turismo de saÚde na cidade do rio de janeiro: a …app.uff.br/riuff/bitstream/1/1592/1/198 -...

68
UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE FACULDADE DE ADMINISTRAÇÃO CIÊNCIAS CONTABÉIS E TURISMO CURSO DE TURISMO DEPARTAMENTO DE TURISMO MARJORIE SOUZA DE OLIVEIRA TURISMO DE SAÚDE NA CIDADE DO RIO DE JANEIRO: A DIMENSÃO ESTÉTICA Niterói 2012

Upload: others

Post on 20-Jul-2020

0 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: TURISMO DE SAÚDE NA CIDADE DO RIO DE JANEIRO: A …app.uff.br/riuff/bitstream/1/1592/1/198 - Marjorie de Oliveira.pdf · Turismo de Saúde na cidade do Rio de Janeiro, com foco na

UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE

FACULDADE DE ADMINISTRAÇÃO CIÊNCIAS CONTABÉIS E TURISMO

CURSO DE TURISMO

DEPARTAMENTO DE TURISMO

MARJORIE SOUZA DE OLIVEIRA

TURISMO DE SAÚDE NA CIDADE DO RIO DE JANEIRO: A DIMENSÃO ESTÉTICA

Niterói

2012

Page 2: TURISMO DE SAÚDE NA CIDADE DO RIO DE JANEIRO: A …app.uff.br/riuff/bitstream/1/1592/1/198 - Marjorie de Oliveira.pdf · Turismo de Saúde na cidade do Rio de Janeiro, com foco na

2

MARJORIE SOUZA DE OLIVEIRA

TURISMO DE SAÚDE NA CIDADE DO RIO DE JANEIRO: A DIMENSÃO ESTÉTICA

Trabalho de Conclusão apresentado ao Curso de Turismo da Universidade Federal Fluminense como requisito final de avaliação para obtenção do grau de Bacharel em Turismo. Orientadora – Prof. Msc. Carolina Lescura

Niterói

2012

Page 3: TURISMO DE SAÚDE NA CIDADE DO RIO DE JANEIRO: A …app.uff.br/riuff/bitstream/1/1592/1/198 - Marjorie de Oliveira.pdf · Turismo de Saúde na cidade do Rio de Janeiro, com foco na

3

TURISMO DE SAÚDE NA CIDADE DO RIO DE JANEIRO: A DIMENSÃO ESTÉTICA

Por

Marjorie Souza de Oliveira

Trabalho de Conclusão apresentado ao

Curso de Turismo da Universidade Federal

Fluminense como requisito final de avaliação

para obtenção do grau de Bacharel em

Turismo.

BANCA EXAMINADORA

___________________________________________________________

PROF. MSC. CAROLINA LESCURA – Orientadora

___________________________________________________________

PROF. MSC. ERLY MARIA DE CARVALHO E SILVA – Convidada

___________________________________________________________

PROF. MSC. ARI DA SILVA FONSECA FILHO – Departamento de Turismo

Niterói, de de 2012.

Page 4: TURISMO DE SAÚDE NA CIDADE DO RIO DE JANEIRO: A …app.uff.br/riuff/bitstream/1/1592/1/198 - Marjorie de Oliveira.pdf · Turismo de Saúde na cidade do Rio de Janeiro, com foco na

4

Dedico este trabalho aos meus pais e à

minha irmã, por todo o apoio e amor

incondicional.

Page 5: TURISMO DE SAÚDE NA CIDADE DO RIO DE JANEIRO: A …app.uff.br/riuff/bitstream/1/1592/1/198 - Marjorie de Oliveira.pdf · Turismo de Saúde na cidade do Rio de Janeiro, com foco na

5

AGRADECIMENTOS

O que antes parecia um sonho impossível, agora se tornou realidade. Esse

trabalho é a prova disso. E ele não estaria completo se não fosse todo o amor, apoio

e compreensão da minha família. Aos meus pais e à minha irmã, o meu muito

obrigada e todo o meu amor.

Agradeço a Deus, por nunca me deixar na mão e pela iluminação nas horas

em que achei que tudo ia dar errado.

À minha avó Rosalina, aos meus padrinhos Solange e Jorge Henrique e aos

meus primos Danilo e Agatha, obrigada pelo acolhimento, compreensão, palavras de

carinho, almoços, viagens ao sítio, jogos de cartas e filmes no final de tarde.

Aos meus primos Renata e José Maria, o meu imenso obrigada pelo

acolhimento em sua casa por todo esse tempo, pelas conversas, pelo apoio e pelo

carinho. À Ana Carolina, pelas suas risadas e “conversas” que sempre me

alegraram!

Meu agradecimento à Professora Erly Carvalho por ter iniciado a minha

orientação, dando conselhos e encaminhando meu pensamento. À Professora

Carolina Lescura, por me receber e ajudar no final da monografia. Sem vocês, não

teria conseguido terminar esse trabalho. Ao Professor Ari Fonseca, por fazer parte

da banca examinadora, muito obrigada.

Obrigada aos médicos da Clínica Ivo Pitanguy e Hospital da Plástica, por me

receberem para as entrevistas com gentileza e por ajudar a construir esse trabalho

com seus depoimentos.

O meu agradecimento aos meus amigos de longa data, Yasmin, Larissa,

Thaísa, Marianna e Flávio, por me apoiarem, oferecerem chocolates, entenderem a

minha ausência e, principalmente, por estarem ao meu lado por todo esse tempo.

Às “meninas da UFF”, Bia, Kamila, Luiza, Marjorie e Naira, obrigada pelas

choppadas, almoços com marmita, filmes, discussão de livros, conversas e risadas.

Meu agradecimento especial à Naira, pelo apoio, por ficar comigo ao telefone por

horas e por nunca ter me deixado duvidar de que conseguiria terminar esse trabalho.

Page 6: TURISMO DE SAÚDE NA CIDADE DO RIO DE JANEIRO: A …app.uff.br/riuff/bitstream/1/1592/1/198 - Marjorie de Oliveira.pdf · Turismo de Saúde na cidade do Rio de Janeiro, com foco na

6

Para conquistar coisas importantes,

devemos não apenas agir, mas também

sonhar, não apenas planejar, mas também

acreditar.

Anatole France

Page 7: TURISMO DE SAÚDE NA CIDADE DO RIO DE JANEIRO: A …app.uff.br/riuff/bitstream/1/1592/1/198 - Marjorie de Oliveira.pdf · Turismo de Saúde na cidade do Rio de Janeiro, com foco na

7

RESUMO

O turismo de saúde vem ganhando espaço na mídia, devido ao seu grande crescimento nos últimos anos. Dentro desse segmento, destaca-se o turismo de estética, quando os pacientes se deslocam para a realização de tratamentos estéticos. O Rio de Janeiro ganhou fama através do médico Ivo Pitanguy e, junto com os preços mais acessíveis do mercado brasileiro emergente, colocaram a cidade no mapa da plástica, atraindo ao país centenas de pacientes que buscam a excelência brasileira. Sendo assim, o presente estudo tem como objetivo investigar o Turismo de Saúde na cidade do Rio de Janeiro, com foco na Estética. Para isso, pretende-se fazer um levantamento bibliográfico sobre turismo de saúde, privilegiando a dimensão estética, entrevistar gestores de clínicas renomadas da cidade do Rio de Janeiro e analisar os relatos dos entrevistados, verificando a relação com o desenvolvimento do turismo de saúde. Para atingir a este objetivo, optou-se por uma pesquisa qualitativa de natureza exploratória, a partir de entrevistas com um roteiro semi-estruturado. Os principais resultados encontrados foram o crescente fluxo de pacientes estrangeiros que chegam ao país em busca de tratamentos estéticos, o pouco interesse por parte dos gestores de saúde em relação ao turismo, a divergência de opiniões entre os gestores de saúde a respeito de parcerias entre eles e gestores do turismo e a incipiência de estudos relacionados com o tema. As principais conclusões desse trabalho são a necessidade de um estudo mais profundo na área, a criação de parcerias entre gestores da saúde e do turismo, criação e aprimoramento de cursos e especializações e a proposta de uma pesquisa direta com o consumidor de saúde. Com isso, deseja-se que os pacientes-turistas sejam mais bem recepcionados e que as clínicas e hospitais tenham mais segurança em lidar com esse público.

Palavras-chave: Turismo de Saúde. Cirurgia Plástica. Estética. Rio de Janeiro.

Page 8: TURISMO DE SAÚDE NA CIDADE DO RIO DE JANEIRO: A …app.uff.br/riuff/bitstream/1/1592/1/198 - Marjorie de Oliveira.pdf · Turismo de Saúde na cidade do Rio de Janeiro, com foco na

8

ABSTRACT

The health tourism has been gaining space in the media, due to its great growth in recent years. Within this segment, the highlight is the esthetic tourism, when patients travel for performing aesthetic treatments. Rio de Janeiro won fame through Doctor Ivo Pitanguy and, along with the low prices of the Brazilian emerging market, placed the city on a map, attracting to the country hundreds of patients who seek the Brazilian excellence. Thus, the present study aims to investigate the Health Tourism in the city of Rio de Janeiro, with a focus on aesthetics. For this, were intend to do a literature review on health tourism, focusing on the aesthetic dimension, interview managers of clinics renowned in the city of Rio de Janeiro and analyze the interviewees, verifying the relationship with the development of health tourism. To achieve this goal, were opted for a qualitative research exploratory in nature, from a route semi-structured interviews The main results were found the growing flow of foreign patients coming into the country in search of aesthetic treatments, the little interest on the part of health managers in relation to tourism, the divergence of opinions among the managers of health concerning partnerships between them and tourism managers and the precarious studys. The main conclusions of this work are the need for a deeper study in the area, the creation of partnerships between managers of health and tourism, creation and improvement of courses and specializations and the proposal of a forward lookup with the health consumer. With this, it is hoped that patients are more well welcomed tourists-and that the clinics and hospitals have more security in dealing with this audience.

Key-words: Health Tourism. Plastic Surgery. Esthetic. Rio de Janeiro.

Page 9: TURISMO DE SAÚDE NA CIDADE DO RIO DE JANEIRO: A …app.uff.br/riuff/bitstream/1/1592/1/198 - Marjorie de Oliveira.pdf · Turismo de Saúde na cidade do Rio de Janeiro, com foco na

9

LISTA DE SIGLAS

ANVISA Agência Nacional de Vigilância Sanitária

CEM Código de Ética Médica

CFM Conselho Federal de Medicina

CMET Código Mundial de Ética no Turismo

DICQ Sistema Nacional de Acreditação Ltda

DNV Det Norske Veritas

FCAV Fundação Carlos Alberto Vanzolini

GL Germanischer Lloyd Certification

IAC Instituições Acreditadoras Credenciadas

IAHCS Instituto de Acreditação Hospitalar e Certificação em Saúde

IPASS Instituto Paranaense de Acreditação de Serviços em Saúde

IQG Instituto Qualisa de Gestão

ISAPS Sociedade Internacional de Cirurgia Plástica e Estética

MTur Ministério do Turismo

ONA Organização Nacional de Acreditação

SBA Sistema Brasileiro de Acreditação

SBCP Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica

SBHM Sociedade Brasileira de História da Medicina

SLACP Sociedade Latino Americana de Cirurgia Plástica

WTO Organização Mundial do Turismo

Page 10: TURISMO DE SAÚDE NA CIDADE DO RIO DE JANEIRO: A …app.uff.br/riuff/bitstream/1/1592/1/198 - Marjorie de Oliveira.pdf · Turismo de Saúde na cidade do Rio de Janeiro, com foco na

10

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO .............................................................................. 12

2 SEGMENTAÇÃO DO TURISMO DE SAÚDE ............................... 15

2.1 TURISMO DE SAÚDE ................................................................... 17

2.1.1 Acreditação das instituições de saúde ..................................... 20

2.1.2 Ética no Turismo de Saúde ........................................................ 21

2.2 CONTEXTO HISTÓRICO DO TURISMO DE SAÚDE .................. 23

2.2.1 A Medicina desde os Tempos Antigos ...................................... 23

2.2.2 A Saúde Moderna: busca por tratamentos eficientes .............. 27

2.3 TURISMO MÉDICO ....................................................................... 32

3 TURISMO DE ESTÉTICA ............................................................. 34

3.1 A BUSCA PELA BELEZA: DOS ENFEITES AO BISTURI ............ 38

3.2 O TURISMO DE ESTÉTICA NA CIDADE DO RIO DE JANEIRO . 42

3.3 AS CLÍNICAS CARIOCAS: RENOME INTERNACIONAL ............ 43

3.4.1 Clínica Ivo Pitanguy .................................................................... 44

3.4.2 Hospital da Plástica ..................................................................... 44

4 A VISÃO DOS ATORES DO TURISMO DE ESTÉTICA .............. 46

4.1 RESULTADOS DAS ENTREVISTAS ............................................ 48

4.1.1 Pesquisa anterior a entrevista ................................................... 48

4.1.2 Análise das entrevistas ............................................................... 49

4.1.2.1 Dados gerais sobre os turistas de saúde ................................. 49

4.1.2.2 Relação entre gestores de saúde e serviços turísticos ........... 51

Page 11: TURISMO DE SAÚDE NA CIDADE DO RIO DE JANEIRO: A …app.uff.br/riuff/bitstream/1/1592/1/198 - Marjorie de Oliveira.pdf · Turismo de Saúde na cidade do Rio de Janeiro, com foco na

11

4.1.2.3 Relação entre pacientes e serviços de saúde .......................... 54

4.1.2.4 Relação entre pacientes e equipamentos turísticos ................ 56

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS .......................................................... 59

REFERÊNCIAS ............................................................................. 62

APÊNDICE .................................................................................... 68

Page 12: TURISMO DE SAÚDE NA CIDADE DO RIO DE JANEIRO: A …app.uff.br/riuff/bitstream/1/1592/1/198 - Marjorie de Oliveira.pdf · Turismo de Saúde na cidade do Rio de Janeiro, com foco na

12

1 INTRODUÇÃO

O Brasil recebe milhares de turistas durante o ano. Suas regiões

heterogêneas e singulares possibilitam a formação de produtos turísticos atrativos,

que são oferecidos no mercado para satisfazer distintas necessidades ou desejos

das pessoas. Muitos destinos propiciam aos turistas o entretenimento e lazer. Mas,

ao valorizar os elementos que conferem identidade à oferta turística do país, pode-

se identificar a existência de diferentes segmentos.

Embora haja várias motivações de viagem que dinamizem o setor turístico, os

mais reconhecidos e citados são aqueles voltados para o turismo de lazer e de

negócio. No entanto, nos últimos anos, o turismo de saúde vem passando por um

processo de resignificação, obtendo destaque como um segmento promissor. Muitas

pessoas viajam para localidades fora de seu entorno habitual em busca de

tratamentos médicos ou recuperação de sua saúde. De acordo com dados da

Organização Mundial de Saúde (OMS apud JORNAL PANROTAS, 2011), o turismo

de saúde movimenta US$ 60 bilhões por ano no mundo, com média de 35% de

crescimento ao ano. Além disso, a projeção de crescimento desse segmento para o

Brasil, nos próximos cinco anos, é também de 35% (JORNAL PANROTAS, 2011).

Conforme explicado por Adalto Felix Godoi (2010), nos últimos anos o turismo

de saúde passou a crescer nos países menos desenvolvidos, atraindo um fluxo

considerável de pacientes internacionais. Dentre os fatores que contribuíram para

este desenvolvimento, pode-se citar o aumento do custo de tratamentos de saúde

nos países mais ricos, ao mesmo tempo em que os países menos desenvolvidos

passaram a oferecer serviços de saúde a baixo custo, boa eficiência e qualidade.

Alguns países da Ásia e América Latina apresentam-se como destinos

relevantes para o turismo de saúde. Neste âmbito, pode-se destacar o Brasil,

referência internacional em cirurgia plástica, ortopedia, fertilização humana,

ortodontia, entre outras especialidades:

O Brasil tornou-se um importante destino médico atraindo parte importante da demanda internacional e consolidando a imagem de referência em diversas especialidades médicas. Com uma ampla e avançada estrutura hospitalar, o país tem sido reconhecido por órgãos internacionais e se mostrado no mesmo nível que os grandes centros de excelência mundiais. (GODOI, 2010, p.5)

Page 13: TURISMO DE SAÚDE NA CIDADE DO RIO DE JANEIRO: A …app.uff.br/riuff/bitstream/1/1592/1/198 - Marjorie de Oliveira.pdf · Turismo de Saúde na cidade do Rio de Janeiro, com foco na

13

Algumas instituições médicas brasileiras seguem padrões rigorosos de

qualidade, buscando por certificações de organizações que comprovam a garantia e

excelência dos serviços de saúde prestados. Dentre os destinos procurados no país,

que apresentam instituições acreditadas por alguma organização, destacam-se as

cidades de São Paulo, Recife e Rio de Janeiro (COLLUCCI, 2010). Entretanto, de

acordo com Fernandes e Fernandes (2011), os estados brasileiros que possuem o

maior número de hospitais, particulares e públicos, são: São Paulo, Minas Gerais,

Paraná e Rio de Janeiro.

Neste contexto, destaca-se o turismo de saúde voltado para a estética,

realizado quando a viagem tem como maior motivação a busca por tratamentos

médicos voltados para beleza e autoestima. Os deslocamentos com esta finalidade

incluem uma estada pré e/ou pós-operatória, fazendo com que o paciente possa

realizar atividades amenas, mas respeitando as recomendações médicas. Desta

forma, para aquelas localidades que já apresentam atrativos turísticos, é possível

que os pacientes sintam vontade de conhecê-los.

O Rio de Janeiro, além de ser visitado por turistas internacionais motivados

em conhecer seus atrativos naturais, culturais e históricos, passou a ser frequentado

nos últimos anos, também, por estrangeiros em busca de tratamentos estéticos

(MIRON; POPOV, 2010). Tal fato se deve, principalmente, pela qualidade e fama

que o Brasil ganhou com o Dr. Ivo Pitanguy, considerado referência mundial em

cirurgia plástica.

De um modo geral, pacientes e seus acompanhantes costumam utilizar

equipamentos turísticos durante sua estada na cidade. No entanto, são poucos os

estudos acadêmicos que mostram como a área de saúde estética da cidade do Rio

de Janeiro está buscando atender a este público internacional. Sendo assim, o

presente estudo tem como objetivo investigar o Turismo de Saúde na cidade do Rio

de Janeiro, com foco na Estética. Para isso, pretende-se fazer um levantamento

bibliográfico sobre turismo de saúde, privilegiando a dimensão estética, entrevistar

gestores de clínicas renomadas da cidade do Rio de Janeiro e analisar os relatos

dos entrevistados, verificando a relação com o desenvolvimento do turismo de

saúde.

Para ajudar na compreensão do tema, o seguinte estudo foi encaminhado

através de uma pesquisa qualitativa, de natureza exploratória. Para atingir os

objetivos propostos, foram levantados, em um primeiro momento, dados e

Page 14: TURISMO DE SAÚDE NA CIDADE DO RIO DE JANEIRO: A …app.uff.br/riuff/bitstream/1/1592/1/198 - Marjorie de Oliveira.pdf · Turismo de Saúde na cidade do Rio de Janeiro, com foco na

14

informações sobre as clínicas cariocas especializadas em cirurgia plástica, a partir

de uma pesquisa bibliográfica, por meio virtual e impresso. Posteriormente, foram

realizadas duas entrevistas com roteiros semi-estruturados com representantes da

Clínica Ivo Pitanguy e Hospital das Plásticas, ambas localizadas no bairro Botafogo,

Zona Sul da cidade. A partir da coleta e organização das informações, a pesquisa

apontou dados sobre o crescente fluxo de pacientes estrangeiros que chegam ao

país em busca de tratamentos estéticos, o pouco interesse por parte dos gestores

de saúde em relação ao turismo, a divergência de opiniões entre os gestores de

saúde a respeito de parcerias entre eles e gestores do turismo e a incipiência de

estudos relacionados com o tema. Sendo assim, pretende-se contribuir para futuras

pesquisas sobre turismo de estética na cidade do Rio de Janeiro, facilitando o

entendimento do tema pelos gestores, além de melhor recepcionar os pacientes-

turistas, fazendo com que as clínicas e hospitais tenham mais segurança em lidar

com esse público.

