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VIII ENCONTRO DE ECONOMIA BAIANA – SET. 2012 * Graduado em Ciências Econômicas pela universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS). ** Mestre em Economia pela Universidade São Paulo (USP); doutorando em Economia de Empresas pela Fundação Getúlio Vargas (FVG). CONTINUIDADE VERSUS SUNK COSTS NA BASE EXPORTADORA DA BAHIA VISTOS A PARTIR DE UM MODELO DINÂMICO DE PROBABILIDADE Rildo Lago * Vagner Alves ** RESUMO Este artigo procura traçar um quadro dos determinantes essenciais da continuidade das firmas baianas na base exportadora. Para este fim, promove o encontro de uma breve síntese de fatos históricos selecionados com a revisão da literatura teórica e econométrica sobre as causas, incentivos e conseqüências relacionados à inserção de firmas nas atividades de exportação. No caminho para este objetivo, este trabalho se utiliza dos conceitos de sunk cost, histerese e indicadores de produtividade para identificar se há evidências de ocorrência de auto-seleção de empresas na base exportadora ou se há uma aprendizagem das empresas que se internacionalizam via participação nas atividades de exportação. Um modelo dinâmico de probabilidade é utilizado para este objetivo. Uma base de dados contendo dados de dez mil empresas, descrita na seção sobre base de dados, é utilizada para estes fins e um dos principais resultados é a identificação de uma distribuição bimodal de continuidade em relação à participação na base exportadora mediada pelo comportamento descontinuo de um contingente de empresas exportadoras na Bahia determinada por conjuntos distintos de fatores segundo a situação que condiciona a posição na amostra. Palavras-chave: Base Exportadora. Bahia. Sunk Cost. Auto-seleção. Learning by export. ABSTRACT This article draws a table of key determinants of continuity of firms exporting base in Bahia. To this end, promotes the meeting with a brief summary of selected historical facts with the theoretical and econometric literature review about the causes, consequences and incentives related to the inclusion of firms in export activities. This paper uses the concepts of sunk cost, hysteresis and productivity indicators to identify if there is evidence of the occurrence of self-selection of firms in the export base or if there is a learning companies that internationalize via participation in export activities. A database containing data from ten thousand companies, described in the section on database, is used for these purposes and one of the main results is the identification of a bimodal distribution of continuity in relation to participation in export base mediated by the discontinuous behavior of a contingent of exporting companies in Bahia determined by different sets of factors according to the situation that determines the position in the sample. Keywords: Export basis. Bahia state. Sunk cost. Self-selection. Learning by export. ECONOMIA BAIANA 101

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Viii Encontro dE Economia Baiana – SEt. 2012

* Graduado em Ciências Econômicas pela universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS).** Mestre em Economia pela Universidade São Paulo (USP); doutorando em Economia de Empresas pela Fundação Getúlio Vargas (FVG).

COntinUidadE vERSUS SunK CoSTS na BaSE ExPORtadORa da Bahia viStOS a PaRtiR dE UM MOdElO dinâMiCO dE PROBaBilidadE

Rildo Lago*

Vagner Alves**

RESUMO

Este artigo procura traçar um quadro dos determinantes essenciais da continuidade das firmas baianas na base exportadora. Para este fim, promove o encontro de uma breve síntese de fatos históricos selecionados com a revisão da literatura teórica e econométrica sobre as causas, incentivos e conseqüências relacionados à inserção de firmas nas atividades de exportação. No caminho para este objetivo, este trabalho se utiliza dos conceitos de sunk cost, histerese e indicadores de produtividade para identificar se há evidências de ocorrência de auto-seleção de empresas na base exportadora ou se há uma aprendizagem das empresas que se internacionalizam via participação nas atividades de exportação. Um modelo dinâmico de probabilidade é utilizado para este objetivo. Uma base de dados contendo dados de dez mil empresas, descrita na seção sobre base de dados, é utilizada para estes fins e um dos principais resultados é a identificação de uma distribuição bimodal de continuidade em relação à participação na base exportadora mediada pelo comportamento descontinuo de um contingente de empresas exportadoras na Bahia determinada por conjuntos distintos de fatores segundo a situação que condiciona a posição na amostra.

Palavras-chave: Base Exportadora. Bahia. Sunk Cost. Auto-seleção. Learning by export.

ABSTRACT

This article draws a table of key determinants of continuity of firms exporting base in Bahia. To this end, promotes the meeting with a brief summary of selected historical facts with the theoretical and econometric literature review about the causes, consequences and incentives related to the inclusion of firms in export activities. This paper uses the concepts of sunk cost, hysteresis and productivity indicators to identify if there is evidence of the occurrence of self-selection of firms in the export base or if there is a learning companies that internationalize via participation in export activities. A database containing data from ten thousand companies, described in the section on database, is used for these purposes and one of the main results is the identification of a bimodal distribution of continuity in relation to participation in export base mediated by the discontinuous behavior of a contingent of exporting companies in Bahia determined by different sets of factors according to the situation that determines the position in the sample.

Keywords: Export basis. Bahia state. Sunk cost. Self-selection. Learning by export.

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CONTINUIDADE VERSUS SUNK COSTS NA BASE EXPORTADORA DA BAHIA VISTOS A PARTIR DE UM MODELO DINÂMICO DE PROBABILIDADE

Rildo Lago, Vagner Alves

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1 - Introdução.

Na literatura internacional o Brasil é visto como um país que cresceu induzido pela dívida (Growth Lead) em contraste com os países asiáticos que cresceram induzidos pelas exportações (Export Lead) e este cenário parece não ter mudado muito a julgar pelas medidas econômicas mais recentes que não colocam a internacionalização como um alvo prioritário a ser buscado. Com efeito, no que diz respeito à inserção externa das empresas nacionais, algo tem sido feito recentemente no que diz respeito a política tributária. Pouco foi promovido ou mesmo discutido no que diz respeito a constituição de políticas e instituições voltadas para a promoção das exportações no país depois da abertura comercial enfrentada pelo Brasi, a partir dos anos noventa, sobretudo quando comparado a um elenco diversificado que compõe a agenda econômica atual do país.

Uma agenda para as exportações divide-se em uma dimensão macroeconômica e numa dimensão microeconômica para as quais a literatura mundial remete a aprofundamentos teóricos distintos e técnicas de estimação bastante diferenciadas. Este artigo enfatiza os aspectos microeconômicos da base exportadora qualificando-o numa economia espacial e setorialmente concentrada como é o caso da economia baiana. Para isto, discorre sinteticamente sobre a literatura conceitual e empírica sobre o tema na próxima seção. Depois marca alguns traços da economia deste estado na seção seguinte para logo após discorrer sobre a base de dados e metodologia, para então por fim, analisar os resultados do modelo adotado.

2 - Revisão da Literatura teórica e empírica.

