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UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA
CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENFERMAGEM
DAIANE MEDEIROS DA SILVA
Tratamento da tuberculose na Atenção Básica: avaliação de estrutura
e processo dos serviços de saúde
João Pessoa, PB
2013
DAIANE MEDEIROS DA SILVA
Tratamento da tuberculose na Atenção Básica: avaliação de estrutura
e processo dos serviços de saúde
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-
Graduação em Enfermagem da Universidade
Federal da Paraíba, como requisito
regulamentar para a obtenção do título de
Mestre.
Área de concentração: Cuidado em
Enfermagem e Saúde
Linha de pesquisa: Políticas e Práticas do
Cuidar em Enfermagem e Saúde
Orientador (a): Profª. Drª. Jordana de Almeida
Nogueira
João Pessoa, PB
2013
S586t Silva, Daiane Medeiros da.
Tratamento da tuberculose na Atenção Básica: avaliação de
estrutura e processo dos serviços de saúde / Daiane Medeiros da
Silva.- João Pessoa, 2013.
89f.
Orientadora: Jordana de Almeida Nogueira
Dissertação (Mestrado) – UFPB/CCS
1. Tuberculose - Atenção Básica. 2. Tuberculose - serviços de
saúde - avaliação. 3. Profissionais de saúde - desempenho.
UFPB/BC CDU: 616-002.5(043)
DAIANE MEDEIROS DA SILVA
Tratamento da tuberculose na Atenção Básica: avaliação de estrutura
e processo dos serviços de saúde
Trabalho apresentado e submetido à avaliação da banca examinadora como requisito
para a obtenção do título de Mestre do Programa de Pós-Graduação em Enfermagem da
Universidade Federal da Paraíba.
APROVADO EM ___________ DE ____________________________2013
Banca examinadora
___________________________________________________
Prof.ª Drª. Jordana de Almeida Nogueira - Orientadora
(Universidade Federal da Paraíba - UFPB)
____________________________________________________
Prof.ª Drª. Lenilde Duarte de Sá – Examinadora
(Universidade Federal da Paraíba - UFPB)
______________________________________________________
Prof.ª Drª. Silvia Helena Figueiredo Vendramini – Examinadora
(Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto - FAMERP)
João Pessoa, PB
2013
Dedicatória
Ao nosso amado Deus, pelo dom da vida, pela sua infinita bondade, por me guiar
e me amparar em todos os momentos da minha vida.
À minha família, em especial aos meus pais e irmãos, pelo amor incondicional,
pelas palavras de incentivo, pelo apoio e por nunca medirem esforços para o meu
crescimento pessoal e profissional.
Ao meu noivo, José Felix, que também é minha família, pelo seu amor,
companheirismo, paciência, apoio, amizade, compreensão e por estar ao meu lado
dando forças para eu sempre seguir adiante e crescer.
Agradecimentos
Mais um ciclo se completa em minha vida, ficando o sentimento de gratidão por todos
aqueles que fizeram deste sonho, realidade. Muitos foram os momentos de cansaço, ansiedade,
alegrias, vitórias, saudades, lágrimas... Mas, em todos esses momentos pessoas muito importantes e
queridas estiveram ao meu lado, dando-me coragem, força, estendendo-me a mão e ajudando-me a
levantar. A todos vocês que amo e admiro de coração, quero dar-lhe o meu muito obrigada, repleto de
gratidão, amor e carinho!
Primeiramente, agradeço a Deus, meu pai amado, pelo dom da vida, por está sempre presente nos
momentos de alegrias e tristezas, por me carregar em seus braços, quando não suportava mais a
caminhada e me dá forças para continuar, por todas as bênçãos derramadas durante toda a minha
vida, e por ter me permitido alcançar tamanha vitória!
A Nossa Senhora, minha mãe amável e fiel, que esteve sempre intercedendo por mim, nas horas de
alegrias e tristezas, cobrindo-me com seu manto sagrado e dando-me seu amor de mãe!
A minha base, minha mãe Ana e meu pai David, que foram fundamentais nesta minha trajetória, que
suportaram a minha ausência e a distância, que sempre buscaram o melhor para mim e para meus
irmãos, que apesar de algumas dificuldades, não mediram esforços para nos proporcionar a felicidade
e grandes oportunidades!
Aos meus irmãos, Lucas e Isabelle, àqueles com quem cresci, aprendi e passei os melhores momentos da
minha vida!
Ao meu grande amor, José Felix, pelo apoio e incentivo, pela paciência e compreensão. Pela
cumplicidade e alegria diária!
A todos os meus familiares, avós, avô, tios, tias, primos, padrinhos, madrinhas que sempre torceram
pela minha vitória e acreditaram no meu sucesso!
Aos meus amigos, distantes e próximos, ausentes e presentes, que estiveram sempre ao meu lado,
mesmo que, muitas vezes, através de mensagens, recados, e-mails, ou pela força do pensamento,
sempre se fizeram presentes!
Ao quarteto fantástico, Débora, Eloíse e Hérika, e que também faço parte, que desde o início foram
ombro amigo, que sempre me levantaram na queda, que me ouviram quando tudo parecia sem solução,
que choraram e sorriram junto comigo. Com certeza seremos vencedoras!
Às minhas grandes amigas, Noeli, Mônica e Celiane, que vivenciaram comigo grande parte dessa
trajetória, que foram muito mais que companheiras de quarto, foram amigas, irmãs e muitas vezes
mãe. Que choraram, sorriram e cantaram junto comigo, e que mesmo desafinando, não me
abandonaram!
A minha amada orientadora, Profª Drª Jordana, pela paciência, generosidade, simplicidade,
humildade e exemplo! Por sempre compartilhar seus conhecimentos e experiências. Mostrando-me que
ser mestre não é apenas lecionar ou transmitir conteúdo, mas ser instrutor, amigo, guia e
companheiro. Muito Obrigada!
À querida Profª. Drª. Lenilde, a quem tenho um enorme carinho, pela generosidade com que me
permitiu conhecê-la e, acima de tudo, por influenciar sabiamente a minha vida.
Á Profª Silvia que prontamente aceitou o convite em participar da banca examinadora, tornando-se
fundamental para o aprimoramento e conclusão deste trabalho!
À Profª Tite, Profº Ruffino e Profª Lúcia pelo conhecimento humildemente compartilhado e pelas
oportunidades dadas a todos do grupo GEOTB!
A toda turma Mestrado 2011.1 pelos conhecimentos compartilhados e pela amizade construída
durante essa caminhada!
Ao Grupo de Estudos e Qualificação em Tuberculose, por sonharmos e militarmos juntos!
Aos amigos do GRUPO TB, Cybelle, Luana, Débora Raquel, Rafaela, Georgia, Profª Sandra, Kézya,
Layza, Jéssica, Débora e todos que compõem essa família, pelo companheirismo, amizade,
solidariedade, cumplicidade e dedicação! Vocês são meus exemplos, minhas referências de pessoas e
profissionais!
Aos amigos do GEOTB pelo aprendizado conquistado e pela oportunidade de se trabalhar em rede!
A seu Ivan, Dona Carmem, Seu Antônio, Felipe pela amizade, pelas ajudas e pela alegria diária!
A todos os envolvidos na coleta de dados, profissionais, usuários, Alexsandra, coordenadora do PCT
em Cabedelo, que não mediram esforços para que tudo desse certo!
E a todos que rezaram, torceram e acreditaram nesta minha vitória, deixo o meu muito obrigada!
“A utopia está lá no horizonte.
Me aproximo dois passos, ela se afasta dois passos.
Caminho dez passos e o horizonte corre dez passos.
Por mais que eu caminhe, jamais alcançarei.
Para que serve a utopia?
Serve para isso: para que eu não deixe de caminhar.”
Eduardo Galeano
RESUMO
SILVA, D. M. Tratamento da tuberculose na Atenção Básica: avaliação de estrutura e
processo dos serviços de saúde. 2013. 90f. Dissertação (Mestrado em Enfermagem) –
Programa de Pós-Graduação em Enfermagem – Centro de Ciências da Saúde, Universidade
Federal da Paraíba, João Pessoa, 2013.
O estudo teve como objetivo avaliar a estrutura e o processo dos serviços de Atenção Básica
(AB) para o tratamento da tuberculose em município portuário da Paraíba. Trata-se de estudo
epidemiológico, descritivo, tipo inquérito, de abordagem quantitativa, que adotou como eixo
metodológico os componentes de avaliação de serviços de saúde estrutura e processo.
Participaram do estudo 117 profissionais atuantes em 18 Unidades de Saúde da Família do
município, entrevistados por meio de um instrumento estruturado, elaborado, adaptado e
validado pelo Grupo de Estudos Operacionais em Tuberculose da Rede Brasileira de Pesquisa
em Tuberculose, contendo indicadores de avaliação do desempenho dos profissionais de saúde
no acompanhamento dos casos de TB no âmbito da Atenção Primária a Saúde. A análise dos
dados foi realizada por meio de distribuição de frequência absoluta/relativa e da construção de
indicadores, utilizando proporções, para a classificação do desempenho das variáveis, no intuito
de avaliar qual variável poderia estar interferindo na avaliação negativa dos serviços, e através
de médias e intervalos de confiança para a classificação dos serviços de saúde. Em relação ao
componente estrutura, item recursos humanos, o envolvimento da equipe ou de outros
profissionais de saúde no atendimento ao doente de TB mostrou-se insatisfatório, assim como a
realização de capacitação, tanto pelo Programa de Controle da Tuberculose municipal quanto
pelos próprios serviços de saúde, para a equipe mínima do serviço. Quanto ao item recursos
físicos, a disponibilidade de vale transporte alcançou desempenho crítico, diferindo do insumo
cesta básica que se mostrou satisfatório. A disponibilidade de insumos/equipamentos pelas
unidades de saúde para o controle da TB e de medicamentos para a TB apresentaram
desempenho satisfatório. Em relação ao item organização do serviço, a realização de discussões
dos casos de tuberculose entre os profissionais de saúde apresentou desempenho insatisfatório.
Tanto o acesso à consulta no prazo de 24 horas, como também a orientação aos doentes de TB
em relação à busca por atendimento fora da data agendada caso necessitem apresentaram
desempenho satisfatório. O atendimento da demanda dos serviços de AB pelos laboratórios
mostrou-se crítico, esta mesma classificação é alcançada pelas variáveis que se referem ao
acesso ao resultado do exame de baciloscopia de escarro em sete dias e à existência de sistema
informatizado contendo informações sobre o doente de TB. A articulação dos serviços de saúde
de AB com outros níveis de atenção apresentou desempenho insatisfatório. No que se refere ao
componente processo, a discussão conjunta com o doente quanto a forma de realização de seu
acompanhamento obteve desempenho insatisfatório, já a oferta de Tratamento Diretamente
Observado no domicílio foi classificado como satisfatório. A realização mínima de baciloscopia
bimensal de escarro para o controle do tratamento da TB obteve resultado insatisfatório. A
contra-referência das informações alcançou desempenho crítico. Na classificação dos serviços,
apenas o serviço de saúde C alcançou desempenho satisfatório, com média 84,2 e IC=[63,1 ;
105,0]. Por meio destes resultados, notam-se deficiências tanto na organização dos serviços de
saúde quanto no processo de trabalho dos profissionais, os quais se pautam no modelo
curativista, elucidando o caráter fragmentado das ações de controle da TB e o reconhecimento
apenas do biológico e da cura como objeto de trabalho.
Palavras-chaves: Tuberculose. Atenção Primária à Saúde. Avaliação dos Serviços de Saúde.
ABSTRACT
SILVA, D. M. Tuberculosis treatment in Basic Attention: evaluation of structure and
process of health services. 2013. 90f. Dissertation (Master’s degree in Nursing) – Postgraduate
Program in Nursing – Health Sciences Center, Federal University of Paraíba, João Pessoa, 2013.
The study had as objective to evaluate the structure and the service process of Basic Attention
(BA) for the treatment of tuberculosis in a port city of Paraíba. This is an epidemiological study,
descriptive, of inquiry type, of quantitative approach, which adopted as methodological axis the
components of evaluation of health services, structure and process. Participated in the study 117
professionals in 18 Family Health Units of the city, interviewed by means of a structured
instrument, elaborated, adapted, and validated by the Operating Study Group in Tuberculosis of
the Brazilian Network of Research in Tuberculosis, containing indicators of performance
evaluations of health professionals in monitoring cases of TB in the context of Primary health
Attention. Data analysis was carried out through the distribution of absolute/relative frequency
and the construction of indicators, using proportions, to classify the performance of variables, in
order to evaluate which variable would be interfering in the negative evaluation of services, and
through averages and confidence intervals for the classification of health services. Regarding
the component structure, human resource item, the involvement of staff or other health
professionals in the treatment of sick people with TB showed to be unsatisfactory, as well as the
realization of training, both Tuberculosis Control Program of the city as by the health services,
for minimal service staff. Regarding the item physical resources, the availability of
transportation tickets achieved a critical performance, differing from the basic food basket that
showed to be unsatisfactory. The availability of supplies/equipment by health units for TB
control and medicines for TB showed satisfactory performance. Regarding the item service
organization, the conduction of discussions of tuberculosis cases between health professionals
showed unsatisfactory performance. Both access to the consultation within 24 hours, as well as
the guidance for TB patients in relation for the search for attendance out of the date set if they
need, showed satisfactory performance. The attendance for the demand of TB services by
laboratories proved critical, this classification is achieved by variables relating to the access to
the test result sputum bacilloscopy in seven days and the existence computerized system
containing information about the TB patient. The articulation of health services of TB with
other levels showed unsatisfactory performance. With regard to the component process, the joint
discussion with the patient as the way of realization of their accompaniment obtained
unsatisfactory performance, since the offer of Directly Observed Treatment at home was
classified as satisfactory. The minimum realization of bimonthly sputum bacilloscopy for the
control of TB treatment obtained unsatisfactory result. The counter-reference of information
achieved critical performance. In the classification of services, only health service C achieved
satisfactory performance, averaging 84,2 and IC= [63.1; 105,0]. Through these results, it is
notes deficiencies in both organization of health services and in the process of the work of
professionals, which are guided on the curative model, elucidating the fragmented character of
control actions of TB and recognizing only the biological and the healing as object of study.
Keywords: Tuberculosis. Primary Health Attention. Evaluation of Health Services.
LISTA DE FIGURAS
Figura 1. O sistema de serviços de saúde (componentes de avaliação da
qualidade dos serviços de saúde)......................................................... 35
LISTA DE QUADROS
Quadro 1. Variáveis de desempenho dos serviços de Atenção Básica no
tratamento da tuberculose, segundo os componentes avaliativos dos
serviços de saúde.................................................................................. 44
LISTA DE TABELAS
Tabela 1. Indicadores de cura, abandono e óbitos dos casos de tuberculose
notificados em Cabedelo, no período de 2008 a 2011......................... 37
Tabela 2. Distribuição das categorias profissionais nas unidades de saúde,
Cabedelo, 2011.................................................................................... 40
Tabela 3. Interpretação dos resultados obtidos para os componentes avaliativos.
e variáveis............................................................................................ 45
Tabela 4. Distribuição proporcional e classificação das variáveis
correspondentes ao componente estrutural (recursos humanos) dos
serviços de atenção básica para o tratamento da tuberculose segundo
os profissionais de saúde, Cabedelo,
2011...................................................................................................... 48
Tabela 5. Distribuição proporcional e classificação das variáveis
correspondentes ao componente estrutural (recursos físicos) dos
serviços de atenção básica para o tratamento da tuberculose segundo
os profissionais de saúde, Cabedelo,
2011....................................................................................................
49
Tabela 6. Distribuição proporcional e classificação das variáveis
correspondentes ao componente estrutural (organização do serviço)
dos serviços de atenção básica para o tratamento da tuberculose
segundo os profissionais de saúde, Cabedelo,
2011.....................................................................................................
50
Tabela 7. Distribuição proporcional e classificação das variáveis
correspondentes a atenção proporcionada (desempenho) dos serviços
de atenção básica para o tratamento da tuberculose segundo os
profissionais de saúde, Cabedelo,
2011.......................................................................................................
51
Tabela 8. “Classificação” dos Serviços de Saúde da Atenção Básica de
Cabedelo, segundo os componentes estrutura e processo, 2011............ 52
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
AB Atenção Básica
ACS Agente Comunitário de Saúde
APS Atenção Primária à Saúde
CAPS Centro de Atenção Psicossocial
CAPS AD Centro de Atenção Psicossocial Álcool e Drogas
CEO Centro de Especialidades Odontológicas
CNES Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde
CNS Conselho Nacional de Saúde
DOTS Directly Observed Treatment Short Course
ESF Estratégia Saúde da Família
GEOTB Grupo de Estudos Operacionais em Tuberculose
HIV Human Immunodeficiency Virus
HULW Hospital Universitário Lauro Wanderley
IC Intervalo de Confiança
IDHM Índice de Desenvolvimento Humano Municipal
LACEN Laboratório Central de saúde Pública
MS Ministério da Saúde
NASF Núcleo de Apoio à Saúde da Família
OMS Organização Mundial da Saúde
PCT Programa de Controle da Tuberculose
PIB Produto Interno Bruto
PNCT Programa Nacional de Controle da Tuberculose
REDE TB Rede Brasileira de Pesquisa em Tuberculose
SAE Serviço de Atendimento Especializado
SINAN Sistema de Informação de Agravos de Notificação
SMS Secretaria Municipal de Saúde
SS Serviços de Saúde
SUS Sistema Único de Saúde
TB Tuberculose
TDO Tratamento Diretamente Observado
USF Unidades de Saúde da Família
SUMÁRIO
Apresentação.......................................................................................................................... 15
1 Considerações iniciais......................................................................................................... 17
1.1 Delineamento do Objeto de Estudo.............................................................................. 18
1.2 Organização da rede de cuidado na atenção aos casos de Tuberculose........................ 21
2 Objetivos............................................................................................................................... 26
2.1 Objetivo geral.............................................................................................................. 27
2.2 Objetivos específicos..................................................................................................... 27
3 Marco teórico....................................................................................................................... 28
3.1 Avaliação da qualidade dos serviços de atenção primária............................................ 29
4 Materiais e Método........................................................................................................... 33
4.1 Delineamento do estudo............................................................................................... 34
4.2 Referencial metodológico............................................................................................. 34
4.3 Local de estudo............................................................................................................. 35
4.3.1 Descrição do sistema de saúde do município de Cabedelo................................. 36
4.3.2 Atenção à tuberculose no município de Cabedelo.............................................. 36
4.4 População de estudo...................................................................................................... 39
4.4.1Amostra.................................................................................................................. 40
4.5 Coleta de dados............................................................................................................. 41
4.5.1 Procedimentos de coleta de dados....................................................................... 41
4.5.2 Instrumento de coleta de dados........................................................................... 42
4.5.3Variáveis do estudo............................................................................................... 44
4.6 Análise dos dados............................................................................................................. 45
4.7 Aspectos éticos................................................................................................................. 46
5 Resultados............................................................................................................................ 47
5.1 Caracterização da população de estudo.......................................................................... 48
5.2 Classificação do desempenho das variáveis do componente estrutura........................... 48
5.3 Classificação do desempenho das variáveis do componente processo........................... 50
5.4 Classificação dos serviços de saúde segundo variáveis do componente estrutura e
processo.............................................................................................................................. 51
6 Discussão............................................................................................................................... 53
7 Considerações finais............................................................................................................ 67
8 Referências.......................................................................................................................... 70
Anexos.................................................................................................................................... 81
16
Este estudo insere-se no projeto multicêntrico intitulado “Estratégia DOTS no
tratamento da tuberculose: desempenho da atenção básica em municípios da região sul,
sudeste e nordeste do Brasil”, aprovado e financiado pelo Conselho Nacional de
Desenvolvimento Científico e Tecnológico (Edital MCT/CNPq/CT-Saúde/MS/ SCTIE/
DECIT, Edital nº 14/2010) e desenvolvido pelo Grupo de Estudos Operacionais em
Tuberculose (GEOTB) da Rede Brasileira de Pesquisa em Tuberculose (REDE-TB).