O presente estudo está estruturado em 6 (seis) partes, sendo esta a primeira,

a introdução do trabalho. O capítulo 2 (dois) refere-se a uma abordagem teórica

sobre o tema turismo de saúde, sendo apresentados conceitos e ideias de autores já

conceituados na área. São feitas considerações sobre acreditação de instiruições,

ética no turismo, contexto histórico e turismo médico (sub-segmento do turismo de

saúde).

O capítulo 3 (três) faz uma abordagem específica a respeito do turismo de

estética, foco principal deste trabalho. É apresentada a história desse segmento do

turismo, a fim de melhor compreensão. Para inclusão do tema na atualidade, são

apresentados dados recentes de reportagens e estudos sobre turismo e saúde, além

de situá-los na cidade do Rio de Janeiro. Posteriormente é apresentada a clínica e

hospital onde as entrevistas foram realizadas.

No capítulo 4 (quatro) é explicada a metodologia da pesquisa, tanto da

análise bibliográfica quanto das entrevistas realizadas em campo. Já no capítulo 5

(cinco) são apresentados os resultados da pesquisa descrita no capítulo anterior. E,

por fim, todo o estudo leva a constituição das considerações final, tendo este como o

último capítulo.

Page 15: TURISMO DE SAÚDE NA CIDADE DO RIO DE JANEIRO: A …app.uff.br/riuff/bitstream/1/1592/1/198 - Marjorie de Oliveira.pdf · Turismo de Saúde na cidade do Rio de Janeiro, com foco na

15

2 SEGMENTAÇÃO DO TURISMO DE SAÚDE

Os avanços tecnológicos nos meios de transportes e comunicação, no final do

século XX permitiram o crescimento do turismo mundial. Com o encurtamento da

distância e a facilidade em produzir e difundir informações, novos destinos se

formaram e os existentes se consolidaram. A globalização facilitou o deslocamento

de pessoas para diferentes partes do mundo. Com isso, o mercado turístico cresceu,

recebendo relevantes investimentos para o desenvolvimento do setor, além de

contribuir para a formação de novos segmentos turísticos (BENI, 2003).

Segundo o Ministério do Turismo - (BRASIL, 2010, p.7), [...] em um mundo globalizado, onde se diferenciar adquire importância a cada dia, os turistas exigem, cada vez mais, roteiros turísticos que se adaptem às suas necessidades, sua situação pessoal, seus desejos e preferências.

O Ministério adota essas tendências de consumo como oportunidades de

valorizar a diversidade do Brasil.

A segmentação do mercado turístico pode ser analisada a partir da demanda

ou da oferta. Segmentar a demanda significa agrupar pessoas que apresentam

características, motivações e necessidades parecidas, que tendem a consumir

produtos que se adéquam ao perfil analisado. Por sua vez, a segmentação da oferta

seria combinar os elementos da oferta turística de um local, de modo a formar

produtos turísticos singulares que atenda às expectativas de um perfil da demanda.

A permanente busca de novos produtos turísticos pelos consumidores tem

levado a certas mudanças nas estratégias de planejamento, gestão e promoção do

turismo, privilegiando a segmentação da oferta de produtos turísticos. Sendo assim,

aumenta, cada vez mais, a criação e oferta de produtos direcionados para

demandas específicas, visando oferecer diferentes experiências para os visitantes

(BRASIL, 2010). Sendo assim, a segmentação é importante para a elaboração de

produtos e políticas públicas específicas para uma determinada demanda.

É importante ressaltar que a segmentação do turismo pode ser analisada a

partir de diferentes e inúmeras variáveis. Analisando o turismo a partir da variável

meio de transportes, por exemplo, encontram-se categorias, como náutico, aéreo,

rodoviário, ferroviário, marítimo ou fluvial. Outro critério de segmentação pode ser a

Page 16: TURISMO DE SAÚDE NA CIDADE DO RIO DE JANEIRO: A …app.uff.br/riuff/bitstream/1/1592/1/198 - Marjorie de Oliveira.pdf · Turismo de Saúde na cidade do Rio de Janeiro, com foco na

16

análise a partir das motivações, importante para o presente estudo. As pessoas

podem viajar para se divertir, por motivos profissionais, para visitar amigos e

parentes, realizar tratamentos de saúde, entre outros.

Para o Ministério do Turismo (BRASIL, 2010), segmentar o turismo é mais do

que alojar produtos e serviços turísticos semelhantes para uma mesma demanda. É

conhecer o comportamento do turista em um todo, planejando “estratégias e ações

com o objetivo de promover uma posição competitiva do destino junto aos nichos de

mercado que se deseja” (BRASIL, 2010, p.11). Assim, haverá uma melhor

profissionalização e aperfeiçoamento da atividade turística oferecida.

A partir dessas motivações, um lugar pode procurar desenvolver um ou mais

segmentos, conforme possibilidades de combinar sua oferta turística. Esta questão

pode ser ilustrada, citando os diferentes tipos de turismo: de lazer, negócio,

ecoturismo, religioso, gastronômico, de saúde, de pesca, entre outros. Esse trabalho

acadêmico dará foco ao turismo de saúde, mais especificamente o voltado para

tratamentos estéticos.

A figura 1, adaptada de Licínio Cunha (2006), mostra a segmentação do

Turismo, onde o Turismo de Saúde é subsegmentado em médico e bem-estar. O

subsegmento de turismo médico pode envolver medidas cirúrgicas e não cirúrgicas.

No segundo caso, utiliza equipamentos de saúde semelhantes ao do turismo de

saúde bem-estar. No caso do turismo de estética, precisa da intervenção de um

médico e, muitas vezes, cirurgias.

Figura 1: Motivação do Turista

Fonte: Licínio Cunha (2006, p.83) (adaptado pela autora)

Page 17: TURISMO DE SAÚDE NA CIDADE DO RIO DE JANEIRO: A …app.uff.br/riuff/bitstream/1/1592/1/198 - Marjorie de Oliveira.pdf · Turismo de Saúde na cidade do Rio de Janeiro, com foco na

17

Percebe-se, com isso, que a demanda de turistas específicos para o turismo

de saúde é diferenciada dos demais segmentos turísticos. A partir disso, podem-se

entender melhor os desejos e expectativas dos viajantes, melhorando o atendimento

e a prestação de serviços,

2.1 TURISMO DE SAÚDE

Para Ruiz-de-Chavez et al (1994, apud MATOS, 2011, p.17) “o turismo e a

saúde são dois conceitos estreitamente relacionados, ambos incidem diretamente no

desenvolvimento econômico dos países e são parte importante da política social a

cargo dos governos”.

Já de acordo com o Ministério do Turismo (BRASIL, 2010, p.15), o “Turismo

de Saúde constitui-se das atividades turísticas decorrentes da utilização de meios e

serviços para fins médicos, terapêuticos e estéticos”. Para Silva (1994), o Turismo

de Saúde são atividades realizadas pelas pessoas que procuram meios de

manutenção ou bom funcionamento de seus físicos e/ou saúde mental. A cartilha

“Ética, Meio Ambiente e Cidadania para o Turismo” do Ministério do Turismo

(REGULES et al, 2007, p.56) relata que:

Turismo de saúde é toda a atividade praticada na procura da conservação ou obtenção de bem-estar físico e mental. Essa modalidade se caracteriza pelo deslocamento e utilização de serviços turísticos associados à cura. Outra particularidade relevante é que se trata de um turismo que não sofre com a sazonalidade, podendo ser praticado o ano todo.

Para o Ministério do Turismo, existem algumas terminologias que podem ser

utilizadas como sinônimos de turismo de saúde: “turismo hidrotermal, turismo

hidromineral, turismo hidroterápico, turismo termal, turismo de bem-estar, turismo de

águas, turismo medicinal, turismo médico-hospitalar, entre outros” (BRASIL, 2010,

p.15). Entretanto, algumas delas, podem ser utilizadas como sub-segmentos do

Turismo de Saúde, como será visto nesse trabalho.

O deslocamento de pessoas para outras localidades, com a finalidade de

tratamentos e recuperação da saúde não é algo recente. O que ocorre é que

Page 18: TURISMO DE SAÚDE NA CIDADE DO RIO DE JANEIRO: A …app.uff.br/riuff/bitstream/1/1592/1/198 - Marjorie de Oliveira.pdf · Turismo de Saúde na cidade do Rio de Janeiro, com foco na

18

atualmente o turismo de saúde vem ganhando mais espaço nas questões sobre o

desenvolvimento econômico de uma região, com base na atividade turística. Dentro

do segmento de turismo da saúde há os subsegmentos, que consistem em

pequenos grupos que caracterizam ainda mais o Turismo de Saúde. Desta forma, o

segmento de saúde pode ser dividido em termalismo, talassoterapia, climatismo,

recuperação da forma, turismo médico e turismo estético (FERNANDES;

FENANDES, 2011).

O Turismo de Saúde é comumente confundido com Saúde do Viajante. Esse

segundo, no entanto, refere-se a “uma área que trata dos riscos, individuais e

coletivos, ocasionados pela movimentação de pessoas e por sua interação com

diversos ambientes”, segundo Matos (2010; p.1). Essa área tem importância dentro

do Turismo, pois a estrutura da atividade turística está diretamente relacionada com

a interação das atividades humanas. Os estudos nessa área são, ainda, restritos a

algumas recomendações médicas sobre como proceder em localidades com risco

de contaminação de certas doenças.

O uso de recursos naturais para efeitos terapêuticos é o que define,

basicamente, o Termalismo. O termo é usado, de maneira genérica, para designar o

emprego de águas minerais em estâncias naturais com o fim curativo (SILVA;

BARREIRA, 1994). O termo “estância” é utilizado pelo Governo do Estado de São

Paulo1 para caracterizar os municípios com perfis semelhantes. São quatro

categorias de estâncias: Turística, Hidrominerais, Climáticas e Balneárias.

Atualmente são 67 municípios paulistas cadastrados, que contam com o auxílio do

Departamento de Apoio ao Desenvolvimento das Estâncias (DADE) (FONSECA

FILHO, 2007). Segundo o Ministério da Saúde (2008), o Termalismo deve ser

empregado de maneira complementar aos outros tratamentos de saúde,

principalmente por que o Brasil dispõe de recursos naturais ao seu desenvolvimento.

O perfil das estâncias está mudando com o passar do tempo. Antigamente, os

frequentadores mais comuns era um público de meia-idade ou idade avançada.

Atualmente, “as famílias também passaram a frequentar as estâncias e, com a

tendência dos tratamentos preventivos, o público jovem é cada vez mais frequente

nesses espaços” (REGULES et al, 2007, p.56).

1 Link para a página do Governo de São Paulo sobre o Departamento de Apoio ao Desenvolvimento das Estâncias (DADE): <http://www.turismo.sp.gov.br/dade/o-que-e-o-dade.html>.

Page 19: TURISMO DE SAÚDE NA CIDADE DO RIO DE JANEIRO: A …app.uff.br/riuff/bitstream/1/1592/1/198 - Marjorie de Oliveira.pdf · Turismo de Saúde na cidade do Rio de Janeiro, com foco na

19

A Talassoterapia pode ser confundida com o tratamento por águas termais,

porém utiliza a “água do mar além de outros recursos naturais (climas, maresia,

ondas, sol, areia, algas, lamas etc.) para fins profiláticos e terapêuticos” (BRASIL,

2010, p.22). De acordo com Fernandes e Fernandes (2011), esse tratamento tem

por finalidades a prevenção e regeneração de doenças, pois a água do mar é

suavizadora de diversas doenças e atenua o envelhecimento.

Outra modalidade de turismo de saúde é a Climaterapia: exposição a

diferentes condições climáticas (calor, frio, umidade, luz, ar), estimulando

naturalmente o organismo e promovendo a capacidade de autocura do paciente.

Essa ativação do metabolismo ajuda no sistema cardiovascular, respiratório e

nervoso.

Muitos lugares ficaram conhecidos pelo seu clima mais ameno e propício para

a cura de certas doenças, principalmente as respiratórias. É o caso de Campos do

Jordão, em São Paulo, que é conhecida como a Suíça Brasileira pelo seu clima

(PAULO FILHO, 2012). Outras cidades, como Águas de São Pedro, igualmente

localizada em São Paulo, não só possui um clima favorável, como também possui

águas medicinais. Nesse caso, a cidade é uma estância Hidrotermal. (FONSECA

FILHO, 2007).

Já os spas são conhecidos pela procura para a recuperação da forma, mas

também são instalações (centros ou clínicas) que prestam serviços à saúde física e

mental, a partir de tratamentos feitos pelas propriedades terapêuticas da água com o

objetivo de prevenção, cura, reabilitação, fitness e/ou beleza (FERNANDES;

FERNANDES, 2011). De acordo com Silva (in REGULES et al, 2007), os spas, hoje

em dia, têm como característica principal oferecer toda a infraestrutura de serviços

sofisticados e tratamentos relacionados à “perda de peso, alívio do estresse,

rejuvenescimento, desintoxicação e melhora da aparência estética” (p.57). Esses

“hotéis de luxo” foram criados para atender a uma demanda de turistas que, além do

relaxamento e do lazer, procuram tratamentos medicinais.

De acordo com Ann Dis (2002), os spas tiveram origem na cidade belga

chamada Spa, ainda no século XIV, quando uma terma de água curativa foi

descoberta. Dis (2002) também associa o nome à expressão latina spagere,

(umedecer), ou, até mesmo, ao acrônimo para a frase em latim sanitas per aquas

(saúde através da água). Os spas, entretanto, sofreram algumas transformações ao

longo dos anos. O início se deu através das águas termais curativas, a fim de lazer e

Page 20: TURISMO DE SAÚDE NA CIDADE DO RIO DE JANEIRO: A …app.uff.br/riuff/bitstream/1/1592/1/198 - Marjorie de Oliveira.pdf · Turismo de Saúde na cidade do Rio de Janeiro, com foco na

20

relaxamento e seu perfil, hoje em dia, está associado à estética e dietas,

especialmente no Brasil (DIS, 2002).

Sendo assim, oferecem “uma dieta balanceada, programas de esportes e

recreação, tratamentos corporais, massagens, salas de banho, salão de beleza,

palestras relacionadas à saúde, venda de produtos naturais, etc” (REGULES et al,,

2007, p.57). Para tal, dependem de outros fatores, como a temperatura, a pressão e

a composição química das águas. Os tratamentos de hidroterapia estão associados

a outros, como massagens, dietas (nutriterapia), músicas ambientes (musicoterapia),

aromas (aromoterapia), entre outros, criando uma perspectiva do bem-estar integral

(corpo, mente e espírito) (FERNANDES; FERNANDES, 2011).

De acordo com Hall (2011), os turistas de saúde necessitam dos mesmos

requisitos médicos que os moradores locais, sendo que, como aumentam o número

de pacientes em tratamento, deve haver uma reorganização da saúde local para

atender à demanda. Além do mais, qualquer tipo de turista carrega em sua bagagem

seus costumes, cultura, tecnologia, mas também um grande risco de bioseguridade,

devido às doenças dos locais de origem, comida, roupas, hábitos higiênicos entre

outros (WILSON, 1995; HALL, 2005 apud HALL, 2011).

O Turismo de Saúde é, portanto, um segmento do turismo que engloba os

tratamentos relacionados à saúde física e psicológica, utilizando tanto os

equipamentos turísticos, quanto os de saúde.

2.1.1 Acreditação das instituições de saúde

Ao realizar um tratamento de saúde, o paciente deve saber se o hospital,

clínica ou consultório está de acordo com as regras de prestação de serviço e

vigilância sanitária. Para mensurar o grau de qualidade de uma instituição de saúde

foi criada o Sistema Brasileiro de Acreditação (SBA).

O SBA é coordenado pela Organização Nacional de Acreditação (ONA), uma

organização não governamental com atuação nacional que conta para a

regulamentação e vistoria com o Ministério da Saúde e a Agência Nacional de

Vigilância Sanitária (ANVISA). A ONA tem como objetivo a acreditação de

instituições de saúde através das Instituições Acreditadoras.

Page 21: TURISMO DE SAÚDE NA CIDADE DO RIO DE JANEIRO: A …app.uff.br/riuff/bitstream/1/1592/1/198 - Marjorie de Oliveira.pdf · Turismo de Saúde na cidade do Rio de Janeiro, com foco na

21

Segundo Gastal et al (2004, p.1), acreditação é “um sistema de avaliação e

certificação da qualidade de serviços de saúde, voluntário, periódico e reservado”.

As Instituições Acreditadoras são organizações de direito privado, com ou sem fins

lucrativos, credenciadas pela ONA, com a responsabilidade de realizar a avaliação e

a certificação da qualidade dos serviços de saúde, dentro das normas técnicas

previstas (GASTAL, 2004).

Atualmente, o Brasil conta com sete Instituições Acreditadoras Credenciadas

(IACs): DNV (Det Norske Veritas); DICQ (Sistema Nacional de Acreditação Ltda);

FCAV (Fundação Carlos Alberto Vanzolini); GL (Germanischer Lloyd Certification);

IAHCS (Instituto de Acreditação Hospitalar e Certificação em Saúde); IPASS

(Instituto Paranaense de Acreditação de Serviços em Saúde); e IQG (Instituto

Qualisa de Gestão) (ONA; 2012).

Segundo o site oficial da ONA, a Organização alcançou em 2012 a marca de

300 certificações válidas em todo o Brasil. São instituições de 19 estados brasileiros

e São Paulo é o que apresenta maior quantidade de instituições de saúde

certificadas (ONA, 2012).

A região Sudeste detém a maior parte das certificações (São Paulo, Minas

Gerais e Rio de Janeiro, são os três primeiros lugares, respectivamente), seguida

pela região Sul. O estado do Rio de Janeiro conta com 17 instituições (ONA, 2012).

Para uma instituição, a acreditação serve como uma forma de credibilidade,

garantindo a qualidade dos serviços prestados ao paciente e diminuindo os riscos à

saúde. Para o paciente, é uma forma de estar seguro do serviço que será realizado,

principalmente por que está relacionado à sua saúde (FERNANDES; FERNANDES,

2011).

Mensurar a qualidade de um serviço é difícil, pois ele não é tangível e as

pessoas têm opiniões diferentes. A acreditação de uma instituição é uma forma de

tangibilizar o serviço e padronizar o atendimento.

2.1.2 Ética no Turismo de Saúde

A ética é um conjunto de deveres, normas, princípios e regras de conduta que

fazem parte indissociavelmente de uma atividade (FERNANDES; FERNANDES,

Page 22: TURISMO DE SAÚDE NA CIDADE DO RIO DE JANEIRO: A …app.uff.br/riuff/bitstream/1/1592/1/198 - Marjorie de Oliveira.pdf · Turismo de Saúde na cidade do Rio de Janeiro, com foco na

22

2011). Para que ela seja cumprida, são aprovados códigos específicos para cada

uma dessas atividades.

