ação monitória no processo trabalhista

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ FACULDADE DE DIREITO CURSO DE GRADUAÇÃO EM DIREITO TIAGO LIRA PONTES AÇÃO MONITÓRIA NO PROCESSO TRABALHISTA

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Page 1: Ação monitória no processo trabalhista

UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁFACULDADE DE DIREITO

CURSO DE GRADUAÇÃO EM DIREITO

TIAGO LIRA PONTES

AÇÃO MONITÓRIA NO PROCESSO TRABALHISTA

Page 2: Ação monitória no processo trabalhista

FORTALEZA2006

Page 3: Ação monitória no processo trabalhista

TIAGO LIRA PONTES

AÇÃO MONITÓRIA NO PROCESSO TRABALHISTA

Monografia apresentada ao Curso de Graduação em Direito, da Universidade Federal do Ceará (UFC/CE), como requisito parcial para obtenção do grau de Bacharel em Direito.

Orientador: Prof. Marcelo Rodrigues Pinto.

FORTALEZA2006

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TIAGO LIRA PONTES

AÇÃO MONITÓRIA NO PROCESSO TRABALHISTA

Monografia apresentada no Curso de Direito, da Universidade Federal do Ceará (UFC/CE), como requisito parcial para obtenção do grau de Bacharel em Direito.

Orientador: Prof. Marcelo Rodrigues Pinto.

Aprovada em ___/___ /____

BANCA EXAMINADORA

________________________________________________Prof. Marcelo Rodrigues Pinto (Orientador) - Mestre

Universidade Federal do Ceará (UFC)

________________________________________________Érica Maria Araújo Sabóia Leitão

Bacharel em Direito

________________________________________________Sérgio Luis da Silveira Marques

Defensor Público da União

Page 5: Ação monitória no processo trabalhista

A Raimundinho e Célia,

parceiros constantes e inseparáveis

com os quais sempre poderei contar.

Page 6: Ação monitória no processo trabalhista

AGRADECIMENTOS

Ao professor Marcelo Rodrigues Pinto, que me orientou neste estudo monográfico com muita paciência;Às amigas Érica Sabóia e Marúsia Crisóstomo pela ajuda na obtenção dos escassos livros sobre o assunto pesquisado;À Sara Lima, minha querida, pela companhia, amor e carinho docemente empenhados dia após dia da minha vida;Aos meus amigos, que são poucos, mas sinceros, pelas inúmeras demonstrações de afeto e consideração.

Page 7: Ação monitória no processo trabalhista

“O bem que praticares, em

algum lugar, é teu advogado em toda

parte”.

Francisco Cândido Xavier

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RESUMO

Analisa a ação monitória primeiramente face ao direito processual civil, para então tecer comentários acerca de sua utilização subsidiária no direito processual do trabalho. Estabelece um liame de possível utilização da referida ação com o mínimo de alterações à letra da lei neste ramo processual, buscando uma nova opção célere e econômica para resolução de dissídios relativos a pagamento de soma em dinheiro, entrega de coisa fungível ou determinado bem móvel.Palavras chave: Ação Monitória. Subsidiariedade. Procedimento Injuntivo. Título Executivo. Cabimento. Embargos. Ação Rescisória.

Page 9: Ação monitória no processo trabalhista

RESUMEN

Analiza la acción monitoria primeramente frente al derecho procesal civil, para entonces elaborar comentarios sobre su utilización subsidiaria en el derecho procesal del trabajo. Establece una unión de la posible utilización de la referida acción con el mínimo de alteraciones a la letra de la ley en esta rama procesal, buscando una nueva opción rápida y económica para resolución de demandas relativas a pago de suma en dinero, entrega de cosa sustituible o determinado bien móvil. Palabras llave: Acción monitoria. Subsidiariedad. Procedimiento Injuntivo. Título Ejecutivo . Plausibilidad . Embargos. Acción Rescisoria.

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APRESENTAÇÃO

Não podemos nos entregar ao desânimo, carecemos de maior confiança na Providência Divina... Os Espíritos Amigos fazem o que podem para nos ajudar o Problema é que nem sempre fazemos à parte que nos compete: Tudo queremos obter, sem o menor esforço de renovação. (Chico Xavier)

A citação acima traduz de forma salutar a luta, dedicação, superação e persistência do nosso ilustre bacharelando Tiago Lira Pontes, com o objetivo de divulgar os seus estudos, que de forma clara e simples, procurou dar sobre o tema trazido à baila com as últimas reformas do Código de Processo Civil. A Ação Monitória, instrumento que tem a finalidade de ver garantida aos jurisdicionados uma efetiva atuação das garantias constitucionais de ação e defesa, a uma nova realidade social, que tem exigido uma tutela jurisdicional diferenciada, sem retardos.

Sendo, assim, o ajuizamento de ações que visem à satisfação de uma pretensão executada de forma rápida e eficiente, faz-se necessário, evitando-se um processo de conhecimento de anos e anos de discussão de preliminares, sem que se chegue ao mérito da questão.

A tese ora apresentada, com aprofundamentos históricos e comparações no Direito Internacional, fundamentalmente à doutrina italiana, apresenta uma abordagem, no entanto, sob o ponto de vista do Direito brasileiro, salientando as peculiaridades do nosso sistema, no que se refere à simplicidade, procedimento especialíssimo e a relevante técnica processual que a define.

No estudo da Ação Monitória sob os mais diversos aspectos, notadamente os mais polêmicos, quanto ao ônus da prova, a natureza e os requisitos do título, analisando, nesses itens, manifestações doutrinárias e jurisprudenciais, sem fugir à análise crítica desses pronunciamentos e apontando, com autoridade e segurança, acertos e enganos.

Portanto, o que se enfatiza nesse pequeno trabalho do nobre formando, é o fato que jamais pretendeu dar uma abordagem sobre todos os aspectos que o tema ação monitória poderia exigir, mas o extenso conteúdo ora apresentado de forma clara e precisa na explanação, por certo, traduz uma escrita de um futuro talento jurídico que muito abrilhantara o direito brasileiro.

Raimundo N.R. CustódioAdvogado

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO.............................................................................................................................................101 AÇÃO MONITÓRIA NO DIREITO PROCESSUAL CIVIL.............................................................................................................................................12

1.1 Breve histórico....................................................................................................................................13 1.1.1 Monição e Injunção....................................................................................................................................15 1.1.2 Forma Documental....................................................................................................................................151.2 Processo Monitório Italiano....................................................................................................................................161.3 Processo Monitório Brasileiro....................................................................................................................................18 1.3.1 Legitimidade e objeto da ação monitória....................................................................................................................................18

1.3.2 Procedimento..............................................................................................................................221.3.3 Embargos Monitórios..............................................................................................................................251.3.4 Julgamento dos Embargos..............................................................................................................................28

2 AÇÃO MONITÓRIA NO DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO.............................................................................................................................................31

2.1 Cabimento....................................................................................................................................312.2 Pressupostos de admissibilidade................................................................................................................................................352.3 Legitimidades....................................................................................................................................38

2.3.1 Desistência da ação monitória..........................................................................................................................................39

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2.4 Fases da Ação Monitória....................................................................................................................................40

2.4.1 Fase inicial..........................................................................................................................................412.4.2 Mandado inicial..........................................................................................................................................472.4.3 Atitudes do réu..........................................................................................................................................482.4.4 Formação do título executivo..........................................................................................................................................512.4.5 Fase executória..........................................................................................................................................522.4.6 Recorribilidade..........................................................................................................................................52

2.5 Ação Rescisória....................................................................................................................................54

CONSIDERAÇÕES FINAIS.............................................................................................................................................58REFERÊNCIAS.............................................................................................................................................60

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INTRODUÇÃO

Em sede de reforma, pela Lei 9.079/95, o Código de Processo Civil

Brasileiro foi incrementado por um procedimento já consagrado nos demais

ordenamentos alienígenas – a Ação Monitória.

Resultante da fusão de procedimentos cognitivos e executivos, a

destacada ação reveste de celeridade a satisfação do direito de credor que

possui documento hábil ao credito, porém sem a força de título executivo.

Em um processo cognitivo-sumário, o credor possuidor de tal

documento tem imediatamente, inaudita altera parte, a expedição de mandado

monitório para o pagamento ou a entrega de coisa no prazo de 15 dias.

Dá-se a oportunidade ao contraditório, princípio basilar da Teoria

Geral do Processo, por meio de embargos ao mandado monitório, de caráter

suspensivo ao mandado expedito anteriormente.

Daí, havendo manifestação da parte ré via embargos, serão esses

processados nos próprios autos, pelo procedimento ordinário, ou, no caso de

rejeição dos embargos ou, ainda, na não propositura desses, aquele

documento hábil anteriormente ajuizado, torna-se, por meio de sentença, título

executivo judicial suficientemente oponível ao devedor, prosseguindo o feito,

segundo o procedimento executório, do Código de Processo Civil, previsto no

Livro I, Título VIII, Capítulo X, desta Lei.

Tem-se acima, em linhas gerais, um pequeno esboço do

procedimento monitório comum. Há de se analisar, então, na monografia em

tela, a pertinência de tão importante instrumento processual na Justiça Obreira,

suas compatibilidades, diferenças e peculiaridades face ao Direito do Trabalho,

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como, por exemplo, a obrigatoriedade da conciliação, e, mais nitidamente, os

meios de defesa cabíveis diante da processualística laboral.

Buscaremos, através da discussão que se segue, analisar a ação

monitória do ponto de vista civilista, para, em seguida, extrair as possibilidades

de uso no âmbito da Justiça Obreira.

Em resumo, tentaremos contribuir, de forma científica, à celeridade

da Justiça do Trabalho, mostrando que é plenamente possível o uso dessa

ferramenta, extremamente hábil na seara do Processo Civil brasileiro, em prol

daqueles que clamam por socorro à Justiça Obreira.

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1 AÇÃO MONITÓRIA NO DIREITO PROCESSUAL CIVIL

Acrescida ao ordenamento jurídico nacional por determinação da Lei

nº. 9.079, de 14.07.1995 (publicada na mesma data e com “vacatio legis”

prevista de 60 dias), a Ação Monitória inaugura uma série de aclamadas

reformas no Código de Processo Civil Brasileiro.

De origem legislativa no Projeto de Lei nº. 3.805/93 (Mensagem do

Poder Executivo, nº. 257/93) o novel procedimento é sugerido no âmbito da

chamada Reforma do Código de Processo Civil, indicado pelos seguintes

termos:

Art. 1.102a - A ação monitória compete a quem pretender, com base em prova escrita sem eficácia de título executivo, pagamento de soma em dinheiro, entrega de coisa fungível ou de determinado bem móvel.

Art. 1.102b - Estando a petição inicial devidamente instruída, o Juiz deferirá de plano a expedição do mandado de pagamento ou de entrega da coisa no prazo de quinze dias.

Art. 1.102c - No prazo previsto no art. 1.102-B, poderá o réu oferecer embargos, que suspenderão a eficácia do mandado inicial. Se os embargos não forem opostos, constituir-se-á, de pleno direito, o título executivo judicial, convertendo-se o mandado inicial em mandado executivo e prosseguindo-se na forma do Livro I, Título VIII, Capítulo X, desta Lei.

§ 1o Cumprindo o réu o mandado, ficará isento de custas e honorários advocatícios.

§ 2o Os embargos independem de prévia segurança do juízo e serão processados nos próprios autos, pelo procedimento ordinário.

§ 3º Rejeitados os embargos, constituir-se-á, de pleno direito, o título executivo judicial, intimando-se o devedor e prosseguindo-se na forma prevista no Livro I, Título VIII, Capítulo X, desta Lei.

Dessa forma, acolhido em sua integridade, o Projeto de Lei foi

aprovado, transformando-se em Lei sem qualquer alteração redacional.

A alteração da lei tem como objetivo, a desburocratização,

efetividade e celeridade do processo civil, sendo a ação monitória,

procedimento de maior sucesso no direito europeu, a ferramenta, adaptada à

nossa realidade, capaz de concretizar os objetivos mencionados.

