tratamento de biprotrusão dentária com miniplacas de...
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Rebecca Figueirôa
Tratamento de biprotrusão dentária com miniplacas de
ancoragem esquelética
Brasília
2017
Rebecca Figueirôa
Tratamento de biprotrusão dentária com miniplacas de
ancoragem esquelética
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao
Departamento de Odontologia da Faculdade de
Ciências da Saúde da Universidade de Brasília,
como requisito parcial para a conclusão do curso
de Graduação em Odontologia.
Orientador: Prof. Dr. Jorge Faber
Co-orientadora: Profa. Patrícia Valim
Brasília
2017
À minha família.
AGRADECIMENTOS
A minha mãe, por ter me incentivado desde sempre a chegar até
aqui, se não fosse por sua presença e determinação, não teria
chegado nem até a metade deste caminho.
Ao meu pai que, assim como minha mãe, esteve presente em
toda esta trajetória. Graças ao seu apoio e auxílio, pude chegar
até aqui, sempre de prontidão para me ajudar com o que fosse
necessário.
Ao meu professor orientador que, com toda sua paciência e
dedicação, deu-me a oportunidade de realizar este trabalho e, ao
longo do estudo, me proporcionou conhecimentos que levarei
para o resto de minha vida pessoal e profissional. Além de ser
um dos maiores profissionais da área que conheço, tornou-se
também uma das melhores pessoas que encontrei ao longo
desta jornada.
A minha co-orientadora, que compartilhou comigo seus
conhecimentos e cedeu longas e preciosas horas de seu tempo
para permitir que este trabalho fosse concluído da melhor
maneira possível. Além de um modelo profissional, se tornou
uma grande amiga para a vida.
A minha melhor amiga, Giulliana, que esteve presente ao longo
de todo este trabalho. Aprendemos e crescemos juntas,
pudemos compartilhar cada momento e dar apoio uma a outra.
Sem dúvidas, este caminho não teria sido a mesma coisa sem
sua presença.
EPÍGRAFE
“Se eu vi mais longe, foi por estar sobre ombros de gigantes”.
Isaac Newton
RESUMO
FIGUEIRÔA, Rebecca. Tratamento de biprotrusão dentária com
miniplacas de ancoragem esquelética. 2017. Trabalho de
Conclusão de Curso (Graduação em Odontologia) –
Departamento de Odontologia da Faculdade de Ciências da
Saúde da Universidade de Brasília.
Neste artigo, relatamos o uso de miniplacas para ancoragem
esquelética em uma paciente com maloclusão de Classe I de
Angle e biprotrusão dentoalveolar. A grande vantagem dessa
abordagem de tratamento é evitar exodontias na área visível do
sorriso, enquanto mantém os pré-molares. As miniplacas foram
utilizadas para a retração da dentição como um todo
simultaneamente, mantendo a boa relação anteroposterior da
região posterior dos dois lados. Os resultados do tratamento
foram bons, com grande melhora na estética facial decorrente da
normalização da posição dos lábios superior e inferior. Os
resultados obtidos se mantiveram estáveis após 4 anos de
contenção fixa nos inferiores e removível superior.
ABSTRACT
FIGUEIRÔA, Rebecca. Treatment of bialveolar dental protrusion
with miniplates for skeletal anchorage. 2017. Undergraduate
Course Final Monograph (Undergraduate Course in Dentistry) –
Department of Dentistry, School of Health Sciences, University of
Brasília.
In this article, we report the successful use of miniplates for
skeletal anchorage in a patient with an Angle Class I
malocclusion and bialveolar dental protrusion. The main
advantage of this approach is to avoid extractions in a visible
area of the smile while it allows the maintenance of premolars.
The miniplates were used for en masse retraction, providing the
preservation of a good anteroposterior relation on both sides.
