um estudo sobre a industrializaÇÃo da construÇÃo … · populares trabalho apresentado como...
TRANSCRIPT
CENTRO UNIVERSITÁRIO CESMAC
MORGANA DE LARA MEDEIROS DA SILVA
UM ESTUDO SOBRE A INDUSTRIALIZAÇÃO DA CONSTRUÇÃO CIVIL PARA APLICAÇÃO EM HABITAÇÕES
POPULARES
MACEIÓ -AL 2018/1
MORGANA DE LARA MEDEIROS DA SILVA
UM ESTUDO SOBRE A INDUSTRIALIZAÇÃO DA CONSTRUÇÃO CIVIL PARA APLICAÇÃO EM HABITAÇÕES
POPULARES
Trabalho apresentado como requisito final, para conclusão do curso de Engenharia Civil do Centro Universitário CESMAC, sob a orientação do Msc. Emerson Acácio Feitosa Santos.
MACEIÓ – AL
2018/1
S586e Silva, Morgana de Lara Medeiros da
Um estudo sobre a industrialização da construção civil para
aplicação em habitações populares / Morgana de Lara Medeiros
da Silva . -- Maceió: 2018
46 f.: il.
TCC (Graduação em Engenharia civil) - Centro Universitário
CESMAC, Maceió - AL, 2018.
Orientador: Emerson Acácio Feitosa Santos
1. Industrialização da construção civil. 2. Racionalização.
3. Habitação popular. 4. Vantagens.
I. Santos, Emerson Acácio Feitosa. II. II. Título.
CDU: 624
REDE DE BIBLIOTECAS CESMAC
Evandro Santos Cavalcante
Bibliotecário CRB-4/1700
AGRADECIMENTOS
Agradeço a Deus, a permissão de poder encerrar mais um importante ciclo de
minha vida, que finda com a realização de um sonho,pela experiência vivida, pelo
aprendizado por meio da dor à alegria; por mostrar-me sua presença, dando-me
tranquilidade, certeza e paz.
Às minhas duas mães, Ana e Vera, pelo amor que sempre recebi, pela
dedicação diária para ver minha felicidade e por todo incentivo e apoio incondicional
nos momentos felizes, mas também nos de impaciência e desânimo durante esses
cinco anos.
À minha irmã que me ouve, aconselha e me deu um grande presente: minha
sobrinha.
Ao Professor Zeferino Alencar, meu amigo; tenho-lhe como um pai. Obrigado
por ter aberto as portas do mercado para mim, me indicando para o primeiro estágio.
Ao Professor Emerson Acácio, meu orientador, que se manteve presente a
fim de ver meu progresso nesse trabalho e acreditou no meu potencial. Obrigada
pelos puxões de orelha e cobranças, e por ter proporcionado uma grande
experiência de vida, ao me indicar para o estágio no complexo penitenciário.
Ao Professor Antônio Carlos, que me acompanhou em grande parte desses
cinco anos de aulas. Agradeço o conhecimento adquirido e as palavras de ajuda e
apoio em momentos difíceis.
À minha tia, Maria Dulce, que foi de grande importância com sua preocupação
em minha formação.
Aos meus amigos, que estiveram nessa jornada comigo e serão lembrados
com muito carinho.
Aos demais professores, que contribuíram para meu crescimento profissional, direta ou indiretamente.
RESUMO
Visando acabar com o déficit habitacional houve a necessidade de buscar meios racionalizados e que se enquadrem à realidade do País em processos para a industrialização da construção civil. Este trabalho mostra a realidade brasileira do setor, com o propósito de analisar novas técnicas desenvolvidas a fim de baratear e reduzir o tempo de obra com a utilização de pré-moldados e pré-fabricados nas habitações populares. Com o presente estudo percebe-se que o concreto continua sendo o material mais aceito na construção, apesar de seu emprego distinto da construção convencional. Aos poucos os sistemas industrializados estão ganhando aceitabilidade, e é válido ressaltar suas principais vantagens, como agilidade na construção, redução de desperdícios e redução do possível impacto ambiental, fatores constantemente almejados no setor da Construção Civil, bem como suas desvantagens. Além disso, foi realizado um estudo sobre a aplicação do pré-moldado no setor. Palavras-chave: Industrialização da Construção Civil. Racionalização. Habitação popular. Vantagens.
ABSTRACT
Due to house deficit there was a urge to find rationalized ways that would fit the reality of Brazil through procedures to civil engineering industrialization. The present study show the Brazilian scenario of the sector, with the purpose of analysing new techniques developed to reduce costs and time of civil works by using precast and prefabricated in popular dwellings. Throughout this work it was noticed that concrete is still the most accepted material in construction, in spite of its different use from conventional construction. Gradually the industrialized systems become more admissible and it is important to stress its main advantages such as agility in civil works, reduction of waste and enviromental impact. In addition, a study was carried out on the application of precast in the industry. Key words: Civil Engineering Industrialization. Rationalization. Popular dwellings. Benefits.
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 - Máquinas a vapor ..................................................................................... 12 Figura 2 - Êxodo Rural .............................................................................................. 12 Figura 3 - Construção com pré-fabricado em concreto, onde se observa a organização no canteiro de obras ............................................................................. 15 Figura 4 - Construção residencial em aço ................................................................. 19 Figura 5 - Locomotiva de Café .................................................................................. 20 Figura 6 - Arena de Handebol Estruturada em Aço – Rio de Janeiro ........................ 21 Figura 7 - Velódromo - Parque Olímpico – Rio de Janeiro ........................................ 21 Figura 8 - Lajes pré-fabricadas em concreto ............................................................. 22 Figura 9 - Armazenamento de elementos pré-fabricados em concreto ..................... 24 Figura 10 - Loteamento de Habitações populares em São Miguel dos Campos......... 27 Figura 11 - Construção de Edifício com blocos de concreto em São Paulo – SP ...... 29 Figura 12 - Fachada Acabada de Edifício do Condomínio Torres de Siena em São Paulo ......................................................................................................................... 30 Figura 13 - Loteamento com 812 casas construídas com CCE em São Miguel dos Campos – AL ............................................................................................................ 32 Figura 14 - Painel Plenum, sendo içado para fixação definitiva ................................. 36 Figura 15 - Painel Tilt-Up sendo içado e posicionado ................................................ 37 Figura 16 - Construção do parque Olímpico João Havelange ................................... 37 Figura 17 - Posicionamento de blocos cerâmicos acima pra primeira camada de concreto .................................................................................................................... 38 Figura 18 - Casa construída com o sistema Casa Express ....................................... 39 Figura 19 - Montagem das fôrmas- PVC fica incorporada à construção e dispensa acabamento .............................................................................................................. 40 Figura 20 - Vista do corredor das celas do presídio de segurança máxima do sistema Siscopen – Maceió-AL .............................................................................................. 41 Figura 21 - Vista da Passarela, onde se tem acesso às instalações hidrossanitárias e controle de abertura de celas – Girau do Ponciano .................................................. 42
LISTA DE QUADROS
Quadro 1 - Quadro de classificação de pré-moldados .............................................. 23 Quadro 2 - Vantagens e Desvantagens entre Alvenaria Estrutural, PAC, Estruturas em Aço e CCE .......................................................................................................... 34
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................. 8 1.1 Considerações Iniciais ............................................................................... 8 1.2 Objetivos ...................................................................................................... 9 1.2.1 Objetivo Geral ............................................................................................ 9 1.2.2 Objetivos Específicos ................................................................................. 9 1.3 Descrição dos Capítulos .......................................................................... 9 2 REFERENCIAL TEÓRICO ............................................................................. 11 2.1 A evolução da industrialização ................................................................. 11 2.2 Formas de Industrialização ....................................................................... 13 2.3 Industrialização na Construção Civil ........................................................ 14 2.3.1 Industrialização Fechada ou de Ciclo Fechado ........................................ 16 2.3.2 Industrialização Aberta ou de Ciclo Aberto ............................................... 16 2.3.3 Industrialização na construção residencial ............................................... 18 2.4 Industrialização na Construção Civil no Território Nacional .................. 19 2.5 Sistemas de pré-fabricados....................................................................... 22 2.5.1 Tipos de concretos pré-fabricados ............................................................ 23 2.5.2 Manuseio, Armazenamento e Transporte .................................................. 24 2.5.3 Montagem ................................................................................................. 25 2.5.4 Controle de qualidade ............................................................................... 25 2.6 Sistema de pré-moldados .......................................................................... 26 2.7 Habitações populares no Brasil ................................................................ 26 2.7.1 O problema da ocupação desordenada do solo ........................................ 26 2.7.2 Direito à moradia ....................................................................................... 26 2.7.3 Incentivo a Inovação ................................................................................ 28 2.7.4 Utilização da Industrialização em obras de Habitações populares ............ 29 3 METODOLOGIA ............................................................................................. 33 3.1 Escolha da Metodologia ............................................................................ 33 3.2 Descrição da Metodologia Adotada .......................................................... 33 4 DISCUSSÕES SOBRE A APLICAÇÃO DA INDUSTRIALIZAÇÃO EM HABITAÇÕES POPULARES ............................................................................ 34 4.1 Plenum ...................................................................................................... 35 4.2 Tilt-Up ....................................................................................................... 36 4.3 Casa Express ............................................................................................ 37 4.4 Concreto PVC ........................................................................................... 39 5 CONCLUSÃO ............................................................................................... 40 REFERÊNCIAS ................................................................................................. 42
8
1 INTRODUÇÃO
1.1 Considerações Iniciais
A Construção Civil é considerada uma indústria atrasada em comparação a
outros setores industriais, em razão de apresentar, de uma maneira geral, baixa
produtividade, enorme índice de desperdício de materiais, morosidade e baixo
controle de qualidade (EL DEBS, 2000).