Page 16: Ação monitória no processo trabalhista

Acerca das finalidades da ação monitória, temos, nas palavras de

Valeriano (2003, p17):

Um dos objetivos da ação monitória é obter um título executivo judicial mais rapidamente, pois permite a formação do título judicial a partir da não oposição de embargos ao mandado inicial, como determina o art. 1102c (do CPC).A outra finalidade da ação monitória é fazer com que o devedor cumpra a obrigação contida no documento que acompanha a petição inicial sem a necessidade de uma cognição ampla e execução forçada. Para isso, o réu que cumprir o mandado inicial, ficará isento de custas e honorários advocatícios, como determina o art. 1102c, §1º, (do CPC), tornando a duração do processo mais reduzida e liberando o órgão jurisdicional para que o mesmo possa se ocupar com outras atribuições.

Observamos a amplitude de tal ferramenta processual, permitindo

tanto que o credor obtenha um título executivo judicial mais rapidamente, como

admitindo que, no caso de o devedor reconhecer a dívida, sejam dispensados

os honorários advocatícios.

1.1 Breve Histórico

Após a fundação do studium civile de Bolonha, surge o sistema

jurídico romano-canônico (utrumque ius), junção do ius civile e ius canonicum.

À época, o procedimento ordinário, slemnis ordo iudiciarius, era lento,

complicado e formal demais, causando a duração excessiva dos processos,

além do amontoamento dos mesmos.

A fim de resolver tal problema, inicia-se a adoção do procedimento

sumário, procedendo-se simpliciter, breviter, de plano ac sine estrepitu et figura

iudicii, de natureza oral, bastante diferente do rito ordinário, e dando maior

liberdade de iniciativa e poderes ao juiz.

Ao lado de tais procedimentos surgem processos mais simplificados,

específicos, mais assemelhados ao nosso monitório.

O processo monitório encontra suas raízes no antigo procedimento

canônico da summaria cognitio, que tinha como finalidade a abreviação do

Page 17: Ação monitória no processo trabalhista

tempo de duração dos processos. Esse procedimento canônico deu origem ao

mandatum solvendo cum clausula iustificativa (ou praeceptum executivum sine

causae cognitione) que, mais adiante, evoluiria ao procedimento monitório.

Muito semelhante ao atual, esse remoto procedimento autorizava ao

juiz uma prévia citação ao devedor, em favor do credor, o mandatum de

solvendo, ou seja, ordem de pagamento envolvendo pequenos créditos que

permitia execução. Contudo, havia também a clausula iustificativa, que permitia

ao devedor opor defesa tempestivamente, tolhendo a eficácia do mandatum.

Instituto semelhante é encontrado no direito luso-brasileiro. As

Ordenações Manoelinas e Filipinas contemplavam a Ação de Assinação de

Dez Dias, ou simplesmente Ação Decendiária, ajuizada pelo credor a fim de

reaver quantia certa ou coisa determinada, conforme provasse escritura pública

ou alvará feito e assinado.

Merece realce o Estado-membro paulista ao regular o Capítulo XVIII

de seu Livro V (“Do Processo Especial”), dedicando à Ação Decendiária os

arts. 767 a 771. Esse diploma legal informava, por exemplo, que essa ação

cabia “ao credor por obrigação líquida e certa a que não tivesse a lei attribuido

acção executiva”, sendo o réu “citado para na primeira audiência vir ver

assignar-se-lhe o prazo de dez dias para pagar ou allegar e provar sua defesa

por meio de embargos”.

Diante da atitude do réu, observaríamos as seguintes providências

judiciais, segundo ensinamento do festejado professor Marcato (2005, p.287):

Decorrido o decêndio, os autos iam conclusos ao juiz, que adotaria, diante do comportamento do réu, uma entre as seguintes providências: proferiria sentença definitiva, caso o réu não houvesse pago ou oferecido embargos –ou, ofertando-os, fossem considerados irrelevantes; condenaria o réu, apesar da relevância dos embargos, se os mesmo não fossem detidamente provados dentro do decêndio; e, finalmente, recebia os embargos para

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discussão – e sem condenação – se os mesmos fossem relevantes e cumpridamente provados (art. 769).

Importante salientar que nosso primeiro Código de Processo Civil

(Decreto-lei nº. 1.608, de 18.09.1939), não contemplou em suas normas a

Ação Decendiária.

1.1.1 Monição e Injunção

Importante fazer uma diferenciação teórica sobre monição e

injunção. A monitória, que nada mais é do que carta de aviso, tem por

conteúdo a monição que, segundo escorreita definição do Direito Canônico,

seria “a advertência feita pela autoridade eclesiástica a uma pessoa, para que

cumpra certo dever, ou não pratique um ato, a fim de que se evite a sanção ou

a penalidade a que está sujeita pela omissão ou ação indicados”.

Já a injunção, diferentemente, é assim definida, segundo De Plácido

e Silva (2004, p.742):

Derivado do latim injunctio, de injungere (unir, impor, ajuntar), é usado para indicar a imposição ou a obrigação imposta, que se apresenta, assim, em caráter de ordem formal, cujo cumprimento não pode ser desatendido.A injunção, pois, decorrente de um poder ou autoridade atribuída à pessoa, que a determina, revela-se a ordem em caráter imperativo, que não se discute, mas se cumpre.Injunção. Em certos casos, mostra-se a ordem violenta, a ordem coatora, pois que é dada, sob pressão, para que seja cumprida. Ou também significa a imposição ou a obrigação, que recai sobre a pessoa, sob pressão das circunstâncias: são as contingências ou arranjos, que terminam por impor à pessoa a obrigação de que não pode fugir.

1.1.2 Forma Documental

Na legislação alienígena encontramos institutos semelhantes. A mais

marcante diferenciação entre eles é caracterizada pela doutrina em

procedimento puro e documental.

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Procedimento puro é aquele caracterizado pela circunstância de a

demanda vir fundada apenas em fatos meramente afirmados, não provados, e

o provimento ser dado inaudita altera parte. Dessa forma, se o devedor não se

opuser tempestivamente, haverá eficácia do pedido.

O modelo documental, entretanto, já vem munido de prova escrita,

ou seja, fatos provados documentalmente. E o provimento emanado inaudita

altera parte é condicionado ao acolhimento da resposta do réu. Aqui já

notamos a força executiva da ação.

Acerca dos modelos monitórios modernos, Chiovenda, citado por

Alvim (1996, p.22), nos ensina:

Os processos monitórios no direito moderno variam segundo as condições e ao objeto (da demanda): alguns (como o Mandatsverfahren austríaco) exigem que o direito do autor se funde em documentos e outros (como o Mahnverfahren alemão e austríaco e o Rechtsbot suíço), não; alguns se podem aplicar também a prestação que não de dinheiro (Rechtsbot; igualmente o Reg. Austríaco insere uma forma de processo monitório para a entrega de imóveis arrendados, de locação terminada, Betandsverfahren, §§ 500 e segs.); outros somente a créditos por somas de coisas fungíveis (Mahnverfahren; Mandatsverfahren); outros ainda se aditem para créditos de qualquer valor (Mahnverfahren alemão), outros, enfim, somente para créditos pequenos (Mahnverfahren austríaco).

1.2 Processo Monitório Italiano

O processo monitório italiano é o que encontra mais semelhança

com o equivalente brasileiro, mais especificamente o modelo documental ou de

injunção propriamente dito. Devido a essa relação, esboçaremos uma breve

descrição.

O Código de Processo Civil italiano prevê o procedimento

d’ingiunzione nos arts. 633 a 656. Tem por objeto o pagamento de uma quantia

líquida de dinheiro, ou a entrega de determinada quantidade de coisas

fungíveis ou de coisa móvel também determinada, sempre munida de prova

Page 20: Ação monitória no processo trabalhista

escrita que ateste o direito pretendido pelo autor. Independentemente de prova

documental, é possível no direito italiano pleitear créditos que se refiram a

honorários ou despesas derivados de atividades judiciais ou extrajudiciais,

devidos a advogados, procuradores, servidores forenses ou quaisquer outras

pessoas que tenham exercido atividade remunerada em função de um

processo; créditos que se refiram a honorários, direitos ou reembolsos a

notários ou a profissionais liberais integrantes de outras categorias para as

quais exista uma tarifa legalmente aprovada.

Com relação ao procedimento, a petição inicial é devidamente

recebida pelo juiz, que determina ao réu que pague a importância ou entregue

a coisa reclamada no prazo legal de 40 dias. Esse prazo pode ser,

justificadamente, diminuído a 10 dias ou, ainda, ampliado até 60 dias. Nesse

interregno poderá ser apresentada a opposizione, caso contrário, far-se-á a

execução, inclusive a provisória.

No caso de resposta tempestiva do réu, o procedimento ordinário

deverá ser observado. Contudo ainda há um dispositivo chamado de

opposizione tardiva, que é usado no caso de escoado o prazo legal de

resposta. Justifica-se apenas no caso do não conhecimento do decreto por

irregularidade da notificação ou em razão de caso fortuito ou força maior.

Mesmo convertido em título executivo, o réu ainda tem a

possibilidade de impugnar o feito por meio da revocazione em específicos

casos previstos no art. 395 daquele diploma legal, ou ainda, pode revogá-lo um

terceiro credor do réu que tenha sido vítima de dolo ou colusão das partes no

feito monitório.

Page 21: Ação monitória no processo trabalhista

1.3 Processo Monitório Brasileiro

1.3.1 Legitimidade e objeto da ação monitória

A ação monitória pode ser exercida por pessoa física ou jurídica, cuja

pretensão seja o pagamento de soma em dinheiro, entrega de coisa fungível

ou de determinado bem móvel, desde que esteja regularmente representada

no processo e seja titular do respectivo direito material, ressalvado o previsto

no art. 6º do Código de Processo Civil, quanto a pleitear direito alheio, se

autorizado por lei, como é o caso de ação popular, por exemplo (Constituição

Federal. 5º, LXXIII).

Notamos que o procedimento monitório, diferente do procedimento

ordinário, é uma outra via que o credor pode escolher, desde que esteja

munido de prova escrita sem a eficácia de título executivo.

Essa escolha impedirá que se tramite também a mesma reclamação

no rito ordinário, salvo extinção processual por desistência ou por questões

preliminares.

Na legislação pátria encontramos a definição de títulos executivos

judiciais, conforme a novíssima reforma processual de 2005, no Código de

Processo Civil, senão vejamos:

Art. 475-N. São títulos executivos judiciais:I - a sentença proferida no processo civil que reconheça

a existência de obrigação de fazer, não fazer, entregar coisa ou pagar quantia;

II - a sentença penal condenatória transitada em julgado;III - a sentença homologatória de conciliação ou de

transação, ainda que inclua matéria não posta em juízo;IV - a sentença arbitral;V - o acordo extrajudicial, de qualquer natureza,

homologado judicialmente;VI - a sentença estrangeira, homologada pelo Superior

Tribunal de Justiça;VII - o formal e a certidão de partilha, exclusivamente em

relação ao inventariante, aos herdeiros e aos sucessores a título singular ou universal.

Page 22: Ação monitória no processo trabalhista

Parágrafo único. Nos casos dos incisos II, IV e VI, o mandado inicial (art. 475-J) incluirá a ordem de citação do devedor, no juízo cível, para liquidação ou execução, conforme o caso.

Mais adiante, no art. 585 do supracitado código, encontramos a

definição de títulos executivos extrajudiciais:

Art. 585 - São títulos executivos extrajudiciais: I - a letra de câmbio, a nota promissória, a duplicata, a

debênture e o cheque; II - a escritura pública ou outro documento público

assinado pelo devedor; o documento particular assinado pelo devedor e por duas testemunhas; o instrumento de transação referendado pelo Ministério Público, pela Defensoria Pública ou pelos advogados dos transatores;

III - os contratos de hipoteca, de penhor, de anticrese e de caução, bem como de seguro de vida e de acidentes pessoais de que resulte morte ou incapacidade;

IV - o crédito decorrente de foro, laudêmio, aluguel ou renda de imóvel, bem como encargo de condomínio desde que comprovado por contrato escrito;

V - o crédito de serventuário de justiça, de perito, de intérprete, ou de tradutor, quando as custas, emolumentos ou honorários forem aprovados por decisão judicial;

VI - a certidão de dívida ativa da Fazenda Pública da União, Estado, Distrito Federal, Território e Município, correspondente aos créditos inscritos na forma da lei;

VII - todos os demais títulos, a que, por disposição expressa, a lei atribuir força executiva.

