ufu - poncedaher.net.brponcedaher.net.br/egen/sites/default/files/gestao-esporte-e-ok-89... ·...

16
Cidades Olímpicas: Uma Análise do Planejamento Orçamentário e Resultados nos Jogos Olímpicos desde 1976 Lina Eiko Nakata - [email protected] Universidade Federal de Uberlândia UFU Edileusa Godói-de-Sousa - [email protected] Universidade Federal de Uberlândia UFU Edvalda Araujo Leal - [email protected] Universidade Federal de Uberlândia UFU Área temática: Gestão do Esporte e Entretenimento Resumo O objetivo deste trabalho foi analisar o planejamento orçamentário e os valores divulgados publicamente dos custos dos jogos olímpicos, com base nas edições de dez cidades-sede (Montreal 1976, Moscou 1980, Los Angeles 1984, Seul 1988, Barcelona 1992, Atlanta 1996, Sydney 2000, Atenas 2004, Pequim 2008, Londres 2012), a fim de contribuir para o construto conceitual comparado aos termos práticos nesse campo cada vez mais expressivo financeiramente. Para isso, utilizou-se como metodologia a pesquisa descritiva quanti-quali e fez se uso de dados secundários coletados da obra de Gold e Gold (2011) e documentos oficiais das Olimpíadas, desde o planejamento da candidatura até a realização do evento. Os valores orçamentários foram coletados, comparados e analisados juntamente com a explicação dada para as diferenças, por meio do método da análise de conteúdo (BARDIN, 1977). Os principais resultados revelaram que as diferenças entre os valores orçados e realizados têm causas bastante variadas, pois dependem totalmente de cada contexto social, político, econômico e esportivo. Da mesma forma, os resultados obtidos tanto financeiros quanto intangíveis também foram distintos, independentes de variáveis em comum. É importante ressaltar que cada edição dos jogos olímpicos apresenta características bastante peculiares e a análise deve ser realizada de forma isolada. Em geral, os resultados financeiros atingidos estão diretamente relacionados à competência dos organizadores de cada edição, e alguns otimizaram seus resultados por meio de patrocínios, comercialização de produtos, venda de ingressos e turismo, enquanto outros tiveram gastos que não se cobriram. Um achado importante é que, nas últimas edições, percebeu-se um controle orçamentário mais frequente e mais detalhado. Quanto mais esse processo foi realizado, melhores foram os resultados financeiros obtidos. Além disso, sugere-se que os legados possam ter seus ganhos financeiros mensurados, pois percebe-se que alguns resultados intangíveis foram bem relevantes, mas nem sempre visíveis na parte financeira. Palavras-chave: Cidades Olímpicas. Planejamento Orçamentário. Jogos Olímpicos. 1672

Upload: truongcong

Post on 18-Jan-2019

212 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Cidades Olímpicas: Uma Análise do Planejamento Orçamentário e Resultados nos Jogos

Olímpicos desde 1976

Lina Eiko Nakata - [email protected]

Universidade Federal de Uberlândia – UFU

Edileusa Godói-de-Sousa - [email protected]

Universidade Federal de Uberlândia – UFU

Edvalda Araujo Leal - [email protected]

Universidade Federal de Uberlândia – UFU

Área temática: Gestão do Esporte e Entretenimento

Resumo

O objetivo deste trabalho foi analisar o planejamento orçamentário e os valores divulgados

publicamente dos custos dos jogos olímpicos, com base nas edições de dez cidades-sede

(Montreal 1976, Moscou 1980, Los Angeles 1984, Seul 1988, Barcelona 1992, Atlanta 1996,

Sydney 2000, Atenas 2004, Pequim 2008, Londres 2012), a fim de contribuir para o construto

conceitual comparado aos termos práticos nesse campo cada vez mais expressivo

financeiramente. Para isso, utilizou-se como metodologia a pesquisa descritiva quanti-quali e

fez se uso de dados secundários coletados da obra de Gold e Gold (2011) e documentos

oficiais das Olimpíadas, desde o planejamento da candidatura até a realização do evento. Os

valores orçamentários foram coletados, comparados e analisados juntamente com a explicação

dada para as diferenças, por meio do método da análise de conteúdo (BARDIN, 1977). Os

principais resultados revelaram que as diferenças entre os valores orçados e realizados têm

causas bastante variadas, pois dependem totalmente de cada contexto social, político,

econômico e esportivo. Da mesma forma, os resultados obtidos – tanto financeiros quanto

intangíveis – também foram distintos, independentes de variáveis em comum. É importante

ressaltar que cada edição dos jogos olímpicos apresenta características bastante peculiares e a

análise deve ser realizada de forma isolada. Em geral, os resultados financeiros atingidos

estão diretamente relacionados à competência dos organizadores de cada edição, e alguns

otimizaram seus resultados por meio de patrocínios, comercialização de produtos, venda de

ingressos e turismo, enquanto outros tiveram gastos que não se cobriram. Um achado

importante é que, nas últimas edições, percebeu-se um controle orçamentário mais frequente e

mais detalhado. Quanto mais esse processo foi realizado, melhores foram os resultados

financeiros obtidos. Além disso, sugere-se que os legados possam ter seus ganhos financeiros

mensurados, pois percebe-se que alguns resultados intangíveis foram bem relevantes, mas

nem sempre visíveis na parte financeira.

Palavras-chave: Cidades Olímpicas. Planejamento Orçamentário. Jogos Olímpicos.

1672

1. Introdução

Ao idealizar o Movimento Olímpico, em 1892, o pedagogo e historiador francês Pierre de

Frédy, mais conhecido como barão de Coubertin, acreditava que poderia promover a paz e

colaborar para a transformação da sociedade por meio do esporte.

Com este pensamento, Pierre Coubertin trabalhou para a reedição dos Jogos Olímpicos, uma

das celebrações mais importantes da Grécia Antiga. Inclusive as guerras e os conflitos eram

suspensos, para que os participantes e espectadores pudessem ir à cidade sede dos jogos, para

participar ou simplesmente para assistir as competições. “As organizações buscavam a

resolução de conflitos, tanto de ordem interna como externa, pelo uso da razão e das leis, e

não pelas armas” (RUBIO, 2005, p. 57). Nessa lógica, a competição esportiva era uma forma

racionalizada de conflito sem o uso da violência.

Dessa forma, ao fundar o Movimento Olímpico, o barão de Coubertin baseou-se nos seguintes

princípios básicos: (a) promover o desenvolvimento das qualidades físicas e morais, que estão

na base do esporte; (b) educar a população jovem por meio do esporte, em um espírito de

entendimento e amizade mútuos, ajudando-a na construção de um mundo melhor e mais

pacífico; (c) difundir os princípios olímpicos por todo o mundo, criando assim a boa vontade

internacional; e , (d) reunir os atletas dos países civilizados nos Jogos Olímpicos a cada quatro

anos (PRONI; ARAUJO; AMORIM, 2008).

Desde então, os Jogos Olímpicos se transformaram em um dos eventos culturais mais

importante do planeta. Para Proni, Araujo e Amorim (2008, p. 7), “os jogos olímpicos são

uma combinação impressionante de espetáculo e competição, heroísmo e fatalidade,

nacionalismo e globalização cultural”.

