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TÍTULO: IMUNOLOCALIZAÇÃO DE RECEPTORES DE ANDRÓGENOS E HORMÔNIO ANTI-MÜLLERIANO NOS TESTÍCULOS E EPIDÍDIMOS DE PREÁS (GALEA SPIXII, WAGLER, 1831) AO LONGO DO DESENVOLVIMENTO PRÉ-NATAL. TÍTULO: CATEGORIA: CONCLUÍDO CATEGORIA: ÁREA: CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E SAÚDE ÁREA: SUBÁREA: Medicina Veterinária SUBÁREA: INSTITUIÇÃO(ÕES): UNIVERSIDADE ANHEMBI MORUMBI - UAM INSTITUIÇÃO(ÕES): AUTOR(ES): JÚLIA MOREIRA SILVEIRA AUTOR(ES): ORIENTADOR(ES): ANTÔNIO CHAVES DE ASSIS NETO ORIENTADOR(ES): COLABORADOR(ES): AMILTON CESAR DOS SANTOS, CONSELHO NACIONAL DE DESENVOLVIMENTO CIENTÍFICO E TECNOLÓGICO (CNPQ) COLABORADOR(ES):

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TÍTULO: IMUNOLOCALIZAÇÃO DE RECEPTORES DE ANDRÓGENOS E HORMÔNIOANTI-MÜLLERIANO NOS TESTÍCULOS E EPIDÍDIMOS DE PREÁS (GALEA SPIXII, WAGLER, 1831) AOLONGO DO DESENVOLVIMENTO PRÉ-NATAL.

TÍTULO:

CATEGORIA: CONCLUÍDOCATEGORIA:

ÁREA: CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E SAÚDEÁREA:

SUBÁREA: Medicina VeterináriaSUBÁREA:

INSTITUIÇÃO(ÕES): UNIVERSIDADE ANHEMBI MORUMBI - UAMINSTITUIÇÃO(ÕES):

AUTOR(ES): JÚLIA MOREIRA SILVEIRAAUTOR(ES):

ORIENTADOR(ES): ANTÔNIO CHAVES DE ASSIS NETOORIENTADOR(ES):

COLABORADOR(ES): AMILTON CESAR DOS SANTOS, CONSELHO NACIONAL DEDESENVOLVIMENTO CIENTÍFICO E TECNOLÓGICO (CNPQ)COLABORADOR(ES):

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RESUMO

A diferenciação sexual vem sendo muito abordada em diversos estudos com o intuito

de aprofundar o entendimento a respeito dos mecanismos desencadeados ao longo

do desenvolvimento intrauterino, assim como para tentar compreender algumas

anomalias que são procedentes desse processo. A partir de gônadas indiferenciadas,

por ação de fatores hormonais, se origina os testículos os quais produzirão hormônios

androgênicos responsáveis pela evolução dos ductos mesonéfricos, que por sua vez

formarão os ductos epididimários, ductos deferentes e ejaculatórios e vesículas

seminais. Contudo, apesar da descoberta acerca da importância desses mecanismos,

ainda não foi estudado a respeito da imunolocalização das enzimas androgênicas, da

participação do hormônio anti-Mülleriano na manutenção dos ductos mesonéfricos e

na sua diferenciação em ductos epididimários, fatores estes substancialmente

importantes para a melhor compreensão dos mecanismos fisiológicos desencadeados

por esses hormônios e enzimas durante o desenvolvimento dos testículos e

epidídimos. Por esta razão, ao longo da pesquisa, o presente estudo visou estabelecer

os padrões de desenvolvimento morfológico e morfométrico juntamente com os

ajustes teciduais, dos testículos e epidídimos em diferenciação utilizando microscopia

de luz. Foram também demonstrados os mecanismos moleculares durante a

diferenciação desses órgãos por intermédio de análises da imunolocalização (através

de imunohistoquímica), do hormônio anti-Mülleriano e das enzimas androgênicas 5-

alfa-redutase e 17-beta-HSD ao longo do desenvolvimento embrionário de preás

(Galea spixii Wagler, 1831).

