turismo no espaço rural: um estudo de caso no concelho de baião

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Escola E.B 2,3/ S de Baião Curso Profissional de Turismo Ambiental e Rural TURISMO NO ESPAÇO RURAL Um Estudo de Caso no concelho de Baião Diogo Paulino Liliana Zuzarte Sara Monteiro Baião / 2010

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Prova de aptidão profissional, no âmbito do Curso Profissional Técnico de Turismo Ambiental e Rural (2010), realizada pelos alunos Diogo, Liliana e Sara, coordenada pelo professor Fernando Matos

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Page 1: Turismo no Espaço Rural: Um Estudo de Caso no concelho de Baião

Escola E.B 2,3/ S de Baião

Curso Profissional de Turismo Ambiental e Rural

TURISMO NO ESPAÇO RURAL

Um Estudo de Caso no concelho de Baião

Diogo Paulino

Liliana Zuzarte

Sara Monteiro

Baião / 2010

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Escola E.B 2,3/ S de Baião

Curso Profissional de Turismo Ambiental e Rural

TURISMO NO ESPAÇO RURAL

Um Estudo de Caso no concelho de Baião

Trabalho realizado por Diogo Paulino nº 6, Liliana Zuzarte nº 9 e Sara Monteiro nº 18, sob orientação do professor

Fernando Matos Rodrigues.

Baião / 2010

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Resumo

Este trabalho realizado no âmbito do Curso Profissional de Turismo

Ambiental e Rural, uma área direccionada para a prática turística no meio rural

e para um local em que o ambiente se conjuga com os diversos recursos

existentes na região, destina-se à realização de um estudo das Casas de

Habitação ao serviço do Turismo Rural.

Estando Baião situado numa região em que o espaço rural tem grande

potencial turístico, e sendo o turismo uma grande estrutura económic, este

concelho poderia ser altamente desenvolvido a vários níveis, como económico,

social e ambiental, mas é precisamente o contrario que acontece.

O desenvolvimento local sofre de um grande défice, tanto por falta de

técnicos qualificados, como até por um baixo nível de escolaridade dos

habitantes locais.

Abstract

This work carried through in the scope of the professional course of

Ambiental and Rural Tourism, an area directed to tourism in a rural environment

alongside with the diverse resources existing in the region, studies Rural Guest

Houses.

Baião being situated in a region where the agricultural space has great

tourist potential, and being tourism a great economical structure, this county

could be highly developed in several aspects economic, social and ambiental,

but it is the opposite of what happens. The local development suffers a great

deficit, due to a lack of qualified technicians, as to a low level of scholarity of the

local inhabitants.

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Índice

1. Agradecimentos…………………………………………………..………...….5

2. Introdução…………………………………………………………....….……..6

3. Teorias, métodos e conceitos………………………………………............ 7

4. Enquadramento Territorial………………………………………….............. 9

5. O turismo no espaço rural………………………………………………...…10

5.1. Turismo, Cultura e Mudança Social……………………………..…17

5.2. Turismo, Ambiente e Desenvolvimento Sustentável…………..…22

5.3. Património, Cultura e Turismo……………………………………... 28

5.4. Lazer e Natureza no Turismo Rural………………………………..35

6. Turismo de Massas versus Turismo de Habitação……………………… 38

6.1 O impacto económico do turismo………………………………..……..42

6.2 Educar e Sensibilizar para a prática do Turismo Rural ……………. 45

7. Estudo de caso

7.1. Casas Familiares ao serviço do Turismo de Habitação………….49

7.2. Casa, Família e Património………………………………………… 51

7.3. Rotas …………………………………………………..…………….. 54

8. Infra-Estruturas e Equipamentos Turístico……………………………..….57

9. Análise SWOT…………………………………………………………….….59

10. Apêndice……………..………………………………………………………. 61

10.1. Apêndice Fotográfico……………….…………………………………62

10.2. Apêndice Documental……..………………………………………….66

11. Bibliografia ..........................................................................................…67

12. Netgrafia ………………………………………………………………….......69

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1. Agradecimentos

Em primeiro lugar, queremos agradecer ao nosso coordenador do curso

profissional de turismo ambiental e rural, o Professor Fernando Matos

Rodrigues, pela sua orientação e coordenação metodológica, pela mais valia

das suas sugestões e pela exigência de ponderação, que sempre se

disponibilizou, humana e materialmente. E que sempre nos esclareceu as

dúvidas tanto em relação ao curso como em relação ao estágio.

Ao director de turma, professor Pedro Paiva, á professora Daniela

Cunha, e ao professor Rui Mendes, pela sua colaboração nas provas de

aptidão profissional.

E queremos ainda agradecer ao proprietário da Quinta de Marnotos, o

senhor José dos Santos, e á proprietária do Casarão, a senhora Claudina

Amorim que nos disponibilizaram o seu tempo para responder aos

questionários e fornecer a informação pretendida.

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2. Introdução

Este trabalho realizado no âmbito do curso Profissional de Turismo

Ambiental e Rural, uma área direccionada para a prática turística no meio rural

e para um local em que o ambiente se conjuga com os diversos recursos

existentes na região.

No que toca ao património este é uma herança, ou seja, algo que se herda

e depois se transmite aos outros, e que engloba dois conceitos que são a

tradição e a inovação.

Estando Baião situado numa região em que o espaço rural tem grande

potencial turístico, e sendo o turismo uma grande estrutura económica, este

concelho poderia ser altamente desenvolvido a nível económico, social e

ambiental, mas é precisamente o contrário que acontece. O desenvolvimento

local na área de Turismo de Espaço Rural sofre de problemas estruturais

relacionados pela falta de técnicos qualificados, ausência de planos

estratégicos na área de Turismo que valorizem o ambiente e o património local

e por fim a ausência de planos estratégicos na área da programação,

planificação e animação turística.

Para além do tratamento de vários temas relacionados com turismo,

desenvolvimento sustentável, património e cultura, o trabalho vai centrar se no

estudo de casas de Turismo de Habitação em contexto rural e de montanha.

Haverá a sugestão de rotas possíveis para se poder usufruir deste tipo de

turismo. Um turismo mais ecológico, mais naturalista e acima de tudo um tipo

de turismo em que cada um poderá fugir um pouco ao descomunal turismo de

massas, mais densificado e monótono.

Page 7: Turismo no Espaço Rural: Um Estudo de Caso no concelho de Baião

3. Teorias, métodos e conceitos

Para a elaboração deste trabalho utilizamos um conjunto de teorias,

métodos e técnicas de trabalho. O conhecimento científico é importante para a

realização deste tipo de trabalho, pois remete-nos para a observação e para

experiência em contextos de estudo de caso.

Para uma boa recolha de informação tem de se começar por uma primeira

aproximação, através de pesquisa bibliográfica e até mesmo através da

Internet, algo muito utilizado nos dias de hoje, mas tendo presente as suas

limitações na certificação dos conhecimentos.

Outra aproximação que se pode fazer ao objecto é através da pesquisa

documental. Esses documentos são fonte necessária para um aprofundamento

do estudo. Ao chegar a um local tem de se observar, e com isso podem se

encontrar fotografias, cartas postais. Assim, da bibliografia geral tem de se

passar para a bibliografia específica.

Depois, damos início ao trabalho de campo, fazendo observação in loco,

recolhendo dados que nos permite fazer um relatório do objecto de estudo.

Com isto consegue-se, um retrato antropológico do objecto, e desta

forma poder dar a conhecer as casas de Turismo de Habitação no concelho de

Baião. Desde como funciona?, por quem é ocupada?, em que época foi

construída?, etc.

Dentro da observação antropológica encontra-se a observação

participante e a não participante. Na observação participante o

investigador vive na comunidade, estuda, e participa nas actividades dessa

mesma comunidade. Uma forma de entender todos os hábitos e modos de ser

que fazem parte do ethos de um local. Já na observação não participante a

distância entre o investigador e o objecto de análise é enorme. Fazem parte

desta técnica o inquérito por questionário, a entrevista, os testes e as medidas

por atitudes e opiniões. No nosso caso a utilização da técnica do inquérito por

Page 8: Turismo no Espaço Rural: Um Estudo de Caso no concelho de Baião

questionário foi um dos meios para conceber o estudo de caso, para além de

uma observação não participante associada a um olhar distanciado.

No trabalho de campo é preciso saber descrever e ter essa capacidade.

Page 9: Turismo no Espaço Rural: Um Estudo de Caso no concelho de Baião

4. Enquadramento Territorial

O concelho de Baião está integrado na região norte, por sua vez

também faz parte da sub – região do Tâmega, com uma área territorial de 176

Km2, com uma população residente de 21.517 indivíduos em 2001, composto

por vinte freguesias, sendo a freguesia de Campelo e centro da vila e comarca

com uma população residente de 2. 784 pessoas no censo de 2001.

O território concelhio encontra – se estruturado em termos de

acessibilidades rodoviárias por dois eixos principais, a Estrada Nacional 101

que liga a cidade de Amarante á cidade de Peso da Régua, fazendo a ligação

ao IP4, estabelecendo a ligação entre o litoral (a cidade do Porto e sua

respectiva Área Metropolitana e a região das terras altas de Trás-os-Montes,

especialmente a cidade universitária de Vila Real, Bragança – Espanha); o

segundo eixo estruturante do concelho é a Estrada Nacional 321-1, que

estabelece a ligação entre a cidade de Marco de Canaveses e a vila de Baião,

cruzando a E.N.101 na Boa Vista. Existe também um eixo de elevado interesse

para a qualidade e intensidade das acessibilidades entre o litoral e a região do

chamado Alto Douro, a linha ferroviária do Douro. Trata se de um elemento de

macro estrutura ferroviária de natureza regional. A estação de mosteiro

representa e representou aquele sinal civilizador do Douro que na época se

resumia nesta simples expressão «…a carruagem de um wagon. Hurrah pelo

progresso» (Rodrigues, 2004)

Figura 1. Concelho de Baião

Page 10: Turismo no Espaço Rural: Um Estudo de Caso no concelho de Baião

5. O Turismo no Espaço Rural

O Turismo Rural é uma actividade desenvolvida no campo, comprometida

com a actividade produtiva, agregando valor a produtos e serviços e

resgatando o património natural e cultural da comunidade. Isso significa que,

para ser enquadrado como turismo rural, o empreendimento deve ser e não

apenas "parecer" um sítio ou fazenda. Diz Embratur.

Quando se discute a Casa como estrutura de produção familiar, ou

associada a uma actividade económica específica, estamos a falar de uma

actividade ecologicamente sustentável em termos de ambiente local.

Associado ao contexto «casa, família, produção» temos uma actividade

económica de referenciação eco – turística.

O exemplo, da Casa do Everdal, enquanto projecto associado ao turismo

rural, estrutura-se em função de uma memória familiar, que se pretende

recuperar e valorizar.