Entretanto, paralelamente ao seu caráter simbólico, há outro lado grandioso, revelado quando

se observa a dimensão material que envolve milhões de pessoas direta e indiretamente na

preparação e realização de uma Olimpíada. Há uma racionalidade que caminha em paralelo à

organização das competições e à disputa de medalhas: o valor econômico dos Jogos

Olímpicos. (PRONI; ARAUJO; AMORIM, 2008).

As imagens transmitidas das Olimpíadas cada vez impressionam mais. São imagens que

retratam a grandiosidade das instalações esportivas e as obras realizadas na cidade sede

(infraestrutura urbana: transporte, saneamento, energia, segurança, hospedagem). Invisíveis

aos olhos da maioria dos telespectadores, também estão sendo quebrados vários recordes: os

valores pagos pelos patrocinadores, pelas emissoras de televisão, entre outros.

O Comitê Olímpico Internacional (COI), ao longo dos anos, vem transformando as

Olimpíadas num sofisticado projeto de marketing, que tem gerado lucros milionários aos seus

organizadores (PAYNE, 2006). Proni (2009) expõe que os custos para a realização de uma

Olimpíada têm aumentado a cada ano, por exigir das cidades-sede dos jogos um padrão de

qualidade que se traduz num conjunto de serviços urbanos que garantam a mobilidade, o

conforto e a segurança das delegações olímpicas, assim como de espectadores vindos de todas

as partes do mundo. Ainda assim, conforme o referido autor, a disputa para receber a

Olimpíada se acirrou, nos últimos anos. As metrópoles candidatas a sediarem os jogos

olímpicos têm investido milhões de dólares em suas candidaturas. Certamente, estão

convencidas de que é um bom negócio e que os benefícios esperados compensarão os

esforços requeridos. “São razões de Estado, mescladas a interesses privados que, quando bem

articulados, convergem para um planejamento rigoroso, capaz de transformar custos elevados

em rentáveis dividendos políticos, econômicos e sociais” (PRONI; ARAUJO; AMORIM,

2008, p. 7).

1673

Como os jogos olímpicos em si duram apenas 17 dias, há uma preocupação por parte do COI

que haja um aproveitamento por parte da comunidade local de todos os benefícios diretos da

organização do evento. Conforme Bittencourt (1999), dentro do processo de seleção das

cidades candidatas são considerados critérios e tendências para avaliação: instalações

poliesportivas existentes e sua adaptação; criação de um novo projeto olímpico; repasse das

instalações para a população; apoio da população civil; estrutura de turismo e de lazer;

preocupações e ações relativas ao meio ambiente; mentalidade ecológica; sistema de

transporte urbano, interurbano e internacional; facilidade de telecomunicações; segurança:

mobilidade e evasão; raio de realização dos eventos, deslocamentos e trajeto público;

alinhamento do projeto urbano com o projeto olímpico.

O mesmo autor alerta que, a tentativa de alcançar esses objetivos pode gerar uma corrida aos

cofres públicos e uma distorção na administração pública. Ou seja, o conceito de cidade

olímpica não deveria ser um argumento para a busca de recursos, mas o guia para um

planejamento urbano a partir dos recursos locais disponíveis.

Nesse sentido, Rubio (2005, p. 3) entende que, “[...] a avaliação do legado de uma cidade

olímpica oscila entre os benefícios (ou prejuízos) materiais, mensuráveis pelos custos

financeiros envolvidos e obras edificadas, e humanos, de quantificação mais complexa [...]”.

Sem dúvida, os riscos econômicos na realização de uma Olimpíada são muito elevados. Por

isso, para Proni (2009), o financiamento dos Jogos tem sido uma questão delicada para os

governos dos países que hospedam esse megaevento.

O ponto mais crítico do debate econômico sobre os Jogos Olímpicos tem sido a

questão do financiamento, uma vez que geralmente o Estado assume um papel

central na alocação de recursos. As receitas do marketing olímpico podem pagar a

conta da festa (às vezes, até geram lucros para os organizadores), mas não pagam a

construção do local da festa, nem o suporte logístico (isto é, os investimentos

necessários para adequar e modernizar os equipamentos urbanos e as instalações

esportivas) (PRONI; ARAUJO; AMORIM, 2008, p. 47).

Por ser um ponto relevante da agenda política nacional, Proni, Araujo e Amorim (2008)

acreditam que é muito importante que as pessoas, principalmente da cidade sede dos Jogos,

sejam informadas a respeito de perguntas muito simples: quanto custará ao País o privilégio

de sediar os jogos? Como serão divididos tais custos? Quem vai lucrar com a realização desse

megaevento? Quais os legados desejados e quais os ônus indesejados? Esses

questionamentos, segundo os referidos autores, devem ser frequentes.

García (2004) argumenta que, embora sempre seja apresentado um planejamento realizado

pelas cidades que têm sido sede dos jogos olímpicos, o que se observa na sua realização é que

muitos dos cálculos apresentados pelas cidades postulantes estejam baseados em uma

perspectiva puramente econômica, que dá prioridade aos impactos físicos e financeiros sobre

os possíveis efeitos culturais e sociais. Além disso, segundo a autora, costuma-se avaliar os

impactos desses megaeventos apenas pelos efeitos de curto prazo, sem se estabelecer planos

para monitorar sua sustentabilidade para além dos três a cinco primeiros anos.

O presente estudo se debruça sobre essa temática, analisando o planejamento orçamentário e

os valores divulgados publicamente dos custos dos jogos olímpicos, com base nas edições de

dez cidades-sede (Montreal 1976, Moscou 1980, Los Angeles 1984, Seul 1988, Barcelona

1992, Atlanta 1996, Sydney 2000, Atenas 2004, Pequim 2008, Londres 2012), a fim de

contribuir para o construto conceitual comparado aos termos práticos nesse campo cada vez

mais expressivo financeiramente, assim como observar os resultados obtidos, tanto

financeiramente quanto na forma de legado.

1674

Decidiu-se que essas edições seriam o objeto de estudo porque foi a partir da década de 1970

que o amadorismo deixou de ser um dos pilares do olimpismo (RUBIO, 2002). A

profissionalização dos atletas e consequentes mudanças no contexto esportivo provocaram

uma nova forma de se lidar com o mercado que envolve os jogos olímpicos.

2. Referencial Teórico

2.1. Jogos olímpicos

Os jogos olímpicos foram criados pelos gregos por volta de 2500 a.C. em homenagem a Zeus,

o maior dos deuses segundo a mitologia grega. Pessoas de várias cidades da Grécia Antiga se

uniam no santuário de Olímpia – por isso o termo Olimpíadas – para disputar as competições

esportivas. Os vencedores eram recebidos como heróis em suas cidades e ganhavam uma

coroa de louros (RIBEIRO, 2016). Além da religiosidade, buscava-se por meio dos Jogos

Olímpicos a paz e a harmonia entre as cidades que compunham a civilização grega. Durante a

realização dos jogos eram selados acordos de cessar fogo e tréguas entre cidades inimigas. A

paz, a amizade e o bom relacionamento entre os povos e o espírito olímpico sempre foram os

princípios dos jogos olímpicos.

