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  • 8/19/2019 UFPE - Referencias Para PROVA

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     PU C - RI O

     De part ament o d e  Art es &  Desi  g n Labor at óri o da  Re pr esent ação  S ensí vel 

     N ot as d e  Aul a sobr e  Desi  g n e  Est é ti caG ust avo  Amar ant e  Bom f im

     Ri o d e  j aneir o,  j aneir o d e 2001

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     A pr esent ação

    Mãos em  Negativo, Gr uta dePerch-Mer le

      Há  cerca  de  40 mil  anos  um  homem  de  Cr o-magnon sopr ou um  pór ubr o sobre  sua  mão esquer da, a ber ta e  pousada  sobre a  r ocha  lisa  de  umagr uta de Pech-Mer le, ao sul da França. Do resultado dessa operação sur giramas "mãos em  negativo", que a parecem  tam bém em  outras  paredes  da  gr uta,às vezes acom panhada de f iguras de cavalos, quando então poder ia signif icar 

    o dese jo de posse sobre os animais, ou, talvez, algum sor tilégio relacionadoao sucesso na caça. Mas antes  mesmo de  ultra passar   os  limites  do sensível para refer ir-se ao inteligível, a imagem se a presenta sem per meio, imediata,a pelando aos  sentidos com  suas  linhas, f or mas, cores, texturas, luzes. Esseinstante, adiante  de  todos  os  demais, em  que  a  imagem  fala  a penas  de  si,f unde  ser  e  ob jeto numa  unidade  que cons pira  para além  da  razão e  cr ia  a

     possi bilidade da exper iência estética.

      Mesmo com  todos  os  signif icados  a  que  possa  aludir   é  a  pr ópr iaimagem  da  mão que  se  anteci pa  diante  de  nossos  olhos, na  sua  a bsolutaor iginalidade  em  relação a  todas  as  outras  imagens  que  o homo  sapien s  jáencontrava  diante  de  si  na  natureza. Esta  imagem  f oi  cr iada  por   ele.Cer tamente  não f oi  a  pr imeira, mas  se  destaca  entre  as  demais, pois  ao

    re presentar   a  mão do cr iador , re presenta  antes  de  tudo sua  açãotransf or madora, seu destino como par tíci pe da conf iguração do mundo.

      Muito distante  do cr iador   da  "mão em  negativo"  de  Pech-Mer le, ohomem  moder no se  acostumou com  a  pr of usão de  imagens  e  diante  da

     banalidade  dessas  imagens  delegou à  esfera  da  ar te  o pr ivilégio daexper iência  estética, pois  à  pr odução e  à  rece pção ar tística  se  atr i bui  asingular idade do belo, reser vado a momentos e es paços es peciais, sem que se

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     perce ba, contudo, que  são  justamente  aquelas  imagens  banais  do cotidianoque continuam a f or mar , transf or mar  ou def or mar  o es pír ito. São imagens docor  po, com seus adereços e sua vestimenta, imagens domésticas de utensíliose equi pamentos, imagens ur  banas com suas f or mas ar quitetônicas e  viár ias,imagens  públicas  dos  meios  de  comunicação;  imagens, enf im, que  seconf undem e se anulam no f undo de um quadr o sem f igura.

      Muitos  são os  autores  dessas  imagens  anônimas  do cotidiano:engenheir os, ar quitetos, designer s, f otógraf os, ar tesãos  de  muitos  of ícios  etodos aqueles  que  através  de  sua  atividade conf or mam  matér ia  ou ener gia.Mas  poucos  entre  esses  autores  da  conf iguração de  nosso meio têmconsciência  da  dimensão estética  im plícita  em  seus  afazeres, pois  tam bémtendem a aceitar  que o fenômeno estético estar ia circunscr ito à esfera da ar tee, como suas atividades  não são essencialmente  ar tísticas, os  ob jetos  delasresultantes  não ter iam  qualquer   signif icado ou com pr ometimento estético.Ser iam ob jetos de a parência vaga, destinados a atuarem como coad juvantesda conf iguração.

       No entanto, à revelia da equivalência que ha bitualmente é feita entre oestético e o ar tístico, toda  re presentação sensível, inde pendente  da  intençãoque a or iginou, será ob jeto de  juízo estético, de um sim ples  instr umento detra balho a  uma  sinf onia, pois  tudo aquilo que  pode  ser   perce bidosensor ialmente  par tici pa  da  natureza  estética  e  mesmo aquele  ob jetoconstituído pela  lógica  mais  precisa, quando exposto, quando encontra  oolhar  inquir idor  ganha dimensão estética.

      O  reconhecimento da  natural  dis poni bilidade  do homem  para  aexper iência  estética  não im plica  opção por   pan-esteticismo ou defesa  dohedonismo, mas a pelo à necessidade de com preender  a natureza das f or mas,que  não pode  ser   explicada  a penas  pelo viés  do racionalismo técnico ou

    semiótico, pois  antes  de  ser vir   ou interceder   a  f or ma  af ir ma  sua  pr ópr iaexistência.

      Estética  e  os  diver sos  signif icados  desse  ter mo conduzem  quasesem pre a uma situação de polissemia: "estética"  ou "estético", como é maiscorr iqueir o, é  qualidade  de  muitas e  var iadas  coisas  e  situações, de acor docom  re per tór ios  par ticulares. Poucos  se  referem à Estética enquanto cam podo sa ber , mas todos encontrarão algo a que se possa atr i buir  uma qualidadeestética. A Estética, enquanto ciência, se vale de pr ocedimentos dedutivos eindutivos para enunciar  leis, pr incí pios, nor mas, cr itér ios e valores, em bora -como se  verá opor tunamente - esses enunciados  não possam  ser  mo str ado s(como na Física) ou d emon str ado s (como na Matemática), ou se ja, sobre eles

     pode haver  a penas assentimento ou consenso.

      Por   outr o lado, o senso comum  ensina  que  a  exper iência  estética,assim como o  juízo estético, são em pír icos e por  conseguinte, sub jetivos. Ogosto é soberano e está sem pre pr openso a bur lar  qualquer  cânone ou regra.Dessa  f or ma, é  com preensível  a  dis posição em  aceitar   o fato de  que  ofenômeno estético deva  ser   exper imentado, desfr utado ou fr uído, mas  nãonecessar iamente  discutido, teor izado ou ar güido. Af inal, "gosto não sediscute".

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      A  soberania  do gosto é  ar gumento válido quando se  trata  daa preciação da  pr odução ar tística, mas  pouco cr iter ioso quando se  refereàqueles que par tici pam da conf iguração de nosso meio. Por  ser  individual, o

     juízo do gosto a plicado ao coletivo tor na-se  im positivo e  intolerante com a possi bilidade da diferença. Se no cam po da pr odução ar tística  o autor   pode

    refer ir-se a  seu re per tór io par ticular , posto que à ar te  tudo se  per mite, paraaqueles  que  conf iguram  o cotidiano, o conhecimento sobre  o fenômenoestético, mais que um deleite  ou uma cur iosidade, é  uma  necessidade e  umcom pr omisso social.

      Há grande quantidade de obras sobre Estética. Podem ser  encontradosestudos  de  Platão, Hume, Kant  e  muitos  outr os, com  excelentes  traduções

     para  língua  por tuguesa, bem  como publicações  estrangeiras  e  nacionais  dediver sos  autores  contem porâneos. Entre  essas  publicações  o gêner o maiscomum trata da evolução histór ica do conhecimento estético, comentando o

     pensamento de  f ilósof os  e  estudiosos  ou ainda  estilos  predominantes  daHistór ia  da Ar te. Em bora  esses  tra balhos  tenham  im por tância  f undamental

     para o estudo da Estética, raramente fazem referência à atividade estética quese desenvolve para além do cam po da ar te, e quando o fazem quase sem prese limitam à ar quitetura.

      Considerando esses ar gumentos, o texto a presentado a seguir  ob jetivao estudo da  relação entre  a  estética  e  o design e  não obedece  a  nenhumacr onologia par ticular ; concentra-se antes em tor no de cinco temas básicos daestética que, estes sim, rece beram enf oques distintos ao longo da histór ia do

     pensamento:  ontologia  do belo, conhecimento estético, pr ocesso estético,sub jetividade  e  estética  e  valor   estético. Estes  cinco temas  serãodesenvolvidos  a  par tir   de  mais  de  uma  linha  de  pensamento e  sem preassociados ao cam po do design.

      O título " N ot a s d e  Aul a  sobr e  E  st ética e  De si gn" não é casual uma vezque esse  texto resulta  de  um  pr ocesso contínuo de  tra balho com alunos  detrês instituições de ensino super ior , em cur sos de graduação e pós-graduaçãoem design.

    Rio de Janeir o, fevereir o de 2001.

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    1.  Def ini ção d e 

     Desi  g n e 

     Est é ti ca

     F i gur a 1:  Rel acionament oentr e T eoria e  P r á xis 

    Para  se  esta belecer   relacionamentos  entre Design e Estética  é  precisoinicialmente  discorrer   sobre  aquilo que  se  entende  como design, uma atividade  par ticular   no pr ocesso de conf iguração ( práxis, ação, atividade → fazer), e  estética, um cor  po de  conhecimentos  es pecíf icos, que  se  ocupa  doestudo da  qualidade  estética  de  re presentações  sensíveis  (conhecimento,teor ia, ciência → sa ber).

    Teor ia e  práxis  são estágios  de  um  mesmo pr ocesso cíclico, em  que  oconhecimento teór ico pode  f undamentar   uma ação prática  que, por  sua  vez,com pr ova, ref uta  ou a perfeiçoa  o pr ópr io conhecimento teór ico. Esse 

     pr ocesso pode  iniciar-se  pela  via  indutiva, ou se ja, da  práxis  para  a  teor ia,ou, ao contrár io, pelo caminho dedutivo, da teor ia à práxis.

    Or iginalmente, o conceito de  práxis  esteve  diretamente  associado à ter minologia  da  Teor ia  Cr ítica  e  se  refere  ao con junto de  atividades relacionadas à  pr odução e ao tra balho social. Atualmente, no senso comum,

     práxis signif ica uma ação que possui uma f inalidade explícita, or ientada por   pr ocedimentos científ icos. A ciência, por  sua vez, é um con junto homogêneode  conhecimentos  f undamentados  sobre  um  ser   ontológico, que  se  expressa 

    através  de  linguagens  par ticulares e  inclui em  seu núcleo a  pr ópr ia  garantia de sua validade (a bsoluta ou relativa) através da demonstração, da descr içãoou da possi bilidade de auto-a perfeiçoamento.