§ 1º - A propositura de qualquer ação relativa ao débito constante do título executivo não inibe o credor de promover-lhe a execução.

§ 2º - Não dependem de homologação pelo Supremo Tribunal Federal, para serem executados, os títulos executivos extrajudiciais, oriundos de país estrangeiro. O título, para ter eficácia executiva, há de satisfazer aos requisitos de formação exigidos pela lei do lugar de sua celebração e indicar o Brasil como o lugar de cumprimento da obrigação.

A eficácia é a força que o título executivo tem de produzir efeitos,

mesmo que sejam contrários aos interesses do devedor. Ela compreende a

validade do documento, mas esta pode existir sem a primeira, como é o caso

de uma decisão judicial condenatória com a eficácia suspensa, ou seja, a

decisão é válida, mas a sua eficácia está em suspenso.

O mestre Cândido Rangel Dinamarco (2004, p.200) assim comenta

acerca da eficácia:

À eficácia do título executivo associa-se sua aptidão a tornar adequada a tutela jurisdicional executiva, a qual, sem ele, não se

Page 23: Ação monitória no processo trabalhista

admite jamais. O binômio inadimplemento-título, cultivado pelo Código de Processo Civil (supra, nn.1.352-1.353), encaixa-se na teoria processual mediante assimilação ao binômio necessidade-adequação, porque (a) sem o inadimplemento nenhuma tutela é inadmissível, por ser desnecessária e (b) sem o título, poderá ser admissível alguma tutela, mas não será a executiva. Daí dizer que o título coopera para a caracterização da condição da ação conceituada como interesse de agir e, mais precisamente, para a configuração do interesse-adequação. Sem o título executivo o exeqüente carece de ação, e por esse motivo o processo executivo se extingue sem ter atingido o objetivo postulado pelo exeqüente (supra, nn. 544 e infra, n. 1.856).

Dentre os títulos extrajudiciais citados anteriormente, pode ocorrer de

não haver eficácia executiva em alguns deles, como por exemplo, na hipótese

do §2º do artigo 585 do CPC. Os títulos executivos extrajudiciais oriundos de

país estrangeiro, para ter eficácia plena, precisam satisfazer as exigências

legais seguintes: requisitos de formação exigidos pela lei do lugar de sua

celebração, indicar o Brasil como o lugar de cumprimento da obrigação, e,

ainda, serem traduzidos para a língua nacional e a moeda estrangeira

convertida para reais no ato da propositura da ação (RT 668/181).

Na falta de algum desses requisitos, o credor pode valer-se da ação

monitória para exigir o cumprimento da obrigação, enquadrando-se,

obviamente, a pretensão, nos limites do art. 1102a do Código de processo

Civil.

O documento particular, referido no inciso II, poderá também ter sua

eficácia prejudicada no caso de estar somente assinado pelo devedor, ou ainda

assinado pelo devedor e somente uma testemunha, quando a lei exige

explicitamente duas testemunhas para constituir título executivo extrajudicial.

Neste caso, teremos um documento legal sem eficácia de título executivo,

configurando-se mais um caso de possível uso de ação monitória, desde que a

pretensão seja de pagamento de soma em dinheiro, entrega de coisa fundível

ou de determinado bem móvel.

Page 24: Ação monitória no processo trabalhista

Neste mesmo diapasão, poderá o credor valer-se de ação monitória

para recebimento de cheque que perdeu a sua executoriedade pela não-

apresentação tempestiva para pagamento. A duplicata ou outro título de crédito

qualquer, não executado tempestivamente e não prescrito como ação pessoal

também podem ser objeto de ação monitória.

Fernandes de Araújo (1995, p.46) também nos dá mais exemplos do

uso da monitória, senão vejamos:

A novel ação também poderá ser exercitada para os casos de carta de fiança sem estar assinada por duas testemunhas (RT 615/209); contrato de abertura de crédito, feito por estabelecimento bancário a correntista, acompanhado de estrato a conta corrente respectivo (RT 624/100); contrato de locação para cobrança de aluguéis, senão subscrito por duas testemunhas; qualquer confissão de dívida por escrito, enfim, poderá ser objeto de ação monitória para pagamento de soma em dinheiro, entrega de coisa fungível ou de determinado bem móvel. Instrumento de transação não-referendado pelo Ministério Público, pela Defensoria Pública, ou pelos advogados dos transatores (artigo 585, II), igualmente pode ser objeto de ação monitória e assim por diante.

Em suma, a prova para exercitar ação monitória nascerá de qualquer

documento, público ou particular, criado, firmado ou reconhecido pelo devedor

ou alguém por ele, certidão de assentos de entidade pública ou de atos

processados em juízo e que demonstrem a existência da obrigação,

documentos extraídos de assentos de escrituração mercantil do credor,

relativos a fornecimento de mercadorias ou a prestação de serviço de qualquer

natureza, etc.

Notamos, diante do exposto, que diversos exemplos poderiam ser

multiplicados, demonstrando a larga abrangência da ação em voga no vasto

mundo das ações negociais e jurídicas, sempre salientando a necessidade de

prova escrita aparentemente idônea, sem eficácia de título executivo e nos

limites do referido artigo 1.102a do código de processo civil.

Page 25: Ação monitória no processo trabalhista

Ciente de todos os requisitos e munido de prova escrita, o credor não

está obrigado a valer-se da via monitória para o recebimento de seus créditos.

O credor terá faculdade de optar pelo rito ordinário, tradicional, ou, ainda,

dependendo do valor de seu crédito, optar pelos Juizados Especiais Cíveis,

caso em que o processo de conhecimento, inspirado nos princípios da

celeridade, oralidade, entre outros (art. 2º da Lei 9.099/95), seguirá o

procedimento sumaríssimo.

O que não se admite, de forma alguma, é o credor valer-se do

procedimento injuntivo para execução de título executivo. Qual a valia do

procedimento monitório se sua finalidade é justamente constituir título

executivo? A resposta é nenhuma. Haverá, na hipótese formulada, a falta de

interesse para agir que é condição para o regular exercício do direito de ação.

Lembramos que o credor portador de título executivo, seja ele judicial

ou extrajudicial, deve optar, obrigatoriamente, pela execução forçada.

1.3.2 Procedimento

A petição inicial deverá atender rigorosamente os requisitos

delineados no artigo 282 do CPC, obviamente instruída com a prova

documental que o autor tenha como base para ação monitória.

O juízo competente para o processamento dessa ação é a Justiça

comum estadual. Admite-se ainda, no caso de ajuizamento pela Fazenda

Federal ou em face dela, a competência da Justiça Federal (CF, art. 109, I), e

na ação monitória que verse sobre matéria laboral, a Justiça do Trabalho.

Fruto de cognição sumária e emitido inaudita altera parte com lastro

apenas nas afirmações e documentos unilateralmente apresentados pelo autor,

deferir-se-á de plano o mandado monitório para que o devedor efetue o

Page 26: Ação monitória no processo trabalhista

pagamento da soma em dinheiro ou proceda a entrega de coisa no prazo de

quinze dias. Estamos diante de uma imposição legal e não de mera faculdade

do juiz.

Condicionado à não oposição de embargos para se tornar definitivo,

o mandado monitório de pagamento ou de entrega de coisa é uma espécie de

tutela antecipada de natureza provisória, ou seja, condicionada e de satisfação

de ofício, sem necessidade de requerimento da parte. Frisemos que esta tutela

é obrigatória e não constitui faculdade do juiz.

O deferimento de expedição de mandado para cumprimento da

obrigação equipara-se às medidas cautelares quanto à provisoriedade da

decisão, pois, como dissemos, é condicionada a não oposição de embargo.

Não devemos, contudo, confundir as medidas cautelares com a ação monitória,

haja vista que esta é ação principal, tendo vida própria, enquanto aquelas

necessitam de ação principal.

A natureza da ação monitória é bastante controversa, ora a doutrina

classifica como ação condenatória, ora como ação executória. No entanto,

apresenta-se mais razoável enquadrar a ação monitória como sendo daquelas

ações que, quanto à providência jurisdicional, têm função inicial de natureza

predominantemente executiva, que poderá passar por uma fase de

conhecimento, em havendo oposição de embargos, ou tornar-se ação

executiva, desde logo, se tal não ocorrer.

No caso de indeferimento da petição inicial e extinção do processo, o

autor poderá interpor recurso de apelação.

Devidamente instruída e recebida a exordial, será expedido o

mandado monitório para que seja feita a citação do réu, que indubitavelmente

Page 27: Ação monitória no processo trabalhista

deverá ocorrer, pois trata de um pressuposto de validade do processo.

Cientificado do mandado, o réu está intimado do conteúdo da inicial e citado

para integrar a relação jurídica processual, além de estar ordenado a pagar ou

entregar a quantia ou a coisa reclamadas pelo autor. Notemos que a citação

poderá ser concretizada por qualquer das formas previstas em lei, tanto a

pessoal quanto a ficta.

Diante do mandado, o réu, no prazo de quinze dias, poderá adotar

um dos seguintes posicionamentos: cumprir voluntariamente o mandado;

permanecer inerte; opor exceção ritual; ou ainda, opor embargos.

O caso de cumprimento voluntário do mandado mostra-se mais

favorável ao réu, pois este reconhecendo sua condição de devedor, não opõe

resistência, cumprindo espontaneamente o mandado, quer seja pagando a

quantia pedida ou entregando a coisa. Desta forma, a lei isenta o réu de

pagamento das custas e da verba honorária do advogado. Notamos que essa

benecere representa um convite a não oposição de embargos infundados ou

de mero caráter protelatório, é então uma busca de solução de conflitos por

meio da atividade direta das partes. Deste modo, alcançada a pretensão do

autor, o juiz proferirá sentença extinguindo o processo.

No caso de inércia do réu, seguindo os preceitos do artigo 1.102c,

acarretará de pleno direito, a conversão do mandado inicial em título executivo

judicial. É, de fato, uma punição pela contumácia do réu, que, no entanto,

acarretará conseqüências diferentes daquelas decorrentes da revelia no

processo ordinário de conhecimento. Ocorre que, na revelia, o comportamento

do réu acarreta a automática emissão de provimento favorável ao autor,

enquanto que a inércia do réu no processo monitório não o faz por si só.

Page 28: Ação monitória no processo trabalhista

O terceiro caso, oposição de exceção, ocorre simplesmente se for

deflagrado alguma falha processual que possa ser atacada pelo instituto da

exceção contemplada no artigo 304 do Código de Processo Civil.

1.3.3 Embargos Monitórios

Finalmente, temos a oposição de embargos, que nada mais é que a

oportunidade do contraditório no qual o réu se defenderá das afirmações feitas

pelo autor da petição inicial.

O prazo para oferecer embargo é de quinze dias, igual ao

comumente estabelecido para resposta do réu no processo de conhecimento.

Acontece que essa oposição de embargos suspende a eficácia do

mandado inicial, ou seja, suspende a força que o título executivo tem de

produzir efeitos, mesmo contrários aos interesses do devedor.

O prazo para resposta do réu deve ser contado na forma prevista no

artigo 184 do CPC, com início a partir da juntada aos autos do mandado inicial

devidamente cumprido, ou conforme estabelecido nos demais incisos do artigo

241 do CPC, consoante tiver sido o modo do ato citatório.

Acerca do prazo, Marcato (2005, p.309) com maestria elucida:

Esse prazo é preclusivo e não será computado em dobro em caso de litisconsórcio passivo, seja porque afastada a incidência do art. 191 do Código (os embargos têm natureza de ação, não de contestação), seja, principalmente, porque cada um dos réus disporá de prazo próprio para oposição de seus embargos, que começará a fluir da respectiva cientificação do conteúdo do mandado monitório (art.184).

