tv digital

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E TECNOLOGIA DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA DE ELETRICIDADE CURSO: ENGENHARIA ELÉTRICA DISCIPLINA: PRINCIPIOS DE COMUNICAÇÃO JOABE PEREIRA SILVA JOANA DARC SILVA BARROS NADIA VELEZ PARENTE TV DIGITAL

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Page 1: Tv Digital

UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃOCENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E TECNOLOGIA

DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA DE ELETRICIDADECURSO: ENGENHARIA ELÉTRICA

DISCIPLINA: PRINCIPIOS DE COMUNICAÇÃO

JOABE PEREIRA SILVA JOANA DARC SILVA BARROS

NADIA VELEZ PARENTE

TV DIGITAL

São Luís2014

Page 2: Tv Digital

JOABE PEREIRA SILVA JOANA DARC SILVA BARROS

NADIA VELEZ PARENTE

TV DIGITAL

Trabalho apresentado à disciplina de Princípios de comunicação para obtenção da terceira nota.

São Luís2014

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Page 3: Tv Digital

Joabe Pereira Silva -2008009445

Joana Darc Silva Barros - 2011029950

Nadia Velez Parente – 2008015667

Universidade Federal do Maranhão - UFMA, Departamento de Engenharia de Eletricidade

Av dos Portugueses S/N

CEP: 65085-580, São Luís, MA

Email - [email protected]

Resumo: Este artigo tem como objetivo apresentar as principais características que estão sendo implantadas no novo sistema de TV Digital. Entre os assuntos abordados, veremos quais os padrões de transmissão existentes no mercado e qual foi o escolhido para ser usado no Brasil, é feita uma breve comparação entre o sinal digital e o analógico, as principais características de um receptor de sinal digital (Set-top Box), assim como, a nova tecnologia de interatividade oferecida pelo sistema de TV Digital.

Palavras-chave: Sinal digital, Padrão ISDB, Set-top Box, Interatividade.

Page 4: Tv Digital

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO............................................................................................................5

1. TV Digital e TV Analógica...................................................................................6

2. SISTEMAS E PADRÕES INTERNACIONAIS......................................................7

2.1 PADRÃO EUROPEU (DVB-MHP)..................................................................8

2.2 PADRÃO DE TRANSMISSÃO AMERICANO (ATSC-DASE).........................9

2.3 PADRÃO CHINES (DMBT – MHEG-5).........................................................10

2.4 PADRÃO JAPONES (ISDB-ARIB)...............................................................11

2.5 PADRÃO SBTVD..........................................................................................11

3. CONVERSOR DE TV DIGITAL..........................................................................12

4. ARQUITETURA TÍPICA.....................................................................................14

4.1 Componentes de Hardware..........................................................................14

5. CONCLUSÃO.....................................................................................................19

REFERÊNCIAS.........................................................................................................20

4

Page 5: Tv Digital

INTRODUÇÃO

O avanço da tecnologia de transmissão de TV culminou com o recente

advento da TV digital, que utiliza técnicas de codificação digital para transportar para

os receptores domésticos a informação em áudio e vídeo, assim como dados em

forma de sinais. Com a transmissão digital não só haverá uma melhora na

qualidade da imagem e do som como também possibilitará a transmissão de vários

programas em um único canal. Porém a característica mais interessante da TV

digital combinada com um canal de retorno é a possibilidade de criar serviços

interativos como vídeo sobre demanda, pay-per-view, exibir programas esportivos

em vários ângulos, T-Commerce, jogos, chat, etc.

A idéia inicial da Televisão Digital foi desenvolvida na década de 70 e o

objetivo era criar um sistema capaz de reproduzir qualidades de som e imagem

equivalentes às do cinema. Mas somente na década de 90, com o advento de

técnicas mais avançadas de codificação do sinal, que passou a ser possível chegar

aos moldes atuais.

Foram desenvolvidos três grandes padrões mundiais, o ATSC (Advanced

Television Systems Committee – padrão Americano), o DVB (Digital Video

Broadcasting – padrão Europeu) e o ISDB (Integrated Services Digital Broadcasting

– padrão Japonês). O Brasil optou pelo desenvolvimento de um padrão próprio com

base no padrão ISDB. Visto que este era mais adequado para a transmissão aberta.