Com o propósito de fomentar a produção de conhecimento interdisciplinar na atenção à
tuberculose (TB), o GEOTB congrega pesquisadores oriundos de diversas instituições de
ensino superior no Brasil e profissionais da saúde que atuam nas áreas assistenciais e de
gestão de serviços. A partir de abordagens quantitativa e qualitativa, o grupo tem se dedicado
ao desenvolvimento de pesquisas operacionais que contemplam a avaliação dos serviços de
saúde (SS) no controle da TB, sobretudo com enfoque na dimensão da organização e
desempenho dos SS em diferentes regiões do país. Utiliza como referencial teórico-
metodológico as categorias básicas da avaliação da qualidade dos serviços de saúde:
Estrutura-Processo-Resultado proposta por Donabedian (1996), Starfield (2002), Tanaka e
Melo (2004) e Hartz (2006), considerando os diferentes modelos de atenção a saúde (Atenção
Básica ou Serviços Especializados).
Na Paraíba um subprojeto vem sendo desenvolvido em municípios da região
metropolitana de João Pessoa e encontra-se sob a coordenação de pesquisadores do Grupo de
Estudo e Qualificação em Tuberculose da Paraíba- Grupo TB/PB, vinculado ao Programa de
Pós-Graduação em Enfermagem da Universidade Federal da Paraíba. A proposta desta dissertação foi avaliar a estrutura e o processo dos serviços de
Atenção Básica (AB) para o tratamento da TB em Cabedelo-PB, município da região
metropolitana da Paraíba.
18
1.1 Delineamento do Objeto de Estudo
O percurso histórico da Tuberculose (TB) comprova que os avanços tecnológicos
relacionados à descoberta de medidas preventivas e terapia medicamentosa para a cura,
ocorridos no século XX, proporcionaram importantes mudanças no tratamento e
representação social da doença. Porém, oponente aos avanços obtidos, a TB destaca-se neste
milênio como a doença que mais mata no mundo, encontrando-se em franca expansão
predominantemente nos países de baixa visibilidade social, entre os segmentos populares mais
empobrecidos (SANTOS et al, 2005). Sua ocorrência encontra-se diretamente relacionada ao
modo como se organizam os processos de produção e organização social, assim como à
implementação de políticas de controle da doença (RUFFINO-NETTO, 2002).
Segundo informações da Organização Mundial de Saúde (OMS), a taxa de incidência
da TB vem diminuindo desde 2002 em 1,3% ao ano. No entanto, estima-se que entre 2002 e
2020, mais de 150 milhões de pessoas ficarão doentes e 36 milhões morrerão de TB se não
houver controle efetivo. A OMS estimou ainda, no ano de 2010, a ocorrência de 8,8 milhões
de casos de TB no mundo, sendo 1,1 milhões de mortes entre pessoas com HIV negativo e
0,35 milhões de óbitos em coinfectados TB/HIV. Dados preocupantes, levando-se em
consideração, ainda, os problemas de subnotificação e sub-diagnóstico (WHO, 2011).
Dos casos notificados de TB em 2010, estima-se que 81% estão concentrados em 22
países, sendo os cinco primeiros a Índia (um quarto dos casos), China, África do Sul,
Indonésia e Paquistão. O Brasil, apesar da redução recente do número de casos, encontra-se
também nesse quadro, ocupando a 19ª posição em números de casos bacilíferos (WHO,
2011). Neste mesmo ano, foram notificados no país 71 mil casos novos de TB, com uma
incidência estimada de 37,9 casos por 100.000 habitantes e prevalência de 50 casos por
100.000 habitantes, sendo que 10% do total correspondem a coinfectados pelo HIV. Dentre os
estados que apresentam maiores taxas de coinfecção, encontram-se Santa Catarina (21,1%) e
Rio Grande do Sul (20,6%). A TB foi ainda a terceira causa de mortalidade por doenças
infecciosas, com 4,8 mil óbitos por ano (BRASIL, 2011).
O Estado da Paraíba notificou em 2010, 1.065 casos novos de TB, apresentando uma
taxa de incidência de 28,3/100.000 habitantes, com percentual de coinfecção com HIV de
7,2%. Nota-se que, nos últimos 10 anos, a taxa de incidência vem apresentando tendência de
queda, assemelhando-se aos dados nacionais. Quanto à taxa de mortalidade, em 2009, o
estado apresentou 2,1/100.000 habitantes. No mesmo período, avaliando o encerramento dos
casos, obteve-se 63,4% de cura e 8% de abandono entre os casos novos de TB, o que contraria
19
ainda os percentuais recomendados pela OMS, de 85% de cura e 5% de abandono. Em 2010,
dos casos novos de TB, 42,2% realizaram o Tratamento Diretamente Observado (TDO),
sendo oferecido o teste anti-HIV para 66,8% desses (BRASIL, 2011a).
Dos 223 municípios que compõe o Estado da Paraíba, onze foram eleitos pelo
Ministério da Saúde como prioritários para a operacionalização do Programa de Controla da
Tuberculose: João Pessoa, Bayeux, Santa Rita, Campina Grande, Patos, Cajazeiras, Cabedelo,
Sapé, Sousa, Pombal e Guarabira (LIMA, 2010).
Em Cabedelo, município selecionado para realização deste estudo, foram notificados
em 2010, 31 casos de TB, com uma taxa de incidência de 46,59/100.000 e co-infecção com
HIV de 13,3%. Ainda nesse período, obtiveram-se 74,2% de cura, 19,4% de abandono, 6,5%
de óbitos (SINAN, 2012).
Há evidencias de que a permanência da TB no território nacional reflete o estágio de
desenvolvimento social do país, cujos determinantes do estado de pobreza, a fragilidade das
organizações dos serviços de saúde e as deficiências quanti-qualitativas da gestão limitam as
ações de controle da TB (OLIVEIRA et al, 2009; SILVA JR, 2004).
No aspecto organizacional, a produção do cuidado direcionada aos casos de TB é
diretamente influenciada pelo modo como se organiza a rede de serviços de atenção à saúde.
Segundo os preceitos do Sistema Único de Saúde Brasileiro – em conformidade com o
modelo de Atenção Primária à Saúde (APS) e a Política Nacional da Atenção Básica,
pressupõe-se que a atenção aos casos de TB estruture-se tendo a Saúde da Família como
centro ordenador e integrador da rede de serviços de saúde (GIOVANELLA et al, 2009;
BRASIL, 2006). Reconhece-se, ainda, a importância da atuação das Equipes de Saúde da
Família (ESF), como espaço legítimo para implementação de ações de vigilância, prevenção e
controle da doença.
No entanto, observa-se descompasso entre a transferência de responsabilidades das
ações de controle da TB para os serviços da APS e a capacidade de resposta das equipes para
o manejo da doença. Embora venha sendo intensificada a descentralização das ações de
diagnóstico e tratamento constata-se que os serviços da APS não se constituem como porta de
entrada dos casos de TB. O esclarecimento diagnóstico é feito tardiamente, cabendo aos
ambulatórios especializados a oferta de ações de detecção de casos e tratamento (SCATENA
et al, 2009; FIGUEIREDO et al, 2009).
Apesar da relevância da temática, poucos estudos nacionais e internacionais focam a
avaliação do desempenho dos serviços de saúde para a atenção ao tratamento de casos da TB.
Os estudos, em sua grande maioria, voltam-se para a avaliação da eficácia de antigos e novos
20
métodos diagnósticos (BRADLEY; REED; CATANZARO, 1996; COHEN et al, 1998;
ARLAUD et al, 2010), a eficácia de duas estratégias importantes para a detecção de casos - a
busca ativa de sintomáticos respiratórios (MUNIZ, 2005; NOGUEIRA, 2007; PINHEIRO et
al, 2012) e o controle de comunicantes (ADEYEKUN; EGBAGBE; ONI, 2010; SILVA et al,
2012) e dos fatores que levam ao atraso no diagnóstico da doença (RAO et al, 1999;
GREENAWAY et al, 2002; ALTET GÓMEZ et al, 2003; MOSTAZA et al, 2007).
Dentre os aspectos relacionados às dimensões organizacionais e de desempenho dos
serviços de APS na atenção ao diagnóstico, identifica-se deficiências de integração e
coordenação da rede de serviços de saúde, que envolvem elementos do plano de interação
com o paciente/comunidade, dos prestadores de serviço e da política de saúde. Verifica-se
baixa capacidade de suspeição; fluxo desordenado e direcionamento dos casos suspeitos para
as unidades especializadas; deficiência no sistema de referência e contra-referência;
fragmentação e medicalização no processo do cuidado; atuação inexpressiva das equipes na
atenção ao domicilio (SÁ et al, 2011; NOGUEIRA et al, 2012; NÓBREGA et al, 2010;
TRIGUEIRO et al, 2011; NOGUEIRA et al, 2011; MARCOLINO et al , 2009; SCATENA et
al, 2009; SELIG et al, 2004; DÍEZ et al, 2005; SANTOS et al, 2005; YIMER; BJUNE;
ALENE, 2005; CAVALCANTI et al, 2006; JAMAL et al, 2007; WANG et al, 2007;
CÁCERES; OROZCO, 2008; MENGISTE et al, 2009).
Em estudos, cujo foco volta-se para o desempenho dos serviços na atenção ao
tratamento, a avaliação fica em torno de indicadores de resultados, como a taxa de cura e de
abandono. Logo, optou-se por avaliar o desempenho dos serviços de AB para o tratamento da
TB a partir de indicadores de avaliação “estrutura e processo”. A avaliação tem como
propósito fundamental dar suporte aos processos decisórios no âmbito do sistema de saúde,
subsidiar a identificação de problemas, reorientar as ações e serviços desenvolvidos, avaliar a
incorporação de novas práticas na rotina dos profissionais e mensurar o impacto das ações
implementadas pelos serviços e programas sobre o estado de saúde da população.
Nesse sentido, nota-se que a avaliação em saúde tem se tornado uma alternativa eficaz
para dar respostas a respeito das ações planejadas e executadas, fornecendo informações sobre
o modo de funcionamento, qualidade, efetividade, segurança e satisfação dos usuários dos
sistemas de saúde (SAMICO et al, 2005). No contexto da TB, a avaliação da qualidade dos
serviços permite a verificação de dificuldades enfrentadas no controle da doença, tanto no
diagnóstico quanto no tratamento, viabilizando o despertar dos gestores e profissionais de
saúde para a necessidade de traçar intervenções capazes de modificar o quadro sanitário
21
apresentado pela doença, alterando assim, os indicadores epidemiológicos desse agravo
(SANTOS, 2012; SÁ et al, 2011).
Nesta perspectiva, a investigação será realizada com a participação de parte dos atores
implementadores do processo, os profissionais de saúde, pois eles podem expressar adesão ou
resistências em relação ao desenvolvimento das ações e implantação de novas estratégias, o
que possibilita a realização de ajustes na produção do cuidado (CANESQUI; SPINELLI,
2008; SILVA, CALDEIRA, 2010).
1.2 Organização da rede de cuidado na atenção aos casos de Tuberculose
Em 1993, a Organização Mundial de Saúde, fundamentada pelos altos índices de
incidência e mortalidade existentes, principalmente em países com situação socioeconômicas
desfavoráveis, reconheceu a TB como emergência mundial. A escassa priorização na
implementação de ações de controle, culminou no surgimento de surtos de TB
multirresistentes até mesmo em países desenvolvidos, juntamente com a co-infecção HIV/TB,
fator de mudança na história natural da TB (HIJJAR et al, 2005).
Ao deparar-se com tal situação e analisando que precisava de apoio no controle da TB,
a OMS criou o programa “STOP TB”, o qual reuniu instituições com poder econômico e
científico, objetivando reavaliar e criar estratégias para o controle da TB, e torná-la,
novamente, um problema de relevância pública (RUFFINO NETTO, 2002). Surge, então,
neste período, a estratégia da terapia diretamente observada de curta duração - Directly
Observed Treatment Short Course - (DOTS), estabelecendo pela primeira vez a padronização
de um marco universal, no qual, os países poderiam nortear e desenvolver seus programas
nacionais de saúde (BRASIL, 2011b; BARREIRA, ARAKAKI-SANCHEZ, BRITO, 2010;
WHO, 1999).
A estratégia DOTS é entendida como um conjunto de práticas que se ancoram em
cinco componentes: compromisso político para o fortalecimento de recursos humanos e
garantia de recursos financeiros; elaboração de planos de ação e mobilização social;
diagnóstico por meio de exames bacteriológicos de qualidade; fornecimento e gestão eficaz
do medicamento; sistema de monitoramento e avaliação ágeis que permitam a análise dos
casos, desde sua notificação até seu encerramento, e tratamento padronizado com supervisão
da ingesta medicamentosa (BRASIL, 2010).
Este último, o Tratamento Diretamente Observado (TDO), é um elemento chave desta
estratégia, que visa o fortalecimento da adesão do doente ao tratamento e a prevenção do
22
aparecimento de cepas resistentes aos medicamentos, reduzindo assim os casos de abandono,
mortalidade e aumentando a probabilidade de cura (CRUZ et al, 2012; BRASIL, 2011b).
No contexto nacional, tendo como finalidade o controle da TB, o Ministério da Saúde
lançou em 1996 o Plano Emergencial para o Controle da Tuberculose, recomendando a
implantação da estratégia DOTS, com fins de controlar a TB. Entretanto, este foi formalmente
oficializado apenas três anos depois, por meio do Programa Nacional de Controle da
Tuberculose (PNCT), e continua sendo uma das prioridades para que o país atinja a meta de
curar, no mínimo, 85% das pessoas acometidas pela doença, diminuindo a taxa de abandono a
menos de 5% e assim proporcionando um efetivo controle da doença no país (BRASIL,
2011).
Aliado às recomendações previstas para implantação da estratégia DOTS, o PNCT
enfatiza a importância do estabelecimento de uma rede descentralizada de diagnóstico e
tratamento, integrada à APS, visando horizontalizar as atividades de vigilância, prevenção e
controle da doença, pela incorporação das mesmas às atribuições das equipes da ESF.
Ressalta-se que, no Brasil, com a regulamentação do Sistema Único de Saúde, houve a
renovação da concepção de APS para uma abordagem mais abrangente, uma vez que se
encontrava, até então, seletiva e de baixa qualidade, passando-se a usar o termo atenção básica
em saúde, a qual perpassa por ações de caráter individual e coletiva, visando à promoção da
saúde, prevenção de agravos, tratamento e reabilitação, todos situados no primeiro nível de
atenção (GIOVANELLA et al, 2009).
Esta modalidade de atenção constitui-se a principal porta de entrada para rede de
serviços de saúde e ponto regular de contato na busca e obtenção de cuidados. Dispõem de
recursos de baixa densidade tecnológica e devem atuar com equipes generalistas na lógica da
vigilância da saúde (oferta/demanda/necessidades e problemas), contemplando território,
condições, modos de vida e integralidade (PAIM, 2008) e devem cumprir três funções
essenciais: resolubilidade, comunicação e responsabilização. A função de resolubilidade
significa que deve ser resolutiva, capacitada cognitiva e tecnologicamente, para solucionar
mais de 85% dos problemas de sua população. A função de comunicação expressa o exercício
do centro de comunicação dos sistemas de saúde, o que significa ter condições de ordenar os
fluxos e contrafluxos das pessoas, dos produtos e das informações entre os diferentes níveis
de atenção. A função de responsabilização implica o conhecimento e o relacionamento
íntimo, nos micro-territórios sanitários, da população adscrita e o exercício da
responsabilização econômica e sanitária em relação a ela (MENDES, 2009).
23
O trabalho na rede básica é um dos mais complexos na medida em que, para o seu
bom planejamento, execução e obtenção de resultados satisfatórios, faz-se necessário o
domínio e a aplicação de conhecimentos de várias áreas do campo das ciências sociais,
combinando-os com os conhecimentos biológicos (NARVAI; PEDRO, 2008). Este nível de
atenção, quando bem organizado, constitui precondição para o funcionamento de um sistema
de saúde eficaz, eficiente e equitativo. Neste contexto, os serviços de AB passam a ter um
caráter coletivo e implica em ofertar ações de promoção à saúde e prevenção, além de atenção
curativa e de reabilitação (MENDES, 1996; CUNHA; CAVALCANTE; COSTA, 2012;
BRASIL, 2008).
Na atenção a TB, no que concerne à descentralização das ações de controle da doença
para os serviços da AB, merecem destaque dois pontos fundamentais e estruturantes para o
bom desempenho das equipes. O primeiro relaciona-se à organização da rede de serviços à
“meso-gestão”. Refere-se às formas de organizar os sistemas de saúde, de modo a atender às
demandas por serviços e às necessidades de saúde. O segundo relaciona-se à capacidade de
interação com o doente à “micro-gestão”. Estes elementos são descritos como “componentes
estruturais” que podem ser utilizados para criar ou redesenhar um sistema de saúde capaz de
gerir com maior eficácia os problemas de saúde de longo prazo (WHO, 2002).
Do ponto de vista da meso-gestão, são necessários mecanismos que garantam
articulação das ações entre os diversos níveis técnico-administrativo-gerenciais (compromisso
político para o fortalecimento de recursos humanos e garantia de recursos financeiros;
fornecimento e gestão eficaz do medicamento, retaguarda e agilidade no fluxo laboratorial,
logística, eficiente comunicação entre os diferentes pontos do sistema, provisão de insumos,
sistema de informação em rede). Quanto ao componente da “micro gestão” implica na
ampliação da capacidade técnica dos profissionais e conseqüente empoderamento de suas
funções e competências frente aos casos de tuberculose (WHO, 2002). Envolve uma
dimensão técnica dos serviços que focaliza sua adequação às necessidades dos clientes e a
qualidade dos serviços; uma dimensão voltada para as relações interpessoais que observa a
interação psicológica e social entre os clientes e os produtores de cuidados, no apoio aos
pacientes e na satisfação destes e finalmente uma dimensão organizacional do processo que
diz respeito à acessibilidade aos serviços e à extensão de cobertura dos serviços oferecidos
(CARDOZO GONZALES et al, 2008).