Os embargos têm natureza de contestação do réu, e este poderá

oferecer como defesa também as exceções que a lei lhe confere e, opostos os

embargos, o rito será ordinário.

Entendemos não caber reconvenção, embora a lei não a proíba

expressamente. Admiti-la fugiria ao espírito que norteio o legislador, que busca

Page 29: Ação monitória no processo trabalhista

a celeridade da obtenção do título executivo. Então se o réu tiver algum direito

a reclamar do autor, terá de exercitar em ação própria.

Os embargos serão processados nos próprios autos, como ocorre

com a contestação. No caso de haver exceção de incompetência absoluta,

esta deverá ser alegada preliminarmente na mesma peça; as demais serão

objeto de petição e processamento em separado.

Existe ainda a possibilidade dos embargos parciais, ou seja, atacam

parcialmente o mandado monitório, conseqüentemente permitindo desde logo a

execução da parte não embargada. Isto feito inicia-se a imediata execução do

crédito incontroverso em autos apartados, enquanto a parte atacada é

processada segundo o rito ordinário.

A intimação do embargado será na pessoa de seu advogado (art.

740, CPC), resguardado no entanto o prazo de quinze dias para oferta de uma

possível impugnação.

Em seguida, o embargado terá três possíveis condutas a seguir,

quais sejam: impugnar o embargo; permanecer inerte; desistir da ação.

No primeiro caso, havendo necessidade de produção de provas, o

juiz designará audiência de tentativa de conciliação (art. 331, CPC). Em caso

de sucesso da conciliação, haverá convolação do mandado em título executivo

segundo os limites estabelecidos entre as partes tanto quanto à quantia em

dinheiro, quanto à quantidade de bens devidos pelo réu. No caso de fracasso

da conciliação, seguimos para a fase instrutória para em seguida resultar na

prolação da sentença. Não havendo necessidade de produção de provas, o juiz

proferirá sentença de plano.

Page 30: Ação monitória no processo trabalhista

No segundo caso, ou seja, contumácia do embargado, ensina o

professor Marcato (2005, p.311):

Para alguns, a omissão do embargado não acarreta o efeito da revelia, enquanto outros não descartam o julgamento antecipado dos embargos, por analogia com a revelia no processo de cognição (art. 330, inc. II), embora isto não importe na obrigatoriedade de decisão em favor do embargante, que, muito bem, pode não ter razão em suas pretensões. Essas dúvidas ganham intensidade quando analisadas à luz dos embargos previstos no art. 1.102c, seja pela novidade do instituto, seja pela explícita referência à adoção do procedimento ordinário, seja pela menor consistência da base de apoio da decisão concessiva do mandado.

Note-se que a omissão do embargado de modo algum determinará

por si só e automaticamente óbice ao convencimento original do juiz sobre a

plausibilidade do direito afirmado por aquele. É o caso, de por exemplo, o réu

embargar com mero caráter protelatório, e o juiz prontamente reconhecer. Não

se justificaria o acolhimento de um embargo nitidamente protelatório

exclusivamente em razão da inércia do embargado.

No terceiro caso, estamos diante da possibilidade de desistência da

ação monitória pelo credor. Analisamos esse comportamento analogicamente

ao disposto no art. 569 no CPC. Este artigo nos informa que, no caso de os

embargos versarem sobre questões processuais, a extinção do processo

monitório acarretará também a extinção do processo de embargos ao mandado

monitório, sem que o devedor precise concordar com o ato. Já no caso de

questões de direito, como por exemplo, inexistência do crédito do autor, a

extinção do processo monitório, pela desistência, não acarretará a extinção do

processo de embargos, pois neste caso é obrigatória a anuência do

embargante; a isto deve-se a autonomia dos embargos.

Page 31: Ação monitória no processo trabalhista

1.3.4 Julgamento dos Embargos

A próxima fase observada é o julgamento dos embargos. Estamos

em face de várias possibilidades: a rejeição liminar dos embargos; a

improcedência total dos embargos; o acolhimento parcial dos embargos; e, por

fim, o acolhimento integral dos embargos. Essas possibilidades serão

analisadas em seguida.

Pode ocorrer a rejeição liminar dos embargos e, diante disso, o juiz

acolhe o pedido do autor (art. 269, I, CPC), processando-se todas as

conseqüências legais e jurídicas já mencionadas.

No caso da improcedência total dos embargos, isto é, integral

rejeição por meio de sentença de mérito com a proclamação do direito afirmado

pelo embargado e da legitimidade do mandado, opera-se o exposto no

art.1.102c, §3º do CPC, in verbis, “rejeitados os embargos, constituir-se-á, de

pleno direito, o título executivo judicial, intimando-se o devedor e prosseguindo-

se na forma prevista no Livro I, Título VIII, Capítulo X, desta Lei.

O acolhimento parcial do embargos também pode ocorrer. É o caso

de apenas parte do que se foi questionado ser debatido. A conseqüência

jurídica direta da situação mencionada é a redução do quantum debeatur e

instantânea execução da parte rejeitada.

Em último caso, o acolhimento integral dos embargos dá origem a

duas situações que merecem destaque.

A primeira diz respeito ao caso de os embargos virem fundados na

alegação de que o crédito indicado pelo credor é superior ao efetivamente

devido. A conseqüência jurídica de tal situação é a redução do quantum

Page 32: Ação monitória no processo trabalhista

debeatur e prossegue-se a execução da forma prevista em lei. Note-se que o

embargado responde pelos encargos da sucumbência.

A segunda trata-se do acolhimento total dos embargos. Aqui o juiz

reconhece a ausência de requisito de admissibilidade da ação monitória, de

forma que o mandado será declarado nulo e excluído do mundo jurídico. A

sentença que declara a nulidade da ação monitória é meramente terminativa. O

autor se assim quiser poderá postular no futuro pelas vias próprias uma tutela

condenatória.

O professor Marcato (2005, p.314) reconhece ainda uma outra

situação, vejamos:

Se o acolhimento integral dos embargos vier pautado no reconhecimento da procedência da defesa de mérito deduzida pelo embargante (v.g., prescrição, pagamento, compensação etc. ), a sentença de mérito declarará a inexistência do direito afirmado pelo embargado e a ilegitimidade do mandado, sendo esse, então, excluído do mundo jurídico.

Analisemos agora a forma de ataque à sentença que acolhe ou

rejeita os embargos ao mandado monitório. O recurso correspondente para o

ataque de sentença judicial, como ensina o art. 513 do CPC, é a apelação.

Resta-nos saber quais efeitos a apelação produzirá. Na lição de Reis

Friede (1996, p.31), temos as seguintes ponderações:

Da sentença do juiz podem as partes ou terceiro prejudicado apelar. Aí ocorrerá a seguinte dualidade que representa uma falha do legislador, no confronto entre os itens a e b:a) Sentença proferida nos embargos, rejeitando-os liminarmente ou julgando-os improcedentes – a apelação é recebida apenas no efeito devolutivo, consoante o inc.V, do art. 520, do CPC.b) Sentença proferida diretamente nos autos da ação monitória, consolidando o título executivo – à falta de qualquer dispositivo legal excepcionando a hipótese, a apelação será recebida no duplo efeito (devolutivo e suspensivo), conforme a regra legal.c) Sentença acolhendo os embargos e desconstituindo o título – apelação recebida no duplo efeito.d) Sentença extintiva da ação monitória – apelação recebida no duplo efeito.

Page 33: Ação monitória no processo trabalhista

Com o trânsito em julgado da sentença que rejeita os embargos,

libera-se sem dúvida a eficácia do mandado como título executivo, autorizada a

execução definitiva. Assim, em se determinando o título executivo, o devedor

será intimado da sentença proferida no processo de embargos ao mandado,

iniciando-se, em seqüência, a fase executiva.

Page 34: Ação monitória no processo trabalhista

2 AÇÃO MONITÓRIA NO DIREITO PROCESSUAL DO

TRABALHO

2.1 Cabimento

Diante do exposto, faz-se necessário dar continuidade ao conteúdo,

mas, desta vez, sobre uma abordagem processual trabalhista.

Sabemos de antemão que o processo do trabalho usa

subsidiariamente tudo o que for compatível com o processo civil. Inclusive, a

Consolidação das Leis do Trabalho, em seu art. 769, informa:

Art. 769. Nos casos omissos, o direito processual comum será fonte subsidiária do direito processual do trabalho, exceto naquilo em que for incompatível com as normas deste Título.

Ambos os ramos processuais buscam sua autonomia, mas

observamos que apesar de suas peculiaridades, o processo do trabalho ainda

não é inteiramente autônomo em relação ao processo civil.

A respeito da autonomia do direito processual do trabalho, expõe

Ramiro Podetti, citado por Valeriano (2003, p.12):

Eu não creio na autonomia, porque os princípios que o presidem poderão, também, aplicar-se ao processo comum, com levíssimas variantes de intensidade e é de se esperar que assim suceda no futuro. Eu vejo o nosso processo comum e nosso processo laboral tão díspares, no momento presente, marchando para um futuro comum, pela assimilação, por parte daquele das conquistas deste.

Muito confusa é a opinião da doutrina acerca do cabimento, na

Justiça do Trabalho, da ação monitória. Cada corrente, tanto a que aceita

quanto a que repele absolutamente enxergam vários fundamentos plausíveis

para defesa de cada tese. Valeriano (2003, p. 27) cita Sérgio Pinto Martins que,

por exemplo, opina pela incompatibilidade:

Na Justiça do Trabalho só se pode executar título executivo judicial, como regra, tornando impossível a execução de algo que nem sequer é título executivo, como ocorre na ação monitória, que, portanto não se aplica ao processo do trabalho, por ser com ele

Page 35: Ação monitória no processo trabalhista

incompatível (art. 769 da Consolidação das Leis do Trabalho). Entendemos que não é possível fazer adaptações na ação monitória para adequá-la ao processo do trabalho. Ou se aplica o instituto da forma como prevista nos arts. 1.102a a 1.102c ou não se utiliza.

A corrente doutrinária que defende o cabimento usa como

contraponto o argumento de que a ação monitória não se trata de uma

modalidade de execução. É uma prova escrita sem eficácia de título executivo,

que pretende que o devedor cumpra a obrigação. O mandado inicial para

pagamento não inicia a execução da dívida, trata-se, tão-somente, de uma

nova oportunidade para que o devedor cumpra a obrigação, sem as possíveis

condenações acessórias em custas e honorários advocatícios.

Lembramos que, na Justiça do Trabalho, os honorários advocatícios

apenas são devidos em casos que não prejudiquem o sustento familiar ou do

próprio empregado. O Tribunal Superior do Trabalho já se pronunciou sobre a

questão sumulando a matéria, como veremos a seguir:

Enunciado nº. 219 - Na Justiça do Trabalho, a condenação em honorários advocatícios, nunca superiores a 15% (quinze por cento), não decorre pura e simplesmente da sucumbência, devendo a parte estar assistida por sindicato da categoria profissional e comprovar a percepção de salário inferior ao dobro do mínimo legal, ou encontrar-se em situação econômica que não lhe permita demandar sem prejuízo do próprio sustento ou da respectiva família.

Essa mesma corrente ainda afirma que, embora havendo um

procedimento próprio para a ação monitória disposto na Lei nº 9.079/95 e um

outro procedimento para os dissídios laborais estabelecido na Consolidação

das Leis do Trabalho, um não elimina o outro. Tem-se, então, que adaptado ao

processo trabalhista, o procedimento monitório é inteiramente utilizado.

Desenvolveremos a partir daqui o raciocínio compatível com a

segunda corrente, aquela que aceita o cabimento da ação monitória no

processo do trabalho, analisando a utilidade e a compatibilidade de cada

Page 36: Ação monitória no processo trabalhista

quesito da supracitada ação, para ao final fazer as devidas considerações

acerca da compatibilidade.

A novel ação é um avanço em nosso direito processual, entretanto

persistem várias dúvidas acerca da utilização desse precioso instrumento

processual nessa Justiça especializada.