Good results were achieved, along with a great improvement on
facial esthetics, obtained by the normalization of the lower and
upper lip positions. The results remained stable after 4 years of
retention with bonded retention on the mandibular arch and a
removable wraparound on the maxillary arch.
SUMÁRIO
Artigo Científico ....................................................................... 17 Folha de Título ........................................................................ 19 Resumo ................................................................................... 20 Abstract ................................................................................... 21 Introdução................................................................................ 22 Diagnóstico e etiologia ............................................................ 23 Objetivos do tratamento .......................................................... 26 Alternativas de tratamento ...................................................... 27
Progresso do tratamento ......................................................... 28 Resultados do tratamento ....................................................... 30 Discussão ................................................................................ 33 Conclusão................................................................................ 34 Referências ............................................................................. 35
Anexos ..................................................................................... 39
Normas da Revista .................................................................. 39
17
ARTIGO CIENTÍFICO
Este trabalho de Conclusão de Curso é baseado no artigo
científico:
FIGUEIRÔA, Rebecca; VALIM, Patrícia; FABER, Jorge.
Tratamento de biprotrusão dentária com miniplacas de
ancoragem esquelética.
Apresentado sob as normas de publicação da Revista American
Journal of Orthodontics and Dentofacial Orthopedics –
AJODO.
18
19
FOLHA DE TÍTULO
Tratamento de biprotrusão dentária com miniplacas de
ancoragem esquelética
Treatment of bialveolar dental protrusion with miniplates for
skeletal anchorage
Rebecca Figueirôa1
Patrícia Valim 2
Jorge Faber 3
1 Aluna de Graduação em Odontologia da Universidade de Brasília. 2 Ortodontista em clínica privada. ³ Professor Adjunto de Ortodontia da Universidade de Brasília (UnB).
Correspondência: Prof. Dr. Jorge Faber
Campus Universitário Darcy Ribeiro - UnB - Faculdade de
Ciências da Saúde - Departamento de Odontologia - 70910-900 -
Asa Norte - Brasília - DF
E-mail: [email protected] / Telefone: (61) 31071849
20
RESUMO
Tratamento de biprotrusão dentária com miniplacas de
ancoragem esquelética
Resumo
Neste artigo, relatamos o uso de miniplacas para ancoragem
esquelética em uma paciente com maloclusão de Classe I de
Angle e biprotrusão dentoalveolar. A grande vantagem dessa
abordagem de tratamento é evitar exodontias na área visível do
sorriso, enquanto mantém os pré-molares. As miniplacas foram
utilizadas para a retração da dentição como um todo
simultaneamente, mantendo a boa relação anteroposterior da
região posterior dos dois lados. Os resultados do tratamento
foram bons, com grande melhora na estética facial decorrente da
normalização da posição dos lábios superior e inferior. Os
resultados obtidos se mantiveram estáveis após 4 anos de
contenção fixa nos inferiores e removível superior.
Palavras-chave
Miniplaca; Ancoragem esquelética; Ancoragem ortodôntica;
Biprotrusão dentária; Classe I.
Relevância Clínica
As miniplacas permitem a retração da dentição como um todo
simultaneamente, evitando exodontias na área visível do sorriso,
além da manutenção dos pré-molares.
21
ABSTRACT
Treatment of bialveolar dental protrusion with miniplates for
skeletal anchorage
Abstract
In this article, we report the successful use of miniplates for
skeletal anchorage in a patient with an Angle Class I
malocclusion and bialveolar dental protrusion. The main
advantage of this approach is to avoid extractions in a visible
area of the smile while it allows the maintenance of premolars.
The miniplates were used for en masse retraction, providing the
preservation of a good anteroposterior relation on both sides.
Good results were achieved, along with a great improvement on
facial esthetics, obtained by the normalization of the lower and
upper lip positions. The results remained stable after 4 years of
retention with bonded retention on the mandibular arch and a
removable wraparound on the maxillary arch.