O desenvolvimento desta região deve assentar num programa integrado

que associe os produtos locais de qualidade nacional e internacional a uma

actividade turística integradora das sinergias locais, em função das vilas, das

cidades e respectivas quintas, onde o valor humano apareça como valor

acrescentado. 1

A preservação ambiental e os programas de melhoramento são agora uma

parte fundamental de muitas estratégias de desenvolvimento, e tais

considerações são tratadas com muito mais respeito do que eram durante os

primeiros dois terços do século passado.

Para estudar o impacto físico do turismo é necessário estabelecer:

Os impactos físicos criados pela actividade turística, comparados aos

de outras actividades;

1 Cfr. STOCKLER, Carla (coordenação), (2004) in Encontros Culturais do Baixo Tâmega, Património.Actas.

Page 11: Turismo no Espaço Rural: Um Estudo de Caso no concelho de Baião

Quais eram as condições antes de acontecer a actividade turística,

para obter uma linha de referencia, a partir da qual se possam fazer

comparações;

Um inventário da flora e da fauna, juntamente com o índice claro de

níveis de tolerância para os tipos de impacto criados por diferentes

formas de actividade turística;

E os níveis secundários de impacto ambiental que estão associados

á actividade turística.

Os impactos ambientais associados ao desenvolvimento do turismo, assim

como os impactos económicos, podem ser considerados em termos dos seus

direitos, indirectos e induzidos. Novamente, alguns dos impactos podem ser

positivos e outros, negativos. Não é possível desenvolver turismo sem que

ocorram impactos ambientais, mas é possível, com o planeamento correcto,

gerir o desenvolvimento do turismo com o objectivo de minimizar os impactos

negativos, ao mesmo tempo em que se estimulam os impactos positivos.2

As áreas regionais de Turismo foram criadas pelo DL n.º 67/2008, de

10.04.2008. O legislador delimita por lei as aéreas geográficas (5),

correspondentes às da NUTS II (Norte, Centro, Alentejo e Algarve) das

Entidades Regionais de Turismo, entendidas enquanto entidades gestoras

destas áreas (art.° 2.° n.° 1).

Nas áreas metropolitanas de Lisboa e Porto, o Governo pode contratualizar

o exercício de actividades e a realização de projectos da administração central

com associações de turismo privado que tenham por objecto a actividade

turística (art.° 2.° n.°2).

As Áreas Regionais de Turismo (DL n.° 67/2008, de 10.04.2008) não prevê

qualquer atribuição ou ,missão especifica a estas entidades em matérias de

ordenamento turístico, nomeadamente, na intervenção na elaboração dos

2 Cfr. COOPER, Chris; FLETCHER, John; FYALL, Alan; GILBERT, Davide; WANHILL, Stephen (2007) “Turismo e meio

Ambiente”, “Definição de Turismo Sustentável”, “Sustentabilidade do Turismo” in Turismo – princípios e praticas,

Bookman, p.p. 210-273.

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instrumentos de gestão territorial, tão só prevendo a identificação e

dinamização dos recursos turísticos existentes [art.° 5.° n.°1 alinea c)]. O tema

“volta à carga” nas portarias regulamentadoras das atribuições e competências

das entidades específicas regionais de Turismo.

A Entidade Regional de Turismo do Norte tem como missões,

designadamente, participar na elaboração de todos os instrumentos de gestão

territorial que se relacionem, ainda que indirectamente, com a actividade

turística [art.° 3.° n.°2 alínea u) da Portaria 1039], formula que é repetida em

Lisboa [art.° 3.° n.°1 .alínea d) da Portaria 940] e no Alentejo [art.° 11.° 1 alínea

d) da Portaria 1038]. O Turismo do Centro tem uma formula mais modesta, pois

intervêm só quando solicitado [art.° 3.° n.°1 alínea d) da Portaria 1037].

Secção VII

Empreendimentos de turismo de habitação

Artigo 17. °

Noção de empreendimentos de turismo de habitação

1 – São empreendimentos de turismo de habitação os estabelecimentos de

natureza familiar instalados em imóveis antigos particulares que, pelo seu valor

arquitectónico, histórico ou artístico, sejam representativos de uma

determinada época, nomeadamente palácios e solares, podendo localizar-se

em espaços rurais ou urbanos.

2 – Nos empreendimentos de turismo de habitação o número máximo de

unidades de alojamento destinadas a hóspedes é de 15. 3

Independentemente das dúvidas suscitadas quanto à legislação formal

destas atribuições, como vimos atrás para as Áreas Regionais de Turismo,

entende-se, todavia, que estes pólos, compostos por determinação normativa

3 Cfr.QUINTAS, Paula (2008) in o Novo Regime Jurídico de instalação, Exploração e Funcionamento dos

Empreendimentos Turísticos, Coimbra, edições Almedina, p.p. 27.

Page 13: Turismo no Espaço Rural: Um Estudo de Caso no concelho de Baião

em representantes dos municípios em estruturas locais ou sub-regionais

delimitados geograficamente, são estruturas que permitirão um cruzamento

mais efectivo com os planos municipais de ordenamento do território, fazendo

uma ponte de Poder mais efectiva entre planeamento sectorial e ordenamento

do território.

Conclui-se assim que:

Nas Regiões de Turismo, permitiu-se aos municípios grande flexibilidade

na sua criação, no regime jurídico de 1982, o que levou à ”

regionalização turística do território ”, todavia, com fortes dependências

financeiras do Estado na actualidade, o que constitui motivo do seu

enfraquecimento e concentração em 5 grandes Áreas Regionais de

Turismo;

Tal enfraquecimento resulta ainda do facto de tais organizações estarem

fora de esferas de planeamento e ordenamento do território e reduzindo-

as a actividade de promoção e animação turística, o que constitui um

custo grave para a eficiência da organização administrativa turística

portuguesa, contraria a lógica utilitarista, de eficiência e de combinação

política que justificam os “territórios turísticos”, o que pode perspectivar

o prazo a sua transformação ou extinção jurídicas;

Onde existem potencial de combinação de ordenamento com promoção

turística, o que acontece no novo regime jurídico dos pólos de

desenvolvimento turístico, tal combinação política eficiente vai permitir o

aparecimento de fortes organizações privadas de mercado (PIN +)

acopladas aos pólos de desenvolvimento turístico;

Page 14: Turismo no Espaço Rural: Um Estudo de Caso no concelho de Baião

Quadro I. Os determinantes e as influências da capacidade de carga

Todavia, o Estado Português não tem aproveitado todas as possibilidades

que a análise histórica, sistemática, estrutural e funcional do seu ordenamento

jurídico lhe permite entender, quanto à lógica de funcionamento dos “territórios

turísticos”, enquanto organização híbrida que assenta em equilíbrios múltiplos

de controlo, de hierarquia e de mercado e contratualização, com regimes e

estruturas processuais duradouras, flexíveis e auto-referenciais, o que

prejudica estratégias de planeamento e ordenamento turístico do território,

como no presente para o Plano de Desenvolvimento Turístico do Vale do

Douro.4

Os principais mercados geradores de turismo são áreas altamente

desenvolvidas e urbanizadas. Muitas pessoas que residem nessas áreas

querem fugir dos seus ambientes modernos e urbanizados e visitar áreas mais

simples, menos desenvolvidas. Para esses, o turismo rural oferece uma

alternativa ideal. Como o ecoturismo, o turismo rural é difícil de caracterizar

com exactidão, visto que pode apresentar múltiplas formas (Lane, 1994).

O turismo como “evento totalmente social” pode levar a mudanças

estruturais na sociedade de forma a criar situações de conflitualidade entre os

turistas e as populações locais. O Tursimo no Espaço Rural pretende ser uma

4 Cfr. MACHADO, Vírgilio Miguel, (2010) in Direito e Turismo como instrumentos de poder - os

Territorios Turísticos, 1ª ediçao, editorial Novembro.

Page 15: Turismo no Espaço Rural: Um Estudo de Caso no concelho de Baião

forma controlada e contida de actividade e de mercado turístico dentre de uma

carga que valorize os contextos locais, de pequena e média escala. A

elasticidade da comunidade local em aceitar o turismo, esta dependente da

forma como o operador turístico olha para a realidade local, isto é, se a prática

turística é desenvolvida de forma a valorizar o ambiente, a natureza e o

património local.

No Turismo de Espaço Rural (TER) existe o reconhecimento de que a

população local é parte da herança cultural, e portanto, merece ser valorizada,

no respeito pela sua singularidade cultural e social. Evitando desta forma a

construção de estereótipos etnográficos e folclóricos, mais ou menos plásticos

e efémeros ao serviço de uma imagem publicitária que ilude e desvirtua a

natureza antropológica das comunidades locais5.

O Turismo de Espaço Rural ou Turismo Rural é praticado em áreas

rurais, possibilitando aos visitantes participar nas actividades quotidianas da

vida rural. É intensamente procurado por pessoas que vivem e residem em

grandes centros urbanos e que procuram no Turismo de Espaço Rural o

descanso físico e mental. Este Turismo rural possibilita ao homem do campo,

ou devia proporcionar uma alternativa económica que evite o êxodo rural e a

consequente erosão e degradação dos espaços rurais de montanha.

Os produtos turísticos devem ser o mais variado e diversificado possível,

primeiro para evitar a concorrência do mercado, e segundo para evitar a

massificação e a perda de biodiversidade dos territórios locais onde exerce a

actividade turística. A diversidade, aparece-nos como um dos valores da

atractividade turística, em função de um património cultural e ambiental

singular. Aliás, alguns estudiosos desta área consideram mesmo que «o

atractivo turístico possui, via de regra, maior valor quanto mais acentuado for o

seu carácter diferencial, pois, o turista procura sempre aquilo que é diferente.

5 Sobre a questão da manipulação da Imagem e da sua autenticidade o antropólogo Fernando Matos

Rodrigues, considera por exemplo que «Dominada pela cultura da imagem e por uma obsessão pelas imagens; aqui as massas humanas transformam-se elas próprias em objecto e imagem; no imediato o espaço visual pós-moderno perdeu o sentido da distância/tempo e do espaço/tempo, estamos perante um espaço homogéneo e fragmentado ao mesmo temo» in AS IMAGENS QUE NOS VÊEM (Bernardo Pinto de Almeida, Coord.)Porto, Edição da Associação Para o Desenvolvimento da Cooperação em Arqueologia Penínsular, 2003, pp.82-83.

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Todo o atractivo único, sem outros semelhantes, possui maior valor para o

turista (De Rose, 2002:47).

Page 17: Turismo no Espaço Rural: Um Estudo de Caso no concelho de Baião

5.1 Turismo, Cultura e Mudança social

O turismo é como um fenómeno económico e social que pode fazer com

que haja mudanças estruturais na sociedade, isso afecta de diversas formas a

população mundial, isto é, muitas pessoas modificam certos aspectos da sua

cultura ao entrarem em contacto com diferentes novidades. 6

Em relação á cultura Geetz (1989) afirma que o Homem é um animal

amarrado a teias de significados por ele mesmo.

Nenhuma cultura pode ser transmitida de forma desprendida à

sociedade, desta forma podemos dizer que as culturas são singulares e muito

diversas e localizadas.

