um estudo de casos sobre o modelo de universidades ... · modelo de universidade corporativa de...

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INSTITUTO DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA EM ADMINISTRAÇÃO DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO COPPEAD/UFRJ Um Estudo de Casos Sobre o Modelo de Universidades Corporativas no Setor de Telecomunicações do Brasil Fernanda Andrade de Abreu Dissertação apresentada ao corpo docente do Instituto de Pós-Graduação e Pesquisa em Administração da Universidade Federal do Rio de Janeiro como parte dos requisitos necessários à obtenção do grau de Mestre Orientador: Cesar Gonçalves Neto Rio de Janeiro – Dezembro de 2004

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INSTITUTO DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA EM ADMINISTRAÇÃO DA

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO

COPPEAD/UFRJ

Um Estudo de Casos Sobre o Modelo

de Universidades Corporativas no Setor de

Telecomunicações do Brasil

Fernanda Andrade de Abreu

Dissertação apresentada ao corpo docente do Instituto de Pós-Graduação e Pesquisa em

Administração da Universidade Federal do Rio de Janeiro como parte dos requisitos

necessários à obtenção do grau de Mestre

Orientador: Cesar Gonçalves Neto

Rio de Janeiro – Dezembro de 2004

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Um Estudo de Casos Sobre o Modelo de Universidades Corporativas

no Setor de Telecomunicações do Brasil

Fernanda Andrade de Abreu

Dissertação submetida ao corpo docente do Instituto de Pós-Graduação e

Pesquisa em Administração da Universidade Federal do Rio de Janeiro como

parte dos requisitos necessários à obtenção do grau de Mestre.

Aprovada por:

_______________________________________________

Prof. Cesar Gonçalves Neto – Orientador

Ph.D. Coppead/UFRJ.

_______________________________________________

Profa. Úrsula Wetzel

D.Sc. Coppead/UFRJ.

_______________________________________________

Profª. Cristiane Machado Quental

D.Sc. Fiocruz.

Rio de Janeiro – Dezembro de 2004

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Abreu, Fernanda Andrade.

Um Estudo Sobre o Modelo de Universidades Corporativas no Setor

de Telecomunicações do Brasil / Fernanda Andrade de Abreu. Rio de

Janeiro: COPPEAD, 2004.

ix, 124. il.

Dissertação – Universidade Federal do Rio de Janeiro, COPPEAD.

1. Universidade Corporativa. 2. Conhecimento.

3.Telecomunicações. 4. Tese (Mestrado – COPPEAD/UFRJ). I. Título

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NÃO SE PODE ENSINAR ALGUMA COISA A ALGUÉM ,

PODE-SE, APENAS, AUXILIAR A DESCOBRIR POR SI MESMO.

Galileu Galilei.

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v

Agradecimentos

Gostaria de agradecer a turma de 2002 do mestrado, aos professores e

funcionários do Coppead. Foi muito bom ter conhecido pessoas tão especiais num

ambiente tão acolhedor. Com certeza carregarei vocês no meu coração para sempre.

Ao Paulo e o Gabriel (“e quem mais chegar”) pelo imenso apoio e amor

demonstrados a todo instante. Sem vocês eu não teria chegado até aqui.

Ao Professor Cesar, pela paciência, confiança, empenho e persistência

demonstrados durante este longo caminho.

A Deus que colocou estas e todas as outras pessoas queridas no meu caminho.

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Resumo

ABREU, Fernanda Andrade As Empresas do setor de Telecomunicações e a

Gerência do Conhecimento: Um Estudo Sobre o Modelo de Universidades

Corporativas no Brasil

Orientador: César Gonçalves Neto. Rio de Janeiro: UFRJ/COPPEAD, 2004.

Dissertação (Mestrado em Administração)

Tendo em vista a importância cada vez maior do conhecimento nas organizações,

torna-se fundamental o investimento em esforços relacionados à gestão dos mesmos. O

presente trabalho buscou se aprofundar na questão do aprendizado nas empresas que

atuam no setor de telecomunicações do Brasil, com especial atenção ao modelo das

Universidades Corporativas.

O trabalho busca investigar quais áreas das empresas que atuam no setor de

telecomunicações do Brasil recebem mais investimento de treinamento e qual a

relevância destas áreas para o seu negócio. Dentro de uma estrutura de avaliação, busca

identificar o grau de alinhamento dos processos de treinamento e desenvolvimento com a

estratégia de negócios da empresa e com relação ao modelo de Universidade

Corporativa.

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Abstract

ABREU, Fernanda Andrade As Empresas do setor de Telecomunicações e a

Gerência do Conhecimento: Um Estudo Sobre o Modelo de Universidades

Corporativas no Brasil

Orientador: César Gonçalves Neto. Rio de Janeiro: UFRJ/COPPEAD, 2004.

Dissertação (Mestrado em Administração)

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LISTA DE SIGLAS

ANATEL Agência Nacional de Telecomunicações

CDMA Code Division Multiple Access

CRM Customer Relationship Management

GSM Global System for Mobile Communication

KVB Visão baseada em Conhecimento

MBA Master in Business Administration

OCDE Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico

RBV Visão Baseada em Recursos

RH Recursos Humanos

SMS Short Message System

T&D Treinamento e Desenvolvimento

TDMA Time Division Multiple Access

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

FIGURAS Página

Figura 1: Gráfico do Crescimento Mensal de Celulares no Brasil (2003/2004) 4

Figura 2: Atividades essenciais para a construção do conhecimento organizacional 9

Figura 3: Posição Competitiva das Combinações de Conhecimento 14

Figura 4: Espiral de transformação do conhecimento Tácito x Explícito 17

QUADROS Página

Quadro 1: Receita Operacional Líquida de Serviços de Informação 3

Quadro 2: Receita Operacional Líquida de Serviços de Informação (detalhado) 3

Quadro 3: Diferenças entre Centro de Treinamento e Universidade Corporativa 33

Quadro 4: Análise da Identificação de Áreas de Conhecimento 92

Quadro 5: Análise de Elementos de Governança 94

Quadro 6: Análise de Financiamento 95

Quadro 7: Análise da Direção Estratégica e Política 96

Quadro 8: Análise da Infra-Estrutura e Tecnologia de Aprendizado 97

Quadro 9: Análise de Parcerias Intelectuais 98

Quadro 10: Análise das Funções de Marketing 99

Quadro 11: Análise de Gerência e Administração 100

Quadro 12: Análise de Gerenc iamento da Inteligência 100

Quadro 13: Análise da Infra-estrutura de Motivação ao Desenvolvimento 101

Quadro 14: Análise de Padrões Regulatórios 102

Quadro 15: Análise de Programas de Desenvolvimento Gerencial 103

Quadro 16: Análise de Sistemas e Procedimentos de Garantia de Qualidade 104

Quadro 17: Análise de Proteção do Conhecimento 104

Quadro 18: Resumo da Análise dos Fatores nos Estudos de Caso 116

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SUMÁRIO

1. O tema do estudo 1

1.1. O Problema na forma de pergunta.............................................................................1

1.2. Objetivo da pesquisa.................................................................................................. 1

1.3. Relevância do estudo ................................................................................................. 1

1.4. Delimitação do estudo ................................................................................................ 4

2. Conhecimento 5

2.1. Definições de Conhecimento .....................................................................................5

2.2. Tipologias de Conhecimento...................................................................................... 6

2.3. Conhecimento na Organização.................................................................................. 7

2.4. Ativos do conhecimento ...........................................................................................10

2.5. A Transferência de conhecimento............................................................................15

2.6. Gestão do Conhecimento.........................................................................................19

2.7. Comunidades de Conhecimento ..............................................................................24

2.8. Universidades Corporativas .....................................................................................26

2.9. Universidade Corporativa x Centro de Treinamento ...............................................36

2.10. Modelos de Classificação das Universidades Corporativas ............................39

2.11. Modelo de Avaliação de Dealtry.......................................................................40

3. Metodologia 48

3.1. O tipo de pesquisa....................................................................................................48

3.2. Seleção dos Casos...................................................................................................49

3.3. Objetivos da Pesquisa..............................................................................................49

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3.4. O questionário da entrevista com as empresas.......................................................50

4. Resumo dos Casos 53

4.1. Empresa A................................................................................................................53

Identificação de Áreas de Conhecimento 53

Modelo de Universidade Corporativa 54

4.2. Empresa B................................................................................................................60

Identificação de áreas de conhecimento 61

Modelo de Universidade Corporativa 62

4.3. Empresa C ...............................................................................................................69

Identificação de áreas de conhecimento 69

Modelo de Universidade Corporativa 70

4.4. Empresa D................................................................................................................74

Identificação de áreas de conhecimento 75

Modelo de Universidade Corporativa 76

4.5. Empresa E................................................................................................................82

Identificação de áreas de conhecimento 83

Modelo de Universidade Corporativa 84

4.6. Empresa F................................................................................................................90

Identificação de áreas de conhecimento 90

Modelo de Universidade Corporativa 91 5. Análise dos Resultados 97

5.1. Identificação de áreas de conhecimento..................................................................97

5.2. Modelo de Universidade Corporativa de Dealtry .....................................................98

6. Conclusões 111

6.1. Recomendações para pesquisas futuras............................................................... 121

7. Referências Bibliográficas 122

8. Anexo 1

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1. O TEMA DO ESTUDO

1.1. O PROBLEMA NA FORMA DE PERGUNTA

Esta dissertação tem por objetivo responder as seguintes questões: Qual o

panorama no setor de telecomunicações brasileiro quanto à implantação do modelo de

universidade corporativa? Como as empresas que atuam neste setor alinham as suas

necessidades de treinamento e desenvolvimento com as suas estratégias de negócio?

1.2. OBJETIVO DA PESQUISA

O trabalho busca investigar quais áreas das empresas que atuam no setor de

telecomunicações do Brasil recebem mais investimento de treinamento e qual a

relevância destas áreas para o seu negócio. Dentro de uma estrutura de avaliação, busca

identificar o grau de alinhamento dos processos de treinamento e desenvolvimento em

relação ao modelo de Universidade Corporativa. Especificamente, este trabalho busca

responder as seguintes questões:

- Qual o grau de alinhamento das necessidades de treinamento em relação as

estratégias de negócio das empresas estudadas?

- Qual o grau de aderência e estágio de evolução das empresas em relação ao

modelo de Universidade Corporativa desenvolvido por Dealtry?

1.3. RELEVÂNCIA DO ESTUDO

Em resposta à velocidade das mudanças impostas pela atualidade, indivíduos e

organizações têm uma necessidade cada vez maior de se atualizarem, ou até mesmo de

substituírem antigas competências por outras, muitas vezes inteiramente novas. O valor

do conhecimento, bem como da capacidade de aprender rapidamente, passam a ser

importantes diferenciais de competitividade no mundo contemporâneo.

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A ênfase no conhecimento deve-se, também, ao fato de que as tecnologias líderes

são resultado de enormes esforços de pesquisa e desenvolvimento. As altas taxas de

inovações e mudanças recentes implicam em uma forte demanda por capacitação para

responder às necessidades e oportunidades que se abrem. Exigem, por sua vez, novos e

cada vez maiores investimentos em pesquisa, desenvolvimento, educação e treinamento.

Argumenta-se, desta forma, que os instrumentos disponibilizados pelo desenvolvimento

das tecnologias de informação e comunicação – equipamentos, programas e redes

eletrônicas de comunicação mundiais – podem ser inúteis se não existir uma base

capacitada para utilizá-los, acessar as informações disponíveis e transformá-las em

conhecimento e inovação (LEMOS, 1999).

Nesta trajetória as organizações têm buscado identificar novas e efetivas

alternativas para a gestão de treinamento e desenvolvimento de pessoas e equipes. A

natureza das demandas, a avaliação da eficiência das ações de capacitação fornecidas, e

a análise dos investimentos em qualificação em relação aos resultados que estes geram

para o negócio, entre outras, são questões que instigam o debate das organizações

quanto à estratégia a ser adotada.

Diante deste cenário, as organizações têm procurado evoluir não somente

quanto à concepção e implementação de programas de treinamento, mas também, e

principalmente, quanto ao direcionamento estratégico deste tipo de iniciativa tendo em

vista o contexto empresarial. A proposta de Universidade Corporativa emerge, então,

como uma alternativa para o aprimoramento das áreas de Treinamento e

Desenvolvimento (T&D), como são conhecidas hoje.

A escolha do setor de telecomunicações foi devida a sua importância estratégica

no plano econômico e governamental. Trata-se de um setor dinâmico e complexo,

caracterizado pelo uso intensivo de capital e tecnologia, identificado como potencialmente

valorizado pelo conhecimento.

A Pesquisa Anual de Serviços (PAS) de 2002 do IBGE mostra que o segmento

de serviços de informação gerou um faturamento líquido de R$ 86,8 bilhões, tendo a

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atividade de telecomunicações a maior participação, contribuindo com cerca de 68% do

total.

Quadro 1: Receita Operacional Líquida de Serviços de Informação (em milhões de reais)

2001 2002

Atividades de Telecomunicações 50.800 59.025

Informática 14.782 17.095

Audiovisual 9.813 10.696

Informação (Total) 75.394 86.816

Fonte: IBGE, Diretoria de Pesquisas, Departamento de Comércio e Serviços. Pesquisa

Anual de Serviços 2001-2002.

A tabela abaixo detalha a receita operacional líquida por tipo de serviço e mostra

que a telefonia celular era responsável por cerca de 30% da receita de telecomunicações

em 2002.

Quadro 2: Receita Operacional Líquida de Serviços de Informação (em milhões de reais)

2001 2002

Serviços de telefonia fixa comutada 24.165 47,6% 32.737 55,5%

Serviços de telefonia celular 12.333 24,3% 17.586 29,8%

Serviços de redes de transporte e outros serviços 10.480 20,6% 2.522 4,3%

Trunking e Outros serviços de telefonia Celular 70 0,1% 436 0,7%

Serviços de Telecomunicações por satélite X X 547 0,9%

Outros serviços 3.751 7,4% 5.198 8,8%

Total 50.800 100% 59.025 100%

x: Não pesquisado em 2001

Fonte: IBGE, Diretoria de Pesquisas, Departamento de Comércio e Serviços. Pesquisa

Anual de Serviços 2001-2002.

O dados de crescimento do mercado de telefonia celular parecem indicar que este

setor em breve deverá atingir a maturidade. No primeiro semestre de 2004 os índices de

crescimento mensal de usuários de telefonia celular no Brasil foram superiores ao de

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2003. No segundo semestre estes índices têm apenas acompanhado os de 2003. Caso

se repitam nos meses de outubro a dezembro as mesmas taxas de crescimento mensal

de 2003, o Brasil terminará o ano com 66 milhões de celulares.

Figura1: Gráfico do Crescimento Mensal de Celulares no Brasil em 2003 e 2004

Fonte: Anatel

Estes valores têm por objetivo dimensionar a importância do setor de

telecomunicações para a economia brasileira e acrescentar relevância ao objetivo do

trabalho em pesquisar o desenvolvimento de ações de aprendizado em um setor onde a

contínua introdução de tecnologias exige uma constante atualização de seus funcionários

e parceiros.

1.4. DELIMITAÇÃO DO ESTUDO

O tema Gerência do Conhecimento é bastante amplo, podendo ser abordado sob

diversos aspectos e aplicações. Esse trabalho pretende restringir o foco na caracterização

das empresas dentro dos aspectos relacionados à aplicação da gerência do

conhecimento através do modelo de Universidades Corporativas e será realizado junto as

seis empresas que atuam no setor de telecomunicações do Brasil (nacionais ou

estrangeiras) que se disponibilizaram a conceder entrevistas.

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2. CONHECIMENTO

2.1. DEFINIÇÕES DE CONHECIMENTO

Para definir e localizar o conhecimento, Davenport e Prusak (1998) diferenciam três

grandes classes de elementos. São eles:

Dado: é um conjunto discreto e objetivo de fatos sobre um determinado evento. É,

portanto, a parcela quantificável e objetiva do estoque de informação e conhecimento

de uma empresa, e usualmente está armazenado em bancos de dados ou

documentos da empresa;

Informação: é uma mensagem contendo um emissor e um receptor e cujo significado

envolve uma nova interpretação baseada em um conjunto de dados. Dentro de

qualquer empresa há um complexo e contínuo fluxo de informações, seja por meios

tecnológicos, como sistemas computacionais, ou por meio da interação entre as

pessoas;

Conhecimento: é uma mistura fluida de experiências, valores, informação contextual e

intuição, formando um framework (um “painel”) na mente de uma pessoa que a

habilita a avaliar e obter novas experiências.

Para Davenport, De Long e Beers (1998), conhecimento é informação combinada com

experiência, contexto, interpretação e reflexão.

Para Stair (1998), conhecimento significa aplicar um conjunto de regras,

procedimentos e relações a um conjunto de dados para que este atinja valor

informacional. Uma informação idêntica, da mesma forma que um recurso físico, terá

diferente valor para pessoas, locais e tempos diferentes, variando então seu valor

econômico conforme o contexto existente.

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O simples acúmulo da informação, entretanto, não pode ser caracterizado como

conhecimento. A informação, na forma do dado estruturado, pode apenas representar o

conhecimento, mas não é o seu sinônimo (BARROSO E GOMES, 1999).

Muitas pessoas tratam o conhecimento como uma informação de alto nível, mas ainda

uma informação. Recentemente alguns acadêmicos passaram a defender a tese de que,

apesar de informação ser uma forma avançada de dados, conhecimento não é uma forma

avançada de informação. Defendem ainda a crença de que ter informação não é o mesmo

que saber e, finalmente, que o conhecimento é a coordenação intencional de ações

(purposeful coordination of action). Esta visão contemporânea, mais holística, pressupõe

o conhecimento como um processo (ORLIKOWSKI, 2002).

2.2. CONHECIMENTO TÁCITO X CONHECIMENTO EXPLÍCITO

Os primeiros estudos sobre conhecimento tácito (ou que sabemos mais do que

podemos dizer) foram feitos por Polanyi (1966). Segundo Polanyi, o conhecimento que

pode ser expresso em palavras e números representa apenas a ponta do iceberg do

conjunto de conhecimentos como um todo. Seus estudos buscaram estabelecer uma

divisão entre dois tipos de conhecimento: o conhecimento tácito e o conhecimento

explícito. Para Polanyi, o conhecimento tácito é pessoal, específico ao contexto e, assim,

difícil de ser formulado e comunicado. É relacionado à experiência do indivíduo. Já o

conhecimento explícito ou codificado refere-se ao conhecimento transmissível em

linguagem formal e sistemática.

Nonaka e Takeuchi (1997) realizaram uma distinção de tipos de conhecimento que

tem sido amplamente empregada, pois se trata de uma maneira prática de abordar o

assunto. Os autores dividiram o conhecimento em dois tipos:

• Conhecimentos Explícitos: são os conhecimentos estruturados e capazes de serem

verbalizados. É a parte estruturada e objetiva do conhecimento, aquela que pode ser

transportada, armazenada e compartilhada em documentos e sistemas

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computacionais. Fazem parte do conhecimento explícito: normas, registros

bibliográficos, livros, procedimentos de trabalho e outros;

• Conhecimento Tácito: são os conhecimentos inerentes às pessoas, isto é, as

habilidades que esta possui. Trata-se, portanto, da parcela não estruturada do

conhecimento, a qual não pode ser registrada e/ou facilmente transmitida à outra

pessoa.

Nas organizações de negócios, o conhecimento tácito é considerado como a

chave que vai resolver os problemas e criar novos valores, enquanto que ao

conhecimento explícito é designado apenas o papel de suporte (BARROSO E

GOMES, 1999).

2.3. CONHECIMENTO NA ORGANIZAÇÃO

O avanço das tecnologias de informação e o crescimento econômico mundial

trouxeram a necessidade de as organizações estabelecerem diferenciais para garantir a

fidelização dos clientes e sobreviverem à concorrência, potencializada por uma economia

global. Para isso as empresas estão cada vez mais investindo em seu capital humano,

tornando o aprendizado uma estratégia de desenvolvimento organizacional com o objetivo

de garantir a sobrevivência da empresa no mercado (ALPERSTEDT, 2000).

Segundo Drucker (1993), o valor é criado pela produtividade e pela capacidade de

inovar, aplicando o conhecimento ao trabalho, criando os ‘trabalhadores do

conhecimento’, fazendo com que novos desafios se façam presentes: a produtividade do

trabalho com o conhecimento e a formação deste novo trabalhador.

O desenvolvimento do trabalho com o conhecimento em uma organização está

diretamente relacionado ao desenvolvimento estratégico de suas competências /

capacidades essenciais (core competence / core capabilities ), como propõe Leonard

(1995). Esta autora enfatiza a importância da realização de quatro atividades inter-

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relacionadas (tendo como uma forte preocupação a inovação de produtos e processos na

empresa) que são chave para a construção do conhecimento organizacional.

Figura 2: Atividades essenciais para a construção do conhecimento organizacional

(adaptado de Leonard, 1995)

A primeira destas atividades é o compartilhamento da tarefa de solução de

problemas, que se preocupa em reunir visões diferentes para sua análise. Um único

indivíduo apresenta uma certa especialização profissional, um estilo cognitivo preferido

(por exemplo, uma preferência por fatos e experiência versus uma preferência por

imagens e especulações) e uma preferência por certas ferramentas e metodologias que já

sabe usar. Isso precisa ser balanceado com a participação de outros indivíduos com

características diferentes em uma atividade denominada creative abrasion, ou

confrontação construtiva, que requer um ambiente que não coloque barreiras a

especializações, estilos cognitivos e metodologias diferentes, bem como possua líderes

com habilidades para conduzir esta atividade.

A segunda atividade, implementação e integração da solução em desenvolvimento

no ambiente em que será utilizado, foca o grau e o tipo de envolvimento do cliente

durante o projeto. Estes vão desde um modo de nenhum envolvimento (delivery mode),

um modo de consultas periódicas ao cliente (consultancy mode), um modo em que os

clientes são parte integrante do time de desenvolvimento e influenciam fortemente o

projeto (codevelopment), até um modo em que os clientes assumem todas as

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responsabilidades, ficando os projetistas apenas como tutores (apprenticeship mode).

Estas alternativas são mais ou menos viáveis conforme o tipo de projeto em

desenvolvimento. Representam possibilidades diferentes de intercâmbio de

conhecimentos, talvez sendo o codevelopment a alternativa mais interessante de forma

geral.

Uma terceira atividade é a existência de um clima que tolere e mesmo encoraje a

experimentação e a visualização de soluções por intermédio da criação de protótipos,

desenvolvendo mecanismos para assegurar que a organização aprenda com estas

atividades. É necessário distinguir as falhas “inteligentes”, resultados de experimentos

criativos em busca de uma inovação e que precisam ser repensados, e não descartados.

Há também a necessidade de se ficar atento aos erros detectados pelas ”más práticas“

(bad practices) e aos ensinamentos provenientes dos experimentos não previstos e que

naturalmente ocorrem no cotidiano da empresa. A realização de uma análise crítica ao

final do projeto ou de suas etapas (postproject audit) é a melhor forma de avaliar estas

atividades e registrar os conhecimentos adquiridos.

A quarta e talvez mais extensa atividade refere-se a importar e absorver

conhecimentos tecnológicos e de mercado. Em termos de mecanismos de acesso a

fontes de conhecimentos tecnológicos, pode-se pensar desde a observação informal de

alguma fonte, a realização de benchmarking, até a realização de alianças e joint-ventures .

As principais fontes externas de conhecimentos tecnológicos são as empresas

(competidores ou não), universidades, fornecedores, clientes, consultores e órgãos

governamentais de pesquisa. São fontes que tanto geram publicações como contam com

pessoas que podem ser contatadas por e-mail, telefone ou por visitas in loco.

Em termos de obtenção de conhecimentos da demanda do mercado consumidor,

três possibilidades básicas estão presentes:

– técnicas de pesquisa de mercado convencionais, quando se trata de um

desenvolvimento voltado a necessidades bem conhecidas e articulado ao emprego de

tecnologias amadurecidas;

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– uso de técnicas em que há maior imersão do projetista no ambiente do cliente

em potencial (empathic design), defendido por Leonard & Rayport (1997), nos casos em

que ou as necessidades ou as tecnologias não são bem conhecidas e articuladas;

– técnicas de experimentação, cenários para o futuro e extrapolação de

tendências, quando tanto as necessidades como as tecnologias apresentam um grau de

incerteza muito elevado.

Em outra abordagem estratégica relevante sobre o conhecimento empresarial,

Davenport & Prusak (1998) propõem que este conhecimento deve ser analisado sob uma

perspectiva de mercado, sendo que as pessoas executam alternadamente o papel de

vendedores, compradores e corretores de conhecimentos, e os tipos de pagamentos são,

em ordem decrescente de importância, a reciprocidade, a reputação e o altruísmo. Há

alguns sinais de mercado que indicam onde o conhecimento pode estar mais presente na

organização e como obter acesso a ele: a posição e a educação formal das pessoas; as

redes informais entre pessoas; as comunidades de práticas de algum tipo de habilidade.

Como todo mercado, também podem ocorrer algumas distorções como monopólios,

escassez artificial e barreiras aos negócios.

Há cinco modos que estes últimos autores descrevem como formas de se gerar

conhecimentos: aquisição (comprar outra empresa, contratar uma pessoa etc.) ou aluguel

(financiar pesquisas em uma universidade, por exemplo); dedicar recursos (montar um

grupo para pesquisar alguns conhecimentos, por exemplo, grupo de P&D); fusão (criar um

ambiente de redundância ou “criação abrasiva”, em que vários grupos independentes

disputam para encontrar a solução de um mesmo problema); adaptação (instalar um

sentido de crise na empresa); criar redes de trabalho (networks). Todos estes modos

devem ser valorizados pela organização e ocorrer de forma coordenada.

2.4. ATIVOS DO CONHECIMENTO

Os estudos pioneiros de Sveiby sobre ativos intangíveis na segunda metade da

década de 80 (apud Sveiby, 1997) e os artigos de Stewart (1994;1997) sobre o

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brainpower no início da década de 90 - que viriam mais tarde dar origem ao termo capital

intelectual - buscaram deixar claro que cada vez mais os ativos capazes de produzir fluxo

financeiro para as organizações não estariam listados em seus balanços patrimoniais.

Em seus estudos, Drucker (1993) defendeu que essa era uma tendência e que em

pouco tempo toda economia estaria numa nova era onde os recursos escassos seriam,

de alguma forma, baseados no ativo intangível mais importante que os indivíduos e as

organizações podiam deter: o conhecimento. Referindo-se à capacidade cognitiva dos

indivíduos de transformar informação em conhecimento, Drucker sustenta que a única

maneira de uma empresa competir num mundo onde todos têm acesso aos mesmos

recursos, inclusive tecnologia e informação, é fazer indivíduos, que são pessoas comuns,

produzirem resultados extraordinários.

Reconhecendo a capacidade humana como única capaz de produzir

conhecimento, ele antecipou um novo modelo de administração centrado nos

trabalhadores do conhecimento. Estes trabalhadores seriam responsáveis por produzir

conhecimento e agregá-lo aos bem produzidos como forma de diferenciá-los no mercado.

Desta forma, antecipou a importância que os bens intangíveis e que os componentes

intangíveis dos bens tangíveis, viriam a representar para a economia mundial. E ainda

nos legou a fórmula para se livrar da armadilha da comoditização: agregar conhecimento

aos bens.