Do ponto de vista teórico, a configuração possível de estrutura e dinâmica da base exportadora é abordada tanto por teorias mais tradicionais vinculadas ao comércio internacional que remontam a 250 anos quanto por teorias de imperfeição do mercado e movimentos de internacionalização de empresas. Breves cortes são sintetizados no início desta seção. A mais sacramentada abordagem sobre o tema se referem aos trabalhos de Adam Smith (1776) e David Ricardo (1817) que explicam a existência do comércio Internacional(Teoria Clássica) com base nas vantagens de especialização da produção de cada país em função dos seus recursos naturais ou do seu avanço tecnológico, e com base nas diferenças de preços relativos dos bens dos diversos países (Krugman, 2005). O mercado externo constitui, para Smith (1776), uma saída para as produções internas excedentes, uma abertura a novas oportunidades de investimentos, uma fonte de novos produtos, não objeto de produção interna. A vantagem absoluta consiste no fato de um determinado país estrangeiro poder fornecer ao país nacional um produto mais barato do que se fosse feita internamente no país nacional, permitindo assim uma vantagem com a especialização do comércio, pois cada país se especializará na produção de um determinado produto, exportando-o e importando outro que não não tem vantagem em produzir. Isto permite aumentar a produção dos dois produtos, assim como o bem-estar social (Mendonça, 1997; Mtigwe, 2006).

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Os economistas suecos Eli Hecksher, em 1919, e Bertil Ohlin, em 1933, por sua vez, apresentaram uma explicação diferente das vantagens comparativas (Teoria de Hecksher-Ohlin). A contribuição fundamental da teoria neoclássica para a análise do comércio internacional reside na explicação das vantagens comparativas e da especialização de um país, a partir da sua dotação fatorial , explicação que ficou consagrada como Modelo de Hecksher-Ohlin e mais tarde também com o Modelo de Hecksher-Ohlin-Samuelson. Uma vez que a teoria enfatiza a interação entre proporções nas quais diferentes fatores de produção estão disponíveis em diferentes países e as proporções nas quais são usadas na produção de diferentes bens, esta teoria é também conhecida como teoria da proporção de fatores (Krugman, 2005). Neste modelo, a composição do comércio internacional é explicada a partir da abundância de um fator de produção. Por exemplo o país A é dotado de mais unidades de capital por unidade de trabalho, comparativamente ao país B, inversamente o B é dotado de mais unidades de trabalho por unidade de capital, logo o A será abundante em capital e o país B em trabalho. Assim de acordo com o modelo H-O, cada país tenderá a especializar-se na produção do bem que utiliza de modo mais intensivo o fator de que é mais bem dotado (Krugman, 2005).

A Teoria do Ciclo de Vida do Produto foi elaborada por Vernon (1966), cujo dinamismo da tecnologia leva a mudanças nas vantagens comparativas dos países ao longo do tempo. Inicialmente, a produção ocorre em países de elevado rendimento e consumo, que posteriormente os exportam para outros mercados. Dado que os mercados têm diferentes graus de desenvolvimento, dá-se posteriormente o efeito de imitação dos outros países industrializados que, inicialmente importadores do produto, passam também a exportá-lo. O mesmo acontece nos países menos desenvolvidos que entram na corrida, explorando vantagens em termos de custos (Krugman, 2005). Tendo como referência a demanda de consumidores com rendas elevadas e os bens de produção com baixa utilização de força de trabalho, Vernon (1966) distingue três fases na evolução das condições e localização da produção deste tipo de produtos: na primeira o produto novo será fabricado no país desenvolvido, que ele definiu como sendo os EUA. O alto nível de rendimento e o custo elevado da mão-de-obra estimulam a inovação neste tipo de produtos. A incerteza que normalmente está associada ao lançamento de um novo produto, leva também a preferir a localização da sua produção próxima de um grande mercado, de forma a compensar os custos de produção elevados. Nesta fase, uma comunicação efetiva do produtor com clientes e fornecedores é de extrema importância. Na segunda assiste-se a um processo de diferenciação acrescida do produto, e ao aumento do nível padronização e difusão. É o momento em que a empresa, para não perder mercado, investe a sua produção no exterior. Na terceira fase o produto está totalmente padronizado. Neste ponto passa-se a explorar outro tipo de vantagem, qual seja: a capacidade de deslocar-se para localidades onde o custo dos fatores intensivos em suas atividades sejam mais baixos.

Ao largo destas abordagens noutra trajetória se estabeleceu e constituiu o que passou a ser designado como Teorias das Imperfeições de Mercado. Uma das primeiras teorias

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que abordam a questão da produção internacional é de Hymer (1976). Este autor e Kindleberger (1969) defendem que a motivação para as empresas se multicionalizarem resulta de deterem vantagens no seu mercado que visam explorar noutros mercados, ou seja, o investimento direto existe essencialmente por causa da concorrência imperfeita na transferência internacional de recursos. Destaca-se, também, que o IDE realiza-se frequentemente em ambos os sentidos, isto é, os países funcionam como origem e destino deste investimento. Um aspecto peculiar do IDE é o fato da intenção de manter sucursais no estrangeiro implica custos que as empresas locais não enfrentam, resultantes, por exemplo: de comunicação e transportes, diferenças culturais e linguísticas, conhecimento reduzido das leis locais e dos procedimentos da comunidade empresarial, alterações cambiais, expropriações e outras ações governamentais que não se aplicam a empresas locais. A implicação destas desvantagens é que a EMN só investirá no mercado estrangeiro se tiver vantagens que as empresas locais não detenham. Estas vantagens podem decorrer de um conjunto de conhecimentos tais como tecnologia, capital humano e capacidades produtivas tais como economias de escala, diferenciação do produto e acesso preferencial ou exclusivo a inputs.

Além das teorias baseadas no comércio internacional e no investimento direto estrangeiro, descritas anteriormente, existem outras teorias da internacionalização que não serão detalhadas devido à natureza deste trabalho – analisar a indústria baiana no período escolhido – elas serão apenas citadas e superficialmente comentadas. São elas: o Paradoxo de Leontief; Teoria da Internalização; Teoria Eclética ou Paradigma OLI; Teoria dos Estágios ou Teoria do Processo de Internacionalização e a Teoria das Redes Industriais. O trabalho de Leontief, em 1953, procurou testar empiricamente a teoria H-O-S. aplicando-o ao caso dos E.U.A. Os resultados a que este autor chegou ficaram conhecidos como o Paradoxo de Leontief. Comparativamente a outros países, os EUA apareciam em 1947 como o país relativamente mais abundante em capital. Seria esperado que, de acordo com o modelo O-S, as exportações deste país fossem compostas de bens intensivos em capital e as importações, em contrapartida, intensivas em trabalho. No entanto, os resultados a que Leontief chegou foram exatamente os opostos: as exportações americanas revelaram-se intensivas em trabalho e as importações intensivas em capital. As explicações que o autor tentou dar consistem no facto de que os trabalhadores americanos são mais produtivos do que os trabalhadores do Resto do Mundo. Assim, o empreendedorismo, a superioridade de organização e a educação são fatores que podem explicar tais resultados.

A partir da perspectiva da teoria da internalização, uma empresa internacionaliza-se ou expande-se extra territorialmente, porque os custos de transação associados a mercados internacionais de produtos intermédios (bens e serviços necessários no âmbito do processo de produção) podem ser reduzidos. O processo de internalização possui também vários custos: custos de comunicação provocados pela distância geográfica e cultural, custos de operar em ambientes desconhecidos, custos políticos e sociais derivados de sentimentos nacionalistas, custos administrativos, inerentes à exploração de mercados com características diferentes das do mercado interno (Krugman, 2005).

