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UNIVERSIDADADE DE CUIABÁ PROGRAMA DE POS GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS AMBIENTAIS AS MUDANÇAS CLIMÁTICAS GLOBAIS: UM ESTUDO DAS REPRESENTAÇÕES SOCIAIS DOS FORMANDOS DE ENGENHARIA CIVIL DA UNIVERSIDADE DE CUIABÁ CATIA BALDUINO FERREIRA JOSÉ DE SOUZA NOGUEIRA Orientador CARLO RALPH DE MUSIS Coorientador CUIABÁ, MT Abril/ 2016

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Page 1: UM ESTUDO DAS REPRESENTAÇÕES SOCIAIS DOS FORMANDOS DE ... · origem ao Protocolo de Quioto. Um aumento na temperatura ambiente tem sido observado na zona urbana, com a formação

UNIVERSIDADADE DE CUIABÁ

PROGRAMA DE POS GRADUAÇÃO EM

CIÊNCIAS AMBIENTAIS

AS MUDANÇAS CLIMÁTICAS GLOBAIS: UM ESTUDO DAS REPRESENTAÇÕES SOCIAIS DOS FORMANDOS DE ENGENHARIA

CIVIL DA UNIVERSIDADE DE CUIABÁ

CATIA BALDUINO FERREIRA

JOSÉ DE SOUZA NOGUEIRA

Orientador

CARLO RALPH DE MUSIS

Coorientador

CUIABÁ, MT

Abril/ 2016

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UNIVERSIDADE DE CUIABÁ

PROGRAMA DE POS GRADUAÇÃO EM

CIÊNCIAS AMBIENTAIS

AS MUDANÇAS CLIMÁTICAS GLOBAIS: UM ESTUDO DAS REPRESENTAÇÕES SOCIAIS DOS FORMANDOS DE ENGENHARIA

CIVIL DA UNIVERSIDADE DE CUIABÁ

CATIA BALDUINO FERREIRA

Dissertação apresentada ao Programa de

Pós-Graduação em Ciências Ambientais da

Universidade de Cuiabá/UNIC como parte

dos requisitos para obtenção do título de

Mestre em Ciências Ambientais.

JOSÉ DE SOUZA NOGUEIRA

Orientador

CARLO RALPH DE MUSIS

Coorientador

CUIABÁ, MT

Abril/2016

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FICHA CATALOGRÁFICA Dados Internacionais para Catalogação na Publicação (CIP)

CRISTIANE BIANCHI

Ficha Catalográfica Valéria Oliveira dos Anjos Bibliotecária – CRB1/1713

F383m Ferreira, Catia Balduino Ferreira.

As mudanças climáticas globais: um estudo das representações sociais dos formandos de Engenharia Civil da Universidade de Cuiabá. / Cátia Balduino Ferreira - Cuiabá- MT, 2016.

97 f. : il.

Dissertação (Mestre em Ciências Ambientais) -Programa de Pós-Graduação em

Ciências Ambientais, Universidade de Cuiabá – UNIC.

Orientador: Prof. Dr. José de Souza Nogueira

Co-Orientador: Prof. Dr. Carlo Ralph de Musis

1. Climatologia. 2. Mudança Climática. 3. Meio Ambiente – Aspecto social. I. Título.

CDU 551.588

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DEDICATÓRIA

E Deus na sua infinita bondade me presenteou, me

dando uma família. Ao meu esposo Luciano, meu

ajudador, companheiro de todas as horas; aos meus

filhos Lucas e Thiago, minha riqueza, razão da minha

luta;

Aos meus pais, Divino e Iracina (in memorian), que

foram a base da minha educação desde a infância e

que permanece até os dias atuais.

Aos meus irmãos e minhas irmãs que em diversas

situações da minha vida me deram o apoio que

precisei.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus por esta conquista e por ele ter colocado pessoas no meu

caminho, que foram fundamentais nesta etapa da minha vida.

Ao meu orientador Prof. Dr. Jose de Souza Nogueira, pelo seu apoio, no

momento em que surgiram as dificuldades para continuar os estudos, esteve pronto

para nos ajudar.

Ao Prof. Dr. Carlo Ralph De Musis, co-orientador, pela sua paciência,

generosidade, além de sua imensa capacidade, inteligência, é uma pessoa de coração

bondoso que esteve presente em todas as minhas dificuldades, apontado soluções para

que eu continuasse.

Ao coordenador do Curso, Prof. Dr. Osvaldo Borges Pinto Junior, pelas

contribuições não só como membro da banca, mas também como professor no decorrer

do curso.

A Profa. Dra. Sandra Francisca Marçal, que não poderia deixar de agradecer,

pessoa querida, admirável, pela sua grande contribuição como membro da banca e

como amiga, companheira.

Aos professores do curso, Dr. Léo Adriano Chig, Dra. Francieli Bomfiglio

Santana, Dr. Higo José Dalmagro , Dr. Osvaldo Alves Pereira, Dra. Júlia Arieira e Dr.

Jonathan Willian Zangeski Novais, pela dedicação e competência.

Aos Professores Dr. Marcelo Diniz dos Santos, Coordenador do Curso de

Mestrado em Biociência Animal e Dr. Álvaro Henrique Borges, Coordenador do

Curso de Mestrado em Ciências Odontológicas Integradas, pessoas competentes e

admiráveis, pela amizade, pelo apoio na minha decisão de fazer este curso e pelos

conhecimentos que me transmitiram no período em que estava na secretaria de

pesquisa e pós-graduação

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“Precisamos dar um sentido humano às nossas

construções. E quando o amor ao dinheiro, ao

sucesso nos estiver deixando cegos, saibamos

fazer pausas e olhar os lírios do campo e as aves

do céu”. (Érico Verissimo)

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO....................................................................................................... 1

1.1 PROBLEMÁTICA..................................................................................................... 1

1.2 JUSTIFICATIVA ...................................................................................................... 2

2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ............................................................................... 4

2.1 TEORIA DAS REPRESENTAÇÕES SOCIAIS ................................................................ 4

2.2 TESTE DE ASSOCIAÇÃO LIVRE DE PALAVRAS..........................................................10

2.3 MUDANÇAS CLIMÁTICAS GLOBAIS.........................................................................11

2.4 MUDANÇAS CLIMÁTICAS GLOBAIS: REPERCUSSÕES NO BRASIL E NO MUNDO ........ 20

2.5 O SABER AMBIENTAL NA OCUPAÇÃO DO ESPAÇO: A EDUCAÇÃO COMO MEDIDA

MITIGATÓRIA......................................................................................................... 28

3 CURSO ENGENHARIA CIVIL – UNIC ............................................................ 34

4 MATERIAIS E MÉTODOS ................................................................................ 38

5. APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS .................................... 41

5.1. CATEGORIAS: CAPITALISMO E CRESCIMENTO URBANO ....................................... 43

5.2. CATEGORIAS: EDUCAÇÃO AMBIENTAL E DESMATAMENTO ................................. 49

5.3. CATEGORIAS: DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL E POLUIÇÃO...........................54

5.4. AQUECIMENTO GLOBAL E EFEITO ESTUFA .......................................................... 59

6 CONCLUSÃO.........................................................................................................66

BIBLIOGRAFIAS .................................................................................................... 68

BIBLIOGRAFIA CONSULTADAS. ......................................................................72

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LISTA DE ABREVIAÇÕES E SIMBOLOS

AG – Aquecimento global

BSC – Balanced score card (Indicadores balanceados de desempenho)

C - Capilatismo

CCE – Climate change education (Eduação para mudanças climáticas)

CH4 - Metano

CIMGC – Comissão interministerial de mudanças climáticas globais

CNUMAD – Conferencia das nações unidas sobre meio ambiente

COP – Conferência das partes

CO2 – Dioxido de carbono

CO3 - Ozônio

CQNUMDC - Convenção-quatro das nações Unidas sobre Mudança do Clima

CU – Crescimento urbano

D - Desmatamento

DS – Desenvolvimento sustentável

EA – Educação ambiental

EE – Efeito estufa

ESD – Education for sustainable development (educação para o desenvolvimento

sustentável

GEE – Gases de efeito estufa

IALEI – International aliance of learding eduation institutes

NIPCC - Painel internacional não governamental sobre Mudanças Climáticas

IPCC - Intergovernamental Panel on Climate Change (Painel Intergovernamental de

Mudanças Climáticas)

MDL – Mecanismo de desenvolvimento limpo

N2O – Oxido nitroso

OE – Ordem das evocações

OI – Ordem de importância

ONGS – Organização não governamental

P – Poluição

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PNMA – Política nacional de meio ambiente

PNUMA – Programa das nações unidas para o meio ambiente

PPC – Projeto pedagógico do curso

TALP – Técnica de associação livre de palavras

TECLE – Termo de consentimento livre e esclarecido

TRS – Teoria das representações sociais

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RESUMO

FERREIRA, C.B. As mudanças climáticas globais: um estudo das representações sociais

dos formandos de engenharia civil da Universidade de Cuiabá. Cuiabá, 2015, 96f.

Dissertação (Mestrado em Ciências Ambientais) – Departamento de Ciências

Ambientais, Universidade de Cuiabá.

As mudanças no clima nos grandes centros urbanos provocadas pela

substituição da cobertura vegetal pelo concreto e asfalto, associado ao aumento da

atividade industrial e da poluição de veículos automotores têm provocado a formação

de ilhas de calor, com temperaturas até 10° C mais elevadas nas zonas centrais das

cidades em relação as áreas periféricas ou rurais. O crescimento acelerado dos grandes

centros urbanos exige neste âmbito a formação de profissionais da engenharia civil

com capacidade de planejar e adotar medidas que visem minimizar estes efeitos. O

objetivo do trabalho foi estudar a percepção de discentes do décimo semestre do curso

de Engenharia Civil da Universidade de Cuiabá sobre Mudanças Climáticas Globais.

Em 2014, 51 acadêmicos de engenharia civil responderam questionários estruturados

sobre dados demográficos e relacionados ao tema Mudanças Climáticas Globais.

Utilizando a Técnica de Associação Livre de Palavras (TALP), os discentes evocaram

5 expressões que deram origem a 8 categorias denominadas: 1 - Aquecimento Global

(AQ), 2 - Capitalismo (C), 3 - Crescimento Urbano (CU), 4 - Desenvolvimento

Sustentável (DS), 5 - Desmatamento (D), 6 - Educação Ambiental (EA), 7 - Efeito

Estufa (EE) e 8 - Poluição (P). A categoria de maior relevância foi o Aquecimento

Global (AQ), com 79 evocações, representando 82,7% dos discentes; e a menor foi o

Crescimento Urbano (CU) com 9 evocações representando 15,4% dos discentes

entrevistados. Face ao Projeto Pedagógico do Curso (PPC), apesar da grade curricular

conter disciplinas que contemplam questões ambientais como a Gestão Ambiental na

Construção Civil e Saneamento Ambiental, os discentes sujeitos desta pesquisa

apresentaram representações sobre as mudanças climáticas globais aninhadas ao senso

comum e com baixa criticidade.

Palavras-Chaves: Representações sociais, Teste de Associação Livre de Palavras,

Mudanças Climáticas.

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ABSTRACT

FERREIRA, C.B. Global climate change: a study of social representations of civil

engineering graduates from the University of Cuiabá. Cuiabá, 2015, 96f. Dissertation

(master in Environmental Sciences) – Department of Environmental Sciences, University of

Cuiabá.

The changes in climate in major urban centers caused by the increasing

replacement of vegetation cover by concrete and asphalt, associated with the increase

in concentration of buildings, industrial activity and pollution of motor vehicles have

caused the formation of heat islands with temperatures up to 10° C higher in the central

areas of cities against the peripheral or rural areas, The accelerated growth of large

urban centers requires the formation of civil engineering professionals with ability to

plan and adopt measures to minimize these effects. The objective of this work was to

study the perceptions of students of the tenth semester of the year 2014, Civil

Engineering course at the University of Cuiaba on global climate change. The survey

was conducted academic 51. Structured questionnaires were applied to issues related

to the demographic data and the issue of global climate change. Using the technique

of free association of Words (TALP), the students mentioned 5 expressions that have

resulted in 8 categories called: 1-Global warming (AQ), 2-capitalism (C), 3-urban

growth (CU), 4-sustainable development (SD), 5-Deforestation (D), 6-environmental

education (EA), 7-greenhouse effect (EE) and 8-pollution (P). The most important

category was Global warming (AQ), with 82.7% of the 79 evocations representing

students and the smallest was the urban growth (CU) with 9 15.4% of students

representing evocations interviewed. Comparing the results obtained with the

pedagogic project of the course (PPS), although the curriculum contain subjects

covering environmental issues such as the environmental management in construction

and environmental sanitation, the subject of this research, students have

representations about the global climate change nested to common sense and with low

criticality.

Key words: Social Representations, Free Word Association Test, Climate change.

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1. INTRODUÇÃO

1.1 PROBLEMÁTICA

As mudanças climáticas globais se tornaram grande preocupação no meio

científico, sendo um tema bastante discutido por diversos pesquisadores, governo e

pela sociedade em geral.

O Painel intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPPC), define

mudanças climáticas como mudança no estado do clima que podem ser identificadas

(isto é, pelo uso de testes estatísticos) por mudanças na média, ou na variação de suas

propriedades, e que persistem por um extenso período, geralmente décadas ou mais.

Estas mudanças podem ser derivadas tanto de causas naturais quanto antrópicas.

Diversos estudos apontam o aquecimento global como o principal responsável

pelas alterações climáticas, através do incremento antrópico de gases de efeito estufa

(GEE), como dióxido de carbono (CO2), ozônio (O3), metano (CH4) e óxido nitroso

(N2O) na atmosfera. Diante destas preocupações, vários eventos foram realizados a

nível mundial com a finalidade de reduzir a emissão destes gases.

Entre estes eventos, destacam-se: a Primeira Conferência das Nações Unidas

em 1972, que resultou na elaboração da Declaração do Meio Ambiente Humano; a

Conferência Rio-92, um marco importante nas discussões feitas pela comunidade

internacional , que tinha por objetivo alcançar a estabilização das concentrações de

Gases de Efeito Estufa (GEEs) na atmosfera para reduzir os impactos da ação antrópica

no sistema climático, onde foi elaborada a Agenda 21 (Programa de Ação Global

adotada por 182 países) e a Convenção sobre mudanças climáticas em 1997, que deu

origem ao Protocolo de Quioto.

Um aumento na temperatura ambiente tem sido observado na zona urbana, com

a formação das ilhas de calor resultantes do processo de ocupação antrópica, maior

número de edificações e elevação na emissão de poluentes dos veículos automotores.

Na zona rural, alterações climáticas estão relacionadas ao desmatamento para

agricultura e criação de gado. O uso de fertilizantes nitrogenados na agricultura

demanda elevado gasto energético na sua produção, e aplicado no solo libera

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nitrogênio na atmosfera que combinado com oxigênio, origina o óxido nitroso - um

poderoso gás de efeito estufa (Ecycle, 2015).

1.2. JUSTIFICATIVA

Em áreas urbanas, dentre os principais impactos da ação antrópica, destacam-

se o aumento da temperatura e a diminuição da umidade, os quais são desencadeados

pela redução da cobertura vegetal, aumento de edificações, de cobertura asfáltica,

atividade industrial e de poluição por veículos automotores. Estes fatores contribuem

para formação de ilhas de calor.

Uma ilha de calor urbana proporciona temperaturas até 10° C mais elevadas

nas zonas centrais das cidades comparando com as áreas periféricas ou rurais, e ocorre

basicamente devido às diferenças de irradiação de calor entre as regiões edificadas e

as áreas com cobertura vegetal.

O crescimento acelerado das cidades aliado a necessidade de um planejamento

adequado de suas edificações tem sido e será nos próximos anos um dos principais

desafios para diversos profissionais. Neste sentido, as discussões acerca das mudanças

climáticas globais deverá ser uma constante no meio acadêmico nos cursos que

envolvem a questão climática como eixo de desenvolvimento, principalmente no que

diz respeito a atuação do futuro profissional frente à essas mudanças refletindo nos

conteúdos programáticos.

O engenheiro civil é um profissional com grande responsabilidade para

minimizar os efeitos deste crescente aumento do calor na zona urbana .De acordo com

a Resolução 1002 do código de ética do CREA, no que se refere ao meio ambiente,

orienta o exercício das atividades profissionais pelos preceitos do desenvolvimento

sustentável e na elaboração de projetos e execução de obras ou criação de novos

produtos atendendo aos princípios e recomendações de conservação de energia e de

minimização dos impactos ambientais .

Segundo o Projeto Pedagógico do Curso de Engenharia Civil/PPC (2014), o

egresso da Universidade de Cuiabá, tem como perfil, o engenheiro com formação

generalista, humanista, crítica e reflexiva, capacitado a absorver e desenvolver novas

tecnologias, estimulando a sua atuação crítica e criativa na identificação e resolução

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de problemas, considerando seus aspectos políticos, econômicos, sociais, ambientais

e culturais, com visão ética e humanística, em atendimento às demandas da sociedade.

Neste sentido, torna-se necessário visualizar a compreensão dos acadêmicos e

sua representação social a respeito das mudanças climáticas globais que, por princípio,

remetem a um pensar sobre as práxis conduzidas nos cursos de engenharia civil.

Frente a este propósito, esta pesquisa partiu do conceito de Representações

Sociais proposta por Moscovici (1978) que estudou como o conhecimento científico

afeta o senso comum, compondo uma forma de conhecimento de grupos que parte das

relações interpessoais e pode ser definida como conjunto de explicações que vem do

cotidiano do indivíduo.

O presente trabalho tem como objetivo geral analisar a percepção dos alunos

do 10º semestre de Engenharia Civil da Universidade de Cuiabá – UNIC, quanto às

mudanças climáticas globais sob a ótica da teoria das representações sociais.

Os objetivos específicos foram estudar as evocações reveladas pelos alunos

sobre o meio ambiente; compreender qual o papel atribuído às MCG (mudanças

climáticas globais) na formação profissional do grupo dos alunos pesquisados por

meio de entrevistas utilizando a técnica de associação livre de palavras (TALP) - para

técnica para produção de dados em estudos de representações sociais.

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2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1 TEORIA DAS REPRESENTAÇÕES SOCIAIS

A Teoria das Representações Sociais surgiu na década de 60, a partir do

trabalho de Serge Moscovici, sobre a difusão da psicanálise entre a população de Paris,

tanto na sua apropriação e transformação pela mesma ou por outras funções sociais.

Segundo Moscovici (1978) apud Alves-Mazzotti (2008), o autor iniciou esse

processo de elaboração teórica retomando o modelo de representação coletiva,

proposto por Durkheim, onde este se referia a uma classe genérica de fenômenos

psíquicos e sociais, englobando entre eles os referentes à ciência, aos mitos e à

ideologia, sem a preocupação de explicar os processos que dariam origem a essa

pluralidade de modos de organização do pensamento.

Ainda, a representação tem, em sua estrutura, duas faces: a face figurativa e a

face simbólica, onde os processos envolvidos na atividade representativa tem a função

de destacar uma figura e ao mesmo tempo atribuir um sentido, integrando-o ao nosso

universo. Tem, sobretudo, a função de objetivar e consolidar os materiais que entram

na composição de determinada representação.

Jodelet (2001) caracteriza a representação como forma de conhecimento,

socialmente elaborado e partilhado, com um objetivo prático e que contribui para a

construção de uma realidade comum a um conjunto social. Igualmente designado

como saber do senso comum ou ainda saber ingênuo, natural. Esta forma de

conhecimento é diferenciada entre outras do científico.

Para Moscovici (1978), apud Alves-Mazzoti (2008), a representação social,

corresponde a busca de elementos que possam estar adequados às características da

sociedade contemporânea onde ocorre a multiplicidade dos sistemas políticos,

filosóficos e artísticos, bem como a rapidez na circulação das representações. Sua

dinâmica poderia ser trabalhada através da elaboração de um conceito verdadeiramente

voltado para as questões sociais, envolvendo as relações entre indivíduo e sociedade,

distinguindo inicialmente o conceito de representação social dos mitos, da ciência e da

ideologia.

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As representações sociais procuram explicar algo que nos remete a um objeto,

a uma pessoa ou acontecimento, aos fenômenos do homem, das interações sociais,

partindo do coletivo sem desconsiderar o individual. Para Campos (2005) a teoria das

representações sociais nos permite compreender a dimensão normativa e os processos

de transformação dos conhecimentos partilhados por um dado grupo, acerca da

realidade social.

Para Reis et al. (2011), as representações sociais partem do pressuposto de que

há duas formas de estruturar conhecimentos. Conforme Moscovici: a consensual e a

reificada (científica), cada qual gerando seu próprio universo, que para Arruda (2002)

podem ser detalhadas da seguinte forma:

1. O universo consensual constitui-se na conversação informal, na vida cotidiana.

As representações sociais constroem-se mais frequentemente na esfera

consensual, embora as duas esferas, o senso comum e o científico, não sejam

totalmente isoladas. As sociedades são representadas por grupos de iguais,

todos podem falar com a mesma competência. As representações sociais é o

senso comum, acessível a todos;

2. O universo reificado se cristaliza no espaço científico, com suas regras de

linguagem e sua hierarquia interna;

Segundo Abric (2008), as representações têm papel fundamental na dinâmica

das relações e nas práticas sociais e respondem a quatro funções que as sustentam:

1 Funções de saber: permitem compreender e explicar a realidade, definem

o quadro de referência comum que permite as trocas sociais, a transmissão

e a difusão deste saber ingênuo;

2 Função identitária: definem a identidade e permitem a proteção da

especificidade dos grupos, além da função cognitiva de compreender e de

explicar;

3 Função de orientação: guiam os comportamentos e as práticas, define o

que é licito tolerável ou inaceitável em um dado contexto social;

4 Função justificadora: permitem a priori, a justificativa das tomadas de

posição e dos comportamentos. A representação tem por função preservar

e justificar a diferenciação social, e ela pode estereotipar as relações entre

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os grupos, contribuir para a discriminação ou para a manutenção da

distância social entre eles;

Nobrega (2001) afirma que as representações, sendo elaborada através e nas

dinâmicas de comunicação, são responsáveis pelo duplo papel na sua própria

formação, de tornar estranho o familiar e o invisível perceptível, o que implica em

dominar a realidade pela integração cognitiva no novo. A comunicação é o veículo que

permite a formação das representações de modo que estas se exercem na regulação da

dinâmica relacional entre atores sociais.