A partir de 1996 a Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico -

OCDE, inicia a publicação de uma série de relatórios que só fizeram ratificar as idéias de

Drucker, reconhecendo e definindo a Economia do Conhecimento como: "uma economia

onde a criação e o uso do conhecimento é o aspecto central das decisões e do

crescimento econômico” (OCDE, 1998).

Segundo Ghemawat (1999), os fatores estruturais de um determinado setor, ou

indústria, explicam, em média, apenas de 10 a 20% da rentabilidade de uma empresa.

Cerca de 40 a 60% de seu desempenho pode ser atribuída às variações no contexto

econômico e os 20% a 50% restantes são creditados à forma com que as empresas

competem dentro de seu próprio setor. Diz-se que uma empresa goza de vantagem

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competitiva quando obtém retornos financeiros superiores aos dos seus concorrentes do

setor. Assim como os estudos dos fatores estruturais dominaram a década de 80, a

década de 90 foi marcada pela emergência da lógica dominante da criação do valor em

oposição à lógica passada de que apenas custos menores explicavam a vantagem

competitiva de algumas empresas sobre as demais.

Mas não basta apenas criar vantagem competitiva; é preciso sustentá-la também.

Duas correntes contemporâneas (GHEMAWAT, 1999) buscam visões sobre este mesmo

problema: a visão baseada em atividades e a visão baseada em recursos (RBV). A

primeira confere importância vital à complexidade dos elos entre as atividades executadas

pela empresa vencedora. A segunda credita aos recursos - tangíveis, intangíveis e

capacitações - a sua fonte de vantagem sobre os demais. A visão baseada em atividades

parece bastante útil para explicar a inimitabilidade do desenho de negócios das

empresas, mas a visão baseada em recursos lida melhor com as questões dinâmicas da

sustentabilidade.

Uma síntese destas duas correntes propõe a combinação das duas visões em um

ciclo interativo de duas etapas de obtenção de vantagens competitivas sustentáveis:

(1) fazer comprometimentos concentrados dos recursos e;

(2) orquestrar propositalmente as atividades executadas pela empresa num

processo incremental muitas vezes chamado de desenvolvimento de

capacidades (GHEMAWAT, 1999).

Para um recurso ser considerado estratégico pela RBV, ele deve atender a três

pressupostos básicos:

(1) contribuir para sustentar a posição competitiva da empresa, conhecido como o

requisito da demanda;

(2) ser difícil de imitar e permanecer raro ao longo do tempo, conhecido como o

requisito da escassez, e;

(3) poder ser usufruído pela empresa detentora do recurso, conhecido como o

requisito da apropriabilidade.

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Segundo a RBV, somente se um recurso atender à estes três requisitos poderá ser

considerado como fonte de vantagem competitiva sustentável (HAMEL e PRAHALAD,

1995).

Grant (1996) articulou os fundamentos teóricos da visão baseada no conhecimento

(KVB) que, como uma extensão da RBV, sustenta que o conhecimento das organizações

é, em última análise, o recurso chave para a obtenção de vantagem competitiva

sustentável.

Enfim, se usarmos os conceitos de conhecimento tácito e explícito combinados às

faculdades individual e coletiva dos detentores do conhecimento podemos estudar quais

tipos de conhecimento se enquadram na zona de criação de valor da RBV (COOK e

BROWN, 1999)

Figura 3 - Posição Competitiva das Combinações de Conhecimento

O quadro da figura 3 mostra como as diversas combinações do conhecimento se

comportam quando analisadas nas dimensões da sua escassez e apropriabilidade e

aponta o conhecimento tácito-coletivo das organizações como o recurso estrategicamente

mais importante.

Parece claro que o conhecimento coletivo-explícito e o individual-explícito estão

dispersos nos bancos de dados e relatórios e que o individual-tácito está com as pessoas,

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mas não é nada fácil enxergar o coletivo-tácito. Isto porque, ao contrário dos demais, ele

não se encontra individualizado, mas disperso e potencial. Ele precisa ser

operacionalizado para ser apropriado. Um modelo que pode ajudar na compreensão da

apropriação do conhecimento tácito coletivo é o que considera os ativos cognitivos de

uma organização como chaves para a criação e apropriação do conhecimento

organizacional (CATALDO, 2004). A visão sobre os ativos cognitivos pressupõe que os

ativos de conhecimento de uma organização podem ser de dois tipos:

(1) ativos baseados em informação e;

(2) ativos baseados em cognição, ou ativos cognitivos.

A combinação sistemática e eficiente destes dois conjuntos de ativos traria a excelência

na gestão dos ativos de conhecimento para criar valor para as organizações.

Os ativos baseados em informação representam todo o conhecimento-recurso que

pode estar armazenado sob alguma forma ou à disposição da organização, seja em meio

físico seja na memória dos indivíduos sob a forma de experiências acumuladas. Segundo

esta visão, são ativos baseados em informação:

(1) todo o conhecimento explícito armazenado sob a forma de informação ou

processos em meios físicos na organização ou que pode ser adquirido fora

dela;

(2) todo o conhecimento tácito dos indivíduos que pertencem à organização ou

que podem ser compartilhados por ela.

Os ativos cognitivos seriam os responsáveis por garantir a integridade e a

eficiência das múltiplas conversões entre conhecimento tácito e explícito responsáveis

pela criação de conhecimento novo nas organizações. São ativos cognitivos:

(1) a capacidade cognitiva individual dos membros da organização;

(2) o potencial transacional de cada indivíduo da organização;

(3) os ambientes fomentadores da produção do conhecimento segundo a Teoria

da Criação do Conhecimento Organizacional e;

(4) todo o suporte analítico à tomada da decisão.

Esta visão sustenta que a excelência na gestão do conhecimento organizacional

seja fruto da habilidade da organização em:

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(1) adquirir e manter disponíveis ativos de informação e cognição superiores aos

seus concorrentes e;

(2) combiná-los de forma mais eficiente que seus concorrentes (CATALDO, 2004).

2.5. A TRANSFERÊNCIA DE CONHECIMENTO

Pouco depois de Peter Drucker lançar suas idéias sobre uma emergente

sociedade do conhecimento, Nonaka e Takeuchi (1997) publicaram uma teoria para

explicar a inovação nas empresas. Nonaka e Takeuchi perceberam que, embora

muitas teorias administrativas surgidas na década de 80 reconhecessem a

importância do conhecimento para a sociedade e para as organizações, elas se

preocupavam basicamente com a aquisição, o acúmulo e a utilização do

conhecimento. Em sua teoria, eles se concentraram na explicação da criação do

conhecimento nas organizações.

Segundo eles, Drucker não reconhecia a necessidade da interação humana no

processo de conversão do conhecimento. Para Nonaka e Takeuchi (1997), as

organizações produzem conhecimento novo não apenas através do conhecimento

agregado de seus indivíduos, mas principalmente pela interação contínua destes

conhecimentos em um processo que chamaram de espirais do conhecimento. A teoria

pressupõe que o conhecimento organizacional é criado quando o conhecimento tácito

dos funcionários e o conhecimento explícito da organização interagem continuamente.

A idéia de que a criação do conhecimento nas organizações é um processo

interno e passível de gestão não era nova quando Nonaka e Takeuchi publicaram sua

teoria. Senge (1990) já havia proposto o modelo das learning organizations .

Entretanto, Nonaka e Takeuchi (1997), argumentaram que o aprendizado

organizacional de Senge representava apenas uma das quatro formas possíveis de

conversão de conhecimento. Eles estavam propondo uma teoria mais geral e

abrangente capaz de explicar, entre outras coisas, o processo de criação de inovação

nas empresas, conforme descrito a seguir.

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Figura 4: Espiral de transformação do conhecimento Tácito x Explícito - Adaptado de

Nonaka e Takeuchi (1997, p. 80).

Ocorrem as seguintes transformações nessa espiral:

- Socialização: é o processo de divisão de experiências, criando conhecimento

tácito, como modelos mentais e habilidades. Por exemplo, quando o aprendiz

trabalha com seu mestre, aprende artesanato através da observação, imitação

e prática.

- Externalização: é o processo de articulação do conhecimento tácito em

conceitos explícitos. Sob a forma de palavras, o conhecimento tácito é

codificado em metáforas, modelos, conceitos e equações que expressam, de

forma reduzida e às vezes distorcida, o conhecimento de um indivíduo. Por

exemplo, os livros sobre gerenciamento de empresas.

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- Combinação: é o processo de sistematização de conceitos explícitos em

sistemas de conhecimento. Através da análise, categorização e

reconfiguração da informação, diferentes porções de conhecimento explícito

são combinadas em um novo conhecimento explícito. As universidades, por

exemplo, utilizam-se dessa forma de conversão de conhecimento.

- Internalização: refere-se a absorção de conhecimento explícito no

conhecimento tácito. Está relacionado com o “aprender fazendo”, ocorre, por

exemplo, quando o conhecimento é verbalizado através de estórias.

Apesar de ter sido concebida para explicar a criação de inovação nas empresas, a

teoria de Nonaka e Takeuchi vem servindo, de uma maneira mais ampla, como base

para o desenho de ambientes fomentadores da produção de conhecimento nas

organizações.

As empresas buscam codificar e simplificar esse conhecimento de indivíduos e

grupos e torná-la acessível a todos da organização. A codificação dá acesso ao

conhecimento que, de outra forma, existiria apenas na mente das pessoas

(DAVENPORT, 1998). Ela representa ou insere conhecimento em formatos que

podem ser compartilhados, armazenados, combinados e manipulados numa

variedade de maneiras.

O desafio é codificar o conhecimento e, ainda assim, manter intactos seus

atributos distintivos, implementando uma estrutura de codificação que seja tão veloz e

flexível quanto o próprio conhecimento. A empresa busca codificar esse conhecimento

através de vários meios (ex. manuais, projetos de engenharia) para facilitar a

compreensão daquele conhecimento por um número maior de indivíduos na

organização. Através da codificação a empresa incrementa a apreensibilidade do

conhecimento e, portanto a sua transferência entre grupos dentro da matriz ou

subsidiárias. (SANCHEZ e HEENE, 1997).

Szulanski (1998) afirma que o nível de dificuldade para transferir um conhecimento

é proveniente do grau de aderência (complexidade do conhecimento transferido) do

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conhecimento ao portador, seja ele um indivíduo, grupo de indivíduos ou mesmo uma

empresa. O conhecimento organizacional que passou por um longo processo de

aprendizagem ou orientação tende a ter alta aderência, pois se trata de um

conhecimento tácito embutido na cultura organizacional. Como resultado de uma

investigação empírica o autor cita quatro fatores que influenciam o processo de

transferência do conhecimento.

1) Características do conhecimento transferido:

a) Ambigüidade Causal: É o resultado da incompreensão do novo

contexto no qual o conhecimento está sendo aplicado. São as

dificuldades em replicar este conhecimento para um novo contexto.

b) Falta de Provas: Conhecimento com provas gravadas de processos

usuais ajudam na transferência. Sem essas provas torna-se mais

difícil induzir potenciais receptores para empenhar-se na transferência.

2) Características do transmissor do conhecimento:

a) Falta de Motivação: O transmissor do conhecimento torna-se

relutante para transferir o conhecimento devido ao status , posição e

superioridade que é proveniente deste conhecimento.

b) Necessidade de Confiança: Um transmissor de confiança onde o

receptor sente-se seguro e pode confiar.

3) Característica do receptor do conhecimento:

a) Falta de Motivação: A relutância do receptor em aceitar o

conhecimento vindo de fora, rejeição por usar algo que não foi

criado e desenvolvido internamente, na unidade de negócio.

b) Falta de Capacidade de Absorção: O receptor está impossibilitado

de absorver o conhecimento do transmissor por falta de capacidade,

que é muito baixa para assimilar e aplicar esse novo conhecimento.

c) Falta de Capacidade de Reter o Conhecimento: A habilidade do

receptor em institucionalizar a utilização deste novo conhecimento

reflete na capacidade de retenção. Na ausência desta habilidade,

haverá dificuldades durante a integração do conhecimento recebido,

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podendo ser até descontinuado o uso e possivelmente voltando ao

seu estado anterior.

4) Características contextuais:

a) Árduo Relacionamento: A transferência do conhecimento,

especialmente quando se trata de um conhecimento tácito, requer a

troca de conhecimento entre as partes. O sucesso desta troca

depende da facilidade de comunicação e da intimidade de

relacionamento entre a unidade transmissora e a unidade receptora.

O fluxo de conhecimento pode ser fortemente incrementado se a abordagem de

rede for aplicada para a administração de empresas, principalmente para as empresas

que possuem uma atuação global. Ao contrário da administração tradicional,

altamente centralizada e hierárquica, que pode sufocar as energias inovativas nas

subsidiárias e que enfatiza o fluxo de conhecimento na direção centro-periferia,

empresas multinacionais devem enfatizar o fluxo de conhecimento em ambas as

direções na relação matriz -subsidiárias e também entre subsidiárias usando a

perspectiva ou abordagem de 'rede' (NOHRIA e GHOSHAL, 1997).

A estrutura em rede constitui um caminho para as empresas entrarem em alianças

estratégicas (ou outras formas de parceria) e assim obter acesso a novo

conhecimento e outros recursos. É uma alternativa importante para a rígida hierarquia

das formas funcionais e multidivisionais e é um modelo organizacional que permite à

empresa desenvolver capacidades e expertise distribuídas, ligar aquelas capacidades

através de ricos fluxos de informação, conhecimento e outros recursos, assim como a

confiança que é necessária como a 'cola' para manter a 'rede' unida. (NOHRIA e

GHOSHAL, 1997).

2.6. GESTÃO DO CONHECIMENTO

O conceito da gestão do conhecimento surgiu nos anos 90, não somente

associado ao processo operacional, mas principalmente à estratégia organizacional

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(SANTOS, 2001; SVEIBY, 1997). A gestão do conhecimento constitui-se pela contínua

redefinição da proposta organizacional e de como fazer as coisas da organização, de

forma a minimizar o tempo de resposta aos participantes da corporação, com a utilização

do conhecimento criado quando da execução da ação de negócio. Em termos práticos,

refere-se a uma ação estratégica de criação de processos que identificam, capturam e

alavancam o conhecimento (McCAMPBELL et al., 1999).

A gestão do conhecimento tem o papel de cuidar não apenas da infra-estrutura

para registro e organização de conhecimentos explícitos, mas, também, de garantir as

condições ambientais e de formação básica das pessoas, necessárias à manutenção

deste ciclo. De acordo com Bailey e Clarke (2000), a gestão do conhecimento pode ser

compreendida como uma alavanca para a sustentação da competitividade organizacional

futura. Entretanto, pode gerar ansiedade aos gerentes da organização, que precisam

visualizar o que é útil e relevante ao armazenamento de informações. Os autores

registram a presença de três elementos importantes para a gestão do conhecimento: a

tecnologia, a mensuração e o processo. A gestão do conhecimento é inicialmente

retratada por Bailey e Clarke (2000) sob os focos da tecnologia da informação, do capital

intelectual e sob uma ótica prática.

Considerando a tecnologia da informação, a gestão do conhecimento é um

processo organizacional que combina sinergeticamente os dados e as informações

processadas por sistemas informacionais, com a criatividade e a inovação do ser humano

(BAILEY e CLARKE, 2000).

Sob a ótica do caráter prático, a gestão do conhecimento é definida como um

conjunto de procedimentos que administram a criação, a disseminação e a utilização do

conhecimento para a execução dos objetivos da organização (BAILEY e CLARKE, 2000).

Em sua análise, Bailey e Clarke (2000) reconhecem a gestão do conhecimento,

partindo do conceito de capital intelectual e consideram duas questões. A primeira quando

definem ser o conhecimento toda idéia passível de ser utilizável e que apresente valor

organizacional, relevância pessoal e acessibilidade facilitada. A segunda questão retrata a

inserção destas características em uma realidade empresarial, onde cada gerente, para

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encontrar qual o melhor caminho, precisa analisar a sua organização. Em sua definição, a

gestão do conhecimento é a forma de um gerente poder generalizar, comunicar e explorar

o conhecimento das pessoas em benefício da organização.

Petty e Guthrie (2000) definem a gestão do conhecimento como o processo

responsável pelo gerenciamento do capital intelectual de uma organização que, segundo

Edvinsson (1997) é a posse do conhecimento, da experiência ampliada, da tecnologia

organizacional, do relacionamento com o cliente e de profissionais, que promovem a

competitividade no mercado.

Para Martensson (2000), a gestão do conhecimento é definida como uma

ferramenta operacional ou como uma ferramenta de gerenciamento com foco estratégico.

Como uma ferramenta operacional, é utilizada no tratamento da informação, que acontece

em quatro estágios: coleta, armazenamento, disponibilização e o uso da informação.

Como ferramenta estratégica, tem a função de fundamentar uma estratégia

organizacional de ajuste das competências internas para acompanhar as variações do

ambiente externo.

Para iniciar o processo de criação de uma estratégia de gestão do conhecimento,

a organização precisa construir um sistema para capturar e transferir internamente o

conhecimento e as melhores práticas (MARTENSSON, 2000). Alguns elementos são

considerados essenciais para o sucesso e para a implementação desta estratégia

organizacional, tais como: a comunicação, a criatividade, a cultura e as pessoas, o

compartilhamento de conhecimentos, os incentivos para a participação do processo, o

tempo destinado à aprendizagem, a criação de um sistema de avaliação, o suporte da alta

administração e o contínuo questionamento de qual é a importância do conhecimento

para a organização (MARTENSSON, 2000).

Davenport et al. (1998) estudaram a gestão do conhecimento a partir de empresas

que utilizavam formas de gerenciar o seu conhecimento e constataram quatro objetivos

em relação ao conhecimento: criar um repositório; prover acesso; ressaltar-lo do

ambiente; e por último conscientizar os funcionários que a sua gestão gera vantagens

organizacionais, a partir do seu valor.

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A gestão do conhecimento é reconhecida por muitas organizações engajadas em

projetos e outras atividades que envolvam a capacidade de processar o conhecimento

(ROWLEY, 1999). É definida por Galagan (apud ROWLEY, 1999) a partir de um elenco

de processos:

1) a geração de novos conhecimentos;

2) o acesso ao conhecimento externo;

3) a representação do conhecimento em documentos e banco de dados;

4) os conhecimentos embutidos em processos, produtos e serviços;

5) a transferência de conhecimento existente na redondeza da organização;

6) a utilização do conhecimento para tomada de decisão;

7) o aumento do conhecimento através de incentivos e da cultura organizacional;

8) a mensuração do valor do conhecimento e;

9) o impacto da gestão do conhecimento.

A gestão do conhecimento, segundo Sveiby (1997) e Von Krogh et al. (2001) é

considerado o processo mais eficiente no gerenciamento organizacional, potencializando

o diferencial competitivo do mercado contemporâneo. Em função desse aspecto,

configura-se também em um paradigma conceitual. O termo gestão, cujo significado é

gerir, administrar ou dirigir processos controláveis, é uma função ou um conceito dinâmico

relacionado com a direção de um conjunto de fluxos de conhecimentos externos ou

internos, captados ou criados, explícitos ou tácitos. O termo é um objeto bastante

abordado em discussões e estudos na área de gerenciamento de negócios e é

denominado por Von Krogh et al. (2001) não como gestão do conhecimento, mas como

capacitação para o conhecimento.

De acordo com McCampell et al. (1999), o sucesso de um projeto de gestão do

conhecimento está na ligação do conhecimento com o desempenho econômico da

organização, na infra-estrutura técnica e organizacional, no padrão flexível da estrutura do

conhecimento e de uma cultura amigável e linguagem compatível; conduzindo, a partir de

práticas motivacionais, a transferência de conhecimentos.

Terra (2002) sugere que um projeto de gestão do conhecimento, para ser

implantado precisa, inicialmente, administrar os conhecimentos da empresa, criando o

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conhecimento internamente ou optando em buscá-lo fora da empresa. Seguidamente,

criar procedimentos para manter o conhecimento estratégico. O referido autor também

considera o conhecimento nas organizações como um meio de produção patrimonial.

Esse patrimônio corporativo se divide entre a empresa e seus funcionários, e é um

desafio para a organização que tem várias unidades e muitos funcionários e também

áreas que não se comunicam. A gestão do conhecimento é um processo sistemático de

identificação, criação, renovação e aplicação dos conhecimentos estratégicos da

organização, que permite à organização reconhecer o que ela sabe.

Como um processo corporativo, a gestão do conhecimento está focada na

estratégia da organização, nas suas competências, no capital intelectual, na

aprendizagem organizacional, na inteligência empresarial e na educação corporativa. A

gestão do conhecimento visa mensurar a eficiência da empresa, que retrata a prática de

agregar valor à informação e depois disseminá-la (SANTOS, 2001).

De acordo com Terra (2001), os trabalhadores do conhecimento têm questões e

desafios a vencer: mapear o conhecimento individual existente nas empresas; encontrar

as competências da empresa; estimular e facilitar a disseminação do conhecimento tácito

dos trabalhadores; atrair e reter pessoas com as competências requeridas; equilibrar o

trabalho em equipe e o individual; investir em tecnologia da comunicação e informática

para aumentar o conhecimento da empresa, não apenas para acelerar o fluxo de

informações; identificar políticas e processos que modelem comportamentos relacionados

ao estímulo, a criatividade e ao aprendizado; e criar incentivos ao compartilhamento de

conhecimento (TERRA, apud SANTOS, 2001).

Como recomendações estratégicas gerais, pode-se mencionar um conjunto de

regras ou indicadores de sucesso em projetos de gestão do conhecimento elaborados por

Davenport, DeLong & Beers (1998):

- não deve ser o projeto de um indivíduo, mas sim da organização;

- desenvolver uma definição de conhecimento na empresa;

- enfatizar o conhecimento como estoque e fluxo;

- o conhecimento está dentro e fora da mente das pessoas;

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- criar ambientes para que o mercado de conhecimentos possa florescer

(incentivado pela confiança e reconhecimento);

- dar a mesma importância ao conhecimento em diferentes formatos;

- contextualizar o conhecimento;

- incentivar o aprendizado e a criatividade;

- focalizar o passado / presente e também o futuro;

- reconhecer a importância da experimentação;

- dar a mesma importância para a interface humana e tecnológica;

- procurar formas de avaliação das iniciativas de conhecimento

realizadas, tanto pela mensuração quantitativa como qualitativa.

São barreiras à implantação da gestão do conhecimento (SHARP, 2003, p. 36):

falta de apoio da alta administração, escopo do projeto muito amplo para os recursos

disponíveis, comunicação interna pobre, falta de preparação para uma cultura do

conhecimento ou para a incorporação dos processos do conhecimento, falta de programa

de motivação/incentivo, aquisição de softwares desafiadores com pouco suporte técnico e

falta de uma programação efetiva.

2.7. COMUNIDADES DE CONHECIMENTO

Um dos maiores impactos das tecnologias de informação e comunicação para as

organizações é a expansão dos espaços sociais (LAMFRANCO, 2003 apud PAIXÃO,

2004), ou seja, locais físicos ou virtuais, onde ocorrem interações entre as pessoas.

Comunidades virtuais são grupos de pessoas com interesses comuns que se

comunicam, de forma estruturada, através de meios eletrônicos, principalmente a Internet.

(FILHO, 2002).

O advento da Internet como meio de comunicação ágil, flexível e de baixo custo, e

sua adoção em larga escala pelas organizações foram os propulsores das comunidades

virtuais. Grupos de pessoas com interesses comuns - em uma organização ou em várias -

se formaram paulatinamente, se comunicando através de e-mail, chats e websites.

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Profissionais de uma área específica passaram a poder trocar informações relevantes

para o seu dia-a-dia, sobre suas "melhores práticas", a forma como estruturaram seus

processos e a compartilhar soluções para os seus problemas mais comuns. Verdadeiras

"comunidades" começaram a se formar nas empresas em torno do compartilhamento de

suas "práticas" (FILHO, 2002).

Para que funcionem melhor, na visão de Lamfranco (apud PAIXÃO, 2004), elas

devem ser voluntárias. Seus membros devem desejar fazer parte delas, pois a fluidez e a

naturalidade da participação de seus membros depende do grau de consenso existente

em relação aos objetivos da comunidade.

O mesmo autor descreve três tipos de comunidade:

Communities of concern: são constituídas por indivíduos com uma preocupação

urgente em comum. Lidam com assuntos relativos aos próprios membros ou relativos a

um grupo mais amplo.

Communities of interest: tratam de assuntos específicos, ligados à difusão da

informação.

Communities of practice: são constituídas por redes de conhecimento nas quais

discussões sobre práticas individuais ou coletivas são efetuadas durante determinado

tempo.

Plaskoff (2003) sugere que as organizações que queiram efetivamente gerenciar o

conhecimento e criar formas de criação do conhecimento devem constituir comunidades

de prática. Para tanto, essas organizações devem se preocupar em criar uma cultura

favorável ao surgimento de comunidades e em assegurar que a comunidade de prática

traga resultados para seus membros e para a organização. Além disto, o autor afirma que

elas devem decidir sobre a forma de participação dos gerentes nas comunidades no início

de suas atividades.

Para Filho (2002), os fatores críticos para sucesso de uma comunidade virtual são:

§ conteúdo, que deve ser útil, rico, dinâmico e atual;

§ abrangência, que precisa ser focada, compatível e interessante;

§ participação que deve ser comprometida, ativa e cordial;

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§ divulgação, que precisa ser ampla, honesta e permanente; e principalmente

§ mediação, que tem que ser atenta, competente e compreensiva.

As características essenciais ao bom funcionamento de uma comunidade de

prática, segundo Plaskoff (2003) são: participação voluntária, não vinculação entre

resultado da comunidade e avaliação do desempenho, distribuição de liderança, criação

de cultura própria (diferente da organização) e participação dos gerentes (mas não como

líderes). Se estas características estiverem presentes, pode-se esperar como principais

resultados uma maior abertura dos gerentes e maior participação das pessoas no dia-a-

dia da organização. Para que isso ocorra, são necessários ações e comportamentos

específicos tanto do lado da organização em si, quanto dos membros das comunidades.

Uma grande barreira à implementação de uma comunidade de prática é que,

muitas vezes, as práticas de gestão de recursos humanos não são adequadas ao

conceito. Por exemplo, a remuneração praticada pela maior parte das organizações é

baseada no desempenho com foco no indivíduo e não no trabalho em conjunto

(PLASKOFF, 2003).

2.8. GESTÃO DE COMPETÊNCIA

O sucesso das empresas japonesas nos anos 80 levou os países ocidentais a

repensarem suas concepções sobre organização e gerenciamento do trabalho. O

aumento da competição empresarial e da diversificação da linha de produtos oferecidos

pelas empresas como fator de diferenciação favoreceu o surgimento do conceito de

gerenciamento dos recursos humanos, alinhando a estratégia relativa às pessoas à

estratégia empresarial (FLEURY, 1999). Com o surgimento desse enfoque passou-se a

dar maior importância ao desenvolvimento dos funcionários, como recurso para

desenvolver as estratégias empresariais.

Nos anos 90 começou a tomar forma um modelo estruturado de gestão de pessoas, o

Modelo de Gestão por Competências, que tem como peculiaridade considerar a

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“participação dos funcionários” como sendo “essencial para que a empresa implemente

sua estratégia e crie vantagem competitiva” (LAWLER III, 1998).