Pesquisas feitas em todo o país procuram adaptar o padrão Japonês às

características territoriais, econômicas e sociais brasileiras. Resultados de estudos

mostraram que a melhor opção para o Sistema Brasileiro de Televisão Digital

Terrestre seria a utilização do padrão MPEG-4 para a compressão e o mesmo

padrão de modulação utilizado no sistema Japonês, o COFDM (Coded Orthogonal

Frequency Division Multiplex).

Para recepção dos sinais de televisão digital são necessários alguns

equipamentos básicos como a antena e o Set-top Box tanto na utilização de

televisores analógicos como em televisores digitais. O uso de um Set-top Box mais

avançado permitirá ao usuário benefícios além da qualidade de imagem e som

digitais, a interatividade.

Page 6: Tv Digital

1. TV Digital e TV Analógica

A TV digital permite, além de uma qualidade de imagem e som muito

superior à televisão convencional, a possibilidade de interatividade e o oferecimento

de novos serviços. Apesar dessa diferença fundamental com relação à TV

analógica, a TV digital continua, da mesma forma, a lidar com informações de áudio

e vídeo. A diferença básica é que agora os dados passam a ser manipulados na

forma digital. Um sistema digital que manipula fluxos de áudio e vídeo costuma ser

chamado sistema multimídia.

Do ponto de vista lingüístico, sistema multimídia é um sistema capaz de

lidar com mais de um tipo de mídia. Contudo, segundo essa definição, um

computador que manipulasse texto alfanumérico e gráfico poderia ser enquadrado

nessa definição. Por conseguinte, costuma-se adotar uma definição mais estrita:

multimídia é todo sistema capaz de lidar com pelo menos um tipo de mídia contínua

na forma digital, além de outras mídias estáticas (Lu, 1996).

A TV convencional, ao contrário da TV digital, não pode ser considerada

como um sistema multimídia, pois não trabalha com mídias digitais. Pela própria

definição do meio, todas as informações transmitidas são analógicas.

É importante notar também, que pela definição acima existem mídias

estáticas e mídias contínuas. Essa classificação leva em consideração o

comportamento temporal da mídia. Aquelas que não mudam com o tempo são

denominadas estáticas ou discretas (imagens e gráficos, por exemplo); enquanto

que as mídias contínuas ou dinâmicas possuem dimensão temporal, por exemplo,

animação, áudio e vídeo.

A principal mudança proporcionada pela televisão digital é a tecnologia

empregada para envio do sinal. O sistema digital faz uma transposição do sinal de

TV para um código binário, emitido por satélite, cabo ou terrestre, sendo

posteriormente decodificado em cada receptor através de um conversor. Comparada

com a transmissão analógica, a transmissão digital apresenta as seguintes

vantagens:

Liberação do espectro radioelétrico, pois permitirá o envio de um volume

maior de informações na mesma banda (6 MHz) utilizada atualmente pelas

emissoras de TV com transmissão analógica. Onde hoje trafegam 4 Mbit/s de

informação, teremos até 19 Mbit/s, ganhos com a melhor utilização do sinal e com

6

Page 7: Tv Digital

tecnologias de compressão utilizadas. Na televisão digital cada canal (freqüência)

pode comportar até quatro canais com definição standard (SDTV), equivalente às

existentes atualmente.

Outra possibilidade é o uso da melhor compressão para transmitir

imagens com alta definição HDTV, caso em que só caberia um canal por banda.

A transmissão digital comporta o envio de outros sinais, além dos de

vídeo e áudio, o que possibilita o desenvolvimento e oferta de novos serviços por

meio do aparelho de televisão. A informação gerada em forma de imagem,

informação visual, pode ser codificada em bits e decodificada em qualquer formato.

O televisor poderá oferecer funções similares às que se utiliza hoje no computador,

como objetos clicáveis.

A digitalização da televisão representa muito mais que uma melhoria de

imagem, a alta definição. Ela representa um novo meio de comunicação de massa,

uma tecnologia que permite a convergência da TV com outras mídias.

Tabela 1 – Tabela comparativa entre o sinal analógico e o digital.

