um modelo integrado de desenvolvimento sustentável às escalas global e urbana

19
Um modelo integrado de desenvolvimento sustentável às escalas global e urbana UM MODELO INTEGRADO DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL ÀS ESCALAS GLOBAL E URBANA Nuno Quental 1 , Júlia Lourenço 2 e Fernando Nunes da Silva 3 1 Doutorando no Instituto Superior Técnico; correio electrónico: [email protected] 2 Departamento de Engenharia Civil da Universidade do Minho 3 Departamento de Engenharia Civil e Arquitectura do Instituto Superior Técnico, Universidade Técnica de Lisboa Endereço postal: Prof. Doutora Júlia Lourenço Universidade do Minho Departamento de Engenharia Civil Campus de Azurém 4800-058 Guimarães 1. Introdução A transição para um desenvolvimento sustentável é actualmente um objectivo praticamente unânime da sociedade, variando as formas e processos para o atingir. Importa, devido à crescente urbanização do planeta, reflectir sobre o papel que as cidades podem desempenhar para que essa transição ocorra. As cidades são vistas como os principais motores do crescimento económico, como o milieu da criatividade ou mesmo como uma das grandes realizações da humanidade. Há um vasto conjunto de modificações socio-económicas decorrentes da urbanização. A vida urbana induz no ser humano o desejo de satisfazer necessidades de hierarquia superior, tais como maiores requisitos em termos de conforto e cultura. Os estilos de vida e os padrões de consumo tornam-se significativamente mais exigentes em termos energéticos e materiais, aumentando a pressão sobre os ecossistemas devido ao uso acrescido de recursos naturais. Nos 23 países membros da Agência Europeia do Ambiente a transformação do solo para uso urbano ou similar atingiu mais de 800 000 ha entre 1990 e 2000; as áreas artificiais têm-se expandido ao ritmo de 0,6% anualmente (desde 1990), valor elevado que implica uma duplicação da área em causa em pouco mais de um século. Em Portugal a cifra anual atinge os 2,7% (European Environment Agency, 2005, pp. 42-47). As novas áreas artificiais destinam-se fundamentalmente a habitação, serviços e recreio (50 000 ha/ano), indústria e comércio (30 000 ha/ano), minas, pedreiras e aterros (15 000 ha/ano) e, em menor escala, pelas redes de transportes (embora neste caso a base de dados seja pouco rigorosa). Quase metade do solo transformado era usado na agricultura, enquanto 36% estava

Upload: nuno-quental

Post on 18-Dec-2014

2.225 views

Category:

Documents


0 download

DESCRIPTION

 

TRANSCRIPT

Page 1: Um modelo integrado de desenvolvimento sustentável às escalas global e urbana

Um modelo integrado de desenvolvimento sustentável às escalas global e urbana

UM MODELO INTEGRADO DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

ÀS ESCALAS GLOBAL E URBANA

Nuno Quental1, Júlia Lourenço2 e Fernando Nunes da Silva3 1 Doutorando no Instituto Superior Técnico; correio electrónico: [email protected] 2 Departamento de Engenharia Civil da Universidade do Minho 3 Departamento de Engenharia Civil e Arquitectura do Instituto Superior Técnico, Universidade Técnica

de Lisboa

Endereço postal:

Prof. Doutora Júlia Lourenço

Universidade do Minho

Departamento de Engenharia Civil

Campus de Azurém

4800-058 Guimarães

1. Introdução

A transição para um desenvolvimento sustentável é actualmente um objectivo praticamente

unânime da sociedade, variando as formas e processos para o atingir. Importa, devido à

crescente urbanização do planeta, reflectir sobre o papel que as cidades podem desempenhar

para que essa transição ocorra.

As cidades são vistas como os principais motores do crescimento económico, como o milieu

da criatividade ou mesmo como uma das grandes realizações da humanidade. Há um vasto

conjunto de modificações socio-económicas decorrentes da urbanização. A vida urbana induz

no ser humano o desejo de satisfazer necessidades de hierarquia superior, tais como maiores

requisitos em termos de conforto e cultura. Os estilos de vida e os padrões de consumo

tornam-se significativamente mais exigentes em termos energéticos e materiais, aumentando a

pressão sobre os ecossistemas devido ao uso acrescido de recursos naturais.

Nos 23 países membros da Agência Europeia do Ambiente a transformação do solo para uso

urbano ou similar atingiu mais de 800 000 ha entre 1990 e 2000; as áreas artificiais têm-se

expandido ao ritmo de 0,6% anualmente (desde 1990), valor elevado que implica uma

duplicação da área em causa em pouco mais de um século. Em Portugal a cifra anual atinge os

2,7% (European Environment Agency, 2005, pp. 42-47).

As novas áreas artificiais destinam-se fundamentalmente a habitação, serviços e recreio (50 000

ha/ano), indústria e comércio (30 000 ha/ano), minas, pedreiras e aterros (15 000 ha/ano) e,

em menor escala, pelas redes de transportes (embora neste caso a base de dados seja pouco

rigorosa). Quase metade do solo transformado era usado na agricultura, enquanto 36% estava

Page 2: Um modelo integrado de desenvolvimento sustentável às escalas global e urbana

Um modelo integrado de desenvolvimento sustentável às escalas global e urbana

ocupado por pastagens e culturas complexas, 9% por florestas e arbustos de transição e 6%

por áreas naturais (European Environment Agency, 2005, p. 43).

