tratamento da fibra de sisal com polÍmeros de …...a mariana e cátia pela amizade, pelo incentivo...

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FEIRA DE SANTANA, BA - BRASIL JUNHO DE 2015 TRATAMENTO DA FIBRA DE SISAL COM POLÍMEROS DE FONTES RENOVÁVEIS PARA USO EM COMPÓSITOS À BASE DE CIMENTO Heni Mirna Cruz Santos DISSERTAÇÃO SUBMETIDA AO CORPO DOCENTE DO PROGRAMA DE PÓSGRADUAÇÃO EM ENGENHARIA CIVIL E AMBIENTAL DA UNIVERSIDADE ESTADUAL DE FEIRA DE SANTANA COMO PARTE DOS REQUISITOS NECESSÁRIOS PARA A OBTENÇÃO DO GRAU DE MESTRE EM CIÊNCIAS EM ENGENHARIA CIVIL E AMBIENTAL. Aprovada por:

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Page 1: TRATAMENTO DA FIBRA DE SISAL COM POLÍMEROS DE …...A Mariana e Cátia pela amizade, pelo incentivo e conselhos com o intuito de facilitar a minha vida dentro e fora do mestrado,

FEIRA DE SANTANA, BA - BRASIL

JUNHO DE 2015

TRATAMENTO DA FIBRA DE SISAL COM POLÍMEROS DE FONTES RENOVÁVEIS

PARA USO EM COMPÓSITOS À BASE DE CIMENTO

Heni Mirna Cruz Santos

DISSERTAÇÃO SUBMETIDA AO CORPO DOCENTE DO PROGRAMA DE

PÓSGRADUAÇÃO EM ENGENHARIA CIVIL E AMBIENTAL DA UNIVERSIDADE

ESTADUAL DE FEIRA DE SANTANA COMO PARTE DOS REQUISITOS

NECESSÁRIOS PARA A OBTENÇÃO DO GRAU DE MESTRE EM CIÊNCIAS EM

ENGENHARIA CIVIL E AMBIENTAL.

Aprovada por:

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Ficha Catalográfica – Biblioteca Central Julieta Carteado

Santos, Heni Mirna Cruz

S236 Tratamento da fibra de sisal com polímeros de fontes renováveis para

uso em compósitos à base de cimento / Heni Mirna Cruz Santos. – Feira

de Santana, 2015.

115 f. : il.

Orientador: Paulo Roberto Lopes Lima.

Co-orientadora: Geany Peruch Camilloto.

Dissertação (mestrado) – Universidade Estadual de Feira de Santana,

Programa de Pós-Graduação em Engenharia Civil e Ambiental, 2015.

1. Cimento – Composição. 2. Fibra de sisal – Tratamento. I. Lima,

Paulo Roberto Lopes, orient. II. Camilloto, Geany Peruch, co-orient. III.

Universidade Estadual de Feira de Santana. IV. Título.

CDU: 693.542

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“AOS MEUS PAIS E AMIGOS POR SEREM A

BASE DAS MINHAS ALEGRIAS E VITÓRIAS”

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AGRADECIMENTOS

Enfim... É isso aí!!! O que será contado nas próximas linha talvez não mude em nada na vida

das pessoas que lerem, mas sem sombra de dúvida tocará o coração de todos os citados, pois

estes foram e serão recordados eternamente em minha vida.

Agradeço primeiramente a Deus ter me concedido o dom da vida e das vidas das pessoas que

estão, ou passaram pelo meu caminho dia após dia. Em especial agradeço as pessoas da minha

família, o santuário da vida.

A minha mãe Helenir...“Eu tenho tanto para te falar, mas com palavras não sei dizer, como é

grande o meu amor por você”... Então agradeço por todo o incentivo, por toda a dedicação,

por todos os sacrifícios feitos, por todas as vezes deixou de realizar seus desejos e anseios

para que os meus fossem realizados, por toda a força e orações que me destes desde do meu

nascimento até hoje. E a meu pai, Paulo do cavaquinho, agradeço por todas as conversas aos

sábados, onde contava-me tuas experiências e “me dizia sempre o que é viver melhor... E nos

seus olhos era tanto brilho que mais que sua filha eu fiquei sua fã”... Obrigada o senhor “faz

parte desse caminho que hoje eu sigo em paz”.

A minha vó, Helena.... Agradeço por todo o carinho, dengo e dedicação, foi através do teu

caráter e do seu jeito forte e meigo que aprendi a observar que há sempre um lado bom em

tudo e que as pessoas não são tão ruins quanto parecem, pois talvez elas nunca souberam o

que é amor. E a meu irmão, Ézio, agradeço por todas as provas de fogo sobre paciência,

apesar de termos pensamentos diferentes, sei que seu coração é muito maior que as suas ideias

e que me amas muito mais do que imagino.

Também venho a agradecer as pessoas que me deram a mão para calcar os primeiros passos

no mundo acadêmico. Ao grande amigo Rogério, pessoa pela qual agradeço a perseverança

em realizar um sonho que tinha, desde da escola técnica, local onde nos conhecemos. Você

foi a peça fundamental para o grande passo que dei na vida. E contigo aprendi que apesar dos

4 anos sem contato, que a distância não é nada quando de fato se tem um grande amigo...

Valeu Rogerinho!!!

A professora Michelline Ney, que não se hesitou em fazer uma carta de recomendação em

menos de 24h e de sempre estar disponível para tirar minhas dúvidas e me incentivar, pois

através do seu amor em ensinar é que tomei gosto em aprender...

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Ao Professor Paulo Roberto, pessoa pelo qual tive o primeiro contato e que se tornou meu

orientador, agradeço por tudo, pois não foste somente um orientador, além de me passar os

teus conhecimentos e experiências, ensinou-me a superar e persistir em meus sonhos e

objetivos, sem falar no aprendizado da grande maratona que é a vida, pois durante esses 2

anos mostrou-me o que é paixão pela pesquisa.

A professora Geany Peruch, minha co-orientadora a quem tenho grande admiração por ter

sido sempre tão solícita, ao desenrolar da pesquisa e pela generosidade com a qual conduziu a

co-orientação, por sempre estar disposta a transferir seus conhecimentos. E ao professor

Renato Cruz, por sempre estar à disposição para a retirada de dúvidas.

Também venho agradecer as ICs, Juli Barbosa, Jamile Marques, Simone Ribeiro, Vanessa

Silva, Leandra Cunha e Esther Freitas por toda a dedicação e disponibilidade que tiveram em

ajudar na produção das fibras para minhas análises. Sem vocês não haveria o desenrolar da

pesquisa, todas foram fundamentais. Sem falar no imenso carinho que tenho por vocês, pois

fizeram-me rir, nos dias que só quis chorar e já me fizeram chorar de tanto rir.

Agora venho agradecer aos que passaram a fazer parte do meu cotidiano, pois “Minha vida é

andar por este país, para ver se um dia descanso feliz. Guardando as recordações das terras

onde passei andando pelos sertões e dos amigos que lá deixei. ” (Luiz Gonzaga).

Daniele Justo (Chan), companheira de todas as horas sejam boas ou ruins, venho agradecer

por permitir que te conhecesse como és verdadeiramente, uma pessoa de coração grande e

amável, a qual tenho com uma irmã, pois sempre tevês uma paciência comigo fora do comum.

Também agradeço por a porta de tua casa para me acolher, além pelo suporte nos momentos

difíceis, pelos papos reais, por todas a aventuras vividas, por deixar que tua mãe “me

adotasse” e poder desfrutar da companhia e lealdade de todos da tua casa... Tu és para mim

um exemplo de força e perseverança e que podemos sim alcançar os objetivos que traçamos...

Afinal com as pedras que encontrastes no caminho, você utilizou-as para calcar os degraus do

teu sucesso...A você um muito obrigada, por toda confiança e carinho.

A Rafael Campos (Mangue), venho agradecer por todos os momentos que passamos, dos mais

tristes aos mais felizes, e por me acolher também em tua casa, dando-me a liberdade de

chamar Dona Déa de tia e ser sempre lembrada com carinho por todos os teus familiares,

contigo aprendi o que ter não é preciso ter o mesmo sangue para se tornar um irmão e que

esse ocupa um grande espaço no coração. Agradeço também por me apresentar ao grupo de

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pilates, onde passei tardes maravilhosas, cheias de esforços e descontrações, agradeço muito

pela disponibilidade de Camila e Danúbia, sempre preocupadas com minha coluna

A Alex Borges (Leleo), agradeço por todo o carinho que me destes sem pedir nada em troca,

com você tenho aprendido como cultivar e ter um bom coração, digno admiração e elogios.

Agradeço por cada papo incentivador e por fazer das minhas dores a tuas também. E a Dênia

Kieronski (Vaquinha), tenho que agradecer pelos carinhos repletos em cada “bom dia” e

também por toda sinceridade que tens, pois com você aprendi que nem todos que nos tratam

por educação são verdadeiros amigos. E também agradeço por conhecer tua família em

especial, tia Dulce, sempre solicita e preocupada com meu bem-estar...

Agradeço a Sérgio, por todo cuidado que tens comigo, sempre se atentando aos detalhes,

agradeço também por toda preocupação e carinho... E a Vinicius agradeço por mostrar que

podemos vencer os medos que nos cercam, basta lutar pelo que acreditamos.

A Rebeca agradeço por todos os papos e por todos os momentos inesperados de descontração,

pois através do seu jeito, poucos sabem o quanto és divertida. E a Roberval, agradeço pelos

cafezinhos cercados de risadas e conversas sérias, és um cara de muita paciência.

A Ana Paula (Dory) agradeço por todos os momentos de alegrias e agonias em que passamos,

entre entrega de textos e relatórios, entre almoços e jantares. Juntamente também venho

agradecer a Olivia, que passou a fazer parte do meu cotidiano e de tantas e tantas aventuras,

sem falar na vaga “memória” que possuis... Nós vivemos várias comédias entre implicâncias,

sintonias e retratações.

Já a Jamille Santana, “que vive com a bolsa pronta”, agradeço por dividir alguns finais de

semanas e feriados dentro do laboratório de alimentos, e dos diversos almoços, foram

momentos inesquecíveis. A Ana Amélia, agradeço pela preocupação e conversas sobre o

sentido da vida, pois todos temos um papel no universo. E a Mailson agradeço pelos papos

profissionais, entre eles a modificação da NBR 6118.

Aos amigos Rodolfo Alves, Welber, Josy, Marcus e Pacheco, agradeço pelo tempo dedicado a

transferência de conhecimento e pela convivência cheia de alegria. E aos amigos que

pertencem ao Raça Ruim, que me concederam fins de semanas maravilhosos em minha

cidade natal.

Agradeço também aos tios e tias, como também aos meus primos e primas, sejam eles de

sangue ou de coração, vocês sempre me motivaram a ir sempre adiante e batalhar pelos meus

sonhos.

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O que será do ser humano se não reconhecer a importância dos seus educadores,

principalmente dos que se podem chamar de amigos? Logo venho a agradecer a todos os

professores do PPGECEA, por terem compartilhado suas experiências e aprendizados, em

especial aos mestres memoráveis

A Cintia Fontes, por sua disposição em ajudar e compartilhar as experiências acadêmicas e de

certa forma orientar cada passo a ser dado, além de sempre instigar os porquês, tanto no

mestrado como na vida.

Ao professor Washington Moura, por sempre acreditar no esforço de cada aluno e de estender

a mão para apoiar. Além das mensagens motivadoras e mostrar-me que mesmo sendo doutor

és um ser humano como todos os outros.

À professora Socorro (Help), sou imensamente grata por todos os incentivos e os conselhos,

pelo cuidado e proteção. Vejo em ti uma grande guerreira digna de toda admiração e respeito.

És um grande exemplo de mulher e de profissional a ser seguida. Obrigada por tudo e

principalmente por permitir chamar-te amiga.

Agradeço também os que fazem a UEFS funcionar.

A Mariana e Cátia pela amizade, pelo incentivo e conselhos com o intuito de facilitar a minha

vida dentro e fora do mestrado, e além da imensa disposição em ajudar.

A Jaci, Márcia, Marlí, Rose, Gil, Dona Carmem, Rosana e Suane por me acolherem e se

tornarem fundamentais no meu dia a dia, pois sempre emprestaram seus ouvidos para os meus

lamentos e o teus braços para me acalentar no momentos mais tensos... Vocês são guerreiras!

A Ana Lúcia, Carla, por sempre estarem disponíveis em me ajudar no laboratório e

compartilhar a sua vivência na vida.

A seu Nislon, Jorge Luiz, Adriano, Mirela, Uiliana, Rita e Cléia, todos do Labotec I, por

estarem sempre dispostos a colaborar com minha pesquisa, através de favores e informações.

Agradeço também aos vigias, Ednelson, Cardoso, Edivaldo por sempre estarem a postos e me

motivarem a cada dia.

A CAPES pelo fornecimento da bolsa

Enfim, a agradeço a todos que contribuíram direta e indiretamente, que eu alcançasse esta

conquista, fica aqui meus sinceros agradecimentos.

“MUITO OBRIGADA!”

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Resumo da Dissertação apresentada ao PPGECEA/UEFS como parte dos requisitos

necessários para a obtenção do grau de Mestre em Ciências (M.Sc.)

TRATAMENTO DA FIBRA DE SISAL COM POLÍMEROS DE FONTES RENOVÁVEIS

PARA USO EM COMPÓSITOS À BASE DE CIMENTO

Heni Mirna Cruz Santos

JUNHO/2015

Orientador: Profº. Drº Paulo Roberto Lopes Lima

Co-orientadora: Prof.ª Drª Geany Peruch Camilloto

Programa: Engenharia Civil e Ambiental

Fibras de sisal são utilizadas para proporcionar aumento na resistência e/ou na tenacidade em

compósito a base de cimento. Apesar dessas vantagens apresentadas, a fibra de sisal possui

uma grande capacidade de absorção de água e, consequentemente, grande variação

dimensional quando submetido a ciclos de molhagem-secagem. Esse processo resulta na

deterioração da interface fibra-matriz e redução de aderência, prejudicando o comportamento

dos compósitos reforçados com fibras curtas. Neste trabalho as fibras de sisal foram

revestidas com resinas produzidas a partir de acetato de celulose, amido hidrofóbico e fécula

de mandioca, a fim de verificar a possibilidade de redução da absorção de água da fibra e o

seu efeito sobre a aderência fibra-matriz e comportamento de compósitos sob flexão. Ensaios

de espectroscopia por infravermelho (FTIR), absorção de água e de tração direta foram

utilizados para investigar os efeitos do tratamento da superfície das fibras de sisal. Ensaios de

arrancamento com 20 mm e 40mm foram realizados para definir a influência do tratamento

sobre tensão de aderência com argamassa de cimento. Foram produzidos compósitos com 4%

de fibra curta e submetidos ao ensaio de flexão. Os resultados indicaram que o tratamento

com a resina de acetato de celulose reduziu a absorção de água, quando comparado com a

fibra sem tratamento. O ensaio de tração não mostrou ganho de resistência, assim como a

tensão de aderência e o comportamento a flexão foram menores que a utilização da fibra sem

tratamento.

Palavras-chaves: Fibra de Sisal; Resinas poliméricas; Compósitos.

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Abstract of Dissertation presented to PPGECEA/UEFS as a partial fulfillment of the

requirements for the degree of Master of Science (M.Sc.)

SISAL FIBER TREATMENT WITH POLYMERS OF RENEWABLE SOURCES FOR USE

IN CEMENT-BASED COMPOSITES.

Heni Mirna Cruz Santos

JUNE / 2015

Advisor: Prof.. Drº Paulo Roberto Lopes Lima

Co-supervisor: Prof. Dr. Geany Peruch Camilloto

Department: Civil and Environment Engineering

Sisal fibers are used to provide increase of strength and/or toughness of cement based

composite. Despite these advantages presented, sisal fiber has a large capacity for water

absorption, and consequently, a large dimensional change when subjected to wetting-drying

cycles. This process results in the deterioration of the fiber-matrix interface and reducts the

adhesion, affecting the behavior of composites reinforced with short fibers. In this work sisal

fibers were coated with resins made of cellulose acetate, hydrophobic starch and manioc

starch in order to verify the possibility of reduction in the fiber's water absorption and its

effect on the adhesion-fiber matrix, and composites under flexural behavior. Assays such as

Fourier transform infrared (FTIR) spectroscopy, water absorption and direct tensile were used

to investigate the effects of the surface’s treatment of sisal fibers. Pullout tests with 20 mm

and 40 mm were performed to define the influence of the treatment on adhesion tension with

cement mortar. Composites were produced with 4% of short fiber and subjected to bending

test fiber. The results indicated that the treatment with the cellulose acetate resin reduced

water absorption when compared to untreated fiber. The tensile test showed no strength gain,

as well as the strain adherence and bending behavior were smaller than the use of untreated

fiber.

Keywords: Sisal fiber; Polymeric resins; Composites.

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................. 1

1.1 OBJETIVO ...................................................................................................................... 3

1.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS .......................................................................................... 3

1.3 ESTRUTURA DA DISSERTAÇÃO .............................................................................. 3

2 FUNDAMENTAÇÃO TEORICA ................................................................................... 5

2.1 FIBRAS VEGETAIS EM COMPÓSITOS ..................................................................... 5

2.2 FIBRAS DE SISAL ......................................................................................................... 6

2.2.1 Características físicas ................................................................................................... 6

2.2.2 Composição química .................................................................................................... 8

2.2.3 Propriedades físicas e mecânicas da fibra de sisal ..................................................... 10

2.3 COMPÓSITOS REFORÇADOS COM FIBRAS DE SISAL ....................................... 12

2.3.1 Aderência fibra-matriz ............................................................................................... 12

2.3.2 Flexão ......................................................................................................................... 20

2.3.3 Durabilidade de compósitos cimentícios reforçados com fibras vegetais ................. 23

2.4 TRATAMENTOS SUPERFICIAIS .............................................................................. 25

2.4.1 Tratamentos físicos .................................................................................................... 26

2.4.2 Tratamentos químicos e físico-químicos ................................................................... 28

2.4.3 Efeito dos tratamentos da fibra sobre o comportamento dos compósitos .................. 33

2.5 POLÍMEROS DE FONTES RENOVAVEIS ............................................................... 35

3 PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL ........................................................................ 40

3.1 MATERIAIS ................................................................................................................. 41

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3.1.1 Cimento Portland ....................................................................................................... 41

3.1.2 Adições Minerais ....................................................................................................... 41

3.1.3 Areia ........................................................................................................................... 42

3.1.4 Superplastificante e Agente Modificador de Viscosidade ......................................... 43

3.1.5 Fibra de Sisal ............................................................................................................. 43

3.1.6 Água da mistura ......................................................................................................... 44

3.1.7 Géis poliméricos ........................................................................................................ 44

3.2 MÉTODOS DE TRATAMENTOS ............................................................................... 45

3.2.1 Produção dos Revestimentos Poliméricos ................................................................. 45

3.2.2 Revestimento das Fibras de Sisal ............................................................................... 47

3.3 PRODUÇÃO DOS COMPÓSITOS CIMENTÍCIOS ................................................... 48

3.4 MÉTODOS DE ENSAIOS ............................................................................................ 50

3.4.1 Caracterização dos filmes poliméricos ...................................................................... 50

3.4.2 Caracterização das fibras de sisal .............................................................................. 51

3.4.3 Avaliação dos compósitos a base de cimento ............................................................ 57

4 ANÁLISES DOS RESULTADOS ................................................................................. 63

4.1 INFLUÊNCIA DO TRATAMENTOS NAS PROPRIEDADES DA FIBRA DE SISAL

63

4.1.1 Absorção de água nas fibras ...................................................................................... 63

4.1.2 Solubilidade dos biofilmes ......................................................................................... 66

4.1.3 Resistência a tração direta .......................................................................................... 67

4.1.4 Analise Microestrutural ............................................................................................. 70

