um exemplo a ser seguido: a luta de ivanaldo, seu amor pela roça e a deidicação ao próximo

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Boletim Informativo do Programa Uma Terra e Duas Águas Ano 9 • nº 2073 Rafael Fernandes / RN Março/2015 Um exemplo a ser seguido: A luta de Ivanaldo, seu amor pela roça e a dedicação ao próximo A s tecnologias de convivência com o Semiárido vêm transformando a vida de muitas comunidades e famílias do meio rural que não tem acesso à água de forma regular, seja para o consumo humano ou para produzir. De maneira simples, essas tecnologias captam a água das chuvas e armazenam por um período aquela água enquanto dura a estiagem, como é o caso das Barragens Subterrâneas que impedem a passagem da água em determinada área para que ela permaneça embaixo do solo deixando a terra sempre úmida. Morador do Sítio Maretas, no município de Rafael Fernandes, no Alto Oeste Potiguar, Francisco Ivanaldo de Lima, 51 anos, juntamente com sua esposa Maria Irenir da Costa Lima, 52 anos, foi beneficiado com uma Barragem Subterrânea há cerca de um ano. Eles afirmam que a tecnologia mudou a vida deles: “Tudo começou quando nós tivemos acesso à primeira água para o consumo humano e depois veio essas tecnologias voltadas para a produção e eu consegui minha barragem. Daí para cá foi cem por cento de melhora na nossa vida porque foi a construção da tecnologia o que me incentivou a plantar”, contou Ivanaldo. “Minha felicidade foi essa barragem, eu levanto as mãos pra o céu e agradeço porque antes te ter ela eu não plantava nada pelo simples fatos de que nós não tínhamos de onde tirar água. Nós dependemos unicamente da água que vem dos carros pipa de Apodi”, disse o agricultor contando que já chegou a passar seis meses parado porque não tinha água para produzir.

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O agricultor Ivanaldo conquistou uma Barragem Subterrânea há cerca de um ano e através dela planta hortaliças, cria gado e galinha.

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Page 1: Um exemplo a ser seguido: A luta de Ivanaldo, seu amor pela roça e a deidicação ao próximo

Boletim Informativo do Programa Uma Terra e Duas Águas

Ano 9 • nº 2073

Rafael Fernandes / RN

Março/2015

Um exemplo a ser seguido: A luta de Ivanaldo, seu amor pela roça e

a dedicação ao próximo

As tecnologias de convivência com o Semiárido vêm transformando a vida de muitas comunidades e famílias do meio rural que não

tem acesso à água de forma regular, seja para o consumo humano ou para produzir. De maneira simples, essas tecnologias captam a água das chuvas e armazenam por um período aquela água enquanto dura a estiagem, como é o caso das Barragens Subterrâneas que impedem a passagem da água em determinada área para que ela permaneça embaixo do solo deixando a terra sempre úmida.Morador do Sítio Maretas, no município de Rafael

Fernandes, no Alto Oeste Potiguar, Francisco Ivanaldo de Lima, 51 anos, juntamente com sua esposa Maria Irenir da Costa Lima, 52 anos, foi beneficiado com uma Barragem Subterrânea há cerca de um ano. Eles afirmam que a tecnologia mudou a vida deles: “Tudo começou quando nós tivemos acesso à primeira água para o consumo humano e depois veio essas tecnologias voltadas para a produção e eu consegui minha barragem. Daí para cá foi cem por cento de melhora na nossa vida porque foi a construção da tecnologia o que me incentivou a plantar”, contou Ivanaldo.“Minha felicidade foi essa barragem, eu levanto as mãos

pra o céu e agradeço porque antes te ter ela eu não plantava nada pelo simples fatos de que nós não tínhamos de onde tirar água. Nós dependemos unicamente da água que vem dos carros pipa de Apodi”, disse o agricultor contando que já chegou a passar seis meses parado porque não tinha água para produzir.

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Boletim Informativo do Programa Uma Terra e Duas Águas Articulação Semiárido Brasileiro – Rio Grande do Norte

Realização Apoio

A área de plantio da barragem de Ivanaldo dá em torno de um hectare de terra e sua produção é rica em variedades. Conforme o agricultor, a batata doce, o coentro, o alface, a cebolinha, a pimenta de cheiro e a malagueta, o pimentão e a abobora além de servirem para o consumo da família são vendidos na cidade de Rafael Fernandes e em outros municípios vizinhos como Pau do Ferros, Água Nova e Major Sales. De acordo com ele, de tudo que ele produz, o coentro é o que mais vende. Diariamente são retirados cerca de duzentos a trezentos molhos que são vendidos nessas cidades.Além das hortaliças o agricultor planta sorgo, milho, feijão, arroz e ainda cria gado e galinha. “O leite do gado é

para tomar de manhã e para dar a quem mais precisa. Os ovos são para eu comer com pão tomando o leite” disse Ivanaldo com o sorriso estampado. Ele revela que para manter a produção conta com o apoio e o trabalho de sua esposa, seus dois filhos e um tio.Por mês sua produção rende cerca de dois salários mínimo bruto, dos quais ele tira as despesas com a

manutenção de sua área de produção e paga a energia. “O que sobra da para fazer a feira e dar rapadura aos bichinhos”, brincou.Ivanaldo é presidente da Associação de Produtores do Vale de Maretas e também faz parte da Comissão

Executiva Municipal (CEM), através do trabalho que ele desenvolve, várias famílias tanto da sua comunidade quanto do município, já foram beneficiadas com tecnologias sociais. “Eu gosto é de ajudar o povo, eu acho a melhor coisa do mundo e Deus me dá sempre em dobro. Para se envolver nessas coisas tem que ter boa vontade e saber que você não vai ganhar nada, apenas a satisfação de ajudar ao próximo”, comentou. Ainda de acordo com ele a meta agora é conseguir o apoio dos órgãos públicos para a construção de poços em várias outras comunidades. Para Ivanaldo trabalhar na agricultura familiar é a melhor coisa do mundo: “Eu gosto do que eu faço e sou feliz

assim. Acho bom ir para a roça, gosto de criar bicho e não sei amanhecer um dia dentro de casa sem ir no meu cercado, mesmo que eu não vá fazer nada eu me satisfaço apenas estando lá”, confessou.