Uma das formas encontradas para redução desse atraso é o emprego de
técnicas, como a inovação de sistemas construtivos e processos de gestão
industrial. Destacando-se a utilização, mais intensa, de sistemas construtivos pré-
fabricados em concreto, o que promove modernidade e permite aos engenheiros a
possibilidade de ideias inovadoras e criativas para problemas comuns em canteiros
de obras, proporcionando assim que cheguem a novas soluções arquitetônicas
(DIONI, 2008).
A industrialização no ramo da construção civil está diretamente associada aos
conceitos de organização e de produção em série. Entende-se por industrialização
da construção o processo evolutivo que, através de ações organizacionais e da
implementação de inovações tecnológicas, métodos de trabalho, técnicas de
planejamento e controle objetiva incrementar a produtividade e o nível de produção
e aprimorar o desempenho da atividade construtiva (OLIVEIRA, 2013).
Existem dois tipos de industrialização dentro da construção civil: Industrialização
Fechada ou de Ciclo Fechado, considerada menos flexível caracterizada pela
produção de um módulo inteiro da edificação, e Industrialização Aberta ou de Ciclo
Aberto, mais flexível e se caracteriza pela produção de componentes pré-fabricados
que podem ser combinados de diversas maneiras para compor uma construção.
(OLIVEIRA, 2013).
Com a implantação de técnicas industrializadas há também uma economia na
utilização de materiais, sendo assim, a racionalização caminha ao lado da
industrialização, permitindo o desenvolvimento econômico do ramo. Sua
implantação proporciona também um dinamismo na execução de projetos, e por
consequência maior produtividade, que vem acompanhado do aumento de
contratações e oportunidades para os profissionais da área, encontrando assim um
mercado com novas possibilidades (DIONI, 2008).
9
O mercado encontra-se cada vez mais competitivo, levando as empresas da
indústria da construção civil buscar maior destaque, seja por meio da produtividade,
da qualidade do produto ou do custo reduzido, motivo pelo qual tais empresas têm
procurado técnicas industrializadas, desenvolvendo sistemas que as diferencie e
compatibilize os preços ao que o mercado está disposto a pagar.
A redução de prazos e a necessidade da diminuição de impactos ambientais
podem ser citadas também como incentivadores de uma mudança no setor da
construção. Porém o custo de implantação das inovações tecnológicas quanto
menor for maior será sua aceitação.
Diante das considerações citadas, este trabalho objetiva apresentar, de forma
transparente, uma revisão bibliográfica sobre o processo de industrialização da
construção civil, identificando as principais tendências e suas vantagens na
aplicação em habitações populares.
1.2 Objetivos
1.2.1 Objetivo geral
Identificar as principais características e vantagens utilizadas em técnicas de
industrialização da construção civil para habitações populares no cenário nacional.
1.2.2 Objetivos específicos
Fazer uma revisão bibliográfica sobre o processo da industrialização da
construção civil, bem como em habitações populares;
Identificar as principais tendências para o setor da industrialização em
habitações populares indicando vantagens e desvantagens;
1.3 Descrição dos Capítulos
No primeiro capítulo referente à revisão bibliográfica será abordado o
processo de industrialização bem como sua evolução, aceitação, algumas técnicas
convencionais e sua influência no processo de construção de habitações populares,
através das mudanças geradas a partir do avanço na área da construção civil, a
utilização de novas técnicas e assim facilitando o seu emprego, a partir do
desenvolvimento principalmente em materiais.
10
O segundo capítulo refere-se à descrição e exposição da metodologia
utilizada a fim de obter informações e concluir o trabalho sobre a utilização de pré-
moldados e pré-fabricados.
Bem como no terceiro capítulo são exprimidos os resultados sobre a pesquisa
bibliográfica a cerca das tecnologias convencionais e brevemente discutidas, bem
como, os sistemas construtivos de pré-moldados e pré-fabricados recentes. É
apresentado um estudo de caso sobre a utilização dessas técnicas em presídios
novos.
Por fim, o ultimo capitulo é destinado à realização da conclusão do que foi
pesquisado e desenvolvido ao longo do trabalho, explicando sua importância para o
ramo da construção.
11
2 REFERENCIAL TEÓRICO
Neste capitulo aborda o processo de industrialização bem como seu
crescimento, evolução, técnicas convencionais e sua influência no processo de
construção de habitações populares, através das mudanças geradas a partir do
avanço na área da construção civil, a utilização de novas técnicas e assim facilitando
o seu emprego. Na engenharia civil o processo de industrialização tem seu
crescimento no desenvolvimento de máquinas, equipamentos, mão de obra e
principalmente em materiais.
A construção civil é importante para o desenvolvimento de uma cidade, de um
estado, ou de uma nação, pois é um setor que emprega centenas de pessoas
facilitando assim o crescimento não somente no ramo como também do
desenvolvimento econômico e social, proporcionando à população sair do aluguel.
2.1 A evolução da industrialização
A industrialização é o processo de modernização pelo qual passam os meios
de produção, acompanhada da evolução da tecnologia e desenvolvimento
econômico. Esse processo iniciou-se na Inglaterra, com a Primeira Revolução
Industrial, que baseou seu desenvolvimento econômico nas indústrias, e técnicas
como artesanato e manufatura foram substituídos por um processo produtivo
sistematizado, com o emprego de máquinas (Figura 1) que tinham como fonte de
energia principal o carvão. “A diligência, a avaliação, a memória, o raciocínio, a
concepção, a vontade, etc., estão sendo substituídos por aparelhos mecânicos ou
eletrônicos ou, genericamente, por automatismos”. (BRUNA, 1976). Além disso,
provocou profundas alterações no espaço das cidades, acelerando a urbanização e
o êxodo rural (Figura 2), devido à grande oferta de empregos e da mecanização do
campo.
12
Figura 1: Máquina a vapor. Fonte: RESTOS DE COLEÇÃO (2012).
Figura 2: Êxodo rural. Fonte: Via Maxi (2012).
Posteriormente, teve início a Segunda Revolução Industrial, surgindo um novo
período de inovações. A principal fonte de energia passa a ser o petróleo, o que se
estende até hoje, e a energia elétrica é descoberta e utilizada. Assim as linhas de
produção tornaram-se mais complexas, exigindo uma mão de obra mais qualificada
e dominante pela produção fordista, com trabalho repetitivo e produção em grande
escala (FERREIRA; PIGOZZO; SERRA, 2005).
A partir da segunda metade do século XX, surge uma nova etapa: a Terceira
Revolução Industrial, caracterizada pelo avanço da informática e desenvolvimento
dos transportes, comunicação, biotecnologia e informação, tornando mais rápida as
13
relações de produção, econômica e social. Com isso, é implantado o toyotismo,
substituindo o fordismo, onde a produção está relacionada à demanda das
mercadorias e o trabalho deixa de ser repetitivo e passa a ser flexibilizado, um
mesmo empregado desempenha várias funções (FERREIRA; PIGOZZO; SERRA,
2005).
2.2 Formas de Industrialização
A Industrialização vem sendo disseminada por todo o mundo de forma
desuniforme e os motivos pelos quais isso pode ser explicado são, basicamente, a
desigualdade econômica e social, ausência ou não de matéria-prima ou mão de obra
e questões de ordem política. Os países considerados desenvolvidos foram os
pioneiros na utilização dessa prática, em seguida os subdesenvolvidos e
emergentes.
As indústrias interferem de maneira significativa na transformação do espaço
e na produção de bens e serviços. São a partir delas que ocorre a intensificação ou
aceleração do processo de urbanização e desenvolvimento econômico das nações.