Grande parte do crescimento urbano ocorreu na periferia de cidades já existentes ou ao longo

do litoral, contribuindo para a sua artificialização. O fenómeno da dispersão urbana continua

activo e, em boa parte, é alimentado por ciclos viciosos onde influem o crescimento das

infra-estruturas rodoviárias, mudanças culturais que conduzem a uma percepção das distâncias

em termos de tempo, a adopção do automóvel particular como principal meio de transporte e

os custos comparativamente reduzidos da habitação na periferia. Em menor escala, o

fenómeno da dispersão urbana é também explicado pelo facto de cidadãos pertencentes às

classes média e alta valorizarem o contacto com a Natureza e a vida em ambientes menos

artificializados, o que também se deve à elevada degradação ambiental que atinge muitas

cidades. À medida que a malha urbana cresce e se vai consolidando, contudo, será necessário

“fugir” para locais progressivamente mais longínquos para encontrar a tranquilidade desejada.

O ecologista Herbert Girardet, a quem foi atribuído o Global 500 Award for Outstanding

Environmental Achievement, comenta da seguinte forma as alterações dramáticas provocadas

pelos processos de urbanização: “The global environmental impact of the urban use of resources is becoming a critical

question to the future of urbanization and the dominant characteristic of human presence

on Earth. As humanity is urbanizing itself it changes its relationship with the host planet:

global urbanization has increased enormously the use of natural resources by humanity”

(Girardet, 1999).

Outros autores defendem que, apesar de todos os impactes ambientais das áreas urbanas, a

elevada concentração de pessoas também confere às cidades uma capacidade acrescida na

transição para a sustentabilidade, não só devido à possibilidade de economias de escala como

também às condições que possuem para fomentar a aprendizagem e a inovação. Eles exprimem

esta dualidade da seguinte forma: “(…) the real issue is whether the material concentrations and high population densities of

cities make them inherently more or less sustainable than other settlement patterns. What

is the materially optimal size and distribution of human settlements? (…) Until we know

the answer to this question, we cannot know on ecological grounds whether policy should

encourage or discourage further urbanization. In the meantime, we in the wealthiest cities

must do what we can to create cities that are more ecologically benign” (Rees &

Wackernagel, 1996).

Page 3: Um modelo integrado de desenvolvimento sustentável às escalas global e urbana

Um modelo integrado de desenvolvimento sustentável às escalas global e urbana

2. Modelos de desenvolvimento sustentável

Uma das respostas da sociedade e da ciência à crise ecológica tem sido o aprofundamento do

conceito de desenvolvimento sustentável. Como consequência, foram desenvolvidas diversas

abordagens ou modelos conceptuais que privilegiam normalmente uma determinada

perspectiva. Esta diversidade significa não só que o debate tem sido fértil em ideias e também

que as certezas sobre como se poderá construir a transição para a sustentabilidade são ainda

reduzidas. A literatura científica enfatiza que não há um caminho único, mas sim um conjunto

de soluções possíveis.

A tarefa de integrar os diferentes pontos de vista é, portanto, complexa e ao mesmo tempo

necessária. Uma conceptualização intelectual robusta é importante porque representa um grau

de abstracção maior do que princípios, critérios e objectivos específicos. Estes, muito embora

possam ser mais facilmente inteligíveis, possuem a desvantagem de estarem já impregnados de

valores éticos e normativos que restringem a sua capacidade de adaptação a realidades

distintas.

Quatro questões de princípio, contudo, são consensuais e representam uma visão

fundamentalmente ideológica do desenvolvimento sustentável: (National Research Council,

1999, p. 23):

• o que é preciso sustentar: as condições necessárias à permanência da vida na Terra (em

particular a do ser humano);

• o que se pretende desenvolver: as condições que, embora não indispensáveis à

sobrevivência da vida a uma escala global, são relevantes para a existência de espécies

(aparentemente) não essenciais, as suas populações e a qualidade de vida humana;

• que tipos de ligações devem existir entre o que se pretende sustentar e desenvolver;

• o horizonte temporal em causa.

As respostas a estas questões e a outras mais específicas como “quais os recursos do planeta

que podem ser utilizados para proveito do ser humano? qual o grau de extinção de espécies

admissível? que locais poderão ser irreversivelmente degradados?” dependem do contributo de

ciências naturais como a ecologia e biofísica, mas requerem em larga medida uma valoração

baseada na ética e operacionalizada através de opções políticas.

Estas opções são complexas e encontram-se sujeitas a uma diversidade de pressões, o que é

particularmente visível ao nível da política internacional. Entre as decisões e o que é

efectivamente cumprido, contudo, pode haver um desfasamento significativo. Portanto, as

metas de sustentabilidade definidas às escalas global, regional e local devem ser encaradas com

esperança e, simultaneamente, com uma dose apreciável de cepticismo, visto que em grande

Page 4: Um modelo integrado de desenvolvimento sustentável às escalas global e urbana

Um modelo integrado de desenvolvimento sustentável às escalas global e urbana

parte dos casos os meios necessários para que a mudança preconizada ocorra não são

disponibilizados.