Ainda para o mesmo autor a representação torna possível a reconstrução do

real através da interpretação dos elementos constitutivos do meio ambiente, em uma

dimensão ordenada e significativa para os membros de uma sociedade, comunidade

determinada. Esta interpretação da realidade é traduzida em um conjunto lógico do

pensamento que vai construir a visão de mundo para uma coletividade.

Para Nobrega (2001) a elaboração e funcionamento de uma representação

podem ser compreendidos através dos processos de formação: objetivação e

ancoragem.

A objetivação consiste em materializar as abstrações, corporificar os

pensamentos, tornar físico e visível o subjetivo, transformar em objeto o que é

representado. Os objetos percebidos tornam-se intercambiáveis, as palavras são

acopladas às coisas, o abstrato é tornado concreto, o conceito transformado em uma

imagem e um núcleo figurativo. Objetivação é como uma atividade que dá forma e

estrutura ao processo da representação e pode ser classificada em três fases:

1. Construção seletiva: que é o mecanismo utilizado pelo grande público

consumidor dos meios de comunicação de massa para se apropriar de

determinado corpus teórico-científico, retirando os elementos dos quais as

informações em circulação são formadas enquanto fatos próprios ao universo

do senso comum;

2. Esquematização estruturante ou núcleo figurativo: Segundo Abric (1998), toda

representação é organizada em torno de um núcleo central. Este núcleo central

é o elemento fundamental da representação social, pois determina ao mesmo

tempo a significação e a organização da representação. Possui duas funções,

geradora e organizadora, atribuindo sentido e determina os elos de unificação

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entre os outros elementos (periféricos) que se entrelaçam na formação do

tecido representacional. O elemento do núcleo central é determinado pela

finalidade e condições onde se produz representação;

3. Naturalização: confere uma realidade ao que era uma abstração.

Posteriormente Moscovici, a fim de mostrar como a representação do dinheiro

é partilhada socialmente, acrescentou quatro momentos ao processo de objetivação:

1. Desejo: provocado pelo que se faz recusar, resistir, furtar-se, é proibido,

tornado ausente, encontrar-se distante, enfim transformar-se em diferente;

2. Avaliação: situa os objetos numa escala de desejabilidade ou aversão;

3. Demanda: focalizado numa escolha sobre uma diversidade de desejos

necessários, é, portanto, caracterizado pela incerteza ou tensão do que se

pretende superar;

4. Troca: é o que cria o laço entre os indivíduos, atrai o que os faz pertencer a um

grupo, a uma sociedade, ou instituição.

A ancoragem, segundo Nobrega (2001), está articulada à objetivação, possui

três funções fundamentais da representação social, são elas: incorporação do estranho

ou do novo, interpretação da realidade e orientação dos comportamentos. A ancoragem

também é organizada estruturalmente sobre três condições:

1. Atribuição de sentido: segundo Jodelet (2001), por um trabalho da memória, o

pensamento constituinte se apoia sobre o pensamento constituído, a fim de

ordenar a novidade nos moldes antigos, no que já é conhecido;

2. Instrumentação do saber: dá um valor funcional à estrutura imaginaria da

representação, à medida que esta se torna uma teoria de referência que permite

aos indivíduos compreenderem a realidade;

3. Enraizamento no sistema: permite a coexistência de dois fenômenos opostos

no interior do processo formativo das novas representações. É o movimento de

incorporação social da novidade atrelada a familiarização do estranho.

Portanto, segundo o autor, a objetivação e a ancoragem são aparentemente

opostas, uma cria verdades evidentes para todos e independentes de todo determinismo

social e psicológico, a outra ao contrário, designa a intervenção de tais determinismos

na sua gênese e transformação.

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Para Abric (1998), sendo uma representação social constituída de informações,

crenças, opiniões e de atitudes, a propósito de um dado objeto, este conjunto de

elementos organizados, constitui um sistema sociocognitivo com um tipo especifico.

A organização de uma representação social apresenta características específicas,

organizadas em torno de um núcleo central onde ao seu redor estão os elementos

periféricos.

O núcleo central, também chamado de núcleo estruturante, é determinado pela

natureza do objeto representado e pelo tipo de relações que o grupo mantém com este

objeto, assumindo assim duas funções fundamentais:

1. Função geradora: elemento através do qual se cria, ou se transforma o

significado dos outros elementos constitutivos da representação. É através dele

que os elementos ganham um sentido, um valor;

2. Função organizadora: é o elemento unificador e estabilizador da representação

social.

Além destas funções, Abric (1998) também aponta que o núcleo central se

constitui o elemento mais estável, que resiste às mudanças, permite um estudo

comparativo das representações sociais e toda modificação que ocorre no núcleo

central, provoca transformação completa da representação. Para que duas

representações sejam diferentes, elas devem ser organizadas em torno de dois núcleos

centrais diferentes.

Os elementos periféricos estão organizados em torno do núcleo central,

constituem o conteúdo da representação. Segundo Abric (1998), os elementos

periféricos possuem três funções primordiais:

1. Função de concretização: constituem interface entre o núcleo central e a

situação concreta na qual a representação é elaborada ou colocada em

funcionamento. Permite sua formulação em termos concretos, imediatamente

compreensíveis e transmissíveis;

2. Função reguladora: os elementos periféricos têm papel essencial na adaptação

da representação às evoluções do contexto. As informações novas ou as

transformações do meio ambiente podem ser integradas na periferia da

representação. Face a estabilidade do núcleo central, os elementos periféricos

constituem o aspecto móvel e evolutivo da representação;

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3. Função de defesa: como o núcleo central de uma representação resiste a

mudança, posto que sua transformação provocaria uma alteração completa, o

sistema periférico funciona como o sistema de defesa da representação.

Flament (1994), citado por Abric (1998), diz que os elementos periféricos são

esquemas organizados pelo núcleo central, sendo estes importantes para o

funcionamento da representação, o que resulta em três características:

1. Primeiramente: prescritores de comportamentos, indicam de fato o que é

normal de se fazer ou de se dizer em uma dada situação, considerando o

significado e a finalidade desta função;

2. Em seguida, permite a modulação personalizada das representações e das

condutas a elas associadas. Uma representação única – logicamente organizada

em torno de um núcleo central – pode-se assim dar lugar a diferenças aparentes;

3. Finalmente, os esquemas periféricos protegem o núcleo central em caso de

necessidade, ou seja, função de defesa.

Segundo Moscovici (2001), reconhecendo que as representações sociais são ao

mesmo tempo construídas e adquiridas, tira o lado preestabelecido, estático, que as

caracterizava na visão clássica. O que conta são as relações entre os indivíduos e suas

interações.

Conforme Abric (1998), as representações sociais e seus componentes, os

elementos periféricos, funcionam exatamente como uma entidade, onde cada parte tem

um papel especifico e complementa a outra. É a existência destes duplos sistemas que

permite compreender uma das características básicas das representações, que pode

parecer contraditória, ou seja, elas são simultaneamente estáveis e móveis; rígidas e

flexíveis.

Para este autor, sendo as representações sociais estáveis e rígidas ao mesmo

tempo, posto que determinados por um núcleo central profundamente ancorada no

sistema de valores partilhado pelos membros do grupo; móveis e flexíveis, posto que

alimentando-se da experiência dos indivíduos, elas integram os fatos da vida cotidiana

e de cada indivíduo diante e uma determinada situação específica, buscando uma

integração com as mudanças nas relações e nas práticas sociais onde estão inseridos

os indivíduos ou grupo de pessoas.

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Portanto a vivência e experiência de cada indivíduo, adquirida no

enfrentamento dos fatos reais ocorridos durante sua trajetória dentro da sociedade em

que atua ou participa, contribui para uma atuação coletiva e dinâmica dentro das

estruturas de representação existentes. A consolidação desse processo permite a

construção de grupos sociais sólidos em sua estrutura, porém com caráter dinâmico e

flexível diante da tentativa de resolução dos problemas da sociedade em que vive.

Para Nobrega (1998), as representações sociais agem enquanto guia das

condutas que modelam as formas e entrelaçam as redes das relações sociais, sendo que

estas últimas formam, por sua vez, e as estruturam.

2.2 TESTE DE ASSOCIAÇÃO LIVRE DE PALAVRAS

O Teste de Associação Livre de Palavras/ALP, é uma técnica elaborada por

Jung que considerava que a estrutura psicológica do sujeito poderia ser desvelada

mediante a análise de uma rede simbólica manifesta em evocações livres.

Segundo Abric (1998) a ALP em pesquisa de representações sociais, permite

evidenciar universos semânticos comuns a determinado grupo, o que pode viabilizar a

identificação de elementos estruturais de uma representação – núcleo central e

elementos periféricos.

Para Bardin (2009), consiste em um conjunto de técnicas de análise das

comunicações, visando obter por procedimentos sistemáticos e objetivos de descrição

do conteúdo das mensagens indicadores (quantitativos ou não) que permitam a

inferência de conhecimentos relativos às condições de produção/recepção (variáveis

inferidas) desdás mensagens.

Tavares et al (2014) considera ALP, associação livre de palavras, como uma

técnica que se apresenta como sendo do tipo projetiva, à medida que atua diretamente

sobre a estrutura psicológica dos indivíduos por meio de estímulos indutores, que

podem ser verbais (frases, palavras, expressões) ou não verbais (figura, imagens fixas

ou em movimentos) que respondem às induções, evidenciando aspectos de sua

personalidade ou suas representações acerca do objeto indutor.

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2.3 MUDANÇAS CLIMÁTICAS GLOBAIS

As mudanças climáticas globais tem sido um tema bastante discutido por

pesquisadores e pela sociedade em geral no mundo inteiro, destacando principalmente

o aquecimento global, pela emissão antrópica de gases de efeito estufa (GEE), como

o dióxido de carbono (CO2), ozônio (O3), metano (CH4) e óxido nitroso (N2O) na

atmosfera.

De acordo com Jacobi (2011), as mudanças climáticas globais aceleradas pelo

efeito estufa, segundo a ciência e tecnologia tem como agente principal o aquecimento

global derivado do aumento da concentração de GEEs, provenientes da queima de

combustíveis fósseis, desde a revolução Industrial.

Os gases de efeito estufa são responsáveis pela absorção de parte da radiação

emitida pelo planeta, impedindo assim que esta se escape para o espaço mantendo a

terra aquecida, possibilitando a vida na terra.

Segundo Nunes (2003), é importante lembrar que o efeito estufa ocorre

também por meios naturais, sempre existiu e é primordial para manutenção das formas

animadas e inanimadas do planeta. Entretanto, uma maior concentração de gases de

efeito estufa na atmosfera levaria ao rompimento do equilíbrio radiante.

O crescimento urbano, um dos fatores mais comumente evocados como

responsável pelo aquecimento global, ocasionado pelo aumento da população

originaria da migração tanto do campo como de outras localidades, exige

transformações do espaço. A cobertura vegetal dá lugar às praças, ruas pavimentadas,

moradias, comercio, indústrias, etc. Tudo isso traz consequências prejudiciais ao meio

ambiente, como a poluição do ar e da água.

A comunidade científica alerta que a ação humana está interferindo no balanço

de radiação. Mudanças no uso do solo e atividades diversas têm aumentado a

proporção de gases que absorvem a radiação reemitida pelo planeta, aprisionando-a

próxima a superfície terrestre, elevando a temperatura, ou seja, provocando efeito

estufa antropogênico.

Em detalhe, para Nunes (2003), as ilhas de calor são investigadas pelo mundo

todo pelas consequências tais como, a necessidade de refrigeração nos centros urbanos,

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aumento das doenças respiratórias, transferência da população de classe alta para

periferias o que leva a mudança no preço da terra e das características das habitações.

Moreira et al. (2008), aponta que com o aumento significativo da temperatura

da terra, o aquecimento global proveniente da concentração de gases de efeito estufa,

ganha espaço nas negociações internacionais, o aumento da temperatura se

intensificando pode provocar eventos climáticos cada vez mais extremos como

amplitude das ondas, derretimento de geleiras, aumento do nível do mar, alteração no

suprimento de água doce, maior número de ciclones, tempestades, enchentes secas,

ressecamento do solo dentre outros.

Além dos fatores acima citados, Nunes (2003) destaca as chuvas ácidas

provocadas pela presença de poluentes, causando acidificação de lagos, diminuição da

visibilidade, problemas de saúde e corrosão do patrimônio público e monumentos

históricos. Seus efeitos podem se estender para muito além de suas áreas de origem

por causa dos sistemas atmosféricos.

Outro fator de grande relevância é a destruição da camada de ozônio,

provocados pelo gás CFC (clorofluorcarbono), utilizado nas embalagens de aerossóis,

refrigeradores e aparelhos de ar condicionados. O papel da camada de ozônio é

proteger o planeta contra os raios ultravioletas emitidos pelo sol e também ajudam

controlar a temperatura média no planeta.

Na concepção de Soares et al. (2004), temos hoje a destruição da camada de

ozônio, atribuída ao acúmulo de clorofluorcarbonos (CFCs) na estratosfera, originado

em nossas atividades industriais poluentes; o aumento das taxas de dióxido de carbono

na atmosfera, motivado pelo uso crescente de combustíveis fósseis e pela eliminação

da cobertura florestal, como também a perda da diversidade biológica (extinção de

espécies e de seus habitats), em razão da derrubada crescente de áreas tropicais de

florestas úmidas para fins de exploração agrícola não planejada e predatória.

Estes processos gerados por ação antrópica são provenientes, na luta pela

sobrevivência, da falta de conscientização do homem sobre o meio ambiente. Soares

et al. (2004) afirma que nas últimas décadas, o conceito ecológico vem se ampliando

dentro de um modelo de desenvolvimento que busca uma relação de equilíbrio, sob

uma nova perspectiva na relação do homem com a natureza.

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Ainda segundo Soares et al. (2004), a consciência de que é necessário tratar

com racionalidade os recursos naturais, uma vez que estes podem se esgotar, mobiliza

a sociedade no sentido de se organizar para que o desenvolvimento econômico não

seja predatório, mas sim, sustentável.

A preocupação com meio ambiente, desta forma vem crescendo tanto no meio

científico como na sociedade em geral, ainda que, para Nunes (2003), o planeta

permanece no equilíbrio radiante disposto nos últimos séculos, onde a quantidade de

energia que entra e que sai do sistema terra seja igual, por outro lado ela estaria se

aquecendo e ou resfriando, comprometendo a continuidade dos processos bióticos e

abióticos adaptados às condições climáticas globais.

De acordo com Soares et al. (2004), atualmente, a preocupação mundial com a

biodiversidade pede maior compromisso dos cientistas na luta pela preservação dos

recursos naturais e pelo planejamento de programas ligados às questões sociais.

Na busca pela sobrevivência, o crescimento acelerado da cidade impulsiona

também o crescimento da industrialização, segundo Nunes (2003), a relação entre a

urbanização e a indústria é fundamental para explicar parte dos problemas ambientais

urbanos. Se, no início as cidades tinham funções voltadas ao comércio e à distribuição

de mercadorias, a presença de indústrias alterou esse quadro. A cidade passou a

desempenhar a função produtora de mercadorias.

Segundo Satherwaite (2008), uma questão ainda mais fundamental seria se as

emissões de gases do efeito estufa relacionadas a produção de bens ou serviços são

alocadas para produção ou para consumo. Se as emissões tiverem como referente à

residência do consumidor final, a maioria das emissões provenientes da agricultura,

desmatamento e indústria poderiam ser computadas às cidades onde são consumidos

as mercadorias industriais, os produtos de madeira e os alimentos.

A industrialização por si só também provoca impactos no meio ambiente, pois

exige infraestruturas para sua instalação, gera o aumento da população. E esta, por sua

vez, por falta de opção e condições financeiras, vão ocupar os lugares menos

privilegiados da cidade, aumentando assim os impactos socioambientais.

Portanto, com a chegada da indústria, há uma transformação do espaço, que

segundo Ribeiro (2008) serão necessárias vias projetadas, sistemas integrados de

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distribuição de energia e a construção de conjuntos habitacionais, inicialmente, pelas

próprias indústrias para alojar os trabalhadores.

Assim os principais impactos nas áreas urbanas tem sido o aumento da

temperatura e a diminuição da umidade tendo como fatores responsáveis já citados

anteriormente, a redução da cobertura vegetal, o aumento da cobertura da superfície

do solo com concreto e asfalto, pelo aumento da alta concentração das edificações

impedindo a ventilação e o aumento da atividade industrial e da poluição de veículos

automotores.

Ribeiro (2008) acredita que mesmo que as emissões caiam rapidamente, o que

é muito pouco provável, os efeitos do aquecimento global serão sentidos pela

população das cidades e metrópoles brasileiras por muito tempo. Eles resultam de

gases de efeito estufa lançados no passado, em especial pelos países que se

industrializaram inicialmente.

Segundo Freitas (2004), uma das causas do aumento da temperatura é a

formação da ilha de calor urbana, sendo mais elevadas nas zonas centrais das cidades

em comparação com as áreas periféricas ou rurais, podendo chegar até 10° C e ocorre

basicamente devido às diferenças de irradiação de calor entre as regiões edificadas e

não edificadas com cobertura vegetal.

Outro fator decorrente do crescimento rápido da cidade, segundo Ribeiro

(2008), é o aumento no preço do solo urbano e como as unidades fabris necessitam de

vastas áreas, muitas cidades deixaram de ser opção para plantas industriais pelo custo

do terreno.

O encarecimento do solo urbano também provoca o aumento das desigualdades

sociais. A população de baixa renda ocupa as áreas periféricas de menor valor, os

loteamentos feitos pelo poder público, sem planejamento adequado, com infraestrutura

precária. Enquanto isso, as classes de maior poder aquisitivo ocupam as regiões mais

privilegiadas.

Para Soares et al. (2004) a relação campo e cidade, as desigualdades sociais, a

consolidação de uma sociedade excludente estão associadas à corrupção ambiental,

cujo resultado visível está nas favelas, na devastação ambiental, nas cidades

problemáticas, nos refugiados ambientais, na violência urbana, no desemprego, na

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perda de valores associados ao trabalho e a construção de benefícios coletivos, dentre

outros.

Conforme Sattherwaite (2008) a principal fonte das emissões de gases do efeito

estufa nas cidades seria o uso de energia – na produção industrial, nos transportes e

nos prédios residenciais, comerciais governamentais (aquecimento ou resfriamento,

iluminação e aparelhos elétricos).

O transporte, segundo o autor, tem uma contribuição importante para as

emissões de gases do efeito estufa na maioria das cidades. Apesar de sua contribuição

relativa variar muito – por exemplo, cerca de 11% em Xangai e Pequim em 1998

(nessas cidades, a indústria é a maior geradora de emissões de gases do efeito estufa)

20% em Londres, Nova Iorque e Washington DC e 30% a 35% no Rio de Janeiro,

Barcelona e Toronto.

Apesar de a cidade ser considerada a maior contribuinte com as mudanças

climáticas globais, com percentual de 75% a 80% de todos os gases de efeito estufa

decorrentes da atividade humana, segundo Satherwaite (2008), entre 40% e 60% foram

gerados fora dos centros urbanos, através de atividades agrícolas, desmatamento, da

indústria pesada, usinas de geração de energia movida por combustíveis fósseis, etc.

Ainda segundo o mesmo autor, algumas cidades da América Latina, África e

Ásia, tem baixas emissões de gases do efeito estufa por morador e acomodam centenas

de milhões de pessoas que correm risco de enfrentar os perigos decorrentes do aumento

na frequência ou intensidade de inundações tempestades e ondas de calor, restrições

no fornecimento de água decorrentes da mudança do clima. Estas vivem geralmente

em locais de risco, informais, sem infraestrutura, sujeitas a inundações ou

deslizamentos de terra.

De acordo com Bonatti et al. (2011), o fórum global humanitário, no relatório

Human Impact report, Climate Change – the anatomy of a Silent Crisis (GLOBAL

HUMANITARIAN FORUM, 2009), que fala sobre os riscos das mudanças climáticas

para a humanidade, aponta que os efeitos destas mudanças se transformam em uma

crise silenciosa que assume, não só as formas de fome ou de doenças, mas também se

mostram em ciclones, inundações ou ondas de calor, impactando mais fortemente as

populações economicamente desfavorecidas.

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Diante destas afirmações, segundo Bonatti et al. (2011), as mudanças

climáticas de origem antropogênicas afetarão a vida de milhões de pessoas nas mais

distintas comunidades, e por isso ações voltadas para atuar sobre o impacto destas

mudanças são fundamentais.

Criar medidas para enfrentar ou até mesmo corrigir os impactos ambientais,

exige mudanças socioambientais e distribuição de renda que não são tarefas fáceis, diz

respeito à igualdade de acesso a serviços públicos. No Brasil, por exemplo, é evidente

o desequilíbrio social percebido nas formas de moradia na segregação social, no modo

de vida das pessoas na cidade.

De acordo com Ribeiro (2008), no Brasil o quadro social desigual, mesmo que

atenuado nos últimos anos, ainda está longe de uma situação de equilíbrio. Por isso é

preciso aproveitar todas as oportunidades que surgem para resolução de problemas e

implementar medidas socioambientais que corrijam paulatinamente as discrepâncias

de renda e de acesso a serviços no país.

Os impactos ambientais não são problemas atuais, estão em evidências aos

longos anos, e são percebidos principalmente nas regiões onde vivem a classe menos

favorecida a cada chuva intensa, nos alagamentos dos bairros, desmoronamento de

morros. É preciso agir no sentido de corrigir os impactos antigos e se preparar para

enfrentar os novos.

Ribeiro (2008) acredita que na dúvida quanto aos impactos socioambientais

nas cidades brasileiras, é preciso agir para enfrentar problemas antigos que resultaram

do processo rápido e particular de urbanização no Brasil e atacar, com determinação,

principalmente, a má condição de moradia da maioria da população que vive em

grandes cidades e metrópoles brasileiras.

Os problemas socioambientais são históricos. Ao longo dos anos percebemos

a separação das classes sociais, de um lado a população de maior poder aquisitivo que

ocuparam áreas mais favoráveis, bem planejadas, melhor refrigeradas, e de outro lado

classes menos favorecidas, que sofrem com a elevação da temperatura devido às

condições de moradia.

A elevação da temperatura nas cidades repercute na qualidade de vida e exige

uma revisão do uso das edificações, bem como seu redimensionamento. (RIBEIRO,

2008).

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A qualidade de vida pode ser pessoal e pode também não estar apenas na

cidade, mas também na maneira como as pessoas se alocam, na localização e nas

condições de moradias. A maneira como vivem podem contribuir de forma expressiva,

não só para qualidade de vida, mas também para saúde.