    De  modo muito des pretensioso o relacionamento entre  teor ia  e  práxis  pode ser  re presentado como na f igura seguinte: 

    " De finir   um conceit o  si gnifica d elimit ar   seu  si gnificado, utiliz ando par a ist o outr o s conceit o s , cu jo s  si gnificado s  são conhecido s. C om e f  eit o, a d e finição d e um conceit o im põe r edução a outr o s conceit o s 

     pr eviament e  d e finido s  e  e ssa r edução pr ecisa, nat ur al ment e ,encerr ar - se em al  gum pont o."1 

    Def inições de design e de estética podem var iar  muito, de pendendo dos  par tidos  adotados  por   aquele  que  def ine. Esses  revelam  opções  conceituais de  natureza  ideológica, f ilosóf ica, metodológica, instr umental  etc., de  modoque nenhuma def inição estará a salvo de contestação e, por tanto, não poderá 

    1 MASER , S. Gr und l ag en d er  all  g emeinen  K ommunik ation st heorie. Ber liner  Union Gm bH, 1973. Stuttgar t. 

    conhecimento  →  teoria →  ciência

    atividade ←  práxis ←  ação 

    crítica

    fundamentação 

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     pretender   reconhecimento univer sal.

    A  seguir   são a presentadas  def inições  etimológicas  (relativas  à  or igem  dovocá bulo, de  seu étimo), histór icas  (referentes à cr onologia  dos  fatos e suas circunstâncias), f or mais  (aquelas  que  se  atêm  a  convenções)  e  pr ocessuais (que  relacionam  os  pr inci pais  fatores e  relações  que  podem caracter izar   um conceito em contexto def inido).

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    es pecializou-se  em  áreas  científ icas  e  ar tísticas, que  poster ior mente  deram or igem  às  engenhar ias, ar quitetura, ar te  e  ao pr ópr io design. Esse desenvolvimento pode  ser   obser vado, por  exem plo, no cam po da f or maçãoacadêmica. Em  1563 f oi  f undada, sob a  tutela  dos  Médicis, a  pr imeira academia  -  Accad emia d el   Dise gno. Um  século mais  tar de, em  França,diferenciava-se  uma academia  pelas  suas es pecializações: "Academia  R eal 

    de  Pintura  e  Escultura"  (1649)  e  "Academia  de  Ar quitetura"(1671).  Noinício do século XIX deu-se a divisão entre tra balhos ar tísticos, utilitár ios e industr iais  e  a  Academia  dividiu-se  em  Acad émie  (ar quitetura)  e  Écol e  P ol  yt echnique (engenhar ia).

    A  atividade  do pr o jeto, que  precedeu a  pr odução industr ial, se desenvolveu a  par tir   do século XVI  com  a  contratação de  acadêmicos (ar tistas)  por   pr opr ietár ios  de  manufaturas  para  o desenvolvimento de modelos  para a  pr odução em  sér ie. O  pr o jeto deixava  de  ser   mer o es boçoda  obra  a  ser  executada e  passava a  valer  como mercador ia,  já  que  podia ser   vendido ou alugado a  uma  ou mais  manufaturas.  Neste  contexto é interessante  obser var   que  na  hierar quia  das  manufaturas  o "Mestre  da 

    For ma"  e  o "Mestre  das  Figuras", ante passados  do designer , ocupavam  osegundo lugar   em  im por tância  e  seus  soldos  só eram  infer iores  ao doadministrador  geral.

    Durante  o século XIX  a  Eur opa  testemunhou a  conclusão de  três longas  fases  histór icas  que  garantiram  seu ingresso def initivo na moder nidade:  o Humanismo da  R enascença, o Iluminismo e  a  R evoluçãoIndustr ial.  No R enascimento reaf ir mou-se  a  crença  no homem  e  na  sua ca pacidade de a perfeiçoar  a natureza. A Terra, que Ar istóteles havia f ixadono f ir mamento, voltou à sua ór  bita em tor no do sol com Copér nico, Galileue  Br uno. A  ciência  tr iunf ou sobre  a  fé.  No Iluminismo, a  bur guesia,consciente  de  sua  im por tância  política  e  econômica, re belou-se  contra  os 

    interesses intransigentes do Estado. As luzes da ciência, a revolta popular  e o f io da  guilhotina  subver teram  a  or dem  política  e  a  democracia  tr iunf ousobre  o a bsolutismo.  No século XIX, f inalmente, a  pr odução industr ial tor nou-se  ma jor itár ia  no pr ocesso pr odutivo, possi bilitando maior   acessode  grande  par te  da  população aos  bens  de  consumo. A  racionalidade  da técnica tr iunf ou sobre as necessidades mater iais.

    O  "design industr ial"  ou a penas  "design", na  conce pção ver nacular  do ter mo, possui  uma  longa  histór ia  -  detalhada  em  vasta  bi bliograf ia2  - onde  é  possível  ver if icar   os  diferentes  movimentos  e  escolas  que 

     per mitiram  o sur gimento de  uma  nova  pr of issão e caracter izam a  terceira situação deste  estudo. Esta  histór ia  inclui  a  cr ítica  de  John R usk in e  a 

     prática de William Morr is, o  Art   N ouveau, o C on str utivismo, os pr ogramas da   Deutsche  Wer k bund e  da  Bauhau s, os  pr incí pios  do f uncionalismo,

    2 MORR IS, W. Art e  y Sociedad I ndu strial . Editor ial Ar te y Literatura, 1985. Havana. PEVS NER , N. P ioner o s d el   Diseño M od er no. Ediciones Inf inito, 1977. Buenos Aires. HESKETT, J. De senho I ndu strial . José Olym pio, 1997. Rio de Janeir o.WINGLER , H. M. Da s  Bauhau s. DuMont, 1984. Colônia.

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    defendidos pela  H och schul e  f  ür  Ge st at ung , na Alemanha, e do  st  yling , nos Estados Unidos da Amér ica etc.

    A  quar ta  e  última  situação refere-se  ao "design pós-industr ial"  ou pós-moder no, cu ja  or igem  pode  ser   encontrada   já  nos  anos  60, em diferentes  setores  da  cultura, da  ar quitetura  e  do design. Esta  tendência,

    iniciada  nos Estados Unidos  da Amér ica, es palhou-se  pela Eur opa através de  gr upos  e  escr itór ios, como Gl obal   T ools  (1973/75), S t ud io  Al chimia (1976),  Mem phis  (1981/88)  e  per iódicos  como  Domu s, C a sabell a,  M odo, ARDI  etc.

    Sobre  a  or igem  do Pós-Moder no há  duas  inter  pretações  mais im por tantes:  na  pr imeira  delas  defende-se  que  esse  movimento deve  ser  com preendido como uma  continuação da  vanguar da  do início do séculoXX:  Futur ismo, Dada, Expressionismo, Constr utivismo,  Neo-Plasticismoetc. Enquanto na Eur opa do pós-guerra reinava o caos, os EUA  tor naram-se  cam po natural  e  fér til  para  o desenvolvimento de  novas  exper iências culturais. Fenômenos  como a  música  r ock , a  pop-art , a  op-art ,  a  ar te 

    cinética, os  movimentos  pacif istas, o feminismo, a superação da dicotomia entre ar te of icial e cultura de massa, a dif usão de novas mídias são alguns exem plos  de  pr ocessos  que  têm  em  comum  com  a  vanguar da  cultural eur opéia  dos  anos  20 o pr otesto contra  a  sociedade  bur guesa. Os movimentos  sur gidos  na Amér ica entre  os anos  50 e  60 ser iam então uma nova  fase  do Moder no e  de  modo algum  re presentar iam  uma  r uptura com seus f undamentos pr inci pais.

    De  outr o lado há  a  inter  pretação de  que  o Pós-Moder no ser ia  a expressão de  uma  sociedade  dece pcionada com as pr omessas do Moder no,tanto em  sua  ver são li beral, como em  sua  ver são socialista. O  Pr o jeto doModer no pr ivilegia a razão como meio pr inci pal para a constr ução de uma 

    sociedade  emanci pada, onde  as  contradições  econômicas  e  sociais  ser iam superadas. As  pr omessas  do Moder no, contudo, f oram  cada  vez  mais questionadas pela pr ópr ia histór ia. A Guerra Fr ia dos anos 50, as previsões catastr óf icas  do Clube  de  R oma, a  Guerra  do Vietnam, as  constantes ameaças  de  catástr ofes  nucleares, a  destr uição do meio am biente, a crescente diferença entre nações r icas e miseráveis são a penas alguns fatos que a judaram a demolir  a crença na razão moder na.

    Qualquer   que  se ja  a  inter  pretação que  se  queira  dar  aos  fenômenos ar tísticos e culturais  das  últimas  décadas, o fato é  que estes inf luenciaram diretamente  o cam po do design, pr ovocando grandes  transf or mações  no

     pr ocesso de  conf iguração de  ob jetos  de  uso e  sistemas  de  inf or mação.

    Soma-se  ainda  o ver tiginoso pr ogresso tecnológico ocorr ido a pós  a Segunda  Grande  Guerra, pr inci palmente  nas  áreas  da  eletr ônica, da inf or mática, da  comunicação e  da  r obótica, que  des bancou de  vez  o mitodo design f uncionalista, expresso no af or ismo " f  or m  f  oll ows  f  unction".

    Finalmente, é preciso recor dar  que as possi bilidades re presentadas na f igura  seguinte, tanto em  relação ao eixo da  "f undamentação teór ica",como ao eixo dos  "ti pos  de  pr odução"  são a penas  exem plares  e  podem ocorrer   simultaneamente, de pendendo do ti po de  sociedade  que  se 

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     F i gur a 2:  De senvol viment o hist óricoda atividad e d e con fi gur ação d e ob jet o s d e u so e  sist ema s d e in f  or mação.

    considera.  No Brasil, por   exem plo, pr ocessos  de  conf iguração e  pr oduçãotí picos  do per íodo medieval concorrem com sof isticados métodos, teor ias e meios  de  re presentação de  pr o jetos  associados  a  linhas  de  pr oduçãoautomatizadas.

    ARTE & Técnica TÉCNICA & Ar te Técnica & Ciência CIÊNCIA & Ar te

    + + + +

      Ar tesanal Manuf atureira Industrial Mec. Industrial Ele. 

