, o segundo grfico (Graph2) mostra os resultados de exportao e importao para servios assim como, tambm, o resultado do balano para os mesmos, tambm ilustrado pela linha vermelha. Em contraste com o grfico acima, para o setor de servios o cenrio segue uma tendncia contrria, em que as exportaes superam as importaes constantemente e isso se traduz na permanncia da linha vermelha na parte positiva.

No caso do Brasil os resultados seguem uma linha oposta. No balano de bens h uma constante superao das exportaes sobre as importaes, mantendo a linha vermelha acima do eixo, mesmo que de forma tnue.

Ainda, quando so olhados os servios, as importaes so mais acentuadas que as exportaes, deixando a linha vermelha consistentemente abaixo do eixo, demonstrando um saldo negativo.

Os dados mostram ainda que a quantidade de commodities exportadas pelos EUA muito menor que aquela exportada pelo Brasil, U$ 1.578,00 bi contra U$ 242.178,10 bi, respectivamente para o ano 2013.

Pela teoria de Heckscher-Ohlin, os dados nos apontam que o primeiro pas mais abundante em mo de obra qualificada e capital do que mo de obra menos qualificada. Por outro lado, o segundo pas mais abundante em mo de obra menos qualificada e commodities.

Concluso

Os dados apresentados mostram concordncia com os aspectos gerais da teoria de Heckscher-Ohlin. Cada um dos dois pases pode ser analisado de forma isolada e considerando seus parceiros de comrcio como sendo o resto do mundo.

Alm disso, ainda que seja uma economia com mais do que dois bens e dois fatores, pode ser feita uma generalizao do comrcio do pas de modo que sejam considerados grandes blocos. Os resultados indicam que os EUA possuem abundncia de mo de obra qualificada e capital quando comparado com a mdia do resto do mundo. J o Brasil, possui abundncia de commodities e mo de obra no qualificada quando comparado com a mdia do resto do mundo.

Referncias Bibliogrficas

Dominick Salvatore (2013), International Economics, Wiley

Paul Krugman, Maurice Obstfeld (2010), Economia Internacional Teoria e Poltica, Ed. Makron BooksDados: http://comtrade.un.org/pb/CountryPagesNew.aspx?y=2013