O turismo tem força capaz de gerar impactos de diferentes magnitudes,

a intensidade destes impactos são divididos na economia local, nacional ou

internacional, no meio ambiente e na esfera sociocultural.

Assim a actividade turística tem várias consequências nas comunidades

podendo ser aspectos positivos ou aspectos negativos. No que diz respeito aos

aspectos positivos podemos referir a valorização do artesanato local, a herança

cultural, orgulho étnico, valorização do património histórico-cultural, intercâmbio

cultural, troca de valores, vivencia emocional e espacial, melhorias em infra-

estrutura pública e geração de empregos. Já em relação aos aspectos

negativos referimos a falta de controlo local sobre a dinâmica da actividade,

trivializarão ou perda de autenticidade, a fossilização das culturas, especulação

imobiliária, descaracterização do artesanato e arquitectura, vulgarização das

manifestações cultuais, autenticidade encenada, mudança nos costumes e

valores.

A vida social é afectada pela economia, por meio do consumo, dos

lazeres, etc., pois “não só o trabalho, mas também as outras actividades

6 Cfr. GOMES, Mariana (2007) “Reflexões acerca da relação entre turismo e cultura” in Revista Espaço

Académico, nº 73

Page 18: Turismo no Espaço Rural: Um Estudo de Caso no concelho de Baião

humanas, o que se chama de tempo livre, são organizados de modo a justificar

e a perpetuar o modo de produção vigente” (JAPPE, 1999, p.25).

O tempo de lazer torna-se uma imagem social para o consumo, é uma

mercadoria dominada por momentos de lazer e de férias, esta deve ser

oferecida como um “momento de vida real, retorno clínico deve ser aguardado”

(DEBORD, 2004, p.106).

O consumo tem como missão preencher o tempo livre dos trabalhadores

e passa a ser a resposta para a felicidade. 7

Olsen (2001) coloca no horizonte 7 forças que conduzem a mudança: os

activos e os capitais; as tecnologias; a saúde e a segurança; a nova gestão; o

marketing, a distribuição e a capacidade de gestão; o desenvolvimento

sustentável; e as tendências sociais.

Coopere t al. (1998) alertam para a existência de dois tipos de variáveis

a estudar: as variáveis exógenas e as variáveis relacionadas com o turismo.

Puderam ser incluídas, nas variáveis exógenas, a política, a

demográfica, a legislação e regulamentação, os blocos comerciais, o

aquecimento do planeta e as mudanças climáticas, as tendências sociais, as

economias e o desenvolvimento regional, os mercados financeiros, o comércio

internacional, a tecnologia, os transportes, a segurança e a protecção.

E tecnologia, a concentração e a globalização mudam de forma decisiva

a indústria do turismo actual.

Pizam (1999:335), referindo-se aos estilos de vida e valores, sustenta

que a perda de privacidade prende-se com o uso das novas tecnologias. No

contexto da globalização, a sociabilidade aumenta a necessidade de viajar para

visitar familiares, amigos, colegas em congressos e parceiros de negócios.

Existe actualmente um problema, que já foi identificado por Coopere t al.

(1998:454) que segundo o qual, nos países ocidentais, existe “a falta de

financiamento do sector público e a retirada do apoio do apoio governamental”

à indústria do turismo. 8

7 Cfr. HINTZE, Hélio César (2009) “A Sociedade do espectáculo in Revista Brasileira de eco-Turismo” vol.2

nº1, p.p. 63- 66. 8 Cfr. FIRMINO, Manuel Brazinha (2007), “as mudanças económicas, sócio-culturais e seus reflexos no

sector do turismo” in Turismo Organização e Gestão, Lisboa, Escolar Editora, p.p. 350 – 352.

Page 19: Turismo no Espaço Rural: Um Estudo de Caso no concelho de Baião

Hoje em dia, há uma literatura bastante desenvolvida sobre os impactos

sociais e culturais do turismo.

Muitas pesquisas são altamente especificas e podem, assim, atender a

um interesse mais académico e ser menos relevante para os políticos.

Entretanto, a experiência em diversos países constitui fenómenos gerais

relacionados ao turismo. Em muitos casos, a regularidade com que esses

fenómenos são reportados permite que os políticos prevejam certos impactos

sociais e culturais a partir do desenvolvimento planejado do turismo.

Muitos dos efeitos sociais e culturais do turismo são retratados como

sendo essencialmente negativos; estudos recentes feitos por Kadt (1976) e O´

Grady (1981) detalharam casos em que o turismo causou mudanças profundas

na estrutura, nos valores e nas tradições de sociedade.

O termo sociedade pode se referir a um país, a uma região ou a um local

específico e ao grupo de pessoas que vivem juntos num local.

Hoje em dia, há uma literatura bastante desenvolvida sobre os impactos sócio

culturais do turismo. Muitas pesquisas são altamente especificas e podem,

assim, atender a um interesse mais académico e ser menos relevante para os

políticos.

Vale a pena observar que é fácil exagerar os impactos provocados pelo

turismo. Por exemplo, certas áreas de um país talvez nunca sejam visitadas

por turistas.

O turismo tende a ser localizado e, com isso, os impactos tendem a ser

inicialmente localizados. Se os impactos provocam mudanças, e se essas

mudanças se espalham pela sociedade, isso será influenciado por uma vasta

gama de factores, tais como o tamanho do país, a difusão geral da actividade

do turismo e as crenças religiosas e culturais básicas.

Até meados da década de 1970, grande parte dos estudos sobre o

turismo era concentrada na medição dos benefícios económicos; pouca

atenção era dada a uma característica fundamental do turismo internacional – a

interacção entre turistas e a comunidade, local.

Um estudo mais aprofundado sobre esse relacionamento nos tornou

mais consistente dos problemas sociais, culturais e ambientais que podem

Page 20: Turismo no Espaço Rural: Um Estudo de Caso no concelho de Baião

surgir do turismo e principalmente de um crescimento acelerado do número de

visitantes.

Muitos dos efeitos sociais e culturais do turismo são retratados como

sendo essencialmente negativos; estudos recentes feitos por Kadt (1976) e

O´Grady (1981) detalharam casos em que o turismo causou mudanças

profundas na estrutura, nos valores e nas tradições de sociedades.

Há pouca dúvida quanto aos locais onde o turismo internacional tem

alguma importância para um país, nesses locais o turismo torna-se um

“elemento modificador” importante.

O turismo internacional induziu tais mudanças, pois os turistas em geral

permanecem no país visitado por um curto período. Eles trazem consigo as

suas tradições, valores e expectativas.

De certa forma os visitantes estrangeiros não se integram na sociedade,

mas confrontam-se com ela. Quando um grande número de turistas, em geral

de uma mesma nacionalidade chega a um país, há uma reacção inevitável.

A reacção pode se dar de duas formas: como uma rejeição dos

visitantes estrangeiros por parte da população local, ou como uma adopção

dos padrões comportamentais dos estrangeiros, por parte dos habitantes

locais, como sendo um “efeito de demonstração” social, como quando os

habitantes locais copiam os tipos de roupas dos estrangeiros etc.

Um ponto comum de discussão e acção é como consciencializar os

turistas quanto aos costumes, as tradições e aos padrões locais.

Quando os turistas chegam a um país de destino eles não se limitam a trazer

consigo o seu poder de compra e a fazer com que se instalem comodidades

para serem desfrutadas por eles.

O turismo é um “evento totalmente social” que pode levar a mudanças

estruturais na sociedade. Tais mudanças já podem ser vistas em todas as

regiões do mundo.

Page 21: Turismo no Espaço Rural: Um Estudo de Caso no concelho de Baião

Durante a temporada de turismo, a população local não apenas tem que

aceitar os efeitos de superlotação que talvez possam não existir em outras

épocas do ano, mas também precisa modificar o seu modo de vida, alem de ter

que viver em contacto com um tipo diferente de população, em sua maioria

urbana, que esta naquele local apenas por lazer.

Naturalmente a mudança nos valores sociais leva a uma alteração nos

valores políticos às vezes com consequências desordenadas.

Como o turismo é essencialmente uma actividade humana, é desejável

evitar o conflito entre os visitantes e a comunidade local. Os padrões

comportamentais dos visitantes podem ser aceitáveis ou toleráveis pela

comunidade local. A elasticidade da comunidade local em aceitar o turismo

está sujeita a diversos parâmetros qualitativos: á estrutura sócio – profissional

da população local; ao nível de educação e conhecimento do turismo; ao nível

de educação e conhecimento do turismo; aos padrões de vida e á força de

cultura e instituições existentes. 9

9 Cfr.LICKORISH, Leonard J.; JENKINS, Carson L. (2000), “Aspectos Culturais e Sociais do Turismo”,

“Turismo e Meio Ambeiente” in Introduçao ao Turismo, editora Campus ltda., p.p. 210-273.

Page 22: Turismo no Espaço Rural: Um Estudo de Caso no concelho de Baião

5.2 Turismo, Ambiente e Desenvolvimento Sustentável

O turismo engloba várias áreas

desde o ambiente ao património, e a

ainda a cultura que é própria de cada

região. Mas para isso é necessário

haver desenvolvimento sustentável,

logo deve estar aliado a educação

ambiental, o que é muito importante

nesta área, o ambiente é um dos meios

mais importantes, porque sem o

turismo não há uma divulgação do

ambiente e sem este produto o turismo

não se alarga.

Em Baião o turismo está em

crescimento, pois é uma área em que é

um bom local para o início da prática

do turismo, pois tem todas as

condições necessárias para a

realização desta mesma.

Esta região, tem também uma

paisagem onde predomina o verde da

florestação das nossas montanhas.

Sendo que nas épocas de maior calor as pessoas possam aproveitar

para um pequeno passeio num meio natural, entre outras actividades.

O conceito de turismo sustentável deriva do desenvolvimento

sustentável. De acordo com Bell & Morse (2000), nem mesmo a ampla gama

de definições acerca do que é desenvolvimento sustentável foi capaz de

reduzir a popularidade do conceito, de modo que, segundo Sadler (1999), o

paradigma transformou-se no grande tema da actualidade e tem sido aplicado

em todos os campos da actividade económica (Farsari & Prastacos, 2000).

Contudo a perspectiva do que vem a ser turismo sustentável passa

Figura 2. Localidade de Pinheiro, Baião.

Page 23: Turismo no Espaço Rural: Um Estudo de Caso no concelho de Baião

necessariamente pela perspectiva do que é o desenvolvimento sustentável

que, esta em estreita associação com a emergência das preocupações

relativas ao meio ambiente (Guattari, 1990).

Tendo em conta este encadeamento faz-se uma breve reflexão sobre a

evolução do pensamento ambiental: ao longo da história da humanidade a

relação entre o homem e a natureza passou por diversas transformações. 10

O desenvolvimento sustentável só pode ser alcançado se o ambiente, a

sociedade e a economia evoluírem de forma harmoniosa.

Quadro II. O desenvolvimento sustentável 11

A natureza é como um recurso a serviço do homem, como ressalta

Gonçalves (2004, p.33).