    = = = =

    ± 1400 ±  1900 ± 1950 ±  1980Ar tesanato  Ar t Nouveau  Funcionalismo  Pós-Moder nismo da Idade Média

    EXEMPLOS 

    Fundamentação Teórica

    Tipo de Pr odução 

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    F ormais: def inições f or mais alme jam validade univer sal, mas sãoconstantemente  confr ontadas  ou ad jetivadas  de  modo a  se  encaixarem  em contextos  par ticulares. Assim, na  extensa  lista  de  def inições  de  designregistradas  na  bi bliograf ia es pecializada, em  comunicações  de  congressos,em  concur sos  etc., encontram-se  expressões  como "design f uncionalista","eco-design", "design social", "er godesign", "design ver nacular", "des-in",

    "design pós-moder no"  e  muitas  outras, que  pr ocuram, a  par tir   da  pr ópr ia denominação, anunciar   sua  es pecif icidade. Este  recur so é  uma caracter ística  intr ínseca  das  def inições  f or mais, uma  vez  que  são f ór mulas esta belecidas, que  aca bam  por   ultra passar   os  contextos  onde  f oram or iginalmente  geradas, para  pretender   legitimidade  univer sal  e, desta f or ma, ter minam se tor nando meras convenções.

     No contexto deste  tra balho são a presentadas duas def inições, am bas de  instituições  inter nacionais:  ICSID (Inter nacional Council of  Societies of  Industr ial  Design)  e  ICOGR ADA  (Inter nacional  Council  of   Gra phic DesignAssociations).

    "O   De senho  I ndu strial   é  uma atividad e  no ext en so cam po dainovação t ecnol óg ica. Uma d isci plina envol vida no s  pr oce sso s  d e d e senvol viment o d e  pr odut o s , e st ando li gada a que st õe s  d e  u so,

     pr odução, mer cado, utilidad e  e  qualidad e   f  or mal   ou e st ética d e  pr odut o s indu striais". (ICSID, 1973. In:  De si gn  f  or   I ndu strializ ation.UNIDO/ITD 353, 1975).

    "  P r og r amação V isual  é uma atividad e t écnica e criativa, r el acionadanão apena s  com  o pr o jet o d e  imag en s , ma s  com  a análise ,or  ganiz ação e  mét odo s  d e  apr e sent ação d e  sol uçõe s  visuais  par a

     pr obl ema s d e comunicação". (ICOGR ADA)3.

     P r ocessual : def inições pr ocessuais, como o pr ópr io nome indica, sãomutáveis  e  circunstanciadas  em  contextos, ancorados  cosmológica  e cr onologicamente, como, por  exem plo, design no Rio de Janeir o, década de 90. Isto signif ica  que  def inições  dessa  natureza  não discorrem  sobre  um conceito, mas  oferecem  fatores, relações  e  var iáveis  que  per mitem relacioná-lo a  um es paço e  a  um  tem po deter minados. Assim, antes  de  se ocupar   da  def inição pr opr iamente  dita, o autor   deverá  esta belecer   as 

     pr inci pais  var iáveis  de  inf luência  e  suas  caracter ísticas  predominantes. O modelo a presentado a  seguir   f oi  desenvolvido para  o texto intitulado"Pr o jeto Exper imental para a Prática do Desenhista Industr ial"4 e am pliadona publicação " I d een und F or men in d er  Ge schicht e d e s  De si gn".

    Design, do mesmo modo que  qualquer   outra  atividade  do pr ocessoextremamente com plexo e dinâmico do tra balho social, é or ientado por  um con junto de  ob jetivos  de  natureza  ideológica, política, social, econômica etc., que  são deter minados  pelas  instituições  sociais, ou se ja, pelas or ganizações  que  em  deter minada  sociedade  detém  e  exercem  poder ,legítimo ou não:  par tidos  políticos, sindicados, associações  de  classe,igre jas  etc. Esses  ob jetivos  dizem  res peito a  uma  ou muitas estratégias  de desenvolvimento, que  caracter izam  o pr ocesso histór ico da  sociedade  na realização de  suas  utopias.  Neste  pr ocesso as  utopias  têm  duplo

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     F i gur a 3: r e pr e sent ação do mod el od e d e si gn (De finição P r oce ssual  ). 

    •  o plano da ideologia e política, onde são def inidos os ob jetivos, valores e  nor mas  para  o desenvolvimento de  uma  sociedade  em  direção à utopia. Esse plano corres ponde à sociedade institucionalizada; 

    •  o plano do conhecimento, isto é, os  instr umentos  necessár ios  para via bilizar  os ob jetivos e a política no cam po do real. Esse é o plano das ciências; 

    • 

    o plano do plane jamento, ou se ja, a  a plicação dos  conhecimentos  de diver sas áreas na solução de pr oblemas es pecíf icos e concretos; 

    •  o plano da  práxis, através  da  qual  uma  par te  da  realidade  é efetivamente modif icada; 

    •   plano do meio am biente natural e ar tif icial.

    Segundo Jan Muk ar óvsky6  em  toda  relação entre  su jeito e  ob jeto há  duas f unções pr inci pais: as f unções diretas ou imediatas e as f unções indicativas ou de  signo. As  f unções  imediatas  se  subdividem  em  f unções  práticas  ouob jetivas  e em  f unções  teór icas.  Nas  f unções  práticas  é  o ob jeto que  vem 

    Instituições Sociais:Par tidos políticos, sindicatos,

    associações de classe, igr e jas etc. 

    Ciências Inter disciplinar es 

    Designer , outr os especialistas 

    Ob jeto: Conteúdo

    +Forma

    Unidades Pr odutivas 

    Usuários:Su jeito +

    Sociedade

    Pr ocesso de Pr ocesso de PRAXISPr odução Utilização

    Conf iguração  PLANEJAMENTO

    Fundamentação e Crítica TEORIA 

    IDEOLOGIA,POLÍTICA 

    Meio Ambiente Natur al e Ar tif icial 

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    em  pr imeir o plano, pois  a  auto-realização do su jeito se  dá  através  da transf or mação do ob jeto, ou se ja, da  realidade.  Na  f unção teór ica o su jeitoestá  em  pr imeir o plano, pois  o interesse  incide  sobre  a  pr o jeção da realidade  na  consciência  do su jeito, ou se ja, o conhecimento da  realidade.As f unções de signo, por  sua vez, a brangem as f unções estéticas e de signo.A  f unção que  traz  o ob jeto ao pr imeir o plano é  a  f unção de  signo, que 

    de pende  da  ef icácia  entre  ob jeto e  seu signif icado. A  f unção que  faz ressaltar   o su jeito é  a  f unção estética, deter minada  pela  nor ma, gosto e valores estéticos.

    A  par tir   dessa classif icação a presentada  por   Muk ar óvsky é possível identif icar  diferentes níveis de análise no pr ocesso de utilização: 

    •  análise  ob jetiva:  o conteúdo do ob jeto ou sua  f inalidade  predomina sobre  a  f or ma  e  somente  a  f unção prática  é  explícita, o su jeito da relação é  indeter minado, como por  exem plo, um  rascunho manuscr ito,os com ponentes mecânicos de uma máquina etc.; 

    • 

    análise  bio-f isiológica:  a  f or ma  é  deter minada  segundo medidas antr opométr icas  e  caracter ísticas  bio-mecânicas  do usuár io para maximização do desem penho do ob jeto e  somente  a  f unção prática  é explícita. O  su jeito é  um  "ti po"  def inido estatisticamente, como, por  exem plo, no caso de  posicionamento de  placas  inf or mativas  de trânsito, no dimensionamento de uma cadeira etc.; 

    •  análise  psicológica: a  f or ma é  deter minada  tam bém  por  caracter ísticas relacionadas à  sub jetividade  do usuár io, como as  de  natureza estética.A  f unção prática  e  a  estética  são explícitas. O  su jeito se  com põe  dosomatór io de  indivíduos  que  expressam  suas  tendências  de  gosto e seguem nor mas estéticas, como no caso de mobiliár io, vestimenta etc.; 

    •  análise  sociológica: a  f or ma é  deter minada  tam bém enquanto signo no pr ocesso de comunicação social. A f unção prática, a f unção estética e a f unção de  signo são explícitas. O  su jeito se  identif ica como um  gr uposocial. Por   exem plo, bandeiras  nacionais, codif icação de  cores  em com ponentes de máquinas etc.

     Naturalmente, há  outr os  níveis  possíveis  de  análise  de  natureza cultural, ecológica, ideológica etc. 

    3 Para um estudo mais detalhado sobre o conceito moder no design, com pare: EPPINGHAUS, R . De si gn M od er no: limit açõe s t er minol óg ica s. Estudos em Design, N° 2, v. 7 (1999), pp. 55 - 76.4 BOMFIM, G. A. Ex periment ell e s  P r o jek t   f  ür  d ie T äti g keit  d e s  I ndu strial   De si gn. Ver lag der  Ber gische Univer sität Wupper tal,1981. Wupper tal.5 Para um a pr of undamento na questão da "Teor ia doDesign", com pare: BOMFIM, G. A.  F undament o s d e uma T eoriaTr an sd isci plinar  do De si gn: morf  ol og ia do s ob jet o s d e u so e  sist ema s d e comunicação. Estudos em Design, N° 2, v.V (1997), pp.27-42.6 MUKAR ÓVSKY, J. E  scrit o s  sobr e  E  st ética e S emiótica da Art e. Editor ial Estam pa, 1981. Lis boa.

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    1.2  Def ini ção d e

     Est é ti ca

       Etimol óg i ca: o ter mo "estética" der iva do vocá bulo grego "aist he sis",que  signif ica  perce pção, sensação. Ao longo da  histór ia  podem  ser encontradas diferentes expressões que designam a estética, ora como cam podo conhecimento, a exem plo de "k al ocagatia"  , como Hesíodo denominava osa ber  sobre o belo, ou "k allistik , o belo na ar te; ora enquanto valor : "k al o s"( belo na poesia da Grécia antiga); "agat ho s" (relação entre a beleza moral e

    o bem); "k al on k at h' aut o" ( beleza em si) e "k al on pr o s ti"( belo por  causa de);" pul chrit udo vaga"   e  " pul chrit udo adhær en s"  ( beleza  vaga  e  belezaaderente), em Kant etc.