Por se tratar de uma atividade multidisciplinar, o turismo de saúde é regido

tanto pela ética do turismo, exposta no Código Mundial de Ética no Turismo, quanto

pela ética da saúde, encontrada no Código de Ética Médica.

O Código Mundial de Ética no Turismo (CMET)2 foi criado pela Organização

Mundial do Turismo (WTO, no original em inglês) e tem por finalidade a promoção do

turismo responsável e sustentável, de forma acessível a todas as pessoas, levando

em consideração que qualquer indivíduo tem o direito de utilizar o seu tempo livre

em lazer ou viagens.

O Código de Ética estimula os deslocamentos por motivo de saúde, religião,

educação e intercâmbio cultural, pois os consideram como “formas particularmente

interessantes de turismo que merecem ser encorajadas” (CMET, p.6). Entretanto, a

maior parte das referências à saúde está relacionada à saúde do viajante e

precauções em relação a lugares propensos a epidemias.

O Código de Ética Médica (CEM)3 foi criado pelo Conselho Federal de

Medicina (CFM) e contém as normas éticas que devem ser seguidas pelos médicos

no exercício de sua profissão, independentemente da função ou cargo que ocupem.

As organizações de prestação de serviços médicos também estão sujeitas às

normas do Código.

O CEM não menciona o tratamento de pacientes que sejam provenientes de

outras cidades ou países, porém, faz referência ao fato de que o agente de saúde

não deve ter preconceito à pessoa que será tratada. Além do mais, o médico deve

exercer sua função com autonomia, salvo em casos prejudiciais ao paciente (Art. 7°

- CEM), não pode utilizar a medicina como forma de comércio (Art. 9° - CEM) e deve

respeitar todos aqueles que trabalhem na área de saúde, independentemente de

seu cargo (Art. 18° - CEM).

O grande impasse atual a respeito da ética no turismo de saúde é exposto por

Rothenberg (2010) como a saúde pública de alguns países sofrendo com o turismo

de saúde. Ele afirma que alguns governos estão sacrificando alguns setores da

saúde pública, particularmente das camadas mais pobres da população e do setor 2 Disponível em: <http://www.portalmedico.org.br/novocodigo/legislacao.asp>. Acesso em: Acesso em 24 abr. 2012. 3 Disponível em: <http://ethics.unwto.org/en/content/global-code-ethics-tourism>. Acesso em 24 abr. 2012.

Page 23: TURISMO DE SAÚDE NA CIDADE DO RIO DE JANEIRO: A …app.uff.br/riuff/bitstream/1/1592/1/198 - Marjorie de Oliveira.pdf · Turismo de Saúde na cidade do Rio de Janeiro, com foco na

23

rural, em função de facilitar a ida dos turistas estrangeiros aos seus países cuidar

das suas saúdes. Rothenberg (2010) diz, ainda, que essa atitude é antiética por

parte dos governantes, pois é dever deles levar a saúde a toda a população.

Entretanto, também diz que seguir a ética é uma opção do setor de saúde e da

população, pois a opinião acerca dos benefícios do turismo de saúde pode mudar.

No turismo em geral, a qualidade, a excelência, a segurança e a ética estão

indissociavelmente associadas, sendo sinônimos de qualidade no atendimento de

serviços (FERNANDES; FERNANDES, 2011). No turismo de saúde, em especial, os

serviços devem inspirar confiança nos pacientes, pois os prestadores estão lidando

com a saúde de outra pessoa. A ética se torna uma forma de proteção ao turista e

um atributo de qualidade.

2.2 CONTEXTO HISTÓRICO DO TURISMO DE SAÚDE

A preocupação com a saúde não é algo recente. A busca por cura de males

que afligiam às pessoas já existia na idade da Pedra, segundo Moraes et al (2004).

Com o passar do tempo, novos métodos de tratamento foram sendo descobertos e,

hoje em dia, os melhores médicos são reconhecidos no mundo todo e atraem um

grande fluxo de turistas que procuram por seus tratamentos de saúde.

2.2.1 A medicina desde os tempos antigos A preocupação com doenças e males é algo tão antigo quanto à condição

humana. As pessoas sempre procuraram curandeiros, ervas e plantas que

pudessem de alguma forma, ajudar em suas saúdes. O poder de cura era passado

de geração em geração pela tradição oral (MORAES et al, 2004).

Os homens da Idade da Pedra, segundo Moraes et al (2004), já haviam

identificado algumas funções e órgãos vitais do organismo e já utilizavam técnicas

para facilitar o parto, realizavam cirurgias, trepanações (abertura do crânio para

retirada de tumores e sucção de líquidos) e participavam de rituais místicos

realizados por feiticeiros-médicos. Ainda segundo Moraes et al (2004), foram

encontrados crânios pré-históricos com sinais de incisões cirúrgicas, realizadas com

Page 24: TURISMO DE SAÚDE NA CIDADE DO RIO DE JANEIRO: A …app.uff.br/riuff/bitstream/1/1592/1/198 - Marjorie de Oliveira.pdf · Turismo de Saúde na cidade do Rio de Janeiro, com foco na

24

o paciente ainda vivos. Foram descobertos, também, sinais de que muitos desses

pacientes sobreviveram à cirurgia, morrendo tempos depois por outros motivos.

O principal medicamento dessa época, entretanto, era a água. O seu uso para

tratamento de males, de acordo com Silva e Barreira, (1994), remonta aos homens

primitivos, que descobriram quando lavadas, suas feridas e machucados

cicatrizavam de maneira mais rápida. Na Idade Antiga, os banhos foram utilizados

como forma de prevenção de doenças e utilizavam águas minerais.

Sendo assim, percebe-se que a saúde sempre foi uma preocupação da

humanidade. Entretanto, com o passar das eras, essa preocupação passa da

recuperação para a prevenção.

Com a expansão da economia do Mediterrâneo, a cultura e os ensinamentos

dessa região foram difundidos por todo o mundo. Algumas civilizações arcaicas

tinham grande influência sobre a região da Europa, como as civilizações do Norte da

África (Egito) e Ásia ocidental (Mesopotâmia). Os conhecimentos médicos da época

eram escritos em papiros e seu conteúdo continha:

[...] diagnósticos, tratamentos, prognósticos já estabelecidos; conhecimento exato de muitas afecções de causa visível; aplicação de conhecimentos práticos eficazes associados à magia e a encantamentos (MORAES et al, 2004).

Os primeiros deslocamentos para a busca por tratamentos de saúde

remontam às civilizações antigas, que utilizavam águas medicinais, principalmente

sobre a forma de banhos, para curas de doenças. Hammerl e Oliveira (2007)

afirmam que o Turismo de Saúde, como o conhecemos hoje, começou com as

Termas em Roma, quando as pessoas viajavam para se curarem com águas termais

e utilizavam de certos equipamentos turísticos, com a concepção parecida com a

dos atuais, como meios de transporte, meios de hospedagem, entre outros.

Eram comuns as viagens realizadas por grupos de pessoas que procuravam

por tratamentos nessas águas, principalmente quando seus lugares de origens não

possuíam termas. Estas, então, foram ganhando força, tanto para sua forma de

tratamento como de repouso. Os gregos e romanos são os povos com termas mais

populares, apesar de serem conhecidas, também, termas no Egito, Índia e terras

árabes (FERNANDES; FERNANDES, 2011).

Page 25: TURISMO DE SAÚDE NA CIDADE DO RIO DE JANEIRO: A …app.uff.br/riuff/bitstream/1/1592/1/198 - Marjorie de Oliveira.pdf · Turismo de Saúde na cidade do Rio de Janeiro, com foco na

25

Os famosos banhos públicos eram presentes em quase todas as cidades, e

somente os homens ricos podiam frequenta-los. Muitas casas de banho possuíam

um sofisticado sistema de aquecimento e algumas utilizavam, também, as

propriedades medicinais das águas minerais. A expressão Termalismo, referente ao

uso das termas, teve origem na região de Roma, durante o auge do período termal

(SILVA; BARREIRA, 1994).

As propriedades terapêuticas da água foram tendo seu declínio com a queda

do Império Romano do Ocidente e a chegada da Idade Média. Os deslocamentos de

pessoas durante esse período não tiveram como finalidade a saúde e bem-estar.

Estavam ligados às expansões e Cruzadas promovidas pela Igreja Católica, que

teve grande influência na época Medieval. Entre os Séculos V e XV, a doutrina

católica imperou nos feudos, fazendo com que o pensamento fosse voltado para a

religião e ensinamentos bíblicos (SCHMIDT, 2001). A Igreja Católica baniu as casas

de banhos, alegando serem espaços pecaminosos e de perversão. A limpeza

espiritual era mais importante que a limpeza física (FERNANDES; FERNANDES,

2011). As pragas e epidemias que assolaram essa época também colaboraram para

que o uso de banhos públicos fosse abandonado (SILVA; BARREIRA, 1994).

No Século XVI, com a Renascença, intensificou-se o movimento de produção

artística e científica, apreciando a razão e natureza, valorizando o ser humano e

seus pensamentos. Mudanças nos hábitos e costumes possibilitaram o retorno do

Termalismo (SILVA; BARREIRA, 1994). Houve, também, grande progresso na

medicina e anatomia, colocando um novo olhar sobre a saúde. Assim, a procura por

termas e águas medicinais, principalmente pelo fato de os estudos médicos usarem

fontes antigas com bases gregas e romanas, volta a fazer parte do cotidiano das

pessoas (ALVES, 2009).

Já nos séculos XVII e XVIII, os reis frequentavam as termas com suas

comitivas, fortalecendo o redescobrimento das termas. Como usavam apenas uma

parte do dia para se banharem, restava tempo para o desenvolvimento de outras

atividades. Segundo Silva e Barreira (1994, p.15), “criaram-se opções de

entretenimento que não tinham necessariamente alguma ligação com o aspecto

medicinal” e instalaram-se na região teatros, casas de ópera, cassinos, pistas de

corrida, livrarias, salões de baile, etc., fortalecendo o turismo a essas áreas (SILVA;

BARREIRA, 1994).

Page 26: TURISMO DE SAÚDE NA CIDADE DO RIO DE JANEIRO: A …app.uff.br/riuff/bitstream/1/1592/1/198 - Marjorie de Oliveira.pdf · Turismo de Saúde na cidade do Rio de Janeiro, com foco na

26

No Brasil, os índios já utilizavam a água para diversos tratamentos, mas as

primeiras fontes de água natural foram encontradas a partir do século XVIII e foram

introduzidas “junto com a colonização portuguesa, que trouxe ao País seus hábitos

de usar águas minerais para tratamento de saúde” (MTur, 2008, p.6). Muitas águas

possuíam gosto e odores diferentes, o que as diferenciavam das águas comuns. As

águas que “brotavam” dos solos traziam consigo minerais que amenizavam sintomas

de algumas doenças (MTur, 2010). Os donos das terras onde as fontes se

encontravam começaram, então, a comercializar seu produto, criando um aspecto

comercial para a atividade.

A partir do século XIX, a instalação de ferrovias impulsionou ainda mais o

deslocamento por tratamentos com águas termais, pois facilitou o acesso às fontes

naturais. O avanço da ciência também ajudou, pois comprovou as propriedades

medicinais das águas (BRASIL, 2010). Com a crescente demanda pelas termas,

foram sendo criados equipamentos para receber esses viajantes, como hospedarias,

alimentação, transporte. Nasce, assim, o Turismo de Saúde.

Villar (2004) afirma que há um grande avanço da medicina nos séculos XVIII,

XIX e início do XX, devido às muitas epidemias e enfermidades da época. Com a

Segunda Guerra Mundial, houve um avanço da indústria farmacêutica, começando a

era dos antibióticos e corticoides. O efeito rápido de medicamentos fez com que a

terapia com águas fosse, novamente, decaindo (SILVA; BARREIRA, 1994). De

acordo com o Ministério do Turismo, com esse avanço na medicina aumentou o

interesse das pessoas nessas novas formas de cura. Houve, então, uma busca por

“centros urbanos, dotados de instalações e avançados equipamentos médico-

hospitalares” (BRASIL, 2010, p.14).

Por outro lado, o progresso também trouxe o chamado “estresse urbano” ao

cenário social. Este, somado à crescente valorização da estética levou as pessoas,

segundo o Ministério do Turismo, a procurarem por tratamentos anti-estresse e

estéticos. Há a volta dos tratamentos com águas termais, a procura por balneários e

o surgimento de spas e hotéis de lazer, com produtos e serviços específicos para

esse público.

Page 27: TURISMO DE SAÚDE NA CIDADE DO RIO DE JANEIRO: A …app.uff.br/riuff/bitstream/1/1592/1/198 - Marjorie de Oliveira.pdf · Turismo de Saúde na cidade do Rio de Janeiro, com foco na

27

2.2.2 A saúde moderna: busca por tratamentos eficientes

Hoje em dia, a prática do Turismo de Saúde é diferente dos tempos antigos.

O deslocamento para tratamentos deixou de ser excepcionalmente para a cura de

doenças, mas também para descanso e relaxamento (cura da mente cansada) e

estética (tratamentos de beleza com ou sem cirurgias). De acordo com Silva e

Barreira (1994) há, também, uma preocupação com a manutenção e prevenção de

doenças, o que influencia as pessoas a procurarem por destinos com melhores

médicos e tratamentos. Alguns destinos foram entrando em declínio, enquanto

outros foram sendo consolidados, pois oferecem novos tratamentos e criam

diferenciais atrativos aos olhos dos turistas.

A saúde é algo muito importante para ser arriscada por um profissional

inexperiente ou por um hospital que não seja adequado às normas de higiene e

segurança. Cada vez mais as pessoas buscam por melhores tratamentos, mesmo

que sejam em outros países. Segundo Godoi (2009, p.15), os fatores que levam os

pacientes a viajar por saúde são:

[...] falta de um convênio ou seguro médico que custeie as despesas médicas e/ou hospitalares; inexistência de cobertura pelo convênio ou seguro médico para o procedimento solicitado; redução de custo ou economia com o procedimento; restrições do sistema de saúde local, de infraestrutura e/ou legais; conciliar turismo e tratamento médico; país ser referência internacional em determinada especialidade com intervenção de qualidade similar ou superior à local e diáspora.

Com o passar do tempo, muitos países se destacaram no atendimento

médico e tratamentos de saúde. O estímulo ao crescimento tem grande influência da

globalização, quando o acesso à saúde e à informação ficou mais fácil. Além do

mais, houve um grande avanço tecnológico no mundo moderno, que fez com que a

cura e soluções de problemas tivessem que ser mais rápidas (GODOI, 2009).

O que mais estimula o crescimento do turismo médico mundial, hoje em dia,

são as alterações na tecnologia, no comportamento e na demografia. Ou seja, há

muitas inovações tecnológicas, que tornam a busca por serviços mais rápida e

eficiente e o risco de intervenções cirúrgicas menores; a mudança na mentalidade

das pessoas, que buscam serviços médicos melhores e em vista da prevenção de

Page 28: TURISMO DE SAÚDE NA CIDADE DO RIO DE JANEIRO: A …app.uff.br/riuff/bitstream/1/1592/1/198 - Marjorie de Oliveira.pdf · Turismo de Saúde na cidade do Rio de Janeiro, com foco na

28

doenças e o envelhecimento da população, que teve a necessidade maior por

serviços de saúde, além da longevidade e a busca por melhor qualidade de vida.

O turismo de saúde passou a ser mais do que o deslocamento de pessoas

em busca de médicos, pois há a “possibilidade de envolvimento do paciente em

alguma atividade turística, cultural ou de lazer durante o tratamento” (GODOI, 2009,

p.17), conciliando necessidade com prazer, conhecimento e experiências culturais.

Conforme explicado por Godoi (2010, p.1), o turismo de saúde: “pode ser

entendido simplesmente como o deslocamento de pessoas entre países em busca

de tratamento médico a um custo menor sem abrir mão da segurança e da

qualidade do serviço médico prestado”.

Vários fatores contribuíram para o desenvolvimento do turismo de saúde.

Com base em Bolis (2001; apud FROZÉ; GIANOTTI; GIANOTTI, 2010), as razões

para as pessoas buscarem serviços de saúde no exterior são: a falta de serviços no

país de origem, baixo custo e boa qualidade nos países pouco desenvolvidos,

sentimento de segurança de pessoas residentes no exterior, regressando ao seu

país de origem para receber tratamentos médicos e integração regional, que

promove facilidade das pessoas em transladar de um lugar para o outro.

Segundo Fernandes e Fernandes (2011), os países receptores que mais

atraem turistas para tratamentos médicos são: África do Sul, Brasil, Chile, Colômbia

Coréia do Sul, Costa Rica, Cuba, Dubai, El Salvador, Filipinas, Guatemala, Hungria,

Índia, Israel, Jordânia, Malásia, México, Panamá, Singapura, Tailândia, Tunísia,

Turquia e Vietnã.

Os procedimentos médicos mais procurados no mundo são, de acordo com

Godoi (2009), os de ortodontia, cirurgia plástica, ortopedia e cirurgia cardiovascular.

A medicina do bem-estar também está em alta, como uma alternativa aos

tratamentos que tenham intervenções médicas. A indústria de turismo médico

movimenta US$ 40 bilhões em cirurgias, como cardíaca e plástica, e em tratamentos

como dentário e de fertilidade, de acordo com a reportagem da Natália Paiva do

jornal Folha de São Paulo4.

Segundo a reportagem “Recife discutirá turismo de saúde”5, a cidade com

maior fluxo de turistas de saúde é São Paulo, seguida por Recife e Rio de Janeiro. O

país está investido, cada vez mais, em tecnologias para as cirurgias e na 4Folha de São Paulo, São Paulo, Turismo médico mundial gira US$ 40 bilhões, 21/02/2012. 5 Jornal do Commércio, Pernambuco, Recife discutirá turismo de saúde, 01/09/2011.

Page 29: TURISMO DE SAÚDE NA CIDADE DO RIO DE JANEIRO: A …app.uff.br/riuff/bitstream/1/1592/1/198 - Marjorie de Oliveira.pdf · Turismo de Saúde na cidade do Rio de Janeiro, com foco na

29

capacitação de profissionais da área de saúde. Segundo dados do Ministério do

Turismo (BRASIL, 2011), esse segmento atrai cerca de 31 mil pacientes por ano ao

Brasil.

Com a globalização, ficou mais fácil para os países em desenvolvimento

terem uma tecnologia e profissionais no mesmo nível de qualidade do que os dos

países desenvolvidos. Há um aumento na pesquisa médica dos países do terceiro

mundo, por conta dessa demanda em crescimento. As que estão em alta são

cirurgia bariátrica e tratamento com células-tronco (PAIVA, 2012).

Segundo, ainda, a reportagem de Natália Paiva6, Cingapura contou com um

apoio em larga escala de agências estatais para se tornar um dos principais centros

de diagnóstico avançado. Mesmo assim, seus hospitais mais caros chegam a cobrar

até 40% menos que os dos Estados Unidos. A Coreia do Sul teve um aumento de

8.000 pacientes estrangeiros para 82 mil de 2009 para cá e ainda pretende chegar a

300 mil até 2015. Oferece cirurgia robótica e terapia de proton beam para tratar

câncer por radiação a "preços acessíveis".

A reportagem completa dizendo que por ano são 6 (seis) milhões de viajantes

em busca de tratamentos de saúde e que a maior parte desses estrangeiros provém

dos Estados Unidos, onde os serviços médicos são um dos mais caros do mundo,

tendo, ainda, muitas pessoas sem seguros ou subseguradas.