Inicialmente, o conceito de competência surgiu com base nas core competencies, ou

competências essenciais, conceito desenvolvido por Prahalad e Hamel (1995). De acordo

com os autores, o aumento de competição entre as empresas, conhecimentos altamente

perecíveis, principalmente sobre a tecnologia, e grande instabilidade são alguns dos

fatores que fizeram – e fazem – com que as empresas passem de uma perspectiva de

estrutura estável para a de instabilidade e generalidade, orientadas por um conjunto de

competências que as diferenciem da concorrência; as posições defensivas dão lugar a um

desenvolvimento de vantagem competitiva que se sustente, e a estratégia alinhada ao

mercado passa a ser uma estratégia que pressupõe que o mercado apresenta tantas

mudanças e possibilidades que torna necessária uma visão consistente para “criar” as

oportunidades de realização.

Assim, esse é um sistema que se liga menos às atividades cotidianas e

operacionais do que os sistemas que ainda têm por base o elemento cargo, e que está

mais voltado para o futuro da organização como um todo, para a sua estratégia

(LEDFORD, 1995). Prever o futuro, contudo, não é tarefa simples; poucas empresas têm

posicionamento estratégico claro, ou visão clara sobre seu futuro, daí a dificuldade em

estabelecer quais competências têm que ser desenvolvidas para se chegar a essa

estratégia. Porém, as organizações que se esforçarem neste sentido certamente

conquistarão uma vantagem competitiva importante sobre as demais (WOOD e

PICCARELLI, 1999).

Os primeiros conceitos de competência surgiram nos estudos de Prahalad e

Hamel (1995), que definiram competência essencial como o conjunto de habilidades e

tecnologias necessárias para agregar valor a uma organização. Para diferenciar as

competências essenciais das não-essenciais, é preciso considerar que uma competência

essencial deve, de acordo com os autores, passar por três testes:

· Valor percebido pelo cliente: as competências essenciais são as habilidades que

permitem à empresa oferecer um benefício fundamental ao cliente;

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28

· Diferenciação entre concorrentes: a competência essencial também deve representar

uma característica que torne uma organização única entre seus concorrentes, muitas

vezes não por ser a única a possuir aquela característica, mas sim por possuir essa

competência num grau acima da média do mercado;

· Capacidade de expansão: as competências essenciais são as “portas de entrada para

os mercados do futuro”, ou seja, devem dar vazão a uma gama de novos produtos

imaginados ou serviços a serem gerados a partir dela.

Sob o ponto de vista da Gestão de Pessoas, as competências tendem a estar

relacionadas com os indivíduos que fazem parte da organização. Assim, as competências

individuais devem ser decorrentes das core competencies , que são atribuídas à

organização.

Fleury (1999) define competência como: um saber agir responsável e reconhecido,

que implica em mobilizar, integrar, transferir conhecimentos, recursos, habilidades que

agreguem valor econômico à organização e valor social ao indivíduo”.

Lawler III (1998) enfatiza, em sua definição, a importância de relacionar

competências com a performance individual. Para ele, competências são “características

demonstráveis de um indivíduo, que incluem conhecimentos, habilidades e

comportamentos, ligados diretamente com a performance”. Esse conceito, que se refere

diretamente ao indivíduo, é importante, já que uma pessoa pode demonstrar as mesmas

competências independentemente de seu cargo atual.

Parry (1998) acrescenta mais três aspectos à definição de competências: para ele,

as competências devem ser “diretamente ligadas à performance do indivíduo” e, dessa

maneira, não deveriam refletir meros traços de personalidade “mensuráveis através de

padrões usualmente aceitos” e passíveis, portanto, de serem “desenvolvidas por meio de

treinamento e desenvolvimento”.

Quanto à sua classificação, as competências podem ser (FLEURY, 1999):

· Competências Técnicas/Profissionais: específicas para uma operação, ocupação ou

tarefa (desenho técnico, operação de um equipamento, finanças).

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29

· Competências Sociais: saber ser, incluindo atitudes e comportamentos necessários

para o relacionamento entre pessoas (comunicação, negociação, trabalho em equipe).

· Competências do Negócio: compreensão do negócio, seus objetivos, relações com o

mercado, ambiente sociopolítico (conhecimento em negócio, planejamento, orientação

para o cliente).

O processo de operacionalização de um sistema de Gestão por Competências

passa, necessariamente, pela definição e detalhamento da estratégia da empresa. Diante

de informações como essas, pode-se construir um modelo que transforme necessidades

de mercado em respostas para o mercado (HIPÓLITO, 2000), gerindo recursos humanos

de maneira competitiva. O primeiro passo consiste, portanto, na identificação das

competências organizacionais que adicionem valor à estratégia da organização. Esse

processo considera algumas questões, como o número de competências a serem listadas

e a melhor forma de identificação das competências.

Recomenda-se que se faça uma lista “ao mesmo tempo sintética e completa”

(WOOD e PICCARELLI, 1999). É um erro muito comum a definição de listas enormes de

competências, que, com freqüência, confundem competências com traços e

características de personalidade (PARRY, 1998).

O processo de identificação das competências, obtidas as informações sobre a

intenção estratégica da empresa, passa por três fases (KOCHANSKI, 1998): definição das

competências essenciais da organização, desdobramento em competências coletivas por

áreas ou grupos e, por fim, detalhamento das competências individuais. Após levantar as

competências organizacionais e individuais, dá-se início à elaboração dos níveis de

complexidade do trabalho, work levels, alinhados às competências individuais. Na

seqüência, elabora-se o modelo de competências e as respectivas ferramentas –

remuneração, treinamento, recrutamento e seleção, programas de carreira.

De acordo com KOCHANSKI (1998), “existem várias maneiras de desenvolver um

modelo de competências; todas, porém, estão fundamentadas na descoberta, uma vez

que as competências não são uniformes”. Com o argumento de que não deve haver uma

fórmula rígida para desenhar um sistema de remuneração por competências, já que as

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30

organizações variam na estratégia e na especificidade de seus produtos, Lawler III (1998)

desenvolveu um modelo de réguas que auxiliam as empresas a decidirem sobre o escopo

de seu projeto de gestão por competências, pois ainda hoje há organizações cujo sistema

de produção, ao menos em parte, assemelha-se muito aos sistemas tradicionais,

específicos e rotineiros.

Existem alguns parâmetros que devem ser considerados pelas organizações por

determinarem os pontos que mais se adequam à realidade da empresa e, dependendo do

seu porte, até mesmo à realidade de partes da organização. Cada parâmetro, de acordo

com LAWLER III (1998), deverá ser analisado para formar o sistema que mais se adeque

a cada organização, conforme segue:

1. Especificidade X Generalidade. Quanto mais atreladas a um cargo específico,

menos gerais se tornam as competências. Elas podem ser determinadas dessa

maneira quando dizem respeito a um certo cargo ou área da empresa. Já com

relação aos objetivos estratégicos, as competências tendem a ser menos

específicas, e se aplicam a todos os funcionários da organização.

2. Tradicionalismo X Modernidade. O sistema pode também dar ênfase às

competências que já existem na organização, apresentadas por indivíduos de alta

performance, ou então enfatizar novas competências, ainda por serem

desenvolvidas, que estejam ligadas ao plano futuro da empresa. A vantagem de

utilizar competências já existentes é que elas são familiares à organização e se

aplicam bem a organizações estáveis. Porém, em alguns casos é necessário

prever as necessidades futuras.

3. De baixo para cima X De cima para baixo. Pode-se determinar as competências

com base no que os indivíduos utilizam para desempenhar seus papéis, para

então chegar à estratégia da empresa, no topo da estrutura organizacional. Esse

método é muito parecido com o desenho dos sistemas tradicionais, portanto já

conhecido e mais fácil de ser aplicado. Quando se parte da estratégia para as

funções, tem-se como base a premissa de que as competências são mais

relacionadas à estratégia da empresa.

4. Complexidade e precisão X Elegância e simplicidade. É possível definir as

competências requeridas de forma complexa e precisa. Porém, corre-se o risco de

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deparar os mesmos problemas do sistema de gestão por cargos, entre eles a alta

especificidade, que gera uma grande dificuldade – e custo – para a revisão

periódica do sistema.

5. Observável X Abstrato. Quanto mais observáveis as competências requeridas,

mais são relacionáveis com as necessidades técnicas do trabalho e também com

funções mais técnicas. Por outro lado, são mais fáceis de serem observadas e

desenvolvidas pelos funcionários.

6. Durável X Temporário. Muitas empresas acreditam que irão desenhar um plano de

competências durável. Porém, o que acontece na maior parte das vezes é que o

sistema necessita ser reavaliado. Um exemplo disso são os conhecimentos em

tecnologia, que se modificam muito rapidamente.

7. Remuneração Fixa X Bônus variáveis. Em geral, o mais comum é a adoção de

remuneração fixa, seja porque as empresas estão acostumadas à sua utilização,

seja por causa da própria estrutura de custos das empresas. Especialistas

aconselham, no entanto, a utilização de pagamento fixo para competências

duráveis, e bônus variáveis para remunerar competências temporárias.

8. Valor de Mercado X Valor Estratégico. Num sistema de remuneração por

Competências, as empresas podem relacionar os pagamentos pelas

competências com o seu valor de mercado – ainda utilizando as médias, mínimo e

máximo salariais para determinar o valor de mercado dos indivíduos. Porém, uma

possibilidade é utilizar o mercado como valor de referência, mas com a opção de

remunerar acima ou abaixo, de acordo com o valor estratégico de cada

competência.

Uma vez implementado um sistema de gestão por competências que abrigue todas as

ferramentas de RH, ele deve ser de fácil acesso a todos os funcionários (KOCHANSKI,

1998). Quanto às ferramentas desenvolvidas, a gestão por competências modifica os

sistemas tradicionais de RH desde o seu conceito básico. Ao invés de focarem o cargo,

esses sistemas passam a focar a captação, retenção e desenvolvimento das

competências críticas da Organização. Assim sendo:

· Captação: os sistemas de captação, no novo modelo, passam a buscar as

competências da organização e do grupo em que a pessoa vai estar inserida.

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· Treinamento e desenvolvimento: esses processos sofrem mudanças significativas

relativamente aos programas tradicionais. Os programas de aprendizado devem viabilizar

o desenvolvimento das competências, e proporcionar um aprendizado “orientado para a

ação”, o que nem sempre é contemplado por aulas descritivas (KOCHANSKI, 1998).

Como conseqüência, as organizações começam a desenvolver novos conceitos de

aprendizagem, como por exemplo a criação das Universidades Corporativas.

· No novo modelo de gerenciamento de carreira, o avanço não ocorre somente no

sentido vertical (WOOD e PICCARELLI, 1999). É necessária, então, a montagem de um

modelo de planejamento de carreira que enfoque as progressões horizontais dos

empregados, em um plano de carreira “ligado às competências” (KOCHANSKI, 1998).

· Novos modelos de avaliação da performance dos funcionários surgem, tais como “auto-

avaliação, avaliação gerencial e feedback de 360 graus” (KOCHANSKI, 1998).

Homer (2001) salienta que as ferramentas por trás da gestão de competências

devem ser suficientemente dinâmicas a ponto de estarem continuamente permitindo a

avaliação da taxonomia das competências utilizadas, bem como sua adequação a cada

momento vivido pela organização.

2.9. UNIVERSIDADES CORPORATIVAS

Dentro das diversas modalidades de aplicação dos conceitos da gestão do

conhecimento, uma das que mais se destaca é o modelo das Universidades Corporativas,

uma forma de transferência e repositório de conhecimento que vem substituir os setores

de treinamento na forma como o conhecemos, apresentando um modelo integrado com a

estratégia da empresa e que engloba toda a cadeia de valor em que ela está inserida.

Uma Universidade Corporativa é uma organização educacional estabelecida e

dirigida por uma empresa. Funciona como um guarda-chuva estratégico abrangendo

todas as necessidades de educação para seus empregados e toda a cadeia de valor,

incluindo fornecedores e consumidores (MEISTER, 1998).

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Segundo Meister (1998), as empresas não deveriam ver o treinamento apenas

como um meio de ajudar seus empregados a adquirir novos conhecimentos ou mesmo

como um cardápio de habilidades. Deveriam, na verdade, enxergar o aprendizado como

um meio de atingir seus objetivos estratégicos e aumentar sua performance. Uma

Universidade Corporativa é, portanto, uma solução interna centralizada para treinamento

e educação com o objetivo de antecipar-se ao curto prazo de validade do conhecimento e

ao alinhamento do treinamento e desenvolvimento com a estratégia do negócio

(MEISTER, 1998).

A missão de uma universidade corporativa varia entre atingir os objetivos

estratégicos corporativos, comunicar sua cultura e prover um currículo sistemático

(DENSFORD,1998).

De acordo com Meister (1998), em função da velocidade e inovação no

aprendizado, o que se sabe hoje não vai mais adicionar valor amanhã a não ser que as

empresas tenham a habilidade de adaptar suas regras gerais e aprender novas

competências em áreas técnicas, na solução criativa e na liderança.

O conceito das Universidades Corporativas propõe a definição de um currículo

básico baseado nos três C’s: Cidadania Corporativa; Estrutura Contextual; Competências

Básicas do ambiente de negócios. Essas seriam, segundo Meister (1999), as áreas que

contemplam a necessidade dos funcionários em relação a se obter um sólido

conhecimento dos valores, da cultura e tradição da organização, do seu contexto de

operação, de suas competências básicas e dos recursos específicos de cada cargo.

A cidadania corporativa “incute em todos os níveis de funcionários a cultura, os

valores, as tradições e a visão da empresa. Nesse conceito de cidadania está implícita

uma forte identificação com a empresa em que se trabalha e seus valores centrais”

(MEISTER, 1999).

Ainda segundo a autora, a estrutura contextual procura posicionar, para o

funcionário, a empresa dentro de sua cadeia de valor, oferecendo uma noção de seus

negócios, clientes, concorrentes e melhores práticas dos outros.

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As competências básicas do ambiente de negócios buscam desenvolver “um

conjunto de competências específicas para o negócio da organização, as quais definem a

vantagem competitiva da empresa”.(MEISTER, 1999).

O ponto fundamental de suporte para o sucesso das Universidades Corporativas é

a questão da tecnologia de informação. Segundo a autora, as formas pela qual a

tecnologia de informação é utilizada nas Universidades Corporativas para disseminar o

conhecimento garantem a rápida disponibilidade e amplo acesso, permitindo a

customização do processo de aprendizado.

Para Meister (1998), a escolha da tecnologia a ser utilizada deve levar em conta

três aspectos chave, a serem considerados para o sucesso da implementação de uma

Universidade Corporativa. Em seu modelo, a autora defende a presença de ferramentas

tecnológicas que disponibilizem os recursos de:

- aprendizado via satélite para tornar o aprendizado mais acessível a um menor

custo, tendo a vantagem de atingir grupos de forma interativa;

- aprendizado via rede, utilizando a Internet ou Intranet como canal de

disseminação do conhecimento, tendo a vantagem de prover aprendizado

flexibilizado, customizado para preferências e necessidades individuais, além

de possibilitar medição de performance; e

- tecnologia de realidade virtual, para simulação de situações de processo sem

precisar incorrer nos custos de interrupção de uma linha, tendo a vantagem de

ser uma forma de aprendizado em que o estado da arte da tecnologia do

processo pode ser mais facilmente adaptado.

O funcionamento integrado destas ferramentas gera o que a autora denomina de

“campus virtual”, onde ocorre a troca de conhecimentos e o aprendizado dos funcionários

e membros da cadeia de valor. Deve-se notar, no entanto, que Meister (1998) admite que

a experiência de campo não poderá ser totalmente substituída, pois os sistemas de

virtualização não conseguem contemplar todas as variações resultantes da presença

física, nem a capacidade de improvisação sobre o processo, negligenciando, em parte, o

lado tácito do aprendizado.

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Finalmente, Meister (1998) ressalta a importância da estrutura organizacional da

empresa e da estratégia a ser seguida para obter o sucesso na implementação.

De acordo com a autora, não existe uma “receita de bolo” a ser seguida, mas

características que, segundo ela, são os requisitos mínimos para se chegar a uma

Universidade Corporativa na empresa. Esses requisitos são:

− Formação de um corpo de governança: é necessário que a empresa possua um

sistema de governança em que os principais executivos definam quais os papéis e

responsabilidades da Universidade Corporativa, e como se diferem do papeis e

responsabilidades dos departamentos de treinamento nas unidades de negócio;

− Construção de uma visão: a visão deve ser o cenário de sucesso que serve como

direção para os movimentos da Universidade Corporativa. Assim como a visão do

negócio, deve ser facilmente comunicável, atingindo a todos os que estão envolvidos

na cadeia de valor;

− Definir a estratégia de financiamento: é a definição de como serão financiados os

recursos para as atividades da Universidade Corporativa, podendo ser alocados

como custo geral da empresa ou diretamente às unidades de negócio. Meister

(1998), sugere que quando não são alocados à empresa, os custos podem ser

cobertos por licenciamento do treinamento aos outros membros da cadeia e a

disponibilidade dos recursos da Universidade Corporativa para uso de outras

empresas;

− Determinação do escopo: é a definição das funções de treinamento que devem ser

centralizadas por questões de custo e eficiência e quais deverão ser

descentralizadas, notadamente as que estiverem em maior contato com o

consumidor;

− Identificar os stakeholders e suas necessidades: Meister (1998) pondera que uma

das principais distinções entre o setor de treinamento e as Universidades

Corporativas é o público a que se destinam. O público das Universidades

Corporativas engloba toda a cadeia de valor no qual a empresa está inserida.

Portanto, é necessário que se identifiquem todas as necessidades de conhecimento e

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se direcione o foco principalmente naquelas que podem traduzir-se em maior

alavancagem para a empresa. Desta etapa, deve resultar a identificação das

habilidades, conhecimentos e competências necessárias ao negócio da empresa;

− Desenvolvimento de produtos e serviços: desenvolvimento de soluções para as

necessidades identificadas. “Tornar-se uma instituição de ensino de classe mundial

significa tornar-se uma empresa profissional dedicada a ajudar gerentes de negócio a

atingir seus objetivos e estratégias” (MEISTER, 1998);

− Seleção de parceiros: a empresa deve procurar fornecedores para viabilizar os

produtos desenvolvidos. Normalmente são estabelecidos relacionamentos de

parceria com empresas de treinamento, universidades formais e consultorias,

devendo ser escolhidos seguindo critérios que denotam sinergia, flexibilidade e

capacitação para atingir os objetivos propostos para a Universidade Corporativa;

− Estabelecer um sistema de mensuração: segundo o autor, condiz com o objetivo

primário de medir o resultado do aprendizado em termos de melhoria de

performance. O “reitor” da Universidade Corporativa tem o papel crítico de gerenciar

as expectativas de seus stakeholders chave. As avaliações de longo prazo devem

observar o desempenho dos que são graduados pelos programas da Universidade

Corporativa, como ritmo de promoções e elevação a cargos de gerência;

− Comunicação: realização de uma comunicação eficiente vai contribuir para valorizar a

imagem da Universidade Corporativa na empresa. O autor sugere que a Universidade

Corporativa seja encarada como um produto de consumo, com logotipo, forma e

características que lhe dêem uma imagem consistente e positiva junto aos

funcionários da empresa e demais envolvidos na cadeia de valor.

Meister (1998) ressalta que os novos produtos, serviços e consumidores da era

do conhecimento traduzem-se em novas oportunidades. Assim, o principal objetivo das

Universidades Corporativas deve ser o de preparar a empresa para obter o máximo de

vantagens das oportunidades que vão surgir, institucionalizando uma cultura de

aprendizado contínuo alinhada com a sua estratégia de negócios.

2.10. UNIVERSIDADE CORPORATIVA X CENTRO DE TREINAMENTO

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As rápidas mudanças no ambiente das organizações requerem mudanças rápidas

dentro das organizações que por sua vez, demandam indivíduos capazes de acompanhar

essas mudanças na mesma velocidade. É seguindo esta lógica que Vitelli (2000) sugere a

necessidade de se repensar o desenvolvimento das pessoas, saindo do modelo

tradicional de um centro de treinamento para um modelo de universidade corporativa.

Segundo Meister (1998) a Universidade Corporativa se diferencia do departamento de

treinamento de muitas formas. O departamento de treinamento tende a ser

descentralizado, reativo e objetiva primariamente treinar funcionários internos em

habilidades da função.

Com o crescimento da chamada “economia do conhecimento”, surgiu a necessidade

de um constante acompanhamento e aprimoramento dos empregados nas empresas, em

resposta as novas oportunidades, competição por mão de obra especializada e

disponibilidade de novas tecnologias. Dentro desse contexto, onde existe uma crença

oriunda dos conceitos da gestão do conhecimento de que as competências, habilidades e

o próprio conhecimento vão formar a base de vantagem competitiva da empresa, não

existe mais lugar para um departamento de treinamento e desenvolvimento apenas com o

enfoque nas qualificações técnicas direcionadas ao nível gerencial, disponibilizadas

somente em caráter reativo, ou seja, oferecidas apenas quando se percebe alguma

deficiência de desempenho. (VITELLI, 2000).

Peak (1997) e Meister (1999) sugerem que um centro de treinamento tende a ser

reativo e descentralizado, enquanto uma universidade corporativa tem orientação proativa

e centralizadora, ou seja, o centro de treinamento propõe programas de treinamento à

medida que estes se tornam necessários, sendo muitas vezes identificada sua

necessidade no contexto de um setor específico.

Na universidade corporativa os programas de educação são permanentes e

orientados com visão no futuro, antecipando e gerando necessidades de melhoria,

privilegiando os objetivos organizacionais, ainda que orientado para cada negócio dentro

da empresa (MEISTER, 1999). Peak (1997) reforça esta visão sugerindo que a

universidade corporativa possui um escopo mais estratégico enquanto o centro de

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treinamento possui um escopo mais tático. Essas e outras diferenças podem ser

observadas no quadro 3 a seguir.

Quadro 3: Diferenças entre Centro de Treinamento e Universidade Corporativa

Tipos de Iniciativas

Centros de treinamento Universidades Corporativas

Foco Reativo Proativo

Organização Fragmentada e descentralizada Coesa e centralizada

Alcance Tático Estratégico

Endosso/

Responsabilidade

Pouco/Nenhum Administração e colaboradores

Apresentação Instrutor Experiência com várias tecnologias

Responsável Diretor de treinamento Gerentes de Unidades de Negócios

Audiência Público Alvo amplo/

profundidade limitada

Currículo personalizado por famílias

de cargo

Inscrições Inscrições abertas Aprendizagem no momento certo

Resultado Aumento das qualidades dos

profissionais

Aumento no desempenho do trabalho

Financiamento Pela organização Pela organização e público externo

Certificações Certificados de curso de

certificação

Créditos reconhecidos e outorga de

diplomas

Fonte: adaptado de MEISTER, 1999, p.23.

Quanto ao financiamento, ou origem do investimento dos cursos, no centro de

treinamento a responsabilidade é única e exclusiva da organização (ALPERSTEDT, 2000)

podendo ser bem variado o valor do investimento. Já as universidades corporativas

necessitam de um investimento significativamente maior por parte da empresa a que está

atrelada e o retorno é difícil de ser mensurado (PEAK, 1997).

Não é difícil de entender porque as iniciativas de universidades corporativas sejam

encontradas com mais freqüência em grandes organizações (MEISTER, 1999). Porém, a

universidade corporativa tem a possibilidade de obter uma nova fonte de renda

oferecendo seus cursos ao público externo que compõem sua cadeia de valor (PEAK,

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1997; MEISTER, 1999; ALPERSTEDT, 2000) e, com isso, obter outra fonte de receita e

atingir sua independência financeira, o que não ocorre com os centros de treinamento.

2.11. MODELOS DE CLASSIFICAÇ ÃO DE UNIVERSIDADES CORPORATIVAS

Beamish (2000), classifica as Universidades Corporativas em função do grau de

centralização do curso e uso da tecnologia de informação. As Universidades Corporativas

podem ser classificadas em:

• Centralizadas: Esta forma contribuiria para a cultura, valores e políticas da empresa,

desenvolvendo sinergia e redes de relacionamentos na empresa. Teria como

desvantagens os custos operacionais e de manutenção, assim como os relativos às

viagens e reuniões;

• Centralizada + rede (físico/eletrônico): Forma que poderia replicar os objetivos da

forma Centralizada, sem os mesmos custos. Entretanto, o autor pondera que os

custos de coordenação vão depender da cultura da empresa;

• Descentralizado baseado em redes (físico + eletrônico): Segundo o autor, esta forma

provê flexibilidade e empreendedorismo, mas os custos de coordenação podem ser

alavancados em função dos conflitos de interesses de cada local, sendo necessário

definir as responsabilidades e a estrutura;

• Virtual/eletrônico: Esta forma não possui centros físicos e é dependente do

desenvolvimento da Tecnologia de Informação na empresa. O autor sugere que a

maior barreira ao desenvolvimento são os sistemas legados (antigos) da empresa e

seu maior benefício a rápida capacidade de atualização.

Dealtry (2000), em um estudo de casos sobre o desenvolvimento das

Universidades Corporativas, propõe uma classificação de acordo com o seu estágio de

evolução Para tanto, utiliza um modelo de avaliação que releva as propriedades da

aprendizagem integrada, gerenciamento do conhecimento e os propósitos estratégicos da

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empresa. O modelo proposto caracteriza as Universidades Corporativas segundo os

seguintes estágios:

• Primeira Geração: é caracterizada pela troca do nome dos departamentos de

treinamento e desenvolvimento;

• Segunda Geração: alinhamento do departamento de treinamento e desenvolvimento

com os objetivos organizacionais;

• Terceira Geração: é o direcionamento tecnológico – surgimento do conceito da

universidade virtual;

• A Nova Geração: onde sobressaem os processos de gerenciamento dos ativos do

conhecimento em ambientes real-time.

Para classificar em que estágio de desenvolvimento uma determinada empresa

se encontra, Dealtry (2000) utiliza um modelo avaliação de fatores ou, conjuntos de

decisão, onde procura avaliar os aspectos relacionados às ações de desenvolvimento na

empresa e na cadeia de valor onde está inserida, como a existência ou não de um plano

de ação para o desenvolvimento, o alinhamento das ações propostas com o plano

estratégico da empresa, questões de infra-estrutura de suporte as atividades de

aprendizado, parcerias intelectuais, entre outras que serão vistas a seguir e vão embasar

as entrevistas para elaboração dos casos nas empresas de telecomunicações.

2.12. MODELO DE AVALIAÇÃO DE DEALTRY

Dealtry (2000) em seus estudos de caso utiliza um modelo de fatores, ou

conjuntos de decisão, definidos na aplicação The 10:10 RealTime Corporate University

Blueprint1. Segundo o autor, este modelo foi escolhido pela sua capacidade em levar em

1 http:/www.ipc-ltd.co.uk, The 10:10 RealTime Corporate University Blueprint, Intellectual Partnerships

Consulting Ltd, 1999.

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consideração os aspectos de projeto, recursos e gerenciamento, relativos ao modelo de

Universidades Corporativas e por já ter sido aplicado anteriormente em outras pesquisas

e projetos, especificamente na avaliação da aplicação do conceito de Universidade

Corporativa na empresa, no projeto e fornecimento de recursos específicos para

desenvolvimento corporativo e em estudos de avaliação da implementação do modelo de

Universidades Corporativas.