1. INTRODUÇÃO

A espécie Galea Spixii (Wagler, 1831), também conhecida popularmente como

preá ou preá do campo, pertence à família Caviidae, subfamília Caviinae e gênero

Galea (BEZERRA, 2008; ADRIAN; SACHSER, 2011). Esses roedores compõem a

fauna nordestina brasileira, sendo encontrados em regiões com clima semi-árido para

árido da vegetação da Caatinga e Cerrado do Brasil, estando presentes em alguns

estados como Minas gerais, Pernambuco, Paraíba, Mato Grosso, Maranhão, Ceará,

Piauí e Bahia (MOOJEN, 1952; BEZERRA, 2008).

Os hormônios esteroides sexuais são substâncias químicas representadas por

andrógenos, estrógenos ou progesterona que atuam em processos reprodutivos e

diferenciação sexual. Eles podem ser sintetizados em três locais: gônadas femininas

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e masculinas, placenta e glândula adrenal (SANTOS et al., 2015) a partir de uma

molécula de colesterol, todavia o tipo de hormônio esteroide que será produzido

dependerá da presença de enzimas específicas para a conversão das moléculas em

suas respectivas células (GRECO; STABENFELDT, 2014).

A testosterona e a di-hidrotestosterona são hormônios sexuais esteroides

androgênicos que têm um papel muito importante pois promovem o desenvolvimento

ou, na sua ausência, regressão de ductos sexuais. Esses dois hormônios são

sintetizados em maior parte pelas células de Leydig que estão presentes no interstício

dos túbulos seminíferos dos testículos, como também em uma parcela menor pelo

córtex da adrenal (HAFEZ et al., 2004). Duas das enzimas esteroidogênicas

necessárias para as conversões são conhecidas como 17β-HSD e 5α-redutase, elas

atuam no citoplasma da célula no qual a 17β-HSD converte hormônios

androstenediona em testosterona que, por sua vez, sob ação da enzima 5-alfa-

redutase se converte em di-hidrotestosterona (SANTOS et al., 2015).

A diferenciação sexual é um tema que está ganhando atenção no meio

científico para tentar sanar as inúmeras dúvidas a respeito desse desenvolvimento

fenotípico gonadal. Contudo, diversos mecanismos morfológicos e moleculares da

diferenciação sexual ainda estão sendo muito discutidos em decorrência da

complexidade desses mecanismos. A importância de se estabelecer em detalhes os

processos que levarão o desenvolvimento fenotípico masculino proporciona o melhor

entendimento a respeito das complexas anomalias desenvolvidas no momento da

diferenciação sexual existente entre os animais e os seres humanos.

2. OBJETIVOS

O presente estudo visa estabelecer os padrões de desenvolvimento

morfológico e morfométrico e a imunolocalização do hormônio anti-Mülleriano e das

enzimas androgênicas 5-alfa-redutase e 17-beta-HSD durante a diferenciação dos

testículos e epidídimos durante o período intrauterino.

3. METODOLOGIA

3.1 Animais

Foram utilizados os embriões e fetos de 20 fêmeas gestantes, provenientes do

Centro de Multiplicação de Animais Silvestres (IBAMA 1478912/2011) da

Universidade Federal Rural do Semi-Árido, localizada no município de Mossoró, RN,

Brasil. A pesquisa está vinculada ao projeto de pós-doutorado autorizado pelo Comitê

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de Ética da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade de São

Paulo, São Paulo, Brasil (CEUA nº 7508080317).

3.2 Monitoramento da cópula, estabelecimento da idade gestacional, eutanásia

e coleta dos conceptos

Para obtenção de amostras padronizadas, fêmeas e machos foram pareadas

em boxes de 2,5m2 (n= 3 fêmeas e 1 macho por box), com chão de areia, cercados

com tela de arame e cobertos com telha de amianto. A alimentação foi realizada com

ração de coelho, milho e frutas típicas da região, sendo servida água a vontade.