Fator Analógico Digital

Resolução 525 linhas (4:3)

525 linhas (4:3)

720 linhas (16:9)

1080 linhas (16:9)

Qualidade de

Imagem

Pobre em detalhes e pode

apresentar interferências.

Rica em detalhes e menos

suscetível a interferência.

Novos Recursos Não possuiInteratividade, mobilidade e

múltiplos fluxos de áudio e vídeo.

Otimização do

espectro

Uso do espectro limitado por

interferênciasPossível uso de canais adjacentes

2. SISTEMAS E PADRÕES INTERNACIONAIS

Existem atualmente cinco padrões em operação no mundo (DVB, ATSC,

DTMB, ISDB e ISDB-TB), estes padrões adotam diferentes sistemas, para

modulação do sinal de difusão; transporte de fluxos elementares de áudio, vídeo,

7

Page 8: Tv Digital

dados e aplicações; codificação e qualidade de áudio e vídeo; e serviços de

middleware.

A figura 1 apresenta a arquitetura padrão de um sistema de TV digital

interativa. [SUFRAMA, 2003] Todos os sistemas utilizam esta mesma arquitetura

base, divididos em camadas como no modelo OSI (Open System Interconnection)

de Redes [TANENBAUM, 1994], porém com uso de somente cinco camadas.

Uma arquitetura corretamente representada pode assegurar que um

sistema irá satisfazer uma série de requisitos relacionados à desempenho,

confiabilidade, portabilidade, escalabilidade e interoperabilidade [GARLAN, 1996],

mostrando os principais componentes, incluindo suas interações e omitindo os

detalhes que não são pertinentes as interações entre os componentes.

Figura 1 - Arquitetura de um sistema de IDTV (TV Digital Interativa).

Muitos países ainda estão estudando qual padrão adotar, ou até mesmo

substituir os seus atuais, portanto este panorama de distribuição dos padrões

mundialmente ainda é muito instável, não podendo se afirmar qual será sua

configuração final.

2.1 PADRÃO EUROPEU (DVB-MHP)

O Padrão de transmissão DVB (Digital Vídeo Broadcasting) foi criado por

um consórcio europeu para transmissão de televisão digital e é o padrão adotado

pela maioria dos países. Admite cinco modos de transmissão com resoluções que

variam, de acordo com a especificação, de 240 a 1080 linhas. O DVB -T (DVB –

Terrestre) também comporta a recepção por dispositivos móveis. Entretanto,

segundo seus críticos, não funciona satisfatoriamente, principalmente no modo

hierárquico, quando transmite ao mesmo tempo para televisão de alta definição e

sistemas móveis. [TONIETO, 2006].

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Page 9: Tv Digital

Possui cinco subdivisões em relação ao sistema de transmissão: DVB-T:

Terrestre, por radiodifusão, DVB-C: Cabo, DVB-S: Satélite, DVB-H: móveis e IPTV:

Cabo Telefônico. Na maioria das TVs pagas da Europa o sistema utilizado é o DVB-

S, e os receptores (set top boxes) subsidiados pelas operadoras de TV ou até

gratuitos.

O middleware é o MHP (Multimedia Home Platform) baseado no uso de

uma JVM (Java Virtual Machine) e um conjunto de APIs (Application Programming

Interface) possibilita que programas feitos em Java acessem recursos do receptor de

forma padronizada. Uma aplicação DVB que utiliza Java é chamada DVB-J. Na

especificação 1.1 do MHP foi introduzido o DVB-HTML. Possibilita entre diversos

outros recursos o download de aplicações, que são armazenadas em memória

persistente e acesso a smart-cards. O padrão DVB-MHP é utilizado, além dos

países europeus, na Austrália, Malásia, Índia e África do Sul. [MONTEZ & BECKER,

2006].

2.2 PADRÃO DE TRANSMISSÃO AMERICANO (ATSC-DASE)

O sistema americano ATSCfoi introduzido nos Estados Unidos em 1998,

e tem como principal característica ser monoportadora (portadora única) com

modulação de amplitude de 8 níveis na versão 8 Vestigial Sideband (8VSB),

ocupando a mesma banda de 6MHz utilizada no sistema analógico. A Figura 28

mostra a estrutura de um transmissor com modulação 8VSB do sistema ATSC.