Segundo Proni, Araujo e Amorim (2008), os jogos olímpicos uniram os gregos até o ano 394

d.C., quando o imperador Teodósio II, convertido ao cristianismo, proibiu todas as festas

pagãs, inclusive os Jogos. Mas, Pierre de Fredy, o barão de Coubertin lançou, em 1894, numa

reunião na Sorbonne, a ideia de reviver a antiga tradição grega, por meio da qual esperava

unir os povos. Desse modo, em 1894, apoiado pelo americano William Sloane e pelo inglês

Charles Herbert, e contando com a presença de representantes de 15 países, fundou o C.O.I.,

organismo que até hoje controla todo o mundo olímpico. Dois anos depois, realizava-se em

Atenas e 1ª disputa dos jogos olímpicos da era moderna (RIBEIRO, 2016; BIRAFITNESS,

2016). De forma limitada e com algumas restrições (por exemplo, as mulheres só começariam

a participar, discretamente, a partir dos jogos olímpicos de 1900, em Paris), as Olimpíadas de

Atenas 1896, foi a primeira edição daquele que veio a se tornar o maior evento esportivo do

mundo (PRONI; ARAUJO; AMORIM, 2008).

Com o passar dos anos, os Jogos Olímpicos foram ganhando maior importância e foram

sendo inventadas novas tradições. Desde o seu renascimento, com interrupções apenas

durante as duas guerras mundiais, os jogos olímpicos são realizados a cada quatro anos,

quando atletas de centenas de países se reúnem numa cidade sede para disputarem um

conjunto de modalidades esportivas. A própria bandeira olímpica representa essa união de

povos e raças, sendo formada por cinco anéis entrelaçados, representando os cinco

continentes e suas cores.

Entretanto, os Jogos Olímpicos, em função de sua visibilidade, já serviram de palco para

várias manifestações políticas ao longo da história. Nas Olimpíadas de Berlim (1936), Adolf

Hitler, movido pela ideia de superioridade da raça ariana, não ficou para a premiação do atleta

norte-americano negro Jesse Owens, que ganhou quatro medalhas de ouro. Nas Olimpíadas da

Alemanha em Munique (1972), um atentado do grupo terrorista palestino Setembro Negro

matou 11 atletas da delegação de Israel. Em plena Guerra Fria, os EUA boicotaram os Jogos

Olímpicos de Moscou (1980) em protesto contra a invasão do Afeganistão pelas tropas

soviéticas. Em 1984, foi a vez da URSS não participar das Olimpíadas de Los Angeles,

alegando falta de segurança para a delegação de atletas soviéticos (RIBEIRO, 2016).

A seguir, o Quadro 1 apresenta um resumo das Olimpíadas realizadas desde Montreal 1976 a

Londres 2012, mostrando o número de países participantes, de modalidades disputadas, de

atletas participantes, o período de realização dos jogos, orçamento operacional, custos totais,

resultados da participação do Brasil, alguns comentários sobre cada Olimpíada.

1675

Quadro 1 – Informações básicas sobre as Olimpíadas, de Montreal 1976 a Londres 2012

Edição

Países

partici-

pantes

Nº de

modali-

dades

Nº de atletas Período

Orçamento

operacional

(em $ mi)

Custos

totais

(em $ mi)

Partici-

pação

do Brasil

Comentários

Montreal,

1976

92 21

6.084 (4.824 homens,

1.260

mulheres)

17 de julho

01 de agosto

207 1.410 36º lugar

Com segurança

feita por 16 mil soldados, os jogos

têm boicote político

e avanço na luta antidoping.

Moscou,

1980

80 21

5.179 (4.064

homens, 1.115

mulheres)

19 de julho

a 03 de agosto

231 1.350 17º lugar

União Soviética

compensa boicote

liderado pelos Estados Unidos

com supremacia e pompa.

Los

Angeles, 1984

140 23

6.829 (5.263

homens, 1.566

mulheres)

28 de julho

a 12 de

agosto

3210 413 19º lugar

Soviéticos revidam

boicote, mas

Olimpíada tem recorde de

participação e show

de tecnologia.

Seul, 1988

159 25

8.391 (6.197 homens,

2.194

mulheres)

17 de setembro a

02 de

outubro

4.000 - 24º lugar

Na era pós-boicotes,

escândalo de doping

no atletismo marca os Jogos da Coreia

do Sul.

Barcelona, 1992

169 28

9.356 (6.652

homens,

2.704 mulheres)

25 de julho a 09 de

agosto

850 9.300 25º lugar

Barcelona encerra

espera de sete décadas e apresenta

Jogos com nova

divisão geopolítica.

Atlanta,

1996

197 26

10.318 (6.806

homens,

3.512 mulheres)

19 de julho

a 04 de

agosto

1.800 - 25º lugar

Ato terrorista deixa

dois mortos e

mancha comemoração do

centenário

olímpico.

Sydney,

2000 199 28

10.651

(6.582 homens,

4.069

mulheres)

15 de

setembro a

01 de outubro

6.600 - 52º lugar

Foram batidos os

recordes de atletas

participantes, países, mulheres,

jornalistas,

voluntários, esportes, provas,

medalhas, direitos

de TV e espectadores.

Atenas,

2004

201 35

10.625

(6.296

homens, 4.329

mulheres)

13 a 29 de

agosto 15.000 9.000 16º lugar

Grécia surpreende

pela organização e

pelos casos de doping de duas de

suas estrelas.

Pequim,

2008

204 28

10.942 (6.305

homens,

4.637 mulheres)

08 a 24 de agosto

44.000 - 23º lugar

China se abre ao mundo ocidental e

comprova sua força

ao superar os Estados Unidos.

Londres,

2012 204 26

10.500

(5.802 homens,

4.688

mulheres)

27 de julho a 12 de

agosto

10.400 14.600 22º lugar

A Olimpíada de

Londres foi a

primeira na história em que todos os

países participantes

possuem mulheres em suas delegações.

Fonte: elaborado pelas autoras baseado em UOL (2016), Gold e Gold (2011), e relatórios oficiais das edições

olímpicas.

1676

Comparando as diferentes edições, nota-se que houve um aumento expressivo no número de

modalidades, de países participantes e de competidores. Lancellotti (1996) destaca também,

um desenvolvimento inquestionável das técnicas de treinamento, da tecnologia dos

equipamentos e dos índices de desempenho atlético. Houve ainda, uma ampliação substantiva

da participação feminina e uma diversidade marcante de raças e etnias.

Rubio (2006) propõe quatro fases que buscam ressaltar momentos distintos pelos quais passou

e tem passado o Movimento Olímpico: Fase de estabelecimento - de Atenas 1896 a

Estocolmo 1912; Fase de afirmação - Antuérpia 1920 a Berlin 1936; Fase de conflito - de

Londres 1948 a Los Angeles 1984; e, Fase profissional - de Seul 1988 a Atenas 2004. A estas

fases, pode-se acrescentar a Fase midiática - voltada para a geração de lucros - de Pequim

2008 aos dias atuais. Segundo Coakley (2001) e Nakata (2014), a profissionalização do

esporte inicia-se na década de 1970.

Borelli (2001) observa a mídia como mobilizadora de estratégias discursivas singulares,

impregnadas de sentidos. “Para cobrir os eventos esportivos, cada mídia segue um ritual e

uma agenda própria, gerando, a partir de um fato único, múltiplos acontecimentos sociais.”

(BORELLI, 2001, p. 1). Para a referida autora, é importante se preocupar em observar,

analisar e refletir sobre a cobertura midiática de grandes eventos esportivos, pois há muitos

interesses em jogo, há questões de ordem, cultural, política, religiosa e, principalmente,

econômica. Por isso, os Jogos Olímpicos atuais, cada vez mais, são organizados por gestores

profissionais especializados em planejamento e marketing, que buscam fazer dos campeões

olímpicos verdadeiros garotos-propaganda e dos espectadores consumidores em potencial.