Quando atingido o período gestacional correspondente às idades a serem

pesquisadas, todas as gestantes foram pré-anestesiadas com cloridrato de xilazina

2% (40mg/kg/IM) e cloridrato de quetamina 1% (60mg/kg/IM) e submetidas à

eutanásia pela administração de tiopental sódico a 2,5% (60mg/Kg) via intracardíaca.

Após a diferenciação sexual da genitália externa, foram coletados conceptos aos 25

DG, 30 DG, 40 DG e após os 48 DG (n mínimo= 9 machos por período gestacional).

3.3 Análise por microscopia de Luz, histometria dos ductos epididimários e

análise macroscópica e morfométrica dos testículos

Para estabelecimento do padrão do diâmetro dos ductos epididimários foram

utilizados conceptos (n mínimo= 3 em cada período gestacional) aos 25, 30, 40 e >48

DG. As amostras foram fixadas e submetidas a procedimentos histológicos para

cortes seriados com o intuito de identificar o padrão de desenvolvimento ao longo de

todo o órgão e para mensuração do diâmetro e altura do epitélio dos ductos

mesonéfricos e epididimários em todas as idades gestacionais.

Para análise estatística, foi utilizada análise de variância usando GraphPad

InStat para obtenção da média e desvio padrão. Teste Cramer Von Mises foi aplicado

para normalidade e homocedasticidade entre as variáveis. Comparação pelo teste

Tukey foi utilizado para variações histométricas. As variações histométricas (CV ≤

15%) foram consideradas para significância de p<0,05.

3.4 Imunohistoquímica para hormônio anti-Mülleriano e enzimas

esteroidogênicas 5-alfa-redutase e 17-beta-HSD

Foram utilizados conceptos (n mínimo= 3 em cada período gestacional) aos 40

e >50 DG. Todos os cortes foram submetidos a anticorpo policlonal primário (1:200),

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para enzimas 5-alfa-redutase e hormônio anti-mülleriano (anti preás, mouse)

(previamente produzidas pela RHEABIOTECH, Campinas, SP, Brazil). Para controle

negativo, foi utilizado peptídeo sintético de bloqueio. Imunorreatividade foi detectada

usando anticorpo secundário biotinilado Immpress® Universal Kit (Vector Labs,

Burlingame, CA, USA). Em seguida, as amostras foram lavadas em solução tampão

fosfato e reveladas com IMMPACT® DAB.

4. Resultados

4.1 Análise macroscópica e dados morfométricos macroscópicos

Através da análise macroscópica, foi possível observar que aos 25DG já é

notável a presença das gônadas masculinas juntamente associadas aos ductos

mesonéfricos e ao seio urogenital, sendo o último divido em suas porções vesical,

pélvica e fálica. Aos 40DG os ductos deferentes já foram encontrados saindo da cauda

do epidídimo em formação, a uretra já se mostrou caracterizando-se pelo formato de

‘’s’’ e, simultaneamente a ela, o pênis já estava em desenvolvimento.

Em relação aos dados morfométricos macroscópicos, não houve uma diferença

significativa entre os testículos esquerdos e direitos, dessa forma os dados utilizados

para determinação de comprimento e largura das gônadas masculinas foram

agrupados. Sob essa perspectiva, as mensurações dos testículos obtiveram mínima

de 0,33mm de comprimento em relação a idade de 20DG e máxima de 4,23 mm aos

>50DG, com média de 0,36 e 3,09 respectivamente. Já as medidas de largura variam

de 0,18 mm aos 20DG e 2,19 aos 50DG, com média de 0,21 e 1,89 respectivamente.

4.2 Análise por microscopia de luz

O parênquima testicular do preá no período intrauterino é composto pela

presença de cordões seminíferos com os gonócitos, células indiferenciadas de

sustentação – Sertoli, células mióides, interstício apresentando tecido conjuntivo

frouxo com as células de Leydig em desenvolvimento e túnica albugínea revestindo o

testículo composta por tecido conjuntivo denso, conforme descrito na literatura. Essas

células foram observadas em todas as idades analisadas no presente estudo,

encontrando-se localizadas próximas ao compartimento basal do epitélio germinativo

quando em idades acima dos 30DG e mais central, em relação ao epitélio, em idades

inferiores a 25DG.