Afirma Montibell Filho (2005) que, principalmente com descartes, cria-se

uma visão científica antropocêntrica, já que só o homem tem matéria e intelecto

ao mesmo tempo.

Em meados dos anos 70 do século passado factores como o grande

desenvolvimento das indústrias e os consequentes efeitos negativos na

natureza fizeram despertar na sociedade uma maior preocupação com os

10

Cfr. KÖRÖSSY, Nathália (2008) “a questão do desenvolvimento sustentável na actividade turística: do “turismo predatório” ao “turismo sustentável”: uma revisão sobre a origem e a consolidação do discurso da sustentabilidade na actividade turística”, vol.8 nº2, p.p.59-64. 11

In “ Agenda 21 Local Armamar – Rumo ao Desenvolvimento Sustentável”

Page 24: Turismo no Espaço Rural: Um Estudo de Caso no concelho de Baião

rumos da exploração dos recursos naturais e suas consequências nos

ecossistemas.

Estudos pioneiros como os de Rachel Carson (“primavera silenciosa”,

1962) e de Dennis & Meadows (“os limites do crescimento”, 1972) associaram

o nível de degradação ambiental as conquistas tecnológicas e a ânsia do lucro

em curto prazo das sociedades industriais.

O termo “desenvolvimento sustentável”, o qual é definido como o

“desenvolvimento que atende as necessidades do presente sem comprometer

as possibilidades das gerações futuras atenderam as suas próprias”.

Em 1995 nas ilhas Canárias (Lanzarote-Espanha), é celebrada a

conferência mundial de turismo sustentável, durante a qual foi elaborada a

carta do turismo sustentável. Entre outras coisas, o documento chamava a

atenção para o facto de que:

O desenvolvimento da actividade turística não deve ultrapassar os

limites do ambiente natural, deve ser economicamente viável e

equitativo para as comunidades locais;

Deverá haver a participação dos actores sociais envolvidos nos níveis

local, regional, nacional e internacional;

O planeamento do turismo deve ser elaborado por governos e

autoridades competentes, contando com a participação das

comunidades locais e de organizações não governamentais, de forma

integrada;

Defende a adopção de códigos de conduta;

Promoção de formas alternativas de turismo.

Page 25: Turismo no Espaço Rural: Um Estudo de Caso no concelho de Baião

No contexto do novo turismo surgem as práticas do turismo sustentável.

O estudo do desenvolvimento, no Reino Unido, por Hobson e Essex

(2001: 144) permite constatar que os gestores entendem as práticas de

sustentabilidade, na prevenção de curto prazo da indústria de turismo, em

termos económicos, e do volume de visitantes, em vez de ser associado a

temas do ambiente.

Hobson e Essex (2001), socorrendo-se do Brundtland Report, definem

desenvolvimento sustentável como o “desenvolvimento que vai ao encontro

das necessidades do presente sem comprometer a capacidade das futuras

gerações de satisfazer as suas próprias necessidades (Hobson e Essex,

2001:2).

Existe um dilema na escolha entre qualidade/sustentabilidade e preços

baixos: as empresas não poderão oferecer produtos e serviços de elevada

qualidade aos turistas, quando estes pegarem por um hotel 5 estrelas um preço

ao nível de 3 estrelas.

Actualmente o conceito de desenvolvimento sustentável remete-nos

para um envolvimento activo dos governos, poderes locais, organizações

internacionais, empresários, dirigentes sindicais, agricultores, jovens,

organizações ambientalistas e outras organizações não governamentais. 12

No contexto do novo turismo surgem as práticas do turismo sustentável.

O estudo desenvolvido, no Reino Unido, por Hobson e Essex (2001:144)

permite constatar que os gestores entendem as práticas de sustentabilidade,

na preservação de curto prazo da indústria de turismo, em termos económicos,

e do volume de visitantes, em vez de ser associado a temas do ambiente.

Hobson e Essex (2001), socorrendo-se do Brundtland Report, definem

desenvolvimento sustentado como “o desenvolvimento que vai ao encontro das

necessidades do presente sem comprometer a capacidade das futuras

gerações de satisfazer as suas próprias necessidades” (Hobson e Essex,

2001:2).

Existe um dilema na escolha entre qualidade/sustentabilidade e preços

baixos: as empresas não puderam oferecer produtos e serviços de elevada

12

Cfr. FIRMINO, Manuel Brazinha (2007), “O Turismo Sustentável” in Turismo Organização e Gestão, Lisboa, Escolar Editora, p.p. 190 – 193.

Page 26: Turismo no Espaço Rural: Um Estudo de Caso no concelho de Baião

qualidade aos turistas, quando estes pagarem por um hotel 5 estrelas um preço

ao nível de 3 estrelas.

Actualmente o conceito de desenvolvimento sustentável remete-nos

para um envolvimento activo dos governos, poderes locais, organizações

internacionais, empresários, dirigentes sindicais, agricultores, jovens,

organizações ambientalistas e outras organizações ambientalistas e outras

organizações não governamentais.

Inovação

Sustentável

Desenvolvimento

As mudanças económicas, sócio - culturais e tecnologias e seus reflexos

no sector do turismo.

O interesse do turismo no desenvolvimento sustentado é lógico, pois

constitui uma indústria que vende o meio ambiente, físico e humano como seu

produto. A integridade e a comunidade desses produtos tornaram-se a principal

preocupação do sector, como é possível constatar na conclusão das duas

conferências sobre Oportunidades Globais para os Negócios e o Meio

Ambiente (Globo 90 a 92) em Vancouver.

O que é necessário agora nesta área de pesquisa e de política de

turismo é um esforço maior para unificar o interesse académico e

governamental na busca de um desenvolvimento mais sustentado do sector

envolvendo os seus principais operadores (a industria turística) e os seus

imprescindíveis clientes (os turistas). Se for possível convencer esses três

grupos a modificar suas perspectivas e a agir de acordo com os mesmos

princípios, poderemos prever um progresso mais concreto do turismo e do

desenvolvimento sustentado.

O turismo não é uma actividade que se enquadre facilmente num

conceito de sustentabilidade. O turismo internacional, por exemplo envolve

grandes componentes de transporte, misturas culturais e competição feroz por

Page 27: Turismo no Espaço Rural: Um Estudo de Caso no concelho de Baião

recursos. O exame de cada aspecto de sustentabilidade com respeito á

actividade e ao desenvolvimento do turismo resulta num quadro deprimente.

As actividades de turismo podem também provocar rupturas da

biodiversidade, pois envolvem desde práticas com danos mais persistentes,

como caça e pesca, até danos menos óbvios, como observação da vida

selvagem e caminhadas por colinas.

O menos espectacular não é o menos devastador, como o crescente uso

de combustíveis fósseis para consumo de energia e dessalinização da água, a

construção de estradas, aeroportos e portos marítimos para servir a vigens de

turistas. A introdução de grandes números de visitantes em áreas

ambientalmente frágeis será sempre acompanhada por tensão entre o

ambiente natural e o turismo.

Page 28: Turismo no Espaço Rural: Um Estudo de Caso no concelho de Baião

5.3 Património, Cultura e Turismo

No âmbito deste sub – tema

Património, Cultura e Turismo

verificamos que o Turismo de

Ambiente entronca de forma profunda.

Diferentemente das décadas de

60 e 70, os turistas em que preferiam

um turismo de sol e praia, cada vez

mais tem se fortalecido o turismo

cultural onde os viajantes procuram

contacto com culturas diferentes.

O turismo cultural aparece em

terceiro lugar nas preferências

daqueles que viajam.

Explorando o crescimento no

interesse pelo turismo cultural relata

que “ a procura é pela cultura actual e

pela passada. Assiste se actualmente a

uma procura sem procedentes por

lugares históricos, ligados á petite

histoire ou aos grandes feitos da

história pública e social mais ampla.”

(Mamede; et. al; 2008: 83).

A exploração turística de

aspectos culturais de um território deve

ser feita de forma sustentável.

Um planeamento turístico

eficiente é essencial para se manter a

identidade cultural do destino.

Figura 3. Praia de Matosinhos

Page 29: Turismo no Espaço Rural: Um Estudo de Caso no concelho de Baião

O património não se restringe apenas a edifícios históricos, mas também

abrange uma gama mais ampla de objectos que devem ser valorizados como

identidade nacional e regional.

A presença da actividade turística deve focar-se no fortalecimento de

laços culturais na sociedade. Outro aspecto importante na preservação do

património cultural é que pode possibilitar a participação de todas as camadas

da população com a cultura local, esta participação é imprescindível para a

preservação do património.

O aproveitamento turístico de um determinado atractivo histórico-cultural

pode ser uma mola impulsionadora para a valorização de todo o património

cultural de um determinado destino.

Em alguns casos a actividade turística causou prejuízos em certas

culturas.

Esta actividade por vezes gera a inclusão de novos hábitos e costumes

que são diferentes dos que já existem no local, o que provoca uma alteração

das características já vincadas. 13

No domínio da cultura e do

património, e mau grado as carências

infra-estruturais já referidas, o Entre

Douro e Tâmega dispõe de alguns

recursos importantes que estão todavia

insuficientemente aproveitados. É

verdade que a distribuição espacial

destes recursos é muito desigual e que

falta, quase sempre, dimensões criticas

e projecção regional as actividades

culturais desenvolvidas na região,

fortemente monopolizadas pelas

autarquias. Mas, mesmo assim, e

evolução recente em matéria de

animação o oferta cultural e os

13

Cfr. MAMEDE, Douglas M.J.A.; VIEIRA, Guilherme L.V.; SANTOS, Ana Paula Guimarães Santos (2008) “ Trens turísticos e Património cultural: como o turismo ferroviário resgatado, preservado e valorizado o património Cultural” in Caderno virtual de Turismo, vol. 8, nº2, p.p. 81-94.

Figura 4. Cidade do Porto

Page 30: Turismo no Espaço Rural: Um Estudo de Caso no concelho de Baião

projectos de equipamentos em

execução levam a pensar que esta

área poderá constituir um importante

pólo de desenvolvimento para a região

e um motivo de atracção suplementar

para a população da Região

Metropolitana do Porto e do Noroeste

Peninsular.

Em termos patrimoniais, existe

um conjunto muito significativo de

monumentos e de edifícios de

indiscutível valor arquitectónico e

histórico: o centro histórico de

Amarante, onde se insere o convento

de S. Gonçalo e a ponte sobre o Rio

Tâmega, os solares de Basto, as casas

ligadas a figuras ilustres das artes e

das letras portuguesas (Teixeira de

Pascoaes e Amarante de Souza

Cardoso, em

Amarante e Eça de Queirós, em Baião),

os monumentos nacionais como, por

exemplo, a igreja Românica de

Travanca, em Amarante, o convento de

Ancede, em Baião, o castelo de Arnóia,

em Celorico de Basto, e o Mosteiro de

S. Miguel de Refojos.

Figura 5. Mosteiro de S.Gonçalo, datado de 1540 de

arquitectura Renascentista.

Figura 6. Igreja Românica de Travanca, em

Amarante, datada do século X.

