tratamento e clarificaÇÃo do caldo de cana pelo … · i tratamento e clarificaÇÃo do caldo de...

36
TRATAMENTO E CLARIFICAÇÃO DO CALDO DE CANA PELO MÉTODO DA BICARBONATAÇÃO FREDERICO AUGUSTO DANTAS DE ARAUJO Recife 2005 UNIVERSIDADE CATÓLICA DE PERNAMBUCO PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM TECNOLOGIA AMBIENTAL

Upload: lythu

Post on 09-Nov-2018

219 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: TRATAMENTO E CLARIFICAÇÃO DO CALDO DE CANA PELO … · i tratamento e clarificaÇÃo do caldo de cana pelo mÉtodo da bicarbonataÇÃo frederico augusto dantas de araujo recife

i

TRATAMENTO E CLARIFICAÇÃO DO CALDO DE CANA PELO

MÉTODO DA BICARBONATAÇÃO

FREDERICO AUGUSTO DANTAS DE ARAUJO

Recife

2005

UNIVERSIDADE CATÓLICA DE PERNAMBUCO PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO

CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM TECNOLOGIA AMBIENTAL

Page 2: TRATAMENTO E CLARIFICAÇÃO DO CALDO DE CANA PELO … · i tratamento e clarificaÇÃo do caldo de cana pelo mÉtodo da bicarbonataÇÃo frederico augusto dantas de araujo recife

ii

TRATAMENTO E CLARIFICAÇÃO DO CALDO DE CANA PELO

MÉTODO DA BICARBONATAÇÃO

Trabalho de conclusão de curso

apresentado pelo aluno Frederico

Augusto Dantas de Araújo à

Coordenação do Curso de Especialização

em Tecnologia Ambiental sob orientação

da Profa. Dra. Eliane Cardoso de

Vasconcelos, realizada no período de

novembro de 2004 a maio de 2005.

Recife

2005

UNIVERSIDADE CATÓLICA DE PERNAMBUCO PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO

CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM TECNOLOGIA AMBIENTAL

Page 3: TRATAMENTO E CLARIFICAÇÃO DO CALDO DE CANA PELO … · i tratamento e clarificaÇÃo do caldo de cana pelo mÉtodo da bicarbonataÇÃo frederico augusto dantas de araujo recife

iii

AGRADECIMENTOS

A Deus, pela constante presença em minha vida.

A minha amada esposa e filhas, que diante de todas as dificuldades e privações

souberam compreender a necessidade de incentivar-me a concluir este trabalho.

Aos meus tios Sérgio e Ana por ter mim dado apóio nas horas mais difíceis de

minha vida e incentivaram-me a concluir este trabalho.

Ao meu grande amigo, Ivo Pessato, que sempre acreditou em meus propósitos.

A toda equipe Química da Usina Cruangí.

A amiga professora Alexandra Amorim, que sempre nos ajudou na elaboração deste

trabalho e por ser uma pessoa de grande sensibilidade humana.

A minha orientadora e amiga, Profa. Dra. Eliane Cardoso Vasconcelos, pelo

apóio, paciência na orientação e conclusão deste trabalho.

A todos os bibliotecários da UNICAP.

A todos que direta ou indiretamente que contribuíram para a realização deste

trabalho.

Page 4: TRATAMENTO E CLARIFICAÇÃO DO CALDO DE CANA PELO … · i tratamento e clarificaÇÃo do caldo de cana pelo mÉtodo da bicarbonataÇÃo frederico augusto dantas de araujo recife

iv

RESUMO

Devido a grande toxidade do enxofre e seus derivados, que tanto prejudica o meio

ambiente, tem sido uma grande e constante preocupação em nosso planeta em eliminar as

emissões de poluentes principalmente do dióxido de enxofre SO 2 liberados pelas

industrias. O processo do tratamento do caldo pelo método tradicional da sulfitação

destinado à fabricação do açúcar branco, é substituído pelo processo inédito da

bicarbonatação. O novo processo é fundamentado pela grande solubilidade do bicarbonato

de cálcio que envolve intrinsecamente as partículas sólidas insolúveis, que serão decantadas

quando o bicarbonato de cálcio for decomposto em carbonato de cálcio insolúvel pelo

aquecimento do caldo até 100ºC. Neste trabalho, foi escolhido o tipo de tratamento de

clarificação do caldo de cana destinado a produção do açúcar branco pelo método da

bicarbonatação, que atende perfeitamente tanto as normas nacionais como internacionais na

qualidade do produto final obtido e as exigências do tratado de Kyoto. O caldo de cano

clarificado pelo método da bicarbonatação é ecologicamente aceitável e apresenta várias

vantagens quando comparado com o método tradicional da sulfitação, tendo seu pH médio

de 6,9 proporcionando baixa viscosidade, menor custo operacional, maior redução da cor

clarificado, ótima velocidade de decantação, maior limpidez do caldo, menor perda por

inversão da sacarose, menor corrosão nas tubulações, menor dureza cálcica, maior

facilidade na remoção da incrustação, maior rendimento de cristalização da sacarose, menor

teor de cinzas no açúcar, maior fator de segurança no açúcar obtido como produto final.

Palavras-chave: Toxidade; Enxofre; Poluente; Sulfitação; Bicarbonatação; Bicarbonato de

cálcio; Clarificação; Limpidez; Cristalização.

Page 5: TRATAMENTO E CLARIFICAÇÃO DO CALDO DE CANA PELO … · i tratamento e clarificaÇÃo do caldo de cana pelo mÉtodo da bicarbonataÇÃo frederico augusto dantas de araujo recife

v

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ....................................................................................... 01

2 OBJETIVOS ............................................................................................ 02

2.1 Objetivo geral ....................................................................................... 02

2.2 Objetivos específicos ............................................................................ 02

3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA .............................................................. 03

3.1 Defecação .............................................................................................. 04

3.1.1 Calagem fria ....................................................................................... 04

3.1.2 Calagem quente .................................................................................. 05

3.1.3 Calagem fracionada com aquecimento duplo ................................... 05

3.2 Sulfitação .............................................................................................. 06

3.2.1 Obtenção do anidrido sulfuroso ........................................................ 06

3.2.2 Características da ação do anidrido sulfuroso com o caldo ............. 06

3.2.3 Métodos de sulfitação ......................................................................... 07

3.2.4 Sulfitação fria ..................................................................................... 08

3.2.5 Sulfitação quente ................................................................................ 08

3.2.6 Etiologia e intoxicações do enxofre .................................................. 08

4 Carbonatação .......................................................................................... 09

4.1 A ação do anidrido carbônico sobre o caldo de cana ........................ 10

4.2 Carbonatação de Haan ........................................................................ 11

4.3 Carbonatação simples .......................................................................... 12

4.4 Carbonatação dupla ............................................................................. 12

5 MATERIAL E MÉTODOS ................................................................... 13

5.1 Metodologia .......................................................................................... 13

5.2 Materiais utilizados ............................................................................. 15

5.3 Obtenção do bicarbonato de cálcio .................................................... 16

Page 6: TRATAMENTO E CLARIFICAÇÃO DO CALDO DE CANA PELO … · i tratamento e clarificaÇÃo do caldo de cana pelo mÉtodo da bicarbonataÇÃo frederico augusto dantas de araujo recife

vi

6 RESULTADOS E DISCUSSÃO ........................................................... 22

6.1 Caldo Misto........................................................................................... 23

6.2 Caldo Decantado Clarificado pelo Método da Sulfitação................. 23

6.3 Caldo Decantado Clarificado pelo Método da Bicarbonatação....... 25

6.4 Síntese geral das médias dos resultados analíticos dos caldos.......... 26

7 CONCLUSÕES ....................................................................................... 28

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..................................................... 30

Page 7: TRATAMENTO E CLARIFICAÇÃO DO CALDO DE CANA PELO … · i tratamento e clarificaÇÃo do caldo de cana pelo mÉtodo da bicarbonataÇÃo frederico augusto dantas de araujo recife

1

1 INTRODUÇÃO

A cana de açúcar teve suas origens no norte da Índia e suas mais antigas citações se

encontram em certas lendas Budista do século IV a.C., a qual não era cultivada no campo em

grande escala para fins comerciais; sendo cultivada durante vários séculos somente para o

consumo próprio.