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Dunning (1977) desenvolveu a teoria eclética ou paradigma OLI (O= Ownership, L= Localization, I= Internalization), defendendo que um investimento de sucesso deve respeitar três condições: vantagens de propriedade (O) - derivadas de posse privilegiada de ativos intangíveis específicos ou da gestão de atividades industriais domésticas ou no exterior; vantagens de localização no estrangeiro (L) - localizando a sua produção ou parte dela em locais no exterior onde incentivos governamentais favoráveis ou regulamentares em diferentes locais e pelo desejo de reduzir os custos de transação; vantagens de internalização (I) - benefícios que derivam de mercados internos e que permitem que as empresas contornem os mercados externos e os custos a eles associados. Neste sentido este autor evidencia a mudança do antigo capitalismo (hierárquico) para o novo capitalismo (de alianças) que é associada aos avanços tecnológicos, ao aumento dos custos associados à inovação, à crescente interdependência das várias tecnologias e redução drástica do ciclo e vida do produto.

A internacionalização das empresas em mercados emergentes é um acontecimento que envolve um risco acrescido devido à volatilidade e incerteza dos mercados, assim como a instabilidade política e econômica destes países. Desta forma, torna-se mais difícil avaliar a entrada da empresa no mercado. Consequentemente, as empresas escolhem caminhos diferentes ao entrar nestes mercados por diferentes razões. Algumas empresas preferem o caminho gradual, considerando um mercado após o outro, levando em consideração o tempo e o conhecimento, enquanto que outras evitam uma abordagem passo-a-passo (Hagiu e Clipici, 2009). O conhecimento do mercado, ao constituir a força motriz de internacionalização da empresa, deve englobar todo o conhecimento presente e futuro sobre os mercados e as suas condições. Estes incluem a oferta e a procura, a concorrência e os canais de distribuição, condições de pagamento e de transferência de capital. Todos estes aspectos variam significativamente em diferentes mercados e em diferentes períodos de tempo.

A decisão de Internacionalização será tomada pela empresa com base numa ampla gama de incentivos e motivações. Sendo estas últimas divididas em dois tipos: as motivações proativas (lucros, novos produtos, conhecimento da conjuntura, tributação, compromissos de longo prazo, dinâmica da economia de escala), e as motivações recativas (concorrência, excesso da produção, market-share, relações com o cliente externo) quando a empresa toma a decisão de internacionalização como uma resposta a algum estímulo e tenta adaptar-se a várias mudanças impostas pelo ambiente de negócios (empresa pretende evitar a perda). Do ponto de vista de Teixeira e Diz (2005), as empresas internacionalizam-se para ter acesso a recursos mais baratos ou de maior confiança; ter maior retorno do investimento, permitindo uma carteira de investimentos diversificados (e deste modo diminuição do risco a ela associada) por investir em países diferentes; aumentar a quota de mercado, através do crescimento das vendas no exterior que permitem economias de escala e, consequentemente, o crescimento dos lucros; proteger as empresas nacionais através de esquemas de tributação; Manter ou reforçar a rede de relações; responder aos movimentos dos concorrentes; adquirir conhecimentos e know-how.

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Em função da natureza deste trabalho abordaremos apenas a exportação como forma de entrada nos mercados internacionais. Por vezes constitui apenas o primeiro passo do processo de internacionalização de uma empresa, podendo depois evoluir para outras modalidades. A exportação consiste no fato de produtos que são fabricados no país de origem ou num país terceiro, serem depois vendidos no país de acolhimento. Assim, a ênfase das exportações é apenas em vendas de produtos no mercado-alvo. Esta modalidade é considerada a alternativa de acesso aos mercados externos com custos mais reduzidos, pois não exige investimento em atividades produtivas no exterior. Outra vantagem associada à exportação consiste nas economias de escala e num menor investimento, pois permitem que toda a produção seja concentrada, no limite, num só local. A principal desvantagem está no fato de, na maioria dos casos, não existir uma perfeita adequação dos produtos às especificidades dos mercados de destino. Assim, a literatura aponta várias formas de importação: indireta, direta, cooperativa ou partilhada, contratual, licenciamento, franchising, subcontratação, joint-ventures, alianças estratégicas, investimento direto estrangeiro.

Segundo grande parte da literatura econômica as exportações têm um papel fundamental em reduzir o nível da restrição imposta pelo Balanço de Pagamentos ao longo do tempo. Se não houver aumento do nível de exportação suficiente para cobrir as despesas adicionais com importações, a demanda agregada terá que ser contraída, e, por conseguinte, o produto e o emprego. Nesse caso, uma alternativa à contração da demanda seria cobrir o déficit externo com fluxo de capitais. Segundo Thirlwall & Hussain (1982), a restrição externa ao crescimento seria dada pela entrada de capitais. Nos países em que as importações fossem maiores que as exportações, o fluxo de capital permitiria uma taxa de crescimento do PIB maior mantendo o Balanço de Pagamentos equilibrado, pois este fluxo financiaria o déficit comercial, ou de modo geral, as transações correntes. Entretanto, déficits externos não podem ser financiados infinitamente por fluxos de capitais, há um limite para esse processo. Também, a dependência dos fluxos de capitais internacionais tornaria a economia mais vulnerável a choques externos. Se a economia não atingiu ainda um nível de industrialização capaz de auferir os benefícios da causalidade cumulativa, os gestores de política econômica deveriam incentivar mudanças estruturais para alcançar tal padrão de desenvolvimento, qual seja, focado nas indústrias com retornos de escala crescentes, notadamente, as que produzem bens com maior conteúdo tecnológico e valor agregado.

Sobre esta literatura que se sacramentou o ensino de economia internacional e comércio exterior, passou-se mais recentemente a se desenvolver uma literatura empírica de diversas dimensões. Muito recentemente, esta literatura importou alguns conceitos da física para que alguns fenômenos da base exportadora fossem explorados. È assim que a menos der dez anos, Göcke (2002) produz uma síntese dos modelos de histerese em economia, argumentando que o modelo de Preisach (Mayergoyz, 1986), desenvolvido na primeira metade do século XX para descrever o fenômeno de ferro-magnetismo, encontra grande aplicabilidade para a descrição do fenômeno de histerese em comércio internacional. Este autor explora as diferenças nos níveis macro e microeconômico

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afirmando que essa distinção em nível micro ou macro de histerese tem implicações sobre a configurações dos testes à medida que envolve diferentes modelos de histerese e, consequentemente, estratégias empíricas para condução dos testes. Entretanto, firma o autor, dado o primordial interesse no comportamento microeconômico das firmas em comércio internacional, a discussão somente será focada na primeira forma de testes.

