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U�IVERSIDADE CA�DIDO ME�DES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SE�SU”
PROJETO A VEZ DO MESTRE
EDUCAÇÃO I�CLUSIVA: “O �ORMAL É SER
DIFERE�TE”
Por: Daniele. M. �. R. Britto
Orientador
Profª. Mary Sue P . Carvalho
Rio de janeiro/ 2009
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U�IVERSIDADE CA�DIDO ME�DES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SE�SU”
PROJETO A VEZ DO MESTRE
EDUCAÇÃO I�CLUSIVA: “O �ORMAL É SER
DIFERE�TE”
Apresentação de monografia à Universidade
Candido Mendes como requisito parcial para
obtenção do grau de especialista em
Educação Inclusiva.
Por: Daniele. M.N R Britto
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AGRADECIMENTOS
Agradeço a Deus por mais esta
Conquista e também ao meu marido
e aos meus filhos pela
Compreensão quando precisei
estar ausente .
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DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho a minha aluna Rebeca
Valladão Sheid, que com grande propriedade
contribuiu para este estudo .
A ela a razão maior de tudo.
5
RESUMO
O objetivo deste estudo foi pesquisar a importância da educação especial para a
formação e desenvolvimento de crianças portadoras de síndrome de Down , com objetivo
de ampliar o campo de estudo. E como a aprendizagem é processo complexo, a cerca do
qual existem infinitas definições e conceitos, procurou-se manter uma linha de trabalho,
seguindo uma seqüência, passando pelas etapas do currículo, descrevendo as
características do Down. Para finalizar o trabalho é necessário enfatizar o papel da família
para a inclusão nas classes regulares e ressaltar, como se dá a aprendizagem onde o
professor precisa ter como aliado no processo de construção do bem estar e conhecimentos
dessa crianças a família. .
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METODOLOGIA
O presente estudo tem por finalidade mostrar como que o currículo escolar pode ser
uma grande ferramenta pedagógica na construção do conhecimento das crianças portadoras
da Síndrome de Down, para a seu ingresso nas classes regulares. O currículo escolar reflete
todas as experiências em termos de conhecimento que serão proporcionados aos alunos de
um determinado curso. A origem da palavra currículo – currere (do latim) – significa
carreira. Assim, o currículo escolar representa a caminhada que a aluna ou o aluno fazem
ao longo de seus estudos, implicando tanto conteúdos estudados quanto atividades
realizadas sob a tutela escolar. Os resultados deste estudo oferecem possibilidades para
melhorar o processo de inclusão, apresentam os desafios e ainda apontam a necessidade do
desenvolvimento de novas pesquisas, cujos resultados possam ser aplicados na prática.
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SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 8
CAPÍTULO I _ Currículo 12
CAPÍTULO II – Síndrome de Down 19
CAPÍTULO III _ Inclusão 31
Conclusão 43
Bibliografia 45
Atividades Culturais 46
Anexo 47
Índice 48
Folha de avaliação 49
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I�TRODUÇÃO
Devido à existência de Portadores de Necessidades Educativas Especiais na sociedade,
faz-se necessário o estudo de métodos que possibilitem a inclusão desses alunos especiais
no sistema regular de ensino, propiciando assim sua integração com alunos não portadores
de deficiência. Essa inclusão, com certeza favorecerá o desenvolvimento social desse aluno
no seio de sua comunidade.
Este trabalho busca a demonstração dos direcionamentos aos educadores no momento
em que se depara com situações envolvendo os citados alunos especiais. Visa à repleta
solução dos problemas de organização da escola no tocante a resolver e corresponder ao
anseio educacional dos alunos especiais, fato este ora tratado como inclusão educacional.
Existe uma necessidade institucional de verificar, e mesmo complementar os métodos,
adaptações curriculares do projeto pedagógico de ensino, condições estruturais para que
desenvolvam em sala de aula, ajudando o educador, para que ele possa melhor se relacionar
com esse aluno especial, bem como, ter respaldo dentro da escola para que ele possa ter o
objetivo fim que é a educação especial. A escola deve ser flexível aos critérios e aos
procedimentos pedagógicos levando em conta a diversidade de seus alunos.
Conforme a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional - LDBEN (Lei n° 9.394/96)
se procura subsidiar uma ação educativa compromissada com a formação de cidadãos,
mostrando que a Educação Especial é parte integrante da Educação Geral, adotando o
principio da inclusão. Esse princípio defende que “o ensino” seja ministrado a todas as
crianças, jovem e adulto com necessidades educativas especiais preferencialmente no
sistema comum de educação.
A inclusão é a capacidade de entender e reconhecer o outro e, assim, ter o privilégio de
conviver e compartilhar com pessoas diferentes de nós. A educação inclusiva acolhe todas
as crianças, sem exceção. Os alunados da educação especial apresentam necessidades
próprias e diferentes dos demais alunos no domínio das aprendizagens curriculares
correspondentes à sua idade, requer recursos pedagógicos e metodologias educacionais
específicas.
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A inclusão possibilita aos que são descriminados pela deficiência, pela classe social ou
pela cor, que por direito ocupem o seu espaço na sociedade. A inclusão traz benefícios aos
alunos e professores, pois passam a viver a experiência da diferença, os estudantes que não
passam por isso na infância, mais tarde terão muita dificuldade de vencer os preconceitos.
A escola vem consolidar o respeito às diferenças, vistas não como um obstáculo para o
cumprimento da ação educativa, mas, podendo e devendo ser consideradas fatores de
enriquecimento.
Para uma escola ser inclusiva é necessário um bom projeto pedagógico. O projeto
pedagógico tem um caráter político e cultural, e reflete os interesses, as aspirações, as
dúvidas e as expectativas da comunidade escolar. O projeto pedagógico da escola define a
prática escolar, e deve orientar a operacionalização do currículo, como um recurso para
promover a aprendizagem dos alunos.
O currículo é construído a partir do projeto pedagógico da escola, viabilizando a sua
operacionalização, as formas de se executar e define as suas finalidades. Assim, pode ser
visto como um guia direcionando sobre o que, quando e como ensinar; o que, como e
quando avaliar.
A escola para todos requer uma dinamicidade curricular que permite ajustar o fazer
pedagógico às necessidades dos alunos, sendo assim o currículo tem que ser flexível,
aberto, dinâmico e passível de ampliação, para que ele possa ser desenvolvido em sala de
aula e atender às necessidades especiais de alguns alunos. As adaptações curriculares do
projeto pedagógico devem focalizar, principalmente, a organização escolar e os serviços de
apoio (sala de recurso). Devem dar condições estruturais para que desenvolvam em sala de
aula ou individualmente, na escola. Essas adaptações podem ser feitas da seguinte
maneira: a escola é flexível aos critérios e aos procedimentos pedagógicos levando em
conta a diversidade de seus alunos; a escola permite discussões e propicia medidas
diferenciadas, metodológicas e de avaliação e promoção que observa as diferenças
individuais dos alunos e providencia o apoio tanto para o professor como para o aluno.
Quando as adaptações curriculares são feitas em classe, o trabalho do professor de sala
de aula e do professor de apoio é realizado de forma bem definida, interagindo com
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competência e coordenação. A avaliação do aluno é flexível levando em conta os diferentes
níveis de compreensão e motivação de cada aluno.
O currículo nessa visão é um instrumento útil, uma ferramenta que pode ser alterada
para beneficiar o desenvolvimento pessoal e social dos alunos.
Um novo momento se inicia, é chegada a hora de uma revisão na formação dos
professores, que precisam aprender a identificar as necessidades especiais de aprendizagem
de todas as crianças, jovens e adultos, portadores ou não de deficiência.
Um outro assunto a ser pontuado neste trabalho é a necessidade da didática e da
psicologia para que o processo da escola inclusiva se efetive, pois no momento em que a
pedagoga se deparar com um aluno portador da Síndrome de Down, caberá a ela e
juntamente com um psicólogo analisar e detectar problemas de aprendizagem, selecionando
e adotando medidas que forneçam melhores oportunidades para o desenvolvimento integral
do aluno na sua capacidade cognitiva e psicomotora, dentre outras.