Ao longo deste capítulo serão descritos alguns modelos conceptuais que constituem

importantes desenvolvimentos teóricos ao nível da ciência da sustentabilidade, tanto a uma

escala global como ao nível mais específico dos sistemas urbanos. Não se pretende uma

listagem e descrição exaustivas dos modelos existentes, mas sim fazer referência a abordagens

recentes e úteis para a definição de um modelo mais integrado de desenvolvimento

sustentável.

Não serão abordados, por isso, conceitos tão caros à economia ecológica como a

sustentabilidade forte e fraca ou ainda os princípios operacionais de Daly utilizados no método

“The Natural Step” (ver, por ex., Ayres et al., 1996; Goodland, 1995; Parris & Kates, 2003; e

Robèrt, Daly, Hawken, & Holmberg, 1997). O modelo de desenvolvimento sustentável

proposto no capítulo 4, contudo, terá em consideração também estas abordagens.

2.1 A teoria da panarquia

A literatura científica mais recente vem devotando um interesse crescente relativamente ao

carácter processual do desenvolvimento sustentável enquadrando-o numa perspectiva cíclica.

Significa isto que, ao invés de se encarar a sustentabilidade como um fim último a atingir, se

deve privilegiar uma perspectiva de capacidade adaptativa da sociedade com o tempo. Holling

(2001) apelidou de “panarquia” o conceito que explica a capacidade evolutiva dos sistemas

complexos: a estrutura hierárquica segundo a qual os sistemas naturais, humanos e sociais se

interligam em ciclos de crescimento, acumulação, reestruturação e renovação. Segundo o

autor, a sustentabilidade de um sistema complexo depende fundamentalmente do

comportamento de um reduzido número de variáveis críticas, as quais controlam o

funcionamento dos ciclos evolutivos: “Se a sustentabilidade significa alguma coisa, tem a ver com um pequeno conjunto de

variáveis críticas e auto-organizadas e com as transformações que ocorrem nelas durante

o processo evolucionário de desenvolvimento da sociedade” (Holling, 2001, p. 391).

Holling identificou as três variáveis que, segundo a teoria da panarquia, moldam os ciclos

adaptativos e o estado futuro do sistema:

• potencial: a capacidade disponível de um sistema para a mudança, a qual está relacionada

com o número de opções de desenvolvimento disponíveis;

• conectividade: o grau de ligação entre as variáveis e os processos que controlam o sistema,

propriedade relacionada com a capacidade de o sistema controlar o seu próprio destino e

com a sua sensibilidade a perturbações;

• resiliência: a medida da vulnerabilidade do sistema a choques imprevistos.

Page 5: Um modelo integrado de desenvolvimento sustentável às escalas global e urbana

Um modelo integrado de desenvolvimento sustentável às escalas global e urbana

São variáveis que, não descrevendo os sistemas propriamente ditos, são responsáveis pela sua

capacidade de adaptação. A Figura 1 representa um ciclo adaptativo, o qual é caracterizado por

quatro fases essenciais:

• de r para K, longo período em que o potencial aumenta (devido ao aumento do capital) em

conjunto com um aumento de eficiência (conectividade) mas também de rigidez

(diminuição da resiliência);

• de K para Ω, e de Ω para α, em que um potencial e vulnerabilidade elevados são

propensos a que um evento despolete uma mudança brusca consumindo rapidamente os

recursos acumulados, processo que foi apelidado do “destruição criativa”;

• α, em que a combinação de um reduzido controlo (baixa conectividade) com potencial e

resiliência elevados cria as condições para o aparecimento de inovações;

• de α para r, dando origem a um novo ciclo, em que as inovações e o potencial acumulados

são utilizados com ou sem sucesso. É uma fase de reorganização, de oportunidades e de

crises.

Figura 1 – Ciclo adaptativo revelando as três variáveis que o controlam (Holling, 2001, pp. 394-395).

Ao longo de um ciclo sucedem-se períodos longos de acumulação e transformação de

recursos (de r para K) e outros, curtos, que criam oportunidades para a inovação (de Ω para

α).

Uma panarquia é um conjunto hierárquico de vários ciclos adaptativos, cuja ligação e

funcionamento determina a sustentabilidade de um sistema (Figura 2). Através da panarquia o

sistema é capaz de criar e de experimentar novas soluções, beneficiando daquelas que criam

oportunidades e evitando as que representam uma ameaça.

Page 6: Um modelo integrado de desenvolvimento sustentável às escalas global e urbana

Um modelo integrado de desenvolvimento sustentável às escalas global e urbana

Figura 2 – Panarquia e hierarquia institucional de sistemas de regras e de normas revelando relações

entre escalas de espaço ou pessoas e tempo (Holling, 2001, p. 393 e 397).

Segundo Holling (2001, p. 399), “sustentabilidade é a capacidade de criar, testar e manter

capacidade adaptativa. Desenvolvimento é o processo de criar, testar e manter oportunidades.

