transtornos mentais comuns e qualidade de vida

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE HUMANIDADES DEPARTAMENTO DE PSICOLOGIA ALEX SANDRO DE MOURA GRANGEIRO TRANSTORNOS MENTAIS COMUNS E QUALIDADE DE VIDA FORTALEZA 2011

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Page 1: TRANSTORNOS MENTAIS COMUNS E QUALIDADE DE VIDA

UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ

CENTRO DE HUMANIDADES

DEPARTAMENTO DE PSICOLOGIA

ALEX SANDRO DE MOURA GRANGEIRO

TRANSTORNOS MENTAIS COMUNS E QUALIDADE DE VIDA

FORTALEZA

2011

Page 2: TRANSTORNOS MENTAIS COMUNS E QUALIDADE DE VIDA

ALEX SANDRO DE MOURA GRANGEIRO

TRANSTORNOS MENTAIS COMUNS E QUALIDADE DE VIDA

Monografia apresentada ao Curso de Psicologia da

Universidade Federal do Ceará como requisito para

aprovação na Disciplina de Monografia em Psicologia.

Orientador:

Prof. Dr. Walberto Silva Santos

FORTALEZA

2011

Page 3: TRANSTORNOS MENTAIS COMUNS E QUALIDADE DE VIDA

ALEX SANDRO DE MOURA GRANGEIRO

TRANSTORNOS MENTAIS COMUNS E QUALIDADE DE VIDA

Monografia apresentada a Curso de Psicologia da

Universidade Federal do Ceará como requisito para

aprovação na Disciplina de Monografia em Psicologia.

Aprovada em ___/___/___

___________________________________________

Alex Sandro de Moura Grangeiro

____________

Média

BANCA EXAMINADORA

___________________________________________

Prof. Dr. Walberto Silva dos Santos (Orientador)

Universidade Federal do Ceará-UFC

_______________

Nota

___________________________________________

Prof. Ms. Daniely Ildegardes Brito Tatmatsu

Universidade Federal do Ceará-UFC

_______________

Nota

___________________________________________

Ms. Hilda Pinheiro da Costa

Mestre em Psicologia pela Universidade de Valência

_______________

Nota

Page 4: TRANSTORNOS MENTAIS COMUNS E QUALIDADE DE VIDA

Aos meus pais.

Page 5: TRANSTORNOS MENTAIS COMUNS E QUALIDADE DE VIDA

AGRADECIMENTOS

A Deus que me tem dado força para continuar a caminhada em busca dos meus

objetivos.

Ao Prof. Dr. Walberto Silva dos Santos, meu orientador, por ter possibilitado que

meu interesse e prazer em fazer pesquisas científicas pudesse se concretizar, bem como, pelo

incentivo e direcionamento dado as minhas metas acadêmicas.

Agradeço aos integrantes da banca avaliadora, Prof (a) Ms. Daniely Ildegardes Brito

Tatmatsu e Ms. Hilda Pinheiro da Costa, pela disponibilidade em ler e contribuir com esta

monografia.

Aos amigos do Laboratório Cearense de Psicometria - LACEP, do qual me orgulho de

ser membro, Darlene Fernandes, Emanuela Possidônio, Eduardo Quezado, Hermírio

Moraes, Sarah Stella Bomfim; especialmente a Guilherme Lopes e Thicianne Malheiros

pela grande disponibilidade e apoio concedido a elaboração desta monografia.

Aos amigos de turma, sempre presentes nos momentos de alegria e angústia ao longo

dos cinco anos de graduação (Ana Carolina Araujo, Braz Trajano, Gregory Carvalho,

Lorena Cavalcante, Natália Carvalho e Rafaela Cruz).

Aos amigos e companheiros de estágio na clínica escola da Universidade Federal do

Ceará, especialmente a Maria do Socorro Mendes, Marly Araujo e Rosângela Freitas,

pelos fins de tarde em boa companhia e momentos de distração sempre acompanhados de um

bom lanche.

A minha mãe e exemplo de superação (Maria Adelusia Arcanjo de Moura) pelos

ensinamentos e esforços dedicados a minha educação, além de seu apoio incondicional em

todos os momentos de minha vida. Ao meu pai aquele que foi e sempre será meu eterno herói.

A minha amiga e namorada (Isabela Guedes) por sua compreensão, companheirismo,

atenção e dedicação durante estes seis anos de namoro.

E, por fim, parafraseando Isaac Newton, tenho certeza de que se hoje sou capaz de ver

mais longe é apenas porque pude me apoiar sobre o ombro de gigantes.

Page 6: TRANSTORNOS MENTAIS COMUNS E QUALIDADE DE VIDA

“Não acrescente dias a sua vida, mas vida

aos seus dias."

(Harry Benjamin)

Page 7: TRANSTORNOS MENTAIS COMUNS E QUALIDADE DE VIDA

RESUMO

O presente estudo teve por objetivo conhecer em que medida os indicadores de

transtornos mentais comuns podem influenciar (explicar) a qualidade de vida.

Especificamente, pretendeu-se averiguar a relação existente entre estas duas variáveis, bem

como investigar o poder preditivo dos indicadores de transtornos mentais comuns sobre os

níveis de qualidade de vida e seus subdomínios. Para tanto, contou-se com duas amostras

específicas, sendo a primeira composta por 223 pessoas de diversos bairros da cidade de

Fortaleza, a maioria do sexo feminino (63,1%), com idades variando entre 18 e 75 anos (M =

27,9; DP = 11,8), solteira (73,0%), católica (51,1) e de classe média (28,8%); já para a

segunda amostra, tomada como grupo critério, contou-se com a participação de 27 usuários de

um serviço de atenção à saúde mental da cidade de Fortaleza, com idades variando entre 18 e

62 anos (M = 37,7; DP = 12,4), sendo em sua maioria do sexo feminino (66,7%), solteira

(40,7,0%), evangélica (51,9%) e de classe social baixa (29,6%). Os participantes responderam

ao World Health Organization Quality of Life Brief (WHOQOL-Brief), ao Questionário de

Saúde Geral de Goldberg (QSG 12) e a um conjunto de questões de caráter sócio-bio-

demográficos. A partir dos resultados obtidos, verificou-se que tanto a qualidade de vida

global como seus quatro domínios (físico, psicológico, social e ambiental) apresentaram

correlações negativas com os indicadores de transtornos mentais comuns. No que diz respeito

ao poder preditivo destes indicadores, foi possível comprovar que as alterações nos níveis de

qualidade de vida foram melhores preditos pelos indicadores de transtornos mentais comuns,

do que pela classe social e a pela idade dos participantes (F [2,220] = 74,32, p < 0,001; R

múltiplo = 0,635, R2ajustado = 0,398). Conclui-se, a partir de então, que a presença de

transtornos mentais comuns é um fator importante para a compreensão da diminuição dos

níveis de qualidade de vida da população. Dessa forma, ações de intervenção no sentido de

promover a saúde mental, principalmente, em nível de atenção primária, local de maior

prevalência dos transtornos mentais comuns, poderão ser fundamentadas, priorizando-se

principalmente intenções nestas variáveis para a obtenção da melhora na qualidade de vida.

Palavras-Chaves: Qualidade de Vida. Transtornos Mentais Comuns.

Page 8: TRANSTORNOS MENTAIS COMUNS E QUALIDADE DE VIDA

ABSTRACT

The present study aimed to determine the extent of how much indicators of common mental

disorders may influence (explain) the quality of life. Specifically, it was sought to investigate

the relation between these two variables, as well as investigate the predictive power of

common mental disorders’ indicators on the levels of quality of life and its subdomains. It

counted on two specific samples, one consisting of 223 people from various regions of the

city of Fortaleza, with majority female (63.1%), aged between 18 and 75 years (M = 27, 9, SD

= 11.8), single (73.0%), catholic (51.1) and from middle-class (28.8%), while the second

sample, taken as a criterion group, consists of 27 users of a mental health care’s service in the

city of Fortaleza with ages varying from 18 to 62 years (M = 37.7, SD = 12.4),. They are

mostly female (66 7%), single (40,7,0%), evangelical (51.9%) and from lower class (29.6%).

Participants responded to the World Health Organization Quality of Life Brief (WHOQOL-

Brief), the Questionário de Saúde Geral de Goldberg (QSG 12) and a set of bio-socio-

demographic issues. Results indicate that both the overall quality of life as its four domains

(physical, psychological, social and environmental) presented indirect correlations with the

indicators of common mental disorders. Regarding the predictive power of these indicators, it

is plausible to consider that changes in the levels of the quality of life were best predicted by

indicators of common mental disorders than by social class and age of the participants (F

[2,220] = 74,32, p < 0,001; R múltiplo = 0,635, R2ajustado = 0,398). It concludes that the

presence of common mental disorders is an important factor in understanding the decreased

levels of quality of life. Thus, interventions to promote mental health, especially in the

primary care, which presents the higher prevalence of common mental disorders, focusing

mainly on the intentions on these variables to improve the quality of life.

Key Words: Quality of life. Common Mental Disorder.

Page 9: TRANSTORNOS MENTAIS COMUNS E QUALIDADE DE VIDA

Lista de Tabelas

Tabela 1. Correlação entre qualidade de vida e saúde mental. (n= 230) ................................. 36

Tabela 2. Regressão múltipla para Qualidade de Vida Global. (n = 223) ................................ 38

Tabela 3. Regressão múltipla do Domínio Físico, Psicológico, Social e Ambiental. (n = 223)

.................................................................................................................................................. 39

Tabela 4. Comparação de Médias entre Pop. Geral e amostra clínica em relação a qualidade

de vida e saúde mental (n= 257) ............................................................................................... 40

Page 10: TRANSTORNOS MENTAIS COMUNS E QUALIDADE DE VIDA

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO .............................................................................................................. 10

2. QUALIDADE DE VIDA ................................................................................................ 14

2.1. Histórico do conceito Qualidade de Vida ...................................................................... 16

2.2. O conceito de Qualidade de Vida .................................................................................. 17

2.3. A Mensuração da Qualidade de Vida ............................................................................. 20

3. TRANSTORNOS MENTAIS COMUNS E A QUALIDADE DE VIDA ................... 22

3.1. Os Transtornos Mentais ................................................................................................. 24

3.2. Os Transtornos Mentais Comuns (TMC) ...................................................................... 26

3.3. A Prevalência de Transtornos Mentais Comuns e os índices de Qualidade de Vida ..... 27

4. MÉTODO ........................................................................................................................ 30

4.1. Delineamento e Hipóteses ............................................................................................. 31

4.2. Amostra .......................................................................................................................... 31

4.2.1. Amostra 1- População Geral .................................................................................. 31

4.2.2. Amostra 2- Usuários de um serviço de atenção à saúde mental ............................ 32

4.3. Instrumentos .................................................................................................................. 32

4.4. Procedimentos ............................................................................................................... 34

4.5. Análise dos Dados ......................................................................................................... 34

5. RESULTADOS ................................................................................................................ 35

5.1. Os indicadores de Saúde Mental e a Qualidade de Vida .............................................. 36

5.2. Os indicadores de Saúde Mental como preditores da Qualidade de vida ...................... 38

5.3. Comparação dos indicadores de qualidade de vida entre população geral e amostra

clínica ................................................................................................................................... 40

6. DISCUSSÃO ....................................................................................................................... 42

7. CONCLUSÃO ..................................................................................................................... 47

REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 50

ANEXOS ................................................................................................................................. 58

Page 11: TRANSTORNOS MENTAIS COMUNS E QUALIDADE DE VIDA

1. INTRODUÇÃO

Page 12: TRANSTORNOS MENTAIS COMUNS E QUALIDADE DE VIDA

11

A expressão qualidade de vida tem sido cada vez mais utilizada, tanto na linguagem do

senso comum quanto no contexto de pesquisas científicas em diferentes áreas do saber, como

a economia, a enfermagem, a sociologia, a educação, a administração, a psicologia, entre

outras. (LEAL, 2008). Na área de saúde, por exemplo, o interesse pela qualidade de vida é

relativamente recente e decorre de novos paradigmas que passam a orientar as políticas e

ações do setor, atribuindo determinantes multifatoriais (aspecto econômico, sociocultural,

experiência pessoal e estilo de vida) ao processo saúde-doença (SEIDL; ZANNON, 2004).

Além disso, como afirmam Fleck et al. (1999), a preocupação com o conceito de qualidade de

vida também se apresenta no âmbito das ciências humanas, quando se busca valorizar

parâmetros mais amplos que o controle de sintomas, a diminuição da mortalidade e o aumento

da expectativa de vida.

Esse novo contexto modificou a abrangência de intervenções propostas pelas políticas

públicas de saúde, colocando a melhoria da qualidade vida de seus usuários como um dos

objetivos principais. Nesse sentido, segundo Bech (1995), acrescenta-se a qualidade de vida

como uma terceira dimensão a ser mensurada durante o processo de tratamento, além da

eficácia (modificação da doença pelo efeito das drogas) e da segurança (reação adversa a

drogas). A mudança de paradigma no processo saúde-doença, assim como a expansão de

pesquisa ligadas ao conceito qualidade de vida decorrentes dessa mudança, justificam-se à

medida que os avanços da medicina têm possibilitado um aumento na expectativa de vida da

população (ZOU et al., 2004).

Sob a perspectiva de Ring et al. (2007), tais avanços têm garantido um acréscimo na

sobrevida de pessoas com agravos antes tidos como fatais, que com o desenvolvimento de

tratamentos médicos, atualmente, passam a ser mantidos sob controle. Em especial, o

tratamento de doenças crônicas e degenerativas tornou-se uma das áreas em que o interesse

pela qualidade de vida dos pacientes é mais expressivo, sobretudo, porque a atuação dos

profissionais de saúde, especialmente nessa área, não se deve pautar somente no controle das

doenças orgânicas, mas também no modo como esse indivíduo lida com o sofrimento

produzido pela doença e como esse processo reverbera e influencia os diversos aspectos de

sua vida. (MARTINS et al., 1996; CASTRO et al., 2003; BERBER et al., 2005; RING et al.,

2007). Neste campo, um estudo desenvolvido por Andrade et al. (2006) observou que

desnutrição, complicações perinatais e doenças infectocontagiosas vêm sendo rapidamente

substituídas por transtornos depressivos e transtornos cardiovasculares no que se refere à

limitação da expectativa e da qualidade de vida.

