três artigos sobre dieta, obesidade e estresse - dr. josé carlos brasil peixoto - médico...

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(Esse artigo faz parte de uma trilogia: Há uma verdade por trás das dietas? (já publicado) – Você sabe o que é obesidade? – e O lado oculto do estresse) Sumário: 1º artigo: Há uma verdade por trás das dietas? 2º artigo: Você sabe o que é obesidade? 3º artigo: O lado oculto do estresse _________________________________ 1º artigo HÁ UMA VERDADE POR TRÁS DAS DIETAS? (autor: José Carlos Brasil Peixoto, médico) Embora uma revista semanal tenha feita uma longa matéria dedicando-se a mostrar que aquilo que todo mundo acredita é, realmente, a verdade sobre as dietas, apesar de novas informações – por sinal, de boa procedência - em contrário, parece mais razoável admitir que a colocação do artigo definido no singular para “as dietas” é uma mutilação cognitiva. Se há uma verdade sobre as dietas, a única possível de ser dita sem temor de errar, é que são todas fraudulentas. A fraude começa pelo fato de que o início de uma dieta é geralmente feito a partir de uma premissa do tipo: “estou acima do meu peso, logo preciso comer menos!” É uma fraude colocar na alimentação a causa do aumento de peso ou do

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(Esse artigo faz parte de uma trilogia: Há uma verdade por trás das dietas? (já publicado) – Você sabe o que é obesidade? – e  O lado oculto do estresse)

Sumário:

1º artigo: Há uma verdade por trás das dietas?2º artigo: Você sabe o que é obesidade?3º artigo: O lado oculto do estresse

_________________________________

1º artigo

 

HÁ UMA VERDADE POR TRÁS DAS DIETAS? 

(autor: José Carlos Brasil Peixoto, médico) 

Embora uma revista semanal tenha feita uma longa matéria dedicando-se a mostrar que aquilo que todo mundo acredita é, realmente, a verdade sobre as dietas, apesar de novas informações – por sinal, de boa procedência - em contrário, parece mais razoável admitir que a colocação do artigo definido no singular para “as dietas” é uma mutilação cognitiva. Se há uma verdade sobre as dietas, a única possível de ser dita sem temor de errar, é que são todas fraudulentas.

A fraude começa pelo fato de que o início de uma dieta é geralmente feito a partir de uma premissa do tipo: “estou acima do meu peso, logo preciso comer menos!” É uma fraude colocar na alimentação a causa do aumento de peso ou do eventual surgimento de enfermidades. Ë como culpar o petróleo pela poluição ou os automóveis pelos engarrafamentos. É no mínimo um sofisma, um encurtamento do entendimento das perspectivas dessas situações. Não são feitas perguntas realmente mais apropriadas como: “porque estou comendo mais do que preciso?”, ou “estarei gastando minhas energias de forma saudável?” A obesidade, ou a diabetes, ou a hipertensão e outras doenças do coração, ou tantas outras, podem ser pioradas pela alimentação, ou podem ter muito pouco a ver com o que comemos, pois geralmente têm suas origens em processos humanos mais sutis, mais

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desafiadores para os olhos mecânicos da medicina moderna. Tais processos envolvem vários aspectos do sofrimento humano, do seu afastamento de tradições milenares, da submissão a um estilo de vida ocidental compulsório, da negligência com cuidados afetivos, espirituais e de uma relação de dominação com os recursos ambientais, o que, na soma, acaba gerando alterações metabólicas e endócrinas, típicas da dificuldade adaptativa do “axis do estresse (1)” dentro do organismo animal dos seres humanos.

 As dietas e uma escolha Do ponto de vista antropológico, podemos entender a

necessidade de se iniciar uma dieta como um dos mais malignos sintomas de nossa perversa relação como meio ambiente. Só faz dieta quem pode escolher. Em populações originais, que mantém uma relação melhor com o meio ambiente, há pouco o que escolher. E isso não significa qualquer prejuízo na qualidade alimentar ou nas conseqüências sobre a saúde. Talvez fosse melhor até dizer: não há porque escolher! Sim, uma população que mantém uma relação de equilíbrio como seu meio ambiente, come o que ele lhe permite comer! Os povos coletor-caçadores são o melhor exemplo disso. É altamente improvável que um índio amazônico, ou um inuit da Groenlândia, ao tomar nas mãos um alimento, fique a se perguntar coisas tolas dos povos civilizados como: “Será que aqui tem boa quantidade de zinco?” “Será que vai faltar selênio na minha dieta?” “Será que faltam anti-oxidantes na minha alimentação?” Povos altamente integrados com a natureza, capazes de suportar as mais extremas condições de vida fazem poucas perguntas sobre tais temas, pois levam consigo uma experiência com seus alimentos que atravessou gerações. Para o povo das cidades, civilizados, o passado foi apagado pela precisão do marketing sobre a inteligência, ou ingenuidade coletiva: os alimentos agora são medicamentos, portanto precisam de absoluto cuidado no que escolher.

Alimentos tremendamente alterados, travestidos pela indústria alimentar, são alternativas seguras, abalizadas pelos profissionais, que essa mesma sociedade de consumo formou, com a generosa certeza: nossos formandos universitários jamais vão trair a ciência do consumo, como fizeram tristes cientistas “traidores” do passado, como Copérnico e Galileu, que deixaram a sociedade, e o poder de seu tempo, fragilizado com suas ousadias subversivas. Hoje em dia, a mesmisse do pensamento de médicos, nutricionistas e da mídia em geral é mais eficiente no sentido de evitar que pensamentos

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ousados demais possam trazer prejuízo para as indústrias de alimentos e medicamentos.

 Dieta surpreendente, entendimentos convencionais Às vezes, as forças convencionais são tão abnegadas em

defender um credo científico, que buscam respostas esdrúxulas para equacionar situações inesperadas, mas que podem falhar.

Nos anos 60 um pesquisador, George Mann, da Universidade de Vanderbilt (Nashville) montou um laboratório móvel no Quênia, para investigar o povo africano das tribos Masai. A idéia original era provar a idéia de que alimentos ricos em gordura, de origem animal, originavam problemas de colesterol, obesidade e doença do coração, fábula que a maioria das pessoas (incluindo profissionais da saúde) acredita piamente nos dias de hoje. Essas tribos alimentam-se exclusivamente de carne, sangue e leite. Particularmente, o homem masai chega a ingerir meio galão (cerca de 2 litros) de leite, equivalendo a cerca de 230 gramas de nata, por dia! (Outra tribo Queniana, os Sumbarus ingerem o dobro). Além de ingerir quase 2 kg de carne ao dia. Nos dias de festas passam de 4,5 kg num dia! Os pastores quenianos criam um tipo de gado particularmente generoso na oferta de lipídios. A equipe de pesquisa estava eufórica em documentar com exames aquilo que lhes parecia óbvio: muitos indicadores de má saúde - alto colesterol, cardiopatia e obesidade.             Infelizmente, para a surpresa dos americanos, as taxas de colesterol da população pesquisada eram muito baixas! Quase 50% da média americana. Esses quenianos têm boa saúde cardíaca, e não têm excesso de peso. Não podemos esquecer que os quenianos têm os melhores atletas de corridas do mundo. Um outro pesquisador americano, dr. Bruce Taylor (Chicago) tentou explicar isso afirmando que esse povo estava muito bem adaptado à sua dieta. A genética, sempre parceira das boas explicações, na falta de outras melhores, deveria ser a causa desse fenômeno. Logo, essas boas taxas de colesterol melhorariam, ainda mais, em um local com menos oferta de gordura alimentar. Mas os descendentes desses povos que habitam a capital, Nairoibi, traíram de novo os cientistas: num local mais civilizado e estressante as taxas eram piores que dos habitantes campesinos, onde as tradições milenares permaneciam mais intactas. A genética não foi a esperada boa parceira, aliás, raramente é.                        A história da indústria das dietas