E ao longo de três revoluções, foram desenvolvidos três modelos baseados na
localidade onde foram aplicados.
O primeiro modelo a ser mencionado é a Industrialização Clássica, que
ocorreu justamente em meados dos séculos XVII e XIV, compreendendo assim os
países que participaram da 1ª e 2ª revolução industrial, ou seja, os países mais
desenvolvidos. Como exemplo de nação pioneira nesse modelo, tem-se a Inglaterra
que sofreu com alterações importantes em seu espaço geográfico, em seguida a
França, Estados Unidos e, mais tardiamente, a Alemanha. Esses países são
providos de altas tecnologias e são caracterizados por serem grandes exportadores
e importar bastante matéria prima para o desenvolvimento dos produtos
industrializados. Atualmente as multinacionais possuem matriz nos países que foram
providas desse tipo de industrialização (BRASIL ESCOLA, 2016).
O segundo modelo a ser usado é baseado em uma economia onde as
indústrias são domínio do Estado e visam atender as necessidades sociais da
população a partir de uma produção prévia e racionalmente planejada por
especialistas, é a Industrialização Planificada. Essa forma é basicamente composta
pelos países do bloco socialista como China, Rússia, Alemanha Oriental, Polônia,
14
Hungria, Eslovênia, Croácia e Bulgária, que priorizam as indústrias de base
(petroquímica, maquinaria, veículos pesados e siderúrgicas) a fim de exportarem
matérias primas para países desenvolvidos transformarem para o produto final. Esse
tipo de economia teve fim com a queda do socialismo soviético obrigando os países,
na década de 90, a mudarem sua economia, gerando inflação, privatização,
desemprego e a falência de várias fábricas (OLIVEIRA, 2013).
Já o terceiro modelo, conhecido como Industrialização tardia ou periférica, e
que abrange o Brasil, são dos países que tiveram sua economia baseada no
capitalismo, mas são subdesenvolvidos ou emergentes. Essa economia gera na
nação um desenvolvimento acompanhado de mão de obra desqualificada e má
distribuição de renda (BRASIL ESCOLA, 2016).
2.3 Industrialização na Construção Civil
A industrialização teve sua ascensão a partir da Revolução Industrial. À
princípio ela estava fundada em técnicas arcaicas artesanais e manuais. Essa nova
prática propõe a substituição do trabalho manufatureiro pelo uso de máquinas, ou
seja, o emprego de tecnologias (Figura 3), promovendo a melhora do processo de
produção e do produto final, redução de custos e sustentabilidade.
Na Construção Civil a industrialização promove o desenvolvimento
econômico. Com o crescimento da produção ocorre o aumento de contratações e
oportunidades na área e permite um dinamismo na execução de projetos, concluindo
os serviços com maior rapidez e mantendo esse setor em atividade (AWA
COMERCIAL, 2016).
15
Figura 3: Construção com pré-fabricado em concreto, onde se observa a organização no canteiro de obras. Fonte: Construção Mercado (2017).
Algumas características complementam o processo industrial, mas não fazem
parte de sua essência. Dentre elas é possível destacar a concentração do trabalho
dentro de uma fábrica, a produção em série, a racionalização da produção e a
integração da equipe responsável pela produção. Outro ponto de grande relevância
para a industrialização é o aumento populacional ao redor dos centros de produção,
causando a elevação da demanda por habitação e ambientes saudáveis para viver.
Com a exigência por melhorias na infraestrutura das cidades, houve o
surgimento de novos materiais como o ferro fundido, vidro, aço e o concreto armado,
- em relação aos dois últimos podem ser citados como exemplo: obras de arte,
indústrias e centro de distribuições - além do desenvolvimento de novas ferramentas
construtivas, que passaram a realizar as tarefas antes feitas pelo homem, trazendo
maior produtividade ao canteiro de obras. Um dos materiais hoje bastante utilizados
na construção que serve como exemplo de desenvolvimento é a utilização de pré-
fabricados, justamente pelo seu modelo de fabricação já que são feitos em indústrias
seguindo um controle de qualidade. Há uma redução da quantidade de entulho,
aperfeiçoa o tempo de execução da obra e reduz o custo total da empreitada (AWA
COMERCIAL, 2016).
Mesmo com a criação de diversos mecanismos e a realização de variadas
pesquisas, a industrialização ainda é pouco utilizada no Brasil, apesar das suas
16
inúmeras vantagens, há um grande atraso desse setor em relação aos demais
processos produtivos, são raras as construções que não tenham grande parte dos
processos construtivos concentrados no canteiro de obras, sendo influenciados
diretamente pela mão de obra adotada e variações climáticas.
Na industrialização existem tipos a serem utilizados: Industrialização Fechada
ou de Ciclo Fechado; e Industrialização Aberta ou de Ciclo Aberto. Cada uma com
seu processo construtivo (OLIVEIRA, 2013).
2.3.1 Industrialização Fechada ou de Ciclo Fechado
São consideradas menos flexível, caracterizada pela transferência da maior
parte das operações do canteiro para a usina, maior organização e controle da
produção e existem poucas possibilidades ao arquiteto. É necessário na indústria
um ritmo constante de produção em um longo período de tempo para garantir uma
alta produtividade com um menor custo (OLIVEIRA, 2013).
2.3.2 Industrialização Aberta ou de Ciclo Aberto
Sua denominação deve-se a capacidade de possuir elementos, componentes,
sistemas e projetos abertos, ou seja, é mais flexível, possibilitando uma maior
liberdade na fase de projetos. É caracterizada pela produção de elementos pré-
fabricados, que podem ser criados de acordo com à sua função arquitetônica
(OLIVEIRA, 2013).
A industrialização da construção civil está relacionada ao conceito de
racionalização, tanto no produto quanto no processo, o que significa agir contra os
desperdícios de materiais e mão de obra e utilizar mais eficientemente o capital, por
meio da aplicação de princípios de planejamento e gerenciamento, com objetivo de
eliminar a casualidade das decisões. Em relação ao produto, observa-se que a
racionalização pode ser definida como o uso mais eficiente dos recursos disponíveis
para que se tenha um objeto com maior efetividade possível. No caso do processo,
pode-se entender a racionalização da construção como a otimização das tarefas
industriais, por meio da organização, planejamento, continuidade executiva e
eficiência. Além disso, pode-se interferir no custo final do produto a partir do
17
momento em que o tempo de trabalho é reduzido, alcançando assim maior
produtividade e consequentemente maior rentabilidade (COUTO; COUTO, 2007).
Conforme Sabbatini (1989), “Racionalização da construção é o processo
dinâmico que torna possível a otimização do uso dos recursos humanos, materiais,
organizacionais, tecnológicos e financeiros, visando atingir objetivos fixados nos
planos de desenvolvimento de cada país e de acordo com a realidade
socioeconômica própria”.
Outra ferramenta essencial para que a construção industrializada seja
eficiente é a coordenação modular. “É necessário aplicar os princípios de
racionalização construtiva, considerando a coordenação modular do projeto e a
padronização de componentes e elementos ou sistemas construtivos” (ABDI, 2015).
A ABNT NBR 15873:2010 - Coordenação modular para edificações define a
coordenação modular como sendo a coordenação dimensional mediante o emprego
de um módulo básico ou de um multimódulo e sua pratica é construir em uma
atividade de montagem. A coordenação modular traz benefícios ao processo
construtivo como um todo, desde o projeto de arquitetura, ampliando as
possibilidades construtivas, à construção, potencializando a produtividade e as
soluções de logística (ABDI, 2015).
Existe ainda outra ferramenta que permite a aplicação e desenvolvimento dos
sistemas industrializados na construção civil, que é a inovação tecnológica. Ela pode
ser entendida como um aperfeiçoamento da tecnologia inserida no processo de
produção da edificação visando a melhoria na qualidade, no custo ou no tempo de
execução (MARTINS, 2004).
Podem ser definidos seis fatores importantes que incentivam a inserção de
inovações tecnológicas no setor da construção civil. Primeiramente existe a
evolução do produto final, que nesse caso é a própria edificação, o que demanda
alterações nos processos construtivos. A ordem dos acontecimentos pode ser
alterada de forma que uma mudança na tecnologia construtiva pode gerar
transformações na construção. Outro fator são as necessidades dos clientes, que
demandam novas solicitações à etapa de execução da obra, como é o caso de
prazos reduzidos ou menor impacto ambiental. Existe ainda o desenvolvimento de
novos materiais e componentes, que necessitam da implementação de novas
tecnologias no processo construtivo. A concorrência no mercado da construção civil
18
é definida como mais um fator à introdução de inovações tecnológicas, pois as
empresas buscam cada vez mais se destacar das demais e assim poder atrair os
clientes. Outro fator é a ação do governo que pode ser por meio de financiamento e
fomento à pesquisa, da qualificação da mão de obra, do desenvolvimento de normas
e legislações que busquem o aprimoramento da qualidade das edificações, além da
utilização de novas tecnologias em seus projetos públicos. Um último fator é o custo
de implantação da inovação tecnológica e quanto maior for, consequentemente
maior será a dificuldade de introdução no processo da construção civil (REZENDE;
ABIKO, 2004).