O Brasil vem se destacando no turismo médico internacional, não somente

pelos preços baixos, mas também pela qualidade no atendimento. A figura abaixo

(Figura 2) mostra que os países de terceiro mundo vêm ganhando força no turismo

médico internacional, pois oferecem preços mais competitivos em relação aos

Estados Unidos.

6 Folha de São Paulo, São Paulo, Turismo médico mundial gira US$ 40 bilhões, 21/02/2012.

Page 30: TURISMO DE SAÚDE NA CIDADE DO RIO DE JANEIRO: A …app.uff.br/riuff/bitstream/1/1592/1/198 - Marjorie de Oliveira.pdf · Turismo de Saúde na cidade do Rio de Janeiro, com foco na

30

Figura 2: Pelo Mundo: principais destinos e tratamentos dos “pacientes-turistas”

Fonte: Folha Online, 2012.

Com o crescimento que o Brasil vem tendo com o turismo de estética, não é

difícil encontrar empresas especializadas em trazer pacientes de outros países para

se tratarem nas clínicas e hospitais brasileiros. É o caso da SPHERA Internacional,

uma empresa que lida com os trâmites burocráticos para que o paciente possa ser

tratado me outro país.

A SPHERA Internacional afirma em seu sítio eletrônico7 que o Brasil está se

destacando na saúde, por sua tecnologia, dedicação e competência nos setores de

cirurgia plástica, cirurgia para redução de peso, tratamentos odontológicos,

ortopedia, dermatologia, implante capilar, medicina esportiva, procedimentos de

reabilitação, check-ups completos. Além disso, mostra em sua página que o Brasil é

perfeito para a prática do turismo, com muitas possibilidades de lazer, descanso e

cultura, alegando que o paciente e sua família poderão ter uma temporada

agradável, enquanto cuidam da saúde.

A Universidade de Montreal realizou um estudo sobre o turismo de saúde na

América Latina, divulgado pelo jornal Developing World Bioethics. De acordo com o

pesquisador Williams-Jones, a última década foi marcada por um boom de clínicas 7 SPHERA INTERNACIONAL. Disponível em: <http://www.brazilmedicaltourism.com/>. Acesso em 28 abr. 2012.

Page 31: TURISMO DE SAÚDE NA CIDADE DO RIO DE JANEIRO: A …app.uff.br/riuff/bitstream/1/1592/1/198 - Marjorie de Oliveira.pdf · Turismo de Saúde na cidade do Rio de Janeiro, com foco na

31

de fertilidade privadas nos países em desenvolvimento. O principal atrativo desses

lugares é justamente o preço mais baixo. Além do mais, as clínicas divulgam um

pacote completo: preços fixos, hospedagem, traslados, intérpretes e tratamentos de

fertilidade (UNIVERSIDADE DE MONTREAL, 2009).

Williams-Jones continua, dizendo que os países com maior envolvimento na

área de fertilidade são, ainda, a Índia e a Polônia, mas já encontram concorrência no

mercado latino-americano. Países como Brasil, Chile, México e Argentina já estão

virando o alvo de pacientes da América do Norte e Europa. A principal via de

informação é a Internet (UNIVERSIDADE DE MONTREAL, 2009).

Em vista desse grande crescimento do turismo de saúde, os hospitais e

clínicas enfrentam uma concorrência que não existia anos atrás. Há, então, uma

tendência sobre o Turismo de Saúde: uma maior preocupação com a Hotelaria

Hospitalar, pois, segundo Taraboulsi (2009; p.2) é: “uma tendência que veio para

livrar os hospitais da ‘cara de hospital’ e que traz em sua essência uma proposta de

adaptação a nova realidade do mercado, modificando e introduzindo novos

processos, serviços e condutas”.

Essa nova compreensão dos serviços hospitalares veio a partir do

reconhecimento de alguns gestores sobre quem é realmente o cliente de saúde:

pessoas enfermas, familiares, acompanhantes e visitantes. Segundo Taraboulsi

(2009), esse cliente se difere do hospitalar, pois, em muitos casos, não está doente,

como o paciente que busca uma cirurgia estética, por exemplo.

Uma mudança que o aumento da demanda por serviços médicos trouxe

foram as novas oportunidades de negócios ligados ao atendimento de um cliente de

serviços. Atender a esse tipo de cliente traz implicações próprias, pois se trata de

um produto intangível e com consequências diretas ao cliente, por se tratar se sua

saúde. Para isso, são necessários equipamentos próprios voltados para a saúde,

além da adaptação de outros para o turista de saúde. Essa mudança impacta no

desenvolvimento econômico do país e na distribuição de renda (GODOI, 2009).

Page 32: TURISMO DE SAÚDE NA CIDADE DO RIO DE JANEIRO: A …app.uff.br/riuff/bitstream/1/1592/1/198 - Marjorie de Oliveira.pdf · Turismo de Saúde na cidade do Rio de Janeiro, com foco na

32

2.3 TURISMO MÉDICO

O Turismo Médico envolve as práticas de tratamentos curativos, baseados em

cirurgias, transplantes e tratamentos de saúde que necessitem da intervenção de um

médico especializado e conceituado, além de uma infraestrutura própria adequada,

com clínicas e hospitais que prestem os cuidados necessários ao paciente

(FERNANDES; FERNANDES, 2011).

Godoi (2009, p.14) afirma que o Turismo Médico pode ser definido como:

[...] a viagem de uma pessoa a outro país em busca de tratamento, de cuidado médico ou bem-estar físico, psicológico e espiritual, normalmente associado a benefícios, podendo ou não envolver atividades turísticas, culturais e de lazer.

O autor completa, ainda, dizendo que o turismo médico vem sendo entendido

como um conjunto de serviços com alto valor agregado, com viagens para

tratamentos médicos ou recuperação da saúde.

A definição que inclui a estética como uma das práticas do Turismo Médico

vem do Ministério do Turismo (BRASIL, 2010, p.17):

Deslocamentos motivados pela realização de tratamentos e exames diagnósticos por meio do acompanhamento de recursos humanos especializados e integrados em estruturas próprias, tendo como objetivo tanto a cura ou a amenização dos efeitos causados por diferentes patologias, como fins estéticos e terapêuticos.

Hall (2009, apud HALL, 2011) traz dois conceitos das Nações Unidas e

Comissão Social da Ásia e Pacífico: a diferença entre medical travel (“viagem

médica”, tradução livre) e medical tourism (“turismo médico”, tradução livre). Essa

“viagem médica” seria um deslocamento individual de pessoas que buscam por

tratamentos médicos em outros países por não existir em seu país de origem, ou por

longas filas de espera ou por simplesmente ser melhor em outro lugar. O “turismo

médico” seria especificamente a tendência mundial que essas “viagens médicas”

estão tendo em combinação com serviços turísticos comuns. Ou seja, para ser

turismo médico, tem que utilizar equipamentos turísticos.

Page 33: TURISMO DE SAÚDE NA CIDADE DO RIO DE JANEIRO: A …app.uff.br/riuff/bitstream/1/1592/1/198 - Marjorie de Oliveira.pdf · Turismo de Saúde na cidade do Rio de Janeiro, com foco na

33

Um conceito mais simples de turismo médico é apresentado por Balaban e

Marano (2010, apud HALL, 2011), alegando ser qualquer viagem com o propósito de

realizar um tratamento médico.

Segundo Godoi (2009), o termo “Turismo Médico” é mais conhecido pelo

mundo, embora o termo “Turismo de Saúde” seja bastante empregado. No Brasil, a

definição mais utilizada é a de “Turismo de Saúde”, pois é mais abrangente e

relaciona-se, também, a outros tipos de tratamentos que não exigem intervenção

médica. Porém, com o crescimento da medicina brasileira e a exportação cada vez

maior de médicos e tratamentos, o termo “Turismo Médico” está sendo cada vez

mais usado no país. Esse trabalho acadêmico terá como tema principal o Turismo

de Estética, sub-segmento do Turismo de Saúde e que será abordado a seguir.

Page 34: TURISMO DE SAÚDE NA CIDADE DO RIO DE JANEIRO: A …app.uff.br/riuff/bitstream/1/1592/1/198 - Marjorie de Oliveira.pdf · Turismo de Saúde na cidade do Rio de Janeiro, com foco na

34

3 TURISMO DE ESTÉTICA

O turismo de estética envolve “tratamentos profiláticos, terapêuticos ou de

reabilitação, bem como de relaxamento, recuperação e beleza ou estética”

(FERNANDES; FERNANDES, 2011, p.36) e deve ser considerado como “uma

modalidade de turismo médico e abrange diversos tipos de tratamentos,

principalmente cirurgias plásticas, muitas vezes designado turismo de bisturi”

(FERNANDES; FERNANDES, 2011, p.89)

Esses tratamentos podem compreender intervenções cirúrgicas, como

lipoaspirações e colocações de próteses de silicone que, segundo Godoi (2009),

vêm colocando o Brasil no ranking dos destinos estéticos mais procurados para a

realização desses procedimentos ou, simplesmente, pode ser um tratamento

simples, como aplicação de botox ou peeling facial, que vêm tendo grande

crescimento no país, segundo a repostagem Plástica não invasiva se torna a mais

comum8 (AGÊNCIA ESTADO, 2010).

O depoimento do médico e Professor Ivo Pitanguy para o sítio eletrônico de

sua clínica diz que:

A busca da cirurgia plástica emana de uma finalidade transcendente. É a tentativa de harmonização do corpo com o espírito, da emoção com o racional, visando estabelecer um equilíbrio que permita ao indivíduo sentir-se em harmonia com sua própria imagem e com o universo que o cerca (PITANGUY, 2012).

De acordo com a Sociedade Internacional de Cirurgia Plástica Estética

(ISAPS, no original em inglês), o Brasil é o terceiro país em número de cirurgias

plásticas realizadas no mundo, atrás somente dos Estados Unidos e da China.

O turismo de estética conta com um agravante: o tratamento tem que ser

perfeito. Há um grande risco de insatisfação por parte do paciente aos resultados

obtidos, já que, por se tratar da estética, o resultado deve ser perfeito. Segundo

Fernandes e Fernandes (2011), os tratamentos devem ser realizados durante o

período de outono ou inverno, pois as exposições ao calor e ao sol podem

8 AGÊNCIA ESTADO. Plástica não invasiva se torna a mais comum. Disponível em: <http://g1.globo.com/brasil/noticia/2010/08/plastica-nao-invasiva-se-torna-a-mais-comum.html>. Acesso em: 20 abr. 2012.

Page 35: TURISMO DE SAÚDE NA CIDADE DO RIO DE JANEIRO: A …app.uff.br/riuff/bitstream/1/1592/1/198 - Marjorie de Oliveira.pdf · Turismo de Saúde na cidade do Rio de Janeiro, com foco na

35

comprometer o resultado final esperado. Para isso, além de um bom diálogo anterior

com o paciente, a clínica ou hospital deve contratar cirurgiões acreditados, utilizar

tecnologia de ponta, estar dentro das normas da vigilância sanitária e obedecer a

todos os requisitos previstos pelo conselho Federal de Medicina (CFM)

(FERNANDES; FERNANDES, 2011).

O Brasil vem demonstrando os seus avanços na área de saúde com médicos

competentes, hospitais de primeira linha, investimentos em tecnologia e, tudo isso, a

preços acessíveis. O mesmo vem acontecendo com a medicina estética. O médico e

professor Ivo Pitanguy colocou o Brasil no mapa das cirurgias plásticas. O país atrai

pacientes do mundo todo, em busca do “corpo brasileiro”.

Entre os países que realizaram mais cirurgias plásticas, a Sociedade

Internacional de Cirurgia Plástica e Estética (ISAPS, no original em inglês) afirma

que são os Estados Unidos, seguido pelo Brasil, China, Índia e Japão,

respectivamente, de acordo com Fernandes e Fernandes (2011). Os autores

destacam, também, Argentina, Chile, Colômbia, Costa Rica, Cuba, Itália, Malásia,

México, Tunísia e Turquia (FERNANDES; FERNANDES, 2011). Os procedimentos

mais realizados são: Lipoaspiração (remoção de gorduras), Mamoplastia (redução

dos seios femininos), Blefaroplastia (levantamento das pálpebras), Rinoplastia

(plástica do nariz) e Abdominoplastia (remoção de gorduras e peles do abdômen). A

colocação dos países se repete no que diz respeito aos procedimentos estéticos não

cirúrgicos, sendo os mais realizados: aplicação de Toxina Botulínica tipo A (Botox

Dysport), injeção de ácido hialurônico (preenchimento de rugas e aumento de

volume de certas áreas do corpo), injeção autóloga de gordura (enxerto de gordura),

depilação a laser, tratamento Laser IPL (emissão de ondas de calor para perda de

gordura) (FERNANDES; FERNANDES, 2011).

O grande problema do turismo médico estético hoje em dia é a banalização

das cirurgias plásticas. Um repórter do programa Fantástico, na reportagem

Brasileiras se ariscam em cirurgias plásticas no Paraguai e na Bolívia9, declarou que

“é cada vez maior o número de pacientes brasileiras em cirurgiões plásticos

estrangeiros. O motivo são os preços baixos”. Um cirurgião boliviano chega a

realizar até 10 cirurgias por dia. O médico José Horácio Aboudib, presidente da

Sociedade Brasileira de Cirurgiões Plásticos, declarou que “não há a intenção de

9 Programa Fantástico, Rede Globo, Brasileiras se ariscam em cirurgias plásticas no Paraguai e na Bolívia, 20/11/2011.

Page 36: TURISMO DE SAÚDE NA CIDADE DO RIO DE JANEIRO: A …app.uff.br/riuff/bitstream/1/1592/1/198 - Marjorie de Oliveira.pdf · Turismo de Saúde na cidade do Rio de Janeiro, com foco na

36

oferecer um bom serviço” nesses outros países. Até porque, a paciente realiza a

cirurgia e volta ao seu país de origem, não tendo mais contato com o médico10.

O presidente do Conselho Federal de Medicina alerta para a conduta antiética

dos médicos em geral: aceitar tudo o que o paciente diz, pois ele vai com ânsia, na

vontade de realizar várias cirurgias ao mesmo tempo e, em muitos casos, nem são

necessárias; fazer consulta por telefone, pois o médico não analisa o que realmente

o paciente precisa; exames de última hora, pois podem não acusar algum problema

sério que levará a complicações na cirurgia; oferecer serviços grandes de graça,

pois todo serviço médico necessita de uma mão de obra de ajuda, como

anestesistas, enfermeiros, instrumentadores, que precisam ser pagos e clínicas sem

Unidade de Tratamento Intensiva (UTI), pois o paciente pode precisar com urgência

de tratamento por causa de alguma complicação11.

Segundo o presidente da Associação Boliviana de Cirurgiões Plásticos, o

médico Marcelo Salvatierra para a reportagem do programa Fantástico12, esse tipo

de turismo médico vem sustentando a economia das cidades que fazem fronteira

com o Brasil e onde a fiscalização é pequena. Ele afirma, inclusive, que muitas

cirurgias são realizadas por médicos que não possuem especialização em Cirurgia

Plástica.

Esse tipo de turismo médico sem fiscalizações e com resultados negativos

não vem ocorrendo no Brasil. Médicos como o Ivo Pitanguy elevaram o status dos

procedimentos estéticos que vem sendo realizados dentro do país. Por isso é

comum que cada vez mais, estrangeiros e brasileiros procurem médicos brasileiros

para a realização de cirurgias plásticas.

De acordo com a Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP), o

universo da plástica está presenciando a chamada “revolução dos 60”. Esse termo é

usado para designar a pessoas maiores de 60 anos que estão realizando plásticas

hoje em dia. Os cirurgiões afirmam que, antigamente, realizar uma cirurgia plástica

em uma pessoa maior de 60 anos era perigoso, um risco. Atualmente, com o avanço

da medicina e das tecnologias empregadas nas cirurgias, esse risco diminuiu muito.

Há 20 anos não havia os cremes combatentes dos primeiros sinais de rugas,

que hoje já são aplicados por jovens de 25 anos, nem produtos como Botox, laser e 10 Programa Fantástico, Rede Globo, Brasileiras se ariscam em cirurgias plásticas no Paraguai e na Bolívia, 20/11/2011. 11 Idem nota 10. 12 Idem nota 10.

Page 37: TURISMO DE SAÚDE NA CIDADE DO RIO DE JANEIRO: A …app.uff.br/riuff/bitstream/1/1592/1/198 - Marjorie de Oliveira.pdf · Turismo de Saúde na cidade do Rio de Janeiro, com foco na

37

preenchimentos, que suavizam a expressão dos 40 ou 50 anos. A pele da mulher

moderna é mais elástica, devido aos tratamentos de beleza que estão submetidas

desde sempre. Isso, somado a melhoria das condições gerais de saúde, dos

hospitais e a maior quantidade de informações sobre as cirurgias, tem como

resultado a diminuição significativa das complicações cirúrgicas e os resultados são

mais naturais.

De acordo com o Portal G1 de Notícias (2010), a Sociedade Internacional de

Cirurgia Plástica Estética (ISAPS) realizou uma pesquisa13 sobre os procedimentos

estéticos mais realizados e o resultado é de que os cirurgiões plásticos realizam hoje

mais procedimentos não invasivos, como aplicações de Botox, colágeno e ácido

hialurônico, do que cirurgias estéticas propriamente ditas.

A pesquisa14 aponta o Brasil como o terceiro país em número de cirurgias

plásticas realizadas no mundo, atrás somente dos Estados Unidos e da China. A

ISAPS informou que não existem pesquisas anteriores para comparação de dados,

mas não ignora o fato de que houve uma grande mudança no cenário da estética

mundial. Segundo o médico João Carlos Sampaio Góes, ex-presidente da ISAPS,

essa mudança é uma tendência que vem de anos atrás. O cirurgião plástico

somente identificou uma oportunidade em um nicho de mercado que antes era

ocupado apenas por dermatologistas (AGÊNCIA ESTADO, 2010).

Ainda segundo a reportagem do Portal G115,o crescimento dos procedimentos

estéticos não cirúrgicos se deve ao fato de que possuem um custo mais baixo em

relação às cirurgias e seu uso está sendo feito por muitos pacientes jovens, que não

necessitam de grandes intervenções.

Enquanto o mundo tem por padrão de beleza a magreza exagerada, no Brasil

as curvas estão sendo cada vez mais valorizadas16. Brasileiras e estrangeiras

pagam para serem esculpidas nas mesas de cirurgia e terem seios e nádegas

maiores, além de cintura e quadris, buscando o chamado corpo curvilíneo perfeito. O

Brasil ser considerado como o país das mulheres bonitas e sensuais faz com que o

fluxo de pacientes para realizar cirurgias plásticas aumente cada vez mais,

13 AGÊNCIA ESTADO. Plástica não invasiva se torna a mais comum. 15/08/2010. 14 Idem nota 13. 15 Idem nota 13. 16 Roberta Jansen para O Globo online. Pela cirurgia plástica, brasileiras buscam seios e nádegas maiores. 15/08/2010.

Page 38: TURISMO DE SAÚDE NA CIDADE DO RIO DE JANEIRO: A …app.uff.br/riuff/bitstream/1/1592/1/198 - Marjorie de Oliveira.pdf · Turismo de Saúde na cidade do Rio de Janeiro, com foco na

38

valorizando o Turismo Estético e divulgando os avanços da medicina brasileira pelo

mundo.

O que mais contribui para o crescimento do turismo de estética no Brasil é a

fama das mulheres brasileiras no exterior. A nação brasileira é formada por

diferentes perfis genéticos (principalmente indígena e africana), o que ajudou a

mulher a ter o corpo mais curvilíneo e com mais formas. Além disso, existe o fato de

o Brasil ter uma grande extensão de praias e ter clima tropical faz com que muitas

pessoas usem roupas pequenas e que deixem o corpo mais à mostra. Isso

influencia para a busca de um corpo perfeito (GOLDENBERG, 2002).