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Envolvendo os cordões, o epitélio germinativo é formado por várias camadas

de células, incluindo os gonócitos, que variam em sua constituição de um túbulo para

outro. Em preás, o epitélio germinativo somente começou a se mostrar em

desenvolvimento a partir do 30DG, anteriormente, os gonócitos se apresentavam

dispersos no interstício de tecido conjuntivo frouxo apenas com indício de

agrupamento para posterior obtenção de forma estrutural e formação da parede

germinativa dos cordões seminíferos (Figura 3 - E, F). E, além disso, através da

microscopia foi possível analisar que o parênquima testicular se mostrou com maior

irrigação sanguínea aos 50DG quando comparado as idades inferiores ao mesmo

(Figura 3 – B).

O epidídimo em desenvolvimento somente apresentou possível diferenciação

das regiões características de cabeça, corpo e cauda a partir dos 40DG. No qual, aos

50DG a região de cabeça foi evidenciada como epitélio cúbico, seguida da região de

corpo com variação epitelial entre o da cabeça e o da cauda, e o da cauda classificado

como epitélio pseudoestratificado ciliado. Ambas as regiões demonstraram presença

de tecido conjuntivo circuncidando as estruturas epididimárias, contudo as regiões de

cabeça, corpo e cauda apresentaram quantidade de tecido conjuntivo disposto de

maneira variada, o tecido conjuntivo de mostrou presente em grande quantidade na

região de cauda enquanto foi evidenciado de modo escasso para as outras regiões.

>50DG >50DG

sc

sc sc

sc

ta is

is

is

B A

30DG

sc

sc

sc

sc

sc

ta C D

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Figura 1: Fotomicrográfica do aparelho testicular nas idades de 22, 25, 30, 45 e 50 dias de gestação (DG) em coloração HE. Cabeça de seta preta (células de Leydig); sc (cordões seminíferos); seta (célula indiferenciada de sustentação); cabeça de seta vazia (gonócitos); ta (túnica albugínea); is (irrigação sanguínea).

tc tc

tc

ta

co

E F

40DG 30DG

>50DG

cb

co

cd

>50DG

>50DG

>50DG

cb

co

cd

te

is

is

tc

tc

tc

B

C

25DG

sc sc

sc

22DG

sc

ta

F E

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4.3 Imunohistoquímica nos testículos e epidídimos

Por meio da técnica imunológica aplicada nos testículos, ficou demonstrado

que as células de Leydig dispostas ao longo do parênquima testicular apresentaram

imunorreatividade para as duas enzimas esteroidogênicas estudadas, sendo estas a

enzima 17-β-HSD aos 40DG (Fig. 5B) e 50DG (Fig. 5C), e a 5-α-redutase 40DG (Fig.

5E) e 50DG (Fig. 5F). Da mesma maneira, as células de Leydig se mostraram

imunorreativas ao hormônio anti-Mülleriano nas idades de 40DG (Fig. 5H) e 50DG

(Fig. 5I) mas, para este hormônio, as células de Sertoli também foram imunorreativas.

De maneira análoga, o tecido epididimário demonstrou ser imunorreativo ao

hormônio anti-Mülleriano nas idades de 40DG (Fig. 5G) e 50DG (Fig. 6A), assim como

as enzimas esteroidogênicas 17-β-HSD 40DG (Fig. 5A) e 50DG (Fig. 6B), e 5-α-

redutase nas idades 40DG (Fig. 5D) e 50DG (Fig. 6C), no qual obtiveram suas

respectivas imunolocalizações situadas equivalentemente no epitélio dos ductos

epididimários aos 40DG e aos 50DG.

Figura 2: Fotomicrográfica do epidídimo nas idades de 22, 25, 30, 45 e 50 dias de gestação (DG) em coloração HE. Cb (cabeça); co (corpo); cd (cauda); te (testículo); is (irrigação sanguínea); tc (tecido conjuntivo); ta (túnica albugínea).