Page 31: Turismo no Espaço Rural: Um Estudo de Caso no concelho de Baião

Em cabeceiras de Basto, ou

ainda a igreja de Sta Maria, no Marco

de Canaveses, um projecto moderno da

autoria do arquitecto Álvaro Siza, e que

constitui actualmente um dos pólos de

atracção mais importantes da região. A

este património poderemos ainda

adicionar um conjunto muito

significativo de sítios arqueológicos,

nomeadamente da Serra da

Aboboreira, a qual ocupa um vasto

território pertencente aos concelhos de

Baião.

Marco de Canaveses e

Amarante, o centro Arqueológico do

Freixo no Marco de Canaveses, e

ainda outros pequenos espaços

arqueológicos de interesse local e

regional disperso pelo espaço territorial

do Entre Douro e Tâmega.

Em matéria de espaços

museológicos destaca-se, devido á sua

dimensão regional, o museu Amadeo de

Sousa Cardoso em Amarante, existindo,

à escala municipal os museus de Marco

de Canaveses e Baião (ligados

sobretudo ao património arqueológico).

Figura 7. Igreja de Sta Maria, em Marco de

Canaveses, datada do século XX.

Figura 8. Centro Arqueológico do Freixo, em

Marco de Canaveses.

Page 32: Turismo no Espaço Rural: Um Estudo de Caso no concelho de Baião

A este propósito é importante,

ainda, referir a existência do Núcleo

Museológico Ferroviário do Arco de

Baúlhe (a necessitar de algum

dinamização).

A falta de equipamentos e de

produtos culturais é todavia um grande

problema com que se debatem

praticamente todos os municípios do

Entre e Douro e Tâmega. Não existem

centros culturais dignos desse nome,

poços são os municípios que dispõe de

salas de cinema ou de espaços de

exposições temporárias, não existem

companhias de teatro profissionais

neste espaço e as actividades culturais

propostas são, regra geral, de âmbito

meramente local. De realçar, no

entanto, que a Orquestra do Norte

fixou-se, recentemente, em Amarante,

tendo estabelecido protocolos com

alguns dos municípios do Entre Douro

e Tâmega, que o grupo de Teatro A

Filandorra, sediado em Vila Real, tem

Também alguns protocolos

estabelecidos com algumas autarquias

locais da região, que a fundação Eça

de Queirós, sediada em Baião,

desenvolve uma intensa actividade

cultural, que a Associação Marânus,

localizada em Amarante começou a dar

os primeiros passos na animação

cultural e que o Museu Souza Cardoso,

organiza regularmente exposições de

Figura 9. Núcleo Museológico Ferroviário

do Arco de Baúlhe.

Figura 10. Fundação Eça de Queiroz, Casa de

Tormes.

Page 33: Turismo no Espaço Rural: Um Estudo de Caso no concelho de Baião

pintura. A tudo isto poderíamos ainda

acrescentar um conjunto de eventos

culturais promovidos pelas câmaras

municipais como, por exemplo, os

Prémios Amadeo de Souza Cardoso

(pintura) e Teixeira de Pascoaes

(poesia), organizados pela Câmara

Municipal de Amarante, ou ainda a

adesão a programas de animação

externos, como é o caso do Festival de

Musica de Mateus ou dos programas

de musica do Ministério da Cultura.

Para ultrapassar as actuais carências

em matéria de infra-estruturas e

equipamentos, os municípios da região

têm em curso alguns projectos

importantes mas quase todos numa

lógica de satisfação das necessidades

básicas dos da procura local:

construção de bibliotecas e de arquivos

municipais, pequenos auditórios ou

salas de espectáculos.

Os investimentos realizados, ou a realizar nos próximos anos,

contribuirão para melhorar os níveis de cobertura mas não permitirão resolver o

enorme deficit de animação com que se debate a região. É, pois, neste domínio

que devem ser feitas as principais apostas a fazer no âmbito desta intervenção,

não só em termos de criação de eventos de âmbito regional os nacionais mas,

sobretudo, em termos de organização e qualificação dos eventos já realizados,

de forma a aproveitar eficazmente os recursos patrimoniais e culturais

existentes no Entre Douro e Tâmega.

Figura 11. Câmara Municipal de Amarante

Page 34: Turismo no Espaço Rural: Um Estudo de Caso no concelho de Baião

O património Cultural inerente

aos monumentos classificados ou em

vias de classificação e completando

com um vasto acervo de outras

referencias históricas e literárias e

literárias que vão do campo

arqueológico da serra da Aboboreira (o

maior conjunto neolítico estudado na

península), a diversidade de vestígios

castrejos e de outras eras, os

percursos da época romana e das

peregrinações a Santiago, ao lugar

mítico que é a casa e Quinta de

Tormes.

O património funciona sempre

como a consciência unificadora de uma

identidade Histórico-Cultural, como se

pode verificar, visitando em Ancede, a

Igreja Paroquial; o convento de Ermelo;

O mosteiro de Ancede; as capelas de

São Domingos, da Nossa Senhora do

Bom Despacho, de Santo António, da

senhora das Boas Novas e de Nossa

senhora de Ao Pé da Cruz e uma série

de casas senhoriais que relembram o

passado glorioso das classes nobres

em Portugal. 14

14

Cfr. SERDOURA, Pedro (2007) in o Mosteiro de Ancede – Património Cultura e desenvolvimento Local.

Figura 12.Monumento megalítico, Serra da

Aboboreira, Baião.

Figura 13. Mosteiro de Ancede, datado do

século XVIII.

Page 35: Turismo no Espaço Rural: Um Estudo de Caso no concelho de Baião

5.4 Lazer e Natureza no Turismo Rural

Num movimento histórico e pendular, segmentos significativos da sociedade

têm voltado atenção à realização de actividades lúdicas em áreas verdes,

montanhas, cavernas, lagos, rios, cascatas e outros do meio ambiente natural.

O ecoturismo ou turismo ecológico envolve uma serie de acções voltadas

para o contacto com paisagens, acarretando impactos mínimos à flora e fauna.

Com a sistematização das viagens ao cenário natural, com base em

princípios de educação ambiental, o ecoturismo acabou por manter relação

com inúmeras actividades: desportos de aventura na natureza, turismo rural,

observação da fauna e flora, estudos do meio.

Essas interfaces ocorrem de modo a termos um campo de similaridades

muito maiores que a especificidade de cada tipo de turismo verde. É nítida a

proximidade e as relações entre os turismos rural e ecológico. O turismo rural

tem sido uma das proximidades contemporâneas de lazer mais identificadas

com visitas à natureza. Existem alguns pontos que explicam essa proximidade.

A primeira está nas pessoas esbarrarem na difícil localização de unidades

de alojamento próximas às áreas visitadas (reservas, parques, sítios naturais,

unidades de conservação). Na busca de sensações no meio ambiente natural,

as pessoas optam por locais intermediários entre a cidade e a natureza para

realizarem acções básicas como alimentação, repouso e acesso aos recursos

materiais e ao património cultural.

Com mais flexibilidade da oferta e grande segmentação da demanda, o

turismo está sendo distribuído a partir de nichos com interesses específicos. As

pessoas estão encontrando no turismo rural satisfação de diversos interesses

relacionados ao desporto, á cultura local, á aventura e, especialmente, ao

ecológico.

Para alguns segmentos, está claro que o contacto com o meio ambiente

pode ser efectivado em propriedades rurais ou por intermediação delas. A

identificação do rural com o natural vem sendo construída na actualidade a

partir de políticas económicas que entendem os pequenos produtores de

regiões desfavorecidas como “guardiões da natureza”. A politica europeia de

“duas velocidades”, por exemplo, subsidia a preservação ambiental em áreas

Page 36: Turismo no Espaço Rural: Um Estudo de Caso no concelho de Baião

estagnadas e esquecidas do projecto de modernidade ( Graziano da Silva et

al., 2000: 43).

Em relação ao primeiro conceito, o turismo no espaço rural engloba a

totalidade da exploração turística no meio rural. Entendemos como sendo

turismo no espaço rural, qualquer actividade turística no meio rural, desde

spa´s até parques temáticos. Esse turismo não requer clara identidade entre as

actividades de lazer e o ambiente onde as mesmas ocorrem.

O segundo tipo seria o turismo rural, assemelhando – se a uma prática

alternativa, mais branda, de atendimento pessoal e familiar, envolvendo a

comunidade e comprometida com o equilíbrio ambiental. Bravo (2000:10)

lembra que os próprios eixos norteadores da actividade turística no campo,

adoptados pela Embratur, anteviram – na como: “economicamente viável,

ecologicamente correcta, socialmente justa e verdadeiramente rural”.

Logo, turismo rural responde ao colectivo de incursões turísticas de lazer

praticadas no campo, mas interligadas ao modo de produção agro-pecuário e

aos recursos naturais e culturais locais. Essa proposta adopta aspectos

culturais característicos do meio rural, entendendo a sustentabilidade da

actividade para além de factores financeiros.

Ruschmann (2000:64), lembra que em formas “puras” de turismo rural

sempre há o desafio em não ser turismo convencional e agregar valor

económico á natureza, ou seja, promover a estabilidade ecológica do meio

natural. Em acréscimo, no turismo rural é possível ter contacto com

comunidades e suas manifestações.

Por fim, haveria uma forma mais específica de turismo, denominada agro-

turismo. Nesse modelo há interacção das pessoas na natureza e nas

actividades agrícolas. O agro-turismo tem como diferencial proporcionar ao

turista a possibilidade de participação nos trabalhos agrários, mas também está

voltado para a venda de produtos, agregando valor ás matérias-primas da

localidade.15

Um número cada vez maior de pessoas tem diferentes expectativas do

turismo, em especial aquelas que viajam com frequência.

15

Cfr.PIMENTEL, Giuliano Gomes de Assis; MARINHO, Alcyane; BRUHNS, Heloisa Turini (2003) “Lazer e Natureza no Turismo Rural” in Turismo, Lazer e Natureza, 1ªediçao, editora Manole ltda., p.p.131-134.

Page 37: Turismo no Espaço Rural: Um Estudo de Caso no concelho de Baião

Essas novas expectativas são parcialmente causadas pela evolução do

turismo. A gama de produtos e serviços oferecidos, inclusive o destino, torna-

se mais sofisticado e criativo.

Um sector que tem recebido muita atenção nos últimos anos é o

ecoturismo. Existe um consenso geral de que o ambiente físico é o foco da

actividade.

Proporciona uma experiencia directa com relação a um lugar.

Proporciona uma experiencia educacional que desenvolve nos visitantes

a compreensão e a apreciação do local visitado e promove

comportamentos adequados e ética preservacionista.

É ambientalmente responsável e utiliza várias estratégias para minimizar

os impactos negativos.

Maximiza os retornos económicos do lugar (Bottril & Pearce, 1993;

Scare, 1995).

Entre os países cujo turismo parece ser movido por preocupações

ecológicas, estão Belise (com crescimento turístico de cerca de 140% no

período de 1981 a 1990), Quénia (115%) e Costa Rica (31%). Acredita-se que

certas tendências em turismo, como a experiencia e a sofisticação crescentes

dos viajantes e o desejo de auto desenvolvimento através de viagens, gerem

mais interesse nas experiencias ecoturísticas (Poon, 1993; Urry, 1990; 1994).