Considerando o manejo dos casos em tratamento de TB, pressupõe-se atenção
continuada, atributo relevante do cuidado em diferentes níveis: seja na relação entre usuário e
equipe, entre funcionários de uma determinada especialidade ou entre especialistas e
24
organizações, níveis ou setores do cuidado (BOERMA, 2006). O TDO, potencialmente capaz
de assegurar a continuidade do cuidado, alia-se a uma abordagem terapêutica, centrada no
indivíduo, que visa aproximar o profissional de saúde da realidade do indivíduo e de sua
família. O TDO, portanto, vai além da vigilância isolada da tomada das medicações, pois traz
uma maior responsabilidade aos profissionais para o seguimento terapêutico, tanto no cenário
do domicílio, quanto dos serviços de saúde, ao incluir a necessidade de fortalecimento do
vínculo e a confiança do doente com a equipe de profissionais e com o serviço, e facilita as
ações de educação em saúde do paciente e de seus contatos (VILLA et al, 2012).
Estudos realizados em diversas regiões do Brasil mostram que o TDO constitui-se
como um momento oportuno para o doente estabelecer vínculo, fortalecer a comunicação,
compartilhar saberes e angústias, problemas e necessidades e esclarecer dúvidas, permitindo,
desta forma, a ampliação do foco terapêutico para além do diagnóstico médico e o tratamento
(QUEIROZ et al, 2012; TERRA, BERTOLOZZI, 2008). Adicionalmente, ressalta-se que
incentivos financeiros, consultas agendadas avisadas, visitas domiciliares, apoio de serviço
social e oferta de cestas básicas podem melhorar o término do tratamento (VOLMINK;
GARNER, 1997; CHAULK; KAZANDJIAN, 1998; CHAULK; GRADY, 2000; VOLMINK,
MATCHABA; GARNER, 2000).
A escolha da modalidade do TDO a ser adotada deve ser decidida conjuntamente entre
a equipe de saúde e o paciente, considerando o contexto biopsicossocial em que o doente se
insere, a realidade e a estrutura de atenção à saúde existente (QUEIROZ et al, 2012; ASSIS et
al, 2012). Devem ser consideradas as seguintes modalidades de supervisão: domiciliar, por
meio da observação realizada na residência do doente ou em local por ele solicitado; na
Unidade de Saúde por meio da observação em Unidades de ESF, Serviços de atendimento de
HIV/Aids ou Hospitais; sistema prisional, pela observação da ingesta medicamentosa neste
local; modalidade compartilhada, quando o doente recebe a consulta médica em uma dada
Unidade de Saúde, contudo faz o TDO em outra mais próxima do domicílio ou trabalho
(BRASIL, 2010).
O TDO consiste ainda na tomada diária (de segunda a sexta-feira) da medicação sob a
supervisão de um profissional de saúde (enfermeiro, técnico e/ou auxiliar de enfermagem ou
agente comunitário). Contudo, vale ressaltar que a Unidade de Saúde pode identificar líderes
comunitários ou responsáveis familiares que auxiliem nessa supervisão (DIMECH, 2010).
Para fins operacionais recomenda-se que, ao final do tratamento, o doente deverá ter tido no
mínimo vinte e quatro ingestas medicamentosas diretamente observadas na fase de ataque
(dois primeiros meses) e quarenta e oito na fase de manutenção. Entretanto, deve ser dada
25
atenção especial para a supervisão do tratamento de doentes com diagnóstico de TB,
prioritariamente os bacilíferos, nas situações de etilismo; casos de retratamento após
abandono; moradores em situação de rua; doentes em privação de liberdade e
institucionalizados (de longa permanência e psiquiátricos) (BRASIL, 2010).
Nesse sentido, o TDO é uma política de controle da TB, a qual contribui para a cura da
doença e permite avaliar o modo como esta perpassa as esferas do cuidado (BRASIL, 2010).
Assim, no contexto da APS, envolve o acesso à prestação de serviços (uma característica
estrutural ou de capacidade da atenção) e a utilização destes serviços quando surge uma
necessidade de atenção (uma característica do processo da atenção) (STARFIELD, 2002).
Infere-se dessa forma, que um bom desempenho na execução do TDO depende da
garantia de uma estrutura mínima para a atuação das equipes de saúde e da integração dos
esforços entre os diferentes atores no controle da TB, tendo como finalidade a otimização de
recursos e o desempenho profissional consciente. Nota-se então, a relevância de se avaliar a
estrutura e o processo dos serviços de AB, uma vez que perpassa todos os aspectos ligados a
capacidade dos sistemas de serviços de saúde, bem como a adequação da prestação de serviço
às necessidades da comunidade.
Portanto, valorizar a avaliação como ferramenta para identificar e localizar problemas
relacionados à oferta e ao manejo dos casos; equidade no acesso; de integração dos serviços;
possíveis dissonâncias e carências de treinamento e construção de competências reveste de
importância a realização desse tipo de estudo.
27
2.1 Objetivo geral
Avaliar a estrutura e o processo dos serviços de Atenção Básica (AB) para o
tratamento da tuberculose em município portuário da Paraíba.
2.2 Objetivos específicos
Identificar as ações desenvolvidas pelos profissionais para o tratamento e controle da TB
nas unidades de atenção primária à saúde;
Analisar a estrutura dos serviços de AB para o tratamento da TB;
Analisar a atenção proporcionada pelos serviços de AB para o tratamento da TB;
Analisar a relação entre a estrutura e a atenção proporcionada pelos serviços de AB para o
tratamento da TB.
29
3.1 Avaliação da qualidade dos serviços de atenção primária
O termo avaliação vem do latim valere e refere-se a valorar, atribuir certo valor ou
mérito a um objeto. Tal conceito se baseia na ideia de que avaliar consiste fundamentalmente
em aplicar um julgamento de valor, com base em critérios previamente definidos, valendo-se
de instrumentos e referências a respeito de uma intervenção ou sobre qualquer um de seus
componentes, permitindo aos diferentes atores envolvidos, que podem ter campos de
julgamentos diferentes, posicionarem-se e construírem (individual ou coletivamente) um
julgamento capaz de ser traduzido em ação, objetivando ajudar na tomada de decisão, no
enfrentamento do problema, bem como na sua resolução (FURTADO, 2009;
CONTANDRIOPOULOS, 2006; TANAKA; MELO, 2001; HARTZ, 1997).
Nesse contexto, a avaliação em saúde se configura como um instrumento central para
a implementação da universalidade e equidade dos serviços de saúde, especialmente se
avaliada com participação da sociedade no controle das ações governamentais
(TANAKA;TAMAKI, 2012). Conforme apontam alguns autores, avaliar se constitui como
uma forma de participação da construção e aperfeiçoamento do SUS, mostrando-se como uma
oportunidade para os diferentes atores participarem da configuração que se quer dar ao SUS,
sendo ao mesmo tempo um processo de aprendizagem e de controle social (SILVA;
CALDEIRA, 2010; TAKEDA; TALBOT, 2006; NOVAES, 2004).
De acordo com Sisson et al (2010), a avaliação de programas e serviços de saúde
busca melhorar a execução dos mesmos, através do incremento da sua efetividade e sua
eficiência, e/ou proporcionar elementos para decidir se este deve continuar ou pode ser
reproduzido. A avaliação também deve ser capaz de gerar informações necessárias para
distribuir melhor a infraestrutura e os recursos disponíveis entre as atividades já
empreendidas, ou entre as que se pretende desenvolver mais para frente, e para tomar decisões
dentro do ciclo de planejamento, desenvolvimento, implantação e operacionalização do
programa no futuro.
Contudo, o desenvolvimento de um processo que enfatiza aprendizado e mudanças,
em vez de apenas a formulação de um julgamento de valor em bom ou mau, constitui-se o
verdadeiro desafio em avaliação (TAKEDA;TALBOT, 2006).
Nesse sentido, avaliar a qualidade dos serviços de APS torna-se um desafio cada vez
maior, uma vez que vai de encontro à complexidade que esses serviços experimentam, na
medida em que devem adequar-se às necessidades da população, oferecendo serviços de
prevenção, cura e reabilitação para maximizar a saúde e o bem-estar, considerando o contexto
30
ampliado de saúde e seus determinantes, além de trabalhar com diversos atores e setores
(NOGUEIRA et al, 2011; FIGUEIREDO et al, 2009).
Estudos apontam que, no Brasil, a avaliação em saúde ainda apresenta-se incipiente,
pouco incorporada às práticas, possuindo caráter mais prescritivo, burocrático e punitivo que
subsidiário do planejamento e da gestão. Além disso, os instrumentos existentes ainda não se
constituem ferramentas de suporte ao processo decisório nem de formação das pessoas nele
envolvidas (FIGUEIREDO et al, 2009; FELISBERTO, 2006). Todavia, esses mesmos autores
acrescentam que, apesar de pontuais, diversas iniciativas voltadas para a avaliação em saúde
vêm sendo desenvolvidas de forma progressiva no Brasil, defendendo que o ato de avaliar só
agrega valor, quando o conhecimento e o uso de informações produzidas geram
aprimoramento institucional e profissional.
Em vista disso, a capacidade da avaliação da qualidade dos serviços de atenção
primária de contribuir para o aperfeiçoamento do processo de decisão na saúde, confronta-se
com essa complexidade do campo, caracterizado pelos múltiplos fatores que influenciam o
processo saúde-doença, o que faz a sua construção ser revestida de características e se paute
em princípios próprios para produzir os resultados esperados na saúde da população
(MATIDA; CAMACHO, 2004; MOURA et al, 2010). Nessa linha de pensamento, Garcia
(2011) acrescenta que o conceito de qualidade, particularmente na Atenção Primária,
visualiza-se como uma estratégia que envolve mais do que a prevenção e o manejo enfocados
na doença, sendo inerentemente orientada para a pessoa e a complexidade de atenção
demandada por ela.
Ademais, o termo “qualidade”, quando se remete a serviços de saúde, vem sendo
utilizado em um sentido mais amplo, no intuito de refletir não apenas a qualidade da atenção,
mas também a satisfação dos profissionais que atuam no serviço, os custos da atenção, a
qualificação (capacitação) dos recursos humanos, a adequação dos equipamentos que
contribuem para a prestação dos serviços, além da segurança e aparência agradável das
unidades de saúde em que os serviços são fornecidos (STARFIELD, 2002; DONABEDIAN,
1980).
Nessa perspectiva, Starfield (2002) considera, a partir dessa visão ampliada, três
componentes relevantes nas abordagens para avaliação da qualidade dos serviços de APS,
sendo estes a estrutura (capacidade), o processo (desempenho) e o resultado.
O componente estrutura propicia a prestação dos serviços, compreendendo a
adequação dos recursos para a oferta de atenção clínica, a qual envolve todos os aspectos
ligados a capacidade dos sistemas de serviços de saúde, como quantitativo de pessoal
31
adequadamente treinado, instalações e equipamentos, variedade de serviços, organização
desses serviços, gerenciamento, acessibilidade, financiamento, administração e delineamento
da população eletiva para receber os serviços (STARFIELD, 2002).
O processo (desempenho) aborda a adequação da prestação de serviço às necessidades
da comunidade, ou seja, a oferta da atenção, favorecendo, com isso, o reconhecimento do
problema, e como consequência disto a realização de outras ações, como a formulação de
diagnósticos, instituição de intervenções terapêuticas (tratamento ou manejo) e a reavaliação
do problema, considerando as características culturais e comportamentais e o recebimento da
atenção (utilização, aceitação, satisfação, entendimento e concordância), em que o usuário
decide se e quando usar o sistema de saúde e se irá optar por participar ativamente do
processo (STARFIELD, 2002).
O resultado refere-se aos diferentes estados de saúde decorrentes de seu processo de
atenção, avaliando seu impacto e considerando o ambiente social, político, econômico e físico
(STARFIELD, 2002; DONABEDIAN, 1980). Ressalta-se que cada um desses componentes
possui determinadas características que diferem de acordo com os lugares e épocas, além de
interagirem com o comportamento individual, sendo determinados tanto por ele, como pelo
ambiente social, político, econômico e físico em que o sistema de saúde existe (STARFIELD,
2002).
Para Tanaka e Melo (2001) a avaliação da qualidade dos serviços de saúde baseada no
referencial teórico dos componentes Estrutura-Processo-Resultado (E-P-R), favorece a
participação ativa dos usuários, uma vez que se apresentam interdependentes, abertos e
permeáveis a estes que fazem parte integrante do processo, influenciando e sendo
influenciados pelos mesmos, e por sua vez, trazendo para dentro dos componentes as
características do contexto imediato.
Ao se considerar as peculiaridades existentes no processo de avaliação de serviços de
saúde, especialmente dos serviços de APS, alguns autores sugerem que esta ação se inicie
pelas atividades que já estão sendo desenvolvidas pelos serviços, de preferência, iniciar por
um aspecto relevante e pontual do que deve ser avaliado. Em seguida, deve-se realizar a
avaliação do Processo ou das atividades desenvolvidas baseadas em padrões, e só então se
pode desenvolver a avaliação da Estrutura e do Resultado (SERAPIONE, 2009; MATIDA;
CAMACHO, 2004; TANAKA; MELO, 2001).
Tanaka e Melo (2001) enfatizam que ao se iniciar a avaliação pelo componente
Processo, ou seja, pelo núcleo de atividades essenciais que caracterizam o serviço, a análise
do julgamento dos indicadores de Estrutura (condições e recursos existentes) e de Resultado
32
(modificações obtidas na clientela) obterá maior utilidade na tomada de decisões e no
desenvolvimento de aprendizado e mudanças.
Entretanto, os critérios utilizados para caracterizar um serviço de saúde de qualidade
não são definitivos ou absolutos, uma vez que a evolução do conhecimento e a dinâmica
social exigem, continuamente, mudança e aprimoramentos na forma como se prestam os
serviços. Soma-se a essa afirmação, o fato de que essa classificação em “bom ou ruim”
depende também de situações muito particulares em que se dar o contexto da assistência e do
que os serviços podem produzir, ao se comparar a outros em condições semelhantes, em uma
dada realidade (TANAKA;TAMAKI, 2012; CONTANDRIOPOULOS, 2006).
Nessa direção, pressupõe-se que a avaliação é um instrumento importante para a
tomada de decisões, e consequentemente, para a melhoria das intervenções em saúde, tendo
como objetivo final a prestação de um serviço de qualidade aos usuários do sistema.
34
4.1 Delineamento do estudo
Trata-se de estudo epidemiológico, descritivo, tipo inquérito, de abordagem
quantitativa.
4.2 Referencial metodológico
Com o intuito de analisar o desempenho dos serviços de AB para o tratamento da TB,
elegeu-se como eixo os componentes estrutura (capacidade) e processo (atenção
proporcionada), com base no referencial teórico – metodológico de avaliação da qualidade
dos serviços de saúde proposto por Starfield (2002) e Donabedian (1980).
Destaca-se que a avaliação dos serviços de saúde proporciona melhorias na qualidade
da tomada de decisão, uma vez que favorece a elaboração de julgamento de valor a respeito
de intervenções ou de seus componentes, visando não somente medir seus efeitos e os meios
pelos quais foram obtidos, constituindo-se, assim, como instrumento importante e necessário
para o monitoramento contínuo das ações de saúde e para o redirecionamento e/ou redefinição
de estratégias (HARTZ, 1997; HARTZ, 2006, NOVAES, 2004; CONTANDRIOPOULOS,
2006; TANAKA; TAMAKI, 2012).
Dessa forma, no campo da avaliação da qualidade dos serviços de saúde, três
componentes são destacados: estrutura-processo-resultado. A estrutura (ou capacidade)
corresponde aos recursos necessários que propiciam a oferta de serviços (recursos físicos,
recursos humanos e fontes para a manutenção da infraestrutura e tecnologias existentes para a
execução dos serviços), o processo (ou desempenho) diz respeito ao conjunto de atividades e
procedimentos empregados no manejo dos recursos, sejam por parte dos profissionais de
saúde que ofertam a atenção (atenção proporcionada), ou àquelas que representam atividades
da população (atenção recebida) e o resultado, que se refere às mudanças verificadas, estejam
estas relacionadas a um efeito no estado de saúde dos indivíduos, ou a mudanças de
comportamentos, conhecimentos ou satisfação dos usuários dos serviços. No entanto, ressalta-
se a que esses componentes interagem com o comportamento individual e são determinados
tanto por ele como pelo ambiente social, político, econômico e físico referentes ao local em
que o sistema de serviços de saúde existe (DONABEDIAN, 1996; STARFIELD, 2002).
Nesse sentido, para este estudo, foram enfocados os elementos estruturais: pessoal
(recursos humanos), instalações e equipamentos (recursos físicos) e organização de serviços, e
o elemento processual manejo dos casos (tratamento), da oferta da atenção, de acordo com a
figura 1.
35
Figura 1. O sistema de serviços de saúde (componentes de avaliação da qualidade dos serviços de
saúde).
O elemento estrutural pessoal (recursos humanos) envolve todos os atores envolvidos
na prestação do serviço, considerando sua educação e treinamento. O elemento instalações e
equipamentos (recursos físicos) inclui, além dos componentes físicos, elementos essenciais
para o diagnóstico e tratamento. A organização de serviços abrange o processo de trabalho e
os mecanismos utilizados para a prestação de serviços. Já o elemento do processo, manejo dos
casos (tratamento) compreende a atenção proporcionada pelos profissionais e serviços de
saúde durante o tratamento do agravo (STARFIELD, 2002).
4.3 Local de estudo
Este estudo foi realizado no município de Cabedelo, cidade portuária pertencente à
região metropolitana de João Pessoa - Paraíba, considerado prioritário para o controle da TB
no Estado – com população estimada de 57.926 habitantes, todos residentes em área urbana,
36
com um PIB per capita médio de R$ 9.760,00. O município possui uma área territorial de
31,42 km², dividida em três distritos locais (IBGE, 2010). A característica portuária do
município traz atrelada a si vulnerabilidades, como a prostituição e, consequentemente, as
doenças sexualmente transmissíveis, destacando-se neste contexto a Aids, haja vista sua
relevância na co-infecção TB/HIV (SÁ et al, 2012).
4.3.1 Descrição do sistema de saúde do município de Cabedelo
A rede de Atenção Básica do município organiza-se em 19 Unidades de Saúde da
Família (USF), compostas por 19 equipes de Saúde da Família, perfazendo uma cobertura de
85%, não existindo unidades de saúde integradas, nem divisão por Distritos Sanitários. O grau
de institucionalização das ESF encontra-se consolidada, segundo dados da Secretaria
Municipal de Saúde da cidade (CABEDELO, 2011).