O principal enfoque deste sistema ATSC (Advanced Television Systems

Committee), é a transmissão de alta definição (HDTV, High Definition Television),

em detrimento da interatividade e multiprogramação. Apresenta problemas na

recepção através de antenas internas e não suporta recepção em dispositivos

móveis, como por exemplo, em celulares.

O Middleware é o DASE (Digital TV Application Software Environment),

utiliza JVM (Java Virtual Machine) e permite o uso de linguagens declarativas, como

o XHTML. O padrão ATSC-DASE é utilizado nos Estados Unidos, Canadá, Coréia

do Sul e Taiwan [MONTEZ & BECKER, 2006].

Utiliza como padrão mpeg-2 tanto para transmissão de dados, quanto

para codificação de vídeo, e Dolby Digital AC3 como codificação de áudio. [ATSC,

2009]

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Page 10: Tv Digital

Figura 2 - Diagrama do modulador 8VSB

2.3 PADRÃO CHINES (DMBT – MHEG-5)

DMB-T / H ou DTMB (Digital Terrestrial Multimedia Broadcast - GB 20600-

2006) é o padrão de televisão digital terrestre aplicada na República Popular da

China (RPC), incluindo Hong Kong e Macau. Esta norma cobre terminais fixos e

móveis e serve mais de metade dos telespectadores da República Popular da China.

O middleware MHEG-5 é um middleware com base em linguagem declarativa que

pode ser usado para descrever uma apresentação do texto, imagens e vídeo. Uma

aplicação MHEG-5 consiste de uma série de cenas que o usuário da aplicação pode

se mover entre elas. Cada cena contém a lista de itens de texto e gráficos, a ser

apresentado e pode conter blocos de código processual que são executadas em

resposta a um conjunto predefinido de eventos. [MHEG-5 - 2009].

A norma DMB-T standard, de acordo com o co-promotor Tsing Hua, é

capaz de transmitir para o receptor, sinal de qualidade HDTV movendo-se a

200km/h de velocidade. O padrão também tem suporte ao serviço de TV móvel

digital em handhelds que está ausente da TV digital nos padrões americano e

europeu. Além destes benefícios, o raio da área com sinal de cobertura DTMB é de

10 km mais longo do que o europeu em execução, o DVB-T standard.

[KARAMCHEDU, 2009].

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Page 11: Tv Digital

2.4 PADRÃO JAPONES (ISDB-ARIB)

O Padrão ISDB (Integrated Services Digital Broadcasting), é utilizado no

Japão além de ser referência para o padrão Brasileiro e as vantagens deste sistema

em relação aos demais são a flexibilidade de operação, boa recepção em antenas

internas ou em áreas encobertas e o bom suporte a aplicações móveis.

O middleware é o ARIB definido pela organização ARIB (Association of

Radio Industries and Businesses), esse middleware é formado por alguns padrões,

como: ARIB STD-B23 (Application Execution Engine Platform for Digital

Broadcasting), baseada no middleware MHP, indica uma tendência de entrar em

conformidade com o DVB-MHP. ARIB STD-B24 (Data Coding and Transmission

Specification for Digital Broadcasting), define uma linguagem declarativa

denominada BML (Broadcast Markup Language), baseada em XML (Extensible

Markup Language), é usada para especificação de serviços multimídia para TV

digital [TONIETO, 2006]. O padrão ISDB-ARIB é utilizado somente no Japão, até

então [MONTEZ & BECKER, 2006].

2.5 PADRÃO SBTVD

O Sistema Brasileiro de TV Digital Terrestre (SBTVD) foi desenvolvido

com base no sistema Japonês ISDB-T (Integrated Services Digital Broadcasting

Terrestrial), oferece uma série de diferenciais em relação aos sistemas de TV digital

atualmente em funcionamento no mundo. Esses diferenciais estão justamente no

“casamento” entre a base técnica de transmissão do sistema Japonês com os

padrões de compressão digital de áudio e vídeo introduzidos pelo Brasil, que são

mais modernos e eficientes do que os adotados por outros padrões.

Assim, o sistema adotado no Brasil é o ISDB-TB, também denominado

SBTVD. Na versão brasileira foram acrescentadas tecnologias desenvolvidas pela

Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio) e pela Universidade

Federal da Paraíba (UFPB).