As actividades ecoturísticas visam proporcionar acesso a ambientes

naturais remotos, raros e/ ou espectaculares. Os passeios que se concentram

na observação da vida selvagem são outra forma importante de ecoturismo. 16

16

Cfr.Organizaçao Mundial de Turismo (2003), in Turismo Internacional – uma perspectiva global, Bookman.

Page 38: Turismo no Espaço Rural: Um Estudo de Caso no concelho de Baião

6. Turismo de Massas versus Turismo de Habitação

Nos dias de hoje, o turismo, está muito centrado em grandes locais

mediáticos, como parques temáticos, em que ocorrem centenas de pessoas

todos os dias e em que vão só para estarem dentro daquele local a usufruírem

da oferta disponível e pouco mais. O turismo hoje é uma actividade popular e

massificada. A própria estadia é feita na maioria em grandes hotéis, onde a

própria privacidade é restrita, e onde o individuo pouco mais vê ou conhece no

local onde se encontra que as próprias instalações.

O turismo de massas é um turismo de evasão ao meio, e com o efeito de

imitação. Este funciona como um engodo. Segundo uma definição o turismo de

massas “é um turismo realizado pelas pessoas de menor nível de rendimentos,

viajando em grupos, com gastos reduzidos e permanência de curta duração”.

Isto faz com que as pessoas de baixo rendimento acorram em maior

número a este tipo de turismo, como indica a própria definição, logo isto faz

com que o turismo de massas seja mais procurado que o próprio turismo de

Habitação. Devido ao facto de o turismo de Habitação ser um turismo dito

dispendioso, e isto faz com que só pessoas de classe média alta procurem e

usufruam deste.

Por exemplo, uma agência de

viagens pode fazer uma grande

promoção que consegue atrair vários

turistas, e apesar de estas agências

perderem dinheiro, como os turistas

acabam por em princípio de gostarem

dos locais a que foram, quando os

preços voltam ao normal estes apesar

do preço, tornam a viajar e pagam o

que for preciso e as agências

Figura 14. Egipto. In “Álbuns do Picassa.

Page 39: Turismo no Espaço Rural: Um Estudo de Caso no concelho de Baião

recuperam o dinheiro perdido e ainda

mais.

O turismo de massas funciona,

através da “sedução” do indivíduo.

Fazem com que o turista se habitue a

gastarem dinheiro através de uma

abordagem inicial, ou seja um

incentivo.

Por exemplo, uma agência de

viagens pode fazer uma grande

promoção que consegue atrair vários

turistas com preços inicialmente baixos,

e apesar de estas agências perderem

dinheiro, como os turistas acabam por

em princípio de gostarem dos locais a

que foram, quando os preços voltam ao

normal estes apesar do preço, tornam a

viajar e pagam o que for preciso e as

agências recuperam o dinheiro perdido

ou ainda mais.

O turismo de Massas obriga as pessoas a dirigirem-se a um só

objectivo. Este turismo é estrategicamente montado e não dá muita hipótese de

escolha. Restringe se a um pacote onde não há margem de manobra.

Tem também como característica ser racionalmente organizado.

Os empresários fixam-se nas regiões de grande procura turística sem

darem grande importância aos já habitantes e aproveitam ao máximo essa

procura até que esta deixe de ter o valor inicial, e depois simplesmente deixam

novamente a região ficando para trás apenas os destroços e as pessoas

pobres ainda mais pobres e problemas ambientais devido á quantidade

excessiva de pessoas.

Page 40: Turismo no Espaço Rural: Um Estudo de Caso no concelho de Baião

Mas o turismo de massas está a entrar em declínio, devido ao aumento

da procura de um turismo mais direccionado para o contacto com a natureza, e

onde tenha menos concentrações de pessoas.

Aí poderemos entrar no Turismo de Habitação, um turismo onde

pequenas casas datadas de séculos passados e com grande valor histórico

para a região se disponibilizam para receber turistas que procuram

tranquilidade, requinte e um tipo de estadia mais aberto, ou seja, um turismo

em que o indivíduo não se restringe a um local e a uma actividade.

Quadro III. Componentes dos Turismos de Nicho, segundo Robinson e Novelli

O Turismo de Habitação está também ligado a famílias, que tal como o

nome indica, estas vivem na própria casa em conjunto com os visitantes. Estas

famílias que vivem nas casas são um género de guardiões do património ali

existente fazendo uma preservação do território em redor e da própria cultura.

Page 41: Turismo no Espaço Rural: Um Estudo de Caso no concelho de Baião

As casas demonstram as tradições, os gostos, e o património de

gerações, que quando o turista se instala, fica a conhecer a história mais

pessoal da família.

Mas o Turismo de Habitação não consegue prosseguir se a própria

região não tiver viabilidade económica e social.

Um local para poder receber turistas, que vêm de várias partes do

mundo, necessita de ter algo de atractivo para além da própria casa. O meio

envolvente também tem de ter um aspecto minimamente apetecível para que o

indivíduo possa se sentir confortável num meio rural, mas com todas as

condições necessárias para uma boa estadia.

A partir de 22 segmentos de mercado, que constituem a procura

turística, dos turistas que escolhem Portugal, foram construídos os factores

turismo ibérico, turismo de nichos e turismo de massas. Estes 3 factores foram

extraídos pelo método de Análise de Componentes Principais, com Rotação

Varimax, e foi feito o teste de consistência, pela obtenção do coeficiente Alpha

de Cronbach para cada factor. Os resultados levaram á seguinte distribuição

dos segmentos, pelos 3 factores:

Factor IBÉRICO – Elevado rendimento, sénior, famílias, negócios,

conferências, proximidade, mercado nacional, mercado ibérico,

turistas falam castelhano;

Factor NICHOS – Turismo activo, juvenil, de eventos, culturais,

religioso, de saúde, de desporto, outros;

Factor MASSAS – Classe económica, massas, sol e praia, lazer.

Com base no valor das Médias, conclui – se que Portugal tem apostado

sobretudo nos segmentos de mercado que integram o turismo de massas

(Firmino, 2006 b). 17

17

Cfr. FIRMINO, Manuel Brazinha (2007), “ Turismo de “elite” versus turismo de “massa” in Turismo Organização e Gestão, Lisboa, Escolar Editora, p.p. 79 - 80

Page 42: Turismo no Espaço Rural: Um Estudo de Caso no concelho de Baião

6.1 O impacto económico do turismo

O turismo internacional é uma exportação invisível, no sentido de que

cria um fluxo de moda estrangeira para a economia de um pais de destino e

com isso contribuir directamente para a situação da balança de pagamentos.

Com outras indústrias de exportação, esse influxo de renda gera futuramente

nas empresas, emprego, renda familiar e receita governamental.

Entretanto o processo de geração não cessa nesse ponto. Uma parte do

dinheiro recebido pelas empresas, pelos indivíduos e pelos órgãos

governamentais é gasta dentro da economia de destino, criando assim novos

giros de actividade económica. No total, esses efeitos secundários podem

superar consideravelmente em magnitude os efeitos directos iniciais. Na

verdade qualquer estudo que pretenda mostrar o impacto económico do

turismo precisa tentar medir o resultado total das series sucessivas de

actividade económica geradas pelo gasto inicial. Esse processo foi

documentando, assinalando-se as forças, fraquezas e limitações das várias

abordagens.

O turismo interno tem efeitos bastante semelhantes sobre as regiões

anfitriãs de um país. No entanto, ao passo que o turismo internacional leva

para o país um fluxo de moeda estrangeira, o turismo interno redistribui

especialmente a moeda dentro das fronteiras desse país. Do ponto de vista de

uma região turística dentro de um pais, porem, o turismo interno é uma forma

de exportação invisível. O dinheiro ganho em outras regiões é gasto dentro da

região anfitriã, gerando um aumento da receita das empresas, dos empregos,

da renda e da receita do governo local. Assim, o processo da renda

secundariam, da geração de renda e de emprego dentro da região anfitriã, é

igual ao da economia nacional. A principal diferença durante esses estágios

secundários, entretanto, é que as regiões dentro de um país são normalmente

menos independentes economicamente, e por isso é provável que uma

proporção bem maior do dinheiro transborde do sistema regional para outras

Page 43: Turismo no Espaço Rural: Um Estudo de Caso no concelho de Baião

regiões. Os efeitos secundários em regiões especificas são bem menores em

magnitude do que na economia nacional como um todo.

Além disso, o turismo parece ser mais eficiente do que outras indústrias

para gerar emprego e renda nas regiões menos desenvolvidas, frequentemente

distantes, de um país onde as oportunidades alternativas de desenvolvimento

são mais limitadas. Na verdade é nessas áreas que o turismo pode ter o seu

impacto mais significativo. Em tais lugares uma grande parte da população vive

da agricultura de subsistência ou são pescadores, e quando se envolvem na

indústria do turismo sua renda familiar sofre um acréscimo bastante grande em

termos relativos. O crescimento do turismo em tais áreas pode fornecer

também um incentivo monetário para a continuidade de muitos artesanatos

artísticos locais, ao passo que os hotéis para turísticas criam um mercado para

a produção local. Na verdade a introdução de uma industria de turismo em tais

áreas pode ter um efeito proporcionalmente muito maior sobre o bem-estar da

população residente do que o resultante da mesma quantidade de turismo em

partes mais desenvolvidas do país.

O desenvolvimento do turismo, sobretudo numa parte do país que

anteriormente era subdesenvolvida, exige a existência de uma infra-estrutura,

assim como acomodação em hotéis e outras instalações específicas para o

turismo. Em muitos casos essas companhias de serviços públicos são

economicamente indivisíveis, no sentido de que ao fornecer os serviços para o

sector do turismo elas ao mesmo tempo os tornam disponíveis para o uso da

população local. Assim, em muitos países as estradas e os aeroportos,

construídos principalmente para servir ao turismo, agora oferecem um acesso a

mercados maiores para muitos bens produzidos no lugar. Infelizmente,

entretanto, em muitos casos a população local ainda recebe poucos benefícios

directos dessas melhorias. Isso é essencialmente um problema de distribuição

física e económica, isto é, da extensão e da velocidade com que essas

facilidades devem ocorrer.

À medida que o turismo continua a crescer numa região, suas

exigências sobre os recursos escassos da área são cada vez mais maiores. É

necessário, sobretudo, terra, e consequentemente o preço dela sobre.

Page 44: Turismo no Espaço Rural: Um Estudo de Caso no concelho de Baião

Os donos de terra locais são incentivados a vender a sua propriedade, e

o resultado é que, embora possam obter ganhos a curto prazo, no final a única

coisa de que eles dispõem é de seu trabalho de baixa remuneração. Na

verdade a maior parte do benefício decorrente da elevação dos preços da terra

é recebida pelos especuladores, que compram a terra dos proprietários

anteriores antes de ela ter sido designada para um empreendimento turístico.