A didática também terá uma importância muito grande dentro da escola inclusiva, pois
com ela o pedagogo poderá aplicar os métodos de ensino a cada indivíduo especial, e
havendo dentro de um mesmo espaço vários tipos de deficiência, caberá ao pedagogo
analisar caso a caso e aplicar os meios didáticos para que cada alunado especial adquira o
conhecimento dentro de suas limitações, ou seja, para os surdos, a linguagem dos sinais, a
leitura labial falar sempre de frente para o aluno, pedindo a ele que desenhe o
compreendido, utilizar textos impressos, trabalhar com o lúdico é importante. O portador da
Síndrome de down geralmente tem problemas com a oralidade e é bom contar histórias,
elas podem se identificar mais com músicas, passeios, desenhos, vídeos ou debates. Deve-
se estimular o aluno a dominar seus movimentos e fazê-lo escrever o nome em folhas de
papel de diferentes tamanhos, assim, ele visualiza a necessidade de aumentar ou diminuir a
letra de acordo com o espaço. Para deficiência física usar material concreto e lousa com
letras magnéticas para facilitar a formação de palavras e memorização de palavras quando
houver restrições no movimento dos braços.
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Mas, para que isso aconteça a escola tem que dispor de todo esse material didático para
que o processo da inclusão se inicie, como também dispor de um psicólogo.
A partir da inclusão, o professor precisa ter a capacidade de conviver com os
“diferentes”, superando os preconceitos, ele tem que estar preparado para novas situações
que surgirão em sala de aula. Precisamos investir com seriedade na formação dos
profissionais da educação, podendo assim desenvolver a formação de uma consciência
crítica sobre a realidade que eles vão trabalhar, dando uma fundamentação teórica que lhe
possibilite uma ação pedagógica eficaz. A LDBEN, prevê no capitulo V, que os alunos com
necessidades especiais devem ser assistidos por professores com especialização adequada,
de nível médio ou superior, para o atendimento especializado, bem como professores do
ensino regular capacitados para a integração desses educando nas classes comuns.
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CAPÍTULO I
CURRÍCULO
O currículo já deixou de ser uma área técnica, voltada somente para questões
relacionadas a procedimentos, técnicas e métodos. Já se pode falar em uma tradição crítica
do currículo, guiada por questões sociológicas, políticas, epistemológicas. Embora ainda
questões relacionadas ao “ como” ainda seja considerada de muita importância elas só
adquirem sentido dentro de uma perspectiva que as consideram em sua relação com
questões que perguntem pelo “por que “ das formas de organização do conhecimento
escolar.
1.1 – A História do Currículo
O currículo escolar não é um elemento neutro e inocente de transmissão, que
desconsidera o conhecimento cultural.
O currículo está ligado nas relações de poder, o currículo transmite visões sociais e
particulares. O currículo tem uma história, vinculada as situações específicas e contingentes
de uma organização da sociedade e educação.
Mesmo antes de se constituir em objeto de estudo de uma especialização do
conhecimento pedagógico o currículo sempre foi alvo da atenção de todos que buscavam
entender e organizar o processo educativo escolar. Mas somente no final XIX que vários
educadores começaram a tratar mais sistematicamente de problemas e questões
curriculares, iniciando uma série de estudos e iniciativas que deram o surgimento de um
novo campo.
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1.2- O surgimento do currículo
Após a Guerra civil, a economia americana passou a ser dominada pelo capitalismo
industrial. Foi necessário aumentar as instalações e um número a mais de empregados
surgiu para o poder aumentar a produção. Este processo de produção tornou-se socializado
e mais amplo, os procedimentos administrativos ficaram mais sofisticados e assumiram um
cunho científico, Uma nova concepção de valores começou a surgir na sociedade.
Cooperação e especialização no lugar de competição, obtiveram uma nova ideologia.
O sucesso na vida profissional começou a requerer evidências de uma trajetória escolar.
Para se chegar a algum lugar eram necessários novas credenciais além de esforço e
ambição.
Foi impossível continuar a preservar o tipo de vida local com a industrialização e
urbanização da sociedade. A presença de imigrantes nas grandes metrópoles, com seus
diferentes costumes e valores, acabou por ameaçar a cultura da classe média americana.
Com isto fez-se necessário promover um projeto nacional comum, a ensinar aos filhos dos
imigrantes as crenças e comportamentos a serem adotados.
A escola foi vista como facilitadora deste processo no cumprimento de tais funções, e
facilitar a adaptação de novas gerações às transformações econômicas, sociais e culturais
que ocorriam.
O currículo foi considerado na escola instrumento por excelência do controle social que
pretendiam alcançar. Coube a escola atribuir vem seu discurso os valores, as condutas e os
hábitos considerados adequados.
Fez-se notar a preocupação da escola com a educação vocacional, evidenciando o
propósito de ajustar a escola às novas necessidades da economia.
Viu-se como indispensável, em síntese, organizar o currículo e conferir-lhe
características de ordem, racionalidade e eficiência. Daí os esforços de tantos educadores e
teóricos e o surgimento de um novo campo de estudo ( Moreira, 1992ª, 1992b).
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1.3 – As primeiras tendências
O Campo do currículo tem sido associado a sua origem e seu posterior
desenvolvimento, as categorias de controle social e de eficiência social, são consideradas
úteis para desvelar os interesses subjacentes à teoria e prática.
Segundo Kliebard(1974), duas grandes tendências podem ser observadas nos primeiros
estudos e propostas :
» Uma esta voltada para a elaboração de um currículo que valorize os interesses do
aluno e a outra para a construção científica de um currículo que desenvolvesse aspectos da
identidade adulta considerado desejável.
Dewey e Kilpatrick representavam bem este trabalho e Bobbit a segunda linha, pelo
seu pensamento.
A primeira linha contribui para o surgimento do escolanovismo e a segunda constitui a
semente do que aqui se dominou de tecnicismo.
As duas em seus movimentos inicias apresentam diferentes respostas à transformação
social, política e econômica por que passava o país, ainda que de formas adversas,
procuraram adaptar a escola e o currículo à ordem capitalista que se consolidava.
As duas tendências dominaram o pensamento curricular dos anos vinte ao final da
década de sessenta e inicio da década seguinte.
Os estudos sobre o conhecimento escolar e o currículo surgiu no final da década de
1980, em um dos principais núcleo em torno da discussão teórica sobre currículo, se
desenvolvia no Brasil. Os primeiros estudos traziam discussões sobre a Sociologia da
Educação Inglesa.
Os trabalhos se encaminham em duas linhas :
_ Os estudos do pensamento curricular brasileiro e o estudo das disciplinas escolares.
O estudo curricular brasileiro vem sendo desenvolvido pelo NEC, com objetivo de
compreensão dos movimentos de constituição do campo de currículo e das influências da
teorização estrangeira na constituição.
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Entre 1984 e 1988 Moreira( 1990) propõe o estudo do campo do currículo no Brasil de
sua emergência ao final dos anos 1980, focalizando a influencia das teorias estrangeiras nas
teorias e práticas do currículo.
Os estudos de Moreira sobre o campo de currículo no Brasil, tem permitido a análise,
não somente das produções teóricas mas também das políticas curriculares impliquem em
todas no país, da função do professor e do intelectual na constituição do campo e das
práticas vividas. Deste modo Moreira busca entender como elas originam diferentes
discursos curriculares e sociais.
Quanto ao papel do professor e do pesquisador, seu argumento dirige no sentido de
defender sua atuação como intelectual cosmopolita e crítico, capaz de se aprimorar das
diferentes situações para construir soluções e propostas alternativas.
Sem garantias de resultado, importa buscar redimensionar
concepções categorias e ações de modo a associar pós-
modernismo e projetos emancipatórios. Trate-se de
trabalho em desenvolvimento, no qual o foco deve ser
promoções de interações, pra que os elementos críticos das
duas tradições se reforcem mutuamente. (Moreira, 1998ª :
29)
Moreira evidencia sua preocupação em questionar os enfoques das primeiras décadas
do campo do currículo sem deixar desenvolver proposições para formação de professores
sempre orientadas para a valorização das relações entre teoria e prática.
A segunda linha de trabalho deste grupo se encaminha na história das disciplinas
escolares. O estudo busca o desenvolvimento e a consolidação de disciplinas escolares ou
áreas de conhecimento tendo por base a forma como se desenvolvem em instituições
específicas.
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1.4- Currículo escolar
Currículo não é, simplesmente, um plano padronizado onde estão relacionados alguns
princípios e normas para o funcionamento da escola com se fosse um manual de instrução
para se poder acionar uma máquina.
O currículo escolar não se limita em relacionar matérias, carga horária on outras
normas relativas a vida escolar que um aluno deve cumprir na escola. Currículo não é
algo restrito somente no âmbito da escola ou sala de aula.
O que não é currículo: idéia de um caminho que se vai percorrer ou percorrido
durante uma vida.