Além das condições de moradias inadequadas, a maioria da população das

grandes cidades e metrópoles sofrem com a formação de ilhas de calor que agravam a

saúde de hipertensos e podem aumentar o número de óbitos (Ribeiro, 2008). Para

solução deste problema é preciso utilizar da regulamentação das construções, por meio

do Código de Obras e do Plano Diretor.

A normatização e o planejamento urbano melhoram a qualidade de vida nas

grandes cidades, porém não resolvem problemas ambientais, decorrentes da relação

homem e meio ambiente.

Segundo Jacobi (2011) a influência da atividade humana sobre o clima é

complexa e diz respeito ao que consumimos, ao tipo de energia que produzimos e

utilizamos, se vivemos na cidade ou em uma fazenda, em um país rico ou pobre, se

somos jovens ou velhos, o que comemos e, a relação com a igualdade de direitos e

oportunidades desfrutada por mulheres e homens.

A maneira como as pessoas vivem nas cidades, o que elas utilizam para

sobrevivência, o tipo de moradia, os tipos de transporte, determinaram o grau de

participação nas emissões de gases de efeito estufa.

Para Sattherwaite (2008) na maioria das cidades nos países de baixa renda, as

emissões de gases do efeito estufa por pessoa não podem ser altas simplesmente

porque usam pequenas quantidades de petróleo, carvão e gás natural; os demais fatores

capazes de gerar outros gases importantes do efeito estufa são de pouca monta, a

indústria é escassa, poucas pessoas andam em carros particulares, os equipamentos

elétricos em residências e estabelecimentos comerciais são poucos, e de uso limitado.

As relações sociais são estabelecidas nas cidades onde estão concentradas as

atividades comerciais, sociais, econômicas e políticas, portanto são geradoras de

serviços e consumidoras de materiais, que podem contribuir com as emissões de GEE.

Sattherwaite (2008) caracteriza as cidades como centralizadora daquilo que

contribui para uma alta qualidade de vida, o que não implica em altos níveis de

consumo de materiais (e, portanto, em altas emissões de gases do efeito estufa) –

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teatro, música, artes plásticas e dança... E também têm sido locais de inovação social,

econômica e política. Em relação ao aquecimento global, em muitos países de alta

renda, os políticos que atuam nos municípios têm maior comprometimento com

redução das emissões de gases do efeito estufa em comparação com políticos que

atuam em nível nacional.

Historicamente, os problemas sociais e ambientais, aumentam ao longo dos

anos. A relação homem natureza continua problemática e para tanto é preciso criar

meios para atenuar estes problemas decorrentes do uso e ocupação do solo nos centros

urbanos. As decisões não dependem só do poder público, são necessárias ações

conjuntas, que envolvam a sociedade de maneira geral.

Portanto, segundo Ribeiro (2008), com o aumento dos problemas

socioambientais urbanos se multiplicando pelo território nacional não será possível

atenuar impactos socioambientais apenas por medidas de adaptação às mudanças

climáticas, por meio de políticas públicas municipais, serão necessárias diversas ações

conjuntas, ministérios como de Meio Ambiente, o de cidade e o de Saúde, sabendo

que algumas metrópoles onde ocorrem o inchaço, não tem recursos suficientes para se

adaptarem às mudanças climáticas.

As ações sim, precisam ser conjuntas, partindo do micro para o marco. Não

serão os ministérios nem a União que resolvem problemas como por exemplo a falta

de água em São Paulo e a falta de chuva em Mato Grosso, as enchentes no sul do pais,

ou as queimadas de maneira geral. A legislação pode ser uma luz, mas lei sem ação e

fiscalização são apenas papel. O fato é que ações individuais ou de pequenos grupos

são força motriz de grandes mudanças.

Segundo Martins (2010), apesar das incertezas científicas, é cada vez mais

claro que a sociedade não pode esperar para adotar medidas efetivas para mitigar o

aquecimento global e adaptar as cidades para uma nova realidade.

Diversas ações podem ser tomadas para melhorar a temperatura nas cidades.

Ribeiro (2008) acredita que para atenuar a temperatura da superfície da terra das

cidades e metrópoles brasileiras, é fundamental estimular o abandono dos veículos ou

alterar rapidamente o padrão dos motores para deixarem de emitir calor, tarefa que

para o autor vai levar tempo para ser cumprida.

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Outra alternativa seria o plantio de árvores, que ainda, segundo Ribeiro (2008),

pode ser realizada em larga escala e rapidamente, atenuando a temperatura da

superfície terrestre das áreas urbanas no Brasil, sendo fundamental consultar

especialistas para indicar o plantio de espécies originais de acordo com tamanho das

vias e calçadas do sistema viário.

Para Sattherwaite (2008), se a cidade contar com um bom sistema de transporte

público, evitar expansão em baixa densidade, terá menores níveis de emissões de gases

de efeito estufa por pessoa do que as cidades sem estas facilidades. Nas cidades mais

ricas do mundo as áreas residenciais mais desejadas têm altas densidades, construção

que minimiza a necessidade de aquecimento ou refrigeramento maior que as áreas do

subúrbio e rurais.

Ao ver as cidades como “o problema”, o autor acredita que isto pode desviar a

atenção do fato de que o principal responsável pelos altos níveis de emissão de gases

do efeito estufa são os padrões de consumo dos grupos de média e alta renda dos países

mais ricos.

Portanto culpar apenas as cidades como focos de grandes emissões de gases do

efeito estufa concede excessiva importância à eficiência energética dentro da questão

da mitigação das alterações climáticas, e às estratégias de adaptação para as nações de

baixa renda, cujas cidades, na maioria, usam muito pouco combustível fóssil (e cujo

escopo para agir sobre a respectiva redução seria muito menor).

Ainda, para esse autor ver as cidades como "o problema" também omite a

extensão do papel primordial desempenhado pelas cidades bem planejadas e bem

governadas na desconexão entre altos padrões de vida e altos níveis de emissões de

gases do efeito estufa. Isto pode ser visto, em parte, nos enormes diferenciais entre

cidades ricas, em termos de uso de gasolina por pessoa.

Neste contexto a difícil tarefa de identificar as reais causas e seus responsáveis

pelas emissões de gases do efeito estufa não tem sido muito fácil na opinião de vários

estudiosos no assunto. Assim, apesar da ação de atribuir as emissões de gases do efeito

estufa parecer um pouco pedante, ela tem um significado muito importante para a

atribuição das responsabilidades pela redução destes entre e dentro dos países, cidades

e outros assentamentos.

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2.4 MUDANÇAS CLIMÁTICAS GLOBAIS: REPERCUSSÕES NO BRASIL E NO

MUNDO

Vários eventos foram realizados a nível mundial no sentido diminuir a emissão

destes gases de efeito estufa na atmosfera. Foram propostos incentivos e medidas aos

países que acalmarem as metas de redução de suas emissões.

Em 1972, foi realizada em Estocolmo, a Conferência das Nações Unidas Sobre

o meio Ambiente Humano, com objetivo de mostrar a necessidade dos países,

principalmente os industrializados, tomar decisão frente ao modelo de

desenvolvimento econômico que consideravam os recursos naturais inesgotável,

propiciando a degradação ambiental e humana.

Subsidiado pela Ciência, segundo Soares et al. (2004), o capitalismo

consolidou os processos de desumanização da natureza e desnaturamento do homem.

O homem passou a ser excluído do conceito de natureza, pela sua superioridade

racional, esta, por sua vez, degradada e considerada como fonte inesgotável de seus

recursos, como máquina com capacidade de reprodução eterna.

A conferência das Nações Unidas Sobre o Meio Ambiente Humano, foi

marcada pelo confronto entre os países desenvolvidos e em desenvolvimento. Os

países desenvolvidos preocupados com os efeitos da degradação ambiental

propuseram programa internacional para conservação dos recursos naturais e

genéticos, alertando a necessidade de se tomar medidas preventivas para evitar grandes

catástrofes.

Os países em desenvolvimento mostraram a preocupação com as questões

sociais como a miséria, problemas de moradias, saneamento básico, doenças

infecciosas, necessitando desta forma se desenvolverem economicamente de forma

mais rápida.

A conferência resultou na Declaração do Meio Ambiente Humano, com

princípios de comportamento e responsabilidades de governar as decisões

concernentes a questões ambientais e na elaboração de um plano de Ação que convoca

todos os países, organização internacionais a cooperar nas soluções para um series de

problemas ambientais.

Segundo Moreira et al. (2008), os problemas ambientais globais começaram a

fazer parte da agenda internacional com a Conferência de Estocolmo, em 1972, mas a

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questão do aquecimento global só começou a adquirir uma maior importância com a

realização da Primeira Conferência Mundial sobre o Clima, em 1979, pela

Organização Meteorológica Mundial das Nações Unidas.

A conferência Mundial sobre o clima ocorreu em Genebra. O tema deste evento

foram os efeitos das emissões antropogênicas de dióxido de carbono a longo prazo

sobre o clima. Esta conferencia teve como resultado o Programa Mundial sobre o

Clima em 1980, que oferece estrutura e base para pesquisas sobre questões climáticas,

como a destruição da camada de ozônio e o aquecimento global.

Em 1992 ocorreu no Rio de Janeiro a Conferência das Nações Unidas sobre o

Meio Ambiente e Desenvolvimento (CNUMAD) - Rio-92. Esta conferência foi

considerada um marco importante nas discussões da comunidade internacional com

objetivo de alcançar a estabilização das concentrações de GEEs na atmosfera para

reduzir os impactos da ação antrópica no sistema climático. Foram apresentados um

balanço dos problemas existentes e os avanços obtidos.

A Rio-92, ou Eco-92, também ficou conhecida como Cúpula da terra, teve uma

presença maciça de líderes internacionais. Participaram também um grande número de

Organizações Não Governamentais (ONGs), que realizaram em paralelo o Fórum

Global no qual foi aprovado a Carta da Terra que estabeleceu que os países mais ricos

têm maior responsabilidade na preservação do planeta.

A conferência resultou na aprovação das convenções sobre a biodiversidade e

mudanças climáticas, também foi criada e assinada a Agenda 21, um plano onde é

estabelecido metas para alcançar melhores condições ambientais no planeta.

A agenda 21 (Programa de Ação Global adotada por 182 países) está dividida

em quatro temas:

1. Dimensões econômicas e sociais: Cooperação internacional para acelerar o

desenvolvimento sustentável dos países em desenvolvimento e políticas

internas correlatas; combate à pobreza; mudanças dos padrões de consumo;

dinâmica demográfica e sustentabilidade; proteção e promoção das

condições da saúde humana; promoção do DS dos assentamentos humanos

e integração entre meio ambiente e desenvolvimento na tomada de

decisões;

2. Conservação e gerenciamento de recursos para o desenvolvimento:

proteção da atmosfera; abordagem integrada do planejamento e do

gerenciamento dos recursos terrestres; combate ao desflorestamento;

manejo de ecossistemas frágeis (a luta contra a desertificação e a seca);

gerenciamento de ecossistemas frágeis (DS das montanhas); promoção do

desenvolvimento rural e agrícola sustentável; conservação da diversidade

biológica; manejo ambientalmente saudável da biotecnologia; Proteção de

oceanos, de todos os tipos de mares - inclusive mares fechados - e das zonas

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costeiras e proteção; uso racional e desenvolvimento de seus recursos

vivos; proteção da qualidade e do abastecimento dos recursos hídricos

(aplicação de critérios integrados no desenvolvimento, manejo e uso dos

recursos hídricos); manejo ecologicamente saudável das substâncias

químicas tóxicas, incluída na prevenção do tráfico internacional dos

produtos tóxicos e perigosos; manejo ambientalmente saudável dos

resíduos perigosos, incluindo a prevenção do tráfico internacional ilícito de

resíduos perigosos; manejo ambientalmente saudável dos resíduos sólidos

e questões relacionadas com esgotos; Manejo seguro e ambientalmente

saudável dos resíduos radioativos;

3. Fortalecimento do papel dos grupos principais: ação mundial pela mulher,

com vistas a um desenvolvimento sustentável equitativo; a infância e a

juventude no desenvolvimento sustentável; reconhecimento e

fortalecimento do papel das populações indígenas e suas comunidades;

fortalecimento do papel das Organizações Não-Governamentais; parceiros

para um DS; iniciativas das autoridades locais em apoio à Agenda 21;

fortalecimento do papel dos trabalhadores e de seus sindicatos;

fortalecimento do papel do comércio e da indústria; comunidade científica

e tecnológica; fortalecimento do papel dos agricultores;

4. Meios de implementação: recursos e mecanismos de financiamento;

transferência de tecnologia ambientalmente saudável, cooperação e

fortalecimento institucional; a ciência para o DS; promoção do ensino, da

conscientização e do treinamento; mecanismos nacionais e cooperação

internacional para fortalecimento institucional nos países em

desenvolvimento; arranjos institucionais internacionais; instrumentos e

mecanismos jurídicos internacionais; informação para a tomada de

decisões;

Durante a Conferência Rio-92 ocorreu a Convenção-Quatro das nações Unidas

sobre Mudança do Clima (CQNUMC). Segundo Moreira et al. (2008), foi um passo

importante dado pela comunidade internacional para atingir o objetivo de estabilizar

as concentrações de GEEs na atmosfera em nível que impeça uma interferência

antrópica perigosa no sistema climático.

Em 1997 na Convenção sobre mudanças climáticas, foi adotado o Protocolo de

Quioto, que estabelece metas para reduzir a emissão de gases de efeito estufa e

mecanismos de implementação para que estas metas sejam atingidas.

O Protocolo de Quioto surge então como uma grande oportunidade, para que o

mundo comece a agir efetivamente em prol do meio ambiente e como um meio dos

países em desenvolvimento buscar o desenvolvimento sustentável, estimulando a

produção de energia limpa para a redução das emissões de GEEs e, com base na

cooperação internacional com países desenvolvidos, para que estes beneficiem-se com

a transferência de tecnologia e com o comércio de carbono.

Um dos mecanismos propostos pelo Protocolo de Quioto denomina-se

Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL), que é o único que permite a

participação de países em desenvolvimento em cooperação com países desenvolvidos.

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Através de projetos desenvolvidos para redução das emissões dos gases de

efeito estufas, países em desenvolvimento poderão atingir os objetivos propostos,

reduzindo a emissão de CO2, investindo em tecnologias mais eficientes como, por

exemplo, a substituição de fontes de energia fósseis por renováveis.

De acordo Moreira et al. (2008), o Mecanismo de Desenvolvimento Limpo

para o Brasil, gera expectativas pelos benefícios que poderá trazer. Os projetos a serem

realizados o âmbito do MDL, por um lado, representam uma de fonte recursos

financeiros para projetos de desenvolvimento sustentável e, por outro, deverão

incentivar o maior conhecimento científico e adoção de inovações tecnológicas

Possibilitando assim que os países em desenvolvimento participem como

países receptores de projetos para redução das emissões de gases de efeito estufa,

adquirindo novas tecnologias e gerando divisas como comércio de carbono, além de

estes projetos terem a obrigação de contribuir para o desenvolvimento sustentável.

Este trabalho teve continuidade, onze anos depois, em 1990, com a elaboração

do Primeiro Relatório de Avaliação do Painel Intergovernamental de Mudanças

Climáticas (Intergovernamental Panel on Climate Change - IPCC). Esse esforço foi

traduzido politicamente na constituição do Comitê Negociador Internacional para uma

Convenção sobre Mudança do Clima, conforme aponta Moreira et al. (2008).

Esta convenção teve como princípio as responsabilidades comuns,

estabelecendo compromissos para cada grupo de países baseados na ideia de que

somente com a cooperação internacional será resolvido o problema do aquecimento

global. Cada país de acordo com suas condições sócio econômicas tem capacidade de

resposta diferenciadas sobre este fenômeno. Os países desenvolvidos são os maiores

responsáveis pelas emissões de gases de efeito estufa (GEEs) na atmosfera, portanto

devem tomar medidas mais eficientes para amenizar o problema.

De acordo com Moreira et al. (2008), o processo negociador que levou à adoção

do Protocolo de Quioto começou na Primeira Conferência das Partes (COP1),

liderados pelos Estados Unidos da América (EUA), com a finalidade de estabelecer

metas obrigatórias de redução de GEEs para os países desenvolvidos, e metas de

redução da taxa de crescimento futuro das emissões para os países em

desenvolvimento.

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A COP 1 foi realizada em Berlin (Alemanha) em 1995, o principal ponto

discutido foi a adequação das obrigações estabelecidas na Convenção, onde foi

adotado o Mandato de Berlim que elaborou um protocolo que estabelece mecanismos

obrigatórios de redução de emissões a fim de estabilizar a concentração de GEEs.

Realizada em julho de 1996 em Genebra (Suíça) a segunda Conferência das

Partes (COP2), conforme descrito por Moreira et al. (2008) os EUA, introduziu a ideia

de criar cotas comercializáveis de emissão de carbono para reduzir a emissão de GEEs,

por partes dos países. Foi criada então a Declaração de Genebra, que estabelece

obrigações legais para redução de emissões de CO2. A partir daí iniciou-se a

elaboração do Protocolo de Quioto e apresentado Segundo Relatório de Avaliação

IPCC.

A COP 3, realizada em 1997 em Quioto (Japão), foi a mais significativa.

Reuniram-se cerca de 160 países com a finalidade de cumprir o Mandato de Berlim.

Ao adotar o Protocolo de Quioto, são estabelecidos metas e prazos para a redução ou

limitação das futuras emissões de GEEs. Nas Conferências das Partes, COP 4 em 1998

Buenos Aires; COP5 em Boon 1999 e COP 6, realizada em Haia no ano de 2.000,

formaram regiões com interesses diversos. Conforme Moreira et al (2008) são elas:

1. A União Europeia (UE): favorável ao Protocolo de Quioto;

2. Grupo Guarda-chuva: EUA, Canadá e Austrália, com dificuldades em reduzir

suas emissões e com alto índice de carbono por habitante;

3. Países Desenvolvidos com média intensidade de carbono por habitante e

dificuldades de reduzir emissões, (Japão, Nova Zelândia e Noruega) e que

possuem responsabilidade global (Suíça, Islândia);

4. Países industrializados ex-comunistas que já haviam sofrido redução de CO2

pelo colapso de suas economias (Rússia, Ucrânia, Bielo-Rússia, Bulgária e

Romênia);

5. G7 (China), formado pela maioria dos países em desenvolvimento: que

apoiam o Protocolo;

6. Colisão aliança de Pequenos Estados-Ilha, pequenas ilhas muito vulneráveis

às mudanças climáticas: que apoiam o aumento dos compromissos de redução

de emissões.

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Desta forma, o Protocolo de Quioto, segue dois princípios segundo Moreira et

al. (2008): das responsabilidades comuns, porém diferenciadas e o da abordagem

abrangente do compromisso de redução para todos os gases de efeito estufa.

Portanto, o compromisso assumido por todos os países participantes em reduzir

a emissão de gases de efeito estufa, foi o principal resultado do Protocolo.

Na Conferência das Partes (COP 7), que ocorreu em Marraqueche, no ano de

2001, Segundo Moreira et al. (2008), foram detalhadas as regras do Protocolo de

Quioto através dos Acordos de Marraqueche o que trata da determinação dos

princípios da natureza e dos mecanismos estabelecido no Protocolo. De acordo com o

Protocolo, os países desenvolvidos aceitaram compromissos diferenciados de redução

ou limitação de emissões entre 2008 e 2012. Isso representa redução em pelo menos

5% das emissões combinadas de gases de efeito estufa de 1990.

Segundo o autor, partindo do pressuposto de que o efeito estufa é um fenômeno

global e que as reduções obtidas por qualquer país do mundo também contribuem para

a redução total das emissões de GEEs, ou seja, de que essa redução pode ocorrer em

qualquer lugar, o Protocolo de Quioto encontrou uma forma de diminuir o impacto

econômico que essas reduções podem causar nos países desenvolvidos.

Esta medida encontrada pelo Protocolo de Quioto, consiste na criação de

mecanismos como a Implementação conjunta, o Comércio de Emissões e o

Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL), que permite a cooperação entre os

países desenvolvidos e em desenvolvimento.

A ideia de cooperação incorpora a noção de “salto tecnológico”, na qual o

processo de desenvolvimento desses países não ocorreria da mesma forma que ocorreu

nos países desenvolvidos, ou seja, os países desenvolvidos ajudariam aqueles em

desenvolvimento a saltarem algumas etapas neste processo por meio de

financiamentos e transferência de tecnologias, para que eles seguissem um caminho

mais curto em direção a uma economia menos intensiva em relação a emissões de

GEEs.

Moreira et al. (2008) acredita que o Mecanismo de Desenvolvimento Limpo

(MDL), é considerado uma grande oportunidade para o Brasil promover o

desenvolvimento sustentável e melhorar sua capacidade tecnológica e financeira,

atraindo recursos para desenvolvimento de projeto limpos.

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De acordo com Moreira et al. (2008), o Brasil tem grande potencial para

desenvolver energias limpas ou renováveis, principalmente pela sua vocação

agroindustrial para o cultivo de produtos como a cana-de-açúcar, usada para produção

do álcool combustível, e as plantas oleaginosas (mamona, soja etc.), que podem ser

utilizadas para a produção de biodiesel, e ainda pelo uso de resíduos agrícolas

(madeira, casca de arroz etc.) e industriais (lixo municipal).

O Brasil possui atualmente quinze projetos aprovados pela Comissão

Interministerial de Mudança Global do clima (CIMGC) dentre eles destaca-se:

1. Projeto NovaGerar: com oito projetos com energia a partir de gases de aterro

sanitário;

2. Biogás: quatro projetos utilizam a biomassa como geração de eletricidade

através de resíduo de madeira como combustível, evitando emissão de

toneladas CO2.

Destaca-se ainda a instalação de centrais termoelétricas a partir do uso da casca

de arroz, como é o caso da termoelétrica São Gabriel (RS), a energia eólica que é pouco

aproveitada, devido à boa velocidade dos ventos, como na Bahia, Minas Gerais e

Paraná; as pequenas centrais hidrelétricas (IPCH), que é uma boa alternativa para

locais isolados, como na região norte subsidiada pelo governo seria economicamente

viável.

Em 2002, na África, ocorreu a Rio+10, da Cúpula Mundial para o

Desenvolvimento Sustentável. O evento contou com a participação de empresas

multinacionais e ONGs, que tentou relançar as cinco propostas prioritárias: água,

energia, saúde, agricultura e biodiversidade. Segundo Soares (2004), o encontro não

atingiu suas expectativas de encarar os desafios da sustentabilidade.