Na Pérsia o açúcar era conhecido com o nome de Kandi-sefid, que deu origem ao

açúcar Candy conhecido por toda a industria açucare ira atual. A palavra açúcar derivou da

palavra Shakar de origem Indiana. O manufaturamento e fabricação em escala comercial, foi

desenvolvido pela primeira vez no Egito, tendo início no século IX e foi considerado o

produto de maior importância comercial para o consumo interno e exportação do país.

As usinas de açúcar, assim chamadas, passaram a desenvolver a cada ano novas

tecnologias em busca da melhoria da qualidade do açúcar, (SPENCER, 1918).

O processo de produção do açúcar é composto de várias etapas, como: lavagem da

cana, extração do caldo, clarificação, evaporação do caldo para obtenção do xarope,

concentração do xarope para formação dos cristais de açúcar, secagem do açúcar e

ensacamento, todas elas são de extrema importância, tendo influência na qualidade do açúcar

como produto final.

As técnicas atualmente utilizadas nas usinas de açúcar para clarificação do caldo, são

pouco eficientes, pois deixam como resíduos o enxofre e vários sais derivados, prejudiciais ao

ser humano e ao meio ambiente; como é o caso do método da sulfitação, que produz o SO2

como agente principal de clarificação.

O método utilizado neste trabalho para tratamento da clarificação do caldo de cana

destinado à fabricação do açúcar branco foi o da Bicarbonatação, onde se comparou com o

método tradicional da Sulfitação, apresentando as vantagens e desvantagens nos dois

métodos, tanto no que se refere ao processo como ao meio ambiente. O método proposto não

utiliza o anidrido carbônico CO2 diretamente no processo de carbonatação. Todos os métodos

tradicionais usados atualmente, utilizam a cal como o principal agente coagulante e

condicionador precipitante.

Page 8: TRATAMENTO E CLARIFICAÇÃO DO CALDO DE CANA PELO … · i tratamento e clarificaÇÃo do caldo de cana pelo mÉtodo da bicarbonataÇÃo frederico augusto dantas de araujo recife

2

2 OBJETIVOS

2.1 Objetivo geral

• Contribuir para aplicação de novas tecnologias para a fabricação do açúcar branco.

2.2 Objetivos específicos

• Realizar um levantamento bibliográfico.

• Propor um método para utilização de técnicas de carbonatação.

• Realizar experimento com aplicação de técnicas de carbonatação.

• Comparar resultados para estabelecimento das vantagens, desvantagens da técnica

proposta.

Page 9: TRATAMENTO E CLARIFICAÇÃO DO CALDO DE CANA PELO … · i tratamento e clarificaÇÃo do caldo de cana pelo mÉtodo da bicarbonataÇÃo frederico augusto dantas de araujo recife

3

3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

Várias técnicas de tratamento do caldo são utilizados nas usinas de açúcar, nas quais

todas utilizam o cal como agente principal que atua como alcalinizante, floculante e

precipitante e os principais métodos são fundamentados na defecação, sulfitação e

carbonatação.

O óxido de cálcio usado na clarificação do caldo de cana inaturo, exerce uma ação de

caráter fundamental que atua diretamente no amido, enzimas, proteínas e ceras que estão

dissolvidos nos caldos, que resulta na sua coagulação e precipitação deixando o caldo

clarificado.

Segundo o HUGOT (1950), a cal age sobre o caldo devido as suas características:

• A cal é um óxido básico, reage com os ácidos e sais contidos no caldo formando sais

insolúveis;

• A cal eleva o pH do caldo (solução de açúcar) provocando a coagulação e

precipitação das albuminas contidas no caldo;

• As matérias pécticas e corantes são hidrolizadas como também são isolubilizadas

pela ação da cal;

• Todas os compostos de cálcio, são mais insolúveis a temperaturas elevadas;

• A solubilidade da cal nos caldos açucarados é diretamente proporcional ao teor de

sacarose e inversamente proporcional a temperatura (a 80ºC uma solução de sacarose

contém de 10 a 12 % do açúcar, que será dissolvido de 0,25 a 0,30% de CaO);

• O caldo deve receber o leite de cal ou cal apegada ou cal hidratada (hidróxido de

cálcio);

• O leite de cal deve ser preparado com uma concentração correspondente em Graus

Baumé entre 15 a 20º Bé, onde apresenta as seguintes características:

Grau Balmé ---------- Densidade ----------- CaO g/L ---------- CaO %

15 --------------------- 1,117 ----------------- 145 -------------- 13,26

20 --------------------- 1,161 ----------------- 206 -------------- 17,72

Page 10: TRATAMENTO E CLARIFICAÇÃO DO CALDO DE CANA PELO … · i tratamento e clarificaÇÃo do caldo de cana pelo mÉtodo da bicarbonataÇÃo frederico augusto dantas de araujo recife

4

• Na caleação ou defecação a quente as impurezas são coaguladas e precipitadas mais

facilmente.

3.1 Defecação

O tratamento do caldo é tradicionalmente conhecido pelos métodos da defecação

(purificação) do caldo, que são:

• Calagem fria;

• Calagem quente;

• Calagem fracionada com aquecimento duplo;

3.1.1 Calagem fria

Segundo ARQUED (1955), a calagem fria é um método utilizado, quando o caldo a ser

clarificado é proveniente das moendas e que encontram-se com um pH próximo de 5,5. Quando

recebe o leite de cal, eleva o pH entre 7,2 a 8,3, normalmente é tratado com um pH médio de

7,8. Após a adição da cal, o caldo é aquecido até a temperatura de ebulição que é

aproximadamente a 101ºC, na prática, o caldo aquecido até 105ºC. Após o aquecimento, o caldo

é bombeado até um tanque flash, onde entra em ebulição, estabilizando-se a uma temperatura

mais baixa e perdendo agitação. Em seguida, o caldo entra no clarificador para precipitação das

impurezas. O caldo defecado ou clarificado tem um pH que encontra-se entre 6,8 a 7,2.

Nos decantadores, o caldo tem um tempo de residência em média de 60 minutos quando

provenientes de canas nobres, 90 a 120 minutos para os caldos provenientes das canas híbridas e

mais de 120 minutos para os caldos refratários.

O método da calagem fria, trabalha com um pH muito alto, não havendo preocupação

com a cor do açúcar, pois o processo é destinado a fabricação do açúcar demerara que tem cor

muito elevada. Pelo fato do caldo receber a cal a frio é necessário que o pH seja alto, chegando

até 8,3.

Page 11: TRATAMENTO E CLARIFICAÇÃO DO CALDO DE CANA PELO … · i tratamento e clarificaÇÃo do caldo de cana pelo mÉtodo da bicarbonataÇÃo frederico augusto dantas de araujo recife

5

3.1.2 Calagem quente

Segundo HUGOT (1950), esse método é muito utilizado na produção do açúcar

demerara, quando não está se obtendo os resultados esperados pela defecação do caldo usando o

método a frio.