O currículo é algo abrangente, dinâmico e existencial, envolve todas as situações
circunstanciais da vida escolar e social do aluno. È a escola em ação. Isto é a vida do
aluno e todos o que sobre ela possam ter determinada influência. È a escola interagir de
tudo e de todos que interferem na vida educacional do educando. O Currículo é a vida do
aluno em ação dinâmica constante. Tudo o que promover e ativar o processo educativo
deve constituir o currículo escolar.
O plano curricular é de fundamental importância para a escola. Ele é a expressão viva
e real da filosofia da educação seguida pela escola, além disso, ele é a própria filosofia de
ação da escola, como um todo unificado. O Planejamento curricular não se reduz somente
a um esboço de certos elementos ou atividades que envolvam situações de ensino mas
envolve toda a ação pedagógica da escola na sua mais abrangente dimensão.
Esses esforços correspondem a todas as tentativas da sociedade, da família, da escola
e dos alunos para desencadear o desenvolvimento total e pleno da pessoa humana. São as
disciplinas, os conhecimentos, os conteúdos, as experiências, os fatos sócias, políticos,
religiosos, econômicos, as tradições, os valores que planejados e sistematizados ao grupo
social educacional estrutura para promover.
A escola através da educação tem a missão de transmitir para as gerações todo o
patrimônio cultural da humanidade. O currículo para ser um verdadeiro guia do seu plano
curricular, sé da as novas transformação da cultura e do saber, para que possa estabelecer
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uma relação entre herança cultural e o viver presente e futuro, deverá expressar e definir
quais os objetivos a serem alcançados a longo,médio e curto prazo, sempre em relação ao
desenvolvimento do indivíduo como pessoa humana.
O professor que trabalha no processo de inclusão, não raro, direciona suas ações em
sala de aula por meio de uma vontade enorme de acertar, busca soluções por meios
abstratos e que transcendem alguns limites, é um batalhador que sonha com as
transformações.
As carências no tocante a expansão de seu conhecimentos teóricos são muitas, mas ainda
sim, consegue lidar com questões como identificação de limites e alcances cognitivos,
motores e afetivos, ainda que para conhecer as dificuldades dos processos de
ensino/aprendizagem das pessoas com síndrome de down, necessitamos da ciência médica,
psicológica, sociológica e pedagógica.
O estudo revelou haver lacunas entre os ideais propostos e a prática existente nas escolas, é
preciso que para além dos ideais proclamados e das garantias legais, se conheça o mais
profundamente possível as condições reais de nossa educação escolar. A partir daí torna-se
possível identificar e dimensionar os principais ponto da mudança necessária para o alcance
da qualidade que se espera da educação escolar.
Os conhecimentos teóricos trazem contribuições importantes e permitem ao professor
fundamentar suas ações. A ausência destes conhecimentos limita as mudanças, restringindo
também os papéis que a criança portadora da síndrome pode representar tanto na escola
como na sociedade.
Contudo, a figura do professor neste contexto é ainda mais relevante, uma vez que este é
desenvolvedor das ações mais diretas no processo de inclusão, quais sejam, lidar com as
diferenças e preconceitos por parte de pais e alunos; com as expectativas e possíveis
frustrações dos familiares portadores da síndrome; com as limitações e alcances dos
próprios portadores, dentre outras.
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Neste novo paradigma, onde se verifica o surgimento de novas e maiores
responsabilidades, parece clara a necessidade de uma formação mais eclética para o
professor.
1.5– Dimensões de um currículo
O currículo pode ser determinado a partir de três dimensões:
» Filosófica _ Trata-se das opções de valores, baseadas na concepção que se faz do homem,
da sociedade, etc.
» Sócio-antropológica _ A escola precisa saber quais são os padrões de comportamentos
que influenciam os alunos, as forças econômicas atuantes, as formas de estrutura familiar
existentes, as tensões sociais e as formas de comunicação.
» Psicológica _ È necessário dar atenção ao desenvolvimento psicológico do aluno. Nem
todas as crianças raciocinam com a mesma rapidez nem possuem o mesmo ritmo de
desenvolvimento psicomotor. È necessário, também que se tenha uma boa definição de
aprendizagem.
Currículo é tudo que acontece na vida escolar de uma criança, na vida de seus pais e
professores, tudo o que o cerca, em todos os dias, todas as horas.
Um programa de ensino só se transforma em currículo após a experiência que a criança
vive entorno de si mesmo.
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CAPÍTULO II
S�DROME DE DOW�
Definição
Em 1959 o pesquisador, frances Jejune e a condessa Jacobson, descobriram,
simultaneamente e de forma independente, que indivíduos com o então chamado
mongolismo (assim era denominada a Síndrome de Down até a década de 60, devido às
pregas no canto dos olhos que lembram pessoas de raça mongólica) apresentavam um
autossomo adicional, tendo, portanto, 47 cromossomos em vez dos 46 esperados. Alguns
anos depois identificou-se o cromossomo adicional como sendo o 21.
A partir daí, ficamos sabendo que a Síndrome de Down se associa, na maioria dos casos,
a uma trissomia do cromossomo 21.
A Síndrome de Down é uma moléstia que pode afetar boa parte dos sistemas do corpo:
nervoso, cardiocirculatório, endócrino, gastrintestinal, visão, audição, entre outros.
Entretanto, a gravidade do dano varia de caso para caso, portanto nem todos os indivíduos
afetados apresentam quadros clínicos similares.
Algumas características físicas, no entanto, são comuns a quase todos: o formato das
fendas palpebrais (inclinadas no sentido superior), crânio curto no sentido ântero-posterior,
orelhas pequenas e malformadas, boca entreaberta com protrusão de língua, perímetro
cefálico discretamente reduzido, pele seca e descamante.
Baixa estatura e alterações nos dedos das mãos e pés, mesmo que em proporções
diferentes. No que se refere à deficiência mental, embora sempre presente varia bastante
quanto ao grau de severidade. E esteja certo: não há relação entre o grau de características
físicas e o grau de deficiência mental de cada paciente.
A denominação síndrome de Down é resultado da descrição de Langdon Down, médico
inglês que, pela primeira vez, identificou, em 1866, as características de uma criança com a
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síndrome: um atraso no desenvolvimento das funções motoras do corpo e das funções
mentais, o bebê é pouco ativo e apresenta dificuldade para sugar, engolir, sustentar a cabeça
e os membros; o que se denomina hipotonia. A hipotonia diminui com o tempo,
conquistando, o bebê, mais lentamente que os outros, as diversas etapas do
desenvolvimento.
Começa a falar mais tarde que as outras crianças e se expressa por meio de frases
simples, mas dorme e se alimenta normalmente. Me geral tem gênio dócil e é carinhosa. O
mongolismo não é hereditário, e muito raramente se encontram does casos da doença na
mesma família, a não ser quando se trata de gêmeos do mesmo sexo.
2.1_ Características
A característica mais marcante é o retardamento mental, pois seu QI varia entre 15 e 50.
Outras características são a face achatada, a existência de uma prega típica no canto dos
olhos, a língua saliente e sulcada, a dentição irregular, as orelhas pequenas e deformadas. O
abdômen costuma ser saliente e o tecido adiposo é abundante.
A genitália é pouco desenvolvida; nos homens o pênis é pequeno e há criptorquidismo e
nas mulheres os lábios e o clitóris são pouco desenvolvidos; embora não se conheça
nenhum caso de homem afetado que tenha se reproduzido, as mulheres mongolóides são
férteis. Os dedos são, freqüentemente, curtos e grossos com falta de uma falange no dedo
mínimo; nas palmas das mãos é comum a existência de uma prega transversal denominada
prega simiesca.
A pele é flácida determinando o aparecimento de rugas nasrontes e os ligamentos são
frouxos causando uma marcha insegura; defeitos do coração são freqüentes. Me
conseqüência das anomalias cardíacas e de uma baixa resistência a infecções, a longevidade
dos mongolóides costumava ser reduzida; hoje os cuidados médicos aumentam
sensivelmente as probabilidades de sobrevivência dos mongolóides.
Freqüentemente estas crianças apresentam mal-formações congênitas maiores:
21
As principais são as do coração (30-40% em alguns estudos), especialmente canal
atrioventricular, e as mal-formações do trato gastrintestinal, como estenose ou atresia do
duodeno, imperfuração anal, e doença de Hirschsprung.
Entre oitenta e noventa por cento das pessoas com síndrome de Down têm algum tipo de
perda auditiva, geralmente do tipo de condução. Pacientes com síndrome de Down
desenvolvem as características neuropatológicas da doença de Alzheimer em uma idade
muito mais precoce do que indivíduos com Alzheimer e sem a trissomia do 21.