Por ser um procedimento célere e simplificado, muitos acreditam que

a ação monitória iria apenas retardar a solução da demanda.

Um obstáculo que se observa na utilização da ação em tela é em

relação aos pedidos, pois geralmente, na Justiça do Trabalho, são formulados

vários pedidos em uma única ação. No caso de ser algum desses pedidos

incompatíveis com o disposto no art. 1.102a do Código de Processo Civil,

realmente não pode ser utilizado o procedimento monitório. Cabe aqui o bom-

senso do operador do direito em formular pedidos compatíveis que não tragam

nenhum óbice à adoção do procedimento monitório.

Outro obstáculo aparente seria o caso da obrigatoriedade da

audiência preliminar, no entanto, resolvendo tal empecilho, encontramos a

opinião do professor Sebastião Saulo Valeriano (2003, p.30):

Adotando o procedimento monitório poderá haver pagamento do débito sem que houvesse audiência, isto se houver cognição inicial pelo Juiz do Trabalho antes da citação do reclamado, como determina o art. 1.102a (do CPC). Aplicando-se subsidiariamente este dispositivo ao processo do trabalho, entendemos ser esta a forma que se deve proceder. Pois, não tem sentido expedir o mandado inicial depois da audiência inaugural, o que iria retardar o andamento do processo. Então havendo cumprimento do mandado inicial terá sido muito útil a adoção do procedimento monitório.

Outro ponto interessante a ser argumentado seria o caso do

oferecimento de embargos. Ora, se com o oferecimento de embargo inicia-se

um procedimento comum, por que este não foi adotado desde o começo sem

que se falasse em ação monitória? A resposta da pergunta é que somente na

Page 37: Ação monitória no processo trabalhista

ação monitória há o reconhecimento da isenção de custa e honorários

advocatícios, nos demais casos é faculdade dos órgãos julgadores o

deferimento dessa isenção.

A jurisprudência se posiciona favoravelmente ao cabimento da ação

monitória na Justiça do Trabalho. Vejamos alguns exemplos:

EMENTA: AÇÃO MONITÓRIA. COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA DO TRABALHO. A ação monitória, quando estiver diretamente ligada ao vínculo empregatício havido entre empregado e empregador, tendo, ainda, sido proposta por uma dessas pessoas em relação a outra, é totalmente compatível com o processo trabalhista, sendo esta Especializada, nos termos do disposto no artigo 114 da CF/88, plenamente competente para analisar e decidir o feito, devendo ser aplicado subsidiariamente o Direito Processual Civil, a fim de seja suprida a omissão existente no Processo do Trabalho no que se refere ao procedimento monitório, com base no artigo 769 da CLT. (TRIBUNAL: 3ª Região DJMG DATA: 30/05)

Outro exemplo de jurisprudência magistralmente detalhado é o da

Juíza Jaqueline Monteiro de Lima:

EMENTA - AÇÃO MONITÓRIA - JUSTIÇA DO TRABALHO I COMPETÊNCIA MATERIAL - ARTIGO 114 DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL - LEI N. 8.984/95 O objeto da demanda não é estranho ao contrato regido pela CLT e correlato à competência material desta Justiça, diante do cotejo da Lei Maior com o ordenamento infraconstitucional em destaque, ficando registrada a consideração de DALAZEN, buscando o equacionamento da questão no ataviar a dialética entre sindicato e empresa para cobrança de parcelas estabelecidas em convenções ou acordos coletivos. Perante a união sistêmica do ordenamento,norma e fundamento de validez definem competir à Justiça do Trabalho, na forma da lei, conciliar e julgar os dissídios que tenham origem no cumprimento de convenções coletivas de trabalho, "mesmo quando ocorram entre sindicatos ou entre sindicato de trabalhadores e empregador". Portanto, há competência material. II COMPATIBILIDADE DA VIA INJUNTIVA PROCESSO JUDICIÁRIO DO TRABALHO O ordenamento prevê a defesa do Requerido, que pode ter objeção à cobrança pela via injuncional perante a expedição do mandato monitório, podendo valer-se de embargos. Aí a instantaneidade almejada esbarra no contraditório assegurado ao adversário, suspendendo a eficácia do mandado inicial, não havendo restrição à matéria dedutível. Outro efeito da oposiçãodo Requerido pela via dos embargos é que a ação converte-se em reclamação trabalhista comum com designação de audiência de conciliação, que, sendo impossível, terá o Requerente vista dos documentos coligidos com os embargos, oitiva da prova oraldisponível, produção de todas as demais provas legais como ocorre de corriqueiro. Logo, por todos os ângulos de análise, a ação especial comum está trazendo toda a sorte de ônus perfilhada pelo Sindicato em suas razões. Portanto, a ação busca a paga do débito jurisdicional, seja pela via injuntiva, seja pelo rito comumordinário, que, diante da conversão de ritos, admite o

Page 38: Ação monitória no processo trabalhista

desenvolvimento regular do processo já incurso no rito comum ordinário, podendo seguir o tráfego jurídico sem máculas. E estaríamos no mesmo lugar. Além disso, como naturalmente ocorre no processo do trabalho, sempre há possibilidade de cumulação de várias ações (diversas causas de pedir e correspondentes pedidos). Poder-se-ia cogitar de mais de um pedido em ordemsucessiva. Várias ações, nesta sede, induzem a pedidos vários. Há, com esse enfoque, compatibilização da monitória com o processo do trabalho. (TRIBUNAL: 3ª Região – DECISÃO: 05/12/2000 – TIPO: RO NUM: 16500 ANO: 2000 – DJMG DATA: 27/01/2001 PG: 27 – RELATORA – Juíza Jaqueline Monteiro de Lima).

2.2 Pressupostos de admissibilidade

Faz-se necessária agora a análise dos pressupostos de

admissibilidade desta ação na Justiça Trabalhista. Devem ser atendidos tanto

os pressupostos genéricos de admissibilidade quanto os específicos desta

ação.

Em relação aos pressupostos processuais genéricos, temos os

subjetivos, referentes ao juiz e às partes, e os objetivos. Contudo, o presente

trabalho se aterá apenas à matéria especifica em questão, analisando tão-

somente os pressupostos específicos.

Os pressupostos específicos para admissão da ação monitória na

Justiça Laboral são: existência de obrigação de pagamento de soma em

dinheiro, entrega de coisa fungível, ou de determinado bem móvel, baseado em

prova escrita sem eficácia de titulo executivo, e que o litígio seja entre

empregado e empregador, sempre em decorrência da relação de trabalho.

Vemos assim que é necessária a existência de uma prova escrita,

previamente constituída, como, por exemplo, uma promessa de pagamento

escrita, ou um contrato escrito, para propositura da ação monitória. É sempre

necessário o documento escrito. No caso da inexistência de tal prova, a única

via possível será o rito comum.

Page 39: Ação monitória no processo trabalhista

Lembramos que também o empregador poderá ajuizar a ação

monitória face ao empregado. É o caso, por exemplo, de uma ação para reaver

mostruário ou outro objeto móvel do empregador que esteja com o empregado.

É importante salientar que a prova escrita é indispensável à

propositura da ação. Na hipótese da não apresentação desta prova escrita, o

juiz, seguindo os ensinamentos do art. 284, do CPC, mandará emendar a

inicial no prazo de dez dias. Na Justiça do Trabalho é permitido o ius

postulandi, podendo as partes, então, postular em juízo independente de

advogado, sendo também, merecedoras do prazo de dez dias para suprir

qualquer falta à petição inicial.

A doutrina majoritária entende que o documento escrito

confeccionado unilateralmente pelo credor, sem estar acompanhado de outras

provas escritas que permitam ao magistrado formar sua convicção quanto ao

direito alegado, não é prova hábil a ensejar o procedimento injuntivo.

Essa mesma doutrina defende, também, a tese de que o documento

que enseje o procedimento injuntivo preencha os requisitos da liquidez, certeza

e exigibilidade.

O primeiro requisito vincula-se ao fato de que a obrigação deve ser

previamente determinada no seu montante total, ou seja, um valor já

determinado, sem a necessidade de nenhum outro procedimento que venha

auferir a quantia desejada.

A certeza corresponde à inexistência de dúvida sobre a identidade

dos sujeitos ativos e passivos da obrigação, bem como o que diz respeito ao

objeto.

Page 40: Ação monitória no processo trabalhista

O último requisito trata-se da exigibilidade, relacionada intimamente

ao vencimento da obrigação, significando que a aludida obrigação apenas será

exigível após vencida.

Tal entendimento doutrinário é relevante e válido, buscando sempre

preencher o mundo jurídico de certeza e garantia suficientes para a não

extrapolação das faculdades.

A conseqüência lógica da não apresentação da prova escrita, no

prazo mencionado, será o indeferimento da inicial, ocorrendo a extinção do

processo sem o julgamento de mérito, conforme dispõe o art. 267, inciso I do

CPC. A parte poderá ingressar novamente em juízo com a mesma.

Ainda sobre a prova escrita temos que ela representa um crédito,

mas que a lei não exige certeza indiscutível. É apenas um documento

suficiente que exprima a existência de dívida, bastante fidedigna para suprir o

convencimento do juiz.

No processo do trabalho são restritos os títulos executivos

extrajudiciais, os mesmo que no processo civil poderiam servir de prova para

propositura de ação monitória, podem ser admitidos no processo do trabalho

como prova escrita. Explicando melhor: o título executivo extrajudicial do

processo civil não pode dar ensejo à ação monitória, pois a utilização lógica e

legal dele é a execução forçada. No entanto, no processo laboral aquele pode

ser utilizado como prova escrita para o procedimento injuntivo.

Por certo, não é possível apresentar um rol de hipóteses que esgote

in totum a realidade fática no que tange à aplicação desta ação na justiça

laboral, contudo citaremos a seguir exemplos de alguns casos que ensejariam

a ação monitória na Justiça do Trabalho:

Page 41: Ação monitória no processo trabalhista

a) dívida representada por um documento escrito assinado pelo

devedor, que confessa existência de crédito trabalhista;

b) dívida representada por título de crédito, acompanhada de prova

que demonstra ser dívida trabalhista;

c) dívida representada por carta, correspondência, ou qualquer

documento que reconheça o débito;

d) dívida de pequena empreitada em que o empreiteiro seja operário

ou artífice, desde que representada por prova escrita.

2.3 Legitimidades

A Teoria Geral do Processo distingue o assunto em legitimidade para

a causa (legitimatio ad causam) e legitimidade processual (legitimatio ad

processum).

A legitimidade para a causa está diretamente ligada a ação, ou

melhor, a titularidade dela. Existe legitimidade quando se age face àquele a

quem se deve operar a tutela jurisdicional, ou seja, consiste na individualização

daquele a quem pertence o interesse de agir e daquele perante o qual esses

interesses devem ser manifestados.

Já a legitimidade processual é a capacidade que a pessoa tem para

estar em juízo. É a capacidade de ser parte e exercer os direitos processuais.

Acerca da capacidade de estar em juízo, as pessoas físicas

incapazes poderão figurar tanto no pólo passivo quanto no pólo ativo da ação

monitória, desde que devidamente assistidos por seus representantes legais,

conforme expõe o art. 8º, do CPC.

Todavia a ação monitória faz parte dos procedimentos especiais, só

podendo ser utilizada em determinadas situações. Então pode ocorrer de a

Page 42: Ação monitória no processo trabalhista

pessoa ter legitimidade para uma ação ordinária comum e não ser legítima

para o procedimento injuntivo.

Além disso, existe mais uma restrição, qual seja a impossibilidade

jurídica de se propor esta ação para outro fim que não seja o estabelecido no

art. 1.102a, ou seja, pagamento de soma em dinheiro, entrega de coisa

fungível, ou de determinado bem móvel.

Tem legitimidade ativa para propor ação monitória o titular de um

crédito, decorrente de uma obrigação de dar, reconhecido por prova escrita

que deverá acompanhar a petição inicial.

Tem legitimidade passiva, ou seja, para ser réu nesse procedimento,

a pessoa natural ou jurídica perante a qual a pretensão do autor se opera, que

é geralmente o provável devedor da obrigação reconhecida pela prova escrita

apresentada na exordial.

Não há problema no caso de litisconsórcio, porque mais de uma

pessoa podem figurar no pólo ativo ou no pólo passivo desta ação.

2.3.1 Desistência da ação monitória.

Como elucida o art. 267, inciso VIII, do Código de Processo Civil, o

autor da ação monitória, assim como de qualquer outra, poderá desistir da

ação durante o andamento do processo. Depois de decorrido o prazo para

resposta, o autor não poderá sem o consentimento do réu, desistir da ação (art.

267, § 4º, do CPC).

Não se deve confundir a desistência da ação com a modificação do

pedido, pois feita a citação, é defeso ao autor modificar o pedido ou a causa de

pedir, sem o consentimento do réu (art. 264 do CPC).

Page 43: Ação monitória no processo trabalhista

Note-se que na ação monitória o prazo para defesa é o mesmo que o

réu tem para oferecer embargos.

Ensina Humberto Theodoro Júnior, citado por Valeriano (2003, p.66):

Ainda que se tenha ultrapassado o termo de prazo de defesa, mas, se o réu permaneceu inerte, tornando-se revel, não tem sentido exigir seu consentimento para que o autor desista da ação – Diante das conseqüências da revelia, a desistência do autor só benefícios pode trazer ao réu. De mais, estando ausente do processo por falta de representação nos autos não como ouvi-lo sobre a pretensão manifestada pelo autor.

Desta forma, entendemos que diante da revelia, é presumido que o

réu concordou tacitamente com a desistência do processo pelo autor.

A desistência da ação não pode ocorrer após a sentença definitiva.

No máximo se desiste do recurso. O autor, contudo, pode renunciar ao direito

obtido com a sentença. Humberto Theodoro Júnior entende que a renúncia

homologada “provoca solução de mérito contrária ao pedido do autor,

equivalente a sua improcedência, com eficácia de coisa material”.

2.4 Fases da Ação Monitória

A ação monitória é dividida, didaticamente, em três fases

específicas:

a) fase injuntiva;

b) fase conginitiva eventual;

c) fase executiva.

A fase injuntiva corresponde ao procedimento monitório propriamente

dito. É a fase onde se observa a cognição sumária e a expedição do mandado

inicial. Essa fase termina com a conversão do mandado inicial em mandado

executivo. Pode ocorrer, neste interregno, a fase cognitiva eventual, iniciada no

caso de oposição dos embargos, por parte do réu, ao mandado inicial. A fase

cognitiva eventual termina com a decisão dos embargos. A terceira fase, a

Page 44: Ação monitória no processo trabalhista

executiva, inicia-se após a rejeição dos embargos ou com o esgotamento do

prazo para interposição dos embargos.

Analisaremos detalhadamente cada uma dessas fases.

2.4.1 Fase inicial

Temos, na Justiça do Trabalho, que o pedido inicial deve obedecer

aos ditames do seguinte artigo da CLT:

Art. 840 - A reclamação poderá ser escrita ou verbal. § 1º - Sendo escrita, a reclamação deverá conter a

designação do Presidente da Junta, ou do juiz de direito a quem for dirigida, a qualificação do reclamante e do reclamado, uma breve exposição dos fatos de que resulte o dissídio, o pedido, a data e a assinatura do reclamante ou de seu representante.

§ 2º - Se verbal, a reclamação será reduzida a termo, em 2 (duas) vias datadas e assinadas pelo escrivão ou chefe de secretaria, observado, no que couber, o disposto no parágrafo anterior.

Destacamos, no artigo supracitado, a notória presença do princípio

do ius postulandi das partes, informando que o pedido inicial pode ser feito por

petição escrita ou através de reclamação verbal.

O requisito inicial exigido para a propositura desta ação é o mesmo

da reclamação ordinária comum, além de conter os requisitos especiais já

enfatizados.

O art.839 consolidado preconiza que:

Art. 839 - A reclamação poderá ser apresentada: a) pelos empregados e empregadores, pessoalmente, ou

por seus representantes, e pelos sindicatos de classe; b) por intermédio das Procuradorias Regionais da

Justiça do Trabalho

Neste diapasão, o procedimento injuntivo em sede processual laboral

pode ser ajuizado mediante petição inicial escrita ou oralmente, hipótese em

que deverá ser obrigatoriamente reduzida a termo.

É importante destacar que o autor deverá especificar na exordial a

obrigação resultante do vínculo empregatício, ou outra relação de trabalho

Page 45: Ação monitória no processo trabalhista

pleiteando expressamente o pagamento de quantia certa, a entrega de bem

fungível, ou de bem móvel, sob pena de indeferimento da exordial e extinção

da lide sem julgamento de mérito.

Recebida a inicial, o julgador analisará se ela está devidamente

instruída segundo os arts. 282 e 283 do CPC, e do art. 840 da CLT.

Observada alguma irregularidade ou defeito será dado prazo para

emendar a inicial. Terá, então, o autor 10 (dez) dias (art. 284, parágrafo único,

do CPC c/c art. 769 da CLT) para cumprir essa diligência, caso contrário o Juiz

do Trabalho indeferirá a petição inicial com fundamento no art. 284 do CPC,

combinado com o art. 769 da CLT.

O Juiz do Trabalho, neste ponto, fará um exame superficial do

material probatório apresentado e, segundo essa cognição sumária, mandará

citar o devedor ou indeferirá a inicial.

Então, fornecidos os fatos e os fundamentos jurídicos do pedido, o

magistrado mandará citar o reclamado para adimplir a obrigação ou apresentar

defesa.

O mandado citatório-monitório deve necessariamente conter

advertência de que se não forem opostos os embargos monitórios no prazo

legal estipulado na CLT (cinco dias), o referido mandado se convolará

automaticamente em título executivo, prosseguindo-se a execução na forma

legal prevista na CLT.

Deve informar também o mandado inicial que, se o reclamado

cumprir a obrigação em tela, ficará isento das custas processuais e honorários

advocatícios, caso ocorra.

Page 46: Ação monitória no processo trabalhista

Importante destacar ainda que, a exemplo do que ocorre na

execução, o juiz deverá fixar de plano os honorários advocatícios

provisoriamente devidos, para no caso de o réu oferecer embargos, podendo, a

seu critério, majorá-los posteriormente.

A doutrina pátria é uníssona no tocante ao entendimento de que a

competência originária para o julgamento do procedimento injuntivo em sede

trabalhista é da Vara do Trabalho, ou do Juízo de Direito investido da jurisdição

trabalhista, com os recursos legais cabíveis para as respectivas instâncias

superiores.

O passo seguinte é a citação do réu para integrar a relação jurídica.

A Lei 9.079/95 não especifica qual tipo de citação deve ser usada em sede de

ação monitória, entendendo-se, portanto, que serão utilizados os meios

convencionais de citação contidos no Código de Processo Civil.

Sabemos, inclusive, que face ao processo do trabalho na citação,

notifica-se, simultaneamente o réu, para comparecer à audiência na qual será

tentada a conciliação, além de ser o momento oportuno para apresentação de

defesas e provas.

Há certa celeuma doutrinária acerca da citação por edital e hora

certa no procedimento injuntivo, e, em especial, em sede trabalhista.

Ora, o cerne da discussão concentra-se na admissibilidade ou não

da citação por edital, e por extensão da citação por hora certa, numa ação

monitória no processo do trabalho. Percebemos que, pelo ordenamento do art.

214 do CPC, a citação inicial do réu é indispensável para a validade do

processo. Resta-nos saber se esse tipo de citação seria viável.

Page 47: Ação monitória no processo trabalhista

Se restringíssemos toda citação do processo do trabalho para o tipo

pessoal, feita pelo oficial de justiça, bastaria ao reclamado, que porventura não

quisesse ser parte de qualquer lide, esconder-se, atentando à dignidade da

Justiça.

No Diploma Consolidado, encontramos o seguinte comando legal

referente à citação:

Art. 841 - Recebida e protocolada a reclamação, o escrivão ou chefe de secretaria, dentro de 48 (quarenta e oito) horas, remeterá a segunda via da petição, ou do termo, ao reclamado, notificando-o ao mesmo tempo, para comparecer à audiência de julgamento, que será a primeira desimpedida, depois de 5 (cinco) dias.

§ 1º - A notificação será feita em registro postal com franquia. Se o reclamado criar embaraços ao seu recebimento ou não for encontrado, far-se-á a notificação por edital, inserto no jornal oficial ou no que publicar o expediente forense, ou, na falta, afixado na sede da Junta ou Juízo.

§ 2º - O reclamante será notificado no ato da apresentação da reclamação ou na forma do parágrafo anterior.

Diante ao exposto, entende-se claramente ser possível, no

procedimento injuntivo, qualquer espécie das citações elencadas no art. 221 do

Código Processual Civil.

Para reforçar o entendimento supracitado, destacamos exemplos de

jurisprudências do egrégio Superior Tribunal de Justiça:

EMENTA - AÇÃO MONITÓRIA. Citação por edital. É possível a citação por edital do réu em ação monitória; sendo ele revel, nomear-se-á curador especial para exercer a sua defesa através de embargos (art. 1.102 do CPC). Recurso conhecido e provido.(STJ/4ª T – Resp. nº 175.090-MS – Rel. Min. Ruy Rosado de Aguiar – DOU 282.2000 – p.87)

EMENDA - AÇÃO MONITÓRIA. CITAÇÃO-EDITAL. POSSIBILIDADE. Segundo assentou a Eg. Segunda Seção do STJ, é possível a citação do réu por edital em ação monitória. REsp nº 297.421-MG. Recurso especial conhecido e provido.(STJ/4ª T – REsp. nº 215.844-GO – Rel. Min. Barros Monteiro – DOU 27.8.2001 – p.341)

EMENDA - Processual Civil. Ação monitória. Citação por Edital. Possibilidade. O procedimento monitório é uma das formas de desenvolvimento do processo de conhecimento, aplicando-se-lhe, subsidiariamente, as disposições gerais de procedimento ordinário. Assim, inexistindo no procedimento especial da monitória vedação ao emprego de citação por edital, aplicam-se-lhe as regras do

Page 48: Ação monitória no processo trabalhista

procedimento ordinário para a realização de comunicação das partes. Decisão: Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Ministros da Terceira Turma do Superior Tribunal de Justiça, na conformidade dos votos e das notas taquigráficas constantes dos autos, por unanimidade, conhecer do recurso especial e dar-lhe provimento. Votaram com a Sra. Ministra-Relatora os Srs. Ministros Pádua Ribeiro, Ari Pargendler e Menezes Direito. (STJ/2ª T – Resp. nº 297.421-MG-Relª.Minª Nancy Andrighi – DOU 28.5.2001 – p.198)

Regularmente ajuizada a ação monitória e citado o réu, deve ser a

audiência inicial de conciliação e julgamento marcada no prazo de 5 (cinco)

dias, sob pena de nulidade.

É na audiência de conciliação que o réu apresentará sua defesa, no

caso, embargos monitórios.

O prazo difere do observado no art. 1.102b, por ser claro que, em

sede processual trabalhista, considera-se o exposto no caput do art. 841,

sendo, então, o prazo diminuído para 5 (cinco) dias, ao invés de 15 (quinze)

dias, como no processo civil.

Ora, se entendêssemos, como alguns, que o prazo para defesa

inicia-se após a audiência de conciliação, teríamos 20 dias para apresentação

dos embargos, o que retardaria sobremaneira o procedimento comum

trabalhista. Essa não é a função da ação monitória.

O não-comparecimento do reclamante à audiência, salvo por motivo

de doença ou outro qualquer devidamente justificado e comprovado, implica o

arquivamento da reclamatória trabalhista (CLT, caput, do art. 844 c/c o §2º do

art. 843).

Se o reclamado não comparecer, a conseqüência legal é a revelia,

além da confissão no tocante à matéria de fato (CLT, caput, art. 844), o que

resulta na imediata constituição do título executivo.