A expressão combina os dois, “desenvolvimento sustentável”, refere-se por isso ao objectivo

de promover simultaneamente capacidades adaptativas e a criação de oportunidades.” A

adopção de medidas com vista à sustentabilidade de um determinado sistema requer, segundo

o autor, uma análise prévia sobre a posição do ciclo adaptativo em que se encontra, visto que

certas acções podem ser apropriadas a uma fase mas não a outra.

Nem todos os ciclos são adaptativos. Holling descreve dois tipos de ciclos maladaptativos:

• a armadilha da pobreza: combinação de reduzido potencial, conectividade e resiliência (por

exemplo, uma sociedade depauperada pela guerra, onde os recursos escasseiam, o capital

social é diminuto e não possui capacidade de inovação);

• a armadilha da rigidez: combinação de elevado potencial, conectividade e resiliência (por

exemplo, uma oligarquia baseada no petróleo, onde o capital é muito elevado mas a rigidez

das normas sociais é tão elevada que não há espaço para a criatividade).

Sustentabilidade significa manter em funcionamento os ciclos adaptativos e, por isso mesmo,

evitar eventuais tendências para a queda nas armadilhas mencionadas.

2.2 Os orientadores do comportamento

Na tentativa de melhor compreender a motivação humana e o seu impacte nas decisões e

acções, Hartmut Bossel desenvolveu a teoria dos orientadores (em inglês “orientators”) para

sistemas complexos. O autor argumenta que há orientadores básicos que representam

interesses fundamentais comuns a todos os sistemas auto-organizativos. Os orientadores

desenvolveram-se como resposta a propriedades fundamentais também elas características de

todos os sistemas ambientais (Bossel, 2000, p. 339). Visto que num sistema viável é necessário

Page 7: Um modelo integrado de desenvolvimento sustentável às escalas global e urbana

Um modelo integrado de desenvolvimento sustentável às escalas global e urbana

um grau mínimo de satisfação de cada uma destas propriedades, a teoria pode revelar-se uma

ferramenta útil para seleccionar indicadores de sustentabilidade.

O entendimento de que uma cidade constitui um sistema complexo permite testar

directamente a teoria de Bossel. O autor definiu seis orientadores básicos determinados pelo

ambiente (Bossel, 2000, pp. 341-342), tal como representado na Figura 3:

• existência: o sistema deve ser compatível com o estado normal do ambiente;

• efectividade: o sistema deve ser capaz de assegurar o fornecimento de recursos

indispensáveis à sua existência;

• liberdade de acção: o sistema deve ter a capacidade de lidar de várias formas com os

desafios colocados pela variabilidade ambiental;

• segurança: o sistema deve ser capaz de se proteger dos efeitos nefastos provocados pela

variabilidade ambiental;

• adaptabilidade: o sistema deve ser capaz de aprender, adaptar-se e organizar-se de modo a

gerar respostas mais apropriadas à evolução do ambiente;

• co-existência: o sistema deve ser capaz de modificar o seu comportamento de modo a ter

em consideração a existência de outros sistemas.

Para certos tipos de sistema Bossel considerou, ainda, outros três orientadores específicos:

• reprodução: para sistemas que se reproduzem;

• necessidades psicológicas: os seres conscientes possuem determinadas características que

precisam de ser satisfeitas;

• responsabilidade: os seres humanos precisam de fazer escolhas que terão consequências

para os sistemas afectados.

Figura 3 – Propriedades fundamentais do ambiente e orientadores correspondentes

(Bossel, 2000, p. 341).

Page 8: Um modelo integrado de desenvolvimento sustentável às escalas global e urbana

Um modelo integrado de desenvolvimento sustentável às escalas global e urbana

2.3 Dos “ultimate means” aos “ultimate ends”

Existe um extenso trabalho acerca de indicadores de desenvolvimento sustentável. Autores,

países, regiões e projectos elaboram continuamente novos conjuntos de indicadores,

partilhando alguns aspectos comuns mas também adaptados a circunstâncias específicas.

Verifica-se, contudo, que a maior parte destes conjuntos de indicadores é desenvolvida de uma

forma relativamente pragmática, procurando abarcar uma grande diversidade de temas, sem o

apoio de uma estrutura conceptual. Na prática, muitos dos conjuntos de indicadores

desenvolvidos funcionam mais como um sistemas de informação, ou seja, uma tentativa de

fornecer ao público e aos decisores dados sintéticos sobre as condições a um determinado

nível geográfico, do que como indicadores na verdadeira acepção da palavra (Bossel, 1999, pp.

11-14 e Meadows, 1998, p. 4, apresentam listas de problemas associados à escolha de

indicadores).

O modelo conceptual de desenvolvimento sustentável elaborado por Meadows (em conjunto

com outros membros do Balaton Group; ver Figura 4) é intuitivo devido à hierarquia dividida

em quatro níveis (Meadows, 1998, pp. 41-43):

• “ultimate means”: o suporte que serve de sustento à vida e à economia;

• “intermediate means”: os factores que definem a capacidade produtiva da economia;

• “intermediate ends”: os objectivos utilitários da economia tais como bens de consumo,

saúde, riqueza, conhecimento, recreação, comunicação e mobilidade;

• “ultimate ends”: o objectivo último da sociedade, ou seja, aumentar a qualidade de vida, a

felicidade, identidade, etc.