No nível microeconômico, a forma usual do fenômeno de histerese estaria relacionada ao conversor de histerese chamado de non-ideal relay (relé não ideal). Uma possível ilustração para esse conceito é sua aplicação microeconômica para a decisão de uma firma por exportar. Supondo, por simplificação, uma firma tomadora de preços no mercado internacional e que tem em sua função de custos dois componentes: um variável, associado à produção, e outro fixo, associado ao custo de entrada ou saída do mercado externo. Admita que na ausência desses custos exista um valor para a taxa de câmbio, ξc, d efinid a como o preço em moeda doméstica da moeda estrangeira, que torne o preço de seu produto em moeda doméstica exatamente suficiente para cobrir seus custos variáveis de produção. Assim, qualquer desvalorização da taxa de câmbio que elevasse o preço em moeda doméstica de modo suficiente para cobrir os custos variáveis de produção induziria essa firma a entrar no mercado doméstico. De forma similar, uma valorização da taxa de câmbio que fizesse com que o valor da taxa de câmbio fosse inferior a esse valor limiar induziria a firma a sair do mercado externo. Por sua vez, a identificação de custos de entrada e saída em mercados internacionais tem sido evidenciada por uma grande gama de estudos, isto forneceu argumentos a favor da hipótese de autosseleção. Com isso, a pesquisa foi direcionada para testar as hipóteses de autosseleção e learning by exporting como explicativa dos diferenciais de produtividade entre as empresas exportadoras e não exportadoras.

Os trabalhos de Clerides, Lach e Tybout (1998) e Bernard e Jensen (1999) foram os grandes precursores dessa linha de pesquisa. O primeiro trabalho utiliza bases de dados em painéis balanceados de plantas industriais de firmas do México (1986-1990), Colômbia (1981-1991) e Marrocos (1984-1991), a fim de produzir evidências para: i) aprendizado pelas exportações; ii) efeitos de externalidade das atividades de exportação sobre as firmas não exportadoras ou mercados regionais.

Seus resultados, a partir de estimações de modelos de equações simultâneas para a decisão de entrada e da função de custos médio das firmas em indústrias exportadoras intensivas, forneceram evidências escassas de aprendizado pelas exportações, levando aos autores concluírem que a participação no mercado externo não é capaz de afetar a trajetória de custos das firmas. Com relação à presença de transbordamentos da atividade exportadora indústria em específico, ou, em termo, regionais, suas evidências revelaram, principalmente, que firmas não exportadoras em indústrias, ou regiões, tendem a se beneficiar em eficiência, ou em custos, quando a participação de empresas exportadoras nessas indústrias ou regiões aumentam.

O trabalho de Bernard e Jensen (1999), utilizando dados de plantas industriais da economia americana no período 1984-1992, organizam um trabalho que se divide em duas grandes partes: i) a primeira destinada a demonstrar que a superioridade das características observáveis dos exportadores já existia antes da entrada dos exportadores

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no mercado externo; ii) a segunda destinada a produzir evidências para a relação entre o status exportador e o subsequente desempenho da firma após a entrada no mercado externo. Com relação à primeira parte, isto é demonstrado a partir de estimativas do prêmio de exportação controlando para diversas características observáveis, como tamanho, produtividade, salários etc., para um período de três anos antes da entrada no mercado externo, além de demonstrar via estimação de um modelo de decisão de exportar, que medidas defasadas de produtividade, salário e tamanho eram capazes de explicar a decisão corrente de exportar. Para a segunda parte, os autores descobrem que os ganhos após a entrada no mercado externo concentram-se, principalmente, em termos de tamanho da empresa, ocorrendo nos anos iniciais após a entrada.

Não há evidências de ganhos de produtividade após a entrada no mercado externo. Examinando as transições das firmas industriais, entre mercado doméstico e externo, percebe-se que as variações positivas nos indicadores de produtividade e tamanho concentravam-se no grupo de empresas estreantes no mercado externo, enquanto que as variações negativas desses mesmos indicadores eram provenientes das firmas desistentes no mercado externo, não havendo diferença entre os indicadores das firmas que permaneciam no mercado continuamente e aquelas que eram exportadoras ocasionais. Também foi demonstrado que as empresas exportadoras têm maior chance de sobrevivência, sendo 10% maior essa chance em relação a uma firma não exportadora.

O trabalho de Wagner (2007) produz uma resenha de 54 trabalhos que abordam a relação entre exportação e produtividade para 34 países. Em termos gerais, os resultados apresentados nessa resenha tendem a confirmar as diferenças em níveis e em taxas de crescimento da produtividade entre exportadores e não exportadores e que as firmas mais produtivas tendem a se autosselecionar para o mercado externo. Ou seja, futuros estreantes no mercado externo tendem a apresentar diferenciais positivos de produtividade, em relação às firmas não exportadoras, antes propriamente de sua entrada nesses mercados. Com relação à hipótese de aprendizado pelas exportações, os resultados ainda são ambíguos, não permitindo descartar por completo essa hipótese.

Os estudos empíricos, entretanto, apontam para uma maior ocorrência de resultados favoráveis à hipótese de aprendizado para países em desenvolvimento. Isso poderia se dever, segundo Blalock e Gertler (2004), ao fato de que, nos países menos desenvolvidos, onde o acesso à tecnologia é mais restrito e as firmas estão mais distantes da fronteira tecnológica mundial, a exposição das firmas ao mercado internacional poderia apresentar maiores benefícios marginais. Van Biesebroeck (2005) também argumenta que em países em desenvolvimento aumenta a chance de ocorrências de problemas relacionados a risco de crédito e de cumprimentos dos contratos. Sendo assim, firmas que passam a atuar no mercado externo diminuem suas restrições referentes a esses fatores, obtendo, consequentemente, aumento de produtividade via ganhos de escala. Lopez (2004 apud ALVAREZ e LOPEZ, 2005) propõe ainda o argumento de que a autosseleção em países em desenvolvimento pode ser um processo consciente das firmas, pelo qual aumentam sua produtividade com o

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propósito explícito de se tornarem exportadores. A razão para tal esforço consciente seria porque os bens produzidos nesses países, em particular exportado para países desenvolvidos, são usualmente de melhor qualidade do que aqueles produzidos para o mercado doméstico. Sendo assim, as firmas que pretendem participar do mercado externo devem adquirir novas tecnologias e investir em bens de capital para uma versão de exportação para o seu bem. Essa introdução de novas tecnologias leva a um aumento da produtividade dos exportadores vis-à-vis os não exportadores, que continuam produzindo bens de menor qualidade para o mercado interno.

O argumento de Lopez (2004) é interpretado por Greenaway e Kneller (2007) como uma transição da discussão que foi realizada na literatura, que inicialmente se preocupava em testar a hipótese de autosseleção versus aprendizado, para uma hipótese de autosseleção versus uma relação bi-causal. Isto é, dada a evidência de características superiores dos exportadores frente aos não exportadores, a pergunta de pesquisa passa a ser se essas características superiores levaram as firmas a exportar, ou então se essas firmas buscaram o aumento de produtividade em razão da decisão de exportar em uma estratégia de aprendizado para exportar. Isso implicaria uma mudança de concepção de variações exógenas para variações endógenas na produtividade associada com a exportação, o que relaciona essa literatura à relação entre inovação tecnológica e exportação devem adquirir novas tecnologias e investir em bens de capital para uma versão de exportação para o seu bem. Essa introdução de novas tecnologias leva a um aumento da produtividade dos exportadores vis-à-vis os não exportadores, que continuam produzindo bens de menor qualidade para o mercado interno. Com isso, uma questão central nessa análise passa a ser o timing da decisão, algo que não é observado em estudos com microdados.