A Conferências das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Humano a Rio

+20, aconteceu em junho de 2012 no Rio de Janeiro, após 20 anos da Conferência das

Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento a Rio -92 e 10 anos após a

Cúpula Mundial para o Desenvolvimento Sustentável a Rio +10.

Durante a Rio +20, foram abordados os temas: a economia verde no contexto

do desenvolvimento sustentável e da erradicação da pobreza e a estrutura institucional

para o desenvolvimento sustentável.

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Segundo Guimarães et al. (2012), a Rio +20 apresentou objetivos pouco

ousados. Os governos deveriam renovar os compromissos com o desenvolvimento

sustentável firmados anteriormente, avaliar o progresso, avaliar lacunas na

implementação das decisões adotadas e estabelecer novos compromissos.

Mais de 190 países participaram da conferência, assim também como a

sociedade civil global (ONGS, Cooperativas, Comunidades Indígenas, Quilombolas,

Grupos Religiosos e demais movimentos sociais. Além de cientistas de diversas áreas;

comunidades epistêmicas, políticos e representantes do setor privado, como descrito

por Guimarães et al. (2009).

Segundo Guimarães et al. (2009), o “resultado”, mais importante da Rio+20, o

chamado “Zero Draft” da declaração política “O Futuro Que Queremos” enfrentou

tantas dificuldades que terminou desprovido de conteúdo. Portanto, observamos que a

Rio +20, foi a conferência que menos avançou nas questões ambientais. Os líderes

representantes da ONU não fracassaram em responder os três primeiros desafios para

enfrentar as mudanças climáticas globais: antecipar, perceber e comunicar, mas foram

incapazes “atuar” consequentemente com o discurso.

Por outro lado, segundo Guimarães et al. (2009), os resultados da conferência

evidenciam a incapacidade da cúpula de “agir” efetivamente, pois há um conflito de

interesses na atual governança ambiental global, onde cada um busca seus próprios

interesses.

2.5 O SABER AMBIENTAL NA OCUPAÇÃO DO ESPAÇO: A EDUCAÇÃO COMO

MEDIDA MITIGATÓRIA

A educação tem grande importância como mediadora das relações do homem

com o meio ambiente, porém como descrito por Freire (1999), é evidente que a

educação sozinha não é suficiente para mudar os rumos do planeta, mas certamente é

condição necessária para tanto.

O saber ambiental contribui para a mudança de comportamento do homem com

o meio em que vive, provocando uma interação menos agressora à natureza. Oferece,

portanto, as condições necessárias para transformação da realidade, baseada no

conhecimento do espaço, das suas populações e das interações entre estes.

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Segundo Leff (2009), o saber ambiental muda o olhar do conhecimento e com

isso transforma as condições do saber no mundo na relação que estabelece o ser com

o pensar e o saber, com o conhecer e o atuar no mundo.

O saber ambiental na apropriação do espaço tem papel fundamental para

avaliação dos eventos climáticos, que podem afetar uma área, o grau de importância

deste evento de um lugar para o outro. Segundo Leff (2009), o saber ambiental constrói

estratégias de reapropriação do mundo e da natureza.

Segundo Jacobi (2011), a Aliança Internacional dos Principais Institutos de

Educação (em inglês - International Alliance of Leading Education Institutes – IALEI)

produziu em 2009, um relatório global onde destacou quatro questões estruturais. Três

diziam respeito à educação para o desenvolvimento sustentável de maneira mais

ampla, mas uma em especial procurava abordar o papel desta perante a urgência das

alterações do clima, tendo sido formulada da seguinte maneira:

1. Pode a educação contribuir com o desafio de lidarmos com a necessidade de

mitigação e adaptação às mudanças climáticas?

2. Se sim, como se daria tal contribuição e como esta influenciaria a educação

para o desenvolvimento sustentável e vice-versa?

Diversos aspectos influenciam no grau de vulnerabilidade de uma comunidade

frente a um evento climático, como citado por Bonatti (2011), entre eles a localização

geográfica e as condições de infraestrutura. A educação tem como papel formar

pessoas capazes de apontar estas condições, e questionar o poder público e cobrar

mudanças de atitudes, no planejamento urbano.

Além do saber, conforme este autor, estudos de percepção são importantes para

as questões de mudanças climáticas, pois ajudam compreender os comportamentos e

as precauções dos indivíduos frente as alterações climáticas. Existem ainda modelos

mentais que poderiam ser caracterizados como uma percepção coletiva de um

determinado grupo social. Neste caso, implicariam em aspectos sociais comuns que

condicionam as formas de perceber de grupos e atores sociais.

Segundo Moscovici (1979), pode-se denominar uma percepção comum-

coletiva de representação social, sendo este um conjunto organizado de conhecimentos

e uma das atividades psíquicas graças às quais humanos fazem tangível a realidade

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social, se integram a um grupo ou em uma relação cotidiana de intercâmbio e

imaginação.

Para Bonatti et al. (2011), entende-se que o estudo de percepções humanas

sobre mudanças climáticas e estratégias de adaptação, bem como de suas

representações sociais, pode, por um lado, ajudar na construção de projetos de

desenvolvimento que integrem diferentes visões da realidade e, por outro, preparar

para mudanças globais futuras.

Ainda segundo o autor, estudos de percepção são ferramentas que podem ser

úteis em programas de desenvolvimento rural que consideram a necessidade de

desenhar estratégias de adaptação às mudanças climáticas, pois perceber que alguma

coisa está acontecendo é condição necessária na adoção de medidas preventivas

antecipadas.

Nos relatórios produzidos nos países desenvolvidos, CCE (Climate change

Educatiom, Educação para Mudanças Climáticas), tem assumido um caráter próprio e

revela o quanto esta questão está no início e tem como responsável o poder público.

Segundo Jacobi et al. (2011), independentemente do nível de envolvimento e

centralização pelos governos, os relatórios frisam que a CCE segue sendo um tema

periférico na área da educação, tanto no âmbito das pesquisas acadêmicas quanto na

prática cotidiana escolar.

Por outro lado, o autor, aponta que de acordo com os relatórios nacionais

existem três possibilidades de desenvolvimento que indicam os caminhos mais

prováveis para o seu desenvolvimento, são eles: forte tendência que nos países da

China e EUA de que a CCE seja independente da Educação Ambiental; já na Austrália,

Reino Unido, Coreia do Sul e Cingapura, a tendência da CCE, é desenvolver como

parte integrante da EA, tornando-se um tema interdisciplinar que se apoia nas distintas

abordagens conforme cada país. Na Dinamarca a CCE se estabeleceria como elemento

independente, mais ainda localizado no campo da EA.

Observa-se com isso que não há entre os países desenvolvidos um consenso

em relação à influência da educação ambiental para as mudanças climáticas globais, o

que tem dificultado na maioria das vezes ações conjuntas para minimizar este

problema a nível mundial. Uma vez que cada país aborda de forma distinta o problema

torna-se mais difícil ainda uma ação conjunta no campo da educação ambiental.

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Entretanto para Jacobi et al. (2011), ainda existem barreiras para

implementação e desenvolvimento da CCE como da ESD (Education for Sustainable

Development, Educação para o Desenvolvimento Sustentável), tais como: a educação

privilegia as disciplinas cientificas em detrimento de temas ambientais; a distância

entre o que as políticas públicas determinam e a prática concreta no ambiente escolar;

a falta de preparo dos docentes diante de temas tão complexos quanto a CCE; e por

fim, o fato de se trabalhar a ESD numa perspectiva estritamente científica e

comportamentalista.

No Brasil, a Política Nacional de Meio Ambiente (PNMA) de 1981 e a

Constituição Federal de 1988, segundo Jacobi et al. (2011), estabeleceram a

necessidade da promoção da educação ambiental em todos os níveis de ensino, tendo

como princípio um enfoque humanista, holístico, democrático e participativo,

enfatizando uma concepção de meio ambiente baseada na interdependência entre o

meio natural, o socioeconômico e o cultural.

Em junho de 2009 ocorreu em Brasília um encontro com educadores e

educadoras ambientais das diversas regiões do país com o intuito de contribuir para

um grande debate nacional sobre a interface Educação Ambiental / Mudanças

Climáticas.

O encontro enfatizou o engajamento da sociedade, disponibilização de

subsídios teóricos aos educadores e agentes sociais, para qualificação no combate ao

aquecimento global, no plano educativo e na implementação de agendas ambientais e

projetos práticos na redução de impactos no meio ambiente e na influência de políticas

públicas na construção de sociedades sustentáveis.

Segundo Jacobi et al. (2011) também foram estabelecidas, ações prioritárias

como: mapeamento de ações, projetos e programas de EA no país e o estabelecimento

de conexões entre resultados e mitigação do aquecimento global; formação de

formadores; inserção da EA em documentos, programas, fóruns e negociações que

definem as políticas públicas de Mudanças Climáticas nacional, estadual e municipal.

No Brasil, de acordo com este mesmo autor, a pesquisa científica ligada à

Mudança Climática está adquirindo posição estratégica nos programas de ciência e

tecnologia onde há uma combinação original entre educação e conhecimento

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científico, entendendo assim, que existe uma necessidade de pensar sobre o papel da

educação para promoção da aprendizagem social construída ambientalmente.

Para tanto há necessidade de enfatizar a necessidade de mudanças de atitudes

e práticas individuais e sociais; o resinificado de valores dentro de uma base

cooperativa próxima ao pensamento crítico; habilidade para resolução de problemas;

adaptação à vulnerabilidade das populações e da nossa espécie aos efeitos das

mudanças climáticas, conscientizando para o futuro de mudanças incertas”.

Para alcançar esse propósito, há necessidade de uma instrumentalização teórica

e metodológica do educador no processo de formação inicial e continuada, nas

diferentes áreas de formação, para poder desenvolver as potencialidades do educando

no que diz respeito ao conhecimento sobre as mudanças climáticas e às atitudes e

valores envolvidos nesse processo, desde a educação infantil até a educação superior.

A educação tem papel fundamental na formação de pessoas capazes de

enfrentar os impactos decorrentes das mudanças climáticas, despertando habilidades

tanto em sua adaptação como na contribuição para tomadas decisões para implantação

de medidas mitigatórias.

Para Martins et al. (2010), com ações de mitigação pode-se reduzir

substancialmente o impacto ambiental das áreas urbanas e, consequentemente,

transformar infraestruturas e padrões de consumo melhorando o meio ambiente de

forma geral. Porem estudos que levam em consideração às realidades de várias cidades

ao mesmo tempo são ainda mais escassos nos círculos acadêmicos, bem como a

presença de abordagens comparativas no nível internacional que incluam o contexto e

os desafios de países em desenvolvimento.

Define assim que existem diferenças significativas em termos de mitigação e

adaptação. Ao invés de ser influenciado por pressões ou incentivos externos ao local,

como no caso de mitigação, onde há forte presença e atividade de redes transnacionais

e do regime internacional do clima, a análise mostra que medidas de adaptação são

principalmente impulsionadas pela ação local e contam com características específicas

do ambiente físico e construído da cidade, além de uma percepção da vulnerabilidade

e dos riscos por parte de cidadãos e políticos.

O Ministério do Meio Ambiente, de acordo com Martins et al. (2010), define a

mitigação como intervenção humana para reduzir os impactos ambientais através da

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ação humana para reduzir as emissões por fonte de gases de efeito estufa e fortalecer

as remoções por sumidouros de carbono, tais como florestas e oceanos. Porém,

projetos de mitigação ou adaptação, só serão possível se houver recursos financeiros

ou humanos disponíveis, que são fundamentais para planejamento e implementação

de ações governamentais ao nível local.

Para Soares et al. (2004) o conceito de ambiente, ao contemplar com relevância

o homem, deve ser entendido como sendo também uma categoria sociológica, segundo

o autor, relativa a um ambiente sem o uso de instrumentos econômicos. Afirma, ainda

que o meio ambiente sempre fora abordado de maneira subordinada e suplementar nos

estudos.

Para o autor a consciência ambiental é estruturada, na atualidade, sobre fatos

reais e confiáveis: a existência do chamado “efeito-estufa”, por exemplo, confirmada

por meteorologistas e cientistas renomados, assim como outros problemas ecológicos

de natureza global, vem sendo enfocados por organismos de credibilidade

internacional como a ONU, que notabilizou o seu Programa de Estudos Ambientais

(PNUMA), cuja importância vem sendo acolhida inclusive pelas classes empresariais

dos países em desenvolvimento.

Assim, as novas proposições para relação ambiente/gestão ambiental, constata

que existe uma convergência no sentido de se valorizar as intenções e tentativas de

valoração dos recursos naturais, uma vez que as preocupações são fundamentadas em

fatos inegáveis.

As estratégias criadas para um desenvolvimento econômico focado nas

necessidades de proteção do meio ambiente deveriam levar em consideração a classe

social menos favorecida, visando a melhoria das condições de vida. No entanto, para

Soares et al. (2004), vale dizer que, para um país em desenvolvimento, um estatuto de

proteção ambiental e a avaliação ambiental como fórmula estratégica não são luxos,

mas parte de um projeto de sustentação da vida humana, melhoria social e de qualidade

de vida para muitos segmentos de população desassistidos.

O mundo através de diversos segmentos sociais vem mudando então a maneira

de pensar as questões ambientais, assim como os empresários e industriais que

segundo Soares et al. (2004), compreendendo a perspectiva de que os problemas

ambientais globais são, agora, de responsabilidade não mais de unidades isoladas

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(instituições, empresas, comunidades científicas ou governos), mas sim de toda a

sociedade. A economia ambiental, recentemente formada, apresenta elementos das

teorias que a precederam, incorporando elementos de outras áreas de conhecimento,

como a biologia e a ecologia.

Soares et al. (2004) aponta ainda que as respostas dadas pela economia

neoclássica, dominante no mundo ocidental até como uma espécie de “pensamento

único”, não são suficientes para resolverem os problemas universais de escassez de

recursos, mudanças climáticas globais, perdas significativas na camada de ozônio,

extinção de espécies essenciais ao equilíbrio ecológico, efeito-estufa, etc.

Acredita-se que quando o homem procura compensar a sua “falta de ser” pelo

conhecimento, procura ideias ordenadoras e absolutas sobre si mesmo e sobre a

natureza, o que faz uma obstrução de sua capacidade de escolher e respeitar a

diversidade.

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3.CURSO ENGENHARIA CIVIL - UNIC

De acordo com Projeto Pedagógico do Curso/PPC (2014), o curso de

Engenharia Civil da Universidade de Cuiabá foi criado em 2008, inicialmente

vinculado à Faculdade de Arquitetura. Semestralmente são ofertadas 240 vagas e a

primeira turma colou grau em 2014.

O aluno é colocado como sujeito, apoiado pelo professor que tem o papel de

agente facilitador e mediador do processo ensino-aprendizagem, buscando com isso

formar profissionais aptos para atuar na construção civil de forma crítica e analítica.

O tempo de integralização do curso é de 5 anos, tendo como carga horária 3600

horas. Segundo o PPC (2014), a missão do curso é: “formar profissionais generalistas,

humanistas, críticos e reflexivos, capacitados a absorver e desenvolver novas

tecnologias, estimulando a sua atuação crítica e criativa na identificação e resolução

de problemas, considerando seus aspectos políticos, econômicos, sociais, ambientais

e culturais, com visão ética, em atendimento às demandas da sociedade”.

De acordo com PPC (2014), partindo da teoria de Jacques Delors (1999), que

diz que o conhecimento é constituído sobre quatro pilares: SABER, FAZER, SER e

CONVIVER, os cursos da Universidade de Cuiabá, são constituídos de dois conjuntos

de conteúdo:

1. Profissionalizantes Essenciais: Servem de suporte para o desenvolvimento de

competências;

2. Conhecimentos Prévios Essenciais.

Para Jacques Delors (1999) apud Rodrigues (2015) a prática pedagógica

deve preocupar-se em desenvolver quatro aprendizagens fundamentais, que serão para

cada indivíduo os pilares do conhecimento: aprender a conhecer indica o interesse, a

abertura para o conhecimento que verdadeiramente liberta da ignorância; aprender a

fazer mostra a coragem de executar, de correr riscos, de errar mesmo na busca de

acertar; Aprender a conviver traz o desafio da convivência que apresenta o respeito a

todos e o exercício de fraternidade como caminho do entendimento; e, finalmente,

aprender a ser, que, talvez, seja o mais importante por explicitar o papel do cidadão e

o objetivo de viver.

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Deste modo, o profissional formado pela UNIC em Engenharia Civil, pode

atuar em todas as fases da construção civil. Sendo este campo de atuação bastante vasto

são habilitados para atuar em grandes e pequenas empresas, na produção de pequena

e grande escala.

Devido a um cenário promissor de acordo com PPC, seu trabalho não se

restringe à construção civil, mas também é parte essencial da logística de produção e

distribuição da indústria de alimentos e biocombustíveis, da definição de políticas, da

fiscalização, projetos de ensino e extensão civil.

O curso é composto por disciplinas institucionais e disciplinas do curso que

são:

1- Disciplinas Institucionais:

1. Homem, Cultura e Sociedade (HCS): Objetivando eliminar conceitos,

ideias, comportamentos veiculados pela ideologia do branqueamento;

2. Ética, Política e Sociedade (EPS): O objetivo principal é trabalhar o

comportamento utilizando como meio os conteúdos de filosofia,

sociologia e antropologia;

3. Metodologia Científica: possibilita a análise e a compreensão das mais

variadas formas de estudo e pesquisa, oportunizando a compreensão do

conhecimento e da ciência enquanto eixo norteador de intervenção

social.

2- Disciplinas do curso:

1. Estágio Supervisionado: Está organizado para promover o

desenvolvimento das competências e habilidades relacionadas ao

engenheiro civil, e também oferece estagio extracurricular a partir do 3º

semestre visando o aprendizado, associando à iniciação profissional.

2. A estrutura curricular possui três núcleos denominados: núcleo de

conteúdos básicos que é composto pelas disciplinas metodologia científica

e tecnológica, informática, matemática, física, fenômenos de transporte,

mecânica dos sólidos, instalações elétricas, química, administração,

economia para engenharia, ciência do ambiente, humanidades.

3. Estudos Dirigidos (ED): Objetiva desenvolver habilidades requerias pela

dinâmica existente em todas as áreas de conhecimento. São baseadas em

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três eixos de habilidades, compreender e expressar, raciocinar de forma

crítica e analítica, lidar com pessoas.

a. ED 01 a 03: desenvolver capacidade de se comunicar e interpretar de

forma eficaz, raciocinar de forma crítica e analítica e de saber conviver

com pessoas;

b. ED 04 (língua portuguesa): tem como objetivo propiciar o

desenvolvimento de revisões de conhecimentos prévios da língua

portuguesa.

c. ED 05 ao 10: tem como meta levar os alunos refletir e discutir questões

referentes à moral, ética, liberdade, responsabilidade, necessárias à

formação de todas as áreas, possibilitando aos alunos tomadas de

posições, decisões e ações diante de situações morais/éticas

controversas na vida cotidiana e futuramente.

Deste modo, conforme PPC (2014), para atingir este propósito, dentro dos EDs,

são propostos os temas: Democracia, Ética e Cidadania; Políticas Públicas; Ciência,

Tecnologia e Sociedade; Educação Ambiental; Sociodiversidade; Responsabilidade

Social.

Além das aulas teóricas, o curso possui aulas práticas que tem como objetivo o

exercício e aplicação do aprendizado.

De acordo com PPC (2014), sendo Mato Grosso o maior produtor de grãos,

fibras e carnes do Brasil, a demanda de Engenheiros Civis cresce a cada dia. Mesmo

com crescimento econômico acelerado, tanto do estado de Mato Grosso, como das

demais regiões centrais do pais, ainda há falta de profissionais capacitados, falta de

infraestrutura de transportes e saneamento, as altas desigualdades sociais, além da

devastação ambiental, que podem comprometer a sustentabilidade das futuras

gerações.

No curso de Engenharia Civil, há também integração entre a educação

ambiental e as disciplinas de modo transversal, contínuo e permanente, sendo abordada

nas disciplinas Ciência do Ambiente, Gestão Ambiental na Construção Civil e

Saneamento Ambiental. Deste modo são desenvolvidas ações com os objetivos:

1. Desenvolver a compreensão integrada do meio ambiente para fomentar

novas práticas sociais e de produção e consumo;

2. Garantir a democratização e acessos às informações referentes à área

socioambiental;

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37

3. Estimular a mobilização social e política e o fortalecimento da consciência

crítica;

4. Incentivar a participação individual e coletiva na preservação do equilíbrio

do meio ambiente;

5. Estimular a cooperação entre as diversas regiões do País, em diferentes

formas de arranjos territoriais, visando à construção de uma sociedade

ambientalmente justa e sustentável e;

6. Fortalecer a cidadania, a autodeterminação dos povos e a solidariedade, a

igualdade e o respeito aos direitos humanos.

Reconhecendo assim que a Educação Ambiental, conforme descrito no PPC

(2014), tem papel transformador cada vez mais, dentro do contexto regional, nacional

e mundial, onde a preocupação com as mudanças climáticas, a degradação da natureza,

a redução da biodiversidade, os riscos socioambientais locais e globais, as

necessidades planetárias são evidenciadas na prática social atual.

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38

4. MATERIAIS E MÉTODOS

O presente trabalho de caráter exploratório foi realizado com 51 discentes do

10º semestre do Curso de Engenharia Civil da Universidade de Cuiabá. Os sujeitos da

pesquisa foram questionados quantos aos seus conhecimentos referente Mudanças

Climáticas Globais. A coleta de dados foi realizada durante o semestre letivo, em

outubro de 2014 e foi restrita a alunos formandos considerando que nesta fase já

tinham passado por disciplinas que contemplam questões ambientais.

Para avaliar a percepção dos alunos quanto às Mudanças Climáticas Globais,

foi utilizado um questionário semiestruturado (anexo II) organizado da seguinte forma:

na primeira parte contendo dados demográficos e na segunda parte contendo questões

abertas ordenadas com clareza.

Para responder ao questionário, os discentes assinaram um Termo de

Consentimento Livre Esclarecido – TCLE (Anexo I), garantindo que as informações

prestadas serão sigilosas.

Segunda a Anvisa, o consentimento livre e esclarecido é baseado no princípio

de que indivíduos competentes têm o direito de escolher livremente se querem

participar da pesquisa; protege a liberdade individual de escolha e respeita a autonomia

do indivíduo. O TCLE deve ser aplicado sempre antes do início de qualquer

procedimento do estudo, incluindo os testes de diagnóstico ou outros que são

realizados exclusivamente para determinar a elegibilidade do indivíduo para participar

da pesquisa.