Page 9: Um modelo integrado de desenvolvimento sustentável às escalas global e urbana

Um modelo integrado de desenvolvimento sustentável às escalas global e urbana

Figura 4 – Modelo conceptual, hierárquico, de desenvolvimento sustentável (Meadows, 1998, p. 42).

Embora membros do Balaton Group tenham levantado algumas objecções à estrutura

triangular do modelo, que pode transmitir a ideia de que o capital natural serve apenas de

suporte às actividades e bem-estar humanos – como que ignorando o valor intrínseco da vida

(matéria de debate a um nível mais filosófico) –, a autora salienta que pretende realçar a

importância do capital natural enquanto base de sustentação do ser humano bem como a

relação entre os diversos níveis hierárquicos (Meadows, 1998, p. 44).

Entre 2001 e 2005 as Nações Unidas lançaram aquele que pode ser considerado o maior

estudo alguma vez desenvolvido sobre os ecossistemas: o “Millennium Ecosystem

Assessment”. O objectivo foi avaliar as consequências das alterações nos ecossistemas no ser

humano e estabelecer uma base científica para as acções necessárias à sua conservação, gestão

Page 10: Um modelo integrado de desenvolvimento sustentável às escalas global e urbana

Um modelo integrado de desenvolvimento sustentável às escalas global e urbana

sustentável e promoção dos serviços que prestam à sociedade. A estrutura conceptual

utilizada perdeu a hierarquia do modelo de Meadows mas, em compensação, ganhou

dinamismo (ver Figura 5).

Figura 5 – Estrutura de análise do “Millenium Ecosystem Assessment”

(Millennium Ecosystem Assessment, 2005, p. vii)

2.4 Modelos à escala urbana

Não existem definições consensuais sobre o que constitui uma cidade sustentável, pelo que se

podem encontrar na literatura diversas alternativas. Apresentam-se apenas duas: “(…) o objectivo da sustentabilidade numa cidade é a redução do consumo de recursos

naturais e da produção de resíduos, melhorando simultaneamente a sua vivência, de tal

forma que se adapte melhor às capacidade dos ecossistemas locais, regionais e globais”

(Newman, 1999, p. 220).

“Uma cidade sustentável é organizada de modo a tornar todos os seus cidadãos capazes

de satisfazerem as suas necessidades e de melhorarem o seu bem-estar sem prejudicarem

o mundo natural ou porem em perigo as condições de vida de outras pessoas, agora ou no

futuro” (Girardet, 1999).

Page 11: Um modelo integrado de desenvolvimento sustentável às escalas global e urbana

Um modelo integrado de desenvolvimento sustentável às escalas global e urbana

Existem ainda definições mais específicas, tal como a de uso do solo sustentável: “Para que o desenvolvimento do uso do solo, dos padrões do solo artificializado e das

infra-estruturas numa área sejam considerados sustentáveis, ele tem de satisfazer as

necessidades vitais dos habitantes dessa área de uma forma sustentada para o futuro, e

não pode estar em conflito com o desenvolvimento sustentável a um nível global” (Naess,

2001, p. 505).

Estes objectivos foram operacionalizados através de cinco elementos principais (Naess, 2001,

p. 506):

• redução da utilização de energia e das emissões;

• minimização da conversão de áreas naturais para produção alimentar;

• minimização do consumo de materiais de construção prejudiciais ao ambiente;

• substituição dos fluxos abertos, onde os recursos naturais são transformados em resíduos,

em ciclos fechados suportados numa extensão maior em recursos locais;

• um ambiente saudável para os habitantes.

Vários outros autores propuseram análises sistémicas de cidades, embora por vezes segundo

perspectivas mais direccionadas. O conceito de metabolismo urbano, que emergiu há cerca de

30 anos, representa uma abordagem holística ao planeamento urbano, explorando as

interacções entre fluxos de recursos, processos de urbanização, produção de resíduos e

qualidade de vida (Rotmans, van Asselt, & Vellinga, 2000, p. 266). Este modelo inicial de

metabolismo foi estendido no sentido de passar a incluir também as dinâmicas das áreas

urbanas e a sua sociabilidade, i.e., não apenas os processos físicos e biológicos das cidades mas

também toda a sua base humana (Newman, 1999, p. 221). Ver também Figura 6.

Figura 6 – Metabolismo dos sistemas urbanos (Newman, 1999, p. 221)

Page 12: Um modelo integrado de desenvolvimento sustentável às escalas global e urbana

Um modelo integrado de desenvolvimento sustentável às escalas global e urbana

Jan Rotmans et al. propuseram uma ferramenta integrada de planeamento que em princípio

pode ser aplicada a qualquer cidade (Figura 7). Os autores consideram a cidade como um

sistema complexo constituído por stocks e fluxos de diversos tipos, incluindo físicos,

financeiros, informativos e de conhecimento (Rotmans, van Asselt, & Vellinga, 2000, p. 268). A

avaliação da sustentabilidade deve ser levada a cabo através da medição, análise e projecção

das relações entre as mudanças de longo prazo (stocks) e de curto prazo (fluxos).