Essa especificidade do sistema brasileiro possibilita a transmissão de

conteúdo de altíssima qualidade, tanto em termos de imagem como de som,

permitindo ao mesmo tempo a recepção móvel e portátil dos sinais de TV digital.

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Page 12: Tv Digital

Para oferecer esses diferenciais, o SBTVD adotou o padrão MPEG-4, também

conhecido como H.264, para codificação de vídeo, e o HE-AAC v2 para o áudio.

Outros importantes diferenciais do SBTVD são a mobilidade e a

interatividade. No caso da mobilidade é possível percebê-la na prática, uma vez que

já estão à disposição do consumidor brasileiro, diversos dispositivos móveis por

meio dos quais se pode assistir à TV digital, como celulares, mini-televisores e

receptores USB para micros.

Tabela 2 – Principais características do Padrão SBTVD.

3. CONVERSOR DE TV DIGITAL

Para que o usuário possa usufruir da TV digital em um aparelho de TV

analógico convencional, é necessário que um aparelho receptor digital e

decodificador sejam conectados à TV. Esse aparelho é denominado Set-top Box.

O Set-top Box é um equipamento integrado de hardware e software que

converte o sinal de uma rede de transmissão analógico ou digital, para o padrão de

sinal de um receptor de TV. Para realizar as funções de conversão, o STB possui

interfaces de entrada compatíveis com o sistema de transmissão analógico ou

digital, e interfaces de saída compatíveis com receptor de televisão.

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Page 13: Tv Digital

Num Sistema de Televisão Digital, o sinal de vídeo é codificado,

encapsulado num protocolo de comunicação e transmitido num canal digital com

modulação em rádio freqüência. O sinal de vídeo pode ser codificado e decodificado

de acordo com vários padrões de mercado, como o MPEG-2 ou o H-264, que são os

mais utilizados mundialmente. Num sistema de TV Digital o STB possui os seguintes

módulos ou subsistemas básicos:

a) Recepção digital de sinal de RF;

b) Decodificação de sinal de áudio e vídeo;

c) Sistema de Controle (Middleware);

d) Codificação do sinal para o receptor de TV;

e) Canal de retorno ou canal de interatividade (aplicações de interatividade).

Na recepção, o STB demodula o sinal recebido, decodifica a informação e

converte o sinal para o aparelho de televisão, executando simultaneamente as

funções de gerenciamento, segurança de acesso e controle de conteúdo. Estas

funções de controle e processamento de sinal são realizadas por uma camada de

software chamada de Middleware, considerado como o sistema operacional do Set-

top Box (STB).

O Canal de interatividade do STB é um canal de acesso IP de banda

larga que funciona como canal de retorno para suporte às aplicações interativas da

TV Digital. O canal de interatividade permite aos usuários acessarem as aplicações

interativas diversas como, por exemplo, aplicações de governo eletrônico e de

inclusão digital, correio eletrônico, acesso web, guia eletrônico de programação e

videoconferência.

No escopo do Sistema Brasileiro de Televisão Digital (SBTVD), o

Terminal de Acesso (ou STB) sugerido pelo Modelo de Referência do SBTVD é

modular em termos de suas características e funcionalidades, começando desde um

modelo mais básico e de baixo custo, até um modelo mais sofisticado, com várias

funcionalidades e de custo mais elevado. No entanto, todos os modelos do Modelo

de Referência do SBTVD integram os subsistemas acima descritos.

O projeto de um Set-top Box inclui o desenvolvimento do hardware de

suporte e do software básico de controle do hardware, além do software aplicativo

que permite a interface do equipamento com o usuário.

13

Page 14: Tv Digital

4. ARQUITETURA TÍPICA

Para desempenhar as funcionalidades descritas anteriormente é

necessária uma interação entre os diversos componentes de hardware e de software

que compõe a estrutura de um Set-top Box. Esses componentes serão descritos

com mais detalhes abaixo.

4.1 Componentes de Hardware

Fazem parte da arquitetura de um Set-top Box básico (figura 1) os

seguintes módulos principais, usualmente implementados em hardware:

Tuner (Sintonizador) - Este módulo tem a função de sintonizar o sinal recebido

(seja ele digital ou analógico) e efetuar os devidos processamentos. O

sintonizador seleciona um canal de VHF ou UHF (de 6 MHz, no caso do Brasil)

onde existe informação de áudio e vídeo, que converte o sinal de radiofreqüência

para sinal banda base codificado, que pode ser mais facilmente manipulado pelos

componentes adjacentes.