Keywords
Miniplate; Skeletal anchorage, Orthodonitic anchorage
procedures; Bialveolar dental protrusion; Class I.
22
INTRODUÇÃO
A biprotrusão dentoalveolar é uma condição relativamente
comum e a sua ocorrência varia de acordo com o grupo étnico
avaliado. Populações negras ou com grande miscigenação com
afrodescendentes têm uma prevalência de biprotrusão maior do
que grupos caucasianos.1
As decisões relacionadas ao tratamento da biprotrusão
dependem de diversos fatores, sendo o principal deles a estética.
A biprotrusão dentária em alguns indivíduos pode ser
considerada agradável, ainda que, em outras pessoas, a
protrusão possa ser um elemento que diminui os escores de
beleza facial. Neste último caso, esta diminuição pode decorrer
do excessivo posicionamento anterior dos lábios e/ou de uma
dificuldade de obter selamento labial.2
Há fundamentalmente três alternativas de tratamento para
pacientes com biprotrusão. A primeira é a simples manutenção
da biprotrusão, e isso é feito toda vez que o paciente se sente
satisfeito com o grau de projeção dos dentes e lábios. A segunda
alternativa é a extração de pré-molares ou primeiros molares
com subsequente retração dos dentes anteriores, diminuindo o
grau de projeção de incisivos e lábios.3 Ainda que essa seja uma
boa alternativa de tratamento quanto aos seus resultados, alguns
pacientes tendem a recusar o tratamento com extrações na área
visível do sorriso. Isso se deve ao fato de que o aparelho
ortodôntico não camufla o espaço edêntulo, e este diminui os
escores de beleza do indivíduo.4 A terceira é a retração de toda a
dentição superior e inferior, utilizando a ancoragem esquelética.
Há basicamente dois tipos de ancoragem esquelética: mini-
implantes e miniplacas. Os dois sistemas permitem tratamentos
assemelhados, entretanto, há diferenças entre eles. As
miniplacas possuem fixação além do nível dos ápices dentários,
permitindo a movimentação dos dentes adjacentes ao implante
nos sentidos ântero-posterior, vertical e transversal, sem risco de
23
contato de parafusos com as raízes dentárias. Além disso, as
miniplacas permitem a colagem de acessórios ortodônticos, tais
como tubos, bráquetes e botões, que expandem os limites da
mecânica ortodôntica, facilitando a correção de algumas
condições.5 No entanto, elas têm também suas desvantagens em
relação aos mini-implantes: necessitam de cirurgias de instalação
e remoção, custos mais altos e maior probabilidade de infecção.5
As desvantagens das miniplacas possivelmente diminuem suas
prescrições pelos clínicos, no entanto, quando estamos diante da
biprotrusão dentária, esta alternativa oferece a vantagem de não
requerer a exodontia de dentes permanentes em uma área
visível da estética do sorriso, enquanto viabiliza a distalização de
toda a dentição.
O objetivo desse artigo é relatar um caso em que quatro
miniplacas foram empregadas para realizar a retração de toda a
dentição, sem a necessidade de extrações na área visível do
sorriso.
DIAGNÓSTICO E ETIOLOGIA
A paciente do sexo feminino, 17 anos e 4 meses de idade, tinha
como queixa principal a estética da biprotrusão labial. Ela relata
ter feito a remoção de dentes supranumerários que impediam a
irrupção do 21. Posteriormente, foi submetida a tratamento
ortodôntico aos 11 anos e 4 meses, que incluiu expansão maxilar
seguido de tratamento com aparelho ortodôntico fixo para
promover o alinhamento e nivelamento dentário. Seu histórico
médico não era relevante para o problema atual.
Durante o exame clínico facial, foi observado que a paciente
possuía face simétrica, com boa projeção da região zigomática e
maxilar. O perfil era convexo, com retrusão do mento e
significativa protrusão labial. Os lábios mantinham o selamento
com contração da musculatura mentoniana (Figura 1 A a C).