       Hist óri ca:  a  perce pção e  a  pr odução estética  são fatos  queacom panham  o homem em  toda  sua  histór ia. A  perce pção da  natureza, dosseres vivos e da pr ópr ia atividade do homem f oram registrados desde a maisremota antigüidade e são inúmer os os exem plos de cenas re presentadas comrealismo para  f ins  supostamente  r ituais  ou mágicos. Em Altamira, o ar tistaem pregou car vão, ocre, hematite e outr os mater iais para re presentar  bisontes,cavalos, cer vos, corças e outr os animais selvagens. Em Com barelles podemser   identif icadas cerca  de  trezentas  f iguras entre cavalos, ur sos, mamutes  e

    felinos  diver sos. Tam bém  são conhecidos  os  exem plos  na  estatuár ia, comcoleções  de  "vênus"  escul pidas  em  calcár io ou entalhadas  em  marf im. Naturalmente, não há  registr o sobre  o efeito estético da  pr odução e  da perce pção destas  imagens  e  muito menos  sobre  qualquer   atitude  ref lexivasobre elas. De concreto, há a penas  a  cer teza  de  que  reduzir   a  pr odução deimagens  e  ob jetos  deste  per íodo a  uma  dimensão puramente  utilitar ista  ousim bólica  é  não perce ber   nelas  a  presença  de  caracter ísticas  f or maisconstantes (simetr ia, re presentação de movimento etc.), que só se  justif icam

     pela estética.

      A par tir  destas pr imeiras cr iações o homem, inde pendente  da é poca ede  seu contexto cultural, tor nou-se  pr odutor   de  inúmeras  re presentações,

    em pregando diver sos  mater iais, supor tes e  técnicas, o que se constitui  temada Histór ia da Ar te, da Ar quitetura, do Design etc.

      A estética enquanto ob jeto de  ref lexão e  conhecimento sur ge  a penasna Grécia antiga, através da Mitologia e, poster ior mente, da Filosof ia.  Neste

     per íodo encontra-se  uma  mir íade  de  pensadores  e  escolas  ocupados  emdecifrar  a or igem, a essência e a causa do belo, as nor mas do fazer  ar tístico, af inalidade  da  ar te  etc. Estes  são, contudo, estudos  fragmentados  eassistemáticos, onde geralmente o belo é identif icado ora como uma vir tude,ora como uma  qualidade aderente ao bem, ao amor , ao útil.  Neste  per íododestaca-se Sócrates (470 - 399 a.C.) como o pr imeir o pensador  a submeter  oconhecimento estético a um arca bouço f ilosóf ico consistente. Platão será seu

    arauto.

      A Estética  moder na,  já  caracter izada  como ciência autônoma, sur giudurante  o século XVIII  e  tem  como marco a  tese  de  Alexander   Gottlie bBaumgar ten (1714 -  1762),  Ae st hetica  -  med it atione s  phil o sophicæ  d enonnulis  ad  P oema pertinentibu s" 1  (Estética:  meditações  f ilosóf icas  sobrealguns  tópicos  referentes  à  essência  do poema), publicada  em  1750.

     1 BAUMGAR TEN, A.G. E  st ética: a l óg ica da art e e do poema. Editora Vozes, 1993. Petr ópolis.

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     F i gur a 4: r e pr e sent ação da s tr ê sr e g iõe s int el ect uais e e s pirit uaisdo homem  se gundo Leibniz .

    O  ponto de  par tida  de  Baumgar ten pode  ser   encontrado em  Gottfr iedWilhelm  Lei bniz  (1646 -  1716), es pecialmente  em  sua  distinção entre  oconhecimento clar o e  o conhecimento conf uso, que  se  referem  àsre presentações clara e conf usa. Para Lei bniz, o gosto, enquanto distinto doentendimento, consiste em perce pções conf usas às quais não se pode atr i buir razão adequada. É  como um  instinto. O  gosto é  f or mado pela  natureza  e

     pelos  há bitos. A  perce pção estética, por  ser  clara, se  distingue  da  sensação pura; mas, por  ser  conf usa, se diferencia tam bém do conhecimento racional,que  é  sem pre  distinto. Os ar tistas  podem  emitir   juízos  excelentes  sobre  asobras de ar te, mas não sa bem atr i buir  razão a estes  juízos; sobre as obras quedesagradam se limitam a dizer  que lhes falta “um não sei o quê”.

      Lei bniz, a par tir  de sua distinção entre conhecimento e  re presentaçãoclar os  e  conf usos, esta belece  três  regiões  na  constituição intelectual  ees pir itual do homem, que corres pondem à razão, à vontade e ao sentimento.O estudo da atividade da razão corres ponde à lógica, cu ja pr odução ideal é aciência, que tem como valores extremos, o ver dadeir o e  o falso. Do mesmomodo, o estudo da  ação da  vontade  f oi  por   ele  denominado ética, que  se

    expressa em  estágio super ior  através  da  política e  do Estado, cu jos  valoressão o bem e o mal; f inalmente, o estudo do sentimento estar ia relacionado àEstética  e  sua  manifestação ideal  ser ia  a  ar te, que  tem  como valoresf undamentais o belo e o feio.

      Baumgar ten endossa a classif icação de Lei bniz e  já na  pr imeira par te

     2 BAUMGAR TEN, A. G. E  st ética: a l óg ica da art e e do poema. Vozes, 1993. Petr ópolis, P p. 12.3 BAYER , R . H ist ória da E  st ética. Editor ial Estam pa, 1979.

    4 LESSING, G.  Laocoont e. In: MERCATALLI, F. e M. Buenos Aires, 1946.

    5 HEGEL, G. W. F. V orl e sung en über  d ie  Ä  st hetik . R eclam, 1971. Stuttgar t. P p 37 - 38.

    6 LAUDAN, L. S cience and V al ue s. Univer sity of  Calif or nia Press, 1984. Ber k eley.

    Razão Vontade

    Idéia

    Sent imento

    Ethos = Ética:Bem/malCaso Ideal: Estado

    Logos = palavra, lógica:Ver dadeir o /FalsoCaso Ideal: Ciência

    Aisthesis  = sentimento,Estética: Belo /FeioCaso Ideal: Ar te

    PercepçãoSensorial: visão,audição, tato,paladar, olf ato,sinestesia.

      Ação,  Reação

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    de  sua  tese, no terceir o e  quar to parágraf os, podem  ser   encontrados  osseguintes pensamentos:

      " a s r e pr e sent açõe s obtida s atr avé s da part e in f  erior  da f  acul dad e  cognitiva  são sen sitiva s.

      " O d e se jo é chamado  sen sitivo enquant o pr ovém d e uma  r e pr e sent ação con f  u sa do bem; ma s a r e pr e sent ação con f  u sa, a ssim  como a r e pr e sent ação ob scur a, é obtida atr avé s da part e in f  erior  da   f  acul dad e  d e  conhecer ;  ent ão, a d enominação "sen sitiva"  t ambém  pod er á  ser   aplicada à s pr ópria r e pr e sent açõe s , par a, d e st e  modo,   ser em d istinguida s da s r e pr e sent açõe s int el ect uais d istint a s ,  se gundo  t odo s o s g r au s po ssí veis.

      " Suponha- se  que  um  d iscurso que   se  com põe  d e  r e pr e sent açõe s   sen sí veis   se ja  sen sitivo. C omo nenhum  fil ó so f  o al cança t amanha  pr o f  und idad e  que  l he  per mit a cont em pl ar   t oda s  a s  coisa s  com  o  int el ect o pur o,  sem   se  d et er   no ní vel   do conheciment o con f  u so; do

      me smo modo, qua se  nenhum  d iscurso s  che ga a  ser  t ão científico e  int el ect ual   que   se  não  se encontr e uma  só id éia  sen sí vel  ao l ongo do   seu encad eament o.  P or   con seqüência, aquel e que  se d ed ica ant e s d e  t udo ao conheciment o d istint o pod e  encontr ar   quaisquer   r e pr e sent açõe s  d istint a s  em  um  d iscurso s   sen sitivo; e st e último, no  ent ant o, per manece   sen sitivo, a ssim  como o d iscurso científico  per manece ab str at o e int el ect ual" .2

       Naturalmente, esta  inter  pretação de  Baumgar ten está  im pregnada  deuma conce pção do co smo s, segundo a qual a natureza é com preendida comocom plexa  máquina  f or mada  por   inúmeras  peças  autônomas, nomináveis  e

     bem posicionadas em um sistema car tesiano de coor denadas. E não poder ia

    ser   diferente, pois  a  pretensiosa  "ótica  cr istalina"  da  razão,  já  li ber tada  dodogmatismo teológico, cele brava o Moder no; sem, contudo, perce ber  que  ofracionamento da  realidade  e  sua  leitura  através  de  discur soscom par timentados, sensitivos, científ icos  ou éticos, como recur sosmetodológicos  do conhecimento, legar ia  uma  pesada  herança ao homem:  asua pr ópr ia fragmentação.

      F ormais: Uma consulta à bi bliograf ia sobre aquilo que diz res peito aoconceito de  Estética  e  ao conhecimento estético revela  três  inter  pretações

     pr inci pais, que  englobam  muitas  possi bilidades  recorrentes  ao longo dahistór ia do pensamento f ilosóf ico.

      A  pr imeira  inter  pretação sustenta  que  Estética  é  a  ciência  que  seocupa da  perce pção sensor ial e  dos conhecimentos adquir idos através  dela.Estético é  tudo aquilo que  se  pode  perce ber   sensor ialmente  através  dossentidos e todo conhecimento que se tem da realidade além da com preensãoracional.  Neste caso, quando o ter mo é com preendido em seu sentido maisam plo, a Estética adquire matizes e pistemológicos,  já que tem como ob jetivoestudar   a  com preensão sobre  a  realidade  através  da  perce pção, ou se ja, acom preensão da  realidade  que  não per tence  ao conhecimento noético ou àação da vontade, a ética.