Outra questão apenas recentemente considerada nos estudos é o esforço tecnológico empreendido pelas empresas para absorver, assimilar e gerenciar a mudança tecnológica. Esses esforços seriam direcionados à aquisição de tecnologia estrangeira, sendo que para sua melhor compreensão seria importante entender as capacidades heterogêneas das firmas em assimilarem novas informações. Aw, Roberts e Winston (2007) argumentam, com base em teorias para o desenvolvimento tecnológico das empresas, que o desenvolvimento de expertises e habilidades das firmas se dá em razão de investimentos continuados em P&D e treinamento de pessoal. Sendo assim, esses autores procuraram verificar como a participação nessas atividades influencia a trajetória futura da produtividade das firmas. Utilizando um painel de dados, para a indústria de produtos eletrônicos de Taiwan no período 1986-1996 , concluem que, além das evidências usuais concernentes à hipótese de, as firmas exportadoras se beneficiam da tecnologia que é transferida pelos clientes internacionais. Seus resultados indicam que firmas que investem em atividades de P&D e treinamento têm uma produtividade futura significativamente superior à das empresas que apenas exportam, o que os leva a concluir que essas atividades habilitam as firmas a melhor explorarem os benefícios de sua exposição nos mercados internacionais. Resultados semelhantes haviam sidos obtidos por Baldwin e Gu (2004), ao evidenciarem, para as firmas

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industriais canadenses, que os estreantes no mercado externo demonstraram uma atividade inovadora mais intensa tanto antes quanto depois da entrada no mercado externo. Contudo, com sua entrada no mercado externo alteraram seu acesso e uso de tecnologias estrangeiras, investindo complementarmente para isso em maior atividade interna de P&D e treinamento de pessoal.

Neste contexto de exploração vale notar e sintetizar os trabalhos realizados para a realidade brasileira. Com relação ao caso brasileiro, Markwald e Puga (2002), ao discutirem sobre a aplicabilidade de políticas de promoção de exportações, argumentam a favor de políticas horizontais para redução dos custos de entrada na exportação e no fortalecimento do desempenho da base exportadora existente. Seus argumentos centram-se na hipótese de autosseleção e na maior eficácia que as políticas de promoção podem ter sobre a base exportadora existente em razão dos diferenciais de produtividade já alcançados pelas empresas exportadoras. Baseados em dados sobre a performance exportadora das empresas iniciantes no mercado externo, apontam para diversos fatos estilizados que contribuem para a aceitação da hipótese de autosseleção. Entre esses fatos, alguns são interessantes destacar, como a baixa contribuição relativa das empresas iniciantes no total exportado, o elevado índice de desistência das empresas exportadoras e a evolução diferenciada das empresas exportadoras que permanecem continuamente no mercado externo. Esses fatos sugerem, então, que existem empresas que estariam prontas para exportar e que, portanto, políticas de promoção de exportação do tipo “pick up the (potential) exporters” seriam dispensáveis.

Por sua vez, Muendler (2004) apresenta resultados para a indústria brasileira que vão de encontro à hipótese de autosseleção, demonstrando que uma maior produtividade aumenta a chance de não exportadores tornarem-se exportadores, reduzindo, por outro lado, a chance de que exportadores desistam dessa atividade. Kannebley e Valeri (2006) investigam em que medida as condições iniciais das empresas estreantes, e em especial a realização de atividades inovativas, são importantes para determinar a maior permanência das empresas no mercado internacional. Nesse sentido, foram conduzidos testes empíricos para empresas estreantes nos anos 1998-2001, constituindo um conjunto de 1009 empresas estreantes, com resultados que confirmaram a hipótese de autosseleção, à medida que foi observado que empresas que apresentavam melhores condições produtivas iniciais, em termos de maior produtividade do trabalho, maior escala e menores custos e margem de lucro, também apresentaram maior probabilidade de permanecer, ou continuamente ou por mais tempo, na base exportadora.

Além destes aspectos, considerando apenas as empresas estreantes em 2001, também foi evidenciada uma relação diferenciada entre o padrão, ou o tempo de permanência, das empresas inovadoras e não inovadoras e as condições iniciais de entrada no mercado externo. Para as empresas não inovadoras, as condições iniciais mostraram-se mais relevantes para explicar sua permanência no mercado externo, ao contrário das empresas inovadoras, sugerindo que a realização de inovação tecnológica poderia incrementar a competitividade das empresas inovadoras, mesmo após sua entrada no mercado internacional, o que condiz com a hipótese de aprendizado pela exportação.

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3 - Estrutura Econômica e a Base Exportadora da Bahia.

O estudo da formação da estrutura produtiva da economia baiana aponta para fortes traços de concentração que, depois de 160 anos se refletem na performance e análise da base exportadora neste estado. A industrialização na Bahia iniciou-se efetivamente em 1841 com a instalação de fábricas de tecidos grosseiros de algodão. Os ingleses se tornaram peças importantes e até fundamentais neste processo já que monopolizavam a experiência e o conhecimento em relação às máquinas utilizadas. Na Bahia da mão-de-obra escrava foram os estrangeiros os donos ou técnicos das industrias nascentes, sobrando para os brasileiros apenas o trabalho "pesado". Neste período foram se estabelecendo lentamente na Bahia, especialmente na segunda metade do século XIX, mais indústrias, estradas de ferro, companhias de navegação , seguros e outros.

Segundo Garcez (1979), a Bahia viveu um período de relativa prosperidade do fim do século XVIII até o primeiro quartel do século XIX, graças ao estímulo trazido pelas guerras de independência das colônias inglesas na América que deixavam livre o mercado com a Europa. Também a revolução industrial permitia melhorias na exportação de algodão e as guerras napoleônicas que desarticularam a produção das colônias francesas e inglesas, aumentavam a demanda externa de produtos brasileiros tradicionais na exportação. A Bahia viveu então um período de estagnação na indústria e no comércio, principalmente em função da crise da sua principal riqueza, o açúcar. Esse fator ocasionou queda dos preços e afetou a balança comercial baiana. A exportação do fumo, ligada ao tráfico, foi afetada pelo fim oficial da escravidão no Brasil e pela concorrência da América do Norte que reatou as ligações comerciais com a Europa. O cacau e o café surgiram então como alternativas que poderiam substituir o açúcar o algodão e o fumo na economia exportadora baiana. Diferente dos estados do sudeste, os solos e o clima da Bahia não favoreceram a produção do café. No entanto, o cacau encontrou no sul da Bahia solo e clima adequados para o seu desenvolvimento e produção, demonstrando ser um eficiente substituto do açúcar. A crise da economia mundial de 1929 afetou a exportação de todos os produtos voltados ao mercado externo e provocou uma mudança na estrutura de produção dentro do estado.