Portanto, torna-se cada vez mais difícil organizar os Jogos Olímpicos, pelo altíssimo

investimento financeiro que representam e pela mobilização em torno de um planejamento

estratégico. Mesmo assim, dezenas de cidades pretendem ainda formalizar suas candidaturas

para disputar ferrenhamente o direito de sediar os Jogos na próxima década.

Para a Olimpíada de 2016, que acontecerá no Rio de Janeiro, o Tribunal de Contas da União,

publicou o Dossiê de Candidatura Rio 2016, documento usado na seleção da cidade que

sediaria os Jogos Olímpicos e Paralímpicos 2016, que previu mais de R$ 12 bilhões em

investimentos, conforme mostra a Tabela 1:

Tabela 1 - Investimentos previstos no Dossiê de Candidatura do Rio de Janeiro

Área Investimento

Público (R$ mi)

Investimento

COJO* (R$ mi)

Total (R$ mi) %

Acomodações 2.590,49 0,00 2.590,49 20,69

Instalações

Esportivas

953,29 565,07 1.518,36 12,13

Segurança 471,90 0,00 471,90 3,77

Tecnologia 405,86 71,63 477,49 3,81

Transportes 7.460,00 0,00 7.460,00 59,60

Total 11.881,54 636,70 12.518,24 100

% 94,91 5,09 100

Fonte: BRASIL – TCU (2013).

Entretanto, a Autoridade Pública Olímpica (APO), em parceria com os Governos Federal,

Estadual e Municipal do Rio de Janeiro, divulgou em janeiro de 2015 uma atualização da

Matriz de Responsabilidades dos Jogos Olímpicos e Paraolímpicos Rio 2016, prevendo um

gasto de R$ 37,7 bilhões, sendo que R$ 6,6 bilhões correspondem aos projetos de arenas; R$

24,1 bilhões ao legado, e R$ 7 bilhões ao Comitê Organizador da Olimpíada.

Enfim, tais dados revelam a importância do planejamento orçamentário para um megaevento

como as Olimpíadas.

1677

2.2. Planejamento orçamentário e suas finalidades

A contabilidade gerencial envolve o processo de mensuração dos eventos econômicos e fonte

de informações que norteiam as decisões de planejamento e controle dos gestores das

empresas (ATKINSON et al., 2000; HORNGREN; SUNDEM; STRATTON, 2004). Neste

contexto, o orçamento, é definido como um plano de metas e recursos que se vincula à

execução das estratégias organizacionais (MOURA; DALLABONA; LAVARDA, 2013;

LUNKES; FELIU; ROSA, 2011).

O orçamento é uma ferramenta que auxilia o planejamento na medida em que possibilita a

visualização antecipada dos possíveis resultados econômico-financeiros, amparando o

processo decisorial (SIMAS; COSTA; MORITZ, 2008; FREZATTI, 2009). O orçamento é o

plano expresso em números e serve de guia na execução das metas nele descritas, tanto na

previsão quanto em controle (HANSEN, MOWEN, 2001; SOUZA; LAVARDA, 2012). No

planejamento, a previsão é um importante aliado para projeção de informações futuras,

Scarpin, Santiago e Scarpin (2003, p.1) afiram que “Se não há previsão ou a previsão é

errada, causará uma série de problemas e custos” .

Entretanto, Covaleski et al. (2006) complementam que a prática do orçamento abarca muitos

dos aspectos da contabilidade gerencial, que vão desde a análise de custos, controle, medição

até a avaliação de recursos e atividades de uma organização.

Verifica-se que o planejamento é fundamental para o sucesso de projeção orçamentária,

seguido pelo controle e acompanhamento das atividades por ele determinadas. Quanto ao

objetivo de controle, Lunkes, Feliu e Rosa (2011) abordam que o orçamento direciona a

execução por meio da comparação do previsto com o realizado, por meio da análise das

diferenças entre ambos, implementando as medidas de ajustes e, também, antecipando

resultados esperados no futuro de um determinado período.

Segundo Eyerkaufer, Possamai e Gonçalves (2014, p. 190), “a quantificação dos planos

estratégicos ocorre a partir do orçamento, que, além de exprimir o planejamento em termos

monetários, funciona como ferramenta de controle e caracteriza-se como peça estratégica no

processo de gestão”. Os autores apontam que o orçamento “é um instrumento de ação que

busca visualizar e antecipar os resultados almejados” (EYERKAUFER; POSSAMAI;

GONÇALVES, 2014, p. 190).

O plano de ação futuro é resultado de decisões presentes projetadas, Oliveira (2004) classifica

o planejamento em: estratégico de longo prazo; planejamento tático de médio prazo e, ainda,

o planejamento operacional, ou de curto prazo, que é o detalhamento das metas de longo e

médio prazos transformadas em planos de ação e orçamentos anuais. O controle orçamentário

é um instrumento que permite aos gestores avaliar e controlar quão próximo estão os

resultados em relação ao que planejou para determinado período. Permite desenvolver ações

corretivas que visam auxiliar a aproximar-se cada vez mais das metas planejadas

(FREZATTI, 2009).

Quanto à utilização do orçamento, Hansen e Van Der Stede (2004) estudaram as razões pelas

quais os gestores utilizam o orçamento, a fim de identificar, dentre essas razões, quais

características influenciam o seu desempenho. Os resultados indicaram que as razões de orçar

basearam-se no grau de importância e performance e foram divididos em ações de curto prazo

ou operacionais, e de longo prazo ou estratégicas. Dentre as razões, destacaram-se:

planejamento operacional, avaliação de desempenho, comunicação de metas e formação de

estratégias.

As razões que motivam o uso do orçamento advêm de acontecimentos anteriores à elaboração

do mesmo, que podem sofrer influência tanto do ambiente externo quanto do ambiente

1678

interno, como: fluxo de produção/tarefas e recursos, estratégia de organização, estrutura e

tamanho (HANSEN; VAN DER STEDE, 2004). Os autores, ao analisarem a inter-relação

entre os acontecimentos anteriores e as razões de orçar, demonstram que a maior execução

orçamentária está focada nas razões: planejamento operacional, avaliação de desempenho e

formulação da estratégia, e essas razões estão positivamente associadas com o desempenho da

unidade organizacional.

Segundo Frezatti (2009), as organizações encontram dificuldades para projetar expectativas

realistas em ambientes altamente instáveis como a economia brasileira, mas o autor indica as

vantagens do planejamento orçamentário, evidenciadas no Figura 2.

Vantagens do Planejamento Orçamentário

- Atividades da empresa serão desenvolvidas de

forma coordenada;

- Propicia maior transparência a seus usuários;

- Decisões serão tomadas antecipadamente; - As responsabilidades estarão definidas e delegadas;

- Haverá um comprometimento de todos os

membros da organização;

- Haverá mais eficiência nas tarefas;

- Possibilita maior entendimento mútuo; - Forçará a autoanálise;

- Permite a avaliação do progresso realizado.

Figura 1 – Vantagens do Planejamento Orçamentário

Fonte: Frezatti (2009).