Nos últimos anos, o interesse pela qualidade de vida e sua avaliação cresceu também

Page 13: TRANSTORNOS MENTAIS COMUNS E QUALIDADE DE VIDA

12

na Psicologia. A possibilidade da utilização deste construto como medida de avaliação clínica

da eficácia psicoterapêutica tem motivado o estudo, o desenvolvimento e a adaptação de

instrumentos nesta área, em grande parte, contando com amostra de adultos. (FRISCH et al.,

1992; ENDICOTT et al., 1993; FRISCH, 1998; PREBIANCHI, 2003).

Murray e Lopez (1998) destacam que a conscientização de que os transtornos mentais

representam um problema de saúde pública é relativamente recente, ocorrendo a partir de

publicações, sobretudo realizadas pela Organização Mundial de Saúde (OMS), assim como

pelos pesquisadores da Escola de Saúde Pública da Universidade de Harvard. Segundo esses

autores, das dez principais causas de incapacitação, cinco delas são transtornos psiquiátricos,

sendo a depressão a principal responsável.

Conforme relatório da OMS (2001), os distúrbios mentais e comportamentais exercem

um considerável impacto sobre os indivíduos acometidos, suas famílias e comunidades.

Ressalta-se que estes não só apresentam sintomas inquietantes do seu problema, como sofrem

também por estarem incapacitados de participar de atividades de trabalho e lazer, bem como

pela discriminação. Essa constatação se torna relevante, uma vez que, segundo a própria

OMS, tais distúrbios são comuns entre os usuários dos serviços básicos de saúde, em que os

diagnósticos mais comuns, em doença mental, são depressão, ansiedade e perturbações pelo

abuso de substâncias.

Deve-se destacar que os transtornos mentais, além de responsáveis por uma grande

utilização dos serviços de saúde (EVANS, 2007), configuram-se como uma das influências

negativas que mais afetam a qualidade de vida, por impactar em diversas facetas do cotidiano

dos indivíduos acometidos. (MENDLOWICZ; STEIN, 2000; FLECK, et al., 2002; EVANS,

2007; FLECK; ROCHA, 2010). Estudos sobre qualidade de vida e esquizofrenia, por

exemplo, demonstram a ocorrência de impacto igual ou maior dos sintomas depressivos e

ansiosos sobre a qualidade de vida do que os sintomas positivos e negativos próprios da

esquizofrenia, como embotamento afetivo e déficit cognitivo. (SOUZA; COUTINHO, 2006).

Nesta direção, Lima e Fleck (2009) afirmam que a presença de sintomas depressivos

afeta de forma global a qualidade de vida e, conforme sua gravidade, o comprometimento

pode ser considerado 23 vezes superior ao de outras doenças crônicas, como as causadas por

doenças físicas. Os resultados sugerem que a presença de sintomas depressivos e ansiosos,

fortemente associado aos transtornos mentais comuns, exerce um importante impacto na

qualidade de vida dos sujeitos, não se restringindo apenas às características clínicas do

transtorno.

Apesar do aumento significativo do interesse por temas ligados à qualidade de vida e

Page 14: TRANSTORNOS MENTAIS COMUNS E QUALIDADE DE VIDA

13

seus correlatos, ainda predomina a polissemia conceitual; não há na literatura da área uma

definição precisa do conceito. (FORATTINI, 1991; FARQUHAR, 1995a; SEIDL; ZANNON,

2004; PINTO-NETO; CONDE, 2008). Não obstante, como relatam Seidl e Zannon (2004), a

partir da década de 90 foram definidos dois aspectos relevantes que se tornaram consensuais

acerca do construto entre os diversos pesquisadores da área: a multidimensionalidade e a

subjetividade do conceito. No primeiro, reconhece-se o construto como composto por

diferentes dimensões, ao passo que no segundo, admite-se a percepção do próprio indivíduo

frente a aspectos do seu contexto de vida e de seu estado de saúde.

Esse consenso possibilitou o desenvolvimento de um projeto de pesquisa cujo

principal objetivo era propor um instrumento de mensuração da qualidade de vida que

apresentasse abrangência multicêntrica e, consequentemente, suprisse a demanda pela

avaliação do construto em diversos contextos culturais e situacionais.

Como resultado, em 1993 a OMS publicou o World Health Organization Quality of

Life (WHOQOL-100), questionário que se insere dentro do grupo de medidas denominadas

“instrumentos genéricos”. Tais instrumentos, segundo Ring et al. (2007), objetivam a

avaliação global da qualidade de vida, sem relacioná-la com doenças específicas. Tais

medidas se diferenciam, em sua proposta, dos instrumentos tidos como específicos, que

pretendem determinar em que grau uma enfermidade específica influencia a qualidade de vida

do indivíduo.

Em função dos aspectos supracitados, considerando que as diferentes formas de

sofrimento psíquico constituem importante causa de deterioração de qualidade de vida na

população em geral, bem como o pequeno número de ensaios científicos que abordam

especificamente esta relação, o presente estudo tem como principal objetivo conhecer em que

medida a qualidade de vida é influenciada (explicada) pelos indicadores de transtornos

mentais comuns.

Page 15: TRANSTORNOS MENTAIS COMUNS E QUALIDADE DE VIDA

2. QUALIDADE DE VIDA

Page 16: TRANSTORNOS MENTAIS COMUNS E QUALIDADE DE VIDA

15

A qualidade de vida (QV) tem sido objeto de estudo das mais variadas áreas do

conhecimento. Com o propósito de compreender e avaliar este construto, um número

abrangente de definições e conceitos vem sendo propostos ao longo da história. (MEEBERG,

1993; WHOQOL, 1994; BECH, 1995; FARQUHAR, 1995; HUNT, 1997; LAURENTI, 2003;

KLUTHCOVKY; TAKAYANAGUI, 2007). Como já mencionado, apesar de, recentemente,

ter se evidenciado o crescimento no interesse pelo conceito de qualidade de vida, a influência

das condições de vida sobre a saúde e o bem estar tem ocupado pensadores desde os

primórdios da civilização. (BUSS, 2000). Segundo Fleck et al. (1999), o construto foi,

inicialmente, alvo de interesse de filósofos, políticos e cientistas sociais. Ainda que não fosse

feita referência direta a ele, o qual só foi expresso formalmente no início do século XX,

termos como: boa vida, ser feliz, ir bem, já eram utilizados por Aristóteles em 384 a.C. como

referência a condição de vida percebida pelas pessoas. (FAYERS; MACHIN, 2007).

Contudo, foi com percepção da progressiva desumanização no tratamento de diversas

patologias, fruto do crescente desenvolvimento tecnológico da Medicina e ciências afins, que

a preocupação com a qualidade de vida tornou-se mais estudada no meio científico, buscando

valorizar parâmetros amplos de saúde. Neste sentido, nas duas últimas décadas, publicações

que abordam o construto têm sido cada vez mais frequentes, sendo o tema investigado em

diversos aspectos, particularmente no que diz respeito à sua avaliação ou mensuração, quer

individualmente quer coletivamente. (LAURENTI, 2003).

Em uma busca nas bases de dados Index Psi (2011) e Google Acadêmico (2011),

usando como entrada os termos “qualidade de vida”, “escala”, “questionário”, “avaliação” e

“mensuração”, permitiu verificar que, no Brasil, principalmente a partir do fim década de

oitenta, há um número expressivo de publicações que abordam a avaliação da qualidade de

vida, sendo utilizados, para tanto, instrumentos amplamente difundidos no meio científico

internacional.

No entanto, apesar do número crescente de publicações acerca deste tema, ainda é

comum a polissemia conceitual, bem como a ausência de clareza quanto à definição de

qualidade de vida. Sabendo disto, antes de apresentar aspectos mais específicos deste estudo,

é preciso entender o surgimento e as distintas definições do construto, os modelos teóricos

subjacentes, bem como alguns tipos de medidas utilizados na sua avaliação, que serão

apresentadas ao longo deste capítulo.

Page 17: TRANSTORNOS MENTAIS COMUNS E QUALIDADE DE VIDA

16

2.1. Histórico do conceito Qualidade de Vida

O termo qualidade de vida foi empregado pela primeira vez em 1920 por Pigou, em

seu livro “The economics of welfare”, no qual o autor discute o suporte governamental a

pessoas de classes sociais menos favorecidas. Para Pigou (1929), o bem estar econômico não

pode ser tomado como medida de bem estar total, uma vez que este último demanda aspectos

de natureza não econômica, nomeados por ele como qualidade de vida. No contexto da época,

tal afirmação não ganhou grande destaque, e o conceito só foi novamente utilizado quatro

décadas depois, em 1964, ainda associadas à economia, por Lyndon Johnson então presidente

dos Estados Unidos, ao declarar que "os objetivos da economia não poderiam ser medidos

através do balanço dos bancos, mas através da qualidade de vida que proporcionam às

pessoas.". (KLUTHCOVKY; TAKAYANAGUI, 2007).

Nesta perspectiva, como afirma Paschoal (2000), o termo passou a ser, inicialmente,

associado à noção de melhoria do padrão de vida, principalmente relacionando-o com o nível

de desenvolvimento econômico de cada sociedade e com a obtenção de bens materiais, como

casa própria, carro, salário e bens de consumo (televisão, rádio, máquina de lavar, aspirador

de pó, etc.). Com o rápido crescimento econômico e com as mudanças sociais produzidas pelo

pós-segunda guerra mundial, houve, na América e na Europa, para fins de investigação social,

uma concentração de esforços no intuito de mensurar a qualidade de vida das pessoas.

(FARQUHAR, 1995b).

A partir deste momento, indicadores sociais objetivos, como os econômicos (Produto

Interno Bruto – PIB, renda per capita, níveis de desemprego, etc.), foram tomados como

instrumentos de referência para medir e comparar a qualidade de vida entre diferentes países,

populações e culturas. Inferindo-se que países com bons indicadores econômicos teriam suas

populações usufruindo de melhores condições de vida e, consequentemente, maior qualidade

de vida.

Continuando a progredir no tempo, verifica-se que, a partir da década de oitenta, o

conceito tem significado ampliado para além de variáveis puramente econômicas, englobando

também diferentes aspectos, entre os quais o biológico; o psicológico e o cultural. A

multidimensionalidade proposta faz com que, a partir deste momento, seja necessário em sua

mensuração considerar uma ampla gama de variáveis e domínios, como o desenvolvimento

social, a educação, a condição saúde, o lazer, a condição de moradia, o nível de escolaridade,

etc. (LEAL, 2008).

Segundo Almeida e Gutierrez (2010), decorre desta perspectiva, anteriormente

Page 18: TRANSTORNOS MENTAIS COMUNS E QUALIDADE DE VIDA

17

apresentada, a adoção do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) como uma das formas

mais tradicionais e utilizadas de avaliação da qualidade de vida em grades populações. De

acordo com a concepção de desenvolvimento dominante no período, este índice se pauta em

quatro variáveis: renda per capita, expectativa de vida, taxa de alfabetização e taxa de

matrículas (porcentagem da população em idade escolar efetivamente matriculada).

No entanto, a partir da metade da década de noventa, com a constatação de que o

crescimento econômico e a melhora do padrão de vida da população não explicavam

diretamente os níveis de bem estar social apresentados, e sofrendo influência da definição de

saúde proposta pela OMS, chega-se ao consenso acerca da subjetividade do construto,

levando-se em conta que cada indivíduo o avalia de forma idiossincrática nas diferentes

dimensões que o compõe. (PASCHOAL, 2000).

A partir deste momento, como afirma Prebianchi (2003), passam a coexistir dois

modelos distintos no que diz respeito à abordagem conceitual básica para a avaliação da

qualidade de vida: o modelo de satisfação e o modelo de três componentes. No primeiro, o

pressuposto subjacente é de que o construto é inerentemente subjetivo, equiparando-o à

satisfação do indivíduo com os vários domínios de sua vida, os quais têm grau de importância

atribuído pelo próprio sujeito. Por outro lado, no modelo de três componentes, perspectiva na

qual se pauta o presente estudo, considera-se tanto a avaliação subjetiva (satisfação), como os

componentes objetivos (funcionamento do sujeito no dia-a-dia) e contextuais existentes, como

por exemplo, a condição sociomaterial. (GLADIS et al., 1999).

Nesta sucessão de ideias, verifica-se que o conceito evoluiu ao longo do tempo,

tornou-se progressivamente mais complexo, e, como já referido, foi avaliado sob diferentes

perspectivas, desde a individual, a micro e a macrossocial, até a perspectiva que se mostra

mais consensual, na qual as três perspectivas anteriores citadas se congregam em um modelo

unificador.

2.2. O conceito de Qualidade de Vida

De acordo com o dicionário de Psicologia da American Psychological Association

(APA, AMERICAM PSYCHOLOGICAL ASSOCIATION, 2010), o termo qualidade de vida

pode ser compreendido como o grau em que uma pessoa obtém satisfação com a vida, sendo

importante para a sua obtenção: o bem estar emocional, material e físico; o envolvimento em

relações interpessoais; a presença de oportunidade para o desenvolvimento pessoal; o

exercício de direitos e escolhas de estilo de vida; além da participação na sociedade. Ressalta-

Page 19: TRANSTORNOS MENTAIS COMUNS E QUALIDADE DE VIDA

18

se, ainda, que a melhora da qualidade de vida é uma preocupação particularmente para

aqueles com doenças crônicas ou incapacitantes do desenvolvimento e para aqueles que

passam por tratamento médico ou psicológico.