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                        Do rei obeso ao diabetes             Há relatos antigos a respeito de dietas. Em 1087 é relatada a indignação de William, o conquistador, (que foi rei da Inglaterra, após a batalha de Hastings), com o fato de não poder montar cavalos pelo seu peso excessivo. Sua estratégia foi ingerir líquidos, na verdade etílicos, para perder peso. Deve ter tido algum resultado, visto que morreu num acidente de montaria.             Mas, sem dúvida, a dieta se transformou em algo popular no século XX. Três situações foram, majoritariamente, as popularizadoras das dietas: um melhor entendimento do diabetes, as pesquisas populacionais, como a de Framingham, e a moda.            Antes de qualquer coisa, não podemos esquecer que a palavra dieta diz respeito a um hábito alimentar. Do ponto de visto coloquial, a palavra ficou associada a uma prescrição médica. Uma dieta visa artificializar a postura de um indivíduo aos alimentos que costuma consumir: dieta hipo-calórica (com baixa caloria), dieta hipo-natrêmica (pouco sal), dieta hiper-calórica (quase um paradoxo para o comum das pessoas, mas há quem precise ganhar peso), dieta hipo-protêica (pouca proteína) etc. Ou seja: a expressão “dieta” ganhou um status de receituário terapêutico - mude a alimentação em função de alguma preocupação com a saúde, embora muitas vezes essa alteração seja fruto de futilidades estéticas ou proibições filosófico-religiosas, o que pode, ao invés de gerar saúde, gerar mais enfermidade.

Infelizmente isso começou a colocar nas pessoas idéias errôneas sobre as causas das doenças. Desafortunadamente há gente que culpe as proteínas pelo surgimento da “gota” (doença artrítica) ou o sal pela hipertensão arterial sistêmica. São doenças de sofisticadas causas metabólicas, mas dificilmente originadas pela alimentação!            A diabetes é uma doença interessante. Parece ser conhecida desde tempos pré-cristãos. Mas foi em função da guerra franco prussiana, por volta de 1870, que ficou associada pela primeira vez que uma dieta poderia beneficiar pacientes com diabetes. O médico francês, dr. Bouchardat, percebeu o desaparecimento da urina doce (glicosúria) nas pessoas diabéticas que se submeteram ao racionamento alimentar de Paris durante o período de guerra. Somente em 1940 que essa doença foi relacionada a uma série de problemas crônicos de saúde (doenças renais e problemas oculares). A insulina foi descoberta em 1921, e isso rendeu um prêmio Nobel aos seus pesquisadores em 1923.

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Mas somente há pouco tempo a diabetes mais comum, tipo II, do adulto, grave problema de saúde pública em países como os Estados Unidos, ficou mais bem compreendida.             Esse tipo de enfermidade não é causado pela falta de insulina, mas por uma falta de resposta das células à esse hormônio. Essa situação é denominada de “resistência à insulina”. Tal fato ocorre pelo excesso de exposição celular à insulina, tendo em vista uma continua entrada de carboidratos de baixa qualidade pela alimentação. Isso tem a ver com alterações estimuladas por órgão oficiais de saúde que criaram a clássica pirâmide alimentar, onde se sugere que a base nutricional das pessoas deva ser constituída por produtos derivados de cereais, farináceos, massas etc. Associado à transição para o emprego de lipídeos de origem vegetal, de performance daninha ao organismo, combinado com alimentos processados substitutos de toda a sorte, temos os ingredientes comestíveis do diabetes, todos fornecidos pela indústria alimentar. (Alimentos “in natura” dificilmente fazem parte dessa problemática). Os outros ingredientes são o estresse, a vida sedentária, a obesidade, a falta de sono, e o sofrimento em geral das populações urbanas.                         Os estudos populacionais e as estatísticas que interessam             Vista por muitos como a pedra preciosa das políticas de intervenção na alimentação das pessoas, as pesquisas populacionais, que incluem a investigação de hábitos alimentares e enfermidades, ganharam notoriedade com a famosa Pesquisa dos Setes Países, a pesquisa com os habitantes de Framingham, (Massachussets) e o MRFIT, entre outras.

Um dos idealizadores foi o dr. Ancel Keys, pai do sofisma do colesterol. Ele publicou em 1953 um gráfico que relacionava seis países em dois quesitos: percentual de calorias provenientes de gordura e doença cardíaca (mortes por doença coronariana). Esse estudo foi publicado um ano mais tarde no jornal inglês “The lancet” e ganhou notoriedade mundial. Como normalmente as bases de dados não são revisadas pelas pessoas que se impressionam com os números das estatísticas, é importante que sejam feitas algumas “insolentes” perguntas a respeito desse trabalho.             Um dos aspectos mais intrigantes do gráfico apresentado pelo dr. Keys, é o seu próprio desenho. Trata-se de uma reta, quase perfeita, que se continuada em direção à intersecção dos eixos “x” e “y” poderia levar um ingênuo leitor a um impressionante resultado:

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quem consome zero quantia de gordura tem zero chance de ter doença cardíaca. A bem da verdade, nem o mais crédulo dos “dietocratas” conseguiria acreditar nessa burla.  Retas gráficas desse tipo são próprias das ciências exatas, mas improváveis em estudos biológicos.             Um aspecto pouco lisonjeiro do âmago dessa pesquisa diz respeito aos elementos que configuram o estudo.  O mais inquietante é saber que, na época da tabulação dos dados, o dr Keys poderia ter usado, com a mesma fidedignidade pelo menos 22 países. Para entendermos melhor, a pesquisa envolve as seguintes nações: EUA, Austrália, Japão, Itália, Canadá e Grã-Bretanha. Mas se colocados nesse mesmo gráfico, mais os 16 países em que tais dados estavam bem documentados - Finlândia, França, Áustria, Grécia, Ceilão, México, Chile, Dinamarca, Portugal, Suíça, Nova Zelândia, Holanda, Alemanha Ocidental, Irlanda, Israel e Suécia - a figura perderia seu principal significado, porque num mesmo gráfico, a reta se dissolve! Desaparece a relação direta entre o consumo de gordura e a doença do coração, e resultados antipáticos resplandecem na singela verdade que a mãe natureza oferece: não parece haver relação direta entre gordura ingerida e doença coronária, e para a tristeza dos partidários da “dieta cardíaca”: há países em que se consome mais gordura e se tem menos doença do coração. Nada pior que a frieza dos fatos para desalentar tão “honestos cientistas”. É bem verdade que a pesquisa tem outras graves fragilidades. A qualidade de informação das causas de mortes por atestados de óbitos e a exatidão do item “calorias provenientes de gorduras” poderiam ser bastante questionados.

Assim, a primeira incriminação do consumo de gordura na geração de cardiopatias, envolve tantos erros de premissas que não pode ter sua validade celebrada nos dias de hoje, passados mais de meio século de sua publicação. Não é possível que médicos cuidadosos exaltem suas qualidades. Mas podemos ressaltar uma triste conseqüência, o terrível empobrecimento da compreensão das doenças cardíacas, e o surgimento de uma faixa por demais estreita da ação terapêutica sobre esse tipo de enfermidade. Fato que não trouxe qualquer prejuízo para as indústrias alimentar, das dietas e farmacêutica.