A pesquisa desenvolvida por Dealtry(2000) parte da seleção de 14 tópicos a

serem analisados, compondo um quadro comparativo sobre a evolução da aplicação do

modelo de Universidades Corporativas nas empresas. As empresas são analisadas

quanto ao nível de alinhamento em relação ao modelo das Universidades Corporativas e

quais as perspectivas que deveriam ser atingidas.

Os fatores utilizados por Dealtry(2000) para compor o seu estudo de caso são

apresentados abaixo. Cada um dos fatores, ou conjuntos de decisão, conforme

nomenclatura usada pelo autor, descreve resumidamente o objetivo ao qual sua

abordagem se destina e o que deve ser verificado nas entrevistas para composição de um

quadro comparativo.

• Conjunto de decisões – Projeto das Estratégias da Escola: este conjunto de

decisões trata da origem do conceito das Universidades Corporativas no contexto

da situação da empresa e sua visão estratégica. Implica na ocorrência de um estudo

completo de todas as opções de uma Universidade Corporativa, definindo um

cenário identificando “o que” e “como” vai contribuir para atingir a visão estratégica

da empresa. Na composição deste conjunto deve ser destacado, para todos os

stakeholders, o que será capaz de mostrar e tangibilizar sua contribuição para o

sucesso do negócio.

Este conjunto de decisões tem como objetivo avaliar se a empresa consegue

identificar os fatores organizacionais e dinâmicos como a estrutura, superação de

tensões centralizadas x descentralizadas (nacionais, regionais e globais), habilidade

para integração de culturas e disciplinas, considerações sobre o escopo

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operacional, funcional e estratégico e aspectos filosóficos, como elitismo, formando

o projeto e estratégia de implementação. Os elementos de decisão deste conjunto

são relacionados abaixo.

• Elemento de decisão – Governança: o propósito deste elemento de decisão é

estabelecer um comitê executivo que irá materializar e sustentar os conceitos

estabelecidos para a Universidade Corporativa. Serão responsáveis pelo

desenvolvimento da visão e filosofia da Universidade Corporativa, da qual a

estrutura e o regime de governança irão emergir. Esse fator deve verificar a

composição do time formador do comitê para elaboração do plano de

desenvolvimento do aprendizado, se é formado por diretores, ou membros da alta

gerência da empresa, que definem também o plano estratégico da empresa.

Os membros do comitê devem ter uma perspectiva abrangente sobre a direção

estratégica da empresa, sendo escolhidos geralmente entre parceiros de negócios,

consumidores, acadêmicos e consultores profissionais, além dos próprios membros

da empresa.

• Elemento de decisão – Financiamento: verifica a existência de um modelo de

financiamento para os investimentos na gerência do capital intelectual da empresa

em treinamento e desenvolvimento, sendo balizados por um orçamento, podendo

ser um modelo de controle corporativo centralizado ou um modelo autônomo de

despesas distribuídas.

• Elemento de decisão – Direção Estratégica e Política: identificação da relevância

da Universidade Corporativa na definição do planejamento estratégico da empresa.

Se existem planos de alinhamento estratégico entre as ações de treinamento e

desenvolvimento do aprendizado e os níveis organizacionais ou unidades

estratégicas de negócio.

Este elemento de decisão é responsável pelos papéis tático e estratégico que

formam a direção futura da Universidade Corporativa. No seu estágio mais

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desenvolvido deve definir com detalhes quais serão os papéis estratégicos da

Universidade Corporativa com relação aos objetivos de negócios e desenvolvimento

gerencial e organizacional.

• Elemento de decisão – Infra-estrutura e Tecnologias de Aprendizado: os

programas de treinamento e desenvolvimento geralmente são dominados pelo

tradicional sistema centralizado, baseado em salas de aula e no treinamento

presencial. Entretanto, o treinamento e desenvolvimento assistidos por tecnologia

podem dar uma contribuição vital para o efetivo aprendizado em tempo real no

ambiente de negócios. Mídias diferentes têm papéis diferentes a desempenhar na

ação de pesquisa e de aprendizado. Este elemento de decisão verifica a existência

e utilização da Internet, Intranet e outros canais e mídias como elementos de

desenvolvimento do aprendizado na empresa.

• Elemento de decisão – Parcerias Intelectuais: a tomada de decisão relacionada

ao desenvolvimento de parcerias intelectuais, tanto internamente, quanto

externamente são cruciais para o desenvolvimento da Universidade Corporativa.

Com relação ao desenvolvimento das parcerias internas, o objetivo é aumentar a

percepção organizacional para a contribuição que as parcerias intelectuais podem

dar para o sucesso do desenvolvimento pessoal e organizacional. Esse elemento de

decisão busca verificar se, e em que grau, a empresa busca apoio de consultorias,

universidades e outras instituições de ensino no desenvolvimento de seus

funcionários e membros da cadeia de valor.

• Conjunto de Decisões – Funções de Marketing: verifica a aplicação do termo

Universidade Corporativa, ou outra designação que comunique as ações de

desenvolvimento na empresa.

As funções de marketing de uma Universidade Corporativa são atividades chave em

comunicar as mensagens de desenvolvimento e oportunidades através da

organização e ir além dos parceiros intelectuais da empresa. Esses canais de

comunicação devem carregar as mensagens essenciais sobre a visão estratégica e

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44

missão das atividades relacionadas ao negócio provendo um contexto informativo

para o desenvolvimento de carreira; novos conhecimentos e resultados baseados

nas atividades de aprendizado.

• Conjunto de Decisões – Gerência e Administração: os arranjos administrativos

para a Universidade Corporativa são definidos e supridos para negociar com todos

os demais setores da empresa, garantindo a manutenção dos pontos definidos para

o planejamento, coordenação e controle. Este conjunto de decisões busca avaliar

qual o suporte gerencial e administrativo para as ações de desenvolvimento. Essas

funções de gerenciamento incluem a manutenção de arquivos em conexão com o

recrutamento e registro, programação do suprimento, monitoramento e avaliação

que devem estar consistentes com as políticas de desenvolvimento, projetos

programados e orçamentos financeiros.

• Conjunto de decisões – Resultados do Conhecimento: estabelecimento de

sistemas e procedimentos para capturar, compartilhar, comparar a contrastar

formalmente novos conhecimentos e aprendizagem para adicionar valor a manter

uma vantagem competitiva sustentável.

Devido à dificuldade inerente a este tópico (medir resultados do conhecimento), o

mesmo não foi abordado nas entrevistas de campo. (Note-se que o próprio Dealtry,

em sua pesquisa, não fornece detalhes sobre o mesmo).

• Conjunto de decisões – Gerenciamento da Inteligência: dentro da estrutura

criada para desenvolvimento, o seu primeiro objetivo deve ser o de suporte a

informação. Esse conjunto de decisões deve caracterizar a existência de bibliotecas,

bases de dados e canais de troca de conhecimento, com estrutura de suporte que

gerencie e incentive o uso dessas bases com o objetivo de aumentar o fluxo e a

disseminação do conhecimento pela empresa.

• Conjunto de decisões – Infra-estrutura de motivação ao desenvolvimento:

freqüentemente a infra-estrutura de aprendizado é baseada na informalidade,

Page 57: Um Estudo de Casos Sobre o Modelo de Universidades ... · Modelo de Universidade Corporativa de Dealtry ... educação e treinamento ... A escolha do setor de telecomunicações foi

45

dependendo principalmente da motivação individual do funcionário. Esse conjunto

de decisões busca verificar a existência de centros formais de aprendizado,

aconselhamento para desenvolvimento de carreira (principalmente para alta

gerência) e estruturas de seleção dos professores.

A infra-estrutura de suporte aos programas de aprendizado deve abranger programa

a programa da rede de canais organizacionais e recursos humanos que vão

sustentar o processo principal de aprendizado e prover fontes de aconselhamento

independentes e assistência customizada aos participantes, funcionando como uma

consultoria interna, disponível para esclarecer dúvidas e prestar orientação nos

assuntos relacionados ao desenvolvimento do funcionário.

• Conjunto de decisões – padrões regulatórios: o ambiente de negócios de todas

as organizações é formado e influenciado diretamente e indiretamente por

instrumentos estatutários e regulatórios relacionados ao mercado, concorrência,

consumidores, emprego, segurança e prática de negócios. Este conjunto busca

verificar o grau de existência de instrumentos de acompanhamento do ambiente

externo pela empresa, e a medida em que estão influenciando as ações

desenvolvimento educacional.

• Conjunto de decisões – Programas de Desenvolvimento Gerencial: verificação

das necessidades de treinamento e desenvolvimento para gerência, soluções

customizadas ou não, MBA para a alta gerência e cursos de graduação com

certificação reconhecida.

Este conjunto de decisões trabalha no contexto dos conjuntos antecedentes 1 a 7,

que, combinados, provêem a política, direção, estrutura e contexto para o projeto e

entrega dos programas organizacionais integrados de gerenciamento e

desenvolvimento patrocinados pelas Universidades Corporativas. A total utilização

deste ambiente de decisão vai promover o projeto de uma carteira de programas de

desenvolvimento na Universidade Corporativa consistentes com os objetivos

estratégicos e, portanto, com as necessidades de aprendizado dos negócios.

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46

• Conjunto de decisões – sistemas e procedimentos de garantia de qualidade: é

essencial estabelecer comprometimento, controle e concordância com a qualidade

através de processos para gerenciar todas as entradas, resultados e processos

operacionais da Universidade Corporativa. O desenvolvimento de sistemas de

garantia de qualidade deve ser parte essencial das especificações dos

requerimentos e devem ser definidos ainda no estágio do projeto do plano de

desenvolvimento. Em todas essas áreas, padrões de performance de garantia da

qualidade e ISO devem ser estabelecidos com parte do programa de especificações

e deve existir um processo formal de validação dos padrões a serem atingidos em

cada programa.

• Conjunto de decisões – proteção do conhecimento: o novo aprendizado

emergente, conhecimentos adquiridos e mudança nas ações de gerenciamento que

fluem em tempo real dos programas de gerenciamento da Universidade Corporativa

têm um alto nível de valor tático e estratégico e como conseqüência, necessitam de

tratamento especial de proteção, como se fosse informação comercial. Esse

conjunto de decisões visa identificar a existência procedimentos que busquem

garantir a retenção do conhecimento desenvolvido na empresa, como

estabelecimento de contratos, quarentenas e até sistemas de proteção de dados.

A partir dos fatores, ou conjuntos de decisão, propostos acima, Dealtry (2000)

propõe uma metodologia de análise. Essa metodologia busca verificar o grau de

alinhamento da empresa, individualmente, em relação ao modelo das Universidades

Corporativas. Para tanto, verifica a existência ou não de cada um dos fatores e,

considerando peso igual para cada um deles, enquadra a empresa segundo a

classificação de Gerações: Primeira; Segunda; Terceira; e Nova Geração.

Para Dealtry (2000), uma forma primária de análise consideraria que as

empresas onde se observasse a ocorrência de até três fatores, seriam classificadas como

de Primeira Geração. As empresas que apresentassem de quatro a sete fatores seriam

englobadas na Segunda Geração do modelo. A presença de oito a onze fatores

caracterizaria a Terceira Geração e de doze a catorze, a Nova Geração.

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47

Entretanto, o autor ressalta que apenas a análise da quantidade de fatores

presentes não é o suficiente para apontar quais medidas a empresa deve desenvolver

para evoluir ao modelo de Universidades Corporativas. Seria necessário avaliar a causa

das ausências dos fatores, que, segundo o autor, pode estar relacionada à falta de

competência administrativa e a baixa capacidade de desenvolvimento, tanto em

tecnologia quanto em integração organizacional.

Concluída a apresentação dos conjuntos de decisão estabelecidos por Dealtry

(2000), podemos passar a fase de investigação da realidade brasileira em relação ao

conhecimento nas empresas que atuam no setor de telecomunicações do Brasil.

Page 60: Um Estudo de Casos Sobre o Modelo de Universidades ... · Modelo de Universidade Corporativa de Dealtry ... educação e treinamento ... A escolha do setor de telecomunicações foi

48

3. METODOLOGIA

3.1. O TIPO DE PESQUISA

O método de pesquisa utilizado, segundo a categorização de Vergara (2000) é

exploratória, com aplicação de entrevistas de campo. Vergara (2000, p. 46) afirma que

essa modalidade de pesquisa não comporta hipóteses, por sua natureza de sondagem,

mas não elimina a sua construção, uma vez que afirma que "poderão surgir durante ou ao

final da pesquisa”.

De acordo com Gil (1991, p. 45), a pesquisa exploratória visa proporcionar maior

familiaridade com o problema, com vistas a torná-lo explícito ou a construir hipóteses,

tendo como objetivo principal o aprimoramento de idéias ou a descoberta de intuições.

Köche (1997, p. 126) acrescenta que esse tipo de pesquisa é adequado para

casos em que ainda não apresentam um sistema de teorias e conhecimentos

desenvolvido. "Nesse caso é necessário desencadear um processo de investigação que

identifique a natureza do fenômeno e aponte as características essenciais das variáveis

que deseja-se estudar”.

Nesse sentido, Mattar (1999, p.80) afirma que "esse tipo de pesquisa é

particularmente útil quando se tem uma noção muito vaga do problema de pesquisa".

Através do conhecimento mais profundo do assunto em questão, busca-se estabelecer

melhor o problema de pesquisa, através da elaboração de questões de pesquisa ou

desenvolvimento de hipóteses explicativas para os fatos e fenômenos a serem estudados.

Mattar (1999, p. 81) cita que ela pode ainda ajudar a estabelecer as prioridades a

pesquisar. "As prioridades poderão ser estabelecidas porque uma particular hipótese

explicativa surgida durante a pesquisa exploratória parecerá mais promissora que outras”.

Já Cervo e Bervian (1996, p. 49), consideram a pesquisa exploratória como uma

forma de pesquisa descritiva e fazem afirmações elucidativas com relação à figura da

construção de hipóteses no estudo exploratório, ao afirmarem:

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O estudo exploratório [...] é normalmente o passo inicial no processo de pesquisa pela

experiência e auxílio que traz na formulação de hipóteses significativas para posteriores

pesquisas. Os estudos exploratórios não elaboram hipóteses a serem testadas no trabalho,

restringindo-se a definir objetivos e buscar maiores informações sobre determinado

assunto de estudo.

Finalmente, Lakatos e Marconi (1985, p. 86), apresentam a pesquisa exploratória

como um grupo componente de pesquisa de campo e citam três finalidades da mesma:

desenvolver hipóteses, aumentar a familiaridade do pesquisador com um ambiente, fato

ou fenômeno para a realização de uma pesquisa futura mais precisa ou modificar e

clarificar conceitos.

3.2. SELEÇÃO DOS CASOS

A seleção dos casos para a pesquisa levou em consideração a disponibilidade de

acesso a pessoas com conhecimento necessário da área de treinamento para responder

e a representatividade das empresas em relação a participação no mercado de

telecomunicações brasileiro.

Assim, de acordo com os estes critérios, foram selecionadas três operadoras de

telefonia celular (que juntas detêm cerca de 72% deste mercado) e três de seus principais

fornecedores de tecnologia para compor a amostra a ser estudada, que, a pedido de seus

representantes, não terão seus nomes identificados neste trabalho. Entretanto, será feita

uma breve referência a cada uma das empresas, antes do relato de cada caso, com o

objetivo de apontar a relevância de cada uma delas no contexto das empresas de

telecomunicações no Brasil.

3.3. OBJETIVOS DA PESQUISA

Conforme foi estabelecido anteriormente (item 1.2), o propósito deste trabalho foi

investigar como as empresas que atuam neste setor alinham suas necessidades de

treinamento com as suas estratégias de negócio e qual o grau de alinhamento entre os

processos de treinamento e desenvolvimento destas empresas quanto à implantação do

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modelo de universidade corporativa descrito por Meister (1998), segundo os tópicos

propostos por Dealtry (2000).

Para alcançar o objetivo final do trabalho, foram elaborados objetivos

secundários. Especificamente, serão estudados os aspectos relativos a:

• Identificação das principais áreas de conhecimento em uma empresa de

telecomunicações;

• Identificação do grau de alinhamento dos seus processos de treinamento e

desenvolvimento à estratégia de negócio da empresa;

• Verificação da existência de aspectos relacionados à migração da estrutura do setor

de treinamento formal para o modelo das Universidades Corporativas, baseando-se

nos fatores desenvolvidos por Dealtry.

A 1a parte das entrevistas buscou identificar as áreas do negócio que

demandassem conhecimento específico e tivessem papel estratégico para as empresas

que atuam no setor de telecomunicações, frente à realidade do mercado brasileiro. Como

resultado, foram observadas questões que deveriam estar presentes nestas empresas de

forma destacada e seriam fundamentais, tanto na questão do desenvolvimento do

conhecimento na empresa, quanto de forma mais ampla, compondo os alicerces da

organização que a sustentariam frente às modificações relativas a evolução do mercado.

Na 2a. parte destas entrevistas, foram elaboradas questões que complementam a

investigação do modelo de Dealtry (2000) visando detectar o estágio de evolução destas

empresas.

3.4. O QUESTIONÁRIO DA ENTREVISTA COM AS EMPRESAS.

A condução da entrevista foi baseada em um questionário abordando os dois

aspectos descritos no item objetivo da pesquisa, contendo as seguintes categorias:

a. Identificação das áreas de conhecimento no contexto das empresas de

telecomunicações.

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a.1. Áreas de conhecimento na empresa de telecomunicações;

a.2. Necessidades de treinamento e desenvolvimento nas operadoras de telefonia

celular e seus fornecedores de tecnologia como fator de diferenciação no

mercado;

b. Transição do Setor de Treinamento para Universidades Corporativas.

A segunda parte da pesquisa procura estabelecer o posicionamento da empresa

em relação à migração do setor de treinamento para o modelo de Universidade

Corporativa (Meister, 1998), caracterizado por Dealtry (2000) em seus estudos de caso.

A pesquisa pretende investigar os 13 tópicos de decisão relacionados à evolução

do modelo das Universidades Corporativas, baseando-se nos estudos de Dealtry (2000).

b.1. Governança;

b.2. Financiamento;

b.3. Direção Estratégica e Política;

b.4. Infra-estrutura e Tecnologias de Aprendizado;

b.5. Parcerias Intelectuais;

b.6. Funções de Marketing;

b.7. Gerência e Administração;

b.8. Gerenciamento da Inteligência;

b.9. Infra-estrutura de motivação ao desenvolvimento;

b.10. Padrões Regulatórios;

b.11. Programas de Desenvolvimento Gerencial;

b.12. Sistemas e Procedimentos de Garantia de Qualidade;

b.13. Proteção do Conhecimento.

Os pontos levantados nos itens a e b foram aplicados em seqüência em

entrevistas estruturadas que formaram os casos relatados no próximo capítulo. As

entrevistas foram realizadas nos escritórios das empresas, exceto a empresa D, que

preferiu realizar a entrevista por telefone. Todas as entrevistas foram gravadas, mas não

transcritas. Foram entrevistados apenas uma pessoa por empresa, ocupantes dos

seguintes cargos :

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EMPRESA CARGO

A Gerente de Treinamento e Desenvolvimento

B Especialista de Treinamento e Desenvolvimento

C Coordenador de Treinamento e Desenvolvimento

D Gerente do Centro de Desenvolvimento de Competências

E Coordenadora de RH

F Coordenadora de Treinamento e Desenvolvimento

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4. RESUMO DOS CASOS

4.1. EMPRESA A

A empresa surgiu em 1990, como uma unidade da telefonia fixa, e rapidamente se

tornou uma empresa líder no mercado europeu de telecomunicações. Em 1998 a

empresa chegou ao Brasil.

É uma das maiores operadoras de telefonia móvel do País, com grande crescimento

nos mercados GSM e TDMA, com presença marcante em todo o território nacional. Líder

no Sul e Nordeste do país é a única empresa habilitada a oferecer serviços de telefonia

celular em todos os Estados, com cobertura em mais de 1600 cidades.

Mais de 47 milhões de pessoas se comunicam pela operadora no mundo. São 10

países da Europa e, só no Brasil, mais de 10 milhões de clientes. Quase 48% da base de

seus clientes já utilizam tecnologia GSM (são 4,9 milhões contra 5,5 milhões em TDMA).

O market-share da empresa chegou a 19.3% no mercado nacional no primeiro

semestre de 2004. Com o crescimento da base de clientes a empresa alcançou a posição

de 2a. maior operadora de telefonia celular no Brasil em termos de receita líquida.

Identificação de Áreas de Conhecimento

A área de Treinamento é dividida em 2 grandes áreas: Treinamento Comercial e

Treinamento Institucional e Gerencial. No momento da implementação da holding no

Brasil, em 2001, foi dada ênfase a conquista de novos clientes, principalmente para a

nova tecnologia GSM. Devido a esta estratégia, toda a área comercial e o contato direto

com os clientes foram priorizados.

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O foco inicial da implementação da área de Desenvolvimento foi à área comercial,

visando à conquista de novos consumidores. A maior parte do orçamento, desde 2001, foi

direcionado ao treinamento de funcionários e terceiros que lidam com o cliente final. O

treinamento foi voltado para operação dos sistemas das lojas, call center e para operação

dos diversos canais, como Direto, Indireto e Corporativo.

Com o sucesso no aumento da base de clientes, a operadora está entrando em uma

nova fase, focando a retenção dos clientes conquistados. Com isso a necessidade de

treinamento institucional e gerencial tem aumentado.

Outras informações

Passados três anos, sua estratégia de negócios está sendo redirecionada para a

manutenção da base de clientes, com ênfase na excelência dos serviços e foco no

cliente.

Os cursos da área institucional e gerencial foram reformulados, pois eram mais

voltados à integração e administração da mudança. Este foco era devido a organização

em 2001 ser constituída de diversas operadoras que ao longo dos anos foram sendo

unificadas e posteriormente consolidadas.

Modelo de Universidade Corporativa

Elementos de Governança

Por ser uma empresa multinacional, a empresa tem a missão da área de

desenvolvimento determinada pela matriz na Europa. As competências necessárias são

também definidas globalmente. O direcionamento das ações de desenvolvimento dos

funcionários prevê o alinhamento das definições das estratégias de negócio da empresa

com as necessidades de conhecimento devido as constantes mudanças no mercado.

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A operadora estende seus projetos de capacitação a outros elos da cadeia, como

revendedores, sem, no entanto, envolvê-los diretamente no planejamento da missão e

das ações de treinamento e desenvolvimento.

Para definição do planejamento anual das ações de desenvolvimento desta área

são utilizados os “gaps” das competências identificados na avaliação de desempenho. A

partir dos “gaps” identificados no inicio de cada ano, é montada uma grade de

treinamentos que é implementada no ano seguinte.

Ocorrem também reuniões e entrevistas com diretores e gerentes sr. das áreas para

complementar as necessidades de treinamento. O conteúdo do treinamento é definido por

RH a partir destas informações, alinhada com a estratégia de negócios de empresa.

Financiamento

Apesar da área de treinamento ser centralizada na holding, o orçamento de

treinamento fica alocado no departamento de RH de cada uma das operadoras (tanto o

da área comercial quando o da área institucional). Os orçamentos devem ser aprovados

pela Gerente de Treinamento e Desenvolvimento para América Latina e, ocasionalmente

(dependendo do valor), pelo Diretor de RH para América Latina. As operadoras passarão

a ter autonomia limitada de aprovação. A grade de treinamento é utilizada como driver de

orçamento de T&D. Os treinamentos dados a cadeia de valor são custeados pelas

operadoras

Em relação aos resultados esperados pelos investimentos em treinamento, a

empresa A não vincula a evolução dos indicadores de desempenho das áreas e

funcionários (indicadores de custos e qualidade) ao montante investido.

Direção Estratégica e Política

Segundo a Gerente de Treinamento e Desenvolvimento, o plano de

desenvolvimento é delineado em coerência com a estratégia corporativa, procurando o

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alinhamento com os interesses e necessidades dos setores, sendo aprovado, no mínimo

pela diretoria de RH da América Latina. Para treinamentos do corpo gerencial esta

aprovação é feita pela presidência da América Latina.

Infra-estrutura e Tecnologias de Aprendizado

A empresa não conta com um centro de treinamento formal, pois prefere utilizar salas

de treinamento e computadores na própria empresa ou alugar salas maiores quando

necessário.

Os treinamentos institucionais são divididos em 3 etapas: a etapa inicial, chamada

internamente de “pré-work” que pode ser feito à distância. A segunda etapa, o

treinamento em si, é presencial. O “pós-work”, a última etapa também pode ser feito à

distância. Não existe uma plataforma de e-learning no Brasil, mas a mesma está em

processo de implementação, utilizando a tecnologia já utilizada na Europa. Com isso, pelo

menos 20% dos treinamentos e capacitações passarão a ser via e-learning.

Por não ter esta plataforma são utilizadas outras ferramentas para treinamento à

distância. Um exemplo é a utilização de kits pela área comercial, com dados dos novos

serviços ou promoções e um teste para verificação do aprendizado. Este teste é

posteriormente enviado para RH para verificar a retenção do conteúdo e distribuir brindes

para os melhores desempenhos. Esta solução é adotada principalmente devido ao grande

numero de pessoas a serem treinadas (em torno de 25.000) e ao curto prazo para

realização, além do custo unitário relativamente baixo.

São utilizados também outros recursos para o treinamento, como vídeo, CD e

intranet. O treinamento do SAP, por exemplo, também será on-line, via intranet.

Parcerias Intelectuais

A empresa A mantém diversas parcerias com instituições de ensino e com

consultorias especializadas em treinamento. Em convenções e workshops são também

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contratados palestrantes que se destacam em suas áreas de atuação para dividir suas

experiências e motivar a equipe.

O departamento de RH tem autonomia para identificar os fornecedores. Geralmente

são feitos três orçamentos, seguindo normas internas, e não necessariamente os de

menor preço são escolhidos. As mesmas são selecionadas por critérios qualitativos, que

são justificados para o setor de Suprimentos.

O conteúdo dos treinamentos é desenvolvido internamente, principalmente os

voltados para a área comercial. Os parceiros são contratados para formatar e/ou produzir

o material de apoio. Na área de treinamento institucional e gerencial, as parcerias também

seguem o conteúdo determinado internamente e são responsáveis pelo material de apoio

e por ministrar os treinamentos presenciais.

Conjunto de decisões – Funções de Marketing

A área de RH sempre tem uma marca, que evolui junto com a estratégia da empresa.

Em 2002 a marca foi Conquistas , alinhado com a estratégia de conquista de base de

clientes. No ano seguinte foi Integração, pois a empresa tinha varias operadoras

separadas e se unificou. Em 2004 a marca está sendo Revolucione, ligado ao talento dos

profissionais.

Os treinamentos são comunicados internamente via Internet, Intranet e publicações

internas. Por ser uma empresa de ponta em tecnologia, a área de treinamento também já

utilizou ferramentas internas de SMS (short message – mensagem via celular). A

divulgação dos programas de treinamento também atinge os outros elos na cadeia de

valor da empresa.

Não está em planejamento criar uma marca específica para treinamento nem a

adoção do termo Universidade Corporativa internamente. Planeja-se continuar utilizando

marcas lúdicas e alinhadas a estratégia de negócio, mas voltadas para Recursos

Humanos como um todo.

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Conjunto de decisões – Gerência e Administração

Na empresa, a administração do desenvolvimento dos funcionários é centralizada

na área de Recursos Humanos, que trabalha muito próxima aos gestores das áreas de

negócio, validando a grade de cursos com as necessidades específicas de cada uma

delas.

As inscrições nos treinamentos não são abertas. O Departamento de RH é

responsável, junto com o supervisor do funcionário, pela inscrição dos subordinados nos

treinamentos, levando em consideração os pré-requisitos e público-alvo dos cursos e as

avaliações periódicas, para que o aprendizado ocorra no momento correto. A liberação de

funcionários para os treinamentos ocorre sem nenhum tipo de problema.

Conjunto de decisões – Gerenciamento da Inteligência

A empresa A não conta com uma biblioteca nem convênio com outras bibliotecas.

Os funcionários não têm acesso a bases de dados.

Conjunto de decisões – Infra-estrutura de motivação ao desenvolvimento

A empresa faz uma avaliação de desempenho pelo menos uma vez por ano. As

necessidades de treinamento são apontadas e reavaliadas no ano seguinte, motivando os

funcionários a buscarem seu próprio desenvolvimento. Desta forma, os supervisores dão

feedback e provêm assistência customizada aos seus subordinados.

Conjunto de decisões – Padrões Regulatórios

O setor de recursos humanos tem contato com outras empresas do mercado, do

setor de telecomunicações ou não, visando entender o que estão fazendo em relação ao

desenvolvimento de seus funcionários e comparando com as ações que tem praticado

(“benchmarking”).

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Conjunto de decisões – Programas de Desenvolvimento Gerencial

O programa de formação gerencial foi lançado no início de 2004, visando capacitar o

corpo gerencial do grupo do Brasil com técnicas específicas que acelerem o

desenvolvimento das habilidades dos profissionais. Composto por módulos, o programa é

destinado a Gerencia Sr., Média Gerencia, Pessoas-Chave, e Jovens Profissionais. Para

participar do programa, que tem duração de dois anos e é conduzido pela área de T&D, o

funcionário elegível deve realizar alguns treinamentos como pré-requisitos.

O programa é estruturado de forma diferenciada para cada público. O Nível I engloba

os analistas III, coordenadores e, gerentes jr., recém promovidos ou recém contratados. O

objetivo deste nível é a complementação do ensino universitário, fornecimento de visão de

negócio, conhecimentos específicos e desenvolvimento de habilidades.

O Nível II envolve gerentes sr., gerentes corporativos, gerentes recém contratados e

diretores. Para este público, o programa funciona como um aperfeiçoamento e

especialização. O objetivo é fornecer uma visão integrada, que permita “enxergar” além

das fronteiras e horizontes de seu campo de atuação.

Já o nível III está disponível para os gerentes Sr., gerentes corporativos e diretores.

Para estes funcionários, o programa pode ser interpretado como uma atualização. Neste

nível será disponibilizada a participação em seminários internacionais, intercâmbios

internacionais e o patrocínio de MBAs.

Conjunto de decisões – Sistemas e procedimentos de garantia de qualidade

A empresa faz avaliações ao final de cada curso, mas é feita de maneira formal

apenas a avaliação de reação. Apesar disso, a empresa considera que é possível avaliar

qualitativamente os resultados das ações de desenvolvimento. Um possível indicador

seria o crescimento da base de clientes, seu objetivo estratégico de negócio, que

indicaria, segundo a empresa, que os investimentos de um modo geral foram corretos,

Page 72: Um Estudo de Casos Sobre o Modelo de Universidades ... · Modelo de Universidade Corporativa de Dealtry ... educação e treinamento ... A escolha do setor de telecomunicações foi

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pertinentes ao negócio. Outro possível indicador seria o recebimento de prêmios de

qualidade e de bom desempenho de entidades do setor de telecomunicações.

Para a área comercial é aplicada a técnica de mistery shoper (cliente oculto)

exclusivamente para verificar as questões de treinamento nos pontos de vendas dos

canais de consumer, lojas próprias e grandes redes. É verificado se todo o conteúdo do

treinamento estava sendo aplicado e serve de indicador da efetividade do treinamento.

A avaliação de aprendizado ainda não foi totalmente formalizada na área institucional

e gerencial. A empresa não faz uma correlação de seu resultado geral com os

investimentos em desenvolvimento do aprendizado realizados por uma determinada

diretoria ou operadora.

Conjunto de decisões – Proteção do Conhecimento

Além dos bloqueios normais de acesso a certos sistemas de informação, os

funcionários e os parceiros assinam um termo de confidencialidade ao serem contratados.

Não existe restrição contratual como quarentena ou exclusividade.

4.2. EMPRESA B

A empresa B foi a primeira operadora GSM do Brasil. É a única empresa de telefonia

móvel 100% brasileira e atua comercialmente em 16 estados - Rio de Janeiro, Minas

Gerais, Bahia, Sergipe, Pernambuco, Alagoas, Rio Grande do Norte, Paraíba, Ceará,

Pará, Espírito Santo, Maranhão, Piauí, Amazonas, Amapá e Roraima. Em 2001, após

cumprir todas as metas estabelecidas pela Agência Nacional de Telecomunicações

(Anatel), a empresa ganhou o direito de operar o serviço móvel pessoal.

Em outubro de 2004 atingiu a marca de seis milhões de clientes. O market-share da

empresa chegou a 9,4% no mercado nacional no primeiro semestre de 2004. A empresa

B é a 2ª operadora em 6 estados: Alagoas, Ceará, Minas Gerais, Paraíba, Rio Grande do

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Norte e Sergipe. Em termos de receita líquida e no. de clientes é a 4a operadora de

telefonia celular no Brasil.

Identificação de áreas de conhecimento

A empresa foi uma das primeiras entre as grandes empresas brasileiras a

implementar um projeto de Universidade Corporativa. Lançada em abril de 2000, sua

Universidade Corporativa trouxe novos valores para a cultura da empresa, como

Educação Continuada e Gestão do Conhecimento.

Do momento da implantação da operadora, em 2001, até 2003 o enfoque de

treinamento e desenvolvimento era concentrado nas áreas de engenharia de

telecomunicações, como desenvolvimento e monitoramento de redes, devido à ênfase da

estratégia de negócios ser a venda de produtos de telecomunicações.

O treinamento foi adaptado conforme as fases de implantação da operadora.

Durante os dois primeiros anos de operação ocorreu a 1a. fase de implantação, onde o

treinamento e o desenvolvimento eram focados em cima de ferramentas de gestão e de

desenvolvimento de processos. Os funcionários da média gerência foram priorizados

nesta fase, por serem responsáveis diretos pela implantação dos projetos.

O mercado corporativo passou a exigir a venda de soluções para todo o processo

de telecomunicações e com isso, em 2004, o enfoque do negócio passou a ser voltado

não mais para produto e sim de serviços de telecomunicações. Todas as áreas que tem

contato direto com os clientes passaram a ser foco estratégico.

Em 2003 começou a 2a. fase de implantação, com o treinamento focado para

trabalho em equipes multifuncionais, devido a dificuldade de integração entre as áreas de

negócio causada pela dispersão geográfica.

Outras informações

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62

De olho no futuro e atenta às constantes transformações do mercado, a empresa

acredita concentrar seus esforços nas pessoas que a farão alcançar suas metas e ser

cada vez mais competitiva no setor telecomunicações. É um trabalho que requer grandes

investimentos da área de Recursos Humanos para captar, formar, manter e reconhecer o

trabalho de sua equipe.

Segundo o Especialista de Treinamento e Desenvolvimento, o treinamento visa

conquistar um diferencial da empresa no que ela considera ser o único recurso capaz de

se diferenciar no mercado atual: as pessoas. Fazer dos pontos fortes barreiras para a

concorrência, e superar os pontos fracos pela capacidade e a vontade de vencer parecem

estar presentes no dia-a-dia da empresa, que consolida uma cultura de valores definidos,

apoiada no conhecimento compartilhado e na excelência de atendimento aos seus

clientes. Com o suporte de uma equipe bem ajustada aos valores da empresa e voltada

para o mercado, a empresa acredita que, através das pessoas, poderá superar a

concorrência construindo uma empresa vencedora.

Modelo de Universidade Corporativa

Elementos de Governança

Existem dois fóruns responsáveis pela área de Treinamento e Desenvolvimento na

empresa B. O primeiro é composto por um representante de cada unidade de negócio e

unidade regional. Este comitê tem a responsabilidade de informar as necessidades de

conhecimento das áreas de negócio e sugerir novos treinamentos. O segundo, chamado

internamente de comitê de Gente, tem participação de RH e de um executivo de cada

uma das áreas da empresa. Todas as estratégias, no que dizem respeito a pessoas,

saem deste comitê.

As intervenções externas nos comitês acontecem em projetos específicos, como

por exemplo, no Projeto da Academia de Lideranças, que conta com a participação da

Fundação Dom Cabral, que idealizou o projeto. Este parceiro colabora em algumas fases

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63

de implantação do projeto e também da decisão de quais estratégias de treinamento

devem ser seguidas.

Na estrutura do departamento de Recursos Humanos existe uma equipe de

especialistas, lotados na matriz, que condensa as demandas das várias áreas e

desenvolve novas soluções. Em cada unidade de negócio e em cada unidade regional

existe também uma pessoa responsável por T&D.

O processo de capacitação dos funcionários mudou em 2003, em função dessa

mudança na estratégia do negócio de foco no produto para foco no serviço. Continua

sendo feito um levantamento anual das necessidades de treinamento, porém passou a

ser utilizada uma ferramenta de avaliação de desempenho em cima de 10 competências.

O resultado deste processo é um levantamento de quais “gaps” cada colaborador tem que

focar. Com isso, a empresa acredita que os focos de treinamento e desenvolvimento

ficaram mais precisos.

Financiamento

Ao final de cada ano, todas as áreas da empresa apontam quais as necessidades

de treinamento do ano seguinte, baseadas na avaliação de desempenho. RH também

elabora uma série de premissas sobre treinamentos gerenciais e institucionais e a soma

destes valores determina o orçamento.

O orçamento é alocado em RH, que tem o controle de todo do processo. Os

consultores de RH alocados em cada uma das unidades de negócio e unidades regionais

também participam do processo de orçamento e da gestão destes recursos.

Alguns projetos têm medição financeira direta de resultados (relacionados ao

aumento de receita), através da comparação de indicadores comerciais após o término de

cada módulo de treinamento.

A empresa presta treinamento a fornecedores e agentes autorizados, mas não

cobra por este serviço. A empresa pretende aumentar a participação dos parceiros em

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64

seus treinamentos, para aproxima-los cada vez mais da sua forma de solucionar

problemas.

Direção Estratégica e Política

Todos os projetos de treinamento têm o aval do comitê de Gente da empresa e

qualquer mudança na estratégia de negócio se reflete nestes projetos. A Universidade

Corporativa reúne todas as iniciativas de gestão da qualidade, treinamento e

desenvolvimento profissional, possibilitando a construção de uma ponte indispensável

entre os objetivos de negócio e o desenvolvimento do pessoal da empresa.

O Especialista em Treinamento e Desenvolvimento acredita que os programas

implementados vêm contribuindo para o aprimoramento técnico, profissional e acadêmico

de grande parte do corpo funcional. Os frutos desse projeto seriam diretamente revertidos

para os clientes, através de uma melhora na qualidade do atendimento e dos serviços

prestados.

Infra-estrutura e Tecnologias de Aprendizado

A empresa tem um centro de treinamento da universidade em cada uma das

unidades regionais. O principal fica localizado no Rio de Janeiro, que é o centro de

excelência da Universidade Corporativa e conta com dois andares, auditório e biblioteca

física. Existem salas de treinamentos nas demais unidades, proporcionais ao volume de

funcionários por unidade.

A empresa utiliza um modelo que mescla treinamento à distância e o presencial,

com ótimos resultados. Nivela os participantes à distância e traz para a sala de aula a

discussão sobre o tema. O e-learning é bem aceito no grupo e a maioria dos programas

conta com 70% do conteúdo dado a distância e os 30% restantes ministrado em salas de

aula. Além da plataforma de e-learning, são usados outros recursos como vídeo, CD e

intranet.

Page 77: Um Estudo de Casos Sobre o Modelo de Universidades ... · Modelo de Universidade Corporativa de Dealtry ... educação e treinamento ... A escolha do setor de telecomunicações foi

65

Devido à dispersão geográfica, a empresa tem dificuldade em locomover as

pessoas para os treinamentos. O grande ganho da tecnologia, segundo o entrevistado, é

conseguir levar o treinamento a todos os lugares, mesmo os mais remotos, sem precisar

deslocar os funcionários.

O investimento em tecnologia não é a maior preocupação, pois todo o

investimento necessário já foi efetuado. O foco atual é criar sistemáticas e práticas com a

tecnologia para maximizar a sua utilização.

Parcerias Intelectuais

A empresa tem convênios de parceria com diversas universidades, incubadoras de

empresas, centros de pesquisa e com empresas que são responsáveis pelo conteúdo de

treinamento (captam o conteúdo pulverizado pela empresa e formatam para que seja de

fácil manuseio e acesso).

As parcerias externas são utilizadas para conteúdo e conceitos. Para aplicação

dos conceitos, são utilizados multiplicadores internos. A tendência na empresa é mesclar

cada vez mais o uso de parceiros e funcionários. Hoje já existem treinamentos para

consultores externos junto com multiplicadores internos.

Os parceiros são selecionados através de concorrência. A área de Suprimentos

conduz este processo, abrindo a demanda para o mercado, para que as empresas

interessadas apresentam suas propostas. RH participa da avaliação técnica, que ocorre

em paralelo com a avaliação de Suprimentos.

Conjunto de decisões – Funções de Marketing

A empresa usa uma marca para a Universidade Corporativa, que tem um site

próprio na intranet e tem visão e missão comunicadas aos funcionários. Praticamente

todos os pacotes de treinamento conduzidos nestes centros são considerados programas

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da Universidade Corporativa, que virou um grande guarda-chuva, englobando tudo o que

diz respeito a treinamento e desenvolvimento.

A divulgação dos treinamentos é feita em parceria com a área de comunicação

interna. São utilizadas várias ferramentas de divulgação, como três veículos impressos e

quatro canais eletrônicos, que atinge também os terceiros. Cada veículo tem um enfoque

e matérias diferentes. No momento, a principal preocupação em termos de comunicação

da Universidade Corporativa é deixar de ser tão virtual e intangível para os usuários.

A grande evolução é a utilização de divulgação específica dos treinamentos nas

comunidades de conhecimento. Ë possível focar em cada grupo os temas relacionados a

cada comunidade. Esta divulgação tem tido mais resultado do que comunicação genérica,

por falar diretamente com um funcionário de um assunto que é pertinente à sua realidade

de trabalho.

Conjunto de decisões – Gerência e Administração

Como dito anteriormente, além da estrutura de desenvolvimento organizacional da

matriz, que gerencia todas as ações de T&D, existe um funcionário de RH alocado em

cada unidade regional (16 funcionários) e em cada unidade de negócio (10 funcionários).

A iniciativa da participação nos treinamentos pode ser do supervisor, do próprio

funcionário ou de uma área específica. O funcionário não é obrigado a participar dos

programas de desenvolvimento, mas seu crescimento dentro da empresa fica limitado.

A participação dos funcionários nas comunidades de conhecimento também é

voluntária. Existe um gestor do tema específico de cada comunidade de conhecimento,

que envia inputs para RH, numa administração compartilhada.

Conjunto de decisões – Gerenciamento da Inteligência

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67

Em 2003, a Universidade Corporativa acrescentou novos cursos, grupos de

estudos, programas integrados, biblioteca, programas de desenvolvimento pessoal e de

equipe a essa iniciativa. A empresa possui biblioteca física e assina bases de dados. Os

acessos são medidos quinzenalmente. Os empréstimos são feitos eletronicamente e

recebidos por malote e e-mail. Além de sua biblioteca própria, a empresa tem convênio

com outras três bibliotecas internacionais na área técnica de telecomunicações.

Para que o funcionário possa procurar e acessar com facilidade o conteúdo

disponível, a empresa está implementando uma potente ferramenta de busca. Serão

formados index e criado um site interno de busca e armazenagem de todos os materiais

de comunicação, qualidade, gestão e treinamento e desenvolvimento num único local. As

comunidades são outra forma de gerenciar a inteligência, pois tem como objetivo

aumentar o fluxo e a disseminação do conhecimento pela empresa.

Conjunto de decisões – Infra-estrutura de motivação ao desenvolvimento

Existe uma expectativa de participação anual em treinamentos para cada cargo,

que é medido pelo processo de avaliação de desempenho. Este processo cruza meta

quantitativa, avaliação qualitativa (360o) e mapa de desenvolvimento. Os resultados são

discutidos em reuniões de feedback e alimentam os planos de sucessão e análise de

potencial. Se um funcionário tem intenção de evolução de carreira na organização, tem

que apresentar evolução no processo de desempenho.

Está em fase de implantação, em parceria com a fundação Dom Cabral, um

projeto de mentores, visando o aconselhamento para desenvolvimento de carreira. Os

mentores funcionarão como uma consultoria interna, disponível para esclarecer dúvidas e

prestar orientação nos assuntos relacionados ao desenvolvimento do funcionário. Hoje já

existem mentores nas comunidades de conhecimento para serem pontos focais dentro de

temas específicos. Estes mentores passam por treinamento antes de assumir a função.

Em muitos projetos de desenvolvimento são utilizados multiplicadores. Para

participar como multiplicador, o funcionário precisa se candidatar e participar do programa

Page 80: Um Estudo de Casos Sobre o Modelo de Universidades ... · Modelo de Universidade Corporativa de Dealtry ... educação e treinamento ... A escolha do setor de telecomunicações foi

68

de formação de multiplicadores internos, para que seu desempenho seja avaliado. O

funcionário também passa por testes e precisa ser aprovado para participar.

Conjunto de decisões – Padrões regulatórios

A empresa participa de associações de educação corporativa, que englobam

empresas do setor de telecomunicações e de outros setores do mercado. Tem por

objetivo acompanhar o que o mercado está desenvolvendo em termos de educação

corporativa.

Conjunto de decisões – Programas de Desenvolvimento Gerencial

A operadora financia dois diferentes formatos de programas de desenvolvimento

gerencial. A empresa compra cotas em dentro de programas fechados de MBAs, junto

com outras empresas ou subsidia 50% do curso para funcionários aptos, segundo a

política interna.

Conjunto de decisões – Sistemas e procedimentos de garantia de qualidade

Todos os cursos, sem exceção, têm avaliação após o treinamento. Em alguns

cursos é feito um processo de “assesment“ antes do início do programa. Alguns

treinamentos passam somente por avaliações qualitativas e outros são avaliados

quantitativamente também. A empresa considera que as avaliações qualitativas dão

indicadores sobre o treinamento já as quantitativas dão indicadores sobre o participante.

As avaliações estão ligadas as metas de desenvolvimento da empresa.

Conjunto de decisões – Proteção do Conhecimento

Existem níveis de acesso diferenciados nas comunidades de conhecimento. Os

sistemas de informática filtram e garantem que o funcionário só tenha acesso ao

conhecimento pertinente ao cargo ocupado.

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A empresa usa termo de compromisso para restituição dos valores financiados em

cursos de longa duração, sem valor legal, apenas moral. Todos os funcionários, ao

entrarem na empresa, participam de um seminário sobre código de ética, que aborda

também a segurança da informação. Quanto aos parceiros, a segurança da informação é

garantida pelos contratos. Adotam “quarentena” para parceiros em alguns treinamentos.

4.3. EMPRESA C

A Empresa C, é a maior operadora de telefonia celular do Hemisfério Sul, e décima

maior no ranking mundial, com cerca de 25 milhões de clientes em todo o Brasil. A

empresa é líder no mercado individual e também no segmento corporativo.

Utiliza a tecnologia CDMA e está presente em 19 estados brasileiros, além do Distrito

Federal. Com uma área de cobertura de sete milhões de quilômetros quadrados, a

empresa alcança 86% do território nacional. Nos estados não atendidos pela empresa

(Minas Gerais, Alagoas, Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte, Ceará e Piauí) e em

outros países, os clientes podem se comunicar através do roaming automático. Em

outubro de 2004, atingiu a marca de 24.6 milhões de clientes. O market-share da empresa

chegou a 43.5% no mercado nacional no primeiro semestre de 2004.

Identificação de áreas de conhecimento

A empresa acredita que o ritmo de mudanças é muito rápido, razão essencial a

posição de líder de mercado. O desenvolvimento de cada colaborador é a sua crença,

acredita que a soma de forças e competências diversificadas agregam valor e garantem o

sucesso sustentável da empresa.

A empresa C inicialmente focava seus treinamentos na área comercial. Segundo o

Coordenador de Treinamento e Desenvolvimento, desde 2003 o foco do treinamento foi

redirecionado para a área gerencial e institucional, devido ao aumento da concorrência

no mercado de telefonia celular.

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Outras Informações

A empresa cultivaria a ambição crescente, como base à sustentabilidade da

liderança. Transparência, tecnologia e inovação seriam palavras de ordem empregadas

no dia-a-dia da operadora para atender com a máxima qualidade todas as pessoas que

fazem parte da “comunidade”.

A empresa considera um trunfo essencial no desenvolvimento de suas atividades -

balizador dos lançamentos e das ações comerciais e de marketing - é o conhecimento do

cliente. Programas como o CRM têm ajudado nessa tarefa, contribuindo para identificar

os vários perfis de clientes e promover a segmentação, com o desenvolvimento de ofertas

sob medida para cada um deles. Ações como o cartão de fidelidade e a criação da

Ouvidoria reforçam os vínculos e agregam pontos na satisfação dos clientes.

Modelo de Universidade Corporativa

Elementos de Governança

O Departamento de RH submete os planos de desenvolvimento corporativos ou

treinamentos de valores mais altos a aprovação do comitê formado pelos diretores de

todas as áreas da empresa. Durante as reuniões deste comitê são informadas as

necessidades de conhecimento das áreas de negócio e sugeridos novos treinamentos.

Não admitem membros externos neste comitê.

A empresa utiliza o conceito de gestão de competência nas avaliações anuais de

desempenho. Os “gaps” identificados nesta avaliação geram o plano de desenvolvimento

para o ano subseqüente. Os planos de desenvolvimento individual são aprovados pelo

gestor, dentro do limite de orçamento.

Financiamento

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71

O principal driver para calcular o orçamento de treinamento e desenvolvimento da

empresa é a necessidade de treinamento constatada na avaliação de desempenho. As

verbas de treinamento gerencial e insitucional, com cunho de desenvolvimento, ficam

alocados em RH. As verbas de treinamento comercial (ligado ao produto) são alocadas

nas unidades de negócio.

Direção Estratégica e Política

Como dito anteriormente, a empresa utiliza o conceito de gestão de competências

para estabelecer sua grade de treinamentos, procurando garantir o alinhamento das

ações de T&D com a estratégia de negócios da empresa. As unidades de negócio têm

interação com as ações de T&D através do comitê diretivo.

Infra-estrutura e Tecnologias de Aprendizado

A empresa não possui centro de treinamento, utiliza apenas salas de reunião para

treinamentos de curta duração. A maioria dos treinamentos é feita em salas em hotéis. A

empresa se preocupa em preservar o treinamento presencial, por achar importante a

interação entre os participantes durante o treinamento. A maioria dos treinamentos é

totalmente presencial, mas também utiliza o conceito blended, com parte do treinamento

sendo executado remotamente.

Está em processo de implantação de uma plataforma de e-learning, em parceria com

a ESPM, a ser implementado em 2005. No momento utilizam tecnologias complementares

variadas, como CD-ROM e vídeos.

Parcerias Intelectuais

A empresa tem convênios com consultorias e universidades para a área de

treinamento e desenvolvimento. O processo de seleção de parceiros é coordenado pelo

setor de Suprimentos mas paralelamente os especialistas de T&D avaliam os critérios

qualitativos.

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Conjunto de decisões – Funções de Marketing

A empresa não utiliza o termo universidade corporativa interna nem externamente.

Não tem uma marca ou logo para designar as atividades de treinamento e

desenvolvimento. As ações de treinamento e desenvolvimento são divulgados por meio

de canais eletrônicos e escritos. É utilizada internet, intranet, quadro de avisos e jornais

internos para a divulgação.

Conjunto de decisões – Gerência e Administração

A empresa C mantém uma equipe destinada integralmente à concepção e

execução de ações táticas e operacionais ligadas às atividades de desenvolvimento dos

funcionários, mas não possui apoio remoto de funcionários das áreas de negócio.

As inscrições nos treinamentos são aprovadas pelo supervisor imediato do

funcionário, que garante o comprometimento de ambos na participação dos programas.

Conjunto de decisões – Gerenciamento da Inteligência

A empresa não possui uma biblioteca, não tem convênio com bibliotecas nem assina

base de dados. Também não possui comunidades de conhecimento para disseminar o

conhecimento pela empresa.

Conjunto de decisões – Infra-estrutura de motivação ao desenvolvimento

São feitas avaliações anuais de desempenho e as necessidades de treinamento e

desenvolvimento são apontadas e reavaliadas todos os anos. Este processo motiva os

funcionários a buscarem seu próprio desenvolvimento e permite que os supervisores

dêem feedback e assistência customizada aos seus subordinados.

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A empresa implementou em 2004 o programa de mentores para os trainees e

pretende estender este programa a todos os funcionários nos próximos anos, para que

todos possam ter orientação individual nos assuntos relacionados ao desenvolvimento de

suas carreiras.

Conjunto de decisões – Padrões regulatórios

A empresa considera que faz um acompanhamento do que o mercado está

desenvolvendo, pois participa de associações de educação corporativa, que englobam

empresas do setor de telecomunicações e de outros setores do mercado.

Conjunto de decisões – Programas de Desenvolvimento Gerencial

Em relação ao desenvolvimento de gerentes, a empresa julga que a principal ação

de desenvolvimento é o patrocínio de cursos de pós-graduação em Administração,

objetivando desenvolver o funcionário de nível superior em competências específicas para

o aprofundamento do conhecimento de sua área de atuação ou em gerenciamento e

negócios, de modo a permitir um melhor desempenho e aumentar suas perspectivas de

acesso na carreira profissional. Nestes treinamentos, a empresa participa com 60%

(sessenta por cento) a 70% (setenta por cento) do valor do curso

Conjunto de decisões – Sistemas e procedimentos de garantia de qualidade

A empresa faz o acompanhamento da qualidade de seus programas de treinamento

através da aplicação de questionários após o término dos cursos. Avaliam de forma

qualitativa o grau de interesse pelo curso e sua impressão sobre a aplicabilidade do

conteúdo em sua rotina diária (avaliação de reação). Além desta avaliação qualitativa, a

empresa também aplica avaliação de eficácia em todos os cursos.

A empresa acredita que os diversos prêmios que conquistou são um reconhecimento

a esse trabalho. A empresa conquistou cerca de meia centena de prêmios em 2003, entre

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eles o Prêmio Marketing Best, o prêmio Top de RH da Associação dos Dirigentes de

Vendas e Marketing do Brasil, Marketing Best e Melhores & Maiores da revista Exame.

Conjunto de decisões – Proteção do Conhecimento

A empresa restringe os acesso às informações de acordo com os cargos

ocupados. Funcionários e parceiros assinam termo de confidencialidade no momento da

assinatura dos contratos. Os funcionários que tem MBA patrocinados pela empresa

assinam um termo de compromisso, concordando com a cláusula de permanência na

Empresa após dois anos de término do curso, bem como, com a cláusula de devolução

do investimento realizado pela empresa, nos casos de pedido de demissão, reprovação

ou trancamento do curso.

4.4. EMPRESA D

A empresa D é a maior fornecedora de sistemas móveis no mundo. As dez

maiores operadoras móveis do mundo são clientes da empresa D e mais de 40% de

todas as chamadas móveis são feitas através de seus sistemas. Fornece soluções

completas, desde sistemas e aplicações até serviços e tecnologias-chave para terminais

móveis. Com a parceria com uma fabricante de celulares, passou a oferecer produtos

móveis multimídia completos.

A Empresa D está em atividade no mundo desde 1876 e tem hoje cerca de 61.000

empregados em mais de 140 países. A matriz está situada na Europa e está presente no

Brasil desde 1924. A empresa possui uma participação de mercado global de 40% em

telefonia móvel e 35% em telefonia fixa. Além disso, o Brasil está entre os 10 maiores

mercados da Empresa D em todo o mundo.

A Empresa D possui o maior Centro de Pesquisas e Desenvolvimento da América

Latina e um dos maiores centros de treinamento da América Latina, o Centro de

Desenvolvimento de Competências, ambos no estado de São Paulo.

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Identificação de áreas de conhecimento

Existem duas grandes divisões de treinamento na empresa: o treinamento

comercial e o treinamento institucional e gerencial. Ambas seguem o modelo global,

adaptado para o mercado brasileiro.

Gerentes de Produtos, Gerentes de Projetos, Desenvolvedores e Instrutores são

certificados em um programa reconhecido mundialmente e atuam efetivamente em uma

organização global denominada Education, proporcionando assim, qualidade e

uniformização dos produtos oferecidos em seu portfólio.

Desde a reestruturação que a empresa passou de 2001 a 2003, com redução de

cerca de 50% de seu quadro de funcionários, o investimento em treinamento foi muito

reduzido, sendo retomado no Brasil em maio de 2004. A ênfase dada neste re-início foi à

capacitação de pessoal, focado no corpo gerencial, com treinamentos específicos.

Paralelamente está sendo reaberto o treinamento técnico, humano e de negócios. A

retomada tem sido feita de maneira organizada e gradual.

Outras informações

A empresa se reestruturou visando à recuperação de sua saúde financeira e voltou a

ocupar a liderança em tecnologias de telecomunicações no mundo todo. Está passando

por um processo de retomada do crescimento e para ser bem sucedida na sua estratégia

de negócio precisou voltar a investir no desenvolvimento de sua equipe. A perspectiva da

empresa, principalmente no Brasil, é de um crescimento acima da média do mercado.

A empresa possui um setor de business inteligence, que vai ao mercado e compara e

estuda os concorrentes e clientes. São estas informações que servem de base para o

modelo estratégico de negócio.

Das três divisões da empresa - desenvolvimento de software, desenvolvimento de

tecnologia / hardware e serviços – a área que tem maior perspectiva de crescimento é a

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de serviços, que hoje já responde por cera de 30% do negócio da empresa. Por isso a

necessidade de desenvolvimento das pessoas. A área de serviço tem, inclusive,

perspectiva de crescimento fora do mercado de telecomunicações.

Posicionamento: fornecedores únicos de soluções de ponta a ponta para Internet

Móvel.

Modelo de Universidade Corporativa

Elementos de Governança

Por ser uma empresa multinacional, a empresa tem a missão da área de

desenvolvimento alinhada pela da matriz na Europa. As competências necessárias são

também definidas globalmente.

O desenvolvimento das competências, principalmente as técnicas, é originado a partir

da introdução de novos produtos. O planejamento estratégico do ponto de vista das

competências acontece antes da chegada do produto ao mercado.

Existe um comitê no Brasil e na matriz Mundial que diz respeito à introdução de

novos produtos. Fazem parte deste comitê:

- todos os vice-presidentes - são responsáveis por dar a direção: quais os principais

produtos a serem desenvolvidos no mercado e quais as competências necessárias

para introduzi-los.

- diretores - são responsáveis por disseminar a informação e repassar o grau de

importância e a visão estratégica.

- gerentes de linha - são responsáveis por “fazer acontecer” e preparar a chegada

do produto.

As informações de mercado que são utilizadas neste comitê são obtidas pelo setor de

business inteligence, que vai ao mercado e compara e estuda os concorrentes e clientes.

São estas informações que servem de base para o modelo estratégico de negócio. Tanto

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o comitê quanto o setor de business inteligence não admitem membros externos a

empresa.

Financiamento

Os recursos destinados a desenvolvimento de competências são provisionados

anualmente a alocados às linhas de negócio. O principal driver para calcular o orçamento

de todas as empresas estudadas é a necessidade de treinamento constatada na

avaliação de desempenho do ano anterior.

O desenvolvimento de competências também é um negócio para a empresa. São

licenciados programas de treinamento e são vendidos cursos a outras organizações. Fica

localizado no Brasil um “Global Competence Center”, que atende a todos os clientes da

empresa, inclusive os que não são do setor de telecomunicações como Petrobrás, Banco

Itaú, Bradesco, etc. Esta área possui objetivos anuais de receita como: volume de

faturamento, margem sobre faturamento, controle de custos da área.

Direção Estratégica e Política

Segundo o Gerente do Centro de Desenvolvimento de Competência, são feitas

entrevistas semestrais individuais para apresentar aos funcionários as mudanças na

estratégia de negócio da empresa como um todo e, mais especificamente, da área em

que o mesmo atua. São também apresentadas as novas competências necessárias para

a estratégia de negócio da área e o funcionário determina junto com o supervisor quais as

competências que precisa desenvolver. Todos os funcionários têm objetivos individuais de

desenvolvimento de competências dentro de suas carreiras.

Infra-estrutura e Tecnologias de Aprendizado

A empresa conta com um centro de treinamento formal em processo de expansão

devido à implantação no Brasil de um Global Competence Center, responsável por todo o

treinamento das Américas. Conta com 52 salas de aula, das quais 26 são laboratórios,

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totalizando uma área construída de 4.500 m2, capaz de atender cerca de 400 alunos por

dia, entre eles funcionários, fornecedores e clientes.

Em termos de mídia, a empresa usa o conceito de blended training. Dependendo da

escolha do cliente, interno ou externo, o curso pode ser presencial e/ou remoto, via

internet, CD-ROM ou conferência, com alunos e instrutores e equipamentos dispersos

geograficamente.

A empresa pode oferecer treinamento a qualquer hora, em qualquer lugar - nos

Centros de Treinamento, nos sites dos clientes, online com salas de aula virtuais e até

mesmo por portais na Internet. Treinamentos práticos podem ser entregues remotamente

pelo Laboratório Remoto.

Os cursos de e-learning e CD-ROM são desenvolvidos globalmente na Irlanda, com o

conteúdo desenvolvido em cada país. A tecnologia desenvolvida internamente também é

vendida como, por exemplo, portais de gerenciamento de competência.

Parcerias Intelectuais

O conteúdo técnico é integralmente desenvolvido internamente. Os treinamentos

comportamentais e de desenvolvimento gerencial são desenvolvidos com parcerias

externas. São desenvolvidas parcerias com universidades brasileiras, em especial as

localizadas em São Paulo, Campinas, Rio de Janeiro, Recife e Fortaleza. A empresa

mantém parcerias para desenvolvimento de tecnologia e conteúdo com universidades

como ITA, USP, UNICAMP, UNIVAP, UNITAL, PUC-RJ, UFSC, UFRS, UFCE, UFPE,

UFAL, CPqD e Inatel, patrocinando cursos de graduação e mestrado e trocando

conhecimento. Usa a lei de informática para fomentar cursos em instituições de ensino,

voltados para suas necessidades.

A seleção de parcerias é feita através de critérios qualitativos. Um dos critérios é a

qualidade dos alunos formados pela instituição, avaliada através dos profissionais

recrutados destas instituições que já trabalham ou estagiam na empresa. São feitas

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visitas e estudos prévios para o fechamento de acordos de cooperação entre as

universidades e a empresa. Também são feitas doações de equipamentos e

investimentos nas instituições selecionadas visando o retorno para a empresa e para a

comunidade.

Para os treinamentos institucionais e gerenciais são contratadas empresas de

consultoria especializadas.

Conjunto de decisões – Funções de Marketing

Depois da crise de 2001, a marca universidade corporativa deixou de ser utilizada.

Tanto para o cliente interno quanto para o externo é utilizada a marca Education para

programas de desenvolvimento de competências. Os canais para divulgação interna são:

Intranet, um jornal diário com propaganda das principais novidades em treinamento,

jornais internos globais mensais. É utilizada divulgação específica para cada comunidade

de conhecimento. Para os clientes externos são utilizados extranet, jornais e e-mail.

A empresa está transformando uma gama de produtos voltados a desenvolvimento

em produtos específicos. Está sendo feito um trabalho com os cientes externos para

explicar que a empresa não vende só o desenvolvimento de competências e sim uma

solução. Existe um trabalho de marketing global para divulgar estes diferentes segmentos

de produtos:

- Learning Solutions - desenvolvida através da analise da necessidade de cada cliente

- alinha o investimento em competência com as estratégias e metas de negócios das

operadoras, com o intuito de aumentar o retorno de seus investimentos.

- Training Programs - consiste em uma bateria de serviços de treinamento pré-

definidos. Os Training Programs abrangem desde operação e manutenção de rede

até o contato com o cliente do ponto de vista de gerenciamento de negócios.

Conjunto de decisões – Gerência e Administração

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A marca Education, que conta com cerca de 800 funcionários no mundo. A

administração do desenvolvimento dos funcionários é centralizada na área de Recursos

Humanos, que trabalha muito próxima aos gestores das áreas de negócio, validando a

grade de cursos com as necessidades específicas de cada uma delas.

Há alguns anos a inscrição nos cursos era feita por ordem cronológica, o que gerava

alguns problemas, pois muitas turmas eram preenchidas rapidamente sem um critério de

prioridade. Agora existem consultores que conversam com os gerentes das áreas de

negócio, para levantar as necessidades de treinamento de cada área. RH é informado das

necessidades, consolida as informações, verifica a disponibilidade e planeja a

estruturação dos cursos, juntamente com o centro de desenvolvimento de competência.

Os funcionários são comunicados de quais cursos devem participar, alinhados com a

avaliação semestral feita com o supervisor.

Conjunto de decisões – Gerenciamento da Inteligência

A empresa conta com múltiplos canais de troca de conhecimento. Está sendo

fomentada a formação de comunidades globais por segmento de negócio, que é

coordenada para a troca de conhecimentos específicos com o objetivo de aumentar o

fluxo e a disseminação do conhecimento pela empresa. Podem ser agendados, por

exemplo, palestras globais on line, via internet. Estas comunidades têm como objetivo

criar integração entre os pares, disseminar o conhecimento e ter as melhores práticas.

Esta troca de conhecimento gera bases de dados, específicas para cada tema. São

monitorados semanalmente os acessos, numero de participantes das comunidades e

novos membros.

A empresa possui uma biblioteca física centralizada no centro de desenvolvimento

de competências, mas não tem havido muito investimento na mesma. O investimento tem

sido mais em mídia. Segundo o entrevistado, cada área acaba investindo em compra de

seu próprio material, conforme sua necessidade.

Infra-estrutura de motivação ao desenvolvimento

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81

Existem mentores na empresa, que são funcionários mais experientes, alocados

em todas as áreas de negócio. Eles são responsáveis pelo acompanhamento do

desenvolvimento das competências que podem ser desenvolvidas através de cursos,

treinamentos on the job ou job rotation.

Existe um programa específico para desenvolver gerentes, diretores e vice-

presidentes que inclui mentorização tanto interna quanto com consultorias externas e

engloba o aconselhamento para a carreira.

Conjunto de decisões – Padrões Regulatórios

A empresa tem um setor de business inteligence, que se divide em segmentos,

que monitoram o mercado, a concorrência, a regulamentação (como por exemplo, a

ANATEL), o meio-ambiente e o desenvolvimento de competências, formando os padrões

internos do que deve ser feito. As informações captadas por este grupo influenciam as

decisões estratégicas de negócio e de T&D da empresa.

Conjunto de decisões – Programas de Desenvolvimento Gerencial

A empresa incentiva e patrocina cursos de pós-graduação na área de gestão para os

funcionários elegíveis. Existe um programa específico para desenvolver gerentes,

diretores e vice-presidentes. Os gerentes e executivos da empresa têm acesso a três

linhas de treinamento institucional e gerencial: humana, técnica e “business”..

Conjunto de decisões – Sistemas e procedimentos de garantia de qualidade

Todos os treinamentos são avaliados e têm metas qualitativas e quantitativas a

serem cumpridas. Existe um processo formal de validação dos padrões a serem atingidos

em cada programa.

Conjunto de decisões – Proteção do Conhecimento

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82

Além dos bloqueios normais de acesso a certos sistemas de informação, senhas

em produtos e copyright em apostilas, os funcionários assinam um termo de

confidencialidade quando são admitidos. Existe um controle de back up, inclusive de

pessoas. Todo o planejamento é feito para evitar que o conhecimento seja exclusivo de

uma pessoa (“quem tem um não tem nenhum, quem tem dois tem um”). São identificadas

pessoas chave, de alto potencial, que a empresa evita perder oferecendo além de uma

carreira mais ágil, benefícios especiais, como por exemplo, opções de ações (stock

options).

Quantos a proteção do conhecimento junto aos parceiros, a empresa sempre busca

parcerias de longo prazo. Caso a parceria seja desrespeitada e o conteúdo repassado

aos concorrentes, a relação é imediatamente rompida. A empresa se preocupa com a

fidelização dos parceiros para evitar o vazamento de informações. Os parceiros sabem

que o vazamento causaria o fim da parceria e que a informação vazada tem pouco tempo

de utilidade, pois fica rapidamente obsoleta.

4.5. EMPRESA E

A Empresa E é líder mundial em comunicação móvel. A partir de sua experiência,

inovação, soluções seguras e amigáveis, a empresa tornou-se líder na produção de

telefones celulares e uma das principais fornecedoras de infra-estrutura de redes fixas,

celulares, banda larga e de protocolos de Internet em todo o mundo. Tem uma parcela de

mercado mundial na telefonia móvel de aproximadamente 40% e tem cerca de 1/3 dos

telefones utilizados.

A subsidiária brasileira da Empresa E registrou US$ 1,3 bilhão de receita em 2002,

mantendo em US$ 800 milhões as vendas domésticas. Teve faturamento 37,5% maior em

2002, principalmente pelo maior impulso nas exportações de celulares para o mercado

norte-americano. As exportações de celulares quase triplicaram em relação a 2001,

chegando a US$ 525 milhões. A meta da empresa é manter a participação superior a 40

por cento no mercado local de aparelhos.

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Identificação de áreas de conhecimento

A empresa possui dois centros de treinamento. O primeiro, chamado internamente

de Learning Center (LC), é voltado para funcionários e atua nas áreas técnica e

institucionais e gerenciais. O Learning Center do Brasil dá suporte a toda América Latina

e se reporta ao Learning Center Global, na Europa. O segundo centro de treinamento,

chamado de Training Center, é voltado para o treinamento de clientes e terceiros,

especializado em treinamentos técnicos da área de telecomunicações. Os dois centros de

treinamento dão ênfase aos treinamentos técnicos e em novas tecnologias.

Outras informações

A estratégia mundial da Empresa E está focada em 3 atividades para expandir

comunicações móveis em termos de valor e volume:

- expandir mercado de transmissão de voz

- liderar o mercado de consumo de multimídia (imagem, música, jogos..); e

- trazer maior mobilidade às empresas.

A empresa parece combinar e equilibrar uma precisa visão de futuro com

excelência na execução das estratégias globais. É franca ao lidar com clientes e

fornecedores, procurando sempre por formas inovadoras de criar e lançar produtos e

soluções no mercado.

Os valores da empresa são:

Satisfação do Cliente: Gerar a satisfação do cliente é a base de sua estratégia e

suas ações. A satisfação do cliente envolve atender as necessidades existentes de seus

clientes, mas ainda mais importante é a capacidade de antecipar suas necessidades

futuras e criar soluções para atendê-las. A empresa deve se empenhar para produzir

soluções, produtos e serviços de alta qualidade.

Page 96: Um Estudo de Casos Sobre o Modelo de Universidades ... · Modelo de Universidade Corporativa de Dealtry ... educação e treinamento ... A escolha do setor de telecomunicações foi

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Respeito: Tratar-se com confiança e respeito é um princípio básico dos valores da

empresa, essencial para se desenvolver um espírito aberto e honesto no local de

trabalho.

Realização: Seus objetivos e estratégias devem ser inspiradores e facilmente

compreensíveis, mas o impulso para a realização só pode vir de cada um.

Renovação: A empresa tem a disposição de mudar e desenvolver. O ambiente em

que realiza seus negócios está em contínua evolução. Para serem bem-sucedidos, tem

que demonstrar paixão e coragem para procurar novas idéias, além dos produtos,

serviços e modos de trabalhar já existentes. Apenas com idéias realmente inovadoras

serão capazes de definir o desenvolvimento futuro da sua indústria e moldar

profundamente o modo como as pessoas entendem e utilizam a mobilidade em suas

vidas cotidianas.

Modelo de Universidade Corporativa

Elementos de Governança

Por ser uma empresa multinacional, tanto a missão da área de desenvolvimento,

quanto as competências são definidas globalmente. A empresa criou um sistema de

gestão do desempenho, adotado em toda a empresa e denominado "Investing In People"

(IIP). Esse sistema está plenamente alinhado aos processos estratégicos de negócio e de

planejamento da empresa, envolvendo discussões semestrais formalizadas entre os

funcionários e seus gerentes.

Recentemente, em 2003, foi implementado um programa de levantamento de

necessidades de treinamento, chamado internamente de Learning Solution Need Analisis.

Duas vezes por ano são feitos levantamentos de necessidades pela equipe de RH junto

as gerentes das áreas de negócio. Os resultados são consolidados no LC da América

Latina e posteriormente no LC Global.

Page 97: Um Estudo de Casos Sobre o Modelo de Universidades ... · Modelo de Universidade Corporativa de Dealtry ... educação e treinamento ... A escolha do setor de telecomunicações foi

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No primeiro ano do programa foram feitas entrevistas com os gerentes de cada

área. O objetivo da entrevista era destacar as necessidades e as competências que

precisam ser desenvolvidas, tanto da parte técnica quanto da institucional. Em 2004 foi

implementada uma planilha mundial contendo todas as informações necessárias como o

portfólio completo dos cursos do Learning Center, grupo alvo, ementa dos cursos e

custos. Cabia ao gerente responder algumas perguntas como cursos que tem interesse e

número de participantes, para que a necessidade de treinamento da empresa do 1o

semestre do ano seguinte fosse completada.

Segundo a Coordenadora de RH, os gerentes das linhas de negócio também

participam através da solicitação direta de novos cursos devido a mudanças estratégicas

ou implementação de novas tecnologias.

Financiamento

O principal driver para calcular o orçamento de T&D da empresa é a necessidade

de treinamento constatada no Learning Solution Need Analisis. Todos os custos de

treinamento são alocados nas áreas de negócios. Os gerentes de cada área decidem os

treinamentos que sua equipe necessita fazer. Os membros da cadeia de valor são

treinados através da área de Serviços, que vende treinamento a clientes e terceiros

através Training Center.

Direção Estratégica e Política

Com o auxílio do processo "Investing In People" (IIP), os funcionários podem ter

acesso a:

- objetivos pessoais em nível individual,

- a avaliações de desempenho e competência, e

- ao seu plano de desenvolvimento pessoal.

Os funcionários são estimulados também a ter iniciativa e ser “dono” de seu IIP.

Dessa forma, os funcionários sempre sabem o que esperam deles, como sua realização

Page 98: Um Estudo de Casos Sobre o Modelo de Universidades ... · Modelo de Universidade Corporativa de Dealtry ... educação e treinamento ... A escolha do setor de telecomunicações foi

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pessoal está apoiando a estratégia global da empresa e como será compensado por isso.

Sempre que for oferecido um plano de incentivos, o desempenho individual poderá ser

considerado como um dado adicional para seu aumento anual de salário.

Infra-estrutura e Tecnologias de Aprendizado

A empresa tem um centro de treinamento, com salas de treinamento do Training

Center, que é compartilhado pelo Learning Center. Existem salas voltadas para o

treinamento técnico (com toda a infra-estrutura de computadores) e três salas voltadas

para treinamento institucionais e gerenciais. Estas salas são utilizadas para treinamentos

simples e de curta duração, mas a grande maioria dos cursos é feita em hotéis.

Os funcionários têm acesso a uma ampla variedade de atividades de treinamento,

incluindo programas, cursos e seminários internos, além de soluções oferecidas por

parceiros externos. Por meio da rede de Learning Centers, procura oferecer um padrão

consistente de treinamento e desenvolvimento para todo o pessoal.

Grande parte dos cursos é presencial, mas existem cursos à distância e blended.

O site “Learning Market Place’ na intranet contém informações sobre todas as soluções

de aprendizado da empresa, incluindo e-learning e treinamento presencial, cobrindo tanto

as áreas técnicas como as institucionais. O aprendizado durante o trabalho (on-the-job) e

o aprendizado em ação são também bastante estimulados.

Parcerias Intelectuais

A empresa trabalha ativamente em cooperação com universidades e instituições

educacionais. A empresa acredita que o conhecimento pode ser compartilhado e é

possível trabalhar em projetos concretos nos mais diversos níveis, no âmbito de

recrutamento, ensino e educação, assim como em pesquisa e desenvolvimento.

São usadas referências da própria empresa para o estabelecimento de parcerias.

Os funcionários do Learning Center utilizam consultorias que já trabalham com a empresa

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em outros países, principalmente dos EUA e também boas referências que já foram

utilizadas em seus antigos empregos. A seleção é qualitativa, mas os custos também

influenciam. Entre empresas pré-selecionadas qualitativamente, a de menos custo é

preferida.

Conjunto de decisões – Funções de Marketing

A divulgação dos treinamentos é feita via intranet, via quadro de avisos e jornais

eletrônicos, tanto para funcionários quanto para terceiros. Não tem uma marca única para

designar as ações de treinamento e desenvolvimento. Os próprios funcionários

confundem o Learning Center (voltado para funcionários) com o Training Center (voltado

ao treinamento de clientes e terceiros). Está sendo trabalhado, através de reuniões

internas, a diferenciação dos dois centros de treinamento.

Conjunto de decisões – Gerência e Administração

Como descrito anteriormente, existe uma estrutura global e regional dedicada a

treinamento e desenvolvimento dos funcionários (Learning Center). Existem funcionários

de RH alocados às linhas de negócio, com a responsabilidade de levantar as

necessidades de desenvolvimento e facilitar todos os processos de RH. A estrutura de RH

no Brasil consiste de vários HR Account, alocados às linhas de negócio no Rio, em São

Paulo e em Manaus, onde fica localizada a fábrica de aparelhos.

A inscrição nos cursos é feita via intranet, pelo funcionário. O supervisor recebe as

informações do curso (ementa, data, duração, custo) e precisa aprovar para que a

inscrição seja enviada ao Learning Center. Mesmo com a aprovação acabam

acontecendo muitas faltas devido a problemas de organização da agenda. É difícil à

presença dos funcionários nos programas de treinamento, pois a empresa tem uma

estrutura muito enxuta e os funcionários freqüentemente estão fora do escritório,

atendendo a clientes. Apesar de incentivados pela gerência, muitas vezes os funcionários

faltam ao treinamento por falta de tempo.

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Conjunto de decisões – Gerenciamento da Inteligência

Não tem biblioteca nem acesso a base de dados. Não existem comunidades para

troca de conhecimento.

Conjunto de decisões – Infra-estrutura de motivação ao desenvolvimento

Os supervisores dão feedback e provem assistência customizada aos seus

funcionários pelo menos uma vez por ano. Os funcionários da empresa estão sempre

buscando novas formas de melhorar seu desempenho, de modo a permanecer na

vanguarda tecnológica e desenvolver suas habilidades pessoais. São estimulados a criar

seu próprio plano de treinamento e a tirar proveito de uma série de soluções de

aprendizado e atividades de treinamento.

Os funcionários da empresa assumem uma atitude positiva em relação ao seu

desenvolvimento, à gestão de suas carreiras e se apóiam mutuamente. Segundo a

Coordenadora de RH, dessa forma, a própria empresa cresce e aprende constantemente.

A empresa assumiria o compromisso de oferecer oportunidades diárias para

crescer e aprender a partir de mudanças, de colegas, da tecnologia, dos clientes, de

desafios, de seus eventuais fracassos, do mercado, dos parceiros, das realizações e do

próprio funcionário.

Existe um programa de mentores em outros países. No Brasil será implementado

em 2005. As pessoas se candidatam a mentores e a mentisses e RH fará o contato entre

eles. Para serem mentores existem uma série de critérios, como senioriedade, cargo,

disponibilidade e interesse.

Conjunto de decisões – Padrões regulatórios

Realizou uma ampla pesquisa regional e mundial com os consumidores a respeito da

marca. Promove debates específicos com os clientes comerciais junto às equipes de contas.

Page 101: Um Estudo de Casos Sobre o Modelo de Universidades ... · Modelo de Universidade Corporativa de Dealtry ... educação e treinamento ... A escolha do setor de telecomunicações foi

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Também desenvolve pesquisas de satisfação. Em 2002, estabeleceu um serviço de

informações de extranet para uma interação ainda maior com as operadoras de redes.

Mantém diálogo e envolvimento com organizações governamentais e

intergovernamentais, que incluem a ONU, a Comunidade Européia e a Câmara Internacional

de Comércio, com organizações e iniciativas industriais nacionais e internacionais, como a

EICTA (European Information, Communications and Consumer Electronics Technology

Industry Association), CTIA (Cellular Telecommunications Industry Association, bem como

com instituições acadêmicas como o Center for Corporate Citizenship no Boston College.

Conjunto de decisões – Programas de Desenvolvimento Gerencial

A empresa dá uma ênfase especial no desenvolvimento das habilidades de gestão

e liderança dos gerentes. Acredita que é uma das áreas essenciais para o

desenvolvimento de competência. Há uma completa gama de programas de treinamento

gerencial, desde soluções para novos gerentes, até os programas para gerentes sênior,

dirigidos ao pessoal mais experiente. Acredita que esta é uma área na qual há sempre

alguma coisa a aprender. O mesmo problema de organização da agenda acontece.

A política formal de patrocínio de MBAs está em fase de aprovação. Atualmente,

os treinamentos de línguas e MBAs são aprovados pelos gerentes, que patrocinam estes

treinamentos com orçamento da área. Quando a política for aprovada, haverá um período

de transição e todos passarão a ser administrados por RH seguindo os critérios de

aprovação.

Conjunto de decisões – Sistemas e procedimentos de garantia de qualidade

É feita uma avaliação de reação aos cursos, pelos funcionários, ao término de

cada curso.

Conjunto de decisões – Proteção do Conhecimento

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Opções e ações, quando for o caso, constituem compensações de longo prazo que

podem permitir a maior retenção de pessoas estratégicas e sua participação no sucesso

prolongado da empresa.

Os parceiros do Learning Center assinam cláusulas contratuais para não vazamento

das informações. Na política de MBA que está em processo de aprovação, estará

prevista a retenção do funcionário ou a devolução do valor investido caso o mesmo saía

antes do período previsto.

4.6. EMPRESA F

A empresa F é uma empresa internacional de serviços na área de Tecnologia da

Informação com 50.000 funcionários e receita anual de 5 bilhões de Euros. A sua missão

é transformar em resultado a visão de mais de 750 clientes, através da aplicação

consultoria, integração de sistemas, operações gerenciadas, incluindo outsourcing e

serviços on-line.

A empresa F é o resultado de diversas fusões que deu origem a uma das líderes

em consultoria de e-business e serviços de TI. A última compra, concretizada no final de

2003, resultou no surgimento da nova empresa F, uma das maiores empresas de TI no

Brasil, pronta para atender todas as necessidades de seus clientes, muitos deles situados

entre as 50 maiores empresas do país. Para garantir foco e conhecimento total acerca

dos negócios dos clientes, a empresa atua em 4 unidades de negócio: Telecomunicações,

Energia, Manufatura e Finanças & Serviços.

Identificação de áreas de conhecimento

No entender da empresa, as áreas de expertise de uma empresa de tecnologia de

informação são as que tratam das áreas técnicas, que necessita de um conhecimento

muito específico e de uma atualização constante, pois a empresa está sempre

desenvolvendo novas tecnologias e produtos. Os treinamentos técnicos são a maior

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necessidade de desenvolvimento dos funcionários da empresa. A grande maioria do

orçamento de treinamento é alocado em tecnologia.

A maior parte das ações que estão sendo realizadas é direcionada para suprir

alguma necessidade técnica imediata, urgente, que pode ser em qualquer área da

empresa, não existindo nenhuma priorização sobre qual área desenvolver primeiro.

Segundo a coordenadora de treinamento e desenvolvimento, devido a recente fusão a

questão do aprendizado está passando por uma reformulação e, a partir de 2005, devem

ser revistas várias práticas e introduzidas novas tecnologias voltadas ao aprendizado.

Modelo de Universidade Corporativa

Elementos de Governança

Os treinamentos organizacionais são baseados em especificações da diretoria e

alta gerência, alinhada a estratégia de negócio da empresa. A grade de treinamento

técnico da empresa é feita a partir da demanda especificada por cada área de negócio. A

avaliação anual de desempenho também serve como input para área de treinamento.

Nesta avaliação, supervisor e subordinado traçam um plano de desenvolvimento, que

gera uma grade de treinamento para o ano subseqüente. A empresa não utiliza o conceito

de gestão por competência.

Financiamento

O principal driver para calcular o orçamento de T&D da empresa é a necessidade

de treinamento constatada na avaliação de desempenho do ano anterior. Todo o

orçamento de treinamento fica alocado às linhas de negócio, que gerenciam e priorizam

as ações que devem ser implementadas. Áreas e projetos com baixa margem de

lucratividade têm menos acesso a treinamento.

Em relação às expectativas dos resultados do investimento em desenvolvimento, a

empresa não espera que estejam atrelados às metas corporativas, como redução de

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custos ou aumento de receita, ficando relacionados a aumento de desempenho dos

profissionais.

Direção Estratégica e Política

Segundo a Coordenadora de Treinamento e Desenvolvimento, o plano de

desenvolvimento é delineado em coerência com a estratégia corporativa, procurando o

alinhamento com os interesses e necessidades dos setores, sendo aprovado, no mínimo

pela diretoria de RH da América Latina. Para treinamentos do corpo gerencial esta

aprovação é feita pela presidência da América Latina.

Na prática, a maioria das ações que hoje são desenvolvidas na empresa têm o

objetivo de suprir uma determinada carência técnica emergencial, normalmente está

ligada às atividades diárias, ou seja, ao lado tático ou mesmo operacional da empresa.

Infra-estrutura e Tecnologias de Aprendizado

A empresa possui um centro de aprendizagem denominado Learning Academy

(LA). É um espaço multidisciplinar direcionado para a multiplicação do conhecimento e do

desenvolvimento de competências técnicas e de negócios. Criada em fevereiro de 2000,

a LA oferece instalações modernas - auditório, cyber café com espaço para leitura e

acesso à internet, biblioteca com estações para auto-instrução, salas de treinamento -

material de aprendizado e recursos didáticos.

Na LA os profissionais aprendem assessorados por consultores externos,

professores universitários e profissionais especializados da própria empresa. A LA possui

cinco eixos de aprendizagem, direcionados para públicos específicos e com programas

que enfocam conhecimentos globais e de impacto para o profissional em seu dia-a-dia.

São eles:

Programas de Formação - desenvolvem, de maneira continuada e crescente,

habilidades fundamentais para o negócio, como base de vantagem competitiva;

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Programas Técnicos - qualificam e habilitam os profissionais para o desempenho

de suas funções e de novas tecnologias;

Programas de Desenvolvimento - introduzem os profissionais aos conceitos,

técnicas e mudanças dos processos comportamentais e gerenciais;

Conhecimento Compartilhado - grupos de pesquisa, fóruns de debate e estudo de

cases têm a finalidade de compartilhar idéias, experiências e conhecimentos;

Life - visa, através de programas e palestras, o aprimoramento e a conscientização

sobre assuntos do dia-a-dia e da vida moderna.

Até o momento nenhum treinamento foi dado a distância, mas a empresa está se

preparando para a implementação de uma plataforma para e-learning.

Parcerias Intelectuais

A empresa mantém diversas parcerias com instituições de ensino, como FGV e

IBEMEC, e instituições voltadas para a área técnica. RH tem autonomia para identificar

os fornecedores que são selecionados por critérios qualitativos, utilizando as

recomendações dos gerentes das áreas técnicas.

Todos os treinamentos são desenvolvidos externamente. Já houve casos de

treinamentos desenvolvidos internamente e ministrados através de multiplicadores, mas

não existem planos de reativar este tipo de treinamento, devido à dificuldade de

disponibilização dos profissionais.

Conjunto de decisões – Funções de Marketing

As informações de atividades de desenvolvimento ficam disponíveis na internet.

Nos jornais internos eventualmente são divulgadas reportagens sobre treinamento. Não

existe nenhum esforço formal de marketing para tornar o trabalho do setor de T&D mais

conhecido. Está em fase de início de implantação da universidade corporativa no Brasil,

com início previsto para 2005.

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Conjunto de decisões – Gerência e Administração

Na empresa, a administração do desenvolvimento é responsabilidade do setor de

Recursos Humanos. Para os treinamentos técnicos a atividade de treinamento funciona

como uma “consultoria interna” que é acionada a medida em que ocorre a demanda.

Como o orçamento é administrado pelas áreas de negócio, existe um comprometimento

para participação das ações de desenvolvimento.

Conjunto de decisões – Gerenciamento da Inteligência

Em São Paulo existe a LA, que contem biblioteca, videoteca, base de dados e CD-

ROMs. Não há medição de acesso. Sua administração não é de responsabilidade do RH,

ficando a cargo da administração geral. Segundo a entrevistada, “as próprias pessoas

descobrem milhões de coisas, até muito mais do que RH”. Existem grupos de pesquisa,

fóruns de debate e estudo de casos têm a finalidade de compartilhar idéias, experiências

e conhecimentos.

Conjunto de decisões – Infra-estrutura de motivação ao desenvolvimento

Os supervisores dão feedback aos seus funcionários após a avaliação de

desempenho e provêm assistência customizada pelo menos uma vez ao ano. Segundo a

entrevistada a realidade da empresa é de “motivar, de cutucar, de provocar o profissional

para o seu desempenho. De oferecer. Seja a empresa custeando e seja também

perguntando: posso te ajudar? Quer que eu colabore com você? Você quer que eu

busque alguma coisa”. As pessoas devem assumir a gestão de sua carreira, que é seu

principal patrimônio, investindo em seu autodesenvolvimento.

Não existem mentores na empresa. Estão sendo implementados orientadores

apenas para os futuros estagiários. Os mentores passarão por um treinamento para

desempenharem suas novas funções.

Conjunto de decisões – Padrões Regulatórios

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Reconhecem que o acompanhamento do mercado não é feito de forma

estruturada nem sistemática, ficando relegado basicamente aos projetos especiais,

congressos e conversas informais. Em 2002, por exemplo, a Empresa F criou a

Certificação Interna nos produtos da empresa, baseada em cursos sobre cada uma das

áreas de negócios e produtos. O objetivo era proporcionar ao profissional da empresa

uma visão mais ampla e integrada da companhia e do mercado onde ela atua.

Conjunto de decisões – Programas de Desenvolvimento Gerencial

Em relação ao desenvolvimento das gerências, a empresa patrocina “poucos,

pouquíssimos” cursos voltados para gestão, seja mestrado ou pós-graduação. Em 2002,

a Empresa F e a Fundação Getúlio Vargas desenharam um curso para seu grupo

gerencial focado em empreendedorismo. Segundo a Coordenadora De T&D: “Reunimos

os líderes da empresa, que tiveram aulas de gestão com mestres da FGV. Esse curso foi

muito importante porque envolveu uma sólida base teórica, oferecida por uma das

melhores escolas de administração do País, com uma experiência prática vivenciada por

nossos profissionais”, assinalando que outras experiências nesse sentido continuarão a

ocorrer.

Conjunto de decisões – Sistemas e Procedimentos de garantia de qualidade

Os resultados dos treinamentos são avaliados da forma que a empresa considera

“tradicional”, que é baseado na avaliação do funcionário antes do treinamento, conversa

com os profissionais logo após o treinamento e o posterior aumento do desempenho.

A empresa acredita que os resultados qualitativos adquiridos são conseqüência da

a maximização do desempenho após o treinamento, que gera o aumento da satisfação do

profissional. Este se sente mais valorizado pela empresa e conseqüentemente tem

melhores resultados e desempenho.

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Nos anos anteriores era feito o monitoramento da qualidade dos cursos. Por estar

passando por um ano de integração e ter outras prioridades no momento, estes

procedimentos não foram feitos, mas existem planos para serem retomados a partir de

2005.

A empresa acredita que a qualidade de seus profissionais e a eficácia do seu

desenvolvimento pode ser atestada pelos inúmeros prêmios e certificações recebidas nos

últimos anos. A empresa tem certificações como a ISO 9001 desde 1998 e ISO

9001/2002 desde 2003 com re-certificação pela segunda vez em março de 2004. Sua

fábrica de software possui certificação CMM nível três e obterá em breve a CMM nível

cinco. Conquistou o Prêmio SAP Award of Excellence na categoria Global Partner pelo

terceiro ano consecutivo e o Prêmio Padrão de Qualidade em B2B na categoria

Outsourcing de Infra-Estrutura, oferecido pela B2B Magazine. A atuação da empresa em

integração de soluções foi reconhecida pela IDG-Computerworld em 2001 que, no ano

seguinte, listou a empresa entre as 100 maiores companhias de informática do Brasil.

Além disso, a Empresa F foi premida pela Revista Executivos Financeiros nas categorias

“Estratégia de Terceirização”, com o case Real ABN-AMRO e “Sistemas de Negociação”,

com o case da BM&F. Atestando sua experiência na área de Consultoria & Integração de

Sistemas, a Empresa F foi a vencedora do prestigiado prêmio Management Consultancies

Association Excellence Awards, em 2003.

Conjunto de decisões – Proteção do Conhecimento

A empresa restringe o acesso a informação via sistemas de informática mas não

demonstra preocupação em relação à proteção dos conhecimentos transmitidos durante

os cursos por entenderem que não são tratadas questões estratégicas ou sigilosas que

não podem ser difundidas.

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5. ANÁLISE DOS RESULTADOS

Neste capítulo serão analisados os casos descritos no capítulo anterior, em

função das áreas de conhecimento citadas nas entrevistas e dos fatores indicados no

modelo de Dealtry.

5.1. IDENTIFICAÇÃO DE ÁREAS DE CONHECIMENTO

Na questão da identificação de áreas de conhecimento, as empresas A, B e C

passaram recentemente a focar treinamento institucional e gerencial. As empresas A e C

tomaram esta decisão visando excelência no atendimento ao cliente. Já a empresa B foca

seu treinamento institucional em trabalho em equipes multifuncionais para integrar áreas

dispersas.

Das empresas fornecedoras, apenas a empresa D treina a capacitação de

pessoal com foco no corpo gerencial. As empresas E e F dão ênfase aos treinamentos

técnicos e novas tecnologias. O quadro abaixo resume os resultados analisados.

Quadro 4: Análise da Identificação de Áreas de Conhecimento

Empresas A B C D E F

Treinamento Gerencial e Institucional P P P P

Foco em Excelência no Atendimento ao Cliente P P

Foco em Trabalho em Equipes Multifuncionais P

Foco em Capacitação do Corpo Gerencial P

Treinamentos Técnicos P P

Treinamentos em Novas Tecnologias P P

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5.2. MODELO DE UNIVERSIDADE CORPORATIVA DE DEALTRY

A seguir são apresentados os fatores de avaliação com as respectivas análises

sobre o caso de cada uma das empresas entrevistadas. Cada tópico é seguido por uma

pergunta que descreve resumidamente o objetivo ao qual sua abordagem se destina e o

que foi verificado nas entrevistas para composição de um quadro comparativo.

Elementos de Governança

Qual a composição do time formador do comitê para elaboração do plano de

desenvolvimento do aprendizado?

Todas as empresas entrevistadas demonstraram preocupação em montar um time

de executivos que tivesse tomado parte na definição de seu plano estratégico do negócio

para definir também a estratégia da área de T&D, procurando garantir com isso o

alinhamento entre as estratégias.

Em relação à admissão de membros externos, nenhuma das empresas utiliza

regularmente pessoas de fora da empresa no planejamento de suas estratégias de

desenvolvimento do aprendizado. Apenas a empresa B admite consultorias externas em

projetos especiais.

Uma empresa que se destacou positivamente neste quesito foi a Empresa D, por

ter um setor de business inteligence participando do comitê de treinamento e

desenvolvimento, demonstrando uma grande preocupação com o mercado e suas

melhores práticas para estar sempre se diferenciando e inovando.

A maioria das empresas utiliza o conceito de gestão de competências para

estabelecer sua agenda de treinamentos, procurando garantir o alinhamento das ações

de T&D com a estratégia da empresa. A única exceção foi a Empresa F, que não utiliza a

gestão de competência.

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99

Quadro 5: Análise de Elementos de Governança

Empresas A B C D E F

Participação de executivos na criação de Planos de T&D P P P P P P

Utiliza conceito de Gestão de Competências P P P P P

Admite membros externos no comitê de T&D È

Participação do setor de Business Inteligence neste comitê ß

È eventualmente

ß destaque no fator de decisão

Financiamento

Qual é o modelo de financiamento para os investimentos na gerência do capital

intelectual?

O principal driver para calcular o orçamento de todas as empresas estudadas é a

necessidade de treinamento constatada na avaliação de desempenho do ano anterior.

Apenas duas operadoras de telefonia celulares têm um modelo de controle

corporativo centralizado em RH, tanto para despesas de treinamentos comportamentais

quanto para treinamentos técnicos e comerciais.

A Empresa C e as três empresas de tecnologia tem um modelo autônomo de

despesas distribuídas, baseado em uma estrutura de custos associada à finalidade da

ação, alocada ao setor requisitante. Na Empresa C as despesas de treinamento

comportamental são alocadas em RH e treinamentos relacionados a produtos são

alocados a linha de negócio. Nas demais empresas, todos os custos de desenvolvimento

são alocados a linha de negócio.

Neste elemento se destacam as empresas B e D. Alguns projetos da empresa B,

principalmente ligados á área comercial, têm medição financeira direta de resultados,

através da comparação de indicadores comerciais após o término de cada módulo de

treinamento, relacionados ao aumento de receita.

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100

A Empresa D alinha sua estratégia de foco em serviços com a área de treinamento

e desenvolvimento e transformou seu programa de gestão de competência em um

produto, que é vendido a empresas que nem fazem parte do setor de tecnologia ou

telecomunicações.

Em relação aos resultados esperados pelo investimento em desenvolvimento dos

funcionários, a maioria das empresas compartilha da opinião de que seria muito

complicado avaliar quantitativamente a relação entre o montante investido e alguma

medida de resultado da empresa para todos os programas desenvolvidos, mas também é

consenso de que deve estar desenvolvendo esforços no sentido de, ao menos, justificar

de forma mais acurada o resultado das ações que promovem.

Quadro 6: Análise de Financiamento

Empresas A B C D E F

Avaliação de Desempenho é driver de orçamento de T&D P P P P P P

RH controla todo o orçamento de T&D P P

RH controla orçamento de treinamento comportamental P

Controle do orçamento de T&D é das linhas de negócio P P P

Alguns projetos têm medição financeira de resultados ß

Busca receitas para T&D através da venda de serviços ß

ß destaque no fator de decisão

Direção Estratégica e Política

Existem planos de alinhamento estratégico entre as ações de treinamento e

desenvolvimento do aprendizado e os níveis organizacionais ou unidades estratégicas de

negócio?

A maioria das empresas utiliza o conceito de gestão de competências para

estabelecer sua agenda de treinamentos, procurando garantir o alinhamento das ações

de T&D com a estratégia de negócios da empresa.

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101

As unidades estratégicas de negócio têm total interação com o as ações de

treinamento e desenvolvimento, o que visa garantir este alinhamento estratégico.

Excetuando a empresa F, as demais tem conseguido desenvolver as ações propostas

seguindo o plano original.

Quadro 7: Análise da Direção Estratégica e Política

Empresas A B C D E F

Utiliza conceito de Gestão de Competências P P P P P

Unidades de Negócio tem interação com ações de T&D P P P P P P

Consegue manter ações de T&D seguindo plano original P P P P P

Infra-estrutura e Tecnologias de Aprendizado

São utilizados Internet, Intranet e outros canais e mídias como elementos de

desenvolvimento do aprendizado na empresa?

Em relação ao aspecto da infra-estrutura de suporte as ações de desenvolvimento,

todas as empresas demonstram preocupação em preservar o treinamento presencial, que

permite a interação entre professor e aluno e entre os próprios alunos em um mesmo

ambiente físico.

As empresas A, B, D e E utilizam o treinamento à distância para nivelar os alunos,

complementando o treinamento em sala de aula. Esta iniciativa tem por objetivo melhorar

a qualidade do curso, garantir a maior retenção do conhecimento e melhorar as

discussões em sala de aula.

As Empresas A e C não possuem centros de treinamento, mas utilizam salas de

reuniões internas para cursos de curta duração. Geralmente utilizam hotéis para os

demais cursos. O maior centro de treinamento é o da Empresa D, com capacidade de

atender 400 alunos por dia.

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102

A Empresa A, C e F estão iniciando a implantação de plataformas de e-learning.

As demais empresas possuem plataformas de e-learning implantadas e com perspectivas

de serem cada vez mais utilizadas.

Todas as empresas utilizam tecnologias complementares variadas, como internet,

intranet, CD-ROM e vídeos.

Uma solução diferenciada para treinamento a distância, em termos de custo, foi

implantada na empresa A. A empresa utiliza um kit de treinamento para atingir um grande

número de funcionários e terceiros, amplamente dispersos geograficamente e em curto

espaço de tempo, sem ter uma plataforma de e-learning.

Em relação à tecnologia, a Empresa D se destaca, por permitir unir instrutores,

alunos, plataforma e conteúdo em países distintos.

Quadro 8: Análise da Infra-Estrutura e Tecnologia de Aprendizado

Empresas A B C D E F

Preservam o treinamento presencial P P P P P P

Utilizam treinamento à distância para nivelar os alunos ß P P P

Possuem centros de treinamento P ß P P

Possuem plataformas de e-learning � P � P P �

Utilizam tecnologias complementares variadas P P P ß P P

ß destaque no fator de decisão

� em processo de implantação

Parcerias Intelectuais

A empresa busca apoio de consultorias, universidades e outras instituições de ensino no

desenvolvimento de seus funcionários e membros da cadeia de valor?

Neste item, todas as empresas demonstraram interesse em estabelecer parcerias

com consultorias ou instituições de ensino, ativamente buscando esses parceiros no

mercado. Todas as empresas selecionam seus parceiros utilizando exclusivamente

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103

critérios qualitativos, usando o custo como critério de desempate em casos de parceiros

igualmente capacitados.

A Empresa D se destaca pelo grande número de parcerias, pela variedade de

formas com que são feitas e pelo rigoroso critério de seleção das mesmas.

Quadro 9: Análise de Parcerias Intelectuais

Empresas A B C D E F

Buscam ativamente parceiros para T&D P P P P P P

Utilizam critérios qualitativos para seleção de parcerias P P P ß P P

ß destaque no fator de decisão

Funções de Marketing

Utiliza alguma designação que comunique as ações de desenvolvimento na empresa?

Das empresas entrevistadas, apenas a Empresa B utiliza, interna e externamente,

o termo universidade corporativa.

As empresas D e E utilizam logomarca específica para atividades de

desenvolvimento nos materiais de comunicação. A Empresa D usa a mesma marca para

clientes internos e externos. A Empresa E possui duas marcas distintas para clientes

internos e externos, mas os funcionários confundem as marcas, devido a pouca

divulgação e diferenciação das mesmas. A Empresa A possui uma marca para RH como

um todo, com logo e slogan, que varia todo ano, acompanhando a estratégia do negócio.

As empresas C e F não possuem marca para divulgar suas atividades de

desenvolvimento.

Todas as empresas usam canais eletrônicos (internet, intranet, extranet, jornais

eletrônicos) e escritos (quadro de avisos, jornais impressos) para a divulgação de

atividades de desenvolvimento. As Empresas A, B, D e E divulgam suas atividades de

desenvolvimento também para terceiros, por mídia escrita e eletrônica.

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104

As empresas B e D se destacam por segmentar e focar a divulgação de atividades

de desenvolvimento nos interesses demonstrados pelas comunidades de conhecimento,

tornando a comunicação mais eficaz.

Quadro 10: Análise das Funções de Marketing

Empresas A B C D E F

Utiliza termo Universidade Corporativa interna e externamente P �

Utilizam logomarca para atividades de T&D P P P P

Divulgam ações de T&D nos canais eletrônicos e escritos P P P P P P

Divulgam ações de T&D para 3os em canais eletrônicos e escritos P P P P

Divulgam ações de T&D nas comunidades de conhecimento ß ß

ß destaque no fator de decisão

� em processo de implantação

Gerência e Administração

Qual o suporte gerencial e administrativo para as ações de desenvolvimento?

Nesse item, todas as empresas mantêm uma equipe destinada integralmente à

concepção e execução de ações táticas e operacionais ligadas às atividades de

desenvolvimento dos funcionários.

Nas empresas B e E, a equipe responsável pelo desenvolvimento conta também

com o apoio remoto de funcionários das diversas áreas de negócio da empresa que têm a

responsabilidade de identificar novas demandas de conhecimento e levá-las para suas

Universidades Corporativas.

Na questão da liberação do funcionário para freqüentar os cursos durante o

horário de expediente, em todas as empresas, só são aceitas inscrições com a aprovação

do superior imediato, que se compromete com a liberação.

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105

Na Empresa E, apesar do comprometimento da chefia e do próprio funcionário,

ocorre um grande expressivo de faltas nos treinamentos, devido a estrutura enxuta e a

alta carga de trabalho.

Quadro 11: Análise de Gerência e Administração

Empresas A B C D E F

Equipe dedicada exclusivamente às ações de T&D P P P P P P

Conta com apoio de pessoal nas áreas de negócio P P

Supervisor imediato aprova participação nos treinamentos P P P P P P

Ocorre comparecimento em massa P P P P P

Gerenciamento da Inteligência

São disponibilizados bibliotecas, bases de dados e canais de troca de conhecimento aos

funcionários?

Das empresas pesquisadas, apenas as empresas B, D e F possuem biblioteca e

assinatura de bases de dados, com títulos de assuntos gerais e específicos na área de

telecomunicações, disponibilizados a todos os funcionários. Nas empresas B e D, a sua

administração é de responsabilidade da área de recursos humanos, enquanto na empresa

F, está sob a área de administração geral. Os acessos a biblioteca e base de dados da

Empresa F não são medidos.

As empresas B e D possuem comunidades de conhecimento, que tem como

objetivo aumentar o fluxo de informações e disseminar o conhecimento pela empresa,

além de gerar uma base de dados específica sobre o tema de cada comunidade. Estas

comunidades também criam integração entre os pares e estabelecem melhores práticas

sobre o negócio. Estas empresas medem o acesso as bibliotecas, bases de dados e

acompanham e incentivam a participação nas comunidades. As empresas E e F divulgam

estudos de casos com a finalidade de compartilhar idéias, experiências e conhecimentos.

Page 118: Um Estudo de Casos Sobre o Modelo de Universidades ... · Modelo de Universidade Corporativa de Dealtry ... educação e treinamento ... A escolha do setor de telecomunicações foi

106

Quadro 12: Análise de Gerenciamento da Inteligência

Empresas A B C D E F

Possuem biblioteca e assinatura a bases de dados P P P

Possuem comunidades de conhecimento P P

Medem acesso a biblioteca, base de dados e comunidades P P

Usam estudos de casos para compartilhar o conhecimento P P

Infra-estrutura de motivação ao desenvolvimento

Existem centros formais de aprendizado, aconselhamento para desenvolvimento de

carreira (principalmente para alta gerência) e estruturas de seleção dos professores?

Todas as empresas fazem avaliações de desempenho, e as necessidades de

treinamento são apontadas e reavaliadas no ano seguinte, o que motiva os funcionários a

buscarem seu próprio desenvolvimento. Desta forma, os supervisores fazem coaching

aos seus funcionários e provêm assistência customizada pelo menos uma vez ao ano.

Apenas a empresa D tem programas de mentores em andamento, funcionando

como fonte de aconselhamento independente e consultoria interna, disponível para

esclarecer dúvidas e prestar orientação nos assuntos relacionados ao desenvolvimento

do funcionário. A Empresa D se destaca neste elemento, por possuir um programa de

mentores, internos e externos, em todas áreas de negócio e em todos os níveis

profissionais. Além disto, é a única empresa entrevistada que possui um aconselhamento

para desenvolvimento de carreira direcionado para alta gerência.

Na empresa B, existem mentores apenas nas comunidades de conhecimento. Na

Empresa C, apenas os trainees começaram a se beneficiar do programa em 2004. Existe

o plano de estender o programa de mentores a todos os profissionais dessas empresas a

partir de 2005. A Empresa F está em fase de implementação de programa de mentores

para os estagiários, que deverá se iniciado em 2005. A Empresa E possui este programa

em outros países, mas só deve implementa-lo no Brasil em 2005, para todos os níveis

profissionais.

Quadro 13: Análise da Infra-estrutura de Motivação ao Desenvolvimento

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107

Empresas A B C D E F

Supervisores provêm assistência customizada as subordinados P P P P P P

Possuem programas de mentores � � ß � �

á destaque no fator de decisão

� em processo de implantação

� parcialmente implementado

Padrões Regulatórios

Existem instrumentos de acompanhamento do ambiente externo pela empresa?