3.1 A BUSCA PELA BELEZA: DOS ENFEITES AO BISTURI

A preocupação com a beleza remonta aos tempos antigos. O ser humano

sempre procurou adornos para enfeitar-se, mostrando beleza e, na maioria dos

casos, seu status dentro da sociedade. Algumas práticas para a beleza incluíam

modificações corporais permanentes em uma busca pelo perfeito. Desde aqueles

tempos e até os dias de hoje a mulher é a que mais procura atingir a esse padrão de

beleza.

Há 25 mil anos o conceito de estética estava diretamente relacionado com o

conceito de fertilidade. A mulher precisava ser gorda, para poder aguentar a

gravidez e dar sustento ao seu filho. A reprodução mais famosa desse período é a

Vênus de Willendorf, também conhecida como Mulher de Willendorf. Trata-se de

uma estatueta com cerca de 14 centímetros, representando uma mulher com barriga

e seis fartos (KRINOY, 2011).

Em seu livro Nova História Crítica, o Professor e Historiador Mario Schmidt

(2001) afirma que no período paleolítico, o homem começa a se reunir em grupos,

fixando-se na terra e ficando mais sedentário. É nesse período que surgem os

primeiros sinais de vaidade. O homem pré-histórico já se enfeitava, usando a pele

de sua caça como uma espécie de vestimenta, não só para proteger-se do frio, mas

também como uma forma de mostrar sua força e poder dentro de seu grupo.

Pedaços de ossos e pedras serviam como pingentes de colares e adornos para os

cabelos. Já os feiticeiros e curandeiros adornavam o corpo com pinturas “mágicas”.

Page 39: TURISMO DE SAÚDE NA CIDADE DO RIO DE JANEIRO: A …app.uff.br/riuff/bitstream/1/1592/1/198 - Marjorie de Oliveira.pdf · Turismo de Saúde na cidade do Rio de Janeiro, com foco na

39

Com a evolução do homem, surgiram as primeiras pinturas de guerras. Com o

surgimento das civilizações, o homem procurou formas diferentes de se enfeitar.

Surgem, assim, os produtos de maquiagem a base de carvão para os olhos, henna e

outros resíduos naturais. No Egito Antigo, os homens e mulheres mais ricos

utilizavam as sedas mais finas, colares de ouro e pedras preciosas, perucas e kohl,

a maquiagem típica egípcia, conhecida pelos olhos bem marcados. Cleópatra

mostrou que não era somente com a maquiagem que a mulher precisava se

importar. A eterna rainha do Egito imortalizou seu tratamento de beleza, banhando-

se em leite, cobrindo as faces com argila e maquilando seus olhos com pó de kohl

(PANDOLFO, 2008).

Em Roma, a preocupação com a beleza se dava através do banho diário e os

banhos de sol; atividades físicas; uso de maquiagem, perfumes e unguentos e as

ervas mastigadas para evitar o mau hálito. Algumas mulheres usavam máscaras de

farinha, miolo de pão e leite durante a noite sobre o rosto para melhorar a pele

(PANDOLFO, 2008). Já na Grécia, estátuas de deuses eram criadas com

proporções perfeitas, mostrando o padrão de beleza da época e deixando o bordão

“deus grego” na história. Para os gregos, a aparência de seu corpo era mais

importante do que a maquiagem que usavam (ULLMANN, 2005).

Na China, as mulheres quebravam os pés e os dobravam, para que ficassem

pequenos. Na Europa Medieval as pessoas usavam roupas que cobriam o corpo

todo, com tecidos grossos e bordados (SCHMIDT, 2001).

No século XV o Renascimento trouxe outro padrão de beleza para o ocidente.

Vigarello (2006) comenta que ateliês ficaram repletos de pinturas de mulheres nuas,

exibindo seus corpos “rechonchudos”. A beleza ideal era o oposto do que a Europa

Medieval estava acostumada: saem os quadros com temas religiosos e pinturas de

paisagem e entram os quadros com as mulheres belas.

É nesse mesmo período que surgem os espartilhos, peças do vestuário íntimo

da mulher que apertavam as cinturas, levantavam os seios e valorizavam a forma

feminina. O espartilho, entretanto, era praticamente um objeto de tortura, pois

dificultava a respiração e, em alguns casos, impedia a mulher de se sentar

(PRIORE, 2000).

Nessa intensidade de informação sobre o corpo perfeito, cresce a

preocupação com a beleza. Concomitantemente, é mais aceita a preocupação com

os cuidados com o corpo e o apego à estética e ao prazer. No mesmo período dos

Page 40: TURISMO DE SAÚDE NA CIDADE DO RIO DE JANEIRO: A …app.uff.br/riuff/bitstream/1/1592/1/198 - Marjorie de Oliveira.pdf · Turismo de Saúde na cidade do Rio de Janeiro, com foco na

40

quadros nus, os escritores descreviam com palavras aquilo que era belo para a

época (VIGARELLO, 2006).

Esse período é conturbado, pois, se por um lado a beleza e a estética

estavam cada vez mais presentes no mundo ocidental, os padrões não estavam

bem definidos. O culto ao corpo ainda é algo recente na sociedade e começou pelos

olhares de cada um e foi passando para aquilo que os pintores e escritores

colocavam como belo. Começa, então, a padronização do “belo” e da busca pela

moda.

No século XX houve a revolução do mundo da moda. Estilistas como

Christian Dior, Coco Chanel e Yves Saint Laurent ditavam as tendências em roupa,

maquiagem e acessórios. Começam os grandes desfiles e as modelos de passarela

passam a ser o padrão de beleza (GARCIA, 2012).

Foi também no século XX que a medicina teve um grande salto. Segundo o

médico Lybio Martire Junior, da Sociedade Brasileira de História da Medicina

(SBHM)17 a descoberta da anestesia geral impulsionou os estudos de cirurgias no

mundo. Mas foi com a Primeira Guerra Mundial e a necessidade de cirurgias

reparadoras que a Cirurgia Plástica oficializa-se como especialidade médica (alguns

registros mostram que por volta de 1840 alguns transplantes de pele para reparar

feridas foram bem sucedidos) (MARTIRE JUNIOR, 2005).

É importante ressaltar que, dependendo da localização da civilização, o

padrão de beleza é diferente por causa da cultura e costumes locais. Sendo assim,

as práticas realizadas para se atingir esse padrão serão diferentes.

Com o grande avanço da medicina e das cirurgias, o padrão de beleza foi

sendo elevado a outro nível. Surgiram as cirurgias reparadoras e construtoras,

aplicações de silicone e lipoaspirações. A busca pela beleza chegou ao nível de

mudança radical na aparência das pessoas. Passou dos espartilhos para o bisturi.

Segundo Martire Junior (2005), a vinda da Família Real para o Brasil em 1808

trouxe consigo o avanço nas escolas de medicina. D. João VI cria, estimulado pelo

cirurgião-mor do reino de Portugal, José Maria Picanço (brasileiro de Recife formado

em Lisboa), as Escolas de Cirurgia, a primeira na Bahia e a segunda no Rio de

Janeiro, marcos do nascimento do ensino superior de medicina no país.

17 Médico Lybio Martire Junior; Sociedade Brasileira de História da Medicina (SBHM). Disponível em: <http://www.sbhm.org.br/>

Page 41: TURISMO DE SAÚDE NA CIDADE DO RIO DE JANEIRO: A …app.uff.br/riuff/bitstream/1/1592/1/198 - Marjorie de Oliveira.pdf · Turismo de Saúde na cidade do Rio de Janeiro, com foco na

41

A primeira clínica específica em cirurgia plástica no Brasil surge na década de

30, na cidade de São Paulo, criada por José Rebello Netto na Santa Casa de

Misericórdia. No final dessa década a cirurgia plástica brasileira já era conhecida e

respeitada em outros países. Em 1939 o médico argentino Ernesto Malbec procura

pelo cirurgião brasileiro Antonio Prudente, sugerindo a criação de uma sociedade

que congregasse especialistas em cirurgia plástica de toda a América Latina

(MARTIRE JUNIOR; 2005).

Surge, então, a Sociedade Latino Americana de Cirurgia Plástica, em 6 de

julho de 1940, com sede em São Paulo. A cirurgia plástica brasileira começava a

delinear seu papel de liderança na América Latina e a salientar-se mundialmente

(MARTIRE JUNIOR; 2005).

Em 1948, de acordo com Martire Junior (2005), Rebello Neto sugere a criação

da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, tendo 07 de Dezembro como data de

fundação. E em 1949, o médico Ivo Pitanguy iniciou suas atividades no pronto

socorro do Hospital Souza Aguiar e, posteriormente, em 1954 criou o serviço de

Cirurgia Plástica Reparadora da Santa Casa de Misericórdia do Rio de Janeiro.

A partir de 1950 os serviços de cirurgia plástica em hospitais nas capitais

brasileiras e em outras cidades passam a se multiplicar, começando a surgir novos

cirurgiões, especialistas com formação específica e dedicando-se integralmente à

especialidade. A partir das décadas de 60 e 70, a cirurgia plástica brasileira já é vista

como uma das melhores do mundo (MARTIRE JUNIOR; 2005).

O grande boom da indústria de beleza brasileira ocorreu com a abertura do

mercado na pós-ditadura militar. A transição da democracia para o neoliberalismo,

de acordo com Goldenberg (2002), somada à estabilização da moeda brasileira com

o Plano Real, possibilitaram o aumento das cirurgias plásticas no país. De acordo

com a reportagem da revista Veja, Brasil, o império dos bisturis18, o Brasil superou

os Estados Unidos como o país com maior número de cirurgias plásticas per capita

do mundo.

Dweck, 1999 (apud GOLDENBERG, 2002) expõe uma série de fatores que

possibilitaram a explosão da indústria da beleza no mundo, tais como: mulheres

ocupando postos de trabalho, competição e discriminação nos lugares de trabalho,

estímulo à “vaidade” por meio da mídia e “medo de envelhecer”.

18Daniela Pinheiro para Veja online. Brasil, Império do bisturi. 17/01/2001.

Page 42: TURISMO DE SAÚDE NA CIDADE DO RIO DE JANEIRO: A …app.uff.br/riuff/bitstream/1/1592/1/198 - Marjorie de Oliveira.pdf · Turismo de Saúde na cidade do Rio de Janeiro, com foco na

42

Seja por meio de espartilhos ou por cirurgias e métodos estéticos gerais, a

preocupação pela beleza sempre esteve presente na humanidade, principalmente

nas mulheres.

3.2 O TURISMO DE ESTÉTICA NA CIDADE DO RIO DE JANEIRO

O Rio de Janeiro é a terceira cidade brasileira que mais atrai turistas para o

tratamento de saúde (por conta de seu polo hospitalar), perdendo apenas para São

Paulo e Recife, segundo o Jornal do Commércio de Pernambuco19. Em

compensação, para o turismo estético, é a primeira cidade a ser mencionada pelos

estrangeiros.

O padrão de beleza brasileiro começou com a chegada da família real ao

Brasil, em 1808. Quando a corte aportou no Rio de Janeiro, os brasileiros

inspiravam-se nas roupas e penteados da nobreza para vestir-se. As historiadoras

Braick e Mota (2006) afirmam que toda a cidade adquiriu um “ar imperial”,

ocasionando uma verdadeira mudança cultural e estética. Até os mais abastados

financeiramente tentavam imitar os hábitos europeus (BRAICK; MOTA, 2006):

A Rua do Ouvidor, no centro do Rio, ganhou ares de cidade européia. Surgiram elegantes cabeleireiros, costureiras francesas, lojas de roupas, joalherias, chapelarias e tabacarias, entre outras novidades. [...] As damas da corte exibiam seus chapéus, luvas e leques. Os homens usavam casacas com golas altas enfeitadas por lenços coloridos e gravatas de renda, calções até os joelhos e meias. Tudo isso era observado pelos brasileiros. (BRAICK; MOTA, 2006, p.190)

É também com a vinda da Família Real que o Brasil ganha duas faculdades

de medicina, uma na Bahia e outra no Rio de Janeiro. É, entretanto, na década de

1930 que São Paulo, ganha a primeira clínica específica em cirurgia plástica,

segundo Martire Junior (2005).

No Rio de Janeiro, em 1949, Ivo Pitanguy iniciou suas atividades no pronto

socorro do Hospital Souza Aguiar e, posteriormente, em 1954 criou o serviço de

Cirurgia Plástica Reparadora da Santa Casa de Misericórdia do Rio de Janeiro. Em

1963, inaugura a sua clínica em Botafogo, zona sul da cidade do Rio de Janeiro. O

19 Jornal do Commércio, Pernambuco, Recife discutirá turismo de saúde, 01/09/2011.

Page 43: TURISMO DE SAÚDE NA CIDADE DO RIO DE JANEIRO: A …app.uff.br/riuff/bitstream/1/1592/1/198 - Marjorie de Oliveira.pdf · Turismo de Saúde na cidade do Rio de Janeiro, com foco na

43

médico Ivo Pitanguy contribuiu para a projeção internacional e difusão da

especialidade (MARTIRE JUNIOR, 2005).

De acordo com Goldenberg (2002), a preocupação com a aparência e a

juventude chega a ser uma obsessão nos dias de hoje e está cada vez mais

disseminada em todas as classes. Esse dado, somado ao fator de que o Rio o

Janeiro é considerado como um dos lugares mais belos do mundo, tanto pela sua

natureza quanto por suas mulheres esculturais, tornou a cidade um lugar privilegiado

para estudar o culto ao corpo.

A grande visibilidade do Rio de Janeiro no exterior criou uma espécie de

estereótipo do corpo da carioca. Como dito anteriormente, quando se fala da cidade,

as praias vêm em primeiro lugar. Nas fotos dos turistas, mulheres com fio dental e

corpos malhados criam um imaginário do corpo perfeito, tanto nos homens, quanto

nas mulheres. Essa imagem carioca ajudou no desenvolvimento do Turismo de

Estética da cidade.

3.3 AS CLÍNICAS CARIOCAS: RENOME INTERNACIONAL

O Brasil está atraindo, cada vez mais, pacientes do mundo todo, em busca

dos tratamentos de saúde oferecidos no país (FOLHA, 2011). A cidade do Rio de

Janeiro, por sua vez, atrai pessoas interessadas em realizar tratamentos

relacionados à estética, fato que colocou o Brasil como um dos países que mais

recebem turistas para cirurgias plásticas (PINHEIRO, 2001). Tendo em vista esse

fator, podem-se selecionar inúmeras clínicas e consultórios que recebem pacientes

estrangeiros na cidade. Mas uma clínica e um hospital destacam-se por seu

reconhecimento e excelência em serviços prestados: Clínica Ivo Pitanguy e Hospital

da Plástica.

Page 44: TURISMO DE SAÚDE NA CIDADE DO RIO DE JANEIRO: A …app.uff.br/riuff/bitstream/1/1592/1/198 - Marjorie de Oliveira.pdf · Turismo de Saúde na cidade do Rio de Janeiro, com foco na

44

3.3.1 Clínica Ivo Pitanguy20

A Clínica do Doutor Ivo Pitanguy fica localizada no bairro de Botafogo, na

cidade do Rio de Janeiro. O professor Ivo Pitanguy comanda sua equipe desde 1963

e conta com uma equipe de cirurgiões e profissionais altamente qualificados que

atuam e acordo com suas técnicas e filosofia.

De acordo com o site da clínica, a recepção dos pacientes é feita por

secretárias trilíngues. A estrutura do centro hospitalar é moderna e conta com quatro

salas de cirurgia planejadas e equipadas, uma sala de terapia intensiva, seis salas

para atendimento ambulatorial com suporte pós-operatório e check-up pré-operatório

completo. Além disso, dispõe de 14 suítes para conforto dos pacientes e seus

acompanhantes.

A administração da clínica é feita pela Gisela Pitanguy, médica-

psicoterapeuta, que implantou um serviço de apoio aos pacientes para pré e pós-

operatório. A clínica ainda segue a filosofia do médico Ivo Pitanguy, que acredita

que, assim como o procedimento cirúrgico, os tratamentos estéticos também fazem

parte do processo que integra beleza, saúde e qualidade de vida.

Sendo assim, a clínica conta com um centro de tratamentos estéticos não

cirúrgicos, tais como: aplicação de Botox, peeling facial, massagens e drenagens

linfáticas, entre outros. Esse setor é chefiado pela médica, que deu seu depoimento

sobre Turismo de Saúde Estética para esse trabalho acadêmico.

3.3.2 Hospital da Plástica21

O Hospital da Plástica fica localizado em Botafogo, na cidade do Rio de

Janeiro, e foi fundado em 1971 pelo médico Farid Hakme, ex-aluno do Doutor Ivo

Pitanguy. Atualmente, o doutor Farid é o único cirurgião plástico carioca acreditado

pela Sociedade Internacional de Cirurgia Plástica e Estética (ISAPS), de um total de

oito brasileiros acreditados.

20 Informações retiradas do sítio eletrônico oficial da Clínica Ivo Pitanguy. Disponível em: <http://www.pitanguy.com.br/>. Acesso em: 22 out. 2011. 21 Informações retiradas do sítio eletrônico oficial do Hospital da Plástica. Disponível em: <http://www.hospitaldaplastica.com.br/>. Acesso em: 22 out. 2011.

Page 45: TURISMO DE SAÚDE NA CIDADE DO RIO DE JANEIRO: A …app.uff.br/riuff/bitstream/1/1592/1/198 - Marjorie de Oliveira.pdf · Turismo de Saúde na cidade do Rio de Janeiro, com foco na

45

Segundo o sítio eletrônico do Hospital da Plástica22, já foram realizadas cerca

de 35.000 intervenções cirúrgicas no hospital e não houve nenhum caso de infecção

hospitalar até hoje. Possui o Selo de Qualificação da Sociedade Brasileira de

Cirurgia Plástica, estando adequada às normas da Vigilância Sanitária e mantendo

atualizados todos os requesitos de documentação.

Suas instalações possuem um Centro Cirúrgico com 12 salas equipadas com

aparelhos de alta tecnologia; uma Sala de Recuperação Pós Anestésica com quatro

leitos; um Centro de Tratamento Intensivo (CTI) para caso haja complicações

cirúrgicas com médicos de plantão 24 horas; 22 suítes para recuperação de

pacientes e permanência de acompanhantes; farmácia, central de esterilização e

lavanderia próprias e estacionamento para 100 veículos.

O Hospital da Plástica possui parceria com alguns equipamentos turísticos,

facilitando a vinda de pessoas para tratamentos na cidade: Ipanema Tower Apart

Hotel (Ipanema), Parthenon Arpoador (Arpoador), Parthenon Sorocaba (Botafogo),

indicação ao serviço de van para translados e passeios e indicação de aluguel de

quarto na casa de uma enfermeira.

Um dos médicos responsáveis pela clínica na ausência do doutor Farid

Hakme é o médico conhecido por ser um dos primeiros cirurgiões plásticos

brasileiros a usar a tecnologia de simulação em 3D para mostrar a seus pacientes

como será o resultado pós-operatório (e-Stetix), antes mesmo da cirurgia ser

realizada. Esse foi o cirurgião que deu seu depoimento sobre Turismo de Saúde

Estética para esse trabalho acadêmico.