Como pode ser visto na definição proposta pela APA, a qualidade de vida se apresenta

como um conceito multideterminado, que mantém relação com diversas facetas da vida do

indivíduo, compreendendo desde o aspecto biológico, como o estado de saúde, até aspectos

micro e macrossociais, com conotações tanto objetivas quanto subjetivas. Esta

multideterminação faz com que, por vezes, a qualidade de vida seja equiparada a algumas

destas variáveis, isoladamente, o que tem gerado equivocadamente a formulação de diversas

definições responsáveis pela polissemia conceitual que caracteriza este construto.

Os múltiplos significados que têm sido atribuídos ao termo têm produzido um caráter

difuso e ambíguo, que se torna um obstáculo para a sua ampla aceitação e utilização no meio

científico, bem como para sua implementação como parâmetro para tomada de decisões nas

mais diversas áreas, como a social, a econômica e a biomédica. (FARQUHAR, 1995b;

GLADIS et al., 1999; PINTO-NETO; CONDE, 2008; ALMEIDA; GUTIERREZ, 2010).

Ainda acerca da falta de um consenso na definição da qualidade de vida, Hunt (1997),

em seu artigo “The problem of quality of life”, lamenta o fato de que a maior parte dos

financiamentos nesta área sejam voltados para pesquisas aplicadas e não para pesquisas

básicas, o que suprime o desenvolvimento de quadros teóricos melhor elaborados, a testagem

de hipóteses e as investigações de variáveis subjacentes ao tema, em detrimento de estudos

que possibilitam construção rápida de instrumentos de mensuração e sua eventual aplicação,

sem, no entanto, avaliar a qualidade e a validade apresentadas por tais medidas.

Gill e Feinstein (1994), revisando estudos sobre tema que contavam com o uso de

medidas de qualidade de vida, concluiu que, do total de estudos analisados, 85% não

apresentavam a definição clara do conceito, 64% não justificavam o porquê dá escolha

daquela medida específica, 53% não delimitavam os domínios que compunham os

instrumentos e 62% expressam a qualidade de vida por meio de sua pontuação total, como se

esta fosse puramente unifatorial, ainda que se utilizassem de instrumentos multifatoriais.

Neste panorama, torna-se difícil a comparação entre os resultados obtidos nos mais

diversos estudos, o que restringe, em grande parte, o incremento de informações válidas sobre

o tema. Devido a essa complexidade, a qualidade de vida apresenta-se como uma temática de

difícil compreensão, exigindo como ponto de partida dos empreendimentos acadêmicos nesta

área, uma melhor delimitação e operacionalização do conceito. (ALMEIDA; GUTIERREZ,

2010).

Page 20: TRANSTORNOS MENTAIS COMUNS E QUALIDADE DE VIDA

19

Com o propósito de sistematizar e clarificar os conceitos acerca deste construto, Farquhar

(1995a), realizando uma revisão da literatura sobre o tema até a década de noventa, propõe

uma taxonomia, sub agrupando as definições em categorias organizadas de acordo com as

orientações teóricas subjacentes, assegurando que, apesar de não haver um consenso entre elas,

há, sim, elementos comuns. Inicialmente, o autor diferencia a fonte destes conceitos entre

aqueles construídos por leigos e os apresentados por especialistas, sendo este último o ponto

de partida de grande parte das definições. Nesta categoria, encontram-se quatro tipos: a

definição clássica do tipo global (tipo I), predominante na década de setenta, na qual

qualidade de vida é entendida como a razão em que prazer e satisfação têm sido alcançados

pelo sujeito; já na década de oitenta, configurasse a definição de componentes (Tipo II),

baseada no fracionamento do conceito global em várias dimensões ou componente, esta nova

etapa foi acompanhada de uma crescente dos números de estudos empíricos, os quais

originaram, na década de noventa, duas novas classes de definições, a focalizada (Tipo III)

que valoriza aspectos específicos, como: a saúde; e a definição combinada (Tipo IV) que

conta com junção do Tipo II e III o que possibilita a compreensão do conceito em termos

globais, sem, no entanto, negligenciar seu caráter multidimensional.

Ainda segundo o mesmo autor, na última década, tem se evidenciado a utilização de

definições do Tipo III (focalizada) e do Tipo IV(combinada), por serem as que mais têm

contribuído para a ampliação das bases científicas do conceito, devido à estreita relação que

mantêm com os aspectos operacionais e empíricos. Estas definições guiam, respectivamente,

o desenvolvimento de instrumentos de avaliação específicos e globais. (FARQUHAR, 1995a).

Não obstante, como relatam Seild e Zannon (2004), ainda na década de noventa,

aspectos como a multidimensionalidade e a subjetividade da qualidade de vida se tornaram

consensuais entre os pesquisadores da área. No primeiro, reconhece-se o construto como

composto por diferentes dimensões, ao passo que no segundo, admite-se que este deve pautar-

se na percepção do próprio indivíduo frente a aspectos do seu contexto de vida e de seu estado

de saúde. De modo análogo, a OMS acrescenta a diferenciação entre dimensões positivas

(mobilidade) e negativas (dor) como outro aspecto relevante. (OMS, 1995)

Apesar das divergências conceituais, parece claro que qualidade de vida é

eminentemente interdisciplinar, sendo necessária a contribuição de diferentes áreas do

conhecimento para o seu aprimoramento metodológico e para a sua definição conceitual.

Neste sentido, foram desenvolvidas, com base nas perspectivas anteriormente citadas, ao

longo dos anos, diversas medidas com o intuito de propiciar uma melhor avaliação deste

construto.

Page 21: TRANSTORNOS MENTAIS COMUNS E QUALIDADE DE VIDA

20

2.3. A Mensuração da Qualidade de Vida

Em decorrência das duas perspectivas dominantes (tipos III e IV) no entendimento da

qualidade de vida, dois tipos específicos de medidas vêm sendo desenvolvidos e utilizados

para a sua avaliação, os quais podem ser classificados como: (1) instrumentos específicos

(medidas relacionadas à saúde ou à doença específicas) e (2) instrumentos genéricos

(avaliação global). (PREBIANCHI, 2003).

No primeiro grupo de medidas, encontram-se aquelas que aferem, primordialmente, o

impacto de uma doença específica sobre a vida do sujeito, neste modelo há uma valorização

de aspectos como os relacionados aos sintomas, ao funcionamento e as incapacidades. As

críticas a esse tipo de medida salientam que as pessoas têm expectativas diferentes em relação

à saúde e à doença e que o valor de referência de suas expectativas pode mudar ao longo do

tempo. (CARR et al., 2001). Neste grupo, se encontram um amplo número de instrumentos de

acordo com a patologia associada, dentre os principais, estão o Sickness Impact Profile – SIP

(CARTER et al., 1976); Quality of Well Being (KAPLAN et al., 1989); Quality of Life

Depression Scale – QLDS (HUNT; MCKENNA, 1992); Notingham Health Profile – NHP

(HUNT, 1997).

O segundo grupo de medidas, por sua vez, parte de um referencial mais sociológico,

de uma avaliação mais global, por considerar que vários domínios da vida do respondente

contribuem de forma igualitária para a sua percepção de bem estar e qualidade de vida. Este

tipo de medida foi desenvolvido para possibilitar sua utilização tanto em indivíduos saudáveis

como naqueles afetados por uma condição específica e focalizam as aspirações, os objetivos e

o sentimento de competência. Pode-se citar, como exemplo deste quadro de instrumentos:

Satisfaction with Life Domain Scale – SLDS (DIENER et al., 1985); Medial Outcomes Study

Short Form – MOS SF 36 (WARE; SHERBOUNE, 1992); World Health Organization

Quality of Life – WHOQOL 100 (WHOQOL, 1998a) e World Health Organization Quality of

Life Brief – WHOQOL-Brief (WHOQOL, 1998b). Especificamente neste estudo, utilizaremos

e abordaremos pormenorizadamente a versão abreviada do WHOQOL 100.

Desenvolvido com base em um projeto multicêntrico e com o apoio da Organização

Mundial de Saúde, o WHOQOL centra-se em três pressupostos para a mensuração da

qualidade de vida: (1) a subjetividade, (2) a multidimensionalidade e (3) a bipolaridade

(presença de dimensões positivas e negativas). Este instrumento adota a definição de

qualidade de vida proposta pela OMS, a qual define como “a percepção do indivíduo de sua

posição na vida, no contexto da cultura e sistema de valores nos quais ele vive e em relação

Page 22: TRANSTORNOS MENTAIS COMUNS E QUALIDADE DE VIDA

21

aos seus objetivos, expectativas, padrões e preocupações.” (WHOQOL, 1994).

A construção desta medida teve por objetivo específico o desenvolvimento de

instrumento transcultural que contemplasse aspectos mais amplos e gerais da qualidade de

vida. Sendo sua versão original composta por 100 itens, distribuídos igualmente em 24 facetas

que abordam domínios e subdomínios específicos do construto, como o físico, o psicológico,

o social, o ambiental e o espiritual, além de questões específicas acerca da percepção de

qualidade de vida global e de saúde geral.

Posteriormente, a necessidade de um instrumento de rápida aplicação que

possibilitasse a investigação de variáveis associadas à qualidade de vida orientou a construção

de uma versão abreviada do instrumento, intitulada WHOQOL-Brief. Esta versão conta com

26 itens, preservando as 24 facetas originais, sendo cada qual representada por um item, bem

como as duas questões referentes à autopercepção de qualidade de vida global e satisfação

com a saúde geral.

A versão reduzida, assim como a original, é multifatorial sendo composta por quatro

fatores ou domínios (físico, psicológico, social e ambiental). Tendo os alfas de Cronbach se

apresentando satisfatórios para todos os domínios, com físico apresentando valor mais alto (α

= 0,84) e relações sociais apresentando valor mais baixo (α = 0,69), fato justificável frente ao

menor número de questões desse último domínio. (FLECK, et al., 2000; SKEVINGTON et

al., 2004).

No que diz respeito aos quatro domínios que compõem a versão abreviada do

WHOQOL, podemos caracterizá-los como: (1) domínio físico: é a percepção do indivíduo

sobre sua condição física, composto por itens sobre dor e desconforto; energia; fadiga; sono;

atividades da vida cotidiana; dependência de medicação; tratamentos e capacidade de

trabalho; (2) domínio psicológico: é a percepção do indivíduo sobre sua condição afetiva e

cognitiva, com facetas como sentimentos positivos; capacidade cognitiva; autoestima;

imagem corporal e aparência; espiritualidade e religião; (3) domínio social: é a percepção do

indivíduo sobre seus relacionamentos e os papéis sociais adotados na vida, o qual engloba

relações pessoais, suporte social e atividade sexual; por último temos, o (4) domínio

ambiental: expresso pela percepção do indivíduo sobre aspectos relacionados ao ambiente

onde vive, como segurança, recursos financeiros, oportunidade de informações, recreação e

ambiente físicos (poluição, clima, trânsito).

Page 23: TRANSTORNOS MENTAIS COMUNS E QUALIDADE DE VIDA

3. TRANSTORNOS MENTAIS COMUNS E A QUALIDADE DE VIDA

Page 24: TRANSTORNOS MENTAIS COMUNS E QUALIDADE DE VIDA

23

Embora a qualidade de vida seja influenciada por fatores externos, ela é uma

experiência fundamentalmente subjetiva, influenciada pelo estado mental, pela personalidade

e pelas expectativas de cada um. (LIMA, 2002). Dada à natureza subjetiva do construto,

considerações especiais devem ser feitas acerca de sua avaliação em pacientes psiquiátricos,

uma vez que as alterações no funcionamento mental decorrentes do transtorno podem

comprometer a validade dos resultados. (ORLEY et al., 1998).

Neste sentido, deve-se, quando se trata de pacientes acometidos por transtornos

mentais, questionar, inicialmente, em que medida as alterações do pensamento podem

invalidar o julgamento do individuo acerca de sua qualidade de vida. Não há dúvidas de que o

pensamento e os afetos são impactados negativamente pelo humor depressivo, o que leva a

tendência de expressar insatisfação com a maioria dos aspectos da vida, bem como de avaliar

negativamente a qualidade de vida. Estas característica, segundo Orley et al. (1998), não

invalidariam sua avaliação para estes casos, visto que, sendo consensual a subjetividade da

qualidade de vida, o ponto de vista do respondente deve ser considerado válido, ainda que sob

influência de sua enfermidade, pois esta, apesar de influenciar, não a distorce.

Ressalva maior é feita quando considerado os transtornos mentais graves, como

quadros psicóticos, demenciais, acometimentos de danos cerebrais e outros agravos orgânicos.

Nestes casos, os processos mentais são prejudicados e por vezes distorcidos, como em

quadros delirantes. Estas características tornam comum o aparecimento de padrões peculiares

de resposta em instrumentos auto aplicados, nos quais se enquadra grande maioria dos atuais

instrumentos de mensuração nesta área, o que tende a descaracterizar a validade dos

resultados obtidos.

No entanto, ainda que seja feita este tipo de ressalva, é importante salientar que a

preocupação com a qualidade de vida de pessoas com transtornos mentais severos é de

fundamental importância para um bom prognóstico, sendo indicado para estes casos o uso de

medidas de QV percebida, na qual o profissional de saúde que o acompanha ou um familiar

responde perguntas objetivas acerca da qualidade de vida apresentada pelo paciente, dada a

limitação imposta para o uso de medidas de auto relato.

Em decorrência dos questionamentos acerca da validade e das dificuldades

encontradas na avaliação da qualidade de vida em quadros de transtornos mentais, no campo

da psicologia, apenas na última década tem se evidenciado, em publicações brasileiras, um

interesse substancial por este tipo de avaliação. (PREBIANCHI, 2003). No entanto, apesar do

recente incremento no interesse de profissionais de psicologia no campo da avaliação da QV,

o número de publicações ainda apresenta pouca relevância, principalmente se considerado sua

Page 25: TRANSTORNOS MENTAIS COMUNS E QUALIDADE DE VIDA

24

associação com a saúde mental, sendo de acordo com revisão realizada por Oliveira, et al.

(2007), bem aquém do número de estudos desenvolvidos em áreas, como a Medicina e a

Enfermagem.