O dr Keys quis refinar suas impressões e chefia o chamado “Estudo dos Sete Países”. Nessa pesquisa dezesseis populações locais da Holanda, Iugoslávia, EUA, Finlândia, Grécia, Itália e Japão foram submetidas à investigação de todo e qualquer fator que pudesse demonstrar relação com doenças do coração. Dessa vez houve uma incriminação, não mais do total de gorduras ingeridas,

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mas somente das gorduras de origem animal.  Entretanto, dentro de um mesmo país, houve grandes discrepâncias entre as localidades comparadas, ou seja, em uma única nação não se consegue fazer uma relação direta entre o tipo de dieta e as taxas de mortalidade cardíaca. Ao se divulgar os resultados, se os valores estatísticos dessem suporte à idéia que se procurava provar, tais resultados foram efetivamente divulgados e celebrados. Se os resultados não fossem úteis para provar o que a pesquisa precisava demonstrar eles são omitidos ou sumarizados como “achados anormais”, irrelevantes ou que poderão ser explicados no futuro (ou nunca mais!)

Outras pesquisas populacionais como a de Framingham ou a pesquisa MRFIT utilizam essa tradicional estratégia estatística da publicação de números que exaltam o que quer ser provado e escondem os números que não precisam ser conhecidos.

No primeiro caso, a divulgação dos dados, após trinta anos de acompanhamento, expõe as taxas de mortalidade em geral e as taxas de colesterol. Por incrível que pareça, nesse estudo não é sublinhado as reais taxas de mortalidade por enfermidade cardíaca! E ainda mais interessante: em mortes após os 47 anos não faz diferença a taxa de colesterol. Pessoas com colesterol alto ou baixo morrem em iguais proporções. Outro aspecto importante, esse estudo é somente com homens.

(Obs.: sobre a pesquisa MRFIT veja o artigo “A mágica das estatísticas” nesse mesmo site.)

Com a aparente inutilidade, ou até mesmo pela temeridade que representa, o emprego de medicamentos que reduzem taxas de colesterol – como as idolatradas estatinas (2) – é mais um dos apelos da mídia terapêutica que carecem de compassividade genuína e respeito pelo ser humano. Num simpósio de 2000 foi declarado que possivelmente a metade da população americana deverá utilizar medicamentos que reduzam as taxas de colesterol. Pior que os riscos que isso possa trazer, visto que as estatinas podem estar ligadas ao derrame cerebral, aumento do risco de suicídio, comportamento violento, e outros prejuízos ao sistema nervoso central, e vários outros efeitos nocivos à saúde, ainda pior que isso, é o fato de que a própria preocupação em reduzir as taxas de colesterol parece ser absolutamente desnecessária e potencialmente iatrogênica (enfermidades originadas por uma ação terapêutica).

 A dieta e a moda 

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Apesar de parecer algo absolutamente natural, plenamente razoável, as dietas para emagrecer foram se popularizando nos EUA a partir dos anos 1950. Um fator fundamental para isso foi a mudança nos padrões de estética que foram se consolidando a partir dessa época. Nos anos e séculos anteriores a magreza estava longe de ser um sinal de boa saúde, beleza ou prosperidade. Se houvesse dieta recomendada por médicos, estas teriam o objetivo de ganhar peso, nunca de perder!

Nos anos 1920 surge a moda “flapper” – na realidade um estilo de vida, que expõe moças com saias mais curtas, novos cortes de cabelo e com novas maquiagens, elas ouvem jazz e abandonam condutas tidas como corretas – o que introduz modelos femininas mais magras como uma nova estética de vigor e jovialidade. Já nos 60 surge a modelo Twiggy, magra, ombros quadrados, pequeno busto e silhueta extremamente esguia. Esse modelo se repetirá anos mais tarde com outras modelos como Kate Moss.

Para alcançar pesos tão encolhidos as mulheres fariam de tudo, até mesmo ingerirem vermes como a tênia solitária! Na medida em que as mulheres eram liberadas de seus empregos voltados para a segunda guerra mundial dos anos 50, a mídia de massa coloca seu foco num emergente mercado de profícuo futuro: a moda da magreza. Isso gerou milhares de publicações que se proporiam a oferecer estratégias de perda de peso. Em 2002 o catálogo literário listava 1412 títulos sobre dietas e 483 títulos sobre distúrbios alimentares.

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O foco original nada tinha a ver com a saúde. A obsessão levaria à introdução de psicotrópicos, como as anfetaminas, como receituário banalizado. A sociedade em seguida vê a disseminação de enfermidades do tipo bulemia e anorexia nervosa acometendo principalmente adolescentes. Em 1990 a indústria da perda de peso envolve cifras astronômicas como 50 bilhões de dólares.

Em janeiro de 1960 surgem os primeiros grupos de auto-ajuda, tipo “alcoólicos anônimos”, os “Vigilantes do Peso”, para que pessoas ofereçam-se suporte mútuo para o controle de peso (Califórnia).

Embora não existam dúvidas de que o sobrepeso é um aspecto extremamente comprometedor da saúde, é a estética o mais eficiente estímulo ao consumo de dietas. Com essa finalidade, um estado saudável acaba não sendo o resultado prático das mesmas.

 A obesidade e um novo personagem A fisiopatologia da obesidade é um dos maiores desafios da

atualidade. Como todo o seu processo não está bem compreendido é muito árduo se estabelecer as mais eficientes formas de controle. Provavelmente qualquer estratégia passa pelo que convencionamos chamar de reeducação alimentar. Mas ela não um alvo fácil de ser mantido pela maioria das pessoas. Seja pela aparente lentidão de seus resultados, seja porque ela pode deixar o paciente exposto ao seu universo de dramas psicológicos sem boas alternativas, ou porque essa reeducação alimentar não funciona sozinha, sem outras “reeducações”.

Um dos possíveis objetivos de uma boa terapêutica não poderá se furtar de buscar a restauração do bom funcionamento de

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um hormônio conhecido há pouco tempo. Na opinião de estudiosos de vanguarda, como R. Rosadale, a obesidade passa por uma situação similar à resistência à insulina do diabete do adulto. A leptina é um hormônio produzido pelo tecido adiposo. Foi descoberto em 1994 por Jeffrey Friedmann quando estudava modelos de obesidade em ratos.

Sua liberação trabalha em locais específicos do cérebro e participa de forma primordial na sensação de saciedade bioquímica, que é a mais eficiente no controle do apetite. No entanto não é por falta de leptina que ficamos obesos. A leptina já foi tentada como terapêutica para a obesidade, mas não houve grande resposta. Simplesmente porque não há falta desse hormônio. O problema está na aparente resistência dos órgãos alvos em responder de forma apropriada a ele. A resistência à leptina pode ter como principal causa o excesso de ingestão de açúcares e carboidratos na alimentação cotidiana. A base da tradicional pirâmide alimentar (pães, massas, cereais etc.) pode ser o maior estímulo para a perda da aptidão fisiológica da leptina, e por conseqüência, para a obesidade.

Um fato que naturalmente nunca pode ser perdido de vista é que o aumento impressionante nas taxas de indivíduos, de todas as faixas etárias, com sobrepeso tem uma relação siamesa com o ufanístico progresso das sociedades urbanas! Ë bem provável, mesmo não gostando de admitir, que ambas as situações podem ter intensas relações de causa e efeito.

 As dietas, a salvação ou a loucura total Uma pesquisa divulgada em outubro de 2005 aponta para

números impressionantes sobre obesidade: nos EUA, cerca de 90% dos homens e 70% das mulheres terão excesso de peso.  Por incrível que pareça, as reais causas dessa pandemia nunca foram realmente combatidas.

Até o século XVIII não havia consumo de alimentos processados. Não havia preocupações específicas com os tipos de alimentos que deveriam ser evitados ou estimulados para consumo. O escorbuto da idade média não foi facilmente identificado como uma doença ligada a carências nutritivas, visto que os marinheiros não adoeciam da mesma forma e no mesmo tempo sob aparentes idênticas condições. Marinheiros excepcionais e mais antigos como os vikings, que usavam chucrute em conserva não conheceram o drama do escorbuto. A pelagra, doença causada pela falta de vitamina B foi uma das primeiras que estabeleceu uma relação

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entre a qualidade alimentar e a saúde. A rigor foi o processamento do arroz, que retirava a parte mais nobre desse alimento que introduziu essa moléstia. A indústria alimentar já demonstraria sua mais eficiente ação sobre as pessoas. Mesmo assim, a maioria dos consumidores ingere arroz polido nos “sabidos” tempos modernos.