Percebe-se que são várias vantagens para o planejamento orçamentário, Sanvicente e Santos

(1983, p. 19) destacam que o objetivo do orçamento é funcionar como instrumentos de

planejamento administrativo: “os orçamentos elaborados fornecem direção e instruções para a

execução de planos, enquanto o acompanhamento, levando ao controle, permite a comparação

das realizações da empresa ao que tenha sido planejado”.

Para Zdanowicz (1983), o orçamento é um plano administrativo que expressa

quantitativamente todas as operações da empresa, num período determinado para o qual

algumas técnicas devem ser usadas na elaboração: a tendência, a correlação e o estudo de

mercado. Assim, no ambiente organizacional, o direcionamento ao processo de gestão deve

ser estabelecido com base no orçamento, conforme o ciclo empresarial evidenciado na Figura

3.

Figura 2 – Planejamento Orçamentário no Ciclo Empresarial

Fonte: Adaptada de Boisvert (1999).

1679

O processo orçamentário deverá atender ao planejamento da organização, para isso o ciclo

administrativo deve estar alinhado com as metas da empresa. Atkinson et al. (2000) indica

que o processo do orçamento deve abarcar o planejamento, programação, execução, controle e

análise das variações e correções.

Oportuno destacar, que de acordo com Jiambalvo (2002, p. 211), “mesmo que o orçamento

seja cuidadosamente elaborado, a empresa pode experimentar aumentos de preços

imprevisíveis e inevitáveis”. Essas variações servem de informações para que os gestores

estipulem ações corretivas para que, no próximo período, se tenha melhorado o resultado no

processo orçamentário.

3. Metodologia

Em relação aos procedimentos adotados, este estudo contextualizou a temática por meio de

revisões da literatura sobre o tema, utilizando-se principalmente da obra de Gold e Gold

(2011) e dos relatórios oficiais dos jogos. Este procedimento, de acordo com Noronha e

Ferreira (2000) apresenta-se como atividade importante para identificar, conhecer e

acompanhar o desenvolvimento da pesquisa em determinada área do conhecimento.

Conforme os mesmos autores, as revisões podem ser classificadas segundo seu propósito,

abrangência, função e tipo de análise desenvolvida. Desse modo, este trabalho pode ser

classificado da seguinte forma:

a. quanto ao propósito da revisão (analítica ou de base): este trabalho é analítico, pois trata-se

de uma revisão sobre um tema específico, agrupando os vários desenvolvimentos ocorridos

sobre uma temática ao longo de um período, no caso, sobre o planejamento orçamentário e os

valores divulgados publicamente dos custos dos jogos olímpicos, coletados principalmente da

obra de Gold e Gold (2011) e documentos oficiais de Olimpíadas e de outras fontes que

trazem as memórias das cidades, desde o planejamento da candidatura até a realização do

evento;

b. quanto à abrangência da revisão (temporal ou temática): este trabalho é temático, centrado

em um recorte específico sobre edições de dez cidades-sede (Montreal 1976, Moscou 1980,

Los Angeles 1984, Seul 1988, Barcelona 1992, Atlanta 1996, Sydney 2000, Atenas 2004,

Pequim 2008, Londres 2012);

c. com relação à função da revisão (histórica ou de atualização): este estudo é histórico, pois

arrola a literatura retrospectiva de forma compacta, permitindo a comparação de informações

de diferentes fontes;

d. quanto ao tratamento e abordagem dados aos trabalhos analisados da revisão: o trabalho se

caracteriza como pesquisa descritiva quanti-quali e objetiva servir como subsídio para

comparação das diferentes fontes, permitindo uma seleção daquelas de maior interesse

relativo ao tema abordado. Os valores orçamentários foram coletados, comparados e

analisados juntamente com a explicação dada para as diferenças, por meio do método da

análise de conteúdo (BARDIN, 1977).

Os limites desta pesquisa estão em analisar o planejamento orçamentário e os valores

divulgados publicamente dos custos dos jogos olímpicos, com base apenas nas edições de dez

cidades-sede (Montreal 1976, Moscou 1980, Los Angeles 1984, Seul 1988, Barcelona 1992,

Atlanta 1996, Sydney 2000, Atenas 2004, Pequim 2008, Londres 2012). Dessa forma, sugere-

se ampliar a análise acrescentando o restante das Olimpíadas da era moderna.

4. Análise dos Resultados

Os dados foram coletados em diversas fontes, mas principalmente a partir dos relatórios

oficiais dos Jogos Olímpicos e da obra de Gold e Gold (2011). Os resultados são tratados de

1680

acordo com cada edição do evento, e depois serão apresentados de forma geral, em um

quadro-resumo e análise geral.

Montreal, 1976

Montréal 1976 (1976) e Latouche (2011) apresentam gastos como sinônimos de custos, e

revelam que apesar de haver uma preocupação inicial em não ultrapassar o orçamento total

em US$ 310 milhões, os jogos atingiram US$ 1,5 bilhão, ou seja, quase cinco vezes mais que

o valor previsto. Segundo os documentos oficiais, a grande diferença deveu-se a dificuldades

técnicas, subestimação dos custos de materiais e de mão-de-obra, além de outras técnicas

utilizadas na construção das instalações olímpicas. Os diretores estavam atentos aos gastos,

mas aprovavam ao votarem em comitês, com apoio da maioria.

Moscou, 1980

Ao elaborar o orçamento, além de prever os ganhos com a bilheteria, os organizadores

também promoveram a comercialização de loteriais, que contribuíram de forma significativa

para atingir os valores desejados (GAMES OF THE XII OLYMPIAD, 1980). Todos os gastos

que envolveram a infraestrutura de Moscou foram cobertos pelo governo soviético, e tais

gastos estavam alinhados com o plano de desenvolvimento de cinco anos para a URSS. As

receitas esperadas vinham de: loterias (praticamente metade da receita total), licenciamento,

programa de moedas, direitos de televisão, patrocinadores, selos, bilheteria e outros (GAMES

OF THE XII OLYMPIAD, 1980).

Los Angeles, 1984

Diferentemente das outras edições, os documentos oficiais dos jogos de Los Angeles de 1984

deixam claro que o orçamento foi baseado nas receitas que viriam dos ganhos com as

transmissões televisivas. Com isso, estimou-se um lucro de aproximadamente US$ 12

milhões (OFFICIAL REPORT, 1984). Os valores do orçamento total eram revisados com

precisão e foram testados sete meses antes do início dos jogos. Além disso, é importante

ressaltar que durante o planejamento orçamentário, os organizadores consideraram os

resultados das Olimpíadas de Montreal e entenderam que uma cidade que já tivesse diversas

instalações esportivas seria mais rentável que outra que não as apresentasse milhões

(OFFICIAL REPORT, 1984).

Seul, 1988

De acordo com o Official Report (1988), houve falta de apoio orçamentário em diversas

atividades esportivas, mas foi realizado um esforço importante na parte logística que

economizou 14,6 bilhões de wons. Dessa forma, percebeu-se que diversos desperdícios

poderiam ser evitados. O departamento de planejamento era responsável por controlar o

orçamento geral e as políticas básicas eram bem definidas e executadas; além disso,

aproveitou-se bastante do orçamento para investir em equipamentos esportivos, que depois se

mostraram relevantes para estimular a indústria do esporte no país (OFFICIAL REPORT,

1988).

