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Tribunal Regional Federal da 1ª Região Pesquisa de Jurisprudência: Acórdãos JEF Expressão de busca: ação monitória contrato financiamento imobiliário Processo Numeração Única: 0012902-45.2004.4.01.3600 RECURSO CONTRA SENTENÇA CÍVEL 2004.36.00.701165-8 / MT Data Decisão 25/05/2007 Publicação 31/05/2007 Decisão ACÓRDÃO: A turma, por unanimidade, conheceu do recurso e deu a ele parcial provimento, nos termos do voto do Exmo. Senhor Juiz Relator. Ementa EMENTA: CONTRATO BANCÁRIO - EMPRÉSTIMO/ FINANCIAMENTO. CRÉDITO ROTATIVO. LIMITAÇÃO DA TAXA DE JUROS. CAPITALIZAÇÃO DOS JUROS. ILEGALIDADE. JUROS DE MORA DE 0,5% AO MÊS. 1. Somente "nos contratos firmados posteriormente à edição da MP 1.963-17/2000, de 31 de março de 2000 (atualmente reeditada sob o nº 2.170-36/2001), admite-se a capitalização mensal dos juros, desde que expressamente pactuada". Precedentes do STJ. 2. Os juros de mora são devidos no percentual de 0,5% ao mês até a entrada em vigor do novo Código Civil, janeiro de 2003, a partir de quando devem incidir no percentual de 1% ao mês 3. Recurso parcialmente provido. Acórdão I. RELATÓRIO. A CAIXA ECONÔMICA FEDERAL - CEF insurge-se contra a sentença que julgou procedente a pretensão da parte Autora, determinando a redução da dívida oriunda de contrato de conta corrente e de crédito rotativo celebrado entra as partes para o valo de R$ 181,88 (valor de setembro de 2004). Alega, em síntese: ausência de provas comprobatórias das alegações do Autor, a legalidade do negócio jurídico celebrado. Contra-razões às fls. 151/158. É o relatório. II. VOTO. A Caixa Econômica Federal alega que nos autos a parte Autora não faz provas de suas alegações, visto que não trouxe à lide documentos que comprovam a versão argüida de que contratara a conta corrente e o crédito rotativo para fins condicionados a obtenção de financiamento imobiliário. Compulsado os autos, verifico que a parte Autora trouxe como documentos comprobatórios juntamente com a peça inicial, cópias de extratos bancários referentes a consultas realizadas em sua conta, constatando, desse modo, a existência de saldo devedor na referida conta. Diante as provas apresentadas, tanto pela parte Autora quanto pela parte Ré, que acostou nos autos apenas cópia do "Contrato de Crédito Rotativo Cheque Azul" (fls. 35/38), não restou comprovada o vínculo da abertura da conta de crédito rotativo como meio para obtenção de financiamento de imóvel. Desse modo, não há o que se falar em venda casada tal como considerado pelo juízo a quo, portanto, não vejo ilegalidade no que tange às cláusulas anuladas e aos índices contidos no contrato. In causu, a capitalização mensal dos juros não está abarcada pela legislação em vigor, visto que a data do contrato é de 28/03/2000, ou seja, anterior a data abrangida pela lei. Assim, vejamos: PROCESSUAL CIVIL E CIVIL. AÇÃO MONITÓRIA. EMBARGOS. CONTRATO DE CRÉDITO ROTATIVO. COMISSÃO DE PERMANÊNCIA. INACUMULABILIDADE COM JUROS REMUNERATÓRIOS. EXCESSO DE COBRANÇA. CAPITALIZAÇÃO DE JUROS. VEDAÇÃO. 1. O cálculo da comissão de permanência com base nos custos financeiros da captação em CDB de 30 (trinta) dias, na CEF, não se afigura ilegítimo nem abusivo, estando em consonância com a Súmula 294 do Superior Tribunal de Justiça. 2. A cobrança da comissão de permanência, por si só, é legítima, não podendo, porém, ser cumulada com correção monetária (Súmula n. 30/STJ), nem com juros remuneratórios (Súmula 296/STJ), tendo em vista sua dúplice finalidade: corrigir monetariamente o valor do débito e, ao mesmo tempo, remunerar o banco pelo período de mora contratual. 3. Não pode ser cumulada comissão de permanência, calculada com base na composição dos custos financeiros da Página 1 de 2 TRF-1 06/07/2015 about:blank

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Ação Monitória

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Page 1: TRF1 - Acórdão Monitória Contrato Financiamento Imobiliário Crédito Rotativo

Tribunal Regional Federal da 1ª RegiãoPesquisa de Jurisprudência: Acórdãos JEF

Expressão de busca: ação monitória contrato financiamento imobiliário

ProcessoNumeração Única: 0012902-45.2004.4.01.3600 RECURSO CONTRA SENTENÇA CÍVEL 2004.36.00.701165-8 / MT

Data Decisão25/05/2007

Publicação31/05/2007

DecisãoACÓRDÃO: A turma, por unanimidade, conheceu do recurso e deu a ele parcial provimento, nos termos do voto do Exmo. Senhor Juiz Relator.