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       Neste caso, a diferenciação entre aist he sis , l ogo s e et ho s é clara, mas adiscussão sobre  que  sentidos  estar iam  a ptos  a  pr oporcionar   esteconhecimento parece não ter   f im. O paladar , por  exem plo, pode  reconhecer sa bores  agradáveis  ou desagradáveis  que, no entanto, não encontramreconhecimento entre  as  categor ias  estéticas  clássicas. Ainda  assim, ao

    menos no senso comum, parece não haver  nenhuma dif iculdade em aceitar  aexistência de uma ar te culinár ia. Da mesma f or ma, o tato pr oduz sensaçõesque podem per tencer  a escalas que var iam do positivo ao negativo, em bora

     pouco se possa af ir mar  quanto à sua possi bilidade de  discer nimento entre o belo e  o feio, mesmo que  algumas  manifestações  da  ar te  moder na  tenham justamente explorado a tactilidade como recur so estético como, por  exem plo,na sér ie "Penetráveis", de Hélio Oiticica, realizada entre as décadas de 60 e70. De fato, tanto o paladar  como o tato - assim como os demais sentidos  -agem no pr ocesso de conhecimento da realidade. A dif iculdade em aceitá-loscomo par tíci pes  da  perce pção estética  está   justamente  no predomínio dainter  pretação da Estética como "Ciência do Belo", ou se ja, o que se escondenessa contr ovér sia é a possi bilidade de reconhecimento de  outras categor ias

    estéticas, além daquela por  onde transita o belo.

      Esta  contr ovér sia  per manece, contudo, em  segundo plano no de batesobre a natureza do estético e poucos pensadores arr iscaram a emitir   juízosexplícitos  sobre  o assunto. Alguns  atr i buem  à  visão e  à  audição lugar 

     pr ivilegiado entre os sentidos e poucos, como Hegel, f oram clar os af ir mandoque somente estes dois sentidos ser iam a ptos à perce pção estética.

    " N o domí nio da e st ética, d iz   He g el  , o  sen sí vel   d eve  apar ecer -no sapena s  como  superfí cie  e  como apar ência.  A  e st ética e st á a meiocaminho da  sen sibilidad e imed iat a e do pen sament o pur o, e excl ui a sen sibilidad e mat erial  , ist o é , o s  sentido s in f  erior e s , olf  at o, go st o, e

    me smo t at o, par a apena s  d ei xar   o s  dois   sentido s  t eórico s  eint el ect uais do ser  humano: a vist a e o ouvido."3

      Finalmente, é  im por tante  destacar  ainda  neste  contexto os  limites  dosensor ial e do sensível. O  sensor ial per tence à  relação entre a mater ialidadedaquilo que é perce bido e os sentidos do su jeito, ou se ja, o que Baumgar tendenominou como re presentação conf usa  ou re presentação obscura  da  par teinfer ior   da  faculdade  de  conhecer . O  sensor ial  per tence  à  categor ia  dosignif icante. Já  o sensível  diz  res peito à  inter  pretação única  e  or iginal  dosu jeito sobre  o perce bido, à  imagem  ca pturada  pelo olhar   seletivo,mani pulado pelo consciente  e  subconsciente, pr ocesso que  envolveob jetividade e sub jetividade na atr i buição de signif icados.

      A segunda inter  pretação sobre a Estética af ir ma que ela é a ciência quese  ocupa  do belo, presente  na  natureza, nas  atividades  do homem  e  nosob jetos  de  sua  cr iação. Aqui  a  categor ia  estética  é  def inida  e  limitada:  oestético é  o belo, o agradável, o sublime  etc. Mas, de  acor do com  estainter  pretação a Estética  não tem  como ob jetivo o reconhecimento daquiloque é bel o, ou se ja, não se trata de identif icar  ob jetos, atividades ou situações

     por tadores de valores estéticos, mas sim de estudar  aquilo que é o bel o. Há, por tanto, um  deslocamento dos  cam pos  da  e pistemologia  e  da

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    fenomenologia  para  os  cam pos  da  axiologia  e  da  ontologia, pois, então, a per gunta  inicial  se  refere  à  pr ópr ia essência  dos  valores  e, de pois, sobre  aessência, o lugar   e  a  im por tância  dos  valores  estéticos  entre  os  demaisvalores, como o bem e a ver dade.

      A  relação entre  os  três  valores  f undamentais  da  f ilosof ia  -  o bem, a

    ver dade e o belo - é re pleta de contradições, quer  pelo grau de im por tância aeles atr i buído pelas nossas sociedades, quer  pelo pr ópr io conf lito entre eles.

      Por  um lado, não se discute sobre a supremacia da ver dade (científ ica),o que  explica  o lugar   pr ivilegiado que  ocupam  as  ciências  exatas  e  atecnologia - sob a égide do Moder no, a ciência é essencial, a ar te um deleite,a ética a penas uma possi bilidade -; por  outr o lado, mesmo que se considereum  escalonamento entre  os  valores  f undamentais, estes  muitas  vezes  estãode  tal  f or ma  inter ligados  que  parece  insano  julgar   como belo algo que  éeticamente  condenável  ou cientif icamente  falso. Que  uma  catedral  góticades per te o sentimento do sublime é  perfeitamente aceitável, mesmo que  talfenômeno ocorra   justamente  pelo conluio de  f or mas  ar quitetônicas  que

    concorrem  para  agigantar   o divino e  a pequenar   o homem. Mas, poucosadmitir iam  que  os  desf iles  a poteóticos  do exército nazista, em  meio af lorestas  de  bandeiras  ver melhas  com  a  suástica  negra, dramatizadas  por cuidadosos  jogos de luzes e marchas militares, poder iam des per tar  o mesmosentimento pelo sublime.

      A identif icação do belo com a ver dade e o bem remonta ao idealismo platônico, e aceitar  a possi bilidade de um belo falso e/ou mau é, de fato, umatarefa muito dif ícil.

      Os  valores estéticos  podem  ser   divididos em  três  categor ias:  valores básicos, com plementares  e  sintéticos. Os  valores  básicos  se  diferenciam

    entre si pela sua natureza e per tencem à dialética entre três pares: belo - feio,sublime  -  vulgar   e  trágico -  cômico. A  diferença  entre  o belo (feio)  e  osublime (vulgar), por  exem plo, está na relação entre qualidade e  intensidadedo valor , ou se ja, a  medida  do fenômeno estético em  concor dância  com  arelação entre  o ob jeto perce bido (real)  e  sua  pr o jeção sub jetiva  (ideal). O

     belo é a medida har mônica do fenômeno estético, enquanto que  no caso dosublime, a  intensidade  do sentimento se  sobre põe  à  medida  har mônica. Osublime  per tencer ia a  uma  relação paradoxal, pois, em  sua escala, ocupa  oextremo positivo, em bora  o sentimento que  des per te  se ja  aterr or izador   esem pre muito pr óximo do melodramático.

      Lessing sustentou conhecida contr ovér sia com Winck elmann sobre a

    análise  de  uma  obra  paradigmática  do sublime:  o Laocoonte. O  gr upoescultór ico de  Agesandr o, Polidor o e  Atenodor o re presenta  o suplício dosacer dote de Tr óia e de seus f ilhos, presos pelas duas ser  pentes enviadas por A polo. Enquanto Winck elmann cr itica a  obra, pela expressão excessiva  deagonia  e  de  dor   no r osto de  Laocoonte, que  resvalar ia  em  melodrama,Lessing elogia  justamente o acer to dos escultores em f ixar  o gr ito, instanteanter ior  à mor te, por que evita a fealdade da contorção pr oduzida no r osto, e

     por que, “mais além  (do momento do par oxismo)  já não há nada, e oferecer ao olhar  o grau extremo é dar  asas à imaginação.”

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    ... “S e  Laocoont e  su s pir a, a imag inação pod e ouvi-l o g rit ar  , ma s  se g rit a não pod e el evar - se um g r au sobr e e st a imag em , nem d e scend er um  g r au d el a  sem  vê-l a em  uma cond ição mais  suport ável  , e , por con se guint e , meno s  int er e ssant e. Ou o ouve  g emer  , ou o vê   jámort o”.4

      O  conceito de  belo tam bém  é  re pleto de  contradições:  para  Platão o belo é a manifestação sensível do bem e da ver dade, ou se ja, per tence a umtodo indivisível, que  se  expressa  através  da  medida, da  pr oporção, dasimetr ia, da  or dem  etc.;  para  Kant  o belo é  uma  qualidade  que  agradauniver salmente  sem conceito ou, na  ver são ir ônica, algo maravilhosamenteinútil;  para  Mao Tse-tung o belo se  encontra a penas  naquelas  obras  cu josvalores  políticos  e  ar tísticos  são positivos  e  a  or dem  é  exatamente  essa:

     pr imeir o a  política, de pois  a  ar te;  e  a  lista  poder ia  se  estender indef inidamente.

      A  terceira def inição sobre Estética a  situa como ciência  que estuda a

    ar te, onde estético é então sinônimo de ar tístico. Essa é a inter  pretação maiscomum  e  restr ita  do ter mo e  o ob jeto da  ciência  são as  atividades  dasdistintas  modalidades  ar tísticas, seus  estilos  e  nor mas. Aqui  se  incluem  amorf ologia, a ti pologia, a cr ítica e a histór ia da ar te. Im por tante no contextodessa  possi bilidade  de  com preender   a  Estética  é  a  negação do fenômenoestético f ora  da  esfera  ar tística, isto é, na  conf iguração de  f or masar quitetônicas, do design, e  a  pr ópr ia  natureza, ou se ja, supor tes  que  nãoser iam  de  interesse  para  o  juízo estético. Hegel, por   exem plo,  já  nas

     pr imeiras linhas de “Lições de Estética”, a presenta o seguinte axioma sobre arelação entre o belo ar tístico e o belo na natureza:

    “ E  st a obr a é  d ed icada à e st ética, quer   d iz er :  à  fil o so fia, à ciência

    do bel o, e , mais pr ecisament e , do bel o artístico, pois d el a  se excl ui obel o nat ur al .  P ar a  ju stificar  e st a excl u são, pod erí amo s  d iz er   que  at oda ciência cabe o d ir eit o d e  se d e finir  como queir a; não é por ém ,em  virt ud e  d e  uma ar bitr ária d ecisão que  só o bel o artístico é  oob jet o e scol hido pel a fil o so fia.”