Barcelona, 1992

Barcelona 1992 (1992) e Monclús (2011) destacam que o planejamento orçamentário dessa

edição teve que considerar fortemente a questão da modernização da cidade, principalmente

com a crise econômica que se seguia após a morte de Franco, em 1975. Até então, foram os

maiores custos divulgados em jogos olímpicos. Os projetos urbanos e arquitetônicos foram

elaborados a fim de reconstruir a cidade-sede e melhorá-la para atrair turistas, sendo bastante

eficientes com tais projetos. Isso mostra que o orçamento previsto foi bastante além do grande

evento esportivo, pois envolveu uma transformação que até ganhou prêmios de

1681

reconhecimento arquitetônico para a modernidade e racionalidade (MONCLÚS, 2011). No

caso de Barcelona, a imagem construída gerou oportunidades de negócio que não se

mensurou no orçamento inicial, e atualmente é considerado o melhor modelo de legado.

Atlanta, 1996

Para um bom controle orçamentário, as prioridades eram constantemente discutidas nas áreas

funcionais e as equipes traziam soluções com eficiência nos custos. Diversas adaptações nas

instalações dos jogos foram realizadas a fim de atender o orçamento previsto (THE

COMPETITION RESULTS, 1996). A revisão frequente do orçamento foi fundamental para

que essa edição apresentasse lucros, pois os orçamentos eram desenvolvidos, testados e

refinados após discussões (THE COMPETITION RESULTS, 1996).

Sydney, 2000

Quatro anos antes do início dos jogos, diversos dados orçamentários foram detalhados e

revistos para verificar se os custos seriam cobertos pelas futuras receitas. Nesse momento, os

custos foram revistos e os legados foram previstos. A ideia era otimizar o desenvolvimento

das instalações esportivas de acordo com os requisitos mínimos e obter alguns parâmetros

(PREPARING FOR THE GAMES, 2000). O documento traz o termo “gastos” para os custos

operacionais, e dois terços desse valor foi financiado pelo governo australiano. Em relação

aos custos, a maior diferença entre o orçado e o realizado foi nos transportes, pois previu-se

um gasto de A$ 25 milhões, mas foram utilizados A$ 370 milhões (PREPARING FOR THE

GAMES, 2000). Segundo o documento, o prejuízo de mais de dois milhões de dólares

ocorreu devido a contratos não cumpridos e baixas vendas, tendo um resultado bastante

ineficiente.

Atenas, 2004

Athens 2004 (2004) e Gold (2011) revelam que, em 1996, previa-se um lucro para esses

jogos, com gastos totais de US$ 1.570 milhões e receitas que gerariam US$ 1.607 milhões;

porém, sabe-se a Grécia gastou em torno de US$ 15 bilhões para realizar o evento. De acordo

com eles, a diferença poderia ser justificatida por: premissa do euro, instalações esportivas

que tiveram custos bastante variados, e implementação de um plano que impactou no

rascunho do orçamento inicial (ATHENS 2004, 2004). As revisões orçamentárias eram feitas

a cada semestre, e limitavam o valor de acordo com a previsão das receitas, cujos

patrocinadores tiveram participação importante. Ao final, houve um grande prejuízo devido a

grandes problemas técnicos e o investimento na estrutura da cidade-sede que não gerou

retorno financeiro.

Pequim, 2008

Beijing 2008 (2008) declara que os orçamentos foram realizados pelo departamento de

finanças do governo chinês e apresentados ao COI. Foram necessários ajustes no plano

orçamentário e primeira versão foi divulgada em maio de 2005, cujos gastos foram

recalculados. A implementação do orçamento considerou: leis governamentais em relação às

finanças, gestão financeira integrada, foco em projetos-chave, e equilíbrio entre gastos e

receitas (BEIJING 2008, 2008). Pode-se entender que os jogos na China foram bem

sucedidos, pois tiveram os melhores resultados financeiros até hoje.

Londres, 2012

Apesar de o orçamento previsto ser de 9,325 bilhões de libras esterlinas, as Olimpíadas de

Londres 2012 tiveram os custos totais de 14,6 bilhões de libras esterlinas, de acordo com

Knight e Ruscoe (2012) e Evans (2011). As autoridades dessa edição deixaram claro que a

proposta era promover um evento verdadeiramente especial, desde que estivessem dentro do

1682

orçamento (KNIGHT; RUSCOE, 2012), e foi exatamente o que se cumpriu, pois os jogos se

pagaram.

Alguns dados orçamentários são revelados maior precisão que outros, destacam-se

positivamente os relatórios oficiais das edições de Los Angeles 1984 e Sydney 2000. Alguns

dos relatórios são superficiais em relação aos valores declarados, enquanto outros são bem

detalhados. De qualquer forma, cabe afirmar que há organizações que, após a realização dos

jogos, ainda investigam sobre os dados divulgados, apresentando até outros dados oficiais,

mas este não era o objetivo deste trabalho.

Quadro 2 – Resumo dos orçamentos, custos e resultados dos jogos olímpicos, de

Montreal 1976 a Londres 2012

Edição

Orçamento

operacional

(em $ mi)

Custos

totais

(em $ mi)

Resultados

financeiros

(em $ mi)

Resultados intangíveis Observações

Montreal, 1976

207 1.200 -990

Imagem negativa ao final dos jogos e

visita de poucos turistas. Arquitetura para a cidade, assim como mais

estrutura para transportes.

Custo-benefício de baixo impacto, apesar das altas expectativas.

Moscou,

1980 231 1.350 -1.190

Foram os melhores resultados da URSS, em pleno cenário de guerra

fria.

Houve um boicote de 69 países, o que tirou bastante legimitidade

dessa edição.

Los

Angeles,

1984

3.210 413 +250

Provou-se que os jogos podem ser

lucrativos quando realizados com o apoio da iniciativa privada e

comercialização massiva.

Foram os primeiros jogos que

apresentaram lucro financeiro,

depois de 52 anos.

Seul, 1988 4.000 - +300

Promoção de grande desenvolvimento econômico para o

país, além da divulgação da imagem

do país.

Foi o melhor resultado financeiro

já atingido por um evento gerido por uma entidade governamental.

Barcelona, 1992

1.300 10.000 +10

Transformação da cidade, aumento significativo no turismo e melhorias

na área de transportes. É conhecida

por ser a edição que gerou o maior

legado cultural e social.

Apesar de não apresentarem um

lucro significativo, os gastos se converteram em melhorias

relevantes na estrutura da cidade.

Atlanta,

1996 1.800 - +10

Melhoria na parte de transportes

(aeroporto, metrô), criação de um museu, e crescimento dos

empreendimentos imobiliários. As

instalações esportivas foram bem aproveitadas pelos times locais.

O lucro atingido foi em grande

parte conquistado por meio de patrocínios empresariais.

Sydney, 2000

6.600 - -2.100

Conscientação da preocupação

ambiental e otimização no uso das instalações esportivas, promovendo

grandes eventos.

Houve um prejuízo significativo

por não gerar o retorno financeiro

esperado.

Atenas, 2004

15.000 8.957 -14.500

Desenvolvimento da infraestrutura

de Atenas (aeroporto, metrô) e

restauração dos pontos turísticos.

Os economistas costumam

atribuir a crise econômica da Grécia ao péssimo resultado dos

jogos na sua capital.

Pequim,

2008 44.000 - +1.000

Melhorias na estrutura dos

transportes para superar os

engarrafamentos, e apresentação de novas tecnologias.

Por serem um país de regime bastante restrito, poucas

informações foram

disponibilizadas. Há estimativa de que os jogos terão valido a pena,

financeiramente, após 30 anos.