Demodulador - A implementação do demodulador é altamente dependente do

padrão adotado para a transmissão do sinal de radiodifusão. No caso da

radiodifusão terrestre, existem 3 padrões utilizados pelo mundo - ATSC (padrão

americano), DVB (padrão europeu), ISDB (padrão japonês).

A função do demodulador é amostrar o sinal sintonizado e convertê-lo em feixes

de bits denominados Transport Stream, que contém vídeo, áudio e dados

codificados. Uma vez que o stream é recuperado, é feita uma checagem de erros

para então encaminhar o stream ao demultiplexador.

Demultiplexador - Tem a função de extrair os fluxos elementares de informação

de áudio, vídeo e dados, bem como outros fluxos de dados, de controle ou

suplementares.

Este fluxo de dados é constituído de pacotes de dados identificados por um PID

(Packet Id), onde o demultiplexador examina todos os identificadores, seleciona

14

Page 15: Tv Digital

pacotes específicos, descriptografa e encaminha para um decodificador

específico. Por exemplo, todos os pacotes com identificador de vídeo serão

encaminhados para o decodificador de vídeo. O mesmo ocorre para áudio e

dados.

Decodificador de Vídeo - Um decodificador de vídeo transforma os pacotes de

video, provenientes do demultiplexador, em seqüência de imagens a serem

exibidas no monitor da TV, formatando em diferentes resoluções de tela. Na saída

de um codificador de vídeo existe um microprocessador gráfico, cuja função é

renderizar (desenhar) arquivos gráficos de aplicações interativas ou mesmo

páginas da Internet. Uma vez renderizado, o arquivo gráfico é usado para

sobrepor o vídeo exibido por um programa de TV.

Decodificador de Áudio - O fluxo de áudio comprimido, proveniente do

demultiplexador, é enviado para o decodificador de áudio para descompressão. A

saída pode ser um áudio em formato analógico (estéreo / mono) ou digital.

Núcleo de Processamento e Controle de Dados - Possibilita a interconexão

entre os vários componentes do STB, como por exemplo, processar os comandos

de usuário recebidos via interface de usuário, controlar o sintonizador e configurar

o dispositivo de conversão e codificação dos sinais de áudio e vídeo.

Pode ser entendido como sendo a composição de vários sub-blocos (elementos)

de hardware, como o processador, memórias, controladores de periféricos,

controladores. Esses elementos são descritos a seguir:

Processador

O processador, ou CPU, é o cérebro do STB. Suas funções são,

basicamente:

Inicializar os vários componentes de hardware do decodificador;

Monitorar e gerenciar hardware;

Carregar dados e instruções da memória;

Executar programas.

Os processadores contêm uma unidade lógico-aritmética para cálculos

e operações lógicas, uma unidade de controle para processar dados de

15

Page 16: Tv Digital

entrada e processar instruções. As ações do usuário, bem como instruções

dos programas em execução, são interpretadas e executadas pelo

processador. Exemplo de ação do usuário executada: solicitação de mudança

de canal pelo controle remoto.

Figura 4 – Barramento da CPU

Memória

O módulo de memória, que é implementado em um chip, é responsável

pelo armazenamento temporária dos dados que trafegam entre o

microprocessador e vários componentes de hardware. Componentes como

máquina gráfica, decodificador de vídeo etc, precisam da memória para

executar suas funções. As memórias mais utilizadas para isso são:

DRAM (Dynamic RAM);

SRAM (Static RAM).

Interfaces para o canal de retorno - As interfaces mais utilizadas para o canal

de retorno são:

Modems

É usado para prover serviços de interatividade ao usuário, através da

16

Page 17: Tv Digital

constituição do canal de retorno, conectando o Set-top Box a uma emissora ou

provedor de serviço. Normalmente, os modems são acoplados ao Set-top Box

na fabricação, porém, é possível instalar um modem externo. As opções de

modem freqüentemente disponíveis em Set-top Box são ADSL, ou de telefonia

fixa convencional.