Não obstante, ainda que se tenha obtido avanços no estabelecimento do

relacionamento entre QV e saúde mental, a operacionalização imprecisa do conceito de QV

traz limitações na generalização dos resultados, bem como dificulta conclusões precisas

acerca de como esta interação ocorre. Neste sentido, faz-se necessário tentar abordar a relação

existente entre a qualidade de vida e os transtornos mentais, especificamente transtornos

mentais comuns, quadro de maior prevalência na população.

3.1. Os Transtornos Mentais

De acordo com dados fornecidos pelo Mental Health Atlas, uma tentativa de mapear,

analisar e divulgar informações básicas sobre os recursos investidos no campo da saúde

mental em todo o mundo, estima-se que os transtornos mentais, atualmente, contribuam com

cerca 13% da carga global de doenças, sendo responsáveis por uma quantidade substancial de

morbidade em todos os países do mundo. (OMS, 2011).

Nesta direção, segundo projeção realizada por Murray e Lopez (1998), tomando por

base o Global Burden of Disease Study, até o ano de 2020 o predomínio das doenças

infectocontagiosas, como principais causas de morbidade, será suplantado pelo crescente

avanço de doenças não transmissíveis, como câncer, doenças cardiovasculares e,

especialmente, transtornos mentais, sendo para este último previsto um aumento de 4,2% em

sua prevalência, quando comparado aos resultados obtidos em 1990.

Transtornos mentais têm sido, neste sentido, associados a consideráveis índices de

morbidade e mortalidade, bem como ao consequente aumento nos gastos públicos no setor.

Em termos de custos, diversos estudos têm demonstrado que os transtornos mentais são

responsáveis por um aumento significativo dos gastos em saúde, despesa que poderia, em

grande parte, ser reduzida com o correto manejo e diagnóstico dos casos, visto que, como

afirmam Fleck et al. (2002), usuários cometidos por estes quadros tende a super utilizar os

serviços de saúde, em busca de uma solução para seus sintomas de cunho psicossomáticos.

A saúde mental passa, então, a adquirir progressiva importância no planejamento de

campanhas no campo da saúde, o que faz com que, atualmente, seja inserida em nível de

atenção primária, para que uma parcela maior da população seja beneficiada. (GONÇALVES

Page 26: TRANSTORNOS MENTAIS COMUNS E QUALIDADE DE VIDA

25

et al., 1999). Frente à importância que é atribuída aos transtornos mentais como uma das

formas de agravos de saúde mais prevalentes na população, faz-se necessário conceitualizá-lo

melhor, o que será realizado a seguir.

Baseado na definição proposta pela Organização Mundial de Saúde, entende-se por

Transtornos Mentais e Comportamentais as condições de alterações do modo de pensar, do

humor, do comportamento associadas à angústia expressiva, bem como deterioração do

funcionamento psíquico global. Ressalta-se, ainda, que, para serem categorizadas como

transtorno, é preciso que essas anormalidades sejam persistentes ou recorrentes e que resultem

em certa deterioração ou perturbação do funcionamento pessoal, em uma ou mais esferas da

vida. (OMS, 2001).

No intuito de facilitar a detecção e o diagnóstico destes transtornos, diversos sistemas

de classificação têm sido propostos, sendo internacionalmente reconhecidos e utilizados na

atualidade: a décima versão da Classificação Internacional de Doenças (CID-10; OMS, 2008)

e a revisão da quarta edição do Diagnostic and Statistc Manual for Mental Disorders (DSM-

IV-TR; APA, 2002). A incorporação dessas classificações possibilitou para os profissionais

desta área a utilização de uma linguagem em comum, assim como o estabelecimento de

critérios estatísticos bem definidos que contribuem com a proposição de um diagnóstico.

Como ressalta Gonçalves et al. (1999), a utilização destes manuais permitiu, ademais, o uso

de técnicas estatísticas mais refinadas, bem como maior cuidado na padronização dos métodos

de coleta, no delineamento e na análise dos dados.

Ainda que a elaboração e a utilização destas classificações tenha possibilitado um

grande avanço no entendimento da psiquiatria, da psicologia e de outras áreas da saúde acerca

dos transtornos mentais, estes ainda apresentam limitações decorrentes do modelo sindrômico

categorial no qual se baseiam. Segundo Goldberg e Goodyer (2005), este modelo tem

produzido impasses diagnósticos pela sobreposição de sintomas. Neste sentido, a frequente

comorbidade encontrada entre os transtornos mentais, bem como a prevalência de quadros

subsindrômicos tem gerado imprecisões diagnósticas dentro da perspectiva de avaliação dos

manuais tradicionais. (ARÔCA, 2009).

Neste sentido, as categorias nosológicas tradicionais propostas nos manuais

diagnósticos têm se mostrado inadequadas para análise de alguns quadros clínicos

psiquiátricos, especificamente os menos severos, por apresentarem maior índice de

comorbidade com outros agravos clínicos e não possuírem unidades tão bem definidas, o que

ocorre apenas em formas mais severas de acometimento mental. (GOLDBERG; HUXLEY,

1992).

Page 27: TRANSTORNOS MENTAIS COMUNS E QUALIDADE DE VIDA

26

A fim de permitir uma melhor compreensão das apresentações sintomatológicas e uma

instrumentalização classificatória mais próxima dos quadros clínicos frequentemente

encontrados na população geral, diversos autores têm proposto a utilização de categorias

diagnósticas mais amplas que englobem todo o espectro de agravos mentais menos severos,

em especial quadros subsindrômicos de ansiedade e depressão. Dentre as principais

nomenclaturas utilizadas em referência a este conceito, encontram-se as Morbidades

Psiquiátricas Menores (MARI et al., 1987), os Transtornos Mentais Menores (COUTINHO,

1995) e os Transtornos Mentais Comuns (GOLDBERG; HUXLEY, 1992), sendo esta última

a nomenclatura que tem recebido maior respaldo científico, sendo utilizada como referência

em diversos estudos. (GOLDBERG; HUXLEY, 1992; SANTOS, S., 2002; LOPES et al.,

2003; MARAGNO et al., 2006)

3.2. Os Transtornos Mentais Comuns (TMC)

Goldberg e Huxley (1992) utilizaram a expressão Transtornos Mentais Comuns

(TMC) para caracterizar agravos mentais menos severos comumente encontrados na

população geral. Estes, segundo a definição, são compostos por quadros não psicóticos,

representados por queixas difusas, expressas através de sintomas depressivos e ansiosos,

dificuldade de concentração, queixas somáticas, insônia, fadiga e irritabilidade. (ARÔCA,

2009). Os quadros de TMC, ainda que não preencham todos os critérios diagnósticos formais

propostos no DSM-IV e CID-10, por vezes, implicam às pessoas acometidas incapacidade

funcional comparável a quadros crônicos de transtornos mentais bem estabelecidos.

(SANTOS, 2002).

Segundo Arôca (2009), a natureza inespecífica do TMC não possibilita um perfeito

diagnóstico nosológico, uma vez que grande parte de seus sintomas apresentam similaridades

com diversas outras categorias nosológicas. Para (VILLANO, 1998), o conceito de TMC tem

sido amplamente utilizado no Brasil e no mundo, dada à contribuição que este trouxe para a

investigação epidemiológica no campo da saúde mental em amostras não clínicas,

possibilitando uma compreensão mais clara dos agravos mentais subsindrômicos quando

comparado ao modelo categorial atuais, representados pelo DSM-IV e CID-10.

Dentro deste contexto, Kleinmand e Cohen (1997), compilando dados da própria

OMS, averiguaram que, nos últimos anos, tem se registrado um aumento substancial do

número de pessoas que ingressam nos serviços de saúde relatando sintomas característicos de

Page 28: TRANSTORNOS MENTAIS COMUNS E QUALIDADE DE VIDA

27

agravos mentais, entre os quais a ansiedade e a depressão. Maragno et al. (2006) ressaltam,

ainda, a maior incidência de TMC, com prevalência em 90% dos casos. Segundo dados de

referência adotados pelo Ministério da Saúde, a prevalência mundial dos transtornos mentais

severos e persistentes é de 3% da população, enquanto que a prevalência de transtornos

mentais leves é de 9 a 12%. (BRASIL, 2010).

No âmbito nacional, avaliando publicações na área, estima-se que a prevalência de

transtornos mentais seja elevada. Em estudos realizados em comunidades atendidas pelo

programa Saúde da Família, verificou-se, entre a clientela, a prevalência de 23 a 56% de

quadros de transtornos mentais comuns. (MARAGNO et al., 2006). Já em estudo mais

recente, realizado no ano de 2009, que contou com a participação de 969 mulheres atendidas

pelo programa de saúde da família, verificou que 61,7% das respondentes apresentam quadro

de TMC. (ARÔCA, 2009).

Frequentemente encontrados na comunidade, esses transtornos representam um alto

custo social e econômico, pois, por muitas vezes incapacitantes, constituem causa importante

de dias perdidos de trabalho, além de estarem associados a grande deterioração da qualidade

de vida. (GOLDBERG; HUXLEY, 1992; ALMEIDA; GUTIERREZ, 2010). Estas

características se agravam, ao considerar que apesar da alta prevalência deste tipo de

sintomatologia, há ainda dificuldade no reconhecimento dos quadros de transtornos mentais

não psicóticos, que são muitas vezes confundidos com problemas orgânicos, sendo

erroneamente tratados. (LIMA, 2008) Estimativas sugerem que, do total de casos existentes,

50 a 60% não são prontamente diagnosticados, o que só ocorre, em média, após quadro anos

do inicio dos primeiros sintomas. (MCQUAID et al., 1999).

3.3. A Prevalência de Transtornos Mentais Comuns e os índices de Qualidade de Vida

Atualmente, a mensuração da Qualidade de vida é encontrada em um número

expressivo de pesquisas realizadas no campo da saúde, sendo este conceito, corriqueiramente,

correlacionado a indicadores de saúde, dentre os quais o nível de saúde mental.

(WALLCRAFT, 2011). De acordo com Barry e Zissi (1997), os primeiros estudos de grande

escala a relacionar saúde mental e QV foram desenvolvidos nos EUA, durante a década de

oitenta, período no qual transtornos mentais crônicos e graves passaram a interessar os

pesquisadores da área, em decorrência do florescimento de uma nova perspectiva sobre a

qualidade de vida, de caráter multifatorial. Nesta direção, os estudos que antes se limitavam a

Page 29: TRANSTORNOS MENTAIS COMUNS E QUALIDADE DE VIDA

28

investigar a influência provocada pelas doenças físicas passaram a considerar também os

transtornos mentais, bem como os níveis de saúde mental apresentado pelos respondentes.

(BASU, 2004).

Ainda segundo Basu (2004), nos primeiros anos, foram predominantes as avaliações

específicas da qualidade de vida em pacientes com transtornos mentais graves, como por

exemplo a esquizofrenia e o transtorno depressivo maior. Estas avaliações foram

posteriormente expandidas, passando a abranger também transtornos psiquiátricos moderados

e leves. Estes estudos foram originalmente desenvolvidos como o objetivo de avaliar a

eficácia de programas de saúde mental emergentes no período, nos quais asilos e hospitais

mentais eram progressivamente fechados (processo batizado de desinstitucionalização) e as

pessoas acometidas por agravos mentais eram gradualmente reinseridos na sociedade.

(ORLEY et al., 1998; GLADIS et al., 1999).

Neste campo, ainda que não fosse possível medir toda amplitude do comprometimento

ocasionado na vida dos indivíduos acometidos por transtornos mentais e comportamentais, a

utilização de medidas de QV possibilitou aferir o impacto subjetivo que estes acarretavam

sobre a vida dos sujeitos. (ORLEY et al., 1998). Impacto este que se demonstrou contínuo,

mantendo a QV baixa, mesmo após a remissão dos sintomas, muitas vezes em virtude de

fatores sociais que permanecem inalterados, mesmo após remissão dos sintomas, como a

permanência do estigma e da discriminação. (OMS, 2001).

Sobre o tema, Prebianchi (2003) ressalta que o impacto produzido na qualidade de

vida não fica limitado a transtornos mentais graves, uma vez que mesmo as doenças mentais

menos severas, como o transtornos de ansiedade, do pânico e quadros depressivos leves

apresentam efeito significativo na deterioração da qualidade de vida quando considerados a

longo prazo, especialmente no que se refere ao domínio psicológico.

De acordo com a mesma autora, a definição de saúde proposta pela OMS, como

“estado de completo bem estar físico, social e mental, e não apenas a ausência de doença”,

tem possibilitado um entendimento mais claro desta influência, bem como o foco mais

abrangente utilizado na avaliação da saúde mental, tem possibilitado o incremento de dados

empíricos sobre a forte influencia dos transtornos mentais sobre o estado psicológico, o

funcionamento e o desempenho social. (PREBIANCHI, 2003).

A expansão destes estudos tem produzido evidências mais claras sobre a influência

que cada categoria diagnóstica produz sobre a QV, sendo associado aos transtornos de

ansiedade, de humor, somatoformes e alimentares um substancial decréscimo nos índices de

QV. (SPITZER et al., 1995).

Page 30: TRANSTORNOS MENTAIS COMUNS E QUALIDADE DE VIDA

29

Lima e Fleck (2007), revisando publicações, entre os anos de 1990 e 2007, relatam

que, dentre diversos transtornos mentais, na literatura da área, é de grande recorrência a

associação entre sintomas depressivos e qualidade de vida. De acordo com os resultados

obtidos sugerem ainda que a presença de sintomas depressivos não se restringe apenas às

características clínicas do transtorno, e que geram impactos em todas as dimensões da

qualidade de vida, por provocar maior prejuízos em tarefas diárias, impacto este que pode ser,

dependendo da gravidade dos sintomas, superior ao de outras doenças crônicas

predominantemente físicas, como doenças cardíacas, artrite, hipertensão e diabetes.

De modo análogo, Spitzer et al. (1995), comparando a qualidade de vida apresentada

por pacientes com transtornos mentais com a de outras condições médicas em um serviço de

atenção básica de saúde, encontraram que os transtornos mentais, particularmente a ansiedade

e a depressão, contribuíam para maiores prejuízos em todos os domínios na qualidade de vida

do que outras condições médicas avaliadas.