Londres,

2012 10.400 14.600 0

As instalações esportivas foram

construídas a fim de serem aproveitadas para o esporte,

olímpico ou não. Entusiasmo pelo

esporte que foi gerado nos jovens do país.

Entende-se que os jogos se

pagaram, pois não houve lucro operacional. As desapropriações

necessárias foram mal vistas, pois

pagou-se menos que os valores de mercado.

Fonte: elaborado pelas autoras.

Os jogos olímpicos do Rio de Janeiro em 2016, até fevereiro desse mesmo ano, apontam que

os resultados financeiros operacionais serão como os apresentados por Londres, ou seja, sem

1683

ganhos nem perdas. Segundo os organizadores, diversos gastos imprevistos estão sendo

superados por cortes nos custos desenhados anteriormente, como a redução no número de

voluntários e diversas arquibancadas que seriam montadas temporariamente para os jogos.

Ao analisar o Quadro 2 e os dados particulares de cada edição, percebe-se que os dados

financeiros quanto a orçamento, custos e resultados financeiros são relativos, por mais que os

conceitos sejam bem definidos. Os valores são contextuais, nem sempre são divulgados de

forma homogênea e os números devem ser analisados de forma cautelosa.

5. Considerações Finais

O objetivo deste trabalho era analisar o planejamento orçamentário e os valores divulgados

publicamente dos custos dos jogos olímpicos, com base nas edições de dez cidades-sede

(Montreal 1976, Moscou 1980, Los Angeles 1984, Seul 1988, Barcelona 1992, Atlanta 1996,

Sydney 2000, Atenas 2004, Pequim 2008, Londres 2012), a fim de contribuir para o construto

conceitual comparado aos termos práticos nesse campo cada vez mais expressivo

financeiramente, assim como observar os resultados obtidos, tanto financeiramente quanto na

forma de legado. Tais pontos foram superados, à medida que cada edição teve seus dados

apresentados e discutidos tanto quantitativamente quanto qualitativamente.

Foi possível verificar que os maiores gastos nem sempre representavam má gestão do

orçamento, pois significava que a cidade-sede necessitava de estruturas maiores. Kitchin

(2011) afirma que uma nova instalação esportiva pode custar em média US$ 2 bilhões,

enquanto uma reforma envolve US$ 242 milhões, quase um décimo desse primeiro valor.

Então, cada cidade teve que realizar um planejamento do que seria necessário construir e

reformar, além de verificar quais seriam as melhorias a serem feitas na infraestrutura geral

para que recebessem os jogos adequadamente. Cidades com tradições esportivas tiveram

vantagens nesse sentido, assim como aquelas que já estavam minimamente preparadas para

promover grandes eventos.

No entanto, entende-se que os resultados financeiros atingidos estão diretamente relacionados

à competência dos organizadores de cada edição olímpica. Alguns otimizaram seus resultados

por meio de patrocínios, comercialização de produtos, venda de ingressos e turismo, enquanto

outros tiveram gastos que não se cobriram, com destaque para Moscou (afetado pelo boicote),

Sydney (mau planejamento) e Atenas, cujos jogos impactaram os cofres públicos e até levou

ao colapso do país.

Um achado importante é que, nas últimas edições, percebeu-se um controle orçamentário

mais frequente e mais detalhado. Quanto mais esse processo foi realizado, melhores foram os

resultados financeiros obtidos. Além disso, sugere-se que os legados possam ter seus ganhos

financeiros mensurados, pois percebe-se que alguns resultados intangíveis foram bem

relevantes, mas nem sempre visíveis na parte financeira.

Para futuros estudos, propõe-se a análise mais detalhada dos dados financeiros dessas edições,

além dos jogos de inverno e outros megaeventos, como a Copa do Mundo promovida pela

FIFA e outros campeonatos mundiais. Espera-se que tais aprendizados possam também

contribuir para os eventos esportivos no Brasil, principalmente os jogos no Rio de Janeiro em

2016.

Referências

ATHENS 2004. Official Report of the XXVIII Olympiad. 2004. Disponível em:

<http://library.la84.org/6oic/OfficialReports/2004/or2004a.pdf>. Acesso em: 10 de dezembro

de 2015.

1684

ATKINSON, A. A. et al. Contabilidade gerencial. São Paulo: Atlas, 2000.

BARCELONA 1992. Jocs de la XXVa Olimpíada. 1992. Disponível em: <http://library.

la84.org/6oic/OfficialReports/1992/1992s5.pdf>. Acesso em: 19 de dezembro de 2015.

BEIJING 2008. Official Report of the Beijing 2008 Olympic Games. 2008. Disponível em:

<http://www.olympic.org/Documents/Reports/Official%20Past%20Games%20Reports/Summ

er/ENG/2008-RO-S-Beijing-vol3.pdf>. Acesso em: 13 de janeiro de 2016.

BIRAFITNESS. História das Olimpíadas. Disponível em:

<http://www.birafitness.com/histdasolimpiadas.htm>. Acesso em: 13 de janeiro de 2016.

BITTENCOURT, A. C. Cidades candidatas versus cidades olímpicas: o processo de eleição, o

sucesso, o fracasso, a modelagem e os conceitos de real valor. In.: TAVARES, O.; COSTA,

L. P. da (orgs) Estudos Olímpicos. Rio de Janeiro: Editora Gama Filho, 1999.

BOISVERT, H. Contabilidade por atividades: contabilidade de gestão. São Paulo: Atlas,

1999.

BORELLI, Viviane. Cobertura Midiática De Acontecimentos Esportivos: Uma Breve Revisão

De Estudos. Anais... INTERCOM – Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da

Comunicação XXIV Congresso Brasileiro da Comunicação – Campo Grande /MS – setembro

2001.

BRASIL. Tribunal de Contas da União. O TCU e as olimpíadas de 2016: relatório de

situação / Tribunal de Contas da União; Relator, Ministro Aroldo Cedraz de Oliveira. –

Brasília: TCU, 2013.

COAKLEY, J. Sports in Society: Issues & Controversies. New York, NY: McGraw-Hill,

2001.

COVALESKI, M. et al. Budgeting research: three theoretical perspectives and criteria for

selective integration. Handbooks of Management Accounting Research, v. 2, p. 587-624,

2006.

EVANS, G. London 2012. In: GOLD, J. R.; GOLD, M. M. Olympic Cities: City Agendas,

Planning and the World’s Games, 1896-2016. New York, NY: Routledge, 2011.

EYERKAUFER, M. L.; POSSAMAI, J. P.; GONÇALVES, M. B. Quantificação dos Planos

Estratégicos por Meio do Orçamento Empresarial: uma aplicação pratica com métodos

estocásticos. Future Studies Research Journal, v.6, n.2, p. 187– 208, julho/dezembro, 2014.

FREZATTI, F. Orçamento Empresarial. 5ª ed. São Paulo: Atlas, 2009.

GAMES OF THE XXII OLYMPIAD. Games of the XXII Olympiad Moscow 1980. 1980.

Disponível em: <http://library.la84.org/6oic/OfficialReports/1980/or1980v2.pdf>. Acesso em:

13 de janeiro de 2016.

GARCÍA, B. La dimensión cultural de los macro-eventos em el 2004. Potenciales y

limitaciones para una experiencia sostenible. Portal Iberoamericano de Gestión

Cultural. Disponível em: www.gestioncultural.org. Acesso em: 13 de janeiro de 2016.