Alguns tipos de leucemia e a reação leucemóide têm incidência aumentada na síndrome
de Down. Estimativas do risco relativo de leucemia têm variado de 10 a 20 vezes maior do
que na população normal; em especial a leucemia megacariocítica aguda ocorre 200 a 400
vezes mais nas pessoas com síndrome de Down do que na população cromossomicamente
normal. Reações leucemóides transitórias têm sido relatadas repetidamente no período
neonatal.
Crianças com síndrome de Down freqüentemente têm mais problemas oculares que
outras crianças. Por exemplo, três por cento destas crianças têm catarata. Elas precisam ser
tratadas cirurgicamente. Problemas oculares como estrabismo, miopia, e outras condições
são freqüentemente observadas em crianças com síndrome de Down.
Deficiências de hormônios tireoideanos são mais comuns em crianças com síndrome de
Down do que em crianças normais. Entre 15 e 20 por cento das crianças com a síndrome
têm hipotireoidismo. É importante identificar as crianças com síndrome de Down que têm
problemas de tireóide, uma vez que o hipotireoidismo pode comprometer o funcionamento
normal do sistema nervoso central.
Problemas ortopédicos também são vistas com uma frequencies mais altar em crianças
com síndrome de Down. Entre else include-se a subluxação da rótula (deslocamento
incompleto ou parcial), luxação de quadril e instabilidade de atlanto-axial. Esta última
condição acontece quando os does primeiros ossos do pescoço não são bem alinhados
devido à presença de frouxidão dos ligamentos. proximadamente 15% das pessoas com
síndrome de Down têm instabilidade atlanto-axial. Porém, a maioria destes indivíduos não
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tem nenhum sintoma, e só 1 a 2 por cento de indivíduos com esta síndrome têm um
problema de pescoço sério o suficiente para requerer intervenção cirúrgica.
Outra preocupação relaciona-se aos aspectos nutricionais. Algumas crianças,
especialmente as com doença cardíaca severa, têm dificuldade constante em ganhar peso.
Por outro lado, obesidade é freqüentemente vista durante a adolescência. Estas condições
podem ser prevenidas pelo aconselhamento nutricional apropriado e orientação dietética
preventiva.
No recém-nascido não se nota o principal sintoma de mongolismo, ou seja, o
retardamento mental. Peso inferior ao normal, orelha disforme, prega simiesca e outros
achados na mão dos recém-nascidos são algumas indicações que recomendam a realização
do exame citogenético.
Dentro de cada célula do nosso corpo, estão os cromossomos, responsáveis pela cor dos
olhos, altura, sexo e também por todo o funcionamento e forma de cada órgão do corpo
interno, como o coração, estômago, cérebro, etc. Cada uma das células possui 46
cromossomos, que são iguais, does a does, quer dizer, existem 23 pares ou duplas de
cromossomos dentro de cada célula. Um desses cromossomos, chamado de nº 21 é que está
alterado na Síndrome de Down.
A criança que possui a Síndrome de Down, tem um cromossomo a 21 a mais, ou seja,
ela tem três cromossomos 21 em todas as suas células, ao invés de ter does. É a trissomia
21. Portanto a causa da Síndrome de Down é a trissomia do cromossomo 21. É um acidente
genético. Esse erro não está no controle de ninguém
Diferente do que muitas pessoas pensam, a síndrome de Down é uma alteração genética
que ocorre por ocasião da formação do bebê, no início da gravidez. A criança tem a S.D.
quando ocorre um erro na formação de uma das células reprodutoras. Tal erro ocorre desde
a primeira divisão celular do embrião.
É sabido, há muito tempo, que o risco de ter uma criança com trissomia do 21 aumenta
com a idade materna. Me geral, a frequencies da síndrome de Down é de 1 para cada 650 a
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1.000 recém-nascidos vivos e cerca de 85% dos casos ocorre em mães com menos de 35
anos de idade.
Risco aproximado de nascimento da criança com Síndrome de Down no caso de mães
de diversas idades, que nunca tiveram uma criança com esta Síndrome:
Idade da mãe ao nascer a criança/ Risco de nascer criança com Síndrome de Down:
* Menos de 35 anos 0,1%
* Menos de 35 anos 1,0%
* De 35 a 39 anos 0,5%
* De 35 a 39 anos 1,5%
* De 40 a 44 anos 1,5%
* De 40 a 44 anos 2,5%
* Acima de 45 anos 3,5%
* Acima de 45 anos 4,5%
2.2_ A Família
Há muita expectative quanto ao nascimento de um filho e os pais esperam que seus
filhos nasçam saudáveis
Quando nasce uma criança com Síndrome de Down, é natural que os pais fiquem
chocados e que tenham sentimentos de rejeição pela criança que nasceu e perda da criançs
que esperavam.
Devido a pouca informação, os pais podem supor que cometeram um erro e por isso se
sentem culpados. A medida em que a situação se torna mais clara e que os pais tomam de
que a síndrome é causada por um acidente sobre o qual ninguém tem controle, esses
sentimentos, que são naturais nesse momento, podem ser superados. Sentimentos de
insegurança e incerteza, bem com dúvidas sobre como tratar a criança e que o futuro lhe
reserve podem surgir.
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Muitos pais de portadores da síndrome de Down passaram grande parte da vida sem
terem contato com nenhuma criança, adolescente ou adulto nestas condições. Formaram
(pré) conceitos sobre a síndrome e seus portadores, assim como todos nós formamos (pré)
conceitos sobre uma infinidade de temas que genuinamente desconhecemos. No momento
que alguém se torna pai, mãe ou mesmo irmão de um bebê portador da síndrome de Down
seus preconceitos não desaparecem de imediato e isto pode causar muita dor e, como já
citamos, há uma mistura de culpa e vergonha dos próprios sentimentos e da condição do
filho ou irmão.
Os pais, muitas vezes, têm um preconceito que é anterior (como a própria palavra já
diz) ao nascimento do filho e com freqüência não se dão conta disto até que alguém os
aponte. Com este preconceito internalizado e muitas vezes culpados por estes sentimentos
camuflam esta questão. Tal problemática fica evidenciada quando tentam incluir seu filho
na vida escolar e social. Nestes casos, vemos a necessidade de um trabalho cuidadoso e
minucioso com os familiares que não se trata de orientação, nem prescrição, pois assim não
damos espaço para acolher o lado preconceituoso dos próprios pais e dar-lhes a
possibilidade de tranformação, trata-se mesmo de um trabalho psicoterápico realizado por
profissional especializado no assunto.
Dependendo de como forem dadaa as informações ao casal, poderá se estabelecer uma
relação mais positiva entre os pais e o bebê , o que será fundamental para o
desenvolvimento geral da criança.
Deixando clar que este desenvolvimento será o mesmo que uma criança dita normal.
È importante que a família saiba que não há tratamento medicamentoso para a cura da
Síndrome de Down, mas deve haver um acompanhamento multiprofissional para facilitar o
convívio social, e em seu desenvolvimento , faz-se necessário o carinho da família.
A família não deve esquecer que independentemente do bebê apresentar Síndrome o
primeiro mês de vida é um tempo de adaptação da família à nova realidade , é o tempo de
conhecer a criança que chegou em seu lar tão esperado, portanto deve-se curtir demais este
momento, faça-se e o faça feliz.
25
A família deve ser orientada e motivada a colaborar e participar do programa
educacional, promovendo desta forma uma interação maior com a criança. Também é
fundamental que a família incentive a pratica de tudo que a criança assimila.
"A qualidade da estimulação no lar e a interação dos pais com a criança se associam ao
desenvolvimento e aprendizagem de crianças com deficiência mental".(CRAWLEY;
SPIKER, 1983).
Assim é fundamental o aconselhamento a família, que deve considerar, sobretudo a
natureza da informação e a maneira como a pessoa é informada, com o propósito de
orienta-la quanto à natureza intelectual, emocional e comportamental.
Os pais e familiares do portador da síndrome necessitam de informações sobre a
natureza e extensão da excepcionalidade; quanto aos recursos e serviços existentes para a
assistência, tratamento e educação, e quanto ao futuro que se reserva ao portador de
necessidades especiais.
No entanto, a informação puramente intelectual, é notoriamente insuficiente, pois o
sentimento das pessoas tem mais peso que os seus intelectos. Portanto, auxiliar os
familiares requer prestar informações adequadas que permitam aliviar a ansiedade e
diminuir as duvidas.
Assim os conselhos devem se preocupar com os temores e ansiedades, sentimentos de
culpa e vergonha, dos familiares e deficientes. Devem reduzir a vulnerabilidade emocional
e as tensões sofridas, aumentando a capacidade de tolerância.
