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U�IVERSIDADE CA�DIDO ME�DES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SE�SU”
I�STITUTO A VEZ DO MESTRE
�EGOCIAÇÕES I�TER�ACIO�AIS
Por: Flavia Azevedo Pitella
Orientador
Prof. Marcelo Saldanha
Rio de Janeiro
2009
Negociações Internacionais
2
U�IVERSIDADE CA�DIDO ME�DES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SE�SU”
I�STITUTO A VEZ DO MESTRE
Apresentação de monografia à Universidade Candido
Mendes como requisito parcial para obtenção do grau de
especialista em Gestão de Projetos.
Por: Flavia Azevedo Pitella
Negociações Internacionais
3
AGRADECIME�TOS
...aos amigos e parentes, que acreditaram
em mim sempre, mesmo quando eu mesma
não mais acreditava. À Deus por ter me
mostrado a luz, quando eu só via a
escuridão...
Negociações Internacionais
4
DEDICATÓRIA
...dedica-se a minha mãe que nunca me deixa
desanimar...
RESUMO
Negociações Internacionais
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O objetivo deste trabalho é destacar os novos conceitos na concepção de
Negociações Internacionais enquanto ferramenta para atrair e conquistar com sucesso
clientes e mercados. Esta análise inicia-se definindo o conceito de Negociações
Internacionais, se deixa explicito a importância da construção de uma imagem, de uma
identidade limpa perante o mercado.
Em seguida discute-se sobre as estratégias a serem adotadas em uma
Negociação, desde seu planejamento, passando pela montagem de sua estratégia e seu
posicionamento. Há o planejamento de como desenvolver as estratégias à serem
utilizadas para alcançar tais objetivos. A decisão da estratégia a ser adotada, que melhor
define o perfil deste negociador, negociante e do interesse em questão.
O trabalho também demonstra como uma Negociação deve se adaptar as
exigências de diferentes sociedades, mercados, parceiros e adversários e as constantes
mudanças de perfil de seus interesses. Esboça o efeito da má negociação e o da boa. A
visão de cada tipo de negociante, estratégias e habilidades a serem usadas para se obter
aquilo que se quer da maneira mais vantajosa possível.
São citados todos os tipos de condições de compra e venda e as INCOTERMS
(que são os Termos Internacionais de Comércio). Também é explicitado como cada
negociador se baseia na escolha de cada condição na hora de fechamento do negocio, o
que este leva em conta; riscos, prejuízos, ganhos e comodidades.
Por fim se faz um apanhado geral da visão mundial sobre o mercado
internacional e da economia mundial.
METODOLOGIA
Negociações Internacionais
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O trabalho começa por definir conceitos sobre Negociação e Negócio. Traça-se a
concepção de cada um perante o mercado, perante as expectativas de cada parte dentro
desta atmosfera. Seu poder de gerar lucros ou eliminar oportunidades para a empresa
através de negociações bem-sucedidas ou mal-sucedidas através do reposicionamento de
seu negociador, sua estratégia usada, seus acertos e derrotas.
No primeiro capítulo, descreve como as estratégias usadas nas Negociações
pode ser fundamentais em um bom ou mal resultado para esse. Aborda a questão dos
tipos de conflitos que podem surgir, uma vez que estes são muito comuns nessas
situações, e suas administrações para conter tais desavenças que podem impedir que o
acordo se concretize. Relata o processo de conciliação de interesses, que acaba sendo
nada mais que uma estratégia bem planejada pelo negociador. Define as modalidades e
tipos principais das Negociações, e por fim caracteriza as habilidades básicas requeridas
para se negociar.
Em um segundo momento, no capítulo dois, retrata as negociações com
estrangeiros. Dentro deste assunto, procura-se alertar a importância da capacitação
multicultural. Depois cita os procedimentos úteis para que essas negociações no
Exterior sejam tidas com êxito.
O terceiro capítulo trata das negociações entre Empresas, o porquê e o que
negociar. Os elementos básicos do contrato de compra e venda são citados, e em seguida
é feita uma identificação mercadológica das mercadorias em questão. Em seguida relata
o reflexo de todas as decisões tomadas e suas conseqüências.
Entrando no quarto capítulo, define-se as condições de compra e venda e
caracteriza as INCOTREMS. Na sua primeira parte retrata como é feita a escolha da
condição de venda. Num segundo momento, são listadas as INCOTERMS (Termos
Internacionais de Comércio) e suas definições. Por fim, detalha as condições extras e
especiais de venda.
No quinto capítulo, aborda as negociações feitas entre Nações. Define os
principais atores: PDs e PEDs. Continua por explicitar as razões das negociações
comerciais. Define as negociações multilaterais e seus principais impasses, os quais são
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muitos e muito perigosos no caso de um acordo rompido ou desfeito. Ao fim, analisa-se
o cenário internacional contemporâneo para essas negociações.
Para concluir, faz se uma visão geral de como a sociedade mundial está
funcionando, as tendências neste momento: crise, conflitos e perspectivas futuras. A
reação do mercado tão competitivo como o da Era Atual em relação aos últimos
acontecimentos desta década.
Negociações Internacionais
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SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 09
CAPÍTULO I - Estratégias de Negociação 11
CAPÍTULO II - Negociando com Estrangeiros 20
CAPÍTULO III – Negociação entre Empresas 24
CAPÍTULO IV – Condições de Compra e Venda e INCOTERMS 30
CAPÍTULO V - Negociação entre Nações 40
CONCLUSÃO 47
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 49
ANEXOS 48
ÍNDICE 50
FOLHA DE AVALIAÇÃO 52
Negociações Internacionais
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I�TRODUÇÃO
Negócio é a negação do ócio. É uma atividade ou conjunto de atividades que
visa ou permite trocas e transações comerciais entre duas ou mais partes interessadas,
capacitadas e equivalentes.
Negociação é um processo que envolve duas ou mais partes, com o intuito de
ajustar, combinar e concluir transações - comerciais ou não. Pode ser também um
acordo para determinar o que cada uma delas deverá dar ou ganhar, ou fazer e receber,
numa transação entre elas. A negociação é a arte da cooperação. É a mestria em:
• Criatividade / flexibilidade
• Expressar seus pontos de vista - comunicação
• Atenção aos detalhes - percepção
• Análise - uso de informações
Pontos importantes deste conceito de Negociação são: interesses convergentes
e divergentes; relacionamentos voluntários; distribuição ou troca de recursos tangíveis
ou intangíveis; processo seqüencial e dinâmico; informação incompleta e valores e
posições passíveis de mudança se afetados por persuasão ou influência. Ou seja, uma
boa negociação é uma questão de: informação atualizada e confiável; conhecimento
técnico; habilidades relacionais; capacidade de argumentação; atenção aos detalhes;
construção de propostas de valor; flexibilidade e criatividade; paciência e autocontrole;
são relações de poder.
O planejamento é um fator decisivo para o sucesso de uma Negociação e,
portanto deve se considerar: quais são os interesses e valores de ambas as partes; o que
se pode ser oferecido e quais os diferenciais e as oportunidades que se apresentam entre
as partes. Este é um processo cíclico e contínuo dentro de uma negociação. A cada fase
deve-se avaliar as conquistas e planejar como se agirá a seguir. A partir desta análise,
pensa-se: como abordar a outra parte; que decisões tomar sobre o local; avaliará o
timing (hora, duração e freqüência); que material deverá ser usado; decidirá a estratégia
de negociação a ser seguida; o posicionamento na negociação (o que está em jogo e as
relações de poder); a equipe negociadora (individual, grupo, funções de cada um); as
táticas e ferramentas; as possíveis concessões e exigências e as alternativas de
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fechamento. Ao planejar as estratégias de negociação é importante traçar uma hierarquia
dos interesses. Muitas vezes deve se escolher o que abrir mão e o que será
indispensável. Assim: deve se determinar claramente o que é indispensável; o que é
importante e o que é útil ou interessante; deve se tentar avaliar a hierarquia de interesses
da outra parte; escolher o que, o quando e o como irá ceder ou não ceder. O timing é tão
importante quanto o conteúdo e a forma.
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CAPÍTULO I
ESTRATÉGIAS DE �EGOCIAÇÃO
A Negociação é um processo contínuo que não se inicia quando as pessoas se
reúnem. Começa muito antes disso e continua após as pessoas se separarem, até a
próxima negociação. Assim, como qualquer processo, para seu bom êxito necessita de
planejamento, que se inicia pelo reconhecimento e avaliação dos pré-requisitos
necessários.
São essenciais a qualquer tipo de negociação:
• Saber Comunicar – apesar de indispensável, não é fácil conseguir
uma comunicação eficiente. A maioria dos erros, omissões,
fracassos, irritações, atrasos e conflitos se devem a uma
comunicação inadequada. São indutores de boa comunicação: boa
vontade, bom humor, compreensão, correção, franqueza e
flexibilidade (bom senso).
• Saber Ouvir – a causa mais freqüente de desentendimentos é não
saber ouvir. O mau ouvinte não acompanha a mensagem do
interlocutor e por essa razão, perde informações, por vezes
fundamentais ‘a negociação. Ressalta-se ainda, que é uma das
melhores formas de depreciar o interlocutor.