As causas da obesidade envolvem fatores bem conhecidos. A falta de atividade física é promovida pelo estilo de vida dos sítios urbanos. Não é um mero fato do ocaso. Foi uma opção, foi uma escolha de vida! As pessoas saem do meio rural marginalizado pela mídia do conforto extremo e infinito! No fundo se propõe uma situação meio absurda! Não faça quaisquer esforços. Use controle remoto, vidro elétrico, direção hidráulica, elevadores, escadas rolantes, câmbio automático, tele entregas, carro para qualquer distância, máquinas para tudo que for necessário ser feito! A mídia do super-consumo é clara: reserve toda a sua energia para... ficar sentado vendo TV ou na frente de um computador.

Ao mesmo tempo as pessoas estão constantemente ocupadas com obrigações burocráticas, financeiras, estratégicas, competitivas, logísticas, formação intelectual etc. Existe um fenomenal estímulo à ansiedade, a solidão, ao afastamento humano, ao pouco carinho, ao medo, à insegurança, à desconfiança, à falta de amor e ao belicismo em geral. A compensação mais fácil é obtida pela boca.

Além disso há uma profunda mudança nos próprios produtos alimentares. Passam a ser produtos processados, embalados, modificados no sabor, textura, cor e odor. A finalidade é uma só: serem mais atrativos. Os alimentos ganham o status de produto de consumo, e caem na terrível e única lei de consumo. Bons produtos vendem bastante, mesmo para consumidores que nem precisariam comprá-los. Além disso, algumas porções ganham versões extragrandes. Os resultados de pesquisas médicas, como as citadas anteriormente, patrocinam a utilização de substitutos às gorduras naturais, como a gordura vegetal hidrogenada, as gorduras “trans”, a produção de alimentos com quantias absurdas de ácidos graxos perigosos como o ômega-6, e a utilização de óleos vegetais para feitura de frituras, óleos que se oxidam no calor e inundam o organismo com radicais livres francamente patogênicos.

Ninguém toma água. A maioria dos adolescentes toma refrigerantes carbonatados e cheios de açúcar ou adoçantes. As águas são aditivadas com flúor, mesmo que o consumidor descubra seus perigos e que desejasse mais não consumir esse mineral.

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Mesmo com as taxas sempre crescentes de doenças cardíacas e do diabetes, continua a substituição de gordura animal e saturada, por óleos vegetais poliinsaturados. Os olhos das pessoas perderam definitivamente a capacidade de enxergar a realidade.

O emprego de complementos minerais se tornou popular. Isso é justificado por argumentos bizarros do tipo: nossos solos perderam nutrientes.

É estranho que se esqueça que se há perda de nutrientes ela foi promovida pela irresponsável ação da indústria dos fertilizantes e agro-tóxicos (as mesmas que produzem medicamentos).

Se for verdade que já existam laranjas sem um miligrama de vitamina C, a culpa não é da natureza. É do homem e a da sociedade de consumo.

 Fraudando o paladar O apelo mais ardiloso da mídia sobre dietas é a construção do

mito dos super alimentos. Todos os dias se descobrem novos maravilhosos predicados nos produtos alimentares, de maneira a fazer uma fruta, uma raiz, uma folha, um peixe a ganhar um status especial: o título honorífico de medicamento! A todo o momento ébrios arautos de pesquisas alimentares assolam nossos ouvidos com impressionantes relatos a respeito da mágica de bons e velhos conhecidos de nossas mesas. Quem sabe um dia compraremos brócolis ou tomates nas farmácias e com receita! O bom senso é totalmente abandonado. Ao invés de sermos estimulados a manter uma natural tendência de comer de tudo um pouco, de acordo com as possibilidades, desejos e tradições alimentares, somos seqüestrados pela onda da salvação, ou até da mesma da purificação, pelo uso de alimentos excepcionais. Mesmo que esses produtos nada tenham a ver com a natureza local. Mesmo que esses produtos possam até mesmo aniquilar um ecossistema, trocando populações de vegetais e animais nativos por verdadeiras pragas exóticas além mar!

Outras vezes as pessoas ficam tão extasiadas em saber que um alimento tem substâncias potencialmente medicamentosas, que extraem tais substâncias desses alimentos e as embalam em pequenas pílulas. O furto da capacidade intelectual coletiva foi muito prodigioso: ninguém dá valor ao todo, ao integral, ao original. Obviamente, isso é fundamental para que o consumo de alimentos transformados e mistificados por inúmeros recursos tecnológicos

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passasse a ser visto com absoluta condescendência! É um aliado importante da sobrepujante e inquestionável postura desconectada da natureza de nossa sociedade.

O uso de adoçantes é outro aspecto que ressalta o aspecto fraudulento das dietas. Se comer doçuras pode estar na raiz da diabete ou no âmago de seu tratamento, porque é necessário enganar o paladar? Que o indivíduo enfermo não coma doces, ou os restrinja para dar um ar de festividade (com algumas sobremesas) quando a enfermidade estiver sob controle. Inúmeros povos originais ingerem poucas quantias de doces, geralmente algumas frutas, disponíveis em certas épocas do ano.

Edulcorantes artificiais como o aspartame, o ciclamato e a sacarina, afora os eventuais riscos que representem para a saúde, são óbvios demonstrativos da malévola estratégia compensatória que os povos civilizados tentam impor aos seus cidadãos. “Não se preocupem com os danos que nossos alimentos artificiais lhes causem! Nós lhe adoecemos e lhe salvamos com nossos próprios produtos, gerados pela nossa infinita capacidade de arremedar a natureza e substituir o mundo real!” E assim alimentos light e diet, originalmente concebidos para pessoas que não poderiam consumir açúcares ou calorias, passam a ser artigos comuns, adquiridos por indivíduos que, certamente, não precisariam desse tipo de (pseudo) alimento.

Não é a toa que a estratégia de compensações que a medicina tradicional adotou, a tornou, pelo menos nos EUA, na terceira causa de mortalidade (se já não for a primeira), atrás somente do câncer e das cardiopatias.

O FDA, órgão de controle dos alimentos e remédios dos EUA, endossa o uso de advertências positivas sobre virtudes de produtos alimentares que possam parecer favoráveis à saúde. Assim expressões incoerentes ou inverossímeis como “esse produto não contém colesterol” aplicadas em rótulos de produtos vegetais, são enxergadas sem qualquer pudor nas prateleiras dos supermercados.

Um aspecto que também não pode deixar de ser lembrado, é que existem pesquisas que indicam que os usos de produtos alimentares, com pouca caloria, parecem não serem realmente

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eficazes no objetivo de se perder peso. O comentário: “só vejo obesos tomando refrigerantes light” pode ser mais do que uma simples piada... (Não se deve esquecer que, no Brasil, produtos light são aqueles que têm pelo menos 25% de redução de todos os componentes calóricos, e produtos diet são aqueles que têm 99% de redução em um único componente específico, e sempre sem açúcar)

 Afinal, é a comida que gera a doença? Uma das perguntas que não quer calar é porque, a partir dos

anos 50, foi implicada a comida como um dos fatores mais importantes para as doenças cardíacas e a saúde em geral? Quando são tabulados inúmeros fatores de risco, a alimentação não parece ser um fator muito mais responsável pelos ataques cardíacos do que uma série de outros que faz parte do estilo moderno de vida.