Na última década do século XIX, a economia baiana registrou um surto de empreendimentos industriais que marcou o nascimento da indústria fabril no Estado, independente da economia açucareira. No entanto, as décadas seguintes apresentaram, sob todos os aspectos, sintomas de estagnação econômica. Até os anos 50 do século XX a economia estadual não permitia a evolução em direção à industrialização. Essa configuração passa a sofrer mudanças significativas a partir da década de 1950, com a implantação da Refinaria Landulpho Alves (RLAM) na Região Metropolitana de Salvador (RMS). Nos anos 1960, o estabelecimento de unidades produtoras no Centro Industrial de Aratu (CIA), também na RMS, estimulava o processo de expansão da atividade industrial no estado e fortalecia a rede de infraestrutura disponível nas imediações de Salvador. Em 1971, o Governo Federal definiu, a partir de estudos de viabilidade previamente realizados, a localização do segundo polo petroquímico do

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Brasil, a ser implantado em Camaçari, município próximo à capital do estado. Em 1980, foi criada a Mineração Caraíba, que deu início à produção de concentrado de cobre na Bahia. Dois anos mais tarde, entrou efetivamente em operação a metalurgia Caraíba Metais, localizada na área do polo petroquímico de Camaçari.

Entre 1975 e 1985, a participação do setor industrial no PIB da Bahia ampliou-se de 27,5% para 42,3%, refletindo, sobretudo, a implantação e maturação dos investimentos de base petroquímica e o início das operações da Caraíba Metais. O segmento de transformação, influenciado fortemente pelas necessidades do parque industrial de bens finais instalado majoritariamente na região Sudeste, firmou-se, nesse mesmo período, como o carro-chefe da economia estadual, ampliando a sua participação no PIB de 14,7%, em 1975, para 25,5%, em 1985. Fica muito claro a forte concentração setorial decorrente do modelo de desenvolvimento industrial adotado, que privilegiava investimentos de grande porte, estimulados pela ação e financiamento estatal em vários níveis. O período que compreende a década de 1980 e se estende até meados dos anos 1990, de fato, foi profundamente marcado pela desaceleração econômica provocada pelo segundo choque do petróleo, pela crise da dívida externa brasileira e pelas dificuldades enfrentadas no que se refere ao controle inflacionário e ao ajuste fiscal.

Segundo dados da SEI, enquanto no período 1975/85 a indústria de transformação da Bahia cresceu a uma taxa acumulada de 210,4%, equivalente a um incremento médio anual da ordem de 12,0%, entre 1985 e 1995 acumulou uma expansão de 15,3%, que corresponde a um aumento médio anual de apenas 1,4%. Assim, a participação relativa da Bahia no Valor Agregado Bruto (VAB) 1

1 Valor Agregado Bruto ( VAB ): é o valor da “produção sem duplicações”. É obtido descontando-se do Valor Bruto da Produção o valor dos insumos utilizados no processo produtivo.

da ITB, que havia alcançado o patamar de 4,0% em 1985, passou em apenas 10 anos, para 3,3%, tendo atingido o seu nível mais baixo, equivalente a 3,1%, em 1989. Contrapondo-se a esta tendência, verifica-se a expansão da atividade de produção de papel e papelão na região Extremo Sul da Bahia, que passou a representar, em 1995, 5,1% da estrutura da indústria de transformação do estado. A partir da retomada dos investimentos ocorrida logo após o processo de estabilização deflagrado em 1994, instalou-se uma disputa pela atração de capitais baseada na concessão de incentivos, especialmente de cunho fiscal, que marcou as intervenções das instâncias estaduais em favor do desenvolvimento da indústria durante boa parte dos anos 1990. A Bahia, utilizando-se intensamente dos mecanismos fiscais de atração de investimentos industriais, ingressou, a partir de meados da década de 1990, numa fase marcada por um acelerado crescimento da atividade de transformação, que repercutiu no aumento da participação estadual no VAB desse segmento. O sucesso da política de atração de investimentos industriais da Bahia deveu-se principalmente à sua posição geográfica, estrategicamente localizada entre os mercados do Nordeste e do Sudeste do país, às expectativas de crescimento do mercado nordestino e em alguns casos, à existência de um sistema portuário capaz de respaldar uma estratégia empresarial que envolva o acesso a mercados internacionais.

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Com base na historiografia disponível verifica-se que a industrialização brasileira deu-se sob forte proteção. Tratando-se de um país com vasto território e população em rápido crescimento, apostava-se em um grande mercado consumidor com escala suficientemente alta para gerar baixos custos de produção no longo prazo. A estratégia consistia em proteger temporariamente uma indústria nascente até que ela atingisse sua maturidade. Barreiras alfandegárias, reservas de mercado, taxas de câmbio diferenciadas para a importação de bens de capitais e leis de similaridade nacional estiveram entre as medidas adotadas. Num país cuja população era predominantemente analfabeta, grande parte da população não atendia às necessidades de mão de obra qualificada da indústria. A acirrada competição pela limitada população de classe média que tinha tido o privilégio de frequentar escolas provocou uma forte elevação de seus salários. Por esse perverso mecanismo de mercado, coube à população menos qualificada pagar a maior parte da conta da industrialização. A concentração de renda ocorreu não só em nível local, mas também entre regiões do país, privilegiando a região Sudeste em detrimento das demais. Os mecanismos de subsídio e incentivos fiscais praticados em política industrial normalmente transferem renda de toda a população para alguns poucos setores, em geral intensivos em capital e mão-de-obra especializada e com baixa geração de empregos. Assim, o que vem sendo defendido como interesse geral da nação - confunde, propositalmente ou não, objetivos específicos de grupos econômicos historicamente privilegiados com o bem-estar de todos – muito provavelmente irá provocar uma concentração de renda ainda maior. Isto obviamente não tem sido parte do discurso protecionista, do clamor contra a desindustrialização e é convenientemente esquecido por aqueles que pedem controle cambial. Já está mais que provado que: as políticas desenvolvimentistas acima são socialmente injustas.

O quadro que entende a abertura econômica, num contexto de baixo crescimento econômico e câmbio valorizado, estria levando a economia brasileira a um processo de especialização prematura do parque industrial em setores produtores de produtos de baixo dinamismo no mercado internacional, como é o caso das commodities, pode ser posto em discussão também no caso da economia da Bahia. Há um debate que entende que, até por estas razões, a indústria na Bahia apresenta-se, ainda hoje, concentrada em torno de segmentos marcados por processos produtivos intensivos em capital, especializados na fabricação de bens intermediários, destinados, em grande parte, a abastecer os mercados das regiões mais dinâmicas do país e hoje, tal qual anos atrás, ainda com vários traços de uma economia “voltada para fora”.

4 - Base de Dados e Metodologia.

Este trabalho se utiliza da base de dados da SERASA com 10.000 observações de empresas por períodos, observações discriminadas em 72 itens contábeis registrados deste de 1996 e que hoje compõem a referência para a divulgação das maiores empresas brasileiras. Durante a formação desta lista as empresas baianas figuram num número máximo de 412 empresas e um mínimo de 377, isto é, oscilando entre 4,12% à 3,77 do total de empresas operando no estado.

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Uma vez que o conjunto de empresas em determinados setores perfaz um número muito reduzido, as médias setoriais para o Brasil – seguindo os critérios do CNAE a três dígitos – foram usadas para estabelecer comparações de desempenhos a partir de determinados períodos para se avaliar os dois objetivos centrais deste estudo; a) avaliar os determinantes da continuidade na base exportadora e b) analisar o papel de determinadas características reportadas na literatura.