O objetivo principal é ajudar pessoas a lidar mais adequadamente com os problemas
decorrentes das deficiências e no aconselhamento alguns pontos são importantes: ouvir as
dúvidas e questionamentos, utilizar termos mais fáceis e que facilitem a compreensão,
promover maior aceitação do problema, aconselhar a família inteira, trabalhar os
sentimentos e atitudes, e facilitar a interação social do portador de necessidades especiais.
A superproteção dos pais em relação à criança pode influenciar de forma negativa no
processo de desenvolvimento da criança e normalmente estes se concentram suas atenções
nas deficiências da criança de modo que os fracassos recebem mais atenção que os sucessos
e a criança fica limitada nas possibilidades que promovem a independência e a interação
social.
26
"As habilidades de autonomia pessoal e social proporcionam melhor qualidade de vida,
pois favorecem a relação, a independência, interação, satisfação pessoal e atitudes
positivas".(BROWN,1989).
27
CAPÌTULO III
I�CLUSÃO
Inclusão Social
Embora atualmente alguns aspectos da Síndrome de Down sejam mais conhecidos, e a
pessoa trissômica tenha melhores chances de vida e desenvolvimento, uma das maiores
barreiras para a inclusão social destes indivíduos continua sendo o preconceito.
No entanto, embora o perfil da pessoa com Síndrome de Down fuja aos padrões
estabelecidos pela cultura atual - que valoriza sobretudo os padrões estéticos e a
produtividade -, cada vez mais a sociedade está se conscientizando de como é importante
valorizar a diversidade humana e de como é fundamental oferecer equiparação de
oportunidades para que as pessoas com deficiência exerçam seu direito de conviver na sua
comunidade.
Cada vez mais, as escolas do ensino regular e as indústrias preparadas para receber pessoas
com Síndrome de Down têm relatado experiências muito bem-sucedidas de inclusão
benéficas para todos os envolvidos.
A participação de crianças, adolescentes, jovens e adultos com Síndrome de Down nas
atividades de lazer é encarada cada vez com mais naturalidade e pode-se perceber que já
existe a preocupação em garantir que os programas voltados à recreação incluam a pessoa
com deficiência.
Para garantir a inclusão social da pessoa com Síndrome de Down, devemos:
· Transmitir informações corretas sobre o que é Síndrome de Down.
· Receber com naturalidade pessoas com Síndrome de Down em locais públicos.
· Estimular suas relações sociais e sua participação em atividades de lazer, como esportes,
festas, comemorações e outros encontros sociais.
· Garantir que os responsáveis pela programação voltada ao lazer, à recreação, ao turismo e
à cultura levem em consideração a participação de pessoas com Síndrome de Down.
28
· Garantir que os departamentos de Recursos Humanos das empresas estejam preparados
para avaliar adequadamente e contratar pessoas com Síndrome de Down.
· Não tratar a pessoa com Síndrome de Down como se fosse "doente". Respeitá-la e escutá-
la.
Hoje não se pode precisar até que grau de autonomia a pessoa com Síndrome de Down
pode atingir, mas acredita-se que seu potencial é muito maior do que se considerava há
alguns anos.
Os programas educacionais atuais preocupam-se desde cedo com a independência, a
escolarização e o futuro profissional do indivíduo. Os conteúdos acadêmicos devem ser
voltados não só para a leitura, escrita e as operações matemáticas, mas para a preparação do
indivíduo para a vida.
Sendo assim, fará parte do currículo a obtenção do máximo grau de independência e a
orientação vocacional.
A independência objetivada neste tipo de programa engloba desde habilidades básicas,
como correr, vestir-se ou cuidar da higiene íntima até a utilização funcional da leitura, do
transporte, do manuseio do dinheiro e o aprendizado para tomar decisões e fazer escolhas,
bem como assumir a responsabilidade por elas.
A orientação vocacional deve ser realizada com base nas aptidões individuais, com a
possibilidade de diferentes atividades no emprego.
Ainda hoje, a maior parte do trabalho oferecido à pessoa com Síndrome de Down é aquele
repetitivo. Não há nenhum problema em realizar essas tarefas, desde que estas não sejam as
únicas atividades disponíneis, nem a única opção de trabalho para a pessoa com Síndrome
de Down.
A profissionalização deve ocorrer da mesma maneira como ocorre para indivíduos sem a
Síndrome, ou seja, a pessoa precisa conhecer as opções de trabalho para optar por aquela
para a qual é mais hábil e que lhe ofereça melhores condições salariais.
29
É importante lembrar que a lei garante a estas pessoas os direitos inerentes a todos os seres
humanos e cidadãos, entre eles, o direito de viver na sua comunidade com a sua família, o
direito à dignidade, à saúde, à educação, ao emprego e ao lazer.
Estes direitos não devem ficar só no papel. É preciso conscientizar a sociedade, as famílias
e principalmente as próprias pessoas com Síndrome de Down, para que elas possam
reivindicar o respeito a esses direitos.
3.1 _ O que dizem as leis
O primeiro é a Constituição Federal, artigo 208, inciso terceiro, que postula que crianças
com necessidades especiais sejam atendidas preferencialmente por escolas regulares.
Depois, temos a Lei de Diretrizes e Bases, que tipifica melhor o princípio genérico da
Constituição, o Plano Nacional de Educação e a Declaração da Guatemala (aprovado em
2001, o texto da "Convenção Interamericana para a Eliminação de Todas as Formas de
Discriminação contra as Pessoas Portadoras de Deficiência", cujas recomendações se
tornaram lei de caráter nacional no Brasil. Temos, ainda, a interpretação a esses quatro
instrumentos legais de grande porte dada pelo Conselho Nacional de Educação através de
dois Pareceres - o 17/2001 e o 4/2002 - e de uma Resolução - a 2/2001. São estes últimos
que chegam mais próximos das escolas, já que traduzem os quatro grandes equipamentos
legais.
A Constituição garante a todos o acesso à escola. "Toda unidade deve atender aos
princípios legais e não pode excluir ninguém", explica Eugênia Fávero, procuradora dos
Direitos do Cidadão de São Paulo.
A legislação mais recente sobre o assunto é a Convenção de Guatemala.
O documento, promulgado no Brasil por decreto de 2001, reafirma que as pessoas com
deficiência têm os mesmos direitos e liberdades que as demais.
Hoje a rede municipal conta com 304 estudantes deficientes, de um total de 40 mil
matriculados em 124 unidades. "Desde o início do projeto, o índice de evasão diminuiu e o
30
preconceito foi podado pela raiz", comemora Teresinha Del Cístia, a atual secretária de
Educação. Veja as principais medidas que garantem o sucesso da proposta:
Estímulo para que as escolas elaborem sua proposta pedagógica, diagnosticando a
demanda por atendimento especial.
Criação de um currículo que reflita o meio social.
Apoio à descentralização da gestão administrativa.
Oferta de transporte escolar para todos.
Muito mais que integração
A inclusão de estudantes com deficiência nas classes regulares representa um avanço
histórico em relação
ao movimento de integração, que pressupunha algum tipo de treinamento do deficiente para
permitir sua participação no processo educativo comum. "A inclusão postula uma
reestruturação do sistema de ensino, como objetivo de fazer com que a escola se torne
aberta às diferenças e competente para trabalhar com todos os educandos, sem distinção de
raça, classe, gênero ou características pessoais", explica Cláudia Dutra, secretária de
Educação Especial do MEC. Por isso, reforça ela, todas as crianças que estão nas escolas
especiais têm o direito constitucional de entrar no sistema regular, em turmas condizentes
com sua idade.
Por isso, reforça ela, todas as crianças que estão nas escolas especiais têm o direito
constitucional de entrar no sistema regular, em turmas condizentes com sua idade.
3.2 - As Leis
* Constituição Federal de 1988
Art. 208. O dever do Estado com a Educação será efetivado mediante a garantia de:
III - atendimento educacional especializado aos portadores de deficiência,
preferencialmente na rede regular de ensino;
31
* LEI Nº 9.394 de 20 de dezembro de 1996
Estabelece as diretrizes e bases da educação nacional.
Art. 4º . O dever do Estado com educação escolar pública será efetivado mediante a
garantia de:
III – atendimento educacional especializado gratuito aos educandos com necessidades
especiais, preferencialmente na rede regular de ensino;
Art. 58 . Entende-se por educação especial, para os efeitos desta Lei, a modalidade de
educação escolar, oferecida preferencialmente na rede regular de ensino, para
educandos portadores de necessidades especiais.
§1º Haverá, quando necessário, serviços de apoio especializado, na escola regular, para
atender as peculiaridades da clientela de educação especial.