GOLD, M. M. Athens 2004. In: GOLD, J. R.; GOLD, M. M. Olympic Cities: City Agendas,

Planning and the World’s Games, 1896-2016. New York, NY: Routledge, 2011.

GOLD, J. R.; GOLD, M. M. Olympic Cities: City Agendas, Planning and the World’s

Games, 1896-2016. New York, NY: Routledge, 2011.

HANSEN, S. C.; VAN DER STEDE, W. A. Multiple facets of budgeting: an exploratory

analysis. Management Accounting Research, v. 15, n. 4, p. 415-439, 2004.

1685

HORNGREN, C. T.; SUDEM, G. L.; STRATTON, W. O. Contabilidade gerencial. 12ª ed.

São Paulo: Prentice Hall, 2004.

JIAMBALVO , J. Contabilidade gerencial. Rio de Janeiro: LTC, 2002.

KNIGHT, T.; RUSCOE, S. London 2012 Olympic and Paralympic Games: The Official

Commemorative Book. 2012. Disponível em: <http://www.olympic.org/Documents/Reports/

Official%20Past%20Games%20Reports/Summer/ENG/2012-RO-S-London_V2.pdf>. Acesso

em: 20 de dezembro de 2015.

LANCELLOTTI, S. Olimpíada 100 anos: história completa dos Jogos. São Paulo: Círculo

do Livro, 1996.

LATOUCHE, D. Montreal 1976. In: GOLD, J. R.; GOLD, M. M. Olympic Cities: City

Agendas, Planning and the World’s Games, 1896-2016. New York, NY: Routledge, 2011.

LUNKES, R. J.; FELIU, V. M. R.; ROSA, F. S. Pesquisa sobre o orçamento na Espanha: um

estudo bibliométrico das publicações em contabilidade. Revista Universo Contábil, v. 7, n.

3, p. 112-132, 2011.

MONCLÚS, F. J. Barcelona 1992. In: GOLD, J. R.; GOLD, M. M. Olympic Cities: City

Agendas, Planning and the World’s Games, 1896-2016. New York, NY: Routledge, 2011.

MONTRÉAL 1976. The 1976 Olympic Games: the challenge and the reward. 1976.

Disponível em: <http://library.la84.org/6oic/OfficialReports/1976/1976v1p1.pdf>. Acesso

em: 20 de dezembro de 2015.

MOURA, G. D.; DALLABONA, L. F.; LAVARDA, C. E. F. Perfil Dos Estudos Sobre O

Tema Orçamento Publicados Em Congressos Brasileiros De 2005 A 2009. Contabilidade

Vista & Revista, v. 23, n. 1, p. 97-125, 2012.

NAKATA, L. E. A transição de carreira do ex-atleta de alto rendimento. Tese de

doutorado apresentado na Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da

Universidade de São Paulo. 227 f. São Paulo, 2014.

NORONHA, D; FERREIRA, S. Revisões da literatura. In: CAMPELLO, B. S; CENDÓN, B.

V; KREMER, J. M. (Eds) Fontes de informação para pesquisadores e profissionais. Belo

Horizonte: Editora da UFMG, 2000. p. 191-198.

OFFICIAL REPORT. Official Report of the Games of the XXIIIrd Olympiad Los

Angeles 1984. 1984. Disponível em: <http://library.la84.org/6oic/OfficialReports/1984/

1984v1pt1.4pdf>. Acesso em: 20 de dezembro de 2015.

OFFICIAL REPORT. Games of the XXIVth Olympiad Seoul 1988. 1988. Disponível em:

<http://library.la84.org/6oic/OfficialReports/1988/1988v1p1.pdf>. Acesso em: 10 de janeiro

de 2016.

OLIVEIRA, D. de P. R. Planejamento estratégico. 21ª ed. São Paulo: Atlas, 2004.

PAYNE, M. A virada olímpica: como os Jogos Olímpicos se tornaram a marca mais

valorizada no mundo. Rio de Janeiro: Casa da Palavra; COB, 2006.

PREPARING FOR THE GAMES. Official Report of the XXVII Olympiad. 2000.

Disponível em: <http://library.la84.org/6oic/OfficialReports/2000/2000v1.pdf>. Acesso em: 5

de janeiro de 2016.

PRONI, M. W. ARAUJO, L. S.; AMORIM, R. L. C. Leitura econômica dos jogos

olímpicos: financiamento, organização e resultados. IPEA - Texto para Discussão n° 1356.

1686

Rio de Janeiro, agosto de 2008. Disponível em: http://hdl.handle.net/11058/1533. Acesso em:

13 de maio de 2015.

PRONI, M. W. Observações Sobre Os Impactos Econômicos Esperados Dos Jogos Olímpicos

De 2016. Motrivivência. Ano XXI, Nº 32/33, P. 49-70 Jun-Dez./2009.

RIBEIRO, T. História das Olimpíadas. Disponível em: <http://www.mundoeducacao.com/

educacao-fisica/historia-das-olimpiadas.htm>. Acesso em: 13 de janeiro de 2016.

RUBIO, K. O trabalho do atleta e a produção do espetáculo esportivo. Revista Electrónica

de Geografía y Ciencias Sociales, v. 6, n. 119(95), 2002.

RUBIO, K. Os Jogos Olímpicos E A Transformação Das Cidades: Os Custos Sociais De Um

Megaevento. Revista Electrónica De Geografía Y Ciencias Sociales. Vol. IX, núm. 194

(85), agosto/2005. Disponível em: <http://www.ub.edu/geocrit/sn/sn-194-85.htm>. Acesso

em: 13 de maio de 2015.

RUBIO, K. Medalhistas olímpicos brasileiros: memórias, histórias e imaginário. São Paulo:

Casa do Psicólogo, 2006.

SANVICENTE, A. Z., SANTOS, C. C. Orçamento na administração de empresas:

planejamento e controle. 2. ed. São Paulo: Atlas, 1983.

SCARPIN, J. E.; SANTIAGO, M. R.; SCARPIN, M. A. O Uso De Modelos De Previsão

Como Elemento Central Para Planejamento e Orçamento Empresarial. In: VIII Congreso del

Instituto Internacional de Costos, Punta del Este. Anais... Uruguay, 2003.

SIMAS, F. K.; COSTA, A. M.; MORITZ, G de O. Um Estudo Sobre a Organização e o

Desenvolvimento Do Processo Orçamentário em Empresas de Tecnologia de Florianópolis.

Revista de Ciências da Administração, v. 10, n. 21, p. 197-219, 2008.

SOUZA, R. P. S.; LAVARDA, C. E. F. Avaliação do Beyond Budgeting como Ferramenta de

Planejamento e Controle na Visão dos Gestores de IES. Contextus-Revista Contemporânea

de Economia e Gestão, v. 9, n. 2, p. p. 69-78, 2012.

THE COMPETITION RESULTS. The Official Report of the Centennial Olympic Games.

1996. Disponível em: <http://library.la84.org/6oic/OfficialReports/1996/1996v1.pdf>. Acesso

em: 30 de dezembro de 2015.

UOL. Olimpíadas 2016. Disponível em: http://olimpiadas.uol.com.br/historia-das-

olimpiadas/atenas-1896/. Acesso em: 12 de janeiro de 2016.

ZDANOWICZ, J. E. Orçamento operacional. Porto Alegre: Sagra, 1983.

1687