Para estes fins, estabeleceu-se um modelo dinâmico de probabilidade conhecido na literatura como Arellano-Bond com três períodos de defasagem em três tipos de regressão que são discriminadas na tabela de estimação que está presente na tabela da seção seguinte.

Na ausência de dados da PINTEC, usou-se os gastos com P&D como Proxy para dedicação a inovação neste modelo. Para representar, os possíveis custos irrecuperáveis utilizou-se o procedimento sacramentado na literatura, isto é, adotar o valor inicial exportado pela firma quando ela estreia suas atividades na base exportadora. Para a captação de externalidades na base exportadora, cruzou-se a informação do CNAE com os dados de localização da empresa que estão reportados na estimação. Demais variáveis são usadas como controle. Entre elas vale destacar a variável endividamento que não está presente nos demais estudos nacionais e para o qual a experimentação parece ser promissora.

Para a verificação da hipótese de autoseleção e aprendizagem, foram captados os resultados de proporção dos gastos frente ao total de ativos, dois anos antes e dois anos depois da empresa entrar na base exportadora, num painel balanceado que assume o viés de sobrevivência na amostra. Esta razão é comparada com a razão de empresas nacionais no mesmo setor que nunca exportaram para se obter indícios de preocupação de aprimoramentos associados a inovação por parte das empresas exportadoras da Bahia.

5 - Os Resultados Econométricas e suas Qualificações.

A tabela que se apresenta nesta seção sintetiza três classes de regressão para modelo dinâmico com três períodos de defasagem. Uma regressão para o conjunto de todas as empresas baianas que fazem parte da base de dados. Outra feita para o conjunto de empresas exportadoras que se encontram entre as cem maiores empresas da Bahia. E por fim uma regressão para um conjunto das demais empresas que não estão entre as cem maiores empresas do estado. Para se obter uma comunicação mais objetiva, optou-se por expressar apenas os vetores auto-regressivos em termos numéricos e as demais variáveis em termos da comunicação essencial da estimação: o seu sinal. Para variáveis contínuas ou não qualitativas, positivo denota uma relação positiva com a variável dependente Exporta que expressa a presença de uma empresa no universo de empresas exportadoras da Bahia. Para as variáveis qualitativas, Multinacional e Capital Aberto, o sinal positivo expressa a probabilidade acima da média ou, mais especificamente,

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maiores chances que estas empresas tem para exportar com relação as empresas nacionais ou que as empresas de capital fechado, respectivamente.

Modelo Dinâmico Linear para Grandes Empresas

Variável Dependente Binária: Exporta Valores = (0/1): 1 Exporta (Inserida na Base Exportadora da Bahia no ano corrente)

0 - Não exportou no período corrente

Geral 100 maiores Demais Coeficiente Sig Coeficiente Sig Coeficiente Sig Exporta (T-1) 0,8712 1% 0,9501 1% 0,8226 1% Exporta (T-2) 0,7892 1% 0,8914 1% 0,7123 1% Exporta (T-3) 0,6044 1% 0,8113 1% 0,5214 1% Valor Inicial Positivo 1% Positivo 1% Positivo 1% Tamanho Positivo 1% Positivo 1% Positivo 1%

Pesquisa (Gasto) Positivo 10% Positivo 10% Positivo 10%

Externalidade (Proxim. Física) Positivo 1% Positivo 1% Positivo 5%

Multinacional Positivo 1% Positivo 1% Positivo 1% Capital Aberto Positivo 5% Positivo 5% Positivo 5% Endividamento Negativo 10% Negativo 10% Negativo 10% Controle Setorial Sim Sim Sim Controle de Localização Sim Sim Sim

Os resultados para as variáveis defasadas guardam duas características marcantes: a) todos os coeficientes apresentados se mostraram estatisticamente significativos a 1% de modo que se pode confiar no que se infere sobre eles; b) nas três classes de estimações realizadas, os coeficientes mostram elevado grau de correlação temporal com o período anterior (t-1) que são indicativos de elevada persistência na base exportadora da Bahia. As três primeiras linhas apontam para a probabilidade de uma empresa fazer parte da base exportadora no tempo corrente uma vez que tenha realizado exportações nos períodos imediatamente anteriores. Este resultado pode ser lido retrospectivamente ou prospectivamente. No primeiro caso, pode afirmar que uma vez que se identifique uma empresa exportando em um determinado ano do período recente, há uma grande probabilidade desta mesma empresa ter exportado no período anterior e uma probabilidade razoável desta empresa ter feito parte da base exportadora nos períodos recentes. No segundo caso, quando se identifica uma empresa exportando no período corrente, há uma grande chance dela também estar na base exportadora no futuro próximo.

As estimações mostram que há uma forte correlação entre a presença das empresas baianas na base exportadora no tempo corrente e a participação destas mesmas empresas nos períodos imediatamente anteriores. Em outras palavras, quando se identifica uma

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empresa exportando hoje, há grande probabilidade dela já ter exportado anteriormente. Como mostram os coeficientes, esta correlação é tanto mais forte quanto maiores são as empresas: as variáveis auto-regressivas que denotam exportação apresentam coeficientes mais elevados entre o grupo das cem maiores que o grupo dos demais exportadores.

Seguindo resultados apontados pela literatura internacional e pelos estudos desenvolvidos no Brasil, a probabilidade que uma firma tem de permanecer na base exportadora é positivamente correlacionada com o valor inicial das exportações com que esta firma estréia na base exportadora: quanto maior o valor exportado no inicio de suas atividades de exportação, maiores são as chances de uma firma permanecer exportando nos períodos seguintes. Como há uma evidente fonte de endogeneidade entre valor exportado e tamanho da firma, uma vez que se espera que empresas maiores operem com volumes maiores de exportação, este estudo realizou estimações com modelos onde uma das variáveis – valor inicial ou tamanho da firma – eram excluídos e os sinais obtidos foram consistentes. Por uma questão de economia e simplicidade, estes modelos e seus coeficientes não foram reportados – fato reforçado pela escolha da forma de comunicação destes resultados onde a informação essencial destas variáveis contínuas e das demais variáveis qualitativas substitui a apresentação dos coeficientes. Como mostrado na tabela de resultados deste modelo, ambos os resultados foram significativos à 1% mostrando que, se este modelo foi bem especificado, a confiança no que apresenta estes resultados deve ser considerada como forte.

Como mostra a tabela para este modelo e em conformidade com apresentado na seção de metodologia, foram realizados controles setoriais e de localização tanto para controlar a variabilidade dos dados quanto para se construir a variável externalidade, entendida aqui como proximidade física que uma firma tem de outras firmas que fazem parte de seu setor. Este construto se mostrou de uso promissor e apontou uma forte externalidade positiva nas exportações baianas no que diz respeito ao espaço. Resultado notoriamente associado ao fato da maior parte da base exportadora se localizar em pólos ou distritos industriais ou ainda em municípios com grande presença de indústrias.

A variável que denota os gastos com P&D, que também serve como uma Proxy para inovação em processo e produto - que para a base de dados da PINTEC é discriminada em dois compartimentos e estratificada em diversos níveis que denotam o tamanho das empresas segundo a dimensão do pessoal ocupado - também apresentou um sinal positivo neste estudo, porém estatisticamente significantes apenas à 10%.

A tabela de estimação mostra também informações sobre outro conjunto de variáveis qualitativas referentes às empresas multinacionais e as de capital aberto que podem ser lidas em conjunto com a informação referente ao grau de endividamento que constitui uma variável contínua. Primeiro fato a observar é que tanto as empresas multinacionais – que no Brasil, em sua maior parte, não atuam como sociedades anônimas, mesmo quando o são em suas matrizes nos países centrais – quanto as empresas de capital

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aberto apresentam uma relação positiva com a continuidade na Base exportadora. Diversos estudos mostram que estas empresas sofreram sim em diferentes graus as oscilações de demanda advindas dos mercados consumidores internacionais afetando, sobretudo, o quantum exportado enquanto a capacidade de manter as margens de lucro dependeu da natureza dons bens e dos segmentos de mercados onde elas estavam inseridas. Desta forma, o resto do mundo afetou as receitas destas empresas, mas não influenciaram significativamente na permanência destas empresas na base exportadora, isto é, estas empresas não saíram da base exportadora da Bahia nos momentos economicamente mais adversos, como não entraram nos momentos mais favoráveis. Outra forma de registrar este fato é afirmar que as empresas multinacionais que vendiam exclusivamente para o mercado interno continuaram com este perfil e as empresas multinacionais que administram vendas para ambos os mercados, internos e externos, podem ter mudado a proporção do mix em certas circunstâncias, como de fato o fizeram, mas não ao ponto de se retirarem das atividades de exportação – empresas multinacionais que apenas exportam existem, mas se constituem numa minoria.

Em grande linhas, as empresas de capital aberto seguem a mesma linha que as empresas multinacionais no que diz respeito a permanência na base exportadora. O sinal positivo registrado para ambas significa que quando se tem a informação de que uma empresa é multinacional ou de capital aberto no estado da Bahia, em média, se espera que elas estejam na base exportadora.1

Como se pode ver na tabela, as estimações mostram que empresas que exportam estão menos endividadas que as empresas que não se encontram exportando nos períodos correntes ou que nunca exportaram. Exportar se identifica com o menor endividamento. O estudo para este trabalho realizou algumas estimações para as interações entre as variáveis qualitativas multinacionais e capital aberto com a variável contínua endividamento – não reportadas aqui por uma opção de comunicação menos carregada na tabela de estimações - e os resultados apresentam sinais negativos para esta interação, ou seja, multinacionais e empresas de capital aberto, em média, se encontram menos endividadas que suas congêneres de setor nacionais e de capital fechado.

Pelo acesso às fontes de financiamento com custo mais baixo como a transferência de recursos advindos das matrizes ou outras filiais situadas em economias que por motivos financeiros, produtivos ou ambos os motivos se encontram com elevada liquidez, as empresas multinacionais na Bahia se encontram menos endividadas que as empresas de capital originário do Brasil. As empresas de capital aberto presentes neste estudo apresentam sinal de coeficientes nesta mesma direção, mostrando que as finanças diretas não têm se sobreposto às finanças indiretas ou obtidas por terceiros: a captação com acionistas tem substituído o financiamento com bancos ou por meio de lançamento de títulos, neste universo analisado.

A análise das médias setoriais entre empresas exportadoras e empresas voltas para mercado externo mostram que empresas que não estavam na base exportadora

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aumentam seus gastos com P&D em 4,7% acima das empresas não exportadoras a partir de dois anos antes de sua inserção no mercado externo2

5 - Considerações Finais.

denotando a presença de auto-seleção – preparação que prevê a concorrência num mercado mais competitivo e exigente. Além disto, estes gastos são permanentemente maiores que as médias nacionais para aquelas que persistem exportando durante todo o período em que estão presentes na base de dados.

Quando se tem em vista o estudo sobre a realidade baiana, deve-se ter em conta nos momentos de inferência que para boa parte do universo analisado entre as maiores empresas estão empresas que se constituíram desde início para exportar. Este fato se contrasta com parte da realidade que se constitui a base empírica de alguns estudos internacionais e as teorias que lhes deram origem que está na identificação de empresas que crescem ao longo do tempo e depois tomam a decisão de exportar. Boa parte da discussão sobre auto-seleção e aprendizagem supõe esta realidade que não é a que se verifica quando uma fabrica multinacional de automóveis se estabelece no estado ou quando, antes disto, diversas empresas petroquímicas já foram estabelecidas tendo em vista um quantum a ser exportado. Estes fatos devem qualificar a aplicação do desenho de análise constituído em outros países e no Brasil nos anos 80 e 90.

No que diz respeito a alguns resultados sintetizados ou produzidos neste texto, alguns aspectos devem ser destacados a título de conclusão deste trabalho e estão expostos nos itens que se seguem.

1. Há um padrão bimodal de continuidade na base exportadora da Bahia: as maiores empresas apresentam um comportamento de continuidade na base exportadora enquanto a esmagadora maioria nunca exportou – entre ambas a um intermezzo de empresas de comportamento descontínuo que ainda assim é significativamente menor que as produtoras exclusivas para o mercado interno, como é denotado nos estudos para as empresas brasileiras produtivas.

2. Bahia forma uma estrutura concentrada de desenvolvimento econômico e industrial que se reflete no comportamento da sua base exportadora no sentido de tornar mais proeminente o conjunto de empresas que persiste na base exportadora quando comparado ao formato de distribuição de empresas brasileiras, isto é, a parte menor a direita da distribuição bimodal, e se mostra imune a oscilações macroeconômicas em termos de continuidade, embora suas receitas e margens de lucro sejam especialmente afetadas pelas oscilações cambiais e pelo patamar da renda dos países destinatários das exportações.

3. A proeminência da cauda direita denotada na análise da economia baiana é também resultado de plantas estabelecidas principalmente ou em grande parte

2 Tabela não reportada no produto final por questão de espaço.

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para a exportação, fato que não é comum para a maioria das empresas produtivas, especialmente as industriais no país.

4. As empresas médias apresentam uma dinâmica descontínua fruto de sua suscetibilidade às oscilações macroeconômicas e do peso dos custos referentes a tomada de decisão de exportar denotando histerese e presença de custos irrecuperáveis. Nestas empresas verifica-se também sinais de auto-seleção, mas a duração é pouco para que se capte a aprendizagem que resulte em aumento contínuo de produtividade ou gastos com P&D sistematicamente crescentes. Estas são as empresas para as quais a política industrial e comercial deve ser prioritariamente dirigidas.

5. As maiores empresas denotam comportamento com similaridade de auto-seleção e sunk cost, mas as análises mostram que elas são de fato muito pouco afetadas por estes custos associados à atividade exportadora.

6. Empresas que não estão no topo em termos de tamanho apresentam sinais de histerese, custos irrecuperáveis e uma composição de auto-seleção com a aprendizagem que, segundo caracteriza a literatura, são fatos típicos de realidades econômicas da periferia ou dos “mercados emergentes”.

A compreensão destes fatos implica em caracterizar processos como representativos de decisões ex-ante ou resultados ex-post, especialmente os indicadores de produtividade e os ganhos de eficiência, para os quais os estudos econômicos na Bahia têm ainda um grande caminho para avançar e este estudo esboça uma moderada contribuição.

6 - REFERÊNCIAS

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