§2º O atendimento educacional será feito em classes, escolas ou serviços especializados,
sempre que, em função das condições específicas dos alunos, não for possível a sua
integração nas classes comuns do ensino regular.
§3º A oferta da educação especial, dever constitucional do Estado, tem início na faixa etária
de zero a seis anos, durante a educação infantil.
Art. 59 . Os sistemas de ensino assegurarão aos educandos com necessidades especiais:
I – currículos, métodos, técnicas, recursos educativos e organização específicos, para
atender às suas necessidades;
II – terminalidade específica para aqueles que não puderem atingir o nível exigido para a
conclusão do ensino fundamental, em virtude de suas deficiências, e aceleração para
concluir em menor tempo o programa escolar para os superdotados;
IV – educação especial para o trabalho, visando a sua efetiva integração na vida em
sociedade, inclusive condições adequadas para os que não revelarem capacidade de
inserção no trabalho competitivo, mediante articulação com os órgãos oficiais afins, bem
como para aqueles que apresentam uma habilidade superior nas áreas artística, intelectual
ou psicomotora;
V – acesso igualitário aos benefícios dos programas sociais suplementares disponíveis para
o respectivo nível do ensino regular.
32
* LEI N.º 8069 de 13 de julho de 1990
Dispõe sobre o Estatuto da criança e do adolescente e dá outras providências.
III - atendimento educacional especializado aos portadores de deficiência,
preferencialmente na rede regular de ensino.
* LEI N.º 8.859 de 23 de março de 1994
Modifica dispositivos da Lei nº 6.494, de 7 de dezembro de 1977, estendendo aos alunos de
ensino especial o direito à participação em atividades de estágio
Art. 1º - As pessoas jurídicas de Direito Privado, os órgãos de Administração Pública e as
Instituições de Ensino podem aceitar, como estagiários, os alunos regularmente
matriculados em cursos vinculados ao ensino público e particular.
§1º - Os alunos a que se refere o "caput" deste artigo devem, comprovadamente, estar
freqüentando cursos de nível superior, profissionalizante de 2º grau, ou escolas de educação
especial.
* LEI N.º 7.853 de 24 de outubro de 1989
Dispõe sobre o apoio às pessoas portadoras de deficiência, sua integração social, sobre a
Coordenadoria para a Integração da Pessoa Portadora de Deficiência – CORDE, institui a
tutela jurisdicional de interesses coletivos ou difusos dessas pessoas, disciplina a atuação do
Ministério Público, define crimes, e dá outras providências.
Art. 2º. Ao Poder Público e seus órgãos cabe assegurar às pessoas portadoras de deficiência
o pleno exercício de seus direitos básicos, inclusive dos direitos à educação, à
saúde, ao trabalho, ao lazer, à previdência social, ao amparo à infância e à maternidade, e
de outros que, decorrentes da Constituição e das leis, propiciem seu bem-estar pessoal,
social e econômico.
Parágrafo Único. Para o fim estabelecido no caput deste artigo, os órgão e entidades da
administração direta e indireta devem dispensar, no âmbito de sua competência e
finalidade, aos assuntos objetos desta Lei, tratamento prioritário e adequado, tendente a
viabilizar, sem prejuízo de outras, as seguintes medidas:
33
I – Na área da educação:
a) a inclusão, no sistema educacional, da Educação Especial como modalidade educativa
que abranja a educação precoce, a pré-escolar, as de 1º e 2º graus, a supletiva, a habilitação
e reabilitação profissionais, com currículos, etapas e exigências de diplomação próprios;
b) o oferecimento obrigatório de programas de Educação Especial em estabelecimentos
públicos de ensino;
c) a oferta, obrigatória e gratuita, da Educação Especial em estabelecimentos públicos de
ensino;
d) o oferecimento obrigatório de programas de Educação Especial em nível pré-escolar e
escolar, em unidades hospitalares e congêneres nas quais estejam internados, por prazo
igual ou superior a um (um) ano, educandos portadores de deficiência;
e) o acesso de alunos portadores de deficiência aos benefícios conferidos aos demais
educandos, inclusive material escolar, merenda escolar e bolsa de estudo;
f) a matrícula compulsória em cursos regulares de estabelecimentos públicos e particulares
de pessoas portadoras de deficiência capazes de se integrarem ao sistema regular de ensino.
* Lei n.º 8.899, de 29 de junho de 1994
Concede Passe Livre às Pessoas Portadoras de Deficiência no Sistema de Transporte
Coletivo Interestadual.
Art. 1- É concedido passe livre às pessoas portadoras de deficiência, comprovadamente
carentes, no sistema de transporte coletivo interestadual.
Fonte(s):
http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/...
3.3 _ Como se dá a aprendizagem do Down?
A aprendizagem tem sempre que partir do concreto, pois o Down tem dificuldade de
abstração. Na alfabetização e no ensino da matemática, por exemplo, símbolos podem ser
34
aprendidos com certa facilidade, embora seja difícil associá-los a conceitos e a quantidades.
O processo de abstração é lento e difícil, mas possível.
O aprendizado não pode ser isolado. Tem que acompanhar a vida prática tem que ser
inserido num contexto real, em que o Down possa perceber o seu significado concreto, na
vida real.
Que benefícios tem o Down na inclusão?
Os benefícios são praticamente os mesmos de qualquer jovem que ingresse no mercado
de trabalho: amadurecimento intelectual e emocional, independência, satisfação pessoal e a
sensação de utilidade, de fazer parte da maioria, de ter vida própria. A inclusão traz para o
Down - como para qualquer indivíduo - uma transcendência que é propriamente a
liberdade.
A criança com síndrome de Down têm idade cronológica diferente de idade funcional,
desta forma, não devemos esperar uma resposta idêntica à resposta da "normais", que não
apresentam alterações de aprendizagem. Esta deficiência decorre de lesões cerebrais e
desajustes funcionais do sistema nervoso:
O fato de a criança não ter desenvolvido uma habilidade ou
Demonstrar conduta imatura em determinada idade,
comparativamente a outras com idêntica condição genética,
não significa impedimento para adquiri-la mais tarde,
pois é possível que madure lentamente.
(SCHUWARTZMAN,1999,p.246)
A prontidão para a aprendizagem depende da complexa integração dos processos
neurológicos e da harmoniosa evolução de funções especificas como linguagem, percepção,
esquema corporal, orientação têmporo-espacial e lateralidade.
É comum observarmos na criança Down, alterações severas de internalizações de
conceitos de tempo e espaço, que dificultarão muitas aquisições e refletirão especialmente
em memória e planificação, além de dificultarem muito a aquisição de linguagem.
Crianças especiais como as portadoras de síndrome de Down, não desenvolvem
35
estratégias espontâneas e este é um fato que deve ser considerado em seu processo de
aquisição de aprendizagem, já que esta terá muitas dificuldades em resolver problemas e
encontrar soluções sozinhas.
Outras deficiências que acometem a criança Down e implicam dificuldades ao
desenvolvimento da aprendizagem são: alterações auditivas e visuais; incapacidade de
organizar atos cognitivos e condutas, debilidades de associar e programar seqüências.
Estas dificuldades ocorrem principalmente por que a imaturidade nervosa e não
mielinização das fibras pode dificultar funções mentais como: habilidade para usar
conceitos abstratos, memória, percepção geral, habilidades que incluam imaginação,
relações espaciais, esquema corporal, habilidade no raciocínio, estocagem do material
aprendido e transferência na aprendizagem. As deficiências e debilidades destas funções
dificultam principalmente as atividades escolares:
Entre outras deficiências que acarretam repercussão
sobre o desenvolvimento neurológico da criança com Síndrome de Down, podemos determinar
dificuldades na tomada de decisões e iniciação de de uma ação; na elaboração do pensamneto abstrato,
no calculo; na seleção e eliminaçãode determinadas
fontes informativas; no bloqueio das funções
perceptivas (atenção e percepção); nas funções
motoras e alterações da emoção e do afeto.
(SCHWARTZMAN, 1999, p. 247)
No entanto, a criança com síndrome de Down têm possibilidades de se desenvolver e
executar atividades diárias e ate mesmo adquirir formação profissional e no enfoque
evolutivo, a linguagem e as atividades como leitura e escrita podem ser desenvolvidas a
partir das experiências da própria criança.
Do ponto de vista motor, hipocinesias associada à falta de iniciativa e espontaneidade ou
hipercinesias e desinibição são freqüentes. E estes padrões débeis também interferem a
aprendizagem, pois o desenvolvimento psicomotor é à base da aprendizagem.
As inúmeras alterações do sistema nervoso repercutem em alterações do
desenvolvimento global e da aprendizagem. Não há um padrão estereotipado previsível nas
36
crianças com síndrome de Down e o desenvolvimento da inteligência não depende
exclusivamente da alteração cromossômica, mas é também influenciada por estímulos
provenientes do meio.
No entanto, o desenvolvimento da inteligência é deficiente e normalmente encontramos
um atraso global. As disfunções cognitivas observadas neste paciente não são homogêneas
e a memória seqüencial auditiva e visual geralmente são severamente acometidas.
3.4- Proposta educacional para portador de Down
O educador deve propor-se a utilizar um plano de curso que subsidiará o professor na
elaboração do seu planejamento em nível de turma, o que só pode ser feito com base no
conhecimento da realidade concreta dos seus alunos e dos meios de que dispõe.
As unidades propostas estejam dentro de uma seqüência evolutiva, os objetivos
integrados de cada unidade, assim como as atividades sugeridas, não estão dispostas em
seqüência cronológicas.
Cada atividade sugerida leva à consecução de vários objetivos dos domínios afetivos,
cognitivos e psicomotor. Uma proposta curricular não pode especificar todos os possíveis
resultados de cada atividade sugerida. Cabe ao educador explorar, no trabalho com o aluno,
as possibilidades máximas de cada experiências de aprendizagem.
Para a consecução do objetivo proposto poderá ser desenvolvido um numero ilimitado
de atividades. Foram propostas apenas algumas, que devem sugerir ao professor varias
outras possibilidades. Em última analise, a sensibilidade e a experiências do educador
deverão orienta-lo na determinação da estratégia a ser adotada. Cabe a ele adequar as
propostas deste documento à realidade de sua sala de aula, de forma a proporcionar ao
aluno experiências de aprendizagem significativa que lhe oportunize a pratica dos
comportamentos implicados nos objetivos.
A proposta curricular deve ser desenvolvida em quatro etapas que se desdobram em
objetivos integradores.
A primeira etapa trata como objetivo principal o corpo, na segunda visamos trabalhar
37
"como me expresso", na terceira "minhas coisas" e na quarta "meu mundo".
Na primeira etapa onde trabalhamos o corpo os objetivos principais devem ser:
- Identificar diferentes movimentos do seu corpo, posicionando-se no espaço;
- Identificar as diferentes partes do seu corpo e suas funções correspondentes;
- Orientar-se no tempo e no espaço;
- Desenvolver hábitos de vida em grupo.
Na segunda etapa onde trabalhamos a expressão, os objetivos principais são:
- Desenvolver a discriminação perceptual que o habilita ao conhecimento e à
comparação dos elementos do meio que o cerca;
- Expressar suas necessidades, seus interesses e sentimentos utilizam diferentes
formas de linguagem;
- Desenvolver funcionalmente seu vocabulário;
- Formar hábitos e atitudes de relacionamento e comunicação interpessoal.
Na terceira unidade trabalhamos os objetos e este tem função de integrador, os objetivos
desta unidade são:
- Descobrir propriedades comuns dos objetos;
- Reconhecer a utilidade das diferentes coisas do mundo;
- Descobrir que as coisas se transformam;
- Explorar o potencial dos objetos através de experiências criativas;
- Evidenciar a aquisições dos conceitos de propriedades e cooperação.
Na quarta unidade quando trabalhamos o mundo, os objetivos principais são:
- Reconhecer que seu mundo é dinâmico e diversificado;
- Distinguir uma situação real de uma imaginaria;
- Situar-se como pessoa, num mundo de pessoas;
- Passar do egocentrismo à aceitação de referenciais externos;
- Ampliar perspectivas espaço-temporais;
- Situar o mundo de pessoas numa área geográfica determinada;
38
- Identificar produções econômicas e culturais de sua comunidade;
- Reconhecer que o trabalho do homem modifica o meio;
- Preservar o ambiente e o equilíbrio entre seus diversos elementos;
- Reconhecer a importância da vida em grupo;
- Representar seu mundo criativamente.
Para a implementação desta proposta curricular, visando a eficiência do trabalho que
levará a conquista dos objetivos perseguidos, torna-se necessário que os recursos estejam
disponíveis e o educador seja capacitado. Alem disso o ambiente deve ser capacitado a
instalar uma classe especial.
O educador deve também integrar o portador de síndrome de Down na comunidade e
trabalhar sua aceitação social e ate mesmo a absorção em um mercado de trabalho.
39
CO�CLUSÃO
A questão da deficiência nem sempre foi tratada no mundo como é hoje. Ela já
percorreu caminhos bastante rudes, bárbaros até. Sabemos de comunidades primitivas e
modernas que praticaram a chamada limpeza étnica, em que matavam crianças que
nascessem com determinados defeitos.
As duas guerras mundiais, quando um enorme número de pessoas que, então sadias,
voltaram para casa com algum tipo de mutilação, também contribuíram para aumentar a
consciência de que os portadores de necessidades especiais são titulares de direitos como
quaisquer outros.
Hoje, considero que estamos vivendo um momento de transição de uma cultura
discriminatória com relação ao diferente para uma cultura de inclusão, em que o diferente é
aceito não por ser diverso, mas porque o diverso enriquece.
É esse o grande desafio atual: construir uma nova cultura de inclusão, na qual o
acolhimento da diferença se faça no reconhecimento do outro como igual, como parceiro,
como par. Na Educação, isso implica a consciência de que, desde o ato educativo mais
simples da pré-escola, é preciso garantir aos portadores de necessidades educacionais
especiais um lugar garantido nas salas comuns das classes comuns.
A presença do portador da síndrome de Down na escola regular, na mídia e na sociedade
de forma mais ampla denota uma mudança produzida pela nossa subcultura, já que
acreditamos que tais elaborações são recíprocas. Não se trata de um movimento
independente do nosso contexto, senão não seria significativo. Assistimos hoje um
momento que pode se tornar histórico, um ponto de bifurcação que pode gerar uma
mudança do conceito que se tinha sobre o portador da síndrome de Down dentro do
imaginário social. Isto não muda a sociedade em si, isto muda as idéias das pessoas que
constróem socialmente valores, normas, padrões, conceitos e preconceitos.
40
Contudo, podemos dizer que a inclusão começa em casa, seja em relação aos pais que
têm filhos com síndrome de Down, seja com pais que têm filhos sem nenhum tipo de
síndrome e que permitem que seus filhos conheçam, se aproximem e convivam com as
diferenças. Todos nós estamos incluídos nesta história e enquanto as pessoas não se derem
conta disso, apenas os que sofrem o preconceito serão capazes de pensar em alternativas
para a transformação social.
A educação especial é determinante no processo de estimulação inicial e cabe ao
professor de turmas especiais trabalhar suas crianças desenvolvendo nestas capacidades de
praticarem atividades diárias, participar das atividades familiares, desenvolver seu direito
de cidadania e até mesmo desenvolver uma atividade profissional. Para isso profissionais
especializados e cuidados especiais devem ser tomados, a fim de facilitar e possibilitar um
maior rendimento e desenvolvimento educacional dos portadores de tal síndrome.
Enfim, a grande importância da estimulação se dá pela grande necessidade da criança de
vivenciar experiências permitiram seu desenvolvimento, respeitando suas deficiências e
explorando suas habilidades. Esse estudo permite aos familiares (mãe, pai, cuidadores...),
aumentar suas possibilidades de observação e intervenção, objetivando aprimorar a
aprendizagem de seus filhos, que são crianças especiais, que tem dificuldades como
qualquer outra pessoa e são também crianças capazes de vencer suas dificuldades e se
desenvolverem.
41
BIBLIOGRAFIA
ALVES, Fátima, Inclusão,3ª edição,Wak,2007.
ALVES, Fátima, Para entender Síndrome de Down,,Wak,2007.
CRUICKSHA�K; Johnson. A Educação da cirança e do jovem excepcional.
Porto Alegre: Glob, 1975
GLAT,R.; KLADLEC V. a Criança e suas deficiências: Métodos e técnicas de
Ação psicopedagógica. Rio de Janeiro: Agir, 1995
http:// portal.mec.gov.br/seesp/arquivo/...
ALVES, Fátima, Inclusão,3ª edição,Wak,2007.
MOREIRA,Antônio Flavio e Silva, Thomaz Tadeu. Currículo,
Cultura e Sociedade. 2ª edição. São Paulo: Cortez, 1995
SCHWARTZA�, João Salomão. Síndrome de Down. São Paulo: Mackenzie,1999.