Entretanto esses problemas podem ser superados se num estagio inicial o

governo comprar a terra por um preço justo, de mercado, ou se a terra for

alugada, em vez de vendida para os geradores de iniciativas turísticas.

As forças de mercado não garantem necessariamente que o

empreendimento turístico acompanhará a demanda. Há necessidade de

planeamento realista e da fiscalização efectiva do cumprimento das

regulamentações do planeamento para reduzir os possíveis conflitos de

interesse e, quando for o caso, conservar características notáveis e incomuns

para o desfrute de gerações futuras de visitantes assim como de residentes.

Essa é uma ligação que tem sido aprendida um tanto tarde em muitos países

desenvolvidos.

Superficialmente, pelo menos, os “benefícios” económicos do turismo

parecem evidentes. Mas nos últimos anos muitos escritores tem manifestando

reservas sobre a natureza e o tamanho dos benefícios atribuíveis ao turismo e

tem se tornando crescentemente cépticos quanto às potencialidades do turismo

como uma ferramenta para o desenvolvimento e o crescimento e como um

meio de maximizar o bem-estar da população nativa.

O que se discute é essencialmente a alocação de recursos e se o

desenvolvimento do sector de turismo oferece ou não o uso óptimo dos

recursos disponíveis – em outras palavras, ma avaliação dos recursos e

benefícios do desenvolvimento do turismo em relação às alternativas. 18

18 Cfr. ARCHER, Brian, COOPER, Chiris ( 2002), “os Impactos positivos e negativos do Turismo” in turismo global,

editora SENAC, p.p 87-89.

Page 45: Turismo no Espaço Rural: Um Estudo de Caso no concelho de Baião

6.2 Educar e Sensibilizar para a prática do Turismo Rural

É necessário sensibilizar as pessoas para a boa prática turística.

Existem condutas que é preciso respeitar para que o espaço se conserve em

bom estado e para que gerações vindouras possam igualmente usufruir do

património local, cujo objectivo é a disseminação do conhecimento sobre o

ambiente, a fim de ajudar à sua preservação e utilização sustentável dos seus

recursos.

Este tipo de educação é um processo de reconhecimento de valores e

clarificações de conceitos, objectivando o desenvolvimento das habilidades e

modificando as atitudes em relação ao meio, para entender e apreciar as inter-

relações entre os seres humanos, entre as suas culturas e entre os meios

biofísicos.

Também está relacionada com a prática das tomadas de decisões e a

ética, que conduzem para a melhora da qualidade de vida.

Trata-se de um processo pedagógico participativo permanente para

incutir uma consciência crítica sobre a problemática ambiental, estendendo se

á sociedade a capacidade de captar a génese e a evolução dos problemas

ambientais.

O relacionamento da humanidade com a natureza, que teve início com

um mínimo de interferência nos ecossistemas, culminou, nos dias de hoje, com

uma forte pressão exercida sobre os recursos naturais. Torna-se clara a

necessidade de mudar o comportamento do homem em relação à natureza, no

sentido de promover, sob um modelo de desenvolvimento sustentável, a

compatibilização de práticas económicas, com reflexos positivos evidentes na

qualidade de vida dos cidadãos.

Os princípios e valores em que assenta o cuidar do outro têm a sua

génese nos direitos fundamentais que devem ser promovidos e garantidos a

todos os residentes, famílias, colaboradores, dirigentes, especialistas e todos

os restantes com quem a organização se relacione.

O técnico de turismo também é um educador, tem de transmitir a ideia

de que o território é algo que se tem de preservar.

Page 46: Turismo no Espaço Rural: Um Estudo de Caso no concelho de Baião

Busca do equilíbrio entre:

Natureza ↔ Sociedade ↔ Economia

Sustentabilidade

Salvo as intervenções de ordem estrutural, operacional e de segurança,

as áreas naturais não devem ser adaptadas aos visitantes. Estes é que devem

se preparar para a visitação.

A educação ambiental é um processo permanente no qual os indivíduos

e a comunidade tomam consciência do seu meio ambiente e adquirem

conhecimentos, habilidades, experiências, valores e a determinação que os

tornam capazes de agir, individual ou colectivamente, na busca de soluções

para os problemas ambientais, presentes e futuros. (UNESCO, 1987).

Os momentos de contacto com a natureza podem actuar como elemento

de sensibilização e nos tornar pessoas conscientes da importância das nossas

atitudes no dia-a-dia.

A intensidade do aprendizado dá se de acordo com a intensidade das

emoções vividas nestes momentos.

O ser humano que aprende através da emoção, apreende os ensinamentos

transmitidos.

Enquanto participamos nas actividades lúdicas, ficamos em harmonia no

âmbito físico e emocional, e sensibilizados em relação ao tema vivenciado.

Outra forma de compreender a sensibilização consiste numa busca do plano

ético. Atingir o espírito do indivíduo de forma a transformá-lo numa pessoa

sensível às contingências ambientais a que está e estará submetido. Esta

concepção, que une o modo físico de usar os sentidos, tem a ver com a

consciência, com o estar com as coisas; o indivíduo tem que poder relacionar

aquilo que sabe com o que sente.

Page 47: Turismo no Espaço Rural: Um Estudo de Caso no concelho de Baião

Temos que interagir com os elementos do entorno e, ao mesmo tempo,

compreender que cada acção humana tem um impacto nos sistemas naturais e

nos criados pelos seres humanos.

Figura 15. A interpretação ambiental

O ser humano precisa aprender um mínimo de conhecimento sobre o

próprio entorno ecológico para reflectir sobre as consequências de suas

atitudes sobre o meio e assim, poder assumir decisões conscientes. Para todas

as acções existem sempre várias alternativas possíveis e cada uma delas com

diferentes efeitos.

Interpretação Ambiental é uma tradução da linguagem da natureza para

a linguagem comum das pessoas, fazendo com que percebam o mundo que

nunca tinham visto antes. A forma da abordagem interpretativa, é que

diferencia a Interpretação da simples comunicação de informações.

Em 1957 Freeman Tilden, um dramaturgo e filósofo americano estabeleceu as

bases e a filosofia da Interpretação, através dos seguintes princípios:

Page 48: Turismo no Espaço Rural: Um Estudo de Caso no concelho de Baião

1- A Interpretação deve relacionar os factos com a personalidade ou a

experiências anteriores das pessoas a quem se dirige; não sendo assim é

estéril;

I2- A informação como tal não é interpretação. A Interpretação é uma

revelação que vai além da informação, tratando dos significados, inter-relações

e questionamento. Porém, toda Interpretação inclui informação; ambiental

3- A Interpretação é uma arte que combina muitas outras artes, (sejam

científicas, históricas, arquitectónicas), para explicar os temas, utilizando todos

os sentidos para construir conceitos e provocar reacções no indivíduo;

4- O objectivo fundamental da Interpretação não é a instrução mas a

provocação. Deve despertar a curiosidade, ressaltando que parece

insignificante;

5- A Interpretação deve tratar do todo em conjunto e não de partes

isoladas; os temas devem estar inter-relacionados;

6- A Interpretação para crianças não pode ser apenas uma diluição da

apresentação para adultos; deve ter uma abordagem fundamentalmente

diferente. Para diferentes públicos (crianças, adultos, interesses, formações),

deve haver programas diferentes.

A Interpretação Ambiental, com a sua forma própria de comunicação -

abordagem interpretativa - pode ser utilizada como instrumento educativo dos

mais eficientes, aliando recreação e educação.

Page 49: Turismo no Espaço Rural: Um Estudo de Caso no concelho de Baião

7. Estudo de Caso

7.1 Casas Familiares ao serviço do Turismo de Habitação

A Quinta de Marnotos é actualmente

uma Propriedade de Turismo Rural,

situada entre montes e vales, que

possui três casas em pedra, rústicas,

com mais de 200 anos totalmente

recuperadas e apetrechadas para que

desfrute de uma estadia inesquecível.

Na quinta poderá dar longos

passeios a pé numa envolvente

totalmente natural, onde o som das

aves, da água que jorra em bicas de

pedra por todo o espaço e a cuidada

vegetação, criam um ambiente de

completa paz e tranquilidade.

A pensar no seu conforto edificámos

uma excelente piscina e dotámos as

três casas de moderno equipamento.

As casas possuem um logradouro para

seu uso exclusivo.

Figura 16. Vista exterior da Casa Principal

Figura 17. Casa da Eira - Casa com um piso

Page 50: Turismo no Espaço Rural: Um Estudo de Caso no concelho de Baião

O Casarão data do século XIX, não

obstante está presente todo o

conforto exigível nos nossos dias.

Dispõe de 5 quartos/10 camas. Os

quartos têm todos casa de banho

privativa e televisão. Dispõe também

de uma piscina para utilização dos

hóspedes. Na casa e suas

dependências (sala de convívio -

exterior ao edifício principal), goza-se

de total privacidade e paz, coisas que

se vão tornando cada vez mais difíceis

de encontrar e que sabem bem

melhor no ambiente hospitaleiro de

uma casa portuguesa tradicional do

Norte.

Situado em plena zona de

transição da paisagem de Entre-

Douro e Minho e o planalto

transmontano, na freguesia de Santa

Marinha do Zêzere. O Casarão será o

pretexto para múltiplas viagens no

espaço e no tempo e para a

contemplação e o enlevo diante de

uma pureza primitiva difícil de

encontrar noutras paragens. Tudo isto

foi outrora motivo de inspiração para

o autor de "A Cidade e as Serra",

também Camilo Castelo Branco aqui

viveu algumas das suas paixões e

escreveu alguns dos seus livros.

Figura 18. Casarão – Santa Marinha do Zêzere

Figura 19. Piscina exterior

Figura 20. Salão de refeições

Page 51: Turismo no Espaço Rural: Um Estudo de Caso no concelho de Baião

7.2 Casa, Família e Património

A quinta de Marnotos é gerida pelo senhor José dos Santos, em Gestaçô,

Baião. A sua tipologia é de Turismo no Espaço Rural. A sua capacidade

hoteleira é de 5 camas. Em 2009 o número de clientes foi de mais de 40

indivíduos.

O número de colaboradores desse mesmo ano foi de 1 permanente e mais

de 2 sazonais.

Para o proprietário as atenções culturais urbanas, a capacidade de

acolhimento, o desporto de natureza e existência de atracções diversificadas

num espaço próximo, a gastronomia, a paisagem natural e tradicional, os

pontos atractivos, a possibilidade de observação da fauna e flora selvagem e

as atracções culturais no território são aspectos muito importantes para o

turismo da região. Sendo a capacidade de acolhimento convencional e o

desporto motorizado aspectos importantes mas de menos relevância.

Na opinião do proprietário os aspectos que poderiam desenvolver o turismo

rural de baião eram o melhoramento das infra-estruturas, nomeadamente:

limpeza, abastecimento de electricidade e água, publicidade a nível nacional e

internacional.