Não podemos esquecer que há inúmeros produtos e serviços que são inerentes, ofertados ou mantidos, pelo moderno estilo urbano de viver. Esses fatores não podem ser implicados em enfermidades, pois isso levantaria dúvidas sobre as virtudes, que não podem ser questionadas, da sociedade moderna. Sabemos que a tristeza e a ansiedade geral das pessoas é fundamental gerador da postura de consumo, e marca imperiosa das populações metropolitanas. O único fator que pode ser incriminado, e que ao mesmo tempo pode gerar ainda mais vantagens para a sociedade de consumo é a alimentação. Para isso funcionar em sintonia com essa sociedade fascinada por sua capacidade de progredir, mesmo que o progresso não signifique mais felicidade, nem mesmo mais saúde, apenas uma longevidade que pode aumentar o tempo de vida dos consumidores, foi criada uma série de artimanhas, que alocaram indivíduos de ótima intenção (nutricionistas, terapeutas, naturalistas, médicos, meditadores etc.) como parceiros ingênuos da “medicalização” ou a desmoralização dos alimentos tradicionais!

 

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Qual será o futuro? A perspectiva alimentar parece sombria. O estudo Women’s Healths Initiative mostrou que mudanças

obedientes à “dietocracia” não revelaram qualquer vantagem na saúde final das mulheres que se submeteram às restrições alimentares tradicionais (baixo consumo de gordura animal, uso de lipídeos de origem vegetal, entre outras orientações convencionais). Esse estudo é um dos empreendimentos mais sérios, e relativamente mais autônomo, em relação aos financiamentos privados. Foi o mesmo estudo que expôs para a opinião pública que a reposição hormonal tradicional (com hormônios artificiais, Premarin e Farlutal) como prejudicial à saúde da mulher.

É incrível, que uma vez que esse estudo comprometa a visão oficial das dietas, sugerindo que elas não sejam saudáveis ou úteis, apareçam vozes que, irresponsavelmente, denigrem-no, invalidem seus resultados, sem ao menos fazerem questionamentos razoáveis sobre os resultados práticos dos benefícios alcançados pela pirotecnia dietética em vigor, afora é claro, os benefícios econômicos!

Nos tempos atuais é muito mais fácil continuarmos com a insana abordagem compensatória moderna. Mutilamos a constituição mineral dos campos. Empobrecemos as qualidades nutritivas dos alimentos vegetais e animais. Utilizamos cada vez mais insumos químicos para suprir a cadeia produtiva de transformação de nossas comidas. Ficamos cada vez mais longe da natureza.

Todo aquele que acredita que o uso de suplementos alimentares seja a melhor solução para esse tipo de problema, provavelmente será lembrado no futuro como cúmplice da destruição cada vez mais ampla de nossos ecossistemas. A mídia que reforça esse percurso transgressor, em algum tempo, será ostensivamente responsabilizada pela insana destruição de nossos recursos alimentares naturais.

Os danos à ecologia, à saúde, ao homem e a todos os seres vivos têm como cúmplices aqueles que deveriam proteger nosso bem estar e salvaguardar nosso planeta! Reportagens com ambições de serem uma única verdade sobre as dietas fazem parte dessa sombria conspiração!

  (José Carlos Brasil Peixoto, 08-03-2006) 

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Nota: A reportagem que foi inspiradora desse artigo foi: “A verdade sobre as dietas” da revista Veja de 15/02/2006. Muitos dos temas levantados são discutidos em outros artigos do site outravisao.

 Observações:(1) “Axis do estresse” diz respeito ao conjunto de órgãos de um

organismo envolvido com o equilíbrio de relação com o meio ambiente. Envolve partes específicas do cérebro, e praticamente todo o sistema imunológico e endócrino.         (2) Estatinas, grupo de medicamentos que reduzem as taxas sangüíneas de colesterol ao restringir o funcionamento normal do fígado. São exemplos a sinvastatina, a pravastatina entre outros, sob inúmeros nomes comerciais. 

     Fontes de referência:01)    Fallon, S & Enig, Mary – “Nourishing Traditions” (The cookbook

that challenges Politicaly Correct Nutrition and the Diet Dictocrats) - 2nd ed.New Trend Pub, New York, 2001;

02)    Fallon, S & Enig, Mary – “The danger of statins drugs: what you haven’t been told about cholesterol-lower medication”;(a tradução desse artigo sera publicada em breve nesse site);

03)    Ranvskov, Uffe – “The  Cholesterol Myths” – New Trend Pub. New York – (em fase de revisão da tradução, por José C B Peixoto);

04)    Dufty, William – “Sugar Blues”, Ed Ground, RJ, 1975;05)    Site official do Women’s Health Iniative (www.whi.org), um

estudo de longa duração, planejado para se estender por15 anos, que está envolvendo mais de 160.000 mulheres, entre 50 e 79, com foco em prevenção de doença cardíaca, câncer de mama, câncer coloretal, e fraturas.

06)    Outros sites da Internet:http://www.rosedalemetabolics.com/ – site do médico pesquisador,

expert em medicina do metabolismo e alimentar Ron Rosedale, PhD;http://www.diabetes.ca/ – site da Associação Canadense da

Diabetes;www.bookrags.com/history/popculture/dietshttp://shop.store.yahoo.com/carbsmart/historydiets.htmlhttp://www.naafa.org/press_room/history_obesity.html

www.mercola.com/2000/jul/30/doctors_healths.html sobre um artigo publicado no Journal American Medical Association, July 26, 2000, 284(4): 483-5. (ver artigo nesse site: “Finalmente em primeiro lugar” que aborda esse tema)  

 

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http://www.umaoutravisao.com.br/verdadedietas.html

2º artigo   

Você sabe o bastante sobre obesidade? 

Dr. José Carlos Brasil PeixotoMédico homeopata

(29-12-2008)

Quando o assunto é obesidade os números são efetivamente bem pesados. Num país como os Estados Unidos o percentual de obesos deve envolver mais de 20% da população. O crescimento mais que dobrou em anos recentes, qualquer período que fique em torno dos últimos 30 anos. Por algum motivo as coisas pioraram muito após os anos setenta. O que mais aflige quem estuda a obesidade é perceber que o número aumenta muito entre as crianças, e que a tendência, se nenhuma atitude for tomada, é que as coisas só possam piorar a medida que o tempo passa. Algo tem que ser feito. Agora!

 Os culpados habituais Evidentemente qualquer que seja a estratégia, o primeiro

passo é entender o que está acontecendo. Não há dúvida que o acesso aos alimentos é base fundamental para o sobrepeso, basta ver como fica a “silhueta” dos indivíduos de comunidades confinadas em locais de guerra ou pobreza absoluta, como certas regiões da África, por exemplo.

Isso já coloca os fatores ambientais na linha de frente das causas da obesidade, mas de forma exatamente isso interage com o comum das pessoas?

Quando a gente vê na televisão ou lê em revistas semanais reportagens sobre o tema parece que as coisas estão acontecendo pelo andar normal das coisas: vida sedentária, alimentação do tipo “fast-food”, rotina de trabalho e etc.

Uma reportagem que me chamou a atenção falava do excesso de gordura na alimentação rotineira dos adultos ou do tipo

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de alimento que as crianças ingeriam por conta de pais tão espezinhados pela demanda de trabalho, que seria difícil cuidar desse “detalhe” da vida de suas crianças. A análise de forte reputação redundante esbarra na inépcia no uso de termos vulgares – mas imprecisos, e na incapacidade de dar ao meio ambiente a sua devida relevância, visto que nunca uma reportagem de TV vai dizer de forma explícita: “O estilo de vida atual vai nos levar todos à morte!” Dessa forma culpa de forma elementar certos personagens pra lá de batidos nessas análises, mas não culpa o enredo, o script, enfim: a história total que a rigor não se trata de uma opção consensual de seus integrantes. Estamos enrascados à força!