Figura 3: Imunohistoquímica para as enzimas esteroidogênicas 17-β-HSD, 5-α-Redutase, anti-Mülleriano (HAM) nos epidídimos >50DG. Seta (tecido epitelial epididimário imunorreativo); vs (vaso sanguíneo).

5-α

-Red

uta

se

5-α

-Red

uta

se

HA

M

vs

d

17-β

-HS

D

A B C

vs

HA

M

5-α

-Red

uta

se

22DG 25DG

tc

tc

H G

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4.4 Dados histométricos

Por meio da análise histométrica observa-se que as mensurações realizadas

nas estruturas epididimárias revelam que os ductos epididimários possuem um

desenvolvimento progressivo ao longo das idades 22, 25, 30, 40 DG assim como o

tecido testicular, entretanto há um decréscimo dos ductos epididimários alongados e

cúbicos entre o intervalo das idades 40 e 50DG de 861,43 e 176,29, respectivamente.

Além disso, por meio da histomorfometria foi demonstrado que aos 50DG é possível

notar os diferentes diâmetros entre as regiões do epidídimo, no qual a cauda, dentre

os três, é a que tem um número de ductos com os maiores diâmetros, seguidos com

o corpo e por último, os menores ductos encontrados na cabeça do epidídimo, sejam

estes ductos alongados ou cúbicos.

Figura 4: Imunohistoquímica para as enzimas esteroidogênicas 17-β-HSD, 5-α-Redutase, anti-Mülleriano (HAM) nos testículos e epidídimos. Cs (cordão seminífero); de (ducto epididimário); seta (célula de Leydig imunorreativa).

Epi. 40DG Test. 40DG Test. 50DG

HA

M

17-β

-HS

D

5-α

-Red

uta

se

A C B

G

F E D

H I

cs

cs cs

cs

cs

cs

cs

cs

cs

de

de

de

de

cs

cs

cs

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5. Considerações finais

Em relação aos dados histométricos, o resultado discrepante entre as

mensurações dos ductos epididimários no intervalo das idades 40DG e 50DG é

possivelmente esclarecido pelo fato de haver diferentes diâmetros entre os ductos

epididimários das regiões de cabeça, corpo e cauda do órgão. O valor dos ductos aos

50DG aplicado no gráfico foi obtido através da média das três regiões do epidídimo

aos 50DG, dessa maneira o resultado obtido, por fim, foi menor quando comparado

com o valor mensurado na idade 40DG. Entretanto, quando verificado as medidas das

regiões cabeça (2954,82), corpo (3418,91) e cauda (4494,59), revela que a medida

da cauda é superior a medida da idade 40DG (4484,20), demonstrando, assim, que o

resultado sucedeu em decorrência a própria morfologia do órgão que é caracterizada

por três porções diferentes entre si.

E no que se refere a diferença do diâmetro dos ductos epididimários das regiões

de cabeça, corpo e cauda nas idades de >50DG, as características histológicas

adquiridas através da observação pela microscopia de luz no presente estudo indicam

que as variações dos diferente tipos dos epitélios epididimários entre as três regiões,

assim como a disposição variada do tecido conjuntivo entre as estruturas e o diferente

diâmetro do lúmen em cada região são os responsáveis pela diferença dos diâmetros

dos ductos epididimários encontrados por meio da histomorfometria.

É conhecido que os hormônios androgênicos testosterona e di-

hidrotestosterona produzidos pelos testículos são essenciais para promover a

manutenção constante do epidídimo. Ao longo dos anos diversos estudos foram

realizados em diferentes espécies de animais para explicar a ação dos hormônios

Figura 5: Gráfico das mensurações do diâmetro dos ductos cúbicos das idades de 22, 25, 30, 45 e 50 dias de gestação (DG) e mensuração entre as diferentes regiões do epidídimo da idade >50DG. * = diferença estatística (p<0,005) para teste Tukey.