2.3.3 Industrialização na construção residencial
Ao longo dos anos pôde ser observado o aumento do interesse pelo uso de
sistemas construtivos industrializados no âmbito residencial, visto que esse tipo de
construção para habitações era pouco utilizado, devido a motivos econômicos ou
culturais.
Existem dois tipos de sistemas definidos em relação ás práticas construtivas
para edificações residenciais em aço que são: convencional e pré-fabricado, onde o
primeiro é constituído basicamente por pilares e vigas metálicas estruturais, além de
contraventamentos, permitindo a implantação de grandes vãos, composto por perfis
metálicos, podendo ser laminados, formados a frio, soldados e tubulares, com
estruturas de pequenas dimensões, e o segundo se caracteriza por fornecer os
componentes pela indústria que são empregados em um projeto e preparados
diretamente na obra, como é o caso da estrutura metálica construída mostrada na
Figura 04 (CASTRO, 2005).
19
Figura 4: Construção residencial em aço.
Fonte: WIKIMEDIA (2006).
Os elementos que são fabricados na indústria chegam à obra prontos para a
montagem, o que torna o tempo de execução da obra mais reduzido do que em um
sistema convencional de alvenaria e concreto armado (CASTRO, 2005).
2.4 Industrialização na Construção Civil no Território Nacional
Durante os longos anos de colonização portuguesa (1500 a 1822) sobre o
Brasil a economia era baseada em monocultura de açúcar, não havendo assim
desenvolvimento industrial. Os colonizadores impediram a instalação de um
comercio manufatureiro a fim de obrigar a população a depender dos produtos do
exterior (PEREIRA; COSTA, 2011).
Após esse período passou-se a desenvolver uma economia cafeeira,
ocasionando assim o início da mudança econômica, com a implantação de
pequenas fabricas, como exemplo tem-se calçados, sabão e tecidos (Figura 5).
Após o declínio dessa atividade o lucro gerado foi direcionado para investimento em
outras práticas econômicas havendo uma necessidade de desenvolvimento das
estradas de ferro, cidades e da infraestrutura indispensável para progresso da nação
(PEREIRA; COSTA, 2011; BRASIL ESCOLA, 2016).
20
Figura 5: Locomotiva de Café.
Fonte: IICT (2007)
Foi em meados dos anos 50 que a industrialização brasileira tomou impulso.
Ela estava dividida de duas maneiras: a primeira é caracterizada pela produção de
bens duráveis e semiduráveis como roupas, calçados, alimentos, couro; e a segunda
era a existência de empresas nacionais formadas a partir de um núcleo familiar
proprietário, mas que era evidente a falta de recursos para iniciar uma indústria
pesada no país.
A partir de 1955, quando o Presidente Juscelino Kubitschek estava no poder
proporcionou a abertura da economia e das fronteiras produtivas para o capital
estrangeiro, propiciando a entrada de recursos em forma de investimentos com a
implantação de multinacionais e empréstimos (PEREIRA; COSTA, 2011).
Atualmente, a Construção Civil é um dos ramos que mais impulsiona a
industrialização, que deixou de ser novidade para ser uma realidade. Com o avanço
tecnológico, padronização e normatização de materiais tornaram-se praticável e
garantida a utilização de pré-fabricados. As primeiras utilizações de pré-fabricados
21
deram-se a partir do concreto armado e estruturas metálicas e em seguidas das
chapas de gesso acartonado (AWA COMERCIAL, 2016).
Figura 6: Arena de Handebol Estruturada em Aço – Rio de Janeiro.
Fonte: Globo Esporte (2014).
Figura 7: Velódromo - Parque Olímpico – Rio de Janeiro. Fonte: IG SÃO PAULO (2015).
22
Mais recentemente essa prática foi intensificada no Brasil com a construção
dos complexos esportivos nas Olimpíadas 2016 e Copa 2014 (Figura 6 e 7), e com
isso, acarretou a necessidade de infraestrutura, como aeroportos (AWA
COMERCIAL, 2016).
2.5 Sistemas de pré-fabricados
A indústria de elementos pré-fabricados possibilita inúmeras vantagens à
construção civil, sua utilização proporcionou um elevado desenvolvimento de
qualidade nos canteiros de obras, devido à forma de construir econômica, durável,
estruturalmente segura e com inúmeras possibilidades arquitetônicas (Figura 8).
São, geralmente, preparados industrialmente, em instalações temporárias nos
canteiros de obras ou em instalações permanentes da empresa com essa finalidade,
garantindo mais facilidade de organização e limpeza, visto que as peças chegam já
prontas, onde sua utilização é ensaiada e testada previamente à sua utilização.
Além disso, facilita o controle e reduz o desperdício de materiais (SPADETO, 2011).
Figura 8: Lajes pré-fabricadas em concreto.
Fonte: Mapa da Obra (2016).
Os componentes pré-fabricados possuem diversos benefícios desde a
racionalização até a melhoria da qualidade do produto. Alguns desses são:
Menor tempo de construção;
Maior qualidade;
23
Produção independente de condições climáticas;
Uso otimizado de materiais;
Oportunidade para boa arquitetura;
Menor consumo de materiais e percentual de perdas;
Maior potencial de desconstrução;
Maior controle do custo.
Contudo, pode-se afirmar que a pré-fabricação é um mecanismo de grande
potencial para desenvolver os níveis de industrialização dos processos construtivos
(SPADETO, 2011).
2.5.1 Tipos de concretos pré-fabricados
Os elementos pré-fabricados podem ser classificados de diversas formas,
como por exemplo, quanto à seção transversal, quanto ao processo de execução, e
quanto a sua função estrutural, conforme quadro 01.
Quadro 01: Quadro de classificação de pré-moldados Fonte: DIONI (2008).
O pré-fabricado de fábrica é preparado em instalações permanentes fora da
obra, e pode ou não atingir o nível pré-fabricado, segundo o critério da NBR-
9062/85. A capacidade de produção da fábrica e a produtividade do processo
geralmente são grandes, dependem principalmente dos investimentos em fôrmas e
equipamentos, assim sendo, deve-se considerar a questão do transporte da fábrica
até a obra, tanto no que se refere ao custo dessa atividade como no que diz respeito
à obediência aos gabaritos de transporte e às facilidades de transporte (DIONI,
2008).
Quanto ao local de produção dos elementos
Pré-fabricado de fábrica
Pré-moldado de canteiro
Quanto à incorporação de material para ampliar a
seção resistente no local de utilização definitivo
Estrutura de seção completa
Estrutura de seção parcial
Quanto à categoria do peso dos elementos
Estrutura “pesada” Estrutura “leve”
Quanto ao papel Desempenhado pela
aparência
Concepção normal Concepção arquitetônica
24
No entanto, o pré-moldado de canteiro é executado fora do local de uso
definitivo, em instalações temporárias nas proximidades da obra, com menor rigor
nos padrões de controle de qualidade. Para este tipo de elemento não se tem o
transporte à longa distância. Além disso, esse tipo de elemento não está submetido
a impostos relativo à produção industrial e à circulação de mercadorias (DIONI,
2008).
2.5.2 Manuseio, Armazenamento e Transporte
O manuseio está relacionado às movimentações que os elementos pré-
fabricados são submetidos, quando transportadas do seu local de execução para o
local de uso definitivo, os quais devem ser feitos, por meio de máquinas e
equipamentos apropriados, evitando choques e movimentos bruscos, o que poderia
causar avaria a peça. No armazenamento, embora sejam utilizados dispositivos de
apoio, devem ter os mesmos cuidados do manuseio, a fim de evitar o contato das
superfícies de concreto de dois elementos sobrepostos, as posições são
determinadas, previamente, pelo projeto (Figura 9) (SPADETO, 2011).
Figura 9: Armazenamento de elementos pré-fabricados em concreto.
Fonte: FEBE (2009).