Desta forma a decisão de participar do estudo deve ser voluntária, isto é, ser de

livre e espontânea vontade. Caso concorde em participar do estudo, o indivíduo passa

a ser um “sujeito de pesquisa”.

Como forma de treinamento, foi criado um pré-teste, para facilitar a

compreensão dos discentes na elaboração das respostas, utilizando-se a técnica de

Associação Livre de Palavras. Esta técnica consiste na proposição de um estímulo

indutor, que possibilita apreender as revelações dos alunos quando inquiridos sobre as

palavras ou expressões; neste trabalho “Mudanças Climáticas Globais”.

Também foram consideradas os conhecimentos adquiridos durante o curso. A

grade curricular apresentou disciplinas que contempla questões ambientais conforme

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39

descritos no PPC (Projeto Pedagógico do Curso). Porém estas questões são trabalhadas

como temas transversais, nas disciplinas como Gestão Ambiental (5º semestre) e

Saneamento Ambiental (8º semestre), o que justificou a escolha do 10º semestre como

objeto de estudo.

A segunda parte do questionário apresentava questões abertas. A primeira delas

solicitava aos discentes elencar palavras ou expressões sobre Mudanças Climáticas

Globais.

Em seguida os discentes foram convidados hierarquizar as palavras evocadas

colocando-as em uma ordem de importância e justificar suas escolhas. Esta etapa foi

importante para se obter a Ordem de Importância das evocações (OI) do grupo.

Através do questionário um banco de dados com as evocações dos discentes

foi construído em uma planilha do Microsoft Excel. As evocações foram organizadas

de acordo com suas similaridades semânticas e de sentido para extração de categorias.

A categorização das evocações foi baseada na análise de conteúdo conforme

descrito por Popping (2000), Krippendorff (1980) e Bardin (2009) e avaliação de

saturação de acordo com De Musis et al. (2002).

Segundo Bardin (2009), a categorização constitui-se em uma prática cotidiana.

Como um processo sistemático, é uma classificação de elementos que constituem um

conjunto; portanto as categorias são classes que reúnem um grupo de elementos sob

um título genérico, com características comuns, objetivando fornecer através da

concentração, uma representação significativa dos dados.

A análise dos resultados e a discussão das prevalências obtidas foram

realizadas a partir das categorias obtidas (OE e OI) para encontrar representações dos

discentes. Neste sentido, a média da Ordem de Evocações (OE) e a média da Ordem

de Importância (OI) das categorias obtidas possibilita avaliar o grau de

compartilhamento das opiniões.

A Ordem de Evocação (OE) é dada por qual palavra vem à mente primeiro e

Ordem de Importância (OI) é dada por uma hierarquização dessas palavras. O paralelo

entre estas duas categorias mostra o que ele associa de imediato ao assunto mudanças

climáticas e o que ele pensa ser relevante no contexto.

Uma análise de similaridade utilizando o método de Ward e distância

euclidiana quadrática como medida de associação foi utilizada para agrupar as

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40

evocações dos indivíduos. Os grupos foram determinados para obter-se

homogeneidade dentro do grupo e heterogeneidade entre os mesmos.

Através do método de Ward foi gerado uma estrutura em forma de árvore

denominada dendrograma, onde as evocações foram agrupadas de acordo com o

padrão de respostas dos indivíduos.

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41

5. APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS

Neste capitulo serão apresentadas as análises dos resultados obtidos a partir das

palavras evocadas pelos discentes.

Para avaliar a representatividade dos dados obtidos foi aplicada uma análise de

saturação utilizando o software Oracle Crystal Ball.

O resultado obtido, conforme a curva de saturação entre os números de

questionários e de categorias (figura 1) apresenta o grau de saturação das palavras e

justificativas dos sujeitos, indicados para 38 indivíduos com 8 categorias, um valor

compatível com o tamanho das amostras coletadas (51 questionários).

Figura 1 - Curva de saturação entre os números de questionários e de categorias

Na tabela 1 observa-se os rótulos das categorias mais expressivas apresentando

também o grau de compartilhamento das opiniões, através, tendo como resultado a

média da Ordem da Evocações (OE) e média da Ordem de Importância.

Assim:

Assim as categorias com maior número de evocações foram: aquecimento

global (82,7%), desenvolvimento sustentável (61,5%) e efeito estufa (53,8%) dos

discentes inquiridos (Tabela 1). Em média, uma maior ordem de evocação foi atribuída

as palavras efeito estufa e aquecimento global ao passo que uma maior ordem de

importância foi dada as palavras educação ambiental e ao capitalismo.

0,0

1,0

2,0

3,0

4,0

5,0

6,0

7,0

8,0

9,0

1 3 5 7 9 11 13 15 17 19 21 23 25 27 29 31 33 35 37 39 41 43 45 47 49 51

mer

o d

e C

ate

gori

as

Número de questionários

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42

Tabela 1 – Estatísticas descritivas das categorias para as evocações Livres

Categoria

Número de

evocações

Média da

ordem de

Evocação

(OE)

Média da

ordem de

importância

(OI)

%

Indivíduos

Aquecimento global 79 2,8 2,9 82,7%

Capitalismo 9 3,0 2,7 13,5%

Crescimento urbano 9 3,3 4,3 15,4%

Desenvolvimento sustentável 43 3,0 2,9 61,5%

Desmatamento 19 3,5 3,4 23,1%

Educação Ambiental 13 3,2 2,1 21,2%

Efeito estufa 38 2,3 2,9 53,8%

Poluição 21 2,9 3,1 38,5%

As relações entre as evocações podem ser observadas no dendrograma (Figura

2), onde as categorias foram agrupadas de acordo com as suas similaridades, formando

os grupos homogêneos e heterogêneos entres eles.

Capitalismo

(C)

Políticas ambientais,

Consumismo,

Efeito estufa, Ostentação,

Crise mundial

Educação

Ambiental

(EA)

Conscientização,

Educação,

Conhecimento,

Mudanças

culturais,

Mudanças

comportame

ntais

Crescimento

Urbano (CU)

Redução das

áreas florestais,

Falta de água,

Desequilíbrio,

Queimadas,

Desmatamen

to (D)

Diminuição

das áreas

verdes,

Seca, Destruição

dos animais,

Falta de chuva,

Estiagem,

Desenvolvi

mento

sustentável

(DS)

Desenvolvi

mento

tecnológico,

Desenvolvi

mento

sustentável,

Economia,

Produção

mais limpa, Sustentabilid

ade

Poluição

(P)

Camada de

ozônio,

Poluição,

Desaparecimento de

espécies

marinhas, Morte,

Aqueciment

o Global

(AG)

Aumento da temperatura,

Aqueciment

o global, Aquecimento

,

Inundações, Catástrofes,

Efeito Estufa

(EE)

Calor,

Efeito estufa, Dióxido de

carbono,

Emissão de

poluentes,

Desconforto

Figura 2 – Dendrograma do sistema de categorias

Conforme a análise de agrupamento hierárquico, foram gerados dois blocos e

quatro arranjos (Figura 2):

Bloco 01: Arranjo 1 - Capitalismo e Crescimento Urbano (C – CU)

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43

Arranjo II - Educação Ambiental e Desmatamento (EA – D);

Bloco 02: Arranjo III - Desenvolvimento Sustentável e Poluição (DS – P);

Arranjo IV - Aquecimento Global e Efeito Estufa (AQ – EE).

Portanto de acordo com os dados apresentados pelos blocos, as evocações e

justificativas dos discentes, evidencia que os grupos formados refletem a percepção

dos alunos sobre a temática – esta percepção apresenta um viés carregado de

conhecimento não cientifico, superficial e relacionado a realidade do aluno (o que

define a Representação Social). Contudo, este saber se aproxima de certa forma do

saber cientifico porque é elaborado com base em informações de diferentes fontes,

como a mídia, as construções escolares.

Desta forma, as categorias foram discutidas de acordo com os arranjos obtidos,

apresentando as palavras evocadas seguidas de suas justificativas, comparado as

percepções dos discentes com conceitos científicos, fundamentados na literatura

disponível

5.1 CATEGORIAS: CAPITALISMO E CRESCIMENTO URBANO

De acordo com dendrograma, o primeiro arranjo (I) com características

similares foi formado pelo Capitalismo (C) e Crescimento Urbano (CU), estes

apresentaram menor resultado no que se refere a frequência das evocações (tabela I).

O capitalismo foi a menor categoria evocada com 13,5 das evocações porem

em termos Ordem de Importância (OI) ocupou o segundo lugar com 2,7, porem o

Crescimento Urbano ocupa o sétimo lugar obtendo 15,4%, das evocações, ou seja, não

houve expressividade tanto na Ordem de Evocação (OE) como Ordem de importância

(OI).

Neste escopo, os discentes apresentam questões próximas da realidade

vivenciada e se aproximam das causas e consequências decorrentes da apropriação

inadequada da natureza, no uso do solo urbano.

O homem se apropria do meio ambiente para manter suas necessidades, como

consequência há um crescimento urbano desordenado, alavancado pelo capitalismo

que tem como objetivo o lucro acima de tudo, colocando em segundo plano os recursos

naturais.

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44

De acordo com Jardim (2009), as questões ambientais começaram a surgir

devido ao conjunto de mudanças ocorridas pelo mundo, principalmente sob o

argumento da industrialização acelerada em que teve como consequência, a

necessidade de apropriação cada vez maior e mais rápida dos recursos naturais e

humanos, determinando amplas e profundas mudanças nas relações sociais e

econômicas.

Diante desta transformação, é preciso que haja um melhor entendimento sobre

as questões ambientais no sentido de amenizar os efeitos da ação humana sobre a

natureza, propiciando uma relação entre sociedade e natureza de forma mais

harmônica.

Segundo Jacobi et al. (2011), o grande desafio cultural para mobilização ante

as mudanças climáticas está na não percepção das conexões existentes entre percepção

cotidianas de locomoção, a emissão de gases de efeito estufa e o consequente aumento

da temperatura da terra; entre o desmatamento da Amazônia e da Mata atlântica e a

desertificação em partes do sul do pais; quantidade de resíduos produzidos e o aumento

do nível dos oceanos; assoreamento dos rios, a impermeabilização de solos e as

enchentes; o consumo desenfreado e o esgotamento dos recursos naturais.

A intensidade das transformações ocorridas nas sociedades derivadas do

advento do capitalismo industrial, segundo Gavardi (2009), foi acompanhada pelo

processo de degradação dos recursos naturais, criando uma dinâmica de

desenvolvimento em que a perseguição do lucro vinha associada à absorção pelas

sociedades e o meio ambiente dos efeitos negativos do processo.

Desta forma, há um aumento populacional nas grandes cidades,

proporcionando uma ocupação desordenada, sem planejamento que, segundo Paulo

(2010), este aumento se deu devido também à falta de perspectivas do trabalho no

campo, proporcionando a migração dos trabalhadores rurais em busca de melhores

condições de vida.

Com crescimento desordenado das cidades, com aumento populacional, a

classe de menor poder aquisitivo, ocupa as áreas de riscos, que são de menor valor,

sem infraestrutura adequada, e acabam sendo as principais vítimas dos eventos

climáticos.

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45

Já na primeira metade do século XIX, segundo Sposito (1997), percebia-se a

quebra de uma certa homogeneidade do padrão arquitetônico da cidade, e o fim da

cidade como ambiente comum. O desenvolvimento capitalista e os inúmeros

“problemas” urbanos advindos da rápida industrialização incentivaram o

comportamento individual e a separação espacial das classes sociais dentro da cidade:

os bairros de pobres, os bairros de ricos. Ter uma residência individualizada cercada

de espaços era sinal de prestígio social, só possível para os mais ricos.

Segundo Braga (2012), as alterações previstas no clima global, devem impactar

fortemente os assentamentos humanos, sobretudo os urbanos e sendo assim, espera-se

um aumento de desastres naturais associados a eventos climáticos extremos, como

inundações e deslizamento de terra; aumento da incidência de doenças infecciosas

ligadas a água; impactos negativos das ondas de calor sobre a saúde dos mais

debilitados; sendo a população de baixa renda mais vulneráveis.

Assim, a sociedade humana destaca-se pela sua peculiar capacidade de unir

esforços e agregar-se social e economicamente em torno de sistemas produtivos, que

conforme Pereira et al. (2007), resultou na constituição das cidades, no aumento da

população e a partir de então começam a surgir problemas ambientais provenientes

das atividades produtivas, residenciais e sociais dos seres humanos.

Paulo (2010) aponta como consequências desta ocupação, as construções

irregulares nas áreas de riscos, bem como o consumismo descontrolado, contribuintes

significativos para deterioração do solo.

Concordando com o autor acima, o consumismo, incentivado pelo capitalismo,

também é apontado é pelos acadêmicos, conforme a exposto na fala:

Necessidade de consumir. (Id50)

O autor, afirma que as cidades cada vez maiores e mais populosas, tendo como

base o consumismo desenfreado, acabam desencadeando uma excessiva acumulação

de lixo por todo território, poluindo seu ar e seus rios, fazendo mau uso do solo,

contribuindo para o impacto ambiental.

Percebe-se que neste aspecto houve coerência no apontamento das queimadas

como uma pratica participante das mudanças climáticas, de acordo com alguns autores

citados:

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46

Queimadas: emissões de gases poluentes, devastação total com o meio

ambiente, um dos fatores mais influentes às mudanças climáticas. (id12)

Alcoforado (2009), em sua obra “alterações climáticas e desenvolvimento

urbano”, diz que a influência das cidades sobre o clima, evidencia na composição da

atmosfera, sobretudo da emissão de poluentes, provocando várias modificações

climáticas, sendo as mais importantes o aumento da temperatura (ilha de calor), a

redução da velocidade média dos ventos e a possibilidade de ocorrência de acelerações

indesejáveis e perigosas e, em certos casos, o aumento da precipitação.

As principais emissões de poluentes que ocorrem nas cidades, segundo este

autor, estão associadas ao tráfego de automóveis e às atividades industriais e

domésticas.

Ainda de acordo com Alcoforado (2009), as ilhas de calor são decorrentes das

modificações dos balanços radiativo e energético no espaço urbano. A temperatura da

superfície do ar no interior da cidade, é mais elevada do que aos redores, formando

uma ilha mais quente, rodeada de áreas mais frias.

A ilha de calor é um fenômeno que ocorre principalmente nas cidades,

observadas ao anoitecer. Segundo Barros (2014), a ação humana nos centros urbanos

traz como consequência este fenômeno de aquecimento das cidades.

De acordo este autor, as grandes construções de edifícios, pavimentação,

deficiência arbórea, baixa umidade e os elevados teores de poluição do ar, propiciam

a retenção de calor formando as ilhas de calor, havendo o decréscimo desse evento nas

partes mais extremas da cidade.

Uma opção para amenizar a temperatura na cidade seria então o

reflorestamento, que pode contribuir com o clima local, divergindo do exposto pelo

acadêmico que se referiu ao clima global.

[Ambiente] projetos de reflorestamento para melhorar os climas globais.

(id27)

Alcoforado (2009) elenca algumas medidas e mitigação e de adaptação às

alterações climáticas que incorporadas ao planejamento e à gestão urbana,

possibilitarão um aumento da resiliência das cidades no cenário futuro, reduzindo as

perdas humanas e materiais e os custos envolvidos na reparação de danos como:

1. Aumentar a superfície ocupada por vegetação;

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47

2. Reduzir o trafego de automóveis;

3. Aumentar superfícies permeáveis;

4. Criar sistemas de armazenamento de água;

5. Renaturalizar os rios para melhorar a retenção de água e evitar cheias;

6. Adequar a ocupação do solo e as infraestruturas a fenômenos hidrológicos

extremos;

7. Adequar à geometria urbana às necessidades de arrefecimento e ventilação;

8. Aumentar e melhorar os espaços públicos abertos;

9. Aumentar o albedo das superfícies urbanas (através de cores mais claras);

10. Utilizar materiais de construção de baixa condutividade.

De acordo com o autor, o IPCC (2007), definiu resiliência urbana como sendo

a capacidade de uma cidade absorver perturbações, mantendo seu funcionamento

normal, sem entrar em colapso.

Criar sistemas de armazenamento de água, uma das medidas de mitigação

citadas vem de encontro com um dos problemas decorrentes das mudanças climáticas

indicado pelos acadêmicos.Com crescimento das cidades e o consequente aumento

populacional, aumentou do consumo de água, levando ao seu racionamento.

Com as mudanças climáticas e o aumento proporcional da utilização de

água, entraremos em um processo obrigatório de racionamento. (Id35)

Para confirmar a fala acima, Beyruth (2008), aponta segundo os documentos

do IPCC de 2007, até 2080, é possível que 1,1 a 3,2 bilhões de pessoas sofram de falta

de água; 200 a 600 milhões, de fome; 2 a 7 milhões de pessoas por ano padecerão dos

efeitos das enchentes, sendo que também pode-se esperar, portanto o aumento do preço

da água e dos alimentos e redução da segurança alimentar.

A autora, ao apresentar os dados do IPCC de 2008, diz que a população mundial

teve um crescimento explosivo no último século, onde há cerca de 6 bilhões e meio de

seres humanos em 2008, quando foi publicado o trabalho. Ainda cita que de acordo

com os autores Cotton e Pielke (1995), esta população é quatro vezes maior que há um

século, e as estimativas de crescimento indicam uma população de nove bilhões de

pessoas na terra em 2050.

Portando, à medida que aumenta a população nas cidades, as pessoas ficam

condicionadas a depender de um volume cada vez menor de água.

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48

Assim, a apropriação do espaço de forma irregular e sem planejamento

adequado, visando os interesses de uma classe dominante, onde a busca incessante

pelo lucro prevalece, não se importando como a natureza vai reagir, e qual a classe de

pessoas será mais afetada.

Conforme Paulo (2010), o homem se apropriou do meio ambiente visando

sempre ao enriquecimento e ao crescimento material da sociedade, pouco se

importando também com a exploração predatória que isso estava desencadeando sobre

o meio ambiente, acreditando que esses meios seriam inesgotáveis.

Sposito (1997), em seu livro “capitalismo e urbanização”, diz que: as

transformações, que historicamente se deram permitindo a estruturação do modo de

produção capitalista, constituem consequências contundentes do próprio processo de

urbanização. A cidade nunca fora um espaço tão importante, e nem a urbanização um

processo tão expressivo e extenso a nível mundial, como a partir do capitalismo.

Ainda que haja plano diretor, estatuto das cidades, legislação ambiental, dentre

outas legislações de ordenamento do solo urbano, faltam ações do poder público, que

impeça a especulação imobiliária e invasões de locais de riscos por uma parcela da

população menos favorecida.

Precisamos repensar a maneira de viver em cidades, segundo Alcoforado

(2009), de forma a continuar aproveitando os benefícios da vida comunitária que só a

cidade permite, mas minimizando os impactos das aglomerações urbanas. Os recursos

são inesgotáveis, e a natureza tem limites em sua capacidade de absorção dos resíduos.

Assim observadas pelas falas dos acadêmicos é preciso fazer valer as

legislações, visando atender não uma classe ou outra da população, mas sim as

alterações climáticas decorrentes das atitudes poluentes do homem e de forma a

adaptar-se aos processos de causas naturais.

As políticas ambientais me referem como as medidas que podem ser

aprovadas, que delimitam, indicam e tornam compromisso que visam o

comprometimento com: meio ambiente, em vários âmbitos, tal como uma

legislação ambiental de uma cidade, união, ou encontros políticos como o

G-8, G-20 (id28)

As políticas ambientais nos dias de hoje onde a corrupção prevalece e as

leis são na maior parte das vezes para beneficiar grandes produtores rurais,

não levando em conta ou não dando importância as mudanças climáticas.

(id30)

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49

Várias conferências, eventos, desde o Protocolo de Quito conforme discutido

anteriormente, vem sendo realizados, sobre as mudanças climáticas causadas pelo

aquecimento global, enfocando o efeito estufa dos gases poluentes. Os acadêmicos

assim acreditam que o efeito estufa pode acabar com planeta, portanto ainda há

controvérsias, sobre as causas deste aquecimento.

[Efeito estufa] os homens estão acabando com o planeta. (id32)

Segundo Barros (2014), a ilha de calor é o único evento do aquecimento global,

ocasionada pela atividade humana direta, e mesmo assim sua existência compromete

apenas o clima local, ocasionado principalmente nos centros urbanos das cidades com

grandes fluxos de atividades humana e poluição atmosférica.

Portanto, segundo Braga (2012), ainda há necessidades de estratégias de

planejamento capazes de orientar as políticas urbanas tanto no sentido da mitigação da

emissão de GEE, quanto da adaptação das cidades aos impactos inevitáveis das

mudanças climáticas, visando envolverem aspectos relativos à forma urbana, ao

ambiente construído, e as políticas fundiárias e habitacionais voltadas às populações

mais vulneráveis.

5.2 CATEGORIAS: EDUCAÇÃO AMBIENTAL E DESMATAMENTO

O segundo arranjo formado pela Educação Ambiental e Desmatamento, obteve

pouca representatividade, 21,2% e 23,1% das evocações, respectivamente.

Por outro lado, a Educação Ambiental obteve a maior ordem de importância,

comparando com todas as categorias (tabela I)

A categoria Educação Ambiental é reportada pelos discentes como forma de

conscientização da sociedade sobre as consequências da ação humana sobre o meio

ambiente, que pode contribuir com as mudanças climáticas. É uma forma de obter

conhecimento para mudanças de comportamento, isto evidenciadas nas palavras em

destaques: conscientização, educação, conhecimento, mudanças culturais e mudanças

de comportamentos.

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50

Por outro lado, a Categoria Desmatamento aponta as ações humanas que

podem contribuir com as Mudanças Climáticas, observadas nas palavras: diminuição

das áreas verdes, seca, destruição dos animais, falta de chuva e estiagem.

Conforme descrito por Pereira (2007), a atuação da educação, e mais

especificamente da educação ambiental assume papel fundamental, uma vez que

promove a construção de conhecimentos e a efetivação de ações em prol da qualidade

de vida e preservação do meio ambiente e dos seus recursos.

Nas falas dos discentes fica claro este entendimento, visto que apontam que a

educação ambiental seria uma forma de amenizar e até diminuir os gastos com

correção dos possíveis danos causados pela população, como forma de prevenção:

Educação ambiental se refere a um trabalho menos remediável a longo

prazo que funcionaria com prevenção, enterrando a população e evitando

gastos com remediações. (Id28)

Pois sem a educação não podemos pensar em mudanças climáticas. (id29)

[Morte] ninguém vê que as nossas vidas estão em risco. (id32)

[Morte] é o resultado da não conscientização da população com a natureza.