Fundamental lembrar que, no caso do reclamado tratar-se de pessoa

jurídica legalmente constituída, pode a representação ser feita por preposto,

Page 49: Ação monitória no processo trabalhista

seja ele sócio, diretor ou empregado da representada, desde que tenha

conhecimento pleno dos fatos em litígio e cujas declarações obrigarão o

proponente.

Na audiência, podem ocorrer quatro situações: a ausência de uma

das partes, o cumprimento do mandado pelo devedor, haver conciliação entre

as partes ou o oferecimento de embargos monitórios pelo reclamado.

A ausência de ambas as partes já foi discutida no presente trabalho.

O cumprimento do mandado monitório pelo devedor implica a

extinção do processo com julgamento de mérito, estando o devedor isento de

custas e honorários advocatícios, como dispõe o § 1º do art. 1.102c do CPC.

Se ocorrer a conciliação, será lavrado termo assinado pelo

magistrado e pelas partes litigantes, onde deveram estar consignados as

condições para o seu efetivo cumprimento, a teor do art. 840, § 1º, do Diploma

Consolidado.

O oferecimento do embargo implica a continuação da lide segundo o

rito comum. E como a informalidade é princípio norteador do processo laboral,

a apresentação de simples defesa pelo reclamado, no momento da audiência,

é considerada como apresentação de embargos a que se refere o art. 1102c

do CPC.

Parece uma pequena confusão legal quando o art. 1.102c, § 2º, do

CPC fala que, oferecidos os embargos, o processo se submete ao

procedimento ordinário. O intuito do legislador ao formular tal artigo foi o de

evitar a utilização do procedimento sumário ou sumaríssimo no processo civil,

obrigando que, necessariamente, as partes percorressem o caminho da

cognição plena do procedimento ordinário, ou melhor, procedimento comum.

Page 50: Ação monitória no processo trabalhista

No processo do trabalho, não se faz menção ao procedimento

ordinário, mas em alguns casos é prevista a utilização do procedimento

sumaríssimo. Respeitando a vontade do legislador, na melhor interpretação,

usamos, nessa justiça especializada, no caso de embargos à monitória o

procedimento não-sumaríssimo, ou seja, o comum.

A natureza jurídica da decisão liminar de acolhimento da demanda

na ação monitória é muito discutida na doutrina. Certo ramo doutrinário

considera decisão interlocutória, por não pôr fim ao processo, ou seja, servir

apenas para dar andamento ao atos processuais. O outro ramo doutrinário

considera sentença, como João Oreste Dalazen, em obra publicada na Revista

LTr, citada por Valeriano (2003, p.79):

Não é decisão interlocutória porque não se cinge a equacionar questão incidente, no curso do processo (CPC, art. 162, §2º). Com efeito, ainda que mediante um juízo precário e provisório, contém implícito reconhecimento a um presumido crédito e, assim, apresenta conteúdo assemelhado a verdadeira sentença de mérito. Tanto não é mera decisão interlocutória que, virtualmente, num passe de mágica jurídica, pode equiparar-se uma verdadeira sentença definitiva, de mérito, na ausência de “embargos monitórios”, inclusive com o atributo da coisa julgada material.”

É notório que a decisão injuntiva encontra-se numa área cinzenta do

direito. Apresenta natureza híbrida, ambígua. É, por enquanto, melhormente

enquadrado como ato sui generis.

2.4.2 Mandado Inicial

Mandado inicial, mandado monitório, ou ainda mandado injuntivo são

as denominações dadas a ordem de pagamento ou entrega de bem fungível ou

móvel, feita pelo juiz após apreciação sumária do documento escrito, em sede

de ação monitória.

Page 51: Ação monitória no processo trabalhista

A expedição deste mandado não se trata de uma faculdade do órgão

jurisdicional, mas um dever, desde que devidamente instruída a petição inicial.

O órgão jurisdicional não poderá recusar a expedição do mandado.

Discute-se muito acerca da natureza do mandado inicial. Perguntam

se se trata de sentença condenatória, ou, ainda, sentença condenatória, mas o

que importa, efetivamente, para se sondar o efeito que o mandado monitório

terá é a atitude do réu, analisada a seguir.

2.4.3 Atitude do Réu

Face ao mandado inicial, espera-se três possíveis atitudes do réu:

satisfazer a obrigação, oferecer embargos e permanecer inerte.

Agindo conforme a primeira expectativa, ou seja, cumprindo o

mandado, o réu recebe um privilégio legal, que é a isenção de custas e

honorários, embora perante a Justiça do Trabalho seja normal essa isenção.

Permanecendo inerte, acontece a conversão do mandado inicial em

mandado executivo. Observamos também o nascimento do título executivo

judicial.

Lembramos que não se produzem os efeitos da revelia em

determinadas situações referidas no art. 320, do CPC:

Art. 320 - A revelia não induz, contudo, o efeito mencionado no artigo antecedente:

I - se, havendo pluralidade de réus, algum deles contestar a ação;

II - se o litígio versar sobre direitos indisponíveis;III - se a petição inicial não estiver acompanhada do

instrumento público, que a lei considere indispensável à prova do ato.

A última provável atitude é o oferecimento de embargos no prazo

anteriormente discutido de 5 (cinco) dias, na Justiça do Trabalho. Eles

Page 52: Ação monitória no processo trabalhista

suspenderão a eficácia do mandado inicial e o procedimento seguirá adiante

segundo o rito comum.

Submetido ao procedimento comum, poderá ser designada audiência

para produção de provas, haverá momento para as partes fazerem as razões

finais, haverá segunda proposta de conciliação e, por fim, o julgamento do juiz.

O réu terá, nos embargos, a oportunidade de alegar toda possível

matéria de defesa. Poderá alegar nulidade de citação, incompetência absoluta,

inépcia da inicial, perempção, litispendência, coisa julgada, incapacidade da

parte, defeitos de representação ou falta de autorização e carência da ação.

Óbvio que também poderá atacar o mérito, questionando o valor ou

inexistência da dívida, fato modificativo ou impeditivo do direito do autor.

Poderá a réu apresentar exceções de suspeição ou incompetência

(art. 799, da CLT). O processo ficará suspenso até o julgamento da exceção.

Na exceção de incompetência, o exceto terá 24 (vinte e quatro) horas

para manifestar-se, conforme o art. 800 da CLT.

Na exceção de suspeição, o juiz ou Tribunal designará audiência

dentro de 48 (quarenta e oito) horas, para instrução e julgamento da exceção

(art. 802, da CLT).

As partes poderão transacionar durante o curso do processo, caso

em que o termo que for lavrado valerá como decisão irrecorrível, podendo ser

atacado somente por ação rescisória.

Discute-se a possibilidade de reconvenção na ação monitória no

processo trabalhista. Alguns autores dizem que se trata de um procedimento

especial, combatido apenas por embargos. Dizem, também, não haver

previsão legal para reconvenção.

Page 53: Ação monitória no processo trabalhista

Valeriano (2003, p. 91) cita Manoel Antônio Teixeira Filho que

informa:

Sendo, como tantas vezes assinalamos, a ação monitória, no processo do trabalho, regida pelo procedimento ordinário (e não especial, como se dá no processo civil), em princípio será possível ao réu reconvir ao autor. Demais, oferecidos os embargos, o procedimento destes, mesmo no processo civil, será o ordinário, o que reforça a viabilidade do cabimento da reconvenção.

No caso positivo de cabimento da reconvenção, ela seria

apresentada na mesma peça de defesa, devido à simplicidade inerente do

processo trabalhista.

A Justiça do Trabalho entende que o prazo para oferecimento de

resposta da reconvenção é o de 5 (cinco) dias, o mesmo que o réu teria para

responder à petição inicial (art. 841, da CLT).

A reconvenção tem natureza de ação e, no caso de extinção do

processo principal, seja por desistência ou outro motivo, a reconvenção

prosseguirá normalmente.

A jurisprudência de nossos tribunais é positiva ao cabimento da

reconvenção em sede de ação monitória:

PROCESSO CIVIL. AÇÃO MONITÓRIA. RECONVENÇÃO. Não há incompatibilidade entre ação monitória e reconvenção, que pode ser oposta na sua configuração usual. Recurso especial conhecido em parte e, nessa parte, provido.(STJ/ 3ª T – Resp. nº363.951 – Relator Min. Ari Pargendler – DJ 29.03.2004 – p.230)

PROCESSO CIVIL. AÇÃO MONITÓRIA. EMBARGOS. CONVERSÃO DO PROCEDIMENTO PARA ORDINÁRIO. RECONVENÇÃO. CABIMENTO. PRECEDENTES DO TRIBUNAL. DOUTRINA. RECURSO PROVIDO. - É admissível a reconvenção no procedimento monitório, desde que ocorra a conversão do procedimento para o ordinário, com a oposição dos embargos previstos no art. 1.102c, CPC. .(STJ/ 4ª T – Resp. nº401.575 – Relator Min. Sálvio de Figueiredo Teixeira – DJ 02.09.2002 – p.197)

Page 54: Ação monitória no processo trabalhista

2.4.4 Formação do Título Executivo

O título executivo forma-se a partir do mandado inicial não cumprido.

Esse título executivo não é o mandado inicial, muito menos o documento

escrito apresentado junto à petição inicial. Trata-se de novo documento legal. É

o chamado mandado executivo, advindo do mandado monitório não cumprido,

segundo normaliza o art. 1.102c do CPC.

Não podemos afirmar que a prova escrita seja o título executivo, pois

o legislador já afirmou que essa prova que instrui a ação monitória não tem

força de título executivo. Apenas no decorrer do procedimento injuntivo existe a

formação do título, por meio de um procedimento híbrido, que mescla o

procedimento ordinário ao executório, agindo de forma útil e célere para a

obtenção do direito pleiteado.

O título executivo é formado mediante ato composto, ou seja,

depende da expedição do mandado inicial somado à inércia do réu ou rejeição

dos embargos.

Antes da rejeição dos embargos, ou da inércia do réu, o mandado

inicial ainda não tem a força de título executivo. Sua eficácia é de mandado de

solvendo, que significa, no entendimento de De Plácido e Silva (2004, p.878):

É a designação dada especialmente aos mandados, em que há uma condenação de preceito, isto é, em que não há propriamente uma sentença condenatória, mas a ordem ou a determinação para que se cumpra o que é devido.E se diz de solvendo, porque o mandado se expede para pagar o que se confessou ou que está líquido e certo.É o caso do mandado de citação inicial, nas ações executivas, em que se expede para que, ou se pague inicialmente o valor, ou se veja executar. A sentença que condenou o réu por preceito “de solvendo”, será cumprida pelo mandado “de solvendo”.

Page 55: Ação monitória no processo trabalhista

2.4.5 Fase executória

A fase executória inicia-se, em continuidade, após a conversão do

mandado inicial em mandado executivo. O legislador informa que se intime o

devedor para cumprimento do mandado.

Não devemos ter dúvidas, neste momento, se essa comunicação ao

devedor trata-se de citação ou intimação.

Citação é o ato pelo qual se chama a juízo o réu ou interessado a fim

de se defender, enquanto intimação é o ato pelo qual se dá ciência a alguém

dos atos e termos do processo, para que faça ou deixe de fazer alguma coisa.

Entendemos, diante o exposto, que o ato correto neste momento do

procedimento é a intimação, pois o réu já foi citado e já faz parte da relação

jurídica, precisando agora ser apenas informado dos próximos passos.

Em seguida, após a intimação do devedor, o processo monitório

seguirá os trâmites normais de uma execução trabalhista.

2.4.6 Recorribilidade

Sobre o tema, há muita dificuldade em expor um posicionamento

definitivo, pois em sede de ação monitória a recorribilidade dependerá muito da

natureza jurídica de cada decisão.

Discorreremos segundo entendimento esboçado no decorrer do

trabalho.

Na hipótese do indeferimento da inicial, põe-se fim ao processo sem

julgamento de mérito. Neste momento, cabe recurso ordinário no prazo de 8

(oito) dias para o Tribunal correspondente.