E os principais benefícios, e os mais importantes, que resultariam na

requalificação do património cultural e arqueológico do concelho de baião no

Turismo no Espaço Rural seriam: o contributo para o desenvolvimento local e

nível de vida na região, a criação de emprego local de curta duração, o

aumento da atractividade natural da zona, o aumento do numero de visitantes,

a fixação dos turistas por longo período de tempo, o menor isolamento da

região e manter os valores tradicionais da cultura regional.

O Casarão é gerido pela senhora Claudina Amorim, em Santa Marinha do

Zêzere, Baião. A sua tipologia é de Turismo no Espaço Rural. A sua

capacidade hoteleira é de 7 camas e de 300 lugares de restaurante. Em 2009 o

número de clientes foi de mais de 200 indivíduos.

Para a proprietária o Turismo de Natureza é uma actividade decisiva para o

desenvolvimento da região, e as atenções culturais urbanas, a capacidade de

Page 52: Turismo no Espaço Rural: Um Estudo de Caso no concelho de Baião

acolhimento, o desporto motorizado, a existência de atracções diversificadas

num espaço próximo, a gastronomia, a paisagem natural e tradicional, os

pontos atractivos, a possibilidade de observação da fauna e flora selvagem e

as atracções culturais no território são aspectos muito importantes para o

turismo da região. Sendo o desporto de natureza aspectos importantes mas de

menos relevância.

Na opinião da proprietária os aspectos que poderiam desenvolver o turismo

rural de baião eram que as entidades se encontrassem abertas ao sábado e

domingo tais como: Fundação Eça de Queiroz, a Casa das Bengalas em

Gestaçô, etc. E os principais benefícios, e os mais importantes, que resultariam

na requalificação do património cultural e arqueológico do concelho de baião no

Turismo no Espaço Rural seriam: o aumento da atractividade natural da zona,

o aumento do numero de visitantes, a fixação dos turistas por longo período de

tempo, e manter os valores tradicionais da cultura regional.

Os benefícios que acha importante para o desenvolvimento de Baião são:

organizar um roteiro gastronómico, cultural e arqueológico para futuros

visitantes ter e saber o que visitar em Baião.

Em comparação, a Quinta de Marnotos em Gestaçô e o casarão em Santa

Marinha do Zêzere, no concelho de Baião, são duas casas de tipologia de

Turismo Rural.

O Casarão, tem cerca de 7 anos e cerca de 300 lugares de restaurante. Em

termos de capacidade a Quinta de Marnotos é inferior, só possuindo 5 camas e

sem restaurante.

Também quanto ao número de clientes existe uma divergência notável. O

Casarão durante o ano de 2009 teve mais de 200 clientes enquanto a Quinta

de Marnotos não ultrapassou os 50 indivíduos.

Os dois proprietários em relação á importância de certos aspectos para o

turismo na região estão na sua maioria em concordância. Ambos pensam que

o Turismo de Natureza e Cultural é uma actividade decisiva para a região, e

que desde as atracções culturais urbanas até á gastronomia e a paisagem

natural são aspectos fulcrais para o desenvolvimento do turismo regional.

Na opinião do proprietário da Quinta de Marnotos, os aspectos a

desenvolver para o turismo em baião eram o melhoramento das infra-

estruturas, desde a limpeza a uma maior publicidade tanto a nível nacional e a

Page 53: Turismo no Espaço Rural: Um Estudo de Caso no concelho de Baião

internacional. Já na opinião da proprietária do Casarão o que se poderia mudar

era o facto de as entidades da região passarem a estar abertas ao fim de

semana.

No que toca aos benefícios que resultariam na requalificação do património

cultural e arqueológico, os dois proprietários também se encontram em

concordância. Ambos pensam que o aumento da atractividade natural, o

aumento do número de visitantes e uma maior fixação dos turistas por um

longo período de tempo ajudaram nessa requalificação.

Por fim a proprietária do Casarão refere que seria importante para o

desenvolvimento de Baião organizar roteiros para que futuros turistas

pudessem saber os pontos fulcrais a visitar e a conhecer em Baião.

Page 54: Turismo no Espaço Rural: Um Estudo de Caso no concelho de Baião

7.3 Rota

Concelho de Baião

Quinta de Marnotos, Gestaçô

Casarão, Santa Marinha do Zêzere

Quinta de Marnotos

Casarão

Page 55: Turismo no Espaço Rural: Um Estudo de Caso no concelho de Baião

Acessibilidades:

Para se dirigir ao Casarão vai pela A4: Direcção Amarante / Vila Real:

saída Mesão Frio / Régua - direcção Santa Marinha do Zêzere

(EN 304-3: Km 43/44).

Figura 21. Mapa da Localização do “Casarão”

Page 56: Turismo no Espaço Rural: Um Estudo de Caso no concelho de Baião

Para se dirigir á Quinta de Marnotos vai pela A4: Direcção Amarante /

Vila Real: saída Mesão Frio / Régua - direcção Santa Marinha do Zêzere,

Ermida, Gestaçô (EN 304-3: km 39/40).

Figura 22. Mapa da Localização da “Quinta de Marnotos”

Page 57: Turismo no Espaço Rural: Um Estudo de Caso no concelho de Baião

8. Infra-Estruturas e Equipamentos Turísticos

Casa de Marnotos

Casa do Canastro - Casa Duplex

Suite com 2 camas individuais

Sala e Kitchenette totalmente equipada

Sofá cama de casal

Lareira

Ar condicionado

Televisão Plasma

Antena Parabólica com 300 canais

DVD

Churrasco

Mesa de Pedra no exterior

Rede de descanso brasileira

Casa da Eira - Casa com 1 Piso

Suite com cama de casal (banheira de hidromassagem)

Sala e Kitchenette totalmente equipada

Sofá cama de Casal

Lareira

Ar condicionado

Televisão Plasma

Antena Parabólica com 300 canais

DVD

Churrasco

Mesa de Pedra no exterior

Rede de descanso brasileira

Acesso a cadeiras de deficientes motores

Page 58: Turismo no Espaço Rural: Um Estudo de Caso no concelho de Baião

Casa das Tílias - Casa Duplex

Suite com 2 camas individuais

Sala e Kitchenette totalmente equipada

Sofá cama de Casal

Lareira

Ar condicionado

Televisão Plasma

Antena Parabólica com 300 canais

DVD

Churrasco

Mesa de madeira no exterior

Varanda típica em madeira

Terreno exclusivo todo murado com acesso independente

O Casarão

2 piscinas (adultos e crianças)

5 quartos ( 7 camas)

TV

Casa de banho privativa

Sala de jantar

Cozinha rústica

Sala de estar

Page 59: Turismo no Espaço Rural: Um Estudo de Caso no concelho de Baião

9. Análise SWOT

A Análise SWOT é uma ferramenta utilizada para fazer análise de cenário

(ou análise de ambiente), usada como base para gestão e planeamento

estratégico de uma organização ou empresa, mas que pode, devido a sua

simplicidade, ser utilizada para qualquer tipo de análise de cenário. A Análise

SWOT é um sistema simples para posicionar ou verificar a posição estratégica

da empresa no ambiente em questão (Tarapanoff, 2001).

Neste caso, tentamos estudar as casas no contexto de turismo de

habitação.

O termo SWOT é uma sigla oriunda do idioma inglês, e é um acrónimo

de Forças (Strengths), Fraquezas (Weaknesses), Oportunidades

(Opportunities) e Ameaças (Threats).

Assim, a análise SWOT, segundo Tarapanoff (2001), corresponde à

identificação, por parte de uma organização, e de forma integrada, dos

principais aspectos que caracterizam a sua posição estratégica num

determinado momento, tanto ao nível interno como externo (forma como a

organização se relaciona com o seu meio envolvente).

Em termos de análise interna, a análise SWOT propõe a identificação

dos principais pontos fortes (Strengths) e pontos fracos (Weaknesses).

Do breve diagnóstico efectuado foi possível elaborar a análise SWOT

que a seguir se apresenta, na qual se sumariam os pontos fortes e fracos, que

impendem sobre o desenvolvimento turístico desta Região.

Oportunidades Ameaças

Paisagem única;

Vasto e rico Património

Histórico-cultural e

arqueológico, e na forte

População envelhecida e

desertificação;

Baixos níveis de escolaridade

Acessibilidades inter e intra-

regionais ainda em estado

Page 60: Turismo no Espaço Rural: Um Estudo de Caso no concelho de Baião

densidade que se verifica por

toda a região de património

classificado - monumentos, que

vêm confirmar uma forte

identidade regional;

Património Natural e

Paisagístico, expresso na sua

qualidade e diversidade de

recursos naturais,

designadamente nos Planaltos

Montanhosos e no

Douro;

Oferta turística diversificada

(Turismo rural, Vinhos e

Gastronomia, Cultura, etc.);

Uma grande frente de água do

rio Douro;

A linha do Douro, com várias

estações no concelho de baião.

pouco satisfatório;

Má, quando não ausência, de

sinalização turística específica;

Incapacidade de fixação de

visitantes (reflectida nas baixas

taxas de ocupação e

permanência média);

Insuficiente capacidade de

alojamento de qualidade;

Dificuldades de articulação e

coordenação entre os vários

agentes;

Falta de recursos humanos

qualificados no sector, tendo

implicações a vários níveis,

designadamente, do produto

turístico, prestação de serviços

de informação turística,

hotelaria e restauração.

Page 61: Turismo no Espaço Rural: Um Estudo de Caso no concelho de Baião

10. Apêndice

Page 62: Turismo no Espaço Rural: Um Estudo de Caso no concelho de Baião

10.1 Apêndice Fotográfico

Fig.1. Casa da Eira

Fig.2 Casa das Tílias .

Fig.8 Casa do Canastro

Page 63: Turismo no Espaço Rural: Um Estudo de Caso no concelho de Baião

Fig.9 Sala de estar da Casa do Canastro

Fig.10 Cozinha

Fig.11 Quarto

Page 64: Turismo no Espaço Rural: Um Estudo de Caso no concelho de Baião

Fig.12. O “Casarão”

Fig.13. Largo da entrada

Fig.14.Pátio

Fig.15. Pátio

Page 65: Turismo no Espaço Rural: Um Estudo de Caso no concelho de Baião

Fig.16. Piscina exterior

Fig.17. Interior do salão

Fig.18. Interior do salão

Fig.19. Interior do salão

Page 66: Turismo no Espaço Rural: Um Estudo de Caso no concelho de Baião

10.2 Apêndice documental

Page 67: Turismo no Espaço Rural: Um Estudo de Caso no concelho de Baião

11. Bibliografia

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oiY2FtIjtzOjM6Im1pZCI7YToyOntpOjA7czoyOiI1NCI7aToxO3M6MjoiNT

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http://br.monografias.com/trabalhos915/relacao-turismo-cultura/relacao-

turismo-cultura.shtml#consideraa

http://estrelaseouricos.sapo.pt/nbsp/tabid/231/mid/658/newsid658/1502/T

URISMO-DE-ALDEIA-IDEAL-PARA-UM-FIM-DE-SEMANA-EM-

FAMLIA/language/pt-PT/Default.aspx

www.eb23-ancede.rcts.pt/meio.html