(id41)

Segundo Rua (2010), a constatação de que o avanço tecnológico tem sido

associado à degradação do meio ambiente faz crescer o interesse mundial pela EA,

tentando resgatar a participação dos cidadãos na solução dos problemas ambientais, já

que o futuro da humanidade depende da relação estabelecida entre a natureza e o uso

pelo homem dos recursos naturais disponíveis.

Segundo Loureiro (2004), educar é transformar pela teoria em confronto com

a prática, com a consciência adquirida na relação entre o eu, o outro, nós (em

sociedade) e no mundo. Em concordância com autor, a busca por uma melhoria nas

condições de vida e um melhor entendimento das questões ambientais, apontam a

necessidade da Educação ambiental, neste processo.

Porém, segundo Loureiro (2004), a educação não é o único, mas certamente é

um dos meios de atuação pelos quais nos realizamos como seres em sociedade – ao

propiciarmos vivencias de percepção sensível e tomamos ciência das condições

materiais de existência; ao exercitarmos nossa capacidade de definirmos

conjuntamente os melhores caminhos para sustentabilidade da vida; e ao favorecermos

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a produção de novos conhecimentos que nos permitam criticamente sobre o que

fazemos no cotidiano.

Enquanto educando exposto ao painel das mudanças climáticas apresentadas

pela mídia, os indivíduos entrevistados evocaram assim o tema Educação Ambiental

em 21,2% do corpus. Conforme descrito abaixo a poluição aparece como fonte da

degradação ambiental nas vias urbanas, sem menor preocupação por parte da

sociedade:

[Poluição] falta de consciência da população jogando lixo nas ruas em

qualquer lugar sem pensar onde esse lixo pode ir parar, trancando bueiros

sujando rios. (id27)

Há também destaque nas evocações dos discentes para a flora e a fauna, como

sendo vítimas das mudanças no clima:

Com certeza a fauna também é amplamente prejudicada com estas

mudanças, toda uma rotina que os animais tinham em seu habitat está sendo

interferido. (id22)

A flora vem sendo amplamente atacada com essas mudanças, a falta de

chuva, o forte calor, e de umas irresponsabilidades dos seres humanos vem

afetando diretamente nessa questão. (id22)

Entre as atividades do homem, o desmatamento, seja por queimadas ou

pela derrubada de arvores, está entre os principais responsáveis pela alteração

do clima, conforme apontado por diversos autores.

Segundo Oliveira et al. (2009) a suposta causa desta recente mudança

climática global é atribuída às atividades antrópicas emissora de gases de efeito estufa

(GEE), notadamente o dióxido de carbono (CO2), cuja concentração na composição

da atmosfera tem sofrido progressivo incremento, decorrente principalmente do

crescente uso de combustíveis fosseis, da pratica do desmatamento e das queimadas.

De maneira geral o lexema desmatamento foi a evocação que mais se destacou,

sendo vista como uma das maiores responsáveis pelas alterações climáticas, sem que

haja compromisso da sociedade, conforme as frases abaixo:

Com o desenvolvimento do planeta, sobra menos espaços, fazendo com

que aumente o desmatamento para instalação de indústrias e crescimento

de cidades, aumentando assim a poluição. (id7)

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O desmatamento abusivo das nossas florestas para produção de lavoura e

criação de gado, tudo que seja abusivo gera uma consequência desfavorável

a nosso sistema climático. (id27)

Nas áreas rurais, a agricultura e a pastagem, substitui a vegetação nativa, sendo

desmatada ou até mesmo queimada, em função do crescimento econômico, também

ligado ao avanço do agronegócio.

Segundo Vezzali (2006), em uma matéria no jornal Repórter Brasil, mostra que

o agronegócio avança na trilha do desmatamento e da superexploração do meio

ambiente, onde a floresta é substituída por grandes pastos para receber gado, lavouras

de soja e algodão. E o que restou de árvores, alimentaram madeireiras e carvoarias ou

que serviram de insumo para a construção civil das grandes cidades.

Esse é o alto preço que paga o país por apostar na grande propriedade rural

como alavanca para o desenvolvimento econômico. As ameaças ao Pantanal, Cerrado

e Amazônia são apenas a face mais conhecida da destruição ambiental provocada

também por grandes projetos de infraestrutura que obedecem às demandas da indústria

e da agricultura exportadora.

Outra forma de contribuição da agricultura com aquecimento global segundo o

Ecycle (2015), é o uso maciço de fertilizantes nitrogenados que é um forte

amplificador do efeito estufa, por exigirem grandes quantidades de energia em sua

produção e ao ser aplicado no solo, desprende nitrogênio na atmosfera. Combinando

o gás nitrogênio com o oxigênio, origina o oxido nitroso, que é um poderoso gás de

efeito estufa, cujo potencial de retenção de calor na atmosfera de ordem de 300 vezes

superior à do dióxido de carbono (CO2).

Segundo Feldmamn et al. (2001), as atividades do homem que está aumentando

efeito estufa são:

1. Queima de carvão, petróleo e gás natural pela indústria e sistema de transporte

que causam importantes emissões de gases de efeito estufa;

2. Destruição das florestas e diferentes formações de vegetação e as mudanças no

uso do solo, pois o carbono armazenado no solo e na vegetação escapa para

atmosfera;

3. Criação de gado e cultivo de arroz, as atividades que emitem metano, óxido

nitroso e outros gases de efeito estufa;

4. Degradação de resíduos em aterros sanitários que emitem metano no espaço.

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Concordando com as informações acima, Joly (2007) diz que no Brasil a

questão das mudanças climáticas está fortemente associada com o uso sustentável da

biodiversidade, pois, conforme o autor, 75% das nossas emissões de gases do efeito

estufa (GEE) vem do desmatamento e da queima de nossa biodiversidade.

Outro ponto levantando pelos discentes refere-se as alterações nos períodos

chuvosos e às secas prolongadas, classificados como consequência das mudanças

climáticas.

A classificação para o item chuva, o item veio ser avaliado com uma

nota alta a respeito de o ano de 2014 para nossa região ter sido um

período de muitas chuvas, nos meses característicos das secas, ter sido

a ocorrência de várias chuvas, em outros Estados como São Paulo quase

não choveu. (id4)

[Seca] Causado pelas mudanças climáticas. (id25)

[Chuva] causados pelas mudanças climáticas. (id25)

Com as mudanças climáticas pode haver chuvas demais. (id39)

[Destruição dos animais] por falta de lugar para seu habitat. (id41)

[Seca] mudança de clima falta chuva. (id41)

[Fome] por falta de chuva e mudança de clima prejudica a plantação.

(id41)

As falas acima aproximam do exposto por Marengo (2006), que cita como

exemplo que anualmente observa-se como consequência as mudanças climáticas, as

enchentes e ondas de calor da Europa em 2002 e 2003, os invernos intensos da Europa

e Ásia nos últimos anos; o furacão Catarina no Brasil em 2004; os intensos e

devastadores furacões (Karina, Rita, Wilma, etc.) no Atlântico Tropical Norte em

2005, as secas no Sudeste do Brasil em 2001, no Sul em 2004, 2005 e 2006, e na

Amazônia, em 2005.

Segundo o autor estes fenômenos têm sido atribuídos à variabilidade natural do

clima, mudanças no uso da terra (desmatamento e urbanização), aquecimento global,

aumento da concentração de gases de efeito estufa e aerossóis na atmosfera.

Braga (2012) também aponta que as mudanças climáticas estão associadas ao

aumento da ocorrência de eventos climáticos extremos, como inundações e secas, o

aumento de epidemias, o aumento do nível do mar e crises na produção de alimentos,

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que afetarão desigualmente as diversas partes do globo, em prejuízo principalmente

das regiões pobres.

A relação homem natureza se tornou complexa ao longo dos anos, as formas

predadoras na ocupação do espaço trouxeram grandes problemas ambientais tanto no

meio natural como no meio urbano. Com o avanço da industrialização, cresceram os

problemas ambientais nas cidades.

Diante deste cenário, conforme descrito por Jardim (2009), o início da

modernidade no século XVIII, ocasionou inúmeras mudanças políticas culturais,

sociais e econômicas, além de inúmeros acontecimentos perturbadores dos costumes

e hábitos, o que, por sua vez, proporcionou outras regulamentações regendo o convívio

dos habitantes, iniciando uma reestruturação do processo de cidadania, um moderno

contrato social.

5.3 CATEGORIAS: DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL E POLUIÇÃO

O terceiro arranjo foi formado pela segunda categoria mais frequente com

61,5% das evocações e com 2,9 na Ordem de Importância o Desenvolvimento

Sustentável e pela Poluição quarta categoria mais evocada correspondente a 38,5% e

2,9 na Ordem de Evocação.

O Desenvolvimento Sustentável, na percepção dos discentes é uma das formas

se de combater a poluição. Neste escopo podemos observar que há uma certa

compreensão referente este tema pois aponta técnica viável para diminuir ou até

combater a poluição como é o caso da energia mais limpa, uma das evocações aqui

presente.

As falas dos entrevistados reportam que ainda não há comprometimento da

sociedade em geral quanto a importância de se praticar a sustentabilidade. Esta

percepção se aproxima do conceito descrito pelo Autor abaixo.

O conceito de “desenvolvimento sustentável”, conforme afirma Barbosa

(2008), surge como um termo que expressa os anseios coletivos, tais como a

democracia e a liberdade, muitas vezes evocadas como utopias.

[...] já passou da hora de ser obrigatório o desenvolvimento sustentável,

pois a terra está em constante crescimento populacional e crescimento das

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construções também e esse crescimento sem os devidos controles não faz

bem para o clima. (Id2)

De acordo com Barbosa (2008), na Rio 92 foi desenvolvido um relatório

conhecido como “Nosso futuro”, onde estão informações colhidas pela comissão ao

longo de três anos de pesquisa e análise, destacando-se questões sociais,

principalmente de uso e ocupação da terra, suprimento de agua, abrigo e serviços

sociais, educativos e sanitários, além de administração do crescimento urbano,

expondo ainda a definição do conceito de desenvolvimento sustentável como aquele

que “atende as necessidades do presente sem comprometer as possibilidades das

gerações futuras atenderem suas próprias necessidades”.

Portanto, o crescimento econômico deve garantir a preservação do meio

ambiente e o desenvolvimento social, não só para a geração presente, mas também

para geração futura.

Porém, segundo Oliveira (2007) a fragilidade de valores humanos envolvidos

para a cooperação e preocupação com as gerações futuras, assim como a pouca

existência de políticas sociais constantemente avaliadas e continuamente ajustadas às

novas necessidades emergentes acaba por dificultar a construção de perspectivas de

desenvolvimento sustentável.

Desta forma, ainda segundo a autora, em certa medida a ideia de

desenvolvimento sustentável pode, então, ser considerada como utópica, mas as

utopias são capazes de guiar novos projetos de vida, novas ideias de sociedade e rumos

bem mais humanos para os tempos vindouros.

Porém, conforme descrito por Hoppe et al. (2011), referente a tecnologia para

redução dos GEE, seria o sequestro geológico de carbono, uma das alternativas

promissora para captura de CO2, principal causador do efeito estufa. Estes

armazenamentos consistem capturar fontes estacionárias como indústrias,

termoelétricas, etc., e seu transporte e injeção em formações geológicas, sendo que os

possíveis locais de armazenamento desse gás seriam aquíferos salinos profundos,

reservatórios de óleo e gás e em camadas de carvão.

Contudo, conforme aponta Oliveira et al. (2009), os custos para implementação

de medidas para redução de emissões e ou captura do gás carbônico são altos, sendo

necessário gastar cerca de 1% do PIB de acordo com relatório de Stern, para assim

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poder evitar a perda de 20% do mesmo PIB nos próximos 30 anos, devido aos impactos

das alterações Climáticas.

Outros projetos que visam a redução das emissões dos gases de efeitos estufa

foram propostos em 1987, o Protocolo de Quioto. Dentro do proposto está o

Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL), que tem como objetivo promover a

cooperação conjunta entre os países desenvolvidos e em desenvolvimento,

viabilizando o desenvolvimento sustentável através de incentivos para implantação de

projetos visam a redução de emissões de GEE.

O Protocolo de Quioto é uma oportunidade, para que o mundo comece a agir

em prol do meio ambiente e conforme Moreira et al. (2008), é como um meio para que

os países em desenvolvimento busquem o desenvolvimento sustentável estimulando a

produção de energia limpa para redução das emissões de GEEs, e com base com base

na cooperação internacional com países desenvolvidos, se beneficiem com a

transferência de tecnologia e com o comercio de carbono.

O mercado de carbono, de acordo com Hoppe al et (2011), funciona através da

comercialização de Certificados de Emissões, também conhecidos como créditos de

carbono, obtidos por reduzirem as emissões de GEE. Os créditos são comercializados

em mercados como bolsa de valores, fundos de investimentos, em que os países que

têm o compromisso com a redução da emissão destes gases, conforme assinado no

Protocolo de Quioto, possam comprar os créditos gerados por algum dos mecanismos

de flexibilização em diferentes partes do mundo.

O que vem de encontro com a preocupação na utilização consciente dos

recursos naturais, no âmbito do Desenvolvimento Sustentável, dentro das evocações

são propostas práticas econômicas dos recursos conforme descrito na fala:

[...] Economia dos recursos utilizados no dia-a-dia evitando o desperdício.

(id13)

Desta forma é preciso agir de forma a preservar os recursos naturais, visto que

estes são finitos.

Conforme aponta Soares et al. (2004), a consciência de que é necessário tratar

os recursos naturais com racionalidade, uma vez que estes podem se esgotar, mobiliza

a sociedade, no sentido de se organizar para que o desenvolvimento econômico não

seja predatório, mas sim “sustentável”.

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Neste sentido, Barbosa (2008), em seu trabalho sobre Desenvolvimento

Sustentável, observou que apesar do conceito de desenvolvimento sustentável firmado

na Agenda 21 e em outras conferências, este conceito ainda está em construção e

apesar de ser questionável por não definir quais são as necessidades do presente e quais

serão as do futuro, o relatório de Brundtland, chamou atenção do mundo sobre a

necessidade de se encontrar novas formas de desenvolvimento econômico, sem

redução dos recursos naturais e sem danos ao meio ambiente.

Ainda segundo Barbosa (2008), foram definidos neste relatório três princípios

básicos para serem cumpridos: o desenvolvimento econômico, proteção ambiental e

equidade social. Porém, para atingir estes objetivos a indústria deveria produzir mais,

utilizando menos recursos.

Neste aspecto ainda, foi evocada a expressão produção mais limpa, como

necessária para amenizar os impactos causados pela poluição:

[...] a necessidade da produção mais limpa está cada vez maior, pois a cada

ano que passa devido a poluição geral, levando o mundo a estar cada ano

mais quente e a necessidade de amortecer esses impactos são realmente

necessários. (id30)

O que seria esta produção mais limpa? A produção mais limpa (P+L), segundo

Rensi et al. (2006), sugere modificações instigando empresas a pensar em alternativas

mais inteligentes e econômicas de produzir, tendo como metodologia tentar integrar

os objetivos ambientais aos processos de produção, a fim de reduzir os resíduos e as

emissões em termos de quantidade e periculosidade.

Em outras palavras, ainda segundo Rensi et al. (2006), a produção mais limpa

objetiva usar com mais eficiência materiais e energias não renováveis, não-nocivos,

conservando ao mesmo tempo a biodiversidade. Questiona ainda a real necessidade do

produto ou procura outras formas pelas quais esta necessidade poderia ser satisfeita ou

reduzida.

O desenvolvimento sustentável é um instrumento que pode reduzir os impactos

ambientais, mas é necessário que haja comprometimento tanto do poder público,

fazendo valer as leis de proteção ambiental, como empresas cumprindo seu papel (em

alguns casos utilizando a produção mais limpa) e a sociedade de maneira geral. Cada

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um tem um papel importante se cumprido requisitos básicos pode trazer benefícios ao

meio ambiente. Para os discentes:

Produção mais limpa é referente as atividades, mais poluidoras, como

geração de energia, construção civil [...] não só a tecnologia menos

poluidora, mas também a redução. ( id28 )

Segundo Barbosa (2008), a conferência de Ottawa em 1986 propôs cinco

requisitos básicos para alcançar o desenvolvimento sustentável: integração da

conservação e do desenvolvimento humano; satisfação das necessidades básicas

humanas; alcance de equidade e justiça social; provisão da autodeterminação social e

da diversidade cultural; manutenção da integração ecológica.

Assim ainda se espera medidas e atitudes mais eficazes direcionadas às

mudanças climáticas e às possível e controversas causas. Falta tecnologia adequada?

Esta é uma questão que também é presentada aqui, que pode revelar a falta de

conteúdo, de informação para abordar o assunto.

Provavelmente [pela] criarão soluções tecnológicas para o problema” (id8)

Associada ao Desenvolvimento Sustentável a Poluição, quarta categoria aqui

classificada, foi representada por 21 evocações, como também uma das principais

causas das alterações do clima conforme abaixo:

Poluição - um dos principais causadores das mudanças climáticas globais

(id7)

São destacadas diversas formas de poluição sendo uma dela a poluição do ar,

pelas emissões de gases poluentes provenientes das queimadas:

Poluição através das diversas empresas globais que geram gases que

agravam o efeito estufa como metano. Queimadas, gases, lixo fazem mal à

saúde e ao meio ambiente, como doenças, enchentes, secas, temperaturas

altas, entre outros.

De acordo com Melo (2012), o crescente aumento da população, da

industrialização e do consumismo trouxeram junto riscos e alterações no sistema

ambiental, devastando ecossistema, poluição do ar, do solo e das águas, ocasionando

perdas, algumas irrecuperáveis como centenas de espécies de mamíferos e de aves

extintas, e além do grande impacto devastador provocado na flora e nos próprios seres

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humanos, através da poluição dos rios, desmatamentos, degradação do solo, que

causam a destruição da biodiversidade.

A percepção do discente nesta categoria, ao evocar a poluição, está de acordo

com as afirmações acima, sendo a poluição prejudicial não só ao meio ambiente como

também a saúde:

Poluição, é ocasionada pela emissão de gases poluentes na atmosfera, onde

ocasionam problemas de saúde (id5)

Contudo, as evocações se diferem em alguns momentos de acordo com as

justificativas:

Poluição: coopera negativamente com as mudanças climáticas, acabando

com os rios, com o meio ambiente e com nossa fauna (id12)

A poluição é um dos principais causadores das mudanças climáticas (id9)

A poluição interfere diretamente nas mudanças climáticas (id2)

Portanto, a poluição ao mesmo tempo que coopera negativamente, é uma das

principais causadora e interferente nas mudanças climáticas. Assim podemos dizer que

dentro do grupo pesquisado, ainda não há uma representação coerente para este

escopo.

5.4 CATEGORIAS: AQUECIMENTO GLOBAL E EFEITO ESTUFA

Formado pelo Aquecimento Global e Efeito Estufa, este arranjo apresenta

dentre as categorias mais prontamente evocadas, sendo que o Aquecimento Global se

destaca como a primeira com 82,7% das evocações, destacando também a segunda

maior Ordem de Evocações (OE) 2,8 e terceira Ordem de Importância 2,9.

A categoria Efeito Estufa foi a terceira mais frequente com 53,8% porém foi a

mais prontamente evocadas com Ordem de Evocação de 2,3.

Para o corpus analisado, o Aquecimento Global teve maior número da

evocações, com 79 evocações, representando 82,7% dos indivíduos entrevistados,

segundo Oliveira et al. (2009), atualmente, quando se fala em mudanças climáticas,

remete-se o conceito de aquecimento global, aumento da temperatura média próximo

da superfície terrestre desde a metade do século passado.

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De modo geral, os discentes evocaram eventos ambientais propagados pela

imprensa como associados ao tema:

Com as mudanças climáticas as chuvas estão mais fortes e o calor mais

intenso entre outros fatores. (Id1)

Com as mudanças climáticas globais aqui na cidade onde mora, cada ano

está fazendo mais calor. (Id2)

[O] derretimento das calotas polares devido as mudanças fazendo aumentar

o nível de Água e fazendo que os animais percam seus habitats. (Id3)

[O aquecimento global] se torna um grande problema para as regiões

litorâneas e locais em baixo nível de altitude próximos a oceanos. Sua

consequência pode trazer extinção de regiões habitáveis. (Id5)

Geleiras: o derretimento das mesmas gera um aumento no nível de água

dos oceanos podendo ocorrer as ondas tsunamis. O aumento excessivo da

temperatura do planeta, devido ao aquecimento global, causado pelo

homem acarreta a tal catástrofe. (Id11)

Há ainda controvérsia sobre as verdadeiras causas do aquecimento global, se

são provenientes da ação antrópica, ou de causa natural.

Segundo Oliveira et al. (2009), a suposta causa desta recente mudança

climática global está atribuída às atividades antrópicas emissoras de gases de efeito

estufa (GEE), notadamente o dióxido de carbono (CO2), cuja concentração na

composição da atmosfera tem sofrido progressivo incremento, decorrente

principalmente da crescente queima de combustíveis fósseis, da pratica do

desmatamento e das queimadas.

A preocupação com as mudanças climáticas, foi destacada em 1979 na

Primeira conferência Mundial do clima, esta conferencia segundo Oliveira et al.

(2009), teve caráter essencialmente cientifico, alertando que a expansão das atividades

humanas na terra poderia ser a causa das mudanças a nível regional e até mesmo

globais no clima.

Este mesmo autor acredita que há uma estrita relação entre a Ciência e a

Política, onde a ciência fornece conclusões e evidencias científicas através de

pesquisas e a Política utilizando e baseando-se nesse resultado para tomada de

decisões, onde implica em estabelecimentos de tratados e acordos internacionais, que

refletem em diretrizes de leis nacionais, e finalmente afetam o modo de viver da

sociedade em geral.

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Neste sentido o autor aponta dois órgãos, como atores envolvidos neste

processo: O IPCC que representa a atuação Política, juntamente com o respaldo dos

cientistas favoráveis ao aquecimento global antropogênico e NIPCC (Painel não

governamental sobre mudanças climáticas globais) representando e centralizando a

opinião dos cientistas céticos e contrários ao “consenso científico” do aquecimento

Global.

Segundo Marengo et al. (2008), o IPCC (Painel Intergovernamental sobre

mudanças climáticas) foi criado em 1988 pela OMM (Organização Meteorológica

Mundial) e pela PNUMA (Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente), e

ficou encarregado de apoiar os estudos científicos nas avaliações do clima e o cenário

de mudanças climáticas para o futuro.