42
Anexos
�OTICIAS
Médicos e pais pedem fim do preconceito contra Síndrome de Down.
Dia Internacional da Síndrome de Down, comemorado na última sexta-feira (21), médicos e pais
afirmam que ainda são necessários avanços para que, de fato, haja inclusão das pessoas com Síndrome de
Down na sociedade e o fim do preconceito.
A pediatra Elvira Garcez de Castro Dória, do Ambulatório de Síndrome de Down da Secretaria de Saúde
do Distrito Federal, diz que, apesar de exigirem um pouco mais de cuidado dos pais, parentes, amigos e
professores, as pessoas que têm a síndrome são tão capazes quanto qualquer outra.
Essas crianças podem ser úteis sociedade, podem se desenvolver, devem ser incluídas, são seres humanos
como quaisquer outros e têm habilidades como todos nós seres humanos temos habilidades, o que é
importante é que elas devem ser estimulados desde o nascimento, destaca.
Gustavo Faria tem 17 anos, estuda pela manhã e há oito meses trabalha como menor aprendiz no Banco
do Brasil no período da tarde. O sonho dele é cursar a faculdade e ser dentista. A única diferença entre o
jovem e os colegas é que Gustavo Faria tem Síndrome de Down. A mãe dele, Lílian Faria, diz que o filho
mais velho é um tesouro, independentemente de qualquer dificuldade que tenha.
Lílian conta que, até conseguir o estágio, seu filho estava com auto-estima muito baixa, vivia triste por
sentir o preconceito, a diferença. Eu agradeço a Deus todos os dias por essa oportunidade [do estágio]. Um
portador de Síndrome de Down tem as mesmas necessidades de qualquer pessoa, e é muito importante que
sejam dadas a ele oportunidades também, diz.
A pediatra Elvira Garcez explica que a síndrome não é uma doença mas uma condição clínica causada
por uma alteração genética, um defeitinho de fabricação. Todas as pessoas têm, dentro de cada célula, 23
pares de cromossomos estruturas que guardam o material genético. As pessoas com Down têm uma trinca
do cromossomo 21, em vez de um par.
Elas têm características em comum, como os olhos puxados, a baixa estatura, a tendência obesidade e a
facilidade em contrair as mais variadas infecções. Além disso, a pediatra diz que de 40% a 50% têm
problemas congênitos no coração e cerca de 50% apresentam problemas visuais e auditivos.
Entre os estímulos necessários para quem tem Síndrome de Down, a pediatra cita a fisioterapia, para
43
fortalecer a musculatura, e a fonoaudiologia, já que eles têm dificuldades com a fala. Além disso, devem
tomar todas as vacinas, mesmo as que não estão no calendário oficial, e conviver sempre com outras
crianças.
Lúcia Medeiros, mãe de Ana Clara, que completa 3 anos no próximo dia 28, sabe disso. Ela conta que
desde que adotou a menina buscou logo o apoio de uma escola inclusiva, que atenda e estimule tanto
crianças "normais" como crianças especiais. Mãe de outros dois filhos, adolescentes, Lúcia conta que Ana
Clara é a paixão da família e que não sentiu resistência dos parentes quando decidiu adotá-la. No entanto, ela
reconhece que ainda há preconceito.
É isso o que está faltando, nós pais passarmos para as pessoas que eles são pessoas comuns, que eles
aprendem, são bonitos, embora com características diferentes.
A opinião é compartilhada por Juliana Santos, mãe de Vinícius, de 3 anos, e membro da Associação DF
Down, que atua na defesa dos direitos das pessoas que têm a síndrome. Não tem limite para o que os nossos
filhos podem atingir, esses limites foram colocados no passado por desconhecimento, então a gente quer
que os nossos filhos busquem esses sonhos, porque eles são capazes de atingir o que eles sonharem.
Fonte; Vida e Saúde noticias
Il
Anex
44
A PESQUISA
1-Síndrome de Down é contagioso?
Não, até porque a Síndrome de Down não é uma doença e sim uma anomalia genética.
2- O que é Síndrome de Down?
Síndrome de Down ou trissomia do 21 é o resultado de um acidente genético, onde ao invés
de 46 cromossomos o indivíduo tem 47 cromossomos por célula. O cromossomo excedente
se liga ao par 21, por isso o nome de trissomia do 21.
3- Existem outros tipos de Síndrome de Down?
São três os tipos existentes:
1- trissomia simples, que é o exposto acima, ou seja trissomia do 21
2- translocação, onde observa-se a trissomia, mas nem todos estão no par 21
3- mosaicismo, caracterizado por mostrar a trissomia em algumas células e outras não
4- A culpa pode ser do pai ou da mãe?
Não se pode atribuir a culpa a nenhum dos dois, o problema acontece assim que o esperma
fecunda o óvulo e a bem da verdade, que relevância isto poderia ter.
5- Um tombo, um susto ou drogas poderiam contribuir para esta aberração?
Não, o problema é única e exclusivamente genético e suas causas são desconhecidas.
6- Existe uma idade que poderia ser considera de risco no que diz respeito a geração
de um criança Down?
A algum tempo alguns médicos defendiam que mulheres acima de 35 anos de idade
correriam um risco maior, mas esta teoria não foi confirmada, na verdade este é um risco
que qualquer casal em qualquer idade corre, a probabilidade é de 1 a cada 700 nascimentos
em média, algumas pesquisas apontam um pouco mais, outras um pouco menos.
7- Quais os sinais que o portador da Síndrome de Down apresenta?
O portador da Síndrome pode apresentar as seguintes características:
1- achatamento do occipital
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2- olhos amendoados, tipo dos orientais
3- uma única prega na palma da mão
4- uma separação grande entre o primeiro dedo (dedão) e o segundo dedo do pé
5- hipotonia muscular
8- Crianças com Síndrome de Down podem ser independentes?
Nada é impossível, mas não devemos fixar metas muito elevadas que possam de alguma
forma inibir ou desmotivar a criança, o que realmente conta é a superação dos seus próprios
limites no dia a dia, por menor que seja.
9- Qual o maior problema que enfrenta um Down?
Dentre muitos, os que eu considero extremamente lamentável e imperdoável, são a
ignorância e o preconceito, o mesmo que sofrem os negros, os aidéticos e muitos outros.
10- Portadores de Down podem se aposentar?
Se ele cumprir seus deveres com o INSS, sim. Se de forma alguma ele não puder se
encaixar na CLT, então, quanto mais cedo possível, os pais deverão procurar o posto do
INSS do seu bairro, onde serão informados a respeito da documentação que deverá ser
providenciada. Reunindo essa documentação e apresentando ao posto, será possível
transferir a aposentadoria dos pais para o portador da síndrome, quando os pais vierem a
faltar.
11- Existem negros portadores da Síndrome Down?
Sim. Existem negros, asiáticos, europeus, toda e qualquer raça, talvez por estarmos num
país de predominancia branca, seja mais difícil ver um portador de outra raça ou cor.
12- Os portadores da Síndrome deDown podem gerar filhos?
Entre eles não, já que os meninos são estéreis, porém, as meninas ovulam, embora os
períodos não sejam regulares. Agora, se uma portadora da Síndrome de Down se relacionar
com um homem não portador, é possível que ela tenha seu óvulo fecundado, só não sei
dizer qual é a probabilidade dessa criança ser ou não portadora da Síndrome de Down.
br.geocities.com/webc_br/duvidas.
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�DICE
FOLHA DE ROSTO 2
AGRADECIMENTO 3
DEDICATÓRIA 4
RESUMO 5
METODOLOGIA 6
SUMÁRIO 7
INTRODUÇÃO 8
CAPÍTULO I _ Currículo 12
1.1 – A história do Currículo 12
1.2_ O Surgimento do Currículo 13
1.3 _ As primeiras tendências 14
1.4 _ Currículo escolar 16
1.5 _ Dimensão de um Currículo 18
CAPÍTULO II – Síndrome de Down 18
2.1 _ Características 20
2.2 _ A família 23
CAPÍTULO III _ Inclusão 26
3.1 _ O que dizem as leis 28
3.2_ As Leis 29
47
3.3_ Como se dá a aprendizagem do Dowm? 32
3.4 _ Proposta Educacional para o portador de Down 35
Conclusão 38
Bibliografia 40
Anexos 41
Índice 46
Folha de avaliação 48
48
FOLHA DE AVALIÇÃO
Nome da Instituição: Universidade Cândido Mendes
Título da Monografia: “ O NORMAL È SER DIFERENTE”
Autor: Daniele Martins Netto Reis de Britto
Orientador: Mary Sue Pereira
Data da entrega:
Avaliado por:
Conceito: