ufop – cetec – uemg · 2019. 4. 9. · ufop - cetec - uemg redemat rede temÁtica em engenharia...

90
UFOP - CETEC - UEMG REDEMAT REDE TEMÁTICA EM ENGENHARIA DE MATERIAIS UFOP – CETEC – UEMG Odilon José da Silva "Caracterização Tecnológica de Carvões para Coqueria" Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Materiais da REDEMAT, como parte integrante dos requisitos para a obtenção do título de Mestre em Engenharia de Materiais. Área de concentração: Materiais Metálicos Orientador: Prof. Paulo Santos Assis Ouro Preto, Setembro de 2008.

Upload: others

Post on 26-Jan-2021

22 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

  • UFOP - CETEC - UEMG

    REDEMATREDE TEMÁTICA EM ENGENHARIA DE MATERIAIS

    UFOP – CETEC – UEMG

    Odilon José da Silva

    "Caracterização Tecnológica de Carvões para Coqueria"

    Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa

    de Pós-Graduação em Engenharia de Materiais da

    REDEMAT, como parte integrante dos requisitos

    para a obtenção do título de Mestre em Engenharia

    de Materiais.

    Área de concentração: Materiais Metálicos

    Orientador: Prof. Paulo Santos Assis

    Ouro Preto, Setembro de 2008.

  • ii

    Catalogação: [email protected]

    S586c Silva, Odilon José da. Caracterização tecnológica de carvões para coqueria [manuscrito] / Odilon José da Silva. – 2008. xvi, 74 f.: il. color., grafs., tabs., mapas. Orientador: Prof. Dr. Paulo Santos Assis. Dissertação (Mestrado) - Universidade Federal de Ouro Preto. Escola de Minas. Rede Temática em Engenharia de Materiais. Área de concentração: Processos de fabricação. Carvão - Minas e mineração - Teses. 2. Coque metalúrgico - Teses. 2.Tecnologia - Determinação mineralógica - Teses. I. Universidade Federal de Ouro Preto. II. Título.

    CDU: 552.574

  • iii

  • iv

    DEDICATÓRIA

    Agradeço a Deus, por me dar a força e a determinação necessárias para conquistar meus

    objetivos.

    A minha esposa Margareth, pelo companheirismo e pela compreensão de sempre.

    Aos meus pais, Sebastião (in memorian) e Sebastiana, que não mediram esforços para que eu

    chegasse até aqui.

    Muito obrigado!

  • v

    AGRADECIMENTOS

    • A ArcelorMittal, pela oportunidade para realização desta dissertação.

    • Aos professores da REDEMAT, pelos ensinamentos e colaboração.

    • Ao Prof. Dr. Paulo Santos Assis, pelo apoio e colaboração.

    • A todos que de alguma forma colaboraram na realização deste trabalho, muito

    obrigado a todos.

  • vi

    Resumo

    Uma marcha estável do alto-forno está bastante ligada à consistência das propriedades

    químicas, físicas e metalúrgicas das suas matérias-primas, especialmente, do coque.

    Consistência de propriedades corresponde a que o coque de alta qualidade carregado no alto-

    forno apresente, portanto, ao longo do tempo, valores de umidade, cinza, enxofre, álcalis,

    fósforo, tamanho, distribuição de tamanhos, resistência a frio e resistência após reação com

    dispersão mínima em relação aos determinados como meta em termos de qualidade.

    Este trabalho tem por objetivos comparar a qualidade do coque produzido industrialmente

    entre os laboratórios do INCAR e ArcelorMittal Tubarão, correlacionar o coque produzido

    industrialmente e em escala piloto e desenvolver modelos de previsão da qualidade do coque

    baseados na caracterização tecnológica de carvões individuais e misturas industriais.

    Sendo assim uma metodologia desenvolvida para caracterizar os carvões se torna uma

    ferramenta importante na seleção de carvões e misturas de carvões para produção de coque

    para alto-forno, visando estabilidade operacional com maior produtividade nos altos-fornos e

    redução do custo do gusa, já que representa 30% do custo da placa ou 40% do gusa.

  • vii

    Abstract

    An stable operation of the blast furnace is strongly linked to the consistency of chemical,

    physical and metallurgical properties of its raw-materials, specially of the coke. Properties

    consistency means that the coke load to blast furnace presents, therefore, all the time, values

    of moisture, ash, sulphur, alkalis, phosphorous, size, size distribution, cold strength and

    strength after reaction with minimal dispersion in relation to the values determined as target in

    terms of quality.

    Our objectives is to compare the coke quality produced industrially in the laboratories of

    INCAR (Instituto Nacional del Carbon-Oviedo/Spain) and ArcelorMittal Tubarão, correlating

    the coke produced industrially and in pilot scale and to develop models to forecast the coke

    quality based on the technological characterization of individual coals and industrial coal

    blends.

    So, a methodology developed to the characterization of the coals becomes an important tool in

    coals selection and coal blends for the production of blast furnace coke, aiming to the

    operational stability with higher productivity in the blast furnaces and the pig iron cost

    reduction, since it represents 30% of the cost of the slab or 40% of the pig iron.

  • viii

    SUMÁRIO

    1. INTRODUÇÃO ................................................................................................................1

    2. OBJETIVOS.....................................................................................................................2

    3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA.........................................................................................3

    3.1. INTRODUÇÃO .............................................................................................................3

    3.2. ORIGEM DO CARVÃO...............................................................................................7

    3.3. CLASSIFICAÇÃO DOS CARVÕES ...........................................................................8

    3.3.1. CONSTITUINTES PETROGRÁFICOS – NOMENCLATURA E

    CARACTERÍSTICAS .......................................................................................................13

    3.3.2. CONSTITUIÇÃO MACROSCÓPICA DOS CARVÕES. ......................................18

    3.3.3. IMPORTÂNCIA DA PETROGRAFIA DOS CARVÕES ......................................20

    3.3.4. COMPORTAMENTO DOS MACERAIS DURANTE A COQUEIFICAÇÃO.....22

    3.3.5. A COQUEIFICAÇÃO..............................................................................................22

    3.3.5.1. NOVAS TECNOLOGIAS DE FABRICAÇÃO DE COQUE ..............................27

    3.3.6. MODELOS DE PREVISÃO DE RESISTÊNCIA DO COQUE .............................28

    3.3.7 MODELOS DE PREVISÃO DE PROPRIEDADES A QUENTE DO COQUE.....30

    4. PROCEDIMENTOS EXPERIMENTAIS .....................................................................36

    4.1. DESCRIÇÃO DE EQUIPAMENTOS E PROCEDIMENTO EXPERIMENTAIS..36

    4.1.1. ANÁLISES IMEDIATAS E ENXOFRE TOTAL..................................................37

  • ix

    4.1.2. ANÁLISE TERMOGRAVIMÉTRICA ..................................................................38

    4.1.3. ENSAIO DE FLUIDEZ GIESELER .......................................................................39

    4.1.4. CARACTERIZAÇÃO PETROGRÁFICA.............................................................40

    4.1.5. FORNO PILOTO DE PAREDE MÓVEL...............................................................40

    4.1.6. ÍNDICE DE RESISTÊNCIA MECÂNICA A FRIO DO COQUE – DRUM

    INDEX (DI) ........................................................................................................................43

    4.1.7. ÍNDICE DE REATIVIDADE DO COQUE - COKE REACTIVITY INDEX (CRI)

    .............................................................................................................................................45

    5. RESULTADOS E DISCUSSÃO. ...................................................................................49

    5.1. MODELO DE PREVISÃO DO ÍNDICE DE RESISTÊNCIA MECÂNICA A FRIO

    (DI 15015 ) DO COQUE DE FORNO PILOTO...................................................................63

    5.2. MODELO DE PREVISÃO DO ÍNDICE DE REATIVIDADE (CRI) DO COQUE

    DE FORNO PILOTO.........................................................................................................65

    6. CONCLUSÕES ..............................................................................................................67

    7. SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS..........................................................68

    8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..........................................................................69

    9. PUBLICAÇÕES .............................................................................................................72

    ANEXO 1. MEDIDAS ESTATÍSTICAS...........................................................................73

  • x

    LISTA DE FIGURAS

    FIGURA 3.1.1 RESERVAS MUNDIAIS DE CARVÃO MINERAL – SITUAÇÃO EM

    2002. [5] ..................................................................................................................................4

    FIGURA 3.3.1. PLASTÔMETRO DE GIESELER E CURVA DE VARIAÇÃO DA

    FLUIDEZ COM A ELEVAÇÃO DA TEMPERATURA DA AMOSTRA DE

    CARVÃO[8]...........................................................................................................................9

    FIGURA 3.3.2 VARIAÇÃO DOS PARÂMETROS FÍSICOS E QUÍMICOS COM A

    CLASSE DO CARVÃO. ....................................................................................................12

    FIGURA 3.3.3 REFLETÂNCIA DOS CARVÕES COM O AUMENTO DOS RANK[9].

    .............................................................................................................................................13

    FIGURA 3.3.1.1 DIAGRAMA DE VAN KREVELEN MOSTRANDO O CAMINHO DE

    COALIFICAÇÃO DA EXINITA, INERTINITA E VITRINITA. MODIFICADO DE

    TISSOT E WELT (1987)....................................................................................................16

    FIGURA 3.3.1.2 MODELO DE ASADA PARA DI15015 BASEADO NAS RELAÇÕES

    ATÔMICAS DE HIDROGÊNIO E CARBONO E OXIGÊNIO E CARBONO[11]. ........17

    FIGURA 3.3.2.1. MACERAIS E SUBMACERAIS DE CARVÃO. [CHAVE:

    SUPERIOR ESQUERDO: VITRINITA; SUPERIOR DIREITO: ESPORINITA;

    INTERMEDIÁRIO SUPERIOR ESQUERDO: CUTINITA; INTERMEDIÁRIO

    SUPERIOR DIREITO: RESINITA; INTERMEDIÁRIO INFERIOR ESQUERDO:

    SEMIFUSINITA; INTERMEDIÁRIO INFERIOR DIREITO: FUSINITA; INFERIOR

    ESQUERDO: MICRINITA E INFERIOR DIREITO: ESCLEROTINITA[12]]..............20

    FIGURA 3.3.5.1 VARIAÇÃO DA MÁXIMA FLUIDEZ PARA DIVERSAS MATÉRIAS

    VOLÁTEIS DE CARVÕES...............................................................................................23

    FIGURA 3.3.5.2. PROCESSO DE COQUEIFICAÇÃO[11]. .............................................24

  • xi

    FIGURA 3.3.5.3. ISOTERMAS DE COQUEIFICAÇÃO[14], COM FOTO DE UM

    FORNO COQUEIFICADO À DIREITA. .........................................................................26

    FIGURA 3.3.5.4 VISTA SUPERIOR DAS BATERIAS DE FORNOS DE COQUE DA

    ARCELORMITTAL TUBARÃO A ESQUERDA E DESENHO ESQUEMÁTICO DE

    UMA BATERIA CONVENCIONAL A DIREITA...........................................................26

    FIGURA 3.3.5.1.1 DESENHO ESQUEMÁTICO DE UMA COQUERIA HEAT

    RECOVERY[15]. .................................................................................................................27

    FIGURA 3.3.7.1 RELAÇÃO DA RESISTÊNCIA APÓS REAÇÃO (CSR) E TEOR DE

    INERTE MACERAL. ........................................................................................................31

    FIGURA 3.3.7.2 RELAÇÃO DA RESISTÊNCIA APÓS REAÇÃO (CSR) E A

    RESISTÊNCIA MECÂNICA A FRIO (DI3015) . ...............................................................32

    FIGURA 3.3.7.3 RELAÇÃO DA BASICIDADE DA CINZA DE CARVÕES

    CANADENSES E CSR PARA UMA DADA REFLETÂNCIA........................................33

    FIGURA 3.3.7.4 REPRODUÇÃO DO DIAGRAMA ORIGINAL DE MOF

    MOSTRANDO A RELAÇÃO ENTRE FLUIDEZ E RANK (REFLECTÂNCIA) E A

    JANELA ONDE PODEM SER OBTIDOS VALORES DE DI 3015 ENTRE 90 E 92%..34

    FIGURA 4.1.1 FLUXOGRAMA GERAL.........................................................................37

    FIGURA 4.1.1.1 LECO SC 132 UM INSTRUMENTO UTILIZADO PARA MEDIR O

    TEOR DE ENXOFRE TOTAL DE AMOSTRAS SÓLIDAS E LÍQUIDAS...................38

    FIGURA 4.1.2.1 VISTA FRONTAL DO EQUIPAMENTO TA INSTRUMENTS SDT

    2960. ....................................................................................................................................39

    FIGURA 4.1.3.1 VISTA FRONTAL DO PLASTÔMETRO GIESELER R. B.

    AUTOMAZIONE MODELO PL2000...............................................................................40

  • xii

    FIGURA 4.1.5.1 CURVAS CARACTERÍSTICAS DE UM GRÁFICO DE CONTROLE

    DE UM ENSAIO EM FORNO PILOTO DE COQUEIFICAÇÃO DE UMA AMOSTRA

    DE CARVÃO OU MISTURAS DE CARVÕES. ..............................................................41

    FIGURA 4.1.5.2 FIGURA ESQUEMÁTICA DO FORNO PILOTO. .............................42

    FIGURA 4.1.5.3 VISTA LATERAL DO FORNO PILOTO DE COQUEIFICAÇÃO. ..43

    FIGURA 4.1.6.1 DETALHES DO TAMBOR USADO PARA DETERMINAÇÃO DA

    RESISTÊNCIA MECÂNICA A FRIO (DI). .....................................................................44

    FIGURA 4.1.6.2. VISTA FRONTAL DO TAMBOR PARA ENSAIO DI. ......................45

    FIGURA 4.1.7.1 ESQUEMA SIMPLIFICADO DO EQUIPAMENTO UTILIZADO

    PARA DETERMINAR A REATIVIDADE DO COQUE – CRI (ASTM D5341) ...........46

    FIGURA 4.1.7.2 ESQUEMA SIMPLIFICADO DO EQUIPAMENTO UTILIZADO

    PARA DETERMINAR A REATIVIDADE DO COQUE APÓS REAÇÃO (CSR). .......47

    FIGURA 4.1.7.3 GRÁFICO DE CONTROLE DE TEMPERATURA DE UMA

    AMOSTRA DE COQUE DURANTE ENSAIO DE REATIVIDADE – CRI (ASTM

    D5341).................................................................................................................................48

    FIGURA 5.1 COMPOSIÇÃO DAS MISTURAS DE “A” A “M” POR ORIGEM. ........51

    FIGURA 5.2 COMPARATIVO ENTRE OS RESULTADOS DE DI15015 COQUE

    PRODUZIDO INDUSTRIALMENTE NAS BATERIAS DE FORNOS DE COQUE DA

    ARCELORMITTAL TUBARÃO E ANALISADO NO INCAR......................................53

    FIGURA 5.3 COMPARATIVO ENTRE OS RESULTADOS DE CSR DO COQUE

    ANALISADOS NA ARCELORMITTAL TUBARÃO E NO INCAR. ............................55

    FIGURA 5.4 CORRELAÇÃO ENTRE O DI15015 DO COQUE PRODUZIDO

    INDUSTRIALMENTE E ATRAVÉS DE FORNO PILOTO PARA AS MISTURAS DE

    “A” A “O”. .........................................................................................................................57

  • xiii

    FIGURA 5.5 CORRELAÇÃO ENTRE O CSR DO COQUE PRODUZIDO

    INDUSTRIALMENTE E ATRAVÉS DE FORNO PILOTO PARA AS MISTURAS DE

    “A” A “O”. .........................................................................................................................58

    FIGURA 5.1.1 CORRELAÇÃO ENTRE O DI 15015 DO COQUE DE FORNO PILOTO

    E A ESTIMATIVA PELO MODELO BASEADO EM MATÉRIA VOLÁTIL E

    LOG(MF)............................................................................................................................64

    FIGURA 5.2.1 CORRELAÇÃO ENTRE CSR PREVISTO A PARTIR DO CRI E O

    CSR OBTIDO EM FORNO PILOTO...............................................................................65

    FIGURA A 1 MEDIDAS ESTATÍSTICAS.......................................................................73

  • xiv

    LISTA DE TABELAS

    TABELA 3.1.1. DISTRIBUIÇÃO DAS RESERVAS MUNDIAIS RECUPERÁVEIS DE

    CARVÃO MINERAL NO MUNDO EM 2006. [3]...............................................................3

    TABELA 3.1.2. COMÉRCIO MUNDIAL DE CARVÃO COQUEIFICÁVEL DE 2005. [4]............................................................................................................................................4

    TABELA 3.1.3 COMPOSIÇÃO QUÍMICA CARACTERÍSTICA DO CARVÃO

    MINERAL NACIONAL. .....................................................................................................6

    TABELA 3.1.4 RESERVAS, PRODUÇÃO E CONSUMO DE CARVÃO MINERAL

    NO MUNDO EM 2002. [5].....................................................................................................7

    3.2. ORIGEM DO CARVÃO...............................................................................................7

    TABELA 3.2.1 COMPOSIÇÃO QUÍMICA DA MADEIRA E DOS COMBUSTÍVEIS

    FÓSSEIS SÓLIDOS[2]..........................................................................................................8

    3.3. CLASSIFICAÇÃO DOS CARVÕES ...........................................................................8

    TABELA 3.3.1 CLASSIFICAÇÃO ASTM DOS CARVÕES POR CLASSE. [7].............11

    TABELA 3.3.1.1 PRINCIPAIS GRUPOS MACERAIS. ..................................................15

    TABELA 3.3.1.2 DISTRIBUIÇÃO MACERAL POR HEMISFÉRIO[9]. ........................15

    TABELA 3.3.2.1 PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS DOS LITOTIPOS.....................19

    TABELA 3.3.5.1.1 COMPARATIVO ENTRE A QUALIDADE DO COQUE

    PRODUZIDO PELO PROCESSO HEAT RECOVERY E COQUERIAS

    CONVENCIONAIS............................................................................................................28

    TABELA 3.3.6.1 MÉTODOS DE PREVISÃO DE RESISTÊNCIA DO COQUE[16]. .....29

  • xv

    TABELA 3.3.6.2 TESTES DE TAMBORAMENTO.......................................................30

    TABELA 5.1 ANÁLISES IMEDIATAS E ENXOFRE DOS CARVÕES INDIVIDUAIS.

    .............................................................................................................................................50

    TABELA 5.2 COMPOSIÇÃO DAS MISTURAS TESTADAS. .......................................51

    TABELA 5.3 COMPARATIVO ENTRE OS RESULTADOS DE DI15015 COQUE

    PRODUZIDO INDUSTRIALMENTE NAS BATERIAS DE FORNOS DE COQUE DA

    ARCELORMITTAL TUBARÃO E ANALISADO NO INCAR......................................52

    TABELA 5.4 COMPARATIVO ENTRE OS RESULTADOS DE CRI E CSR DO

    COQUE ANALISADOS NA ARCELORMITTAL TUBARÃO E NO INCAR. .............54

    TABELA 5.5 RESULTADOS DE DI15015, CRI E CSR DAS AMOSTRAS DE CARVÕES

    INDIVIDUAIS E MISTURAS INDUSTRIAIS TESTADOS EM FORNO PILOTO DE

    COQUEIFICAÇÃO. ..........................................................................................................56

    TABELA 5.6 RESULTADOS DAS ANÁLISES IMEDIATAS E DE ENXOFRE DOS

    CARVÕES INDIVIDUAIS E MISTURAS DE CARVÕES. ............................................60

    TABELA 5.7 RESULTADOS DAS ANÁLISES DE PLASTICIDADE DOS CARVÕES

    INDIVIDUAIS E MISTURAS DE CARVÕES. ................................................................61

    TABELA 5.8 RESULTADOS DE BASICIDADE DA CINZA DOS CARVÕES

    INDIVIDUAIS E MISTURAS DE CARVÕES. ................................................................62

    TABELA 5.1.1 MEDIDAS ESTATÍSTICAS DO MODELO PARA DI 15015. ..................63

    TABELA 5.1.2 MEDIDAS ESTATÍSTICAS DO MODELO PARA DI 15015

    UTILIZANDO AS VARIÁVEIS MATÉRIA VOLÁTIL E LOG(MF)............................64

    TABELA 5.2.1 MEDIDAS ESTATÍSTICAS DO MODELO PARA CSR PREVISTO A

    PARTIR DO CRI. ..............................................................................................................65

  • xvi

    TABELA 5.2.2 MEDIDAS ESTATÍSTICAS DO MODELO PARA CRI. ......................66

  • 1

    1. Introdução

    O desafio da produção de coque está em projetar misturas de carvões que produzam coque a

    custo baixo e com elevada qualidade, a ArcelorMital Tubarão mede a qualidade do coque

    através de dois indicadores DI15015 e CSR, e que assegurem o prolongamento da vida útil das

    coquerias até pelo menos 53 anos. As exigências de qualidade do coque são cada vez mais

    rígidas, a ArcelorMital Tubarão visa trabalhar com DI15015 acima de 85% e CSR acima

    65,50%, já que o objetivo é aumentar a produtividade dos altos-fornos reduzindo o consumo

    de coque e aumentando a taxa injeção de carvão pulverizado.

    A etapa mais importante na produção de coque esta ligada à seleção dos carvões a partir de

    dados dos fornecedores, as qualidades de carvão são determinadas geralmente com várias

    técnicas analíticas.

    Espera-se identificar das características intrínsecas dos carvões, tais como análises do rank e

    composição maceral às propriedades relacionadas à reatividade e a resistência mecânica a frio

    e a quente do coque. Espera-se também desenvolver metodologia de avaliação dos mesmos,

    visando à criação de modelo de previsão da qualidade do coque.

    A ArceloMittal Tubarão atualizou em 2003 seu modelo de previsão da qualidade[1], todavia

    diante da dinâmica do mercado de carvões, entre outros parâmetros, o projeto evoluiu no

    sentido de se tentar desenvolver um modelo específico para atender a variabilidade atual, e

    isolar o efeito do processo industrial através da realização de testes de carbonização em escala

    piloto em um centro de pesquisas e de reconhecimento internacional dedicado a avaliação de

    carvões o INCAR (Instituto Nacional del Carbon – Oviedo/Espanha).

    Existem vários modelos na literatura, e devido as particularidades da formulação das misturas

    de carvões, modelos de baterias de fornos de coque, sistema de aquecimento, praticas

    operacionais, etc. Estes não podem ser simplesmente aplicados sem levar as limitações citadas

    acima em consideração sendo assim os modelos são customizados para atender as

    características de cada unidade produtora de coque, embora basicamente sejam baseados nas

    mesmas características dos carvões, já citadas acima.

  • 2

    2. Objetivos

    Comparar os resultados da qualidade do coque produzido industrialmente analisado no

    INCAR e na ArcelorMittal Tubarão.

    Correlacionar o coque produzido industrialmente e em escala piloto.

    Desenvolver modelo de previsão da qualidade do coque baseado na caracterização

    tecnológica dos carvões e misturas.

  • 3

    3. Revisão Bibliográfica

    3.1. Introdução

    O carvão é uma mistura complexa de substâncias orgânicas contendo carbono, hidrogênio e

    oxigênio, além de teores mais baixos de nitrogênio, enxofre e outros elementos minoritários.

    A presença de carvão na crosta terrestre é bastante freqüente e, embora não haja um

    equilíbrio geográfico na distribuição de reservas pelo mundo, é encontrado em todos os

    continentes e em mais de 70 países, e em 9 estão concentrados quase 90% das reservas

    recuperáveis onde as maiores estão nos EUA, China, Rússia e Índia, como apresentado na

    Tabela 3.1.1. [2]

    Tabela 3.1.1. Distribuição das reservas mundiais recuperáveis de carvão mineral no mundo

    em 2006. [3]

    Países Reservas Mundiais

    (Milhões de Toneladas)

    EUA 246.643

    Rússia 157.010

    China 114.500

    Índia 92.445

    Austrália 78.500

    África do Sul 48.750

    Ucrânia 34.153

    Cazaquistão 31.279

    Brasil 10.113

    Outros 95.671

    Total 909.064

    A Austrália, Canadá e Estados Unidos são os principais países exportadores de carvão

    mineral para a fabricação de coque de alto-forno. A Tabela 3.1.2 mostra os 5 maiores

  • 4

    exportadores e importadores do mercado de carvão coqueificável, sendo que o volume

    exportado pelos cinco maiores significou aproximadamente 99% das exportações de 2005.

    Tabela 3.1.2. Comércio mundial de carvão coqueificável de 2005. [4]

    Carvão Coqueificável

    Exportação (Mt) Importação (Mt)

    Austrália 125 Japão 63

    Canadá 26 Coréia do Sul 21

    EUA 26 Índia 20

    Indonésia 19 Brasil 15

    Rússia 12 China 7

    A Figura 3.1.1 ilustra as reservas mundiais de carvão mineral no ano de 2002. No Brasil, as

    principais reservas de carvão mineral estão localizadas no Sul do País, notadamente no Estado

    do Rio Grande do Sul, que detém mais de 90% das reservas nacionais. No final de 2002, as

    reservas nacionais de carvão giravam em torno de 12 bilhões de toneladas, o que corresponde

    a mais de 50% das reservas sul-americanas e a 1,2% das reservas mundiais.

    Figura 3.1.1 Reservas mundiais de carvão mineral – situação em 2002. [5]

    No Brasil as reservas de carvão mineral estão divididas em 5 regiões[6]:

    • Alto Solimões;

    • Rio Fresco;

  • 5

    • Tocantins – Araguaia;

    • Ocidental do Piauí;

    • Meridional.

    A produção de carvão brasileiro, minerado em 1999, atingiu 10,3 milhões de toneladas e 13,8

    milhões no ano 2000, e o consumo concentrada na geração de termoeletricidade.

    No ano de 1999 o Brasil importou 16,2 milhões de toneladas de carvão, destas 62% para uso

    na siderurgia e 38,0% refere-se ao consumo de carvão energético para uso em usinas

    termoelétricas e o restante para uso industrial, parte importada dos Estados Unidos (33%),

    Austrália (31%), África do Sul (9%) e Canadá (8%), ao custo de US$ 600 milhões.

    Atualmente, 85% do carvão utilizado no Brasil é consumido na produção de

    termoeletricidade, 6% na indústria cimenteira, 4% na indústria de papel celulose e os

    restantes 5% nas indústrias de cerâmica, de alimentos e secagem de grãos.

    Dentro da diversidade que apresentam os carvões economicamente significativos do Sul do

    Brasil, há algumas características comuns:

    • As camadas de carvão estão intercaladas de estéril, o que obriga à lavra conjunta e

    posterior beneficiamento;

    • O teor de cinzas dos carvões “run-of-mine” é sempre elevado;

    • As frações de carvão com teor de cinzas relativamente baixo são escassas e de difícil

    separação ou beneficiamento.

    No entanto, os carvões de Santa Catarina possuem uma fração com boas características para

    Coqueificação, têm alto teor de cinzas, e possui enxofre apenas aceitável, conforme Tabela

    3.1.3. Na década de 90 a política de liberação da siderurgia do uso de carvão nacional tornou

    a competição com outros mercados fornecedores inviável economicamente.

  • 6

    Tabela 3.1.3 Composição química característica do carvão mineral nacional.

    Composição (%)

    Carbono 59,87

    Hidrogênio 3,78

    Oxigênio 7,01

    Enxofre 2,51

    Cinzas 26,83

    Total 100

    Os carvões do Paraná podem ser economicamente lavados até teores de cinzas inferiores a

    10%, mas apresentam alto teor de enxofre, na faixa de 1,3%.

    Os carvões do Rio Grande do Sul, mais diversificados entre si, têm pouco enxofre e alto teor

    de cinzas; quanto às características plásticas, detectou-se apenas uma fração da mina do

    Leão, com inchamento positivo.

    Economicamente, e no atual estágio de conhecimento, só apresentam condições de lavra as

    ocorrências da região Meridional, nos estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e

    Paraná. Em resumo, as reservas de carvão mineral do Brasil são de lavras subterrâneas de

    difícil beneficiamento. Os carvões mesmo depois de lavados apresentam cinza e enxofre

    altos. Tecnicamente estes carvões poderiam ser utilizados nas misturas de carvões, porém

    economicamente tornaram-se inviáveis por causa de: baixo rendimento do carvão

    coqueificável, elevados custos de extração, beneficiamento e transporte.

    Apesar dos problemas energéticos e econômicos causados pelos choques do petróleo, as

    minas sul-catarinenses atingiram, como produção máxima de carvão siderúrgico, 1,305

    milhões de toneladas em 1980, correspondendo a 23,9% do consumo das coquerias. Com o

    final da crise petrolífera e o aumento dos custos das minas causados pela exaustão dos trechos

    geologicamente mais favoráveis, a produção nacional caiu gradualmente para cerca de 0,8Mt

    no triênio 1987/89, representando bem menos de 10% do consumo das coquerias, que tinham

    crescido do patamar de 5Mt (1978/82) para 10Mt (1987/93). Finalmente, em 1990, a

    desregulamentação total das indústrias carbonífera e siderúrgica encerraram subitamente o

    uso do carvão nacional na siderurgia. Pois o uso intensivo do carvão brasileiro esbarra em

  • 7

    suas limitações intrínsecas de qualidade e geologia das jazidas (baixos rank e grade, jazidas

    pequenas, camadas finas e irregulares), com dificuldades sérias de obtenção de uma produção

    em grande escala, a preços internacionalmente competitivos.

    O carvão mineral é o mais abundante dos combustíveis fósseis, com reservas provadas da

    ordem de 1 trilhão de toneladas, o suficiente para atender à demanda atual por mais de

    duzentos anos, como indicado na Tabela 3.1.4, estimativa considerando o tempo que as

    reservas durariam, sem novas descobertas e com o nível de produção de 2002.

    Tabela 3.1.4 Reservas, produção e consumo de carvão mineral no mundo em 2002. [5]

    Reservas (R) Produção (P) Consumo R/P Região

    106t % 106t % 106t % Anos

    America do Norte 257.783,0 26,2 1.072,2 22,2 591,5 24,7 240,4

    America do Sul 21.752,0 2,2 53,8 1,1 17,8 0,7 404,3

    Europa e antiga

    URSS 355.370,1 36,1 1.161,0 24,0 506,1 21,1 306,1

    Africa e Oriente

    Médio 57.077,0 5,8 231,0 4,8 99,0 4,1 247,1

    Asia (Pacifico) 292.471,0 29,7 2.314,7 47,9 1.183,5 49,4 126,4

    Total 984.453,1 100 4.832,7 100,0 2.397,9 100,0 203,7

    Brasil 11.929,0 1,2 5,80 0,1 12,0 0,5 > 500

    3.2. Origem do Carvão

    Origem e formação do carvão sempre foram temas de estudos científicos e, mesmo, para

    especulações por parte de geólogos, químicos e, até, de engenheiros metalurgistas das

    grandes siderúrgicas a coque em todo o mundo. O clima, o tipo de vegetação e a área de

    desenvolvimento da matéria vegetal foram os fatores que deram origem as características dos

    carvões. Estas características dependem também das condições de deposição e das condições

    geológicas. A evolução do carvão a partir de matéria vegetal iniciou-se por degradação em

    ambiente aquático de estruturas celulares de matéria orgânica e vegetal por ação de fungos e

    bactérias. Embora não existam evidências concretas da conversão de um componente em

  • 8

    outro, visto que os processos que originaram os carvões duraram milhões de anos, considera-

    se que os carvões pertencem a uma série de combustíveis fósseis sólidos, que começa na

    turfa e termina no antracito conforme é mostrado na Tabela 3.2.1. Nesta tabela mostra-se a

    composição elementar de cada combustível na sua evolução geológica.

    Tabela 3.2.1 Composição química da madeira e dos combustíveis fósseis sólidos[2].

    Madeira e Combustíveis Fosseis Composição

    Madeira Turfa Linhito Carvão Antracito Grafite

    Carbono 44-52 50-68 55-75 74-96 90-96 100

    Oxigênio 43-42 35-28 26-19 20-3 3-0 0

    Hidrogênio 5-6 7-5 6-9 5-1 3-1 0

    Constata-se que partindo-se da madeira em direção ao antracito, há um aumento do teor de

    carbono, o processo de enriquecimento em carbono é chamado de carbonificação, e

    diminuição dos teores de oxigênio e hidrogênio. Para que essas transformações pudessem

    ocorrer foram necessárias condições geológicas particulares (temperatura e pressão)

    associados à deposição de sedimentos e fósseis orgânicos, temas de estudos que levaram às

    muitas teorias existentes sobre formação do carvão.

    3.3. Classificação dos Carvões

    O carvão mineral é uma substancia complexa. Devido à complexidade de suas propriedades

    físicas e químicas e suas várias formas de utilização, existe um grande número de maneiras

    de classificar os carvões que datam desde 1931 e que utilizam uma variedade de parâmetros e

    termos de referência. O método mais utilizado na siderurgia é o de rank, que é a

    determinação do grau de carbonificação, e é utilizado para fins tecnológicos e de

    classificação desse combustível fóssil, o qual se baseia no conteúdo de voláteis e no poder

    calorífico e que aqui denominar-se-á de classe [3].

    Já as propriedades coqueificantes dos carvões estão relacionadas com sua constituição

    petrográfica e propriedades reológicas. Quanto à constituição petrográfica esta é determinada

  • 9

    com o uso de microscopia óptica, seleciona os carvões de conformidade com o seu teor em

    macerais reativos e inertes, já a capacidade de aglutinação, reológica, é medida através de

    equipamentos específicos como mostrado na Figura 3.3.1, estes visam determinar a

    capacidade de aglutinação de partículas de carvão no estágio plástico.

    Um dos testes da capacidade de aglutinação é o teste de fluidez ou Plastometria Gieseler, este

    mede o número de voltas que uma haste (dial) com 100 divisões, submetida a um torque

    constante de 300 rpm, realiza por minuto (ddpm) no seio de uma amostra de carvão aquecida

    a uma taxa de 3°C/min entre 300 e 500°C. O dial passa por um máximo de rotação durante a

    fase plástica do carvão, entre 430 e 480°C, até parar de girar, momento que a amostra deixa a

    fase plástica e começa a solidificar novamente com temperatura ligeiramente inferior a

    500°C. Carvões que apresentam fluidez entre 100 e 30.000ddpm possuem boa característica

    aglutinante/coqueificante.

    Figura 3.3.1. Plastômetro de Gieseler e curva de variação da fluidez com a elevação da

    temperatura da amostra de carvão[8].

    Os macerais dos grupos da vitrinita, reativos, tornam-se plásticos e atuam como material

    ligante que envolve os constituintes inertes durante a carbonização. Os constituintes do grupo

    da exinita tornam-se muito fluidos e se volatilizam mais que os constituintes dos outros

    grupos. E, finalmente, os constituintes do grupo da inertita permanecem inalterados durante a

    coqueificação exercendo um efeito depressivo sobre a fluidez, efeito este sendo mais

  • 10

    significativo quanto mais finamente estiverem britados. Se os grãos inertes se apresentarem

    demasiadamente grossos, poderão causar centros de fissuração em função das diferentes

    velocidades de contração que possuem em relação aos constituintes reativos. A fluidez o total

    de inertes devem ser, portanto, bem dimensionados para cada índice de operação das baterias.

    O carvão não é uma partícula uniforme, mas uma mistura de componentes uniformes

    denominados macerais. Os macerais desempenham nos carvões papel similar aos minerais

    nas rochas.

    O sistema de classificação mais utilizado na siderurgia é o sistema padronizado pela ASTM.

    A versão atual deste sistema é mostrado na Tabela 3.3.1. Como mencionado, o carvão é

    classificado pelo seu teor de matéria volátil e poder calorífico normalizado para d.a.f (dry-

    ash-free que significa seco e livre de cinzas), ou seja, o poder calorífico é calculado livre de

    umidade e do conteúdo de cinzas do carvão.

  • 11

    Tabela 3.3.1 Classificação ASTM dos carvões por classe [7]

    % d

    o lim

    ite d

    e ca

    rbon

    o fix

    o

    (sec

    o liv

    re d

    e ci

    nzas

    )

    % d

    e m

    atér

    ia v

    olát

    il

    (sec

    o liv

    re d

    e ci

    nzas

    )

    Pode

    r ca

    loríf

    ico

    (Btu

    /libr

    a)

    (sec

    o liv

    re d

    e ci

    nzas

    )

    Classe Grupo

    ≥ < ≥ < ≥ < Car

    acte

    ríst

    icas

    agl

    omer

    ante

    s

    I-A

    ntra

    cito

    1. meta antracito

    2. antracito

    3. semi-antracito

    98

    92

    86

    -

    98

    92

    -

    2

    8

    2

    8

    14

    -

    -

    -

    -

    -

    -

    Não

    aglo

    mer

    ante

    II -

    Car

    vão

    Bet

    umin

    oso 1. baixo volátil

    2. médio volátil

    3. alto volátil A

    4. alto volátil B

    5. alto volátil C

    78

    69

    -

    -

    -

    88

    78

    69

    -

    -

    14

    22

    31

    -

    -

    22

    31

    -

    -

    -

    -

    -

    14.000

    13.00

    11.500

    -

    -

    -

    14.000

    13.000

    C

    omum

    ente

    agl

    omer

    ante

    III

    – Su

    b-

    betu

    min

    os 1. carvão A

    2. carvão B

    3. carvão C

    -

    -

    -

    -

    -

    -

    -

    -

    -

    -

    -

    -

    10.500

    9.500

    8.300

    11.500

    10.500

    9.500

    IV –

    Lig

    nita

    1. lignita A

    2. lignita B

    -

    -

    -

    -

    -

    -

    -

    -

    8.300

    -

    8.300

    6.300

    Não

    agl

    omer

    ante

    A classe do carvão é determinada pela intensidade do metamorfismo que o carvão sofreu. Os

    carvões de maior classe sofreram um metamorfismo maior, enquanto que os de baixa classe

    sofreram menos. A Figura 3.3.1 mostra a variação destas duas propriedades com a classe do

    carvão. O teor de matéria volátil por exemplo muda muito pouco para uma larga faixa de

    carvões betuminosos, mas para a classe antracítica este efeito é mais pronunciado.

  • 12

    Figura 3.3.2 Variação dos parâmetros físicos e químicos com a classe do carvão.

    Note as mudanças na matéria volátil e no poder calorífico e compare com a forma que elas

    são utilizadas no estabelecimento do sistema de classificação da ASTM (Teichmuller, 1982).

    O poder calorífico, o qual aumenta regularmente na parte inferior da tabela de classificação, e

    atinge um patamar na classe de médio volátil, e logo após diminui ligeiramente.

    Como uma regra geral, o conteúdo de voláteis diminui à medida que o nível na classe se

    eleva. E por este motivo se tornou e ainda é um meio de classificação dos carvões apesar de

    que melhores correlações entre as propriedades coqueificantes e os carvões podem ser

    obtidas através da petrografia e plastometria. Como a maioria das propriedades dos carvões

    não varia segundo as mesmas leis, para que possam ser obtidos valores comparáveis, o que se

    faz é a determinação da classe do carvão sobre um mesmo maceral. E para o caso particular

    do carvão, a classe é determinada sobre o maceral vitrinita, pelas seguintes razões: a vitrinita

    é o maceral mais abundante e, em conseqüência, o mais representativo; suas propriedades

    variam de modo contínuo durante a carbonificação, podendo ser observada ao microscópio

    óptico em toda a escala de evolução. A Figura 3.3.2 mostra a faixa onde podem ser

    encontrados os carvões para fabricação de coque para alto-forno, percebe-se também grande

    correlação entre matéria volátil e reflectância para estes tipos de carvões.

  • 13

    Figura 3.3.3 Refletância dos carvões com o aumento dos rank[9].

    De acordo com a Figura 3.3.2 os carvões coqueificáveis estão entre 0,7 a 1,6% de refletância

    o que corresponde a voláteis entre 16 e 35% de voláteis.

    3.3.1. Constituintes Petrográficos – Nomenclatura e Características

    De forma sucinta, o carvão mineral pode ser definido como uma rocha sedimentar composta

    principalmente de macerais, minerais e de água inclusa em poros. São originados de restos de

    diferentes órgãos e tecidos de plantas e suas propriedades físicas e químicas variam conforme

    a carbonização se processa. Os macerais se comportam de forma similar aos minerais nas

    rochas inorgânicas. Os carvões contém, em diferentes proporções, matéria mineral e

    macerais, os quais levam ao conceito de caracterização de carvões de acordo com os seus

    tipos. A classe do carvão e o tipo de carvão podem ser considerados como componentes

    independentes e fundamentais na classificação dos carvões [10].

    Somente carvões que ocorrem em um particular rank pode produzir coque, como citado

  • 14

    acima. O maceral vitrinita apresenta grande quantidade de ligações de Van der Waals

    Hidrogênio/Carbono que são mais fracas que as ligações oxigênio/carbono que ocorrem em

    carvões de baixo rank. A esta característica está correlacionada a existência de

    comportamento plástico sob aquecimento destes tipos de carvões.

    O maceral mais comum é a vitrinita. É o grupo de macerais mais abundante, principalmente

    nos carvões do hemisfério norte (aproximadamente 80 ± 10%). A caracterização do carvão de

    acordo com seu conteúdo de macerais não vitriníticos e minerais então fornece uma visão

    interior dos desvios das propriedades da massa bruta de carvão das propriedades da vitrinita

    daquela classe. Portanto, para se comparar carvões, deve-se reconhecer opticamente tanto a

    classe, que reflete o estágio de alteração metamórfica, e o tipo de carvão que reflete a

    heterogeneidade química inerente dos diversos materiais dos quais o carvão se formou.

    Os vários tipos de macerais são frequentemente combinados em três grandes grupos em

    função de suas propriedades ópticas, físico-químicas e tecnológicas:

    Exinita – também conhecida como liptinita. É formada principalmente pela exina dos esporos

    e polens que é a membrana protetora, mecânica e quimicamente muito resistente, protegendo

    as células germinais dos vegetais. É o maceral que possui os maiores teores de hidrogênio

    alifático, de matéria volátil e poder calorífico. A exinita tem menor densidade e grau de

    aromaticidade. Ela mostra a maior intensidade de inchamento e produz os carvões

    devolatilizados mais porosos. Formam esse grupo de macerais: a Esporinita, a Cutinita, a

    Alginita, a Resinita e a Liptodetrinita. Esses compostos são identificados pela forma e cor.

    Em luz refletida, a Exinita, em geral, tende para a tonalidade preta, podendo apresentar

    variantes de marrom, castanho escuro, castanho avermelhado, conforme a natureza do carvão

    a que pertence.

    Inertinita – esse grupo é principalmente o dos tecidos fusinizados em lentes ou em

    fragmentos, e seu nome provém das propriedades quase nulas de fusibilidade por ocasião da

    coqueificação. Formam esse grupo de macerais: a Fusinita, a Semifusinita, a Inertodetrinita, a

    Micrinita, a Micrinita e a Esclerotinita, cada um deles podendo ser identificado por

    características de cor e forma. Suas cores características são variantes de tonalidades de

    branco. Contem a maior proporção de hidrogênio aromático e, normalmente, contem a menor

    proporção de hidrogênio alifático. Ela possui a maior densidade e o menor poder calorífico.

  • 15

    Vitrinita – também conhecida como humenita, é de longe o mais abundante dos três

    macerais. Ela mostra propriedades intermediárias entre os outros dois tipos de macerais

    acima. Esse grupo de maceral é formado pela Telinita, Colinita e Vitrodetrinita que são

    caracterizadas por sua estrutura, conforme a tonalidade da cor cinza.

    A Tabela 3.3.1.1 resume as principais características do principal grupo maceral.

    Tabela 3.3.1.1 Principais grupos macerais.

    Vitrinita Exinita Inertinita

    - fusibilidade;

    - alto poder coqueificante.

    - rico em matérias voláteis;

    - pior moabilidade.

    - pobre em matérias voláteis;

    - alto teor de carbono e baixo

    teor de hidrogênio;

    - não tem poder coqueificante.

    A Tabela 3.3.1.2 mostra as principais diferenças em termos de participação de macerais nos

    hemisférios sul e norte. Isto demonstra as diferenças que ao longo dos períodos geológicos

    foram submetidos a inúmeras influências biológicas, químicas durante sua formação.

    Tabela 3.3.1.2 Distribuição maceral por hemisfério[9].

    Macerais Hemisfério Norte Hemisfério Sul

    Vitrinita 80 ± 10% 40 ± 10%

    Exinita 10 ± 5% 10 ± 5%

    Inertinita 10 ± 5% 50 ± 10%

    Á medida em que o carvão vai se formando, os três tipos de macerais se tornam mais ricos

    em carbono. A Figura 3.3.1.1 mostra o caminho de coalificação das exinitas, vitrinitas,

    inertinitas e suas derivativas em termos das relações hidrogenio/carbono e oxigênio/carbono.

  • 16

    Figura 3.3.1.1 Diagrama de Van Krevelen mostrando o caminho de coalificação da exinita,

    inertinita e vitrinita. Modificado de Tissot e Welt (1987).

    Durante este processo, as propriedades químicas da vitrinita se alteram uniformemente. O

    conteúdo de oxigênio e de voláteis diminuem, enquanto que o teor de carbono aumenta. A

    fração do hidrogênio que está na forma aromática se eleva de forma progressiva, enquanto

    que a fração ligada aos grupos alifáticos diminui.

    Entretanto, as mudanças nas propriedades físicas e químicas da vitrinita não são

    completamente uniformes, e ocorrem em quatro estágios descontínuos. O primeiro se inicia

    na classe de carvão betuminoso alto volátil, onde o carvão contém aproximadamente 80% de

    carbono. O segundo estágio se inicia na classe de carvão betuminoso médio volátil, onde o

    carvão contém aproximadamente 87% de carbono, e é caracterizado pela marcante redução

    de oxigênio e o inicio da geração de metano (CH4). O terceiro estágio se inicia nos limites

    entre as classes de semi-antracito e antracito, onde o carvão tem aproximadamente 91% de

  • 17

    carbono. Neste momento, grande quantidade de hidrogênio é liberada como metano,

    enquanto que os hidrocarbonetos aromáticos são formados. A exinita não se modifica

    significativamente até a condição de sub-betuminoso. Nos limites de carvão sub-betuminoso

    a exinita entra em outro estagio marcado pela redução nos voláteis e aumento no teor de

    carbono. Na classe de carvão betuminoso médio volátil, a exinita entra em um terceiro

    estagio marcado pela redução do hidrogênio e dos voláteis. Na classe de carvão baixo volátil

    a exinita assume as propriedades ópticas e químicas da vitrinita. A inertinita não sofre

    modificação significativa neste processo. Ela é rica em carbono e contem uma elevada

    proporção de hidrocarbonetos aromáticos e portanto sofre muito pouca alteração. À medida

    que a coalificação continua, o oxigênio e o hidrogênio remanescentes são eliminados e o teor

    de carbono se eleva.

    A Figura 3.3.1.2 mostra o as regiões de otimização da resistência do coque, DI15015,

    baseados nas relação entre hidrogenio e carbono e oxigênio e carbono dos componentes

    reativos dos carvões.

    Figura 3.3.1.2 Modelo de Asada para DI15015 baseado nas relações atômicas de hidrogênio e

    carbono e oxigênio e carbono[11].

  • 18

    3.3.2. Constituição Macroscópica dos Carvões.

    O macerais são os componentes básicos dos carvões. Entretanto, eles não ocorrem

    isoladamente, apresentando-se associados uns aos outros e com quantidades variáveis de

    matéria mineral. Essas associações são quase sempre distinguíveis a olho nu e são

    responsáveis pela estrutura estriada dos carvões. São denominadas, de modo genérico, de

    litotipos e microlitotipos conforme possam ou não ser distinguidos a olho nu e são utilizadas,

    frequentemente, na descrição do comportamento de carvões do ponto de vista físico,

    associada ao seu comportamento no tratamento mecânico, concentração, exploração.

    Os quatro litotipos mais comuns são:

    Vitrênio – constituído de faixas ou leitos brilhantes, contínuos, com terminações lenticulares,

    na maioria das vezes com alguns milímetros de espessura (3 a 5mm). Quebra-se cubicamente

    e é bastante friável. O exame ao microscópio revela que o vitrênio é constituído por

    associações de macerais muito ricos em vitrinita.

    Durênio – designa os leitos caracterizados pelo brilho fosco e pela cor que varia de cinza a

    marrom escura. E muito duro e seus leitos são particularmente coerentes e as fissuras que o

    percorrem são muito finas e bastante raras. O exame microscópico revela que é constituído

    por associações de macerais ricas em exinita e em inertinita.

    Clarênio – designa todos os leitos que apresentam aspecto entre o do vitrênio e o durênio. É

    constituído por bandas brilhantes e foscas, finamente estratificadas e de espessura inferior a

    3mm. É o componente mais freqüente, e o exame microscópico revela que é, constituído por

    proporções variáveis de macerais dos grupos da vitrinita, exinita e inertinita.

    Fusênio – é o único perfeitamente definido. É facilmente reconhecido macroscopicamente

    pela sua cor e pelo brilho sedoso. É caracterizado por outro, pela sua estrutura fibrosa e

    grande friabilidade. Ele pode incluir uma grande proporção de substâncias minerais que o

    consolidam, a ponto de às vezes perder sua friabilidade.

    A Tabela 3.3.2.1 mostra as principais características dos litotipos.

  • 19

    Tabela 3.3.2.1 Principais características dos litotipos.

    Litotipos Características

    Vitrênio - espessura 3 a 5mm;

    - friável;

    - macerais muito ricos em vitrinita;

    Durênio - cor que varia de cinza a marrom escura;

    - muito duro;

    - macerais ricos em exinita e em inertinita;

    Clarênio - aspecto entre o do vitrênio e o durênio;

    - espessura inferior a 3mm;

    - constituído por proporções variáveis de vitrinita, exinita e inertinita;

    Fusênio - grande friabilidade;

    - grande quantidade de substâncias minerais.

    Figura 3.3.2.1 mostra uma seqüência de fotomicrografias dos principais grupos de macerais

    e submacerais encontrados o carvão.

    Além dos componentes orgânicos, os carvões apresentam também associados ou não aos

    primeiros, quantidade variável de matéria mineral. Ela pode ocorrer finamente disseminada

    na massa de carvão ou em partes discretas, algumas identificáveis a olho nu. Entretanto para

    o caso da siderurgia interessa apenas aquelas disseminadas microscopicamente e que não são

    removidas no beneficiamento do carvão minerado e irão constituir as cinzas do carvão

    comercializado.

  • 20

    Figura 3.3.2.1. Macerais e submacerais de carvão. [Chave: superior esquerdo: vitrinita;

    superior direito: esporinita; intermediário superior esquerdo: cutinita; intermediário superior

    direito: resinita; intermediário inferior esquerdo: semifusinita; intermediário inferior direito:

    fusinita; inferior esquerdo: micrinita e inferior direito: esclerotinita[12]]

    3.3.3. Importância da Petrografia dos Carvões.

    Há uma ligação importante entre a estrutura microscópica dos carvões betuminosos e certas

    propriedades físicas e químicas desse combustível fóssil, dai as possibilidades de aplicação

    prática da petrografia do carvão nos ramos da produção de coque, da mineração, da

    lavabilidade e da combustão.

    A vitrinita, geralmente contribui mais significativamente para a fusibilidade do carvão durante

    a transformação de carvão em coque. Dos carvões fusíveis tendo matérias voláteis entre 18%

    e 35%, possuem poder coqueificante muito elevado ligado ao seu poder de inchamento e a sua

  • 21

    forte plasticidade, resultado da grande quantidade de ligações de Van der Walls relativamente

    fracas entre hidrogênio e oxigênio existentes neste grupo de maceral.

    A exinita, é o material mais rico em matérias voláteis, o de maior poder de inchamento, de

    pior moabilidade o mais rico em alcatrões e hidrogênio. Intervém na coqueificação dos

    carvões de mais de 25% de matérias voláteis, como o elemento mais rico em subprodutos e na

    gaseificação.

    A inertinita é a fração mais densa e a menos rica em matérias voláteis, tem alto valor de

    carbono e baixo teor de hidrogênio. Não tem poder coqueificante, mas na fabricação do coque

    desempenha papel importante para controlar, nas misturas a coqueificar, pois existe uma forte

    percepção que, para uma dada classe de carvão, tem uma relação ótima de componentes

    fusíveis e infusíveis para se obter a maximização da resistência do coque.

    Certamente que a aplicação prática mais desenvolvida da petrografia dos carvões está na

    previsão das propriedades coqueificantes de misturas de carvões.

    A determinação do poder refletor associada à análise quantitativa dos macerais, qualificados

    em reativos e inertes, permite ao fabricante de coque conhecer com exatidão a composição

    maceral dos carvões de que ele dispõe para enfornamento, podendo corrigir suas misturas em

    função dessa composição, a fim de obter, em todos os casos, o melhor coque siderúrgico

    possível.

    Conforme explanado anteriormente, os macerais do carvão têm propriedades físicas e

    químicas, extremamente diferentes. O teor em matérias voláteis, em hidrogênio, a densidade

    e o inchamento variam de um grupo de macerais a outro. A estrutura dos coques

    correspondentes é reflexo dessas propriedades; o coque tem cavidades tanto maiores e mais

    abertas quanto mais elevado é o teor em vitrinita e em exinita. Essa estrutura particular

    corresponde a um forte desprendimento de gás (matérias voláteis) durante a zona de fusão ou

    fase plástica. A fusão não é suficiente para provocar o inchamento e se a matéria fundida é

    muito fluida e muito pouco aglutinante os gases se escapam sem produzir inchamento, e este

    é fator indispensável na obtenção do coque.

  • 22

    3.3.4. Comportamento dos Macerais durante a Coqueificação

    Os resultados de diferentes estudos ao longo da evolução da petrografia permitiram a divisão

    dos macerais do carvão, em termos de seus comportamentos durante a coqueificação, em

    dois grupos: o dos reativos, englobando os macerais que sofrem fusão e posterior

    ressolidificação, e funcionam como ligantes, e inertes, que incluem os macerais que não

    sofrem fusão e permanecem, praticamente, inalterados durante a carbonização e têm de ser

    aglomerados durante o processo.

    Os macerais reativos são a vitrinita, a exinita e quantidades variáveis de constituintes do

    grupo da inertinita (principalmente, a semifusinita) e os inertes são a semifusinita, fusinita,

    micrinita, inertodetrinita, esclerotinita, matéria mineral e quantidades variáveis de vitrinita

    (geralmente baixas quantidades nos carvões usados na siderurgia a coque). A distribuição

    dos macerais em reativos ou inertes não segue, portanto, uma regra absoluta já que, alguns

    macerais reativos poderão apresentar caráter inerte ou vice-versa. Assim é que,

    principalmente, dependendo da origem, da classe e do grau de oxidação de um carvão, alguns

    dos macerais reativos poderão ser inseridos no grupo dos inertes.

    3.3.5. A Coqueificação

    A coqueificação em coquerias convencionais é o fenômeno que ocorre quando o carvão é

    submetido a temperaturas elevadas, em ausência de oxigênio, provocando a liberação de

    gases e o aparecimento de um resíduo sólido, poroso, que é o coque.

    Uma coqueria convencional, com recuperação de subprodutos, é constituída de fornos

    verticais geralmente de 11 a 15m de comprimento, de 3 a 7m de altura e de 300 a 550mm de

    largura média. O número de fornos de uma bateria de fornos de coque é bastante variado

    podendo ser entre 12 e 60 fornos.

    Neste processo o carvão atinge o estado plástico e dilata para finalmente solidificar-se, sendo

    que este mecanismo não é ainda completamente conhecido, portanto sendo campo aberto às

    pesquisas.

  • 23

    O estado plástico do carvão segundo alguns autores é um processo puramente físico,

    correspondendo a fusão de um material termoplástico, e, portanto independente da pirólise.

    Este fato foi comprovado experimentalmente, verificando-se a reversibilidade do processo

    neste estágio.

    O estado plástico depende quase que inteiramente da composição petrográfica, sendo tanto

    menor quanto maior a porcentagem de vitrinita do carvão, Figura 3.3.5.1 mostra curvas de

    fluidez e matéria volátil para vários carvões. A temperatura de amolecimento seria então

    independente da temperatura de inicio da decomposição térmica (Habermehl et al, 1963).

    Figura 3.3.5.1 Variação da máxima fluidez para diversas matérias voláteis de carvões.

  • 24

    Já a dilatação é causada principalmente pela resistência oferecida à liberação dos gases, a

    ressolidificação é a conseqüência da volatilização e decomposição dos produtos fluídos.

    Após a ressolidificação, a massa residual sofre ainda uma perda em peso e aumento na

    densidade o que provoca sua contração.

    O carvão é aquecido em coquerias convencionais a temperaturas entre 1100 a 1350°C em

    ausência de oxigênio e decompõe-se formando:

    a) Alcatrão, óleos leves e gás de coqueria.

    b) Coque, que é o resíduo resultante, sólido, poroso, formado essencialmente de carbono,

    cujas propriedades devem ser compatíveis com as exigências de qualidade impostas pelo alto-

    forno, disponibilidade de carvões e metodologia de produção da coqueria.

    Em função das temperaturas caracterizadas pelas propriedades plásticas dos carvões, o

    processo de coqueificação pode ser assim esquematizado como mostrado na Figura 3.3.5.2,

    logo após o enfornamento inicia-se a fase de secagem do carvão e ao final da coqueificação

    ultrapassar a temperatura de 900°C tem-se o semicoque.

    Figura 3.3.5.2. Processo de Coqueificação[11].

    Onde:

    • Ta – temperatura de inicio de amolecimento;

    • Ti - temperatura de inicio de inchamento;

    • Tm - temperatura de máxima fluidez;

    Ta Ti Tm Tv Tr

    Carvão Estado plástico Semicoque

  • 25

    • Tv - temperatura de desvolatização máxima;

    • Tr – temperatura de ressolidificação.

    A transformação do carvão em coque é realmente iniciada no ponto “Ta” sendo a soma de

    dois fenômenos distintos que se realizam parcialmente:

    a) Primeiro estágio da coqueificação - ocorre entre as temperaturas “Ta” e “Tr”, ou seja,

    aproximadamente entre 350 e 550°C com desprendimento, sobretudo de hidrocarbonetos e

    todo o alcatrão. Nesta fase, o inchamento do carvão ocorre praticamente entre as

    temperaturas “Ti” e “Tm”, sendo que esta última quase se confunde com “Tv”.

    b) Segundo estágio de coqueificação - ocorre acima da temperatura “Tr”, ou seja,

    aproximadamente entre 550 e 900°C não havendo mais desprendimento de alcatrão e o gás

    contendo muito hidrogênio. Esta é a fase de transformação do semicoque em coque.

    Na prática, o carvão carregado em uma célula de uma bateria de fornos de coque entra em

    contacto com as duas paredes aquecidas e o calor é transmitido, por condução, para o centro

    da carga, conforme mostrado na Figura 3.3.5.3 onde se pode ver na foto do forno

    coqueificado a linha central do encontro das isotermas. De cada parede surgem duas

    superfícies planas isotérmicas que caminham para o centro da carga, a primeira delas

    representada pela temperatura “Ta” e a outra, mais próxima da parede, pela temperatura "Tr".

    O material situado entre as isotermas formam uma camada de aproximadamente 15mm de

    espessura constituindo o "envelope plástico", ocorrendo aí o primeiro estágio da

    coqueificação. A seguir o processamento das reações finais de condensação e

    desidrogenação, características do segundo estágio da coqueificação, transformam o

    semicoque em coque.

  • 26

    Figura 3.3.5.3. Isotermas de coqueificação[14], com foto de um forno coqueificado à direita.

    A velocidade de avanço das isotermas, no seu caminho desde a parede dos fornos até o centro

    da carga constitui o "coking-rate" e a coqueificação está terminada com o encontro destas

    duas frentes plásticas. O tempo total para a coqueificação de uma carga nos fornos industriais

    varia de 13 a 24 horas sendo função essencialmente da largura do forno, temperatura de

    operação e densidade da carga de carvão.

    A Figura 3.3.5.4. mostra a foto de uma coqueria de grande porte.

    Figura 3.3.5.4 Vista superior das Baterias de fornos de coque da ArcelorMittal Tubarão a

    esquerda e desenho esquemático de uma bateria convencional a direita.

  • 27

    3.3.5.1. Novas Tecnologias de Fabricação de Coque

    No mundo, a produção de coque metalúrgico ainda vem principalmente a partir de coquerias

    convencionais do tipo by-products, conforme mostrado na Figura 3.3.5.4. O segundo método

    de produção de coque metalúrgico é o Heat Recovery/Non Recovery, a Figura 3.3.5.1.1

    mostra o desenho esquemático de uma coqueria heat recovery. A produção deste coque no

    mundo pode ser encontrada nos seguintes países: 1) E.U.A., 2) China, 3) Austrália, 4) Brasil,

    5) Columbia, 6) Peru . Estes centros de Heat Recovery/Non Recovery de produção de coque

    têm a concepção básica composta de um leito aquecido de carvão dentro de uma câmara de

    combustão. O gás gerado é oxidado diretamente acima do carvão/coque que fornece e

    consome a energia necessária para a coqueificação. No processo Heat recovery o calor dos

    gases exaustos é utilizado em caldeiras para a geração de energia elétrica, já no processo Non

    Recovery não há a recuperação do calor dos gases[15].

    Figura 3.3.5.1.1 Desenho esquemático de uma coqueria heat recovery[15].

    Segundo Valia, como mostrado na Tabela 3.3.5.1.1, geralmente a qualidade do coque

    produzindo em uma coqueria do tipo heat recovery será superior ao coque produzido por uma

    mesma mistura de carvões em uma bateria convencional. Diferença esta explicada pelo maior

    tempo de Coqueificação, 48 horas contra 16 horas em coquerias convencionais (menor

    velocidade de coqueificação), maiores temperaturas dos fornos 1450°C contra 1350°C em

    baterias convencionais e elevando tempo de super-coqueificação (2 horas contra 1 hora em

    coquerias convencionais).

  • 28

    Tabela 3.3.5.1.1 Comparativo entre a qualidade do coque produzido pelo processo heat

    recovery e coquerias convencionais.

    Qualidade do Coque Heat Recovery Convencional

    CSR (%) 70 62

    M40 (%) 86 84

    3.3.6. Modelos de Previsão de Resistência do Coque

    Diversos métodos foram desenvolvidos na Rússia, EUA, Europa e Japão para previsão de

    índices de resistência mecânica baseando-se nos resultados de: análise petrográfica, análises

    estatísticas de dados industriais e/ou coqueificação em escala piloto, alguns são apresentados

    na Tabela 3.3.6.1. Os métodos inicialmente propostos foram desenvolvidos para carvões do

    hemisfério norte e não podem ser aplicados com suficiente precisão para carvões do

    hemisfério sul, particularmente, de altos teores de inertes. Os métodos de previsão de

    resistência podem ser divididos em dois grandes grupos: um com métodos em que se faz a

    previsão do valor de um índice de resistência e outro com métodos que definem uma "janela

    de propriedades aglutinantes" para as misturas que originam índices de resistência iguais ou

    superiores ao mínimo exigido.

  • 29

    Tabela 3.3.6.1 Métodos de previsão de resistência do coque[16].

    Autor Parâmetros Parâmetro Previsto

    Simonis Fator G (resultados dilatométricos), largura do

    forno densidade de carga e tempo de coqueificação

    M40

    Radek Fator E (resultados dilatométricos e FSI), fator Z

    (distribuição granulométrica) e matéria volátil

    M40, M10

    Ammosov Índice de “Leanness” (análise maceral) capacidade

    de coqueificação (Rmáx. e análise maceral)

    Índice Sundgren

    (Resíduo de Tambor)

    Schapiro e Gray Índice de inertes (análise maceral), índice de

    resistência, (Rmáx, histograma de refletância e

    análise maceral)

    Estabilidade ASTM

    Thompson e Benedict Modificação do método Schapiro/Gray Estabilidade ASTM

    Koba Matéria Volátil, carbono, hidrogênio, oxigênio,

    Rmáx., teor de inertes, dilatação total e fluidez

    máxima

    DI 150-15

    USBM Matéria Volátil, cinza, carbono, taxa de

    Coqueificação, expansão/contração, densidade de

    carga e preparação da carga (umidade e % de

    partículas menores que 6mesh)

    Estabilidade e dureza ASTM

    MOF (Miyazu et all) Diagrama MOF (Rmáx.fluidez máxima) Garantia de resistência

    A maioria destes modelos foi criada entre 1950 e 1970, para as condições especificas do

    mercado de carvão existente, período em que o maior exportador era o Americano, atualmente

    o maior exportador mundial de carvões coquei ficáveis é a Austrália. Na Europa, exceto na

    Rússia e os países do Leste Europeu não existem minas em condições econômicas de

    exploração, mesmo assim as condições de extração no Leste Europeu são cada vez mais caras

    devido a baixa disponibilidade de carvões de boa qualidade e a profundidade das minas. Com

    isto, apenas as siderúrgicas americanas, que recebem incentivos para utilizar 100% de carvões

    locais, segue os modelos de previsão de resistência mecânica ASTM. Mesmo assim pode-se

    ver que existem diferentes métodos para prever o mesmo parâmetro de qualidade do coque a

    partir das mesmas características dos carvões, isto porque fatores como a preparação da

    mistura e peculiaridades das baterias também interferem no resultado da qualidade do coque

    produzido. Para os demais paises, apenas MOF é ainda utilizado como referência, já que este

    não se baseia em indicadores de qualidade dos carvões, mas em uma janela de Coqueificação

    limitada por uma faixa da refletância da vitrinita e fluidez máxima dos carvões individuais.

  • 30

    A resistência mecânica do coque a frio é definida como sendo a sua capacidade em resistir à

    fragmentação por solicitações mecânicas, impacto e/ou abrasão, em um tambor rotativo.

    Determina-se a extensão de sua redução granulométrica após ser submetido a um número fixo

    de revoluções em tambor de características padronizadas.

    A Tabela 3.3.6.2 apresenta os principais testes de tamboramento utilizados para medir a

    resistência a frio do coque de alto-forno ao impacto, compressão e abrasão, simulando

    parcialmente o efeito das cargas suportadas pelo coque na zona de preparação do alto-forno.

    Tabela 3.3.6.2 Testes de tamboramento.

    Tambor MICUM IRSID JIS ASTM

    Norma MO3-046 MO3-046 K2151 D294-64

    Granulometria do Coque (mm) +60 +20 +25 51-76

    Peso da Amostra (kg) 50 50 10 10

    Dimensões do Tambor (m) 1,0 x 1,0 1,0 x 1,0 1,5 x 1,5 0,914 x 0,457

    Velocidade de rotação (rpm) 25 25 15 24

    Total de Revoluções 100 500 30 ou 150 1400

    Peneiras (mm) 60,40 e 10 40,20 e 10 50, 25 e 15 25 e 6

    Furo das Peneiras Redondo Redondo Quadrado Quadrado

    Símbolo dos índices M40

    M10

    I40

    I20 e I10

    DI 3015

    DI 15015

    Estabilidade (+25mm)

    Dureza (+6mm)

    Os resultados dos testes de tamboramento podem ser expressos de duas formas: um que

    considera a quantidade de finos produzidos e que corresponde a resistência a abrasão

    representados pelos símbolos M10, I20 e I10 e o outro expressando a quantidade de coque

    graúdo remanescente do tamboramento, indicando a resistência ao impacto e abrasão

    representados pelos símbolos M40, I40, DI 3015, DI 15015 e Estabilidade ASTM.

    3.3.7 Modelos de Previsão de Propriedades a Quente do Coque

    A importância da caracterização da resistência do coque a altas temperaturas, principalmente,

    a determinação da resistência do coque após reação com C02 (CSR), foi revelada em

    pesquisas básicas e nas dissecações de altos-fornos realizadas no Japão. A prática operacional

  • 31

    mostrou que o CSR apresentava alguma influência no desempenho do alto-forno (a

    permeabilidade da carga é melhorada com o aumento do CSR). Kojima e Sakurai mostraram

    que não apenas a resistência a frio do coque podia ser prevista a partir da petrografia de

    carvão, mas também o CSR a partir do volume de inertes e da refletância média (Ro). A

    Figura 3.3.7.1 mostra as curvas usadas por Kojima para a previsão de CSR.

    Figura 3.3.7.1 Relação da resistência após reação (CSR) e teor de inerte maceral.

    Como pode ser observado no gráfico, a faixa ótima de inertes macerais dos carvões está entre

    20 e 30%, e reflectância média entre 1,1 a 1,4%. Com isto limita-se a utilização de carvões do

    hemisfério sul e carvões alto voláteis com reflectância media abaixo de 1% e baixo voláteis

    com reflectância acima 1,4%. A maioria dos primeiros modelos formulados estão mais

  • 32

    ligados a origem dos carvões e ao seu nível de exportação e consumo destes materiais, que

    basicamente na década de 60 eram americanos ou europeus. Após estudos de Canadenses e

    Australianos, estes verificaram que a composição química da cinza pode ser mais importante

    no controle de CRI que o rank, acelerando a taxa de reação de diferentes rank de carvões em

    presença de CO2, Price et Al sugerem o diagrama mostrado na Figura 3.3.7.3. A Figura

    3.3.7.2 mostra que para carvões Australianos, embora estes apresentem mais inertes macerais

    possuem CSR mais elevados que os carvões Americanos.

    Figura 3.3.7.2 Relação da resistência após reação (CSR) e a resistência mecânica a frio

    (DI3015) .

  • 33

    Figura 3.3.7.3 Relação da basicidade da cinza de carvões Canadenses e CSR para uma dada

    refletância.

    Pearson, afirma que os testes de CSR (norma ASTM) e DI (norma JIS) tem comportamento

    similar com referencia a petrografia e rank. E observando a Figura 3.3.7.2 pode ser visto que

    estes não tem correlação entre si. E também pode ser notado que para carvões coquei ficáveis

    (hard coking coals) os carvões Canadenses e Australianos tem melhores valores de CSR[17].

    Miyazu, Okuyama e Fukuyama (MOF) apresentaram um modelo que determinava o intervalo

    permitido para fluidez e refletância para que se produza um coque com resistência mecânica a

    frio compatíveis ao uso de altos-fornos[18]. O diagrama também delimita o intervalo plástico

    para as misturas que deve estar entre 60 e 1000dpm. A Figura 3.3.7.4 mostra o diagrama de

    MOF. Pode ser observado que o rank parece correlacionar-se com fluidez e refletância

    somente para carvões americanos, e que o intervalo para se produzir um coque com boa

    resistência mecânica deve-se trabalhar no intervalo de rank entre 1,2 e 1,3% de refletância, o

    que confirma as afirmações de Pearson.

  • 34

    Figura 3.3.7.4 Reprodução do diagrama original de MOF mostrando a relação entre fluidez e

    rank (reflectância) e a janela onde podem ser obtidos valores de DI 3015 entre 90 e 92%.

    Os modelos tão diferentes embora tenham características em comum so podem ser explicados

    pela origem, os carvões do Canada são do período Cretácio, são carvões de água doce e

    formados pela pressão de depósitos de água doce que tinham volumes e pressão menores do

    que os dos oceanos. São mais novos 150 milhões de anos que os carvões Americanos. Dessa

    forma, o comportamento desses carvões é completamente diferente dos carvões americanos.

    Os carvões americanos são carvões de água salgada. Formados pela pressão dos oceanos há

    350 milhões de anos e foram muito mais pressionados e compactados pelos oceanos e muito

    mais velhos em sua idade geológica que os demais. Os carvões do Canadá não respondem da

    mesma maneira aos requerimentos da coqueificação como os carvões Americanos que são

    muito mais antigos. Os carvões do Canadá tem que ser trabalhados com outros carvões de

    maior poder coqueificante, como o fazem para os carvões Australianos. Os carvões

    Australianos e Europeus (Polônia) são do Período Pretácio e foram formados há 280 milhões

    de anos.

  • 35

    As usinas brasileiras, evitaram por anos comprar carvão do Canadá por serem muito

    diferentes dos carvões Americanos. É bom lembrar que há 40 anos atrás o mundo só

    consumia o carvão Norte-Americano e mesmo os carvões Australianos foram submetidos a

    estudos por anos e anos até serem aprovados na produção de coque para altos-fornos.

  • 36

    4. Procedimentos Experimentais

    No período de janeiro de 2006 à abril de 2008 se estudaram 21 carvões individuais,

    compostos por 5 carvões Americanos, 11 Australianos, 2 Canadenses, 2 Colombianos e 1

    Polonês, 1 mistura preparada em laboratório e 15 misturas industriais com seus

    correspondentes coques.

    As amostras de carvões individuais e as amostras de misturas industriais e seus respectivos

    coques foram caracterizados tecnologicamente de forma convencional no INCAR (Instituto

    Nacional del Carbon – Oviedo/Espanha) e seus resultados serão apresentados no capítulo 5.

    Também foram enviadas ao INCAR, para análises, amostras de coques industriais que foram

    analisadas pelo Laboratório da Coqueria da ArcelorMittal Tubarão e seus resultados serão

    comparados no capítulo 5. As análises das amostras de carvões, misturas de carvões e coque

    foram realizadas conforme as normas descritas a seguir.

    4.1. Descrição de Equipamentos e Procedimento Experimentais

    As amostras dos carvões individuais foram coletadas através do amostrador automático do

    sistema de recebimento de carvões antes do empilhamento no pátio de carvões. As misturas

    industriais foram coletadas na saída do sistema de preparação de carvões após a dosagem e

    britagem da mistura e o coque industrial após o peneiramento na malha de 25mm do sistema

    de tratamento de coque.