As equipes mínimas de saúde da USF são compostas por médicos generalistas,
enfermeiros, auxiliares/técnicos de enfermagem, odontólogos, agentes comunitários de saúde
e auxiliares de consultório dentário, inserindo-se também neste cenário outras categorias
profissionais como, fisioterapeutas, fonoaudiólogos, psicólogos, avaliadores físicos, agente de
defesa ambiental e assistentes sociais, totalizando 319 profissionais atuantes nesse nível de
atenção (CABEDELO, 2011).
Além das USF, o município conta com 02 Centros de Atenção Psicossocial (CAPS
AD - com 21 profissionais e CAPS I – com 18 profissionais); 01 Centro Especializado de
Odontologia (CEO) que alberga 24 profissionais; 01 Policlínica, 01 Hospital Geral (Hospital
Municipal Padre Alfredo Barbosa) que possui 312 profissionais, estando o mesmo sob gestão
municipal, 01 Laboratório Central de saúde Pública (LACEN) com 04 profissionais, 01
Centro Municipal de Fisioterapia, 01 Farmácia Central e 02 equipes do Núcleo de Apoio à
Saúde da Família (NASF), além de dispor do Serviço de Assistência Especializada (SAE) e de
um Centro Municipal de Referência em Saúde. De acordo com dados do Cadastro Nacional
de Estabelecimentos de Saúde (CNES), o município possui 30 estabelecimentos responsáveis
pelas ações em saúde (BRASIL, 2011c).
4.3.2 Atenção à tuberculose no município de Cabedelo
O município de Cabedelo, município prioritário para o controle da TB na Paraíba,
notificou, no ano de 2010, 31 casos de TB, com uma taxa de incidência de 46,59/100.000 e
co-infecção com HIV de 13,3%. Em relação ao desfecho do tratamento, tem-se observado
37
esforço para alcançar as metas estabelecidas pela OMS (85% de cura e 5% de abandono), haja
vista os indicadores alarmantes obtidos também em 2010, com 74,2% de cura, 19,4% de
abandono, 6,5% de óbitos (SINAN, 2012). Os melhores indicadores apresentam-se no ano de
2009 (Tabela 1).
Tabela 1. Indicadores de cura, abandono e óbitos dos casos de tuberculose notificados em Cabedelo,
no período de 2008 a 2011.
Ano de
notificação
Indicadores
Casos Cura Abandono Óbito por TB
N n % n % n %
2008 26 10 38,5 2 7,7 1 3,8
2009 25 23 92,0 1 4,0 1 4,0
2010 31 23 74,2 6 19,4 2 6,5
2011 29 15 51,7 1 3,4 1 3,4
Fonte: Sinan, 2012.
No decorrer dos anos, a atenção aos doentes de TB no município era
predominantemente realizada de forma centralizada pela equipe do Programa de Controle da
Tuberculose (PCT), inserida no Ambulatório do Hospital Doutor Clementino Fraga,
localizado na capital do estado, João Pessoa, o qual era responsável pelo diagnóstico,
tratamento e acompanhamento dos casos (SÁ et al, 2012).
A partir de 2001, com a descentralização efetiva das ações de TB para a rede básica e
a necessidade de expansão do TDO para todos os doentes de TB, mediante pactuação entre as
instâncias estadual e municipal para a descentralização das ações de TB, iniciou-se o processo
de desconcentração da dose supervisionada para as USF. Tal iniciativa, além de ampliar as
ações da AB, também propiciou o redirecionamento do fluxo de atendimento do doente de
TB, transferindo gradativamente a atenção do serviço de atenção especializada para as USF
(SÁ et al, 2011).
Atualmente, a busca de sintomáticos respiratórios, o diagnóstico, o acompanhamento
clínico-terapêutico, o TDO e o controle dos comunicantes são de competência das referidas
unidades, juntamente com o PCT municipal (SÁ et al, 2012).
Em relação ao diagnóstico e acompanhamento dos casos de TB, as USF dispõem de
insumos necessários para realização do exame de baciloscopia de escarro e solicitação de
exames complementares, tais como pote de escarro, formulários para solicitação de cultura, de
baciloscopia e de exame HIV, além das fichas de referência e contra-referência (SÁ et al,
2012).
38
Entretanto, nem sempre realizam o procedimento de coleta nas dependências da
unidade, por não contarem com recursos disponíveis para armazenamento do material
coletado (geladeira ou isopor). Nestes casos os profissionais orientam os usuários quanto à
realização da coleta de escarro, deixando os mesmos responsáveis pela entrega do material no
início da manhã na USF (ou, em raros casos, no próprio laboratório responsável pela análise
do material). A equipe de saúde da unidade entra em contato com a Secretaria Municipal de
Saúde, a qual é responsável por acionar o motorista da prefeitura que conduzirá o material até
o laboratório central. Caso o usuário entregue o material após o horário de funcionamento do
laboratório, o armazenamento fica condicionado à capacidade estrutural da unidade.
Em casos em que não seja possível o acondicionamento correto do material na unidade
ou haja suspeitas pelo profissional de saúde de que o mesmo possa ter sofrido alguma
alteração devido o acondicionamento inadequado ou “erros” na coleta, despreza-se e solicita-
se nova coleta. O processamento e análise do material são realizados pelo Laboratório Central
(LACEN), recém-inaugurado no município.
A análise do material é realizada em 24 horas, ficando sob a responsabilidade do
próprio usuário o recebimento dos resultados, os quais devem ser entregues à equipe de saúde.
Os laboratórios também são orientados a informar, por telefone, às unidades e ao PCT
municipal quando o resultado para TB for positivo, acelerando, dessa forma, o início do
tratamento.
Exames complementares, a exemplo do Raio-X de Tórax, são solicitados pelo médico,
marcados no próprio serviço de saúde, os casos sob investigação epidemiológica são
encaminhados para realização do exame no Hospital do município ou Policlínica, caso o
usuário prefira esta última opção. O teste de HIV é realizado também no Hospital municipal,
embora algumas ESF realizem o teste rápido na própria unidade. O teste tuberculínico para os
contatos é realizado apenas no hospital, não sendo solicitados para todos, em grande parte, por
resistência dos próprios comunicantes.
Os casos confirmados são acompanhados pela unidade de saúde, porém, muitas vezes,
os próprios usuários procuram o ambulatório especializado (PCT) do Complexo Hospitalar
Clementino Fraga, localizado na cidade de João Pessoa-PB ou são encaminhados pela
Policlínica.
O tratamento supervisionado dos casos se realiza sob a supervisão, geralmente, do
Enfermeiro, profissional este que responde pelas ações de controle de TB na unidade (SÁ et
al, 2012). Entretanto, na maioria das vezes, realiza-se sob a supervisão do ACS responsável
39
pela área em que reside o usuário. A autoadministração da medicação ocorre, principalmente,
nos finais de semana e feriados, momentos em que as USF não têm expedientes.
O Programa de Controle da Tuberculose (PCT) no Município de Cabedelo se insere
nas ações da Vigilância Epidemiológica, estando sob a responsabilidade de um técnico
exclusivo para este agravo. Este suporte técnico oferecido à AB fica também responsável
pelas discussões dos casos com a equipe, busca ativa dos faltosos na tomada da medicação,
através de contato telefônico e visitas, além da supervisão das ações de TB realizadas pelas
ESF.
Atualmente, o número de casos novos é de aproximadamente 31casos/ano (SINAN,
2012), com 100% dos casos descentralizados para o município, reduzindo o fluxo de
atendimento no Hospital Clementino Fraga, referência estadual.
Para contribuir com adesão ao tratamento o Município disponibiliza cestas básicas
durante nove meses consecutivos, a fim de mantê-lo em tratamento e garantindo-lhes o
recebimento da cesta por mais três meses após o término da terapia, proporcionando-lhes uma
melhor reabilitação. As USF realizam busca ativa dos casos sintomáticos respiratórios e
fazem o diagnóstico da TB Pulmonar através da solicitação da baciloscopia, sendo que os
casos de diagnóstico inconclusos são encaminhados a Policlínica Municipal, onde são
investigados pelo especialista, ou encaminhados ao Complexo Hospitalar Clementino Fraga.
Destaca-se ainda a falta de qualificação permanente dos profissionais de saúde das
USF para o controle da TB, implicando no comprometimento da qualidade da assistência
prestada aos portadores desse agravo (SÁ et al, 2012). Tais aspectos se constituem como
desafios para o controle da TB no município, tanto em relação à detecção de casos quanto ao
acompanhamento do tratamento dos doentes.
4.4 População de estudo
A população do estudo foi constituída por profissionais de saúde das 19 USF do
município (médicos, enfermeiros, auxiliares/técnicos de enfermagem e Agentes Comunitários
de saúde - ACS). Realizou-se o levantamento do número de profissionais que atuavam nos
serviços de saúde de AB em 2011 através do CNES (BRASIL, 2011c). A tabela 1 mostra a
distribuição das categorias profissionais participantes do estudo.
Critério de exclusão: profissionais de saúde que trabalhavam em mais de uma USF no
município, no intuito de eliminar as duplicações para não superestimar a amostra.
40
Tabela 2. Distribuição das categorias profissionais nas unidades de saúde, Cabedelo, 2011.
Fonte: Primária, 2012.
4.4.1 Amostra
Considerando uma população de 157 profissionais, o tamanho da amostra estimada foi
calculado admitindo-se que 95% das estimativas poderiam diferir do valor populacional
desconhecido P por no máximo 5%. Adotou-se o valor antecipado para P igual a 0,50. Assim,
o número mínimo de profissionais foi determinado pela expressão n* = (PxQ)/V(p), sendo:
e 16,384000651,0
50,050,0 x
n
O tamanho da amostra n foi corrigido para a população de tamanho N = 157.
112)157/16,384(1
16,384
)/(1
Nn
nn
O processo de amostragem foi realizado por partilha proporcional à categoria
profissional, resultando em 14 médicos, 14 enfermeiros, 17 auxiliares/técnicos de
enfermagem e 69 ACS; e seleção dos sujeitos – as unidades de saúde eram sorteadas e todos
os profissionais eram entrevistados. Caso o serviço de saúde sorteado não completasse o
número necessário de entrevistados, era realizado um novo sorteio até que o número de
profissionais previsto no cálculo da amostra fosse atingido. Nesse sentido, foram
entrevistados profissionais das 19 USF do município. Contudo, durante o processo de análise
uma USF foi excluída da amostra, uma vez que apenas um profissional participou da
pesquisa, sendo este atuante também em outra unidade, incluindo-se no critério de exclusão.
Assim, concordaram em participar do estudo 15 médicos, 16 enfermeiros, 17
auxiliares/técnicos de enfermagem e 69 ACS, totalizando a amostra em 117 profissionais
atuantes em 18 USF.
Categoria profissional USF PROPORÇÃO
Enfermeiro 19 12,1%
Médico (clínico geral + médico da família) 19 12,1%
Auxiliares/técnicos de enfermagem 23 14,6%
ACS 96 61,2%
TOTAL 157 100%
000651,096,1
05,0)(
2
pV
41
4.5 Coleta de dados
4.5.1 Procedimentos de coleta de dados
Antes de se iniciar o projeto e após a aprovação do mesmo pelo Comitê de Ética em
Pesquisa, obedecendo à hierarquia, foram contatados previamente a Secretaria Municipal de
Saúde (SMS), setor de Atenção Básica e Programa de Controle da Tuberculose (PCT), a fim
de apresentar a proposta de pesquisa, como também solicitar a autorização para a realização
da pesquisa no município e cooperação dos mesmos para a coleta dos dados.
A coleta de dados foi realizada de julho a dezembro de 2011, constituindo-se de duas
etapas:
1ª etapa: LEVANTAMENTO DOS DADOS PRIMÁRIOS - INQUÉRITO
Os dados primários foram coletados por meio de entrevistas aos profissionais de saúde
da AB do município selecionados para o estudo, utilizando um instrumento de coleta de dados
estruturado contendo indicadores de avaliação do desempenho dos profissionais de saúde no
acompanhamento dos casos de TB no âmbito da Atenção Primária a Saúde. As entrevistas
foram realizadas após agendamento prévio, via telefone ou pessoalmente pelos
entrevistadores. As entrevistas foram realizadas nos próprios serviços de saúde, em local que
oferecesse privacidade, de acordo com a disponibilidade dos profissionais.
2ª etapa: LEVANTAMENTO DOS DADOS DE CARACTERIZAÇÃO DO
CENÁRIO DE ESTUDO
Para a caracterização do cenário de estudo e da organização da rebe de atenção a TB
no município de Cabedelo, foi utilizado um roteiro para a observação de campo dos serviços
de saúde (ANEXO 2), onde foram observados: rotinas de exame, equipamentos e insumos,
disponibilidade de insumos sociais, sistema de referência e contra-referência, atividades
relacionadas ao TDO e o processo de trabalho dentro das unidades, especialmente ligado à
TB. Ressalta-se, contudo, que os dados obtidos durante a observação não farão parte dos
resultados da análise, mas subsidiarão a descrição do cenário de estudo.
Facilidades:
Bom relacionamento e cooperação entre os pesquisadores, a equipe PCT e a
Secretaria Municipal de Saúde (SMS) (Departamento de AB);
Colaboração dos profissionais de saúde para a realização das entrevistas e
fornecimento de dados secundários;
42
Reuniões periódicas com os pesquisadores para discussões operacionais da
coleta de dados;
Elaboração de relatórios semanais para acompanhamento do andamento da
pesquisa.
Dificuldades:
Difícil acesso aos serviços de saúde (localização, violência e transporte público
pouco disponível);
Dificuldade de resposta em algumas variáveis do questionário pelas categorias
profissionais entrevistadas (dirigindo-se, na maioria das vezes, a
responsabilidade de “saber responder” à enfermeira da unidade);
Demanda de atendimentos (os pesquisadores precisavam passar todo o
expediente na unidade para conseguir realizar a entrevista);
Recusa em participar da pesquisa devido à falta de acompanhamento de casos;
Centralização dos dados dos doentes de TB em tratamento e das ações de
controle pelo PCT municipal.
4.5.2 Instrumento de coleta de dados
Para obtenção dos dados, foi elaborado um instrumento estruturado (ANEXO 1) e
adaptado aos diferentes cenários de estudo pelo Grupo de Estudos Operacionais em
Tuberculose (GEOTB) da Rede Brasileira de Pesquisa em Tuberculose (REDE-TB), contendo
indicadores de avaliação do desempenho dos profissionais de saúde no acompanhamento dos
casos de TB no âmbito da Atenção Primária a Saúde.
Tal instrumento contém 50 questões, segundo escalas variadas de respostas como
dicotômicas, de múltipla escolha com resposta única, que contemplam os três componentes de
avaliação: estrutura, processo e resultado. O instrumento foi submetido a um pré-teste (teste
piloto), subsidiando a revisão e adequação do mesmo. Este instrumento se divide em cinco
seções:
I – Identificação da Unidade de Saúde, incluindo as questões: tipo de unidade e horário de
funcionamento.
II – Identificação do informante chave, contemplando as questões: formação; função exercida;
tempo de atuação.
III – Variáveis sobre a estrutura dos serviços de saúde (AB):
43
Recursos humanos, incluindo as questões: profissionais envolvidos com o atendimento
aos doentes de TB; capacitação em TB; responsável pelo TDO.
Recursos físicos, contemplando as questões: disponibilidade de salas para atendimento
médico e de enfermagem; disponibilidade de cestas básicas e vale transporte; acesso
aos instrumentos de registro; disponibilidade de insumos/equipamentos e
medicamentos.
Organização do serviço, incluindo as questões: atendimento fora do horário comercial;
discussão dos casos em tratamento pela equipe; acesso a consultas em prazo de 24
horas; orientação à busca de atendimento fora da data agendada; articulação com outros
níveis de atenção; atendimento laboratorial atende a demanda; acesso ao resultado do
exame de baciloscopia em até sete dias; existência de sistema informatizado.
IV – Variáveis sobre o processo (atenção proporcionada) nos serviços de saúde (AB):
Manejo dos casos (tratamento), incluindo as questões: atendimento de outras
necessidades de saúde/problemas do doente além da TB; atendimento pelo mesmo
profissional; orientação ao doente de TB quanto à doença; discussão conjunta com
doente de TB quanto à forma de realização de seu acompanhamento; regularidade no
fornecimento do medicamento Antituberculostático; oferta de TDO no domicílio,
unidade de saúde e trabalho; realização de visitas domiciliares; realização rotineira de
ações educativas em TB; orientação à realização do exame anti-HIV; solicitação de
baciloscopia de controle; local de entrega da baciloscopia de controle; agendamento de
consultas médicas mensais de controle; encaminhamento do doente para outros
serviços; existência de referência e contra-referência das informações; busca aos
faltosos; livro de registro e acompanhamento dos doentes de TB atualizado.
V – Variáveis sobre o componente ‘resultados’ nos serviços de saúde (AB), contendo
questões sobre a cura, abandono, óbitos, doentes acompanhados e realização de TDO.
Os pesquisadores e entrevistadores do estudo, de várias regiões do Brasil, realizaram,
por meio de videoconferência, reuniões semanais para a elaboração final do instrumento, o
repasse de informações quanto à organização do mesmo, o objetivo de cada variável e a sua
adequação a cada cenário de estudo.
Essa etapa proporcionou sanar dúvidas, conhecer melhor cada local de estudo e suas
diversidades, aproximar os pesquisadores e entrevistadores, além de favorecer a elaboração de
um instrumento de pesquisa contemplando as diferentes realidades.
44
4.5.3 Variáveis do estudo
Para caracterização das USF e dos profissionais participantes do estudo, utilizaram-se
variáveis das sessões identificação da unidade de saúde e identificação do informante chave.
As variáveis selecionadas com o intuito de responder os objetivos do estudo correspondem ao
componente estrutura (recursos humanos, recursos físicos e organização do serviço) e ao
componente processo (atenção proporcionada) (Quadro 1).
Quadro 1. Variáveis de desempenho dos serviços de Atenção Básica no tratamento da tuberculose,
segundo os componentes avaliativos dos serviços de saúde.
Componentes
avaliativos Variável
ES
TR
UT
UR
A
Rec
urs
os
hu
man
os
Equipe completa de profissionais de saúde envolvidos com o atendimento aos doentes de
TB
Presença de outros profissionais envolvidos com atendimento aos doentes de TB
Capacitação em TB para pelo menos 1 profissional da equipe de atendimento aos doentes
nos Serviços de Saúde da Atenção Básica
Capacitação para atendimento em TB à equipe mínima de profissionais de saúde
(enfermeira, médico, aux/téc de enfermagem, ACS)
Oferta de capacitação em TB pelo PCT municipal
Oferta de capacitação em TB pelos serviços de saúde da AB
Profissional de saúde responsável pelo TDO
Rec
urs
os
físi
cos
Disponibilidade de salas para atendimento médico e de enfermagem
Disponibilidade de insumos sociais (cestas básicas, vale transporte)
Acesso à ficha de notificação
Acesso aos prontuários dos doentes de TB
Acesso à ficha de acompanhamento mensal
Acesso à ficha diária de TDO
Acesso ao livro verde
Disponibilidade de pote para exame de escarro
Disponibilidade de pedido de baciloscopia de escarro
Disponibilidade de pedido de cultura de escarro
Disponibilidade de pedido de exame HIV
Disponibilidade de ficha de referência e contra-referência
Disponibilidade de Antituberculostáticos
Org
aniz
ação
do
ser
viç
o
Atendimento fora do horário comercial
Realização de discussões dos casos de TB entre profissionais de saúde responsáveis pelo
atendimento
Acesso à consultas em prazo de 24 horas
Orientação à busca por atendimento fora da data agendada caso necessite
Articulação dos Serviços de Saúde da Atenção Básica com outros níveis de atenção
Atendimento laboratorial aos Serviços de Saúde da Atenção Básica atende a demanda
Acesso ao resultado do exame de Baciloscopia de escarro em 7 dias
Existência de sistema informatizado contendo informações sobre doente de TB
PR
OC
ES
SO
Ate
nçã
o p
rop
orc
ion
ada
Orientação ao doente de TB quanto à doença
Discussão conjunta com doente de TB quanto à forma de realização de seu
acompanhamento
Oferta de TDO no domicílio
Oferta de TDO no Serviço de Saúde
Oferta de TDO no trabalho do doente de TB
Realização mínima de baciloscopia bimensal de escarro para controle do tratamento
Realização de consulta médica mensal e TDO no mesmo Serviço de Saúde
Auxílio no agendamento de consultas/exames quando doente de TB é encaminhado a
45
outros serviços
Fornecimento de informações escritas aos doentes encaminhados a outros serviços de saúde
Existência de contra-referência das informações
Busca ao doente de TB quando não comparece à consulta
Busca ao doente de TB quando não realiza TDO
Livro de registro e acompanhamento dos doentes de TB atualizado
Fonte: Questionário dos serviços de Atenção Básica no tratamento da tuberculose, 2011.
4.6 Análise dos dados
Os dados foram digitados, armazenados e processados através do programa Statistica,
versão 9.0 da Statsoft.
Para caracterizar os profissionais entrevistados e descrever os serviços de AB,
utilizou-se a distribuição de frequência absoluta e relativa. A partir dos dados obtidos na
entrevista com os profissionais, e com base nos estudos de avaliação de serviços realizados
por Samico et al (2005) e Felisberto et al (2002), foram construídos indicadores para a análise
do desempenho dos serviços de saúde no tratamento da TB. Esses indicadores foram
analisados de acordo com a frequência de cada variável estudada (proporção de respostas) e
pela classificação dos serviços de saúde, utilizando média e intervalos de confiança para
proporções.
Os serviços de saúde foram classificados segundo valores obtidos dos indicadores: aos
valores menores ou iguais a 49,9% foi estipulada a classificação de avaliação crítico, os
valores entre 50 e 79,9%, insatisfatório e maiores ou iguais a 80%, satisfatório (tabela 3)
(SAMICO et al, 2005; FELISBERTO et al, 2002).
Neste sentido, a análise do desempenho dos serviços de saúde ocorreu em duas etapas:
inicialmente, para a classificação do desempenho das variáveis, analisou-se a proporção de
resposta de cada variável (dos componentes estrutura e processo) para todo o município, no
intuito de avaliar quais as variáveis poderiam estar interferindo na avaliação negativa dos
serviços. Na etapa seguinte, realizou-se a classificação dos serviços de saúde, utilizando
média e intervalos de confiança para proporções (média total dos componentes estrutura e
processo).
Tabela 3. Interpretação dos resultados obtidos para os componentes avaliativos e variáveis.
Componentes avaliativos Ponto de corte Interpretação
Estrutura/ Processo (Atenção
proporcionada)
≤ 49,9% Crítico
50 a 79,9% Insatisfatório
≥ 80% Satisfatório
Fonte: Samico et al (2005) e Felisberto et al (2002).
46
4.7 Aspectos éticos
O projeto de pesquisa foi autorizado pela Secretaria Municipal de Saúde Cabedelo e,
posteriormente, submetido e aprovado em 29 de março de 2011 pelo Comitê de Ética em
Pesquisa do Hospital Universitário Lauro Wanderley (HULW), conforme Protocolo nº
069/2011 (ANEXO 3), atendendo às orientações inerentes ao protocolo de pesquisa contido
na resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde (CNS). Cada entrevistado participou da
pesquisa mediante a aceitação e a assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
(ANEXO 4), sendo garantido o sigilo das informações e anonimato dos participantes.
48
5.1 Caracterização da população de estudo
Dos 117 profissionais entrevistados, 16 eram enfermeiros (13,7%), 15 médicos
(12,8%), 17 (14,5%) auxiliares/técnicos de enfermagem e 69 (59,0%) ACS. Em relação ao
tempo que estes profissionais atuavam nos serviços de AB, o valor médio foi de 8,5 (dp = 4,0)
anos de trabalho, com máximo de 22 anos, mínimo de 0,4 anos e mediana de 8 anos. Quanto
ao tempo de atuação na unidade de saúde que trabalhava no momento da entrevista, o valor
médio foi de 6,5 (dp=3,9) anos de trabalho, com máximo de 17 anos, mínimo de 0,08 anos e
mediana de sete anos.
5.2 Classificação do desempenho das variáveis do componente estrutura
Quanto ao desempenho do componente estrutural (recursos humanos), observa-se que
tanto o envolvimento da equipe completa de profissionais de saúde da AB, quanto o
envolvimento de outros profissionais de saúde no atendimento ao doente de TB mostra-se
insatisfatório (Tabela4). Em relação à realização de capacitação, os profissionais
consideraram esta ação satisfatória para pelo menos 1 profissional da equipe, no entanto, ao se
considerar essa mesma ação para a equipe mínima do serviço de saúde, obteve-se
desempenho insatisfatório. Tanto a oferta de capacitação em TB pelo PCT municipal, como
também pelos próprios serviços de saúde apresentou desempenho crítico, segundo os
profissionais entrevistados. Quanto à presença de um profissional responsável pelo TDO nas
unidades, tem-se desempenho satisfatório.
Tabela 4. Distribuição proporcional e classificação das variáveis correspondentes ao componente
estrutural (recursos humanos) dos serviços de atenção básica para o tratamento da tuberculose segundo
os profissionais de saúde, Cabedelo, 2011.
Variáveis Atenção Básica
Classificação Sim (%) Não (%)
Equipe completa de profissionais de saúde envolvidos com o
atendimento aos doentes de TB 54,7 45,3 Insatisfatório
Envolvimento de outros profissionais com o atendimento aos
doentes de TB 73,5 26,5 Insatisfatório
Capacitação em TB para pelo menos 1 profissional da equipe
de atendimento aos doentes nos Serviços de AB 80,2 19,8 Satisfatório
Capacitação para atendimento em TB à equipe mínima de
profissionais de saúde (enfermeira, médico, aux/téc de
enfermagem, ACS)
60,5 39,5 Insatisfatório
Oferta de capacitação em TB pelo PCT municipal 41,9 58,1 Crítico
Oferta de capacitação em TB pelos Serviços da AB 8,5 91,5 Crítico
Profissional de saúde responsável pelo TDO 94,9 5,1 Satisfatório
49
A tabela 5 mostra a proporção e classificação das variáveis relacionadas ao
componente estrutura (recursos físicos). A disponibilidade de salas para atendimento médico
e de enfermagem, foi classificada pelos os profissionais entrevistados classificaram como
satisfatório. Quanto à disponibilidade de insumos sociais pelos serviços de AB, as variáveis
foram classificadas como satisfatória para insumo cesta básica, porém crítica para o insumo
vale transporte.
Tabela 5. Distribuição proporcional e classificação das variáveis correspondentes ao componente
estrutural (recursos físicos) dos serviços de atenção básica para o tratamento da tuberculose segundo
os profissionais de saúde, Cabedelo, 2011.
Variáveis Atenção Básica
Classificação Sim (%) Não (%)
Disponibilidade de salas para atendimento médico e de
enfermagem 85,5 14,5 Satisfatório
Disponibilidade de cestas básicas 98,3 1,7 Satisfatório
Disponibilidade de vale transporte 2,6 97,4 Crítico
Acesso à ficha de notificação 71,8 28,2 Insatisfatório
Acesso aos prontuários dos doentes de TB 92,3 7,7 Satisfatório
Acesso à ficha de acompanhamento mensal 70,1 29,9 Insatisfatório
Acesso à ficha diária de TDO 63,2 36,8 Insatisfatório
Acesso ao livro verde 56,4 43,6 Insatisfatório
Disponibilidade de pote para exame de escarro 89,7 10,3 Satisfatório
Disponibilidade de pedido de baciloscopia de escarro 96,6 3,4 Satisfatório
Disponibilidade de pedido de cultura de escarro 88,0 12,0 Satisfatório
Disponibilidade de pedido de exame HIV 94,0 6,0 Satisfatório
Disponibilidade de ficha de referência contra-referência 90,6 9,4 Satisfatório
Disponibilidade de Antituberculostáticos 95,7 4,3 Satisfatório
Quanto ao acesso dos profissionais aos instrumentos de registros (ficha de notificação,
prontuários dos doentes de TB, ficha de acompanhamento mensal de tratamento, ficha diária
de TDO e livro verde), os entrevistados consideraram como satisfatório apenas o acesso aos
prontuários dos doentes de TB, classificando o acesso aos demais registros como
insatisfatório.
Em relação à disponibilidade de insumos/equipamentos pelas unidades de saúde para
o controle da TB (pote para exame de escarro, pedido de baciloscopia de escarro, pedido de
cultura, pedido de exame HIV e ficha de referência e contra-referência), a tabela mostra que
os profissionais de saúde da AB consideram a disponibilidade desses recursos satisfatórios.
Enquadra-se também nessa classificação a disponibilidade, pelas unidades de saúde, de
medicamentos para a TB (antituberculostáticos).
Em se tratando das variáveis relacionadas ao componente estrutura (organização do
serviço) observa-se que o atendimento das unidades de saúde fora do horário comercial, foi
classificado pelos profissionais entrevistados como uma atividade crítica (Tabela 6). Quanto à
50
realização de discussões dos casos de TB entre os profissionais de saúde responsáveis pelo
atendimento ao usuário, obteve-se resultado insatisfatório. Tanto o acesso à consulta no prazo
de 24 horas, como também a orientação aos doentes de TB em relação à busca por
atendimento fora da data agendada caso necessitem apresentaram desempenho satisfatório.
A articulação dos serviços de saúde de AB com outros níveis de atenção apresenta-se,
segundo os profissionais entrevistados, insatisfatório. Quanto ao atendimento da demanda dos
serviços de AB pelos laboratórios, verifica-se desempenho crítico. Esta mesma classificação é
alcançada pelas variáveis que se referem ao acesso ao resultado do exame de baciloscopia de
escarro em sete dias e à existência de sistema informatizado contendo informações sobre o
doente de TB.
Tabela 6. Distribuição proporcional e classificação das variáveis correspondentes ao componente
estrutural (organização do serviço) dos serviços de atenção básica para o tratamento da tuberculose
segundo os profissionais de saúde, Cabedelo, 2011.
Variáveis Atenção Básica
Classificação Sim (%) Não (%)
Atendimento fora do horário comercial 9,4 90,6 Crítico
Discussões dos casos de TB entre profissionais de saúde
responsáveis pelo atendimento 60,7 39,3 Insatisfatório
Acesso à consultas em prazo de 24 horas 90,0 10,0 Satisfatório
Orientação quanto a busca por atendimento fora da data
agendada caso necessite 99,1 0,9 Satisfatório
Articulação dos Serviços de AB com outros níveis de
atenção 65,0 35,0 Insatisfatório
Atendimento laboratorial aos Serviços de Saúde da Atenção
Básica atende a demanda 46,2 53,8 Crítico
Acesso ao resultado do exame de Baciloscopia de escarro
em 7 dias 21,4 78,6 Crítico
Existência de sistema informatizado contendo informações
sobre doente de TB 1,7 98,3 Crítico
5.3 Classificação do desempenho das variáveis do componente processo
A Tabela 7 mostra a proporção e classificação das variáveis relacionadas ao
componente processo (atenção proporcionada). O repasse de informações (orientações) ao
doente de TB quanto à doença mostrou-se satisfatório, no entanto, a discussão conjunta com o
doente de TB quanto à forma de realização de seu acompanhamento obteve desempenho
insastifatório.
Em relação à oferta de TDO, os profissionais entrevistados consideraram satisfatório
apenas sua oferta no domicílio, classificando-o respectivamente como uma ação de
desempenho insatisfatório e crítico quando se trata de ofertá-lo nos serviços de saúde e no
trabalho do doente de TB.
51
A realização mínima de baciloscopia bimensal de escarro para o controle do
tratamento da TB obteve resultado insatisfatório, contudo, a realização de consulta médica
mensal e TDO no mesmo serviço de saúde alcançou desempenho satisfatório.
Quanto ao auxílio no agendamento de consultas/exames e ao fornecimento de
informações aos doentes de TB encaminhados a outros serviços de saúde, verifica-se
desempenho satisfatório para ambos. Entretanto, a contra-referência das informações não
ocorre de forma satisfatória, segundo os informantes deste estudo, alcançando desempenho
crítico. Tanto a busca ao doente de TB quando este não comparece à consulta de controle,
quanto à busca quando o mesmo não realiza o TDO, alcançaram desempenho satisfatório. Já a
atualização do livro de registro e acompanhamento dos doentes de TB (“livro verde”), obteve
desempenho insatisfatório.
Tabela 7. Distribuição proporcional e classificação das variáveis correspondentes a atenção
proporcionada (desempenho) dos serviços de atenção básica para o tratamento da tuberculose segundo
os profissionais de saúde, Cabedelo, 2011.
Variáveis Atenção Básica
Classificação Sim (%) Não (%)
Orientação ao doente de TB quanto à doença 82,1 17,9 Satisfatório
Discussão conjunta com doente de TB quanto à forma de
realização de seu acompanhamento 62,4 37,6 Insatisfatório
Oferta de TDO no domicílio 84,6 15,4 Satisfatório
Oferta de TDO no Serviço de Saúde 59,0 41,0 Insatisfatório
Oferta de TDO no trabalho do doente de TB - 100,0 Crítico
Realização mínima de baciloscopia bimensal de escarro
para controle do tratamento 66,7 33,3 Insatisfatório
Realização de consulta médica mensal e TDO no mesmo
Serviço de Saúde 92,3 7,7 Satisfatório
Auxílio no agendamento de consultas/exames quando
doente de TB é encaminhado a outros serviços 86,3 13,7 Satisfatório
Fornecimento de informações escritas aos doentes
encaminhados a outros serviços de saúde 85,5 14,5 Satisfatório
Existência de contra-referência das informações 33,3 66,7 Crítico
Busca ao doente de TB quando não comparece à
consulta 96,6 3,4 Satisfatório
Busca ao doente de TB quando não realiza TDO 99,1 0,9 Satisfatório
Livro de registro e acompanhamento dos doentes de TB
atualizado 66,7 33,3 Insatisfatório
5.4 Classificação dos serviços de saúde segundo variáveis do componente estrutura e
processo
A tabela 8 mostra a classificação dos serviços de saúde de AB do município de
Cabedelo, segundo variáveis do componente estrutura e processo, utilizando média e
intervalos de confiança (IC) para proporções (média total dos componentes estrutura e
processo).
52
Ao se considerar o total de indicadores do componente estrutura e processo, apenas o
serviço de saúde C alcançou desempenho satisfatório, com média 84,2 e IC=[63,1 ; 105,0], os
demais serviços apresentaram desempenho insatisfatório.
Tabela 8. “Classificação” dos Serviços de Saúde da Atenção Básica de Cabedelo, segundo os
componentes estrutura e processo, 2011.
Tipo
SS Rótulo do SS N
Estrutura Processo Total (Estrutura + Processo)
Proporção* Proporção** Média IC Classificação
USF
A 6 57,3 72,0 66,1 [62,4 ; 70,0] Insatisfatório
B 3 62,9 70,0 67,2 [60,4 ; 74,0] Insatisfatório
C 4 67,0 95,6 84,2 [63,1 ; 105,0] Satisfatório
D 11 53,9 75,8 67,1 [61,4 ; 73,0] Insatisfatório
E 5 60,1 75,7 69,5 [64,1 ; 75,0] Insatisfatório
F 3 66,5 68,9 68,0 [44,6 ; 91,0] Insatisfatório
G 10 64,0 79,0 73,0 [67,9 ; 78,0] Insatisfatório
H 6 60,8 69,6 66,1 [59,5 ; 73,0] Insatisfatório
I 7 67,2 85,3 78,0 [74,3 ; 82,0] Insatisfatório
J 8 64,7 89,6 79,6 [74,2 ; 85,0] Insatisfatório
K 7 62,2 88,3 77,9 [74,8 ; 81,0] Insatisfatório
L 7 60,2 77,0 70,2 [59,9 ; 81,0] Insatisfatório
M 8 65,6 89,4 79,9 [77,0 ; 83,0] Insatisfatório
O 8 61,1 78,8 71,7 [68,3 ; 75,0] Insatisfatório
P 6 63,8 83,1 75,3 [69,4 ; 81,0] Insatisfatório
Q 5 54,1 80,0 69,7 [64,4 ; 75,0] Insatisfatório
R 5 55,6 65,3 61,5 [49,7 ; 73,0] Insatisfatório
S 8 66,3 80,9 75 [68,0 ; 82,0] Insatisfatório
MUNICÍPIO
DE
CABEDELO
117 61,8 79,8 72,6 71,0 – 74,0 -
* Proporção entre a pontuação média da Estrutura de cada Serviço de Saúde da Atenção Básica e a
pontuação total do componente Estrutura.
** Proporção entre a pontuação média do Processo (Atenção Proporcionada) de cada Serviço de Saúde
da Atenção Básica e a pontuação total do componente Processo.
54
A avaliação em saúde permite, entre outras ações, a formulação de juízo apoiadas em
critérios previamente definidos, no intuito de ajudar na tomada de decisão e na resolução do
problema (TANAKA; MELO, 2001). Contudo, essa ação deve envolver características tanto
do contexto dos serviços de saúde, bem como do contexto político, econômico e social dos
atores envolvidos na prestação e recebimento dos serviços, os quais fornecerão informações
imprescindíveis para a realização de um julgamento de valor condizente com as necessidades
de saúde da população.
Estudos apontam que o desempenho dos serviços de saúde ancora-se em diferentes
aspectos, que envolvem tanto a definição e análise dos problemas por parte dos profissionais
de saúde para a tomada de decisão, como também a avaliação do grau de comprometimento
dos profissionais e gestores com o desenvolvimento desses serviços (COTTA et al, 2006;
IBANEZ et al, 2006; GATTINARA et al, 2005). Nesta perspectiva, neste estudo, foram
entrevistados enfermeiros (13,7%), médicos (12,8%), auxiliares/técnicos de enfermagem
(14,5%) e ACS (59,0%), considerados atores chave dos serviços de AB.
Em relação ao tempo de atuação destes profissionais, verificou-se que não houve
disparidades entre o tempo de serviço na AB e na unidade de saúde que atuavam no momento
da entrevista, aspecto positivo para o serviço, uma vez que possibilita maior aproximação dos
trabalhadores com a equipe, o fortalecimento do vínculo entre profissionais e comunidade e
familiarização com os problemas e necessidades de saúde. Alguns estudos mostram que o
tempo de atuação na mesma equipe é característica relevante, uma vez que valoriza o
profissional no ambiente de trabalho e favorece a criação de vínculo com as propostas da
APS, com a equipe e a comunidade (ROCHA et al, 2006; TAVARES; SANTOS, 2005;
HASHIM; KUBBAISY; DULAYME, 2003). No tocante à TB, dentre essas pesquisas,
encontra-se um estudo realizado no Iraque em que o conhecimento sobre a doença está
relacionado, entre outros fatores, ao tempo de atuação dos profissionais de saúde no serviço
(HASHIM; KUBBAISY; DULAYME, 2003). Evidencia-se, diante dessa afirmação, que o
tempo de permanência do profissional na AB permite maior proximidade e compreensão dos
aspectos que permeiam a atenção à TB, contribuindo para o reconhecimento das necessidades
de saúde das pessoas e das atribuições a serem desenvolvidas para o controle efetivo da
doença.
Em relação à estrutura dos serviços de AB avaliados, fragilidades foram identificadas
em relação aos recursos humanos, tanto no que diz respeito ao envolvimento dos profissionais
de saúde no atendimento ao doente de TB, como em relação à capacitação destes
profissionais. Esse aspecto pode ser influenciado pela carência quanti-qualitativa de recursos
55
humanos e pela rotatividade dentro dos serviços de saúde de AB no município, gerando
sobrecarga de trabalho e fragmentação da atenção. Já em relação ao TDO, potencialidades
foram encontradas quanto à presença de um profissional responsável pela sua execução.
Em pesquisa nacional sobre o envolvimento de equipes de AB no controle da TB, a
debilidade quantitativa e qualitativa de recursos humanos, a centralização e fragmentação da
organização das ações de controle da TB no sistema de saúde foram apontadas como pontos
prejudiciais na qualidade da interação entre profissionais e usuários para o manejo adequado
da doença na AB, podendo comprometer ainda o acesso dos doentes às ações de diagnóstico e
tratamento da TB (MONROE et al, 2008). De modo semelhante, outros estudos realizados no
Brasil, mostram que a debilidade quantitativa dos profissionais pode gerar sobrecarga de
trabalho e fragmentação da assistência ao doente de TB, comprometendo a resolutividade dos
serviços, o processo de interação com o doente, como também o vínculo e a adesão ao
tratamento (ALMEIDA; FAUSTO; GIOVANELLA, 2011; BARREIRA; GRANGEIRO,
2007; IBANEZ et al, 2006).
Tais achados apontam para o fato de que os serviços ainda se organizam na lógica dos
sistemas fragmentados, com priorização dos eventos agudos e ações voltadas à detecção de
casos realizados de forma pontual, apenas em épocas de campanha, atuando de forma isolada
e descontínua (SÁ et al, 2011; MONROE et al, 2008; MENDES, 2002). Estes achados, de
acordo com Mendes (2002), firmam-se na formação dos recursos humanos da saúde no Brasil,
a qual tem suas raízes na chamada medicina científica, fundamentada no modelo biomédico,
realçando no processo saúde-doença apenas a dimensão biológica do ser humano, com ênfase
nos aspectos curativos da medicina pelo seu caráter hospitalocêntrico, além da crescente
corporificação do conhecimento em tecnologias de alta densidade de capital, exercida por
agentes especializados. Como consequência dessa formação, tem-se disponibilidade
insuficiente de profissionais generalistas, dotados de visão humanística e preparados para a
prestação de cuidados contínuos e resolutivos, especialmente nas unidades de AB.
Outro aspecto que interfere no envolvimento eficaz dos profissionais de saúde da AB
no atendimento aos doentes de TB e controle da doença diz respeito à capacitação destes
profissionais, alcançando classificação insatisfatória neste estudo. No município de Cabedelo,
devido à demanda das USF, as capacitações ficam sob a responsabilidade do PCT municipal e
limitadas, geralmente, ao enfermeiro e ao médico, os quais ficam encarregados de
compartilharem as informações obtidas aos demais profissionais. Contudo, em meio à
sobrecarga de atividades, essa ação nem sempre se concretiza. Investigações que buscam
aprofundar os problemas que envolvem a adesão ao tratamento e controle da TB consideram a
56
capacitação essencial para que os profissionais de saúde da AB possam desempenhar suas
funções segundo as dimensões da APS (QUEIROZ et al, 2012; OLIVERA et al, 2009;
TERRA; BERTOLOZZI, 2008; MONROE et al, 2008).
Consensualmente, esses autores afirmam ainda que as questões relacionadas à
qualificação das equipes precisam alcançar maior discussão e execução, uma vez que a
maioria dos profissionais que atuam na AB ainda vivenciou o processo de formação centrado
no modelo curativista e não na promoção da saúde e nas ações individuais e coletivas
desenvolvidas na família e na comunidade. No que se refere à TB, consideram que a
capacitação deve garantir, entre outros aspectos, a compreensão da doença e seus
condicionantes, assim como instrumentos e tecnologias utilizadas para sua prevenção e
controle, como o tratamento supervisionado e a busca de sintomáticos respiratórios (BSR),
além de proporcionar ao PCT e aos próprios profissionais a identificação de falhas,
dificuldades na operacionalização das ações de controle da doença, correções e
aprimoramento de habilidades adquiridas.
Corroborando tais achados, um estudo realizado na capital do Ceará, Fortaleza, sobre a
avaliação do impacto de treinamento da equipe de AB voltado às ações de TB, destacou que o
treinamento e a sensibilização da equipe de saúde da família foram capazes de promover um
aumento na detecção de casos da doença, indicando que a manutenção de equipes qualificadas
e atualizadas estimula a detecção precoce e o acompanhamento dos casos, contribuindo para o
controle da doença (FAÇANHA et al, 2009).
No entanto, a literatura mostra que embora essa atividade se apresente como
ferramenta essencial na reorientação da prática em AB e controle da TB, dados de uma
pesquisa realizada no município de Natal-RN sobre as capacitações em unidades de saúde da
família mostram que apenas 38% (21) dos profissionais entrevistados de nível superior,
médicos, enfermeiros e dentistas, haviam participado de capacitações relacionadas à TB,
refletindo a priorização de apenas algumas categorias para esse processo de educação
permanente (GERMANO et al, 2005).
A descontinuidade dos processos de capacitação, a inexistência de uma política de
educação permanente e a rotatividade dos profissionais de saúde, relacionadas à
descontinuidade político-partidária podem também se configurar, segundo alguns estudos
realizados em várias regiões do Brasil, como um problema de adaptação e prejudicar a
manutenção de equipes de saúde qualificadas para lidar com TB nos serviços de AB
(CARDOSO et al, 2012; CUNHA; CAVALCANTI; COSTA, 2012; SÁ et al, 2011; MAIA et
al, 2010; MONROE et al, 2008).
57
Essa situação recai sobre o tratamento da TB, mesmo que este estudo tenha
alcançando desempenho satisfatório com a existência de um profissional responsável pelo
TDO, neste caso, o enfermeiro, haja vista que achados de outros estudos mostram que uma
das dificuldades encontradas nas ações de controle da TB na AB relaciona-se a percepção dos
profissionais em relação ao TDO, os quais o consideram trabalhoso e como um ato
paternalista, reforçando o despreparo das equipes AB e fragmentação da assistência
(QUEIROZ et al, 2012; SÁ et al, 2011; OLIVERA et al, 2009; TERRA; BERTOLOZZI,
2008).
Em relação aos recursos físicos das unidades de saúde, a presença de salas para
atendimento médico e de enfermagem identificadas neste estudo se constituem como fatores
positivos para a realização das atividades desenvolvidas pelos profissionais de saúde,
especialmente o atendimento ao doente de TB, conferindo maior privacidade e confiança à
relação profissional-usuário. Esta afirmação coincide com os resultados encontrados em
estudo realizado em 41 municípios dos Estados de Alagoas, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio
Grande do Norte, Rio Grande do Sul e Santa Catarina, o qual avaliou a estrutura de 234 USF.
Tal investigação avaliou que a presença dessas instalações, principalmente para o enfermeiro,
além de aumentar a confiança na relação profissional-usuário, também contribui para o
melhor desempenho do novo modelo assistencial em relação às ações programáticas,
significando, ainda, mais espaço na unidade para atividades que não estão centradas no
médico. Os resultados do estudo anterior mostraram ainda que, embora existam essas
potencialidades em relação à estrutura física dos serviços de AB, a precariedade e
improvisação foram características em destaque na avaliação desses serviços (FACCHINI et
al, 2006).
Dando continuidade à discussão dos resultados encontrados, o fato de os profissionais
considerarem satisfatório a disponibilidade de cestas básicas e crítico a disponibilidade de
vale transporte, aspectos positivos do TDO e que contribuem para a adesão, pode estar
relacionado à situação socioeconômica dos usuários do município, haja vista que alguns
pacientes atribuem a não adesão ao tratamento às dificuldades financeiras, corroborando
outros estudos realizados no Brasil (QUEIROZ et al, 2012; LAFAIETE et al, 2011;
FIGUEIREDO et al, 2009; GONÇALVES et al, 1999). Vale ressaltar que a ausência de vale
transporte pode estar vinculada a proximidade das USF aos domicílios dos doentes, dentro do
território.
Resultados semelhantes foram encontrados na cidade de João Pessoa-PB, em que a
disponibilização de auxílio-transporte para a realização do TDO na unidade não foi
58
satisfatória em todos os distritos investigados (MARCOLINO, et al 2007). Esse estudo,
juntamente com outras pesquisas nacionais, aponta que a disponibilização de vales transporte
e cestas básicas são instrumentos facilitadores para o comparecimento e adesão do doente ao
TDO, uma vez que mesmo sendo disponibilizado pelo serviço público, o tratamento
representa um custo econômico para o doente de TB (CARDOSO et al, 2012; LAFAIETE et
al, 2011; MARCOLINO, et al 2007; FIGUEIREDO et al, 2009). Ademais, o aporte
nutricional deficiente poderá comprometer a imunidade do indivíduo, levando a uma
recuperação vagarosa e de grande sofrimento para o doente, favorecendo, também, a
exacerbação das reações medicamentosas (SILVA et al, 2007).
Com relação aos instrumentos de registro (ficha de notificação, prontuários dos
doentes de TB, ficha de acompanhamento mensal de tratamento, ficha diária de TDO e livro
verde), apenas o acesso aos prontuários dos doentes de TB foi considerado satisfatório pelos
profissionais de saúde. Tal resultado se constitui como ponto negativo para o controle da
doença, uma vez que a falta de acompanhamento e de informação sobre os casos de TB por
parte de toda a equipe através dos registros, afeta a integralidade da atenção, além de
comprometer a avaliação da adequação dos processos e dos resultados do PCT, devido,
muitas vezes, a deficiência qualitativa dos registros, tanto nas fontes primárias, quanto nas
secundárias, haja vista a grande demanda nas unidades e a sobrecarga de trabalho que
aparecem como fatores importantes nesse sentido (MEDEIROS et al, 2012; NOGUEIRA et
al, 2001).
Estudos apontam que a falta de registro adequado se apresenta como barreira para a
análise de qualidade dos atendimentos, uma vez que avaliar a qualidade da assistência na
ausência de dados torna-se uma tarefa difícil. Além disso, tratando-se da TB, a
responsabilidade não apenas pelo cuidado ao paciente, mas também pela valorização e
consequente qualificação dos registros, bem como o acesso a estes por todos os integrantes da
equipe, constitui-se como fator chave para o sucesso no controle da doença, uma vez que
permite, não só aos profissionais que atuam na vigilância em saúde ou nos cuidados diretos ao
usuário, o acompanhamento da evolução do tratamento (MEDEIROS et al, 2012; THEME
FILHA et al, 2012; LAFAIETE et al, 2011; SÁ et al, 2006; NOGUEIRA et al, 2001).
No que se refere à disponibilidade de insumos/equipamentos/medicamentos pelas
unidades de saúde para o controle da TB, os profissionais consideraram essa ação satisfatória,
o que contribui para o desenvolvimento das ações de diagnóstico e controle da doença.
Somam-se a essa informação achados de um estudo que mostram que a realização satisfatória
dessa ação reflete adequação no planejamento e distribuição dos insumos/ equipamentos e
59
medicamentos pela equipe que coordena o PCT no município, uma vez que inclui etapas
essenciais na seleção, obtenção, distribuição e o uso apropriado (LAFAIETE et al, 2011).
Contudo, a literatura também aponta estudos com resultados contrários a estes (NOGUEIRA
et al, 2011; SILVA et al, 2007; MARCOLINO, et al 2007; NOGUEIRA et al, 2007).
Sobre a organização do serviço, a mesma apresenta potencialidades e limites para o
tratamento da TB. O horário de funcionamento das USF no município, por exemplo, fixo e
limitado, pode dificultar o atendimento de uma parcela da população que neste mesmo horário
encontra-se em suas atividades laborais diárias. As USF do município, em sua grande maioria,
encontra-se em áreas consideradas de risco, por conta do tráfico de drogas na região, gerando
medo e insegurança nos profissionais de saúde, que optam por encerrar o expediente antes
mesmo do horário comercial. Nesse sentido, tanto os gestores, quanto as equipes devem
operacionalizar as atividades de modo que atendam às necessidades da população, atendendo
em caráter contínuo a demanda das unidades, melhorando e facilitando, assim, a adesão do
paciente ao tratamento (MARCOLINO et al, 2007). Em comum acordo com esses resultados,
os estudos de Viacava et al (2004) e Morrone et al (1999), afirmam que, diante desse cenário,
torna-se indispensável reduzir os conflitos existentes tanto entre os padrões técnicos e
administrativos dos serviços, quanto entre os hábitos, padrões culturais e costumes das
comunidades em que tais serviços são prestados.
A discussão dos casos entre os profissionais de saúde responsáveis pelo atendimento
ao usuário não obteve resultado satisfatório, deixando em evidência, novamente, as
características do sistema fragmentado elucidado por Mendes (2002). Faz-se relevante
destacar novamente a alta demanda enfrentada pelas unidades de saúde, dificultando, assim, a
realização de outras atividades, que não sejam atendimentos clínicos. Segundo Campos e
Domitti (2007), a dificuldade e descontinuidade do processo de atenção e cuidado às pessoas
de forma integral são proporcionais à crescente divisão do trabalho ocorrida no setor saúde,
uma vez que o surgimento de distintas especialidades definiram intervenções e campos de
conhecimentos sem grandes compromissos com a abordagem integral do processo saúde-
doença, gerando a “departamentalização” do cuidado.
Na ocorrência de efeitos colaterais ou outros problemas relacionados à TB, os
profissionais de saúde afirmam que orientam os pacientes a procurarem pelo serviço de saúde
fora da data agendada e que os mesmos conseguem consulta no prazo de 24 horas,
apresentando desempenho satisfatório da equipe ao intervir continuamente, prevenindo
irregularidades terapêuticas, abandonos e garantindo o acesso aos serviços de saúde. A
literatura aponta que este aspecto diminui a incidência do abandono ao tratamento, já que os
60
profissionais de saúde estão acessíveis para orientar, avaliar e acompanhar o estado de saúde
do doente de TB em tratamento. Além disso, mostra ainda os efeitos colaterais como um dos
motivos da não adesão a terapêutica (CRUZ et al, 2012; THEME FILHA et al, 2012;
FIGUEIREDO et al, 2009; ARCÊNCIO et al, 2008; KAONA, et al, 2004; GONÇALVES et
al, 1999).
Quando há necessidade do seguimento do doente de TB para outros níveis de atenção,
para outras especialidades, setores ou serviços, tem-se resultado insatisfatório, podendo gerar
conclusões acerca da não sensibilização dos profissionais e gestores no sentido de garantir
ações e serviços a fim de alcançar resolubilidade do caso. Estudo sobre a gestão do trabalho
de forma interdisciplinar aponta que a falta de circulação de informações, de contatos
interprofissionais e de preocupação em captar as várias dimensões do sujeito com problema
de saúde, enraízam-se no modelo tradicional de estruturação do poder nas organizações de
saúde (CAMPOS; DOMITTI, 2007).
Pesquisas concordantes a estes dados mostram que a articulação dos serviços de AB
com outros níveis de atenção se constitui como importante dispositivo para ampliação da
clínica, em que a equipe prestadora do cuidado percebe as diferenças entre as pessoas com a
mesma doença e produz propostas terapêuticas diferentes e adequadas, ao passo que realiza o
trabalho de modo interdisciplinar, e consequentemente, a reorientação da prática na
perspectiva de um processo saúde-doença complexo e dinâmico (ASSIS et al, 2012;
QUEIROZ et al, 2012; BERENDSEN et al, 2009).
Com relação ao aporte laboratorial para o acompanhamento dos casos durante o
tratamento, importantes fragilidades foram identificadas, tanto no que diz respeito ao
atendimento da demanda, quanto ao que se refere ao acesso rápido ao resultado do exame de
baciloscopia de controle, avaliada pelos entrevistados como crítico. Tal resultado pode
ancorar-se na questão de que no município, a entrega do material coletado para exame de
escarro fica sob a responsabilidade, geralmente, do doente, e este, pelas dificuldades
econômicas e sociais de deslocamento até o laboratório atrasam a entrega da amostra de
escarro para análise. Estudo realizado em Ribeirão Preto- SP aponta que a presença de uma
adequada retaguarda laboratorial, bem como os atendimentos e exames realizados são
componentes em potencial para a formação de uma rede de atenção à saúde (ANDRADE,
2012).
Destaca-se ainda que nas unidades em estudo não há um sistema informatizado
contendo informações sobre o doente, o qual poderia servir como ferramenta de suporte para
gestores e profissionais de saúde no planejamento das ações e serviços, reduzindo custos e
61
aumentando a efetividade e eficiência de serviços que compõem o sistema público. Estudos
que avaliaram as ações e estratégias de controle da TB realizadas nos serviços de saúde
apontam para a necessidade e importância de sistemas informatizados sobre os doentes de TB,
além dos prontuários, facilitando, assim, o fluxo de informações entre os diferentes níveis
assistenciais (ASSIS et al, 2012; MONROE et al, 2008; MUNIZ et al, 2005).
No que se refere ao componente processo (atenção proporcionada), fragilidades foram
encontradas no que tange à participação dos doentes no tratamento, embora ocorra o repasse
de informações aos mesmos pelos profissionais de saúde, evidenciando o predomínio do
modelo curativista centrado na técnica e na doença, e não do indivíduo. Esta falta de
envolvimento do doente no processo de cuidado foi percebida em outro estudo
(BERENDSEN et al, 2009), no qual pacientes reivindicavam maior atenção e seriedade pelos
profissionais de saúde, discussão conjunta sobre a melhor forma de realização da terapêutica,
além de recursos e orientações corretas, informando-os quanto às vantagens e desvantagens
do tratamento, tornando possível sua participação ativa no processo decisório.
Contrariamente, em pesquisa conduzida na Holanda os resultados mostraram que a grande
parte dos pacientes entrevistados envolveu-se no processo de decisão do próprio tratamento,
contribuindo ainda com informações adicionais sobre a doença e as possíveis formas de
tratamento (IRESON et al, 2009).
Nesse sentido, o TDO além de modificar a estrutura, também alterou o processo de
trabalho dos serviços de APS, visando atender as necessidades dos doentes, incluindo a
escolha do local de tomada da medicação, haja vista que muitos são trabalhadores que não
podem perder o turno de trabalho. Neste estudo os resultados encontrados foram inquietantes,
uma vez que tanto o oferecimento do TDO no serviço de saúde e no trabalho do doente não
apresentou desempenho satisfatório. No município de Cabedelo - PB o TDO se realiza, na
maioria das vezes no domicílio, por meio da supervisão do ACS, segundo os próprios
profissionais dos serviços, por preferência dos doentes.
De acordo com a OMS, faz-se necessário que haja mudanças na organização dos
serviços de saúde para o controle efetivo da TB. Dessa forma, tem-se relevância a
flexibilidade das equipes no acompanhamento do usuário durante o tratamento, considerando
a supervisão da tomada da medicação nos serviços de saúde, no domicílio ou mesmo no local
de trabalho, podendo ser realizado, antes de tudo, por uma pessoa aceita pelo doente e
treinado, estando a mesma sob a responsabilidade de um profissional do serviço de saúde
(WHO, 1999).
62
No entanto, estudos nacionais apontam que os serviços de saúde nem sempre
conseguem atender às necessidades da população, considerando que o horário de
funcionamento das unidades, somente diurno, dificulta o atendimento de trabalhadores (SÁ et
al, 2011; SILVA et al, 2009; MONROE et al, 2008). Ademais, os horários incompatíveis com
os turnos de trabalho e a demora no atendimento levam os indivíduos a não procurarem o
serviço de saúde, haja vista que os mesmos temem perder o emprego, levando, muitas vezes,
ao abandono da terapêutica (FIGUEIREDO et al, 2009). Os estudos anteriores afirmam ainda
que os serviços devem oferecer as ações baseadas na variedade das necessidades da
comunidade, considerando as peculiaridades dos indivíduos. Tais ações, além de facilitar o
acesso ao doente, certamente, melhoraria e facilitaria a adesão ao tratamento.
Vale ressaltar que não se deve considerar as necessidades de saúde apenas como
etapas pontuais a serem cumpridas pelos profissionais ou serviços de saúde, demandadas
pelos indivíduos, mas deve-se entendê-las a partir do significado de cuidado na vida de cada
pessoa, de cada família, partindo-se do individual para o coletivo (CECÍLIO, 2001).
Consensualmente a essa afirmação, Silva e Sena (2008) entendem que essa análise remete-se
ao reconhecimento do sujeito e de suas potencialidades na construção do seu modo de ser e
andar a vida, da ampliação da sua autonomia e da capacidade de intervir sobre suas próprias
vidas, significando a co-responsabilização entre profissionais-equipe e usuários.
Nessa direção, ancora-se o sentido da integralidade em saúde, visto que a partir dessa
nova visão do cuidado e do real significado das necessidades de saúde, considerando as
singularidades de cada sujeito, possibilita-se a construção de projetos terapêuticos
individualizados e, consequentemente, avanços na redefinição de práticas que valorizem as
subjetividades inerentes ao trabalho em saúde e às necessidades singulares dos sujeitos como
ponto de partida para qualquer intervenção (MATTOS, 2004). Nota-se, com isso, no resultado
satisfatório alcançado neste estudo quanto ao auxílio no agendamento de consultas/exames e
ao fornecimento de informações aos doentes de TB encaminhados a outros serviços, a
presença de atividades pontuais, realizadas apenas dentro da unidade de saúde, e não de ações
ampliadas, entre os serviços, pensada em redes, haja vista que a contra-referência das
informações não ocorre de forma satisfatória, sendo considerada crítica pelos profissionais de
saúde entrevistados.
Tais achados vão de encontro aos obtidos em estudo conduzido nos serviços de APS
do município de Ribeirão Preto sobre a TB, visto a descontinuidade no fluxo de informações
entre os serviços durante os mecanismos de referência e contra-referência para o atendimento
do doente de TB, além da dificuldade das equipes dos serviços em garantir o registro dessas
63
informações e a não participação do doente neste processo, configurando-se como obstáculo
para a continuidade da assistência (ASSIS et al, 2012).
Validando esses resultados, Almeida et al (2010) em estudo nacional realizado em
grandes centros urbanos sobre a integração entre níveis assistenciais, apontam resultados
semelhantes quanto ao fornecimento de informações escritas aos usuários quando estes são
referenciados a outro serviço de saúde, alcançando percentuais concordantes superiores a
90%. Entretanto, o estudo mostra ainda que a maior parte dos gestores e gerentes afirmou, em
todas as cidades, que não se tem a contra-referência como prática comum, apesar da
existência dos fluxos (ALMEIDA et al, 2010). Esses mesmos autores afirmam que se faz
necessário o fortalecimento dos mecanismos de referência e contra-referência, assim como de
integração e cooperação entre os serviços de saúde para a garantia da integralidade do
cuidado, partindo-se do pressuposto de que o trabalho em rede se constitui como um dos
componentes para a prestação do cuidado ampliado, contínuo, resolutivo e distinto da
concepção focalizada e seletiva ainda predominante.
A busca ativa ao doente de TB quando este não comparece à consulta de controle e
não realiza o TDO é outro item que merece ser destacado neste estudo, visto que alcançou
desempenho satisfatório. Em Cabedelo, tais ações são desenvolvidas tanto pelos profissionais
de saúde das unidades, como também pelo PCT municipal, fortalecendo, dessa forma, o
trabalho em rede. No entanto, a pesquisa bacteriológica para o controle do tratamento
apresentou-se, ainda, deficiente. Resultados de uma investigação realizada em município
prioritário para TB mostram que a dificuldade de inserção da busca ativa, seja de sintomáticos
respiratórios, seja de doentes em tratamento e da realização de baciloscopia de controle na
AB, pode indicar deficiências organizacionais que repercutem no desempenho das equipes de
saúde tanto na detecção precoce, quanto no controle e acompanhamento sistemático dos casos
de TB (MARCOLINO et al, 2009). Ressalta-se que a baciloscopia se estabelece como método
prioritário tanto na detecção quanto no monitoramento da evolução do tratamento, bem como
serve para documentar a cura do doente (BRASIL, 2011).
Outro ponto a ser destacado neste estudo diz respeito à realização de consulta médica
mensal e TDO no mesmo serviço de saúde, o que proporciona melhor acompanhamento dos
doentes pelas ESF, fortalece e favorece a formação de vínculo entre profissionais e usuários, e
possibilita a redução de gastos dos doentes, visto que embora sejam ações disponibilizadas
pelo serviço público de saúde, ainda representam um custo econômico para o doente de TB,
em função, muitas vezes, da necessidade de deslocamento até o serviço de saúde, bem como a
perda de trabalho para ser consultado (FIGUEIREDO et al, 2009). Estudos nacionais também
64
vão de encontro a esses resultados, mostrando tais achados como ferramentas essenciais para
o controle da TB e prestação de um cuidado integral aos doentes desse agravo, visualizando,
entendendo e adequando as ações às realidades vividas (QUEIROZ et al, 2012; LAFAIETE et
al, 2011; SÁ et al, 2011; FIGUEIREDO et al, 2009; GONZALES et al, 2008; VILLA et al,
2008; FALCÃO et al, 2006; BERTOLOZZI, 2005).
No entanto, uma das fragilidades evidenciada nesta pesquisa se refere a não
atualização ou atualização incipiente do livro de registro e acompanhamento dos doentes de
TB (“livro verde”). Um dos pontos observados durante o estudo faz referência ao fato de que
grande parte dos profissionais entrevistados, com exceção do enfermeiro, confunde o livro de
acompanhamento com o livro de sintomáticos respiratórios. Tal achado mostra-se em
consonância com o encontrado em uma investigação realizada nos municípios prioritários do
Rio de Janeiro para o controle da TB, mostrando que, em alguns destes municípios, os
registro das informações dos usuários são realizados, geralmente, ou no prontuário, ou em um
livro ata ou, às vezes, até mesmo em um caderno, a fim de facilitar o manuseio das
informações. O estudo mostra ainda que nos municípios de pequeno porte nem os
profissionais, tampouco a coordenação do programa apreendeu o livro de registros
(CAVALCANTI et al, 2012).
Os autores dessa investigação apontam também que, embora exista um
reconhecimento da importância desse instrumento (“livro verde”) como meio de registro de
informações sobre TB nas unidades de saúde, e como meio de atualização para a coordenação
de dados sobre o acompanhamento dos casos notificados, sua utilização apropriada requer a
capacitação dos profissionais para o preenchimento adequado, a supervisão contínua, e o
estímulo à avaliação das ações de controle da TB nas unidades de saúde por parte das
coordenações municipais (CAVALCANTI et al, 2012).
No que se refere à classificação dos serviços de saúde de AB, segundo variáveis do
componente estrutura e processo, os resultados foram alarmantes e inquietantes, uma vez que
apenas o serviço C alcançou desempenho satisfatório. Tal resultado confirma à complexidade
vivenciada por esses serviços e o desafio vivenciado pelos atores e autores que operam na
arena da saúde para classificar tais serviços, visto que sua classificação ou sua avaliação em
satisfatório ou não depende de diversos fatores, ligados a diferentes setores, atores e contextos
(TANAKA; TAMAKI, 2012; NOGUEIRA et al, 2011; FIGUEIREDO et al, 2009).
Concernentes a essa afirmação, Starfield (2002) e Donabedian (1996) apontam que a
qualidade dos serviços de saúde reflete não só pontos ligados ao cuidado prestado, mas
também a satisfação dos profissionais que atuam no serviço, como também a satisfação dos
65
usuários que recebem esse cuidado. Nessa mesma direção, faz-se relevante mencionar o
estudo de Gattinara et al (2005) que sinaliza vários fatores que determinam a qualidade dos
serviços de saúde, entre elas a competência profissional, envolvendo a habilidade técnica, as
atitudes da equipe e a capacidade de comunicação, a satisfação dos usuários, o que inclui o
tratamento recebido, os resultados concretos e tempo dispensado, a acessibilidade cultural,
social, geográfica e econômica, a eficácia através de normas adequadas, tecnologias
apropriadas, respeito às normas pela equipe e eficiência, incluindo custos e riscos aos serviços
e usuários, fatores estes ligados tanto a estrutura, quanto ao processo e ao resultado.
Ainda dentro desse contexto, outra investigação sobre avaliação de serviços de saúde
sinaliza como pontos importantes para o alcance de uma classificação positiva, a
fundamentação científica da prática dos profissionais, a cooperação entre os prestadores e
“consumidores” de serviços, o tratamento integral do indivíduo, considerando sua
subjetividade e reais necessidades de cuidado, o estabelecimento e fortalecimento de vínculo
entre profissionais e usuários, a acessibilidade da atenção para toda a população, além do
estabelecimento de uma integralidade ampliada, estabelecendo redes de atenção à saúde
(UCHIMURA; BOSI, 2002).
Em se tratando da TB, além desses fatores elencados por esses autores, estudos
nacionais mostram que se exigem também, para um atendimento diferenciado e de qualidade,
habilidades específicas, uma vez que se refere a uma doença de longa duração, cujo
planejamento das ações deve incluir os aspectos socioeconômicos, culturais e individuais do
doente, bem como o estabelecimento de vínculo e co-responsabilização entre o serviços, o
doente e a família (NOGUEIRA et al, 2011; SÁ et al, 2011; MARCOLINO et al, 2009;
MONROE et al, 2008; SILVA et al, 2007; VENDRAMINI et al, 2002; MUNIZ et al, 1999).
Nesta perspectiva e considerando o tratamento da TB como objetivo deste estudo,
enquadra-se o TDO, o qual propicia, além do estabelecimento de vínculo, a inserção do
doente como sujeito e co-responsável no processo terapêutico, permitindo ainda uma maior
aproximação dos profissionais junto aos doentes de TB e suas famílias (VENDRAMINI et al,
2002). Cruz et al (2012), em seu estudo sobre a avaliação dos serviços quanto ao TDO,
realizada por profissionais e usuários em serviços de APS do Rio de Janeiro, apontam que o
grande aspecto positivo levantado sobre esse tratamento, além da possibilidade de cura, é a
maneira como os doentes são tratados pelos profissionais, bem como a atenção e o
acolhimento dispensado aos mesmos, o que favorece a adesão ao tratamento da TB. Os
resultados dessa investigação também mostram que a adequação do contexto às necessidades
66
do usuário, a prioridade no atendimento e a redução do tempo de espera foram importantes
para o alcance de desempenho satisfatório dos serviços de AB em estudo.
Portanto, nessa direção, para o alcance do sucesso terapêutico e da avaliação positiva
dos serviços de saúde, o aspecto técnico-científico se torna essencial, tal como referido por
Donabedian (1996), ao descrever a qualidade do cuidado em saúde, contudo, insuficientes
caso não esteja associado ao aspecto inter-relacional da qualidade do vínculo e do local no
qual ocorrem as ações.
68
Os resultados obtidos neste estudo levam a conclusões que podem ser firmadas a
respeito do desempenho dos serviços de AB no tratamento da TB no município de Cabedelo-
PB, considerando os componentes estrutura (recursos humanos; recursos físicos; organização
do serviço) e processo (atenção proporcionada).
A análise das variáveis tanto do componente estrutura, como do componente processo
aponta fragilidades que vão desde o envolvimento dos profissionais no atendimento ao doente
de TB, perpassando pela descontinuidade do fluxo de informação, até a organização dos
serviços de saúde e processo de trabalho dos profissionais, os quais se pautam no modelo
curativista, biomédico e hospitalocêntrico, elucidando o caráter fragmentado das ações de
controle da TB. Tais fatores afetam diretamente o manejo adequado da doença, visto que
prejudica a interação entre profissionais e usuários.
Nesse sentido, torna-se necessário a criação de estratégias que envolvam parceria do
PCT com novos atores, no intuito de compartilhar algumas atividades com a equipe de
referência para a TB, atuando como retaguarda para os casos seguidos na AB, haja vista que a
mesma assume toda a complexidade da gestão da doença no município.
Além disso, para o efetivo controle da doença faz-se relevante que os profissionais de
saúde, assim como as políticas de saúde, transcendam o caráter fragmentado e reducionista
das ações, possibilitando a prestação de cuidados de forma integral, considerando o doente
sujeito segundo a concepção do processo saúde-doença, assim como do cuidado.
Ademais, inquieta-se analisar o tratamento da TB de forma mais ampliada,
considerando o doente, suas singularidades, necessidades e o contexto no qual este se insere.
Somado a isso, acredita-se que a avaliação de desempenho dos serviços de saúde não deve ser
realizada apenas como uma tarefa puramente acadêmica, sem um propósito concreto, mas
deve se voltar para orientar o desenvolvimento de políticas e estratégias, além de estar
centrada na avaliação do alcance dos objetivos traçados. Em vista disso, nota-se a importância
da realização de estudos de avaliação, uma vez que podem produzir informações tanto para a
melhoria das intervenções em saúde, como para o julgamento acerca da sua efetividade e da
satisfação dos usuários do sistema.
Todavia, vale destacar que a avaliação é um processo dinâmico, e quanto mais bem
sucedido, maiores questionamentos surgirão sobre o que está sendo avaliado, semeando
dúvidas e motivação para a contínua realização de julgamentos e tomadas de decisão,
envolvendo diversos setores e atores.
Ressalta-se, contudo, que uma das limitações desta pesquisa, refere-se ao fato desta
não ter englobado todos os atores envolvidos no processo de cuidado, os quais são
69
fundamentais para a realização de uma efetiva avaliação de qualidade. Porém, tal ação não
diminui a importância das contribuições trazidas por este estudo tanto para o município, como
para os estudos avaliativos.
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82
ANEXO 1
INSTRUMENTO DE COLETA DE DADOS
Número do questionário: ______ Município: ________________________________ Nome do serviço de saúde: ___________________________________________Telefone: ____________________________________________ Responsável pela coleta dos dados:__________________________________ Data da coleta dos dados: ________/________/___________ Digitador: ______________________________________________________ Data da digitação: ________/________/___________ Horário de início da entrevista: ____________________ Horário de término da entrevista: _____________________
I - IDENTIFICAÇÃO DA UNIDADE DE SAÚDE
1. Tipo de unidade:
1 UBS
2 UBS/PACS
3 USF
2. Horário de funcionamento: 1 7:00 às 17:00
2 8:00 às 17:00
II - IDENTIFICAÇÃO DO INFORMANTE CHAVE
RESPONSÁVEL PELAS AÇÕES DE CONTROLE DA TB NO SERVIÇO
3. Formação:
1 Enfermeiro
2 Auxiliar/técnico de enfermagem
3 Médico
4 Agente Comunitário de Saúde
4. Função exercida no serviço:
1 Enfermeiro assistencial
2 Enfermeiro coordenador de equipe de enfermagem/ coordenador de ACS
3 Auxiliar/técnico de enfermagem
4 Médico
5 Agente Comunitário de Saúde
6 Gerente
5. Tempo de atuação na Atenção Básica: ________________________ anos
6. Tempo de atuação no serviço: _______________________ anos
ACOMPANHAMENTO DOS CASOS DE TUBERCULOSE
III - COMPONENTE DA AVALIAÇÃO 1: ESTRUTURA (40 pontos)
RECURSOS HUMANOS (15 pontos)
7. Quais são os profissionais de saúde envolvidos com o atendimento aos doentes de TB nesse serviço? (4,0 pontos)
7.1 Enfermeiro 1
SIM (1,0) 2 NÃO (0,0)
7.2 Auxiliar /técnico de enfermagem 1
SIM (1,0) 2 NÃO (0,0)
7.3 Médico 1
SIM (1,0) 2 NÃO (0,0)
7.4 Agente Comunitário de Saúde 1 SIM (1,0) 2 NÃO (0,0)
8. Há outros profissionais (Psicólogo, assistente social ) envolvidos com o tratamento da TB nesse serviço? (1,5 ponto)
1 SIM (1,5) 2 NÃO (0,0)
9.
Nos últimos 3 anos, quais profissionais foram capacitados para atendimento em TB? (5,0 pontos)
9.1 Enfermeiro 1
SIM (1,0) 2 NÃO (0,0)
9.2 Auxiliar/técnico de enfermagem 1
SIM (1,0) 2 NÃO (0,0)
9.3 Médico 1
SIM (1,0) 2 NÃO (0,0)
9.4 Agente Comunitário de Saúde 1 SIM (1,0) 2 NÃO (0,0)
9.5 Outros (Profissionais da saúde bucal, assistência social, psicologia)
1 SIM (1,0) 2 NÃO (0,0)
10.
Nos últimos 12 meses houve capacitação sobre TB realizada pela Vigilância Epidemiológica/ Programa de Controle de TB/ Secretaria Municipal de Saúde para este serviço? (1,5 pontos)
1 SIM (1,5) 2 NÃO (0,0)
11.
Nos últimos 12 meses houve capacitação sobre TB realizada por este próprio serviço de saúde aos profissionais que aqui trabalham? (1,5 pontos)
1 SIM (1,5) 2 NÃO (0,0)
12.
Há nesse serviço de saúde um profissional responsável pelo Tratamento Diretamente Observado (TDO)? (1,5 pontos)
1
SIM (1,5) Quem?__________________________________________________________________
2 NÃO (0,0)
83
___
RECURSOS FÍSICOS (10 pontos)
13.
Nesse serviço há disponibilidade de consultórios/salas para o atendimento ao doente de TB? (1,0 ponto)
13.1 Consultórios médicos (0,5) 1 SIM (0,5) 2 NÃO (0,0)
13.2 Salas para atendimento de enfermagem (0,5) 1 SIM (0,5) 2 NÃO (0,0)
14.
Há atualmente disponibilidade de cestas básicas ou vale alimentação para entregar aos doentes? (1,25 pontos) 1 SIM
(1,25) 2
NÃO (0,0)
15.
Há atualmente disponibilidade de vale transporte para entregar aos doentes? (1,25 pontos) 1 SIM
(1,25) 2
NÃO (0,0)
16.
Os profissionais possuem acesso aos seguintes intrumentos de registros: (2,5 pontos)
16.1 Ficha de notificação (0,5) 1 SIM (0,5) 2 NÃO (0,0)
16.2 Prontuários (0,5) 1 SIM (0,5) 2 NÃO (0,0)
16.3 Ficha de acompanhamento mensal de trat/o. (0,5) 1 SIM (0,5) 2 NÃO (0,0)
16.4 Ficha diária de TDO (0,5) 1 SIM (0,5) 2 NÃO (0,0)
16.5 Livro verde (0,5) 1 SIM (0,5) 2 NÃO (0,0)
17.
A Unidade de saúde possui os seguintes insumos/equipamentos para controle do tratamento: (2,5 pontos)
17.1 Pote para exame de escarro (0,5) 1 SIM (0,5) 2 NÃO (0,0)
17.2 Pedido de baciloscopia (0,5) 1 SIM (0,5) 2 NÃO (0,0)
17.3 Pedido de cultura (0,5 1 SIM (0,5) 2 NÃO (0,0)
17.4 Pedido de exame HIV (0,5) 1 SIM (0,5) 2 NÃO (0,0)
17.5 Ficha de referência e contra-referência (0,5) 1 SIM (0,5) 2 NÃO (0,0)
18.
A disponibilidade (entrega) de medicamentos para TB nessa unidade de saúde nos últimos 12 meses atendeu a demanda? (1,5 ponto)
1 SIM (1,5) 2 NÃO (0,0)
ORGANIZAÇÃO DO SERVIÇO (15 pontos)
19.
Esse serviço de saúde atende fora do horário comercial (após às 17: 00)? (2,0 pontos) 1
SIM (2,0) 2 NÃO (0,0)
20.
São realizadas discussões dos casos de TB que realizam tratamento neste serviço pela equipe de profissionais responsáveis pelo tratamento desse agravo? (2,0pontos)
1 SIM (2,0) 2 NÃO (0,0)
21.
Os doentes de TB em tratamento conseguem consulta no prazo de 24 horas nesse serviço se passarem mal por causa da medicação ou da TB? (2,0 pontos)
1 SIM (2,0) 2 NÃO (0,0)
22.
Os doentes de TB em tratamento são orientados a procurar pelo serviço de saúde fora da data agendada para retorno, caso apresentem algum problema relacionado à sua doença e tratamento? (2,0 pontos)
1 SIM (2,0) 2 NÃO (0,0)
23.
Existe articulação desse serviço com outros níveis de atenção quando: (2,0 pontos)
23.1 O doente necessita de consultas por possuir outras co-morbidades (diabetes, hipertensão, doenças psiquiátricas) (0,5)
1 SIM (0,5) 2 NÃO (0,0)
23.2 O doente é co-infectado pelo HIV (0,5) 1 SIM (0,5) 2 NÃO (0,0)
23.3 Há complicações no tratamento (0,5) 1 SIM (0,5) 2 NÃO (0,0)
23.4 Há dificuldades na realização do TDO (0,5) 1 SIM (0,5) 2 NÃO (0,0)
24.
O nº de vezes que o laboratório passa para buscar os exames de TB durante o tratamento é suficiente para atender a demanda desse serviço? (2,0 pontos)
1 SIM (2,0) 2 NÃO (0,0)
25.
O resultado do exame de baciloscopia fica pronto e chega a esse serviço em até 7 dias? (1,5 ponto) 1 SIM (1,5) 2 NÃO (0,0)
26.
Há no serviço de saúde um sistema informatizado contendo informações sobre o doente de TB (como consultas agendadas, faltas ao serviço, falta na supervisão medicamentosa...)? (1,5 ponto)
1 SIM (1,5) 2 NÃO (0,0)
IV - COMPONENTE DA AVALIAÇÃO 2: PROCESSO – ATENÇÃO PROPORCIONADA (60 pontos)
27.
Os profissionais de saúde que acompanham o tratamento de TB nesse serviço costumam ouvir outros problemas de saúde e necessidades (além da doença) do doente? (3,0 pontos)
1 SIM (3,0) 2 NÃO (0,0)
28.
Os doentes de TB são atendidos pelos mesmos profissionais cada vez que demandam ao serviço de saúde? (3,0 pontos)
1 SIM (3,0) 2 NÃO (0,0)
29.
São passadas informações sobre a TB quanto à:
29.1 Forma de transmissão da doença (1,0) 1 SIM (1,0) 2 NÃO (0,0)
84
(5,0 pontos) 29.2 Horário de tomar a medicação (1,0) 1 SIM (1,0) 2
NÃO (0,0)
29.3 Reações adversas da medicação (1,0) 1 SIM (1,0) 2 NÃO (0,0)
29.4 Necessidade de examinar seus contatos (1,0) 1 SIM (1,0) 2 NÃO (0,0)
29.5 Importância da adesão ao tratamento (1,0) 1 SIM (1,0) 2 NÃO (0,0)
30.
Há discussão junto ao doente de TB sobre a forma de ser realizado o seu acompanhamento durante o tratamento em relação à: (6,0 pontos)
30.1 Realização do Tratamento Diretamente Observado (TDO) (1,0)
1 SIM (1,0) 2 NÃO (0,0)
30.2 Local de realização do TDO (1,0) 1 SIM (1,0) 2 NÃO (0,0)
30.3 Dia da semana para realização do TDO (1,0) 1 SIM (1,0) 2 NÃO (0,0)
30.4 Horário de realização do TDO (1,0) 1 SIM (1,0) 2 NÃO (0,0)
30.5 Horário da realização das consultas médicas de controle (1,0)
1 SIM (1,0) 2 NÃO (0,0)
30.6 Entrega da medicação (1,0) 1 SIM (1,0) 2 NÃO (0,0)
31.
Há regularidade no fornecimento da medicação para o doente de TB? (3,0 pontos)
1 SIM (3,0)
2 NÃO (0,0) Frequência: Semanalmente: nº vezes_____
Quinzenal
Mensal
Outro: ___________________
32.
Esse serviço de saúde oferece TDO no: (3,0 pontos)
32.1 Domicílio 1 SIM (1,0) 2 NÃO (0,0)
32.2 Unidade de saúde 1 SIM (1,0) 2 NÃO (0,0)
32.3 Trabalho 1 SIM (1,0) 2 NÃO (0,0)
33.
Esse serviço de saúde oferece Visitas Domiciliares (VD) aos casos prioritários de TB (doentes com baciloscopia +, soropositivos, alcoolistas, dependentes químicos) ? (3,0 pontos)
1 SIM (3,0) 2 NÃO (0,0)
34.
As ações educativas em TB voltadas para a comunidade são realizadas: (4,0 pontos)
34.1 De forma rotineira? 1 SIM (2,0) 2 NÃO (0,0)
34.2 Em épocas de campanhas? 1 SIM (2,0) 2 NÃO (0,0)
35.
É orientada a realização do exame anti-HIV aos doentes de TB em tratamento? (3,0 pontos) 1 SIM (3,0) 2 NÃO (0,0)
36.
Esse serviço de saúde solicita baciloscopia de controle: (3,0 pontos)
Mensal (3,0) 1 SIM (3,0) 2 NÃO (0,0)
Bimensal (2º; 4º e 6º meses) (2,0) 1 SIM (2,0) 2 NÃO (0,0)
Esporadicamente (0,5) 1 SIM (0,5) 2 NÃO (0,0)
No início e no final do tratamento (0,1) 1 SIM (0,1) 2 NÃO (0,0)
37.
A baciloscopia de controle é entregue neste mesmo serviço de saúde? (3,0 pontos) 1 SIM (3,0) 2 NÃO (0,0)
38.
Esse serviço de saúde realiza o agendamento de consultas médicas MENSAIS de controle ao doente de TB? (3,0 pontos)
1 SIM (3,0) 2 NÃO (0,0)
39.
A consulta médica de controle é realizada na mesma unidade que o doente realiza o TDO? (2,0 pontos)
1 SIM (2,0)
2 NÃO, mas há comunicação entre os serviços (telefone, informações escritas) sobre o tratamento do doente de TB? (1,0)
40.
Quando o doente é encaminhado para outros serviços de saúde, os profissionais ajudam na marcação dos exames e consultas? (3,0 pontos)
1 SIM (3,0) 2 NÃO (0,0)
41.
Quando o doente é encaminhado para outros serviços de saúde, os profissionais fornecem informações escritas (ficha de referência, resultado de exame, carta, etc) para entregar ao serviço referido? (2,0 pontos)
1 SIM (2,0) 2 NÃO (0,0)
42.
Há contra-referência das informações referentes às consultas médicas realizadas fora desse serviço de saúde? (2,0 pontos)
1 SIM (2,0) 2 NÃO (0,0)
43.
É realizada busca ao doente de TB quando ele falta a uma consulta médica/enfermagem? (3,0 pontos) 1 SIM (3,0) 2 NÃO (0,0)
44.
É realizada busca ao doente de TB quando ele não comparece na tomada da medicação/não busca a medicação na data correta? (3,0 pontos)
1 SIM (3,0) 2 NÃO (0,0)
DADOS SECUNDÁRIOS
REGISTROS
45.
O livro de registro e acompanhamento de doentes (“livro verde”) está atualizado? (3,0 pontos)
1 SIM (3,0) 2 NÃO (0,0)
85
V - COMPONENTE DA AVALIAÇÃO 3: RESULTADOS (Essas informações deverão ser coletadas junto ao PCT municipal)
2008 2009 2010
46.
Número de doentes de TB que foram curados:
47.
Número de doentes de TB que abandonaram o tratamento:
48.
Número de doentes de TB que foram à óbito por TB:
49.
Número de doentes de TB acompanhados nesse serviço de saúde:
50.
Número de doentes de TB que realizaram TDO nesse serviço de saúde:
86
ANEXO 2
ROTEIRO PARA A OBSERVAÇÃO DE CAMPO DOS SERVIÇOS DE SAÚDE–
DOTS/CABEDELO-PB
NOME DO SERVIÇO DE SAÚDE:
TIPO DE SERVIÇO: ( ) UBS/PACS
( ) USF nº equipes de saúde da família:
HORÁRIO DE FUNCIONAMENTO DO SERVIÇO:
DATA DA OBSERVAÇÃO:
1. Localização do serviço de saúde: Localização no município, áreas de risco geográfico
(montanhas, rios) e social (áreas de tráfego, ruas sem asfaltos, esgoto a céu aberto) na área de
atuação do serviço, pontos de ônibus próximos do serviço, número de linha de transportes
disponíveis.
2. Como ocorre a demanda (espontânea, programada ou referenciada) para este serviço?
3. Como o usuário fica sabendo que seu resultado de exame deu positivo para tuberculose?
Como é realizada a busca deste doente para início do tratamento? Quais profissionais
participam dessa busca?
4. Nesse serviço de saúde, como ocorre o fluxo de atendimento para o usuário que acabou de ser
diagnosticado com tuberculose?
5. Há neste serviço de saúde algum profissional de saúde responsável pelas ações de controle da
tuberculose ou as ações são realizadas em equipe? Se sim, quem é (são)? Qual sua formação e
função no serviço?
6. Qual a atribuição do médico, enfermeira, auxilar/técnico de enfermagem e ACS durante o
tratamento do doente de TB?
7. Este serviço de saúde realiza as consultas médicas de controle da tuberculose? Como é
realizado o agendamento? Qual a freqüência? Os profissionais de saúde anotam a data de
retorno das consultas médicas de controle aos doentes de tuberculose?
8. Este serviço de saúde solicita os exames de controle do tratamento da tuberculose? Quais são
os exames solicitados durante o tratamento? Qual a frequencia da solicitação desses exames?
Dos exames informados, quais são realizados neste serviço?
9. Se solicitar baciloscopia, qual fluxo que o doente de tuberculose pulmonar precisa seguir até a
entrega do material? Onde o doente de tuberculose entrega o material coletado da
baciloscopia? Há dia e horário específico para a entrega?
10. Qual é o laboratório responsável pela análise dos exames de baciloscopia? Quais dias da
semana e horários que ele passa para pegar o material coletado?
11. Como o serviço de saúde é informado sobre os resultados dos exames de baciloscopia
(telefone, sistema de informação, cartas...) dos doentes que estão em tratamento? Em quanto
tempo o resultado chega até o serviço?
12. Quando solicitado, onde é realizado o exame de Raio-X? Onde os resultados são
disponibilizados? Como este serviço de saúde recebe esse resultado? Em quanto tempo o
resultado chega até este serviço?
87
13. Este serviço de saúde realiza o tratamento supervisionado? Qual profissional de saúde realiza?
Quantas vezes por ele é realizado? Em que local e horário?
14. Como é definido o tipo de tratamento a ser realizado (tratamento supervisionado ou auto-
administrado)? O doente de tuberculose participa nas decisões do seu tratamento?
15. Este serviço de saúde realiza a busca dos comunicantes de tuberculose? De que forma essa
busca ocorre? Quem é o responsável por realizar essa busca dos comunicantes? Como é
realizado o agendamento para os comunicantes? Quem realiza o atendimento dos
comunicantes de tuberculose? Há o registro?
16. Quais os tipos de registros para a tuberculose existentes neste serviço de saúde? Quem faz as
anotações? Essas informações são enviadas a alguma unidade central? Se sim, as informações
de quais impressos são enviadas? Há o retorno dessas informações?
17. Este serviço de saúde realiza orientações ao doente de tuberculose sobre a doença e
tratamento? Quem orienta? Quando orienta?
18. Os profissionais de saúde orientam os doentes de tuberculose como proceder se sentirem
alguma reação adversa ao medicamento? Descreva.
19. Como é o fluxo de atendimento no serviço de saúde quando o doente de tuberculose recorre a
este serviço por reações adversas ao medicamento da tuberculose? Descreva.
20. Ocorrem reuniões de equipe de saúde? Com que freqüência? O que abordam? As reuniões de
equipe são utilizadas como forma de educação permanente em saúde? Descreva como elas
ocorrem.
21. Ocorrem treinamentos sobre tuberculose? Com que freqüência? O que abordam? Quem realiza
os treinamentos?
22. Existe um treinamento interno/educação permanente sobre a tuberculose neste serviço para os
profissionais?
23. São realizadas visitas domiciliares para os doentes de tuberculose? Se sim, em quais casos elas
são realizadas (todos doentes recebem VD ou apenas casos específicos?)? Quando são feitas
(ex: 1 vez/mês, início do tratamento...)? Quem as realiza?
24. A unidade de saúde faz articulação com outros níveis de atenção? Existe interação entre a
unidade de saúde e o PCT? Se SIM, com que frequência ocorre? Para que serve? Quem faz a
articulação? De que modo é feita?
25. O que é feito nos casos em que há duvidas sobre a condução do tratamento do doente de
tuberculose?
26. Como são ofertados os benefícios (cesta básica, vale transporte) aos doentes de tuberculose?
Todos doentes recebem esses benefícios?
27. Há neste serviço de saúde grupos específicos para os doentes de tuberculose? A temática da
tuberculose é abordada em outros grupos (usuários) existentes no serviço?
28. Quais as dificuldades/problemas/obstáculos encontrados durante o acompanhamento do
tratamento da TB nessa unidade de saúde?
29. Quais são as facilidades e meios de contornar os obstáculos encontrados durante o
acompanhamento do tratamento da TB nessa unidade de saúde?
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ANEXO 4
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
Prezado (a) senhor (a),
Gostaria de convidá-lo (a) para participar de uma pesquisa sobre “Avaliação da Atenção Básica para o
tratamento da tuberculose na perspectiva dos profissionais de saúde em municípios do Brasil”. Esta
pesquisa está sendo realizada por uma equipe de pesquisadores da Universidade Federal da Paraíba
(UFPB). Ela tem como objetivo de analisar a atenção prestada pelos Serviços de Atenção Básica e os
resultados do tratamento da TB.
Sua participação consistirá em responder a um instrumento por meio de uma entrevista que poderá
durar em média 40 minutos. As informações fornecidas contribuirão com a melhoria dos serviços de
saúde na atenção a Tuberculose.
Eu, ____________________________________________________________, tendo recebido as
informações acima e ciente de meus direitos abaixo relacionados, concordo em participar.
A garantia de receber todos os esclarecimentos sobre as perguntas do questionário antes e
durante a entrevista, podendo afastar-me em qualquer momento se assim o desejar, bem como está me
assegurando o segredo das informações por mim reveladas;
A segurança de que não serei identificado, assim como está assegurado que a pesquisa não
trará prejuízo a mim e a outras pessoas;
A garantia de que meu tratamento não será prejudicado se eu desistir de participar da pesquisa,
A garantia de que todas as informações por mim fornecidas serão utilizadas apenas na
construção da pesquisa e ficará sob a guarda dos pesquisadores, podendo ser requisitada por mim a
todo o momento.
Uma cópia assinada desta declaração deve ficar com o (a) Sr. (a).
Cabedelo, ___, de_________________ de 2011.
____________________________________________________
Assinatura do entrevistado
Telefone:________________________
Certos de estar contribuindo com o conhecimento em Tuberculose para a melhoria da saúde da
população contamos com a sua preciosa colaboração. Atenciosamente
Profª Drª Tereza Cristina Scatena Villa
CONTATO: Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo. Endereço:
Avenida bandeirantes, 3900; Campus Universitário – Ribeirão Preto – SP; CEP 14049-900 –SP;
Telefone (0xx16) 36023228 e.mail: [email protected]