EmentaEMENTA: CONTRATO BANCÁRIO - EMPRÉSTIMO/ FINANCIAMENTO. CRÉDITO ROTATIVO. LIMITAÇÃO DA TAXA DE JUROS. CAPITALIZAÇÃO DOS JUROS. ILEGALIDADE. JUROS DE MORA DE 0,5% AO MÊS. 1. Somente "nos contratos firmados posteriormente à edição da MP 1.963-17/2000, de 31 de março de 2000 (atualmente reeditada sob o nº 2.170-36/2001), admite-se a capitalização mensal dos juros, desde que expressamente pactuada". Precedentes do STJ. 2. Os juros de mora são devidos no percentual de 0,5% ao mês até a entrada em vigor do novo Código Civil, janeiro de 2003, a partir de quando devem incidir no percentual de 1% ao mês 3. Recurso parcialmente provido.

AcórdãoI. RELATÓRIO.

A CAIXA ECONÔMICA FEDERAL - CEF insurge-se contra a sentença que julgou procedente a pretensão da parte Autora, determinando a redução da dívida oriunda de contrato de conta corrente e de crédito rotativo celebrado entra as partes para o valo de R$ 181,88 (valor de setembro de 2004).

Alega, em síntese: ausência de provas comprobatórias das alegações do Autor, a legalidade do negócio jurídico celebrado.

Contra-razões às fls. 151/158.

É o relatório.

II. VOTO.

A Caixa Econômica Federal alega que nos autos a parte Autora não faz provas de suas alegações, visto que não trouxe à lide documentos que comprovam a versão argüida de que contratara a conta corrente e o crédito rotativo para fins condicionados a obtenção de financiamento imobiliário.

Compulsado os autos, verifico que a parte Autora trouxe como documentos comprobatórios juntamente com a peça inicial, cópias de extratos bancários referentes a consultas realizadas em sua conta, constatando, desse modo, a existência de saldo devedor na referida conta.

Diante as provas apresentadas, tanto pela parte Autora quanto pela parte Ré, que acostou nos autos apenas cópia do "Contrato de Crédito Rotativo Cheque Azul" (fls. 35/38), não restou comprovada o vínculo da abertura da conta de crédito rotativo como meio para obtenção de financiamento de imóvel.

Desse modo, não há o que se falar em venda casada tal como considerado pelo juízo a quo, portanto, não vejo ilegalidade no que tange às cláusulas anuladas e aos índices contidos no contrato.

In causu, a capitalização mensal dos juros não está abarcada pela legislação em vigor, visto que a data do contrato é de 28/03/2000, ou seja, anterior a data abrangida pela lei. Assim, vejamos:

PROCESSUAL CIVIL E CIVIL. AÇÃO MONITÓRIA. EMBARGOS. CONTRATO DE CRÉDITO ROTATIVO. COMISSÃO DE PERMANÊNCIA. INACUMULABILIDADE COM JUROS REMUNERATÓRIOS. EXCESSO DE COBRANÇA. CAPITALIZAÇÃO DE JUROS. VEDAÇÃO. 1. O cálculo da comissão de permanência com base nos custos financeiros da captação em CDB de 30 (trinta) dias, na CEF, não se afigura ilegítimo nem abusivo, estando em consonância com a Súmula 294 do Superior Tribunal de Justiça. 2. A cobrança da comissão de permanência, por si só, é legítima, não podendo, porém, ser cumulada com correção monetária (Súmula n. 30/STJ), nem com juros remuneratórios (Súmula 296/STJ), tendo em vista sua dúplice finalidade: corrigir monetariamente o valor do débito e, ao mesmo tempo, remunerar o banco pelo período de mora contratual. 3. Não pode ser cumulada comissão de permanência, calculada com base na composição dos custos financeiros da

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captação em CDB, com "taxa de rentabilidade" de até 10% (dez por cento) ao mês, devido ostentar a natureza de juros remuneratórios. 5. "É proibido contar juros dos juros: esta proibição não compreende a acumulação de juros vencidos aos saldos líquidos em conta corrente de ano a ano" (art. 4º, Decreto nº 22.626/33). 6. Somente "nos contratos firmados posteriormente à edição da MP 1.963-17/2000, de 31 de março de 2000 (atualmente reeditada sob o nº 2.170-36/2001), admite-se a capitalização mensal dos juros, desde que expressamente pactuada". Precedentes do STJ. 7. Apelação a que se nega provimento. (TRF 1. AC.200235000064911. Processo: 200235000064911 UF: GO Órgão Julgador: 5ª Turma. Rel. Desembargador Federal João Batista Moreira. Data da decisão: 22/11/2006. DJ Data: 7/12/2006, pág.: 95)

Destarte, afasto a possibilidade de capitalização dos juros, visto a ausência de previsão legal.