• Saber Perguntar – quem pergunta conduz a conversa, sendo essa
uma importante tática do negociador. Cabe lembrar também, que as
dúvidas são esclarecidas por meio de perguntas. Como tática, antes
da formulação de uma pergunta deve-se avaliar o que se pretende
conseguir: informação, colaboração ou motivação.
• Saber Persuadir – o primeiro passo para persuadir é saber com que
tipo de pessoa se está lidando. Saber discernir o tipo e o estilo
correspondente do interlocutor vai ajudar o negociador a conhecê-lo
melhor e agir eficientemente na negociação.
• Para persuadir é preciso:
Ø Manter o interlocutor informado e participativo
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Ø Utilizar uma boa argumentação que deve ser iniciada
por assuntos não polêmicos e baseada em dados
confiáveis e comprováveis
Ø Quebrar resistências provenientes de hábitos e
costumes como os relacionados a compras, valores
como os relacionados ‘as necessidades do consumidor e
ceticismo que ocorre muitas vezes diante de nova
marca ou novo produto
1. Administrando Conflitos
Todo negociador se depara com situações conflituosas que precisam ser
solucionadas ou ao menos atenuadas. No mundo dos negócios, os conflitos de diversas
naturezas, como os entre pessoas, empresas e nações, que surgem por interesses
antagônicos, influenciam negativamente as negociações.
São os principais passos na administração de conflitos:
• O primeiro passo – identificar sua natureza. Diz-se que os conflitos
podem ser de natureza real ou emocional. Os de natureza real dizem
respeito a questões normativas, exemplo são os ocasionados pela
imposição de barreiras não-tarifárias. Já os de natureza emocional
referem-se a sentimentos negativos entre as partes de ordem pessoal
• Segundo passo – focar os interesses envolvidos. O interesse é o
verdadeiro motivo da negociação. É importante ter sempre em
mente que a negociação objetiva a conciliação de interesses e não de
posições adotadas por cada parte envolvida. Como posição entende-
se o procedimento adotado por cada parte e como interesse, aquilo
que fez com que tal procedimento fosse adotado
• Terceiro passo – manter o conflito sob controle. Impedir que evolua
para disputas de grandes proporções, quer seja minimizando as
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diferenças, quer seja harmonizando os interesses. Nos casos mais
complicados deve ser solicitada a intervenção de um mediador
• Quarto passo – partir na direção de um consenso
Na administração de conflitos por causa reais, tenha sempre presente o
seguinte: ninguém está errado, pela negociação deve ser encontrada uma solução
conjunta para as diferenças, e ninguém pode ser neutro, todos precisam se comunicar de
forma eficaz, visando um acordo.
2. Conciliando Interesses
Desenvolver a negociação com base nos interesses envolvidos e não nas
posições adotadas é característica dos negociadores sábios, uma vez que geralmente
existem várias posições capazes de satisfazer um mesmo interesse. O segredo está em
descobrir aquela que facilitará o entendimento.
Tende-se a acreditar que posições contrárias envolvem interesses contrários,
quando existem muitos interesses comuns, não conflitantes ou até mesmo
complementares, em posições opostas. Um bom exemplo de interesse complementar é
encontrado nas negociações entre compradores e vendedores.
Para que a conciliação seja possível, é necessário que o negociador conheça os
interesses envolvidos, o que não é tarefa das mais fácies, uma vez que as posições são
explícitas, mas os interesses não. Torna-se, assim, tão importante descobrir o interesse
do outro quanto saber o seu próprio. São procedimentos que facilitam a identificação do
interesse do parceiro:
• Analisa-se a posição do parceiro tentando compreender a que
necessidade, temor ou desejo ela atende
• Analisa-se também na ótica do parceiro as possíveis conseqüências,
caso ele aceite ou não o proposto
• Procura-se identificar não apenas o interesse maior, mas outros
interesses do parceiro. Na verdade, cada parte não tem apenas um, mas
variados interesses. É preciso saber, até mesmo a quais interesses o
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negociador precisa considerar interesses de diversos setores
econômicos e de diversas facções políticas
• Ter em mente que os interesses mais poderosos são os que atendem às
necessidades humanas, tais como: segurança, bem-estar,
reconhecimento e liberdade. Não haverá progresso em qualquer
negociação se um dos lados pensar que suas necessidades humanas
básicas estão sendo ameaçadas pelo outro
Obviamente, a defesa do interesse constitui o ponto-chave da negociação,
podendo estimular a criatividade dos bons negociadores em conceber soluções
mutuamente vantajosas. Assim, para o conciliação de interesses é necessário:
• Ser claro e objetivo, se pretende ter seus interesses considerados
• Reconhecer os interesses do parceiro como legítimos
• Iniciar a negociação colocando a questão e não a solução
• Fugir de discussões inúteis
• Ser flexível
• Separar as pessoas dos problemas
3. Modalidades de �egociação
A negociação se situa em algum ponto entre dois limites. Numa das
extremidades está a confrontação, a tentativa de impor seu próprio poder ao outro pelo
exercício de um relacionamento de forças. Na outra, encontra-se a cooperação pura de
parceiros que buscam a solução de um problema. Sob essa ótica, para a maioria dos
autores, qualquer que seja a negociação estará classificada em uma das seguintes
modalidades descritas:
• Distributiva ou Competitiva – é aquela em que as partes competem
pela distribuição de um valor fixo. O objetivo de cada parte é
conseguir ficar com a maior parcela, qualquer concessão feita por
uma das partes representará uma redução, na mesma proporção, em
sua parcela. Como um lado ganha em detrimento do outro, é
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conhecida como ganha-perde. Pode ser exemplificada pela venda de
um bem, na qual o vendedor tenta conseguir o preço mais alto e o
comprador o preço mais baixo.
• Integrativa ou Cooperativa – é aquela em que as partes cooperam
entre si para obter o máximo de benefícios, conjugando seus
interesses em um acordo. O negociador reconhece na outra parte um
parceiro legítimo e não lhe contesta o direito de defender seus
interesses. O clima é de confiança recíproca. Existe uma intenção de
desenvolver relacionamentos de longo prazo, como no caso de
fabricantes e fornecedores que colaboram em áreas como controle
de qualidade por exemplo. É conhecida como ganha-ganha. Esta
expressão pode sugerir que todos irão conseguir tudo o que querem.
Contudo, o mais provável é que ocorram concessões garantindo a
cada uma das partes o que mais valoriza, como por exemplo: o
fornecedor consegue o preço que deseja e o fabricante um prazo
maior para o pagamento.
Contudo, na prática, poucas negociações são puramente distributivas ou
integrativas. Em geral, existe espaço tanto para a competição quanto para a integração
dos interesses e preferências das partes. De qualquer forma, é importante que o
negociador saiba se está negociando com um parceiro ou com um adversário para que
melhor possa adotar uma atitude. Decidir situar-se numa perspectiva integrativa quando
o outro tem uma intenção visivelmente distributiva, é ficar em posição desfavorável. Se
ao contrário, adota-se uma atitude distributiva enquanto o outro tem uma intenção
integrativa, arrisca-se a perder um acordo possivelmente mais vantajoso.
4. Tipos de �egociações
v Trabalhista – realizadas entre empregados e patrões ou entre as
representações dos mesmos. O relacionamento entre as partes e o
clima da negociação depende significativamente das condições do
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setor de atividade da economia e de fatores políticos, especialmente
os ligados à organização da força de trabalho. Ex: Acordos
Salariais.
v Diplomática – tem por objetivo a paz e a sua preservação, a
conclusão das guerras e o comércio. São as negociações entre
nações, muitas vezes no âmbito de organismos internacionais. O
encaminhamento dessas negociações depende, dentre outros fatores,
das tradições dos países envolvidos, do relacionamento entre eles,
das políticas internas de cada parte e das condições internacionais.
Ex: negociações multilaterais no âmbito da OMC.
v Administrativa – são efetuadas no interior de organizações
governamentais, por pessoas que se encontram em postos definidos
por regulamentos e cujas ações também são regulamentadas. Ex:
negociações entre a Secretaria de Comércio Exterior – Secex, SRF,
BACEN e Serpro, sobre o sistema Integrado de Comércio Exterior –
Siscomex.
v Política – tem geralmente como objetivos cargos, verbas, projetos,
decisões e outros. Essas negociações são condicionadas pelos
padrões normativos, usos e costumes dos grupamentos políticos e
da sociedade em geral e pelas orientações ideológicas. Ex:
negociação para a fixação do salário mínimo.
v Comercial e Econômica – embora possam envolver investimentos,
as negociações comerciais são em geral de compra e venda de bens
ou serviços. Dentre suas peculiaridades, pode-se citar: a linguagem
dos números substitui outras argumentações; a confiabilidade mútua
é elemento importante, pois o relacionamento comercial é cultivado;
busca-se o máximo possível mas contenta-se com o satisfatório; são
influenciadas pelas condições de mercado que alteram o poder de
barganha, fatores como reduções de demanda, alto preço de fretes e
falta de financiamento limitam o desenvolvimento da negociação.
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Ex: negociação entre empresa produtora e a importadora de seus
produtos.