    Para realizar a caracterização dos carvões individuais e das misturas de carvões se tomaram

    amostras representativas de aproximadamente 1.000kg, que são subdivididas em diferentes

    subamostras. Uma das subamostras de aproximadamente 2kg está dividida em duas partes,

    uma para a determinação da umidade e granulometria. A outra parte de tamanho adequado

    para realizar análise imediata (tamanho da partícula

  • 37

    A Figura 4.1 mostra o fluxograma dos procedimentos experimentais.

    Figura 4.1.1 Fluxograma Geral.

    4.1.1. Análises Imediatas e Enxofre Total

    Nas análises imediatas incluem a determinação da umidade, cinza e matéria volátil. Os

    procedimentos normalizados para análise de carvão e coque utilizados foram: umidade -

    norma ISO589; cinzas - norma ISO1171; matéria volátil – norma ISO562. A partir da cinza

    foram determinadas a composição química através da norma ASTM D6349.

    Para determinação do enxofre total realizaram-se no equipamento automático LECO SC-132,

    conforme Figura 4.1.1.1.

  • 38

    Figura 4.1.1.1 LECO SC 132 um instrumento utilizado para medir o teor de enxofre total de

    amostras sólidas e líquidas.

    4.1.2. Análise Termogravimétrica

    As análises termogravimétricas das amostras se realizaram em um analisador simultâneo TA

    Instruments SDT 2960 de desenho horizontal, como mostrado na Figura 4.1.2.1, obtendo-se

    tanto as curvas de perda de peso (TG) com as suas correspondentes primeira derivada com

    relação ao tempo (DTG). A partir das curvas se determina a temperatura de máxima perda de

    voláteis e a velocidade de perda de matéria volátil, assim com a quantidade de mátria volátil

    desprendida em intervalos de temperatura específicos e o rendimento em resíduo à

    temperatura final de pirólise.

    Aproximadamente 20mg de amostra de tamanho de partícula

  • 39

    Figura 4.1.2.1 Vista Frontal do equipamento TA Instruments SDT 2960.

    4.1.3. Ensaio de Fluidez Gieseler

    Este ensaio foi realizado em um Plastômetro Gieseler, R. B. Automazione modelo PL2000,

    conforme Figura 4.1.3.1, de acordo com o procedimento descrito pela norma ASTM D2639-

    74. Os valores de fluidez se registram automaticamente em intervalos de tempo prefixados (1

    minuto) como uma média ponderada dos valores obtidos durante um intervalo de tempo. As

    unidades em que se especificam os valores são divisões do dial por minuto (ddpm).

    Os seguintes parâmetros são definidos neste ensaio:

    • Tr: temperatura de amolecimento, que é aquela registrada quando o carvão começa a

    fundir-se e o equipamento registra 1ddpm.

    • Tf: temperatura de máxima fluidez, que é aquela onde o equipamento registra a

    máxima velocidade de giro do bastão.

    • Ts: temperatura de resolidificação, que é aquela a qual cessa o torque do movimento

    de rotação (0ddpm), ou seja, toda massa fundida se transformou em semi-coque.

    • MF: fluidez máxima é a fluidez registrada no equipamento quando se atingiu a

    máxima velocidade de giro do bastão.

  • 40

    • ? T: range plástico ou intervalo de fluidez, que é definido como a diferença entre a

    temperatura de resolidificação e a temperatura de amolecimento (Ts-Tr).

    Figura 4.1.3.1 Vista frontal do plastômetro Gieseler R. B. Automazione modelo PL2000

    4.1.4. Caracterização Petrográfica

    As caracterizações petrográficas foram realizadas conforme norma ISO7404/2. O

    procedimento é descrito simplificadamente como a seguir: a) a amostra de carvão é moída até

    que toda a amostra esteja abaixo de 1mm; b) uma amostra de cinco gramas de carvão moído e

    embebida em uma resina de poliéster utilizando um molde cilíndrico de 2cm de altura por

    2cm de diâmetro; c) depois de endurecido se corta longitudinalmente o molde, com o

    objetivo de assegurar que a superfície a analisar contenha todas as informações dos macerais

    sem efeito de segregação; d) finalmente o corpo de prova esta pronto para o polimento.

    4.1.5. Forno Piloto de Parede Móvel

  • 41

    Os ensaios de carbonização foram realizados em um forno de parede móvel de 250kg de carga

    marca Carbolite.

    Este forno possui uma ampla câmara regulável entre 205 e 560mm, de forma que é possível

    variar o volume e o peso nominal da carga em função da largura utilizada, enquanto as outras

    dimensões são fixas. A largura utilizada nos ensaios de carbonização foram de 469mm. As

    dimensões do forno são: comprimento entre portas 935mm, altura no ponto de nivelamento a

    840mm e altura da abóbada a 1015mm.

    Para cada ensaio de carbonização foram utilizados cerca de 300kg de amostra. A temperatura

    no momento do enfornamento é de 880°C. A partir daí o aquecimento prossegue a taxa de

    14°C/h até atingir a temperatura máxima de 1200°C entre 18 e 19h após o enfornamento,

    momento em que a temperatura do centro da carga atinge aproximadamente 1000°C, como

    mostrado na Figura 4.1.5.1.

    Figura 4.1.5.1 Curvas características de um gráfico de controle de um ensaio em forno piloto

    de coqueificação de uma amostra de carvão ou misturas de carvões.

  • 42

    A força exercida pela carga durante a coqueificação é registrada pelo movimento da parede

    móvel sobre um transdutor de pressão. Geralmente, não se expressa como força, mas como

    pressão média exercida sobre a parede do forno. O forno também possui sistema para detectar

    a alteração do nível de carga e registradores gráficos para acompanhar a evolução da

    temperatura, pressão e deslocamento da parede móvel. A Figura 4.1.5.2 mostra o esquema

    simplificado do forno piloto.

    Figura 4.1.5.2 Figura esquemática do forno piloto.

    A Figura 4.1.5.3 mostra a vista lateral do forno onde foram carbonizadas todas as amostras

    de carvões individuais e misturas de carvões.

  • 43

    Figura 4.1.5.3 Vista lateral do forno piloto de coqueificação.

    4.1.6. Índice de Resistência Mecânica a Frio do Coque – Drum Index (DI)

    Para a realização este estudo foi construído e posto em operação um equipamento para

    determinação da resistência mecânica a frio de acordo com a norma JIS-2151.

    O tambor de DI (norma JIS), é feito em chapa de aço com espessura entre 6 e 9mm, diâmetro

    interno de 1500mm, largura de 1500mm cilíndrico com 6 aletas de 250mm de largura, e 9mm

    de espessura, como mostrado na Figura 4.1.6.1. O tambor é acionado por conjunto moto-

    redutor de velocidade fixa, de forma a se obter 15 rpm e dispõe de um contador de giros, que

    desliga o equipamento ao serem concluídos os 150 giros, durante 10 minutos. O tambor de

    DI fica enclausurado para abafamento de ruídos durante a operação, como mostra a Figura

  • 44

    4.1.6.2.

    Figura 4.1.6.1 Detalhes do tambor usado para determinação da resistência mecânica a frio

    (DI).

    No tambor é carregado 10±0,2kg de coque de tamanho maior que 20mm e se submetem a

    tratamento de 150 voltas a uma velocidade de giro e 15 revoluções por minuto. O índice

    DI15015 é definido como o percentual em peso de coque com tamanho maior que 15mm após

    o tratamento mecânico sob estas condições.

  • 45

    Figura 4.1.6.2. Vista frontal do tambor para ensaio DI.

    4.1.7. Índice de Reatividade do Coque - Coke Reactivity Index (CRI)

    Neste ensaio obtém-se o índice de reatividade CRI (Coke Reactivity Index) e outro que reflete

    a resistência mecânica do coque após reação CSR (Coke Strength after Reaction). O

    equipamento utilizado para determinação do CRI constitui-se de um forno elétrico, quadro de

    controle e computador, conforme mostrado na Figura 4.1.7.1.

    Para a determinação do CSR precisa-se de um tambor de dimensões definidas, conforme

    mostrado na Figura 4.1.7.2, os testes fora realizados conforme estabelecido na norma ASTM

    D5341.

    Para a determinação da reatividade ao CO2 (CRI) se utiliza uma amostra de coque de 200±1g,

    previamente secada a 150°C durante 2 horas, com tamanho entre 19 e 22,4mm. Antes de

  • 46

    iniciar o ensaio, passa-se uma corrente de N2 a vazão de 5l/min durante 5 minutos no interior

    do cadinho. Sem interromper o fluxo de N2 carrega-se o cadinho com a amostra de coque.

    Figura 4.1.7.1 Esquema simplificado do equipamento utilizado para determinar a reatividade

    do coque – CRI (ASTM D5341)

    Após 25 minutos de aquecimento o coque alcança a temperatura de pré-aquecimento entre

    1110 e 1115°C, quando é feita a troca de fluxo de N2 por CO2 mantendo-se a vazão em 5

    l/min. Após a troca de N2 por CO2 a temperatura na amostra é mantida em 1100°C por duas

    horas. Como a reação é endotérmica, poucos minutos após trocar o fluxo de gases de N2 por

    CO2 é percebida uma redução de temperatura na amostra entre 10 a 20°C, dependendo da

    menor ou maior reatividade do coque amostrado. Esta é a razão pela qual o ensaio começa a

    uma temperatura de pré-aquecimento determinada. A Figura 4.1.7.3 mostra o gráfico de

    controle de uma temperatura de uma das amostras analisadas.

  • 47

    Figura 4.1.7.2 Esquema simplificado do equipamento utilizado para determinar a reatividade

    do coque após reação (CSR).

    O índice de reatividade CRI é definido como o percentual de massa perdida durante o ensaio

    por adição de CO2 nas condições estabelecidas.

    Para determinação do CSR, a amostra de coque procedente do ensaio de reatividade é

    submetida a um tratamento mecânico em um tambor tipo “I” de aço inoxidável com um

    comprimento de interno de 700mm e diâmetro interno de 130mm. As espessuras da tampa e

    do fundo do tambor são de 10mm. O tambor gira mediante um motor elétrico a uma

    velocidade de 20rpm durante 30 minutos, realizando 600 revoluções. Após este número

    determinado de revoluções, o coque é passado por uma peneira de malha quadrada de

    9,52mm. O CSR é definido como a quantidade de coque retida na malha de 9,52mm (dado em

    percentual peso).

  • 48

    Figura 4.1.7.3 Gráfico de controle de temperatura de uma amostra de coque durante ensaio de

    reatividad