22 Disponível em: <http://www.hospitaldaplastica.com.br/>. Acesso em: 22 out. 2011.

Page 46: TURISMO DE SAÚDE NA CIDADE DO RIO DE JANEIRO: A …app.uff.br/riuff/bitstream/1/1592/1/198 - Marjorie de Oliveira.pdf · Turismo de Saúde na cidade do Rio de Janeiro, com foco na

46

4 A VISÃO DOS ATORES DO TURISMO DE ESTÉTICA

O Turismo de Saúde, como dito anteriormente, é um segmento antigo, que

vem ganhando espaço na mídia, devido ao crescimento e reconhecimento que o

segmento vem tendo no país, nos últimos anos. Este fato pode ser percebido a partir

do aumento de reportagens e entrevistas com especialistas da área, em diferentes

meios de comunicação. No entanto, as informações e dados sobre turismo estético

encontram-se dispersos e não sistematizados, dificultando estudos a respeito do

tema.

A integração entre os gestores do turismo e da saúde é cada vez mais

notada, principalmente pelo aumento no fluxo de pacientes que vão se tratar em

outros países. Sendo assim, essa pesquisa teve por objetivo procurar entender o

ponto de vista dos gestores de saúde em relação ao turismo de saúde,

especificamente o turismo de estética, que recebem turistas estrangeiros, na cidade

do Rio de Janeiro.

Para atingir o objetivo proposto e favorecer uma reflexão sobre o tema, optou-

se por uma pesquisa qualitativa, de natureza exploratória. Uma pesquisa qualitativa

é aquela em que os dados coletados são predominantemente descritivos e a análise

dos dados tende a seguir um processo indutivo (LUDKE; ANDRE, 1986). A pesquisa

exploratória é quando há pouco conhecimento sobre o assunto e procura-se

conhecê-lo com maior profundidade, a fim de torná-lo claro e construir um

pensamento para outras pesquisas (RAUPP; BEUREN, 2004).

A princípio, foi realizada uma pesquisa bibliográfica, a fim de levantar e reunir

dados e informações sobre turismo de saúde e cirurgia plástica. A primeira fonte de

busca foi a internet, onde foram encontrados todos os artigos e teses deste trabalho.

Foram utilizados os portais do Periódico CAPES, EMERALD, Scielo e Google

Acadêmico. Alguns artigos foram encontrados em bases de editoras e

universidades. Pela internet foram identificados, também, 7 (sete) consultórios

médicos e 4 (quatro) clínicas localizados na cidade do Rio de Janeiro que recebem

turistas estrangeiros para tratamentos estéticos e que receberam contato para a

pesquisa.

Os livros sobre o tema que foram utilizados como fonte de pesquisa faziam

menção, em sua maioria, ao Turismo de Saúde como Bem-estar, o que dificultou a

Page 47: TURISMO DE SAÚDE NA CIDADE DO RIO DE JANEIRO: A …app.uff.br/riuff/bitstream/1/1592/1/198 - Marjorie de Oliveira.pdf · Turismo de Saúde na cidade do Rio de Janeiro, com foco na

47

formação de uma linha de pensamento em relação ao Turismo de Saúde Estética.

Outros tinham como tema a Hotelaria Hospitalar. Os que não mencionavam o

turismo foram utilizados para pesquisa sobre história do turismo e da saúde,

conceitos de beleza e hospitalidade.

Em um segundo momento foram avaliadas as informações contidas nos sítios

eletrônicos das 4 (quatro) clínicas e 7 (sete) consultórios que recebem turistas

estrangeiros para tratamentos estéticos na cidade do Rio de Janeiro, investigando

se elas estavam disponíveis em outros idiomas e se haveria alguma informação

sobre serviços turísticos, como hospedagem e traslados, por exemplo.

Após isso, foram enviadas mensagens por correio eletrônico para saber qual

clínica/consultório estaria disponível para uma entrevista posteriormente. Não houve

nenhuma resposta. Sendo assim, entrou-se em contato através do telefone e,

novamente, nenhum resultado foi obtido. Em seguida, o contato foi pessoal, indo às

clínicas/consultórios localizados na Zona Sul da cidade. Duas clínicas

disponibilizaram médicos para atender a pesquisa.

Foram, então, realizadas duas entrevistas semi-estruturadas com os médicos

que responderam ao contato. Esse tipo de entrevista foi escolhida, pois possibilita

discorrer sobre o tema, além das perguntas propostas. Cabe ao entrevistador dirigir

a entrevista para o assunto que achar oportuno (BONI; QUARESMA, 2005). O

objetivo da pesquisa de campo foi coletar dados mais específicos sobre a relação da

clínica/consultório com algum tipo de serviço turístico, para assistência aos

pacientes oriundos do exterior.

As entrevistas foram realizadas na primeira quinzena de Novembro de 2011

com a Clínica Ivo Pitanguy e com o Hospital da Plástica, ambos localizados no bairro

de Botafogo, Zona Sul da cidade do Rio de Janeiro. A principal limitação encontrada

para a realização das entrevistas foi o desinteresse por parte dos gestores de saúde

em relação ao tema. Muitos tiveram receio sobre para que fim as informações

obtidas seriam utilizadas. Outro problema encontrado foi a falta de conhecimento

dos gestores de saúde sobre Turismo de Saúde, já que muitos não sabiam sobre o

que se tratava.

Sendo assim, a pesquisa não teve o caráter conclusivo, mas passível de

contribuição para as discussões e estudos sobre a relação entre serviços turísticos e

clínicas de estética no Rio de Janeiro.

Page 48: TURISMO DE SAÚDE NA CIDADE DO RIO DE JANEIRO: A …app.uff.br/riuff/bitstream/1/1592/1/198 - Marjorie de Oliveira.pdf · Turismo de Saúde na cidade do Rio de Janeiro, com foco na

48

4.1 RESULTADOS DAS ENTREVISTAS

Os resultados que aqui serão apontados referem-se tanto à pesquisa

bibliográfica anterior às entrevistas, quanto aos resultados obtidos com as

entrevistas realizadas com médicos representantes da Clínica Ivo Pitanguy e

Hospital da Plástica, ambos localizados no bairro de Botafogo, na cidade do Rio de

Janeiro

4.1.1 Pesquisa anterior à entrevista O primeiro contato com as clínicas foi feito por meio do e-mail. Por ele foi

explicado sobre o tema Turismo de Saúde, o trabalho acadêmico, o motivo das

entrevistas, nome da professora orientadora, data prevista para apresentação do

trabalho acadêmico, disponibilidade da agenda (explicando que se entendia a rotina

do médico, e que a entrevista seria breve). O e-mail foi enviado duas vezes.

Como não houve respostas, o segundo contato com as clínicas foi realizado

por telefone. Em todos os casos, os médicos não estavam disponíveis, o que

dificultou o entendimento do tema por parte de suas secretárias e assistentes. Foi

explicado por telefone sobre o que se tratava Turismo de Saúde, já que nenhum

gestor de saúde sabia do seu significado. O contato posterior foi realizado

pessoalmente, indo às clínicas e falando diretamente com médicos e enfermeiras,

que também tiveram que ser esclarecidos sobre o tema.

Antes de realizar as entrevistas, foi pesquisado sobre a apresentação das

clínicas em meio virtual (sítio eletrônico e e-mail). Ambas disponibilizam informações

sobre a clínica, instalações e os tipos de procedimentos estéticos realizados em dois

idiomas: português e inglês. Ao pesquisar se as clínicas disponibilizam informações

sobre serviços relacionados ao turismo, foi verificado que somente a clínica Ivo

Pitanguy não fornece nenhum tipo de dado. O Hospital da Plástica apresenta os

contatos para três opções de hospedagem localizadas na Zona Sul da cidade, para

o serviço de traslado e para uma enfermeira que está disponível para dar assistência

ao paciente em recuperação. Essas informações foram importantes para a

elaboração de perguntas durante as entrevistas.

Page 49: TURISMO DE SAÚDE NA CIDADE DO RIO DE JANEIRO: A …app.uff.br/riuff/bitstream/1/1592/1/198 - Marjorie de Oliveira.pdf · Turismo de Saúde na cidade do Rio de Janeiro, com foco na

49

4.1.2 Análise das entrevistas

As entrevistas foram analisadas qualitativamente, buscando sistematizar as

informações através da criação de categorias de análise. Desse modo, as

entrevistas foram ouvidas exaustivamente, a fim de encontrar dados que pudessem

ser agrupados.

No caso desse trabalho acadêmico, foram criadas 4 (quatro) categorias de

análise: dados gerais sobre os turistas de saúde; relação entre gestores de saúde e

serviços turísticos; relação entre os pacientes e serviços de saúde e relação entre os

pacientes e equipamentos turísticos.

4.1.2.1 Dados gerais sobre os turistas de saúde Em relação à média de turistas estrangeiros que as clínicas recebem por ano,

a Clínica Ivo Pitanguy, informou que aproximadamente 20% dos pacientes atendidos

na clínica eram provenientes de localidades fora do Brasil. O informante do Hospital

da Plástica afirmou que a clínica recebe um número considerável de pessoas vindo

do exterior, mas devido ao grande quadro de doutores no local, a quantidade de

pacientes que cada um recebe não se encontra agrupada, dificultando uma análise

estatística. O entrevistado pediu para que fosse verificado o número de pacientes

por médico com a responsável pelos documentos do Hospital. Entretanto, não

existem dados desse tipo arquivados. Segundo a responsável, os médicos usam as

dependências da clínica, mas os dados dos pacientes ficam sob suas

responsabilidades, não com o Hospital.

Os períodos do ano em que a Clínica e o Hospital recebem os turistas

estrangeiros para os tratamentos estéticos são diferentes. A entrevistada da Clínica

Ivo Pitanguy afirma que fluxo de pacientes internacionais é maior durante o verão

(entre os meses de Novembro e Fevereiro), pois, devido ao clima quente do Brasil e

à proximidade das festas de fim de ano e o Carnaval, os pacientes aproveitam para

realizar outros tipos de turismo na cidade, sem importar-se, com as manchas roxas

do pós-operatório.

Já no Hospital da Plástica a maioria de seus pacientes estrangeiros realiza os

procedimentos estéticos no inverno brasileiro, pois aproveitam as férias de verão do

Page 50: TURISMO DE SAÚDE NA CIDADE DO RIO DE JANEIRO: A …app.uff.br/riuff/bitstream/1/1592/1/198 - Marjorie de Oliveira.pdf · Turismo de Saúde na cidade do Rio de Janeiro, com foco na

50

hemisfério norte para virem à cidade e para o pós-operatório. O Hospital orienta-os a

não se exporem ao sol, pois as cicatrizes dos procedimentos cirúrgicos poderão ficar

marcadas. Os médicos estão sempre acompanhando os pacientes, pois, assim,

evitam que eles “abusem” e prejudiquem os resultados do procedimento.

Quanto ao tempo de permanência dos pacientes na cidade, depende do

tratamento realizado: quanto mais procedimentos e quanto mais complicados forem,

mais tempo de reabilitação será necessário. O entrevistado do Hospital da Plástica

enfatizou a questão da ética médica, ao se referir sobre observar o paciente no pós-

operatório, evitando liberá-lo rapidamente. Segundo ele, o acompanhamento do

turista deve ser feito da mesma maneira que o paciente local, pois a

responsabilidade pelas consequências é a mesma.

“No caso da cirurgia plástica, ou de qualquer tipo de cirurgia, a gente tem que ter uma ética médica. Você não pode operar o paciente e mandar ele embora.” (Entrevistado – Hospital da Plástica).

Tanto ele quanto a entrevistada da clínica Ivo Pitanguy informaram sobre a

importância de orientar o paciente estrangeiro a permanecer na cidade após o

tratamento, num período de 15 a 30 dias. Segundo eles, esse é um bom período de

recuperação para que possam realizar a viagem de retorno ao país de origem. O

médico do Hospital da Plástica afirma:

“A gente pede, no mínimo, de 15 a 30 dias, que é o normal, dependendo do tamanho da cirurgia. De 15 a 30 dias você tem uma segurança, para quando ele voltar [ao seu país de origem], ter um acompanhamento mais estético.” (Entrevistado – Hospital da Plástica).

O médico do Hospital da Plástica informou, ainda, a respeito do tempo de

chegada anterior à cirurgia:

“Tem que chegar com, no mínimo, uma semana, cinco dias antes. Porque a gente exige que os exames sejam daqui, o pré-operatório. [...] Exatamente tem isso também. [sobre a possível embolia por permanecer muito tempo sentado em um vôo] Você não pode. Porque dentro de uma cirurgia você tem que ter uma rotina.” (Entrevistado – Hospital da Plástica).

Page 51: TURISMO DE SAÚDE NA CIDADE DO RIO DE JANEIRO: A …app.uff.br/riuff/bitstream/1/1592/1/198 - Marjorie de Oliveira.pdf · Turismo de Saúde na cidade do Rio de Janeiro, com foco na

51

Os dois entrevistados responderam que os estrangeiros costumam vir com

acompanhantes e que estes quase sempre realizam outro tipo de turismo na cidade,

como cultural ou sol e praia. Porém, os médicos não tem a preocupação de divulgar

a cidade e seus atrativos turísticos, deixando-os visitarem o que quiserem. Alguns

pacientes e acompanhantes têm o interesse de procurar os atendentes da clínica e

do hospital para saberem mais sobre locais para visitação. O médico do hospital da

Plástica ainda afirma que os acompanhantes já vêm ao Rio de Janeiro com a

finalidade de realizar outro tipo de turismo na cidade:

“É natural de quem vem pro Rio de Janeiro, que não tá envolvido com cirurgia, que tá aqui de acompanhante, turismo pra ela é questão principal. [...] Então, geralmente, o acompanhante vem com essa finalidade. E tem que conhecer atrativo, né, do turismo. [...] Geralmente os hotéis que fazem tudo.” (Entrevistado – Hospital da Plástica).

O acompanhante, segundo os relatos dos entrevistados, vem para que o

paciente possa ter alguém para ajudá-lo no pós-cirúrgico. Esse acompanhante, que

não precisa ficar de repouso, pode aproveitar os atrativos da cidade. A vinda de um

paciente estrangeiro envolve não só gestores da saúde, mas também serviços

turísticos.

4.1.2.2 Relação entre gestores de saúde e serviços turísticos Sobre a relação entre os gestores de saúde e os serviços turísticos oferecidos

pela cidade, a entrevistada da Clínica Ivo Pitanguy informou que eles não divulgam a

cidade para os pacientes realizarem outro tipo de turismo e que eles já procuraram

na internet os pontos turísticos cariocas antes de virem ao Brasil. Segundo a

doutora, eles perguntam sobre lugares bons para fazer compras:

“Eles me perguntam muito onde comprar, onde é mais barato. Eles gostam muito de feira. Então eu falo para ir na feira de Ipanema. A gente vê o mais próximo [...].” (Entrevistada – Clínica Ivo Pitanguy).

A preocupação com o paciente estrangeiro deixa de ser exclusivamente a

cirurgia, mas também com os cuidados que devem tomar durante um passeio pela

Page 52: TURISMO DE SAÚDE NA CIDADE DO RIO DE JANEIRO: A …app.uff.br/riuff/bitstream/1/1592/1/198 - Marjorie de Oliveira.pdf · Turismo de Saúde na cidade do Rio de Janeiro, com foco na

52

cidade. A médica da Clínica Ivo Pitanguy disse que alerta os turistas a respeito da

vestimenta, para evitar possíveis assaltos. Entretanto, ela afirma ao final que

acredita que a cidade está melhorando o seu policiamento para os turistas:

“[...] sempre na preocupação de mandar não andar com joia, porque eles [os turistas] são caracterizados, é estrangeiro mesmo. Só tomar um pouco de cuidado mesmo. Apesar de que melhorou muito o Rio de Janeiro nessa parte de turista [...] Copacabana, Ipanema, achei que o policiamento tá bem mesmo.” (Entrevistada – Clínica Ivo Pitanguy).

O Hospital da Plástica possui informações sobre alguns serviços turísticos em

seu site. Ao perguntar sobre a relação entre a clínica e os serviços pontuados, foi

afirmado não ter qualquer tipo de parceria. O motivo do Hospital da Plástica colocar

em sua página eletrônica alguns serviços se deve ao fato de auxiliar seus pacientes

na escolha de hospedagem e deslocamento. Além disso, a clínica conhece os hotéis

divulgados e acredita que seus clientes serão atendidos de forma hospitaleira:

“Não há uma parceria, mas uma indicação. Não uma indicação para questões financeiras; acredito que receber o paciente de fora já é um grande lucro pra gente. Mas indicação para saber que o paciente vai tá num lugar apropriado, bem assegurado. [...] É muito importante pra que a gente saiba distinguir que esse, esse e esse hotel são indicações nossas, que o paciente vai ser bem tratado lá, entendeu? Não é um hotel errado, não é um hotel que vai oferecer uma dieta errada, não é um hotel que vai oferecer você ficar trancado no quarto, porque o paciente tem que andar. Tem que estimular, mas sem que complique a sua forma [recuperação].” (Entrevistado – Hospital da Plástica).

Como a Clínica Ivo Pitanguy não tem em seu site qualquer tipo de informação

turística foi perguntado se há alguma parceria com serviços ligados à hospedagem e

deslocamento de seus pacientes. A informante respondeu que a clínica não possui

nenhuma parceria e não indica nenhum serviço. A explicação para isso são os

possíveis problemas que podem ser gerados por conta de mal-entendimentos entre

clínica e paciente:

“Normalmente a gente não faz isso porque o nosso púbico é muito complicado. Então, se a gente der qualquer tipo de informação fora do nosso domínio e da nossa prestação de serviço, eles entram com processo por conta de tudo”. (Entrevistada – Clínica Ivo Pitanguy).

Page 53: TURISMO DE SAÚDE NA CIDADE DO RIO DE JANEIRO: A …app.uff.br/riuff/bitstream/1/1592/1/198 - Marjorie de Oliveira.pdf · Turismo de Saúde na cidade do Rio de Janeiro, com foco na

53

E completa dizendo que fornece uma lista de hotéis que ficam próximos à

clínica, quando solicitado pelo paciente, mas não nega ajuda ao turista estrangeiro:

“A gente não tem parceria nenhuma. A gente indica os melhores.” (Entrevistada – Clínica Ivo Pitanguy).

“Eu posso ajudar, mas me dá o seu CPF, me dá o seu cartão, me dá os seus dados”. (Entrevistada – Clínica Ivo Pitanguy).

Assim, a clínica não se envolve financeiramente nem por responsabilidade

com outros serviços. É importante ressaltar que, nas duas clínicas, é informado

anteriormente ao turista que qualquer serviço turístico deve ser reservado e pago

pelo próprio paciente.

Com relação a disponibilidade de funcionários que falem outra línguas, a

Clínica Ivo Pitanguy afirma ter recepcionistas bilíngues e alguns médicos trilíngues.

Segundo a doutora, são os próprios pacientes que exigem que tenha alguém de fale

suas línguas nativas:

“Eles chegam aqui falando a língua deles. Eles não aceitam outro tipo. A gente pergunta em inglês e eles ‘não, falo francês, quero alguém que fale francês.’” (Entrevistada – Clínica Ivo Pitanguy).

Também foi questionado se os doutores entrevistados achariam interessante

haver uma relação mais direta entre a clínica e algum serviço turístico. As respostas

foram distintas. A representante da Clínica Ivo Pitanguy não considera ser

significante estabelecer parcerias entre hotéis e empresas de traslados. Ela elucida

que a ligação entre a clínica e esses tipos de serviços pode acarretar em possíveis

problemas, como o não pagamento do serviço pelo cliente e a cobrança ser

direcionada à clínica:

“Muitas pessoas chegam aqui, vão para o hotel, falam: ‘eu tô na Clínica Ivo Pitanguy’ e depois que eles vão embora, eles mandam a conta pra gente”. (Entrevistada – Clínica Ivo Pitanguy).