 O que é gordura? Vamos analisar melhor uma questão de semântica muito

importante: a história da gordura em excesso que qualquer artigo vulgar imputa alta culpabilidade no tema da obesidade e diabete. A palavra GORDURA tem na língua brasileira uma sinistra sombra cognitiva. É um termo que unifica coisas de pouca relação entre si. Isso pode se dar pela maldição do termo em inglês: “OIL”. Essa palavra – a inglesa - pode significar petróleo, óleo vegetal, gordura vegetal, banha, azeite, lipídios em geral. Quando textos em inglês exibem tal termo o tradutor pode ser levado a certa confusão, ou pior passar para o leitor a sensação de que tudo é a mesma coisa ou muito parecido. Mas isso não é verdade. Por exemplo: o consumo de gordura vegetal aumentou astronomicamente após a segunda guerra mundial (visto que antes era quase zero %). E o consumo de gordura animal diminui vertiginosamente no mesmo período. Isso se deve a criminalização da gordura animal na gênese da doença cardíaca. Basta observar que praticamente não se utiliza mais banha para qualquer fritura em qualquer lanchonete ou restaurante. Somente a GVH (gordura vegetal hidrogenada) ou óleos vegetais são utilizados para fritura, e a manteiga perdeu formidável espaço para a margarina. Essa questão é fundamental, pois estamos diante de uma imposição da indústria alimentar – as margarinas e a GVH não existem na natureza! E a maioria absoluta dos óleos vegetais jamais seria consumida desse jeito em ambientes naturais. Não haveria como produzi-los!

Essa análise superficial já nos coloca diante de um aspecto importante: se de fato as gorduras teriam alguma responsabilidade na obesidade, a indústria é fator decisivo.

Por outro lado um aspecto mais bizarro que envolve a maldição das gorduras é outro: gordura engorda? Essa pergunta

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está longe de ser uma bravata. De acordo com T.S.Wiley, antropóloga e pesquisadora médica. a formação do tecido adiposo é totalmente dependente da liberação da insulina na corrente sangüínea, para mobilizar os carboidratos no sentido de colocar energia nas células ou ... formar tecido adiposo para reserva estratégica. Só há formação de tecido adiposo se houver a liberação de insulina. Só há liberação de insulina se houver carboidratos. As gorduras da alimentação não podem ser os principais responsáveis na obesidade: na realidade os culpados são os carboidratos! Bem isso não é exatamente uma novidade, mas há sutilezas que não são politicamente muito bem aceitas as se estudar melhor esse assunto.

Mas não se esqueça disso: sem liberação de insulina, sem obesidade.  E mesmo que o seu nutricionista não lhe tenha dito, nem o mesmo o seu endocrinologista: a ingestão de lipídios não libera insulina!

Mas o consumo de lipídios artificiais fragiliza muito a sua saúde. Contamina a formação de todos os componentes corporais que dependem deles para formação corporal (virtualmente todo o corpo). Esse grupo, segundo aquela autora, vai (ou já está) lhe matar. Mas isso não aconteceria se você consumisse gorduras naturais: banha, sebo, gordura de coco, óleo de peixe e no limiar dos óleos vegetais: o azeite (de “azeit”ona, é óbvio). Os lipídios artificiais industrializados podem provocar doença cardíaca e enfermidades na parte do corpo mais dependente de gordura (de boa qualidade, óbvio) o seu cérebro e o sistema nervoso central! Pare para pensar um pouco e tire suas conclusões, sem ter medo (e preconceito) do que vai reconhecer!

 Os carboidratos  Mas vamos aos carboidratos. Na reportagem, é citado que as

crianças consomem muito doce, e isso é difícil de ser evitado pelos pais. A oferta às guloseimas é infinita no meio urbano. A pressão sobre os pais é escravocrata. Não há como evitar. Porém não só os doces são os culpados pelo aumento do consumo de carboidratos pela população. Se o próprio narrador do programa de televisão fosse mais perspicaz, ele iria observar que aquilo que imputa às frituras, se trata na verdade de carboidratos. Afinal, se fritam os... pastéis, ou coisas que vão aos sanduíches. O pão recebe o resultado das frituras. Esse pão inclusive já pode ter GVH na sua elaboração. Uma empada pode ser meio gordurosa. Todos os lanches expostos numa lancheria de beira de estrada podem ser

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frituras, mas são todos cheios de carboidratos.  Então, mesmo que algum problema pudesse estar nas gorduras (artificiais, como já citamos), como qualquer âncora de reportagem televisiva repete enfadonhamente, olhos desavisados já enxergaram a verdade maior: o que é que é frito? 

 O problema é que existe uma premissa de que a pirâmide

alimentar, um desenho que esquadrinha esquematicamente o que um ser humano deve comer, coloca na base, ou seja, na sua parcela maior os carboidratos. Algo completamente infactível no mundo natural, visto que “pão não dá em árvore”. Qualquer análise um pouco mais acurada rapidamente nos mostra que essa pirâmide alimentar é o retrato de uma postura alimentar bem posterior ao início do início da agricultura. Na verdade quase nos garante que é muito mais benéfica a nossa dependência à indústria alimentar – de alimentos processados - do que ao princípio atávico do ser humano de se alimentar com produtos que a natureza nos ofertaria com maior ou menor facilidade.

 

 O fato de existir ácidos graxos essenciais (gorduras

essenciais à vida) e aminoácidos essenciais (proteínas essenciais à vida), mas não haverem carboidratos essenciais, deve ser uma boa pista de algo está errado com a esquemática pirâmide alimentar.

(Essas substâncias essenciais são obrigatoriamente obtidas de fontes alimentares do meio ambiente).

 

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  Uma questão relevante sobre o uso de alimentos processados

- entenda-se: alimentos prontos em geral, é a facilidade de seu uso. A praticidade está associada a pressa do dia a dia. Mais uma vez é preciso que se analise com atenção os ciclos viciosos existente entre o estilo de vida e a alimentação. O estilo de vida urbano exerce uma tremenda pressão sobre as pessoas. Na verdade construímos um modelo tão pérfido, que as atenções ao essencial da qualidade de vida de uma pessoa são sumariamente desrespeitadas na atualidade: tempo para comer, para cuidar dos alimentos dos filhos, para, de preferência preparar alimentos. Há pouco tempo atrás era comum a pessoa irem para casa comer comida caseira (=saudável) feita pela dona da casa (um personagem considerado, na melhor das hipóteses “démodé” pelos sofisticados intelectuais dos tempos modernos). Era relativamente comum terem-se três refeições diárias regulares. O uso de refrigerantes era geralmente nos domingos. Isso não tem mais do que umas três décadas. Mas uma série de hábitos modernos bagunçou esse estilo “careta”. Muitas pessoas acreditam piamente que modernizar é acompanhar cegamente o que a modernidade oferece. No caso dos Estados Unidos, por exemplo, seguir esse caminho tornou a obesidade epidêmica, e no seu rasto uma coleção de enfermidades crônicas, afetando cada vez mais gente e cada vez mais jovens! Então: “Viva a modernidade mortal”...

Esse cenário é instigante. A obesidade é dependente de uma soma de fatores que inclui obviamente a alimentação. Mas o processo é complexo, e pode exigir que se façam reflexões que a maioria das pessoas não está disposta a admitir! É um preço a ser pago pelo tipo de “progresso” que imaginamos estar alcançando. Estávamos com muita pressa e esquecemo-nos de colocar a saúde em primeiro lugar. Que azar. Mas não para a indústria de alimentos e muito menos para a indústria de exames e de medicamentos.

O estranho quando se vê esses programas de televisão abordando esse tipo de problema é a aparente hipocrisia que permeia a retórica da reportagem. Em primeiro lugar são nomeados os culpados. Falam sempre da gordura. A linha de reflexão é rasteira e beira a ingenuidade, (ou seria má fé?).