4.1.5 Espectroscopia de infravermelho (FTIR) .................................................................. 72

4.2 INFLUÊNCIA DO TRATAMENTO DAS FIBRAS NO COMPORTAMENTO

MECÂNICO ............................................................................................................................. 75

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x

4.2.1 Aderência Fibra Matriz .............................................................................................. 75

4.2.2 Flexão dos compósitos ............................................................................................... 80

5 CONCLUSÕES ............................................................................................................... 86

5.1 SUGESTOES DE TRABALHOS FUTUROS .............................................................. 87

REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 88

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LISTA DE TABELAS

Tabela 2.1 - Propriedades mecânicas das fibras de sisal citados por vários autores. .............. 11

Tabela 2.2 – Propriedades físicas e mecânicas da fibra de sisal............................................... 29

Tabela 2.3 – Tipos de tratamento e as características obtidas. ................................................. 30

Tabela 2.4 - Valores de ensaios de arrancamento de diversos autores ..................................... 34

Tabela 3.1 - Caracterização do cimento ................................................................................... 41

Tabela 3.2 - Caracterização da cinza volante ........................................................................... 41

Tabela 3.3 - Características da sílica ativa ............................................................................... 42

Tabela 3.4 - Características do agregado natural ...................................................................... 43

Tabela 4.1 – Resultados do Ensaio de Absorção após 3h de imersão ...................................... 64

Tabela 4.2 – Ensaio de Solubilidade nos biofilmes .................................................................. 66

Tabela 4.3 - Valor médio de tensão de ruptura, deformação e o modulo de elasticidade dos

filmes utilizados para o revestimento das fibras de sisal. ......................................................... 68

Tabela 4.4 - Valor médio de carga, tensão e deformação de ruptura e o modulo de elasticidade

das fibras de sisal com tratamentos e sem tratamento. ............................................................. 69

Tabela 4.5 - Valores médios e desvio padrão de carga máxima e tensão de arrancamento ..... 76

Tabela 4.6 - Valores médias dos ensaios de arrancamento para diversos comprimento de

embebimento feito por diversos autores ................................................................................... 77

Tabela 4.7 - Resultados do ensaio de tração flexão e índice de tenacidade dos compósitos ... 81

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LISTA DE FIGURAS

Figura 2.1 - Processo de produção da fibra de sisal - a) Sisal (Agave sisalana); b) Extração das

fibras; c) Raspagem mecânica (desfibramento; d) Secagem das fibras ao sol ........................... 6

Figura 2.2 - (a) Planta de sisal; (b) Secção transversal da folha de sisal; (c) Fibra de sisal; (d)

Fibrocélula; (e) Fibrilas da parede celular; (f) Microfibrilas e (g) Cristais de celulose. ............ 7

Figura 2.3 - Estrutura da Celulose .............................................................................................. 8

Figura 2.4 - Estrutura da Lignina................................................................................................ 9

Figura 2.5 - Estrutura da Hemicelulose .................................................................................... 10

Figura 2.6 - Efeito da variação dimensional na interface fibra de sisal-matriz ........................ 13

Figura 2.7 - Distribuição das tensões cisalhantes interfaciais ao longo da fibra cruzando uma

fissura imediatamente após o seu surgimento. A - Decoesão precedendo a fissura; e B -

nenhuma decoesão antes da fissura .......................................................................................... 15

Figura 2.8 - Configuração de uma fibra parcialmente descolada da matriz e as tensões

cisalhantes interfaciais (elástica e friccional) ........................................................................... 15

Figura 2.9 - Curvas idealizadas de carga x deslocamento ........................................................ 16

Figura 2.10 - Gráfico de arrancamento idealizado ................................................................... 17

Figura 2.11 - Ensaio de Arrancamento Configurado - a) Corte transversal do molde para o

ensaio; b) Corpo de prova com fibras; c) Ensaio de arrancamento configurado. ..................... 18

Figura 2.12 - a) Diagrama esquemático das amostras para o ensaio; b) Configuração do ensaio

de arrancamento. ....................................................................................................................... 19

Figura 2.13 - a) Molde utilizado no ensaio de arrancamento; b) Configuração do ensaio de

arrancamento; c) Detalhe do sistema bi-rotulado. .................................................................... 19

Figura 2.14 – a) Tubos de PVC encaixado no tabuleiro com as fibras concêntrica; b)

Moldagem com a utilização de guias; c) Execução do ensaio com um sistema rotulado. ....... 20

Figura 2.15 - Curva carga-deflexão esquemática para compósitos com fibras de baixo módulo

.................................................................................................................................................. 21

Figura 2.16 - Curva carga-deslocamento para compósitos reforçados com 6% de fibra ......... 21

Figura 2.17 - Amostra após o ensaio de flexão apresentando as múltiplas fissuras ................. 22

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Figura 2.18 - Esquema da degradação da fibra de sisal pela dissolução em meio alcalino ..... 24

Figura 2.19 - Seção transversal das fibras mostrando detalhe das fibrocélulas: (a-b) tratadas e

(c-d) sem tratamento ................................................................................................................. 27

Figura 2.20 Fibra de Sisal – a) Superfície lateral tratada; b) Superfície lateral não tratadas; .. 28

Figura 2.21 - Curvas de força x deslocamento do ensaio de arrancamento das fibras

submetidas a diferentes tratamentos de superfície ................................................................... 31

Figura 2.22 - Múltipla fissuração da amostra com RC e 6% de fibra ...................................... 35

Figura 2.23 - Estrutura química do Amido de Mandioca ......................................................... 36

Figura 2.24 - Estrutura química do Acetato de Celulose .......................................................... 38

Figura 3.1 – Fluxograma do programa experimental ............................................................... 40

Figura 3.2 - Granulometria da cinza volante ............................................................................ 42

Figura 3.3 – Produtos base para a produção dos géis - a) Acetato de Celulose; b) Amido

Hidrofóbico; c) Fécula de Mandioca ........................................................................................ 44

Figura 3.4 - Lavagem das fibras em água a 50°C ..................................................................... 45

Figura 3.5 - Configuração para a produção do gel de Acetato de Celulose - a) Materiais e

equipamentos utilizados; b) Gel produzido. ............................................................................. 46

Figura 3.6 - Configuração para a produção do gel de Amido Hidrofóbico - a) Materiais e

equipamentos utilizados; b) Gel produzido .............................................................................. 46

Figura 3.7 - Configuração para a produção do gel de Fécula de Mandioca - a) Materiais e

equipamentos utilizados; b) Gel produzido .............................................................................. 47

Figura 3.8 - Configuração para o revestimento das fibras de sisal - a) Materiais e géis já

produzido para a resinagem; b) Processo de resinagem das fibras; c) Secagem das fibras ..... 47

Figura 3.9 – Matriz produzida conforme a NBR 13279/2005 – a) Adição da água; b) Adição

dos materiais; c) Pano úmido sobre a argamassadeira. ............................................................ 48

Figura 3.10 Produção da matriz – a) Inserção da água e areia ao material cimentantes; b)

Inserção das fibras na mistura .................................................................................................. 49

Figura 3.11 - Tração direta de filme de Acetato de Celulose- a) Configuração do ensaio: b)

Ruptura da amostra ................................................................................................................... 50

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Figura 3.12 – Ensaio de Solubilidade dos biofilmes – a) Amostra do filme de acetato de

celulose após as 24h na estufa; b) Duplicatas imensas em água; c) Amostra no agitador

magnético. ................................................................................................................................ 51

Figura 3.13 - a) Preparação das amostras; b) Pesagem das fibras; c) Secagem em estufa ....... 52

Figura 3.14 - a) Amostras imersa em água; b) Fibras secas superficialmente; c) Imersão das

amostras .................................................................................................................................... 53

Figura 3.15 - Fibra de sisal revestida com acetato de celulose sendo aferida no MOTIC

IMAGES PLUS 2.0, na escala 1mm. ....................................................................................... 54

Figura 3.16 - a) Molde utilizado no ensaio; b) Texturômetro utilizado; c) Fibra sendo

tracionada.................................................................................................................................. 54

Figura 3.17 – Amostras para o ensaio de FTIR ........................................................................ 56

Figura 3.18 – Configuração do ensaio de FTIR - a) Preparação da amostra; b) Amostra sendo

ensaiada. ................................................................................................................................... 56

Figura 3.19 - a) Molde em acrílico preparado para preenchimento com a matriz; b) Moldagem

dos corpos de provas; c) Endurecimento durante 24h no molde; d) Cura da amostras ............ 57

Figura 3.20 Ensaio de arrancamento de fibra revestida de Acetato de Celulose - a) Amostra de

40mm pressa na garra; b) Fibra sendo arrancada ..................................................................... 58

Figura 3.21 - Preparação para o ensaio de flexão. a) Cura das placas em água; b) Corte das

placas na serra circular. ............................................................................................................ 59

Figura 3.22 – Equipamentos utilizados durante o ensaio de flexão em 4 pontos ..................... 60

Figura 3.23 - Índice de tenacidade segundo a NBN B15-238 .................................................. 61

Figura 4.1 - Comparativa entre as fibras revestidas com Acetato de Celulose e fibras sem

revestimento ............................................................................................................................. 63

Figura 4.2 - Comparativa entre as fibras revestidas com os géis e a fibra sem revestimento .. 64

Figura 4.3 - a) Fibras revestidas com amido hidrofóbico; b) Gel de Amido hidrofóbico da

fibra ........................................................................................................................................... 65

Figura 4.4 - a) Fibras revestidas com fécula de mandioca; b) Gel de fécula de mandioca da

fibra. .......................................................................................................................................... 66

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Figura 4.5 – Ensaio de Solubilidade – a) Amostras dos biofilmes após a estufa; b) Filme de

amido hidrofóbico dissolvido em água; c) Amostra de acetato de celulose após realização do

ensaio. ....................................................................................................................................... 67

Figura 4.6 - Curva tensão x deformação dos filmes poliméricos (AC-Acetato de Celulose;

AH-Amido Hidrofóbico; FM-Fécula de Mandioca) e da fibra de sisal natural ....................... 67

Figura 4.7 – Curva representativa de tensão x deformação das fibras de sisal revestidas com

os géis (AC-Acetato de Celulose; AH-Amido Hidrofóbico; FM-Fécula de Mandioca) e da

fibra sem revestimento.............................................................................................................. 69

Figura 4.8 – Configuração do ensaio de tração direta – a) Molde preso a garras do

texturômetro; b) Fibra rompida após esforço exercido ............................................................ 70

Figura 4.9 – Fibra de sisal revestida com Acetato de Celulose ................................................ 71

Figura 4.10 – Fibra de sisal revestida com amido hidrofóbico ................................................ 71

Figura 4.11 – Fibra de sisal revestida com fécula de mandioca ............................................... 72

Figura 4.12 - Comparativa entre FTIR das fibras de sisal revestidas com Acetato de Celulose

e das fibras de sisal sem revestimento ...................................................................................... 72

Figura 4.13 - Comparativa entre FTIR das fibras de sisal revestidas com Amido Hidrofóbico e

das fibras de sisal sem revestimento ......................................................................................... 73

Figura 4.14 - Comparativa entre FTIR das fibras de sisal revestidas com Fécula de Mandioca

e das fibras de sisal sem revestimento ...................................................................................... 73

Figura 4.15 - Curva representativa de carga x deslocamento para comprimento de

embebimento de 20mm ............................................................................................................ 75

Figura 4.16 - Curva representativa de carga x deslocamento para comprimento de

embebimento de 40mm ............................................................................................................ 76

Figura 4.17 – Descrição do ensaio de arrancamento em fibras sem revestimentos – a) fibra

embebida na matriz cimentícia sobre carregamento; b) Deslizamento da fibra sobre a matriz.

.................................................................................................................................................. 78

Figura 4.18 - Ensaio de arrancamento de fibra revestida de Acetato de Celulose - a) Amostra

de 20mm pressa na garra; b) Fibra sendo arrancada ................................................................ 78

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Figura 4.19 – Descrição esquemática do arrancamento em fibras revestidas com o acetato de

celulose (AC); a) Amostra sendo tensionada pela força (P); b) Rompimento da resina AC; c)

Deslizamento d a fibra sobre a resina de AC............................................................................ 79

Figura 4.20 - Curva tensão x deslocamento aos 28 dias para compósitos reforçados com 4%

de fibras .................................................................................................................................... 80

Figura 4.21 - Curva tensão x deslocamento após os 10 ciclos de envelhecimento acelerado

para compósitos reforçados com 4% de fibras ......................................................................... 80

Figura 4.22 – Ensaio de Flexão aos 28 dias – a) e b)Fissuras inicias e finais da placa com

fibras sem revestimentos; c) e d) Fissuras inicias e finais da placa com fibras revestidas com o

acetato de celulose (AC). .......................................................................................................... 82

Figura 4.23 - Ensaio de Flexão após 10 ciclos de envelhecimento – a) e b)Fissuras inicias e

finais da placa com fibras sem revestimentos; c) e d) Fissuras inicias e finais da placa com

fibras revestidas com o acetato de Celulose (AC). ................................................................... 83

Figura 4.24 – Compósitos após ensaio de flexão - a) Fibras sem tratamentos-28 dias; b) Fibras

tratadas com AC-28 dias; c) Fibras sem tratamentos-10 ciclos; d) Fibras tratadas com AC-10

ciclos ......................................................................................................................................... 85

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1 INTRODUÇÃO

No Brasil, o ramo da construção civil é um dos setores que mais se desenvolve, sendo,

portanto o que mais gera resíduos, em torno de 88 milhões de toneladas por dia, causando

danos nos recursos naturais, pois o consumo desses como matéria-prima é de 20 a 50% de

todos os recursos naturais disponíveis, renováveis e não-renováveis, conforme afirma Jhon

(2000). Ao mesmo tempo vem crescendo o interesse em desenvolver novas tecnologias para

minimizar tal geração de resíduos como também diminuir o impacto ambiental na extração da

matéria prima.

Tais tecnologias estão sendo ampliadas com a utilização de fibras vegetais em compósitos

tanto com matriz à base de cimento como com matrizes poliméricas, sendo que o maior

interesse deste trabalho é na matriz cimentícia para a produção de produtos de fibrocimento,

que tem bastante utilização na construção civil. Até na década de 90, este tipo de compósito

era produzido, predominantemente, com fibras de amianto, porém por ser descoberta a

natureza cancerígena dessa fibra, começaram a ser estudadas alternativas com o intuito de

substituir tais fibras por fibras vegetais.

As fibras são utilizadas para proporcionar aumento na resistência e aumento na tenacidade do

compósito, em relação à matriz frágil, de acordo com Bentur e Mindess (2007) a eficiência

das fibras na melhoria das propriedades mecânicas da matriz de cimento é regida pelo

processo de transferência de tensões da matriz para a fibra. Porém, para que ocorra tal

processo é necessário o controle de algumas propriedades básicas como geometria das fibras,

composição química, características superficiais, resistência e rigidez.

As utilizações das fibras vegetais apresentam diversas vantagens, principalmente a fibra de

sisal que é objeto desse estudo, que é abundante na região semi-árida do nordeste brasileiro,

apresenta baixo custo e pequena demanda de energia para sua obtenção, além disso é

biodegradável e renovável na natureza.

A aplicação da fibra vegetal na argamassa tem maior utilidade na pós-fissuração, pois as

fibras funcionam como uma ponte entre as fissuras, redistribuindo as tensões. Após o

surgimento da primeira fissura, são atribuídas às fibras papéis que beneficiam algumas

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propriedades do compósito, como resistência e tenacidade. Na resistência, podem propiciar

um aumento na capacidade de carga do compósito, pela transferência de tensões através das

fissuras. Na tenacidade, as fibras propiciam o aumento na capacidade de deformação,

relacionado a efeitos de escorregamento e arrancamento das fibras (VELASCO, 2008).

Segundo Ferreira (2012), a fibra de sisal possui excelente resistência à tração, mas baixa

aderência fibra-matriz. Tendo em vista esta deficiência, são necessários tratamentos, químicos

ou físicos, capazes de aumentar a capacidade de interação, proporcionando uma melhor

distribuição de tensões para o reforço, conferindo assim, um melhor comportamento ao

compósito.

Outra característica que danifica a interação fibra-matriz é a alta absorção de água da fibra,

que promove uma grande variação dimensional acarretando em microfissuras na zona de

transição (interface) entre a fibra e a matriz, assim diminuindo a durabilidade e propriedades

mecânicas do compósito.

Existem estudos que abordam os tratamentos superficiais nas fibras, com a aplicação de

produtos e técnicas para promover a redução da alta absorção, estes podem ser classificados

em físicos e/ou químicos. Os físicos envolvem diretamente a ação de temperatura e de

umidade, como pode ser citado o processo de hornificação executado por Claramunt et al

(2010) e Ferreira (2012), o qual através de ciclos de molhagem-secagem promoveu o

enrijecimento da fibra vegetal e a redução da sua absorção.

Já os químicos envolvem a aplicação de substâncias bloqueadora e repelentes a água na

superfície ou no interior das fibras vegetais, como a aplicação do acoplamento de silano e a

impregnação de polietileno diluído utilizados por Gonzalez et. al. (1999) e Franco e González

(2005), para a melhorar a interação da fibra-matriz, porém tais substâncias são provenientes

de fontes não renováveis, os quais não há a sua reposição na natureza.

Devido as questões que envolve a sustentabilidade, torna-se interessante a aplicação de

resinas de fontes renováveis, para o tratamento superficial das fibras vegetais, tendo a

intenção de melhorar suas propriedades físicas e mecânicas, além da sua aplicação em

compósitos a base de cimento.

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1.1 OBJETIVO

Avaliar o efeito do tratamento da fibra de sisal com polímeros de fonte renovável sobre o

comportamento mecânico de compósitos a base de cimento.

1.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

a) Revestir as fibras de sisal com fécula de mandioca, amido hidrofóbico e acetato de

celulose;

b) Verificar as propriedades físicas das fibras através do ensaio de absorção;

c) Verificar as propriedades mecânicas, como resistência a tração e modulo de

elasticidade com o ensaio de tração direta;

d) Verificar as interações químicas entre a fibra e os revestimentos utilizados pelo

ensaio de FTIR;

e) Avaliar, através do ensaio de arrancamento, a tensão de aderência e o

comportamento carga-deslocamento;

f) Avaliar, através do ensaio de flexão, a durabilidade dos compósitos e o índice de

tenacidade.

1.3 ESTRUTURA DA DISSERTAÇÃO

A dissertação é composta por seis itens. No item 1 se faz uma introdução ao assunto

abordado, através da justificativa, relevância e objetivos da pesquisa.

No item 2, aborda-se uma revisão sobre materiais compósitos, composição e morfologia da

fibra de sisal, enfatizando a composição, características e aplicação dos materiais compósitos,

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além de abordar a utilização dos polímeros em fibras vegetais a fim de melhorar o

comportamento dos compósitos reforçados com elas.

O item 3 apresenta o programa experimental, descrevendo os materiais, e as propriedades

avaliadas nesta pesquisa.

No item 4 são apresentados, analisados e discutidos os resultados obtidos através dos ensaios

físicos e mecânicos realizados nas argamassas e compósitos produzidos.

O item 5 apresenta as conclusões assim como são apontadas as sugestões para trabalhos

futuros.

Por sequência são apresentadas as referências bibliográficas consultadas.

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2 FUNDAMENTAÇÃO TEORICA

2.1 FIBRAS VEGETAIS EM COMPÓSITOS

Para a produção de compósitos de matrizes cimentícias, são utilizadas fibras, como reforço,

para buscar o aumento das resistências à tração e ao impacto, a maior capacidade de absorção

de energia e a possibilidade de uso no estágio pós-fissurado. O tipo, a distribuição, a relação

comprimento-diâmetro e a durabilidade da fibra, assim como o seu grau de aderência com a

matriz, determinam o comportamento mecânico do compósito e o desempenho do

componente fabricado (AGOPYAN et al., 2005).