5. Habilidades básicas para �egociar
As principais habilidades da arte da negociação estão relacionadas a:
• Avaliação – apreciação das influências favoráveis e desfavoráveis
de cada situação, bem como a capacidade de influenciar o outro ou
de resistir a posições contrárias.
• Informação – capacidade de identificar e analisar os dados úteis
referentes ao assunto tratado, aos oponentes e ainda de proteger as
informações sigilosas
• Credibilidade – refere-se à capacidade do negociador de fazer com
que o outro acredite nele, bem como de avaliar se o oponente está
ou não blefando
• Discernimento – capacidade de alcançar o equilíbrio entre obter
vantagens e fechar acordos.
A estratégia é talvez a fase mais importante para o sucesso nas negociações.
Nela o poder de barganha de ambas as partes é avaliado e são determinadas as metas. De
acordo com a importância do relacionamento e com a relevância do resultado a ser
obtido, existem as seguintes estratégias:
• Fuga – tende a levar a negociação para um perde-perde. Ocorre
quando há pouca importância, tanto no tocante ao relacionamento
quanto em relação aos resultados. Como nenhum aspecto é
suficientemente importante para que se busque evitar o conflito, o
negociador retira-se ou evita a negociação devido ao custo alto ou à
perda de tempo.
• Acomodação – a importância do relacionamento é alta, porém a do
resultado é baixa. Assim abre-se mão dos resultados em favor da
preservação do relacionamento. Esta estratégia tende a levar para
uma negociação perde-ganha, tendo em vista que o objetivo
imediato é tão somente fortalecer um relacionamento.
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• Competitiva – ao contrário da anterior, o negociador procura ganhar
a qualquer custo, levando para uma negociação ganha-perde. É alta
a preocupação com o resultado e baixa com o relacionamento
futuro.
• Colaborativa – priorizam tanto o relacionamento quanto os
resultados, encaminhando a negociação para um resultado ganha-
ganha. O principal objetivo é encontrar uma solução que atenda as
necessidades de ambas as partes.
• Compromisso – trata-se de escolher intermediária, tanto na ênfase
ao relacionamento quanto na importância dos resultados, onde cada
parte cede um pouco para chegar a uma base comum. Pretendem
atingir alguns resultados e preservar o relacionamento. É muito
utilizada quando as partes são muito pressionadas por questões de
tempo, precisando chegar a uma solução muito rapidamente.
O acordo é o resultado de um livre engajamento dos participantes. Para isso, é
preciso que eles cheguem a um consenso. Assim, pode-se dizer que a etapa anterior a
qualquer acordo é a construção do consenso. Por consenso pode-se entender a
convergência atingida por meio da comunicação.
Para a construção do consenso é preciso que: os participantes realmente
queiram se entender; que exista possibilidade de entendimento entre as partes; a
perspectiva de concluir o acordo seja mais atraente do que a de não concluí-lo, uma
solução negociada só será proveitosa quando não há uma opção melhor disponível;
todos os negociadores sejam pacientes, o consenso não pode ser construído sob pressões
de tempo; flexibilidade por parte de todos os participantes, uma vez que o processo
negociador não é necessariamente previsível ou linear, pois ocorrem mudanças nos
prazos, na figura dos negociadores, nas opiniões em virtude de novas informações,
contudo a flexibilidade não deve incluir alteração de seu objetivo final; e que exista um
mecanismo garantindo a aplicabilidade das condições acordadas. Todo acordo deve ser
registrado e assinado de modo a evitar futuras controvérsias.
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De qualquer forma, sabe-se que muitas vezes apenas um dos lados está
satisfeito com a negociação. Nesses casos, recomendam-se para o fechamento do
acordo, as seguintes táticas:
• Sinalização – avise quando considerar que a negociação se
aproximou dos parâmetros que lhe interessam para um acordo final.
• Maleabilidade – reserve um espaço para manobra nos termos finais
sempre que seu interlocutor não tiver autoridade suficiente, ou seja,
não apresentar sua última proposta, reserve-a para uma possível
prorrogação.
• Desencoraje a reabertura de questões – caso cheguem a um acordo
aceitável para ambas as partes, desestimule qualquer tentativa da
outra parte para obtenção de novas concessões.
• Anotação dos termos – não deixe de registrar e assinar o acordo.
Mesmo que a redação final seja incumbência de área jurídica, ponha
um acordo informal no papel para servir de referência as duas
partes. É a maneira de evitar futuras disputas e desentendimentos.
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CAPÍTULO II
�EGOCIA�DO COM ESTRA�GEIROS
Os relacionamentos de negócios entre pessoas de nacionalidades e portanto,
de culturas diferentes são sujeitos a muitos desafios, como por exemplo a dificuldade de
assinar um contrato em virtude de diferentes leis que governam suas respectivas
atividades e de questões relacionadas a seu cumprimento fora das fronteiras nacionais.
Segundo alguns autores, as diferenças culturais são responsáveis por cerca de 70% do
sucesso ou do fracasso nas negociações.
Obviamente com a globalização, as influências culturais estão sendo
reduzidas. Entretanto, ainda são considerados de extrema importância o domínio do
idioma do parceiro e a capacidade de compreender a cultura do país estrangeiro. Assim,
ao negociar com o exterior torna-se essencial um conhecimento prévio sobre o perfil
cultural do país de origem de seu parceiro. Esse perfil pode ser entendido com
características gerais que diferenciam uma cultura da outra, exemplo:
Ø Perfil Ocidental: valoriza direitos individuais e percepção racional;
comportamento informal; tendência a argumentação; objetivo
principal é o lucro, pequena preocupação com horários e grande
atenção com o tempo de conclusão do acordo.
Ø Perfil Oriental: valoriza direitos coletivos e percepção emocional;
comportamento formal; evitam a argumentação; objetivo principal e o
bem comum; pontualidade rigorosa, negociação pode ser lenta uma
vez que valorizam o estabelecimento de contatos para uma relação
mais durável.
São alguns dos principais aspectos culturais que influenciam a negociação:
• Idioma - é imprescindível um completo domínio do idioma do
interlocutor, devendo-se redobrar a atenção quando forem feitas
traduções
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• Cumprimentos - alguns povos são formais e cerimoniosos, como
os japoneses, outros são mais efusivos, como os latinos
• Cores e Números - conhecer o significado das cores e dos números
nas diversas culturas pode evitar situações constrangedoras
• Religião - assunto que deve ser evitado especialmente nos países
islâmicos
• Costumes Locais - como lidar com as pessoas torna-se
conhecimento fundamental, especialmente quando se trata de
países de culturas muito diferentes. No mundo árabe por exemplo,
deve-se atentar para a disposição dos assentos a mesa de reunião,
uma vez que o líder do grupo sempre ocupara o local mais
próximo a porta.
1. Capacitação Multicultural
As negociações de comércio entre pessoas de nacionalidades diferentes
acarretam maiores desafios. Além disso, muitas vezes o ambiente de negócios de um
país é alterado por catástrofes naturais, distúrbios políticos, problemas energéticos,
depressões econômicas, que irão refletir no relacionamento do mesmo com seus
parceiros comerciais. Por essas razões, as empresas necessitam de negociantes
capacitados.
O domínio de idiomas e um amplo conhecimento do ambiente cultural do país-
alvo são fatores fundamentais. Ressalta-se que lidam melhor com os estrangeiros
aqueles que pensam, sentem e agem como eles. Dessa forma, o bom negociador ou
representante de uma empresa no exterior é aquele que além de conseguir se comunicar
consegue fazer amigos.
A capacitação multicultural exige do profissional um esforço consciente para a
aquisição de habilidades e gostos internacionais, de forma a permitir a superação de
qualquer antagonismo existente em relação a raças, religiões e costumes diferentes, bem
como tratar com diplomacia qualquer antagonismo que os estrangeiros mantenham a
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respeito de sua cultura. A maneira mais eficaz para aquisição de capacitação
multicultural é, sem dúvida por meio de vivência incluindo portanto, algum tempo de
permanência no exterior. Outras formas: viagens rápidas, cursos, consultas em vídeos,
pesquisas, leituras, participação em workshops e etc.
2. Procedimentos Úteis para �egociação no Exterior
São alguns lembretes importantes para na hora de participar de uma negociação
comercial no mercado internacional:
• Informar-se sobre a cultura do país que irá visitar e sobre os
principais acontecimentos recentes, em termos sociais, políticos e
econômicos
• Evitar assuntos que possam causar constrangimentos de ambas as
partes
• Quando a negociação ocorre no idioma do interlocutor, será grande
o risco de que ele domine a discussão. È importante redobrar a
atenção, e ao sentir-se em desvantagem, utilizar um intérprete
• Nos locais de negociação demonstrar segurança, não se deixar
intimidar por status ou demonstrações de poder
• Comportamento deve sempre ser de maneira formal e modesta
• Preferir tratar o interlocutor pelo sobrenome
• Discursos não devem conter piadas, pois estas são restritas ao
ambiente cultural portanto, na maioria das vezes não são
consideradas engraçadas por outras culturas
• A melhor tática será sempre agir em grupo, nunca de forma
individualista, assim deve-se usar expressões sempre no plural: nós
achamos, nossa equipe, a delegação brasileira, essa organização,
nosso país, a empresa, etc.