De acordo com Oliveira et al. (2009), o IPCC não conduz nenhuma pesquisa

nem monitora dados ou parâmetro relacionados, seu papel é avaliar de forma

compreensiva, objetiva, aberta e transparente uma base com as literaturas cientifica,

técnica e socioeconômicas produzidas mundialmente, e pertinentes para o

entendimento do risco das mudanças climáticas induzidas pelo homem.

Em oposição ao IPCC, o NIPCC (Painel Não-Governamental sobre mudanças

Climáticas), segundo o autor, foi criado em 2007 por cientistas e estudiosos não-

governamentais unidos no entendimento das causas e consequências das mudanças

climáticas. Não estarem ligados a nenhuma agencia ou órgão governamental, e pelo

fato de seus membros não estarem predispostos a acreditar que as mudanças climáticas

são causadas pelos GEE antropogênicos, se dispõe a oferecer uma “segunda opinião”

das evidencias revisadas e utilizadas pelo IPCC.

Deste modo conforme aponta Oliveira et al. (2009), o segundo relatório do

NIPCC, editado por Singer, representa uma crítica cientificamente embasada ao

conteúdo apresentado no AR4 do Grupo de Trabalho (GT1) do IPCC, nesse trabalho

foram examinadas uma série de artigos de pesquisa ignorados pelo IPCC. De acordo

com Singer (2008):

O AR1 ignorou completamente os dados de satélite, já que estes não

apresentaram nenhum aquecimento

O AR2 sofreu alterações significantes no seu texto após aprovação dos

cientistas, sugerindo uma manipulação pelos representantes

governamentais a fim de transmitir a impressão de uma influência humana

no aquecimento Global.

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O AR3 alegou que o século 20 apresentou um aquecimento incomum,

usando um gráfico desacreditado para justificar esta alegação.

O AR4 é jugado por desvalorizar completamente as contribuições das

mudanças na atividade solar, que segundo Singer, são predominantes sobre

qualquer influência.

Mesmo com que haja vários estudos que apontam que o aquecimento global é

causado por ações antrópicas, provenientes principalmente da queima de combustíveis

fosseis, ainda não há um consenso entre a ciência e a política, ou mesmo entre os

cientistas.

Parte dos discentes apresentaram conceituações equivocadas a respeito do que

seria um fenômeno de aquecimento global e suas consequências. Termos associados a

mudanças imediatas e fenômenos pontuais podem ser associados a uma visão

reducionista da interação atmosfera biosfera, onde há mais um certo alarmismo, pela

sua força psicológica, carregaria a semblância da verdade.

A instabilidade climática traz diversos incidentes da natureza, o que agrava

áreas habitáveis. (Id6)

[...] mudanças bruscas nas temperaturas, devido a diminuição da camada

de ozônio. (Id15)

Inconstância do clima, a cada ano vemos como o clima está mudando, e

época que é de chuva não chove, e época que é de calor chove, essa

mudança acaba quebrando uma fase e/ou ciclo. (Id19)

[...] com o clima em mudanças pode ocorrer um furacão devido as

repentinas mudanças climáticas. (Id39)

Estas afirmações podem ser explicadas conforme Souza (2012) onde diz que

visões apocalípticas podem ser cotidianamente observadas no media mass (meios de

comunicação em massa), que tem tratado o aquecimento global de forma alarmista e

tendenciosa, reduzindo as mudanças climáticas a um consenso científico, além de

trazerem em suas edições previsões catastróficas, sobre o futuro da humanidade na

terra.

Ainda segundo este autor, isto é alarmante, na medida que a mídia é o

instrumento mais usual com o qual a população em geral se inteira de uma série de

eventos ocorridos distante da sua localização geográfica ou ainda distantes das suas

capacidades intelectuais de compreensão, estes últimos relacionado especificamente a

fenômenos e pesquisas científicas.

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Amiúde, o aquecimento Global, segundo Costa (2015), refere-se às alterações

climáticas que provocam um aumento da temperatura média da atmosfera, está

associado ao aumento dos gases de efeito estufa como o Metano (CH4), o vapor de

água e outros citados anteriormente. Estes gases permitem que a radiação emitida pelo

sol incida sobre a terra, mas impede que o calor escape pelo espaço.

Parte das falas se aproximaram do conceito de aquecimento global, contudo

com associações estranhas, reforçando a hipótese de que o seu universo nocional segue

próximo o propagado pela mídia. Tivemos associações com temas de saúde pública,

poluição, contaminação da camada de ozônio, saúde mental.

[O] carbono que fica na atmosfera ocasionando várias consequências a terra

e ao ser humano, um exemplo são os raios solares que muitos não são

filtrados. (Id1)

[O aumento da temperatura] causado pela poluição do ambiente e pelo

efeito estufa, que trouxe diversos transtornos para a sociedade

principalmente para a saúde da população, ocasionando desidratação,

fadiga entre outros. ” (Id5).

[...] causaria alteração na qualidade de vida atual, transformando o fator

psicológico da população, acarretando em um estado de caos na sociedade.

(Id35)

Diminui a qualidade da vida da população, pois o calor exorbitante,

deixando as pessoas cansadas; faz mal à saúde, causa fadiga, desidratação

e até morte. (Id6)

O efeito estufa é um fenômeno causado pelo acumulo de gases tóxicos na

camada de ozônio, ocorrendo assim um maior aquecimento do planeta.

(Id18)

Segundo Ribeiro (2008), a poluição do ar é uma das mais graves consequências

das emissões, causando aumento de internações de doentes por problemas respiratórios

em período de estiagem, no inverno quando há maior frequência da inversão térmica,

os poluentes deixam os olhos irritados, acelera o desenvolvimento de tosse, gripe e

resfriado.

Não obstante tivemos falas que reportaram uma conceituação de efeito estufa

muito próxima da aceita nos meios científicos:

Ao agravar o efeito estufa que é de extrema importância para manter o

planeta aquecido e garantir a manutenção da vida, o equilíbrio energético é

perdido pelo fenômeno do aquecimento global. (Id6)

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As inundações, tsunamis, tempestades e furacões são eventos associados as

mudanças climáticas, contudo não há consenso sobre o mecanismo, assim como até

que ponto esses fenômenos não são naturais, assim também como os vulcões.

De acordo com Marengo (2008), apenas no ano de 2007, segundo a ONU, 117

milhões de pessoas em todo mundo foram vítimas de cerca de trezentos desastres

naturais, incluindo secas devastadoras na China e na África e inundações na Ásia e na

África - em um prejuízo total de U$$ 15 bilhões.

Segundo Conti (2005), o agravamento do efeito estufa poderia, também,

vincular a baixa atividade vulcânica dos últimos 15 anos, e isto tenderia a elevar a

temperatura média do globo já que o inverso, conforme se demonstra sempre que há

uma grande erupção, produz o efeito contrário.

Segundo Oliveira et al. (2009), a concentração de gás carbônico atmosférico

teve suas primeiras medições somente em 1958, realizadas pelo cientista norte-

americano Charles David Keeling, no vulcão de Mauna Loa, na grande ilha do Hawai.

O gráfico que mostra a variação da concentração de CO2 desde o início das medições

ficou conhecido como a “Curva de Keeling”, tornando-se crucial nos estudos do

monitoramento deste gás.

Para Conti (2005), há uma especulação sobre a retomada das atividades

vulcânicas, que ao lançar poeira e aerossóis na atmosfera, poderia neutralizar o efeito

estufa e concorrer para um abaixamento da temperatura média do planeta, porém esta

avaliação deve ser feita de forma cuidadosa, e em diferentes escalas, sendo plausível

a hipótese de uma oscilação climática de grande amplitude, porém manifestando-se

diferentemente nos diversos pontos do globo.

Segundo Molion (2008), o clima da terra variou naturalmente ao longo de sua

existência, seja por forças de agentes externos ao sistema, como oscilações da

atividade solar e dos parâmetros orbitais, seja por força de agentes internos, como

atividade vulcânica e das placas, sendo que existe evidencias, por exemplo de que o

clima esteve mais quente do que o atual entre os anos 800 a 1350 dC – o chamado

“período quente medieval, onde os vikings colonizaram e praticaram agricultura na

regiões no Norte do Canadá e em uma ilha que foi denominada Groelândia (Terra

Verde) que hoje está coberta de gelo.

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65

É questionável o aumento de CO2 ser atribuído exclusivamente às atividades

humanas, ainda segundo Molion (2008), uma vez que os oceanos constituem um

grande reservatório de carbono e existe uma grande ignorância em relação aos fluxos

de carbono entre eles e a atmosfera.

Para Braga (2012), há que ser considerada, que a antropocidade das alterações

climáticas é menos certa do que a sua efetividade, ou seja, há mais certeza entre a

comunidade cientifica de que o clima esteja mudando, do que qual seria o efetivo grau

de contribuição das emissões antrópicas de GEE nesse processo. Assim,

eventualmente, os efeitos esperados pelas ações de redução de emissão de GEE,

mesmo que efetivados, podem não surtir completamente o efeito esperado.

O vapor da água também é indicado como principal gás de efeito estufa, visto

que 71% da superfície terrestre é composta por água. Portanto segundo Barros (2014),

o principal responsável por esse efeito são os oceanos e os grandes espelhos de água

da superfície.

Segundo o autor, isto descreve a baixa interferência humana tanto no efeito

estufa como no aquecimento global, sendo estes fenômenos de caráter natural,

ocasionados pelos fenômenos planetários, constatando a baixa influência das emissões

antrópicas no clima do planeta, e que considerar o aquecimento global antropogênico

é um equívoco.

Page 78: UM ESTUDO DAS REPRESENTAÇÕES SOCIAIS DOS FORMANDOS DE ... · origem ao Protocolo de Quioto. Um aumento na temperatura ambiente tem sido observado na zona urbana, com a formação

66

6. CONCLUSÃO

As mudanças climáticas globais ainda apresentam controvérsias quanto as

causas e consequências.

Alguns autores apontam a ação antrópica como principal responsável pelas

mudanças climáticas decorrentes do aquecimento global, como, por exemplo, os dados

apresentados nos relatórios do IPCC (Painel Intergovernamental sobre Mudanças

Climáticas), contrapondo as opiniões do INPCC (Painel Não Governamental sobre

Mudanças Climáticas).

Observou-se que apesar de ser um tema bastante discutido tanto na mídia como

na sociedade como um todo ainda há necessidade de maior atenção no meio acadêmico

quanto ao conteúdo dos cursos de graduação, como mostra os resultados deste trabalho

que teve como objeto de estudo o curso de Engenharia Civil.

A técnica utilizada de Associação Livre de Palavras tendo como estimulo

indutor o tema Mudanças Climáticas Globais e considerando os conhecimentos

adquiridos pelos alunos do 10º semestre do curso de Engenharia Civil da Universidade

de Cuiabá, possibilitou apreender as revelações dos alunos quando inquiridos sobre as

palavras ou expressões que vieram em mente sobre as questões ambientais e Mudanças

Climáticas Globais.

A partir das evocações dos alunos, dos dados tabulados e organizados de

acordo com as similaridades semânticas e sentidos, obteve-se 8 categorias que foram

nomeadas de acordo com as palavras que mais se aproximaram, denominadas:

Aquecimento Global (AQ) que apresentou maior prevalência, Desenvolvimento

Sustentável (DS), Efeito Estufa (EE), Poluição (P), Desmatamento (D), Educação

Ambiental (EA) Crescimento Urbano (CU) e Capitalismo (C).

Os resultados obtidos possibilitaram concluir que os indivíduos estudados

possuem uma representação social difusa sobre o estimulo indutor “Mudanças

climáticas Globais”, demonstram em suas falas conceitos confusos.

Houve uma prevalência em falas sobre os temas que permeiam a mídia geral

conforme descrito na teoria da representação social, onde há duas formas de adquirir

conhecimento a consensual e a científica, que neste caso prevalece a consensual. Isto

Page 79: UM ESTUDO DAS REPRESENTAÇÕES SOCIAIS DOS FORMANDOS DE ... · origem ao Protocolo de Quioto. Um aumento na temperatura ambiente tem sido observado na zona urbana, com a formação

67

se percebe nas falas onde mencionam as grandes catástrofes como os furacões,

tsunamis, vulcões, que são propagados pela imprensa, que estão longe da sua realidade.

Observou-se que de acordo com o Projeto Pedagógico do Curso as questões

ambientais são trabalhadas como temas transversais dentro das disciplinas da grade

curricular, como Gestão Ambiental e Saneamento Ambiental justificando portanto, a

escolha do 10º semestre como objeto de estudo.

Dentre estas disciplinas, a Gestão Ambiental apresentou em seu conteúdo

programático uma ementa que comtempla questões ambientais mais relevantes como:

Educação Ambiental, Poluição, Riscos Ambientais, Avaliação de Impactos

Ambientais Provocados pela Construção Civil, Recursos Naturais e Energéticos e

Desenvolvimento, Legislação Ambiental, Desenvolvimento Sustentável (Edificações

e Comunidades Sustentáveis).

A pesar do currículo do Curso de Engenharia Civil mencione a questão

ambiental no seu PPC (Projeto Pedagógico do Curso), possua disciplinas e atividades

prestantes, não efetivou uma formação crítica dos discentes a respeito do tema.

Em se tratando de uma questão de extrema importância seriam necessárias

políticas que contemplam as questões ambientais nos currículos escolares como

disciplinas obrigatórias.

Portanto há necessidade repensar as práxis conduzidas no curso, entendendo-

se que na construção civil, a melhor compreensão dos aspectos climáticos e suas

mudanças, proporcionará a formação de profissionais que sejam capazes de criarem

soluções para os problemas das cidades buscando a sustentabilidade econômica, social

e ambiental tão discutida nos dias atuais, mas que ainda não praticado como deveria.

Os problemas ambientais nas cidades são provocados pelas formas de uso

ocupação do solo. Construções de casas, comércios, a retirada da cobertura vegetal

para dar lugar ao concreto, ao asfalto são fatores impactantes no clima local, e

colaboram com os eventos climáticos que colocam em risco a vida da população

mesmo assistida.

É neste sentido que a engenharia civil, com profissionais que pensem

ecologicamente poderão contribuir para amenizar os riscos ambientais adotando

medidas que proporcionem principalmente a redução do aquecimento global nas zonas

urbanas.

Page 80: UM ESTUDO DAS REPRESENTAÇÕES SOCIAIS DOS FORMANDOS DE ... · origem ao Protocolo de Quioto. Um aumento na temperatura ambiente tem sido observado na zona urbana, com a formação

68

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73

ANEXOS

ANEXO I. TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E

ESCLARECIDO

Nome do (a) Pesquisador (a): Cátia Balduino Ferreira.

Universidade de Cuiabá – Campus Barão

Curso: Engenharia Civil

Você está sendo convidado (a) a participar desta pesquisa. Ao integrar este estudo

estará permitindo a utilização dos dados fornecidos. Você tem liberdade de se recusar

a participar e ainda se recusar a continuar participando em qualquer momento da

pesquisa, sem qualquer prejuízo pessoal.

Todas as informações coletadas neste estudo, são estritamente confidenciais, você não

precisará se identificar. Somente o (a) pesquisador (a) terá acesso às suas informações

e após o registro destas, o documento será destruído.

Consentimento Livre e esclarecido: Tendo em vista os esclarecimentos acima

apresentados, eu, manifesto livremente meu consentimento em participar da pesquisa.

Nome do participante Assinatura do participante

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ANEXO II. QUESTIONÁRIO

Universidade de Cuiabá

Mestrado em Ciências Ambientais

Questionário aplicado aos alunos do 10º semestre do curso de

Engenharia Civil da Universidade de Cuiabá

I. Dados demográficos

Data de Nascimento (dia/mês/ano): _______/________/________

Sexo: ( ) masculino ( ) feminino

Estado Civil: ( ) solteiro (a) ( ) casado (a) outros: ( )

Ano de ingresso do Curso de Engenharia Civil: __________________

Qual o motivo da escolha do curso de Engenharia Civil para sua formação

profissional?

____________________________________________________________________

____________________________________________________________________

____________________________________________________________________

____________________________________________________________________

____________________________________________________________________

____________________________________________________________________

____________________________________________________________________

____________________________________________________________________

Você trabalha? ( ) sim ( ) não

Se trabalha em que área atua? ___________________________________________

Qual a função desempenhada? ___________________________________________

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II. Questionário sobre Mudanças Climáticas Globais.

1. Como as questões ambientais são trabalhadas em seu curso?

____________________________________________________________________

____________________________________________________________________

____________________________________________________________________

____________________________________________________________________

____________________________________________________________________

____________________________________________________________________

____________________________________________________________________

2. Quais as mudanças e quais os impactos naturais e sociais provocariam as mudanças

climáticas globais?

____________________________________________________________________

____________________________________________________________________

____________________________________________________________________

____________________________________________________________________

____________________________________________________________________

____________________________________________________________________

____________________________________________________________________

3. Para você, o que é desenvolvimento sustentável?

____________________________________________________________________

____________________________________________________________________

____________________________________________________________________

____________________________________________________________________

____________________________________________________________________

____________________________________________________________________

____________________________________________________________________

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76

Treino

4. Escreva, por favor, as primeiras cinco palavras ou expressões que lhe vêm à mente

quando você pensa sobre: CHOCOLATE

A. ( ) – 2 – 1 0 + 1 + 2 ___________________

B. ( ) – 2 – 1 0 + 1 + 2 ___________________

C. ( ) – 2 – 1 0 + 1 + 2 ___________________

D. ( ) – 2 – 1 0 + 1 + 2 ___________________

E. ( ) – 2 – 1 0 + 1 + 2 ___________________

Explique as palavras ou expressões fornecidas na página anterior:

A) ____________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

B) ____________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

C) ____________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

D) ____________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

E) ____________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

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4. Escreva, por favor, as primeiras cinco palavras ou expressões que lhe vêm à mente

quando você pensa sobre: Mudanças Climáticas Globais.

A. ( ) – 2 – 1 0 + 1 + 2 _______________________

B. ( ) – 2 – 1 0 + 1 + 2 _______________________

C. ( ) – 2 – 1 0 + 1 + 2 _______________________

D. ( ) – 2 – 1 0 + 1 + 2 _______________________

E. ( ) – 2 – 1 0 + 1 + 2 _______________________

Explique as palavras ou expressões fornecidas na página anterior:

A) ____________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

B) ____________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

C) ____________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

D) ____________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

E) ____________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

Obrigada pela participação

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ANEXO III: Estrutura curricular e ementas das disciplinas (PPC,

2014):

DISCIPLINAS EMENTAS

Desenho Técnico

Introdução ao Desenho Técnico e sua simbologia e Normas ABNT;

Retas, círculos e tangências; Desenho projetivo: perspectiva

axonométrica e oblíqua; Projeções ortogonais. Cortes, seções,

encurtamento, hachuras e cotagem.

Homem, cultura e

sociedade

A formação do pensamento ocidental. O homem e a sociedade. O

homem como produto e produtor da cultura. As relações étnico-raciais

e a luta antirracista do movimento negro do Brasil.

Introdução à

Engenharia

Definindo Engenharia. História da Engenharia. O engenheiro e suas

competências. As áreas de atuação do engenheiro. Projeto de

Engenharia. A utilização de modelos na engenharia. A contribuição da

Simulação. Otimização em Engenharia. Lógica Matemática

Computacional. O curso de Engenharia Civil da UNIC (Histórico,

organização, estrutura curricular, recursos disponíveis, laboratórios,

áreas e formas de realizar pesquisa); Pesquisa bibliográfica e

comunicação científica. Apresentação de projetos como a principal

ferramenta usada em Engenharia. História da Engenharia. Perfil do

Engenheiro ao longo da história e campo de atuação. Função do

Engenheiro na sociedade. Áreas da Engenharia. Evolução e

perspectivas da Engenharia. Integração entra as áreas da Engenharia.

O ensino da Engenharia no Brasil e no Mundo, desenvolvimento do

conhecimento nas áreas do CREA-CONFEA e MUTUA, NRs e

ABNT.

Matemática Funções e gráficos do 1º e 2º grau. Função Exponencial e Função

Logarítmica. Funções Trigonométricas.

Metodologia

Científica

Leitura, Interpretação e Produção de Textos. Estrutura e Organização

de trabalhos acadêmicos. Pesquisa cientifica. Elaboração de Projeto de

Pesquisa.

Algoritmos e

Programação

Representação de Processos e Fluxogramas. Introdução a uma

linguagem de programação (software Scilab): comandos seqüenciais,

estruturas condicionais e múltipla escolha. Estruturas de repetição.

Módulos de programas e aplicações.

Cálculo I

Limites e continuidade; Derivadas e regras de derivação; Otimização

de funções; Teorema Fundamental do Cálculo.

Desenho

Auxiliado por

Computador

Apresentação do software gráfico, configuração do ambiente de

trabalho, traçados básicos, desenho de primitivas geométricas planas,

comandos do software, sistemas de coordenadas, criação de camadas,

criação de estilos de linhas e de textos, cotagem, desenho em

perspectiva isométrica, hachuras, impressão (software Autocad).

Ética, Política e

Sociedade

Formação da moral ocidental. Formação da política ocidental. A

explicação sociológica da vida coletiva. A construção da sociedade

global.

Geometria

Analítica e

Álgebra Linear

Vetores e operações com vetores. Produto Escalar e Vetorial. Retas e

Planos. Sistemas Lineares, Matrizes e Determinantes. Transformações

Lineares. Autovalores e Autovetores.

Arquitetura

Introdução à arquitetura. Noções de composição: algumas

propriedades de forma, elementos definidores do espaço. Sistemas de

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79

Representação: plantas, cortes, fachadas, códigos e simbologia.

Arquitetura e Meio ambiente: conforto, fatores climáticos, iluminação,

acústica, construções sustentáveis - Green Building. Projeto:

legislação e fases do projeto arquitetônico.

Cálculo II

Métodos de Integração; Integrais: Conceito. Integrais imediatas.

Integrais por substituição. Integrais por partes. Integrais definidas

Integrais trigonométricas. Integrais por substituição trigonométrica.

Teorema Fundamental do Cálculo. Áreas e volumes.

Estatística e

Probabilidade

População e Amostra. Medidas de Tendência Central e Dispersão.

Correlação. Experimentos Aleatórios. Teoria das Probabilidades.

Variáveis Contínuas e Discretas. Modelos Probabilísticos Contínuos.

Modelos Probabilísticos Discretos.