Excetuando Empresa F, as demais empresas consideram que fazem

acompanhamento do que o mercado está desenvolvendo em relação à educação

corporativa, e em especial as ações para desenvolver o seu conhecimento. A Empresa F

reconhece que o acompanhamento não é feito de forma estruturada nem sistemática,

ficando relegado basicamente aos congressos e conversas informais.

A Empresa D é a única empresa entrevistada que tem um setor de business

inteligence que dá suporte direto às estratégias de negócio da empresa e aponta as

conseqüentes necessidades de desenvolvimento de seus colaboradores.

Quadro 14: Análise de Padrões Regulatórios

Empresas A B C D E F

Fazem acompanhamento do mercado em relação a T&D P P P P P È

Faz acompanhamento de todo o ambiente externo da empresa ß È

ß destaque no fator de decisão

È eventualmente

Programas de Desenvolvimento Gerencial

Tem programas para atender as necessidades de treinamento e desenvolvimento para

gerência?

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Em relação ao desenvolvimento de gerentes, a maioria das empresas julga que a

principal ação de desenvolvimento é o patrocínio dos cursos de pós -graduação em

Administração, os MBAs (Master in Business Administration). As empresas B e C

compram cotas dentro de programas fechados de MBAs ou subsidiam MBAs abertos. A

Empresa F patrocina “poucos, pouquíssimos MBAs” e esporadicamente desenvolvem

cursos voltados a gerência. Para viabilizar esses cursos, as empresas podem arcar de

50% até 70% do valor total, ficando o funcionário responsável pelo pagamento do

restante. Nas empresas, os critérios de elegibilidade e seleção para ingresso no curso

estão disponíveis a todos os funcionários.

A empresa A desenvolveu internamente um programa de formação gerencial, com

dois anos de duração, com três níveis diferentes de público e por isto somente

eventualmente patrocina MBAs. As empresas D e E possuem cursos voltados às

necessidades de treinamento e desenvolvimento para gerência, além de patrocinarem

parte do custo dos MBAs.

Quadro 15: Análise de Programas de Desenvolvimento Gerencial

Empresas A B C D E F

Patrocinam MBAs È P P P P È

Desenvolve internamente um programa de formação gerencial ß

Desenvolvem cursos de gestão voltados ao corpo gerencial P P È

ß destaque no fator de decisão

È eventualmente

Sistemas e Procedimentos de Garantia de Qualidade

Existe um processo formal de validação dos padrões a serem atingidos em cada

programa?

A maioria das empresas faz o acompanhamento da qualidade de seus programas

de treinamento através da aplicação de questionários após o término dos cursos. Avaliam,

de forma qualitativa, o grau de interesse do funcionário pelo curso e sua impressão sobre

a aplicabilidade do conteúdo em sua rotina diária, chamada por eles de avaliação de

Page 121: Um Estudo de Casos Sobre o Modelo de Universidades ... · Modelo de Universidade Corporativa de Dealtry ... educação e treinamento ... A escolha do setor de telecomunicações foi

109

reação. Além desta avaliação, as empresas A e B aplicam avaliações quantitativas, ou de

aprendizado em parte de seus cursos. As Empresas C e D aplicam avaliação de eficácia

em todos os seus cursos.

Empresa F no passado aplicava avaliações de reação em todos os seus cursos,

mas esta prática foi abandonada em 2004, devendo ser retomada em 2005.

Quadro 16: Análise de Sistemas e Procedimentos de Garantia de Qualidade

Empresas A B C D E F

Validam qualitativamente os programas de treinamento P P P P P

Validam quantitativamente os programas de treinamento È È P P

� eventualmente

Proteção do Conhecimento

Existem procedimentos que busquem garantir a retenção do conhecimento desenvolvido

na empresa?

Todas as empresas restringem os acessos às informações de acordo com os cargos

ocupados, através dos sistemas de informática, visando a proteção aos dados

corporativos. Na maioria das empresas (exceto a empresa F), além dos sistemas de

informática restritos, os funcionários e parceiros assinam termo de confidencialidade no

momento da assinatura dos contratos.

A empresa F não demonstra preocupação em relação à proteção dos

conhecimentos transmitidos durante os cursos por entender que não são tratadas

questões estratégicas ou sigilosas que não podem ser difundidas.

Uma questão levantada durante as entrevistas diz respeito ao retorno do investimento

da empresa nos cursos de MBA. Apesar de nem sempre ser documentado, é esperado

dos funcionários patrocinados o compromisso de permanecerem na empresa, ao menos,

por período de tempo igual ao do curso nas B, C, D e E. Caso contrário, devem ressarcir

a empresa do valor proporcional ao período de tempo restante na carência.

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Quadro 17: Análise de Proteção do Conhecimento

Empresas A B C D E F

Restrição de acesso a informação via sistemas de informática P P P P P P

Compromisso de confidencialidade pelos funcionários e parceiros P P P P P

Aplica “Quarentena” aos funcionários e parceiros P P P P

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111

6. CONCLUSÕES

Áreas de Conhecimento

Durante as entrevistas foi possível notar que todas as operadoras analisadas têm

dado maior ênfase ao treinamento comportamental. As empresas A, B, C e D adotaram

esta estratégia visando o aprimoramento de seus quadros para melhor atender aos seus

clientes. O público-alvo da maioria destes treinamentos tem sido a gerência.

Já as empresas E e F enfatizam o treinamento técnico, que não deixou de ser

importante também para a empresa D. Estas empresas são fornecedoras de tecnologia,

que ficam rapidamente obsoletas e se faz necessário o contínuo aprendizado de seus

quadros.

Quadro Resumo – Aplicação do Modelo de Classificação de Dealtry

A análise dos casos procurou identificar em cada uma das empresas pesquisadas,

a ocorrência de características que pudessem caracterizar o grau em que um

determinado fator é encontrado na empresa, aproximando-o ou afastando-o do esperado

pelo modelo de avaliação das Universidades Corporativas.

O quadro a seguir busca representar, de forma resumida, o quanto de cada fator

está presente na empresa segundo o levantado na análise dos casos. Para tanto, foram

atribuídos graus de classificação, distribuídos em uma escala de três níveis,

representando a ausência, a presença parcial e a completa presença do fator na

empresa.

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Quadro 18: Resumo da Análise dos Fatores nos Estudos de Caso.

Fator A B C D E F

Elementos de Governança Ä Ä Ä Ä Ä Ä

Financiamento Ä Ä Ä Ä Ä Ä

Direção Estratégica e Política Ä Ä Ä Ä Ä �

Infra-estrutura e tecnologias de Aprendizado � Ä � Ä Ä �

Parcerias Intelectuais Ä Ä Ä Ä Ä Ä

Funções de Marketing Ä Ä � Ä � �

Gerência e Administração Ä Ä Ä Ä Ä Ä

Gerenciamento da Inteligência � Ä � Ä � �

Infra-estrutura de motivação desenvolvimento � Ä Ä Ä � �

Padrões regulatórios � � � Ä � �

Programas de desenvolvimento gerencial Ä Ä Ä Ä Ä �

Sist.e procedimentos garantia de qualidade � � Ä Ä � �

Proteção do conhecimento Ä Ä Ä Ä Ä �

Ä Fator presente � Fator parcialmente presente � Fator ausente

Os resultados obtidos a partir do quadro resumo permitem estabelecer uma

graduação da empresa tomando como referência os estágios de evolução, descritos por

Dealtry, em relação ao modelo das Universidades Corporativas. Estes estágios são:

• Primeira Geração: é caracterizada pela mudança de nome dos departamentos de

treinamento e desenvolvimento;

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113

• Segunda Geração: alinhamento do departamento de treinamento e desenvolvimento

com os objetivos organizacionais;

• Terceira Geração: é o direcionamento tecnológ ico – surgimento do conceito da

universidade virtual;

• A Nova Geração: onde sobressaem os processos de gerenciamento dos ativos do

conhecimento em ambientes real-time.

Como verificado na revisão de literatura, segundo Dealtry (2000), a classificação

da empresa em um determinado estágio depende fundamentalmente do número de

fatores presentes. A empresa que se propõe a promover ações de desenvolvimento do

conhecimento alinhadas com seus interesses estratégicos, mas não apresenta os fatores

relacionados no modelo, estaria dentro do modelo tradicional de treinamento, ou na

Primeira Geração. No outro extremo, a empresa que apresentasse todos os fatores,

poderia ser caracterizada como pertencente à Nova Geração, estando alinhada com o

proposto pelo modelo de Universidades Corporativas.

Entretanto, apesar do modelo original considerar apenas a ausência ou presença

do fator na empresa, a análise dos casos revelou resultados que não correspondiam à

totalidade do fator, segundo as características descritas no modelo, nem tampouco

caracterizavam a ausência do mesmo. Nestes casos, optou-se por considerar a presença

parcial do fator, como feito no estudo realizado por Menezes (2003).

Assim, para classificar a empresa nas Gerações intermediárias, Segunda e

Terceira, serão atribuídos valores de acordo com a ocorrência total, parcial ou ausência

do fator na empresa, respectivamente, dois, um ou zero.

O total de cada uma das empresas, correspondendo a soma dos resultados de

cada fator, será comparado a escala de gerações adaptada de Dealtry, agora variando de

0 (sem ocorrência de algum fator) a 26 pontos (ocorrência de todos os fatores), conforme

distribuição a seguir:

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114

Classificação Faixa de Pontuação

Primeira Geração 0 a 7 pontos

Segunda Geração 8 a 14 pontos

Terceira Geração 15 a 21 pontos

Nova Geração 22 a 26 pontos

Somando o resultado de cada fator, conforme indicado na tabela 3, obtém-se a

seguinte pontuação para cada empresa:

Empresa Resultado

A 20 Pontos

B 24 Pontos

C 20 Pontos

D 26 Pontos

E 20 Pontos

F 13 Pontos

O resultado obtido acima tem a finalidade de atuar como um indicador para a

classificação de cada uma das empresas, devendo ser considerado em conjunto com as

análises realizadas anteriormente. Assim, considerando o número de fatores presentes

em cada empresa, verificamos que as empresas B e D estariam em um estágio de

desenvolvimento, em relação ao modelo das Universidades Corporativas correspondente

à Nova Geração (33%), as empresas A, C, e E (50%) estariam no estágio de 3a Geração

enquanto a empresa F se encontraria na 2a. geração (17%).

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115

Separando o resultado entre operadoras e fornecedoras, temos uma empresa de

Nova Geração em cada grupo, duas operadoras e uma fornecedora de 3a geração e uma

fornecedora de 2a geração.

Comparando os resultados sob a perspectiva do fator, parece haver uma ordem de

importância entre eles, que pode ser verificada pela presença, ao menos parcial em todas

as empresas, dos sete fatores a seguir: Governança; Financiamento; Direção Estratégica

e Política; Infra-estrutura e Tecnologias de Aprendizado; Parcerias Intelectuais; Gerência

e Administração; Infra-estrutura de motivação ao desenvolvimento e Programas de

Desenvolvimento Gerencial.

Os cinco primeiros fatores são considerados pelo modelo de Dealtry como fatores

de conceito no contexto da situação e visão estratégia da empresa. Este conjunto de

decisões trata da definição do conceito das Universidades Corporativas no contexto da

situação da empresa e sua visão estratégica. Implica na ocorrência de um estudo

completo de todas as opções de uma Universidade Corporativa, definindo um cenário

identificando “o que” e “como” vai contribuir para atingir a visão estratégica da empresa.

A presença destes fatores de conceito parece indicar que a empresa consegue

identificar os fatores organizacionais e dinâmicos como a estrutura, superação de tensões

centralizadas x descentralizadas (nacionais, regionais e globais), habilidade para

integração de culturas e disciplinas, considerações sobre o escopo operacional, funcional

e estratégico e aspectos filosóficos, como elitismo, formando o projeto e estratégia de

implementação da Universidade Corporativa. Ou seja, a base para o estabelecimento de

Universidades Corporativas está presente em todos as empresas entrevistadas.

Entretanto, o autor ressalta que apenas a análise da quantidade de fatores

presentes não é o suficiente para apontar quais medidas a empresa deve desenvolver

para evoluir ao modelo de Universidades Corporativas. Seria necessário avaliar a causa

das ausências dos fatores, que, segundo o autor, pode estar relacionada à falta de

competência administrativa e a baixa capacidade de desenvolvimento, tanto em

tecnologia quanto em integração organizacional.

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Os fatores com menos pontos foram: Gerenciamento da Inteligência (5 dos

12 possíveis, ou 42%), Padrões Regulatórios (50%), Funções de Marketing (58%) e

Sistemas e Procedimentos de Garantia de Qualidade (58%). Estes resultados parecem

indicar que as empresas entrevistadas, em geral, precisam focar o investimento em:

- Estrutura de suporte que gerencie e incentive o uso das bases de dados com o

objetivo de aumentar o fluxo e a disseminação do conhecimento pela empresa;

- Instrumentos de acompanhamento do ambiente externo pela empresa, e a medida

em que estão influenciando as ações desenvolvimento educacional;

- Canais de comunicação para carregar as mensagens essenciais sobre a visão

estratégica e missão das atividades relacionadas ao negócio provendo um contexto

informativo para o desenvolvimento de carreira;

- Estabelecer comprometimento, controle e concordância com a qualidade através de

processos para gerenciar todas as entradas, resultados e processos operacionais da

Universidade Corporativa.

A alta pontuação na maioria absoluta dos fatores e a alta classificação da maioria

das empresas parecem indicar que as empresas entrevistadas estão bastante alinhadas

com o modelo de Universidades Corporativas.

Este resultado é diferente ao encontrado por Menezes (2003), no setor de

seguros. Seu estudo sugere que as seguradoras deram maior prioridade ao

desenvolvimento de fatores relacionados ao controle gerencial, possivelmente

influenciados pela atividade fim da empresa (financeira), enquanto deixam para uma

segunda etapa o desenvolvimento de uma estrutura de suporte para as ações de

aprendizado, principalmente relacionadas a criação de Sistemas de Informação, além de

demonstrarem dúvidas em relação ao papel do desenvolvimento do aprendizado frente as

estratégias traçadas pelas empresas. Seu estudo chegou a conclusão que das três

empresas entrevistadas, duas seriam classificadas como de 3a geração e a restante como

de 2a geração.

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117

Outras Informações

Durante as entrevistas, todas as empresas citam mudanças nos seus programas

de Treinamento e Desenvolvimento em função da mudança do mercado de

telecomunicações, e conseqüentemente, das estratégias de negócio das empresas.

Todas as empresas reconhecem que o mercado de telecomunicações do Brasil está mais

maduro e precisam se destacar da concorrência para manter sua base de clientes ou

amplia-la.

A empresa A acredita que sua estratégia de negócio deve ser focada em

imagem, atendimento ao cliente, cobertura automática, ofertas e rede de vendas

segmentadas. Aposta que o investimento em treinamento e seus diferenciais (tecnologia,

inovação e transparência) serão a forma de implementar a estratégia de posicionamento e

excelência em atendimento.

Essas informações podem ser confirmadas através das declarações de seu

Presidente e seu Diretor de Vendas ao jornal interno da empresa. Segundo o presidente

da empresa A, o progresso rápido na base de clientes em 2004 é diferente do

crescimento vivenciado em 2003. O movimento deste ano é de posicionamento tanto para

a empresa quanto para a concorrência.

“o mercado está mais competitivo e os consumidores certamente saberão escolher

melhor o que desejam...”

”Queríamos formar uma empresa que tivesse um diferencial em relação à

tecnologia e à inovação e que fosse transparente com o cliente. Conseguimos.

Agora precisamos manter todos na base, com excelência em atendimento...”

“Aumentamos também o investimento em treinamento, com crescimento de 123%

em horas treinadas, entre o primeiro trimestre de 2004 e de 2003 e tivemos um

crescimento de praticamente 50% no quadro de funcionários”.

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118

Segundo o diretor de Vendas da empresa A, o aumento na base de clientes e de

alguns outros indicadores da empresa, também encontram fundamentos em outras ações,

como a duplicação dos pontos de vendas.

“Foi feito um grande esforço na comunicação das ofertas, através de campanhas

cooperadas com grandes redes e as redes regionais e entre os promotores e os

consultores de vendas”.

“A empresa A é reconhecida pelo pioneirismo empregado em todas as suas

áreas...”

“a escolha de uma operadora hoje está ligada à cobertura, oferta de produtos e

serviços e qualidade no atendimento. Temos que continuar oferecendo tudo isto,

além de sermos vistos como uma só empresa, de abrangência nacional e global, e

atuação local”

A empresa B baseia sua estratégia de negócios na ênfase em serviços de

telecomunicações, não mais em produtos. Acredita que o investimento em RH, no

compartilhamento do conhecimento e a excelência de atendimento são a base para o

sucesso de sua estratégia.

A empresa C acredita que seus recursos humanos, a transparência, a tecnologia

e a inovação são fundamentais para atender com qualidade o cliente. Sua estratégia de

negócios se baseia no conhecimento do cliente para segmentar e oferecer ao cliente

exatamente o que ele deseja.

Entre as empresas fornecedoras, a empresa D caracteriza seu posicionamento

como fornecedora de soluções completas, com ênfase em serviços. A base de sua

estratégia de negócio é a informação do mercado.

A empresa E visa expandir mercado de voz, liderar consumo de multimídia e

aumentar a mobilidade das empresas. Sua estratégia de negócio é baseada em

transparência, inovação, satisfação do cliente através do respeito, da realização e da

renovação.

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119

A Empresa F tem como missão oferecer tudo o que os clientes necessitarem de

TI. Acreditam que estamos na era dos serviços e a sua estratégia de negócio é atender

melhor os clientes. Estas informações são comprovadas pelas declarações, a uma revista

interna, do presidente da Empresa F para a América do Sul que assumiu o cargo após a

recente fusão:

“Estamos construindo uma nova empresa que surge renovada e fortalecida.

Juntamos sob o mesmo teto competências extraordinárias das duas empresas. À

grande expertise em outsourcing e implementação de programas de gestão

empresarial (ERP) de uma, juntamos a competência da outra em consultoria,

integração de sistemas e segurança da informação. Agora podemos oferecer à

nossa carteira conjunta de clientes tudo, absolutamente tudo, o que eles

necessitarem do ponto de vista de tecnologia da informação”

“Embora o mercado de tecnologia da informação no Brasil não esteja crescendo

tanto quanto gostaríamos, sentimos que a nova empresa tem tudo para crescer a

taxas bem superiores as do mercado. Isso porque nosso principal foco será

atender melhor os clientes que nós já atendemos muito bem”

O presidente assinala ainda que várias empresas de tecnologia da informação já

se deram conta de que a era dos produtos está acabando e nasce agora uma nova era, a

era dos serviços. Essa mudança traz impactos consideráveis aos negócios das empresas.

“Quando se vende um produto, vamos à empresa e o pessoal da empresa tem que

nos ouvir para entender se o que temos a oferecer pode satisfazer suas

necessidades. Quando vendemos serviços, nós vamos à empresa para ouvir suas

necessidades e desenvolver exatamente o que ela precisa”, explica.

Durante as entrevistas foi possível notar que existe o pleno reconhecimento da

maturidade do mercado de telecomunicações no Brasil e da exigência cada vez maior dos

clientes quanto à qualidade, custos e diversidade de serviços. Esta mudança afetou

também os fornecedores de tecnologia, que mudaram as suas ofertas. Antes forneciam

produtos e agora focam o fornecimento de soluções ou serviços. A tendência das

empresas deste grupo parece ser aumentar cada vez mais a carteira de serviços,

passando a fornecer as soluções para qualquer tipo de necessidade de seus clientes,

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120

algumas já não necessariamente relacionadas a telecomunicações, como gerência de

competências.

É bom ver que existem empresas neste setor que valorizam a imagem e tem

como valores à transparência e o respeito, não só a seus clientes, mas também ao

mercado, ao governo e ao meio-ambiente.

A maioria das empresas entrevistadas percebe que a excelência do atendimento

deve ser buscada para manter ou ampliar sua base de clientes. A busca por excelência

passa pelo conhecimento das necessidades dos clientes para se conseguir a

segmentação do mercado, oferecendo a cada cliente exatamente o que ele necessita.

As exigências dos clientes fazem com que as empresas precisem estar sempre

inovando. Para atingir este objetivo, estão aumentando o investimento em treinamento,

geração de conhecimento e formas de retenção e troca deste conhecimento pela

empresa. Todas as empresas admitiram a importância do desenvolvimento dos seus

recursos humanos por saberem que a tecnologia pode vir até a convergir, mas são as

pessoas que as diferencia no mercado.

Graças a este quadro, a gestão do conhecimento, e mais especificamente a

universidade corporativa tem se desenvolvido muito neste setor no Brasil, com

perspectivas de crescimento ainda maior em curto prazo. As bases para isto parecem

estar presentes com os elementos de infra-estrutura das universidades corporativas

implementados.

Pode ser percebido durante as entrevistas que a iniciativa da busca de parcerias

intelectuais tem sido tomada pelas empresas. As universidades têm perdido grandes

oportunidades de investimento, financiamento e troca de experiências por não procurar

ativamente parcerias com as universidades corporativas. Universidades conceituadas

perdem parcerias para universidades e consultorias menos preparadas devido a falta de

agilidade e flexibilidade para o atendimento às universidades corporativas.

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121

6.1. RECOMENDAÇÕES PARA PESQUISAS FUTURAS .

No decorrer da pesquisa, alguns pontos sobressaíram em relação a sua

necessidade de desenvolvimento, apontando caminhos que poderiam ser explorados no

sentido de contribuir para o conhecimento sobre a questão da Gestão do Conhecimento

nas empresas e em especial, o desenvolvimento do aprendizado nas empresas no setor

de telecomunicações.

A primeira recomendação seria a extensão desta pesquisa concentrando-se no

conjunto de decisões Resultados de Conhecimento, que devido a dificuldade em medir

resultados do conhecimento, não foi abordado durante as entrevistas de campo.

A segunda recomendação seria analisar com maiores detalhes formas de

avaliação de medição de resultados dos investimentos realizados no desenvolvimento do

aprendizado. Em todas as empresas pesquisadas se demonstrou uma carência de

modelos, quantitativos ou qualitativos, capazes de medir o resultado dos investimentos

nas ações de treinamento.

Por último, seria interessante o desenvolvimento de pesquisas que

aprofundassem os temas de “Gerência do Conhecimento” e “Universidades Corporativas”

associados aos diferentes setores do mercado, especialmente na relação das ações de

desenvolvimento, pois possibilitaria a criação de um instrumento de comparação da

realidade do funcionamento das empresas dos diversos setores que poderia ser seguido

por outros segmentos ainda não tão desenvolvidos.

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122

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1

8. ANEXO

QUESTIONÁRIO DE ORIENTAÇÃO PARA AS ENTREVISTAS COM AS EMPRESAS

Questões relativas a mercado e papel frente às áreas de expertise.

• Quais são as áreas de expertise em uma empresa de telecomunicações?

• Qual a necessidade do desenvolvimento nessas áreas?

Elementos de Governança.

Qual a composição do comitê para elaboração do plano de desenvolvimento

do aprendizado?

• Existe um comitê ou time responsável pelo desenvolvimento da missão e filosofia de

treinamento? Em caso afirmativo, qual a formação do time?

• Admite membros externos a empresa?

• É composto por pessoas que traçam o plano estratégico da empresa?

• Gerentes Sr. das linhas de negócio participam?

Financiamento.

Como é o modelo de financiamento para os investimentos da gerência do

capital intelectual?

• Existe um plano de financiamento (orçamento) para as atividades de T&D?

• Os custos são alocados corporativamente ou “alocados de volta” as linhas de

negócio?

• São licenciados programas de treinamento

• São abertos cursos a outras organizações?

• Como são medidos os resultados?

• Quais são os resultados esperados com o investimento em treinamento e

desenvolvimento (redução de custos, aumento da receita)?

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Direção Estratégica e Política.

Existe plano de alinhamento estratégico entre ações de T&D e unidades de

negócios?

• Existem planos de alinhamento estratégico entre as ações de desenvolvimento dos

funcionários e as atividades da empresa?

• O que a empresa espera do treinamento e desenvolvimento de funcionários?

• Existe uma “visão” marcante e verossímil da universidade corporativa?

Infra-estrutura e Tecnologias de Aprendizado.

Quais são os canais e mídias utilizados para o aprendizado?

• Existem centros formais de treinamento?

• Quais as tecnologias utilizadas?

• A intranet é usada como mídia de aprendizado?

• Os investimentos em tecnologia trazem resultados, como são medidos?

Parcerias Intelectuais.

Busca apoio de consultorias, universidades e instituições de ensino?

• A empresa usa recursos externos no desenvolvimento, como parceria com

universidades ou outras instituições de ensino?

• Pretende continuar usando a médio e longo prazo?

• Pretende capacitar-se internamente para desenvolver o aprendizado?

• Quais critérios foram utilizados para identificar seus parceiros?

Funções de Marketing.

Existe uma designação que comunique as ações de desenvolvimento na

empresa?

• Faz uso de algum termo, como uma marca, para designar o treinamento e

desenvolvimento, como Universidades Corporativas?

• A disseminação dos conceitos de desenvolvimento usa os canais de comunicação da

empresa, ou outros canais, como periódicos?

• Atingem apenas a empresa ou mais alguém na cadeia de valor?

• Existem planos de crescimento?

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Gerência e Administração.

Qual o suporte gerencial para ações de desenvolvimento?

• Existe uma estrutura formal dedicada a administração do desenvolvimento?

• Em caso positivo, quem são os envolvidos?

• Como se dá a negociação com os demais setores da empresa para seguir com os

projetos?

Gerenciamento da Inteligência.

Quais são os canais de troca de conhecimento utilizados?

• Existe biblioteca na empresa?

• Existem medidores de acesso / empréstimos?

• Os funcionários têm acesso a outras bibliotecas ou bases de dados?

Infra-estrutura de Suporte ao Aprendizado.

Existem centros formais de aprendizado, aconselhamento para carreira (AG)

e estrutura de

seleção dos professores?

• A estrutura de desenvolvimento procura motivar o aprendizado de forma continuada

ou deixa por conta da vontade do funcionário?

• Existe desenvolvimento formal de rotinas de treinamento, carreira, seleção de

professores?

• Existe programa de gerentes ou mentores do aprendizado?

padrões regulatórios.

Qual o grau de existência de instrumentos de acompanhamento do ambiente

externo?

• Existe influência das normas de regulamentação da empresa sobre as atividades de

desenvolvimento?

• Recebem influência das melhores práticas da indústria, de instituições do governo,

meio ambiente ou outras empresas?

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Programas de Desenvolvimento Gerencial.

• Existem cursos específicos de gerência e gestão?

• São patrocinados MBA’s?

• Fornecem certificados reconhecidos por outras instituições, como ensino médio,

superior, etc?

Sistemas e procedimentos de garantia de qualidade.

Existe processo formal de validação dos padrões a serem atingidos em cada

programa?

• Existem sistemas de controle de qualidade do aprendizado?

• São ligados as metas de desempenho da empresa?

• Existem avaliações de conteúdo do desenvolvimento?

• Em caso afirmativo, comparando com o que?

Proteção dos dados.

Garante a retenção do conhecimento desenvolvido na empresa?

• Existe preocupação com a proteção das informações disseminadas nos cursos de

desenvolvimento?

• Existem protocolos de restrição de acesso as informações?

• A empresa procura se resguardar, de alguma forma, para que os cursos que financia

não venham a beneficiar outras empresas?