Figura 7 – Esquema para análise de Maastricht usado por (Rotmans, van Asselt, & Vellinga, 2000, p. 268).

Um modelo semelhante foi proposto por Joe Ravetz através do intitulado Integrated

Sustainable Cities Assessment Method (ISCAM) – ver Figura 8. A abordagem representa uma

extensão dos modelos de metabolismo e do DPSIR (driving forces, pressures, state, impacts e

responses). A característica comum entre ambos é a interpretação dos problemas ambientais

humanos como uma desregulação ou disfunção entre necessidades, a montante, e impactes, a

jusante (Ravetz, 2000, p. 44).

Figura 8 – Estrutura do método ISCAM (Ravetz, 2000, p. 44).

Page 13: Um modelo integrado de desenvolvimento sustentável às escalas global e urbana

Um modelo integrado de desenvolvimento sustentável às escalas global e urbana

O conceito de ecossistema urbano surgiu da necessidade de conciliar a investigação nas áreas

da biologia e ecologia com as ciências sociais, designadamente a sociologia e geografia, no

sentido de se caminhar em direcção a uma teoria unificada que explique a ecologia de todas as

formas de vida (Machlis & Force, 1997).

Este entendimento multidisciplinar incorpora o ser humano nos ecossistemas, ao invés de o

entender meramente como um agente externo de perturbação, encarando os sistemas

urbanos como mais um tipo de ecossistema com características próprias. Isso deve-se à

percepção, cada vez mais evidente, de que a resolução dos problemas ambientais passa

necessariamente por alterações comportamentais do ser humano, e que não é possível gerir

de forma sustentável os ecossistemas sem compreender e controlar, simultaneamente, os

agentes que estão na origem da sua degradação e evolução.

Coexistem actualmente duas visões principais relativamente à ecologia urbana. Uma,

denominada “ecologia na cidade”, examina a estrutura ecológica e o funcionamento dos

habitats ou organismos nas cidades; outra, intitulada “ecologia da cidade”, debruça-se sobre

toda a cidade ou área metropolitana segundo uma perspectiva ecológica (Pickett et al., 2001, p.

130). O primeiro modelo é marcadamente analítico, enquanto o segundo privilegia uma visão

mais sistémica, enfatizando não apenas as partes do sistema mas também as relações que

existem entre elas. Esta perspectiva é comum na análise de sistemas complexos e, em

particular, na literatura da “economia ecológica” e da “ciência da sustentabilidade”.

Machlis & Force (1997) desenvolveram o modelo de ecossistema humano, o qual permite

organizar os seus diversos componentes, fenómenos e interacções numa estrutura global. Este

modelo foi posteriormente trabalhado por (Pickett et al., 1997; Pickett et al., 2001), como se

pode observar na Figura 9.

Figura 9 – Estrutura do ecossistema humano (Pickett et al., 2001, p. 149).

Page 14: Um modelo integrado de desenvolvimento sustentável às escalas global e urbana

Um modelo integrado de desenvolvimento sustentável às escalas global e urbana

O modelo coloca em evidência os recursos essenciais para o funcionamento do ecossistema

(não apenas naturais mas também sociais e culturais), as ligações funcionais entre os diversos

subsistemas e integra uma abordagem institucional e processual que lhe confere dinamismo.

No âmbito da sustentabilidade urbana e baseando-se parcialmente nos conceitos de Holling,

(Egger, 2006, p. 1240) optou por dividir o sistema urbano em duas categorias:

• “net”: o impacte da cidade noutras regiões do mundo através do comércio, investimento

estrangeiro, poluição, consumo de recursos, etc;

• “self”: a forma como a cidade satisfaz as necessidades dos seus habitantes, como se adapta

e como se protege de perturbações externas. Esta categoria é ainda dividida em duas:

capacidade, relacionada com o bom funcionamento dos ciclos adaptativos, e condição, que

procura medir a qualidade de vida e os resultados do desenvolvimento da cidade.

Os vários modelos apresentados reflectem, cada um, uma parte da realidade. Esquemas mais

elaborados, contendo um maior número de funções e de processos, podem ser

contraproducentes devido a uma menor legibilidade. Há um equilíbrio a encontrar entre

esquemas completos e intuitivos. O próximo capítulo apresenta uma tentativa de integrar num

único modelo um conjunto mais alargado de elementos essenciais quando se aborda o

desenvolvimento sustentável.

3. Um modelo integrado de desenvolvimento sustentável

Apesar de a bibliografia relativa ao desenvolvimento sustentável ser numerosa, não se

encontrou ainda um modelo conceptual capaz de agregar as várias perspectivas existentes.

Pode não ser possível combinar essas abordagens num todo coerente, mas cremos ser

possível integrar de forma mais completa a informação disponível. (Parris & Kates, 2003)

referem-se a este aspecto e a necessidade de mais investigação, designadamente na área dos

indicadores.