25
Em relação ao transporte dos pré-fabricados, para a melhor interação entre o
local de armazenamento e equipamentos de içamento, deve ser escolhido
previamente à organização do canteiro, visto que o transporte acessível depende
diretamente do tamanho das peças, quanto maior for, consequentemente maior a
dificuldade. Caso o transporte seja feito pelos operários da obra, de forma manual, a
distância entre o estoque e o local de uso definitivo deverá ser a mínima possível,
para evitar riscos de acidentes e danos nas peças. O comprimento máximo padrão
das peças é adotado, em geral, 12 metros, podendo ser transportado por carreta
simples, e para peças de até 20 metros, são utilizadas carretas extensíveis
(SPADETO, 2011).
2.5.3 Montagem
As peças pré-fabricadas são montadas em sua posição definitiva através de
máquinas, equipamentos e acessórios próprios, protegendo de choques e
movimentos abruptos. Anteriormente devem ser considerados o tipo de estrutura a
ser montada, a análise durante o processo de produção e liberação para o
carregamento, a formação de cargas adequadas, e descarga das peças, a fim de
verificar se a integridade foi mantida durante o transporte. Além disso, deve ser
realizado, previamente, um projeto de canteiro, para evitar a inviabilização da
montagem dos componentes, seja por falta de espaço físico para os equipamentos
de montagem ou devido a terrenos com relevos acidentados que impeçam sua
locomoção (SPADETO, 2011).
2.5.4 Controle de qualidade
O controle de qualidade e inspeção da peça concretada é de suma
importância, verificando se a mesma encontra-se dentro dos procedimentos
determinados. Os mais relevantes pontos que devem ser analisados são: as
dimensões geométricas, qualidade da fôrma, vibração do concreto, efeitos da
protensão sobre a peça (contra-flechas, fissuras e escorregamento dos cabos) e
fissuras ou outros danos ocorridos após a concretagem (SPADETO, 2011).
26
2.6 Sistema de pré-moldados em canteiros
A concorrência no mercado atual exige soluções que vinculadas ao processo
construtivo racionalizado, almejando o crescimento de produtividade e redução de
custos de construção, melhora a eficiência do processo, eliminando algumas etapas
da construção, amenizando interferências entre subsistemas e aumentando a
qualidade do produto final. A adoção de técnicas voltadas à industrialização com a
pré-moldagem, pode ser a solução para melhorar a eficiência do processo. A
aplicação desses métodos é denominada concreto pré-moldado (CPM), já as
estruturas produzidas de pré-moldado são chamadas de estruturas de concreto pré-
moldado (BRUMATTI, 2008).
A produção dos componentes de CPM no canteiro compreende as atividades
entre a execução dos elementos pré-moldados e a prática das ligações definitivas.
Ele tem a vantagem de não necessitar de transporte para a obra (EL DEBS, 2000).
2.7 Habitações populares no Brasil
A industrialização causou uma fuga da população para as cidades, com isso
houve um descaso em relação à questão habitacional onde cresceu a ocupação
desordenada do solo e o número de moradias irregulares, mostrando assim a
realidade social que se passa e fez se necessário buscar saídas para o problema.
2.7.1 O problema da ocupação desordenada do solo
A formação das habitações irregulares no país está vinculada ao seu
processo histórico. É um problema de longa data que está diretamente ligado à
urbanização, provocada pelo desenvolvimento industrial, trazendo consigo diversos
problemas sociais, incluindo o de moradias, levando a população a se excluir
socialmente e passar a morar em locais de difícil acesso, carentes de infraestrutura,
com construções mal planejadas e em locais de risco, e que causam degradação
ambiental e aumento da violência nas cidades (HOLZ; MONTEIRO, 2008).
27
2.7.2 Direito à moradia
Com o passar dos anos e a população aumentando, os representantes do
Governo perceberam a necessidade de intervir nesse problema com políticas
habitacionais, contudo, as construções não foram suficientes para dar o suporte
necessário à população carente.
Os programas habitacionais, cada um com seu regimento, proporcionam à
população de baixa renda o direito de ter um imóvel para morar, fazendo com que
parte da população deixe as habitações em locais de risco e realizem o sonho de ter
a casa própria e até sair do aluguel.
O programa „Minha Casa, Minha vida‟ da Caixa Econômica Federal junto aos
recursos do Fundo de Arrendamento Residencial (FAR), que são transferidos do
Orçamento Geral da União (OGU), por meio de processo licitatório com construtoras,
constroem casas populares que abrangem famílias com renda inferior a 1600 reais.
O FAR quem tem o controle de pagamento ate quitação da divida. Outro exemplo é
o Programa de Arrendamento Residencial (PAR) que diferencia ao anterior,
basicamente, é o aumento de renda máxima, que passa a serem no máximo 1800
reais (CAIXA ECONÔMICA, 2015).
Figura 10: Loteamento de Habitações populares em São Miguel dos Campos - AL. Fonte: Alagoas 24horas (2013).
28
Na Figura 10 pode-se observar um loteamento construído através de uma
parceria do Governo Federal, por meio do Programa Minha Casa, Minha Vida.
2.7.3 Incentivo a Inovação As empresas precisam se arriscar mediante os perigos provenientes do
mercado para investir e aprimorar as técnicas. Atualmente o Brasil passa por um
panorama econômico favorável ao estudo e introdução de métodos construtivos
racionalizados e inovadores. Pode ser citado como agente incentivador, a
Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), através do vínculo com o Ministério da
Ciência e Tecnlogia (MCT), foi fundada na década de 1960. Dentre os seus
programas, existe uma linha chamada Subvenção Econômica a Inovação, que se
adéqua ao que diz respeito ao incentivo do desenvolvimento de novos sistemas
construtivos, que permite a utilização de recursos públicos diretamente nas
empresas particulares a fim de compartilhar os custos e riscos da execução da
pesquisa, desenvolvimento e inovação (BREDA, 2012).
Para ser gerado um plano de trabalho e realizada a análise dos critérios
estabelecidos pela Finep e consultores externos para a aprovação ou não na
subvenção econômica à inovação para empresas brasileiras de produtos, serviços
inovadores e processos, deverá ser apresentada uma proposta dentro de um
formulário constando:
a) Caracterização:
Dados como o registro das instituições e do coordenador do projeto;
Dados institucionais e competências;
Dados do projeto levando-se em consideração a descrição,
impactos previstos, resumo do orçamento, equipe executora e
resultados;
b) Detalhamento:
Cronograma físico;
Equipe executora;
Orçamento e cronogramas de desembolsos;
Bolsas;
29
Se aprovado, o projeto passa para a etapa conclusiva e é defendido pelo
proponente, podendo ser habilitado ou não para homologação.
2.7.4 Utilização da Industrialização em obras de Habitações populares
A abertura às importações, urgência na assistência ao déficit habitacional e
novos investimentos possibilitaram um avanço no setor habitacional com a chegada
de novos sistemas construtivos, que atende à população carente uma moradia
respeitável.
Esses sistemas vieram para facilitar a construção e reduzir o tempo de obra.
Consequentemente reduz o custo seja por substituição de algum material ou de mão
de obra.
Um método convencional que é utilizado é o de alvenaria estrutural, com
blocos de concreto (Figura 11), que vedam paredes e suportam cargas horizontais e
verticais, que eliminam a utilização de pilares e vigas, com isso reduz o gasto com
formas e armação, o desperdício e retrabalho. A execução do serviço com um
projeto detalhado e mão de obra qualificada é de extrema importância a fim de
distribuir as cargas uniformemente ao longo das fundações, mantendo seu
desempenho utilizando o bloco de concreto apropriado para a cada obra (TAUIL;
NESE, 2010).
30
Figura 11: Construção de Edifício com blocos de concreto em São Paulo – SP
Fonte: COMUNIDADE DA CONSTRUÇÃO (2012)
O sistema PAC é baseado em painéis pré-moldados de concreto e pré-lajes
que são moldados in loco (Figura 12), em fôrmas metálicas ou de fibra de vidro que
dão um aspecto liso às paredes, reduzindo, assim, o gasto com massa corrida na
fase de acabamento. Esse sistema foi desenvolvido pelo grupo InMax e possibilita a
construção de um apartamento por dia , sendo cada um com 50 m2 ou 60m2 de área
útil. Grande parte dos painéis tem função estrutural, o que impossibilita muitas vezes
a abertura de vãos, e suas juntas são grauteadas, após serem posicionadas no
pavimento. O peso não pode ultrapassar 2500 kg. As Instalações elétricas e
hidráulicas são embutidas antes mesmo da concretagem. As gruas são
responsáveis pelo seu transporte e posicionamento (FARIA, 2008).
31
Figura 12: Fachada Acabada de Edifício do Condomínio Torres de Siena em São Paulo.