Física: Mecânica

Movimento retilíneo uniforme, movimento uniformemente variado,

cinemática angular, leis de Newton, centro de massa, torque, e

quantidade de movimento.

Química Geral

Introdução ao estudo da Química, Estrutura atômica, Propriedades da

matéria, Propriedades periódicas, Ligações Químicas, Funções

Inorgânicas, Soluções e solubilidade, Reações Químicas, Corrosão,

Introdução a Química Orgânica e Macromoléculas. Experimentação e

aplicações para a Engenharia Civil.

Cálculo III

Funções de duas ou mais variáveis e gráficos; Derivadas parciais e

superiores; Derivadas das funções na forma implícita. Integrais

múltiplas, Equações diferenciais ordinárias de primeira ordem.

Ciência dos

Materiais

Estudo da estrutura dos materiais. Classificação dos materiais e estudo

de suas propriedades, formas de processamento e aplicações.

Física: Energia

Trabalho realizado por uma força, potência, teorema do Trabalho-

Energia, Lei de Hooke, forças conservativas, Lei da Conservação de

Energia, energia mecânica, energia cinética, energia potencial

gravitacional, energia potencial elástica, movimento circular (revisão),

energia cinética rotacional, momento de inércia, Teorema dos eixos

paralelos, conservação de energia (considerando a rotação), momento

angular, conservação do momento angular (colisões envolvendo

rotação), temperatura, transferência de calor e dilatação térmica.

Mecânica

Aplicada

Princípios e conceitos fundamentais da mecânica. Estática dos pontos

materiais, Sistemas equivalentes de forças, Equilíbrio de corpos

rígidos, Centros de massa e centróides, Momentos de inércia, Método

dos trabalhos virtuais.

Topografia I

Introdução ao estudo da Topografia, Planimetria, estudos dos ângulos,

estudo das distâncias, taqueometria. Métodos de levantamento

topográfico. Altimetria. Técnicas de nivelamento. Curvas de nível,

declividades, pontos cotados. Instrumentos topográficos. Plantas

Topográficas.

Estruturas

Isostáticas

Morfologia das estruturas; Graus de liberdade; Classificação das

estruturas quanto à estaticidade; Sistemas de carregamentos; Reações

externas; Solicitações internas; Vigas; Pórticos planos; Treliças.

Física:

Eletromagnetismo

Composição da Matéria. Lei de Coulomb. Campo elétrico. Lei de

Gauss. Potencial elétrico. Capacitância. Corrente e resistência. Força

eletromotriz e circuitos elétricos. Campo magnético. Lei de Ampère.

Lei da indução de Faraday. Ótica geométrica

Mecânica dos

Fluidos

Introdução a Mecânica dos Fluidos, Sistemas de Unidades,

Fundamentos de Fluidostática, Fundamentos de Escoamentos dos

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80

Fluidos, Equação de Bernoulli, Análise Dimensional e Semelhança,

Escoamento Interno de Fluidos Viscosos e Incompressíveis, Medidas

de Escoamento e Perda de Carga, Fundamentos de Escoamento

Externo.

Resistência dos

Materiais

Tensões e deformações, lei de Hooke e Poisson. Lei de Hooke

generalizada, ensaios de materiais, tensões limites, coeficiente de

segurança. Variações das tensões no entorno de um ponto. Critérios de

resistência. Esforço normal axial. Torção. Flexão. Esforço normal

excêntrico. Cisalhamento. Dimensionamento e verificação.

Topografia II

Medidas de áreas e volumes. Locação de Obras. Terraplenagem para

plataformas. Traçado de estradas: curvas horizontais e verticais de

concordância; superelevação e superlargura nas curvas; locação de

taludes.

Técnicas Cartográficas, Sistemas de coordenadas geodésicas,

Referenciais, Sistema Geodésico Brasileiro e Internacional, Sistema

Global de Navegação por Satélite (GNSS), Sensoriamento Remoto,

Sistema de Informação Geográfico.

Estruturas

Hiperestáticas

Introdução ao estudo de estruturas hiperestáticas lineares. Estudo do

método das forças. Estudo do método dos deslocamentos. Análise

computacional de estruturas hiperestáticas.

Geologia Geral

Estrutura do Planeta Terra e Suas Origens. Tempo Geológico/Formas

e Métodos de Datação de Rochas e Fósseis. A Água na Terra

(Superfície e Subsuperfície). Ciclo Hidrológico. Ação Geológica das

Águas. Minerais (Constituintes das rochas). Rochas Ígneas/Rochas

Metamórficas/Rochas Sedimentares/Intemperismo. Feições e

Estruturas Geológicas nas Rochas/ Intemperismo e Formação do Solo.

Estudo de Agregados/ Análise Granulométrica / Intemperismo e

Formação do Solo/Pedologia (Formação dos Solos). Geomorfologia

(Formas de Relevo) /Solos/ Estudos dos Maciços para Fins de

Prospecção de Materiais de Construção/Classificação dos Materiais

Rochosos para Engenharia Civil. Utilização das Rochas e dos Solos

como Material de Construção e Material Industrial. Resistência

Mecânica dos Minerais e Rochas. Materiais de Construção de Origem

Geológica. Resistência Física de Minerais e Rochas.

Hidráulica Geral

Escoamento em condutos forçados: perda de carga, influência da linha

piezométrica com relação ao perfil da tubulação, condutos

equivalentes, redes de condutos. Instalações elevatórias: altura

manométrica, potência, rendimento, diâmetro econômico da tubulação

de recalque; classificação e tipos de bombas; escolha de bombas

centrífugas, curva de bombas e curva dos sistemas, operação de

múltiplas bombas, cavitação em bombas. Escoamentos livres:

conceitos fundamentais, energia nos escoamentos livres; escoamento

uniforme, fórmula de Manning. Vertedores, orifícios, comportas.

Escoamento permanente uniforme. Energia específica. Ressalto

hidráulico. Escoamento permanente variado.

Materiais de

Construção I

Desenvolvimento histórico. Atuar aos estudos dos materiais.

Normatização. Estrutura dos materiais. Comportamento mecânico dos

materiais. Tecnologia dos materiais de construção: metais e ligas;

materiais e produtos cerâmicos; vidros; tintas e vernizes;polímeros,

madeiras e derivados. Aglomerantes: tipos e características principais;

cal e gesso; cimento portland. Pedras naturais: classificação, obtenção

e caracterização; agregados.

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81

Resistência dos

Materiais

Avançado

Análise e projeto de vigas em flexão. Tensões de cisalhamento em

vigas e barras de paredes finas. Transformações de tensão e

deformação. Tensões principais sob determinado carregamento.

Deflexão de Vigas. Colunas. Métodos de Energia. Carregamentos de

Impacto.

Estruturas de

Concreto Armado

I

Histórico; Propriedades dos materiais; Ações e segurança no projeto

das estruturas de concreto armado; Estados limites últimos por

solicitações normais; Estado limite último por solicitações tangenciais;

Estados limites de serviço.

Instalações

Hidrossanitárias

Instalações prediais de água fria: estimativa de consumo diário;

alimentador predial; reservatório inferior; perda de carga; instalação

elevatória; reservatório superior; dimensionamento de tubulações;

ramal de alimentação; coluna de água; barrilete; materiais

empregados; projeto de instalação predial. Instalação predial de água

quente: estimativa de consumo diário; aquecedores; dimensionamento

de tubulações; materiais empregados; isolamento térmico; projeto de

instalação predial. Instalações Prediais de Esgotos Sanitários: fecho

hídrico, sifão, caixa sifonada e ralo; aparelhos sanitários; ramais de

descarga, de esgoto e de ventilação: dimensionamento; tubo de queda

e coluna de ventilação: dimensionamento; sub-coletor e coletor

predial: dimensionamento; materiais empregados; caixa retentora de

gordura, de inspeção e coletora; fossas sépticas; filtro anaeróbico;

sumidouro e vala de infiltração; projeto de instalação predial.

Instalações Prediais de Esgotos Pluviais: estimativa de precipitação

pluvial; calha dimensionamento; condutores pluviais:

dimensionamento; coletores pluviais: dimensionamento; ralo; caixa de

areia; projeto de instalação predial. Instalação Predial de Prevenção

contra incêndio: classificação das edificações; sistema preventivo por

extintores; sistema hidráulico preventivo; instalação de gás; projeto de

instalação predial. Instalação de central de gás.

Materiais de

Construção II

Argamassas. Concretos: caracterização dos materiais componentes do

concreto, classificação dos aglomerantes, características da água de

amassamento, aditivos para concreto, técnicas de dosagens, controle

tecnológico do concreto no estado fresco e endurecido, transporte e

lançamento. Ensaios de laboratório.

Mecânica dos

Solos I

Introdução à Ciência da Mecânica dos Solos/ Formação de Solos:

Compreensão dos estudos dos solos e dos conceitos de rocha-mãe/

Diversidade de solos/ Formas de desagregação de rochas

(Intemperismo e Pedogênese)/ Origem e formação (Tipos, Química e

Mineralogia, Solos Residuais e Transportados)/ Solos grossos/ Solos

finos./ Propriedades Físicas dos Solos: Textura e Estrutura/ Partículas

dos solos (forma e granulometria)/ Porosidade/ Índice de Vazio/ Grau

de Saturação/ Peso Específico real e unitário/ Lei de Bernoulli/ Lei de

Darcy/ Plasticidade (relação entre composição e formas)/ Percolação/

Capilaridade/ Compactação /Tamanhos e Formas/ Composição

mineral e conteúdo orgânico/ Constituintes dos Solos: Minerais de

Argila/ Minerais Silicatados/ Fração Orgânica./ Água no solo:

Hidráulica/ Permeabilidade e Capilaridade/ Percolação de água no

solo/ Permeâmetro de Carga Constante e de Carga Variável./ Índices

Físicos dos Solos e Expressões Matemáticas: Consistência,

Compactação/ Plasticidade/ Prática de Análise Granulométrica./

Limites de Atterberg: Determinação do limite de liquidez de solos pelo

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aparelho de Casa Grande/ Determinação do limite de plasticidade/

Ensaio de LL NBR 6459 e LP NBR 7180 (laboratório de solos)./

Granulometria dos Solos: Teoria sobre a importância da classificação

granulométrica dos solos; peneiramento grosso e peneiramento fino

dos solos; sedimentação das partículas menores que 0,075 (Lei de

Stokes)/ Ensaio de granulometria do solo por peneiramento e

sedimentação NBR 7181 (laboratório de Solos)./ Permeabilidade dos

Solos: Influência da permeabilidade do solo nas obras de engenharia;

fatores que influenciam a permeabilidade (granulometria, índices de

vazios, composição mineralógica, estrutura, fluido, macroestrutura,

temperatura); ensaios de permeabilidade a carga constante NBR 13292

e a carga variável NBR 14545 (laboratório de Solos)./ Índice de

Suporte Califórnia (CBR): Determinação da resistência à penetração e

expansão de amostra de solos para utilização em obras de engenharia;

ensaio de CBR conforme a DNER-ME 049/94.

Tecnologia da

Construção I

Introdução a Construção Civil. Locação de Obra: Construção de

Gabarito,pelo metodo convencional e por aparelho topografico, aula

de campo. Movimentação de terra: Cortes, aterros, fator de

empolamento, rebaixamento de lençol freatico, drenos e desvios -

dreno cego. Fundações; Fundações rasas e profundas - brocas, blocos,

sapatas, radiers, grelhas, estacas (strauss, franki, hélice), tubuloes a ceu

aberto e sob pressão). Estruturas de concreto armado, aço e formas.

estruturas pre moldadas (Em concreto e em aço). Revestimentos:

argamassas (chapisco e reboco) e outros. Alvenarias estrutural e de

vedações.

Construções

Metálicas

Aço: propriedades e produtos; ações e segurança; dimensionamento a

solicitações simples e combinadas; ligações. Concepção e projeto de

edifícios em aço e normas técnicas. Projeto e cálculo de edifícios

industriais, residenciais e comerciais em estruturas de aço. Perfis

Estruturais Formados a Frio. Definições e generalidades. Conceitos e

Critérios. Barras Tracionadas. Barras Comprimidas. Barras Fletidas.

Projeto de almas. Vigas-coluna. Ligações.

Estruturas de

Concreto Armado

II

Princípios gerais do detalhamento de vigas de concreto armado. Flexão

composta: normal e oblíqua. Pilares. Torção.

Instalações

Elétricas

Instalações Elétricas: Monofásicas, bifásicas e trifásicas em baixa

tensão. Luminotécnica. Inst. de pára-raios prediais. Circuitos de

Comando. Instalações Telefônicas e Lógicas.

Mecânica dos

Solos II

Contextualização: Tensões iniciais e induzidas. Círculo de Morh,

Diagrama p x q.. Poropressão sob condição hidrostática e de fluxo

permanente. Introdução. Resistência ao cisalhamento dos solos.

Compressibilidade e adensamento. Compressibilidade primária e

secundária. Cálculo de recalques. Teoria do adensamento Ensaios de

laboratório. Drenos Verticais. Aceleração de Recalques. Resistência

ao Cisalhamento. Mecanismos de resistência de solos. Critérios de

Ruptura. Envoltória de Resistência. Ensaios de Laboratório.

Solicitações drenada e não-drenada. Comportamento de areias e

argilas. Equilíbrio limite. Empuxos de Terra. Teoria de Rankine.

Teoria de Coulomb. Método das Cunhas. Dimensionamento de Muro

de Peso Exploração e amostragem do solo com vistas a projetos

geotécnicos. Estabilidade de taludes e obras de contenção em solos.

Page 95: UM ESTUDO DAS REPRESENTAÇÕES SOCIAIS DOS FORMANDOS DE ... · origem ao Protocolo de Quioto. Um aumento na temperatura ambiente tem sido observado na zona urbana, com a formação

83

Tecnologia da

Construção II

Cobertura. Impermeabilização: sistemas e aplicações. Esquadrias:

tipos e formas de instalações. Pinturas: tipos e técnicas de execução.

Pisos: tipos e formas de execução. Instalações: hidrossanitárias e

pluviais, elétricas, incêndio e ar condicionado (técnica de execução e

conceito sobre leitura de projetos). Patologias: causas e soluções.

Estradas e

Pavimentação

Estudos de tráfego. Dimensionamento de pavimentos. Drenagem de

pavimentos. Projeto. Visitas de Campo.

Conceitos e Parâmetros Básicos em Pavimentação: Introdução – Tipos

– Classificação. Estudos de Tráfego: Cargas – fatores de equivalência.

Materiais Usados em Pavimentação: Agregados, Ligantes, Solos.

Projeto e Construção de Pavimentos Flexíveis: Dimensionamento

Fundações

Tipo e terminologia das fundações. Investigação do subsolo.

Capacidade de carga de fundações superficiais. Recalques.

Dimensionamento e detalhamento de fundações rasas: blocos, sapatas

e radiers; Dimensionamento e detalhamento de fundações profundas;

tubulações e estacas. Escolha do tipo de fundações. Estruturas de

contenção: Empuxos ativos e passivos; muros de arrimo e cortinas

Saneamento

Ambiental

Sistemas de abastecimento de água: Captação de águas superficiais,

Captação de águas subterrâneas, Qualidade de água bruta e água

tratada, Padrões de potabilidade, Adução, Tratamento, Reservação e

Distribuição.

Sistemas de Águas Residuárias: Coleta, Transporte, Tratamento,

Destinação Final. Corpos receptores, Noções de estações de

tratamento de esgoto. Resíduos sólidos: Origem e classificação dos

resíduos, Coleta, Transporte e Destinação final. Poluição ambiental:

Poluição da água, do solo e do ar. Aproveitamento das águas Pluviais

e Reuso da água.

Tópicos em

Engenharia Civil I

Introdução à hidrologia; ciclo hidrológico; bacias hidrográficas;

precipitação; estudo de chuvas intensas; interceptação; evaporação e

evapotranspiração; infiltração, águas subterrâneas; escoamento

superficial; medição e estudo de vazões. Introdução aos sistemas de

Drenagem. Sistemas de Drenagem Urbana: Microdrenagem e

Macrodrenagem Sistema de Drenagem Viária. Drenagem superficial

de talvegues, pontes e do subsolo.

Trabalho de

conclusão de

curso

Gestão Ambiental

na Construção

Civil

Ecologia, Educação Ambiental, Poluição, Riscos Ambientais, Gestão

Ambiental Empresarial, Avaliação de Impactos Ambientais

Provocados pela Construção Civil, Recursos Naturais e Energéticos e

Desenvolvimento, Legislação Ambiental, Desenvolvimento

Sustentável (Edificações e Comunidades Sustentáveis).

Logística e

Transportes

Conceitos fundamentais de logística. Custos logísticos e nível de

serviço: custo total e qualidade total. Redes logísticas de suprimentos

e de distribuição física. Canis de suprimentos e de distribuição,

dimensionamento e configuração de terminais, depósitos e centros de

distribuição. Distribuição física de produtos. Dimensionamento de

frotas e roteirização de veículos. Aplicações de pesquisa operacional e

de informática no planejamento e na operação de sistemas logísticos.

Optativa -

Estruturas de

Madeira

Madeiras na Construção Civil ; Classificação das Madeiras,

Propriedades Físicas e Mecânicas; Estados Limites Últimos e de

Serviços; Sistemas Estruturais em madeira; Dimensionamento de

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Peças comprimidas, tracionadas e fletidas; Vigas de madeira;

Ligações; Peças compostas; Produtos de Madeira; Projeto;

dimensionamento e detalhamento de telhado.

Optativa –

LIBRAS –

Linguagem

Brasileira de

Sinais

Educação inclusiva. Conceito de Libras, Fundamentos históricos da

educação de surdos. Legislação específica. Aspectos Linguísticos de

Libras.

Planejamento e

Orçamento de

Obras

Introdução. Licitações e contratações. Planejamento e gerenciamento:

conceitos, esquema organizacional de uma empresa da construção

civil. Planejamento e gerenciamento de obras: Gestão da qualidade,

gestão de suprimentos, gestão de recursos humanos, gestão de

equipamentos. Planejamento e gerenciamento de projetos. Orçamentos

e custos: memoriais descritivos e especificações técnicas,

quantificação de serviços, planilha de composição de custo unitário,

leis sociais e encargos trabalhistas, BDI, equipamentos, cronograma

físico-financeiro.

Pontes e

Estruturas

Especiais

Introdução às pontes e grandes estruturas. Noções de concepção.

Superestrutura das pontes. Tipos estruturais. Métodos construtivos.

Materiais de construção. Comportamento estrutural e teorias de

cálculo. Pontes em viga simples e múltiplas. Estruturas de concreto

protendido. Tipos de protensão e sua representação no projeto. Noções

sobre perdas. Estados limites. Noções sobre esforços hiperestáticos e

fluência. Projeto de uma superestrutura em grelha com vigas

protendidas. Meso e infraestruturas de pontes. Tipos e métodos

construtivos. Teorias usuais de cálculo.

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85

ANEXO IV: Balanced Score Card (BSC), PPC (2014)

ÁREA DE

ATUAÇÃO

COMPETÊNCIAS HABILIDADES DISCIPLINAS

Construção civil,

Atuar em

construções em

geral, gestão,

construção e

manutenção de

edificações, obras

de infraestruturas e

no estudo das

propriedades dos

materiais utilizados

em obras de

engenharia,

buscando novas

técnicas, tecnologias

de execução, novos

produtos, sendo

mais econômicos e

mais eficientes.

Conhecer os Sistemas,

Métodos, Processos,

Tecnologia e

Industrialização da

Construção Civil.

Conhecer os conceitos

e assuntos relacionados

a Edificações,

Impermeabilização,

Terraplenagem,

Compactação,

Pavimentação,

Estradas, Rodovias,

Patologia e

Recuperação

das Construções.

Conhecer conceitos de

propriedades dos

materiais utilizados na

Construção Civil,

Arquitetura,

Planejamento Urbano,

Topografia.

Analisar e Interpretar

Liderar,

Ser criativo

Relacionamento

interpessoal,

Trabalhar em equipe

multiprofissional,

Tomar decisão,

Raciocinar de forma

lógica Raciocinar de

forma crítica e

analítica

Comunicar,

•Desenho

Arquitetônico

• Ciências do

Ambiente

• Estradas e

Pavimentação

• Instalações

Elétricas e

eletricidade

aplicada

• Materiais de

Construção

• Mecânica

Aplicada

• Planejamento

e Orçamento de

Obras

• Topografia

Hidráulica e Saneamento

Atuar na produção e distribuição de água, coleta, transporte e tratamento de águas pluviais e resíduos sólidos de forma a contribuir para o desenvolvimento econômico com o menor custo ambiental

Conhecer conceitos de instalações hidro-sanitárias, de gás, prevenção e combate ao incêndio, elétricas em baixa tensão para fins residenciais e comerciais de pequeno porte. Conhecer os conceitos relacionados à Hidráulica, captação e adução de água para abastecimento, barragens, diques, sistemas de drenagem, irrigação, canais, hidrologia aplicada, controle de enchentes. Conhecer conceitos e técnicas de saneamento básico:

Analisar e Interpretar, Liderar, Ser criativo, Relacionamento interpessoal, Trabalhar em equipe multiprofissional, Tomar decisão, Raciocinar de forma lógica Raciocinar de forma crítica e analítica Comunicar,

• Hidráulica Geral • Instalações Hidro-Sanitárias • Mecânica dos Fluídos • Saneamento Ambiental

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abastecimento e tratamento de água, coleta e destinação final de esgoto, águas pluviais e resíduos sólidos.

Sistemas Estruturais e

Geotecnia Atuar em projeto e

construção de estruturas e

fundações para edificações como prédios, pontes,

barragens, plataformas, entre

outros.

Conhecer os conceitos, aplicações e dimensionamento de estruturas de concreto e metálicas. Conhecer os conceitos e técnicas sobre pontes, grandes estruturas, estruturas especiais, pré-moldados. Conhecer sistemas, métodos e processos da Geotecnia, Mecânica dos Solos e Mecânica das Rochas. Conhecer sobre os conceitos e técnicas de sondagens, fundações, obras de terra, contenções, taludes, túneis, poços.

Analisar e Interpretar, Liderar, Ser criativo, Relacionamento interpessoal, Trabalhar em equipe multiprofissional, Tomar decisão, Raciocinar de forma lógica Raciocinar de forma crítica e analítica Comunicar,

•Construções Metálicas • Estruturas de Concreto • Estruturas Madeira • Estruturas Metalicas • Fundações • Geologia Geral • Mecânica dos Solos I Mecânica dos Solos II • Pontes e Estruturas Especiais • Resistência dos Materiais