Não obstante, ainda que seja prevalente a associação entre transtornos mentais comuns

e a qualidade de vida, a literatura da área ainda carece de modelos teóricos que possam

estabelecer de forma mais clara qual é a real relação entre essas variáveis, não havendo

consenso na área quanto à ocorrência de fato desta associação ou simplesmente de uma

sobreposição destas medidas, uma vez que tanto o conceito de qualidade de vida, quanto de

quadros típicos de TMC, como ansiedade e depressão, estão fortemente baseados em modelos

teóricos de bem estar e satisfação. (SPITZER et al., 1995).

Com base no exposto, este estudo tem como principal objetivo verificar em que

medida os transtornos mentais comuns podem influir na qualidade de vida. Especificamente,

pretende-se averiguar o poder preditivo desta variável sobre a Qualidade de Vida, utilizando,

para tanto, o método exposto a seguir.

Page 31: TRANSTORNOS MENTAIS COMUNS E QUALIDADE DE VIDA

4. MÉTODO

Page 32: TRANSTORNOS MENTAIS COMUNS E QUALIDADE DE VIDA

31

4.1. Delineamento e Hipóteses

O presente estudo se pauta em delineamento do tipo correlacional, de natureza ex post

facto, considerando dois conjuntos principais de variáveis: critério (níveis de qualidade de

vida) e antecedentes (indicadores de transtornos mentais comuns). A partir dos pressupostos

teóricos discorridos previamente, as seguintes hipóteses foram estabelecidas:

Hipótese 1. As pontuações nos domínios físico, psicológico, social e ambiental da qualidade

de vida se apresentarão correlacionados positivamente.

Hipótese 2. As pontuações nos diversos domínios da qualidade de vida, bem como da

qualidade de vida global se correlacionarão negativamente com os indicadores de transtornos

mentais comuns.

Hipótese 3. Os índices de transtornos mentais explicarão negativamente os níveis de

qualidade de vida.

Hipótese 4. As pontuações médias nos quatro domínios da qualidade de vida se apresentarão

significativamente menores na amostra clínica, quando comparadas a população geral.

4.2. Amostra

4.2.1. Amostra 1- População Geral

Contou-se com a participação de 223 pessoas, provenientes de diferentes bairros da

cidade de Fortaleza/CE, com idades variando entre 18 e 75 anos (M = 27,9; DP = 11,8), sendo

em sua maioria do sexo feminino (63,1%), solteira (73,0%) e católica (51,1%) e de classe

média (28,8%). No que se refere à escolaridade, os participantes distribuíram-se entre os

ensinos fundamental (5,3%), médio (18,8%) e superior (75,8%), destes 79,3% afirmaram

residir em casa própria enquanto 14,4% em alugada. Quando questionados se realizavam

algum tipo de atividade que visasse o cuidado com a saúde mental, 82,9% responderam

negativamente. A amostra foi composta por conveniência (não-probabilística), considerando-

se as pessoas que concordaram em participar do estudo.

Page 33: TRANSTORNOS MENTAIS COMUNS E QUALIDADE DE VIDA

32

4.2.2. Amostra 2- Usuários de um serviço de atenção à saúde mental

Para compor a amostra dois, contou-se com a participação de 27 usuários de um

serviço de atenção à saúde mental da cidade de Fortaleza/CE, com idades variando entre 18 e

62 anos (M = 37,7; DP = 12,4), sendo em sua maioria do sexo feminino (66,7%), solteira

(40,7,0%) e evangélica (51,9%) e de classe social baixa (29,6%). No que se refere à

escolaridade, os participantes distribuíram-se entre os ensinos fundamental (50,0%), médio

(34,6%) e superior (15,4%), destes 80,0% afirmaram residir em casa própria, enquanto 19,2%

em alugada ou emprestada. A amostra foi composta por conveniência (não-probabilística),

considerando-se as pessoas que concordaram em participar do estudo.

4.3. Instrumentos

Durante a coleta dos dados, os participantes foram solicitados a responder de forma

individual a um “livreto” composto por três instrumentos: WHOQOL-Brief, Questionário de

Saúde Geral de Goldberg (QSG 12) e a um conjunto de questões de caráter sócio-bio-

demográficos.

O World Health Organization Quality of Life Brief - WHOQOL-Brief (WHOQOL,

1998b), conforme apresentação anterior, é um instrumento desenvolvido pela Organização

Mundial de Saúde que visa mensurar a qualidade de vida dos respondentes, avaliando a

percepção dos indivíduos sobre sua posição na vida e no contexto cultural e valorativo no qual

estão inseridos, contrastando estas autopercepções com os objetivos, expectativas e

preocupações apresentadas. Este foi desenvolvido para ter múltiplos usos, incluindo o uso na

prática médica, pesquisa, auditoria de políticas, decisões e na avaliação da eficácia e méritos

relativos de diferentes tratamentos. Em sua versão original, não abreviada, o instrumento é

composto por 100 itens distribuídos em seis domínios: Capacidade Física; Psicológico; Nível

de Independência; Relações Sociais; Ambiental e Espiritual, sendo cada domínio composto

por facetas (subdomínios) da qualidade de vida, cada uma abrangendo quatro itens do

questionário. Ademais dos seis domínios existentes no instrumento e suas facetas específicas,

este possui ainda uma faceta adicional, que busca mensurar a percepção global do

respondente a respeito de sua qualidade de vida e saúde geral. Atualmente, a versão de 100

itens do WHOQOL está disponível em 29 idiomas. Com a continuação do processo de

desenvolvimento do WHOQOL, objetivando a utilização deste instrumento em um número

maior de pesquisas, em que a qualidade de vida é apenas uma entre muitas variáveis de

Page 34: TRANSTORNOS MENTAIS COMUNS E QUALIDADE DE VIDA

33

interesse, desenvolveu-se uma versão abreviada deste instrumento intitulada WHOQOL-Brief

composta por 26 itens, sendo cada item relacionado a uma das 24 facetas existentes na versão

original, contendo ainda dois itens referentes à avaliação global da qualidade de vida e da

saúde geral. Procurou-se, por tanto, na versão abreviada, manter a integralidade do

instrumento no que diz respeito as suas facetas. No tocante aos domínios apresentados, estes

apresentaram redução de seis para quatro domínios, uma vez que os domínios nível de

independência e espiritual foram agrupados a outros. (ANEXO B).

O Questionário de Saúde Geral de Goldberg - QSG-12 (PASQUALI et al., 1994) foi

desenvolvido para o rastreamento de transtornos mentais comuns na clínica geral e atenção

primária. Traduzido para mais de 30 idiomas e apontado como uma das medidas de screening

mais eficazes para a utilização em grandes amostras populacionais, o Questionário de Saúde

Geral de Goldberg é, provavelmente, um dos instrumentos de saúde mental que mais

alterações tem sofrido ao longo dos anos. Após o desenvolvimento de sua versão original

(Goldberg, 1972), composta por 60 itens, é possível encontrar versões do QSG contendo 30,

28, 20 e 12 itens. Em todas estas versões, a qualidade psicométrica vem sendo atestada. Seus

itens são respondidos em função do quanto a pessoa tem experimentado uma série de

sintomas descritos em cada item. Neste sentido, utiliza-se uma escala de resposta com quatro

pontos; para os itens que negam a saúde mental (por exemplo, “Suas preocupações lhe têm

feito perder muito sono?”; “Tem se sentido pouco feliz e deprimido?”), as alternativas de

resposta variam entre 1 = Absolutamente, não e 4 = Muito mais que de costume; em caso de

itens afirmativos (por exemplo, “Tem se sentido capaz de tomar decisões?”; “Tem podido

concentrar-se bem no que faz?”), as respostas podem variar de 1 = Mais que de costume a 4 =

Muito menos que de costume. Portanto, a maior pontuação é indicação de pior nível de saúde

mental. Sua pontuação pode ser expressão tanto a nível de pontuação total, como por seus

dois fatores: ansiedade e depressão. (ANEXO C)

A última parte, denominada Caracterização da Amostra, consta de perguntas como

sexo, idade, escolaridade, religião, classe social, etc, além de algumas questões referentes ao

poder aquisitivo dos participantes e aos cuidados com a saúde mental, uma visão mais ampla

desses itens pode ser obtida no ANEXO D.

Page 35: TRANSTORNOS MENTAIS COMUNS E QUALIDADE DE VIDA

34

4.4. Procedimentos

Os participantes responderam ao questionário individualmente. A coleta dos dados foi

realizada por aplicadores devidamente instruídos para controlar os fatores que pudessem

comprometer as respostas dos participantes. Na ocasião, após o seu consentimento, por meio

do termo de consentimento livre e esclarecido, as mesmas instruções foram dadas para todos

os respondentes. Na ocasião, mediante assinatura de Termo de Consentimento Livre e

Esclarecido (ANEXO E), assegurou-se aos participantes o caráter confidencial de suas

respostas e os aplicadores indicaram um endereço onde os mesmos poderiam obter

informações sobre os resultados finais do estudo. Após a coleta dos dados, foram excluídos da

amostra aqueles questionários que: (1) não responderam a pelo menos 80% dos itens que

compõem o WHOQOL-Brief, como especifica o manual deste instrumento; (2) responderam

os instrumentos de forma diferente ou utilizando escala distintas da proposta nos

questionários.

4.5. Análise dos Dados

As análises foram efetuadas por meio do software SPSS (versão 19). Além das

estatísticas descritivas (tendência central e dispersão), realizaram-se, inicialmente: análise de

correlação, Teste t de Student, para avaliar a diferença entre grupo, comparando as pontuações

médias obtidas pela amostra da população geral com aquelas obtidas pela amostra clínica. Em

um segundo momento, procedeu-se análise de regressão múltipla para avaliar o poder

preditivo dos indicadores de TMC sobre a qualidade de vida.

Page 36: TRANSTORNOS MENTAIS COMUNS E QUALIDADE DE VIDA

5. RESULTADOS

Page 37: TRANSTORNOS MENTAIS COMUNS E QUALIDADE DE VIDA

36

Nesta seção são apresentados os resultados referentes ao teste das hipóteses expostas

anteriormente, considerando o objetivo principal do presente estudo, isto é, analisar em que

medida os transtornos mentais comuns, podem predizer os níveis de qualidade de vida na

população geral.

Com este intuito, e afim de facilitar a compreensão dos leitores, os resultados obtidos

são tratados em três partes: (1) primeiramente apresenta-se os coeficientes de correlação (r de

Pearson) entre o questionário de saúde geral de Goldberg – QSG 12 e as pontuações de

qualidade de vida obtidas nos diversos domínios do WHOQOL Brief, a fim de investigar em

que medida estes construtos se apresentam correlacionados; (2) em um segundo momento, são

apresentados os resultados provenientes das análises de regressão múltipla, com a finalidade

de se conhecer o poder explicativo dos indicadores de transtornos mentais comuns sobre a

qualidade e vida e, por fim, (3) por meio do teste t de Student as pontuações em qualidade de

vida apresentadas pela população geral serão comparadas as obtidas por uma amostra clínica

composta por pacientes de um serviço de atenção a saúde mental.

5.1. Os indicadores de Saúde Mental e a Qualidade de Vida

A fim de verificar em que medida os domínios físico, psicológico, social e ambiental

da qualidade de vida estão correlacionados entre si (Hipótese 1), bem como em relação a

ansiedade, a depressão, ao QSG Total, a percepção do sujeito da sua qualidade de vida global

(Q1) e da saúde geral (Q2) (Hipótese 2), calculou-se os coeficientes de correlação r de

Pearson. Os resultados destas análises são apresentados na tabela a seguir:

Tabela 1. Correlação entre qualidade de vida e saúde mental. (n= 230)

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

1. Físico 1 0,63* 0,44* 0,41* -0,55* -0,46* 0,48* 0,44* 0,81* -0,56*

2. Psicológico - 1 0,58* 0,40* -0,48* -0,67* 0,52* 0,41* 0,82* -0,68*

3. Social - - 1 0,47* -0,33* -0,48* 0,56* 0,34* 0,72* -0,48*

4. Ambiental - - - 1 -0,19** -0,23* 0,50* 0,26* 0,75* -0,24*

5. Ansiedade - - - - 1 0,57* -0,32* -0,34* -0,51* 0,80*

6. Depressão - - - - - 1 -0,35* -0,33* -0,57* 0,95*

7. Q1 - - - - - - 1 0,50* 0,68* -0,38*

8. Q2 - - - - - - - 1 0,54* -0,37*

9. QV Global - - - - - - - - 1 -0,61*

10. QSG Total - - - - - - - - - 1

Nota: * p< 0,001; **p<0,01; Q1: Avaliação da Qualidade de vida global; Q2: Avaliação da Saúde Geral.

Page 38: TRANSTORNOS MENTAIS COMUNS E QUALIDADE DE VIDA

37

Como pode ser observado na tabela 1, todos os domínios (Físico, Psicológico, Social e

Ambiental) do WHOQOL-Brief apresentaram correlações diretas e significativas entre si (p <

0,001). Ademais, como pode ser visto, a QV Global se correlacionou positivamente com o

domínio físico (r = 0,81), psicológico (r = 0,82), social (r = 0,72) e ambiental (r = 0,75). Em

síntese, percebe-se que existe uma convergência entre os diferentes domínios da QV

(Hipótese 1), resultado já esperado, uma vez que, segundo a própria definição do construto,

todas as facetas que compõem a multidimensionalidade da qualidade de vida apresentam forte

interdependência.

No que diz respeito ao relacionamento entre os fatores do QSG (ansiedade e

depressão) com a QV, este se deu negativamente quando avaliado cada domínio, resultado

presente também quando considerado apenas o aspecto global da QV. De forma análoga, a

relação QSG Total com QV Global se deu de forma negativa (r = -0,61; p < 0,001), indicando

uma forte associação entre estes dois construtos, o que ocorre também em relação a todos os

domínios da qualidade de vida, sendo a correlação mais alta encontra com o domínio

psicológico (r = -0,68; p < 0,001) e a mais baixa com o ambiental (r = -0,24; p < 0,001),

resultado que corrobora a Hipótese 2 deste estudo.