10 Base-T (Ethernet)

Interface usada para conectar o Set-top Box a uma rede, na intenção

de compartilhar recursos e dados.

Figura 5 – Arquitetura de um Set-top Box

.

4.2 Componentes de Software

A arquitetura de um Set-top Box é basicamente composta por três camadas

de software:

Aplicações Interativas - São programas de computador, executados em um

Set-top Box, que oferecem ao usuário serviços específicos, como governo

eletrônico, ou opções de interatividade agregadas a programas de TV.

A aplicação interativa mundialmente mais utilizada é o EPG (Electronic

Programming Guide), que apresenta a grade de programação disponível nos

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Page 18: Tv Digital

canais por um período de tempo. As aplicações podem ser residentes no Set-

top Box (não fazem uso do middleware), ou podem ser transmitidas e

carregadas pelo Set-top Box.

APIs (Applications Programming Interface) – As APIs compõem a interface

entre o middleware e as aplicações, de forma que os desenvolvedores de

aplicações não precisem entrar em detalhes de implementação do

middleware.

Middleware – A finalidade da camada de middleware é oferecer um serviço

padronizado para a camada de aplicações, escondendo peculiaridades das

camadas inferiores como, por exemplo, a tecnologia usada para compressão,

modulação etc. O uso do middleware permite que haja portabilidade das

aplicações, de forma que possam ser transmitidas para qualquer set-top box

com determinado middleware adotado.

No middleware também podem existir as máquinas virtuais, que permitem ao

desenvolvedor usar o mesmo código nativo para diferentes plataformas de

set-top boxes com alterações mínimas, como uma Java Virtual Machine.

Também podem fazer parte do middleware máquinas para apresentação de

código HTML, JavaScript, XHTML, entre outras linguagens declarativas ou

procedurais.

Figura 6 – Arquitetura em camadas de software do Set-top box

18

Page 19: Tv Digital

5. CONCLUSÃO

A mudança para TV digital irá proporcionar ao telespectador um sinal de TV

de alta qualidade, além de outras possibilidades através da interatividade, como

vimos acima. Essa inclusão tecnológica e social será graças aos Set-top Boxes, que

serão responsáveis pela recepção e decodificação dos sinais.

Com o avanço da tecnologia estes STBs possuirão uma variedade de

interfaces de vídeo e áudio que permitirão a sua comunicação com os atuais

televisores e com outros equipamentos de alta definição. Durante os próximos anos

da TV digital no Brasil, o Set-top Box será cada vez mais um equipamento comum

no nosso dia-a-dia.

Futuramente, estes equipamentos serão integrados aos televisores que

passarão a receber diretamente o sinal digital. Assim o Brasil entrará definitivamente

para a era da TV Digital.

Page 20: Tv Digital

REFERÊNCIAS

BARBOSA, S.D.J. & SOARES, L.F.G. TV digital interativa no Brasil se faz com Ginga: Fundamentos, Padrões, Autoria Declarativa e Usabilidade. Em T. Kowaltowski & K. Breitman (orgs.). Atualizações em Informática 2008. Rio de Janeiro, RJ: Editora PUC-Rio, 2008.

BECKER, V. & MONTEZ, C., TV Digital Interativa: Conceitos, Desafios e Perspectivas para o Brasil, Ed. I2TV, 2004.

Especificação Técnica de Referência. Projeto Brasileiro de Televisão Digital. Versão AA PD.30.12.34A.0001A/RT-14/AA. Campinas, CPqD 2006. Disponível em: <http://www.technospice.com/files/72_142_ANEXO2_especificacao_tecnica_referencia_sbtv.pdf.> Acessado em: 12/2010.

Sistema Brasileiro de TV Digital. Modelo de referência do SBTVD. Disponível em: <http://sbtvd.cpqd.com.br/>. Acessado em: 12/2010.

PICCOLO, Lara Schibelsky Godoy. Arquitetura do Set-top Box para TV Digital Interativa. Instituto de Computação – Unicamp. Disponível em: <http://www.google.com.br/search?source=ig&hl=pt-BR&rlz=&=&q=+Arquitetura+do+Set-top+Box+para+TV+Digital+Interativa&btnG=Pesquisa+Google&meta=lr%3D>. Acessado em: 12/2010.