O método da calagem quente, o caldo é aquecido até 70ºC com vapor de sangria do 2º

corpo, efetuando logo em seguida a calagem até atingir o pH médio em torno de 7,8 que deverá

ser aquecido em seguida a uma temperatura de 103ºC. Porém em Java, o caldo é aquecido na

primeira fase até 90ºC e logo caleado até o ph médio de 7,8, dispensando o segundo

aquecimento. Conforme HUGOT (1950), a calagem quente economiza de 15 a 20% de cal

obtendo-se um resultado melhor na cor do açúcar.

3.1.3 Calagem fracionada com aquecimento duplo

Este método é resultante da melhoria da calagem simples, pelo Colégio de Agricultura de

Trindade, obtendo-se ótimos resultados e somente aplicados para o tratamento dos caldos

refratários. HUGOT (1950). O método consiste em:

• Efetuar a calagem até pH 6,2 a 6,4;

• Aquecer o caldo até 100° C;

• Fazer nova calagem até pH 7,6 a 8,2;

• Aquecer novamente até 105ºC;

• Fazer a decantação.

O caldo refratário assim tratado, apresenta as seguintes características e respectivas

vantagens:

• O caldo clarificado é mais brilhante;

• O lodo filtra mais facilmente, formando tortas mais seca e porosa;

Page 12: TRATAMENTO E CLARIFICAÇÃO DO CALDO DE CANA PELO … · i tratamento e clarificaÇÃo do caldo de cana pelo mÉtodo da bicarbonataÇÃo frederico augusto dantas de araujo recife

6

• Os colóides azotados são eliminados em maior proporção de 60% a mais do que a

calagem simples;

• As ceras são eliminadas na proporção de 28 a 30% a mais do que a calagem simples;

• Menor quantidade de lodo sedimentado.

3.2 Sulfitação

O método da sulfitação é muito utilizado na fabricação do açúcar branco cristal, segundo

HUGOT (1950), a decantação é método universal e indispensável. Com a sulfitação não

ocorre o mesmo, a maioria das usinas dispensa-o: porém, é o método auxiliar mais difundido

da defecação.

3.2.1 Obtenção do anidrido sulfuroso

O anidrido sulfuroso pode ser produzido nas próprias instalações das usinas de açúcar

pela queima direta do enxofre com controle total da ausência da água ou adquirido em alto grau

de pureza, sobre pressão e liquefeito. Quando é preparado no interior das próprias instalações

das fábricas, ocorre constantemente pequeno vazamento do SO2 durante a queima do enxofre na

enxofrera, devido o seu processo ser antigo.

O SO2 é um gás que facilmente é absorvido em solução aquosa de açúcar processo que

utiliza uma torre ou coluna de sulfitação, onde o caldo entra pela parte superior e o SO2 é

injetado pela parte inferior da coluna de absorção.

3.2.2 Características da ação do anidrido sulfuroso com o caldo

• O anidrido sulfuroso SO2 é um óxido ácido, que reage com bases e sais contidos no

caldo formando sais insolúveis;

• O anidrido sulfuroso abaixa o pH do caldo (solução de açúcar);

• Elimina as matérias corantes (propriedade s comum a todos os ácidos );

• Reduzem os sais férricos em ferrosos incolores;

Page 13: TRATAMENTO E CLARIFICAÇÃO DO CALDO DE CANA PELO … · i tratamento e clarificaÇÃo do caldo de cana pelo mÉtodo da bicarbonataÇÃo frederico augusto dantas de araujo recife

7

3.2.3 Métodos de sulfitação

Segundo ARQUED (1955), vários métodos de sulfitação foram desenvolvidos, com o

objetivo de diminuir a cor do açúcar produzido. Os principais métodos apresentados pelas

literaturas nacionais e estrangeiras, são:

• Sulfitação fria;

• Sulfitação quente;

• Calagem fracionada e sulfitação.

O processo da sulfitação é fundamentado na reação de neutralização do hidróxido de

cálcio e o acido sulfuroso, proveniente do anidrido sulfuro SO2, produzindo o sulfito de cálcio

CaSO3 que é um sal muito insolúvel, segundo as reações abaixo:

SO2 + H2O H2SO3

CaO + H2O Ca(OH)2)

H2SO4 + Ca(OH)2) CaSO3 + 2 H2O

SO2 + CaO CaSO3

O sulfito de cálcio é um sal que tem sua solubilidade cada vez menor em temperaturas

acima de 75ºC. Normalmente os sulfitos são oxidado a sulfatos em meios propícios de serem

reduzidos. Essa propriedade de ser redutor, favorece o seu uso no tratamento da descoloração do

caldo de cana.

(SO3 ) 2− + H2O (SO4 ) 2− + H2 ↑

Page 14: TRATAMENTO E CLARIFICAÇÃO DO CALDO DE CANA PELO … · i tratamento e clarificaÇÃo do caldo de cana pelo mÉtodo da bicarbonataÇÃo frederico augusto dantas de araujo recife

8

3.2.3.1 Sulfitação fria

Este método, também é conhecido como sulfitação clássica e consistia em sulfitar o

caldo bruto até um pH de 3,8 a 4,5ºC fazendo o seu controle com o indicador de alaranjado de

metila ou azul de bromofenol. Após a sulfitação, o caldo deve ser caleado até um pH de 7,0 ,

que deverá ser controlado com o indicador púrpura de bromocresól ou vermelho de fenol,

aquecer até a temperatura de 105ºC e transferir para um decantador, clarificador. O caldo assim

obtido, terá um pH o mais próximo da neutralidade.

3.2.3.2 Sulfitação quente

No processo da sulfitação, o caldo quando sulfitado primeiro, apresenta maior velocidade

de decantação e o lodo é mais compacto; quando caleado primeiro, o caldo apresenta menor

velocidade de decantação e o lodo é mais volumoso; porém, uma calagem a quente, elimina

estes problemas.

• O caldo bruto é aquecido entre 70ºC a 80ºC;

• Fazer a sulfitação;

• Fazer a caleação;

• Aquecer o caldo até 105ºC;

• Transferir o caldo para o decantador.

A sulfitação quente reduz sensivelmente as quantidades necessárias de anidrido sulfuroso

SO2 e cal CaO.

3.2.4 Etiologia e intoxicações do enxofre

Segundo FABRE (1971) vários acidentes causados pelo anidrido sulfuroso SO2 ,

foram motivos de várias mortes devido a sua utilização no uso industrial:

Page 15: TRATAMENTO E CLARIFICAÇÃO DO CALDO DE CANA PELO … · i tratamento e clarificaÇÃo do caldo de cana pelo mÉtodo da bicarbonataÇÃo frederico augusto dantas de araujo recife

9

• Na sua preparação e na dos seus derivados;

• Na combustão dos minerais sulfurados e na preparação do acido sulfúrico;

• Nas instalações de branqueamento em industrias de tecidos, industrias de papel,

curtumes, cola, vidros, etc.

• Na preparação e operações de desinfetantes e como uso de inseticida.

A toxidade do anidrido sulfuroso referente ao homem, se comporta como um gás irritante

e sufocante, a concentrações da ordem de 1,5 mg/L são mortais em um período de meia a uma

hora. Para uma exposições prolongadas, a concentração máxima tolerável geralmente admitida é

de 5ml/ m 3 .

Algumas usinas de açúcar, usam o SO2 líquido pressurizado em balões, que serão

conectados a linha de sulfitação. Algumas vezes, no momento da troca do balão vazio pelo

cheio, ocorre grandes vazamentos de SO2 na área de produção da fábrica.

4 Carbonatação

O método da carbonatação, pode-se proceder de várias maneiras, dos quais os seguintes

método apresentados são os mais importantes:

• Carbonatação de Haan;

• Carbonatação simples;

• Carbonatação dupla.