24
No exame intrabucal (Figura 1 D a F; Figura 2), observou-se uma
má oclusão de classe I, com apinhamento leve no arco superior.
O arco inferior tinha bom alinhamento anterior e a paciente
mantinha uma contenção fixa 3x3 do tratamento ortodôntico
anterior. Havia biprotrusão dentoalveolar e esta pôde ser
confirmada pela análise cefalométrica (Figura 3; Tabela 1).
Adicionalmente, a análise cefalométrica salientou a presença de
uma classe I esquelética leve (ANB= 3; Witz= -5mm). No que diz
respeito as relações dentárias, os incisivos inferiores se
encontravam severamente projetados e protruídos, enquanto os
incisivos superiores apresentavam moderada protrusão.
Figura 1 – Fotografias extra e intrabucais da paciente. Note a severa
protrusão labial e a contração da musculatura mentoniana para manter
o selamento labial.
25
Figura 2 – Modelos de estudo iniciais. A relação dentária era de Classe I
com significativa protrusão dentoalveolar.
Figura 3 – Radiografias cefalométrica lateral e panorâmica. Observe a
significativa protrusão dentoalveolar superior e inferior.
26
Tabela 1 - Valores cefalométricos iniciais e finais
Medidas Inicial Final Norma
SNA 84 83 82
SNB 81 80 80
ANB 3 3 2
Witz Appraisal -5mm -2mm
SND 77 76 76-77
GoGn.SN 40 40 32
1.NA 30 25 22
1-NA 10mm 7mm 4mm
1.NB 36 36 25
1-NB 11,5mm 8mm 4mm
1.1 111 116 131
Pog-NB 0mm 0mm
Linha S Perfil convexo Perfil convexo
OBJETIVOS DO TRATAMENTO
O objetivo principal do tratamento era corrigir a protrusão labial
superior e inferior, por meio da correção da biprotrusão dentária,
e melhorar a estética facial.
Os objetivos secundários eram:
1. Obter selamento labial em repouso.
2. Manter a relação molar em Classe I.
3. Atingir corretos níveis de sobremordida e sobressaliência.
27
ALTERNATIVAS DE TRATAMENTO
Havia diversas alternativas de tratamento ortodôntico para a
condição, sendo que foram discutidas três alternativas com a
paciente e seus responsáveis, que incluíam diferentes
abordagens em conjunto com o uso de aparelho ortodôntico fixo.
A primeira alternativa seria o tratamento ortodôntico conjugado à
exodontia de quatro pré-molares e a retração dos dentes
anteriores, ancorados ou não em mini-implantes. A vantagem
deste tratamento testado pelo tempo é a sua comprovada
efetividade para casos de biprotrusão dentoalveolar. A
desvantagem era a exodontia em uma área visível do sorriso, o
que desencorajou a paciente a abraçar essa alternativa de
tratamento.
A segunda consistia na ortodontia associada à exodontia de
primeiros molares. A vantagem deste tratamento é que o espaço
da exodontia fica mais posterior, afetando menos a estética do
sorriso. Sua desvantagem era a imprevisibilidade da correta
erupção dos terceiros molares.
A terceira opção era a utilização de quatro miniplacas de
ancoragem esquelética sendo duas superiores e duas inferiores,
para permitir a retração de toda a dentição. Neste cenário, os
terceiros molares seriam removidos durante a instalação das
miniplacas. A vantagem deste tratamento é não necessitar de
exodontias na região visível do sorriso. A principal desvantagem
advinha da necessidade de dois procedimentos cirúrgicos -
instalação e remoção das miniplacas - e a necessidade de
exodontia dos terceiros molares.
A última foi a alternativa de escolha para o tratamento.
28
PROGRESSO DO TRATAMENTO
Inicialmente, foram confeccionados guias para instalação de
quatro miniplacas cirúrgicas 2.0 mm (Leibinger, Freiburg,
Alemanha), que serviriam de ancoragem esquelética. A paciente
realizou radiografia panorâmica com os guias para orientar o
cirurgião na localização das miniplacas durante a cirurgia (Figura
4) .
As miniplacas foram instaladas segundo guia cirúrgico. Elas
estavam distantes dos caninos o suficiente para permitir a
ativação com molas de NiTi 7mm (Morelli, Sorocaba, Brasil),
sem que as molas oferecessem riscos de lesão aos tecidos
moles devido a curvatura do processo alveolar. No mesmo
procedimento cirúrgico, foram realizadas as exodontias dos
terceiros molares superiores e inferiores.
Duas semanas após a cirurgia, um aparelho ortodôntico fixo
straightwire prescrição de Roth slot 0.022” x 0.028” foi instalado
nos arcos superior e inferior. Os primeiros e segundos molares
foram bandados.
O alinhamento e nivelamento foi iniciado com arcos de 0.016”
NiTi, que foram substituídos sequencialmente por arcos de aço
0.018”, 0.020” e 0.017”x0.025”. Molas de NiTi foram posicionadas
desde as miniplacas até os caninos assim que arcos .018” em
aço foram instalados. No arco 0.017”x0.025”, foram colocadas
duas molas em cada quadrante (Figura 4 B a D) para aumentar a
força de retração, compensando a redução do espaço entre as
placas e os caninos devido a retração já conquistada. Como este
tipo de mecânica tende a girar caninos e pré-molares, durante
toda a retração estes dentes foram amarrados aos arcos com
amarrilho metálico. Para evitar a abertura de diastemas
anteriores, de acordo com a necessidade, amarrações em tie-
together ou elásticos em corrente eram posicionados na região
anterior, de canino a canino, nos dois arcos.
29
Durante a retração dos dentes superiores e inferiores, houve
tendência dos molares inclinarem para distal. Para corrigir as
inclinações, dobras tip-forward foram feitas de forma a otimizar a
distalização das raízes dos molares.
Obteve-se uma retração significativa, e essa foi continuada até
que se conseguiu uma harmonia facial. Nesse momento, a
paciente possuía overjet e overbite adequados e linhas médias
coincidentes. Após 2 anos e 3 meses de tratamento, a contenção
inferior tipo 3x3 foi colada e o aparelho ortodôntico foi removido.
A paciente faz uso de aparelho móvel superior com grampo do
tipo wraparound como contenção.
Figura 4 – A , radiografia panorâmica obtida com os guias na boca.
Durante a cirurgia, os elos mais oclusais das miniplacas devem se
sobrepor aos guias. B a D, fotografias intrabucais com as miniplacas
presentes na boca. Note as duas molas de retração em cada
miniplacas.
30
RESULTADOS DO TRATAMENTO
Ao fim do tratamento, a paciente exibia importante ganho estético
com melhora da posição do lábio superior e – principalmente –
inferior (Fig. 5 A a C). Adicionalmente, havia boa oclusão com
adequados overjet e overbite (Fig. 5 D a F e 6), além de
coincidência das linhas médias dentárias (Fig. 5 e 6). Houve
importante melhora na inclinação dos incisivos (Tabela 1; Fig. 7
A e B e 8 A e B).
Figura 5 - Fotografias extra (A a C) e intrabucais (D a F) da paciente ao final do tratamento.
31
Figura 6 – Modelos de estudo ao final do tratamento. .
32
Figura 7 – Radiografias panorâmica (A) e cefalométrica ao final do
tratamento (B).
Figura 8 – Sobreposição cefalométrica final sobre inicial total (A). As
sobreposições realçam o ganho estético decorrente do tratamento. Observe a sobreposição das fotografias de perfil inicial, final e pós
tratamento (B).
33
DISCUSSÃO
Pacientes que se submetem ao tratamento da biprotrusão
dentoalveolar, de um modo geral, objetivam a melhora da
estética facial e do sorriso, e apresentam exigências estéticas
elevadas durante o tratamento. Consequentemente, submetê-los
a exodontias e fechamento de espaço tem se tornado cada vez
mais difícil. Nestes casos, é muito comum a recusa do
tratamento quando apenas esta alternativa é oferecida. Portanto,
o uso de miniplacas torna-se uma alternativa para permitir um
tratamento mais estético.
Os resultados obtidos com o tratamento foram bastante
satisfatórios do ponto de vista estético: conseguiu-se realizar a
retração dos dentes superiores e inferiores, com uma
consequente normalização da posição labial superior e inferior.
Estas alterações permitiram um selamento labial durante o
repouso, o que era um dos objetivos do tratamento.
No caso do presente tratamento, foram utilizadas miniplacas
cirúrgicas convencionais, em vez de miniplacas ortodônticas. Os
dois tipos de sistemas permitem ancoragem esquelética
satisfatória para a retração de todos os dentes. No entanto, as
miniplacas cirúrgicas para cirurgia ortognática têm como
vantagem terem um preço mais acessível. Além disso, elas são
permitidas em quase todos os países pelos órgãos
regulamentadores da área de saúde, tal como o FDA.
34
CONCLUSÃO
O uso de miniplacas de ancoragem esquelética para o
tratamento da biprotrusão dentoalveolar é uma abordagem que
apresenta resultados satisfatórios, podendo-se alcançar a
retração dentária desejada e um bom resultado estético em
relação ao perfil de pacientes que apresentam tal condição. Além
disso, mostra-se como uma alternativa a extrações na área
visível do sorriso, condição que pode ser desconfortável para
alguns pacientes ou até mesmo motivo de desistência do
tratamento da biprotrusão dentoalveolar.
35
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38
39
ANEXOS
NORMAS DA REVISTA
Guidelines for AJODO Case Reports
Case reports are published on a regular basis in the AJODO.
Case Reports are interesting to the clinician in private practice,
and they provide a unique and important forum for the
presentation and discussion of orthodontic treatment of unusual
and perplexing clinical situations. In order for the author to
present the clinical records in the most informative manner, and
in order for the reader to glean the most valuable details, case
reports that are published in the AJODO must follow a specific
format. During the review process for each case report, each of
these sections of the manuscript is evaluated to determine if it is
complete and conveys the appropriate information to the reader.
Authors are encouraged to use these guidelines in preparing or
editing their manuscript.
INTRODUCTION
In this section, the author must introduce the reader to the
general topic or problem that is illustrated by the case report. The
introduction should consist of one or two paragraphs, and should
not be longer than one page (double-spaced). The introduction
should briefly refer to specific literature that has discussed the
topic of the case report. The introduction should begin with a
general description of the problem to be illustrated by the case
report, and should end with a sentence that leads the reader into
a specific description of the patient's records.
40
DIAGNOSIS AND ETIOLOGY
In this section, the author summarizes the patient's skeletal and
dental diagnostic findings. It is important to focus on the abnormal
factors and not to dwell on the normal findings. The author should
give the patient's age, classification of the malocclusion, specific
unusual dental problems, hereditary factors, periodontal or
restorative complications, etiology of the malocclusion, and other
criteria that will influence the treatment plan. The author should
refer to specific cephalometric measurements if necessary, and
refer the reader to specific figures containing pretreatment
cephalometric and intraoral radiographs, intraoral and facial
photographs, and as well as photographs of the dental casts.
TREATMENT OBJECTIVES
The list of problems itemized in the diagnosis and etiology should
naturally lead the author and reader to a list of specific treatment
objectives to solve each of these problems. The treatment
objectives should include references to the maxilla, mandible,
maxillary dentition, mandibular dentition, occlusion, and facial
esthetics. The objectives should include goals for correcting
problems in the transverse, vertical, and anterior and posterior
planes of space if appropriate.
TREATMENT ALTERNATIVES
The next logical step in the treatment planning process is for the
author to articulate the various treatment alternatives that are
possible to accomplish the list of treatment objectives. The author
must be complete and refer to all possible treatment plans, and
briefly describe the advantages and disadvantages of each
treatment alternative. Usually, the alternative with the least
disadvantages is chosen by the author to treat the patient's
problems.
41
TREATMENT PROGRESS
In this section, the author must describe the step-by-step process
of treatment for the patient. Since the audience that is reading the
case report has an orthodontic background, minor steps may be
eliminated, and the author should focus on the important details
of treating the patient's unique set of problems. The author should
include the types of appliances, length of treatment, interaction
with other aspects of dentistry, and special decisions that were
made during treatment.
TREATMENT RESULTS
In this section the author should describe the results of
orthodontic treatment. The results should parallel the objectives
of treatment, and therefore be presented in the same sequence.
In other words, the results should be described relative to the
maxilla, mandible, maxillary dentition, mandibular dentition,
occlusion, and facial esthetics. The author should identify both
expected and unexpected outcomes and how they affected the
overall treatment result.
DISCUSSION
This is perhaps the most important section of the entire case
report. However, it is the portion that is often eliminated or
underexpressed. In order to be published in the AJODO, the
discussion must be an integral part of the manuscript. This
section discusses the specific problems that made this case
report unique, how they relate to the decisions made by the
author, and finally, how the treatment relates to the published
literature on the topic. The discussion must contain references to
the literature. The discussion should focus on four or five points
that made the case report or the treatment of the patient unique.
Each point is discussed in a separate paragraph with reference to
the patient's treatment and the appropriate literature. The
discussion should be between two and three pages in length.
42
SUMMARY AND CONCLUSIONS
This should be the shortest section of the case report. It should
consist of one paragraph that summarizes the most important
points gained from the treatment of the patient.
RERERENCES
This section of the manuscript must list the literature citations that
were referenced in the introduction and discussion. The format for
this section is the same as that found in scientific articles in the
AJODO.
RECORDS
Most published case reports will include the following records:
pre- and posttreatment records: facial and intraoral photographs,
radiographs, tracings, and photographs of dental casts; other
figures should be included as needed. Authors may be asked to
submit the actual dental casts so they can be photographed in a
standard format.
Evaluation of AJODO Case Reports
Case reports submitted to the AJODO are peer-reviewed prior to
publication. The review process involves an objective assessment
and scoring of specific aspects of the case report. Five areas are
evaluated. Each of these areas is weighted based upon its
relative importance. The five areas are: 1. Uniqueness of the
case - The AJODO will give highest priority for publication to case
reports that exhibit unique skeletal, dental, or occlusal problems.
2. Completeness of the records - Case reports will seldom be
published without complete records, including preand
posttreatment facial and intraoral photographs, intraoral and
cephalometric radiographs, and photographs of dental casts.
Progress photographs illustrating specific and unique treatment
aspects are encouraged. This area has the highest weighting. 3.
Quality of the records - The quality of the photographs,
43
radiographs, and dental casts are a high priority. They reflect
upon the clinician/author, the AJODO, and the orthodontic
profession, and they must be of high quality. Authors may be
required to submit original records, including models, to the
AJODO where they will be photographed. 4. Quality of the
treatment - Again, the quality of the treatment reflects on the
clinician/author. The AJODO realizes that unique cases often
have unique treatment plans that make ideal results impossible.
Although ideal results are not mandatory, the quality of treatment
has the second highest weighting. 5. Quality of the manuscript -
The Guidelines for AJODO Case Reports is available to the
author and gives a framework for creating a well-written
manuscript to accompany the photographs of the patient's
records. A highquality manuscript will contain the following
sections: introduction, diagnosis and etiology, treatment
objectives, treatment alternatives, treatment progress, results,
and discussion.