Fonte: REVISTA TECHNE
Outra opção de sistema construtivo são os que utilizam estruturas metálicas
pré-fabricadas. Na Europa já é bastante utilizado até mesmo pela classe média por
ser uma excelente alternativa que viabiliza projetos, porém no Brasil ainda é visto
com um pouco de desconfiança. Não há necessidade de mão de obra especializada
e geralmente acompanha manual de montagem. Por ser uma estrutura mais leve
que a convencional os custos com fundação são reduzidos. Consequentemente o
canteiro de obras é mais organizado pela ausência de grandes depósitos de areia,
cimento, ferragens, madeira e brita e reduzindo, assim, o desperdício de materiais.
Um ambiente limpo que gera menos entulho oferece melhores condições de
segurança aos trabalhadores. Do ponto de visto de controle tecnológico é um
material industrializado, com isso sua fabricação é controlada. Suas ligações são
realizadas através de parafusos ou solda. Grandes indústrias siderúrgicas estão
investindo nesse tipo de material para habitações populares (OLIVEIRA; MIRA,
2006).
A técnica a ser mencionada é um sistema construtivo de paredes e lajes
moldadas no local em Concreto Celular Espumoso (CCE). É bastante competitivo
entre os de alta produtividade e qualidade e promissor, com um ótimo
custo/benefício (Figura 13). Ele é caracterizado por ser menos denso, ter um
coeficiente de segurança superior, durabilidade e qualidade comprovada e um bom
desempenho térmico e acústico e por reduzir os impactos ambientais. É um concreto
32
diferenciado, pois é nele colocado um aditivo concentrado incorporador de bolhas de
ar, a partir de agitação mecânica. É um material que pode ser utilizado
estruturalmente, apesar de ser menos denso não perde sua resistência, em
habitações com pavimentos superiores (MELO, 2009).
Figura 13: Loteamento com 812 casas construídas com CCE em São Miguel dos
Campos – AL
Fonte: GETHAL (2014)
Um exemplo de CCE que pode ser mencionado é o CCA (Concreto Celular
Autoclavado), que é formado a partir de agentes aeradores químicos resultado de
uma reação química entre componentes que podem ser de pó de alumínio, peróxido
de hidrogênio, pó de zinco ou cal clorada, com outras substâncias existentes na
argamassa, produzindo assim poros ou células de hidrogênio. O processo de
autoclavagem permite a cura a vapor, acelerando assim, a hidratação do concreto,
conferindo-lhe força, rigidez e estabilidade dimensional (MELO, 2009).
O método de controle de qualidade do CCE é regido por três normas, são
elas: NBR 12.644 – junho/1992: Concreto Celular Espumoso – Determinação da
Densidade de Massa Aparente no Estado Fresco; NBR 12.645 – junho1992:
Execução de Paredes em Concreto Celular Espumoso Moldados no Local; e NBR
12.646 – junho/1992: Paredes de Concreto Celular Espumoso Moldadas no Local
(MELO, 2009).
33
Segundo Cortelassi e Toralles-Carbonari (2008) foi constatado a partir de
pesquisas que o CCE que quanto maior seu teor de espuma, menor é sua
resistência.
34
3 METODOLOGIA
Esse capítulo refere-se à descrição e exposição da metodologia utilizada a fim
de obter informações que irão auxiliar a elaboração da resposta da questão em
pesquisa.
3.1 Escolha da metodologia
Atualmente, várias técnicas para otimização da construção civil estão sendo
empregadas. Com isso, essa pesquisa será direcionada a adquirir informações
sobre a aplicação desses métodos em habitações populares, dando enfoque na
utilização de pré-moldados e pré-fabricados.
3.2 Descrição da metodologia adotada
O trabalho teve como fundamento um estudo acerca do tema exposto,
procurando identificar as principais tecnologias que existem na área de
industrialização da construção civil para habitação popular. Sendo assim, ele possui
enfoque puramente bibliográfico onde a busca e o desenvolvimento terão como
centro a coleta e aquisição de informações por meio de um referencial teórico enxuto
a partir de revistas cientificas, jornais, livros e publicações com valor cientifico
autêntico.
Os recursos utilizados como base para estudo foram teses da Universidade
Federal de Santa Maria (UFSM), da Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP) e
Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), e livros como o „O processo de trabalho
na construção civil habitacional: Tradição e Mudança‟ da autora Marta Ferreira dos
Santos Farah, e „Indústria da Construção Civil e Reestruturação Produtiva‟ do autor
Fábio Fernandes Villela. E será realizado um estudo de caso sobre a utilização de
pré-moldados na construção de presídios, mediante o que foi visto no período de
estágio no complexo penitenciário de Maceió e em pesquisas realizadas.
35
4 DISCUSSÕES SOBRE A APLICAÇÃO DA INDUSTRIALIZAÇÃO EM
HABITAÇÕES POPULARES
Com base nos estudos realizados, existem várias técnicas, no entanto, quatro
foram identificadas com maior recorrência, que são: alvenaria estrutural, PAC,
estruturas em aço e concreto celular espumoso.
São tecnologias com características diferentes, porém cada uma com seus
benefícios e limitações, e deve-se enfatizar que a técnica a ser adotada depende de
vários fatores, e não apenas dos seus benefícios ou malefício para uma obra, como
localização e característica do empreendimento. Como exemplo, ao se utilizar
estruturas de aço aparentes deve-se ter o cuidado de escolher o tipo de aço
adequado, no caso, o aço patinável que é indicado a sua utilização em locais que
sofrem com potencial de corrosão (FERRAZ, 2005).
O quadro a seguir (Quadro 2) foi elaborado a partir das informações coletadas
ao longo do estudo, com isso, pode-se apontar as vantagens e desvantagens sobre
cada tipo de sistema convencional.
Quadro 2: Vantagens e Desvantagens entre Alvenaria Estrutural, PAC,
Estrutura de Aço e CCE.
SISTEMA CONSTRUTIVO
VANTAGENS DESVANTAGENS
Alvenaria Estrutural
Diminuição dos custos com forma; Diminuição dos custos com aço; Diminuição dos custos com concreto; Menor tempo de Execução; Aumento da produtividade; Redução no desperdício de materiais;
Impossibilidade de remoção de paredes; Limitação de grandes vãos e balanços; Exige treinamento da mão de obra;
PAC
Diminuição dos custos com forma; Diminuição dos custos com aço; Diminuição dos custos com concreto; Menor tempo de Execução; Aumento da produtividade; Redução no desperdício de materiais; Produção em série e em quantidade; Maior limpeza na obra;
Impossibilidade de remoção de paredes; Exige mão de obra qualificada; Dificuldade no Transporte no interior do canteiro; Limitação de arquitetura arredondada;
36
Estrutura em Aço
Diminuição dos custos com forma; Diminuição dos custos com aço; Diminuição dos custos com concreto; Menor tempo de Execução; Aumento da produtividade; Redução no desperdício de materiais; Controle de qualidade dos materiais utilizado; Produção em série e em quantidade; Maior limpeza na obra; Possibilidade de construção de grandes vãos; Possibilidade de mudanças futuras; Estrutura mais leve;
Cuidados com uma possível corrosão; Limitação de arquitetura arredondada;
CCE
Diminuição dos custos com forma; Maior Trabalhabilidade; Menor tempo de Execução; Aumento da produtividade; Redução no desperdício de materiais; Controle de qualidade dos materiais utilizado; Produção em série e em quantidade; Maior limpeza na obra; Possibilidade de construção de grandes vãos; Possibilidade de mudanças futuras; Estrutura mais leve;
Redução da Resistência à compressão; Aumento dos custos com Aço;
Além desses quatro processos convencionais, a partir de estudos que estão
sendo realizados, existem tecnologias que estão sendo desenvolvidas
recentemente, porém menos usuais. Alguns são patenteados no Brasil, o que
significa a importância e os avanços em pesquisas. Segundo Breda (2012), algumas
áreas estratégicas têm amplo apoio de subvenções econômicas por meio de
concessões de recursos, como exemplo, os ramos que ligam políticas públicas como
a diminuição do déficit habitacional, com isso aumenta a facilidade de ter aprovação.
Foram encontradas as seguintes inovações tecnológicas no setor da
construção civil, que serão detalhadas logo após:
4.1 Plenum
O primeiro sistema a ser citado é o Plenum (Figura 14), que nada mais é do
que estruturas em forma de parede em concreto com um vazio interno, que
proporciona conforto térmico, pela ventilação entre os painéis. Contudo nos
ambientes que podem vir a ser molhados como cozinhas, banheiros e áreas de
serviço, invés de ar, são utilizados revestimentos impermeáveis, para impedir
possíveis infiltrações. Tem como vantagens o aumento da velocidade de execução e
37
de produtividade, porém é necessário equipamentos para o transporte das peças
(MOURA, 2015). É um sistema que se torna mais barato em relação ao PAC pelo
fato de reduzir o tempo da obra, os custos indiretos e de mão de obra. Pode ser
utilizado em diversos projetos arquitetônicos de até 5 pavimentos (FREITAS, 2010).
Figura14 : Painel Plenum, sendo içado para fixação definitiva.
Fonte: REVISTA TECHNE
4.2 Tilt-Up
O Tilt-Up é um sistema que utiliza também painéis de concreto. Geralmente é
utilizado em obras grandes como galpões e Indústrias (figura 15), porem pode ser
utilizado em residências onde se deseja ter o pé direito alto, e edifícios que
necessitam de grandes espaços internos. A forma de execução é diferente das
demais pela execução do piso ser o marco inicial da obra. Ele é moldado in loco, as
formas e armações dos painéis são montadas no piso, que deverá estar nivelado e
sem imperfeições, incluem-se as aberturas dos vãos das portas e janelas nessa
etapa, após o período de cura é içado e posicionado sobre a fundação e escorados.
Possui inúmeras vantagens como redução do tempo e custo da obra, por ser uma
parede que pode ser usada estruturalmente não há necessidade de pilares e vigas,
boa resistência ao fogo e bom isolamento acústico. Há a possibilidade de criar a
arquitetura de acordo com as exigências do cliente e modificações futuras. Um
problema nesse tipo de sistema é a impossibilidade de adaptações futuras no
projeto (IGLESIA, 2006).
Como o tilt-up é um sistema que tem função de vedação e estrutural, deve-se
ter uma avaliação prévia sobre a retirada de peças, que possam sofrer grandes
danos. Suas paredes atuam estruturalmente com as coberta da edificação, que as
38
travam horizontalmente, com isso a estrutura estará completamente estabilizada e
concluída. Tem uma vasta utilização na construção civil como em residências,
edificações comerciais, residenciais e industriais e complexos esportivos (Figura 16)
(IGLESIA, 2006).
„
Figura 15: Painel Tilt-Up sendo içado e posicionado.
Fonte: WTORRE
Figura 16: Construção do parque Olímpico João Havelange – Rio de Janeiro.
Fonte: METALICA, 2007.
4.3 Casa Express
Com base nas pesquisas, outra forma de construção rápida é a utilização de
painéis de alvenaria, como exemplo tem-se a Casa Express que utiliza um
mecanismo onde os painéis estruturais pré-moldados mistos de blocos cerâmicos e
revestidos por uma camada de concreto armado em ambos os lados. Os blocos
cerâmicos utilizados tem 6 cm de espessura e são fabricados exclusivamente para
este fim. A primeira camada, localizada na face em contato com o piso (figura 17),
39
visto que são moldados na horizontal, de concreto tem espessura de 3 cm. A
segunda camada, que fica acima do bloco, tem 2 cm de espessura. E acima da
segunda camada existe mais uma de argamassa de 0,5 cm, totalizando assim uma
parede com espessura de 11,5 cm (JÚNIOR, 2013).
Figura 17: Posicionamento de blocos cerâmicos acima pra primeira camada de concreto.
Fonte: JÚNIOR, 2013.
Figura 18: Casa construída com o sistema Casa Express.
Fonte: JÚNIOR, 2013.
Os painéis são produzidos em fábricas especializadas ou no próprio canteiro
de obras em formas de aço que conferem precisão nas dimensões e nos vãos das
esquadrias e as instalações hidráulicas e elétricas já são previamente embutidas.
40
Chegam a até 7 metros de comprimento e sua altura é equivalente ao pé direito.
Uma de suas limitações é questão da dificuldade em se fazer modificações (figura
18). Esse sistema pode ser utilizado em habitações de até dois pavimentos seu
desempenho estrutural é satisfatório (JÚNIOR, 2013).
4.4 Concreto PVC
Outro método analisado é o Concreto-PVC que utiliza painéis estruturais de
PVC preenchidos com concreto em obras horizontais (Figura 19). É resistente à
ação de fungos, à grande parte dos agentes químicos e às intempéries. O conforto
térmico e acústico são satisfatórios e segurança contra o fogo. Uma vantagem é que
não precisa utilizar equipamentos pesados, como guindastes, e ferramentas
especiais e são necessários apenas quatro pessoas para montar e travar os painéis.
Há a possibilidade de ampliações futuras e aceita diversos tipos de revestimento
como textura, cerâmica, massa corrida ou pintura (CICHINELLI, 2013).
Figura 19: Montagem das fôrmas- PVC fica incorporado à construção e dispensa
acabamento.
Fonte:CIMENTO ITAMBÉ, 2011.
41
5 Conclusão
A industrialização é um processo de evolução da tecnologia, que provoca
profundas alterações no desenvolvimento econômico, no espaço das cidades,
acelerando a urbanização e o êxodo rural. No Brasil, essa inovação ocorreu de
forma retardatária, tendo como motivos a grande desigualdade social e econômica,
questões de ordem política e falta de mão de obra e materiais.
Na Construção Civil o crescimento da produção promove o aumento de
contratações e oportunidades na área e permite um dinamismo na execução de
projetos, com isso mantém o setor em atividade.
A industrialização provocou um „inchaço‟ populacional nas cidades,
contribuindo para a ocupação desordenada do solo e o aumento de moradias
irregulares de difícil acesso, carentes de infraestrutura, mal planejadas e de risco. É
possível observar que mesmo ao longo dos anos o déficit habitacional ainda existe.
O investimento em pesquisas para o setor da construção civil ainda é pouco e vem
crescendo lentamente. Ainda há um bloqueio na utilização de tecnologias, com isso
as técnicas convencionais são as mais aplicadas e difundidas e geram um maior
desperdício de material, tempo e dinheiro. As técnicas dos pré-moldados e pré-
fabricados vieram para possibilitar a redução desse problema de habitações para
uma população carente, com construções mais baratas e rápidas.
Os pré-moldados e pré-fabricados proporcionaram desde a racionalização
até a melhoria da qualidade do produto. Grandes vantagens se obtêm ao escolher
esses elementos industrializados, como o aumento da qualidade do produto final, a
partir de um controle de qualidade mais rígido, redução do tempo de obra, produção
independente de condições climáticas, possibilidade de diversas arquiteturas,
redução no desperdício de materiais e geração de resíduos e barateia os custos de
produção, sem provocar uma grande dispersão dos valores orçados no início da
obra.
As construções passam a ser mais duráveis, estruturalmente mais seguras e
com grandes possibilidades de projetos arquitetônicos.
Nesse trabalho foi mostrada uma gama de tecnologias que vêm sendo
utilizadas há algum tempo, todas utilizando o concreto como material fundamental,
como Alvenaria Estrutural, PAC, Estruturas em Aço e CCE. Cada uma com suas
42
vantagens e desvantagens, e indicações para o tipo de empreendimento que deseja
realizar.
Com base nos estudos realizados, outras técnicas, como o Tilt-up, Plenum,
Casa Express e Concreto-PVC, estão sendo aplicadas recentemente na construção
civil e ganhando espaço em obras de grande porte, como estádios olímpicos.
43
REFERÊNCIAS
ABDI. Manual da construção industrializada: conceitos e etapas. 208p. Disponível em: http://www.abdi.com.br/Documents/Manual_versao_digital.pdf. Acesso em 24 de set. 2017.
ABNTNBR 9062: Projeto e execução de estruturas de concreto pré-moldado. Rio de Janeiro: ABNT, 2006.
ABNTNBR 15.873: Norma de Coordenação Modular para edificações. Rio de Janeiro, 2010.
ALAGOAS 24HORAS. Disponível em: http://www.alagoas24horas.com.br/481252/minha-casa-minha-vida-casas-serao-entregues-em-sao-miguel-dos-campos/. Acesso em: 20 de abril de 2018 AWA COMERCIAL. Industrialização da construção civil: desafios e oportunidades. Disponível em: http://awacomercial.com.br/blog/industrializacao-da-construcao-civil-desafios-e-oportunidades/. Acesso em 23 de set. 2017.
BFT-INTERNACIONAL. Prefabricatedconstructionused for brasilianpenitentiary
centers. Disponível em:http://www.bft-
international.com/en/artikel/bft_Prefabricated_construction_used_for_brasilian_penit
entiary_centers_1371788.html. Acesso em 23 de abril de 2018.
BRASIL ESCOLA. Tipos de Industrialização. Disponível em: http://brasilescola.uol.com.br/geografia/tipos-industrializacao.htm. Acesso em 02 de out. De 2017.
BREDA, C.F. Concreto Celular Espumoso Moldado no Local: Identificação dos Incentivos e Obstáculos Enfrentados pelas Empresas Construtoras para a Implementação do Método Construtivo. Trabalho de Conclusão de Curso – Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Porto Alegre, 2012
BRUNA, P. J. V. Arquitetura, Industrialização e Desenvolvimento. Editora Perspectiva, São Paulo, Brasil, 1976.
BRUMATTI, D.O. Uso de Pré-Moldados – Estudo e Viabilidade. Monografia (Especialização em Construção Civil) - Universidade Federal de Minas Gerais. Vitória, 2008.
CAIXA ECONÔMICA. Minha Casa Minha Vida. Disponível em: http://www.caixa.gov.br/voce/habitacao/minha-casa-minha-vida/paginas/default.aspx. Acesso em 04 de abr. de 2018.
CASTRO, Betina Guimarães dos Santos e. Utilização de estruturas metálicas em edificações residenciais unifamiliares. 2005b. 206p. Dissertação (Mestrado em Engenharia Civil) – Escola de Minas, Universidade Federal de Ouro Preto. Ouro Preto, 2005b.
44
CICHINELLI, Gisele; Sistema construtivo para casas e sobrados usa painéis de PVC preenchidos com concreto. Téchne, edição 199, out. 2013. Disponível em: http://techne17.pini.com.br/engenharia-civil/199/artigo299968-1.aspx. Acesso em 08 de abr. de 2018. CIMENTO ITAMBE. Tecnologia PVC se propaga no Brasil. Disponível em: http://www.cimentoitambe.com.br/tecnologia-concreto-pvc-se-propaga-no-brasil/. Acesso em 10 de abr. de 2018.
COMUNIDADE DA CONSTRUÇÃO. Banco de Obras - Alvenaria Estrutural. Disponível em: http://www.comunidadedaconstrucao.com.br/banco-obras/1/alvenaria-estrutural?nPag=2. Acesso em 27 de Mar. 2018.
CORTELASSI, E.M.; TORALLES-CARBONARI,B.M. Avaliação da Resistência Mecânica de Concretos Espumosos de Alto Desempenho. In: GERAÇÃO DE VALOR NO AMBIENTE CONSTRUÍDO: INOVAÇÃO E SUSTENTABILIDADE, 12.,2008, Fortaleza. Anais... Fortaleza; Associação Nacional de Tecnologia do Ambiente Construído, 2008. Não paginado.
COUTO, Armanda M.; COUTO, João P. Os benefícios ambientais e a racionalização do efeito de aprendizagem na indústria de pré-fabricação. In: CONGRESSO CONSTRUÇÃO, 3., 2007, Coimbra. Anais... Coimbra: UC, 2007.
DIONI, O.B. (2008). Uso de pré-moldados – Estudo e viabilidade. 54p. Monografia. Universidade Federal de Minas Gerais, Vitória. 2008.
EL DEBS, M. K. Concreto Pré-Moldado: Fundamentos e Aplicações. EESC-USP, São Carlos, SP, 2000. FARIA, Renato; Industrialização Econômica. Téchne, edição 136, jul. 2008. Disponível em: http://techne17.pini.com.br/engenharia-civil/136/artigo286523-4.aspx. Acesso em 27 de mar. de 2018. FÉDÉRATION DE L‟INDUSTRIE DU BÉTON (FEBE). Modèle de coursbétonpréfabriqué. Disponível em: www.febe.be.Acesso em: 29 de set. De 2017. FERRAZ, Henrique. O Aço na Construção Civil. Revista Eletrônica de Ciências, São Carlos, 22, Março de 2005. FERREIRA, Marcelo de Araújo; PIGOZZO, Bruno; SERRA, Sheyla. A industrialização na construção e o estudo de uma rede de empresas em obra de pré-fabricados em concreto armado. 12p. Monografia. Universidade Federal de São Carlos, São Paulo. 2005. FREITAS, A.A.F; HEINECK, L.F.M; GRADVOHL, R.F. Desenvolvimento de um modelo para análise da acumulação de capacidades tecnológicas na indústria da construção civil: subsetor de edificações. 2011. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/ac/v11n1/a04v11n1. Acesso em 08/04/2018.
45
FREITAS, C.A.C. Sistemas Construtivos para Habitações Populares. Monografia (Especialização) – Escola de Engenharia da Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2010. GETHAL. Concreto Celular. Disponível em: http://gethal.com.br/. Acesso em 24 de mar. de 2018.
HOLZ, Sheila; MONTEIRO, Tatiana Villela de Andrade. Política de habitacão social e o direito a moradia no Brasil. Disponível em:http://www.ub.edu/geocrit/-xcol/158.htm. Acesso em 08 de Abr. de 2018. IGLESIA, T.B. Sistemas Construtivos em Concreto Pré-Moldado. Trabalho de Conclusão de Curso – Universidade Anhembi Morumbi. São Paulo, 2006. Instituto de Investigação Científica Tropical (IICT). ARQUIVO HISTÓRICO ULTRAMARINO Disponível em: http://www2.iict.pt/?idc=84&idi=18477. Acesso em: 29 de set. de 2017.
JÚNIOR,J.G.D. Desenvolvimento de um Sistema Construtivo de Casas Tipo Térreo mais um Pavimento com Painéis Pré-Fabricados de Concreto e Blocos Cerâmicos. Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal do Ceará. Fortaleza, 2013.
MAPA DA OBRA. Entenda a diferença entre pré-moldado e pré-fabricado de concreto. Disponível em: http://www.mapadaobra.com.br/inovacao/entenda-a-diferenca-entre-pre-moldado-e-pre-fabricado-de-concreto/. Acesso em 29 de set. De 2017.
MARTINS, M.G. A inovação tecnológica na produção de edifícios impulsionada pela indústria de materiais e componentes. Dissertação (Mestrado) – Escola Politécnica da Universidade de São Paulo, Departamento de Engenharia de Construção Civil, São Paulo, 2004.
MELO, G.F. Concreto Celular Polimérico: Influência da adição de resíduo de poliéster insaturado termofixo. Tese (Doutorado) – Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal, 2009.
METÁLICA. Estádio Olímpico João Havelange. Disponível em: http://wwwo.metalica.com.br/estadio-olimpico-joao-havelange. Acesso em 07 de maio de 2018.
MOURA, R.S.L.M. Catálogo de Inovações Tecnológicas na Construção Civil. Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal do Ceará, Fortaleza, 2015.
OLIVEIRA, B. Inserção de sistemas construtivos industrializados de ciclo aberto estruturados em aço no mercado da construção civil residencial brasileira. 2013. 155 f. Dissertação (Mestrado) – Universidade Feral de Ouro Preto, Ouro Preto. 2013.
OLIVEIRA, D.H.M; MIRA, M.P. Estudo da Viabilidade de construção de casas populares utilizando-se Estruturas Metálicas. Trabalho de Conclusão de Curso –
46
Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro, Campos dos Goytacazes, 2006.
PEREIRA, R.S.; COSTA, R.C.P. Historiografiaeonascimento da Industrialização Brasileira. In: Anais do XXVI Simpósio Nacional de História. São Paulo (SP). 2011.
REZENDE, Marco A. P. de; ABIKO, Alex K. Inovação tecnológica nas edificações e introdução da estrutura metálica em Minas Gerais. São Paulo: EPUSP, 2004. 22p. (Boletim Técnico da Escola Politécnica da USP, Departamento de Engenharia de Construção Civil; BT/PCC/352).
SABBATINI, F. H.; AGOPYAN, V. Desenvolvimento de métodos, processos e sistemas construtivos: formulação e aplicação de uma metodologia. São Paulo,1989. 336p. Tese (Doutorado) – PCCABCEM.
SPADETO, T. F. Industrialização na construção civil – uma contribuição à políticade utilização de estruturas pré-fabricadas em concreto. 2011. 193 f. Dissertação (Mestrado em Engenharia Civil) - Universidade Federal do Espírito Santo, Centro Tecnológico. Espírito Santo. 2011.
RESTOS DE COLEÇÃO. Fábrica da Pólvora sem fumo. Disponível em: http://restosdecoleccao.blogspot.com.br/2012/05/fabrica-da-polvora-sem-fumo.html. Acesso em: 15 de set. de 2017.
TAUIL, C.A.; NESE, Flávio J.M. Alvenaria Estrutural. São Paulo: Editora PINILtda, 2010.
VIA MAXI. População residente rural é 15% do total da população brasileira. Disponível em: População residente rural é 15% do total da população brasileira. Acesso em: 24 de set.de 2017.
WIKIMEDIA. Disponível em: https://commons.wikimedia.org/wiki/File:LSFEstrutura01.jpg. Acesso em: 23 de set. de2017.