Visando proteger a imagem e qualidade e evitar possíveis associações

negativas, a clínica não possui vínculos com serviços externos, até mesmo com

Page 54: TURISMO DE SAÚDE NA CIDADE DO RIO DE JANEIRO: A …app.uff.br/riuff/bitstream/1/1592/1/198 - Marjorie de Oliveira.pdf · Turismo de Saúde na cidade do Rio de Janeiro, com foco na

54

aqueles ligados a saúde. Por sua vez, o representante do Hospital da Plástica,

acredita ser interessante haver uma relação mais direta com serviços que os

pacientes utilizam, principalmente, no período pós-operatório:

“O Rio de Janeiro tem uma hotelaria ótima e a gente unindo isso a um bom serviço de cirurgia plástica, fecha um casamento perfeito.” (Entrevistado – Hospital da Plástica).

Ele ainda afirma que é importante haver tranquilidade após a cirurgia, para

uma boa recuperação, ao ratificar que o procedimento não acaba quando o último

ponto se fecha. Principalmente pelo fato de que a cirurgia é estética, e o resultado

tem que ser o melhor. Desta forma, ressalta que a parceria com bons hotéis, por

exemplo, possibilitaria dar confiança e segurança ao paciente e ao médico:

“[...] a cirurgia não acaba quando a gente fecha o último ponto. A cirurgia é 50% nossa e 50% do que o paciente vai fazer depois. O pós-operatório é muito importante. [...] dentro da área de medicina, é uma especialidade [a cirurgia plástica] que nos traz uma cobrança maior. [...] mas na cirurgia plástica é diferente. O paciente já vem buscando a estética corporal. Você tem que oferecer um estilo de vida pro paciente. [...] A gente não faz pacote. [...] mas ele gosta que a gente indique, até porque ele se sente seguro. O paciente quando entra no cento cirúrgico ele oferece a vida dele nas suas mãos. Então, assim, se ele tá te confiando isso, com certeza ele também quer que indique qual hotel ele vai ficar, qual hotel ele vai ser bem cuidado, a pesar do hotel não ter essa parte de hotelaria e enfermagem.” (Entrevistado – Hospital da Plástica).

O Hospital da plástica oferece, também, o contato de uma enfermeira, caso o

paciente deseje. O “home care” é pago pelo paciente, por dia, pelo tempo que

desejar. Isso possibilita mais segurança e descanso, até mesmo para o

acompanhante.

4.1.2.3 Relação entre pacientes e serviços de saúde

Há uma concordância entre os dois entrevistados a respeito dos tipos de

tratamentos estéticos mais realizados pelos pacientes estrangeiros. Ambos afirmam

que são a mamoplastia de aumento, lipoaspiração e face, tendo o público feminino

ainda como predominante. A Clínica Ivo Pitanguy oferece, ainda, intervenções não

Page 55: TURISMO DE SAÚDE NA CIDADE DO RIO DE JANEIRO: A …app.uff.br/riuff/bitstream/1/1592/1/198 - Marjorie de Oliveira.pdf · Turismo de Saúde na cidade do Rio de Janeiro, com foco na

55

cirúrgicas (“lifting sem cirurgia”, segundo a entrevistada), como aplicação de botox,

massagens e tratamentos que não necessitem de corte.

Muitos pacientes acabam retornando ao Brasil para realizarem outras

cirurgias, pois o resultado da primeira foi satisfatório. A médica da Clínica Ivo

Pitanguy afirma, ainda, sobre a possibilidade da realização do turismo:

“Volta pra cá, normalmente sim. Vêm aqui, fazem a primeira cirurgia e volta pro país, fica um ano, aí volta, faz outra. E passeia! (Entrevistada – Clínica Ivo Pitanguy).

O Hospital da Plástica, por sua vez, não só confirma o retorno, como o

associa ao mérito brasileiro nas cirurgias plásticas, que vem aumentando no

exterior:

“Muito comum [o retorno de pacientes para uma segunda cirurgia]. São pacientes que são diferenciados, né? Paciente que vêm até o Brasil fazer cirurgia plástica, como se você for até a Rússia para tomar uma vodca, que é a melhor vodca do mundo. Aqui, graças a Deus, tá virando a melhor cirurgia plástica do mundo. O Ivo Pitanguy deixou um legado imenso, entendeu? Então eles vêm na fonte, buscar mesmo o melhor tratamento estético do mundo. [...] Então a gente cria clientes de anos, assim. A gente tem bastante retorno.” (Entrevistado – Hospital da Plástica).

A entrevistada da Clínica Ivo Pitanguy não deixou claro qual é a sua opinião a

respeito da fama do Brasil no ramo das cirurgias plásticas, mas afirma que uma

grande motivação para os turistas é a qualidade do serviço prestado. Os preços,

segundo ela, não são sempre os mais baratos. O paciente, muitas vezes, paga o

mesmo valor que no seu país de origem, mas ele prefere o resultado final brasileiro:

“Eu pessoalmente acho que depende muito do ambiente lá fora e elas [as pessoas] vêm fazer aqui. [...] Aqui dentro é a referência mundial, então ela [a pessoa] vem buscando a referência. E quando chega aqui, se assusta, porque não é aquilo que pensou [em relação aos valores da cirurgia].” (Entrevistada – Clínica Ivo Pitanguy).

O Hospital da Plástica enfatiza, a respeito da ética médica a respeito das

visitas pós-operatórias com os pacientes-turistas. Segundo o médico entrevistado, o

acompanhamento do turista deve ser feito da mesma maneira que o paciente local,

pois, segundo ele, a responsabilidade pelas consequências é a mesma:

Page 56: TURISMO DE SAÚDE NA CIDADE DO RIO DE JANEIRO: A …app.uff.br/riuff/bitstream/1/1592/1/198 - Marjorie de Oliveira.pdf · Turismo de Saúde na cidade do Rio de Janeiro, com foco na

56

“No caso da cirurgia plástica, ou de qualquer tipo de cirurgia, a gente tem que ter uma ética médica. Você não pode operar o paciente e mandar ele embora. [...] A gente mantém o contato [depois do retorno do paciente ao seu país de origem] porque uma vez operado, o paciente é seu pro resto da vida, de acordo com o Código de Ética Médica.” (Entrevistado – Hospital da Plástica).

O paciente confia no médico e na clínica/hospital que será operado. Segundo

o médico do Hospital da Plástica em sua entrevista, é necessário haver um contato

permanente com o paciente, mesmo após muito tempo. A fama da cirurgia plástica

brasileira no exterior é responsável, segundo o médico, pelo grande número de

estrangeiros operando-se no país. A entrevistada da Clínica Ivo Pitanguy diz que os

preços nem sempre são os mais baratos, mas a fama da clínica internacionalmente

atrai dezenas de pacientes por ano.

4.1.2.4 Relação entre pacientes e equipamentos turísticos

Segundo os médicos entrevistados, os pacientes buscam o Rio de Janeiro

para a realização de seus procedimentos estéticos não só pela sua fama, excelência

e preços baixos na cirurgia plástica, mas também por ser uma cidade conhecida

internacionalmente e com muitas oportunidades de passeios turísticos.

O Hospital da Plástica informou que alerta aos pacientes recém-operados a

não saírem do hotel onde estão hospedados para longas caminhadas e exposições

ao sol, somente para andar e não ficarem deitados o dia inteiro. O médico mantém o

contato constante com os pacientes para verificar as condições em que eles se

encontram e quando poderão viajar e voltar aos seus países de origem.

A Clínica Ivo Pitanguy, por sua vez, diz que alerta os pacientes recém-

operados a respeitos dos riscos de saírem ao sol e à exposição ao calor, mas que,

mesmo assim, eles optam por sair na rua, principalmente aqueles que vêm ao país

na época do Carnaval. A entrevistada informa que eles colocam um chapéu grande,

e saem na rua, mesmo ainda roxos da operação:

“[...] durante mesmo eles aproveitam [referindo-se ao período de recuperação do operatório] [...] roxinhos mesmo [...] chegam com o chapéu desse tamanho, com uma aba enorme para poder proteger, por causa das manchas. Eles não se incomodam, passeiam mesmo.” (Entrevistada – Clínica Ivo Pitanguy).

Page 57: TURISMO DE SAÚDE NA CIDADE DO RIO DE JANEIRO: A …app.uff.br/riuff/bitstream/1/1592/1/198 - Marjorie de Oliveira.pdf · Turismo de Saúde na cidade do Rio de Janeiro, com foco na

57

Considerando a importância de uma estada pré e pós-operatória, perguntou-

se aos entrevistados se os pacientes realizavam atividades que envolviam o turismo,

durante sua permanência na cidade do Rio de Janeiro. Na Clínica Ivo Pitanguy,

muitos pacientes, mesmo sendo orientados para não realizarem atividades pré e

pós-tratamento, costumam fazer passeios turísticos antes, durante e depois. Como

citado pela médica entrevistada, os estrangeiros colocam um chapéu para amenizar

o sol, não se incomodam com as marcas roxas e passeiam pela cidade. Inclusive,

exemplificou com a ida desses turistas-pacientes ao Sambódromo durante o

Carnaval:

“Carnaval isso aqui lota! Aproveita, toda roxinha, e vai pra Sapucaí!” (Entrevistada – Clínica Ivo Pitanguy).

A médica ainda faz uma previsão para a época da Copa do Mundo de Futebol

de 2014:

“Muita gente vai vir para a copa, vai fazer cirurgia e ainda vai pros jogos.” (Entrevistada – Clínica Ivo Pitanguy).

Em relação aos pacientes do Hospital da Plástica, o entrevistado disse que

busca sempre frisar a importância do repouso. Além disso, grande parte do seu

público já visitou a cidade anteriormente, focando apenas no seu tratamento. No

entanto, os acompanhantes costumam visitar os atrativos turísticos, buscando

informações nos hotéis em que ficam hospedados:

“[...] não há muita possibilidade do que fazer no pós-operatório. [...] eles não podem ficar andando em locais públicos. Pacientes que já moram aqui a gente fala para não trabalhar, não pegar metrô. A gente deixa isso bem claro, porque eles ficam ‘puxa, eu to viajando!’ [referindo-se à vontade de sair e visitar a cidade, por ser uma viagem]. Só que, geralmente, eles são pacientes diferenciados, já conheceram a cidade, então vem pra cá com outra cabeça, vem pra repousar mesmo.” (Entrevistado – Hospital da Plástica).

Os entrevistados informaram que os pacientes comentam com eles sobre os

pontos positivos e negativos da cidade. O hospital da Plástica informou que não

Page 58: TURISMO DE SAÚDE NA CIDADE DO RIO DE JANEIRO: A …app.uff.br/riuff/bitstream/1/1592/1/198 - Marjorie de Oliveira.pdf · Turismo de Saúde na cidade do Rio de Janeiro, com foco na

58

possui dados exatos a respeito do retorno dos turistas em relação ao Rio de Janeiro,

mas que, em geral, é positivo:

“Nesse feedback, a gente fica um pouco por fora disso, tá? O paciente quando chega aqui, ele chega com a cabeça muito voltada para a cirurgia. Então se acontece ou não acontece [alguma intempérie com o paciente], a gente fica um pouco em falha em te passar isso. [...] O que a gente sabe é que, no geral, eles gostam muito da vinda, entendeu? Tem retornado e eu acredito que para eles gostarem da vinda, realmente deve ter sido bem agradável. [...] Se você vem de turismo, você já tem um limite de tolerância, mas para cirurgia, a sua tolerância tá bem diminuída.” (Entrevistado – Hospital da Plástica).

Já na Clínica Ivo Pitanguy, como a maioria de seus pacientes estrangeiros

provém dos Estados Unidos, a entrevistada informou que eles acabam

surpreendendo-se com o estilo de vida brasileiro e a economia atual e mudam a sua

imagem pessoal do Brasil como um país não civilizado:

“Não, porque, principalmente dos Estados Unidos. Estão vivendo uma fase que nós já estamos carecas de viver. E agora nós estamos mais estabilizados economicamente e eles estão sentindo isso; Antigamente era um sub-mundo, que eles vinham aqui, faziam o que queriam, achavam que tinha macaco na rua e que hoje é um outro tipo de realidade. Eu digo, também, porque a minha filha vai todo anos pros Estados Unidos e lá, muitas das vezes, o pessoal pergunta: ‘mas lá tem prédio?’, quem nunca veio. Então eles acham que as pessoas aqui no Brasil, os brasileiros, são muito primitivos, que não têm uma cultura. Então ele já vem cheio de pose, aí levam aquele choque, porque tem a impressão melhor do que têm nos Estados Unidos. Lá é uma coisa, então quando você chega aqui, você tem uma secretária que fica diariamente na sua casa, que você tem carro para se locomover. Então eles acham assim, que é uma coisa que não existe lá, entendeu? Lá é tudo muito prático, as coisas são muito caras, o dia-a-dia, a comida é cara, e aqui, tá indo pro mesmo caminho, né? [risos]” (Entrevistada – Clínica Ivo Pitanguy).

Para os médicos, o repouso e a pouca exposição ao sol e ao calor são fatores

importantes para a boa recuperação da cirurgia. Entretanto, mesmo com as

recomendações médicas, muitos pacientes optam por realizar outros tipos de

turismo. O que não impede um feedback positivo em relação à cidade. Para os

entrevistados, o ponto de vista dos pacientes a respeito do Rio de Janeiro é positivo.

Page 59: TURISMO DE SAÚDE NA CIDADE DO RIO DE JANEIRO: A …app.uff.br/riuff/bitstream/1/1592/1/198 - Marjorie de Oliveira.pdf · Turismo de Saúde na cidade do Rio de Janeiro, com foco na

59

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O Brasil é um país que possui uma enorme diversidade de produtos turísticos,

atraindo milhares de turistas durante todo o ano. As paisagens naturais,

principalmente as praias, ainda são a maior motivação dos visitantes. Porém,

atualmente percebe-se o aumento da demanda pelo turismo de saúde,

especialmente para o turismo estético, com foco no Rio de Janeiro, um destino

reconhecido internacionalmente pela prática de tratamentos estéticos.

Esse segmento do turismo possibilita que o paciente possa realizar outro tipo

de turismo na cidade, enquanto realiza o seu tratamento estético. Com isso, mais

gestores são beneficiados e podem virar potenciais parceiros. Sendo assim, como

dito anteriormente, a pesquisa teve por objetivo analisar o ponto de vista dos

gestores de saúde, mais especificamente das clínicas de estéticas da cidade do Rio

de Janeiro, que recebem pacientes estrangeiros, relacionam-se com serviços

ligados ao turismo.

Percebe-se, a partir da coleta de dados e entrevistas, que as clínicas recebem

um grande e crescente fluxo de turistas estrangeiros para a realização de

tratamentos estéticos. Entretanto, não há o interesse em pesquisas na área de

turismo de saúde. Essa foi a principal limitação encontrada para a realização das

entrevistas, pois os gestores de saúde não se mostraram disponíveis e/ou

interessados para a realização de uma entrevista.

É possível observar, também, uma divergência de opiniões por parte dos

entrevistados. Enquanto o Hospital da Plástica mostra interesse em apresentar

informações sobre serviços turísticos, a Clínica Ivo Pitanguy, referência mundial em

cirurgia plástica, não informa e não mostrou interesse em estabelecer futuras

parcerias. Acredita-se, no entanto, que uma parceria entre clínicas de estética e

serviços turísticos pode dar mais segurança para o paciente. Hospedar-se em um

meio de hospedagem indicado pela clínica gera um conforto ao turista estrangeiro,

pois, assim, ele sabe que será bem atendido, que o quarto será bem limpo e que,

caso haja alguma decorrência do seu tratamento estético, o hotel estará preparado

para melhor atendê-lo e encaminhá-lo ao médico.

Em um mundo no qual a diferenciação de serviços e a percepção da

qualidade vêm sendo cada vez mais procuradas pelos consumidores, e levando em

Page 60: TURISMO DE SAÚDE NA CIDADE DO RIO DE JANEIRO: A …app.uff.br/riuff/bitstream/1/1592/1/198 - Marjorie de Oliveira.pdf · Turismo de Saúde na cidade do Rio de Janeiro, com foco na

60

consideração o reconhecimento que o Rio de Janeiro vem tendo na saúde estética,

acredita-se que uma relação mais estreita entre as clínicas e os serviços turísticos

possibilitaria uma melhor recepção aos turistas do segmento de turismo de saúde.

Além disso, seria possível gerar mais confiança para os estrangeiros e credibilidade

para as clínicas, criando um diferencial no mercado. É importante ressaltar que,

caso haja uma interação entre as duas áreas, um planejamento é inevitável para que

ambas previnam-se de possíveis problemas.

A falta de pesquisas específicas na área de turismo de saúde e a pouca

bibliografia sobre o tema tornam a sua compreensão mais difícil. Os gestores de

saúde não mostraram interesse em aprofundar seus conhecimentos na área, sendo

assim, a pesquisa contou com uma amostra limitada e poucos detalhes específicos

sobre os pacientes-turistas. A divergência citada anteriormente pode, inclusive, ser

fruto da pouca quantidade de pesquisas e estudos na área, pois os gestores não

têm onde informarem-se sobre o assunto. Sendo assim, é preciso haver um estudo

mais profundo na área de turismo de saúde, para que todos os gestores de saúde e

turismo possam estar mais informados sobre esse segmento e terem o interesse de

envolver-se mais com as atividades de saúde e turismo.

Ao início da pesquisa, pensou-se em realizar uma pesquisa quantitativa

diretamente com os consumidores do turismo de saúde, ou seja, os pacientes.

Entretanto, por questões éticas, os médicos não autorizaram a entrega de

questionários. Por isso, é interessante e útil, também, que seja realizada uma

pesquisa direta com os turistas, a fim de saber quais são suas reais expectativas, se

estas foram atendidas durante a sua estada, se têm interesse em realizar atividades

turísticas na cidade, antes ou depois do procedimento estético, o que acharam do

Rio de Janeiro, se têm o interesse em retornar futuramente para a realização de

outro tipo de turismo.

Com o resultado de uma pesquisa específica com os turistas-pacientes,

podem-se criar pacotes turísticos específicos para aqueles que vêm realizar algum

tratamento estético; certos passeios turísticos podem ser adaptados para que o

recém operado não sofra com o calor e sol (passeios noturnos, por exemplo); os

meios de hospedagem podem adaptar-se para uma hotelaria hospitalar mais

acolhedora, entre muitos outros.

Não se deve esquecer, entretanto, que mesmo que esses estrangeiros sejam

pacientes, ainda são turistas que possivelmente têm o interesse em conhecer a

Page 61: TURISMO DE SAÚDE NA CIDADE DO RIO DE JANEIRO: A …app.uff.br/riuff/bitstream/1/1592/1/198 - Marjorie de Oliveira.pdf · Turismo de Saúde na cidade do Rio de Janeiro, com foco na

61

cidade. Mesmo que isso não ocorra durante o pré e/ou pós-operatório, é

interessante cativar o paciente para que ele deseje retornar futuramente como

turista. Essa demanda potencial deve ser identificada tanto pelos gestores de saúde,

quanto pelos gestores de turismo.

Para melhor atender ao público desse segmento, alguns cursos e

especializações na área também poderiam ser criados e os poucos já existentes

poderiam ser atualizados. Atualmente, poucas faculdades oferecem pós-graduações

para Turismólogos na área de Turismo de Saúde.