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• Atenção ao dizer “sim” ou “não” diretamente, pois são palavras
absolutas para muitas culturas, prefira usar “talvez”, “parece
difícil”, “consideramos razoável”,” vamos estudar melhor” e etc.
• Não se deve expressar opiniões pessoais, principalmente se não
conhecer muito bem o contexto político-cultural de país estrangeiro
• Administrar o tempo de forma que se possa analisar melhor seu
interlocutor
• Evitar chegar ao ponto principal muito depressa, pois além de
parecer agressivo para algumas culturas, aumenta o risco de
insucesso no negócio
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CAPÍTULO III
�EGOCIAÇÃO E�TRE EMPRESAS
No mundo tudo é objeto de negociação pelos mais variados motivos. Em
relação à esfera comercial a negociação torna-se um processo rotineiro, ainda que não
seja objeto de atenção por parte de muitas empresas. Pode-se até afirmar que, no mundo
atual, a habilidade de negociar é um instrumento essencial do administrador.
1. Por que e o que negociar
As negociações são imprescindíveis tanto nos procedimentos internos quanto
externos de qualquer organização. De modo geral, as empresas dão mais valor às
negociações externas que podem ocorrer entre:
• Empresa e instituição governamental
• Empresa e instituição não-governamental
• Empresas nacionais
• Empresa nacional e empresa estrangeira
As empresas negociam entre si em várias situações, tais como: produtora com
fornecedores; produtora com clientes nacionais; produtora com transportadora;
exportadora com canais de distribuição; exportadora com importadora; exportadora com
parceira no exterior – joint-ventures; subsidiária no Brasil com matriz no exterior e vice-
versa. A competência nesses muitos fóruns contribui para o sucesso da organização
como um todo. As negociações entre empresas que operam no comércio internacional
podem ter início das mais diferentes formas e variar em função da magnitude de cada
uma delas. De forma geral, a partir do contato inicial e da constatação de interesse
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comercial comum, as empresas passam a construir um relacionamento pela troca de
informações variadas que estabeleçam, com clareza as condições da negociação.
Dentre as mais relevantes preocupações de uma empresa exportadora encontra-
se, sem dúvida o recebimento das divisas correspondentes às vendas efetuadas. A
respeito do assunto, é importante que os exportadores atentem para a possibilidade de
atrasos significativos do pagamento pelo importador ou mesmo de inadimplências, e
principalmente para o fato de que muitas vezes o próprio exportador é o grande
responsável por cancelamento do pedido, rejeição das mercadorias e não cumprimento
pelo importador do pagamento devido. Assim o exportador deve adotar os seguintes
procedimentos quanto à negociação:
• Contratos transparentes e específicos para cada situação
• Condições de venda negociada em função das possibilidades da
empresa
• Modalidade de pagamento conveniente e segura
• Seguro complementar, se julgar necessário
Nas negociações comerciais entre empresas diversos itens podem ser
abordados, principalmente os referentes à:
→ Especificações técnicas do produto
→ Financiamento e forma de pagamento
→ Embalagem
→ Seguro, certificações e inspeções
→ Qualidade e quantidade
→ Assistência técnica, garantias e devoluções
→ Prazo e local de entrega
→ Aspectos da distribuição física, como marcação, armazenagem,
consolidação e modal de transporte
→ Preço, descontos, indenizações, multas e prêmios
O importante é verificar antecipadamente a possibilidade de cumprir todos os
compromissos assumidos para aumentar as chances de efetuar uma operação rentável e
segura.
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2. O contrato de compra e venda e seus elementos básicos
Uma vez identificado o mercado e os compradores potenciais, bem como
definidos os canais de distribuição, as estratégias de promoção, o preço e outros
aspectos, inicia-se a efetivação da operação comercial, formalizada por meio de um
contrato. O contrato de compra e venda não precisa ter necessariamente uma forma
preestabelecida: uma ou mais cartas ou fax em que se definam as condições de uma
operação, já constituem um contrato em si.
O modelo de contrato mais simples e freqüente é a fatura pró-forma,
documento que formaliza e confirma a negociação, desde que devolvido ao exportador
contendo o aceite do importador para as especificações contidas. O documento que é
emitido como proposta de venda tem por finalidade firmar compromisso de compra e
venda entre as partes e normalmente é emitido no idioma do país importador ou em
inglês. Qualquer que seja o modelo utilizado, o mais importante é que fiquem
determinadas com clareza as condições da operação, cujos principais componentes são:
Ø Qualificação do Exportador e do Importador – nome, endereço
completo, website, etc.
Ø Classificação Internacional do Produto – identificação numérica,
classificação tarifária
Ø Características do Produto – detalhada e precisa descrição técnica,
informações sobre sua finalidade, composição, peso ou volume,
condições de utilização, etc.
Ø Embalagem de Apresentação e forma de acondicionamento para
transporte – de modo a indicar peso bruto e volume final para cálculo
de frete
Ø Condições de Venda – resulta da negociação entre as partes
refletindo o entendimento entre vencedor e comprador quanto às
tarefas documentais e logísticas para fazer a mercadoria alcançar o
local de consumo. Para que se evitem conflitos de legislação e
disputas desnecessárias e prejudiciais a ambos, é conveniente que o
Negociações Internacionais
27
contrato seja regido por regras internacionais, imparciais e de uso
uniforme. Assim recomenda-se o uso dos INCOTERMS sugeridos
pela Câmara de Comércio Internacional – CCI
Ø Preço na Condição de Venda – é preciso ter pleno domínio das
responsabilidades atribuídas ao vendedor e ao comprador sob a
condição de venda escolhida, visando a fixação de um preço que, além
de cobrir os custos e a margem de lucro desejada, seja competitivo.
Ø Modalidade de Pagamento – o sucesso na realização de negócios
internacionais depende, em grande parte, da definição da modalidade
de pagamento da operação, cuja avaliação nem sempre é feita com o
devido rigor. Compete ao exportador oferecer ao importador,
mecanismos atraentes para viabilizar a venda. Contudo, o exportador
deve estar consciente de que a concessão de crédito mantém relação
diretamente proporcional ao nível de risco.
Ø Prazo de Entrega – ao oferecer seu produto, o exportador deve fixar
o prazo que necessitará a contar da data do recebimento do pedido,
para disponibilizá-lo nas condições propostas
Ø Documentos a serem fornecidos e a quantidade de vias de cada
um – visa dar conhecimento prévio ao importador. Assim caso haja
necessidade de quantidade maior ou de outros documentos para
atender a legislação do país estrangeiro, os mesmos possam vir a ser
solicitados em tempo hábil
Ø Prazo de Validade para condições oferecidas – indicando por
quanto tempo ou até que data específica às condições poderão ser
consideradas
Ø Volumes Máximos e Mínimos ofertados – a fixação de quantidade
máxima deve-se à necessidade de adequação do volume a ser
exportado à capacidade de produção da empresa, enquanto a
estipulação de quantidade mínima leva em conta os custos
administrativos e logísticos envolvidos em operações de comércio
Negociações Internacionais
28
exterior, principalmente transportes, sua freqüência e a
disponibilidade de espaço
Assim o exportador deve ter plena consciência que o encaminhamento de uma
oferta configura uma decisão de negociar de sua parte, ou seja certeza sobre os
parâmetros oferecidos, razão pela qual será no mínimo constrangedor não manter as
condições oferecidas. Por outro lado, representando o aceite um compromisso do
importador, deve ser dado dentro do prazo de validade determinado. Posteriormente a
fatura pró-forma e com base neste documento, deve ser emitida a fatura de cobrança,
denominada fatura comercial – Commercial Invoice, em tantas vias quantas forem
requeridas sendo o mínimo de 3, a qual efetivamente caracteriza a venda, até porque
uma via original irá acompanhar a mercadoria durante o trajeto até o destino. Este
documento representa a operação comercial em si e sua finalidade é formalizar a
transferência da propriedade da mercadoria para o comprador.
Se houver numeração seqüencial, pelo menos a primeira via será sempre
considerada via original. No caso de emissão da fatura por processo eletrônico, será
considerada via original a que contiver expressamente tal indicação.
3. Identificação de Mercadoria
A indicação das mercadorias, suas denominações comerciais e científicas, a
menção e adoção dos sistemas de peso e medidas em uso no mesmo país e a unidade
pela qual a mercadoria é reconhecida, são todos elementos importantes que devem estar
consignados na documentação. A ausência desses elementos pode causar sérios
transtornos tanto para o importador como para o exportador perante as autoridades
aduaneiras de embarque e de desembarque. Por essa razão o importador deve indicar, na
correspondência ou documento de negociação que precede a importação efetiva, todos
os requisitos exigidos e recomendar ao exportador a adoção dos mesmos nos
documentos que serão expedidos.
As denominações comerciais e científicas das mercadorias facilitam os
trabalhos de seu reconhecimento e identificação fiscal por ocasião de sua conferência
Negociações Internacionais
29
aduaneira e muitas vezes sua indicação nos documentos é prevista na legislação
tributária do país importador. Caso o outro mercado utilize alguma medida diferente, a
quantidade segundo aquela medida deve ser indicada, assim como o coeficiente de
conversão. Ressalta-se que a unidade pela qual a mercadoria é reconhecida ou
comercializada (unidade, par, dúzia, quilo, tonelada, etc.) deve ser finalmente
mencionada nos documentos de transação, uma vez que facilita sua identificação,
servindo ainda para diminuir dúvidas que acaso surjam na verificação da mercadoria ou
no seu valor, por qualquer tipo de fiscalização, principalmente aduaneira.
Negociações Internacionais
30
CAPÍTULO IV
CO�DIÇÕES DE COMPRA E VE�DA E I�COTERMS
As condições de compra e venda são regras estabelecidas por consenso entre
vendedor e comprador que definem os diretos e obrigações de cada parte envolvida na
negociação comercial.
1. A escolha da Condição de Venda
A condição mais adequada guarda relação direta com a conveniência e a
capacidade de cumprir as tarefas de logística de distribuição física internacional, ou seja
de escoamento da mercadoria da zona de produção para a zona de consumo, tais como:
coleta, acondicionamento em equipamento de transporte (exemplo: contêiner),
transportes internos na origem e destino, obtenção de licenças de exportação e de
importação, movimentações em terminais, transporte internacional e seguro. A escolha
da condição de venda tem grande influência no sucesso de uma empresa no mercado
internacional, portanto são elementos que devem ser considerados:
a. Conveniência Financeira – Cada serviço assumido representa um
custo adicionado ao produto. O exportador tem que avaliar se dispõe de
recursos para arcar com tais despesas até receber a contrapartida isto é o
pagamento da venda, e o importador quando responsável pelo serviço,
verificar se é conveniente antecipar um dispêndio que poderia ser
incorporado ao preço do produto a ser pago posteriormente. A
disponibilidade de crédito com custos razoáveis é fator preponderante
nesta análise.
Negociações Internacionais
31
b. Política Empresarial – Muitas empresas negociam de forma mais
ampla assumindo as mercadorias juntamente com toda ou a maior parte
dos serviços correlatos e essenciais para sua disponibilização no local
de consumo. Outras focam somente sua função principal, a venda e/ou a
compra do produto, se eximindo completamente de responsabilidades
adicionais à elaboração/ venda no caso da exportação, ou à recepção no
ponto de consumo para a importação.
c. Facilidade na Contratação de Serviços – Refere-se ao poder de
barganha do contratante perante prestadores de serviços (variável por
conta de condições distintas de acesso a preços melhores), a maior ou
menor dificuldade em contatar empresas que possam prestar os serviços
(normalmente ligada à localização geográfica ou interesses comuns) e
também no caso do transporte a existência de carga de “retorno”.
d. Incentivos ou Restrições Governamentais – Muitas políticas de
governos são traçadas com vistas a melhorar os resultados de seus
balanços de pagamentos, e desse modo nas exportações costumam ser
oferecidos pacotes especiais de preços e linhas de financiamento,
contemplando mercadorias e serviços atinentes ao seu deslocamento
para o país de consumo. No sentido inverso podem existir restrições
com o mesmo objetivo, minimizar o valor a ser remetido por
importação bem como proteger algum setor nacional.
e. Concorrência – É muito importante verificar a forma que os
concorrentes oferecem ou negociam produtos com o mercado de
interesse. Para conseguir ou preservar espaço, a empresa tem que
oferecer minimamente condições semelhantes as dos concorrentes e
isso faz com que possa ter de se desdobrar em tarefas estranhas ao seu
objetivo principal que é a comercialização.
f. Inadimplência ou não aceitação da mercadoria – Deve o vendedor
considerar este aspecto na hora de pactuar a condição de venda que
preveja gastos adicionais à produção, principalmente se pertinentes a
tarefas posteriores à saída da mercadoria do país de origem.
Negociações Internacionais
32
Primeiramente porque há a elevação do montante sob risco a cada etapa
desenvolvida e além disso, as possibilidades de custos adicionais por
conta de negociação mal sucedida aumentam sensivelmente.
g. Preço limite no mercado consumidor – A aceitação de condições de
venda por parte do negociador brasileiro que prevêem gastos no exterior
até mesmo os relativos a transporte internacional, deve ocorrer somente
após o mesmo ter certeza de que a incidência dos custos pertinentes não
irá comprometer sua lucratividade nem inviabilizar o negócio com a
obtenção de valor final superior ao aceito pelo mercado.
h. Gastos no Exterior – Compete ressaltar que para a utilização de
condição de venda que preveja gastos no exterior deve o negociador
brasileiro ter certeza de que, pode realizar por meios próprios ou de
terceiros, todos os serviços logísticos no país do comprador. Além de
ter que conhecer o sistema fical-tributário vigente no outro país, as
exigências burocráticas brasileiras e do outro mercado particularmente
quanto a documentos, licenças, cotas, certificados e etc. Também é
importante ter certeza de que existe a possibilidade de remeter divisas
para o pagamento das despesas vinculadas à operação comercial e poder
arcar com os impostos incidentes sobre as divisas remetidas ao exterior
vinculadas à operação comercial.
2. Termos Internacionais de Comércio – I�COTERMS
São regras internacionais imparciais de caráter uniformizador, que objetivam
promover a harmonia nos negócios internacionais. Tais regras foram definidas pela
Câmara de Comércio Internacional – CCI, que recomenda sua utilização.
Os INCOTERMS – Internacional Commercial Terms são representados por
meio de siglas constituindo portanto redação sumária do costume internacional em
matéria de comércio com a finalidade de simplificar e agilizar a elaboração das
cláusulas dos contratos de compra e venda. Definem os direitos e obrigações mínimas
Negociações Internacionais
33
do vendedor e do comprador envolvendo todas as etapas necessárias ao deslocamento
dos bens da origem até o destino. Após agregados ao contrato de compra e venda
passam a ter força legal com significado jurídico preciso e determinado.
É equivocado o entendimento de que os direitos e obrigações determinados
pelo termo escolhido se estendem às operações ligadas, diretamente ou indiretamente ao
contrato de venda, como: transporte, seguro, operações de financiamento, etc. Na
realidade os INCOTERMS determinam apenas os deveres e direitos entre comprador e
vendedor, não tendo nenhum efeito sobre as demais partes.
Os INCOTERMS não impõem e sim propõem o que abre caminho a inúmeras
variantes ou variáveis cujo uso deve ser evitado, na medida do possível. Todos os
INCOTERMS trazem implícita a necessidade de determinação suficiente de pontos
geográficos, podendo advir graves mal-entendidos da ausência desta informação e as
siglas e as expressões devem sempre ser mencionadas em inglês. A Câmara de
Comércio Internacional, sediada em Paris, regulamenta os INCOTERMS desde 1936. A
publicação da CCI hoje vigente é a Brochura 560 de 2000.
Nem todos os países são signatários da Câmara de Comércio Internacional.
Os EUA possuem norma própria sobre INCOTERMS. Desde modo para o caso do
Brasil que é signatário da CCI, bem como pelo fato de existirem as revisões eventuais
da própria CCI, deve ser mencionado também INCOTERMS-2000 após o termo,
indicando a última publicação da Câmara, de modo a evitar disputas relativas à versão a
ser considerada.
v EXW – EX WORKS (...named place) / NA ORIGEM (...local
nomeado) – O vendedor limita-se a colocar a mercadoria à
disposição do comprador no local convencionado (domicílio do
vendedor: estabelecimento, fábrica, armazém, plantação, etc.) e no
prazo estabelecido, não se responsabilizando pelo desembaraço para
exportação e pelo embarque da mercadoria, em qualquer veículo
coletor, a menos que tenha sido firmado algum acordo em contrário
(que conste claramente no contrato de venda). Como compete ao
comprador providenciar os documentos necessários para a
exportação (venda internacional no mercado interno), não deve ser
Negociações Internacionais
34
utilizado quando este não está apto para diretamente ou
indiretamente, desempenhar tais funções, como é o caso das
exportações brasileiras. Nestas circunstâncias, o termo FCA deve
ser usado, desde que o vencedor concorde que ele realizará o
embarque por sua conta e risco.
v FAS – FREE ALONGSIDE SHIP (...named port of shipment) /
LIVRE AO LADO DO NAVIO (...porto de embarque nomeado) –
O vendedor encerra suas obrigações no momento (data ou dentro do
período acordado) em que a mercadoria é colocada ao longo do
costado do navio transportador (designado pelo comprador), no cais
ou em embarcações utilizadas para carregamento da mercadoria, no
porto de embarque nomeado pelo comprador, da maneira habitual
no porto. O termo FAS exige que o vendedor desembarace as
mercadorias para exportação. É utilizável exclusivamente no
transporte aquaviário (marítimo ou hidroviário interior).
v FOB – FREE ON BOARD (...named port of shipment) / LIVRE A
BORDO (...porto de embarque nomeado) – O vendedor encerra suas
obrigações quando a mercadoria transpõe a amurada do navio no
porto de embarque indicado na data ou dentro do período acordado.
A partir desse momento, o comprador assume todas as
responsabilidades e riscos. Porém a entrega se consuma a bordo do
navio designado pelo comprador, isto é os custos. Termo utilizável
exclusivamente no transporte aquaviário. Contudo não é apropriado
no transporte aquaviário, quando o vendedor entrega a mercadoria
num terminal de carga antes do embarque, uma vez que a ele
permanecem imputados todos os riscos e custos até a transposição
da amurada do navio, mesmo impossibilitado de controlar a
mercadoria ou dar instruções com relação a sua custódia, exemplo é
o transporte de contêiner e em navios roll-on/ roll-off.
v FCA – FREE CARRIER (...named place) / LIVRE NO
TRANSPORTADOR (...local nomeado) - O vendedor encerra suas
Negociações Internacionais
35
obrigações quando entrega a mercadoria desembaraçada para a
exportação aos cuidados de um representante do comprador
(transportador ou não) no local designado do país de origem. Pode
ser utilizado em qualquer modalidade de transporte. Ideal no
transporte marítimo para os casos em que a transferência de
responsabilidade sobre a mercadoria não ocorre na amurada do
navio, exemplo é de contêiner e em navios roll-on/ roll-off.
v CFR – COST AND FREIGHT (...named port of destination) /
CUSTO E FRETE (...porto de destino nomeado) – O vendedor
contrata e paga o frete necessário para levar a mercadoria até o porto
de destino indicado, além de providenciar os documentos e preparar
a carga para a exportação. As responsabilidades sobre a mercadoria
é transferida do vendedor para o comprador no momento da
transposição da amurada do navio no porto de embarque na data do
período acordado para embarque, assim como são transferidas
quaisquer despesas adicionais devidas a eventos ocorridos após esse
momento. Termo utilizável exclusivamente no transporte
aquaviário.
v CIF – COST, INSURANCE AND FREIGHT (...named port of
destination) / CUSTO, SEGURO E FRETE (…porto de destino
nomeado) - O vendedor tem as mesmas obrigações que no CFR e
adicionalmente deve contratar o seguro marítimo contra riscos de
perdas e danos durante o transporte. O vendedor contrata o seguro,
na moeda do contrato e paga o prêmio correspondente devendo
fornecer ao comprador a apólice de seguro ou outra evidência da
cobertura do seguro. Nas importações brasileiras há determinação
legal de contratação de seguro no país. A responsabilidade sobre a
mercadoria é transferida do vendedor para o comprador no
momento da transposição da amurada do navio no porto de
embarque na data do período acordado para embarque, assim como
são transferidas quais quer despesas adicionais devidas a eventos
Negociações Internacionais
36
ocorridos após esse momento. Termo utilizável exclusivamente no
transporte aquaviário.
v CPT – CARRIAGE PAID TO (...named place of destination) /
TRANSPORTE PAGO ATÉ (…local de destino nomeado) - O
vendedor contrata e paga o frete pelo transporte da mercadoria até o
destino designado. O risco por perdas e danos da mercadoria, bem
como quaisquer custos adicionais devido a eventos ocorridos após a
entrega da mercadoria ao transportador, são transferidos do
vendedor para o comprador quando a mercadoria é entregue à
custódia do transportador (qualquer pessoa encarregada de efetuar
ou conseguir a realização do transporte) na data acordada ou na data
de vencimento do período fixado para entrega. O vendedor também
deve providenciar todos os documentos e preparar a mercadoria
para exportação. O termo pode ser utilizado em qualquer
modalidade de transporte.
v CIP – CARRIAGE AND INSURANCE PAID TO (...named place
of destination) / TRANSPORTE E SEGURO PAGOS ATÉ (…local
de destino nomeado) - O vendedor tem as mesmas obrigações que
no CPT e adicionalmente, arca com o seguro contra riscos de perdas
e danos na mercadoria durante o transporte. Portanto o vendedor
contrata o seguro na moeda do contrato e paga o respectivo prêmio,
devendo fornecer ao comprador a apólice de seguro ou outra
evidenciada cobertura do seguro. Nas importações brasileiras há
determinação legal de contratação de seguro no país. O risco por
perdas e danos a mercadoria bem como quaisquer custos adicionais
devidos a eventos ocorridos após a entrega da mercadoria ao
transportador, são transferidos do vendedor para o comprador
quando a mercadoria é entregue à custódia do transportador
(qualquer pessoa encarregada de efetuar ou conseguir a realização
do transporte) na data acordada ou na data de vencimento do
Negociações Internacionais
37
período fixado de entrega. Pode ser utilizado em qualquer
modalidade de transporte.
v DAF – DELIVERED AT FRONTIER (...named place) /
ENTREGUE NA FRONTEIRA (...local nomeado) - O vendedor
encerra suas obrigações quando coloca a mercadoria à disposição do
comprador no meio de transporte chegado não desembarcado, com a
exportação desembaraçada mas não desembaraçada a importação,
em um ponto da fronteira na data ou dentro do período acordado. A
entrega da mercadoria ao comprador ocorre em um ponto anterior à
divisa alfandegária do país adjacente, sendo aceita a configuração
de qualquer fronteira incluindo aquela do país da exportação, razão
pela qual deve ser indicados ponto e local no termo, de modo a
definir precisamente a fronteira em questão. Embora não haja
restrição ao modo de transporte, é adequado por conseguinte para
meios que prevejam entrega em fronteira terrestre, rodoviário ou
ferroviário.
v DES – DELIVERED EX SHIP (...named port of destination) /
ENTREGA NO NAVIO (...porto de destino nomeado) - O vendedor
encerra suas obrigações quando coloca a mercadoria à disposição do
comprador a bordo do navio no porto de destino na data ou dentro
do período acordado, de modo a permitir que seja removida do
navio por equipamentos de desembarque apropriados à sua natureza
sem ainda estar desembaraçada para a importação. Termo utilizado
exclusivamente por transporte aquaviário.
v DEQ – DELIVERED EX QUAY (...named port of destination) /
ENTREGUE NO CAIS (…porto de destino nomeado) - O vendedor
encerra suas obrigações quando coloca a mercadoria à disposição do
comprador no cais do porto de destino designado na data ou dentro
do período acordado. O comprador desembaraça a mercadoria para
importação pagando todas as formalidades, direitos, impostos e
outras despesas pertinentes. Quaisquer movimentação ou manuseio
Negociações Internacionais
38
da mercadoria mesmo dentro do porto deve ser utilizado DDU.
Utilizado exclusivamente para transporte aquaviário.
v DDU – DELIVERED DUTY UNPAID (...named place of
destination) / ENTREGUE COM DIREITOS NÃO PAGOS
(…local de destino nomeado) - O vendedor encerra suas obrigações
quando coloca a mercadoria à disposição do comprador na data ou
dentro do período acordado em local designado no PIS de
importação, não desembarcada do meio de transporte e não
desembaraçada para importação. O vendedor assume todos os
custos e riscos, exclusive responsabilidade e riscos pela execução de
formalidades alfandegárias de importação e o pagamento dessas
formalidades, de direitos alfandegários, impostos e outras despesas
pertinentes. O comprador paga todos os custos adicionais e assume
todos os riscos no caso de não haver providenciado os documentos
necessários à importação tempestivamente (para preservar seu
direito, o vendedor deve dar ao comprador notificação adequada do
despacho das mercadorias). Pode ser utilizado em qualquer
modalidade de transporte.
v DDP – DELIVERED DUTY PAID (...named place of destination) /
ENTREGUE COM DIREITOS PAGOS (...local de destino
nomeado) - O vendedor encerra suas obrigações quando coloca a
mercadoria à disposição do comprador na data ou dentro do período
acordado no local indicado no país importador, não desembarcada
do meio de transporte. O vendedor assume todos os custos e riscos
inclusive impostos, taxas e outros encargos incidentes na
importação. Este termo não deve ser utilizado quando o vendedor
não está apto para, direta e indiretamente, obter os documentos
necessários à importação da mercadoria, como efetivamente ocorre
no Brasil. Pode ser utilizado em qualquer modalidade de transporte.
Negociações Internacionais
39
3. Outras Condições de Venda
A Câmara de Comércio Internacional recomenda mas não obriga a utilização
de um dos INCOTERMS previstos em sua publicação. Assim o vendedor e o comprador
tem o direito de escolher em que condições desejam negociar, desde que não
descumpram as regulamentações de seus países. Desta forma pode-se dizer que todos os
INCOTERMS são condições de venda, mas nem toda a condição de venda integra o
conjunto dos INCOTERMS. Observa-se que na tabela de condições de venda do próprio
Siscomex, ambiente no qual se desenvolve o tratamento administrativo do comércio
exterior brasileiro, constam para a exportação algumas condições não previstas pela
CCI, como:
§ C+F (Custo mais Frete) – Significa que o vendedor apresenta um preço
final de venda objeto de soma de parcelas declaradas e tratadas
separadamente (custo e seguro). Neste caso, qualquer variação de valor
do frete previsto gera o mesmo impacto em termos absolutos no preço
final a ser pago pelo comprador. Esta condição pode ser utilizada em
qualquer modalidade de transporte.