Há diversos tipos de fibras a serem utilizadas como reforço, tais como as fibras manufaturadas

e naturais. Entre as fibras manufaturadas estão as fibras metálicas que possuem alto módulo

de elasticidade e boa aderência mecânica após a fissura, que proporciona acréscimos na

resistência do compósito. As fibras de aço possuem uma excelente compatibilidade com o

concreto, pois permite um ganho de tenacidade e de resistência a cargas estáticas e dinâmicas

ao concreto, devido a facilidade de transferência de cargas após a fissuração da matriz

(VELASCO, 2008).

Ainda segundo Velasco (2008), entre as fibras naturais, estão as fibras minerais que possuem

alto módulo de elasticidade, o que melhora o comportamento após a fissuração, entretanto,

sua aderência não é tão boa e a ruptura é relativamente frágil. Já as fibras vegetais apresentam

baixo módulo de elasticidade, que beneficia mais no incremento da tenacidade da matriz do

que no aumento da resistência.

Além disso, as fibras vegetais oferecem vantagens quando comparadas às fibras sintéticas, por

serem biodegradáveis, atóxicas, de fontes renováveis e por apresentarem baixo custo, o que

condiz com os atuais esforços de proteção ao meio ambiente (MARTINS, 2009).

Dentre as fibras vegetais que podem ser utilizadas na construção civil tem-se: sisal, rami, juta,

malva, curauá e fibra de coco, entre outras. A fibra de sisal se destaca entre as fibras foliares,

em termos de qualidade e de aplicação comercial, e também por possuir propriedades

mecânicas consideráveis, principalmente em relação à resistência à tração (SILVA, 2010).

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2.2 FIBRAS DE SISAL

2.2.1 Características físicas

As fibras de sisal são obtidas da planta Agave sisalana, pertencente à família Agaváceas,

bastante cultivada na região nordeste, sendo os estados da Bahia, Paraíba e Rio Grande do

Norte os únicos produtores, com 93,5, 3,5 e 3,0%, respectivamente, da produção nacional

(MATTOSO, 1997).

As fibras são extraídas das folhas, que possuem de 8 a 10 cm de largura e de 150 a 200 cm de

comprimento. Da folha se obtém de 3 a 5% do seu peso em fibra. Os 95 a 97% restantes

constituem os chamados resíduos do beneficiamento, que são utilizados para diversos fins,

como adubo orgânico, ração animal e pela indústria farmacêutica. As fibras são constituídas

de fibrilas ou fibras elementares que tem de 1,5 a 4 mm de comprimento, diâmetro de 10 a 30

µm, e a espessura da parede celular varia de 6 a 9 µm. A parede celular é constituída de várias

camadas, que diferem umas das outras em relação à sua estrutura e composição química

(MARTINS, 2001). A Figura 2.1 mostra o processo de extração das fibras da folha de sisal no

campo.

Figura 2.1 - Processo de produção da fibra de sisal - a) Sisal (Agave sisalana); b) Extração das

fibras; c) Raspagem mecânica (desfibramento; d) Secagem das fibras ao sol

Fonte: SANTOS, 2012

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Na Figura 2.2, um desenho esquemático mostra desde a escala macro até a escala micro da

estrutura da fibra de sisal. Cada planta de sisal produz cerca de 200 folhas e cada folha produz

em média 1000 fibras. No interior das folhas de sisal, as fibras, que se encontram embebidas

em parênquima e correspondem a apenas 4% do volume das folhas, se apresentam de duas

maneiras distintas: as fibras em forma de arco e as fibras mecânicas.

As primeiras ocorrem na linha mediana, que cruza a folha de uma margem à outra, ou

distribuem-se aleatoriamente no próprio tecido da folha. As fibras do segundo tipo são

chamadas mecânicas porque são as responsáveis pelo reforço e pela rigidez da folha; situam-

se na zona periférica, abaixo da epiderme, sendo as de maior interesse comercial (SILVA E

BELTRÃO, 1999, SILVA, 2009).

Figura 2.2 - (a) Planta de sisal; (b) Secção transversal da folha de sisal; (c) Fibra de sisal; (d)

Fibrocélula; (e) Fibrilas da parede celular; (f) Microfibrilas e (g) Cristais de celulose.

Fonte: MELO FILHO, 2012

Como observado, as fibras são conjuntos de filamentos formados por fibrilas unidas por

componentes químicos orgânicos não cristalinos, ou seja, lignina e hemicelulose. Estas

fibrilas são formadas por moléculas de celulose e orientadas em ângulos distintos, formando a

microfibras, sendo que esta composição química vai determinar as propriedades e a

durabilidade das fibras vegetais (SILVA, 2002)

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2.2.2 Composição química

Conforme abordado por Silva (2010), o conhecimento da estrutura interna da fibra e da

composição é fundamental para compreender a sua influência nas características dos

compósitos onde foram empregadas. Os principais constituintes das fibras naturais vegetais

são a celulose, a hemicelulose e a lignina.

2.2.2.1 Celulose

A celulose é um polissacarídeo linear, de alto peso molecular, constituído exclusivamente de

β-D-glucose e com massa molecular bastante variável, sendo também considerado um

polímero hidrofílico glucano que consiste de uma cadeia linear de unidades de anidra-glicose

(C 6H11 O6), que contêm grupos de hidroxila alcoólicos (MELO FILHO, 2012). A Figura 2.3

mostra a composição da cadeia da celulose

Figura 2.3 - Estrutura da Celulose

Fonte: MOHANTY, 2005

Rowell (2000) abordou que as moléculas de celulose são orientadas aleatoriamente e têm uma

tendência para formar ligações de hidrogênio intra e intermolecular. À medida que a

densidade de empacotamento da celulose aumenta, as regiões cristalinas são formadas.

Klock (2005) afirmou que entre as reações da celulose, destaca-se as reações de rompimento

das ligações da celulose em monômeros de glucose denominada de reações das ligações

glucosídicas. Esse rompimento, a depender das condições, pode se estender por toda a cadeia

de celulose, o que leva à sua degradação. Apesar da estrutura química da celulose dos

diferentes tipos de fibras naturais ser a mesma, a diferença é que o grau de polimerização

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varia e as propriedades mecânicas da fibra são significativamente dependentes deste grau de

polimerização (MOHANTY, 2005).

2.2.2.2 Lignina

A lignina é um polímero complexo, de estrutura amorfa, com constituintes aromáticos e

alifáticos, que une as fibras celulósicas e contribui para a formação da parede celular. Fornece

resistência à compressão ao tecido celular e às fibras, assim enrijece a parede celular e protege

os carboidratos contra danos físicos e químicos (SILVA, 2010).

Mohanty (2005) afirmou que a principal dificuldade na química da lignina é que não foi

estabelecido um método que permita isolar a lignina no seu estado nativo da fibra. Uma

estrutura provável da lignina está representada na Figura2.4.

Figura 2.4 - Estrutura da Lignina

Fonte: MOHANTY, 2005

2.2.2.3 Hemicelulose

O termo hemicelulose se refere a polissacarídeos de massas moleculares relativamente baixas,

os quais estão intimamente associados à celulose nos tecidos das plantas e apresenta um

menor grau de polimerização. Com relação a celulose, a hemicelulose é considerada uma

poliose, pois aparecem várias unidades de açúcares diferentes, de 5 ou 6 átomos de carbono, a

Figura 2.5 mostras estrutura química (SILVA, 2010).

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Figura 2.5 - Estrutura da Hemicelulose

Fonte: WEI, 2015

Klock (2005) abordou que devido à ausência de cristalinidade, baixa massa molecular e

configuração irregular e ramificada, a hemicelulose absorve água facilmente. Este fato

contribui para: o intumescimento, a mobilidade interna e o aumento de flexibilidade das

fibras, além do aumento da área específica ou de ligação das fibras. Em quantidade

extremamente alta, pode resultar em um decréscimo das propriedades de resistência à tração,

possivelmente devido à diminuição da resistência da fibra individual, em decorrência do

decréscimo do grau médio de polimerização do sistema.

A durabilidade da fibra de sisal em uma matriz, a base de cimento, possui relação direta com a

sua composição química, pois no meio alcalino da matriz ocorre a decomposição da lignina e

hemicelulose que estão na lamela intercelular e consequentemente as células individuais

perdem sua capacidade de reforço. Com isso, os vazios que passam a existir são preenchidos

com o hidróxido de cálcio, o que torna a fibra frágil a qualquer esforço solicitado devido à

mineralização (SILVA,2010).

2.2.3 Propriedades físicas e mecânicas da fibra de sisal

Toledo Filho (1997) afirma que as fibras vegetais, apresentam elevada capacidade de

absorção de água devido a sua estrutura porosa e, consequentemente, sofrem inchamento

quando umedecidas e retração quando submetidas a processos de secagem sendo tal fator

prejudicial, a interação fibra/matriz.

Silva (2010) afirma que a absorção de água na fibra é afetada diretamente pelo volume de

vazios permeáveis, estes interferem de forma negativa na relação de aderência fibra/matriz,

pois no processo de mistura há uma necessidade de aumento de consumo de água para

melhorar a reologia da argamassa que, por sua vez, após a moldagem há uma retração da fibra

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juntamente com a matriz, proporcionando o surgimento de fissuras antes de qualquer

carregamento. Por outro lado, o elevado volume de vazios contribui para menor peso, maior

absorção acústica e menor condutibilidade térmica dos componentes obtidos.

Logo a variação dimensional está estritamente ligada a absorção das fibras vegetais, que por

sua vez irá influenciar a interação fibra-matriz e que acaba reduzindo a ductilidade e

resistência do compósito cimentício.

Apesar das fibras naturais, em geral, apresentarem baixo módulo de elasticidade e alta

absorção, a fibra de sisal apresenta melhores propriedades físicas e mecânicas, como a

resistência e o módulo, além de possuir o menor custo em relação as demais fibras

manufaturadas disponíveis no mercado (MELO FILHO, 2012).

A Tabela 2.1 mostra os valores das propriedades mecânicas da fibra de sisal que diversos

autores encontraram, onde comprova uma grande variabilidade em suas características devido

as condições do ensaio

Tabela 2.1 - Propriedades mecânicas das fibras de sisal citados por vários autores.

AUTORES σ (MPa) Ec (GPa)

Santos et al. (2013) 363 20,06

Ferreira (2012) 453,23 20,16

Silva (2010) 268,79 10,08

Lopes (2010) 215,6 11,5

Silva et al., (2008) 286 - 526 10,0 - 27,1

Jacob, Thomas e Varughese (2004) 530-630 17-22

Bledzki e Gassan (1999) 511 - 635 9,4 - 22,0

28Toledo Filho (1997) 577 19,0

Bessell e Mutuli (1982) 347 14,0

Cook (1978) 278 13,23

Onde: σ = Resistência à tração; Ec = Módulo de elasticidade

O módulo de elasticidade e a resistência a tração da fibra apresentam diversos valores devido

as propriedades á que estão intimamente ligadas. Tais propriedades variam conforme as

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características que as fibras possuem, como as suas dimensões e seu volume de vazios

(SAVASTANO ET AL., 1997).

As dimensões das fibras, o comprimento e o diâmetro, irão interferir na capacidade de

transmissão de esforço da fibra para a matriz, influenciando na ancoragem. Por sua vez

interfere na relação de resistência a tração, sendo que um outro fator que favorece a

ancoragem é a secção transversal irregular que as mesmas possuem. Além disso, tal

característica dificulta a medição de sua área, pois não apresenta uma dimensão homogênea

(SILVA,2010).

As fibras naturais podem exibir elevada resistência à tração devido a existência de forças

intermoleculares entre as cadeias de celulose por meio de ligação de hidrogênio formando

fibras eminentemente cristalinas. E apresentam baixo módulo e, portanto, deformação

apreciável na ruptura, determinando seu emprego em componentes construtivos que

trabalhem no estágio pós-fissurado, com elevada absorção de energia e resistência a esforços

dinâmicos. O baixo módulo de elasticidade deve-se às ligações químicas secundárias

presentes entre moléculas.

2.3 COMPÓSITOS REFORÇADOS COM FIBRAS DE SISAL

2.3.1 Aderência fibra-matriz

A interação fibra-matriz é uma propriedade fundamental dos compósitos que afeta,

consideravelmente, o desempenho dos mesmos sob carregamento. Uma compreensão dessa

interação é necessária para se estimar a contribuição das fibras e para prever o comportamento

do compósito (TOLEDO FILHO, 1997).

Conforme descrito por Santos (2013), um dos desafios na confecção dos compósitos à base de

cimento consiste em ter uma boa adesão entre fibra e a matriz, sendo que as fibras têm um

papel importante nas propriedades dos compósitos cimentícios, pois é ela que vai reger a

transferência de tensão para as outras partes, na sua atuação como reforço.

Um exemplo que pode prejudicar a interação fibra-matriz é a capacidade de absorção de água,

esta deve ser reduzida para facilitar a interação, pois as fibras por terem a estrutura porosa

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promove as variações dimensionais em presença ou ausência de água. Além disso, o

comportamento será influenciado pelo tipo de fibra, comprimento, diâmetro e modificações

nas fibras, possuindo características que precisam ser tratadas. (SAVASTANO Jr., 2000;

LIMA 2004; CARVALHO 2005 e TOLEDO FILHO, 2009)

A Figura 2.6 apresenta a zona de transição entre as fibras e a matriz, que é fraca devido a

presença de compostos hidratados e poros que provém de diversos fatores, entres eles estão, a

porosidade da fibra, as fissuras na zona de transição e mineralização da fibra. Tais fatores

podem reduzir a ductilidade e resistência do material. (SANTOS, 2013)

Figura 2.6 - Efeito da variação dimensional na interface fibra de sisal-matriz

Fonte: TOLEDO FILHO, 2009

Conforme Naaman et al. (1991) apud. Lima (2004), a natureza da aderência fibra-matriz é

gerada da combinação de vários componentes, tais como: adesão físico-química entre a fibra e

a matriz, uma componente mecânica de ancoragem, e atrito fibra-matriz, que é influenciado

pelo confinamento. Observando que cada componente é influenciado pelas características da

fibra (volume, geometria, tipo de material, orientação, condição superficial) e da matriz

(composição, propriedades físicas e mecânicas e condição de fissuração).

Conforme Bartos (1981), a depender do tipo de tensões transferidas através da interface

podem existir dois tipos de aderência, uma é por cisalhamento e outra por tração, sendo que as

duas agirão, porém uma pode sobressair em relação a outra. Há um outro tipo de aderência

que é a ancoragem mecânica, que serve para compensar comprimentos curtos de ancoragem e

baixas tensões de aderência.

Um mecanismo para entender melhor o comportamento da adesão fibra/matriz é o ensaio de

arrancamento, pois este é bastante eficiente na demonstração de cada fase ou estágio que a

fibra e a matriz estão. Além disso, para o entender a adesão entre a fibra e a matriz, é

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necessário antes saber interpretar o gráfico gerado e o que cada trecho dele significa

(SANTOS, 2013)

2.3.1.1 Ensaio de arrancamento

O ensaio de arrancamento consiste em verificar e quantificar os mecanismos de transferência

de tensões, a partir do momento em que as fibras atravessam uma fissura. A partir disso, a

aderência elástica se eleva e acontece um deslizamento friccional das fibras (TOLEDO

FILHO (1997).

Inicialmente considera-se que a fibra está aderida a matriz, denominado de tensão adesional,

τau. No momento que é aplicado uma tensão de arrancamento na fibra, ocorre uma

deformação proporcional entre a fibra e a matriz. Quando essa carga de arrancamento supera a

tensão de cisalhamento adesional, é iniciada a tensão de aderência elástica e, à medida que vai

aumentando a carga de arrancamento aumenta-se também a transferência elástica fibra/matriz

(SANTOS, 2013).

De acordo com Toledo Filho (1997) a principal diferença é que no estágio anterior à fissura os

valores máximos da tensão cisalhante interfacial ocorrem nas extremidades das fibras, já nos

compósitos fissurados eles ocorrem no ponto em que a fibra entra na matriz. Além disso, se

alguma decoesão houver ocorrido previamente nessa interseção (durante a interação com a

fissura que está se propagando ou em razão da carga na zona pré-fissurada), a distribuição das

tensões cisalhantes será mista: cisalhamento friccional adjacente à fissura e tensão cisalhante

elástica decrescente longe da fissura (Figura 2.7).

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Figura 2.7 - Distribuição das tensões cisalhantes interfaciais ao longo da fibra cruzando uma

fissura imediatamente após o seu surgimento. A - Decoesão precedendo a fissura; e B - nenhuma

decoesão antes da fissura

Fonte: BENTUR, 2007

A aderência cisalhante controla a transferência das tensões da matriz para o reforço quando a

matriz não estiver fissurada e a partir do surgimento de fissuras a carga aplicada será

suportada pelas fibras que cortam a matriz, fazendo com que a carga seja transferida de volta

a matriz para as partes sem fissuras. Logo, tal comportamento é feito em duas partes: a

cisalhante elástica que consiste em deslocamentos proporcionais entre a fibra e a matriz

quando a tensão não exceder a resistência de aderência. E cisalhante friccional (τfu) que é a

resistência ao deslocamento ao longo da interface, paralelo ao comprimento da fibra, que gera

uma influência no comportamento pós-fissuração. A Figura 2.8 mostras como é o

comportamento onde há a presença da ação dos dois tipos de aderência (TOLEDO FILHO,

1997; BENTUR E MINDESS, 2007).

Figura 2.8 - Configuração de uma fibra parcialmente descolada da matriz e as tensões

cisalhantes interfaciais (elástica e friccional)

Fonte: Adaptado de BENTUR e MINDESS, 1990; LIMA,2004

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Além da aderência cisalhante, existe a aderência por tração que consiste em resistir aos

deslocamentos causados por forças que atuam perpendicularmente em relação a interface

fibra-matriz geralmente resultantes do efeito Poisson, de variações volumétricas e de

carregamentos bi ou tri-axis. E a ancoragem mecânica que é obtida utilizando fibras com

comprimentos mínimos para incrementar a resistência ao arrancamento dessas fibras.

(TOLEDO FILHO, 1997; BENTUR E MINDESS, 2007).

Segundo Ferreira (2012) o processo de arrancamento subdivide-se em vários estágios:

Durante o início do carregamento, a interação fibra-matriz é de natureza elástica. Antes da

fissuração da matriz, a transferência de tensões elásticas é o mecanismo dominante e os

deslocamentos da matriz e fibra são geometricamente compatíveis. Em estágios mais

avançados de carregamento, acontece a perda de aderência (decoesão) na interface

ocasionando deslocamento relativo entre a matriz e a fibra (Figura 2.9). O processo que

controla a transferência de tensões nesse estágio advém de um deslizamento friccional.

Figura 2.9 - Curvas idealizadas de carga x deslocamento

Fonte: LIMA, 2004

Observa-se que há uma carga crítica que é a última carga que faz com que as tensões elásticas

não prevaleçam na interface gerando o início da decoesão, ou seja, as fibras aderidas a matriz,

começam a se deslocar da extremidade livre. Após tal carga forma-se a zona de decoesão,

que se desenvolve proporcionalmente à carga aplicada quando a força P excede a força Pcrit,

essa zona é subdividida em outras duas zonas, uma que está aderida e outra que está solta da

matriz devido à tensão cisalhante ter sido excedida.

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A Figura 2.10, apresenta o gráfico obtido do ensaio, onde o comportamento aproxima-se do

idealizado. Pode ser observado a existência de duas regiões, a linear elástica, que é

correspondente ao trecho linear, admitido uma aderência perfeita e o outro trecho é de

decoesão, que ocorre o surgimento e propagação das fissuras até o completo deslizamento.

(SANTOS, 2013).

Figura 2.10 - Gráfico de arrancamento idealizado

Fonte: SANTOS, 2013

Existe várias metodologias de execução do ensaio de arrancamento. Ali et al. (2013)

investigou a aderência entre a fibra de coco e concreto utilizando o ensaio de arrancamento

configurado, fazendo um pré-tratamento na fibra, utilizando diversos comprimento de

embebimento e diâmetros. A Figura 2.11 apresenta como foram preparadas as amostras onde

houve uma preocupação no momento do adensamento que foi feito em camada, com o

alinhamento das fibras deixando-as perpendicular a face da amostra. O ensaio de

arrancamento foi realizado em máquina Instron, controlado por computador tendo 1kN célula

de carga com um diâmetro de roldana de 50 mm e uma velocidade de cruzeta de 2,5 mm /

min.

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Figura 2.11 - Ensaio de Arrancamento Configurado - a) Corte transversal do molde para o

ensaio; b) Corpo de prova com fibras; c) Ensaio de arrancamento configurado.

Fonte: ALI, 2013

Lee et al. (2011) propuseram um método de arrancamento cíclico e investigaram o

comportamento de degradação de fibras de PVA em matriz cimentícia sob condições de

carregamento cíclico. A Figura 2.12 mostra que para a moldagem da amostra houve um

cuidado para evitar o desalinhamento da fibra, a fim de facilitar a execução do ensaio de

arrancamento, onde foi caracterizado com dois tipos de arrancamento: um com cargas quase

estática e outro com cargas cíclicas.

O ensaio de arrancamento quase-estático, consiste no teste em que as amostras recebem

carregamentos cíclicos entre dois pontos de deslocamento com uma taxa utilizada para o teste

estático a fim de observar o comportamento de carga / deslocamento de cada fibra. O outro

ensaio consiste em um ensaio de fadiga uniaxial, a fim de identificar a degradação da

interação fibra-matriz sob cargas cíclicas.

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Figura 2.12 - a) Diagrama esquemático das amostras para o ensaio; b) Configuração do ensaio

de arrancamento. Fonte: LEE, 2011

Há um método muito comum que foi utilizado por Ferreira et al. (2012) e Santos et al. (2013)

para realizarem o ensaio de arrancamento da fibra de sisal em matriz de cimento Portland,

variando o comprimento.

O método consiste no preenchimento manual, com a ajuda de uma palheta, similar ao

processo de confeitaria (saco de confeitar). Ferreira et al. (2012) moldaram as amostras em

duas placas prismáticas de acrílico com encaixe do molde de PVC e com furo no centro para

alinhar a fibra utilizada (Figura 2.13 - a). Na Figura 2.13 - b) e c), mostra a amostra presa nas

garras da máquina de ensaio Shimadzu AGX, através de um sistema plástico bi-rotulado,

sendo ensaiado a uma velocidade de deslocamento de 0,1 mm/min, com célula de carga de 1

kN.

Figura 2.13 - a) Molde utilizado no ensaio de arrancamento; b) Configuração do ensaio de

arrancamento; c) Detalhe do sistema bi-rotulado. Fonte: Adaptado de FERREIRA, 2012

Santos (2013) moldou as amostras em um tabuleiro de acrílico, onde os tubos de pvc são

encaixados e em seguida através de um furo existente no mesmo, a fibra é colocada de forma

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concêntrica no tubo. Logo após houve o preenchimento dos corpos de prova e as fibras foram

alinhadas com guias em acrílico perfurada ao centro. A Figura 2.14 mostra a configuração da

moldagem assim como a execução do ensaio que foi realizado em um texturômetro TA.XT

plus, com velocidade de ensaio de 0,02mm/s, célula de carga de 50 Kg.

Figura 2.14 – a) Tubos de PVC encaixado no tabuleiro com as fibras concêntrica; b) Moldagem

com a utilização de guias; c) Execução do ensaio com um sistema rotulado. Fonte: Adaptado de SANTOS, 2013

2.3.2 Flexão

O ensaio de flexão é o que mais se aproxima da realidade e que permite uma melhor

caracterização da tenacidade perante diversos parâmetros.

O comportamento durante a flexão é definido pelas propriedades dos compósitos quando

submetidos a esforços de tração e compressão ao mesmo tempo. Quando as fibras curtas de

sisal são adicionadas a matriz de cimento, elas reduzem a resistência à compressão e não

incrementam a resistência à tração pós-pico, no entanto, a deformação de ruptura em ambas as

situações aumenta significativamente. O comportamento durante a flexão é, dessa forma,

controlado pelas curvas tensão-deformação do compósito na tração e na compressão, que

devem ser descritas para determinação dos valores de resistência na flexão. (LIMA, 2004).

A Figura 2.15 mostra a curva de carga versus deflexão para fibras curtas de sisal, expressa

através dos resultados obtidos, onde é utilizada para a determinação das propriedades

principais dos compósitos ensaiados, como tenacidade e carga de fissuração, sendo que a

curva é definida pelo tipo de fibra, volume e orientação do reforço. Além disso é possível

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notar a definição de duas regiões: A região I é a zona elástica antes da fissuração, e a II, que é

a zona inelástica até a ruptura (LIMA, 2004).

Figura 2.15 - Curva carga-deflexão esquemática para compósitos com fibras de baixo módulo

Fonte: LIMA, 2004

Esse comportamento encontrado por Lima (2004) foi para os compósitos reforçados com 1%,

2% e 3% de fibras de sisal. Porém esse modelo não é o único que mostra o comportamento

dos compósitos reforçados com fibras curtas. Ferreira (2012) observou que as amostras com

maior comprimento de fibra bem como maior volume apresentaram melhor comportamento,

com ganho de resistência após o surgimento da primeira fissura. Santos (2014) apresentou a

melhor representação para compósitos reforçado com 6% de fibras de sisal com comprimento

de 40 mm, conforme Figura 2.16.

Figura 2.16 - Curva carga-deslocamento para compósitos reforçados com 6% de fibra Fonte: SANTOS, 2014

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Na tenacidade, as fibras propiciam o aumento na capacidade de deformação, relacionado a

efeitos de escorregamento e arrancamento das mesmas, pois sua maior contribuição está em

matrizes frágeis na região pós-fissuração, onde as fibras funcionam como uma ponte entre as

fissuras, redistribuindo as tensões. Na resistência, podem propiciar um aumento na capacidade

de carga do compósito, pela transferência de tensões através das fissuras (VELASCO, 2008).

SILVA (2009) realizou ensaios de flexão em compósitos reforçados com fibras longas de

sisal, formando os laminados. Estes apresentaram tensão de ruptura superior à tensão da

matriz tanto na flexão quanto na tração direta, com surgimento de múltiplas fissuras. O modo

de ruptura dos laminados foi caracterizado pelo aparecimento de múltiplas fissuras na flexão,

conforme Figura 2.17.

Figura 2.17 - Amostra após o ensaio de flexão apresentando as múltiplas fissuras

Fonte: SILVA, 2009

Melo Filho (2012) verificou o uso 2%, 4% e 6% de fibras de sisal de 25 mm e 50 mm de

comprimento como reforço da matriz e constatou que houve ganho de tenacidade para todos

os volumes utilizados sendo que para o comprimento de 25 mm, o ganho foi de 48 vezes para

o teor de 2% e de 76 vezes para os teores de 4% e 6% de fibra. E para o comprimento de 50

mm o ganho foi de 54 e 72 vezes, para os teores de 2% e 4% de reforço. Observando que o

fato da adição de fibras não ter prejudicado de forma relevante esta propriedade, mesmo

quando o teor de 6% foi utilizado está provavelmente associado às melhores características

reológicas da matriz utilizada.

Santos (2013) estudou a resistência à tração flexão em compósitos utilizando fibras de sisal,

refugo e bucha de campo, contendo uma fração de 2% em massa de fibras, com comprimento

de 25 mm como reforço na matriz. Como resultado encontrou que com 2% de fibra natural

obteve uma maior resistência à tração na flexão com um aumento de 8,24% e para o refugo e

bucha de campo houve um decréscimo na resistência a flexão de 31,40% e 6,31% ,

respectivamente.

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2.3.3 Durabilidade de compósitos cimentícios reforçados com fibras vegetais

A durabilidade é uma das maiores preocupações com relação ao uso de fibras naturais como

reforço de sistemas a base de cimento, isso porque os compósitos podem perder resistência e

tenacidade com o tempo e principalmente pelo ambiente alcalino do cimento (TOLEDO

FILHO, 1997).

Afim de que a durabilidade desses compósitos seja garantida, algumas técnicas têm sido

desenvolvidas, tais como impregnação da fibra com substâncias bloqueadoras e repelentes de

água (diminuição da quantidade e do tamanho dos poros bem como da sua interconectividade)

ou modificação da matriz por meio do uso de cimentos especiais ou com a adição de materiais

pozolânicos (LIMA E TOLEDO FILHO, 2008).

2.3.3.1 Mecanismo de ataque as fibras pela matriz

Pode-se observar que para a incorporação de algum tipo de fibra é necessário a mudança na

composição da matriz. A matriz cimentícia é uma das mais utilizadas na fabricação de

compósitos, devido à grande versatilidade e comportamento já conhecido, no entanto há

outras matrizes que podem ser utilizadas.

A principal causa da degradação das fibras vegetais em matriz cimentícia é a hidrólise

alcalina, esta promove a divisão da cadeia e por consequência há a redução do grau de

polimerização da celulose, ou seja, a água alcalina presente nos poros da matriz cimentícia

dissolve a lignina e a hemicelulose, quebrando, assim, as ligações entre as fibrocélulas,

conforme apresentado na Figura 2.18 (GRAM, 1983).

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Figura 2.18 - Esquema da degradação da fibra de sisal pela dissolução em meio alcalino

Fonte: GRAM, 1983

O mecanismo de ataque alcalino leva a mineralização das fibras, sendo o principal

responsável o hidróxido de cálcio, que resulta da hidratação dos silicatos de cálcio que

constituem o cimento Portland. Neste caso, hidróxido de cálcio preenche o lúmen das células

que constitui a fibra, causando um acúmulo dos produtos hidratados do cimento. Tal acúmulo

acarreta o enrijecimento na estrutura da fibra, impede sua deformação, prejudica a capacidade

de absorção de energia, tornando seu comportamento frágil o que reflete, principalmente, na

tenacidade do compósito (SILVA, 2010).

De acordo com Lima e Toledo Filho (2008), faz-se necessário analisar a compatibilidade

química da matriz com a fibra, bem como o tipo de aderência que será gerada na interação

fibra/matriz, pois essa irá influenciar no compósito resultante, sendo que os mesmos

identificaram que a substituição parcial do cimento por 30% e 40% de metacaulinita

produzida em laboratório consome 100 % do hidróxido de cálcio.

Velasco et al. (2004), utilizaram teores de 25% e 30% de metacaulinita comercial combinados

com 20% e 25% de resíduo cerâmico o que também permitiu o consumo de todo hidróxido de

cálcio formado.

Ferreira (2012) produziu uma matriz com uma areia de diâmetro máximo (D. máx.) = 840

µm, cinza volante, metacaulinita comercial e cimento portland. A composição da mistura

ótima para o consumo de todo hidróxido de cálcio foi de 33% de cimento, 27% metacaulinita

e 40% cinza volante, considerando que a modificação da matriz visa obter uma matriz livre de

hidróxido de cálcio (CH) e com adequado comportamento reológico e mecânico.

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2.3.3.2 Mecanismo de ataque as fibras por outros agentes

Há diversos mecanismos que atacam e degradam as fibras dentro do compósito, podendo ser

citado a decomposição das fibras, que ocorre quando a lignina e celulose presentes na lamela

intercelular são decompostas pela ação do elevado pH da água de poro da pasta de cimento ou

pela ação de outros agentes, como por exemplos fungos causadores de podridão branca

considerados os únicos organismos capazes de converter lignina em CO2 e água, fazendo com

que haja a redução na capacidade de reforço da fibra, quebra da aderência fibra-matriz e

tornando a fibra um material inerte dentro do compósito (SILVA e COELHO, 2006).

Outro mecanismo de degradação é a biodeterioração, definida como mudanças indesejáveis

nas propriedades de um material causada pela atividade vital de um agente biológico

(ALLSOPP e SEALL, 1986). Por exemplo, a remoção de lignina das fibras pela ação dos

fungos aeróbicos. No entanto, estes necessitam de condições adequadas para seu

desenvolvimento, como presença de água e manutenção do pH próximo ao neutro. A

alcalinidade da pasta de cimento Portland pode inibir a ação deste mecanismo

(SAVASTANO JR, 2000).

Silva (2010) estudou a deterioração de fibras de sisal devido ação de linhagens fúngicas, além

dos tratamentos com água, hidróxido de cálcio e hidróxido de sódio. Dentre tais tratamentos

constatou que a linhagem de Penicilium sp, possui uma ação deletéria sobre a fibra de sisal,

tanto na sua microestrutura, quanto no desempenho mecânico. Tal fato deve-se,

principalmente, a ação das enzimas lignocelulolíticas produzidas pela linhagem sobre o

reforço vegetal.

2.4 TRATAMENTOS SUPERFICIAIS

As fibras naturais necessitam de tratamentos superficiais para aplicação na matriz cimentícia,

devido a sua estrutura porosa e grande capacidade de absorção de água, o que causa a

fissuração entre a fibra e a matriz. Os tratamentos visam diminuir tal absorção bem como a

variação dimensional. Como consequência promove a melhora da interação fibra-matriz,

garantindo uma maior ductilidade dos compósitos. Tais tratamentos podem ser físicos,

químicos e físico-químicos.

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2.4.1 Tratamentos físicos

Os tratamentos físicos têm por finalidade não alterar a composição químicas das fibras,

mudando as propriedades estruturais e a superfície, para melhorar a interação fibra-matriz.

Bledzki e Gassan (1999) abordaram diversos tratamentos físicos entre eles a descarga elétrica

(corona e plasma frio) que altera a energia da superfície ativando a oxidação nela, dependendo

dos grupos e radicais reativos. Além desse há a mercerização que conforme a ASTM D 1965,

é o processo de tratamento de uma fibra vegetal para uma interação com uma solução aquosa

relativamente concentrada de uma base forte, para produzir grande inchamento com as

alterações resultantes na estrutura fina, a dimensão, a morfologia e mecânica.

Selvam e Santiago (2007), ao utilizarem, as fibras de coco, comprovaram que o tratamento

com a imersão das fibras em água quente a 80ºC por cerca de 1h sob agitação proporcionou

maior eficiência na modificação superficial das fibras expondo as fibrilas (reentrâncias) e as

marcas globulares (saliências). O tratamento foi mais efetivo com a lixiviação da camada

superficial, em consequência, ocorrem o aumento da área de contato que contribui para

aumento da adesão matriz/fibra.

Um outro tratamento são os ciclos de molhagem-secagem em fibras promovendo o

enrijecimento da estrutura polimérica das fibro-células também conhecido como hornificação.

Tal tratamento tem por finalidade a redução da capacidade de absorção de água, gerando uma

estabilidade dimensional da fibra. Esse fenômeno está relacionado com a eliminação da

interface de lignina – hemicelulose permitindo que as ligações flexíveis entre a celulose e a

hemicelulose sejam substituídas por ligações duras de celulose, dificultando a acessibilidade

da água (CLARAMUNT ET AL, 2010)

O processo de hornificação promove um rearranjo da cadeia de celulose em que os vazios

capilares das fibras são gradualmente fechados e, devido aos ciclos, não conseguem se reabrir.

Dessa forma, há uma redução do lúmen das fibrocélulas que resulta em redução do diâmetro

médio das fibras conforme Figura 2.19, que foi retirada a partir de uma microscopia de

varredura eletrônica observado por Ferreira et al. (2012).

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Figura 2.19 - Seção transversal das fibras mostrando detalhe das fibrocélulas: (a-b) tratadas e

(c-d) sem tratamento

Fonte: FERREIRA, 2012

Segundo Claramunt et al. (2010) a hornificação melhorou a estabilidade dimensional do

compósito a base de cimento, além de reduzir o gradiente de água na interface fibra - matriz e,

provavelmente, de diminuir a cristalização de partículas de hidróxido de cálcio sobre a

superfície das fibras.

Ferreira et al. (2012) concluiu que a submissão das fibras aos 10 ciclos de molhagem e

secagem proporcionou o processo de hornificação, onde houve uma diminuição da absorção

de água e uma redução das variações dimensionais. A Figura 2.20 apresenta a superfície da

fibra e a suas seções transversais antes e depois do tratamento aplicado. É possível notar que

há alguma “esfoliação” na superfície tratada e que sua seção foi reduzida, pois os lúmens das

fibrocélulas sofreram alterações.

Além disso, esse processo de hornificação sob o ensaio de tração direta, apresentou um

aumento na capacidade de deformação e na resistência a tração, mas houve uma redução no

módulo de elasticidade.

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Figura 2.20 Fibra de Sisal – a) Superfície lateral tratada; b) Superfície lateral não tratadas;

c) Sessão transversal hornificada; d) Sessão transversal não hornificada

Fonte: FERREIRA, 2012

2.4.2 Tratamentos químicos e físico-químicos

Os métodos químicos geralmente tornam a superfície da fibra ativa por meio da introdução de

algum grupo reativo e proporcionam maior extensibilidade pela remoção parcial da lignina e

hemicelulose. No tratamento de acetilação, a eficiência está na modificação química das

fibras com anidrido acético, cuja principal função é a substituição das hidroxilas presentes nas

paredes das células pelo grupo acetila, conferindo um caráter apolar, característico desse

grupo (RONG ET AL, 2001).

Selvam e Santiago (2007) mostraram que o tratamento com a imersão das fibras em

detergente em pó, a base de derivados de sódio, por cerca de 30 min sob agitação,

proporcionou uma eliminação parcial da camada superficial, expondo as reentrâncias das

fibrilas, porém foi observado a presença de resíduos superficial. Essa eliminação e exposição

das fibrilas promove o aumento da área de contato (aumento da rugosidade ou zonas de

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ancoragem) que contribui para aumento da adesão matriz/fibra, menor higroscopicidade,

maior estabilidade dimensional e resistência química.

Lopes et al. (2010) estudou os efeitos da acetilação em fibras de sisal, com a aplicação de

diferente temperaturas e tempos reacionais, conforme apresentados na Tabela 2.2, afim de

obter uma redução da hidrofilicidade, avaliando a capacidade de absorção de água e suas

propriedades mecânicas.

Tabela 2.2 – Propriedades físicas e mecânicas da fibra de sisal

Tratamentos Temperatura/Tempo

(T°C – h)

Absorção de agua

(24h - %)

σ (MPa)

Média (Sd)

Ec (GPa)

Média (Sd)

Sem tratamento - 86 215,6 (95,5) 11,5 (3,4)

A1 100°C - 1 h 47 216,4 (48,2) 10,1 (1,9)

A2 100°C - 3 h 36 118,1 (48,7) 6,7 (1,0)

A3 120°C - 1 h 38 152,7 (21,2) 7,5 (1,3)

A4 120°C - 3 h 37 106,5 (45,0) 7,7 (3,1)

Onde: σ = Resistência à tração; Ec = Módulo de elasticidade Fonte: LOPES ET AL., 2010

Lopes et al. (2010) observaram que o tratamento de acetilação promoveu redução da

hidrofilicidade nas fibras de sisal, em todas as condições estudadas e que as acetiladas por 3h

apresentaram maiores reduções na absorção demonstrando enrijecimento na estrutura das

fibras. Além disso a acetilação a 100 °C por 1 h apresentou as melhores características físico-

mecânicas dentre os tratamentos com perdas toleráveis nas propriedades mecânicas e

incremento satisfatório de grupos apolares com o tratamento.

Outros tipos de tratamentos químicos são utilizados com hidróxido de sódio, anidro acético,

anidro maleico e silano. Na Tabela 2.3 são apresentados alguns tratamentos químicos

apresentados por Sawpan et al., (2011).

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30

Tabela 2.3 – Tipos de tratamento e as características obtidas.

Tratamentos nas

fibras Concentração da solução

Modificação na

fibra σ (MPa) Ec (GPa)

Sem tratamento - - 577 26,5

Hidróxido de sódio

5% de solução de

hidróxido de sódio à

temperatura ambiente.

Aumento da

cristalinidade da

celulose;

598 33,8

Silano

Solução de 0,5 % em peso

de agente de acoplamento

de Silano foi preparado

em acetona

Menor índice de

cristalinidade 554 29,9

Anidrido maleico 5% de anidrido maleico

em acetona

Menor índice de

cristalinidade 538 28,3

Acetilação Anidrido acético com

ácido sulfúrico Inchaço das fibras 546 29,1

Onde: σ = Resistência à tração; Ec = Módulo de elasticidade Fonte: SAWPAN, 2011

Conforme Sawpan et al. (2011), na Tabela 2.3 foi possível observar que o tratamento que

obteve ganho de resistência foi o de hidróxido de sódio, na concentração de 5%, onde

promoveu aumento da cristalinidade propiciando um aumento também no modulo de

elasticidade. Os demais tratamentos obtiveram valores abaixo da fibra sem tratamento.

Gonzalez et. al. (1999), com o intuito de melhorar a interação entre a matriz polimérica com

as fibras naturais, promoveram três tipos de tratamentos superficiais, sendo eles a aplicação de

silano, tratamento alcalino (NaOH) e a pré-impregnação de polietileno diluído. Para avaliar

tal comportamento foi realizado o ensaio de resistência ao cisalhamento interfacial

(arrancamento) e tração direta, onde foi possível observar através da curva deslocamento x

força (Figura 2.21), que o melhor comportamento apresentado foi com as fibras pré-

impregnadas de polietileno (FIBNAPRE), pois não ocorreu o deslizamento da fibra para fora

da matriz, sendo atribuído ao aumento da rugosidade que favoreceu uma melhor adesão fibra-

matriz.

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Figura 2.21 - Curvas de força x deslocamento do ensaio de arrancamento das fibras submetidas

a diferentes tratamentos de superfície

Fonte: GONZÁLEZ, 1999

A natureza das fibras é hidrofílica resulta em fraca compatibilidade com matrizes de

polímeros hidrofóbicos. Portanto, torna-se necessário modificar a superfície de fibras vegetais

para uma melhor ligação entre a fibra e a matriz. A maioria dos tratamentos químicos

envolvem mercerização, acetilação, benzoilação, tratamento isocianato e enxertia de

polímeros sintéticos. A modificação da superfície de fibras vegetais utilizando tratamentos

químicos torna-se menos atrativo devido a um certo número de limitações, entre elas estão o

manuseamento e eliminação adequada dos produtos químicos perigosos além do alto custo

adicional para a produção (KALIA, 2013).

Em um estudo Franco e González (2005) avaliaram o grau de adesão fibra-matriz e o seu

efeito sobre o comportamento mecânico das fibras curtas de sisal em uma matriz de

polietileno, aplicando os mesmos tratamentos anterior. E através do ensaio de arrancamento

mostraram que para os diferentes tratamentos de superfície da fibra, a resistência a tração foi

aumentada e a resistência cisalhante quase duplicou, apenas alterando a interação mecânica e

as interações químicas entre fibra e matriz. O melhor comportamento de resistência a tração

foi com a aplicação do agente de acoplamento de silano e com a pré-impregnação de

polietileno diluído, aumentando a resistência nas propriedades de cisalhamento. Também foi

realizado a análise em um Microscópio Eletrônico de Varredura (MEV) e a partir das

fotomicrografias, foi possível observar que houve um aumento da interação da fibra-matriz,

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sendo que as fibras sem tratamento apresentaram falhas na interface (FRANCO E

GONZÁLEZ, 2005).

Suzuki (2009) estudou a utilização de polietileno de alta densidade reforçados com 20 % de

fibra de vidro e a influência da adição de óleo mineral e aditivo estabilizante. O autor

observou que a presença dos agentes de pegajosidade (óleo mineral e aditivo estabilizante)

provocaram melhoras significativas na resistência à tração e na resistência à flexão do

compósito, sendo que amostras pré-impregnadas usando estabilizante apresentaram melhor

homogeneidade de propriedades do que aquelas pré-impregnadas usando óleo mineral.

Santos (2007) estudou a utilização da fibra de coco maduro em compósitos de polipropileno,

adicionados de dois agentes de acoplamento macromoleculares, um PP modificado com

anidrido maleico comercial (PPAM) e um PP modificado com viniltrietoxisilano preparados

em laboratórios, com o intuito de aumentar a adesão entre as fases. Utilizou-se concentrações

variando entre 0,5 e 10% de fibra. A fibra de coco propiciou melhora nas propriedades, sendo

que o PP modificado com vinilsilano foi mais eficiente nos valores dos módulos, enquanto o

PPAM foi mais eficiente na tensão máxima. Verificou-se também que o PPAM resultou em

compósitos de melhores propriedades mecânicas, porém o PP modificado com vinilsilano

resultou em compósitos com menor grau de absorção de água.

Tonoli et al (2009) utilizaram dois tipos de silano com o objetivo de avaliar o efeito da

modificação da superfície das fibras da polpa de celulose nas propriedades mecânicas dos

compósitos à base de cimento, sendo que a modificação mostrou influência na aderência

fibra-matriz e na mineralização do lúmen da fibra. Nos compósitos em que as fibras foram

tratadas com o Metacriloxi propil tri-metoxi silano (MPTS) não houve a deposição dos

produtos da hidratação do cimento, enquanto que nos compósitos com as fibras tratadas com

o amino-propil-trietoxi-silano (APTS) mostrou uma mineralização acelerada que prejudicou a

interação fibra-matriz.

Além dá utilização dos polímeros sintéticos para promover uma melhor interação fibra-

matriz, há também os polímeros naturais, tais como, amido e glúten que são interessantes

matérias-primas para serem utilizados como matrizes de biocompósitos devido a sua

biodegradabilidade e baixo custo, e podem ser processados na presença de plastificante,

similarmente aos polímeros sintéticos convencionais. Além disso, o amido e o glúten possuem

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grupos polares que podem interagir com as hidroxilas das fibras lignocelulósicas e, assim,

resultar em um material com boa propriedade mecânica (CORRADINI et al., 2008).

A pequena molhabilidade e a fraca ligação interfacial com o polímero devido à pouca

compatibilidade entre as fibras celulósicas hidrofílicas com os termoplásticos hidrofóbicos

são consideradas limitações ao uso de fibras naturais como reforços em matrizes

termoplásticas (MARTINS, 2010).

A interface fibra/matriz é a região onde ocorre o contato entre os componentes do compósito,

sendo a principal responsável pela transferência da solicitação mecânica da matriz para o

reforço. Podendo ser observado que a adesão inadequada entre as fases envolvidas na

interface poderá provocar o início de falhas, comprometendo o desempenho do compósito.

Portanto, além das propriedades individuais de cada componente do compósito, a interface

deve ser a mais adequada possível para otimizar a combinação das propriedades envolvidas

(IOZZI, 2010).

Iozzi (2010) investigou a influência de diferentes tratamentos e teores da fibra de sisal nas

propriedades mecânicas de compósitos de borracha nitrílica/sisal com e sem a adição de

carbonato de cálcio em que as fibras de sisal passaram a exercer uma ação de reforço na

matriz de borracha nitrílica a partir do teor de 11 pcr (partes por cem partes de resina). Para a

matriz de borracha associada ao carbonato de cálcio este reforço se inicia com teores de fibra

da ordem de 5,5 pcr. Além disso, os compósitos de borracha nitrílica com fibras de sisal e

carbonato de cálcio são termicamente estáveis até cerca de 300 °C nas condições estudadas.

2.4.3 Efeito dos tratamentos da fibra sobre o comportamento dos compósitos

Com base nos tratamentos apresentados, é de grande interesse apresentar alguns efeitos e o

comportamento gerados a partir da utilização das fibras tratadas.

Ferreira et al. (2012) após promoverem o processo de hornificação, realizaram ensaios de

arrancamento da fibra de sisal em matriz de cimento Portland, utilizando comprimentos de

embebimento de 25 mm e 50 mm, com o objetivo de verificar se houve estabilidade

dimensional e se aumentava a adesão fibra-matriz. O resultado encontrado foi que há uma

maior estabilidade dimensional, gerando um aumento na resistência à tração e capacidade de

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deformação, também melhorando uma maior aderência da fibra hornificada à matriz de

cimentícia.

Santos e Lima (2012) também investigaram a possibilidade de uso de resíduos de fibra de

sisal (refugo e bucha de campo) como reforço de compósitos a base de cimento. As quais

passaram por 10 e 20 ciclos de molhagem e secagem e em seguida foram realizados os

ensaios de resistência à tração e ensaio de arrancamento, apresentando que

independentemente do tipo de fibra houve um aumento da aderência com aplicação dos ciclos

de molhagem e secagem. O ensaio foi efetuado conforme a metodologia de Ferreira et al

(2012).

A Tabela 2.4 apresenta valores encontrados nos ensaios de arrancamento realizados por

diversos autores referente a fibra de sisal.

Tabela 2.4 - Valores de ensaios de arrancamento de diversos autores

Autores Tipo de Fibra Tratamentos τmax (MPa) τfu(MPa)

Ferreira et al (2012) Sisal Sem tratamento 0,30 0,18

Hornificadas 0,42 0,27

Santos e Lima (2012) Sisal Sem tratamento - 0,18

Hornificadas - 0,28

Ali et al. (2012) Coco Tratadas - 0,18

Betterman et al (1995) PVA - 2,72 0,72

Com o ganho de aderência fibra-matriz, Ferreira (2012) produziu compósitos reforçados com

2%, 3%, 4% e 6% de fibras de sisal hornificadas e observou que houve incremento na

tenacidade com a adição de fibras, tal aumento foi em torno de 80%, para os compósitos

reforçado com 2% de fibras de sisal. Para os compósitos com 4% de fibras, o acréscimo foi de

151,7% e 170% para os compósitos com 6% de fibra de sisal.

Santos (2014) utilizou 4% e 6% de fibras de sisal hornificadas, com o comprimento de 40mm

para reforço de matrizes sem e com teor de substituição de parte do agregado natural pelo

reciclado nos teores de 10% e 20%. Os resultados indicaram que as misturas com 4% e 6% de

fibras apresentaram múltipla fissuração, no entanto para as misturas com 6% de fibra a

densidade de fissuração foi maior como mostra a Figura 2.22.

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Figura 2.22 - Múltipla fissuração da amostra com RC e 6% de fibra

Fonte: SANTOS, 2014

2.5 POLÍMEROS DE FONTES RENOVAVEIS

Apesar do sucesso obtido por alguns polímeros no tratamento de fibras vegetais, verifica-se

que eles são oriundos de fontes não renováveis o que gera uma contradição visto que uma das

vantagens do uso de fibras vegetais é a sua biodegradação.

Alguns polímeros de fonte renovável já têm sido utilizados como matrizes de materiais

compósitos com o objetivo de melhoras a sustentabilidade desse material, dentre eles estão os

provenientes das plantas e animais. Estes incluem a madeira, a borracha, o algodão, a lã, o

couro e a seda. Outros polímeros naturais, como as proteínas, os amidos, as celuloses, são

também importantes para o processo biológicos e fisiológico nas plantas e nos animais.

(GORNINSKI, 2010).

Dentre esses polímeros, o amido e glúten são interessantes matérias-primas para serem

utilizados como matrizes de biocompósitos devido a sua biodegradabilidade e baixo custo.

Ambos podem ser processados na presença de plastificante, similarmente aos polímeros

sintéticos convencionais. E o uso desses polímeros tem sido cada vez mais comum na

indústria alimentícias, sendo aplicados na produção de embalagens e filmes biodegradáveis,

com o intuito de diminuir o impacto ambiental causado pelo intenso uso de embalagens

derivadas de petróleo.

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2.5.1.1 Amido da Mandioca

O amido é um polímero que ocorre amplamente em plantas, produzido sob a forma de

grânulos, os quais variam em tamanho e um pouco na composição de planta para planta. As

principais culturas utilizadas para a sua produção, as batatas, milho, arroz e mandioca.

(CHANDRA E RUSTGI, 1998)

O amido de mandioca é um pó fino, branco, inodoro e insípido, sendo obtido através das

raízes de mandioca devidamente lavadas, descascadas, trituradas, desintegradas, purificadas,

peneiradas, centrifugadas, concentradas, desidratadas e secadas (SANTANA, 2015), sendo

que o amido de um modo geral é um homopolímero de glicose ramificada composto por dois

tipos de polímeros, amilose e amilopectina, cada um dos quais tem uma ampla distribuição de

tamanhos moleculares e pesos moleculares (ZHU, 2014).

A amilose é de peso molecular moderado, com massa molar entre 101 - 102 Kg.mol-1, com

poucos ramos e uma longa cadeia, formada por unidades de glicose na forma cíclica α-D-

glicopiranosídica do tipo “cadeira”, unidas por ligações α (1-4), conforme a Figura 2.23

(CORRADINI et al., 2005). E promove através de aquecimento, em torno de 65 a 75ºC, a

formação de um gel, isso é possível pela cadeia ser linear, possibilitando o aquecimento de

maneira acelerada (MUNHOZ et al., 2004).

Figura 2.23 - Estrutura química do Amido de Mandioca

Fonte: SWEEDMAN, 2012

Já a amilopectina o peso molecular é de cerca de duas ordens de magnitude maior, tendo uma

massa molar entre 104 –106 Kg.mol-1, tornando-se uma molécula volumosa. Além disso ela é

cadeia ramificada, sendo um esqueleto linear α-D-glicopiranoses unidas por ligação α(1-4) e

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ramificações da ordem de 5 a 6% do seu peso molecular., sendo que as ramificações são

cadeias curtas de α-D-glicopiranoses unidas ao esqueleto linear por ligações α(1-6)

(CORRADINI et al., 2005; NELSON et al., 2006)

O amido de mandioca é considerado um amido nativo e esses geralmente têm uma limitada

solubilidade em água assim são limitados em aplicações industriais, sendo que aplicar

modificações para trazer a solubilidade pode implicar nas alterações estruturais que

hidrolisam o amido em moléculas menores. (SWEEDMAN, 2012).

Assim, para utilização do amido faz-se necessária a utilização de aditivos como plastificantes

que interagem com as matrizes poliméricas conferindo melhoras na maleabilidade do

biopolímero (FREITAS, 2014). Dentre os agentes plastificante estão o glicerol ou sorbitol

tendo como produto o amido termoplástico - TPS.

A natureza hidrófila do amido nativo limita o desenvolvimento de produtos à base de amido

uma vez que produtos altamente sensíveis à água. Assim, uma grande quantidade de pesquisas

fora realizada para modificar quimicamente amidos de modo a obter materiais menos

hidrófilas (COVA et al. 2010).

Conforme Souza & Andrade (2000), uma forma de modificar o amido é a gelatinização que

transforma o amido granular em uma pasta elástica, viscosa e transparente durante o processo

de aquecimento da dispersão de amido em presença de água, pois com o aumento da

temperatura da mistura água/amido, ocorre o inchamento dos grânulos do amido chegando ao

completo rompimento, a4carretando a destruição da ordem molecular e causando mudanças

irreversíveis nas suas propriedades

Outra maneira é a incorporação química de grupos hidrófobos, tais como os éteres ou ésteres,

nas cadeias de polímero de enxerto de amido (BISWAS et al., 2008 e RIVERO et al., 2009),

ou promover a reação entre radicais hidrofóbicos com a cadeia de amido, com isso o produto

final empresta algumas propriedades hidrofóbicas ao amido sem destruir seu poder de

dispersão em água (SWINKELS, 1996).

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2.5.1.2 Acetato de Celulose

O acetato de celulose é um derivado de celulose tradicional, geralmente obtido da polpa de

madeira, linter de algodão ou pasta de celulose. Via de regra, a reação emprega ácido acético

e anidrido acético utilizando ácido sulfúrico como catalisador. A acetilação pode ser

completa, quando empregado na escala industrial, onde é provocada uma acentuada

degradação do polímero de modo que apenas 200-300 unidades em média de (β) D-

glucopiranose estarão presentes na cadeia (OLIVEIRA JR. 2002). Após etapa final de

hidrólise é comum encontrar produtos contendo de 2-2,5 grupos de acetato por unidade de

glicose no polímero.

O acetato de celulose (AC) representa uma importante classe de termoplástico que possui

diferentes graus de acetilação, é amorfo, inodoro, biodegradável, não tóxico, permeável ao

vapor de água, estável e solúvel em acetona, tendo diversas aplicações, como filtros,

membranas, filmes, embalagens de alimentos e as cápsulas para administração de fármaco.

Pode formar uma película transparente e rígida, mas com alguma flexibilidade que oferece

suporte de alta tensão à temperatura ambiente. A Figura 2.24 mostra a sua estrutura química

(CHANDRA E RUSTGI, 1998; CERQUEIRA et al., 2010).

Figura 2.24 - Estrutura química do Acetato de Celulose

Fonte: CERQUEIRA et al., 2010

Além disso apresentam uma vantagem ao longo dos compósitos baseados em poliolefinas que

é a adesão interfacial naturais resultantes das interações entre hidroxilas e carbonilas das

fibras lignocelulósicas e da matriz (TAHA E ZIEGMANN, 2006).

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Os filmes a base de acetato de celulose têm sido produzidos e utilizados em alimentos, visto

que já se mostraram eficientes na tecnologia de embalagem ativa, estas mudam a condição de

acondicionamento para aumentar vida de prateleira e melhorar a segurança e as propriedades

sensoriais do produto, mantendo sua qualidade. (AZEREDO, 2012).

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3 PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL

Todos os experimentos foram realizados nos Laboratórios do Departamento de Tecnologia

(LABOTEC) da Universidade Estadual de Feira de Santana, Feira de Santana, Bahia,

conforme a metodologia apresentada a seguir.

O estudo foi divido em 3 fases. A primeira voltada para o tratamento aplicado às fibras que

consistiu na aplicação das resinas sobre as fibras de sisal e suas caracterizações quanto aos

comportamentos físicos e mecânicos. A segunda é integrada diretamente a primeira que,

consistiu na caracterização de cada resina que foram aplicadas. E a terceira foi a avaliação

mecânica dos compósitos a base de cimento com a inserção das fibras com o melhor

revestimento caracterizado conforme Figura 3.1

Figura 3.1 – Fluxograma do programa experimental

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3.1 MATERIAIS

3.1.1 Cimento Portland

O cimento utilizado foi o Portland de alta resistência inicial da MIZU, sendo que a sua

utilização se dá devido a ser um cimento puro isento de adições, cujas características estão

apresentadas na Tabela 3.1 e os valores encontrados estão de acordo com os valores

estabelecidos pela NBR 5733 (ABNT, 1991).

Tabela 3.1 - Caracterização do cimento

Características e Propriedades Unidade Valores

experimentais

Resistência à Compressão

1 dia de idade MPa 16,7

3 dias de idade MPa 25,0

7 dias de idade MPa 38,4

Massa Específica g/cm³ 3,04

Finura % 0,7(1)

(1) Precisão da balança: 0,01g

3.1.2 Adições Minerais

3.1.2.1 Cinza Volante

A cinza volante utilizada foi proveniente da empresa POZOFLY e foi caracterizada para

determinação da massa específica conforme a NBR NM 23 (ABNT, 2001) além de ser

determinada a sua composição química, cujo os resultados estão na Tabela 3.2 e na Figura

3.2.

Tabela 3.2 - Caracterização da cinza volante

Massa específica: 1,98g/cm³

Parâmetro SiO2 Al2O3 Fe2O3 K2O CaO TiO2 SO3 ZrO2 Outros

Resultados da amostra (%) 53,33 33,23 4,96 3,44 2,06 1,38 1,26 0,1 0,24

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Figura 3.2 - Granulometria da cinza volante

3.1.2.2 Sílica Ativa

A caracterização da sílica ativa utilizada foi conforme com a NBR NM 23 (ABNT, 2001) para

a determinação da massa específica onde os valores estão apresentados a seguir na Tabela 3.3.

Tabela 3.3 - Características da sílica ativa

Massa específica: 2,11g/cm³

Parâmetro SiO2 Al2O3 MgO K2O Na2O Fe2O3 P2O5 CaO MnO

Resultados da

amostra (%) 95,3 0,04 0,49 1,33 0,22 0,35 0,17 0,17 0,18

3.1.3 Areia

Foi utilizada uma areia quartzosa, proveniente do município de Alagoinhas-BA, a qual foi

caracterizada pelos os ensaios de massa específica segundo NM 52 (ABNT, 2009) obtendo o

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

110

0,1 1 10 100 1000

%P

ass

an

te

Diâmetro das Partículas (µm)

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valor de 2,65 g/cm³, apresentando uma dimensão máxima de 1,18mm e um módulo de finura

de 1,73 de acordo com a NM 248 (ABNT, 2003), conforme ensaios realizados por SANTOS

(2014), (Tabela 3.4).

Tabela 3.4 - Características do agregado natural

Características Agregado Natural

Diâmetro máximo (mm) 1,18

Módulo de finura 1,73

Material pulverulento (%) 0,95

Absorção de água (%) 0,03

Massa específica (g/cm³) 2,65

Fonte: SANTOS, 2014

3.1.4 Superplastificante e Agente Modificador de Viscosidade

Para a produção dos compostos cimentícios foi necessário a utilização de uma matriz

autoadensável, onde foi utilizado um dispersante à base de policarboxilatos (superplastificante

Adiment Premium - Vedacit®), que apresentou massa específica igual 1,09 g/m³ e proporção

de 30% sólidos e 70% água, conforme dados do fabricante.

Além da utilização do superplastificante foi necessário a utilização de um agente modificador

de viscosidade (V.M.A) Rheomac UW 410, fabricado pela empresa BASF, afim de evitar a

segregação, diminuir a exsudação e manter a argamassa coesa.

3.1.5 Fibra de Sisal

As fibras de sisal foram obtidas na região norte do estado da Bahia, pela Associação de

Desenvolvimento Sustentável e Solidário da Região Sisaleira (APAEB), em Valente, Bahia,

sendo classificadas como fibra de primeira qualidade Tipo 1, com variação entre 90 e 110 cm

de comprimento.

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3.1.6 Água da mistura

A água utilizada para a produção das argamassas desde estudo foi proveniente da rede de

abastecimento da Universidade Estadual de Feira de Santana, cuja fonte é poço de uso

comum.

3.1.7 Géis poliméricos

Para as análises das fibras foram necessárias as produções dos diferentes géis de polímeros de

fontes renováveis, tais como: Acetato de Celulose (AC), Amido Hidrofóbico (AH) e Fécula

de Mandioca (FM)

Para a produção do Gel de Acetato de Celulose foi utilizado o acetato de celulose (Figura 3.3

– a)) proveniente de doação e apresenta uma forma granular e superfície irregular. E para a

sua solubilização foi utilizada Acetona a P.A – CH3COCH3.

O Gel de amido hidrofóbico foi composto por um amido quimicamente modificado fornecido

pela Bahiamido Serviços Agroindustriais S.A que recebe uma codificação de 600, e

apresentado em forma de pó conforme a Figura 3.3 – b). Este amido foi gelatinizado em

solução de hidróxido de sódio (P.A – A.C.S. – NaOH).

Já para a produção do Gel de Fécula de Mandioca foi utilizado o Polvilho Doce

comercializado pela Yoki Alimentos, sendo também em forma de pó (Figura 3.3 – c)).

Figura 3.3 – Produtos base para a produção dos géis - a) Acetato de Celulose; b) Amido

Hidrofóbico; c) Fécula de Mandioca

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3.2 MÉTODOS DE TRATAMENTOS

As fibras geralmente apresentam uma superfície com presença de resíduos oriundos do

processo de extração, como açucares e mucilagens. Logo elas foram previamente lavadas em

água quente (50ºC), como mostra a Figura 3.4, e submetidas à secagem total em estufa a

80°C, conforme Santos (2014).

Figura 3.4 - Lavagem das fibras em água a 50°C Fonte: SANTOS, 2014

Em seguida elas foram penteadas afim de desembaraçar e facilitar a seleção das mesmas.

Foram selecionadas as fibras que apresentavam maior espessura, em seguida foram cortadas

no comprimento de 70 cm.

3.2.1 Produção dos Revestimentos Poliméricos

3.2.1.1 Acetato de Celulose

A produção do gel de acetado de celulose, consistiu na dissolução da resina em acetona (1:10

– resina: solvente). A resina foi mantida no solvente por 24 horas para completa solubilização.

A Figura 3.5, mostra os materiais utilizados e o produto final da solubilização.

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Figura 3.5 - Configuração para a produção do gel de Acetato de Celulose - a) Materiais e

equipamentos utilizados; b) Gel produzido.

3.2.1.2 Amido Hidrofóbico

A produção do gel de amido hidrofóbico foi realizada por meio de gelatinização a frio com a

base de hidróxido de sódio.

Preparou-se uma suspensão do amido hidrofóbico (8%) em hidróxido de sódio (1%) e agitou-

se vigorosamente até a formação do gel. A Figura 3.6, mostra os materiais utilizados e o

produto final da homogeneização.

Figura 3.6 - Configuração para a produção do gel de Amido Hidrofóbico - a) Materiais e

equipamentos utilizados; b) Gel produzido

3.2.1.3 Fécula de Mandioca

Os géis de fécula de mandioca foram preparados por meio da gelatinização do amido.

Preparou-se uma suspensão de fécula de mandioca (8%) em água, a qual foi aquecida a 65ºC,

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sob agitação constate, para gelatinização, conforme mostra a Figura 3.7. (colocar a

Viscosidade – sugestão de Romildo)l

Figura 3.7 - Configuração para a produção do gel de Fécula de Mandioca - a) Materiais e

equipamentos utilizados; b) Gel produzido

3.2.2 Revestimento das Fibras de Sisal

Após as produções dos géis, as fibras selecionadas anteriormente foram imersas uma a uma

com o auxílio de uma espátula, afim de garantir que toda a fibra seja revestida pelo gel. Em

seguida as fibras foram penduradas em um varal durante 24h, para a secagem do

revestimento. A Figura 3.8 mostra todos géis produzidos e o processo de resinagem, assim

como a secagem das fibras descritos acima.

Figura 3.8 - Configuração para o revestimento das fibras de sisal - a) Materiais e géis já

produzido para a resinagem; b) Processo de resinagem das fibras; c) Secagem das fibras

Em seguida as fibras revestidas foram ensacas e identificadas até o início das análises.

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48

3.3 PRODUÇÃO DOS COMPÓSITOS CIMENTÍCIOS

Para a produção dos compósitos foi utilizada uma matriz à base de cimento constituída de

cimento Portland CP V - ARI, cinza volante e sílica ativa como aditivos minerais, aditivo

superplastificante e agente modificador de viscosidade, afim de garantir que a matriz seja auto

adensável e livre de hidróxido de cálcio, conforme Roque (2015).

A matriz utilizada para a produção dos corpos de prova para o ensaio de arrancamento, foi

produzida conforme a NBR 13279/2005 (Figura 3.9). O traço utilizado foi conforme Roque

(2015), que consiste na seguinte proporção 0,5: 0,1: 0,4: 1: 0,35 (cimento: sílica ativa: cinza

volante: areia: água). Foi utilizado o teor de 0,8% de superplastificante e o teor de 0,05% do

agente modificador de viscosidade. Observando que o tempo de mistura foi alterada devido a

presença do superplastificante e do agente modificador de viscosidade, assim a

homogeneização da mistura ficou da seguinte forma:

1 minuto para adição de água e produtos cimentantes - velocidade baixa;

1 minuto para a adição de areia - velocidade baixa;

15 segundos para adição do VMA – velocidade baixa;

45 segundos para a raspagem;

1 minuto e 30 segundos com o pano úmido e argamassadeira desligada;

1 minuto na velocidade alta;

Figura 3.9 – Matriz produzida conforme a NBR 13279/2005 – a) Adição da água; b) Adição dos

materiais; c) Pano úmido sobre a argamassadeira.

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Para a produção dos compósitos para o ensaio de flexão foi utilizada a mesma matriz que

geraram as amostras de arrancamento, sendo que houve a adição de 4% de fibras de sisal,

tanto para as fibras não tratadas, como para as fibras que receberam os tratamentos, com o

comprimento de 40 mm.

A moldagem consistiu em preparar as misturas em uma argamassadeira com capacidade de

20L (Figura 3.10), sendo que o tempo de mistura conforme Santos (2014), porém sofreu

alteração sendo apresentado da seguinte forma:

Mistura da água e superplastificante em um béquer;

Mistura prévia dos materiais finos (cimento + cinza volante + sílica ativa) por 1

minuto na velocidade 1.

Mistura dos materiais, sendo adicionada a água suavemente até um ponto de coesão, a

partir desse ponto passa a ser adicionada a areia tudo isso na velocidade 1, em um total

de 4 minutos;

Parada de 30 segundos para retirada de material aderido na argamassadeira;

Mistura por mais 2 minutos na velocidade 2;

Lançamento do reforço fibroso por 6 - 9 minutos, com a velocidade 1, afim de facilitar

a homogeneização das fibras na matriz;

Adição do agente modificador de viscosidade;

Mistura por mais 2 minutos

Figura 3.10 Produção da matriz – a) Inserção da água e areia ao material cimentantes; b)

Inserção das fibras na mistura

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50

3.4 MÉTODOS DE ENSAIOS

3.4.1 Caracterização dos filmes poliméricos

Para explicar o comportamento do produto final, fez-se necessário a caracterização dos filmes

formados a partir dos géis. Os filmes foram produzidos por “casting”, onde os géis foram

espalhados em placas de vidro e mantidos em temperatura ambiente até a secagem do

solvente.

3.4.1.1 Tração direta nos filmes

Os filmes produzidos a partir de cada gel polimérico foram submetidos a análise das

propriedades mecânicas, como resistência a tração e modulo de elasticidade. Porém para

determinação de tais propriedades foi necessário a aferição de espessura em dois pontos

diferentes de cada amostra com auxílio de um micrômetro da marca Mitutoyo, com precisão

de 0,01mm, sendo as medidas expressa em micrômetros (µm).

De acordo com a ASTM D 638, 2014, para cada tipo de filme foram produzidas 10 amostras

com as dimensões 20 mm x 50 mm e para determinar as propriedades mecânicas dos filmes

foi utilizado o Texturômetro TA.XT Plus, com célula de carga de 1kN, com velocidade e

distância de separação entre as garras de 5 mm.min-1 e 50 mm, respectivamente, conforme

mostra a Figura 3.11.

Figura 3.11 - Tração direta de filme de Acetato de Celulose- a) Configuração do ensaio: b)

Ruptura da amostra

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3.4.1.2 Ensaio de Solubilidade

O ensaio de solubilidade em água tem a função de direcionar a aplicação do biofilme como

embalagem de produtos alimentícios, neste estudo ele tem a função de observar se os géis

aplicados nas fibras podem reagir na presença da água. Onde procedimento consistiu na

colocação de uma secção do biofilme referente a 4 cm² em estufa a 105°C por 24 horas, em

seguida, a amostra foi pesada (mi) e inserida em um béquer com 80 mL de água destilada sob

agitação magnética a 25°C por 24 horas. Logo após, o biofilme foi novamente colocado em

estufa a 105°C por 24 h para secagem e posterior pesagem do mesmo para obtenção da massa

final (mf). Através dessa técnica foi possível determinar a perda de massa (pm) do material

por solubilização pela Equação 1.

pm=mi-mf

mi Equação 1

Onde: pm é a perda de massa, mi é a massa inicial obtida na primeira pesagem e mf é a massa

final.

Figura 3.12 – Ensaio de Solubilidade dos biofilmes – a) Amostra do filme de acetato de celulose

após as 24h na estufa; b) Duplicatas imensas em água; c) Amostra no agitador magnético.

3.4.2 Caracterização das fibras de sisal

3.4.2.1 Ensaio de absorção de água

O ensaio de absorção de água nas fibras foi adaptado, onde as fibras não tratadas e tratadas

foram cortadas em um comprimento de 30 mm, pesadas (cerca de 1 g) e colocas em estufa à

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80 °C por 24 h para completa remoção de água, sem que houvesse a danificação das mesmas,

conforme a Figura 3.13.

Figura 3.13 - a) Preparação das amostras; b) Pesagem das fibras; c) Secagem em estufa

Após o resfriamento, as fibras foram imersas em recipientes com água e submetidas à

pesagem, sendo a primeira leitura com 3h da imersão, pois a partir desse tempo as fibras já

atinge a 100% da sua saturação, e depois as leituras foram feitas a cada 24h durante 10 dias

consecutivos. Para pesagem, as fibras foram retiradas da água e colocadas sobre um papel

absorvente para remoção da água superficial, conforme a Figura 3.14.

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Figura 3.14 - a) Amostras imersa em água; b) Fibras secas superficialmente; c) Imersão das

amostras

O cálculo da absorção foi determinado de acordo com a Equação abaixo:

P(%)=P1-P0

P0 * 100 Equação 2

Onde:

P0- peso seco inicial (g)

P1- peso após imersão em água (g)

O ensaio foi realizado em triplicata.

3.4.2.2 Analise Microestrutural

Para a efetivação dos cálculos dos ensaios mecânicos foi necessário aferir os diâmetros das

fibras através do microscópio óptico da QUIMIS modelo Q711FT, disponível no laboratório

de compósitos e, afim de otimizar a análise, as fibras foram fotografadas com uma câmera

acoplada ao microscópio e feita as leituras através do programa MOTIC IMAGES PLUS 2.0.

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Conforme Santos (2013), foram feitas três aferições em locais diferentes da fibra, como

mostra a Figura 3.15, afim de obter uma média do diâmetro e da variação que ocorre ao longo

da fibra, sendo que essa aferição foi feita em todas as amostras para cada tratamento.

Figura 3.15 - Fibra de sisal revestida com acetato de celulose sendo aferida no MOTIC IMAGES

PLUS 2.0, na escala 1mm.

3.4.2.3 Tração direta nas fibras

Para a execução do ensaio de tração direta nas fibras, as amostras foram preparadas por meio

da fixação das fibras em moldes de papel com abertura de 30mm ao centro, os moldes foram

utilizados para um melhor alinhamento das fibras no equipamento e também para evitar o

escorregamento das fibras nas garras, conforme Figura 3.16.

Figura 3.16 - a) Molde utilizado no ensaio; b) Texturômetro utilizado; c) Fibra sendo tracionada.

O equipamento utilizado no ensaio foi um texturômetro TA.XT PLUS Analyzer com taxa de

deslocamento de 0,03 mm/s, conforme Santos (2013).

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Os dados de força e deformação foram utilizados para o cálculo de resistência à tração (MPa)

e módulo de elasticidade (GPa) através das equações 3 e 4, respectivamente:

τ = Pmáx

A Equação 3

Onde:

Pmáx - Carga máxima de tração (N)

A - Área da seção transversal (mm²)

Ec= τε Equação 4

Onde:

τ – Tensão (MPa)

ε – Deformação (mm/mm)

Para o ensaio foram produzidas 15 amostras para cada tipo de tratamento aplicado nas fibras.

3.4.2.4 Espectroscopia de infravermelho (FTIR)

O ensaio de espectroscopia de infravermelho foi utilizado para verificar o nível de interação

fibra/polímero. Para o ensaio, foram preparadas as amostras conforme Figura 3.17, onde as

fibras foram cortadas em 2 cm e fixadas em uma fita adesiva, em seguidas foram identificadas

e secas em estufa a 80 °C por 24 h. Em seguida, as fibras foram analisadas em

espectrofotômetro de infravermelho avaliando comprimentos de onda entre 500 e 4000 cm-1.

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Figura 3.17 – Amostras para o ensaio de FTIR

O equipamento utilizado foi um Spectrum 100 – FT-IR Spectrometer da Perkin Elmer, onde

as amostras preparadas foram colocadas sobre a lente de cristal e prensadas, afim de obter-se

os espectros referentes a cada tipo de tratamento, sendo que antes cada leitura fez-se o branco,

para eliminar o ruído do ambiente. A Figura 3.18 mostra as etapas de execução do ensaio,

sendo que os espectros foram obtidos através da medição direta sem a utilização de filtros ou

tratamentos matemáticos.

Figura 3.18 – Configuração do ensaio de FTIR - a) Preparação da amostra; b) Amostra sendo

ensaiada.

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3.4.3 Avaliação dos compósitos a base de cimento

3.4.3.1 Ensaio de Arrancamento

A influência do tratamento da fibra sobre a aderência da fibra à matriz foi avaliada por meio

do ensaio de arrancamento. As amostras foram preparadas conforme descrito por Ferreira et

al. (2012), utilizando um molde em acrílico desenvolvido por Santos (2013), onde foram

fixados os tubos de PVC de 20 mm e através de furos no centro desse molde as fibras foram

colocadas de forma concêntrica. Em seguida os tubos foram preenchidos com argamassa

fluida afim de facilitar a moldagem e após o enchimento do molde com a matriz, a tampa do

topo foi ajustada e as fibras foram ligeiramente esticadas para um melhor alinhamento,

conforme mostra, Figura 3.19. Os comprimentos de embebimento foram de 20 e 40 mm,

conforme Santos (2013)

Após 24 horas, as amostras foram desmoldadas, identificadas e colocada em cura na água

durante 13 dias em vasilhas plásticas com tampa afim de garantir a umidade nas amostras e

um dia na sala de retração com temperatura e umidade controlada.

Figura 3.19 - a) Molde em acrílico preparado para preenchimento com a matriz; b) Moldagem

dos corpos de provas; c) Endurecimento durante 24h no molde; d) Cura da amostras

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O ensaio foi realizado em texturômetro TA.XT PLUS Analyzer com célula de carga de 50Kg,

utilizando-se taxa de deslocamento de 0,02 mm/s. As amostras serão presas nas garras da

máquina com o auxílio de sistema rotulado desenvolvido por Santos (2013), conforme mostra

a Figura 3.20.

Figura 3.20 Ensaio de arrancamento de fibra revestida de Acetato de Celulose - a) Amostra de

40mm pressa na garra; b) Fibra sendo arrancada

A força aplicada e o deslocamento foram continuamente medidos para obtenção do

comportamento de arrancamento da fibra, e a resistência média interfacial foi calculada a

partir da seguinte equação:

τ = Pmáx

π.d.l Equação 5

Onde:

Pmáx - carga máxima aferida

d - diâmetro da fibra

l - comprimento da fibra embebida.

Após o teste foi realizada a medida da área da seção do contorno da fibra conforme

metodologia descrita por Silva et al. (2011).

Para esta pesquisa foram confeccionadas 15 amostras para todos os tipos de revestimentos e

comprimentos acima citados.

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3.4.3.2 Ensaio de flexão

Para o ensaio de flexão foram moldadas 2 placas para as duas misturas, uma contendo fibras

de sisal natural e outra contendo as fibras revestidas com acetato de celulose. Cada placa com

as seguintes dimensões de 400x400x10mm e após 48h ocorreu a desmoldagem, isso porque

presença do superplastificante propiciou um endurecimento mais lento da mistura. Em

seguida, as placas foram colocadas em cura na agua durante 28 dias, porém no 27° dia as

placas foram marcadas e cortadas numa serralheria ficando assim 10 corpos de provas com

dimensões aproximadas de 400x80x10mm (comprimento x largura x espessura) conforme

apresenta a Figura 3.21.

Figura 3.21 - Preparação para o ensaio de flexão. a) Cura das placas em água; b) Corte das

placas na serra circular.

O ensaio foi realizado em uma máquina de ensaios eletromecânica modelo Shimadzu AGX,

com célula de carga de 100 kN, e velocidade de deslocamento de 0,5mm/min. Foram

utilizados 3 corpos-de-prova de cada mistura. A Figura 3.22, mostra a configuração do ensaio

e o posicionamento da máquina.

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Figura 3.22 – Equipamentos utilizados durante o ensaio de flexão em 4 pontos

A partir dos dados gerados no ensaio, calculou-se a tensão equivalente com a Equação 6, afim

de observar o comportamento das placas de acordo com cada tipo de fibra que foi utilizada.

σ =6M

b.d² Equação 6

Onde:

σ = tensão equivalente

M = momento fletor máximo

b = largura da amostra

d = altura da amostra

Além da tensão foi calculado o índice de tenacidade através da Equação 7 que é determinada

pela norma belga NBN B15-238, onde a curva carga x deslocamento forma uma área a qual

representa o quanto o compósito consegue absorver de energia.

FT= nTnb.d²

Equação 7

Onde:

FT = índice de tenacidade (KN/mm²)

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n = parâmetros limites

Tn = área sob a curva do gráfico até uma deflexão δn (kN.mm)

b = largura da amostra (mm)

d = altura da amostra (mm)

É importante enfatizar que para o cálculo da tenacidade utiliza-se índice de resistência

adimensionais, ou seja, a carga P* para caracterizar a forma da curva carga x deflexão no

regime pós fissuração, lembrando que a deflexão é dada através da equação 8.

δn=L

n Equação 8

Onde:

δ= deflexão

L = vão livre

n = parâmetros limites (n = 600, 450, 300, 150)

A Figura 3.23 é um gráfico com as indicações dos parâmetros necessários para a

determinação do cálculo do índice de tenacidade.

Figura 3.23 - Índice de tenacidade segundo a NBN B15-238

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Fonte: LIMA, 2004

3.4.3.3 Durabilidade

A avaliação da durabilidade dos compósitos cimentícios reforçados com fibras vegetais foram

executados através do ensaio de envelhecimento acelerado, que consistiu em 10 ciclos de

molhagem e secagem, sendo em seguida avaliado com o ensaio de flexão, afim de observar o

comportamento quanto a tenacidade e os tipos de fibras aplicadas.

Para o envelhecimento acelerado dessa pesquisa, foi feito um estudo preliminar afim de

determinar o tempo necessário para que as amostras absorvessem e perdessem umidade, tendo

uma variação de 60% da sua massa inicial.

Assim as amostras desse estudo foram primeiramente secas em estufa a 80ºC no período de

24h. Logo após, a estufa foi desligada e aberta afim das amostras retornarem temperatura

ambiente durante 3h. Em seguida foram imersas em água, numa bandeja metálica na câmara

úmida por 9h e por fim foram colocadas novamente na estufa com a mesma temperatura

inicial (80ºC) durante 12h, assim fechando um ciclo de molhagem e secagem.

Dos 10 corpos de provas produzidos para cada tipo de fibra incorporada no compósito, 5

foram separados para o ensaio de flexão aos 28 dias e os outros 5 foram submetidos a 10

ciclos de molhagem e secagem. Afim de verificar a influência da resina sobre a superfície da

fibra e o seu comportamento dentro dos compósitos foi adotado uma matriz livre de hidróxido

de cálcio, conforme já comentado.

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4 ANÁLISES DOS RESULTADOS

4.1 INFLUÊNCIA DO TRATAMENTOS NAS PROPRIEDADES DA FIBRA DE SISAL

4.1.1 Absorção de água nas fibras

Uma das características das fibras naturais é a alta absorção de água e o seu inchamento,

sendo estes um dos principais motivos de influenciar diretamente o comportamento da mesma

dentro de um compósito a base de cimento, com isso os resultados encontrados no ensaio de

absorção em fibras de sisal natural, ou seja, sem tratamento e com a aplicação dos géis

poliméricos na sua superfície apresentam uma grande variação entre eles. Nas Figuras 4.1 a

4.3 é possível observar o comportamento de cada revestimento.

Figura 4.1 - Comparativa entre as fibras revestidas com Acetato de Celulose e fibras sem

revestimento

0%

50%

100%

150%

200%

250%

0h 3h 24h 48h 72h 96h 120h 144h 168h 192h 216h 240h

Ab

sorç

ão d

e ág

ua

(%)

Tempo (h)

Ensaio de Absorção de Água

Fibra de Sisal sem tratamento Fibra de Sisal com Acetato de Celulose

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Figura 4.2 - Comparativa entre as fibras revestidas com os géis e a fibra sem revestimento

Tabela 4.1 – Resultados do Ensaio de Absorção após 3h de imersão

Tratamentos Absorção

(%)

Sisal Natural 120 (9,39)

Acetato de Celulose 47 (6,94)

Amido Hidrofóbico 612 (2,47)

Fécula de Mandioca 763 (4,61)

*() Coeficiente de Variação

A absorção de água das fibras de sisal natural apresenta uma absorção de mais de 150% do

seu peso inicial, sendo a principal responsável desse valor, a sua estrutura interna, que é

porosa. E com a aplicação dos revestimentos era esperado que houvesse uma redução desse

valor, porém apenas um dos tratamentos obteve resultado satisfatório, conforme mostra a

Tabela 4.1.

Na Tabela 4.1 é possível notar que as fibras revestidas com o gel de acetato de celulose

tiveram uma absorção de 47% na primeira leitura (logo após as 3h de imersão), havendo uma

redução de aproximadamente 60% com relação ao sisal natural, isso porque o gel agiu como

uma camada impermeabilizante, sendo que a sua absorção se deu pelas extremidades das

fibras que não receberam o revestimento.

0%

100%

200%

300%

400%

500%

600%

700%

800%

0h 3h 24h 48h 72h

Ab

sorç

ão d

e ág

ua

(%)

Tempo (h)

Ensaio de Absorção de Água

Sem tratamentos Amido Hidrofóbico Fécula de Mandioca

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A Figura 4.1 mostra o comportamento durante os 9 dias seguintes onde é possível notar que a

absorção máxima da fibra de sisal revestida com o acetato de celulose foi de 77%, porém não

ultrapassou a absorção máxima da fibra sem o tratamento, que foi em cerca de 200%.

Os demais tratamentos não obtiveram resultados satisfatórios, pois os revestimentos reagiram

na presença da água, ou seja, absorveram água e por consequência perderam a adesão na fibra

de sisal, sendo lixiviados da superfície da fibra a partir da secagem superficial no momento da

pesagem da amostra.

Na Figura 4.2 é apresentado o comportamento das fibras revestidas com o amido hidrofóbico

comparado com as fibras sem o tratamento, sendo possível notar um aumento na absorção nas

primeiras 3h, um ganho de massa em torno de 612% da massa inicial e sendo comparada com

as fibras sem tratamentos esse aumento absorção foi certa de 409%. Esse fenômeno pode ser

explicado através da absorção de água pelo revestimento que promoveu um inchamento e

aumento de massa nas primeiras 3h, além do contato com água através das extremidades das

fibras não revestidas.

Porém a segunda leitura, que foi após 24h, nota-se uma queda no valor (Figura 4.2), pois a

resina deixou de estar aderida a fibra e passou a ficar no papel filtro, assim a fibra voltou as

condições das fibras no estado natural. Com isso, a absorção após as 24h tornou-se

semelhante as fibras sem os revestimentos.

A Figura 4.3 – a) apresenta uma amostra logo após a retirada da água da cápsula, sendo

possível observar que parte do revestimento foi perdido e na Figura 4.3 – b) nota-se que o

revestimento está aderido ao papel filtro, logo a fibra ao perder esse revestimento retorna as

condições inicias com relação a absorção de água.

Figura 4.3 - a) Fibras revestidas com amido hidrofóbico; b) Gel de Amido hidrofóbico da fibra

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O mesmo comportamento ocorreu nas fibras revestidas com o gel de fécula de mandioca,

conforme também é mostrada na Figura 4.2, onde a absorção foi de 763% da massa inicial e

em comparação com as fibras sem tratamento o ganho de massa foi de 535%. Lembrando

sempre que tal porcentagem é com relação a primeira pesagem, pois através de estudos

anteriores foi comprovado que, após a imersão durante 3h as fibras já atingem um grau de

saturação mais de 100% do seu peso inicial, isso para a fibra sem tratamento. Mesmo com a

aplicação desse gel pode-se notar o comportamento semelhante.

Pode-se observar que na Figura 4.4, a amostra apresenta o revestimento de fécula de

mandioca na superfície da fibra e ao lado o revestimento também ficou aderido ao papel filtro.

Figura 4.4 - a) Fibras revestidas com fécula de mandioca; b) Gel de fécula de mandioca da fibra.

4.1.2 Solubilidade dos biofilmes

Os resultados do ensaio de solubilidade são apresentados na Tabela 4.2, onde é possível

detectar que somente o biofilme de acetato de celulose não solubilizou na presença de água,

onde não houve ganho e nem perda de massa.

Tabela 4.2 – Ensaio de Solubilidade nos biofilmes

Biofilmes Solubilidade (%)

Acetato de Celulose -9,46

Amido Hidrofóbico -

Fécula de Mandioca -

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Os demais biofilmes após a agitação magnética se dissolveram, comprovando que os

biofilmes de amido hidrofóbico e fécula de mandioca reagem em água, conforme mostra a

Figura 4.5.

Figura 4.5 – Ensaio de Solubilidade – a) Amostras dos biofilmes após a estufa; b) Filme de amido

hidrofóbico dissolvido em água; c) Amostra de acetato de celulose após realização do ensaio.

4.1.3 Resistência a tração direta

4.1.3.1 Nos filmes poliméricos

A Figura 4.6 e a Tabela 4.3 apresentam o comportamento tensão x deformação e os resultados

encontrados referente aos filmes poliméricos e a fibra de sisal natural.

Figura 4.6 - Curva tensão x deformação dos filmes poliméricos (AC-Acetato de Celulose; AH-

Amido Hidrofóbico; FM-Fécula de Mandioca) e da fibra de sisal natural

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Tabela 4.3 - Valor médio de tensão de ruptura, deformação e o modulo de elasticidade dos

filmes utilizados para o revestimento das fibras de sisal.

Materiais

Tensão de

Ruptura

(MPa)

Deformação

(%)

Módulo de

Elasticidade

(GPa)

Acetato De Celulose 96,04 (24,95) 3,60 (44,20) 4,50 (13,29)

Amido Hidrofóbico 34,30 (1,97) 3,17 (9,91) 2,09 (13,33)

Fécula De Mandioca 55,11 (13,09) 6,84 (28,64) 1,84 (29,60)

Sisal Natural 639,01 (18,56) 4,07 (26,76) 21,44 (11,14)

*() Coeficiente de Variação

Através da Tabela 4.3 e é possível ver que os filmes apresentam resistência a tração e modulo

de elasticidade muito menor que as fibras de sisal sem tratamento, conforme já apresentadas

na literatura, sendo assim a aplicação desses revestimentos sobre superfície das fibras pode

alterar o comportamento físico, mecânico e químico das mesmas.

Conforme Freitas (2014) é possível observar que os filmes de amido, e ou fécula são pouco

flexíveis e quebradiços e apresentam baixa maquinabilidade, ou seja, se adequam com

dificuldade aos processamentos convencionais para a produção de embalagens.

Assim, observa-se que dentre os filmes apresentados, o de fécula de mandioca apresenta uma

redução de 43% da resistência a tração e o amido hidrofóbico apresenta 64% de redução,

quando comparado com o acetato de celulose, conforme a Figura 4.6.

4.1.3.2 Nas fibras de sisal revestidas

A Figura 4.7 apresenta o comportamento tensão x deformação referente aos tratamentos

aplicados nas fibras de sisal e na Tabela 4.4 são apresentados os valores para Força (N),

Tensão (Mpa) e Modulo de Elasticidade (GPa).

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Figura 4.7 – Curva representativa de tensão x deformação das fibras de sisal revestidas com os

géis (AC-Acetato de Celulose; AH-Amido Hidrofóbico; FM-Fécula de Mandioca) e da fibra sem

revestimento

Tabela 4.4 - Valor médio de carga, tensão e deformação de ruptura e o modulo de elasticidade

das fibras de sisal com tratamentos e sem tratamento.

Tratamentos

Força de

Ruptura

(N)

Tensão de

Ruptura

(MPa)

Deformação

de Ruptura.

(%)

Módulo de

Elasticidade

(GPa)

Sisal Natural 18,91 (14,71) 639,01 (18,56) 4,07 (26,76) 21,44 (11,14)

Acetato De Celulose 19,13 (1,42) 475,42 (21,64) 3,37 (13,39) 15,20 (32,07)

Amido Hidrofóbico 21,32 (10,14) 467,78 (16,00) 3,60 (16,31) 14,93 (29,27)

Fécula De Mandioca 18,81 (30,04) 415,92 (27,05) 3,97 (29,90) 13,09 (55,30

*() Coeficiente de Variação

É possível notar uma redução na resistência em todos os tratamentos, sendo maior perda para

as fibras revestidas com a fécula de mandioca. A resistência a tração das fibras de sisal sem

tratamento atingiu o valor médio de 639 MPa e um modulo de elasticidade de 21,44 GPa,

sendo que tais valores se adequam ao que já foi encontrado na literatura conforme Tabela 2.1

já apresentada.

Conforme os resultados encontrados, para todos os tratamentos houve uma redução na tensão

de ruptura sendo em torno de 25,6%, para o acetato de celulose, 26,8% para o amido

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hidrofóbico e 34,9% para a fécula de mandioca, comparando com a as fibras revestidas com o

sisal natural. E o mesmo ocorreu para o Modulo de Elasticidade (Ec) sendo que a maior

redução ocorreu com as fibras com a fécula de mandioca, 39,9%. A Figura 4.8 mostra a

configuração do ensaio

Figura 4.8 – Configuração do ensaio de tração direta – a) Molde preso a garras do texturômetro;

b) Fibra rompida após esforço exercido

Lopes et al. (2010), observaram que o tratamento de acetilação promoveu redução da

hidrofilicidade nas fibras de sisal, porem somente o tratamento com a acetilação a 120 °C por

1 h apresentou as melhores características físico-mecânicas, as demais apresentaram perdas

propriedades mecânicas.

Porém, tais comportamentos podem ser atribuídos às modificações químicas que ocorreram

na superfície das fibras, sendo a seguir discutidas.

4.1.4 Analise Microestrutural

Abaixo serão apresentadas as Figuras 4.9, 4.10 e 4.11, onde mostram a fibra de sisal revestida

com os diversos tratamento.

Na Figura 4.9 é percebido que foi formada em volta da fibra uma camada filmogênica de

acetato de celulose, bem representada pela diferença na sua estrutura microscópica e uma

espessura visível. A amostra a qual foi feita o MEV, foi proveniente do ensaio tração direta, o

qual demostra que a fibra foi descolada do filme, a partir do esforço de tração submetido,

além de apresentar um preenchimento do lúmen.

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Figura 4.9 – Fibra de sisal revestida com Acetato de Celulose

Na figura 4.10 é apresentada as fibras revestidas com o amido hidrofóbico, onde é possível

observar um desaparecimento dos lumens e uma formação de uma camada mais fina, em

torno de toda a superfície da fibra. A amostra também foi proveniente do ensaio de tração

direta, onde há um pequeno descolamento da fibra, na região onde ocorreu a ruptura da

mesma. E o fechamento dos lumens se deu pela impregnação do gel na fibra, através dos seus

poros.

Figura 4.10 – Fibra de sisal revestida com amido hidrofóbico

A Figura 4.11 mostra a fibra revestida com a fécula de mandioca e é possível notar a

formação da camada filmogênica ao redor da fibra e também mostra que no local do

rompimento houve o mesmo descolamento referido acima.

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Figura 4.11 – Fibra de sisal revestida com fécula de mandioca

4.1.5 Espectroscopia de infravermelho (FTIR)

As análises de infravermelho, através das Figuras 4.12 a Figura 4.14, indicam que houve

possíveis mudanças promovidas nas superfícies das fibras devido aos tratamentos aos quais

foram submetidas. Sendo que as comparações feitas, sempre utiliza a fibra sem revestimento

como referência.

Figura 4.12 - Comparativa entre FTIR das fibras de sisal revestidas com Acetato de Celulose e

das fibras de sisal sem revestimento

500 1000 1500 2000 2500 3000 3500 0,65

0,675 0,7

0,725 0,75

0,775 0,8

0,825 0,85

0,875 0,9

0,925 0,95

0,975 1

1,025 1,05

Fibra de Sisal Com Acetato de

Celulose Fibra de Sisal Sem Tratamento

Número de Onda (cm-

1)

Tra

nsm

itância

(%

) 3334

1622

1241

1028

2921

1733

1031 1216

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Figura 4.13 - Comparativa entre FTIR das fibras de sisal revestidas com Amido Hidrofóbico e

das fibras de sisal sem revestimento

Figura 4.14 - Comparativa entre FTIR das fibras de sisal revestidas com Fécula de Mandioca e

das fibras de sisal sem revestimento

Na Figura 4.12, mostra os espectros de FTIR da fibra de sisal sem tratamento e a fibra de sisal

revestida com o acetato de celulose, onde na fibra de sisal sem tratamento, há um pico de

carbonila a 1733 centímetros-1 é atribuído a C = O não-conjugada alongamento de ácido

carboxílico ou éster das hemiceluloses e um pico a 1241 centímetros-1 é atribuído a C-O

500 1000 1500 2000 2500 3000 3500 0,6

0,65

0,7

0,75

0,8

0,85

0,9

0,95

1

1,05

Fibra de Sisal Com Amido Hidrofóbico Fibra de Sisal Sem Tratamento

Numro de Oncas (cm-1)

Tra

nsm

itta

nce

3334 1622

1028

3276 2921

1408

1015

1241

500 1000 1500 2000 2500 3000 3500 0,65

0,675 0,7

0,725 0,75

0,775 0,8

0,825 0,85

0,875 0,9

0,925 0,95

0,975 1

1,025 1,05

Fibra de Sisal Com Fecula Mandioca Fibra de Sisal Sem Tratamento

Numero de Ondas (cm-1)

Tra

nsm

itta

nce

3334

1622

1241

1028

3290 2921 1630

1017

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alongamento vibração de grupo acilo presente na lignina (HERRERA-FRANCO &

VALADEZ-GONZÁLEZ, 2005; KIM & NETRAVALI, 2010).O pico largo na gama de

3300-3500 cm-1 e um pico a 1622 cm-1 são, devido às características de vibração axial do

grupo hidroxilo de celulose (de preferência entre 2,3 e 6 carbonos de glicose). O pico de por

volta de 1080 cm-1 deve-se ao grupo de hidrogênio associada (MOHAN & KENNY, 2012).

Nas fibras revestidas com o acetato de celulose, é possível identificar as bandas de IV em

1733 e 1031 centímetros-1 atribuídas ao estiramento C = O e -COC- respectivamente.

(ZHANG ET AL, 2007). Além disso entre a gama 2000 a 3500 só há um leve pico em 2921

cm-1 que pode ser atribuído ligação O-H de ácido carboxílico.

A avaliação dos dois espectros indica uma modificação do tratamento com fibra de sisal. É

possível verificar a intensidade decrescente das bandas características atribuídas a grupos

hidroxilo em 3445 centímetros-1, indicando um possível acilação de celulose de fibra de sisal.

Uma redução de picos entre 1288 e 1500 cm-1 confirma a alteração da fibra. Além disso, o

pico a 1239 centímetros-1, atribuídos a C-O vibração de alongamento de grupo acilo presentes

na lignina, é deslocado após o tratamento.

A Figura 4.13 apresenta os espectros de FTIR da fibra de sisal sem tratamento e da fibra de

sisal revestida com o amido hidrofóbico, sendo possível observar que na fibra com o amido

hidrofóbico, há o aumento na intensidade de pico na faixa de 1000 a 1250 cm-1 no valor de

1015cm-1. Também houve o surgimento de um pico no comprimento 1408 cm-1 e pode ser

atribuída à vibrações de estiramento simétrico do grupo –COO– da cadeia lateral de

aminoácidos e ácidos graxos (FORATO, 2013). Além disso, houve um deslocamento dos

picos referentes a gama de 2800 a 3300.

Já na Figura 4.14 a comparação está entre a fibra de sisal não revestida com a fibra de sisal

revestida com a fécula de mandioca, onde é possível notar um comportamento semelhante

com a fibra sem tratamento, porém com redução das vibrações nos picos. No alongamento da

banda a 3400 centimetros-1 nos amidos nativos há forte ligação O-H, porém foi diminuído

(TEODORO, 2015). É possível notar que os comportamentos de todas as fibras foram

semelhantes, isso porque a base de todas foram a fibra de sisal.

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4.2 INFLUÊNCIA DO TRATAMENTO DAS FIBRAS NO COMPORTAMENTO

MECÂNICO

Aos 28 dias foi realizado o ensaio de resistência à flexão na matriz autoadensável, conforme a

NBR 13279 (ABNT, 2005), com velocidade de carregamento de 50Kgf/s, com o auxílio de

um dispositivo (célula de carga) com resolução de 1Kgf, foi feita a leitura a qual obteve uma

resistência a flexão de 7,37 MPa e uma resistência a compressão de 56,75 MPa.

4.2.1 Aderência Fibra Matriz

Os resultados dos ensaios de aderência fibra-matriz são apresentados através da Figura 4.15 e

da Figura 4.16 o comportamento do desempenho do revestimento de acetato de celulose sobre

a fibra e das fibras sem tratamentos para comparação. E na Tabela 4.5 são apresentados os

valores médios obtidos para cada tratamento adotado para o ensaio.

Figura 4.15 - Curva representativa de carga x deslocamento para comprimento de embebimento

de 20mm

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Figura 4.16 - Curva representativa de carga x deslocamento para comprimento de embebimento

de 40mm

Tabela 4.5 - Valores médios e desvio padrão de carga máxima e tensão de arrancamento

Tratamentos Comprimento (L) Pmáx (N) Tensão (MPa)

Sisal Natural 20 mm 3,24 (16,57) 0,15 (21,87)

40 mm 7,32 (41,24) 0,19 (22,08)

Acetato de Celulose 20 mm 2,00 (33,04) 0,09 (16,60)

40 mm 5,20 (20,27) 0,10 (18,47)

*() Coeficiente de Variação

É possível notar que o comprimento de embebimento das fibras promoveu um

comportamento diferente entre as amostras com o mesmo tratamento, no caso, as fibras de

sisal sem tratamento com 40 mm de embebimento, mostrou um ganho de carga máxima de

arrancamento em torno de 126% e um ganho de 23% na tensão de aderência, comparado com

o resultado encontrado para comprimento de 20 mm de embebimento. E para as fibras

revestidas como ao acetato de celulose o ganho foi de 161% para a carga máxima e 14% para

a tensão, sendo assim o comprimento influencia diretamente na aderência, como já

comprovado na literatura.

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A Tabela 4.6, mostra valores encontrados por diversos autores utilizando fibras de sisal sem

tratamento e com dois tipos de comprimento, validando assim que o comprimento de 40mm é

o de melhor comportamento.

Tabela 4.6 - Valores médias dos ensaios de arrancamento para diversos comprimento de

embebimento feito por diversos autores

AUTORES Pmáx (N) Tensão (MPa)

Santos et al. (2013) NC- 20mm 3,75 (23,15) 0,18 (16,00)

NC- 40mm 6,61 (15,81) 0,17 (23,19)

Ferreira (2012) NT – 25mm 3,73 (1,02)Sd 0,30 (0,08)Sd

NT – 50mm 6,35 (1,15) 0,32 (0,09)

Silva et al., (2008) NC- 20mm 5,41 (2,67) 0,37 (0,16)

NC- 40mm 8,07 (3,7) 0,30 (0,14)

*() Coeficiente de Variação

Ainda com base na Tabela 4.5, foi constatado que, para ambos os comprimentos, houve uma

redução tanto para a carga de arrancamento como a tensão com as fibras revestidas de acetato

de celulose, isso comparado com as fibras de sisal natural.

É possível observar que para o comprimento de 20 mm houve todo o deslizamento da fibra

para fora matriz, sendo que o comportamento inicial é linear (sem descolamento), até que a

carga critica seja atingida e então é iniciado o descolamento da fibra. Com a aplicação do

tratamento de acetato de celulose, o comportamento foi diferente na fase inicial, pois houve

um declive da curva carga-deslizamento, que indica uma redução da rigidez da interface da

fibra-matriz. A carga de pico é alcançada sob condições de quebra das ligações parciais, em

que a carga máxima atingiu um valor com uma redução 38% com relação a fibra sem

tratamento.

A queda íngreme da curva de carga-deslocamento depois de atingir a carga de pico indica

uma descolagem da extremidade da ligação elástica e a carga de arrancamento residual é

característica da resistência de atrito inicial para a aderência. O comportamento de

arrancamento na região pós-pico é governada pela resistência cisalhante da interface de atrito

e continua até que a fibra é descolada da interface da matriz. Enquanto fibra natural mostra

uma queda abrupta de carga-deslocamento durante com descolagem catastrófica, conforme

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mostra a Figura 4.17. E as fibras tratadas mostram descolamento gradual enquanto a fibra está

sendo arrancada da matriz.

Figura 4.17 – Descrição do ensaio de arrancamento em fibras sem revestimentos – a) fibra

embebida na matriz cimentícia sobre carregamento; b) Deslizamento da fibra sobre a matriz.

As amostras com 40 mm apresentaram uma modificação no comportamento de arrancamento.

Para as fibras de sisal natural houve a ruptura da fibra sem seja arrancada, já para as fibras

com tratamento o comportamento inicial foi semelhante ao do comprimento de 20 mm, tendo

um comportamento linear seguido de um descolamento parcial até atingir a carga de pico.

Depois disso, a carga-deslocamento é caracterizada por comportamento friccional, onde carga

de arrancamento manteve-se elevada, oscilando chegando a atingir picos mais altos após um

período considerável de arrancamento. Com isso, observou-se que houve uma ruptura na

película do polímero, conforme mostra a Figura 4.18, e que após esse acontecimento a carga

de arrancamento foi reduzindo. Este fato pode ser associado ao deslizamento entre as fibras de

sisal e de superfície de película de acetato de celulose durante a aplicação de carga, sendo

representado na Figura 4.19.

Figura 4.18 - Ensaio de arrancamento de fibra revestida de Acetato de Celulose - a) Amostra de

20mm pressa na garra; b) Fibra sendo arrancada

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Figura 4.19 – Descrição esquemática do arrancamento em fibras revestidas com o acetato de

celulose (AC); a) Amostra sendo tensionada pela força (P); b) Rompimento da resina AC; c)

Deslizamento d a fibra sobre a resina de AC.

Analisando a tensão de aderência na Tabela 4.5, verifica-se que o tratamento reduz esta

propriedade em torno 47%, o que indica que a ligação química entre a matriz de cimento e o

biopolímero, deve ser inferior as ligações químicas da fibra natural. Observa-se também que

com o aumento dos comprimentos incorporados, promove o aumento da carga para todas as

fibras, sejam naturais ou tratadas.

Tal resultado semelhante foi observado por Ferreira et al. (2012) obtiveram resultados

satisfatórios no ensaio de arrancamento da fibra de sisal em matriz de cimento Portland,

utilizando comprimentos de embebimento de 25 mm e 50 mm, onde foi possível de verificar a

estabilidade dimensional decorrente da hornificação, de 10 ciclos de molhagem e secagem,

aumentou a adesão fibra-matriz, sendo para 25mm de embebimento uma carga de 4,53 N e

tensão de 0,42MPa, e para o embebimento de 50mm 8,46 N de carga e 0,43 MPa.

Santos (2013) realizou tal ensaio com diversos ciclos de molhagem e secagem e comprimento

de embebimento, sendo que destacou os de 10 e 30 ciclos e embebimento de 20 e 40mm, onde

nota-se que os resultados encontrados para as amostras com 20 mm e 10 ciclos foram de 0,25

MPa para tensão de arrancamento, e para os 30 ciclos foi 0,21MPa, mostrando assim um

ganho de resistência comparadas com as fibras não ciclada com o mesmo comprimento. Já as

espécies com 40 mm e 10 ciclos mostraram uma tensão de 0,21 MPa e as com 30 ciclos

apresentaram uma redução com 0,12 MPa de tensão.

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4.2.2 Flexão dos compósitos

Os resultados dos ensaios de flexão dos compósitos são apresentados através das Figura 4.20

e Figura 4.21 e os resultados na Tabela 4.7

Figura 4.20 - Curva tensão x deslocamento aos 28 dias para compósitos reforçados com 4% de

fibras

Figura 4.21 - Curva tensão x deslocamento após os 10 ciclos de envelhecimento acelerado para

compósitos reforçados com 4% de fibras

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Tabela 4.7 - Resultados do ensaio de tração flexão e índice de tenacidade dos compósitos

Misturas Tempo de cura σ pico

(MPa)

FT 150

Médio

FT 60

Médio

Sisal Natural 28 dias

3,85 (6,12) 3,07 (9,73) 3,29 (4,43)

Acetato de Celulose 4,00 (3,72) 2,41 (7,84) 2,46 (8,69)

Sisal Natural 10 ciclos de

envelhecimento

4,20 (9,76) 2,63 (44,10) 2,88 (17,54)

Acetato de Celulose 2,98 (14,40) 2,05 (2,28) 1,81 (22,30)

*() Coeficiente de Variação

A Figura 4.20, mostra que os comportamentos das curvas são distintos, sendo que, a curva

que se refere as fibras de acetato de celulose é um comportamento semelhante a curva ideal

encontrada nos ensaios de arrancamento, onde as fibras alcançam seu estado elástico máximo

e logo após são arrancadas de dentro da matriz. A Figura 4.22 - a) e b) mostra as aberturas de

fissuras contendo fibras sem tratamento na matriz após os 28 dias de cura, sendo possível

notar que houve a múltipla fissuração, podendo ser atribuído a distribuição das mesmas na

matriz e a uma melhor interação fibra/matriz.

Com relação a Figura 4.22 c) e d), a amostra contendo as fibras revestidas com o acetato de

celulose apresentou a abertura somente de uma fissura, sendo então as fibras arrancadas da

resina, permitindo a queda brusca de resistência devido à falta de interações fibra/resina, não

ocorrendo a propagação de esforços da matriz para a fibra.

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Figura 4.22 – Ensaio de Flexão aos 28 dias – a) e b)Fissuras inicias e finais da placa com fibras

sem revestimentos; c) e d) Fissuras inicias e finais da placa com fibras revestidas com o acetato

de celulose (AC).

Analisando a Figura 4.21 é possível ver que após os 10 ciclos de envelhecimento houve um

aumento na tensão máxima de flexão de 14,5% para as amostras com as fibras sem tratamento

e uma redução de 29,8% para as fibras revestidas com o acetato de celulose.

Apesar do ganho de resistência na matriz contendo fibras sem tratamento houve a abertura

somente se uma fissura, conforme apresenta a Figura 4.23 - a) e b), isso é devido a

degradação da fibra proveniente do intenso fluxo de ganho e perda de água pois, a matriz é

livre de hidróxido de cálcio.

Assim como matriz contendo fibras revestidas de acetato de celulose aos 28 dias, houve a

abertura de somente uma fissura também após os 10 ciclos de envelhecimento (Figura 4.23 -

c) e d)), porém não houve ganho de resistência como foi ao corrido na matriz com as fibras

sem revestimento.

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Figura 4.23 - Ensaio de Flexão após 10 ciclos de envelhecimento – a) e b)Fissuras inicias e finais

da placa com fibras sem revestimentos; c) e d) Fissuras inicias e finais da placa com fibras

revestidas com o acetato de Celulose (AC).

Na Tabela 4.7 apresenta os resultados de tensão de pico dos compósitos onde é possível

observar que, aos 28 dias os valores de tensão foram bem próximo sendo o valor de 3,85 MPa

para as fibras de sisal natural, ou seja, sem tratamento, e o valor 4,20 MPa para as fibras como

o tratamento de acetato de celulose. Já após os 10 ciclos de envelhecimento as amostras com

fibra de acetato de celulose apresentaram uma queda na tensão sendo de 29,8% com relação

ao mesmo tratamento aos 28 dias e as amostras com as fibras sem tratamentos obteve um

aumento de 14,5% em comparação com os 28 dias

Ainda na Tabela 4.6 são apresentados os valores dos índices de tenacidade calculados para os

deslocamentos de 2 mm e 5 mm (n= 150 e n=60) com base na norma belga NBN B15-238. A

matriz com as fibras revestidas de acetato de celulose obteve um aumento na tensão de pico

de 3,9% aos 28 dias e aos 10 ciclos de envelhecimento uma redução de 29% isso comparado

com a matriz contendo fibras sem estarem revestidas.

Através dos índices de tenacidade, é possível observar que para as amostras ensaiadas aos 28

dias, o índice FT150 apresentou redução para as fibras revestidas com o acetato de celulose de

21,5% quando comparado com as fibras sem tratamento, o mesmo ocorreu para o FT60, sendo

a redução de 25,2%.

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Tal comportamento foi semelhante para os índices calculados com as amostras ensaiadas após

os 10 ciclos de envelhecimento, porém essa redução foi ainda maior de 22% para o FT150 e

37,1% para o FT60.

Roque (2015), em seu trabalho, observou que os compósitos com adição de 6% de fibras

hornificadas e com 40 mm de comprimento, obteve valores de tenacidade de 3,54 para o FT150

e 4,06 para o FT60, sendo que em comparação com os resultados obtidos nesse trabalho é

possível afirmar que o valor de FT150 é superior em 15,3%, para as amostras com 28dias de

cura e 34% para as amostras após os 10 ciclos de envelhecimento, isso referente as fibras sem

tratamentos. Em comparação com as fibras revestidas com acetato de celulose o FT150 foi

superior tanto para os ensaios aos 28 dias e aos 10 ciclos. Já o FT60, foi superior tanto para os

dois tratamentos quanto para ambos os tempos de cura.

Através dos resultados encontrados para o compósito reforçado com as fibras revestidas com

o acetato de celulose, é comprovado que comportamento à flexão é caracterizado por uma

maior queda de carga depois de primeira fissura, mostrando a abertura de uma fissura sendo a

possível ruptura das fibras por arrancamento da matriz. Porém, pela inspeção visual da seção

de ruptura demostrou que, não houve quebra das fibras conforme Figura 4.24. Dessa forma a

perda de tenacidade pode ser atribuída a um dano na interface fibra-matriz devido aos ciclos

de envelhecimento.

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Figura 4.24 – Compósitos após ensaio de flexão - a) Fibras sem tratamentos-28 dias; b) Fibras

tratadas com AC-28 dias; c) Fibras sem tratamentos-10 ciclos; d) Fibras tratadas com AC-10

ciclos

Como foi usada uma matriz isenta de hidróxido de cálcio, a degradação química da fibra por

álcalis cimento foi descartada, assim a abertura de uma fissura nos compósitos sobre flexão

após os 10 ciclos de envelhecimento, pode ser atribuída aos danos de ligação interfacial

devido variação dimensional de fibra durante tal processo.

Logo a redução na resistência a flexão dos compósitos envelhecimentos ter sido de 51%,

indica que o tratamento utilizado com o acetato de celulose, apesar de reduzir a absorção de

agua das fibras não foi suficiente para inibir a degradação da interface

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5 CONCLUSÕES

Na pesquisa realizada foi possível detectar a influência da utilização das resinas provenientes

de filmes biodegradáveis, quando aplicadas como tratamento superficial das fibras de sisal

para reduzir a hidrofilicidade da fibra quando aplicada em matriz a base de cimento.

Dentre as resinas utilizadas o melhor comportamento foi na utilização do gel de acetato de

celulose, pois o mesmo se manteve intacto após a realização do ensaio e ainda diminuiu o

índice de absorção referente a fibra sem tratamento, sendo a redução em torno de 60%. Já os

demais se solubilizaram em 100% na presença da água, sendo tal resultado esperado para o

revestimento de gel da fécula de mandioca. O resultado esperado para revestimento com o gel

de amido hidrofóbico era de diminuir a absorção de agua da fibra, porém acredita-se que a

base utilizada de NaOH para a sua gelatinização tenha mudado a sua estrutura interna e

promoveu também a sua solubilização em contato com a água.

Através dos espectros de FTIR os tratamentos apresentaram modificações o que indica uma

alteração química da superfície das fibras.

O ensaio de tração direta nos filmes mostrou que todos os filmes possuem resistência de

ruptura e módulo de elasticidade muito menor do que as fibras de sisal sem tratamento e que

tal fenômeno foi transferido para as fibras revestidas com cada resina, porém as fibras

revestidas com o acetato de celulose foram as que apresentaram menor redução em torno

25,6%. Para as fibras revestidas com amido hidrofóbico a redução foi de 26,8% e 34,9% para

as revestidas com fécula de mandioca, podendo assim afirmar que os tratamentos

promoveram modificações no comportamento das fibras, porém não foram de maneira

esperada ou satisfatória

Quanto a aderência, foi constatado que, para ambos os comprimentos, houve uma redução

tanto para a carga de arrancamento como a tensão com as fibras revestidas de acetato de

celulose, isso comparado com as fibras de sisal natural. A redução foi de 38% da carga

máxima de arrancamento e de 40% de tensão para as fibras embebidas a 20mm, e para as de

40mm o valor médio foi de 29% para a carga máxima e 44% para a tensão máxima de

aderência. Tal comportamento pode ser explicado pelo fato das forças de ligação entre o

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polímero e a fibra serem inferior as ligações entre o polímero e a matriz, assim ocorrendo o

deslizamento da fibra sobre o polímero.

Tal comportamento foi refletido no ensaio de flexão, onde houve um pequeno aumento tensão

de pico de 3,9% aos 28 dias da matriz contendo fibras revestidas de acetato de celulose em

relação a matriz contendo fibras sem tratamento, porém foi possível notar que a curva

representada para as fibras com o acetato de celulose apresentou o comportamento semelhante

a curva ideal apresentada para o ensaio de arrancamento, sendo possível reforçar que após o a

fibra ter atingido o seu regime elástico as interações fibra/polímero são quebradas e a resina é

rompidas, promovendo assim um deslizamento da fibra sobre a resina e não sobre a matriz.

Com relação a durabilidade, os 10 ciclos de envelhecimento proporcionaram uma redução de

29,8% na tensão equivalente, para as fibras revestidas com o acetato de celulose, isso é devido

a degradação da fibra proveniente do intenso fluxo de ganho e perda de água pois, a matriz é

livre de hidróxido de cálcio.

Logo pode-se ver que acetato de celulose apresenta grande potencial a ser aplicado na fibra de

sisal com o intuito reduzir a absorção de água, porém é necessário que o gel seja modificado a

fim de melhorar a aderência fibra/polímero e por consequência promover um melhor

desempenho das mesmas quando incorporadas na matriz cimentícia.

5.1 SUGESTOES DE TRABALHOS FUTUROS

Para uma melhor incorporação das fibras revestidas com polímeros de fontes renováveis são

necessários alguns estudos complementares.

Incorporar ao gel de acetato de celulose um agente de acoplamento, que possa

melhorar a aderência entre a fibra de sisal e a resina;

Modificar a base utilizada para a gelatinização do amido hidrofóbico;

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