Especificamente, considerando os dois fatores do QSG, pode-se verificar que as

pontuações de ansiedade se correlacionaram negativamente com os domínios físico (r = -0,55;

p < 0,001), psicológico (r = -0,48; p < 0,001), social (r = -0,33; p < 0,001) e ambiental (r = -

0,19; p < 0,01) da QV, relação esta que se intensifica, com exceção do domínio físico (r = -

0,46; p < 0,001), quando analisada a variável depressão, a qual mantém correlações com o

domínio psicológico (r = -0,67; p < 0,001), social (r = -0,48; p < 0,001) e ambiental (r = -

0,23; p < 0,001). No que diz respeito à pontuação total de qualidade de vida (QV Total),

observou-se uma correlação negativa com os indicadores de agravos da saúde mental:

ansiedade (r = -0,51; p < 0,001) e depressão (r = -0,57; p < 0,001). Uma correlação negativa

também foi observada para a avaliação global da qualidade de vida (Q1) com a ansiedade (r =

-0,32; p < 0,001) e a depressão (r = -0,35; p < 0,001), assim como em relação à avaliação da

saúde geral (Q2) com a ansiedade (r = -0,34; p < 0,001) e a depressão (r = -0,33; p < 0,001).

Já a Q1 e a Q2 apresentam uma correlação positiva (r = 0,50; p < 0,001) entre si. Por fim, a

depressão se correlacionou positivamente com a ansiedade (r = 0,57; p < 0,001).

Page 39: TRANSTORNOS MENTAIS COMUNS E QUALIDADE DE VIDA

38

5.2. Os indicadores de Saúde Mental como preditores da Qualidade de vida

Buscando conhecer o poder preditivo (explicativo) dos indicadores de transtornos

mentais comuns para explicar a qualidade de vida (Hipótese 3), utilizou-se as variáveis

pontuação total do QSG, classe social e idade como variáveis antecedentes e a qualidade de

vida global como variável critério, como pode ser visualizado na tabela 2. Em seguida, como

pode ser visualizado na tabela 3, procurou-se averiguar, como se configurava a predição dos

quatro domínios do WHOQOL-Brief independentemente, sendo mantidas as variáveis

antecedentes expostas anteriormente. Em ambos os casos, adotou-se como método de entrada

para a regressão o stepwise, procedimento este que, segundo Hair, et al. (2009), permite

investigar o relacionamento pouco conhecido entre as variáveis, geralmente constitui a

estratégia escolhida para estudos exploratórios. Este procedimento permite identificar, entre

um conjunto de variáveis, aquelas que apresentam maior contribuição para explicar a variável

critério. Os resultados da primeira análise podem ser visualizados na tabela a seguir.

Tabela 2. Regressão múltipla para Qualidade de Vida Global. (n = 223)

Preditores R2mudança β t F mudança

QV Total

R2 = 0,403; R

2Ajustado = 0,398

QSG Total 0,38 -0,63 -12,07*** 137,61***

Classe Social 0,02 0,14 2,68** 7,18**

Nota. * p < 0,05; ** p < 0,01;*** p < 0,001.

Como se pode observar, a pontuação QSG Total apresentou o maior índice de

regressão (β) que a variável classe social, permitindo, isoladamente, explicar 38% (R2 =

0,384) da variância da qualidade de vida (QV), enquanto que QSG Total e Classe social

explicaram conjuntamente 40% desta variância (F [2,220] = 74,32, p < 0,001; R múltiplo =

0,635, R2

ajustado = 0,398). Os valores de Beta (β) permitem verificar que a variável QSG Total

apresenta uma relação inversa e significativa com a variável critério (β = -0,63; p = 0,001),

enquanto a variável classe social apresenta uma relação direta e significativa (β = -0,14; p =

0,001). De acordo com estes resultados, supõe-se que respondentes com maiores índices

transtornos mentais comuns (baixa pontuação em QSG Total) e de classe social mais alta,

possivelmente apresentarão maiores pontuações em qualidade de vida global, corroborando

desta forma a hipótese 3. Vale, ainda, ressaltar que a variável idade foi retirada do modelo por

não explicar satisfatoriamente a QV global.

Page 40: TRANSTORNOS MENTAIS COMUNS E QUALIDADE DE VIDA

39

Dando continuidade expõe-se a seguir os resultados referentes as análises de regressão

dos quatros domínios da qualidade de vida.

Tabela 3. Regressão múltipla do Domínio Físico, Psicológico, Social e Ambiental. (n = 223)

Preditores R2

mudança β t F mudança

Domínio

Físico

R2 = 0,316; R

2Ajustado = 0,313

QSG Total 0,32 -0,56 -10,11*** 102,23***

Domínio

Psicológico

R2 = 0,463; R

2Ajustado = 0,461

QSG Total 0,46 -0,68 -13,81*** 190,81***

Domínio

Social

R2 = 0,259; R

2Ajustado = 0,252

QSG Total 0,24 -0,49 -8,50*** 68,56***

Idade 0,02 -0,15 -2,55* 6,52*

Domínio

Ambiental

R2 = 0,241; R

2Ajustado = 0,234

Classe Social 0,16 0,42 7,21*** 42,72***

QSG Total 0,08 -0,28 -4,80*** 23,01***

Nota. * p < 0,05; ** p < 0,01;*** p < 0,001.

No que se refere aos domínios físico e psicológico, como pode ser visto na tabela 3,

apenas a variável QSG Total permitiu explicá-los satisfatoriamente, sendo esta responsável

pela explicação de 31% (R2 = 0,316; β = -0,56; p = 0,001) e 46% (R

2 = 0,463; β = -0,68; p =

0,001) da variância respectivamente. A direção desta relação foi observada através do valor do

Beta (β) o qual demonstrou uma relação inversa e significativa entre a pontuação QSG Total e

as duas variáveis critério anteriormente mencionadas.

Dando continuidade, considerando o domínio social a pontuação QSG Total permitiu

explicar 24% (R2 = 0,240; β = -0,49; p = 0,001) da variância, enquanto a variável idade,

também adicionada como preditor para este domínio, foi responsável pela explicação de 2%

(R2 = 0,020; β = -0,15; p = 0,05) da variância. No tocante ao domínio ambiental, as variáveis

classe social e QSG Total explicaram conjuntamente 24% (F [2,220] = 34,99, p < 0,001; R

múltiplo = 0,491, R2

ajustado = 0,234) da variância, sendo a variável classe social, isoladamente,

responsável pela maior parte desta explicação 16% (R2 = 0,160; β = 0,42; p = 0,001), ressalta-

se, ainda, que a variável idade foi retirada do modelo, por não possibilitar ganhos satisfatórios

à explicação da variável critério acima referida.

Page 41: TRANSTORNOS MENTAIS COMUNS E QUALIDADE DE VIDA

40

Tais resultados reforça a importância de se assumir os indicadores de transtornos

mentais comuns como um fator de forte contribuição para a qualidade de vida, uma vez que

foi o único dos três previsores adicionados que se mostrou constante e contribuiu

estatisticamente para o decréscimo da pontuação em todos os domínios da qualidade de vida.

5.3. Comparação dos indicadores de qualidade de vida entre população geral e amostra

clínica

Tomando como base os resultados obtidos previamente e com o intuito de verificar a

premissa da relação entre qualidade de vida e saúde mental, na tabela 5, apresentam-se os

resultados provenientes da realização do teste t de Student, no qual as médias obtidas pela

população geral foram comparadas com as apresentas pela amostra clínica (grupo critério) no

que diz respeito aos níveis de saúde mental e aos indicadores de qualidade de vida (Hipótese

4). Os resultados encontrados são expostos a tabela a seguir.

Tabela 4. Comparação de Médias entre Pop. Geral e amostra clínica em relação a qualidade

de vida e saúde mental (n= 257)

Variável

Grupos

Pop. Geral Amostra Clínica t

m dp m dp

Domínio Físico 14,83 2,53 11,43 3,30 -5,18***

Domínio Psicológico 14,55 2,48 11,70 3,78 -3,81***

Domínio Social 14,57 3,09 11,70 4,37 -3,31**

Domínio Ambiental 13,34 2,33 9,93 3,05 -5,64***

QV Global 14,29 1,99 11,21 2,91 -5,35***

Ansiedade 2,25 0,59 2,72 0,76 2,90**

Depressão 1,77 0,54 2,55 0,90 4,21***

QSG Total 1,93 0,50 2,62 0,84 3,82*

* p<0,05 ; ** p<0,01 ; ***p<0,001

Como podemos observar na tabela acima, as pontuações médias obtidas pelos dois

grupos apresentam diferenças significativas (p < 0,01; t = 2,90) quando comparadas os níveis

de ansiedade apresentados, sendo a maior pontuação obtida pela amostra clínica (M = 2,72;

DP = 0,76) quando comparadas com a população geral (M = 2,25; DP = 0,59). Ainda no que

diz respeito aos indicadores de saúde mental, especificamente os níveis de depressão, a

amostra clínica mantem média superior (M = 2,55; DP = 0,90) em relação à população geral

Page 42: TRANSTORNOS MENTAIS COMUNS E QUALIDADE DE VIDA

41

(M = 1,77; DP = 0,54) o que comprova uma diferença significativa (p < 0,001; t = 4,21). Os

resultados obtidos acima corroboram achados da literatura que atribuem piores indicadores de

transtornos mentais a usuários de serviços de saúde mental, quanto comparados a os

resultados apresentados pela população geral. (LIMA; FLECK, 2007)

Como pode-se observar, ainda na tabela 5, as diferenças de médias obtidas pelos

grupos nos quatro domínios da qualidade de vida se apresentam significativas a um p igual a

0,001, com exceção do domínio social (p < 0,01). Fica ainda claramente expresso que os

valores médios obtidos pela população geral apresentam-se maiores em todos os domínios da

qualidade de vida, indicando que este grupo apresenta níveis de qualidade de vida superiores

aos da amostra clínica (Hipótese 4).

Especificamente, pode-se verificar que, no domínio psicológico, a pontuação média da

população geral (M = 14,55; DP = 2,48) é superior e se diferencia (t = -3,81; p = 0,001)

estatisticamente da obtida pela amostra clínica (M = 11,70; DP = 3,78). No que diz respeito a

diferença de médias obtidas no domínio físico (t = -5,18; p = 0,001) e social (t = -3,31; p =

0,01) as apresentadas pela população geral foram 14,83(DP = 2,53) e 14,57 (DP = 3,09)

respectivamente, bem como de 11,43 (DP = 3,30) e 11,70 (DP = 4,37) da amostra clínica. No

tocante ao domínio ambiental, as duas amostras também se diferenciaram (t = -5,64; p =

0,001), tendo o primeiro grupo obtido média de 13,34 (DP = 2,33), valor superior ao obtido

pelo segundo grupo (M = 9,93; DP = 3,05).

No que diz respeito à pontuação total de qualidade de vida (QV Global), observou-se a

manutenção da superioridade da população geral sobre o grupo critério, obtendo

respectivamente 14,29 (DP = 1,99) e 11,21 (DP = 2,91) de pontuação média, tendo, portanto,

os dois grupos se diferenciado significativamente (t = -5,35; p < 0,001).

Em resumo, estas análises evidenciam a importância dos índices de saúde mental para

predizer a qualidade de vida. A partir de então, é o momento de compreender os resultados

obtidos, o que se propõe a seguir no capítulo específico destinado à discussão dos resultados.

Page 43: TRANSTORNOS MENTAIS COMUNS E QUALIDADE DE VIDA

6. DISCUSSÃO

Page 44: TRANSTORNOS MENTAIS COMUNS E QUALIDADE DE VIDA

43

Nesta sessão, os resultados obtidos serão discutidos à luz do modelo teórico

anteriormente exposto, bem como de pesquisas previamente realizadas. De acordo com o

marco teórico apresentado, nos primeiros tópicos deste estudo, dentre as principais variáveis

apontadas como responsáveis pela redução da qualidade de vida, a presença de transtornos

mentais comuns se constitui como uma das variáveis que mais contribuem para este

decréscimo. Esperava-se, assim, que esta variável se apresentasse negativamente

correlacionada, suposição esta consistente com os resultados obtidos; como se observou,

todas as hipóteses, apresentadas neste estudo, foram confirmadas de modo compatível com a

literatura da área, o que permitiu mensurar o poder explicativo dos transtornos mentais

comuns sobre a qualidade de vida. A seguir, serão discutidas cada uma das hipóteses

confirmadas:

A primeira hipótese versou sobre a correlação positiva existente entre os quatro

domínios da qualidade de vida. O resultado observado neste e em outros estudos permite

sugerir que tais domínios são efetivamente correlacionados. Por exemplo, em pesquisas

realizadas por Arôca (2009), Fleck (2000) e WHOQOL Group (1998b) foram observados

resultados semelhantes aos descritos no presente estudo. Neste sentido, a confirmação da

hipótese 1, como pode ser observado na tabela 1, reforçam a proposição de que os quatro

domínios da qualidade de vida mantêm uma interdependência entre si, expressa por

correlações de moderada a alta, sendo a de maior magnitude entre o domínio psicológico e

físico (r = 0,63; p<0,001) e a de menor entre psicológico e ambiental (r = 0,40; p<0,001).