 A atividade física Outro aspecto sempre falado é a questão da atividade física.

Naturalmente o desgaste calórico pela atividade física é um ponto

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importante no equilíbrio energético que pode equilibrar o peso de um indivíduo. Mas é importante que se diga que o ser humano como unidade biológica, é um tipo de indivíduo “caminhador”. Os primatas de um modo geral são caminhantes. Pode, eventualmente, precisar correr. Mas isso aconteceria em momentos especiais: para caçar uma presa, para fugir de um predador, em momentos de conflito. Mas sempre em situações não ordinárias. Dessa forma, dizer que caminhar é saudável, é simplesmente dizer que estaríamos reproduzindo o comportamento a que fomos projetados. E isso é muito saudável. Não há qualquer ecologia no ato de correr em uma esteira como um hamster em uma gaiola. De qualquer forma isso vai estimular o cortisol e todo o processo de adaptação ao estresse. Seja no remanejo das questões cardio-circulatórias (freqüência cardíaca, pressão arterial) quanto na adequação metabólica. Quem corre indica ao hipotálamo que pode estar em perigo. E o organismo vai se organizar dentro dessa premissa. Por que assim foi projetado nosso organismo. Quem corre demais pode se tornar até mesmo resistente à insulina! Nesse momento até o exercício pode engordar. O cortisol constantemente elevado, seja pela atividade física desmesurada, seja pelo estresse habitual do dia a dia, mantém todo o sistema de manejo da glicose sob alta demanda. Esse cortisol elevado vai também fazer sua vida parecer ainda mais rápida! Mesmo se o câncer não fosse um dos possíveis resultados finais desse processo, a devastação já seria absoluta!

Uma das coisas mais impressionantes hoje em dia é medir a curva de cortisol de pessoas de quaisquer idades, (pela saliva é o melhor método) e verificar o quanto temos de indivíduos com curvas alteradas, alguns com curvas absurdamente alteradas. Jovens caminhando a passo rápido para enfermidades crônicas. É claro, que já estão sentindo o peso de estresse na percepção de sua felicidade.

 A frutose Qualquer profissional que vá começar a orientar alguém a

uma dieta começa falando de frutas e sucos! É uma assertiva tão comum, que parece indiscutível tal prescrição. Mas qualquer um pode descobrir algo meio desconcertante: no mundo natural a oferta de frutas dependeria de vários fatores: localização geográfica e época do ano, pelo menos. E, com certeza, suco de frutas não seria algo muito fácil de ser consumido no mundo “realmente natural”, aliás, é meio patético observar que tomar suco possa ser uma opção natural para matar a sede! É natural no mundo que tem

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liquidificadores! Ou os magníficos “JUICERS”(*) que devem ser mesmo um exemplo da vida natural a que estamos submetidos na esperteza do século XXI.

QUEM TEM SEDE TOMA ÁGUA, QUEM TEM FOME TOMA SUCOS! Jamais se esqueça disso, mesmo que o mais expert de todos os experts em saúde da sua cidade não sublinhe isso! Não se preocupe: os experts foram (in)formados pela mesma sociedade que fabrica os benditos Juicers.

Uma dos aspectos mais interessantes da frutose é que ela se transformou num aditivo alimentar vulgar, principalmente na forma do xarope de milho (melhora a umidade, a textura e principalmente o tempo de vida útil numa prateleira de supermercado). De qualquer maneira adicionar mais frutose em uma série de alimentos processados (sejam assados ou fritos) permite que o fabricante diminua a quantia de gordura (qualquer que seja ela) desse produto. Dessa forma ele pode colocar aquela cafajeste advertência na embalagem: reduzido teor de gordura! Um monte de gente fóbica à palavra gordura vai consumir imaginando estar tomando uma atitude saudável! Vai ingerir um aditivo alimentar completamente perverso, um antinutriente, já oficialmente reconhecido como tal em 1973, pelo senado americano.

A ingestão massiva de carboidratos nos tempos atuais é uma afronta a nossa adaptação natural, visto que o ser humano foi acostumado a ingerir alimentos brutos por mais de 130.000 anos, e esses alimentos tinham um baixo teor glicêmico. Quanto maior o teor glicêmico, mais intensa é a reposta à insulina. Por isso qualquer alimento que não seja carboidrato reduz a velocidade de absorção dos mesmos. Adicionar manteiga, nata ou azeite ao seu pão ou pizza é realmente uma boa idéia.

Esses medicamentos ou substâncias similares, tipo o xenical ou quitosana, que reduzem a absorção de gorduras com a finalidade de emagrecer são de fato uma péssima idéia. Podem aumentar a entrada do pior dos alimentos.

Um dos aspectos mais curiosos sobre a frutose é o fato dela ser matéria prima para a formação do colesterol. Na verdade isso pode ser útil. Na natureza na época de frutas, deve ser primavera ou verão. Época de muita atividade, seja ela reprodutiva ou de lutas e fugas... Produzir mais colesterol nessa época é bom para aumentar a produção de hormônios esteróides, muito úteis nessa época, visto que o cortisol e os hormônios sexuais estão em alta nesse momento. Além do mais as qualidades reparadoras do colesterol a todos os tecidos pode ser essencial: acidentes são muito comuns nessa época e o colesterol é agente formador de

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células e tecidos. Mas se a frutose “sobrar”, digamos se houver excedentes, podes ter certeza: toda a frutose vai se acumular como gordura para armazenamento no inverno vindouro! Veja como a existência é curiosa: um monte de gente come um monte de frutas para emagrecer...

 Alguns estudos trazem mais controvérsia sobre à frutose.

Pode haver uma relação entre a elevação do ácido úrico e a frutose. O ácido úrico reduz a disponibilidade de óxido nítrico na camada endotelial das artérias, aspecto considerado facilitador do surgimento da resistência à insulina, além de favorecer ao surgimento de doenças vasculares. A redução do óxido nítrico pode ser uma das chaves do surgimento da síndrome metabólica (síndrome X), mãe de todas as enfermidades que vão fragilizar sua vida, medicalizar sua vida ou mesmo encurtar sua vida! Outros estudos mostram que o fígado de ratos submetidos a dieta rica em frutose se parece com fígado de alcoólatras: cirrótico e esteatótico (gorduroso). Muita gente descobre que o fígado está cheio de gordura em ecografias de rotina e não sabe o porquê. A frutose é 50% do açúcar que está na mesa e na comida de quase todos nós.

 O desejo de doces Muitas pessoas de excepcional boa vontade, e alto zelo pelo

estilo alimentar, crédulas em populares filosofias de comer, e obviamente preocupadas com a ecologia não cedem ao desejo eventual de doces. O zelo pela ecologia não ultrapassa a incapacidade de zelar pela ecologia do próprio corpo. (É aquela história da casa de ferreiro...) A boa intenção pode ser marca registrada de muita gente nesse planeta (e fora dele também), mas doces não são a marca da boa intenção. Pode ser a marca da morte. Da doença crônica, do câncer, ou do uso de adoçantes, que tampouco lhe brindarão com a saúde tão desejada.

Uma questão primordial é a seguinte: se o desejo de doces for natural, faz-se a seguinte pergunta – na natureza, no mundo real, (não urbano) em que circunstância, em que situação um animal da espécie humana teria desejo de doces? Isso poderia realmente acontecer?

Bem, a despeito de várias interpretações psicológicas, fantasiosas, etc. o desejo de doce poderia ocorrer na natureza. Ocorreria se um indivíduo da espécie humana estivesse com demasiada necessidade de energia. Energia rápida e fácil, para

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suprir demandas urgentes. Isso poderia se processar se esse indivíduo estivesse no limiar de suas forças físicas para manter um luta ou ser eficiente numa fuga! O problema é que na natureza não é tão simples obter-se fontes tão práticas de carboidratos. Se nosso amigo estivesse na dependência deste “plus” para se manter vivo, sua vida estaria sob sério risco! Na verdade, possivelmente estaria condenado ao fim.