      Mais adiante o f ilósof o é perem ptór io:

    “S e gundo a opinião corr ent e , a bel e z a criada pel a art e  seria muit oin f  erior   à da nat ur e z a, e  o maior   mérit o da art e  r e sid iria emapr o ximar  a s  sua s criaçõe s  do bel o nat ur al . S e , na ver dad e , a ssimacont ece sse ,  ficaria excl uí da da e st ética, com pr eend ida como

    ciência unicament e do bel o artístico, uma g r and e part e do domí nioda art e.  M a s , contr a e st a maneir a d e  ver  ,  jul  gamo s  nó s  pod er a fir mar  que  o bel o artístico é  superior   ao bel o nat ur al   por   ser   um

     pr odut o do e s pírit o que ,  superior   à nat ur e z a, comunica e st a superioridad e ao s  seu s pr odut o s e , por  con se guint e , à art e; por  issoé o bel o artístico  superior  ao bel o nat ur al . T udo quant o pr ovém doe s pírit o é  superior  ao que exist e na nat ur e z a.  A pior  da s id éia s que

     per  pa sse pel o e s pírit o d e um homem é mel hor  e mais el evada do queuma g r and io sa pr odução da nat ur e z a -  ju st ament e por que e ssa id éia

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     F i gur a 5: r e pr e sent ação da sd e finiçõe s  f  or mais.

     partici pa do e s pírit o, por que o e s pirit ual  é  superior  ao nat ur al .5

       Naturalmente, ser ia  falso supor   que Hegel  não reconhecia  o belo nanatureza;  mas  sua  inter  pretação histór ica, dialética  e  idealista  da  Estética

     pr ivilegia  a  ação da  vontade  do homem, a  li ber dade.  No entanto, a  ar te, perce pção ob jetiva, assim  como a  religião, imaginação sub jetiva, ser iam

    a penas  fases  iniciais  da  f ilosof ia, ou se ja, o pensar   ob jetivo-sub jetivo doEs pír ito em direção ao A bsoluto. Aliás, o pseudo anúncio da mor te  da ar te,que  muitos  cr íticos  insistem  em  ver   na  análise  de Hegel  sobre  o per íodor omântico da  ar te, quando a  Idéia  ultra passa  a  matér ia  e  a  ar te  per de  seu

     pa pel como meio para conhecimento da ver dade, não tem nenhum sentido

      Por  f im, deve-se ainda aceitar  uma incômoda questão: se a Estética éuma  ciência  e, por tanto, su jeita  a  enunciados  falsos  e  ver dadeir os, comoadmitir   af ir mações  tão dís pares  sobre  seu estatuto, ou se ja, que  ti po deciência  é  a  Estética, que  convive  com  ver dades  que  se  contradizemsucessivamente e onde nada parece ser  falso?

       P r ocessual :  a  cr iação, a  perce pção e  a  ref lexão estética  podem  ser consideradas como par tes integrantes de um mesmo pr ocesso. Esse pr ocessocom põe-se de quatr o grandes áreas:

      1. Pr ocedimento teór ico f ilosóf ico e/ou ideológico, que diz res peito àmatr iz  or iginal  da  f ilosof ia  ou ideologia à  qual  deter minada  teor ia  estéticaestá a pensa.

      Ao contrár io das ciências  f or mais, como a matemática e a  lógica, emque  o cr itér io de  ver dade  é  a  demonstração, ou se ja, a  ausência  decontradição;  ou das  ciências  da  natureza, em  que  a  exper imentaçãocom pr ova a veracidade de um enunciado, a Estética, enquanto per tencente aogr upo das ciências  humanas  de pende  do assentimento, do consenso, para  oesta belecimento de  leis. Deste  modo é  comum  o conf lito entre  conceitosor iundos de teor ias estéticas que têm como f undamento correntes ideológicase/ou f ilosóf icas  distintas. Para  resolver   esses  conf litos  há  recur sos

      Percepção Sensorial

    Belo   Ar te

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     F i gur a 6 : r e pr e sent ação do s Ní veis d e C on sen so e  De sacor dod e  P opper  e  Rein schenbach.

    metodológicos  dis poníveis, como a  "Teor ia Hierár quica  da  R acionalidade"de Popper  e R einschenbach, citada por  Laudan.6

      Segundo essa  teor ia há  três níveis hierár quicos de  discor dância e  de possível consenso, como re presentado na  f igura  a baixo. Uma  discor dânciano nível factual e/ou teór ico pode ser  conseqüência do em prego de diferentes

    métodos  ou instr umentos de  ver if icação, questão que  pode  ser   resolvida  nonível  metodológico;  conf litos  no nível  metodológico, decorrentes  dedistintos posicionamentos  f undamentais, que  poderão encontrar  res posta  nonível  axiológico, ou se ja, no esta belecimento de  escala  de  valores, o qual,

     por  sua vez, não ter ia um nível super ior  de consenso. A cr ítica a essa teor ia,no entanto, a ponta  que  uma  discor dância  no nível  axiológico poderá  ser solucionada no nível factual/teór ico.

      2. Pr ocedimento teór ico científ ico, onde  são f or mulados  osconhecimentos  disci plinares, inter disci plinares  ou transdisci plinares  quef undamentam  e  cr iticam  o pr ocedimento prático. Como mencionadoanter ior mente esses conhecimentos são f or mulados e or ganizados a par tir  daobser vação em pír ica (indução) e de leis gerais (dedução).

      3. Pr ocedimento prático pr odutivo, que se refere ao ato de cr iação deum ob jeto ou atividade por tador  de valores estéticos.

      4. Pr ocesso prático rece ptivo, referente  à  perce pção e  valor izaçãoestética de um ob jeto ou atividade.

    A  f igura  seguinte  re presenta  os  quatr o níveis  do pr ocesso estético e  suasrelações pr inci pais:

    Nível de Desacor do  Nível de Consenso

    Axiológico  (nenhum)

    Metodológico  Axiológico

    Factual/Teórico  Metodológico

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     F i gur a 7 :  Re pr e sent ação da De finição P r oce ssual  d e  De si gn.

    Filosof ia/Ideologia Pr ocedimento  Teórico:

    Pr ocesso de Filosóf icoLegitimação  Ideológico

    Pr ocesso de  Ciências: Estética, Científ icoFundamentação  História, Psicologia,e Crítica  Sociologia, Antr opologia etc.

    Criador :Ar tista,ar quiteto,designer etc.

    Obra Estética:Obra de ar te,ar quitetura,pr oduto.......ações, natureza

    Su jeito:indivíduo esociedade

    Avaliação estética

    Valor estético

      Pr ocedimento prático:  Pr odutivo  e Receptivo

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    1.3  N atur e z a

    da  Rel ação

    entr e  Desi  g n e 

     Est é ti ca

    Há pouco consenso sobre a natureza do design, seus ob jetivos, métodos e conteúdos. Uma consulta à  bi bliograf ia es pecializada  mostra a penas  que  há tantas def inições quanto o númer o de autores que se dedicaram a esta tarefa. A falta de consenso não se  justif ica a penas pelo fato do design ser  uma atividade relativamente  nova, em  busca  de  f or mação, mesmo por que  outras  áreas  doconhecimento ou de  atuação pr of issional, como a  Inf or mática  e  o Mar k eting

    são igualmente  recentes  e  nem  por   isso indef inidas. Mais  ver dadeira  é  a constatação de  que  o design tem  estatuto muito es pecial, pois  não é  uma f ilosof ia, uma ciência ou uma f or ma de ar te, em bora este ja ligado a todas elas e, como o design não é só f ilosof ia, ciência, tecnologia ou ar te, não se encaixa tam bém em  nenhum  dos  moldes  def initivos  e  fechados, tí picos  das  def inições clássicas, que  pretendem  enquadrar   algo em  escaninhos  fechados. Aocontrár io, o design é  uma  práxis  inter disci plinar , que  par tici pa  da constr uçãomater ial  de  nosso meio e, como tal, está  su jeito às  diferentes  inter  pretações que cada um de nós tem sobre nosso agir  e estar  no mundo.

    Assim  é  que  Bonsie pe1, por   exem plo, considera  o design como um atr i buto ontológico do homem, pois  a  par tir   do momento que  alguém,

    conscientemente, conf or mou matér ia  com  uma  deter minada  f inalidade, ouse ja, de modo a atender  a uma necessidade, inaugur ou a atividade do designer .Pa panek 2  por   sua  vez, af ir ma  que  tudo que  fazemos, quase  todo o tem po, é design, quando nossas  ações  seguem  deter minados  pr incí pios  metodológicos.Outr os  autores  preocupam-se  em  ver if icar   quando esta  atividade  passou a ganhar   autonomia  e  f undamentos  explícitos  e  sistemáticos, que  pudessem  ser  transmitidos a outras pessoas para caracter izar  uma nova pr of issão, e a lista de exem plos  poder ia  se  estender   indef inidamente. Temos  aí, por tanto, ver sões antr opológicas, metodológicas e histór icas do design.

    " E  st e  br eve  r el at o  sug er e  que  a variedad e  d e  int er  pr et açõe s  sobr e d e si gn  se  d eve  princi pal ment e  à nat ur e z a pr e scritiva d e   sua s 

    d e finiçõe s , ou  se ja, el a s   se  r e f  er em  mais  a  sit uaçõe s  id eais , pr og r amática s , do que ao cotid iano. E  st e  f  at o é verificável  quando  se con st at a que , me smo em  paíse s  mais  d e senvol vido s , o d e si gn f  or mal ment e  d e finido é  a exceção, e  não a r e g r a, no pr oce sso d e con fi gur ação d e ob jet o s.