Mesmo com todo o atual desinteresse por parte dos gestores de saúde,

considera-se que o presente estudo possa ser um impulsor para futuras pesquisas,

sendo investigado por especialistas de ambas as áreas e com maior amplitude, para

que haja uma melhor recepção dos turistas estrangeiros e uma maior segurança das

clínicas para lidar com esse público.

Page 62: TURISMO DE SAÚDE NA CIDADE DO RIO DE JANEIRO: A …app.uff.br/riuff/bitstream/1/1592/1/198 - Marjorie de Oliveira.pdf · Turismo de Saúde na cidade do Rio de Janeiro, com foco na

62

REFERÊNCIAS AGÊNCIA ESTADO. Plástica não invasiva se torna a mais comum. Disponível em: <http://g1.globo.com/brasil/noticia/2010/08/plastica-nao-invasiva-se-torna-a-mais-comum.html>. Acesso em: 20 abr. 2012. ALVES, Manuel Valente. A medicina e a arte de representar o corpo e o mundo através da anatomia. Lisboa. Disponível em: <http://www.fcsh.unl.pt/chc/pdfs/nature4.pdf>. Acesso em 03 jun. 2012. BOEGER, Marcelo. Hotelaria hospitalar: gestão em hospitalidade e humanização. São Paulo: SENAC SP, 2009. BONI, Valdete; QUARESMA, Sílvia Jurema. Aprendendo a entrevistar: como fazer entrevistas em Ciências Sociais. Revista Eletrônica doa Pós-Graduandos em Sociologia Política da UFSC. vol. 2, n 1, janeiro-julho/2005, p. 68-80. Disponível em: <http://www.journal.ufsc.br/index.php/emtese/article/view/18027/16976>. Acesso em 06 mai. 2012. BRAICK, Patrícia Ramos; MOTA, Myriam Becho. História: das cavernas ao terceiro milênio. 2. ed. São Paulo: Moderna, 2006. BRASIL, Ministério da Saúde/Secretaria de Atenção à Saúde/Departamentos de Atenção Básica. Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares no SUS: PNPIC: atitude de ampliação de acesso. Brasília: Ministério da Saúde, 2008. Disponível em: <http://portal.saude.gov.br/portal/arquivos/pdf/PNPIC.pdf>. Acesso em: 14 abr. 2012. BRASIL, Ministério do Turismo. Marcos conceituais do turismo. Brasília: Ministério do Turismo, 2010. Disponível em: <http://www.turismo.gov.br/export/sites/default/turismo/o_ministerio/publicacoes/downloads_publicacoes/Marcos_Conceituais.pdf>. Acesso em: 22 out. 2011. _____. Turismo de saúde: orientações básicas. Brasília: Ministério do Turismo, 2010. Disponível em: <http://www.turismo.gov.br/export/sites/default/turismo/o_ministerio/publicacoes/downloads_publicacoes/Turismo_de_Saxde_Versxo_Final_IMPRESSxO_.pdf>. Acesso em: 22 out. 2011. _____. Segmentação do turismo e o mercado. Brasília: Ministério do Turismo, 2010. Disponível em: < http://www.turismo.gov.br/export/sites/default/turismo/o_ministerio/publicacoes/downloads_publicacoes/Segmentaxo_do_Mercado_Versxo_Final_IMPRESSxO_.pdf >. Acesso em: 22 out. 2011. CLÍNICA IVO PITANGUY. Disponível em: < http://www.pitanguy.com.br/>. Acesso em: 22 out. 2011.

Page 63: TURISMO DE SAÚDE NA CIDADE DO RIO DE JANEIRO: A …app.uff.br/riuff/bitstream/1/1592/1/198 - Marjorie de Oliveira.pdf · Turismo de Saúde na cidade do Rio de Janeiro, com foco na

63

COLLUCCI, Cláudia. Turismo de saúde no Brasil anuncia novo regulamento. Disponível em: <http://www1.folha.uol.com.br/equilibrioesaude/789986-turismo-de-saude-no-brasil-anuncia-novo-regulamento.shtml>. Acesso em: 20 out. 2011. CONSELHO FEDERAL DE MEDICINA. Código de Ética Médica. 13 abr. 2010. Resolução CFM nº 1.897/2009 de 6 maio de 2009. Disponível em: <http://www.portalmedico.org.br/novocodigo/legislacao.asp>. Acesso em 24 abr. 2012. CUNHA, Licínio. Turismo de Saúde: conceitos e mercados. Revista Lusófona de Humanidades e Tecnologias. Portugal, n. 10. 2006. Disponível em: <http://revistas.ulusofona.pt/index.php/rhumanidades/article/view/1274/1033>. Acesso em 23 abr. 2012. DIS, Ann Rheum. A brief history of spa therapy. Annals of the Rheumatic Diseases. Estados Unidos, v. 61. n. 3. p. 273–275. mar. 2002. Disponível em: <http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC1754027/pdf/v061p00273.pdf>. Acesso em: 24 jun. 2012. EMPRESA DE TURISMO E EVENTOS DA CIDADE DE SÃO PAULO. Disponível em: <www.spturis.com>. Acesso em: 17 nov. 2011. FANTÁSTICO. Brasileiras se arriscam em cirurgias plásticas na Bolívia e no Paraguai. 20 nov. 2011. Disponível em: < http://globotv.globo.com/rede-globo/fantastico/v/brasileiras-se-arriscam-em-cirurgias-plasticas-na-bolivia-e-no-paraguai/1702770/>. Acesso em: 23 abr. 2012.

FERNANDES, Filomena Maurício Viegas; FERNANDES, João Viegas. Turismo de saúde e bem-estar no mundo: Ética, excelência, segurança e sustentabilidade. São Paulo: Senac SP, 2011. FERREIRA, Francisco R. Cirurgias estéticas, discurso médico e saúde. Fundação Oswaldo Cruz, Rio de Janeiro, 19 jan. 2009. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/csc/v16n5/a06v16n5.pdf>. Acesso em: 17 nov. 2011. FOLHA ONLINE. Turismo de saúde ganha destaque em São Paulo. São Paulo, 29 ago. 2011. Disponível em: < http://www1.folha.uol.com.br/turismo/966980-turismo-de-saude-ganha-destaque-em-sao-paulo.shtml>. Acesso em: 23 abr. 2012. FONSECA FILHO, Ari da Silva. Educação e turismo: um estudo sobre a inserção do turismo no ensino fundamental e médio. 2007. 183 f. Dissertação (Mestrado em Educação na área de Concentração: Didática, Teorias de Ensino e práticas Escolares) – Universidade de São Paulo, São Paulo, 2007. Disponível em: <http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/48/48134/tde-19042007-162741/pt-br.php>. Acesso em 19 mai. 2012. FROZÉ, V.; GIANOTTI, H.; GIANOTTI, P. Considerações sobre o Turismo de Saúde na América Latina – serviços de primeiro mundo com preços de países

Page 64: TURISMO DE SAÚDE NA CIDADE DO RIO DE JANEIRO: A …app.uff.br/riuff/bitstream/1/1592/1/198 - Marjorie de Oliveira.pdf · Turismo de Saúde na cidade do Rio de Janeiro, com foco na

64

emergentes?. Revista Hospitalidade, Brasil, v. 7, n. 1, p. 32-42, 2010. Disponível em: <http://www.revistas.univerciencia.org/turismo/index.php/hospitalidade/article/view/314/321>. Acesso em: 20 out. 2011. FURTADO, Juvencio José D.; GUIMARÃES, Thaís. Turismo médico também trás risco a paciente. Folha de São Paulo, 21 fev. 2012. Disponível em: <http://www1.folha.uol.com.br/mercado/1051397-turismo-medico-tambem-traz-risco-a-paciente.shtml>. Acesso em: 23 abr. 2012. GARCIA, Cláudia. História dos espartilhos. Disponível em: <http://almanaque.folha.uol.com.br/espartilho_historia.htm>. Acesso em: 24 abr. 2012. GASTAL, F. L.; ROUESSLER, I. F.; ALBINO, C.; KITAMURA, C. M.; ETCHEPARE, R.F.; GONÇALVES, J. K. O Sistema Brasileiro de Acreditação – ONA. Rev. Med. UCPEL, Pelotas, v. 2, n. 1, p. 38-42, Jan.-Jun. 2004. Disponível em: <http://www.ucpel.tche.br/revistadesaude/edicoes/2004-2/sistema_brasileiro.pdf>. Acesso em 27 abr. 2012. GODOI, Adolfo Felix. O Turismo de saúde: uma visão da hospitalidade médica mundial. São Paulo; Ícone, 2009. _____. Turismo de saúde: a união entre dois setores da economia, o turismo e a saúde. São Paulo: Ícone, 2010. _____. Turismo de saúde e hospitalidade: vendo a atividade sob a perspectiva da hotelaria hospitalar. São Paulo: Ícone, 2010. GOLDENBERG, Mirian. Nu and vestido. Rio de Janeiro: Record, 2002. HALL, C. Michael; JAMES, Michael. Medical tourism: emerging biosecurity and nosocomial issues. Disponível em: <http://www.emeraldinsight.com/journals.htm?articleid=1926829&show=abstract>. Acesso em: 17 nov. 2011. HALL, C. Michael. Health and medical tourism: a kill or cure for global public health?. Disponível em: <http://www.emeraldinsight.com/journals.htm?articleid=1926820&show=abstract>. Acesso em: 17 nov. 2011. HAMMERL, Priscyla Christine; OLIVEIRA, Eduardo Romero de. Turismo e saúde: uma Corrente Historiográfica e o Caso de Campos do Jordão (SP). São Paulo, 2007. Disponível em: <http://www.rosana.unesp.br/revista/documentos/v1n4a4.pdf>. Acesso em: 22 abr. 2012. HOSPITAL DA PLÁSTICA. Disponível em: <http://www.hospitaldaplastica.com.br/>. Acesso em: 22 out. 2011.

Page 65: TURISMO DE SAÚDE NA CIDADE DO RIO DE JANEIRO: A …app.uff.br/riuff/bitstream/1/1592/1/198 - Marjorie de Oliveira.pdf · Turismo de Saúde na cidade do Rio de Janeiro, com foco na

65

INTERNATIONAL SOCIETY OF AESTHETIC PLASTIC SURGERY, ISAPS. Disponível em: <http://www.isaps.org>. Acesso em: 26 mar. 2012. JANSEN, Roberta. Pela cirurgia plástica, brasileiras buscam seios e nádegas maiores. O Globo Online, 15 ago. 2010. Disponível em: <http://oglobo.globo.com/saude/pela-cirurgia-plastica-brasileiras-buscam-seios-nadegas-maiores-2965611#ixzz1t5bkuapf>. Acesso em 25 abr. 2012. JUNIOR, Lybio Martire. História da cirurgia plástica. 2005. Disponível em: <http://www.sbhm.org.br/index.asp?p=especialidades_view&codigo=48>. Acesso em 24 abr. 2012. _____. História da cirurgia plástica brasileira. 2005. Disponível em: <http://www.sbhm.org.br/index.asp?p=especialidades_view&codigo=48>. Acesso em 24 abr. 2012. LEAL, Virginia; CATRIB, Ana Maria; AMORIM, Rosendo; MONTAGNER, Miguel. O corpo, a cirurgia estética e a saúde coletiva: um estudo de caso. Universidade de Fortaleza, Fortaleza, 19 jul. 2008. Disponível em: <http://www.scielosp.org/pdf/csc/v15n1/a13v15n1.pdf>. Acesso em: 17 nov. 2011. LUDKE, Menga; ANDRÉ, Marli E.D.A. Pesquisa em educação: abordagens qualitativas. São Paulo, Editora Pedagógica e Universitária, 1986. MATOS, Vanina. A saúde do viajante na visão de três atores: gestores da saúde pública, gestores do turismo e o turista. 2011. 132 f. Tese (Doutorado em Ciências na área de Saúde Pública e Meio Ambiente) – Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca, Rio de Janeiro, 2011. Disponível em: <http://bases.bireme.br/cgi-bin/wxislind.exe/iah/online/?IsisScript=iah/iah.xis&src=google&base=LILACS&lang=p&nextAction=lnk&exprSearch=616664&indexSearch=ID>. Acesso em 23 abr. 2012. MATOS, V; BARCELLOS, C. Relações entre turismo e saúde: abordagens metodológicas e propostas de ação. Rev Panam Salud Publica. 2010;28(2):128–34. Disponível em: < http://www.scielosp.org/pdf/rpsp/v28n2/a09v28n2.pdf> Acesso em: 22 out. 2011. MIRON, Wilian; POPOV, Daniel. Turismo médico dispara e anima hospitais. Diário Comércio Indústria & Serviços, São Paulo, 06 out. 2010. Disponível em: <http://www.dci.com.br/turismo-medico-dispara-e-anima-hospitais-id234131.html>. Acesso em: 03 jun. 2012. MORAES, Ornélio Dias de; CANDIDO, Índio; VIERA, :Elenara Viera de. Hotelaria Hospitalar: um novo conceito no atendimento ao cliente de saúde. Caxias do Sul, RS: Educs, 2004. ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DO TURISMO. Código Mundial de Ética no Turismo. 1999. General Assembly of the World Tourism Organization. Disponível em: <http://ethics.unwto.org/en/content/global-code-ethics-tourism>. Acesso em 24 abr. 2012.

Page 66: TURISMO DE SAÚDE NA CIDADE DO RIO DE JANEIRO: A …app.uff.br/riuff/bitstream/1/1592/1/198 - Marjorie de Oliveira.pdf · Turismo de Saúde na cidade do Rio de Janeiro, com foco na

66

ORGANIZAÇÃO NACIONAL DE ACREDITAÇÃO. O que é acreditação? Disponível em: <https://www.ona.org.br/Pagina/27/O-que-e-Acreditacao> Acesso em: 21 abr. 2012. PAIVA, Natália. Turismo médico mundial gira US$ 40 bilhões. Folha de São Paulo, Madri, 21 fev. 2012. Disponível em: <http://www1.folha.uol.com.br/mercado/1051448-turismo-medico-mundial-gira-us-40-bilhoes.shtml>. Acesso em 23 abr. 2012. PANDOLFO, Maria Lúcia Martins. Do leite de cabra à biotecnologia: os avanços da estética e da cosmética na busca da beleza e da juventude. Universidade Veiga de Almeida, 2008. Disponível em: < http://www.cbeconline.com.br/trabalhos/leite_cabra_biotecnologia_profamarialucia.doc>. Acesso em 06 mai. 2012. PANROTAS, Jornal. Turismo de saúde crescerá 35% no País, diz especialista. 2011. Disponível em: <http://www.panrotas.com.br/noticia-turismo/mercado/turismo-de-saude-crescera-35-no-pais-diz-especialista_72587.html?pesquisa=1>. Acesso em: 25 out. 2011. PINHEIRO, Daniela. Brasil, império do bisturi. Veja online, Edição 1683, 17 jan. 2001. Disponível em: < http://veja.abril.com.br/170101/p_084.html>. Acesso em: 25 out. 2011. PRIORE, Mary Del. Corpo a corpo com a mulher: pequena história das transformações do corpo. São Paulo: SENA-SP, 2000. RAUPP, Fabiano Maury; BEUREN, Ilse Maria. Metodologia da pesquisa aplicável às Ciências Sociais. In: BEUREN, Ilse Maria; LONGARAY, André Andrade; RAUPP, Fabiano Maury et al. Como Elaborar Trabalhos Monográficos em contabilidade: teoria e prática. São Paulo: Editora Atlas, 2004. REGULES, M. P. P.; CAVALCANTI, P. A. B.; TIBÉRIO, W.; SILVA, V. C. Ética, meio ambiente e cidadania para o turismo. São Paulo: IPSIS, 2007. Disponível em: <http://www.turismo.gov.br/export/sites/default/turismo/o_ministerio/publicacoes/downloads_publicacoes/xticax_Meio_Ambiente_e_Cidadania_para_o_Turismo.pdf>. Acesso em: 14 abr. 2012. ROTHENBERG, Leslie Steven. Ethical issues threaten the future of the medical tourism sector? 06 out. 2010. Disponível em: <http://www.medicaltourismmag.com/article/ethical-issues-threaten-the-future-of-the-medical-tourism-sector-.html>. Acesso em: 24 abr. 2012. SILVA, Ana Lúcia Gonçalves da; BARREIRA, Cristiane Antunes. Turismo de saúde. São Paulo: Senac SP, 1994. SCHMIDT, Mario Furley. Nova história crítica: 5ª série. São Paulo: Nova Geração, 2001. _____. Nova história crítica: 6ª série. São Paulo: Nova Geração, 2001.

Page 67: TURISMO DE SAÚDE NA CIDADE DO RIO DE JANEIRO: A …app.uff.br/riuff/bitstream/1/1592/1/198 - Marjorie de Oliveira.pdf · Turismo de Saúde na cidade do Rio de Janeiro, com foco na

67

SOCIEDADE BRASILEIRA DE CIRURGIA PLÁSTICA. Disponível em: <www.cirurgiaplastica.org.br>. Acesso em: 17 nov. 2001. SPHERA INTERNACIONAL. Disponível em: <http://www.brazilmedicaltourism.com/>. Acesso em 28 abr. 2012. TARABOULSI, Fadi Antoine. Administração de hotelaria hospitalar. São Paulo: Atlas, 2009. ULLMANN, Reinholdo Aloysio. Amor e sexo na Grécia antiga. Porto Alegre: EDIPUCRS, 2005. UNIVERSIDADE DE MONTREAL. Estudo examina os dilemas éticos do turismo de saúde na América Latina. 7 out. 2009. Disponível em: <http://www.isaude.net/pt-BR/noticia/2583/geral/estudo-examina-os-dilemas-eticos-do-turismo-de-saude-na-america-latina>. Acesso em: 25 abr. 2012. VIGARELLO, Georges. História da beleza. Rio de Janeiro: Ediouro, 2006. VILLAR, Juan José Molina. Termalismo y turismo en Catalunya: un estudio geohistórico contemporáneo. 2004. 895 f. Tese (Doutorado em Análise Geográfica Regional na área de Ciências Humanas e Sociais) – Universidade de Barcelona, Barcelona, 2004. Disponível em: < http://tesisenred.net/handle/10803/1942>. Acesso em: 23 abr. 2012.

Page 68: TURISMO DE SAÚDE NA CIDADE DO RIO DE JANEIRO: A …app.uff.br/riuff/bitstream/1/1592/1/198 - Marjorie de Oliveira.pdf · Turismo de Saúde na cidade do Rio de Janeiro, com foco na

68

APÊNDICE – ROTEIRO SEMI-ESTRUTURADO PARA A ENTREVISTA

1. Qual a média de turistas estrangeiros que a clínica recebe por ano? E de turistas nacionais?

2. Quais desses tratamentos o paciente pode realizar atividades no pré e pós operatório?

3. Os pacientes oriundos de outras localidades costumam retornar para outros tratamentos?

4. Em relação aos estrangeiros, qual sua opinião a respeito da escolha da clínica? E os nacionais?

5. Os pacientes costumam vir acompanhados?

6. Saberia informar a procedência desses turistas?

7. Os pacientes e acompanhantes costumam fazer turismo na cidade no período do procedimento (pré e pós)?

8. Eles costumam pedir dicas ou orientações a respeito de quais serviços turísticos utilizarem (hospedagem, alimentação, passeios...)?

9. Acha que há a possibilidade em relacionar o deslocamento da pessoa para tratamento estético e fazer turismo na cidade?

10. É orientado um tempo de permanência na cidade antes e depois desses tratamentos?

11. Qual sua opinião em realizar turismo pré e pós operatório?

12. Quais são os tratamentos estéticos mais realizados na clínica pelos turistas?