§ C+I (Custo mais Seguro) - Significa que o vendedor apresenta um preço
final de venda objeto de soma de parcelas declaradas e tratadas
separadamente (custo e seguro). Se houver variação de valor do seguro
previsto, o preço final a ser pago pelo comprador pode variar
igualmente em termos absolutos. Esta condição pode ser utilizada em
qualquer modalidade de transporte.
§ OCV (Outra Condição de Venda) – a ser utilizada para condições de
venda não previstas por outros itens da tabela. A declaração deste
código acarreta a indicação no documento de exportação, de
detalhamento do preço negociado com o comprador, para análise do
órgão anuente da exportação, relativamente à inclusão correta de
componentes previstos na negociação registrada.
Negociações Internacionais
40
CAPÍTULO V
�EGOCIAÇÃO E�TRE �AÇÕES
Cada governo por meio de seu corpo diplomático realiza negociações com
objetivos que variam desde a manutenção da paz até a promoção do desenvolvimento
econômico pelo aumento de sua participação no mercado internacional. As negociações
resultam em resultam em acordos e convenções internacionais que criam um ambiente
legal favorável aos investimentos e ao desenvolvimento do comércio entre as nações.
Ressalte-se que no Brasil, tais negociações contam com a colaboração do corpo
empresarial, por meio de suas entidades representativas que fornecem ao governo
valiosas informações sobre os setores produtivos, bem como interesses específicos e
estratégicos dos diversos segmentos industriais. Sem tais informações os resultados da
negociação estariam seriamente comprometidos.
1. Principais atores das �egociações: PDs e PEDs
Os principais atores das negociações do gênero são classificados em países
desenvolvidos (PDs) e países em desenvolvimento (PEDs), o que em muito influência
seu poder de barganha nas negociações. Segundo seu estágio de desenvolvimento, os
países podem ser identificados como:
• Desenvolvidos – são os também chamados de Países do Primeiro
Mundo ou Pós-Industriais. Caracterizam-se principalmente pelo alto
nível de industrialização e de urbanização, excelente padrão de vida
da população, grande importância dispensada ao conhecimento que
é visto como recurso econômico de primeira importância e ao setor
de serviços.
Negociações Internacionais
41
• Industrializados – também possuem alto nível de industrialização,
nível de urbanização crescente, alto nível de alfabetização e de
ensino superior e bom padrão de vida da população.
• Em desenvolvimento – são aqueles que estão geralmente em estágio
intermediário de industrialização e de urbanização, uma vez que
ainda possuem tanto um número considerável de população rural,
quanto um baixo nível de escolaridade. Contudo, são alvos de
investimentos estrangeiros.
• Pré-industrializados – caracterizados por industrialização e
urbanização limitadas, alto percentual de população rural, baixo
nível de alfabetização, forte dependência de ajuda externa, graves
distúrbios de ordem política.
Alguns países vem apresentando melhoria crescente no seu grau de
desenvolvimento como a China, Índia, Rússia e Brasil. Outros podem ser considerados
estagnados, uma vez que possuem problemas tão sérios inclusive de ordem política e
social, que se tornam incapazes de atrair investimentos externos como a Etiópia.
Para nações desenvolvidas, o comércio é um meio garantir o abastecimento
principalmente de bens de consumo, produtos intermediários e matérias-primas
necessárias à sustentação de produção de bens de serviços de alto valor agregado e/ou de
especial interesse para o país. Para as nações em desenvolvimento, o comércio é um
importante instrumento de crescimento econômico, uma vez que procuram incentivar as
exportações de modo a garantir receita cambial capaz de atender suas necessidades de
bens de capital, tecnologia e serviços diversos.
Na verdade a prática do comércio internacional representa para as nações
envolvidas um mecanismo de: garantia de mercado, apoio à produção de escala, à
viabilização de pesquisas, aumento do fluxo de capitais, estimulador de investimentos,
equilíbrio do Balanço de Pagamentos.
2. Razão das �egociações Comerciais
Negociações Internacionais
42
Pela celebração de acordos internacionais de comércio, as nações objetivam um
sistema comercial cada vez mais livre, aumentando as oportunidades de atuação de cada
uma das nações envolvidas e conseqüentemente facilitando as operações efetuadas pelas
diversas organizações no mercado internacional. Entretanto a adoção de políticas de
livre comércio vem encontrando grande resistência no meio empresarial devido à
concorrência dos produtos importados. Dessa forma não são poucas as restrições ao
livre comércio impostas pelos diversos países chamadas barreiras comerciais.
Entende-se por barreira comercial qualquer lei, regulamento, política, medida ou
prática adotada por um governo que cause restrições ou distorções ao comércio
internacional.as barreiras comerciais podem ser: tarifárias e não-tarifárias, e podem
violar ou não as regras internacionais de comércio acordadas no âmbito da OMC. As
tarifas por exemplo, só não são aceitas pela OMC quando acima das consolidadas junto
aquela Organização.
A barreira tarifária também é conhecida como barreira legal, pois conta com
amparo legal dos acordos comerciais entre países e na OMC. É o instrumento de política
comercial mais freqüentemente utilizado pelos governos que influência os preços de
mercado sem impor diretamente, a quantidade a ser comprada ou vendida. Seu emprego
na maioria das vezes é justificado pela necessidade de proteger o produto nacional da
concorrência predatória. Já a barreira não-tarifária também chamada de barreira
subjetiva, não incide diretamente sobre os bens ou serviços, mas impede ou dificulta sua
comercialização. Em alguns aspectos são benéficos, no caso de proteção à saúde
humana e ao meio ambiente. Contudo, se praticadas de forma indiscriminada, isto é
pouco criteriosa, representam protecionismo comercial.
Inegavelmente um sistema de trocas comerciais amplo, recíproco e ao mesmo
tempo justo e equilibrado, necessita de um organismo regulador capaz de orientar países
em diferentes estágios de desenvolvimento econômico e auxiliar a inserção ainda que
paulatina, dos menos desenvolvidos no ambiente global. Com esse objetivo, em 1995
entrou em vigor a Organização Mundial de Comércio – OMC. Seus membros vem
negociando e consolidando múltiplas regras que norteiam o sistema de comércio
internacional, a exemplo da negociação de instrumentos com o objetivo de impedir que
normas, procedimentos, medidas ou regulamentos nacionais se transformem em
Negociações Internacionais
43
obstáculos ao comércio, como os Acordos sobre Licenciamento das importações, Regras
de Origem, Medidas Antidumping, Barreiras Técnicas. Verifica-se portanto que ao
longo dos anos, o objetivo de liberalização comercial vem sendo consolidado por meio
das chamadas rodadas de negociações multilaterais.
3. �egociações Multilaterais e seus principais impasses
O objetivo de liberalização do comércio foi se consolidando desde os tempos do
GATT, a partir de Rodadas Negociadoras. Após a constituição da OMC, dando
prosseguimento ao processo de liberalização comercial, os países membros tentaram
lançar uma nova Rodada, que fracasso principalmente devido ao ambiente político
pouco favorável e à divergência de posições entre os principais participantes, EUA, UE,
Japão e países exportadores de produtos agrícolas, dentre os quais o Brasil.
Assim em novembro de 2001 em Doha no Qatar, 142 países membros da OMC
decidiram lançar durante a 4a Reunião de Ministros, a 9a Rodada Multilateral conhecida
como Rodada de Doha para o Desenvolvimento. A Rodada de Doha ainda não foi
concluída devido à divergência de posições entre os países, especialmente no tocante à
liberalização do comércio agrícola. Ocorreram nos últimos anos mais 2 reuniões
ministeriais sem grandes resultados. A 5a Reunião de Ministros foi realizada em
setembro de 2003 em Cancun no México. Na ocasião foi formado o G20, sob liderança
de países como o Brasil, Índia e China, dependendo o término das barreiras agrícolas.
Em dezembro de 2005, ocorreu a 6a Reunião Ministerial em HongKong na China,
também sem avanços muito consistentes. Contudo, foi aprovada uma Declaração
Ministerial que fixa o ano 2013, como data-limite para a supressão total dos subsídios à
agricultura.
É importante observar que, dependendo dos temas negociados, grupos de
interesses diversos vão se formando com o objetivo de imprimir força política a suas
propostas. Por essa razão ainda que normalmente os países industrializados defendam
interesses contrários ou mesmo conflitantes, aos dos países em desenvolvimento, muitas
Negociações Internacionais
44
vezes formam-se alianças entre países em estágios de desenvolvimento econômico
distintos. São alguns assuntos conflitantes da agenda de negociações multilaterais:
→ Agricultura: o assunto envolve o interesse de países em
desenvolvimento, pois a maior parte da população mundial de baixa
renda está concentrada em áreas rurais, respondendo o setor por
quase a metade dos postos de trabalhos existentes nesses países. De
particular importância para o Brasil que é grande exportador de
produtos agrícolas, o tema tem sido responsável pela maior
dificuldade no avanço das negociações multilaterais. Lutam contra
os subsídios agrícolas o Grupo de Cairns formado por grandes
exportadores de produtos agrícolas, e o G20 formado em 2003 por
países em desenvolvimento que necessitam de mais acesso aos
mercados. O Brasil participa de ambos.