    "C omo atividad e r ecent e , que bu sca mét odo s e cont eúdo s pr óprio s , od e si gn é  int er  pr et ado or a como t ecnol og ia bá sica, or a como val or  ag r e gado, or a como in str ument o d e  publicidad e ,  sem pr e  d e  acor docom d iscurso s im per ativo s.  N e st e  sentido, não é t emer ária a hi pót e se d e  que  a  f  undament ação do d e si gn é  e ssencial ment e  id eol óg ica. A ssim , uma d e finição  f  or mal    sobr e  o s  ob jetivo s  do d e si gn é 

    nece ssariament e  com pr ometida e  r e strit a à lit er at ur a, pois   sual e g itimidad e  só é  al cançada em  f  unção da e ficácia da pr á xis , no s cont ext o s  cr onol óg ico s  e  co smol óg ico s  em  que  se  in ser e. O  d e si gn seria, ant e s d e t udo, in str ument o par a a mat erializ ação e per  pet uaçãod e id eol og ia s , d e val or e s pr edominant e s em uma  sociedad e , ou  se ja, od e si gner  , con scient ement e  ou não, r e- pr odu ziria r ealidad e s  e 

    1 BONSIEPE, G. T eorí a y  P r áctica d el   Diseño I ndu strial . GustavoGili, 1978. Barcelona.

    2 PAPANEK , V. De si gn  f  or   Real  W orl d. R andom House, 1971. New Yor k.

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    mol daria ind iví duo s  por   int er méd io do s  ob jet o s  que  con fi gur a,embor a pouco s  d e si gners  aceit em  a  f  acet a mimética d e   suaatividad e."3 

    Mas, se  existem  diver gências  entre  as  def inições  de  design é  possível encontrar   tam bém  consenso entre  elas. Design é  uma  atividade, uma  práxis 

    que  par tici pa  da  conf iguração de  ob jetos, se jam  eles  bidimensionais,tr idimensionais  ou vir tuais. Em  outras  palavras, o designer   dá  f or ma (conf or ma)  algo que  antes  existia  a penas  no mundo das  idéias, dos  dese jos,das  necessidades;  ou tr an s-f or ma  algo  já  existente, incor  porando novos valores, tecnologias  etc. Tam bém  os  ar tesãos, engenheir os, ar quitetos,cir ur giões plásticos e muitos outr os pr of issionais têm tarefas semelhantes, mas não ca be  aqui  comentar   as  es pecif icidades  de  cada  um. O  im por tante  é considerar   que  o designer   conf igura  ar tefatos, levando em  consideraçãoas pectos  de  natureza  pr odutiva, social, utilitár ia, cultural, política, ideológica etc. Esses  as pectos  f or mam  uma  com plexa  trama  de  var iáveis inter de pendentes  que  medeiam  a  conf iguração dos  ob jetos  e  per mitem diferentes  inter  pretações  sobre  ela. Desta  f or ma, para  alguns, um  ob jeto será 

    uma  extensão do cor  po humano, para  outr os, sím bolos  de  um  pr ocessocomunicativo, e assim por  diante; em bora o ob jeto, em sua integr idade, resista a  todas  estas  análises  par ticulares  e  limitadoras, posto que  o alcance  da inter  pretação nada mais é que o ref lexo do limite de quem inter  preta. Somente sob o peso dessa adver tência é  que se pode considerar  a dimensão estética de um ob jeto.

    Tudo que  pode  ser   sensor ialmente  perce bido pelo homem  terá  valor  estético, inde pendente  da  intenção de  quem  cr ia, uma  vez  que  o pr ocessoestético é não só generativo, mas tam bém rece ptivo. Qualquer  f or ma, por tanto,é  passível  de  juízo estético, se ja  ela  uma  “obra  de  ar te”  ou instr umento de tra balho. O cr itér io pr ivilegiado que atr i buí qualidade estética a algo é o  juízo

    do gosto: "gosto ou não gosto", "me agrada  ou desagrada"  são expressões dosenso comum  perfeitamente  lícitas  na avaliação estética, uma  vez  que  o  juízoestético não demanda necessar iamente a  E  st ética, enquanto cam po do sa ber .

    Para  um  designer , contudo, o  juízo do gosto é  falível, pois  ele  nãoconf igura  ob jetos  para  uso pr ópr io e, por tanto, não pode  se  valer   de  suas 

     preferências estéticas. Isto signif ica  que  o designer  deve dominar  os conceitos  pr inci pais  desta  ciência  para  obter   resultados  dese jados, de  acor do com  cada con junto de  usuár ios.  Neste  contexto é  muito im por tante  ressaltar   que  a avaliação estética  de  um  ob jeto é, muitas  vezes, a  pr imeira  relação que  se esta belece  entre  um  usuár io e  um  ob jeto, ou se ja, uma  relação imediata  que 

     pode facilitar  ou dif icultar  a aceitação do ob jeto como um  todo: a exper iência 

    do conf or to que  uma  cadeira  bem  pr o jetada, sob o cr itér io da  er gonomia, poder ia pr oporcionar  a um usuár io será anulada se o ob jeto f or  re jeitado no atoda com pra por  motivação estética.

    Por   outr o lado, o pr ocesso de  conf iguração não de pende  a penas  de cr itér ios estéticos, pois, ao contrár io de um ar tista, que pode estar  preocupado

    3 BOMFIM, G A. F undament o s d e uma T eoria Tr an sd isci plinar  do De si gn: morf  ol og ia do s ob jet o s d e u so e  sist ema s d e comunicação. Estudos em Design Vol. V. N° 2. Dezem br o de 1997. Rio de Janeir o.

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    a penas em  pr oporcionar   prazer  estético à  sua  platéia, o designer   deverá  levar  em  conta  questões  ob jetivas, bio-f isiológicas, semiológicas  e  outras  mais  que estão envolvidas  no pr ocesso de  utilização, e  a  conciliação dos  preceitos  de diferentes áreas do conhecimento que pr oporcionam res postas a essas questões não é tarefa sim ples: a cor  de um ob jeto, por  exem plo, pode ser  tematizada por  diferentes  ciências  (f ísica, química, estética, semiótica  etc.), que  nem  sem pre 

    a pontam para um com pr omisso consensual. Um conhecimento transdisci plinar  que  com bine  as  inúmeras  questões  envolvidas  nos  pr ocessos  de  pr odução e utilização de  um  ob jeto ainda  não existe. Esta, pr ovavelmente, ser ia  um ca pítulo de  uma  "T eoria do  De si gn", que  alguns  estudiosos  preferem denominar  como "Morf ologia", ou se ja, o estudo da f or ma.

    Mas, se  uma  Teor ia  do Design ainda  não existe, um  dos  pr imeir os  passos  para  constituí-la  é  conhecer   os  ob jetivos, métodos  e  conteúdos  das diferentes  áreas  de  conhecimento que  poderão, no f utur o, com por   o sa ber  transdisci plinar . E este é o ob jetivo deste texto.  Naturalmente, não se pretende esgotar   um  assunto tão com plexo como a  Estética  em  poucas  linhas, a intenção aqui  é  a presentar   conceitos  básicos  que  per mitam  a pr of undamentos 

    f utur os.

    O tema será desenvolvido através de cinco tópicos: ontologia do belo,e pistemologia do belo, pr ocesso estético, psicologia do belo, valor  e avaliaçãoestética. 

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    2.  Estudo

    Temáti co da

     Est é ti ca

    O  Pr ocesso Estético pode  ser   estudado através  de  diferentes  enf oques,como, por   exem plo, seu desenvolvimento através  da  histór ia, quer   pela 

     pr odução estética  e  ar tística  ou pela  ref lexão cr ítica;  sua  inter  pretação, de acor do com  o pensamento de  uma  escola  f ilosóf ica  ou autor   etc.  Neste tra balho optou-se  por   considerar   cinco temas  pr inci pais, cu ja  or dem  obedece ao pr ópr io desenvolvimento histór ico dessa  ciência. Esses  assuntos  serão

    a presentados sob a ótica de diver sas teor ias, como se segue: 

    2.1 Ont ol og i a: essência, causa e natureza do belo, a exem plo da estética idealista de Platão, da estética realista de  Ar istóteles e da estética sub jetivista de Plotino.

    2.2 Teori a do C onheciment o e  Em pirismo: f or mação de conhecimentoestético dedutivo, a exem plo da Cr ítica do Juízo do Gosto de Immanuel Kant,e  f or mação de  conhecimento estético indutivo, a  exem plo dos  em pir istas  da Idade Média e início do R enascimento.

    2.3  P r ocesso  Est é ti co:  pr ocesso de cr iação, obser vação e comunicação

    estética  na  histór ia, a  exem plo da  estética  histór ica, dialética, idealista  de Hegel e da estética histór ica, dialética, mater ialista de Mar x.

    2.4  P si col og i a:  obser vação, perce pção, vivência  e  conhecimentoestético a  exem plo da  Psicologia  da  For ma  (Gestalt), do Behavior ismo, da Psicanálise, da Psicologia da Inf or mação e da Homeostase.

    2.5  Avali ação  Est é ti ca:  gosto, nor ma, valor   e  pr ocesso de  avaliaçãoestética.

    O  recur so de  recorrer   a  mais  de  uma  corrente  f ilosóf ica  ou científ ica  para  estudar   estes  cincos  temas  decorre  do fato de  que, ao contrár io da 

    ciências da natureza  (f ísica, química, biologia etc.), onde a "ver dade" é obtida através  de  exper imentos  ob jetivos;  ou das  ciências  f or mais  (matemática  e lógica), onde a "ver dade"  ser ia alcançada através  de  demonstrações  (ausência de  contradição); as ciências  humanas  (estética, ética, política etc.) alme jam a ver dade  através  do consenso, da  convicção, do assentimento, que  def inem valores, padr ões  ou nor mas. Assim, a  Estética  é  uma  ciência  f or mada  por  diver sas  teor ias, muitas  delas  conf litantes  entre  si, o que  signif ica  que  os conceitos per tencentes a essa ciência são extremamente relativos.

    A título de exem plo, o quadr o a seguir  com para algumas caracter ísticas dos  três grandes gr upos de ciências (da natureza, f or mais e humanas), através das  questões  relacionadas à Ontologia  (o que  é?), à Teor ia  do Conhecimento

    (como se  pode conhecer?), à Lógica  (como se  pode f undamentar?) e à Teor ia Científ ica (como se pode expressar?).

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     F i gur a 8: car act erística s do s tr ê s g r and e s g r upo s d e ciência s.

    2.1 Ontologiado Belo

    Duas  questões  f undamentais  ocupam  pensadores  e  f ilósof os  ao longoda histór ia da Estética: 1 ª O que é o belo? 2 ª O que é belo? A pr imeira questãose  refere à  or igem e à essência  do belo, temas  que  per tencem à  ontologia, ou

    se ja, o ramo do conhecimento que  estuda  o ser , sua  causa, sua  or igem  e natureza. Em  Estética  a  ontologia  se  ocupa  da  or igem, causa, essência  e natureza  das  categor ias  estéticas, re presentadas  de  modo sucinto através  do"Belo". A Segunda questão é assunto da axiologia, ramo da ciência que estuda os  valores, no caso da  estética, o belo, o feio etc., que  serão vistos 

     poster ior mente, e  da  fenomenologia, que  trata  das  re presentações  sensor iais que podem ser  por tadoras desses valores.