Esta relação direta também se dá entre os quatro domínios e a qualidade de vida

global, resultados estes coerentes com o arcabouço teórico desenvolvido acerca do tema, o

qual aponta para a relação existente entre deterioração de algum domínio específico e a

diminuição da qualidade de vida como um todo. (FLECK, et al., 2000). Vale ressaltar ainda a

alta correlação (r = 0,82; p<0,001) existente entre a qualidade de vida global e o domínio

psicológico, também encontrada nos estudos de Lima (2008), o que reforça a presença de uma

maior associação entre a QV global e o domínio psicológico, quando comparado aos outros

domínios. Esta relação de maior magnitude pode ser explicada pelo forte caráter subjetivo

atribuído ao construto qualidade de vida, subjetividade que sofre influência de aspectos como

autoestima, crenças pessoais e sentimentos positivos e negativos os quais são abordados pelo

domínio psicológico. (FLECK, et al., 2002; LIMA, 2008)

A Hipótese 2 sugeriu que as pontuações nos diversos domínios da qualidade de vida,

bem como sua avaliação global estariam negativamente correlacionadas com os indicadores

de transtornos mentais comuns. A confirmação desta hipótese pelos resultados apresentado na

Page 45: TRANSTORNOS MENTAIS COMUNS E QUALIDADE DE VIDA

44

tabela 1, na qual é possível observar que as pontuações do QSG (indicador de transtornos

mentais comuns) se apresentam negativamente correlacionadas aos domínios físico,

psicológico, social, ambiental e QV Global; segue na direção das publicações mais recentes

sobre o tema, que associam a presença de quadros de transtornos mentais comuns a níveis

mais baixos de qualidade de vida (UK700 GROUP, 1999; PREBIANCHI, 2003; AY-WOAN

et al., 2006)

Especificamente, pode-se, também, apontar a correlação existente entre os indicadores

de ansiedade e depressão com a QV global e seus subdomínios, a qual se dá, também, de

forma negativa. O que possibilita concluir que níveis elevados de ansiedade e depressão estão

associados a menores índices de QV. (LIMA, 2008). Esta associação parece mais clara ao se

considerar que os efeitos de quadros de ansiedade e depressão não se restringe a sua

sintomatologia, uma vez que estas também acometem, por consequência, diversas esferas da

vida do sujeito, como seu convívio social, bem estar físico e percepção do ambiente (OMS,

2001), deve-se também considerar que o impacto do humor depressivo faz com que diversos

aspectos da vida tendam a ser avaliados negativamente, contribuindo para o decréscimo deste

indicador. (ORLEY et al., 1998).

Em um segundo momento, na mesma direção das hipóteses anteriores, tomando como

ponto de partida o forte relacionamento mantido entre os indicadores de transtornos mentais

comuns (TMC) e os níveis de qualidade de vida e considerando o poder explicativo dos

transtornos mentais comuns (TMC) sobre a qualidade de vida, a Hipótese 3 sugeriu que os

índices de TMC explicariam (prediriam) negativamente as pontuações de qualidade de vida

apresentadas pelos respondentes. A hipótese de que os TMC contribuem negativamente para a

qualidade de vida, apesar de ser sugerida por diversos estudos da área, (PREBIANCHI, 2003;

AY-WOAN et al., 2006; LIMA; FLECK, 2007) tem sido poucas vezes testado diretamente.

(ARÔCA, 2009). No intuito de comprovar este modelo explicativo, utilizou-se a análise de

regressão múltipla, adicionando ao modelo, além da pontuação QSG Total, outros preditores

comumente relacionados a qualidade de vida, como o a classe social e a idade do respondente.

Neste sentido, para a análise, decidiu-se considerar a pontuação total do QSG, a classe social e

a idade como variáveis antecedentes e a pontuação total de QV e seus subdomínios como

variáveis critérios.

Como mencionado, os resultados, apresentados na tabela 2, demonstraram que a

pontuação no QSG Total (indicador de transtorno mental comum) explica satisfatoriamente a

qualidade de vida global, sendo sugerido pelo valor de Beta (β = -0,63; p = 0,001)

encontrados que a presença de TMC influi de forma negativa na QV global e a classe social

Page 46: TRANSTORNOS MENTAIS COMUNS E QUALIDADE DE VIDA

45

(β = -0,14; p = 0,001) de forma positiva, ainda que, em menor intensidade. No que diz

respeito a classe social, esta apesar da baixa influência (2% da variância), contribui

positivamente para uma melhor qualidade de vida, em detrimento da idade que foi retida do

modelo por não contribuir significativamente para a explicação da variável critério.

Estes achados são condizentes com a perspectiva atual de QV, a qual propõe um

significado mais abrangente que o simples bem estar financeiro, englobando também

diferentes aspectos, entre os quais o psicológico e o cultural. (LEAL, 2008). No Brasil, por

exemplo, contando como uma amostra de aproximadamente 1000 mulheres usuárias de

serviços de atenção básica, Arôca (2009) constatou a influência da presença de TMC sobre a

qualidade de vida. Especificamente, este autor comprovou em seu estudo que os TMC

exerceram maiores danos a qualidade de vida do que outras variáveis relacionadas (classe

social, escolaridade, estado civil, número de filhos, etc), sendo o domínio psicológico o que se

mostrou mais afetado (β = -13,40; p = 0,001).

Resultados semelhantes aos encontrados, no presente estudo, quando avaliado, por

meio de análise de regressão múltipla, o poder preditivo dos indicadores de TMC em relação

a cada subdomínio da qualidade de vida, tendo em cada caso se considerado cada um dos

quatro domínios (físico, psicológico, social e ambiental) como variáveis critérios

isoladamente e a pontuação total do QSG, classe social e idade preditores para cada variável.

Avaliando separadamente cada domínio, foi possível constatar a grande influência que

os níveis de transtornos mentais comuns apresentam sobre os domínios físico, psicológico e

social, sendo, nos dois primeiros, o único preditor, dos três selecionados, que contribuiu

satisfatoriamente para a explicação, produzindo um impacto negativo sobre a QV. É

importante salientar que quando considerado o domínio psicológico, a pontuação no QSG

Total explicou 46% da variância, o que parece coerente quando considerado a proximidade de

conteúdo existente entre os itens do domínio psicológico e os itens do QSG.

No que diz respeito ao domínio ambiental, este foi melhor explicado pela variável

classe social, tendo a variável QGS Total também contribuído para a explicação, com 8% da

variância. A influência preponderante da classe social pode ser explicada pelo conjunto de

itens que compõem este domínio (recursos financeiros, segurança, transporte, oportunidade de

lazer) os quais são diretamente dependentes do nível socioeconômico do respondente.

Pode-se observar que entre os três preditores adicionados, a presença do os

indicadores de TMC foi o que apresentou a maior relevância negativa nos domínios de QV,

com exceção do ambiental, onde a classe social se mostrou mais relevante, contribuindo para

um ganho de qualidade de vida neste domínio. Em outras palavras, a presença de transtornos

Page 47: TRANSTORNOS MENTAIS COMUNS E QUALIDADE DE VIDA

46

mentais comuns, de modo geral, demonstrou gerar os efeitos mais danosos à QV. Neste

sentido, o TMC mostrou maior impacto no domínio psicológico, isto é, sobre a dimensão

emocional e cognitiva a que o domínio se refere, o que se mostra coerente com a patologia

psíquica intrínseca aos sintomas do transtorno. (LIMA, 2008; ARÔCA, 2009)

A última Hipótese (4) fez referência à obtenção de pontuações médias estatisticamente

inferiores pela amostra clínica quando comparada a população geral nos quatro domínios da

qualidade de vida. Para dirimir qualquer questionamento a respeito da real influência negativa

dos indicadores de TMC sobre a QV, bem como comprovar a Hipótese 4, foram realizados

testes t de Student. Os resultados apresentados são contundentes; os dois grupos, quando

comparados, apresentam pontuações estatisticamente diferentes em todos os domínios da

qualidade de vida, bem como na pontuação do QSG 12, tendo a amostra clínica, mantido

níveis de qualidade de vida inferiores, enquanto apresenta níveis de TMC superiores ao da

população geral, resultados estes, que comprovam a Hipótese 4, e se mostram condizentes

com a literatura da área, uma vez que por apresentarem maiores índices de agravos mentais o

grupo clínico por consequência tende a apresentar menores níveis de qualidade de vida.

((LIMA; FLECK, 2007; ARÔCA, 2009)

Page 48: TRANSTORNOS MENTAIS COMUNS E QUALIDADE DE VIDA

7. CONCLUSÃO

Page 49: TRANSTORNOS MENTAIS COMUNS E QUALIDADE DE VIDA

48

O presente estudo analisou em que medida os transtornos mentais comuns podem

predizer os níveis de qualidade de vida na população geral, bem como especificamente se

avaliou a influência destes sobre cada domínio da qualidade de vida. Nesta oportunidade,

pretende-se apresentar algumas considerações finais acerca dos resultados principais

encontrados, das possíveis limitações dos estudos e das suas aplicabilidades.

Entretanto, antes de começar a delinear as conclusões obtidas neste trabalho, faz-se

necessário pontuar duas limitações aqui encontradas: (1) embora tenha sido evidenciada a

relação existente entre Qualidade de Vida e as pontuações obtidas no Questionário de Saúde

Geral de Goldberg, questionamentos maiores ainda devem ser realizados no intuito de

investigar se, de fato, este dois construtos se encontram correlacionados ou se há apenas uma

sobreposição entre os mesmos; (2) a especificidade da composição amostral: o número

reduzido de participantes que compuseram o estudo, bem como a característica de ser uma

amostra de conveniência impossibilitam a generalização direta dos resultados obtidos.

Apesar de observadas algumas limitações quanto à presente pesquisa, é importante

considerar mais especificamente alguns resultados de maneira especial. De um modo geral,

foi possível conhecer o poder preditivo dos índices de transtornos mentais comuns sobre a

qualidade de vida. Corroborando estudos prévios, os resultados obtidos apoiaram a adequação

dos indicadores de transtornos mentais como fortes preditores dos níveis de qualidade de vida,

assim como de suas diferentes facetas. (PREBIANCHI, 2003; AY-WOAN et al., 2006;

ARÔCA, 2009)

Abordando especificamente os resultados encontrados, comprovou-se o alto valor

preditivo da presença dos transtornos mentais comuns na diminuição da qualidade de vida da

população geral e observou-se, também, a forte relação mantida entre o domínio psicológico e

a qualidade de vida, bem como da interdependência de todos os domínios entre si e com a

qualidade de vida global.

Estas constatações são de grande valia para profissionais da área da saúde,

especialmente, em nível de atenção primária, onde a prevalência de transtornos mentais

comuns é maior. Neste sentido, o estudo promove a conscientização de que até mesmo

acometimentos mentais mais leves, como os TMC provocam uma redução considerável da

qualidade de vida e sofrimento para os indivíduos acometidos. Encontra-se aqui, então,

ferramenta a mais que pode ajudar nas possíveis intervenções em saúde mental como formas

de promover a saúde. O tema ora tratado se revela como um ponto importante para a

ampliação do conceito de saúde mental, definida não somente como ausência de patologia,

mas também como resultado de um equilíbrio físico, psicológico, social e ambiental.

Page 50: TRANSTORNOS MENTAIS COMUNS E QUALIDADE DE VIDA

49

Diante do exposto, observa-se que embora existam algumas limitações neste estudo,

os resultados obtidos possibilitam uma ampliação na compreensão da temática em questão,

reforçando o campo de investigação entre tais construtos. Depara-se aqui com um leque de

possibilidades para se conhecer ainda mais sobre a relação entre qualidade de vida e os

transtornos mentais comuns, como peças fundamentais para promoção da saúde e do bem

estar.

Neste sentido, embora a qualidade de vida tenha sido bastante estudada nos últimos

anos, tendo ocorrido seu maior foco de interesse, nas últimas décadas, poucos têm sido os

estudos empíricos desse construto apresentando os transtornos mentais comuns como

possíveis explicadores, especialmente no Brasil. Sugere-se assim a necessidade de outras

pesquisas que visem replicar os resultados aqui obtidos, além da possibilidade de se estudar

esta temática, adicionando outras variáveis, como grau de escolaridade, faixa salarial, estado

civil, etc.

Como direções futuras, aponta-se a possibilidade de se realizar análises mais

específicas, como a adição de novas variáveis ao modelo. Sugere-se, ainda, a replicabilidade

do estudo em uma amostra mais ampla, que garanta sua representatividade e generalização

dos resultados. Coloca-se, além disso, dada a escassez de dados encontrados acerca do tema, a

importância de se realizar estudos no intuito de verificar a prevalência de transtornos mentais

comuns na população geral da cidade de Fortaleza.

Page 51: TRANSTORNOS MENTAIS COMUNS E QUALIDADE DE VIDA

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WHOQOL, G. Development of the World Health Organization WHOQOL-BREF quality of

life assessment. The WHOQOL Group. Psychological medicine, v. 28, n. 3, p. 551-8, 1998b.

Disponível em: <http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/9626712>. Acesso em: 15/6/2011.

ZOU, K. H. FIELDING, J. R.; ONDATEGUI-PARRA, S. What is evidence-based

medicine?1. Academic Radiology, v. 11, n. 2, p. 127-133, 2004. Disponível em:

<http://linkinghub.elsevier.com/retrieve/pii/S1076633203006500>. Acesso em: 20/11/2011.

Page 59: TRANSTORNOS MENTAIS COMUNS E QUALIDADE DE VIDA

ANEXOS

Page 60: TRANSTORNOS MENTAIS COMUNS E QUALIDADE DE VIDA

59

ANEXO A – Capa do Questionário / Apresentação da Pesquisa

Universidade Federal do Ceará

Centro de Humanidades

Departamento de Psicologia

Av. da Universidade, 2762 – Benfica

60020-181 Fortaleza, CE – Brasil

Tel. 55 85 33667723 / Fax 55 85 33667724

Prezado (a) colaborador (a),

Estamos realizando uma pesquisa na cidade de Fortaleza – CE com o

propósito de conhecer possíveis fatores contribuintes para a explicação de

comportamentos sociais. Por isso, gostaríamos de contar com a sua colaboração,

respondendo este questionário. Contudo, antes de prosseguir, de acordo com o

disposto na resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde, faz-se necessário

o seu consentimento. Por favor, leia todas as informações constantes no Termo

de Consentimento Livre e Esclarecido e fique à vontade para decidir se deseja

ou não participar do estudo.

Desde já agradecemos a sua colaboração.