Todavia, em relação à aplicação dos juros moratórios e da correção monetária, entendo que deve ser aplicado os índices constantes no contrato pactuado entre as partes, pois, estando em conformidade com a legislação vigente, não haverá aplicação de índices diversos. Nestes termos vejamos:

REVISIONAL. CONTRATO BANCÁRIO - EMPRÉSTIMO/ FINANCIAMENTO. CRÉDITO ROTATIVO. NULIDADE DE TÍTULOS. APLICAÇÃO DO CDC. LIMITAÇÃO DA TAXA DE JUROS. CAPITALIZAÇÃO DOS JUROS. JUROS DE MORA DE 1% AO MÊS. TABELA PRICE. COMISSÃO DE PERMANÊNCIA. INCIDÊNCIA DA TR COMO ÍNDICE DE CORREÇÃO MONETÁRIA. CUMULAÇÃO DE COMISSÃO DE PERMANÊNCIA E MULTA CONTRATUAL. COBRANÇA DE DESPESAS JUDICIAIS. MORA. DANOS MATERIAIS E MORAIS. HONORÁRIOS DE SUCUMBÊNCIA. COMPENSAÇÃO DOS HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. - Não merece ser apreciada a questão da nulidade dos títulos em sede de apelação. A sentença foi omissa e contra ela não foram opostos embargos no prazo legal. - O Código de Defesa do Consumidor é aplicável às instituições financeiras. Súmula 297 do STJ. - Descabe limitar juros remuneratórios em 12% a.a. O Supremo Tribunal Federal, no julgamento da Ação Direta de Inconstitucionalidade n.º 4, entendeu, que a norma inscrita no § 3.º do art. 192 da Constituição Federal, revogada pela EC n.º 40/03, não era de eficácia plena e estava condicionada à edição de lei complementar que regularia o sistema financeiro nacional e, com ele, a disciplina dos juros. Ademais, a matéria foi pacificada pela Súmula n.° 648 do STF. - Em contratos de financiamento bancário, a capitalização mensal de juros se faz presente sob a forma de numerus clausus, ou seja apenas com permissivo legal específico, notadamente na concessão de créditos rurais, créditos industriais e comerciais. Excetuadas tais hipóteses, resta a regra geral, presente na súmula 121 do pretório excelso: "é vedada a capitalização mensal de juros, ainda que expressamente convencionada". Permitida a capitalização anual. - São admissíveis os juros de mora à taxa de 1% ao mês, desde que assim pactuados na avença. Precedente STJ: Resp 506411/RS. - O sistema price contém capitalização mensal de juros. - A comissão de permanência incide a partir da impontualidade do devedor, sem cumulação com juros remuneratórios (Súmula n.° 296 do STJ), correção monetária (Súmula n.º 30 do STJ), taxa de rentabilidade e multa contratual. Resolução n.º 1.129/86 do Banco Central. - A Taxa Referencial (TR) é indexador válido para contratos posteriores à Lei n.º 8.177/91. - (Omissis) - Os juros de mora, segundo a jurisprudência do STJ, nos casos de responsabilidade extracontratual, ainda que objetiva, têm como termo inicial a data em que ocorreu o evento danoso. Este é o teor da Súmula 54 do STJ. Os juros de mora são devidos no percentual de 0,5% ao mês até a entrada em vigor do novo Código Civil, janeiro de 2003, a partir de quando devem incidir no percentual de 1% ao mês. -(Omissis).(TRF 4. AC - Processo: 200171080064331 UF: RS Órgão Julgador: 3ª Turma. Rel. Desembargadora Federal Vânia Hack de Almeida. Data da decisão: 13/02/2006. DJU, data:26/04/2006, pág.: 1093)

Entretanto, no que toca à inscrição do Autor nos cadastros restritivos de crédito este deverá se retirado a partir da efetivação do pagamento da dívida em questão.

Posto nestes termos, VOTO PELO CONHECIMENTO DO RECURSO e seu PARCIAL PROVIMENTO, determinado a não capitalização dos juros contidos na dívida da parte Autora e validade das cláusulas no tocante ao índice dos juros e da correção monetária, determinando, desse modo, o índice de 0,5% aos juros remuneratórios e moratórios.

Após a efetivação do pagamento, retire-se o nome do Autor dos cadastros de proteção ao crédito.

Sem custas ou honorários (art. 55 da Lei 9.099/95).

É COMO VOTO.

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