O esquema que se propõe na Figura 10 procura integrar os contributos descritos no capítulo

2 bem como outras abordagens relevantes e não aqui analisadas. O objectivo principal deste

modelo é enfatizar as condições necessárias para que a transição para a sustentabilidade possa

ocorrer, bem como os processos, fluxos, capitais e relações entre eles cuja gestão é

fundamental.

Page 15: Um modelo integrado de desenvolvimento sustentável às escalas global e urbana

Um modelo integrado de desenvolvimento sustentável às escalas global e urbana

Figura 10 – Modelo integrado de desenvolvimento sustentável.

O esquema está orientado segundo uma dupla hierarquia:

• uma pirâmide que representa a relação entre os diversos tipos de capital: na base,

enquanto suporte de todo o ecossistema humano, encontra-se o capital natural; numa

posição intermédia, o capital manufacturado e o capital institucional (que alguns autores

enquadram no capital social); no topo da pirâmide encontram-se o capital humano e o

capital social, cuja existência e desenvolvimento depende do bom funcionamento dos

sistemas natural e económico;

• uma relação entre recursos, serviços por eles prestados e objectivos que esses serviços

procuram atingir, mais concretamente a satisfação das necessidades de que os sistemas

dependem para serem viáveis.

No seu conjunto, esta dupla hierarquia, combinada com o processo de mudança baseado nos

ciclos adaptativos de Holling, constitui a matriz fundamental do desenvolvimento sustentável:

encarar a defesa da vida na Terra como a razão de ser da própria vida, razão pela qual se

Page 16: Um modelo integrado de desenvolvimento sustentável às escalas global e urbana

Um modelo integrado de desenvolvimento sustentável às escalas global e urbana

encontra no topo da pirâmide; e assegurar a manutenção e viabilidade de cada um dos sistemas

que compõem o ecossistema humano.

O modelo apresentado, porém, está ainda a ser desenvolvido, pelo que todos os comentários

e sugestões acerca do mesmo serão bem vindos.

Numa tentativa de descer de escala e analisar de forma mais aprofundada os sistemas urbanos,

no próximo capítulo procurar-se-á aplicar a teoria dos orientadores de Bossel a este caso

concreto.

4. Aplicação da teoria dos orientadores ao sistema urbano

Por serem genéricos e aplicáveis a qualquer sistema, os orientadores podem ser pouco

perceptíveis sem uma reflexão mais aprofundada sobre o seu significado, pelo que se apresenta

a sua aplicação ao caso concreto dos sistemas urbanos, enumerando os temas de análise

envolvidos. A concretização desta tarefa implica ter sempre presente uma questão essencial: o

que caracteriza os sistemas urbanos e é fundamental para a sua existência e prosperidade? A

Tabela 1 constitui uma primeira tentativa de resposta. Não foram incluídos os orientadores

reprodução e responsabilidade por não serem aplicáveis.

Tabela 1 – Propriedades dos sistemas urbanos relativamente aos orientadores de Bossel.

Orientadores Necessidades do

sistema urbano Temas envolvidos

Existência: o sistema urbano deve ser

compatível com o seu ambiente interno

e externo

Qualidade

ambiental

Saúde

Qualidade do ar, da água e do solo

Biodiversidade

Ruído

Efectividade: o sistema urbano deve

organizar-se de modo a manter-se e a

prosperar

Estrutura

Estrutura urbana (modelo de cidade,

ocupação do solo, estrutura ecológica,

vias de comunicação, passeios e

ciclovias, estacionamento)

Estrutura populacional (demografia)

Base económica (sectores

económicos, emprego)

Efectividade: o sistema urbano deve ser

capaz de receber os recursos de que

necessita, de os processar e de escoar

os seus resíduos de forma eficiente

Fluxos

Metabolismo (consumo de recursos,

produção de resíduos)

Transportes (sistema de transportes,

repartição modal)

Page 17: Um modelo integrado de desenvolvimento sustentável às escalas global e urbana

Um modelo integrado de desenvolvimento sustentável às escalas global e urbana

Orientadores Necessidades do

sistema urbano Temas envolvidos

Liberdade de acção: o sistema urbano

deve ter a capacidade de lidar com os

desafios existentes e de tomar decisões

Governança

Sistema político

Liberdades e garantias

Participação pública

Acesso à informação e sua divulgação

Transparência dos processos de

decisão

Segurança: o sistema deve ser capaz de

se proteger de fenómenos ou situações

que constituam uma ameaça

Segurança

Segurança social

Protecção civil

Justiça

Risco

Adaptabilidade: o sistema urbano deve

ser capaz de evoluir e de se adaptar Inovação

Inovação

Estilos de vida

Coexistência: o sistema deve ser capaz de

interagir (cooperar ou competir) com

outras regiões e com o mundo rural

Coexistência Comércio

Sistemas de comunicação

Necessidades psicológicas: o sistema

urbano deve proporcionar aos seus

habitantes uma vida feliz e preenchida

Necessidades

psicológicas

Recreio

Educação e cultura

Desporto

Habitação

Rendimentos

Estrutura familiar

Os orientadores de Bossel foram desta forma transformados em sete necessidades essenciais

dos sistemas urbanos, às quais correspondem diversas temáticas. As necessidades não são

substituíveis, ou seja, um elevado desempenho de uma não compensa um menor desempenho

de outra. Contudo, existem inter-relações entre elas – afectam-se e reforçam-se mutuamente

– e algumas são mais importantes ou requerem um grau de satisfação maior do que outras;

algumas podem existir com défice prolongadamente enquanto que, noutros casos, um défice

elevado mesmo que temporário poderá implicar graves consequências. É importante, mas de

grande dificuldade prática, determinar valores limiar a partir dos quais a recuperação é difícil

ou impossível. Existe uma base de dados na internet que agrupa precisamente investigação

neste sentido, embora não propriamente vocacionada aos sistemas urbanos (ver

http://www.resalliance.org/185.php).