→ Bens �ão-Agrícolas: a negociação sobre acesso a mercados para
produtos industriais, NAMA (Non-Agrícultural Market Access)
incluem a redução e eliminação de tarifas e das barreiras não
tarifárias, bem como a liberalização dos chamados bens ambientais
que deverão ter tarifas reduzidas ou eliminadas. Cumpre ressaltar
que ainda precisam ser definidos critérios claros que definam o que
é bem ambiental, mesmo porque esta é uma categoria inexistente no
sistema Harmonizado de Designação e de Codificação de
Mercadorias (SH).
→ Comercio e Meio Ambiente - o tema implica na implementação de
mecanismos que vinculem as regras de comércio internacional com
as obrigações previstas nos acordos ambientais. Não são muitos os
acordos multilaterais sobre meio ambiente que contem normas
comerciais. O Protocolo de Montreal sobre a proteção da camada de
ozônio e um bom exemplo impondo restrições para a produção,
consumo e exportação de aerossóis que contenham
clorofluorocarbono. A preocupação dos países em desenvolvimento
Negociações Internacionais
45
é que o tema venha a se construir como uma nova barreira ao
comércio.
→ Antidumping – o objetivo é definir regras mais claras. Assunto de
interesse brasileiro uma vez que o país tem enfrentado no mercado
norte-americano barreiras a alguns de seus importantes produtos de
exportação como o aço.
→ Serviços – este assunto tem enfrentado algumas dificuldades que
vão desde o interesse que suscita nos países mais ricos, razão pela
qual deve ser acompanhado atentamente pelo países menos
desenvolvidos, até as definições de que tipo de comércio deve ser
regulamentado.
→ Propriedade Intelectual – envolve medidas de políticas que podem
ter efeito sobre os fluxos de comércio embora não estejam
diretamente a eles associados. O tema é de grande interesse dos
países mais industrializados que costumam propor normas que
dificilmente podem ser cumpridas pelos países em
desenvolvimento. As discussões sobre o assunto evidenciam as
diferentes posições: de um lado os países industrializados que
querem reforçar a proteção aos direitos de forma irrestrita, de outro
os países em desenvolvimento que consideram que a propriedade
intelectual deveria ser um instrumento de transferência de
tecnologia e apoio à modernização industrial.
4. Cenário Internacional Contemporâneo
O Cenário Internacional Contemporâneo se sustenta em cima de um
relacionamento entre as nações o qual é estabelecido por meio de negociações, que por
sua vez são pautadas pelas mudanças ocorridas no mundo, quer na área política,
econômica ou social. Temas relacionados à segurança nacional, prosperidade
Negociações Internacionais
46
econômica, desenvolvimento social e preservação do meio ambiente influenciam as
negociações.
Assim torna-se vital para o negociador um bom conhecimento sobre os
acontecimentos que caracterizam o cenário internacional. São algumas das principais
características do cenário internacional contemporâneo: a nova ordem econômica a
partir do final da Guerra Fria, maior participação dos PEDs no mercado internacional e
o crescente desenvolvimento econômico de alguns países asiáticos como China, Índia,
Coréia e Vietnã. Além do incessante desenvolvimento tecnológico, pesquisas e
desenvolvimento de novas fontes energias, rápido crescimento dos mercados financeiros
facilitado pela desregulamentação e pelas novas tecnologias de informação,
transnacionalização da atividade empresarial facilitada pela desregulamentação pelas
novas tecnologias e pela própria globalização dos mercados financeiros, preocupação
generalizada com o meio ambiente face ao aquecimento global, nova forma de geração
de riqueza centrada em produtos intangíveis como a informação e o conhecimento,
tendência de desenvolvimento crescente do chamado "mundo digital" que se apresenta
como principal divisor entre as sociedades desenvolvidas e em desenvolvimento. Hoje
são as expressões utilizadas para representar as distâncias econômicas e sociais:
conectados, não-conectados e em vias de conexão.
Negociações Internacionais
47
CO�CLUSÃO
No mundo atual, a habilidade em negociar é uma ferramenta imprescindível
para as relações entre empresas, construindo portanto, um dos elementos básicos na
formação do profissional de Comércio Exterior. A perspectiva do negociador brasileiro
no exterior, avalia a quebra dos paradigmas que se verifica com esse ciclo de mudanças
no meio empresarial e apresenta as barreiras e as dificuldades encontradas por um
profissional que negocia com culturas variadas.
Contextualizando a Globalização nesse novo cenário mundial, se expõem os
conceitos gerais e as diferentes visões de negociação; mostra-se como tornar as
negociações bem-sucedidas, partindo-se do conflito até a cooperação; aborda-se a
influência das questões culturais nas negociações de caráter global; estuda-se as
classificações de estilos de negociação; apresenta-se as principais características e
diferenças entre os negociadores espalhados por todo o mundo; discute-se as questões
culturais de maneira mais aprofundada e sua influência nas negociações; enfoca-se as
questões éticas no contexto das empresas e da sociedade; caracteriza-se os contratos
internacionais e a importância cada vez mais intensa que eles assumem nas atividades
empresariais; ressalta-se a importância das negociações na celebração de contratos
internacionais, enfatizando os aspectos envolvidos no planejamento dessas negociações.
Negociação pode ser definida como um sistema de decisão pelo qual os atores
se entendem de comum acordo ao invés de agir por via unilateral. As negociações
podem ser identificadas por meio de 4 características básicas:
• Troca entre 2 partes ou mais partes
• Existência simultânea de resistência e pressões, resultado em atrito
ou desconforto entre as partes envolvidas
Negociações Internacionais
48
• Questão de importância razoável, cuja solução é buscada pelas
partes
• Existência de um conflito real ou percebido entre as posições das
partes
ANEXO
I�GRESSOS DE PROGRAMAS CULTURAIS
Negociações Internacionais
49
BIBLIOGRAFIA CO�SULTADA
ANDRADE, Rui Otávio Bernardes de; ALYRIO, Rovigati Danilo; BOAS, Ana Alice
Vilas. Cultura e Ética na Negociação Internacional. 2ª edição, Editora Atlas, 2006.
BAZERMAN, Max; MALHOTRA, Deepak. O Gênio da Negociação. Editora Rocco. ERTEL, Danny; GORDON, Mark. Negociação. 1a Edição, Editora M.Books, 2009. FILHO, Fernando Dourado. Ao Redor do Mundo – Convivência e Negociação com Culturas Estrangeiras. 1a Edição, Editora Via Livros. GAVAZZONI, Adriana. A Renegociação e Adaptação do Contrato Internacional. 1a Edição, Editora Juruá, 2006. HIRATA, Renato. Estilos de Negociação – as Oito Competências Vencedoras. 1a Edição, Editora Saraiva, 2007. MARTINELLI, Dante P.; ALMEIDA, Ana Paula de. Negociação e Solução de
Conflitos. 1a Edição, Editora Atlas, 1998.
MARTINELLI, Dante P.; VENTURA, Carla A. A.; MACHADO, Juliano R.
Negociação Internacional. 1a Edição, Editora Atlas, 2004.
MELLO, José Carlos Martins F. de. Negociação baseada em Estratégia. 2a Edição,
Editora Atlas.
SPARKS, Donald B. Dinâmica da Negociação Efetiva. 2a Edição, Editora Nobel, 1992. WANDERLEY, José Augusto. Negociação Total. 1a Edição, Editora Gente, 1998.
Negociações Internacionais
50
WATKINS, Michael. Negociação. 1a Edição, Editora Record, 2004.
�DICE
FOLHA DE ROSTO 02
AGRADECIMENTO 03
DEDICATÓRIA 04
RESUMO 05
METODOLOGIA 06
SUMÁRIO 08
INTRODUÇÃO 09
CAPÍTULO I - Estratégias de Negociação 11
1 – Administrando Conflitos 12
2 – Conciliando interesses 13
3 – Modalidades de Negociações 14
4 – Tipos de Negociações 15
5 – Habilidades básicas para Negociar 17
CAPÍTULO II - Negociando com Estrangeiros 20
1 – Capacitação Multicultural 21
2 – Procedimentos Úteis para Negociações no Exterior 22
CAPÍTULO III – Negociação entre Empresas 24
1 – Por que e o que negociar 23
2 – O contrato de compra e venda e seus elementos básicos 25
3 – Identificação de Mercadorias 28
CAPÍTULO IV– Condições de Compra e Venda e INCOTERMS 30
1 – A Escolha da Condição de Venda 30
2 – Termos Internacionais de Comércio - INCOTERMS 32
Negociações Internacionais
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3 – Outras Condições de Venda 38
CAPÍTULO V – Negociação entre Nações 40
1 – Principais Atores PDs e PEDs 40
2 – Razão das Negociações Comerciais 41
3 – Negociações Multilaterais e seus principais impasses 43
4 – Cenário Internacional Contemporâneo 45
CONCLUSÃO 47
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 49
ANEXOS 48
ÍNDICE 50
FOLHA DE AVALIAÇÃO 52
Negociações Internacionais
52
FOLHA DE AVALIAÇÃO
�ome da Instituição:
Título da Monografia:
Autor:
Data da entrega:
Avaliado por: Conceito: