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Transtornos Psiquiátricos na Endocrinologia Carolina C.Rocha Betônico UNOESTE

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Transtornos Psiquiátricos na Endocrinologia

Carolina C.Rocha BetônicoUNOESTE

A Depressão e o eixo hipotálamo-hipófise-tireóide

O T4 plasmático, total e livre, tem sido encontrado como normal ou aumentado em pacientes deprimidos.Aproximadamente, 20% a 30% têm níveis acima do limite normal. Mesmo dentro da faixa normal, as taxas de T4 tendem a diminuir assim que remite a depressão.Esposito mostrou que os níveis elevados de T4 são um indicador favorável de resposta antidepressiva.

A depressão e o eixo hipotálamo-hipófise-tireóide

DEPRESSÃO

Elevação do CORTISOL

Elevação do TRH

T4 aumentado

Na depressão, a tireotropina (TSH), secretada na hipófise,passa a responder menos ao seu hormônio liberador, o TRH.

HIPOTIREOIDISMO

Distúrbios do Humor incluem:• Depressão – DISTÚRBIO DE HUMOR MAIS COMUM� A prevalência de sintomas depressivos no hipotireoidismo é de aproximadamente 50%segundo Boswell.

� A depressão clínica ocorre em mais de 40% das pessoas portadoras de hipotireoidismo.(Cleare 1995)

• Déficit de memória e atenção

Neuroendocrinology 1996

HIPOTIREOIDISMO

As alterações descritas são distúrbios do Humor incluem:Ansiedade severa com agitação (loucura mixedematosa) - RAROQuadro de ansiedade severa e agitação, manifestado por alucinações, comportamento paranóide e demência. Geralmente, são acometidos pacientes mais velhos, gerando confusão com o diagnóstico de demência senil.

Ascher R. Myxoedematous madness. Br Med J 1949

HIPOTIREOIDISMO

HIPOTIREOIDISMO

Suspeitar quando:FraquezaQueda de cabeloGanho de PesoObstipação IntestinalUnhas quebradiçasBócio ou facies mixedematosaHistórico familiar

HIPOTIREOIDISMO

HIPOTIREOIDISMOHIPOTIREOIDISMO

HIPOTIREOIDISMO

Solicitar� TSH� T4 livre� Anti TPO� Anti tireoglobulina

HIPOTIREOIDISMO

HIPERTIREOIDISMO

A tireotoxicose é causa de transtornos neuropsíquicos importantes como: Ansiedade, irritabilidade e labilidade emocional.Taquilalia, agitação psicomotora e hipervigilância.Em casos raros há progressão para transtorno bipolar ou sintomas paranóides, sobretudo nos casos de crise tireotóxica. Insônia

HIPERTIREOIDISMO

HIPERTIREOIDISMO

Suspeitar quando o paciente apresentar:EmagrecimentoTremores de extremidadesPalpitaçõesExoftalmiaDiarréiaPele quente e úmida

HIPERTIREOIDISMO

HIPERTIREOIDISMOHIPERTIREOIDISMO

HIPERTIREOIDISMO

Investigar com dosagens de:TSHT4liveT3TRABAnti TPOAnti tireoglobulina

HIPERTIREOIDISMO

HIPERTIREOIDISMO

A tireotoxicose é causa de transtornos neuropsíquicos importantes como: Ansiedade, irritabilidade e labilidade emocional.Taquilalia, agitação psicomotora e hipervigilância.Em casos raros há progressão para transtorno bipolar ou sintomas paranóides, sobretudo nos casos de crise tireotóxica. Insônia

HIPERTIREOIDISMO

A tireoidite atinge 7 a 14% das mulheres no pós parto e também é comum na depressão pós-parto.Acomete principalmente as seguintes mulheres: � História familiar de moléstia de tireoidite na família

� Anticorpos anti- tireóide na fase pré-gravídica� Apresentam alterações do volume de tireóide

TIREOIDITE PÓS PARTO

TIREOIDITE PÓS PARTO

Inicia-se, geralmente, por aumento do volume da tireóide (na região cervical anterior).Bócio com ou sem sensação dolorosaInício TIREOTOXICOSE evolução para HIPOTIREOIDISMO.

TIREOIDITE PÓS PARTO

ALTERAÇÕES DO SISTEMA NEURO-ENDÓCRINO NO ESTRESS:No estress há a ativação do eixo hipotálamo-hipófise-suprarrenal produz hipersecreção de cortisol.Estudos confirmam elevação dos níveis de cortisol em pacientes com depressão. O nível basal do cortisol plasmático em pacientes com depressão era maior que em controles – Board década de 50.

A depressão e o eixo hipotálamo-hipófise-adrenal

DIFERENÇAS NO EIXO HHA NOS GÊNEROS:Níveis de cortisol são mais altos em mulheresque em homens.Estrógeno aumenta a resposta ao estresseem homens.

A depressão e o eixo hipotálamo-hipófise-adrenal

ALTERAÇÕES DO SISTEMA NEURO-ENDÓCRINO NO ESTRESS:Normalização dos níveis de cortisol aodesaparecer a depressão.Depressão – Alteração do ríitmo circadiano do cortisol na depressão.

A depressão e o eixo hipotálamo-hipófise-adrenal

O paciente com Cushing apresenta níveiselevados de cortisol, seja por alteraçãoda secreção na adrenal ou por estímuloaumentado hipofisário.

Síndrome de Cushing -HIPERCORTISOLISMO

A síndrome de Cushing pode provocar :Depressão - 75% dos pacientesTranstorno de Ansiedade com ou semataques de pânicoTranstorno da PersonalidadeSíndrome Delirante com alucinações

(auditivas e visuais) e/ou estado confusional(raro)

Alterações Psíquicas no Cushing

QUANDO SUSPEITAR?Obesidade centrípetaEstrias violáceasGibaHirsutismoAcneHipertensão Arterial SistêmicaDiabetes Mellitus

Síndrome de Cushing -HIPERCORTISOLISMO

HIPOCORTISOLISMO

A maioria dos pacientes com insuficiência Suprarrenal(hipofunção) apresenta algumtranstorno emocional discreto, talcomo apatia, astenia ouirritabilidade.

Na metade dos casos existeuma depressão leve ou moderadacom comorbidade para ansiedade.

HIPOCORTISOLISMO

Sintomas:Fadiga, perda de peso.AnorexiaNáuseas e vômitosDiarréiaAlterações pigmentárias da pele.Hipotensão arterial ortostática.Hipoglicemia com períodos de confusão mental

TIREOIDITE PÓS PARTOOBESIDADE

GENÉTICOS

PSICOLÓGICOS

A obesidade é o resultado da combinação de vários fatores:

AMBIENTAIS

OBESIDADE

OBESIDADE PODE SER DEFINIDA COMO EXCESSO DE PESO DEVIDO A AUMENTO DE TECIDO ADIPOSO.

IMC = Peso (kg) / Altura (m)2

IMC<20 = magrezaIMC >20<25 = normal IMC >25<30 = sobrepesoIMC>30 <35 obesidade grau 1IMC>35 <40 obesidade grau 2IMC>40 obesidade grau 3

TIREOIDITE PÓS PARTO

Afastar doenças que cursam com ganho de peso como: HipotireoidismoSíndrome de CushingSíndrome de Resistência insulínica]Alterações genéticas – Prader Wille

OBESIDADE

OBESIDADE

Pode apresentar-se de diferentes formas:PessimismoInstabilidade de humorBaixa auto-estimaSensação de culpaIndecisãoIrritabilidadeAlterações de sono e de apetiteTristeza

TIREOIDITE PÓS PARTO

O que é Transtorno alimentar?Segundo o DSM-IV, transtornosalimentares são severas perturbações nocomportamento alimentar.Para ser considerado um transtorno, os

episódios precisam repetir-se pelo menosduas vezes por semana, durante seismeses.

OBESIDADE e TRANSTORNOS ALIMENTARES

TIREOIDITE PÓS PARTO

Caracteriza-se como um episódio recorrente de compulsão alimentar.(binge eating)É a ingestão, em um dado período de

tempo, de uma quantidade muito maior dealimentos que a maioria das pessoasconsumiria no mesmo prazo e em situaçãosimilar.A pessoa com a compulsão não tem controle sobre quais alimentos ou quanto consome nesses momentos.

TRANSTORNO COMPULSÃO ALIMENTAR PERIÓDICA (TCAP)

TIREOIDITE PÓS PARTO

Comer mais rápido que o normal.Comer sozinho e secretamente.Ingerir grandes sozinho e secretamente, ingerir grandes quantidades de alimento mesmo não estando faminto.Experimentar depressão ou culpa por comer dessa forma. O TCAP não está associado ao uso regular de comportamentos purgatórios.

TCAP – Outros critérios

BULIMIA

Etimologia:� Bous – boi

bulimia = fome de boi� Limos – fome

Definição:� É uma espécie de toxicomania que se traduz por uma espécie de delinquência alimentar.É um distúrbio grave da alimentação, sendo também considerada como faceta trágica da depressão psíquica.

Prevalência

� Sexo feminino - 90%� Classe sócio – económica mais atingida:

� Média – Alta� Idade mais atingida: 18 – 40 anos� A incidência é grande em cursos secundários e

universitários.� Entre as pacientes existe forte presença de

problemas afetivos, transtornos ansiosos, abuso e dependência de drogas.

Bulimia - Características

� Voracidade alimentar � Exageradas restrições alimentares� Provocação de vômitos� Usam laxantes, processos químicos de emagrecimento

� Medo constante em não controlar os ataques de fome

� Hesitação face a comportamentos psicoterápicos

Bulimia – Sinais e Sintomas

� Grandes oscilações de peso� Perda de potássio e desidratação� Rosto inchado – indução sistemática do vômitos

� Garganta irritada� Irritações graves do esófago� Dificuldade em dormir � Irregularidade menstrual� Fraqueza muscular� Problemas dentários

TRANSTORNOS ALIMENTARESTRANSTORNOS ALIMENTARES

1- ANOREXIA NERVOSA

- PREOCUPAÇÃO OBSESSIVA COM A PERDA DE PESO

- DISTORÇÃO DA IMAGEM CORPORAL

-RESTRIÇÃO ALIMENTAR DRÁSTICA

-PERDA CONSTANTE DE PÊSO SEMCAUSA APARENTE

TRANSTORNOS ALIMENTARESTRANSTORNOS ALIMENTARES

1- ANOREXIA NERVOSA- RECEIO FÓBICO DO ALIMENTO

- EXERCÍCIOS FÍSICOS COMPULSIVOS

-PROVOCAÇÃO DE VÔMITOS, USO DE DIURÉTICOS E LAXANTES

- USO DE INIBIDORES DE APETITE

TRANSTORNOS ALIMENTARESTRANSTORNOS ALIMENTARES

1- ANOREXIA NERVOSA – SINAIS DE ALERTA

� Emagrecimento rápido sem causa aparente

� Cabelos finos e quebradiços� Leve alopécia� Pilosidade pela pele (lanugo)� AMENORRÉIA

1- ANOREXIA NERVOSA

Tipo restritivo� Dieta� Jejum � Exercício físico

Tipo ingestão compulsiva / purgativo� Crises bulímicas regulares ou purgativas durante o episódio actual.

� Usam métodos purgativos como vômitos, laxantes, diuréticos, enemas, hormonas da tiróide e pílulas para emagrecer.

ANOREXIA NERVOSA

Idade do aparecimento� Inicio da adolescência� Os sintomas iniciam-se de forma bimodal: 13-14 anos, 16-17 anos. Os dois picos de maior incidência dão-se aos 14 e 16 anos.

ANOREXIA NERVOSA - COMPLICAÇÕES

Complicações Metabólicas e Endócrinos� ↓ do metabolismo basal� Distúrbios hidroelectrolíticos� Hipoglicémia� Hipotermia� Hipercolesterolémia� Osteoporose e osteopenia� Atraso na maturação sexual� Amenorreia� Mulher: baixo nível de estrogénios� Homem: baixo nível de testosterona

ANOREXIA NERVOSA - COMPLICAÇÕES

Reprodutivas� Infertilidade� Criança com peso à nascença

Cardiovasculares� Perda de músculo cardíaco� ↓ P.A. e ↓ frequência cardíaca� Bradicardia� Arritmias

Bulimia x Anorexia

� Bulimia � Idade atingida: 18-40 a� Não há perda significativa

de peso� Satisfação com um peso

abaixo da média� Nem sempre ocorre

amenorréia� Guarda segredo� Passa facilmente

despercebida� Internamento raro� Períodos de voracidade

alimentar

� Anorexia� Idade atingida: adolescência

� Perda significativa de peso� Preferência pela magreza extrema

� Amenorréia� Facilmente diagnosticada

� Internação mais frequente

DIABETES MELLITUS

Depressão clinicamente significativa ocorre em até 20% dos indivíduos com diabetes mellitus que consultam em contexto ambulatorial e em 22 a 33% dos internados.

DIABETES MELLITUS

O diabetes mellitus mal controlado, com hiperglicemia e cetonúriapersistentes, pode apresentar-se com sintomas físicos semelhantes aos da depressão. O paciente deve ter uma nova avaliação psicológica duas semanas após o controle glicêmico adequado.

DIABETES MELLITUS

Há evidência de taxas aumentadas de anorexia e bulimia nervosa em mulheres jovens com diabetesOmissão do uso de insulina –SINAL DE ALERTA!

HIPOGONADISMO MASCULINO

A produção de testosterona pode ainda ser alterada por várias condições clínicas: MedicamentosObesidadeDoenças hepáticasDoenças renaisAlterações tireoideanasDepressãoIMPORTANTE A DEFINIÇÃO SE ÉCENTRAL OU PERIFÉRICO.

HIPOGONADISMO MASCULINO

A diminuição dos níveis de testosterona pode causar:

� Irritabilidade� Insônia� Apatia� Dificuldade de concentração� Perda de memória

HIPOGONADISMO MASCULINO

Suspeitar quando:

� Aumento da proporção de gordura corporal� Diminuição da massa muscular� Diminuição da libido � Dificuldade de ereção� Dificuldade de concentração � Apatia e depressão� Queda de pêlos� Insônia

HIPOGONADISMO MASCULINO

TRATAMENTO CONTROVERSO� Após a instituição da reposição hormonal,

paciente apresentam :� Melhoria da disposição� Melhoria da memória� Melhora da auto-imagem corporal e do bem

estar social. � Entretanto, alguns estudos não mostraram

diferenças significantes na avaliação psíquica de pacientes em uso de testosterona e placebo.

HIPOGONADISMO FEMININO e DEPRESSÃO

Os níveis de estradiol plasmático durante a fase folicular estão reduzidos de forma moderada porém estatisticamente significativa nas mulheres com depressão.

Funções neuropsicológicas do estradiol:Humor, Comportamento e Cognição

1. Young, 2000

Múltiplos efeitos do Estradiol no SNC

� Modulação da barreira hemato-encefálica.

� Aumento seletivo do fluxo sangüíneo cerebral.

� Aumento do suporte de glicose e oxigênio aos neurônios.

� Modulação do sinal de transdução intraneuronal.

� Conectividade e circuitos.

� Regulação dos canais de eletrólitos das membranas.

� Diminuição do limiar convulsivo e aumento da excitabilidade.

� Estimulação do crescimento dendríticoe da sinaptogênese.

� Impacto na expressão gênica.

� Neuroproteção.

HIPOGONADISMO FEMININO e DEPRESSÃO

Nicol (1996), revendo 94 artigos dos últimos 30 anos, considera os dados insuficientes afirmar se a menopausa écausa da depressão em mulheres.Baixos níveis de estradiol não estão relacionados a disforia e sintomas associados.Uma transição normal para a menopausa não aumenta o risco de depressão. (estudo longitudinal de Harvard).

1. Young, 2000

HIPOGONADISMO FEMININO e DEPRESSÃO

Burt et al. 1998Harlow et al. 2003

Porém é uma fase de risco de aumento de vulnerabilidade, principalmente para mulheres com história de depressão.

Os níveis estrogênicos podem estar baixos nas mulheres deprimidas, provavelmente por interações entre os sistemas HPA e hipofisário-gonadal.

Young 2000