No caso de cumprimento do mandado inicial ou ainda da conciliação,

temos sentença definitiva com julgamento de mérito irrecorrível, segundo o

Page 56: Ação monitória no processo trabalhista

fenômeno da preclusão lógica. No entanto, caberia ação rescisória, se

reconhecido algum pressuposto desta.

Dos embargos, temos a decisão que os acolhe sendo irrecorrível

momentaneamente, segundo o art. 893 da CLT, que diz que o merecimento

das decisões interlocutórias será apreciado apenas no recurso da decisão

definitiva. O fundamento para tal entendimento é que a existência de outro

processo dentro da ação monitória retardaria a prestação jurisdicional e isso

não se coaduna com a finalidade da ação monitória.

Já em relação à decisão final dos embargos, em sede do

procedimento comum, o recurso pertinente é o ordinário, por ser uma decisão

meritória e final.

Parece estranho só admitir recurso ordinário ao final da ação

monitória, depois da decisão que encerra a execução, mas devemos observar

que esse é o intuito desta ação, isto é, oferecer uma opção célere de

cumprimento da obrigação. Admitir recursos a todo e qualquer ato jurídico

tiraria qualquer utilidade prática da ação injuntiva. É bom lembrar que, devido a

esse entendimento de ser a ação monitória um recurso rápido e conciso,

muitos entendem não caber recurso algum.

Importante salientar que para interposição de recurso na Justiça do

Trabalho é exigido o depósito recursal, conforme dispõe o art. 899 da CLT.

Contudo, se a condenação não envolve pagamento em dinheiro, como nas

reclamações declaratórias, doutrina e jurisprudência já são pacíficas em

entender que não é necessário o depósito.

Enunciado nº. 161 - Não havendo condenação em pecúnia, descabe o depósito prévio de que tratam os parágrafos 1º e 2º do Art. 899 da Consolidação das Leis do Trabalho.

Page 57: Ação monitória no processo trabalhista

2.5 Ação Rescisória

A ação rescisória pode ser definida como um meio autônomo de

impugnação da sentença meritória. Em obediência ao interesse social do

respeito à coisa julgada material, atua como o meio de garantia de que a

sentença meritória tenha sido proferida de forma válida e legal. Esta ação não

deve ser compreendida como uma espécie de recurso, pois, além de

caracterizar-se como um meio autônomo de impugnação, a ação rescisória tem

como objeto a invalidação da sentença portadora de vícios. Não haverá

discussão, conforme incisos do art. 485 do CPC, acerca do juízo de valor da

prova produzida ou da lei aplicada.

Elucida o supracitado artigo:

Art. 485 - A sentença de mérito, transitada em julgado, pode ser rescindida quando:

I - se verificar que foi dada por prevaricação, concussão ou corrupção do juiz;

II - proferida por juiz impedido ou absolutamente incompetente;

III - resultar de dolo da parte vencedora em detrimento da parte vencida, ou de colusão entre as partes, a fim de fraudar a lei;

IV - ofender a coisa julgada;V - violar literal disposição de lei;VI - se fundar em prova, cuja falsidade tenha sido

apurada em processo criminal ou seja provada na própria ação rescisória;

VII - depois da sentença, o autor obtiver documento novo, cuja existência ignorava, ou de que não pôde fazer uso, capaz, por si só, de lhe assegurar pronunciamento favorável;

VIII - houver fundamento para invalidar confissão, desistência ou transação, em que se baseou a sentença;

IX - fundada em erro de fato, resultante de atos ou de documentos da causa.

§ 1º - Há erro, quando a sentença admitir um fato inexistente, ou quando considerar inexistente um fato efetivamente ocorrido.

§ 2º - É indispensável, num como noutro caso, que não tenha havido controvérsia, nem pronunciamento judicial sobre o fato.

O primeiro requisito para admissibilidade de ação rescisória é ter

havido uma sentença que extinga o processo com julgamento de mérito.

Page 58: Ação monitória no processo trabalhista

O segundo requisito é ter havido o trânsito em julgado da sentença,

isto é, a sentença torna-se imutável e indiscutível, não mais permitindo recurso

algum.

Além destes pressupostos básicos, deve ser observado algum vício

mencionado nos supracitados incisos.

O inciso primeiro refere-se a prevaricação, concussão ou corrupção

do juiz.

Nosso Código Penal Brasileiro assim determina os citados crimes:

Prevaricação: “Retardar ou deixar de praticar, indevidamente, ato de ofício, ou praticá-lo contra disposição expressa de lei, para satisfazer interesse ou sentimento pessoal.” (art. 319 do CPB)

Concussão: “Exigir, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da função ou antes de assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida.” (art. 316 do CPB

Corrupção passiva: “Solicitar ou receber, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da função ou antes de assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida, ou aceitar promessa de tal vantagem.” (art. 317 do CPB)

O inciso II refere-se à decisão proferida por juiz impedido ou

absolutamente incompetente. A incompetência é relativa ao juízo, enquanto o

impedimento é concernente ao juiz.

O inciso III diz respeito a dolo e colusão.

Tito Fungêncio, citado por Valeriano (2003, p.126) assim define dolo:

É o artifício malicioso ou manobra fraudulenta empregada para enganar uma pessoa e levá-la a praticar uma ação, que, sem isso, não praticaria. É um erro intencionalmente provocado.

Lembramos que o dolo para autorizar a rescisória deve ser praticado

em detrimento da parte vencida. Não cabe rescisória se ambas as partes

agirem dolosamente.

Colusão é um acordo entre duas ou mais pessoas que ilude

terceiros, prejudica a lei e obtém benefícios. É uma simulação jurídica. Neste

Page 59: Ação monitória no processo trabalhista

caso, ingressa com a ação rescisória o terceiro juridicamente interessado e o

Ministério Público prejudicados com a simulação advinda do acordo entre as

partes.

O inciso IV faz referência à ofensa da coisa julgada. A coisa julgada

é a eficácia que torna imutável e indiscutível a sentença. Havendo tal violação

a segunda decisão deverá ser anulada pelo tribunal.

O inciso V refere-se à violação literal, inequívoca de disposição legal.

Não se observa o comando legal, cometendo-se um atentado ao que se

determina em lei.

O TST manifestou-se acerca da violação literal da lei da seguinte

forma:

Enunciado nº 83: Não cabe ação rescisória por violação literal de lei, quando a decisão rescindenda estiver baseada em texto legal de interpretação controvertida nos Tribunais.

O inciso VI refere-se à prova cuja falsidade tenha sido apurada em

processo criminal ou seja provada na própria sentença. A falsidade da prova

traz uma mácula irremediável ao que se quer provar. A prova falsa na ação

monitória, para autorizar rescisória, poderá ser o documento escrito.

O inciso VII refere-se a documento novo, ou seja, uma nova prova,

só agora revelada, capaz de assegurar pronunciamento favorável.

O inciso VIII refere-se a vício existente na confissão, desistência ou

transação. É mácula que invalida a sentença.

Finalmente, o inciso IX, refere-se a erro de fato. Há erro quando a

sentença admitir um fato inexistente, ou quando considerar inexistente um fato

efetivamente ocorrido.

Esses foram os requisitos de admissibilidade exigidos pela ação

rescisória. Lembramos que a ação rescisória na Justiça do Trabalho é admitida

Page 60: Ação monitória no processo trabalhista

segundo o disposto no Código de Processo Civil, dispensado o depósito de 5%

que refere o art. 488 do CPC, conforme determinação legal do art. 836 da CLT.

Page 61: Ação monitória no processo trabalhista

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O presente estudo monográfico analisou a ação monitória face ao

direito processual civil para em seguida apreciá-la segundo o direito processual

do trabalho.

Pesquisou-se doutrina e jurisprudência mais recentes de forma a

obter o posicionamento mais atual do cabimento da ação em voga na Justiça

Obreira.

Demonstrou-se as inúmeras barreiras que devem ser vencidas para

a utilização dessa ação no direito laboral, como a não-previsão das audiências

de conciliação, o prazo diminuto de apenas 5 dias para resposta entre tantos

outros.

A doutrina ainda é divergente em reconhecer ou não a possibilidade

do uso da ação injuntiva no processo do trabalho.

Os Tribunais Laborais, entretanto, em sua maioria, acatam a

possibilidade do uso da monitória desde que respeitados os requisitos legais

dos arts. 1.102a a 1.102c.

Essa celeuma é fruto do número de transformações necessárias para

que a ação monitória adapte-se ao processo do trabalho, sendo utilmente

empregada.

Ora, se fazemos tantas transformações no comando legal para que

este venha a ser utilizável da forma que queremos, será que já não

modificamos totalmente o espírito inicial pretendido pelo legislador?

Decerto, temos indubitavelmente que admitir que a ação monitória

prevista na Lei nº. 9.079 de 14 de julho de 1995 é bem diferente desta

apresentada como possibilidade de uso na justiça do trabalho.

Page 62: Ação monitória no processo trabalhista

Os diferentes mecanismos usados para compatibilizar a ação

injuntiva ao processo laboral modificam severamente a estrutura dessa, ora

criando situações não previstas, ora dilatando prazos.

O escopo do trabalho monográfico era analisar a subsidiariedade do

instituto processual de forma íntegra, ou seja, seu completo emprego

processual e utilidade prática na resolução dos dissídios laborais.

Constatou-se, contudo, que é possível sim o uso da ação em tela,

porém, o resultado final da ação monitória trabalhista é uma colcha de retalhos,

elaborada seguindo os melindres processuais das respectivas searas do

direito.

Ressalte-se que, apesar de tudo, o uso é possível, no entanto os

dissídios cujo pedido pode ser pleiteado por ação monitória são escassos.

Todavia a ação monitória é um procedimento especial célere e útil de

fundamental importância no direito processual civil. Seu cabimento é

reconhecido na Justiça do Trabalho pelas mais diversas jurisprudências dos

Tribunais Obreiros, configurando-se possível seu uso nesta justiça.

Fica, então, a cargo do Operador do Direito fazer uso da ação

injuntiva dentro dos limites legais estabelecidos como opção ao procedimento

comum da Justiça do Trabalho.

Page 63: Ação monitória no processo trabalhista

R E F E R Ê N C I A S

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Comentá r ios à Le i n º 9 .079 , de 14 de ju lho de 1995 . 1 . ed .

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B R A S I L , C ó d i g o d e P r o c e s s o C i v i l . 1 9 . e d . S ã o P a u l o : S a r a i v a , 2 0 0 4 .

_______, C ó d i g o C i v i l d e 2 0 0 2 . 6 . ª e d . S ã o P a u l o : R e v i s t a d o s T r i b u n a i s ,

2 0 0 4 .

_______, C ó d i g o P e n a l . 4 0 . e d . S ã o P a u l o : S a r a i v a , 2 0 0 2 .

_______, C o n s o l i d a ç ã o d a s L e i s d e T r a b a l h o . 2 . e d . S ã o P a u l o : S a r a i v a ,

2 0 0 4 .

C A R R E I R A A L V I M , J o s é E d u a r d o . A ç ã o M o n i t ó r i a e

t e m a s p o l ê m i c o s d a r e f o r m a p r o c e s s u a l . 2 . e d . B e l o

H o r i z o n t e : D e l R e y , 1 9 9 6 .

CARRION, Va len t in . Comentár ios à Consol idação das Le is

do Trabalho . 30 . ed . São Pau lo : Sara iva , 2005 .

DINAMARCO, Când ido Range l . Inst i tu ições de Di re i to

Processual C iv i l . 3 . ed . São Pau lo : Ma lhe i ros , 2003 .

F I D E L I S , E r n a n e d o s S a n t o s . A ç ã o M o n i t ó r i a . 1 . e d . B e l o

H o r i z o n t e : D e l R e y , 2 0 0 0 .

F R I E D E , R e i s . P r i n c i p a i s I n o v a ç õ e s n o D i r e i t o

P r o c e s s u a l C i v i l B r a s i l e i r o . 1 . e d . S ã o P a u l o : F o r e n s e

U n i v e r s i t á r i a , 1 9 9 6 .

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