O desejo de doces é sinal de que o ponto de equilíbrio já foi ultrapassado! Ë sinal de estresse. E algo, muito além da ingestão de um tablete de chocolate ou de uma (politicamente correta) barra de cereais será necessário para sanear a homeostasia desse indivíduo.

Temos confeitarias demais e amor real de menos. Nossos laços interpessoais estão muito enfraquecidos. Trabalhamos demais e ganhamos para sobreviver. Não temos tempo disponível para nada que genuinamente gostamos. Temos muitas fomes é verdade! Mas poucas serão saciadas com doces e outras guloseimas. Sua ingestão só pode contribuir com uns quilinhos a mais! E muita saúde de menos.

 A fisiologia da obesidade Ao contrário do que muita gente pensa ganhar peso É UMA

FUNÇÃO fisiológica! É atávico! Não há genes que se transformaram nos últimos anos e amaldiçoaram nossa civilização. Mesmo que alguns experts impliquem aos genes as causas do excesso de peso epidêmico dos nossos tempos nenhuma mutação genética aconteceu recentemente! Ganhar peso faz parte de uma lógica muito singela: toda a energia não gasta com a sobrevivência diária é reservada no organismo para tempos futuros difíceis. Na natureza o homem seguiria os ciclos solares de dia e noite e das estações do ano, assim como todos os outros seres vivos! O homem urbano fugiu do mundo natural e se esqueceu de muita coisa (ou quase tudo). Uma das coisas é de que havia tempos de maior abundância de carboidratos – primavera/verão – e tempos como menor acesso alimentar. Para os períodos de frio do inverno nada melhor do que um pouco de gordura para proteger as vísceras dos rigores climáticos. E gordura é um excelente isolante térmico! Além do mais, a gordura armazenada nos tempos de muita luz solar, pode se re-transformada em energia para sobrevivência em tempos mais bicudos. Para isso o organismo se organizou em cima de alguns hormônios que estabilizam o sistema nesse pêndulo da vida. Quando entra leão no ano zodiacal ainda é amplo tempo de

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sol! Por isso, aliás, o signo do leão tem como símbolo o próprio sol! No hemisfério norte é o ápice dos dias longos, que começaram no solstício, na entrada do signo de câncer! Época das maiores liberação de insulina e cortisol no corpo além é claro da testosterona, estradiol e progesterona! Época de luta e de reprodução! Os neuro-trasmissores – um exército de comunicadores químicos do sistema nervoso central são os operários desse sistema – fundamentais, mas amplamente secundários aos donos do campinho: os esteróides e polipetídeos (insulina, leptina, prolactina e a rainha de todas: a melatonina). Quando a luz solar passa a não ser tão preponderante ao chegar o outono, todo os organismo foram projetados para adequar os hormônios ao tempo de exposição à luz solar! Quando a escuridão passa a ser dominante a leptina entra em ação e o individuo tem sua fome saciada pela liberação de suas próprias reservas de gordura. A insulina perde importância! Mas enquanto houver tempos fartos de luz a insulina fica no máximo, tentando guardar toda energia, leia-se carboidrato em gordura! É o preparo para o inverno vai chegar!

Mas temos luz demais nas nossas casas! O inverno de luz não vai chegar! E certamente ficaremos obesos. Além é claro de ficarmos doentes! Enquanto o inverno (de luz) não chega, a reação crônica do estresse habilitada pela alta circulação do cortisol, pois enquanto há luz há cortisol em circulação, vai reduzindo nossa qualidade de vida a pó. Seja a hipertensão, ou a diabete, ou a depressão ou a ansiedade ou o câncer. A obesidade não é um problema isolado! Não depende só da comida.

Mas será que algum dia vamos querer enfrentar esse drama com honestidade eficiência?

 A fisiologia ainda nos aplica peças. Afinal de contas, certa

resistência, temporária, à leptina (o que é um poderoso fator para a o obesidade) pode ser útil no final da época de muito sol, para que o indivíduo reserve energia extra de proteção ao inverno que está por vir. Por outro lado a resistência à insulina (fase fundamental para o estabelecimento do diabetes) poderia ser útil em manter o sangue doce em frios exacerbados. Literalmente sangue doce não congela. Os sorvetes são cremosos, mesmo conservados em temperaturas abaixo de zero por terem muita gordura ou muito doce, ou ambos...

 Alternativas 

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A obesidade é um grande problema da atualidade, complexo, e eventualmente árduo de ser manejado. Não vai bastar uma mudança no estilo alimentar, mas obviamente se isso não acontecer, qualquer tratamento não dará muito certo. De qualquer forma a maneira mais inteligente de lidar com a questão será através do estabelecimento de uma rotina alimentar, ao estilo do conceito: “reeducação alimentar” (comer como nossos antepassados). Isso quer dizer o seguinte: mudar a forma de comer PARA SEMPRE. Se for para sempre não pode parecer um castigo. É fundamental que essa postura seja plausível, acessível, e que não fira seus brios.

Lembre-se que não há virtualmente nenhum ingrediente que exista nas frutas que não existam nas verduras e hortaliças. Lembre-se de comer menos carboidrato depois que o sol se por, a não ser que você seja um atleta da noite. Tome água, Faça refeições em horários regulares. Coma sempre que possível junto com amigos ou familiares. Procure não deixar a pressa atrapalhar suas refeições.

Não deixe de caminhar.Reflita sobre seu estilo de vida!Não se esqueça de priorizar sua vida afetiva!Esqueça tudo que lhe disseram sobre colesterol e gordura

animal.E principalmente: durma mais! Durma de luz apagada! Durma

sem qualquer led de radio relógio no seu quarto!E se pensas em mudar a alimentação, não há um dia mais a

esperar! Comece hoje! Para falar a verdade: agora!Mas não mude só a alimentação! Não vai ser suficiente! Mude para ser saudável, feliz e instigar mais gente a seguir

esse caminho!  ------------------------------------- Fórmula para o cálculo de massa corporal e classificação

de peso: Índice de massa corporal = IMCIMC = kg / m2 Onde kg é o peso atual e m é altura em metros (por exemplo: 1,70 m, se a altura for

1 metro e 70 centímetros ou 0,98  se a altura for 98 centímetros) 

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Tabela:IMC menor que  18,5 - abaixo do peso idealIMC entre 18,5 e 24,9 - normalIMC entre 25,0 e 29,9 - acima do idealIMC entre 30,0 e 39,9 - obesidadeIMC acima de 40 - obesidade severa ou mórbida

 José Carlos Brasil Peixoto29-12-2008 

  (*) Juicer: eletrodoméstico de pequeno ou médio porte que tritura

vegetais, sendo utilizado para feitura de sucos. O artigo foi inspirado no programa “Viva legal: Obesidade”, exibido

no canal Futura. (Esse artigo faz parte de uma trilogia: Há uma verdade por trás das

dietas? (já publicado) – Você sabe o que é obesidade? – e  O lado oculto do estresse (em breve no site))

 Vários links subsidiam esse artigo, um deles:

http://www.relfe.com/07/fructose_corn_syrup_sugar_comparison.html Fontes essenciais nos livros: “The Cholesterol Myths”, “O livro

negro do açúcar” e “Apague a luz!”  Conheça o site www.canibaisereis.com RETORNA À PÁGINA ARTIGOS

 

http://www.umaoutravisao.com.br/Obesidadeoquesabes.htm

3º artigo

O LADO OCULTO DO ESTRESSE

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Dr. José Carlos Brasil PeixotoMédico homeopata