Os processos de carbonatação seguem duas condições técnicas favoráveis ao seu

emprego, tendo como fundamento principal o método da carbonatação duplo e o de Haan,, que

são os métodos clássicos mais usados para a clarificação do caldo na fabricação do açúcar

branco. No entanto, torna-se onerosa por causa do equipamento e das quantidades suplementares

de matérias-primas necessárias. Assim, seu uso fica restrito a casos em que as duas condições

seguintes são reunidas:

Page 16: TRATAMENTO E CLARIFICAÇÃO DO CALDO DE CANA PELO … · i tratamento e clarificaÇÃo do caldo de cana pelo mÉtodo da bicarbonataÇÃo frederico augusto dantas de araujo recife

10

• A usina produz continuamente e sistematicamente açúcar branco, quando a

fabricação é esporádica, a sulfitação é mais conveniente, pois necessita apenas um

complemento mínimo de equipamentos. O início e a interrupção de seu

funcionamento não alteram muito a atividade da usina.

• A usina pode conseguir facilmente e a baixo preço a pedra de calcário.

A cana de açúcar apresenta muitas substâncias corantes e que são difíceis de serem

retiradas. Segundo (SPENCER, 1918; HONIG, 1974) a cana de açúcar contém substâncias

corantes como clorofila, antocianina e sacaretina. A clorofila é insolúvel em água e com isso se

separa com facilidade na clarificação dos caldos. A antocianina está concentrada

principalmente nas canas com cascas escuras, e é precipitada em presença da cal em excesso e

se elimina durante o procedimento da carbonatação; é descorada em parte pelo ácido

sulfuroso, é muito solúvel e se decompõe rapidamente. A sacaretina se encontra presente na

fibra da cana, que segundo STEUERWALD se torna amarela e é solúvel em presença da cal

como em outros álcalis, ficando inalterável durante o procedimento da sulfitação e

carbonatação. A sacaretina deve ser completamente excluída do caldo, quando é filtrado logo

que sai das moendas e durante a extração, na qual não foi usada água de embebição alcalina.

SCHENELLER tem demonstrado que as fontes mais prejudiciais de substâncias corantes são

as similares as substâncias tânicas, ou pertencentes aos grupos fenólicos solúveis em água,

quando combinadas com o ferro dissolvido em parte proveniente das moendas, provocando a

coloração verde escura do caldo.

4.1 A ação do anidrido carbônico sobre o caldo de cana

O uso do CO2 foi utilizado pela primeira vez em 1859 por PÉRIE e POSSOS, nos

tratamentos dos caldos de beterrabas e cana para a fabricação de açúcar . Porem, método só

foi generalizado para os tratamentos dos caldos de beterraba.

O anidrido carbônico só tem ação química sobre o pH do caldo. Devido a sua força

ácida, não atua no meio o suficiente para catalizar reações entre as substâncias que fazem

parte de sua composição química natural. A sua maior ação sobre o caldo é neutralizar o

Page 17: TRATAMENTO E CLARIFICAÇÃO DO CALDO DE CANA PELO … · i tratamento e clarificaÇÃo do caldo de cana pelo mÉtodo da bicarbonataÇÃo frederico augusto dantas de araujo recife

11

hidróxido de cálcio formado pela adição da cal, produzindo o carbonato de cálcio, que é um

sal muito insolúvel e com ação precipitante.

O processo da carbonatação é fundamentado na reação de neutralização do hidróxido de

cálcio com o ácido carbônico, proveniente do anidrido carbônico CO2, produzindo o carbonato

de cálcio CaCO3 segundo as reações abaixo:

SO2 + H2O H2SO3

CaO + H2O Ca(OH)2)

H2SO4 + Ca(OH)2) CaSO3 + 2 H2O

SO2 + CaO CaSO3

O carbonato de cálcio é um sal que tem sua solubilidade cada vez menor nas

temperaturas próximas entre 75º C.

4.2 Carbonatação de Haan

Segundo HUGOT (1950), o método de carbonatação, seja qual for a técnica, é

constituído exclusivamente pela ação do hidróxido de cálcio (Ca (OH)2) sobre o as matérias

azotadas, albuminóides ceras e gomas, que reagirão com o hidróxido de cálcio, onde algumas

substâncias serão decompostas, outras formarão compostos insolúveis volumosos granuloso

com excesso de hidróxido de cálcio reagirá com o anidrido carbônico CO2 formando o

carbonato de cálcio que facilmente serão separados do caldo por processos físicos como a

decantação e filtração.

O método de Haan tem como fundamento principal, em acrescentar simultaneamente a

cal e o anidrido carbônico, de modo que a alcalinidade continua baixa. ARQUED, 1955 e

HUGOT (1950). Este método apresenta as vantagens em não aumentar a cor do caldo, suprir a

espuma durante o aquecimento e evitar a formação do sucrocarbonato e cálcio gelatinoso, que

deixa o caldo mais viscoso e difícil de ser filtrado.

O caldo é aquecido até 55ºC, caleado e carbonatado com o anidrido carbônico

simultaneamente, mantendo-se desta forma o pH constante, podendo ser constatado na prática

Page 18: TRATAMENTO E CLARIFICAÇÃO DO CALDO DE CANA PELO … · i tratamento e clarificaÇÃo do caldo de cana pelo mÉtodo da bicarbonataÇÃo frederico augusto dantas de araujo recife

12

com um papel de tornasol ou potenciômetro digital. O caldo decantado apresentará um pH entre

6,8 a 7,2 e pureza melhorada. O lodo deverá ser filtrado enviado ao caldo decantado. Este

método permite uma diminuição de espaço, aumentando a capacidade dos tanques, uma

economia significativa de cal, um pequeno aumento de pureza e fornece um açúcar de melhor

qualidade, permite a melhor eliminação das impurezas.

4.3 Carbonatação simples

Conforme HUGOT (1950), o caldo é caleado a frio até um pH próximo de 8,5 a uma

temperatura ambiente, carbonatado até pH próximo de 7,5 e decantado. O caldo decantado

apresentará um pH entorno de 7,2. O lodo deverá ser filtrado enviado ao caldo decantado. Este

processo, apresenta dificuldade na decantação, filtração e muito espuma, devido o caldo

encontrar-se a uma temperatura baixa e apresentar características viscosa pela formação do

sacarato de cálcio (sucrocarbonato de cálcio).

4.4 Carbonatação dupla

Segundo HUGOT (1950), devemos fazer uma calagem fria até que o pH fique em torno

de 8,5 a uma temperatura não superior a 55ºC e carbonatando em seguida até que o pH fique

reduzido a um valor próximo de 7,8 filtrando o caldo o mais rapidamente possível. O caldo uma

vez filtrado, faremos uma nova carbonatação, até pH em torno de 5,5. Logo em seguida, o caldo

deve ser aquecido até a temperatura de 105ºC e feito a segunda filtração.

Podemos concluir de maneira geral, que todos os métodos utilizados no processo de

fabricação de açúcar branco até agora desenvolvido, apresentaram varias deficiências no

tratamento, quando a redução da cor do caldo como do açúcar e altas perdas durante o processo,

não sendo necessário a aplicação dos métodos isoladamente.

Page 19: TRATAMENTO E CLARIFICAÇÃO DO CALDO DE CANA PELO … · i tratamento e clarificaÇÃo do caldo de cana pelo mÉtodo da bicarbonataÇÃo frederico augusto dantas de araujo recife

13

5 MATERIAL E MÉTODOS

O método desenvolvido Bicarbonatação, remove uma grande parte das substâncias

corantes proporcionando a diminuição da cor do caldo que tem influência direta na cor e

qualidade adquirida do açúcar como produto final obtido.

5.1 Metodologia

O método é fundamentado na reação da decomposição do bicarbonato de cálcio em

solução com o caldo quando aquecido a uma temperatura entre 95°C a 100ºC com produção do

carbonato de cálcio que será formado englobando toda a matéria albuminóide e partículas

insolúveis em suspensão de forma mais íntima, ocorrendo condição para que ocorra uma

floculação, decantação e filtração. O produto da solubilidade do carbonato de cálcio é muito

maior do que do sulfito de cálcio e sulfato de cálcio. O carbonato de cálcio é um sal que tem sua

solubilidade cada vez menor nas temperaturas próximas de 75°C a 80°C. É um composto não

tóxico, abundante na natureza, é ecologicamente aceitável como resíduos de processos

industriais e facilmente filtrados.

Os sais derivados dos sulfitos apresentem um comportamento desfavorável ao seu uso na

clarificação de caldo, devido as seguintes características:

• O sulfito de cálcio e o sulfato de cálcio são sais muito mais solúvel de que o carbonato

de cálcio;

• Os produtos de solubilidade a 24º C Kps do CaSO3 . 2H2O é igual a 3,01 x 10-7 , o

Kps do CaCO4 é igual a 3,14 x 10-5 e o Kps do CaCO3 é igual a 3,36 x 10-9 e suas

solubilidades respectivamente são 0,087g/L, 0,965 e 0,0058 g/L. Como podemos

observar, a solubilidade do sulfito de cálcio é quinze (15) vezes mais solúvel do que o

carbonato de cálcio calculado pelo seus Kps, segundo LIDE (2001).

• O poder catalítico de inversão do ácido carbônico sobre a sacarose é muito menor do

que o do ácido sulfuroso, devido as sua constantes de dissociação ácida serem

Page 20: TRATAMENTO E CLARIFICAÇÃO DO CALDO DE CANA PELO … · i tratamento e clarificaÇÃo do caldo de cana pelo mÉtodo da bicarbonataÇÃo frederico augusto dantas de araujo recife

14

H2CO3 K1 = 1,746747 x 10-3 H2CO3 K 2 = 3,263909 x 10-5 e H2SO3 K1 = 1,572372

x 10-1 H2SO3 K 2 = 7,465858 x 263909 x 10-4 ;

• O sulfito decálcio formado é facilmente transformado em sulfato de cálcio,

permanecendo uma pequena quantidade como sulfito de cálcio.

Todas as análises realizadas, foram feitas com os mesmos métodos e procedimentos aplicados pelas usinas de açúcar do Brasil.

Durante a pesquisa, foram realizadas 14 análises para os caldos mistos, sulfitado e

carbonatado no total de 42 amostras e 280 análises, conferindo Brix, Pol, Pureza, Açúcares

Redutores livres (ARL), pH, Cor e Dureza. O caldo foi dosado com a solução de bicarbonato de

cálcio, homogeneizado, aquecido até 100°C, dosado com o floculante, decantado e filtrado.

O processo químico da carbonatação é fundamentado na reação de neutralização do

hidróxido de cálcio com o ácido carbônico, proveniente do anidrido carbônico CO2, produzindo

o carbonato de cálcio CaCO3 que é um sal muito insolúvel formado segundo as reações abaixo:

CaO + H2O Ca(OH)2

CO2 ↑ + H2O H2CO3

Ca(OH)2 + H2CO3 CaCO3 ↓+ 2 H2O

CO2 ↑ + CaO CaCO3 ↓

O caldo deve ser tratado primeiramente com o bicarbonato de cálcio, depois dosado

com uma quantidade estequiométricamente calculada de Ca(OH)2 de modo que o CO2

liberado pela decomposição do bicarbonato, reaja formando a quantidade de carbonato de

cálcio necessário para complementar a clarificação. O precipitado ou lodo será filtrado

obtendo-se uma torta que poderá ser utilizada na agricultura como corretivo de solo ácido e o

filtrado retorna ao caldo antes da carbonatação, provocando um aumenta da pureza do caldo

tratado.

Page 21: TRATAMENTO E CLARIFICAÇÃO DO CALDO DE CANA PELO … · i tratamento e clarificaÇÃo do caldo de cana pelo mÉtodo da bicarbonataÇÃo frederico augusto dantas de araujo recife

15

O método da Bicarbonatação, resulta em melhores índices na qualidade do açúcar e

diminuição de custos operacionais, com resultados obtidos por testes experimentais realizados

no laboratório de Controle de Qualidade da Usina Cruangí.

5.2 Materiais utilizados nas experiências

Foram utilizados materiais de qualidade similar aos que são usados nas próprias usinas

de açúcar, com exceção da água mineral com gás, utilizada como fonte de ácido carbônico e o

óxido de cálcio, PA. Os materiais usados nas experiências, foram:

• 1 proveta graduada de 1 litro;

• 28 litro de caldo de cana misto;

• 14 litro de caldo sulfitado decantado;

• Óxido de cálcio (cal), PA;

• Potenciômetro pH, digital;

• 1,5 litros de água mineral com gás;

• Polímero auxiliar para decantação;

• 1 cronômetro;

• 1 termômetro;

• 1 régua graduada em milímetro.

• 1 tela de amianto;

• 1 bico de Busen;

• 1Refratômetro / Brix digital;

• 1 polarímetro digital;

• Licor de Fehling.

No processo da bicarbonatação, o caldo frio é dosado com o bicarbonato de cálcio a

urna concentração entre 250g a 500g por tonelada de caldo, que logo deve ser homogeneizado

e aquecido entre 95°C a l00°C. O dióxido de carbono liberado pela decomposição do

bicarbonato de cálcio poderá ser neutralizado ou não em 50% da sua massa formada com a

Page 22: TRATAMENTO E CLARIFICAÇÃO DO CALDO DE CANA PELO … · i tratamento e clarificaÇÃo do caldo de cana pelo mÉtodo da bicarbonataÇÃo frederico augusto dantas de araujo recife

16

adição do leite de cal. A cal deverá ser usada dissolvida em água formando o leite de cal,

correspondendo a uma concentração em CaO entre 13,26% a 17,72% de acordo com a

necessidade.

Considerando um processo simples para o tratamento do caldo com poucas etapas, mas

que envolve varias reações químicas que fundamentam o método da bicarbonatação, seguem

as reações mais importantes que participam do processo:

CaO ↑ + H2O → Ca(OH)2

CO2 ↑ + H2O → H2CO3

Ca(OH)2 + H2CO3 → CaCO3 ↓ + 2H2O

CaCO3 ↓ + H2CO3 → Ca(HCO3)2 + H2O

Ca(HCO3)2 → CaCO3 ↓ + H2O + CO2 ↑

Todas as reações citadas ocorrem na etapa do tratamento de clarificação do caldo de

cana. Sendo, a reação de decomposição do bicarbonato de cálcio, ocorrendo quando o caldo é

aquecido e as outras reações na dosagem do caldo frio.

5.4 Obtenção do bicarbonato de cálcio

No laboratório, o bicarbonato de cálcio foi obtido, utilizando-se água mineral como

fonte de ácido carbônico. A concentração de gás carbônico nas embalagens de águas minerais,

está em média de 4,0 litros de CO2 nas CNTP. Pela equação de Clayperon, foi obtido a

concentração de CO2 em g/L dissolvido na água com boa aproximação e calculado a quantidade

de CaO que deve ser adicionado a água carbonatada para reagir com o CO2 em proporção

estequiométrica conhecida para a formação do bicarbonato de cálcio. Segundo as reações

abaixo:

CaO + H2O → Ca(OH)2

2CO2 ↑ + 2H2O → 2H2CO3

Page 23: TRATAMENTO E CLARIFICAÇÃO DO CALDO DE CANA PELO … · i tratamento e clarificaÇÃo do caldo de cana pelo mÉtodo da bicarbonataÇÃo frederico augusto dantas de araujo recife

17

Ca(OH)2 + H2CO3 → CaCO3 ↓ + 2H2O

CaCO3 ↓ + H2CO3 → Ca(HCO3)2

CaO + H2O + 2CO2 ↑ → Ca(HCO3)2

O bicarbonato de cálcio deve ser obtido na própria usina. Devendo ser preparado pela

reação de neutralização entre o leite de cal ou hidróxido de cálcio com o CO2 em restores

pressurizados até 120 psi e temperatura de 2°C a 5°C. A reação estará finalizada quando o

produto em solução apresentar uma solução límpida, contem dissolvido todo o bicarbonato de

cálcio produzido.

A metodologia usada no desenvolvimento experimental da pesquisa, teve como

principio o uso da mesma quantidade de cal normalmente usada no tratamento do caldo de

cana nas usinas de açúcar, que é de 1 Kg de CaO por tonelada de caldo a ser tratado ou

convenientemente para um caldo com 14º Brix, devemos dosar 1,0568g por 1 litro de caldo e

para um caldo com 18º Brix, devemos dosar 1,0741g por litro de caldo. Onde, partindo da

equação química que descreve a reação de formação do bicarbonato de cálcio, podemos

calcular as quantidades de cada substância participante da reação.

Usando a equação de Clayperon, podemos calcular por aproximação a quantidade de

óxido de cálcio necessária para ser adicionado para a formação do bicarbonato de cálcio.

P.V = n.R.T ∴ P.V = m.R.T / MM ∴ m = P.V.MM / R.T

m = 1 x 4 x 44 / (0,082 x 273,15) ∴m = 7,85774g de CO2 por litro de água

carbonatada nas CNTP.

A concentração do CO2 uma vez conhecida, podemos calcular estequiométricamente,

todas as quantidades de cada substância envolvidas no processo da clarificação do caldo de cana

antes do aquecimento com o cal para formar o bicarbonato de cálcio que deve ser adicionado ao

caldo; depois do aquecimento como o carbonato de cálcio formado pela decomposição do

Page 24: TRATAMENTO E CLARIFICAÇÃO DO CALDO DE CANA PELO … · i tratamento e clarificaÇÃo do caldo de cana pelo mÉtodo da bicarbonataÇÃo frederico augusto dantas de araujo recife

18

bicarbonato de cálcio, o carbonato de cálcio formado pelo CO2 proveniente da decomposição

do bicarbonato de cálcio pelo aquecimento e a reação com a cal adicionada antes do

aquecimento; carbonato de cálcio formado como lodo, cal que deve ser adicionado ao caldo

homogeneizado com o bicarbonato de cálcio antes do aquecimento.

Antes do aquecimento temos a formação do bicarbonato de cálcio produzido pela reação

entre o CaO e o CO2 em excesso:

CaO + H2O + 2CO2 ↑ → Ca(HCO3)2

56 ..................... 2 x 44 ...... 162

A ...................... 7,85774 ... B

A quantidade de cal para formar o bicarbonato de cálcio é determinado como:

A = 56 x 7,85774 / (2 x 44) ∴A = 5,00038g de CaO por litro de água carbonatada.

A quantidade de bicarbonato de cálcio formado é calculada como:

B =162 x 7,85774 / (2 x 44) ∴B = 14,46539g de Ca(HCO3)2 formado por litro de água

carbonatada.

O volume de solução de bicarbonato de cálcio que deve ser adicionada ao caldo pode ser

determinado como:

Nas usinas é usado em média 1 Kg de cal por tonelada de caldo misto.

1kg de CaO ...................... 1Ton de caldo

1Kg de CaO ................... 1000Kg de caldo

1000g de CaO ........................ 1000Kg de caldo

1g de CaO ........................ 1Kg de caldo

Page 25: TRATAMENTO E CLARIFICAÇÃO DO CALDO DE CANA PELO … · i tratamento e clarificaÇÃo do caldo de cana pelo mÉtodo da bicarbonataÇÃo frederico augusto dantas de araujo recife

19

Nos experimentos realizados durante a pesquisa, foi usado 50 ml da solução de

bicarbonato de cálcio, equivalente a 0,50004g de Cal por Kg de caldo misto e aquecido até

100ºC, obtendo resultados não satisfatórios.

Porém, quando o caldo dosado com 100 ml da solução de bicarbonato de cálcio,

homogeneizada, dosada com mais 0,25g de Cal com homogeneização forte e aquecida até 100ºC

os resultados foram todos favoráveis.

Nesta etapa, ocorre a reação de decomposição do bicarbonato de cálcio representada pela

equação química:

CaO + H2O + 2CO2 ↑ → Ca(HCO3)2

56 ....................................... 162

0,5 ...................................... C

C = 162 x 0,5 / 56 ∴C = 1,44643g de bicarbonato de cálcio que deve ser adicionado a

1 Kg de caldo.

A concentração de bicarbonato de cálcio da solução usada no experimento, foi igual a

14,46539 g por litro.

1 litro de solução de bicarbonato de cálcio, contém 14,46539 g de Ca(HCO3)2.

1000 ml de solução de Ca(HCO3)2 ......................... 14,46539 g de Ca(HCO3)2

D ............................................................................. 1.44643g de Ca(HCO3)2

D = 1 x 1,44643 / 14,46539 ∴D = 0,09999 litros

D = 99,99 ml ≡ D = 100 ml

O caldo quando aquecido até 100°C, todo o bicarbonato de cálcio existente é

decomposto em carbonato de cálcio e CO2, segundo a reação representada pela equação

química:

Page 26: TRATAMENTO E CLARIFICAÇÃO DO CALDO DE CANA PELO … · i tratamento e clarificaÇÃo do caldo de cana pelo mÉtodo da bicarbonataÇÃo frederico augusto dantas de araujo recife

20

Ca(HCO3)2 → CaCO3 ↓ + H2O + CO2 ↑

162 ................. 100 ...................44

1,44643 .......... E ...................... F

O carbonato de cálcio formado é diretamente proporcional a quantidade de bicarbonato

de cálcio que foi decomposto pelo aquecimento, sendo calculado como:

E = 100 x 1,44643 / 162 ∴ = 0,89286g de CaCO3

Quantidade de bicarbonato de cálcio formado pelo CO2 proveniente da decomposição

do bicarbonato de cálcio e a reação com a cal, que foi adicionada antes do aquecimento, é

calculado por:

F = 44 x 1,44643 / 162 ∴ F = 0,39286g de CO2.

CaO + CO2 ↑ → CaCO3 ↓

56 ................ 44 ................... 100

0,392857 ........ G

G= 100 x 0,39286 / 44 ∴ G = 0,89286g de CaCO3

A quantidade de carbonato de cálcio formado como lodo é proveniente da decomposição do

bicarbonato de cálcio e da neutralização do CO2 formado pela sua decomposição, sendo

calculado como:

H = E + G, como E = G, então:

H = 2E ou H = 2G

H = 2x 0,89286

H = 1,78572g de CaCO3

Page 27: TRATAMENTO E CLARIFICAÇÃO DO CALDO DE CANA PELO … · i tratamento e clarificaÇÃo do caldo de cana pelo mÉtodo da bicarbonataÇÃo frederico augusto dantas de araujo recife

21

A quantidade não necessária de cal que pode ser adicionado ao caldo homogeneizado

com o bicarbonato de cálcio antes do aquecimento, é calculado como:

CaO + CO2 ↑ → CaCO3 ↓

56 .................. 44 ................... 100

I ............................................. 0,39286

I = 56 x 0,39286 / 44 ∴ I = 0,5g de CaO ( É a mesma quantidade usada para a

produção do bicarbonato de cálcio).

A água bicarbonatada deve ser adicionada ao caldo, homogeneizar, aquecer até

100ºC, adicionado o floculante com o caldo quente, decantado e filtrado. A adição de 0,25g de

CaO pode ser utilizado para catalisar a decomposição do bicarbonato de cálcio.

Page 28: TRATAMENTO E CLARIFICAÇÃO DO CALDO DE CANA PELO … · i tratamento e clarificaÇÃo do caldo de cana pelo mÉtodo da bicarbonataÇÃo frederico augusto dantas de araujo recife

22

6 RESULTADOS E DISCUSSÃO

As análises foram realizadas em amostras de caldo misto, sulfitado decantado e

carbonatado decantado, onde foram comparados seus resultados. Os tipos de análises

consideradas nesta pesquisa foram exclusivamente as que têm influência sobre a cor final do

caldo decantado ou clarificado.

O caldo tratado pelo processo tradicional do método da sulfitação, apresenta uma

decantação rápida com velocidade de 26 cm/min com volume médio de 155 cm 3 por litro de

caldo decantado, devido o caldo ter baixa viscosidade quando aquecido a 100ºC e pH ácido

médio de 6,5. A cor do caldo decantado, quando comparada com a cor do caldo misto, os

experimentos comprovaram que houve uma redução de 11,81% ficando em média 9729

(CORICUMSA 420mµ) e a Pureza permaneceu propriamente constante. Também, favorece a

um alto índice de dureza cálcica de 366 ppm no caldo decantado, proporcionando a altas

incrustações, corrosões, consideráveis perdas de sacarose por inversão durante o processo de

fabricação devido o caldo apresentar reação ácida próximo a um pH igual a 6,5 e temperatura de

aquecimento em média de 105ºC com maior custo de produção, além de apresentar enxofre

como impureza em cinzas residuais do açúcar.

O açúcar branco obtido pelo processo da bicarbonatação, apresenta várias vantagens,

desde o processo industrial, econômico, sendo tecnicamente um método que favorece ao meio

ambiente. O caldo decantado apresenta uma decantação rápida com volume médio do lodo

igual a 155 cm 3 por litro de caldo, levemente amarelado, límpido, com pH médio de 6,9. A

cor do caldo carbonatado decantado comparada com a cor do caldo misto, os experimentos

comprovaram que houve uma redução de 23,341%, ficando em media de 8458

(CORICUMSA 420mµ) . A pureza do caldo aumenta em média de 1,83. O caldo misto por estar

tamponado permanece em sua acidez natural. e apresenta dureza de media de 116 ppm de em

CaCO 3 . O caldo decantado apresentou teores de Açúcares Redutores livres em média de

1,19%, que permanece constante em relação ao método da sulfitação. A torta obtida, pode ser

usada como corretivo do pH do solo ácido. A solubilidade do CaCO 3 é quinze 15 vezes

Page 29: TRATAMENTO E CLARIFICAÇÃO DO CALDO DE CANA PELO … · i tratamento e clarificaÇÃo do caldo de cana pelo mÉtodo da bicarbonataÇÃo frederico augusto dantas de araujo recife

23

menor do que o sulfito de cálcio, proporcionando um açúcar com menos cinzas e de melhor

qualidade.

6.1 Caldo misto

Foram coletadas em intervalos de 1 hora, 14 amostras de caldo misto do processo da

Usina Cruangí e realizadas as análises de Brix, Pol, Pureza, Açúcares Redutores Livres, (ARL),

Cor pH, e Dureza Cálcica. Todas as análises foram realizadas, usando os métodos de análises

unificados praticados pelo laboratório das usinas de açúcar. A tabela 1 apresenta os dados

analíticos do caldo misto.

6.2 Caldo Decantado e Clarificado pelo método da Sulfitação

Foram coletadas em intervalos de 1 hora, 14 amostras de caldo decantado proveniente da

segunda caleação após o processo da sulfitação, usado pela Usina Cruangí e realizadas as

análises de Brix, Pol, Pureza, Açúcares Redutores Livres (ARL), Cor, pH e Dureza Cálcica.

Todas as análises foram realizadas usando os métodos unificados praticados pelo laboratório da

usina. A tabela 2 foi construída com os dados analíticos do caldo decantado clarificado pelo

método da sulfitação.

Page 30: TRATAMENTO E CLARIFICAÇÃO DO CALDO DE CANA PELO … · i tratamento e clarificaÇÃo do caldo de cana pelo mÉtodo da bicarbonataÇÃo frederico augusto dantas de araujo recife

24

Tabela nº 1: Dados obtidos das análises do caldo misto no Laboratório da Usina Cruangí.

BRIX POL PUREZA pH ARL % COR ICUMSA 420mµ

17,00 13,52 79,53 5,8 1,25 11.339

16,70 13,11 78,50 5,6 1,80 10.835

15,95 12,76 80,00 5,9 1,43 10.835

16,50 13,14 79,64 5,8 1,10 11.339

16,30 12,93 79,33 5,7 1,18 10.835

15,90 12,55 78,93 5,9 1,15 10.835

16,30 12,96 79,51 5,8 1,08 11.339

15,70 12,49 79,55 6,0 1,03 11.339

16,15 12,79 79,20 5,9 1,10 10.668

14,90 11,91 79,93 5,9 1,15 10.724

15,20 11,97 78,75 5,9 1,07 10.855

14,95 11,90 79,60 6,1 1,31 11.339

15,40 12,30 79,87 5,7 1,17 10.835

15,80 12,61 79,81 5,9 1,12 11.339

MÉDIA MÉDIA MÉDIA MÉDIA MÉDIA MÉDIA 15,91 12,64 79,44 5,9 1,21 11.033

Page 31: TRATAMENTO E CLARIFICAÇÃO DO CALDO DE CANA PELO … · i tratamento e clarificaÇÃo do caldo de cana pelo mÉtodo da bicarbonataÇÃo frederico augusto dantas de araujo recife

25

Tabela nº 2: Dados obtidos das análises do caldo sulfitado no Laboratório da Usina Cruangí.

BRIX POL PUREZA pH ARL % COR IMCUSA 420mµ

DUREZA ppm de CaCO3

16,30 12,98 79,63 6,4 1,04 9.953 360

16,30 12,78 78,40 6,5 1,02 9.627 370

15,60 12,71 81,47 6,8 1,06 9.790 395

15,60 12,30 78,85 6,3 1,12 9.953 400

15,60 12,18 78,08 6,4 1,15 9.790 370

15,76 12,53 79,51 6,7 1,07 9.790 320

16,50 12,80 77,58 6,3 1,09 9.506 380

15,60 12,47 79,94 6,5 1,21 9.953 370

15,30 12,14 79,35 6,4 1,18 9.303 340

15,30 12,11 79,15 6,3 1,15 9.506 390

15,80 11,67 73,86 6,5 1,12 9.790 360

16,30 13,02 79,88 6,6 1,10 9.953 315

16,60 13,26 79,88 6,5 1,21 9.790 350

15,82 12,61 79,71 6,3 1,15 9.506 405

MÉDIA MÉDIA MÉDIA MÉDIA MÉDIA MÉDIA MÉDIA

15,88 12,54 78,95 6,5 1,12 9.729 366

6.3 Caldo misto decantado e Clarificado pelo método da Carbonatação

Foram coletadas em intervalos de 1 hora, 14 amostras de caldo misto do processo da

Usina Cruangí. Cada amostra de 1 litro, foi dosada com 100 ml da solução de bicarbonato de

cálcio e homogeneizada. Dosado em seguida com 0,25g de óxido de cálcio de pureza PA e

homogeneizado. O caldo caleado foi aquecido até 100ºC e dosado com 9,0 ppm com um

floculante de alto peso molecular homogeneizado e transferido para uma proveta de 1 litro.

Onde, o caldo foi decantado em um tempo médio de 30 segundos e foram feitas as análises de

Brix, Pol, Pureza, Açúcares Redutores Livres (ARL), Cor, pH e Dureza cálcica. A tabela 3 foi

Page 32: TRATAMENTO E CLARIFICAÇÃO DO CALDO DE CANA PELO … · i tratamento e clarificaÇÃo do caldo de cana pelo mÉtodo da bicarbonataÇÃo frederico augusto dantas de araujo recife

26

construída com os dados analíticos do caldo decantado clarificado pelo método da

bicarbonatação.

Tabela nº 3: Dados obtidos das análises do caldo misto decantado pelo processo do método da

bicarbonatação no Laboratório da Usina Cruangí.

BRIX POL PUREZA pH ARL % COR IMCUSA 420mµ

DUREZA ppm de CaCO3

15,40 12,91 83,83 7,2 1,10 9.627 110 14,80 11,89 80,34 7,2 1,22 7.564 120 17,30 14,47 83,64 7,3 1,28 8.084 110 15,40 12,71 82,53 6,7 1,10 9.627 115 16,30 13,34 81,84 6,8 1,15 8.084 100 16,44 12,98 78,95 6,8 1,20 7.979 130 15,30 12,37 80,85 6,9 1,20 9.627 140 14,90 11,90 79,87 7,1 1,08 7.979 110 15,30 12,59 82,29 6,8 1,19 8.084 125 15,70 12,84 81,78 6,9 1,12 7.979 110 16,38 13,28 81,07 6,4 1,19 9.627 105 15,90 12,98 81,64 6,7 1,22 8.084 120 15,60 12,39 79,42 6,9 1,34 7.979 100 15,50 12,36 79,74 6,7 1,30 8.084 130

MÉDIA MÉDIA MÉDIA MÉDIA MÉDIA MÉDIA MÉDIA

15,73 12,79 81,27 6,9 1,19 8.458 116

6.4 Síntese geral das médias dos resultados analíticos dos caldos

Os resultados analíticos médios obtidos dos caldos mistos, caldos sulfitados decantados e

caldos carbonatados decantados, serviram de dados para a construção da tabela 4, onde

possibilita uma análise final comparativa entre os processos de Tratamento de Clarificação do

Caldo pelo Método da Sulfitação e o Método da Carbonatação.

Page 33: TRATAMENTO E CLARIFICAÇÃO DO CALDO DE CANA PELO … · i tratamento e clarificaÇÃo do caldo de cana pelo mÉtodo da bicarbonataÇÃo frederico augusto dantas de araujo recife

27

Tabela 4: Média dos resultados analíticos das tabelas nº 1, nº 2 e nº 3.

RESULTADOS MÉDIOS ANALÍTICOS DOS CALDOS

BRIX POL PUREZA pH COR

IMCUSA 420mµ

DUREZA ppm de CaCO3

REDUÇÃO DA

COR %

MISTO 15,91 12,64 79,44 5,9 11.033 X X

SULFITADO 15,88 12,54 78,95 6,5 9.729 366 11,81

CARBONATADO 15,73 12,79 81,27 6,9 8.458 116 23,34

Os dois métodos de tratamentos, apresentaram suas velocidades de decantação iguais a 26 cm/mim e o volume médio de seus lodos igual a 155 cc.

Page 34: TRATAMENTO E CLARIFICAÇÃO DO CALDO DE CANA PELO … · i tratamento e clarificaÇÃo do caldo de cana pelo mÉtodo da bicarbonataÇÃo frederico augusto dantas de araujo recife

28

7 CONCLUSÕES

As simulações produzidas no laboratório, a partir do caldo de cana misto clarificado

decantado pelo método da Bicarbonatação, produziram resultados analíticos que permitiram

comparar com os resultados analíticos dos caldos misto clarificados pelo método da sulfitação

usado pelas usinas, confirmam quantitativamente valores com excelentes resultados na melhoria

da qualidade da cor do caldo clarificado, que proporcionará diretamente na cor e qualidade do

açúcar final obtido. O método desenvolvido da Bicarbonatação, remove uma grande parte das

substâncias corantes proporcionando a diminuição da cor do caldo que tem influência direta na

cor e qualidade adquirida do açúcar como produto final obtido.

O método apresenta mais vantagens do que o método de sulfitação, entre as quais

podemos citar menor custo operacional, menor etapa no processo, menos perda de sacarose por

inversão, menos gasto de energia, teor de cinzas, maior rendimento de cristalização, obtenção de

um açúcar mais saudável e ecologicamente favorável. Todas as vantagens apresentadas, tem

como base fundamentada no produto de solubilidade do carbonato de cálcio que é muito menor

do que os sais de cálcio que tem como ânion o sulfito e o sulfato.

O processo da bicarbonatação confirma e apresenta as seguintes vantagens para a

fabricação do açúcar branco:

• É economicamente mais viável;

• O controle químico é mais simples;

• As tubulações e equipamentos são menos corroídas;

• As incrustações são facilmente eliminadas;

• O açúcar obtido não apresenta enxofre como impurezas;

• Apresenta uma velocidade de decantação de 28 cm/min;

• Apresenta um volume médio de lodo por litro de caldo decantado igual a 155 cm 3 ;

• Apresenta pH médio de 6,9;

• O caldo é mais claro e translúcido;

• A cor do caldo tem valor médio de 8.458;

Page 35: TRATAMENTO E CLARIFICAÇÃO DO CALDO DE CANA PELO … · i tratamento e clarificaÇÃo do caldo de cana pelo mÉtodo da bicarbonataÇÃo frederico augusto dantas de araujo recife

29

• Maior redução da Cor do caldo com de média de 23,34%;

• Apresenta um aumento de pureza em torno de 2 graus;

• O carbonato de cálcio é 15 vezes menos solúvel do que o sulfito de cálcio;

• Menor Dureza cálcica com valor médio de 116 ppm em CaCO 3 ;

• A torta obtida pode ser usada como corretivo do pH do solo;

• O meio ambiente não é poluído com o SO2;

As modificações a serem feitas para o processo da carbonatação, é apenas a

substituição da torre ou coluna de sulfitação pela utilização de um ponto de dosagem do caldo

misto frio com bicarbonato de cálcio.

Page 36: TRATAMENTO E CLARIFICAÇÃO DO CALDO DE CANA PELO … · i tratamento e clarificaÇÃo do caldo de cana pelo mÉtodo da bicarbonataÇÃo frederico augusto dantas de araujo recife

30

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ARQUED, ANTÔNIO PORTA. Tratamiento del jugo de la caña. In: Fabricação del azucar.

Barcelona: Salvat, 1955. p. 501 – 534.

BIRCH, G. G; PARKER, K. J. Carbonation. In: SUGAR: science and tecnology. London:

Applied science, 1979. p. 65 – 67.

FABRE, RENÉ; TRUHAUT, RENÉ. Derivados gasos do enxofre. Etiologia das intoxicações do

enxofre. In: Toxicologia. Lisboa: Fundação Calostre Giubenkian, 1971. p. 113 – 116.

HONIG, PIETER. Principios de tecnología azucareira. 2ed. Caracas: Companhia Editorial

Continental, 1974. Tomo I, cap. 8, p. 205-211.

HUGOT, E. Defecation, Carbonation, Sulfitation. In: La sucrerie de canes: manuel de

l’ingénieury. Paris: Dunod,1950. v. 1. p. 253 – 291.

LIDE, DAVID R. Carbonatation. In: HANDOBOOK of chemistry and physics. London: New

York: CRc Press, 2001.p. 8-118.

SPENCER, GUILFORD L. Manual de fabricantes de azucar de cana e quimicos

azucareiros. 7. ed..ver. E aum. New York: John Wiley & Sons, 1918. p. 15-16.