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ANEXO B – World Health Organization Quality of Life Brief

INTRUÇÕES. Este questionário é sobre como você se sente a respeito de sua qualidade de

vida, saúde e outras áreas de sua vida. Por favor, responda a todas as questões. Se você não

tem certeza sobre que resposta dar em uma questão, por favor, escolha entre as alternativas a

que lhe parece mais apropriada. Esta, muitas vezes, poderá ser sua primeira escolha.

Por favor, leia cada questão, veja o que você acha e circule no número e lhe parece a melhor resposta.

1. Como você avaliaria sua

qualidade de vida?

Muito

Ruim Ruim

Nem Ruim

Nem Bom Boa Muito Boa

2. Quão satisfeito(a) você está

com a sua saúde?

Muito Insatisfeito

Insatisfeito Nem Satisfeito

Nem Insatisfeito Satisfeito

Muito Satisfeito

As questões seguintes são sobre o quanto você tem sentido algumas coisas nas últimas duas semanas.

3. Em que medida você acha

que sua dor (física) impede

você de fazer o que você

precisa?

Nada Muito Pouco Mais ou Menos Bastante Extrema-

mente

4. O quanto você precisa de

algum tratamento médico para

levar sua vida diária?

Nada Muito Pouco Mais ou Menos Bastante

Extrema-

mente

5. O quanto você aproveita a

vida?

Nada Muito Pouco Mais ou Menos Bastante

Extrema- mente

6. Em que medida você acha que

a sua vida tem sentido?

Nada Muito Pouco Mais ou Menos Bastante

Extrema-

mente

7. O quanto você consegue se

concentrar?

Nada Muito Pouco Mais ou Menos Bastante

Extrema- mente

8. Quão seguro(a) você se sente

em sua vida

Nada Muito Pouco Mais ou Menos Bastante

Extrema-

mente

9. Quão saudável é o seu

ambiente físico (clima, barulho,

poluição, atrativos)?

Nada Muito Pouco Mais ou Menos Bastante

Extrema- mente

As questões seguintes perguntam sobre quão completamente você tem sentido ou é capaz de fazer certas coisas nestas

últimas duas semanas.

10. Você tem energia suficiente

para seu dia

Nada

Muito

Pouco Médio Muito

Completa-

mente

11. Você é capaz de aceitar sua

aparência física?

Nada

Muito

Pouco Médio Muito

Completa-

mente

12. Você tem dinheiro suficiente para

satisfazer suas necessidades?

Nada

Muito

Pouco Médio Muito

Completa-

mente

13. Quão disponíveis para você estão

as informações que precisa no

seu dia-a-dia?

Nada Muito

Pouco Médio Muito

Completa-

mente

14. Em que medida você tem

oportunidades de atividade de

Nada

Muito

Pouco Médio Muito

Completa-

mente

Page 62: TRANSTORNOS MENTAIS COMUNS E QUALIDADE DE VIDA

61

lazer?

ANEXO B (cont.) – World Health Organization Quality of Life Brief

As questões seguintes perguntam sobre quão bem ou satisfeito você se sentiu a respeito de vários aspectos de sua vida

nas últimas duas semanas.

15. Quão bem você é capaz de se

locomover?

Muito

Ruim Ruim

Nem Ruim

Nem Bom Bom Muito Bom

16. Quão satisfeito(a) você está com

o seu sono?

Muito Insatisfeito

Insatisfeito Nem Satisfeito

Nem Insatisfeito Satisfeito

Muito Satisfeito

17. Quão satisfeito(a) você está com

sua capacidade de desempenhar

as atividades do seu dia-a-dia?

Muito

Insatisfeito Insatisfeito

Nem Satisfeito

Nem Insatisfeito Satisfeito

Muito

Satisfeito

18. Quão satisfeito(a) você está com

sua capacidade para o trabalho?

Muito

Insatisfeito Insatisfeito

Nem Satisfeito

Nem Insatisfeito Satisfeito

Muito

Satisfeito

19. Quão satisfeito(a) você está

consigo mesmo?

Muito

Insatisfeito Insatisfeito

Nem Satisfeito

Nem Insatisfeito Satisfeito

Muito

Satisfeito

20. Quão satisfeito(a) você está com

suas relações pessoais (amigos,

parentes, conhecidos, colegas)?

Muito

Insatisfeito Insatisfeito

Nem Satisfeito

Nem Insatisfeito Satisfeito

Muito

Satisfeito

21. Quão satisfeito(a) você está com

sua vida sexual?

Muito Insatisfeito

Insatisfeito Nem Satisfeito

Nem Insatisfeito Satisfeito

Muito Satisfeito

22. Quão satisfeito(a) você está com

o apoio que você recebe de seus

amigos?

Muito

Insatisfeito Insatisfeito

Nem Satisfeito

Nem Insatisfeito Satisfeito

Muito

Satisfeito

23. Quão satisfeito(a) você está com

as condições do local onde mora?

Muito

Insatisfeito Insatisfeito

Nem Satisfeito

Nem Insatisfeito Satisfeito

Muito

Satisfeito

24. Quão satisfeito(a) você está com

o seu acesso aos serviços de

saúde?

Muito

Insatisfeito Insatisfeito

Nem Satisfeito Nem Insatisfeito

Satisfeito Muito

Satisfeito

25. Quão satisfeito(a) você está com

o seu meio de transporte?

Muito

Insatisfeito Insatisfeito

Nem Satisfeito

Nem Insatisfeito Satisfeito

Muito

Satisfeito

As questões seguintes referem-se a com que freqüência você sentiu ou experimentou certas coisas nas últimas duas

semanas.

26. Com que frequência você tem

sentimentos negativos tais como

mau humor, desespero,

ansiedade, depressão?

Nunca Algumas

Vezes Frequentemente

Muito

Frequentemente Sempre

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ANEXO C – Questionário de Saúde Geral de Goldberg - QSG-12

INSTRUÇÕES. Agora, gostaríamos de saber se você tem tido algumas enfermidades ou

transtornos e como tem estado sua saúde nas últimas semanas. Por favor, marque

simplesmente com um X na resposta que, a seu ver, corresponde mais com o que você sente

ou tem sentido. Lembre que queremos conhecer os problemas recentes e atuais, não os que

você tenha tido no passado. É importante que você responda a todas as perguntas.

1 – Tem podido concentrar-se bem no que faz?

(1) Mais do que o de costume (3) Menos que o de costume

(2) Igual ao de costume (4) Muito menos que o de costume

2 – Suas preocupações lhe têm feito perder muito sono?

(1) Absolutamente, não (3) Um pouco mais do que o costume

(2) Não mais que o de costume (4) Muito mais que o costume

3 – Tem sentido que tem um papel útil na vida?

(1) Mais útil que o de costume (3) Menos útil que o de costume

(2) Igual ao de costume (4) Muito menos útil que o de costume

4 – Tem se sentido capaz de tomar decisões?

(1) Mais que o de costume (3) Menos que o de costume

(2) Igual ao de costume (4) Muito menos capaz que o de costume

5 – Tem notado que está constantemente agoniado (a) e tenso (a)?

(1) Absolutamente, não (3) Um pouco mais do que o costume

(2) Não mais que o de costume (4) Muito mais que o de costume

6 – Tem tido a sensação de que não pode superar suas dificuldades?

(1) Absolutamente, não (3) Um pouco mais do que o de costume

(2) Não mais que o de costume (4) Muito mais que o de costume

7 – Tem sido capaz de desfrutar suas atividades normais de cada dia?

(1) Mais que o de costume (3) Menos que de costume

(2) Igual ao de costume (4) Muito menos capaz que de costume

Page 64: TRANSTORNOS MENTAIS COMUNS E QUALIDADE DE VIDA

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ANEXO C (cont.) – Questionário de Saúde Geral de Goldberg - QSG-12

8 – Tem sido capaz de enfrentar adequadamente os seus problemas?

(1) Mais que o de costume (3) Menos que o de costume

(2) Igual ao de costume (4) Muito menos capaz que o de costume

9 – Tem se sentido pouco feliz e deprimido (a)?

(1) Absolutamente, não (3) Um pouco mais que o costume

(2) Não mais que o de costume (4) Muito mais que o de costume

10 – Tem perdido confiança em si mesmo?

(1) Absolutamente, não (3) Um pouco mais do que o costume

(2) Não mais que o de costume (4) Muito mais que o de costume

11 – Tem pensado que você é uma pessoa que não serve para nada?

(1) Absolutamente, não (3) Um pouco mais do que o costume

(2) Não mais que o de costume (4) Muito mais que o de costume

12 – Se sente razoavelmente feliz considerando todas as circunstâncias?

(1) Mais que o de costume (3) Menos que o de costume

(2) Igual ao de costume (4) Muito menos que o de costume

Page 65: TRANSTORNOS MENTAIS COMUNS E QUALIDADE DE VIDA

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ANEXO D – Caracterização da Amostra

Finalmente, gostaríamos de saber alguns dados sobre você:

1. Idade:_____anos 2. Sexo: Masculino Feminino

3. Orientação sexual: Heterossexual Homossexual Bissexual

4. Estado civil: Solteiro (a) Casado(a)/convivente Viúvo (a) Separado (a)

5. Filhos:

Não tenho Tenho. Quantos? ___________

6. Religião:

Católica Evangélica Espírita Nenhuma Outra:_______________

7. Em que medida você se considera religioso (a)? Nada 0 1 2 3 4 Muito

8. Com que freqüência você vai às reuniões da sua religião?

Nunca 0 1 2 3 4 5 6 7 Sempre

9. Em comparação com as pessoas do seu país, você diria que sua família é da (circule um

número):

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

Classe humilde Classe Baixa Classe média Classe alta

10. Qual a sua escolaridade?

Ensino fundamental completo Ensino fundamental incompleto

Ensino médio completo Ensino médio incompleto

Ensino superior incompleto Qual? _______________

Ensino superior completo Qual? ________________

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ANEXO E – Termo de Consentimento Livre Esclarecido

UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ

DEPARTAMENTO DE PSICOLOGIA

CURSO DE PSICOLOGIA

CEP: 60020-181 – Fortaleza - CE

Tel: +55 (85) 3366 7723

Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

PESQUISA: WORLD HEALTH ORGANIZATION QUALITY OF LIFE BREF – WHOQOL-

BREF: EVIDÊNCIAS DE SUA ESTRUTURA FATORIAL E VALIDADE EM CONTEXTO

CEARENSE.

Coordenador: Walberto S. Santos

Prezado (a) colaborador (a),

Você é convidado (a) a participar desta pesquisa, que tem como finalidade conhecer estrutura

fatorial e validade do WHOQOL-BREF para o contexto cearenses.

1. PARTICIPANTES DA PESQUISA: População geral da cidade de Fortaleza, com idade igual ou

superior a 18 anos, de ambos os sexos. Participarão da pesquisa aqueles voluntários que, convidados a

colaborar, concordem.

2. ENVOLVIMENTO NA PESQUISA: Ao participar deste estudo, você deve responder a um livreto

envolvendo questões objetivas sobre qualidade de vida e saúde geral. Você tem a liberdade de se

recusar a participar e pode ainda deixar de responder em qualquer momento da pesquisa, sem nenhum

prejuízo. Sempre que quiser, você poderá pedir mais informações sobre a pesquisa. Para isso, poderá

entrar em contato com o coordenador da pesquisa.

3. RISCOS E DESCONFORTOS: A participação nesta pesquisa não traz complicações; talvez,

apenas, algum constrangimento que algumas pessoas sentem quando estão fornecendo informações

sobre si mesmas. Os procedimentos utilizados nesta pesquisa seguem as normas estabelecidas pela

Resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde, e não oferecem risco à sua integridade física,

psíquica e moral. Nenhum dos procedimentos utilizados oferece riscos à sua dignidade.

4. CONFIDENCIALIDADE DA PESQUISA: Todas as informações coletadas neste estudo são

estritamente confidenciais. Apenas os membros do grupo de pesquisa terão conhecimento das

respostas, e seu nome não será usado em nenhum momento. Todos os dados serão analisados em

conjunto, garantindo o caráter anônimo das informações. Os resultados poderão ser utilizados em

eventos e publicações científicas.

5. BENEFÍCIOS: Ao participar desta pesquisa, você não deverá ter nenhum benefício direto.

Entretanto, espera-se que a mesma nos forneça dados importantes acerca de qualidade de vida dos

respondentes, o que servirá de base pesquisas futuras.

6. PAGAMENTO: Você não terá nenhum tipo de despesa por participar desta pesquisa. E nada será

pago por sua participação. Entretanto, se você desejar, poderá ter acesso a cópias dos relatórios da

pesquisa contendo os resultados do estudo.

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ANEXO I – Termo de Consentimento Livre Esclarecido

Endereço do responsável pela pesquisa:

Nome: Prof. Dr. Walberto Silva Santos

Instituição: Universidade Federal do Ceará – Depto. de Psicologia

Endereço: Av. da Universidade 2762 – Benfica – Fortaleza - CE

Telefones p/contato: 33667723 ou 33667728

ATENÇÃO: Para informar ocorrências irregulares ou danosas durante a sua participação no

estudo, dirija-se ao:

Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal do Ceará

Rua Coronel Nunes de Melo, 1127 Rodolfo Teófilo

Telefone: 3366.8338

----------------------------------------------------------------------------------------------------------

CONSENTIMENTO DA PARTICIPAÇÃO COMO SUJEITO

Tendo compreendido perfeitamente tudo o que me foi informado sobre a minha participação

no mencionado estudo e estando consciente dos meus direitos, das minhas responsabilidades, dos

riscos e dos benefícios que a minha participação implica, concordo em dele participar e para isso eu

DOU O MEU CONSENTIMENTO SEM QUE PARA ISSO EU TENHA SIDO FORÇADO OU

OBRIGADO.

Nome do participante: ___________________________________________________

Local e Data: ___________________________________________________________

Assinatura do participante: ________________________________________________

Nome do membro da equipe de pesquisa: _____________________________________

Assinatura do membro da equipe de pesquisa: _________________________________

Prof. Walberto Silva Santos

Coordenador do Projeto