y = -164,19x2 + 1139x + 126,39

R² = 1

0

500

1000

1500

2000

2500

Cabeça Corpo Cauda

Ductos epididimários cúbicos > 50DG

*

y = 13,315x2 + 247,61x + 219,03

R² = 0,80960,00

500,00

1000,00

1500,00

2000,00

2500,00

22DG 25DG 30DG 40DG 50DG

Ductos epididimários cúbicos

*

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androgênicos nos epidídimos, sendo em sua maioria relacionados a ação da enzima

5α-redutase e suas isoenzimas através de sua inibição no órgão (ROBAIRE;

HENDERSON, 2006; ROBAIRE; HAMZEH, 2011; CORBIN et. al., 2016). Entretanto,

apesar de existirem estudos que demonstram a atuação dessas enzimas produzidas

no testículo no epidídimo, os mesmos foram realizados somente em epidídimos

adultos.

À vista disso, o nosso trabalho demonstrou que o testículo já nas idades do

período de desenvolvimento intrauterino possui os substratos necessários para a

produção hormônios androgênicos que são fundamentais para o desenvolvimento,

maturação e manutenção do epidídimo. E em decorrência da imunorreatividade

positiva dos ductos epididimários aos hormônios e enzimas pesquisados, o presente

estudo pode concluir que os epidídimos, já nas idades do desenvolvimento

intrauterino, são responsivos as enzimas androgênicas 17β-HSD e 5α-redutase e ao

hormônio anti-Mülleriano.

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ADRIAN, O.; SACHSER, N. Diversity of social and mating systems in cavies: a review. Journal of Mammalogy. v. 92, p. 39-53, 2011. BEZERRA, A. M. R. Revisão taxonômica do gênero Galea Meyen, 1832 (Rodentia, Caviidae, Caviinae). 2008. 125f. Tese (Doutorado em Biologia Animal) – Universidade de Brasília (UnB), Brasília, 2008. CORBIN, C. J.; LEGACKI, E. L.; CALL, B. A.; SCOGGIN, K. E.; STANLEY, S. D.; CONLEY, A. J. Equine 5α-reductase activity and expression in epididymis. Journal of Endocrinology. v. 231, p. 23–33, 2016. GRECO, D. S.; STANBENFELDT, G.H. Endocrinologia. In: KLEIN, B.G. Cunningham: Tratado de Fisiologia Veterinária. 5.ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2014. cap. 5, p. 359-406. HAFEZ, E. S. E.; JAINUDEEN M.R.; ROSNINA, Y. Hormônios, fatores de crescimento e reprodução. In: ______; HAFEZ, B. Reprodução Animal. 7. ed. Barueri: Editora Manole, 2004. cap. 3, p.33-53. MOOJEN, J. Os roedores do Brasil. Rio de Janeiro. Ministério da Educação e Saúde, Instituto Nacional do Livro. p. 214, 1952. ROBAIRE, B.; HENDERSON, N. A. Actions of 5a-reductase inhibitors on the epididymis. Molecular and Cellular Endocrinology, n. 250, p. 190-195, 2006. ROBAIRE, B.; HAMZEH, M. Androgen Action in the Epididymis. Journal of Andrology. v. 32, n. 6, p. 592- 599, 2011. SANTOS, P. R. S. Estudo ultraestrutural do desenvolvimento da espermatogênese e da via espermática de preás (Galea spixii, Wagler, 1831) criados em cativeiro. 2012. 149f. Dissertação (Mestrado) – Universidade de São Paulo. Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia. Departamento de Cirurgia, São Paulo, 2012. SANTOS, A. C.; VIANA, D. C.; OLIVEIRA, G. B.; LOBO, L. M.; ASSIS-NETO. A.C. Intrauterine Sexual Differentiation: Biosynthesis and action of Sexual Steroid Hormones. Brazilian Archives of Biology and Technology. v. 58, p. 395-405, 2015. SINOWATZ, F. Desenvolvimento do sistema urogenital. In: HYTTEL, P.; SINOWATZ, F.; VEJLSTED, M. Embriologia Veterinária. Rio de Janeiro: Elsevier, 2012. cap. 15, p. 252-285.