Page 18: Um modelo integrado de desenvolvimento sustentável às escalas global e urbana

Um modelo integrado de desenvolvimento sustentável às escalas global e urbana

5. Conclusão

Ao longo deste artigo analisaram-se algumas abordagens inovadoras ao desenvolvimento

sustentável, as quais foram integradas no capítulo 3 num único modelo esquemático. Este

modelo procura enfatizar as condições, stoques e processos que são necessários para que a

transição para a sustentabilidade possa ocorrer. No fundo, trata-se de lançar as sementes para

que o caminho possa, naturalmente, surgir.

O caminho será longo e complexo, e passará quase inevitavelmente pelas cidades, devido à

urbanização crescente do planeta, com tendência para se acentuar. Os orientadores de Bossel

permitiram, na aplicação ao caso dos sistemas urbanos, compreender melhor as necessidades

de que precisam de satisfazer para assegurar a sua viabilidade.

A organização e estrutura das cidades, o seu sistema produtivo, a sua relação com a região

envolvente e, talvez o mais importante, os estilos de vida da população, serão provavelmente

factores determinantes para o sucesso da transição para a sustentabilidade.

Referências

Ayres, R., Castaneda, B., Cleveland, C. J., Costanza, R., Daly, H., Folke, C., et al. (1996). Natural capital, human capital, and sustainable economic growth. Boston: Center for Energy and Environmental Studies - Boston University.

Bossel, H. (1999). Indicators for sustainable development: theory, method, applications: a report to the Balaton Group. Winnipeg: International Institute for Sustainable Development.

Bossel, H. (2000). Policy assessment and simulation of actor orientation for sustainable development. Ecological Economics, 34, 337-355.

Egger, S. (2006). Determining a sustainable city model. Environmental Modelling & Software, 21, 1235-1246.

European Environment Agency. (2005). The European environment: state and outlook 2005. Copenhagen: European Environment Agency.

Girardet, H. (1999). Creating sustainable cities (Vol. 2). London: Green Books.

Goodland, R. (1995). The concept of environmental sustainability. Annual Review of Ecology and Systematics, 26, 1-24.

Holling, C. S. (2001). Understanding the complexity of economic, ecological, and social systems. Ecosystems, 4, 390-405.

Machlis, G., & Force, J. E. (1997). The human ecosystem part 1: the human ecosystem as an organizing concept in ecosystem management. Society & Natural Resources, 10(4), 347-367.

Page 19: Um modelo integrado de desenvolvimento sustentável às escalas global e urbana

Um modelo integrado de desenvolvimento sustentável às escalas global e urbana

Meadows, D. (1998). Indicators and information systems for sustainable development. Hartland: Sustainability Institute.

Millennium Ecosystem Assessment. (2005). Ecosystems & human well-being: synthesis. Washington: Island Press.

Naess, P. (2001). Urban planning and sustainable development. European Planning Studies, 9(4), 503-524.

National Research Council. (1999). Our common journey: a transition towards sustainability. Washington, D.C.: National Academy Press.

Newman, P. (1999). Sustainability and cities: extending the metabolism method. Landscape and Urban Planning, 44, 219-226.

Parris, T. M., & Kates, R. W. (2003). Characterizing and measuring sustainable development. Annual Review of Environment and Resources, 28, 559-586.

Pickett, S., Burch, W., Jr., Dalton, S., Foresman, T., Grove, J. M., & Rowntree, R. (1997). A conceptual framework for the study of human ecosystemsn in urban areas. Urban Ecosystems, 1, 185-199.

Pickett, S., Cadenasso, M. L., Grove, J. M., Nilon, C. H., Pouyat, R. V., Zipperer, W. C., et al. (2001). Urban ecological systems: linking terrestrial ecological, physical, and socioeconomic components of metropolitan areas. Annual Review of Ecology and Systematics, 32, 127-157.

Ravetz, J. (2000). Integrated assessment for sustainability appraisal in cities and regions. Environmental Impact Assessment Review, 20, 31-64.

Rees, W., & Wackernagel, M. (1996). Urban ecological footprints: why cities cannot be sustainable and why they are a key to sustainability. Environmental Impact Assessment Review, 16(4-6), 223-248.

Robèrt, K.-H., Daly, H., Hawken, P., & Holmberg, J. (1997). A compass for sustainable development. International Journal of Sustainable Development and World Ecology, 4, 79-92.

Rotmans, J., van Asselt, M., & Vellinga, P. (2000). An integrated planning tool for sustainable cities. Ecological Economics, 20, 265-276.