    O  estudo da  ontologia  do belo será  desenvolvido de  acor do com  o

    Ob jeto Pr ocesso de Conhecimento 

    Su jeito 

    Ontologia:  Teoria do Conhecimento:  Lógica:  Teoria Científ ica: O que pode como se pode conhecer  o como se pode como se podeser  ob jeto do ob jeto do conhecimento? fundamentar o expressar  o conhecimento?conhecimento? conhecimento?

    Ciências daNatureza: r ealidade ver dade = r ealidade lógica indutiva, física, química,

    (ser  específ ico)  experimento etc.

    CiênciasFormais: linguagem  ver dade = ausência lógica dedutiva, matemática,(ser  ger al)  de contr adição demonstr ação lógica

    CiênciasHumanas: idéia, ideal  ver dade = assentimento axiologia estética, ética,(ser  mais  política etc.elevado) 

    Filosof ia/Ideologia = Fundamentação 

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     F i gur a 9:  A com pr een são da N at ur e z a na Gr écia Anti ga. 

    Platão(427/347 a.C.)

     pensamento de Platão, Aristóteles  e Plotino, os  pr imeir os  f ilósof os  que  nos legaram ref lexões consistentes sobre o tema.

    O  tema da estética de Platão é o estudo da  I d éia do Belo. O conceito

    de  Idéia1

      em  Platão é  der ivado de  seu mestre  Sócrates, em  nome  de  quem Platão escreveu seus  tratados. A  Idéia  é  a  base  da  realidade, uma es pécie  de  pré-imagem  ou imagem  pr imeira, a  essência  de  todas  as  coisas. Em  outras  palavras, para Platão, tudo que existe, existia anter ior mente de modo imutável no mundo das  Idéias. Os  ob jetos  da  natureza, por tanto, só existem  por  imitação ou par tici pação nas  Idéias  que  os  antecedem, assim  como a  beleza que se perce be (real) é a penas uma vaga imagem do Belo (Ideal).

    A perce pção sensor ial ( por tanto estética) só pode reconhecer  a a parência das  coisas, mas  não a  sua  essência. Assim, o Belo, enquanto Idéia  ou valor ,inde pende  da cr iação ou da  perce pção do su jeito, pois aquilo que é perce bidosensor ialmente  como belo é  a penas  uma  imagem  de  um  belo inicial  (ideal),

    não cr iado pelo homem, eter no, imutável. A Idéia do belo é um ser  a bsoluto, a mais perfeita idéia que, em união com o Bem e a Ver dade f or mam o pr incí piof undamental da or dem cósmica.

    1 Idéia (do grego ιδεα) tem dois signif icados pr inci pais. Para Platão este conceito deve ser  com preendido como a es pécie única 

    intuível e visível entre uma multi plicidade de ob jetos. Neste caso a Idéia prevalece em relação à multi plicidade e é considerada sua essência ou substância daquilo que é multí plice.

    A compreensão da Natureza na Grécia Antiga

    Os primeir os passos par a a formação de conhecimento teórico sobr e a natur eza for am dados  com  os  auspícios  da Mitologia, pela qual  os  fenômenos  natur ais  for am inter pr etados  como decorr entes  da vontade dos  deuses. Par a Tales  de Mileto, por  exemplo, a origem  de todas  as  coisas  er a a água, par a Empédocles, os  quatr oelementos  (terr a, água, fogo e ar). Demócrito, por   sua vez, descobriu a substânciaprimeir a, o átomo.

    Na Gr écia antiga, consider ava-se que macr o-cosmo e micr o-cosmo er am  dotados  deespírito, alma e cor po. O mundo é um ser   vivo: uma planta ou animal, por   exemplo,par ticipa psiquicamente no pr ocesso vital  da alma do mundo e intelectualmente naatividade da mente do mundo; e não menos materialmente na or ganização física do

    cor po do mundo. A natur eza só pode ser   ob jeto de estudo (f ilosof ia)  pela suaor ganização cíclica: não há evolução ou involução, apenas  r epetição, como, por  exemplo, as estações do ano, as fases da lua, as mar és etc. Do Caos os deuses criar am o Cosmo, a or dem imutável.

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    "O bel o em  si não é nem e st e ob jet o, nem aquel e , ma s qual quer  coisaque l he comunica o  seu pr óprio car át er ." ( H í  pia s  M aior  289 d ).

    O  belo tem  or igem  nos  deuses e  se  manifesta através de caracter ísticas ob jetivas  como pr oporção, r itmo, simetr ia, har monia, e  "medida"  (equilí br ioentre  qualidade e  quantidade). A ar te é a mímese  (imitação)  da  idéia do belo,

    uma prática incessante de re pr odução na tentativa de  a pr oximar  a realidade da idealidade.

     Na estética de Platão podem ser  diferenciados três momentos pr inci pais: 

    1. Uma  tese  de  natureza emocional, onde  há entusiasmo com a  beleza,eter na e ver dadeira, que existe por  si mesma,

    "... sem pr e  sendo,  sem na scer  ou per ecer  ,  sem cr e scer  ou d ecr e scer  , e d e pois , não d e um  jeit o bel o e d e outr o f  eio, nem or a sim or a não, nem quant o a isso bel o e  quant o àquil o  f  eio, nem  aqui  bel o e  ali  f  eio..."  (Convívio 211 a - b).

     Nesta pr imeira  tese o belo é o meio para se alcançar  o ver dadeir o amor  (dese jo do belo), caminho que  passa  pela  perce pção da  beleza  dos  cor  pos (a parência  individual), o pr imeir o estágio para  o conhecimento da  beleza  da alma  (essência  univer sal)  e  para  a  beleza em  si, a  Idéia  que  f unde  o Belo, oBem e a Ver dade.

    2. O  segundo momento, que  se caracter iza  pela antítese  racional à  tese emocional, onde há a cr ítica da ar te como mímese.

    "T oda s  a s  art e s  imit am. O s  pint or e s  imit am  por  meio da s  f  or ma s  e cor e s;  o s  bail arino s , por   meio d e  moviment o s  rít mico s  e  atit ud e s 

    cor  por ais; o s cant or e s , por  meio da mel od ia e do rit mo; o t eatr o e a s art e s da pal avr a, em g er al  , imit am mais cl ar ament e que a pint ur a ououtr o art e sanat o."(R e pública 373b - 398c; Leis 816a).

    A atividade estética deve ser , por tanto, um pr ocesso de a perfeiçoamentocontínuo que a pr oxime a beleza real (sensível) da beleza ideal (imaginável). O ar tesão que  molda  um  vaso em  cerâmica  traz  à  realidade, através  de 

     pr ocedimento mimético, uma  cópia  (im perfeita)  da  idéia  de  vaso ( perfeita); mas, um  pintor   que  re pr oduz  a  f or ma  do vaso cr ia  uma  cópia  de  segunda categor ia, pois  não cr ia  a  par tir   da  Idéia, mas  sim  do vaso im perfeito que obser va: a cópia da cópia.

    Por   outr o lado, para  Platão, a  ar te  como expressão livre  do Es pír itodever ia  ser   banida, pois  ilude  e  corr om pe, uma  vez  que  cr ia  a parências des pr ovidas de essência. 

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     F i gur a 10: pr oce sso d e  M í me se 

     F i gur a 11: S e g ment o Á ur eo 

     F i gur a 12:  P art enon. Ictino, cer ca d e 45 a. C . 

    3. Finalmente, no terceir o momento, há uma síntese nor mativa, ou se ja,uma  estética  da  or dem. Há  regras  ob jetivas  para  se  alcançar   imagens  ouob jetos  pr óximos  à  idéia  do Belo:  pr oporção, r itmo, simetr ia, har monia,medida etc., como, por  exem plo, o "Segmento Áureo".

    A f ilosof ia de Platão exerceu e ainda exerce grande inf luência no mundoocidental. Sua  estética  idealista  inf luenciou Plotino, Hegel  e  muitos  outr os f ilósof os  moder nos. Durante  a  Idade  Média, seu pensamento f oi "cr istianizado"  por   Santo Agostinho e  São Tomás  de Aquino e  a  identidade entre  belo, bem  e  ver dade  manteve-se  como dogma  durante  muitos  séculos,

    Vaso Ideal (Idéia) 

    Mímese

    Vaso Real Representação (ob jeto)  pictórica do vaso 

    uadr o  

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    chegando até a atualidade. Pr oporção, or dem e simetr ia tam bém são conceitos que continuam a ser   res peitados, pr inci palmente na ar quitetura.

    Contudo, é  razoável  ar gumentar   com  a  antr opologia  que  a  preferência  por   essas  qualidades  deve-se  mais à  inf luência  pr ovocada  pela  perce pção das f or mas do meio am biente natural e pelo costume, do que pr opr iamente devido

    aos ensinamentos de Platão. Ainda assim recorre-se com freqüência à doutr ina do f ilósof o para  se   justif icar   af or ismos, como aquele  atr i buído a  Louis Sullivan:  "f or m  f ollows  f unction", que  ins pir ou o f uncionalismo. Um  pr odutoserá  valor izado como belo, quando f or   f uncional, ou se ja, a  beleza  ser ia decorrência  da  f uncionalidade  prática  do ob jeto. O  diálogo re pr oduzido a seguir , entre Sócrates e Ar isti po, relatado por  Platão (Xenof onte, ca p. VIII), é recorrente na defesa do f uncionalismo.

    "  _ Pen sa s que uma coisa é o bom , outr a o bel o?  N ão  sabe s que t udo oque por  uma r a z ão é bel o, pel a me sma r a z ão é bom?  A virt ud e não é boa em  uma oca sião e  bel a em  outr a.  A ssim  t ambém   se  d iz   do s homen s  ser em  bon s  e  bel o s  pel o s me smo s motivo s:  o que  no cor  po

    humano con stit ui  a bel e z a apar ent e  con stit ui  t ambém  a bondad e. E n fim , t udo o que ao s homen s  f  or  útil   ser á bel o e bom r el ativament e ao u so que d isso pud er   f  a z er - se.

     _ C omo!  E nt ão é bel o um ce st o d e li xo? _ S im , por    J úpit er !   E    f  eio um  e scudo d e  our o,  já que  um   f  oi convenient ement e  f  eit o par a  seu u so e o outr o não."  

    O  idealismo platônico mantém-se  atual  tam bém  no que  se  refere  ao pr incí pio da  mímese. Em  concur sos  de  design, por   exem plo, é  comum  a idealização de  um  resultado ao qual  serão com paradas  as  pr opostas a presentadas. Isto signif ica  que  há  uma  idéia  pr imeira